Você está na página 1de 1056

Obsession - Beaten By Love

Autor(es): HaliceFRS

Sinopse
Convivendo entre os humanos, Edward Cullen consegue esconder sua verdadeira condiçao: a de
vampiro centenario. Egocêntrico vive livremente por Nova York. Sua vida mudaria drasticamente
ao conhecer Isabella Swan uma jovem jornalista comprometida com Paul. conquistá-la parecia ser
fácil. O que ele não sabia é que em sua conquista, ele correria atrás de sua destruição.

Notas da história
*RECUSE PLÁGIOS:

Direitos reservados a autora.

Obsession uma fic original. Se passa em um universo alternativo. Inspirada nas


personagens da saga Crepusculo, porem com poucas referencias a mesma. Meu Edward
e um vampiro diferente dos que conhecemos. Espero que gostem dele.

*A montagem da capa de Elena Naja V. R. S. M.

*Beta: Cleide

*Esclarecimentos: Qualquer citacao quanto ao funcionamento de parques, boates,


enderecos ou cargos publicos de Nova York e mera licenca de minha parte para tornar a
Fic funcional.

*Agradecimentos:Tenho varios. Por isso mesmo os guardarei para o final. Assim nao
deixo ninguem pelo caminho.

*E por favor, não esqueçam...Comentarios animam a autora...Se gostarem da fic,


indiquem...

*Meus contatos, assim como um video da fic feito pela Cris, estão no final do prólogo.

AVISO Á TODAS LEITORAS:

O site está em fase de mudança e com isso o processo de recebimento de revews está
mudado. Demoro um pouco á encontrá-los, ams sempre os respondo.

Agora... BEM VINDO(a)e BOA LEITURA!...


Índice
(Cap. 1) Capítulo 2
(Cap. 2) Capítulo 3
(Cap. 3) Capítulo 4
(Cap. 4) Capítulo 5
(Cap. 5) Capítulo 6
(Cap. 6) Capítulo 7
(Cap. 7) Capítulo 8
(Cap. 8) Capítulo 9
(Cap. 9) Capítulo 10
(Cap. 10) Capítulo 11
(Cap. 11) Capítulo 12
(Cap. 12) Capítulo 13
(Cap. 13) Capítulo 14
(Cap. 14) Capítulo 15
(Cap. 15) Capítulo 16
(Cap. 16) Capítulo 17
(Cap. 17) Capítulo 18
(Cap. 18) Capítulo 19
(Cap. 19) Capítulo 20
(Cap. 20) Capítulo 21
(Cap. 21) Capítulo 22
(Cap. 22) Capítulo 23
(Cap. 23) Capítulo 24
(Cap. 24) Capítulo 25
(Cap. 25) Capítulo 27
(Cap. 26) Capítulo 28
(Cap. 27) Capítulo 29
(Cap. 28) Capítulo 30
(Cap. 29) Capítulo 31
(Cap. 30) Capítulo 1 - Parte II
(Cap. 31) Capítulo 2 - Parte II
(Cap. 32) Capítulo 3 - Parte II
(Cap. 33) Capítulo 4 - Parte II
(Cap. 34) Capítulo 5 - Parte II
(Cap. 35) Capítulo 6 - Parte II
(Cap. 36) Capítulo 7 - Parte II
(Cap. 37) Capítulo 8 - Parte II
(Cap. 38) Capítulo 9 - Parte II
(Cap. 39) Capítulo 10 - Parte II
(Cap. 40) Capítulo 11 - Parte II
(Cap. 41) Capítulo 12 - Parte II
(Cap. 42) Capítulo 13 - Parte II
(Cap. 43) Capítulo 14 - Parte II
(Cap. 44) Capítulo 15 - Parte II
(Cap. 45) Capítulo 16 - Parte II
(Cap. 46) Capítulo 17 - Parte II
(Cap. 47) Capítulo 18 - Parte II
(Cap. 48) Capítulo 19 - Parte II
(Cap. 49) Capítulo 20 - Parte II
(Cap. 50) Capítulo 21 - Parte II
(Cap. 51) Capítulo 22 - Parte II
(Cap. 52) Capítulo 23 - Parte II
(Cap. 53) Capítulo 24 - Parte II
(Cap. 54) Capítulo 25 - Parte II
(Cap. 55) 1ª metade Capítulo 26 - Parte II
(Cap. 56) 2ª metade Capítulo 26 - Parte - II
(Cap. 57) Capítulo 27 - Parte - II
(Cap. 58) Capítulo 28 - Parte II
(Cap. 59) Capítulo 29 - Parte II
(Cap. 60) Capítulo 30 - Parte II
(Cap. 61) Capítulo 31 - Parte II
(Cap. 62) Capítulo 32 - Parte II
(Cap. 63) 1ª metade - Capítulo 33 - Parte II
(Cap. 64) 2ª metade Capítulo 33 - Parte II
(Cap. 65) 1ª metade Capítulo 34 - Parte II
(Cap. 66) 2ª metade Capítulo 34 - Parte II
(Cap. 67) 1ª metade Capítulo 2 - Parte III
(Cap. 68) 2ª metade Capítulo 2 - Parte III
(Cap. 69) Capítulo 3 - Parte III
(Cap. 70) Capítulo 4 - Parte III
(Cap. 71) Capítulo 9 - Parte III
(Cap. 72) Capítulo 10 - Parte III (Bônus)
(Cap. 73) Capítulo 10 - Parte III
(Cap. 74) Capítulo 11 - Parte III
(Cap. 75) Capítulo 12 - Parte III
(Cap. 76) Capítulo 13 - Parte III
(Cap. 77) Capítulo 14 - Parte III
(Cap. 78) Capítulo 15 - Parte III
(Cap. 79) Capítulo 16 - Parte III
(Cap. 80) Capítulo 17 - Parte III
(Cap. 81) Capítulo 18 - Parte III
(Cap. 82) Capítulo 1ª metade - capítulo 19 - Parte III
(Cap. 83) Capítulo 2ª metade - Capítulo 19 - Parte III
(Cap. 84) Capítulo 20 - Parte III (Bônus)
(Cap. 85) Capítulo 20 - Parte III
(Cap. 86) Capítulo 21 - Parte III
(Cap. 87) Capítulo 22 - Parte III
(Cap. 88) Capítulo 23 - Parte III
(Cap. 89) Capítulo 24 - Parte III
(Cap. 90) Capítulo 25 - Parte III
(Cap. 91) Capítulo 26 - Parte III
(Cap. 92) Capítulo 27 - Parte III
(Cap. 93) Capítulo 28 - Parte III

(Cap. 1) Capítulo 2

Notas do capítulo
Agora começa a estória do meu vampiro preferido... sou mega suspeita, mas não consigo
evitar... sou louca por ele.Espero que tbm gostem e se apaixonem...

