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UFMT-UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FAMEV-FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA


CURSO DE AGRONOMIA

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Marcos Ferreira da Costa – ENGº AGRÔNOMO – UFMT/AGOSTO 2009

Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos

O aumento da população mundial exige da agricultura cada vez mais


eficiência e competitividade. À medida que as áreas cultivadas foram se
tornando maiores, a quantidade de produtos químicos utilizada no controle de
pragas e doenças foi aumentando.

Entretanto, devem ser considerados os efeitos da produção, formulação,


transporte, manuseio, armazenamento e aplicação dos agroquímicos agrícolas
sobre o meio ambiente, visto serem a maioria deles poluidores ou
contaminantes ambientais, quando mal manejados.3

O emprego de agroquímicos apresenta dois pontos cruciais para o


ambiente: eles são biocidas e alguns muitos persistentes, podendo ser
transportados para outros locais por água e vento, por exemplo, e também
acumular na cadeia alimentar.3

As ciências diretamente relacionadas, Entomologia, Fitopatologia,


Matologia, Acarologia, Nematologia, etc., fornecem as informações necessárias
para se lançar mão das diferentes formas de controle do problema
fitossanitário. Uma vez optado pelo controle químico, em época correta de seu
uso, cabe ao processo de aplicação garantir que o controle seja efetuado com
eficiência, economia e segurança.3

Muito se tem escrito sobre os agroquímicos disponíveis, seus efeitos nas


pragas, doenças e nos organismos que não são
o alvo, porém pouco sobre como devem ser aplicados de forma segura e
correta. 1

A falta de treinamento das pessoas envolvidas na aplicação desses


produtos e o desconhecimento da ação dos mesmos sobre o organismo
humano e sobre o ambiente têm resultado no aumento dos riscos à saúde
humana, bem como na agressão ao meio ambiente.

A aplicação de agroquímicos quando feita de maneira errada sempre é


sinônimo de prejuízo, além de gerar desperdício, pode causar resistência e
aumentar os riscos de contaminação de pessoas e do ambiente.2

1
Até 70% dos produtos pulverizados nas lavouras podem ser perdidos
por má aplicação, escorrimento e deriva descontrolada.2

A aplicação de agroquímicos é multidisciplinar, vai além do homem que


opera o pulverizador, envolve agrônomos, biólogos, químicos, economistas,
engenheiros, médicos e físicos. 1

Conceitos básicos
Ao final desse módulo você será capaz de:

*Entender a finalidade da aplicação de agroquímicos

2
*Definir e entender os principais conceitos utilizados na tecnologia de
aplicação
*Entender características das gotas pulverizadas como diâmetro,
espectro e densidade

A aplicação eficiente tem como finalidade a colocação do produto no


alvo para que o mesmo atue com a esperada eficácia.

A determinação da dosagem e dos procedimentos operacionais está


diretamente relacionada com a economia.

Finalmente a proteção dos aplicadores, dos consumidores dos produtos


produzidos na área tratada e do próprio ambiente está intrinsecamente ligados
à segurança.

O objetivo de toda aplicação de agroquímicos para o controle de pragas,


doenças e plantas infestantes é cobrir o alvo com a máxima eficiência e o
mínimo esforço.

A primeira fase, essencial em todo o processo, é a identificação do alvo


biológico, sendo este um dos aspectos mais negligenciados das operações de
aplicações de agroquímicos.

Além da indefinição do “alvo biológico”, ou seja, do exato local onde


deverá ser aplicado o produto químico, os agricultores em geral se defrontam,
com frequência, com vários problemas que dizem respeito à tecnologia de
aplicação de agroquímicos. Escolha de pontas, determinação de volume de
pulverização, seleção adequada do equipamento, calibração e manutenção são
dúvidas frequentes no campo.

Alguns conceitos básicos são importantes para um melhor entendimento da


tecnologia de aplicação. São eles:

• Vazão
• Pressão
• Volume de pulverização
• Dose
• Faixa de deposição
• Diâmetro de gota
• Densidade de gota
• Espectro de gotas
• Deriva

Veremos a seguir cada um desses itens detalhadamente.

Vazão

3
Vazão: quantidade, em volume, por unidade de tempo.

Em hidráulica ou em mecânica dos fluidos, define-se por vazão, o


volume por unidade de tempo, que se escoa através de determinada seção
transversal de um conduto livre (canal, rio ou tubulação com pressão
atmosférica) ou de um conduto forçado (tubulação com pressão positiva ou
negativa). Isto significa que a vazão é a rapidez com a qual um volume escoa.4

É o volume de determinado fluido que passa por uma determinada


seção de um conduto por uma unidade de tempo.

Na aplicação de agroquímicos a unidade usualmente adotada é litros por


minuto (l/min), embora existam outras unidades:

• m3/s - Metro cúbico por segundo


• m3/h - Metro cúbico por hora
• l/s - Litro por segundo
• l/h - Litro por hora
• ft3/s - Pé cúbico por segundo
• gal/s - Galão (US) por segundo
• gal/min - Galão (US) por minuto (gpm)

A vazão de cada ponta varia de acordo com a suas características de fabricação, a


pressão de serviço.

Pressão
Pressão: força aplicada a uma superfície, por unidade de área.

A pressão ou tensão mecânica (símbolo: p) é a força normal


(perpendicular à área) exercida por unidade de área.4

A unidade no sistema internacional (SI) para medir a pressão é o Pascal (Pa).


A pressão exercida pela atmosfera ao nível do mar corresponde a
aproximadamente 101 325 Pa (pressão normal), e esse valor é normalmente
associado a uma unidade chamada atmosfera padrão (símbolo atm).

A pressão relativa define-se como a diferença entre a pressão absoluta e


a pressão atmosférica. Os aparelhos destinados a medir a pressão relativa são
o manômetro e também o piezômetro.

A pressão atmosférica mede-se com um barômetro, inventado por


Torricelli.

Atmosfera é a pressão correspondente a 0,760 m de Hg de densidade


13,5951 g/cm³ e numa aceleração da gravidade de 9,80665 m/s2

Psi (pound per square inch), libra por polegada quadrada, é a unidade
de pressão no sistema inglês/americano: 1 psi = 0,07 bar ;1 bar = 14,5 psi

Em tecnologia de aplicação, utilizam-se principalmente as unidade Bar e Psi.

4
Volume de pulverização
Volume de pulverização: quantidade de solução (água + defensivo)
distribuída, por unidade de área (L/ha).

A tendência atual é reduzir o volume de líquido aplicado, o que leva à


necessidade de gotas menores para melhor cobertura.

No entanto, a utilização de gotas pequenas aumenta o risco de deriva,


por outro lado, gotas muito grandes acarretam desperdício de defensivo, os
quais podem ser depositados em excesso nas superfícies externas das
plantas, não atingindo os pontos internos, ou se perdem por escorrimento.

A redução do volume de pulverização leva à necessidade de uma


tecnologia mais apurada, tanto por parte do construtor do equipamento, quanto
por parte do técnico envolvido na aplicação.

Se o volume for menor do que o necessário, a cobertura pode não ser satisfatória, e se
for maior poder haver escorrimento que implica em desperdício de produto e possíveis
danos a natureza.

Dose
Dose: quantidade de produto (agroquímico), em peso ou volume,
distribuído por unidade de área (kg/ha ou Litro/ha).

Varia de acordo com o ALVO, produto e com o objetivo da aplicação. Sua


determinação é feita pelo Engenheiro Agrônomo responsável.

Faixa de deposição
Faixa de deposição: largura da área tratada relativa a uma passada do
equipamento.

Define a quantidade de princípio ativo ou de gotas aplicadas por unidade


de área, ao longo de uma faixa tratada longitudinal e transversalmente.

Essa distribuição de gotas na faixa é de grande importância na análise


de um tratamento.

A melhor distribuição é aquela que acompanha o mais próximo possível


a localização da praga ou doença a ser controlada e o faz de maneira contínua.

5
Dizemos que uma faixa de deposição é descontínua quando numa
mesma área tratada, encontramos pontos em que a deposição do princípio
ativo ou a quantidade de gotas depositadas é diferente.

Diâmetro de gota
Diâmetro de gota: tamanho da gotas, expresso por seu diâmetro, em
mícrons (1/1000 mm).

A nuvem de gotas pode ser formada ou composta de gotas grandes e/ou


pequenas, homogêneas ou não.

Para se expressar numericamente o tamanho das gotas ou as


características do fluxo pulverizado, utiliza-se em geral como parâmetro, o
diâmetro da mediana volumétrica (DMV).

DMV é o diâmetro da gota que divide o volume aplicado por uma ponta,
em duas partes iguais. Uma constituída de gotas menores e outra constituída
de gotas maiores que o DMV.

Aplicação eficiente requer cobertura adequada da superfície-alvo com gotas de tamanho


apropriado. No caso de serem produzidas gotas muito grandes, superiores a 800 µm,
não ocorre boa cobertura da superfície, tampouco boa uniformidade de distribuição. As
gotas muito grandes, pelo seu peso, normalmente não se aderem à superfície da folha e
terminam no solo. No caso de gotas muito pequenas, geralmente ocorre boa cobertura
superficial e uniformidade de distribuição da calda, mas essas gotas podem evaporar em
condições de baixa umidade relativa ou serem levadas pela corrente de ar.

Densidade de gotas
Densidade de gotas: número de gotas por unidade de área.

6
Esse parâmetro tem grande importância no controle de pragas, doenças
e plantas infestantes.

Como parâmetros indicativos, utilizam-se as seguintes coberturas para


produtos não sistêmicos ou de baixa translocação, atendendo ainda as
condições climáticas existentes:

• Herbicida - 20 a 30 gotas/cm2 com diâmetros de 200 a 300 micra.


• Inseticida - 50 a 70 gotas/cm2 com diâmetros de 50 a 200 micra.
• Fungicida - 70 a 100 gotas/cm2 com diâmetros de 100 a 200 micra.

À medida que se reduz o volume de aplicação, a tendência é utilizar gotas


menores.

O número e tamanho de gotas que se depositam por unidade de área do


solo ou da superfície foliar desempenha um papel preponderante na eficácia
das aplicações.

Espectro de gotas
Espectro de gotas: variabilidade no tamanho das gotas produzidas por
um equipamento de pulverização.

É a classificação das gotas por tamanho, em percentagem de volume ou


de número de gotas, o qual pode ser homogêneo, quando todas as gotas são
do mesmo tamanho, ou heterogêneo, quando o tamanho das gotas é diferente.

Uma pulverização com espectro de gotas heterogênea resultará por um


lado, em gotas grandes que escorrerão pelos alvos, representando perda de
produto químico e poluição ambiental e por outro lado, em gotas pequenas que
serão levadas pelos ventos (deriva) e finalmente uma quantidade pequena de
gotas que será aproveitada. Uma aplicação técnica requer um espectro
homogêneo de gotas.

Os principais fatores que influenciam o espectro de gotas produzidas por


determinado ponta são: vazão nominal, ângulo de pulverização, pressão do
líquido, propriedades da calda e tipo de ponta.

Deriva
Deriva: desvio da trajetória das partículas liberadas pelo equipamento.

Quando as partículas não atingem o alvo, provocam uma perda, quando


essa ocorre dentro da cultura (material que não é coletado pelas folhas e cai no
solo), pode ser considerada como endoderiva (ou deriva tolerável), enquanto

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que as perdas para fora da área tratada podem ser consideradas devido à
exoderiva (ou deriva intolerável).

De qualquer maneira, a intensidade da deriva está relacionada com o


tamanho da gota, da distância que foi liberada em relação ao alvo, a sua
velocidade de lançamento e da velocidade do vento.

Quando se trabalha com caldas aquosas, os problemas de evaporação e


deriva devem ser analisados em conjunto, uma vez que à medida que perde
peso por evaporação, a gota fica mais sujeita ao arrastamento pelo vento,
podendo inclusive desaparecer por completo antes de chegar ao alvo.

Evaporação*

A água é o diluente (líquido usado para reduzir a concentração do


ingrediente ativo de uma formulação para a aplicação), mais comumente
utilizado nas pulverizações.

Porém, a água apresenta uma pressão de vapor relativamente alta,


fazendo com que haja uma diminuição do volume da gota produzida.

A intensidade da evaporação depende de vários fatores, dos quais os


mais importantes são: (a) a proporção de líquidos não voláteis ou partículas
sólidas existentes na mistura; (b) temperatura e umidade do ar e a velocidade
do vento; (c) tamanho da gota e (d) o tempo que a gota permanece no ar.

À medida que a água vai evaporando, as gotas diminuem de peso e,


portanto, reduzindo a possibilidade de impactar o alvo.

Gotas do mesmo tamanho podem ter comportamentos diferentes, se


diferentes forem as condições ambientais, como mostram os dados da tabela
abaixo. Portanto, a observação das condições de temperatura e umidade
relativa do ar é muito importante para uma aplicação correta.

Comportamento de gotas de diversos tamanhos, em diferentes condições


ambientais:
Diâmetro tempo até distância de tempo até distância de
inicial (mm) extinção (s) queda (m) extinção (s) queda (m)
50 12,5 0,13 3,5 0,032
100 50 6,7 6,7 1,8
200 200 81,7 81,7 21
Temperatura = 20,0 ºC Temperatura = 30,0 ºC
∆ t = 2,2 ºC ∆ t = 7,7 ºC
U. R. = 80,0 % U. R. = 80,0 %

Uma das relações matemáticas para a previsão do tempo de vida t (em segundos) de uma gota
em função do seu diâmetro d (em micrometros) e das condições ambientais (depressão
psicrométrica, isto é, a diferença entre as temperaturas indicadas pelos termômetros de bulbo
seco e de bulbo úmido), é a seguinte:

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Tempo de vida da gotas

O que afeta a aplicação?


Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer e entender os fatores que interferem na aplicação de


agroquímicos e suas interelações
*Saber classificar uma pulverização segunda as normas do Conselho
Britânico de Proteção de Culturas

Alguns fatores devem ser analisados antes e durante a aplicação de


agroquímicos, para se obter uma máxima eficiência:

• Clima
• Solo
• Alvo
• Princípio ativo
• Máquina

Veremos a seguir cada um desses itens detalhadamente.

Clima
Fatores climáticos, como temperatura, umidade relativa do ar e
velocidade do vento, devem ser monitorados, com o objetivo de se escolher o
momento ideal de aplicação.

Altas temperaturas, baixas umidades e fortes ventos constituem-se em


condições propícias à evaporação e à deriva.

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Fonte: TeeJet

Desta forma, as aplicações devem ser realizadas, preferencialmente,


nas primeiras horas da manhã, ou no final do dia.

De maneira geral, deve-se seguir as seguintes recomendações para a


escolha do momento ideal de pulverização:

• Velocidade do vento entre 3 e 10 km/h,


• Temperatura máxima entre 27 e 30°C
• Umidade relativa do ar superior a 60%

Quando não for possível seguir essas recomendações, a aplicação deve ser
precedida de maiores cuidados, para se evitar a perda do defensivo, seja por
evaporação ou deriva.

A escolha de ponta de pulverização “anti-deriva” e da pressão ideal de


trabalho são exemplos de cuidados que devem ser tomados durante as
aplicações de defensivos em condições ambientais desfavoráveis. Utilização
de adjuvantes anti-deriva e assistência de ar também contribui para uma
aplicação mais segura.

Solo
A textura do solo pode influenciar na dose do produto a ser utilizada,
principalmente em defensivos que visam ao solo.

Geralmente as doses para solos argilosos são maiores que para solos
arenosos, já que os argilosos possuem maior quantidade de colóides, que
inibem o princípio ativo de alguns defensivos.

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Outro fator importante é a topografia. Em áreas declivosas, pode-se
tornar inviável a aplicação com máquinas tratorizadas, uma vez que a
segurança da operação pode ficar bastante comprometida.

Alvo
Aquilo que foi escolhido para ser atingido pelo processo de aplicação
(planta hospedeira ou suas partes, organismo nocivo, planta infestante, solo
etc.). Em função do tipo desse alvo, a pulverização a ser produzida deverá ter
características específicas para melhor atingi-lo.

Dessa forma, uma aplicação de herbicida (em pré-emergência) sobre o


solo, é mais fácil de ser feita quando comparada com a de um inseticida de
contato, quando o inseto a ser controlado fica na superfície inferior das folhas.
Por outro lado, a praga, pode estar disponível ou exposta em tempo
relativamente curto ou em locais diferentes durante o processo. O
conhecimento do ciclo evolutivo da praga e também da planta cultivada é um
aspecto importante para a definição da estratégia de controle.

Assim sendo, o defensivo deve ser usado da forma mais eficiente


possível, o alvo real tem que ser definido em termos de tempo e espaço, de
maneira a ser aumentada a porcentagem de produto que o atinge em relação
daquilo que foi emitido pela máquina aplicadora.

As principais características a serem observadas referem-se ao local,


tamanho, mobilidade e forma de propagação.

Um bom conhecimento do alvo permite escolher a técnica de aplicação, o


equipamento, a periodicidade e o defensivo a ser utilizado.

Princípio Ativo
O princípio ativo é o componente tóxico do defensivo nas formulações
comerciais.

Atualmente, existe no mercado uma infinidade de produtos que devem


ser analisados criteriosamente quanto à dosagem, à técnica de aplicação, à
forma de atuação e à formulação.

Máquina
O sucesso de uma aplicação fitossanitária depende da regulagem, da
manutenção e das características operacionais da máquina aplicadora
utilizada.

Grande importância tem sido dada ao agroquímico e pouca à técnica de


aplicação. A utilização de equipamento adequado e em boas condições é fator
primordial para obtenção dos resultados desejados.

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População de gotas
Uma aplicação eficiente pressupõe uma perfeita cobertura da superfície
e uma distribuição uniforme das gotas produzidas.Caso se utilize um bico de
pulverização que produza gotas muito grandes, não haverá uma perfeita
cobertura da superfície e tampouco haverá uma boa uniformidade de
distribuição, a não ser que se utilize grande volume de líquido. Trabalhando
com gotas menores, consegue-se, geralmente, uma melhor cobertura
superficial e uma maior uniformidade de distribuição.

As gotas muito grandes, devido ao seu peso, terminam no solo por


escorrimento. As gotas muito pequenas podem evaporar em condições
climáticas de baixa umidade relativa, ou serem levadas pela corrente de ar,
provocando a perda de produto devido ao fenômeno da deriva.

Na figura abaixo é possível verificar que, dividindo uma gota grande de


400 µm de diâmetro em gotas de 200 µm, obtém-se oito gotas, com a mesma
quantidade de água. Se dividirmos essa mesma gota de 400 µm em gotas de
50 µm é possível obter 512 gotas. Isso demonstra que é possível obter boa
cobertura, mesmo trabalhando com pequenos volumes de pulverização.

Em aplicações de fitossanitários deve-se cuidar para que não apareçam


gotas nem muito grandes, nem muito pequenas. Os estudos têm demonstrado
que gotas menores que 100 µm são arrastadas com facilidade pelo vento e
sofrem deriva (MARQUEZ, 1997 e LEFEBVRE, 1989). Da mesma forma, não
se recomenda utilizar gotas maiores que 800 µm, devido a sua facilidade em
escorrer.

De acordo com o tipo produto a aplicar é possível definir um número


mínimo de gotas por unidade de superfície. Geralmente, no caso de culturas de
baixo porte, recomenda-se utilizar os tratamentos de acordo com o Quadro 1.

QUADRO 1 – Recomendação da população de gotas para os tratamentos em


culturas de baixo porte

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VOLUME DE CALDA COBERTURA
PRODUTO TRATAMENTO
(L/ha) (gotas/cm2)
Pré-plantio 200-500 20-40
Herbicidas Pré-emergência 150-300 20-30
Pós-emergência 150-300 30-40
Inseticidas 300-400 20-30
Fungicidas 300-400 50-70

De modo geral, não se recomenda aplicar um volume de calda acima de


400 L/ha, nem abaixo de 100-150 L/ha, sem um monitoramento rigoroso das
condições climáticas principalmente.

Classificação das aplicações


Um dos aspectos importantes no manejo das pulverizações em relação
à deriva está relacionado com o conhecimento do espectro de gotas. Com o
objetivo de estabelecer um sistema pragmático de classificação qualitativa de
uma população de gotas, o Conselho Britânico de Proteção de Culturas (British
Crop Protection Council - BCPC), na Inglaterra, desenvolveu um sistema de
classificação das pulverizações geradas pelos diferentes equipamentos,
levando-se em consideração a propensão das mesmas em produzir deriva.

Foram sugeridas cinco categoria de “Qualidade de Pulverização”: Muito


Fina (Alta Deriva); Fina (Média Deriva); Média (Baixa Deriva); Grossa (Muito
Baixa Deriva) e Muito Grossa (Extrema Baixa Deriva). Esse sistema baseou-se
na análise do espectro do tamanho de gotas comparado com determinados
tipos de bicos usados como referências para o limite entre categorias. O
espectro de gota dos bicos a serem analisados deve ser medido com o mesmo
equipamento, condições e ao mesmo tempo que os bicos de referência.

Pulverizações limites entre as categorias de qualidade de pulverização de acordo com o


critério do Conselho Britânico de Proteção de Culturas.

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Categorias de Qualidade de Pulverização de acordo com a B.C.P.C.

(*) Dados baseados nas pontas de pulverização de jato plano da série XR TeeJet
Christofoletti, 1999.

Equipamentos para aplicação de agroquímicos


Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer os equipamentos para aplicação de agroquímicos


*Entender o princípio de funcionamento, de forma a permitir o seu correto
*funcionamento e manutenção

Equipamentos para aplicação de agroquímicos

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Existem no mercado diversos tipos de equipamentos para aplicação de
defensivos, cada um com suas características de funcionamento.

Para o agricultor é importante saber as vantagens e desvantagens da utilização


de cada equipamento, de forma a obter o melhor desempenho e menor custo
de utilização.

Pulverizadores hidraúlicos
São equipamentos capazes de fragmentar o líquido em gotas devido a
pressão exercida sobre a mistura (água + produto), proveniente de uma bomba
hidráulica.

Exemplos de pulverizadores hidraúlicos:

• Pulverizador costal manual


• Pulverizador motorizado
• Pulverizador de barra

Pulverizador costal manual

Fonte: Empresa Jacto

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Recomendado para aplicação de defensivos em pequenas áreas, ou
de uso doméstico, para aplicação de inseticidas em plantas ou animais.

É constituído por um pequeno depósito e uma bomba de pistom,


acionada pelo operador através de uma alavanca. A bomba de pistom possui
duas válvulas. A válvula inferior deixa passar líquido do depósito para dentro da
camisa do cilindro. A válvula superior, localizada na ponta do pistom, admite o
líquido da camisa do cilindro para dentro da câmara de compressão, formada
por um cilindro oco.

Durante a utilização desses pulverizadores, é necessária a verificação


dessas válvulas, bem como de seu estado de conservação. Além dessas
válvulas, existe uma bucha de couro ou plástico fixada na ponta do pistom, que
tem uma influência muito grande no perfeito funcionamento do pulverizador. É
comum ocorrer o seu endurecimento devido à falta de lubrificação correta ou
ao prolongado tempo de uso.

