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UNIVERSIDADE FUMEC

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA – FEA

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CIVIL

Leonardo Coelho Fernandes

Lucas Amaral Saraiva Fraiha

Pedro Henrique Pedrosa Cruz

Thais Nascimento Carvalho

Victor Thomaz Mourao Moraes Matos

ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS UTILIZANDO A PLATAFORMA


BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)

Prof. Me. Jorge Luiz Martins Ferreira

Belo Horizonte,

Outubro/2017
Leonardo Coelho Fernandes

Lucas Amaral Saraiva Fraiha

Pedro Henrique Pedrosa Cruz

Thais Nascimento Carvalho

Victor Thomaz Mourao Moraes Matos

ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS UTILIZANDO A PLATAFORMA


BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)

Trabalho final para conclusão do curso de


Engenharia de Produção Civil
apresentado à Faculdade de Engenharia
e Arquitetura da Universidade FUMEC,
como requisito parcial.

Prof. Me. Jorge Luiz Martins Ferreira

Belo Horizonte,

Outubro/2017
_____________________________________________________________________
Leonardo Coelho Fernandes
______________________________________________________________________
Lucas Amaral Saraiva Fraiha
______________________________________________________________________
Pedro Henrique Pedrosa Cruz
______________________________________________________________________
Thais Nascimento Carvalho
______________________________________________________________________
Victor Thomaz Mourao Moraes Matos

ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS UTILIZANDO A PLATAFORMA


BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)

_____________________________________________________________________
Prof. Me. Jorge Luiz Martins Ferreira (Orientador)

Universidade Fumec

_____________________________________________________________________
Prof. Me. Anderson Antônio Gervasio
Universidade Fumec

______________________________________________________________________
Eng. André Ricardo de Souza
Universidade Fumec (Mestrado)

______________________________________________________________________
Profa. Me. Enid Brandão Carneiro Drumond
(responsável pela disciplina)

Belo Horizonte,
Novembro/2017
RESUMO

Os estudos realizados nesta pesquisa, tem como objetivo identificar de que forma
a utilização da plataforma BIM - Sistema de Modelagem e Gerenciamento da Informação
na Construção - pode impactar o processo construtivo de um empreendimento, uma vez
que, através desta plataforma, é possível visualizar interferências entre os diversos
projetos de um empreendimento e compatibiliza-los. A pesquisa foi efetuada com base
em uma revisão bibliográfica acerca dos temas que elencaram o direcionamento deste
trabalho e proporcionaram fundamentação para o cumprimento da análise dos projetos
de engenharia que compuseram o núcleo deste estudo. Os projetos nos quais foram
baseadas as análises, foram cedidos na extensão CAD por uma construtora do município
de Belo Horizonte. O presente trabalho consistiu na migração dos projetos para o
software Revit, compatível com a plataforma BIM a fim de compatibiliza-los, e em
seguida, foram apontados os principais impactos observados e as consequências por
eles proporcionadas.

Palavras-chave: Engenharia de Produção/civil. BIM. Compatibilização de Projetos.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Ciclo do processo de utilização BIM ........................................................... 15

Quadro 01 – Softwares com interface BIM (continua) ................................................... 15

Figura 02 – Interoperabilidade BIM ............................................................................... 18

Quadro 02 - Princípios técnicos: Padrões básicos ........................................................ 19

Esquema 1 - Processo sequencial ............................................................................... 23

Figura 03: Tempo X Custos .......................................................................................... 24

Esquema 02 - Processo de Engenharia Simultânea ..................................................... 25

Figura 04 - Engenharia Sequencial X Engenharia Simultânea ..................................... 26

Figura 05 - Tempo de investimento na fase de projeto X Custo do empreendimento ... 29

Figura 06 - Interface do software YouBim baseado em um modelo BIM ...................... 32

Figura 07: Edifico residencial sena ............................................................................... 35

Projeto 01 - Escada pavimento tipo arquitetônico ......................................................... 36

Figura 08 - Propriedades parede Revit ......................................................................... 37

Figura 09 - Composição da parede ............................................................................... 38

Figura 10 - Modelagem utilizando CAD como base ...................................................... 38

Figura 11 - Inserção de porta. ....................................................................................... 39

Figura 12 - Modelo arquitetônico completo ................................................................... 40

Figura 13 - Vista sul com níveis .................................................................................... 41

Figura 14 - CAD importado para o Revit ....................................................................... 42

Figura 15 - Erro de detalhamento ................................................................................. 42

Projeto 02 - Escada pavimento tipo estrutural ............................................................... 43

Figura 16 - Modelo estrutural ........................................................................................ 44


Figura 17 - Corte diagonal da estrutura......................................................................... 45

Figura 18 - Modelagem hidráulica esgoto. .................................................................... 46

Figura 19 - Caixa sifonada ............................................................................................ 46

Figura 20 - Erro por impossibilidade de conexão .......................................................... 47

Figura 21 - Corte modelo hidráulico .............................................................................. 48

Figura 22 - Prumadas de esgoto vinculada com estrutural. .......................................... 49

Figura 23 – Navisworks estrutural e hidráulico .............................................................. 50

Figura 24 – Janelas Clash Detective ............................................................................. 51

Figura 25 – Interferência entre janela e viga ................................................................. 52

Figura 26 – Relatório HTML exportado do Navisworks ................................................. 53

Figura 27 – Propriedades da janela .............................................................................. 54

Figura 28 – Teste entre hidráulico tipo e vigas e pilares. .............................................. 55

Figura 29 – Visualização da área de interferência entre hidráulica e estrutural ............ 56

Figura 30 – Interferência hidráulica 2D Revit ................................................................ 57


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quantitativo automático de conexão de esgoto. ............................................ 49


LISTA DE SIGLAS

BIM – Building Information Modeling

AEC - Indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção

IFC - Industry Foundation Class

CAD - Computer Aided Design

MEP - Mechanical, Electrical, Plumbing


9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

1.1 Justificativa........................................................................................................ 12

1.2 Objetivo .............................................................................................................. 12

2 REFERENCIAL TEORICO ..................................................................................... 13

2.1 O que é BIM........................................................................................................ 13

2.1.1 Softwares que utilizam a plataforma BIM..................................................... 15

2.1.2 OpenBIM ......................................................................................................... 17

2.1.3 Níveis dimensionamento do BIM .................................................................. 19

2.1.3.1 3D – Modelo Virtual ......................................................................................... 20

2.1.3.2 4D – Modelo Virtual + Planejamento Físico da Obra .................................... 20

2.1.3.3 5D – Modelo Virtual + Estimativa de Custos ................................................. 21

2.1.3.4 6D – Sustentabilidade .................................................................................... 21

2.1.3.5 7D – Gestão de Instalações no ciclo de vida ............................................... 22

2.2 Utilização do BIM na engenharia ......................................................................... 22

2.2.1 Engenharia Sequencial ...................................................................................... 23

2.2.3 Engenharia simultânea ...................................................................................... 24

2.2.4 Perdas na construção civil ................................................................................ 26

2.2.4.1 Principais causas ............................................................................................ 27

