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Aterramento em instalações

elétricas de baixa tensão e


Sistema de proteção contra
descargas atmosféricas
Me. Cleidimar Nardi
Sistemas de Aterramento em BT

• Aterramento é a ligação de estruturas ou instalações com a terra, a


fim de se estabelecer uma referência para a rede elétrica e permitir
que fluam para a terra correntes elétricas de naturezas diversas, tais
como:
• correntes de raios;
• descargas eletrostáticas;
• correntes de filtros, supressores de surtos e para-raios de linha;
• correntes de faltas (defeitos) para a terra.
Sistemas de Aterramento em BT
• Exemplificação da função do sistema de aterramento
Sistemas de Aterramento em BT
• Nas instalações elétricas, são considerados dois tipos básicos de
aterramento:

• o aterramento funcional, que consiste na ligação à terra de um dos


condutores do sistema (geralmente o neutro) e está relacionado ao
funcionamento correto, seguro e confiável da instalação;

• o aterramento de proteção, que consiste na ligação à terra das massas


e dos elementos condutores estranhos à instalação, visando à proteção
contra choques elétricos por contato direto.
Elementos do sistema de aterramento

• O sistema de aterramento de instalações de baixa tensão inclui os


seguintes elementos:

• condutores de proteção;
• condutores de ligação equipotencial e de aterramento;
• eletrodos de aterramento.
Esquemas de Aterramento e de Proteção
• Os diferentes sistemas são classificados segundo um código de
letras na forma XYZ, em que:
• X = identifica a situação da alimentação em relação à terra:
• T = sistema diretamente aterrado;
• I = sistema isolado ou aterrado por impedância.
Esquemas de Aterramento e de Proteção
• Os diferentes sistemas são classificados segundo um código de
letras na forma XYZ, em que:
• Y = identifica a situação das massas da instalação com relação à terra:
• T = massas diretamente aterradas;
• N = massas ligadas ao ponto de alimentação, onde é feito o aterramento.
Esquemas de Aterramento e de Proteção
• Os diferentes sistemas são classificados segundo um código de
letras na forma XYZ, em que:
• Z = disposição dos condutores neutro e de proteção:
• S = condutores neutro e de proteção separados;
• C = neutro e de proteção combinados em um único condutor (PEN).
Exercício. Classifique os sistemas conforme o esquemas de aterramento
e de proteção associado.
Exercício. Classifique os sistemas conforme o esquemas de aterramento
e de proteção associado.

Esquema TN-S Esquema TN-C


Exercício. Classifique os sistemas
conforme o esquemas de
aterramento e de proteção
associado.
Exercício. Classifique os sistemas
conforme o esquemas de
aterramento e de proteção
associado.

Esquema TN-C-S

Esquema T-T

Esquema I-T
Esquema TN
• O esquema TN possui um ponto de alimentação diretamente aterrado,
sendo as massas ligadas a esse ponto por condutores de proteção.
• A corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-circuito.
• A combinação condutor de proteção/condutor neutro, possibilita as
seguintes variações:
• esquema TNS em que o condutor neutro (N) e o condutor de proteção (PE) são
separados;
• esquema TN-C-S , em que as funções de neutro e de proteção
são combinadas em um único condutor (PEN) em uma parte da instalação;
• esquema TNC, em que as funções de neutro e de proteção são combinadas
em um único condutor (PEN) ao longo de toda a instalação.
Esquema TN

• No esquema TN-C, a proteção apenas pode ser realizada por dispositivo


a sobrecorrente (disjuntor convencional);

• O esquema TN-C é incompatível com o disjuntor DR (diferencial-


residual);

• No esquema TN-S , a proteção pode ser realizada por dispositivo


a sobrecorrente (disjuntor convencional) e por disjuntor DR (diferencial-
residual);
Esquema TT
• O esquema TT possui um ponto de alimentação diretamente aterrado;

• As massas da instalação estão ligadas a pontos de aterramento


distintos do ponto de aterramento da instalação.

• A corrente de falta direta fase-massa é inferior a uma corrente de curto-


circuito;

• Nos sistemas TT, a proteção por disjuntor DR é obrigatória.