Alguns cuidados devem ser observados durante as operações com esses


equipamentos:

1. Manter sempre uma velocidade constante de caminhamento durante a


aplicação;
2. Manter sempre a pressão constante com acionamento da bomba
cadenciado, ou utilizar válvula de pressão constante.

As principais perdas com este equipamento estão relacionadas à falta de


controle do tamanho das gotas, à escolha incorreta das pontas de
pulverização, não conseguindo a densidade necessária para o controle químico
em situações adversas de umidade relativa baixa e temperaturas altas, e a
vazamentos. 6

Pulverizador motorizado
É uma máquina utilizada principalmente para aplicação de defensivos
agrícolas em culturas anuais ou perenes. Também é muito utilizado na
aplicação de agroquímicos em áreas urbanas ou em instalações para criação
de animais.

Possui um motor elétrico ou de combustão interna para acionamento da


bomba hidráulica.

É constituído por uma estrutura suporte, onde estão fixados o motor,


bomba de êmbolos, regulador de pressão e pistolas de pulverização com
mangueiras flexíveis. O reservatório é independente e possui sistema de
agitação. Montado nessa estrutura, pode ter rodas, podendo ser tracionado
pelo homem, animal ou trator.5

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Pulverizador de barra

Constitui um dos pulverizadores mais utilizados na agricultura, principalmente


em grandes áreas.

É constituído, geralmente, por um chassi, um depósito para colocação


da mistura de defensivo, uma bomba, uma câmara de compensação, comando
com registro de múltiplas saídas com alavanca, válvula reguladora de pressão,
manômetro, filtros, agitador de calda, mangueiras flexíveis e barra de
pulverização, onde são montados os bicos hidráulicos.

O circuito hidraúlico da maioria do pulverizadores é representado no


esquema abaixo:

Adaptado de: Empresa TEEJET

O chassi no pulverizador de arrasto (ligado a barra de tração do trator)


tem rodado alto, para possibilitar um vão livre adequado e bitola regulável. No

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pulverizador montado (ligado ao sistema de três pontos) há pontos de engate
para o acoplamento e pontos de apoio para estacionamento.

O reservatório apresenta capacidade volumétrica bastante variável. Os


de maior capacidade possuem quebra-ondas no seu interior. Na parte superior
do tanque há uma abertura, por onde se faz o reabastecimento, inspeção e
limpeza do interior do mesmo. É provido de filtro de malha fina e resistente, ou
de metal perfurado.

O material de construção do reservatório pode ser polietileno de alta


densidade, principalmente nos menores, e resina de poliéster com reforços em
fibra de vidro ou fibra de vidro com revestimento interno de resina, nos de
maior capacidade. Podem ter indicadores de nível na sua parede ou com
mangueira transparente externa.

O agitador de calda pode ser hidráulico ou mecânico, sendo que, na


maioria dos pulverizadores, os dois funcionam conjuntamente.

Na agitação hidráulica, utiliza-se o retorno do líquido da bomba, que


passa pelo regulador de pressão, fazendo-o sair através de um tubo rígido
instalado no fundo do reservatório e longe do bocal de sucção da bomba. O
líquido pode vir também por uma derivação dos bicos.

A agitação mecânica normalmente é realizada por uma ou mais hélices


ou pás, montadas em uma árvore paralela e próxima a parede do fundo do
reservatório. Essa agitação por vezes, é auxiliada pela existência de quebra-
ondas no interior do reservatório.

A bomba é um dos órgãos essenciais do pulverizador. Pode ser


acionada pela tomada de potência do trator ou pelo sistema hidráulico.

A câmara de compensação amortece as pulsações causadas pelas


bombas de pistão, permitindo leitura constante do manômetro. Com bombas do
tipo centrífuga por exemplo, não há necessiade desta câmara.

O conjunto de comandos deve estar ao alcance do operador. Constitui-


se de registros de múltiplas saídas com alavanca de controle, válvula
reguladora de pressão e manômetro. O número de vias de saída é variável e
depende principalmente do tamanho da barra do pulverizador.

As tubulações são estruturas flexíveis de plástico ou de borracha,


reforçados. São utilizadas para fazer a ligação entre os vários órgãos do
pulverizador. Em alguns equipamentos utilizam-se barra húmidas, em que o
líquido é deslocado junto a barra e sua parte interna.

Os filtros são elementos protetores do circuito hidráulico, retirando do


mesmo eventuais impurezas. São posicionados na abertura de abastecimento
do reservatório, na sua saída, no início de cada seção da barra e junto aos
bicos.

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A barra de pulverização constitui-se na estrutura de suporte das
mangueiras e bicos. Normalmente é construída em estrutura metálica ou PVC,
de seção quadrangular ou circular, podendo alcançar cerca de 30 m de
comprimento. Normalmente é articulada em seções para recolhimento durante
o transporte. Pode apresentar mecanismo nivelador e dispositivo de segurança
contra choques em obstáculos. Alguns equipamentos mais modernos possuem
sensores de altura que controlam automaticamente a distância da barra em
relação ao alvo.

As mangueiras são normalmente de plástico flexível com reforços de


náilon. Na traseira do pulverizador pode haver carretéis ou enroladores para
recolher as mangueiras.

Os bicos são constituídos por corpo, capa, filtro e ponta. Os jatos


produzidos apresentam configuração em leque ou em cone, segundo o tipo de
ponta.

O reabastecedor consta de um bocal específico para a sucção de água


levando-a da fonte para o reservatório. Há duas mangueiras, sendo uma a que
une a bomba e outra que liga a bomba ao reservatório.

Os pulverizadores de barra podem ser do tipo:

• Pulverizadores montados e de arrasto


• Pulverizadores autopropelidos

Pulverizadores montados e de arrasto


A maior parte dos pulverizadores montados (ligados ao sistema
hidráulico do trator) e de arrasto (ligados a barra de tração do trator) possuem
todos os componentes semelhantes, mudando apenas em forma e tamanho.

Os pulverizadores montados em tratores, conhecidos também por


“pulverizadores de três pontos”, normalmente são equipados com barras de 12
a 16 metros de comprimento e operam em velocidades de 5 a 8 km/hora. São
geralmente encontrados no mercado brasileiro com capacidade de carga de
agroquímicos entre 400 a 800 litros.

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Pulverizador montado

Os pulverizadores tracionados ou de arrasto, normalmente, são


equipados com barras de 18 a 24 metros de comprimento e operam em
velocidades de 6 a 10 km/hora. São encontrados no mercado brasileiro em
geral com capacidade de carga de agroquímicos entre 1.000 a 3.000 litros.

Pulverizador de arrasto

Levando-se em consideração as especificações técnicas desses


pulverizadores tratorizados montados e tracionados, seria possível
teoricamente, desenvolver um rendimento diário de área aplicada em torno de
60 a 80 hectares por dia pelos tracionados e de 30 a 40 hectares aplicados
pelos pulverizadores de três pontos.

No entanto, devido aos vários problemas de planejamento e logística


durante as operações de controle químico com esses pulverizadores, a maior

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parte deles não consegue chegar a 50% desse rendimento operacional
estimado.6

Entre os problemas mais comuns relacionados a pulverizadores


hidráulicos estão a falta de um manômetro funcionando, bicos de pulverização
entupidos, desgastados ou danificados, corpo de bico simples sem a presença
da válvula anti-gotejante, abraçadeiras de corpo de bico quebradas e
“amarradas” com tiras de borrachas ou arame.6

Todos esses problemas acontecem pela falta de manutenção nos


pulverizadores e resultam na ineficiência das aplicações de agroquímicos,
colocando em risco a sanidade da cultura tratada,

Pulverizador Autopropelido
Pulverizadores autopropelidos, autopropulsados ou automotrizes são
máquinas agrícolas com grande capacidade de carga e alto rendimento
operacional, utilizadas nas aplicações de agroquímicos equipadas com motor,
cabine e sistemas de pulverização (bombas, barras, bicos, etc) em uma mesma
plataforma, em um mesmo chassi.

São máquinas de alto desempenho, podem substituir cinco ou seis


cojunto trator-pulverizador, conseguem desenvolver velocidades entre 15 a 30
km/h durante as pulverizações nas culturas em campo e até 70 km/h durante o

21
translado. As barras de pulverização possuem total acionamento hidráulico
com sistema auto-nivelante e medem entre 20 até 30 metros de comprimento. 6

Normalmente apresenta motor diesel, de quatro tempos, sistema de


direção e barra de pulverização. Apresenta barra que pode ser posicionada na
parte anterior ou posterior da máquina, com altura regulável. 5

Conta com sistema de compensação com comando hidráulico para cada


lado da barra, permitindo manter a mesma paralela ao solo em terrenos
irregulares ou em curva de nível.

O chassi pode ser rígido ou articulado com estrutura reforçada.


Apresenta cabine climatizada, isolando o contato direto do operador com
eventual deriva da aplicação. 5

Um pulverizador autopropelido com capacidade de carga para 3.000


litros, com barras de pulverização com 27 metros de comprimento é capaz de
conseguir um rendimento operacional aproximado de 500 hectares em um
único dia de trabalho. Se esse equipamento não estiver corretamente calibrado
e regulado, serão muitos hectares aplicados de maneira incorreta, com grandes
prejuízos para os produtores. 6

Não somente o pulverizador autopropelido precisa ser bem projetado e


avançado, mas também a tecnologia em bicos e pontas de pulverização
também precisa ser corretamente formatada para as condições de trabalho

22
desse equipamento para que seja possível conseguir a total eficiência nas
aplicações de agroquímicos.

O monitoramento da qualidade nas aplicações de agroquímicos


realizadas nesses pulverizadores é de extrema importância, pois um erro de
apenas 10 cm em uma faixa de aplicação de 27 metros (comprimento da barra)
poderá resultar em uma área de 400 metros quadrados sem deposição de
agroquímicos, em somente 100 hectares aplicados. Em um dia de aplicação,
essa falha na faixa terá provocado uma área sem proteção química em torno
de 2.000 m². 6

Pulverizadores pneumáticos
Os pulverizadores pneumáticos, também são conhecidos no campo como
atomizadores.

Tipos de atomizadores:

• Atomizador tipo canhão


• Atomizador costal motorizado

Atomizador tipo canhão

Fonte: Empresa Jacto

O atomizador tipo canhão é geralmente utilizado em culturas anuais ou


arbustivas, permitindo aplicação de defensivo numa faixa, de acordo com os
fabricantes, de 30 a 40 metros de largura. Propicia boa capacidade
operacional do conjunto trator-atomizador.

23
Neste equipamento, existe um ventilador acionado pela tomada de força
do trator responsável pela corrente de ar que promoverá a quebra do líquido
em gotas de pequeno diâmetro. Com excesão do ventilador, o aspecto
construtivo é semelhante a um pulverizador hidráulico.

Possui algumas limitações de uso, principalmente devido à deriva e à


evaporação das gotas, ocasionadas por ventos, velocidade excessiva e baixa
umidade do ar, dentre outras. Outro limitante é a determinação da faixa de
aplicação, que em campo é difícil execução pelo tratorista.

Atomizador costal motorizado


Geralmente empregado em pequenas áreas, em instalações avícolas ou
similares.

Esse atomizador geralmente possibilita sua utilização para a aplicação


de defensivos líquido ou pó seco. Neste caso, deve-se ter o cuidado de retirar o
bocal atomizador.

Os atomizadores costais motorizados, quando forem utilizados na


aplicação de defensivos em plantas perenes de porte alto, devem possuir uma
bomba centrífuga para conduzir a calda até o bocal atomizador.

Possui um motor dois ou quatro tempos, responsável pela geração da


corrente de ar. Em geral, a ergonomia deste equipamento não é muito boa.

24
Pulverizadores hidro-pneumáticos
São também chamados de atomizadores tipo cortina de ar. Esses
pulverizadores constituem uma das alternativas viáveis para aplicação de
defensivos em culturas perenes, tais como citrus, macieiras, pessegueiros,
cafeeiros, etc.

São também muito utilizados nas pulverizações em videiras, porém,


necessitam de algumas modificações no direcionamento dos bicos e na
regulagem dos defletores de ar, devido à arquitetura foliar da cultura da uva,
permitindo aplicação de defensivo. Propicia boa capacidade operacional do
conjunto trator-atomizador.

Correspondem a aproximadamente 15% do total dos pulverizadores em


operação no Brasil. São equipados com reservatórios de calda de
agroquímicos com capacidade entre 200 a 4.000 litros e no arco de
pulverização são instalados os bicos, geralmente do tipo cone vazio ou cheio.

O sistema de assistência de ar é formado por um ventilador de grande


vazão, que com o auxílio de defletores expele o ar na forma de um leque
perpendicular à direção de caminhamento da máquina. Os ângulos de abertura
desses defletores são regulados e ajustados de acordo com a altura das
plantas a serem pulverizadas. Alguns equipamentos possuem regulagem do
ângulo das pás do ventilador permitindo alterar a velocidade de saída do ar.
Isso permite evitar a perda de defensivo.

25
As principais causas de perdas com esses equipamentos são:

1. Distribuição incorreta dos bicos no arco de pulverização, o que resulta


na liberação de gotas muito acima das copas das árvores.
2. Falta de controle no tamanho das gotas pulverizadas, produzindo gotas
muito finas.
3. Alto volume nas aplicações em altas pressões de trabalho.

Deriva com pulverizadores hidro-pneumáticos

A correta seleção e disposição dos bicos no arco de pulverização


possibilita que a maior parte do volume de calda a ser aplicado seja
direcionado para a região mediana e superior da copa das plantas,
possibilitando depositar com eficiência as gotas nos ponteiros, que
normalmente são áreas de difícil acesso, com o mínimo de perdas por
evaporação e deriva.

Termo-nebulizadores
São equipamentos capazes de produzir gotas com diâmetro menor que
50µm. Utilizados geralmente para aplicação de inseticidas dissolvidos em óleo
(diesel), que ao serem colocados em contato com uma superfície aquecida, ou
ar quente, sofrem evaporação.

26
Pulverizador eletrostático
O princípio de funcionamento do pulverizador eletrostático baseia-se em
transferir cargas elétricas às gotas, as quais quando se aproximam do objeto
aterrado (planta) com carga de sinal contrário a sua, são fortemente atraídas a
este.

Fonte: Juan José Olivet

As gotas geradas são carregadas eletricamente e aceleradas em direção


do alvo aterrado através de um campo elétrico, principalmente quando
próximas deste alvo.5

Um estudo foi realizado pela EMBRAPA7 sobre um bocal eletrostático,


comparado-o a uma aplicação convencional, para a cultura do tomate. Os
resultados mostraram que o pulverizador eletrostático pode depositar até 70%
do agrotóxico aplicado, enquanto que a pulverização convencional pode
depositar somente 30% do agrotóxico aplicado, para a cultura do tomate. O
estudo também mostra que a aplicação eletrostática possibilita uma redução
real na dose do produto aplicado, sem perda da eficácia de controle e também
uma sensível redução de contaminação por parte do aplicador.

27
Fonte:VM CONTROLE DE PRAGAS

Em locais fechados, como galpões, armazéns e tubulações, permitem


aplicação dos inseticidas de forma econômica, uma vez que, por se tratar de
uma nebulização, ocorre uma completa ocupação do interior das instalações,
utilizando baixo volume de pulverização.

Pulverizador centrífugo
Os pulverizadores centrífugos são equipamentos para a aplicação de
defensivos agrícolas que utilizam o processo chamado atomização centrífuga
para a subdivisão do líquido em gotas menores.

Neste processo, a subdivisão é obtida através da introdução do líquido


sob baixa pressão no interior de um mecanismo giratório, que pode ser um
cilindro de tela, escova circular ou mesmo um rotor ranhurado.

O maior desenvolvimento destes equipamentos se deu somente nas


últimas duas décadas, como conseqüência da dificuldade para controlar a
deriva das gotas pequenas e uniformes, que são produzidas com essa técnica
de pulverização, nas diferentes condições ambientes. Também o grande
avanço da pulverização hidráulica contribui para esse desenvolvimento tardio.

Inicialmente esses pulverizadores, utilizados para a aplicação de


inseticida, aplicavam gotas na ordem de 80 micras, o que as tornavam bastante
sujeitas à deriva. Entretanto pesquisadores com o objetivo de reduzir a faixa de
variação do tamanho de gotas desenvolveram um pulverizador de gotas
controladas (CDA), equipamento este que por meio do disco rotativo produzia
gotas de tamanho muito uniforme e centradas em um tamanho médio de 250
micras, as quais apresentam ótima eficiência biológica e menor
susceptibilidade a evaporação e deriva.

A pulverização centrífuga é uma alternativa bastante utilizada nas


aplicações aéreas, entretanto sua utilização nos equipamentos terrestres deve

28
ser bastante criteriosa, sendo recomendada somente em explorações agrícolas
capazes de manejar bem esta técnica.

Em condições ambientais apropriadas (brisa moderada) pode se realizar


aplicações fitossanitárias em baixo volume sobre cultivo baixos com bons
resultados. As maiores dificuldades para uma correta aplicação aparecem
quando a velocidade do vento aumenta, o que incrementa muito a
deriva.Também quando não existe vento algum, ocorre um depósito somente
superficial sem penetração do produto no interior da folhagem tratada.

Outro problema é a falta de mão de obra e assistência técnica


especializada. Além disso, a pulverização centrífuga somente opera com
eficiência quando o volume aplicado é pequeno o bastante para impedir que se
inunde o disco rotativo. Existe um fluxo máximo permitido, por exemplo 1,5
ml/seg para o equipamento “Herbi”.

Em contrapartida a pulverização centrífuga apresenta uma série de


benefícios que a torna viável em determinadas condições.

As gotas produzidas resultam em um tamanho extraordinariamente


uniforme, adequadas para os tratamento de baixo (BV) e ultra baixo (UBV)
volume ( 1 a 50 L/ha). Com a utilização de gotas muito pequenas se consegue
uma boa cobertura com baixos volume de calda, no entanto, existe maior
dificuldade para controlar e dirigir este tipo de gotas pequenas em condições
atmosféricas desfavoráveis.

Este método de trabalho teve sua origem na "Aviação Agrícola" e em


equipamentos manuais, para regiões com escassez de água. Seu uso tem
crescido nos equipamentos terrestres, a medida que se desenvolvem produtos
químicos adequados para essa forma de aplicação.

29
Análise operacional e econômica das técnicas de
aplicação
A análise operacional e econômica das diferentes técnicas de aplicação
permite a seleção do equipamento mais adequado e do procedimento mais
apropriado para as distintas situações.

A análise operacional envolve basicamente a determinação da


capacidade da máquina pulverizadora e do seu rendimento. A capacidade é
quantidade de trabalho executada em uma unidade de tempo, e é muito
importante para se fazer o planejamento dos tratos culturais. Uma forma
simplificada de se calcular essa capacidade, observada em condições reais de
operação, é através da seguinte fórmula:

• Cco = capacidade de campo operacional (hectare/hora)


• TPe = tempo de preparo (acoplamento, regulagem e calibração da
máquina)
• Tr = tempo de reabastecimento do tanque pulverizador
• Td = tempo de deslocamento, indo e vindo para o tempo de
abastecimento
• Tv = Tempo de virada nas cabeceiras
• TPr = Tempo de produção

Já a análise do custo de um sistema de pulverização, deve levar em conta o


custo de utilização de todos os componentes, isto é, do trator, do pulverizador
e, quando houver, da carreta tanque.

É de fundamental importância não se perder de vista, nesta análise, o


componente biológico do problema. As medidas a serem preconizadas nunca
deverão afetar a eficácia do controle do problema fitossanitário que se pretende
resolver. Além disso, uma aplicação mais rápida e mais barata não deve
provocar maiores riscos ao operador e ao ambiente.

Cálculo da produção diária*


Para calcular a produção diária de pulverizadores de barra, pode se usar:

30
Onde,

• T - capacidade do tanque, em litros


• q - vazão total da barra, em L/min
• J - jornada diária de trabalho, em minutos
• Q - volume de pulverização, em L/ha
• Ab - tempo gasto de abastecimento, em minutos
• E - fator que indica eficiência operacional (%)

Vazão total

Para obter a vazão de calda aplicado ao longo da barra em um determinado


tempo usa-se a fórmula:

onde,

• q - vazão total da barra, em L/min


• Q - volume de pulverização em L/ha
• V - velocidade em, Km/h
• f - faixa de aplicação da barra, em metros
• 600 - fator de conversão de unidades

Tempo de abastecimento

Para determinar o tempo de reabastecimento, considera-se todo o tempo gasto


desde a interrupção da pulverização, quando termina a calda, até o reinício da
aplicação, podendo-se calcular pela fórmula:

onde,

• Td - tempo de deslocamento até o local de abastecimento


• Tprep - tempo de preparo do pulverizador para abastecimento
• Tench - tempo de enchimento do tanque
• Tmist - tempo de preparo da mistura

31
Eficiência operacional

O cálculo da eficiência operacional é feito usando a fórmula:

onde,

• E - eficiência operacional
• Tpulv - tempo real de pulverização, em minutos
• Tcampo - tempo total do pulverizador no local de trabalho, em minutos,
menos o tempo de abastecimento

Fonte de consulta: Manual técnico sobre orientação de Pulverização. Empresa


Jacto. 32p.

Pontas de pulverização

Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer as principais pontas de pulverização disponíveis no mercado


*Aprender a selecionar a ponta de pulverização mais adequada a cada
condição de aplicação
*Entender a importância da correta seleção da ponta de pulverização

Bicos hidráulicos e pontas de pulverização


Os bicos hidráulicos são dispositivos utilizados nos pulverizadores para
subdivisão do liquido em gotas, capazes de promover uma distribuição
uniforme do defensivo sobre a superfície de aplicação.

Os bicos fragmentam o liquido pela ação da pressão exercida por uma


bomba, que força o líquido passar por um orifício, adquirindo velocidade e
energia no difusor para subdividir-se em pequenas gotas ao sofrer o impacto
com o ar.

Existem diferentes tipos de bicos no mercado, cada qual com


características específicas para uma determinada aplicação. Essas variações
são importantes, pois permitem utilizar aquele que seja mais adequado a cada
situação, minimizando assim as perdas de produtos fitossanitários e
melhorando a qualidade da aplicação.

32
O que se chama genericamente de bico é o conjunto de peças colocado no
final do circuito hidráulico, através do qual a calda é emitida para fora da
máquina.

Fonte: Empresa TeeJet

Esse conjunto é composto de várias partes, das quais a ponta de pulverização


é a mais importante, regulando a vazão, o tamanho das gotas e a forma do jato
emitido.

Os principais tipos de pontas são:

• pontas de jato cônico vazio;


• pontas de jato cônico cheio;
• pontas de jato plano ou em leque;
• pontas de impacto ou de jato plano defletor;
• pontas de indução de ar.

