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Visando atender às mais variadas realidades, segmentos e classes sociais, têm-se implementado
políticas e modalidades de ensino que favoreçam a inclusão social. No contexto de globalização,
tem-se reforçado e disseminado o papel das tecnologias da informação e comunicação (TICs),
transformando as formas de acesso ao conhecimento e à formulação dos processos de ensino-
aprendizagem, com o rompimento do modelo físico do ambiente de aprendizagem.
A EaD possui relevância social, pois permite o acesso daqueles que têm dificuldades em ser
inseridos na Educação Superior por residirem distante das universidades, por indisponibilidade de
tempo ou até mesmo devido aos horários tradicionais de aula, o que demanda mais tempo do
aluno em um curso presencial. A EaD oferece maior vantagem à democratização da educação,
rompendo barreiras geográficas, sociais e culturais, provendo a formação sistêmica do
conhecimento. Com isso, a presente análise fundamenta-se nas seguintes questões: qual o papel
que a EaD vem ocupando nos últimos anos? Os cursos em EaD têm proporcionado avanços na
formação docente? Se sim, quais podem ser destacados?
Desenvolvimento
A EaD surgiu a partir da possibilidade de ampliação no processo de ensino e aprendizagem,
constituindo-se em uma modalidade de ensino emergente, dada sua flexibilidade, facilidade de
acesso e autonomia do educando. Entretanto, o processo evolutivo da EaD no Brasil foi marcado
no inicio do século XX com o uso do rádio e posteriormente a TV.
A EaD é uma estratégia de inovação pedagógica que ganha espaço e desenvolve-se como
alternativa de expansão das oportunidades de acesso dos indivíduos nos diferentes níveis
educacionais, principalmente no nível superior. Segundo Nunes (1994), a Educação a Distância
constitui um recurso de incalculável importância para atender grandes contingentes de alunos de
forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços
oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida.
O professor assume um papel de mediação, não tendo um papel isolado do sistema – não está
sozinho ou por sua conta própria (Almaraz, 1999). Na modalidade, permanece a coexistência da
dinâmica de aulas presenciais (semipresenciais ou a utilização do recurso videoaula), porém com
autonomia para a construção de uma pauta de estudo pelo educando; na modalidade totalmente
EaD, o docente não se faz presente, mas transmite os conhecimentos por intermédio dos
programas de ensino e dos materiais instrucionais, conforme a ementa, dentre outros.
A EaD desenvolve suas ações em duas perspectivas: ensino semipresencial (sendo mantida a
dinâmica de aulas, com transmissão de aula ao vivo ou gravada, esse processo é enriquecido com
as tecnologias de interação) e totalmente a distância (neste formato, pode-se utilizar os recursos
de videoaulas, ao mesmo que se priorizam outros formatos de interação).
Dessa forma, o Brasil fica numa situação questionável em relação a vários países do mundo,
inclusive da América Latina. Há alguns anos, havia muita desconfiança por parte das pessoas em
relação a cursos oferecidos a distância. Mas hoje em dia isso tem mudado, tanto pelo crescente
número de certificações apresentadas como pelo reconhecimento da qualidade que a maioria dos
cursos a distância no Brasil passou a ter.
O diploma de conclusão tem a mesma validade de um curso presencial, como está no Decreto nº
5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamentou a equivalência integral entre diplomas
presenciais e a distância, garantindo a estes validade em todo o território nacional.
Os cursos na modalidade EaD têm proporcionado avanços na formação docente, por ser um
sistema aberto e flexível. O MEC acredita que essa modalidade de ensino contribua
expressivamente no atendimento da demanda para formação e/ou capacitação de professores para
a Educação Básica. A prática de políticas de formação de professores via EaD está se mostrando
uma modalidade favorável, cada vez mais aliada para viabilizar a qualificação dos professores
brasileiros, podendo também ser uma excelente alternativa para os docentes que atuam em todos
os níveis de escolaridade. A Educação a Distância pode ser um fator importante para a
socialização e democratização do saber.
Legislação
A Educação a Distância foi conceituada no Brasil por meio do citado Decreto nº 5.622 (Brasil,
2005):
Art. 1º: Para os fins deste Decreto, caracteriza a Educação a Distância como modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem
ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Quanto maior for o envolvimento de todas as pessoas de um curso, maior será a quantidade de
informações e conhecimentos compartilhados. Desse modo, além da atuação dos professores e
tutores, os próprios estudantes são parceiros na construção do saber, superando o qualquer
eventual individualismo, ajudando uns aos outros por canais de interação como chats e fóruns.
