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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS I

1. INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA


Apresentar as características técnicas, exigências de norma, processos de execução e metodologias de
dimensionamento das instalações de água fria de uma edificação

OBJETIVO
As instalações de água fria devem ser projetadas e construídas de modo a:
- Garantir o fornecimento de água de forma continua, em quantidade suficiente, com pressões e velocidades
adequadas para que o sistema de tubulações e peças de utilização (chuveiro, torneiras, etc) funcionem
perfeitamente;
- Preservar rigorosamente a qualidade da água do sistema de abastecimento;
- Promover economia de água e energia;
- Possibilitar manutenção fácil e econômica;
- Garantir o máximo de conforto aos usuários, incluindo a redução dos níveis de ruído nas tubulações.

REFERENCIA NORMATIVA
NBR 5626/98 - Instalação predial de água fria

1.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES


Fontes de fornecimento de água
- Rios e Lagos
- Poços profundos
Exigem controle da qualidade da água para uso potável
- Rede pública de fornecimento
SEMAE, SABESP, CEDAE....
Ramal predial de abastecimento de água (alimentador predial): tubulação entre a Tubulação Distribuidora
Pública e o Medidor de Consumo

Medidor de consumo (Hidrômetros)


- Obrigatórios para qualquer fonte de abastecimento
- Obrigatórios medidores de consumo individuais em edificações coletivas (leis municipais)
- Padrões conforme autarquias/empresas públicas:
- Dimensionamento conforme norma NBR 5626/98
- Sistemas de distribuição de água

Sistema Direto

Sistema Indireto

Sistema Misto

Informações para definição do sistema a ser adotado podem vir através das características da rede pública de
distribuição, obtidas na Carta ou Certidão de Diretrizes.
Exemplo de Carta de Diretrizes da SABESP
1.2 RESERVAÇÃO DE ÁGUA
- Reservação para no mínimo 24 horas (1 dia) de consumo de água: evitando interrupção de abastecimento da
edificação
- Garanta a potabilidade da água: características físicas e de manutenção
- A norma recomenda reservação mínima de 500L para residências
- Prever reservas de água obrigatórias: reserva de incêndio (mínima 8.000 L – São Paulo)
- Localização do reservatório de água
- Compartimentação do reservatório: manutenção
- Reservatórios conjugados:
Reservatório Inferior (3/5 do volume total de reservação)
Preocupação com potabilidade da água
Reservatório Superior (2/5 do volume total de reservação)
- Geometria e material componente
Concreto armado
Pré-fabricado em concreto ou metálica

Caixas d’água

Polietileno ou Fibra de Vidro

- Características básicas:
Torneira de Bóia e Extravasor
- Dimensionamento do reservatório de água
Estimativa de consumo predial diário

Tipo de construção Consumo médio (litros/dia)

Alojamentos provisórios 80 por pessoa

Casas populares ou rurais 120 por pessoa

Residências 200 a 250 por pessoa

Apartamentos 150 a 200 por pessoa

Hotéis (s/cozinha e s/ lavanderia) 120 por hóspede

Escolas - internatos 150 por pessoa

Escolas - semi internatos 100 por pessoa

Escolas - externatos 50 por pessoa

Quartéis 150 por pessoa

Edifícios públicos ou comerciais 50 por pessoa

Escritórios 50 por pessoa

Cinemas e teatros 2 por lugar

Templos 2 por lugar

Restaurantes e similares 25 por refeição

Garagens 50 por automóvel

Lavanderias 30 por kg de roupa seca

Mercados 5 por m² de área

Matadouros - animais de grande porte 300 por cabeça abatida

Matadouros - animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida

Postos de serviço p/ automóveis 150 por veículo

Cavalariças 100 por cavalo

Jardins 1,5 por m²

Orfanato, asilo, berçário 150 por pessoa

Ambulatório 25 por pessoa

Creche 50 por pessoa

Oficina de costura 50 por pessoa

Importante: Quando não se sabe quantas pessoas vão morar na casa, devemos utilizar os dados da tabela AF
02:
Número de pessoas por ambiente

