feliz no trabalho. Depende somente de você! Izabela Mioto
Sim, é possível ser feliz no trabalho. Depende somente de você! 1
Segunda-feira: ao acordar pela manhã com o toque do despertador, qual é o seu sentimen- to? Qual significado o trabalho tem na sua vida? Ou, como pergunta meu querido amigo Wellington Nogueira, fundador dos Doutores da Alegria no Brasil: “Você tem conseguido se divertir enquanto trabalha?”
Se as respostas a essas perguntas não forem
positivas, saiba que você não está sozinho. Uma pesquisa realizada pela revista Você S/A em agosto de 2014 com 3.254 profissionais de todos os níveis, revelou que mais de 72% das pessoas se declaram desmotivadas no traba- lho. Sendo mais específica, a pesquisa apon- tou que, desses 72,4%, 53,3% se posicionaram como parcialmente desmotivados, 29% como altamente desmotivados e os 17,7% restantes, totalmente desmotivados.
Em 2014, a Harvard Business Review publi- contentamento de forma contraproducente.
cou um artigo intitulado “Liderança do Oce- O Gallup estima que esta parcela de 20%, que ano Azul”. Ele apresentou uma pesquisa do representa as pessoas altamente desmoti- Gallup, indicando que apenas 30% dos fun- vadas, custa cerca de meio trilhão de dóla- cionários aplicam produtivamente seu talen- res para a economia americana. Esse dado to e energia para promover o progresso das demonstra que, para as empresas, o prejuízo empresas em que trabalham; que 50% das em ter pessoas desmotivadas é enorme. Mas, pessoas simplesmente “passam seu tempo e para as pessoas que nelas trabalham, quais na empresa”; e que 20% mostram seu des- são as perdas?
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Posso afirmar que o prejuízo pessoal não tem sido pequeno. Como consultora que presta serviços para várias empresas nacionais e multinacionais, não é raro observar pessoas adoecendo por conta da relação que estabele- cem com o trabalho. Depressão, síndrome do pânico, algumas somatizações – estas têm sido situações recorrentes. Os motivos para esse adoecimento têm várias origens como, por exemplo: não gostar do que faz; proble- mas de relacionamento interpessoal, seja com membros da equipe ou com a liderança; fal- ta de sentido ou mesmo propósito em relação àquilo que a pessoa faz, dentre outros.
Wellington Nogueira, já citado no início deste
artigo, é uma das pessoas que tem se dedica- do genuinamente a entender um pouco mais das relações que as pessoas estabelecem com o trabalho e, recorrentemente, diz em suas pa- lestras que “precisamos ressignificar a nossa relação com o trabalho, pois só assim conse- guiremos ressignificar a nossa relação com a vida. Afinal de contas, onde a maioria de nós passará a maior parte de seu tempo?”
Você já parou para refletir sobre o signi-
ficado que o trabalho tem na sua vida e qual a relação que você escolheu esta- belecer com ele?
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O que podemos aprender com o “palhaço”? trado a sua profissão, aquilo que o faria feliz e que o ajudaria a realizar seu propósito pessoal Uma das pessoas que mais admiro, pela coe- todos os dias. Ao voltar para o Brasil, Welling- rência entre aquilo que diz e pratica, e um dos ton fundou os Doutores da Alegria, uma ONG exemplos de alguém que conseguiu fazer a re- que tem transformado a relação que pais, flexão proposta acima e mudou radicalmente profissionais de saúde, e principalmente as os rumos de sua carreira, é Wellington Noguei- crianças têm estabelecido com a doença. ra. Ainda jovem, depois de ter lecionado inglês aqui no Brasil, partiu para a Broadway – como O palhaço procura se conectar com o lado ele mesmo diz, “a caminho de se tornar um saudável da criança. Ao brincar e interagir superstar”. Andando pelas ruas de Nova York, com ela, potencializa-se a vida, gerando leu a seguinte pergunta em um botom de uma saúde e aumentando, assim, as chances pessoa que por ali passava: “Você se diverte de cura. E é exatamente isso que podemos enquanto trabalha?”. Esta frase lhe causou aprender com esse palhaço besteirologista certo incômodo e o fez refletir. – a importância de nos conectarmos com o nosso lado saudável! Dias depois, ainda em Nova York, uma amiga o convidou para fazer um teste para ser palha- Essa conexão permite que estejamos bem ço em hospitais, com o objetivo de interagir e conosco mesmos, e entendo que essa é a pre- levar alegria para as crianças que estavam in- missa para que possamos ter uma boa relação ternadas em UTIs. A princípio, a ideia pareceu com os outros. Estar feliz no trabalho e gos- um tanto estranha, mas ele pensou: “deixa eu tar do que faz é uma questão de grande rele- ver primeiro e julgar depois”. E foi assim, no vância. Portanto, sugiro que você dedique um sorriso de uma criança, que ele diz ter encon- tempo para refletir sobre isso.
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Seguem algumas perguntas que talvez o auxi- liem nessa reflexão:
Qual o seu propósito de
vida? Seu trabalho o ajuda a realizar esse propósito? Muitos teóricos têm se motivado a estudar e pesquisar mais sobre a importância de enten- der melhor seu propósito de vida.
