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Sumário
RELATOS
MENSAGEM DO AUTOR
INTRODUÇÃO
PARTE 1: OS NOVOS SERES HUMANOS
CAPÍTULO 1: AS CRIANÇAS ÍNDIGO
CAPÍTULO 2: O ELO PERDIDO DE DARWIN
CAPÍTULO 3: DO PRIMARISMO À CIVILIZAÇÃO
CAPÍTULO 4: UM GÊNIO INCOMPREENDIDO
CAPÍTULO 5: DEUS E A RELATIVIDADE DO TEMPO
CAPÍTULO 6: A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI
CAPÍTULO 7: A NATUREZA DE DEUS
CAPÍTULO 8: O REAL AUTOCONHECIMENTO
CAPÍTULO 9: A BATALHA DO “EU” CONTRA O EGO
CAPÍTULO 10: BUDA E O PARADOXO DO “NÃO-EU”
CAPÍTULO 11: DR. IAN STEVENSON E OS CASOS SUGESTIVOS DE
REENCARNAÇÃO
CAPÍTULO 12: POR QUE DEUS PERMITE O MAL?
CAPÍTULO 13: NEGANDO O DIABO
CAPÍTULO 14: A LIBERDADE REAL
CAPÍTULO 15: O EGO NASCE DO MEIO SOCIAL
CAPÍTULO 16: O AMOR DO EGO E O AMOR DO SELF
CAPÍTULO 17: O DUELO FINAL
CAPÍTULO 18: O NOVO MILÊNIO
CAPÍTULO 19: OS SERES DA NOVA ERA
CAPÍTULO 20: A MINHA REVOLUÇÃO
CAPÍTULO 21: O HOMEM-DEUS
CAPÍTULO 22: O CAMINHO INFINITO DA VIDA
CAPÍTULO 23: O GRANDE ANÔNIMO
CAPÍTULO 24: A CONSCIÊNCIA E A MATÉRIA
CAPÍTULO 25: A VIBRAÇÃO DOS SERES DA NOVA ERA
CAPÍTULO 26: DO ORGULHO À HUMILDADE

CAPÍTULO 27: DO EGO AO SELF


PARTE 2: APONTAMENTOS FINAIS
CAPÍTULO 1: O PARADOXO DO LIVRE-ARBÍTRIO
CAPÍTULO 2: SEXO É VIDA
CAPÍTULO 3: A REDENÇÃO
CAPÍTULO 4: A DESCOBERTA
 

RELATOS
“Em janeiro desse ano, tive o imenso prazer de conhecer o João,
através da contratação para assessorá-lo na escolha da profissão.
 Apesar dos seus 21 anos à época, impressionou-me a singularidade
da sua narrativa, ao mesmo tempo frágil e contundente, cujos relatos
mostravam-se extremamente corajosos e verdadeiros, já na nossa
primeira sessão.
O universo dos seus interesses abarcava filosofia, sociologia,
psicologia, história, geografia, matemática, temas espiritualistas.... e
a dinâmica do trabalho idealizado pretendia acolher a sua
autonomia, a sua versatilidade, a não submissão a hierarquias e
horários rígidos, o seu senso crítico, a sua originalidade e a sua
inquietação.
 Uma equação e tanto, mas factível para as novas gerações e também
para fazer frente ao mundo líquido, proposto por Zygmunt Bauman,
sociólogo e filósofo polonês.
  Decorridas as sessões e finalizado o processo, indiquei a formação
em “Cinema e Audiovisual”, por ser uma área com ilimitada paleta
de temas, modos, sons e tons, totalmente compatível com o seu
perfil. Qual não foi a minha surpresa e estarrecimento, ao receber a
sua mensagem, apenas 1 semana após a conclusão do nosso
trabalho, informando que havia optado pela escrita e que o livro
“Ego e Self – a Revolução Índigo”, já estava praticamente concluído!
  Ao leitor deixo as considerações, na medida em que for
enveredando pelos temas propostos pelo autor. Entretanto, estou
certa de que dificilmente se chegará ao final da leitura, sem se tocar,
de alguma maneira, pela obra do João”.
 Ana Maria Jacques
Psicóloga/Consultora Vocacional e de Carreira
Setembro/2022
“Fui convidado ao universo do João através deste livro. Lisonjeado,
passamos a ter encontros semanais, em mais de um dia na semana,
inicialmente para lermos capítulo por capítulo, que depois eram
comentados pelo autor, meu paciente.
Passadas as semanas, confesso uma angústia: em algum momento aqueles
capítulos se findariam e não saberia o que viria depois. Para minha
surpresa, abriu-se um universo de ideias, o nascedouro de todas elas. O
próprio autor, meu paciente.
João conseguiu unir percepções pessoais sobre a questão índigo, teorias da
psicologia clássica junguiana, filosofia, sociologia, matemática, entre outras
disciplinas, a temas espiritualistas, sempre com preocupação científica
imensa por parte dele. Com o tempo, dei-me conta de que João é o
próprio cientista diante de uma descoberta, e uma justa dúvida sobre
como apresenta-las ao mundo. Não sem algum sofrimento ante seus
possíveis leitores. Escrever tem esse preço. Escrever sobre si mesmo pode
ser ainda mais caro. Mas João, nesta obra, se prova disposto a pagar o
preço da angústia por inovar, por criar.
João é um cientista diferente, ele é criador e criatura de sua própria teoria.
Convido a todos a serrem tocados por seus pensamentos, teorias,
reflexões. Há algo de novo aqui. Há algo de singular. Há algo bonito.
É uma sorte poder estar ao lado do João e fazer parte de sua ciência, de
convidar outros cientistas e pensadores ao seu texto, ao seu “Ego e Self – a
Revolução Índigo”. A escrita é o caminho para o laço social. Bem vindos ao
universo índigo”.
Felipe Simil
Psiquiatra e psicanalista
Outubro/2022

MENSAGEM DO AUTOR
Dono de um ego frágil, expressando agressividade, timidez, carência
e vaidade, eu percorri caminhos que muitas pessoas jamais
imaginariam que alguém pudesse percorrer nos tempos modernos.

A dor insuportável gerada pelo meu ego doente, a qual se refletiu


nas minhas amizades, na escola, nos templos religiosos, na rua, nas
relações amorosas e familiares, privou-me de tantas alegrias, de
tantas coisas boas, de tantos sonhos que eu não pude e não poderei
realizar... Além disso, as grandes vicissitudes que a vida me impôs,
contribuíram para que eu me distanciasse da própria realidade, por
muito tempo...
Pensamentos e sentimentos negativos corroíam minha alma, muitas
vezes sem trégua, numa mescla de pavor e agonia profundas... Ah,
nem sei como passei por aquilo tudo e ainda permaneci vivo...
Consequentemente, o suicídio passou inúmeras vezes pela minha
cabeça, enquanto meu coração se dilacerava com tal ideia.
Sinceramente, eu já não via luz no “fim do túnel”.
No entanto, eu também possuía um Self forte (potencialmente) o
bastante para suportar a longa e escura “noite de tempestade”,
mesmo que eu não soubesse disso. Eu só descobri o tamanho da
minha força quando tive que usá-la, porém, a maior prova de força é
vencer a si mesmo, batalha por batalha, principalmente quando não
haja previsão para a guerra acabar.
Nesse ínterim, a solidão, a calúnia, a incompreensão, o abandono, a
traição e a rejeição se intensificaram, mas pela primeira vez, entre
erros e acertos, eu sabia que estava no caminho certo, embora
ninguém pudesse me compreender... O medo, a revolta, a raiva e
tantos outros defeitos ainda me acompanhariam, lado a lado, mas à
medida que o tempo passava, cada vez mais iluminado eu me
tornava.
Jesus estava certo quando disse: “Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados”. Sobre isso, eu mal podia esperar que a
consolação estava dentro de mim mesmo, e que o “Reino dos Céus”
que ele tanto pregou, na verdade começa em mim...

INTRODUÇÃO
Em 2005, o ex-ministro da Defesa Nacional do Canadá, Paul Hellyer,
declarou abertamente sua crença em OVNI’s comandados por seres
extraterrestres. A partir de então, ele afirma que seres de outros
planetas visitam a Terra periodicamente há milhares de anos, e que o
governo dos EUA encobre informações a respeito deles. Um dos
principais motivos dessa suposta preocupação alienígena pelo
planeta terrestre, seria a possibilidade de uma guerra nuclear, que
afetaria o equilíbrio físico e químico de outros planetas.
Então, estudos astronômicos da mais elevada importância, permitiu
que alguns astrônomos, como, Frederico Guilherme Bezel, Otto
Hasse, José Thomas e Edmundo, constatassem que o Sistema Solar
realiza um longo périplo em torno da estrela Alcyone, localizada na
Constelação do Touro. Isso acontece através da enorme força de
atração gravitacional que essa estrela de 3ª grandeza exerce sobre o
Sol, que é um astro de 5ª grandeza.
Consequentemente, pela Lei da Gravidade, que nos mostra que um
corpo de maior massa atrai um corpo de menor, o planeta Terra é,
também, inevitavelmente atraído para tal região da Via Láctea, onde
Alcyone constitui as Plêiades, sendo a estrela mais brilhante do seu
conjunto.
Ainda, descobriu-se, ao longo dos estudos, que tal périplo realizado
pelo Sistema Solar apresenta uma duração de 26 mil anos, enquanto
a Terra demora 1 ano para realizar sua volta em torno do Sol. Com
isso, não é difícil perceber a enorme distância que o planeta terrestre
está da luminosa estrela. Sobre isso, depois de mais pesquisas,
averiguou-se que a cada 12 mil anos o Sistema Solar penetra em uma
faixa de fótons que circunda Alcyone, a qual produz uma
luminosidade sem calor e extremamente bela.
Logo, tais astrônomos perceberam que, a partir de 1972 o Sistema
Solar começou a penetrar nessa faixa iluminada pelas partículas
mínimas da constituição da luz, enquanto a Terra iniciou essa
imersão apenas em 1982, terminando-a completamente no ano de
2012.
Além disso, o tempo calculado pelos cientistas em que o planeta
terrestre ficará nesse estado de completa imersão na faixa de fótons

espacial é de 2 mil anos.


Portanto, após a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente em
1972, psicólogos como a Dra. Nancy Ann Tappe, começaram a
observar, com estranheza, significativas mudanças na estrutura
mental e comportamental da vida infantil, que logo passaram a ser
estudadas, pois se tratava de uma nova geração de crianças que
desafiava o entendimento e a autoridade de pais, professores e
psicólogos. Além disso, seu número cresceu consideravelmente a
partir de 1982.

PARTE 1: OS NOVOS SERES HUMANOS


CAPÍTULO 1: AS CRIANÇAS ÍNDIGO
Inicialmente, as crianças “desconhecidas” foram classificadas pelos
estudiosos como portadoras de transtorno do déficit da atenção
(TDA), e transtorno do déficit da atenção e hiperatividade (TDAH),
devido ao fato de apresentarem comportamentos rebeldes,
agressivos, e não aceitarem, sob hipótese alguma, quaisquer
orientações, principalmente se impostas.
Consequentemente, laboratórios desenvolveram uma medicação
chamada de Ritalina, também conhecida como “droga da
obediência”, a fim de solucionar essas patologias. Porém, constata-se
que as crianças sujeitas a esse remédio não se tornam dóceis e
respeitosas, mas sim, tornam-se obedientes e submissas, tendo,
assim, suas inteligências e emoções entorpecidas. Entretanto, os
estudos prosseguiram, e os psicólogos descobriram que, dentro
daqueles dois grupos (TDA e TDAH), haviam crianças que
possuíam aquelas características, mas que não eram doentes, visto
que eram portadoras de elevado Q.I (quociente de inteligência), de
notáveis habilidades especiais e não apresentavam um
temperamento autodestrutivo. Nesse sentido, psicólogos atentos às
áreas da Psicologia Transpessoal, perceberam que essas crianças
“especiais” possuíam uma irradiação áurica de cor azul, na
tonalidade índigo, o que foi relatado por supostos médiuns e
videntes.
Então, sugerido pela Dra. Nancy Ann Tappe, elas passaram a ser
chamadas de crianças índigo.

CAPÍTULO 2: O ELO PERDIDO DE DARWIN


No século XIX, o renomado cientista britânico, Charles Darwin,
publicava o livro “A origem das espécies”, em 1859, que transformou
a visão humana a respeito da vida na Terra. Sua teoria prega, através
do mecanismo da seleção natural, a evolução das espécies, e isso
revolucionou a Biologia, visto que a maioria dos cientistas, até então,
considerava que todos os seres vivos foram criados prontos e
imutáveis, isto é, que não sofriam modificações ao longo do tempo.
Além disso, Darwin concluiu que havia fortes indícios de que os
seres humanos e os chimpanzés possuiriam um ancestral em
comum, mas nunca foram encontrados elementos paleontológicos
(fósseis) suficientes que permitissem o estudo mais aprofundado do
processo.
Então, a comunidade científica ainda não é capaz de explicar com
segurança essa teoria, que foi denominada como “O Elo Perdido”.
Portanto, esse elo seria o último ancestral comum entre as duas
espécies, justamente aquele que ajudaria a entender a mudança de
uma para outra expressão de vida.
Muitos espiritualistas da atualidade acreditam que, no período do
Elo Perdido na Terra, na Constelação do Cocheiro (vizinha da
Constelação do Touro), havia um planeta que orbitava a estrela
Capela, que possuía uma Civilização muito mais evoluída do ponto
de vista moral e intelectual, em comparação ao planeta terrestre.
Sobre isso, as tradições e filosofias espiritualistas apontam que um
grande número de espíritos rebeldes daquele planeta passaram a
reencarnar por algum tempo na Terra, a fim de se aprimorarem no
contato com o sofrimento em um planeta menos desenvolvido, e,
também, auxiliar o processo de evolução dos seres
terrícolas.
Essa teoria, segundo os espiritualistas, está registrada
metaforicamente na Bíblia, no texto que relata ter havido nos Céus
um anjo de nome Lúcifer, que, tendo-se rebelado contra Deus, foi
expulso do Paraíso e enviado para uma região infernal. Nesse
sentido, a Terra de fato seria uma região de muitos sofrimentos, visto
que os seres terrenos estavam ainda na fase antropoide, muito antes
do surgimento da Civilização.
Então, esses espíritos de outro sistema solar, teriam reencarnado na
Terra e, naturalmente, desenvolvido novos caracteres morfológicos e
capacidades orgânicas. Portanto, essa teoria espiritualista seria capaz
de explicar o Elo Perdido de Darwin. Porém, ter-se-ia que acreditar
em Deus, na reencarnação e na multiplicidade dos mundos
habitados.

CAPÍTULO 3: DO PRIMARISMO À CIVILIZAÇÃO


Os espíritos que, supostamente, teriam sido degredados de outro
planeta, foram chamados de “Os Exilados de Capela”. Logo,
segundo as tradições espirituais, nesse momento da história
terrestre, surgem então os descendentes dos primatas. Isso ocorreu
por meio do desenvolvimento do corpo físico, impulsionado,
naturalmente, por corpos espirituais mais sofisticados e complexos.
Além disso, ao mesmo tempo permaneceram os antropoides, cujos
corpos os espíritos, ainda primários, continuariam reencarnando em
face da sua evolução terrícola.
Segundo Edgard Armond, autor do livro “Os exilados da Capela”, a
figura mitológica de Adão, na Bíblia, e sua expulsão do Paraíso, faz
referência à queda desses espíritos capelinos, neste mundo de
expiação. Na Terra, então, teriam passado por numerosas
encarnações sucessivas, o que também é relatado no livro “A
caminho da luz”, de Chico Xavier.