*Nova York – 2010


Edward piscou algumas vezes e abriu os olhos lentamente até que eles se acostumassem com a
claridade, então mirou o teto branco de seu quarto. Passando as mãos pelo cabelo em desalinho,
suspirou. Essa era a terceira vez que sonhava com Maria na mesma semana. Não entendia o porquê
sua lembrança começara a assombrá-lo. Sim, era fato que ele se arrependera de tê-la matado sem ao
menos ter certeza que a marca dela era igual a sua. Mas já haviam se passado vinte e cinco anos.
Não era de sua natureza sentir remorso. E aquela noite estava escura até mesmo para seus olhos. A
luz dos fogos chegava com luminosidade insuficiente. Como poderia adivinhar que a cicatriz
“apenas” se parecia com a sua sem ser idêntica?
Sem tomar conhecimento do corpo feminino deitado entre os lençóis e expulsando Maria para o
passado ao qual pertencia, saiu da cama e se dirigiu para as escadas que o levariam para o andar
inferior de seu apartamento. O dia em Nova York estava claro. Os raios de sol atravessavam as
imensas janelas, tornando sua sala ainda mais luminosa que o normal. Sorriu consigo mesmo. Outra
lembrança, ainda mais antiga que a de Maria, invadindo-lhe a mente. Recordou do seu primeiro dia
como vampiro, quando deixou o corpo inerte da índia ao lado do amante, completamente
arrependido do que havia feito.

Havia perdido seu pai, havia perdido sua vida, havia perdido a razão. Sabia que naquele momento, a
única atitude digna era esperar a morte. Recordou, na ocasião, que, segundo as lendas e mitos,
vampiros eram sensíveis ao sol. Então, sentou-se e esperou. Contudo, todas as histórias não
poderiam estar mais erradas. O sol incomodava sim. Ardia na pele; irritava os olhos, dificultando
sua visão. Porém, nada que resultasse em morte imediata ou futura.

Sorriu novamente. Tanto melhor assim. Mesmo sendo um boêmio, sempre gostara do sol, de
claridade. Viver eternamente em trevas teria sido extremamente entediante. Não que não gostasse da
escuridão. Ela era sua aliada, sua companheira eterna uma vez que sua alma era negra. Inúmeras
vezes ele se questionava se seu gosto pelo branco não fosse uma forma de compensação. Mais uma
vez, afastou as lembranças surradas de sua mente e se dirigiu para as grandes portas a sua direita.
Elas lhe permitiriam acesso ao jardim e a grande piscina coberta.
Atirou-se em suas águas, deixando que o líquido acariciasse seu corpo. Depois que se conformou
com sua condição de vampiro, descobriu uma habilidade ímpar em natação. Havia descoberto
muitas outras coisas. Edward aprendeu a apreciar as texturas, os gostos, os cheiros. Com o passar
dos anos foi descobrindo suas preferências. Gostava de sentir o chão sob seus pés, então, sempre
que possível, andava descalço. Gostava de sentir a variedade de tecidos em sua pele –
principalmente se o tecido em questão estivesse cobrindo o corpo de alguma mulher.

Aprimorara seu paladar para bebidas e para o pouco que comia, uma vez que não necessitava de
alimento para sobreviver. Quando ingeria algo sólido era somente para manter as aparências. Com a
bebida era diferente. Gostava da ardência que o álcool causava em suas veias e do leve torpor em
sua cabeça.

Assim como gostava da água que corria por seu corpo nu enquanto nadava de um lado ao outro em
sua piscina. Tinha a sensação que era acariciado em toda extensão de sua pele. Muitas vezes, nadar
era uma atividade luxuriosa para ele. Estava distraído, tão entregue a um de seus prazeres que se
sobressaltou quando viu a forma feminina magnífica parada sob o amplo batente da porta.

– Bom dia! – disse sua visitante, de forma languida. – Posso me juntar a você?

– Por favor! – ele respondeu estendendo-lhe a mão.


Completamente despida e sem demonstrar nenhum pudor, ela se sentou á beirada da piscina e
deixou que ele a descesse até o fundo, levando seu corpo para junto do dele. Era uma mulher
realmente bonita e, escovando seus cabelos loiros com os dedos, ele beijou-lhe os lábios. Em
minutos ela estava entregue e Edward a tomava para si como havia feito a noite inteira. Quando se
satisfez no corpo quente de sua visitante e estes se separaram, ele sorriu intimamente com sua falta
de atenção.

Havia se esquecido completamente dela. Nem ao menos recordava seu nome. Apenas sabia que a
havia encontrado no Blue Note, lhe pagara alguns drinks e que a trouxera diretamente para sua
cama para comprovar que ela era deliciosa. Ah, sim... E que seu sangue era igualmente delicioso.
Desse detalhe ela não se lembraria. Contudo, Edward sabia que ela nunca esqueceria a noite que
tiveram.

Afastando-se dele, com um sorriso de satisfação no rosto irretocável, ela nadou até o lado oposto.
Apoiou os braços na borda da piscina e, sem se importar com a exposição dos seios fartos, disse.

– Seu apartamento é muito bonito, mas é um lugar estranho para se viver!

– Estranho para quem? – ele questionou, apoiando-se da mesma forma que ela na borda da piscina
ás suas costas, para admirá-la.

– Para todo mundo! – ela disse fazendo uma careta como se respondesse ao óbvio.

– Não sou como todo mundo! – comentou divertido.

– Definitivamente não é... – ela concordou com um sorriso malicioso. – Mesmo assim nunca
imaginei que existisse alguém que morasse na Wall Street.

– Não acho que seja o único. Muitos dos prédios antigos conservam os apartamentos de seus
zeladores.

– Mas você poderia morar em qualquer lugar! – ela insistiu.


Edward começou a achá-la não tão atraente, visto que sua mente era limitada. Ele não gostava do
“normal”; de regras pré-estabelecidas de comportamento. Sempre que caía nesse mesmo assunto,
invariavelmente, com as mulheres que trazia até ali, se perguntava onde estava escrito que todas as
pessoas deveriam morar somente em áreas residenciais.

De qualquer forma, para ele seria um transtorno viver em um edifício cercado de vizinhos
bisbilhoteiros. A alta freqüência feminina chamaria a atenção, assim como o fato de muitas delas
saírem sem condições de andar, visto que ele as bebia muito além do recomendado. Nessas
ocasiões, chamava um táxi para a privacidade de sua garagem exclusiva e, depois de apagar a
memória do chofer e da jovem, deixava apenas a recomendação para que ele a levasse a um
hospital. Somente uma vez, no ano anterior, aconteceu o falecimento misterioso de uma jovem
dentro de um táxi.

Generosamente, Edward assumira a defesa do taxista acusado de vampirismo, uma vez que a jovem
chegou ao hospital quase que completamente sem sangue. Na ocasião, provou facilmente, com um
teste de DNA que o homem de cinqüenta e dois anos não havia sequer tocado na jovem. O caso nem
chegou a ir a julgamento. Depois disso passara a ter maior cuidado. Alimentava-se da escória,
deixando para provar o sangue de suas conquistas somente por prazer. Como seria possível viver
assim se morasse em um dos muitos bairros residenciais de Nova York. Voltando sua atenção á loira
a sua frente, retrucou.
– Isso mesmo. Posso morar em qualquer lugar! – antes que ela insistisse no assunto, prosseguiu. –
Tenho um dia cheio hoje. Vou providenciar um táxi para você. Ele lhe deixará onde desejar.

– Estou com o dia livre. Não posso esperar por você?

