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AGENDA

DE POLÍTICAS PÚBLICAS,
PROJETOS E PROGRAMAS PARA
AS JUVENTUDES DO PARÁ

Cooperação da Juventude Amazônica


pelo Desenvolvimento Sustentável

1
Esta obra foi publicada nos termos da
licença Atribuição-Não Comercial-Sem
Derivações 4.0 Internacional
<https://creativecommons.org/
licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt>
2
AGENDA
DE POLÍTICAS PÚBLICAS,
PROJETOS E PROGRAMAS PARA
AS JUVENTUDES DO PARÁ

Belém - Pará
2023
3
4
SE TU NASCESTE EM UM
MUNDO COM O QUAL NÃO
TE IDENTIFICAS, ENTÃO
NASCESTE PARA COCRIAR
UM MUNDO NOVO.”

5
6
Sumário

9
Prefácio ..........................................................................

Agradecimentos ....................................................... 11

Introdução ................................................................... 13

1. Por que devemos ter uma


Agenda de Políticas
Públicas para Juventudes
feita por jovens?
Entendendo os dados ........................................... 16
2. Quais ODS estão
norteando essa agenda,
suas adequações e
aplicações práticas ............................................ 20
3. Princípios e Diretrizes ...................................... 35

4. O que os dados nos dizem:


Pesquisa “Fala Juventudes
do Pará” .......................................................................44
Glossário ................................................................. 54

Referências ............................................................... 57

Expediente .................................................................... 58

7
8
Prefácio

A
inda vivemos em um tempo onde juventudes sejam sujeitos ditos “autoridades”
livros, artigos, políticas, projetos e no assunto, enquanto sua autoridade for
programas para juventudes são constituída tanto pela ausência de vozes dos
escritos por, em sua maioria, pessoas indivíduos cujas experiências elas buscam
brancas em situação de privilégio e em uma abordar quanto pela rejeição dessas vozes
faixa etária que já não mais corresponde por sua desimportância, a dicotomia sujeito/
às vivências e desafios em que estão objeto é mantida e a dominação, reforçada.
situadas as juventudes do agora. À essas
pessoas, somos gratos por pautarem Por tanto, esta não é uma produção que ignora
temáticas a respeito das juventudes em lugares de fala, tampouco esquece a ética de
um momento onde pouco ou nada se fala nossas ações pois é um trabalho que visa romper
sobre. Todavia, agora estamos em um com os paradigmas de dominação dentro da
processo de afirmação e reconhecimento esfera política, social, ambiental e econômica.
de nossas vozes e vivências, principalmente
de nós, juventudes Amazônidas. Não desejamos calar a escrita de políticas
públicas, projetos e programas para juventudes
Pautamos essas discussões visando o por aqueles que não mais vivem suas juventudes
aumento da conscientização de que uma no atual contexto político, econômico, ambiental
dimensão da relação opressor/oprimido, e social o qual estamos inseridos nas Amazônias.
explorador/explorado é que aqueles que Mas desejamos ajudar a construir um mundo
dominam são enxergados como sujeitos onde o trabalho, metodologias e técnicas
enquanto os dominados, como objetos. utilizadas tanto na esfera pública quanto na
Como sujeitos, nós temos o direito de definir esfera privada, acadêmica e demais setores
a nossa própria realidade, estabelecer possam ser construídos em cima de evidências.
nossas identidades, nomear nossa história.
Como objetos, nossa realidade é pautada Se valorizamos construções democráticas
por outros, nossa identidade é criada fundamentadas no multissetorialismo, e
por outros e nossa história passa a ser temos com a democracia um pacto honesto e
contada de maneiras que definem nossa verdadeiro devemos trabalhar continuamente
relação com aqueles que, aos olhos da para que essa não corra o risco de sucumbir
sociedade, são reconhecidos como sujeitos. ao autoritarismo evitando que, no futuro, a
nossa extinção, como espécie, seja um fato e os
Mesmo que aqueles que escrevem problemas um inevitável ecossistema degradado
e pautam sobre as vivências das sem qualquer perspectiva de resolução.
9
10
Agradecimentos

E
sta Agenda de Políticas Públicas, Projetos
e Programas para as Juventudes do Pará
é fruto da inspiração e (re)existência de jovens
compromissados em fazer germinar realidades
que cultivem o bem viver nas Amazônias.
Este é um produto de uma construção coletiva, pela
qual gostaríamos de agradecer pela colaboração
das seguintes instituições e pessoas:

Ao Instituto Clima e Sociedade

À The Nature Conservancy

À Purpose

À Equipe Executiva da COJOVEM

A todos os mentores e aos participantes


do Projeto Maré Mobilizadora

A todos os pesquisadores e participantes


do Projeto Rebujo da Maré

11
12
Introdução

O que é a Agenda de Políticas Públicas para juventudes do


Pará: A construção que queremos e quais seus objetivos
A Agenda de Políticas Públicas para juventudes do Pará: A construção que queremos
é um dos produtos do Programa A Maré tá pras Juventudes, desenvolvido pela
Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável
(COJOVEM) em parceria com 34 instituições de juventudes que atuam no Estado
do Pará objetivando a construção de territórios mais resilientes e sustentáveis.

Esta Agenda traz princípios e diretrizes prioritárias para a formulação


e implementação de políticas públicas, projetos e programas baseados
em evidências construídas de juventudes para juventudes do Pará.

13
A Cooperação da Juventude Amazônida para o
Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM)
É uma organização da sociedade civil em defesa do meio ambiente e dos direitos
fundamentais nas Amazônias, tem por objetivo fortalecer e engajar juventudes
na Amazônia através da colaboração multissetorial para mitigar os impactos das
mudanças climáticas e promover a recuperação resiliente e sustentável dos territórios
amazônicos na perspectiva do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

A instituição foi fundada por jovens amazônidas com o título de


Embaixadores da Juventude pelo Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crimes (UNODC) e atua desde de 2020, tendo sido formalizada
como Organização da Sociedade Civil em novembro de 2021.

Programa
A Maré tá pras Juventudes
É um programa guarda-chuva desenvolvido pela COJOVEM com o objetivo de
mitigar os impactos da COVID-19 e da crise climática nas juventudes amazônidas,
através de formações nos eixos dos direitos fundamentais, educação midiática,
prevenção e enfrentamento de violências online, desenvolvimento territorial nas
Amazônias e clima; mobilizações sociais; desenvolvimento de pesquisas primárias
voltadas para juventudes amazônidas; incidência política e social das juventudes
incentivando a criação da mudança que queremos ver em nossos territórios.

Sobretudo, almejamos o rearranjo do anormal partindo da potência de imaginar


e criar Amazônias possíveis que possam assegurar os direitos fundamentais das
juventudes e de quem, em meio a profundas desigualdades, vive, ama, sofre
e reproduz seus sonhos em uma vida de lutas nos territórios amazônicos.
14
15
1 Por que devemos
ter uma Agenda de
Políticas Públicas
para Juventudes
feita por jovens?
Entendendo os dados

O Brasil possui cerca de 50 milhões de jovens (15-29 anos), o que representa


quase 1/4 da população total do país. Na Região Norte, 28% da população em
seus territórios é composta por jovens, localizados majoritariamente em zonas
urbanas. Sendo assim, o Norte é a região com maior contingente de jovens do
país, seguida pela região Nordeste, com 26% (Atlas da Juventude, 2021).

Figura 1: Gráfico do Percentual de jovens na


população por macrorregião (1970-2060)

Fonte: Atlas da Juventude, 2021.

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Esse alto número da população jovem em atender às juventudes do Pará no
pelo brasil comunica que existem milhões período de 2002 - 2022, relacionando essa
de juventudes em realidades e vivências atenção juntamente das variáveis sociais
diversas, acessando meios de construção e espaciais de meio ambiente, gênero e
de autonomia, em transição das fases do raça. A metodologia utilizada se baseou
ciclo de vida de maneiras diferentes e, na quantificação e análise de políticas
infelizmente, nem sempre democrática. públicas encontradas nas plataformas
digitais, levando em consideração seu
Dentre os recentes desafios para as foco principal e seu diálogo com as
juventudes está o agravamento do palavras-chaves buscadas pela pesquisa.
cenário climático no Brasil, no mundo
e, sobretudo, na Amazônia. Existem Sendo assim, foram feitas buscas nas
pesquisas1 que apontam que cerca de seguintes fontes: Leis Ordinárias, Leis
37% do nordeste da Amazônia estava Complementares, Decretos, Resoluções
desmatado, havendo uma perda de 34% e Portarias, disponibilizadas pelo Portal
de chuva no período das queimadas2, da Legislação do Governo Federal. Nesse
gerando um aumento de temperatura ponto, foram selecionadas as políticas que
de quase dois graus nos últimos 40 podem interferir direta ou indiretamente
anos. No sudeste, segunda região mais no processo de desenvolvimento da
desmatada, foi registrado 28% de perda juventude no Estado, mediante as leis
florestal e 24% a menos de chuva, com que corroboram para o fortalecimento
uma elevação da temperatura em e direcionamento de ações estatais para
2,5 graus. Concluindo que a estação esse público-alvo dentro dos parâmetros
seca nessas regiões tem ficado mais ambientais, de gênero e de racialidade.
seca, mais quente e mais longa.

