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REBECA RECUERO REBS

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@rebecarebs

A NETNOGRAFIA
TICs
Novas formas de agrupamento social;
Novos comportamentos;
Desenvolvimento de novas culturas;
Lugares inspirados no mundo físico
Ausentes da materialidade
Facetas identitárias; Interações em virtualidade
lugares virtuais; Mediados
territórios virtuais; pela
comunidades virtuais;
práticas sociais. internet

FENÔMENOS EMERGENTES:
novas maneiras de interpretação.
SQ U I S A Isso fez com que....
PE Necessidade de novas metodologias...
Adaptações de metodologias para o ambiente virtual.

A Internet como artefato cultural e não apenas um meio técnico.


(Turkle, 1997; Hamman, 1998; Hine, 2000)

Como entender a cultura, o


sujeito, os valores e os novos
grupos formados no universo
virtual?

Buscou-se ajuda na ETNOGRAFIA...


“Pesquisar A aldeia NA aldeia...”
A Netnografia
Apropriações dos estudos etnográficos para a Cibercultura.
Existem diferenças...não é uma simples transposição de métodos.

...NETNOGRAFIA
Intenção de abordar as mesmas
características do método etnográfico
(ou seja, estudos de práticas sociais, de
artefatos que instituem cultura), com a
atenção para o estudo de práticas, interações,
usos e apropriações de meios por grupos e
comunidades situadas no universo virtual.
A Netnografia
Surgiu pelo interesse em estudar práticas sociais virtuais.

NET + ETHNOGRAPHY
Etnografia Online
Etnografia Virtual
Netnografia

CIBERESPAÇO

Analisa marcadores verbais e não verbais na Internet;


Caráter qualitativo;
Inserção na realidade em análise.
PA R T E D E Q U E :
ã o é a
A Netnografia
u dan ç a n
e n t e d e m s o s e
...o ag e s i m o s u
gi a e m s i, a o
tec n o l o e s e n ti do
ç õ e s d
as constr u or dela.
red

As relações sociais mudaram...


Não precisam sair de casa;
As pessoas criam coisas na Internet;
Grupos, amigos, namoros virtuais;
Existência de lugares virtuais para a sociabilidade;
Pessoas interagem pela Internet.
Mas...e onde aplicar a netnografia?
Interações sociais na Internet
-­‐ Troca de capital social;
-­‐ Formação de laços sociais;
-­‐ Formação de comunidades;
-­‐ Formação de Redes Sociais;
-­‐ Relacionamentos sociais;
-­‐ Comportamento social.

“...uma etnografia da Internet pode olhar em detalhes


para as formas pelas quais a tecnologia é
experenciada em uso”.
(HINE, 2000)
O que ela exige? Kozinets;
Hine;
Ardevol;
•Compreensão da linguagem do grupo; Amaral;
•Saber usar a Internet; Sá;
•Paciência do pesquisador; Fragoso;
•Rigor metodológico; Recuero;
•A participação no grupo; Montardo;
•Observação participante; ....
•Aplicação de técnicas para coleta de dados.

Não possu
Permite co i “receitas”!!!
m que se o
os sujeitos bserve
Permite um de análise;
a descrição
dos fenôm densa
enos obser
Busca ler o vados;
texto e o
contexto p
resente na
Internet;
Netnografia
Procedimentos básicos de metodologia específicos da transposição da
etnografia para a netnografia.
Entreé Cultural
Coleta e análise dos dados;
Ética de pesquisa;
Feedback;
Checagem de informações com os membros do grupo.

Checagem de dados com


os membros do grupo.
Informação Pública X Privada?
Preparação do Uso consensual da
trabalho de campo; informação?
Captura de dados
Tópicos para análise; Identificação do pesquisador Provenientes das
Que comunidades? e da pesquisa. interações: e-mail,
Confidencialidade, anonimato. retorno da pesquisa

TRÊS TIPOS DE DADOS


- dados copiados e coletados diretamento dos integrantes;
- informações provenientes da observação do pesquisador;
- Dados provenientes de entrevistas/conversas. (Kozinets, 2002)
Mas onde posso aplicar a Netnografia?
Em qualquer ambiente virtual
que possua pessoas
interagindo, construindo
“culturas” e produzindo
significações sociais.