Se não fosse o resquício de um cavalheirismo passado, teria rido descaradamente. Como era
possível que algumas mulheres fossem tão óbvias. Evidente que ela estava disponível para esperar.
Ela e a maioria da população feminina da cidade. Edward sabia o que se passava na mente
feminina. Podia até escutar o útero dando voltas ao imaginar a possibilidade de gerar um filho seu –
se ele os pudesse ter – claro que depois de um casamento com toda pompa e circunstância.
Perguntou-se quando conheceria uma mulher que fosse diferente. Controlando a voz para que
soasse pesaroso, disse.

– Lamento meu bem! – não se lembrava mesmo do nome. – Não será possível! Tenho um
julgamento importante hoje e só Deus sabe que horas ficarei livre. Talvez até saia depois de minha
vitória para comemorar.

– Nossa! – ela ironizou visivelmente contrariada. – Quanta certeza de que vai ganhar!

– Eu sempre ganho! – sua voz soou sombria.


E com certeza ele sairia depois do julgamento. Não para comemorar, mas para livrar a cidade da
ralé. Pelo brilho que cruzou seus olhos a mulher percebeu que estava indo longe demais.
Instintivamente, zelando por sua integridade emocional, resolveu aceitar a oferta.

– Agradeço o taxi, obrigada!

– Melhor assim! – disse ele, simplesmente. – Venha! Por mais que esteja gostando da visão, é hora
de vestir-se.

Seguiram para o quarto no andar superior em silêncio. Edward a mantinha sempre a sua frente – não
gostava que lhe vissem as costas. Quando chegaram ao aposento, a mulher ainda tentou se insinuar
para ele que, gentilmente, declinou da proposta de tomarem banho juntos. Ele nunca havia feito tal
coisa com mulher alguma e não começaria por ela. Usando o serviço como desculpa, Edward disse
que precisava rever alguns pontos do processo antes do julgamento. Vestiu a calça de seu pijama e
desceu novamente, seguindo para o gabinete que mantinha anexo à sala. Deixando a mulher à
vontade para que tomasse o banho sozinha e se vestisse. Chegando a seu gabinete, sentou-se na
cadeira de couro, tomou o telefone que ficava sobre a mesa e ligou para sua secretária. Precisou
esperar apenas um toque.

– Bom dia Alice!

– Sabe que dia é hoje e que horas são? – ela perguntou sussurrando com a voz aborrecida.
Edward imaginou que provavelmente tinha clientes á sua espera. – Estava quase indo aí tirá-lo da
cama a tapas.

Riu com gosto. Sempre gostara da forma abusada que a escolhida de seu melhor amigo usava com
ele. A mulher pequena, que quase caberia em um bolso, nunca o temera. Nem mesmo nas poucas
horas que a conheceu como humana. Edward sinceramente gostava dela.

– Calma Alice! Hoje é quinta-feira e ainda nem passa das nove...


– Isso mesmo! Sua sala de espera está lotada e ás dez horas você e Jasper precisam estar no
tribunal! Hoje é o dia decisivo e ele gostaria de rever detalhes...

– Alice, Alice... Eu sei... Estaremos lá na hora do show! O segundo ato é sempre o melhor!

– Não gosto quando você fala assim, confirmando minha condição de atriz. – disse queixosa, ainda
com a voz baixa. – Já basta eu me sentir realmente como se atuasse numa peça de teatro toda vez
que venho assumir meu “papel” de funcionária exemplar.

– Deixe de reclamar, Alice. Você gosta de trabalhar para mim. O que mais você faria com todo o
tempo livre que dispomos? – então ele completou para provocá-la. – Ninguém pode gastar a
eternidade em shoppings!

– Eu gastaria! – dito isso riu discretamente, descontraída como sempre.

Edward riu com ela, então se lembrou do motivo de sua ligação.

– Alice, eu preciso que providencie um táxi o mais rápido possível.

– Eu sabia! – exclamou tornando a ficar aborrecida. – Quando vai parar com isso?

– Quando eu tiver a mesma boa sorte do meu querido amigo Jasper! – respondeu bajulador. – Antes
disso, preciso continuar minha busca incessante.

– Sei! – foi sua resposta simples. – Não demore!


Quando Edward recolocou o fone no gancho, sua visitante chegou á porta e se recostou no batente,
completamente vestida. Coberta e sem a maquiagem da noite anterior, ela não pareceu tão bonita
para ele. Edward não sabia o que dizer, não gostava das despedidas. Preferia quando as deixava
dormindo e não tinha que lidar com elas quando voltava para o apartamento vazio á noite. Para sua
sorte, ela parecia não estar com intenção de conversar, dando meia volta, foi-se sentar no grande
sofá branco da sala. Aos dois toques de seu telefone, soube que o táxi esperava na garagem. Sem se
dar ao trabalho de atender, saiu do gabinete.

– Sua condução chegou! – disse. – Ele tem instruções de levá-la para onde quiser.

– Obrigada! – ela levantou-se e, seguindo até ele, parou a sua frente e tocou seu peito. – Vamos nos
ver novamente?
Antes de enlaçá-la pela cintura para conduzi-la até o elevador, Edward pode ver em seus olhos o
que se passava em seu íntimo. Como todas as outras, ela tinha esperanças reais de que fossem
manter um relacionamento duradouro. Ás vezes o carisma que carregava pela sua condição era
extremamente inconveniente. Começava a ser entediante ter que apagar a memória de quase todas
as mulheres com que se relacionava. Colocando-a no elevador, presenteou-a com seu melhor
sorriso, disse.

– Claro que sim, meu amor! – e tocando seu rosto para que ela lhe olhasse diretamente nos olhos,
completou. – Esqueça-me!

Enquanto ela piscava, confusa, ele apertou o botão do térreo. Quando as portas do elevador
começaram a se fechar e a mulher olhou a sua frente, não havia ninguém no hall.

Notas finais do capítulo


Por favor... não esqueçam de comentar...A opinião de vcs é importante sempre... :)

(Cap. 2) Capítulo 3

Notas do capítulo
Conhecendo Isabella Swan...

Deixando a porta aberta para que o vento corresse por seu quarto, foi para o banheiro. Ligou o
chuveiro e, enquanto a água alcançava a temperatura ideal, despiu-se de sua camisola. Bella
experimentou a água, então entrou de cabeça sob o jato. Deixou que a água batesse em sua cabeça e
corresse por seu corpo, imaginando que levava a lembrança do sonho recente pelo ralo. Não havia
entendido o aviso. “Não se iluda!”. Com o que, exatamente? Nunca fora de se iludir ou se deixar
levar por nada nem por ninguém. Com quem ou o quê, poderia estar se iludindo.
Suspirando, tentou afastar o sonho de sua mente e, pegando seu xampu favorito, passou a esfregar
seus cabelos longos e castanhos com vigor. Depois de cinco minutos de um banho revigorante, ela
enxugou-se e se dirigiu ao quarto. Ao abrir a porta de seu guarda-roupa, se deparou com a camisa
masculina pendurada entre suas peças femininas. Automaticamente, correu os dedos pelo tecido
preto e macio da manga. Sentiu uma imensa saudade de seu namorado. Como sempre acontecia
quando estava ás vésperas de um julgamento importante, eles se viam pouco. Desde seu aniversário
de vinte e cinco anos, há dezessete dias, haviam se encontrados apenas duas vezes. Decidiu que se
Paul não lhe procurasse antes da hora do almoço, ligaria para ele.

