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N9 221

TOPOLOGIA E CÁLCULO NO Rn
Rubens Penha Cysne
Humberto Moreira

Setembro de 1993
PREFÁCIO

Os autores objetivam, com este trabalho preliminar (críticas são bem-


vindas), bem como com aqueles que lhe darão continuidade, registrar as suas
experiência ao longo dos últimos anos ministrando cadeiras de matemática nos
cursos de pós-graduação em economia da Fundação Getúlio Vargas e da PUC-RJ.
Reveste-se de constante repetição em tais cursos a discussão sobre que
pontos abordar, bem como com qual grau de profundidade, e em que ordem. É
neste sentido que os autores esperam trazer alguma contribuição para o assunto.
No texto, demostram-se apenas os resultados mais importantes e específicos,
levando-se em consideração o tempo que um curso de pós-graduação em economia
pode dedicar ao ensino de matemática. Para os demais resultados há inúmeras
referências mais especializadas citadas no apêndice. Em contrapartida à omissão de
algumas formalizações, os autores procuram propiciar ao leitor o domínio das
técnicas apresentadas através da apresentação de vários exemplos e/ou exercícios
propostos.

Rio de Janeiro
Setembro de 1993
Rubens Penha Cysne
Humberto Moreira

Os autores agradecem a Marcelo Navarro. José Eduardo da Rocha Velho e Guilherme Cortella
Maroue pela revisIo de partes do texto.
TÓPICOS ABORDADOS

- Noções de Topologia e o Teorema de Weierstrass

- Convexidade, Concavidade e Quase Concavidade

- Diferenciabilidade e Regra de Cadeia

- Fonnas Quadráticas Definidas e Semi-Definidas

- Caracterização de Concavidade no Caso de Funções Diferenciáveis

- O Teorema da Função Implícita e Aplicações à Economia


TOPOLOGIA E CÁLCULO NO 9l"

1. Noções de Topologia e o Teorema de Weierstrass

Valor Absoluto

Dado o número real a, utiliza-se a simbologia laI para denominar o maior dos valores
entre a e - a. Lê-se laI = módulo de a. A regra de correspondência assim definida representa
uma função definida no corpo dos reais e com valores no mesmo. Evidentemente, tem-se

laI = max {a, -a} ~a (1.1)


laI = max {a, -a} ~ -a (1.2)
Multiplicando-se (1.2) por -1 e utilizando-se (1.1) segue que

-Ial S aS lal (1.3)


as duas igualdades valendo se, e somente se a = O. De forma alternativa,

-a se a < O
x= O sea =0
{
a sea >0

Proposição 1.1: As seguintes propriedades são equivalentes: dados a, b E 91 e E> O


a) la-bl <E
b)b-E<a<b+E

Demonstrago:
I 2
la-bl<E++E>a-b e E>-(a-b)++E>a-b e
3 4
-E<a-b++E+b>a e b-E<a++b-E<a<b+E
Explicações para as passagem no sentido ( -+ ):

A passagem 1 utiliza a definição de la - bl como o máximo entre a - b e - (a - b).


Assim, se E é maior do que o máximo entre a - b e - (a - b) entio E deve ser
simultaneamente maior do que ambos. Na passagem 2 multiplica-se a segunda parte da
sentença anterior por -1, tomando-se o cuidado de inverter o sentido de desigualdade. A
passagem 3 obtém-se somando-se b a ambos os membros das duas desigualdade. Finalmente a
passagem 4 se dá por um simples reordenamento da sentença anterior.

As explicações para as passagens no sentido inverso (+-) devem ficar claras para o
leitor. É claro também que a proposição 1.1 vale também para a desigualdade nio estrita S .•

Proposição 1.1~· Dados a E 9l e E> O, as seguintes proposições são equivalentes:

a)laI < E
b)-E<a<E
Demonstracio: Faça b = O na proposição 1.1 .•
Interpretação Gráfica da Proposição 1.1': Dado a € 91, o sentido de la! é a distância de
aà origem.

~
I I I
-3 O 3

(figura 1.1)

Assim, la! = la - 01 mede a distância de aao ponto O (origem). Da mesma forma, para b
E 9t, b :I; O, la - bl mede a distância de aao ponto b.
Assim, dado E> O a sentença la - bl < E
equivale a dizer que a distância de a ao ponto b é inferior a E

Graficamente, se fixarmos b, isto significa que a pode representar qualquer ponto entre
b-E e b+E.

b-E & b(fixo) b+E

(figura 1.2)

Norma Euclidiana

Da forma mais abstrata possíve~ uma norma é uma função real definida num espaço
vetorial V real ou complexo, satisfazendo às seguintes propriedades ( II x II lê-se norma de x)

1) Ilbcll = l,tlllxll para qualquer escalar ,t e qualquer x E V.


2) Se x :I; O, ~~I > O
3) Ilx+ JiI s 11-'11 + ~JiI para quaisquer xe ye V.

Usualmente trabalhamos no espaço 9t D com a mesma norma euclidiana, dada por:

Deixamos ao leitor o encargo de verificar que tal definição de norma (chamada norma
euclidiana) satisfaz às três propriedades listadas acima.

Observações:

1) Quando D = 1, II~I =.J XJ- = I~

2
2) Tal como no caso da função valor absoluto, a idéia da função norma definida no ma e com
valores em m+ é de distância de um ponto à origem.

Exemplo: Seja x= (3,5). Então ~~I =(3 2 +5 2 )1/2 =4.

(figura 1.3)

Observe-se que Ilxll é o cumprimento da hipotenusa do triângulo retângulo aqui


desenhado, que equivale à distância do ponto (vetor) x à origem.

Duas normas em ma, 11.11,11.11' são ditas equivalentes se existem a> O. b> O tais que
a Ilxll ~ Ilxll' e b Ilxl!' ~ Ilxll ' 'V x e ma.
Exemplo: Define-se no ma duas outras normas importantes:

a) norma do máximo II.IIM: Ilxt =max~xil ~ i =l, ... ,n}, x =(XI , ... ,xa ) ema.
a
b)normadasoma 11-11. :llxll.= L Ixil, x =(X~'''''Xa) ema.
i=1

Não é dificil mostrar que a norma do máximo e a norma da soma são equivalentes.
Basta observar que Ilxll. ~ n Ilxl M e Ilxt ~ Ilxt ' "Ix e ma

Não há de fato Denhuma particularidade nestas normas devido ao ponto seguinte:

Proposição 1.3: Quaisquer duas normas no 9t a são equivalentes.


Esta proposição é muito importante, pois para questões de limite e topologia Dio
importará com que norma nós vamos trabalhar, utilizando a que for mais conveniente em cada
momento.

Topologia

No restante desta seção estudaremos algumas noções de topologia, bem como sua
importância em economia, através de exemplos na teoria do consumidor e da firma.

3
Entre os vários teoremas que iremos ver (pelo menos o enunciado) destaca-se pela sua
importância, o teorema de Weierstrass. Este teorema garante, sob certas condições, a
existência de ótimo para um problema de maximização (ou minimização). Por exemplo, se
quisermos maximizar a utilidade do consumidor sujeito a sua restrição orçamentária, veremos
que este problema tem solução desde que a função utilidade seja contínua e o conjunto da
restrição orçamentária seja compacto.

Vejamos agora algumas definições:

Definição: Sejam X um conjunto, 't uma coleção de subconjuntos de X que contenha q, e X


Diz se que 't é uma topologia sobre X se:

i) A() B E T, se A, B E T.

ü) U A.t E T, se A à E T, Ti à E I, I um conjunto de Índices qualquer.


ÃEI

Neste caso, diz-se que o par (~ 't) é um espaço topológico e os elementos de 't são
chamados de conjuntos abertos. Evidentemente, este nível de abstração não nos interessa no
momento, embora seja importante conhecer a definição precisa. Na verdade, estamos
interessados na topologia usual do 91 D. Vamos a sua descrição:

A bola aberta de centro num ponto a E 9t De raio r> O é por definição o conjunto
B(a,r) = {XE9tD~lIx- ali < r}, onde 11.1 é a norma euclidiana. Da mesma forma, a bola
fechada B [a, ~ = {x E9tD~llx-allsr}e a esfera S [a, lj = {xE9tD~llx-all=r} ambas com
centro a e raio r.

Um conjunto X c 9l D diz-se aberto quando todos os seus pontos sio interiores, isto é,
quando int X = X

Agora é fácil verificar (segundo a definição dada acima) que a coleção de todos os
conjuntos abertos definidos desta forma é uma topologia sobre 9t D, chamada topologia usual
do 9t D • '

Dado um conjunto X c 9t D e um ponto a E 9t D, há três possibilidades mutuamente


excludentes: ou a Eint X ou a Eint (9t D- X) ou então toda bola aberta de centro a contém
pontos de X e pontos do complementar de X (9t D- X). Neste último caso, diz-se que ]C é um
ponto da fronteira deX(fr(X».

Exemplo: Considere A={x e!l!:; t. +


P; x; ,;

-
Entio in! A={x e!l!:.;t. p;x; <r}; fr(A) =
{XE9t!~ xt = O para algum i=l, ...,n ou LPi~ = r} e int (9t D- A) = 9t D-(int AU tTA).
1'=1

Dados (X,'t) espaço topológico e Yc X, podemos definir a tQpolQgia relativa (ou


induzida) em Y simplesmente tomando como abertos desta topologia a interseção dos
elementos de 't com Y. No caso particular da topologia usual do 91 D, temos que se
Yc 91- , Ac Y é aberto em Y se, e somente se existe um aberto Bc 9l Dtal que A= SI Y.

Um conjunto X c 91 D diz-se limitado quando existe um número real c> O tal que IAi ~ c,
para todo ]C e X.

4
Proposição 1.4: Seja Xc91 JJ .Então X é limitado se, e somente se xiX) c 91 é limitado para
todo i=l, ...,n, onde Xi :91 n ~ 91 é tal que Xi (Xp ... 'X i, ... , Xn ) = Xi' i =1, ... , n.

Demonstração: Suponhamos inicialmente que X seja limitado. Logo existe r>O tal que Xc
B(o,r), isto é, Ixil ~ Ilxll ~ r, V'x =(xp- .. ,x n ) eX, i =1, ... n. Portanto
Ixd =l1l"i(X)1 ~ r, V'x eX,i =1, ... ,n, ou seja, x(x)c(-r,r), i=l, ... ,n. Por definição temos que
xi(X) é limitado, i=l, ... ,n. Reciprocamente se xi(X) c 91 é limitado para todo i=I, ...,n,
significa que x,{x) ~ lj, V' xe X, onde ri > O para cada i=I, ...,n. Tome r= max{r.;} > O.
llOilOJJ '
D D JJ
L
Segue-se que 11~12 = ~ = L
(x j (X»2 ~ if ~ L nr,
V' x e x, ou seja, II~I ~ JD r, V' x e X
i=1;'1 i=1
Portanto X é limitado .•
D

Exemplo: Um dos conjuntos muito utilizados em economia A = {x e 91! ~ L pjAj ~ r} é


Ji-l
limitado se pj >O, i=l, ...,n e r~ O (este conjunto representa a restrição orcamentária de
um consumidor, onde x e 91: representa uma cesta de n bens da economia, pj é o preço
(positivo) do i-ésimo bem e r é a renda do consumidor). De fato, seja p= min {pj} .
llO'lOJJ
Dado XEA, 0< _ ~
_ Xj < ~ J2. Xi <_ ~ ,
\./. . t o que J2. >
v J = 1, ... , n VIS - 1 V'i =1, ... ,n
i=1P P P
onde X= (Xi , ... , xJJ). Pela proposição 1.4 A é limitado.

Seja X c 91 D um conjunto. Um ponto a e X chama-se interior a X se existe r> O tal


que IJ(a,r) c x. O interior de X é o conjunto int X = {a e X; a é interior a X}. Quando
x e int X dizemos que o conjunto X é uma vizinhança do ponto x.

Definição: Seja f:X ~ 91 m uma função definida no conjunto X c 91 D • Diz-se que fé contínua
quando a imagem inversa ri (A) de todo aberto A c mm é um conjunto aberto em X (com a
topologia relativa). Equivalentemente a esta definição diz-se que f é contínua se é contínua em
a para todo 11 e X e definimos continuidade de f em a da mesma forma: para qualquer & > O,
existe ô> O tal que se Ix - ai < Ô e X e X então If(x) - f(a)1 < &. Intuitivamente isto
significa que se x se aproxima suficientemente de a em .x:
então a imagem de x por f se
aproxima da imagem de a por t: tanto quanto se queira.

DefiDição: Dado X c mD , uma função f: X ~ mm diz-se LipschitzilM. quando existe K> O tal
que, para quaisquer x,y eX, Ilf(x)-f(y)11 ~ Kllx-yll. Neste caso fé contínua. De fato, dado
6>0 tome ô= rx>O.
Exemplu. As projeções: 1l"i mD ~ 9t definidas por 1l"j( x) = Aj, i = 1, ... , n, onde x = (Aí,···, x,,),
são contínuas. (Tem-se que IXi(.t) -xiCnl =Ix,. - ~I s; Ix- A, ou seja, Xi é uma função
Lipschitziana (com K = 1).

Exemplu. A função norma euclidiana é contínua, pois III~I - IIJilI ~ Ilx- JiI, i.e., é
Lipschitziana com K= 1.

Teorema 1.1: A composta de duas funções contínuas é contínua.


5
Teorema1.2: Sejam X c 9t ft e f, g: X ~ 9t m , a: X ~ 9t funções continuas. Então as seguintes
funções são contínuas:

i) f+ g ü) a f ili) l/a (definida onde fizer sentido, isto é, em {XE X;a(x) ~O})

Exemplo: f:9t 2 ~ 9t tal que f(x,y)=x4y2 é continua pois é a soma dos quadrados das
projeções, isto é, f =~ + n;
e pelos resultados anteriores segue-se o afirmado.

Teorema 1.3: Sejam X c 9t ft , .tX~9tm tal que J7"x) = (~(x) •...,fnlx)), onde fj:X~!1i,é
definida como fi =1fi of para i =1, ... m. Então f é continua se, e somente se f i é continua
para todo i=l, ...•m

Observações:

i) A função fi do teorema anterior é dita ser a i ésima função coordenada de f

ii) Todos os teoremas anteriores para continuidade global (em todo domínio de definição da
função) podem ser traduzidos para continuidade pontual.

Existe uma outra caracterização de aplicação continua que é bastante útil,


principalmente para mostrar que uma aplicação não é contínua em um determinado ponto e
D
para isto precisamos definir o que é uma seqüência de pontos em 9t •

Uma següência em 9t é uma função x: N ~ 9t onde N é o conjunto de números


D
D

naturais. O valor que essa função assume no número keN é indicado por xk e chama-se o
k-ésimo termo da seqüência. Usaremos a notação (Xk)(kEN) ou (xx) para indicar a seqüência.

Uma subseqjiência de (Xk)(kà() é a restrição da seqüência (como função) a um


subconjunto infinito~' c~. A subsequência é indicada pela notação (Xk)(kEN").

Diz-se que a seqüência (Xk) é limitada se o conjunto dos seus termos é limitado em 9t D •

Uma seqüência (Xk) em !RI! equivale a n sequências de números reais, a saber


»,
(1fj (x k \fi =1, ... , n que são as coordenadas de X k para cada k eN.

Diz-se que um ponto a E!RI! é O ~ da seqüência de pontos (X k) em !RI! se para todo


6 > O , existe lo e ~ tal que k > ko => IIX k - ali < 6. Neste caso, diz-se que (x k ) converge para a

ou tende para a, e escreve-se lim xk =a, ou xk ~ a. Quando existe o limite de (xk ) diz se que
(xk ) é convergente. Caso contrário, diz-se que (x k ) é divergente. Observamos também que
quando o limite existe ele é único e que uma seqüência convergente é limitada.

Uma sequência (x k ) em 9t é chamada de Cauchy se \fs> O, 3no eN tal que


D

\f n, m> 4> => 11x. - x.11 < s. É fácil ver que toda sequência convergente é de Cauchy. A
recíproca é verdadeira e é equivalente ao "axioma da completeza" que veremos abaixo.

6
n
Exemplo: Seja a e (-1,1) c 9t. Então lim an = O. De fato, lar+ < lal para todo ne K Logo
1

existe L =limlal n =inflal


n<:1
n
. =limlal 2n =limlaln lal n =L2, ou seja,
Assim L L
2 =1, donde L = 1
n n
ou L = O. Como (jal ) é decrescente, tal que lal < 1, V'n e~, L =O.

Teorema 1.4: Uma seqüência (x k ) em mn converge para o ponto a =(aI , ... ,a n) se, e somente
se para cada i = 1, ... , n tem-se lim 1ti (x k ) = ai.

Teorema 1.5: Uma seqüência é convergente se, e somente se toda subseqüência desta
seqüência é convergente.

Exemplo: Considere x k = (I/k,(1/2)k) em 2 para cada ke ~ então (xk ) é uma seqüência em


91
2 que converge para (0,0) pois lim XI (Xk) =lim Yx= O e 1im 1r2(Xk) = lim (~)k = o.

Teorema 1.6: Sejam (xJ, (yJ seqüências convergentes em m e a e m. Então:

a) (x n + Y J é seqüência convergente e lim (x n+ YJ = lim ~ + lim y".


b) {a xJ é seqüência convergente e lim (a xJ = alim ~.

Finalmente podemos enunciar o seguinte:

Teorema 1.7: Uma aplicação f: X ..... 91 D , definida num subconjunto X c mn, é contínua no
ponto a e X se, e somente se para toda seqüência (x k ) em X com lim xk = a tem-se
lim f(Xk) = f(a).

Supremo e ínfimo.
Tomemos os conjuntos {1,2} e o intervalo (1,2). É claro que o maior elemento do
primeiro conjunto é o elemento 2. O conjunto (1,2), entretanto, não possui um maior
elemento. Para contornar este fato, substitui-se usualmente o conceito de maior elemento pelo
conceito de menor superior.

Assim, o número 2 não é o maior elemento de (1,2), mas é o seu menor superior. Dá-
se a este elemento o nome de supremo (sup) de conjunto. Usualmente, A c m não vazio é
limitado superiormente se existe cem tal que x S c, V'xeA. Neste caso diz-se que c é ~
superior de A Então, por definição: sup A c m é tal que:

1) sup A~ X, V' X e A (ou seja, sup A é cota superior de A)


7
2) se Y~ X, 'VX E A então y ~ sup A (ou seja, sup A é a menor cota superior de A).

Da mesma, se A é não vazio e limitado inferiormente (i.e., 3 c E fIi tal que c.:s x. V X
E A. Novamente neste caso c é chamado de cota inferior de A) detine-se ínfimo de A (inf A)
como a maior cota inferior de A:

1) inf A ~ x, 'V x E A (ou seja, inf A é cota inferior)

2) se y~ x, 'V x E A então y ~ inf A (i.e., inf A é a maior cota inferior)

Precisamos de um resultado que será útil agora para demonstrar uma propriedade
importante de supremo e ínfimo, embora ele seja útil em outras situações:

Teorema 1.8 (Sandwich): Sejam (xn), (yn)' (Zn) seqüências em 9t tais que xn ~ Yn ~ Zn e
lim x" =lim z". Então existe lim Yn e lim Yn = lim xn.

Demonstração: Seja a = lim xn = lim Zn. Dado &> O, existe no E N tal que 'V n > no,
Ix" -ai < &e IZn-al < &. Assim, 'V n> no, -&+a < Xn ~ Yn ~ Zn ~ &+a.

Logo -&< Yn-a < &, 'V n > no, ou seja, Iy" -ai < &, 'V n> no' Portanto lim Yn = a.•

Teorema 1.9: Dado A c fIi limitado, então sup A E A e inf A E A.

Demonstração: Para cada n E N sabemos que sup A - 1/n não pode ser cota superior de
A, pois sup A é a menor cota superior de A. Assim existe, para cada n E ~, xn E A tal que
sup A-lIn < xn ~ sup A. Como lim (sup A -I/n) = sup A = lim sup A, tem-se pelo
D-++CIO

teorema do Sandwich que lim xn = sup A, com xn E A, 'ti n E~. Portanto sup A E A. A
prova que inf A EA é análoga e fica a cargo do leitor.•

o leitor deve perceber uma certa sutileza no que fizemos acima. Não existe
necessariamente supremo de um conjunto limitado superiormente, estamos apenas definindo
este conceito. Se o conjunto dos racionais fosse o conjunto que estivéssemos trabalhando ao
invés dos reais teríamos problema com a existência de supremo. Por exemplo, não é dificil
mostrar que (-00, J2) embora limitado superiormente em não possui supremo neste
conjunto.

Na verdade o conjunto dos reais é "construído" a partir das racionais exigindo-se


exatamente que todo conjunto limitado superiormente possua supremo. Isto é o que diz:

Axioma da completeza:.
Todo subconjunto dos reais limitado superiormente possui um supremo.

8
o leitor atento pode verificar que este axioma é equivalente a um axioma análogo para
ínfimo, uma vez que inf A=-sup(-A), para todo A c 9t limitado inferiormente, onde
-A ={-x;x EA}.

Vamos agora demonstrar um resultado muito importante: Teorema de Bolzano-


Weierstrass. Para isto precisamos de algumas definições e teoremas.

Definição: Seja (xn> seqüência em 9t.

i) (xn> é monótona não-crescente se xn ~ xm quando n > m.

ü) (xn> é monótona não-decrescente se xn ~ xm quando n < m.

Diremos simplesmente que a seqüência é monótona caso não queiramos especificar se é


não-crescente ou não-decrescente.

Teorema 1.10 Toda sequência monótona limitada (xn> é convergente.

Demonstração: Suponhamos que (xn> é monótona não-decrescente (o outro caso é análogo).

Seja A={ xn; nE ~ }. Sabemos que A é limitado superiormente, então pelo axioma da
completeza existe s = sup A E 9t. Afirmamos que lim xn=s. De fato, dado E > O, S -& não
pode ser cota superior de A. Logo existe ~ E N tal que s -& < x"o < s. Como (xn> é
monótona não-decrescente temos que s-& < x.o ~ xn < s < S + t, "ti n >~, i.e., Is-xnl < E.
"tIn > ~. como queríamos demonstrar.•

Precisamos ainda de umas propriedades..elementares de supremo e ínfimo:

i) Sejam A c B subconjuntos de 9t nio-vazios limitados superiormente. Então


supA~ supB.

ü) Sejam A c B subconjuntos de 9t não-vazios limitados inferiormente. Então


inf A 2! inf B.

A prova dos resultados é pedida nos exercícios.

Teorema 1.11 (Bolzano - Weierstrass): Toda seqüência limitada possui uma subseqüência
convergente.

Demonstra@o: Seja (xn> uma seqüência limitada. Para cada k E~. defina
Ak = inf {xn;~}. É fácil verificar que {xn; n ~ k} :::> { Xn; n ~ k + I}. logo 4 ~ 4+1'
Temos dois casos possíveis:

9
i) Existe ko E ~ tal que A ko = Ak' ';I k~ ko. Neste caso a seqüência deve ser constante a
partir do índice lfo, i.e., ~ = x ko ' ';In ~ lfo. Neste caso é fácil extrair a subseqüência
convergente.

ü) Existe uma seqüência (k j ) crescente de índices tal que Ak j < Akj+l' ';Ij E~. Pela
definição de Ak j' para cadaj existe n ~ kj tal que Ak j ~ xn < Akj+l. Chame nj ~ kj para cada
j, o menor índice tal que Ak ~ Xn < Ak,.1 Pela definição dos nj's
J J
o

J
é fácil verificar que
(x nj )(jà() é uma seqüência monótona não decrescente e limitada (por ser subseqüência de uma
seqüência limitada), logo é convergente pelo teorema 1.9.-

Séries

Definição: Se (xn) é uma seqüência em 91 então a série gerada por (xn) é a seqüência (~)
definida por:

SI =X I
S2. = SI +x 2

Se (~) converge, nos referimos a lim~ como a soma da série. Os elementos xn' s são
chamados de termos e os elementos ~ de somas parciais ou reduzidas da série.

Notação: Vamos denotar a série da definição acima por


ao
~)xJ; e lim sn =LX n
n=1

Teorema 1.12:

(a) Se as séries L{xJ e L{yJ convergem, então a série L{xn +yJ converge e
ao ao ao

L (Xn + yn) = L
11=1
Xn + L yn
n=1 n=1

(b) Se a série L{xn) converge e aE91, então a série L{axn) converge e converge para

Demonstracio: Imediata a partir do teorema 1.6, uma vez que séries são seqüências.-

Teorema 1.13: Se L{xJ converge então lim Xn = O

Demonstracão: Basta observar que Xx = ~ - ~_I . Logo lilmite de (x0 existe pois limite de
(s0 existe e lim xk = lim Sx -lim ~_I = 0.-

10
Teorem1l 1.14: Seja (xn> uma seqüência de números reais positivos. Então ~)xJ converge
se, e somente se a sequência (s0 das reduzidas é limitada. Neste caso

L'" Xo =lim ~ =sup {X k ~ k ~ I}


0=1

Demonstra~ão: Como Xo ~ O, 'V n E~ temos que (Sk) é uma sequência monótona não-
decrescente. Assim pelo teorema 1. 10 o resultado segue imediatamente.•

Teorema 1.15 (Critério de Cauchy): Seja L{xJ é convergente se, e somente se para cada
&> O existe no E ~ tal que se m> n ~ no ISm - sol < &.

Demonstracão: Imediata a partir do fato que uma seqüência é convergente se, e só se é de


Cauchy.•

Definição: Seja (Xn) uma seqüência em~. Diremos que a série L{xJ é absolutamente
L
convergente se a série (lx nI) é convergente. A série é dita ser condicionalmente convergente
se ela é convergente mas não é absolutamente convergente.

Teorem1l 1.16: Se uma série L (x n) é absolutamente convergente então ela é convergente.


Demonstrp: Basta observar que IXn+1+ ... +xml~lxn+11+ ... + Ixml se m>n e aplicar o critério
de Cauchy primeiro para a série convergente L (lxnI) e depois com a desigualdade acima
concluir a sua validade para a série !: (x n) .•

Exemplos:

(a) (Série geométrica) Seja a E


n
(0,1) e considere a sequência de números reais (a ), que gera
k
a série geométrica (St), onde St =!: a n. Observe que (1- a) St =1- ak+1, assim se lal < 1
l_a k +1 1
então lim a k =O e portanto lim ~ =lim l-a
=--.
l-a
Logo a série geométrica converge
1
para--.
l-a

(b) (Série harmônica): Considere a série harmônica !:(l/n). Afirmamos que esta série
diverge, embora a sequência dos seus termos convirja a zero. De fato, considere a seguinte
seqüência de índices k i = 2i , para cada i E ~ .

