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Introdução
Objetivos
1
O município de Irati se localiza na região sudoeste do estado do Paraná, sua população
segundo IBGE de 2019, era de 60.727 habitantes.
CRAS que abrange o bairro Rio Bonito em Irati – Paraná, referente ao ano de
2018.
Metodologia
Resultados e discussão
A preocupação com essa questão vem sendo discutida pelos números
crescentes das incidências de violência doméstica, especificamente a
violência praticada contra a mulher. De acordo com a pesquisa realizada pelo
Mapa da Violência em 2018, o Paraná ocupa a 1º posição, dentre os estados
do Sul do Brasil, com maior número de denúncias, contabilizando 1.426,
seguido por Rio Grande do Sul com 665 denúncias (MARQUES, 2018, p.27).
1. A lei 11.340/2006
A luta contra as violências sofridas pelas mulheres teve grandes
contribuições no Brasil após a sanção da Lei Maria da Penha (nº
11.340/2006), sendo o principal mecanismo legislativo de combate a essa
violência e atentou para a necessidade de trazer esse debate para o campo
social e para a contribuição na efetivação de políticas públicas que visam
defender vítimas dessa violência. A implementação da Lei Maria da Penha,
em 2016, completou 10 anos. Desde que entrou em vigor causou um
impacto positivo, imputando os agressores com medidas mais gravosas e
encorajando mulheres vítimas dessa violência a denunciarem, como
também, se tornou mais conhecida as múltiplas formas de como essa
violência se manifesta e a partir da definição também possibilitou o
reconhecimento das violências sofridas, viabilizando as denúncias,
encorajando as mulheres a reconhecerem os abusos sofridos e fazer a
denúncia. Segundo dados do IPEA em março de 2015 a lei causou uma
redução de 10% na taxa de feminicídio, dessa forma a lei trouxe a violência
contra a mulher para um debate social e contribuiu para a redução dos
casos, mas ainda não caminhamos para a tão desejada igualdade de
gênero.
A violência contra a mulher não pode ser visto como fenômeno único,
visto que ela nem sempre ocorre da mesma forma, pois deve ser analisada
levando em consideração o contexto em que ocorre, podendo ser
caracterizada em múltiplas formas de manifestações. O artigo 7º da Lei
11.340 busca categorizar a violência domestica em cinco tópicos que facilita
na identificação da violência sofrida, são elas: a violência física caracterizada
pela conduta que visa atingir a saúde corporal da vítima; a violência
psicológica é caracterizada pela conduta que visa desmoralizar a vítima,
causando danos emocionais e a sua auto-estima, nesse caso o agressor age
ameaçando, constrangendo, humilhando, manipulando, insultando,
controlando seu direito de ir e vir, seu comportamento e influenciando nas
suas crenças e decisões; a terceira categoriza-se por violência sexual que
pode ser caracterizada por qualquer conduta que coíbe a vítima a participar
de uma relação sexual sem o seu consentimento, seja para fins lucrativos
(prostituição pela coação), que use de chantagem, inclusive em relações
matrimoniais, coagir a mulher para o não uso dos contraceptivos também é
caracterizado violência sexual, visto que ainda ocorrem casos em que o
agressor constrange a vítima para o não uso (como por exemplo) dos
preservativos, bem como, em alguns casos ocorre a remoção do mesmo
durante o ato e sem o consentimento da parceira, essa ação tornou-se objeto
de pesquisa da pesquisadora e advogada Alexandra Brodsky que afirmou,
através de entrevistas, que casos como esse indicam uma prática comum
entre pessoas jovens sexualmente ativas (BRODSKY, 2017, p. 185), mas que
constitui um crime de violência sexual; a quarta categoria é a violência
patrimonial , acontece quando há a subtração, retenção sem o
consentimento ou destruição parcial de bens pessoais da vítima, dentre as
outras manifestações de violência.
2. A Lei 13.194/15
No Brasil a taxa de homicídios contra as mulheres é de 4,8 por 100 mil
mulheres, ou seja, 2,4 vezes maior do que a taxa da média internacional
(WAISELFISZ, 2015, p. 72). A lei do feminicídio garante penas mais severas
aos autores do crime, mas essa lei nem sempre existiu, em 2015 a ex-
presidenta Dilma Rousself sancionou a lei 13.194/15 que previa mudanças
no Código Penal, mais especificamente no Decreto-Lei 8.072/90 (que
dispõem sobre crimes hediondos), que incluiu o feminicídio na lista como
qualificação para homicídios ou crimes hediondos, prevendo uma pena mais
rigorosa aos agressores. Enquanto a penalidade do homicídio simples é
prisão em regime fechado de seis meses a 20 anos, o crime de feminicídio
tem pena de 12 a 30 anos de prisão, podendo ser elevada em 50% se
acontecerem em casos específicos, como: na presença dos filhos, quando
ocorre no período de gestação e lactação, contra menor de 14 anos e maior
que 60 anos ou com deficiência.
São muitos os fatores que contribuem para que a mulher não se sinta
encorajada para fazer a denúncia. Nos dados obtidos percebe-se que as
mulheres mais afetadas por essa violência são as mulheres que trabalham
nas suas casas, no cuidado da família, onde essas violências são mais
recorrentes.
5. Resultados obtidos
Dos relatos obtidos através dos prontuários disponibilizados pelo
CRAS Canisianas e o CRAS Rio Bonito que foram recolhidos e analisados,
havia dez denúncias diretas e indiretas das mulheres em que a situação que
se encontravam correspondia como violência doméstica.
Ocupação Quantidade %
Do lar 4 50,0
Pensionista 1 12,5
Profissional Liberal 2 25,0
Trabalhadora Rural 1 12,5
Fonte: organizado pela pesquisadora a partir dos prontuários do CRAS Canisianas
Através dos dados obtidos percebe-se que 50% dessas mulheres que
relataram sofrer violências não possuem renda própria, o que dificulta para a
mesma sair desse ciclo da violência. Uma vez que pode ser um critério
adotado pelo agressor para manipular e controlar ainda mais os direitos das
vítimas. Inclusive em um dos relatos a vítima afirma que o companheiro não
a deixa sair de casa, essa vítima em específico trabalha na informalidade,
nesse caso, os trabalhos que ela consegue são somente para
complementação da renda, o companheiro ainda é responsável por manter
financeiramente a família. Observamos que dos 10 registros coletados dos
prontuários, dois não haviam essa informação. Mas a dependência financeira
não é determinante na prática da dominação, pois 50% das mulheres
possuem alguma renda e em outro relato, no caso o ex-companheiro é
desempregado.
Conclusões
Referência Bibliográfica
SCOTT, Joan. Gênero: como uma categoria útil de análise histórica. Educação
e Realidade, v:20, n. 2, p. 71-99, jul/dez, 1995.