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UNIDADE 2

CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


OBJETIVO DA UNIDADE: Familiarizar-se com o conceito e características da
Educação a Distância, refletir sobre suas vantagens e desvantagens e formar uma opinião
crítica em relação à EAD.

2.1 Definições de Educação a Distância

Há algumas definições de EAD que enfatizam a separação espacial e temporal. Perry


e Rumble (1987, p. 12) afirmam que na EAD, professor ou tutor e aluno não se encontram
juntos no mesmo espaço físico, e por isso, necessitam de meios que possibilitem uma
comunicação entre ambos.

Essa separação física também é evidenciada por Moran (1994, p. 1), quando define
Educação a Distância como um “processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias,
onde professores e alunos estão separados
espacial e/ ou temporalmente”. Para este autor,
EAD é o “ensino/aprendizagem onde professores e
alunos não estão normalmente juntos, fisicamente,
mas podem estar conectados, interligados por
tecnologias, principalmente as telemáticas, como a
Internet”. Moran lembra que outras tecnologias
também podem ser utilizadas, como o correio, o
rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o
fax.

Fonte: http://migre.me/5GZ0d

Vejam que Moran pontua o estar junto, tanto professores como alunos. Isto
evidencia a importância desses participantes neste processo de ensinar e de aprender. Além
disto, o autor nos lembra que não necessariamente a EAD deve ser mediada pelas
tecnologias telemáticas, mas também por outras como correio, por exemplo.

Moore e Kearsley (2007, p.1) afirmam que a ideia básica de educação a distância é
muito simples:

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Alunos e professores estão em locais diferentes durante todo ou grande


parte do tempo em que aprendem e ensinam. Estando em locais distintos,
eles dependem de algum tipo de tecnologia para transmitir informações e
lhes proporcionar um meio para interagir.

É interessante atentar-se para o fato de que professores e alunos, mesmo estando


separados fisicamente, podem e devem interagir. A distância física não isenta a interação, a
participação, o envolvimento, o comprometimento de ambos para que a aprendizagem
ocorra de maneira significativa.

Neder (2003, p. 91) faz as seguintes considerações a respeito:

A educação a distância é uma modalidade de ensino que, paradoxalmente,


por prescindir da relação face a face, exige um processo de interlocução
permanente e próprio. Na educação a distância, o aluno não vai estar
fisicamente presente em todos os momentos da relação pedagógica. Mas
apesar da distância física, não pode deixar de existir o diálogo permanente.
O material didático é o instrumento para esse diálogo. Ele deve ser pensado
e concebido no interior de um projeto pedagógico e de uma proposta
curricular definidas claramente.

Será que esta interlocução, independente de ser presencial ou a distância, carece de


um perfume? Será que precisamos deste perfume para atrair nossos alunos?

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O decreto nº. 2494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB


(Lei nº 9.394/96) em seu artigo 1º conceitua a EAD como:

Forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de


recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados,
e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Esta autoaprendizagem não é a mesma coisa que dizer que o aluno precisa aprender
sozinho, ou que o aluno tem que ser autodidata e que a EAD prescinde do trabalho do
professor. O que a EAD enfatiza é uma autonomia por parte de seus participantes, aquela
em que cada um, na sua individualidade, busca novas formas de conhecimento, mas
sempre combinado ao coletivo, ao grupo, à busca das novas aprendizagens contemplando
também seus pares no processo de ensinar e de aprender.

Para Litwin (2001), EAD é uma modalidade de ensino com características específicas
que “substitui a proposta de assistência regular à aula por uma nova proposta, na qual os
docentes ensinam e os alunos aprendem mediante situações não convencionais, ou seja,
em espaços e tempos que não compartilham” (p.13).

O que seria esta assistência regular que Litwin sugere ser substituída? Acredito que
a autora se refere à subserviência do aluno ao professor, ou seja, uma dependência muito
grande em saber onde ir, o que fazer, o que priorizar, os caminhos a trilhar. Nesta proposta
de EAD, o aluno deve ser protagonista do seu processo de aprendizagem, buscar
alternativas de aprender junto aos seus pares, não só com o professor mediando esta
construção.

Para você, o que representam estes conceitos? Como você os enxerga? Eles se
diferenciam ou se aproximam? Como? Pense nestas questões.

Antes de iniciarmos o outro tópico, assista ao vídeo intitulado “a menina que quer
demolir a escola”, disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=xMXdls7tBaA> Acesso
em 02 jun. 2010

Será que é esta a nossa escola? Será que são estes os nossos alunos? Como vai a
educação no Brasil? Será que se acabarmos com a EAD, estamos melhorando a educação
no Brasil, como pensam alguns? Os problemas que temos na EAD são exclusivos desta
modalidade ou aplicam-se também à educação presencial? O que podemos fazer para
melhorar nosso sistema educacional? Vamos refletir.