11
1
~ =1+-
I 2
Então
1 1 1
~ =1+-+-+-=~ 1 1
+-+->Sk +2(1)
- =1+2
2 2 3 4 -1<1 3 4 I 4

Por indução temos:

~
;
.t( 2I )
>Sk H +2 1- -.
1
=~
,-I
I
+-~I+-
2
i
2

Portanto, a subseqüência (~; ) iét não é limitada e a série hannônica não converge.

Seja X c mn . Um ponto a E mn é dito de acumulação do conjunto X quando toda bola


aberta de centro a contém algum ponto de X diferente de a. O conjunto dos pontos de
acumulação de X será representado pela notação .r.

Teorema 1.17: Dados X c mn ea E mn , as seguintes afinnações são equivalentes:


a) a é ponto de acumulação de X

b) Existe uma seqüência (xx) em X com lim x k =a e Xx * a para todo k E~.


c) Toda bola de centro a e nuo positivo contém uma infinidade de pontos de X

Exemplo: Oé ponto de acumulação do conjunto {I/ n ; n E~}.

Se a E X não é ponto de acumulação de ~ diz-se que a é um ponto isolado de X


Quando todo ponto a E X é isolado, dizemos que X é um conjunto discreto.

Seja f: x~mm uma função definida num conjunto xcm n ea EX'. Diz-se que
b E mm X~
=
é o limite de f(x) quando x tende para a (notação lim f(x) b) quando 'V & > 0,35 > O
tal que "Ix E X, O<Ix - al< 5 =>If(x) - bl< &. Observa-se que por esta definição, não é
necessário que a E X.

Nestes termos a continuidade de f em a se expressa da seguinte forma: se a E X é


m
isolado, então toda função f: X ~ n é contínua no ponto a. Se aE X' então f é contínua no
ponto a se, e somente se lim f(x) = f(a).
X~

Um critério bastante útil para examinar a existência de limite é o seguinte: para que
exista lim f(x) é suficiente que exista lim f(x k ) seja qual for a seqüência de pontos
X~

Xx E X- {a} comlim Xx =a.

12
Teorert1Jl 1.18. Sejam X e 9tD , a E X' , f, g. X -+ 9t Dl e a,p X -+ 91 tais que existem os limites
limf(x),limg(x), lima(x) e limAx)*O.
x... x... x... ......
Então:

z.. z..
i) lim( f(x) + g(x» = lim f(x) + lim g(x)
z...
z...
Ü)ümCL(X) f(x) =(limCL(x»).(üm
Jt-+. Jt-+.
f(x»)

x-+a
ili)lim(a(x) /P~ x...
{(x »)=lima(x)/limP(X) x...

Um ponto a E 9t n é dito aderente a um conjunto X e 9t D quando toda bola aberta de


centro a contém algum ponto de ~ ou equivalentemente, existe uma seqüência de pontos em
X que converge para a. A coleção de todos estes pontos é chamado de fecho de X é será
denotado por X.

Observação: Se X e 9t D então X e X, pois dado a E .x: a = lim X


k onde Xk = a 'v'k E~.
Também vale X'eX o leitor pode verificar que X= X U X'.

Exemplos:

a) Se X = [1,2], X = [1,2]

b) B(a,r) = B[a,r]

Um conjunto X é dito fechado quando X = x. isto é, se lim Xk = a e X k EX para todo


k E~,então a E X

Proposição 1.5: Para todo X e 9tn, X é fechado.

Exemplu. B [a, Jj é um conjunto fechado do 91-. pois se Ilxkll S r 'v'k E~ e lim xk = b então
~~I = limllxjoll S r(veja o exercicio resolvido 4 e use o fato que Illxjoll-11 b III S Ilxjo - ~I). Assim
se Xe9t D é limitado então X é limitado.

Exemplu. S(a,r) e 91- é um conjunto fechado de 91- provando-se da mesma forma que o
exemplo anterior.

Teorema 1.19. Um conjunto é fechado se, e somente se seu complementar é aberto.

Teorert1Jl 1.20 Valem as seguintes propriedades.


13
i) 0 e 9l são fechados.
D

k
ü) Se F." ... , Fk são fechados então !J F; é fechado.
1=1

iü) n F é fechado, se F'A. é fechado 'r;j Â. E I, onde I é um conjunto arbitrário de índices.


'A. e I

Observe que {x} é fechado com x E mD


• Todo conjunto X c mn é a reunião dos seus
pontos, isto é, U {.t}=x. Como há conjuntos em
..eX
m D
que não são fechados então a reunião
arbitrária de conjuntos fechados não é necessariamente fechada.

Teorema 1.21: Seja Xc 9l D

i) lI( X) = X n(.R" - X)

ü) X= XU lI(X)

Da mesma que definimos aberto relativo podemos definir fechado relativo da seguinte
-
forma: Seja X c m D
um conjunto e F c X. Diz-se que F é fechado em X se existe F c m D

fechado tal que F = F n X.


É racil ver que F é fechado em X se, e somente se X - F é aberto em X

Teorema 1.22. Seja f: X -+ 9I 1D uma função, X C 9l


D
, fé continua se, e somente se rI (F) é
fechado em X para todo FC91 D fechado.

Conjuntos Conexos
Dados dois conjuntos A e B contidos em mD , diz-se que eles são disjuntos se
n
possuem interseção vazia (A B = 0) e que são separáveis se a interseção de cada um deles
com o fecho do outro é vazia (A nB = 0) e A nB=0). Conjuntos separáveis são
sempre disjuntos, mas a recíproca não é verdadeira, como se atesta tomando-se, como
exemplo: A=(O, 1) e B=(I,2). Um conjunto C c mn é dito conexo se não pode ser
representado como união de dois conjuntos separáveis ambos não vazios. Em outras palavras,
C é conexo se C= AUB com A(1B=0 e Af1B=0, implica A=0 ou B-0. Exemplos
óbvios de conjuntos conexos sio os intervalos da reta. Visualmente, um conjunto não conexo
E = EI U E2 podem ser apresentado na forma abaixo:

14
Teorema 1.23. Um subconjunto E da reta real é conexo se, e somente se para cada x E E e
y E E, com x < z<Y, Z E E (ou seja, se, e somente se E é um intervalo).

Demonstra@o: Necessidade: Suponhamos, por exemplo, que para x e y pertencentes a


E, com x < Z < Y, tivéssemos z E E. Neste caso, E poderia ser escrito com E=E} UE2,
onde E} = E n(-oo,z) e E2 = En(z,oo). Tanto E} quanto E2 são não vazios, pois
contêm respectivamente x e y Decorre também do fato de
E}c(-oo,z) e ~c(~+oo) que E;n~=0 e E;n~=0, ou seja, E} e E2 sio
separáveis. Segue que E, não será conexo. Logo, Z E E.

Suficiência: Suponha que E não fosse conexo. Então existiriam dois conjuntos não vazios A e
Btaisque AUB=E, com AnB=0 e AnB=0. Tomemos XE Aeye B com x<y
(evidentemente, isto não implica em perda de generalidade). Seja então z= sup (An[x,y]).
Decorre do teorema 1.9 que z e A. Logo, z E_B. Pode-se então afirmar que x ~ z < y Se
z ~ A, x < z < y e z E E. Se z e A, z ~ B existe: ~ > z com x <;; < y e ~ E B
(pois o complementar de B é um conjunto aberto e ~ E B ~ ~ E B). Então, x <~ < y e
~ E E. Como esta é uma contradição com a hipótese, segue que E é conexo.-

Teorema 1.24:. Seja f: X c 91.11 ~ 9I.IIJ contínua, com X conexo. Então: (X) é conexo.

Demonstração: Suponha por absurdo que (X) seja desconexo, ou seja, (X) = AU B com
AeBseparáveis e ambosniovazios. Seja c=Xn r-1(A) e D=Xn f-l(B). EntioX=
CUD e nenhum dos dois é vazio. Como A c A, Cc f-I (A). Dada a continuidade de fe o
fato de A ser fechado, temos que r-1(A) é um conjunto fechado. Logo Cc C c f-l(A) e
f(C) c A. Como ~lJ)=B e AnB é vazio, cnD é vazio. Uma mesma linha de raciocínio,
mostra que cn D é vazio. Segue que C e D são separáveis. Mas este fato colide com a
hipótese de E ser conexo. Segue que (X) é conexo.-

Exemplos.

a) r é conexo
b) Todo conjunto finito em 91.11 é desconexo.

15
Conjuntos Compactos

Diz-se que K c 91° é compacto quando K for limitado e fechado.

A definição acima de conjunto compacto não é geral, isto é, em espaços tológicos


genéricos é necessário definir conjunto compacto de outra forma. Muito embora nos espaços
euclidianos com a topologia usual estas definições são equivalentes. Isto é o que veremos
abaixo.

Definição: Sejam A um subconjunto de 91° e C= {CJ).eI como coleção de subconjuntos de


91 ° , I conjunto de índices.

i) Cé uma cobertura de A se Ac U ~
À.el

ü) Dizemos também que Cé uma cobertura aberta de A se CÀ. é aberto para todo Âel.

iü) Uma subcobertura de C é uma coleção tB= {C).}).eJ tal que Jd. A subcobertura será finita
se J for finito

Teorema 1.25 (Heine-Borol): Um subconjunto K de 91° é compacto se, e somente se toda


cobertura aberta de K admite uma subcobertura finita.

Exemplos:

a) B[ a.r]. S(a,r) são compactos.

b) {xem:~<p,X>ST} écompactopara pem:+ e T~O.

Teorema 1.26:

a) Xi u. .. UKm é compacto, desde que Kj c mo seja compacto, j= l, ... ,lll.

b) nK
À.E/
À. é compacto,se K). c 9111 é compacto 'v' Â. e I, I conjunto de índices arbitrário.

c) Seja Xi::::> ... ::::> K. ::::>... uma seqüência decrescente de conjuntos compactos em mo não
li)

vazios, entio K = n K. é não vazio .


.-1

Devido ao teorema de Bolzano-Weierstrass um conjunto Kc91 é compacto se, e 11

somente se toda seqüência de pontos (xl') possui uma subsequência que converge para um
ponto de K O que é importante nesta caracterização é que o conceito de conjunto compacto é
intrínseco, ou seja, não depende de onde esteja contido.
De fato, suponhamos que K seja compacto. Dada uma (xn> seqüência em K, pelo
teorema de Balzano Weierstrass e pelo fato de K ser limitado, existe (XJ(Dàt) subseqüência de
(xn> tal que lim X. =X, logo xe K=K. Reciprocamente, se vale a propriedade acima, dado xe
l/EN
K, existe (xJ oàt seqüência em K tal que lim xn= x. Como toda subseqüência de uma

16
seqüência convergente é convergente e converge para o mesmo limite, devemos ter que xeX.
Assim K é fechado. Se K fosse ilimitado teríamos para cada n e~, XII e K tal que
lixa II ~ n. Agora é facil ver que toda subseqüência de (xIJ é ilimitada, logo não convergente, o
que é uma contradição.

Teorema 1.27: Seja f: X ~ ~m continua no conjunto X C ~n. Se K c X é compacto então


f(K) é compacto.

Demonstração: Seja (Yk) seqüência em f{K). Então existe (x k) seqüência em K tal que
f(x k) = Yk , 'v'k e~. Pela observação que antecede o teorema temos que existe (x k)(k~)
subseqüência em K tal que lim (x k)= xeK. Como f é continua temos que (Yk)k~ é uma
keN
subseqüência de f{K) tal que lim (Yk) = ftx) e ftK). Novamente usando a caracterização
keN
acima temos que f{K) deve ser compacto, uma vez que dada a seqüência (y k) existe uma
subseqüência (Yk)(kât.) que converge para um ponto de ftK) .•

Corolário 1.28 (Teorema de WeienáasS): Seja f: K ~ 9t uma função continua, K c 91 11


compacto, então f atinge seu máximo e seu mínimo em K

Demonstras;ão: Temos pelo teorema 1.27 que f(K) é compacto em 91, ou seja, f(K) é um
conjunto limitado e fechado de 91. Assim existe a = inf f(x) e b = SUD f(x),
xeK xet
respectivamente o ínfimo e o supremo de f{K). Além disso, a,b ef(K) pelo teorema 1.9.
Portanto aS yS b, ~ye f(K) com a,be f(K) (visto que f(K) =f(K)U f(K)' =f(K». Logo
=
existem AQ, Xi e K tais que f(x o) = a S;; f(x) S;; b f(x t ), vx eK.

Aplicação à economia

Sejam X c 91! um subconjunto não vazio convexo e fechado e::- uma relação em X
que satisfaz os seguintes axiomas:

i) 'v'~ye X, x>- youy>-x. (completeza)


- -
ü) 'v'X, Y, z e X, x'r Y e Y 'r Z ~x 'r z.(transitividade)
- - -
fi) 'v'Y e X, {x e X; X 'r y} e {x eX; Do- y} são fechados (continuidade)
- -
iv) x ~ y(Le.,x i ~ Yi,i =, ... ,n) e x =I; y ~X 'ry. (monoticidade forte)

(onde x 'ry se Do- ye não é o caso que y 'r x)


- -
Neste caso temos a seguinte proposição:

Proposição 1.6: Seja X = ~:. Então existe uma função u 9t: ~~ que representa estas
preferências, isto é, u (x) ~ u (y) se, e somente se x:: y.

Em linguagem econômica X é o conjunto dos cestas possíveis de um consumidor e 'r

representa as preferências deste consumidor neste conjunto de cestas. A proposição acima

17
mostra que sob certas condições (axiomas (i), (ü), (iü) e (iv» podemos determinar uma escala
numérica para as preferências do consumidor.

Demonstracão: Seja 1 =(1, ... 1) e9l D


• Então, dado xe X, sejam A ={I e9l+;ll>-x} e
B = {t e 9l + ; x >- ti}. Por ( i ) A e B são não vazios e por (iü) são ambos fechados, visto que a
função qT.I~ll é contínua e neste caso A={yeX;y~x} e B=9'-l({yeX;y::x}).

Como X é convexo, então é racil ver que {I e 9l; 11 e X} é convexo e, portanto, conexo (ver
exercicio proposto 6). Concluímos que existe le9l tal que 11- x. Usando (iv), temos que este I
é único. Defina u:X ~ 9l tal que u(x) =I. Além disso, u- 1[lo,oo] = {x eX; u(x) ~ lo}={xeX;
x ~u-l (to)} e u- 1[0,lol = {x eX,x,:,u- 1(lo)} são fechados o que mostra que u é contínua,
visto que neste caso todo aberto em [O,ex:) será imagem inversa aberta (por quê?)-

o problema básico do consumidor é o seguinte: seja r a renda do consumidor e


P= (Po. ... ·.PD) o vetor de preços dos bens 1, ... ,n. Dentro do contexto acima, definimos o
conjunto factível como {x eX; < p, x > ~ r} . Se u: X ~ 9l contínua representa as
preferências do consumidor, então o problema de maximização das preferências pode ser
escrito como:
max u(x)
s.a<p,x>~r

xeX

Uma primeira observação importante é que se u é contínua e pe9l!+ (o que implicará


que o conjunto factível neste caso seja compacto) então o problema acima tem solução pelo
teorema de Weierstrass desde que exista uma cesta factível.

Diz-seque x,y€X sãoindiferentes (x-y) quando x~y e y~x. Umacesta x


€ X é dita ser redundante (veja Simonsen (1989» quando existir y € X tal que x 2 y, Y il
X, e x-y.

Considere ainda os seguintes axiomas:

(v) x,y € X; X il Y, x,y não redundantes tais que x - y ~ (1-t) x + ty >- x, Vt e (0,1)

(vi) VxeX,VE>O, 3yeX talque Ilx-yll<E e y>-x.

Definamos agora &função de utilidade indireta

v(p,r) = max u(x)


S.&.< p,x > ~ r, x eX

Verifica-se sem dificuldade que a cesta que resolve o problema de maxirnização acima
esgota a renda do consumidor, isto é, < p,x > = r, onde x é a solução do problema desde
que (vi) seja satisfeita ou (iv) seja satisfeito para X = 9l:. Temos também que x é não
18
redundante. Com efeito, se x fosse redundante existiria X';t x tal que x' - X. X:J!. X'.
Como os preços são todos positivos, <p, X~ < <p, x> = r. Mas então x' seria outro
ponto de utilidade máxima e que não esgotaria a renda do consumidor, o que não é possível
pelo que vimos acima.

Vamos mostrar agora que se além disso (v) for satisfeito tem-se que x é único. Com
efeito, suponhamos que x' seja outra cesta factível com a mesma utilidade (máxima) de x'.
Pelo que foi visto x e x' seriam não redundantes. Mas por (v) X
(X + X') >- x com
X(x + x') factível. Isto contradiz a hipótese de que x seja ponto de utilidade máxima.
Neste caso, chamaremos a única solução do problema acima dado P e r de vetor
x{p, r) de demanda marshaliana. Mais especificamente, Xi (p, r) é a função demanda
marshaliana do i - ésimo bem.

Teorema 1.29 Suponha que as preferências de um consumidor satisfaçam (i)-(v). Então a


função demanda marshaliana x j :9t:+ x 91++ ~ 91 é contínua, \fi = 1, ... ,n.

Demonstracio: Considere n dada pela proposição. Sejam (Pn,rn) e9t::! tais que
»
(p11' rll ) ~ (p, r). Notemos inicialmente que a seqüência (X(PII , rll II~! é limitada. Com
efeito, tomando p' e9t:' tal que p'~ PII' \fn e~, e r'~ rll' \fn e~, é imediato que
<p',x(PII,rll»~<PII,x(PII,rll»=rll ~r'. Isto posto para provar que a função demanda
marshaliana é contínua basta provar que qualquer subseqüência convergente de (X(PII' ~ »(lIát)
converge para x(p, r) .

Seja então (X(Pni ,rn»iát subseqüência que converge para y. Como


<Pn.,x(Pn.,rn.»=rn. segue-se passando ao limite, que <p, y> =r, isto é, y é factível
I I 1 I

com respeito ao par (p, r) . Para provar que' y = x(p, r) basta então provar que, se y' é
factível com respeito ao par (p, r), u(y) ~ u(y') .

< p,y'> rn
SP.ia
-.1 J.1n = ,-
< Pn'y > r

. ed'
Verifica-se IlILlatamente , < p, y' >
que < Pn' J.1 nY >= rn S rn
r

Isso significa que J.1nY' é factível em relação ao par (Pn,rn). Logo, como x(p.,r.)
é o ponto de equih'brio do consumidor com respeito ao par (P., r.) tem-se
»
u(x(Pn,rn ~ u(J.1 ny') e portanto U(X(Pni ,rni » ~ U(J.1 ni Y') e passando ao limite quando
i ~ 00 e notando que J.1 n ~ 1 quando n ~ 00 temos: u(y) ~ U(y') o que completa a prova.


Juntando estes resultados obtém-se facilmente que a função de demanda marshaljaoa é
contínua quando definida em 91:+ x 91 •.

19
Exercícios Resolvidos - Seção 1

1) Dados a, b e x reais e E > O prove que

a) la-~ <E-+lal-E<I~ <lal+E

Solução:

lal = la- b+~ ~ la-~+I~ -+Ial-I~ ~Ia-~ (1)


I~ = Ib-a +al~ Ib-al+lal-+I~-Ial ~Ib-al = la-~ (2)

De (1) e (2), II~-Iallsla-~. De la-~<E segue que 11~-lall<E e que -E<I~-lal<E.


Somando-se Iai a ambas as equações obtém-se a desigualdade procurada.

Solução:

Se x> 5 então f(x) > 2 pois Ix - 31> 2 e o termo Ix- ~ é sempre positivo. Da mesma
forma, se x< 3, f(x) > 2, pois Ix- 51> 2 e Ix- 31> O. Por último, para 3 s xs S teremos Ix- ~
= 5-,0: elx- 31 = x- 3 (pela definição da funçãc módulo). Soma..'ldo-se os termos obtém-
se f (x) =5 - x+ x- 3 =2. Assim, em qualquer caso, f(x) ~ 2.

2) Encontre x e 91 (se existir) que satisfaça:

a) 12x - 21 =14x+ 31

Caso 1: 2x-2~0 -+
x~I 4x+3>0
12x-21 =2x-2, 14x+31 =4x+3
2x - 2 = 4 x + 3 -+
x = -5/2
Solução do caso 1: {-5/2}n[I,+oo) = (2)

Caso 2: 2x-2 <O -+ x < 1


4x+3~0 -+ x~ -3/4
12x-21=-2x+2 14x+31 =4x+3
-2x+2 =4x+3 -+
x =-116
Solução do caso 2: {-1I6}n[-3/ 4,1) = {-116}

Caso 3: 2x-2 <O -+ x < 1


4x+3<0 -+ x< -3/4
14x+31=-4x-3,12x-21 =-2x+2
-4x-3 = -2x+2 -+ x = -5/2
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
Biblioteca Mário Henrique Simon.,
Solução do caso 3: {-5/2}n(-oo,-3/ 4)n{-oo, 1) ={-5/2}

Solução do Problema: {-1 /6, -5 / 2}

3) (Desigualdade de Cauchy - Schwarz) Seja Vum espaço vetorial real com produto interno.
Então:

I(x, y)1 ~ Ilxllllyll


onde II xii = ~(x,x)
Solução: Sejam A = Ilx112, B = l(x,y)1 e C = Ily112. Para todo real r, temos que

o ~ < x-ry, x-ry > = < x,x > - 2r< x,y > + r 2 < y,y >
Portanto, A-2Br+Cr2~O, 'Vregt. Se C=O,A~2Br,'Vregt, logoB=O pois
caso contrário teríamos um absurdo fazendo r suficientemente grande (por exemplo r> A/2B).

Se C> O, tome r = B/C na expressão acima e obtendo então li S AC. Resumindo,


B2 ~ AC se C = O (pois neste caso B = O) e B2 ~ AC se C > O. Em qualquer caso, obtem-se a
desigualdade de Cauchy-Schwarz.

4) Sejam (x.J e (y.J sequenClas reais convergentes tais que


x . . ~ Y... , 'Vk e~. Então lim x . . ~ lim Y....
... ~.. k~ ..

Solução: Sejam a = lim x...


... ~..
e
...~ .
b = lim y..... Suponha por absurdo que pb. Seja
s=(b-a)/2>O. Existe kõeN tal que para todo ke~,k~ko,lxt-al<&e IYt-bl<&.
Seja k~kõ, então -&<Xj.-a e YJ:-b<&; Como a-s=(a+b)/2=b+& temos que
YJ: < a; b <~, o que é absurdo. Portanto concluí-se que a~ b.

5) (a) Se X c F, F é fechado em 9l D, então X c F. Mostre também que X c Y com


X e Y subconjuntos em gtD implica X c Y.

(b) Se A e B são conjuntos abertos em gtD então A n B e A u B são conjuntos abertos.

(c) Seja {AJ lei uma fiunília de conjuntos abertos onde I é um conjunto arbitrário de
índices. Mostre que U Al é sempre um conjunto aberto, embora n Al nem sempre seja um
l&I lei
conjunto aberto. Dê um exemplo justificando a última afirmaçIo.

Solução: (a) Dado x e X, existe {xJDá( seqüência de números reais em X com X D~ x.


Como X c F e F é um conjunto fechado vale que xeF também. Como X c Y e Y é um
conjunto fechado tem-se imediatamente que X c Y.

21
(b) Vamos provar que AnB c int(AnB). Se xeAnB então xeA e xeB. Como A e B
são conjuntos abertos isso implica que existem e\ > O e e2 > O tais que
B(x;e\)cA e B(x;e2 )cB. Para e=miD{ep e2 } tem-se B(x;e) c A e B(x;e)cB.
Logo, B(x;e) cAnB e x e int(MB). Para x e AUB tem-se que x e int(A) ou x e int(B).
Se x e int (A) então existe E>O tal que B(x;e) c A c AUB. Neste caso x e int(AUB). Da
mesma forma prova-se que x e int (B) implica x e int (AUB). Em quaisquer dos dois casos
tem-se xe int (AUB) e portanto, AUB c int (AUB).

(c) X eU Al implica que x eA,. para algum l' ELo Como Al é aberto, \1'ÂeI, existe
leI '"

E>O tal que B(x; e) CAl' . Daí, tem-se que B(x; e) c U Al e, portanto, x e int( U AJ.
ld ld

Exemplo: Seja An = (-1/ n, 1/n) para cada n e ~. Obviamente, An é um conjunto aberto para
todo neK Todavia, {O} = n Ali'
IIEN

6) Mostre que int (xny) = int(x)n int(Y) e int(XUY) ~ int(X)Uint(Y) com X e Y


subconjuntos de m n. Dê um exemplo onde a inclusão acima não é uma igualdade.

Demonstração:

(~) Como int (X) c X e int (Y) c Y tem-se que int(X)nint (Y) c Xny. Da parte (b) do
exercício anterior obtém-se que int (X)n int (Y) é um conjunto aberto e, portanto,
int (x)nint (Y) c int (xny).

(c) Obviamente, int(xny)eX e int(xny)cY. Como int(xny) é aberto vale que


int(xny) c int (X) e int(xny) c int (Y). Logo, int(xny)c int (X) nint(Y). A provar
que int(XUY)~int(X) U int(Y). Como int(X)cX e int(Y)cY vale que
int (X) U int (Y) c XUY. Da parte (b) do exercício anterior tem-se que int(X)Uint(Y) é
um conjunto aberto. Logo, int(X) U int(Y) c int(XUY).

Exemplo: Sejam X=(O,I] e Y=[1,2]. Tem-se que


int (X) = (0,1), int(Y) = (1,2) e int(XUY) = (0,2). Obviamente,
int (XUY) ~ int (X)U int (Y), já que I eint (XUY) e I Eint (X) Uint (Y).

7) Para cada um dos conjuntos seguintes determine sua fronteira:


X = [0,1], Y = (O, 1)U(1,2), W =~ e A = {x em!;(p,x)~ m}

Solução: fr (X) = {O, I} , fr (Y) = {0,1,2}, fr (W) =~ e fr (A) = {x em:;(p,x) = m}

8) Considere o seguinte problema de maxim;zaçio de utilidade do consumidor:

22
Xa X -a
I
Max I 2
S.B.
PI XI + P2 X2 ~ m
onde ae(O,1),p=(PI,P2) e 91:+ e m>O

Justifique a existência de solução ótima para o problema acima. Sob que condições não
se pode garantir a existência de solução ótima.

