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Direito Administrativo Disciplinar

ESTATUTO
Art. 1° - Este Estatuto regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas
dos servidores militares do Estado”;
2. Art. 35 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais-militares constituirá
crime, contravenção ou transgressão disciplinar, conforme dispuserem a legislação ou
regulamentação específica; “regulamentação específica”: RDBM.
3. Art. 35 § 2° - A responsabilidade disciplinar é independente das responsabilidades
civil e penal. Exceções:
a) estar provada a inexistência do fato;
b) negativa de autoria;
c) excludente da ilicitude (apenas em relação ao fato sob excludente, remanescendo
possibilidade de punição perante às circunstâncias periféricas);
d) excludente culpabilidade (apenas em relação ao fato sob excludente, remanescendo
possibilidade de punição perante às circunstâncias periféricas);

STJ - [...] Consoante a jurisprudência do STJ, as esferas cível, administrativa e penal são
independentes, com exceção dos casos de absolvição, no processo criminal, por
afirmada inexistência do fato ou negativa de autoria. [...] (STJ - AgInt no AREsp:
1767036 PR 2020/0253002-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de
Julgamento: 10/05/2021, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/07/2021)

TJM/RS - [...] Com relação ao mérito, a anulação da condenação pela Justiça comum
do delito de corrupção passiva não tem o condão de modificar a decisão administrativa
emanada no regular Conselho de Disciplina, uma vez que independentes as esferas
administrativa e penal, e só se comunicam quando na instância penal se decida pela
inexistência material do fato ou pela negativa de autoria, o que não se verifica no
presente caso. Precedente [...]. (TJM/RS, APELAÇÃO CÍVEL Nº 1756-62.2015.9.21.0000,
JUIZ DR. FERNANDO GUERREIRO DE LEMOS, JULGADO EM 11.11.2015)
Art. 37 - O servidor militar cuja atuação no serviço revelar-se incompatível com o cargo
ou que demonstrar incapacidade para o exercício das funções policiais-militares a ele
inerentes será do mesmo imediatamente afastado, sem prejuízo dos respectivos
vencimentos e vantagens, salvo após decisão final do processo a que for submetido,
desde que venha a ser condenado. CD e CJ obrigatoriamente afastado (aplicação das
Legislações de Regência). PADM análise em concreto. (Ex: homicídio em circunstâncias
duvidosas)
Art. 156 do Estatuto: Aplicam-se no que couber, o Regulamento e do Serviços Gerais
do Exército (R1), o Regulamento de Continências, Honra e Sinais de Respeito das forças
armadas (R2), o Regulamento de Administração do Exército (R3) e o Regulamento de
Continências do Exército, o Conselho de Justificação (Lei nº 5836/72) e o Conselho de
Disciplina (Decreto Federal 71500/72).
Art. 159. Aplicam-se aos servidores militares, nos casos omissos na presente Lei, as
disposições do Estatuto e Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do
Estado do Rio Grande do Sul (Lei 10098/97).
Aplicação Subsidiária da Lei Complementar nº 10.098/94 e do CPPM para os casos de
Impedimento e Suspeição: Em que pese a omissão do RDBM (Decreto 43.245/04)
acerca das hipóteses de suspeição e impedimento da autoridade administrativa, não é
crível permitir que um julgador que já emitiu juízo de valor acerca da conduta
praticada, atue também na esfera recursal administrativa, sob pena de malferir o
princípio do devido processo legal, da moralidade e da impessoalidade, todos
resguardados pela Carta Magna. Deste modo, necessária a aplicação subsidiária do
disposto no artigo 217 da Lei Complementar nº 10.098/94, Estatuto e Regime jurídico
único dos servidores públicos civis do Estado do Rio Grande do Sul, que prevê: “no
processo administrativo disciplinar poderá ser arguida a suspeição, que se regerá pelas
normas da legislação comum”. Ainda, por analogia, se aplicam os artigos 37 e 38 do
Código de Processo Penal Militar. Logo, resta indiscutível a suspeição da autoridade
administrativa julgadora, o que representa vício instransponível à legalidade do ato
administrativo”. (Tribunal de Justiça Militar ....)
Inteligência do artigo 159 da Lei Complementar Nº 10.990/97 ... O prazo do lapso
prescricional, por eficácia do que dispõe o artigo 197, da Lei Complementar n°
10.098/94, cuja aplicação subsidiária, na ausência de regramento específico na Lei
Complementar 10.990/97, é de doze meses, prazo de prescrição previsto, à época,
pelo artigo 197, inciso II, da Lei 10.098/94. (TJM ...)