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2.2 Nova modalidade de ensino

A Educação a Distância é um processo de ensino-aprendizagem, mediante os


diversos meios de comunicação social, com alunos dispersos e distantes entre si e
separados também fisicamente do professor. Esta nova modalidade de ensino oferece uma
tentativa de dar resposta às novas demandas sociais que a educação tradicional, exigindo
presença dos alunos e do professor, não pode atender. Mas é incorreto pensar que a nova
modalidade deve substituir a tradicional. Ambas as formas educativas podem e devem
beneficiar-se mutuamente de sua coexistência.

Poderíamos distinguir as seguintes características da Educação a Distância:

No atual modelo de ensino, o professor ocupa o papel central, determinando, na


maioria das vezes, o ritmo da aprendizagem dos acadêmicos. Na EAD, o contato direto e
físico entre aluno e professor desaparece, mas continua a relação professor-aluno, mesmo
com traços peculiares, pois é um contato mediado pela tecnologia. A educação continua
sendo um processo dialógico, o professor tem que continuar desempenhando seu papel,
sem pretensão de substituir a atividade mental, criadora, que o aluno sempre deve ter,
prestando em cada momento sua ajuda de maneira que o educando consiga aprender sem
depender de maneira servil do mediador: o professor.

A EAD permite a liberdade de tempo e lugar, uma independência que permite ao


usuário aproximar-se de outros tipos de conhecimento ou atualizar-se, sem ver-se obrigado
a cumprir um horário pré-estabelecido e sem ter que sair de casa ou do seu lugar de
trabalho. Esta flexibilidade é característica importante que muitas vezes determina a escolha
desta modalidade. Vamos ver outras especificidades desta modalidade:

 O aluno deve ter um alto grau de motivação, pois deve agir com respon-
sabilidade e autonomia. A responsabilidade da aprendizagem também recai
no aluno, que deve planificar e organizar seu tempo para responder às
exigências do curso que está acompanhando. Também deve desenvolver a
disciplina, já que são muitos os estímulos do ambiente que dificultam o
estudo sistemático.

 A educação tradicional não perde terreno por causa da Educação a Dis-


tância, mas sim, podemos afirmar que esta vem suprir carências que
impedem um igual acesso de todos os seres humanos interessados ao
conhecimento.

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 A Educação a Distância é uma modalidade que permite o ato educativo


mediante diferentes métodos, técnicas, estratégias e meios, é uma
situação em que os alunos e professores se encontram separados
fisicamente e podem se relacionar de maneira presencial ocasionalmente,
segundo as necessidades específicas de cada curso. A relação presencial
dependerá da distância, do número de alunos, de se os alunos têm ou não
acesso a computadores com Internet, e do tipo de conhecimento que se
trate. Por exemplo, se o curso for de química, é lógica que vai requerer uso
de laboratório.

 A metodologia educativa para ambientes virtuais de aprendizagem deve


estar centrada no estudante. Não pode ser de outro modo, sobretudo
levando em conta as características dos estudantes não presenciais, entre
as quais destacamos que normalmente são adultos com trabalho estável e
para os quais o maior problema é o tempo, isto é, a impossibilidade de
frequentar os centros de formação convencionais em horários pré-
estabelecidos. Precisam de um sistema flexível que se adapte a eles, não
eles ao sistema.

 Na EAD, o professor se relaciona diretamente com cada um dos alunos,


podendo respeitar sua individualidade e seu ritmo particular no
desenvolvimento e na assimilação do conteúdo.

2.3 Modelos de EAD para o Ensino Superior

Hoje em dia, assim como existem várias Tecnologias de Informação e Comunicação


- TIC, são também diversos os modelos usados para implementação de cursos a distância,
pois a combinação das mesmas proporciona uma diversidade de opções.

“Na educação a distância encontramos hoje inúmeras possibilidades de combinar


soluções pedagógicas adaptadas a cada tipo de aluno, às peculiaridades da organização, às
necessidades de cada momento” (Moran, 2005). São muitas as possibilidades de escolha:
desde um curso a distância, centrado ainda no correio convencional, até um curso
totalmente a distância, mediado apenas pelas tecnologias on-line. O leque à disposição é
muito amplo.

Neste item não queremos detalhar todos os modelos de Educação a Distância, nos
centramos aqui em dois modelos mais difundidos no Brasil de cursos que denominamos

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como: cursos dirigidos a massas e cursos dirigidos a grupos pequenos. Descrevemos a


seguir brevemente cada um deles, tentando destacar algumas vantagens e desvantagens.

