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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E USO DE TECNOLOGIAS

DIGITAIS NA GRADUAÇÃO: UMA INTRODUÇÃO AO TEMA

MAIRA BERNARDI
SANDRO JOSÉ RIGO (org.)
SÔNIA DONDONIS DAUDT

Editora Unisinos, 2015


SUMÁRIO

Apresentação
Capítulo 1 – Histórico e concepções de EaD
Capítulo 2 – Fundamentos de recursos digitais
Capítulo 3 – Perfil do aluno EaD
Capítulo 4 – Fluência e aproveitamento na utilização de espaços digitais
Sobre os autores
Informações técnicas
APRESENTAÇÃO

Neste livro o leitor vai encontrar um apanhado geral de aspectos


importantes da Educação a Distância (EaD), organizados de modo que
possam lhe servir como apoio para o início (e continuidade) de sua
experiência nesta modalidade de ensino. Além disso, são apresentados
elementos relacionados com o contexto de cursos em EaD, que
proporcionam soluções para diversas atividades, como a utilização de
tecnologias que possibilitam ao aluno o acesso a recursos educacionais
complementares, formas de comunicação com colegas,
acompanhamento de notícias e informações sobre assuntos de interesse,
além da busca de informações na Web. Também é apresentada uma
análise de necessidades, atitudes, posicionamentos e hábitos que são
muito importantes para que o aluno nesta modalidade obtenha sucesso e
satisfação nos estudos.
Na parte inicial, apresenta-se um breve histórico com o surgimento
da EaD, bem como modelos mais gerais de cursos nessa modalidade.
Em seguida, são descritos os fundamentos dos recursos digitais.
Também são comentados os aspectos da convergência digital observada
atualmente e a forma como estes se relacionam com cursos em EaD.
Tendo como base essas informações históricas, contextuais e
tecnológicas, o livro propõe um aprofundamento dos conhecimentos dos
recursos digitais e suas utilizações dentro do contexto de EaD,
apresentando possibilidades complementares para o seu uso. Nesse
momento, são tratadas com maior detalhamento as ferramentas a serem
utilizadas pelo aluno em Ambientes Virtuais de Aprendizagem e outros
espaços digitais. Desse modo, o leitor poderá observar um panorama de
possibilidades que serão empregadas pelos professores como
elementos para o seu aprendizado.
Junto com esses tópicos, são tratadas questões importantes para a
boa utilização do curso pelo aluno, tais como a organização do tempo, a
autonomia, a interação e a etiqueta na Internet, sendo indicados e
analisados aspectos fundamentais para o melhor aproveitamento do
curso e das suas possibilidades.
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO E CONCEPÇÕES DE EAD
Este capítulo é dedicado a descrever brevemente aspectos históricos da
Educação a Distância e identificar modelos e concepções que são comumente
encontrados em diferentes cursos nesta modalidade. O objetivo do capítulo é auxiliar o
leitor a identificar um contexto histórico do desenvolvimento da modalidade, dentro do
qual se justificam diferentes abordagens, com suas características, vantagens e
desvantagens.

1.1 Aspectos históricos

Uma das necessidades que se coloca ao discutir a importância da


educação a distância (EaD) é, primeiramente, compreender seu
significado partindo da sua história na educação brasileira. De acordo com
dados pesquisados (PETERS, 2004; FRANCO, 2004; MOORE e
KEARSLEY, 2007, LITWIN, 2001, entre outros), existem diferentes
abordagens sobre as gerações que configuram a evolução da EaD no
Brasil e no mundo.
Otto Peters (2004) é um dos autores que destaca como primeira
tentativa de EaD as epístolas escritas por São Paulo na Antiguidade,
considerando que ele fez uso das tecnologias de escrita e dos meios de
transporte com o objetivo de realizar seu trabalho missionário, ensinando
as comunidades cristãs da Ásia Menor a como viverem pautados nos
princípios cristãos em um ambiente hostil. Na opinião do autor, pode-se
considerar que houve a substituição da pregação e do ensino face a face
pela utilização da escrita e do transporte como tecnologias numa
abordagem pré-industrial de “ensino assíncrono e mediado”.
Peters (2004) estabelece a história da EaD no advento de três
gerações: a 1ª geração é considerada como as experiências de ensino via
correspondência; a 2ª geração surge devido ao uso adicional do rádio e da
TV; e, finalmente, a 3ª geração se deve à criação das “universidades
abertas”, como forma diferenciada de estruturação do ensino através da
EaD, a partir da visão europeia. Outros autores, como Maia e Mattar (2007),
compartilham da divisão da história da EaD em três gerações.
Para Moore e Kearsley (2007), são cinco gerações que vislumbram
o mapeamento da história da EaD.1 Esta abordagem será seguida no
presente estudo, ao tratar da evolução da EaD e da definição dos períodos
associados aos avanços tecnológicos. A divisão realizada pelos autores
apresenta as tecnologias que caracterizam cada geração e a sua difusão
educativa. Percebe-se que as primeiras gerações tiveram uma maior
duração de tempo. Para os autores, vive-se atualmente a 5ª geração,
caracterizada pelo uso da Internet/Web, envolvendo práticas de ensino e
aprendizagem online e a proliferação das universidades virtuais.
Com base nas ideias dos autores citados, é possível traçar uma
linha do tempo sobre a evolução da educação a distância, refletindo em
gerações pautadas no uso progressivo das diferentes mídias que foram
sendo criadas, conforme mostra a Figura 1. A seguir, são descritas as
cinco gerações, sendo respaldadas pelas experiências desenvolvidas em
cada uma delas nas terras brasileiras.

Figura 1 – Linha do tempo da evolução da EaD.


Fonte: elaborada pelos autores.

1.1.1 Primeira geração – O ensino por correspondência


A 1ª geração orienta-se pelo primeiro modelo didático de EaD, no
qual os cursos faziam uso de material impresso entregue aos alunos
através do correio, sendo esta a mesma forma de os alunos remeterem as
tarefas, depois de realizadas, para sua correção. De acordo com Moore e
Kearsley (2007, p. 25), os cursos eram intitulados estudo por
correspondência, estudo em casa ou, ainda, estudo independente,
caracterizando uma educação a distância individualizada, na qual o meio
de comunicação utilizado era basicamente textual. Na época (em torno de
18902 ), o uso do correio como uma tecnologia beneficiava o acesso
daqueles que residiam geograficamente afastados das instituições de
ensino presencial, como também oportunizavam educação para muitas
mulheres, visto a possibilidade de estudar em casa.
A primeira notícia sobre esta modalidade é datada no Brasil em
1891, sobre um curso de datilografia via correio oferecido através de
anúncio de jornal. Outros dados apontam que a partir de 1900 foi utilizada
a mídia impressa, com envio de materiais instrucionais via correio, e, nos
idos de 1920, foi incorporado o uso do rádio. Depois, nas décadas de
1960 e 1970, iniciou o uso da rede televisionada, e, na década de 1980, o
uso do computador e da Internet. Acompanhando estes dados, verifica-se
que a educação a distância é anterior à utilização da informática (LITWIN,
2001).
O uso de correio para envio de materiais impressos, fitas cassete,
vídeos e o uso do rádio foram, então, os primeiros recursos incorporados
na educação a distância. Pode-se dizer, neste sentido, que a educação
procurava acompanhar o surgimento e familiarização com esses recursos,
tirando proveito de suas potencialidades, introduzindo-os nas práticas
educativas.
Nas primeiras experiências dos cursos por correspondência, como
já apresentado, os estudantes recebiam apostilas e demais conteúdos de
estudo e, posteriormente, enviavam os testes para a correção das
atividades. Nesta modalidade, a atividade de ensino caracterizava-se pelos
princípios da instrução, transmissão de conhecimentos e informações, na
qual o correio não servia como uma ferramenta que possibilitava a
comunicação entre os alunos e o professor para possíveis
esclarecimentos e a abertura de um diálogo colaborativo. Mesmo com
estas limitações, esta primeira modalidade de EaD viabilizou para muitas
pessoas a oportunidade efetiva de acesso às atividades educativas na
época. Entende-se que a tendência primeira foi focalizada na realização de
cursos autoinstrucionais.
Em 1941, surgia o Instituto Universal Brasileiro,3 instituição muito
reconhecida, com o objetivo de oferecer formação profissional nos níveis
fundamental e médio em todo o território nacional.

1.1.2 Segunda geração – Educação a distância via rádio e TV

De acordo com Moore e Kearsley (2007), o surgimento da 2ª


geração deu-se com a introdução de novos meios de comunicação de
massa. No Brasil, iniciou a partir da década de 1920, com o uso de áudio
(rádio e fitas cassete) e, posteriormente (anos 1960), do vídeo, com a
televisão. Percebe-se que, nesta geração, começou a ser ampliado o uso
de múltiplas tecnologias, pois as duas novas tecnologias eram utilizadas
para a transmissão das aulas. Para a comunicação entre professor e
alunos, no esclarecimento de dúvidas e acesso aos materiais impressos,
permanecia o envio de correspondência; mais tarde, difundiu-se o uso do
telefone e, depois, também do fax.
Sobre o uso do rádio no país, aponta-se como a data de início o ano
de 1923. Com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, um
grupo formado por Henrique Morize e Roquete Pinto iniciou as primeiras
atividades de educação pelo rádio. Esse grupo, inclusive, realizou um
acompanhamento através de um programa de pesquisa e avaliação,
procurando relatar as experiências que oportunizaram resultados positivos
ou negativos como recurso de ensino por volta de 1936, quando a
emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde.
No ano seguinte, foi criado o Serviço de Radiofusão Educativa do
Ministério da Educação (MEC). No entanto, observa-se que em outras
pesquisas aparecem dados relativos aos anos 1950, quando as Forças
Armadas dos Estados Unidos garantiram o financiamento de um
importante programa de pesquisa sobre o uso do rádio no ensino. Desse
resultado foram publicados vários volumes voltados para a orientação do
uso do rádio como ferramenta de ensino.
Outros dados relativos ao uso do rádio na educação são datados de
1946, no Rio de Janeiro e São Paulo, com a criação da Universidade do Ar
pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), a fim de
alcançar 318 localidades brasileiras, atendendo cerca de 80 alunos. Já em
1959, a Diocese da cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte,
criou algumas escolas radiofônicas, surgindo, a partir daí, o Movimento de
Educação de Base (MEB) em 1961, apoiado por um acordo entre o
Governo Federal e a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).
Este movimento primava pelo oferecimento de alfabetização para jovens e
adultos. Suas atividades e aulas eram transmitidas através de programas
de rádio para estudantes de localidades rurais das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste do país. O foco nestas regiões devia-se por
serem áreas nas quais os indicadores econômicos e sociais
demonstravam resultados aquém dos desejados, apontando situação de
pobreza.
Em 1962, a Ocidental School, uma instituição de ensino americana
e atuante no campo da eletrônica, é fundada em São Paulo. Nos idos de
1967, o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) inicia suas
ações na modalidade de educação a distância, na área de educação
pública, utilizando o ensino por correspondência. Neste mesmo ano, a
Fundação Padre Landell de Moura cria seu núcleo de educação a distância
usando os recursos do ensino por correspondência e também via rádio.
O uso da TV na educação começa a ser divulgado no Brasil nos
anos 1960 e 70 através de vários projetos. Grande parte destes buscava o
treinamento dos professores e a oferta do ensino supletivo nos níveis
primário e secundário, voltados para aqueles que não puderam estudar na
escola regular.
Devido à realidade brasileira dessa época, a proliferação dos
telecursos aproximou o conceito de educação a distância da
comunicaçcão de massa. Algumas propostas destes projetos
oportunizavam a reunião dos alunos em grupos que, juntamente com seus
tutores, poderiam explorar o conteúdo das aulas. Entretanto, a maior parte
dos telecursos foi desenvolvida na modalidade de estudo individual. Com
a popularização dos telecursos em educação, a Associação Brasileira de
Teleducação (ABT), instituída nos anos 1970, passou a ter, no início dos
anos 1980, um grande e significativo número de associados e de seções
estaduais. Tal situação culminou no reconhecimento internacional através
de estudos realizados sobre educação a distância, que colocaram o Brasil,
na década de 1970, entre os principais líderes desta modalidade de
ensino, juntamente com países como a Índia, a Espanha e o Reino Unido.
Dentre os projetos a serem destacados, cita-se o Projeto Minerva,
criado em 1970. Este visava atender aos objetivos do governo militar
brasileiro que, desde 1964, tinha interesse em promover um grande
impacto no sistema educativo, com a utilização do rádio e da televisão. O
governo via neste projeto uma tentativa de solucionar os problemas da
área educativa com a criação de uma cadeia de rádio e TV.
O projeto Minerva foi concebido numa ação conjunta do MEC, da
Fundação Padre Anchieta e da Fundação Padre Landell de Moura,
seguindo os pressupostos da Lei n.º 5692 de 1971, que previa a ênfase na
educação de adultos. Este seria transmitido, em rede nacional, por
emissoras de rádio e de televisão de todo o país, a fim de garantir a
preparação de estudantes para a realização de exames supletivos de
Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial. O projeto findou no começo
dos anos 1980, enfrentando sérias críticas, muitas delas provenientes dos
resultados pouco expressivos devido ao baixo índice de aprovação, pois
77% dos inscritos não conseguiram obter o diploma como era esperado
(MENEZES e SANTOS, 2008).

1.1.3 Terceira e quarta gerações – Novas experiências em EaD

Conforme os autores Peters (2003) e Moore e Kearsley (2007), no


final dos anos 1960 a 3ª geração é principalmente caracterizada pelas
experiências em EaD, que resultaram em uma nova modalidade de
organização da educação. Através destas, começou a se investir na
capacitação de recursos humanos para o desempenho profissional na
área da EaD e também no uso integrado das tecnologias disponíveis,
associando o uso do material impresso às transmissões radiofônicas e
por meio da TV e do telefone, sendo acrescidos dos vídeos pré-gravados,
das conferências por telefone e da elaboração dos “kits” com materiais
para a realização de experiências práticas. Neste contexto, os autores
citados destacam ainda a criação das Universidades Abertas 4 como
espaços estruturais que viabilizaram a implantação das universidades
totalmente a distância.
Do ponto de vista pedagógico da EaD, este foi um importante
período de análise e reorganização das práticas educativas, que iniciaram
com a aplicação das técnicas de instrução e foram sendo ampliadas,
gerando estudos teóricos sobre a modalidade a distância de educação.
Os estudos realizados impulsionaram novas experiências e a busca pela
difusão do acesso para os diferentes níveis de ensino. Nesta época, o
modelo Universidade Aberta foi então reproduzido, com a criação de
diversas instituições dessa modalidade em todo o mundo (MAIA e MATTAR,
2007, p. 22). Mesmo com a criação das novas tecnologias, destaca-se a
permanência da importância dada ao material impresso como recurso
principal de transmissão de conteúdo.
A partir de meados dos anos 1980, com o advento da informática e a
popularização do computador pessoal, somados ao uso da Internet,
tornaram-se possíveis novas formas de comunicação, com o uso do
correio eletrônico, salas de bate-papo, fóruns de discussão e
videoconferências. Os autores Moore e Kearsley (2007) caracterizam a 4ª
geração pelo uso da teleconferência (conferência a distância) como a
principal tecnologia a ser destacada neste período. De acordo com os
autores, tornou-se possível então a interação em tempo real, o que
transformou não somente as relações entre professores e alunos, mas
também as novas formas de ensinar e aprender.
No Brasil, destaca-se o projeto SACI - Satélite Avançado de
Comunicações Interdisciplinares, criado em 1974. Este foi desenvolvido a
partir de uma ação conjunta do Ministério da Educação, do Centro Nacional
de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e previa o oferecimento de
educação primária escolar para todo o país utilizando um sistema via
satélite integrado com outros meios de comunicação, como TV, rádio e
material impresso, para atendimento das quatro séries do primeiro grau. A
idealização do SACI seguia o relatório Advanced System for Comunications
and Education in National Development (Ascend), desenvolvido pela
Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que prestou consultoria
para a criação do projeto. Neste relatório eram apresentados resultados
sobre um protótipo de sistema de utilização de recurso audiovisual para a
educação primária. A implantação deste sistema de educação por satélite
estava sendo apoiada como uma possibilidade de se resolver o problema
do analfabetismo brasileiro, considerado nos anos 1970 como um dos
fatos que emperrava a modernização do país, enfocando a realidade das
regiões Norte e Nordeste (SARAIVA, 1996).
O projeto SACI fornecia aulas pré-gravadas transmitidas via satélite,
no formato de telenovela, e contava ainda com suporte de material
impresso para os alunos das séries iniciais e professores leigos do
antigo ensino primário no Rio Grande do Norte. Nesse Estado, foi
realizada a implantação do projeto piloto com recepção em 510 diferentes
escolas de 71 municípios. O projeto foi extinto em 1978 devido aos altos
custos na manutenção dos satélites e pela dificuldade em atender a
demanda das diferenças culturais das regiões brasileiras e o perfil
adotado pelos programas produzidos no interior de São Paulo.
Ressalta-se ainda que o projeto SACI foi considerado uma inovação
pioneira de nível mundial, que o levou à conquista de uma premiação
especial do Júri Internacional do Prêmio Japão. A valorização deste projeto
deve-se à qualidade do planejamento e do design instrucional construído,
embora o mesmo não tenha sido replicado para os demais estados.
Conforme as fontes de pesquisa analisadas, este projeto fazia parte de
um programa espacial brasileiro que pretendia avaliar as potencialidades
de um satélite de comunicação destinado a atividades educacionais
(SARAIVA, 1996).
Além dos projetos citados, pode-se apontar ainda o sistema
Telecurso da educação secundária do Maranhão, o qual foi difundido como
modelo para outros países pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e ainda os programas
“Supletivo”, lançados em vários estados antes do conhecido Telecurso da
Fundação Roberto Marinho. Chama-se a atenção para o fato de este ainda
permanecer no ar até hoje, enquanto os demais projetos mantidos pelo
setor público já foram extintos.
Ainda na década de 1970, o Brasil institucionalizou a educação a
distância no âmbito de seus sistemas estaduais de ensino, com a criação
de uma alternativa de concretização da educação básica através dos
Centros de Ensino Supletivo (CES). No entanto, esta alternativa acabou por
ser referenciada como uma modalidade educativa de "segunda linha",
orientada às classes mais pobres, excluídas do acesso ou do direito de
concluir os estudos básicos. Nesta experiência o estudo baseava-se em
princípios da instrução programada, tendo como materiais de apoio livros-
texto e de exercícios elaborados em formato de módulos. Observa-se que,
no modelo de educação a distância apresentado, o enfoque era de um
ensino voltado para o pobre e tendo por objetivo ser mais um instrumento
de dominação. Esse modelo de EaD vai de encontro a uma de suas
principais características atuais, que é a promoção da democratização da
educação.
1.1.4 Quinta geração – Uso da Internet e das redes de computadores

