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PL, TRT & Butterfly


Apresentam

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Staff

Disponibilização : Soryu
Tradução : Mariana
Revisão Inicial : Nathy
Revisão Final : Gislaine , Eva
M.Carrie
Leitura Final : Eva M. Carrie
Formatação: Juuh Allves

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Sinopse
Snake estava habituado a fazer o que queria. Mulheres
caíam em cima dele, tanto que não tinha que fazer nenhum
esforço para levá-las para a cama. A enfermeira Jessica é a
primeira mulher a fazê-lo lutar por cada segundo que passa com
ela. Quando a gravidez da princesa da gangue Chaos Bleeds,
Judi, sofre algumas complicações, dá oportunidade para o Snake
conhecer melhor a Jessica, e está disposto a fazer qualquer coisa
por essa chance.

Jessica sempre evitou homens como o Snake. Eles estão


dispostos a apenas uma coisa e, não importa o quanto ela o
queira, também, não vai ceder. Mas, ao testemunhar o
sofrimento do Snake por causa da Judi, Jessica vê um lado
inteiramente novo dele, um ao qual não consegue resistir. Um
beijo é o suficiente para se apaixonarem. Snake fica viciado por
ela. Não importa quantas vezes esteja com a Jessica - não vai
desistir dela.

No entanto, sua felicidade está prestes a desabar à volta


deles quando o Mestre volta a Piston County. Ele sequestrou
Lydia, amiga da Jessica e, agora, a quer, também. O Mestre
sempre precisa de mulheres novas para brincar e a Chaos Bleeds
vai pagar por matar Gonzalez, seu fornecedor.

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Capítulo Um
— Quando o Devil vai voltar? — Perguntou Snake, tomando
um gole do seu uísque. Ele virou as costas para o bar, olhando
para a entrada principal que não estava abrindo para mostrar
que o Devil, o Presidente da Chaos Bleeds, havia voltado da sua
pequena escapada para Fort Wills. Alex tinha ligado, há mais de
uma semana atrás, para lhes dizer o que tinha acontecido com a
Tabitha e, agora, estavam todos esperando para saber o que
estava acontecendo. Nenhum deles gostava de pensar na Tabitha
no hospital. Ela era apenas uma menina, e ninguém mexia com
as meninas quando a Chaos Bleeds estava envolvida.

— Não sei. Por quê? Você quer chupar o pau dele? —


Perguntou Dick, tomando um assento ao seu lado.

— Cala a boca. Estou preocupado — disse o Snake. — Não é


todo dia que você ouve falar de uma garota de quatro anos
inconsciente.

— É o mundo em que vivemos, e está todo fodido —Dick


abriu uma lata de refrigerante, enquanto Snake continuava a
beber o seu uísque. Snake não era um viciado em recuperação,
como o Dick era. E não dava a mínima para beber na frente do
Dick.

— Estamos todos preocupados. Independentemente do


mundo em que vivemos, nenhuma criança devia ter que passar
por isso — disse o Ripper, secando um copo atrás do bar.

— Onde está a Judi? — Perguntou o Dick.

— Está no quarto, descansando. Mal posso esperar para este


bebê nascer. Essa espera está me matando.

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— Todos nós temos que esperar — Snake tomou um gole da
sua bebida, olhando para a porta. — Você acha que foi algum tipo
de emboscada?

— Porra, cara, a Tabitha foi ferida. Isso é tudo o que


sabemos — disse Ripper.

— Então, por que ligaram para o Devil? — Snake perguntou,


olhando para o Dick e, então, para o Ripper. — Na última vez em
que estivemos na cidade, o Tiny queria nos expulsar de lá. Por
que chamar o Devil agora?

— Porque o Devil tem o Simon — disse o Dick.

— O que isso tem a ver com qualquer coisa? — Snake estava


se cansando de ser deixado no escuro. Procurava uma briga.
Desde que tinha ido vê-la, estava esperando que ela voltasse para
ele. Estava ficando doente e cansado de esperar por ela. O Ano
Novo tinha chegado, mas nada dela, ainda.

Ele a beijou, e onde ela estava?

— Onde está, quem? — Perguntou Mia, andando atrás dele.

— O quê? — Perguntou Snake.

— Cara, você disse exatamente isso, em voz alta — disse o


Ripper.

— O quê? — Snake não estava muito bem, agora.

— Você disse que a tinha beijado e, agora, onde ela estava?


— Mia disse, se inclinando para pegar o refrigerante do Dick no
balcão.

— Ei, eu estava bebendo isso — Dick falou.

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— É sobre aquela enfermeira? Qual era o nome dela? — Mia
perguntou.

— Jessica —disse Death, entrando com a Brianna. Seu braço


estava apoiado nos ombros da garota, amparando-a.

Snake não gostou. Odiava ser o centro das atenções e, a


forma como os caras estavam olhando para ele agora, não estava
ajudando de maneira nenhuma.

— Esta é aquela mesma enfermeira com quem você teve um


encontro? — Perguntou Mia.

— Ripper — disse a Judi, descendo as escadas.

Todos se viraram para observar enquanto a Judi, grávida,


descia as escadas.

— Baby, o que eu disse a você, caralho? — Ripper largou o


copo que estava usando para correr para o lado de Judi. Sua mão
foi para o estômago dela, enquanto colocava o braço em volta do
seu pescoço.

— Algo não está certo.

— O que quer dizer com algo não está certo? — Perguntou


Ripper.

— Dói, Ripper. Olha, meus pés estão inchados.

Do bar, Snake olhou para os pés da, Judi para descobrir que
estavam inchados. Ela usava uma camisola de renda que
alcançava os joelhos. Bastou um olhar para seu rosto pálido,
suado, e Snake soube que algo não estava certo. Sua cabeça
pendeu um pouco como se ela não pudesse mantê-la ereta.

— Você está bem? Baby, preciso que você fale comigo.

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— Preciso ir para o hospital, Ripper. Algo não está certo —
Judi gritou repentinamente, agarrando a barriga. — Ai, isso dói.
Isso dói.

Snake não esperou por ordens. Correndo para fora do clube,


pulou para dentro do carro enquanto o Ripper trazia a Judi para
fora. Dick e Death o estavam ajudando.

— É muito cedo. Não posso dar à luz. É muito cedo. Ligue


para a Lexie — Judi parou de falar quando um grito irrompeu
dela.

— Nós vamos fazer isso — Ripper entrou atrás da Judi. —


Estou com você, baby.

Dick se juntou ao Snake no lado do passageiro. — Os irmãos


vão nos encontrar no hospital.

Colocando o pé no acelerador, Snake foi tão rápido quanto o


carro permitia. Precisava levar a Judi, a princesa do clube, para o
hospital.

Ela continuou gritando e ofegando.

— Estou com você, baby. Estou com você. Nós vamos


superar isso. Prometo. Apenas respire.

Entrando no hospital, Snake ficou chocado ao ver a Jessica


fazendo seu caminho para fora do hospital. Ela estava carregando
um capacete, e ele nem pensou. Buzinando, captou sua atenção.

Descendo, abriu a porta do Ripper.

— Snake? O que é isso? — Ela perguntou.

— Judi. Ela está entrando em trabalho de parto ou algo


assim. Não sabemos o que fazer.

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Jessica já estava correndo na direção dele. Estendeu o
capacete para ele, empurrando o Ripper para fora do caminho. —
Judi, você está me ouvindo?

— Dói.

— Eu sei. Diga-me qual é o problema.

— Meus pés doem, e parece que ele quer sair — Judi estava
ofegante a cada respiração que dava.

— Não, vamos manter a calma. Lembre-se das respirações


profundas. Respire fundo. Ouça a minha voz, e não se atreva a
deixar o pequeno monstrinho sair agora. Deixe-o ganhar e ele vai
ter você na palma da mão. Entende? — Jessica perguntou. — Já
volto —Ela se afastou do carro. — Mantenha a calma.

— O que você acha que é?

— Primeiro a contração, depois os pés inchados, a dor. Eu


diria que é pré-eclâmpsia. Vamos precisar fazer exames para
confirmar.

— É ruim? —Perguntou o Ripper.

Jessica fechou os lábios, balançando a cabeça. — Vou pegar


uma maca.

Correu para dentro. Snake se juntou a ela. — É ruim,


não é?

— Sim, em algumas mulheres, se não for tratado, podem


morrer. É como se o seu corpo não conseguisse lidar com o bebê.
Você tinha razão em trazê-la — Juntos, empurraram a maca
enquanto Jessica começou a gritar ordens para os outros
enfermeiros. Entendeu que ela chamou um médico, mas só isso.

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Observando-a, Snake admirou sua habilidade. Ela não
estava tremendo, mas no controle. Ripper e Dick estavam
esperando e ajudaram a Judi a subir na maca.

— Ok, Judi. Tudo vai ficar bem agora. Você está no hospital
e vamos fazer tudo para garantir que o pequeno monstrinho
permaneça exatamente onde você precisa que ele ou ela estejam
— Jessica se aproximou, sorrindo para a Judi. — Eu o chamo de
pequeno monstrinho com carinho. Meu irmão, ele sempre me
chamava assim.

— Não vou processá-la pela linguagem ruim, Jess — disse a


Judi.

— Boa desculpa, eu teria que chutar o seu traseiro, e sou


contra chutar bundas de mulheres grávidas.

Judi começou a rir.

Eles a empurraram para o hospital, onde já havia uma


pequena equipe esperando. Um homem com um jaleco branco
avançou. — Diga-me o que você tem, beleza.

Snake não gostou nem um pouco. Ficou para trás, enquanto


Jessica dava ao médico um resumo do status de Judi. Quando
acabou, ela se voltou para ele. Seu comprido cabelo negro estava
preso na parte de trás, atado em um coque.

— Tenho que ir. Ela está em boas mãos. Ripper, siga-me.

Ele observou enquanto seu irmão caminhava ao lado do


médico bonito. Dick ficou com ele. — Acho que ficaremos em
vigília agora.

— Devemos ligar para o Devil?

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— Podemos ligar para o Devil, mas fale com ele. Você não
quer que a Lexie saiba. Isso vai preocupá-la — Dick lhe deu um
tapa nas costas. — Vou pegar um pouco de café.

Caminhando para fora, Snake ligou para o Devil. Teve que


ligar uma segunda e uma terceira vez antes dele responder a
chamada.

— É melhor você ter uma boa razão para me acordar.

— A Judi está no hospital.

— Espere, o quê?

— Ela está no hospital com suspeita de pré-eclâmpsia. Nós


estamos na sala de espera e o Ripper está com ela. Só achei que
que você devia saber.

— Merda, vamos tentar voltar esta noite. Tabitha acabou de


acordar, mas vou levar o Simon para se despedir na parte da
manhã. Não posso deixar a minha família para trás.

— Não se preocupe. Vou mantê-lo informado do estado dela


— disse o Snake. O que mais devia fazer?

— Não posso contar para a Lexie. Pode causar complicações


com a sua própria gravidez.

— Eu sei. Vou mantê-lo informado de tudo o que está


acontecendo. Prometo que não vou dizer nada para a Lexie.

— Seja honesto comigo, Snake. Como parece?

— Não parece nada bom. Estava conversando com a Jessica,


e algumas mulheres... elas morrem por causa disso, Devil.

O seu Presidente xingou na linha. — Quando teremos,


finalmente, uma fodida pausa? A Judi quis esse bebê por um

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longo tempo. Esperou para ter um tempo com o Ripper. Vou
chegar aí o mais rápido que puder.

Ouviu a preocupação na voz do Devil, mas, no fim das


contas, Snake não sentia que tudo estava bem. A Judi significava
muito para o clube. Todos haviam estado lá, quando a salvaram
de um cafetão que estava lhe dando uma surra.

— Não há nada que possamos fazer.

— Sim, há. Me mantenha informado, e vou estar aí assim


que puder

Se despedindo, caminhou de volta para o hospital.


Enquanto estava no telefone, Curse, Death, Spider, Slash, Butler,
e Pussy estavam esperando. Vários dos outros rapazes ficaram
para trás, no Clube, para proteger sua sede. Mia, Sasha, e
Brianna também estavam na sala de espera. Nenhuma das
prostitutas do clube estava presente, pois não eram autorizadas a
participar dos assuntos da gangue.

Dick estava lhes atualizando, pegando um café uma vez que


terminou.

— Você está me oferecendo um café?

— Nós chegamos aqui primeiro. Eles podem arranjar seu


próprio café fodido — Dick explodiu.

— O que é isso?

— Desejava que fosse algo muito mais forte.

— Se você ama tanto as bebidas e as drogas, por que parou?

— E deixar a gangue? Acredite ou não, Snake, acontece que


eu amo essa porra de gangue. Gosto muito mais do que qualquer
bebida ou drogas.

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Snake deu de ombros. Não havia qualquer outra coisa que
gostasse mais do que a gangue. Manteve o olhar sobre a porta
onde a Jessica tinha desaparecido. Durante toda a sua vida, teve
as mulheres obcecadas por ele. Isso era novo. Nunca tinha ficado
obcecado por qualquer mulher ou tido tempo para conhece-la.

O que havia na enfermeira de cabelos negros que o


perturbava tanto?

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— Nós vamos monitorá-la e tentar manter sua pressão sob


controle. Pobre menina — disse o Dr. John Milford.

Jessica assentiu. — Eles a trouxeram na hora certa.

— Sim, trouxeram — John se virou para ela, sorrindo. —


Você já não devia ter saído?

— Estava saindo quando eles chegaram.

— Bem, não há nada que você possa fazer agora. Vá em


frente — Ele segurou seu braço antes de passar a mão para cima e
para baixo. — Vá e descanse. Vou cuidar dela.

— Ok. Estou indo. Vou informar à família.

— Eles são motoqueiros, Jessica. Não uma família.

— Se você quiser um tumulto nas mãos, está no caminho


certo, falando assim. Eles vão causar alguns problemas se você os
tratar como algo diferente de família.

— Como você sabe? — Perguntou.

— Não sei. Ouvi falar sobre eles, assim como todos os


outros.

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— Você vai fazer bem se ficar longe deles.

Jessica odiava que lhe dissessem o que fazer, especialmente


alguém que estereotipava a imagem de todos os motoqueiros. —
Vou fazer o que acho que é necessário. Boa noite — Ela se afastou
antes que fizesse algo do qual se arrependeria mais tarde. Milford
era um idiota da mais alta ordem. Um grande médico, mas um
idiota. Ele acreditava que as enfermeiras eram seu harém pessoal
e, infelizmente, várias enfermeiras tinham caído no seu charme.
Jessica via através dele. Via através de todo o seu charme, a falta
de senso, assim como tinha visto através do Snake. O maior
problema foi o beijo. Entre todas as coisas que havia antecipado
sobre o Snake, não havia um beijo que a fez voar na véspera de
Natal. Ele a tinha confundido. Lydia, sua amiga, não fazia a
mínima ideia que ele era um galinha, no começo. Se sabia, estava
fingindo que não. Sua amiga era um pouco estranha quando se
tratava de relacionamentos. Havia duas razões que mantinham
Jessica bem longe do Snake. A primeira razão era a lealdade com
a amiga. Lydia era sua amiga e ainda sentia alguma coisa pelo
Snake. A segunda razão? Não podia confiar nele. Estava cercado
por bucetas e ela nunca tinha sido o tipo de mulher que ia atrás
de problemas.

Até hoje, a Lydia pensava que o Snake ia ligar para ela. Ele
não era do tipo que ligaria ou seria agradável. Ele era um idiota
até a alma, assim como o Milford.

Caminhou em direção à recepção principal e, quando


chegou na porta que a separava do grupo, elevou a vista,
preocupada. Eram uma gangue de motoqueiros rudes e durões,
mas o seu amor pela menina no andar de cima estava claro para
todos verem.

Respirando fundo, caminhou na direção deles. Snake a viu


primeiro e se levantou. Ficou surpresa ao ver que ele ainda
segurava a sua bolsa e o capacete.

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— Olá — disse a todos eles. Não olhou para o Snake, não
queria.

— Quais as novidades?

Não sabia quem fez a pergunta. Snake tinha chegado perto


dela, quase tocando o seu ombro, e estava muito perto.

— Judi está estável no momento. Estamos mantendo-a


monitorada, e está indo bem. Não vou mentir, poderia acabar
mal, mas estamos aqui para garantir que nada de ruim aconteça.

Todos lhe agradeceram e ela se virou para o Snake — Pode


me devolver o capacete e a bolsa?

— Vou acompanhá-la até lá fora.

Jessica não estava com vontade de discutir. Já passava das


duas da manhã e tudo o que queria fazer era ir para casa e para a
cama. No momento em que deixou o hospital, foi atingida pelo ar
frio de janeiro. Rapidamente, fechou a jaqueta, tentando lutar
contra o frio repentino.

— Obrigado por me ajudar lá.

— Sou uma enfermeira, Snake. Eu faria isso por qualquer


um — Ela parou ao lado da sua moto e se virou para ele. — Posso
ter o meu capacete e a bolsa de volta?

— Por que você não foi?

— Fui?

— Sim, ao clube. Por que você não foi ao clube passar algum
tempo?

Ela franziu a testa. — Eu não sabia que tinha que ir.

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— Eu te beijei.

— E daí?

Jessica estava confusa. Ela passou a bolsa que ele lhe


entregou por cima do ombro.

— Então, você devia ir até o clube.

Ele manteve cativo seu capacete, recusando-se a entregá-lo


para ela. Tentou pegá-lo, e ele se desviou. — Muito maduro,
Snake.

— Por que você não foi?

— Bem, eu não o convidei para me beijar, e não sabia que


era esperado que eu fosse até você por causa de um beijo
estúpido.

— Você achou que o beijo foi estúpido?

— Deus, Snake. Quantos anos você tem, doze? Foi um beijo.


Que eu não pedi e que você não devia ter dado — Tentou pegar o
capacete. Ele se moveu para fora do seu alcance, irritando-a. —
Você é apenas uma criança — Ela cuspiu as palavras.

— E você é uma cadela fria, sem coração?

— E quanto à Lydia, hein? Você acha que quero ser outra


das mulheres que você fode e vai embora? — Ela o empurrou com
força no peito. — Eu não conheço você. E não tenho nenhuma
intenção de conhecer. Dê o fora, caralho — Ela o empurrou um
pouco mais.

Snake passou o braço em volta da sua cintura, puxando-a


contra ele. O capacete que segurava bateu contra a bunda dela.

— Que, diabos, você está fazendo?

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— Mostrando a você que foi mais do que um beijo estúpido
— Antes que tivesse a chance de protestar, seus lábios estavam
nos dela.

No início, Jessica lutou, chutando e batendo nele. Quando a


língua dele passou por cima do seu lábio inferior, ela perdeu a
luta, completamente. Ele saqueou sua boca, afundando os dedos
no seu cabelo. Ela engasgou e ele aproveitou para aprofundar o
beijo.

O capacete foi esquecido, e o ouviu cair no chão com um


baque. Ela nem teve tempo para pensar no capacete. A grande
mão dele cobriu sua bunda, agarrando-a com força.

Ela o beijou de volta, incapaz de controlar o desejo profundo


que estava se apoderando dela. Ele a segurou firmemente contra
ele, esfregando o pênis contra ela. O uniforme de enfermeira que
ela usava não escondia a excitação dele. Ele estava duro,
pressionado contra ela.

Snake interrompeu o beijo. Seus lábios deslizaram até a


orelha dela. — Aposto que, se eu colocasse a minha mão contra a
sua boceta, você estaria completamente molhada.

Ela ficou tensa, não querendo que ele a tocasse ou estivesse


em qualquer lugar perto dela. — E lá foi você e arruinou tudo —
Deu uma joelhada nas bolas dele, com raiva por ele ter arruinado
um beijo perfeitamente razoável. — Esse foi um beijo estúpido,
também. Você vai aprender a manter as mãos e os lábios para si,
Snake. Eu não os quero. Nunca quis.

Inclinando-se, pegou o capacete, colocando-o na cabeça.


Montando na moto, não lhe deu qualquer atenção quando saiu
do estacionamento do hospital. Jessica estava com raiva de si
mesma e com raiva do Snake por saber que sua boceta estava,
realmente, encharcada. Que tipo de amiga era ela que não podia
impedir seu corpo de responder a ele? Ele era um galinha do pior

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tipo. Desde que a Lydia tinha transado com ele, era tudo que a
Jessica ouvia ela falar. Snake isso e aquilo. Estava cansada de
ouvir sobre o maldito homem. Agora, ele estava beijando-a,
confundindo-a e a insultando.

Não, ela não se entregaria para esse homem horrível.

Estacionou do lado de fora da sua casa. Pressionando um


botão, esperou as portas da garagem abrirem. Estacionando seu
orgulho e alegria ao lado do carro, Jessica trancou a garagem
antes de entrar.

Viver sozinha tinha suas vantagens. Não precisava se


preocupar com o tempo livre que tinha, o que significava turnos
extras no hospital. Não havia, atualmente, nenhum homem em
sua vida e não precisava se preocupar em manter as pernas
raspadas o tempo todo.

Trancando a porta do andar de baixo, fez um chocolate


quente antes de ir para o andar superior até o banheiro. Morava
em uma casa de dois quartos que tinha financiado. Aos vinte e
nove anos, estava feliz com a forma como sua vida estava. Sem
estresse, sem caos, e sem motoqueiros.

Preparando um banho, colocou a xícara na borda da


banheira, perto das torneiras. Olhando fixamente para seu
reflexo no espelho, viu as manchas escuras sob os olhos. O sono
ia retirá-las, mas estariam de volta amanhã. Sua vida tinha se
tornado nada mais do que trabalho. Amava o seu trabalho e,
agora, ele era a sua vida.

Tirando o elástico do cabelo, tocou o comprimento do


cabelo. Nem um único fio cinza à vista. Não tinha estado com um
homem por um longo, longo tempo. Já fazia, pelo menos, um ano
desde que teve o último prazer de uma vida, um homem para
gozar. Possuía um vibrador, mas a experiência era patética, em
comparação.

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— Você não precisa do Snake. Você não o quer. Ele não vai
abalar o seu mundo, apenas causar problemas — Exalando o
fôlego que a fez franzir os lábios, balançou a cabeça.

Mais tarde, naquela noite, foi o nome do Snake que ela


gritou quando encontrou um alívio menos do que satisfatório.

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Capítulo Dois
Depois de ir para casa para tomar um banho, fazer a barba e
um lanche rápido, Snake voltou para o hospital, para liberar o
Dick. Era cedo, na manhã seguinte, sem nenhuma mudança no
estado da Judi. Olhando ao redor da sala, viu quão desesperados
todos estavam. Nenhum deles podia fazer nada para ajudá-la ou
ao Ripper. O outro irmão estava prestes a sair quando Devil
entrou pela porta com a Lexie e as crianças logo atrás dele. A
presença do Devil surpreendeu Snake. Ele devia ter se levantado
cedo o suficiente para as crianças se despedirem.

— Onde ela está? — Devil perguntou.

— Presidente, você chegou rápido.

— Eles não precisavam de nós em Fort Wills, por mais


tempo. Venha, vou encontrar a minha filha — Pegou o Josh do
colo da Lexie e a família se dirigiu para o balcão principal. Não
havia nenhum sinal da Jessica e Snake ficou chateado.

A pequena cadela lhe deu uma joelhada na noite passada e o


deixou deitado na neve. Não que ele não merecesse isso. Tinha
levado as coisas um pouco longe demais na noite passada.
Precisava aprender a aceitar o seu ritmo.

— Estou indo. Chame, se alguma coisa mudar. O Devil está a


bordo, agora, e não somos mais necessários — Dick falou.

— Eu vou ficar por aqui. Quero manter um olho nas coisas


— Snake bateu na parte de trás da cabeça do Dick, voltando para
a área da recepção.

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Vários irmãos estavam esperando, por lá. Alguns deles
estavam jogando nos celulares e Snake notou que vários
pacientes que atravessavam a porta tentavam ficar o mais longe
possível deles.

— Qualquer um pensaria que temos alguma doença ou


alguma outra merda — disse Snake.

— Nada, estão apenas com medo que poderíamos foder suas


esposas — Butler disse, sorrindo.

— Você ainda está acordado.

— Ainda estou acordado e aqui, esperando notícias. Vai


matar o Ripper, se alguma coisa acontecer com a Judi.

— Isso mataria todos nós, homem. Nossa Judi. Ela é


propriedade da gangue.

Butler assentiu. — Eu sei, mas é diferente para nós.

— Por quê? Porque não temos o nosso pau dentro dela? —


Snake fez uma careta, levantando a mão. — Merda, desculpe, a
falta de sono está me transformando em um monstro da porra.

— Nós não fodemos a Judi, mas o Ripper está apaixonado


por ela. Nós todos a amamos. Ela significa muito para todos nós,
mas não estamos apaixonados por ela. Tipo, como o Devil, se
algum dia perdesse a Lexie. Isso seria difícil para todos nós, mas
mataria o Devil.

— Não, nada pode afetar o Presidente.

— Então, você é um idiota — disse Butler. — O Presidente se


mataria e seguiria a Lexie. Me lembro da maneira como ele ficou
quando ela estava grávida da Elizabeth e, em seguida, do Josh.
Ele estava com muito medo de perdê-la. Isso o rasgou. Devil
morreria por ela.

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Snake se sentou pensando na época em que a Lexie estava
grávida. Foi difícil para todos da gangue, mas, especialmente,
para o Devil. — Sim, acho que você está certo.

— Sei que estou certo — Butler esticou as pernas, prendendo


os dedos atrás da cabeça. Sua camisa subiu, mostrando as
cicatrizes do consumo de drogas no passado.

— Você sente falta disso? — Snake tinha usado drogas nos


primeiros dias na gangue. Nunca gostou de acordar sem saber no
que tinha se metido. Acordar ao lado de uma mulher morta não
tinha ajudado. A mulher tinha morrido de overdose há mais de
quinze anos atrás. Isso o tinha abalado tanto que nunca tocou em
drogas novamente. Gostava de uma bebida, não de drogas.

— Estaria mentindo se dissesse que não. Às vezes, acho que


seria mais fácil simplesmente cair. Não me lembro de nenhuma
merda. Esta é a coisa mais difícil. Observar as pessoas que se
preocupam com você, sofrerem. Judi já sofreu o suficiente e,
ainda assim, aqui estamos. É o seu primeiro filho. — Butler parou
de falar, e Snake viu sua mandíbula se apertar. — Isto é o que eu
mais odeio. Esperar, observar, ver outros tentarem lutar e cair
aos pedaços. É uma merda assustadora, homem. E você?

— Não, não sinto falta das drogas. Tem sido assim por
muito tempo desde que usei, e não posso nem lembrar de como
era ficar louco.

— Você encontrou a sua loucura de outras maneiras, Snake.

— Encontrei?

— Sim, as brigas nas quais você entra. Bebida. Essa


enfermeira bonitinha que você está perseguindo.

— Não estou perseguindo uma enfermeira bonitinha —


Snake ficou tenso, olhando para as portas principais. Quando ela

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trabalharia de novo? A pequena cadela lhe devia pelas bolas
machucadas.

— Não? Você está sempre olhando para a porta. Ontem à


noite, estava esperando por ela, segurando seu capacete como
um cachorrinho apaixonado. Enfrente isso, Snake. Você sente
alguma coisa. Persegui-la está te dando essa euforia.

— Ela me deu uma joelhada nas bolas.

— A conquista seria um prazer para você, então — Butler


deu um tapa na coxa. — Tenho que mijar.

Balançando a cabeça, Snake resmungou, voltando-se para


olhar para alguns dos seus outros irmãos. Nenhum deles
prestava atenção. Saindo do hospital, pegou seus cigarros. Estava
frio e ele fechou o zíper da jaqueta de couro. Ele não conseguia
ficar lá, ainda não.

Inalando o cigarro, olhou em direção ao estacionamento a


tempo de ver um carro do qual se lembrava. Jessica estacionou
na parte de trás do estacionamento, bem quando o médico da
noite passada apareceu. Snake não conseguia se lembrar do
médico saindo. Observou, enquanto o bastardo estacionava ao
lado da sua pequena.

Snake não conseguia desviar o olhar, mesmo que quisesse.


Rangendo os dentes, esperou enquanto caminhavam em direção
às portas principais.

— Talvez pudéssemos tomar um café juntos — disse o


bastardo.

— Eu não acho

— Um café na hora do almoço. Não estou pedindo muito —


O médico continuou falando, embora Jessica parecesse estar
tentando escapar. Ela não o queria.

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— Ei, querida, já estava na hora de você aparecer — disse
Snake. Jogou o cigarro no chão, depois de arrancá-lo da boca.
Encurtando a distância entre ele e a Jessica, agarrou a parte de
trás do seu pescoço, puxando-a para perto.

— Você precisa pegá-lo — disse o médico, apontando para o


cigarro no chão.

Olhando para ele, Snake puxou Jessica mais para perto. — E


quanto ao café hoje, na hora do almoço? Estarei esperando, de
qualquer maneira.

— Nenhuma notícia sobre a Judi?

— Devil está lá em cima com ela, agora.

— Jessica, você vem?

— Estarei lá em um momento, Milford.

Snake esperou, mantendo posse da parte de trás do seu


pescoço. — Você pode tirar as mãos de mim, agora.

— Não penso assim. Você está sendo um pouco


complacente, e eu gosto disso.

— Você é um idiota.

— Então, iremos almoçar?

— Não, não iremos.

Snake a virou para que ela não tivesse escolha, além de


olhá-lo. — É o médico bastardo?

— Médico bastardo?

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— Sim, nem me importo de saber o seu nome. Ele vai vê-la
sozinha na hora do almoço. Por que você não quer tomar um café
com o perdedor, afinal de contas?

— Ele dá em cima das enfermeiras, e eu sou uma


enfermeira. Parece que ele decidiu me adicionar à sua lista de
conquistas.

Snake detestou o bastardo ainda mais. — Nós vamos tomar


café, então. Ele não vai continuar dando em cima de você.

— Por que você está me ajudando?

— Por que não?

— Você não é o tipo de homem que dá à uma mulher, uma


mão amiga.

— Você, realmente, tem uma baixa opinião sobre mim, não


é?

— Trabalho com o que eu sei, e não sei nada de bom sobre


você — Ela encolheu os ombros. — Você vai soltar meu pescoço,
agora?

— Não, gosto de segurar seu pescoço. Você está acreditando


no que lhe disseram — Ele acariciou os lados do pescoço dela,
apreciando a forma como se contorcia.

— Você está me irritando, Snake.

— Almoço?

— Tudo bem. Almoço, mas mantenha as mãos e os lábios


para si mesmo.

— Não vou chegar perto de você — Ele ergueu as mãos,


soltando-a.

25
Ela olhou para ele antes de se virar e entrar no hospital.
Butler podia, realmente, estar certo. Havia algo emocionante
sobre perseguir a enfermeira. Ela não estava cedendo nada, e ele
estava tendo que lutar por pequenos momentos com ela.

Tomando um lugar ao lado do Butler, viu que o irmão estava


sorrindo.

— Do que você está sorrindo?

— Poderia te perguntar a mesma coisa.

Balançando a cabeça, Snake se inclinou para frente,


apoiando os cotovelos sobre os joelhos.

— Devil, Ripper, Curse, Pussy, Death e, agora, você — disse


o Butler, sorrindo.

— De que diabos você está falando agora? — Perguntou


Snake.

— Seis irmãos apaixonados. Uau, nós seremos uma gangue


cheia de bocetas — Butler não conseguia parar de rir.

Ouvindo seu irmão rir, Snake tentou ignorá-lo. Não estava


se apaixonando pela Jessica. Não havia nada em seu interesse,
além de sexo. Não queria se envolver, ter filhos, ou compartilhar
sua vida. Uma transa simples era tudo o que queria, e ficaria feliz
com isso.

Devil desceu, parecendo mais velho do que quando subiu.


Levantando-se, todos os irmãos se reuniram ao redor dele.

— O que está acontecendo? — Perguntou Spider, falando da


parte de trás.

26
— Eles estão lhe injetando esteroides, preparando-a para
uma possível cesárea. Não conseguem manter sua pressão
arterial estável e isso é ruim, rapazes. É, realmente, muito ruim.
O Ripper vai precisar de vocês.

— Eu vou até a casa, pegar algumas coisas para eles — disse


Snake.

— Butler, você leva as crianças para o Vincent? Ele sabe o


que está acontecendo e manterá um olho em tudo. Onde está o
Pussy?

— Voltou para a sede do clube. A Sasha está gripada e ele


está cuidando dela.

