Você está na página 1de 10

Caro aluno, nesta unidade iremos estudar sobre a classificação dos produtos

perigosos para fins de transporte, os conceitos básicos de simbologia e reações


químicas e os efeitos de cada classe sobre o meio ambiente.

1.1 Classificação dos produtos perigosos

Caro aluno, como já estudado uma breve introdução nas unidades de estudos
anteriores, abordaremos a classificação de produtos perigosos.

Dividem em nove Classes de Risco, identificadas por Painéis de Segurança e


Rótulos de Risco específicos, a saber:

CLASSES SUBSTÂNCIA
Classe 1 Explosivos
Subclasse 1.1 Substâncias e artigos com risco de explosão em massa
Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa
Subclasse 1.2
Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de
projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa
Subclasse 1.3
Subclasse 1.4 Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo
Subclasse 1.5 Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa
Subclasse 1.6 Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa
Classe 2 Gases
Subclasse 2.1 Gases inflamáveis: são gases que a 20°C e à pressão normalmente são inflamáveis
quando em mistura de 13% ou menos, em volume, com o ar ou que apresentem faixa de
inflamabilidade com o ar de, no mínimo 12%, independente do limite inferior de
inflamabilidade.

117
Subclasse 2.2 Gases não-inflamáveis, não-tóxicos: são gases asfixiantes, oxidantes ou que não se
enquadrem em outra subclasse.
Subclasse 2.3 Gases tóxicos: são gases, reconhecidamente ou supostamente, tóxicos e corrosivos que
constituam risco à saúde das pessoas.
Classe 3 Líquidos Inflamáveis: são líquidos, misturas de líquidos ou líquidos que contenham
sólidos em solução ou suspensão, que produzam vapor inflamável a temperaturas de até
60,5°C, em ensaio de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em ensaio de vaso aberto, ou ainda os
explosivos líquidos insensibilizados dissolvidos ou suspensos em água ou outras
substâncias líquidas.
Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea; e substâncias
Classe 4 que, em contato com água, emitem gases inflamáveis
Subclasse 4.1: Sólidos inflamáveis, substâncias autorreagentes e explosivos sólidos insensibilizados:
sólidos que, em condições de transporte, sejam facilmente combustíveis, ou que por atrito
possam causar fogo ou contribuir para tal; substâncias auto-reagentes que possam sofrer
reação fortemente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados que possam explodir se
não estiverem suficientemente diluídos.
Subclasse 4.2 Substâncias sujeitas à combustão espontânea: substâncias sujeitas a aquecimento
espontâneo em condições normais de transporte, ou a aquecimento em contato com ar,
podendo inflamar-se.
Subclasse 4.3 Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis: substâncias que, por
interação com água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou liberar gases
inflamáveis em quantidades perigosas.
Classe 5 Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos
Subclasse 5.1 Substâncias oxidantes: são substâncias que podem, em geral pela liberação de oxigênio,
causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isso.
Subclasse 5.2 Peróxidos orgânicos: são poderosos agentes oxidantes, considerados como derivados do
peróxido de hidrogênio, termicamente instáveis que podem sofrer decomposição
exotérmica auto-acelerável.
Classe 6 Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes
Subclasse 6.1 Substâncias tóxicas: são substâncias capazes de provocar morte, lesões graves ou danos
à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a pele.
Subclasse 6.2 Substâncias infectantes: são substâncias que contém ou possam conter patógenos
capazes de provocar doenças infecciosas em seres humanos ou em animais.
Classe 7 Material Radioativo: Qualquer material ou substância que contenha radionuclídeos, cuja
concentração de atividade e atividade total na expedição (radiação), excedam os valores
especificados.
Classe 8 Substâncias Corrosivas: São substâncias que, por ação química, causam severos
danos quando em contato com tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou
mesmo destroem outras cargas ou o próprio veículo.
Classe 9 Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias que apresentem
risco para o meio ambiente: São aqueles que apresentam, durante o transporte, um
risco não abrangido por nenhuma das outras classes.

Tabela 4 – Classes de Risco

118
1.2 Simbologia

Os produtos perigosos devem ser identificados por um símbolo chamado


Rótulo de Risco, construído com um quadrado colocado em um ângulo de 45º,
formando um losango, possuindo dimensões mínimas de 100 milímetros por 100
milímetros e a largura mínima da linha interna à borda, que forma o losango, e devem
ser de 2 milímetros. No interior do losango, na metade superior, devem constar
obrigatoriamente um pictograma com um símbolo ou imagem que faz lembrar de
imediato a classe representada. Na metade inferior, são apresentadas as indicações
de Subclasses de Risco, com textos/números e letras adicionais, agrupados, para
permitir a identificação imediata do produto.