Logo, na África do Norte, ergueu-se a grandiosa cultura egípcia, que,


por intermédio dos faraós, conhecimentos muito superiores à sua
época foram revelados, sendo que até hoje existem grandes mistérios
em relação a essa geração de egípcios. A construção das pirâmides,
por exemplo, representa, até os dias atuais, um enigma para os
engenheiros modernos, em face da escassez de informações e
tecnologias daquele período.
Na Índia, através de Krishna, surgiram as ideias da imortalidade da
alma, de Deus e das virtudes do sentimento. Na China, as lições de
Lao-Tsé e Confúcio deixaram valorosos fundamentos coletivos para
o futuro da sociedade.
Ainda, na Grécia, aproximadamente 500 anos a.C., revelam-se ao
mundo as notáveis personalidades de Sócrates, Platão e Aristóteles,
que logo ensinariam os fundamentos da ética, da política e da
moralidade.
Entretanto, embora portadores de espetacular inteligência, muitos
desses espíritos, que teriam vindo da Constelação do Cocheiro,
ainda eram belicosos e promovedores de guerras violentas e
injustificáveis.

CAPÍTULO 4: UM GÊNIO INCOMPREENDIDO


Ludwig Van Beethoven nasceu em 17 de dezembro de 1770, em
Bonn, na Alemanha. Esse gênio alemão foi compositor, regente e
pianista, e se consagrou ao redor do mundo como um dos maiores
músicos da história. Entretanto, embora a genialidade, Beethoven
possuía uma personalidade peculiar: era agressivo, quase hostil e
frequentemente mal-humorado.
Além disso, não se pode olvidar que, aos 26 anos, o extraordinário
pianista começou a apresentar os primeiros sintomas de surdez, que,
com o passar do tempo, impôs-lhe a completa falta de audição. Para
qualquer ser humano comum, Beethoven estava “acabado”, pois
jamais seria capaz de ouvir

qualquer tipo de nota musical novamente. Todavia, o contrário


aconteceu: ao ficar surdo, suas melodias ficaram mais belas, e foi
assim que ele compôs a 9ª Sinfonia, que emocionou o mundo e
deixou um legado para as futuras gerações.
Portanto, como um ser humano é capaz de compor as mais belas
músicas sem sequer ouvir um ruído? Através de uma espécie de
melodia que ele sentia e percebia interiormente, mesmo sem o
sentido auditivo, o que indica a existência de outras dimensões de
consciência.

CAPÍTULO 5: DEUS E A RELATIVIDADE DO TEMPO


Segundo a lógica e a razão, todo efeito apresenta uma causa, assim
como todo efeito inteligente, necessariamente necessita possuir uma
causa inteligente. Então, se o ser humano, que é uma consciência
dotada de inteligência e emoção, existe, ele precisa ter uma causa “à
altura”, que a Teoria do Big Bang, de 1931, é incapaz de explicar
sozinha.
De acordo com essa teoria, uma “explosão” foi a responsável pela
origem do Universo. Entretanto, como uma expansão de energia e
matéria seria capaz de criar seres conscientes, inteligentes e
sensíveis? Além disso, o que teria vindo antes desses elementos e
impulsionado sua “explosão”?
Neste momento, qualquer cético pode dizer: “Então, se existe um
Deus, e Ele criou todas as coisas, o que veio antes Dele”? Sobre isso, é
preciso olhar para o Espaço-Tempo com um olhar muito profundo,
compreendendo, primeiramente, que não existe tempo sem espaço.
Nesse raciocínio, é imperioso considerar que o Espaço e o Tempo
estão intimamente interligados, como foi demonstrado pelo
brilhante físico alemão, Albert Einstein.
Logo, considerando essa óptica, pode-se afirmar que Deus é eterno,
ou seja, não teve começo e não terá fim, visto que o Tempo é uma
dimensão do Espaço.
Para a mente humana é difícil imaginar algo que não teve começo,
mas a verdade é que a Causa Primária do Universo precede o
Tempo, o que não significa que a Teoria do Big Bang está errada.

CAPÍTULO 6: A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI


Também chamada de “Código Secreto da Natureza“ ou “Proporção
Divina”, a sequência de Fibonacci é uma das mais famosas da
história. Escrita em 1202 por Leonardo de Pisa, ela pode ser
verificada em vários elementos e aspectos do mundo, como por
exemplo, nas pétalas de um girassol ou na casca de um abacaxi. Essa
sequência é interpretada como um código único presente na
Natureza, possuidor de uma harmonia estética altamente complexa.
Surpreendentemente, tal código pode ser verificado também nas
ações humanas, pois alguns famosos empreendimentos da história
possuem essa fórmula misteriosa, como a Grande Pirâmide do Egito,
Pathernon em Athenas e as Catedrais de Notre Dame. Além disso, o
próprio
Leonardo da Vinci usou-a em algumas de suas pinturas mais
conhecidas, como “A Última Ceia” e “O Homem Vitruviano”.
Ainda, não se pode olvidar que esse “número de ouro” também
pode ser encontrado, de forma aproximada, no corpo humano, como
no tamanho das falanges, por exemplo. Então, como explicar o
inacabável número de entidades do Universo, que repetem a
Proporção Áurea infinitamente na Natureza?

CAPÍTULO 7: A NATUREZA DE DEUS


Ao longo do tempo, diversas religiões e pensadores tentaram definir
a natureza da Causa Primária de todas as coisas, mas afinal, como
saber, de fato, se Deus é onisciente, onipresente, justo ou injusto,
bom ou mal? Será que Ele se importa com o bem-estar dos seres
vivos

que Ele mesmo criou?


 

Segundo a Bíblia, mas considerando a Lei da Evolução, Deus teria


criado o ser humano, potencialmente, à sua imagem e semelhança.
Além das tradições religiosas, a sequência de Fibonacci também
indica e colabora para essa tese, visto que à medida em que a
sociedade penetra nos domínios da Natureza, descobre-se cada vez
mais padrões e semelhanças, mesmo que potenciais, entre as mais
diversas formas e seres.
Nesse sentido, conclui-se que a única forma de buscar a natureza do
Criador, é através do autoconhecimento, que é uma ferramenta
ainda ignorada ou equivocadamente interpretada por grande parte
das pessoas. Porém, qualquer um pode dizer: “ Mas se somos feitos
à imagem e semelhança de Deus, podemos concluir que Ele também
pode ser mal, ignorante, vingativo, entre outros defeitos
humanos”...1

CAPÍTULO 8: O REAL AUTOCONHECIMENTO

Há aproximadamente 2.500 anos, Sócrates, considerado um dos mais


importantes pensadores da história, disse: “Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o universo e os deuses”. Ainda, de acordo com o filósofo,
para se conhecer é preciso reconhecer a própria ignorância.
Todavia, embora os avanços sociais, científicos e filosóficos, o ser
humano costuma acreditar, de fato, que sabe muito, mesmo que
esteja distante do conhecimento real. Pessoas orgulhosas, incapazes
de reconhecer a imensidão da própria ignorância, não conseguem
adquirir novos conhecimentos, pois para isso, precisariam admitir,
conscientemente, que o que sabem a respeito de si e do mundo está
errado.
Um dos primeiros grandes passos em direção ao autoconhecimento,
é o reconhecimento do Inconsciente e sua diferenciação do
Consciente. Metaforicamente, esse último pode ser comparado à
uma rolha flutuando em um enorme oceano, que seria a parte não-
consciente do ser. Nesse “oceano”, estão armazenadas todas as
experiências pregressas e potencialidades do indivíduo.
Segundo Carl Gustav Jung, o “pai” da Psicologia Analítica, à medida
que alguém vai evoluindo nesse difícil e complexo processo de
autoconhecimento, começa-se a reconhecer inúmeras estruturas e
funcionalidades da psique. Dentre elas, algumas das mais
importantes são: o Self (Si –mesmo), o Ego, a Sombra, o Inconsciente
Pessoal, o Inconsciente Coletivo, a Persona (máscara), a Anima e o
Animus, além dos mecanismos de defesa do Ego.
Nessa área da Psicologia, Jung chamou esse processo de
conhecimento e desenvolvimento interior de “Individuação”, em
que o ser humano torna-se, gradativamente, e continuamente, um
indivíduo único e homogêneo. Nesse aspecto, autoconhecimento é a
ação de retirar conteúdos mentais presos no Inconsciente, que é uma
“região” oculta na psique, a qual o indivíduo não tem conhecimento.

É no Inconsciente que ficam armazenadas informações reprimidas


do indivíduo. Sobre isso, Jung detectou que no centro do
Inconsciente Pessoal, está localizada a Sombra, que representa tudo
aquilo que é considerado inferior pelo sujeito, e também aquilo que é
negligenciado e nunca desenvolvido.
À medida que a Sombra se torna mais consciente, o indivíduo
naturalmente recupera partes reprimidas de si mesmo. Contudo, não
basta apenas conhecer os seus conteúdos, mas é preciso aceitá-los
integralmente e sem condições, e depois trabalhá-los, pois não há
como fugir deles.

A Sombra está intimamente ligada à aspectos coletivos, visto que se


refere a imagens, pensamentos, sentimentos, impulsos e fantasias
que são considerados inaceitáveis pelo grupo social (e pela própria
pessoa). No entanto, esse arquétipo não é totalmente “mau”, pois
nele também estão contidas qualidades infantis e primitivas, que, de
algum modo, podem promover um desenvolvimento profundo da
personalidade. Porém, na imensa maioria das vezes, o indivíduo se
choca ante as imposições sociais. Nesse âmbito, é possível
compreender a causa de pessoas criativas serem consideradas
“esquisitas”, revelando que, de fato, há uma relação entre a
genialidade e a loucura. Isso acontece, pelo fato de alguns conteúdos
da Sombra, de quando em quando, sobressaírem em relação ao Ego,
fazendo com que essas pessoas possam parecer insanas em certos
momentos.
Além disso, pessoas viciadas tornam-se mais vulneráveis a esse
“lado sombrio” do ser. Um usuário de drogas, por exemplo, tendo
seu vício controlado, é passível de apresentar “recaídas”. Isso pode
ocorrer, em decorrência de alguma situação traumática ou dolorosa,
mesmo depois de ter sido considerado curado.
Nesse caso, deve-se esse fato à extrema força com que a Sombra se
manifesta, visto que ela estava apenas aguardando uma
oportunidade para se expressar. Portanto, conclui-se que o processo
de cura de qualquer vício exige mais do que “força de vontade”. É
preciso um trabalho interior mais complexo, que deve ser executado,
principalmente, pelo próprio individuo, pois ninguém pode curar
aquele que não deseja ser curado (muitas vezes, essa vontade de
cura não é genuína, mas sim, “da boca para fora”).
Logo, pode-se concluir que a Sombra se opõe ao Ego, que representa
o centro da consciência inferior. Isso acontece, devido a esse último
arquétipo começar a ser formado no nascimento, e desenvolver-se
em função do processo de socialização, que se inicia com os pais. Por
isso, o Ego trabalha, basicamente, em função da aprovação exterior, e
quanto mais o indivíduo é identificado com ele, mais distante se
encontra da realidade e do bem-estar verdadeiro.
Infelizmente, a ilusória identificação com o Ego, como se ele fosse o
“Eu Real”, se manifesta na maior parte da população mundial.
Assim, quando se pergunta a alguém: “Quem é você”, a resposta
poderá ser, por exemplo: “ Sou o David, carioca, sonhador, e tenho
36 anos”. Nesse caso, o que faz esse alguém ser quem ele é? Seu
corpo? Suas vestes? Seu sotaque? Seus sonhos?
Embora essas particularidades façam parte da vida de David, elas
não definem quem ele é. Nesse sentido, caso seu nome e idade
mudem, e o tempo transforme seus hábitos, ele terá se transformado
em outra pessoa? Não. Ele será o mesmo indivíduo, com a mesma
essência (Self), mas com características mutáveis diferentes. Apesar
de parecer simples, à primeira vista, esse tipo de reflexão é
extremamente profundo e capaz de promover um poderoso
desenvolvimento pessoal.
Ainda, outro componente presente na psique humana é a Persona,
que se desenvolve em oposição à Sombra. Ela seria uma espécie de
“máscara”, desenvolvida pelo Ego, para que os indivíduos se
adaptem à sociedade. Isso acontece, devido aos diferentes papéis e
funções sociais, que exigem diferentes tipos de postura e
comportamentos, pois cada ambiente requer uma atitude especial.
A Persona é muito importante, pois não se pode comportar no
trabalho da mesma forma que se comporta com os amigos, por
exemplo. Também, não é socialmente bem visto usar, na rua, as
mesmas roupas que se usa em casa. Ao longo da vida serão usadas
muitas “máscaras”, e faz parte do processo de individuação
reconhecê-las. Contudo, que isso não prejudique a aspiração natural
do ser humano de descobrir, e desenvolver, nas profundezas do
próprio ser, aquilo que de mais único e individual há.
Nesse aspecto, é preciso saber usar esse arquétipo nos momentos
certos e da maneira correta, não permitindo que o Ego se identifique
com papeis específicos, levando o ser humano a se esquecer de sua
essência. Isso pode acontecer, em razão de o indivíduo reprimir seus
conteúdos inconscientes (Sombra), gerando uma reação destrutiva
através de emoções negativas. Então, ao invés de se reconhecer os
próprios defeitos, por mais terríveis que sejam, tenta-se preservar a
imagem pessoal através da Persona.
Consequentemente, doenças e transtornos surgem, decorrentes da
ignorância do indivíduo em relação à própria realidade. Aliás, outro
grande problema para as relações sociais, é a capacidade individual
de selecionar “máscaras” específicas, a fim de manipular a outrem
de maneira imoral,

visando a obtenção de benefícios pessoais.


Outro indispensável processo, no caminho da individuação, é o
reconhecimento da parte feminina inconsciente na personalidade do
homem (Anima), e da porção masculina inconsciente na mulher
(Animus). Esses arquétipos, segundo Jung, pertencem ao
Inconsciente Coletivo, visto que são compartilhados por toda a
espécie humana, como uma espécie de “herança evolutiva”, e são
orientados para processos internos, diferentemente da Persona.
Quando um homem se apaixona por uma mulher, por exemplo, de
modo repentino, uma das explicações é que sua Anima, de modo
inconsciente, projetou-se sobre o sexo oposto. Por essa razão existe a
afirmativa: “apaixonar-se por alguém é amar a si mesmo”. Nesse
caso, a sensação de se apaixonar é vivificante, pois no fundo significa
uma espécie de encontro consigo próprio. Assim, não se pode
olvidar que o amor a outrem, filosoficamente, só é possível através
do “esquecimento de si”.
A Anima está relacionada à sensibilidade, afetuosidade e doçura,
enquanto o Animus está ligado à coragem, objetividade e
determinação. Entretanto, esses arquétipos precisam ser
desenvolvidos, pois, caso contrário, afloram à consciência de
maneira incômoda, gerando efeitos muito desagradáveis. Isso
acontece, porque quando eles passam a influenciar a vida consciente,
ainda que se apresentem em estados inicias de desenvolvimento, a
Anima passa a se apresentar como uma “mulher inferior” e o
Animus como um “homem inferior”.
Assim como a Sombra, ambos precisam ser reconhecidos, aceitos e
integrados, embora não seja fácil. Então, enquanto esse processo não
começa, ou ainda está no início, o homem se torna hipersensível,
“caprichoso” e cínico, em certos momentos, ao mesmo tempo em
que a mulher se torna mais insensata, arrogante e prepotente.
Infelizmente, o machismo arraigado na sociedade, é extremamente
prejudicial para o amadurecimento da Anima e do Animus. O senso
comum acredita que o machismo só afeta as mulheres, no entanto, a
maioria das pessoas do sexo masculino na sociedade vivem
“sufocadas”, mesmo que sequer tenham consciência disso.
Nesse sentido, observa-se que no Brasil, e em diversos lugares do
Planeta, a cultura tradicional oprime o sexo masculino desde sua
infância, ao negar sua sensibilidade e emotividade, em frases
imperativas como: “Não chore, pois isso não é atitude de um homem”.
Consequentemente, o menino que aprende isso acaba por ignorar os
próprios sentimentos, que ficam armazenados no Inconsciente, mas
não deixam de existir e influenciar a personalidade de maneira
negativa.
Por conseguinte, muitos homens recorrem à vícios e desenvolvem a
depressão, podendo chegar a cometer suicídio. Isso, muitas vezes,
advém dessa desvalorização das qualidades femininas. Também, em
face do machismo, muitas mulheres desenvolvem uma grave
identificação com os aspectos masculinos, que são hipervalorizados
pelo meio social. Sobre esses malefícios, uma Anima e um Animus
reprimidos, podem ser identificados em um relacionamento
heterossexual, onde o homem apresenta humores opressivos e a
mulher se torna “fria” e “distante”, sem motivos aparentes.
Então, constata-se que o objetivo do indivíduo deve ser um
equilíbrio entre os dois arquétipos, a fim de viver uma vida saudável
consigo mesmo e com os outros. Nesse âmbito, segundo Joanna de
Ângelis, Jesus foi um exemplo de um ser pleno, em que ambas as
qualidades se equilibravam com harmonia. Em passagens como,
Lucas (18: 15-17), quando ele diz, “Vinde a mim as criancinhas“,
destaca-se a Anima de Jesus, revelando paciência e ternura.
 