Na opinião dos autores referenciados (MOORE e KEARSLEY, 2007),


vive-se atualmente na 5ª geração da EaD, evidenciada pelo uso da Internet
e das redes de computadores, as quais oportunizam o uso associado de
tecnologias como texto, áudio e vídeo, através de uma plataforma de
comunicação. É possível acompanhar a proliferação de programas de EaD
desenvolvidos por diversas universidades, abrangendo o uso da Internet.
Além dos programas, estão sendo construídos e utilizados ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA), associados ou não ao uso de
aparelhagem para a transmissão multidirecional de áudio e vídeo,
videoconferências via satélite, sem abandonar outros recursos, como o
material impresso, ligações gratuitas aos serviços 0800, encontros
presenciais, vídeos pré-gravados, dentre outros. Desta forma, incorporam-
se os benefícios de cada tecnologia empregada desde as gerações
anteriores para cada vez mais ultrapassar as distâncias geográficas,
garantindo o acesso às formas de comunicação.
Através dos dados pesquisados, com relação ao Brasil se observa
que poucas eram as instituições de ensino superior que tinham algum
estudo ou pesquisa nos anos 1970 e 80 sobre a educação a distância. Foi
nos anos 1980 que o Brasil iniciou uma discussão acerca da aplicação da
informática na educação. O marco deste início oficial foi a promoção de um
seminário pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e pela Secretaria
Especial de Informática (SEI). Assim, em 1981 foi realizado, na
Universidade de Brasília (UNB), o I Seminário Nacional de Informática na
Educação. Este evento, além do patrocínio do MEC e da SEI, contou com o
apoio do CNPq. Sua realização serviu para mediar discussões acerca das
implicações econômicas, políticas e sociais do uso do computador na
educação em países em desenvolvimento, sendo apontadas as
vantagens, limitações e a sua viabilidade no Brasil. No ano seguinte foi
realizada a segunda edição do seminário, na Universidade Federal da
Bahia (UFBA). Neste evento o enfoque voltava-se para a utilização do
computador no ensino do 2º Grau (atual ensino médio); foi elaborado um
relatório que havia sido solicitado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), no qual estava sendo proposto um
Programa Nacional para Introdução do Método de Informática nos ensinos
de 1º e 2º Graus (atual ensino fundamental e médio), além de reunir
propostas e estratégias sobre o uso do computador no âmbito educativo.
Em 1984, o Governo Federal criou o Projeto Nacional de Informática
na Educação (Educom), como resultado de várias discussões promovidas
no interior do país. O projeto havia sido elaborado um ano antes pela
Secretaria Executiva da Comissão Especial de Informática na Educação.5
O objetivo do Educom era incentivar a constituição de núcleos para
investigar os propósitos sobre o uso do computador na educação e
capacitar pessoal qualificado para atuação na área. Foram aplicados
projetos em cinco universidades – a Universidade de Minas Gerais
(UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Foram essas as instituições responsáveis pelas primeiras experiências
em pesquisa e desenvolvimento de metodologias e recursos como
ambientes de aprendizagem a serem utilizados no computador no Brasil.
Cada uma delas desenvolveu projetos individuais, anteriormente avaliados
e selecionados pela SEI em 1984.
Outras ações direcionadas ao estudo sobre o uso da informática na
educação foram promovidas pelo MEC e, com o advento da Internet, foram
impulsionadas, tornando a EAD uma modalidade de ensino consolidada
relevante para a pesquisa.
Dentre estas, ressalta-se o Projeto Nacional de Formação de
Recursos Humanos em Informática na Educação (Formar), iniciado em
1987. O mesmo havia sido indicado pelo Comitê Assessor de Informática
e Educação do Ministério da Educação (CAI/MEC). Sua criação objetivava a
formação de professores atuantes no ensino de 1º e 2º Graus, a fim de
capacitar estes profissionais para sua atuação em centros de informática
educativa criados para os sistemas públicos de educação.
Em 1989, o MEC implantou o Programa Nacional de Informática na
Educação (Proninfe), criado com a pretensão de implementar o exercício
da informática educativa a partir de projetos pedagógicos de relevância e
atualização. O desenvolvimento do projeto foi realizado em mais de 40
centros de informática na educação em todo o território brasileiro, sendo a
maioria com acesso à Internet, na formação dos professores de 1º, 2º e 3º
Graus (ensino fundamental, médio e superior, respectivamente), sendo
ainda ampliado para a área de educação especial e para a pós-
graduação. Dentre suas propostas estava o incentivo à pesquisa sobre a
utilização dos computadores como ferramenta educativa, procurando,
assim, incentivar a interatividade e a interconectividade.
Contando com a iniciativa de programas municipais e estaduais,
posteriormente foram criados mais 400 subcentros, partindo do modelo
implementado pelo projeto Educom/UFRGS. Outros 400 laboratórios de
informática foram também financiados por governos estaduais e
municipais para as escolas públicas brasileiras. Quanto ao número de
professores capacitados através do programa Proninfe, atingiu-se cerca
de 10 mil profissionais.
O Proninfe é tido como referência nas ações planejadas e
desenvolvidas pelo MEC até nos dias atuais, principalmente por manter-se
continuamente ativo por mais de dez anos, como resultado de atividades e
experiências obtidas em torno do estudo da EaD.
Outras atividades de pioneirismo na área da EaD merecem ser
destacadas, como a criação do Núcleo de Educação Aberta e a Distância
(NEaD) da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em 1992. O
NEaD é responsável pelo oferecimento do primeiro curso de graduação a
distância do Brasil.
Com a criação da Secretaria de Educação a Distância do MEC
(SEED/MEC), foi possível viabilizar, em 1997, o lançamento do Programa
Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Sua proposta era
semelhante ao programa Proninfe, contando agora com maior
investimento financeiro e atingindo um maior número de estados
brasileiros. Uma das suas metas era a construção dos Núcleos de
Tecnologia Educacional (NTEs), os quais seriam destinados à realização
de pesquisas, ao desenvolvimento de projetos educativos na área da
informática educativa e à capacitação de professores. Também foi criado o
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) E-Proinfo.6
Ainda nos anos 1990, foram desenvolvidos projetos utilizando
recursos como rádio e televisão, voltados para a complementação das
atividades desenvolvidas em sala de aula. Pode-se citar o projeto TV
Escola, promovido em 1996. Trata-se de um canal de televisão via satélite
destinado à veiculação de programas exclusivamente educativos. Cada
escola pública com mais de 100 alunos recebia um kit com televisão,
antena parabólica, aparelho de videocassete e fitas VHS para a gravação
dos programas. A programação do canal veiculava 12 horas de
programação diária, com a reprise de alguns programas. Os temas
abordados eram complementados com recursos impressos, como
revistas, livros, guias de programação e de orientação destinados aos
professores. Durante os fins de semana, apresentava-se o programa
denominado Escola Aberta, com a veiculação de assuntos destinados à
integração das famílias com a comunidade escolar.
Também foi desenvolvido o projeto Rádio Escola,7 em 2000, pela
Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED),
destinado à produção de programas de capacitação e formação
continuada para professores alfabetizadores em Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Foram utilizados ainda materiais impressos com sugestões
de como inserir os programas radiofônicos nas atividades de sala de aula
e demais orientações técnicas e pedagógicas. O programa teve atuação
em regiões com alto índice de analfabetismo no país, sendo direcionado
aos coordenadores do Projeto Alfabetização Solidária.8 O mesmo material
foi também encaminhado a emissoras de rádio integrantes da Rede de
Comunicação pela Educação. Foram projetos como este que
impulsionaram e impulsionam, também hoje, as práticas em torno da EaD
no Brasil.
Atualmente, todas estas possibilidades continuam sendo utilizadas,
conforme exemplificado, porém destinadas a públicos e situações
específicas. O que realmente pode-se considerar é um maior impacto do
uso dos recursos digitais e também da maior interação entre professores
e alunos.
Além desses recursos, existem possibilidades que iniciam sua
popularização na década de 1990 e progressivamente são integradas às
possibilidades de cursos em EaD. Trata-se dos ambientes de imersão,
que possibilitam a utilização de mundos virtuais, adicionando o
componente espacial às possibilidades de interação já existentes. Além
disso, os novos dispositivos móveis e as tecnologias de comunicação
sem fio desenvolveram-se a ponto de disponibilizarem equipamentos com
boa capacidade de processamento, comunicação com a Internet em
velocidades altas e uma série de recursos integrados, como câmera, GPS,
gravador de som, entre outros. Os jogos digitais ampliaram ainda mais
estes contextos, já que possibilitam a simulação de situações de forma
bastante realística, aliando aspectos lúdicos e interfaces amigáveis e
atraentes. Recursos estes que facilitam a geração de um contexto
favorável à experimentação e possibilitam o desenvolvimento de
habilidades de forma bastante efetiva.
Além das modificações puramente tecnológicas, observam-se
também aspectos sociais relevantes associados ao contexto histórico da
Educação a Distância. Esta modalidade está intimamente associada às
mudanças globais na sociedade atual, sendo que algumas tendências
destas modificações estão refletidas em questões como a produção e o
direcionamento do material ou então no formato de distribuição destes
recursos. Observa-se, com a popularização do acesso às redes de
computadores, que existe um movimento de produção de material que
ocorre em paralelo com as entidades inicialmente envolvidas em tais
atividades. Assim, surgem movimentos que questionam as atuais
salvaguardas legais aos materiais produzidos e que sugerem a ampliação
do compartilhamento destes materiais como forma de democratização e
colaboração mais amplos. Podem ser tomados como exemplos o
movimento de software livre9 ou licenças sobre o direito autoral, tais como
o Creative Commons.10
Enquanto este tipo de iniciativa trata de formalizar meios para a
divulgação e compartilhamento gratuito de materiais e outros artefatos,
como programas de computador, observam-se também iniciativas para a
efetiva disponibilização de materiais, de forma livre e sem custos, a partir
da Internet. Trata-se de repositórios de materiais que podem ser utilizados
livremente, facilitando a melhoria das condições da educação de forma
geral. Estas iniciativas estão sendo ampliadas e já existem exemplos
bastante consistentes e amplamente conhecidos. Por exemplo, no Brasil
existe a iniciativa de disponibilização de materiais didáticos e de materiais
em geral, tais como vídeos, imagens e outros, em dois web sites,
conhecidos como Domínio Público11 e Rived.12 No primeiro são
encontrados materiais diversos, em uma base com mais de 146 mil
elementos, entre vídeos, imagens, sons e textos, todos disponíveis para
uso. No segundo são disponibilizados aos professores e alunos,
livremente, objetos de aprendizagem desenvolvidos a partir de tecnologias
multimídia interativas, consistindo de animações e simulações voltadas
para as áreas de conhecimento dos ensinos fundamental e médio. Além
desses exemplos, diversos outros repositórios de materiais instrucionais
são encontrados, possibilitando a divulgação dos materiais e também o
trabalho colaborativo entre professores de localidades diversas. Alguns
exemplos são comentados a seguir.
O banco internacional de objetos de aprendizagem 13 consiste em
uma enorme base de informações sobre objetos de aprendizagem para
os diversos níveis de ensino, que podem ser acessados e utilizados
livremente. Atualmente, existem mais de 8.600 objetos de aprendizagem,
distribuídos em animações, imagens, áudio, softwares e hipertextos.
Além de bancos de dados e repositórios de objetos de
aprendizagem, seguem ampliando-se os espaços de compartilhamento
gratuito de material, tal como em sistemas e serviços disponíveis a partir
da chamada Web 2.0, em que diversas possibilidades de
compartilhamento de material produzido pelos usuários da Internet estão
livremente disponibilizadas. A Web 2.0 é caracterizada pela utilização dos
b logs e chats e das redes sociais. Hoje já é reconhecida a Web 3.0, que
considera o uso dos dispositivos e Internet móvel.
Por fim, atualmente, existe o modelo de cursos massivos e de
conteúdo aberto, denominados Massive Open Online Courses (MOOCs).
Trata-se de um modelo de curso online, com uso de conteúdos livres,
disponíveis para acesso por meio de sites ou plataformas específicas.
A característica principal dos MOOCs ou cursos livres é a abertura e
flexibilidade dos cursos e materiais para atingir um número expressivo de
estudantes, que podem ter sua participação auto-organizada a partir de
seus conhecimentos prévios e interesses comuns. A proposta desses
cursos normalmente é organizada por equipe de formadores, sendo suas
atividades baseadas no uso de videoaulas e material instrucional com a
possibilidade de interação livre, sem necessariamente contar com uma
tutoria, sendo os próprios participantes responsáveis em manter a
interação ativa.
Compreende-se, assim, que os MOOCs podem ampliar as
possibilidades de aprendizado e a visão acerca do processo educativo
através de uma proposta estratégica de autoformação que pode contribuir
com a melhoria da qualidade da educação ao permitir o compartilhamento
de conhecimentos e a capacitação.
Estes exemplos tratam de um aspecto fundamental para o aluno de
cursos na modalidade a distância e para pessoas interessadas em
ampliar seus conhecimentos e habilidades de forma continuada. Existe
atualmente uma tendência a ampliarem-se as possibilidades de acesso
aos materiais, em diversos níveis e em uma ampla quantidade de países.
Desta forma, as possibilidades para cooperação e colaboração são
bastante abrangentes e interessantes.

1.2 Algumas definições

Até o momento, neste livro, foram tratados diversos aspectos


relacionados com o processo de ensino e aprendizagem na Educação a
Distância. Trata-se de um contexto amplo e relativamente complexo, com
ações ocorrendo atualmente em diversos países, com diversas
combinações tecnológicas, propósitos, níveis de ensino e abordagens
metodológicas. Uma análise que leve em conta os elementos
empregados em cursos de EaD irá identificar diversos elementos também
utilizados em cursos com ênfase no ensino presencial. Apesar disso, são
destacadas diferenças entre essas duas modalidades. É preciso verificar
que estas diferenças devem-se a um processo histórico e ainda em
desenvolvimento, sendo que ambas as modalidades podem também ser
empregadas de forma conjunta e complementar, sendo esta uma
tendência geral identificada atualmente.
Assim, analisaremos a seguir diversas definições apresentadas
para a Educação a Distância. Mais do que o relato de definições dadas por
diversos autores, buscamos aqui identificar alguns elementos
fundamentais de modo que estes sejam comuns às definições
apresentadas. Com estes elementos é possível ao leitor analisar e
identificar com clareza as características de diferentes cursos na
modalidade EaD, que se diferenciam em formato, metodologia,
tecnologias, entre outros aspectos.
De modo geral, quando se busca uma definição formal para o que
seja Educação a Distância, depara-se com diversas indicações, realizadas
muitas vezes em períodos históricos diferentes, que, apesar de não serem
muito distantes, muitas vezes possuem uma diferença grande o suficiente
para o surgimento e a adoção de novas metodologias ou tecnologias.
Por isso, partiremos a seguir para uma análise de elementos
comuns a diversas definições, como forma de possibilitar ao leitor um
conjunto de parâmetros para o melhor entendimento destas atividades.
Esta análise é precedida da descrição de papéis normalmente
encontrados em cursos desta natureza. Os principais papéis identificados
são, em geral: aluno, professor autor ou conteudista, professor da
disciplina, tutor e assistente técnico.
O aluno ou estudante é aquele participante do curso a distância,
para o qual é realizado o acompanhamento durante todo o período do
curso. Eventualmente, dependendo do nível de ensino e regulamentação
do curso, este participante realiza também avaliações específicas,
presenciais ou não, para atestar seus conhecimentos e as habilidades
adquiridas.
Quando se faz referência ao professor autor, ou professor
conteudista, em geral busca-se identificar o responsável pela concepção,
metodologia, materiais e avaliação do curso. Trata-se normalmente de um
profissional com ampla experiência na área de conhecimento específica
do curso, que realiza um trabalho de estruturação do mesmo, descrevendo
detalhadamente a metodologia, etapas, avaliação e formas de interação.
Este professor elabora os conteúdos disponibilizados no curso e descreve
como devem ser avaliados. Em boa parte dos cursos a distância este
professor autor não é o responsável pelo contato direto com os alunos
durante o período de realização das disciplinas ou módulos. Entretanto,
ele pode assumir também o papel de professor formador.
Como existe a possibilidade de um grande número de alunos, em
turmas diferentes, estarem cursando uma mesma disciplina, torna-se
inviável que um profissional apenas mantenha contato e esteja em
interação com os participantes do curso, casos em que um novo papel é
estabelecido com a participação do tutor.
O tutor de um curso a distância, em geral, possui como atribuições
o acompanhamento das atividades realizadas e do percurso individual dos
participantes. Por vezes o tutor realiza a apresentação de conteúdos
específicos. Além disso, este profissional trata ou encaminha as dúvidas e
demandas surgidas na realização do curso, ou seja, ele está em contato
constante e realiza o atendimento e acompanhamento direto dos alunos.
Também pode ser o responsável por atividades como a correção das
avaliações. Em determinadas situações, pode-se encontrar uma
diferenciação entre tutor a distância e tutor presencial, sendo que, na
maioria dos casos, trata-se apenas da indicação da forma de contato com
este profissional, pois, em muitos cursos, existe a possibilidade de
contato pessoal nos polos de atendimento, sendo este atendimento
realizado pelo tutor presencial. Por outro lado, no caso de atendimento
apenas através de mediação tecnológica, denomina-se o profissional de
tutor a distância.
O assistente técnico está à disposição dos alunos para apoiar em
problemas e situações associados exclusivamente ao ambiente
tecnológico utilizado.
Apesar de claras, estas delimitações de papéis podem ser
encontradas com atribuições ligeiramente diferenciadas ou sobrepostas,
em diferentes instituições de ensino ou mesmo níveis de ensino. Servem
aqui apenas como referências mais gerais. A seguir, são identificadas
características gerais de cursos na modalidade a distância.
Os elementos abaixo são identificados como comuns em grande
parte das definições encontradas. Para mais detalhes a respeito, consulte
as recomendações de leitura adicional ao final deste capítulo.

1.3 Características de cursos na modalidade a distância

Separação entre o aluno e o professor durante as atividades do


curso – não existe, com algumas exceções, necessidade de
interação ou participação em momentos expressamente
determinados, de modo que as atividades do aluno podem ser
realizadas em um período de tempo e em local físico
determinados pelo aluno.
Planejamento diferenciado dos materiais, interações e avaliações
– a distância entre professor e aluno e a autonomia conferida aos
estudantes faz necessário o planejamento do curso de modo
bastante cuidadoso, proporcionando flexibilidade aos alunos e, ao
mesmo tempo, garantindo a cobertura de todos os assuntos
previstos.
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) –
recursos tecnológicos de comunicação e informação são
empregados para garantir a divulgação do material de forma
adequada e atraente, além de possibilitar a necessária interação
entre alunos e professores.
Abordagem focada no protagonismo do aluno – aproximação de
um paradigma em que maior autonomia é atribuída ao aluno, na
qual o professor acompanha e direciona o processo, auxiliando
em situações demandadas pelos alunos, de acordo com suas
necessidades.
Interação – apesar de algumas metodologias aplicadas em
educação a distância não utilizarem extensivamente o
componente da interação, trata-se de um elemento importante
para que o aluno desenvolva habilidades fundamentais e que
seja possibilitada a construção do conhecimento de forma
cooperativa.