Os cursos de graduação e de pós-graduação oferecidos a distância estão


enquadrados nos modelos de massa e cursos dirigidos a grupos pequenos. Os dois modelos
estão baseados na formação de turma, com possibilidade de atividades em grupo,
encontros presenciais, formação de comunidades, etc. Estes cursos têm datas previstas
para início e término.

a) Os cursos dirigidos a massas

Esses cursos estão bastante difundidos no Brasil, baseiam-se no uso de mídias de


massas como ferramenta principal, como por exemplo, aulas televisivas transmitidas via
satélite. É “um modelo promissor para alunos que têm dificuldade em trabalhar sozinhos,
em ter autonomia intelectual e gerencial da sua aprendizagem” (Moran, 2005). Os alunos
têm que frequentar periodicamente o espaço físico onde acontecem as aulas. Cada sala é
monitorada por um tutor local que faz a mediação entre o professor titular e os alunos dos
diferentes locais.

Estes cursos se aproximam mais do modelo clássico de ensino, pois os alunos têm o
ponto de referência da sala de aula à qual têm que ir com certa assiduidade e mantêm o
vínculo mais estreito com a escola física e com a figura tradicional do professor.

Figura 1 – Professor e alunos na aula convencional

b) Os cursos dirigidos a grupos pequenos

São também cursos com turma, mas têm um diferencial significativo: atendem a
uma clientela determinada com o mesmo tipo de necessidades e os alunos não necessitam
ir periodicamente à sala de aula. São cursos normalmente mediados pela Internet, nos
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quais os alunos adquirem maior disciplina, sendo mais independentes na hora de gerenciar
seu estudo e sua aprendizagem. Os professores, neste modelo, estão também presentes no
processo, entrando em contato com o aluno por meio das ferramentas de comunicação da
Internet e via telefone, e, por tratar-se de grupos pequenos, o tratamento dado aos alunos
é mais personalizado, tendo condições de acompanhar o desempenho de cada acadêmico
mais de perto, tendo uma postura mais de orientador do que transmissor de conhecimento.
Veja a figura a seguir e compare-a com a figura anterior.

Figura 2 - Professor nos cursos dirigidos aos pequenos grupos

É o modelo ideal para pessoas que já estão inseridas no mercado de trabalho, que
precisam viajar, têm pouco tempo à disposição, mas querem estudar para conseguir se
estabelecer no trabalho ou para ter a possibilidade de ser promovido no emprego. É
também o modelo ideal para qualquer pessoa, jovem ou adulto, inserido no mercado de
trabalho ou não, que estando motivado para estudar um curso superior, quer exercer sua
autonomia no gerenciamento do processo ensino-aprendizagem.

Outra vantagem deste modelo é que oferece maior flexibilidade de tempo e,


sobretudo, de espaço. Isso facilita que pessoas que moram no interior (sobretudo em
regiões distantes ou de difícil acesso) possam realizar seus estudos de nível superior. Essa
flexibilidade está sendo acolhida também por moradores das grandes cidades que preferem
evitar os longos deslocamentos e as despesas de locomoção, assim como o desgaste de se
submeter diariamente ao estresse dos grandes centros urbanos.

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Resumindo, podemos destacar os seguintes traços da EAD:

 Papel ativo do aluno.

 Respeito às diferenças individuais.

 Uso flexível do tempo.

 Professor como mediador do conhecimento.

Podemos dizer que o ser humano, geralmente, tem resistência a introduzir


mudanças que requeiram certo nível de adaptação. No contexto educacional, as maiores
resistências à introdução das novas tecnologias são:

 O principal motivo para rejeitar a mudança ainda continua sendo a falta


de conhecimento de o que é a Educação a Distância e como funciona.
Ainda podemos perceber certo preconceito de algumas pessoas com
relação à EAD. Mas também percebemos que quando as pessoas se
abrem a conhecer a modalidade de perto, começam a mudar sua opinião
nesse sentido. Se hoje está aumentando o número de alunos que
estudam nessa modalidade é, precisamente, porque já está mudando o
cenário nesse sentido.

 A tendência natural a desconfiar e rejeitar o novo. E, mais ainda,


quando a novidade supõe uma mudança de atitude nos docentes e nos
aprendizes. É mais simples fazer as coisas como sempre foram feitas do
que aprender novas técnicas. Para o professor talvez seja mais fácil se
acomodar na situação de controlador do que aceitar a perda de espaço e
de controle. Para o aluno talvez seja mais fácil esperar que tudo venha
feito e decidido do que ter que correr atrás e ser responsável, sem ter
uma pessoa do lado cobrando continuamente uma tarefa.

 Há pessoas que têm receio à


tecnologia: temem as máquinas,
especialmente porque pensam que os
computadores podem acabar tomando o
lugar dos humanos, neste caso, do
professor.
Fonte: http://migre.me/5HlkD

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Antes de continuar seu estudo, realize a Atividade 2.1.

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