 

Outrossim, em João (2 :13-25), encontra-se seu Animus, ao expulsar


os mercadores do templo através da sua firmeza masculina.

CAPÍTULO 9: A BATALHA DO “EU” CONTRA O EGO


Em pleno desenvolvimento da Civilização, o ser humano, através
dos microscópios e telescópios, tornou-se capaz de penetrar nos
domínios do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, mas
ainda é incapaz de adentrar, com segurança, em seu próprio mundo
interior. Dos elétrons aos buracos negros, inúmeras descobertas
aumentam, progressivamente, o contingente de conhecimento
humano a respeito do Universo conhecido.
Ainda, embora os médicos já sejam capazes de operar e medicar
corpos doentes, a fim de lhes restabelecerem a saúde, quantas
pessoas são capazes de trabalhar nas fibras íntimas do próprio
mundo interno, visando corrigir os “tecidos” do egoísmo, do
orgulho e da vaidade? Pouquíssimos, certamente, pois basta “olhar
para os lados” para ver que a maior doença que assola a Terra, é a
espiritual.
Segundo um relatório da ONU, divulgado em 12 de julho de 2021,
houve um agravamento dramático da fome mundial em 2020,
principalmente devido às consequências socioeconômicas da
pandemia do coronavírus. De acordo com os dados, estima-se que
cerca de um décimo da população global, ou seja, 811 milhões de
pessoas, enfrentaram a fome naquele ano.
Entretanto, nesse mesmo ano, houve quem conseguisse ganhar
muito dinheiro, pois, entre 2020 e 2021, pelo menos 439 pessoas
ficaram bilionárias ao redor do Planeta. De acordo com a Forbes, a
cada 17 horas surgiu um bilionário em 2020. Esse aumento na
concentração de riquezas, representa uma tendência global para o
futuro, a qual não apresenta perspectivas de melhora se nenhuma
medida mais drástica for tomada (como a taxação das grandes
fortunas, por exemplo).
Além disso, as desigualdades não se restringem apenas ao campo
puramente econômico: o racismo, o machismo, a homofobia, a
transfobia, a intolerância religiosa, a xenofobia, a pedofilia, o abuso
de autoridade, entre outras “doenças do sentimento”, estão
presentes nas mais diversas áreas da sociedade, segregando e
oprimindo pessoas.
Portanto, constata-se que o mundo necessita, urgentemente, de
transformações radicais. No entanto, será possível que a sociedade
mundial elimine tantas misérias e desigualdades, que estão
arraigadas nos sistemas políticos, econômicos, culturais,
educacionais e sociais?
O primeiro passo para solucionar um problema, é identificar-lhe as
causas. Por exemplo, Jung estava certo ao afirmar que o problema
das guerras não está na existência de armas e bombas nucleares, mas
na consciência daqueles que as utilizam. Nesse sentido, percebe-se
que a causa de todos os efeitos sociais, reside no interior de cada
indivíduo, assim como acontece no Efeito Borboleta, em que a ação
de uma única pessoa é capaz de gerar efeitos impactantes na
Coletividade. Segundo essa teoria, “o bater de asas de uma borboleta
pode gerar um tufão do outro lado do mundo”.
Outrossim, de acordo com o inolvidável Sidarta Gautama, o Buda, “o
conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a
ignorância”.
Sobre isso, mais um dentre os grandes pensadores da história, revela
que a individuação é a única solução real para os problemas do ser e
do destino. O príncipe hindu, após abandonar a realeza e o luxo de
seu castelo, iluminou-se ao conseguir transcender o próprio Ego, e,
sozinho, revolucionou para sempre a visão do Oriente a respeito da
vida.
O Ego é um complexo que representa a concepção que cada pessoa
faz de si mesma, sendo a soma total dos pensamentos, ideias,
memórias e percepções. Localizado no centro da Consciência
Inferior, difere-se do “Eu”, que é o centro superior da Consciência.
Esse, também chamado de Self, ou Si-mesmo, é o centro de toda a
personalidade e o ordenador dos processos psíquicos, de onde
emana todo o potencial energético de que a psique dispõe.
Entretanto, o Self não é apenas o ponto central, mas, também, abarca
a totalidade, abrangendo os conteúdos conscientes e inconscientes.
Logo, verifica-se que o Ego é limitado em relação ao Si-mesmo. Isso
acontece, devido a ele ser capaz de lidar apenas com os recursos
disponíveis na Consciência.

Primeiramente, é importante salientar que ambos os arquétipos


necessitam um do outro, coexistindo num regime de perfeita
interdependência, e, por isso, é necessário desfazer a errônea crença
de que é preciso eliminar o Ego para ser feliz. Nesse sentido, é
devido à sua existência, que o Self é capaz de estabelecer contato
com o mundo exterior.
No entanto, o maior problema é quando o Complexo Egóico passa a
dominar o Si-mesmo, e, de modo geral, todos os seres humanos
estão nessa fase, em que o “Eu” se identifica com o Ego, esquecendo-
se de sua essência. Essa identificação, é a fonte dos grandes
sofrimentos do ser humano, mas raras pessoas na história da
Humanidade foram capazes de alcançar, plenamente, esse grande
feito interior. Todavia, o importante é estar no caminho.
E como iniciar esse sublime processo? Através do “confronto” entre
o Complexo Egóico e o Inconsciente. É a partir de então, que o ser
humano começa a encontrar-se consigo mesmo, à medida que o
autoconhecimento progride, extinguindo-se as ilusões.
Por fim, é imperioso lembrar que esse processo é extremamente
doloroso, pois é no Inconsciente que estão as “piores” partes do ser,
mas que precisam ser aceitas e trabalhadas, visto que só é capaz de
perdoar o próximo, aquele que aprendeu a perdoar a si mesmo.
Portanto, não foi em vão que Jung declarou:

“Qualquer árvore que queira tocar os céus, precisa ter


raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos“...
CAPÍTULO 10: BUDA E O PARADOXO DO “NÃO-EU”
Um dos principais ensinamentos de Sidarta Gautama, é a teoria do
“não-eu”, que foi amplamente difundida no Oriente. Segundo os
discípulos do Budismo, essa crença, também conhecida como
Anatta, nega a existência de um “eu” permanente e imutável.
Sobre isso, Evan Thompson, professor de Filosofia da Universidade
de British Columbia, afirma ter comprovado essa noção budista a
respeito do “eu”. De acordo com ele, como o cérebro e o corpo estão
em constante fluxo, não há nada que corresponda à sensação de que
há uma essência imutável individual.
Entretanto, tanto o professor Evan quanto muitos discípulos do
Budismo, estão equivocados em relação à interpretação da Anatta.
Nesse sentido, os budistas que acreditam nessa hipótese,
automaticamente negam crenças fundamentais de sua própria
religião, como a doutrina do Carma. Nesse aspecto, “quem” sofreria
os efeitos das leis cármicas? E, se não existisse um “eu”, qual seria o
propósito de uma busca espiritual?
Logo, o que o Buda quis dizer, é que o Ego, ao dominar a essência
individual (Self), supõe ser o “Ser Real”, e nesse caso, não passa de
uma ilusão da personalidade. Então, por essa óptica, a teoria do
“não-eu” está correta.
Para servir de exemplo, não se pode esquecer da figura marcante de
Paulo de Tarso. Após dolorosos anos de incompreensões, calúnias,
açoites e sofrimentos, o Convertido de Damasco deixou registrada
uma de suas mais belas frases, após alcançar a iluminação espiritual:
“Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim”.
Todavia, o que isso significa? Paulo teria perdido sua própria
individualidade? De forma alguma. Significa que, após superar as
duras batalhas entre seu Ego dominante e seu Self filantrópico, Paulo
de Tarso despertou seu deus interior.
Não é em vão que Jesus Cristo afirmou:

“Sois deuses, um dia farão o que faço, e muito mais“...


CAPÍTULO 11: DR. IAN STEVENSON E OS CASOS
SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO
Ian Pretyman Stevenson, nascido em Montreal, em 1918, foi um
cientista e professor de Psiquiatria da Universidade da Virginia,
conhecido internacionalmente pelas suas importantes pesquisas
parapsicológicas. Sobre isso, seus estudos alcançaram diversos
fenômenos, como: a telepatia, a experiência de quase morte, a
precognição, a xenoglossia, a fotografia psíquica, aparições e a
mediunidade.
Porém, os estudos mais relevantes de Ian Stevenson foram sobre
casos sugestivos de reencarnação. Sua pesquisa, contendo mais de
2500 estudos de casos, realizada em diversos continentes, aconteceu
através de crianças, geralmente entre 2 e 4 anos, que tinham
lembranças espontâneas (não induzidas por hipnose) de existências
passadas.
O trabalho do cientista consistia em localizar os casos, entrevistar as
crianças (além de seus pais e pessoas próximas), e averiguar se seus
relatos possuíam evidências. Por exemplo, é notável o caso do
indiano Ravi Shankar, que, em 1953, com menos de 2 anos de idade,
começou a falar sobre uma vida anterior. Segundo o menino, nessa
suposta existência passada, era filho de barbeiro, morava num
distrito vizinho e teria morrido esfaqueado enquanto comia goiabas.
Após ter completado 4 anos, sua família foi visitada por um homem
que ouvira falar do caso. De acordo com o visitante, seu filho de 6
anos fora assassinado 6 meses antes do nascimento de Ravi, e na
mesma conjuntura descrita pela criança.
Então, em 1964, Stevenson foi à Índia investigar o caso, quando Ravi
Shankar já estava com 13 anos de idade. Assim, o pesquisador
canadense conseguiu confirmar 26 afirmações da narrativa do
garoto, além de verificar que ele possuía uma espécie de cicatriz
semelhante à de um antigo ferimento a faca. Ainda, Ravi
apresentava uma fobia de qualquer tipo de lâmina e sentia medo
quando visitava a região onde o outro menino fora assassinado.
Além disso, constatou-se que, na maioria dos relatos coletados, as
crianças pesquisadas esqueciam de suas supostas lembranças, por
volta dos 7 anos. Curiosamente, a Doutrina Espírita declara que é
nessa mesma idade que termina o processo reencarnatório, quando a
ligação com o plano terreno é consolidada.
Portanto, é possível afirmar que, no mínimo, a Natureza apresenta
mistérios ainda não desvendados pelo ser humano.

CAPÍTULO 12: POR QUE DEUS PERMITE O MAL?


De acordo com o Catolicismo e o Protestantismo, Deus criou o ser
humano, a Terra e possui como principais atributos: a bondade, o
amor, a justiça, a sabedoria, a onipotência, a onipresença e a
onisciência. Contudo, onde estariam essas qualidades enquanto a
Humanidade é assolada por guerras, doenças, misérias, injustiças e
desigualdades de toda ordem?
Onde estaria o Criador enquanto suas criaturas choram e agonizam
sem cessar? Por que uns nascem cegos, aleijados, miseráveis e
desprezados, ao passo que outros nascem saudáveis, prósperos e
amados? Uma vida seria suficiente para que um indivíduo atinja
todo seu potencial interior? Por que uns podem viver como se nunca
fossem morrer, ao mesmo tempo que outros morrem como se nunca
tivessem vivido? Será coerente a ideia de que alguns sejam
condenados eternamente, mesmo que não tenham tido as mesmas
oportunidades que os “eleitos”? Uma criança que nasceu entre
pessoas de má índole terá os mesmos recursos morais daqueles que
nasceram num “berço de sabedoria”? Um estuprador arrependido
irá imediatamente para o mesmo lugar que aquele que fez da sua
vida uma fonte de virtude? Será impossível expiar e reparar os
próprios erros, a fim de redimir-se com a própria consciência?
Então, como crer na Justiça Divina sob a óptica cristã tradicional? A
única explicação metafísica possível, é através da reencarnação. Por
meio dessa, cada indivíduo está imerso nos mesmos direitos e
deveres.
Nesse âmbito, um homem que fez mau uso do dinheiro em uma
existência, poderá nascer em uma família em situação de rua. O
político corrupto de hoje, poderá ser aquele que padecerá pela falta
de recursos públicos amanhã. Aquele que iniciou uma guerra contra
inocentes, amanhã, talvez, tenha seu lar devastado pelas forças
bélicas. E assim, a Humanidade prosseguiria evoluindo...
Portanto, do ponto de vista psicológico, o Self seria o ser espiritual
que sobreviveria às diferentes existências, sendo a essência
individual de cada um. Todavia, o Ego, sendo apenas um
componente do Si-mesmo, variaria de encarnação a encarnação.
Nesse sentido, pode-se concluir que, mesmo que alguém apresente
um Complexo Egóico frágil nesta vida, ainda haverá a possibilidade
de seu Self ser potencialmente forte, precisando “apenas” de
desenvolvê-lo.
Não obstante, embora alguns religiosos possam afirmar que a Bíblia
negue a teoria reencarnacionista, a verdade é que o contrário
acontece. Diferentemente do que foi propagado pelo Livro Sagrado
(principalmente devido à sua linguagem metafórica), o próprio Jesus
confirmou a reencarnação ao sugerir que João Batista era a
encarnação de Elias:

“E seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem


então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo-lhes, disse: Em verdade Elias virá
primeiro, e restaurará todas as coisas;
Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas
fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles padecer
também o Filho do homem.
Então entenderam os discípulos que lhes falara de João, o
Batista”.
Matheus (17: 10-13)

CAPÍTULO 13: NEGANDO O DIABO


A crença em demônios, sempre foi aceita, e, de algum modo,
introduzida por diversas religiões ao longo dos séculos. No entanto,
a interpretação desse conceito, pela maioria das religiões cristãs, está
muito equivocada do ponto de vista lógico e moral.
O argumento principal usado para defender essa crença, é que a
palavra “demônio” é citada muitas vezes na Bíblia. Todavia, esse
termo bíblico é originado do grego “daïmon”, que significa “gênio”
ou “inteligência”, e se aplicava a qualquer tipo de ser extracorpóreo,
fosse bom ou mal.
Ainda, essa errônea interpretação da linguagem bíblica, contradiz a
ideia de um Deus misericordioso, sábio e justo. Nesse sentido, se o
Diabo existe, naturalmente ele é obra do Criador. Porém, se Deus já
sabia do destino que essa criatura iria seguir, condenado
perpetuamente ao mal, significa que Ele não é tão bom assim.
Entretanto, se Ele não sabia, significa que Ele não é onisciente.
Portanto, são crenças contraditórias, e logo, inválidas. Além disso,
por que Jesus teria chamado Pedro de “satanás”, em Mateus (16:23)?
Pois o significado real dessa palavra é “mentira”, “erro”, “rival”,
entre outros.
Contudo, o maior problema gerado por essa crença, é de ordem
moral. Nesse aspecto, quantos se isentam dos próprios erros e
defeitos, acreditando que a culpa é sempre das forças malignas? Não
sabem que essas forças tenebrosas começam dentro de si mesmos?
Mesmo que haja, de fato, influências espirituais, a responsabilidade
maior é sempre individual, pois cada um possui o livre-arbítrio
como herança de Deus. Logo, cabe a cada um “olhar para dentro”
primeiro, e não para “para fora”, como geralmente ocorre. Foi
devido a esse comportamento tóxico do ser humano, que o filósofo
francês, Jean-Paul Sartre, escreveu sua célebre frase: “O inferno são
os outros”.
Enquanto os religiosos se utilizarem da “crença cega”, que contraria
a razão, jamais alcançarão o caminho real da dimensão religiosa, que
é a fé raciocinada. O futuro da Religião deve ser “andar de mãos
dadas” com a Ciência, que também é obra sagrada de Deus. É graças
à Psicologia, por exemplo, que o indivíduo começa a ser capaz de
conhecer melhor a si mesmo.
Não foi em vão que Jesus disse:

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará“...