2.2.5 Diferenças entre CAD e BIM .............................................................................. 30

2.2.6 Utilização do BIM no pós-obra .......................................................................... 31

3 MATERIAIS E METODOS ......................................................................................... 32


10

3.1 Descrição do estudo de caso. .............................................................................. 32

3.2 Softwares BIM utilizados ...................................................................................... 33

3.2.1 Revit Autodesk ................................................................................................... 33

3.2.2 Navisworks Autodesk ........................................................................................ 34

4 Estudo de caso ......................................................................................................... 34

4.1 Edifício Residencial Sena ..................................................................................... 34

4.2 Projeto arquitetônico. ........................................................................................... 35

4.3 Desenvolvimento do modelo estrutural .............................................................. 42

4.4 Projeto hidrosanitario ........................................................................................... 45

4.5 Compatibilização dos projetos ............................................................................ 50

4.5.1 Clash Detective................................................................................................... 50

5 CONSIDERAÇOES FINAIS ....................................................................................... 58

REFÊRENCIAS ............................................................................................................ 59
11

1 INTRODUÇÃO

A construção civil, assim como diversos processos que envolvem o


empreendedorismo, são impulsionadas por métodos inovadores, que agregam no
processo de execução, buscando racionalização e otimização. A utilização de novos
softwares, com recursos modernos para a elaboração de projetos, possibilitam minimizar
as perdas ocasionadas por vários fatores.

A incompatibilidade entre projetos é um dos fatores prejudiciais no clico de vida


de um empreendimento, e pode ser evitado através da utilização da ferramenta BIM.
Analisando as interferências entre os projetos (Estrutural, Arquitetônico e Hidro-sanitário,
etc), podemos prevenir retrabalho, diminuir o prazo de entrega da obra e evitar
desperdício de recursos devido a incompatibilidade dos mesmos, e consequentemente
potencializar o lucro do empreendimento.

Buscando benefícios proporcionados pela utilização da plataforma BIM na


compatibilização de projetos, seu processo de funcionamento será demonstrado,
realizando uma análise sobre as vantagens da aplicação do BIM, migrando um projeto
2D para o software elegido, o Revit Autodesk na modelagem 3D e fazendo análise de
conflitos no software Navisworks Autodesk.
12

1.1 Justificativa

De acordo com Ruschel (2000), 59% dos projetistas utilizam o AutoCAD e a maior
parte dos que utilizam, alegam ter como motivo principal a ampla aceitação no mercado
e a facilidade de uso.

Diferente do AutoCAD, softwares compatíveis com a tecnologia BIM possibilitam


a prototipagem virtual da estrutura, testando soluções previamente a construção da
mesma. Havendo tal recurso, pode-se prever as incompatibilidades entre os diversos
projetos de um empreendimento e evitar que as mesmas ocorram.

As organizações que utilizam o BIM já constataram benefícios no cronograma, na


análise de risco e no quantitativo de materiais.

Acredita-se que a utilização de softwares compatíveis com a plataforma BIM


possam potencializar o rendimento de uma obra de construção civil, através da redução
dos retrabalhos ocasionados pela incompatibilidade entre projetos resultando em
desperdício de recursos.

1.2 Objetivo

Com o estudo feito ao longo deste trabalho, almeja-se analisar o impacto gerado
pela utilização do sistema BIM no que diz respeito à compatibilização de projetos e assim
agregar benefícios a um determinado empreendimento através da previsão antecipada
de falhas recorrentes na construção civil.

Espera-se que ao compatibilizar os projetos do empreendimento em questão, e


identificar as interferências existentes entre eles, seja possível a proposição de soluções
que visem extinguir as incompatibilidades observadas, a fim de eliminar qualquer tipo de
perda de recursos que possa existir neste projeto de engenharia, poupando a realização
de retrabalhos nas fases de projeto, execução e após a conclusão da produção. Espera-
se que tudo isso resulte em maior assertividade quanto ao cronograma, cumprimento da
13

qualidade esperada e consequentemente na redução de custos gerais do


empreendimento.

2 REFERENCIAL TEORICO

2.1 O que é BIM

O Building Information Modelling (Modelagem da Informação da Construção), tem


uma definição bem ampla introduzida em um novo conceito que se refere a projetos para
construção. A plataforma BIM consiste no uso do modelo 3D atribuindo facilidade de
assimilação e fidelidade a incompatibilidade de projetos, o que é bastante repetitivo no
usual modelo 2D (THOMÉ, 2016).

Alguns autores amplificam diferentes visões da plataforma. Segundo Crotty


(2012):

a modelagem BIM permite ao projetista construir o empreendimento em


um mundo virtual antes de este ser construído no mundo real. Ele o cria
utilizando componentes virtuais inteligentes, cada um deles sendo
perfeitamente análogo a um componente real do mundo físico. (...) a
abordagem BIM compreende a comunicação, a troca de dados, padrões
e protocolos necessários para todos os sistemas e equipes conversarem
entre si.

Considerando a ideia de Steve Race (2013) relacionada a ambiguidade que traz


o “M”, podendo corresponder a model (Modelo) ou management (gerenciamento) e
assim agregando valores a sigla. Referindo a model nos dá uma gama de possibilidades,
desde estático até dinâmico o que é aceitável quando pensamos em informação no ciclo
de vida de um projeto (Steve Race, 2013). Quando o “M” assimila se a management,
nos dá uma perspectiva muito mais potente e abrangente do que o acrônimo tenta de
fato representar (Steve Race, 2013).
14

Assim a metodologia da plataforma BIM é composta por diversos processos,


softwares integrados e pessoas que prezam por transmitir informações e compartilhar
em tempo real informações fiéis para a evolução da compatibilidade de todo o projeto
(MASOTTI, 2014).

O BIM tem atributos significativos para um empreendimento, um deles é a


segurança, pois o fator virtual que agrega ao mundo real gera possibilidades de se
prevenir falhas antes mesmo da execução, evitando assim retrabalhos e desperdícios. A
integração em tempo real e direto entre as partes envolvidas no projeto, sejam eles
projetistas, investidores e engenheiros é um fator positivo que qualifica e quantifica a
informação compartilhada (MASOTTI, 2014).

A possibilidade de colaboração entre os integrantes do projeto exercendo suas


funções de forma alinhada ao objetivo do projeto, gera a interoperabilidade, que contribui
de forma pontual para que não haja custos adicionais durante o processo construtivo e
assim contribuindo para lucratividade, um dos objetivos pertinentes da plataforma
(MASOTTI, 2014).

Relacionando as ideias de compatibilização e informatização dos processos


simultâneos, Menezes et al. (2010) acredita que para que a mudança seja feita no
mercado, é preciso que ela seja ensinada no meio acadêmico. Definindo assim que no
Brasil, por exemplo, o método construtivo parte do ensino sequencial.

Atribuindo o BIM de forma prática e exemplificando algumas de suas atribuições,


a plataforma não facilita apenas dimensionamentos e compatibilidades, mas além
contribuir para quantitativos de materiais/insumos, fabricantes, custos, propriedades e
mão de obra. Outra forma de visualizar o diferencial pratico da utilização do recurso, é
imaginar que a troca dos modelos, seria da aplicação de projetos de um determinado
empreendimento em desenho para a visualização do mesmo na modelo maquete,
facilitando assim todo o processo de leitura entre as partes.