Bella olhou na direção do relógio. Quase quinze para as sete. Precisava correr ou chegaria atrasada.
Ainda precisava chegar ao metrô. Era realmente incomodo ficar sem seu carro. Paul a alertava
insistentemente que era hora de trocar o veículo, mas Bella tinha verdadeira adoração pelo Accord
dois mil e seis. Já o comprara usado, contudo tinha sido com seu próprio dinheiro. Não importava
que agora ele lhe mostrasse que suas peças estavam gastas. O levaria ao mecânico como quem
acompanha um velhinho em fase terminal. Não o abandonaria até que desse o último suspiro.
Sorrido com a comparação e sabendo que não seria tão irracional assim, disse a si mesma que
precisava se lembrar de passar no mecânico para ver se, finalmente, seu carro fora consertado.
Tanto a se fazer. Olhou em direção ao seu gato. Que vida maravilhosa as dos felinos. Basicamente
comer e dormir.

– Acorde seu preguiçoso! – disse afagando sua cabeça.


Voltando sua atenção para as roupas, escolheu uma calça preta de linho leve e uma blusa cor-de-
rosa. Calçou scarpins da mesma cor da calça e se dirigiu ao banheiro para maquiar-se e pentear os
cabelos. Quando estava pronta, retornou ao quarto e se olhou no grande espelho que ficava ao lado
de sua cama. Os cabelos castanhos caiam-lhe pelos ombros, domados. Bella não se considerava
bonita, mas gostava do conjunto da obra. Sorrindo para seu reflexo, alcançou sua bolsa que estava
pendurada em um mancebo e saiu.

Como que para compensar o movimento intenso dos últimos dias, o trajeto até seu local de trabalho
transcorreu tranquilamente. Quando ganhou as ruas, assim que subiu as escadas do metrô, deixou
que o vento daquela manhã de princípio de outono batesse em seu rosto. Bella caminhou as três
quadras restantes até chegar ao seu destino. Um edifício antigo com quinze andares apenas, onde
funcionava o jornal em que trabalhava – o “Daily News” – em regime de experiência como
jornalista.

Após cumprimentar o porteiro, correu para aproveitar o elevador que fechava suas portas para subir.
Um de seus ocupantes as deteve até que ela conseguisse entrar. Agradecendo silenciosamente,
conferiu que o botão do terceiro andar já havia sido apertado. Quando as portas do elevador se
abriram no andar onde funcionava a redação, seu coração se acelerou como sempre acontecia. Bella
adorava aquela cacofonia. O dedilhar incessante nos teclados dos computadores, os toques de
telefone e as vozes. Aquele era o som da notícia.
No dia seguinte completaria três meses que ela trabalhava ali. Havia conseguido o emprego através
do pai de Paul que mantinha boas relações com o editor chefe – Billy Lautner. Á princípio fora
relutante em aceitar a “indicação”; não gostava de recorrer á família abastada e esnobe de seu
namorado. Contudo, com o tempo passou a ser-lhes grata pela ajuda. Ela estava onde sempre
desejou estar e provavelmente soubesse no final da próxima semana, se seria efetivada ou não.

Bella não se sentia apreensiva, pois tinha convicção que seria contratada definitivamente. Suas
matérias – ainda que não tivesse feito nada de extraordinário – sempre recebiam elogios. Ela
adorava pesquisar, redigir e criar artigos. Estava completamente absorta em sua função quando o
telefone ao lado de seu computador tocou.

– Isabella Swan! – seu tom era profissional.

– Bom dia meu anjo! – ela ouviu a voz amada. – Serei breve.

– Bom dia Paul. – seu coração deu um salto. – Não tenha pressa. Posso falar e estou com saudades.

– Eu também. Por isso gostaria de encontrá-la esta noite.

– Mas o julgamento é amanhã.

– Sim, mas preciso vê-la. Já faz três dias que não nos encontramos.

– No meu apartamento ou no seu?


– Na verdade, vou estar livre depois das seis. Gostaria de levá-la para uma happy hour no Loeb, que
me diz?

– Perfeito!

– Você se importa de nos encontrarmos lá? Já pegou seu carro?

Bella sabia que se dissesse estar sem o carro ele se ofereceria para buscá-la o que os atrasaria, já que
o café escolhido fechava ás oito. Teria que passar no mecânico, agora com urgência.

– Vou buscá-lo assim que sair daqui. Não se preocupe, eu encontro com você no Loeb.

– Combinado! Então nos vemos á noite. Tchau meu amor.

– Tchau meu amor!


Suspirando, recolocou o fone no gancho. Distraidamente levantou os olhos e sobressaltou-se
quando deu de cara com Jessica Stanley a olhá-la sonhadoramente por sobre a divisória de madeira.

– Ah... O amor!... – disse sua amiga, suspirando.

Bella não pode deixar de rir de sua expressão.

– Deseja algo em especial além de suspirar por uma breve conversa ao telefone? – Bella perguntou
divertida.

– Deixe de ser chata, Bella!... Eu acho lindo o relacionamento de vocês. Não pense que é inveja,
mas eu gostaria de encontrar um assim para mim também.

– E eu tenho certeza que conseguirá. – disse sinceramente. – Você merece!

– Obrigada... Mas enfim... Vamos ao trabalho. Tenho uma matéria para você, está interessada?

– O que seria?

– É para o caderno de variedades. Para segunda-feira, querem publicá-la na terça. Sei que você se
interessa pelo tema e é rápida, então... Como o assunto está na moda, o editor-chefe me pediu uma
matéria sobre vampiros.

– Vampiros?! – Bella animou-se.

Sentiu-se uma adolescente mais uma vez. Desde criança era fascinada pelo assunto. Ser uma
vampira mirim era corriqueiro nas festas de Halloween. Sua mãe tentava em vão, convencer-lhe a
ser uma bruxa ou fada para variar. Bella sabia que nunca seria uma fada. Seu sonho era ser vampira.

A voz de Jessica veio de longe.

– Bella?... – dedos foram estalados diante de seus olhos. – Você está aí?

– Desculpe-me Jess...
– Então? Vai fazer ou passo para outro?

– Não!... Eu faço.

– Certo! Preciso disso na segunda para a edição de terça, não se esqueça.

– Está bem.
Jessica sorriu-lhe agradecida e voltou aos seus afazeres, deixando que Bella retornasse aos dela. O
dia transcorreu depressa e, sem que ela se desse conta, já era hora de ir para casa. Ansiosa por
encontrar com Paul se permitiu uma pequena extravagância e tomou um taxi até a oficina mecânica,
somente para descobrir que seu carro ainda se encontrava sem conserto após uma semana. A peça
não havia chegado, o homem sujo de graxa havia lhe dito. Como a oficina ficava a poucas quadras
de seu prédio, correu para casa para aprontar-se.