As pontas de pulverização possuem três funções básicas:

1. DETERMINAM A VAZÃO (Quantidade)


2. PRODUZEM AS GOTAS DE TAMANHO DETERMINADO (Qualidade)
3. PROPORCIONAM A DISTRIBUIÇÃO DO LÍQUIDO PULVERIZADO (Qualidade)

Características das pontas de pulverização


A ponta de pulverização é um componente de fundamental importância
em um pulverizador, pois dele depende a vazão e a qualidade das gotas
produzidas. Dessa forma influência diretamente a qualidade da pulverização.

Existe uma grande variedade de pontas no mercado. Pontas que


formam diversos ângulos de pulverização, que trabalham em pressões

33
diferentes, que produzem gotas de vários tamanhos e que têm vazões
diferentes.

São característica das pontas de pulverização

• Ângulo do Jato
• Tamanho de gotas
• Posicionamento
• Durabilidade

A seguir veremos cada um desses ítens em detalhes.

Ângulo do jato
As pontas de pulverização são projetados para produzir os jatos de
pulverização, com um dterminado ângulo em uma certa pressão.

À medida que se varia a pressão, varia-se o ângulo do jato de pulverização.

• Aumenta a pressão = Aumenta o ângulo do jato de pulverização.


• Diminui a pressão = Diminui o ângulo do jato de pulverização

Os mais comuns no mercado são os de 80 e 110 graus, sendo que este último
apresenta duas grandes vantagens:

• Possibilita trabalhar com a barra mais próxima do alvo, diminuindo a


deriva.
• Menor influência, em termo de uniformidade de distribuição, pela
oscilação da barra.

34
Tamanho e espectro de gotas
Nas décadas passadas, pouca atenção se dava à uniformidade de
distribuição durante as aplicações de produtos fitossanitários, pois se buscava
molhar bem a cultura, o que se conseguia mediante volume de calda bastante
alto.

Atualmente, entretanto, existe uma tendência em reduzir o volume de


calda, visando diminuir os custos e aumentar a eficiência da pulverização. O
uso de menor volume de calda aumenta a autonomia e a capacidade
operacional dos pulverizadores e diminui os riscos de contaminação ambiental.

Assim, o conhecimento do tamanho das gotas pulverizadas tornou-se


essencial, para garantir um recobrimento mínimo do alvo. Caso seja desejado
que o produto aplicado recubra a maior parte da superfície-alvo, como no caso
de tratamentos com produtos de contato, as gotas devem ser finas. Caso
contrário, podem ser mais grossas, evitando problemas de deriva.

Os estudos têm mostrado que gotas menores que 100 mm são


arrastadas com facilidade pelo vento, produzindo o fenômeno da deriva, e
gotas maiores que 800 mm tendem a escorrer da superfície das folhas.

As gotas muito grandes, devido ao seu próprio peso, atingem o solo por
escorrimento. As gotas pequenas possuem uma menor massa de líquido,
podendo evaporar em condições de baixa umidade relativa ou serem carreadas
pelo vento, provocando a perda de produto por deriva.

Atualmente, o diâmetro da mediana numérica (DMN), o diâmetro da


mediana volumétrica (DMV) e o coeficiente de homogeneidade têm sido os
parâmetros mais utilizados para caracterização de uma população de gotas.

O diâmetro da mediana numérica é o diâmetro que divide uma


população de gotas em duas partes numericamente iguais. Deve ser analisado
em conjunto com o diâmetro da mediana volumétrica (DMV), possibilitando a
avaliação do espectro de gotas e do coeficiente de homogeneidade.

O diâmetro da mediana volumétrica é definido, segundo MATUO (1990),


como o diâmetro que divide uma população de gotas em duas metades
volumetricamente iguais. É de se esperar que o valor do DMV esteja mais
próximo do limite superior das classes de diâmetros, pois o volume de poucas
gotas grandes equivale ao de muitas gotas pequenas.

35
Diâmetro da mediana volumétrica

Classificação das gotas em função do DMV, expresso em µm

DMV (µm) Classificação


<100 aerossóis e névoas
100 - 200 gotas finas
200 - 300 gotas médias
300 - 425 gotas grossas
> 425 gotas muito grossas

Fonte: WILKINSON et al., 1999.

O coeficiente de homogeneidade é definido pela relação entre o


diâmetro da mediana volumétrica e o diâmetro da mediana numérica. Uma
população de gotas é considerada homogênea quanto mais próximo de um for
o valor do coeficiente de homogeneidade (MATUO, 1990). Para valores
inferiores a 1,4 , o conjunto de gotas é considerado homogêneo. De acordo
com CARRERO (1996), o coeficiente de homogeneidade varia de acordo com
o tipo de bico.

Valores do coeficiente de homogeneidade

Coeficiente de
Tipos de Bico homogeneidade
Bico defletor ou de
5 – 10
impacto
Bico tipo leque 2–5
Bico tipo cone 2-5

Fonte: CARRERO, 1996.

Já o espectro de gotas é a caracterização da pulverização em função


das gotas de diferentes tamanhos produzidas pelo equipamento. O espectro
seria homogêneo, se todas as gotas fossem do mesmo tamanho. Tendo gotas
de tamanhos diferentes, o espectro é heterogêneo.

O espectro é considerado estreito, se a diferença entre as gotas maiores


e menores for pequena; se essa diferença for grande, o espectro é amplo ou

36
largo. A caracterização numérica do espectro pode ser feita utilizando-se os
dados da avaliação da curva do percentual do volume acumulado em relação
ao diâmetro das gotas.

Determinação do tamanho e espectro de gotas


A determinação do tamanho e espectro de gotas pode ser feita
diretamente com as gotas no ar, ou por meio da medição indireta dos impactos
produzidos pelas gotas em alvos artificiais. As medições indiretas simulam o
impacto em alvos naturais e são importantes para estudo de escorrimento e de
eficácia biológica.

Já as medições diretas são importantes para se avaliar o potencial de


deriva das aplicações, sendo preferidas por muitos pesquisadores nos últimos
anos, apesar do custo elevado, por apresentarem boa precisão e alta
sensibilidade.

A determinação da dimensão das gotas pode ser feita utilizando várias


técnicas, desde as mais antigas, que incluem os microscópios de bolso com
um retículo, até as mais modernas, que utilizam raios laser.

37
Classificação de pulverização por tamanho de gotas

Capacidade de retenção Suscetibilidade a


VMD(µ) Classificação Uso
pelas folhas deriva
< 50 Aerosol Boa Ocasiões específicas Alta
51 - 100 Neblina Boa Ocasiões específicas Alta
101 - 200 Fina Boa Boa cobertura Média
201 - 300 Média Média Maioria Baixa
> 300 Grossa Ruim Herb. Solo e Fertilizantes Muito baixa
Densidade de gotas X produtos
Número de impactos
Produto Gotas/cm²
Inseticida 20 a 30
Herbicidas (pré-emergentes) 20 a 30
Herbicidas (pós-emergentes) 30 a 40
Fungicidas (sistêmicos) 30 a 40
Fungicidas (de contato) > 70

Posicionamento das pontas


Os bicos devem ser colocados na barra com espaçamento iguais entre
si, que podem ser de: 35 cm; 40 cm; 50 cm; etc.

Para se trabalhar com bicos de jato plano (leque) é necessário que


estejam posicionados com um ângulo de 4º a 6º aproximadamente em relação
a barra. As capas de engate rápido normalmente já fornecem essa angulação.
Caso contrário, deve-se utilizar chaves apropriadas para isto.

38
Dessa forma, ocorrerá o cruzamento necessário entre os jatos para
manter a uniformidade da distribuição ao longo da barra, desde que se
mantenha uma altura mínima compatível com o ângulo do jato. Vale lembrar
que para pontas de jato cônico não é possível evitar este contato entre os jatos
adjascentes, o que leva a menor uniformidade de distribuição.

Durabilidade das pontas


A durabilidade de uma ponta, depende muita da forma com trabalha essa
ponta, levando em conta alguns aspectos, como:

Pressão

As pontas de "jato leque" são projetadas para trabalhar com baixa


pressão, em uma faixa que varia entre 15 a 60 lbf/pol². Nas pontas do tipo jato
cônico a faixa de trabalho varia entre 60 a 200 lbf/pol², acima disso essas
pontas perdem sua características, sofrendo aumento de vazão e de ângulo,
desgastando-se rapidamente.

Deve-se levar em consideração que quanto maior a pressão, menor é o


tamanho das gotas, possibilitando a ocorrência de deriva.

Qualidade da água

Em relação a qualidade da água alguns ítens influenciam diretamente na


durabilidade das pontas e também na eficiência dos defensivos aplicados,
como:

• Porcentagem de elementos químicos como cloro, enxofre, cálcio,


magnésio, entre outros.
• Deverá ser o mais limpa possível, ou seja, sem algas, areia, lodo ou
qualquer tipo de matéria orgânica.

Tipo de produto

Os produtos usados na pulverização têm formulações bem variadas e


dentre eles os pó-molhaveis e suspensão concentrada possuem abrasividade
relativamente alta, devido as particulas sólidas que aceleram o processo de
desgaste das pontas.

Limpeza das pontas

Não se deve utilizar instrumentos metálicos, como: agulhas, arames e


nem tão pouco canivetes. Também é incorreto o uso de gravetos de madeira,
pois acabam quebrando dentro do orifício da ponta. O correto é usar um
instrumento que não danifique o orifício com um escova com cerdas de nylon
(escova de dentes), ou ar comprimido.

39
Material

A tabela abaixo mostra uma estimativa da vida útil da pontas de acordo com o
material.

Vida útil estimada de pontas de pulverização de jato plano

Vida útil (horas)


Material de fabricação do bico
Cerâmica +400
Poliacetal 400
Aço inoxidável 400
Naylon 200
Latão 100

Troca de pontas

Durante a utilização dos bicos de pulverização, é importante atentar também


para outro fator: os bicos devem ser trocados quando sua vazão diferir mais de
10% em relação a média de vazão de todos os bicos.

Identificação

Segundo a Norma ISO 10626, os bicos hidráulicos (pontas) à pressão de 3 bar


devem ter as seguintes cores de identificação em função de sua vazão:

Código de cores da pontas hidráulicas


Cor Laranja Verde Amarelo Azul Vermelho Marrom Cinza Branco
Vazão (L/min) 0,4 0,6 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 3,2
Fonte: ISO 10625

40
Com relação a designação dos bicos, existe uma variação quanto aos
fabricantes e órgãos de pesquisa. Adiante seguem alguns exemplos utilizados:

Segundo a BCPC (British Crop Protection Council) tem-se:

F110/1.44/2.5

F: bico tipo leque (fan)


110: ângulo de abertura em graus
1.44: vazão nominal dos bicos (L/min)
2.5: pressão de trabalho (bar)

Algumas empresas utilizam apenas a designação

110 02

110: ângulo de abertura em graus


02: vazão nominal dos bicos a 40 lbf.pol² (10-1 gal/min)

Ponta tipo cone


Os bicos com pontas do tipo cone são formados pelas seguintes partes:

• corpo;
• filtro;
• caracol;
• ponta;
• porca de fixação.

41
1. Bico tipo cone vazio

Os bicos do tipo cone vazio têm como característica uma deposição do


líquido maior na porção mais externa do cone. Possuem um padrão de
distribuição com menos líquido no centro, aumentando depois um pouco para
voltar a cair bruscamente, nos extremos. Não são, em geral, recomendados
para aplicação de herbicidas. São geralmente aconselhados para aplicação de
inseticidas, fungicidas e dessencantes, em culturas com grande massa foliar,
onde a penetração do jato e a cobertura são críticas.

Trabalham normalmente com uma pressão de 2 a 10 bar, produzindo um


ângulo de 70º a 80º e gotas muito pequenas, o que favorece a deriva. São
montados na barra portabicos com uma distância entre 0,25 m e 0,50 m, para
permitir alcançar o volume necessário de fitossanitário por área tratada
(CHRISTOFOLETTI, 199110). Também são recomendas para aplicação de
fertilizantes foliares).

Como esses bicos trabalham a altas pressões, têm uma vida útil muito
pequena quando são fabricados em latão. Por esta razão, os fabricantes
preferem construí-los de material cerâmico, que propicia maior durabilidade.

Como característica principal, tem-se a boa capaciade de penetração e


cobertura dos alvos, no entanto, em geral apresentam alto risco de deriva.
Recentemente, lançou-se no mercado uma variável desta ponta com indução
de ar, com isto, reduziu-se o risco de deriva, em função das gotas de maior
diâmetro, no entanto, a cobertura ficou comprometida.

2 Bico tipo cone cheio

Os bicos do tipo cone cheio operam normalmente a baixas pressões (1 a


3 bar), produzindo gotas grandes e menos sujeitas à deriva, e um ângulo de
abertura de 80º.

As gotas produzidas por esse tipo de bico são normalmente maiores que
as de outros tipos, operando à mesma pressão. São recomendados para a
aplicação de herbicidas sobre o solo ou sistêmicos. Para uma melhor
uniformidade de distribuição na barra, recomenda-se que os bicos estejam
montados com uma inclinação de 30 a 45º, em relação ao plano vertical
(CHRISTOFOLETTI, 199110).

42
Ponta tipo leque
Os bicos com pontas do tipo leque são formados pelas seguintes partes:

• corpo;
• filtro;
• ponta;
• capa.

Os bicos tipo leque são os mais utilizados na área agrícola devido a sua
diversidade de utilização.

Fonte: Empresa TeeJet

Produzem um jato plano à saída do bico, formando um ângulo característico


em forma de leque.

43
Apresentam uma concentração maior de líquido na parte central do jato,
mas com boa uniformidade de distribuição do líquido, em função da
sobreposição apropriada.

Esses bicos encontram-se normalmente no mercado com ângulo de


abertura de 60, 80 e 110º, sendo mais comum os dois últimos. Quanto maior o
ângulo formado pelo bico, menor é o tamanho das gotas, podendo ser montado
a uma distância maior na barra portabicos.

São ideais para a aplicação de herbicidas em área total, onde se


necessita maior uniformidade de distribuição. No entanto, atulmente também
tem sido utilizado para aplicação de inseticidas e fungicidas com sucesso, de
forma a evitar o risco de deriva nas aplicações com pontas de jato cônico vazio.

Operam melhor a pressão de 2 a 4 bar, permitindo uma cobertura mais


uniforme. Utilizando pressões mais baixas é possível conseguir tamanho maior
de gotas, para reduzir a deriva, mas a uniformidade de distribuição diminui.
Para melhor uniformidade de distribuição ao longo de uma barra, recomenda-
se uma sobreposição de aproximadamente 30%, em cada lado do jato.8

Existem outros modelos de ponta tipo leque que usam uma faixa maior
de pressão. Também existem pontas de jato plano duplo, mais recomendados
para aplicação em que se deseja boa cobertura e penetração entre as folhas.
Para aplicação entre as linhas da cultura, ou sobre as linhas, existem as pontas
tipo leque com perfil de distribuição uniforme (Even) ( ALBUZ, 199211).

44
Ponta de impacto

Fonte: Empresa TeeJet

As pontas de impacto, da mesma forma que as pontas tipo leque,


produzem um jato em forma de leque, com um ângulo de pulverização grande,
variando de 110 a 140º.

O efeito de divisão do líquido em gotas produz-se pelo impacto do jato


com uma superfície plana. Como possuem um orifício de saída circular, são
menos sujeitos a entupimentos.

Possuem maior deposição de líquido nas extremidades do jato. Podem


trabalhar a pressões muito baixas (0,7 a 1,8 bar), produzindo gotas grandes,
diminuindo o problema da deriva.

Essas pontas são recomendados para a aplicação de herbicidas


sistêmicos a baixo volume, bem como para aplicação utilizando pulverizadores
costais de acionamento manual.

45
Ponta de indução de ar ou arejadora

Fonte: Empresa TeeJet

As pontas com indução de ar têm como característica a produção de


gotas grandes, contendo ar no seu interior, próprias para aplicação de produtos
sistêmicos.

Consistem basicamente de um ponta, contendo no seu interior um


venturi responsável pela aspiração do ar. Este é misturado com o líquido em
uma câmara antes da formação do jato.

Algumas vezes tem-se observado o entupimento do orifício de entrada


de ar, eliminando o efeito do borbulhamento. Isso tem ocorrido principalmente
em locais onde o próprio movimento do trator causa excesso de poeira.

Vale ressaltar que ainda não se têm um bom entendimento sobre o


processo de impacto da gota formada por essa pontas com o alvo, contudo
sabe-se que a mesma ao impactar com o alvo quebra-se em pequenas gotas,
melhorando a cobertura portanto, o simples fato de ter uma gota grossa não
necessariamente implica em um tratamento ineficiente com a aplicação de
inseticida e fungicida.

Calibração
Ao final desse módulo você será capaz de:

*Aprender a teoria da calibração de pulverizadores


*Adequar a regulagem do pulverizador ao receituário agronômico

46
Calibração
Para se fazer a calibração dos aplicadores de agroquímicos, é importante
determinar alguns parâmetros, tais como:

Volume ou taxa de pulverização (Q)

O volume de pulverização, ou a quantidade de calda (água + defensivo)


aplicado uniformemente por unidade de área, depende de:

• Tipo de equipamento;
• Tipo de produto químico;
• Estágio de desenvolvimento da cultura;
• Formulação do produto químico;
• Condições climáticas.

O volume de pulverização pode ser calculado, utilizando a fórmula:

em que:
Q - volume de pulverização (L/ha)
q - vazão por bico ou do total de bicos (L/min)
v - velocidade de trabalho (km/h)
f - faixa de pulverização por bico ou total dos bicos (m)

NOTA:
Quando for utilizado a vazão por bico, a faixa de pulverização
considerada deverá ser correspondente à produzida por um bico apenas.
Quando se utilizar a vazão total, a faixa de pulverização deverá ser
correspondente ao comprimento da barra.

A quantidade de produto químico a ser colocada no tanque será calculada


pela fórmula:

em que:
Pr - quantidade de produto químico por tanque (kg ou L)
Ct - capacidade do tanque (L)

47
Q - volume de pulverização (L/ha)
D - dosagem de defensivo (kg/ha ou L/ha)

Faixa de pulverização (f)

É a largura da faixa tratada por um bico ou bocal atomizador, a cada


passada do pulverizador, medida no solo.
Mede-se a faixa de pulverização conforme os exemplos a seguir:

Pulverizador costal

A faixa de pulverização por bico é igual ao espaçamento entre duas


passadas sucessivas, em metros.

Faixa de pulverização em culturas anuais (Fonte: Jacto S. A.).

Aplicação de defensivos em culturas anuais

A faixa pulverizada pelo pulverizador costal é igual à largura tratada


pelo bico

.
No caso do pulverizador costal motorizado a faixa de pulverização é
determinada medindo-se a largura aplicada entre cada passada.

Aplicação de defensivos em culturas perenes

A faixa de pulverização é igual à metade do espaçamento entre as


linhas da cultura, em metros.

48
Faixa de pulverização em culturas perenes (Fonte: Jacto S. A.).

Pulverizador de barra

A faixa de pulverização é igual a distância entre os bicos montados na barra


do pulverizador.

Faixa de aplicação do pulverizador de barra.

Atomizador tipo canhão de ar

A faixa de pulverização é igual à distância entre cada passada em metros. O


alcance do jato atomizador é estabelecido pelo fabricante ou em ensaio de
campo.

Métodos práticos de calibração


Antes de realizar a calibração de qualquer pulverizador é importante verificar:

• Funcionamento da bomba hidráulica;


• Condições dos filtros;
• Estado dos bicos;

49
• Funcionamento dos registros ou regulagem da vazão;
• Funcionamento dos manômetros ou registros de regulagem da
pressão;
• Estado das tubulações;
• Funcionamento dos agitadores, etc.

Faixa de pulverização do atomizador tipo canhão (Fonte: Jacto S.


A.).

Atomizador tipo cortina de ar (turbo-atomizador)


A faixa de pulverização é igual ao espaçamento entre as linhas da cultura,
em metros.

Faixa de pulverização do atomizador cortina de ar (Fonte: Jacto S. A.).

50
Calibração do pulverizador costal manual
Para se fazer a calibração do pulverizador costal, deve-se seguir os seguintes
passos:

1o) Marcar uma área igual a 100 metros quadrados (10 m x 10 m);
2o) Encher completamente o tanque do pulverizador;

Demarcação da área (Fonte: Jacto S. A.).

3o) Aplicar na área, por faixa, usando uma cadência igual a de trabalho;
4o) Medir a quantidade aplicada;
5o) Determinar o volume de pulverização aplicando a seguinte fórmula:

em que:
Q – volume de pulverização (L/ha)
V - volume gasto na área (L)

Calibração do pulverizador de barra


Parte I - Trator em movimento

1o) Marcar um percurso de 30 a 50 metros;


2o) Escolher a velocidade para aplicação;
3o) Regular a rotação da TDP em 540 rpm;
4o) Determinar o tempo gasto, em segundos, para percorrer o percurso.

51
Demarcação do percurso.

Parte II - Trator Estacionado

1o) Com a mesma aceleração, regular a pressão dos bicos;


2o) Coletar o volume por bico no tempo gasto para percorrer o percurso;
3o) Calcular o volume aplicado, utilizando a fórmula:

Ou então use o seguinte cálculo:

Área = f x 50 m.

Logo, tem-se:

Correções necessárias

a) Volume de aplicação abaixo do desejado:

• Aumentar a pressão nas pontas (dentro da faixa recomendada para


cada ponta);
• Diminuir a velocidade;
• Trocar as pontas utilizados por pontas de maior vazão.

b) Volume acima do desejado:

• Diminuir a pressão;
• Aumentar a velocidade de deslocamento;
• Trocar as pontas utilizados por pontas de menor vazão.

52
Obs. De forma geral, se o volume de pulverização diferir mais de 25% do
volume desejado, trocar as pontas, caso contrário, alterar a pressão de
trabalho e a velocidade de pulverização. Em geral, os agricultores no campo
dispõe de um recipiente graduado que dispensa a realização do cálculos,
fornecendo uma leitura direta do volume de pulverização.

Aplicação aérea

*Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer os princípios básicos da aplicação aérea


*Compreender as potencialidades e os riscos da aplicação aérea

Aplicação aérea*
A aviação agrícola possui um papel fundamental no aumento de ganho
de produtividade, pela sua natureza de rápida e eficaz cobertura. O avião
agrícola, nada mais é que uma máquina aplicadora como qualquer outra,
porém apresenta particularidades, não apenas por ser uma máquina que voa,
mas pelas características dinâmicas envolvidas na aplicação.

Sem dúvida, a aplicação aeroagrícola funciona e é uma ferramenta


valiosa na agricultura, quando realizada dentro de critérios técnicos bem
definidos e acompanhada por pessoal técnico especializado.

O uso de aviões para fins agrícolas começou antes da Segunda Guerra


Mundial. Inicialmente o número de aeronaves era pequeno. Empregavam-se
aviões militares modificados. Com o tempo a atividade foi se desenvolvendo e
no final da década de 40 surgiu o primeiro avião projetado e construído para
fins agrícolas.

53
A aplicação aérea, assim como a aplicação terrestre, apresenta
vantagens e desvantagens. Como principal vantagem tem-se a grande
capacidade operacional, isto é, a possibilidade de tratamento de grandes áreas
em pequeno tempo.