CAPÍTULO 14: A LIBERDADE REAL
Os avanços constitucionais, como o direito de ir e vir, e os progressos
tecnológicos, como a invenção do avião, permitiram à Humanidade
maiores noções de liberdade, proporcionando mais alegria no
coração humano. No entanto, não se pode dizer que as pessoas
sejam verdadeiramente livres, mesmo num mundo contemporâneo,
e isso é uma das grandes angústias inconscientes que afligem as
coletividades.
O significado de liberdade é “a capacidade para agir ou não, sem
outra intervenção que a da vontade”. Porém, como isso pode
acontecer quando dentro do indivíduo existem uma “multidão” de
forças opostas? Infelizmente, a psique humana é extremamente
heterogênea.
Como visto anteriormente, o Self é a própria autoconsciência,
enquanto o Ego é seu componente. Todavia, se ambos lutam entre si,
como o ser humano pode conhecer a paz, quando a guerra é travada
interiormente? O segredo para ser livre, é acionar a força motriz
(Vontade) apenas “de dentro para fora”.
Sobre isso, o próprio Paulo de Tarso, em seus imensos esforços da
vontade, revelou sua grande dificuldade em ser verdadeiramente
livre:
“Porque o que eu quero fazer, isso não faço e o que não
quero fazer, isso eu faço“...
CAPÍTULO 15: O EGO NASCE DO MEIO SOCIAL
Qualquer indivíduo, ao nascer, não possui Ego, visto que não possui
nenhum tipo de autoconsciência. Isso acontece, porque o Complexo
Egóico é resultado do processo de socialização, sendo um
acumulado de opiniões alheias ao próprio respeito.
Consequentemente, quando uma criança nasce, a primeira coisa de
que ela tem consciência não é de si mesma, mas do outro.
Primeiramente, ela se torna consciente de sua mãe, então,
gradativamente, vai aprendendo a reconhecer o próprio corpo, que
também é o “outro”, pois também pertence ao mundo exterior.
À medida que o tempo passa, o novo indivíduo começa a se
diferenciar da mãe, do corpo, do pai, e de pessoas e coisas que fazem
parte de sua vida. No entanto, essa consciência de si é ilusória, pois
ele sabe apenas o que seus pais pensam e sentem a seu respeito.
Nesse sentido, se uma mãe, por exemplo, elogia a própria filha, sorri
e a abraça, essa se sentirá amada e importante, gerando um novo
Ego nascente. Porém, se essa filha tirar notas ruins na escola, seus
pais poderão ficar decepcionados e refletir na criança um problema
de autoestima, pois ela percebe que não é amada de forma
incondicional. Nesse caso, já não vê as mesmas demonstrações de
carinho e afeto. Dependendo da intensidade desse tipo de fenômeno,
um Ego frágil, rejeitado e autodepreciativo pode estar sendo
desenvolvido.
Se as pessoas aplaudem uma criança, ela se sentirá confortável
consigo mesma, mas caso contrário, se for desprezada de algum
modo, ela se perceberá como inadequada e condenada. Esse é o
Complexo Egóico: um reflexo da visão alheia sobre a própria
individualidade. Todavia, esse não é o verdadeiro centro da
personalidade, que é o Self.
Nesse âmbito, conforme o ser for crescendo, mais opiniões alheias
serão refletidas (na escola, nas festas, no trabalho, nos esportes, entre
outros). Assim, seu Ego vai se tornando cada vez mais complexo.
Metaforicamente, é como se existissem incontáveis espelhos ao seu
redor, e cada um pudesse refletir de forma diferente: alguns
refletirão amor, enquanto outros refletirão ódio ou indiferença.

Como o Ego é “insaciável”, o ser passa, de forma contínua, a


procurar meios de ser visto de maneira positiva, para se sentir
importante. Contudo, se ele conseguir deixar de lado o Complexo
Egóico, então, finalmente nenhum “espelho” será mais necessário
para definir seu próprio valor pessoal.
Pessoas com Egos doentes, muitas vezes se utilizam de mecanismos
de defesa negativos, e naturalmente possuem um Self pouco
desenvolvido. Geralmente são pessoas arrogantes e narcisistas, cada
qual à sua maneira e intensidade. Portanto, quanto mais bem
estruturado o Complexo Egóico, mais facilmente se dá o
desenvolvimento do Si-mesmo.

“O Self pode ser comparado à uma flor: ele floresce


naturalmente, revelando belas cores e perfumes.
Enquanto isso, o Ego seria como uma flor de papel:
morta, sem vida e artificial“...
CAPÍTULO 16: O AMOR DO EGO E O AMOR DO SELF
O ser humano costuma acreditar na ilusão de que o tempo passa por
ele, mas na verdade, é ele que passa pelo tempo. Nesse sentido,
constata-se que o ser vive no eterno momento presente, e a sensação
de existir um passado e um futuro são meramente ilusórias. O
passado existiu, mas não pode ser vivido, apenas recordado de
acordo com as memórias, que são relativas à cada um; o futuro
existirá, mas também não pode ser vivido, apenas planejado; e
mesmo assim, os planos jamais serão cumpridos conforme o
programado. Sobre isso, a veneranda frase de Lao Tzu serve como
um importantíssimo alerta: “Se você está deprimido, significa que está
vivendo no passado; se você está ansioso, significa que você está vivendo no
futuro; se você está em paz, você está vivendo o momento presente”.
É apenas no momento presente que o indivíduo pode amar com
plenitude. Portanto, não é difícil concluir que a Humanidade está na
fase da infância espiritual, ainda “engatinhando” na direção das
conquistas do amor verdadeiro. Para amar alguém de verdade, é
preciso eliminar de si, a necessidade de controle e a necessidade de
posse, pois nada e nem ninguém pode ser controlado. Esses
sentimentos, por serem “filhos” do egoísmo, corroem o ser humano
por dentro e afastam-no do verdadeiro amor.
Não é em vão que a maioria dos relacionamentos amorosos, ou já
deram errado, ou estão fadados ao fracasso, mesmo que os parceiros
não saibam disso. Uma relação falida não necessariamente é aquela
em que ambos os companheiros se separam fisicamente, mas muitas
vezes, aquela em que ambos vivem juntos, compartilham coisas em
comum, mas seus corações estão há um “abismo” de distância.
Então, será que o amor romântico não existe? Existe, mas não
conforme acredita o senso-comum. Primeiramente, não existem
“metades da laranja”; existem “laranjas inteiras” que podem crescer
e viver no mesmo “galho”, lado a lado.
Além disso, o Ego dominante faz com que as pessoas desenvolvam
um amor egoísta. Tal arquétipo conduz o amor “de fora para
dentro”, enquanto o Self direciona o amor “de dentro para fora”.
Isso ocorre, pelo fato de o ser humano, enganado pelo Ego, quase
sempre estar com os pensamentos voltados para si, mesmo sob a
falsa aparência de altruísmo e bondade. Logo, o Complexo Egóico é
incapaz de amar o outro integralmente, pois ele gera a necessidade
de controle; então, o parceiro afetivo não pode ser quem ele de fato
é, com todos seus defeitos, virtudes e características peculiares.
Concomitantemente, o Si-mesmo nada exige, nem de si e nem do
outro, pois tudo está certo.
O Self, sendo o administrador da energia psíquica, representa a
“chave da vida”. Nesse aspecto, aquele que realiza o
autoconhecimento profundo, descobre que a energia primordial do
“Eu” é o amor. Para muitos, essa conclusão pode ser ficção ou
apenas mais uma crença cega por motivos religiosos, todavia, só é
capaz de saber através da experiência. Esses opositores estão longe
de aceitar, por orgulho e vaidade, que sabem pouco sobre si
mesmos.
O amor é o superpoder (sem aspas) mais importante do Universo;
mais importante que voar, ficar invisível ou controlar mentes. Não se
pode dominar o mundo inteiro, colocando-se acima de todos, sem
ferir a própria personalidade, pois o Si-mesmo anseia por união,
justiça e fraternidade. É por isso que as almas nobres sentem
compaixão dos maus, pois, esses, mesmo que não saibam, acabam
negando a si mesmos, dominados pelo Ego; e, nesta vida, muitos
jamais conhecerão as próprias riquezas interiores. Por esse motivo,
Jesus, pregado na cruz, torturado e “humilhado”, perdoou seus
verdugos. Ele havia sofrido muito, mas a compaixão pelos maus era
maior, pois esse sentimento é “filho” do amor (diferentemente de
“sentir pena”). Logo, foi por esses e outros motivos, que o Mestre
dos mestres fez a seguinte pergunta retórica: “Pois, que adianta ao
homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”?
Como a energia básica de Deus é o amor, Ele amou suas criaturas e
lhes deu a liberdade de serem administradoras de suas próprias
energias; Ele é a fonte que se irradia em todos os seres. Entretanto,
por que o ser humano sente ódio, vontade de vingança e inveja?
Através do domínio do Ego, por meio da ignorância; e como disse o
inesquecível Chico Xavier:
“Vida é o amor existencial; razão é o amor que pondera; estudo é o amor que
analisa; Ciência é o amor que investiga; Filosofia é o amor que pensa;
Religião é o amor que busca a Deus; verdade é o amor que eterniza; ideal é o
amor que se eleva; fé é o amor que transcende; esperança é o amor que
sonha; caridade é o amor que auxilia; fraternidade é o amor que se expande;
sacrifício é o amor que se esforça; renúncia é o amor que depura; simpatia é
o amor que sorri; trabalho é o amor que constrói; indiferença é o amor que se
esconde; desespero é o amor que se desgoverna; paixão é o amor que se
desequilibra; ciúme é o amor que se desvaira; orgulho é o amor que
enlouquece; sensualismo é o amor que se envenena.
Finalmente, o ódio que julgas ser a antítese do amor, não é senão o próprio
amor que adoeceu gravemente”.
Portanto, assim como a escuridão é a ausência de luz, o mal é
resultado da omissão do Self.

CAPÍTULO 17: O DUELO FINAL


O Ego, ao longo do doloroso confronto com o Inconsciente, passa a
perder força e poder, pois eram as energias reprimidas por ele, que
lhe alimentavam; assim, o Self passa a ver com mais clareza seu
“outro eu”. Esse, quer se impor a todo custo, mas o Si-mesmo, já
mais desenvolvido, não “abre mão” de suas vontades e valores;
gerando-se assim, uma dificílima batalha interior entre os dois.
Sobre isso, nem o Ego aceita o Self, e nem esse aceita aquele. Nesse
caso, há solução: caberá ao Si-mesmo olhar para a sua “outra face”
com carinho e respeito. Após isso, mesmo ainda não abrindo mão
dos seus padrões, o Complexo Egóico tornar-se-á mais dócil ao Self,
permitindo a construção de um “diálogo” mais saudável entre
ambos. Então, com o passar do tempo e das experiências, chegará o
sublime momento em que o Si-mesmo olhará para o Ego e suas
exigências, e perceberá que ele não é vivo; e, portanto, que ele deve
servir e não exigir. Entretanto, não bastará apenas reconhecer isso,
mas será preciso perseverar, pois o Complexo Egóico ainda tentará
se manifestar; e, embora ninguém saiba o tempo certo para cada
processo, mais cedo ou mais tarde acontecerá.
A partir de então, o indivíduo começa a se tornar uma espécie de
vagalume que voa na noite sombria... Embora pequeno e limitado
diante da imensa escuridão da sociedade, espalhará seus singelos
raios de luz, a fim de iluminar outras consciências. Ele jamais se
esquecerá de que é apenas uma “gota no oceano”; porém, refletirá
que, se faltasse uma gota, as águas do mundo seriam menores...
Esse tipo de alma, aprendiz da sabedoria e da bem-aventurança,
infelizmente se deparará com a solidão num mundo alimentado
pelos “Egos individuais”... Experimentarão a incompreensão
daqueles que não os entendem, pois cada um enxerga o mundo
“com as cores que tem por dentro”. Nesse sentido, um ignorante
poderá estar entre mestres, que só verá ignorantes ao seu redor.
Logo, atualmente, pode-se observar a ação contínua de nobres
personalidades, como a de Eduardo Marinho, conhecido como o
“filósofo das ruas”. Após deixar o conforto e o poder aquisitivo de
sua família, em plena juventude, passou décadas nas ruas,
desenvolvendo a si mesmo, livrando-se das ilusões da sociedade
contemporânea, que prega a competição “predatória” entre irmãos e
alimenta as desigualdades, frutos do terrível individualismo.
Segundo Marinho, as coisas mais importantes da vida são os afetos e
os sentimentos, e, em uma demonstração incomum de força e
coragem, esse grande homem abriu mão da tranquilidade exterior,
com o objetivo nobre de alcançar a sagrada paz de espírito. Desse
modo, ele exemplifica que não são diplomas que fazem pessoas
sábias; assim, a universidade instrui, mas só a espiritualidade vivida
é capaz de libertar a consciência de sua escravidão.
Carl Gustav Jung, também, possuía uma essência revolucionária. Em
sua autobiografia “Memórias, Sonhos e Reflexões”, o criador da
Psicologia Analítica, ao reviver suas lembranças, revelou que seus
acontecimentos mais marcantes foram de ordem interior, e que sua
vida exterior não havia sido tão relevante. Exemplificando isso, Jung,
em uma lição de humildade genuína, refletiu que seu “Eu Real” foi
mais impactado quando estava com seus pacientes, ensinando e
aprendendo com eles, do que quando estava com personalidades
ilustres da sociedade, que preferiam o “parecer” em detrimento do
“ser”.
Atualmente, quantos não são assim? Com o advento das redes
sociais, a vida se tornou ainda mais superficial: bilhões de pessoas
elegendo suas Personas para mostrar aos outros aquilo que não são.
Portanto, embora o desenvolvimento tecnológico seja uma sublime
conquista da Civilização, a ignorância da Humanidade deturpa sua
utilização, seguindo o triste e vazio caminho da ilusão...

