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RESUMO
A Educação à Distância multiplica e expande o papel do professor, atribuindo-lhe diferentes funções
e atribuições, imprescindíveis ao sucesso na aprendizagem do aluno. O presente artigo, por meio
de pesquisa bibliográfica, tem como intento descrever brevemente a história do surgimento da
Educação à Distância no Brasil e realizar concisa reflexão sobre as particularidades da docência na
Educação à Distância, abordando as competências e habilidades imperativas, principalmente, ao
docente que atua como professor-tutor, bem como a importância da tutoria no contexto dos cursos
à distância e as características e responsabilidades inerentes as atividades desenvolvidas.
ABSTRACT
The Distance Education multiplies and expands the role of the teacher, giving him different functions
and tasks, essential to success in student learning. This article, by means of literature, is to attempt
briefly describe the history of distance education rising in Brazil and provide concise reflection of the
particularities from teaching in Distance Education, addressing skills and mandatory abilities, mainly to
the teacher who acts as a teacher-tutor, as well as the importance of mentoring in the context of distance
learning courses and the characteristics and responsibilities inherent in their activities.
1. INTRODUÇÃO
A Educação à Distância (EaD) é assinalada por processos de ensino-aprendiza-
gem, que utilizam diferentes mídias como instrumentos na transmissão de conhecimentos. O
ambiente virtual permite a interação entre alunos e educadores e o desenvolvimento intelectu-
al com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em benefício da inovação
pedagógica.
De acordo com Belloni (2006, p.79), o “uso mais intenso dos meios de comunica-
ção e informação torna o ensino mais complexo e exige a segmentação do ato de ensinar em
múltiplas tarefas, sendo esta segmentação a característica principal do ensino à distância”.
Belloni (2006, p.84) reúne em três grupos as funções dos docentes: o primeiro
grupo se responsabiliza pela criação do curso e das matérias, o segundo planeja e organiza
a distribuição de materiais e também administra a parte acadêmica (matrícula e avaliação) e
o terceiro grupo é responsável pelo acompanhamento do aluno no processo aprendizagem.
Pretende-se, por fim, ponderar que para os profissionais que atuam como pro-
fessores e tutores nos cursos de Educação à Distância é necessária a articulação de novos
aportes e fazeres educativos, destacando, neste contexto, quais são as funções atribuídas ao
professor-tutor e sua significativa importância para o desenvolvimento integrado do aluno no
processo de ensino-aprendizagem. Exercer a função de professor-tutor requer competências
e habilidades que vão além do domínio dos conteúdos pedagógicos e dos meios tecnológicos,
implicando saberes específicos para o exercício da função com êxito.
Esta modalidade de ensino remonta uma longa história, sendo difícil precisar seu momento de
fundação. A literatura apresenta diferentes situações que podem ser consideradas como experiên-
cias iniciais em EaD. Conforme Nunes (2009) e Landim (1997), provavelmente, o primeiro registro da
utilização do método de ensinar à distância foi o anúncio das aulas por correspondência ministradas
por Caleb Philips em 1728, na Gazette de Boston, EUA, que enviava suas lições, todas as semanas,
para os alunos inscritos.
A primeira geração da Educação à Distância ocorreu no período de 1728 até meados de 1970,
com preponderância de estudos por correspondência. Materiais impressos, livros, apostilas, eram o
principal recurso da EaD antes do aparecimento das tecnologias eletrônicas e digitais. Didaticamen-
te, os alunos recebiam o material impresso, por correio, para estudos acompanhados por exercícios
de fixação e a interação entre aluno e instituição produtora acontecia apenas nos momentos desti-
nados aos exames.
Diversos autores creditam à França, Espanha e Inglaterra o início e a propagação da EaD para
o mundo, pois, diferente do Brasil, o sistema educacional dessas nações não era controlado pelo
Governo. Assim, livres de um controle centralizador, esses países puderam inovar e desenvolver es-
tratégias de ensino que pudessem atender às necessidades regionais.
Segundo Alves (2009), a trajetória da EaD no Brasil é marcada por avanços e retrocessos e,
ainda, alguns momentos de estagnação, provocados principalmente pela ausência de políticas pú-
blicas para o setor. De acordo com o autor, existem registros que colocam o Brasil entre os principais
países do mundo no que se referia à EaD até os anos de 1970. Depois dessa época o Brasil estagnou
e outras nações avançaram e somente no fim do milênio é que as ações positivas voltaram gerando
desenvolvimento considerável nesta modalidade educacional.
A partir da década de 1990, com o avanço da informática e das telecomunicações, assim como
a expansão da internet, fez com que a EaD se revigorasse e compreendesse cursos de níveis superior
e pós-graduação, iniciando a terceira geração da Educação à Distância, a “EaD on-line”, caracterizada
pela atuação conjugada de vários meios de comunicação e tecnologias, favorecidos pelo uso do
e-mail e dos recursos disponíveis na Word Wide Web, MP3, ambientes virtuais de aprendizagem, ví-
As bases legais para a EaD no Brasil foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), regulamentada pelo Decreto nº 5.622 de
19 de dezembro de 2005, com normatização definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, de 2004.