Construção de um avatar/perfil;
Experimentação e observação do ambiente;
Interação com sujeitos do ambiente;
Participação dos eventos do grupo do ambiente.

Posições do pesquisador:
* investigador;
* observador;
* interagente;
* descobridor.
T U R A L Pesquisador como INVESTIGADOR
ENTRA DA CUL

ANÁLISE DOCUMENTAL
•Como funciona?
Coleta de dados •Para que serve?
•Quando foi criado?
sobre o ambiente •Há quanto tempo existe?
sobre o grupo •Histórias sobre.
históricos, notícias... •Quem faz parte?
pesquisas •Quantos fazem parte?
dados informais... •Como está organizado?
Conhecer o local e o grupo •Hábitos dos moradores.

Teorias são essenciais para a pesquisa. aporte teórico


(POPPER, 1975)
autoetnografia
(AMARAL, 2009)
Entrada cultural
Coleta e Análise Coleta e
Análise d
os dados

Coleta de dados através de:


•Entrevistas formais
•Entrevistas informais
•Questionários
•Formulários
•Observações e anotações
Análise  de  dados:
•A  par'r  da  coleta
•Depois  da  coleta

Técnicas...
Downloads/cópia  
arquivos/dia/hora/
Coleta e Análise Coleta e
Análise d
os dados
Pesquisador se torna membro do local
Observação sistemática Imersão do pesquisador na realidade cultural
Investigação Interpretativa
“viver com e como
um determinado
grupo social”

Desvendar e decompor
padrões de comportamento
social e cultural

INDISPENSÁVEL O
CONTEXTO
Coleta e
Do sujeito... Análise d
os dados
Visual (avatar)
Descrições (perfil, nicks)
Interações (rastros) O que observar? forma linguagem
padrões de comportamento
expressões características
identidade visual
Coleta e
Análise d
Pesquisador como OBSERVADOR os dados

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

Entrada a campo - passa a “fazer parte”


•Fazer parte do grupo (KOZINETS, 2007)

-­‐ Entrar nas normas estipuladas;


-­‐ Participar dos “eventos”;
-­‐ Criar uma IDENTIDADE (nick, avatar, perfil...);
-­‐ Formação de laços sociais.
Coleta e
Análise d
os dados

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
Existe uma intervençãotanto
donapesquisador
comunidade como com suas interpretações.
Coleta e
Análise d
os dados

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
O Diário de Campo.
Anotações (salvar arquivos);
Descrever com detalhes o lugar, as
pessoas e como elas interagem tanto
entre elas como com o local.
Visualização da organização do ambiente.
Visualização das interações sociais.
Rotina;
Conversas informais;
Fatos que acontecem;
Pesquisador como INTERAGENTE
Coleta e
Análise d
os dados

ENTREVISTAS
PESQUISADOR: ao participar do grupo, automaticamente interfere no meio.
conhecimento e competência comunicativa do meio.
NESTE MOMENTO: interações mais claras, com diferente abordagem.

• Construção das perguntas;


• “Questões base”;
• Parte de uma conversa.

Busca informações não adquiridas na observação


participantes
Coleta e
Análise d
os dados

ENTREVISTASTextualidade
Interpretação exige conhecimento da forma de linguagem

• O tipo de linguagem é usado para suprir “deficiência” de expressões físicas


que contribuem no processo de comunicação.
•Otimização do tempo.

:*
Coleta e
Análise d
os dados

ENTREVISTAS
Ritmo  da  conversa

[09:29] 1SER: O que você leva em consideração para adicionar •  Lag  ;


uma pessoas na sua rede social?
[09:32] NMarininha: eu vejo se ela é bonita, legal...sei lah...
•  Cair  conexão;
[09:32] NMarininha: vejo se ela eh a fim de fala cmgo e tal :) •  Atenção  pessoal;
[09:33] NMarininha: mas se for um mala eu jah bloqueio na h!
[09:33] 1SER: Você já teve algum amigo virtual que fez questão •  “linguagem  cortada”;
de conhecer pessoalmente? •  Exige  paciência  ;
* NMarininha is offline
* NMarinha is online •  Respostas  “curtas”;
[09:39] NMarininha: ai, caí! Iauhaiuhaiuhaiuha. sorry!
•  Respostas  adequadas  para  as  
perguntas.
Coleta e
Análise d
os dados