Esquema IT
• O esquema IT não possui nenhum ponto da alimentação diretamente
aterrado (sistema isolado ou aterrado por impedância);
• As massas da instalação estão diretamente aterradas;
• As correntes de falta fase-massa não são elevadas o suficiente para dar
origem a tensões de contato perigosas;
• Esses sistemas não devem possuir o neutro distribuído pela instalação,
sendo obrigatória a utilização de dispositivo supervisor de isolamento (
DSI)
• As massas podem ser aterradas de dois modos:
• individual (ou por grupos) — proteção igual à de sistemas TT;
• coletivamente aterradas — valem as regras do esquema TN.
Esquema IT
• O esquema IT deve ser restrito às seguintes aplicações:

• suprimento de instalações industriais de processo contínuo, em que a


continuidade da alimentação seja essencial, com tensão de alimentação
igual ou superior a 380 V;

• suprimento de circuitos de comando, cuja continuidade seja essencial,


alimentados por transformador isolador, com tensão primária inferior a 1
kV;

• Além disso, outras condições devem ser atendidas.


Eletrodos de aterramento
• O eletrodo de aterramento pode ser
constituído por um único elemento
ou por um conjunto de elementos;
• Pode ser uma simples haste enterrada
quanto várias hastes enterradas e
interligadas;
• Pode ser de outros tipos de condutores
em diversas configurações;
• Um eletrodo deve oferecer para diversos tipos de corrente, um
percurso de baixa impedância para o solo;
• Deve oferecer caminho a correntes de faltas para a terra, descargas
atmosféricas, eletrostáticas, de supressores de surto etc.
Eletrodos de Aterramento
• A eficiência do aterramento é caracterizada, em princípio, por uma
baixa resistência;
• A resistência de aterramento de instalações de baixa tensão deve ser,
se possível, inferior a 10 Ω, o que pode ser obtido pela interligação de
eletrodos radiais ou em anel, admitindo-se também configurações
mistas.
• Esse valor de 10 é apenas referencial.
Eletrodos de Aterramento
• A configuração ode eletrodo em anel é obtida lançando-o
no perímetro da edificação;
• Pode ser constituído por condutores horizontais e hastes
interligadas entre si, diretamente enterrados no solo e/ou pelas
próprias ferragens das fundações da edificação.
Eletrodos de Aterramento
• A chamada “malha de terra” é constituída pela
combinação de hastes e condutores que têm
também a função de equalizar os potenciais na
superfície do terreno, controlando as tensões
de passo e de contato em níveis suportáveis
para o corpo humano.
• A equipotencialidade é essencial,
principalmente em casos em que a
resistência de aterramento é superior
ao indicado.
Eletrodos de Aterramento
• Quanto aos aterramentos para sistemas de proteção contra descargas
atmosféricas, admite duas alternativas de configuração para os
eletrodos do sistema de aterramento:
• Arranjo A:
• Composto por eletrodos radiais verticais, horizontais ou inclinados.
• Indicado para estruturas com perímetro de até 25 m em solos de até 100 Ω × m.
• Cada condutor de descida deve ser conectado, no mínimo, a um eletrodo distinto;
• Extensão mínima do eletrodo de 5 m para condutores horizontais e 2,5 m para hastes
verticais.
• Eletrodos enterrados a uma profundidade de 0,5 m e distantes pelo menos 1 m das
fundações da edificação), de modo que resultem em resistências de aterramento
inferiores a 10 Ω.
• Arranjo B:
• Composto de eletrodos em anel ou embutidos nas fundações da estrutura, sendo
obrigatório nas estruturas de perímetro superior a 25 m.
Eletrodos de Aterramento
• Os eletrodos de aterramento verticais apresentam maior eficiência na
dissipação de descargas impulsivas para o solo, tais como as que
caracterizam as descargas atmosféricas.

• O arranjo B, quando embutido nas fundações da edificação,


apresenta diversas vantagens com relação ao arranjo A, como:
• menor custo de instalação;
• vida útil compatível com a da edificação;
• resistência de aterramento mais estável;
• maior proteção contra seccionamentos e danos mecânicos.
Eletrodos de Aterramento

• Segundo Niskier (2008), o anel de aterramento deve ser construído


com cabo de cobre nú, de 50 mm2 e deverá circundar toda a
edificação;