— Ok, peça ao Death para lidar com os decoradores da boate


de strip. Quero que ela abra em fevereiro, no máximo — Devil
disse.

— Presidente, nenhum de nós se preocupa com o dinheiro.


A Judi precisa sobreviver a isso — disse o Curse.

Todos concordaram. A boate de strip e a renda que faria,


podia esperar. Um deles estava em perigo. Precisavam se
concentrar na Judi ficar bem e estar lá para o Ripper, quando
mais precisava deles. Eram todos uma família. Se eles a
perdessem, Ripper partiria, também. Todos chorariam a perda
da Judi.
****

Jessica terminou de imobilizar o braço de uma criança de


cinco anos que tinha rolado uma escada, com toda sua agitação.
Tansy estava ajudando o Milford com a Judi. Não sabia o que
estava acontecendo. Isso não devia incomodá-la, mas o fez.
Dando as instruções sobre os cuidados com o braço para a mãe
da criança, viu-as sair da sala, informando-lhes sobre onde ir.
Quando terminou, escreveu no prontuário e o levou até o balcão
principal. Os membros da Chaos Bleeds ainda estavam

27
esperando. Não viu quaisquer sinais do Snake. Agarrando outro
prontuário, chamou uma das mulheres.

— Eu não gosto deles no hospital — disse a mulher.

— Por favor, sente-se na cama — Olhando através do


prontuário, Jessica viu que ela estava tendo um pouco de dor
abdominal. Fez as perguntas necessárias, pressionado levemente
seu estômago. — Vou levá-la para fazer um raio-x.

— Isto é sério?

— Vou ver o que os raios-x dizem.

— Não, não sobre mim. Estou falando sobre o porquê de os


motociclistas estarem aqui. Eu adoraria saber.

A fofoca dos habitantes chateava Jessica mais do que


qualquer coisa. — Não posso revelar por que eles estão aqui.

— Gangues de motoqueiros são tão ruins e perigosas. Você


já viu as mulheres que ficam em torno deles? Elas são putas, de
todos eles. Não imagino estar perto deles, mesmo que fosse uma
espectadora.

Revirando os olhos, Jessica ajudou a mulher a sentar em


uma cadeira de rodas.

Meu trabalho é cuidar.

Jessica ouviu quando a mulher continuou a falar sobre tudo


o que odiava sobre motoqueiros e como eles estavam fazendo a
cidade de Piston County decair.

Jessica mordeu o lábio, indo para trás do escudo protetor,


enquanto o raio-x era disparado.

28
— Você tem uma tagarela hoje, Jess — Malcolm, o cara que
tirava as imagens, disse.

— Ela odeia motoqueiros.

— Sinto muito por eles — disse Malcolm. — Ouvi que uma


das suas mulheres está internada. Pré-eclâmpsia?

— Sim, eu sei — Jessica assinou alguns formulários,


guardando a caneta de volta no uniforme.

— Eles estão aqui, e têm mulheres como essas tornando


tudo difícil. Pelo que eu sei, eles pagam seus impostos e mantém
as coisas para si.

Jessica tinha ouvido falar muito mais do que isso, mas


manteve a boca fechada.

— Obrigada, Malcolm.

A mulher tinha gases, o que estava causando sua dor.


Chamou o médico, Milford, para receitar alguns laxantes e
descanso.

— Então, sobre o café?

— Vou tomar um café com o Snake. Desculpe — disse ela,


olhando para o relógio.

— Você, realmente, deve pensar com quem se associa —


disse Milford.

— E por que isso?

— A reputação do hospital.

Inclinando a cabeça para o lado, Jessica olhou para o


Milford. — Olha, posso tomar um café com quem eu quiser tanto

29
quanto você pode optar por foder quem você quiser. Se toca,
Milford. Você não vai entrar nas minhas calças.

Ele levantou uma sobrancelha. — Você vai me ameaçar de


assédio sexual?

— Não. Você não está me assediando, mas posso tornar sua


vida tão desconfortável quanto você pode fazer com a minha.
Pense nisso, Milford — Dando a volta, deu à mulher a receita, em
seguida, caminhou para a sala de recepção. Snake estava
esperando por ela. Estava cercado por vários irmãos.

Respirando fundo, caminhou até ele. — Café?

— Você decidiu tomar um, comigo, agora?

— Por favor, Snake. Não estou de bom humor.

— Você disse por favor?

— Então, vamos. Café — Não ficaria parada, esperando por


ele. Atrás dela, ela ouviu várias vaias seguindo-os.

— Onde é a cafeteria?

— No andar de cima, depois da enfermaria das crianças —


Ela tomou as escadas, não querendo ficar sozinha com ele no
elevador. Quando Snake estava a bordo, não parecia ser capaz de
manter qualquer foco sobre si mesma. Subindo os degraus,
estava ciente de sua presença no caminho, por trás dela.

Mordendo o lábio, tentou não imaginar se a sua bunda


parecia grande ou não.

— Você não tem que ficar atrás de mim — disse ela.

— Gosto de olhar para a sua bunda. Lide com isso.

30
Em um momento, estavam na cafeteria. Viu o Milford em
um canto com a Bernie, outra enfermeira, esguia e com cabelos
loiros.

Dando um suspiro aliviado, Jessica pegou uma bandeja. —


Escolha o que você quiser e eu vou pagar.

— Posso pagar o meu almoço.

— Eu sei, mas você está fazendo isso como um favor para


mim. Te devo essa — Pegou uma bandeja de lasanha, que parecia
cozida demais, uma grande fatia de cheesecake de chocolate, em
seguida, pediu um café preto forte.

Snake pegou dois hambúrgueres e batatas fritas, dois


cheesecakes, um cookie grande e um milkshake.

Pagou a mulher que os serviu antes de procurar uma mesa.


Evitando olhar para o Milford, se concentrou no homem à sua
frente. Snake acomodou o corpo grande. Ela não podia evitar de
olhar para os seus braços. Será que ele se exercitava? Seus
músculos pareciam duros e definidos. Não eram cobertos de
tatuagens, também. Ele tinha desenhos em seus braços, mas
nada que cobrisse os braços inteiros.

— O Doutor Bastardo continua olhando para você.

— Ele me ameaçou antes de eu vir aqui. Me avisou que eu


devia pensar sobre o tipo de pessoas com quem saio.

— E, ainda assim, você está aqui comigo.

— Não gosto de receber ordens.

— Você não gosta de autoridade?

31
— Não, não gosto. Eu costumava irritar meu pai o tempo
todo, e o meu irmão. Eles achavam que eu estava sempre à
procura de problemas.

— Onde estão os seus pais?

— Eles vivem na cidade. Meu pai é advogado, meu irmão,


médico. Minha mãe é dona de casa. Você?

— Eu não tenho pais, e não vou falar sobre eles.

— Oh, desculpe.

— Não se desculpe. Eu não me importo.

Ela não conseguiu desviar o olhar quando ele deu uma


grande mordida no hambúrguer. Suas mãos eram tão grandes e
poderosas de olhar. Dando uma mordida na sua lasanha, tentou
não estremecer com a comida excessivamente temperada.

— Isso é uma merda, você sabia? — Perguntou Snake,


engolindo.

— O quê?

— A comida. Este hambúrguer foi feito no século dezoito. Só


pode ser, porque está nojento.

Contra seu melhor juízo, ela começou a rir. Depois que


começou, não conseguia parar. Fazia tanto tempo que não achava
nada engraçado.

— Você me deve outro encontro. Você gostou do outro


encontro.

O riso parou instantaneamente.

— Eu não sei sobre isso, Snake.

32
— Você tem algum problema em estar comigo?

Lambendo os lábios, empurrou a massa para longe do


molho. — Não tenho nenhum problema com você.

— Então, com o que você tem problema? Perguntou. — Com


a Lydia?

— Ela é minha amiga.

— Sua amiga é um pouco anormal. Ela ficava tentando me


bater e me transformar na sua cadela. Eu não transaria com ela
novamente, mesmo se a minha vida dependesse disso.

Jessica não queria pensar sobre sua amiga e no seu súbito


interesse em BDSM. Ela sabia que a Lydia estava lendo livros e
assistindo a vídeos on-line, mas, realmente, dar um tapa em
alguém? Lydia não golpearia com a força de um dominador, mas
não queria saber nada sobre a vida sexual da sua amiga. Já devia
ter sabido. Quem namora um cara que atende pelo nome de
Mestre?

— Eu, humm, não sei o que dizer sobre isso.

— Como você tem amigas como a Lydia? Ela é uma


aberração — e onde ela trabalha?

Rindo, olhou fixamente para o Snake. Ontem à noite, gozou


gritando o seu nome e, agora, estava almoçando com ele.

— Eu não sei, o que você quer de mim?

— Eu quero que você me dê uma chance.

— Você fode mulheres e as esquece — Jessica empurrou a


lasanha de lado, não querendo a comida. Em vez disso, decidiu
comer o cheesecake.

33
— Você acredita em amor e almas gêmeas?

— Não, eu não acredito.

— Você acredita em diversão?

— Snake, aprecio você ter almoçado comigo. Agradeço, mas


isso não vai a lugar nenhum.

— O que há com a Lydia, agora? Ela ainda está atrás de


mim?

O Natal inteiro, a Lydia tinha falado sobre o Snake. Agora,


tinha um novo homem na sua vida. Jessica não sabia o seu nome,
mas ela sempre o chamava de mestre. Era uma coisa estranha,
mas Jessica não estava interessada em se meter entre sua amiga
e a sua felicidade.

— Não acho que ela ainda esteja te aguardando. Ela seguiu


em frente. Eu acho — Tinha passado uma semana desde que
tinha falado com a Lydia. Jessica era uma amiga horrível.
Quando terminasse o almoço, ligaria para Lydia.

— Então, me dê uma chance.

— Podemos mudar de assunto? — Não queria dar uma


chance para ele. Sim, acreditava em diversão, mas com o Snake?
Não queria se envolver com ele.

— Vou derrubar esse pequeno muro que você construiu,


Jessica.

Ela não disse nada. Almoçaram e falaram sobre a Judi e o


que poderia acontecer. Quando acabou, Jessica estava triste por
se afastar do Snake.

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Saindo do hospital, discou o número da Lydia. Foi direto
para a caixa postal.

— Ei, Lydia. Estou com saudade. Por favor, me ligue quando


você puder — Desligando o telefone, Jessica soltou um suspiro.
Este seria um longo dia.

****

— Espere, o que você quer dizer? — Devil perguntou.

— Precisamos prepará-la para uma cesárea, imediatamente.


O bebê está em stress e o estado da Judi está piorando. Se
demorarmos muito, temo que ela entre em coma — disse Milford.

Olhando pelo visor na porta do quarto do hospital, Devil viu


o rosto pálido da Judi. Ela estava descansando contra os
travesseiros, mas estava muito fraca para segurar, sequer, a
máscara de oxigênio em sua boca.

— Ainda faltam dez semanas — disse Ripper. — O bebê pode


morrer?

— Temos uma unidade neonatal brilhante aqui. Eu garanto.


Seu filho terá todos os cuidados.

Devil olhou para o Ripper. Ele viu a dor, a confusão, o


medo, tudo passando no rosto do homem. Esta não era uma
decisão que tinha que tomar.

— Existe alguma chance dela melhorar? —Ripper


perguntou.

— Há uma chance. Muito pequena e, na sua condição,


improvável. Posso esperar por mais algumas horas

— O que poderia acontecer nessas horas? — Disse Devil.

35
— Como eu disse, ela poderia piorar.

Eles não podiam esperar ela ficar pior. Era uma chance de
cinquenta por cento. Fechando os olhos, os esfregou, sentindo-se
anos mais velho do que realmente era.

— Eu vou lhe dar um momento para tomar uma decisão.

— Devil, eu não posso fazer isso.

— Ela é sua mulher. Sua vida está deitada naquela cama.


Você tem uma escolha, fazer a cesárea ou não — Devil engoliu o
caroço que se formava em sua garganta. — Nenhuma dessas
opções lhe dá um grande resultado. Você pode perder a Judi ou o
seu filho, ou ambos.

Ripper se virou, batendo o punho contra a parede. — Eu não


posso fazer isso. Não posso perder nenhum dos dois, Devil.

— Então, tome uma decisão. Esta escolha é sua.

Devil sabia o que ele ia fazer. Ele nunca arriscaria sua


mulher. Lexie sabia e o odiava por isso, se ele precisasse fazer
uma escolha, salvar seu bebê ou salvar sua mulher, ele a salvaria.
Eles argumentaram sobre isso bastante vezes.

— Eu não posso perdê-la. Eu não me importo com a criança,


se não a tiver.

— Então, tome a decisão — Devil conteve o alívio enquanto


observava o Ripper chamar o médico de volta.

— Faça a cesárea. Salve a minha mulher, está me ouvindo?

— Vamos fazer isso, agora. Bernie, leve este homem e o


prepare para entrar com sua esposa.

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Devil puxou a Lexie para longe da equipe, enquanto eles
trabalhavam na Judi. Sua garota estava desaparecendo, ficando
mais fraca por causa do bebê dentro dela.

— Eu entendo o que você quer dizer — disse Lexie.

— O que, baby?

— Eu sei que não sou muito mais velha que a Judi, mas ela é
nossa. Eu não deixaria o Ripper matá-la, por causa do bebê. Eu
não conseguiria.

— Então, é melhor você parar de discutir — disse ele.


Beijando sua cabeça, viu as enfermeiras começarem a preparar a
Judi. Não podia perdê-la agora. Ela merecia viver uma vida
plena, com a criança deles.

37
Capítulo Três

Todo mundo no hospital ficou tenso quando o Devil lhes


deu todas as notícias. Judi faria uma cesárea. As mãos do Snake
tremiam quando começou a andar pelo hospital. Passava das
sete, e não tinham ouvido nenhuma notícia.

— O que vai acontecer com o bebê? — Mia perguntou. — São


dez semanas mais cedo. Vai partir o coração da Judi se alguma
coisa acontecer com ele.

Eles não sabiam o sexo do bebê, pois queriam que fosse uma
surpresa.

— Ela vai passar por isso. Ela é forte — Isso veio do Dick,
que estava sentado em um canto.

Estavam todos tensos, enquanto esperavam para descobrir


o que estava acontecendo.

Quando não podia mais suportar o silêncio, Snake saiu do


hospital para fumar. O frio lhe acertou e, quando levantou a
cabeça para olhar para o céu, esqueceu tudo sobre os cigarros.

— Você já soube de alguma notícia? — Jessica perguntou.

Abrindo os olhos, viu quando a mulher que se recusava a lhe


dar uma chance, caminhar em sua direção. Ela segurava uma
caixa grande em seus braços.

— O que você está fazendo? — Perguntou. Ela não estava


usando uniforme. O cabelo solto se derramava em torno dela em
ondas exuberantes.

38
— Não queria que você comesse hambúrgueres do século
XVIII. Fui até o restaurante na cidade. Pensei que todos vocês
podiam comer alguma coisa — A caixa parecia pesada. Dando um
passo à frente, foi ajudá-la com a caixa, mas Jessica a segurou
com força. — Por que você está aqui?

— O Bernie me contou o que estava acontecendo. No


caminho para a saída, vi todos vocês esperando — Ela não olhava
para ele. — Deixe-me ajudá-lo, Snake.

Queria saber mais sobre ela, mas decidiu o contrário.


Tomando a caixa dela, entraram no hospital. Quando uma das
mulheres atrás do balcão da recepção tentou impedi-los de
comer, os irmãos a silenciaram com um olhar.

Snake observou enquanto a Jessica entregava


hambúrgueres e café. Tudo estava embalado e, ainda, quente.
Uma vez que distribuiu tudo, se sentou ao lado dele. Ele deu uma
mordida, gemendo diante carne suculenta.

— Você ainda me deve um encontro.

— Tudo bem, — disse ela, não discutindo mais.

— Você está me confundindo.

— Não fale sobre isso. Estou bem confusa, agora. Prometi a


mim mesma que ficaria longe.

— Então, por que está aqui?

— Todo mundo precisa de um amigo em um momento como


este.

— Estou cercado por amigos. E não preciso de você.

39
— Por que você sempre me persegue, se não precisa de
mim? — Perguntou ela, disparando uma pergunta de volta para
ele. — Todos nós precisamos de alguém, Snake.

— Você deixou claro que não precisa de mim.

O resto do hospital sumiu enquanto olhava para ela. Era a


mulher mais bonita que ele já tinha visto. Seu cabelo negro caía
até a cintura, e ele podia se imaginar envolvendo o comprimento
em torno do seu punho enquanto a fodia com força. Apostaria
cada centavo em seu nome que ela tinha uma boceta apertada,
toda molhada também. Seus olhos azuis o mantinham cativo. O
que ele mais amava era quando ela passava a língua no lábio
inferior, o que o deixava louco.

— Eu quero ficar aqui.

Pegou a mão dele, entrelaçando os dedos. Ele não gostou da


emoção que sentiu diante do seu toque. Nenhuma mulher o tinha
atingido assim. Ele era como uma cobra. Abatia suas presas
quando menos esperavam.

Não se afastou. Apertando sua mão, eles se sentaram juntos


e esperaram.

— Vocês terão notícias em breve — disse ela.

Vinte minutos se passaram antes que o Devil saísse. — Ela


está viva — disse ele. — Está estável, e sua pressão arterial está
baixando.

A gangue inteira deu um suspiro de alívio.

— O que ela teve? — Mia perguntou. —E o bebê?

— Ele está na UTI neonatal, no momento. O Ripper disse


que ele nasceu gritando, mas está sobrecarregado. Eles o
colocaram no oxigênio, e o manterão em observação.

40
Snake não sabia o que dizer.

— Vocês todos podem ir visitá-la, dois de cada vez — disse


Devil.

— Uau, alguém deve ter assustado o médico.

— Por quê? — Perguntou Snake.

— Só à família é permitida a visitação em um momento


como este.

— Olhe ao seu redor, Jessica. Nós somos a sua família mais


próxima. Ninguém vai se livrar de nós.

— Eu vejo isso — Ela sorriu.

— Snake, você vem? — Perguntou Devil.

— Vá — disse Jessica. — Vou estar aqui quando você sair.


Não vou fugir.

Balançando a cabeça, ele soltou sua mão, sentindo falta do


toque no momento em que saiu. Ele caminhou ao lado do Dick.
Curse e a Mia caminhavam na frente deles.

— O Ripper foi ver o bebê? — Perguntou Snake.

— Não. Ele não quer vê-lo, ainda não.

— Este vai ser um longo caminho para o rapaz — disse Mia.

— Estamos todos aqui, para eles. Este foi um susto danado.

Sentando do lado de fora com o Dick, esperaram o Curse e


Mia para entrar.

41
— Caralho, estes devem ser os dias mais difíceis — disse
Dick.

— Ainda pode ficar pior — Snake se inclinou sobre os


joelhos à espera da sua vez de ir ver a Judi.

— Sim, pode.

Nenhum deles falou enquanto enfermeiros e médicos


passavam. Escutou a comoção tranquila do que estava
acontecendo ao seu redor. Snake não gostou; na verdade, odiou.

Curse e a Mia saíram, e Snake se levantou e caminhou para


dentro do quarto. Lexie estava sentada em um lado, enquanto o
Ripper estava do outro lado, tão perto quanto podia ficar da sua
esposa.

— Ei — disse a Judi, sorrindo.

Ela parecia fraca e cansada.

— Ei — disseram Snake e o Dick, ao mesmo tempo.

— Sinto muito por assustar vocês.

— Como está se sentindo, agora? — Perguntou Snake,


segurando as barras no pé da cama.

— Estou esperando o efeito da peridural passar. Não consigo


sentir os pés nem as pernas. Estou paralisada da cintura para
baixo. E vou ficar com uma cicatriz horrível — Esticou o lábio
inferior fazendo beicinho. — Estou tentando convencer o Ripper
a ir ver o nosso filho.

— Não vou a lugar nenhum sem você.

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— Você gostaria que eu fosse vê-lo? — Perguntou Snake. —
Eu posso levar a Jessica. Ela podia me dar um resumo de toda
essa merda. Tirar uma foto, se tiver autorização.

— Você faria isso? — Perguntou Judi, sorrindo. — Eu,


realmente, gostaria de vê-lo novamente.

— Vou fazer isso agora.

— Obrigada.

Saindo do quarto, Snake foi buscar a Jessica. Ela estava


lendo um livro quando ele entrou na sala de espera.

— Você acabou?

— Não, preciso que você me leve até a unidade neonatal.


Judi quer uma foto da sua criança.

— Snake, eu não acho que eles permitiriam.

— Eu não pedi a sua permissão. Judi precisa ver o filho. Por


favor — Ele iria além de implorar pela Judi.

— Ok, ok, vou ajudar — Ela ficou de pé, pegando sua mão.
Caminharam em direção às portas. Movendo-se atrás dela, a
seguiu. Ripper saiu do quarto quando entraram.

— Pensei que você não ia vê-lo — disse Snake. O som do


choro do bebê o afetou bastante.

— Não consigo vê-lo, mas tenho que registrá-lo. Vou voltar


direto para a minha mulher — Ripper foi embora antes que
pudesse dizer qualquer coisa.

— Deve ser difícil para ele.

— Acho que sim. Ele está se sentindo culpado.

43
— Como você sabe? — Perguntou Jessica.

— Eu conheço o Ripper, e sei o que ele está sentindo. No


momento, está zangado com o bebê por colocar sua mulher em
risco.

— Mas isso é uma estupidez — disse Jessica.

— É? Judi é o amor da vida do Ripper. Ele arriscou tudo por


ela e, agora, quase a perdeu. Ripper não consegue ir ver o filho
até que a raiva se vá — Snake se dirigiu para fora do quarto,
acenando para a mulher. A enfermeira os levou na direção do
bebê do Ripper. Ele estava em uma incubadora, ligado a uma
máquina.

A visão fez com que qualquer raiva que o Snake tinha,


desaparecesse. Este indivíduo pequeno seria amado por todo o
clube.

— Como alguém pode estar zangado com ele? — Perguntou


Jessica.

— Não é direcionada a ele — disse Snake, tentando mudar


seu comentário anterior. — É o que ele podia ter feito —
Pressionando os dedos no vidro, soltou um suspiro. — Ele é tão
pequeno.

— Ele veio dez semanas mais cedo. Vai ficar aqui por
semanas, talvez, meses.

— Porra, não achei que seria tão pequeno.

— O que você achou? Que ele seria um homem crescido para


que você pudesse lutar com ele por ferir a Judi?

— Não, não achei — Se virou para olhar para a Jessica.


Lágrimas brilhavam em seus olhos. — O que é isso?

44
— Nada. Eu só odeio ver bebês assim.

Snake não gostou da maneira como se sentiu ao


testemunhar sua transformação. Mulheres chorando geralmente
o irritavam, e queria sair das suas vidas. Este não era o caso com
a Jessica. Agarrando sua nuca, a puxou para perto, depositando
um beijo na sua testa. — Está tudo bem.

— Ele é tão pequeno.

— Sim, é. Vai ser grande, em breve. Posso tirar uma foto


dele? — Perguntou Snake. Não queria soltá-la.

— Desde que você não tire de qualquer outra pessoa ou dos


outros bebês, vai ficar tudo bem.

Pegou o celular. Acessando a câmera, tirou várias fotos. Seu


coração se partiu diante do pequeno bebê ligado às máquinas.
Quando terminou, pegou a mão dela, levando-a para longe.

— Venha comigo. Só quero mostrar à Judi as fotos.

Caminharam para fora da unidade neonatal. — Você acha


que eu devo subir?

— Sim. Você vai vir comigo.

Ele não a deixou sair enquanto caminhavam até o quarto da


Judi. Spider e o Dime estavam dentro do quarto, desta vez.

— Já tenho as fotos — Soltou a Jessica por tempo suficiente


para entregar à Judi o seu celular.

****

— Ele é tão bonito — disse Judi, sorrindo para o telefone.


Jessica observou a jovem mãe, desejando com todo seu coração

45
que nada desse errado. Este foi o único dia em que saiu do
trabalho mais cedo e, agora, estava de volta, porque não
conseguia ficar longe. Lydia não estava atendendo o telefone e, já
que ela não atendia o telefone, Jessica não sabia por que devia
ficar longe do Snake.

— Fique com o telefone — disse Snake.

— Você tem certeza?

— Sim, olhe esse cara pequeno.

— Ripper, você tem que ir vê-lo.

Jessica não conseguia ficar para assistir mais. Quebrou seu


coração. Era por isso que ela trabalhava na emergência, tratando
casos que eram fugazes, e não casos como os da Judi.

— Jessica, espere!

Ela continuou andando precisando sair para tomar ar


fresco. Os irmãos não olharam para cima quando passou por
eles. Apenas o Snake, que chamava seu nome, a seguiu. Pegou as
chaves no bolso, determinada a sair do hospital. Não cairia nos
seus truques. Estava farta. Não queria se apaixonar por um
motociclista, um motociclista galinha.

— Você vai parar? — Ele agarrou seu braço, pressionando-a


contra o carro.

— O que você está fazendo?

— Pare onde está ou vai se matar. Você não está em um bom


estado de espírito para dirigir. — Pegou as chaves dos seus dedos.
— Vou te levar para casa.

— Eu posso dirigir sozinha.

46
— Eu não vou deixar.

Abriu a porta, ajudando-a a entrar. Jessica já não via por


que brigar. Ele ia conseguir o que queria, de qualquer maneira.

Rangendo os dentes, viu quando ele reajustou o banco, de


modo a ficar confortável atrás do volante. Ela não gostou, e não
gostava dele.

Você o quer.

Ele foi o primeiro homem, depois de um longo tempo, com a


qual, realmente, quis transar. A única razão pela qual não tinha
estado com alguém no ano passado foi porque não queria.

— Eu sei onde você mora.

— Eu me lembro — Descansando a cabeça na mão, ela olhou


para fora da janela. Já estava escuro e ela só queria ir para casa.
Esta era sua rotina, chegar em casa antes do dia seguinte.

Se lembrou do beijo dele, tanto que a assustou. Ninguém


deve ter tanto poder sobre alguém com um único beijo.

— Você vai explicar o que foi tudo isso?

— Não. Não gosto de ver crianças nesse estado ou qualquer


coisa assim — Passou a língua nos lábios.

— Alguma vez já teve filhos?

— Não. Nunca tive filhos ou fui casada. Não sou o tipo de


pessoa que sossega. Só tive um relacionamento constante com
um homem e, então, decidi terminar.

— Ah é, o que aconteceu?

47
— O cara era um babaca e, depois que testemunhei ele em
ação, eu o odiei. Ele fodia tudo o que andava. Isso o faz lembrar
de alguém?

— Não estou lhe oferecendo o para sempre.

— Você não está me oferecendo nada além de uma amizade


prejudicial.

— Lydia não tem nada a ver com isso. Aquela mulher é


estranha. Você não precisa sair com ela.

— O quê? Sairia com você, em vez disso? Talvez, com as


garotas da gangue? — Jessica bufou. — Acho que não. Não tenho
nenhuma intenção de ser alguma coisa para você, Snake.

Ele parou na frente da sua casa. Descendo, ela clicou no


controle da garagem, seguindo-o para dentro. Ele estacionou o
carro do lado da sua moto. Ela amava sua preciosa motocicleta.
Era a única coisa que amava neste mundo.

— Obrigado por dirigir para mim até em casa.

— Eu poderia tomar um café? Está frio lá fora. Estou com


sede e tenho que voltar para o hospital.

— Tudo bem, vamos lá — Abriu a porta que levava até a casa


dela. Acendendo a luz, se certificou que as portas estavam todas
trancadas antes de ir em direção à cozinha. Ignorar sua presença
era a opção mais segura, agora. Não confiava em si mesma para
ficar sozinha com ele ou para fazer qualquer coisa com ele.

— Sua casa é bonita — disse ele.

Olhando fixamente para o reflexo dele na janela,


rapidamente, desviou o olhar. Ele era tão alto e musculoso. O
tamanho dele fazia sua casa parecer tão pequena.

48
— Obrigada.

Colocando a chaleira no fogo, olhou para suas mãos e as viu


tremendo. Que diabos havia de errado com ela?

Alcançando o armário, engasgou quando a mão do Snake


envolveu a dela, mantendo-a imóvel.

— O que você está fazendo?

— Eu sei o que está errado.

— Sim?

— Sim. Você quer isso, e isso te assusta. Você tem algum


tipo de código moral elevado e a verdade é que você me quer.

— Meu Deus, que ego — Se virou, com ele ainda a


segurando, e desejou que não tivesse. Ele estava perto, tão perto
que não era capaz de olhar para longe dele. — O que você está
fazendo?

— Você está com medo de que isso vá ser mais do que sexo.

— Eu não vou transar com você.

— Não?

— Não — Estava lutando contra suas próprias necessidades.


Sua vagina estava escorregadia, gotejando, e tudo o que ele
estava fazendo era tocá-la. Quando pensava no pior sobre ele, era
mais fácil, tão fácil. Vê-lo vulnerável, junto com a gangue, tornou
isso difícil para ela. Snake mostrou muito mais do que deixava as
pessoas enxergarem. Ela tinha visto aquele pequeno bebê, e viu o
amor nos olhos do Snake. Ele a fez desejar ter alguém para olhar
para ela com tanto amor e devoção. Tinha deixado tudo isso para
se tornar uma enfermeira.

49
Jessica odiava distrações, e os homens eram, apenas,
distrações para ela.

— Baby, você está mentindo para si mesma. Você acha que


Lydia ia se segurar, agora? Você acha que se ela encontrasse um
homem que quisesse, se seguraria?

Não gostava para aonde isso estava indo. — Isso não é da


sua conta.

— Não? Aposto que ela estaria montando qualquer pau que


quisesse, muito bem. Essa amizade que você acredita estar no
meio de algo, é uma mentira. Você é a única que a sente.

Ao longo de tudo, sabia que era verdade, mas não queria


acreditar. — Você tem que ir.

Os muros que ela construiu estavam desmoronando. Queria


o Snake, não para sempre — apenas por um momento. Ele
apertou a mão dela contra o armário, fechando os dedos em
torno do seu pulso. Passando os dedos pela sua bochecha, Jessica
não lutou com ele quando foi até o seu peito. — Me diga para
parar, porque você quer que eu pare. Não me afaste por causa de
algum estúpido acordo entre amigas ou por causa de como eu
era, antes de você. Me dê uma chance.

Lydia foderia quem quisesse. Não haveria uma única


preocupação com o que a Jessica queria. Snake estava certo. A
única pessoa com a qual a Lydia realmente se importava, era com
ela mesma. Jessica odiava admitir a verdade, mas era um fato.
Entre a sua lealdade com a Lydia e suas reservas sobre o Snake,
não sabia mais o que a detinha. Não estava procurando
compromisso, então por que o seu passado a incomodava?

Ele tinha se entranhado na sua pele, e não conseguiria


seguir em frente até que o tivesse. Sua outra mão estava livre.
Estendendo a mão, acariciou o pênis duro. Olhando em seus
olhos, Jessica quebrou o resto dos muros.

50
— O que é que vai ser, Jessica?

— Estou com a minha mão no seu pau. O que você acha que
vai ser?

— Não estou interessado em uma mulher que vai alegar


estupro, depois — Sua voz ficou um pouco mais grossa enquanto
falava. Enfiando a mão dentro do seu jeans, ela o segurou. Não
havia nada pequeno nele. Quando finalmente a pegasse,
empurrando o pau dentro dela, ia doer. Ele era grande, maior do
que qualquer homem com quem já tinha estado.

— Eu não vou alegar estupro. Não sou esse tipo de mulher.


Eu quero isso. Você quer isso, e estou cansada de lutar. Você está
certo, a Lydia foderia com você, se ela quisesse, eu gostando ou
não — Ela já tinha feito isso muitas vezes antes, no passado.
Jessica nunca usou isso contra ela, mas, raramente guardava
alguma coisa contra alguém. O Snake era diferente. Ele foi o
primeiro homem com o qual já tinha ficado zangada por causa da
Lydia.

Por vários segundos nenhum dos dois falou ou fez qualquer


coisa. Snake olhou para ela, e ela olhou de volta. Ele estava
acostumado a conseguir o que queria, e queria isso. Ela queria,
também. De jeito nenhum, ia passar mais uma noite, gritando o
nome dele em um clímax insatisfatório.

Os dedos no seu peito começaram a desabotoar a camisa


que ela usava. Ainda não tinha desviado o olhar, enquanto
acariciava seu pênis. Ele empurrou a camisa de lado, segurando
sua mão acima da cabeça.