Como conseqüência deste alto rendimento, possibilita também a


realização do tratamento no momento mais oportuno para o controle seja de
plantas daninhas, de doenças ou de insetos.

Além disso, evita a compactação do solo e as injúrias às culturas, tão


freqüentes nas aplicações tratorizadas. Estima-se uma perda causada pelo
amassamento das plantas de até 5% do rendimento, dependendo da cultura.
No entanto, se operação não for bem executada, dentro dos parâmetros
técnicos recomendados, a aplicação aérea pode causar a deriva dos
defensivos (arrastamento pelo vento) para áreas vizinhas.

Além disso, como o volume de pulverização (água + defensivo) é


bastante reduzido, muitas vezes inferior a 40 litros por hectare, a dificuldade de
cobertura do alvo é maior e, portanto, requer estratégias que assegurem a boa
deposição e cuidado redobrado com as condições climáticas durante as
aplicações.

Um fator bastante controverso com relação a aplicação aérea refere-se


ao custo. De forma simplista o custo da aplicação aérea é superior ao da
terrestre. No entanto, se forem computados os custos de amassamento e
compactação, esta relação se inverte.

Estas generalizações, porém, são bastante perigosas, pois dependem de cada


situação. Um fator que influencia bastante é a distância da área a ser aplicada
até a pista de decolagem. Quanto maior for esta, mais onerosa será aplicação.
Outro fator que limita a aplicação aérea é a presença de muitos obstáculos na
área e relevo muito acidentado.

Outra controvérsia com relação ao uso do avião agrícola é que o mesmo


somente é viável em grandes áreas. Contudo, se as áreas forem próximas à
pista de pouso, a aplicação é viável mesmo em pequenas áreas.
Deve ficar claro que tanto a aplicação aérea, como a terrestre, são eficientes e
têm seu campo de aplicação.

Ninguém irá recomendar que se encostem pulverizadores tratorizados e


autopropelidos nos galpões, quando os mesmos puderem trabalhar, e se
contratem empresas de aviação agrícola para fazer as aplicações de
defensivos.

No entanto, quando a capacidade operacional instalada de máquinas


não for suficiente, ou as condições climáticas não forem favoráveis, como
longos períodos chuvosos que empeçam a entrada de tratores, a aplicação
aeroagrícola é uma boa opção, tanto do ponto de vista econômico, como do
ponto de vista técnico.

54
As duas formas de aplicação apresentam vantagens e desvantagens.
Estas devem ser bem avaliadas e contornadas utilizando-se de técnicas
adequadas. As aeronaves agrícolas vêm apresentando melhorias contínuas, de
forma a promoverem aplicações mais eficientes e mais seguras do ponto de
vista ambiental.

A indústria química também tem auxiliado na segurança das aplicações.


Produtos químicos (adjuvantes) têm sido desenvolvidos para serem aplicados
junto com os defensivos agrícolas, permitindo menor risco de evaporação e
perda por deriva.

Portanto, a aplicação aérea é uma importante ferramenta que os


agricultores podem e devem se utilizar para obter o sucesso tão desejado.

Características importantes da aeronave agrícola


O emprego de aviões com fins agrícolas iniciou em todo mundo de forma
improvisada, com a adaptação de aviões principalmente militares. No entanto,
com o aumento de sua utilização, os projetistas passaram a desenvolver
aeronaves especificamente agrícolas, visando entre outras coisas tornar a
operação mais eficiente e segura.

As características consideradas desejáveis em um avião agrícola são:

• Grande capacidade de carga, o que requer motor de grande potência,


fuselagem aerodinamicamente “limpa” e redução do peso do avião
vazio;
• Ser capaz de decolar, atingindo 16 metros de altura, a partir de pistas
semi-elaboradas, consumindo não mais de 400 metros de distância, ao
nível do mar;
• Velocidade de cruzeiro em torno de 160 km/h (100 mph), combinada
com baixa velocidade de stol (65 – 100 km/h) (velocidade de mínima
sustentação);
• Boa estabilidade e manobrabilidade, especialmente em curvas, e o
sistema de comando do equipamento agrícola deve requerer pouco
esforço do piloto, de forma a reduzir fadiga;
• Visibilidade o mais irrestrita possível, para frente a para trás, bem como
visibilidade lateral, especialmente nas curvas;
• Para proteção, em caso de acidentes, é considerado essencial que o
motor e o tanque de produtos agrícolas possam estar colocados à frente
da cabine, e uma estrutura especial da fuselagem, forte o suficiente,
deve proteger o piloto de danos físicos, mesmo quando houver
“pilonagem” do avião (capotar o avião para frente);
• Outros itens de segurança importantes incluem controles e comandos
simples, de fácil identificação manual, e suspensórios de segurança,
retráteis e com fixação segura na fuselagem do avião, além da ausência
de protuberâncias, saliências e alavancas pontiagudas;

55
• Cabine vedada, impedindo a penetração de gases e vapores dos
produtos aplicados;
• Os produtos líquidos devem poder ser colocados no tanque por
tubulações a partir do fundo do tanque. Os produtos sólidos podem ser
colocados pela abertura superior do tanque de produtos, sendo que,
neste caso, a abertura deve ser de grandes dimensões;
• O revestimento da fuselagem do avião deve permitir fácil e rápida
inspeção da estrutura, motor e equipamento agrícola, bem como fácil e
rápida limpeza e lavagem de todo o avião, interna e externamente;
• O projeto e construção devem visar a facilidade de manutenção, e os
materiais utilizados devem ser resistentes à corrosão, típica do uso.

Costuma-se subdividir as aeronaves agrícolas em duas categorias (Monteiro,


20069):

• Aeronaves agrícolas leves: aeronaves com motores de potência abaixo


de 300 HP e capacidade de carga abaixo de 1000 litros.
• Aeronaves agrícolas pesadas: aeronaves com motores de potência
superior a 300 HP, podendo chegar a 1200 HP, e capacidade de carga
acima de 1000 litros, chegando a 3000 litros em equipamentos
destinados ao combate a incêndio florestal.

É importante frisar também que, apesar do uso em menor escala, as


aplicações aéreas podem ser feitas por helicópteros, também chamados de
aeronaves de asa móvel. Eles não necessitam de velocidade de deslocamento
linear para adquirir força de sustentação.

Nestes equipamentos, de forma similar as aeronaves de asa fixa, também


há um vórtice de ponta de asa, que pode prejudicar a uniformidade de
distribuição, caso a colocação dos bicos ou atomizadores na barra não seja
feita de forma adequada. No entanto, o efeito “downwash” promovido pelas
hélices do rotor, aliado às velocidades mais baixas, favorece a deposição das
gotas no alvo e a minimização da deriva.

Em geral, o custo de aplicação e manutenção de helicópteros é superior


aos aviões, no entanto, eles apresentam vantagens como facilidade de trabalho
em pequenas áreas e áreas com topografia irregular, possibilidade de emprego
em tarefas não relacionadas ao meio agrícola em épocas de pouca utilização,
boa manobrabilidade, que evita a aplicação em áreas não-alvo e facilidade de
pouso e decolagem. Sem dúvida, a aplicação com helicóptero apresenta
grande potencial, como por exemplo em grandes áreas de reflorestamento.

Quantick32(1990) destaca em seu livro “Manual del piloto agrícola” que a


técnica de vôo agrícola exige do piloto agrícola uma habilidade e um campo de
conhecimento bastante diferenciado de outros tipos de pilotos, pois estes, além
da operação na condução da aeronave, tem que ter conhecimentos sobre os
produtos a serem aplicados, seus riscos de manipulação, exigências técnicas
necessárias à correta pulverização e todos os aspectos que minimizem os
problemas de contaminação ambiental.

56
O avião agrícola brasileiro
A aeronave agrícola (EMB) “Ipanema”, fabricada pela Empresa Brasileira
de Aeronáutica (EMBRAER) – fez o seu vôo inaugural em 31 de julho de 1970
e, desde então, é o único avião agrícola em escala comercial de fabricação
nacional. Existem atualmente novas propostas em desenvolvimento de novas
aeronaves por outros fabricantes, tais como a IPE e a KLAUSS, que pretendem
lançar no mercado modelos agrícolas .Em produção experimental há a
Empresa ASA, em Minas Gerais, que produz o modelo Falcão, mas de uso
restrito.

O Ipanema foi fabricado em diferentes versões ao longo do tempo, todas


com a mesma fuselagem básica, tendo sofrido alterações, de modelo a
modelo, principalmente no motor (potência e tipo de combustível), hélice, perfil
de asa e sistema de comandos. Assim, o primeiro Ipanema lançado - EMB-200
– era equipado com motor a carburador de 260 HP e hélice de passo fixo.

Avião agrícola brasileiro Ipanema. Fonte: Wellington P. A. Carvalho.

Seguiu-se a este, o modelo EMB-200A, com o mesmo motor, porém,


com hélice de passo variável. O EMB-201, terceira versão da série, foi
equipado com motor mais potente – 300HP – com injeção direta de
combustível, e o EMB-201A foi basicamente o mesmo avião, porém
incorporando aperfeiçoamentos no sistema de comandos e no perfil de asa.

Atualmente, o Ipanema é produzido pela subsidiária da EMBRAER, a


Indústria Aeronáutica Neiva S.A., sediada em Botucatu, SP. A partir de 1992, a
Neiva iniciou as entregas de seu modelo mais recente, o EMB-202,
descontinuando a produção do EMB-201A. O EMB-202 incorporou várias e
importantes modificações em relação aos modelos anteriores, tendo a destacar
os seguintes aspectos:

1. Ampliação do tanque de produtos com maior volume, de 680 litros para


950 litros, mantida a mesma capacidade em peso (750 kg). Este

57
aumento permitiu proporcionar um melhor aproveitamento da
capacidade de carga quando das aplicações de produtos com baixo
peso específico, em especial sementes;
2. Inclusão de amortecedores do trem de pouso com pastilhas de
poliuretano;
3. Incorporação do sistema agrícola com acionamento eólico, com melhoria
no desempenho das bombas e redução do arrasto aerodinâmico.
4. Motor: Lycoming, 320 HP, 2.700RPM, 6 cilindros (Motor a álcool) e
Lycoming, 300 HP, 2.700RPM, 6 cilindros (Motor a gasolina).

Os aviões agrícolas produzidos pela indústria brasileira saem de fábrica


com perfis de asa dotados de winglets. Este perfil de ponta de asa proporciona
menor turbilhonamento nas extremidades da asa, o que resulta numa melhor
qualidade na uniformização das faixas de pulverização.

Equipamentos para aplicação por via líquida


Na aplicação de produtos químicos, dois conceitos são importantes e
definem as ações e procedimentos operacionais em qualquer tipo de operação:
pulverização e aplicação. Pulverização tem sido atribuída ao processo de
geração de gotas, que sofre influência do tipo de bico/atomizador, tipo de
ponta, pressão de trabalho, angulação da barra em relação ao vento relativo,
volume de calda, tipo de produto e calda trabalhada.

Na aplicação, fatores como condições meteorológicas (vento, umidade


relativa e temperatura), arquitetura da planta, estágio de crescimento e altura

58
de vôo têm uma influência significativa seu sucesso. Portanto, pulverizar
adequadamente é tão importante quanto aplicar corretamente.

A deposição do produto no alvo é importante para o sucesso de uma


aplicação. Desde o momento em que a gota é gerada no equipamento
aplicador, inicia-se o processo denominado de aplicação, que representa o
deslocamento das partículas até o alvo. Neste caso, o alvo poderá estar
posicionado nos mais diversos locais, nas partes inferiores ou superiores de
uma planta. Isto faz com que seja necessário diferenciar o tamanho de gotas
geradas, a fim de se conseguir obter a deposição efetiva do produto.

Para isso, é necessário então que ocorra uma cobertura com densidade
apropriada, dependendo da natureza do produto e objetivo da aplicação. Se for
realizada uma aplicação de um produto que atue por contato, por exemplo,
uma maior cobertura será necessária.

Em uma aeronave agrícola, o circuito hidráulico para a aplicação de


produtos por via líquida é semelhante a um pulverizador terrestre. Inclui:
depósito (chamado de hopper), bomba, válvulas de controle, manômetro, filtros
e elementos pulverizadores. Os elementos pulverizadores são os responsáveis
pela quebra do liquido em gotas de tamanho determinado. Em geral, os
equipamentos mais usados são os que utilizam energia hidráulica e os que
utilizam energia centrífuga.

Os bicos hidráulicos são dispostos numa barra, de seção circular ou com


formato aerodinâmico, colocada atrás e abaixo do bordo de fuga das asas. Eles
podem ser de jato plano ou de jato cônico, inclusive semelhantes aos
empregado em aplicações terrestres. A escolha do tipo de ponta a ser instalada
na aeronave está intimamente relacionada ao tipo de gota necessária.

Quando a gota é gerada, há a necessidade então de se levar as


partículas de forma segura ao alvo, e todo o produto que não atinge este alvo,
irá se constituir em perda, aumentando os a contaminação ambiental e
ampliando os custos de controle. Em geral gotas de menor diâmetros são mais
indicadas para uma boa cobertura do alvo, no entanto estão mais sujeitas ao
processo de deriva.

Com o objetivo de se reduzir a deriva, uma das opções de escolha


indicará a necessidade de geração de gotas maiores, no entanto, somente o
diâmetro de gota e volumes não são suficientes para se manter uma boa
aplicação; é necessário também que se observe as condições meteorológicas,
estágio de desenvolvimento da planta entre outros fatores.

Alguns destes fatores podem influenciar na qualidade da pulverização


produzida em uma aeronave agrícola (CHRISTOFOLETTI, 199934 ):

• Tipo de bico de pulverização (jato sólido, plano ou cônico);


• Pressão de pulverização;
• Vazão do bico;
• Velocidade do ar (velocidade de vôo);
• Orientação do bico (em relação ao fluxo de ar);

59
• Velocidade relativa líquido / ar.

A mudança da angulação do bico em relação ao vento relativo altera de


forma significativa o tamanho de gotas nas aplicações por via aérea, em virtude
do impacto de saída das gotas em relação ao vento relativo.

Tamanho de gotas na
pulverização aérea em
função da posição do bico em
relação ao fluxo de ar. Fonte:
Christofoletti, 2005.

Outro sistema muito utilizado para quebrar o liquido em gotas são os


atomizadores rotativos. Nestes equipamentos, o tamanho da gota é obtido pela
rotação de telas ou discos do equipamento. Maiores rotações implicam em
menores tamanho de gotas Nestes casos a pressão interfere no volume
aplicado e não diretamente na qualidade da gota gerada, que fica sob a
influência da rotação obtida.

Esta por sua vez, em geral depende do ajuste do ângulo das pás. Os
atomizadores rotativos são equipamentos que necessitam de elevada precisão
de fabricação. Uma de suas caracteristicas, que os diferenciam dos bicos
hidráulicos, é formação de gotas com espectro de gotas estreito, isto é, com
uma amplitude de tamanhos pequena.

Esta caracteristica é importante e vantajosa para esses equipamentos,


pois permite aplicações mais técnicas, com possibilidade de menores perdas
de produto, seja por gotas excessivamente grandes ou pequenas.

60
Costuma-se subdividir os atomizadores rotativos em dois grupos:
atomizadores de tela e de discos. Nos atomizadores de tela, como o “Micronair”
fabricado pela Micron Sprayers, um cilindro de tela gira sobre um eixo fixado
em um suporte, por meio da ação do ar em movimento que incide nas pás de
hélice.

O líquido é conduzido então a esta tela, após passar pela unidade de


restrição variável (VRU), responsável pelo ajuste da vazão do líquido. Já os
atomizadores rotativos de discos, de forma simplificado, permitem a quebra do
líquido em gotas, após este ser lançado sobre um ou mais discos que giram
acionados eletricamente ou, mais comumente, acionados pela movimentação
do ar em relação a pás de hélice presentes no equipamento.

O líquido chega ao centro de um disco rotativo através de um bico e se


distribui ao longo da parede interna e estriada. Graças ao giro, o líquido sobe
as paredes do disco depositando-se em sua periferia, onde pela força
centrífuga se rompe em pequenas gotas que saltam para o exterior do disco.

Existem três regimes de formação de gotas em discos rotativos:


molhando-se o disco com um líquido, há a formação de gotas diretamente nos
bordos. Aumentando-se mais a quantidade de líquido, há a formação de filetes
líquidos nos bordos, de cujas extremidades se formam as gotas. Molhando-se
ainda mais o disco, isto é, encharcando-o, há a formação de lâmina líquida e a
desintegração da mesma, formando-se as gotas.

Alguns benefícios da pulverização centrífuga podem ser citados:

a) Aplicação controlada de gotas

O método convencional de pulverização munido de bicos hidráulico


apresenta um espectro no tamanho de gotas em geral variando desde 20 a 600
micras. Muitas gotas são pequenas, as quais evaporam ou derivam da
superfície alvo; e muitas são grandes e contém grande parte da solução do
defensivo agrícola.

Em virtude disso, desenvolveram-se os pulverizadores centrífugos que,


em alguns casos, receberam um novo termo: aplicação de gotas uniformes (do
Inglês “Controlled Drop Application” e abreviado como CDA).

Desta forma os atomizadores rotativos, no regime adequado de trabalho


produzem gotas cuja uniformidade atende a uma das condições para ser
enquadrado como CDA, com coeficiente de dispersão (relação VMD/NMD)
menor que 1,4. Entretanto, se a vazão for excessiva, essa uniformidade não
será atingida.

Devido a uma série de circunstâncias, muitas pessoas têm a idéia de


que o CDA refere-se a aplicação de herbicidas feita com disco rotativo.
Entretanto, o conceito de CDA independe do equipamento aplicador e do
produto aplicado. Uma aplicação com um bico eletrostático pode ser
considerado CDA, se o tamanho de gotas estiver correto.

61
Além disso, nem toda aplicação com atomizador rotativo pode ser
considerada como CDA. Sendo a pulverização constituída de gotas eficientes,
sem as excessivamente grandes ou pequenas, o volume de aplicação pode ser
reduzido ao mínimo.

b) Aplicação a baixo e ultra baixo volume

O pequeno tamanho das gotas que podem ser formadas e a grande


uniformidade de tamanho de gotas permitem que se faça tratamento com dose
de até cinco litros por hectare. Isso constitui uma grande economia de água e
tempo, reduzindo os tempos perdidos com o recarregamento dos reservatórios.

Detalhe de um atomizador rotativo de tela e de disco

Ajuste do atomizador rotativo de tela “Micronair”


Para que se possa possa ajustar o equipamento visando a obtenção de um
determinado tamanho de gota, alguns passos devem ser seguidos:

• Verificar na bula do produto ou na recomendação técnica, qual o tipo de


gota necessária. Uma vez escolhido o tamanho das gotas para atender
determinada situação, alguns procedimentos devem ser obedecidos
para ajuste das pás do Micronair, utilizando-se das tabelas fornecidas
pelo fabricante;
• No eixo do “y”, demarcar o tamanho de gota escolhida;
• Traçar uma reta até coincidir com a curva;
• Descer até o eixo “ x “ e verificar a rotação necessária do equipamento
para se obter o tamanho adequado.

Uma vez definida a rotação necessária para obtenção do tamanho de gota, o


próximo passo é encontrar qual a angulação a ser colocada no equipamento,
rotação esta que será responsável diretamente pelo tamanho de gota
desejado. Uma segunda etapa em um outro gráfico é necessária para isto.

62
Nele posicionamos a velocidade da aeronave (4º passo) no eixo “x” e a
rotação necessária (5º passo) no eixo “y”, a partir daí obtem-se um ponto (6º
passo) no gráfico e, seguindo em direção (7º passo) a interseção em uma das
curvas (8º passo), em função do volume desejado, determina-se a angulação
que será responsável pela rotação que promoverá a gota com o tamanho
desejado.

Ajuste de rotação do atomizador rotativo de tela


“Micronair”

63
Determinação da angulação das pás do “Micronair” AU-5000/2. Fonte: OZEKI
e KUNS, 1994.35

Testes de deposição de gotas


Os testes de deposição são realizados com objetivo de avaliar os níveis
de deposição e cobertura e verificar as distâncias necessárias de passagem
para a obtenção de uma sobreposição que forneça as menores variações ao
longo da faixa tratada.

Geralmente, estas avaliações são feitas com auxilio de programas


computacionais que facilitam as contagens dos depósitos nos papéis
hidrossensíveis para posterior análise. Também é importante nestes testes
avaliar o espectro de gotas.

O primeiro passo é determinar o grid de amostragem e o planejamento


do ensaio. Em geral, utilizam-se papéis hidrossensíveis colocados a uma
distância de 1 metro entre cada um, em uma faixa transversal à passada do
avião, com uma largura próxima ao dobro da largura esperada.

O avião deve voar com vento de través. Feito isso, procede-se a contagem e
determinação de tamanho de gotas.

64
Esquema de ensaio de faixa de deposição.

Pulverização eletrostática
Dentre as novas tecnologias disponíveis para uso comercial, visando à
redução na contaminação ambiental, está o sistema de pulverização
eletrostática para aeronaves agrícolas, que consiste em carregar as gotas
promovendo uma atração ao alvo, e com isso uma redução significativa de
volume de calda aplicada e ingrediente ativo.

Neste sistema, as gotas são produzidas por bicos de pulverização e são


carregadas eletricamente por meio de eletrodos que recebem altas voltagens.
Este processo permite que partes do alvo de difícil acesso sejam cobertas
pelas gotas.

Nas pulverizações eletrostáticas agrícolas, as gotas têm sua carga


alterada pelo acréscimo ou retirada de elétrons ocasionados por um campo

65
elétrico gerado por anéis de indução, que envolvem os bicos de pulverização,
ligados a um gerador. Gotas finas (em torno de 150 µm) têm maior potencial
para serem utilizadas nestes sistemas, pois permitem uma maior razão
carga/massa (expressa em milioulumbs por quilograma de líquido carregado).

As diferentes formulações e a adição de adjuvantes também influenciam


no processo de eletrificação das gotas, devendo ser considerado na hora de
regular o equipamento. O equipamento “Spectrum Eletrostatic Aerial Spray
System” utiliza um sistema de alta pressão 483 kPa (70 PSI) para aplicações
em baixo volume (10 L/ha), que carrega com carga eletrostática todas as
partículas produzidas pelo sistema de pulverização da aeronave.

Utilizando a bateria do avião, ele emprega o sistema bipolar de indução


eletrostática que produz cargas de polaridade oposta em cada uma das barras.
Desta forma, o efeito que tornaria o avião eletricamente carregado (efeito
corona), se fosse produzida apenas um tipo de carga, é compensado pela
geração de duas cargas opostas que se neutralizam quanto atingem as
mesmas intensidades (SCHRODER, 200236).

Para um bom desempenho deste sistema, alguns testes mostram que a


altura de vôo não deve ser superior a 3 m, em geral pouco menor do que o
recomendado para sistemas convencionais. Isso tem como objetivo evitar que
as gotas evaporem e aumentar a atração pelo alvo. Apesar de ser um sistema
que ainda requer estudos, tem grande potencial para tornar as aplicações mais
eficientes, tecnicamente e economicamente, e ambientalmente seguras.