Sigilo da sindicância. Possibilidade


Art. 7º A sindicância, em regra, será ostensiva, podendo, conforme o fato em
apuração, ser classificada, desde o início ou em seu curso, como sigilosa pela
autoridade delegante ou, pelo sindicante, no caso de juntada de documentos sigilosos,
hipóteses em que a restrição de acesso não alcançará o sindicado nem seu advogado,
caso tenha sido devidamente constituído.
Providências antes da sindicância
§3º O aguardo da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, direção
ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de serviço, tome ou determine que
sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis, uma vez que tenha
conhecimento de transgressão disciplinar que lhe caiba investigar.
Sindicante. Requisitos
Art. 13. A delegação para realizar a sindicância recairá sobre oficiais ativos, ou
pertencentes ao Corpo Voluntário de Militares Inativos, respeitando-se a antiguidade
ou precedência hierárquica do sindicado.
Indícios contra oficial de grau hierárquico superior ao sindicante ou mais antigo
§1º Se no curso da investigação o sindicante verificar a existência de indícios contra
militar estadual de grau hierárquico superior ao seu ou mais antigo, deverá
imediatamente suscitar o seu impedimento à autoridade delegante, suspendendo-se a
contagem do prazo.
Nomeação de escrivão. Excepcionalidade
§2º Nos casos de maior repercussão e a critério da autoridade delegante, o sindicante
poderá valer-se de um escrivão para auxiliá-lo nos trabalhos, que será,
preferencialmente, um graduado, excetuando-se os casos em que constem Oficiais
como sindicados, nos quais deverão ser escrivães os Oficiais Subalternos.
Movimentação funcional do sindicante
§3º Na hipótese de movimentação do sindicante para outro OPM/OBM, no
transcorrer da sindicância, este deverá ser substituído, conforme previsão do § 3º do
art. 24 do Decreto nº 36.175, de 13 de setembro de 1995.
§4º A nomeação de 1º Tenente do Corpo Voluntário de Militares Estaduais Inativos,
como sindicante, só poderá ocorrer se este tiver sido aprovado no Curso Básico de
Administração Policial Militar.
Art. 15. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias.
Prorrogação do prazo
§1º Este prazo poderá ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias, mediante pedido
fundamentado do sindicante à autoridade delegante, feito com antecedência mínima
de 02 (dois) dias úteis do término do prazo.
§2º Será deduzida do prazo mencionado neste artigo a suspensão prevista no § 1º do
art. 13 desta Instrução Complementar.
§3º Do prazo para conclusão será excluído o dia do recebimento da portaria,
iniciando-se a contagem no próximo dia útil, e incluído o dia da entrega, que na
hipótese de recair em dia de feriado ou final de semana autorizará a entrega no
primeiro dia útil posterior.
Afastamentos do sindicado. Continuidade da sindicância
Art. 21. As dispensas médicas, licenças, férias e outros afastamentos totais do serviço
do sindicado não suspendem ou interrompem a sindicância, tendo em vista a sua
natureza inquisitorial, devendo esta ser concluída mesmo sem a oitiva do sindicado.
Art. 22. As autoridades militares estaduais que tiverem conhecimento de fatos
irregulares e que não possuírem competência para a instauração de sindicância
deverão comunicar, imediatamente, à autoridade superior competente para tal.
Fatos que não constituem transgressão disciplinar
Art. 23. Excluem-se do objetivo da presente Instrução Complementar os fatos que não
constituam transgressão disciplinar em tese e para os quais haja normas específicas de
apuração e também estejam excluídas das previsões da Portaria SSP nº 48, de 31 de
março de 2014, tais como o acidente em serviço, extravio de carteira de identidade
funcional ou fardamento, disparo acidental e acidente de tiro, reconhecimento de ato
de bravura e outros.
Instauração de nova sindicância
Art. 24. O arquivamento de sindicância não obsta a instauração de outra, se novas
provas ou indícios aparecerem em relação ao fato ou ao sindicado, ressalvados a coisa
julgada e os casos de extinção da punibilidade.
RDBM
Processo Administrativo Disciplinar Militar: procedimento ordinariamente tendente à
aplicação de penalidade diversa da demissão a bem do serviço público ao Oficial,
Aluno-Oficial, Praça Estável e Praça Sem Estabilidade.
Processo Administrativo Disciplinar Com Pretensão Demissionária: procedimento
extraordinariamente tendente à aplicação de penalidade licenciamento a bem da
disciplina à Praça Sem Estabilidade. Procedimento de rito semelhante ao PADM
ordinário, porém com possibilidade de imposição de pena demissionária.
Conselho de Disciplina: procedimento tendente à aplicação de penalidade de
exclusão a bem da disciplina ao Aluno-Oficial ou Praça com Estabilidade.
Conselho de Justificação: procedimento tendente à aplicação de demissão ao Oficial.

Art. 2° - Este Regulamento aplica-se aos Militares Estaduais ativos e alunos


matriculados em órgãos de formação.

§ 1° - Os Militares Estaduais na inatividade não são alcançados pelas disposições deste


Regulamento, excetuando-se quanto a divulgação de segredos militares, de que trata a
Lei Federal n° 7.524/86, tanto quanto a manifestação pública, pela imprensa ou por
outro meio de divulgação, de críticas a assuntos que afetem a previsão estatutária
relativa ao valor e a ética policial-militar, naquilo que lhes for aplicável.
§ 2° - Os Alunos de órgãos de formação de Militares Estaduais também estão sujeitos
aos Regimentos Internos, Regulamentos, Normas e Ordens específicas dos OPM em
que estejam matriculados e/ou freqüentando o Curso.
Art. 20 - São autoridades competentes para aplicar sanção disciplinar:

I - O Governador do Estado a todos os Militares Estaduais sujeitos a este Regulamento;


II - O Chefe da Casa Militar aos que estiverem sob suas ordens;
III - O Comandante-Geral e o Subcomandante-Geral da Brigada Militar a todos os
Militares Estaduais sujeitos a este Regulamento, exceto o Chefe da Casa Militar e
àqueles que servirem sob as ordens deste;
IV - O Chefe do Estado Maior da Brigada Militar aos que estiverem sob suas ordens;
V - O Corregedor-Geral, o Comandante do Comando do Corpo de Bombeiros, os
Comandantes dos Comandos Regionais de Polícia Ostensiva, os Comandantes dos
Comandos Regionais de Bombeiros, o Comandante do Comando dos órgãos de Polícia
Militar Especiais e os Diretores aos que estiverem sob suas ordens ou integrantes das
OPM subordinadas;
VI - O Ajudante-Geral, os Comandantes e Subcomandantes de órgãos Policiais
Militares, os Chefes de Assessorias, Seção, Centros e Divisões, e os Comandantes de
Subunidades aos que estiverem sob seu comando, chefia ou direção.
VII - Os Comandantes de Pelotões Destacados, aos que servirem sob suas ordens. 
Art. 21 - O Governador do Estado e o Comandante-Geral da Brigada Militar são
competentes para aplicar todas as sanções disciplinares previstas neste Regulamento.
O primeiro documento gerado é a Notificação Disciplinar (ND), que é a peça
inauguratória do processo (equivale a denúncia do processo penal), contendo todos os
dados necessários para a acusação do ME com observância dos requisitos previstos no
RDBM. Em anexo a ela seguem os documentos que subsidiaram a instauração do feito
(procedimentos investigatórios ou documentos outros).
Na ND consta o nome do Encarregado, o qual será Oficial subordinado à autoridade
processante, pois as autoridades com competência disciplinar poderão delegar a
Oficial que lhe seja subordinado, a realização do Processo Administrativo Disciplinar
Militar, observando a precedência hierárquica entre o Encarregado e o Acusado.
1º Ten PME sem conclusão de CBAPM é possível atuar como Encarregado de PADM.
Excepcionalmente ao praça na função de Comandante de Pelotão Destacado é
permitida a atuação como Encarregado e mesmo a instaurar PADM.

Assinada pela autoridade competente disciplinar, a Seção de Correição envia a ND para


o Encarregado, o qual notifica o acusado para em 03 (três) dias úteis comparecer a
audiência no horário por ele estabelecido;
Alínea “F” do item 11 do Anexo II do RDBM
até o dia da audiência de justificação, os autos deverão ficar à disposição do acusado,
na 1ª Seção, para vista ou eventual extração de cópias, mediante solicitação formal do
mesmo, quando deverão ser conclusos a quem irá presidi-la;
Após Implementação do SGC: autos permanecem virtualmente à disposição do
Encarregado, cuja cópia eletrônica deverá ser fornecida ao acusado juntamente com a
notificação (em atenção ao Princípio do Contraditório)
Audiência de Justificação: Trata-se de um direito do justificante e dever do
encarregado do PADM, ou seja, não basta juntar as alegações escritas entregues pelo
acusado, mas é absolutamente necessária que seja realizada tal audiência, lavrando-se
o termo e colhendo a assinatura do Encarregado e do Acusado. É imprescindível,
mesmo que o acusado apresente apenas suas razões escritas, pois posteriormente o
mesmo pode alegar cerceamento de defesa.
Determinação nº 02/Cor-G/2008 – Quando o ME entra em licença para tratamento de
saúde própria, assim dispõe a presente determinação:
 
Na hipótese de Militar Estadual entrar em gozo de Licença para Tratamento de Saúde
Própria, anteriormente a instauração de Processo Administrativo Disciplinar, previsto
na presente determinação, deverá o seu comandante imediato ou a autoridade
nomeante providenciar em encaminhá-lo a Junta Policial Militar de Saúde, elaborando
quesitos que busquem certificar se poderá o Militar Estadual responder pelos seus
atos perante o processo a ser instaurado.