— Você vai me soltar?

— Não, gosto de ter você presa. Vou precisar comprar uma


corda para a minha cama.

51
Ela sorriu, gritando quando ele abaixou a cabeça contra o
seio. Ele chupou o mamilo através do tecido rendado do sutiã.
Ela usava um sutiã branco combinando com uma calcinha de
renda. Lingerie era uma das suas maiores fraquezas.

Ele se moveu para o outro seio, sugando a ponta.

— Seus peitos são tão grandes. Eles preenchem as minhas


mãos perfeitamente. Quero vê-los saltar na frente do meu rosto
enquanto te fodo com força.

Ela alcançou seu pescoço, agarrou seu cabelo e o puxou. Ele


teve que parar de falar. Soltou a mão dela, segurando-a e
prendendo-a entre o balcão e o seu corpo rígido. Suas mãos
estavam por toda parte, em seu cabelo, descendo pelas costas.
Não segurava nenhuma parte dela, mas se mantinha tocando-a
em todos os lugares. Ela não conseguia se concentrar, nem se
importava.

Largou o seu pênis e abriu o cinto da sua calça jeans. Ao


mesmo tempo, ele empurrou o jeans para baixo das coxas. O
tecido áspero raspou ao longo da pele no processo. Ela não se
importou com a pontada de dor. Ele a levantou sobre o balcão
como se ela não pesasse nada. Suas pernas estavam abertas, e ele
arrancou a calcinha. Seus dedos deslizaram através do seu
núcleo, e ele enfiou um dedo dentro dela.

— Você está molhada pra caralho, baby.

— Vá em frente. Você precisa de um preservativo — Ela


ofegou. O menor toque do seu dedo e ela estava pronta para
entrar em chamas. Ele alcançou a calça jeans, enfiando a mão no
bolso de trás. Viu quando ele jogou, pelo menos, quatro em cima
da mesa, enquanto estava usando a quinta para deslizar sobre o
pau. Não queria pensar no porquê de ele ter tantos preservativos.

Vê-lo colocar a camisinha sobre o pênis a excitou. Ele ainda


usava a camisa e a dela estava aberta, revelando o peito.

52
— Você não quer preliminares, baby? — Perguntou.

— Não. Só quero o seu pau dentro de mim.

Ele alinhou a ponta com a sua fenda. Ela olhou para ver
quão grande ele era. Com um impulso chocante, metade do seu
pau estava dentro dela. Jessica não conseguiu deixar de gritar.
Ele era enorme, e não havia nenhum outro lugar para ir.

Snake a estava deixando muito ciente do fato de que não


tinha relações sexuais há muito tempo.

53
Capítulo Quatro

A boceta da Jessica era a mais apertada na qual já teve o


prazer de entrar. Snake rangeu os dentes enquanto ainda se
segurava dentro dela. Ela estava tendo problemas para acomodá-
lo. Seu pau não era pequeno. Segurando-a, agarrou a bunda dela,
puxando-a para a beirada do balcão.

Lentamente, deslizou os últimos centímetros dentro dela.

— Olhe para nós, Jessica. Olhe para o meu pau.

Ela abriu os olhos, que tinha fechado quando ele começou a


penetrá-la. No momento em que olhou para eles, juntos, sua
boceta o apertou ainda mais.

— Caralho, baby.

Começou a pressionar dentro e fora dela, uma e outra vez,


minúsculos e pequenos impulsos para que pudesse desfrutar das
vibrações da sua vagina. Ela se segurou no balcão, movendo os
quadris e trepando com ele.

— Não é o suficiente. Preciso que você me foda.

Ela tinha enrolado as pernas em volta dele, mas, agora,


baixou-as no chão. Ele saiu dela apenas para ser surpreendido
quando ela o empurrou para uma cadeira. Snake mal teve a
chance de esperar. Ela montou no seu colo, segurando seu pênis
enquanto o empurrava para dentro da sua vagina. Jessica era a
primeira mulher a assumir a liderança, ao transar com ele. As
prostitutas do clube faziam o que mandava. Ele queria jogá-la

54
sobre a cama ou incliná-la sobre uma superfície próxima, para
tomá-la por trás.

Com as putas, não precisava pedir. Elas estavam lá pelos


paus do clube, nada mais.

Jessica gritou enquanto tomava a totalidade do seu pênis


quando desceu sobre ele. Agarrando sua bunda, ele xingou. —
Você o tomou fodidamente fácil — Não queria machucá-la, e isso
foi uma surpresa para ele. Haviam muitas mulheres por aí com
as quais nunca se preocupou com o que faziam para si mesmas.
Fora do hospital, olhando para ela, de pé sobre o solo congelado
sem nenhum cuidado com sua própria segurança o tinha
chateado. Não gostava do jeito que estava se comportando com
ela. Havia algo de possessivo em sua necessidade de estar com
ela. Ela assolava seus pensamentos.

— Qual é o problema, Snake? Nunca teve uma mulher o


fodendo, antes? — Puxou os cabelos na parte de trás do seu
pescoço, cavalgando seu pau.

Empurrando dentro dela, segurou firmemente a sua bunda.


Haveriam marcas roxas por causa da força do aperto em seu
traseiro. — Você quer o meu pau? Tome tudo — Ele a puxou para
baixo, enquanto a fodia. Deu tudo para ela, sua força e o
comprimento total do seu pênis. Ela não recuou, gritando e
cravando os dedos nos seus ombros.

— Por favor, quero gozar.

Ele a puxou para fora do seu pênis, colocando-a sobre a


mesa redonda. Não era muito grande, mas era o suficiente.
Girando na cadeira, chupou o seu clitóris. Ela gritou o seu nome.
Enfiando dois dedos dentro da sua boceta apertada, quase deu a
ela um AVC, ao atingir seu ponto G. Ela começou a empurrar
contra sua boca. Pressionando uma mão na sua barriga, a
manteve em cima da mesa, certificando-se que ela não se

55
movesse. Abandonando o clitóris, deslizou a língua para
substituir os dedos.

— Caralho, sim, caralho — disse ela, ofegante.

Ela estava encharcada, e seu fluido era o mais doce que já


tinha experimentado.

— Goze para mim, Jess — Ele passou o polegar sobre seu


clitóris, fodendo sua boceta. Em poucos segundos, ela gozou,
gritando seu nome. Nunca esqueceria o som do seu nome nos
lábios dela.

Antes que seu orgasmo terminasse, ele a virou, para que


ficasse inclinada sobre a mesa com a bunda no ar. Correndo as
mãos sobre as bochechas arredondadas, abriu-as para dar uma
olhada na sua bunda e na boceta.

Sem esperar, deslizou a camisinha que cobria seu pau na


boceta gotejante. Envolvendo seu cabelo em torno do punho,
puxou-o, de modo que ela foi erguida da mesa. Socando cada
centímetro do seu pau dentro dela, ele a manteve assim.

— Vou foder você, baby. E quero que você grite o meu nome.

Desejou que houvesse um espelho para que pudesse ver o


quão sexy ela parecia sob seu controle. Dando um tapa na bunda
dela, a penetrou com força. Dando golpes em suas nádegas com
as mãos, ele a fodia forte, dando-lhe cada centímetro do seu pau.
Não conseguia mais parar desde o momento em que começou.

Ela implorou por mais, e deu a ela. Desde o primeiro


momento em que se encontraram no hospital, depois, o encontro
e, agora, isso, tinha sido construído. Nenhum deles podia negar a
atração que ambos tinham, claramente, um pelo outro. Ele não
queria negar. Snake precisava trepar com ela para tirá-la da
cabeça. Não conseguia pensar sobre o que isso significava ou o

56
que ele queria. Isso era sexo. Nenhuma mulher jamais
conseguiria nada com ele, além de sexo.

A mesa começou a se mover com a força dos seus impulsos.


Ele não ia aguentar. Xingando, bateu dentro dela mais duas
vezes, enchendo o preservativo com seu esperma. Foi o orgasmo
mais explosivo da sua vida. Sentiu-se totalmente drenado.

Inspirando profundamente, lentamente soltou seu cabelo,


reclinando-a na mesa. Seu pau ainda estava se contorcendo
dentro da sua vagina. Os sons em torno deles eram os das suas
respirações pesada. Odiou ter que sair da sua boceta apertada.

Jessica não permaneceu lá. Ela levantou, inclinando-se para


pegar a calça jeans. Ele viu que ela estava tremendo.

Que diabos tinha acontecido?

— Você pode sair sozinho?

— Jess — falou, pasmo, o nome dela. Não tinha a menor


ideia do que dizer.

— Tranque a porta.

Ela não olhou para trás, em direção a ele. A chaleira tinha,


há muito tempo, fervido. Ele não queria deixar as coisas assim.

Assistindo sua saída enquanto ela continuava a não olhar


para ele, se amaldiçoou, chateado. Por que ela não estava
olhando para ele?

Pegando a calça jeans, puxou-a sobre o corpo. O


preservativo ainda estava no seu pau. Puxando-o, amarrou-o,
jogando-o no lixo. Lavou as mãos, em seguida, por algum motivo,
limpou a mesa. Snake não era do tipo doméstico e, ainda assim,
não podia sair. Não estava com o celular, estava com a Judi,
porque tinha as fotos do seu filho, e não queria chamar um dos

57
irmãos para buscá-lo. Se alguém precisasse dele, iam encontrá-
lo. A gangue tinha visto ele correr atrás da Jéssica. Não
demoraria muito para que o encontrassem.

Fez um café para os dois, procurando pelos armários para


encontrar as xícaras, colheres, leite, açúcar e café. Com as duas
xícaras na mão, caminhou em direção à porta da frente e a
verificou, para se certificar que estava trancada. Uma vez que
estava convencido que estava tudo seguro, fez seu caminho para
o andar de cima.

Dê a volta.

Esta é uma merda complicada.

Ela não pertence à gangue.

Ela é a porra de uma enfermeira.

Dê a volta.

Continuou subindo as escadas para encontrar a mulher que


tinha lhe dado o melhor orgasmo que já tinha experimentado.
Abrindo uma das portas, encontrou um quarto vazio, a não ser
por uma cama de solteiro com lençóis sobre ela.

Fechando a porta, encontrou o quarto da Jessica. Era um


quarto com paredes na cor lilás e a cama com um tom mais
escuro. Gostou do quarto instantaneamente porque refletia a
personalidade da Jessica.

— O que, diabos, estou fazendo? — Não parou. Ela não


estava no quarto, e viu uma única porta que levava a um
banheiro e ao closet.

Saindo do quarto, a encontrou deitada na banheira. Bolhas


subiam em volta do seu pescoço, e ela se virou para olhar para
ele.

58
— Pensei que você estava indo embora?

— Eu estava pronto para sair.

— O que mudou?

— Não tenho nenhum outro lugar para estar. Você está aqui,
e nós iremos passar algum tempo juntos.

— Você já me fodeu. Não devia estar indo embora, agora?


Você não tem algum tipo de código moral que diz que não pode
foder uma garota duas vezes? — Ela perguntou.

Ele colocou as xícaras no balcão perto da pia.

— Eu lhe fiz um café.

— Não vai responder a minha pergunta?

— Não há nenhuma necessidade de respondê-la, porque já


estou sentado aqui — Ele se sentou no vaso sanitário olhando
para ela.

Não havia sinais de lágrimas nos olhos ou escorrendo pelo


seu rosto.

— Eu não choro — disse ela.

Não tinha sequer percebido que tinha falado em voz alta.

— Por que você não chora?

— Venho de uma família onde as lágrimas não são, na


verdade, bem vistas. Somos uma família de lutadores. Meu pai é
advogado. Ele está acostumado a vencer. Lágrimas não ganham
processos judiciais, bons advogados, sim. Meu irmão é médico.
Ele jamais seria pego chorando. Minha mãe é dona de casa, mas

59
uma daquelas mães exemplares de que se ouve falar. Eu não
choro.

Snake esfregou as mãos.

— Por que você saiu?

— Não sou boa com a rotina da manhã seguinte.

— Não era a manhã seguinte — disse ele, observando-a.

Jessica soltou um suspiro. — Eu não sei como fazer isso.


Nunca tive um namorado, não de verdade. Nunca convivi com
um homem antes.

— O quê? — Ele sorriu. — Acho isso difícil de acreditar.

— Já tive muito sexo. Até mesmo tive sexo com uma mesma
pessoa. Nunca quis ter um namorado e, quando peguei um cara
com quem tinha um relacionamento estável me enganando, não
quis ficar com ninguém depois disso — Ela encolheu os ombros.
— Estou acostumada a ir embora logo depois. Não estou
acostumada a ficar por perto e conversar.

— Você quer um namorado?

Ela balançou a cabeça. — Não.

Snake não gostou dessa resposta. Esta mulher ia rejeitá-lo a


cada turno. Ela teria uma grande surpresa. Ele não ia a lugar
nenhum.

****

— Por que você ainda está aqui? — Ela perguntou.

Jessica esperava que ele saísse. Não antecipou que ele viesse
encontrá-la. Olhando fixamente para ele, queria estender a mão e

60
tocá-lo, mas não teve coragem. O que havia sobre ele que estava
rompendo todas as suas barreiras? Ela não ia chorar. Jessica não
conseguia se lembrar da última vez que chorou. Foi difícil para
ela admitir a verdade sobre não ter um namorado.

— Nós não terminamos.

— Eu não quero um namorado.

— Eu entendi, em alto e bom som. Você não quer um


namorado. E não vou forçá-la a ter um.

Passando a mão pelo rosto, ela se sentou, espirrando mais


água no rosto. — Não sei o que você quer de mim.

— Eu não quero nada de você, Jess. Não vou a lugar


nenhum.

Franzindo a testa, olhou para ele. Ele estendeu uma toalha,


que ela pegou. Não via o porquê de lutar sobre uma toalha que
precisava.

Secando o rosto, voltou o olhar para ele. Seu corpo ainda se


lembrava do gosto dele. Ele era um homem grande, e não tinha a
menor ideia de que foi o primeiro homem a dar a ela um orgasmo
com a boca.

— Não sei o que você quer de mim.

— Que tal não querermos nada um do outro? Estou aqui


porque você me quer aqui.

Pensando na Lydia, Jessica foi atingida por uma onda de


culpa. Seu corpo já não era mantido em cativeiro pela excitação.

Ela seguiu em frente com outra pessoa.

61
— Eu quero você aqui — Ela admitiu. Não havia nenhuma
vantagem em discutir. Ela o queria. — Não posso ter você
interferindo no meu trabalho.

— O Doutor Bastardo não vai chegar perto de você nem para


um café. Ele está fora da equação.

— Você está impondo condições por conta própria?

— Sim. Quero transar com você sem camisinha. Prepare-se


para tomar pílula. Quero tomar a sua boceta nua.

— Não vou transar com você sem um exame de saúde. Não


sou uma idiota. Você já teve um monte de bocetas que podiam
estar infectadas, à sua disposição. Não vou arriscar minha saúde
por uma transa rápida — Inclinou a cabeça para o lado.

— Bem. Nós dois vamos fazer exames, amanhã. Ambos, é


justo. Quando foi a última vez que teve um homem dentro de
você?

— Cerca de cinco minutos atrás.

— Não banque a espertinha. Quero dizer, de verdade.

Ela soltou um suspiro, olhando para as bolhas sobre a


superfície da água. Ele estava, realmente, começando a deixá-la
nervosa, fazendo-a pensar em não ter mais sexo com ele.

— Foi há mais de um ano. Por quê?

— Só queria saber se há alguém que eu tenho que matar.

— Matar?

— Sim, não gosto que outros toquem o que é meu.

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Jessica franziu a testa. — Isso não faz, absolutamente,
nenhum sentido. Você faz parte de uma gangue de motoqueiros
que compartilha mulheres. As garotas da gangue?

— E daí? Não vejo você tentando ser uma garota da gangue.


Você não é. Você é minha e, como eu disse, não gosto de
compartilhar minhas coisas — Pegou a xícara de café, passando-a
para ela. — Sou um pouco possessivo sobre o que é meu.

Ela pegou a xícara dele, consciente, enquanto ele acariciava


seus cabelos.

— Possessivo?

— Muito.

— Nunca tive uma pessoa possessiva em minha vida. — Os


homens com os quais tinha estado no passado, estavam todos
felizes em foder e se encontrar mais tarde. Não sabia se gostava
do risco de levar isso para o próximo nível com Snake.

— Você não vai se livrar de mim. Vou deixar você esclarecer


as coisas com a Lydia, ou eu vou.

— Ela está com outra pessoa.

— Bom — disse Snake.

— Você está com ciúmes? — Tomou um gole do café quente,


estremecendo quando ele a queimou.

— Não. Eu não sou ciumento. É mais fácil para ela estar com
outra pessoa.

— Bem, no momento, não consigo entrar em contato com


ela.

63
Snake começou a acariciar a parte de trás do seu pescoço.
Achou difícil respirar com suas mãos sobre ela. Ele tinha essas
mãos grandes, e a força era um enorme tesão para ela.

Você tem vinte e nove anos e pode gritar em voz alta, não é
uma adolescente.

— Você não tem medo?

— Não. A Lydia é dessas pessoas conhecidas por se virarem


por conta própria. Eu não me preocuparia com ela. Ela sempre
aparece, eventualmente. Com uma história sobre como conheceu
um cara — Mordeu o lábio para se impedir de divagar. Tudo o
que ela fez foi divagar, estes dias.

— Então não deve haver nenhuma ruptura para mim e para


você, quando ela estiver por perto.

— Não deve, mas não significa que não haverá — Quanto


mais pensava sobre a Lydia, mais enjoada ficava. — Você pode
parar de me tocar, por favor?

— Por quê?

— Eu não consigo pensar com as suas mãos em mim.

Ele não parou. Snake envolveu seu cabelo, expondo mais do


seu pescoço. Ela amava o jeito com que ele a segurava, usando
seu cabelo como alavanca para foder dentro dela.

Fechando os olhos, segurou a xícara quente com um aperto


mortal.

— Você vai ter que se acostumar a ter minhas mãos em você.

— Eu trabalho muito — disse ela, gaguejando as palavras.

— Você vai ter que cuidar disso, também.

64
— O que você quer dizer? — Ele passou os dedos em torno
do seu pescoço. Abrindo os olhos, olhou para ele. Snake baixou
os lábios nos dela, pressionando um único beijo em sua boca. —
Ou você diminuiu suas horas ou eu vou fodê-la no trabalho.

— Eu não quero um namorado.

— Não estou me oferecendo a você como seu namorado,


Jess. Estou dizendo que é assim que vai ser.

— Se você acha que eu vou me curvar a você em submissão,


está enganado. Não é assim que eu sou.

Ele sorriu. — Eu nunca quis uma mulher submissa, Jess.


Penso que você é uma mulher inteligente. Vou querer transar
com você regularmente.

— É melhor não haver quaisquer outras mulheres.

— Por que você acha que estou pedindo que você diminua o
trabalho? Não vou foder qualquer outra mulher. A única que eu
quero é você — Depositou beijos em direção à sua orelha, indo
até a garganta. Ela engasgou quando ele chupou sua carne.

— Pare. Você vai me deixar marcada.

— Você vai ter a minha marca no seu corpo. O Doutor


Bastardo vai saber que você pertence a mim.

— Pare de falar sobre ele.

— Quando você vai perceber que sou o único que dá as


ordens? — Colou os lábios nos dela, mergulhando a língua
profundamente em sua boca. Ela esqueceu o café em suas mãos e
derramou um pouco do conteúdo sobre si mesma.

65
Snake se afastou imediatamente, pegando a xícara dela.
Quando se virou para encará-la, estendeu a mão para a esponja e
o sabão. Franzindo a testa, viu quando ele a ensaboou e fez sinal
para ela se levantar.

— O que você está fazendo?

— Vou lavá-la.

— Humm, tem certeza?

— Levante-se, Jessica.

Ele ficava mudando a maneira como dizia o seu nome. Em


um momento ela era Jess, no próximo, Jessica. Tudo sobre o
Snake a confundia.

Levantando-se, ela o observou. Ele ficou do lado de fora da


banheira e começou a lavá-la. Começou pelo pescoço, descendo.
Snake cobriu a mão com sabão, e seguiu a esponja, acariciando
seu corpo. Ela fechou os olhos, tentando evitar ofegar quando
seus dedos beliscaram os mamilos.

— Mantenha os olhos abertos, Jess — disse ele.

Abrindo os olhos, não olhou para ele, mas para o lado do


seu corpo.

— Abra as coxas — Ela abriu as pernas esperando que ele


fosse lavá-la com a esponja. Em vez disso, seus dedos deslizaram
através dela. Eles já não estavam cobertos com sabão. Ela sentiu
a diferença quando ele acariciou sua vagina.

A excitação começou a crescer dentro dela. Antes mesmo de


começar, ele se moveu, deixando-a querendo mais.

— Deite.

66
Ela se sentou na banheira chateada por ele estar
trabalhando seu corpo a favor dele, não ao seu. A última coisa
que queria era lidar com as provocações do Snake.

Ele ensaboou seu cabelo com shampoo e, quando aplicou o


condicionador, demorou lavando suas costas. Em um certo
momento, pegou uma mecha fazendo-a estremecer. Cada
segundo a deixava gemendo de prazer. Ele sabia o que fazer para
despertar o desejo de uma mulher. Não havia como negar isso.

Snake pediu a ela para entrar na água para que pudesse


enxaguar o condicionador do seu cabelo. Quando acabou, ele a
ajudou a sair, secou seu corpo, em seguida, a ajudou a ir para a
cama, nua.

— Vou tomar um banho. Venho te fazer companhia em um


momento — Ela ouviu a água correndo. Lentamente, fechou os
olhos, apenas por um momento.

A última coisa que lembrou foi do barulho do Snake no


chuveiro.

67
Capítulo Cinco
Cinco dias depois, Snake não estava no melhor dos
humores. Com o filho prematuro da Judi chegando ao clube, se
uniram para preparar o clube e a casa do Ripper. Lexie estava
hospedada perto do hospital enquanto só tinha um par de meses
restantes na sua gravidez. Devil não queria correr nenhum risco
com ela.

Ele ainda não estava com seu celular e, depois da primeira


noite com a Jessica, não a tinha visto mais. Eles estavam
terminando a decoração do berçário na casa do Ripper. Estava
frio e tinham ido até lá para arejar os quartos para não restar
nenhum cheiro de tinta.

Snake estava de plantão na montagem. Montou o berço e


várias peças de mobiliário. O que não gostou foi o fato de que
também estava responsável pelas compras. Lexie tinha dado uma
lista ao Devil, que a entregou para o Snake. Parado do lado de
fora do hospital, Snake bateu os dedos no volante. O pequeno
monstrinho estava indo bem. A gangue tinha atualizações
regulares de ambos, Devil e Ripper.

Descendo do carro, entrou. A recepcionista de plantão


acenou para ele. Lhe deu um sorriso antes de ir para o quarto
onde estava a Judi. Ela podia visitar o filho durante algumas
horas por dia, mas ainda estava sendo monitorada. A cesárea
tinha sido um enorme sucesso, mas ela estava levando algum
tempo para se recuperar.

Ninguém estava com ela, e estava olhando para o celular


dele. Bateu na porta e ela sorriu para ele quando olhou para
cima.

68
— Ei, Snake — disse ela.

— Ei, princesa. Trouxe um presente — Ergueu as flores,


mostrando-as para ela.

— São lindas. Você não tem que me trazer presentes.

— Devo levá-las embora? — Ele fingiu ir embora.

— Não, não se atreva. Eu quero as minhas flores.

Elas já estavam em um vaso, e ele o colocou ao lado dos


muitos buquês que ela tinha recebido.

— Como você está? — Perguntou, sentando em uma cadeira.

— Estou nervosa. Estou muito nervosa.

Ele pegou sua mão, apertando-a. — Sei que fiquei apavorado


aquela noite. Você podia ter, apenas, nos dito que estava ficando
um pouco impaciente.

Ela riu. — Nunca mais quero passar por isso novamente. O


Ripper está aterrorizado. Eu não acho que ele vai querer outro
bebê tão cedo.

— Não o culpo. Você já viu o monstrinho. Ele é adorável e


bonito. Ele vai dar trabalho o suficiente.

— Ripper não o pega no colo — disse a Judi. — Ele foi


almoçar. Mandei ele ir, mas sempre que estou com ele, ele não
segura o nosso filho. Ouvi as enfermeiras falando. Ele não o pega
no colo quando não estou, também — As lágrimas encheram seus
olhos. Movendo-se para a cama, Snake passou o braço ao redor
dela.

Não havia nada de sexual em sua interação com a Judi. Ela


era a princesa do clube. Ele não a achava atraente. Não, a mulher

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que o assolava era uma de cabelo comprido e olhos azuis de
cadela. Ela não era uma cadela, mas ele meio que gostava de
chamá-la assim. Era seu apelido para ela.

— Você tem que lhe dar tempo. Eu imagino que quase ter
perdido você o deixou louco. Você é preciosa para nós. Dê-lhe
tempo.

— Tentei falar com o Devil. Ele não está ajudando. Ele me


disse que o Ripper vai segurar o nosso filho quando for a hora
certa — Ela enxugou as lágrimas. — Quero que ele segure o nosso
filho. Precisamos pensar em um nome para ele.

— Judi, você precisa parar de se preocupar. Tudo ficará


bem.

— Você vai falar com ele?

— Vou.

— Você precisa do seu celular de volta? — Ela perguntou. —


Deixei o meu em casa, eu sempre o esqueço.

— Nada, garota, pode ficar com ele até que consiga ter fotos
no seu próprio celular. Ele está no restaurante?

— Sim, por favor, fale com ele, Snake. Eu agradeço.

— Vou falar. Lembre-se, você tem que descansar — Deu um


beijo em sua testa, deixando o quarto. Não demorou muito para
encontrar o Ripper. Seu irmão estava inclinado sobre uma
bandeja, comendo. Não havia vida nele. Parecia quase morto.

Agarrando um café, Snake se sentou à mesa.

— Não estou interessado em companhia.

— Bom para você, porque não dou a mínima.

70
Ripper olhou para cima. — O que você está fazendo aqui?

— Vim encontrar a Jessica para leva-la às compras — Ele


puxou a lista do menino. — Tenho que comprar essas coisas.

Ele viu quando o Ripper leu a lista. — Você não precisa se


preocupar com isso.

— O que está acontecendo com você?

— Nada.

— Nada? Você tem um filho voltando para casa em breve.


Ouvi dizer que ele foi retirado do oxigênio e está indo muito bem,
tomando leite da mãe e tudo mais — Snake não queria pensar na
Judi e seu leite materno. O pensamento o repelia.

— Onde você está tentando chegar?

— Estamos todos trabalhando duro para conseguir deixar a


casa pronta para o seu filho, com segurança, e você ainda não o
pegou ou segurou.

Ripper olhou para ele por alguns momentos sem falar. —


Não importa.

— Não? Judi sabe que você não o pegou no colo.

— Ela não sabe.

— Sabe. Não só você não o segurou na frente dela, ouviu as


enfermeiras falando. Você está quebrando o coração dela no
momento em que ela precisa ficar melhor — Snake pegou a lista
dele. —Este é o material que você e a Judi deviam estar
comprando. Seu filho veio mais cedo. Entendo que você esteja
com raiva.

71
— Você não tem ideia de como estou me sentindo.

— Então fale para mim, porque, agora, você tem uma


mulher que está com medo sobre o seu filho. Ele está lutando e
provando agora mesmo que é parte da Chaos Bleeds, mas seu pai
está comendo sozinho — Snake se recostou, olhando para ele.

— Isso não é da sua conta, Snake. Por que você não volta a
perseguir a porra da enfermeira que nem sequer quer você.

Ele estava, lentamente, quebrando os muros do Ripper.

— Qual o problema? Ciúmes? Eu não tenho que ficar preso


em casa, com uma mulher e uma criança. Posso foder quem eu
quiser.

— Pare com isso, Snake. Você não sabe do que está falando.

— Não? Então, o que é? Você não quer mais uma criança?


Você tem medo que ela não vá te amar, mas amar outra pessoa?

Propositadamente provocou o Ripper, até que ele


finalmente explodiu.

— Ele podia tê-la matado, tudo bem? Como é que eu vou


superar isso? — Ripper parou de falar quando várias pessoas se
viraram para olhar para ele. Ele tinha se levantado quando
começou a gritar. Snake olhou para ele, com pena do homem.

— Seu filho é um bebê. O que aconteceu não é culpa dele.

— Eu quase a perdi, Snake. Você tem alguma ideia de como


isso é difícil de lidar? Eu podia tê-la perdido, e não sei se tenho o
que é preciso para lidar com isso.

— Venha. Vamos passar por isso juntos. A Judi podia ter


morrido, mas não morreu, e você precisa se lembrar disso. Ela
está viva e bem — Snake se levantou, deixando para trás o café

72
rançoso. — Você não está almoçando, de qualquer forma. O
andar dos bebês é próximo. — Assumindo a liderança, Snake
caminhou em direção à unidade neonatal. Ninguém reclamou
quando eles entraram no segundo quarto. Depois que o bebê foi
retirado do oxigênio e se manteve estável, foi transferido para o
quarto. A Lexie estava lá. Não estava segurando o bebê, estava
apenas sentada, observando-o.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou o Ripper. —


Pensei que você estivesse com a Judi?

— Ela não me queria lá. Me pediu para vir e verificar o seu


filho — Lexie sorriu para o Snake. — Vou deixar vocês dois
sozinhos.

— Olhe para ele, Ripper — Eles ficaram sozinhos. O quarto


só tinha um outro bebê, e não havia mais ninguém na sala.

Snake estava ao lado do seu irmão, observando o bebê. Ele


estava dormindo. Seus braços estavam para cima enquanto ele
dormia, completamente inocente. Não havia nada de ruim sobre
ele ou nada de mal. Ele não tinha tentado matar a Judi. Sua
condição médica quase o tinha feito.

— Ele é lindo — disse Ripper.

Sinalizando para uma enfermeira, esperou ela vir. — Você


não acha que é hora de ele conhecer o pai?

— Você gostaria de segurá-lo? — Perguntou a enfermeira.

Ripper tirou a jaqueta, indo até a pia e lavando as mãos.


Snake se sentou enquanto o Ripper se aproximava. A enfermeira
estendeu a mão e segurou o bebê nos braços. Snake viu quando
ela colocou o pacote pequeno nos braços do Ripper. — É preciso
apoiar a cabeça e o corpo. Aí está, acho que ele sabe que está no
colo do pai.

73
A enfermeira deixou o quarto, certificando-se de que o bebê
tinha um cobertor em torno dele antes de sair.

— Seus olhos estão abertos, Snake.

— Ele está dizendo oi.

Snake não saiu, observando enquanto o Ripper colocava a


mão contra seu filho. — Ele está segurando o meu dedo. Olhe
para isso, Snake.

Sorrindo, olhou pelo visor da porta, para ver a Lexie


arrastando a Judi até o quarto.

— Você o está segurando?

— Estou, baby. Temo que, desta vez, você vai ter que me ver
segurá-lo.

— Não me importo de assistir. Você está segurando ele. Não


tenho nenhum problema com isso.

Snake ficou lá pela próxima hora. Só quando se lembrou da


lista no bolso, saiu do quarto. Lavou as mãos, indo para a
recepção.

— Você pode me dizer onde eu posso encontrar a Jessica? —


Sentia falta dela e queria passar algum tempo juntos.

— Ela saiu para o almoço — Uma das enfermeiras falou,


parecendo mau humorada, quando passou com vários arquivos
em seus braços.

Batendo a mão no balcão, saiu, percorrendo o caminho até o


restaurante.

****

74
Jessica olhava para o jornal, enquanto dava uma mordida
na sua salada de cenoura e presunto. Não queria correr o risco de
ter uma intoxicação alimentar com o frango, que parecia velho.
Olhando para o jornal, não leu nenhuma das palavras. Fazia
cinco dias desde que tinha visto ou ouvido qualquer coisa sobre o
Snake. Realmente, não devia ter se surpreendido. Ele não era o
tipo de homem que se penduraria a qualquer coisa, não
importava o que disse.

Como uma tola, conseguiu um atestado no hospital, e já


tinha toda a papelada pronta. Estava tomando pílula e seria
seguro fazer sexo logo, não que alguma vez estaria
completamente segura. O médico ao qual tinha ido falou que a
única forma de ficar cem por cento segura era não fazer sexo.
Ficou um ano sem nenhum sexo. De jeito nenhum ficaria mais
um ano. Mesmo que o Snake não quisesse transar com ela,
encontraria alguém.

