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Caro aluno, nesta unidade iremos estudar sobre as primeiras providências, a

sinalização, os acionamentos de recursos, a verificação e condições da vítima em


acidentes de trânsito.

Ao se deparar com um acidente ou com uma pessoa passando mal, o que se


aconselha é que se chame o socorro especializado. Porém, há casos em que o quadro
da vítima pode piorar se ela não for socorrida imediatamente e o simples fato de se
conhecer noções básicas de primeiros socorros pode salvar muitas vidas.

Segundo VARELA (2009), é chamado de primeiros socorros “os cuidados


emergenciais que uma pessoa deve receber após sofre ou um acidente, como
choque, queimadura, corte, fratura e engasgamento; ou um mal súbito, como
desmaio, crise hipertensiva ou infarto”. O objetivo dos primeiros socorros é evitar que
o acidente ocasione um agravamento na vítima até que receba o atendimento
especializado.

1.1 Primeiras providências quanto a acidente de trânsito

As primeiras providências a serem tomadas em caso


de acidente de trânsito são: Isolamento e sinalização
do local do acidente.

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 Isolamento: o isolamento do local permite que pessoas ou veículos não
entrem. Para tanto, são necessários os equipamentos de emergência específicos para
o transporte rodoviário de produtos perigosos, entre eles: os cones para sinalização
da via, placas de advertência e os dispositivos para sustentação de fita ou corda para
isolamento da área.
 Sinalização: é necessário que todo o trecho, do início da sinalização até
o acidente, seja demarcado, indicando o desvio de direção. Se isso não puder ser feito
de forma completa, deverá aguardar as equipes de socorro, que deverão completar a
sinalização e os desvios.

Após o acidente, é interessante que seja feita uma avaliação da cena ou


avaliação preliminar para se obter uma visualização global do ambiente do acidente.
Os obstáculos a serem superados, os meios e os recursos disponíveis, as formas
alternativas de abordagem e escape, etc.

1.2 Sinalização do local de acidente

Figura 31 – Sinalização do Local de Acidente

Acidentes não acontecem por acaso. São causados, geralmente, por condições
e atos inseguros, comportamentos negativos e problemas pessoais e de saúde.

Previna-se, isolando e sinalizando corretamente o local do acidente, evitando o


agravamento do ocorrido para dar segurança a quem precisa de socorro.

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Sinalize o local do acidente acionando os alertas dos veículos acidentados e
daqueles próximos ao local do acidente, principalmente à noite, e coloque o triângulo
na posição de maior visibilidade. Veja alguns exemplos de como sinalizar:

 Erguer a tampa do motor e porta malas dos veículos próximos ao local


do acidente.
 Espalhar folhas e/ou galhos de árvores no leito da via e depois, retire-os
para não causar novo acidente.
 Colocar pessoas sinalizando apenas na lateral da pista de frente para o
fluxo de veículos e nunca depois de curvas.
 Demarcar todo o desvio do tráfego até o acidente.
 Manter o tráfego fluindo para facilitar a chegada de socorro.

O isolamento da área tem o objetivo de delimitar o espaço de ação dos


socorristas, impedindo a interferência de curiosos. Pode ser feito com cordas ou uma
barreira humana, utilizando os próprios transeuntes (curiosos).

Esta barreira deve estar sempre voltada para a via e de costas para o acidente.
A proteção individual e coletiva começa na sinalização e no isolamento da área.

Não é só a sinalização que deve ser iniciada bem antes do local do acidente. É
necessário que todo o trecho, do início da sinalização até o acidente, seja demarcado,
indicando o desvio de direção. Se isso não puder ser feito de forma completa, faça o
melhor que puder, aguardando as equipes de socorro, que deverão completar a
sinalização e os desvios.

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1.3 Acionamento de recursos: bombeiros, polícia,
ambulância, concessionária da via e outros

O condutor, sempre em decorrência de algum acidente de trânsito, deve adotar


os procedimentos indicados no Envelope para Transporte, dar ciência à autoridade de
trânsito com circunscrição sobre a via e às demais autoridades locais indicadas pelo
meio disponível mais rápido, inclusive à concessionária da rodovia, detalhando a
ocorrência, o local, o nome apropriado para embarque ou o número ONU e a
quantidade dos produtos transportados. Outra ação é avisar o IBAMA sobre o acidente
para inserção de informações no SIEMA.

De qualquer aparelho telefônico, o acionamento do socorro é gratuito. Ao


informar sobre o acidente, faça-o de forma clara e objetiva, apresentando as seguintes
informações:

ONDE? - Dê os detalhes exatos sobre o local da emergência.