Sistema eletrostático para aeronaves agrícolas. Fonte: Wellington P. A. Carvalho

66
Efeito da aerodinâmica na aplicação aérea: vórtices de
ponta de asa e de hélice
Em razão das diferenças de pressão, quando a aeronave está voando,
da tendência de equilíbrio entre as pressões das partes inferiores e superiores
da asa e dos efeitos aerodinâmicos há a geração de uma turbulência nas
extremidades das asas, turbulência esta denominada de vórtices.

Essas turbulências ficam mais evidenciadas em condições de


estabilização atmosférica e à operação em vôos baixos.
Uma alternativa encontrada para minimizar o vórtice de asa é a limitação do
comprimento da barra de pulverização a ser colocada na aeronave.

A distribuição dos bicos ao longo da barra não deve ser superior a 75%
da semi-envergadura. Além disso, visando minimizar estes efeitos, melhorar a
performance da aeronave, diminuir o arrasto aerodinâmico e uniformizar a
deposição, novas barras porta-bicos com perfis aerodinâmicos estão sendo
desenvolvidas, juntamente com adoção de sistemas especiais junto a ponta da
asa, conhecidos como wing-lets ou ag-tips.

No caso de atomizadores rotativos, sua distribuição ao longo da asa


também é muito importante. Os fabricantes recomendam o número de
atomizadores por aeronave e suas posições ao longo da barra de forma a
evitar o vórtice de asa de hélice.

Efeito da aerodinâmica na aplicação aérea.

67
O vórtice de ponta de asa causa a movimentação do ar nas
extremidades das asas do avião. Por isso, os elementos pulverizadores não
devem ser colocados nas extremidades. O vórtice de hélice tende a concentrar
a neblina em um lado do avião. Assim, é necessário estudar a altura de vôo e a
posição de colocação dos bicos junto ao corpo do avião para reduzir o
coeficiente de variação da distribuição transversal.

Balizamento de áreas
A orientação nas áreas de aplicação é fundamental para o sucesso de
uma boa e segura operação. Nos procedimentos de orientação, um estudo
detalhado da área a ser aplicada, definição de sentido de vôo, observação de
ventos predominantes e culturas sensíveis e determinação de distâncias legais
a serem respeitadas de acordo com a legislação específica de aviação
agrícola, visando um melhor e maior rendimento operacional, devem ser
evidenciados.

Na avaliação dos fatores de riscos operacionais ao piloto e ao meio


ambiente, exigem-se cuidados redobrados a todos os envolvidos neste
processo. Em condições de campo, o técnico executor de aviação agrícola sob
a orientação de um coordenador (engenheiro), deverá efetuar um croqui da
área, plotar os pontos de perigo (redes, árvores na linha de tiro,
posicionamento do sol, obstáculos, estradas, etc.), além de definir como
deverão ser executada as operações.

Há diferentes formas de orientação. Durante muitos anos, a orientação


foi realizada quase que exclusivamente por sinalizadores em terra, conhecidos
como “bandeirinhas”. Este processo, apesar de ser facilmente maleável na
questão operacional, trazia sérios inconvenientes, como a necessidade de
treinamento intensivo dos marcadores, possibilidade de contaminação destes
bandeirinhas, caso não fosse seguido cuidados principalmente na saída
quando da aproximação das aeronaves, necessidade de uso de vestimentas
apropriadas e observação do sentido de deslocamento do vento no
posicionamento dos bandeiras. Estes problemas aumentavam principalmente
em áreas irregulares, em culturas de porte alto, grandes extensões, áreas
acidentadas, etc.

68
Sentido de vôo em função do vento. Fonte: Akesson e Yates37
(1975)

Com o objetivo então de substituir o processo de balizamento humano,


surgiu inicialmente o balizamento semi-automatizado, onde fitas do tipo
“serpentina” eram acondicionadas num tubo e sob o comando do piloto, estas
eram lançadas sobre a área. Tal balizamento apresentava a possibilidade da
substituição dos balizadores humanos, mas a sua precisão de orientação nem
sempre permitia uma qualidade dos ajustes de faixa.

Este método foi completamente substituído pelos novos e eficientes


métodos de balizamento adotados com o surgimento das barras de luzes
acopladas ao sistema de GPS e DGPS. A barra de luz é um equipamento
utilizado para a orientação do operador durante uma operação agrícola, de
forma que o mesmo possa se localizar no campo de forma precisa.

69
Sistemas de balizamento. Fonte: Manual do fabricante (a) Airtractor e (b) Embraer.

Detalhe de um sistema de barra de luz instalado numa aeronave agrícola para balizamento.

70
Quimigação

Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer os princípios básicos da quimigação


*Compreender as vantagens e desvantagens deste método

Quimigação

A pulverização convencional (costal e tratorizada) é a técnica de


aplicação de agroquímicos mais difundida, graças à flexibilidade que oferece
em distintas situações de campo. Atualmente, entretanto, a quimigação, vem
se difundindo bastante. A aplicação de produtos químicos e biológicos na
lavoura por intermédio da água de irrigação, também conhecida como
quimigação (do inglês chemigation), está se intensificando por parte dos
produtores que dispõem de equipamentos de irrigação, pois é técnica eficaz na
aplicação de muitos produtos com um custo mais baixo em relação aos
métodos convencionais.

Produtores rurais de diversos países já fazem uso desse método de


aplicação com sucesso, mas, muitas vezes, sem o devido respaldo da
pesquisa. Muitos produtores, por sua conta e risco e com base nas próprias
observações, estão fazendo aplicações de agroquímicos sem o conhecimento
dos riscos ambientais que essa tecnologia, quando utilizada de maneira
inadequada, pode acarretar.

A cobertura obtida nos tratamentos fitossanitários é de forma direta


responsável pelo sucesso no controle de pragas, de doenças ou de alguns

71
problemas que causam prejuízo à cultura. Em geral, na quimigação a
uniformidade de distribuição do agroquímico acompanha a uniformidade de
distribuição da água, daí resulta a importância do manejo adequado do sistema
de irrigação.

Diversos agricultores estão aplicando quantidade de produto muito


superior à necessária, de maneira a “compensar” o grande volume de água
aplicado. Soma-se a isso, o fato de que, muitas vezes, os próprios profissionais
de extensão rural não conhecem o real efeito dos defensivos agrícolas
existentes no mercado quando aplicados via água de irrigação.

Os mais diversos tipos de produtos, entre eles os herbicidas, os


inseticidas e os fungicidas são passíveis de serem aplicados via irrigação.
Assim, surgem os termos herbigação, insetigação e fungigação.

É tecnologia relativamente nova, pois começou a ser usada com mais


intensidade, nos Estados Unidos, na década de 70. Em 1958, foi feito o
primeiro registro de aplicação de fertilizante comercial por meio da irrigação por
aspersão (BRYAN e THOMAS JR., 195824).

Com a evolução dos sistemas de irrigação, a introdução de novos


defensivos no mercado, o aumento crescente do custo da mão-de-obra e a
necessidade de elevar a eficiência dos insumos agrícolas, criou-se grande
expectativa em relação à utilização dessa tecnologia.

De maneira geral, os sistemas de irrigação por aspersão, principalmente


o pivô-central e os sistemas lineares, são os mais adequados a essa
tecnologia, enquanto a irrigação por superfície limita-lhe o uso.

Os sistemas de irrigação por aspersão são os mais adequados por


apresentarem, em geral, alto coeficiente de uniformidade de distribuição de
água quando manejados adequadamente, e por serem o único método que
permite o controle de doenças foliares.

Para alguns agroquímicos de contato, essa técnica pode ser menos


eficiente que a aplicação convencional. A principal dúvida está relacionada com
o grande volume de água utilizado. A diluição/concentração pode afetar a
eficácia do produto.

No caso da aplicação de fungicida via água de irrigação, por exemplo,


VIEIRA e SUMNER22(1999) citam alguns pontos favoráveis à fungigação que
compensam o potencial de lavagem provocado pelo grande volume de água
utilizado, permitindo um bom controle das doenças: aplicação do fungicida no
momento de maior atividade do fungo; melhor uniformidade de distribuição;
cobertura quase completa de todo o dossel das plantas; e redução de inóculo
na lavoura.

Além disso, os fungicidas, quando aplicados na água de irrigação,


proporcionam melhor controle de patógenos do solo, causam menos danos
mecânicos à cultura e menor compactação do solo, podendo propiciar um

72
rendimento da cultura equivalente ou, algumas vezes, superior ao obtido com a
pulverização convencional.

O que se percebe nos trabalhos publicados, em que se compara a


fungigação com a aplicação convencional, é que esta se mostra ligeiramente
superior na redução da severidade de doenças, porém os rendimentos são
equivalentes.

Com relação especificamente aos produtos sistêmicos, existem


evidências de que o grande volume de água utilizado pode comprometer-lhes
menos o desempenho, quando comparados aos protetores, pois parte do
produto que alcança o solo pode ser absorvida pelas raízes e translocada para
a parte aérea.

Sem dúvida, a aplicação de produtos químicos na água de irrigação


representa importante tecnologia na agricultura. Ela deve ser feita, entretanto,
com critério, a fim de evitar possíveis danos ambientais e prejuízos
econômicos. Um manejo adequado inclui sistemas bem projetados, calibração
bem feita e operador bem treinado. O conhecimento do alvo e das
características do produto aplicado também é fundamental.

A quimigação e os métodos de irrigação


A quimigação pode ser realizada em todos os métodos de irrigação:
superfície, aspersão e localizada (gotejamento e microaspersão), no entanto, é
mais indicada para a aspersão. Nesse sistema, no entanto, os agroquímicos
podem visar ao solo, à parte aérea das plantas, ou a ambos, e a aplicação é
feita em toda a área cultivada.

Na aspersão convencional, o agroquímico pode ser aplicado em


qualquer momento do molhamento. Por isso, quando se deseja obter máxima
concentração do produto na folhagem, com mínimo escorrimento, o produto
deve ser aplicado próximo ao final da irrigação.

No pivô-central, no entanto, o agroquímico deve ser continuamente


injetado, porquanto o sistema é móvel. Portanto, pode-se conseguir maior
concentração do defensivo na folhagem com a aspersão convencional do que
com o pivô-central.

Alguns pivôs-centrais aplicam de 4 a 9 mm de água (40 a 90 mil litros de


água por hectare) por volta, quando o sistema funciona na velocidade máxima
(100%). Por isso, a concentração do agroquímico na água é muito baixa e,
quando a aplicação visa à parte aérea das plantas, parte do produto pode ser
depositada no solo.

Esse é o motivo por que muitos defensivos solúveis em água são menos
eficientes ou ineficientes por via da água de irrigação, em relação à aplicação
deles pelos métodos convencionais (trator e avião). Outros defensivos (com
baixa solubilidade em água) que visam à parte aérea das plantas, no entanto,

73
são eficazes na quimigação, superando, em alguns casos, o nível do controle
que se consegue com a aplicação deles pelos métodos convencionais.

Quanto aos agroquímicos que visam ao solo, o grande volume de água


aplicado pelo pivô geralmente é desejável. No entanto, as suas propriedades
físico-químicas e a interação delas com as condições edafoclimáticas devem
ser consideradas, para que se faça uso adequado da quimigação.

Vantagens gerais da quimigação


A quimigação pode ser uma ferramenta interessante para os produtores.
No entanto, uma avaliação criteriosa deve ser feita antes de se decidir pela sua
utilização ou não. Quando o sistema de irrigação ainda vai ser adquirido, é
mais fácil incorporar os equipamentos necessários a uma aplicação eficiente e
segura. Contudo, se o sistema já existe, é preciso avaliar as conseqüências da
adoção dessa tecnologia.

As principais vantagens da quimigação podem ser assim relacionadas:

• Uniformidade de aplicação: De maneira geral, se o equipamento de


irrigação estiver operando em perfeita condição, a distribuição de
agroquímicos na lavoura geralmente é mais uniforme que a aplicação
convencional ou aérea.
• Economia: A quimigação é técnica mais econômica do que a aplicação
convencional e aérea. Estima-se uma economia superior a 50% em
relação à aplicação tratorizada.
• Incorporação e ativação: Os produtos que visam atingir o solo são
incorporados e ativados quando aplicados com grande volume de água.
• Flexibilidade: A aplicação pode ser feita nas fases em que a altura ou
fechamento da cultura é um obstáculo ao uso de trator, sem danos às
plantas. Além disso, o produto pode ser aplicado na época mais
adequada, independentemente, por exemplo, do teor de água do solo,
que, quando alto, não favorece a entrada de pulverizadores tratorizados
na gleba.
• Redução da compactação do solo: Tem-se o tráfego de máquinas
eliminado na lavoura durante a aplicação dos produtos. Algumas épocas
de aplicação coincidem com o período de chuvas, o que torna o solo
mais susceptível a compactação pelo tráfego de máquinas.
• Redução de danos à cultura: O menor tráfego também diminui os danos
à cultura.
• Redução de deriva e evaporação: Há duas razões que, quando
combinadas, explicam a menor evaporação e deriva de agroquímicos na
quimigação, em relação aos métodos convencionais: (1) as soluções
aplicadas são muito diluídas e a pressão de vapor de muitos
agroquímicos é menor que a da água. Isso significa que a evaporação
da água é o limite máximo de evaporação dos agroquímicos; e (2) as
gotas originadas dos aspersores são maiores, havendo, portanto, menor
oportunidade de evaporação.

74
Menores riscos ao operador: A quimigação pode ser realizada sem a presença
do operador na lavoura, ou com o operador e o equipamento de injeção de
agroquímicos protegidos em abrigo. Mesmo no caso de a injeção ser feita
próxima à torre central e ao ar livre, a presença do operador não é necessária
durante todo o tempo de distribuição. Na aplicação tratorizada e, sobretudo na
aérea, o volume de calda é muito pequeno, em relação ao usado na
quimigação. Por isso, a concentração do defensivo na água é maior naqueles
casos.

Desvantagens gerais da quimigação


A quimigação traz consigo, entretanto, algumas características inerentes à
aplicação de defensivos agrícolas que devem ser manejadas corretamente, sob
o risco de inviabilizar o sistema, como:

• Pouca difusão da tecnologia: As companhias que comercializam


defensivos são as principais difusoras da tecnologia de aplicação na
lavoura. No entanto, em razão de haver poucos defensivos registrados
para aplicação via da água de irrigação, a tecnologia é pouco difundida.
Ademais, a quimigação é tecnologia relativamente nova e relativamente
pouco estudada.
• Possibilidade de contaminação ambiental: A possível lixiviação de
agroquímicos aplicados com a água de irrigação, contaminando o lençol
freático, não é a principal preocupação com o uso dessa tecnologia. O
que mais preocupa é a contaminação da fonte de captação de água, no
caso de a bomba de irrigação parar de funcionar por causa de um
problema qualquer. Outra possibilidade de contaminação ocorre se a
bomba dosadora estragar: pode haver retorno da solução, pressurizada
pela água de irrigação, para dentro do reservatório do defensivo, e daí
para o solo. Esses problemas podem ser evitados com o uso de
equipamentos de segurança instalados no sistema de irrigação e no
sistema injetor. Outro fator que favorece a contaminação ambiental é a
indisponibilidade de equipamentos de segurança de boa qualidade e a
não-normatização do uso da quimigação.
• Demora da aplicação: O tempo necessário para o pivô completar o
círculo depende do tamanho e da velocidade de deslocamento da última
torre. Por exemplo, pivôs que irrigam 50 ha, deslocando-se a 2 m/min na
velocidade máxima (100%), completam o círculo em 21 horas, enquanto,
nessa mesma velocidade de deslocamento, um pivô de 100 ha
demoraria quase 30 horas. Se a velocidade for reduzida para 1 m/min, o
tempo para completar o círculo seria o dobro do supracitado. As
aplicações com avião, porém, são muito mais rápidas. Portanto,
condições adversas de clima no decorrer do dia (vento forte ou chuva)
podem prejudicar mais a distribuição via da água de irrigação do que por
via aérea.
• Aplicação desuniforme no início da injeção: O produto químico injetado
na água que corre dentro da tubulação do pivô é distribuído,
inicialmente, nos aspersores próximos do ponto de injeção. Somente

75
após determinado tempo a aplicação torna-se uniforme ao longo de todo
o sistema.
• Molhamento sem necessidade: Algumas vezes o defensivo é aplicado
por via da água de irrigação sem a necessidade de molhar o solo. Nesse
caso, além do custo adicional com energia, o molhamento excessivo
pode aumentar a intensidade de doenças.
• Necessidade de manejo eficiente: a quimigação pressupõe o manejo
eficiente da irrigação para o sucesso da operação.
• Equipamentos adicionais: há necessidade de adquirir alguns
equipamentos adicionais para se realizar a aplicação com segurança.

Agroquímicos que visam o solo


Nesta categoria estão: herbicidas de pré-plantio incorporado e de pré-
emergência, nematicidas, fertilizantes, fumigantes e alguns inseticidas e
fungicidas.

Vantagens:

• Eficiência: Os melhores resultados com a quimigação têm sido obtidos


com os agroquímicos que visam ao solo, algumas vezes com eficiência
superior à alcançada com os métodos convencionais.
• Potencial de redução da dose de agroquímicos: Em razão da maior
eficiência de alguns agroquímicos que visam ao solo, quando aplicados
por intermédio da água de irrigação, há potencial de se conseguir
eficácia com dose menor que a empregada nos métodos convencionais.
• Imediata incorporação e ativação: Muitos agroquímicos exigem água
para a movimentação e ativação no solo. O controle do volume de água
aplicado permite que eles sejam incorporados à profundidade desejada,
conseguindo-se, ao mesmo tempo, o teor de água necessário para
ativá-los.

Desvantagens

• Menor eficiência: O método convencional é mais eficiente que a


quimigação em relação a alguns defensivos. Estes, em pequeno
número, têm alta volatilização e/ou fotodecomposição, e são muito
pouco móveis no solo, características que demandam a aplicação do
defensivo próxima ao solo e incorporação imediata na camada
superficial deste. Esse intento só é efetivamente realizado quando se
usa pulverizador tratorizado para distribuir o agrotóxico e, logo em
seguida, gradagens para incorporá-lo ao solo.
• Possibilidade de contaminação do ambiente: Os pivôs com aspersores
de baixa pressão distribuem água numa faixa estreita de terreno. Por
conseguinte, a intensidade de precipitação é alta. Quando pivôs de
baixa pressão são instalados em áreas de topografia irregular e, ou, em
solo pouco permeável, os problemas relativos ao escoamento superficial
podem ser sérios. A probabilidade de ocorrer escoamento superficial

76
aumenta à medida que se afasta do centro do pivô, porque a vazão de
água aplicada por unidade de comprimento também aumenta nesse
sentido. Por isso, à medida que aumenta o tamanho da área coberta
pelo pivô são maiores as chances de ocorrer escoamento superficial.
• Corrosão: Muitos produtos químicos, especialmente os fertilizantes, são
corrosivos. O uso de solução bem diluída minimiza esse efeito. Ademais,
recomenda-se a aplicação de água pura após a fertirrigação para lavar o
sistema.

A quimigação em áreas sujeitas a escoamento superficial tem as seguintes


conseqüências indesejáveis:

1. a água escoada para fora da lavoura, e os agroquímicos dissolvidos


nela, são desperdiçados, e contaminam o ambiente;
2. o escoamento dentro da lavoura reduz a uniformidade de aplicação; e
3. redução da eficiência dos agroquímicos que visam ao solo.

A magnitude desses efeitos cresce à medida que aumenta a lâmina de água


aplicada (menor velocidade do pivô).

Agroquímicos que visam à parte aérea das plantas


Nesta categoria estão os herbicidas aplicados em pós-emergência, os
reguladores de crescimento e a maioria dos fungicidas e inseticidas.

Para a maioria das culturas, 200 a 1000 L/ha é a quantidade de calda


recomendada para proporcionar boa cobertura da parte aérea das plantas, sem
perdas significativas de defensivo por escorrimento.

No entanto, quando o defensivo é aplicado por intermédio do pivô-central, a


lâmina de água mínima usada varia, em geral, de 4 a 9 mm (40.000 a 90.000
L/ha). Essa lâmina excede em muito a quantidade máxima de solução
recomendada para as pulverizações. Por isso, três princípios são básicos para
o uso correto da quimigação com produtos que visam à parte aérea das
plantas:

1. Em geral, os defensivos com alta solubilidade em água não são eficazes


.
2. Quanto aos defensivos com baixa solubilidade em água (geralmente
eficazes), as quimigações com as formulações disponíveis no comércio
devem ser realizadas com o pivô na velocidade máxima. A tendência é
de a eficiência do defensivo diminuir à medida que se aumenta a lâmina
de água aplicada, sobretudo acima de 8 mm.
3. A mistura de óleo não emulsificante ao defensivo (na proporção de 1:1-
3, defensivo: óleo) pode melhorar-lhe a eficiência, mormente por reduzir
o efeito indesejável do uso de grande volume de água.

Vantagens:

77
• Eficiência: Muitos defensivos que visam à parte aérea das plantas são
eficazes quando aplicados através da água de irrigação.
• Potencial de redução das doses de alguns defensivos: Quando se usa
formulação apropriada de alguns inseticidas, consegue-se obter controle
econômico da praga com doses menores e com menor freqüência de
aplicação.
• Redução de injúrias às plantas: Há menor risco de injúrias às plantas por
causa da melhor distribuição do defensivo no dossel e da menor
concentração dele na parte aérea.

Desvantagens:

• Menor eficiência: Defensivos com alta solubilidade em água são mais


eficientes quando aplicados pelos métodos convencionais do que pela
quimigação.
• Mistura de óleo não emulsificante ao defensivo: Em geral, a eficiência
dos defensivos aplicados na parte aérea das plantas através da água de
irrigação é maior quando eles são misturados a óleo não emulsificante, o
que pode representar custo adicional.

Formulação dos agroquímicos


A profundidade que um agroquímico pode ser deslocado no solo
depende do tipo de solo, do volume de água aplicada e das propriedades do
produto (volatilidade, solubilidade em água, adsorção à matéria orgânica e
argila, fotossensibilidade e meia-vida). Em geral, os agroquímicos que
apresentam certa mobilidade no solo são os mais adequados quando o alvo é
o solo.

Em razão do grande volume de água empregado na quimigação, muitas


vezes não se consegue, com as formulações disponíveis no mercado, a
mesma eficácia alcançada com os métodos convencionais de aplicação. Há
variação de eficiência entre defensivos e entre formulações de um mesmo
defensivo, quando distribuídos pela água de irrigação.

Segundo Threadgill26 (1985), há muito para aprender sobre formulações


para melhorar-lhe a eficiência na quimigação. No entanto, em geral, os
produtos insolúveis ou pouco solúveis em água e que agem mais como óleo,
ou são solúveis em óleo, têm melhor desempenho quando o alvo é a parte
aérea das plantas.

Para muitos defensivos, a mistura com óleo não emulsificante (vegetal


ou de petróleo) antes da injeção na água de irrigação, melhora-lhes a
eficiência. Os óleos vegetais brutos (sem a adição de emulsão) são os mais
recomendados.

A melhoria da eficiência de muitos defensivos, quando aplicados em


mistura com óleo não emulsificante, tem a seguinte explicação: eles são

78
aplicados na forma de gotas (óleo mais defensivo) com a água de irrigação,
mas sem se misturar com ela.

A formulação em óleo tem mais afinidade que a água pelas folhas e


pelos insetos. Por isso, o defensivo é removido da água quando atinge o alvo.

Em razão de os defensivos misturados com óleo não se misturarem com a


água, alguns cuidados devem ser tomados para que sua distribuição ao longo
do pivô seja a mais uniforme possível:

1. A velocidade do fluxo de água dentro da tubulação no ponto de injeção


do defensivo deve ser superior a 1,5 m/s. Com essa velocidade, é
possível obter boa turbulência da água e gotas (do óleo mais o
defensivo) pequenas (de preferência menores de 100 mm). Estas são
menos sujeitas a flutuar na água dentro da tubulação. Gotas grandes,
porém, podem ser removidas em maior proporção que as pequenas nas
proximidades do centro do pivô, o que pode causar desuniformidade de
distribuição do produto.
2. Injetar o produto no centro da tubulação. A maior velocidade da água
nesse ponto também ajuda na redução do tamanho das gotas.

Fungigação
Muitos fungicidas aplicados na folhagem das plantas são protetores.
Eles só são eficazes no local de aplicação (ação local) e devem estar
presentes na superfície das plantas antes do patógeno, ou, no mínimo, antes
de os esporos germinarem, para prevenir infecção.

Por isso é importante que ele seja distribuído uniformemente sobre as


plantas. Outros fungicidas, no entanto, não exigem distribuição uniforme para
ser eficazes. Eles têm ação erradicante e muitos são absorvidos e translocados
sistemicamente na planta.

Com relação aos fungicidas sistêmicos, há evidências de que o grande


volume de água compromete menos seu desempenho que o dos fungicidas
protetores. Segundo Culbreath et al.27 (1993), o cyproconazole, por exemplo,
compensa o potencial de “lavagem” na fungigação pela rápida absorção pelas
folhas e, ou, pela absorção via raízes.

Insetigação
Entre os defensivos aplicados na parte aérea das culturas por intermédio
da água de irrigação, é com os inseticidas que se tem alcançado os resultados
mais positivos. Infere-se, dos resultados de pesquisas disponíveis,
especialmente com milho, algodão, soja e hortaliças, que os defensivos
eficazes na insetigação são pouco solúveis em água ou solúveis em óleo.

79
Os inseticidas podem ser injetados na água de irrigação sem diluição, ou
podem ser diluídos em água ou em óleo não-emulsificante até o volume que
fique dentro da capacidade de funcionamento da bomba injetora.

É recomendável, na insetigação, também usar o pivô-central na


velocidade máxima (100%). É imprescindível, ademais, que o sistema de
irrigação apresente boa uniformidade de distribuição de água. A mistura de
inseticida com óleo não-emulsificante, antes da injeção na água, reduz os
efeitos indesejáveis do uso de lâminas de água maiores de 6 mm.

No entanto, essa mistura pode provocar desuniformidade na aplicação


do inseticida, em relação à distribuição da água. Por isso, deve-se minimizar a
causa dessa desuniformidade, que é o tamanho grande das gotas (óleo +
inseticida) levadas pela água.

Estas são mais sujeitas a flutuar na água e, conseqüentemente, ser


liberadas em maior proporção, nas proximidades do centro do pivô, em
comparação com as gotas pequenas. Para contornar esse problema,
recomenda-se injetar o inseticida diluído em óleo somente quando a velocidade
da água dentro da tubulação no ponto de injeção do defensivo for superior a
1,5 m/s.

A injeção no centro da tubulação, onde a velocidade da água é maior,


também favorece a quebra de gotas. O uso de bomba dosadora de precisão é
outra medida que ajuda na obtenção de boa uniformidade de aplicação

Equipamentos para quimigação


Para realizar a quimigação, os equipamentos mínimos necessários são:
o sistema de irrigação, a bomba de injeção e o reservatório para colocação do
produto a ser injetado. No entanto, a aplicação não deve ser feita apenas com
esses equipamentos.

A instalação de sistemas de segurança é fundamental para prevenir a


contaminação do ambiente. O maior número de casos de insucessos ligados à
contaminação ambiental refere-se ao retorno da água misturada com o
agrotóxico para a fonte da água usada na irrigação.

Dessa forma, deve-se evitar o uso de pressão negativa, junto à fonte de


água, para a injeção do produto. Também é importante instalar um dispositivo
que desligue a bomba injetora caso o sistema de irrigação pare de operar. Isso
pode ser facilmente conseguido com um simples sistema de ligação entre o
controlador da irrigação e a bomba injetora.

Todos os equipamentos e acessórios que entrem em contato com o


agroquímico devem ser fabricados preferencialmente em teflon, viton,
polipropileno ou polietileno. Embora, mais caros, garantem-lhes maior vida útil.

80
Bombas injetoras

Os agroquímicos podem ser injetados na água de irrigação de diferentes


maneiras. A principal é por meio de bombas injetoras. Elas podem ser do tipo
diafragma, pistão ou centrífugas acionadas pela própria pressão de água, por
motores elétricos ou por combustão.

Segundo Costa et al.28 (1994), o funcionamento de uma bomba injetora


de pistão se dá através de movimentos seqüenciados que promovem impactos
consecutivos de admissão e compressão. Na admissão, ocorre a entrada do
líquido no interior do cilindro através da válvula de sucção. Com a compressão,
o líquido é direcionado para o interior da linha de descarga através da válvula
de descarga.

A pressão de saída da bomba dosadora deve ser maior que a pressão


de serviço no ponto de injeção. O ponto de injeção na linha principal deverá
estar sempre no meio do tubo, e não tangenciando-o, para melhorar a
uniformidade de distribuição do produto.

Válvulas de segurança

A utilização de válvulas de segurança nos sistemas de irrigação é


essencial para garantir o sucesso da quimigação. Junto à adutora, deve ser
colocada uma válvula de retenção com o objetivo de evitar o fluxo invertido da
água. Também deve ser instalada uma válvula de alívio de vácuo.

Outra válvula de retenção deve ser colocada entre a bomba dosadora e


o ponto de injeção na adutora, para evitar o transbordamento do tanque de pré-
mistura e a contaminação ambiente.

81
Influência da qualidade da água na quimigação
O tanque de pré-mistura geralmente é abastecido com a água de
irrigação, e sua qualidade pode influenciar na eficiência da quimigação. O
conhecimento das características da água de irrigação, com relação ao pH, à
dureza e ao teor de argila e de compostos orgânicos em suspensão, é útil para
o sucesso dessa tecnologia.

pH

A água pura tem pH = 7,0, mas, em razão da presença de gases, outros


líquidos e sólidos nela dissolvidos, o pH geralmente difere de 7,0. Segundo
Kissmann27 (1997), o pH das caldas influencia a estabilidade do produto e o
resultado da aplicação.

O pH da água pode acelerar a degradação por hidrólise (alcalina) de


defensivos. A constante de dissociação de muitos deles depende do pH da
calda, e a taxa de absorção do produto pelos tecidos vegetais varia na
dependência de a molécula ser íntegra ou dissociada em cátions e ânions.

Os defensivos são formulados para tolerar alguma variabilidade de pH


da calda, mas pHs extremos podem afetar-lhes a estabilidade física. Em geral,
os defensivos apresentam maior eficiência quando a calda tem pH entre 6,0 e
6,5.

Dureza

A água captada em zonas rurais apresenta sais dissolvidos, os quais se


originam da rocha e do solo e, ou, de corretivos e fertilizantes utilizados pelos
agricultores. Os principais causadores da dureza da água são os cátions Ca++
e Mg++ originados de carbonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos.

A água dura interfere na qualidade da calda de defensivos (KISSMANN,


199715). Muitas formulações têm surfactantes aniônicos (com presença de Na+
ou K+); estes cátions podem ser substituídos por Ca++ ou Mg++ presentes na
água dura, o que dá origem a compostos insolúveis.

As indústrias geralmente formulam seus produtos para serem


compatíveis com até 320 ppm de CaCO3 na água. Em calda preparada com
grande volume de água, como na quimigação, o problema causado pela dureza
da água é agravado, em razão da maior disponibilidade de cátions.

Argila e compostos orgânicos em suspensão

Argila e compostos orgânicos em suspensão na água empregada para


dissolver o defensivo podem adsorver substâncias, inclusive ingredientes ativos
de defensivos, reduzindo-lhes a eficácia.

82
O uso de tanque pequeno para a pré-mistura, onde o defensivo é diluído
em pouca água (de boa qualidade) ou em óleo, associado a bomba com
capacidade de trabalhar de maneira compatível com a capacidade do tanque,
elimina o problema.

Segurança ambiental
Quando se fala em quimigação, a primeira dúvida que se tem é com
relação à segurança ambiental. É importante frisar que toda e qualquer forma
de aplicação de agroquímicos representa risco ao ambiente quando mal
manejada. Porém, feita de forma correta, a quimigação, assim como a
aplicação convencional, minimiza os efeitos adversos ao ambiente.

É importante destacar que o aumento do volume de água na quimigação


não implica utilização de doses mais altas de defensivos, em relação à
recomendada quando se usa métodos convencionais. Em alguns casos, há
evidências de que a dose recomendada de certos defensivos pode ser
reduzida quando estes forem aplicados via água de irrigação.

Em muitos países, como não há legislação específica sobre as


precauções a serem tomadas na quimigação, as medidas e os equipamentos
de segurança a serem adotados dependem, basicamente, da conscientização
do produtor irrigante e do custo envolvido.

De qualquer forma, os sistemas de irrigação não devem operar sem


válvulas de segurança, drenos automáticos e dispositivos de intertravamento
entre a bomba dosadora e a de irrigação.

Vale ressaltar que os agroquímicos, assim como a forma de aplicação,


devem estar devidamente registrados no órgão federal competente. Nem todos
os produtos proporcionam resultados satisfatórios na quimigação, em virtude,
principalmente, de sua formulação. Em alguns casos, os métodos
convencionais são preferíveis.

A quimigação deve ser conduzida com grande rigor técnico. É


fundamental conhecer a fundo o produto a ser aplicado, principalmente suas
características físico-químicas, de maneira que se obtenha resultado
satisfatório com o menor risco ambiental possível.

Características como solubilidade em água, adsorção ao solo, meia-vida,


pressão de vapor e poder corrosivo devem ser conhecidos antes de selecionar
o produto, para garantir aplicação segura e eficaz.

Em geral, produtos com, baixa sorção aos colóides do solo e meia-vida


longa podem contaminar o lençol freático, enquanto produtos com alta sorção
aos colóides tendem a ficar retido nas camadas mais superficiais do solo.

83
Propriedades físico-químicas
Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer e entender as principais propriedades físico-químicas dos agrotóxicos


*Relacionar as propriedades físico-químicas dos agrotóxicos com a tecnologia de
aplicação

Propriedades físico-químicas de agroquímicos

A interação do agrotóxico com o ambiente, incluindo-se aí solo-planta-


atmosfera, é bastante complexa. A especificidade e a diversidade dos
ambientes dificultam os estudos e geram grandes inconsistências nos
resultados de pesquisas.

Dessa forma, torna-se imprescindível o conhecimento dos processos


básicos que guiam a ação, a dissipação e a mobilidades desses produtos, bem
como suas relações com o ambiente.

A previsão do comportamento dos agrotóxicos tem sido feita recorrendo-


se às suas propriedades físico-químicas. Algumas publicações, principalmente
no âmbito internacional, trazem listadas as principais características dos
produtos atualmente utilizados.

Servem como guia para a correta seleção dos produtos. Vale ressaltar
que, muitas vezes, essas propriedades não vêm impressas junto ao produto,
entretanto, podem ser solicitadas ao fabricante, já que fazem parte do relatório
de avaliação ecotoxicológica para registro do produto.

Grau de pureza
A pureza máxima obtida para determinado produto, dentro do processo
de fabricação, é expressa pelo seu grau de pureza. Quanto mais puro o
produto, melhor. Além disso, algumas impurezas metálicas, como cromo,
arsênio, cádmio, mercúrio e chumbo, podem, dependendo de sua
concentração, afetar adversamente o ambiente

Pressão de vapor
A pressão de vapor de um agrotóxico puro a 20-25°C é fornecida em
mm de mercúrio. Quanto maior a pressão de vapor, maior a probabilidade de o
produto aplicado transformar-se em um gás, podendo se perder na atmosfera,
diminuindo, assim, a eficiência da aplicação.

84
Trata-se de uma propriedade relevante para a aplicação de agrotóxicos:

• Indica a tendência do produto para passar do estado líquido ou sólido


para o estado gasoso.
• Junto com a solubilidade em água, é uma variável auxiliar muito
importante para o cálculo da volatilidade de uma substância em solução
aquosa.
• Auxilia na predição de concentrações atmosféricas.

Solubilidade
A solubilidade é definida como a concentração de saturação de uma
substância em água pura, a uma dada temperatura (geralmente entre 20 e
25°C), sendo fornecida em mg/L ou ppm.

A solubilidade dos agrotóxicos é parâmetro muito importante, pois


influencia a movimentação temporal e espacial. Geralmente, produtos com alta
solubilidade em água são deslocados para maiores profundidades em
comparação aos poucos solúveis.

A solubilidade em água é pré-requisito para testes de degradação


biológica e bioacumulação; todavia, não deve ser avaliada isoladamente, uma
vez que, para se ter conhecimento do destino de uma substância no ambiente,
vários outros parâmetros devem ser analisados conjuntamente.

Os fungicidas protetores, em geral, são pouco solúveis em água.


Portanto, quando aplicados, permitem maior tenacidade. Já os fungicidas
sistêmicos são solúveis em água, auxiliando, assim, a penetração e
translocação rápida na planta hospedeira para partes distantes do local de
aplicação

pH
O pH é o valor decimal, com sinal trocado, da concentração em íons
hidrogênio. Essa propriedade relaciona-se com a corrosividade do produto,
influenciando a escolha do melhor equipamento de pulverização. Outras
aplicações referem-se à compatibilidade com outras substâncias e à absorção
do produto pelas células biológicas.

Constantes de equilíbrio de ionização ácido e base


Agrotóxicos ácidos e básicos são aqueles capazes de se dissociarem
em íons na solução aquosa do solo com pH entre 5 e 8, alterando seu
comportamento. As constantes de ionização ácido e base, que representam a
propensão dos compostos em se ionizarem, são, portanto, importantes para o

85
entendimento das condições e processos de ionização, que podem levar a
alteração no comportamento dos produto.

Dessa forma, duas constantes de ionização podem ser definidas: ácido e base.

A constante de ionização ácida (pKa) mostra a tendência de um


agrotóxico ácido não-ionizado para dissociar-se em um composto ionizado e
um íon hidrogênio:

em que [ ] representa a concentração do componente.

Normalmente, utiliza-se o logaritmo da constante, de modo a facilitar a


interpretação:

Dessa forma, quanto maior o pKa, mais fraco é o ácido, ou seja, menor a
tendência para se dissociar.

Em geral, a superfície das folhas possui cargas predominantemente


negativas, tendo propriedades de troca catiônica. Assim, a permeabilidade da
cutícula a cátions é maior que a ânions. Além disso, sabe-se que compostos
não-dissociados penetram mais facilmente através da cutícula. Desta forma,
produtos com baixo pKa são mais dissociáveis (formando cargas negativa) e,
por isso, têm menos aderência à cutícula e são absorvidos mais lentamente.

Os agroquímicos atualmente comercializados, em sua maioria, são


compostos neutros e, portanto, não se ionizam. Isso, muitas vezes, pode
dificultar a translocação do produto via floema, que é favorecida com
compostos ionizados. A grande maioria dos fungicidas e inseticidas sistêmicos
transloca-se apenas na direção ascendente nas plantas, através dos vasos do
xilema.

A constante de ionização básica (pKb) também pode ser definida de forma


semelhante:

Associando as constantes de ionização com o pH do solo e com a constante de


dissociação da água, obtém-se uma estimativa da proporção ionizada e não-
ionizada dos agrotóxicos, em função do pH da solução:

86
Conseqüências ambientais das constantes de ionização dos agrotóxicos

Agrotóxico
pKa ou dominante Conseqüência ambiental
pKb
Alta mobilidade no solo, exceto se houver compostos
pKa<3 Carga negativa químicos complexos formados; menor mobilidade em
condições ácidas; muito solúvel; pouco volátil
Comporta-se como material não-iônico, exceto em
condições alcalinas; menor mobilidade do que na
pKa>10 Neutro condição aniônica; provavelmente menor solubilidade do
que na condição aniônica (carga negativa), volatilização
possível
Calcular a Se o valor do pH for próximo ao pKa, mobilidade,
pKa 3-10 proporção X- solubilidade e volatilidade serão influenciadas pelo pH
/XH
Baixa mobilidade; muito solúvel; pouco volátil; grande
pKb<4 Carga positiva adsorção ao solo, ocasionando meia-vida longa, mas
com baixa atividade biológica
Comporta-se como material não-iônico, exceto em
pKb>11 Neutro condições ácidas; mais móvel e menos solúvel do que na
condição catiônica (carga positiva); volatilização possível
Calcular a Se o valor (14-pH) for próximo ao pKb, mobilidade,
pKb 4-11 proporção solubilidade e volatilidade serão influenciadas pelo pH
(X+/X(OH)

Fonte: Hornsby et al. (1996).

Constante de dissociação em meio aquoso


A dissociação de um produto químico em água é de grande importância
na avaliação de seu comportamento no ambiente. Pode afetar a adsorção ao
solo e sedimentos e a adsorção dentro das células vegetais.

O conhecimento da constante de dissociação de um produto químico,


junto com o pH do sistema no qual o produto se encontra, torna possível
estimar a extensão na qual as formas dissociadas estarão presentes. Fornece
informações relativas ao seu processo de transferência da solução aquosa
para a atmosfera e para o solo. Uma substância, existindo predominantemente

87
na sua forma dissociada no ambiente aquático, será improvável de sofrer
transferência para o ar; por outro lado, pode ficar fortemente presa ao solo.

Volatilidade
Volatilização é o processo pelo qual um sólido ou líquido evapora para a
atmosfera na forma de gás. Esse processo constitui grande forma de perda de
agrotóxicos para o ambiente.

Compostos com alta pressão de vapor e baixa solubilidade em água


tendem a volatilizar muito.

A volatilização a partir da folhagem é determinada, principalmente, pela


pressão de vapor, a qual é influenciada pela temperatura. Esta, na superfície
das folhas, pode ser muito superior à temperatura do ar, particularmente em
horários de grande incidência solar, incrementando a volatilização.

Em geral, agrotóxicos com Índice de Pressão de Vapor (mm Hg x 107)


menor do que 10 têm baixo potencial de volatilização. Agrotóxicos com Índice
de Pressão de Vapor maior do que 1000 têm grande potencial de volatilização

Meia-vida no solo
A meia-vida do agrotóxico representa sua persistência no solo. Trata-se
de uma propriedade muito importante para produtos que visam o solo e
também para a previsão de possível contaminação ambiental.

A meia-vida no solo é expressa em dias e representa o tempo que a


metade do composto é degradado ao nível de CO2.

É um parâmetro de difícil mensuração em laboratório, variando de um


solo para outro e em função das condições climáticas. Assim, seu valor fornece
apenas uma estimativa, devendo ser usado para comparação entre os diversos
produtos.

Para os agrotóxicos de forma geral, a meia-vida deve ser longa para


permitir maior tempo de controle, entretanto, não tão longa para influenciar
culturas sucessivas.

Coeficiente de partição n-octanol/água

É a razão, no equilíbrio, entre as concentrações de uma substância


dissolvida em um sistema de duas fases, consistindo de dois líquidos
imiscíveis: n-octanol e água.

88
O coeficiente de partição, Kow, é usualmente dado na forma de seu
logaritmo em base 10, variando de -5 a 5. Agrotóxicos lipofílicos têm altos
valores de Kow e os hidrofílicos, baixos (ABEAS, 200116).

O coeficiente de partição de uma substância entre a água e a substância


lipofilica (n-octanol) pode ser utilizado para descrever a transferência de uma
substância do ambiente aquático para dentro de um organismo e o potencial de
bioacumulação da substância.

Adsorção/dessorção
A retenção é um dos processos-chave que afeta o destino das
moléculas orgânicas no ambiente solo-água. A retenção pode ser via adsorção
e absorção à matriz e microorganismos do solo.

A adsorção é definida como a acumulação do agrotóxico nas interfaces


solo-água e solo-ar, sendo, geralmente, usada para se referir a processos
reversíveis, envolvendo a atração de um químico à superfície da partícula
sólida e retenção por um tempo, dependendo da afinidade do mesmo com a
superfície.

Os processos de retenção são complexos devido à heterogeneidade do


solo e sua interação com sistemas biológicos, atmosféricos e aquáticos. A
adsorção-dessorção é um processo dinâmico, em que as moléculas são
continuamente transferidas entre a solução aquosa e a superfície sólida.

Para qualquer composto, há vários mecanismos responsáveis pela sua


sorção no solo: força de van der Walls, ponte de H, interações dipolo-dipolo,
ligações covalentes, dentre outras.

A capacidade de troca de cátions e a superfície específica dos colóides


são dois parâmetros que têm sido utilizados como medida para a capacidade
adsortiva do solo.

A matéria orgânica tem alta superfície específica e capacidade de troca


de cátion, sendo, portanto, de grande importância nos processos de sorção. As
características químicas e físicas do solo são fortemente influenciadas pelos
seus constituintes coloidais que têm superfícies específicas elevadas.

Com relação ao produto a ser adsorvido, as principais propriedades da


molécula que determinam sua adsorção são: solubilidade em água,
acidez/basicidade, polaridade, tamanho e configuração.
A medida da adsorção de um composto ao solo pode ser feita de diferentes
formas:

• Razão entre a concentração do produto adsorvido ao solo e a


concentração do produto na água. Usualmente essa medida é
representada por Kd (Coeficiente de Adsorção aos Colóides do Solo).

89
• Razão entre a concentração do produto adsorvido ao carbono orgânico
do solo e a concentração do produto na água. Essa medida é
representada pelo Koc (Coeficiente de Partição Carbono Orgânico-
Água).

Fotodecomposição
Alguns produtos podem ser degradados por fotólise. Trata-se de uma
reação em que ocorre a quebra da molécula por meio da luz solar, mais
propriamente, através da energia disponível em fótons de vários comprimentos
de onda (290 a 400 nm).

A fotólise pode ser um processo direto, no qual a substância,


absorvendo energia luminosa, é transformada, ou indireto, no qual outras
substâncias absorvem a energia e, após a transformação dessas substâncias,
alteram a substância primária (LINDE, 199417).

Agrotóxicos que sofrem esse tipo de degradação devem ser


incorporados ao solo, de forma a se evitar perdas e aumentar a eficiência da
aplicação. Tem-se, ainda, a opção de se utilizar adjuvantes para minimizar a
perda.