Já na hipótese do Militar Estadual acusado entrar em gozo de Licença para Tratamento


de Saúde Própria no curso do processo, deverá o presidente ou encarregado do feito
providenciar em encaminhá-lo a Junta Policial Militar de Saúde, elaborando quesitos
que busquem certificar se pode o Militar Estadual continuar a responder pelos seus
atos.
A punição disciplinar pode ocorrer independentemente da existência de uma
sentença penal condenatória transitada em julgado, uma vez que as instâncias penal
e administrativa são independentes entre si, não havendo uma correlação, via de
regra, entre suas decisões, conforme se infere do artigo 35, § 2º, da Lei Complementar
n.º 10.990/97. 2. Os elementos de convicção do julgador da esfera penal e da esfera
administrativa não, necessariamente, se relacionam, razão pela qual a presença de
uma declaração abonatória e a ausência de exame de corpo de delito, nos autos do
processo criminal, não interferem no julgamento do procedimento administrativo
disciplinar militar [...]. (TJM/RS, APELAÇÃO CÍVEL N.º 1228-28.2015, JUIZ RELATOR:
AMILCAR FAGUNDES FREITAS MACEDO, JULGADO EM 09/09/2015).
[...] Com relação ao mérito, a anulação da condenação pela Justiça comum do delito de
corrupção passiva não tem o condão de modificar a decisão administrativa emanada
no regular Conselho de Disciplina, uma vez que independentes as esferas
administrativa e penal, e só se comunicam quando na instância penal se decida pela
inexistência material do fato ou pela negativa de autoria, o que não se verifica no
presente caso. Precedente [...]. (TJM/RS, APELAÇÃO CÍVEL Nº 1756-62.2015.9.21.0000,
JUIZ DR. FERNANDO GUERREIRO DE LEMOS, JULGADO EM 11.11.2015)
Parecer: Não há previsão para que o encarregado produza um parecer para a
autoridade que instaurou o PADM. Tal fato é visto como inovação indevida produzida
no procedimento, cabendo apreciação disciplinar. O papel do encarregado é
estabelecido de forma taxativa no RDBM.
Sobrestamento: não é possível sobrestar o feito administrativo, devendo ser
prontamente instaurado. Assim estabelece a Súmula nº 05 da Corregedoria-Geral:

A avaliação disciplinar residual, de Militar Estadual indiciado em procedimento


investigatório de caráter preliminar (Inquérito Policial Militar, Inquérito Policial,
Sindicância e Procedimento Investigatório) independe de sentença penal condenatória,
devendo de pronto ser instaurado o adequado processo administrativo, sob pena de
responsabilização da autoridade policial militar. Dessa forma, é vedado o
sobrestamento de PADM na Brigada Militar. (BG nº 144/2011)
Independência das esferas – desnecessidade de sobrestamento do PADM: [...] não há
previsão legal para que o administrador público tenha que sobrestar a decisão
administrativa-disciplinar que tenha como fundamento crime que ainda dependa de
julgamento na esfera judicial. Portanto, in casu, preferiu o Comandante-Geral, em
razão da independência entre as esferas, não aguardar a decisão judicial, não havendo
na sua decisão qualquer violação ao princípio da presunção de inocência [...].
(Apelação Civel nº 3601-71.2011.9.21.0000, Relator JUIZ DR. Fernando Guerreiro de
Lemos)
Solução: Tomada a decisão, a autoridade comunica-se com a Seção de Correição
(Assessoria do Comandante) a fim de que seja realizada uma minuta da decisão, a fim
de que seja revisada. Terminado este trâmite, é publicada a decisão em Boletim
Interno (ou Boletim Disciplinar, no caso de oficiais, em seus respectivos círculos), e por
fim é dada ciência ao acusado e a seu procurador, caso possua.
No caso de concurso de agentes entre Oficial e Praça, a nota para Publicação em BG/BI
deverá suprimir o nome do Oficial envolvido e substituí-lo por “...” “por ter, no interior
da APM, na data de 20 de maio de 2021, o acusado, em acordo de vontades e
comunhão de esforços com o Oficial ..., subtraído
RECURSOS
O RDBM prevê os seguintes recursos: Reconsideração de Ato, Queixa e
Representação. Não há previsão de recurso inominado ou algo similar, devendo não
ser conhecido por falta de previsão legal.

Art. 50 - Os recursos disciplinares a que se refere o artigo 47 deste Regulamento terão


efeito suspensivo no cumprimento da punição imposta.

o C. Superior Tribunal de Justiça já decidiu o seguinte: “Não se conhece de recurso sem


previsão legal”. (Petição n° 4363/MG 2005/0194663-2, Relator o Ministro Hamilton
Carvalhido, j. 25.4.06)
O art. 48 menciona que o recurso disciplinar deve ser redigido de forma respeitosa,
sem comentários ou insinuações, tratando de caso específico, cingindo-se aos fatos
que o motivaram, fundamentando-se em argumentos, provas ou documentos
comprobatórios e elucidativos. Caso o acusado apresente recurso que contrarie o
referido artigo, deverá ser instaurada Sindicância Policial Militar ou diretamente um
novo PADM a fim de averiguar os argumentos e termos utilizados.
O Art. 55 do RDBM prevê que os recursos devem ser interpostos no prazo de 03 (três)
dias úteis a contar da publicação do ato. Todavia, como a publicação dos atos diferem
nas Unidades, considera-se plausível a abertura do prazo recursal a partir da
notificação da decisão.
Prazo para a administração: prevê o art. 56 que a decisão dos recursos disciplinares
será dada no prazo de até oito dias. Todavia, tal prazo é impróprio, eis que os prazos
que regulam o Processo Administrativo Disciplinar Militar, têm como primeiro objetivo
padronizar as ações da Corporação na apuração e punição das condutas tidas como
transgressionais à Disciplina policial-militar. A norma tem função de exclusiva
regularidade administrativa, e sobre esta não se opera o instituto da prescrição, salvo
nos casos expressos em lei.
Os prazos aqui estudados servem apenas para regular o trabalho das autoridades
públicas e seus agentes, ordenar o cotidiano, organizar o expediente da Administração.
Reconsideração de Ato
Conforme o art. 52, é o recurso interposto, mediante parte ou oficio, à
autoridade que praticou, ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular,
ofensivo, injusto ou ilegal, para que o reexamine.
Quando o ME for movimentado antes da solução deste recurso, o mesmo
deve ser interposto perante a autoridade com competência disciplinar atual sobre o
recorrente, e não àquela que já não a tem, sob pena de anulação da decisão
eventualmente adotada.
A movimentação do ME implica modificação de subordinação disciplinar
deste perante as autoridades elencadas no art. 20 do RDBM, perdendo a autoridade
de origem competência disciplinar sobre o Militar Estadual transferido.

