Este relatório descreve uma visita de campo realizada por alunos de ecologia política ao Morro da Formiga no Rio de Janeiro. O relatório detalha a paisagem e as diferenças socioeconômicas observadas na comunidade. Os alunos conheceram projetos comunitários como hortas e sistemas de gestão de água estabelecidos pelos moradores para suprir as necessidades básicas da comunidade. O relatório reflete sobre como a falta de eficiência do Estado levou a comunidade a se tornar quase independente na provisão de serviços.
Descrição original:
Relatório sobre trabalho de campo realizado no morro da formiga, Tijuca, RJ. Debruçasse sob a perspectiva ecológica-política problematizando a ação do Estado e sua própria figura na vida dos cidadãos marginalizados nas tão famosas favelas cariocas.
Este relatório descreve uma visita de campo realizada por alunos de ecologia política ao Morro da Formiga no Rio de Janeiro. O relatório detalha a paisagem e as diferenças socioeconômicas observadas na comunidade. Os alunos conheceram projetos comunitários como hortas e sistemas de gestão de água estabelecidos pelos moradores para suprir as necessidades básicas da comunidade. O relatório reflete sobre como a falta de eficiência do Estado levou a comunidade a se tornar quase independente na provisão de serviços.
Este relatório descreve uma visita de campo realizada por alunos de ecologia política ao Morro da Formiga no Rio de Janeiro. O relatório detalha a paisagem e as diferenças socioeconômicas observadas na comunidade. Os alunos conheceram projetos comunitários como hortas e sistemas de gestão de água estabelecidos pelos moradores para suprir as necessidades básicas da comunidade. O relatório reflete sobre como a falta de eficiência do Estado levou a comunidade a se tornar quase independente na provisão de serviços.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE(FEBF-UERJ)
ALUNO: LEONARDO DA SILVA COSTA/ GRADUAÇÃO: GEOGRAFIA
DISCIPLINA: ECOLOGIA POLÍTICA 1/ TURNO: NOITE PROFESSOR RESPONSÁVEL: FELIPE TAVARES
RELATÓRIO ANALÍTICO A RESPEITO DO TRABALHO DE CAMPO
NO MORRO DA FORMIGA (17/12/2022).
17 de dezembro de 2022,as 8:00 horas de um dia que se inicia nublado, os alunos
dos turnos da manhã e noite da disciplina de ecologia política se encontram na avenida Conde de Bonfim, uma das principais artérias do bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, na altura da rua Medeiros Pássaro (altura de numero 800) que dá acesso ao objeto de estudo deste trabalho de campo, o Morro da Formiga. Em meio a inúmeros prédios na avenida principal, adentrar por aquela rua foi quase como passar por um portal entre o urbano e o “natural”, pois já chegando no local é possível ouvir o barulho da cascata em harmonia com o canto estridente das maritacas. Mas para além da mudança ecológica da paisagem vista ao subir por aquela rua, notava-se também uma extrema diferenciação socioespacial gradativa, já não haviam mais prédios e lojas de departamento, o asfalto dali certamente era muito mais antigo que o da avenida principal e as casas para além de humildes, não passavam dos 20m. Seguindo o roteiro do campo,aproximadamente as 8:30, e um pouco mais acima no morro, nos encontramos com o Sr. Orlando liderança na horta do morro da formiga do projeto Hortas Cariocas, um programa da secretaria municipal de conservação e meio ambiente criado em 2006 no intuito de diminuir a insegurança alimentar de famílias carentes, além de gerar empregos e renda para que a comunidade possa se sustentar de forma digna. Possui hortas presentes em 29 comunidades e 27 escolas da rede municipal do estado do Rio de Janeiro. De forma muito educada e solicita , Sr Orlando nos falou da importância do projeto para a comunidade do morro da formiga e de como suas praticas ecológicas e métodos de plantio eram elogiados e eficientes, sem de forma alguma danificar a natureza. A comunidade coexiste com a mata atlântica de uma maneira surreal, e o senhor Orlando nos contou sobre a limpeza voluntaria que ele próprio realizou no Rio cascata, afluente do rio Maracanã, que chega até a encosta do morro Sumaré (Parque Nacional da Tijuca), ele fez questão de falar que os moradores tinham sim sua parcela de responsabilidade pela poluição tanto do rio, quanto da natureza em si; a pergunta que me fiz, lembrando-me da diferenciação que vi ao subir pela rua foi: Será que se o Estado fosse eficiente na forma de coletar e lidar com o lixo produzido, e ainda, se preocupasse com o lixo produzido nas favelas, haveria tanta poluição no rio do morro da formiga? Sendo ainda mais profundo, se o Estado como um todo fosse mais eficiente no desempenho de suas funções, ainda haveriam problemas assim? Tal pergunta idealista me seria esclarecida mais a frente naquele dia com um choque de realidade material, e por uma personalidade que já se encontrava na horta de Sr. Orlando, a Dona Nanci