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Unidade 5 - Sinais distintivos do empresário e colidência entre eles

1 - Nome empresarial (arts. 1.155 a 1.168 CC/2002): Designação que serve para
identificar o empresário pessoa física ou jurídica. IN DREI 81/2020. O nome empresarial
atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará, quando assim exigir
a lei, o tipo jurídico adotado.

Em decorrência da adoção do sistema da veracidade ou da autenticidade das firmas,


se sócio morre ou deixa de ser sócio: pelo princípio da autenticidade, em regra, deve-
se excluir o nome dele. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. O
adquirente de estabelecimento pode manter o nome antigo, desde que precedido do
seu nome, com a qualificação de sucessor.

- Espécies: firma/razão ou denominação social. A firma ou razão pode ser individual ou


social. A firma ou razão individual é o nome empresarial da pessoa física que exerce
sozinha a atividade empresarial. Ela é constituída pelo nome civil, de forma completa ou
abreviada (regras de abreviação estão na IN DREI 81/2020). Já a firma ou razão social
é o nome empresarial das pessoas jurídicas que exercem atividade empresária. A
denominação é formada com quaisquer palavras da língua nacional ou estrangeira,
sendo facultada a indicação do objeto.

Atenção: O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de


inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial (8
primeiros dígitos), seguido da partícula identificadora do tipo societário ou jurídico,
quando exigida por lei. Não será possível a adoção do CNPJ, como nome empresarial,
para sociedade de economia mista, consórcios, sociedade simples de crédito, grupos
de sociedade.

É vedado o registro do nome empresarial:


I - idêntico a outro já registrado na mesma Junta Comercial;
II - que contiver palavras ou expressões que sejam atentatórias à moral e aos bons
costumes;
III - que incluam ou reproduzam, em sua composição, siglas ou denominações de
órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta ou de organismos
internacionais, exceto quando for razoável presumir-se que, pelos demais termos
contidos no nome, não causará confusão ou dúvida;
IV - com palavras ou expressões que denotem atividade não prevista no objeto; ou
V - que traga designação de porte ao seu final.

- Critérios para verificação da existência de identidade ou semelhança entre


nomes:

Observado o princípio da novidade, a Junta Comercial não arquivará atos com nome
empresarial idêntico a outro já registrado. Considera-se idêntico o nome empresarial
que tenha exatamente a mesma composição daquele anteriormente registrado na
mesma Junta Comercial. Considera-se semelhante o nome empresarial que tenha
distinção em relação a apenas algum ou alguns caracteres, mas que não resulte em
diferença significativa quanto à grafia ou à pronúncia. O critério para análise de
identidade entre firmas ou denominações será aferido considerando-se os nomes
empresariais por inteiro, desconsiderando-se apenas as expressões relativas ao tipo
jurídico adotado, de modo que, apenas, haverá identidade se os nomes forem
homógrafos. Se o nome empresarial for idêntico a outro já registrado, deverá ser
modificado ou acrescido de designação que o distinga.
Caso seja arquivado ato com nome empresarial semelhante a outro já registrado, o
interessado poderá questionar, a qualquer tempo, por meio de recurso ao Departamento
Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI).

Não caberá às Juntas Comerciais verificar a existência ou não de colidência entre


nome empresarial e marca registrada ou entre nome empresarial e denominações
registradas em outros órgãos de registro.

- Proteção ao nome empresarial:

A proteção ao nome empresarial decorre, automaticamente, do ato de registro e


circunscreve-se à unidade federativa da jurisdição da Junta Comercial que o tiver
procedido. A proteção ao nome empresarial na jurisdição de outra Junta Comercial
decorre, automaticamente, da abertura de filial nela registrada ou do arquivamento de
pedido específico, instruído com certidão expedida pela Junta Comercial da sede da
empresa interessada. Arquivado o pedido de proteção ao nome empresarial, deverá ser
expedida comunicação do fato à Junta Comercial da unidade federativa onde estiver
localizada a sede do empresário individual, da EIRELI, da sociedade empresária ou da
cooperativa. Ocorrendo o arquivamento de alteração de nome empresarial na Junta
Comercial da sede do empresário individual, da EIRELI, da sociedade empresária ou da
cooperativa, cabe ao interessado promover, nas Juntas Comerciais das outras unidades
da federação em que haja proteção do nome empresarial arquivada, a modificação da
proteção existente mediante pedido específico, instruído com certidão expedida pela
Junta Comercial da sede ou outro documento que comprove a alteração do nome
empresarial.

No caso de transferência de sede de empresário individual, sociedade empresária ou


cooperativa com sede em outra unidade federativa, havendo identidade entre nomes
empresariais, a Junta Comercial não procederá ao arquivamento do ato, salvo se o
interessado arquivar na Junta Comercial da unidade federativa de destino,
concomitantemente, ato de modificação de seu nome empresarial.