Reconsideração de Ato das Decisões do Comandante-Geral


Parágrafo único do art. 58: Nos casos em que a sanção disciplinar tiver sido aplicada
pelo Comandante-Geral caberá somente o recurso de Reconsideração de Ato.

Muito embora o art. 5º, LV de nossa Magna Carta preveja que aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, não há
disposição expressa assegurando duplo grau de jurisdição na esfera administrativa.
Queixa
O recurso de queixa, conforme o art. 53 do RDBM, é interposto perante a
autoridade imediatamente superior a que aplicou a punição disciplinar, por Militar
Estadual que se julgue prejudicado em virtude de decisão denegatória do recurso de
Reconsideração de Ato.

Princípio da Pluralidade das Instâncias: Como decorrência da autotutela e da


hierarquia institucional, tem-se a possibilidade de a própria administração rever seus
atos, de ofício ou a pedido, anulando-os ou revogando-os, quando eivados de
nulidade, de modo que no Direito Disciplinar o pedido de reconsideração à última
autoridade administrativa encerra a possibilidade de revisão da decisão.
Representação
Estabelecido no art. 54, é o recurso disciplinar, efetuado mediante oficio ou
parte, interposto por autoridade que julgue subordinado seu estar sendo vítima de
injustiça, ilegalidade, arbitrariedade, abuso de autoridade ou prejudicado em seus
direitos por ato de autoridade superior hierárquico.
O recurso de Representação, nos termos do art. 54 do RDBM, possui uma
singularidade em relação aos demais recursos, vez que sua legitimação recai sobre o
superior hierárquico. O recorrente não é o Militar Estadual punido, mas o superior
hierárquico que repute subordinado seu estar sendo vítima de injustiça, ilegalidade,
arbitrariedade, abuso de autoridade ou prejuízo em seus direitos.
Note-se que há a necessidade de subordinação do acusado ao representante, não
bastando ser apenas um oficial que trabalhe na mesma Unidade. Ainda, por uma
interpretação sistemática do RDBM, somente oficial pode impetrar o presente recurso,
sendo que graduados não detém legitimidade para tal ato.
Cumprimento da punição: As punições de advertência e repreensão dependem para
seu cumprimento de meras formalidades quanto à publicação, intimação do punido e
averbamento da punição em seus assentamentos.
Art. 10 - A advertência, forma mais branda das sanções, será aplicada ostensivamente,
por meio de publicação em Boletim, e será registrada nos assentamentos individuais
do transgressor.
Art. 11 - A repreensão é sanção imposta ao transgressor de forma ostensiva, mediante
publicação em Boletim, devendo sempre ser averbada nos assentamentos individuais
do transgressor.
Registro de Punição nos Assentamentos do Punido:
Para Praças, o registro do Boletim Interno ou Geral nos assentamentos do transgressor
é informatizada e automática (Boletim Online).
Para Oficiais, o Comando de origem deverá providenciar a transcrição e registro.
Art. 12 - A detenção consiste no cerceamento da liberdade do punido, o qual deverá
permanecer no local que lhe for determinado, sem que fique confinado.
§ 2° - A detenção com prejuízo do serviço externo consiste na permanência do punido
em local próprio e designado para tal, o qual deverá comparecer aos atos de instrução
e serviços internos, caso as circunstâncias recomendem o contrário, tal restrição
deverá ser objeto da publicação que veiculou o ato administrativo.
§ 3° - A detenção sem prejuízo do serviço externo consiste na permanência do punido
em local próprio e designado para tal, devendo concorrer às escalas operacionais,
tanto como a instrução e serviços internos.
5° - Os Militares Estaduais dos diferentes círculos de oficiais e praças, estabelecidos em
lei estatutária, não poderão cumprir suas sanções disciplinares no mesmo
compartimento, tanto como deverão ficar separados daqueles presos à disposição da
Justiça.
No cumprimento das sanções disciplinares de detenção e prisão o Militar Estadual
punido deverá permanecer fardado;
Os horários de visitas deverão ser regulados pelas autoridades que aplicaram a sanção,
não devendo ultrapassar o período de duas horas diárias, exceto aos advogados aos
quais deverá ser observada a legislação pertinente (Estatuto dos Advogados, Lei n°
8.906/1994). Situações excepcionais deverão ser solucionadas pela autoridade
responsável pelo cumprimento da punição disciplinar;
Cumprimento obrigatório em quartel: Não há a possibilidade do ME cumprir parte da
punição em quartel e parte em sua residência, em decorrência da dificuldade de
alimentação ou instalações adequadas, pois a legislação não possibilita estas práticas.
ME gestante: O bom senso deve ser observado. Há casos em que a própria gestante
pede para cumprir, e caso esteja trabalhando, pode cumprir a punição. É necessário
que exista na Unidade uma estrutura apta para que a mesma cumpra a punição, não
sendo necessário uma UTI no Batalhão, mas os meios adequados. Caso a ME seja
gestante de risco, deve-se aguardar seu retorno.  
Cumprimento durante o período de agregação por motivo disciplinar: inexiste óbice
para que o militar estadual agregado por motivo disciplinar (arts. 37, caput, e 92, inciso
III, alínea “p” do Estatuto dos Militares Estaduais), enquanto aguarda a decisão final do
processo a que for submetido, cumpra punição administrativa oriunda de processo
diverso, pois o militar estadual agregado encontra-se afastado das funções policiais
militares, mas não do serviço cuja efetividade deverá ser regularmente atestada pela
respectiva Unidade a que serve, nos termos da Determinação 01/Cor-G/2019
(Afastamento das Funções Policiais Militares – Agregação).
O lançamento da efetividade do militar estadual agregado no período de cumprimento
da punição deverá observar as específicas orientações do Departamento
Administrativo sobre o tema. "
Punido cedido a Órgão Civil: Se a autoridade destinatária for estranha à estrutura
administrativa da Brigada Militar, a comunicação deve seguir pela via hierárquica até o
Comando-Geral para que este notifique a autoridade dirigente do Órgão que conta
com o militar estadual punido a seu serviço.
Possibilidade Interrupção de Afastamento Regulamentar do Serviço: As disposições
estabelecidas pelo inciso V do § 1º e pelo 2º do art. 82 da Lei Complementar nº
10.990/97, autorizam a interrupção, para cumprimento de transgressão disciplinar, da
licença especial e da licença para tratar de interesses particulares e da licença para
tratamento de saúde de pessoa da família exigindo, o parágrafo único do art. 43 que a
interrupção seja determinada pelo Governador ou pelo Comandante-Geral. Nos
demais casos, deverá a autoridade aguardar o retorno do afastamento do punido,
pronto para o serviço, para aplicar a punição.
Prazos Prescricionais: no direito administrativo, a prescrição é fixada em dispositivo
expresso, constante do Estatuto a que se prende o funcionário público, constituindo
esta a lógica legislativa no campo disciplinar. Em razão de o Regulamento Disciplinar da
Brigada Militar (RDBM) silenciar acerca de sua aplicação aos acontecimentos sob sua
regulação, de longa data a Administração Policial Militar têm utilizado
subsidiariamente os prazos prescricionais previstos no Estatuto e Regime Jurídico
Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Sul, em que se
pretenda ou se execute as seguintes penalidades:
Advertência e Repreensão: 12 (doze) meses;
Detenção e prisão: 24 (vinte e quatro) meses;
Licenciamento a bem da disciplina: 05 (cinco) anos
Prazos Prescricionais em caso de transgressão que constitua crime: a prescrição
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime e, após
condenação, pela pena em concreto. O prazo prescricional da lei penal deve ser
aplicado às faltas funcionais reputadas como crime, independentemente da apuração
criminal da conduta do servidor em razão da rigorosa independência das esferas
administrativa e judicial. (Nesse sentido, o julgamento, em 22 de maio de 2019, do
Mandado de Segurança nº 20.857 - DF (2014/0048542-1),Rel. Ministro Og Fernandes).
Termo Inicial da Contagem do Prazo Prescricional: cômputo da prescrição não se
inicia da data do cometimento do fato supostamente irregular, mas sim da data em
que ele se tornou conhecido por alguma das autoridades com competência disciplinar
previstas no art. 20 do RDBM sobre o transgressor. A prescrição não pune a
administração por inércia ao tempo em que ela não tinha condições de promover a
apuração, por ainda não saber do fato.
Causa suspensiva da Contagem do Prazo Prescricional: Existem dois eventos, cujo
intervalo entre seu início e fim, impedem a contagem do prazo prescricional, devendo
esta ser retomada de onde parou:
 instauração de Sindicância ou Inquérito Policial Militar até a decisão final pela
autoridade competente;
 enquanto não resolvida, em outro processo de qualquer natureza, inclusive judicial,
questão de que dependa o reconhecimento da transgressão: caso o acusado consiga
determinação judicial para suspender o curso do processo, o prazo prescricional da
punibilidade administrativa mantém-se suspenso, voltando a fluir do ponto em que
parou quando cessarem o efeito da ação judicial, computando-se o tempo já decorrido
antes da suspensão. O mesmo não se aplica quando o acusado obtém decisão judicial
que apenas determina refazimento de determinado ato, sem impor a paralisação dos
trabalhos.
 Desde o julgamento da Apelação Cível nºº 0070007-41.2018.9.21.0002/RS (em 28 de
agosto de 2019)o Pleno do Tribunal deJustiça Militar tem rejeitado o fundamento de
que a decisão do procedimento administrativo disciplinar é causa suspensiva do lapso
prescricional até o trânsito em julgado da decisão punitiva.
Causa interruptiva da Contagem do Prazo Prescricional: A data de instauração da
notificação disciplinar constitui a única o causa interruptiva de cotagem de prazo
prescricional do processo administrativo disciplinar militar, consoante decidiu o Pleno
do Tribunal deJustiça Militar no julgamento da Apelação Cível nº 0070672-
23.2019.9.21.0002 (em 02 de fevereiro de 2020), hipótese em que sua contagem
deverá ser “zerada” e iniciada a contagem 140 (cento e quartenta) dias após a
instauração da notificação disciplinar.
afastado do cargo, na forma do estatuto, por se tornar incompatível com o mesmo ou
demonstrar incapacidade no exercício das funções a ele inerentes;
Art. 37 do Estatuto dos Militares Estaduais - O servidor militar cuja atuação no serviço
revelar-se incompatível com o cargo ou que demonstrar incapacidade para o exercício
das funções policiais-militares a ele inerentes será do mesmo imediatamente afastado,
sem prejuízo dos respectivos vencimentos e vantagens,
Solução do PADM Demissionário pelo OPM de origem:

“[...] a solução do respectivo PADM deverá conter a sanção do inciso V do Art. 9º do


RDBM c/c o § 5º do Art. 128 da LC 10.990/97, onde a autoridade solucionante entende
que deve ser aplicada a presente sanção de licenciamento, mas que deixa de aplicá-la
em razão de competência, remetendo todo o processo à Corregedoria-Geral. Nota de
Instrução nº 1.39/EMBM/2020
Portanto, na solução do respectivo PADM, a autoridade solucionante deverá indicar
que o caso é de aplicação da sanção do licenciamento a bem da disciplina, mas que
deixa de aplicá-la em razão de competência exclusiva do Governador do Estado,
remetendo todo o processo à Corregedoria-Geral.
Seqüência de atos do PADM demissionário após solução do OPM de Origem,
recomendando a aplicação da penalidade prevista no art. 9°, inciso V (licenciamento a
bem da disciplina):
Remessa, via canal de comando, à Corregedoria-Geral para saneamento e elaboração
de minuta de ato administrativo de licenciamento a bem da disciplina a ser assinada
pelo Governador do Estado.
Com a elaboração da minuta, a Corregedoria-Geral encaminhará ao Governador do
Estado via Procuradoria-Geral do Estado;
O Governador do Estado, em última instância, exercerá sua competência prevista no
inciso V do art. 128 do Estatutos dos Militares Estaduais e solucionará o feito (com
base no Parecer lavrado pela PGE), podendo: aplicar a pena de licenciamento a bem da
disciplina; aplicar penalidade diversa; justificar ou anular o PADM.
A decisão final do Governador será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).
Aplicada a pena de licenciamento a bem da disciplina nesta decisão, o Departamento
Administrativo A decisão final do Governador será publicada no Diário Oficial do
Estado (DOE) e, aplicada a pena de licenciamento a bem da disciplina nesta decisão, o
Departamento Administrativo comunicará a Secretaria da Fazenda do Estado para fins
de corte da folha de pagamento do militar conforme a data do desligamento.
Existe a possibilidade de a tramitação destes atos estar ocorrendo no momento da
aquisição de estabilidade do acusado (cinco anos de efetivo serviço), logrando ele
atingir a chamada “estabilidade intercorrente”.
Estabilidade intercorrente: Durante a tramitação do PADM demissionário pode ocorrer
que o militar adquira estabilidade. Ocorrendo isso, o PADM retorna para a
Corregedoria-Geral, que determina a instauração de um Conselho de Disciplina (CD),
pois a conduta deve ser analisada sob as garantias de outro instrumento processual
(Conselho de Disciplina). Este ponto é pacífico na PGE e na Justiça Militar.
Requisitos para o cancelamento a ser concedido pelos Comandantes até o
Subcomandante-Geral: 