Não ia se transformar em uma dessas mulheres que davam


nome aos seus vibradores ou compravam vários gatos. Não, ia ter
muito sexo. Não ajudava que ainda não tivesse ouvido nada sobre
a Lydia. O que descobriu foi que ela deixou o emprego na cidade,
onde trabalhava como assistente de vendas em uma loja de
acessórios.

Era exatamente como a Lydia seguia em frente, sem ter


qualquer consideração com qualquer outra pessoa ao seu redor.

— Olá — Milford disse, colocando uma bandeja em frente a


ela.

Nos últimos cinco dias, tinham evitado um ao outro. Ele se


voltou para outra enfermeira, Bernie ou algo assim. Não sabia
com certeza. Fofoca no trabalho não era algo no qual estivesse
interessada.

— O que você quer? — Perguntou ela, baixando o jornal


tempo suficiente para falar.

75
— Você parecia solitária aqui.

— Estou lendo o jornal. Não preciso de companhia para isso.

— O que aconteceu com aquele homem que você estava


namorando? — Perguntou.

— Não é da sua conta.

— Bem, ele não está aqui agora, e por isso, vou desfrutar do
meu café.

— Você está forçando sua companhia? Não entendeu uma


única coisa do que eu disse para você? — Perguntou.

— Ouvi, mas decidi recuar e esperar.

— Esperar? Pelo quê?

— Por uma oportunidade como esta — Colocou um café em


frente a ela. — Eu mesmo comprei um café para você.

— Uau, você está muito independente, pedindo meu café —


Abriu o copo para ver que já tinha leite. — Você colocou leite?

— Não. Não preciso usar meus dotes além de receitar


narcóticos para conseguir o que eu quero.

Ela tomou um pequeno gole. O café estava passado, mas não


era culpa de ninguém. O café no hospital sempre foi rançoso. Era
como todos os enfermeiros e médicos ficavam alertas. — Então,
por que o súbito interesse, de novo? Eu sou a próxima na sua
lista de enfermeiras? Achei que você ia passar para
recepcionistas, colegas médicas, ou, talvez, o rebelde em você,
para as pacientes.

— Você realmente não pensa bem sobre mim, não é?

76
— Só não penso em você, Milford.

Ele colocou uma mão sobre o coração como se tivesse sido


ferido por suas palavras. — Você é uma mulher cruel.

Balançando a cabeça, ela tomou um gole. — Não vou dormir


com você.

— Você vai.

— Rá — disse ela, forçando uma risada.

Eles pularam quando uma cadeira sobressalente foi virada.


Snake se sentou nela. — O que foi que eu te disse? — Perguntou.

No momento em que ele falou, sua boceta se derreteu como


gelo sob o sol. Ela sentia falta dele e se odiava por isso.

— Compartilhando um café — disse Milford.

Estava, realmente, satisfeita por ele ter começado a falar.


Não havia nenhuma forma de conseguir falar uma palavra
coerente. Snake estava aqui, no hospital. A Judi não tinha sido
liberada, ainda.

— Não há nada acontecendo aqui — disse.

— Não?

— Não. Estava cuidando da minha vida, e ele trouxe o café.

Snake ficou olhando para ela.

— Acredite em mim. Não seja um idiota.

Ele se virou para olhar para o Milford. — Vou avisá-lo uma


vez e depois vou começar a usar os punhos. Jessica é minha. Ela

77
sempre será minha. Você nunca vai conseguir estar entre as
coxas dela, porque sempre estarei lá — Estendeu a mão, puxando
a mão da Jessica. — Você vem comigo.

— Espere, apenas, um maldito minuto — disse ela, puxando


a mão.

— O quê? Você quer ficar aqui com o Dr. Bastardo?

— O quê? Não, isto não é sobre ele. Deus, cinco dias, Snake.
Passaram cinco dias desde que tive notícias de você. Agora, está
me puxando ao redor como se você fosse o meu dono.

— Nós vamos fazer compras.

— Não, não vamos. Eu não vou a lugar nenhum com você


até que responda à minha pergunta. Onde você esteve? — Cruzou
os braços sobre os seios. Seus mamilos estavam duros,
apontando contra o uniforme. Não queria que ele testemunhasse
sua necessidade por ele.

— O berçário não estava pronto. Faltavam, ainda, dez


semanas para o bebê chegar. Eu tenho ajudado no clube e
decorado a casa. Não tive nenhum tempo para entrar em contato.
Judi ainda está com meu telefone, com as fotos. Não posso tirá-lo
dela. Ainda não.

Agora, se sentia a pior pessoa do mundo. — Sinto muito.

— Não há necessidade de se arrepender. Todos nós ficamos


com ciúmes.

— Eu não estava com ciúmes.

— Basta continuar dizendo isso — Pegou a mão dela,


levando-a para a saída e o estacionamento.

— Não posso, simplesmente, ir embora.

78
— Aposto que você está aqui, fazendo horas extras. Você
trabalha sete dias por semana. Nunca faz uma pausa? — Ele
pareceu chateado.

— Gosto do meu trabalho.

— Você vai aprender a gostar de mim, muito mais do que


gosta do seu trabalho — Caminhou com ela em direção a um
carro verde. Era bonito, não muito chamativo, mas agradável. —
Entre.

Ela não discutiu, deslizando para dentro. — Para onde


estamos indo, ou isso será adicionado à lista de sequestro?

— Vamos fazer compras para o bebê. Vou levá-la ao


shopping. Você está bem com isso?

— Compras para o bebê?

— Roupas, fraldas, aquela coisa que enfia na boca.

— Uma chupeta?

— Sim. Nós vamos comprar tudo isso.

— Por que estamos indo fazer compras?

— Fiquei com esse encargo — Manobrou no


estacionamento. Ela notou que ele prestava muita atenção à
condução. A estrada ainda estava congelada e a neve estava em
montículos nos lados da estrada. — Milford é um problema.

— Ele é um médico, Snake. Ele não é um problema. Só é


persistente.

— Não gosto dele.

79
— Não gosto de homens como ele. Não gosto dele. E não
estou interessada nos jogos que ele joga.

— Jogos com as enfermeiras.

— Sim. Ele gosta de foder com quantas enfermeiras puder.


Espero que todas elas joguem isso de volta nele. Seria fantástico
ver — Ela riu, pensando nele sendo rodeado pelas mulheres que
tinha fodido e tratado como objeto. — O mesmo poderia
acontecer com você.

— Não. Eu só fodo mulheres que sabem onde estão se


metendo.

— A Lydia não sabia.

— Sabia sim, mas decidiu mudar as regras na cabeça dela.


Cadela louca — Falou, ao mesmo tempo circulando os dedos
contra a cabeça.

— Ela não é louca. É, apenas, um pouco diferente.

— A cadela é uma louca.

— A cadela ainda é minha amiga.

Ele ficou em silêncio por um momento. — Você já teve


notícias dela?

Ela olhou para ele e balançou a cabeça. — Não, eu não tive


notícias dela. É chato, mas ela saiu do trabalho. Provavelmente,
vai me ligar daqui a algumas semanas ou meses para me deixar
saber que ainda está viva.

— Ela sempre foi assim?

— Sim. Seu pai é um homem de negócios que viaja. Ele


costumava deixá-la e à sua mãe durante meses a fio, antes

80
mesmo dela se importar. Fornecia dinheiro, então sua mãe não
se importava. Lydia, entretanto, sentia falta dele. Ela usa todo o
ato de desaparecimento dele. Tem alguma ilusão de que isso faz
as pessoas se preocuparem com ela um pouco mais. Não faz, mas
ela acha que sim — Jessica deu de ombros.

— E você ainda é amiga dela?

— Estou sentada no seu carro indo escolher artigos do bebê.


Não acho que estou cotada como uma das boas amigas no
ranking dela — Inclinou a cabeça para o lado e fez o mesmo para
o outro lado. — Deus, estou cansada.

— Não se preocupe com o que ela pensa, baby. Apenas se


preocupe com o que você pensa.

— É assim que as pessoas acabam solitárias, sem amigos,


Snake. Você começa a se preocupar consigo mesmo e, apenas
consigo si mesmo, e ninguém vai querer saber de você.

81
Capítulo Seis
Snake, com a ajuda da Jessica, comprou as coisas do bebê
que estavam na lista. A conversa que tiveram do hospital até o
shopping ainda estava na sua cabeça. Ele não estava sozinho. Ele
tinha um monte de irmãos e mulheres ao redor dele. As mulheres
não significavam muito para ele, mas seus irmãos, sim. Nem
sempre pensava neles em primeiro lugar.

— É isso? — Ela perguntou.

— Não, nós temos que parar na sede do clube, primeiro —


Snake fechou o porta-malas do carro. — Vejo você mais tarde,
homem — disse ele, apertando as mãos do Spider. Era o único
que estava cuidando da casa até o Ripper e a Judi saírem do
hospital.

— Você é um réptil e ele é um inseto, por quê?

— Baby, é uma longa história envolvida na escolha de


nossos nomes. Apenas, nunca se meta comigo ou, se quiser
mexer comigo, nunca faça alguma merda que vai terminar
comigo te machucando.

Ele virou a ignição e saiu para a rua. Era a mesma rua onde
a Lexie e o Devil viviam, junto com o Vincent e a sua mulher,
Phoebe. Snake gostava da rua. Era boa para manter uma família
longe de todo tipo de merda. Quando chegaram pela primeira vez
em Piston County, a cidade tinha sido separada no que pareciam
ser duas partes, a parte boa e a parte ruim. O maior problema é
que a parte ruim ocupava mais da metade da cidade. Judi tinha
estado no meio da parte ruim, forçada à prostituição desde
jovem, quando devia ter estado rindo sobre os meninos atrás

82
dela. Sempre que pensava sobre o que aconteceu e o que viu,
queria matar o cafetão filho da puta de novo.

— Você já matou pessoas?

— Você é uma enfermeira que jurou proteger pessoas. Não


me pergunte algo que sabe que não vai gostar da resposta.

— Eu tenho um sentimento que não vou gostar da resposta


para a maioria das coisas que você faz.

Olhou para ela, querendo estender a mão e tocá-la, mas


sabendo que não podia fazer isso, ainda não. As estradas estavam
escorregadias e, na maior parte delas, tinha andado lentamente.
Nem sequer andava de moto com este tempo. Era francamente
perigoso, e não tinha o desejo de morrer, especialmente com a
Jessica no carro.

— A Judi deve sair em alguns dias.

— E o seu filho?

— Vão ter que ir visitá-lo. A maioria dos pais acaba sendo


liberada antes da criança. Ele está indo bem, porém, não está
forte, ainda. Perguntei a uma das enfermeiras sobre ele. Ele é um
lutador.

— Ele é parte da Chaos Bleeds. Somos todos lutadores, à


nossa própria maneira — Nem todos os membros tinham vindo
de uma boa família, com a moral inerente como uma segunda
pele. Alguns deles vieram de lares de merda, ou lares adotivos,
onde precisaram lutar por suas vidas.

Snake estava acostumado a lutar por sua vida. Ganhar seu


sustento nas ruas e ferir qualquer um que entrasse no seu
caminho. Devil, o encontrou nas ruas, magro demais para
realmente lutar, não tinha nada para comer além do que
encontrava em uma lata de lixo. Fugir de casa tinha sido melhor

83
do que tomar outra surra que os seus pais gostavam de lhe dar.
Ambos seus pais gostavam de bater nele, usá-lo como saco de
pancadas para ver quanto tempo ele ia sobreviver.

Ele os odiava e, quando pôde, seus pais foram sua primeira


morte de verdade. Ambos tinham ficado chocados, mijando nas
calças.

Estacionando no clube, pegou as chaves depois de


estacionar. Ajudou a Jessica a sair do carro. Ela não usava esses
sapatos de salto loucos que as mulheres gostavam de calçar. Seu
estilo era as roupas padrão das enfermeiras.

Ela o seguiu, pegando uma caixa enquanto ele fazia o


mesmo. Fechando o carro, levou as sacolas pesadas para a sede.

Pussy estava sentado no bar, tomando uma cerveja.

— O que está acontecendo? — Perguntou. Já passava das


seis da tarde, mas ver o Pussy triste era um grande negócio.
Dentre todos os irmãos, Pussy era conhecido como o palhaço,
raramente levava algo a sério.

— Nada demais. Fui um idiota, e tive que levar a Sasha até o


hospital hoje, para uma consulta.

— Espere? O quê? — Perguntou Snake.

— Sim. Movi a mesa do café, porque os meus cigarros


tinham caído debaixo dela. Eu a movi três centímetros. Me
esqueci de dizer a ela ou colocá-la de volta. Ela caiu sobre o vidro,
se cortou e quebrou o braço — Pussy tomou outro gole da cerveja.

— Sinto muito, cara — disse Snake, batendo nas costas do


amigo.

Sasha era a Senhora do Pussy, mas era cega. Isso aconteceu


quando ela vivia na casa com seu padrasto. Ele a bateu contra

84
uma parede, em seguida, a jogou escada abaixo na tentativa de
matá-la. Sasha ficou cega, em vez de morrer. Os médicos estavam
em desacordo uns com os outros sobre sua condição. Alguns
acreditavam que ela conseguiria sua visão de volta, enquanto
outros permaneciam convencidos de que seria permanente.

— Gostaria que eu desse uma olhada nela? — Disse a


Jessica, dando um passo à frente.

— Não. Ela está bem, apenas descansando. A menos que


você possa me dar uma cura para sua visão, não dou a mínima
para qualquer outra coisa — Houve um gemido debaixo do Pussy.
Snake olhou para baixo para ver o cão-guia da Sasha,
descansando a cabeça no colo do Pussy. Era quase como se o cão
soubesse que o Pussy estava punindo a si mesmo. — Está tudo
bem, garoto. Eu não a teria de outra maneira. Você sabe disso.

Pussy amava a Sasha. Lutou por ela e estava disposto a se


afastar da gangue para estar com ela. Parecia que o Pussy estava
tendo dificuldade em lidar com a forma como sua condição era
delicada. Snake tinha visto quando o Pussy caminhou com ela em
torno do clube por vários dias, ensinando o layout do lugar.
Ninguém movia algo, a menos que a Sasha estivesse por perto.
Nem mesmo o Dick mexia no lugar.

— Venha. Vamos levar isso até o seu quarto.

Ele deixou o Pussy bebendo e afogando sua própria culpa.

— Será que ele vai ficar bem? — Perguntou ela.

— O tempo dirá. Não posso dizer com certeza se qualquer


um de nós, algum dia, vai realmente ficar bem com a Sasha — o
Devil não a queria no clube, mas parecia que, até mesmo o
Presidente tinha se afeiçoado a ela. Sasha era parte da gangue,
gostassem ou não. Snake gostava dela. Era divertida e não tinha
deixado que o passado afetasse quem ela era.

85
Percorreram o caminho para cima.

— Eu sei um pouco sobre o histórico da Sasha. Quando


voltar ao trabalho, posso fazer algumas ligações. Não estou
dizendo que vai fazer diferença, mas alguém pode ter respostas
onde outros falharam.

Ele abriu a porta do Ripper, liderando o caminho. —


Agradeço por isso. O clube gostaria. Sasha é uma Senhora, e ela é
parte da gangue.

Colocando a caixa no chão, abriu-a, e começou a organizar


coisas ao redor da sala. Jessica fez o mesmo. Não gostou da
forma como ela o estava fazendo se sentir naquele momento.

Eles trabalharam sem falar, mas estava ciente de todos os


seus movimentos. O jeito que ela passou por ele. O cheiro de
morangos que a rodeava, deixando-o louco.

Quando terminaram, o quarto do Ripper estava mais do que


pronto para o bebê.

— Vocês todos fazem isso pelos outros?

— Quando estávamos na estrada, isso não teria acontecido.


É só porque todos estamos nos estabelecendo que fazemos coisas
como estas — Snake não tinha problema em permanecer no
mesmo lugar. Acordar em colchões sujos, ao lado de uma puta,
todas as manhãs tinha perdido seu apelo no momento em que
conheceu o Tiny e os Skulls. A gangue mostrou à Chaos Bleeds
outra maneira de viver. Ele não ia ficar com raiva do Tiny ou do
que tinha acontecido para separá-los. Eles estavam vivendo uma
vida nova, agora, em Piston County.

— Você esteve na estrada por muito tempo?

86
— Estive na estrada toda a minha vida. Nunca parei —
Snake pegou sua mão. — Venha. Quero lhe mostrar o meu
quarto.

Ela não se afastou.

No momento em que a tocou foi como se uma corrente


elétrica os atravessasse, unindo-os.

Ele abriu a porta do quarto modesto.

— Uau, você é realmente limpo — disse ela, sorrindo.

Fechando a porta, ele a viu olhar ao redor do espaço. —


Gosto de limpeza — Seus pais eram alcoólatras, e o lugar onde
cresceu tinha estado coberto de sujeira, e as paredes eram como
se fossem, de fato, cobertas por papel de parede.

As paredes eram pintadas de creme, enquanto o piso tinha


um tapete verde. Seus irmãos não ousariam rir do seu espaço,
nem as putas que fodia no clube.

— Snake, baby, você gostaria de algo? — Perguntou a Amy,


batendo na porta. Não tinha estado perto das garotas do clube há
muito tempo.

Jessica cruzou os braços, olhando para ele. Sua testa estava


levantada, esperando.

Ela bateu novamente. Todo mundo sabia que não devia,


sequer, entrar no seu espaço. Ele não gostava.

— O que é que vai ser, Jessica?

****

87
— O que você está me perguntando? — Jessica queria abrir a
porta e arrancar os olhos da mulher. Nem sequer sabia como a
outra mulher parecia, mas, já não gostava dela.

— Bem, já faz cinco dias e você estava almoçando com o


Doutor Bastardo. Eu a convido para entrar ou já estou ocupado?

— Eu tenho o atestado de saúde. Você já conseguiu o seu?

Ele se virou, indo até a gaveta ao lado da cama. — Eu tenho


o atestado de saúde.

— Você não pode me foder sem camisinha. Não estou


protegida, ainda.

— Mas poderemos, em poucas semanas — Ele lhe entregou


a folha. — A Amy batendo na porta é com você.

— Se eu for, você transa com ela?

— Você vai embora e estamos livres. É a maneira que


percebi que você joga. Não vou forçá-la a ser algo que você não
quer.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntou.

— Quer dizer que você é uma enfermeira. A gangue é toda a


minha vida. Não vou mudar quem eu sou. Eu sou um
motoqueiro. Gosto de fazer sexo, e você quiser que sejamos
exclusivos, então vou te procurar todas as vezes. Se você não
quiser isso, vou levá-la para casa.

— Você quer exclusividade no sexo? Mas a Lydia-.

— A Lydia não sabe tudo sobre mim. Ela era um buraco,


Jessica. Uma mulher a ser usada para foder. Você não é como ela.
Agora, ou eu sou completamente estúpido e tive a impressão
errada de você, ou você está jogando duro para conseguir isso.

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Jessica olhou para ele. Exclusividade?

— A escolha é sua. Sempre será sua escolha — disse ele. —


Você pode aguentar esta vida?

O que ela tinha visto daquela vida não era horrível. Na


verdade, era uma estrutura de suporte incrível, que era
semelhante a uma família.

— Snake? — Perguntou Amy. Sua voz já estava deixando a


Jessica nervosa.

Dê a ele uma chance. O que você tem a perder?

Sua sanidade. Seu coração.

Snake não era apenas um babaca que fodia as mulheres.


Sim, tinha fodido a Lydia, mas nunca tinha, na verdade, lhe
prometido nada. Jessica estava começando a ver um novo lado
do Snake, que nunca tinha imaginado conhecer.

Virando-se, abriu a porta e olhou para uma bela loira. Ela


era magra, com peitos grandes. Jessica não gostou. A malícia nos
olhos da mulher estava clara para quem quisesse ver.

— Você não é bem vinda aqui.

— Eu acho que essa é uma decisão do Snake.

Snake apareceu atrás dela, segurando a parte de trás do


pescoço da Jessica. — Estou fazendo tudo o que ela manda.

— Ele é meu, agora. Se você vier até aqui, novamente,


oferecendo seu traseiro, vou acabar com você. Nem sequer pense
em tentar tocá-lo, ou eu vou te machucar.

— O que é que uma enfermeira faria comigo?

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Jessica sorriu. Antes que alguém tivesse a chance de detê-la,
empurrou a outra mulher contra a parede oposta, trazendo o
braço para cima, contra sua garganta. — Você quer saber o que
eu posso fazer com você? Posso garantir que você não consiga
respirar. E sei como matá-la e parecer a porra de um suicídio.
Não mexa comigo, cadela.

Soltando a Amy, deu um passo para trás. Snake deu um


passo atrás dela, envolvendo um braço em volta da sua cintura.

— Você ouviu — Ela foi puxada de volta para o quarto. A


porta se fechou, e ele a apertou contra a porta. — Isso foi quente,
baby — Seus lábios colaram nos dela. Jessica se afastou, tentando
recuperar o fôlego.

— Eu não devia ter feito isso. Eu não devia ter atacado ela
assim. Não foi justo.

— A Amy é uma cadela de primeira classe, Jess. Ela a teria


machucado só para mostrar que era melhor. Você agiu certo. Na
gangue, com as prostitutas, você combate fogo com fogo.

— Esta não é quem eu sou.

— Não? Então, por que fez isso?

Ela passou a língua nos lábios e seu olhar vagou até os


lábios dele.

— Diga-me, Jessica. Por que você fez isso?

— Eu não queria que ela te tocasse. Não gosto nem de


imaginar as mãos dela em você.

— Então, não temos nenhum problema. Qualquer homem


tocar você, acha que eu vou deixar isso acontecer? — Ela
balançou a cabeça. — Não, não vou. Vou matar qualquer um que

90
te tocar. Você é minha — Segurou seu rosto. Seus dedos
afundaram no cabelo dela. Quando chegou ao elástico que o
prendia, puxou-o para fora. Ela estremeceu com a pontada
repentina de dor, que desapareceu no momento em que seus
lábios estavam nos dela.

— Eu não sei o que é isso.

— Você acha que eu sei o que é? — Perguntou.

— Não.

— Então não vamos nomear.

Eles eram exclusivos, e ela tinha, apenas, agido como uma


cadela possessiva alegando seu homem.

— Ok.

Seus lábios estavam nos dela, no segundo seguinte. Ela


colocou os braços em volta do seu pescoço, segurando-o
firmemente. Agarrando os cabelos na parte de trás do seu
pescoço, puxou os fios. Snake se afastou, colocando suas mãos
acima da cabeça. Ela gritou com a dor. Com a outra mão, rasgou
a camisa que ela usava. Em segundos, teve seus seios expostos.
Seus lábios chuparam os mamilos, despertando uma necessidade
entre as coxas.

— Você está molhada?

— Sim.

Sua mão se moveu para baixo para deslizar dentro das suas
calças. Empurrou a calcinha para o lado, e ela gritou. De modo
grosseiro, enfiou dois dedos dentro dela, mergulhando-os para
dentro e para fora. As pontas dos dedos dele eram ásperas em
sua pele. Ela não lutou contra ele, tentando empurrar para baixo,
sobre os seus dedos.

91
— Eu preciso do seu pau.

Ele caiu de joelhos diante dela, puxando suas calças, em


seguida, a roupa de baixo. Ela mordeu o lábio para tentar conter
os gemidos.

— Deixe-me ouvir esses sons doces, Jessica.

Abrindo os lábios, ela gritou quando seus lábios foram até


sua boceta. Não havia outro lugar onde queria estar. Ele deslizou
a língua para baixo, para foder sua boceta.

Ela apertou os dedos em seus cabelos, ofegando, enquanto


ele a fodia.

Ele se levantou rapidamente, pegando-a no colo.

— Snake, que diabos você está fazendo? — Ela engasgou


quando ele a atirou na cama.

— Vamos fazer isso aqui — Ele puxou a camisa, tirando as


calças no processo, também. — Fique nua.

Ela arrancou os restos da camisa, e jogou o sutiã longe. Ele


estava em cima dela no próximo segundo, abrindo suas coxas.
Suas mãos estavam por toda parte, mantendo-a cativa. Jessica
não teve chance de tocar ou acariciá-lo. Snake levantou suas
mãos acima da cabeça, ao mesmo tempo, estendendo a mão para
o seu pênis. Alinhou a ponta em sua entrada e penetrou seu
interior.

Gemendo, se arqueou sob seu toque, não tentando escapar,


mas levá-lo mais fundo.

— Você é tão apertada. Vou ter que foder esta boceta até que
você possa me tomar sem te machucar — Com a mão livre,
acariciou sua bochecha. — Isso arde?

92
— Sim.

— Bom. Você vai lembrar de mim enquanto estiver


caminhando pelo hospital. Cada vez que um homem olhar para
você, você vai saber a quem pertence.

Ela fechou os olhos, estremecendo enquanto ele pressionava


um pouco mais fundo dentro dela. Ele era grande e grosso, por
isso era quase doloroso demais aceitá-lo dentro dela. Ela não o
afastaria. Quando, finalmente, relaxou, percebeu que o Snake a
fodendo era a coisa mais incrível que já tinha feito.

Ele beijou seus lábios, movendo-se para baixo, para chupar


a pulsação na sua garganta. Snake sugou com força suficiente
para deixar uma marca.

Jessica sabia que teria hematomas ao redor dos seus pulsos


com a força que ele a estava segurando.

— Você é tão bonita — Ele se levantou, para que apenas o


seu pênis estivesse em contato com ela, e a mão que segurava
seus pulsos.

Ela não conseguiu se esconder enquanto ele olhava para o


seu corpo exposto.

— O que você está fazendo? — Perguntou.

— Olhando para o que é meu. Essa sua boca, com esses


lábios vermelhos carnudos, vai parecer incrível chupando o meu
pau, Jess. Quero que você o chupe.

Ela lambeu os lábios, incapaz de resistir a provocá-lo um


pouco.

— Porra, cadela, você está fazendo isso de propósito.

93
— Sim.

Ele se retirou de dentro dela só para golpear de novo. Ela


gritou, se arqueando. O prazer e a dor combinados, dispararam
as terminações nervosas dentro do seu corpo que nem sabia que
existiam. — Você sabe o que eu posso fazer com você, baby. Não
tente lutar contra mim.

Balançando a cabeça, olhou para ele. Ele soltou suas mãos,


mas apenas o tempo suficiente para capturá-las novamente.
Snake segurou os pulsos, pressionando-os contra a cama.

Ele começou a sair do seu corpo.

— Olhe para mim, Jess. Olhe o meu pau.

Olhando para baixo, viu seu pênis brilhante, aparecendo.


Ele estava nu, sem preservativo.

— Você tem que usar preservativo. Não quero ficar grávida.

— Não se preocupe com isso.

Ela abriu a boca para protestar. Ele golpeou dentro dela,


silenciando-a.

Snake não parou por aí. Continuou penetrando-a, trazendo-


a para o pico do orgasmo, mas não deixando que ela
ultrapassasse a borda. Não havia nenhuma vantagem em
implorar ou gritar. Ela não conseguia expressar sua necessidade
quando tudo o que fazia, era gemer.

— Goze no meu pau, Jess.

Ele soltou a mão dela para brincar com seu clitóris. Duas
acariciadas dos seus dedos foram o suficiente para levá-la à
espiral do orgasmo.

94
Ela gritou seu nome quando ele deu mais três estocadas.
Puxou o pau para fora, cobrindo seu corpo, sua semente jorrando
sobre o estômago dela quando seu próprio orgasmo chegou.

Ambos estavam ofegantes.

Jessica sabia que devia ficar puta. Ele usou o sexo para
silenciá-la, a largura do seu pênis para mantê-la quieta, mas não
podia ficar com raiva. Snake tinha gozado fora. O risco ainda
estava lá, mas estava estranhamente tocada.

Sua vida estava ficando muito complicada.

****

— Isso é interessante. Quem é Jessica? — O Mestre


perguntou.

Lydia estava deitada no chão, enrolada em uma bola como


ele exigiu. Não devia ter ido embora com ele. Com todas as suas
riquezas e fala suave, ele a tinha enganado. Lágrimas escaparam
dos seus olhos quando olhou para ele. A marca em sua coxa
estava doendo. Ele tinha feito isso há dois dias quando seu
celular começou a tocar. Ela tinha esquecido completamente do
telefone, até então.

Ele odiava ser interrompido durante uma sessão. O celular


dela o tinha interrompido.

— Ela é uma amiga.

— Uma amiga?

— Mora em Piston County.

— Uma amiga. — Ele começou a olhar através do telefone.

95
Estavam sozinhos em seu quarto, pela primeira vez. Ele
gostava de ter homens entrando e fodendo-a. Tinha ouvido ele
falar aos homens que ela não tinha nada de especial.

— É ela? — Perguntou, mostrando uma foto da Jessica. Ela


tinha sido tirada em um piquenique. Jessica usava um vestido
branco de verão que mostrava suas curvas generosas. Seu cabelo
negro era muito escuro, enquanto os olhos chamavam a atenção
com a cor azul, surpreendente. Repetiu para a Lydia a mesma
pergunta.

— Sim, é ela.

Ele balançou a cabeça. — Bom. Ela é linda. Será que ela


ainda mora em Piston County?

Ela queria mentir. Se o Mestre mostrasse interesse, só faria


mal para Jessica.

— Bem, você precisa de um outro incentivo para me dizer a


verdade?

Ela balançou a cabeça. — Não, é ela, e mora em Piston


County.

— Bem, bem, bem. Parece que a cidade fica mais agradável a


cada dia.

Ela era uma amiga horrível. A pior. Ela sabia, sem sombra
de dúvida, que só traria dor para a amiga.

96
Capítulo Sete
Snake acordou com uma cabeça em cima do seu peito. Fez
uma pausa ao se espreguiçar, pois era a primeira vez que
acordava com uma mulher envolvida em torno dele. Claro, já
tinha acordado ao lado de mulheres, mas, raramente, com elas
sobre ele. Cabelos negros cobriam seu peito, e ele arrumou os
travesseiros para que fosse capaz de olhá-la corretamente. Ela
não acordou. Seu braço estava sobre a sua cintura e a sua perna
sobre a dele.

Ele esperava ser atingido pelo pânico ao vê-la. Nada


aconteceu.

Afastando o cabelo para longe do seu rosto, viu que ela


ainda estava em um sono profundo. Sua boca estava
parcialmente aberta, a respiração balançando o cabelo no seu
peito.

Um cobertor cobria seu corpo. Depois que ele gozou sobre


toda sua barriga, tinham tomado um longo banho, um lavando o
outro. Ele pediu comida chinesa e conseguiu agarrar o pedido
antes que um dos seus irmãos o roubasse. Eram abutres quando
se tratava de comida.

Eles comeram na cama, assistindo televisão, que passava


algum tipo de filme de terror. Jessica tinha rido junto com ele,
gargalhando diante das cenas sangrentas. Ela era a primeira
mulher com a qual tinha estado que ria das cenas sangrentas.

Quando perguntou a ela sobre isso, ela explicou como tudo


era irreal. Ser enfermeira no setor de emergência abriu seus
olhos para os filmes de terror. Eles faziam tudo errado.

97
Achou-a adorável. Sexy e adorável, uma combinação que
nunca tinha acreditado que ia ser algo que o tornasse exclusivo.
Lembrou-se de ontem à noite, do seu ataque à Amy, e a ameaça o
deixou fodidamente duro. Seus próprios pais não tinham lutado
por ele e, ainda assim, a Jessica o fez. Ela não queria que
ninguém o tocasse ou o possuísse.

Snake hesitou em tocar seu ombro nu. Mal podia acreditar


que estava deitado na cama achando um ombro nu, sexy.

Depois de terem comido a refeição chinesa, ela o empurrou


na cama, montando em sua cintura. Foi a única a encontrar os
preservativos que mantinha escondidos. Tinha esquecido da
camisinha, na noite passada. A sensação da sua boceta nua era
algo que queria sentir novamente.

Colocando a mão em seu ombro, olhou para onde ele a


tocava. Que diabos estava acontecendo com ele? Estava
começando a parecer um marica.

— Bom dia — disse ela, aconchegando-se mais perto dele.

Ele se afastou. — Eu não queria te acordar.

— Está tudo bem. Eu tinha que acordar em breve, de


qualquer maneira. Tenho que ir para o hospital por volta das
onze, hoje.

