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UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOCAMBIQUE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Ensaio académico

Discente:

Zaidina Mane

Nampula,13 de abril de 2023


Introdução

Este trabalho de como objectivo falara de ensaio académico, em estudos sobre os textos
dissertativos científicos divulgam uma estrutura textual comum a todos os textos que
são produzidos dentro do domínio discursivo científico. Como nos diz LEIBRUDER
(2002), “o texto científico tem como aspectos relevantes a objetividade e a
impessoalidade. Esses aspectos são construídos pelos produtores deste texto,
especialistas que escrevem para especialistas, respeitando uma série de convenções
próprias ao jargão científico”(p.229).

Quanto a isso, LEIBRUDER (2002) diz:

O emprego de uma linguagem objetiva, concisa e formal, própria da modalidade escrita


da língua, constitui o pressuposto básico referente à feitura de um artigo científico. O
padrão lexical (nominalizações, vocabulário técnico), e o emprego de verbos na 3ª
pessoa do singular, acrescidos da partícula se (índice de indeterminação do sujeito), ou
na 1ª pessoa do plural (sujeito universal), ocasionando o apagamento do sujeito (...). A
utilização de tais mecanismos, na medida em que afasta o eu do discurso científico,
camuflando quaisquer índices de subjetividade nele existentes, objetiva, em última
instância, atribuir-lhe um caráter de neutralidade (p.230-231).

Elencado os critérios que versa sobre a produção de textos científicos no geral, importa
assim, debruçar sobre o ensaio académico que é o cerne do presente estudo. Recorreu-se
a metodologias bibliográficas para melhor compressão do tema em alusão, constatou-se
ainda que os ensaios são um tipo de textos que maioritariamente é usado em ciências
socias.
Um ensaio acadêmico é um texto para discutir determinado tema, de relevância teórica e
científica, com base teórica em livros, revistas, artigos publicados, entre outros 1. É uma
modalidade de texto bastante usada na academia, especialmente nas áreas de Ciências
Humanas, é o ensaio. Consiste na exposição das ideias e pontos de vista do autor sobre
determinado tema, buscando originalidade no enfoque, sem, contudo, explorar o tema
de forma exaustiva.

Para escrever um ensaio académico em fundamental ter em consideração os seguintes


pontos:

 Em um ensaio acadêmico, uma tese (ideia principal) é defendida pelo autor ou


autores e, portanto, é preciso expressar claramente qual é essa tese. O leitor de
um ensaio acadêmico espera ser informado corretamente sobre o tema a ser
tratado e como o mesmo será trabalhado;
 Para ensaios acadêmicos é adotada, normalmente, a estrutura lógica típica de
um texto científico (título, lista de autores, resumo, introdução...). A tese a ser
defendida (isto é, a ideia relacionada ao tema a ser tratado) já aparece de forma
sucinta no título e no “Resumo”, posteriormente é apresentada com mais
detalhes, na “Introdução”;
 A introdução de um ensaio acadêmico apresenta a ideia a ser explorada e
trabalhada, sugere a linha de argumentação a ser adotada e esboça a organização
do restante do texto.

Torna-se fundamental observar estes critérios, porque em um ensaio académico os


leitores esperam que o autor se posicione com muita clareza em relação ao tema em
alusão, ee crucial que defenda os pontos de vista com argumentos sólidos e com
evidências. Portanto, é crucial que se fase uma pesquisa bibliográfica exaustiva
sobre tema escolhido, é de mais-valia coletar dados secundários caso seja
necessário.