Art. 61 - O cancelamento da punição será concedido ao ME que o requerer,


satisfeitas as seguintes condições: 
I - não ser a transgressão objeto do cancelamento, atentatória ao sentimento do
dever, à honra pessoal, ao pundonor militar ou ao decoro da classe;
II - ter o requerente bons serviços prestados e comprovados pela análise de suas
alterações;
III - ter o requerente parecer favorável de seu Comandante
IV - ter o requerente completado, sem qualquer outra punição superveniente:
a) seis anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de detenção com
prejuízo do serviço ou prisão;
b) quatro anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de detenção sem
prejuízo do serviço;
c) dois anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de advertência ou
repreensão.
Art. 66 - O Comandante-Geral da Brigada Militar, ex-officio, ou mediante
requerimento do interessado, após parecer do Comandante deste,
independentemente das condições enunciadas nos artigos anteriores, poderá cancelar
as sanções dos Militares Estaduais que tenham prestado relevantes serviços e não
hajam sofrido qualquer punição nos últimos dois anos.
 Apenas o Comandante-Geral pode cancelar a punição atentatória ao sentimento do
dever, à honra pessoal, ao pundonor militar ou ao decoro da classe (punição
enquadrada na ética);
Bons serviços X Relevantes Serviços: os elogios cadastrados fazem parte de sua
atividade profissional de rotina, não havendo qualquer conduta excepcional. Manter o
comportamento exemplar dentro da corporação e perante a sociedade é inerente ao
cargo que o ocupa, por isso, um dever do militar. No caso em exame, os elogios
existentes na ficha funcional não se mostram extraordinários, mas normais ao
cumprimento do dever e próprios das corporações militares. Logo, inviável reconhecê-
los como “relevantes serviços prestados” exigido pelo artigo 66 do RDBM para a
excepcional hipótese de concessão de cancelamento.
Art. 63 - A solução do requerimento solicitando o cancelamento da punição deverá
constar em publicação do Boletim.
Art. 62 - A eliminação das anotações nos assentamentos e fichas disciplinares se dará
de modo que não seja possível a sua leitura, registrando-se apenas o número e a data
do ato administrativo que formalizou o cancelamento.
Art. 65 - Concedido o cancelamento, o comportamento do Militar Estadual será
reclassificado, na forma deste Regulamento.
Art. 67 - A anulação de punição consiste em tornar sem efeito sua aplicação. 
§ 1° - A anulação da punição será concedida quando for comprovado ter ocorrido
injustiça ou ilegalidade na sua aplicação.
Art. 68 - A anulação da punição importará na eliminação de toda e qualquer anotação
ou registro nos assentamentos do punido relativo à sua aplicação.
PADIT
Após a Decisão administrativa em primeiro grau (Comandante do OPM), se apurada a
responsabilidade e não havendo acordo extrajudicial para ressarcimento, a autoridade
competente instaura o PADIT para que o Militar Estadual exerça o direito à ampla
defesa e ao contraditório.
O PADIT tem o objetivo exclusivo de propiciar a ampla defesa ao contraditório aos
Militares Estaduais que forem considerados culpados em qualquer dos casos previstos
na Nota de Instrução que regula o IT para que seja assegurado o ressarcimento do
erário.
Ao contrário do PADM, não tem caráter disciplinar e não prevê punições.
Outra diferença entre PADM e PADIT, é que enquanto o primeiro pode ser derivado de
qualquer procedimento investigatório, o segundo só pode ser instaurado apenas
através do IT. O ME pode responder pelo mesmo fato em um PADM e um PADIT, pois
o objeto de ambos é diferente.
O ME acusado será notificado pelo Encarregado e terá prazo de 10 (dez) dias,
contados da data do recebimento da notificação para que apresente defesa sobre as
responsabilidades que lhe são atribuídas e requeira a produção das provas, arrole
testemunhas, junte documentos e outras ações que julgar necessárias ao exercício do
seu direito de defesa, com o objetivo primordial de estabelecer o contraditório e a
ampla defesa;
O encarregado, fundamentando sua decisão, poderá indeferir a produção de prova ou
de diligência requerida pelo acusado, quando considerar tais procedimentos como
protelatórios, desnecessários, impertinentes, ou quando o seu objeto for ilícito;
Se não for justificado, terá prazo de 5 (cinco) dias para que apresente recurso da
decisão à autoridade de segundo grau (Diretor do DLP).
Permanecendo o acusado considerado culpado e este não manifestando interesse no
ressarcimento do erário, os autos serão remetidos à Procuradoria Geral do Estado
(PGE) que decidirá sobre a viabilidade de ação judicial para cobrança.
CONSELHO DE DISCIPLINA E CONSELHO DE JUSTFICAÇÃO
Promoção à condição de Oficial do acusado na inatividade ou conclusão com
aprovação no curso CSPM após a prática da falta funcional – necessidade de conversão
do Conselho de Disciplina em Justificação sob pena de nulidade dos atos praticados a
partir da promoção do justificante

Ementa: CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE ACOLHIDA. DECISÃO


UNÂNIME. 1. A transferência de policial militar à Reserva Remunerada torna
necessária a conversão de Conselho de Disciplina instaurado em Conselho de
Justificação, por conta da promoção do miliciano à condição de Oficial. Manutenção do
feito como Conselho de Disciplina que não se justifica, tornando nulos os atos
praticados a partir da promoção do investigado. (TJM/RS. CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO
N.º 1000178-93.2017.9.21.0000. RELATOR: JUIZ CIVIL AMILCAR FAGUNDES FREITAS
MACEDO. DATA DE JULGAMENTO: 11/10/2017).
Conseqüências da exclusão/demissão do cargo: o militar excluido/demitido perderá o
seu grau hierárquico, não terá direito a qualquer remuneração ou indenização e,
ainda, não se isentará das indenizações dos prejuízos causados à Fazenda Estadual ou
a terceiros, nem das pensões decorrentes de sentença judicial;(TJM/RS, CnJst nº
0900020-93.2018.9.21.0000, Rel. Des. Amilcar Macedo, Plenário, j. 08/05/2019)
O militar da ativa, ao ser submetido a Conselho, é afastado automaticamente do
exercício de suas funções
A Determinação 001/Cor-G/2019 estabelece algumas providencias iniciais que devem
ser adotadas:
Inicialmente, o ME deverá ser afastado das funções, providenciando-se sua agregação
e disponibilidade para as investigações (à Disposição do Conselho).
A critério do Comandante o acusado deverá comparecer ao expediente administrativo
(P1) diariamente ou no mínimo duas vezes por semana, para fins de atestação de
efetividade e recebimento de orientações dos membros do CD/CJ.
A freqüência do militar agregado definida pelo Comandante deverá ser fundamentada
e publica em boletim, colhendo-se o ciente do acusado, e, se já possuir defensor, da
mesma forma, deixando-os cientes do conteúdo da Portaria nº 019/Cor-G/2022
Não está autorizado lançamento de férias do militar agregado disciplinarmente,
ficando a regularização para quando da reversão do beneficiário à Corporação,
somente com direito aos efeitos pecuniários.
Não poderá viajar para fora do Município de sua residência sem conhecimento e
autorização de seu Comandante, ouvido ainda o Presidente ou Encarregado do
processo ou procedimento com o fito de não causar prejuízo ao andamento do feito.
Durante a agregação por afastamento da função, art. 37 da lei 10.990/97, a Carteira de
Identidade Funcional do Militar Estadual deverá ser recolhida no P1.
Nesse mesmo diapasão, deverá ser recolhido pelo Comandante do Militar afastado
todo material funcional disponibilizado ao militar em decorrência de sua função
policial-militar. Ex.: armamento em cautela, colete balístico, procedimentos e
processos no caso de oficial, etc.
Deverá o Comandante do afastado, durante a agregação, solicitar ao Departamento
Administrativo a suspensão do porte de arma durante o período da agregação;
Deverá o Comandante do afastado solicitar ao Departamento de Informática para
providenciar o cancelamento de todos os sistemas disponíveis ao mesmo em
decorrência de sua função. Ex: Consultas Integradas, SIGBM, INTRANET, etc