Podemos realizar um resumo destas características básicas,


reunindo estes elementos da seguinte forma: “Educação a Distância é um
processo de ensino e aprendizagem no qual se utilizam recursos
tecnológicos diversos e um planejamento diferenciado a fim de
potencializar a autonomia, o atendimento às demandas individualizadas
do aluno e a criação de laços de colaboração e interação, possibilitando a
liberdade de acesso e participação quanto a aspectos como tempo e
espaço”. Estas características estabelecem um processo no qual o aluno,
durante a realização de um curso, possui liberdade e autonomia, sendo
acompanhado pelos professores e tutores em seu percurso e atendido
em suas necessidades, levando consigo a responsabilidade de auto-
organização para o cumprimento das atividades propostas a partir do
planejamento efetuado.
Alguns requisitos para que ocorra esta flexibilidade são: (1) o
planejamento, permitindo ao aluno participar de um ambiente de interação,
de forma que seja possível estabelecer um percurso interativo com seus
colegas, mas levando em consideração suas necessidades individuais;
(2) a organização pessoal do aluno deve ser motivada e apoiada para que
sejam desenvolvidas habilidades, caso necessário, que lhe garantam a
organização necessária para o desenvolvimento de competências
planejadas; (3) a viabilidade de acesso aos materiais deve ser também
garantida e acompanhada, de modo que o aluno não seja limitado em seu
processo devido a questões de caráter técnico.
Ao professor e tutor devem estar disponíveis mecanismos de
relacionamento que possibilitem o acompanhamento dos processos
individuais de cada participante de um curso. Em cada situação em que
ocorre a necessidade de contato, este deve ser realizado da maneira mais
apropriada, de acordo com os diversos meios disponíveis em cada
formato de curso. Em geral, observa-se nos cursos a distância uma
ampliação das possibilidades de contato, quando se compara um curso
presencial pelo uso dos ambientes virtuais de aprendizagens e demais
ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona.

1.4 Modelos e abordagens em cursos a distância

Os cursos de Educação a Distância podem ser agrupados de modo


a identificar aspectos mais gerais, tais como sua finalidade, nível de
ensino ou forma de aplicação.
No caso da finalidade e nível de ensino dos cursos de Educação a
Distância, são conhecidos os cursos voltados à simples capacitação,
como os cursos técnicos, os cursos profissionalizantes, os treinamentos
específicos de capacitação, em geral desenvolvidos dentro de empresas
ou instituições. A este conjunto somam-se os cursos nos diversos níveis
de ensino, desde supletivos para ensino médio e fundamental, cursos
para educação de jovens e adultos, cursos de graduação, pós-graduação
e extensão.
Além destas diferenciações, que podem ser feitas com base em
objetivos dos cursos, podem ser analisados os diferentes modelos que
surgem com as configurações específicas entre tecnologias,
planejamento e metodologias. Alguns destes modelos podem ser
considerados inclusive como reflexos de momentos nos quais
determinados recursos encontravam-se disponíveis.
Assim, temos as situações em que o principal aspecto esperado é
o de estudo individual, no qual são planejadas poucas atividades
envolvendo a interação entre os alunos e destes com os professores.
Nestas condições, os principais materiais utilizados são os impressos,
vídeos, áudio e ainda material digital implementando simulações e
animações, propondo situações de experimentação ao aluno. As
metodologias empregadas nestes casos abordam a avaliação
especialmente a partir de testes e exercícios que são desenvolvidos de
forma individual.
Nas situações em que o modelo geral do curso envolve a interação
mesmo que de forma simplificada ou caracterizando-se como um curso
com pouca interatividade, modificam-se alguns aspectos, envolvendo
basicamente o uso de ambientes virtuais que proporcionam uma base
para o estabelecimento de comunicação. Nestes ambientes, em geral,
existe a possibilidade de disponibilização de materiais diversos, tais como
os citados no modelo anterior. Além disso, diversas ferramentas de
interação e comunicação com características específicas são encontradas.
Alguns exemplos são os fóruns de discussão, ferramentas de entrega de
tarefas ou salas de conversa. Com este contexto, existe já a possibilidade
de contato entre os alunos e destes com os professores de forma mais
efetiva e simplificada. A avaliação pode envolver, além de testes e
exercícios individuais, etapas que considerem atividades de interação dos
alunos.
Em modelos com ênfase em atividades de cooperação, interação e
comunicação, normalmente encontram-se mais opções de ferramentas
disponibilizadas para os alunos. Muitas destas permitem atividades de
construção de textos de forma colaborativa (Wiki), a publicação de relatos
dos alunos em b logs ou diários, além das ferramentas já citadas, tais
como fóruns, salas de conversa ou ferramentas para tarefas. Nestes
casos, desde o início da realização do curso as atividades de interação
são estimuladas como parte fundamental do processo, proporcionando-
se, além de percursos individuais de trabalho, situações de realização
coletiva, como trabalhos em grupo. A avaliação envolve todos os fatores do
processo, desde os trabalhos individuais, as interações, o
acompanhamento do processo e as produções em grupo.
Justamente o desenvolvimento de aspectos tecnológicos a partir da
popularização da Internet proporcionou a concretização dos recursos
necessários para as demandas descritas em modelos nos quais a
metodologia envolve aspectos mais complexos como a interação e a
colaboração. Assim, modelos de cursos em EaD que estejam voltados
principalmente para a disponibilização de material possuem
necessidades diversas de modelos que privilegiem a interação. O acesso
ao material é basicamente garantido com repositórios, ambientes virtuais,
utilização de e-b ooks ou mesmo com o envio ao aluno de material
impresso em papel ou ainda disponibilizado em suportes como CDs,
DVDs ou Blu-ray.
A necessidade de interação pode envolver ferramentas diversas,
que serão normalmente disponibilizadas ao aluno a partir de uma base
comum em um ambiente virtual de aprendizagem. Nesta segunda
situação, as ferramentas envolvem também o aluno em uma rede de
contatos com todos os demais participantes do curso. Ferramentas
comumente encontradas neste contexto são o fórum de discussão, a sala
de conversa, a opção de realização de tarefas, questionários, páginas de
escrita colaborativa, entre outras. Além das possibilidades de interação
criadas para os alunos, este contexto também proporciona aos
professores o material necessário para o acompanhamento do percurso
destes alunos. Todas as interações de um aluno no ambiente, inclusive as
suas realizações de exercícios ou entregas de produções, podem ser
identificadas e analisadas de forma a ampliar a percepção do professor
sobre demandas, interesses e situações a encaminhar para estes alunos.
Desta maneira, os suportes tecnológicos proporcionam a
disponibilidade de material, as ferramentas de interação e prática, bem
como as opções de acompanhamento necessárias ao estabelecimento
de uma comunidade de prática.
Quando o modelo envolve maior interação e ferramentas diversas, a
partir de um ambiente virtual, conta-se com um fator adicional importante
para a qualidade e o resultado positivo dos cursos nesta modalidade. Todo
o material gerado nas etapas de interação, tais como as tarefas realizadas
em cooperação, as mensagens trocadas em fóruns de discussões, o
histórico do acesso aos exemplos e aos exercícios publicados, além de
todas as demais situações envolvendo relação entre os participantes,
estão armazenados e podem ser acessados em forma de relatórios ou
indicadores. Este fator proporciona aos professores as informações
necessárias ao acompanhamento das atividades gerais de uma
comunidade e dos percursos individuais dos alunos.
Além das ferramentas disponibilizadas em ambientes virtuais de
aprendizagem, a metodologia desenvolvida pode necessitar ou sugerir o
acesso a materiais instrucionais mais específicos, normalmente
desenvolvidos como objetos de aprendizagem. Estes possibilitam ampliar
e potencializar as situações de simulação, identificação e descrição de
áreas de conhecimento. Também proporcionam o questionamento e
atividades de experimentação descritas por professores.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS:

Sugestões de leituras adicionais:

FRANCO, Sérgio Roberto Kieling (org.). Educação a distância na


Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, UFRGS, 2004.

LITWIN, Edith. A Educação em tempos de internet. In: Pátio – Revista


Pedagógica, ano V, n. 18, ago/out., 2001.

MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD – A Educação a Distância hoje. São


Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2007.

MENEZES, Ebenezer Takunode; SANTOS, Thais Helena dos. "Projeto


Minerva" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira -
EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em:
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=291>. Acesso em:
mar. de 2015.

MOORE, M.G.; KEARSLEY, G. Educação a Distância: uma visão Integrada.


São Paulo: Cengage Learning, 2007.

PETERS, O. A educação a Distância em transição. São Leopoldo: Unisinos,


2004.

SARAIVA, Terezinha. Avaliação da Educação a Distância: sucessos,


dificuldades e exemplos. Boletim técnico do Senac. Rio de Janeiro, v. 21, n.
3, p. 32-45, set./dez. 1996.

REVISÃO DE CONCEITOS:

Ao identificarmos no histórico da EaD momentos em que os


recursos utilizados eram a impressão de materiais e o envio destes pelo
correio, podemos associar o seu desenvolvimento e atual expansão com a
ampliação dos recursos tecnológicos e possibilidades de interação e
comunicação. Em diversos marcos históricos, nos quais o uso de
tecnologias foi disponibilizado, observa-se também o surgimento de ações
inovadoras com a utilização destas tecnologias na educação.
Atualmente, existem diversos modelos de cursos na modalidade a
distância, de acordo com objetivos e metodologias assumidas, que fazem
uso de recursos tecnológicos em combinações muito flexíveis, que podem
ser adequados às situações necessárias. A figura 2 apresenta uma
síntese do capítulo.
Figura 2 – Síntese do capítulo 1.
Fonte: elaborada pelos autores.
__________
1 Os autores discriminam as datas de cada geração a partir das experiências
desenvolvidas internacionalmente. Serão enfatizados neste capítulo os períodos
disseminados de cada geração na realidade brasileira.
2 As datas referenciadas pelos autores para o estabelecimento de cada geração têm
como base o surgimento da EaD em diferentes países.
3 Disponível em: <http://www.institutouniversal.com.br/>.
4 O movimento conhecido como “open university” começou a ser utilizado nos anos
1970 como forma inovadora de ensino superior. Também denominadas de
universidades livres, trata-se de instituições com liberdade para a produção de
conhecimentos sem necessidade de aval governamental ou compromisso com a
habilitação profissional. O interesse está no oferecimento de formação universitária em
larga escala.
5 Informações obtidas através dos sites do MEC/SEED/Proinfo, disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/>.
6 Disponível em: <http://e-proinfo.mec.gov.br/>.
7 Para saber mais sobre a Rádio Escola e seus materiais, acesse:
<http://200.130.3.122/>.
8 O programa Alfabetização Solidária foi criado em 1997 pelo Conselho da
Comunidade Solidária – um fórum de desenvolvimento de ações sociais através da
parceria entre Governo Federal, iniciativa privada e sociedade civil. Atualmente é
dirigido por uma organização não governamental – Associação de Apoio ao Programa
Alfabetização Solidária (AAPAS). Trata-se de uma entidade do terceiro setor, sem fins
lucrativos e de utilidade pública. O objetivo do programa permanece voltado para a
redução dos índices de analfabetismo no Brasil, através do acesso de jovens e adultos à
educação nos municípios com maior índice de analfabetismo. O Programa apresenta
hoje resultados significativos. De acordo com os dados apresentados, da implantação
até 2001, um número superior a 2,4 milhões de jovens e adultos brasileiros foram
beneficiados. Mais informações sobre o projeto podem ser pesquisadas no site:
<http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044529.pdf>.
9 Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/>.
10 Disponível em: <http://www.creativecommons.org.br>.
11 Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/>.
12 Disponível em: <http://rived.mec.gov.br/>.
13 Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/>.
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS DE RECURSOS DIGITAIS
Este capítulo apresenta de forma simplificada os fundamentos necessários para
que o leitor compreenda as características dos recursos digitais disponíveis atualmente.
Como os cursos em EaD estão, em geral, apoiados nestes recursos, é objetivo do
capítulo possibilitar a criação de uma relação de intimidade com as possibilidades e
formas de utilização destes recursos.

2.1 Alguns conceitos básicos

Quando nos referimos a recursos digitais, neste texto, procuramos


identificar uma ampla gama de possibilidades que se encontram à
disposição de usuários atualmente. Parte destes recursos é conhecida a
partir do termo Tecnologias de Informação e Comunicação; outra parte, a
partir de termos como microinformática, digitalização ou convergência de
mídias. Em todos os casos, existem dois componentes importantes
coexistindo e interdependentes: algum recurso tecnológico envolvendo
digitalização e o processamento de informações, utilizado em
necessidades de aplicações diversas, tais como entretenimento,
comércio, pesquisa ou educação.
Compreender as possibilidades atuais de recursos digitais é
extremamente importante para o aluno, seja de cursos em Educação a
Distância ou não, pois estes recursos estão modificando rapidamente os
contextos anteriormente estabelecidos e proporcionam oportunidades
importantes para a execução de diversas tarefas.
Além disso, são cada vez mais rápidos os movimentos inovadores,
trazendo novas configurações de recursos e interações entre os mesmos.
Assim, com o conhecimento necessário para o entendimento e a avaliação
crítica de sua pertinência para necessidades existentes, um usuário pode
se valer do acompanhamento desta evolução para continuamente tratar do
aperfeiçoamento de processos ou atendimento de demandas.
Para situar o leitor no universo de opções aqui relacionadas,
destacam-se a seguir alguns aspectos e possibilidades de
microeletrônica. Este ramo da Eletrônica é fundamental em áreas como a
Informática e a Telecomunicação. A partir destas, sua influência pode ser
observada em setores diversos de produção, comércio, serviços, estando
presente em elementos cotidianos como eletrodomésticos, aparelhos
para entretenimento, carros, aviões, elevadores, telefones,
microcomputadores, equipamentos médicos, sensores, somente para
citar alguns exemplos. A grande contribuição da microeletrônica para a
sociedade atual está relacionada com os processos de fabricação e
integração de circuitos eletrônicos, que possibilitam a captura de
informações do mundo real, seu armazenamento e seu processamento. A
fabricação deste tipo de componente é feita atualmente em escala
microscópica, na ordem de milionésimos ou bilionésimos de um metro.
Daí vem sua grande capacidade, pois eles possuem uma velocidade de
operação muito alta, aliada a uma grande capacidade de armazenamento
de materiais.
O armazenamento dos dados neste tipo de componente é feito com
base em uso da eletricidade, sendo definidos estados conhecidos como
binários, para diferentes valores de eletricidade presentes nos
componentes. Isso permite que estes circuitos sejam construídos com
níveis de abstração para os valores tratados, considerando valores como
“zero” e “um”, encontrados comumente como sinônimos de “ligado” e
“desligado”, “verdadeiro” ou “falso”. Existe uma abordagem diversa, a
abordagem analógica, que não utiliza estes níveis de abstração, mas
considera todo o espectro de variações possíveis dos valores. Este tipo de
componente possui menor capacidade de miniaturização e integração,
sendo utilizado em áreas específicas dentro da eletrônica, como, por
exemplo, na confecção de sensores.
Em paralelo aos esforços desenvolvidos na área de eletrônica,
diversas outras áreas buscam melhorias para os problemas de
armazenamento e processamento de informações, como a computação
quântica, que trabalha em uma escala de miniaturização ainda maior do
que a observada em circuitos eletrônicos. Esta tecnologia ainda está em
desenvolvimento, sendo que sua expectativa é processar uma quantidade
maior de informações do que é possível atualmente.
A seguir, serão detalhadas utilizações deste tipo de componente
baseado em eletrônica na construção de microcomputadores e na
digitalização e comunicação de informações. Além dos aspectos ligados
aos equipamentos e dispositivos, que continuam em evolução, devemos
prestar atenção aos aspectos ligados à sua utilização, pois, com o
desenvolvimento de formas eficientes de organizar o funcionamento
destes, cada vez mais observa-se o surgimento de novas aplicações para
este tipo de equipamento, que pode inclusive ser projetado de acordo com
demandas específicas.