Os resultados finais buscados pela utilização da plataforma BIM, de acordo com,


Crotty (2012), são maior previsibilidade e lucratividade, uma vez que “apesar de aspectos
como produtividade, segurança, sustentabilidade, entre outros, serem importantes, eles
15

são secundários. Não são fundamentais para a sobrevivência de uma empresa de


construção civil.” (Crotty ,2012).

Figura 01 - Ciclo do processo de utilização BIM

Fonte: Unicamp (2017).

2.1.1 Softwares que utilizam a plataforma BIM

Hoje há no mercado vários softwares que trabalham dentro do conceito BIM,


dentre eles destacam-se o ArchiCAD, Bentley Architecture, Revit Architecture,
Vectorworks Architect e o Navisworks (ROSSO, 2011). No Quadro 01 reúne alguns dos
softwares com interface BIM disponíveis no mercado.

Quadro 01 – Softwares com interface BIM (continua)

DISCIPLINA DE PROJETO SOFTWARE BIM


Revit Architecture
ArchiCAD
ARQUITETURA Vectorwords Architect
Bentley Architecture
Digital Project
16

Quadro 01 – Softwares com interface BIM (final)

Tekla Structures
Revit Structure
CAD/TQS
Bently Structural
ESTRUTURA Allplan
StruCAD
ProSteel 3D
CYPECAD
Revit MEP
AutoCAD MEP
ELÉTRICA/ ArchiCAD MEP
HIDRÁULICA/HVAV Bentley (Building Electrical Systems/ Mechanical
System)
MagiCAD
Ecotect
ANÁLISE PREDIAL Green Building Studio
IES Virtual Envioment
GERENCIAMENTO DE
Navisworks
PROJETOS
Fonte: Eveline Nunes (2013).

Um dos mais conhecidos no mercado é o Revit Architecture, este software é uma


ferramenta de modelagem 2D e 3D onde é possível incluir os dados relacionados aos
componentes e visualizar todos os registros, como valores para camadas e espessura e
materiais utilizados para a construção (VENDRAMINI, 2011).

O método BIM mais antigo no mercado é o ArchiCAD, em decorrência dos seus


anos no mercado, o software desenvolveu uma maturidade e possui uma extensa
biblioteca disponível. O programa também tem compatibilidade com softwares de
orçamentos (ROSSO, 2011).

Um dos softwares mais barato e simples que utilizam a plataforma BIM é o


Vectorworks Architect, é um modelador 3D e nele é possível compatibilizar com o formato
IFC para troca de arquivos com outros softwares BIM (ROSSO, 2011).

O Bentley Architecture é um dos softwares mais complexos que operam na


metodologia BIM, é um programa pouco utilizado no Brasil, pois possui uma pequena
base de usuários. Ele possui suporte para formato IFC (ROSSO, 2011).
17

O Navisworks é um software que, assim como outros, compatibiliza projetos e


identifica conflitos entre eles. Ele também faz uma análise 5D do projeto onde é possível
fazer uma simulação da construção de forma coordenada (AUTODESK, 2017).

2.1.2 OpenBIM

No mundo digital, os padrões facilitam os usuários criarem e preservarem a


informação de modo organizado. Os padrões concedem meios para obter e medir
melhorias. Compartilhar informações de projeto pode trazer economias no custo e
redução de perdas, para que isso aconteça, os integrantes das equipes de projeto
precisam ser capazes de trabalhar de forma colaborativa (MANZIONE, 2016).

A buildindSMART é uma organização fundada com o objetivo de fornecer uma


solução para a padronização e promover o seu uso, ou até mesmo uma solução de
interoperabilidade para a indústria AEC (Indústria da Arquitectura, Engenharia e
Construção) (LIFECYCLE BIM E SMART FM, 2016).

A interoperabilidade é crítica para o êxito do BIM. O desenvolvimento do fluxo de


trabalho colaborativo aberto e o acesso “não-proprietário” para os dados do BIM são
algumas das prioridades da indústria. A interoperabilidade viabiliza o reuso de dados de
projeto já criados, garantindo a compatibilidade entre cada um dos modelos para as
diferentes fases da construção (MANZIONE, 2016).
18

Figura 02 – Interoperabilidade BIM

Fonte: Silvana Maria Rosso (2011).

A buildingSMART (consórcio de companhias americanas) e fornecedores de


softwares líderes de mercado criaram uma abordagem universal para projetos
colaborativos chamada Open BIM, este conceito tem o objetivo de possibilitar o
compartilhamento de informações ao longo do ciclo de vida de qualquer processo de
ambiente construído, criando uma linguagem comum para os processos utilizados e
facilitando a participação dos integrantes do projeto independentemente do software que
utilizam (MANZIONE, 2015).

Os softwares que utilizam a plataforma BIM operam com informações associadas


entre o modelo 3D e uma base de dados. A princípio, não é possível abrir um arquivo em
um programa diferente daquele no qual ele foi inicialmente elaborado, pois a maioria dos
programas utiliza formatos próprios para armazenar informação (ROSSO, 2011).

Visando unificar um padrão de formato, o núcleo técnico do buildingSMART criou


o IFC (Industry Foundation Class) um formato-padrão de arquivo de dados com
linguagem simples utilizada para a troca de modelo entre diversos fabricantes,
19

possibilitando aos usuários criar, editar e compartilhar dados independente do programa


utilizado (ROSSO, 2011) (BUILDINGSMART, 2014).

Além do IFC, a BuildingSMART publicou mais duas especificações (padrões


básicos) que juntas formam sua visão OpenBIM. Cada um deles desempenha diferentes
funções na entrega e suporte de ativos no ambiente construído (BUILDINGSMART,
2014).

Quadro 02 - Princípios técnicos: Padrões básicos

Função Nome Padrão

IDM (Information Delivery


Descrever os processos ISO 29481
Manual)

Transportar IFC (Industry Foundation


ISO 16739
informações/dados Class)

IFD (International
Mapeamento dos termos Framework for ISO 120006-3
Dictionaries)

Fonte: BuildingSMART, adaptado pelos autores (2014)

2.1.3 Níveis dimensionamento do BIM

A plataforma BIM engloba de forma colaborativa as pessoas, os processos e as


tecnologias, que tendem a gerar alta abrangência de informações, sendo esta a causa
que dificulta a perfeita clareza do que realmente é o BIM. Tendo diferentemente do CAD
(Computer Aided Design), novos métodos para realizar os segmentos, baseando-se em
modelos e não apenas em documentos (MAKEBIM, 2017).

A composição dimensional compreende aos níveis 3D, 4D, 5D, 6D,7D.


20

2.1.3.1 3D – Modelo Virtual

O dimensionamento 3D é composto por processos a partir da extração de peças


desenhadas em 2D e 3D, que são utilizadas no processo construtivo da obra,
contribuindo de forma direta para toda e qualquer modificação em tempo real e gerando
comunicação entre as partes envolvidas no processo em tempo real (FREITAS, 2014).

A coordenação é parte deste modelo uma vez que se realiza constatação


automática de interferências nos projetos de especialidade, antecipando erros e
evitando a construção de forma indevida. Aspectos coordenativos que darão eficiência e
precisão ao empreendimento, agregando redução de custos e conflitos e também os
tempos de operação (FREITAS, 2014).