Solução: Seja U:9t: ~9t definidaporU(x l ;x2)=xt x~-a com ae(O,l), Uéumafunção
contínua. A provar que para toda seqüência
((XI.,X2 .)).ét e 91: com (XI.,X2J~(XI,X2) e 91:
tem-se U(XI.,X2J~U(XI,X2). De
XI ~ XI e x 2 ~ x 2 t em-se que XIa ~ XIa e X2l-a ~ x2l-a . D a contmw
··dade da
• • • •
multiplicação de números reais tem-se que x~ x~-a ~ x~ x~-a . Seja
A = {(X I ,X2) e9t:;PI XI + P2 X2 ~ m}. Como (PI,P2) E 91:+ tem-~ ~ue A é um conjunto
compacto. Pelo teorema de Weierstrass, U restrito a A atinge um valor máximo e um valor
mínimo. Logo, existe (XI- ,x;) EA tal que U(x; ,x;) ~ U(XI ,x2), V(XI ,x2) EA.

Se (PI' P2) E 91: então A não é necessariamente um conjunto compacto e, neste caso,
não se pode garantir a existência de solução ótima. De fato, se Pi = O para algum i E{1,2}
então A não é um conjunto limitado e o problema do consumidor não tem solução ótima.

9) Considere o problema de maxirnização de lucros da firma dado por:

onde f: 91: ~ 91 é uma função definida por


f(X I ,X2) = UI +bx2 com (a,b) E 91:' , (Wp W2) E 91:+ e P E9t_. Supondo que os
lucros sejam sempre positivos em qualquer solução ótima, mostre que o problema da firma
assim proposto nio possui solução ótima. Será que o mesmo resultado vale para uma função
de produção f qualquer com retornos crescentes de escala?

Seja Y={(y,-xp-x2);f(xpX2)~Y} o conjunto de possibilidades de produção da


firma. Supondo que Y seja um conjunto limitado, justifique a existência de solução para o
problema de maximização de lucros tanto no caso f(X I ,X2) = ax l + bX 2 quanto no caso
f( XI' x 2 ) uma função de produção com retornos crescentes de escala e contínua.
Solução:

o problema de maxirnização de lucros da firma pode ser escrito da seguinte forma


alternativa:

23
Max P Y - W I XI - W l Xl
s.a.
(y, - X p - Xl) eY
onde Y = {(y, - x p - X2)~ a XI +b x 2 ~ y}

Suponhamos por absurdo que este problema tenha solução, i.e.,


existe(y',-x:,-X;)eY talque PY·-WIX;-W2X;~Py-WIXI-W2Xz 'v'(Y,-~,-Xz)eY.

Como PY·-WI X;-W2 X;>O e (ny·,-nx;,-nx;)eY, 'v'ne~ tem-se que,


para n e~ suficientemente grande, pny· - wlnx; - wlnx; > py. - wlx: -w2 x;
(Contradição I).

No caso da firma possuir uma tecnologia com retornos crescentes de escala, prova-se
por argumento semelhante o mesmo resultado. Supondo que Y seja um conjunto limitado,
tem-se tanto no caso f(x p x 2 ) = aXI + bX2 quanto no caso em que f(xl'xJ é uma função
de produção com retornos crescentes de escala e continua que Y é um conjunto fechado e,
portanto, compacto. Pelo Teorema de Weiertrass, em ambos os casos garante-se a existência
de solução ótima para o probrema da firma.

24
Exercícios propostos: Seção 1

1) Prove que, dadosce9l,de9le ee9l,tem-se:


a) IC+dlslcl+ldl
b) Icdl = Iclldl
c) Se d ;é O, Icl di = Icl Ildl
d) Ic-elslc-dl+ld-el
e) -Ic-dlslcl-Idlslc-dl

Sugestões:
a) Escreva as desigualdades 1.3 para c, para d, e em seguida some as desigualdades
membro a membro (o que é permitido). Em seguida observe que, pela proporção 1.1',
escrever-se -( 1~+Id!) S c+ ds (lq+Ia1) é equivalente a escrever-se Ic+a1 S 1~+Ia1·
2
b) Observe que 1001 = (cd) 2 e que tanto Icdl quanto Icl.ldl são não negativos.
c) Repita b.
d) Ic-el = Ic-d+d-~
e) Icl=lc-d+dl

2) Denomina-se "Princípio da Indução" uma regra de demonstração de propriedades relativas


aos números naturais. Este Princípio enuncia-se da seguinte forma: "Dada uma propriedade
qualquer relativa aos números naturais verifique a) se ela é válida para o número natural 1; b)
se, a partir da hipótese (chamada hipótese de indução) de que ela é válida para o número
natural n pode-se provar que ela também é válida para o número natural n + 1. Caso (a) e (b)
se confirmem, então esta propriedade é válida para todos os números naturais".

Demonstre, usando o princípio da indução, que dado .lí,Aí' ... 'XJJ números reais (n e ~).

a) Ix) + ~+ ... +xnl s Ix)1 + I~I +... + I~I


b) Ix) x2 ••• xnl = Ix)II~I ... I~1

3) Seja Sn a soma dos n primeiros números naturais. Demonstre por indução que

s =n(n+1)
D ...

4) Demonstre por indução a desigualdade de Beurnoulli: Se x e9l, n e~ e x~ -1,


(l + X)D ?! 1+ llX

5) Verifique (caso existam) quais os valores de x e9l que satisfazem a:

25
a) Ix-31 <2 b) Ix-31+lx-21 < I c) Ix-31+lx-21 = I

d) Ix-31<lx-41 e) Ix-li <3 f) IX-Illx-21>5


Ix-21

6) Verifique que a nonna euclidiana definida nesta seção satisfaz as três propriedades listadas
abaixo. Utilize em sua demonstração a desigualdade de Cauchy-Schwarz provada no exercício
resolvido 3.

a) Se x;t 0, então IIxll > °


b) para qualquer a e 9t, Ilaxll =lal II xii
c) para qualquer vetores x e y, Ilx + yll ~ Ilxll + Ilyll

7) Define-se a distância entre dois vetores do 9t D x e y como ~x,j) = Ilx - yll. Calcule a
distância entre os vetores:

a) (1,2,3) e (5,6,7)
b) (0,0,0) e (1,2,3)

Faz sentido falar na distância entre x= (0,0,1) e y= (1,0)?

8) Diga se os seguintes conjuntos são: a) aberto: b) fechado; c) limitado; d) compacto~ e)


conexo.
D

i) {(x), ... ,xn ) e9t:; Lajxj S b}, onde aj' b e9t.,i = I, ... ,n
j.)

ü) 9t D \B(a,r),a e9t D ,r> O.

. D
ili) B(0,I)U{xe9t!...IIL~<2}.
~l

iv) {(x,j) e9t2;~ +41 S3,x+ yS l,x~O ey~O}

v) {(x,j)e9t!;xySI}

9) Mostre que toda bola em 91- é convexa.

10) Prove que para todo conjunto X c 9t- , int X é um conjunto aberto.

11) Diga se é verdadeiro ou falso; provando a sua afirmativa:


26
a) um conjunto A c 91 é aberto se, e somente se .tr(A)nA =;.
D

b) o fecho da união de dois conjuntos é a união dos fechos destes conjuntos.

c) o equivalente do item (b) para interseção.

d) um conjunto é convexo se, e somente se seu fecho é convexo.

e) a interseção de dois conjuntos conexos é conexo.

t) toda função é contínua nos pontos isolados de seu domínio.

12) Mostre que se f:X ~ 91 D é contínua e Y c X então !Iv é contínua.

13) Seja {C~h. EI uma coleção de conjuntos conexos, I conjunto de índices, tal que
ÃEI
n CÃ:I: O.
Então U CÃ é conexo.
ÃEI

14) Um conjunto X c 911: é conexo por caminhos se para todo par de pontos x e y em X
existe a: [a, b] c 91 ~ X contínuo tal que a (a) = x e a (b) = y. Mostre que se X é conexo
por caminho então X é conexo. (Sugestão: use o exercício anterior).

15) Mostre que toda transformação linear T: 91 D ~ 91 M é Lipschitziana. (Decorre daí que toda
transformação linear é contínua).

16) Usando o exercício anterior verifique se os conjuntos do exercício 8 são conexos.

17) Mostre que todo conjunto convexo é conexo. (Este exercício mostra que 91 D , B(a,r),
B[a,r] são de fato conexos como afirmado no texto).

18) Mostre que a norma euclidiana é equivalente à norma da soma e à norma do máximo,
dando uma prova direta sem utilizar a proposição do texto.

27
2) CONVEXIDADE, CONCAVIDADE E QUASE CONCAVIDADE

Convexidade e concavidade

a)Conjuntos Convexos
D
Dado um conjunto D c 1R diz-se que D é convexo quando, dados dois quaisquer de
,

seus pontos x e y, o segmento que une x a yestá todo ele contido em D. Graficamente, no
91 2 , temos:

conTeXO nio ConTa0

(figura 2.1)

Formalmente D e 1R é convexo quando para 'V x,ye D, a x + (1 - a) y e D para


D

todo a tal que O~ a ~ 1. Definem-se também como convexos o conjunto vazio e os conjuntos
com um único ponto.

b) Funções Convexas

Dada uma função f: D-+ 91, De 91- , D convexo, diz-se que [convexa quando, dado
quaisquer xcyeD e O~ 8 ~ 1, tem-se [(ax+(l-a) y) ~a [(x) +(1-8) [(y).
Simetricamente, diz-se que f é côncava quando - f é convexa, ou seja, quando dados
quaisquer xeye D eOs a SI, f(ax+(I-a)y) ~af(x)+(l-a)f(y).
Observe que o termo convexo aplica-se tanto a conjuntos quanto a funções, embora
com sentidos diferentes. O termo conjunto côncavo não é definido para conjuntos.

No que se segue, trabalharemos predominantemente com funções côncavas. A


modificação dos resultados para o caso de funções convexas é imediata, ficando a cargo do
leitor.

A visualizaçio de uma função côncava f: D -+ 91, D e 91 é apresentada abaixo, onde


c = aa + (l-a) b para a e[O, 1].

28
f(b)

f (c)
L (c) - oc f(a) +(1 -oc) f(b)
f(';' -
---1f----------~x1
a c b

(figura 2.2)

No gráfico 2.1, a imagem do ponto c pela função [situa-se acima (na ordenada) da
combinação a f(a)+(l- a) f(b), O que caracteriza a concavidade da função.

Observe ainda que a f (a) + (1- a) f (b) representa a ordenada de c correspondente à


reta que passa pelos pontos (a, f(a» e (b, f{b». De fato, esta reta tem por equação:

L(x)=f(a)+ f(b)-f(a) (x-a)


b-a

Fazendo-se x = c = a a + (1- a) b, obtém - se:

L (c) = a f(a)+(I-a) f (b)

O gráfico 2.2 mostra que dados a,b eD e O~ a'~ 1, se definirmos c = a a+ (l-a) b e f for

côncava, teremos sempre:

f (c) = f (aa+ (l-a) b) ~ L (c) = a f(a)+(l-a)f(c)

Geometricamente, isto significa que o gráfico da função ao longo de qualquer segmento


no domínio situa-se acima da secante correspondente.

Teorema 2.1: Sejam Dum conjunto convexo não vazio do 91 e fi e f 2 funções côncavas
11

fi e f2 definidas em D e com valores em 9t. Sejam ainda ai e ~ números reais não negativos e
f: D ~ 91 uma função definida por f = ai fi + ~ 1;. Então f é uma função côncava.

Pemonstracio: Sejam a, b e D e O~ a ~ 1.

29
1 2
f(aa+(l-a)b)=(~ t; +~.t;) (aa+(l-a)b) =
~ t; (aa+(1-a)b)+~.t; (aa+(l-a)b)~ 3
4
~ (~(a)+(1-a)t; (b»+~ (a.t; (a)+(l-a).t;(b» =
s
a(~ t; (a)+~t; (a»+(1-a)(~ t; (b)+~t;(b»=
6
a(~ t; +~t;)(a) + (1- a)(~ t; +~t;) (b)=
af(a)+(l-a)f(b)

Na demonstração acima as passagens 1 e 6 utilizam a definição de fe as passagens 2 e,


5 a definição de (~t; +~.t;) (x) como ~t; (x)+~t; (x).A desigualdade 3 decorre da
concavidade de t; e.t; e do fato de ~ e ~ serem número reais não negativos. A passagem (4)
corresponde a um simples reordenamento dos termos.•

o teorema acima estende-se facilmente no caso de m números reais não negativos


~ , ~, ... , BlIJ' e m funções t; .t;, ... , f m . Se f é definida como ~ t; + ~ t; + ... + allJ f m e cada
uma das funções t; (i = 1,2, ... ,m) é côncava, então fé côncava.

Quase concavidade

Definição.{ Quase cOI1cavidade): Seja: f: D ~ 9t, sendo D um conjunto do J('. Diz-se que fé
guase-CÔI1cava quando dado um número real ,a qualquer, o conjunto C = {x E D; f( x) ~ a}
for um conjunto convexo.

Para exemplificar esta definição, tomemos inicialmente a função de apenas uma variável
(D c 9t) f(x) = _x 2 , cujo gráfico desenhamos abaixo:

(figura 2.3)

30
Observa-se facilmente que, qualquer que seja o número real a, o conjunto dos pontos x
tais que - X2 ~ a é um conjunto convexo. Na exposição gráfica acima tomamos a < O. Para
a = O o conjunto C se resumiria a um conjunto formado por um único ponto (x= O), que por
definição é convexo. Da mesma forma, se tivéssemos a> O o conjunto C seria vazio e,
também por definição, convexo.

Tornemos agora a função de duas variáveis definida no 91:, U (XI ' ~) = (XI ~)1\3.
Neste caso não desenharemos o gráfico da função (o que exigiria um diagrama em três
dimensões, duas para o domínio e uma terceira para os valores assumidos pela função), mas
apenas o lugar geométrico dos pontos de seu domínio tal que o valor da função seja igual a
uma certa constante (curvas de nível da função):

Conjunto de valorel dafunçio

(figura 2.4)

Neste caso, o sentido da quase concavidade é que, dado Il e 91, O conjunto Z =


{(XI'~) e 9t!; (XI ~)1\3 ~ a} hachureado na parte esquerda da representaçio acima (para a >O)
é um conjunto convexo.

Nos dois exemplos acima apresentados as funções, além de quase côncavas, sIo
também côncavas. Isto não precisa necessariamente ocorrer. Por exemplo, a função f: 91 -+ 91
definida por f (x) = x 3 é quase côncava mas não é côncava. Observa-se facilmente pelo gráfico
desta função que, dado o número real na ordenada, o conjunto {x; X3 ~ a} = [a113, +00)
(hachureado na figura abaixo) é um conjunto convexo.

31
(figura 2.5)

Por outro lado f{ x) =XJ não é uma função côncava pois dado por exemplo
Bt=2,~=Oea=O,5, f(aBt +(1-a)~)=I<a f(~)+{1-a)f(~)=4.

Um outro exemplo de função quase côncava que não é côncava, definida no


9t:, é dada porf(xl ,x2 ) = X IX 2 .

o teorema a seguir ajuda muito na identificação das funções quase-côncavas. Ele nos
lembra que, embora possa haver funções que são quase-côncavas e não côncavas, o oposto não
pode ocorrer:

Teorema 2.2 : Toda função côncava é quase-côncava.

Demonstração: Seja f:D ~ 9t, D C 9tD ,D convexo, uma função côncava. Seja dado o número
real a e suponhamos que para XI e D e x 2 e D, f (XI) ~ a e f( x 2 ) ~ a. Como f é côncava,
dado qualquer

a e[O,I], f(a Xl +(1- a)xl ) ~ a f(x l )+(I- a) f(x l ) ~ a a+(I- ala = a

Isto prova que o conjunto {x e D; f(x) ~ a} é convexo qualquer que seja a E 9t. Segue que f
é quase côncava.-

Quase Concavidade na Teoria do Consumidor

Na teoria do consumidor, admite-se normalmente que as preferências satisfaçam a uma


série de axiomas comportamentais e que sejam passíveis de representação por uma funçio
utilidade U: D ~ 9t, De 9t:. Neste contexto, o número real ao qual se faz associar (pela
função lJ) um certo vetor do 9tD representativo de uma cesta de bens tem apenas a função de
representar uma hierarquização de preferências, não interessando o seu valor absoluto. Desta
forma, diz-se que a cesta de mercadoria X é preferível à cesta de mercadoria y se, e somente se
32
U(x) > U(y). Repare que U(x) e U(y) são dois números reais. Assim, se tomarmos uma
função monótona crescente f: A' ~ 91, Ac A, teremos U (x) > U (y) se, e somente se
( fo U) (x) > ( fo U) (y), o que significa que, tal como a função U, a função composta foU é
também representativa das preferências do consumidor em questão. Esse arrazoado se resume
numa conhecida proposição da teoria do consumidor, apresentada abaixo.

Proposição 2.1: (Teoria do Consumidor)


Dada uma função U: D ~ 91, D C 91 convexo e uma função monótona crescente
D

f: A~ 91, U(D) c A então a função U representa as preferências do consumidor se, e


somente se a função composta foU também representa tais preferências.

Este fato implica que, na teoria do consumidor, possa-se operar com uma função
utilidade básica U ou qualquer uma de suas transformadas crescentes. Neste sentido, vale a
pena observar que, ao contrário da propriedade de concavidade, a propriedade de quase conca-
vidade não se perde quando se efetuam transformações monótonas crescentes de uma função.
Este ponto é demonstrado a seguir.

Teorema 2.3: Seja Dc9l D convexo, U:D ~ A uma função quase-côncava


(Ac 91) com U(D) = A e f: A~ 91, uma função monótona crescente. Então a função
composta foU:D ~ 91 é quase-côncava.

Demonstracão: Sejam x e y dois pontos quaisquer pertencentes a D com a propriedade foU (x)
~ a e foU (y) ~ a para um certo a e9l. Então como (foU) (IJ) = f(A) existe a- e ttA) tal que

foU(x) ~ a· (1)
foU(y) ~ a· (2)

com a*~a. Devido ao fato de f (e, conseqüentemente, rI) ser uma função monótona
crescente, temos, de (1) e (2)

U(x)~rl(a*) e
U (y) ~ rI (a*)

Segue da quase concavidade de U que, para qualquer a elO, I],

U (ax+(I- a)y) ~ f-I (a*).

Novamente pela monotonicidade crescente de 1;

33
foU(ax+(l-a).n~ fo r l (a·)=a·~a
Segue que foU é uma função quase côncava. (Observe que trabalhamos com a· ao
invés de '~" devido ao fato de '~" não portencer necessariamente ao contra-domínio de 1:
quando então não faz sentido falar-se em rl(a» .•

34
Exercicios resolvidos - Seção 2

1) Sejam f:9t: --+ 9t uma função de produção, Y = {(y;-x) e9t n +l ;y s f(x)} o conjunto de
possibilidade de produção e V(y) = {x e 9t: : y S f( x)} o conjunto de fatores de produção
requeridos para produzir y e 9t + de uma firma.

Demonstre que f côncava implica V(y) e Y conjuntos convexos.

Solução:

Dado ye9t+, sejam x=(xl, ... ,x n ) e x'=(x~, ... ,x~)eV(y),x:;tx',e Â.e(O,1).


A provar que Â.X +(1- Â.)x' e V(y) como f(x) ~ y e f(x') ~ y e f é côncava tem-se que

f(Â.x + (1- Â.)x') ~ Â.f(x) +(1- Â.) f(x') ~ Â. y +(1- Â.)y = y. Logo, Â.x +(1- Â.)x' e V(y).

Agora, sejam (y,-x) e (y',-x,) eY, com y:;t y' ou x:;t x', e Â. e(O,I). A provar
que (Â.y+(I-Â.)y',-(Â.x+(I-Â.)x')) eY.

Da concavidade de f , f(x) ~ y e f(x') ~ y' tem-se que


f(Âx +(1- Â)x') ~ Âf(x)+ (1- Â) f(x') ~ Ây +(1- Â)y'. Logo (ÂY+ (1- Â)y' ,-(Â x +(1- Â)X')) E Y

2) Seja V(y) o conjunto de requerimento de fatores de produção de uma firma. Verifique em


cada caso se a tecnologia é (i) convexa e (ü) fechada:

a) V(y)={xe9t: ; &XI ~ log y, bX 2 ~ log y}

b) V(y)={xe9t: ; &XI + bX 2 ~ y, XI > O}

c) V(y)={xe9t: ; x: x~-· ~ y}, O < a < 1

Soluçio:

a)

i) Basta aplicar o exercício anterior uma vez que a funçio logaritimica é côncava.

ü) É fácil ver que V(Y'Fl=;, Vy~l. Dado y ~ 1, seja (.~)RI seqüência em V{y), com x.-+ x,
onde Xn = (XI. ,xl.) e X= (XI ,x2 ). A provar que x e V(y). Observe que

x n --+ X~ XI -+ XI e x 2 --+ x 2
• •
e &XI ~ log y e bX 2 ~ log y, \in ~ 1
• •

3S
Logo, pelo exercício 4 temos que: 8X I ~ log y e bX 2 ~ log y. Da mesma forma,
XI. ~O e ~. ~O~XI ~O e ~ ~O. Logo, x=(x\ ,X 2 ) E V(y).

o que acontece quando y < I? Neste caso V(y) = ; .

b)

i) Idem ao item anterior.

ü) Todavia, V(y) não é fechado. De fato, seja x lI= (.!., by -~)


D bn lIé<
. De imediato, tem-se XII E

V(y), 'In ~ 1 e XII ~ (O,y/b). Todavia, (O,y/b)~ V(y).

c)

i) Idem ao item anterior.

ü) Seja (x 11 ) ~\ seqüência em V(y), X 11 ~x. A provar que X E V(y).

Como XI ~O e X2 ~O tem-se que XI ~ O e X 2 ~ O, pelo exercício 4.


• •
Por outro lado, pela continuidade da função logaritmo log XI ~ log XI e log X2 ~ log X 2
• •

Como a log XI + (l-a) log x 2 ~ y, 'In ~ 1, tem-se pelo exercício 4 que log XI + (l-a) log
• •

d)

i ) Idem ao item anterior.

ü) V(y) é fechado 'r/y ~ O. De fato, seja (x.)nl seqüência em V(y) tal que x. ~ x. A
provar que X E V(y).

Como Min{8X I , bxl } ~ y, 'v'~ 1~ 8X I ~ Y e bX2 ~ y, 'v'n ~ 1 :::) 8X I ~ Y e bX 2 ~


• • ••
y:::) Min{ 8X I ; bX l } ~ y.

36
3) Alternativamente à definição apresentada no texto, diz-se que f: D --+ 91, De 9IJl convexo,
é quase côncava, quando para quaisquer x e y pertencentes a D e a e [O, I], f(x) ~ f(y) implica
f(ax+(1-a)y)~ f(y). Prove que as duas definições são equivalentes.

Demonstração: a) Iniciamos provando que a definição do texto implica a definição aqui


apresentada. Para isto, basta tomar a = min {f(x), f(y)}. Segue que, como
f(xp- ae f(y) ~ a, f( ax+(I- a)y) ~ a = f(y) para qualquer a e[O,I].
b) Suponhamos agora que f( x) ~ f(y) implica f( a x+ (1- a) y) ~ f(y). Precisamos provar que,
para cada a e9t e a e[O,I], se f(x) ~ a e f(y) ~ a implica f(ax +(1 -a)y) ~ a. Sem perda de
generalidade, seja f(y) = min{ f(x), f(y)}. Então, pela hipótese, f (ax + (l-a) y) ~ f (y) ~ a.

4) Seja f: D --+ 9t, De 9tJl convexo. Diz-se que f é estritamente côncava se dados
x,ye D, x;t: ye a e(O, I), f(a x+(I- a)y»a f(x) + (I + a) fUr). Alternativamente fé
estritamente convexa se -f é estritamente côncava. É claro que toda função estritamente
côncava (convexa) é côncava (convexa). Dê exemplo de funções côncavas (convexas) que não
sejam estritamente côncavas (convexas).
Solução:

a) Seja f:91Jl~91 um funcional linear. Dados x,ye9t D ,ae[O,I], temos que


f(ax+(l- a)y) = af(x)+(I- a) f(y) . Assim fé côncava e convexa ao mesmo tempo. Mas
observe que se tomarmos x;t: y e a e(O,I) acima, vemos facilmente que fnão é nem
estritamente concava nem estritamente convexa.

b) Seja g. 9t 2 --+ 9t tal que g( X, y) = min {x, y}, ou seja,


X, se x~ y
g(x,y)= {
y,sey> x

2
Esta função é côncava. De fato, sejam (x.,.x),(Aí,,Y2) e9t ,a e[O,I].Então
g(a(xl,y 1)+(I-aXx 2,y 2))= g{a XI +(l-a)x 2,a Yl +(I-a)Y2))=
min{ax l + (1-a)x2,a)' 1+ (1-a)Y2} ~ amin{xlyJ + (I-a)min{ X2,y 2} = ag(xl,y I) +(1- a)g(x2'Y2)

Conclui-se então que g é côncava. Mas g não é estritamente côncava, visto que para
todo (x,y) E 9t2 com x~ y g(x,y) = X, que é linear. Segue do exemplo anterior que a restrição
de g a esta parte do domínio não é estritamente côncava.
°
c) Seja f: De 9tJl --+ 9t, onde D é tal que se t> e x e D=> t x eD, uma função homogênea
de grau 1, isto é, f( Ix) = t f( x), X E D, tE 91+. Se f ,além disso, é côncava então f não pode
°
ser estritamente côncava. Com efeito, seja x E D, x ;t: e portanto 3x e D, logo

1 1 1 1
f (- X +- (3x» = 2f (x) = - f (x) +- f(3x)
2 2 2 2

o que ocorre de fato com estas funções é que ao longo das semi retas abertas que
partem do O e 91 JI elas sio lineares. Mas existem exemplos não triviais de funções
positivamente homogêneas de grau 1 que são côncavas, como por exemplo a função de Cobb-
Douglas: f:91 2+ ~ 91 tal que f(x,y) =.t" ,r-a,
a e(O,I) (veremos mais tarde que fé côncava) e

g:912~91talqueg(x,y)=~~+I.

37
5) Diz-se que f: D~ ~, De~.IJ convexo é quase convexa quando -f é quase côncava.
Adicionalmente, f é dita estritamente quase côncava se
a e (O, I) e x,yeDcom X;éY, f(ax+(I-a)y»min{f(x), f(y)}. Além disso f é dita
estritamente quase convexa se -f é estritamente quase côncava. É claro que toda função
estritamente quase côncava (quase convexa) é quase côncava (quase convexa). Dê exemplos
de funções quase côncavas (quase convexas) que não são estritamente quase côncavas (quase
convexas).