2.1.1 Microinformática
Os primeiros computadores foram desenvolvidos como um esforço
de guerra, tendo sido utilizadas tecnologias diferentes das atuais. Os
primeiros equipamentos construídos possuíam dimensões enormes e
consumiam uma grande quantidade de eletricidade. A rápida evolução na
área da microeletrônica proporcionou a miniaturização de componentes,
permitindo a fabricação de microprocessadores, memórias e outros
elementos, dentro de uma escala que favorece cada vez mais a ampliação
de sua capacidade. Desta forma, passamos de um computador cuja
instalação precisava de dois andares para computadores que podem ser
usados em uma mesa de trabalho, outros que podem ser transportados
em uma pasta de trabalho, ou, ainda, computadores que podem ser
carregados no bolso.
Atualmente, existem diversos dispositivos com as capacidades
tradicionalmente consideradas básicas para um microcomputador. Estas
capacidades seriam o armazenamento de dados, o processamento
destes com a execução de programas de computador, a visualização e a
manipulação de informações, além da integração com outros usuários
através de redes de comunicação. Estas possibilidades estão sendo
ampliadas desde o início da popularização da microinformática, quando
foram desenvolvidos computadores pessoais com capacidades
suficientes para o atendimento produtivo de diversas tarefas.
Os principais elementos de computadores pessoais podem ser
resumidos em unidade de processamento ou microprocessador,
memória, componentes de entrada e saída de dados. Por componentes
de entrada de dados, podemos encontrar dispositivos como teclado,
mouse, mesa digitalizadora, microfone, câmera ou joystick. Já a saída de
dados ocorre em componentes como monitor de vídeo, caixas de som,
impressoras. Alguns componentes permitem tanto a entrada como a saída
de dados, como os modems e as placas de comunicação. Esta
flexibilidade quanto aos componentes de entrada e saída e a
miniaturização de componentes possibilita a construção de diversos
dispositivos, tal como citado anteriormente.
A unidade de processamento, ou o processador, é responsável pela
maior parte das operações realizadas. Em alguns casos existem
processadores auxiliares para tarefas específicas que demandam muito
processamento, como o tratamento de imagens, jogos ou ambientes
virtuais. Por exemplo, alguns jogos ou ambientes de imersão, tal como o
Second Life, atualmente requerem, para seu bom funcionamento, placas
gráficas auxiliares. Os processadores podem ser comparados, de forma
simplificada, pela sua frequência de operação e pela taxa de instruções ou
operações realizadas por segundo. A primeira normalmente é medida em
unidades de oscilações por segundo, na ordem de milhões (MHz, ou
Megahertz) ou bilhões (GHz, ou Gigahertz). Os processadores utilizados
em computadores pessoais apresentam uma variação, desde a década
de 1970 até hoje, que vai de cerca de 600 mil instruções por segundo e
operação em 2 MHz até mais de 30 milhões de instruções por segundo e
mais de 3 GHz. A consequência prática observada pelos usuários é a
ampliação dos serviços disponíveis em um computador, pois o potencial
maior de processamento é utilizado pelos programas de computador para
o tratamento de problemas difíceis, para a criação de novas
funcionalidades e para melhorar os ambientes de interação,
especialmente a interface entre o computador e seu usuário. Ao selecionar
uma operação ou um programa, caso o processador seja adequado, o
usuário recebe o resultado imediatamente, sem necessidade de aguardar
o processamento, o que resulta em mais produtividade e satisfação.
A memória do computador é estruturada com diferentes tecnologias,
que são relacionadas de forma muito conveniente às diferentes
necessidades de uso para os dados armazenados em um computador.
Existe um tipo de memória chamado de memória primária, construída com
a mesma tecnologia e componentes eletrônicos usados pelos
processadores. Esta memória é muito rápida e nela são armazenados
todos os dados de trabalho quando o computador está em uso. Por
exemplo, ao editar um texto, todos os caracteres dele estarão
armazenados nesta memória principal. Isso garante aos programas de
computador o acesso eficiente aos dados, sendo utilizado no trabalho do
usuário. A quantidade de informações armazenada neste tipo de memória
varia tipicamente de 256 milhões até 4 bilhões de caracteres, em
computadores pessoais atuais. Uma característica desta memória é a sua
volatilidade, que determina que, ao ser desligado o computador, todos os
dados nela armazenados sejam perdidos. Ou seja, esta memória pode
ser imaginada como uma mesa de trabalho, na qual estão dispostos
todos os documentos necessários para um determinado trabalho, mas
que serão armazenados em outro local ao final da tarefa. Quanto maior a
capacidade desta memória, tanto maior a possibilidade do computador
em manipular grandes objetos, como documentos, imagens, áudio e
vídeo. Além disso, uma memória primária com boa capacidade possibilita
que diversos programas manipulem dados em paralelo, sem perda de
performance, o que é bastante comum atualmente, onde observamos
usuários realizando simultaneamente a cópia de documentos (download)
através da Internet, enquanto acessam documentos de textos a serem
lidos e interagem com colegas em programas de comunicação online.
Algumas memórias desenvolvidas mais recentemente permitem a
manutenção de seu conteúdo, mesmo quando desconectadas de um
computador, conhecidas como memória Flash. Isso possibilitou a
popularização de equipamentos portáteis para o armazenamento e
transporte de dados, conhecidos como pendrives, que possibilitam que
bilhões de caracteres sejam armazenados em um componente de
tamanho bastante reduzido e de fácil manuseio e transporte. Com estes
dispositivos, o usuário pode manter um acervo de documentos, vídeos,
áudios ou mesmo programas de forma a facilitar o seu acesso, pois o
mesmo pode ser conectado facilmente em computadores pessoais.
Além desse tipo de memória, são utilizados também meios
magnéticos e óticos para a manutenção segura de grandes quantidades
de dados. Os discos rígidos e as fitas magnéticas, assim como os CDs e
DVDs, são exemplos destas tecnologias. Normalmente os computadores
pessoais possuem unidades para discos rígidos, nas quais são
armazenadas, de forma estática, grandes quantidades de dados, que
podem ser de programas de computador ou dados de usuários. A
capacidade destes discos costuma variar entre vários bilhões de
caracteres até alguns trilhões de caracteres. Portanto, em média, são no
mínimo várias centenas de vezes maiores do que as memórias primárias.
Caso deseje continuar com a metáfora sugerida para as memórias
primárias, este tipo de memória pode ser imaginado como o equivalente a
várias estantes com materiais, ou mesmo várias salas cheias de estantes,
conforme o caso. Esta figura auxilia também a identificar uma
característica de operação relacionada ao tempo de acesso aos dados,
que, neste caso, é bastante superior ao tempo gasto no acesso a dados
armazenados em memória principal.
Alguns modelos destes equipamentos são externos ao computador.
Podem ser utilizados como uma biblioteca móvel, ou como equipamento
de cópia de segurança dos dados. Também os equipamentos conhecidos
como fitas magnéticas são utilizados como forma de realizar cópia de
segurança, devido a sua grande capacidade e relativo baixo custo.
Além de armazenamento e processamento de dados, o computador
utiliza-se de equipamentos de entrada e saída, que possibilitam a criação
de uma interface entre os usuários. Estes equipamentos vêm evoluindo
rapidamente, sendo encontrados já diversos dispositivos de exibição, tais
como os monitores, alguns inclusive com capacidade de interação por
meio de toque. A saída de sinais de áudio complementa este dispositivo,
proporcionando que o computador exiba vídeos ou que reproduza
conversas ou músicas. Nestes casos, equipamentos auxiliares como
microfones e câmeras são complementares e possuem cada vez maior
capacidade, sendo integrados diretamente em muitos modelos de
computadores pessoais. A entrada de dados é tradicionalmente realizada
com teclados e dispositivos de apontamento, como o mouse, entretanto
dispositivos relativamente recentes, como mesas digitalizadoras, joysticks
ou scanners possibilitam uma ampliação de possibilidades. Aliada a uma
maior capacidade de processamento do computador, esta classe de
dispositivos permite que novas formas de interação venham sendo
implementadas e popularizadas com uso de outros mecanismos. O
exemplo mais presente no uso cotidiano de computadores é a interação
por voz, que já permite até mesmo a inclusão digital de pessoas
portadoras de necessidades especiais. Com a interação por voz, o usuário
interage com o computador mediante comandos “falados”, e não
“escritos”. O processo de reconhecimento de voz permite que sejam
realizados desde comandos simples de operação de programas até
operações complexas como o ditado de um texto. Processos de síntese de
voz permitem ao usuário receber do computador informação não apenas
de forma visual, mas de forma sonora. Além da interação por voz, tornam-
se cada vez mais presentes e popularizadas as possibilidades de
interação pelo toque, nas quais o usuário interage diretamente com a tela
do computador ou do dispositivo (um computador de mão ou celular, por
exemplo), em vez de utilizar para isso um mouse ou uma caneta ótica.
Para termos uma ideia da diversidade possível atualmente, veja que
já existem dispositivos empregando estes componentes gerais, mas em
escalas diferenciadas. Os mais conhecidos talvez sejam os notebooks,
que já existem e evoluem desde a década de 1980, sendo computadores
portáteis com dimensões variadas e cada vez menores, com telas entre 13
e 15 polegadas, em média. Apresentam configurações de processamento
e memória bastante boas, além de dispositivos embutidos como câmera,
microfone, mouse e dispositivos de conexão diversos. Estes
computadores facilitam a mobilidade, permitindo que o usuário mantenha
uma base de trabalho instalada, com documentos e programas
necessários, além de possibilitar que esta base o acompanhe em viagens
ou outros deslocamentos.
Uma versão com maior facilidade para mobilidade está
exemplificada pelos computadores portáteis apelidados de netb ooks, que
possuem dimensões reduzidas, com telas de tamanho entre 10 e 11
polegadas, não possuem dispositivo interno de armazenamento em disco
rígido e são equipados com acesso a redes sem fio. Estes equipamentos
apresentam preço reduzido quando comparados com os notebooks, são
bastante leves e possuem maior tempo de duração de baterias, em geral.
Estão sendo usados de forma crescente, associados com as
possibilidades de computação nas nuvens, o que reduz a necessidade de
instalação local de programas e armazenamento de dados.
Em consonância com esta tendência, popularizam-se cada vez mais
os computadores de mão, também conhecidos como assistentes
pessoais (PDA, do inglês Personal Digital Assistant), palmtops ou
handhelds. Estes computadores são um exemplo muito interessante de
possibilidades alcançadas com a integração de componentes eletrônicos
de forma miniaturizada. Pesam em geral pouco mais de 100 ou 150
gramas e possuem dimensões por volta de 7 por 12 centímetros.
Entretanto, podem executar muitas das tarefas realizadas em um
computador, tais como edição de documentos, visualização de imagens e
vídeos, além de possuírem acesso à Internet e contarem com dispositivos
de captura de imagens ou de áudio. Estes dispositivos estão sendo cada
vez mais considerados em opções de educação, a partir da área
associada à Educação a Distância e conhecida como m-learning ou,
ainda, aprendizagem móvel. Nestas iniciativas são estudadas as
possibilidades destes dispositivos para fins educacionais. Além da óbvia
vantagem da mobilidade, permitindo que o aluno acesse o material ou
realize tarefas em diversos locais ou mesmo em trânsito, são também
exploradas possibilidades de utilização mais direta da mobilidade em si,
por meio de situações tais como jogos educacionais que envolvam
deslocamentos em determinados ambientes, gerando informações de
forma simultânea através destes equipamentos.
Também os telefones inteligentes, ou smartphones, apresentam
atualmente possibilidades equivalentes, em parte, às dos computadores
de mão, sendo cada vez mais utilizados como mecanismo de
comunicação e acesso a plataformas de materiais. Normalmente, as
funcionalidades dos aparelhos conhecidos como smartphones são
ampliadas como uso de um sistema operacional adaptado às suas
características e limitações. Assim, é possível a utilização do aparelho
para tarefas de comunicação e acesso a materiais, entre diversas outras
possíveis. Em geral, estes equipamentos possuem câmera e microfone, e
alguns deles também possuem equipamento de GPS (Global Positioning
System), permitindo que programas possam receber e enviar as
coordenadas geográficas (latitude, longitude) do local onde o mesmo se
encontra. Estas funcionalidades são utilizadas em diversos programas
interessantes, desde mecanismos para localização até programas para
realidade aumentada, que permitem utilizar as imagens capturadas pelo
celular em conjunto com outras informações obtidas a partir desse tipo de
processamento.
Com os processos avançados de digitalização existentes, os livros,
antes disponibilizados de forma impressa, começaram a contar com
versões digitais. Inicialmente, estas versões eram lidas em computadores,
porém este processo não é considerado confortável por parte dos
usuários. Uma alternativa em franco desenvolvimento são os leitores de
livro eletrônicos (e-b ooks). Tais equipamentos possuem dimensões
reduzidas, em geral com telas em torno de nove polegadas, e permitem
que sejam carregados livros através de conexão sem fio, a partir de
acesso direto aos serviços de venda disponíveis na Internet. Os arquivos
de livros podem também ser carregados por outros mecanismos. Alguns
serviços podem incluir, por exemplo, a recepção diária ou periódica de
jornais ou revistas. Estes equipamentos possuem baterias com duração
de vários dias e capacidade de armazenamento de milhares de livros.
Neste caso o usuário possui facilidades de acesso ao material de leitura,
podendo carregar consigo o equivalente a uma biblioteca completa de
obras.
Além desta faixa de computadores e dispositivos destinados ao uso
pessoal e delimitados a uma determinada faixa de processamento e
memória, existe uma outra categoria de computadores, conhecida
genericamente como servidores. Trata-se de computadores com os
mesmos elementos básicos, porém com capacidades maiores de
memória e processamento. Além disso, estes computadores são voltados
normalmente a atividades críticas, para as quais é importante o
funcionamento correto, contínuo, com alta disponibilidade do equipamento.
Assim, estes servidores possuem esquemas de construção onde podem
ser usados componentes redundantes e elementos específicos para
verificação automática e contínua do seu funcionamento.
Alguns exemplos de servidores bastante integrados ao nosso dia a
dia, apesar de muitas vezes não serem conhecidos, são os servidores
Web, que armazenam dados de web sites, ou então os servidores de
bases de dados, que mantêm conjuntos enormes de informações
utilizadas por instituições, governos e empresas. Estes conjuntos de
dados armazenados e manipulados possibilitam que diversos grupos de
usuários tenham acesso a uma quantidade de recursos muito além do
que seria viável em seu computador pessoal. Enquanto um computador
pessoal pode tratar de conjuntos na ordem de bilhões de elementos,
estes grandes servidores e bases de dados podem tratar de várias
dezenas ou mesmo centenas de trilhões de elementos. Bons exemplos
para ilustrar tais situações são as bibliotecas digitais, os repositórios de
documentos, coleções de dados governamentais, além de material
armazenado e tratado pelos sistemas de recuperação de informações. Por
fim, como curiosidade, mencionamos aqui ainda outra categoria de
computadores, conhecida como supercomputadores, que são os
computadores de maior performance conhecidos a cada momento
histórico. Em uma comparação simplificada, enquanto os computadores
pessoais possuem performance estimada em alguns milhões de
operações por segundo, os maiores supercomputadores atualmente
apresentam performances de mais de um quadrilhão de operações por
segundo. Em geral, estes computadores são destinados às simulações e
projetos científicos.
Para a utilização destes componentes, de modo geral conhecidos
como hardware, são desenvolvidos programas de computador. Um
programa de computador com finalidades específicas é conhecido como
Sistema Operacional, sendo o responsável pela operação mais básica do
computador, a integração entre os diversos dispositivos. Alguns exemplos
de sistemas operacionais bastante conhecidos são os sistemas
desenvolvidos pela Microsoft e pela Macintosh, ou o sistema operacional
de código aberto Linux.
Além do sistema operacional, os programas aplicativos são a
grande força motriz para o uso flexível dos computadores. Estes
programas recebem esta denominação por serem especialmente
produzidos para tarefas específicas, normalmente adaptados a
necessidades e processos existentes e utilizados por seus usuários.
Alguns exemplos de programas aplicativos são os programas de
edição de textos, as planilhas de cálculo, os editores de imagens, editores
de vídeos, editores de apresentações, navegadores de Internet.
Boa parte dos programas aplicativos é utilizada a partir do
computador pessoal do usuário, mas existe uma tendência ao uso de
aplicações disponibilizadas a partir de redes de computadores, tanto
redes corporativas como redes abertas, como a Internet. Nestes casos, as
aplicações ou os programas aplicativos estão instalados em servidores
Web, que podem ser acessados pelos usuários através de uma conexão
com a Internet.

2.1.2 Digitalização e convergência de mídias

Inicialmente, os dados utilizados em informática eram dados


fornecidos ao computador. Os mecanismos iniciais para tal foram chaves
eletrônicas e cartões perfurados. O teclado e o mouse ampliaram esta
possibilidade e facilitaram a indicação de letras, números ou de ações,
tais como a indicação de uso de um programa ou a seleção de um item
em uma lista de possibilidades.
Porém o computador evoluiu rapidamente para uma variedade de
fontes de dados que podem ser utilizadas, envolvendo um processo
denominado digitalização. Pense em um computador que armazena e
processa uma imagem, um trecho de áudio ou um vídeo. Para que o
armazenamento e o processamento sejam possíveis, estes dados, sejam
quais forem, precisam estar representados segundo a abstração utilizada
pelos circuitos eletrônicos que compõem o computador, ou seja, a
abstração de representação em valores binários (zero/um,
verdadeiro/falso, ativo/desativo). Esta é a visão mais geral do processo de
digitalização.
Quando ocorre a digitalização, uma fonte externa de dados, tal como
uma fotografia, é utilizada, em conjunto com um equipamento específico,
que tratará algum aspecto desta fonte de dados, de modo a conseguir
capturar os dados e transformá-los em dados no formato binário. Este
processo pode ocorrer com diversos suportes, adequados a cada fonte de
dados. Por exemplo, imagens serão analisadas a partir de cores e pontos
que as constituem, sons serão analisados de acordo com a configuração
de sua onda, textos podem ser reconhecidos a partir da análise de
caracteres, traços podem ser identificados com equipamentos como
mesas digitalizadoras.
No caso de uma imagem, por exemplo, esta é organizada em linhas
e colunas, formando uma matriz de elementos denominados pixels, ou
pontos. Cada um destes pontos é identificado segundo sua posição e sua
cor, o que normalmente é feito por equipamentos como scanners ou
câmeras. Depois disso, o resultado da análise é armazenado em um
arquivo, que pode então ser armazenado, processado ou transmitido
através de redes de computadores.
Este processo geral de digitalização já é parte integrante dos
computadores e dos dispositivos mais atuais, nos quais já existem
equipamentos para a digitalização de sons e imagens de forma a ampliar
suas possibilidades.
A digitalização como processo evolui constantemente, permitindo
alcançar maiores resoluções e, com isso, gerar materiais com maior
qualidade.
Além desse processo técnico, existe um movimento social
desenvolvendo grandes bases de material em formato digital,
possibilitando que livros e obras estejam não mais disponíveis apenas
em determinados locais, mas que sejam publicados em bibliotecas
digitais e com isso estejam disponíveis para um público maior,
virtualmente qualquer usuário de redes como a Internet, em alguns casos.
Especialmente com a geração mais nova de equipamentos, que
possui recursos de digitalização integrados, junto com equipamentos cada
vez mais populares e acessíveis, como câmeras digitais, está se
possibilitando a criação facilitada de materiais neste formato, que podem
ser facilmente compartilhados.
Este processo possui reflexos interessantes para a área da
educação. Por exemplo, existe atualmente acesso às versões digitais de
livros, textos, músicas, pinturas, esculturas, entre outras obras. Estes
exemplos são bastante importantes para a educação, pois ampliam o
potencial de acesso ao conhecimento e a informações já existentes.
Quando foram desenvolvidos os primeiros processos de
digitalização, os tipos de mídia (vídeo, áudio, imagens, textos) gerados
eram praticamente estanques. Do mesmo modo, a sua utilização era
possível a partir de programas e plataformas distintas. Por exemplo,
existiam programas específicos para áudio, ou vídeo, ou tratamento de
imagens. Apesar de ainda existirem programas editores e tocadores de
materiais específicos, tais como editores de imagens ou de vídeos,
observa-se um processo de integração dos diversos formatos de mídia,
gerando o que conhecemos atualmente como conteúdos ricos, ou
conteúdos multimídia, ou conteúdos integrados. Em boa parte dos
documentos integrados existe a possibilidade de visualização de textos,
imagens e vídeos, junto com a integração de sons e acesso a serviços.
Algumas situações envolvem também configurações específicas
entre informações em formatos digitais complementares. Por exemplo, no
caso de informações ditas georreferenciadas, existe uma sobreposição
entre imagens de mapas com identificação de regiões, que são integradas
com imagens, textos ou vídeos gerados em sistemas diferenciados, tais
como b logs ou sites de notícias. Com a descoberta e o cruzamento de
dados de localização geográfica, estas informações podem ser indicadas
aos usuários de forma relacionada com os locais de origem do material
ou das notícias.

