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Derretimento do Permafrost

Permafrost, também conhecido como pergelissolo, é composto por gelo, terra e rochas


congelados. Era para ficar assim para sempre, mas o aquecimento global tem feito com que
o material comece a derreter, o que pode causar diversos problemas, como a instabilidade
do solo e emissão de gases na atmosfera.

Um estudo recente publicado pela Nature Communications indica que os impactos


econômicos associados a essas mudanças climáticas podem chegar a US$ 70 trilhões até
2.300. O carbono emitido pelo descongelamento do permafrost é um dos principais vilões
nesse sentido.

Para entender melhor a questão, precisamos chegar também em outro termo: o albedo; ou
seja, a capacidade de reflexão da radiação solar de uma determinada superfície. Cerca de
um terço de todo o albedo da Terra provêm do gelo marinho do Ártico e da neve. Porém,
com o aquecimento, a tendência é que essas superfícies geladas diminuam e, com
isso, aumente a incidência de radiação solar em nosso planeta, gerando… adivinha?
Mais calor!

Caso nenhuma medida seja tomada para frear esses efeitos, estima-se que o degelo do
permafrost possa liberar mais de 280 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO²) e 3
gigatoneladas de metano. O valor estimado em impactos ambientais é dez vezes maior do
que a projeção em termos de benefícios do degelo do Ártico, com abertura para navegação e
exploração mineral, por exemplo.

Se as medidas previstas pelo Acordo de Paris, que estipulam a meta de manter o


aquecimento global em no máximo 1,5 graus em relação ao período pré-industrial, forem
tomadas, o custo dos impactos cairia para US$ 25 trilhões.
Por que degelo do permafrost é uma
das maiores ameaças ao planeta
 Veronica Smink
 BBC News Mundo

8 novembro 2021

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
O permafrost armazena o dobro de carbono que existe na atmosfera — e está derretendo
Um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje é como reduzir
a produção de gases que estão superaquecendo nossa atmosfera.
O excesso dos chamados gases de efeito estufa está gerando mudanças
climáticas que produzem um número maior de fenômenos meteorológicos
extremos, como secas e inundações.
Descobrir como podemos reduzir nossas emissões de dióxido de carbono
(CO2) e outros gases nocivos é um dos objetivos da COP26, a conferência das
Nações Unidas sobre clima, que acontece na cidade escocesa de Glasgow.

 De gases a vírus, o veneno que é espalhado pelo derretimento das


geleiras
 Estradas e construções 'derretem' com aquecimento global

Mas enquanto políticos e cientistas debatem como reduzir a queima de


combustíveis fósseis e outras atividades poluentes, pouco se fala sobre outra
grande fonte de gases de efeito estufa que é potencialmente muito mais
perigosa para a nossa atmosfera.
Trata-se do permafrost, uma das maiores reservas de carbono do planeta.
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Os cientistas estimam que cerca de 1,5 trilhão de toneladas de carbono estão
armazenados no permafrost. Ou seja, o dobro do que há atualmente na
atmosfera.
E a má notícia é que esse carbono está sendo liberado na atmosfera, na forma
de CO2 e metano, a uma velocidade nunca vista antes na história da
humanidade.
Na verdade, especialistas que estudam o permafrost afirmam que hoje ele
emite mais carbono do que absorve, passando de reservatório de carbono a
fonte de poluição.
E isso faz dele uma das maiores ameaças à nossa atmosfera.
Mas vamos por partes.
O que é o permafrost
É uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente
congelada — daí seu nome — em algumas das regiões mais frias do mundo.
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Fim do Podcast
Fica debaixo de uma camada mais fina de vegetação e terra, que os
especialistas chamam de "camada ativa", que congela quando a neve ou o
gelo estão no topo e derrete quando está mais quente.
Esta camada protege o permafrost, que é composto de terra, rochas, areia e
matéria orgânica (restos de plantas e animais), unidos por gelo.
É nesses restos orgânicos que é capturado o carbono que, congelado no
subsolo, é inofensivo, mas se liberado em grandes quantidades pode se tornar
uma das principais fontes de poluição do planeta.
Julian Murton, professor de Ciência do Permafrost na Universidade de Sussex,
explicou à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), que —
dependendo das condições da superfície — o carbono pode ser liberado como
CO2 ou como metano, que é "30 vezes mais poderoso como gás de efeito
estufa".
Embora qualquer camada de subsolo que permaneça congelada por pelo
menos dois anos já seja tecnicamente considerada permafrost, Murton observa
que "grandes extensões foram criadas durante as eras glaciais."
Este permafrost mais antigo, que tem centenas de milhares de anos, é o mais
espesso e profundo, podendo se estender por até 1,5 mil metros abaixo da
superfície.
Em contrapartida, o permafrost mais recente costuma ter apenas alguns
centímetros de profundidade.
Localização
A maior parte está localizada no hemisfério norte, onde estima-se que quase
um quarto dos solos tenham permafrost.
Ele se concentra principalmente na região do Ártico, sobretudo em partes da
Rússia (Sibéria), Estados Unidos (Alasca), Canadá e Dinamarca (Groenlândia).