À medida que os desafios climáticos


aumentam, acentuam-se não somente
as desigualdades entre as juventudes,
mas também as suas vulnerabilidades
em função de seus respectivos
determinantes sociais e distribuição
territorial, os quais foram agravados
com a pandemia da COVID-19.Como
etapa para a construção desta Agenda
foram mapeadas as Políticas públicas
no Estado quanto à sua disposição

1 GATTI, L. V. et al. Amazonia as a carbon source linked to deforestation and climate change. Nature, v. 595, n. 7867,
p. 388–393, 15 jul. 2021.
2 Nos meses de agosto, setembro e outubro.
17
Como resultado encontrado:
Políticas Públicas do Estado do
Pará para as juventudes

09 Leis Ordinárias 0 Portarias


0 Leis Complementares 22 Decretos
05 Resoluções
Juventudes

Dessa maneira, faz-se pertinente inferir: para as juventudes no contexto de uma


onde estão materializadas as Políticas agenda voltada para a construção de
Públicas para as juventudes do políticas públicas baseada em evidências
Estado do Pará? Visto que, por mais se faz não somente necessário, mas
que existam, ainda perpassam pelas faltas sobretudo urgente no processo de
de assistência e acesso a mecanismos de desenvolvimento de um grupo social
crédito, contextualização para as múltiplas que muito movimenta a população, não
realidades das juventudes, monitoramento somente com sua força de trabalho, mas
e acompanhamento e efetivação dessas com sua energia de transformação social.
políticas públicas, especialmente em
territórios para além da capital do Estado. Por isso, é de fundamental importância
para o Estado do Pará ter uma agenda
Para que a construção de cenários norteadora para o Governo, instituições
realmente representativos para juventudes públicas, instituições privadas, coletivos
seja possível, é fundamental apoiar o organizados, tomadores de decisão e
pleno desenvolvimento de jovens em demais instituições que trabalham com
seus territórios e, dessa maneira, garantir juventudes do Estado, sintetizando
que possam realizar seus potenciais as demandas das juventudes da
coletivos e individuais, concretizando Amazônia paraense, visando co-
sonhos, aprender, inovar e participar criar políticas públicas coerentes
ativamente da economia e da sociedade, para mitigar os impactos da crise
como protagonistas, em todas as suas climática, incentivar o protagonismo e
esferas (Atlas da Juventude, 2021). participação cidadã das juventudes e
reduzir as desigualdades de todos os
Logo, trazer à tona os sentimentos, jovens que reproduzem seus sonhos
vontades e interesses das juventudes em uma vida de lutas dentro do Pará.
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2 Quais ODS estão
norteando essa
agenda, suas
adequações e
aplicações práticas

A Agenda 20303 é um plano de igualdade de gênero, acesso à água


ação desenvolvido pela Organização potável e saneamento, energia limpa,
das Nações Unidas (ONU), a qual trabalho decente, crescimento econômico
propõe um pacto global em prol sustentável; redução das desigualdades
do desenvolvimento sustentável, sociais; sustentabilidade da vida; inovações
garantindo a atenção às necessidades em infraestrutura; consumo responsável;
básicas dos cidadãos através de cidades saudáveis; responsabilidade
um processo econômico, político climática; redução das desigualdades;
e social que respeite o meio instituições eficazes; e paz social.
ambiente e a sustentabilidade.
Desde o lançamento da Agenda 2030, os
A Agenda foi ratificada por 193 ODS têm sido continuamente incorporados
países, em 2015, e conta com 17 a planos de governo, projetos, programas
Objetivos do Desenvolvimento e pesquisas que visam fomentar lógicas
Sustentável (ODS), os quais sustentáveis e ambiciosas. Nessa
apresentam 169 metas a serem perspectiva, a necessidade de incorporar
alcançadas até 2030, que conversam tais elementos como proposta norteadora
com os pilares da sustentabilidade em prol das metas em território
e, consequentemente, são nacional tem se mostrado de suma
interdependentes e transitam pela importância para um desenvolvimento
erradicação da pobreza e da fome, brasileiro que envolva os brasileiros na
saúde e bem-estar, educação, construção de seus próprios territórios
3 Organização das Nações Unidas. de maneira resiliente e sustentável.
Transformando o nosso mundo: a agenda 2030
para o desenvolvimento sustentável. Resolução A/
RES/70/1 [internet]. Nova Iorque: UN; 2015. [Acesso
Os ODS que estão presentes nesta
em 2022 nov 6]. Disponível em: https://brasil.un.org/ agenda foram decididos por juventudes
sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf amazônidas participantes da imersão
20
do Projeto Rebujo4. Seis ODS foram Nesse cenário de devastação do bioma
destacados como prioritários na e da região, há também a degradação
construção de políticas públicas para da terra, da água, das matas, que
são recursos naturais fundamentais
juventudes amazônidas do Pará, sendo principalmente para a sobrevivência,
pensados a partir de suas principais refletindo na qualidade de vida e na
metas e adequações à realidade da segurança alimentar de todas as pessoas
Amazônia, demonstrando nos tópicos da Amazônia, do Brasil e do mundo,
intitulados como “Na prática” como mas especialmente dos povos da
transformar as ODS em ações em floresta e dos amazônidas em situação
programas, projetos e políticas públicas. de vulnerabilidade, que são quem
estão sentindo primeiro e com mais
Para a escolha intensidade os impactos do avanço da
dos ODS, foi crise climática no território amazônico.
considerada
como central O IPCC também projeta um aumento no
de discussão o número de eventos de chuvas extremas,
ODS-13: ação o que implica aumento na probabilidade
contra a mudança de enchentes e deslizamentos de terra. Os
global do clima, Estados do Acre, Rondônia, Pará e o sul
que prevê a adoção de medidas urgentes do Amazonas são citados como regiões
para combater a mudança climática e que sofrem com o aumento do risco de
seus impactos. No contexto amazônico, os inundações mais frequentes e extremas.
efeitos da emergência climática estão se
evidenciando, como apontou o 6º Relatório Diante dessa complexa e diversa
do Painel Intergovernamental de Mudanças realidade enfrentada pelas populações
Climáticas da ONU (IPCC)5, bem como ondas amazônidas, faz-se necessário que os
de calor, secas extremas, enchentes, perda ODS elaborados a partir de uma noção
de produtividade humana e agrícola, global sejam adequados à realidade local.
extinção de espécies, redução da capacidade Cada meta escolhida foi reelaborada
de trabalho, insegurança alimentar e a partir de discussões feitas pelas
deslocamentos humanos forçados. juventudes paraenses, com prazos
até 2030 para serem cumpridos.
4 Entre os dias 2 e 4 de novembro, a COJOVEM
realizou uma imersão presencial com jovens lideranças de
todo o Estado do Pará, para traçarmos juntos as principais No tópico a seguir, apresenta-se os
diretrizes e princípios para a elaboração e implementação ODS e suas metas globais sinalizadas
de políticas públicas que sejam realmente efetivas para
promover o Desenvolvimento Sustentável na nossa como essenciais para a efetivação dos
região, tendo como base os Objetivos do Desenvolvimento direitos das juventudes na realidade,
Sustentável (ODS) e os resultados das fases de
levantamento e pesquisa do Rebujo.
segundo os jovens participantes da
5 Resumo do Sexto Relatório de Avaliação do construção da presente Agenda, elaborada
IPCC. Disponível em: ihu.unisinos.br/categorias/617625- de juventudes para juventudes:
resumo-do-sexto-relatorio-de-avaliacao-do-ipcc
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2.3 Dobrar a produtividade agrícola sustentável e
a renda dos pequenos produtores de alimentos,
particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores
familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso
seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos,
conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades
de agregação de valor e de emprego não agrícola.

2.4 Garantir sistemas sustentáveis de produção de


alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes,
que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem
a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de
adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas
extremas, secas, inundações e outros desastres, e que
melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.