2.1.3 Transmissão de dados e arquitetura da Internet

As iniciativas de transmissão de dados, no contexto da informática,


são conhecidas desde o surgimento de computadores. Em geral, o
processo efetiva uma comunicação entre dois componentes, que podem
estar próximos ou não. Nesta comunicação os conteúdos podem ser
imagens, textos, sons ou vídeos, sendo que, para a efetiva transmissão
destes dados, podem ser utilizados diversos meios, como eletricidade,
ótica, sinais através de satélites, sinais de rádio. Em redes de
comunicação como a Internet, muitas vezes diversos mecanismos
diferentes são utilizados para a entrega de uma mesma mensagem, que
pode trafegar em uma rede local de computadores com sinais elétricos,
passar por um enlace de sinais de satélite, depois trafegar por trechos
com fibra ótica e ser recebida em uma rede local.
Estes detalhes todos são transparentes para o usuário, que não
precisa normalmente de nenhum envolvimento com a infraestrutura de
comunicação utilizada. Porém é interessante que algumas noções
básicas sejam de domínio do usuário, pois isso lhe permite efetuar
melhores escolhas e mesmo utilizar de forma mais proveitosa os
recursos.
A comunicação de dados tratou inicialmente do envio e do
recebimento de mensagens de texto e de arquivos textuais, sendo que,
com as melhorias em meios de comunicação e nos programas de
controle das transferências de dados, logo se tornou possível a
transmissão de áudio e vídeo com qualidade. Atualmente, existe
possibilidade de conexão em escala global, com tráfego muito veloz de
dados em formatos diversos. A comunicação de dados também possibilita
que equipamentos estejam conectados à rede e gerando periodicamente
mensagens automáticas, como no caso de alguns tipos de sensores.
Voltando os olhos para a educação, percebe-se que estas
possibilidades aumentam a integração de alunos e professores, ou entre
alunos, a partir de ambientes e serviços diversos. O alcance global
observado atualmente quanto aos recursos de comunicação é
estabelecido a partir da rede conhecida como Internet. Esta surgiu na
década de 1940, como esforço de guerra. Suas principais características
são a flexibilidade para o estabelecimento de conexões entre
computadores e equipamentos diversos. Isso possibilitou que um
processo de integração global se tornasse realidade. Assim a Internet
proporciona uma base para a comunicação de dados, entre computadores
localizados em qualquer ponto do planeta, integrados à rede com
tecnologias diversas, de acordo com suas necessidades e possibilidades.
Cada computador pertencente à rede possui uma identificação única, que
pode ser utilizada para o direcionamento de mensagens e dados, sendo
que estas identificações podem também ser associadas com nomes,
conhecidos como domínios Web, de forma a facilitar a localização de
determinadas aplicações na rede.
A partir da base proporcionada pela Internet, são estruturados
diversos serviços específicos ou aplicações, que utilizam esta base de
forma diferenciada. Esta visão da rede de comunicações, composta por
camadas sobrepostas, desde as mais simples até outras mais
complexas, auxilia no entendimento das reais possibilidades da Internet. A
grande maioria dos usuários utiliza diversos serviços com base na rede,
mas que possuem funcionamentos diversos. Assim, as camadas básicas
proporcionam serviços bastante simples, como a transferência de pacotes
de dados em segurança e com correção. Estes serviços de transferência
podem ser úteis para comunicação de mensagens de texto, transferência
de arquivos ou acesso a páginas web. Entretanto, cada um dos três
exemplos citados possui um formato de dados e um funcionamento
diferenciados. Assim, coexistem na Internet diversos protocolos de
comunicação e aplicações, voltados para situações específicas. Alguns
exemplos são os protocolos FTP (do inglês File Transfer Protocol), o HTTP
(do inglês Hyper Text Transfer Protocol) ou o SMTP (do inglês Simple Mail
Transfer Protocol).
Cada um desses protocolos pode ser entendido como composto de
uma série de comandos e procedimentos definidos previamente, para o
atendimento de uma situação específica. Por exemplo, no caso do
protocolo FTP, o objetivo é a transferência de arquivos com eficiência entre
computadores na rede. Em alguns casos os arquivos a serem transferidos
podem ter tamanhos consideráveis, além de existir a questão de controle
de acesso e permissões de cópia ou alterações a serem tratadas. É
provável que em algum momento o leitor tenha utilizado este protocolo
para a cópia de documentos. Já o protocolo HTTP é voltado para a
transferência de documentos de hipertexto, criados com uma linguagem
de marcação denominada HTML (do inglês Hyper Text Markup Language),
que descreve os elementos e a formatação do hipertexto. Neste caso
existem outras demandas, e o processo de uso destes documentos é
diferenciado. O mesmo ocorre com o protocolo SMTP, voltado para envio de
mensagens.
A maior parte da experiência de utilização de Internet se dá através
do uso de documentos de hipertexto, o que às vezes, inclusive, faz com
que termos como Internet e Web ou World Wide Websejam referenciados
como sinônimos. Porém o que conhecemos como web consiste da atual
rede de documentos de hipertexto, que são integrados entre si por
apontadores (hiperlinks, ou links). Para este acesso estão envolvidos dois
elementos fundamentais: o navegador Web e o servidor Web. O navegador
Web, resumidamente, é um programa de computador que permite o
acesso e a exibição de documentos de hipertexto, descritos em marcação
HTML ou outras, derivadas desta. Os documentos exibidos estão
localizados em um servidor Web, que possui uma área de armazenamento
e, normalmente, algumas aplicações que permitem o acesso a
documentos e serviços específicos.
Segue um breve resumo do processo de acesso a documentos na
Web. Quando o usuário solicita o acesso a um documento neste contexto,
o programa navegador Web que ele utiliza gera uma mensagem de
solicitação, que percorre a rede até chegar ao servidor identificado. Neste
momento, o servidor Web gera o atendimento do pedido, enviando o
documento pela rede até o computador que solicitou. Já neste ponto, o
programa navegador recebe os conteúdos e gera a exibição do mesmo na
tela. Alguns exemplos de programas navegadores Web bastante
conhecidos são: Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox, Google Chrome,
Safári, Opera. O acesso aos servidores é feito com o uso de endereços
padronizados e de serviços de nomes, que auxiliam na sua localização.
Um típico exemplo de nome de servidor Web poderia ser:
http://www.wikipedia.org.br. Note que, neste caso, existe um prefixo que
indica o protocolo a ser usado no acesso e na transferência, que neste
exemplo seria o protocolo de transferência de documentos de hipertexto.
Logo depois, com o prefixo “www” está indicado o nome do domínio,
seguido por sufixos que indicam em geral o tipo de servidor. Exemplos de
tipos existentes servem para indicar domínios institucionais (org),
educacionais (edu), comerciais (com), entre diversos outros. Por fim, está
indicado o país de localização do servidor.
Como este processo está sujeito às instabilidades eventuais da
rede de comunicações, dos serviços de nomes e dos servidores Web
acessados, existem diversas situações em que o resultado não ocorre da
forma esperada pelo usuário. Situações como quedas de conexão ou
servidores inativos ocorrem eventualmente e devem ser tratadas pelos
usuários de acordo com suas possibilidades.

2.2 Outras possibilidades para o aprendizado

A evolução das tecnologias de comunicação e informação, aliada à


evolução da sociedade e das atividades produtivas, é bastante acelerada,
de modo que existem alguns aspectos muito interessantes em
desenvolvimento. Nesta seção traremos alguns exemplos de aspectos
deste desenvolvimento que colaboram na formação de possibilidades
adicionais para o leitor. Sugerimos o acompanhamento e a identificação
de tendências em recursos que podem ser utilizados para o seu
aprendizado contínuo.
2.2.1 A Web 2.0 e a Computação nas nuvens

O primeiro destes aspectos é denominado Web 2.0, termo que


pretende descrever características notadamente sociais que, somadas a
alguns avanços tecnológicos, permitem mais dinamicidade e
interatividade em serviços disponibilizados na Web. Estes recursos já são
empregados em muitos ambientes voltados para a Educação a Distância,
porém existe uma grande quantidade de novas aplicações e ferramentas
em desenvolvimento, muitas de grande interesse para a educação.
O usuário da Web 2.0 encontra uma grande facilidade para a
publicação de materiais, pois pode utilizar sistemas cujo acesso ocorre a
partir de programas navegadores Web, portanto sem necessidade de
instalação no seu computador pessoal. Estas facilidades envolvem a
escrita de conteúdos, a publicação de materiais diversos e a colaboração
para anotação dos materiais publicados. Ferramentas que exemplificam
estas facilidades são os b logs, já integrados em ambientes de EaD, ou os
repositórios de materiais e plataformas de colaboração. Desse modo,
observam-se no conjunto de ferramentas da Web 2.0 características gerais
de colaboração e compartilhamento ocorrendo em uma grande escala.
Também é importante notar que este movimento ocorre com a integração
cada vez maior de dispositivos diversos, desde câmeras digitais até
aparelhos celulares, que funcionam como uma plataforma de coleta de
imagens, vídeos e sons bastante dinâmica.
Em sinergia com as possibilidades de colaboração estabelecidas
na Web 2.0, a computação nas nuvens estabelece plataformas de serviços
baseados na Internet de modo a ampliar as possibilidades de
compartilhamento e colaboração. A proposta resumida da computação nas
nuvens é permitir a execução de tarefas e o armazenamento de
documentos em servidores disponíveis na Internet, em vez de realizar
estas tarefas em computadores pessoais, com dados armazenados
localmente. Algumas vantagens observadas imediatamente são: os
ganhos com mobilidade; diminuição da dependência por dispositivos
fixos, como um computador pessoal; facilidade de uso de programas,
evitando a necessidade de instalação e atualização; menor dependência
quanto ao armazenamento de documentos, que ficariam disponíveis em
repositórios acessíveis pela rede.
Parte importante destas vantagens está relacionada com a
colaboração e pode ser um fator importante em educação. O
armazenamento remoto de documentos facilita a sua edição cooperativa
ou seu compartilhamento, favorecendo grupos de trabalho remotos. As
ferramentas desenvolvidas para contato ampliam as facilidades de
formação e manutenção de comunidades de prática.

2.2.2 A computação móvel

O contexto da computação nas nuvens está relacionado de forma


relevante com os avanços na área conhecida como computação móvel. A
computação móvel trata do uso de dispositivos móveis para a realização
de atividades diversas e atualmente é considerada como uma área
amplamente integrada ao cotidiano dos usuários de serviços de
computação. Os equipamentos mais comumente associados com esta
categoria são os computadores móveis, os tab lets e os telefones
inteligentes (smartphones). Um dos grandes apelos desta área para os
usuários é o modo facilitado de uso dos recursos necessários, sem
necessidade da infraestrutura proporcionada por um computador de
mesa. É bastante rico o conjunto de aplicações voltadas para a educação
que encontramos neste âmbito da computação móvel, a qual vem sendo
explorada como forma de apoiar a diversificação de metodologias e
também como modo de flexibilizar as atividades, do ponto de vista dos
alunos.
Em conjunto com a computação nas nuvens, a computação móvel
permite um uso bastante conveniente dos recursos desejados por
usuários em geral e por estudantes, em particular. A primeira disponibiliza
recursos para facilitar o acesso às informações desejadas, enquanto a
segunda permite flexibilidade na escolha de dispositivos e locais para
realizar este acesso. Deste modo a atividade de estudo possui uma nova
conotação e não está mais associada com um local fixo e definido.
Atividades como a busca de informações e documentos, a interação com
outros usuários, a realização de escrita de documentos, entre diversas
outras, pode ser realizada de forma conveniente, em espaços e momentos
adequados.
O enorme volume de dados e a quantidade cada vez maior de
documentos publicados na Web geram problemas de sobrecarga
cognitiva. Mesmo com a utilização de sistemas de recuperação de
informação, tais como os conhecidos Google ou Yahoo, é comum o
usuário se deparar com quantidade de resultados muito grande, que
inviabiliza a sua análise. É comum, atualmente, ao procurar por
determinados assuntos, recebermos como retorno centenas de milhares
de possibilidades de documentos.
Assim, o mesmo fator que pode ser considerado como
extremamente positivo para o desenvolvimento e para a educação passa a
constituir um problema prático de manuseio. Além disso, existem
situações nas quais as informações desejadas estão disponíveis
digitalmente e mesmo publicadas na web, porém em locais diferenciados,
demandando o trabalho de análise e escolha dos documentos para
compor resultados desejados. Assim, delineia-se um cenário no qual são
necessárias ferramentas automáticas para auxiliar no tratamento efetivo
de grandes volumes de informação presentes atualmente nas redes de
computadores.

2.2.3 A Web semântica e os dados abertos e ligados

A iniciativa conhecida como Web semântica se propõe a encaminhar


soluções para estes problemas. Estas estariam baseadas no uso de
anotações adicionais em documentos, de modo a permitir sua
identificação por programas de computador específicos. Uma vez
identificados os documentos, a consulta a ontologias com a descrição de
conceitos e relações em determinado domínio de conhecimento
possibilitaria a estes programas a realização de inferências, de modo a
automaticamente identificar assuntos de interesse ou documentos
relacionados, de acordo com solicitações dos usuários.
Atualmente, já estão disponíveis diversos padrões de anotação
semântica para a descrição de documentos e também formatos de
publicação e consulta a ontologias. Sistemas de recuperação de
informação e agentes de software já são encontrados com serviços
baseados nestas tecnologias. Em alguns casos estes se aplicam ao
apoio à educação, especialmente na busca de materiais relacionados e
na identificação e composição de conteúdos de interesse para alunos.
Ligado com o contexto da Web Semântica, os dados abertos e
ligados são um aspecto a ser considerado cada vez mais no cenário de
educação. A ideia básica dos dados abertos e ligados consiste em
empregar um conjunto de padrões de anotação para que os documentos e
informações disponíveis na Web estejam acessíveis também de forma
automática, permitindo que a busca por conceitos e por dados conhecidos
e estruturados seja possível. Exemplos interessantes deste contexto
podem ser encontrados no âmbito do governo eletrônico, a partir da
publicação dos dados gerados por instituições diversas e que permitem
que os usuários da Internet possam ter acesso às informações originais
sobre diversos assuntos, tais como no caso de informações geográficas,
sobre saúde, sobre economia, entre diversas outras possíveis.
Estes materiais originados em plataformas de dados abertos e
ligados possibilitam ampliar algumas das atividades atuais de pesquisa
por informações, evitando que artigos ou livros que resumem
determinados conjuntos de informações sejam utilizados como base
principal de informações. Com o uso das bases existentes neste formato
de dados abertos e ligados, as próprias fontes originais das informações
podem ser utilizadas, o que pode significar um grande benefício para
todos os interessados, uma vez que certamente as informações estarão
atualizadas e livres de qualquer interpretação prévia.

2.2.4 Os jogos digitais

Por fim, cabe comentar que o desenvolvimento das plataformas de


produção para jogos digitais foi, durante boa parte do seu tempo de
existência, voltada para atividades de entretenimento. Recentemente,
estes recursos estão sendo cada vez mais estudados e empregados em
situações de educação. Dada a proximidade existente entre boa parte dos
alunos com estas tecnologias, existe uma aceitação bastante natural de
jogos educativos por parte de estudantes. Além disso, pelas suas
capacidades de geração de simulações de diversos fenômenos, além da
possibilidade de integração de jogadores remotos, os jogos possibilitam o
desenvolvimento de diversas habilidades importantes em profissionais,
dentro de um ambiente seguro, simulando situações reais.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS:

Sugestões de leituras adicionais e acessos à internet:

BREITMAN, K. Web semântica, a internet do futuro. Rio de Janeiro: LTC,


2005, 190 p.

CASTRO, C. et al. Mídias digitais. São Paulo: Paulinas, 2005, 345 p.

O’REILLY, Tim. Web 2.0: Compact Definition? Disponível em:


<http://radar.oreilly.com/archives/>.

ROYO, J. Design digital. Barcelona: Paidós, 2008, 169 p.

MATTAR, João. Games em educação: como os nativos digitais aprendem.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

REVISÃO DE CONCEITOS:

Ao analisarmos, mesmo que de forma simplificada, os


fundamentos básicos dos recursos digitais disponíveis atualmente,
observamos que aspectos importantes relacionados com a utilização das
ferramentas podem ser escolhidos e determinados pelos seus usuários,
de acordo com suas necessidades.
O infográfico a seguir (figura 3) ilustra um resumo dos pontos mais
importantes do capítulo, que destacam os conceitos apresentados e a sua
influência nas atividades de educação.
Figura 3 – Infográfico do capítulo 2.
Fonte: elaborada pelos autores.
CAPÍTULO 3
PERFIL DO ALUNO EAD
Além dos aspectos práticos, relacionados com o uso das ferramentas
disponibilizadas pelos atuais recursos digitais, existem alguns aspectos fundamentais
para um bom aproveitamento dos cursos na modalidade a distância pelo aluno.
Na verdade, estes aspectos não são exclusivos e nem foram criados como
necessidade em função da EaD, mas são ampliados neste contexto. Assim, neste
capítulo serão tratados aspectos como a autonomia, a cooperação, a colaboração, a
comunicação e a interação, de modo que essas competências e práticas sejam
entendidas e incorporadas pelo leitor em todas as suas experiências de educação.