J. Black espreguiçou-se assim que ela fechou a porta atrás de si. Com um ligeiro afago na cabeça
negra, Bella voou para seu quarto. Em um tempo record, se arrumou em quinze minutos. A
temperatura ainda estava agradável, mas achou por bem não confiar no tempo instável de sua cidade
e levar um sobretudo de lã bege para o caso do tempo esfriar mais tarde. Saindo apressada do
quarto, verificou se seu gato tinha comida e água e se foi. Desceu as escadas com cuidado. Estava
acostumada a andar de salto alto, nunca fora desastrada, mas tudo que não queria no momento era
um tornozelo torcido ou quebrado por sua ansiedade em se encontrar com o namorado.
Saindo para a calçada, ainda teve que andar uma quadra até que um taxi passasse por sua rua.
Gostava daquele lado pouco movimentado em East Village, mas ás vezes tanta placidez era
irritante. A poucas quadras dali o movimento nos bares era intenso, então... Questionou-se sobre o
que custaria para que os taxistas rodassem por sua rua com mais frequência. Assim que entrou no
veículo, disse seu destino. O trânsito de final de tarde era infernal, mas seu motorista, experiente.
Ele cortou caminho por ruas pouco movimentadas, pegando trafego pesado somente em lugares de
inevitável necessidade.

Bella não conseguia acreditar em sua proeza, mas ás sete horas e cinco minutos estava sentada á
uma mesa na parte do café Boat House que dava vista para a lagoa. Bella sequer admirou o estilo
neoclássico do local. Estava habituada a ir ali, era um de seus endereços preferidos no parque e
estava ansiosa demais com a iminente chegada do namorado. Pediu um cappuccino e para distrair-
se, enquanto seu pedido nem Paul chegavam, tirou seu netbook branco da bolsa – um presente de
seu namorado, considerado desnecessário na época. – e começou a esboçar sua matéria sobre o
tema tão conhecido e adorado; vampiros. Antes de terminar sua segunda frase, seu celular tocou.
– Alô! – atendeu distraída.

– Meu anjo, você já está no Loeb?

– Sim, acabei de chegar! – então se deu conta que era para Paul estar ao seu lado, não lhe
telefonando. – Você não vem?

– Sim!... Mas surgiu um fato novo que tenho que averiguar a veracidade.

– O que eu faço? – perguntou pesarosa. – Vou embora? Posso ir para seu apartamento se desejar.

– Você está de carro?

– Ainda não está pronto. – respondeu desanimada.


– Então fique onde está! Não vou me atrasar tanto assim que seja preciso adiar o que combinamos.
Tome alguma coisa sem mim. Um pouco antes das oito eu passo aí então seguimos para outro lugar.

– Está bem! – concordou com um sorriso. – Não demore!

– Pode deixar. Eu te amo!

– Também te amo! – dito isso deixou o celular sobre a mesa e retornou sua atenção para os
vampiros.
Sua bebida quente chegou, ela bebericou um pouco e logo se esqueceu dela. Seus dedos
trabalhavam frenéticos no teclado mínimo de aparelho. Escrever sobre as criaturas da noite era
quase que natural para ela, como se fosse amiga íntima de algum dos seres míticos. Teve que se
controlar ao máximo para não imprimir suas opiniões pessoais á matéria. Lembrava-se de uma das
recomendações mais freqüentes na composição de uma redação ainda em seu tempo de colegial;
ninguém está interessado em considerações pessoais, atenha-se aos fatos.

Bella concentrava-se a tal ponto em sua redação que se sobressaltou quando sentiu uma mão
masculina em seu ombro. Preparou-se para ver o rosto querido de Paul, mas ao invés dele, era um
dos garçons que lhe chamava a atenção.

– Desculpe-me senhorita, mas estamos fechando. – disse pesaroso.

– Claro! Eu é que peço desculpas...

Disse Bella conferindo o relógio. Faltavam cinco minutos para as oito. Pagando por seu cappuccino,
praticamente intocado, recolheu suas coisas e saiu para o parque. Tentou ligar para Paul, mas ele
não atendia o celular nem ao telefone de seu apartamento. Bella imaginou que ele provavelmente
estivesse a caminho. Achou melhor sentar-se perto do café para que não se desencontrassem.
Procurou um banco próximo que lhe permitia ver o acesso ao Boat House e se sentou.
A noite estava realmente agradável. Os casais passeavam de mãos dadas, algumas pessoas corriam
pela calçada coberta pelas folhas secas ouvindo seus i-pods, outras apenas andavam distraídas com
seus animais de estimação. Bella gostava muito daquele espaço verde no meio da cidade. Algumas
árvores já apresentavam sinais que no auge do outono praticamente todas as suas folhas estariam
amareladas ou secas. Apesar de ter crescido em um local semi-árido, Bella sentia-se como se
estivesse em casa, cercada por todas aquelas árvores centenárias. Visto que precisava esperar,
aspirou o ar lentamente e voltou sua atenção à matéria.

Notas finais do capítulo


Agora vcs conhecem Bella... Comentem... a autora (euzinha) adora saber a opinião de
vcs e responder aos comments... :)
(Cap. 3) Capítulo 4