Ambiente Número de pessoas

Dormitório 2 pessoas

Dormitório de empregado (a) 1 pessoa

- Vazão do alimentador predial: Qmín = Cd / 24 (m³/h) ou Qmín = Cd / 86400 (l/s)


sendo Cd o consumo diário em litros e 86.400 o número de segundos em 24 horas

1.3 DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NA EDIFICAÇÃO


- Através de um sistema estanque de tubulações distribuídos de forma aparente ou embutido nas paredes,
atendendo aos pontos de consumo
- Compatibilidade com o sistema estrutural da edificação
- Condutos forçados
- Exigências dos usuários de conforto, segurança e ergonomia
- Exigências de instalações dos equipamentos atendidos
-Recomenda-se para tubulações horizontais leve inclinação no sentido do fluxo de água para evitar formação de
bolhas de ar
- Para garantir a manutenção da rede, prever válvulas de controle de fluxo
RG – Registros Gaveta
Localização: Barrilete
Coluna de Distribuição
Ramal a montante do Subramal
ALTURA RECOMENDADA DOS PONTOS DE UTILIZAÇÃO DE ÁGUA
- Ventilação da Coluna
A norma NBR 5626 diz que nos caos de instalações que contenham válvulas de descarga, a coluna de distribuição
deverá ser ventilada, porém a bibliografia indica que seja ventilada independente de haver válvula de descarga na
rede.

Trata-se de um tubo vertical instalado imediatamente na saída de água fria do reservatório. Deve-se seguir as
seguintes recomendações:
- O tubo de ventilação deverá estar ligado à coluna, após o registro de passagem existente;
- Ter sua extremidade superior aberta;
- Estar acima do nível máximo d’água do reservatório;
- Ter o diâmetro igual ou superior ao da coluna.
Para o exemplo anterior, o diâmetro do tubo ventilador devera ser de, no mínimo 40 mm ou 1 ¼”.

Por que ventilar?

Caso não haja ventilação, podem ocorrer duas coisas:

1- Possibilidade de contaminação de instalação devido ao fenômeno chamado retrosifonagem (pressões negativas


na quede, que causam a entrada de germes através do sub-ramal do vaso sanitário, bidê ou banheira);
2- Nas tubulações sempre ocorrem bolhas de ar, que normalmente acompanham o fluxo de água, causando a
diminuição das vazões das tubulações. Se existir o tubo ventilador, essas bolhas serão expulsas, melhorando o
desempenho final das peças de utilização. Também no caso de esvaziamento da rede por falta de água e, quando
volta a mesma a encher, o ar fica “preso”, dificultando a passagem da água. Neste caso a ventilação permitirá a
expulsão do ar acumulado.

1.4 MATERIAIS DE TUBULAÇÕES E CONEXÕES


No passado, era comum o uso de materiais como o cobre, aço galvanizado, ferro fundido e o PVC (policloreto de
vinila). Entretanto, a busca por soluções mais rentáveis fez com que os investimentos nesse setor resultassem,
nas últimas décadas, no aparecimento de novos materiais plásticos como o PEX (polietileno reticulado), o PPR
(polipropileno random) e o CPVC (policloreto de vinila clorado).

É imprescindível que o projetista preste atenção às medidas das peças. As soldáveis são fornecidas em milímetros
e as rosqueáveis, em polegadas. Peças soldáveis e rosqueáveis não trazem a conversão de unidades.

Tubos e conexões em ligas metálicas


Prevaleceram por muitos anos como a melhor opção de material, apresentando boa resistência a pressões e
temperaturas de água
- Aço galvanizado

Custo elevado
Material pesado (difícil transporte)
Manutenção difícil: juntas roscáveis
Deterioração em contato com altos teores de cloros e flúor
Cuidado com corrosão quando em contato com tubulação de cobre
Resistência mecânica a impactos
- Cobre
Empregados na condução de água fria e água quente, os tubos e conexões de cobre costumam atender aos
requisitos desse tipo de aplicação, como elevada resistência e durabilidade e baixa rugosidade. As soldas
utilizadas nas conexões também proporcionam estanqueidade, e o cobre, além de ser reciclável, conta com boa
condutibilidade térmica. Para assegurar vida longa às instalações, é fundamental que as ligações sejam benfeitas.
As tubulações devem ser revestidas com material isolante para evitar perdas excessivas de calor.
Também é necessário deixar um espaço de pelo menos 15 cm entre as tubulações embutidas de água fria e água
quente para evitar a troca de calor entre os dois sistemas.
Aplicações/indicações: Os tubos e conexões de cobre são divididos em classes de acordo com sua aplicação. Para
instalações hidráulicas prediais, são indicados os tubos de classe E. A pressão de serviço máxima na rede admitida
pela norma brasileira é de 4 kgf/cm² ou 40 mca (metros de coluna d'água).
Normas técnicas específicas: ABNT NBR 15.345 - Instalação Predial de Tubos e Conexões de Cobre e Ligas de
Cobre - Procedimento.
Custo elevado
Mão de obra especializada
Sujeito a consideráveis dilatações