Na EaD as relações de ensino e de aprendizagem são mediadas


por tecnologias digitas, rompendo com os paradigmas educacionais
tradicionais nos quais a comunicação entre professor e aluno, e dos
alunos entre si, é pautada essencialmente pela relação presencial física.
Podemos nos perguntar se as mudanças vivenciadas com os
avanços em EaD e com o surgimento deste outro paradigma educacional,
das redes de comunicação, das mídias interativas, da convergência de
mídias, dos processos de digitalização, da globalização, entre outros
fatores, modificaram o perfil tradicional do aluno.
De certo modo, a resposta é positiva, pois estes fatores, para além
de ampliar o acesso ao conhecimento, causam impacto nas
possibilidades metodológicas que desenvolvem competências alinhadas,
inclusive, às demandas da sociedade atual, tais como a proatividade,
abertura para a interação e disposição para a cooperação.
Mesmo antes da consolidação de meios tecnológicos para
comunicação na educação, como temos hoje, já existiam iniciativas
pedagógicas baseadas no estabelecimento de redes de cooperação e
colaboração entre alunos, dentro de sua escola e entre escolas distantes.
Por exemplo, a pedagogia cooperativa, descrita pelo pedagogo francês
Freinet nas décadas de 1960 e 1970, já indicava a cooperação como a
essência do trabalho pedagógico. No Brasil, nesta mesma época, o
educador Paulo Freire já estabelecia como elementos fundamentais, em
sua Pedagogia Libertadora, os princípios da autonomia e da convivência
dialógica entre educador e educando como caminho para a criação de um
novo modelo de pensamento e de um novo modelo de educação. A
Pedagogia construtivista de Vygotsky e Piaget, já no início da década de
1930, identificava como fundamentais para a aprendizagem significativa os
processos e interações entre o aluno e o objeto de estudo, bem como
entre este e seus pares ou professores, dentro de um contexto de
aprendizagem. Esses podem ser considerados exemplos de paradigmas
educacionais nos quais o acento está nas metodologias de ensino e de
aprendizagem que privilegiem o diálogo e o trabalho interativo entre os
envolvidos, e não apenas na figura do professor.
O uso cada vez mais intenso das Tecnologias de Informação e
Comunicação na educação (TIC) e o desenvolvimento da EaD traz novas
possibilidades educativas, ao mesmo tempo que provoca uma revisão de
crenças e de práticas educacionais que contribuem para o surgimento de
paradigmas educacionais cada vez mais voltados ao protagonismo do
aluno, em detrimento de um conhecimento pronto a ser simplesmente
reproduzido. As TIC entram para o cenário educativo como potencial
recurso de ações cooperativas e de interação, impactando no perfil do
aluno, que passa a desenvolver competências matizadas desse novo
paradigma educacional. Hoje os meios de comunicação digitais
possibilitam estabelecer uma comunicação com colegas e professores
sem necessidade de deslocamento físico, com extrema rapidez e
eficiência, mantendo inclusive o histórico das interações ocorridas
assincronamente. Também está ao nosso alcance a possibilidade de
elaboração e publicação de materiais, seja individual ou coletivamente, de
modo que colegas distantes fisicamente possam compartilhar. Mais do
que isso, estes colegas podem comentar, ampliar ou modificar o material
enviado, criando-se um canal de comunicação no qual existem dois
sentidos para as mensagens, envolvendo ao mesmo tempo um conjunto
maior de pessoas.
Contatos em tempo real podem ser estabelecidos com sistemas de
mensagens em texto, mensagens de voz, videoconferências ou ambientes
de imersão. Nestes contatos, toda a riqueza de materiais e interação está
à disposição dos participantes. Experiências como as desenvolvidas em
jogos coletivos online podem, por exemplo, reunir centenas e mesmo
milhares de pessoas espalhadas por diversos países. Pontos de vista,
imagens e áudios ou vídeos produzidos por participantes de um mesmo
evento, ou por interessados em um mesmo assunto, podem ser reunidos
praticamente de forma instantânea em ambientes virtuais de colaboração,
tais como sites de notícias ou repositórios de matérias como vídeos, fotos
e textos. Em todos estes casos, as possibilidades de colaboração,
cooperação e interação superam largamente o que era possível há três ou
quatro décadas.
O acesso aos materiais não é mais restrito ao acervo local de
bibliotecas, mas disponível em universidades dispersas pelo mundo todo,
ou em acervos virtuais e bibliotecas digitais abertas e acessíveis através
da Internet. Materiais de pesquisa podem envolver imagens de satélite de
qualquer local do globo, fotos e depoimentos de pessoas em locais
distantes, dados publicados por setores de governos ou instituições,
resultados de pesquisas em andamento conduzidas por consórcios. Uma
ampliação de possibilidades do âmbito local para o global.
A popularização da microinformática e da Internet possibilita amplo
acesso desses recursos a qualquer aluno interessado em ampliar suas
habilidades e seus conhecimentos, seja no contexto da educação a
distância ou presencial.
Ao mesmo tempo em que é dada ao estudante tamanha liberdade
para acesso, prática, comunicação e interação, o papel do professor
passa a ser entendido também de forma diferenciada, pois os percursos e
interesses pessoais passam a representar um conjunto muito rico de
situações, as quais representam contextos que devem ser apoiados e
desenvolvidos, com a ajuda do professor.
Ao professor cabe também identificar, através de sua interação com
os estudantes, as estratégias que podem beneficiar mais diretamente
cada um, de acordo com seu estilo próprio. Junto com estas estratégias,
cabe ao professor estimular o aluno na direção do processo de “aprender
a aprender”, ao mesmo em que pode desenvolver a habilidade de avaliar e
compreender o seu processo, suas conquistas e dificuldades e optar por
novas estratégias, realizando continuamente estas avaliações e
mudanças de percurso.

3.1 Organização, autonomia, cooperação e interação

Colocadas as observações a respeito das possibilidades atuais


para alunos e professores, trataremos de resumir algumas competências
desejáveis em alunos de cursos a distância. Ressalta-se que estas
características são enfatizadas neste contexto, porém desejáveis em
diversas outras situações, como a educação presencial e a educação
continuada.
A EaD possui um planejamento e uma metodologia diferenciados
da modalidade presencial. Mesmo com a indicação de atividades a
realizar, seja para atividades avaliativas ou desenvolvimento de conteúdos
e competências, o aluno possui a prerrogativa de organizar ao seu próprio
modo, dentro de um tempo e espaço, a forma de encaminhamento e o
envolvimento nas atividades definidas no planejamento das aulas.
Naturalmente existem limites estabelecidos, indicados pelo professor e
necessários para a viabilização de tarefas e desenvolvimento dos
conteúdos; contudo, dentro destes limites existe a liberdade para a
organização pessoal do aluno.
Eventualmente pode haver uma interpretação equivocada da
liberdade de administração do tempo que a EaD proporciona, resultando
em uma desorganização no percurso de alguns alunos. Em alguns casos,
esta liberdade de tempo ou espaço é confundida com a possibilidade de
afrouxamento no empenho para o desenvolvimento de vínculos, para a
interação. É o resultado da falsa sensação de que o tempo para
empreender os esforços necessários para o desenvolvimento do estudo e
atingir resultados de qualidade é ilimitado ou maior do que realmente é.
Sempre que colocado em uma posição que exija maior autonomia, o aluno
é confrontado com a sua forma de organização pessoal e aproveitamento
do tempo. A relativa distância física existente entre os envolvidos nos
cursos de EaD pode ser considerada como uma facilitadora para uma falta
de organização inicial, uma vez que alguns alunos podem não possuir
ainda atitudes necessárias para estabelecer rotinas que lhe permitam
atender a seus compromissos.
Um dos fatores indicados de modo frequente como origem das
dificuldades de cumprimento de metas, tarefas e rotinas de estudo é a
falta de tempo. Em um curso a distância o aluno deve evitar as situações
nas quais o tempo, ou a falta dele, sejam colocadas como impeditivos
para um bom desenvolvimento. Para isso é necessário inicialmente que o
aluno tenha clareza de seu desejo de alcançar os objetivos propostos e
desenvolver as habilidades, conhecimentos e competências elencadas. A
partir daí, o aluno deve definir os momentos nos quais se dedicará ao
atendimento da rotina de estudos. Depois desta definição, deve elencar
prioridades, de modo que não exista a possibilidade de outros afazeres ou
tarefas serem colocados nos momentos dedicados inicialmente ao
estudo. Destinar um local com privacidade, livre de estímulos externos ou
distrações também é algo muito importante na organização dos estudos.
Esta organização pessoal também ganha força quando o aluno aprende a
tratá-la com flexibilidade, escolhendo eventualmente a troca de um horário
de estudos por outras necessidades emergenciais, mas organizando um
horário complementar para compensar o que não foi feito.
Este processo de organização, definição de prioridades, avaliação
permanente do andamento e de necessidades garante que, com o passar
do tempo, o aluno desenvolva uma tranquilidade quanto à sua capacidade
de planejamento e (mais importante) execução do planejado. A sensação
de satisfação amplia a autoestima do aluno e reforça os processos e
rotinas estabelecidas. Isso pode ser muito importante para que o aluno
consiga lidar com situações de atrasos, por exemplo. Eles podem ocorrer
por diversos motivos, os alheios ao contexto do aluno (falta de luz, doença)
ou por dificuldades inesperadas com a matéria estudada. Muitas vezes os
atrasos ocorrem com os componentes de um grupo e nestes casos o
aluno precisa tratar não com a sua dificuldade em atingir um objetivo, mas
com a situação de um colega que não conseguiu atingir o combinado.
Caso o aluno já possua uma clareza quanto aos processos de autonomia
e experiência para identificar a situação, ele pode inclusive auxiliar o
colega nessas situações, indicando sugestões ou tomando atitudes
positivas, tais como interações para verificar o andamento das tarefas e
sugestão de resolução de problemas. Esta atitude positiva é
extremamente importante para reforçar os laços de cooperação existentes,
principalmente quando o aluno pondera e verifica como seria mais
adequado e construtivo o encaminhamento, caso estivesse em situação
oposta.
Além de organização pessoal e avaliação constantes, ao longo de
um curso em EaD o aluno provavelmente será colocado em situações de
conflito, para as quais pode adotar atitudes positivas e construtivas que
ampliarão as possibilidades de cooperação e crescimento. Como
resultados práticos desta boa organização e comprometimento, o aluno
obterá diversos benefícios, tais como a compatibilidade de seus estudos
às atividades de lazer e de trabalho escolhidas, possibilitando o
tratamento de problemas ou situações pessoais e familiares com mais
facilidade.
Outra vantagem de estudar a distância é a ampliação de espaços
adicionais de envolvimento e estudos, o que é possível com recursos
tecnológicos disponíveis. Por exemplo, materiais podem ser lidos em
situações de transporte, em locais públicos como cafés ou bibliotecas, ou
durante viagens de trabalho. Quando organiza seu planejamento, o aluno
deve ainda considerar que, ao fazer um curso a distância, está
economizando tempo que seria dedicado ao deslocamento do trabalho ou
da residência até o local do curso. Em geral, é possível imaginar um gasto
de cerca de duas horas em algumas cidades grandes e médias para o
deslocamento e o retorno diários aos locais de realização de cursos
presenciais. Esta quantidade de tempo não empreendida em
deslocamento pode ser considerada, ao planejar a rotina de estudos, para
realizar atividades do curso ou outras atividades pessoais.
Ao mesmo tempo que o aluno estará trabalhando sem o contato
físico habitual com seus colegas, este contato ocorre por outros
mecanismos que podem garantir o estabelecimento de relações afetivas,
de convivência e de colaboração, mesmo com as distâncias geográficas
existentes. Parte da delimitação de esforços para o aprendizado deve ser
considerada em relação ao estabelecimento de relações entre colegas,
através das quais são proporcionadas condições de desenvolvimento de
cada um.
Um aspecto importante a ser considerado pelo aluno, quando se
trata de seu planejamento, é a sua relação com a tecnologia. Dado que os
cursos em EaD são mediados por recursos tecnológicos, é consequência
direta a necessidade do aluno de desenvolver uma relação de
autossuficiência para a operação de equipamentos e a utilização de
recursos. Algumas medidas preventivas podem ser de grande utilidade,
como a capacitação específica em ferramentas, programas de computador
ou equipamentos necessários. Também é importante que exista
tranquilidade por parte do aluno para tratar de problemas eventuais que
podem ocorrer. Aliás, muito provavelmente ocorrerão problemas eventuais.
Alguns exemplos são queda de energia, perda de conexão com a rede de
comunicação, ocorrência de vírus de computador, perda de arquivos por
equipamentos danificados, como pendrives ou discos rígidos. Isso entre
outros possíveis. Planos de prevenção são importantes nessas situações,
tais como a manutenção periódica de cópias de segurança dos materiais,
em especial de trabalhos em andamento, ou então verificações quanto à
segurança do computador e materiais acessados. O aluno deve lembrar
que, em geral, os cursos em Educação a Distância oferecem suporte
técnico, de modo que muitas das situações enfrentadas podem ser pelo
menos detectadas com este apoio, sendo depois encaminhadas pelo
aluno.
A Internet, por permitir o armazenamento e compartilhamento de
informações, abre muitas possibilidades para a aprendizagem
colaborativa. Atitudes de colaboração podem ser observadas em diversas
etapas de um curso em EaD, como, por exemplo, quando os materiais
desenvolvidos por alunos são compartilhados em locais para apreciação e
discussão, como repositórios ou fóruns. Ou, então, quando ocorre o
desenvolvimento de atividades de discussão acerca de temas em estudo,
nas quais cada aluno pode apresentar seus pontos de vista, receber
comentários, complementos e até mesmo materiais adicionais de
colegas. Já a cooperação, ato de “operar em comum”, pressupõe uma
atitude de trabalhar “com o outro” na análise de uma ideia ou tema e
costuma fazer grande diferença no resultado da aprendizagem. A
apresentação de contrapontos e argumentos questionados fazem pensar
sobre outras possibilidades, sobre outros modos de ver uma questão,
enriquecendo e ampliando o ponto de vista inicial de cada um. Atividades
que busquem a cooperação entre os estudantes é uma possibilidade
metodológica importante, especialmente quando se busca incentivar a
criação de laços e o estabelecimento de relações colaborativas entre os
envolvidos em uma turma a distância.
Também no caso de ferramentas específicas como a página de
escrita coletiva (como Wiki, por exemplo), observa-se uma possibilidade
interessante de cooperação, que envolve inicialmente o estudo e a
compreensão das colaborações de colegas, depois a criação e a
exposição pessoal.
Uma habilidade fundamental para colaborar em um curso de EaD é
a comunicação escrita, que deve ser desenvolvida pelos alunos de modo
que seja possível uma interação com os colegas de forma clara e
transparente. Além disso, é desejável que a comunicação seja também
feita de forma breve e direta, facilitando a objetividade.
A partir de um ambiente onde existem alunos envolvidos de forma
responsável e autônoma, apresentando disponibilidade e curiosidade
para a interação e a cooperação, observa-se a possibilidade de
efetivamente se estabelecer um processo de aprendizado com autonomia,
no qual o aluno torna-se o protagonista do processo. Sabe-se que o aluno
é o grande responsável pela sua aprendizagem, a partir do próprio
interesse, da autonomia e da disciplina. Nesta circunstância, o aluno
consegue também visualizar a comunidade de participantes como parte
importante do processo, sendo adotadas atitudes de participação e
colaboração.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS:

Sugestões de leituras adicionais:

AZEVEDO W. Como se tornar um e-aluno. Aquifolium, 2007, 83 p.

_______. Fundamentos da Educação on-line. Aquifolium. 2007, 98 p.

BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1998.

VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São


Paulo: Ícone/Edusp, 1988.

PALLOFF, R. M.; PRATT, K. O aluno virtual. 1. ed. São Paulo: Artmed, 2004.
PIAGET, J. Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias interativas na


redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo:
Senac/Escola do Futuro, 2010.

REVISÃO DE CONCEITOS:

É evidente e importante o impacto que as novas tecnologias e o


desenvolvimento da EaD possuem na educação. Mas estas
possibilidades estabelecidas recentemente encontram um terreno fértil
em pressupostos e paradigmas que já existiam, porém não podiam ser
aplicados e observados nas dimensões em que podem ser atualmente.
Observe o infográfico a seguir como um resumo do capítulo. Busque
ampliar ou reorganizar os conceitos indicados, de modo que ele possa
refletir também a sua experiência com esta leitura.
Figura 4 – Resumo do capítulo 3.
Fonte: elaborada pelos autores.
CAPÍTULO 4
FLUÊNCIA E APROVEITAMENTO NA UTILIZAÇÃO DE
ESPAÇOS DIGITAIS
Apesar de ser importante a fluência do aluno no uso de recursos tecnológicos, o
ambiente virtual de aprendizagem e suas ferramentas estão à disposição dos alunos
para que estes possam desenvolver a interação e ampliar os laços de convivência e
cooperação. Este capítulo resume as características de ambientes e diversas
ferramentas e materiais utilizados em EaD, ressaltando formas proveitosas de
utilização.

4.1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) podem ser definidos


como um conjunto de recursos tecnológicos disponibilizados na Web
através de sua organização em uma plataforma. Entende-se, assim, por
plataforma, a infraestrutura tecnológica composta pelas ferramentas e
interface gráfica.
Desta forma, um AVA pode ser utilizado para a organização e
desenvolvimento de cursos ou disciplinas na modalidade a distância,
semipresencial ou de apoio ao ensino presencial, sendo implementados
através do uso das ferramentas disponíveis e possibilitando o acesso e a
interação entre os alunos, professores, tutores e demais sujeitos
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Os AVAs também podem ser denominados Sistemas de
Gerenciamento de Aprendizagem (LMS, do inglês Learning Management
Systems), ou seja, softwares projetados para serem usados como salas
de aula virtuais, oportunizando a interação dos participantes. Outra
definição possível para os AVAs aborda sua perspectiva tecnológica e sua
perspectiva educacional.
Sob o ponto de vista tecnológico, definem-se os ambientes virtuais
de aprendizagem como “conjuntos organizados de recursos,
funcionalidades ou ferramentas multimídias” (NEVADO, 2005, p. 14). Sob o
ponto de vista educacional, esta definição é mais aprofundada ao
compreender que os AVAs tornam-se

um espaço ou uma comunidade organizada com o propósito de


aprender, o que implica a presença e articulação de: (i) uma
concepção definida sobre conhecimento e aprendizagem; (ii)
uma proposta metodológica coerente que concretize essa
concepção em ações e interações; (iii) um suporte tecnológico
potente e apropriado para apoiar e incrementar as atividades e
trocas grupais (NEVADO, 2005, p. 14).

Com relação ao processo de ensino e aprendizagem, o AVA pode


oportunizar e potencializar a coordenação e organização das atividades
propostas no decorrer de um curso ou disciplina. Através das ferramentas
disponíveis, é possível facilitar a comunicação, bem como dar o suporte
necessário à participação individual e/ou em grupos, além de garantir o
acompanhamento dos trabalhos e da avaliação por parte do professor e
tutor e também dos alunos.
Sobre as relações estabelecidas por meio do AVA, considera-se que
o seu uso em si já promove uma sociabilidade entre os participantes,
podendo ainda propiciar a construção de comunidades virtuais de
aprendizagem (CVAs). A abordagem do conceito de CVA tem uma definição
polissêmica, relacionada à mudança, à expectativa de inovação e de
aperfeiçoamento no âmbito educacional. Desta forma, define-se que as
comunidades virtuais “podem ser entendidas como espaços de interação,
de comunicação, de troca de informação ou de encontro associados às
possibilidades que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
oferecem para criar um ambiente virtual” (COLL; MONEREO, 2010).
Percebe-se, assim, que a efetiva construção de uma comunidade virtual
somente se dará quando for promovido um envolvimento e engajamento
por parte do professor para que os alunos sintam-se também atores do
processo de aprendizagem. É este engajamento que fará dos alunos
participantes ativos no AVA.
A participação ativa está relacionada com as atitudes tomadas com
relação aos objetivos de aprendizagem. Dessa forma, suas ações terão
impacto sobre a forma como acessam e interagem com os materiais e
atividades disponibilizadas no AVA.
Com base nos apontamentos realizados, consideram-se como
características dos AVAs:

Oferecimento e organização da sala de aula virtual para a


realização de um curso ou disciplina na modalidade a distância,
ou ainda como espaço de apoio para o ensino presencial.
Acesso aos conteúdos e atividades de um curso/disciplina.
Promoção da interação para troca de ideias, debates e realização
de atividades colaborativas.
Construção e monitoramento de atividades coletivas.
4.1.1 MOODLE

Trata-se de um sistema de administração de atividades educativas,


o qual disponibiliza ferramentas síncronas e assíncronas da Web para
interação e comunicação entre os usuários.
De acordo com a documentação oficial, disponível no site do
Moodle, a expressão Moodle é a sigla de Modular Object-Oriented Dynamic
Learning Environment. O Moodle caracteriza-se como um software para
gestão da aprendizagem e de trabalho colaborativo, permitindo a
realização de cursos a distância e suporte para atividades das disciplinas
presenciais.
O Moodle é uma plataforma open source (código aberto), sendo
uma plataforma aberta, livre e gratuita, podendo ser instalado e utilizado
por qualquer pessoa ou instituição. Os usuários do Moodle podem
também se tornar seus desenvolvedores, pois na sua filosofia entende-se
que, quando se utiliza uma plataforma, é possível perceber a importância
de modificações para a sua melhoria. Na Figura 5, apresenta-se a tela do
Moodle da Unisinos.

Figura 5 – Tela de entrada – AVA Moodle Unisinos.