Notas do capítulo
Agora é a hora... Boa leitura... o/

O sangue fresco que corria em suas veias fervilhou. Quando percebeu já a seguia. Acompanhava-a
pelas sombras farejando o vento leve que trazia seu cheiro. Como se percebesse sua aproximação,
ela acelerou os passos. Edward sentiu que precisava alcançá-la, conhecê-la... Contudo, sem assustá-
la. Com certeza, lembraria de perguntar o nome da moça dessa vez. Não que pretendesse
cumprimentá-la direito pela manhã. Queria-a naquele minuto. Poderia encantá-la e atraí-la para a
parte escura do parque. E quem sabe, provar um pouco de seu sangue enquanto acasalasse com ela.
Sim. Seria exatamente o que faria. A idéia o agradou a tal ponto que sentiu, deliciado, uma pontada
de desejo.
Edward acreditou que não teria trabalho algum em executar seu plano. Pelo odor que o corpo dela
exalava, indicava que estava pronta para recebê-lo. Ela desejava se juntar a um homem esta noite.
Provavelmente estava ali á espera de seu macho. Ou de qualquer um. Edward ponderou que talvez
ela fosse uma prostituta á caça de clientes. Sorriu satisfeito. Ele seria um bom cliente. Pagaria o
quanto pedisse e com certeza não a mataria. Se ela se mostrasse tão boa em uma cama quanto seu
cheiro em suas veias, ele a manteria por muito tempo como tantas outras que teve.
Analisou-a com maior interesse. Os cabelos – ainda agitados pela brisa – eram volumosos e
levemente ondulados. Não poderia dizer como era seu corpo, apenas adivinhá-lo pelos contornos do
casaco bege e comprido. Ela era esguia. Sua pouca estatura era disfarçada pelo salto alto da sandália
preta que usava. Estava vestida simples, porém elegantemente. Se fosse profissional do sexo, seria
uma de luxo. Mas então... O que diabos ela estaria fazendo no Central Park tarde da noite?
Edward ficava cada vez mais intrigado com aquela criatura. Arrependeu-se por não ter reparado
melhor em seu rosto quando teve a chance. Lembrou-se que a considerou comum. Não... Aquele
cheiro a tornava o oposto do comum. E tudo que era raro interessava-o. Precisava abordá-la antes
que chegasse á calçada, onde poderia tomar um táxi e se perder dele nessa cidade enorme e poluída,
por cheiros pútridos e variados.
Estava prestes a diminuir a distância entre eles, deixando de vez as sombras e revelando-se, quando
ela se chocou contra um homem surgido do nada. Num gesto protetor, ele passou os braços á sua
volta. Instintivamente Edward recuou para a parte escura e observou a cena. A moça estava
assustada, ela preparava-se para se debater quando um lampejo de reconhecimento cruzou seus
olhos. Castanhos e lindos; Edward pode ver e gravar na memória. O homem era vários centímetros
mais alto do que ela – assim como Edward – então ela se atirou em seu pescoço de um salto.
Estranhou notar que seu rosto do intruso lhe era vagamente familiar. Edward se perguntou de onde
o conhecia.
– Que bom que você veio! Eu estava apavorada!
A voz lamuriosa e abafada na gola do casaco do homem chegou nítida até Edward, distraindo-o. Ele
notou que era de um timbre perfeito, quase musical mesmo que estivesse assustada. Nada bom!
Estaria fadado a me agradar por tudo naquela criatura?
– Desculpe meu atraso. Aconteceram tantas coisas. Fui direto para seu apartamento e como você
não estava lá e não atendia ao celular resolvi vir verificar se ainda estava aqui. – ele acariciava seus
cabelos. Edward não saberia dizer o motivo, mas o gesto não lhe agradou nem um pouco. – Bella
por que não foi embora quando percebeu que eu não viria?
Bella. Bella. Bella... O nome martelou em sua cabeça. Sim. Edward se agradaria de tudo.
– Eu não sei... Podemos sair daqui? Ouvi um tiro. Vamos sair daqui?
– Um tiro?... Onde? – o homem a desprendeu de seu pescoço e a encarou. – Bella alguém pode estar
precisando de ajuda!
– Ou não... Pode ter sido acidental... Exibicionismo... Não sabemos... Vamos embora e chamamos a
polícia.
– Bella é meu dever como cidadão e...
– Paul, eu estou implorando... Tire-me daqui! Você é advogado, não investigador!
Advogado. Sim, Edward o conhecia. O escritório onde trabalhava pertencia á Harry Clearwater e
era o segundo em preferência e procura. O primeiro era o dele. Edward considerou a coincidência
interessante. Um de seus “colegas” de profissão era o “dono” do seu recente objeto de cobiça. Claro
que pelo modo íntimo que se tratavam só poderiam formar um casal. Suspirou ligeiramente
decepcionado. Lamentou-se, imaginando que seria mais fácil se ela fosse uma prostituta afinal.
E assim, frustrado e completamente excitado, Edward assistiu a Bella “de Paul” o convencer a ir
embora. Eles seguiram abraçados até o outro lado da rua, onde ele a ajudou a entrar em seu carro;
um Lexus preto e partir para o trânsito ainda movimentado apesar da hora. Edward cogitou
persegui-los, contudo preferiu melhor não se dar a esse trabalho. Melhor seria esquecê-la e seguir
como se nunca tivesse sido atingido por aquele cheiro perturbador e viciante. Tentou se convencer
que a atração que sentira, não passou de empolgação pelo momento. O que não faltava em nova
York eram mulheres para satisfazê-lo. Procurou por seu celular no bolso da calça e discou o número
conhecido rapidamente. Cinco toques depois ele ouviu a voz sonolenta do outro lado da linha.
– Desculpe acordá-la.
Edward ouviu um resmungo.
– Senti saudades. Preciso vê-la.
O resmungo cessou.
– Em cinco minutos passo aí para buscá-la. Vista o casaco que lhe dei e desça como está. Não
demore. E mais uma coisa... Por acaso você tem morangos aí?
A moça respondeu intrigada.
– Perfeito! Leve-os.
http://www.youtube.com/watch?v=BHRyMcH6WMM
Edward suspirou satisfeito enquanto guardava o aparelho no bolso. Por mais que reclamassem da
hora ou do dia, elas sempre vinham a ele. Agradou-se de seu arranjo repentino. Não teria uma Bella
apetitosa e cheirosa em meus braços como desejou, mas isso não impedia que outra lhe desse a
satisfação canal que ela havia despertado. Tinha certeza que Maureen seria perfeita. Sua imaginação
sempre fora muito fértil. E já que ele nunca havia provado a original, Maureen seria uma Bella tão
boa quanto se assim desejasse. Uma comichão conhecida e apreciada correu por seu corpo pela
simples idéia do que poderia fazer com uma Bella imaginária.
Sorrindo Edward seguiu para seu carro. Quanto antes extravasasse o que sentia, melhor. Deixou o
parque com seus corpos para trás e ganhou a noite. Havia cumprido seu papel em livrar o mundo de
um ser asqueroso como Mike Newton, agora tentaria livrar sua vida do fantasma chamado Bella no
corpo desejável de Maureen. Feito isso... Seguiria seu caminho como se nunca tivesse sentido
aquela mistura inocentemente perigosa de morango e lúxuria.
Edward atravessou boa parte da Madison Avenue e transversais em alta velocidade até chegar na
82nd street em Yorkville onde ficava o prédio em que Maureen morava. Antes de estacionar a viu
em frente ao portão. Sonolenta com uma embalagem pequena nas mãos; seus morangos. Ele parou
ao seu lado com a porta do carona aberta. Assim que entrou no carro, Maureen o olhou sorridente
totalmente recuperada do sono.
– Estava com saudade! – disse aproximando-se para tocar seus cabelos.
Edward a olhou de relance, enquanto saía de sua rua, novamente em alta velocidade. Quadras
depois, ainda sem responder, ele a olhou novamente de soslaio, quando foi obrigado a parar o carro
em um sinal vermelho em um cruzamento movimentado demais para arriscar uma infração.
Maureen era uma mulher bonita. Seus cabelos castanhos iam até quase o meio das costas e os olhos,
que brilhavam em sua direção, eram de um azul profundo. Edward se flagrou desejando que eles
fossem castanhos como seu cabelo. Continuando sua avaliação, desceu os olhos por seu corpo,
coberto pelo casaco que lhe dera e que provavelmente fora vestido as pressas para que conseguisse
cumprir sua ordem.
– Trouxe os morangos? – perguntou já sabendo a resposta.
– Sim... – Maureen respondeu indicando a embalagem. – Estão aqui! Você quer um?
– Não... Quero que “você” coma um!
Obediente, Maureen retirou um morango e, adivinhando a intenção de Edward, começou a comê-lo
lentamente. Ele admirou os lábios, sem batom e ainda assim lindos, cobrirem a fruta de forma
sensual. Sem que pudesse evitar, imaginou que outros lábios o cobriam. Imediatamente sentiu o
latejar do desejo. Voltou á realidade quando buzinaram na traseira de seu carro. Sem demora, ele
acelerou e seguiu para seu edifício.
Sempre que possível deixava seus olhos correr para a bela mulher ao seu lado, que comia os
morangos com devoção. O cheiro da fruta impregnava o interior do carro, fazendo com que a
lembrança dos cabelos ondulantes de Bella aumentasse sua excitação. Precisava sentir a textura de
algo parecido, então dirigindo com apenas uma das mãos, passou a acariciar os cabelos de Maureen
na altura da nuca. Esta fechou os olhos e soltou um gemido abafado enquanto devorava o último
morango. Assim como acontecera com Bella, ele não podia ver seus contornos, mas no caso da
mulher ao seu lado, não precisava adivinhar-lhe a forma; conhecia-a nos mínimos detalhes.
Maureen era uma de suas preferidas. Deliciosa e ousada. E esta noite lhe prestaria um imenso favor
se conseguisse ser a Bella que ele desejava. Ou ainda melhor, que o fizesse esquecer-se dela.
Depositando a embalagem, agora vazia, no assoalho do veículo, Maureen voltou sua atenção para
Edward. Inclinando-se em sua direção, depositou a mão na perna masculina apertando levemente a
coxa quase na altura da virilha.
– Eu fui obediente. – disse languida. – O que eu ganho em troca?
A moça apertou a coxa imprimindo um pouco mais de força. Edward olhou em sua direção e
reprimiu um gemido. Sim, Maureen era ousada e ele apreciava isso.
– O que você quiser. – ele respondeu entrando no seu jogo.
– Eu quero... Isto!
Ao terminar de responder, Maureen subiu a mão até a frente da calça de Edward e o acariciou.
Encontrou-o rígido ao seu toque. Ela passou a massagear-lhe lentamente sobre o tecido. Edward
apertou o volante com tanta força que temeu quebrá-lo. Aquela humana ao seu lado estava
deixando-o ainda mais louco de desejo. Ele se desconheceu quando percebeu que não conseguiria
chegar até seu edifício.
Edward conhecia a cidade praticamente como a palma de sua mão, contudo, se encontrava e tal
estado de excitação que não sabia em que rua estava. E deu pouca importância a esse fato. Apenas
registrou que passava por uma pouco movimentada, que escondia uma viela. Seu raciocínio foi
rápido e, freando bruscamente, deu marcha ré e entrou no que se revelou ser um beco largo e
escuro.
Assim que estacionou o carro, Edward afastou seu assento e o reclinou. Ele sempre fora atencioso,
gostava da sedução que antecede o sexo, contudo esta noite seria diferente. Ele tinha urgência.
– Tire o casaco, quero vê-la!
Maureen o obedeceu para revelar aos olhos de Edward uma camisola minúscula de renda preta.
Edward estendeu a mão e tocou seu ombro. A pele dela era alva e perfeita; macia e quente. O
coração da jovem batia acelerado reagindo ao toque dele. Era tudo que ele precisava.
– Venha! – ordenou chamando Maureen para seu colo.
Assim que ela se posicionou sobre seu quadril, Edward liberou um gemido quando sentiu a
concavidade entre as pernas da mulher pressionar sua virilidade aprisionada pelo tecido da calça.
Ele sentia o cheiro de fêmea, sabia que ela estava pronta. Mesmo no escuro, podia ver o brilho do
desejo, cruzando seus olhos azuis. Mais uma vez, desejou que fossem de outra cor.
– Feche os olhos! – disse imperativo, prendendo-a pelos cabelos da nuca.
Maureen cerrou as pálpebras e entreabriu os lábios, na expectativa de um beijo.
Seus rostos estavam tão próximos que os longos cabelos castanhos acariciavam o rosto de Edward.
Ele os sentiu em sua pele e, aspirando o cheiro de morangos que vinha no hálito de Maureen,
fechou os próprios olhos e imaginou outro rosto; outro cenário. Deixando-se iludir e se embriagar
pelo odor da fruta, Edward trouxe o rosto de Maureen até o seu e beijou-a com fúria. E então, a
humana que lhe despertou o desejo – Bella; estava ali. Ela retribuiu seu beijo com a mesma
intensidade pressionando seu quadril contra o dele. Como represália á provocação, Edward puxou-
lhe os cabelos e intensificou o beijo chegando ao ponto de quase feri-la. Minutos depois, deixando-a
sem ar, liberou os lábios para se apossar de seu pescoço; chupando-o com força sem mordê-lo.
A moça afastou o casaco dos ombros fortes e largos e desabotoou-lhe a camisa para tocar em seu
peito coberto de pelos. Edward não fez menção de tirar as peças de roupa de seu corpo; não tinha
tempo para despir-se. Precisava possuí-la. Tocando nas costas dela, desceu as mãos até suas nádegas
e as apertou, massageando-as. Sua Bella gemeu ainda mais enquanto se contorcia sobre sua rigidez,
procurando alguma satisfação. Edward afastou-a somente o necessário para que ela lidasse com o
cinto, o botão e o zíper de sua calça. Com um leve torcer de dedos, partiu as laterais da calcinha
mínima de Maureen. Quando não existiam mais barreiras, ele se encaixou fundo entre as pernas
dela. Ambos gemeram alto quando seus corpos de moldaram um ao outro.
Ainda segurando-a pelos quadris, Edward ditou a velocidade dos movimentos. Não saberia dizer se
os gemidos de sua Bella imaginária eram de prazer ou incomodo. À ele pouco importava, precisava
satisfazer-se de todas as maneiras. Deixando que sua boca se enchesse de saliva, lambeu a lateral do
pescoço delgado antes de morder-lhe. Deliciou-se com o sangue em sua boca. Os gemidos finais da
moça chegavam aos seus ouvidos ainda como um lamento, excitando-o a tal ponto que, quando o
corpo feminino estremeceu sobre o seu, ele deixou-se levar pela própria satisfação.
Lambeu mais uma vez o pescoço, dessa vez para cicatrizar o ferimento causado por seus dentes,
enquanto o corpo da jovem ainda tremia sobre o seu. Ela deixou-se cair sobre o peito forte, arfando.
Edward deixou que ela deitasse a cabeça em seu ombro e acariciou-lhe os cabelos. Ainda de olhos
fechados – e entregue ao seu delírio, apreciou a textura dos fios que se espalhavam por seu peito.
Pegou uma das mechas e aproximou do nariz. Nesse momento ela disse.
– Eu estava realmente com saudade de você!
Tudo aconteceu ao mesmo tempo. O cheiro errado em seus cabelos e a voz diferente o despertou,
trazendo-o de volta ao beco escuro. Parte da satisfação se foi no instante que seu corpo reconheceu
que não fora a garota do parque que possuíra e sim Maureen. Edward sentiu uma raiva intensa
crescendo em seu íntimo. Não saberia dizer se da situação inusitada, uma vez que nunca se
enganara daquela forma, se de si mesmo, por desejar tão insanamente uma humana que vira por
apenas poucos minutos ou se de Maureen por não ter sido capaz de fazê-lo esquecer. De repente o
contato do corpo dela com o seu, passou a incomodá-lo. Sem se dar ao trabalho de ser gentil, disse.
– Volte para seu assento, vou levá-la de volta.
– Mas eu pens... – Ela calou-se no segundo em que se ouviu uma espécie de rosnado.
O peito de Edward rugia furioso.
– Vou levá-la para casa. – disse enquanto se recompunha.
Quando terminou de afivelar o cinto, voltou seu assento á posição normal e ligou o carro. O ronco
suave encheu a noite. Enquanto manobrava para voltar ao trânsito da madrugada de Nova York,
sentindo-se parcialmente saciado, maldisse o momento que resolveu parar na rua. Apesar de ser mal
iluminada e deserta, alguém poderia ter passado e com certeza esse alguém estranharia um BMW
prata parado em um beco ermo. Amaldiçoou-se por ter sido ineditamente um fraco e render-se aos
desejos de sua carne. Olhando de soslaio para Maureen, resolveu culpá-la por tê-lo provocado
quando tocou sua perna. Irritou-se ao ver duas lágrimas rolarem pelo rosto feminino e, sentindo um
desejo de descontar nela toda raiva que começava a sentir por Bella disse ácido.
– Pare de chorar e se vista. Preciso levá-la embora. Lembrei-me que tenho muito a fazer hoje cedo.
Não poderia desperdiçar minha noite com você.

