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Fernando Namora nasceu em Condeixa-a-Nova a 15 de Abril de 1919 e morreu

em Lisboa em 1989. Foi médico, escritor e é uma das personalidades mais


conhecidas do nosso concelho. Estudou medicina na Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra, concluindo a sua licenciatura em 1942 e
no ano de 1949 publica um dos seus livros mais conhecidos que combina as
suas duas ocupações “Retalhos da vida de um médico”. Neste livro Fernando
Namora compila várias realidades sociais, episódios e histórias verídicas que
ocorreram no inicio da sua carreira como médico no Alentejo e na Beira baixa.
Esta obra conta-nos na perspectiva do próprio médico como era a vida de um
médico e da população em geral no final da primeira metade do século XX.

A tuberculosa

Esta crónica relata a história de uma jovem chamada Maria Jacinta que tinha
tuberculose. Maria Jacinta era uma jovem de cabelos loiros, com um sorriso
largo, simpática e aparentemente saudável.

A tuberculose é uma doença infecciosa provocada geralmente por uma


bactéria e que afeta os pulmões. É uma doença longa, que pode levar muito
tempo quer a ser curada quer até à morte do paciente. Provoca febre e tosse, e
em fases mais avançadas pode causar expectoração com sangue.

Ao inicio Maria Jacinta e a sua família não queriam admitir que estava doente
porque sempre que se falava na doença as pessoas da vila afastavam-se e
mostravam desprezo. Este facto levou a que Maria Jacinta demora-se muito
tempo a procurar a ajuda do médico e dificultou o seu tratamento, que só
começou numa fase já avançada da doença.

Quando as pessoas da vila finalmente descobriram que Maria Jacinta tinha


tuberculose passavam em frente à sua casa e espreitavam para tentar
descobrir mais pormenores sobre o estado de saúde da jovem. Mas o seu
motivo não era preocupação genuína com a sua saúde, era sim a necessidade
de assunto para conversa com as outras pessoas da vila.

Todo o conto fala sobre a coscuvilhice e o interesse exagerado na vida das


outras pessoas. As pessoas divertem-se com a desgraça dos seus vizinhos e
das pessoas à sua volta. Este é um problema que ainda hoje se verifica na
sociedade. As pessoas dão mais importância à vida dos outros do que à sua
própria vida e adoram falar mal dos outros.

Até o próprio namorado de Maria Jacinta a abandona quando o seu estado de


saúde piora. O conto vai avançando e o autor faz a descrição do dia-a-dia da
paciente e dos seus tratamentos.

O conto termina depois de Fernando Namora ter ido procurar o namorado de


Maria Jacinta e convencê-lo a ir visitá-la. Com o regresso do seu namorado o
seu estado de saúde melhora como é visível na hipérbole que o autor faz “
Maria Jacinta devora-o”. A última frase da crónica é “Era a vida que voltava” e
refere a relação entre o regresso do namorado e as melhoras no seu estado de
saúde.

Toda a crónica está repleta de recursos expressivos, como adjectivações ricas


dos espaços em que se desenrola a ação e das personagens.

Podemos também interpretar este conto como uma crítica à demasiada


importância que damos à opinião que os outros têm sobre nós. Maria Jacinta
dava muita importância à opinião dos outros e por isso não quis admitir que
estava doente e procurar a ajuda de Fernando Namora. O início do tratamento
foi tardio e por isso as possibilidades de sobrevivência são menores. Neste
caso Maria Jacinta conseguiu recuperar mas na maioria dos casos quando a
doença já está num estado avançado os doentes não costumam recuperar.

Concluindo, Fernando Namora faz uma crítica aos dois lados do problema, aos
que dão muita importância ao que os outros pensam sobre si e aos que se
divertem a falar mal da vida das outras pessoas. Com estas críticas, Fernando
Namora mostra que todos nós estamos errados e que a mentalidade das
pessoas deveria mudar porque neste caso específico levou à quase morte de
uma jovem rapariga.

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