ANÁLISE COMBINATÓRIA

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM:

“Se um acontecimento A1 pode ocorrer de m1 maneiras diferentes

e se, para cada uma dessas m1 maneiras possíveis de ocorrências
de A1, um segundo acontecimento A2 pode ocorrer de m2 maneiras
diferentes, então o número de maneiras de ocorrer o
acontecimento A1 seguido do acontecimento A2 é m1 vezes m2”.

Exemplo: uma mulher possui 5 saias de cores diferentes e 4 blusas,

também de cores diferentes entre si. Durante quantos dias poderá
sair, usando saia e blusa, sem repetir o mesmo conjunto?

Solução:

É claro que não precisa de conhecimentos teóricos de análise

combinatória para resolver esse problema: têm-se 5 saias e, para
cada saia, 4 blusas. Logo poderá sair por 5 vezes 4 = 20 dias
diferentes. Mas vamos usar essa situação para explicar o Princípio
Fundamental da Contagem.

Temos dois acontecimentos:

Acontecimento A1: escolher saia. Número de maneiras de ocorrer

A1: m1 = 5.

Acontecimento A2: escolher blusa. Número de maneiras de ocorrer

A2: m2 = 4.

Número de maneiras de ocorrer A1 e A2 = m1 vezes m2 = 5 vezes 4

= 20.

Resposta: Pode sair durante 20 dias diferentes.

Permutações simples:

Considere a seguinte situação:

Quantos números de três algarismos distintos podemos formar com

os dígitos 2; 6 e 9?
Solução: um número de três algarismos é formado escolhendo um
algarismo para as centenas, um algarismo para as dezenas e um
algarismo para as unidades.

número de maneiras de escolher um algarismo para as centenas é

igual a 3 (posso escolher o 2, o 6 ou o 9).

número de maneiras de escolher um algarismo para as dezenas é

igual a 2 (como são algarismos distintos, não posso escolher o que
já foi escolhido antes).

número de maneiras de escolher um algarismo para as unidades é

igual a 1(como são algarismos distintos, não posso escolher os dois
anteriores).

Logo, pelo princípio fundamental da contagem temos:

3 vezes 2 vezes 1 = 6 números.

Vamos escrever quais são esses números de três algarismos

distintos com os algarismos 2; 6 e 9.

Começados por 2: 269 e 296

Começados por 6: 629 e 692

Começados por 9: 926 ou 962.

Note que cada número é formado trocando a ordem, ou seja,

fazendo uma permutação dos algarismos 2; 6 e 9.

Se a pergunta fosse “quantos números de 4 algarismos distintos

podemos formar com os algarismos 1; 2; 6 e 9?

Solução: um número de 4 algarismos é formado escolhendo um

algarismo para as unidades de milhar, um algarismo para as
centenas, um algarismo para as dezenas e um algarismo para as
unidades:

número de maneiras de escolher um algarismo para as unidades de

milhar é igual a 4 (posso escolher 1, 2, 6 ou o 9).
número de maneiras de escolher um algarismo para as centenas é
igual a 3 (como são algarismos distintos, não posso escolher o que
já foi escolhido antes).

número de maneiras de escolher um algarismo para as dezenas é

igual a 2.

número de maneiras de escolher um algarismo para as unidades

simples é igual a 1.

Logo, pelo princípio fundamental da contagem temos:

4 vezes 3 vezes 2 vezes 1 = 24 números. Esse também é um

problema de permutação simples porque formamos números de 4
algarismos a partir de 4 algarismos.

Observação: ANAGRAMA de uma palavra é qualquer permutação

que se pode formar com as letras de uma determinada palavra.
Muitos já fizeram a brincadeira de escrever os anagramas da
palavra AMOR: AMOR, ROMA, RAMO, MORA, OMAR, etc. Mas, ao
contrário do que muitos pensam, anagrama pode ter sentido ou
não: RMAO, RMOA, MRAO, MROA, também são anagramas.

Assim, se for pedido, quantos são os anagramas da palavra VASCO,

temos que formar todas as palavras de 5 letras usando as letras V,
A, S, C, O, ou seja, permutação simples de 5 elementos, que é igual
a 5 vezes 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1 = 120.

Note que, nesses problemas de permutações simples aparecem

produtos do tipo 3 vezes 2 vezes 1; 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1; 5
vezes 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1, etc.

Esses produtos passam a ser representados pelo maior número

acompanhado de um sinal de exclamação. Assim, por exemplo:

5 vezes 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1 = 5! (lê-se fatorial de 5 ou

simplesmente 5 fatorial)

4 vezes 3 vezes 2 vezes 1 = 4! (lê-se fatorial de 4 ou simplesmente 4

fatorial).
Assim, se for pedido uma permutação com um número muito grande
de elementos podemos simplesmente indicar o resultado utilizando
o símbolo de fatorial.

Por exemplo: quantos sãos os anagramas da palavra VESTIBULAR?

Solução: VESTIBULAR tem 10 letras. Logo, o total de anagramas é

igual a 10 vezes 9 vezes 8 vezes 7 vezes 6 vezes 5 vezes 4 vezes 3
vezes 2 vezes 1. Para não fazer essa conta, que é muito trabalhosa,
podemos indicar: P10 = 10! (Permutação simples de 10 elementos
igual a 10 fatorial).

De uma maneira geral, permutação simples de “n” elementos é

representada por Pn = n! , sendo n um número natural maior ou
igual a 2.

PERMUTAÇÕES COM ELEMENTOS REPETIDOS

Considere as seguintes situações:

Situação 1: quantos são os anagramas da palavra:

A) PARA?

Solução: se as letras fossem todas distintas, teríamos permutação

simples de 4 elementos, ou seja, P4 = 4!

Porém se permutarmos a posição das duas letras “A” em qualquer

anagrama (trocar a posição do “primeiro A” pelo “segundo A”, este
será rigorosamente o mesmo). Então, o mesmo anagrama
aparecerá 2 vezes (permutação dos dois A é igual a 2! = 2 vezes 1 =
2).

Logo, o total de permutações de 4 elementos com duas letras “A”

repetidas é P4(2) = 4! / 2! = 24 / 2 = 12 anagramas.

B) PARADA ?

Solução: se as letras fossem todas distintas, teríamos permutação

simples de 6 elementos, ou seja, P6 = 6!
Porém se permutarmos a posição das três letras “A” em qualquer
anagrama, ou seja, trocar a posição de quaisquer das três letras
“A”, não muda o anagrama. Então, o mesmo anagrama aparecerá 3!
= 6 vezes (permutação dos três “A” é igual a 3! = 3 vezes 2 vezes 1
= 6).

Logo, o total de permutações de 6 elementos com três letras “A”

repetidas é P6(3) = 6! / 3! = 720 / 6 = 120 anagramas.

De uma maneira geral, permutação com elementos repetidos é o

fatorial do total de elementos que se está permutando dividido
pelos fatoriais dos elementos repetidos. Assim:

Permutação de “n” elementos com “x” iguais a “A”, “y” iguais a “B”,
“z” iguais a “C”, e assim sucessivamente é:

Pn(x,y,z,...) = n! / (x! vezes y! vezes z! ...),

Exemplo: Quantos são os anagramas da palavra:

a) ARARA?

Solução: Temos 5 elementos com 3 iguais a “A” e 2 iguais a “R”>

Logo: P5(3,2) = 5! / (3! vezes 2!) = 120 / (6 vezes 2 ) = 120 / 12 = 10

anagramas.

b) ARARUAMA?

Temos 8 elementos com 4 iguais a “A” e 2 iguais a “R”.

P8(4,2) = 8! / (4! vezes 2!). A resposta pode ficar indicada. Mas se

for preciso fazer a conta podemos desenvolver o 8! do numerador
de uma forma que simplifique com o 4! do denominador.

P8(4,2) = 8 vezes 7 vezes 6 vezes 5 vezes 4! / (4! vezes 2 vezes 1)

Simplificando numerador e denominador por 4!, temos:

P8(4,2) = 8 vezes 7 vezes 6 vezes 5 / ( 2 vezes 1) = 840 anagramas.

Combinações Simples

Considere as seguintes situações:

1. Quantas comissões de 2 alunos podemos formar a partir de 10
alunos?

Solução: temos 10 maneiras de se escolher um primeiro aluno para

a comissão e, para cada uma dessas 10 maneiras teremos 9
maneiras de se escolher o segundo aluno. Utilizando o Princípio
Fundamental da Contagem, teremos 10 vezes 9 = 90 comissões.
Porém, suponha que uma das comissões seja formada pelos alunos
Pedro e Brenda. A comissão que Pedro foi a primeira pessoa a ser
escolhida e Brenda foi a segunda pessoa escolhida é a mesma
comissão se Brenda foi a primeira pessoa escolhida e Pedro foi a
segunda pessoa. Logo, cada comissão está aparecendo 2! Vezes
(permutação simples de 2 elementos). Logo, o total de comissões é
90 / 2 = 45.

2. Quantas comissões de 3 alunos podemos formar a partir de 10

alunos?

Solução: usando um raciocínio análogo da situação 1, temos 10

maneiras de se escolher um primeiro aluno para a comissão e, para
cada uma dessas 10 maneiras teremos 9 maneiras de se escolher o
segundo aluno e, para cada uma dessa 10 vezes 9 maneiras temos
8 maneiras de escolher o terceiro aluno. Utilizando o Princípio
Fundamental da Contagem, teremos 10 vezes 9 vezes 8 = 720
comissões. Porém cada comissão está aparecendo 3! vezes
(permutação de 3 elementos igual a 3 vezes 2 vezes 1 = 6 vezes).
Escolher os alunos Brenda, Pedro e Giovanna, nessa ordem, é a
mesma coisa que escolher Brenda, Giovanna e Pedro, ou Giovanna,
Brenda e Pedro ou Giovanna, Pedro e Brenda ou Pedro, Brenda e
Giovanna ou Pedro, Giovanna e Brenda, ou seja, a mesma comissão
se repete 6 vezes. Logo, o total de comissões é 720 / 6 = 120.

3. Quantas comissões de 4 alunos podemos formar a partir de 10

alunos?

Solução: temos que escolher 4 pessoas a partir de um grupo de 10

pessoas. Temos que dividir por 4! para tirar as repetições. Fazendo
um raciocínio análogo às questões 1 e 2, temos:
(10 vezes 9 vezes 8 vezes 7) / (4 vezes 3 vezes 2 vezes 1) = 210
comissões.

Observação: dizemos que cada comissão é uma “combinação de 10

elementos, tomados 4 a 4”, e representamos por C10,4.

Assim, C10,4 = (10 vezes 9 vezes 8 vezes 7) / (4 vezes 3 vezes 2

vezes 1)

No exercício 2, temos C10,3 = (10 vezes 9 vezes 8) / (3 vezes 2

vezes 1)

No exercício 1, temos C10,2 = (10 vezes 9) / (2 vezes 1)

Existe uma maneira de escrever esses valores usando fatorial.

Vamos pegar, por exemplo, C10,4 = (10 vezes 9 vezes 8 vezes 7) / (4
vezes 3 vezes 2 vezes 1).

Se multiplicarmos, numerador e denominador por 6!, temos:

C10,4 = (10 vezes 9 vezes 8 vezes 7) vezes 6! / (4 vezes 3 vezes 2

vezes 1) vezes 6! .

Note que (10 vezes 9 vezes 8 vezes 7) vezes 6! = 10 vezes 9 vezes 8

vezes 7 vezes 6 vezes 5 vezes 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1 = 10!

Logo, C10,4 = 10! / (4! vezes 6!).

De uma maneira geral, combinação de n elementos, tomados p a p,

pode ser calculada pela seguinte fórmula:

Cn,p = n! / (p! vezes (n-p)!).

Essa fórmula só deve ser usada para indicar a resposta de

combinações que exigem cálculos trabalhosos.

Por exemplo, C100,20, fazendo pelo raciocínio das situações 1, 2 e

3, teríamos,

C100,20 = (100 vezes 99 vezes 98 vezes...vezes 83 vezes 82 vezes

81) / (20 vezes 19 vezes 18 vezes ...vezes 3 vezes 2 vezes 1). Fazer
esses cálculos é muito trabalhoso. Fica melhor indicar a resposta
pela fórmula:

C100,20 = 100! / (20! vezes 80!).

Porém, para problemas simples, essa fórmula é desnecessária. Por
exemplo:

C8,2 = (8 vezes 7) / (2 vezes 1) = 28

C8,3 = (8 vezes 7 vezes 6) / (3 vezes 2 vezes 1) = 56

C8,4 = (8 vezes 7 vezes 6 vezes 5) / (4 vezes 3 vezes 2 vezes 1) = 70

C8,5 = (8 vezes 7 vezes 6 vezes 5 vezes 4) / (5 vezes 4 vezes 3 vezes

2 vezes 1)= 56

C8,6 = (8 vezes 7 vezes 6 vezes 5 vezes 4 vezes 3 ) / (6 vezes 5

vezes 4 vezes 3 vezes 2 vezes 1)= 28.

Note que C8,2 = C8,6 e C8,3 = C8,5. Essas combinações são

chamadas de “combinações complementares”. Cn,p e Cn,q são
complementares quando p + q = n. É fácil demonstrar, utilizando a
fórmula, que Cn,p = Cn,q. A vantagem desse fato é que pode-se usar
uma combinação complementar para facilitar os cálculos. Exemplo:

C100,98 = C100,2 = (100 vezes 99) / (2 vezes 1) = 4950.