A infraestrutura com componentes arquitetônicos, estruturais, e equipamentos


através do modelo 3D gera informações continuas e apresenta grande capacidade de
armazenamento de informação, compilando assim registros históricos que são benéficos
para os processos de validação e alteração, permitindo ao dono da obra monitorizar as
conformidades dos produtos finais (FREITAS, 2014).

Exemplos de softwares: Revit, ArchiCAD, Allplan e Aecosin.

2.1.3.2 4D – Modelo Virtual + Planejamento Físico da Obra

O modelo 4D consiste nos aspectos relacionados ao planejamento físico do


empreendimento, conectando os processos de exploração e utilização do estaleiro da
obra, além do planejamento sequencial construtivo.

Considerando o princípio de utilização do espaço, a proposta do sistema é facilitar


a identificação de conflitos críticos de espaço e tempo, propiciando a simulação de
elementos temporários e permanentes que integram todas as fases do processo
construtivo, podendo assim incluir instalações, montagens e materiais (FREITAS, 2014).
21

A sequência construtiva controlada no modelo 4D, agrega qualidade na


programação de construção e datas chaves, para que todos os prazos sejam cumpridos
e controlados. O sistema antecipa a possibilidade de conflitos entre frentes do trabalho,
e caso haja tais conflitos, a verificação de soluções para os mesmos seja direta e
contribuindo assim com a produtividade e consequentemente evitando perdas e
desperdícios em geral (FREITAS, 2014).

Exemplos de softwares: Synchro e Navisworks.

2.1.3.3 5D – Modelo Virtual + Estimativa de Custos

Por sua vez, o BIM 5D estima custos e gera quantitativos de trabalhos, atribuindo
facilidade e eficiência para opções econômicas vantajosas para o empreendimento. A
assimilação de prazo e custo atribui pontos favoráveis para um projeto bem executado.
Mesmo que haja alterações durante o projeto o controle de cumprimento de orçamento
pode ser em tempo real (FREITAS, 2014).

Exemplos de softwares: CYPE e VICO Office.

2.1.3.4 6D – Sustentabilidade

O BIM 6D tem como prioridade a eficiência energética, a do consumo de energia,


considerando a todo momento a ideia de redução global de consumo de energia e
carbono, contribuindo para a sustentabilidade e consequentemente para as diversas
considerações existentes e selos de construção sustentável (FREITAS, 2014).
22

2.1.3.5 7D – Gestão de Instalações no ciclo de vida

Basicamente o modelo 7D evidencia a gestão de manutenção de instalações


durante o ciclo de vida do projeto. Todas as partes controlam os dados de especificações,
de garantias, operações e componentes, assim consequentemente otimizam a
substituição ou solução de algo que esteja comprometido (FREITAS, 2014).

2.2 Utilização do BIM na engenharia

O processo de projeto na Construção Civil é considerado pouco eficiente e


gerador de enormes desperdícios (FABRÍCIO et al., 1999). De acordo com Corrêa
(2006), é um setor da economia caracterizado por indicadores desfavoráveis quando
levados em conta a produtividade, qualidade, desperdícios, prazos e custos, dentro de
um mercado instável e altamente competitivo. Fabrício et al. (1998) tem uma visão
negativa do setor devido a pequena importância dada à etapa de desenvolvimento do
projeto, fator fundamental tanto para a qualidade do resultado final quanto para a
atividade da produção:

“pesar dessa importância, os projetos são vistos pelas construtoras como


uma atividade secundária que é, geralmente, delegada a projetistas
terceirizados, buscando em sua maioria o melhor preço e deixando no
plano secundário, a qualidade. As especificações e detalhamentos dos
produtos, diversas vezes, são insuficientes e falhas, sendo solucionadas
durante a execução da obra, quando a equipe de produção toma decisões
sobre determinadas características da edificação não previstas em
projeto. (Fabrício et al. ,1998).
23

2.2.1 Engenharia Sequencial

A construção civil é uma indústria que funciona predominantemente com o


desenvolvimento sequencial de atividades (KOSKELA, 2000). Essa indústria se utiliza
de uma metodologia de desenvolvimento de produtos conhecida como engenharia
sequencial.

Na engenharia sequencial o processo produtivo acontece de forma separada,


cada projeto necessário ao empreendimento é feito de maneira isolada dos demais. Essa
metodologia de produção é guiada pelo individualismo e isolamento das etapas de
projeto, e a integração entre as diversas disciplinas do processo de projeto tende a
inexistir. (Syan, 1994 apud Trescastro, 2005) Essa metodologia de processo sequencial
é chamada de over the wall engineering, essa denominação diz respeito à forma de
condução do processo, que ocorre como se cada disciplina de projeto “lançasse sobre
um muro” o trabalho necessário a etapa seguinte, sem que haja entre elas, qualquer tipo
de interação. Exatamente como se houvesse uma barreira entre os profissionais
responsáveis por cada etapa (Trescastro, 2005).

Esquema 1 - Processo sequencial

Fonte: Trescastro (2005)

Nesse método de produção, o início de uma etapa de projeto se dá em


decorrência do término de outra da qual ela depende. Esse processo funciona como uma
reação em cadeia, se determinada etapa é concluída com um tempo maior que o
previsto, as outras etapas posteriores a ela sofrem atrasos e aumentam os custos. Dessa
24

forma o tempo gasto com o processo como um todo é acrescido do tempo gerado por
atrasos pontuais, o mesmo ocorre com o custo, (Syan, 1994 apud Trescastro). A
identificação de qualquer tipo de inconsistência em uma etapa de projeto ocorre
tardiamente, assim, as alterações acontecem geralmente em fases de maior
complexidade, e de custo elevado (Figura 03).

Figura 03: Tempo X Custos

Fonte: Tescastro (2005).

2.2.3 Engenharia simultânea

A engenharia simultânea é uma metodologia basicamente voltada para a fase do


projeto e tem como princípio fundamental a interação, cooperação, interoperabilidade e
25

sobreposição das disciplinas de um processo produtivo e, por conseguinte a identificação


preventiva de falhas. Sobre essa metodologia é dito:

realiza uma sistematização para a integração do processo produtivo


envolvendo os projetos diversos que o compõem, a produção e a
assistência, de forma a contemplar todo o ciclo de vida do produto, da
concepção inicial à venda, passando pela manufatura e considerando as
necessidades do usuário. Tal sistemática foi chamada de Concurrent
Engineering, ou Engenharia Simultânea. (Vargas, 2008 apud Peralta,
2000)

Esquema 02 - Processo de Engenharia Simultânea

Fonte: Tescastro (2005).

Sendo assim, a implementação da engenharia simultânea na indústria da


construção civil viabiliza a contratação e atuação paralela das equipes de projeto e
construção. Esse tipo de processo permite uma considerável melhoria na comunicação
entre as equipes de trabalho, consequentemente permite maior integração entre as áreas
envolvidas no desenvolvimento do empreendimento, além de facilitar a adaptação de
novas tecnologias (Tescastro, 2005).
26

Figura 04 - Engenharia Sequencial X Engenharia Simultânea

Fonte: Paliari (2012).