Além do Ártico, ele também é encontrado no planalto tibetano e em regiões de


grande altitude, como as Montanhas Rochosas.
No hemisfério sul, há muito menos permafrost do que no norte, porque há mais
oceano e menos terra.
Embora os cientistas suspeitem que deve haver terra congelada debaixo da
enorme camada de gelo da Antártida, ela é profunda demais para se
comprovar.
Sabe-se que há permafrost nas pequenas partes do continente branco onde há
solo descoberto.
Também existe nas regiões austrais mais altas, como os Andes, na América do
Sul, e os Alpes do Sul, na Nova Zelândia.
Um estudo publicado pelo Departamento de Geografia da Universidade de
Zurique, na Suíça, estimou em 2012 que, se todas as áreas de permafrost do
mundo fossem somadas, elas somariam cerca de 22 milhões de quilômetros
quadrados.
Por que está liberando carbono
Basicamente porque o aquecimento global está aumentando as temperaturas
em todo o planeta, mas ainda mais na área do Ártico, que está esquentando
cerca de três vezes mais rápido do que o resto da Terra.
O aquecimento global também está tornando o clima do Ártico mais úmido,
explica o professor Murton.
Quando o permafrost está em seu estado natural, ele atua como o refrigerador
da Terra, mantendo os resíduos de carbono orgânico congelados e secos.
Assim não geram nenhum dano ao meio ambiente.
Mas, da mesma forma que os alimentos começam a apodrecer quando tiramos
do freezer, à medida que o calor e as chuvas derretem essa camada congelada
de terra, os micróbios começam a decompor os restos orgânicos, liberando
dióxido de carbono e metano na atmosfera.
Mas o dano não termina por aí.
Os gases de efeito estufa liberados fazem com que as temperaturas aumentem
ainda mais, o que, por sua vez, gera mais derretimento.

Por que degelo do permafrost é uma


das maiores ameaças ao planeta
 Veronica Smink
 BBC News Mundo

8 novembro 2021

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
O permafrost armazena o dobro de carbono que existe na atmosfera — e está derretendo
Um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje é como reduzir
a produção de gases que estão superaquecendo nossa atmosfera.
O excesso dos chamados gases de efeito estufa está gerando mudanças
climáticas que produzem um número maior de fenômenos meteorológicos
extremos, como secas e inundações.
Descobrir como podemos reduzir nossas emissões de dióxido de carbono
(CO2) e outros gases nocivos é um dos objetivos da COP26, a conferência das
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 De gases a vírus, o veneno que é espalhado pelo derretimento das


geleiras
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armazenados no permafrost. Ou seja, o dobro do que há atualmente na
atmosfera.
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de CO2 e metano, a uma velocidade nunca vista antes na história da
humanidade.
Na verdade, especialistas que estudam o permafrost afirmam que hoje ele
emite mais carbono do que absorve, passando de reservatório de carbono a
fonte de poluição.
E isso faz dele uma das maiores ameaças à nossa atmosfera.
Mas vamos por partes.
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É uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente
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Fica debaixo de uma camada mais fina de vegetação e terra, que os
especialistas chamam de "camada ativa", que congela quando a neve ou o
gelo estão no topo e derrete quando está mais quente.
Esta camada protege o permafrost, que é composto de terra, rochas, areia e
matéria orgânica (restos de plantas e animais), unidos por gelo.
É nesses restos orgânicos que é capturado o carbono que, congelado no
subsolo, é inofensivo, mas se liberado em grandes quantidades pode se tornar
uma das principais fontes de poluição do planeta.
Julian Murton, professor de Ciência do Permafrost na Universidade de Sussex,
explicou à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), que —
dependendo das condições da superfície — o carbono pode ser liberado como
CO2 ou como metano, que é "30 vezes mais poderoso como gás de efeito
estufa".
Embora qualquer camada de subsolo que permaneça congelada por pelo
menos dois anos já seja tecnicamente considerada permafrost, Murton observa
que "grandes extensões foram criadas durante as eras glaciais."
Este permafrost mais antigo, que tem centenas de milhares de anos, é o mais
espesso e profundo, podendo se estender por até 1,5 mil metros abaixo da
superfície.
Em contrapartida, o permafrost mais recente costuma ter apenas alguns
centímetros de profundidade.
Localização
A maior parte está localizada no hemisfério norte, onde estima-se que quase
um quarto dos solos tenham permafrost.
Ele se concentra principalmente na região do Ártico, sobretudo em partes da
Rússia (Sibéria), Estados Unidos (Alasca), Canadá e Dinamarca (Groenlândia).

Além do Ártico, ele também é encontrado no planalto tibetano e em regiões de


grande altitude, como as Montanhas Rochosas.
No hemisfério sul, há muito menos permafrost do que no norte, porque há mais
oceano e menos terra.
Embora os cientistas suspeitem que deve haver terra congelada debaixo da
enorme camada de gelo da Antártida, ela é profunda demais para se
comprovar.
Sabe-se que há permafrost nas pequenas partes do continente branco onde há
solo descoberto.
Também existe nas regiões austrais mais altas, como os Andes, na América do
Sul, e os Alpes do Sul, na Nova Zelândia.
Um estudo publicado pelo Departamento de Geografia da Universidade de
Zurique, na Suíça, estimou em 2012 que, se todas as áreas de permafrost do
mundo fossem somadas, elas somariam cerca de 22 milhões de quilômetros
quadrados.
Por que está liberando carbono
Basicamente porque o aquecimento global está aumentando as temperaturas
em todo o planeta, mas ainda mais na área do Ártico, que está esquentando
cerca de três vezes mais rápido do que o resto da Terra.
O aquecimento global também está tornando o clima do Ártico mais úmido,
explica o professor Murton.
Quando o permafrost está em seu estado natural, ele atua como o refrigerador
da Terra, mantendo os resíduos de carbono orgânico congelados e secos.
Assim não geram nenhum dano ao meio ambiente.
Mas, da mesma forma que os alimentos começam a apodrecer quando tiramos
do freezer, à medida que o calor e as chuvas derretem essa camada congelada
de terra, os micróbios começam a decompor os restos orgânicos, liberando
dióxido de carbono e metano na atmosfera.
Mas o dano não termina por aí.
Os gases de efeito estufa liberados fazem com que as temperaturas aumentem
ainda mais, o que, por sua vez, gera mais derretimento.

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