ENTREVISTAS O  Contexto
•Pedir dedicação;
• Pessoas falam com mais de uma pessoa
ao mesmo tempo;
• Laços fortes .

dificuldades

vantagens

-­‐Anonimato;
-­‐Não compartilhar do mesmo espaço
físico; MAIS CONFORTO
-­‐Entrevistado no próprio território.
Pesquisador como DESCOBRIDOR
Coleta e
Análise d
os dados

ANÁLISE DOS DADOS


Realizada após finalizar todas as etapas metodológicas

Confere conservação de informações de um grupo em determinado


momento no ciberespaço.
(Braga, 2006),
d as
c age m
e c h e
bac k çõ e s
Feed o r m a
inf

Checagem das informações com os sujeitos....


Oferece credibilidade e legitimidade
Material “sensível”... Faixa etária, informações “delicadas”....
O retorno com os resultados...
Envio da pesquisa à comunidade.
Princípios básicos da Netnografia

1. Presença do etnógrafo no campo de pesquisa (Internet);


2. Visualização do ciberespaço como campo de pesquisa;
3. Considerar as interações como dinâmicas;
4. Toda forma de interação é relevante;
5. Compreender dinâmica do campo;
6. Observar limites entre online e offline (bem como suas conexões);
7. Deslocamento do entendimento de tempo e espaço;
8. Não é imparcial;
9. Precisa-se de tempo e dedicação do pesquisador;
10. Necessita da imersão do pesquisador na interação virtual;
11. Informantes presentes ou não;
12. É uma apropriação da etnografia para o ciberespaço.
DIFICULDADES
Problemas com a conexão
Assincronicidade das conversas
Divisão da atenção

“verdade absoluta” e
experimentos puros???”
(JAPIASSU, NORIS, 2006)

Necessário ter pontos de referência


Netnógrafo assume posição de pesquisador
Lidar com a subjetividade dos dados
DIFICULDADES
Como limitar o espaço
virtual?
•Descrição do campo
(espaço) As relações sociais estariam
limitadas neste único lugar?

Com quem eu falo?


•Descrição das pessoas
(habitantes) Como perceber a
hierarquia das relações
sociais?
ATENÇÃO ESPECIAL
Como olhar?
manter postura inicial de estranhamento do pesquisador em relação ao objeto;
considerar a subjetividade;
considerar os dados resultantes como interpretações de segunda e terceira mão;
considerar o relato etnográfico como sendo de textualidade múltipla.
Mantém premissas básicas de etnografia.

O pesquisador quando vestido de


netnógrafo, se transforma num
experimentador do campo,
engajado na utilização do objeto
pesquisado enquanto o pesquisa
(KOZINETS, 2007).

REFLETIR SOBRE:
O papel do pesquisador no contexto...
AUTOETNOGRAFIA
ATENÇÃO ESPECIAL
A identidade do sujeito
Se mostra o que se quer!

VIDA
 OFFL
INE
ATENÇÃO ESPECIAL
A  posição  do  etnógrafo:
a. “Envolver-­‐se”  mas  não  envolver-­‐se?
b. Cuidado  para  não  influenciar?
ATENÇÃO ESPECIAL
...Para  os  preconceitos  pessoais.
Livrar-­‐se  deles!
Questões éticas Imagens dos avatares
Gravação de conversas
Coletas de informações de Fóruns
Observação de comportamentos virtuais
Identificação do pesquisador
Identificação da pesquisa
Solicitação de permissões (AMARAL, NATAL e VIANA, 2009).
Anonimato do sujeito virtual
Checagem dos dados com os próprios membros da comunidade (KOZINETS, 2002)
Questões éticas
IdenGficar-­‐se  “concretamente”  ou  não  na  etnografia  virtual?
a. Altera  a  forma  dos  sujeitos  interagirem?
b. Observar  e  interagir  sem  deixar  explícito?
c. Somente  na  entrevista?
Questões éticas
A  idenGdade  virtual  do  pesquisador
a. Construir  uma  iden'dade  que  facilite  a  interação  inicial?
b. Desculpa  para  iniciar  uma  conversa?

pensar  sobre  a  sua  presença!!!


