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[...] que aquilo que um grupo social escolhe como fotografável revela o que
este grupo considera digno de ser solenizado, como estabelece condutas
socialmente aprovadas, a partir de quais esquemas percebe e aprecia o real.
Os objetos, os lugares e personagens selecionados, as ocasiões para
fotografar mostrar o modo pelo qual cada setor se distingue dos outros.
(CANCLINI, 2004, p.70)
São nas problematizações dos estudos da cultura visual que surgem então
possibilidades pedagógicas nas artes visuais, onde encontramos as manifestações
visuais de grupos socialmente diferentes e desiguais? Como questionar as
produções de forma mais abrangente em sala de aula? Como ampliar as noções do
ensino das artes e das problematizações das imagens no cotidiano? Como se dão
as institucionalizações das imagens, os tensionamentos cotidianos, as repulsas e as
aproximações destes grupos, de suas estéticas? Como podemos perceber, ambos
se relacionam, se contaminam, mas como se dá estes descompassos cruzamentos?
Como nós, professores nas Artes Visuais, podemos abordar tais visualidades?
De acordo com Barbosa (2018) ainda imperam no ensino das artes visuais, os
temas eruditos e puristas, apesar das tentativas em incluir manifestações estéticas
populares abordadas por Canclini (2004, p. 91) como “particulares [...] não redutíveis
à relação com os modelos predominantes nem à preocupação utilitária, que também
costumam ser presentes”. No ensino das artes, ainda temos uma predominância do
estudo formal das obras, a priorização de artistas Brasileiros modernistas como
Tarsila do Amaral ou consagrados ao senso comum como Romero Britto.
No entanto, existem manifestações e fomentos em projetos na Arte-Educação
que buscam dar o mesmo valor apreciativo pela produção erudita a produção
cultural e imagética de classes populares (BARBOSA, 2018). Os elementos
populares bem como as visualidades das publicidades, ou quaisquer que sejam
costumam adentrar os currículos após as legitimações das classes dominantes. Este
é o motivo pelo qual é tão necessária a politização das tecnologias e de suas
visualidades (SANTOS, 2003).
Alguns anos atrás, em 2008, tivemos um destes atravessamentos, que
demonstram como os espaços são confrontados e como as perspectivas
educacionais de erudição podem ser questionadas,inclusive, através destes
acontecimentos são possíveis as demonstrações práticas das diferenças e
desigualdades propostas por Canclini (2004). No ano de 2008, o Brasil protagonizou
um acontecimento incomum: a invasão do espaço da Bienal Internacional de Artes
de São Paulo, no parque do Ibarapuera, na qual um grupo de 40 pichadores,
munidos por latinhas spray, pularam muros, quebraram janelas e registraram suas
imagens nas paredes no segundo andar do pavilhão (G1, 2010) (figura 02).
Conclusão