— Quando o seu turno acaba?

— Oito, hoje à noite — Ela apertou o abraço em volta dele. —


Você é tão quente.

— Você está acostumada a fazer horas extras, certo?

— Sim. Posso cortar minhas horas sempre que necessário.

98
— Eu quero que você volte para suas horas habituais — Ele
queria a oportunidade de passar mais tempo com ela.

— Por quê? — Ela perguntou, olhando para ele. Ela cobriu a


boca.

— Que porra você está fazendo?

— Hálito matinal.

Ele segurou seu rosto, colando os lábios nos dela.


Mergulhando a língua em sua boca, ele acariciou suas costas
nuas até sua bunda. Ela gemeu, se esfregando contra ele.

— Não dou a mínima para o hálito matinal.

— Estou vendo isso.

A mão dela começou a acariciar seu quadril. Seu pênis


engrossou com a proximidade.

— Você quer que eu reduza minhas horas?

— Sim. Quero passar um tempo com você.

Ela sorriu, e ele ficou hipnotizado por seu sorriso. Jessica


estava se entranhando sob sua pele, e ele não queria deixá-la ir,
nunca. Envolvendo o braço em torno das suas costas, entrelaçou
seus dedos juntos.

— Você tem problema em gastar um tempo comigo? —


Perguntou.

— Não. Vou até ignorar a ira da Lydia, agora — Seu olhar se


mudou para onde suas mãos estavam unidas. — O que vai
acontecer agora?

— Eu não sei. Realmente, não sei.

99
Tomou sua mão, pressionando um beijo nas pontas dos seus
dedos.

Jessica puxou a mão. Ele viu quando ela deslizou os dedos


pelo seu peito. — Eu me lembro de você dizer algo na noite
passada sobre chupar o seu pau?

— Eu disse.

Estava nervosa sobre o que estava acontecendo entre eles.


Viu isso nos olhos dela, a dúvida, o medo. Ela não sabia o que
estava acontecendo, e nem ele.

— Então, acho que é hora de lhe dar algo que você quer —
Ela deslizou a mão para baixo, segurando o pênis dolorido.

— Eu vou aceitar com prazer os seus lábios em volta do meu


pau.

Ela sorriu. — Estou mais do que feliz em agradá-lo — Ela


começou a acariciar seu pênis, trabalhando a mão para cima e
para baixo em seu comprimento.

O pré sêmen já vazava da ponta. Ele empurrou o cobertor de


cima dela para que pudesse dar uma boa olhada no seu corpo nu.
Ela era perfeita. Snake nunca pensou que amaria uma mulher
curvilínea, mas estava viciado nas curvas da Jessica. Seus quadris
estavam marcados onde ele a segurou com força. Olhando de
relance para os pulsos, que se moviam lentamente ao longo do
seu pênis, viu que estavam com hematomas, também, cada
marca mostrando o sinal da sua posse sobre ela.

Todo homem que visse aquilo saberia que ela pertencia a


outro. O Doutor Bastardo manteria distância. Snake estava mais
do que feliz em fazer as pessoas caírem mortas.

100
Seus lábios estavam sobre o seu pênis e qualquer
pensamento que tinha, desapareceu. Fechando os olhos, cerrou
as mãos para evitar gozar muito rapidamente. Ela lançou a língua
ao longo da ponta, deslizando para baixo para enfiar metade dele
na boca. Usando as mãos, trabalhou o resto do seu pênis para
que ele não percebesse que não estava todo em sua boca.

Ela trabalhou nele como uma especialista, chupando,


mordiscando, engolindo seu comprimento. Jessica o levou até o
pico e o manteve na beira do precipício, deixando-o implorando
para gozar. Ele queria o orgasmo que só ela podia lhe dar.

Abrindo os olhos, viu sua cabeça balançando para cima e


para baixo, ao longo do seu pau. Seu cabelo encobria a vista.
Estendendo a mão, enrolou os cabelos negros em volta do punho.
Viu o pau entrar em sua boca. A forma como as bochechas
sugavam enquanto tentava leva-lo tão profundamente, em sua
boca, quanto podia. A visão quase foi sua ruína. Ela parecia tão
bonita.

Não queria que ela ficasse insatisfeita.

Movendo-se para o centro da cama, ela o largou tempo


suficiente para ele se mover. Segurando os quadris dela,
conseguiu movê-la para que ela ficasse por cima dele. Encarando
sua bela boceta, ele abriu os lábios do seu sexo, sugando o clitóris
inchado. Ela gemeu. O som vibrou por todo o comprimento do
seu pênis. Ele largou sua boceta para trabalhar os dedos dentro
da sua vagina. Seu sexo estava molhado e, quanto mais
provocava seu clitóris, mais molhada ela ficava.

Quando ela tomou dois dedos com facilidade, ele começou a


deslizar um pouco do seu fluído para cima, até o buraco
enrugado do seu ânus.

Ela tentou não ficar tensa quando circulou a bunda dela,


pressionando levemente. Moveu-se para baixo, para foder sua
boceta. Olhando para cima, pressionou o dedo na bunda dela,

101
observando-a ficar tensa. Dando um tapa na bunda dela, a ouviu
gritar. — Relaxe — disse ele, entre os dentes.

Ele a viu relaxar sob o seu toque.

Trabalhando a ponta do dedo em sua bunda, voltou a


acariciar seu clitóris. Começou a pressionar, novamente, o dedo
na bunda dela, ao mesmo tempo, em que ela o tomava mais
fundo em sua garganta.

Sentiu-a engolir em torno da ponta antes de recuar.


Sugando seu clitóris, preencheu o rabo com um único dedo. Ela
gozou, a pélvis esfregando em sua boca. Ele bebeu seu gozo,
encontrando seu próprio orgasmo.

Jessica engoliu seu sêmen sem reclamar. Quando acabou,


desabou sobre ele e sua boceta ficou sobre o seu peito.

Retirando o dedo da sua bunda, ele a levantou. Não deu a


ela nenhuma chance de protestar quando a levou para o
banheiro.

Nenhum deles falou enquanto ele preparava o banho,


esperando a água aquecer. Não havia necessidade de palavras
enquanto ambos ficavam sob o chuveiro. Lavou o corpo dela
enquanto ela lavava o seu. Ela o tinha lavado duas vezes, agora, e
não ficou satisfeito com o quanto estava gostando.

Quando o banho terminou, ele a secou.

— Vou deixá-la no trabalho e, depois, vou buscá-la.

— Ok, eu vou, humm, vou diminuir minhas horas para ficar


com o turno normal. Sem horas extras.

— E quanto a ser convocada? Alguma noite em que


estivermos em um encontro, você pode ser chamada.

102
— Todas as enfermeiras ficam de prontidão. Posso tirar o
meu nome da lista, se você quiser. Só fui chamada algumas
poucas vezes nos últimos anos.

— Tire-o da lista. Não quero você sendo chamada no meio


da noite.

— Claro. Eu, humm, vou fazer isso — Se abaixou para pegar


as calças.

— Sua calcinha?

— Estão sujas. Não repito a roupa de baixo.

Indo até a gaveta, tirou uma cueca. — Vista isso. Vai ficar
grande, mas não vou ter que ficar pensando em todos os homens
olhando para a sua bunda.

— Você é, humm, você é muito possessivo. Não tinha


imaginado isso sobre você.

— Nem eu.

— Isso é novo para você, então?

— Muito novo — disse ele.

Procurou através do seu guarda roupa e lhe entregou uma


camisa. — Vista isso.

Ela pegou a camisa sem argumentar. Durante vários


segundos, olharam um para o outro, sem dizer nada e, ainda
assim, seus olhares diziam muito.

Snake estava em apuros. Sabia disso mais do que qualquer


coisa. Quando foi atrás da Jessica, estava em apuros.

****

103
Jessica checava seus pacientes escutando enquanto o
Milford organizava os documentos da alta da Judi.

— Duvido que isso vá te livrar do grupo dos motoqueiros,


mas, pelo menos, ela está bem, —disse ele a uma risonha Bernie.

Revirando os olhos, terminou de verificar o mais recente


prontuário. Ficou satisfeita pela Judi estar indo bem. Seu menino
estava bem, e parecia que podia ter alta até a metade de
fevereiro. Ele era um rapaz forte.

Milford estava diretamente atrás dela.

— Podemos tomar um café? — Perguntou.

— Não.

Ela assinou e entregou o prontuário de volta à recepcionista.


A mulher sentada à mesa olhou para ela com pena. Sem dizer
mais nada, deixou o balcão principal e começou a voltar para a
sala de emergência. Foi um dia lento, com quase nenhum
visitante. Vários dos membros da gangue Chaos Bleeds ainda
estavam lá, esperando. Não tinha visto o Snake desde que ele a
levou. Não sabia o que fazer com sua atual situação. Em um
momento ela o odiava, então queria fazer sexo com ele, depois
queria rir e brincar com ele.

Nunca tinha se apaixonado por alguém e, ainda assim, tinha


certeza que estava se apaixonando. Indo até a máquina de café,
pagou, clicando na tecla referente ao café preto.

— Você vai tomar um café da máquina em vez de sentar


comigo? — Disse o Milford. Ele ainda não tinha desaparecido.

— Esta máquina não está tentando entrar na minha calça,


todas as vezes que tem chance. Se virou para olhar para ele. —
Deixa pra lá. Eu estou com alguém.

104
— O motoqueiro? Você pode fazer muito melhor do que isso.

— Eu tenho uma moto. Eu gosto de motos, e gosto de


homens que andam de moto. Não pense que me conhece.

Esse cara lembrava um pouco do seu pai, que era, apenas,


eca. Ela não se estragaria por alguém como o seu pai. Homens
como ele sempre olhavam com seus narizes empinados para as
outras pessoas.

— Você tem uma moto? — Perguntou.

— Sim, eu piloto uma moto e fodo homens que são


inadequados. Você não está no mesmo time que eu, Milford.
Esqueça, caso contrário, o Snake vai ter um problema com você.

— Eu já tenho um problema — disse Snake. Ele apareceu


atrás do Milford, agarrando o médico pelo pescoço, e
pressionando-o contra a parede. Jessica lançou seu café inteiro
no lixo, correndo até o Snake.

— Nada estava acontecendo, Snake. Não vale a pena se


meter em encrencas, por causa dele, de novo. — Ela puxou seu
braço, tentando fazer com o soltasse. Não aconteceu nada. Ele
não se moveu. — Snake, por favor, solte-o.

— Não, eu não vou entrar em apuros — disse Snake.


Empurrou o Milford na parede, uma última vez.

— Vai. Estou chamando a polícia. Isso é um abuso.

— Resposta errada — Snake o agarrou firmemente pelo


pescoço, de novo, praticamente balançando-o como uma boneca
de pano. — Vamos deixar uma coisa bem clara, seu pedaço de
merda. Você fala sobre mim ou olha para a Jessica novamente, e
vou vir atrás de você. Há mulheres suficientes neste hospital que
ficariam felizes em se livrarem da sua bunda. Você é a escória,

105
usando sua posição para atrair mulheres para a cama. Se eu ouvir
que você está fazendo isso de novo, vou levar isso mais além.

— Você não pode me matar.

— Não? Na verdade, eu posso, mas você está certo. Seria


muito mais gratificante ver você se contorcer na cadeia. A sua
carreira e sua reputação em frangalhos. — Snake bateu com o
punho no estômago do Milford. — Vamos, Jess.

Ela não discutiu, pegando sua mão.

Com a mudança do seu horário, mandou uma mensagem


para que ele soubesse que ela estaria pronta até a uma hora, pois
hoje seria seu dia de folga.

Vários dos enfermeiros ficaram felizes por ela reduzir suas


horas, pois significava que eles podiam reservar horas extras. Se
soubesse que estava impedindo mulheres e homens de ganhar
mais dinheiro, teria parado há muito tempo.

Ela não precisava do dinheiro, pois vinha de uma família


rica. Seu pai, não importava o quanto estivesse chateado com ela
por se mudar para Piston County, não a deserdou. Sua mãe
estava orgulhosa, e Jessica aprendeu há muito tempo que devia
se certificar que sua mãe estava feliz, e seu pai não diria nada
contra ela.

— Você não tem que fazer isso — disse Jessica, seguindo-o


para o estacionamento.

— Ele só ia piorar. Homens como o Milford não entendem a


palavra não. Odeio homens assim — Snake a ajudou a entrar no
lado do passageiro do carro.

— A Judi e o Ripper estão indo para casa, hoje.

— Eles vão ficar no clube. Vamos ter uma celebração.

106
— O que vocês estão comemorando? — Perguntou Jessica.

— Neste momento, estamos comemorando o fato da Judi


estar viva e bem. Quando o pequeno monstrinho chegar em casa,
vamos celebrar — Ela viu quando outro carro parou no
estacionamento. — Devil está aqui, agora. Me dê um momento.

Fechou a porta a caminhou em direção ao outro membro.


Devil usava uma jaqueta de couro que mostrava a gangue que ele
presidia. Ela o tinha visto de perto e, na parte da frente, havia
uma insígnia com o nome de "presidente". Estava escrito em
letras maiúsculas, que não deixavam margem de erro de quem
ele era.

A mulher, Lexie, saiu do carro. Estava grávida, mas o


estresse com a Judi não havia causado nenhum problema para
ela. Não era seu primeiro filho, mas o seu quarto.

Snake e Devil apertaram a mão antes que ele fizesse o


caminho de volta para o carro.

— O que foi aquilo?

— Eu estava contando a ele sobre o Milford. Ele vai ficar de


olho no filho da puta.

— Ele é apenas um médico desprezível, Snake. Acho que


você está se preocupando com ele desnecessariamente.

— Vou me certificar de mantê-lo afastado ou vou fazer algo


que vou lamentar.

— Não posso acreditar que você pode falar sobre matá-lo,


assim tão facilmente.

Ele agarrou a parte de trás do seu pescoço, colando os lábios


nos dela.

107
— Posso falar sobre isso facilmente, porque é a verdade. Não
gosto da ideia de alguém colocar as mãos em você — Acariciou
seu pescoço, em seguida, se afastou.

— Então, esta noite tem festa?

— Você vai vir.

— Espere, o quê? — Ela queria relaxar com um bom livro ou,


pelo menos, um bom filme.

— Devil quer conhecer a garota que assustou a Amy.

Ela franziu o cenho, virando-se para olhar para ele. —


Ninguém viu aquilo, além de nós.

— Amy tem uma boca grande. Ela disse a todas as mulheres


para se afastarem de mim. Parece que você enviou sua
mensagem.

Ela gemeu, apoiando a cabeça nas mãos. — Isso é ruim.

— Por que é ruim?

— Eu nunca fui a uma festa no clube. Eu nem gosto de


beber, Snake. Deus, todos vão rir de mim, e pior, vão rir da Amy.

— Não, eles não vão. Nós vamos para a sua casa para que eu
possa deixá-la se preparar para esta noite.

— Isto está tudo errado.

— Somos exclusivos — disse ele.

— O que isso tem a ver com alguma coisa?

108
— Nós temos um ao outro. Você assustou as outras
mulheres. Você virá para esta festa, porque isso é importante
para mim.

Ela olhou para fora do carro enquanto ele saía do


estacionamento. — Somos como namorado e namorada, agora?
— Perguntou ela.

— Temos, certamente, algo. Você quer colocar um rótulo?

— Não sei o que eu quero.

— Bem, pensei que poderíamos parar no restaurante, comer


alguns hambúrgueres e ir para a sua casa.

Ela assentiu com a cabeça. — Parece bom.

Vinte minutos depois, estacionou nos fundos do


restaurante.

— Vou ficar feliz quando a primavera chegar — disse ela, se


encolhendo em torno da sua jaqueta. Snake a puxou para perto,
envolvendo os braços em volta do seu corpo. O calor dele se
infiltrou através das suas roupas.

— Eu posso aquecê-la.

Ela se derreteu contra ele, não querendo soltá-lo. Entraram


no restaurante, encontrando uma mesa na parte de trás. Uma das
garçonetes anotou seu pedido segundos depois de estarem
acomodados.

— Mia, a Senhora do Curse, fez com que fôssemos


atendidos.

— Lembro de ter ouvido algo sobre vocês não serem


populares aqui.

109
— Está melhorando um pouco. Acho que prova que não
estão ajudando bandidos — disse ele.

— Eles estão mantendo um olhar atento sobre essa boate de


strip que vocês estão inaugurando.

— A boate de strip?

— Sim, já ouvi muito sobre ela. As esposas na cidade


querem fechá-la, enquanto os maridos a querem aberta. Será que
esta vai ser uma daquelas boates onde as meninas oferecem um
pouco a mais nos quartos dos fundos? — Ela perguntou,
sorrindo.

— Realmente, não posso dizer.

Ela encolheu os ombros. — Não importa. Nunca vou visita-


la.

— Por que não?

— Estarei ocupada. E não preciso ver os peitos de uma


mulher, Snake. Já tenho os meus. Se quiser vê-los balançar,
danço na frente de um espelho.

Uma das suas sobrancelhas subiu, enquanto olhava para ela.

— Posso fazer você me mostrar alguns desses movimentos.

Ela riu. — Você é um tarado, ninguém lhe disse isso?

— Você sabe o que eles dizem.

O sorriso deixou seu rosto enquanto pensava na Lydia.

— Você já teve notícias dela? — Perguntou.

— Quem?

110
— Você sabe de quem — Ele lhe deu um olhar aguçado.

— Não. Não ouvi nada sobre a Lydia.

— Você quer que eu a procure?

Jessica sacudiu a cabeça. — Não há razão para isso. A Lydia


aparece quando quer. Vi isso ao longo dos anos que a conheço. A
Lydia, não tanto.

Seus hambúrgueres chegaram, e pararam de falar. Não


queria falar sobre a Lydia. A culpa tinha começado a se
desvanecer e, até mesmo, pensar nela agora, não a fazia se sentir
culpada por estar com o Snake.

Ela era uma amiga horrível.

111
Capítulo Oito

— Você sabe que eu devia estar ajudando você a escolher


uma roupa, não estar sentado aqui esperando — Snake gritou as
palavras para a Jessica ouvir no andar de cima. Tiveram um
ótimo jantar, comendo seus hambúrgueres, rindo e brincando.
No momento em que entraram na casa, a Jessica desapareceu no
andar de cima para se aprontar. Fazia trinta minutos e ele
esperava pegá-la nua.

A festa não começaria antes de algumas horas.

Olhando em frente ao quarto, verificou o relógio para ver


que tinham outro par de horas de sobra. Podiam se arrumar a
qualquer momento. Devil já tinha ligado para ele, para avisá-lo
que a Judi e o Ripper já estavam no clube.

Os horários de visita não eram longos para visitar o bebê. A


boa notícia era que o bebê estava indo muito bem. Ele devia estar
em casa em questão de semanas.

— Ok, quero que você feche os olhos e não olhe.

— Não posso olhar?

— Apenas faça isso.

Fechando os olhos, gritou para ela que esperaria.

Ouviu um movimento e tentou espiar. Ao se lembrar do


jeito que ela atacou a Amy, ontem à noite, se deteve. Não queria
que ela ferisse suas bolas.

112
— Certo, pode olhar — disse ela.

Abrindo os olhos, seu pênis ficou duro diante da visão.


Nunca ficou excitado tão rapidamente. Ela usava um vestido
vermelho bem justo, que moldava suas curvas como uma
segunda pele. Seu cabelo estava cacheado e o comprimento
cascateava em torno dela, em ondas exuberantes. A maquiagem
que ela usava era mínima e, apenas, destacava o vermelho dos
lábios cheios e as bochechas rosadas. O rímel preto que usava,
enfatizava os olhos azuis. O pacote inteiro era demais.

Seria invejado por cada indivíduo no clube.

— Eu não uso saias curtas ou qualquer tecido revelador. Isso


é tudo que tenho. Eu o usei para jantar com minha família há um
ano atrás. Não o usei, desde então.

Sua boca estava seca quando ela se virou. A parte de trás


mergulhava para baixo, mostrando um pouco da carne. Não era o
suficiente para mostrar o sutiã que ela usava. Estava mesmo
usando calcinha?

— Estou bem? — Perguntou. As mãos foram até os quadris


e, em seguida, os dedos se juntaram na sua frente.

— Você está linda — Ele se levantou e encurtou a distância


entre eles. Envolvendo as mãos ao redor do seu corpo, ele a
puxou mais para perto. Ela era tão incrivelmente sexy. Sexy e
quente e não conseguia manter as mãos longe dela. — Porra,
baby, não quero levá-la para a festa. — Ele deslizou a mão para
baixo, até sua bunda. Não havia nem mesmo um sinal de uma
calcinha. Enfiou a mão sob o vestido.

— Snake!

Ela estava nua e molhada ao toque.

113
— Quer parar com isso? — Jessica empurrou. Ele lambeu os
fluidos nos dedos.

— Você é tão bonita.

— E você continua dizendo isso. Como estou? Será que me


encaixo?

— Você vai se destacar, baby. Cada homem vai querer você,


hoje à noite. As prostitutas vão te odiar — Ele a puxou para perto,
pressionando o nariz contra o seu pescoço. Inspirando, esfregou
o pênis contra o estômago dela. — Você sente o que faz comigo?

Ela gemeu, e ele agarrou a bunda dela. — Nós vamos para a


festa.

— Vamos.

Se pudesse enfiar o pau dentro dela, ela pararia de falar


sobre a festa.

— Snake?

— Sim?

— Festa.

— Tudo bem, tudo bem, — disse ele, retirando as mãos. — É


melhor irmos agora, caso contrário vou inclinar você sobre o
sofá, a mesa ou a cama, e vou fodê-la.

— Gosto de como isso soa, mas podemos fazer isso após a


festa.

Ela segurou sua mão até ele parar de tentar ganhar mais
tempo.

114
Contou até dez dentro da cabeça, tentando não olhar para a
Jessica.

Uma vez que estavam no carro, se viu olhando para ela. Ele
não conseguia evitar.

No momento em que estacionou o carro no clube, ainda


estava duro como uma pedra.

— Pense na Lydia — disse ela.


— O quê?

— Com o seu pequeno problema, imagine a Lydia. Ela


assustou você, você se assustou um pouco. Deve ajudar — Ela
sorriu para ele.

— Você está fazendo isso para me torturar.

— Não. Estou fazendo isso para me encaixar no seu mundo,


Snake. Aceitei que há algo entre nós. Não consigo explicar e, para
ser honesta, me assusta. Nunca estive com alguém como você,
antes. Você não pode negar que algo está acontecendo.

— Não posso — Concordou com ela. Não havia nenhum


benefício em negar a verdade.

— Vou tentar me encaixar no seu mundo — Ela abriu a


porta, e o Snake respirou. Tinha a sensação de que ela ia se
encaixar no seu mundo um pouco bem demais.

Quando Snake a acompanhou até a porta clube, o Dick


estava de pé na porta.

— Uau, caralho, cara.

— Cala a boca, Dick.

115
— Você é a enfermeira que ajudou a Judi? — Perguntou
Dick. Snake o observou jogar o cigarro no chão, pisando nele.

— Sim, sou.

Dick estendeu a mão. — Agradeço tudo que fez pela Judi e


pela gangue.

Ela pegou a mão dele. — Obrigada.

O respeito que o Dick tinha pela Jessica estava claro. Snake


franziu a testa para o Dick. O outro homem não era conhecido
por ser legal. Ganhou seu apelido por ser um idiota para quase
todos.

Entraram no clube. A Lexie estava discutindo com o Devil.

— Eu lhe disse para sentar sua bunda em um banco. Você


está grávida, e quero que você descanse.

— Não há nada de errado comigo, Devil.

— Você quer que eu te coloque nos meus joelhos? Eu faria


com gosto, na frente de toda a gangue.

— Se atreva e eu juro que você não terá nenhum sexo por


um ano.

Ambos olharam um para o outro, se enfrentando.

— Lex, o Devil está certo. Você precisa se sentar — disse a


Judi, descendo. Ela parecia tão pequena, vulnerável. Ripper
segurava seus ombros, ficando perto dela. Não gostava de ver a
Judi assim. — Nós já tivemos um susto.

— Você devia estar lá em cima, descansando.

116
— Eu sei que você planejou uma comemoração. Prefiro ficar
descansando aqui.

— Esta festa vai ser fraca — Spider disse, caminhando ao


redor do bar.

Judi balançou a cabeça. — Não vai ser uma festa fraca. Vai
ser uma das boas. Não terei ninguém me dizendo que uma festa
minha é fraca — Andou até o som e selecionou uma canção. —
Ah, isso vai funcionar.

Snake puxou a Jessica contra o seu lado. — Como ela está?

— Ela vai ficar bem. Precisa de descanso, e que todos se


mantenham firmes. Tudo deve ficar bem, agora. O maior
problema é o bebê. Ele pode mudar o rumo da recuperação em
um segundo. É por isso que ele vai ficar no hospital, para que
possam manter um olho nele.

— Jessica? — Disse a Lexie.

Todos se viraram na direção deles. Snake viu o interesse nos


olhos dos homens solteiros. Segurando a parte de trás do seu
pescoço, enviou um olhar para todos eles. Esta mulher era dele.
Nenhum deles tinha chance.

— Eu trouxe a enfermeira, Devil — disse Snake.

— Finalmente, uma mulher de bom senso — Devil se


aproximou. — Diga à minha sexy, mas muito teimosa esposa, que
ela deve descansar.

Jessica sorriu. — Lexie, receio que vá ter que concordar com


o seu marido. Você, realmente, precisa descansar. Você teve um
susto com a Judi. Não seria certo se eu dissesse o contrário. De
resto, você está grávida e, realmente, precisa cuidar de si mesma
e do bebê.

117
Devil aplaudiu enquanto a Lexie bufava.

— Por favor, não me odeie — disse Jessica.

— Você é enfermeira. Você sabe do que está falando e esse


grandalhão, não. Ele só está feliz por você concordar com ele.
Ouvi sobre o que você fez com a Amy.

Ele observou quando a Jessica olhou para baixo. — Sinto


muito.

— Já era hora de alguém colocá-la no seu lugar. Ela estava


ficando um pouco cheia de si mesma — Lexie deu um tapinha no
seu braço. — Algumas das garotas, na verdade, pensam que
podem apenas foder nossos homens e não vamos fazer nada.
Estou contente por você lhes mostrar que não é o caso.

— E isso me deixou duro como uma pedra — disse Snake.

— Eca, informação demais. Obrigada pela visão — Lexie


cobriu os olhos e balançou a cabeça. — Divirta-se na festa.

Snake a puxou de volta contra ele. — Você vai ter um monte


de diversão.

— Eu realmente sinto muito sobre aquela menina.

— Não diga nada para estragar a minha fantasia. A única


coisa que faltou foi lubrificante ou lama. Eu não sei qual dos dois
teria sido mais atraente.

— Alguém já lhe disse que você pode ser um cachorro?

— Só você — Cruzou os braços sobre a barriga arredondada.


— E, agora, estou com tesão por você.

Inclinando a cabeça para trás, colou os lábios nos dela. Pela


primeira vez, desde que se reuniram aos outros, Jessica se

118
derreteu contra ele. Só fazia isso em particular, nunca na frente
de outras pessoas. Mesmo no restaurante, mais cedo, não tinha
relaxado. Ele a queria relaxada perto dele, que isso fosse natural
para ela.

— O que você está fazendo comigo? — Perguntou,


sussurrando as palavras contra os lábios dele.

— Eu podia te perguntar a mesma coisa — Ele estava


mudando, e era tudo por causa da mulher em seus braços.

****

Mais tarde, naquela noite, a festa acabou bombando. Judi e


o Ripper estavam na pista de dança. O feliz casal já tinha
recebido as felicitações e agora estava dançando juntinho. Jessica
se apoiou contra uma das paredes, bebendo um refrigerante
enquanto observava o Ripper e a Judi dançarem. Snake tinha
saído para fumar com alguns homens. Viu que havia um monte
de homens, e um monte de mulheres da cidade. Algumas das
mulheres eram as garotas do clube, sobre as quais o Snake tinha
lhe falado, enquanto outras eram apenas mulheres que queriam
sexo.

— Oi, você é a Jessica, certo? Sou a June — Uma mulher


esbelta ficou na frente dela, estendendo a mão.

— Olá — disse a Jessica, sem aceitar a mão estendida.

— Eu sou uma das garotas da gangue — disse ela.

Levantando uma sobrancelha, olhou para a outra mulher, se


perguntando se ela era estúpida ou idiota.

— Ouvi sobre o que você fez com a Amy. Queria te conhecer


e ser honesta com você.

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Endireitando-se, Jessica olhou para a mulher bonita. Tinha
cabelos castanhos e lindos olhos verdes.

— Bem, você é do mesmo tipo? — Jessica odiava ser uma


cadela, mas Snake a avisou que a única maneira de sobreviver a
essas mulheres, era sendo dura. Era o que conheciam.

— Não. Eu não fodo homens que não estão disponíveis. Não


penso em ficar com os homens que já estão comprometidos.
Acredite ou não, eu, realmente, tenho alguma moral.

— Você nunca fodeu com o Snake?

— Eu não disse que nunca transei com ele. Eu nunca fodi


com o Devil ou o Ripper. Eles estavam comprometidos, mesmo
antes de eu estar por perto. O Snake não estava saindo com
ninguém quando cheguei.

— Por que você dorme com tantos homens? — Perguntou


Jessica, sem odiar a mulher. Ela não podia, exatamente,
classificá-la como cadela por ser honesta e humana. Snake era
um homem de boa aparência.

— Eu gosto. Você gosta de ser enfermeira, eu gosto de foder


homens. Não estou pronta para sossegar, nem quero. Tenho uma
ânsia que precisa ser atendida, assim como todas as outras
mulheres.

Jessica sorriu. — Fique longe do Snake e vamos nos dar


bem.

— Você não vai me perseguir com a intenção de me matar?

— Não. Faça o que eu peço e vou deixá-la viver — Jessica


riu. — Só estou brincando. Sou uma péssima atriz.

120
— Nem um pouco. Estou feliz por ter vindo aqui. Vou
parecer estar com medo para o resto das mulheres. Elas estão
com medo.

— Por quê? — Perguntou Jessica, tomando um gole e


olhando ao redor da sala.

— Elas foderiam o Snake em um piscar de olhos, e isso não


teria nada a ver com você.

— Ele é bem dotado — disse Jessica, sorrindo. Ela gostava


do tamanho do seu pênis. Às vezes, superava sua personalidade.

— Acho que vou gostar de você.

— Da mesma forma.

Ambas começaram a dançar no ritmo da música.

— Vamos lá, há mais diversão lá fora, na pista de dança. A


maioria dos homens solteiros está olhando para o seu corpo sexy.
Eu posso ter as sobras daqueles que o Snake não matar — June
pegou a mão dela, levando-a para a principal aglomeração de
pessoas. Judi e o Ripper estavam em um canto, isolados da
pesada batida da música.

— Vamos começar a festa — disse a June.

A música aumentou, e a batida ricocheteou nas paredes.


June tomou o refrigerante da Jessica. — Vamos lá, vamos dançar.

June colocou os braços em volta dela e dançaram juntas.


Dick puxou a June contra ele e começou a esfregar o pênis contra
sua bunda. Ignorando os homens, o senso comum e, apenas, se
concentrando na diversão, Jessica jogou as mãos no ar e
começou a balançar os quadris na batida. Homens vieram e
dançaram com ela. Quando chegavam um pouco perto demais,
ela os empurrava. Fechando os olhos, se deliciou com a diversão.

121
June voltou e desapareceu. Jessica sentia falta do Snake e o
queria perto.

Alguém envolveu o braço em volta da sua cintura,


empurrando o pênis contra sua bunda.

Antes que ela pudesse interromper quem quer que a


estivesse segurando, ouviu a voz do Snake.

— Dime, fique longe da minha mulher.

— Esta é a sua mulher?

Abrindo os olhos, olhou para as profundezas sombrias do


seu homem. Ele parecia estar com tanto ciúme, que foi
emocionante ver. — Esta é a minha mulher, e você está a um
segundo de se tornar incapaz de ter filhos, Dime

O homem atrás dela a soltou. Jessica se atirou nos braços do


Snake. — Imaginei quanto tempo demoraria até você voltar.

— Você sentiu minha falta? Não parecia, de onde eu estava.

— Eu estava prestes a tirá-lo de cima de mim — Apertou os


lábios contra os dele, gemendo quando ele mergulhou a língua
em sua boca. Suas mãos agarraram sua bunda com força,
empurrando a pélvis contra a dela — Você o afastou antes de eu
ter tido o prazer. Há apenas um homem que eu quero.