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Metas adequadas à realidade
da juventude paraense:
•deDestinar verbas do Pagamento
Serviço Ambiental (PSA)
para fortalecer juventudes,
Foram levantadas problemáticas acerca principalmente de territórios
da ausência total ou parcial de práticas rurais, a trabalharem no ramo
sustentáveis nas culturas alimentícias da bioeconomia, no Estado do Pará,
no Estado do Pará e da inclusão das garantindo a preservação e continuidade
juventudes na produção agrícola e na de práticas culturais que preservem o
aprendizagem de formas sustentáveis. meio ambiente e que constituem partes
identitárias de diferentes populações.
Faz-se necessário: formar os pequenos
produtores indígenas, quilombolas,
produtores familiares e demais produtores
•voltados
Desenvolvimento de projetos
para a democratização
sócio-excluídos no desenvolvimento de de saberes acerca de sistemas
Sistemas Agroflorestais (SAFs), garantir agroflorestais, monitoramento de
o acesso a informação de qualidade culturas alimentícias e sua importância
através de assistência técnica e confiança para mitigar os impactos da crise climática.
aos agricultores sobre sua produção
e a relação de impactos gerados pela
crise climática, assim como garantir
•voltados
Desenvolver projetos públicos
para o fortalecimento
mecanismos de crédito seguro e justo de capacidades locais para a
para a produção que devem ser geridos, gestão de empreendimentos e
preferencialmente, por mulheres. Estas ampliação da comercialização de
são metas a serem atingidas a fim de produtos da agricultura familiar.
mitigar as desigualdades existentes.

Na prática: ideias para implementar


•promovam
Fomento a mecanismos que
equidade de gênero
a meta através de projetos, políticas e aumento de oportunidades de
públicas e programas para as juventudes: acesso a crédito e assistência
técnica para desenvolver projetos,
programas e empreendimentos
para as juventudes em programas
Estaduais no ramo da bioeconomia.

23
3.8 Atingir a cobertura universal de saúde,
incluindo a proteção do risco financeiro,
o acesso a serviços de saúde essenciais
de qualidade e o acesso a medicamentos
e vacinas essenciais seguros, eficazes, de
qualidade e a preços acessíveis para todos.

Metas adequadas à realidade


da juventude paraense: •deAmpliação e desenvolvimento
programas e projetos
Foram destacadas as ausências de voltados para a saúde mental da
enfoque a redução de mortes e doenças população jovem considerando as
por produtos químicos, contaminação e especificidades de gênero e raça.
poluição, descentralização da saúde com
logísticas voltadas para os territórios
amazônidas, ausência de espaços de saúde
•deAmpliação e desenvolvimento
campanhas de conscientização
básica nos territórios, programas de saúde acerca das mortes ocasionadas
voltados às juventudes e a não fiscalização pela vulnerabilidade
dos órgãos públicos em regiões afastadas socioambiental e climática.
em relação aos grandes centros.

Faz-se necessário: fortalecer recursos


•deDesenvolvimento de projetos
educação em saúde nas
destinados a área da saúde, promover comunidades tradicionais do Pará,
planejamentos regionais pensados a partir promovendo uma maior inserção de
das realidades locais, elaborar programas profissionais da saúde pública em
para a saúde da juventude com inclusão áreas mais afastadas dos centros urbanos.
da saúde mental, fomentar projetos de
educação em saúde nas comunidades
indígenas e quilombolas, promover
•vacinais
Fortalecimentos de campanhas
com atenção às doenças
a cooperação internacional visando a endêmicas da Amazônia.
interação de profissionais da saúde com
foco de atuação em comunidades. •combatam
Aumento de campanhas que
a desinformação e a
Na prática: ideias para implementar propagação de fake news sobre
a meta através de projetos, políticas saúde e bem estar na Amazônia.
públicas e programas para as juventudes:

24
GARANTIR O ACESSO À
SAÚDE DE QUALIDADE
E PROMOVER O BEM-
ESTAR PARA TODOS,
EM TODAS AS IDADES

25
4.7 Garantir que todos os alunos adquiram
conhecimentos e habilidades necessárias para
promover o desenvolvimento sustentável,
inclusive, entre outros, por meio da educação
para o desenvolvimento sustentável e estilos de
vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade
de gênero, promoção de uma cultura de paz e
não violência, cidadania global e valorização da
diversidade cultural e da contribuição da cultura
para o desenvolvimento sustentável.

Metas adequadas à realidade Na prática: ideias para implementar


da juventude paraense: a meta através de projetos, políticas
públicas e programas para as juventudes:
As problemáticas a serem enfrentadas
no que compete a área da educação
perpassam pela precarização do
•lideranças
Ampliação da participação de
das comunidades em
ensino, ausência de contextualização elaborações de Projetos Políticos
e envolvimento das comunidades Pedagógicos (PPP) e materiais
tradicionais, falta de uma formação didáticos baseados nas realidades locais.
continuada e capacitação para professores,
falta de valorização de saberes ancestrais
e tradicionais e ausência da produção
•profissionais
Aumento de salários para
da educação e escolas
de materiais didáticos elaborados bem estruturadas em territórios
a partir da realidade do aluno. mais afastados dos centros urbanos.

Faz-se necessário: ampliar a participação


de lideranças das comunidades em
•estágio
Ampliação de programas de
e trabalho que possam
elaborações de materiais didáticos, construir incentivar o retorno de profissionais da
escolas dentro dos territórios, reformas educação para suas comunidades a fim
curriculares visando contextualizações, de fomentar a educação contextualizada.
incentivo a construção de Projetos
Políticos Pedagógicos (PPP) baseados
na realidade local, garantia em políticas
•pautados
Ampliar modelos escolares
na educação ambiental.
públicas para que profissionais da
educação possam atuar em seu território
e formação continuada do professor.

26
•paraAumento de projetos voltados
o fortalecimento de
•contextualizados
Aumento de projetos
voltados
capacidades técnicas das juventudes para a educação em cidadania
para o mercado de trabalho atrelado digital no Pará, visando a
a sociobioeconomia e demais mercados redução de crimes cibernéticos.
de trabalho que fomentem a floresta de pé.

•paraAumento de projetos voltados


a educação climática de
juventudes na Amazônia paraense.

27
6.2 Alcançar o acesso a saneamento e higiene
adequados e equitativos para todos, e acabar
com a defecação a céu aberto, com especial atenção
para as necessidades das mulheres e meninas e
daqueles em situação de vulnerabilidade.

6.3 Melhorar a qualidade da água, reduzindo


a poluição, eliminando despejo e minimizando
a liberação de produtos químicos e materiais
perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas
residuais não tratadas e aumentando substancialmente
a reciclagem e reutilização segura globalmente.

6.6 Proteger e restaurar ecossistemas


relacionados com a água, incluindo montanhas,
florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos.

Metas adequadas à realidade


da juventude paraense:

As problemáticas a serem enfrentadas qualidade de água, educação acerca


no que diz respeito a água e saneamento de saneamento básico e incentivo às
são as transmissões de doenças pesquisas de saneamento básico.
via consumo de água inadequada,
responsabilização das grandes indústrias Na prática: ideias para implementar
quanto ao uso eficiente da água, falta a meta através de projetos, políticas
de acesso e distribuição de água, públicas e programas para as juventudes:
construções irregulares em rios e
igarapés, uso crescente de agrotóxicos
e contaminação dos lençóis freáticos.
•como
Inserção da Educação ambiental
matéria obrigatória
em escolas públicas.
Faz-se necessário: recuperar e
criar espaços de lazer que envolvem
recursos hídricos, rios urbanos, garantir
•paraDescentralização do saneamento
o tratamento efetivo de águas
acesso a água potável em instituições residuárias em comunidades.
de ensino principalmente da primeira
infância, envolver a juventude na
gestão e fiscalização da qualidade de
•emAmpliação da coleta seletiva
comunidades ribeirinhas.
água, capacitar jovens para análise de
28
•comDesenvolvimento de projetos
soluções baseadas na natureza
•e Programas
Desenvolvimento de Projetos
para formação de
voltadas para o saneamento no Pará. juventudes visando a atuação
deste público como agentes
•funcionamento
Garantir o correto
de Estações de
socioambientais dentro dos
municípios paraenses, concedendo
tratamento de esgoto no Pará. bolsas e incentivando jovens no
caminho da educação e pesquisa
• Garantir a desativação de lixões. ambiental nos territórios.

•atreladas
Fomentar práticas de lazer
à conservação
do ecossistema.

29
10.2 Empoderar e promover a inclusão social,
econômica e política de todos, independentemente
da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem,
religião, condição econômica ou outra.

10.3 Garantir a igualdade de oportunidades


e reduzir as desigualdades de resultados,
inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e
práticas discriminatórias e da promoção de legislação,
políticas e ações adequadas a este respeito.