Atualmente a Educação à Distância se institui em uma iniciativa transformadora que vem re-
definindo paradigmas. Tem demonstrado vantagens como flexibilidade no acesso à aprendizagem,
a oportunidade de formação adaptada às exigências atuais do mercado, a possibilidade de uma
aprendizagem mais personalizada respeitando o ritmo e valorizando a autonomia de cada indivíduo.
3. TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
O avanço tecnológico influencia a economia, os meios de produção, revoluciona as áreas de
conhecimento, e traz novas concepções para a Educação. A “Sociedade da Informação” exige maior
rapidez e maior quantidade de informação, conduzindo a elaboração de outras perspectivas e elei-
ção de novos interesses.
Num mundo onde as relações giram em torno do capital, consumo, competitividade e com-
petência, o avanço das tecnologias conduz à modalidade de ensino à distância a um novo estágio
de desenvolvimento, em decorrência da potencialização de ferramentas e da comunicação dialógica
entre os sujeitos envolvidos no processo educativo, ampliando a interatividade, o compartilhamento
de saberes e a construção coletiva do conhecimento.
Apesar dos desafios experimentados pela Educação à Distância, esta modalidade de ensino é
uma realidade, concretizando-se por meio do processo de ensino-aprendizagem mediado por tec-
nologias, em que professores e alunos, embora separados temporal ou espacialmente, podem estar
conectados por tecnologias.
O ensino virtual, moldado às condições do aluno, passa a ser um instrumento ímpar e rompan-
te aos problemas relacionados às dificuldades de acesso à educação. Villardi afirma que:
Embora existam muitos aspectos a serem superados, no que tange a infraestrutura e prepa-
ro para utilização da Educação à Distância no Brasil, as tecnologias tornaram-se instrumentos para
acesso ao conhecimento. A expansão da Educação à Distância pelo país e a utilização da internet
nas metodologias de ensino, introduziram importantes possibilidades de interação, intercâmbio de
ideias e materiais, entre alunos e professores, dos alunos entre si, e dos professores entre si, no que
se denomina comunidades de aprendizagem em rede (MAIA, 2003).
O processo educacional à distância faz com que as aulas tenham um novo membro entre o
aluno e o professor, o computador. Atividade que o aluno antes copiava em caderno passa a exigir
acessos ao portfólio, entradas no sistema e averiguações, encaminhamentos de atividades por pos-
tagens, participação em fóruns e chats, exercícios virtuais etc.
É incontestável que os recursos tecnológicos trazem muitos benefícios para praticamente to-
dos os setores da vida, incluindo a educação, mas para a superação dos desafios hoje enfrentados
pela Educação à Distância, a formação e a preparação dos professores precisa considerar a realidade
da sociedade na qual estamos inseridos, marcada pela forte e universal presença de tecnologias que
a cada dia se transformam e se aperfeiçoam.
O papel do professor deve ser o de mediador, aquele que auxilia o aluno a alcançar seu poten-
cial máximo, aproveitando os benefícios educativos que os recursos tecnológicos podem oferecer,
e para tanto, é imprescindível que o professor conheça as ferramentas que tem a sua disposição e
apresentem qualidades e experiências imprescindíveis para ensinar à distância. Esta nova forma de
pensar a educação e a formação de professores pressupõe outras perspectivas de mundo para o
processo de construção do conhecimento, onde o uso das tecnologias implica em aliar método e
metodologia na busca de um ensino interativo e de qualidade.
Nos programas à distância eleva-se o nível de exigência dos recursos humanos envolvidos e
sua multidisciplinariedade. Por existir uma diversidade de modelos, que resulta em possibilidades
diferenciadas de composição dos recursos humanos necessários à estruturação e funcionamento
de cursos nessa modalidade, além de professores-especialistas nas disciplinas, deve-se contar com
tutores, avaliadores, especialistas em comunicação e no suporte de informação, ou seja, os recursos
humanos devem configurar uma equipe multidisciplinar com funções de planejamento, implemen-
tação e gestão. As divisões e funções dos profissionais que compõem esta equipe multidisciplinar
apresentam estruturações similares nas instituições de ensino, embora a nomenclatura varie, oca-
sionalmente.
Nos cursos à distância, os professores veem suas funções se expandirem, requerendo que se-
jam altamente qualificados. O professor responsável por um determinado conteúdo não precisa ser
4. Tutor Presencial: atende alunos nos polos presenciais. Conhece o projeto do curso e o
material didático, com objetivo de auxiliar os estudantes em suas atividades individuais e em
grupo, fomentando a pesquisa e esclarecendo dúvidas específicas e sobre as tecnologias usa-
das. Essencialmente, participa de encontros presenciais, como avaliações, e promove comuni-
cação com alunos e com a equipe do curso.