— Você o tem.

A sala ficou longe quando o Snake lhe mostrou, exatamente,


a quem ela pertencia. Não queria estar nos braços de outra
pessoa, nem em sua cama. Snake era o homem certo para ela, e
isso era o que a aterrorizava.

Judi e Ripper foram os primeiros a deixar a festa, seguidos


pelo Devil e a Lexie.

122
— Vamos, tenho um pau com seu nome escrito nele.

— Uau, você é tão romântico — disse ela, revirando os olhos.

Ele a levou até seu quarto. Ela não tinha bebido, mas queria
estar com ele. O clube estava se tornando, rapidamente, a sua
casa. Snake fechou a porta, se virando para ela, rapidamente.
Antes que soubesse o que estava acontecendo, puxou seu vestido,
deitando-a de costas na cama.

— Não posso esperar mais.

— Por favor, Snake, preciso de você dentro de mim.

Ele a deixou na cama. Apoiando-se nos cotovelos, viu


quando ele soltou o cinto, deixando o jeans cair, longe o
suficiente. Seu pênis saltou livre. Ele já estava longo e duro. Ela
abriu as coxas, estendendo a mão para acariciar o clitóris.

— Você quer o meu pau, baby?

— Você sabe que quero. Eu preciso de você — Ela deslizou


um dedo para dentro, gritando de prazer.

Snake empurrou a mão dela, substituindo seu dedo pela


ponta do seu pênis. Não havia tempo para preservativos. Nem
mesmo a Jessica conseguiria detê-lo.

Ele penetrou até a base dentro dela. O comprimento do seu


pau grosso raspou pelas suas paredes, e ela gemeu quando ele a
invadiu. Não parou até que ele estava enterrado profundamente
dentro dela, até as bolas.

— Porra, baby. Você está sempre tão apertada e tão


molhada. Você é o meu vício. Isto é o que eu quero. Sou viciado
em você, Jess. Muito viciado.

123
Se inclinou, mordendo seu ombro. Eles não estavam
tocando as peles, o suficiente. Snake rasgou seu vestido. O som
do tecido rasgando encheu a sala.

— Vou dar a você um vestido novo, baby — Seus lábios


chuparam seu mamilo, mordendo enquanto ele empurrava para
dentro, ao mesmo tempo. Ela empurrou o quadril para cima,
para encontrar seu pênis. Jessica puxou sua camisa, jogando-a
para fora do caminho. Marcando suas unhas nas costas dele, ela
ofegava para conseguir respirar diante do intenso prazer de ter
seu pau dentro dela.

— Caralho, sim. Coloque sua marca em mim, baby. Coloque


suas mãos em mim. Me toque. Eu quero isso — Ele gemeu,
socando dentro dela. A força das suas estocadas fez a cabeceira
da cama bater na parede, combinando com a batida dos seus
quadris. Ele estava acariciando ao longo do seu ponto G, as bolas
batendo na sua bunda.

Ela arranhou suas costas, gritando enquanto ele a penetrava


até o colo do útero. O prazer era tão intenso que quase doía.

— Você é toda minha. Nunca vou deixar você ir embora,


nunca, jamais. Você é minha, agora.

— Sim — disse ela, gemendo enquanto ele chupava um


mamilo, em seguida, o outro. Ela estava muito perto do orgasmo.

Ele golpeou, mais e mais. Ela estendeu a mão, tocando o


clitóris. A cada impulso dos seus quadris, ele batia a mão dela
contra o clitóris adicionando uma pitada de dor.

Jessica não conseguiu adiar por mais tempo. Gritou quando


seu orgasmo a atingiu duramente. Snake não parou. Continuou
transando com ela, com força.

124
Quando, finalmente, gozou, jogou a cabeça para trás
gritando em seu orgasmo. O som ecoou na parede, dando-lhe
arrepios. Ele se deixou cair sobre ela.

— Porra, baby, você vai me enviar para uma morte precoce


com essa boceta doce.

Ela riu. — Você não foi muito ruim, mesmo.

Terminaram de tirar as roupas. Jessica sentiu sua porra


escorrer para fora da sua boceta, mas, por alguma estranha
razão, não pareceu se importar.

A festa ainda estava em pleno andamento no térreo.

— Eu vi você falando com a June.

— Sim, nós conversamos.

— O que você achou dela? — Perguntou.

— Sei que você transou com ela. Sei, também, que a June
não fode com nenhum dos homens que estão comprometidos.
Não se preocupe. Não vou cortar suas bolas. Não sou essa pessoa
horrível — Ela riu. — Como você soube que eu estava falando
com a June? Pensei que você havia saído para fumar um cigarro.

— Saí. Eu voltei, vi você com a June e corri. Não queria ser


pego no fogo cruzado com vocês duas.

— Você é um covarde.

— Só quando se trata de você. Você sabe como usar uma


arma? — Perguntou

Balançando a cabeça, ela riu. — Nada de arma, mas sei


como usá-la.

125
— Viu, você já está me aterrorizando.

Jessica lhe deu um tapa. — Eu gosto da June e, humm, meio


que gosto de você — Admitiu a verdade para ele.

— Você gosta de mim?

— Só um pouquinho e só do seu tipo. — Ela olhou para o seu


peito, perguntando que diabos estava fazendo ela dizer essas
coisas.

— Bem, eu meio que gosto de você, também. Gosto muito de


você, na verdade. Você é a primeira mulher com quem já tirei um
tempo para conversar.

— Sério?

— Sim, eu não acredito em conversar com uma mulher


sobre qualquer coisa. Gosto de sexo. Com você é diferente. Tenho
a sensação que sempre vai ser diferente com você.

— Snake?

— Sim, baby?

— Não me engane, ok? Eu não quero ser uma daquelas


mulheres que encontram o seu homem na cama com outra
mulher. Você quer acabar com isso, faça-o na minha cara, com
palavras. Não posso suportar a ideia de ser ferida assim.

— Não vou te machucar. Eu prometo — Se inclinou para


depositar um beijo em seus lábios. Ele foi suave, doce, e Jessica
soube, naquele momento, que estava se apaixonando por ele.

****

— O Ripper e a Judi estão indo bem. — Disse Lexie.

126
Devil entrou no quarto, secando os cabelos com uma toalha.
Sua mulher usava um roupão de seda que estava bastante
apertado em sua barriga. Alguns homens não gostavam de curvas
abundantes, mas para ele, ela era a mulher mais bonita do
mundo. Ficou ainda mais bonita desde que tinha lhe dado as
crianças e também aceitado o Simon como dela.

— Eles passaram por muita coisa, já.

— Eu liguei para a Eva. A Tabitha está muito melhor, e tudo


está resolvido. O Tiny até entregou o martelo ao Lash.

— Nunca vi uma mudança tão rápida — Devil jogou a toalha


no cesto de roupa suja, em seguida, a envolveu pela cintura. Ele
caminhou até a cama com os pés descalços. A Lexie estava
lutando para se deitar. — Vamos lá, baby, deixe-me ajudá-la.

— Você deve pensar que eu sou uma baleia encalhada.

— Nem um pouco. Você é a mulher mais bonita do mundo


— Expressou seus pensamentos anteriores, ao mesmo tempo em
que a ajudava a deitar na cama. — Isso, para mim, é lindo — Ele
segurou sua barriga, depositando um beijo na protuberância.

— Você é um sedutor.

— Eu sou o seu homem — Passou por cima dela, se


acomodando atrás das suas costas, completamente nu.
Descansando a mão em sua barriga, beijou o ombro exposto. — O
Ripper e a Judi têm toda a gangue com a qual podem contar.

— Eu só me preocupo. Um bebê prematuro vai ser um


trabalho duro. Tem todos os medicamentos e temos que tomar
precauções.

— Os homens a amam como sua. Eles vão cuidar dela, e


ninguém vai se importar com o trabalho — Acariciou a barriga da

127
Lexie, desejando que ela se acalmasse. Devil não gostava que ela
se estressasse. Não era bom para ela ou para o bebê.

— Eu sei que não devo me preocupar.

— Você pode se preocupar, mas se preocupe com as coisas


certas.

— Oh, sim, e quais são as coisas certas?

Acariciou seu corpo com a mandíbula. — As coisas certas


são, se certificar que seu homem esteja cuidado, os nossos filhos,
e a gangue. Estamos nisso juntos. Não vou deixar nada acontecer
com a Judi, com o Ripper ou com o bebê.

— Você teria feito a mesma escolha comigo.

— Teria. Você vem em primeiro lugar, sempre. Eu amo as


crianças, mas não do jeito que te amo. Elas são minha carne e
sangue, você, você é a minha vida, Lexie. Você é algo do qual não
posso desistir — Apertando os lábios nos dela, gemeu quando ela
se abriu para ele. Estavam juntos há quase cinco anos, talvez
mais, e ele ainda não conseguia ter o suficiente dela. Ela era todo
o seu mundo.

128
Capítulo Nove
Quatro semanas mais tarde, o bebê da Judi e do Ripper, a
quem tinham chamado de Paul, foi autorizado a voltar para casa.
Todo a gangue chegou ao hospital. Não haviam muitos irmãos
que tiveram a coragem de ver o Paul na unidade neonatal. Snake
ficou atrás da Jessica, sua mulher. As últimas quatro semanas
tinham sido fora de série. Quando nenhum dos dois estava
trabalhando, estavam juntos. Eles dormiam no clube ou na casa
dela. Ele a tinha levado ao cinema, para jantar, e se hospedaram
no clube.

Ela ainda não tinha ouvido falar da Lydia, e ele não se


importava. A mulher era louca e, enquanto a Lydia estava fora,
significava que ele tinha a sua mulher sozinha sem se preocupar
com a interferência de uma amiga.

O que o deixou feliz foi a retirada do Doutor Bastardo. O


homem tinha levado sua ameaça a sério e, uma noite após a
Jessica adormecer, Snake tinha feito ao bom médico uma visita
em sua própria casa. Fez com que o Milford soubesse o seu lugar
e que o Snake podia matá-lo quando quisesse, sem nem pensar.

— Olhe para eles, Snake — disse ela, tocando a mão dele


com a sua.

— São lindos, juntos — Deu um beijo no topo da sua cabeça.


Durante as últimas quatro semanas, Judi tinha saído da sua
concha. Deixar o bebê todos os dias tinha atingido o jovem casal.
Felizmente, não havia nada errado, e o Paul estava mais forte do
que nunca. Olhando na direção do Devil, viu que a Lexie e as
crianças estavam, também, juntos. A Lexie tinha a mão sobre a
barriga. Ela ia dar à luz a qualquer momento. Devil já os tinha
colocado de sobreaviso, no caso da bolsa estourar.

129
Quando faltava um par de semanas para a Elizabeth nascer,
Devil deixou todo o clube ciente do que poderia acontecer a
qualquer momento. Snake não gostaria de assistir a Lexie com
uma poça aos seus pés, mas tinha feito isso por seu Presidente.
Agora, entendia o porquê. Entendia mais do que a maioria.

— É melhor você mostrar o queridinho, aqui fora — disse a


Phoebe, apressando-se para a frente. Judi segurava o Paul em
seus braços enquanto o Ripper se ocupava do assento do carro no
qual precisavam colocá-lo. Paul ainda era pequeno, mas com o
tempo, ia ganhar peso. — Ele é tão bonito. Já posso ver que ele
vai ter todas as meninas atrás dele — Phoebe era a esposa do
Vincent.

— Acho que alguém está se sentindo ciumenta.

— Você acha que a Phoebe quer mais filhos.

— Sim, só de olhar para o Vincent. Ele parece assustado pra


caralho — Jessica riu

— Você quer filhos? — Perguntou. Ele não pensava em


crianças. Jessica estava abrindo seu mundo e fazendo-o querer
coisas que não tinha sequer percebido que queria.

— Algum dia, eu acho. Não pensei muito a respeito. Você


deve querer, certo?

— Muitas pessoas parecem pensar que é o caminho a seguir.

Jessica deu de ombros. — Nunca tive o desejo de ter uma


família. Não houve nenhum homem que despertasse esse desejo.

Ele não se ofendeu. Para ambos, este era território


inteiramente desconhecido. Nas últimas cinco semanas a única
boceta que teve, foi a dela. Costumava já estar entediado, agora,

130
mas, ainda não tinha acontecido. Snake continuava esperando
por isso, também, mas não aconteceu.

— Eu tenho um problema — disse Jessica, se virando para


ele.

— Qual é o problema?

Ela passou os dedos pelos cabelos, contraindo-se um pouco


quando olhou para a esquerda e direita. —Humm, a Lydia não
ligou, mas o meu pai e o meu irmão, sim.

— Seu pai e o seu irmão?

— Sim, eles vão dar uma passada em Piston County,


amanhã, e querem jantar.

— Isso é importante ou não? — Perguntou.

— Não sei. Queria saber se você gostaria de vir junto e


conhecê-los?

Ele fez uma pausa. — Você quer que eu me encontre com os


seus pais?

— Eu quero que você conheça os meus pais e o meu irmão,


se você não se importa — Ela mordeu o lábio.

— Por quê?

— Bem, eles estão sempre preocupados comigo. Eles não


acham que é bom para mim ficar sozinha e, quando descobrirem
que a Lydia desapareceu outra vez, vão ficar putos.

— O que é que a Lydia tem a ver com isso?

131
— Nós somos amigas há um longo tempo. Meus pais
permitiram que eu me mudasse para Piston County, desde que
tivesse uma amiga aqui.

— Eles não sabem sobre os seus desaparecimentos


regulares?

— Eu sou uma mulher de vinte e nove anos. Não conto tudo


a eles.

Ele soltou um suspiro. — Estarei lá só para mostrar que você


está protegida?

— Só um pouco. Eles acham que qualquer coisa pode


acontecer, a qualquer momento. Eles acreditam nas piores
coisas. Honestamente, é muito estranho quão protetores podem
ser — Ela sorriu.

Cruzando os braços sobre o peito, olhou para ela.

— Por favor, por favor, lindão.

— Conhecer seus pais?

— Sim — Ela tocou em seu braço. — Eu vou lhe dar o que


quiser.

Levantando a sobrancelha, ele acenou com a cabeça. Ele


ficaria feliz em conhecer seus pais e deixá-los felizes. — O que eu
ganho com isso?

— O que você gostaria? — Ela perguntou.

Envolvendo um braço em torno da sua cintura, ele a puxou


em direção a ele, acariciando a fenda da sua bunda. — Isto é o
que eu quero.

132
Ela deixou escapar um suspiro. — É isso? De tudo que eu
posso te dar, isso é tudo o que você quer?

— O que mais está à disposição?

Jessica riu. — Primeiro, nós temos um acordo, e você não


pode voltar atrás, agora.

— Estou de acordo com isso.

— Você podia ter pedido uma escrava sexual por um dia


inteiro? Você, eu, e um dia onde eu ia lhe dar tudo, e cada
fantasia sua?

O sorriso que ele mostrava segundos antes, desapareceu.


Não tinha sequer pensado nisso.

— O quê?

— Talvez, da próxima vez, pense sobre o que pode ter no


futuro — Ela se afastou. — Vou te ver depois do trabalho?

— Sim, eu venho buscá-la.

Ela colocou os braços ao redor dele, dando um beijo em seus


lábios. — Vejo vocês em breve.

Ele bateu na sua bunda, observando-a desaparecer através


das portas. Ainda estava frio lá fora, mas não estava mais coberto
de neve e gelo. Não faltava muito para a primavera e para todos
assarem no calor do verão.

— Então, isso é de verdade — disse o Dime, andando até ele.

— É melhor você manter suas mãos sujas para si mesmo —


disse Snake, olhando para ele.

133
— Não se preocupe. Estas mãos estão cheias com as garotas
do clube implorando por um pau.

— É melhor que estejam.

Ele observou a Judi e o Ripper entrarem no carro. Os


membros da Chaos Bleeds começaram a sair, um por um.

— Você está ajudando com a seleção na boate de strip?

— Sim, começaremos a organizar a seleção.

— Será que ela sabe?

Olhou para o hospital, balançando a cabeça. — Não, ela não


sabe — Ele não estava interessado em nenhuma das mulheres
que iriam trabalhar na boate de strip.

— Devil quer que comecemos neste fim de semana.

— Os anúncios para o trabalho já saíram — Snake abriu a


porta do carro, pronto para voltar à boate de strip. — Eu vou
agora, se você quiser ir junto. Tenho que garantir que os
decoradores estão fazendo o seu trabalho.

— Devil não quer a Lexie em qualquer lugar perto disso.

Naked Fantasies era o nome original da boate de strip. Eles


haviam decidido não colocar um novo nome, pois foi onde a
Lexie encontrou pela primeira vez com o Devil, quando
trabalhava na boate de strip. A irmã da Lexie, Kayla, tinha dado o
Simon a ela, depois de algumas semanas do seu nascimento. A
fim de criá-lo, a Lexie não teve outra escolha, além de tirar a
roupa para ganhar a vida.

— Nenhuma das Senhoras são convidadas para a boate —


Snake virou a chave. — Dime, posso lhe fazer uma pergunta
séria?

134
— Claro que sim.

— Conhecer seu pais, isso é uma grande coisa, certo?

— Depende. Se a menina quer despejá-lo e fazê-lo através


dos seus pais, então, não é um grande negócio. Se ela não quer
despejá-lo, mas levar as coisas para o próximo nível, então, sim, é
um grande negócio.

Snake franziu a testa.

— Você quer ir para a próxima etapa com a enfermeira?

Ele não disse nada.

— Irmão, você tem que ser capaz de responder a algumas


dessas perguntas. Ou você a quer, a ama, ou apenas quer transar
com ela. O que é que vai ser?

Pensando, dirigiu rumo à boate de strip. O exterior do


edifício tinha muito mais classe do que o original. Parecia um bar
e hotel de luxo, em vez de uma boate de striptease. Quando o
Devil e o Vincent abriram o primeiro, há mais de dez anos, na sua
primeira viagem a Piston County, não tinham dado muita
atenção em como ele seria.

Desta vez, haviam pensado bastante.

— Ok, você gosta de acordar com ela? — Perguntou Dime,


chamando o Snake de volta para a conversa.

— Gosto de acordar com ela e abraçá-la. É melhor não dizer


isso a qualquer um dos irmãos.

— Relaxa, Snake. Eu posso manter a porra de um segredo


ou, pelo menos, conversas de natureza mais pessoal para mim
mesmo.

135
Balançando a cabeça, Snake soltou um suspiro quando
ambos entraram. Ele parecia estar suspirando muito
recentemente. Sua vida não estava ficando mais fácil.

— E quanto ao sexo?

— O sexo não é o problema.

— Você não está entediado.

— Não.

— Conversas?

— Conversamos o tempo todo. Gosto de falar com ela.


Quando ela não está falando e em silêncio, quero saber o que ela
está pensando. Chegar dentro de sua cabeça.

— Cara, acho que você precisa encarar a realidade — disse


Dime.

— Que realidade?

— Você está apaixonado por ela.

****

Jessica correu em direção ao telefone com uma colher em


sua mão. Snake a tinha deixado em casa uma hora atrás. Ele
tinha que cuidar das coisas no clube, e ela não se importava.
Havia muito para fazer. Ela tinha limpado a casa rapidamente,
antes de iniciar o jantar. Com seus pais e o seu irmão vindo, não
passaria por eles sem uma observação mais aguçada.

— Alô — disse ela.

— Jess, é você?

136
— Lydia, sua vadia maldita. Você sumiu e me abandonou.
Estive ligando para você todos os dias e só agora está
retornando? — Jessica parou tempo suficiente para que sua
amiga começasse a falar.

— Eu sinto muito. Eu só queria que você notasse. Diga-me,


que estou indo bem.

— Bem?

— Sim. Eu, humm, eu conheci alguém.

— Eu me lembro de você me dizendo que tinha encontrado


alguém. Está tudo bem?

— Está tudo bem, Jess. Você ia gostar dele.

Havia algo estranho com a Lydia. Ela sempre foi tão


borbulhante e, ainda assim, parecia que estava à beira das
lágrimas.

— Lydia, o que há de errado?

— Nada — Ela falou rapidamente, muito rapidamente.

— Eu não gosto disso. Se você estiver com algum tipo de


problema, me diga. Eu vou ajudá-la. Você sabe que me importo
com você, querida.

— Não há nada errado. Eu estava pensando em você. Como


vão as coisas? — Perguntou Lydia.

Olhando para a colher suja de tomate, Jessica travou uma


batalha interna entre lhe dizer a verdade ou mentir.

— Na verdade, humm, estou meio que namorando alguém


— Apertou os dentes, entrando em pânico. Seu coração disparou

137
quando pensou no Snake. Estava fazendo o jantar, e não
chamavam aquilo de namoro. Mas estavam, realmente,
namorando.

— Saindo?

— Sim, ele é, caramba, sinto muito sobre isso, Lydia. É o


Snake. Eu estou saindo com ele. O cara da gangue de
motoqueiros.

Mordeu o lábio, esperando ela dizer alguma coisa, qualquer


coisa.

— Isso é muito bom.

— Você não está chateada.

— Não. Estou com alguém, lembra? Tenha cuidado com o


Snake. Ele não é o tipo de homem que leva as coisas a sério.

Jessica riu. — Eu sei, mas, bem, ele vai conhecer os meus


pais e o meu irmão.

— Ele vai conhecer todos eles?

— Eles vão vir até a cidade, amanhã. Nós vamos jantar.

— Estava me perguntando quando você ia estar livre, Jess.

Ela ouviu uma confusão ao fundo e a Lydia, de repente,


engasgou na linha. Apertando a mão no telefone, o estômago da
Jessica se retorceu. — Não sei quando vou estar livre.

— Eu queria falar com você, mas sozinha.

— Isso vai ter que esperar alguns dias. Eu, na realidade, não
fico muito sozinha, agora. Conheci outra mulher, a June, no
clube. Estamos ficando próximas.

138
— A June é legal.

Alguém bateu à porta.

— Tenho que ir, querida. Vou ligar de volta em breve, certo?

— Sim.

Ela estava prestes a dizer algo mais, quando o telefone foi


desligado. Franzindo a testa, caminhou em direção à porta.
Snake estava lá, segurando um buquê de rosas. — Me desculpe,
por ter que te deixar, antes.

Ela sorriu para o grande buquê de rosas vermelhas.

— Elas são lindas.

Pegando-as da mão dele, lhe entregou a colher de pau.


Caminhando de volta para a cozinha, não conseguia parar de
pensar na conversa que teve ao telefone com a Lydia.

Enchendo um vaso, ouviu o Snake falar ao fundo. Ela


terminou de organizar as flores, gritando quando o Snake
colocou a mão no ombro dela.

— Uau, baby, qual é o problema? — Perguntou.

— Nada, é apenas- olhou para o telefone.

— Baby, você pode falar comigo sobre qualquer coisa.

— Eu estava agora mesmo no telefone com a Lydia.

Ele ficou tenso. — Ela telefonou?

— Sim, ela telefonou, e parecia estranha.

139
— Você contou a ela sobre nós?

Jessica assentiu. — Ela não pareceu se importar. Havia


apenas algo diferente nela. —Esfregando as têmporas, tentou
clarear a mente, pensando nas flores.

— Fale comigo.

— Lydia está sempre tão feliz ou falando muito. Desta vez,


era como se alguém dissesse a ela o que falar. Não, vou deixar
isso pra lá. Isto é o que acontece quando não se tem muito o que
fazer — Ela encolheu os ombros. — É oficial. Estou ficando louca.

— Você não está ficando louca — Ele a puxou para perto,


segurando a parte de trás do seu pescoço.

Ela fechou os olhos. — Eu só me preocupo com ela. Acho


que sempre vou me preocupar com ela.

— Você pode querer mexer o molho antes de queimar —


Ergueu a colher.

— Merda, obrigada.

Apressando-se para o fogão, começou a mexer o molho de


tomate.

— Você quer que eu peça a um dos irmãos para checar o


cara com quem ela está namorando?

— Não, eu nem sei o nome dele — Ela encolheu os ombros.


Jessica não estava a ponto de lhe dizer que a única coisa que
sabia sobre esse homem, era o nome de "Mestre". Ela não o
conhecia, e por tudo o que sabia, ela estava bem. — Será que a
Judi e o Ripper se instalaram bem?

140
— Pelo que me foi dito, o Paul não foi colocado no berço
desde que chegou ao clube. Há sempre alguém para segurá-lo —
Ele riu.

— É melhor avisá-los que não é uma coisa boa continuar


segurando-o — Ela escorreu a massa, antes de derrubá-la no
molho de tomate.

— Eles vão parar. Devil já tinha proibido isso, quando voltei


a vê-los — Ela acrescentou o queijo parmesão antes de servir dois
pratos.

Colocando um na frente dele, se sentou. — Qual é o motivo


das flores?

— Um homem não pode fazer algo bom para sua mulher?

Ela olhou para ele, se esquecendo das preocupações com a


Lydia. — Depende. Elas são por carinho ou por culpa?

Snake olhou para ela por alguns segundos. — Hoje, estava


conversando com um dos meus irmãos, e algo foi trazido à minha
atenção, que eu sabia o tempo todo.

— E o que é?

— Estou apaixonado por você.

Ela segurou o pedaço de massa com os lábios, olhando para


ele. — O quê?

— Não espero que você diga nada de imediato ou, mesmo,


mais tarde. Não estou esperando uma resposta, mas estou
apaixonado por você. Desde o primeiro momento no hospital,
quando você não aceitou qualquer merda de mim, eu quis você.

Ela tocou sua mão, tentando silenciá-lo. Palavras estavam


falhando onde, uma vez, eram fáceis para ela dizer. — Eu não

141
posso falar agora. Eu realmente quero, e tenho sentimentos por
você, também.

— Jessica

— Não, eu acredito que também te amo. É muito cedo e


repentino, mas eu te amo. Nunca senti nada parecido com isso,
mas é verdade — Ela apontou para o telefone. — Eu estava
disposta a arriscar uma boa amizade para ficar com você. A Lydia
e eu somos boas amigas, mas estamos em todo o lugar. Se isso faz
algum sentido — Ela riu. — Como agora, já faz alguns meses
desde a última vez que tive notícias dela, e ela liga agora, me
preocupando.

— Eu não quero falar sobre a Lydia. Eu quero falar sobre


você e eu — Pegou a mão dela. A comida foi esquecida. — Não há
mais ninguém que eu queira no mundo, Jessica, e isso me
assusta também.

— Eu não posso acreditar que estamos tendo essa conversa.

— Você não é a única que se sente assim. Eu comi um monte


de mulheres, e não me importava com elas. Eu as usei. Não quero
usar você, Jessica. Quero ser o seu homem. Se você me quiser —
Ele passou a língua nos lábios, e seu coração revirou.

— Eu já tenho você — Ela ficou de pé, movendo-se para o


seu lado. Ele empurrou a cadeira para trás, e ela montou suas
coxas. Envolvendo os braços em volta do seu pescoço, ela sorriu.
— Será que isso me torna a sua Senhora? — Ela perguntou.

— Não, eu tenho que te foder na bunda antes de poder te


chamar de minha Senhora.

Ela lhe deu um tapa no peito. Ele a puxou para perto,


pressionando os lábios nos dela. Fechando os olhos, enrolou as
pernas em torno da cadeira. Não conseguia acreditar que ele a
amava. Parecia tão surreal, mas ela não ia deixá-lo, nunca.

142
****

O Mestre bateu o telefone no lado da sua orelha.

— Quando ela vai estar livre?

— Nos próximos dias. Por favor, você não quer ou precisa


dela. Você tem muitas mulheres. —Lydia gritou quando ele deu
um tapa no rosto dela. A dor foi imediata, e ela caiu da cadeira
para o chão. Segurando o rosto, ela olhou para o homem
ameaçador. Ele devia ser um empresário charmoso e, em vez
disso, na realidade, era um pesadelo.

— Eu não tenho uma mulher que se parece com ela, e eu a


quero. Meu fornecedor morreu inesperadamente. Tenho que
achar minhas próprias mulheres agora.

Ela tinha caído direto na sua armadilha, nunca se opondo.


Ele não queria que ela falasse com ele.

— Jessica não é como aquelas mulheres. Ela não é submissa


ou subserviente. Eu juro a você, você vai ter um problema em
suas mãos — Ela não podia deixá-lo pegar sua amiga. Era tudo
culpa dela.

Ela tem o Snake. Ele vai protegê-la.

Quando foi ao restaurante, vários meses trás, viu a maneira


como ele olhou para a Jessica.

O Mestre respirou fundo, sorrindo. — Eu sempre quis um


desafio.

Ele estendeu a mão, agarrando o cabelo dela e puxando o


comprimento, até que ela estava diante dele.

143
— Eu gosto de um desafio, e esta Jessica vai ser minha. Você
vai trazê-la para mim.

— Não, por favor, não me peça para fazer isso.

— A Chaos Bleeds tomou Piston County, e já tiraram o meu


fornecedor. Você vai me trazer essa garota?

Ela balançou a cabeça. Ele a apertou, repetindo a pergunta.


— Você vai trazê-la para mim?

— Não, eu não posso — Ele deu um tapa no rosto dela. Ela


caiu no chão, segurando o rosto. Ele desferiu um golpe em seu
estômago, depois outro.

— Você vai trazer a Jessica para mim.

Ela não podia mais lutar. A vergonha bateu. — Sim —


Ofegando a palavra, ela rolou. Ele recuou.

— Boa menina. É hora de você aprender qual é o seu lugar.

Ele saiu do quarto do hotel. As lágrimas deixaram seus


olhos quando a dor se intensificou. Ela não podia deixar isso
acontecer com a Jessica e, ainda assim, não conseguia pensar em
uma única coisa para impedir o que estava prestes a acontecer.

144
Capítulo Dez
— Você quer que a gente vá com você? — Perguntou o
Spider.

Snake ignorou o nervoso que o clube estava lhe dando. Ele


segurava o Paul em seus braços enquanto a gangue estava
servindo de babá. A Judi estava sendo atendida pela assistente da
obstetra para se certificar que o corte da cesárea não estava
infeccionado ou causando-lhe problemas.

— Eu vou conhecer os pais dela, não ir para uma guerra —


Olhou o pequeno bebê e soube, naquele instante, que queria um.

— O irmão e os pais dela? — Perguntou Pussy.

Do outro lado da sala, Pussy estava sentado ao lado da


Sasha. O gesso branco no braço dela não parecia muito
confortável. A culpa do Pussy ao olhar para o seu braço, era clara.

— Eu acho que é bom — disse Devil. — Nós vamos ver que


tipo de bolas o Snake realmente tem.

Lançando um olhar para o seu Presidente, Snake o encarou


enquanto ainda segurava o Paul.

— Pare com isso, Devil. Foi bom o Snake ter encontrado


uma mulher que ama — Lexie entrou no clube, Simon seguindo
atrás dela.

— Quando é que a Tabitha vem?

— Em breve — disse a Lexie. — Onde vocês irão jantar?

145
— Em algum hotel sofisticado. Eles vão ficar hospedados em
um hotel, enquanto a visitam.

— Parece um pouco estranho para mim — disse o Curse. A


Mia lhe deu um tapa no braço. — Não há nada de errado nele
conhecer os pais dela.

— Não estou falando do jantar do Snake, gente, estou


falando sobre o hotel. O que a Jessica fala sobre tudo isso?

— Seu pai é advogado e o seu irmão, médico, ou o contrário.


Não me lembro.

— Bem, pelo menos, um deles virá até você com


espingardas, exigindo que se case com a sua filha ou sua irmã —
disse o Butler.

— Vocês têm que parar com isso —disse a Lexie. — Qualquer


um pensaria que nenhum de vocês se encontrou com uma
família, antes.

— Nenhum de nós já conheceu uma família como a da


Jessica — disse o Curse. — Aposto que eles o ameaçarão até o
final da noite. Os advogados têm bolas de aço.

— Médicos também — disse a Mia.

Revirando os olhos, olhou para a gangue que considerava


sua família. — Vocês não vão me aterrorizar.

Ele estava se cagando. A Jessica o amava e, agora, ia


conhecer sua família. Estava com medo de estragar algo que era,
de fato, a melhor coisa que já tinha acontecido com ele.

— Vocês o estão assustando, parem com isso.

146
Judi, Ripper, e a assistente desceram — Acalme-se e tenha
muito repouso. Não haverá nenhum dano permanente, mas a
cicatriz ficará visível.

— Não tenho nenhuma intenção de ir à praia de biquíni,


Ana.