Metas adequadas a realidade


da juventude paraense:

No que diz respeito à redução das


desigualdades, as problemáticas
•promovam
Incentivo de práticas que
a cooperação
levantadas foram: a ausência de minorias multissetorial no processo de
de direito em espaços de decisão, falta construção de políticas públicas
de incentivo a diversidade nos espaços através de consulta prévia e demais
de elaboração de políticas públicas, o mecanismos participativos.
não acesso a processos seletivos, editais
e oportunidades, exclusão digital e a
baixa capacitação de mão de obra.
•emUsodesign
de metodologias baseadas
thinking para elaborar
projetos, programas, políticas e
Faz-se necessário: considerar demais proposições para a redução
aspectos da equidade na elaboração das desigualdades no Estado.
de políticas públicas, garantir o direito
à juventude, ampliar a inclusão digital
e acesso a informações seguras,
•juventudes
Criação de uma secretaria de
para desenvolver projetos,
elaborações de programas de acesso programas e demais propostas específicas
com especificidades territoriais, de para este público, visando a mitigação
gênero, raça, etnias e sexualidade. dos impactos da COVID-19 e da crise
climática nas juventudes do Estado.
Na prática: ideias para implementar
a meta através de projetos, políticas
públicas e programas para as juventudes:
•Estadual
Construção do Plano
de Juventudes e Meio
Ambiente do Estado do Pará.

30
•pessoas
Ampliar a participação de
LGBTQIAP+, populações
•bolsa
Ampliação de redes comunitárias,
internet e demais iniciativas
não brancas e juventudes nos que promovam a inclusão digital de
processos de discussão e tomada forma gratuita e segura por parte de
de decisão contextualizada. pessoas em situação de vulnerabilidade.

31
11.1 Garantir o acesso de todos à habitação
segura, adequada e a preço acessível, e aos
serviços básicos e urbanizar as favelas.

11.2 Proporcionar o acesso a sistemas de transporte


seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível
para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da
expansão dos transportes públicos, com especial atenção para
as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade,
mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos.

11.7 Proporcionar o acesso universal a espaços


públicos seguros, inclusivos, acessíveis e
verdes, particularmente para as mulheres e crianças,
pessoas idosas e pessoas com deficiência.

32
Metas adequadas a realidade
da juventude paraense:
•naAdoção de soluções baseadas
natureza para manutenção
de espaços urbanos.
No que diz respeito ao direito à cidade
com justiça ambiental, pontua-se como
problemáticas o enfraquecimento de
•aproveitamento
Elaboração de projetos que façam
das possibilidades
órgãos de fiscalização e de demarcação de mobilidade hidroviária do estado.
de territórios, a ausência de proteção e
defesa civil, a falta de reconhecimento do
desenvolvimento de espaços inclusivos ou
•deAmpliação da contratação
mulheres e jovens para
que rompam com o padrão e a inexistência pensar as cidades amazônicas.
de um projeto de acessibilidade
para pessoas com deficiência. •o desenvolvimento
Ampliação de inovações para
de cidades
Faz-se necessário: fortalecer amazônicas que possam considerar
órgãos de fiscalização de proteção dos os fatores ambientais e climáticos
territórios, reativar espaços e prédios das cidades como um fator-chave
em situação de abandono com utilização para o planejamento urbano.
para fins que atendam pessoas em
vulnerabilidade, garantia de mobilidade
de forma sustentável como valorização e
• Ampliação e construção de espaços
nas cidades voltados para a juventude.
aumento de ciclovias e vias hidroviárias.

Na prática: ideias para implementar


•intervenções
Ampliação e execução de
urbanas em bairros
a meta através de projetos, políticas desenvolvidos com e para moradores.
públicas e programas para as juventudes:
•espaços
Fortalecimento e ampliação de
•espaços
Ampliação da construção de
e cidades sensíveis ao
culturais, prevendo fomento
à economia local e criativa, assim como
gênero, idade, sexualidades e o fechamento de ruas para lazer.
pessoas com deficiências.
•denúncia
Estabelecer pontos de
• Ampliação e implementação
de novas ciclovias e incentivo
de violência contra a
mulher em supermercados e
a transportes sustentáveis, farmácias, visando a ampliação de
seguros e acessíveis. mecanismos e formas de denúncia.

•fiscalização
Fortalecimento de órgãos de
para promover cidades e
•deAmpliação e fortalecimento
abrigos para pessoas em
comunidades resilientes e sustentáveis. situação de vulnerabilidade.

33
34
3 Princípios e Diretrizes

Não há políticas públicas efetivas os valores e preceitos para a


para as juventudes quando não há formulação de estratégias eficazes
participação de jovens em espaços para a efetivação dos direitos das
de deliberação, que pensem a juventudes no Estado do Pará.
cidade e o campo também através
de suas realidades, identidades, Já as DIRETRIZES consistem nos
fazeres e saberes. Ademais, se faz caminhos e estratégias para essa
fundamental pautar e valorizar sustentabilidade e manutenção serem
os impactos ambientais como efetivas e que comportem as múltiplas
formuladores e transformadores realidades expostas pelas juventudes,
de vivências, visto que jovens sendo essas particularidades essenciais
pretos(as), LGBT+, mulheres, de para que se efetive políticas públicas
comunidades tradicionais e periféricos que de fato cheguem aos objetivos
são diretamente atingidos pelos de suas existências e eficácias.
processos de degradação ambiental,
sofrendo injustiças ambientais e o 3.1. Princípios
racismo ambiental - já que, mesmo as
juventudes não são as criadoras dos
desastres ambientais, estão sendo
↗ Reconhecimento de
juventude, território, do corpo-
impactados diretamente por eles. território e necessidades
específicas dessas juventudes;
Para líderes de movimentos de
juventudes que defendem as
várias esferas sociais, políticas e
•juventudes
Acompanhar as
amazônidas
culturais em seus territórios, faz-se e as compreender
pertinente identificar os PRINCÍPIOS inseridas em um
e DIRETRIZES que direcionam cenário de conflitos. Isso porque,
as políticas públicas eficazes para segundo o Fórum Brasileiro de
jovens no Estado do Pará. Segurança Pública6, as mortes
violentas de jovens na Amazônia
Os PRINCÍPIOS que norteiam esta Legal é 34,3% maior que a média
Agenda consistem na base para o brasileira, dado o qual se expande
sistema de construção de políticas
públicas; isto é, determinaram 6 Disponível em: https://
forumseguranca.org.br/
35
ao classificar as violências, desde Levar em consideração esse princípio
latrocínio, até o estupro. Sendo é poder conciliar a realidade violenta
assim, a Amazônia é um território dos territórios, educação popular e
de conflito que consequentemente a cultura regional com as políticas
vulnerabiliza as juventudes. públicas de fomento aos processos que
levem essa manutenção como base
Além disso, o corpo-território é o conceito de projetos e programas, para que se
pelo qual destaca como a exploração de perpetuem atividades que contribuam
territórios implica violenta e diretamente para a manutenção da identidade dessas
nos corpos que os habitam. Em outras comunidades - a forma de educar, os
palavras, é materializar de forma exemplos a serem usados, a cultuação de
política as problemáticas sociais que ritos, de narrativas, etc. - principalmente
atravessam os corpos das comunidades das juventudes, visto que preservar
da região amazônica, que vão desde a identidade cultural desses jovens é
o tráfico de drogas, aos garimpos garantir a continuidade de suas existências
ilegais, até o fluxo de tráfico humano e de suas vozes nesses territórios.
ocorrentes de forma estrutural.