Solução:
a) Toda função constante é quase côncava (quase convexa) mas não é estritamente quase
côncava (quase convexa). Uma função real monótona definida num intervalo na reta é quase
côncava (e quase convexa) (ver exercício resolvido número 5). Para que ela não seja
estritamente quase côncava (ou quase convexa) é necessário que ela possua trechos constantes.
Com efeito, se a função for crescente ou decrescente ela será estritamente quase côncava (e
estritamente quase convexa). Então as únicas chances residem nas funções nio-crescentes e
não-decrescentes. Suponha neste caso que f: I ~ ~, I e ~ intervalo, é não-decrescente. Se f
não é estritamente quase côncava, existem x, ye I, x < y, a e (0,1) tais que
flcu+(l- a)y) S mine flx), fly» = flx) e como fé não-decrescente flx) S flcu+ (1- a) y) (pois
x< cu+(l- a) y) o que implica que f (x) = flcu+(l- a) y) e portanto fé constante igual a
f(x) em [x,ax+(I- a) y).

b) O leitor é agora convidado a generalizar o raciocínio acima para funções reais de duas
variáveis (ou mais) num certo sentido, isto é, funções quase côncavas que possuem regiões
convexas no seu domínio nas quais são constantes não podem ser estritamente quase côncavas.
Reciprocamente se f é quase côncava, mas não estritamente, então possui em seu domínio pelo
menos um segmento no qual a função é constante. Os detalhes ficam a cargo do leitor.

6) Dê exemplos de função quase côncavas que não são côncavas.

Solução:
a) As funções reais definidas em um interValo da reta que são monótonas (veja exercício
resolvido 4) são quase côncavas, muito embora algumas destas funções possam ser
estritamente convexas, como é o caso de f:~+ ~ ~ tal que f(x) =x2

b) Seja r. 91 2 -+ li tal que f (x,y) = xClyP com a > O, f3 > O e a + f3 > 1. Veremos
Cl P
posteriormente que a funçio Cobb-Douglas g: 9l~ ~ 91 tal que g(x,y) = xcr.+ yCl+P é P
côncava e portante quase-côncava. Assim f = h o g também é quase-côncava, onde
h:9t+ ~ 91, tal que h(x) =xcr.+P é uma transformação montônica crescente (ver teorema 2.3).
Mas f não é côncava, porque
f(! (O,O)+! (2,2» = f (1, I) = 1< 2«+jl-1 =.!. 0+.!2 1Z+/1 =! f(O,O)+! f(2,2).
2 2 2 2 2 2
I, sex~ O
c) f: 91 ~ 91 tal que f(x) = {
O, sex<O
é quase côncava porque é monótona nIo-decrescente, mas não é côncava como se vê com
facilidade. Aliás o "defeito" desta função é que ela é descontínua no o. Veremos mais tarde
(ver capítulo 3, exercício resolvido) que toda função côncava de uma variável definida num
conjunto aberto convexo X c 91 é contínua.

38
7) Prove que toda função monótona f: D~ 91, De 91 intervalo, é ao mesmo tempo quase
côncava e quase convexa.
Demonstração: Vamos supor que fé monótona não-decrescente, isto é, se x> y, x,y e D,
então ftx) ~ f (y), os outros casos são análogos e ficam a cargo do leitor. Sejam
a e9t, x,y, eD tais que f(x) ~ a e f(y) ~ a. Dado
a e[O, I], x ~ ax +(1-a) y ~ y o que implica que f(x) ~ f(ax +(I-a)y) ~ f (y), visto que fé
monótona não decrescente. Assim f (ax + (1- a)y) ~ a, 'Va e [O, I], ou seja, f é quase côncava
já que a e 91, x, y e D são arbitrários. A quase convexidade segue-se por um raciocínio
análogo.

8) Dê dois exemplos de duas funções quase côncavas cuja soma não seja quase côncava.

Solução:
a) Sejam f,g:9t+ ~ 91 tais que f(x) = x 2 e g(x) = -x. Observe que f e g são funções
monótonas e pelo exercício anterior f e g são quase côncavas, mas h = f + g: 91 + ~ 91 tal que
h(x) = (f + g) (x) = f (x) + g (x) = x 2 - x não é quase côncava, porque h(O) = h (I) = O ~ O
mas h (1/2.0 + 1/2. I) = h (1/2) = -3/4 < O.

b)Sejam f,g: 91: ~ 91 tais que f (x, y ) = Xl e g (x, y) = I. Vamos verificar que fé
quase côncava. A verificação de que gé quase côncava é análoga e fica como exercício. Sejam
ae9t, (4,Ji)'(~'Y2)e91: tais que f(x),y)=x~~aef(x2'Y2)=x~~a. Dado ae[O,I],
queremos mostrar que

f (a(x),y)+(I-a)(x 2'Y2» = f (ax) +(I-a) x 2,ay) + (I-a) Y2) = (ax) +(1-a) X2)2 ~ a.
Em primeiro lugar, se a < O então esta última desigualdade é obviamente atendida.
Suponhamos que .~O, neste caso, x) ~Ji. eX2 ~Jã (observe que x),x 2 ~O), Assim,
(Cl.\í +(I-a)A2)2 ~(a.Jã+(1-a).Jã)2 =a. Porém, h=f+g:9t: ~9t tal que h (x ,y) = f
(x, y) - g(x, y) = Xl-I não é quase côncava. De fato, dados (0,1) e (l,./2)e91:, é tãcil ver
r:: r::
que b(O, I) = b(l, ,,2) = -1. Vamos mostrar que h ("21 (0,1) + "21 (1, ,,2»
11..fi
= b ("2' "2 + 2")
< -1.

. 11..fi I r;;
Com efeito b(- -+-)=--(1+,,2). Como
, 2'2 2 2
1+J2 >2~! (1+J2» 1~-!(1+J2) <-I provando assim o que afirmamos.
2 2
Observação.: O leitor deve estar se perguntando como encontramos estes vetores para
determinar a não quase concavidade de b. Sugerimos que o leitor analise as curvas de nível da
função b. Por exemplo, em nosso caso, tomamos os pontos sobre a curva de nível b (x, y) = -1
( que é uma hipérbole) e observamos que segmento que liga estes pontos não está contido no
conjunto h (x, y) s-1.

9) Prove que a qualquer interseção de conjuntos convexos é um conjunto convexo.

39
Demonstração: Seja {CÂ.}Â.eI uma família de conjuntos convexos de 9t 0 , onde I é um conjunto
de índices arbitrários (podendo ser, por exemplo, 1= {1,2,3}, 1= Q (conjunto dos racionais)
n
1= 9t, 1= [1,2], etc.), isto é, CÀ é convexo para cada à el. Dados x,y e CÂ.,a e[O, I], tem-
Â.eI
se que x,yel:;. para todo Â. eI. Como todo C). é convexo ax+(I-a)y eCÂ.' 'VÃ el, isto é,
n
ax + (1- a) ye l:;., provando assim que
Â.EI
n
l:;., é convexo.
Â.EI

10) Seja f: D~ 9t, Dc9t D convexo. Seja E = {(x, t) e9t°+ I;x eD, t e9t e f(x) ~ t}, (este
conjunto é chamado de o epígrafo de f). Prove que uma condição necessária e suficiente para
que fseja côncava é que E seja convexo.

Demonstração: Suponha que f seja côncava. Dados (Aí, tl),(A2,~) e E e a e[O,I],


f(aAí+(I-a)A2)~af(.tí)+(I-a) f(A2)~atl+(1-a)~ visto que f é côncava e
ttAí) ~ tI e tt x2) ~ t2 · Assim (a XI + (1- a)x 2 , a tI + (1- a) t 2 ) e E e, portanto, E é convexo.
Recíprocamente, dados x l ,x 2 eDeae[0,1], t l =f(x l )et 2 =f(x 2 ), então
(xI> t l ),(X 2 , t 2 ) e E. Como por hipótese E é convexo tem-se que
f(axI +(1- a)A2) ~ a tI +(1- a)~ = a f(Aí)+(1- a) f(A2), isto é, fé côncava.

11) Utilize os exercicios anteriores para demonstrar que se fI' ... , fo são côncavas,
f= min{ 1;, ... , ~} é côncava.
Demosntração: Seja E o epígrafo de f e Ei o epígrafo de ~ para cada i = I, ... , n. Então, (x,t)
e E se, e se f (x) ~ somente t , ou seja, se e somente se mín { 1;(x), ... ,In (x)} ~ t.

Pelo exercício 8, o epígrafo de cada fi é convexo. Se conseguirmos provar que o


epígrafo de fé a interseção dos epígrafos de fi' i = I, ... ,n, então, pelo exercício 7, o epígrafo
de f será convexo e, pelo exercício 8, f será côncava. Nossa demonstração limita-se,
consequentemente, a demonstrar que o epígrafo de f é a interseção dos epígrafos de
1;, ~, ... , ~.

Agora, mín {fl(x), ... ,fo(x)} ~ t se, e somente sefi(x) ~ t para i =1, ... ,m, ou seja, e somente se
D D D
(x,t) enEj. Portanto, (x,t) eE se, e somente se (~t) e nEj' isto é, E= nEj.
~l ~I ~I

12) A envoltória convexa C (X) de um conjunto X c 9t 0 é a interseção de todos os


subconjuntos convexos de 9t D que contém X Mostre que C(X) é conjunto de todas as
combinações lineares, aI Aí + a2 A2 + ... , a pXp tais que
xl, ... ,x p eX,al +a2 + ... +a p =lecadaa j ~o para i=I,2, ... ,D.

Demonstração: Por definição q X) = n


D . Seja
Xc:D:9I·
D_

40
Queremos mostrar inicialmente que Ci c C( X). Dado D c 91 11 convexo tal que X c O,
D D

temos que se XI' ... ,Xp EX e aI' ... , a p E9t+ com La i = 1 então LaiX i EO. De fato,
i=1 i=1
façamos inicialmente p = 2. Neste caso, como XI,X 2 EO (pois X c O), a afinnaçio decorre da
convexidade de O. Por indução finita, suponhamos que esta afinnaçio vale para p -1, P E~.
p
Dados com La i =1 temos que se a p =1 então
i=1
D ~

aI = ... = a p _ I =O e neste caso Laix i = x p EO. Caso contrário, seja À = La i > O e


~I ~I
p
Então Laix i =Â.i+(l-À)x p, onde
i=1
p p
x= aI XI + ... + a _1 Xp-I EO, pois a I + ... + a _I = 1. Pela hipótese de indução, e novamente
À À À À
D

pela convexidade de O tem-se L ajXj ED. Logo, segue que CIc o, para todo O c 9t D , O
izl
convexo tal que X c O. Isto implica que CI c C (X).

Por outro lado, C1 é um conjunto convexo. Com efeito, dados

p q p
x= L ajXj , Y= LA ~e a E[O,l], onde al> ... ,ap,A, ... ,Pq E9t+'La; =1,
izl i-I j:1

q p q

Ll3i = 1,xl,···,xp, YI' ... , Yq EX, tem-se ax +(l-a)y = aLaiX i +(1-a) Ll3iYi =
i=1 i=1 i=1

p+q {a ai se 1 S i S p;
LY' Z· onde y. =
i=1 I " I (1-a)l3i-p, sep<iSp+q

Xi' se 1 S i S P
e Zi = { Yi-p, sep<iSp+q
p+q p q
É tãcil ver que Yi E9t+,Zi EX, i=I, ... ,p+q e Lrj=aLaj+(I-a)LP;=1, ou seja,
~I ~I j:1
a x +(1- a)y ECI. Além disso, X c C1 (faça p= 1 e varie .ti em X). Portanto, pela definição
de C{X) fica claro que C( X) c Ci.

13) Verifique se os conjuntos abaixo 510 convexos:

a){(x,y,Z) E9t 3 ; min{x,2y,z} ~ 7}


b){x 2
E 91 ; Ilxll>
I}

Solução:
41
a) Como fI' f2 , f3 : 91 3 -+ R definidas por fI (x,y,z) = X, fi (x, y, z) = 2Y, fi (x, y, z) = z
são côncavas então f = min {fI' f2 ' f3} também é côncava, logo quase-côncava e ,portanto,
{(x,y,z)9t 3 ; min {x,2y,z} ~ 7} = f-I ([7,00» é convexo.

b) Dados Xi =(2,0) e .t2 =(-2,0), tem-se que X I ,X2 e{x e9t 2 ; Ilxll > I} mas
~ (XI + x 2) =(0,0) ~{x e9t 2
; Ilxll > I} => {X e9t 2 ; Ilxll > I} não é convexo.

14) Dê exemplos, se for possível.

a) de uma função estritamente quase côncava e estritamente quase convexa.

b) de uma função definida num subconjunto convexo do 91 4 que seja estrtitamente quase
côncava e não seja côncava.
Solução:

a) Tome qualquer função real definida em intervalo de 91 que seja ou monótona crescente
ou monótona decrescente.

(por exemplo: f: 91 -+ R tal que f (x) = x)

b) Seja f: 91!+ -.91 tal que f(~y, 2; w) =xyzw. Seja ).,: 91++ -+ 9t!. tal que
).,( t) =(t, t, t, t) então g( t) =(f o ).,)( t) =t que é estritamente convexa, logo escolhendo dois
4

pontos ao longo do caminho Â. prova-se a não concavidade de f. Observe que a função


f:91!.-.91 tal que F(x,y,z,W)=XI\4 y l\4Z I\4 WI\4 é estritamente quase côncava e então
f = h o F é também estritamente côncava, onde h: 91++ -+ m tal que li... x) = x4 6 monóto~
crescente.

15) Uma função é dita indiretamente côncava se é transformada monótona crescente de uma
função côncava, i.e., F: C-+ 91, Cc 91- convexo, é dita indiretamente côncava se existirem
g: I -+ 91 e f: C -+ 91 com I intervalo em' 91 contendo ffC), g monótona crescente, f
côncava e F =g o f. Como já vimos toda função indiretamente côncava é quase-côncava. Um
critério bastante útil para ver se uma função é quase-côncava é o seguinte teorema (Takayma):

Teorr:ma : Seja ftx) uma função real duas vezes diferenciável em 91-. Então, 'fix~ O.

(i) Se ftx) é quase-côncava, então ~ ~ O, ~ S 0,. .• (-1)- 11" ~ O, 'fIxE9I- (BI S O sempre)

(ü) Reciprocamente, se ~ < O, ~ > O,",, ( -1)- 11" > O 'fi x E 91: então, ftx) é quase-côncava em
91-+

com

42
Dê exemplos de funções quase-côncavas. Para isto, utilize o teorema acima ou o fato
de concavidade indireta implicar em quase concavidade. Se possíve~ dê também um exemplo
de uma função quase côncava que não seja indiretamente côncava (o que destaca a importância
do Teorema acima).

Solução:

Vejamos dois exemplos:

(i) Seja F: m: ~ m tal que F(x,y)=xy. Já vimos que F não é côncava, mas se considerarmos g:
m+ ~m e f:m: ~mtais que g(t) = f e f(x,y)=X I/2 y 1l2, temos que g é monótona
crescente e f é côncava, além disso F = g o f, e pela definição acima F é indiretamente côncava
e, portanto, quase-côncava. Observe porém, que se utilizarmos o teorema não poderemos
concluir que F é quase-côncava: de fato,
fl(x,y) = y;f2 (x,y) = x;fl1 (x,y) = f22 (x,y) = O e fI2 (x,y)=1 calculando em (x,y) = (0,0)

temos B, = dei [g g] = Oe B, = dei [g y A] = Ologo tanto B, e B, não sio positivas (>O),


como necessitaríamos para utilizar o teorema. Este fato apenas corrobora a primeira parte do
teorema.

(ü) O leitor poderá verificar com facilidade a existência de várias funções indiretamente
côncavas; a pergunta relevante neste instante é se existe alguma função quase-côncava que não
seja indiretamente côncava, isto é, que não seja a transformada monótona crescente de alguma
função côncava. Esta pergunta não é fácil de ser respondida em geral e é fundamental, pois a
existência justifica a importância do teorema enunciado. Vejamos um exemplo desta situação:

Seja E=E(x,y)=
fI =1+(1+x)E-1/2;
Logo

Fazendo os cálculos obtemos:

Novamente, como em (i), não podemos concluir que f é quase-côncava. Porém


analisando as curvas de nível desta função, fica fácil concluir este resultado. De fato, para cada
c E m vamos caracterizar o conjunto N c = {( x, y) Em! ; f( x, y) = c}. Temos que

f(x,y)=c (:) x-l+ [(l-x) 2+4(x+y) ]\12 =c (:) ()2


(l-x +4(x+y ))1/2 =c+l-x

Sendo que esta última equação implica que (.) c + 1- x ~ O, ou seja, c + 1 ~ x ~ O. Logo
para c < -I, N c =;. Suponha que c ~ -1. Entio:

43
Esta última equação representa em segmento de reta com externos (O, :' + ~) e (~, o)
(observe que c + 1- ~ =~ + 1 ~ O, o que é constante com (*».
a a

Veja a figura abaixo:

1/2 c12 x

(figura 2.6)

Assim dado c ~ -I, não é dificil verificar que o conjunto {( x, y) e \R: ;f( x, y) ~ c} é
formado pelos pontos em \R: acima da reta f (x,y) = c.

Portanto f é quase-côncava em \R:


pelo teorema enunciado. Mostraremos agora que
não existe nenhuma função real estritamente crescente duas vezes diferenciável tal que
compondo com a função f resulta em uma função côncava, isto é, "f não é indiretamente
côncava". Para isto necessitamos do seguinte resultado: (Ver W. Fenche~ Convex Cones, Sets
and Functions - pg.133).

Proposição: Seja qr.D -+ \R duas vezes diferenciável quase-côncava, De 91 D convexo. Para


que possa existir uma função F ( t) estritamente crescente duas vezes diferenciável tal que
F (<p (x» é côncava, é necessário que para cada x e D fixo, a forma quadrática
L L
f/Jij (x) Yi Y j restrita ao hiperplano f/Ji (x)y i =O seja negativa semi-definida.
lSi.jSD

Seja (x,y) e D fixo. Dado (u1,ul )e9l l tal que J;(x,y)u1 +t;(x,y)~ =0 vamos
calcular L ~j(X,Y)Ui u j . Temos que L~j(X,Y)Ui = (E- _(I-X)l E- )U1
lI2 lIl l
lSi.jS2 lsi.,i$l

44
Portanto: L fjj(x,Y)UjU j = (E- V2 _(1+x)2E-3/ 2 +2(1+x)E-3/ 2(EI/2 +(1+X»-E-312 (EI/2 +
ISi.jS2

(1+X»2)U~ =0, V'(x,y) eD.

45
Exercícios propostos - Seçio 2

1) Classifique as seguintes afirmativas como verdadeiras ou falsas, provando-as se verdadeiras


e apresentando um contra-exemplo, se falsas.

a) Uma função f: D-+ ']l,D um subconjunto convexo do ']lD, é dita quase convexa se -fé
quase côncava. Pode-se dizer que f é quase convexa se, e somente se, para todo a e 91, O
conjunto {x e9t D ;f(x) s a} é convexo.

b) A transformada por uma função monótona crescente e côncava de uma função côncava
é côncava.

2) Seja I c 9t intervalo. Mostre que uma função f: 1-+ 9t é côncava se, e somente se
'v'a,b,x,eI,a<x<b tem-se f(x)~f(a)+ f(b)-f(a) (x-a)
b-a

Enuncie e prove resultados análogos para funções convexas, estritamente côncavas e


estritamente convexas.

3) Seja f: O -+ 9t,DC9t D convexo. Para que f seja côncava é necessário e suficiente que para
cada p eN,a" ... ,a p e9t+ tais que aI + ... +a p = 1 e
x" ... ,x p eD, f(a,x, ... +a p xp)~al f(x,)+ ... +a p f (x p)' Prove este resu1tado.

4) Prove que se fé estritamente quase côncava e homogênea de grau r, O < r < 1, então f é
estritamente côncava.

5) Mostre que se f: I c 9t -+ 9t é côncava co~ua e invertíve~ I intervalo então a inversa é


convexa.

46
J) DIFERENCIABILIDADE E REGRA DA CADEIA

Iniciamos esta seção com uma breve revisão dos conceitos de conjunto aberto e limite
de funções anteriormente apresentadas.
D
Diz-se que X c 9t é um conjunto aberto se para todo x e X existe um número real r
> O tal que o conjunto (chamado bola aberta de centro em x e raio r) B (x, r) =
D
{y e 9t Ily - xii < r} está contido em X. Intuitivamente, diz-se que X é aberto se dado um
;

ponto seu qualquer x, existe uma "margem de segurança" tal que possamos nos deslocar em
qualquer direção (desde que de uma distância suficientemente pequena) a partir do ponto x e
continuar no conjunto X. Esta idéia vale por exemplo para o intervalo (0,1), mas não para o
intervalo [0,1]. Se estamos no ponto 1 e nos movemos para a direita na reta real, sairemos do
conjunto, por menor que seja a distância percorrida.

Dado X c 9t e a um ponto de acumulação de X, seja f:X ~ 9t uma função. Diz-se


D

que lim f(x) = L (lê-se limite de f (x) quando x tende a a é igual a L) quando
x ......
'v'E>O, 3ô>0 tal que O<llx-all<ô => If(x) - L!<E, ou seja, se conseguirmos fazer com que
f(x) se tome tão próxima de L quanto se quer, desde que o ponto x no domínio da função seja
tomado tão próximo de a quanto se deve.Uma coisa importante a se observar é que o valor que
a função assume no ponto 'iJ é irrelevante para a definição de limite. De fato, f pode até nem
estar definida neste ponto. O limite de uma função, quando existe, é sempre único.

Derivadas

Dada uma função f:D ~ 9t, D um subconjunto aberto do 9t D , a eD e v e9t D , seja o


quociente q(t) = f(a + tv! - f(a) definido para t :t: O. Se existe o limite de q (t) quando t tende
.
a zero, chamamos este limite L de derivada direcional de f no ponto a e na direção v. Como
casos particulares, L é dito a i - ésima derivada parcial de f se v = ej (e j = i -ésimo vetor
unitário do R D ). No caso em que De 9t e y= 1, dá-se a L o nome derivada de fno ponto a.
Assim,

L ~ ôf (a) = lim f(a+tv)-f(a)~


ôv t-+O t

é derivada direcional de f no ponto a na direção v, no caso geral em que v E 9t D ;

L ~ ôf (a)=lim f(a+teJ-f(a)~
ÔX.I t-+O t

derivada parcial de f no ponto a, no caso particular em que v = ej e,

47
L=f'(a)=ÜDl f(a+t)-f(a)~
t~ t

derivada de f no ponto a no caso particular em que D c 9t e v = 1.

Diferenciabilidade

Dada uma função f: D -+- 9t, D um conjunto aberto do 9t diz-se que f é diferenciável
D
,

no ponto x*e D se para todo h = (h l ,h 2 , ••• ,h D ) tal que x* + h e D, existem as derivadas


parciais de f no ponto x* e tem-se
D ar
f(x*+h) = f(x*) + L - (x*) hi +r (h) com (3.1)
i=\ ôx i
(3.2)

No termo ii=1 ar (x*) hi , ar (x*) representa a i-ésima derivada parcial da função f


ôx i ôx i
calculada no ponto x*, e o termo hi a i-ésima coordenada do vetor h.

É importante observar que a expressão (3.1) pode sempre ser escrita, servindo apenas
para definir r (h). A chave para a questão de diferenciabilidade é a verificação de (3.2).
Intuitivamente, a expressão (3.2) nos informa que, na medida em que h se aproxima de zero, o
resto r (h) se aproxima de zero ainda "mais rapidamente". Formalmente, diz-se que r (h) é um
infinitésimo de ordem superior a h.

Quando a função é diferenciável e tomamos valores bem pequenos de h, a aproximação


do valor da função no ponto f (x* + h) se dá de forma bastante boa (o sentido preciso desta
qualificação é dado por (3.2» quando se toma o hiperplano tangente ao gráfico de f no ponto
(x*,f (x*». De fato, a equação deste hiperplano tangente é dada por:

Dôf
L(x*+h) = f(x*) + L -(x*) hi (3.3)
i=1 ÔXi

e o valor da função t: no ponto x* + h, é dado por:

Dar
f(x*+h)=f(X*)+L -(x*). hi+r(h) (equação (3.2»
i=1 ôx i
De (3.2) e (3.3) obtém-se
48
f (x *+h) = L (x*+h)+r (h)

Para valores suficientemente pequenos de h, r (h) tende a zero, pois ~ í~) = O


implica lim r(h) = O. Costuma-se escrever, neste caso
h-+O

f (x *+h) == L (x*+h), (3.4)

o sinal == denotando "aproximadamente igual ".

A expressão (3.4) traduz-se dizendo que o valor da função diferenciável f numa


vizinhança do ponto ~ pode ser razoavelmente aproximado pelo hiperplano tangente ao
gráfico de fno ponto (x*, f (x*».

A titulo de exemplo, suponha f: D -+ m, D em, uma função definida por f (x) = x2.
2
Dado Xl um ponto específico da reta real e h E m, f (Xl + h) = (XI + h)2 = Xl + h2 + 2 hx l

f(x l ) = x:
f'(x l ) =2 Xl

Por (3.1),

Donde se conclui imediatamente que a condição de diferenciabilidade é satisfeita, pois

Segue que f(x) =x2 é uma função diferenciável em qualquer ponto de seu domínio.
Neste caso, diz-se simplesmente que f:D -+ m, f(x) =x2 é uma função diferenciável (não
havendo necessidade de especificar em que pontos do domínio isto ocorre). Segundo a idéia
intuitiva apresentada, isto significa que a função f(x) = x2 pode ser razoavelmente aproximada
pelo hiperplano tangente (no caso, uma reta) em qualquer ponto de seu domínio. Tomemos
Aí = 2 e vejamos o que isto sifinifica. Por (3.1), a equação do hiperplano tangente é dada por

ou seja, para Aí = 2,

L(2+h)=4+4.h

49
Tomemos h = 1. Sabemos que f(x I + h) = f(3) = 9. Na aproximação pelo hiperplano
tangente, teremos L (3) = 8. O erro resultante (9-8) é resultado da não linearidade da função
f, a qual estamos tentando aproximar por uma função linear (L). O gráfico abaixo permite a
visualização da aproximação efetuada.

9 ---------- 1- } f(3)-L(3)
8 --------- I
--

1 2 3 x

(figura 3.1)

A diferenciabilidade de f não nos garante que o erro seja pequeno ou grande (o que
depende do valor de b), mas apenas que ele tende a zero quando h tende a zero. Isto decorre
do fato de

1im r(h) = 1im r(h) . h=O


h
h--+O h--+O

No exemplo efetuado, se tomarmos h=O,l, teremos f(2,1)=4,41 e L(2,1) =4,40.


Observe que o erro da aproximação linear fica bem reduzido (no caso, apenas 0,01) na medida
em b decresce (isto era de se esperar, pois já verificamos que r(h) = h2 ).

50
A F6rmula de Taylor com resto de Lagrange.

Seja f: [a, b] -+ 9t uma função com primeira derivada contínua em [a, b] e que apresente
derivada de segunda ordem em qualquer ponto do segmento (a,b). Então existe a e(O,I), tal
que

f(a+h) = f(a)+f'(a+a h).h (3.4)

ou ainda, existe a' e (O, 1), satisfazendo

2
f(a + h) =f(a) +f'(a). h + f"(a+a'h). h (3.5)
2

As expressões (3.4) e (3.5) correspondem à casos particulares da fórmula de Taylor


com resto de Lagrange. A primeira (3.4) utiliza um polinômio de Taylor de grau zero em h
(f (a» e o resto é dado por f'(a+ah).h. Ela equivale ao teorema do valor médio para
funções reais de variável real, sendo a sua intuição gráfica apresentada a seguir:

fez:,

f(1) + f'(a + cz.h).h

f(.+b)

f(1)

(figura 3.2)

Escolhendo-se a de tal modo que f'(a+a h) = (f(a+ h)- f(a»/h obtém-se (3.4).

A expressão (3.5) representa uma aproximação da função no ponto a + h utilizando


agora um polinômio de Taylor de grau ~ 1 em h (o polinômio será de grau zero quando

SI
f'(a)=O e de grau 1 quando F(a) *' O). O resto de Lagrange neste caso é dado por
h2f"(a+a' h)/2.

A transposição de (3.4) e (3.5) para o caso de funções definidas no mil é imediata.


Seja f:D ~ 91,D um conjunto aberto do 91 n e x eD. Tomemos h tal que o segmento
[x, x + h] c D. Neste caso, se f é duas vezes diferenciável no segmento aberto (x,x+h),
pode-se garantir a existência de a e (O, 1) tal que:

n
ôf
f(x+h)=f(x)+ L ôX i
(x+ah)h i (3.4')
i=1

ou ainda, no caso em que se permite que o polinômio de Taylor tenha um grau S 1 nas
coordenadas de h,

li iJf 1 li g2f
f(x+h)=f(x)+L -(x).h;+- L (x+a!h).h;hj (3.5')
;=1 iJx; 2 ;,j=1 iJx;iJx j

onde a' e (0,1).

As aplicações e exercícios relativos à fórmula de Taylor, da forma como aqui


apresentada, surgirão no desenvolvimento das seções seguintes. A titulo de exemplo veja o
caso abaixo:

Exemplo: Vamos decorrer agora um modelo em economia sob incerteza bem simples.
Suponhamos que o conjunto n = {1,2, ... ,S} representa "os estados da natureza "e para
cada i en seja Pi a probabilidade de ocorrência do estado i. Mais precisamente,
s
Pi ~ O, 'Vi e n e L Pi = 1. Uma variável aleatória x é simplesmente uma função
i=1
x: n~91.

Dada uma variável aleatório x definimos a esperança (ou média) de x por


s
Ex =
-
L
i-I
Pi x(i) e a variância de x por a 2(x) = Ex 2 - (Ex)2.
- - - - -

Em nosso caso específico uma variável aleatória representa a quantidade de um


determinado bem em cada estado da natureza, isto é, xCi) siguinifica a quantidade de um
certo bem da economia no estado da natureza i.

Para fixarmos idéia cada valor de 91+ será a quantidade do único bem da economia
(por exemplo, a moeda). Seja um indivíduo nesta economia com função utilidade
u: 91 + ~ 91 de classe C2 tal que u' > O eu" < O. Assim u é estritamente côncava e

52
estritamente crescente. Seja x: O ~ 9t+ uma variável aleatória, definimos a utilidade
s
esperada de x por U(x) =
- -
L
i=\
PiU (xJ =Eu(x) onde Xi
-
=x(i), 'ti eO.

A concavidade da função utilidade está relacionada com o conceito de aversão ao


risco. Observe que pela concavidade de u, U(x) < u(Ex).

Assim se ~ representa uma loteria que paga ~(i) para o indivíduo no estado i então
a utilidade de jogar a loteria ( utilidade esperada) é menor que a utilidade do valor médio
proporcionado pela loteria, ou seja, o individuo prefere receber o valor médio
proporcionado pela loteria do que arriscar a jogar a loteria.

Podemos ainda definir um conceito de medida de aversão ao risco. Seja X=x + E


uma variável aleatória com média x e variância 0 2 • Definimos o prêmio de risco no nível
- -
de requeza x, p (x, ~), é o montante máximo que o agente esta disposto a pagar para ter o
retomo certo ao invés do retomo esperado da loteria, Le.,

Eu(x) = E u(x+s) = u(x -p(x,s»


- -

Suponha que a variável aleatória E é suficientemente pequena. Para qualquer valor


~ de ~, pela fórmula de Taylor de segunda ordem temos

2
u(x +s) = u(x)+s u'(x)+!... u"(x)+ r(s)
2

onde lim r(t)


t-+O e =o.
2
Assim Eu(x+s)!tIu(x)+~u"(x) (pois E E = O), onde ltI significa
- - 2
"aproximadamente igual". Por outro lado

u (x -p(x,s»!tI u(x) - p(X,8) u'(x)


- -
poIS x, E,~'e pequeno uma vez que
. Á- E e, pequeno, portanto p(-
X,8 ) =-
-1 2 U"(x)
o -(_) .
- - - 2 u' X

O coeficiente de aversão absoluta ao risco no nível x é por definição


r. (x) = - u"( x) / u'( x), e portanto é duas vezes o prêmio de risco por unidade de variância
para risco pequeno.

Se, ao invés de risco aditivo, considerarmos risco proporcional X=x(l +8),


podemos definir o prêmio de risco relativo p(x, 8) por

E u(x(l +8» = u (x(l-p (X,8»


- -
53
Pela definição de p temos:
E u(x,e) = E u(x+xe) = u(x- p(x,xe)
- - -

Logo,

_A(_) ( __ ) -1_2 2 u"(x)


xp X,& =p X,X& =-x a -(_)'
- - 2 u' x
ou
-1 2 u"(x)
p(x,&)=-a x-(_)
- 2 u' x

Definindo o coeficiente de aversão relativa ao risco no nível de requeza


x por rr (x) =-x u "(~)) temos que este coeficiente é duas vezes o prêmio de risco
u' x
relativo por unidade de variância por risco proporcional.

Regra da Cadeia

Sejam f e g duas funções diferenciáveis, com


f:D -+ 91 P (f =(fl ,f2 , ... ,fp »,g: V -+ 91, com U-=> f(D), sendo D e V dois conjuntos
abertos respectivamente do 9I e 91 p. Então a função composta gof: D -+ 91 é
1J

diferenciável, tendo-se, para todo a E D e b = f( a)

ôgof (a) =
ôx.I
t
.I
F
-
ôg
ÔYj
ôf.
(b)_J (a), i = 1,2, ... ,n
ôx j

No caso particular em que D c 91, temos, para t E D,

dgof (t)=
dt
t
j=1

Vma aplicação importante deste resultado se dará ainda nesta seção quando for feita
a demonstração de que o gradiente de uma função calculado no ponto a de seu domínio é
ortogonal à superficie de nível da função neste ponto.

54
Vejamos agora uma aplicação no (cálculo). Seja
f(t) = (fI (t), f2 (t» = (e ,2e) e g (X I,X 2 ) = XI x2 . Uma forma direta de se calcular ~(gof)
dt
r 4
consiste em se fazer gof (t) = 2 e derivar, obtendo-se (gof)' (t) = 10 t . A outra, que
utiliza a regra da cadeia, se dá lembrando-se que, pela segunda fónnula acima,

_d. :,:(g,--of..:,. ) =_õ_g _dfl + _õg_. _df_2


dt õ XI dt õx 2 dt

Gradiente e Diferencial

Dada uma função diferenciável f:D-+ 91, com D um conjunto aberto do 91 11,
denomina-se gradiente de lcalculado no ponto a eD (grad f(a» o vetor das derivadas
parciais calculadas no ponto a:

81 81 81,
grad I(a) = (8A; (a), ÜA2 (a), ... , ~ (a» .

A transfonnaçio linear que associa cada vetor v do 91 11 os número real


(grad f{a), v) dá -se o nome de diferencial de fno ponto a (dif f (a».

dif I(a) . v =< grad I(a), v >= ! (a)

Usualmente, escreve-se também

D 81
dil (/(a» =~ ~ (a). dx;

55
para designar o funcional linear dif f (a) expresso em função dos n funcionais lineares
D
,
D
dx I ,dx 2 , ••. ,dx ondedx j :9t -.+9t é tal que

o vetor grad f (a), quando diferente de zero, apresenta algumas propriedades


importantes relacionadas ao comportamento da função f no ponto a. dadas por:

1) O gradiente de f num ponto sempre aponta uma direção (no domínio da função) em que
a função f é crescente. Além disso, esta direção é a direção de crescimento máximo da
função f

2) O gradiente de f no ponto a é perpendicular à superficie de nível da função que passa


pelo ponto a.

Vejamos como demonstrar cada uma dessas propriedades. Se tomamos a derivada


direcional de f no ponto a na direção do vetor grad f (a) e 9l {O} teremos:
D
-

(a) =< grad f(a),grad f(a) >= l\grad f(a)1I > O


2
ôf
õgrad f (a)

o que prova que a função fsempre cresce na direção v = grad f (a).

Para mostrarmos que esta direção é a direção de crescimento máximo de f no ponto


a, tomemos v tal que IIvll = IIsrad
f(a)lI. Isso é necessário para fins de comparação, devido
ao &to que ~ (a) =t ôf (a), ou seja, devido ao fato da derivada direcional
ôvôf (a) ser
~tv) ôv
afetada pela norma do vetor v. Assim, para caracterizarmos crescimento máximo de 1:
devemos tomar a precaução de compararmos derivadas direcionais determinadas por
vetores de mesma norma. Fazendo 1~=lpd f(.>1 e aplicando a desigualdade de Cauchy-
Schwarz (ver exercício resolvido na Seção 2), concluímos que a direção do gradiente
representa a direção de crescimento máximo da função:

! 2
(a) =< graf f(a), v) >S l\grad f (a)1I Ilvll = IIgrad f(a)1I = Ogr:: f(a) (a)

S6
Para provannos a propriedade (2), precisamos inicialmente esclarecer o que é uma
superficie de nível de f que passa pelo ponto a e o que significa ser perpendicular a esta
superficie.

Uma superfície de nível da função f é o conjunto de pontos x no domínio da função


tal que a imagem destes pontos pela função f apresenta um valor constante. I Por exemplo,
na função f: 9t 2 ~ 9t, f (Xl' X 2 ) =Xl + X 2 , as superficies de nível são retas de coeficiente
angular -I. De fato, fazendo-se Xl + x 2 =c, temos X 2 =c - Xl. Em particular, para c=O,
temos a superfície de nível f-I (O) ={(Xl> X 2 ) e 9t 2 ; Xl + X 2 =O}. Se representarmos o
gradiente de f (que no caso, assume o valor (I, I) em qualquer ponto do domínio) e a
superfície de nível de f no 9t 2 veremos que ambos são realmente perpendiculares.

(figura 3.3)

Quando a curva de nível da função f não for linear como no caso acima apresentado,
precisamos definir mais precisamente o que significa dizer que o gradiente de f é
perpendicular a tal superficie de nível. Para isto, seja a função diferenciável no ponto zero
g: (- &, &) ~ D definida de tal forma que

fog (t) =c, 'Vt e( -E,E) e g (O) =a (3.6)

IA rigor, este conjunto será uma superficie quando o gradiente de [calculado em cada um de seus pontos for
diferente de zero.

57
Esta função em g é tal que para cada valor de t a imagem g(t) mantém-se sobre a
superficie de nível c de f Derivando-se (3.6) com relação a t no ponto t = O obtém-se,
utilizando-se a regra da cadeia:

< grad f(a),g' (O) >= O (3.7)

onde g'(O), a derivada da função g no ponto t = O, é chamada vetor velocidade de g no


ponto a. É neste sentido que o vetor gradiente de f calculado no ponto a se diz, no caso
geral, perpendicular à superficie de nível de f em a. Ele é perpendicular ao vetor velocidade
de qualquer função diferenciável (no ponto zero) g definida num subconjunto (-8, 8) dos
reais e com valores em mn ,que satisfaça à condição g(O) = a e fog ( t ) = c para todo t E
(-8,8).

Para exemplificar, tomemos agora a função f:D --+ m, De m:. definida por:

A superficie de nível f-\(1) é dada pelo conjunto {(x\,x2 ) Em:+; x\x2 = I}. O
gradiente de fno ponto (1,1) é igual a (.\2, Aí) =(1,1), como se mostra no gráfico a seguir:

(figura 3.4)

Seja agora a função g: m-+ mda por g ( t ) = (1 + ~ 1/(1 + t». É claro que g (O)
= (1,1), e que fog ( t ) = 1. O vetor velocidade de g calculado no ponto t = O é dado por g
(O) = (1, -1), que é obviamente perpendicular ao vetor grad f(I,I) (o produto interno dos
-}»
dois é igual a «1,1) ,(1, = O. É neste sentido que se diz que grad f (a) é perpendicular à
superficie de nível de f no ponto a.

58
Exercícios resolvidos - Seção 3.

1) Sejam Uc91 aberto tal que se x EU et > O => tx EU e k E9t Uma função F: U -+ ~
D

diz-se positivamente homogênea de grau k quando F(tx) = tkF(x) 'Vx EU e t > O. Prove
que, se F é diferenciável, então F é positivamente homogênea de grau k se, e somente se,
vale a relação de Euler: < grad F(x),x > = kF(x).

Demonstrél@o: Suponha que F seja positivamente homogênea de grau k. Seja XEU (fixo)
e defina g:~++ -+U tal que g(f) = tx. Temos que Fog (t) = p{tx) = rXF(x)'Vt>O.
Derivando-se esta expressão em relação a t e usando a regra da cadeia temos

difF(g(t». g'(t) = kt k-1 F(x)

Fazendo t = 1, tem-se finalmente que

<gradF(x),x> = kF(x)

Reciprocamente, se F é tal que a relação de Euler é verdadeira 'Vx EU, vamos


mostrar que F é homogênea de grau k. De fato, defina g: ~++ -+ ~ tal que
g( t) = F( tx) / t ic , x EU (fixo) . Vamos calcular a derivada desta função:

k1
g'(t) = tkdifF(tx).x - ktk-1F(tx) => g'(t) = t - [difF(tx). tx- k F(tx)]
2k 2k
t 't

Aplicando-se a relação de Euler para o ponto Ix E U e substituindo-se na última


expressão, segue que:

Como 91_ é conexo temos que g é uma função constante, mas g(1) = F(x),
portanto g(t)=F(x), 'Vt E~++. Donde F(tx)=tkF(x), 'Vt E~++ e como xé arbitrário
segue-se o resultado.•

59
2) Utilize o resultado do exercício anterior e a homogeneidade de grau zero em (p, R) da

demanda Marshalliana para demonstrar que ~ n·· + E =


~IJ
° onde
Ir'
nIJ.. lXti ~
= ôp
j qi
e

~
rl-.. _R
__
""'1_1
"iR -
aR qi

qi = demanda pelo bem i, p é o vetor de preços de venda do consumidor.

Solução: Como, para cada i, qi = qi (p, R) é homogênea de grau zero em (p,R), tem-se
°
diretamente pela fórmula de Euler que < grad q i(p, R), (p, R) > = o que implica que

~ lXti p.+lXti .R=O


~ôp JaR '
J J

Dividindo-se esta última expressão por qi, tem-se:

3) Estude a diferenciabilidade das seguintes funções:

2 1
2 {(X + y2 )sen 2 2' se (x,y) *(0,0)
a) f: 9t -+ 9t tal que f(x,y) = x +y
° .se (x,y) =(0,0)

c) f: 9t 2 -+ 9t tal que f(x,y) = {X2:y2'se (x,y) * (0,0)


° ,se (x,y)=(O,O)

Solução: Alguns teoremas a respeito de funções diferenciáveis são fundamentais para


resolução de exercícios como este. Vejamos alguns deles:

i) Se f: U c 9t n -+ 9t, U aberto, é diferenciavel em a E U então f é continua em a:

60
ü) Seja f: U c m n ~ m, U aberto. Então, se f é de classeC isto é, as derivadas parciais
a:
ôf U c mD
x j
ófl ~m · - fun çoes
ófl exIstem e sao
- '
contmuas para J.= 1, ... , n,a funçao ...I:~
- f'e uuerenClave
•• I

emU.

iii) Sejam f,g:U cm D


~ mfunções diferenciáveis em a, e a Em. Então

a) a f + g é diferenciável em a

b) f + g é diferenciável em a

c) Yf é diferenciável em a, desde que f(a) *0.

iv) Seja f: U c mn a m, U aberto, diferenciável em a. Então


Vv Em n -{O}, õf (a)=A.v, ondeA:m n ~m é uma transformação linear, isto é, as
õv
derivadas direcionais dependem linearmente das direções, ou ainda,

õf õf õf õf õf
õ (a) =-(a)+-(a) e -(a) =t-(a), 'ri V, WEm D -{O}e 'ri tE m-{O}.
(v+ ~ õv ÕW õtv õv

(para maiores detalhes veja as referências bibliográficas Lima(1976) e Rudin (... )

Vamos resolver o exercícío:

Em primeiro lugar observe que as três funções neste exercício são diferenciáveis
para todo (x,.n e 91 2 -{(O,O)}. Com efeito, para estes pontos as funções são simplesmente
somas, produtos e quocientes das funções 1tx, 1ty:m 2 ~ m tais que
1rx< X, ~ =x e 1ry( X, ~ =y. Aplica-se então (üi) (visto que o denominador destas funções
nos pontos de 91 2 -{(O,O)} não é nulo). Basta então verificar a diferenciabilidade destas
funções em (0,0). Vamos estudar cada caso.

a) Vamos calcular as derivadas parciais de f em (0,0).

ôf(O,O)=lim f(O+t,O)- f(O,O) =0.


ôx 1-+0 t

õf
Analogamente -(0,0) = o.
õy
61
{
2Xsen(~ + ;)-1-2x(~ + ;)-1 cos(~ + ;)-1, se(x,y) ~ (0,0)
Assim ~~ (x, y) =
O , se(x,y) =(0,0)
e

Como lim xsen(r + Ir l =O e (Z,~o,O) x(r + Ir! cos(r + Ir! não existem
(z,y)--+(O,O)

(verifique!) segue-se que

~~ não é continua em (0,0). Portanto f não é de classe c. Por outro lado


8f
podemos escrever f(x,.n= f(O,O) + 8f(0,0) x+ (0,0)Y+r(x,.n=r(x,.n com
8x 8y

r(x,y)
lim ~~=
( z,,n-.{O,O) 11(x,y)11

pois ·Isen(~ + ;)1 =:;; 1. Isto prova que fé diferenciável em (0,0).

b) O leitor pode verificar que fé continua em O,pois

x~Oey~O

e, logo, lim f( x, y) = o. O leitor poderá observar também que ~ f (O) depende


(x,y)--+(O.O) v v
linearmente de v. Mas fnão é diferenciável. De fato, considere i..: (-s,s) -+ 9t 2 tal que

 (t) ={(t, e sen Yt), se t ~ O


(0,0), set-O

62
É fácil ver que Â. é diferenciável em O (para funções definidas na reta,
diferenciabilidade é equivalente à derivabilidade). Pela regra da cadeia se f fosse
diferenciável em (0,0), deveriamos ter f o Â. diferenciável em O. Mas

(foÂ.)' (0)= lim (foÂ.)(t)-(foÂ.)(O) =


t-+O t

e este último limite não existe, pOiS se tomarmos as seqüências de pontos x n e Yn'
respectivamente como:

(/1/)
n 1f lIeN
e (2/1l(l+4n»IIEN

temos que

sen1/
lim x n = 1im Yn = O, --,-/~YY~n,. - 11 'v' n E~,
n~ao D-+Q) 1+sen 2 1/ - 72'
/Yn

mostrando que o limite acima não existe.

c) O leitor pode verificar da mesma forma que fizemos o item (a) que ~: (0,0) = ~; (0,0) = o
e novamente neste caso r (x,y) = f(x,y) e então

r(x,y) _
lim lim
(z,y)-+(O,O) 11(x,y)II- (z,y)-+(O,O)

pOIS r:
~ .Y 1$ 1 e r:.Y I$I, \I(x,,n e9l' - {(O,O)}. Prova-se assam que f é

diferenciável em (0,0).

63
4) Mostre que se f: Ue 9t D
~ 9t, é tal que U é aberto e ~ (a) existe para algum
_ ôl ôl
ve9t D - {O}, com a eU entao--(a) = t-(a), t* O.
ô(tV) ôv

Solução: Vamos aplicar a definição de derivada direcional

~(a) =lim f(a+h(tv»-f(a) =limt f(a+(ht)v)-f(a) =tlim f(a+(ht)v)-f(a) =t iJf (a)


ô(tv) b ....O h b....o ht bHO ht ôv

5) Sejam I, g. U e 9t D ~ 9t funções côncavas definidas no aberto convexo U.


Suponhamos que l(x)5.g(x), VxeU e que fé diferenciável em Xo com f(xo)=g(xo).
Mostre que nestas condições gé diferenciável em Xo e dil g(xo) = dill(xo)'

Demonstração: Provaremos primeiro para n = 1. Este resultado é bem intuitivo como


mostra a figura abaixo:

---g
f

I
. I
I

(figura 3.5)

Em primeiro lugar,

I( ~ + h) - I( ~) - r (A{,)h 5. =g(..;....~-=-+_b-'-)_-.::;...g(.;.....;~:..;;..)_- _r. (. .~~)h


h h

64
tal que Xo + h e U, visto que f(Xo + h) s. g(Xo + h) e f(.1ó) = g(.1ó). Suponhamos por

absurdo que a = g( Xo + h) - g( xo) > fi (x o) para algum h e 9t H tal que Xo + h e U.


h

Então, pela definição de f'(x o)' existe


f(x) - f(x o) .
x eU,x<xo talque <a,l.e., f(x»f(xo)+a(x-x o) De fato, caso
x-xo
contrário f( x) - f( Xo) ~a Vx e U, x < Xo. Passando ao limite quando x ~ Xo teríamos
x-Xo

fi (x o) ~ a, o que é uma contradição com a hipótese.

Portanto,g(x) ~ f(x) > g(xo) +a(x -xo) para algum xe U, x< Xo, isto é,

Como h+(.1ó - x) > 0, fazendo-se  = h/ (h+ Xo - x) tem-se 0<  < 1 e

Ã.g(x) > (À-I) g(x o + h)+ g(xo) ~ Àg(x) +(1- À)g(x o + h) > g(x o). Pela concavidade
deg temos:

g(Xo) = g(Âx+(l-Â) (AO + h» ~ Âg(x)+(l-Â) g(AO +h) > g(AO)

o que é absurdo. Assim g(xo +h)-g(xo) s r(x o), 'v'h e9t_ com Xo +h eU. Portanto
h

com Xo + h eU. Passando-se ao limite quando h ~ 0+ tem-se g: (xo) = fi (xo). Tomando


-h e9t++, podemos provar (apenas invertendo todas as desigualdade acima) que
K-(AO) = r(AO)· Portanto fl(x o) = gl(X O)·

o caso geral decorre deste. Com efeito, seja h e 9t D - {O} tal que AO + h e U e
considere a:(-e,l]~U tal que &>0 com xo-eheU e a(t)=xo+th. Logo

65
foa, goa: (-E, 1] -+ 9t são côncavas tais que
(f oa) (O) = (goa) (O),(goa) (t) ~ (f oa) (t), \1't e( -E, 1] e f oa é diferenciável em O.

Por (*) temos que

(f oa) (1) - (f oa) (O) - (f oa)'(O) ~ (goa) (1) - (goa) (O) - (f oa)'(O) ~ O

Pela regra da cadeia temos (f oa)' (O) = diff(a(O». a'(O) = diff(x o)' h.

Assim

f(x o + h) - f(xo) - dif f(xo)h ~ g(x o + h) - g(xo) - dif f(xo).h ~ O

Dividindo os membros da desigualdade por Ilhll e fazendo Ilhll tender a O, tem-se o


resultado pela definição de diferenciabilidade.

6)Dadas as expressões:

R 2
s= l--s (1) e
r

s(r) = rm(r) (2)

Seja ro tal que s( ro) = so, m( ro) = mo e So = romo' Mostre que, para pequenos valores de 50,
pode-se aproximar k e s( r) por, respectivamente,

(3) e

(4)

Solução: a) Substituindo-se (2) em (1) no pont,o r = ro'

Como se supõe 50 = romo pequeno,

Daí,

b) Seja v =S2. A expansão de Taylor de primeira ordem em tomo de r = ro nos dá


v(r) = v(O) + v'(ro).(r - ro) (5)

onde v'(r) = 2ss'(r) (6)

e s'(r) obtém-se por derivação implícita de (1). Temos

66
k k
s'(r) = Z-s(r)2 --.2s(r).s'(r)
r r

h
s'(r) = (r + 2ks(r»r .s(r)2

No ponto r = ro, temos


m
s'(r) = o
moro +2

Substituindo-se em (6), no ponto r = ro

2m r.m
v'(r) = o o o ~ m~ro
moro +2

já que moro =So ~ O. Segue de (5), como v(O) =50 ~ O, que

Como v = S2, temos, finalmente,

67
Exercícios propostos - seção 3
1) Analise a diferenciabilidade das funções abaixo:

a) f: 9t
2
~ 9t tal que f(x,y) =
{~xyy
+
,se (x,y)*(O,O)

° ,se(x,y)=(O,O)

b)f:9t2~9t talque f(X,y)={~:y,se (x,y)*(O,O)


° ,se(x,y)=(O,O)

c) f:9t 2 ~9t tal que f(x,y)={~:í ,se (x,y)*(0,0)


° , se (x,y) =(0,0)

d) f: 9t 2 ~ 9t tal que f( x, y) = min{ x, J1

2) Calcule a diferencial das seguintes funções:

a)f(x,y)=x 3 y em9t 2 b)f(x,y)=~+VYem{(x,Y)E9t2~x>0 e y*O}

a) Dê um exemplo de uma curva r(t), definida em (-e,e) e diferenciável em 0, cuja imagem


esteja contida na superficie de nível f( x, y, z) =1

b) Verifique que < grad f(y (t», y'(t) >= ° e dê a interpretação geométrica

4) Calcule dzldt, onde:

a) z=sen xy, x= 3t e y= t.
b) z= ~ +21, x= sent e y= cost.
e) z= ln(l +.; + j), x= cost e y= sen t.

5) Seja f(x, y) = xl: y se (x,y) * (0,0) e f(O,O) = O. Mostre que

lJf 1
iJu (O, O) *< gradf(O, O), u >, onde u =.J2 (1,1).

Explique (veja exercício 1, item (b».

68
4) Formas Quadráticas Definidas e Semi-Definidas

Iniciamos esta seção com o

Teorema 4.1 (Schwarz) : Seja f: D~~, De ~D, uma função duas vezes diferenciável no
ponto x E D. Para quaisquer Os; i s; D, OS; j S; D têm-se:

Detenhamo-nos agora na expressão apresentada no último termo do segundo membro da


II d-f
n
equação (3.5'), f(x+ h) =f(x)+ L-(x).hj +t
j=! &j
Ln

j,j=! &j&j
(x+ ah)hjh j

Dado h E ~D e x E D, façamos

onde x* = x + a.h representa o ponto onde são calculadas as derivadas parciais de segunda
ordem iff , (i,j = 1, 2, .. ,n). Expandindo este termo para n = 2, temos (omitindo-se na
&jÔX j
notação o ponto x"'):

que, em virtude de teorema de Schwarz (cujas hipóteses implicitamente assumimos) pode ser
escrito sob a forma:

Observe-se que, matricialmente, pode-se ainda escrever

69
ou ainda, dado o pontox* eparah=(~,~)' e
?f ?f
H(f,x*)=
ÔXtÔAí

S (h) = h'H (f,x*)h, onde h' representa a forma transposta do vetor h.

A matriz H(f,x*) é denominada matriz hessiana da função fno ponto x*. Uma vez

"forma hessiana da função r,


estipulada a função fe o ponto x* E D, a função quadrática 9..,h) definida no 9l D (denominada
associa a cada direção h no 9l D o número real h' H...f, x4l) h.
Uma vez fixado o ponto x* E D, é muito importante saber se pode garantir alguma coisa a
respeito do sinal de S (h), independentemente do vetor h em questão. Como vimos no Capítulo
1, utilizam-se usualmente os seguintes termos para caracterizar a forma quadrática(l) S (h) =
hHh.

a) S (h) é dita positiva definida de S(h) > O para qualquer b e9l ,b,," O. D

b) S (h) é dita positiva semi-definida se S(h) ~ O para qualquer be9l D •

c) S (h) é dita negativa definida se S(h) < O para qualquer b e9l D ,b,," O.

d) S (h) é dita negativa semi-definida se S (h) s; O para qualquer b e 9l D •

e) S (h) é dita indefinida se existem h. E9t


D
e ~ e9l D tais que S(Ilt) >0 eS(~) <o.

Vejamos alguns exemplos:

a) Seja f(x) = x. Temos f'(x) = 1 e f"(x) = O. A matriz hessiana no caso reduz-se à matriz
1 x 1=[0]. É claro que, neste caso, para qualquer be9l, S(h) = h. Hh= li.o = O. Conclui-se
que a forma hessiana da função f(x) = x é, ao mesmo tempo, positiva semi-definida e negativa
semi-definida.

(1) No Capítulo I, tratamos de formas quadráticas no caso geral em que a matriz A do termo x'Ax era uma
matriz simétrica real qualquer. No contexto deste Capítulo, es&an:mos i..atelessados DO caso particular em que a
matriz A é a forma hessiana H de uma função f de classe C, ou seja, matriz da derivadas cruzadas de segunda
ordem desta função calculadas num ponto bem definido x·. Devido ao Teorema de Schwan, H satisfaz ao
requisito de simetria da matriz.

70
No caso, H = [~ ~]

S(b)=[~ ~] [~~] [~] =2~ ~

Conclui-se que S"h) é indefinida, pois, por exemplo, para h) = (1,1) S"h) = 2, enquanto
que para h2 = ( -1, 1), S (h) = -2. Diz-se então que a forma hessiana da função f( Aí , .ti ) = Aí.ti é
indefinida.

c) Tomemos agora f{ x) , .ti , .t3) = .ti 2 +.ti 2 + X32 definida no 91 3 . A hessiana desta função será a
matriz 3 x 3:

a2f a2f a2f


&2 &)&2 &)&3
)

H(f,x) =
a2f a2f a2f
&2&) &22 &2&3
af
2 2
af a2f
&3&) &3&2 &32

Sendo todas as derivadas parciais de segunda ordem calculadas no ponto x. No caso,


temos, para qualquer b e 91 3 ,

o
S(b) = [4 b, b,] [~ 2
O ~] [~]
S(b) =2~ 2 + 2hz 2 +2b.J2

Segue que S"h) é uma forma hessiana positiva definida, pois para qualquer
be9l 3 - {O},.stb»O.

Já vimos no Capítulo I como classificar uma forma quadrática qualquer do tipo h'Hh a partir
dos autovalores da matriz H. Uma técnica alternativa neste sentido baseia-se na observação dos
menores principais da matriz H. Vejamos como proceder neste caminho alternativo.

Iniciamos a discussão definindo, para a matriz real simétrica de ordem n

71
H~ [:::::: ~l
a) O menor principal sucessivo de ordem 1, H,. = determinante da matriz [alI]

b) O menor principal sucessivo da ordem 2, ~ = determinante da matriz

c) O menor principal sucessivo de ordem 3,

e,
~ = determinante da matriz ::]
~3

seqüencialmente

d) O menor principal sucessivo da ordem ks n, Hk =determinantemente da matriz


8 11 8 12 8 1k

8 21 8 22 ~k

Observa-se na regra de construção acima apresentada que o menor principal sucessivo


de ordem k é definido com o determinante da matriz que se obtém tomando as k primeiras e
eliminando-se as n-k linhas e colunas restantes da matriz original,

Teorema 4.2 Dada uma matriz simétrica H de ordem n, a forma quadrátic:a S(h) = h' H h
(sendo h um vetor qualquer de 91-) será:

a) Positiva definida se, e somente se 1ft > O, ~ > O, ~ > O, "" HIJ > O

b) Negativa definida se, e somente se 1ft < O, ~ > O, ~ < O, .'" ( _1)IJ HIJ > O
DemonstOOo: Veja Hadley (1979) ou Debreu (1952),.

Com relação aos três exemplos anteriormente apresentados, a forma hessiana de f (x) =
x2 não é nem negativa definida nem positiva definida, pois llt = det[O] (determinante da matriz
72
cujo único elemento é o zero) = O. O mesmo ocorre com f(.ti, X2 ) =.ti.ti, pois Ri. = det[ O] = O.
A função f( Xi ,.ti ,~ ) = X I 2 + .ti 2 + X 32 apresentada no exemplo c apresenta uma forma hessiana
positiva definida.

Na caracterização de formas quadráticas como positivas semi-definidas ou negativas


semi-definidas, trabalharemos apenas com matrizes quadradas de ordem n ~ 3. O caso geral
pode ser obtido em Debreu (1952), necessitando, para sua análise, da definição do menor
principal não sucessivo, que não apresentaremos aqui.

Dada uma matriz quadrada 1xl, [~1] a condição necessária e suficiente para que ela
seja negativa semi-definida (positiva semi definida) é que 8 11 ~ O (8 11 ~ O). Se a matriz é de
ordem 2x 2, A= [811
8 21
a12
8 22
]

A condição necessana e suficiente para que ela seja negativa semi-definida é que
alI s: O, a 22 s: O e det A~ O. Alternativamente, ela será positiva semi-definida se, e somente se

a 11 ~ O, a 22 ~ O e det A~ O.

Por último a condição necessária e suficiente para que uma matriz 3 x 3

seja negativa semi-definida é que

Da mesma forma, A(3 x 3) será positiva semi-definida se, e somente se todos estes sete
menores principais forem nio negativos (~O).

73
Exercícios resolvidos - seção 4

1) Detennine se cada uma das formas quadráticas abaixo é positiva, negativa (definida ou semi-
definida) ou indefinida:

Solução:

a) S(h l , h 2 ) =(h l - %h 2 )2 - ! h;, e portanto é uma forma indefinida, pois se

(por exemplo, ~ =3e h2 =2, S(~,~) = -5) e se ht * O e ~ =O tem-se

b) Como S(l, 1,0) =2>0 e 8(1,0,1) =-3<0, tem-se que Sé indefinida.

2) Dada a forma quadrática S(h) =h' Hh, Hmatriz real simétrica, sempre existe uma matriz G
tal que G' H G =D, sendo D uma matriz diagonal e G'. G =I. Demonstre a seguinte
afirmativa: "A definição de sinal da forma quadrática associada à matriz D é a mesma da forma
quadrática associada à matriz H" .

Solução: Observe que G'.G =I implica G' =O-I. Façamos y =G'h. Log b= Gye portanto

S(h) =h'Hh =(Gy)'H(Gy) =y'(G'HG)y =y'Dy =S*(y)

onde S*(y) =y'Dy, Portanto S(h) =S*(G'h) e como G':9t D -+ 91 ft é uma bijeção (lembre
que G' . G = I) temos que S e S * são formas quadráticas com o mesmo sinal.

74
Exercício Propostos - Seção 4

1) Verifique se cada uma das forma quadráticas abaixo é: a) positiva definida~ b) negativa
definida; c) positiva semi-definida; d) negativa semi-definida; e) indefinida. Justifique sua
resposta.

a) S(h) = 5h~ + 2hth2 + h;

b) S(h) = -2hi +2hth2 - h;

2) Dada uma matriz H diagonal (aij = O para i:l:- J), em que casos pode-se afirmar que a forma
quadrática S(h) = h' H h é a:) positiva definida~ b) positiva semi-definid~ c) indefinida?

3) Utilize os exercicio proposto anterior e o exercício resolvido 2 para determinar se

~
1 2
a) 2 5 ] é positiva definida
[
2 4 10

b >[; I ~] é negativa semi-definida

75
5) Caracterização de Concavidade no Caso de Funções Diferenciáveis

Iniciaremos esta seção tratando das funções reais de variável real. A extensão ao caso
de funções definidas no 9l JJ é imediata, e será feita a seguir.

Teorema 5.1. Seja f: D-+ 9i., D um subconjunto convexo aberto da reta, f uma função
diferenciável. Então f é côncava se, e somente se para quaisquer
a,b ED, f(a) + f'(a)·(b-a) ~ f(b)

o gráfico abaixo apresenta um função côncava definida no conjunto dos reais.:

f (x)
,
f (a) + f (a) (b - a)

f(b)

f (a) ----------

b x

(figura 5.1)

Observa-se claramente, na ordenada, a relação de ordem f(b) s C(a> + (b-a) f' (a).
Geometricamente, o que se observa é o seguinte: se, em qualquer ponto do donúnio da fimçio
côncava f, traçar-se a tangente ao seu gráfico, este último fica todo ele abaixo da tangente.
Isso fica claro observando-se que, na relação f(b) s f (a) + (b-a) f' (a). a) a e b são pontos
quaisquer do domínio de t; b) o termo L (b) = f(a) + (b-a) fi (a) representa o valor, no
ponto b, do hiperplano (aqui uma reta) tangente ao gráfico de f no ponto (a, f (a» e,
evidentemente, c) f(b) representa o valor da função neste ponto.

Demonstracão do Teorema 5.1:

a) la. Parte. fcôncava -+ "ta, b E D, f (a) + fi (a). (b-a) ~ f(b). Se fé côncava, dados ae b
* e
E D, a b e E (0,1), temos:

76
f( aa + (l-B) b) ~ a f(a) + (l-B) f(b)

f( a + (l-B)(b-a» ~ a f(a) + (l-B) f(b)

f(a+(l-B)(b-a» -f(a)~ (1-B) (f(b)-f(a»

Dividindo-se por (1-B),

[(a+(1-O) (b-a))- [(a) ~ [(b)- [(a)


l-O

Ou ainda, multiplicando-se e dividindo-se o primeiro termo por b - a,

[(a+(1- O) (b-a»- [(a) (b-a) ~ [(b)- [(a)


(l-O)(b-a)

Fazendo h=(1-8)(b-a),

[(a+b)-[(a) (b-a» [(b) - [(a)


b -

Tomando O limite quando h-+O (o que se obtém fazendo-se


O~ 1),f'(a)(b-a)+f(a) ~ f(b)

b) 2a parte: f(a)+ r(a)(b-a)~ f(b) 'Va,bED~ f é côncava. Como para


'V {} E [0,1], c =Oa + (1- O) (b) pertence ao domínio da função, podemos escrever:

f'(c). (a -c)+ f(c) ~ f(a)


f'(c). (b - c) +f(c) ~ f(b)

Multiplicando-se a primeira desigualdade por a e a segunda por 1- 9, obtém-se, por


soma membro a membro
f(c) = f(Oa+(l-O)b)~ Of(a)+(l-O)f(b)
visto que:

~a - c)+(1- O) (b- c) = -c+ &+(1- O)b= -c+ c= O.•


77
Teorema 5.2. Uma função f. I ~ 9t, duas vezes diferenciável no intervalo aberto I é côncava
°
se, e somente se F' (x) ~ para todo x E I.

Demonstração:

1a parte: f" (x) ~ °para todo x E I ~ f é côncava.

Sejam a e b dois pontos quaiquer do intervalo 1 Utilizando-se a fórmula de Taylor para


h = b - atemos, para a E(O,I), f(b) = f(a) + fI (a). (b- a)+(I/ 2) FI (a + a(b- a»(b- a)2.
Como FI{a + a(b- a»)Ü ~ 0, segue que f (b) ~ f (a) + f' (a)(b-a), e do teorema (5.1) que f é
côncava.

2a parte: f é côncava ~ f" (x) ~ °


para todo x E I. (primeira demonstração,
admitindo rI continua). Suponhamos por absurdo que f"(x o) > para Xo E I. Pela °
°
continuidade de f" existe 6> tal que Ilx - Xo I< ô ~ fI I(x) > O. Tomemos x nesta vizinhança
(~"O,b) de raio 6de "O. Temos então, utilizando novamente a fórmula de Taylor, para a E
(0,1),

f(x) = f(x o) + f' (xo). (x - xo) + 1 / 2 f" (x o + a(x - xo»(x - XO)2.

Como 1"0 + a(x- "O) - "OI = a Ix- ~ < 6, ou seja, como "O + a(x- "O) pertence à
vizinhança de .10 com
f( x) > f( "O) + F (A(,) . h.
raio Ô, segue que r'("O + a(x- "O» (x- A(,)2 > °e
Pelo teorema 5.1, este fato é uma contradição com a concavidade de f. Segue que f'
°
(x) ~ para todo x E I.

24 parte: f é côncava ~ r (B) ~ 0, 'ri B E I (Segunda Demonstração - Caso Geral).

Sejam B e b dois pontos quaisquer de I. Pelo teorema 5.1 se f é côncava, podemos


escrever:

f(a)~ F(b).(a-b)+ f(b)

78
f(b)~ I'(a).(b-a)+ f(a)

Somando-se estas duas desigualdades, obtém-se:

( I'(a) - I'(b» (b- a) ~ O

Dividindo-se por (b- a)2 > O

I'(a)- f'(b) ~O~ f'(b)- I'(a) ~O


b-a b-a

Tomando-se o limite quando b tende a a, obtém-se pela definição de derivada


I"(a) ~ O

para qualquer a e I. •

Os teoremas que acabamos de demonstrar são muito úteis na caracterização de


concavidade de funções reais de variável real. Passemos agora às suas versões no jtll:

TeoremJl 5.1': Seja f: D ~ 91, D um subconjunto aberto convexo do 91 11 , f uma função


diferenciável. Então f é côncava se, e somente se para quaisquer x e D e ye D tivermos
ôf
f(y)~ f(x) + L11
-(x).<.y;-~).
i=1 ~

Tal como procedemos na demonstração do teorema 5.1, escrevemos, dada a


concavidade de t: e para 8 e (O, 1),
f(8x+(1- 8)y) ~ 8f(x) +(1- 8) f(y)

f(x+ (1- 8) (y- x» - f(x) ~ (1- 8) (f(y) - f(x»

79
Dividindo-se por (1- 8) > °
f(x+(l- 8) (y- x» - f(x) ~ f(y)- f(x)
1-8

Tomando-se acima o limite quando 8-+ 1 obtém-se do lado esquerdo a derivada


direcional da função fno ponto x (na direção y - x), que denotamos por 8f (x):
iJ(y-x)

8f
--(x) ~ tU? - f{ x)
iJ(y- x)

Corno J.S'"e d:C. .. 1


llerenClave" af =~ -af ( x) . (
~ ~. - ~.
)
~y- x) FI a~

obtendo-se assim a expressão desejada

2- Parte: Se para todox,y eD, f(y) ~ f(x) + t


i=\
II (X)(Yi -xJ então fé côncava.
âc i

Da mesma forma que na demonstração do teorema 5.1 agora lidando com vetores do
9t no lugar do números reais, seja, para a e [0,1], z =a.x + (1- a)y um elemento do domínio
D

de f. Então, pela hipótese do teorema

D af
~ ÔXj (z).(~-~)+ f(z)~ f(x)

D af
~ ÔXj (z) (Yi- ~)+ f(z) ~ f(y)

Multiplicando-se a primeira desigualdade por a e a segunda por 1- a obtém-se, por


soma membro a membro.

80
f(z) = f(ax+(l- a)y) ~ a f(x) +(1- a) f(y)

visto que, para cada i= 1,2, ... , D.

Teorema 5.2: Seja f:D ~ 9l, D c9l aberto convexo e fuma função duas vezes diferenciável
D

em D com derivadas de segunda ordem continuas. Então f é côncava se, e somente se a sua
forma hessiana é negativa semi-definida em todos os pontos de seu domínio.

Demonstracão:

1· Parte: S(h) = h'H(f,x).h ~ O, 'Ix eD ~ f é côncava

Tal como procedemos na primeira parte do Teorema 5.2, seja h tal que x + h D. PeIa
fórmula de Taylor existe ae(O,I) tal que.

ã 1
f(x+h)= f(x)+ L n
-(x).h j +-h'H(f,x+ah).h.
i=1 âc j 2

fI
Como h' H(f,x+ah).h<O,f(x+h)~f(x)+ LD

-(x).h;
;=1 ôx;

Segue do teorema 5.1' (fazendo-se h= y- x) que fé côncava.

r Parte: Se f é côncava, então h' H(f,x).h ~O, 'Ix eD.

Suponhamos que H. H( f, ~). h > O para ~ e D. Então, dada a continuidade das


derivadas de segunda ordem de f, existe uma vizinhança de raio ô de Aó tal que se x pertence
a esta vizinhança (1Ix- ~II < Ô) então H H( f, x).h > O. Dado h tal que Aó + h e D, seja 0<.: <1
tal que 11sh\1 < 6. Então Xo + sh pertence a esta vizinhança e ao domínio da funçio, pois

81
A expansão de Taylor nos garante que existe a e (0,1) tal que

ou seja,

Mas II(AO + adI) - AO II =laJ IIe 1111 < 8 (pois laJ < 1)

Segue que!.... H H( f, AO + a dI) h > O, o que nos possibilita escrever


2

Pelo teorema 5.1' isto é uma contradição com o fato de fser côncava.

Segue que H H( f, AO)h S O para qualquer AO e D.•

Passemos agora à concavidade (convexidade) estrita. Trataremos apenas do caso de


funções reais definidas em subconjuntos convexos do espaço euclidiano 9t D • A
particularização para funções de variável real é imediata. Diz-se que f:D ~ 91, D c9t-
convexo, é uma função estritamente côncava se para qualquer

xeyeDcomx;t ye 0< a< 1, tem-se

f(ax+(l- a) y) > af(x) +(1- a) f(y)

Observe-se que agora a está definido no intervalo aberto (0,1) (e não fechado, como
antes) e que a desigualdade é estrita (> ao invés de ~). Exige-se também, na definição, que
x;t y.

Como no caso anterior, fé dita estritamente convexa quando -fé estritamente côncava,
ou seja, quando vale

82
f(ax+(I- a).n < af(x)+(1- a) f(.n

Os teoremas principais relativos à concavidade estrita são enunciados a seguir:

Teorema 5.3: Seja f: D~ 9t, D um subconjunto convexo do 9t Jl


, f uma função
diferenciável. Se, para quaisquer x E De y E D, x ~ y, tivennos

JI ôf
f(.n< f(x) + ~ ~ (x)(Ji-~)

então f é estritamente côncava.

Teorema 5.4: Seja f:D ~ 9t, D C 9t aberto convexo e f uma função duas vezes
Jl

diferenciável em D. Então, se a matriz hessiana de f é negativa definida em todos os pontos de


seu domínio, f é estritamente côncava.

As demonstrações dos teoremas acima obtêm-se trocando-se as desigualdades por


desigualdades estritas, respectivamente, na segunda parte do teorema 5.1' e na primeira parte
do teorema 5.2'. Vale notar que não vale a volta com desigualdades estrita em nenhum dois
casos. Ou seja, não é verdade que uma função estritamente côncava apresente hessiana
negativa definida em todos os pontos de seu domínio. O contra-exemplo clássico fica por
conta de f: 9t ~ 9t,f(x) = - x4 , que é estritamente côncava (veja exercício proposto número
2) mas cuja hessiana (no caso, uma matriz 1 x 1) se anula no ponto x= o. Da mesma forma, se f
é estritamente côncava, não se pode dizer que dados dois pontos quaisquer x e y de seu
domínio, com # y, tenha-se

D ôf
f(y) < f(x) + ~ ôx (X)(Yi - xJ
i

Dê um contra-exemplo.

Observe-se por outro lado que toda função estritamente côncava é também côncava, o
que nos possibilita afirmar que uma função não é estritamente côncava qwmdo, por exemplo,
existe um ponto de seu domínio onde sua matriz bessi.M é positiva definida ou indefinida.
Alternativamente, pode-se afirmar que uma função não é estritamente côncava quando existem
dois pontos x e yde seu domínio, com #y, tais que:

83
ar
r(y)~r(x)+ L a;z(x).(y,
n
-xJ
;=1 ,

Isto decorre diretamente dos teoremas 5.1' e 5.2', visto que qualquer uma dessas
verificações caracteriza ausência de concavidade e, conseqüentemente, ausência de
concavidade estrita.

84
Exercícios resolvidos - Seção 5:

1) Verifique se as seguintes funções são: a) côncavas; b) convexas; c) estritamente côncavas; d)


estritamente convexas.

a) f:9l 2 ~ 9l tal que f(x,y) = ~-y

b) f:9l 2 ~ 9l tal que f(x,y) =-+-+3xy


K 31
2 2
c) f:9l H
~ 9l tal que f(x) =e- 11JC

d) f:R 3 ~ 9l tal que f(x,y,z) =x 3 +3y-2z

Solução:

a) Vamos calcular a hessiana de f para cada (x,y) e9l 2 :

ôf( x,y )-2


- xeJCZ_yZ ,
ôx
ôf JC Z Z
ôy (x,y) = -2y e -y ,

Neste caso detH(f,(x,y»= (2e(X


Z y1
- >Y (2y2-2x 2-1) que aio tem sinal
definido.Segue que fnio se enquadra em nenhuma das categorias acima listadas.

b) Aqui H(f,(x,y» = [1 ~J que é positiva definida 'v'(x,y) e9l


2
• Segue que f é
estritamente convexa.

85
1 2) IIX {~ O se O< x :s 1 / 2
isto é, f"(x) = ( x4 -'3 e- , logo, f"(x) , ou seja, f não é
Jr <Osex>1/2

côncava nem convexa.

d) É fácil ver que ~~ (x,y) =6x e que as demais entradas da matriz hessiana são nulas.

Então fica claro que fé côncava se, e somente se x:S Oe , convexa se, e somente se x~ O. E
como f não é função afim, ela não pode ser simultaneamente côncava e convexa. Portanto ela
não é côncava nem convexa.

2)Verifique se as seguintes funções são côncavas:

Solução:

como HI = 4 > O, f 010 é côncava.

x:
Como H33 =2 xf > Oem 9l!+ tem-se que Hf( x, y, z} não é negativa semi-definida e
portanto fnão é côncava.

86
Exercícios Propostos - Seção 5

1) Verifique se cada uma das funções abaixo é: a) estritamente convexa; b) estritamente


côncava; c) convexa; d) côncava.

a) f(x) =-6x +3r + 1


b) f(x) = 3x+ 7

b
c) f(x) = a -----:2 (a,b, c> 0, x~ O)
c-x

d) f( Xj, Xz) =X; + 7 X; - Xj Xz

e) f(Xj,Xz)=(Xj-a)2+(Xz-b)2+ cXj

f) f( Xj , Xz) = X; + In Xz

2) Seja f:I c m--+ m, I intervalo aberto. Mostre

a) f é côncava se, e somete se f': 1--+ mé não crescente

b) f é estritamente côncava se, e somente se f': I --+ mé decrescente

3) Prove que f( x) = x4 é uma função estritamente convexa.

Sugestão 1: Mostre que r


(x) = 4 ~ é uma função estritanmente crescente em todos os
pontos de seu domínio. Isto implica(e é implicado por)f estritamente côncava.

Sugestão 2: Como r'(x) = 12r ~ 0, f é convexa. Se fnio fosse estritamente convexa,


existiriam dois números reais a e b, como a:l: b, tais que f(8) = f(b)+ r(b)(8-b). Mostre
que isto não pode ocorrer.

87
6) O Teorema da Função Impllcita

Frequentemente em economia deparamo-nos com uma função F:D ~ 9t,Dc9t


D

aberto, no qual se considera o conjunto {x eD;F(x) = c},c e9t. Tal é o caso, por exemplo,
seja no modelo keynesiano simplificado, quando se faz
F(y,I) = Y - C(y)- I = O, sendo yo produto, C(y) o consumo e I, o investimento
autônomo, seja na teoria do consumidor, quando se dá o nome de curva de indiferença ao
• 2 -
conjunto {(XI' x2) e9t++;F(x I ,x 2) = U(x I ,x 2) = U}.

Nestas condições, diz-se, para n=2, que a equação F( Xi, A2) = c define implicitamente
Xl como função de XI , quando existe uma função f: I ~ 91 definida num intervalo aberto I c

R tal que F(Jí,.\2) = c se, e somente se .\2 = f( Xi ). Se definirmos o gráfico de uma função
f:A ~ 91, A c 91 como o conjunto de pontos G(f) = {(x p x 2 ) e9t 2 ;xI eA e x2 = f(x l )} a
afirmativa anterior equivale a dizer que FI (c) é o gráfico da função f

Se tomarmos F: 91 2 ~ 91, F (Xi , Xz) = Xi + Xz = O, é claro que esta equação define


trivialmente X 2 como função de XI sob a forma da função f: 91 ~ 91, X 2 = f (Xl) = - Xl. Mas
este não costuma ser o caso geral. Tomemos F (Xi, Xz) = ~ + .ç - 1 = o. A imagem inversa do
ponto zero pela função Fassim definida é o círculo unitário de centro na origem e raio 1. Neste
caso não se pode definir X 2 em função de XI por uma função f: 91 ~ 91, pois para cada
Xi e(O,l), por exemplo, teriamos os valores x 2 = f(x l ) = ~l-x~ e x 2 =-f(xl)-J1-x~
satisfazendo F (xl' ±f (XI» = o. Mas, com exceção dos pontos (x p x 2 )=(1,0) e
(x l ,x2 )=(-1,0), onde:: se anula, pode-se sempre definir A2 = f(Xi) numa bola com centro
2
em (X I ,X2 ) e raio r suficientemente pequeno. Diz-se, neste caso que F (X I ,X2 ) = c define
localmente uma função x 2 = f(x l ) tal que r I (c)n B«Xi, .\2), r) é o gráfico de .\2 = f(Xi).

(figura 6.1)

De um modo geral, a equação F (Xi, Aí) = c pode não ser satisfeita para nenhum ponto
(Xi, Xz) e 9{ 2 , como é o caso de x; + x; + 10 = O ou, ainda que satisfeita, pode não definir
nenhuma função de XI em x 2 ou x 2 em Xl definida num intervalo não degenerado, como é o
88
caso de x~ +x; = o. Um outro exemplo é dado por F (x, y) = x 4 - y4 = O. O ponto (0,0) é
uma solução para tal equação, mas qualquer que seja a vizinhança V deste ponto considerada,
não se pode definir uma função y= f(x) ou x= M, pois F-1(0)nV contém necessariamente
2 segmentos de reta que se cortam em (0,0).

Nosso primeiro objetivo nesta seção será estabelecer condições suficientes para que,
fixado c E 9t, a equação F( X; , ~ , ... , x", y) = c dê origem a uma função implicitamente definida
y= f(X;, A2 , ... , x,,). O passo seguinte será qualificar devidamente as propriedades da função fe
desenvolver um meio de obter as suas derivadas parciais utilizando-se para tal as derivadas
parciais da função F original. Feito isso, passaremos ao caso mais geral em que temos não
apenas uma, mas n funções r; (x, y) definidas em subconjuntos do 9t m+ n (com
x E 9t e yE 9t e desejamos obter n funções Yi = F; (x) definidas implicitamente a partir
lD D
)

das F;S. Passemos agora ao enunciado do teorema da função implícita.

Teorema da Função Implícil8 (Caso Particular) Seja F:D ~ 9t,D c 9t 1D+ 1 aberto, uma
função de classe Ck(k ~ 1). Suponhamos que para c E9t,xo E9t lD eyo E9t, tenha-se
F( AO, Yo) = c e if (xo, Yo) :f. O. Então existe uma vizinhança B (xo' Ô) do ponto Xo e uma
t7t
vizinhança uni-dimensional B(Yo,E) do pont0Yo na qual, para todo x EB(xo,Ô) existe um
uruco y E B(Yo, E) com F( X, y) = c. Esta propriedade define uma função
f: B(xo'Ô) ~ B(Yo,E),f(x) = Y com F(x, f(x» = c. A função fassim definida é de classe
Cke para todo x EB(xo,Ô) tem-se:

ôf ôFlô~ fi
~. (x) = ôF I ôy (~ (x», i= 1,2, ... ,m

Vamos apresentar aqui a demonstração deste teorema para o caso m = 1. O leitor pode
observar que para o caso m> 1 a demonstração é análoga.

F
DemonstraQo: Suponhamos que ôF (xo, Yo) > O (o caso ôô (xo, Yo) < O é análogo). Como
ôy y
:~:o ~ 9t é continua (pois F é pelo menos de classe C 1
) temos que existem s> O e 6) > O

tais que ô F (x, y) > O, 'v'{ x, y) EI) x J, onde I) = (xo - a) , Xo + a) e J = (Yo - s,y o + s) são
ôy
tais que I) xJcD. Assim para cada xEI), a função F,,:J ~9t tal que FJY}=F{x,y} é
crescente. Sejam y) , Y2 E J tais que y) < Yo < Y2 então
Flto{Y)<F"Jyo}= F{xo,yo)= C < Flto (Y2). Como F é contí l8, existe O<6<~ tal que
m
F,,{y) = F{x,yJ < c < F{X'Y2) = F,,{Y2), 'Ix EI = (xo -a,x o +a). Como F" é contínua para
cada x E I, tem-se pelo teorema do valor intermediário que existe y" EJ tal que F" (y ,,) = c.

89
Uma vez que Fx é crescente tal Yx é único em J tal que F{x,yJ = c. Defina então a
função tal que f{x} = y x f: I ~ [y\> Y2] c 1.

Mostraremos agora que f é continua. Sejam x EI e {x n } seqüência em I tal que


lim X n = x . Como (f{ x n }) é uma seqüência no compacto [y I , Y2] existe uma subseqüência
(f(x n k
))
n~
que converge para algum y E[Y\>Y2]' Basta mostrar que y = f{x}, pois neste caso
concluiríamos que qualquer subseqüência de (f{xJ) convirgirá para f(x), donde ela mesma
convirgirá para f(x). Observe que para cada kE ~ F(x nk , f{x nk }) = c. Como F é contínua em
I x [YpY 2] tem-se:

c=lim
1-....
F(xnk,f(xnk»=F(x,y)

Como (x,Y)ElxJ é tal que F{x,y} = c, pela unicidade de Yx devemos ter y=f{x).
Fínalmente vamos mostrar que f é classe Ck . Para cada x EI fixo, e para todo tE9t tal que
x+t EI temos que F(x+t, f{x+t}) = F(x,f{x}) = c. Definindo a função q>:[0,1]~ 9t tal que

q>{9} = F( x +9 t, f{x} +9( f{x + t} - f{x})) - F(x, f{x}) temos que f/J é diferencial e f!J(0) = f!J(1)
=O. Logo pelo teorema do valor médio, existe 90 E{O,l) tal que
Ô F (x+9 0t, f(x)+9 0 (f(x+t)- f(x))).t + ôF (x+9 0t, f(x)+9 0 {f(x+t)- f(x))).(f(x+t)- f(x)) =O
Ô x ôy

f{x +t}- f{x} ~(x +9 t, f{x)+9


0 0 (f{x+t)- f{x)))
~ =- aF .
t _ (x +9 0 t, f{t) +9 0 (f{x +t} - f{x}))
ay
Quando t ~ O, temos pela continuidade de F,:: e : tem-se

aF (x, f{x))
f'{x) = ~:x=-F- -
-(x,f{x})
ay
Como x é arbitrário, esta última igualdade mostra que f' é contínua (visto que F é de
classe C' e f é continua) e por indução finita nesta igualdade tem-se que F é de classe Clt .•

Vejamos agora como utilizar o teorema da função implicita nos dois casos
apresentados. No modelo keynesiano simplificado temos, de acordo com o " prinápio da
demanda efetiva",

y- C(y)-I = F(y, l)= O

90
Para que possamos utilizar o teorema da função implícita podemos supor que C (y) seja
uma função de classe C I. Se queremos expressar y como função de I, a condição de suficiência
é dada por (ôF / ôy) (y, 1):1:- o. Devido à hipótese usual de que a propensão marginal a
consumir C' (y) se situa no intervalo (0,1), (iJF / ô y) (y, 1) =1- C (Y> > O o que atende à
condição de suficiência. Segue daí que existem vizinhanças B(i, r), B(y, &) de I e y taís que
para qualquer I E B(i, r) existe um único y EB (y, &) com a propriedade F (y, I) = Y - C
(y) - I = O. Fazendo y = f (I) segundo esta regra de identificação, temos, pelo teorema y
acuna

df (I) = - õF / ôI (I f (I» _ 1
dI õF / 0r' - 1- C'(y(l»
Chegamos assim à conhecida fórmula do multiplicador Keynesiano, que ensina que o
efeito sobre o produto de uma unidade monetária a maís de investimento autônomo é
amplificado pelo inverso da propensão marginal a poupar.

Voltemos agora ao problema microeconômico de determinação da curva de indiferença


u.
{(x p x2 ) E9t++; U (X I,X 2 ) =U} associada ao nivel de utilidade

Suponhamos que a função utilidade U seja de classe C I e que as utilidades marginais


ôU, i =1,2, sejam positivas em qualquer ponto do 9t:+. Então, dado qualquer
ôx i
(x p x2 ) E9t:+ pode-se definir uma função A2 = f(Xi) numa certa vizinhança ~(Xi,A2),r)
deste ponto satisfazendo U (Xi, f( Xi» = u. Isto significa que todos os pontos da curva de
nivel {(XI' X2 ) E 9t:+; U (XI' f (XI» =U} que estão contidos em algum conjunto aberto são Bj
são taís que [FI (U)n ~ é o gráfico de uma função função x2 =f(x l ).

A título de ilustração, para U( Xi, A2) = Xi A2 = U, U: 9t:+ ~ 9t e U E l{.+, temos


A2 = f (Xi) = U / Xi, sendo f: 9t ++ ~ 9t ++ UIIÚl função definida não apenas localmente. Pelo
teorema da função implícita,

-U
r (.tí) = -ôF/~
v~ (Xi f(Xi»=
-f(r)
•., = -
iJF I ~'
2
Xi Xi

Seja agora F(x,y)=x2y+Yx+3xy=5. Esta funçio é de classe c\


grad F(x,y) =(2xy+ Y +3y, x2 + 2xy+3x) e o ponto (1,1) satisfaz }(I,I) = 5. A pergunta
é: pode-se definir y= f(x) numa vizinhança do ponto (I,I)?; se possível, qual o valor de f'
(x)? Aplicando-se o teorema da função implícita, chega-se a uma resposta positiva para esta
pergunta Gá que ~ (1,1) = 6:1:- O) e ao resultado (para x numa vizinhança de (1,1):

-ôF I ôx -2 xy-; -3y


r (x) = ôFI ôy
= --=-~~-""-
xl +2 xy+3x

91
É importante lembrar o teorema da função implícita estabelece apenas condições
suficientes, mas não necessárias, para a existência de uma função implícita nas vizinhanças de
um ponto. Tomemos por exemplo F(x,y) = x 5 - y5 definida no 9l 2 e com valores reais.
°
Temos grad F( 0, O) = (O, 0), e no entanto a equação f( x, y) = define trivialmente a
equação y= f(x) = x em tomo do ponto (O, O).

Passemos agora ao caso em que a função F( X, y) = c é definida no 9lm+-D e toma valores


em 9t (n> 1 e ce9t D ) , ou seja, F (x, y) = (F; (x,y), ~ (x,y), ... , ~ (x,y).
D

Admitimos aqui que xe9t m e ye9t D • A pergunta que se coloca é a mesma do


problema anterior: Em que circunstância podemos assegurar que o conjunto de equações:

F; (X I ,X2,···xm ,y\>Y2'···YD) =cI


1'; (XI ,x2,···,Xm 'YI' Y2 '···YD) =c2

determina implícitamente as funções

Yí = t; (Xi, ~ , ... , -'"m)


Jí = 1; (Xi, ~, ... , xm )
YD = t; (Aj,~, ... ,-'"m)

A resposta, uma vez mais, é dada pelo teorema da função implícita, que estabelece
condições suficientes para que isto se dê. Passemos ao seu enunciado no caso geral:

m D
Teorema da Função lmpUcilJl (Caso Geral): Seja F: DxE --+ R D , sendo De 9t e E c 9t
conjuntos abertos. Admitamos que a função F assim definida seja de classe (! (k ~ 1).
Admitamos ainda que, para (xo,Yo) eD x E e c e9t D , F (xo,Yo) =c, sendo o determinante
da matriz Jacobiana

tF.J 0/2· . .iFJ o/D


o:; 10/2· .. 0:; Io/ D

calculado no ponto (AO, Yo) diferente de zero (o índice 2 de ~ f refere-se aqui ao segundo
grupo de variáveis, ou seja, às variáveis y). Então existe uma vizinhança B(.1í"r) do ponto Xo
e uma vizinhança B(Yo,e) do ponto Yo tais que, para todo xe~AO,r),existe apenas um
92
Y E B(yo, &) com a propriedade de que F (x,y) = c. Por essa regra de equivalência faz-se y =
1{x), sendo fuma função definida em B(AO,r) e com valores no 9l D
• Isto equivale a escrever-se

Jí = 1; (Xi, ~, ... , Xu,)


>í = 1;. (Xi,~,···,Xu,)

Para todo xE~AO,r) vale ainda que o determinante da matriz ~F calculado no


ponto (x, f( x) ) é diferente de zero. A função f: ~ AO, r) -+ 9t D assim definida é de classe c!
em U Em adição, a matriz Dfdas derivadas parciais de f em relação ao vetor X, de ordem D x
Dl, pode ser obtida pela equação matricial:

ôF1 I Ox. 2 • . • ôF1 I Ox. m


õF2 1Ox.2 · • • õF2 lOx. m
(6.l)

nxm

Se queremos obter Df calculada no ponto xE~AO,r), devemos avaliar as demais


matrizes expresas do lado direito da equação acima no ponto (x, f(x».

Vejamos uma aplicação deste teorema à macroeconomia. Para isto, seja uma economia
cujo produto ()? e taxa de juros (~ se determinam pelas equações de equihbrio no mercado de
bens e serviços (IS) e no mercado monetário (LM).

Admitiremos que no ponto (A(" 0 0 , Yo, To) se tenha o equihbrio

Yo - C(Yo)- I(ro)- li;, =0

{
A(, - L(ro, Yo) = O

Nestas equações M representa o estoque real de moeda, I (~ o investimento privado, G


os gastos de consumo e investimento do governo e L (r, y) a demanda pelo estoque real de
moeda. Sabe-se que O<C'(y)<l,I'(r)<O,Lr=à..lôr<OeLy=à..IÔj>O. A pergunta
que se coloca é: estas equações definem duas funções

y =y (A( /)

r = r (A( 1)

93
como se admite usualmente na solução do modelo IS-LM? Caso poSltlvO, quais as
características destas funções (em particular, onde estão definidas) e como variariam y e r a)
no caso de um aumento da oferta monetária M?; b) No caso de um aumento do nível de
gastos públicos G?

Antes de aplicannos o teorema da função implícita, façamos algumas hipóteses


adicionais. Admitiremos que C(y), I(~ e L (r, y) sejam funções de classe C I

neste caso,

Fi (~, 00, Yo,ro) = ~ - L(ro - Yo) =O


são de classe C I . As variáveis endógenas neste exercício são, por escolha nossa, y e r. Elas
correspondem ao vetor de variáveis ya que se refere o teorema (aqui, n = 2). As variáveis
exógenas (representadas no teorema pelo vetor x) correspondem a M e G (m = 2). A matriz
Jacobiana das derivadas parciais de F=(~,F,) em relação às variáveis endógenas, ~F, que
deve ser calculada no ponto (A(" ao, ~, To) é dada por

det D 2 F=fl= - (1-c'(yo»Lr (ro,yo)-I'(ro)Ly (ro,yo»O


2
Segue do teorema que existe uma vizinhança B«Mo,Go)'ô) do ponto (Mo,Go) e9t
e uma vizinhança B «ro,yo),e) do ponto (ro,Yo) e9t 2 tais que para qualquer que seja (A( O)
eB«Ma,G o), ô) existe apenas um ponto (r,.n E B «To,.ro),e) com

y = y (A( O) e
r = r (A( G)
satisfazendo
y =C (y) - I (r) - G =O
M-L(r,y)=O

Segue também do teorema que det ~F calculado neste ponto (M, G, r, y) pertencente à
vizinhança de (~, q"ro,Yo) é diferente de zero e que as funções r (G, M) e y (G, M)
definidas em B ( ~, q,), Ô) são de classe C 1. Para o cálculo de

q/8M
Df= [ â/8M
q/ iXl]
â/ IX]

no ponto (M, 0), podemos utilizar (6.1) com as derivadas parciais calculadas em (A( G,
)(M,O) r (M,O). No caso,

- l' ]-1 = -1 [- Lr l' ]


- Lr fl Ly l-C'

94
[
Ô~/ÔM ô~ / iXJ] = [O
~F-
ô~/ôM ô~/iXJ 1

De (6.1), D= -(D2 Fr
l

-1
DI F=t;
[I'
1-C'

ou seja,

-
ôM II
-I'
0/= - >0 _vJ_=_T
A'-L >0
' ôG II '
ôM = -(1- C') < O ôM = Ly > O
ôM II ' ôG II

Os resultados obtidos confirmam intuição macroeconômica usual. Um aumento da


oferta monetária nonnalmente reduz os juros e corrobora o grau de atividade econômica. Um
aumento dos gastos públicos, por outro lado, tendo a fomentar o produto e a elevar os juros.

É importante observar que as funções r (M, G) e y (M, G) são determinadas apenas


localmente. Isto significa que dado qualquer ponto (Mo, Go, Yo, TO) do 9t 4 no qual F se anula,
existe um conjunto aberto Zo = B «Mo,G o), O) x B( (ro' yo), &) tal que rI (o)n~ é o
gráfico da função f:B «Mo,Go)'O) -+ 9t 2 . Como det ~F=!J. >0 para todos os pontos (M, G,
y, ry E 9t 4, segue que cada ponto solução da equação F (M, G, y, ry = O está contido em
n
algum conjunto aberto Ui tal que rI (O) Ui é o gráfico de uma função fi:(M,G) -+ (y, r).

Na prática, as derivadas parciais de Df costumam ser calculadas por procedimentos


alternativos àquele ditado pela equação (6.1). Após a verificação de que det ~ F '" O e F
satisfaz às demais condições explicitadas no Teorema (sendo, consequentemente, pelo menos
de classe C I ), podemos assegurar que a função f = (M,G)(y (M,G), r (M,G» existe e é
de classe C I num certo dominio.

y (M, G) - C (y (M, G» - I (r (M, G» - G = O

{ (6.2)
M-L(r (M,G), y(M,G»=O

Como a composta de funções de classe C I é classe C 1, podemos aplicar a regra da


cadeia, obtendo, para G constante ( omitindo-se o ponto no qual as derivadas parciais sio
calculadas),

ay _c.(aY)_I.(ar) = O
ar ar ar

Colocando-se em evidência e reescrevendo-se o sistema sob a forma matricial, temos

95
1- C'
[ -Ly

Utilizando-se a regra de Cramer obtém-se

ôy - I' ôr -(1- C' )


-=->Oe-= <o
ôM L\ ôM L\

que reproduzem os resultados anteriormente obtidos. Procedendo da mesma forma para M


constante,

Rearranjando-se os termos e colocando-os sob a forma matricial,

obtendo-se uma vez mais

ôy = - Lr > Oe ôr = Ly > O
80 L\ ôG L\
Observe que as duas equações matriciais apresentadas no desenvolvimento em duas
etapas

que efetuamos podem ser escritas sob a forma

1- C
[ -Ly
-I]
-4
[ÔYI ôM ÔYI8O]
ôrl ôM ôrl ôG
= [O-1 O1]
obtendo-se novamente a equação (6.1),

Df = [ÕYI ôM ôyl ÔG] =


ôrlôM ôrlôG

= (-I) [~~~ =~r [~ ~1]=_(D,F)-l.D,F


O método acima considerado permite a obtenção, em cada etapa, em cada uma das
colunas da matriz Df Inicialmente obtivemos a coluna um (iJyl iJM e ôr I ôM) e depois a
coluna dois desta matriz (iJyl ôG e ôr 1iJG). Dependendo de qual dentre as m variáveis
exógenas escolhemos para a estática comparativa, podemos nos concentrar em uma qualquer
das colunas de Df Quando se deseja obter a matriz Df como um todo, utiliza-se em geral uma
notação abreviada do diferencial de cada uma das variáveis endógenas consideradas em relação
96
a cada uma das variáveis exógenas. Este é o chamado método do diferencial total para o
cálculo de Df Para exemplificá-lo, voltemos às equações (6.2):

y(M,G)-C (y(M,G»-I (r(M,G»-G=O

M- L(r (M,G), y (M,G» = O

Fazendo-se

dY=(%YG+(!}w (6.3)
dr = ( ; ; )dG + (! )dM

temos, tomando o diferencial total das equações acima,

dy - c l dy - I' dr = dG
Ly dy+Lr dr = dM

Ou ainda, sob a forma matricial,

1- C'
[ Ly

Resolvendo-se o sistema

r
dy=J..dG+-dM
L
ô Ô
(6.4)
dr= C dM- Ly dG
1-
Ô Ô

Seguem daí os resultados já obtidos

üy = L I Ô üy = [' I ô â = (1- c I Ô e â = -LI ôl


)
ôG r 'ôM 'ôM üy r

onde Ô = (1- cf) 4 + r Ly. A identificação de cada uma das derivadas parciais a partir de
simples inspeção das equações (6.3) e (6.4) decorre do fato de dM e dG se constituirem numa
base do espaço das transformações lineares do 91 2 em 91. Isto implica no fato das
representações dos funcionais lineares dy e dr serem única nesta base. Segue daí a
identificação efetuada.

Um exemplo numérico
Dado o sistema de equações F( X, Y, z) = (11 (x, y, Z), F'z (x, y, z», com
1)(x,y,z) = ;.y+2x.1-z
F;(x,y,z) = xy+ 7

97
temos, no ponto (1,2,3), F; (x, Y, z) =8 e ~ (x, y,z) = 9.

Tentemos avaliar, se possíve~ o valor das derivadas parciais ôxl ôz e ôy I ôz no


ponto considerado. Para isto notemos inicialmente que a matriz das derivadas de F em relação
às variáveis (escolhidas como endógenas) x e y é dada por

ôF;liJx ôFjIÔY]=[2XY+2! rx +4xyl


[ ôFiliJx ôFilôy Y J
que, avaliada no ponto (1,2,3), assume os valores:

o determinante desta matriz é igual a -6 e, portanto diferente de zero. Podemos então


escrever, para znuma vizinhança do ponto (3) e (x,y) numa vizinhança do ponto (1,2),

x= x(z)
(6.5)
Y= y(z)

Derivando ~ e ~ com respeito a z, e usando (6.5),

ôx ôy ôx ôy
2x-· y+r-+2; -+4xy-= 1
ôz ôz ôz ôz

ôx ôy
y-+x-=O
ôz ôz

Sob a forma matricial,

Calculando-se as derivadas no ponto (1,2,3),

12 9]
[2 1
[ôôylxlôzJ
&1 = [1]
O

Utilizando-se a regra de Cramer obtém-se facilmente

-ôx.
Qz
= ôy
-1/6e- =111
Qz

A análise Gráfica

Um instrumento muito útil na avaliação dos sinais das derivadas parciais das funções
implicitamente definidas pela equação vetorial F (x.y) = c, quando c E 9t 2 , é dado pela análise
gráfica. Para ilustrar o método, voltemos ao modelo IS-LM anteriormente apresentado:

98
y- C(y)- I(r)- G= o (lS)
M- L(r,y)=O (LM)
Já sabemos, em virtude das hipótese efetuadas sobre C: I: 4 e Ly. que podemos escrever

+ +
y = y(G,M)
+ -
r = r(G,M)

onde o sinal acima de cada variável representa o sinal da derivada parcial, respectivamente, de
ye r, em relação a esta variável.

o método gráfico, adequado aos modelos em que apenas duas variáveis endógenas se
determinam a cada etapa, inicia-se plotando-se cada uma destas variáveis nos eixos
coordenados. No nosso caso, as variáveis endógenas são r (representada no eixo das
ordenadas) e y (representada no eixo das abcissas). Em seguida, pIota-se o lugar geométrico
das combinações de r e y que satisfazem, mantidas constantes as variáveis exógenas, a cada
uma das equações do modelo. O formato de cada uma destas curvas obtém-se por simples
inspeção ou, mais formalmente, utilizando-se preliminarmente o próprio teorema da função
implícita.

Tomemos inicialmente a LM. Se r aumenta, L cai. Como M é constante, para que se


verifique a equação M - L (r,y)=O é necessário que y se eleve contrabalançando o efeito do
aumento de r sobre L. Conclui-se daí que LM é positivamente inclinada: quando r se eleva, o
mesmo deve acontecer com y. Formalmente, temos, pela simples aplicação do teorema da
função implícita à equação

M - L (r,y) = O, que

Com o mesmo tipo de raciocínio conclui-se que a lS é negativamente inclinada.


Alternativamente, aplicando-se o teorema da função implícita à equaçio y-C(y)-I(r)-G=O
,obtemos a inclinação local da IS:

dr = l-C'(y) <O
dy l'(r)

O equihbrio do produto e da taxa de juros em função de G e M se expressa então pelo


gráfico abaixo

99
r

IS

y- y

(figura 6.2)

que consiste numa forma alternativa de se expressarem as soluções

y=y(G,M)
r=r(G,M)

A etapa seguinte, de estática comparativa, avalia os SllUllS de


õy / aM, ày / OG, ar / aM e ar / OG através dos deslocamentos de cada uma das curvas plotadas
no gráfico. Para se saber a direção na qual cada uma das curvas se desloca, procede-se
novamente por simples inspeção ou por uma nova utilização do teorema da função implícita.
O artificio comum a ambos os procedimentos consiste em tomar-se como constante qualquer
uma das variáveis endógenas expressas no gráfico.

A título de ilustração, tomemos um aumento da variável G. A LM não se desloca, pois


esta variável não aparece como parâmetro na equação da LM. Mas a IS se deslocará para a
direita. Informalmente, porque para (por exemplo) r constante deveremos ter um valor mais
elevado de y de forma a continuar valendo a igualdade.

y - C (y) - I (r) - G = O

Isto decorre do fato de 1 não se alterar Oá que estamos nos deslocando paralelamente
ao eixo das abcissas r constante), e do fato de uma elevação de y ser capaz de provocar um
aumento (que deve ser o aumento de G) em y - C(y). Formalmente, o que estamos dizendo
conclui-se novamente por simples aplícação do teorema da função implícita à equação acima,
tomando-se r como parâmetro. Obtém-se
0/ = 1 >0
ôG l-C'(y)

Isto significa que, para cada valor de r considerado na IS, o valor de y deve ser mais
elevado quando G se eleva. Este deslocamento da IS é ilustrado no gráfico abaixo:

100
r

(figura 6.3)

Plotando-se conjuntamente a IS e a LM conclui-se que um aumento de G leva a uma


elevação do produto e dos juros, como se mostra abaixo:

(figura 6.4)

o mesmo tipo de raciocínio leva à conclusão de que um aumento de M: a) deixa a IS


inalterada, já que esta variável não aparece na equação da IS; b) desloca para a direita a LM., já
que, aplicando-se o teorema da função implícita à equação M-L (r,y) = O obtém-se
! =XT > O e c) provoca uma elevação do produto e redução dos juros de equilíbrio, o
que se mostra no gráfico abaixo:

101
y

(figura 6.5)

Todos estes resultados reproduzem, como se observa, os sinais das derivadas parciais
iJyl iJM,iJyl iJG,iJrl iJMe iJrl iJG anteriormente obtidas. Quando não estamos interessados
nos aspectos quantitativos da estática comparativa, o método gráfico mostra-se de grande
utilidade.