2.2.4 Perdas na construção civil

As perdas existentes na indústria da construção civil são costumeiramente


relacionadas apenas ao desperdício dos recursos materiais utilizados nesse processo
industrial. Porém, o conceito de perda deve ser mais abrangente, uma vez que não são
27

apenas os desperdícios materiais os responsáveis pela ineficiência de um processo,


deve-se, portanto, incorporar a este conceito qualquer inadequação que gere demandas
adicionais às necessárias para bom funcionamento do processo de produção de um
empreendimento. Isto quer dizer que se enquadram neste conceito atividades que
resultam no desperdício de quaisquer recursos, sejam eles materiais, humanos, de
tempo, que consequentemente geram desperdícios financeiros.

2.2.4.1 Principais causas

De acordo com Formoso (1996), as perdas observadas na indústria da construção


civil são resultantes de uma série de fatores, entre eles, listados como os principais
causadores de perdas, estão à inadequação e falta de coordenação dos projetos de
engenharia. As perdas existentes nesta indústria são advindas de processos mal
planejados, ou com pouca qualidade, o que geralmente faz com que a atividade em que
houve a perda tenha que ser refeita, ou seja, gera a necessidade do retrabalho ao longo
do processo construtivo e cria uma demanda adicional de recursos.

Para que seja possível um controle efetivo das perdas em um processo, é


necessário que antes, sejam conhecidas as razões pelas quais elas existem, além disso,
o momento em que elas ocorrem também deve ser identificado. Quanto à possibilidade
de controle, Santos et al. (1996), diz que as perdas podem ser classificadas em evitáveis
ou inevitáveis. As perdas evitáveis são aquelas que ocorrem devido a falhas na fase de
planejamento e de projetos, além da falta de domínio do processo produtivo, sendo
assim, pode-se dizer que o custo para que sejam prevenidas é menor que o custo de
ocorrência. As perdas inevitáveis são geradas por razões aleatórias difíceis de serem
previstas ou controladas, como por exemplo, interrupções energéticas, ou intempéries,
em geral os custos de prevenção dessas perdas são maiores que os custos de
ocorrência (PEREZ ,2015).

Koskela (2004), diz que há perdas proporcionadas pela necessidade de se


disponibilizar recursos para concluir uma atividade que não foi devidamente concluída,
estas são chamadas perdas por Making-do (improvisação). Essa atividade que
28

apresenta pendências pode provocar outras perdas advindas da ineficiência ocasionada


por ela. Fica evidente que as perdas por Making-do criam retrabalho no processo advindo
da necessidade de se improvisar. Fireman (2012) mostra também que tais perdas
colaboram para a redução da segurança e outros problemas de qualidade, e aponta que
a integração entre controle de produção e da qualidade é a chave para reduzir sua
ocorrência. Ronen (1992), sugere que nenhuma atividade deve ser iniciada sem que haja
disponibilidade de todos os itens necessários à sua realização, ou seja, é necessário que
seja providenciado um kit completo de recursos antes de dar início a um processo
produtivo.

Perez (2015), pontua a existência de perdas originadas no processo de


transferência de informações entre as equipes de projeto, e de construção. Koskela
(2000) apud Trescastro (2005), diz que um dos principais motivos para a existência de
perdas na construção civil é a existência de peculiaridades nas etapas do projeto que
tornam o processo mais complexo, variável, e pouco transparente, e se não amenizadas,
são causadoras principais das perdas.

Com base nas falas dos referidos autores observa-se que, todos os tipos de perda
têm como origem principal as falhas no planejamento e o controle mal feito dos processos
do projeto. Para que a incidência de perdas seja reduzida, e o processo produtivo seja
otimizado, deve existir antes de qualquer coisa, uma visão muito clara sobre o projeto,
desde sua idealização, passando pelo processo produtivo até a entrega do produto final.
Para que isso seja factível, é necessário que sejam feitos maiores investimentos no
período de projeto (Figura 05). Dessa forma, a ocorrência de retrabalhos poderá ser
evitada, o cumprimento do cronograma se tornará exequível, e a existência de sobre
custos será poupada, ou seja, a gestão do processo tenderá a ser mais eficiente.
29

Figura 05 - Tempo de investimento na fase de projeto X Custo do empreendimento

Fonte: Tescastro (2005)

O uso da plataforma BIM para a realização de um projeto de engenharia emprega


conceitos vistos na metodologia de engenharia simultânea permite uma visão bastante
clara do projeto de engenharia, pois além de promover a integração multidisciplinar nas
fases do empreendimento, ainda proporciona a possibilidade de executar virtualmente o
processo construtivo inteiro, desde sua concepção. Essa integração elimina, por
exemplo, as perdas geradas no processo de transferência de informações entre a equipe
de projetistas. Além disso, fica mais fácil definir de forma precisa quais recursos deverão
ser empregados em cada etapa do projeto, essa definição prévia de recursos faz certa
alusão ao kit completo, sugerido por RONEN (1992). Tudo isso confere uma previsão
muito mais assertiva e próxima da realidade, devido a possibilidade de identificação das
falhas antes que elas ocorram, por meio da análise das incompatibilidades indicadas
entre os projetos do empreendimento. Dessa maneira os retrabalhos podem ser
suprimidos, e os sobre custos, consequentemente eliminados.
30

2.2.5 Diferenças entre CAD e BIM

Conforme surgem novas tecnologias digitais, as áreas de engenharia, arquitetura


e outras áreas correlatas, se beneficiam com facilidades nas áreas de projeto,
orçamentação e execução incrementando a qualidade geral de suas realizações.

De acordo com Oliveira (2004):

a preocupação com o projeto tornou-se recentemente maior por ser ele


considerado uma das principais fontes de melhoria para o desempenho do
produto de edificação e por propiciar a diminuição dos cursos de produção.
(OLIVEIRA, 2004, p.202).

A partir de tal percepção, sistemas mais complexos que os softwares CAD


(Computer Aided Design) já foram desenvolvidos e estão disponíveis para o mercado,
assim como o sistema BIM (Building Information Modeling).

Utilizando-se a plataforma BIM em conjunto com a metodologia simultânea de


desenvolvimento de projetos, obtém-se uma maior viabilidade para os empreendimentos
devido ao fator tempo ser mais curto e também, uma maior precisão no produto final em
relação a idealização de projetos usando outras plataformas não compatíveis com o BIM.
Tais vantagens se devem a maior complexidade oferecida pela plataforma BIM e seus
diversos recursos.

Pode-se citar como principais avanços do sistema BIM em relação a outras


plataformas, a possibilidade de que vários integrantes da equipe possam trabalhar no
projeto, simultaneamente usando um modelo central compartilhado e a capacidade de
desenvolver modelos em 3D testando seu desempenho e sua viabilidade (Autodesk,
2017).

Em softwares compatíveis com a plataforma BIM como o Revit, o projeto é


composto por elementos com propriedades próprias e diversas informações embutidas
nos mesmos, tal facilidade possibilita uma superior compreensão do projeto
31

diferentemente do ocorrido nos programas em CAD, em que o projeto é composto


somente por linhas e anotações.

2.2.6 Utilização do BIM no pós-obra

A utilização da plataforma BIM para a idealização de um empreendimento,


proporciona a este, uma fonte de informações (gráficas e de especificações) para todos
sistemas utilizados nessa edificação (Campos, 2016). Tal modelo proporciona
informações úteis para o gerenciamento e operação da edificação, desta forma, os dados
podem ser extraídos e analisados para a gestão do edifício e a manutenção durante sua
vida útil.