Outra exposição neste princípio são as


↗ Bem-viver
integral das
formas de educação trabalhadas nas juventudes, com
comunidades da Amazônia paraense. acesso à saúde
As juventudes demandam uma e à segurança
educação popular que contemplem as
particularidades e identidades de suas Como princípio-base de sustentabilidade
realidades. Isto é, a construção da cultura das juventudes, isto é, de buscar equilíbrio
e da educação precisam de uma atenção entre o suprimento das necessidades
prioritária na formulação de políticas desses jovens e a preservação dos
públicas, visto que as juventudes dessas recursos naturais nos territórios em
comunidades acabam por perder seus que vivem, não comprometendo as
vínculos culturais com a expansão do próximas gerações. É assegurar a saúde
fomento de culturas globalizantes. e a segurança aos líderes dessa categoria,
a saúde e a segurança das juventudes,
Esses processos trazem grande risco de especialmente tendo em vista que
perda de cultura local e, consequentemente, muitos desses jovens residem em regiões
de práticas de preservação e conservação periféricas, desprovidas de bens básicos
socioambientais. Tal qual a educação básica, para o bem-estar social, desde a saúde
que em muitos momentos encontra o seu pública, aos postos de segurança civil.
direcionamento em currículos externos
à realidade de comunidades, perdendo Este cenário se intensifica devido aos
a essência do ensino-aprendizagem conflitos socioambientais ocorridos no
de jovens dentro de seus contextos. cenário amazônico supracitado. Bem como
36
possibilitar a prevenção de problemáticas emancipação e ressignificação de seus
ao corpo físico, do que o próprio ambiente saberes e fazeres, que constituem suas
degradado pela industrialização em zonas identidades e dar a eles essa possibilidade.
de apropriação de produtos naturais
produz para os habitantes dessas É garantir que sua existência também
regiões, e os assassinatos de corpos de é importante, e poder manter suas
juventudes pela defesa de seus territórios. tradições, ou até mesmo resgatá-las, é um
A não segurança da sustentabilidade das pressuposto para mantê-los vivos e sadios
juventudes, seja na preservação do meio para conquistar a independência, liberdade
ambiente, ou pela segurança das vidas e segurança de seus corpos-territórios
em perigo, é não levar em consideração as
necessidades de promoção do bem-viver
com saúde e segurança de qualidade,
↗ Prioridade
de pautas
constituindo o quadro de violência por socioambientais
qual perpassa, os impedindo de um e atenção às
cenário de liberdade e bem-estar social. consequências das
mudanças climáticas;
↗ Regeneração
do processo Ter atenção às consequências inevitáveis
de garantias das mudanças climáticas na Amazônia,
de direitos e especialmente nas em zonas periféricas, é
participação cidadã fundamental para atender às juventudes
na construção que sofrem diariamente com os processos
política dos advindos do desenvolvimento social
territórios; e espacial das grandes cidades. Essas
medidas de contenção aos danos graves
Aqui observa-se que para as juventudes do racismo ambiental (HERCULANO e
é um princípio importante a garantia de PACHECO, 2006)7, devem estar amparadas
direitos através da participação direta em uma preocupação prioritária de
e deliberativa dessas juventudes em que as mudanças climáticas afetam as
espaços de decisão. Além disso, faz com juventudes, principalmente as mulheres.
que se promova o fomento de suas
iniciativas para que possam, de forma Essa reflexão será feita para investir
autônoma, promover a sustentabilidade na educação ambiental e de proteção
de jovens dentro dos territórios. em desastres motivados por
interferência humana no ecossistema de
Para esse princípio, destaca-se a comunidades do campo e da cidade.
independência desses territórios diante
dos seus processos de existência
social, conferindo a eles o investimento 7 HERCULANO, Selene; PACHECO, Tania. Racismo
necessário para que consigam a ambiental, o que é isso. Rio de Janeiro: Projeto Brasil
Sustentável e Democrático: FASE, 2006.
37
Preservar o meio ambiente e mitigar os
impactos das mudanças climáticas também
↗ Urbanização
e moradia
significa valorizar o saber ancestral das responsáveis,
comunidades no contexto das pautas resilientes e
climáticas, isto é, promover e garantir sustentáveis
com políticas públicas o conhecimento
dos povos que sobrevivem há décadas Levar em consideração a construção
aos problemas ambientais causados por de cidades resilientes e sustentáveis
processos de colonização permanente, é promover a qualidade de vida de
que causam degradam a existência dos juventudes, que sejam incentivadas a
povos tradicionais e seus territórios. vivenciar uma urbanização que priorize
o bem-estar social, com medidas
↗ Fortalecer
a cidadania das
sustentáveis diretamente ligadas ao
combate a degradação ambiental,
juventudes para visão e também de espaços urbanos que
crítica e valorizar seu possam ser utilizados para o lazer.
conhecimento acerca
da justiça social, Fomentar e investir na participação de
racial e climática juventudes em espaços de deliberação no
que concerne aos projetos urbanísticos
Reconhecer os jovens que conciliam de contenção das problemáticas que
suas vivências com os acontecimentos grande parte dos jovens enfrentam ao
sociais, que envolvam a sobreposição usufruir da cidade por meio dos seus
das problemáticas da intolerância transportes públicos e particulares, das
racial, da diferenciação de classes e dos suas obrigações laborais e estudantis,
processos em escala do clima, implicando do lazer, etc. Tornar a cidade e o campo
diretamente no seu dia-a-dia. Fazendo espaços responsáveis ambientalmente,
com que compreendam a relação das restituidores na degradação e sustentáveis
suas realidades com as problemáticas. para a continuidade da vida.

Este princípio norteia o que convém


reconhecer como promover a
↗ Identidades
de gênero e
inteligibilidade das juventudes e como as múltiplas
a sobreposição de opressões os afetam sexualidades
diretamente. Assim, os colocando
à responsabilidade de cobrar pelos Se faz primordial para a formulação de
direitos, bem como entendendo seus políticas públicas para as juventudes,
deveres na sociedade em que vivem, reconhecer a influência das identidades
os relacionando com a construção de gênero e das sexualidades para a
de Políticas Públicas através das sua sobrevivência. Isto é, compreender
necessidades de suas realidades. as necessidades que causam a
38
independência financeira precoce, Investir financeiramente no cultivo da
ausência de moradia, problemas cultura e tradição, com a orientação
psicossomáticos, entre outros fatores de implementação de projetos
que o auto reconhecimento de gênero que visem a educação a partir dos
e sexual pode ter como consequência territórios, da transmutação de
severa para os que transgridem as princípios dessas comunidades, sejam
realidades padrões de seus lares. do campo, sejam da cidade, com
base nacional curricular. Assim, dar
O preconceito estrutural contra autonomia para que essas comunidades
orientações que se afastam da lógica resistam diante suas atividades
cis-heteronormativa, por vezes, impedem tradicionais de educação popular.
o desenvolvimento, o sustento e o
mantimento de jovens em suas escolas, Para tanto, orienta-se, mediante
universidades, trabalhos, ciclos sociais inquietação dessas juventudes, uma
e familiares. Fomentar e resguardar o educação, que seja sobretudo, ambiental
talento profissional e artístico dessas e cultural, diante as múltiplas relações
juventudes é essencial para que consigam que essas juventudes tem com seus
manter a sua existência com qualidade. solos, ares, águas, faunas e floras,
que são diretamente atingidas pelo
3.2. Diretrizes desenvolvimento social e espacial imposto
por grandes projetos na Amazônia. Que
Esses PRINCÍPIOS levam para as seguintes possam ser incentivados a identificar
DIRETRIZES apontadas pelas lideranças essas problemáticas e encontrar meios
de juventudes pelo Pará, no intuito de de dirimir as consequências danosas
montar planos de políticas públicas ao meio ambiente e sobre os seus.
baseadas nas necessidades e valores
dessas juventudes na Amazônia: ↗ Protagonismo
Político Deliberativo
↗ Educação Para as lideranças
Para as juventudes, e mobilizadores de
faz-se pertinente juventudes pelo Estado do Pará, políticas
a conciliação da públicas devem ter como prioridade o
educação construída protagonismo de jovens em espaços
em espaços hegemônicos com os saberes políticos deliberativos. Visto que dados
de comunidades tradicionais e também da pesquisa Fala, Juventudes (2022),
o cultivo de uma educação popular (em fase de pré-publicação)8, apontam
das cidades. Dessa forma, as políticas
públicas precisam usar como estratégia 8 A pesquisa Fala, Juventudes do Pará
consiste em dados quantitativos e qualitativos
o investimento em uma educação básica acerca da caracterização das juventudes
forte capaz de preparar esses jovens paraenses, sua localização socioespacial e suas
demandas e posicionamentos políticos.
39
que majoritariamente a relação de remuneradas se torna um desgaste de
jovens e política se dá mediante o potenciais das juventudes no Pará.
incentivo desses jovens em períodos
eleitorais, sendo essa massa mobilizada Nesse sentido, na medida em que
para a captação de votos. Entretanto, coloca-se a renda para juventudes
ao se tratar da participação efetiva, somente com meios somente com
construtiva e deliberativa nesses meios que não permitam reais meios
espaços, não há o mesmo incentivo. para o desenvolvimento pessoal,
profissional e socioeconômico dos
Desse modo, colocar as juventudes jovens, segundo os objetivos de cada
como vozes e votos, essencialmente em um em sua própria trajetória, tal
debates que tenham como finalidade a qual o programa jovem aprendiz.
manutenção e sustentabilidades desses
jovens através de políticas públicas. Isto é com trabalhos terciários, sem que
sejam dadas reais oportunidades para
Sendo assim, toma-se como estratégia o protagonismo dessa comunidade
o fortalecimento do Conselho Estadual em outras esferas laborais, bem como
de Juventudes, bem como reconhecer a articulação e projeção de arquiteturas
espaços de discussões deliberativas diversas de desenvolvimento urbano
acerca da pluralidade de corpos- e social a partir das suas qualidades
territórios, estimulando uma autonomia e a arte individual e coletiva dos
política mediante incentivo público. grupos que se apresentam enquanto
jovens produtores de espaço.
↗ Renda A partir disso, entende-se que
Pensar estrategicamente para obter essas qualidades, é
o que significa manter a necessário investimento e fomento da
existência de juventudes profissionalização e especialização das
com qualidade de juventudes, partindo de suas principais
vida e promovendo a maior promoção necessidades, para as diversas formas
e desenvolvimento de suas qualidades de produção de lucro, que não somente
profissionais no modo de produção a mão de obra barata e precarizada.
capitalista norteia essa diretriz.
Dessa maneira, políticas públicas
A renda para as juventudes também devem também ser orientadas pelo
se configura como uma estratégia progresso de mecanismos de recursos
essencial para a construção de políticas que fomentem e protagonizam jovens,
eficazes e que almejam resultados dando o suporte necessário para que
eficientes para as realidades amazônicas. aperfeiçoem suas habilidades, seus
A falta de oportunidade, de empregos talentos e sejam capazes de alcançar
e demais ocupações coerentemente sua realização pessoal e profissional.
40
Valorizar e investir nas juventudes de culturas alimentícias e demais
é também incentivar a liderança, nuances que compõem a bioeconomia
a criatividade, o protagonismo, a no Estado do Pará. Sendo um
proatividade, o coletivismo, a mobilização direcionamento fomentar tecnologias
e a inclinação para inovação científica que possam transmitir a transparência
no Estado do Pará e na Amazônia. de como e o quanto esses fenômenos,
motivados por interferência antrópica
↗ Meio Ambiente no espaço, estão se dando no Pará.