A proteção ao nome empresarial está prevista, inclusive, na CB/88, em seu art. 5º, inciso
XXIX, que assim estabelece:

Art. 5º. [...]


XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País

Nomes nas sociedades: a) sociedade em nome coletivo: firma social; b) sociedade em


comandita simples: só firma ou razão social, sócios de responsabilidade ilimitada são
pessoas físicas e devem constar do nome; c) sociedade em comandita por ações: firma
ou razão social. Pode também adotar denominação social, seguida da expressão
“comandita por ações”. d) sociedade anônima: só denominação social, acrescida da
expressão “S/A” ou “Cia”, por extenso ou abreviada, vedada a utilização desta última no
final; e) sociedade limitada: razão social ou firma (desde que sócio pessoa física) +
expressão “limitada”, por extenso ou abreviada. Denominação social + expressão
“limitada”, por extenso ou abreviada, facultada a indicação do objeto; f) cooperativas: só
denominação social + a expressão “cooperativa”.

A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação.


2 - Título de estabelecimento: Trata-se de outra categoria de sinal distintivo. É a
designação que o empresário empresta ao estabelecimento onde desenvolve a
atividade. O título de estabelecimento, por si só, não é passível de registro, a não ser
que coincida com a mesma expressão linguística da marca, hipótese em que esta será
registrada.
A despeito da ausência de registro, o título de estabelecimento é protegido pela Lei de
Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96), arts. 195, inciso V, e art. 209.
3 - Marca: sinal distintivo, visualmente perceptível. Registrada no INPI. Identifica o
produto ou o serviço. Proteção no âmbito nacional, mas, como regra, restrita ao
segmento do produto ou serviço (princípio da especificidade). A marca de alto renome
tem proteção em todos os ramos de atividade. O direito de utilização exclusiva da marca
extingue-se em 10 anos, podendo ser prorrogado por iguais períodos. No caso do nome
empresarial, enquanto o empresário/pessoa jurídica empresária estiver em
funcionamento, a proteção ao nome vigora, sem necessidade de pedido de prorrogação
da proteção.
4 - Título de domínio:

De acordo com Marlon Tomazette (Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito
societário, v. 1. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017. p. 233):

“[...] os nomes de domínio que servem para localizar geograficamente os sites da


Internet. O nome de domínio representa, então, uma forma amigável e mnemônica do
endereço do IP. (FONTES, Marcos Rolim Fernandes. Nomes de domínio no Brasil:
natureza, regime jurídico e solução de conflitos. São Paulo: Quartier Latin, 2006, p. 93).
O sistema dos nomes de domínio (Domain Name System – DNS) é “uma estrutura de
identificação hierárquica que foi designada para garantir que cada nome seja
globalmente único e que corresponda a um valor numérico distinto”. (KAMINSKI, Omar.
Conflito sobre nomes de domínio: a experiência com o judiciário brasileiro. In: LEMOS,
Ronaldo e WAISBERG, Ivo (Org.). Conflitos sobre nomes de domínio e outras questões
jurídicas da Internet. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 244). Em outras
palavras, o sistema dos nomes de domínio simplifica e facilita o acesso aos sites da
Internet, facilitando a navegação. Ele representa, em última instância, um tipo de sinal
distintivo próprio, não se confundindo com nomes empresariais, nomes de fantasia ou
marcas. No Brasil, os nomes de domínio eram registrados, atribuídos e mantidos na
rede eletrônica pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), por delegação do Comitê Gestor Internet no Brasil. Hoje tais atribuições
foram delegadas ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), por
força da Resolução 001/05 do Comitê. A verificação do registro de um nome de domínio
pode ser feita no site <www.registro.br>.

O registro de um nome de domínio disponível será concedido ao primeiro requerente


que satisfizer, quando do requerimento, as exigências para o registro do mesmo, nos
termos da Resolução 002/05 do Comitê Gestor Internet no Brasil.

A mesma resolução exige que o requerente declare-se ciente de que não poderá ser
escolhido nome que desrespeite a legislação em vigor, que induza terceiros a erro, que
viole direitos de terceiros, que represente conceitos predefinidos na rede Internet, que
represente palavras de baixo calão ou abusivas, que simbolize siglas de Estados,
Ministérios, dentre outras vedações, mas atribui toda responsabilidade pela escolha do
nome ao requerente”.
Verificar: www.nic.br. No Brasil prevalece o princípio: First Come, First Served.

5 – Colidência entre sinais distintivos: Para verificação de colidência, é preciso


analisar os seguintes aspectos: anterioridade, especificidade, âmbito territorial de
proteção, confusão com os consumidores/clientes.

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