No entanto, torna-se fundamental enfatizar sobre os géneros textuais e os modos de


enunciação, sobre tudo no que diz respeito na relação entre o texto e o seu corpus,
que segundo DIAS, (2004), afirma:

1
Disponível em: https://www.google.com/search?q=tudo+sobre+ensaio+acad
%C3%AAmico+pdf&biw=1366&bih=606&sxsrf=APwXEdcrVCb3_fPkIglF0blcPgPH0okrPQ
%3A1681370078293&ei=3qs3ZP7KEciChbIPk_e82Ag&ved=0ahUKEwj-sYLSp6b.
A questão da pertinência de um dado texto ao gênero, e portanto ao corpus,
passa por um efeito de identificação no acontecimento. Temos, portanto, no
intervalo entre o acontecimento em que nasce o texto e sua filiação ao corpus, a
possibilidade do equívoco, isto é, a possibilidade de um ponto de fuga do texto
ao corpus, produzindo espaços de indistinção com outro gênero, ou mesmo
produzindo o espaço para o surgimento de novos gêneros, (p.76).

Como pode-se observar com base na posição do autor supracitado alguns gêneros são
mais propensos a estes equívocos que outros, ou seja, gêneros como o requerimento se
mostram mais estruturalmente fechados para a atualização enunciativa.

Na perspectiva de GUIMARÃES (2002) o que ocorre com os gêneros aqui investigados


é essa “fuga” ao seu corpus, o que causa muitas vezes a impressão de que os textos
pertencem a um mesmo gênero. Ora, o autor dos textos, o sujeito que ocupa a “função
autor” na enunciação, produz de acordo com esta memória histórica dos gêneros a sua
atualização.

Mas, se no campo de realização desta pesquisa há esta ‘confusão’ entre os dois gêneros
a ponto de ser difícil a definição de cada um deles, o que motiva o produtor destes
textos a classificá-los como artigo ou como ensaio, mesmo quando sua classificação vai
de encontro às características dos mesmos definidos pelas publicações (PEN, 2005).

A palavra ensaio, apesar de ter registros mais antigos que a palavra artigo, está muito
relacionada a “tentativa, interpretação”. Isto, ao mesmo tempo que a afasta da
“objetividade” dos textos científicos, a aproxima de um fazer científico que procura
trazer algo além das “certezas” da ciência (PEN, 2005).

Bons exemplos disto nos são dados pelo historiador inglês BURKE (2001) em seu “Um
ensaio sobre ensaios”, em que cita vários ensaístas e a relação dos mesmos com este
gênero desde seu “criador” Montaigne.

Além de publicar várias coleções de pequenos estudos, Freyre insistia em


descrever ‘Casa Grande & Senzala’, Sobrados e Mucambos’ e ‘Ordem e
Progresso’ (apesar do tamanho deles) como ‘ensaios’. O que se queria dizer
sobre esse termo? Montaigne escolheu-o em parte por modéstia ou por afetação
de modéstia, alegando que o que publicara eram simples ‘tentativas’ literárias (o
sentido original do termo francês ‘essai’), (BURKE, 2001,p.76).

É nítida a relação estabelecida entre o nome e os efeitos de sentido pretendidos pelos


autores acima citados. Percebemos que artigos e ensaios científicos, apesar de na prática
serem textos bastante parecidos, operam em regiões de memória histórica muito
diferentes. A memória discursiva de cada um dos gêneros existe em dicionários, em
manuais científicos, nas normas das revistas, dentro das universidades e centros de
pesquisas. O locutor-cientista/pesquisador será afetado por esta ‘rede’ de significações
que sustentam estas duas palavras: Artigo e Ensaio, que vêm determinadas por outra
palavra que também carrega uma série de significações: científicos, (PEN, 2005).

REFERENCIAS

BURKE, P. (2001). Um ensaio sobre ensaio. sao paulo: Folhas de São Paulo. Obtido em
13 de Abril de 2023, de http://www.folha.uol.com.br/fsp/mais

DIAS, L. F. (2004). Modos de enunciação e gêneros textuais: em busca de novos


olhares sobre a natureza dos textos . santa catarina : UESB.

GUIMARÃES, E. (2002). Semântica do Acontecimento. campina: pontes .

LEIBRUDER, A. P. (2002). O discurso da divulgação científica. São Paulo : Cortez.

PEN, E. B. (2005). Artigo e Ensaio Científicos:dois gêneros e uma só forma,Gêneros


Textuais, Acontecimento e Memória. Belo Horizonte : Faculdade de Letras da
UFMG.

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