A existência de modelos 3D e de informações fartas sobre os projetos fornecidas


pelo BIM, possibilita ao departamento pós-obra um superior atendimento ao consumidor
e maior facilidade na resolução de problemas, além de servir também, para balizar
perícias em um eventual surgimento de falhas construtivas.

O sistema BIM devido a extensa quantidade de informações que possui, é de


grande valia para as diversas atividades de perícia, facilitando o diagnóstico de falhas e
também contribui para que haja um superior plano de manutenção tanto preventiva
quanto corretiva.

Segundo Campos (2016), quando utilizado no Brasil, o BIM é quase


exclusivamente aplicado na etapa de projetos, porém a informação gerada por ele, pode
ser utilizada durante toda a vida útil da edificação, inclusive após a realização da
construção.

Atualmente, existem no mercado softwares voltados exclusivamente para


manutenção predial que utilizam o sistema BIM, como é o caso do YouBim. De acordo
com os desenvolvedores de tal software, o mesmo é capaz de criar programas de
manutenção preventiva ou planejada tornando tais programas mais eficazes.
32

Figura 06 - Interface do software YouBim baseado em um modelo BIM

Fonte: EngWorks (2016).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Descrição da análise de compatibilidade

Para realizar a análise de interferências entre projetos, será utilizado os projetos


estruturais, arquitetônicos e hidráulicos de um empreendimento. Todos os projetos já
estão devidamente dimensionados para a execução real do empreendimento. No
desenvolvimento dos projetos que serão utilizados como base do trabalho foi utilizado
somente a plataforma convencional CAD.

Inicialmente será utilizado o software Revit Autodesk modelar os projetos


existentes na plataforma BIM. Depois de todos os projetos em BIM, esses serão
exportados para o Navisworks Autodesk para o gerenciamento dos projetos. O
Navisworks contém a ferramenta “Clash Detective” que cruza as informações dos
projetos analisando as interferências que podem existir entre eles e assim gera um
relatório para a análise de soluções dessas incompatibilidades.
33

3.2 Softwares BIM utilizados

Para execução do presente trabalho foram utilizados dois softwares da plataforma


BIM, o Revit Autodesk e o Navisworks Autodesk. Como software suplementar foi utilizado
o Autocad Autodesk para a manipulação das plantas fornecidas pela Construtora Ferri e
Fraiha Ltda que foram entregues em formato DWG da plataforma CAD.

3.2.1 Revit Autodesk

O software Revit Autodesk foi a ferramenta de modelagem 3D BIM escolhida pois


esse programa contempla as três disciplinas principais arquitetura, estrutural e hidráulica.

Revit Architecture é utilizado para a projetar toda a parte arquitetônica do


empreendimento, tendo como foco a parte de volumetria do empreendimento, divisão de
ambientes, acabamentos, paredes, janelas, circulação, iluminação e vistas 3D para
renderização.

Revit Structure trabalha toda a parte estrutural de empreendimento modelando


vigas, lajes, pilares, fundações. Conta também com a possibilidade de fazer o cálculo
das cargas nas fundações, tabelas de vigas e pilares, cálculo de volume de concreto e
aço à utilizar e o detalhamento dos materiais.

Revit MEP contempla todas as áreas de instalações, a sigla MEP significa


mechanical, electrical, plumbing (instalações mecânicas, elétricas e hidráulicas). As
instalações mecânicas do Revit MEP são compostas por ar condicionado, gás,
elevadores e outros maquinários. A parte de instalações elétricas é responsável por todo
o dimensionamento e modelagem do projeto elétrico do empreendimento. O Revit MEP
elétrico já gera as tabelas de cargas automaticamente e exporta uma tabela de
quantitativos extremamente precisa. O modulo de instalações hidráulicas é formada por
agua fria, agua quente, agua pluvial, esgoto e incêndio. O Revit MEP exporta tabelas de
34

quantitativos detalhada contento todas as conexões, tubos e equipamentos de forma


rápida e precisa.

3.2.2 Navisworks Autodesk

O software Navisworks Autodesk é um programa de gerenciamento de projetos.


No Navisworks não é possível modelar projetos, ele é utilizado para unir projetos de
todas as disciplinas ao mesmo tempo e fazer diversas analises cruzando e somando a
informação de todos os projetos. O Revit trabalha a parte 3D do BIM, já o Navisworks é
responsável pelas partes 4D, 5D do BIM. O Navisworks contém um suplemento chamada
Clash Detective, essa ferramenta analisa conflitos entre projetos, essa ferramenta cruza
os dados entre os projetos e gera uma tabela de interferências, por exemplo, um tubo do
projeto hidráulico está cruzando uma viga do projeto estrutural. A compatibilização de
projetos utilizando esse recurso é muito precisa e rápida de ser executada.

4 Estudo de caso

4.1 Edifício Residencial Sena

Os projetos utilizados para a execução desse trabalho foram fornecidos pela


Construtora Ferri e Fraiha Ltda. Os projetos são do Edifício Residencial Sena. Esse
Edifício está localizado na Rua Consul Walter, 257- Buritis e conta com pouco mais de 5
mil metros quadrados construídos sendo 44 unidades residenciais, um pavimento de
garagem e lazer completo. Durante o período de estudo o empreendimento se encontra
em obras.
35

Figura 07: Edifico residencial sena

Fonte: Construtora Ferri e Fraiha Ltda (2017).

4.2 Projeto arquitetônico.

Utilizando o projeto arquitetônico fornecido, foi feita a modelagem arquitetônica do


Edifício Sena na plataforma BIM utilizando o Revit. A modelagem de um projeto na
plataforma BIM é muito diferente de um projeto utilizando CAD. Nos softwares CAD se
projeta com linhas e layers, essas linhas formam desenhos que nós compreendemos ser
elementos, como por exemplo uma parede é formada por duas linhas paralelas com uma
distância entre 10 cm a 20 cm em média, uma hachura de parede e um layer (Projeto
01). O fator que diferencia uma parede de uma viga em um projeto em CAD é uma
hachura e o layer, elementos subjetivos que muitas vezes podem causar confusão na
leitura e dimensionamento de projetos. O CAD também não apresenta informações sobre
materiais e composição do elemento.
36

Projeto 01 - Escada pavimento tipo arquitetônico

Fonte: Construtora Ferri e Fraiha Ltda (2017).

No processo de modelagem em BIM a complexidade de representação é muito


maior. Usando uma parede como exemplo, é preciso antes de começar a desenhar,
determinar todas suas propriedades como o nível base dessa parede, a altura ou o nível
do topo e espessura (Figura 08). A espessura da parede é alterada conforme a
espessura dos materiais escolhidos para a composição, nesse exemplo , o bloco de
concreto, argamassa e tinta (Figura 09).
37

Figura 08 - Propriedades parede Revit

Fonte: Construtora Ferri e Fraiha Ltda (2017).


38

Figura 09 - Composição da parede

Fonte: Construtora Ferri e Fraiha Ltda (2017).

Após a configuração de todas as propriedades dessa parede, começa-se a


modelagem do projeto. Foi utilizado o projeto de CAD como base para a modelagem, o
Revit consegue importar um arquivo CAD e utiliza-lo como guia para o desenho em 2D.