Não há como dissociar Dessa maneira, as diretrizes que


os impactos ambientais atravessam o meio ambiente, foram de
negativos com a pauta prioritária para as juventudes,
sobrevivência de jovens que corroboram para o fomento de
na Amazônia. Quanto espaços estaduais deliberativos acerca
maior os impactos ambientais de natureza do ambiente, clima e sociedade, tendo
negativa, menor são as chances de jovens compondo as esferas de voz e voto.
sobrevivência das juventudes amazônidas,
as quais, em sua maioria, encontram- Isto é, fóruns, encontros, simpósios e
se em um cenário de vulnerabilidades sessões municipais e estaduais que
e incertezas socioeconômicas discutam e passem
e ambientais, principalmente a nortear ações
com o advento da COVID-19. de mitigação de

Esta é uma realidade da Amazônia,


principalmente de comunidades
tradicionais e periféricas. Sendo
assim,se faz pertinente que as
políticas públicas estejam
norteadas a partir de diretrizes
que tenham como estratégia
o monitoramento de riscos
ambientais e desenhos de
cidades e assentamentos
que possam considerar
os impactos climáticos a
longo prazo nos diversos
territórios do Estado.

Além disso, a degradação


do meio ambiente pode
prejudicar a manutenção
41
problemáticas ambientais, que envolvem Nesse contexto, para superar os
crise climática, racismo ambiental com a obstáculos apresentados e assegurar
justiça climática, racial e ambiental, pelo os direitos das juventudes no Estado
direito à cidade e ao campo com qualidade do Pará, os caminhos de princípios e
e sem o medo constante de desastres diretrizes traçados pelas juventudes
que dizimaram suas populações. amazônidas nesse território são:

Se dará assim mediante a descentralização • Pautar e valorizar os impactos


da governança climática e ambiental, tendo ambientais como formuladores e
jovens nesses espaços como produtores transformadores de vivências, visto que
também de intervenção no processo de jovens pretos(as), lgbt+, mulheres, de
desenvolvimento social e espacial, que comunidades tradicionais e periféricos são
são as motivações de implementação de diretamente atingidos pelos processos de
atividades que põe em risco suas vidas. degradação ambiental, sofrendo injustiças
ambientais e o racismo ambiental.
Se direciona também o compromisso
com as agendas climáticas produzidas • Criar de esferas políticas que cuidem
por coletivos jovens, de mulheres, de desses processos contando com a
comunidades, no que tange à contenção participação da juventude, não somente
da violência causada pela falta dessas voz na hora de angariar votos, mas
e desses corpos nos espaços de decisão. também no momento de tomada de
decisão e de movimentação política.
3.3 Em Síntese
• Fornecer incentivo financeiro e
Portanto, faz-se pertinente a criação de oportunidades de crescimento
de esferas políticas que cuidem desses formativo, valorizando os saberes
processos contando com a participação das juventudes de comunidades
da juventude, não somente na hora tradicionais e periféricas, bem como às
de angariar votos, mas também no proporcionando o profissionalismo e a
momento de tomada de decisão e de autonomia financeira, política e social.
movimentação política. Somado a isso, o
incentivo financeiro e de oportunidades
de crescimento formativo, valorizando os
saberes das juventudes de comunidades
tradicionais e periféricas, bem como
às proporcionando o profissionalismo
e a autonomia financeira, política
e social. Esses são os caminhos de
princípios e diretrizes traçados pelas
juventudes amazônidas do Pará.

42
43
4 O que os dados nos
dizem: pesquisa ‘Fala
Juventudes do Pará’

A pesquisa Fala Juventudes Levando em consideração dados das


do Pará tem como objetivo o juventudes evidenciados pela pesquisa,
entendimento do cenário de os tópicos a seguir norteiam as evidências
participação cidadã e desafios das a serem levadas em consideração para
juventudes do Estado do Pará que elaboração de políticas públicas, projetos
subsidiaram a construção desta e programas para esta população.
agenda, baseada em evidências
e sustentada por amplo processo
de diálogo e articulação social
↘ Participação cidadã
da juventude: desafios
na Amazônia paraense. e oportunidades

O público-alvo da pesquisa são A ampliação da presença do jovem na


juventudes paraenses de 15 a 35 anos, esfera pública encontra desafios nas
que foram convidadas a responder duas pontas do processo. Se por um
um formulário online composto 38 lado é necessário modificar a estrutura
perguntas, que esteve disponível das instituições para que elas se tornem
nos dias 5 à 30 de agosto de 2022 e mais abertas para ouvir as demandas
contou com o total de 388 respostas. dos jovens, por outro é igualmente
fundamental fazer a juventude se
interessar por política e criar
uma cultura de participação9.

9 BAHIA, A. M. F. Participação do jovem é


desafio para aprofundar democracia. Observatório da
Sociedade Civil. 2015. Disponível em: observatoriosc.org.
br/participacao-do-jovem-e-desafio-para-aprofundar-
democracia. Acesso: 03 out. 2022.
44
Figura 2: Gráfico - Desafios da Participação Cidadã
40,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
Falta de tempo Falta de dinheiro Falta de conhecimento Falta de contato com Vergonha de
para transporte das ações organizações e espaços falar em público
de participação

Fonte: Pesquisa Fala, Juventudes. 2022.

Para acessar a efetiva participação cidadã, empecilho para as juventudes, revelando


as juventudes paraenses apontam o distanciamento de organizações e
desafios que envolvem questões instituições para com a efetivação da
estruturais como falta de tempo, a qual democratização da participação política.
emerge de um cenário de vulnerabilidade
- acentuado pela pandemia da Ainda, encontra-se a vergonha para
COVID-19 - em que juventudes falar em público como uma dificuldade
precisam dividir seu tempo entre de participação, a qual levanta o seguinte
estudo, trabalho - incluindo informais, questionamento: Será que a vergonha de
autônomos e trabalhos domésticos falar em público deriva da timidez, ou é
- além de fatores como distância entre uma expressão de restrição socialmente
os centros e espaços decisórios. construídas, profundamente enraizadas,
contra a fala numa cultura de dominação?
Outro ponto é a falta de dinheiro A participação cidadã, enquanto direito,
para transporte, a qual pode ser permanece sendo privilégio de poucos.
mitigada pela garantia de acesso a
mecanismos de crédito, assistência para Os apontamentos das necessidades e
a participação cidadã dessas juventudes ausências enfrentadas pela juventude
na construção democrática do Estado paraense conversam com as estruturas
e ampliação dos meios de mobilidade de organização das representações
urbana como transportes ativos. institucionais já existentes. Portanto, há
caminhos direcionados a distintos órgãos
Ademais, a falta de acesso à estaduais, como as secretarias, importantes
informação sobre formas de espaços de discussão que se somam aos
participação também segue como um debates reivindicados pela juventude.
45
Esse cenário se alia também à falta de incentivo às juventudes para que
adentrem esses locais, conforme demonstra o quadro a seguir:

Figura 3: Gráfico - Formas de Incentivo


aos Jovens na Participação Política
Opinar em projetos de leis, consultas públicas e matérias legislativas
através dos portais digitais oficiais do governo

Participar de reuniões de Orçamento Participativo (OP)


do Estado e/ou de municípios

Conhecer e participar de Conselhos temáticos da cidade

Participar de editais, projetos e programas do Estado

Participar de conferências, fóruns, audiências públicas e


demais instâncias de representatividade cidadã

Acompanhar sessões de transparência ou sessões legislativas

Participar de audiências públicas


Pouco incentivado
Muito incentivado Votar nas eleições
Incentivo razoável
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Fonte: Pesquisa Fala, Juventudes. 2022.

