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Ártico atinge o 2º menor nível de gelo em setembro de 2020

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

[EcoDebate] Só os negacionistas mais tacanhos questionam a existência do fenômeno do


aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa.

Os últimos 7 anos (2014-20) foram os mais quentes já registrados e a década 2011-20 é a mais
quente da série histórica. A atmosfera do Planeta está ficando mais quente e isto tem um
impacto devastador em diversos aspectos, pois, além do degelo, amplas áreas da Terra podem
ficar inóspitas ou inabitáveis.

A figura abaixo (NSIDC da Nasa) mostram a extensão do gelo do Ártico nos 12 meses dos
últimos 30 anos, com destaque para 2012, 2019 e 2020. Nota-se que, em setembro, o maior
degelo ocorreu em 2012 e o segundo maior degelo em 2020. A extensão de gelo do Ártico
estava acima de 6 milhões de km2 na média de 1981 a 2010 e ficou abaixo de 4 milhões de
km2 em 2012 e 2020.

O gráfico abaixo mostra que a perda de gelo no verão do Ártico tem ocorrido ao ritmo de -
13,1% por década. Nesta marcha, poderia ocorrer a perda total de gelo no verão antes do fim
do atual século. Já é possível navegar tranquilamente nos verões do polo norte, o que é bom
para os interesses econômicos do comércio, mas é péssimo para o meio ambiente.
A figura abaixo mostra como a extensão de gelo do Ártico no mês de setembro de 2020, que
foi de 3,9 milhões de km2, diminuiu em relação à média de 1981-2010 que foi de 6,4 milhões
de km2. Toda a área perto do Alasca e perto da Rússia encontra-se sem gelo no mês de
setembro.

O Ártico é a região mais afetada pelo aquecimento global. Porém, o degelo do polo norte não
deve provocar grandes aumentos do nível dos oceanos, pois o gelo está sobre o mar. Todavia,
os sinais do Ártico mostram que toda a Criosfera será afetada pela crise climática.

O degelo da Groenlândia e da Antártida terão um impacto enorme sobre todo o Planeta.

[…]

A situação é crítica e requer uma resposta de emergência, especialmente quando se trata da


Groenlândia. Artigo de Jason P. Briner e colegas, “Rate of mass loss from the Greenland Ice
Sheet will exceed Holocene”, publicado na revista (30/09/2020) mostra que se as emissões de
gases de efeito estufa (GEE) não forem reduzidas rapidamente, a taxa de degelo na
Groenlândia pode atingir, até o final deste século, um ritmo inédito nos últimos 12 mil anos.

Os pesquisadores descobriram que, se o aquecimento global for limitado a 2º C neste século,


essa taxa de perda deve se estabilizar em torno de 8,8 trilhões de toneladas no atual século.
Todavia, se as emissões seguirem o cenário usual, essa taxa pode chegar até 36 trilhões de
toneladas até o ano 2100 – um volume de degelo jamais registrado durante o Holoceno. Isso
resultaria em um aumento do nível dos mares de cerca de 10 cm.
O custo do aquecimento global e da subida do nível do mar será cada vez mais elevado e o
número de pessoas atingidas será cada vez maior.

O que acontece no Ártico e na Groenlândia, em setembro de 2020, é apenas uma amostra do


que virá pela frente. Indubitavelmente, o futuro será mais quente e mais salgado.

Link : https://www.ecodebate.com.br/2020/10/05/artico-atinge-o-2-menor-nivel-de-gelo-em-
setembro-de-2020/

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