Fonte: http://www.moodle.unisinos.br.

As ferramentas do Moodle dividem-se em Recursos e Atividades,


conforme pode ser visualizado na Figura 6.
Figura 6 – Tela dos Recursos e Atividades – AVA Moodle UNISINOS.
Fonte: http://www.moodle.unisinos.br.

Os RECURSOS são as ferramentas disponibilizadas para a


apresentação de conteúdos por parte do professor/tutor. Os materiais
didáticos podem ser inseridos por meio de páginas Web e links para
arquivos ou web sites. Pode-se também organizar o material através da
criação de rótulos. Estes funcionam como categorias, títulos e subtítulos
que podem auxiliar na organização dos materiais disponibilizados.
Nas ATIVIDADES, encontram-se as ferramentas de comunicação –
fórum e chats (bate-papos), glossários, Wiki e tarefas. Algumas atividades
podem também ser utilizadas conforme a organização dos grupos da
disciplina e também para fins de avaliação, como, por exemplo, as tarefas.
Na disponibilização de tarefas para os alunos, podem ser atribuídas datas
de entrega e sistema de notas/conceitos.
No contexto apresentado até aqui foram considerados os aspectos
básicos relacionados aos AVAs e recursos digitais. Ampliando este
escopo, serão agora detalhados tanto ferramentas como materiais desses
recursos.
É importante ressaltar que o domínio e a fluência do aluno no uso
de recursos tecnológicos são importantes em cursos a distância, porém
estas ferramentas estão sendo utilizadas na EaD com um propósito mais
amplo do que uma análise mais superficial possa sugerir. As ferramentas
de interação e comunicação, em geral disponíveis em um AVA, estão à
disposição dos alunos em uma turma para que estes possam
desenvolver e ampliar os laços de colaboração e de convivência, as
atitudes que levem à experimentação, à troca de informações, experiências
e ideias. Com o trabalho e o desenvolvimento em conjunto, o grupo, e cada
um em particular, promove o seu crescimento.
Portanto, os espaços digitais devem sempre ser abordados de
maneira a que se tornem um elemento de interação e um facilitador da
cooperação. Embora alguns alunos experimentem inicialmente algumas
dificuldades no seu uso e lhes falte ainda a desejada fluência, a tendência
é que rapidamente, com o apoio de professores e atitudes adequadas do
aluno, estas dificuldades sejam superadas, e o foco passe a não ser mais
as ferramentas e seus detalhes de utilização, mas os assuntos tratados, o
processo individual de desenvolvimento e o grupo de colegas. Quando
este momento de utilização é alcançado pelo aluno, abrem-se portas para
a verdadeira e proveitosa interação e colaboração entre os participantes da
turma.
As tecnologias usadas na EaD são variadas e encontradas em
diferentes combinações dentro de cursos. Assim, por existir uma
sobreposição nas suas formas de uso, pode ser útil a apresentação de
exemplos, de acordo com as principais finalidades associadas a estas
tecnologias.
A seguir, encontram-se alguns exemplos de uso de tecnologias
baseadas em áudio. O uso do telefone é encontrado associado com
diversas situações de tratamento de dúvidas e apoio técnico em cursos
EaD. Já o rádio é um mecanismo que proporciona a divulgação de
material, em um formato unidirecional, que pode ser muito útil em
situações em que os alunos encontram-se dispersos. Mecanismos de
organização de material em áudio possuem uma diversidade, variando
desde suportes físicos, como CDs, até a distribuição em plataformas
baseadas na Internet, como o caso de podcasts e b roadcast, por exemplo.
Estes materiais são tipicamente utilizados para a divulgação de aulas,
resumos, comentários ou mesmo a prática de exercícios. Os canais de
podcast permitem que o professor de um curso identifique um local na
Internet onde serão armazenados trechos de áudio a respeito de
determinado assunto. Já os canais de broadcast permitem a transmissão
de áudio e vídeo sem que seja necessário fazer o download de todo o
conteúdo antes de ouvi-lo ou assisti-lo, como antes era necessário.
Com programas específicos, os alunos podem se manter
atualizados a respeito de novidades publicadas. Por fim, é possível a
utilização de recursos de audioconferência para a implementação de
contatos diretos e síncronos entre alunos e professores, em situações de
grupo, inclusive.
As tecnologias baseadas em vídeo são empregadas com uma
grande diversidade de suportes e finalidades. As versões digitais de
gravações, seja de videoaulas ou de demonstrações e mesmo
simulações, podem ser publicadas em servidores na Internet e depois
utilizadas com materiais a partir de um ambiente virtual de aprendizagem.
Podem também ser copiadas em suportes físicos, como CDs, para, tal
como o exemplo em áudio, servirem de material de consulta aos alunos
sem a necessidade de conexão à rede de computadores. Os recursos de
webconferências proporcionam um grau maior de interação e proximidade,
quando comparados com recursos baseados apenas em áudio, e são
cada vez mais utilizados no desenvolvimento das aulas na EaD.
Possibilitam a integração de conferências pela Internet e potencializam a
interação e a convivência entre os envolvidos. A ferramenta possibilita a
transmissão de voz e vídeo em tempo real, além do compartilhamento de
apresentações, links e arquivos. Na webconferência, cada participante
utiliza seu próprio computador. Todo o material textual produzido em um
curso pode ser disponibilizado em formato impresso e entregue
fisicamente aos alunos, ou ser disponibilizado apenas digitalmente,
servindo como base para leituras e análises a partir de ambientes virtuais.
Estes formatos digitais proporcionam maior mobilidade, pois podem ser
armazenados em computadores, smartphones e tab lets, memórias ou
enviados por mensagens. Uma parte do material textual pode ser
desenvolvida com recursos de hipertexto, o que permite que materiais e
recursos sejam relacionados através de hiperlinks, que permitem a
navegação entre páginas da Web ou de um arquivo para o outro. O
material nesse formato pode também ser impresso e armazenado
localmente, porém em geral é utilizado de forma online, para que estejam
disponíveis as suas interligações com demais documentos.
Parte importante do material em um curso a distância pode ser
desenvolvida em forma de recursos, como programas de computador, que
vão simular situações e proporcionar exercícios aos alunos. Formas
similares representam composições em que são encontradas
combinações diversas, tais como textos, imagens, animações, recursos
de navegação e exercícios, possibilitando que um assunto seja
desenvolvido de forma bastante ampla e com recursos interessantes e
atrativos aos alunos, além de adequados para a situação em estudo. Este
tipo de material pode ser armazenado localmente ou pode ser acessado
apenas a partir de ambientes virtuais, dependendo da sua estrutura.

4.1.1.1 Ferramentas de interação

Além das situações comentadas até aqui, relacionadas mais


especificamente com materiais, existem algumas ferramentas que
possibilitam a comunicação e a interação entre os integrantes de uma
turma de EaD, em geral, disponíveis em ambientes virtuais de
aprendizagem.
A seguir são descritos alguns aspectos de ferramentas
frequentemente utilizadas em cursos na modalidade a distância.

Fórum
O fórum de discussões, ou simplesmente fórum, permite que o
grupo estabeleça uma comunicação na qual um determinado assunto
pode ser debatido ou analisado. Trata-se de uma ferramenta assíncrona,
ou seja, que permite que sejam respeitados os tempos diversos dos
participantes, uma vez que as interações não acontecem em tempo real.
Tipicamente, uma sessão de discussão em um fórum pode manter-se
ativa por diversos dias, proporcionando aos alunos participarem de acordo
com sua organização pessoal.
A dinâmica de funcionamento é bastante simples. Normalmente, o
professor ou o tutor delimita uma proposta de trabalho no fórum, através
de indicação de um tema para reflexão ou da colocação de
questionamentos. A partir deste enunciado os participantes do curso
devem interagir por meio da publicação de suas mensagens.
Normalmente, uma mensagem possui um título, um texto onde o aluno
expressa suas opiniões, além da identificação de autor, data e hora de
envio. Em alguns casos estas mensagens podem ser publicadas apenas
com textos, em outros podem ser empregadas imagens ou anexados
documentos, o que permite ao aluno ilustrar seus pontos de vista ou
compartilhar materiais complementares com os demais.
Existem também algumas variações de funcionamento que
permitem aos alunos a criação de diversas linhas de discussões ou
trilhas. Isso permite que um mesmo assunto, quando este possuir certa
amplitude, possa ser analisado em diversos aspectos específicos,
representados nestas linhas de discussão, ou tópicos. De modo geral,
além do envio de uma mensagem e da criação de um tópico novo, o aluno
pode comentar as mensagens publicadas pelos demais.
Como as mensagens são visualizadas por todos os participantes,
trata-se de uma ferramenta que proporciona um exercício de exposição e
de colaboração, no qual o aluno desenvolve habilidades de escrita, porém,
mais do que isso, desenvolve habilidades relacionais, sendo necessária a
leitura e correta interpretação dos assuntos propostos e mensagens, além
de uma postura de respeito, colaboração e atitudes positivas frente ao
grupo.
Além desse modo de utilização, a ferramenta pode ser encontrada
em uso de forma variada, como no caso de participação de especialistas
externos ao grupo, para debates específicos. Ou então em casos de uso
como parte de processos de elaboração de materiais, em grupos
menores, onde o fórum serve como local para registro de etapas e
dúvidas, de propostas de soluções, para demonstração e análise de
resultados obtidos.
A possibilidade de participação em momentos decididos livremente
pelo usuário associa a este tipo de ferramenta características importantes
no processo dos alunos, especialmente a análise, a reflexão e a
expressão. Também proporciona um relato de todo o processo
desenvolvido, que identifica claramente papéis exercidos pelos alunos
durante a sua participação, que podem ser muito úteis no processo de
acompanhamento realizado pelos professores.
Existem ainda diversas outras possibilidades nesta ferramenta.
Uma delas, por exemplo, permite aos alunos o recebimento de
mensagens eletrônicas a cada interação ocorrida no fórum, como forma
de estímulo à participação e ao acompanhamento. Normalmente, estas
opções devem ser usadas com ponderação, de acordo com o número de
participantes e de mensagens geradas.

Chat ou sala de conversa


O chat, ou a sala de conversa, determina um espaço de troca de
mensagens curtas, compostas basicamente por textos em que são
descritas perguntas e respostas ou comentários breves. Eventualmente,
as ferramentas deste tipo permitem alguns caracteres adicionais, como os
emoticons, que possibilitam associar aos textos das mensagens alguns
ícones ilustrativos de expressões faciais, denotando emoções ou
expressões associadas às mensagens e diminuindo o aspecto formal da
interação. As mensagens também podem conter um destinatário
específico, identificando comunicação entre dois participantes ou entre um
participante e todo o grupo.
Assim como na webconferência, a dinâmica de uso desta
ferramenta exige uma interação síncrona, com todos os participantes
conectados durante a sessão de conversa. Aqui os participantes podem
se organizar em relação ao espaço, participando da interação a partir do
local mais conveniente. Alguns problemas podem ocorrer neste processo,
que pressupõe um certo número de alunos acessando simultaneamente
o mesmo espaço digital. Pode ocorrer, por exemplo, a queda de conexão
de um dos participantes, dificuldades devido aos programas de navegação
ou mesmo podem ocorrer problemas relacionados com o sistema
servidor do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Todas essas situações são
normalmente tratadas com atitudes de prevenção. Quando, mesmo assim,
algumas dessas dificuldades ocorrem, existem possibilidades de acesso
dos históricos dos encontros, que ficam armazenados normalmente nos
ambientes virtuais.
A ferramenta chat facilita o contato com participantes eventuais, que
poderiam, por exemplo, participar de entrevistas online de modo bastante
adequado. Pode ser usada como forma de contato periódico em projetos
de desenvolvimento maiores, que necessitem de pontos onde decisões
serão tomadas ou assuntos serão encaminhados e debatidos
brevemente.
A interação do aluno no caso da ferramenta chat é bastante diversa
da ferramenta fórum, pois neste os tempos de interação são dados na
ordem de dias e até mesmo semanas, enquanto no chat as sessões
duram tipicamente de 30 a 60 minutos. Assim, o aluno deve postar-se com
maior atenção e adotar uma atitude de participação ativa, dentro dos
limites da objetividade, pois esta ferramenta não será de uso proveitoso no
caso de interações em que os alunos assumem atitudes pouco
colaborativas ou trabalham com mensagens longas e pouco interativas, no
sentido de encaminhar com objetividade os assuntos tratados.

Mensagens eletrônicas
Em geral, os ambientes virtuais facilitam a geração e o
acompanhamento de mensagens eletrônicas. Estas são associadas com
a conta de correio eletrônico mantida pelos alunos. Existem possibilidades
de envio destas mensagens em ferramentas específicas, por vezes
identificando automaticamente algumas informações do emissor, quando
aluno de um determinado curso ou turma. Por vezes estas mensagens
são enviadas pelos alunos independentemente do ambiente virtual de
aprendizagem, a partir de ferramentas de gerenciamento de correio
eletrônico.
Esta ferramenta possibilita um contato direto entre o estudante e o
professor ou entre os estudantes. Em geral, o objetivo de uso desta
ferramenta está associado com situações emergenciais, tais como
dúvidas ou questionamentos que necessitam de um breve
encaminhamento. Ou, então, com situações mais gerais, porém com
caráter de mais privacidade.
A expectativa de um retorno por parte do professor é, normalmente,
dimensionada e esclarecida nas orientações iniciais do curso e depende
de uma dinâmica estabelecida, na qual, em geral, existem períodos
semanais para o encaminhamento de respostas, de modo que o aluno
possa se organizar em relação às suas necessidades de retorno e às
necessidades de encaminhamento das respostas pelos professores.
Também é comum a utilização de endereços específicos para o
atendimento de mensagens urgentes.
O histórico de mensagens também pode consistir de uma
informação importante, descrevendo alguns relacionamentos e mesmo
atividades realizadas e dificuldades encontradas. Também trata-se de uma
ferramenta associada ao processo de iniciativa do aluno, que a utilizará
em situações em que se depara com necessidades de atitudes de
encaminhamento ou questionamento.

4.1.1.2 Ferramentas de atividades

Diário
A ferramenta diário consiste em um espaço no qual ocorre um
contato individual entre o aluno e o professor. Em geral, esta ferramenta
permite que sejam enviadas e comentadas mensagens, que ficam
armazenadas na forma de um histórico de interações. Este histórico é de
acesso exclusivo do aluno e do professor.
Os principais objetivos desta ferramenta estão relacionados com os
processos de acompanhamento e desenvolvimento do aluno.
Normalmente é sugerido aos estudantes que reportem no diário o
andamento de sua aprendizagem, comentem sobre as atividades
propostas e sobre os resultados obtidos, sejam expostas dúvidas e
dificuldades. Este tipo de prática proporciona o estabelecimento de laços
de proximidade e de compreensão entre o professor e o aluno, dentro de
um universo onde este está constantemente em colaboração em grupo.
Note que, com este tipo de atitude, uma vez adotada
periodicamente, o aluno estará trabalhando no processo de relato, análise
e avaliação de seu processo no curso em realização. Com o passar do
tempo, podem ser identificadas estratégias com resultados positivos,
podem ser feitas sugestões de encaminhamento e podem ser detectadas
e modificadas atitudes pouco positivas em relação aos objetivos a serem
desenvolvidos. Trata-se de o indivíduo realizar diferentes aproximações
com seu próprio processo de aprendizagem, com ênfase para o “saber
aprender”.

Questionários e lições
Ferramentas de implementação de questionários e lições
possibilitam que sejam disponibilizados aos alunos conjuntos de
exercícios específicos de revisão ou avaliação. Nestas ferramentas são
utilizados todos os recursos disponíveis em documentos de hipertexto
para a confecção de conjuntos de questões descritas de forma
esteticamente agradável e adequadas do ponto de vista de comunicação.
Em alguns ambientes virtuais de aprendizagem elas se diferenciam na
sua capacidade de adicionar etapas de conteúdos intercaladas com
etapas de questionamentos sobre os conteúdos vistos. As respostas
obtidas servem para redirecionar o aluno para novos conteúdos e
questões ou para proporcionar um aprofundamento do conteúdo visto,
dependendo da necessidade descrita pelo professor.
Um aspecto bastante produtivo é o fato de estas ferramentas
permitirem ao professor a descrição de elementos de retorno e
comentários que indicam pistas e direcionamentos em situações de erros,
ou podem colocar desafios em situações de acertos. A cada exercício
realizado o aluno recebe um retorno sobre a sua resposta, seja ela correta
ou não, o que se constitui em um apoio importante no caso de um
processo vivenciado de forma isolada, como é a prática destas questões.
Também é bastante flexível, em geral, este tipo de ferramentas no que se
refere às configurações de uso, sendo possível sua utilização como
recurso de revisão e de prática, em que o aluno realiza diversas vezes o
acesso e responde às questões como forma de desenvolvimento e
revisão. Ou, então, podem ser usados como avaliação, nas quais o aluno
possui limitações de tempo para a execução do questionário.
Nestas situações em que o aluno utiliza questionários ou lições
para revisão e prática, existe um componente importante relacionado com
o desenvolvimento da autonomia, da disciplina e da reflexão, pois é dada
ao aluno a incumbência de realizar a sua própria avaliação e o
encaminhamento de atitudes compatíveis com os resultados, caso sejam
insuficientes, por exemplo. Os resultados obtidos pelos alunos em uma
turma serão também acompanhados pelos professores e servirão como
indicativos de necessidades de contato ou apoio. Porém o aluno possui,
independentemente desta ação dos professores do curso, uma excelente
possibilidade de desenvolvimento nestes aspectos, a partir do uso deste
tipo de ferramenta. Também a organização para o estudo prévio e a
realização dos testes ou revisões passa pela organização flexível do tempo
do aluno, que deve desenvolver as situações necessárias para o bom
andamento de seus estudos.

Tarefas
Algumas propostas pedagógicas necessitam de atividades e
produções bastante diversas. Isso ocorre em situações como o
desenvolvimento de um texto ou uma resenha, na geração de imagens, na
coleta de fotos, no desenvolvimento de projetos, para citar alguns
exemplos apenas. A execução destas atividades pode ocorrer
individualmente ou em grupo, sendo que algumas ferramentas, tais como
a ferramenta Tarefas, possibilitam a comunicação entre professor e aluno
estabelecendo inicialmente o enunciado e objetivos da tarefa, prazos de
execução e fornecendo ao aluno o ambiente para a entrega da mesma, o
que normalmente é feito em forma de publicação de arquivos, em formatos
diversos, como textos, imagens, vídeos ou outros. Esta ferramenta permite
ao professor fazer upload de arquivos, comunicar tarefas, recolher e
analisar o trabalho, além de fornecer notas e comentários de feedback. As
atividades deste tipo também estão associadas com a capacidade de
organização e produção dos alunos, pois a partir de um período de
desenvolvimento existe a possibilidade de organização pessoal para o
melhor uso do tempo delimitado oferecido para a entrega final. Dentro
deste espaço de tempo é necessário que o aluno e, no caso de trabalhos
em grupo, seus colegas determinem estratégias e realizem
comprometimentos que levarão a um resultado positivo.