O principal meio incentivado à participação desenvolvidas no Estado do Pará,


da juventude se dá em votar nas partindo do princípio do que entendem
eleições, limitando a juventude a se por necessidades sociais vivenciadas pela
movimentar em momentos pontuais, própria juventude nesses territórios.
estagnado em local de mobilizado e não
elaborador e determinante político. A preocupação dos participantes da
pesquisa quanto ao investimento
↘ Investir na Amazônia é… nas populações amazônidas se
expressa dentro das esferas do meio
Pelas metodologias traçadas pela pesquisa ambiente, das desigualdades sociais, da
Fala, Juventudes do Pará 2022, pode-se educação, saúde e saneamento básico,
compreender como as juventudes estão direitos das populações indígenas,
sentindo e se envolvendo ativamente quilombolas e extrativistas…
(ou não) com as políticas públicas
46
Figura 4: Gráfico - “De 1 a 5, considerando 1 menos
importante e 5 o mais importante, você considera
que investir nas populações amazônidas é...”

5 4 3 2 1

Investir em fiscalização ambiental

Investir em políticas públicas para o meio ambiente

Investir em mecanismos departicipação cidadã

Investir em internet de qualidade


e com preços acessíveis

Investir no desenvolvimento sustentável

Investir no direito das populações indígenas,


quilombolas e extrativistas

Investir em redução das desigualdades sociais

Investir em meio ambiente e resiliência climática

Investir em educação, ciência e tecnologia

Investir em saúde e saneamento

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

Fonte: Pesquisa Fala, Juventudes. 2022.

Pensar na preocupação das juventudes saúde e saneamento são,


quanto aos investimentos necessários para jovens, a construção base
nas áreas elencadas, expõe a construção de um desenvolvimento mais
de uma agenda social equivalente às sustentável e realista quanto a
demandas reais expostas. Investimento vivência espacial, social, política
em educação, ciência, tecnologia, e cultural em seus territórios.
47
Figura 5: Gráfico - “Se você fosse governador
do Pará, quais seriam suas ações nos
100 primeiros dias de governo?”

Criaria um plano de fortalecimento da educação

Criaria um plano em prol da preservação do meio ambiente

Investiria em ações de combate a fome

Criaria um plano de recuperação econômica

Criaria um plano de fortalecimento dos direitos das juventudes

Fortaleceria o direito à água e saneamento


Investiria em ciência, tecnologia e inovação
Fortaleceria os direitos das populações indígenas, quilombolas
e demais comunidades tradicionais
Criaria um plano estadual de defesa e fortalecimento dos direitos humanos no Pará
Fortaleceria o direito à terra
Não sei

Fortaleceria a classe trabalhadora

Fortaleceria a segurança e o policiamento

Faria um plano de geração de emprego e renda

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Figura 6: Gráfico - Opinião: “Pensando


no futuro das juventudes, quais são as
três ações prioritárias para instituições
públicas e privadas ajudarem jovens a lidar
com efeitos da pandemia considerando
questões relativas a trabalho e renda?”
Renda emergencial para famílias
em situação de vulnerabilidade

Ampliação de empregos formais

Mecanismos de crédito e acesso


a capital para juventudes

Inserção de grupos minoritários


no mercado de trabalho

Empregabilidade dentro de
negócios verdes

Empregabilidade dentro de
negócios tradicionais

Empregabilidade nas áreas rurais

Outros

00,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

48
↘ Renda e suporte financeiro ↘ Educação de qualidade
A atuação política não depende Acerca dessa demanda, 67,5% das
somente da vontade, de consciência juventudes participantes da pesquisa
política, mas de projetos direcionados afirmaram que a área da Educação, Ciência
a construir possibilidades e e Tecnologia deve ser priorizada por
oportunidades para atuação política candidatos, em seus planos de governo.
plena, prevendo mecanismos de crédito
e acesso ao capital para as mesmas Dessa maneira, compreende-se que
materializarem as mudanças que a população jovem demanda uma
gostariam de ver em seus territórios. necessidade no que concerne ao processo
educacional de suas esferas, priorizando
Uma juventude precarizada, em situação não somente empregabilidade, mas
de vulnerabilidade, desvincula-se dos uma formação de qualidade nos âmbitos
caminhos de intervenção na realidade. de ensino, pesquisa e aplicabilidade de
Assim é essencial a implementação de tecnologias eficazes no desenvolvimento
projetos de financiamento à formação de social - seja urbano, seja rural.
lideranças em seus territórios e programas
de ampliação da participação da juventude
com subsídio aos participantes.

Figura 7: Gráfico - Opinião: “Pensando no futuro


das juventudes, quais são as duas ações
prioritárias para instituições públicas e privadas
ajudarem jovens a lidar com efeitos da pandemia
considerando questões relativas à educação?”
Oportunidades de bolsas e financiamento estudantil

Acesso à internet

Oferta de cursos de qualificação profissional

Fortalecer as escolas no campo/ rurais

Incentivo, financiamento ou fomento de projetos das juventudes

Fortalecer a cultura local através de centros comunitários,


bibliotecas públicas
Oferta de projetos de formação e desenvolvimento
de competências empreendedoras

Ações para jovens elaborarem ou retomarem projetos de vida

Outras
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

49
↘ Inclusão digital e
conectividade
de falar em público, de transtorno de
ansiedade social, conforme aponta
Marinho (2018), ou de, simplesmente,
A exclusão digital é também um fator sentimento de não reconhecimento
limitante de acesso a informações da sua realidade e pertencimento.
seguras e aos debates democráticos
no âmbito de políticas públicas e Considerar as especificidades de cada
processos de tomadas de decisão, juventude rompe com limitantes de
limitando a juventude do Pará em suas exclusão das pautas, que gera uma
articulações, movimentos e atuações discussão polarizada modificando a
políticas por falta de conhecimento forma de compressão das questões
das ações de participação cidadã. sociais que envolvem as juventudes.
Com esses pontos, é importante
No contexto atual, o uso da Internet é citar que o desenvolvimento local
uma das principais ferramentas para deve, portanto, estar centrado nas
promover ou viabilizar a participação pessoas e na ampliação do seu bem-
cidadã, conforme aponta Almeida (2015), estar, entendido como aumento do
que cita “a inclusão digital é meio para o escopo das escolhas, da capacidade e,
exercício, por exemplo, da manifestação sobretudo, da liberdade de escolher.
do pensamento, de participação política
ou ainda como condição de exercício
da cidadania em tempos de redes
↘ Acolhimento e Saúde Mental
sociais e aplicativos de celular”. Para além desses desafios, foram apontados
também a falta de apoio familiar, medo
↘ Empoderamento e
representatividade
ou receio de violências políticas e sociais,
sensação de não fazer a diferença ou
descrença com o futuro, preocupação com
Em muitos espaços de discussão assédio e racismo, burocracias, dentre outros
e desenvolvimento de ações, a motivos que interferem na participação
participação acaba sendo direcionada cidadã dessa juventude. O levantamento dos
por grupos que redirecionam as problemas que afetam os jovens, meios de
decisões sem, necessariamente, serem mitigação desses problemas bem como o
o público-alvo dela, convidando o conhecimento da realidade em que vivem,
público para uma participação por podem constituir instrumentos eficazes na
representação e não validativa. elaboração e execução das ações políticas.

Além disso, a timidez também se


expressa, se associando a uma questão
de insegurança, retração, desconforto
e desejo de não se expor, evitando
as situações sociais - dentre elas a
50
↘ Participação Cidadã
das Juventudes
de Riscos Globais10 do World Economic
Forum sobre o futuro do planeta.

Por fim, incentivar a participação cidadã Sendo assim, entende-se que promover
das juventudes é essencial para a espaços e incentivar a participação
construção democrática de qualquer cidadã das juventudes é importante não
sociedade, assim como é essencial na só para o fortalecimento e expansão
perspectiva socioeconômica e ambiental do multissetorialismo no Brasil, mas
frente ao contingente de juventudes. É também como uma das medidas
importante salientar que a desmobilização necessárias de todos os governos e
de juventudes é um dos riscos demais instituições que possuem qualquer
elencados pela 17ª Edição do Relatório compromisso com o futuro do Brasil.