Edward acordou com o som da porta sendo fechada com estrondo. Abriu os olhos no exato
momento que as persianas da janela atrás de sua mesa eram abertas por Jasper, deixando que a
claridade entrasse e iluminasse a sala escura, irritando seus olhos.
– Feche isso imediatamente! – ordenou enquanto virava o rosto. Apesar de não haver sol o dia
estava claro demais. Jasper sabia que a luz excessiva feria meus olhos até que se adaptasse.
– O quê...? Está doendo? – ele perguntou debochado.
– Jasper, eu estou avisando... Se me obrigar a ir até aí vou fazê-lo se arrepender! – rugiu.
Dificilmente Edward brigaria com seu melhor amigo, praticamente irmão. Mas se este insistisse em
provocar-lhe sem ao menos dizer-lhe o motivo, não responderia por seus atos. Ouviu-se um
impropério e, em segundos, a sala mergulhou novamente na penumbra. Jasper conhecia seu mau
gênio, Edward sabia que ele não se atreveria á desafiá-lo. Olhando em sua direção, viu que o amigo
de quase dois séculos, bufava segurando um jornal.
– Irresponsável! – Jasper acusou sem dar-lhe atenção. – Quando vai parar de fazer essas coisas?
– Bom dia para você também Jazz! – disse, sentando-se e passando a mão pelos cabelos
eternamente em desalinho.
Edward, olhando á sua volta, viu a garrafa de uísque com apenas dois dedos do líquido âmbar, sobre
sua mesa. Desceu o olhar para o chão e descobriu o copo caído ao lado do sofá. O casaco e a camisa
que usou na noite anterior largados de qualquer jeito no carpete da sala, assim como os sapatos e as
meias. Edward sabia que sua aparência não deveria estar destoando da bagunça ao seu redor.
Imediatamente se lembrou da noite anterior e de como não teve paciência de esperar seu elevador,
correndo escada acima, ou ânimo para chegar ao seu apartamento, seguindo direto para o escritório,
onde se entregou ao leve torpor que bebidas destiladas lhe proporcionavam.