Figura 10 - Modelagem utilizando CAD como base

Fonte: Autores (2017).


39

Como é possível observar na Figura 10, as linhas coloridas são de um projeto em


CAD e estão sendo utilizadas como a base para a modelagem em BIM. Na Figura 10
uma parede está sendo desenhada alinhada com a parede do projeto em CAD, o próprio
Revit reconhece a linha do CAD alinhado perfeitamente a parede com essa linha. No
Revit o desenho do projeto é feito em 2D igual mostrado na Figura 10, mas como o
elemento que é desenhado tem as propriedades espessura, altura e comprimento, as
três dimensões de um volume, o 3D já é criado automaticamente. Sendo assim, as
etapas para a modelagem são: a configuração das propriedades do elemento, o desenho
em 2D e a visualização em 3D.

Inserir janelas e portas no modelo é mais fácil que nos softwares CAD, esse
elemento, assim como as paredes, tem modelos genéricos que já compõem o programa.
Esses elementos genéricos necessitam somente de configuração de largura e altura, no
caso das portas, e essas já são anexadas automaticamente as paredes previamente
desenhadas (Figura 11).

Figura 11 - Inserção de porta.

Fonte: Autores (2017).

Após a modelagem completa do projeto, o resultado final é o prédio como ele tem
que deve ser quando estiver pronto. Nesse modelo já é possível saber o material de todo
40

os elementos, como por exemplo, o material da fachada, os materiais das portas, as


diferenças em acabamentos e as tabelas de quantitativos do empreendimento.

Figura 12 - Modelo arquitetônico completo

Fonte: Autores (2017).

O modelo completo arquitetônico em 3D facilita a visualização do projeto como


um todo. O BIM traz a facilidade de poder fazer cortes em qualquer parte do projeto e
contém todas as vistas norte, sul, leste e oeste já prontas com os níveis que foram
previamente definidos.
41

Figura 13 - Vista sul com níveis

Fonte: Autores (2017).

O projeto arquitetônico é a base para todos os outros projetos, ele é o primeiro a


ser executado e define todos os outros. Quando é feito um projeto desde sua concepção
em BIM todos os outros projetos já são vinculados ao arquitetônico, esse vínculo faz com
que qualquer alteração posterior no projeto arquitetônico os outros projetistas recebem
notificações da ocorrência de uma alteração, assim sempre os projetos estão
atualizados. Os softwares da Autodesk fazem esse compartilhamento pelo BIM 360, uma
nuvem de projetos que faz essa sincronização automática pela internet.
42

4.3 Desenvolvimento do modelo estrutural

O modelo estrutural foi feito de acordo com o projeto fornecido. A modelagem é


feita utilizando os arquivos CAD como base, esses arquivos são importados para o Revit
e seguindo as medidas e especificações dos projetos é feito o modelo estrutural (Figura
14).

Figura 14 - CAD importado para o Revit

Fonte: Autores (2017).

Já no começo da modelagem foi percebido um equívoco do projetista na hora de


detalhar o seu projeto (Figura 15).

Figura 15 - Erro de detalhamento

Fonte: Autores (2017).


43

Um simples equívoco de detalhamento, mas se uma viga for executada com


uma seção 5 centímetros menor, existe alta probabilidade de essa viga apresentar
alguma patologia futura acarretando em custos não planejados.

A representação de elementos CAD e no BIM é bem diferente, no CAD uma viga


é composta por duas linhas paralelas com uma distância mínima de 15 cm, uma hachura
do material concreto, madeira ou aço e um layer. Como o exemplo do projeto estrutural
Projeto 02, as linhas verdes paralelas representam vigas, isso é entendido pois o arquivo
aberto e estrutural, e junto com as anotações podemos saber a altura dessa viga e a
largura. As informações sobre o material usado no projeto estrutural vêm detalhada no
carimbo do projeto e para saber a ferragem e necessários procurar em outra folha
especifica a ferragem dessa viga.

Projeto 02 - Escada pavimento tipo estrutural

Fonte: Construtora Ferri e Fraiha Ltda (2017).

A representação no BIM contém todas as propriedades da viga, material,


comprimento, altura, largura, ferragem e identificação simplesmente selecionando a viga.
44

O modelo estrutural é uma simulação de como o projeto vai ficar quando


completamente executado. Todas as vigas, pilares e lajes estão feitas levando em conta
sua volumetria e o material de sua composição, sendo assim é possível fazer uma
análise de cargas utilizando o Revit.

Figura 16 - Modelo estrutural

Fontes: Autores (2017).

A vantagem do modelo estrural 3D é a facilida a visulizaçao e manipulaçao do


projeto. O executor tem a possibilidade de visualisar a estrutra de todos os angulos
com todos seus elementos no devido local. O modelo no BIM tambem traz a
posibilidade de fazer cortes no local onde for necessarios sem esforço, projetos
45

normalmente tem um numero pequeno de cortes é não conseguem contemplar por


interiro a estrutura.

Figura 17 - Corte diagonal da estrutura

Fonte: Autores (2017).

4.4 Projeto hidrosanitario

O projeto hidro sanitário é um dos projetos mais alterados no canteiro de obras. O


desenho de encanamento em 2D não é preciso pois não na maioria das vezes as peças
e conexões desenhadas parecem encaixar e ter o tamanho especificado, mas na hora
da execução muita coisa costuma mudar. O Revit MEP é especializado em instalações
e junto do TigreCAD que gera um template do Revit com todas as conexões, tubos e
46

equipamentos hidráulicos comerciais da Tigre, é possível fazer um modelo hidráulico


com excelente precisão em quantitativo e espaço de execução.

Figura 18 - Modelagem hidráulica esgoto.

Fonte: Autores (2017).

No Revit é preciso desenhar a tubulação correta, ou seja, encaixando as conexões


e tubos e formando a tubulação efetivamente. O programa não aceita que as tubulações
estejam em ângulos erados, sem peças de transição entre tubos e conexões e calcula a
cota das tubulações relativa as declividades para fazer as conexões entre elas.

Figura 19 - Caixa sifonada

Fonte: Autores (2017).


47

Os componentes hidráulicos têm propriedades especificas assim como no mundo


real. Observe a Figura 19, é uma caixa sifonada 150x150x50 e essas contem 7 entradas
de diâmetro 40 mm e uma saída de diâmetro 50 mm. A propriedade dos elementos tem
que ser respeitada para fazer os modelos em BIM. Como na Figura 20 mostras, em 2D
parece ser possível fazer a junção do tubo com a caixa sifonada, mas ao tentar conectar
o programa acusa erro falando não haver solução possível entre a conexão dos
elementos. Esse erro aconteceu, pois, a cota dos equipamentos são incompatíveis, essa
é uma propriedade que os softwares CAD não conseguem relacionar.

Figura 20 - Erro por impossibilidade de conexão

Fonte: Autores (2017).


48

Figura 21 - Corte modelo hidráulico

Fonte: Autores (2017).