102
Exercícios resolvidos - Seção 6

01) Em cada caso, ache, se possível, ôy no ponto considerado:


ôx
a) F (x,y,~w) = ~ y+2 zwxno ponto (-1,2,1,1)
b) F(x,y,z) = Y no ponto (1,1,1)
1- x(1-3)

Solução:

a) Como F:9t 4 ~ 9t tal que F(x,y,~ ~ = ~ y+2zwx é classe C I , para quey = y(x,z, w)
numa vizinhança de (-1,2,1,1) é necessário que ôF(-1,2,1,I)1é0. Mas ôF (x,y,~w?=~ e
iJ.v iJ.v
então a:
~
(-1,2,1,1)Além disso, Üj (-1,1,1)= - ã< (-1,2,1,I)/if' (-1,2,1,1) e
= 1 1é O.
& & Üj
ôF ôy
como -(x,y,z,w) = 2xy+2zw,- = (1,1,1) = 2
ôx ôx

b) Sejam U= {(x,y,z) E9t3~ 1-x(1-z) 1é O} aberto e F:U~9t tal que F (x,y,z) = Y


1-x(l-z)
.Observe que F é de classe C I em U e (1, 1,1) EU.

Como a:
c/y
(x,y,z) = 1
1- .t(1-z)
,ôF (1,1,1)
ôy
= 11é O. Assim existe uma vizinhança do ponto

ôy -ôF ôF ôF
(1,1,1) em U tal que y= y(x,z) e - (1,1) = - - (1,1,1) / -(1,1,1). Mas -;- (x,y,z) =
ôx ôx ôy c/x
)(1-z) ~ ôY (1 1) = O
[1-x(I-z)f ôx '

2) Consideremos o seguinte problema de maXjrnjzação de lucro

tl1JlX pF(K,L)-WKK-WL.L
(K,L) E9t:

onde F é uma função de produção do capital (K) e do trabalho (L). p é o preço de cada
unidade de capital e o salário por unidade de trabalho. Admitamos que a matriz hessiana de F
seja negativa definida em todo o seu dominio, que F seja de classe C 2 e admita uma solução
em 9t:+, para cada p> O, WK > O e WK > O eWL >0.

i) Determine condições suficientes para que se possa ter


K=K(p,WIt,WL ) L =L(p,WIt,WL )

ü) Calcule, nestas condições , ~, ôL


é»IK é»IL

103
Solução: i) Fixados p > O, WK > O e WL > O temos que (K, L) será um ótimo para o problema
se, e somente se satisfaz as condições de primeira ordem2, isto é, se, e só se

ôF
P- ( K L)-
ôK'
w.:1: =0
ôF
P ôL (K, L) - Wr, =O

Sejam gj: 9l~+ ~ 9l, i = 1,2, definidas por

Para que possamos ter K=K(p,WK,WL ) eL=L(p,WK,WL ) é suficiente, pelo


Teorema da Função Implícita, que g.. e 82 sejam de classe C \

~\ ~\
iK a
e que ti= :t; O
~2 ~2
iK a
em g~\ (O) I g;\ (O). Como F é de classe C 2.

temos que gi é de classe C\(i = 1,2). Além disso,

ag.. = pF. . ag2 = pF. . a8t = pF. . 0& = pF.


aK u, aK LX' aL n, aL u

&F &F ifF


onde Fu = aK2 ' FLX = Fn = aKaL e Fu = aI3 (e estamos omitindo (X, L) por

comodidade). Então

q:\ q:\
Fu
iK iL
= p2 = p 2 IH(F,(K,L))1 ' onde
q:2 ig2
iK iL Fn

H (F, (K, L)) é a hessiana de F no ponto (K, L). Segue da hipótese efetuada da matriz hessiana
de F ser negativa definida em todos os seus pontos de seu domínio que
IH(F,(K,L))I > O, 'r/(K,L) E9l~. Segue daí que ti = Ji I
H(F, (K, L))I > o. (Lembrando
que IH(F,(K, L))I = det H(F,(K, L))).

ü) Atendidas as hipóteses do item (i), sabemos pelo teorema da Função Implícita que

2 Veja teorema da seção 1 do capitulo 3.

104
-I
õK õK agi agi agi agi
éNlK éNlL õK aL éNlK éNlL
=
ar. OI.. ag2 8g2 8g2 8g2
éNlK éNlL õK OI.. éNlK éNlL

aL -pFkL e
=>--=-- aL = pFkL
aWk Il aW L Il

Pela hipótese efetuada sobre a hessiana de F, devemos ter Fxx < O e,


.' determinado.
. O sina1 de -ôL- em
consequentemente, -ôL- <O
ôWL ôWx

3) Seja f(x) = a x 2 + bx + c trinômio do segundo grau tal que a:t; Oe Il = tl- 4ac> O. Neste
caso existem r, r2 e 9l raízes deste trinômio. Mostre que é possível tomar 1\ em função de a, b
ar ar
e ce calcule ~ ,~ e
ar~. Faça o mesmo para li.

Solução: Seja g. Uc 91 4 -+ 9l tal que U={(a,b,c,t) e9l 4 ; a:t; a e b2 -4ac> O} é aberto em


l
91 e g( a, b, c, t) = a f + bt + c. É facil ver que g é de classe C . O problema acima proposto é
4

equivalente a saber se podemos colocar t em função de (a, b, c) em


g-I(O) ={(a,b,c,t) e9l 4 ;at 2 +bt +c = a}. Isto só será possível se

at (a,b, c, t) * O V(a,b,c, t) eg-I(O).


ag Mas

Z(a,b,c,t)=2at+b=0 <=> t=-%a

mas como a f + bt + c =a e tl - 4ac > a, então t:t; - %a (pois o Il da equação é positivo,


tendo assim duas raízes reais distintas, e t =- b / 2a só é raiz desta equaçio quando A =o).
Chamemos (a,b,c,~ um ponto de g-I (O). Neste caso existe uma vizinhança deste ponto tal que
1j =1j(a,b,c) e mais ainda

~ =- : I: I(a.b.c.rl) = - rl
2
/ (2arl + b)

: =- : I: I(a.b.c.rl) = - r} / (2ar} + b)

arac - - agias
l _
ac at I (a.b.c.rl ) -
- -
1/
/(2ar} + b)

105
Exercícios propostos - seção 6

1) Seja o seguinte sistema de equação representativa de um modelo macroeconômico:

r = L(r,y) (1)
y = C(y)+I(M)+G+H(y,E) (2)
H(y,E)+K(r) = O (3)

onde Lr <O,L y >0 ,0<C'(y)<1, l'(r)<O,Hy <O,H E >0 K'(r»Oo

Variáveis endógenas: r, y, Eo

a) Estipule condições suficientes para que o modelo permita a determinação das funções:

r= r(M,G)
y=){M,G)
E= E(M,G)

c) Substitua H...h, li) por -K(r) na equação (2). Como você faria para determinar graficamente
os sinais de :~, Z' ! !? e Isto seria possível, uma vez satisfeitas as condições por

você determinadas no item (a)?

obs: L = aLo H = oH o T = oL o H = oH
y oy' Y oy'.A.ot ar' E oE
2) Considere o sistema de equações de equih'brio

y-Q,y-R) -/(r)-G=O
M-y'M,jJ=O
{
R=R+ty

Obtenha a expressão para iJy e â , fazendo as hipóteses usuais do modelo IS-LMo


8R 8R
3) Um sistema de equações de equihbrio é dada por

mB- y'r, jJ = °
{ y-t{y- R)- I(M)- G=O

Obtenha as expressões para: e : ' fazendo as hipóteses usuais do modelo /S-LM

106
4) Seja f: 91 3 ~ 91 definida por f(x, y, Z) = i - xy- y- z Dada a superficie de nível zero de f,
ela é o gráfico de alguma função numa vizinhança do ponto (O,O,O)?

5) Complete o exercício resolvido 3.

6) Seja w(s) uma função crescente dos juros que mede o custo de bem estar para a sociedade
de ter uma taxa de juros nominal r > O, ao invés de uma taxa nominal de juros nula. w (r) pode
ser definida (Lucas, 1993) sob a forma

U [1 + w{r), m{r)] =U (l,m(O))

onde U(c,m) mede a utilidade quando o consumo é c e total de encaixes reais m( r) (m'{ r) < O) .
m(O) representa a liquedez real quando a taxa de juros é nula. A fórmula acima define o custo
de bem estar de uma taxa nominal de juros r com o consumo adicional (w{ r )) com o qual se
deve premiar a sociedade para tomá-la indiferente entre uma taxa de juros nominal e uma taxa
de juros nominal nula.

Utilize o teorema da função implicita e a expansão por Taylor em tomo do ponto r =O


para obter uma forma funcional para w(r) em função de m(O), r e j, onde j =-m'{r)/m é a
semi-elasticidade juros da demanda por moeda (suponha m'( O) < 00 ).

107
Referências Bibliográficas

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Econométrica 29 (1961) 779-800.

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IPEA / INPES, 1982.

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Econometrica, abril de 1952.

5. Fenchel, W., "Convex Cones, Sets and Functions"


Ofticice and Naval Research; September, 1953.

6. Guidorizi, H.L., "Um Curso de Cálculo"


vols. 1,2,3,4, Editora Livros Técnicos e Científicos - São Paulo.

7. Hadley,G., "Álgebra Linear"


Forense-Universitária, 1979.

8. Lucas, Robert Jr., "On the Welfore Cost ofInflaction"


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10. Lima, Elon L., "Curso de Análise"


vols. 1 e 2, IMPA, CNPQ, 1976.

11. _ _ _ _-'. "Análise Real"


IMPA, CNPQ, Rio de Jáneiro, 1989.

12. Rudin, W., "Principies of Analysis" ,


terceira edição, Mc Graw Hill.

13. Sidrauski, Migue~ "Inflation and Economic Growth"


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14. Simonsen, M. H., "Teoria do Consumidor"


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Editora ao Livro Técnico, Rio de Janeiro, 1989.

16. Takayama, A,"Mathematical Economics"


Hinsdale, Dryden-Press, 1974.

17. Varian, Hal R., "Microeconomic Analisis",


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108
A

ENSAIOS ECONOMICOS DA EPGE

100. JUROS, PREÇOS E DívIDA PúBUCA - VOL I: ASPECTOS TEÓRICOS - Março Antonio C.
MartiDI e Clovis de Faro - 1987 (eqotado)
101. JUROS, PREÇOS E DívIDA PúBUCA - VOL n: A ECONOMIA BR.ASILFJR.A - 1971/85 -
Antonio Suazar P. Brandiu, MIRO Antonio C. MIIl'tÍDI e Clovis de Faro - 1987 (elgOáldo)
102. MACROECONOMIA KALECKIANA - RubeDi Penha Cyme - 1987 (esgotado)
103. O PREÇO DO DÓLAR NO MERCADO PARALELO, O SUBFATURAMENTO DE
EXPORTAÇÕES E O SUBFATIJRAMENTO DE IMPORTAÇÕES - Femaodo de Holanda
Barbosa, Rubens Penha Cyme e MlRol Colta Holanda - 1987 (esgotado)
104. BR.ASILIAN EXPERlENCE wrm EXTERNAL DEBT AND PROSPEcrs FOR GRowm -
Femaodo de Holaoda Barbosa 8Dd MIDUeI Sançhes de La Cal - 1987 (esgotado)
lOS. KEYNES NA SEDIÇÃO DA ESCOLHA PúBUCA - Antonio M.-ia da Silveira - 1987
(esgotado)
106. O TEOREMA DE FROBENIUS-PERRON - Carlos Ivan SimODleD Leal - 1987 (esgotado)
107. POPULAçÃO BRASILEIRA - J.llé Montelo -1987 (ngotado)
108. MACROECONOMIA - cAPlTULo VI: ''DEMANDA POR MOEDA E A CURVA 1M" - Mario
Henrique SimODleD e RubeDI PeohaCyme -1987 (esgotado)
109. MACROECONOMIA - cAPlTULo vn: "DEMANDA AGREGADA E A CURVA!S" - Mario
Henrique SimODleD e RubeDB Peoba Cyme - 1987 (eagotado)
110. MACROECONOMIA - MODFLOS DE EQUlIÍBRIO AGREGATIVO A CURTO PRAZO -
M.-io Henrique SimooIen e RubeoI PenhaCyme - 1987 (WScàdo)
111. THE BAYESIAN FOUNDATlONS OF SOLtmONS CONCEPTS OP ~ - Séqio Ribeiro
da COIta Werlq • TOIIIII)' Chin-Cbiu TE - 1987 (ngotado)
112. PREÇOS ÚQUIDOS (PREÇOS DE VALOR ADICIONADO) E SEUS DE'I'ERMINANTES; DE
PRODUI'OS SELECIONADOS, NO PERtODO 1980110 SEMES'I'RE'1986 - RIu! BailD.. -
1987 (eqotado)
113. EMPRÉSTIMos BANcARIos E SALDO-MÉDIO: O CASO DE PRESTACOSS - ClCJYá ...
FIrO - 1988 (eqotado)
114. A DINÁMlCADA lNFLAçÃO -MlrioHemique SimODNll-l988 (e...,ado)
11S. UNCERTAIN'IY AVERSIONS AND THE OPTMAL CHOISE OP PORTFOUO - J..... Dow.
Sérgio Ribeiro daCOIta WerllDl -1998 (ngotado)
116. O CICLO ECONOMICO - Mlrio H...-ique SiJDoono - 1988 (eqotado)
117. FOREIGN CAPrfALAND ECONOMIC GROWIH - THE BRASILIAN CASE STUDY - Mario
Henrique SimODBeD - 1988 (esgotado)
118. COMMON KNOWLEDGE - SérJio Ribeiro da Costa Werlq - 1988 (esgotado)
119. OS FUNDAMENTOS DA ANÁUSE MACROECONÔMICA - Mario Hmique SimoDlen e
Rubens Penha Cysne - 1988 (eB80tad0)
120. CAPtruLo XII - EXPECTATIVAS RACIONAIS - Mario Heorique SimODlen -1988 (esSOtado)
121. A OFERTA AGREOADA E O MERCADO DE TRABALHO - Mario Heurique SimODlen e
Rubens Penha Cyme - 1988 (esgotado)
122. INÉRCIA INFLACIONÁRIA E INFLAçÃO INERCIAL - Mario Henrique SimODBell - 1988
(esgotado)
123. MODELOS DO HOMEM: ECONOMIA E ADMlNISTRAÇÃO - Autonio Maria da Silveira -
1988 (esgotado)
124. UNDERJNVOINCJNO OF EXPORTS, OVElUNVOINCJNO OF IMPORTS, ANO THE DOlLAR.
PREMIUN ON THE BLACK MAB.KET - Femaodo de Holaoda Bnos, Rubens Peoha Cysne e
Marços Costa Holaoda - 1988 (esgotado)
12S. O REINO MAGICO DO CHOQUE HETERODOXO - Fernando de Holmda B.vo.a. ADlonio
Salazar PesBOaBnodlo e Clovis de F..o - 1988 (essotado)
126. PLANO CRUZADO: CONCEPÇÃO E O ERRO DE POÚ'l'ICA FISCAL - Rubens Penha eym. -
1988 (esgotado)
127. TAXA DE JUROS FLt1"fUA.~ VERSUS CORREÇÃO MONETÁRIA DAS PRESTAÇÕES:
UMA COMPARAÇÃO NO CASO DO SAC E INFLAçÃO CONSTANTE - Clovis de F..o -
1988 (eB80tad0)
128. cAPi'ruLo fi - MONETARY CORRECTION ANO REAL 1NTEREST ACCOUNTJNO - RubeDII
Penha Cyme - 1988 (esgotado)
129. CAPtruLo m-INCOME AND DEMAND POUClES IN BRAZIL - RubeoB Penha Cysoe - 1988
(esgotado)
130. CAPtruLo IV - BRAZIUAN ECONOMY IN THE EIGHl1ES AND THE DEBT ClUSIS -
R.ubeoB PeohaCyme -1988 (.qotado)
131. THE BRAZIllAN AGRICULTURAL POUCY EXPElUENCE: RA110NALE ANO FUTURE
DIRECTIONS - Aatoaio s.l... P. .oaBnadlo - 1988 (etgOtado)
132. MORATóRIA lNTERNA, DÍVIDA PÚBUCA E JUROS REAIS - Maria Silvia Batos Marques
e SQio Ribeiro da Co. Werlq- 1988 (eqotIIdo)
133. CAPtnJLo IX - TEORIA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO - Mario Heorique SimoDBen -
1988 (esgotado)
134. CONGELAMENTO COM ABONO SALARIAL GERANDO EXCFSSO DE DEMANDA -
Joaquim Vieira Fernira Levy e Sérgio Ribeiro daCoBta Werhq - 1911 (e8gotado)
135. AS ORIGENS E CONSEQtmNCIAS DA INFLAçÃO NA AMÉRICA LATINA - Fenumdo de
HolaodaBarboBa - 1988 (esgotado)
136. A CONTA-CORRENTE DO GOVERNO - 1970/1988 - Mario Henrique SimOlll8ll - 1919
(e.gotado)
137. A REVIEW ON 'mE 'mEORY OF COMMOW KNOWLEDGE - Sérsio Ribeiro da Costa
Werlq - 1989 (esgotado)
138. MACROECONOMIA - FerDIIIdo de Holanda Bno8a - 1989 (elgotado)
139. TEORIA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS: UMA ABORDAGEM SIMPL1FICADA - Joio
Luiz Teoreiro BIIIT080 - 1989 (elgotado)
140. CONTABILIDADE COM JUROS REAIS - Rubeos Peoba Cyme - 1989 (esgotado)
141. CREDIT RATIONlNG ANO THE PERMANENT INCOME HYPOTHESIS - Viceote Madrigal,
Tommy Tao, o.uel Viceot, Sérgio Ribeiro daCoBta Werllll8 - 1989 (eqotado)
142. A AMAZÔNIA BRASILEIRA - Ney Coe de Oliveira - 1989 (esgotado)
143. DESÁGIO DAS LFl's E A PROBABILIDADE IMPÚcrrA DE MORATÓRIA - MlKia Silvia
Butos M.quel e Sérgio Ribeiro daColta Werllll8 - 1989 (etgotado)
144. THE IDC DEBT PROBLEM: A ~'mEORETICAL ANAUSYS - MlKio Henrique
Simoosen e Sérgio Ribeiro da Costa Werlq - 1989 (eqotado)
145. ANÁLISE CONVEXA NO Rn - Mario Hemique SimOllHll- 1989 (esgotado)
146. A CONI'RoVÊRSIA MONETARISTA NO HEMISFÉRIO NORTE - Femaodo de Hol
Barbosa - 1989 (esgotado)
147. FISCAL REFORM ANO STABILIZATION: THE BRAZIIJAN EXPERIENCE - Fenumdo de
HolaodaBarboa. Antonio Salazar PeBloaBnodlo e Clovis de F.-o - 1989 (esgotado)
148. RETORNOS EM FJ>UCAÇÃO NO BRAS1L: 1976/1986 - C.los IV8Il SimooIen Leal e Sérgio
Ribeiro daCoIta W..-IID&-I989 (eegoado)
149. PREPERENCES, COMMON KNOWLEDGE ANO SPECULATIVE TRADE - J. . . Dvw,
ViC8lâ MIdripl , S4qio Ribeiro da Coa Werlq - 1990 (....,...,)
ISO. FJ>UCAÇÃO E DISTRIBmçÃO DE RENDA - C.IOllvlD S....... Leal e sqio Ribeiro
CoIta W..... - 1990 (eegoado)
151. OBSERVAÇÕES A MARGEM DO TRABAIBO HA AMAZÔNIA BRASlLEIRA" - Ney Coe de
Oliveira - 1990 (....,...,)
152. PLANO COlLOR: UM GOUE DE MESTRE CONTRA A lNFLAÇAO? - FemEdo de Hol
BIKbOIa - 1990 (e.,tado)
190. HlPERlNFLAÇAO E O REGIME DAS POLtTICAS MONETÁRIA-FISCAL - Fernando de
Holanda Barbosa e Elvia Mureb Sallum - Março de 1992 (esgotado)
191. A CONSTITUIÇAo. OS JUROS E A ECONOMIA - Clovis de Faro - Abril de 1992 (esgotado)
192. APUCABILIDADE DE TEORIAS: MICROECONOMIA E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL -
Antonio Maria da Silveira - Maio de 1992 (esgotado)
193. lNFLAçAO E CIDADANIA - Fernando de HolandaBarbosa- Julho de 1992
194. A INDEXAÇAO DOS ATIVOS FINANCEIROS: A EXPERWCIA BRASILEIRA - Fernando
de Holanda Barbosa - Agosto de 1992
195. A lNFLAçAO E CREDmILIDADE - Sérgio Ribeiro da Costa Werlq - Agosto de 1992
196. A RESPOSTA JAPONESA AOS CHOQUES DE OFERTA 1973/1981 - Fernando Antonio
Hadba - Agosto de 1992
197. UM MODELO GERAL DE NEGOCIAÇÃO EM UM MERCADO DE CAPITAIS EM QUE NÃO
EXISTEM INVESTIDORES IRRACIONAIS - Luiz Guilhenne Schymura de Oliveira - Setembro
de 1992
198. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO; A NECESSIDADE DE REFORMA - Clovis de
Faro - Setembro de 1992
199. BRASIL: BASES PARA A RETOMADA DE DESENVOLVIMENTO - Rubens Penha Cysne -
Outubro de 1992
200. A VISÃO TEÓRICA SOBRE MODELOS PREVIDENCIÁRIOS: O CASO BRASILEIRO - Luiz
Guilhenne Schymura de Oliveira - Outubro de 1992
20i. HIPER.1'.'FLAçÃO; CÂ!\ffiIO. MOEDA E ANCORAS NOMINAIS - Fernando àe Hoiaoda
Barbosa - Novembro de 1992 - (esgotado)
202. PREVID~CIA SOCIAL: CIDADANIA E PROVISÃO - Clovis de Faro - Novembro de 1992
203. OS BANCOS ESTADUAIS E O DESCONTROLE FISCAL: ALGUNS ASPECíOS - Sérgio
Ribeiro da Costa Werlq e Armínio Frap Neto - Novembro de 1992 - (esgotado)
204. TEORIAS ECONÔMICAS: A MEIA-VERDADE TEMPoRÁRIA - Antonio Maria da Silveira -
Dezembro de 1992
20S. THE RICARDIAN VICE AND THE INDETERMlNATION OF SENIOR - Antonio Maria da
Silveira - Dezembro de 1992
206. HIPERlNFLAçÃO E A FORMA FUNCIONAL DA EQUAÇÃO DE DEMANDA DE MOEDA -
Fermmdo de HolaodaBarbosa- Janeiro de 1993
207 REFORMA FlNANCElRA - ASPECI'OS GERAIS E ANÁIJSE DO PROJETO DA LEI
COMPLEMENTAR - Rubens Penha Cyme - fevereiro de 1993.
208. ABUSO ECONÔMICO E O CASO DA LEI 8.002 - Luiz Guilherme Sohyoan de Oliveira e
Sérgio Ribeiro da Costa Werlq - fevereiro de 1993.
109. ELEMENTOS DE UMA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICUL'ruRA
BRASILEIRA - Autonio SalR?RI' Pel80a BnodIo e Elileu Alves - Fevereiro de 1993
110. PREVID~CIA SOCIAL PÚ8UCA: A EXP~CIA BRASILEIRA - Hélio Portoçarrero de
Castro. Luiz Guilherme Sçhymura de Oliveira, Renato Fraaelli Cardoso e Uriel de MagaIhles -
Março de 1993.
111. OS SISTEMAS PREVIDENCIÁRIOS E UMA PROPOSTA PARA A RRF'ORMULACAO DO
MODELO BRASILEIRO - Helio Portoçarrero de Cutro, l..uiz Ouilherme Sçbymura de Olive~
Renato Fraaelli Cardoso e Uriel de MagaIbaes - Março de 1993.
111. THE INDETERMINATION OF SENIOR (OR THE INDETERMINATION OF WAGNER)
ANO SCHMOILER AS A SOCIAL ECONOMIST - Autonio M..na da Silv.ira - Mar"o de
1993.
113. NASH EQUILIBRIUM UNDER KNIGHTlAN UNCERTAINTY: BRFAK1NG DOWN
BACKWARD INDUcnON (Exteosively Revised Version) - Jamel Dow e Sérgio Ribeiro da
Costa Werhq - Abril de 1993.
114. ON Tllli DIFFERENTIABlUTY OF 1HE CONSUMER. DEMAND FUNCTION - Paulo Klinpr
Monteiro, Mário Rui P.çoa e Sérgio Ribeiro da Costa Werlaog - Maio de 1993.
l1S. DETERMINAÇÃO DE PREÇOS DE ATIVOS, ARBrI'R.AGEM, MERCADO A TERMO E
MRR.CADO FUruRO - S4qio Ribeiro da Costa Werlang e Fllívio Auler - Aaosto de 1993.
116. SISTEMA MONETÁRIO VPBSÃo RlMSADA - Mario Hearique SimODBell e Rubens Penha
Cyaoe - Agosto de 1993.
117. CAIXASDECON\1ERSÃO - FemaodoAlâ6oiolIadba -Aaostode 1993.
118. A ECONOMIA BRASILEIRA NO PERíODO M1T1rAR - RubeDB Penha Cyme - Aaosto de 1993
119. IMPOSTO INFLACIONÁRIO E TRANSFERt.NCIAS INFLACIONÁRIAS - RlIbeos Peoba
Cyaoe - Agosto de 1993.
110. PREVISÕES DE Ml COM DADOS MENSAIS - RubenI Penha Cyme e Joio Victor IsIler -
Setembro de 1993.
111. TOPOLOGIA E cÁLCULO NO Rn - RubeoB Peoba Cyme e Humberto Moreira - Setembro de
1993.

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