Figura 8: Gráfico - Opinião: “Pensando no


futuro das juventudes, quais são as três
ações prioritárias para instituições públicas e
privadas ajudarem jovens a lidar com efeitos
da pandemia considerando questões relativas
à participação cidadã das juventudes?”

Fortalecer espaços de educação

Espaços de esporte e lazer

Criação de redes comunitárias de internet


(promovem o acesso gratuito ou a baixo custo à internet)

Criação de telecentros (centros comunitários


com acesso à internet)

Redução de burocracias nos espaços de participação

Bibliotecas públicas

Divulgação de espaços de participação

Fortalecimento e acesso aos centros comunitários

Outras

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

10 World Economic Forum. 17th Edition. ISBN: 978-2-940631-09-4. 2022. Disponível em: www.zurich.com.br/-/
media/project/zwp/brazil/docs/the-global-risks-report-2022.pdf acessado em: 08/02/2023
51
↘ Conclusão - próximos passos,
o que estamos esperando
pelas instituições governamentais
e pela população que os reivindica,
alguns caminhos devem ser tidos como
As elaborações, discussões e propostas essenciais, tal qual a efetivação da presente
apresentadas e defendidas aqui Agenda política com direcionamentos
passaram por processos de construção socioambientais, com disposição mútua
coletiva desde a coleta científica de entre gestão pública, iniciativa privada
dados primários visando compreender e terceiro setor para a cooperação no
quem são, o que pensam e o que enfrentamento das barreiras limitantes no
projetam as juventudes paraenses até a que concerne aos processos burocráticos
elaboração do relatório e imersão com institucionais, no sentido de democratizar
representantes de territórios urbanos, os espaços de decisão, assim coletivizando
rurais, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. as elaborações e tomadas de decisão.

As discussões destacam como se traduzem Esta Agenda apresenta-se também


na realidade os dados evidenciados, enquanto demonstração da potência de
as ausências mapeadas em políticas mobilização e ação perante a realidade que
públicas, e a elaboração e aplicação a juventude carrega. Espera-se dos gestores
de projetos voltados à intervenção. e setores mobilizados em contato com as
discussões e proposições que atentem-
Sintetizando o que pensam e o que se à evidente urgência de materialização
querem as juventudes paraenses, esta das propostas, abertura de espaços de
Agenda propõe direcionamentos que diálogo e garantia de atuação democrática
evidenciem a necessidade de protagonismo para com os setores da juventude.
político das juventudes nos espaços de
elaboração e decisão de políticas públicas, Espera-se, assim, que gestores e
a partir do fortalecimento de discussões, elaboradores de políticas públicas no Estado
de ações de mitigação dos efeitos da do Pará possam levar em consideração
crise climática e das multicrises que são os caminhos e estratégias traçadas
acentuadas para os sujeitos de grupos aqui com o objetivo de serem, de fato,
socialmente vulneráveis - seja por gênero, eficazes e eficientes na promoção de
raça, etnia, sexualidade ou território uma juventude com direitos garantidos
dentro das pluralidades amazônidas,
Com estes objetivos em foco, busca-se das orientações expostas pelas jovens
materializar as proposições, projetos e ações lideranças, e por um conjunto de jovens
em parcerias com instituições públicas referenciados pelas pesquisas científicas.
e privadas, fortalecendo as lideranças Em outras palavras, que se considere
juvenis em atuação nos seus territórios e e se efetive a materialização desta
nos espaços políticos institucionais. Para Agenda por uma juventude que tenha,
alcançar objetivos de ampliação e acesso através das políticas públicas, qualidade
aos direitos, que são compartilhados de existência em seus territórios.
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Glossário
Cis-heteronomatividade: ideologia Corpo-território: consiste na reflexão
segundo a qual existe apenas uma de que os corpos das pessoas que lutam
identidade de gênero (modo pelo qual o por pautas sociais e pela defesa de seus
indivíduo reconhece o seu próprio gênero) territórios também é constantemente
e uma orientação sexual (norma pela qual ameaçado nesses contextos e que, por
a pessoa se atrai afetiva e sexualmente) isso, também precisam ser defendidos. Em
“corretas”, ou seja, que devem ser outras palavras, trata-se de perceber que
socialmente aceitas. Segundo a cis- nós fazemos parte desses territórios.
heteronormatividade, todas as pessoas
teriam a identidade cis (gênero biológico Juventude: nesta Agenda, adotamos
compatível com o gênero pelo qual se o conceito de juventude tardia, isto é,
reconhecem) e orientação heterossexual consideramos juventude como o grupo de
(atração por pessoas do sexo oposto). pessoas com idades entre 15 e 35 anos.

Comunidade: conjunto de pessoas Mudanças Climáticas: é o fenômeno de


que habitam o mesmo lugar e que tem alteração dos padrões climáticos a longo prazo.
interesses em comum, compartilhando Esse é um processo natural, mas que vem
a mesma cultura e história. sendo acelerado devido às ações humanas,
ameaçando o funcionamento dos ecossistemas
Comunidades tradicionais: grupos - que não estão tendo tempo de se adaptar
culturalmente diferenciados e que se a essas alterações - e colocando em risco as
reconhecem como tais, que possuem formas e modo de vida que conhecemos.
formas próprias de organização
social, que ocupam e usam territórios Programas: conjunto de projetos. Sendo
e recursos naturais como condição assim, esta agenda apresenta caminhos
para sua reprodução cultural, social, possíveis para o desenvolvimento desta
religiosa, ancestral e econômica, camada no processo de construção
utilizando conhecimentos, inovações de juventudes amazônidas, a partir
e práticas gerados e transmitidos das suas particularidades.
pela tradição. Nesse sentido, são
comunidades tradicionais os povos Projetos: energia de pessoas e serviços
indígenas, quilombolas e ribeirinhos. voltada para um produto específico que
desenvolva um objetivo elencado.

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Protagonismo: é a capacidade de se
reconhecer e de efetivamente ser agente de
mudanças na realidade em que se está inserido.

Racismo e Injustiça Ambiental: consiste na


constatação de que os impactos negativos da
degradação do meio ambiente - que podem
estar refletidos na falta de acesso à comida, à
água potável, à saúde, à infraestrutura urbana,
etc - atingem primeiro e com mais intensidade
grupos específicos da sociedade, os quais
já são vulnerabilizados de alguma forma.

Território: para os fins desta Agenda,


entende-se por território como uma
delimitação espacial com características
socioeconômicas próprias onde uma
comunidade tem suas vivências. Por isso, em
muitos momentos falamos em territórios
paraenses (no plural), considerando que o
Estado do Pará é vasto e que teremos múltiplas
e diferentes realidades dentro do Pará.

Território tradicional: é o território em que


as comunidades tradicionais vivem e cultivam
suas tradições e aos quais os povos tradicionais
têm direito originário, em decorrência da
ocupação tradicional - caracterizada pela
habitação em caráter permanente, pelo
desenvolvimento de atividades de caráter
produtivo, pela preservação ambiental e pela
reprodução física e cultural, segundo seus
usos, costumes e tradições daquele povo.

55
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Referências

ALMEIDA, L. G. A Inclusão digital como and climate change. Nature, v. 595,


direito fundamental não expresso. n. 7867, p. 388–393, 15 jul. 2021.
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direito-teses-dissertacoes-defendidas/ infoamazonia.org/2022/07/29/luciana-gatti-
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GATTI, L. V. et al. Amazonia as a carbon pdf acessado em: 08/02/2023
source linked to deforestation
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Expediente
Realização
Instituto COJOVEM - Cooperação da Juventude Amazônida
para o Desenvolvimento Sustentável

Equipe executiva
Aryane Parra
Karla Giovanna Gonçalves de Souza Braga
Maria Clara Gurjão
Mattheus Oliveira Silva
Natália Moraes
Thaís Nazaré Ferreira Gouveia

Coordenação de pesquisa
Karla Giovanna Gonçalves de Souza Braga

Pesquisa
Joyce Grasielle Chaves Fonseca
Karla Giovanna Gonçalves de Souza Braga
Ligia da Paz de Souza
Pedro Israel Mota Pinto
Raquel de Jesus Freitas

Textos
Joyce Grasielle Chaves Fonseca
Karla Giovanna Gonçalves de Souza Braga
Ligia da Paz de Souza
Pedro Israel Mota Pinto
Raquel de Jesus Freitas

Revisão
Thaís Nazaré Ferreira Gouveia

Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustrações


Renata Segtowick

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Realização:

Cooperação da Juventude Amazônica


pelo Desenvolvimento Sustentável

Apoio:

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