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Instituto de Artes
História da Arte no Brasil III
Professora Iaci Santos
Fichamento
Referência:
PEDROSA, Mario. Tomie Ohtake: entre a personalidade e o pintor. In: PEDROSA, Mario. Dos
murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981. p.187-189.
Resumo:
Mario Pedrosa, crítico e professor, ao analisar a obra de Tomie Ohtake, observa que sua
pintura se encontra quase sempre atrás de sua personalidade, como se numa constante busca
para traduzi-la. A linha é o elemento espiritual de configuração, largando mão de elementos
sem sutiliza, como a cor e a espessura matérica. Em seguida, Pedrosa aponta que em Ohtake a
obra se completa não quando a pintura está pronta (realização matérica), mas é preciso a
contemplação em que o espectador traz sua imaginação que sugere figuras e poéticas (uma
meta-realização), numa experiência dialética espiritual entre obra e espectador.
Citações:
“Em Tomie Ohtake há uma distância, frequentemente não vencida, entre a personalidade, que
se antecipa à obra, e esta, que não consegue amoldar-se ou obedecer aos ditames
imponderáveis daquela” (p.188).
“Ela é, com efeito, desses pintores que lêem o quadro a posteriori, e o julgarão em
consequência dessa leitura, desse diálogo com ele. [...] Esse processo de vir a conhecer a
própria obra se passa na contemplação, pois nesta é que a obra se dá ‘em ser criatura, com
real – quer dizer – ela se faz presente com seu caráter de obra’ (Heidegger)” (p.188, grifo do
autor).
“Não são manchas violentas coloridas, ou o argamassar de matéria pastosa, nem mesmo a cor,
os elementos que a definem. É que o detalhe de uma bela matéria, uma mancha de cor não se
destinam a inaugurar a contemplação. [...] A linha, fator espiritual por excelência [na ordem
contemplativa], é traçado e é configuração. Esta, porque define os grandes vôos da concepção
[...]” (p.188-189).