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LICENCIATURA EM PSICOLOGIA
2.º ANO - 2.º SEMESTRE
2021/2022
RECENSÃO CRÍTICA
“ILLUSORY CORRELATION IN INTERPERSONAL PERCEPTION: A COGNITIVE
BASIS OF STEREOTYPIC JUDGMENTS”
23 de maio de 2022
Introdução
Muitas vezes, a nossa mente é vítima das suas próprias interpretações e conclusões,
levando-nos a criar suposições daquilo que observamos com base em experiências pessoais,
fazendo-nos tomar decisões erradas, o que, em troca, contribui para a formação de estereótipos e
preconceitos. A este efeito dá-se o nome de correlação ilusória. O presente ensaio procura
analisar de forma crítica o artigo da autoria de Hamilton e Gifford (1976) e refletir sobre as
Psicologia. Deste modo, o trabalho inicia-se por uma breve contextualização e definição de
Contextualização
“Correlações ilusórias” foi um termo inicialmente proposto, nos anos 60, por Chapman e
indivíduos que foram desenhadas pelos participantes, de acordo com a tarefa solicitada. Este
efeito é um viés cognitivo que consiste na perceção da relação entre duas variáveis que, na
realidade, não estão correlacionadas entre si, ou estão, mas em menor grau (Chapman, 1967).
percebem a relevância deste para explicar o raciocínio que está por trás dos estereótipos e
preconceitos dirigido a minorias, acabando por escrever um dos artigos fundamentais que
stereotypic judgments”.
Resumo
Gifford (1976) basearam o efeito das correlações ilusórias numa “dupla infrequência”, que
consistia em julgar menos favoravelmente minorias do que maiorias, quando maior parte dos
De modo a testar a hipótese, foram realizados dois estudos, em que, no primeiro, foi
indíviduo diferente. É possível afirmar que não existia relação entre a pertença grupal e a
4 negativos). Tal como era esperado, o grupo A foi avaliado como mais positivo que o grupo B.
positivos e ao grupo B foram atribuídos metade dos do grupo anterior (9 negativos e 4 positivos).
fundo de verdade (Ashmore & DelBoca, 1981). Porém, os autores certificaram-se que os
Outros estudos de correlação ilusória forneceram outra base de estereótipo, sugerindo que as
preconceitos e discriminação, não são extremamente necessárias para ocorrerem, ou seja, não
Assim, fatores cognitivos podem ser suficientes para produzir percepções diferenciadas de
ciência não se deve à acumulação de conhecimento, nem à aproximação da verdade, mas sim à
criação de restrições à construção teórica e, por isso mesmo, é caracterizado por se centrar na
ideia de “bons paradigmas experimentais”, sendo o modelo das correlações ilusórias considerado
parte destes, uma vez que seguiu todas as características que foram atribuidas a estes.
erros. Um exemplo que o pode justificar, foi quando Hamilton, Dugan e Trolier (1985)
mostraram os mesmos comportamentos dos dois grupos, porém, estes foram apresentados
simultaneamente numa tabela, o que fez com que o efeito de correlações ilusórias desaparecesse.
Hamilton e Gifford (1976), mas o efeito deixou de ser utilizado para caracterizar os efeitos da
dupla infrequência no julgamento de grupos humanos, uma vez que foi replicada seguida de uma
qualquer teoria. Enquanto Hamilotn e Gifford (1976) situam a sua explicação deste efeito na
dupla infrequência, Fiedler (1991) situa-a na aprendizagem deficiente dos itens mais vulneráveis
aos efeitos de regressão e à incerteza. No entando, os resultados obtidos por Hamilton e Gifford
efeito das correlações ilusórias ser pouco específico por si só (Chapman, 1969), Hamilton e
Por último, o paradigma de Hamilton e Gifford (1976) reproduz um teste rigoroso de uma
tende a ser avaliado mais positivamente do que o que foi apresentado menos vezes (Zajonc,
1980). Assim, a dupla infrequência e a mera exposição convergem no sentido em que irá existir
infrequência ao efeito de mera exposição, fazendo com que maior parte dos comportamentos
fossem negativos, o que resultaria nos comportamentos duplamente distintivos passarem a ser
um bom paradigma experimental à luz do novo experimentalismo. Essa qualidade permitiu que o
progresso científico, já que, para existir, não basta apenas a mera criação de novos paradigmas,
anteriores. Deste modo, qualquer nova abordagem sobre correlações ilusórias na perceção tem de
Conclusão
Cognição Social no mundo da Psicologia, e para muitas outras pesquisas sobre este assunto.
Hamilton e Gifford (1976) mostraram que a cognição social não é necessariamente sui generis,
pois foi possível perceber que esta produção de discriminação através de avaliações é resultado
ainda é vulgar nas sociedades do quotidiano e de estar relacionada com casos preconceituosos,
gênesis dos preconceitos e estereótipos, que podem ser transmitidas a outros membros de grupos
predominantes, bem como às próximas gerações. Contudo, algo que escapa aos estudiosos deste
efeito é que os mecanismos subjacentes a este fenómeno ainda não estão totalmente elucidados.
Referências
Ashmore, R. D., & Del Boca, F. K. (1981). Conceptual approaches to stereotypes and
Chapman, L.J., & Chapman, J.P. (1969). Illusory correlation as an obstacle to the use of
392-407.
Hamilton, D. L., Dugan, P. M., & Trolier, T. K. (1985). The formation of stereotypic
Stroessner, S. J., & Plaks, J. E. (2001). Illusory correlation and stereotype formation:
Tracing the arc of research over a quarter century. In G. B. Moskowitz (Ed.), Cognitive social
psychology: The Princeton Symposium on the Legacy and Future of Social Cognition (pp. 247–