• Em cada elemento de descida, deverá ser incluído, uma haste de


aterramento.
Ligações de aterramento
• Em qualquer instalação, deve ser previsto um terminal ou um
barramento de equipotencialização (BEP),
• No BEP, pode ser ligados os seguintes condutores:
• condutor de aterramento (que interliga o eletrodo de aterramento à BEP);
• condutores de proteção principais (PE) e ligados a eletrodos de aterramento
de outros sistemas ;
• condutores de equipotencialização principais;
• condutores terra paralelos (PEC);
• condutor neutro, se o aterramento deste for previsto neste ponto;
• barramento de equipotencialização funcional, se necessário;
• elementos condutivos da edificação.
Ligações de aterramento
• Os condutores utilizados para as ligações equipotenciais ao terminal
principal devem possuir seção mínima igual à metade do condutor
de proteção de maior bitola da instalação, com um mínimo de 6 mm2.
• Os condutores destinados à conexão de massas metálicas aos
eletrodos enterrados deverão possuir as bitolas mínimas abaixo.
Ligações de aterramento
• Condutores de descida
Exercício.
1) O que é um sistema de aterramento e qual seus objetivos?
2) Quais os tipos básicos de aterramento?
3) Quais os principais esquemas de aterramento?
4) Realize uma pesquisa a fim de identificar qual o esquema mais
indicado/utilizados em instalações prediais.
5) Descreva o motivo de não ser possível utilizar DR no esquema TN-C.
6) Qual o objetivo do eletrodo de aterramento?
7) Qual a resistência máxima indica para sistemas de aterramento em
instalações de baixa tensão e qual o equipamento que realiza esta
medição?
8) Diferencie os sistemas de aterramento radial e anel.
Sistema de Proteção contra descargas
atmosféricas - SPDA
Introdução

• A proteção contra os efeitos de descargas atmosféricas é definido pela


norma;
• ABNT NBR 5419/2015 Proteção contra descargas atmosféricas.
• Esta norma está subdividida em quatro partes e substitui integralmente NBR
5419/2005.

• A descarga atmosférica que atinge uma estrutura pode causar danos à


própria estrutura e a seus ocupantes e conteúdos, incluindo falhas dos
sistemas internos;
• Os danos e falhas podem se estender também às estruturas vizinhas e
podem ainda envolver o ambiente local.
Introdução
• Uma descarga atmosférica pode causar:
• Danos mecânicos, fogo e/ou explosão devido ao aquecimento do canal da
descarga atmosférica, ou devido à corrente resultando em aquecimento
resistivo de condutores, ou devido à carga elétrica resultando em erosão pelo
arco;
• Fogo e/ou explosão iniciado por centelhamento devido a sobretensões
resultantes de acoplamentos resistivos e indutivos e à passagem de parte da
corrente da descarga atmosférica;
• Danos às pessoas por choque elétrico devido a tensões de passo e de
toque resultantes de acoplamentos resistivos e indutivos;
• Falha ou mau funcionamento de sistemas internos.
Introdução
• SPDA tem como objetivo minimizar/anular os efeitos de uma
descarga atmosférica;
• Atinge seu objetivo dissipando para terra as correntes elétricas
provenientes da descarga atmosférica, direcionando a corrente por
um caminho mais seguro possível, desta maneira minimizando ou
anulando seus impactos.
• É utilizada para proteção de edificações, antenas, instalações
industriais, tanques, tubulações e pessoas, contra os efeitos das
descargas atmosféricas;
Introdução
• Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas são
compostos por:

• Um sistema externo:
• Captores ou pára-raios;
• Condutores de descida;
• Aterramento.

• Um sistema interno:
• Formado por dispositivos que reduzem os efeitos elétricos e magnéticos da corrente de
descarga internamente ao ambiente eu se deseja proteger.
• Representação de SPDA em uma
edificação.
Captor
• Elemento externo destinado a interceptar as descargas atmosféricas;
• Constituído por uma ou mais pontas, fixadas em uma haste, com
capacidade para suportar os efeitos térmicos e mecânicos da descarga;
• Admite-se como haste, tubo de ferro galvanizado a fogo com diâmetro mínimo de
1,5’’.
• Os captores podem ser constituídos por uma combinação qualquer dos
elementos:
• Hastes;
• Cabos esticados;
• Condutores em malhas;
• Elementos naturais.
• Exemplos de captor
Captor
• No topo de estruturas com alturas superiores a 10 m, recomenda-se
instalar um captor em forma de anel;

• Este anel deve estar disposto ao longo de todo o perímetro;

• Deve estar situado a menos de 0,5 metros da borda do perímetro;

• Não exclui a necessidade de outros captores.