Nesse contexto, alguns pesquisadores da EaD afirmam que a interação entre os participantes de
um curso a distância pode criar uma comunidade de aprendizagem, um conceito que define mais
um grande avanço da EaD, sobretudo nas formações docentes. Segundo o psicopedagogo
português Vitor da Fonseca,
A aprendizagem humana é possível pela ação de um mediatizador (...). Trata-se de alguém que se
interpõe entre os estímulos e o organismo para captar da mente do mediatizado as significações
interiorizadas que advêm da própria experiência da aprendizagem (...). O mediador procura
provocar, no estudante, ‘estados de alerta, de processamento, de planificação e de transcendência,
mudanças e arranjos de informação autônomos, modulando o tempo, o espaço e a intensidade dos
estímulos, humanizando-os e conferindo-lhes significação’. Dessa maneira, são desenvolvidos
‘instrumentos psicológicos mais aptos e flexíveis para produzirem soluções (respostas
adaptativas) às situações-problema ‘provocadas’ pela natureza e pela cultura’ (FONSECA, 1998,
p. 9).
Outro aspecto a ser tratado acerca da Educação a Distância é sua forma de avaliação. Existem
duas formas de avaliar: por meio de avaliação quantitativa, a qual atribui valor numérico, e pela
atribuição de uma qualidade, cuja denominação é avaliação quantitativa. É facultado o uso dessas
formas, inclusive simultaneamente, a fim de estabelecer critérios para aferir o desempenho dos
alunos. Mesmo com toda a flexibilidade de horários presente na EaD, é apropriado destacar o
quanto é importante que os tutores atuem no sentido de incentivar os alunos a cumprir os prazos
estabelecidos para as atividades, a fim de que o curso possa atender aos prazos do cronograma,
que deverá ser elaborado na fase de planejamento do curso e que é medida fundamental para o
sucesso da Educação a Distância.
Ante a conjuntura exposta, evidencia-se o quanto a Educação a Distância representa avanço para
a educação, sobretudo nas universidades do nosso país, de onde podem emanar planos de ação
capazes de incidir e produzir efeitos que combatam as diversas desigualdades e opressões que
secularmente integram nosso cotidiano. A EaD apresenta-se como forma de resistência e de
democratização de conhecimentos que podem proporcionar uma verdadeira revolução social.
Considerações finais
A Educação a Distância vem se firmando na última década como inovação pedagógica e
democratizada, como estratégia inovadora de ensino, e vem tomando força gradativamente,
provocando verdadeiro enlevo ao ousar na abdicação do ensino tradicional; uma nova concepção
de educação surge, um leque de possibilidades é aberto; dessa maneira, colaborando na prática
docente e discente, representa alternativa para ampliar as oportunidades e o ingresso nos
diferentes níveis educacionais e revelando vantagens em relação ao ensino convencional,
ocupando importante papel na formação acadêmica e profissional, respondendo às exigências do
mundo do trabalho em termos de competência e qualificação, como também à socialização do
saber e à posse de informações a curto e cômodo período, ganhando destaque como inovação
tecnológica e uma válida alternativa de democratização da educação.
Nos últimos anos, o crescimento do ensino a distância é explicado por sua viabilidade financeira,
redução de custos e praticidade pedagógica, flexibilidade de horário, comodidade para estudar e
desenvolver as atividades, como também para o conhecimento e a capacitação individual, o que
torna o professor e o estudante mais autônomos, flexíveis e produtivos.
Essa modalidade de ensino traz avanços na formação docente, pois favorece os processos de
formação de professores e a utilização de novas tecnologias na metodologia de ensino e
aprendizagem e no dia a dia escolar. Amplia também a qualidade da ação docente, resultando na
interação do professor e outros profissionais, ocorrendo assim uma mudança no meio
educacional. Na formação de professores, deve-se considerar aspectos relevantes na relação
professor e EaD; a dimensão político-pedagógica aponta para novos horizontes de formação
docente e os desafios impostos na própria dinâmica da efetivação do ato de educar. Outro ponto a
ser tratado é em relação às tecnologias pensadas nos laboratórios de EaD e utilizadas nos cursos a
distância, refletindo diretamente na prática educativa do professor e em sua atividade diária,
sobretudo porque essas ações se situam num contexto de amplas e profundas mudanças.
Portanto, em termos de formação de professores percebe-se que o viés que enfatiza que a
inovação tecnológica se traduz consequentemente em inovação pedagógica, uma vez que o
exercício da profissão docente exige, por necessidade, a busca incessante pelo novo, seja em
maneira didática inovadora, seja na abordagem de assuntos que envolvam o social, político,
econômico e cultural. É preciso sempre lembrar que o professor é quem transporta o saber, o
conhecimento; não se pode conduzir ao alheio sem saber para onde ir. O professor é quem dá
sentido ao conhecimento e às formas como ele será repassado aos discentes, além de ter como
desafio tentar problematizar, instigar o aluno, estimulando-o a pensar além do que está posto nas
informações que recebe. A EaD é a expressão mais evidente da inovação a que a educação se
propõe, utilizando novas técnicas e aceitando os desafios, porque inovar é buscar o
desenvolvimento de uma postura que envolve o modo de ser, agir e pensar.
Referências
em: http://download.inep.gov.br/download/superior/2004/censosuperior/Resumo_tecnico-
Censo_2004.pdf. Acesso em 16 abr. 2014.