A assistente sorriu — Você vai ser capaz de ir à praia, um


dia. Tome cuidado — Ana se virou para olhar para a Lexie — E
você deveria estar descansando. Esse bebê vai nascer a qualquer
momento. Você vai precisar da sua força.

— Vou te ver em breve —disse a Lexie, rindo. — O que eu já


falei com você sobre falar assim na frente do Devil?

— Ele tem o direito, por ter a responsabilidade em cima


dele.

Suas vozes desapareceram. Judi se moveu em direção a ele.


— Posso pegá-lo?

— Claro. Ele é lindo — Snake entregou o Paul de volta para a


sua mãe.

— Você não devia sair agora? — Perguntou a Judi, sorrindo


para ele. Ele estremeceu, pensando sobre o encontro próximo. —
Você já está com medo?

— Não, eu não estou com medo.

— Tenho certeza de que eles não são pais comedores de


homens, apenas preocupados.

— Vocês estão todos rindo às minhas custas, e isso já está


ficando um pouco chato — Olhou para todos eles. Tateando os
bolsos, se assegurou que estava com a carteira, as chaves e o
celular. — Estou indo. Cuidado.

147
Acenou para todos eles, mostrando o dedo do meio para
vários irmãos que xingaram nomes para ele. Entrando no carro,
olhou para o clube, para encontrar a June sentada lá fora,
fumando. Ela lhe deu um aceno, e ele sorriu de volta para ela.

Uma vez na estrada, suas dúvidas começaram a


desaparecer. Jessica estava esperando por ele do lado de fora. Ela
lhe deu um aceno e ele não se preocupou em sair do carro. Ela
usava um vestido azul escuro com uma bolsa preta.

— Obrigado por isso, Snake. Eu, realmente, agradeço — Ela


deslizou para o lado do passageiro. Seu cabelo estava cascateava
em cachos para baixo do seu corpo. Ela parecia maravilhosa.

— Gostaria que não precisássemos encontrar os seus pais.

— Eles não estão, exatamente, animados sobre o encontro


com você — disse ela. — Falei com eles, algumas horas atrás.

— Você não me disse seus nomes.

Ela apontou para a frente, e ele seguiu as instruções que ela


lhe deu.

—Meu pai se chama William Stickler, Bethany é a minha


mãe, e meu irmão é Sean.

— William. Bethany. Sean. Entendi. Vou me lembrar dos


nomes.

— Não se preocupe com isso, Snake. Não há nada para se


preocupar. Eles, humm, eles já sabem quem você é.

Não gostou de como isso soou, mas não estava prestes a se


preocupar sobre algo que não tinha o controle.

O hotel era sofisticado, ok, e o manobrista ficou esperando


para estacionar o seu carro. Descendo, observou quando a

148
Jessica deu a volta no carro. Ela passou o braço pelo dele. — Eu
quero que você se lembre que não importa o que aconteça aqui,
eu te amo.

— Eu não vou aceitar muita merda deles, Jess. Amo você, e


você é minha mulher. Eu não vou recuar.

— Apenas um aviso, eles vão agir duro e tornar isso difícil


para você. Por favor, tente manter a calma. Eles só querem
provocar você — Apertou a mão em seu braço.

— Tenha um pouco de fé em mim — Ele segurou seu rosto,


beijando seus lábios.

Caminharam em direção ao restaurante.

— Olá, estou sob a reserva dos 'Stickler' — disse a Jessica.

O maitre olhou para ele.

— Ele está comigo.

Olhando ao redor da sala, viu que era o único vestindo


jeans. Não usaria um terno, nem agora, nem nunca.

— Eles estão esperando por você, senhorita.

O homem fez o caminho através do restaurante. — Você tem


algum problema com o meu jeans?

— Não, o seu jeans é quente — disse ela, sussurrando as


palavras.

Ele viu a mesa. Três pessoas, dois homens e uma mulher,


sentadas juntos olhando sobre o menu. Haviam dois lugares à
esquerda.

149
Olharam para cima no momento em que se aproximaram da
mesa.

— Ei, mamãe, papai — disse a Jessica. Snake esperou


enquanto ela dava a cada um de seus pais um beijo na bochecha.

— Nada para mim? — Perguntou o irmão.

— Não sei onde sua bochecha está — disse ela, beijando a


bochecha dele de qualquer maneira. — Quero que vocês
conheçam o Snake.

— Já falamos sobre ele, Jessica — disse William.

— É bom conhecer todos vocês — Ajudou a Jessica a se


acomodar na cadeira, mandando um olhar de vá se foder para o
maitre. Ninguém ia tocar sua mulher, enquanto estivesse
presente na sala. Uma vez que ela estava sentada, se sentou,
olhando para todos os três. William e Sean estavam olhando para
ele, enquanto a Bethany sorria.

— Tenho que dizer que fiquei chocada ao saber que a Jessica


estava namorando.

— Ele é um motoqueiro, mãe.

— Sean, feche a boca.

— Ele não é exatamente o tipo de homem para você.

— Isso, vindo do cara que namora supermodelos sem


cérebro. Você é um médico.

— Então, não preciso de uma grande conversa para fazer


isso.

Ele parou e o Snake estendeu a mão para pegar a da Jessica.


Tentou lhe oferecer apoio enquanto enfrentava sua família.

150
— Tenha cuidado, Sean — disse o William.

— Por favor, William, não comece a discutir. Eu sei do que


você está falando. Não sou tão delicada que não sei o que está
acontecendo. Nossos filhos estão crescendo.

— Ainda assim, não precisa ser o tema da conversa na mesa


de jantar — disse William, pegando um guardanapo.

— Vocês dois que começaram — Ela se virou para ele. —


Você é o primeiro homem que a Jessica nos apresenta, em um
longo tempo.

— Mãe, eu tenho vinte e nove anos, não doze.

— Você é minha filha, e sempre vai ser um pouco jovem


para mim — Bethany sorriu para ela — Você é um motoqueiro.

— Sim.

— De que tipo? — Ela perguntou.

Ele olhou para a Jessica. —Do tipo de gangue.

— Não tenho ideia do que isso significa.

— Isso significa que eles são homens maus, mãe. Eles,


provavelmente, matam pessoas e fazem merdas como essas.

— Sean, pare com isso — disse a Jessica

— O que isso significa é que a sua irmã, sua filha, está


protegida. Ela não vai a lugar nenhum sem mim, e vou me
certificar que ela está segura — Ergueu a mão da Jessica para eles
verem. — Eu amo a sua filha, e pretendo ter certeza que ela está
bem cuidada.

151
Bethany respondeu em primeiro lugar. — Bem, posso ver
que você se preocupa muito com a minha filha.

— Eu me preocupo.

— Pai, por favor, aceite isso.

— Você o ama? — Perguntou William.

— Pai.

— Sean, estou falando com sua irmã. Eu não preciso que


você interfira e me diga como falar com a minha filha.

Snake gostou do William, mas não estava muito certo sobre


o irmão.

— Sim, eu o amo e estou feliz — Olhou em volta da mesa. —


Estou apaixonada, e estou feliz. Todos vocês não podem aceitar
isso?

William tomou um gole da sua bebida, demorando um


pouco antes de responder. — Eu não vou mentir. É difícil deixar
você ir, querida. Você viver nesta cidade, trabalhar como
enfermeira, já é difícil, mas vou parar de irritar você. Se as coisas
na sua gangue colocarem em perigo a minha filha, vou encontrar
uma maneira de acabar com você.

— Papai!

— É justo, Jessica. Eu juro a você, a Jessica nunca vai ser


prejudicada por minha causa — Ele sorriu para sua mulher, sua
Senhora. — Vou fazer o que for preciso para mantê-la segura.

Ele apertou a mão dela para mostrar seu apoio.

— Certo, o negócio está resolvido — disse Bethany. — Vamos


comer.

152
— Eu não terminei. Eu não gosto dele estar perto da minha
irmã.

— Sean, não é problema seu, então não se meta — disse a


Jessica

— Podemos resolver isso lá fora — disse o Snake. — Estou


acostumado a usar os punhos. E você? Você precisa das suas
mãos? Posso quebrá-las para você.

Jessica apertou o rosto em suas mãos. — Por que eu não


posso ter uma família normal?

Fez-se silêncio em torno da mesa. — Vou deixar isso pra lá,


por enquanto. Eu me preocupo com a minha irmã. Ela é a mais
jovem, e todos nós nos preocupamos com ela.

— Entendo isso. Você tem que perceber que há outras


pessoas que estão cuidando dela, agora. Eu me importo e a amo.
Você não vai mudar isso.

— Bom.

Todos assentiram, aceitando seus lugares. Snake levantou o


copo de água, brindando com a família da Jessica. Reuniões e
jantares seriam uma explosão. Ele só apostava que a família
tinha um monte de membros do alto escalão para entreter.

Tomando um gole, deu a si mesmo um tapinha nas costas.


Ia passar bem pelo jantar.

****

— Mal posso acreditar que você conseguiu aguentar o jantar


sem matar nenhum membro da minha família — disse a Jessica.
Fechou a porta atrás do Snake, sorrindo para ele.

153
— Tenho que dizer que o seu irmão chegou perto.

— Ele sempre foi assim. Ele é o mais protetor e não sabe


quando parar de ser assim — Deslizou as chaves pela porta.
Aproximando-se dele, passou as mãos pelo seu peito.

— Você nunca tentou me mudar.

— O que você quer dizer? — Ela franziu o cenho, mas não


deixou de envolver os braços em torno do pescoço dele.

— Algumas mulheres teriam pedido que usasse um terno


para atender às expectativas das pessoas, mas você não o fez.

— E daí?

— Então, por que não? Por que você não está tentando me
mudar?

Ela suspirou. — Se você estivesse usando um terno, então


teria que inventar uma história sobre quem você é. Quando
víssemos os meus pais de novo, outra história, e assim por
diante. Eu não quero mudar você. Eu não estou com você para
tentar mudar você, Snake. Na verdade, eu gosto de você assim.
Gosto de você de jeans, e gosto de você sem ele — Ela sorriu,
brincando com o cabelo na parte de trás do seu pescoço. — Eu
não sou uma daquelas mulheres que precisa impressionar os
pais.

— Você está mudando o meu mundo.

— E você também está mudando o meu — Ela ficou na ponta


dos pés para beijar os seus lábios. Não demorou muito para que o
Snake assumisse. Passou um braço ao redor dela, puxando-a
para perto. O comprimento do seu pênis duro pressionou o seu
estômago. Ela gemeu quando calor derramou dos lábios do seu
sexo. — Acredito que lhe devo algo — Afastando-se dele, pegou
sua mão e o levou em direção às escadas.

154
— Eu desejava ter escolhido todo o negócio de escrava do
sexo.

— Talvez você vá escolher, na próxima vez — Sorriu para ele,


mas não a impediu de se antecipar para o andar de cima. Seu
coração estava batendo quando entrou no quarto. Tinha
encontrado uma sex shop no shopping da cidade, onde tinha
comprado o plug anal. Foi o suficiente para esticá-la e deixá-la
pronta para tomar o seu pau hoje à noite. Ela o usou no intervalo
do almoço, quando ele estava ocupado.

— Antes de fazermos isso, há algo que eu tenho que te dizer


— disse ele, interrompendo o progresso até o quarto.

— O que é?

— Eu estou ajudando a boate de strip a reabrir.

— Ajudando?

— Escolhendo as mulheres que estarão no palco — Jessica


não fez uma pausa ao saber isso. — Antes de jogar tudo fora de
proporção, quero lhe dizer que nada aconteceu e nada vai
acontecer. Eu não fico duro para qualquer uma, além de você.
Será que você confia em mim? Eu tenho que fazê-lo, pela gangue.

Olhando para cima, Jessica franziu a testa. Ela queria xingá-


lo. — Há quanto tempo isso vem acontecendo?

— Há alguns dias. Não quero que você se preocupe. Nós não


vimos nenhuma garota, ainda, mas isso vai mudar, em breve.

Ela não desviou o olhar, e nem ele. — Eu confio em você,


Snake.

Ele segurou seu rosto, puxando-a para perto dele. Seus


lábios estavam nos dela no próximo segundo, e ela engasgou com

155
o prazer que seus lábios lhe deram. Afastando-se, voltou para o
quarto. — Eu comprei algo para você.

— Você é a resposta para todos os meus malditos sonhos.

— Tire-me dessas roupas — disse ela, virando-se de costas


para ele. Moveu o zíper para baixo, expondo suas costas.
Desabotoou o sutiã que ela usava. Ela passou a língua nos lábios
quando seu toque acendeu a paixão dentro dela. — Fique nu.

Ela o soltou, para abrir seu pequeno armário. Havia um


pequeno espelho, e ela tirou um pequeno segundo para olhar
para si mesma.

— Você pode fazer isso — Ela sussurrou as palavras, para


que o Snake não pudesse ouvi-las.

Removendo suas roupas, se inclinou diante da gaveta na


parte inferior. Retirando o kit anal, olhou ao redor da porta.
Snake estava nu, em sua cama.

— Estou pronto para você, baby.

— Comprei um presente para você — disse ela, dando um


passo em torno da porta. Segurando a sacola em seu dedo, subiu
na cama, entregando-a para ele. — Acho que você vai gostar.

Ele pegou a sacola e a abriu.

— Você tem certeza disso? — Perguntou ele, segundos


depois.

— Estou mais do que certa. Estou pronta. Você não está? —


Ela inclinou a cabeça para o lado, para olhar para ele.

— Estou pronto.

156
Snake estendeu a mão, afundando-a no seu cabelo. Ele a
puxou para mais perto, pressionando os lábios contra os dela. Ela
suspirou, fechando os olhos, e amando a sensação da sua boca na
dela. — Você é o meu sonho, menina.

— Eu teria cuidado. Você não chegou lá, ainda — Ela riu


quando ele a pressionou na cama. Seus lábios passaram para o
seu pescoço. Snake chupou a pulsação no pescoço antes de ir
para os mamilos. Beijou a barriga, terminando em sua boceta.
Abrindo suas coxas, ela viu quando ele abriu sua vagina,
lambendo e chupando seu clitóris. Fechando os olhos, estava
muito perto do orgasmo quando ele parou, virando-a para que a
bunda dela ficasse para cima, na cama.

— Eu vou brincar antes de tomar esta bunda.

Ela ouviu a sacola farfalhar enquanto ele pegava alguma


coisa dentro dela. Olhando por cima do ombro, não conseguiu
ver o que ele estava fazendo.

— Mal posso esperar para foder esse seu rabo doce.

— Eu quero você, Snake. Eu quero te dar tudo.

O farfalhar da sacola parou. Ela não conseguiu escutar


quaisquer outros sons. —Empine a bunda.

Ela fez o que ele pediu e gritou quando seus dedos frios
espalharam o lubrificante sobre o buraco enrugado do seu ânus.
Ele não demorou muito lá.

— Só estou lubrificando o plug. Vou te foder com ele, esticá-


la e, então, eu vou te foder.

O calor irrompeu em toda a sua carne. Fechando os olhos,


tentou não ficar tensa quando ele pressionou a ponta lisa do plug
contra sua bunda. Ele trabalhou levemente, indo devagar
enquanto empurrava e a ponta passava o seu anel apertado de

157
músculos. Mordendo o lábio, baixou a cabeça contra o
travesseiro para abafar seus gritos.

Sua mão livre se moveu debaixo dela, acariciando através da


sua fenda. Snake provocou seu clitóris, acariciando a
protuberância, deslizando os dedos para cima e para baixo, e ao
redor.

Ela relaxou, aceitando mais do plug rígido. Ele continuou


acariciando, afundando o plug em sua bunda. Ela gritou quando
ele enfiou os últimos centímetros dentro dela.

— Você aguentou tudo, baby. Você está tão bonita.

Acariciou seu clitóris, enquanto começou a fodê-la com o


plug. Não demorou muito para ela empurrar de volta contra ele,
querendo tanto do plug quanto possível.

— Acho que isso é o suficiente. Quero estar neste rabo


quente antes de gozar.

Ela ouviu o rompimento da embalagem do preservativo, em


seguida, algum silêncio. Não houve nenhum som característico.
Lambendo os lábios, ela ofegava para respirar, esperando. Não
teve que esperar muito tempo, quando a ponta dele começou a
empurrar ultrapassando seus músculos. O plug anal a abriu o
suficiente para que não doesse, quando ele enfiasse o pênis
dentro dela. Ele era maior e mais longo do que o plug. Ele
continuou a acariciar seu clitóris e não demorou muito para ela
empinar a bunda contra ele, gritando.

— É isso aí, baby, foda de volta para mim, monte o meu pau.

Jessica estava cheia. Sua bunda estava em chamas e, ainda


assim, o fogo só a deixava louca. Ela não queria que o fogo ou a
queimadura terminassem. Era mágico, elétrico e completamente
proibido.

158
— Minha mulher, minha boceta, minha bunda e minha
boca. Eu te possuo toda, agora, baby. Nenhum outro homem vai
saber quão gostosa você é.

— E eu, o seu pau — disse ela, gritando quando ele


mergulhou na sua bunda.

— Vamos, Jess. Deixe-me ouvir aqueles doces gritos.

Ele empurrou em sua bunda, acariciando seu clitóris ao


mesmo tempo. A sensação era demais. Ela empurrou de volta,
movendo-se sob o seu pênis e seus dedos.

Agarrando as mãos na coberta, ela ofegou quando o prazer


ficou a um passo do excitamento febril. Gritou seu nome quando
gozou. Snake pegou o ritmo, fodendo sua bunda até que,
finalmente, gozou, enchendo o preservativo que usava.

Caiu sobre ela, dando-lhe todo o seu peso. Ela não se


importava. Era bom estar cercada por ele.

— Porra, baby, você é um sonho, o sonho completo — Beijou


seu ombro e o pescoço, envolvendo os braços em torno dela antes
de virar de lado.

— Sonho completo?

— Sim, você é o meu sonho. Meu sonho de mulher com


cabelos negros.

Inclinou a cabeça dela para trás, tomando seus lábios. Seu


pênis ainda estava enterrado profundamente dentro do seu
traseiro.

Havia momentos em que mal podia acreditar que estava na


cama com o Snake, o homem que prometeu a si mesma que
nunca ia se apaixonar.

159
— Case-se comigo, Jessica.

Olhando em seus olhos, o cheiro picante de sexo no ar, tudo


parecia certo para ela.

— Sim, vou casar com você.

160
Capítulo Onze
— Você vai se casar, então? —Perguntou o Dime.

Tinha passado uma semana, desde que o Snake tinha


pedido a Jessica em casamento. Comprou um anel e a apresentou
à gangue na sexta-passada. Agora era segunda-feira, e ele estava
sentado na boate de strip, esperando as primeiras mulheres
entrarem no palco.

— Vou me casar.

— De maneira nenhuma, vou deixar qualquer mulher me


pegar.

— Eu pensava assim, e olhe para mim. Vou me casar. Você


tem que admitir que todo irmão que está casado, está feliz.

— Eu não vou ser controlado por uma boceta. Eu gosto da


variedade da gangue. Com você saindo, isso significa apenas mais
bocetas para mim.

Snake deu de ombros. — Não importa.

Ele se sentou, olhando para o palco. A música foi ligada, e


no momento seguinte uma loira tingida com peitos falsos entrou
no palco. — Ei, eu sou a Clara, e estou aqui para agitar o seu
mundo — Ela puxou o cabelo para baixo, movendo os quadris no
ritmo da música.

Assistindo ao show, não conseguia deixar de olhar para


baixo, para o celular. Sentia falta da Jessica, já. Depois de deixá-
la no trabalho, tinha vindo para cá. Ela sabia o que estava
acontecendo hoje. Seu celular tocou quando a Clara estava

161
começando a tirar a camisa. Ele era controlado por uma boceta, e
isso não era bom para a sua imagem.

Jessica: Como vão as mamas?

Ele sorriu. Esta era a sua mulher, apoiando-o.

Snake: Não tão boas quanto as suas.

Vários segundos se passaram sem nada acontecer. Quando o


telefone começou a tocar, avisou o Dime que estava saindo para
fazer uma ligação. Saindo para o ar fresco, respondeu à sua
chamada. — Ei, baby.

— Então, você ainda gosta dos meus peitos?

— Sempre vou amar suas tetas. Eu sou um homem de tetas


— Se encostou na parede, pegando um cigarro e acendendo-o. A
maior parte da decoração nova da boate de strip estava pronta,
agora, e restavam apenas os últimos retoques.

— Sério? Pensei que você fosse um homem de bundas.

Seu pênis inchou ao recordar a sensação do seu rabo


apertado agarrando-o.

— O que posso dizer? Sou um bastardo ganancioso. Eu


quero tudo.

Ela riu. — Acho que você não vai poder vir para o almoço?

— Isto vai ocupar a maior parte do dia. Não quero sair e


prolongar essa merda.

— Vamos lá, você está olhando para mulheres tirando a


roupa. Você tem que admitir que é legal.

162
Snake balançou a cabeça. — Não sei o que você fez comigo,
mas a única garota que eu quero está falando comigo agora.

— Você sabe todas as coisas certas a dizer.

— É a verdade. Sei que não posso fazer nada mais. Você não
ia acreditar — Tragou o cigarro, observando quando mais três
mulheres entraram no clube. Todas elas estavam de saltos altos e
pouca roupa. Jessica o havia arruinado. Entendeu o que o Devil e
os outros caras falavam quando tinham bocetas disponíveis para
eles. Não tinham nenhum apelo para ele.

— Eu sei. Vou sentir sua falta no almoço.

— Fique no trabalho. Não quero me preocupar com você


indo para casa sozinha.

— Não se preocupe. Não tenho mais nada para fazer. A


Lydia ainda está fora com o seu homem, e não me ligou de volta.

— Tenho certeza que ela está bem.

Não queria que a Lydia voltasse para a vida da Jessica.


Foder aquela mulher tinha sido um grande erro.

— Sei que você não aprova, mas ela é minha amiga e me


importo com ela.

— Eu me preocupo com você, Jess. Prometi à sua família


que a manteria segura. Já estamos comprometidos há uma
semana e, se alguma coisa acontecer com você, eles vão me
culpar.

Ela suspirou. — Nunca soube o quão quente seria ter um


homem possessivo cuidando de mim.

— Caralho, sim, sou possessivo.

163
— Não sou a única a olhar para pintos a tarde toda.

— Não, você é a enfermeira sexy e gostosa que tem as


melhores tetas. Não sei o que é pior, olhar para mamas de
plástico ou saber que você está fazendo os homens se sentirem
melhor.

— Eu não cuido apenas dos homens. Cuido de mulheres,


também. Não sou sexista.

— São com os homens que estou preocupado, com ninguém


mais — Terminou o cigarro, jogando-o no chão. Apagando-o,
rapidamente, verificou a hora. Ele estava falando nos últimos
cinco minutos.

— Posso lhe prometer que não há nada para se preocupar.


Eu sou toda sua, Snake.

— Fique bem aí, no hospital. Não saia, que eu vou te pegar,


mais tarde.

— Vou fazer isso, te amo.

— Eu também te amo — disse ele, desligando.

Dando mais uma inspirada de ar fresco, entrou na boate de


strip.

— Ela tem bolas — disse Dime.

— Seja o que for, homem. Mal posso esperar o momento de


você se acalmar. Você vai se apaixonar tão rápido quanto o resto
de nós. Quando você encontrar a mulher certa, nem vai saber o
que o atingiu.

Dime desatou a rir. — Apenas fique dizendo isso para si


mesmo, Snake.

164
Descansando a bochecha na mão, olhou para o palco. —
Cale essa boca fodida. Me diga o que está acontecendo.

— A Clara foi contratada. Ela tem um show incrível, e as


mamas dela são lindas pra caralho. Ela fez um bom trabalho.

Snake não estava interessado em saber que tipo de mamas a


Clara tinha. Outra música começou, e ficou olhando uma morena
fazer seu número ao longo do teste.

De vez em quando, checava o telefone para ver se a Jessica


tinha ligado. Não gostava disso. Passado o almoço, a porta
principal se abriu e vários dos irmãos entraram. Viu o Dick, o
Spider, o Butler e o Guts entrarem no salão principal.

— Nós pensamos que era hora de espalhar um pouco de


amor — disse Spider.

— Não, ele queria ver uma boceta que pudesse foder. A June
está menstruada — disse o Dick, tomando um assento ao lado do
Snake.

— Cara, muita informação — disse Snake. Não queria saber


sobre o período das mulheres. O pior de tudo era que a Jessica
estava no dela. Começou na noite passada, e veio com o pior tipo
de cólica. Ele havia ficado atrás dela, esfregando sua barriga até
que ela adormeceu em seus braços.

Afastando-se do Dime e dos outros homens, caminhou até o


bar, agarrando um refrigerante. Ainda não estavam abastecidos,
mas ele tinha trazido algo para beber.

— Você está bem, cara? — Dick perguntou.

— Sim, estou bem.

165
Observou os homens olhando para a próxima mulher com
interesse. Não havia qualquer coisa para ele, para seguir em
frente.

Sorvendo seu refrigerante, pegou o celular para ver que não


haviam chamadas não atendidas ou mensagens. A hora do
almoço já tinha passado e veria a sua mulher em algumas horas.

— Você tem sorte, sabe — disse Dick.

— O quê?

Dick não era conhecido por ser particularmente bom para


ninguém, muito menos dizer a alguém que tinha sorte.

— Você encontrou uma mulher para seguir o caminho com


você.

— Dick, você não gosta de pessoas ou mulheres.

— Eu gosto de mulheres. Eu gosto de um monte de coisas,


Snake. Ninguém se importa de saber o que eu gosto — Dick
apontou para os homens. — Eu não sou o único que vê como um
desperdício isso tudo. As mulheres, as prostitutas, tudo vai
desaparecer. O que faremos quando estivermos velhos, lotados
de cerveja e peidarmos o tempo todo? — Dick balançou a cabeça.
— Eu não sei o que fizemos, homem, mas essa não vai ser a
maneira como as coisas serão, para sempre. Nós estamos ficando
mais velhos.

Os dois se viraram quando a Mia entrou na sala. — A Lexie


entrou em trabalho de parto. O Devil está no hospital. Vincent e a
Phoebe estão lá.

Snake foi até a porta, sem se incomodar em ver quem veio e


quem não veio. Se dirigiu para o carro e se apressou a entrar. Nos
dois últimos nascimentos tinha estado lá e não ia perder esse.

166
Saltando atrás do volante, rumou na direção do hospital.
Vários dos homens estavam em suas motos. O estacionamento
estava cheio, mas o Snake encontrou uma vaga para estacionar.
Apressando-se até a área da recepção, encontrou o Ripper e a
Judi esperando, com seu filho.

— O que aconteceu? — Perguntou Snake.

— Ela estava limpando o berçário e a bolsa estourou. O


Simon correu pela casa gritando pelo Devil —disse a Judi. — Eu
estava lá com o Ripper.

— Ela está bem?

Ele olhou para trás para ver que o Vicente e a Phoebe


estavam sentados, com todas as crianças. Phoebe estava com a
cabeça inclinada contra o Vincent. A mulher estava começando a
mostrar sinais de estar grávida novamente. Vincent estava
esfregando a barriga da Phoebe enquanto o Simon andava em
torno das crianças que brincavam no chão, como se fosse o chefe.

— Você já viu a Jess? — Perguntou. Podia muito bem vê-la,


enquanto estivesse aqui.

Judi olhou para o Ripper. — Eu não a vi, e você?

— Não.

— Tudo bem. Vou procurar por ela — Caminhou até a


recepção e perguntou, não tinham visto ela, também. Olhando a
hora, decidiu ir verificar o refeitório. Não havia nenhum sinal da
Jessica, mas havia o Doutor Bastardo.

— Eu não fiz nada — disse ele.

— Acalme-se. Onde está a Jessica?

167
— Estava esperando que você me dissesse isso. Eu não a
vejo desde o almoço. Ela recebeu um telefonema e saiu. Eu não a
vi, desde então.

— Espera? O quê? Não, eu disse a ela para ficar aqui, no


almoço.

— Ela não o fez, eu a vi sair do hospital — O Doutor


Bastardo balançou a cabeça. — Ela saiu e não retornou, desse
jeito, vai perder o emprego.

— Foda-se — Snake se afastou, digitando o número dela no


celular. Andando até a recepção principal, ouviu a mensagem da
caixa postal pela segunda vez. — Você vai me manter informado
sobre a Lex? — Perguntou à Judi.

— Claro.

— O que está acontecendo? — Perguntou o Dick.

— Eu não consigo localizar a Jess. Ela não está atendendo o


telefone, e saiu na hora do almoço. Vou verificar sua casa — Algo
se retorcia em seu estômago. Não sabia o porquê, mas se retorcia.
Alguma coisa ruim tinha acontecido.

****

Hora do almoço.

Jessica caminhou até o refeitório, prestes a ter o pior


almoço do mundo, quando o celular tocou. Vendo que era o
número da Lydia, respondeu imediatamente.

— Ei, você não está em casa, ainda?

— Jess, eu preciso de você —disse a Lydia, fungando.

— O que está acontecendo? O que aconteceu?

168
— Estou na sua casa. Usei a chave que você mantém debaixo
do tapete. Realmente, preciso ver você. Estou machucada, Jess.
Estou muito ferida.

— Merda, merda, sim, estarei aí. Fique aí que eu vou até


você — Desligando o celular, correu, passando pelo Milford.
Havia um táxi esperando no estacionamento. Correndo em
direção a ele, perguntou se poderia levá-la para casa.

Dentro de vinte minutos, estava correndo para dentro da


sua casa. Seu coração estava acelerado, pensando que o pior
tinha acontecido com a Lydia. Elas eram amigas, e não queria
que nada acontecesse com ela.

— Lydia, estou aqui — Fechando a porta, entrou na sala de


estar. Lydia estava no sofá. Estava sangrando, machucada e
espancada. — Caralho, Lydia, o que diabos aconteceu com você?

— Gostaria que você não tivesse vindo — disse a Lydia.

— O quê? Você não está fazendo nenhum sentido —


Retirando a caneta de luz, tentou examinar os olhos da Lydia.

— Onde está o Snake?

— Está trabalhando. Deixe-me examinar você. Eu devia


levá-la para o hospital. Estes cortes e contusões podem significar
hemorragia interna — Estremeceu ao ver que os pulsos da Lydia
também estavam feridos. — Quem fez isso com você?

A Lydia abriu a boca, mas não foi a Lydia quem falou.

— Ela fez isso consigo mesma.

Levantando-se, Jessica se virou para ver um homem de


terno entrando em sua sala de estar. Estava abotoando o paletó,
agindo como se fosse o dono do lugar. — Não sei quem você é,

169
mas você precisa sair — disse ela. Suas mãos começaram a
tremer quando um ruído atrás dela a alertou para a presença de
mais pessoas na casa. Olhando para trás, viu dois homens de
terno que entraram na sua casa. A Lydia choramingou.

— Sim, acho que você serve muito bem. Já faz um longo


tempo desde que eu tive uma mulher curvilínea — Ele lambeu os
lábios, e Jessica soube que não queria saber o que ele estava
pensando naquele momento.

— Você não vai chegar perto de mim — disse ela.

— Não? Você vai vir com a gente.

A Lydia gritou e, quando a Jessica se virou para a amiga, viu


que um dos homens segurava uma faca contra sua garganta. Ela
engasgou quando o homem que tinha falado com ela agarrou seu
pescoço, puxando-a com as costas contra ele.

— Posso tê-la morta com o estalar dos meus dedos, Jess.


Meu amigo gosta de correr sua lâmina através da carne das
mulheres e ouvi-las gritar.

Ela não podia fazer isso.

— Lydia sobreviveu à sua utilidade, mas, se você vir comigo,


vou poupá-la.

— Isso é insano e louco.

A mão dele foi até sua garganta, aumentando o aperto. — O


que é que vai ser?

— Jess — disse a Lydia.

Olhando fixamente para a amiga, viu o homem pressionar a


lâmina apenas um pouco mais forte em sua carne.

170
— Pare, eu vou com você — Seu coração estava acelerado.

— Bom. Eu gosto quando as pessoas fazem o que eu digo.


Traga o carro até os fundos.

— Como devo chamá-lo? — Perguntou.

— Você pode me chamar de Mestre.

Rangendo os dentes, tentou não pensar na situação em que


estava. Snake tinha dito a ela para ficar no hospital e lá estava ela
com um homem que tinha ameaçado matar sua amiga.