O QUE? - Dê uma breve descrição do que aconteceu e possíveis detalhes
sobre a via e as condições do veículo.
QUANTAS PESSOAS ESTÃO FERIDAS? - Dê o número de feridos.
QUE TIPO DE LESÕES? - Se possível, dê detalhes das lesões que
representam risco iminente de vida, se as vítimas estão presas no interior do veículo
ou se está incendiando.
AGUARDE INSTRUÇÕES - Dê todas as informações e peça orientação de
como agir.
TELEFONES IMPORTANTES
 Polícia Rodoviária Federal: 191
 Polícia Militar: 190
 Corpo de Bombeiros: 193
 Defesa Civil: 199
 SAMU: 192
 Emergência da União Europeia: 112

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Serviços e telefones para acionamento

 Polícia Rodoviária Federal ou Estadual: Acione sempre que ocorrer


qualquer emergência nas rodovias. Todas as rodovias devem divulgar o número de
telefone a ser chamado em caso de emergência. Pode ser da Polícia Rodoviária
Federal, Estadual, do serviço de uma concessionária ou serviço público próprio.

Estes serviços não possuem um número único de telefone, variando de uma


rodovia a outra. Muitas rodovias dispõem de telefones de emergência nos
acostamentos, geralmente (mas nem sempre) dispostos a cada quilômetro. Nestes
telefones é só retirar o fone do gancho, aguardar o atendimento e passar as
informações solicitadas pelo atendente.

 Serviço de Atendimento ao Usuário-SAL: O Serviço de Atendimento ao


Usuário-SAU é obrigatório nas rodovias administradas por concessionárias. Executa
procedimentos de resgate, lida com riscos potenciais e realiza atendimentos às
vítimas. Seus telefones geralmente iniciam com 0800.
 Telefones variáveis: Mantenha sempre atualizada o número dos
telefones das rodovias que você utiliza. Anote o número de emergência logo que
entrar na estrada. Regrinha eficiente para quem utiliza celular é deixar registrado no
seu aparelho, e pronto para ser usado, o número da emergência. Não confie na sua
memória. Procure saber como acionar o atendimento nas rodovias que você utiliza.
 Outros recursos existentes na comunidade: Algumas localidades ou
regiões possuem serviços distintos dos citados acima. Muitas vezes estes não têm a
responsabilidade de dar o atendimento, mas o fazem. Podem ser ambulâncias de
hospitais, de serviços privados, de empresas, grupos particulares, ou ainda
voluntários que, acionados por telefone específicos, podem ser os únicos recursos
disponíveis. Se você circula habitualmente por áreas que não contam com nenhum
serviço de socorro, procure saber ou pensar antecipadamente como conseguir auxílio
caso venha a sofrer um acidente.
 Resgate do Corpo de Bombeiros 193 – Vítimas presas nas ferragens.
Qualquer perigo identificado como fogo, fumaça, faíscas, vazamento de substâncias,
gases, líquidos, combustíveis, ou ainda locais instáveis como ribanceiras, muros
caídos, valas etc. Em algumas regiões do país o Resgate-193 é utilizado para todo
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tipo de emergência relacionada à saúde, em outras, é utilizada prioritariamente para
qualquer emergência em via pública. O resgate pode acionar outros serviços quando
existirem e se houver esta necessidade. Procure saber se existe e como funciona o
Resgate em sua região.
 SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192: Qualquer tipo
de acidente. Mal súbito em via pública ou rodovia. O SAMU foi idealizado para atender
qualquer tipo de emergência relacionada à saúde, incluindo acidentes de trânsito.
Pode ser acionado também para socorrer pessoas que passam mal dentro dos
veículos. O SAMU pode acionar o serviço de Resgate ou outros, se houver esta
necessidade. Procure saber se existe e como funciona o SAMU em sua região.
 Polícia Militar 190: Acione sempre que ocorrer uma emergência em
locais sem serviços próprios de socorro. Acidentes nas localidades que não possuem
um sistema de emergência poderão contar com o apoio da Polícia Militar local. Estes
profissionais, ainda que sem os equipamentos e materiais necessários para o
atendimento e transporte de uma vítima, são as únicas opções nesses casos.

1.4 Verificação das condições gerais de vítima de


acidente de trânsito

São necessários provimentos básicos nas diversas


situações de emergência, podendo variar de acordo
com o estado da vítima.

A verificação das condições da vítima é feita por duas frentes:

 1º - extra-hospitalar: socorro efetuado no local do acidente, realizado por


leigos, complementada pela equipe do SAMU, bombeiros e equipes de socorro das
concessionárias das rodovias.

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 2º - intra-hospitalar: Serviço de atendimento de emergência realizado
dentro do hospital, depois que a vítima foi removida do local do acidente.