Rosa, agente pública de saúde e líder comunitária. Conversando ali mesmo na horta com Dona Nanci, descubro que sua família estava diretamente ligada a historia da comunidade, o nome de sua irmã, Nilza Rosa, foi inclusive dado ao centro municipal de saúde do Morro da Formiga. A aproximadamente 10:00 horas, saímos da horta comunitária para caminharmos um pouco pela comunidade acompanhados por Dona Nanci, que nos mostrou centros culturais, lojas de roupa, arte urbana, a praça da bíblia e a quadra de esportes onde algumas crianças de kimono se preparavam para um treino de jiu-jitsu, nessa quadra enquanto recuperávamos o folego da subida, a Dona Nanci falava sobre a importância de tais espaços na vida dessas crianças e da comunidade em si, neste momento aproveitamos para perguntar assuntos de interesse a ela. Visto que da quadra era possível ver a UPP (unidade de policia pacificadora), logo a perguntei sobre como a foi a recepção da comunidade a esse projeto do Estado, Dona Nanci me diz que a unidade foi recebida de bom grado pela população local, que se sentiam de fato mais seguros, mas que como praticamente todas as UPP’s, foi sucateada e praticamente abandonada com o tempo. Subindo mais o morro, e já passando da área da policia, nos foi recomendado por Dona Nanci que não tirássemos mais fotos do local, pois a partir dali e em um novo choque de materialismo, o Estado já não operava, e sim o poder paralelo da maior facção criminosa do Rio de Janeiro, ainda assim, era perceptível que a principal força atuante não era do Estado e nem do Estado Paralelo a este, e sim de uma força comunitária ativa e de historia intrínseca à região e comunidade. Caminhando um pouco mais por uma paisagem linda que misturava o urbano a floresta da Tijuca, chegamos a uma mina d'água estruturada pelos moradores, nesse momento, minha duvida inicial foi respondida, o Estado não atua de forma eficiente no desempenho de suas funções, pesquisando ali mesmo pelo celular sobre as minas d'água do Morro da Formiga, fiquei sabendo sobre as sociedades de água. Um dos projetos de sustentabilidade mais antigos de manejo comunitário dos recursos hídricos, Estabelecidos por moradores muito antes da prefeitura prover um sistema para a comunidade, as sociedades de água geriam as nascentes encontradas em vários locais no morro. Apesar de a CEDAE agora abastecer água na comunidade. A água da CEDAE é encanada das ruas até uma cisterna localizada dentro da floresta e acima da favela. Lá, a água é tratada com cloro para remover bactérias, mas há relatos de que os moradores do Morro da Formiga preferem a água natural e cada uma das sociedades de gestão de água gera uma nascente. As sociedades de água da comunidade estabeleceram cisternas para que a água de cada nascente fosse enviada diretamente para a casa dos membros por meio do seu próprio encanamento. Os membros são proibidos de encanar suas águas para outras casas. Sistemas de água como a unidade Boa Vista, construída em 1949, e a unidade de São Jorge, 1964, vem provendo água para a comunidade por mais de meio século. As unidades ainda funcionam hoje e cada uma fornece água para aproximadamente 20 casas.
Além das sociedades de água, os moradores do Morro da Formiga organizam e
implementam projetos sustentáveis como grupos de coletores de livros e equipes de reflorestamento para melhorar o bem estar social e ambiental de sua comunidade. Tocando nesse ponto é importante lembrar também que a própria comunidade se une em mutirão de reflorestamento desde a década de 80, pois nessa época houve um desabamento ocasionado por chuvas que acabou por matar 6 pessoas.
Segundo a Prefeitura, a cidade do Rio tem cerca de 18 mil moradias em áreas de
alto risco em 117 comunidades. Em 2011, mais de 900 pessoas morreram em deslizamentos na Serra Fluminense, cerca de 100 km distante da capital, na maior tragédia ambiental do país. Com o reflorestamento das encostas dos morros cariocas, tais acidentes são evitados naturalmente.
Na descida, enquanto contemplava as belezas da mata atlântica e a cascata do
Morro da Formiga, pude pensar sobre como o poder publico chegava para aquela e para outras comunidades, sobre como os indicadores socioeconômicos vistos no decorrer do trabalho de campo poderiam separar aquela comunidade da natureza caso não houvesse uma forte liderança comunitária empenhada e engajada nas causas ecopolíticas. O estado até se mostra presente na comunidade do Morro da Formiga, mas a ineficiência e falta de comunicação com os locais ocasiona praticamente na independência total da comunidade perante a sociedade. Por isso estuda-se e fala-se hoje em dia sobre Ecologia Politica, pois separar o urbano do natural já se mostrou mais que obsoleto e o bem estar social de comunidades inteiras dependem de politicas publicas eficientes no âmbito sociológico e ecológico. Fonte extra de conhecimento: