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INSTITUTO DE FÍSICA
2°Semestre/2022
Colisões e Coeficiente de Restituição
Robson Labrego (12559170), William Martins (9300686)
Resumo do Trabalho
Introdução ao Assunto
O presente trabalho constitui-se num estudo sobre colisões e coeficientes de restituição, os quais
dependem dos diferentes materiais envolvidos em cada interação que define uma determinada
colisão.
Hoje em dia, diversos tipos de materiais são utilizados pela humanidade, sendo a maioria destes
sintéticos e desenvolvidos para apresentar determinada característica importante para uma dada
utilidade. Desta forma, temos materiais extremamente rígidos, enquanto outros são macios e outros
bastante flexíveis, onde também temos variações de estrutura no regime elástico ou no regime
plástico. Estes diferentes materiais, interagindo numa colisão, respondem de formas diferentes para
cada combinação avaliada, de modo que o movimento posterior ao impacto está relacionado
diretamente às características energéticas envolvidas e estas dependem fortemente das estruturas
dos materiais que constituem os corpos em questão, sendo muito importantes o coeficiente de
restituição e a deformabilidade dos corpos.
As colisões entre os corpos podem ser elásticas ou inelásticas, sendo que, na realidade, as
condições extremas de uma colisão perfeitamente elástica ou inelástica não são verificadas, mas
encontram-se neste intervalo e são definidas a partir da interação e das características dos corpos
envolvidos. Ainda assim, podemos ter como exemplo de uma colisão fortemente elástica, a colisão
entre duas bolas de bilhar, na qual praticamente todo o momento é transferido da primeira à segunda
bola, enquanto para o caso inelástico, podemos citar a colisão entre um carro em alta e um muro.
Podemos analisar a dinâmica dos corpos citados através da energia mecânica presente no sistema,
que pode ser definida como:
�� (1)
1 + ��1 + �� = ��2 + ��2
onde K representa a energia cinética, U representa a energia potencial gravitacional ou elástica e W
corresponde ao trabalho realizado pela resultante de outras forças e é igual à variação da energia
mecânica total do sistema [2].
Para o trabalho em questão, temos um estudo sobre colisões de bolas lançadas verticalmente sobre
superfícies, sendo que nestas colisões, a superfície possui aproximadamente, massa infinita. Desta
forma, o movimento da esfera é oscilatório e temos uma variação de energia cinética e potencial,
sendo que quando a bolinha toca a superfície e v=0, há a interação entre as superfícies e a bolinha
adquire energia potencial elástica. Nesta interação, no entanto, há perda de energia, de modo que
apenas uma parte da energia de movimento é restituída, e esta é o conceito que define o coeficiente
de restituição ε, o qual varia de 0 à 1, onde 1 indicaria uma colisão perfeitamente elástica e toda a
energia seria restituída após o impacto, enquanto 0 seria a condição oposta e a bolinha ficaria parada
após o impacto. Os casos reais variam entre 0 e 1 e dependem dos dois materiais envolvidos.
De acordo com Cavalcante [1], o coeficiente de restituição ε, pode ser definido, com boa
aproximação, conforme equação a seguir, a qual considera que a fração de perda de energia entre
as sucessivas condições é constante.
����+1
ε = (2)
����
A partir desta definição e, tendo que para um dado impacto n:
��.∆��
�� = ��
�� (3)
2
Descrição Experimental
Figur
a 1(esq): Bolinhas de diferentes materiais, das quais algumas foram utilizadas na parte experimental 1;
Figura 2 (dir): bolinhas de aço cromado, utilizadas na segunda parte experimental;
Na sequência, definimos as superfícies experimentais nas quais seriam realizadas a tomadas de
dados, as quais são indicadas a seguir:
- Mármore, correspondente ao tampo de mesa de um dos laboratórios didáticos do IFUSP; -
Madeira, correspondente ao material do piso presente na casa de um dos integrantes do grupo; -
Piso Cerâmico esmaltado, presente na casa de um dos integrantes do grupo;
F
igura 3(esq):Tampo de mármore da bancada do laboratório do IFUSP; Figura 4(centro): piso cerâmico
esmaltado 30x30 cm; Figura 5 (dir): piso de madeira;
Definidas as esferas e as superfícies para a realização das colisões, estabelecemos a forma como
seriam feitos os impactos. Para isto, basicamente, definimos uma altura de 60 cm para a liberação
das esferas e procuramos, em cada um dos locais de realização das tomadas de dados, estabelecer
um apoio e uma maneira de guiar as esferas para que elas caíssem, aproximadamente, no mesmo
ponto da superfície em questão. Como exemplo do aparato utilizado, no caso da tomada de dados
feita no laboratório do IFUSP utilizamos um trilho metálico sobre uma das banquetas do laboratório, a
qual, por sua vez, foi colocada sobre uma das mesas de mármore, enquanto a mesa ao lado desta
primeira foi definida como a superfície experimental.
Importante ressaltar que todos os equipamentos que estavam sobre a mesa foram retirados, para
evitar que possíveis vibrações destes interferissem nos resultados. O mesmo cuidado foi tomado em
relação às tomadas de dados realizadas nas casas dos respectivos integrantes do grupo. Feitas
estas considerações, utilizamos o microfone dos nossos celulares para a gravação dos sons, sendo
que um dos aplicativos utilizados chama-se Parrot (disponível em versão gratuita). Na sequência
com a preparação da superfície e da estrutura para a liberação das esferas, posicionamos o celular
próximo ao local da colisão, tomando o cuidado de deixá-lo numa distância de cerca de 50mm para o
lado e um pouco para trás do referido ponto, para evitar possíveis colisões entre a bolinha e o celular,
decorrentes dos desvios da trajetória após os sucessivos impactos. Então, gravamos os sons para
casos selecionados a analisar, sendo que cada integrante repetiu o procedimento em sua casa, onde
em cada uma destas havia uma superfície diferente a estudar.
Por fim, foram definidas duas etapas experimentais para o estudo das colisões e determinação do
coeficiente de restituição:
1 - Uso de bolinhas de diferentes materiais na superfície de mármore. A superfície em questão foi
definida como padrão para a análise da resposta às colisões para os diferentes materiais por
apresentar melhores condições para obtenção de dados que as outras superfícies escolhidas, pois
além de ser uma placa relativamente bem espessa, cerca de 40mm, possui dimensões adequadas,
cerca de 0,9x1,7(m), o que além de fornecer condições mais homogêneas para os diferentes pontos
experimentais (quiques das bolinhas), proporciona uma área razoável para os possíveis desvios na
trajetória das esferas;
2 - Uso de bolinhas de aço nas diferentes superfícies. No caso os dois alunos realizaram juntos a
tomada de dados no IFUSP (bancada de mármore) e, posteriormente, cada aluno realizou a tomada
de dados no piso de sua casa
As gravações obtidas, conforme explicado no item anterior, constituem-se nos nossos dados
experimentais. Para a análise destes dados e obtenção dos resultados, utilizamos o software livre
Audacity
Cada interação bolinha x superfície verificada produziu um padrão oscilatório próprio, de modo que
não foi, necessariamente, seguida da mesma forma a análise e obtenção dos pontos amostrais.
Desta forma, para ilustrar, destacamos alguns aspectos de cada interação em questão.
Figura 11: Gráfico de frequência de oscilação referente à interação vidro(bola de gude) x mármore;
Figura 12: Gráfico de frequência de oscilação referente à interação plástico x mármore;
Com relação às incertezas, inicialmente, elas foram estimadas para cada ponto do espectro de
frequência de forma individual. Tendo como referência o primeiro ponto da parte positiva da primeira
onda verificada, considerou-se ou as primeiras indicações de oscilações, ainda que baixas, ou ao
mesmo ponto referente à segunda onda do gráfico e neste caso, definimos as incertezas como a
diferença entre este ponto e os ruídos inicias ou ao próximo ponto, o que indicasse a maior diferença.
Percebe-se que as incertezas variam para diferentes interações e mesmo entre os diferentes pontos
referentes às colisões de cada uma destas, visto que as incertezas foram determinadas de acordo
com a percepção visual dos pontos e aspecto da curva de frequências apresentada. Em alguns
casos, ao invés do critério descrito, visualizamos cada ponto referente a um dado impacto e
posicionamos o cursor, aproximadamente, sobre o seu centro, sendo que na sequência
aproximávamos a imagem e identificamos o ponto máximo. Nestes casos, inicialmente, estimamos a
incerteza como a diferença entre este ponto e pico mais próximo a ele.
Quanto aos valores dos pontos, ficou estabelecido um método para cada situação, sendo mantido o
“passo” conforme mencionado. No entanto, após as primeiras análises, verificamos que apesar de,
aparentemente os dados indicarem um ajuste adequado, o chi² mostrou-se extremamente alto, pois a
incerteza em cada ponto era, relativamente, muito baixa e, portanto, subestimada. Então, tendo que a
menor unidade de tempo no Audacity é o milissegundo, consideramos o número de amostras
presentes em 1ms como a incerteza padrão, o que resultou em 44 ou 48 amostras, dependendo do
celular utilizado na gravação.
Feitas estas considerações, após a obtenção dos dados experimentais, impacto e número de
amostras obtidas através do Audacity, utilizamos estes valores numa planilha de cálculo para o
devido tratamento.
Inicialmente, convertemos os valores em unidades de tempo, dividindo cada valor em amostras pela
frequência da gravação, que ficou entre 44100 e 48000 Hz considerando-se os dois celulares
utilizados, obtendo desta forma os valores �� e calculamos o intervalo de tempo entre os
sucessivos ��
impactos,
∆�� (5)
�� = ����+1 − ����
Estes resultados já nos permitiram perceber importantes características das diferentes interações,
conforme observa-se na próxima figura
Figura 14: Intervalo de tempo entre os sucessivos impactos para diferentes materiais colidindo com uma
superfície de mármore (obtido no software ATUS)
O gráfico acima nos permite verificar que alguns materiais reduzem bastante o intervalo de tempo
entre as colisões após o primeiro impacto, sendo bastante claro na interação da madeira com a
superfície, mas mesmo no caso do aço se percebe também uma redução significativa. Outros
materiais demonstram uma regularidade maior, como o plástico e a borracha, sendo que a borracha
possui poucos pontos amostrais devido ao fato de para colisões posteriores o som obtido ficou pouco
definido e, portanto, de difícil determinação.
As informações do gráfico acima complementam as informações do gráfico anterior, sendo que neste
caso, onde aplicou-se um ajuste linear, o coeficiente angular representa o coeficiente de restituição
correspondente à interação, sendo importante frisar que este valor é determinado pelos corpos
envolvidos e não apenas pelo material da bolinha.
Para o ajuste linear aplicado a cada um dos conjuntos de dados, relativos aos diferentes, relativos
aos diferentes materiais, utilizamos como referência para determinação de um bom ou adequado
ajuste o valor do chi² para um nível de confiabilidade de 95%. Desta forma, para o aço e vidro foi
necessária a retirada do primeiro ponto, referente ao intervalo de tempo entre a primeira e a segunda
colisão, enquanto para a madeira, o comportamento verificado, sobretudo pelos poucos pontos
experimentais, não permitiu um ajuste adequado mesmo retirando-se o primeiro ou o último ponto, e
no caso, da borracha e do plástico, foi possível a utilização de todos os pontos experimentais
considerados.
De forma a visualizar melhor os aspectos de cada conjunto experimental, são apresentados
tabelados alguns resultados importantes, com destaque para o coeficiente de restituição, que se
constitui no objetivo principal deste estudo.
Tabela 1: Características das interações entre esferas diversas e uma superfície de mármore
Características das interações (colisões) esferas x superfície - Estudo 1
Impactos verificados 13 6 13 10 6
Numa segunda análise, selecionamos as esferas de aço e fizemos os testes nas três superfícies
determinadas, conforme explicado anteriormente: Bancada de mármore, piso de madeira e piso
cerâmico.
Foram utilizadas as três bolinhas disponíveis de aço cromado, nos diâmetros de 10, 15 e 20 mm. Os
resultados para uma mesma superfície não apresentaram diferenças significativas, sendo que nos
casos em que os valores mostraram maior diferença, possivelmente ocorreu devido à irregularidades
dos pisos ou mesmo o assentamento destes, visto que as maiores diferenças foram observadas nos
pisos das casa dos integrantes do grupo, enquanto na bancada, que é uma peça única é e bem
espessa, como também já observado, a diferença observada foi relativamente pequena. Desta forma,
são apresentados apenas os resultados numéricos.
Figura 16: Intervalo de tempo entre os sucessivos impactos para esfera de aço de Ø15mm colidindo em
diferentes superfícies (obtido no software ATUS)
Na sequência, selecionamos a esfera de tamanho intermediária para a comparação entre
as colisões entre esferas de aço cromado e diferentes superfícies.
Figura 17: Relação entre os intervalos de tempo para os sucessivos impactos com ajuste linear para a
determinação do coeficiente de restituição de cada interação esfera x superfície. (obtido no software ATUS)
Tabela 1: Características das interações entre esferas diversas e uma superfície de mármore
Características das interações (colisões) esferas x superfície - Estudo 2
Impactos verificados 13 14 6
Discussão
Conclusão
Obtivemos os valores dos coeficientes de restituição para diferentes interações e foi possível
perceber grandes variações nos resultados, destacadamente a madeira com um coeficiente
relativamente baixo e a a borracha e o plástico poliacetal com um coeficiente alto. Embora seja muito
difícil encontrar dados para verificar a compatibilidade entre os resultados e valores teóricos,
conseguimos comparar os resultados entre si e verificamos que os resultados estão, inclusive,
conforme o esperado, já que, por exemplo, espera-se que a madeira perca mais energia em cada
ciclo devido à sua deformação (por ser relativamente mole), enquanto para a borracha e o plástico
poliacetal, que possui considerável deformação no regime elástico, adquirem mais energia potencial
elástica e mantém o movimento por mais tempo.
Referências Bibliográficas
[4] Alonso & Finn, Física um Curso Universitário Volume II Campos e Ondas, Ed.
Edgard Blücher LTDA São Paulo, 1972.