CAPÍTULO 18: O NOVO MILÊNIO


Em 18 de fevereiro de 2006, em Oswego, nos Estados Unidos,
Divaldo Franco, o generoso médium espírita, realizou uma palestra
da mais alta relevância a respeito das crianças índigo. Segundo ele, o
surgimento desses seres caracteriza um período de grande revolução
pela qual a Terra estaria passando.
Sobre isso, a milenar cultura chinesa já havia constatado essa
conclusão a respeito dos tempos atuais. Também, as tradições da
Índia, de há 6 mil anos, afirmavam se tratar do “Grande Período da
Luz”: a Era de Aquário; não se podendo olvidar o que escreveu
Allan Kardec, no livro “A Gênese”, capítulo XVIII (“Os Tempos
Chegaram”): “Para que os homens sejam felizes na Terra, é preciso que ela
seja povoada apenas por bons Espíritos encarnados e desencarnados, que
queiram apenas o Bem. Esse tempo tendo chegado, uma grande emigração se
realiza neste momento entre os que a habitam. Aqueles que praticam o mal
pelo mal, e que o sentimento do Bem não os afeta, não sendo mais dignos da
Terra transformada, serão excluídos, porque lhe trariam novamente a
perturbação e a confusão, e seriam um obstáculo ao progresso. Eles expiarão
seu endurecimento, uns em mundos inferiores; outros, nas raças terrestres
atrasadas que serão o equivalente de mundos inferiores, e para ambos
levarão seus conhecimentos adquiridos, e terão por missão fazê-los
progredir. E serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar
entre eles a justiça, a paz, a fraternidade. A Terra, no dizer dos Espíritos,
não deve ser transformada por um cataclismo que anulará subitamente uma
geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova lhe sucederá
do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas.
Exteriormente, portanto, tudo se passará como de hábito, com esta única
diferença, mas uma divergência capital: que uma parte dos Espíritos que aí
encarnavam, não encarnarão mais. Em uma criança que nascerá, em lugar
de um espírito atrasado e inclinado ao mal virá encarnar nela um Espírito
mais adiantado e inclinado ao Bem. Trata-se, portanto, bem menos que uma
nova geração corporal, que de uma nova geração de Espíritos, e é nesse
sentido, sem dúvida, o que Jesus entendia, quando disse: Eu vos digo, em
verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos sejam realizados.
Assim, aqueles que esperarem ver a transformação operar-se, por efeitos
sobrenaturais e maravilhosos, ficarão decepcionados.
A época atual é de transição; e os elementos das duas gerações se
confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma
e à chegada da outra, e cada uma já se assinala no mundo pelos caracteres
que lhes são próprios. As duas gerações que se sucedem têm ideias e pontos
de vistas opostos. Pela natureza das disposições morais, mas sobretudo das
disposições intuitivas e inatas, é fácil saber a qual das duas pertence cada
indivíduo. A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral,
distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, unidas
ao sentimento inato do Bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal
indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será
composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas
daqueles que, tendo já progredido, são predispostos a assimilar todas as
ideias progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador. O que
difere, ao contrário, os Espíritos atrasados, é primeiramente a revolta contra
Deus pela recusa de reconhecer qualquer poder superior à Humanidade; a
propensão instintiva para paixões degradantes, e para os sentimentos anti-
fraternos do egoísmo, do orgulho, da inveja, do ciúme; enfim, a preferência
por tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza. São estes os
vícios de que a Terra deve ser expurgada pelo afastamento daqueles que
recusam emendar-se, porque são incompatíveis com o reino da Fraternidade,
e que os homens de bem sofrerão sempre com seu contato. Quando a Terra
estiver liberta deles, os homens marcharão sem entraves em direção a um
futuro melhor que lhes está reservado aqui neste mundo, como prêmio por
seus esforços e sua perseverança, esperando que uma depuração ainda mais
completa lhes abra a entrada dos Mundos Superiores”.
Portanto, neste período de tumulto, onde a Humanidade presencia
os horrores das guerras, das doenças, da fome e das manipulações
dos “falsos cristos”, milhões de espíritos, vindos da estrela Alcyone,
já começaram a reencarnar na Terra, a fim de promover essa
desafiadora transição evolutiva do orbe terrestre. Então, os
estudiosos estimam que, a partir do ano 2000, passaram a surgir
milhões de crianças portadoras das características índigo ao redor do
Planeta.

CAPÍTULO 19: OS SERES DA NOVA ERA


De acordo com os psicólogos que estudam as crianças índigo, foi
constatado que elas possuem as seguintes características: nascem e
sentem-se como seres diferentes e nobres (dando a sensação de
serem superiores até aos pais); apresentam comportamento estranho
e não adaptado ao convívio social comum; são extremamente
curiosas; hiperativas (não conseguem ficar paradas esperando em
uma fila por muito tempo, por exemplo); não se concentram em
coisas que não são do seu interesse; não aceitam ordens impostas;
não se intimidam diante de ameaças; são capazes de enfrentar os
adultos como se fossem igualmente adultas; apenas se sentem à
vontade com crianças que apresentam os mesmos sintomas; e, não
conseguem seguir regras. Além disso, são capazes de manipular os
pais com facilidade, pois, além da enorme inteligência, conseguem
se comunicar por telepatia.
Segundo Divaldo Franco, essas crianças são como alguém com uma
enorme capacidade, que não encontra os recursos orgânicos
necessários para exteriorizar toda sua potencialidade. Então, são
rebeldes: irritam-se, desequilibram-se, e muitas vezes agridem.
Ainda, recusam-se a aceitar as tarefas que lhe são atribuídas, sempre
questionando o motivo de ter que fazê-las.
Portanto, verifica-se que são crianças consideradas extremamente
problemáticas e incômodas. No entanto, são elas que receberam a
missão de serem os futuros guias da Humanidade, a fim de que a
Terra chegue, com segurança, no seu próximo estágio evolutivo.
Sobre isso, elas foram classificadas em 4 grupos principais:
humanistas; artistas; conceptuais; e interdimensionais. O primeiro
grupo, é formado por aqueles que, se forem educados à altura do
seu estágio evolutivo, serão os futuros advogados, professores,
vendedores, executivos e políticos. Por terem interiormente um
critério do que é justo, e não se conformarem com o atual sistema,
revolucionarão as noções de justiça da sociedade.
No segundo grupo, aparecerão aqueles que serão os futuros
professores e artistas. Nessas posições, serão fenomenais devido à
sua elevada sensibilidade. Nesse sentido, em qualquer campo que se
dediquem, sempre exercerão seu lado criativo. Por exemplo, caso se
dediquem à Medicina, deverão ser cirurgiões ou pesquisadores.
O terceiro grupo, é composto por aquelas crianças que apresentam
uma capacidade extraordinária de penetrar no mecanismo das
coisas. Por isso, serão os futuros engenheiros, arquitetos, designers,
astronautas, pilotos e oficiais militares; expressando sua nobre visão
futurística. Ainda, no quarto grupo, estarão aqueles que trarão as
novas filosofias e espiritualidade para o mundo; e, também, serão os
futuros médiuns, entrando em contato com o mundo imaterial desde
cedo.
Contudo, quantas famílias estiveram e estão realmente preparadas
para cuidar dignamente dessas crianças? Raríssimas; por isso, seus
caminhos foram e serão conturbados, e acompanhados de
“espinhos”... Porém é preciso refletir que, em um revoltado, está o
veneno, mas também o antídoto necessário para curar os males de
uma sociedade.
Além disso, é preciso lembrar que, no sentido sublime, o próprio
Cristo disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz,
mas espada. Pois vim causar divisão entre o filho e seu pai, entre a filha e
sua mãe e entre a nora e sua sogra, assim os inimigos do homem serão os da
sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é
digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é
digno de mim; e aquele que não toma a sua cruz e me segue, não é digno de
mim”.
Por fim, não se pode olvidar um outro grupo de crianças ainda mais
“especiais” que os índigos, as quais começaram a nascer a partir do
ano 2000: as crianças cristais. Nesse sentido, elas receberam esse
nome em vista de apresentarem uma aura muito alva, e,
diferentemente daquelas crianças que as antecederam, exteriorizam
extrema afabilidade e doçura, mesmo não seguindo as imposições
exteriores. De acordo com os estudos espirituais e psicológicos, elas
serão os futuros missionários da Humanidade, assim como foram
Chico Xavier e Madre Teresa de Calcutá, por exemplo. Outrossim,
acredita-se que essas crianças cristais vieram após os índigos, pois
esses estariam modificando a estrutura cerebral humana, a fim de
permitir que esses elevadíssimos espíritos sejam capazes de
encarnar, em massa, em corpos terrestres.

CAPÍTULO 20: A MINHA REVOLUÇÃO

ITEM A: Minha chegada ao mundo


Meu nome é João Guilherme; nasci no dia 13 de maio de 2000, no
interior de Minas Gerais, e neste capítulo, escrito em primeira
pessoa, registrarei a minha história, profundamente marcada pela
dor e pela paranormalidade. Sobre isso, tudo começou quando eu
era bebê: meus pais diziam que eu conseguia dormir bem em
raríssimas noites, sempre chorando muito quando o sol se punha no
horizonte. Além disso, em muitas madrugadas, eles precisavam dar
algumas voltas de carro comigo, pelo bairro; e, por vezes, assim que
voltávamos para casa, eu tornava a chorar.
 