Assim como os outros modelos executados utilizado a plataforma BIM, o hidro


sanitário também permite a criação de cortes onde for preciso. Assim facilitando a
visualização da montagem das instalações hidráulicas. Esse nível de detalhamento e a
possibilidade de manipulação de diversas formas o projeto faz com que não haja dúvidas
na hora da execução tronando mais fácil e pratico seguir o projeto para garantir as
especificações assim como o projetista dimensionou. Também é possível fazer uma
visualização completa das prumadas no empreendimento.

Com o projeto pronto, rapidamente retiramos o quantitativo dos elementos


hidráulicos com alta precisão, facilitando a etapa de orçamento (Tabela 1).
49

Tabela 1: Quantitativo automático de conexão de esgoto.

Fonte: Autores (2017).

Figura 22 - Prumadas de esgoto vinculada com estrutural.

Fonte: Autores (2017).


50

4.5 Compatibilização dos projetos

A compatibilização dos projetos é executada depois que os projetos de todas as


disciplinas estão completamente modelados. Todos os projetos são exportados para o
Navisworks Autodesk, o software especifico para o gerenciamento e coordenação de
projetos. No Navisworks os projetos são abertos simultaneamente assim possibilitando
ver as interações entre os projetos.

Figura 23 – Navisworks estrutural e hidráulico

Fonte: Autores (2017).

4.5.1 Clash Detective

Uma das ferramentas mais poderosas do Navisworks é o Clash Detective, que


significa detetive de choque. Essa ferramenta é utilizada para analisar os possíveis
choques ou interações entre os projetos que estão sendo analisados. Essa
51

funcionalidade somente é possível em BIM pelo fato dos elementos terem propriedades
especificas e serem em 3D como um elemento real. Com o Clash Detective é possível
fazer vários tipos de testes de interferências e testar de itens específicos até mesmo o
projeto inteiro. É mais usual testar itens específicos para ter resultados mais limpos, uma
vez que os projetos são muito grandes e cruzar dois projetos inteiros pode trazer um
número alto de resultados com muitos conflitos que podem não ser reais. Todos os dados
extraídos por essa ferramenta devem ser posteriormente analisados por um profissional
para ter certeza se a interferência é realmente um problema ou se é algo que não tem a
necessidade de revisão.

Figura 24 – Janelas Clash Detective

Fonte: Autores (2017).


52

A Figura 24 mostra a janela de configurações do Clash Detective no Navisworks,


como é possível ver o projeto hidráulico, arquitetônico e estrutural estão abertos
simultaneamente no software. A ferramenta trabalha a partir de testes criados pelo
usuário, no exemplo foi configurado um teste de interações entre as janelas de um
pavimento tipo com o projeto estrutural inteiro para saber se eles elementos estão se
cruzando.

Após efetuado o teste foi encontrado 17 clashes, ou seja, 17 choques entre os


elementos testados (Figura 25). Na aba resultados do Clash Detective, é apresentado
uma tabela com todos as interferências encontradas. Selecionando uma das
interferências é exibido os elementos que estão se chocando no projeto possibilitando o
profissional fazer a análise da interferência e encontrar alternativas para resolver esses
conflitos ainda na etapa de projeto do empreendimento.

Figura 25 – Interferência entre janela e viga

Fonte: Autores (2017).


53

O Navisworks exporta um relatório desse teste de conflitos para o formato HTML,


um arquivo nesse formato pode ser aberto por qualquer navegado de internet, tornando
fácil e rápido o compartilhamento desse relatório com os projetistas que não precisam
saber utilizar o Navisworks para poder visualizar as interferências e encontrar soluções.

Figura 26 – Relatório HTML exportado do Navisworks

Fonte: Autores (2017).

Esse relatório da Figura 26 mostra várias informações importantes como: o nível


dos elementos, o código de identificação dos elementos, qual a profundidade do choque
54

e outros. No caso da interferência da Figura 25, para resolve-la será preciso modificar a
janela em algum aspecto pois na estrutura é inviável fazer modificações. Tomando em
base o relatório da Figura 26, a janela está entrando 5 cm na viga então essa medida
que tem que ser ajustada.

Figura 27 – Propriedades da janela

Fonte: Autores (2017).

Com base nas propriedades da janela extraída do projeto arquitetônico no Revit


(Figura 27), pode-se saber que a janela tem 120 cm de largura, 130 cm de comprimento
e a distância entre o piso ate o peitoril é de 120 cm. A melhor alternativa encontrada para
resolver esse conflito foi trocar as dimensões da janela para 130 cm de largura e 120 cm
de comprimento, assim as medidas ainda estão de acordo com dimensões comerciais e
a área de ventilação e iluminação não é modificada. Essa foi uma interferência simples
de ser alterada na etapa de projetos. Caso essas janelas tenham sido compradas antes
da percepção dessa interferência, na etapa de instalação das janelas ocorreria
problemas que poderiam gerar custos e atraso no cronograma da obra.
55

O segundo teste executado ocorreu a partir do cruzamento do projeto hidráulico


do pavimento tipo com o os pilares e vigas do projeto estrutural. Como o projeto hidráulico
contém muitas conexões pequenas, ou seja, muito elementos o número de conflitos é
bem superior ao do teste entre as janelas e o projeto estrutural (Figura 28).

Figura 28 – Teste entre hidráulico tipo e vigas e pilares.

Fonte: Autores (2017).


56

Navegando utilizando o Navisworks pelo modelo em BIM criado é fácil encontrar


o exato local onde a interferência da Figura 29 esta e como esta todo o conjunto de
tubulações vinculadas a essa interferência.

Figura 29 – Visualização da área de interferência entre hidráulica e estrutural

Fonte: Autores (2017).

Com a visualização da Figura 29, é fácil perceber que toda essa prumada
hidráulica vai precisar de ser modificada. Existem elementos hidráulicos cruzando duas
vigas e alguns desses elementos estão completamente dentro das vigas. Essa
interferência requer um dimensionamento novo de toda a pruma da área de serviço e do
57

lavabo de todos os apartamentos do empreendimento (Figura 30). Esse projeto deverá


ser enviado para o projetista de instalações hidráulicas para uma nova revisão desse
projeto.

Figura 30 – Interferência hidráulica 2D Revit

Fonte: Autores (2017).


58

5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Após a modelagem no Revit e a análise de interferências no Navisworks, é


possível chegar à conclusão que a compatibilização de projetos utilizando a plataforma
BIM é viável e traz benefícios para o executor dos projetos. Todas as interferências
encontradas ainda na fase de concepção dos projetos são facilmente modifica pelos
projetistas e deixam de gerar custos com retrabalho e desperdício de materiais.

Sem a compatibilização desses projetos, os construtores provavelmente teriam


grandes problemas para fazer o redimensionamento de toda pruma hidráulica que se
encontra colidindo com o projeto estrutural. O resulta disso seria um atraso na obra e
custos não programados para fazer furo nas lajes e vigas para a passagem das
tubulações do projeto revisado. Tudo isso causando desperdício de material, mão de
obra e recursos que poderiam ser facilmente evitados na etapa de projetos.

A plataforma BIM se utilizada desde o começo para a modelagem dos projetos,


elimina a etapa mais longa desse trabalho que é a migração dos projetos em CAD para
os modelos em BIM. Com os projetos todos já modelados em BIM a compatibilização e
rápida, simples fazendo que o custo para esse serviço de compatibilização seja baixo
trazendo ainda mais vantagem para o construtor e projetista.
59

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