— Traga o carro para os fundos. Não tenho interesse em ser


visto, agora — O Mestre não a soltou. Seus lábios se moveram até
o seu ouvido. — Mal posso esperar para brincar com você.

— Você não vai tocar em mim.

Ele riu. — Querida, você vai conhecer cada parte de mim —


Sua outra mão se moveu pelo corpo dela, para tocar seus
mamilos.

Fechando os olhos, tentou manter os sentidos. Seu


estômago estava revirando, e o medo estava ficando intenso
demais. O homem que pressionava a faca contra a garganta da
Lydia arrastou a amiga para fora do sofá.

— Deixe-a em paz. Você disse que ela ficaria bem.

— Eu disse que ela ficaria bem, sim, mas não disse que ela
não ia ficar um pouco machucada antes que a liberasse.

Ela foi empurrada para a frente. Ele a empurrou,


atravessando o jardim, e ficou chocada por fazer exatamente o
que ele disse. Não queria ir com ele, mas a vida da Lydia estava
em perigo. Jessica não lutou quando o Mestre agarrou seu
pescoço levando-a para um carro com vidros escurecido. No

171
momento em que chegasse lá, estaria perdida. Não havia
nenhuma dúvida sobre isso.

Não havia nada que pudesse fazer. Sentada na parte de trás


do carro, ficou chocada quando viu que a Lydia não estava com
eles. — Pensei que era apropriado que você viesse comigo.

— Onde está a Lydia?

— Foi na frente com os meus homens. Eles vão nos levar até
a minha casa, com segurança.

Lágrimas encheram os olhos da Jessica, e ela olhou para


fora da janela sem conseguir ver nada. Não havia nenhum sinal
de qualquer coisa.

— Eu não quero estar aqui. Por favor, deixe-me ir e solte a


Lydia.

— Não, você vê, a Lydia me entedia, e eu odeio ficar


entediado.

— Você tem que parar com isso — disse ela, mordendo o


lábio.

— Minha oferta de meninas foi cortada, senhorita Stickler.


Eu quero o que eu quero, e você está prestes a preencher esse
vazio.

Ele a soltou tempo suficiente para alcançar o bolso do


paletó.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Não se preocupe, querida, isso só vai doer um pouco.

Ele pressionou uma agulha no seu ombro. Afastando-se


dele, Jessica sentiu o corpo ficar pesado.

172
— O que... tem... você... — Escuridão preencheu o vazio
dentro dela. Não havia mais nada.

****

Com a respiração ofegante, Jessica acordou, olhando para


um teto branco e liso. Lydia, o Mestre, a faca, as ordens do
Snake, tudo isso voltou até ela, imediatamente. Ela estava
deitada em um piso duro e rolou, tentando ter noção do que a
rodeava. As roupas de enfermeira que usava antes, tinham
sumido. Ela usava uma camisa branca comprida.

— Tenho que dizer que fiquei um pouco decepcionado pelo


nosso jogo ter que esperar. Estava ansioso para afundar meu pau
na sua boceta quente.

Ela se virou na direção do som para encontrar o Mestre


fodendo a Lydia na cama. Sua amiga tinha os olhos fechados com
força.

A repulsa a golpeou duramente quando olhou para a amiga.


Levantando, sentiu algo em seu pé. Ela não podia se mover pois
havia uma braçadeira de metal em torno do seu tornozelo,
mantendo-a presa no lugar.

A Lydia estava sendo estuprada, e não havia nada que ela


pudesse fazer.

— Sinto muito que o meu ciclo menstrual arruinou seus


planos.

— Está tudo bem. Sou um homem paciente, e vai ser mais


doce por causa da espera.

— O Snake vai me encontrar. Ele não vai parar — disse ela.

O Mestre grunhiu, e pressionou o rosto da Lydia na cama.

173
— Eu conheço a Chaos Bleeds. Seus membros foram aqueles
que não só mataram o meu fornecedor, mas também estão
abrigando uma das minhas meninas.

— Uma das suas meninas? — Lydia começou a se debater. —


Solte-a. Você a está matando!

Ele segurou a Lydia um pouco mais antes de soltá-la. — Essa


é uma puta até a alma. Ninguém consegue domá-la.

Lydia suspirou, deslizando para o chão e gritando.

— Brianna, ela é uma das minhas meninas. Todas elas usam


a minha marca — Ele puxou a Lydia para a cama, abrindo suas
coxas. — Olhe.

Jessica não queria olhar, mas sabia que tinha que fazer.
Olhando para baixo, viu a queimadura na coxa da Lydia. — O que
é isso?

— É a minha marca. Gosto que as minhas mulheres


lembrem de mim, sempre.

— Parece uma marca de ferro quente.

O Mestre riu. As portas do quarto se abriram e dois homens


apareceram. Um dos homens segurava um bastão, com uma
marca na ponta. Ele estava em brasa por causa do calor.

— Que diabos? — Não havia nenhum lugar para ela correr.


O Mestre se moveu para o lado dela, empurrando a Lydia contra
a parede quando sua amiga tentou detê-lo.

— É hora de marcá-la.

Um segundo homem ajudou a segurá-la. Jessica gritou,


lutando com eles. Era inútil. Eles empurraram a camisa que ela

174
usava para fora do caminho, pressionando a ponta escaldante na
sua coxa.

Sua garganta doía por causa dos gritos. Quando terminou,


ela caiu no chão. No fundo, estava ciente do ruído em torno dela.
Sua cabeça estava pesada e a dor era indescritível.

— Enfim, sós — Ela foi levantada do chão. — Posso não ser


capaz de transar com você, mas posso brincar um pouco.

175
Capítulo Doze
Snake abriu a porta da frente da Jessica e hesitou.

— O que foi? — Perguntou Dick.

— Eu conheço a Jessica. Ela não ia deixar a porta da frente


aberta. Ele empurrou a porta, chamando seu nome. Ninguém
respondeu, não que esperasse isso, de qualquer forma.

— Cara, eu não gosto disso.

Ele também não. Entrando na casa, estava chateado consigo


mesmo por não ter uma arma nesse momento. Não havia
nenhum sinal da Jessica. Entrando na sala de estar, olhou para
baixo para encontrar o celular no chão. Pegou-o, verificando as
últimas mensagens e chamadas.

— O que é isso?

— A Lydia, ela ligou por último.

— Ligue para a Lydia de volta — disse o Dick.

— Estou fazendo isso.

O celular tocou e tocou.

— Alô — disse a Lydia, sussurrando.

— Lydia? Onde está a Jessica? — Snake olhou para o Dick


enquanto esperava a Lydia responder.

— Você precisa nos ajudar.

176
Ele franziu a testa. — Por que você está sussurrando?

— Eles me jogaram no quarto com este celular. Eles não


achavam que eu ia conseguir usá-lo. Eu ia ligar para você.

— Ok, estou realmente confuso, no momento. O que está


acontecendo?

— Ele nos tem, Snake. O Mestre, ele nos tem trancadas na


sua casa.

O nome do Mestre o fez olhar diretamente para o Dick. —


Diga-me onde você está.

Ela começou a dar instruções para uma casa isolada, fora da


cidade. Tinha ouvido rumores que algum bilionário era dono do
lugar, que era cercado por portões de segurança de ferro.

— Que porra você está fazendo, sua puta?

Snake ouviu um homem na linha. Lydia gritou, chorando, e


a linha ficou muda.

— Nós precisamos voltar para o clube.

O som de gritos e um carro derrapando trouxe a ambos,


preocupação. Caminhou até a porta para ver quem estava
fazendo uma entrada dramática. Lydia tinha colocado sua
mulher em perigo. O medo se apoderou dele. Não sabia o que ia
fazer se alguma coisa acontecesse com sua mulher.

Ele reconheceu o Sean quando ele saiu do carro. — Que


diabos a Lydia está falando?

— Lydia?

177
— Ela me ligou há vinte minutos atrás, dizendo que não
podia falar, mas que a Jessica está em perigo e que era tudo culpa
dela. Ela desligou, e tentei ligar de volta. Ela não respondeu.

Alguém devia estar no quarto quando ele tentou ligar de


volta. A Lydia estava seguindo ordens, e atender o telefone não
era uma delas. Caralho, a Lydia ia conseguir que ambas fossem
mortas.

— Eu sei onde elas estão — O problema era que precisava de


apoio para chegar lá. — Tenho que ir para o hospital.

— Por que o hospital?

— É onde a Brianna e o Death estão. Ela sabe quem é o


Mestre — Correram para fora da casa. Snake não conversou no
caminho de volta para o hospital. Não havia necessidade. Viu
várias motos no estacionamento e, entre elas, estava a do Death.
Entrando no hospital, ficou ciente do Dick e do Sean em seus
calcanhares. Não se importava com o que faria, apenas que teria
a sua mulher de volta.

Brianna estava sentada com a cabeça apoiada no peito do


Death.

— O que você sabe sobre o Mestre? — Perguntou, movendo-


se em direção a eles.

Brianna ficou tensa.

— Snake, este não é o momento ou o-

— Ele está com a Jessica. Ele está na cidade, e preciso saber


tudo sobre ele.

Death olhou para Brianna. — Você sabia que ele ia vir para a
cidade?

178
— Não, eu não sabia. Gonzalez e o Ronald estão mortos. Seu
fornecedor de mulheres se foi. — Brianna levou uma mão à boca.
— Eu não sei do que ele é capaz.

— E quanto à Jessica? Eu preciso saber se há alguma coisa


com a qual eu deva me preocupar.

— Eu não sei nada sobre ele. Ele não gosta de ficar no


mesmo lugar — Brianna esfregou a cabeça. — Nós estávamos
sempre em movimento. Ele é rico e pode ir a qualquer lugar que
gosta.

— Então, tenho pouco tempo para recuperá-la?

— Sim. Ele está fortemente armado. Ele tem homens com


ele que são capazes de fazer qualquer coisa. Eles vão matar quem
ele mandar.

Snake assentiu. — Eu só precisava saber se eles estavam


fortemente armados.

— Por quê? — Perguntou o Sean.

Ele já estava fazendo o caminho para fora do hospital. — Eu


não vou colocar a Jessica ou a gangue em perigo. Preciso de
armas.

— Death, não — disse Brianna.

Olhando para trás, viu o Death tocando o rosto da Brianna.


— Eu tenho que fazer isso.

Por que ele não tinha votado no momento de procurar o


Mestre? Death queria ir à sua procura, e não tinham cuidado do
Gonzalez há muito tempo. Agora, esse desgraçado estava com a
Jessica, e não havia esperança para qualquer um deles.

— Precisamos pegá-la de volta — disse Sean.

179
— Vou resgatá-la.

— Isso é culpa sua — Sean o cobrou, empurrando-o contra a


parede do hospital. — Eu disse a eles que você ia matá-la. Você
foi o único a colocá-la em perigo.

Snake o segurou com o punho. "Eu não sou a pessoa que


causou isso. Eu pedi para a Jessica ficar no hospital. A Lydia
trouxe isso até ela. A Lydia colocou-a em perigo. Você quer
culpar alguém, culpe aquela putinha. A Jessica estava segura até
que respondeu à sua chamada e, agora, vou corrigir essa merda
fodida — Empurrando o Sean para longe dele, se dirigiu para o
carro. Estava ficando escuro, mais uma vez, e pediu a Deus que
não fosse tarde demais para salvar sua mulher.

****

Jessica olhou para suas mãos atadas. Então, quanto tempo


tinha passado, pareciam anos, mas na verdade foram apenas
poucas horas, se não, minutos.

— Você é uma mulher tão bonita — disse ele, passando a


mão pelas suas costas.

Ela não vacilou. Fechando os olhos, pensou no Snake e no


seu toque amoroso. Não tinha ilusões. Se o Snake não chegasse a
ela a tempo, este homem ia estuprá-la, usá-la e matá-la. A única
razão pela qual não a tinha violado, ainda, foi por causa do seu
ciclo menstrual.

Ontem à noite, o Snake a tinha abraçado, esfregando sua


barriga quando as cólicas tinham sido dolorosas. Odiou ter ficado
menstruada na noite passada enquanto, agora, estava mais do
que grata.

— Mal posso esperar para te exibir. Você vai ser um prêmio.

180
Sua mão pousou na sua bunda coberta. Ela usava calcinha,
mas nada mais. Seu estômago revirou enquanto ele acariciava
seu corpo como se fosse um direito dele.

— Você ainda está convencida de que o Snake vai vir.

Não era uma pergunta. Ela não tinha falado com ele, e não
ia começar agora.

— A Chaos Bleeds nunca vai encontrá-la. Eles não têm a


menor ideia de onde você está.

Se moveu para ficar diante dela. Ela olhou fixamente em


seus olhos, tentando pensar em alguma coisa, qualquer coisa,
que pudesse levá-lo a sair.

A porta se abriu, interrompendo-o de falar mais, e ela de


falar, no final das contas.

— O que significa isso? — Perguntou o Mestre.

A Lydia foi jogada ao chão.

— Nós temos que ir, Mestre. A sua identidade pode estar


comprometida.

— Minha identidade nunca foi comprometida.

Ele se levantou, olhando para os homens. Lydia gritou, e as


lágrimas caíram dos olhos da Jessica. Odiava ouvir alguém com
dor, e isso não tornava mais fácil para ela.

— Eles estão vindo por ela. Temos que sair imediatamente.

— Quero que ela venha comigo — disse o Mestre

— Nós não tivemos a oportunidade de fazer os arranjos. Ela


tem que ficar. Não temos espaço suficiente para levá-la.

181
O Mestre não falou durante vários segundos.

— Chaos Bleeds. Eles estão se tornando a maldição da


minha existência. Tudo bem — A Lydia gritou quando o Mestre a
agarrou, arrastando-a contra a parede. — Acho que tenho que lhe
agradecer pelo que aconteceu.

— Eu sinto muito.

O som de uma arma sendo engatilhada fez a Jessica gritar.


Ela agarrou as orelhas para não escutar o barulho. A Lydia
gritou.

— Eu me pergunto se eles estarão de volta a tempo, antes de


você morrer sangrando — Ele foi até a cama. — Estou um pouco
pesaroso. Talvez, com o tempo, estaremos juntos novamente — O
Mestre a levantou, colocando-a no chão, ao lado da Lydia. Ela
estava nua, e nem sequer tentou cobrir seu corpo. Ele tinha
batido e batido nela, usando-a como seu próprio saco de
pancadas pessoal. — Um desperdício.

Caminhou em direção à porta, olhando para ela. Fechando


os olhos, Jessica escutou a Lydia gritar de dor.

— Eu digo a você. Vou te dar isso. Mate-a quando ela ficar


muito ruidosa — Abrindo os olhos, viu que o Mestre colocou a
arma no chão. — Afinal de contas, ela lhe entregou sem se
importar.

Em seguida, ele se foi. Olhou para a arma quando a Lydia


suspirou e choramingou. A dor na coxa tornava impossível para
ela se mover. Se encontrou em movimento, mesmo quando cada
polegada da sua pele estava em chamas, e queimando. Se ela e a
Lydia não fossem atendidas em breve, as feridas iam ficar
infectadas. Imaginou se era por isso que ele a deixou viva, ou isso
ou deixá-la com medo dele voltar. O Mestre gostava de machucar
e causar dor.

182
— Jessica —disse a Lydia.

— Cale a boca — Se arrastou até a cama, agarrando sua


camisa, colocando-a sobre seu corpo, de modo que a maior parte
da sua nudez estava coberta. Agarrando o edredom, arrastou-o
até elas. O Mestre tinha atirado na Lydia, na coxa. Se tivesse
acertado a artéria femoral, a Lydia não teria muito tempo. Ela
estava sangrando muito, mas não o suficiente para morrer.

Jessica não tinha força, mas não tinha escolha, então se


moveu ao redor do quarto. Cada passo que dava era doloroso,
mas encontrou um par de meias calças. Não queria saber por que
ele possuía meias calças. Desabando no chão, se esforçou para
cuidar da perna da Lydia.

— Eu sinto muito.

— Não quero ouvir isso — Jessica tentou estancar o


sangramento, mas não estava conseguindo. Imagens dançavam
na frente dos seus olhos.

— O Snake ligou, Jessica. Ele está vindo te buscar. Eu juro,


ele está vindo.

Uma vez que apertou o torniquete improvisado, Jessica


desabou, ao lado da perna da Lydia. Era muito doloroso se
mover. Tudo doía, e ela fechou os olhos.

— Jessica?

Mantendo-os fechados, tentou ignorar todo o resto. De jeito


nenhum estava ouvindo a voz ou os movimentos do Snake
ficando mais próximos a ela. Era tudo sua imaginação. Devia ter
ouvido ele. Na próxima vez, ia ficar no hospital. Não ia acreditar
no que sua mente estava dizendo a ela. Era mentira, tudo
mentira.

183
Eu devia ter escutado o Snake.

— Jessica, eles estão vindo. Eu lhe juro que eles estão vindo.
Eles estão vindo.

Não conseguiu mais aguentar. Virando de lado, vomitou,


colocando para fora tudo o que tinha comido naquele dia.
Enquanto estava com o Mestre ela se segurou, enquanto que,
agora, liberou tudo, incapaz de aguentar qualquer coisa.

Vou morrer.

Eu te amo, Snake.

Eu sinto muito por te decepcionar.

— Porra, cara, ela não parece bem.

Ela reconheceu a voz, mas não conseguiu acreditar.

— Jessica.

A escuridão estava tão perto. Ela só queria dormir. Estava


tão cansada. Cansada e com medo.

O sono tornaria tudo mais fácil. Snake não ficaria com raiva.
Ela acordaria com ele segurando-a mais uma vez.

184
Capítulo Treze
Snake olhou para sua mulher, ligada a várias máquinas na
cama do hospital. Eles a estavam medicando com antibióticos
para lutar contra qualquer risco de infecção. Suas costas tinham
sido limpas e enfaixadas. O Mestre, qualquer que fosse o nome
do bastardo, a tinha chicoteado ao ponto de tirar sangue.

— Pensei em vir dar uma olhada em você — disse o Devil.

Enquanto estava resgatando a Jessica, a Lexie tinha dado à


luz a um menino. A mãe e o bebê passavam bem.

— Ela deve acordar em breve.

— Por que ela está apagada?

— O médico acha que é por exaustão. Ela teve uma


provação, e só desligou — Snake passou a mão pelo rosto. Ele
tinha a tirado do quarto bem na hora em que ela estava
vomitando. Snake a tinha pego antes que ela caísse no vômito.
Ela desmaiou em seus braços e não tinha sido capaz de acordá-la.

— E você? Como você está?

— Estou aqui, chefe. Temos que descobrir quem é esse cara,


o Mestre. Ele quase matou a minha mulher, fodeu com a
Brianna, bem como, em seguida, quase matou a Lydia.

— Acabei de ver a Lydia. Fiquei chocado ao ver o Dick


sentado olhando para ela.

— Ambas as mulheres passaram por um calvário — Snake


levantou quando a Jessica gemeu.

185
— Falaremos sobre isso no clube. Vou deixá-lo com a sua
mulher — Devil bateu nas suas costas. —A gangue vai apoiá-lo,
aconteça o que acontecer.

Indo até a cama, se sentou ao lado dela, agarrando sua mão.

— Snake? — Disse a Jessica.

— Estou aqui, baby.

Ela abriu os olhos e ele segurou seu rosto. — Estou viva?

— Você está viva. Você ainda tem que casar comigo.

Jessica sorriu. — Será que isso, realmente, vai acontecer?

— Sim.

— Você foi me buscar.

Segurando seu rosto, deu um beijo em seus lábios. —


Quando você vai perceber que eu sempre vou te encontrar? Eu te
amo.

— Eu também te amo.

— Seu irmão veio comigo. Ele está falando com seus pais.
Estão lidando com uma papelada médica, que eu não faço a
menor ideia. Todos os três estão conversando para exigir o
melhor deste hospital — disse ele.

— Minha família tem dinheiro, no caso de você não saber.


Eles vão ficar por aqui até me verem bem. Eu sei que eles fazem
por bem.

Lágrimas escorriam de seus olhos, e ele a abraçou. — Eu te


amo tanto, muito.

186
Envolvendo os braços ao redor dela, deixou as lágrimas
caírem. Sua mulher estava viva, estava bem, e ia fazer tudo ao seu
alcance para mantê-la segura.

— E quanto à Lydia?

— Ela está viva. Está no hospital. Ele errou sua artéria


femoral. Ela vai estar andando por aí, rapidinho.

Jessica se afastou. — Eu preciso vê-la.

— Não, agora não. Aquela cadela é a razão de você estar


neste hospital, agora. Não quero você perto dela.

Ela tocou sua mão. — Eu preciso vê-la. Ela não me queria lá,
mas não tinha escolha, Snake.

Ele balançou a cabeça.

— Confie em mim.

Rangendo os dentes, ele acenou com a cabeça. — Vou ver o


que posso fazer.

Deixando seu quarto, caminhou até a enfermeira. — Pode


me arranjar uma cadeira de rodas? A minha mulher quer visitar
sua amiga.

— Claro.

Ele seguiu a enfermeira, conseguindo a cadeira para ela.


Caminhando de volta para o quarto, encontrou a Jessica sentada
olhando para a coxa. Brianna tinha uma cicatriz em sua coxa, que
cobriu com uma tatuagem.

— Ele me marcou.

187
— Baby, nós vamos cuidar disso. Não importa — Jessica
tinha aberto a gaze e olhou para a pele queimada.

— Não posso acreditar que ele me marcou.

Tomando a mão dela, esfregou o curativo em torno da


cicatriz.

— Isso não define você — Ele tomou seu pulso, beijando-o.


— Eu amo você, baby.

— Ele não me quebrou, Snake.

— Ele não levou a melhor. Você é forte, você é minha


mulher, e não vou deixar você cair. Você me entendeu? Você não
vai cair.

Segurando-a apertado, a ajudou a sentar na cadeira de


rodas. Ela não estava chorando. Ele a levou pelo longo corredor
em direção à porta. Dick estava sentado na cadeira, e a Lydia
estava olhando para a televisão.

— Jessica, você está bem. Graças a Deus você está bem.

— Vocês podem nos deixar a sós por um momento? —


Perguntou a Jessica

Snake não queria deixá-la, mas sabia que não tinha escolha.

— Ok, mas vou estar aqui fora.

Deixando-a no quarto, ele saiu, com o Dick o seguindo. —


Que bom sobre o bebê. Mais dois meninos se juntarão ao grupo.

— Quero votar nesta porcaria de Mestre novamente. Quero


encontrá-lo, e quero matá-lo.

— Eu vou votar sim — disse Dick. — Ele precisa ser parado.

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— O Death vai votar a favor.

— Depois do que nós testemunhamos e o que irmão dela


testemunhou, eu diria que não somos os únicos que vão procurá-
lo.

Ele já tinha falado com o Sean depois que chegou ao


hospital. O Sean ia descobrir quem era o dono da casa. Snake
tinha o irmão dela do seu lado e, agora, tudo o que precisava era
que a gangue votasse com ele, também.

— Vou dar uma ligada para o Whizz. Precisamos de toda a


ajuda que pudermos conseguir.

****

— Jessica, eu sinto muito — disse a Lydia.

Segurando sua mão, Jessica balançou a cabeça. — Não


quero ouvir você falar. Sabe, meus olhos foram abertos, e deviam
ter sido abertos muito antes de agora.
Lydia choramingou. O som arranhou seus nervos.

— Se fosse eu, teria mentido sobre a nossa relação. Eu teria


dito ao idiota que não a conhecia, que não havia nenhuma
maneira de encontrá-la.

— Jess.

— Você não fez isso. Você o levou até mim e colocou a


minha vida em perigo —Lágrimas caíam dos seus olhos. Ela
olhou para a amiga e não viu nada. — Nós terminamos. Você
consegue me ouvir? Terminamos completamente. Eu não vou
mais estar lá, para você. Você está por conta própria.

— Jess, por favor, eu realmente sinto muito.

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— Não. Não quero ouvir isso. A partir de agora, você fica
longe de mim —Chamou o Snake.

— Não, Jessica, por favor, não me deixe. Eu não quero que


você vá.

Ignorou a Lydia e o Snake entrou. Ele não a questionou


quando ela virou as costas para o quarto. A Lydia gritou o nome
dela, e ela ignorou a chamada. Snake a ajudou a voltar para a
cama, e ficou muito feliz por ela estar no quarto.

— Você tem certeza sobre isso?

— Ela nem sequer tentou me ajudar, Snake.

— A Lydia atendeu o telefone.

— Ela o atraiu para a minha casa. Ela me colocou em perigo,


e nem sequer me avisou. Eu poderia ter telefonado para deixá-lo
saber o que estava acontecendo. Nada — Lágrimas escorriam dos
seus olhos. Ele subiu na cama, envolvendo os braços em torno
dela.

— Estou com você, baby. Você sabe que não me importo


com a cadela. Nunca me importei com a cadela. A única pessoa
que eu quero é você.

Beijou seu pescoço, e ela se virou em seus braços.

— Eu te amo, Snake.

— Eu vou te proteger — Segurou seu rosto. — Vou encontrá-


lo, e vou matá-lo.

— Eu não esperaria nada menos de você.

— Você não está preocupada com o que eu vou fazer?

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— Não, eu quero que você me diga quando ele estiver morto,
Snake. Eu preciso saber — Ela tocou sua bochecha, sentindo o
calor da sua pele escoar por entre os dedos. — Eu te amo.

— Eu também te amo, baby.

— Oh, querida — disse a Bethany, correndo para o quarto.


Jessica foi puxada para um abraço que quase a sufocou. Olhando
por cima do ombro da sua mãe, viu seu pai e seu irmão entrarem
na sala.

— Tudo está resolvido. Você vai ter o melhor tratamento e


cuidado aqui. Quando estiver bem, vamos levá-la para casa.

— Não, você não vai, papai — Já esperava a ameaça de ser


levada de volta para casa. Era o que o pai sempre dizia quando
descobria que ela tinha sido ferida ou estado em perigo, desde
que ela era uma garotinha.

— Jessica, você podia ter morrido.

— O que aconteceu hoje não foi culpa do Snake. Foi da


Lydia. Eu não deixarei o homem que eu amo. Nós vamos nos
casar.

William não parecia convencido.

— Eu não vou a lugar nenhum, e se você tentar me levar,


nunca vou falar com você de novo. Estou falando sério. Você não
pode me proteger de tudo, papai. Eu sei que você quer, mas não
pode — Ela descansou contra o Snake precisando do seu calor,
mais do que qualquer coisa. — O Snake me ama, e não há nada
que você possa dizer que vá me fazer mudar de opinião.

Seu pai hesitou por vários minutos. Ele, claramente, queria


dizer outra coisa ou levá-la a concordar em ir para casa. — Não
há nada que eu possa dizer?

191
— Nada. Eu vou ser feliz e casada, muito em breve. Seja feliz
comigo por causa disso — Ela segurou a mão do Snake mais
apertado do que nunca. Ele era a única pessoa que já amou e
confiou. Ao longo das últimas semanas, tinha provado a ela uma
e outra vez que ele não era o homem que pensou ser,
inicialmente. Ela queria um futuro com ele, ter filhos, envelhecer.

— Está tudo bem, querida. Nós todos vamos passar por isso.
Nunca pense que, de bom grado, deixarei algo acontecer com
você. Sinto muito, mas quando você tiver seus filhos, Jess, você
vai entender.

Ela sorriu. — Eu já entendo, pai.

Depois de alguns minutos tensos, todos se sentaram. Jessica


estava feliz por, finalmente, estar com os seus pais. Ela não era
uma idiota. Sabia que o Mestre ainda estava lá fora, em algum
lugar. Ele ia voltar, quer ela gostasse ou não. Estremeceu e o
Snake a segurou um pouco mais apertado, contra ele. Mesmo
com o Mestre lá fora, o Snake estava, agora, alerta e ninguém iria
machucá-la.

****

Lydia não conseguia parar de chorar. Tinha acabado de


perder a única amiga que realmente se importava com ela.

Dick entrou no quarto. Se sentou na cadeira ao lado da


cama, olhando para ela. Estava em dívida com ele. Quando o
Snake tinha entrado no quarto, pegou a Jessica antes que ela
caísse em seu próprio vômito. Snake, Death, e o Sean tinham
estado lá pela Jessica. Dick tinha sido o único a ajudá-la,
enquanto ninguém mais se importava.

— Você ouviu?

— Foi meio difícil não ouvir, exatamente, o que aconteceu.

192
— Ela me odeia.

— Sim.

— Ela nunca vai me perdoar — Olhando para cima, viu que o


Dick estava olhando para ela. — Você não vai dizer qualquer
coisa para me fazer sentir melhor?

— Por que deveria? Quase a matou, para não mencionar a si


mesma. Você está tão desesperada por atenção que colocou a si
mesma e a sua amiga em perigo?

Ela não o conhecia e, ainda assim, sabia quem ela realmente


era, olhando através da fachada que ela colocou para os outros
verem. — Você não me conhece.

— Conheço você. Sei o tipo de pessoa que você é. Você


acabou de perder sua melhor amiga por ser uma puta
manipuladora e egoísta. Cresça.

As lágrimas que estava tentando segurar, começaram a cair.


Não havia nenhuma maneira de pará-las. — Eu sei. Ok. Eu sei a
amiga de merda que eu fui. A Jessica sempre esteve lá para mim,
e eu não dava a mínima. Eu sou uma pessoa horrível, horrível —
Ela desabou, desejando que seu mundo pudesse, apenas, acabar
agora.

Ela esperava que o Dick a deixasse, e se surpreendeu


quando ele começou a afagar suas costas. — Todos nós
cometemos erros. Alguns de nós, mais do que outros.

— Não posso passar a vida sabendo que ela me odeia.

— Então reconquiste-a, Lydia. Mude por ela.

Soluçando contra o peito do Dick, não sabia como traria sua


amiga de volta, mas sabia que ia tentar.

193
Epílogo

Verão

— Isso é normal? — Perguntou a Jessica, olhando para o


Simon. Tiny, Eva e a gangue tinham trazido a família para Piston
County, para o piquenique de verão. Ela viu quando o Simon se
sentou ao lado da Tabitha lhe mostrando algum tipo de cartas de
baralho. Nos últimos meses, não tinha visto o Simon ser tão
atencioso com outra garota. No momento em que a Tabitha
apareceu, o amor ficou claro para qualquer um ver.

Lexie e a Judi estavam, ambas, sentadas, segurando bebês, e


a Eva estava grávida.

— Eles vão formar um casal interessante, eu acho — Snake,


seu marido, disse. Haviam se casado em abril, depois de
passarem dois meses planejando o grande dia. Inclinando-se
contra ele, ela sorriu.

— Por quê?

— Eles são de duas gangues diferentes. O Devil e o Tiny


estão sendo amigáveis pelas crianças. Simon ajudou a Tabitha ou
algo parecido. Eu não estava realmente lá, para testemunhar o
que houve — Tocou as mechas do seu cabelo, girando-as em
torno do seu dedo.

— Você gosta de brincar com o meu cabelo, não é?

— Jess, minha cadelinha, eu amo tudo sobre você —


Segurou seu rosto, inclinando a cabeça para trás para que

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pudesse beijá-la profundamente. Se derreteu contra ele. Fazia
mais de seis meses, desde que tinha sido tomada pelo monstro
que tinha marcado sua perna. Ela já tinha a cicatriz transformada
em uma bela rosa em sua coxa. Não importava o quanto ela
tentava esquecê-lo; não era possível.

O Mestre ainda estava lá fora, em algum lugar. Podia entrar


em suas vidas a qualquer momento. Nenhum deles sabia quem
ele era, mas tinha fé no Snake. Ele encontraria o Mestre e o
mataria.

— O que está passando nessa sua cabeça? — Perguntou.

— Nada. Estou feliz por ter me casado com você.

Ela não conseguia deixar de olhar para a mesa de


piquenique. Lydia estava ali, conversando com o Dick. Desde que
a Lydia saiu do hospital, tinha estado com Dick. Ela também
estava tentando fazer as pazes com a Jessica, mas não estava
interessada.

— Você acha que algum dia vai perdoá-la? — Perguntou


Snake.

— Não, eu não acho.

— Apenas fique dizendo isso para si mesma, querida —


Snake a beijou nos lábios, mergulhando a língua em sua boca.

Era por isso que ela podia, facilmente, odiar a Lydia. A


Lydia tinha quase lhe custado o amor da sua vida. Snake era o
amor da sua vida, seu marido, e ela não queria viver em um
mundo onde ele não era dela.

Fim

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