Tubos e conexões plasticas


A partir da década de 60, as tubulações de ferro foram em grande parte substituídas pelo PVC. Hoje, o policloreto
de vinila é utilizado em larga escala no País quando o assunto é água fria. Ótimas para instalações sujeitas à baixa
pressão, pois o PVC não suporta pressões elevadas, sendo adequado apenas para uso em edifícios baixos,
evitando o risco de vazamentos."
- PVC

Tubos e conexões de PVC (policloreto de vinila) são fabricados com termoplástico produzido pela combinação de
cloro e etileno. Trata-se de um material que pode ser rígido ou flexível, que não compromete a potabilidade da
água e é leve e isolante. As peças podem ser soldáveis (a união se dá por meio da aplicação de adesivo no tubo e
na conexão) ou roscáveis (utiliza tarraxa e fita veda-rosca para fazer a união). Atualmente o sistema de junta
soldável é o mais utilizado, por ser mais fácil de realizar. A junta roscável, contudo, é mais indicada em obras nas
quais sejam necessárias desmontagens da linha para mudanças de projeto ou manutenções.
Aplicações/indicações: O PVC não pode ser usado em condições de exposição a temperaturas maiores que 60ºC,
sob risco de haver degradação do material. Por isso, tubos e conexões com esse material só encontram aplicação
em instalações de água fria.
Normas técnicas específicas: ABNT NBR 5.648 - Sistemas Prediais de Água Fria - Tubos e Conexões de PVC.
Baixo Custo
Material leve
Mão de obra usual
Ligações através de juntas coladas
Fácil manutenção
Baixa resistência mecânica e a temperaturas

- CPVC

O CPVC (policloreto de vinila clorado) é um PVC com dose extra de cloro em sua fabricação. Por isso, é mais
resistente à condução de líquidos sob pressão e em temperatura mais elevada. De instalação simples, sem
necessidade de ferramentas especiais e mão de obra especializada, os tubos de CPVC têm sido bastante usados
para conduzir água quente. A junção é feita com a solda dos tubos e conexões a frio, com adesivo.
Aplicações/indicações: O material é resistente à corrosão provocada por substâncias químicas presentes na água,
como cloro e flúor. Mas esse tipo de sistema deve ser utilizado em redes em que a temperatura da água não
ultrapasse 70°C.
Normas técnicas específicas: ABNT NBR 15.884 - Sistemas de Tubulações Plásticas para Instalações Prediais de
Água Quente e Fria - Policloreto de Vinila Clorado (CPVC).
Baixo Custo
Mão de obra usual
Ligações através de solda a frio

- PPR

O PPR é um produto muito utilizado na Europa, produzido com uma resina de última geração, o Polipropileno
Copolímero Random Tipo 3. Os tubos e conexões são unidos por processo de termofusão, ou seja, se fundem
molecularmente a 260oC, passando a constituir uma tubulação contínua, sem riscos de vazamentos, dispensando
o uso de soldas, roscas e adesivos.
A principal vantagem é que a união entre tubos e conexões em PP-R é promovida pela termofusão, fazendo com
que as tubulações se comportem como uma só peça, sem o risco de desprendimento e vazamentos, como podem
ocorrer com outros sistemas de união (cola, solda ou rosca).
Custo elevado
Mão de obra especializada
Ligações através de solda a quente: Termofusão
Maior resistência a pressão e temperatura

- PEX (POLIETILENO RETICULADO )