Tensão superficial
A tensão superficial, variável de líquido a líquido, consiste em forças que
existem na interface de líquidos não-miscíveis, impedindo que eles se
misturem.

As moléculas dos elementos químicos se atraem ou se repelem. Num


líquido de moléculas polarizadas, como a água, a atração é significativa e se
exerce igualmente em todos os sentidos. Na superfície, pela descontinuidade
da fase líquida, a atração é maior, o que gera uma tensão superficial.

Numa planta, a molhabilidade de suas folhas, desejada principalmente


na aplicação de produtos de contato, depende dos constituintes da folha e das
características do agrotóxico.

A atração da superfície pela água precisa ser maior que a tensão


superficial do líquido, visando obter boa molhabilidade (KISSMANN, 199715).
Para isso, a tensão superficial do produto não deve ser muito elevada. A
qualidade da água utilizada nesse caso também influencia muito.

Atualmente, existem no mercado vários adjuvantes hipotensores.


Reduzindo a tensão superficial dos líquidos, fazem com que o ângulo de
contato das gotas isoladas sobre a superfície seja diminuído e que elas deixem
de ser esféricas, aumentando o contato do produto com a folha e, com isso,
aumentando a eficiência do produto.

90
Hidrólise
A hidrólise introduz um grupo hidroxil na molécula inicial. O produto
resultante é usualmente mais susceptível a possíveis ataques de processos de
biodegradação e fotólise.

Além disso, o grupo hidroxil torna o composto mais solúvel em água e,


conseqüentemente, reduz o potencial para bioconcentração.

Em outras palavras, o produto resultante é mais facilmente degradado,


menos persistente e menos tóxico que o composto original

Tenacidade
A tenacidade, na verdade, não é uma propriedade, mas uma
característica dos agrotóxicos, resultante de diversas outras propriedades. A
tenacidade consiste na resistência à ação das intempéries.

Se um produto químico adere-se fortemente à superfície foliar


(tenacidade), é possível que seu efeito possa perdurar por longo tempo
(persistência).

O bom fungicida, por exemplo, não deve ser decomposto por hidrólise,
por reações fotoquímicas, por volatilização ou sublimação e, principalmente,
não deve ser facilmente lavado pela água.

A ação da água de chuva é, provavelmente, o principal problema para a


tenacidade da maioria dos fungicidas.

Essa característica é a mais importante para os fungicidas protetores,


que devem persistir por longo período na superfície tratada, sem serem
removidos ou decompostos, a fim de prevenir infecções por agente
fitopatogênicos

Formulações

Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer as principais formulações de agroquímicos


*Entender a relação entre formulações e tecnologia de aplicação

Formulações de agroquímicos
Formular é preparar componentes ativos na concentração adequada,
adicionando substâncias coadjuvantes, tendo em vista que o produto final

91
possa ser disperso em determinadas condições técnicas de aplicação, para
cumprir eficazmente sua finalidade biológica, mantendo essas condições
durante o armazenamento e transporte

São as diversas maneiras pelas quais os produtos são veiculados sem


perda de performance. São diluições do ingrediente ativo, de forma a torná-lo
comercialmente aplicável no campo. A formulação empregada é tão importante
quanto à escolha do produto para controle da praga, doença ou planta
infestante.

Influencia também na escolha da máquina e do tipo de aplicação do


produto. Pode causar o insucesso do controle. De uma maneira geral, segundo
Hewitt (199812), as formulações devem apresentar as seguintes características:
serem seguras para a cultura, fáceis de manusear, compatíveis com a maioria
dos produtos, fáceis de serem aplicadas, aceitas pelos órgãos de registro e
adequadas para serem produzidas em escala comercial.

Componentes de uma formulação

Um composto químico raramente é aplicado de forma pura. Uma


exceção é o enxofre. O normal é que os compostos sejam formulados,
juntamente ou em conjunto com outros componentes, para tornar prática a
aplicação e para maximizar a eficiência e a segurança.

No Brasil, de acordo com a nomenclatura que se encontra na legislação


federal sobre produtos fitossanitários o composto com atividade biológica é
denominado ingrediente ativo, substância química realmente ativa com ação
fungicida, herbicida, inseticida.

Os outros componentes de uma formulação são denominados de


ingredientes inertes. Há dois tipos de ingredientes: os solventes ou diluentes, e
os coadjuvantes. Os solventes ou diluentes são substâncias utilizadas para
diluir o ingrediente ativo e com isso reduzir sua concentração (Reis & Forcelini,
199413).

Têm também a função de ajudar na aplicação mecânica, não influenciam


na toxidez e são inertes aos patógenos. Os diluentes sólidos mais utilizados
são originários da moagem e trituração de minerais tais como gesso (sulfato
hidratado de cálcio), talco (silicato hidratado de magnésio), caulim (silicato
hidratado de alumínio) e caulinita.

Os coadjuvantes são igualmente inócuos aos patógenos, e sua finalidade de


emprego é melhorar a ação do ingrediente ativo.

Tipos de formulações
Os principais tipos de formulações registradas no Brasil são
apresentadas a seguir. Em função da harmonização da terminologia
internacional e, especificamente na área do MERCOSUL, o Brasil passou a

92
adotar, as siglas internacionais para essas formulações, siglas derivadas da
língua inglesa.

As siglas para os ingredientes ativos e concentrado são:

• AI – substância ativa biologicamente


• TC – produto técnico
• TK – pré-mistura

Formulações para aplicar sem diluição


Os produtos para aplicar sem diluição são:

• DP – Pó
• GP - Polvilho Fino
• ED – Líquido para pulverização eletrostática
• MG – Microgranulado
• SO – Óleo para formar película
• SU – Solução para aplicar em UBV (ultra baixo volume)
• GR - Granulado
• CG – Granulado encapsulado
• FG – Granulado fino
• GG – Macrogranulado
• TP – Pó para despitagem
• UL – Produto para aplicar em UBV

Pó Seco (DP)
Material adsorvente (mineral de argila) impregnado com o ingrediente ativo
mais um material inerte (talco)

Vantagens

1. Pronto uso
2. Requer equipamento simples

Desvantagens

1. Facilmente levado pelo vento


2. Facilmente removido do alvo pelo vento ou água
3. Pode irritar olhos, garganta nariz e pele
4. Difícil conseguir uma distribuição uniforme

Grânulos (G)
Partículas sólidas (silicato, argila, gesso, resíduos vegetais, plásticos),
impregnadas com agroquímicos. Possuem tamanho grande (isca) ou bem
pequeno (microencapsulado).

93
Todas as partículas contêm o princípio ativo. Dentre as formulações
granuladas, predominam os inseticidas sistêmicos, nematicidas, sendo mais
raros os fungicidas e os herbicidas.

Vantagens

• Não é arrastado pelo vento durante a aplicação


• Pouco perigoso para o aplicador
• Mais fácil de ser distribuído uniformemente

Formulações para diluição em água


Os tipos de concentrados para diluir em água, segundo Kissmann, 1997 são:

• BR – Bloco
• DC – Concentrado dispersível
• EC – Concentrado pra emulsão
• EO – Emulsão (água em óleo)
• EW – Emulsão (óleo em água)
• PC – Concentrado em pasta
• SC – Suspensão concentrada
• CS – Suspensão de encapsulado
• SE – Emulsão heterogênea
• SG – Granulado solúvel em água
• SL – Concentrado solúvel em água
• SP – Pó-solúvel
• TB – Tablete
• WG – Granulado para suspensão aquosa
• WP – Pó-molhável

Pó molhável (WP)
Material de argila (com i. a. adsorvido) mais adjuvantes (agente
molhante, dispersante, antiespumante, estabilizante, etc.). Largamente utilizada
para fungicidas (maioria), herbicidas e inseticidas.

Essencialmente este tipo de formulação é composto de agroquímico, do


diluente, de um adjuvante capaz de melhorar as características de deposição
das partículas, principalmente em plantas com a superfície cerosa.

O tipo de formulação mais evoluído de pó-molhável é chamado de pó-


coloidal; trata-se de substância tão finamente dividida que as partículas
individuais dificilmente sedimentam.

Nas formulações pós-molháveis, o veículo de aplicação é a água.


Porém, a formulação apresenta o ingrediente ativo disperso num inerte, capaz
de absorver água e manter-se em suspensão nela. Os pós-molháveis podem
conter com freqüência, estabilizantes para impedir decomposições na

94
armazenagem, aderentes que lhe conferem resistência à lavagem pela chuva,
tampões de pH, agentes de suspensão, etc.

Esses inertes contribuem muito para a obtenção da máxima eficiência do


agroquímico. A característica mais importante dos pós-molháveis é a
suspensibilidade ou a capacidade de manter-se em suspensão na água
durante o maior tempo possível, sem depositar-se no fundo do tanque do
pulverizador.

Uma outra característica que influencia na eficiência dos pós-molháveis


é o tamanho das partículas do ingrediente ativo. Quanto menor o diâmetro da
partícula, tanto maior será a eficiência do fungicida e melhor e mais regular
será a sua cobertura.

O tamanho das partículas em pós-molháveis deve ser menor que 10


micra. Certas formulações tendem a decompor-se quando estão em suspensão
ou no armazenamento, principalmente em ambiente úmido e na presença da
luz.

Na prática (Zambolim et al, 1997) para se conseguir uma boa efetividade


com as formulações pó-molháveis, deve-se ter certos cuidados no momento da
sua aplicação. A técnica de se fazer uma pasta prévia com a quantidade
necessária de produto e pouca água deve ser sempre seguida, pois, assim, os
coadjuvantes se dissolvem bem na água, e o produto não forma grumos,
assegurando sua perfeita umectação.

Vantagens

1. Baixo custo
2. Facilidade de transporte, manuseio e armazenamento
3. Menor fitotoxidade do que os concentrados emulsionáveis
4. Menor absorção pela pele e olhos que os CE e outras formulações
líquidas

Desvantagens

• Forma de suspensão (necessário manter sob agitação)


• Perigo de inalação do pó durante o manuseio
• Abrasivo a muitas bombas e bocais
• Necessário a preparação de pré-mistura

Concentrado emulsionável (EC)


É formada pelo ingrediente ativo solúvel no solvente adequado e os
coadjuvantes, emulsionantes e dispersantes. São muito utilizados os solventes
aromáticos por serem menos fitotóxicos e o xileno. São utilizados também
álcoois e acetona, dependendo da solubilidade do ingrediente ativo.

95
O mercado atual tem exigido formulações mais concentradas possíveis,
visando ao emprego de doses menores; no entanto, essa tendência é limitada
pela solubilidade das matérias ativas no solvente.

Os outros componentes deste tipo de formulação são os agentes


emulsificantes e dispersantes. Sua função é proporcionar uma dispersão
imediata e estável do produto na água, formando, assim, gotículas finamente
divididas e homogeneamente distribuídas na massa de água.

Vantagens

1. É relativamente fácil de manusear, transportar e armazenar


2. Sua alta concentração reduz as despesas de transporte
3. Requer pouca agitação no tanque de pulverização
4. Não é abrasivo
5. Os resíduos nas superfícies tratadas são pouco visíveis

Desvantagens

• É mais suscetível a erros de dosagens em função da alta concentração


• Geralmente mais tóxico que outras formulações
• É facilmente absorvido pela pele do homem e dos animais
• Os solventes podem estragar mangueiras plásticas, conexões e bombas
• Pode ser corrosivo
• É inflamável

Solução aquosa concentrada (SAqC)


Ingrediente ativo (na forma salina) dissolvida em água até próximo ao limite de
saturação

Vantagens

• Diluído em água forma uma solução verdadeira


• Não necessita agitação no tanque de pulverização
• Não é abrasiva
• Não deixa resíduo nas superfícies tratadas

Suspensão concentrada (SC)


Pó molhável, finamente moído, suspendido em um líquido com
adjuvantes para se manter em suspensão estável. Tende a substituir o pó
molhável, sendo comum para herbicidas e fungicidas.

96
São formulações formadas pelo agroquímico que é dividido em pó fino,
suspenso em água do líquido orgânico e então misturado com sólidos inertes
mais um adjuvante (Kissmann, 1997).

É uma formulação líquida para ser diluída em água. A formulação SC


era anteriormente denominada “flowable”, que é um concentrado de duas fases
do defensivo agrícola sólido em suspensão no líquido.

Este tipo de formulação foi introduzida para diminuir os inconvenientes


da formulação pó-molhável tais como: dosificação, desgaste e entupimento de
bicos pulverizadores e perigo de inalação do pó durante o preparo da calda.

A suspensão concentrada pode ser colocada diretamente no tanque do


pulverizador, estando o agitador ligado. Uma modificação e evolução da
formulação suspensão concentrada é a microencapsulação.

Vantagens

• Fácil de medir e manusear


• Menor desgaste e entupimento dos bicos de pulverização
• Menor risco de inalação do pó durante o preparo da calda

Desvantagens

• No armazenamento pode sedimentar e não ressuspender mais

Microcápsulas
São formulações em que partículas de defensivos (líquido ou sólido) são
envolvidas por uma película plástica. Essa formulação é misturada com água
antes da pulverização

Vantagens

• Mais seguro para o aplicador


• Fácil de misturar, manusear e aplicar
• Permite a liberação lenta do defensivo

Desvantagens

• Exige agitação constante no tanque de pulverização


• Pode causar danos as abelhas que carregam as cápsulas para a
colméia

Emulsão (óleo em água) (EW)


O agroquímico é dissolvido em solvente com água e com a introdução
de um agente dispersante, a mistura é dispersa em água, formando emulsão

97
estável. Embora o preparo de emulsão seja relativamente barato o seu uso é
limitado pela dificuldade de manuseio, instabilidade durante a armazenagem e
pela necessidade e incorporação dos agentes de estabilização.

As emulsões apresentam uso restrito devido à sensibilidade das


culturas. Os óleos minerais ou vegetais, mesmo em baixas concentrações,
podem ser fitotóxicos. Além disso, não devem ser aplicados nas horas quente
do dia. Por isso, essas formulações estão restritas a determinadas culturas.

Outras formulações
Formulações para tratamento de sementes

Os produtos para tratamento de sementes são:

• DS – Pó para o tratamento de sementes a seco


• ES – Emulsão para o tratamento de sementes
• FS – Concentrado fluído para o tratamento de sementes
• LS – Solução para o tratamento de sementes
• PS – Semente peletizada
• SS – Pó solúvel para o tratamento de sementes
• WS – Pó para preparação de slurry

Formulações para usos específicos

Existem ainda outras formulações de muito pouco uso dentro do controle


químico. São as formulações para uso específico.
Os tipos de formulações diversas para usos específicos são:

• AE – Bomba de aerosol
• CB – Isca concentrada
• FU – Produto fumigante
• FD – Pastilha fumigante
• FK – Vela fumigante
• FP – Cartucho fumigante
• FR – Filamento fumigante
• FT – Tablete fumigante
• FW – Grânulo fumigante
• GA – Gás (embalagem pressurizada)
• GE – Produto gerador de gás
• GS – Pasta oleosa
• HN – Concentrado para nebulização a quente
• KN – Concentrado para nebulização a frio
• LA – Laca
• PA – Pasta
• PR – Filamento vegetal
• RB – Isca pronta
• ABI – Isca de grãos

98
• BB – Isca em blocos
• GB – Isca granulada
• PB – Isca em pires
• SB – Isca em aparas
• VP – Produto formulador de vapor

Desenvolvimento de formulações
A formulação de um agroquímico é o resultado de uma longa e
caríssima pesquisa. Pode-se estimar que desde a fase inicial da pesquisa de
uma molécula, passando pelos estudos de desenvolvimento biológico, químico
e físico, até os estudos toxicológicos, têm-se em média oito anos de trabalho e
aproximadamente 200 milhões de dólares envolvidos.

Cada empresa desenvolve suas formulações de modo mais


conveniente. Produtos comerciais com o mesmo ingrediente ativo, mesma
concentração e mesmo tipo de formulação, apresentados por duas empresas,
podem diferir um pouco em suas características físicas se forem formulados
com ingredientes inertes diferentes.

As empresas de agroquímicos geralmente têm apresentado formulações às


vezes diferentes em diversos mercados, em função da disponibilidade e custo
dos componentes nos países onde são formulados. Pelo alto custo dos estudos
toxicológicos e de impacto ambiental dessas formulações, entretanto, a
tendência das empresas é de apresentar formulações universais.

Existe uma variedade muito grande de ingredientes inertes que são


utilizados nas diversas formulações. Os principais tipos de ingredientes
existentes no mercado são:

• Cargas – Produtos para diluir a formulação


• Solventes – Dissolvem o ingrediente ativo
• Emulsificantes – Compatibilizam frações polares e apolares
• Molhantes – Permitem rápida umectação do produto em contato com a
água
• Dispersantes – Impedem a aglomeração de partículas
• Espessantes – Aumentam a viscosidade
• Anticompactantes – Para que produtos sólidos não percam a fluidez,
quando sofrem a pressão pelo peso, nas pilhas
• Anticongelantes – Impedem a cristalização de componentes, em
líquidos, em ambiente de baixa temperatura.
• Antiespumantes – Diminuem a formação de espuma
• Antioxidantes – Impedem a degradação por oxidação
• Quelatizantes – Tiram a reatividade de moléculas e íons
• Acidificantes – Abaixam o pH
• Tamponantes – Deixam o pH dentro da faixa desejada
• Bactericidas – Impedem a multiplicação de bactérias
• Corantes – Dão coloração ao produto formulado

99
• Odorizantes – Imprimem odor agradável ou desagradável

Os avanços e as melhorias das formulações e


embalagens de agrotóxicos
A atuação de um produto fitossanitário, agroquímico ou biológico pode
ser melhorada, considerando a forma em que ele atua melhor, isto é, em parte
determinado pelas suas propriedades físico-químicas e, em parte, pelo modo
como ele age na planta e no organismo alvo.

Houve um tempo em que a maioria dos agentes de proteção de plantas


era aplicada como sólidos diluídos em água. Mas grandes avanços foram
alcançados nessa área, desenvolvendo-se novos tipos de formulações que
propiciaram reduzir consideravelmente a quantidade de ingrediente ativo a ser
aplicado, melhorando a segurança no manuseio do produto.

Formulações liberando o ingrediente ativo lentamente no ambiente são


geralmente mais eficazes que os métodos de pulverização tradicionais.
Grânulos, revestidos por polímeros naturais ou sintéticos, podem diminuir a
quantidade do ingrediente ativo que precisa ser usado.

Cápsulas protegidas por polímeros especiais é outra forma de tê-la por


mais tempo onde é necessário mantê-la ativa. Métodos de compactar pós em
grânulos solúveis em água, tabletes e “pellets” são todos avanços na qualidade
das formulações que diminuem a possibilidade do usuário ter contato acidental
com o produto durante a aplicação.

O transporte, manuseio e destinação final de embalagens vazias são


influenciados pelo modo como a formulação é embalada. A segurança nessas
atividades tem sido um fator de muita importância em recentes
desenvolvimentos. Os principais riscos de segurança no uso de agentes de
proteção de plantas vêm de derramamentos acidentais, misturas incorretas e
descartes não apropriados.

Projetistas de embalagens têm procurado simplicidade e robustez em


procedimentos de embalagem e aplicação. Uma das inovações conseguidas é
o saco hidrossolúvel que se dissolve rapidamente liberando o conteúdo dentro
do tanque do pulverizador, não deixando nenhum material de
acondicionamento para ser descartado. Também, apresenta como vantagem o
fato do usuário não entrar, de nenhuma forma, em contato com o produto.

Até mesmo grandes recipientes reutilizáveis têm sido desenvolvidos


(Farm-Pack, Bulks). Em colaboração com órgãos oficiais de pesquisa, a
indústria de agroquímicos tem desenvolvido novas técnicas de pulverização
para prover as necessidades do pequeno agricultor.

Sistema de enchimento fechados, onde o produto formulado é injetado


diretamente no equipamento de pulverização imediatamente antes do uso,

100
eliminam a possibilidade de derrame acidental durante essa operação, evitam
erros de concentração e não deixam sobras para serem descartadas no final.

Adjuvantes
Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer os principais tipos de ajuvante


*Compreender a importância do adjuvante como ferramenta para melhoria da
qualidade de aplicação de agroquímicos

Adjuvantes
Os adjuvantes são compostos, sem propriedades fitossanitárias, exceto
a água, adicionados às formulações de defensivos ou à calda de pulverização,
para facilitar a aplicação, aumentar a eficiência e tornar a utilização do
defensivo mais segura.

Os adjuvantes, assim como os defensivos, precisam estar devidamente


registrados junto ao órgão federal competente.

Os principais tipos de adjuvantes são:

• Adjuvantes para correção da dureza da água


• Adjuvantes para correção do pH da água e das caldas
• Compostos para alteração da tensão superficial
• Adjuvantes especiais

Aspectos positivos dos adjuvantes

• rápida absorção
• maior cobertura e aderência
• maior segurança e eficiência da aplicação

Aspectos negativos dos adjuvantes

• podem ser fitotóxicos


• diminuem a seletividade de alguns herbicidas
• podem favorecer o ataque de alguns fungos, por remover o efeito
residual

Adjuvantes para correção da dureza da água


A “água dura”, rica em sais em dissolução, principalmente Ca e Mg,
pode alterar a atividade biológica do ingrediente ativo e entupir bicos de

101
pulverização. Há duas formas de corrigir o problema causado pela dureza da
água: acrescentar um tensoativo não iônico, que pode corrigir características
físicas da calda; e acrescentar um quelatizante na água, antes da preparação
da calda. Quelatizantes são compostos que isolam a carga elétrica e suprimem
a reatividade de íons.

Adjuvantes para correção do pH da água e das caldas


A correção que normalmente se busca é de abaixamento do pH, o que
pode ser conseguido pela adição de um ácido fraco ou diluído. Como
acidificante pode se recomendar o ácido fosfórico e como tamponante, o
fosfato ácido de sódio.

Compostos para alteração da tensão superficial


Os compostos tenso-ativos (surfactantes), quando dissolvidos em líquidos,
reduzem a tensão superficial, permitindo a formação de um filme de líquido
sobre as superfícies e melhorando a penetração no tecido das plantas. São
eles:

• Umectantes ou molhantes: impede a repulsão da água da superfície


da folha causada pela camada de cera e pêlos.
• Espalhante: diminui o ângulo de contato das gotas, fazendo com que as
mesmas deixem de ser esféricas. Forma um filme sobre a superfície.
• Defloculante: impede a sedimentação das partículas sólidas.
• Emulsificante: estabiliza a dispersão de um líquido em outro líquido.
• Adesivo: aumenta a aderência a superfície da planta.