Escrita colab orativa


Algumas atitudes associadas com o desenvolvimento de
colaboração na criação do conhecimento e no desenvolvimento de
habilidades encontram ferramentas bastante adequadas para seu
exercício. São as ferramentas de escrita colaborativa, que possibilitam a
produção em conjunto de materiais textuais com recursos de hipertexto,
inclusive, viabilizando a interação síncrona entre os usuários.
Desta forma, um grupo pode realizar a discussão e produção, com
possibilidades de alterações simultâneas em documentos
compartilhados. Dentre as ferramentas disponíveis, pode-se citar a Wiki
(ferramenta do Moodle), o Googledocs e o Editor de Texto Coletivo (ETC).

WIKI
A dinâmica da ferramenta parte de um documento em branco e de
uma diretriz dada pelo professor. Nesta está expresso um convite que
pode ser para a produção de documentos do tipo relatos, ou de textos
opinativos, ou ainda para a construção de um consenso e descrição de
argumentos a respeito de um assunto. A cada participante é facultado o
acesso, a qualquer momento, para a edição do conteúdo. Este pode então
acrescentar, apagar ou editar o conteúdo existente. O histórico gerado
pelas interações é armazenado na ferramenta, de modo que seja possível
acompanhar todo o processo de construção e identificar as intervenções
individuais de cada participante. Também se torna viável o tratamento de
versões do material, a partir de escolha de momentos diversos no
histórico de construção.
Neste tipo de ação o usuário é instado explicitamente a colaborar
com o grupo, analisando um material produzido coletivamente e inserindo
sua produção, que pode ser realizada como um acréscimo, complemento
ou mesmo uma correção. Trata-se de uma vivência prática de colaboração,
que pode auxiliar no estabelecimento de relações de desenvolvimento
pessoal, por estimular a análise, a superação e a participação. Além
disso, como o resultado final é obtido em conjunto, trata-se também de um
exercício de reconhecimento da capacidade do coletivo.

Googledocs
Trata-se de um pacote de aplicativos de uso gratuito da empresa
Google baseado em AJAX. Funciona de forma online diretamente no
navegador. É composto de editores de texto, apresentações de slides,
planilhas e um editor de formulários (Figura 7). Por meio dos aplicativos, é
possível criar ou importar documentos de texto, apresentações de slides e
planilhas eletrônicas, além de armazenar os arquivos na rede
(computação na nuvem).
Figura 7 – Tela de entrada Googledocs.
Fonte: https://www.google.com/docs/about/.

Editor de Texto Coletivo


O Editor de Texto Coletivo (ETC) (Figura 8) é um editor de texto de
domínio público desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia Digital Aplicada à
Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, com financiamento do CNPq. Este ambiente oportuniza um
espaço para a escrita de textos coletivos de forma online e simultânea.
Além da área de edição, ele dispõe de funcionalidades que apoiam a
comunicação e interação entre os usuários, bem como recursos para o
gerenciamento de grupos, textos e arquivos.
Figura 8 – Tela de entrada do Editor de Texto Coletivo.
Fonte: http://www.nuted.uf rgs.br/etc2/.

Blogs
Blog é a simplificação da expressão web log, formada pela junção
das palavras da língua inglesa web (rede, internet) e log (registro de uma
atividade). Em termos gerais, define-se b log como um diário online.
Os b logs permitem a criação de espaços de publicação de forma
aberta na Web. Dentro de um contexto de um curso de EaD, o b log pode
ser utilizado como atividade de expressão escrita e de leitura, associada
com ações para estudo e reflexão sobre os temas tratados.
Existem formatos diversos de b logs, em diferentes ambientes
virtuais de aprendizagem. Em geral pode ser configurada a forma de
publicação, com a possibilidade ou não de colaboração de outros
participantes, na forma de comentários aos materiais publicados.
Os textos publicados são gerados em formato de hipertexto,
portanto podem se relacionar virtualmente com qualquer material
disponível na Web.
Quando os assuntos são publicados, em geral podem ser criadas
tags (etiquetas), que descrevem livremente o conteúdo. Estas etiquetas
podem ser empregadas posteriormente como índices dos conteúdos e
como forma de avaliação da quantidade de conteúdos publicados sobre
determinados assuntos. Outra característica dos b logs, é que atualmente
eles não são somente páginas pessoais na Internet, mas são utilizados
como uma ferramenta de integração com as redes sociais. Na Tabela 1
pode ser visualizado um quadro comparativo apontando aspectos de
análise sobre b logs e site.

Tabela 1 – Comparativo de análise entre b logs e sites


ASPECTOS SITE BLOG
ANALISADOS
A navegação parte de Os conteúdos ficam
uma home page, que armazenados como
funciona como um postagens
ponto inicial para cronológicas,
outras páginas. aparecendo em
Percurso de
Frequentemente é primeiro lugar sempre
navegação
preciso retornar à a mais recente
home page para que seguida das demais.
outras páginas
possam ser
visualizadas.
Comunicação com Via e-mail ou Via comentários.
internauta formulários.
Conhecimentos Indispensável Dispensável
prévios de informática conhecimento básico conhecimento básico
necessários de programação. de programação.
Pago, mas há Tendencialmente
softwares online para gratuito.
Custos
elaboração gratuita,
menos profissional.
Periodicidade para Normalmente Frequentemente, até
atualização intervalos maiores. mesmo diários.
Raramente o autor é o O autor (ou autores)
responsável por podem acumular as
colocar as postagens funções de criação e
no ar, realizar alimentação do b log.
Autor/administrador atualizações, ajustes.
Há um autor por trás
dos conteúdos
redigidos, e um
administrador que cria
e alimenta o site.
É possível Alguns gerenciadores
disponibilizar vídeos, de b logs restringem os
Disponibilização de fotografias, arquivos, pacotes informacionais
pacotes slides. que poderão ser
informacionais disponibilizados
apenas a certas
modalidades.
Fonte: adaptada de BOSSLER et al. (2015).

Redes sociais
Figura 9 – Telas das redes sociais – Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Tumblr.
Fonte: elaborada pelos autores.

Para Recuero (2009, p. 29), as redes sociais “representam gente,


interação, uma troca social. Um grupo de pessoas que fazem parte de
uma mesma estrutura.” Neste sentido, podem ser compreendidas como a
formação de estruturas sociais composta por pessoas ou organizações
que podem partilhar interesses, valores, objetivos ou opiniões em comum
na Internet.
Segundo Duarte e Frei (2008), “uma das características
fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade,
possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os
participantes”. De acordo com os autores, uma de suas habilidades está
na possibilidade de se fazer e desfazer rapidamente.
Castells (1999) é um dos principais autores de referência no estudo
sobre redes. O autor estabelece uma relação entre o surgimento das
redes e a sociedade da Informação, definindo as redes como "um conjunto
de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta.
Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que
falamos" (CASTELLS, 1999, p. 498). Neste sentido, os nós podem ser
representados por pessoas ou grupos de indivíduos e organizações de
cunho formal ou não.
Dentre os diversos tipos de rede social, um dos aspectos em
comum é a possibilidade e o compartilhamento de informações,
conhecimentos e interesses em função de objetivos comuns. A utilização
das redes sociais vai além do entretenimento, sendo uma fonte de
informação através de notícias sobre os acontecimentos diários, um
espaço para compartilhamento de fotos, vídeos, praticamente em tempo
real.
Como uma das mais importantes formas de comunicação na
atualidade, sua aplicação como forma de relacionamento pode ser
estendida para empresas e seus consumidores. Têm-se também na linha
profissional redes sociais específicas para esta finalidade, como o
Linkedin.14 Ao contrário do caráter de entretenimento das demais redes,
as relacionadas ao meio profissional estabelecem políticas de moderação
e regras de conduta definidas, havendo menos espaço para a
informalidade.
Sabe-se que atualmente o Brasil está entre os países com maior
número de usuários em redes sociais. As principais redes sociais são:
Facebook,15 Twitter,16 Youtube,17 Instagram,18 e Tumblr.19 , exemplificadas
na figura 9.
Dentre as redes sociais, o Facebook é o mais conhecido e utilizado
no Brasil. Esta rede social foi lançada em 2004 pelos estudantes de
Harvard e seus fundadores Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Andrew
McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes. De uso gratuito para os
usuários, permite a criação de perfis com postagem de fotos, listas de
interesses e a possibilidade de troca de mensagens de forma pública ou
privada entre os participantes. É também possível criar grupos e páginas. A
visualização das informações dos usuários depende das definições de
privacidade (públicas ou restritas para membros de grupos ou amigos). O
“face” disponibiliza ferramentas como o mural (página de perfil do usuário),
Feed de Notícias (postagens dos amigos selecionados pelo perfil do
usuário) e Mensagens (ferramenta para comunicação síncrona
semelhante a um chat entre usuários).
O Facebook possui também aplicativos, como a possibilidade de
criação de eventos, organização de listas e possibilidade de salvar vídeos
e links de postagens. Existem versões diferentes do Facebook para seu
uso em computadores, smartphones e tab lets, com diferente visualização
e acessibilidade para o usuário.
O Twitter é uma rede social ou microb log, que permite aos usuários
enviar e receber postagens de outros contatos em forma de textos
(conhecidos como tweets) de até 140 caracteres. Este pode ser acessado
através do endereço do site do serviço, via SMS ou por aplicativos para
smartphones e tab lets. O Tumblr também é minib log, sem, entretanto,
haver limite de caracteres para as postagens, que são ampliadas em
formatos como uso de textos curtos ou imagens que se mexem.
O YouTube é um site de compartilhamento de vídeos em formato
digital. E o Instagram é uma rede social online para compartilhamento de
foto e vídeo com a possibilidade de aplicação de filtros e também de
compartilhar as fotos e vídeos postados simultaneamente com outras
redes, como Facebook, Twitter e Tumblr.

Web conferência
A webconferência é um recurso muito interessante de reunião
virtual, com compartilhamento de áudio e vídeo em tempo real pela
Internet, na qual é possível troca direta de experiências e impressões em
relação a assuntos em andamento. Também é muito proveitoso este tipo
de contato para orientações sobre trabalhos, além de solucionar dúvidas,
encaminhar explicações e realizar revisões de conteúdos.
Exige uma interação síncrona entre dois ou mais participantes, com
a vantagem que o usuário poderá estar em qualquer lugar e participar da
discussão ou apresentação.
Para além de estabelecer contato visual, falar e ouvir, as
ferramentas de webconferêcia também permitem que os participantes
leiam ao mesmo tempo documentos e o quadro branco e que
compartilhem materiais como apresentação, vídeos, planilhas e a tela de
seus computadores. Os participantes também podem participar por meio
de chat, para o envio de questões que podem ser respondidas no decorrer
da reunião.
A possibilidade de gravar as reuniões realizadas facilita o acesso ao
histórico das conversas por aqueles que não puderam estar
sincronamente em interação com os demais. Neste sentido, a utilização
de webconferência pode trazer outros benefícios, como a sua facilidade de
realização, sem exigir o deslocamento das pessoas.
Dentre os softwares disponíveis, pode-se citar o Skype,20 o Adobe
Connect21 e a Hangout22 do pacote de software da Google.

4.2 Netiqueta

Netiqueta pode ser considerada como a etiqueta recomendada para


ser utilizada na Internet. Esta expressão surgiu da junção de duas
palavras: o termo inglês net (que significa "rede") e o termo "etiqueta", ou
seja, o conjunto de regras e normas para condutas sociais na Internet.
Resumidamente, podemos dizer que se trata de um conjunto de
recomendações para evitar mal-entendidos nas comunicações
estabelecidas na rede, especialmente no uso de e-mails, salas de bate-
papos e listas de discussão.
A netiqueta traz ainda importantes contribuições que procuram
orientar sobre regras e condutas em situações bem específicas (por
exemplo, ao utilizar um artigo disponível em um site de uma revista na sua
versão eletrônica, sempre precisamos citar em um trabalho o nome do
site, do autor e a data na qual acessamos este material).
Neste caso, evitamos problemas comuns relacionados ao plágio,
que tem se tornado um problema sério por não se respeitar a autoria de
uma publicação online.

4.2.1 Algumas das regras da netiqueta


No caso de e-mails, deve-se evitar encaminhar mensagens de
reflexão ou de conteúdo humorístico para endereços corporativos. No uso
de ferramentas como fóruns de discussão, na maioria das vezes, é
utilizada a organização em formato de tópicos. Por isso, a postagem do
comentário deve ser realizada no tópico mais apropriado.
Nas contribuições, deve-se enviar mensagens escritas
exclusivamente com LETRAS MAIÚSCULAS ou marcações exageradas.
Estas, quando bem empregadas, podem ajudar a enfatizar trechos
relevantes, mas, em excesso, podem ser compreendidas como se o
emissor estivesse gritando e, neste caso, causar uma má interpretação ou
deixar o destinatário ofendido. Por isso, é importante o poder da
argumentação, sem responder com palavras ofensivas ou de baixo calão.
Afinal, nas atividades interativas são esperados bons argumentos.
Mesmo não havendo um órgão regulador sobre as regras de
etiqueta aplicadas à Internet, sugere-se buscar saber um pouco mais
sobre estas orientações. Com certeza, elas serão bem importantes para o
bom andamento do curso e, consequentemente, para um relacionamento
harmonioso com os colegas virtuais.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS:

Sugestões de leituras adicionais:

AQUINO, C. T. E. Como aprender. São Paulo: Pearson Editora, 2008.

BOSSLER, Ana Paula; CALDEIRA, Pedro Zany; e VENTURELLI, Diego.


Sites e b logs: definição, conceitos e passo a passo. Disponível em:
<https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cultura/docs/15_Sites_e_blogs_-
_Ana_Pedro_Diego.pdf>. Acesso em março de 2015.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra,


1999.

COLL, Cesar; MONEREO, Carles. Psicologia da Educação Virtual -


Aprender e Ensinar com as Tecnologias da Informação e da Comunicação.
Porto Alegre: Penso, 2010.

CORREA, J. (Org.) Educação a Distância – Orientações Metodológicas. Ed.


Artmed, 2007.
DUARTE, Fábio; FREI, Klaus. Redes Urb anas. In: DUARTE, Fábio;
QUANDT, Carlos; SOUZA, Queila. O Tempo das Redes. São Paulo:
Perspectiva, 2008.

MAIA, C.; MOTTA, J. O ABC da EaD. São Paulo: Pearson Editora, 2008.

MOORE, M., KEARSLEY, G. Educação a Distância: uma visão integrada.


São Paulo: Cengage Learning, Ed., 2007.

NEVADO, R.; CARVALHO, M. J. S.; MENESES, C. S. Aprendizagem em rede


na educação a distância. Ricardo Lenz Editor. PEAD/UFRGS, 2007.

PRATT&PALLOFF. O aluno virtual. Porto Alegre: Artmed, 2005.

_______. Construindo comunidades de aprendizagem no cib erespaço.


Porto Alegre: Artmed, 2002.

RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.


(Coleção Cibercultura).

VALENTINI, C. B.; SOARES, E. M. S. Aprendizagem em amb ientes virtuais.


Caxias do Sul: Educs, 2005.

REVISÃO DE CONCEITOS:

A Educação a Distância está inserida em um contexto complexo e


não pode ser compreendida sem levarmos em conta aspectos da
sociedade contemporânea. Alguns diferenciais desta modalidade
educacional são a mediação tecnológica, a autonomia do aluno e o
planejamento diferenciado dos materiais. Neste contexto, as ferramentas e
os espaços digitais como os apresentados neste capítulo, devem ser
considerados como elementos de contato e facilitadores da cooperação,
especialmente quando o foco é aprendizagem.
A partir do que foi abordado neste livro, busque ampliar ou
reorganizar os conceitos e relações entre os temas estudados, de modo
que eles possam também ressignificar a sua experiência na EaD.

__________
14 Disponível em: <https://br.linkedin.com/>.
15 Disponível em: <https://pt-br.facebook.com/>.
16 Disponível em: <https://twitter.com/?lang=pt>.
17 Disponível em: <https://www.youtube.com/>.
18 Disponível em: <https://instagram.com/>.
19 Disponível em: <https://www.tumblr.com/>.
20 Disponível em: <http://www.skype.com/pt-br/>.
21 Disponível em: <http://www.adobe.com/br/products/adobeconnect.html>.
22 Disponível em:
<https://chrome.google.com/webstore/detail/hangouts/nckgahadagoaajjgafhacjanaoiihapd?
hl=pt-BR>.
SOBRE OS AUTORES

MAIRA BERNARDI
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Rio Grande
(FURG) com habilitação em Matérias Pedagógicas do Ensino Médio.
Mestre e Doutora em Educação – Linha de Pesquisa Informática na
Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Assessora
Pedagógica da Educação a Distância e professora dos cursos de
licenciatura da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

SANDRO JOSÉ RIGO (org.)


Graduado em Informática Software Básico pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1990) e Mestre em Ciência da
Computação pela UFRGS (1993). Concluiu o doutorado em Ciência da
Computação pela UFRGS em 2008. Atualmente é professor da UNISINOS
nos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação.
Pesquisador do PPG em Computação Aplicada da UNISINOS. Atua como
Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão
Inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).

SÔNIA DONDONIS DAUDT


Graduada em Pedagogia e Mestre em Educação pela UNISINOS. Doutora
em Informática na Educação pelo Programa de Pós-Graduação em
Informática na Educação (PPGIE) da UFRGS. Tem pós-doutorado pela
UFRGS – Linha de Pesquisa Ambientes Informatizados e Educação a
Distância. Coordenadora Pedagógica da Educação a Distância da
Unidade Acadêmica de Graduação (UAGRAD) e professora dos cursos de
Administração de Empresas e Licenciatura da UNISINOS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

Reitor: Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ


Vice-reitor: Pe. José Ivo Follmann, SJ
Diretor da Editora Unisinos: Pe. Pedro Gilberto Gomes

Editora Unisinos
Avenida Unisinos, 950, 93022-000, São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
Brasil
editora@unisinos.br
www.edunisinos.com.br

© dos autores, 2015


2015 Direitos de publicação da versão eletrônica (em e-book) deste livro
exclusivos da Editora Unisinos.

B523e Bernardi, Maira


Educação à distância e uso de tecnologias digitais na
graduação : uma introdução ao tema [recurso eletrônico] /
Maira Bernardi, Sandro Rigo, Sônia Dondonis Daudt – São
Leopoldo : Ed. UNISINOS, 2015.
1 recurso online – (EaD)

ISBN ???

1. Ensino à distância. 2. Ensino auxiliado por computador.


3. Ensino superior – Efeitos das inovações tecnológicas. I.
Rigo, Sandro. II. Daudt, Sônia Dondonis. III. Título. IV. Série.
CDD 371334
CDU 37.018.43
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Bibliotecária: Mariana Dornelles Vargas – CRB 10/2145)

Coleção EAD
Editor: Carlos Alberto Gianotti
Acompanhamento editorial: Jaqueline Fagundes Freitas
Revisão: Carla Bigliardi
Editoração: Guilherme Hockmüller

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