O sistema PEX é formado por um conjunto de tubos de polietileno reticulado flexível, os tubos PEX, e de
conexões metálicas.
Cada trecho PEX é composto por dois tubos flexíveis, semelhante a um sistema de instalação elétrica. Na
instalação elétrica os condutores de eletricidade (fiação) partem de um quadro de distribuição de luz e força
dentro de eletrodutos até os pontos de consumo (tomadas, pontos de luz, etc.).
No sistema PEX o tubo flexível de polietileno reticulado, responsável por conduzir a água, é introduzido em um
tubo de maior bitola, em polietileno de baixa densidade, que serve de guia, a semelhança do eletroduto com a
sua fiação interna.
A distribuição de água dentro de um ambiente é feita a partir de um distribuidor também chamado de manifold
que pode ser comparado a um pequeno barrilete. Em uma futura manutenção é só substituir o tubo PEX do
ponto do manifold até o ponto de consumo sem quebrar revestimentos e paredes.
A maior vantagem do sistema PEX é garantir acessibilidade total às instalações para que em caso de eventual
manutenção, os condutores de fluido possam ser substituídos sem que se quebre paredes.
O sistema PEX é um material mais novo, por isso uma desvantagem é o desconhecimento deste material por
parte dos projetistas (o dimensionamento é um pouco diferente) e dos instaladores.

- VALVULAS
As mais usuais são as válvulas de controle de fluxo, e dentre elas destacam-se:
Registro Gaveta : fechamento rápido ou lento para grandes vazões e pressões
Registro Pressão : fechamento lento para pequenas vazões
Registro Esfera: fechamento rápido
Válvula Retenção: garante o fluxo da água em apenas uma direção
1.5 PROCESSOS DE EXECUÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA
Usualmente o processo de execução das instalações hidráulicas de água fria prevê:
- Tubulações enterradas
Embutidas em contrapiso
Embutidas em terra – envelopamento em areia
- Tubulações aéreas
Fixação com braçadeiras ou pendurais entre 50cm a 3,00m
- Tubulações embutidas em alvenaria
Rasga-se a alvenaria
Posiciona-se a tubulação já montada
Teste de estanqueidade
Chumbamento da tubulação
1.6 DIMENSIONAMENTO DAS INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA
- Traçado da tubulação
De acordo com o gabarito de pontos hidráulicos e especificação dos equipamentos, prever a tubulação
composta por Coluna de Distribuição, Ramais e Sub-ramais que atendem aos pontos de consumo,
percorrendo a menor distância possível e utilizando a menor quantidade possível de conexões.
Considerar as conexões comerciais para ligação das tubulações.

- Demanda Provável
Método dos Pesos Relativos
- Unidades de Descarga (Pesos Relativos)
Válido para instalações destinadas a usos normais e dotado de aparelhos sanitários e peças de
utilização usuais, ou seja, não é válido para usos intensivos, como em cinemas, escolas, estádios,
etc...., bem como para peças com consumo específico de água.
Q = 0,3 √∑Pesos
Q : vazão estimada no trecho, em l/s
∑Pesos : é a somatória de pesos no trecho (adimensional)
- Determinação de vazões conforme norma NBR 5626/98

- Dimensionamento através de ábacos

Ábaco Luneta
Ábaco Convencional
1.7 VERIFICAÇÃO DAS PRESSÕES EM INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA
- Cálculo da Perda de Carga
Tubos: depende da Vazão, Comprimento da tubulação, Diâmetro Interno e Rugosidade da
Superfície Interna

EQUAÇÃO UNIVERSAL (Fórmula de Darcy-Weisbach)

f : perda de carga unitária ou coeficiente de atrito, dependendo da


rugosidade interna do encanamento e do número de Reynolds

FÓRMULA DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO

Onde: J é a perda de carga unitária em KPa/m


Q é a vazão em l/s
D é o diâmetro interno do tubo em mm
ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO
ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO
Conexões: transformar as conexões em comprimentos equivalentes de tubo reto
Depende do material da tubulação

- Determinação dos comprimentos equivalentes conforme norma NBR 5626/98

- Determinação dos comprimentos equivalentes conforme norma NBR 5626/98


Válvulas: calcular a perda de carga de forma individual

REGISTROS:

HIDRÔMETROS:

- Velocidade
Em qualquer trecho,: Vmax = 3,0 m/s
Limitada também pelo barulho que pode causar
- Determinação dos comprimentos equivalentes através de tabelas usuais

- Diâmetros internos de tubulações comerciais


- Determinação dos comprimentos equivalentes através de tabelas usuais
- Verificação da pressão dinâmica conforme norma NBR 5626/98
- Verificação da pressão dinâmica conforme norma NBR 5626/98

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