Gênero/Tempo/Disponibilidade

Não se pode esquecer que, uma vez estabelecido o contato entre pesquisador e sujeitos,
estabelece-se também uma relação de poder que vai influenciar os achados da pesquisa.
Etnografia X Netnografia
ESTUDO DE CASO
Netnografia no Second Life
Identificar os motivos para a criação de representações de
ambientes concretos nos espaços do aplicativo multiusuário online
Second Life
Netnografia no Second Life
Identificar os motivos para a criação de representações
de ambientes concretos nos espaços do aplicativo
multiusuário online Second Life

Identificar ambientes/sistemas capazes de criação de lugares;


Netnografia no Second Life
Netnografia no Second Life
Identificar ambientes/sistemas capazes de criação
de lugares;
Seleção das ilhas...

Representação de lugares genéricos


Representação de lugares específicos
Representação de lugares mistos

NETNOGRAFIA
Netnografia no Second Life
1. ANÁLISE DOCUMENTAL
* Pesquisas sobre o SL e as ilhas;
* Artigos sobre usos e apropriações destes locais;
BAGAGEM TEÓRICA SOBRE O ASSUNTO.
Dados sobre os aplicativos;
Usos iniciais propostos;
Pesquisa em sites;
Pesquisa no próprio site.
Netnografia no Second Life
2. OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
Observação da estrutura
Ir a festas, lugares e rituais do MUVE;
Presença de representações?
Observação “DO local NO local”;
Verificar criadores do local;
Tipos de lugares referidos (praias, cidades...);
Nomeclaturas, descrições;
Grau de fidelidade do lugar.

Observação das dinâmicas sociais, dos usos e apropriações


Práticas sociais;
Observar de forma “distante”;
Identidades;
Organização dos usuários;
Indicações das motivações pela busca do lugar virtual;
Conteúdo trocado.
Netnografia no Second Life
3. ENTREVISTAS
Semi-estruturadas;
CRIADORES DOS LUGARES
USUÁRIOS DOS LUGARES

Criadores das ilhas analisadas – 3


Criadores de ilhas aleatórias – 3
Residentes das ilhas analisadas – 6
Usuários de ilhas aleatórias – 6

Entrevistas 1h30
Horários variados
Arbitrárias
Seguiam roteiro
Netnografia no Second Life
Análise Documental 4. TRIANGULAÇÃO

[11:12]    W.Z.:  essa  ilha  eh  onde  eu  moro  


[11:12]    W.Z.:  representa  minha  casa  -­‐  
tenho  vários  aos  quais 
eu  faço  parte  e  me 
Observações Entrevistas identifico. 
(...)  criei    a    ilha    pq    sou    
Carioca    da    gema....  

Identidade
Pertencimento
O    lugar    no    ciberespaço    não    apenas    é    visível,    como   também    anuncia    simbolismos    ligados    
ao  território,    estando    diretamente    associado    à   necessidade    dos    sujeitos    de    
expressarem  a  sua  idenQdade  cultural  em    “outros  espaços”,  diferentes  do  espaço    
geográfico,  porém  fortemente  atrelados  a  ele.  
Metodologias devem se adequar ao meio; A Netnografia
Reconhecer possíveis limitações;
Rigor metodológico;
Observa-se aspectos da comunidade.
Vivência em campo;
Narrativa personalizada;
Utilização e combinação flexível de múltiplas técnicas de pesquisa;
Compromisso de longo prazo;
Indução a partir do acúmulo de informações.
(FRAGOSO, RECUERO e AMARAL, 2011)
A Netnografia
A netnografia, assim, é uma forma de abordar o
conhecimento científico que está em constante
adaptação, utilizando-se de métodos e procedimentos já
desenvolvidos como formas de inspiração a fim de
rearranjar e organizar modelos metodológicos que
transcrevam e dialoguem de forma mais adequada ao
modo de constituir a epistemologia, em especial, na
comunicação mediada pela Internet.
REBECA RECUERO REBS

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Obrigada pela atenção.


rebeca.recuero.rebs@gmail.com

A NETNOGRAFIA

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