Adjuvantes especiais
Uma série de compostos podem beneficiar a performance de um produto
fitossanitário:

• Espalhante-adesivo: são compostos que mantém o defensivo aderido


por maior tempo junto ao alvo, formando um filme uniforme.
• Anti-espumante: para evitar problemas causados pela formação de
espuma, pode-se usar um adjuvante que diminua a formação de
espuma.
• Anti-evaporante: permite uma vida útil mais longa das gotículas, que,
assim, podem atingir melhor o alvo e permanecer na superfície por
maior tempo. A uréia tem pequeno efeito anti-evaporante. Óleos
minerais ou vegetais tem um efeito razoável.
• Redutor de deriva: alguns compostos espessantes tornam a calda mais
viscosa, diminuindo a formação de gotículas muito pequenas, mais
propensas à deriva.
• Filtro solar: evita degradação pela luz solar.
• Rebaixador de fitotoxidade.
• Espessante: torna a calda mais viscosa.

102
Qualidade da água
Ao final desse módulo você será capaz de:

*Compreender a importância da qualidade da água para a aplicação de


agroquímicos

Qualidade da água
A água de rios e de açudes apresenta argila e partículas orgânicas em
suspensão. Em função disso, os agricultores estão usando água de poços
artesianos para a pulverização de agrotóxicos; entretanto, essa pode ser dura e
o pH pode ultrapassar a 10, dependendo da rocha matriz, a qual controla a
riqueza em minerais dissolvidos na água (RAI; KITTRICH, 198918).

Argila e compostos orgânicos em suspensão na água podem adsorver


herbicidas e reduzir-lhes a atividade. A água dura (rica em Ca++ e Mg++,
principalmente) também interfere na eficiência de alguns herbicidas das
seguintes maneiras (KISSMANN, 199719): 1) muitas formulações têm
surfatantes aniônicos, que contêm Na+ e K+, e, quando o herbicida entra em
contato com água dura, Na+ e K+ podem ser substituídos por Ca++ e Mg++,
com a conseqüente formação de compostos insolúveis; e 2) herbicidas à base
de ácido ou de sal dissolvidos em água dura podem dar origem a compostos
insolúveis.

TABELA 1. Formas de classificação da dureza da água

Ppm de CaCO3 Graus de Dureza (°d)


Classe
Muito Branda < 71,2 <4
Branda 71,2 – 142,4 4–8
Semi Dura 142,4 – 320,4 8 – 18
Dura 320,4 – 534,0 18 – 30
Muito Dura > 534,0 > 30

Fonte: Conceição, 2003.20

Muito se tem discutido atualmente sobre a qualidade da água utilizada


nas pulverizações, principalmente com relação ao pH. (RAMOS, ARAÚJO,
200621). Trabalhos recentes mostram que alguns herbicidas têm sua eficiência
elevada na planta com a redução do pH da água a valores próximos a 4,0.

A máxima absorção e eficiência de herbicidas com caráter de ácido fraco


ocorre em pH, onde 50% das moléculas encontram se dissociadas (pKa)
(McCORMICK, 199022).

103
Além disso, em pH mais baixo, a taxa de hidrólise é retardada,
mantendo a folha úmida por um maior tempo, pois a superfície das folhas tem
um pH neutro, havendo uma interação com o pH da calda.

Esses resultados alertam para os cuidados que devem ser tomados na


utilização dessas águas para a aplicação de herbicidas, uma vez que a
eficiência de alguns desses, como é o caso dos grupamentos ácidos do 2,4-D e
glifosate, é dependente do pH da calda (WANAMARTA; PENNER, 198923).

Não existe um pH ideal para todas as aplicações. O pH ideal depende


de cada produto a ser aplicado e, portanto, seu monitoramento deve ser feito
ao início de cada nova aplicação. Deve-se consultar o fabricante do
agroquímico para se conhecer o pH ideal de trabalho.

Uso adequado de agroquímicos


Ao final desse módulo você será capaz de:

*Conhecer os riscos da aplicação de agroquímicos e as formas para minimizá-los.


*Conhecera a forma adequada de trabalho quando se empregam agroquímicos

Uso adequado de agroquímicos


O uso seguro de produtos fitossanitários exige o uso correto dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). As recomendações hoje
existentes para o uso de EPI’s são bastantes genéricas e padronizadas, não
considerando variáveis importantes como o tipo de equipamento utilizado na
operação, os níveis reais de exposição e até mesmo as características
ambientais e da cultura onde o produto será aplicado.

Essas variáveis acarretam, muitas vezes, gastos desnecessários e


recomendações inadequadas, podendo aumentar o risco ao trabalhador, ao
invés de diminuí-lo. O emprego dos EPIs deve ser realizado sob critérios
técnicos, econômicos e de conforto condizentes com cada situação de
trabalho, ainda que o objetivo primário seja sempre o mesmo: proteger o
homem.

Os EPI’s destinados a proteger a saúde e a integridade física do


trabalhador são regulamentados pela NR 6 - Equipamento de Proteção
Individual, da Portaria n.º 3.214 de 08/06/78 do Ministério do Trabalho, e
especificamente pela Norma Regulamentadora Rural.NRR-4, da Portaria n.º
3.067 de 12/04/88. Sua utilização constitui-se em medida de segurança de
importância nas operações de manuseio ou aplicação de produtos
fitossanitários, e deverão ser selecionados após uma criteriosa análise de
riscos, procurando-se atender aos padrões de proteção e conforto, além de
manter sua contínua utilização pelos trabalhadores.

104
De modo geral, quanto mais completo é o equipamento de proteção,
mais desconfortável é a realização do trabalho, particularmente nas horas mais
quentes do dia. Portanto, devem ser escolhidos de preferência os produtos que
não exijam equipamento de proteção muito complexo e cuja formulação
apresente menor risco.

O uso correto e a manutenção adequada dos equipamentos específicos


de proteção são essenciais, e devem constar de programa de treinamento e
supervisão especializada dos aplicadores. O uso de EPI’s inadequados dá uma
falsa sensação de proteção ao trabalhador.

Portanto, é fundamental que o EPI adquirido seja de boa qualidade e


possua o certificado de aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho.
Mesmo que o rótulo do produto não recomende equipamentos protetores
específicos, para qualquer contato com praguicidas devem ser usadas roupas
que cubram a maior parte do corpo. O uniforme deve ser usado para proteção
adequada do corpo, principalmente nos trabalhos em que exista o perigo de
formação de lesões provocadas por agentes químicos.

Risco de intoxicação
O risco de intoxicação é definido como a probabilidade estatística de
uma substância química causar efeito tóxico. O Risco é uma função da
toxicidade do produto e da exposição:

Risco = f ( toxicidade; exposição)

A toxicidade é a capacidade potencial de uma substância causar efeito


adverso à saúde. Em tese, todas as substâncias são tóxicas, e a toxicidade
depende basicamente da dose e da sensibilidade do organismo exposto.
Quanto menor a dose de um produto capaz de causar um efeito adverso, mais
tóxico é o produto.

Sabendo-se que não é possível ao usuário alterar a toxicidade do


produto, a única maneira concreta de reduzir o risco é através da diminuição da
exposição.

Para reduzir a exposição, o trabalhador deve manusear os produtos com


cuidado, usar equipamentos de aplicação bem calibrados e em bom estado de
conservação, além de vestir os EPI‘s adequados.

RISCO TOXICIDADE EXPOSIÇÃO


ALTO ALTA ALTA
ALTO BAIXA ALTA
BAIXO ALTA BAIXA
BAIXO BAIXA BAIXA

105
“A filosofia do risco zero é politicamente inadequada, socialmente suicida e
cientificamente ingênua”. (Goellner, C.I. 1993)

Vias de intoxicação
Os praguicidas podem atingir o organismo humano através das vias oral,
dérmica (mucosas e cortes) e respiratória. A velocidade de absorção nestes
locais será determinada fundamentalmente pelas propriedades físico-químicas
do produto usado, pelas condições do meio ambiente e pelo tipo de
formulação.

Neste momento é interessante observar que nem todos os defensivos


possuem antídotos definidos, sendo o tratamento da intoxicação feito de
acordo com os sintomas apresentados pelo paciente. Ou seja, a título de
exemplo, se o paciente apresentar dor de cabeça, será dado um medicamento
para dor de cabeça, mesmo se este sintoma for originário da intoxicação por
algum defensivo.

Os sintomas de intoxicação por defensivos nem sempre aparecem na


hora em que o produto penetrou por uma das vias acima citadas (oral, dérmica,
respiratória), podendo vir a aparecer meses e até anos depois do produto ter
penetrado no organismo. Esses casos são mais comuns quando a exposição
ao defensivo é feita de maneira contínua.

Assim, podemos caracterizar dois tipos de intoxicações: a intoxicação


aguda e a intoxicação crônica.
A intoxicação aguda reflete a exposição única e de curta duração a um
defensivo, enquanto que a intoxicação crônica é conseqüência de repetidas
exposições ao produto, em longa duração, a várias dosagens. Desta maneira,
a adoção de medidas para evitar que o organismo absorva tais produtos pelas
vias apresentadas é de extrema importância, para que se evite qualquer tipo de
intoxicação.

Intoxicação por Via Oral

A intoxicação por esta via tem sido observada nos indivíduos que,
durante a aplicação dos praguicidas, inadvertidamente fumam em serviço,
levam as mãos à boca ou comem sem lavar as mãos. A exposição oral pode
ser causada, também, por respingos de líquido concentrado na boca, quando
se mede o defensivo a ser diluído na água, ou ao tentar desentupir o bico do
pulverizador com a boca, soprando-o.

Pelas características de intoxicação por via oral, as diferentes


formulações de defensivos existentes no mercado apresentam riscos
semelhantes de intoxicação.

106
Intoxicação por Via Dérmica

A absorção de defensivos pelas membranas mucosas e pele, chamada


genericamente de absorção por via dérmica, é a principal rota de penetração
destes produtos em nosso organismo, sendo responsável por mais de 90% da
exposição ocupacional.

As formulações líquidas, dos tipos soluções, emulsões e UBV, são mais


facilmente absorvíveis pela pele que as formulações do tipo pó, pós molháveis
e granulados.

Os principais fatores que afetam a absorção através da pele são:

1. Temperatura e umidade relativa do ar: de maneira geral, quanto maior a


temperatura e a umidade do ar, maior a penetração de uma série de
produtos;
2. Região do Corpo: estudos têm demonstrado existirem diferenças na
permeabilidade da pele entre as várias regiões do corpo, destacando-se
as regiões escrotal, pós-auricular, facial e palmar como as mais
permeáveis.
3. Formulação: as diferentes formulações líquidas, dependendo dos seus
componentes (adjuvantes, solventes, etc.) podem apresentar maior ou
menor penetração na pele. Algumas podem causar irritação dérmica,
danificando a camada protetora da pele e facilitando a penetração do
produto.
4. Tempo de Contato: quanto maior o tempo de exposição ao produto,
maior será a quantidade absorvida.
5. Ferimentos: qualquer ferimento na pele pode se constituir em uma rota
de entrada do produto químico até a corrente sangüínea
6. Idade: crianças recém-nascidas são particularmente mais susceptíveis a
este tipo de intoxicação.

Intoxicação pela Via Respiratória

Pela via respiratória pode ocorrer a absorção de praguicidas,


especialmente nos indivíduos que trabalham na aplicação dessas substâncias
sob a forma de pulverização, operando contra o vento sem usar máscaras de
proteção e, também, no uso de praguicidas sob a forma de aerossol (spray). A
proteção das vias respiratórias é particularmente importante quando da
manipulação ou aplicação de formulações na forma de pós secos.

Uma outra maneira, menos conhecida, de se intoxicar por via


respiratória é através do ato de se fumar cigarros contaminados pelas mãos
sujas. Embora pareça um ato inofensivo, deve-se considerar que um defensivo
que entre por esta via é totalmente absorvido pelo organismo (praticamente a
níveis de 100%). Além deste aspecto, corre-se o risco de se inalar um produto
de degradação mais tóxico, uma vez que a alta temperatura da ponta do
cigarro alcança a área contaminada com o defensivo.

107
Recomendações gerais de proteção
Proteção para a cabeça

A cabeça deve ser protegida adequadamente por bonés, capacetes


apropriados ou capuz impermeável. O mais recomendado é a touca árabe,
principalmente em aplicações direcionadas para o alto.

É confeccionada em tecido hidro-repelente e ideal para evitar respingos


e vazamentos em pulverizações costais, além de proteger do sol ambos os
lados da cabeça.

Proteção para os olhos e face

Deve ser usada na manipulação de praguicidas com alta toxicidade,


principalmente durante a abertura de recipientes e preparo de caldas, bem
como no caso de pulverizações e nebulizações.

Para a proteção dos olhos, podem ser usados capacete com viseira, ou
óculos de segurança, de preferência com lente inteiriça de material resistente e
transparente que permita amplo campo de visão.

Os óculos de segurança foram adaptados dos EPI’s usados em oficinas


e na indústria em geral, ficando seu uso mais recomendado para gases,
vapores e névoas, com a devida vedação, e em pulverizações direcionadas
para cima. A melhor recomendação atualmente é a viseira facial em acetato.

Proteção para o Tronco/Braços e Pernas

Para evitar o contato direto com o produto, devem sempre ser utilizados
vestuários leves que protejam a maior parte possível do corpo. As roupas
plásticas (impermeáveis) além do desconforto, podem provocar no usuário uma
convulsão térmica devido ao aumento da temperatura.

Atualmente as roupas de proteção são confeccionadas em tecidos de


algodão, em densidade média de 116 a 168 g/m2. O tecido de algodão é
submetido a uma aplicação de produtos químicos; Teflon; óleo Phobol, em alta
temperatura e pressão, a fim de deixa-lo hidrorepelente à calda de
pulverização.

O avental para preparo da calda é de tecido plástico (trevira)


impermeável. Esse tecido impermeável também é utilizado na parte frontal da
calça, como reforço mecânico, ao qual faz parte integrante do conjunto para
aplicação com o pulverizador costal manual.

Proteção para os Pés

Não existe ainda no Brasil um calçado ideal para aplicação de


agrotóxicos. Recomenda-se o uso de botas de cano alto, impermeáveis, sem

108
cordões, fechos ou forração e de preferência de cor branca. A utilização de
meias de algodão favorece a estabilização da temperatura interna na bota.

Proteção para as Mãos

É ideal a utilização de luvas impermeáveis, de material de boa


qualidade, sem forro e suficientemente longas (idealmente 15 a 20 cm de
comprimento) para alcançar as mangas, que devem cobrir o cano das luvas. As
luvas são indicadas para o preparo e diluição dos praguicidas, carga e
descarga, transporte e armazenamento de praguicidas, manutenção de
equipamentos utilizados na aplicação de praguicidas.

Devem ser confortáveis, de tamanho adequado ao das mãos do


trabalhador e suficientemente flexíveis para o melhor manuseio dos recipientes
e demais equipamentos.

Para produtos de formulação CE (concentração emulsionável)


recomendam-se luvas a base de nitrila, e para formulações que não contenham
solventes orgânicos pode-se recomendar luvas impermeáveis à base de PVC.

Proteção das Vias Respiratórias

É necessária a proteção constante das vias respiratórias devido ao risco


de inalação de vapores e partículas dos produtos durante o preparo e diluição
de praguicidas, na carga e descarga de equipamentos, na manipulação de pós
secos, no transporte, no armazenamento, no descarte de embalagens e,
sobretudo, em trabalhos com pulverização em ambientes pouco ventilados.

Entretanto, a proteção das vias respiratórias é um assunto bastante


controvertido, com um idéia errônea entre as pessoas de que um trabalhador
com a máscara já está protegido.

Para a proteção respiratória, deve-se conhecer a divisão dos riscos


químicos e o comportamento de partículas no sistema respiratório humano.

A recomendação da proteção respiratória deve levar em consideração os


seguintes aspectos:

• Local (ambiente) em que será manipulado;


• Formulação do produto (gases + vapores);
• Concentração (teor do tóxico na atmosfera presente).

As máscaras são providas de um ou mais tipos de filtro que atraem e retêm os


contaminantes tóxicos suspensos, e isolam os órgãos respiratórios do
ambiente externo, de modo a permitir a respiração somente através do filtro.

Basicamente compreendem dois tipos:

1. Sem manutenção, conhecidas também como descartáveis, que


possuem uma vida útil relativamente curta;

109
2. Com manutenção, que possuem filtros especiais para reposição. São
normalmente mais duráveis produzidas em borracha ou silicone. Em
algumas máscaras podem ser utilizados dois cartuchos/filtros e em
outras apenas um cartucho.

Proteção Auditiva

O trabalhador exposto a níveis elevados de ruído, quando executa as


atividades de termonebulização e UBV (Ultra Baixo Volume), sofre efeitos
prejudiciais. Sabe-se que a exposição prolongada ao ruído excessivo causa
nas pessoas mais sensíveis uma lesão gradual, contínua e irreversível do
mecanismo auditivo, que se inicia nas freqüências médias.

Os protetores de inserção recomendados são confeccionados em


silicone, providos de flanges e cordão lavável. Seu tamanho deve estar de
acordo com o tamanho do conduto auditivo do usuário, portanto, é
recomendável que se adquira um medidor auricular, que pode ser obtido
gratuitamente com os fornecedores de EPI’s.

Os tipos descartáveis, fabricados com PVC ou espuma, não são


recomendados, pois os mesmos não são laváveis e se impregnam rapidamente
de produtos e óleos. Os protetores abafadores, constituídos por duas hastes
em forma de concha, montados simetricamente nas extremidades, e uma haste
com suporte ajustável em forma de arco, devem ser adaptáveis à cabeça,
possuir boa compressão na haste e suficiente vedação do pavilhão auditivo
para a garantia da diminuição de ruído.

Uma vez que os equipamentos de aplicação normalmente utilizados


apresentam níveis sonoros elevados, recomenda-se a utilização permanente
dos protetores, se possível, ambos simultaneamente.

Emprego dos EPI’s


Os EPI’s a serem utilizados variam em função do tipo de operação e do
produto utilizado. Considerando-se as diversas atividades desenvolvidas que
envolvem diferentes riscos, o quadro abaixo apresenta indicações dos EPI’s
mínimos que devem ser utilizados durante as operações com agroquímicos.

110
Fonte: ANDEF

Cuidados com EPI´s


Lavagem e Manutenção

Os EPI’s devem ser lavados e guardados separadamente das roupas


comuns para assegurar maior vida útil e eficiência.

As vestimentas de proteção devem ser abundantemente enxaguadas


com água corrente para diluir e remover os resíduos da calda de pulverização.

A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa, preferencialmente com


sabão neutro (sabão de côco). As vestimentas não devem ficar de molho. Em
seguida as peças devem ser bem enxaguados para remover todo o sabão. O
uso de alvejantes não é recomendado, pois poderá danificar a resistência das
vestimentas. Devem ser secas à sombra. Para usar máquinas de lavar ou
secar, consulte as recomendações do fabricante.

As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com água


abundante após cada uso. É importante que a viseira não seja esfregada, pois
isto poderá arranhá-la, diminuindo a transparência.

111
Os respiradores devem ser mantidos conforme instruções específicas
que acompanham cada modelo. Respiradores com manutenção (com filtros
especiais para reposição) devem ser descontaminados e armazenados em
local limpo. Filtros não saturados devem ser envolvidos em uma embalagem
limpa para diminuir o contato com o ar.

Reativação do tratamento hidrorepelente

Testes comprovam que, quando as calças e jalecos confeccionados em


tecido de algodão tratado para tornarem-se hidrorepelente são passados a
ferro (150 a 180°C), a vida útil é maior. Somente a s vestimentas de algodão
podem ser passadas a ferro.

Descarte

A durabilidade das vestimentas deve ser informada pelos fabricantes e


checada rotineiramente pelo usuário. Os EPI’s devem ser descartados quando
não oferecerem os níveis de proteção exigidos. Antes de ser descartados, as
vestimentas devem ser lavadas para que os resíduos do produto fitossanitário
sejam removidos, permitindo-se o descarte comum. As vestimentas de
proteção desgastadas devem ser rasgadas para evitar a reutilização.

Alguns mitos sobre EPI´s

EPI’s são desconfortáveis

Realmente os EPI’s eram muito desconfortáveis no passado, mas


atualmente existem EPI’s confeccionados com materiais leves e confortáveis. A
sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento
e ao uso incorreto.

O Aplicador não usa EPI’s

O trabalhador recusa-se a usar os EPI’s somente quando não foi


conscientizado do risco e da importância de proteger sua saúde. O aplicador
profissional exige os EPI’s para trabalhar. Na década de 80 quase ninguém
usava cinto de segurança nos automóveis. Hoje, a maioria dos motoristas
usam e reconhecem a importância.

EPI’s são caros

Estudos comprovam que os gastos com EPI’s representam, em média,


menos de 0,05% dos investimentos necessários para uma lavoura. Alguns
casos como a soja e o milho, o custo cai para menos de 0,01%. Insumos,
fertilizantes, sementes, produtos fitossanitários, mão-de-obra, custos
administrativos e outros materiais somam mais de 99,95%. O uso dos EPI’s é
obrigatório e o não cumprimento da legislação poderá acarretar em multas e
ações trabalhistas.

112
Termos técnicos português-inglês
Termo em português Termo em ingles

rendimento yield

velocidade do vento wind speed

plantas daninhas weed plants

papel hidrossensível water sensitive paper

diâmetro da mediana volumétrica (dmv) volume median diameter (vmd)

ponta de jato plano duplo twin flat fan spray tip

velocidade do trator tractor speed

traçador tracer

area alvo target area

surfactante surfactant

tensão superficial surface tension

subparcelas subplots

volume de pulverização spray volume

ponta de pulverização spray tip

bico de pulverização spray nozzle

113
Termo em português Termo em ingles

semeadura sowing

pulverizador de barra autopropelido self-propelled boom sprayer

amostras samples

umidade relativa relative humidity

pressão pressure

potencial de deriva potential drift

parcelas plots

vasos plant pots

acamamento plant lodging

doenças de plantas plant diseases

pragas pest

mesa de deposição patternator

volume nominal nominal flow rate

cenário agrícola nacional national agribusiness

pulverizador montado mounted sprayer

ponta de jato plano redutor de deriva low drift flat fan spray tip

114
Termo em português Termo em ingles

linhagem ainda em teste lineage

linhagem a ser lançada no mercado line

calagem liming

calcário limestone

calcário lime

teor level

pulverizador costal knapsak sprayer

entrenós internodes

ponta de jato cônico hollow cone spray tip

gesso gypsum

ponta de jato plano flat fan spray tip

ponta de jato plano uniforme even fan spray tip

pulverização eletrostática eletrostatic spray

tamanho de gota droplet size

gota droplet

deriva drift

115
Termo em português Termo em ingles

calcário dolomítico dolomite lime

deposição deposition

colmo culm

cobertura coverage

testemunha control or checks

válvula de pressão constante constant flow valve

quimigação chemigation

pulverizador pneumáticocanhão de ar cannon sprayer

zona de segurança buffer zone

solução tampão buffer solution

pulverização em área total broadcast spray

cultivares melhorada breeding cultivars

pulverizador de barra boom sprayer

pulverização em faixa band spraying

ensaio assays

tecnologia de aplicação application technology

116
Termo em português Termo em ingles

assistência de ar air-assistance

ponta de jato plano de indução de ar air induction flat fan spray tip

indução de ar air induction

aviação agrícola agricultural aviation

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