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CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

ROBERTO BOZZI DE SOUZA

Filme: O Pequeno Nicolau

“Le Petit Nicolas”

Resenha apresentada à Sociedade


Paulista de Psicanálise, como
parte das exigências para a
conclusão do 01º semestre do
Curso Livre de Formação em
Psicanálise.

São Paulo

2022
OBRA
- FILME: O Pequeno Nicolau Título original Le Petit Nicolas. Direção: Laurent
Tirard Produção: Fidélité Productions; Wild Bunch; M6 Films; Mandarin Films;
Scope Pictures. Intérpretes: Maxime Godart; Kad Merad; Valérie Lemercier;
François-Xavier Demaison; Daniel Prévost; Sandrine Kiberlain e outros. Roteiro:
Laurent Tirard, baseado em: Le Petit Nicolas; de René Goscinny. IMAV e
Distribuição; IMOVISION, Central Film; One film, Brazil 2010. (90min)

APRESENTAÇÃO

O Filme retrata a rotina de um menino com suas angústias e medos,


envolvendo família e escola.

DESCRIÇÃO

O filme é baseado na obra do francês René Goscinny, “Le Petit Nicolas”,


e apresenta o cotidiano de um menino com aproximadamente 08 anos, na
França dos anos 50 (século passado), filho único de um pai falastrão e uma mãe
que o mima muito.

O enredo da história do pequeno Nicolau é narrado em 1ª pessoa, com


cenas alternando entre a escola, residência e lugares públicos. É no ambiente
escolar que Nicolau incute a ideia de uma suposta gravidez da mãe ao associar
os comportamentos afetivos/carinhosos de seus pais com os relatados por um
colega sobre a gravidez dos seus pais.

No ambiente familiar de Nicolau (casa) se desenvolve toda uma trama


fundada nesta suposição de gravidez, com o medo gerado com a chegada de
um irmão. O menino se associa aos colegas de escola para deliberar, em
espaços públicos e terrenos baldios, sobre métodos para cessar a ameaça de
ter que dividir a atenção dos pais e perder o “posto” de filho único.
Nesse interregno, constata-se que a mãe não estava grávida, o que gera
uma frustação ímpar em Nicolau, pois o colega de classe após o convívio salutar
com o irmão, passou a recomendar vivamente este tipo de relação, denotando
uma superioridade e benefícios com a chega do irmão.

Por derradeiro, o menino Nicolau descobre que a mãe efetivamente está


grávida, mas de uma menina (sexo feminino), o que definitivamente frusta toda
a expectativa de uma relação harmoniosa sonhada com um irmão (sexo
masculino), o que o faz refletir e buscar valores intrínsecos à sua existência e
aos seus relacionamentos.

CONTEÚDO

O filme começa com a professora propondo uma redação com o título: “O


que eu quero ser quando crescer”; esse questionamento permeia todo o filme.
De imediato, Nicolau olha ao redor e descreve a vida e comportamento dos
colegas, que refletem o ambiente familiar em que vivem. Evidente que ele não
tem a resposta para este questionamento e passa a ser assolado pela suposta
gravidez da mãe, ao se pautar pelos relatos e frustações de um amigo que terá
efetivamente um irmão.

A suposta gravidez da mãe gera tamanha insegurança e medo em


Nicolau, que o faz perder todo paradigma e referência do sistema do qual ele se
apoiava (filho único). Esse sistema é um pilar de apoio, que determina uma
sensação de proteção e aconchego, contudo a novidade (gravidez) vem com
uma sensação de tristeza, abandono e de aumento de dificuldades.

O filme evidencia, na relação familiar do pequeno Nicolau, as pulsões de


vida e morte, o complexo de édipo com a ansiedade de castração, que é
justamente o medo de ser separado de um objeto valioso (a mãe). Fica evidente
na fala do personagem o objeto de amor (mãe) e o enorme prazer em ficar ao
seu lado, mesmo não necessitando mais dos seus cuidados (amamentação,
proteção...).
Na terceira parte do filme, o pequeno Nicolau tem que lidar com outra
grande frustação, a chegada de uma irmã, pois pautado pelas experiências com
as meninas da sua faixa etária, trata-se de uma relação presunçosa e tediosa.
Por fim, Nicolau conclui que a sua grande missão e satisfação própria é fazer as
pessoas rirem, assim como o pai o faz à mesa de jantar.

CRÍTICA

O filme é próprio para crianças e adultos sensíveis às vicissitudes da vida.


Analogamente, essas sensações e medos de Nicolau foram vividas pela
humanidade no século XVI, quando Copérnico constatou que a Terra não era o
centro do universo. Essa emoção derivada do novo, da mudança, gera uma
tristeza profunda e brutal desconforto diante do fim da estabilidade. Isso vemos
no momento em que o personagem tenta fugir de casa, a fim de por à prova o
amor dos pais e retomar a sua segurança dentro do quadro familiar.

RECOMENDAÇÕES

Penso que esta obra seja recomendada para casais que estão planejando
constituir família, psicanalistas, psicólogos e crianças que se encontram nessa
fase de adaptação familiar

AUTOR

Laurent Tirard estudou Cinema na Universidade de Nova Iorque, em


seguida foi leitor de roteiro para a Warner Bros, em Los Angeles.[1] Trabalhou
na revista francesa Studio magazine como jornalista. Lá, durante sete anos,
entrevistou diretores como Woody Allen, David Lynch, Martin Scorsese, Jean-
Luc Godard e os Irmãos Coen, para a publicação de um livro lançado em 2004
e 2006. Em 1999, ele estreou como diretor do curta-metragem De source sûre,
que reuniu Helene Fougerolles e Gad Elmaleh. Em 2000, novamente um curta-
metragem: Demain est un autre jour, com Christian Charmetant e Antoine Duléry.
Depois de ter sido roteirista de dois filmes para a televisão, ele decidiu, em 2004,
escrever para o teatro. Em seguida, trabalhou com o roteiro do filme de Julie
Lipinski, Le Plus Beau Jour de ma vie, com Helene De Fougerolles. Em paralelo,
ele se lançou como diretor do longa Mensonges et trahisons et plus si affinités...,
no qual também foi roteirista com Grégoire Vigneron. Para este filme ele reuniu
um grande elenco: Edouard Baer , Marie-Josée Croze, Clovis Cornillac e Alice
Taglioni. Em 2006, ele foi um dos roteiristas (com, entre outros, novamente o seu
parceiro Grégoire Vigneron) do sucesso Prête-moi ta main de Eric Lartigau, em
seguida dirigiu seu segundo longa, Molière, protagonizado por Romain Duris.
Laurent confia o papel de Dorante a Édouard Baer, e Fabrice Luchini interpreta
Monsieur Jourdain. Em 2009, ele se dedicou a adaptação de Le Petit Nicolas de
Goscinny e Sempé. Este filme foi o maior sucesso de bilheteria francesa do ano
de 2009. Depois trabalhou novamente com seu parceiro Grégoire Vigneron,
escreveu um novo longa: Sans laisser de traces. Este filme, dirigido por Grégoire
Vigneron, foi lançado nas salas em 10 de março de 2010.Laurent foi escolhido
para dirigir a quarta edição das aventuras de Asterix, adaptado a partir do livro
Asterix entre os Bretões. Laurent também tem um filho, Virgile Tirard, que
interpreta Joachim, um amigo de Nicolas, em seu filme Le Petit Nicolas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Filme: 2009 Le Petit Nicolas de Laurent Tirard ; Site: Wikipédia, a


enciclopédia livre; Livro Dibs - Em busca de si mesmo Virginia M. Axline ISBN:
Agir Ano: 1986 / Páginas: 290 Idioma: português Editora: Agir

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