O tutor é o agente facilitador do conhecimento e, por essa ação, precisa estar in-
teiramente consciente e integrado quanto aos conteúdos, metodologias, matérias, atividades
e, sobretudo, o contexto em que seu aluno está inserido, sua realidade, suas limitações e seu
potencial, por isso, vários autores atribuem à atuação do tutor ao sucesso ou não da Educa-
ção à Distância.
de orientação dos alunos de um curso à distância. É ele quem, aos poucos, deve fazer com
que os alunos percebam o quanto o trabalho colaborativo pode ajudar o processo de ensino
e aprendizagem.
5. TUTOR É PROFESSOR?
Os cursos de Educação à Distância possuem uma equipe multidisciplinar, o professor não é o
detentor do conhecimento, ele passa a mediar o ensino/aprendizagem.
Na composição da equipe da EaD, surge a figura do tutor - profissional que atua diretamente
com os alunos e cuja função, para algumas instituições de ensino, é orientar, esclarecer dúvidas e
acompanhar o estudo do aluno, enquanto para outras o tutor é o professor, responsável pela media-
ção de todo o processo de ensino e aprendizagem.
Em seus estudos, Peters (2003) defende que tutores não são docentes, mas sim conselheiros,
companheiros dos estudantes no sentido mais restrito, cuja função é o assessoramento aos alunos
em questões gerais, a quem não compete responsabilidades de ensino.
Ante aos desafios presentes no trabalho de mediação desenvolvido pelo tutor em EaD, tem-se
que uma de suas mais importantes atribuições é a de atuar como agente facilitador, desafiador e
motivador do aluno na busca de respostas adequadas às atividades propostas, criando um ambiente
que possibilite a construção do conhecimento por parte dos estudantes, envolvendo-os ativamente
no processo de aprendizagem.
Martins apud Torres (2007, p. 33), mostra que a tutoria é uma peça chave na EaD, pois é res-
ponsável por “garantir a inter-relação personalizada e contínua dos estudantes com o sistema. Essa
ação viabiliza a articulação necessária entre os elementos do processo e a consecução dos objetivos
propostos”.
saber utilizar as tecnologias de informação e comunicação, saber trabalhar em equipe e sua forma-
ção teórica, além de atualizada, precisa abranger a prática de espaços tutoriais. Em regra, o Tutor,
dentre outras capacidades, precisa ter formação acadêmica na área da disciplina a ser ministrada; co-
nhecimento sobre metodologia da Educação à Distância e habilidades na utilização das tecnologias
da informação e da comunicação. Devem redobrar cuidados com linguagem, aprender a maximizar
o uso dos momentos presenciais e melhorar sua interlocução por diferentes canais de comunicação.
Para Niskier (1999), o tutor precisa reunir qualidades de um planejador, pedagogo, comunica-
dor, e técnico de informática. Participar na produção dos materiais, selecionar os meios mais adequa-
dos para sua multiplicação, e manter uma avaliação permanente a fim de aperfeiçoar sua atuação.
Arnaiz apud Silva (2008), aponta três dimensões de qualidades que o “ser tutor” precisa apresentar:
3. qualidades técnicas do “saber fazer tutoria”: trabalhar com eficácia e em equipe, envolven-
do-se nos projetos e programas criados em prol da formação de seus alunos.
Pereira apud Silva (2008) aponta aspectos que contribuem significativamente para a organiza-
ção e o desenvolvimento do trabalho de tutoria:
2) o material didático do curso deve ser utilizado a partir de uma concepção peda-
gógica que orienta a tutoria, de modo que se possa, ao longo do processo, detectar
suas limitações e possibilidades;
Por todo exposto, a prática de tutoria deve estar pautada numa perspectiva de
construção do conhecimento, razão pela qual é função bastante complexa e demanda expe-
riência, formação e conhecimentos além daqueles necessários aos cursos presenciais, pois
sua finalidade é a articulação de todo o sistema de ensino e aprendizagem na modalidade de
Ensino à distância.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do presente artigo, buscou-se abordar o surgimento da EaD no Brasil e
propor sucinta reflexão sobre particularidades da docência na Educação à Distância, e, pau-
tado em fundamentações teóricas, as competências e habilidades cogentes ao docente que
atua como tutor, bem como a importância da tutoria no contexto dos cursos à distância.
REFERÊNCIAS
ALVES, J. R. M. A história da EaD no Brasil.IN: LITTO, F. e FORMIGA, M. (Org) Educação à Distância: o
estado da arte. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
MAIA, M.C. O uso da tecnologia de informação para a educação à distância no ensino superior. 2003,
294f. Tese (Pós-Graduação em Administração de Empresas da FGV-EAESP). Disponível em: <http://
bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2463/74603.pdf?sequence=2>. Acesso em:
21 out. 2016.
MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD: educação à distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2007.
NUNES, I. B. A história da EAD no mundo. 1 Capítulo do livro: Educação à distância o estado da arte.
LITTO, F. M. e FORMIGA, M. (orgs). São Paulo: Pearson Education, 2009.
______. A educação à distância em transição: tendências e desafios. São Leopoldo: Unisinos, 2003.