 Os Rótulos de Risco: são apresentados na Resolução ANTT nº5232/16,


em sua forma geral, e devem satisfazer às exigências do descritivo minucioso quanto
a cores, símbolos pictóricos, medidas e formato detalhados na Norma ABNT NBR
7500, em sua atualização mais recente. Segundo a Resolução 5.848/19, a informação
do Rótulo de Risco é padronizada.

 Imagem - Local onde deve ser encontrado o


símbolo da Classe ou Subclasse de Risco (imagem)
que representa a classe de risco.
 Texto - Local onde serão encontrados os textos,
números e/ou letras que podem ser obrigatórios ou
opcionais de acordo com a classe e subclasse de
risco a que se refere.
 Número - Local onde deve ser encontrado o
número da Classe o Subclasse de risco.

119
Figura 41 – Classes e Subclasses de Risco

 O Painel de Segurança: Retângulo de cor laranja com bordas pretas 30


x 40 ou 25 x 35. Veículos menores nas duas laterais, traseira e para-choque dianteiro
lado esquerdo.

Número ONU: é uma identificação composta por quatro algarismos que


reconhece a mercadoria transportada de acordo com a tabela internacional de
classificação de produtos perigosos.
Estes números devem ser fixados na parte inferior do Painel de Segurança,
abaixo do número de risco.
A fonte dos algarismos devem ser de 10 centímetros de altura.
Número de Risco: identifica a categoria e a intensidade do risco que a carga
oferece.

120
Formados por dois ou três algarismos, a relevância do risco é registrada da
esquerda para a direita.
Todos os números presentes na placa têm o significado de acordo com a sua
classe de risco.

Figura 42 – Painel de Segurança

Neste exemplo temos um líquido muito inflamável, pela repetição do algarismo


"3" na parte superior e, consultando uma guia específica podemos identificar que se
trata de gasolina ou algum combustível para automotores pela numeração 1203.

Abaixo veremos com mais detalhes o que significam estes números.

 Número de Risco

Na parte superior do Painel temos o Número de Risco, constituído de até três


algarismos. O primeiro algarismo representa o risco principal do produto. O segundo
e/ou terceiro algarismo representam os riscos secundários. Através do Número de
Risco podemos conhecer o perigo que aquele material oferece. Podemos saber, por
exemplo se o produto é explosivo, inflamável, muito inflamável, corrosivo, radioativo,
entre outros.

121
 Dimensões do painel de segurança

Tabela 5 – Risco Principal de Subsidiário

1) Para uso em caminhões e seus rebocados:

a) largura do painel - 400 mm;


b) altura do painel - 300 mm;
c) borda do painel - 10 mm;
d) largura do número/letra - 55 mm;
e) altura do número/letra - 100 mm;
f) espaço horizontal entre número/letra - 30 mm;
g) espaço vertical entre linha - 40 mm.

2) Para uso em veículos utilitários:

a) largura do painel - 350 mm;


b) altura do painel - 250 mm;

122
c) borda do painel - 10 mm;
d) largura do número/letra - 50 mm;
e) altura do número/letra - 78 mm;
f) espaço horizontal entre número/letra - 22 mm;
g) espaço vertical entre linha - 30 mm.

1.3 Reações químicas (conceituações)

Figura 43 – Reações Químicas

Segundo o Manual da Química, as reações ou fenômenos físicos e químicos


são combinações de uma ou mais substâncias que se alteram formando novas
substâncias e não podem ser repetidas com as mesmas substâncias. Exemplos:
queima de materiais combustíveis, decomposição, combinação de substâncias,
veículo envolvido em um incêndio. Estão presentes no dia a dia. É muito importante
conhecê-los bem para saber usá-los a favor e evitar possíveis efeitos ou
consequências desastrosas. Os conceitos de cada uma são:

Fenômeno físico é a modificação ocorrida em uma substância sem que a sua


estrutura interna seja alterada. Não se altera a constituição íntima da matéria, não
formam novas substâncias e podem ser repetidas várias vezes.

Fenômenos químicos. São combinações de uma ou mais substâncias que se


alteram formando novas substâncias, não podem ser repetidas com as mesmas
substâncias. Podemos concluir, portanto, que fenômeno químico é a modificação de
uma substância devido à reação que ocorre entre as duas ou mais substâncias.

123
Em algumas reações químicas podem ocorrer desprendimento ou retirada do
calor do meio ambiente em que ocorrem as reações. Podem ser:

 Reações exotérmicas: Liberam calor para o meio ambiente.


 Reações endotérmicas: Retiram calor do meio ambiente.
 Reações adiabáticas: Não ocorre liberação nem retirada do calor do
meio ambiente em que ocorrem. Alguns produtos, quando colocados em contato,
produzem reações.

