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REVISÃO
UFSM
Professora Dra. Gisela Lacourt
ARTIGO DE
OPINIÃO
OU CARTA
ABERTA
ARTIGO DE OPINIÃO
É um gênero discursivo claramente
argumentativo que tem por objetivo
expressar um ponto de vista do autor
que assina sobre alguma questão
relevante em termos sociais, políticos e
culturais. O caráter argumentativo do
texto de opinião é evidenciado pelas
justificativas de posições arroladas pelo
autor para convencer os leitores da
validade da análise que faz.
Estrutura do artigo de opinião
Como todo o texto de natureza
argumentativa, os artigos de opinião
são estruturados para convencer o
leitor de que a perspectiva analítica
adotada pelo autor do texto é a
melhor. Nesse sentido, não
apresentam um estrutura fixa, mas
precisam contar com partes que
desempenham determinadas funções:
introdução, desenvolvimento e
conclusão.
Estrutura do artigo de opinião
Título: antecipa para o leitor a
questão que será analisada no texto.
Olho: explicita a perspectiva analítica
que será defendida pelo autor
(normalmente não é o autor o
responsável pelo olho, mas o editor
do jornal ou da revista).
Por exemplo:
Por exemplo
Santa Maria, 09 de julho de 2023.
Carta aberta sobre os perigos da automedicação
Prezada população, tenho presenciado na minha rotina de
trabalho, como diretor de um grande hospital, inúmeros
casos de pacientes que necessitam de atendimento de
emergência devido às severas consequências do uso de
medicações sem orientação médica. Esse contexto
preocupante me impele a alertá-los sobre os riscos que os
senhores, sobretudo os idosos, correm ao se automedicarem
em suas casas. Como profissional da saúde, quero
evidenciar a importância de procurar ajuda médico-hospitalar
sempre que surgirem sintomas de doenças físicas ou
emocionais/psíquicas.
Muitas são as razões para que automedicação seja compreendida como uma
ameaça à nossa saúde. Saliento como uma delas, o agravamento de quadros
clínicos ainda não diagnosticados. Infelizmente, estamos habituados a recorrer aos
“inofensivos” analgésicos em quadros de dor. No entanto, muitos de nós, não
refletimos sobre o fato de que a dor é um sinal que nosso organismo emite como
alerta de que algo não vai bem. Logo, ignorar essa “luz vermelha” do corpo pode
incorrer em implicação graves. Há duas semanas, acompanhei, em meu hospital, a
tragédia de um casal ao perder de forma inesperada a filha de 10 anos. Confesso
que, mesmo com 26 de profissão, ainda não aprendi a lidar com a dor dilacerante
de um pai que perde um filho ainda na infância. Não podemos culpar essa família
pelo destino fatídico da linda Alana, mas, sem dúvidas, a demora para procurar
ajuda médica e a administração indevida de paracetamol minaram a chances de o
frágil organismo da criança lutar contra a dengue, o que evoluiu para um quadro de
hemorragia, resultando na morte da menina. Caros leitores, será que realmente
vale a pena arriscar a nossa saúde e a vida de quem amamos administrando
medicamentos aparentemente inofensivos?
Outro grave risco ignorado pela população, principalmente pela
parcela idosa, é a interação medicamentosa. Todos nós sabemos que na
terceira idade o uso contínuo de medicamentos é mais frequente. O que
muitos não sabem é que remédios são drogas que possuem substâncias
químicas que podem reagir com outras, ou seja, um determinado princípio
ativo pode reagir com outro e anular o efeito de uma medicação
fundamental prescrita pelo médio do paciente ou provocar efeito colateral
adverso. A exemplo da varfarina que é um medicamento anticoagulante,
muito utilizado por idosos para prevenção de tromboembolismo venoso.
Todavia, quando administrada conjuntamente com antidepressivos, como
sertralina, venlafaxina e paroxetina, pode diminuir sua atividade,
aumentando a possibilidade de causar hemorragias. As hemorragias,
quando não estancadas, podem levar à perda progressiva de sangue,
hipotensão e morte. Portanto, caros idosos, medicamentos, seja para
males físicos, seja para dificuldades psicológicas, só podem ser
administrados sob orientação médica.
Por fim, prezados senhores, reitero minha preocupação
com os riscos iminentes da automedicação para a nossa
saúde. Por isso, peço, encarecidamente, sempre que
observarem sintomas físicos ou psicológicos procurem
ajuda médico-hospitalar, pois somente um profissional
qualificado pode avaliar os riscos e benefícios do uso de
medicações. Lembrem-se, meus caros, de que a saúde é
nosso bem mais precioso, e uma solução aparentemente
rápida e eficaz pode resultar em danos graves ou, até
mesmo, em um tragédia.
Atenciosamente, diretor de um hospital.