Exemplo: quando ocorre um acidente de trânsito e a vítima está inconsciente.


Inicialmente ela recebe um atendimento imediato, chamado Primeiros Socorros, o
qual será efetuado por um voluntário leigo. Enquanto ela recebe os Primeiros
Socorros, devem ser acionados os serviços de socorro especializado, tais como:
SAMU, bombeiros ou concessionária da rodovia. Após a chegada da equipe e
efetivado o controle da situação, a vítima é deslocada até o hospital. O serviço de
emergência entrega a vítima ao setor de emergência do hospital e a equipe médica
de plantão assume o caso.

Após analisar o acidente, deve-se iniciar a avaliação das vítimas, com as


seguintes verificações:

 Tranquilizar as vítimas e oriente-as para que facilitem as ações de


socorro, solicitando que não se mexam e que falem somente o necessário,
respondendo às perguntas do socorrista.
 Caso a vítima esteja consciente, informa-la sobre possíveis alergias a
medicamento, ver a consciência da vítima para desenvolver um questionamento sobre
seus sintomas, endereço, telefone, etc.

Durante o atendimento, deve-se fazer a avaliação primária e secundária


sempre que possível.

 Avaliação primária: A avaliação primária deve ser cuidadosa e respeitar


uma rotina, como podemos ver:
 Nível de consciência, abertura das vias aéreas e manutenção da
coluna cervical. A imobilização na coluna cervical é feita após terem sido aplicadas
técnicas de estabilização da coluna cervical e a colocação de um colar cervical
conforme o tamanho da pessoa.
 Respiração, circulação, hemorragias.
 Avaliação neurológica.

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 Avaliação secundária. Somente após completar todos os passos da
avaliação primária é que se parte para a secundária, onde se deve fazer a inspeção
da cabeça aos pés, de forma a observar a presença de alterações:
 Estado de Choque;
 Traumatismos (TCE e outros);
 Fraturas;
 Objetos encravados, penetrantes e transfixantes;
 Deslocamento de articulações / luxações;
 Queimaduras

O “ABCDE” da vida
A - Vias aéreas e coluna cervical;
B - Respiração;
C - Circulação, hemorragia e controle do choque;
D - Nível de consciência;
E - Exposição e proteção da vítima, segurança da
vítima na cena do acidente.

1.5 Cuidados com a vítima de acidente, ou contaminação


(o que não fazer) em conformidade com a periculosidade
da carga, e/ou produto transportado

Em caso de queimaduras em geral e químicas, envenenamento e intoxicação,


parada cardiorrespiratória, ferimentos com hemorragia e fraturas, existem inúmeros
procedimentos a serem tomados com a finalidade de prestar os primeiros socorros às
vítimas e evitar o seu agravamento.

A queimadura ocorre pela ação do calor ou reação química nos tecidos e são
classificadas em graus, conforme apresentem os seguintes sintomas:

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1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele,
vermelhidão, dor local suportável, não há
formação de bolhas;
2º Grau: lesões das camadas mais profundas da
pele, formação de bolhas, desprendimento de
camadas da pele, dor e ardência, locais de
intensidade variável;
3º Grau: lesão de todas as camadas da pele;
comprometimento dos tecidos mais profundos,
até o osso.

Os procedimentos a serem tomados pelo socorrista em caso de queimaduras


são:

 Proteger a lesão;
 Retirar a roupa, sem arrancar a pele;
 Lavar a área queimada;
 Aquecer a vítima com cobertores;
 Se o corpo estiver em chamas, o socorrista deve impedir que o indivíduo
corra, enrolando-o em um cobertor úmido;
 Vítimas em chamas devem ser roladas para apagar as chamas. Use as
técnicas de abafamento, com lençóis e cobertores e não estoure as bolhas. Nas
vítimas de queimaduras de 3º grau, devemos ter cuidado com as áreas carbonizadas;
 Previna o choque;
 Não dê nada para beber à vítima.

As substâncias químicas, como os ácidos ou os álcalis queimam rapidamente


quando entram em contato com a pele, boca e olhos. As queimaduras produzidas por
essas substâncias são mais graves, pois penetram profundamente e queimam por
mais tempo.

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Em caso de queimaduras químicas, os procedimentos a serem tomados pelo
socorrista são:

 Se o produto causador da queimadura for seco, deve-se apenas removê-


lo;
 Lave a área atingida imediatamente;
 Use o chuveiro, quando possível;
 Tome cuidados especiais ao usar mangueira, pois a força do jato d’água
pode causar maior lesão;
 Retire a roupa contaminada;
 Não utilize soluções neutralizantes;
 Depois, cubra a queimadura com curativo esterilizado e encaminhe a
vítima ao serviço de emergência.