Os Comandos Regionais/Departamento possuem atribuição para nomeação de


Conselho de Disciplina (não podem nomear Conselho de Justificação)
A nomeação do Conselho de Justificação é realizada exclusivamente pelo
Comandante-Geral, através da Corregedoria-Geral. Pode também nomear Conselhos
de Disciplina.
O Conselho de Justificação é composto de 3 (três) Oficiais, da ativa, da Instituição, de
posto superior ao seu.
§ 1º O membro mais antigo do Conselho de Justificação, no mínimo um Oficial
superior da ativa, e o presidente, o que lhe segue em antigüidade é o interrogante e
relator, e o mais moderno, o escrivão.
O Conselho de Disciplina  é composto de 3 (três) oficiais da Instituição
§1º O membro mais antigo do Conselho de Disciplina, no mínimo um Oficial
Intermediário, é o presidente;  o que lhe segue em antiguidade é o interrogante e
relator, e o mais moderno, o escrivão.
Não podem fazer parte do Conselho de Justificação:
a) o Oficial que formulou a acusação (seja por que procedeu a comunicação disciplinar;
seja por que participou das investigações;
b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado, parentesco
consangüíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consangüinidade colateral
ou de natureza civil; e
c) os Oficiais subalternos.
Não podem fazer parte do Conselho de Disciplina:
a) o Oficial que formulou a acusação (seja por que procedeu a comunicação disciplinar;
seja por que participou das investigações);
b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado, parentesco
consangüíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consangüinidade colateral
ou de natureza civil; e
c) Os oficiais que tenham particular interesse na decisão do Conselho de Disciplina
O Conselho funciona sempre com a totalidade de seus membros, em local, onde a
autoridade nomeante julgue melhor indicado para apuração do fato

Audiências e Sessões jamais poderão ser realizadas com a presença parcial dos
integrantes do Conselho.
justificante deve estar presente a todas as sessões do Conselho, exceto à sessão
secreta de deliberação do relatório.  
[...] Não há óbice algum em realizar sessão secreta conforme previsto pela Lei, desde
que intimado o Procurador constituído e o acusado para comparecerem na sessão
para a necessária observância da garantia da ampla defesa e do contraditório
conforme se verifica na espécie. (TJM/RS. Apelação Cível nº 1000078-
07.2018.9.21.0000. Relator: Juiz Civil Fernando Guerreiro de Lemos. Julgado em 11 de
julho de 2018).
 Em sua defesa, pode o acusado requerer a produção, perante o Conselho, de todas
as provas permitidas no Código de Processo Penal Militar.
Diferentemente do PADM em que deverá “apresentar” suas provas.   
 Audiências de Instrução, Oitivas, na seguinte ordem sob pena de nulidade: (No
máximo 6 (seis) testemunhas de cada por fato)
1º - Testemunhas de Acusação
2º - Testemunhas de Defesa
As provas a serem realizadas mediante a Carta Precatória são efetuadas por
intermédio da autoridade militar ou, na falta desta, da autoridade judiciária local.
se a autoridade nomeante, Comandante-Geral, considera culpado o Oficial acusado e
incapaz de permanecer na instituição, remessa ao Tribunal de Justiça Militar para,
confirmando a decisão do Comandante da Instituição, promova a demissão do
acusado.
se o Comandante-Geral considera culpada o Oficial acusado e incapaz de permanecer
na instituição, tal decisão é irrecorrível, devendo os autos serem imediatamente
remetidos ao Tribunal de Justiça Militar.
Crimes de natureza militar: tornam obrigatória a análise do aspecto disciplinar
residual por parte da Administração Policial Militar, uma vez que a coisa julgada na
esfera penal faz também coisa julgada na esfera administrativa.
A administração somente estará desincumbida deste Encargo se o fato motivador da
condenação esteja prescrito na esfera administrativa ou, com a mesma descrição da
conduta e com a conduta já tenha sido apreciada disciplinarmente por meio de
PADM ou CD a devida e fundamentada análise de mérito, dita comunicação deverá ser
arquivada nos assentamentos do militar condenado para fins de registro
Condenação por crime militar de natureza dolosa até dois anos (se ainda não
prescrito administrativamente e sem apreciação anterior pela administração):
1. Deverá o Comandante de OPM imediatamente a partir do recebimento do ofício
judicial instaurar Processo Administrativo Disciplinar Demissionário se Praça Sem
Estabilidade (consoante determina o art. 15, inciso III do RDBM). Ministério Publico
Estadual Militar não ajuizará Representação para Perda da Graduação.
2. Deverá o Comandante de OPM imediatamente a partir do recebimento do ofício
judicial encaminhar, informando a falta de avaliação anterior, ao Comando Regional ou
Departamento para fins de instauração de Conselho de Disciplina se Aluno-Oficial ou
Praça Estável (consoante determina o art. 2º, inciso III do Decreto nº 71.500/72, c/c os
arts. 44, 45 e 156 da LC nº. 10.990/97). Ministério Publico Estadual Militar não ajuizará
Representação para Perda da Graduação.
3. Deverá o Comandante de OPM imediatamente a partir do recebimento do ofício
judicial encaminhar ao Comando Regional com circunscrição do local do fato,
informando a falta de avaliação anterior, para instauração do Conselho de Disciplina,
se Praça RR por fato cometido na ativa; se a transgressão ocorrida for na Capital,
encaminhar à Corregedoria-Geral para instauração pelo Comandante-Geral. Ministério
Publico Estadual Militar não ajuizará Representação para Perda da Graduação.
4. Deverá o Comandante de OPM imediatamente a partir do recebimento do ofício
judicial encaminhar à Corregedoria-Geral, informando a falta de avaliação anterior,
para instauração de Conselho de Justificação, se Oficial (pelo Comandante-Geral
através da Corregedoria-Geral - art. 2º, inciso IV da Lei nº 5.836/72). Ministério Publico
Estadual Militar não ajuizará Representação para Perda do Posto.
Condenação por crime militar de natureza culposa até dois anos (se ainda não
prescrito administrativamente e sem apreciação anterior pela administração):
 Deverá ser tomada as mesmas providências recomendadas para a condenação
por crime militar de natureza dolosa até dois anos (instauração de PADM
Demissionário, Conselho de Disciplina ou Conselho de Justifiação), todavia com
fundamento na “acusação oficial ou por qualquer meio lícito de comunicação
social de ter” (inciso I das legislações de regência):
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular; ou
c) praticado ato que afete a honra pessoal o pundonor militar ou decoro da classe.
Condenação por crime militar de natureza dolosa com pena superior a dois anos (se
ainda não prescrito administrativamente e sem apreciação anterior pela
administração):
a. Se Praça (com estabilidade ou não ou Aluno-Oficial), não poderá ser instaurado
Conselho de Disciplina ou PADM Demissionário (Praças não estáveis) para avaliar sua
capacidade de permanecer na Instituição pelo fato delituoso a que for condenado, pois
será submetido à Representação para Perda da Graduação com este objetivo a ser
ajuizada pelo Ministério Publico Estadual Militar.
b. Se Oficial, não poderá ser instaurado Conselho de Justificação para avaliar sua
capacidade de permanecer na Instituição pelo fato delituoso a que for condenado, pois
será submetido à Representação para Perda do Posto com este objetivo a ser ajuizada
pelo Ministério Publico Estadual Militar.
Recolhimento Carcerário decorrente da Prisão Criminal
Art. 86 - Parágrafo único - São prerrogativas dos servidores militares:
III - as penas de prisão, detenção ou reclusão, fixadas em sentença judicial e os casos
de prisão provisória, serão cumpridas em organização policial-militar, cujo
Comandante, Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre a pessoa do preso;
Art. 87 - Somente em caso de flagrante delito o servidor militar poderá ser preso por
autoridade policial civil, ficando esta obrigada a entregá-lo imediatamente à
autoridade policial-militar mais próxima, só podendo retê-lo na delegacia ou posto
policial durante o tempo necessário à lavratura do flagrante.
Militar Estadual Inativo:
Os militares na inatividade se dá o direito de prisão especial, no cometimento de
crime comum, antes ou após sua condenação definitiva, devendo ser recolhidos aos
quartéis da Corporação:
Art. 295 do CPP (Comum).  Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação
definitiva: [...] V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios;
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
  Art. 675.  § 2o  Se o réu estiver em prisão especial, deverá, ressalvado o disposto na
legislação relativa aos militares, ser expedida ordem para sua imediata remoção
para prisão comum, até que se verifique a expedição de carta de guia para o
cumprimento da pena. (aquele que é excluído)
2º O cumprimento de penas restritivas de liberdade e prisões provisórias se dará em
celas ou alojamentos específicos, de acordo com o regime de cumprimento de pena
imposta, nos seguintes quartéis:
•  §1º Oficiais: no 4º Regimento de Polícia Montada, em Porto Alegre;
• §2º Praças: no Presídio Policial Militar, em Porto Alegre, no 2º Batalhão de
Operações Especiais, em Santa Maria, e no 3º Regimento de Polícia Montada,
em Passo Fundo;§3º O recolhimento de ME preso a OPM diversa das acima
citadas dependerá de análise das condições de acolhimento e segurança,
exarado pela Corregedoria-Geral e aprovada pelo Comandante-Geral;