ITEM B: Infância atormentada


Nesse sentido, à medida que fui crescendo, o pavor noturno tomava
conta de mim, devido ao meu medo de dormir. Isso acontecia, em
face dos terríveis pesadelos que me atormentavam em noites
incontáveis... Possuo muitas memórias da minha infância, como, por
exemplo, as angustiosas noites em que eu me cobria debaixo da
coberta, mesmo sufocado pelo calor, por causa dos pensamentos
invasivos de estar sendo observado a todo instante. Nesse ínterim,
minha mente superexcitada criava cenas medonhas de bruxas e
fantasmas prontos para me atacarem.
No entanto, mais tarde, eu acabei desenvolvendo uma técnica para
acordar dos sonhos. Nessa época eu já morava em Belo Horizonte,
mas estava na cidade natal da minha família, São Gonçalo do Pará,
quando tudo aconteceu: eu me via na parte externa da casa e estava
lúcido, quando senti, de maneira intuitiva, que algo terrível estava se
aproximando. Então, apertei os dedos com muita força, fechando os
olhos, e despertei de madrugada, com meu pai dormindo ao meu
lado. Outras vezes, eu chegava a acordar e ainda via, por alguns
segundos, a pessoa que me perseguia, e em meus gritos, ela
desaparecia com um sorriso assustador.
Alguns anos depois, em 17 de janeiro de 2007, meu carinhoso avô
materno faleceu, e logo, eu perdi a capacidade de andar. Minhas
pernas se moviam, mas eram incapazes de se fixarem sozinhas no
chão; assim, passei a ir em médicos, psicólogos e benzedores; porém,
em vão. Então, meu pai, que era um católico fervoroso, recebeu uma
indicação de um centro espírita em Divinópolis, que talvez pudesse
me ajudar. Inicialmente, ele ficou relutante, mas por amor a mim, me
levou mesmo assim. Nesse sentido, recordo-me de haver estado
deitado, enquanto uma gentil mulher me dava um passe. Passados
alguns minutos, ela me disse para levantar, e incrédulo, eu firmei os
pés no chão, abri a porta e corri em direção ao meu pai, numa
explosão de alegria e júbilo.
Por fim, em 2009, eu desenvolvi um TOC (Transtorno Obsessivo
Compulsivo), que me deixou neurótico com a ideia de que, se eu não
levasse meus pais no elevador sempre que eles saíssem, e não
apertasse o botão para eles, alguém iria morrer... Naturalmente eles
ficaram muito preocupados com minha débil condição psicológica;
todavia, alguns meses depois, meu inesquecível e amoroso pai
faleceu, e a última vez que eu o vi foi no elevador, sem que eu tivesse
apertado o botão.
ITEM C: Adolescência e Ego
Essa fase, é marcada por uma intensa busca de identidade, podendo
ser um dos períodos mais difíceis do desenvolvimento do sujeito.
Portanto, sem meu pai, apeguei-me, por fanatismo, ao time de
futebol que me trouxe tantos momentos ao lado dele: o Galo.
Contudo, minha paixão pelo Atlético ultrapassava todos os limites
da normalidade, fazendo-me sofrer intensamente, além de chorar,
discutir, brigar e sorrir; atitudes que eram frutos do meu frágil Ego,
que precisava de algo exterior para me apoiar psiquicamente (o que
também ocorre nas frequentes idolatrias por celebridades).
Depois, por volta dos 14 anos, comecei a frequentar festas com mais
constância, consumindo, portanto, bebidas alcoólicas de modo
imoderado. Assim, com o passar do tempo, percebi que muitas
meninas me achavam bonito; então, por vaidade, visei alcançar o
status de “pegador”, afundando-me num buraco sem volta...
Nesse sentido, em 2016, a acne deformou meu rosto, destruindo
minha autoestima, que já era superficial demais. Logo, meu Ego,
intensamente apegado à minha aparência, começou a sucumbir
diante de tanta insegurança. Isso se deu, em face do meu valor haver
estado intrinsecamente ligado à beleza física e ao status social.
ITEM D: O meu chamado
Nesse processo, após dolorosas e trágicas questões familiares,
desenvolvi novamente um TOC, mas dessa vez, o tormento era
incessante, pois, muitas vezes, eu só encontrava paz no momento de
inconsciência do sono. Muito tempo se passou, e em vão eu busquei
socorro nas Igrejas Católicas e Evangélicas; e até mesmo nos
consultórios psicológicos e psiquiátricos. A solução, no entanto,
apareceu primeiramente através do Espiritismo, que despertou
minha alma para conhecimentos ainda desconhecidos por mim; meu
coração se deslumbrava com tanta “luz”, capazes de unificar a fé e a
razão. Porém, o caminho que já não era fácil, ainda se tornaria mais
difícil, embora representasse a “luz no fim do túnel”...
Depois de muito tempo, meu TOC foi desaparecendo, à medida que
eu me aprofundava nos mais diversos estudos espíritas e
espiritualistas de modo geral, mas jamais perdendo o interesse pelas
ciências naturais e pelos estudos filosóficos. Entretanto, meu
desequilíbrio era colossal: a revolta e a ira, por mais que eu lutasse,
visitavam-me de quando em quando, deixando tristes marcas em
minha consciência dolorida. Essa dor intensa, de enxergar a imensa
sombra que havia em meu coração, me corroía, e a solução do meu
Ego frágil foi, por ignorância, recorrer ao fanatismo religioso... Eu
me martirizava, e com meu desequilíbrio, compreendia
equivocadamente as lições do Mestre e de seus discípulos. No
entanto, nada disso foi em vão; nenhuma busca sincera é em vão.
Nesse sentido, o próprio Jesus afirmou: “Quem quiser, pois, salvar a
sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo
Evangelho, salvá-la-á ”.
Sobre isso, não são mais necessários os martírios sanguinolentos do
passado para servir a Deus, mas é preciso abnegar-se do orgulho, da
vaidade e do egoísmo. Então, nos dias atuais, para ligar-se ao
Criador, é preciso renunciar ao domínio do Ego sobre o Self, que
representa a centelha divina em nós.
ITEM E: As mensagens do Além
Nesse ínterim, em 2017, recebi uma trágica notícia: a da alta
probabilidade de meu pai ter se suicidado. Como eu poderia
imaginar que aquele que havia sido meu “herói” poderia ter
cometido algo tão calamitoso? Como ele seria capaz de me
abandonar nesse mundo cruel? Meu Ego, que já era frágil, entrou
em desespero. Onde estaria meu pai? Será que ele sofreu muito? Eu
acreditava na vida após a morte, mas nesses momentos, a dúvida
pode ser muito tenebrosa... Logo, passados alguns dias, senti a
necessidade de comprar algum livro de Chico Xavier, cujo nome
escolhido espontaneamente foi, “Luz no Lar”. Então, nesse mesmo
dia, depois de fazer minhas preces sinceras, eu desembrulhei o livro
e abri em uma página aleatória, cujo nome do capítulo era, “Carta ao
meu filho”. Nesse momento, em um agradável susto, li a seguinte
frase: “Meu filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo”.
Depois disso, muito tempo se passou, quando, em 2019, o filme de
Allan Kardec foi lançado nos cinemas. Embora nenhum amigo ou
familiar quisesse vê-lo, eu tomei a decisão de ir sozinho, em um
momento de profunda angústia pelo qual eu atravessava. Durante o
filme, comecei a chorar, refletindo na coragem daquele grande
homem, que revolucionou para sempre o futuro da Religião. Desse
modo, após pouco tempo, eu senti um suave aperto de mão em meu
ombro esquerdo; assim, olhei para trás e para os lados, mas não
havia ninguém à minha volta...
ITEM F: Onde está a verdade?
Após anos de estudos e dedicação integral aos fundamentos
espíritas, comecei a perceber muitas hipocrisias do movimento
espiritista: pessoas orgulhosas sob a máscara da bondade e da
humildade no comando. Depois, após pesquisas e leituras
profundas, notei que a Doutrina Espírita estava sendo corrompida
pelos próprios religiosos, assim como ocorreu após a passagem de
Jesus na Terra, onde seus ensinamentos foram deturpados ou
ignorados por grande parte de seus “seguidores”.
Assim como acontece na psique humana, as religiões também
precisam reconhecer suas falhas e contradições, a fim de tentar
encontrar respostas que as solucionem. Contudo, o que acontece é
que, mesmo numa religião tão bela e racional, como o Espiritismo,
“a sujeira é varrida para debaixo do tapete” por muitos espíritas.
Primeiramente, é imperioso perceber as contradições e erros
científicos nas obras do venerável Allan Kardec, as quais podem ser
encontradas no site criticandokardec.com.br, por exemplo. Também,
é urgente refletir nas acusações polêmicas a respeito de Chico
Xavier, capazes de despertar dúvidas no crente mais fervoroso.
Eu cito isso, pois, embora eu admire e creia em ambos, o movimento
espírita endeusa seus médiuns, palestrantes e codificadores,
esquecendo-se que eles são humanos e sujeitos a erros. Não
acreditam que o Espiritismo, composto por medianeiros e
intelectuais imperfeitos, também pode apresentar erros clamorosos,
assim como em outras religiões.
Assim, quando eu apresentei tais “furos” para alguns estudiosos
espíritas, eles silenciaram ou se recusaram a averiguar tais questões
com profundidade, como se não lhes interessasse tanto. Porém, qual
é a essência da Doutrina, afinal? A união entre a fé e a razão; e como
disse Kardec, se algum dia a Ciência desmentir alguma revelação
espiritual, será preciso abandoná-la.
Além disso, o que dizer dos vídeos, no Youtube, que revelam as
fraudes de alguns centros espíritas considerados referências?
Portanto, eu, com meu instável Complexo Egóico, e perturbado por
sofrimentos intensos, acabei sucumbindo diante das dúvidas que me
dilaceravam.
Por não encontrar respostas racionais em parte alguma, sucumbi à
ideia de cometer suicídio. Era uma noite solitária e vazia: lembro-me
de estar aparentemente tranquilo com a ideia firme de que tiraria
minha vida no dia seguinte, pois duvidava de Deus.
Então, por trás da minha amargura e frieza, um choro compulsivo
tomou conta de mim, e eu, como um miserável, implorei:
— “Deus, se o Senhor existe, e se o Senhor me ama, me mostre, por
favor!!!! Eu quero viver; quero ser feliz; eu quero amar e ser amado...”!
Logo, imediatamente meu celular vibrou. Era uma mensagem de
WhatsApp, de uma mulher que eu havia ajudado em suas
tendências suicidas:
— “João, fiquei com vontade de te mandar mensagem agora, não sei por
que, mas queria te dizer que você é uma pessoa muito especial, e que,
quando estivermos no plano espiritual, quero poder ter a honra de viver ao
seu lado”.
Portanto, com uma grande alegria brotando em meu coração
novamente, tornei-me mais lúcido, e relembrei tantos sinais de que
Deus nunca havia me deixado só.
ITEM G: Aceita-te
Eu acreditava na ilusão de que poderia “deixar de errar”, através da
reforma íntima, num movimento extremista da minha alma. Isso me
gerava muita angústia, e representava a falta de amor por mim
mesmo, incapaz de me aceitar integralmente. Por orgulho, “filho da
ignorância”, a maioria dos seres humanos ignora as próprias
limitações e creem ser mais especiais do que realmente são. Nesse
aspecto, infelizmente desconhecem que grande é aquele que
reconhece a própria pequenez; e como disse Sócrates:
— “Eu sou sábio pois só sei que nada sei”.
ITEM H: Solidão
À medida que eu me desenvolvia interiormente, sentia a
necessidade de me isolar, de percorrer o “meu deserto”, pois a
conquista do meu ser só poderia ser feita por mim mesmo... O vazio
do mundo ao meu redor me esmagava, e eu não compreendia que
essa sensação começava dentro de mim. Consequentemente, comecei
a esperar por uma “alma gêmea salvadora”, que pudesse amenizar
minha dor e mudar minha história. Contudo, mal eu sabia que o
salvador estava dentro de mim, e ele se chamava Self, ou melhor, eu.
Preciso dizer que irei omitir muitas informações, para não expor
outras vidas, mesmo que me tenham feito tanto mal, seja através do
desprezo, do abandono, da incompreensão ou da humilhação.
Todavia, aprendi que só podemos dar aquilo que temos; então,
aqueles que não tem amor oferecerão outras coisas: quem tem
dinheiro, tentará te comprar; aquele que se sente inseguro, tentará te
humilhar; e o indivíduo que se odeia, certamente a outrem odiará.
Logo, não foi em vão que Jesus disse: “Por que você repara no cisco que
está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio
olho”?
Sobre isso, nessa minha jornada, deparei com o julgamento de
muitos, e nas noites mais difíceis, com sentimentos de pânico,
percebi que só havia um ser ao meu lado, e esse era Deus. Portanto,
acredito que é na mais angustiosa solidão humana, que voltamos,
intensamente, para os braços amorosos Daquele que é Pai e Mãe de
tudo o que há.
ITEM I: Eu e o fenômeno índigo
Neste exato momento, em que escrevo estas palavras, recordo-me
dos maus tratos que recebi de inúmeros parentes e conhecidos, que
foram e são incapazes de compreender o fenômeno índigo. Como se
não bastasse as torturas psicológicas pelas quais eu passava, muitos
dos meus agressores eram extremamente bem vistos socialmente; e
ainda, devido aos seus próprios conflitos psíquicos, projetavam em
mim todos os seus tormentos interiores, e, consequentemente,
caluniavam-me publicamente (em incontáveis e dolorosas vezes).
Em vão pedi socorro aos amigos da família e parentes distantes, pois
ninguém teve interesse em ajudar aquele que só tinha problemas a
oferecer. Além disso, quantos psicólogos e psiquiatras,
diagnosticavam-me de maneira equivocada, expondo-me a
medicações impróprias e abusivas, como a risperidona?
Outrossim, mesmo aqueles que eram profundos estudiosos das
questões espirituais, ainda assim recusavam-me o socorro
verdadeiro... Por que será? Pois isso não era problema deles?
No entanto, que tipo de compreensão posso esperar daqueles que
são incapazes de compreender a si mesmos? Até este momento, por
muitos sou visto como louco, mau, vagabundo, perturbado ou
pervertido, o que me faz derramar sinceras lágrimas do meu coração
oprimido.
A dor da ausência de compreensão é perturbadora, de fato,
entretanto, como disse Francisco de Assis: “Compreender que ser
compreendido...”
ITEM J: Conclusão
Infelizmente, o planeta Terra é composto, em sua esmagadora
maioria, por almas verdadeiramente más e ignorantes. Esquecem-se
que, tão grave quanto fazer o mal, é deixar de fazer o bem. “Ai”
daqueles que, mesmo sendo capazes de evitar o sofrimento alheio,
nada fazem...
Ainda, quantos relacionam o valor de um indivíduo baseado em
suas posses e aparências?! Conheço, em meu círculo familiar, muitos
“poderosos do mundo” que sustentam suas ilusões através da dor
alheia, e, mesmo assim, creem ser privilegiados por Deus, pelo
simples fato de dizerem: “Jesus, meu Senhor”. Entretanto, ignoram
que a fé, sem obras, é morta; e nem refletem que, mais vale ser um
ateu digno do que um religioso hipócrita. Para esses, não há ética em
seus julgamentos, pois sua moral tem critério estético. Nesse aspecto,
se eu esmagar uma barata, serei considerado um herói; mas se eu
esmagar uma borboleta, serei como um vilão para eles...
Em minhas dolorosas peregrinações pelas provações da vida,
recordo-me muito bem daqueles que tinham o dever moral de me
proteger e auxiliar, mas o máximo que me ofereceram foram
“migalhas” que em nada solucionavam... Entretanto, julgam ter
feito muito; e é dessa forma que o ser humano moderno costuma
pensar: “Isso não é problema meu”.
Todavia, outros, aos quais sou eternamente grato, muito me
ajudaram, contudo, seus Egos dominantes lhes impediram de
realizar grandes feitos, decisivos, em nome do bem.
Consequentemente, certa vez, fiz uma tatuagem da caveira do
justiceiro, em meu braço, por tanto rancor guardado em meu peito...
Porém, já não me preocupo em esperar por justiça, pois existem Leis
que regem os destinos, e só Deus é capaz de saber a medida e o
tempo certo das punições e recompensas. Outrossim, se quero
evoluir, é preciso alcançar, degrau por degrau, a extraordinária
condição de amar os próprios verdugos.
Portanto, eu ainda estou muito longe de ser alguém realmente
iluminado, no entanto, já sou grato pelas conquistas da minha alma.
A fé, o raciocínio purificado e o sentimento elevado, só são passíveis
de seres conquistados através das experiências difíceis, que, por
meio da dor, movimentam as energias do Self. Quem me dera se eu
pudesse saber antes, o inestimável valor que essa vida sofrida
possui... Eu acreditava que tinha tudo para dar errado, mas a cada
dia, uma nova gota de esperança surge em minhas águas, que
desaguam em meus prantos... Há muito tempo eu enxergo os graves
erros da sociedade, que são ignorados pela maioria, mas nunca tive a
oportunidade de me expressar com clareza e visibilidade.
Parafraseando Augusto Cury, em suas valiosas contribuições para o
entendimento da mente humana, posso concluir que, após superar
os traumas, as dores e as lágrimas, a alma, de fato, torna-se mais bela
e singular. Porém, enquanto houver um gemido na Terra, a paz e a
alegria jamais reinarão!
Neste momento, em que escrevo estas palavras, meu Ego me
machuca, ao relembrar de coisas tão dolorosas, e por eu me expor
tanto, de uma forma como eu nunca havia imaginado. Todavia,
talvez esse seja o real motivo da minha vida, até aqui, haver sido
rodeada por “sangue, suor e lágrimas”... Sinceramente, e de todo
meu coração, dou minha vida pelos conteúdos expostos neste livro,
por mais que a incompreensão aumente ao meu redor...
Talvez, um dos mecanismos de fuga do meu Complexo Egóico, seja
gerar em mim os ilusórios sentimentos de vaidade e orgulho, mas,
finalmente, eu descobri que posso ser o rei apenas do meu reino
interior; no entanto, eu jamais viverei sozinho, pois aqui também
reside o Criador; e sempre que eu me encontrar no fundo do abismo,
Ele consolará a minha dor...

CAPÍTULO 21: O HOMEM-DEUS


Em pleno século XXI, quase 2000 anos se passaram após a morte de
Jesus de Nazaré. Esse homem, nascido em uma família pobre e
marginalizada, iniciou sua missão pública por volta dos 30 anos de
idade, e revolucionou, por toda a eternidade, a história da
Humanidade.
Entretanto, ele estava muito à frente de sua época, e, apesar de seu
magnânimo amor pelas criaturas, foi incompreendido em sua
sagrada intenção. Logo, foi perseguido, traído, desprezado e
torturado em meio à multidão.
Suas palavras revelavam os aspectos profundos e científicos da alma
humana, todavia, era necessário se expressar por metáforas e
parábolas, pois seus contemporâneos, de modo geral, eram
incapazes de compreender integralmente aquilo que seu coração
desejava revelar. Além disso, não havia vocabulários suficientes para
expressar todas as suas ideias. Nesse sentido, ainda nos dias atuais,
Jesus é incompreendido, mesmo por aqueles que julgam segui-lo.
Assim como os sofistas se opuseram a Sócrates, por orgulho, o
homem de Nazaré também possuía os seus opositores: os fariseus.
Esses, viam em Jesus o risco da “destruição” dos próprios Egos, e,
por ignorância profunda, procuravam todos os meios de anulá-lo.
Contudo, mesmo sabendo do seu futuro, o homem-Deus prosseguiu
em sua corajosa e amorosa jornada.
Embora o amor lhe guiasse, ele sabia que, para mudar o mundo, não
se poderia prescindir, em muitos momentos, dos confrontos e das
atitudes enérgicas, mesmo que fosse mal interpretado e condenado.
Nesse âmbito, muitas vezes feriu o orgulho daqueles que se
identificavam com o próprio Ego, em face da profunda ignorância de
suas almas.
Ele já era plenamente identificado com o Si-mesmo, e, então,
conhecia a natureza profunda do seu incomparável ser, e a do seu
Criador. Portanto, enxergava que sua essência era fruto da herança
hereditária de Deus, como uma espécie de gene espiritual. Então, foi
nesse sentido, que Jesus disse sua histórica frase: “Eu e o

Pai somos um”.


 

Infelizmente, por ter sido julgado por homens orgulhosos, era


também visto como um. Assim, suas sinceras conclusões,
desprovidas do domínio egóico, eram tratadas como blasfêmias,
como ocorreu na reação violenta dos judeus após a seguinte frase:
“Antes que Abraão existisse, Eu Sou”.

CAPÍTULO 22: O CAMINHO INFINITO DA VIDA


A Causa Primeira da Vida, é em Si a própria Causa; e o Tempo, é
resultante das ações desse Ser, que não foi, e nem será; pois Ele É!
Em algum momento da Eternidade, Deus desejou criar “outros”,
pois não se pode ser feliz “sozinho”. Então, de maneira insondável
por qualquer criatura existente, suas obras começaram a ser criadas.
Entretanto, essas obras não poderiam ser mortas. Elas deveriam ser
vivas para abrandar a solidão Dele. Então, a única solução
encontrada foi Se misturar a esses seres, dando de Si próprio, para
multiplicar a Vida.
Nesse âmbito, a Ciência já constatou que o Universo se expande
ininterruptamente. Todavia, surgem os seguintes questionamentos:
“Qual o limite dessa expansão? O que há fora do espaço universal? Será que
existem bordas limítrofes”?...
Nesse aspecto, a Humanidade ignora que a Consciência precede o
Espaço, assim como esse precede o Tempo...
Desse modo, Deus é consciência pura, que precisou inventar o
espaço, através de infinitos cálculos, incompreensíveis para a
limitadíssima compreensão terrena, a fim de que “coubesse” seus
filhos no sistema vivo do Universo...
Entretanto, isso não está de acordo com a doutrina do Panteísmo,
que prega que o Criador é tudo: os rios, os mares, as estrelas, ...
Para compreender tais questões, é preciso antes chegar ao
entendimento de “quem somos”. Logo, através do contínuo processo
de autodescoberta, a alma se percebe como um observador... Esse,
não pode se ver, mas pode “sentir seus sentimentos” e enxergar o
mundo ao seu redor. Também, concluirá que a mente é apenas um
instrumento da consciência, como se fosse uma espécie de
computador... Assim, conclui-se que cada individualidade, em si
mesma, é “tudo”, ao mesmo tempo em que é “nada”.
Dessa forma, Deus é a Consciência que transita pelos espaços
infinitos! Ela está em todo lugar, ao mesmo tempo em que não É
onde está... Por isso, é correta a seguinte afirmativa espírita: “Nós,
assim como peixes num oceano, estamos mergulhados na Mente de Deus”.
Assim, sempre que for necessário criar novos seres, Ele,
concomitantemente, criará novos espaços, através das mais
complexas Leis “matemáticas”, filosóficas e psicológicas,
abrangendo todas as dimensões da Vida: Espaço, Tempo e
Sentimento.
Muitos afirmam que a imortalidade seria um tormento, pois, em
algum momento, o tédio infernal surgiria... No entanto, essa
conclusão é resultado da ignorância, que também será esclarecida,
em algum lugar do Espaço-Tempo.
Por isso, Buda revelou, após alcançar o suficiente conhecimento a
respeito de si e da vida ao seu redor:

“A Vida não é uma pergunta a ser respondida. É um


mistério a ser vivido”...
CAPÍTULO 23: O GRANDE ANÔNIMO
Deus, sendo a Causa Primeira da Vida, percebeu que, para equilibrar
o Universo, ao longo do Infinito e da Eternidade, seria preciso Se
“anular”, de algum modo.
Para que seus filhos pudessem coexistir num regime de perfeita
harmonia, certas medidas deveriam ser tomadas. Nesse sentido, se
Deus não se ocultasse, não poderia haver a evolução natural dos
outros Selfs. Ele é um Self, e o compartilhou com todos aqueles que
viriam após Ele.
No entanto, para que fosse “algo” real e concreto, Ele colocou tal
essência em estado latente, como uma espécie de semente, que por si
só, no contato com as outras sementes, floresceriam, no caminho
infinito do Tempo.
Dessa forma, seus filhos podem ter a honra de terem seu próprio
mérito, como “herdeiros” da Vida Eterna. Afinal, onde estaria a vida
se tivéssemos sido criados prontos e perfeitos? Não passaríamos de
“robôs”...
Do átomo à molécula; da molécula à célula; da célula ao tecido; do
tecido ao órgão...
Da planta ao animal; do animal ao ser humano; do ser humano ao
santo; do santo ao anjo; do anjo ao arcanjo; do arcanjo ao cristo...
Nesse âmbito, Jesus, o Cristo, certamente está a bilhões de anos de
evolução à nossa frente! A amplidão de sua consciência é algo
incompreensível para qualquer um de nós, e, ao mesmo tempo,
representa uma doce esperança para todos os seres sobre a sua
tutela, que, assim como Tudo O Que Há, caminham eternamente em
direção ao futuro, como viajantes do Infinito.
Ah, Deus... Obrigado por tudo! O Senhor é O Primeiro e O Maior de
todos, e sempre será, em face da evolução natural do Self, sujeito ao
Tempo.
Deus não é apenas Pai e Mãe, mas também é Irmão e Amigo, pois,
assim como nós, Ele Se expande perpetuamente...
O que quero dizer é que, mesmo que Ele já seja pleno e homogêneo,
Ele cria sem cessar; portanto, expandindo Sua Própria Consciência.
Eu gostaria muito de saber se Ele é capaz de estar consciente de
todas as suas criaturas, concomitantemente e constantemente...
Porém, só irei saber caminhando em direção a Ele, e, nesse aspecto,
minha “involução”, natural pela minha idade espiritual limitada,
faz-me incapaz de compreender tais questões neste instante da
minha eternidade... Mas um dia saberei.
Ah... Quanto mistério... Às vezes, reflito no grande júbilo que o
Criador deve sentir por Ser Quem Ele É.
Nem mesmo Ele, poderia escapar à Lógica e à Verdade, e, assim, Ele
sorri por toda a Eternidade...