Segundo Ministério da Saúde, o envenenamento e intoxicação ocorrem quando


uma pessoa inala, entra em contato direto com a pele ou ingere alguma substância
tóxica.

Os sintomas do envenenamento e intoxicação mais comuns são: náuseas,


vômitos, dor abdominal, diarreia, pupila dilatada, salivação, sudorese excessiva,
respiração alterada, inconsciência e convulsões. Os gases e outras substâncias,
algumas vezes, podem ser detectados pelo olfato. Se a vítima vomitar, o vômito deve
ser levado para o serviço de emergência, pois pode auxiliar na identificação do
veneno. Nunca ministrar nada à vítima ou induzi-la ao vômito.

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Figura 32 – Envenenamento por inalação

 No caso de ingestão de veneno e intoxicação:


 Sintomas: náusea, vômito, dor abdominal, diarreia, salivação, muito
suor e extremidades frias.
 Procedimento: tentar descobrir o meio causador do envenenamento
e pedir socorro especializado com urgência são ações essenciais.

 No caso de ingestão de veneno e intoxicação:


 Para os venenos que são inalados, como gás natural ou monóxido
de carbono, a primeira medida a ser tomada para socorrer a vítima é proteger-se e
colocá-la imediatamente em um ambiente com ar fresco.
 Se a vítima não estiver respirando, inicie a respiração artificial
imediatamente, mantendo-a até que haja seu retorno.

Pode ser necessária reanimação cardiorrespiratória.

 Para prestar os primeiros socorros em vítimas de envenenamento,


você precisa saber qual foi a substância tóxica, há quanto tempo a vítima a ingeriu,
inalou ou teve contato direto com ela, qual a idade da vítima e o que aconteceu depois
de constatado o envenenamento. Para tanto, é importante procurar obter o máximo
de informações, antes que a vítima que inconsciente.

A parada cardiorrespiratória ocorre quando a vítima deixa de respirar e o seu


coração para de bater. Os motivos que fazem uma pessoa interromper a respiração
podem ser:
 Obstrução das vias aéreas por algum corpo estranho como, por
exemplo, dentadura e pedaço de comida;
 Intoxicação por gases;
 Ingestão de venenos;
 Fortes descargas elétricas;
 Ferimento grave.

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A hemorragia ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo, devido a doenças ou
a traumatismos. A hemorragia pode ser:
 Interna e externa: quanto à localização.
 Arterial, venosa e capilar: quanto aos vasos.

Sinais e sintomas: Palidez, pele fria, sudorese, pulso rápido e fino, mucosas
descoradas, distensão do abdome e/ou do tórax.

 Conduta do Socorrista para o controle de hemorragia externa:


 Compressão direta;
 Compressão indireta;
 Garroteamento;
 Não aplique torniquetes.

As fraturas são rupturas nos ossos e nas cartilagens e podem ser internas ou
externas:
 Fraturas internas: podem ser desde uma pequena rachadura até a
divisão do osso em uma ou mais partes. Elas acontecem internamente, sem o
rompimento da pele;
 Fraturas externas: também chamadas de fratura expostas, são mais
violentas, pois o osso fraturado se desvia do seu local original, rompendo a pele.
Dependendo da região atingida, podem vir acompanhada de hemorragia.

Os procedimentos a serem adotados para a imobilização:

 A posição do membro lesionado não pode ser alterada, porque isso é


trabalho para os profissionais de saúde;
 Durante a imobilização, seus movimentos devem ser suaves, para não
piorar a lesão e o sofrimento da vítima;
 É importante não apertar demais as ataduras, para não prejudicar a
circulação sanguínea na região atingida;

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 Para imobilizar um membro, seja um braço ou uma perna, deve-se
imobilizar, também, as duas articulações vizinhas à lesão. Exemplo: se a lesão for no
antebraço, são imobilizados também o punho e o cotovelo;
 Se houver ferimento e hemorragia numa fratura exposta, coloque um
pedaço de gaze ou pano limpo sobre o local e passe uma atadura em volta para
diminuir o sangramento e evitar infecções;
 Após controlar a hemorragia, firme o membro atingido com uma tala;
 Use pedaços de gaze, de espuma ou mesmo tecido para evitar o atrito
entre a pele e o material usado para firmar o membro atingido.

CARO ALUNO,

Chegamos ao final da Primeira Unidade de


Estudos do Módulo III, neste momento
convidamos você, a refletir sobre estar
preparado para o caso de acidentes com
vítimas para prestar os primeiros
socorros e desencadear as primeiras
providências.

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