Outro artigo, também da Harvard Business
Review (agosto de 2014) intitulado “Do propó- sito ao impacto”, traz a seguinte frase de Mark Twain: “Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que você descobre para quê.” O artigo enfatiza que, nos últimos cinco anos, houve um cres- cente interesse pela liderança com propósito. Com relação a esta afirmação, entendo que a liderança mais desafiadora seja “liderar a si mesmo”, saber li- dar com e gerenciar as próprias emoções. Por isso, conhecer seu propósito é uma forma de empregar adequadamente sua energia.
O artigo cita que especialistas em negócios
sustentam a tese de que o propósito é a chave para o desempenho profissional, e nós, psicó- logos, sabemos o quanto ele é importante para a melhoria do bem-estar.
Diante desse contexto, procure responder: O
que é importante para você? O que você faz que o deixa com uma sensação de felicidade e plenitude? Você tem conseguido essa pleni- tude nas ações que realiza em seu trabalho?
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Você tem conseguido se divertir enquanto trabalha?
Antes de responder a esta questão, você já pa-
rou para pensar na origem da palavra traba- lho? De acordo com o dicionário etimológico, a palavra trabalho origina-se do vocábulo lati- no tripaliu, denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (paliu). Não estou querendo dizer que não existirão Desse modo, “trabalhar”, em sua raiz, significa adversidades, ainda mais com o nível de pres- ser torturado no tripaliu. são por resultados que muitos profissionais têm sofrido atualmente. A questão é que, ao Infelizmente, algumas pessoas ainda sentem fazer as escolhas adequadas, você potencia- o peso dessa origem e é possível observar esse liza as chances de superar os momentos de aspecto na relação que estabelecem com o adversidade. trabalho. Mas a boa notícia é que não é preci- so ter esse tipo de relação. Trabalhar pode ser Muitas vezes, você não conseguirá mudar o prazeroso e divertido, desde que você faça as seu ambiente de trabalho; mas as escolhas escolhas certas. Escolher fazer algo que vai ao sobre como vai lidar com as situações locais encontro daquilo que você faz bem, que o im- e com as adversidades farão toda a diferen- pulsiona de fato, aquilo que o ajuda a realizar ça para que o ambiente se torne mais leve e o seu propósito, faz toda a diferença! saudável.
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“Você tem oportunidade de fazer todos os dias aquilo que faz de melhor?”
No livro “Descubra seus Pontos Fortes”, os au-
tores Clifton e Buckingham descrevem uma pesquisa que realizaram pelo Instituto Gallup. Nela, perguntaram a 198 mil funcionários que trabalhavam em 7.939 unidades de negócios de 36 companhias: Em seu trabalho, você tem a oportunidade de fazer todos os dias o que faz de melhor?
Ao tabularem as respostas, comparando-as
com o desempenho das unidades, os autores descobriram que:
• Quando os funcionários respondiam afir-
mativamente, tinham 50% mais chances de trabalhar em um setor com menor rota- tividade de pessoal; • 38% mais chances de atuar em unidades mais produtivas; • 44% mais chances de trabalhar em um segmento com melhores índices de satis- fação dos clientes
Conseguiram observar também, que com o
passar do tempo, as unidades de negócio em que houve um aumento de respostas afirma- tivas tiveram um crescimento proporcional em produtividade, fidelidade de clientes e re- tenção dos funcionários. Um alto ganho para as organizações, mas também para as pesso- as que têm a oportunidade de fazer algo com- patível com seu talento.
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Para auxiliar na identificação dos seus talentos, sugiro a leitura de “Descubra seus pontos fortes”. Faça o teste que ele traz, para que possa descobrir seus cinco talentos dominantes. Os autores iden- tificaram 34 áreas de atuação (talentos), com base em uma pesquisa com mais de 2 milhões de pes- soas. Ao realizar o teste, você poderá identificar quais são os seus e como aprimorá-los. Os autores ainda propõem que as organizações deem mais atenção aos pontos fortes de seus funcionários, deixando em segundo plano os pontos a desen- volver.
Para complementar, sugiro que você faça o teste
“Âncoras de Carreira”, do renomado autor Edgar Schein – ele certamente o ajudará a ter bons insi- ghts! Confesso que quando realizei esse teste, foi o impulso que precisava para tomar a importante decisão de ter a minha própria empresa.
Eu desejo que a sua relação com o trabalho seja
cada vez melhor, que você possa se divertir, em- pregar seus reais talentos e, principalmente, que consiga realizar o seu propósito de vida. Muito provavelmente, o efeito de tudo isso será sucesso e felicidade!
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impacto. Agosto de 2014. HARVARD BUSINESS REVIEW. A liderança do Oceano Azul. 2014.
• REVISTA VOCÊ RH. Edição de agosto, 2014.
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Izabela Mioto Izabela Mioto. Sócia-diretora da Arquitetura RH. Mestre em Psicologia pela UNESP/Assis. Pós-graduada em Administração de Recur- sos Humanos pela FAAP. Coach pelo Institute Coaching Integrated (ICI), reconhecido pelo ICF. Professora nos cursos MBAs em Gestão de Negócios e Finanças da FIA. Professora nos cursos de Pós-graduação da FAAP/SP. Membro do Conselho Diretor dos Doutores da Alegria. Coautora do livro “Ser mais com Coaching e Ser mais com T&D”, da Editora Ser Mais. Palestrante do maior Congresso de Treinamento e Desenvolvimento da América Latina – CBTD.
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