Condutor de descida
• Condutor de fio, fita ou cabo de cobre ligada a base do mastro para
conduzir corrente ao sistema de aterramento;
• Devem ter o menor tamanho possível e ser o mais retilíneo possível;

Seção dos condutores:


Material Condutor Altura da construção
Até 20 m Acima de 20 m
Cabo de cobre 16 mm2 35 mm2
Cabo de alumínio 35 mm2 50 mm2
Cabo de aço galvanizado 50 mm2 80 mm2
Condutores de descida
• O número de condutores de descida é definido em função do
perímetro da construção;
• O número mínimo de condutores de descida é 2;
• Em cada descida não embutida deve ser previsto uma conexão de
medição próximo ao ponto de ligação ao eletrodo de aterramento;
• O espaçamento médio entre os condutores é definido em função da
classe de proteção;
Classe de proteção Espaç. descidas (m)
I 10
II 10
III 15
IV 20
Nível de proteção
• Nível I: Cuja falha na proteção pode provocar danos a estruturas
adjacentes. Ex: Industria petroquímicas, de explosivos, etc;
• Nível II: A falha na proteção pode provocar perdas de bens de elevado
valor e causar pânico aos ocupantes. Ex: museus, teatros, estádios.
• Nível III: Construções de uso como. Ex: edificações comerciais e
residenciais.
• Nível IV: Construções em que não há habitual presença de pessoas e
não armazena produtos inflamáveis. Ex: Depósito de matérias de
construção como cimento.
Métodos de proteção
• São três o métodos de proteção:

• Método de Franklin;

• Método de Faraday;

• Método eletrogeométrico.
Método de Franklin
• Consiste na utilização de um ou
mais mastros com captores de
modo que todo volume da
edificação a ser protegido fique
dentro de uma zona espacial de
proteção do sistema;
• O ângulo de proteção varia de
acordo com a altura da edificação
e o nível de proteção.
Ângulo de proteção
Nível\H < 20m < 30m < 45m < 60m
I 25° * * *
II 35° 25° * *
III 45° 35° 25° *
IV 55° 45° 35° 25°

* Proteção não permitida pelo método de Franklin


Método Eletrogeométrico
• Neste método, a área de proteção é definida pelo rolamento de uma
esfera de raio R;
• O raio da esfera é definida pelo nível de proteção;
• A zona de proteção é onde a esfera não toca.
Método Eletrogeométrico
• A zona de proteção é onde a esfera não toca.
Método de Faraday ou Gaiola de Faraday
• É o método mais eficiente, mas também o de maior custo;
• Este método consiste em instalar um sistema de captores formado
por condutores horizontais interligados em forma de malha;
• Quanto menor for a distância entre os condutores da malha, melhor
será a proteção obtida;
• É prática se utilizar ainda pequenos captores verticais, com 30 a 50
cm de altura, separados por uma distancia de 5 a 8 metros ao longo
dos condutores da malha;
Método de Faraday

• Os condutores dos anéis


e captores
intermediários devem
possuir bitolas
especificadas
Espessuras dos captores e anéis
intermediários

Material Espessura
Cabo de cobre 35 mm2
Cabo de alumínio 50 mm2
Cabo de aço galvanizado 80 mm2
Anel de aterramento
• As descidas deverão terminar em um anel de aterramento;
• Em cada descida deve ser previsto ao menos uma haste de
aterramento;
• As resistências de aterramento são definidas em função da geometria
do aterramento. Podem ser:
• Semi-esfera;
• Disco Horizontal;
• Haste de aterramento;
• Malhas fechada;
• Aterramento em cruz;
Resistência de aterramento
• Semi-esfera; • Disco Horizontal;

 
R R
2r 2r
r é o raio da esfera ou disco
Resistência de aterramento
• Haste de aterramento;

R
l

• Para mais de uma haste, 


deve-se considerar Rn  k
l
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9
k 1 0,56 0,4 0,32 0,26 0,23 0,20 0,18 0,16
Resistência de aterramento
• Malhas fechada; • Aterramento em cruz;

      4l  
R  R  1  ln   
4 A L 4l   a 
A é a área da malha em m2;
L é a extensão total de cabo enterrado;
l é a extensão de cada braço;
a é o raio do condutor.
Exercício.
1) Descreva a função de um SPDA.
2) Quais os principais componentes de um SPDA?
3) Quais os tipos de captores usados em SPDA?
4) Como devem ser distribuídos os condutores de descida?
5) Diferencie e exemplifique os níveis de proteção?
6) Descreva sucintamente as principais diferenças entre os métodos de
proteção.
7) Projete um sistema de proteção, incluindo sistema de aterramento em
malha, usando método de Faraday. Considere um edifício residencial e
comercial de 25 m de altura, 24 m de largura e 30 de comprimento,
resistividade do solo de 100 Ohm metro.
Referência
• CREDER, Helio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2002.

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