Consideram-se incompatíveis, para fins de transporte, conjunto, produtos que,


quando postos em contato entre si, apresentam alterações das características físicas
ou químicas originais de qualquer deles, gerando risco de provocar explosão,
desprendimento de chama ou calor, formação de compostos, misturas, vapores ou
gases perigosos.

A NBR 14619 de 10/2018 – Transporte terrestre de produtos perigosos –


Incompatibilidade química estabelece os critérios de incompatibilidade química a
serem considerados no transporte terrestre de produtos perigosos e incompatibilidade
radiológica e nuclear, no caso específico dos materiais radioativos (classe 7). Os
critérios definidos nesta norma são aplicáveis às cargas fracionadas e a granel de
produtos e de resíduos perigosos, mesmo em se tratando de quantidade limitada por
veículo, em uma mesma unidade de transporte e durante o eventual armazenamento
temporário.

1.4 Efeito de cada classe sobre o meio ambiente

 Classe 1 – Explosivos: gases liberados pela transformação química dos


explosivos expandem-se a altíssimas velocidade e temperatura, gerando um aumento
de pressão e provocando o deslocamento do ar. Esse deslocamento de ar é
suficientemente elevado para provocar danos às pessoas (ruptura de tímpano, por
exemplo) e edificações (colapso parcial ou total).
 Classe 2 – Gases inflamáveis, não-inflamáveis e não tóxicos, gases
tóxicos: os gases do tipo criogênicos (aqueles que para serem liquefeitos, devem ter

124
sua temperatura reduzida a valores inferiores a – 150º C. Exemplos: nitrogênio líquido,
oxigênio líquido, gás carbônico líquido) podem causar gravíssimas queimaduras ao
tecido humano em caso de contato, devido à sua baixa temperatura. Muitos gases,
como o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e o cloro, são mais densos do que o ar, ou
seja, após serem liberados para o ambiente, permanecem próximos ao solo, situação
essa de maior complexidade e risco, já que próximo ao solo se encontram as pessoas
e as possíveis fontes de ignição.
 Classe 3 - Líquidos Inflamáveis: todo processo de combustão libera
gases irritantes e tóxicos, portanto especial atenção deverá ser dada às situações com
envolvimento de incêndios.
 Classe 4 – Sólidos Inflamáveis; Substâncias sujeitas a combustão
espontânea; Substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis
Um sólido inflamável quando queima, libera gases irritantes e tóxicos.
 Classe 5 – Oxidantes e Peróxidos Orgânicos: essas substâncias são
relativamente instáveis e reagem quimicamente com uma grande variedade de
substâncias, podendo gerar um incêndio, mesmo sem a presença de fontes de
ignição.
 Classe 6 – Substâncias tóxicas e substâncias infectantes: são capazes
de provocar a morte ou sérios danos à saúde humanas no caso de ingestão, inalação
ou contato dérmico, mesmo em pequenas quantidades.
 Classe 7 – Material radioativo: acidentes com esses materiais podem
contaminar objetos de todo tipo, além do meio ambiente, ocasionando consequências
desastrosas. Um bom exemplo é o acidente em Goiânia, em setembro de 1987, cuja
blindagem do Césio 137 foi destruída, ocasionando graves lesões às pessoas que
tiveram contato com o material, além de algumas mortes.
 Classe 8 – Substâncias corrosivas: em geral, são capazes de causar
severas queimaduras quando em contato com tecidos vivos e, portanto, as equipes
de resposta devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) compatíveis
com o produto envolvido.
 Classe 9 - Substâncias e artigos perigosos diversos: a legislação
trabalhista brasileira estabelece limites de tolerância para a exposição diária dos
trabalhadores aos produtos químicos. Trata-se do Limite de Tolerância Ocupacional
que representa a máxima concentração a que um trabalhador pode ficar exposto a
produtos perigosos durante 8 horas por dia, 48 horas semanais, sem sofrer danos à
125
sua saúde. Evidentemente estamos falando de pessoas supostamente saudáveis.
Crianças e idosos poderão ser afetados quando expostos à concentração referente
ao Limite de Tolerância. Por exemplo, o Limite de Tolerância da amônia é de 20 ppm
(partes por milhão), sendo essa a concentração que não deverá causar efeitos
danosos à saúde de um trabalhador em exposições de 8 horas diárias, durante 48
horas semanais. Os Limites de Tolerância dos produtos químicos estão disponíveis
nas Fichas de Informação de Segurança sobre Produto Químico (FISPQ).

CARO ALUNO,

Chegamos ao final da Primeira Unidade de


Estudos do Módulo IV, nesse momento,
convidamos você a refletir sobre a
classificação e simbologia dos produtos
perigosos, bem como as reações químicas e
danos ao meio ambiente ocasionados por
elas.

126

Você também pode gostar