• §4º O recolhimento de ME do sexo feminino se dará nos mesmos quartéis
acima elencados, porém respeitados os critérios de privacidade.

Agregação decorrente de Prisão Criminal


Regula o procedimento a ser adotado pelos Diretores, Cmt de OPM, Aj G, e Cor G,
referente a medidas a serem adotados em face de prisão em flagrante ou prisão
judicial (por crime comum ou militar) de militar estadual sob seu Comando.
● Os Diretores, Comandantes de OPM, Cor G e Aj G, que possuírem efetivo sob seu
comando preso por decisão judicial, deverão, tão logo receberem solicitação da
autoridade judicial para efetuarem o recolhimento do ME, ou o documento de
Lavratura do Flagrante Delito, quando for o caso, remeter ao Departamento
Administrativo os documentos necessários a fim de realizar o ato de Agregação.
Os documentos referidos do tópico anterior são os seguintes:
- Mandado de Prisão Preventiva, Temporária ou Certidão da Sentença
Condenatória expedido pela autoridade judiciária, com o ciente do ME OU
- Documento de Lavratura da Prisão em flagrante delito homologada pela
Autoridade Judiciária;
- Ofício do Diretor, Comandante de OPM, Cor G ou Aj G, informando a situação e os
procedimentos adotados, bem como solicitando a agregação do respectivo ME.
Tão logo o militar preso seja colocado em liberdade, o Diretor, Comandante de OPM,
Cor G ou Aj G, deverá remeter ofício solicitando a Reversão do ME acompanhado de
Alvará de Soltura do mesmo.
LEI DE PROMOÇÕES DOS OFICIAIS
Quanto os efeitos do Direito Administrativo Disciplinar na carreira dos Oficiais e
Praças, pode-se destacar os efeitos das condenações, tanto penais quanto
disciplinares:
Art. 36 - O Oficial incluído no Quadro de Acesso por qualquer dos critérios será do
mesmo EXCLUÍDO quando ocorrer uma das seguintes situações:
[...] IV - perda do posto;
[...] VIII - condenação por crime doloso, cuja sentença condenatória tenha transitado
em julgado, até a extinção da punibilidade, inclusive no caso de suspensão condicional
da pena;
[...] XIV - prisão preventiva ou em flagrante delito, enquanto a prisão não for
revogada;
[...] XVI - submissão a conselho de justificação.
Art. 37 - O Oficial estará incapacitado de ingressar e/ou permanecer no Quadro de
Acesso por MERECIMENTO, quando for enquadrado em alguma das seguintes
situações:
I - ter sido punido por transgressões consideradas atentatórias à dignidade e à ética
Policial Militar nos termos da Lei Complementar no 10.990/97;
II - decurso do prazo de reabilitação por condenação de crime de natureza dolosa,
conforme previsto pela legislação específica;
Art. 43 - Os deméritos a serem avaliados para ingressar no Quadro de Acesso por
merecimento serão os seguintes:
I - punições disciplinares, como Oficiais, contadas cumulativamente:
a) advertência: meio ponto negativo;
b) repreensão: um ponto negativo;
c) detenção sem prejuízo do serviço: dois pontos negativos;
d) detenção com prejuízo do serviço: quatro pontos negativos;
[...]
§ 3o - Para as punições aplicadas pelo Comandante-Geral da Brigada Militar será
acrescido meio ponto negativo sobre o quantitativo previsto no inciso I deste artigo.

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