CAPÍTULO 24: A CONSCIÊNCIA E A MATÉRIA


À medida que a consciência evolui, a matéria deve acompanhar sua
evolução para que a alma viva em harmonia com o mundo exterior.
Por esse motivo, as tradições espirituais afirmam que, para encarnar
na Terra, Jesus precisou se preparar milhares de anos para que sua
grandiosidade indizível pudesse “caber” num corpo terreno
(tridimensional).
Dessa forma, ele sofreu profundamente nesse processo, tanto antes,
quanto durante sua passagem física pelo orbe terrestre. Nesse
sentido, embora seu grande poder mental e emocional,
experimentou grandes sofrimentos por causa da dolorosa limitação
imposta pela “descida” em dimensões muito inferiores à sua, onde
ele transitou como se fosse uma prisão...
Esse, certamente, foi seu maior sofrimento, além de experimentar,
por si mesmo, a “espessa sombra” que cobria a Humanidade...
O Cristo, com todo seu equilíbrio e plenitude, chorava... Não só
pelas limitações a que estava sujeito, mas também, por vivenciar as
grandes amarguras que afligiam a Coletividade. Então, seu coração
se enchia de compaixão...
Podemos ver seu sofrimento, dias antes de sua fatal crucificação, em
Hebreus (5:7), cuja passagem revela que o Messias oferecia súplicas
em voz alta à Deus, em meio à lagrimas ardentes.
Não foi em vão que ele suplicou:

“Pai, afasta de mim esse cálice; mas que seja feita a Sua Vontade, e não a
minha...”
Infelizmente, os homens da época eram incapazes de reconhecer sua
divina humildade. Então, em vez de se alegrarem com sua grandiosa
presença, invejavam-na.
Sobre isso, há quem duvide que, se Jesus encarnasse novamente no
Planeta, seria morto mais uma vez... Sua “luz” é tamanha, que
ofuscaria aqueles que não conseguem absorvê-la; e, nesse caso, seria
a maioria...

CAPÍTULO 25: A VIBRAÇÃO DOS SERES DA NOVA ERA


Nem os índigos e nem os cristais podem ser comparados à uma alma
da extirpe de Jesus. Isso ocorre, pois, a evolução do Mestre está há
um “abismo” incalculável de distância do grau evolutivo daqueles!
No entanto, os seres da nova era também vieram de outra dimensão,
e, então, enfrentam dificuldades em viver em meio à atual sociedade
terrena. Metaforicamente, é como comprimir um sólido em um
recipiente inapropriado para suas propriedades físico-químicas.
Portanto, tais almas, são incapazes de expressar toda sua
potencialidade neste plano de existência.
Por esse motivo, os índigos antecedem os cristais na missão terrestre:
para lhes preparar o caminho, tanto no aspecto biológico como no
social.
Seus processos psíquicos, adaptados à um meio material mais
sofisticado, encontram dificuldades na 3ª dimensão. Logo, vivem
com um constante incômodo, mesmo quando encontram o
equilíbrio.
Suas psiques, vibram em frequências mais elevadas, emitindo
diferentes tipos de ondas, que não encontram sintonia no mundo
contemporâneo... Então, outro grande tormento dos seres da nova
era, é a infernal solidão humana.
Os índigos, muitas vezes se perdem em suas jornadas, e, por isso,
podem viver vidas inteiras no abandono de si mesmos, fazendo com
que a possibilidade de encontrar semelhantes seja dificultada.
 

CAPÍTULO 26: DO ORGULHO À


HUMILDADE
Quando os judeus, junto aos romanos,
crucificaram Jesus, muitos juravam que esse homem seria
rapidamente esquecido pela multidão que o acompanhava.
Antes disso, por muitos era considerado louco e desordeiro. Embora
rissem dele à distância, em sua frente, porém, estremeciam...
Ao contrário do que seus verdugos imaginaram, a lição da cruz se
perpetuou em muitas consciências, e, uma delas, foi Estevão.
Esse, por ter absorvido integralmente as lições do carpinteiro de
Nazaré, mesmo não o conhecendo pessoalmente, chegou ao ponto
de sacrificar a sua própria vida, com o amor e a serenidade que só as
grandiosas almas possuem.
Sobre isso, seu principal verdugo foi Saulo de Tarso, o
inteligentíssimo homem que exercia funções no Tribunal do Sinédrio
de Jerusalém. Esse, além da avançada capacidade de oratória, era um
fervoroso defensor da Lei Judaica, e estava disposto a fazer tudo
para defender seus ideais. Era um homem de temperamento forte,
possuidor de uma grande capacidade psíquica; entretanto, seu
coração ainda estava enrijecido no orgulho.
Nesse ínterim, ouviu falar de um grupo de pessoas que seguiam as
ideias e promessas de um falecido carpinteiro. Para ele, era
incompreensível esse fato, conseguindo ver apenas homens loucos e
fanáticos, que ameaçavam a Lei de Moisés.
Logo, começaram a surgir boatos daquele Estevão, que realizava
curas físicas nos doentes de toda ordem. Então, a fim de impedir o
prosseguimento do movimento cristão, iniciou-se, assim, a
perseguição aos seguidores de Jesus.
O primeiro a ser encontrado, foi Estevão. Contudo, esse não foi
compreendido por Saulo, que foi ferido profundamente em seu
orgulho, em face da serenidade e sabedoria do jovem cristão, que
jamais renunciaria a crença no Messias.

Assim, Estevão, após ser espancado e apedrejado, foi o primeiro


mártir do Cristianismo nascente, havendo abraçado, por vontade
própria, o martírio sanguinolento.
Ah!...
Mas Saulo jamais esperaria o que viria pela frente... Jamais haveria
pensado que, ele mesmo, daria a sua própria vida em nome daquele
Jesus.

Após o sublime exemplo do jovem assassinado, a vida começou a


movimentar as energias do orgulhoso Saulo de Tarso. Embora sua
perseguição aos cristãos houvesse se intensificado, as energias do
seu Self passaram a se transformar, através da dor e do exemplo
cristão.
Então, mesmo odiando aquele tal Jesus, novas sementes passaram a
germinar em seu coração... Foi assim que, na estrada de Damasco,
após dolorosos sofrimentos, aquele homem do alto escalão da
sociedade recebeu a visão ofuscante e perturbante do Cristo:
— “Saulo, Saulo... Por que me persegues”?
Então, seus sentimentos e raciocínios foram abalados para sempre:
— “Senhor, que queres que eu faça”?
Ah...
Que bela história: do verdugo ao mártir; do perseguidor ao
perseguido; do ódio ao amor; do orgulho à humildade; de
impiedoso assassino, a alguém que sacrificaria a própria vida. E, por
fim, de Saulo a Paulo!
 

Nós índigos, de modo geral, estamos mais próximos de Saulo, do


que de Paulo... No entanto, os próximos degraus da evolução nos
aguardam... Mas, para isso, precisamos eliminar, das profundezas
da psique, a revolta e a ira, que são “filhas” do orgulho.
Existe um caminho entre a vibração índigo e a vibração cristal, e é
nosso dever percorrê-lo, nem que seja “um milímetro por dia”...
No entanto, não devemos nos cobrar tanto, aceitando nossa própria
pequenez, e reconhecendo que nada na Natureza “dá saltos”.
Portanto, é preciso se respeitar, mesmo que ninguém o faça.
Não só os índigos, mas a todos os tipos de pessoas: a consciência
cristal nos espera em algum lugar do Espaço-Tempo. Todavia, é
preciso lembrar que “cada um deve ser o médico de sua própria
alma”, melhorando-se de “dentro para fora”, reconhecendo que a
“salvação” sempre será de responsabilidade individual.
Portanto, em referência a Paulo de Tarso, esse gigante da alma, e
relembrando que os tempos apostólicos não passaram, gostaria de
deixar uma música, que foi feita em sua homenagem:

VASO ESCOLHIDO
“No deserto das incompreensões
O amor de Deus a nos chamar
A nos levantar das lutas humanas
E enxugar, lágrimas de um mundo afã
Em Damasco, num portal de luz
O inolvidável tecelão vai se encantar com a visão celeste
Se curvar ante o seu mestre
Se ofuscar com a luz amiga, e entender a razão da vida, enfim
Palavra em harmonia
Canções maestramente entoadas, por anjos de esferas sublimadas, ao clarão
que ofusca o brilho do Sol
Compadecido, inspirado, amável...
Percorre os caminhos; acalma o gemido dos aflitos, de todos irmãos
pequeninos
Dos sedentos de Deus, de amor
Pois tu és o meu vaso escolhido
Necessário se faz amar, renovar-se no entendimento
Necessário é trabalhar, ser fiel no pouco e no muito
Necessário é esperar, a esperança é companheira
Necessário é perdoar, o amor mais puro se doa...”
TIM / MOISÉS LUNA
 

CAPÍTULO 27: DO EGO AO SELF


ITEM A: HUMILDADE NATURAL
Enquanto o ser humano não voltar seus olhos para dentro, jamais
encontrará a paz que sacia, principalmente no mundo atual, onde
irmãos se levantam contra irmãos incessantemente.
Dentro de cada psique humana, ainda se encontram os sentimentos
de orgulho e vaidade, que impulsionam a alma a se colocar acima de
todos os seres existentes; até mesmo de Deus.
Por trás das etiquetas, e dos padrões sociais de respeito e gentileza,
encontra-se o egoísmo genuíno, que, por influência do Ego, gera a
necessidade do indivíduo se ver sempre maior que os outros para se
sentir importante.
Infelizmente, todos nós estamos muito distantes de renunciar, por
completo, ao domínio egóico. Por isso, mesmo entre aqueles que,
juntos, lutam por causas dignas, haverá a inveja, o ciúme e a
maledicência!
Nesse sentido, mesmo entre os inolvidáveis discípulos de Jesus,
havia discussões e intrigas a fim de promover o líder após a partida
do Messias. Por isso, o Cristo, em uma eterna lição de humildade,
disse: “Quem quiser ser o maior dentre vós, que sirva a todos, pois o Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir”.
Ainda, como esquecer da vez que ele lavou os pés de seus
seguidores, pouco antes do seu próprio martírio cruel? Seus
discípulos ficaram incrédulos, pois, como o líder poderia fazer isso
pelos seus servos? Era algo incompreensível, chocante e
revolucionário!
Assim, ele disse: “Vós me chamais de mestre e senhor; e dizeis bem,
porque sou. Se eu, o senhor e mestre, vos lavei os pés, também vós
deveis lavar os pés uns dos outros”.

ITEM B: OS ANJOS ANÔNIMOS


Existem muitos anjos anônimos, que passaram pela Terra em
sagradas missões, e que jamais serão recordados pela História. Seus
feitos, realizados no anonimato, impulsionaram o progresso das
coletividades, sem que eles sejam lembrados como outros famosos
nomes que marcaram os séculos.
Muitas dessas almas são compostas de mulheres, que, em face do
machismo, precisaram se anular, para fazer homens brilharem,
mesmo que, muitas vezes, foram mais sábias que eles.
Não é o sexo, a cor, a cultura, a idade ou o tamanho da missão que
definem o grau evolutivo dos espíritos. Nesse aspecto, não há
parâmetros para definir a grandeza de alguém, neste plano de
existência.
Maria, a adorável mãe de Jesus, acolheu o Messias em seu ventre,
preparou-lhe o caminho, protegeu-lhe, e, como dona de casa, foi um
dos pilares da maior revolução da história da Humanidade, até
então.
Maria Madalena, a prostituta condenada, tornou-se uma de suas
maiores seguidoras, sendo a primeira pessoa a enxergar Jesus, em
espírito, após a crucificação.
Além disso, como se esquecer de Joana d’Arc, a simples menina do
campo, que, após receber as revelações do mundo espiritual, tornou-
se líder das tropas francesas, na época do rei Carlos VII?
ITEM C: DO “AMOR” À TRAIÇÃO
Amar ao outro é uma sublime virtude, entretanto, é muito fácil amar
nos momentos de alegria, de prosperidade, de união e de
esperança... Difícil mesmo, é amar no medo, na dúvida, na angústia,
no desespero e em outros momentos de tensão!
Atualmente, as pessoas se associam umas às outras, acreditando na
ilusão de fraternidade, quando, na verdade, vivem numa simbiose
psíquica, onde todos, entre si, alimentam-se com as ilusões das
aparências, promovidas pelas necessidades de seus Egos
dominantes. Assim, vivem em uma eterna dependência emocional,
mesmo que não percebam isso, acreditando que as opiniões alheias,
de fato, refletem suas essências... Isso acontece, pois, seus Selfs se
encontram omissos, fazendo com que suas individualidades
vivenciem uma verdadeira Matrix!
Logo, acreditam serem importantes para os “outros Egos”, quando,
na verdade, são dispensáveis e descartáveis. Isso é muito triste,
todavia, as pessoas preferem viver na ilusão, por escolha própria.
Sobre isso, engana-se quem pensa que Judas foi o único apóstolo a
trair Jesus. Nesse sentido, mesmo aqueles que juraram amá-lo até o
fim, abandonaram-no nos momentos decisivos...
Sabendo que enfrentaria a tortura, a “humilhação” e o abandono,
Jesus, com seu inexplicável amor, perguntou a Pedro, na véspera de
sua captura pelos romanos:
—“Tu me amas”?
Três vezes o discípulo foi perguntado; e, três vezes também, ele
respondeu positivamente, com a certeza de que daria a vida por
aquele que considerava o seu Senhor.
Contudo, os registros bíblicos revelam que Simão Pedro negou-o três
vezes nos momentos cruciais, em meio à angústia e o pavor que
sufocam o raciocínio, amedrontado com o trágico futuro a que estava
destinado seu amado mestre.
Então, amargurado pela culpa e pelo remorso, esse simples pescador
da Galileia, tornar-se-ia a “rocha” onde seriam assentados os
ensinamentos cristãos, que perduram até os dias atuais.
Foi assim que, após uma vida inteira dedicada às lições da Vida
Eterna, Simão Pedro, o homem que negou Jesus, entregou sua
própria vida em benefício das coletividades futuras, reconhecendo
sua pequenez e a sua dívida com aquele homem-Deus, que o amou
profundamente, com todas as suas imperfeições.
Portanto, os historiadores revelam que, o apóstolo, na véspera de
sua própria crucificação, pediu que fosse crucificado “de cabeça para
baixo”, por não ser digno de morrer como seu divino amigo e irmão.
Então, em homenagem a Pedro, que nos deixou seu sublime legado,
de um homem ignorante e limitado, e se tornou um dos pilares da
revolução espiritual terrestre, eu gostaria de deixar uma música,
composta em sua homenagem:

PEDRO
“Vem que eu te farei um pescador de homens
Se perseverares serás Cefas, Pedra
E onde a agonia do vazio medra
Frutificarás a mitigar a fome
Quero ir contigo mas receio as águas
Temo afundar enquanto vais andando
Se no Horto já pressentes tuas chagas
Eu, Tiago e João, ao chão, em sono
Como não bastasse, eis-me a ferir
Um soldado que te traz voz de prisão
Sou pequena ovelha, atemorizada
Balindo negação
Volvo à vida e tomo pela tua mão
Crê, te levarei aonde não queiras ir
Pedro, tu me amas?
Pedro, tu me amas?
Pedro, tu me amas?
E tu, que és a rocha
Constrói a minha casa
No coração do irmão
Ouve Simão Pedro, morrerás em cruz
Não, eu não mereço essa distinção
Se depois do Mestre, martírios são troféus
E as mãos que ele tocou, e os pés que ele lavou
Apontarão... os Céus!
TIM / GLADSTON LAGE

ITEM D: TEMPOS MODERNOS


Atualmente, a Humanidade se afoga no vazio, em face do domínio
do Ego na maior parte das pessoas, refletindo-se, de modo geral, nas
instituições familiares, educacionais, sociais, médicas e culturais:
Na área familiar, pais acreditam que seus filhos são “extensões” do
seu próprio “Eu”, ignorando que, antes de tudo, eles são filhos de
Deus: independentes, únicos e com suas próprias peculiaridades.
No âmbito cultural, o entretenimento é vazio, egoísta e explorador.
Nas mídias, revelam-se ao mundo as celebridades de “papel”, que
inspiram as multidões carentes, incapazes de refletir que são
carentes de si mesmas!
Na educação, professores e alunos vivem numa guerra silenciosa,
onde uns não suportam os outros, aniquilando o verdadeiro
significado de educar e aprender.
No aspecto social, os representantes do povo se corrompem,
permitindo a manutenção da miséria e do caos.
Na área médica, cada vez mais profissionais incapacitados surgem,
principalmente na área da saúde mental: homens e mulheres,
profundos ignorantes de si mesmos, acreditam-se capazes de
conhecer e entender as necessidades alheias, gerando mais dor e
sofrimento naqueles que vivem em meio à maior guerra da vida: a
guerra interior, onde o indivíduo batalha consigo mesmo, num
“loop” contínuo...
Portanto, vê-se que, homens e mulheres, sendo “células vivas” da
sociedade, estão doentes, contaminando-se uns aos outros,
mantendo um colossal “câncer” maligno, que perdura há milênios!
Enquanto as “Personas” da Sociedade pregam o bem, o Sistema
alimenta o que é mal. Num mundo como esse, aonde para ser digno
e respeitado, é preciso sufocar-se a si mesmo, para “caber” na
formatação coletiva, chegou o tempo de mudanças drásticas
acontecerem! Estou errado?!
Não serão através de imposições físicas ou dogmas e regras vazios,
que as transformações coletivas acontecerão. Para que o “corpo
social” reestabeleça a saúde, é preciso que suas “células” se curem,
uma a uma.
Logo, o que estamos esperando?
CAMINHANDO E CANTANDO

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais, braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas, campos, construções

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Então, vem, vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantações

Pelas ruas marchando indecisos cordões

Ainda fazem da flor seu mais forte refrão

E acreditam nas flores vencendo o canhão

Então, vem, vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Há soldados armados, amados ou não

Quase todos perdidos de armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição

De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções

Somos todos soldados armados ou não

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais braços dados ou não


Os amores na mente as flores no chão

A certeza na frente a história na mão

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Aprendendo e ensinando uma nova lição.

GERALDO VANDRÉ

 
 
 

PARTE 2: APONTAMENTOS FINAIS


CAPÍTULO 1: O PARADOXO DO LIVRE-ARBÍTRIO
Os seres humanos, em quase sua totalidade, acreditam serem livres
em si mesmos, porém, gerando angústia em quase todos os leitores,
eu afirmo: nenhum de nós é livre.
O indivíduo, em si, não passa de um observador consciente e
sensível, incapaz de escolher seus próprios sentimentos...
Mas a Consciência ao saber disso, oculta essa verdade de si mesma,
por tamanha dor. Sem os recursos da razão e da passagem do tempo,
a individualidade encontra-se perdida e desorientada, e num
movimento primitivo e ilusório, cria sua própria realidade, embora
não corresponda à verdade. O “Eu”, portanto, em luta consigo
mesmo, torna inconsciente as suas percepções consideradas
inaceitáveis, gerando uma fragmentação do ser.
Não escolhemos quem amamos, quem odiamos, e muito menos o
que queremos fazer. Nossa energia psíquica, sendo viva, dinâmica e
espontânea, brota naturalmente, revelando-nos quem somos.
Engana-se quantos pensam que podem escolher seus sentimentos,
emoções e decisões... A verdade é que somos escravos de nós
mesmos, e a verdadeira liberdade é aceitarmos essa condição natural
da vida. Portanto, de fato, somente isso nos torna livres.
Não sou um escritor; estou escritor.
Não sou um jovem; estou jovem.
Ser bom e desejar ser bom são coisas distintas, e esse é um dos
imensos males que perturbam a busca pela verdade interior.
Nesse sentido, não se pode olvidar o exemplo de muitos religiosos.
Esses, de modo geral, observam as lições da fé, da humildade, da
caridade e do amor, entretanto, há uma grande diferença entre quem
somos e quem devemos ser.
Quase todos chegam a acreditar que já se tornaram aquilo que
desejam ser, e, então, estagnam-se na própria ilusão, ignorando sua
verdadeira natureza, repleta de forças reprimidas e idealizações
utópicas.
Nesse aspecto, acreditam avançar espiritualmente, quando, na
verdade, são escravos da mentira. Enxergam a humildade nas
palavras e palestras, e identificam-se com elas, em face do terrível
orgulho inconsciente que habita em seus corações.
Ainda, como se esquecer dos universitários, que, ao se encontrarem
em ambientes de grande importância intelectual, como nas
prestigiadas universidades, passam a se sentirem mais nobres e
dignos? Porém, a verdade é que estão perdidos em sua própria
insegurança. Por exemplo, chega a ser cômico os alunos de Filosofia
que, pelo simples fato de estudarem os grandes filósofos,
identificam-se plenamente com eles. Então, logo passam a
exteriorizar, através de suas Personas, comportamentos
aparentemente nobres e dignos, como se fossem verdadeiramente
sábios, e não aprendizes.
Nós, como consciências, ainda em evolução pessoal e coletiva,
vivemos numa sociedade que se assemelha a um “teatro de
mentira”.

CAPÍTULO 2: SEXO É VIDA


Neste instante de nossas eternidades, faz-se necessário conhecer a
verdadeira natureza do sexo. Após incontáveis séculos de tabus em
relação à essa sagrada capacidade, chegaram os tempos de “dar luz”
ao poder sublime da energia sexual. Inacreditavelmente, vida é
amor, e amor, é sexo.
Infelizmente, após os avanços liberais em relação a esse tema, nas
últimas décadas, os seres humanos, em sua generalidade, viciam-se e
perturbam-se profundamente, mesmo que inconscientemente, na má
utilização das forças genésicas. De um lado, o extremismo da
“castração”; do outro, a rápida propagação da libertinagem.
Todos os seres possuem essa energia divina, que nos impulsiona a
nos relacionarmos uns com os outros. Dos instintos animais, aos
sentimentos humanos, podemos observar o sexo como uma espécie
de “força gravitacional”, que une as criaturas.
No entanto, a energia sexual também é a fonte de criatividade do ser,
pois o sexo não apenas reproduz as formas físicas das espécies, mas,
também, é responsável pelas criações mentais que alimentam nossas
almas. É nesse sentido que Jesus disse: “Nem só de pão vive o homem”,
revelando que os tesouros afetivos, valem mais que as recompensas
carnais.
Para exemplificar o poder do sexo, preciso dar meu próprio
exemplo: no passado, enganado pelo Ego, vivi uma vida repleta de
prazeres materiais, recheadas de vaidade, orgulho e egoísmo. Porém,
após encontrar as “luzes da Verdade”, reconheci que a maioria das
relações sexuais humanas se encontra em profunda ilusão, tanto nos
jovens quanto nos adultos, que vivem frustrados em qualquer
relação.
Nesse aspecto, segundo a encantadora Monja Coen, o Complexo
Egóico, quando dominando o Self, cria a sensação de separação com
o mundo exterior, e por isso, posso concluir, com bastante
segurança, que os desejos sexuais das multidões, de modo geral, são
voltados para si próprios, num movimento, muitas vezes
inconsciente, de egoísmo. Então, é nesse ponto em que vemos a má
utilização da energia sexual, pois a natureza da sexualidade
representa troca, comunhão e união igualitária para com a outrem.
Nesse aspecto, Paulo, o apóstolo do Cristo, com sua imensa
compreensão da psicologia humana, disse: “Uma coisa só é imunda
para quem tem a mente imunda”.
Ao observar as relações sexuais contemporâneas, não é difícil
concluir que os homens e mulheres, irresponsáveis em si mesmos,
interagem uns com os outros como se estivessem “brincando de
bonecas”; como se o parceiro afetivo não passasse de um objeto de
prazer egoísta. Esse é o fato, e, consequentemente, torna-se
impossível preencher o vazio trágico.
Desse modo, as massas vivem numa eterna busca de satisfação
interior, visando preencher o vazio de amor em bares, festas e
boates, através dos vícios e das possibilidades alheias. Contudo,
após as horas de fantasia, desaparece a alegria, e um imenso vácuo é
novamente aberto, gerando uma inacabável agonia. Portanto, felizes
daqueles que possuem a energia do sexo em equilíbrio.
No entanto, é imperioso destacar que, essa mesma energia que atrai
as almas, é também aquela geradora da criatividade, em qualquer
campo em que seja aplicada. Então, quando ela não puder ser
utilizada para uma relação afetuosa com outro ser, essa poderosa
força viva poderá ser canalizada para diferentes atividades, capazes
de nutrir o Espírito; como na escrita, na pintura, na oratória, na
música, entre outras inúmeras atividades dignas.
É por esse motivo que muitos atletas recebem a orientação justa de
evitarem relações sexuais na véspera de grandes atividades
esportivas, a fim de aprimorarem ao máximo a eficácia de suas
performances.
Por fim, gostaria de relatar minha experiência com a energia criadora
do sexo. Contrariando as tendências da minha juventude, e por não
haver encontrado a “pessoa certa”, impus-me anos de privação
sexual carnal, acumulando, dessa forma, tanta energia dentro de
mim, que, motivado pela dor, direcionei-a para os estudos
filosóficos, científicos e religiosos...
Logo, curiosamente, tornei-me um jogador de futebol mais criativo e
decisivo. Entretanto, essa não foi minha maior conquista, de forma
alguma. A minha vitória maior, no que se refere à energia sexual, foi
conseguir desenvolver minha capacidade de raciocínio e abstração
do pensamento.
Então, surpreendendo a mim mesmo, e aqueles ao meu redor,
escrevi esta obra em aproximadamente um mês, com meu espírito
ardente e saturado de energias a serem libertadas.
Antes disso, meu corpo adoecia gradativamente, em face do
acumulo de energia não utilizada, também em face da minha
ausência de afeições afins, impulsionando-me aos vícios e às atitudes
desequilibradas e perturbadoras. Minha saúde estava cada vez pior,
sem qualquer solução real vinda dos remédios farmacêuticos, mas,
após escrever meu livro, onde exponho as profundezas do meu ser,
obtive um desenvolvimento fisiológico surpreendente,
reestabelecendo, assim, a minha saúde física e mental.

CAPÍTULO 3: A REDENÇÃO
A descoberta final do autoconhecimento é perceber que há um
suposto paradoxo na nossa existência coletiva. Nossas essências,
assim como a do Criador, são a mesma imagem e semelhança, sendo
que a única coisa que nos difere, como criaturas, em nossa
relatividade, é nossa posição no Espaço-Tempo.
O líder de agora, poderá ter sido o delinquente de outrora; enquanto
o criminoso de hoje, poderá ser o missionário do amanhã. Por isso, é
preciso tomar muito cuidado ao avaliar alguém e seus atos, pois, em
breve, poderá ser você a cair no mesmo buraco.
Do berço ao túmulo, ninguém estará isento de erros, em qualquer
parte, no mundo inteiro. Portanto, como disse Joanna de Ângelis:
“Concede-te o direito de errar, porém, exige-te o dever de corrigir”. Dessa
forma, aceitando-nos como somos, naturalmente aceitaremos os
outros em suas limitações.
Redimir-se consigo mesmo, muitas vezes, significa ir contra o
mundo, colhendo com sacrifícios, a incompreensão, a solidão e o
desamparo. Contudo, a alegria da consciência reta e do dever
cumprido, propiciam à alma as forças necessárias para suportar os
atritos humanos.
Então, todos aqueles que já possuem “olhos de ver” e “ouvidos de
ouvir”, não desanimem, e jamais percam de vista o desejo ardente de
propagar as boas-novas da Verdade.
Logo, à exemplo do apóstolo Paulo, que, incompreendido pelo seu
próprio povo, conseguiu manter-se fiel a si mesmo, até o fim de sua
vida, vencendo a si próprio. Mas não só isso, aprendeu a amar
aqueles que o feriam e o humilhavam, numa lição de vida que ecoa,
e continuará ecoando pelos séculos porvindouros:
“Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas
almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”

PAULO DE TARSO
 

CAPÍTULO 4: A DESCOBERTA
Da mesma forma que os conceitos abstratos da psique podem ser
representados através de desenhos e figuras, também se pode
representá-los por meio da Matemática, conforme disse Pitágoras: “
O número é o princípio de tudo”.
Desse modo, pude concluir que o Self (S) é composto por duas
entidades primordiais: A Razão (R) e a Emoção (E). Portanto,
formula-se a seguinte equação: S = R + E.
Todavia, onde estaria o fator Tempo? As pessoas não vivem sujeitas
à variação temporal? Nesse sentido, é imperioso considerar o Eixo
Ego-Self de Carl Gustav Jung e reconhecer as diferentes posições
entre ambos os componentes dessa teoria. Dessa forma, o Si-mesmo,
isoladamente do Complexo Egóico, apresenta-se numa condição
atemporal e isso pode ser demonstrado matematicamente através de
uma equação da Física, em que o Tempo é resultado da divisão entre
Distância e Velocidade. Logo, como não há distâncias a serem
percorridas pelo “Eu” na psique humana, automaticamente anula-se
qualquer variação temporal, pois, embora haja velocidade de
processamento, não há deslocamento físico interior, e é o Ego que
permite o contato do Si-mesmo com o mundo exterior.
Sobre essa velocidade de processamento do Self, vale considerar a
existência das pessoas índigo, pois essas representam a evolução do
pensamento humano. Confundidas com determinados transtornos, a
maioria das pessoas ignora que as aparentes manifestações de TDA e
TDAH, na verdade são resultado da grande velocidade em que seus
pensamentos e sentimentos são processados.
 
 
 
 
 

 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas
[←1]
No capítulo 20, o autor relata, através de suas experiências pessoais, sugestivos
atributos do Criador.

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