Notas finais do capítulo


Ah... vampirão viu a Bella... :D E alguém aí teve pena da Maureen?... :( Não sei vcs, mas
amo Edward quando está com raiva... :) Espero que tenham gostado do capítulo... Para
saber, só se vcs comentarem... Please... comentem!... :)
(Cap. 4) Capítulo 5

Notas do capítulo
Mais um pouco do mundo de Bella... Boa leitura.

Quando Bella acordou com o despertador gritando em seus ouvidos ás seis e meia da manhã, deu-se
conta que nem sequer percebera que dormira novamente. Dessa vez um sono sem sonhos. Paul já
havia se levando e estava no banho. Espreguiçando-se meticulosamente, ela olhou em volta á
procura de seu gato antes de levantar-se. Como sempre acontecia quando Paul estava em seu
apartamento, Black dormira fora. Bella sempre se perguntava o porquê de seu gato não gostar de
Paul. Ele nunca gostara de estranhos, mas Paul nunca se encaixou nessa categoria. Havia sido o
namorado que a presenteara com o gato quando ele era ainda um filhote. J. Black sempre seria anti-
social este era o fato.
Bella seguiu até a porta da sacada. Olhou para a o pedaço de rua que conseguia ver e para o telhado
do prédio ao lado. Resolveu não se preocupar com o gato; quando ele quisesse voltaria para casa
como sempre. Antes de entrar para seu quarto, acariciou a madeira do batente. Riu novamente,
dessa vez de sua cisma com a porta na noite passada. Não queria se tornar paranóica como tantos
moradores das cidades grandes. Bella suspirou, passou as mãos pelos cabelos e seguiu até a porta do
banheiro. Recostando-se ao batente, reparou que o vapor do chuveiro tornava quase impossível a
missão de enxergar Paul dentro do Box.
– Por que não me acordou? – disse alto, para que ele a ouvisse acima do barulho da água.
– Sei que demorou á dormir. Queria que descansasse um pouco mais. – mesmo com toda aquela
bruma Bella podia adivinhar-lhe os contornos do corpo. Sentiu-se excitada com a visão e com raiva
de si mesma por ter estragado a noite. Se pudesse, recuperaria o tempo perdido, contudo, pela
manhã, não haveria tempo para romance. Ela forçou-se para fora do banheiro e perguntou já no
quarto.
– Preparo o café?
– Aceito apenas uma xícara... Preciso correr para casa e depois para o escritório.
A moça sentiu-se culpada. Se não fosse por ela Paul teria dormido em casa e adiantado todos os
seus papéis para a audiência. Tentou animar-se dizendo a si mesma que não pedira para que ficasse,
mas não adiantou muito. Ela conhecia o namorado, sabia que ele jamais a deixaria dormir sozinha,
depois do que aconteceu no parque. Enquanto ligava a cafeteira, Bella se perguntou o que teria
acontecido e se alguém havia se ferido com aquele disparo. Precisava comprar algum jornal ou
correr para a redação onde trabalhava. Com certeza conseguiria informações caso tivesse
acontecido algo importante.
O café ficou pronto e, acabava de separar as xícaras que usaria, quando Paul, ainda com a pele
úmida do banho, abraçou-a por trás.
– Bom dia Anjo! – disse afastando seus cabelos da nuca para beijar a pele macia atrás da orelha.
– Bom dia! – respondeu sentindo um estremecimento pelo corpo.
– Seu café está cheiroso... – disse correndo o nariz pelo pescoço de Bella e apertando-a contra seu
quadril. – Assim como você!
Bella sorriu.
– Eu pensei ter ouvido alguém dizer que precisava correr para o escritório.
– Acho que posso me atrasar uns minutos... – retrucou suavemente em seu ouvido, enquanto
procurava alcançar um seio pelo decote profundo da camisola.
Bella arfou quando sentiu os dedos em seus mamilos e a rigidez masculina em suas nádegas, porém
forçou-se a raciocinar. Mesmo se sentindo culpada, sabia que não seria possível ceder á ele.
– Não temos tempo! “Eu” também preciso correr e não quero que Harry tenha motivos para
chamar-lhe a atenção.
– Eu protesto! – brincou apertando-lhe o seio.
– Protesto negado! – Bella sorriu e voltou-se para o namorado.
Ignorando suas palavras jocosas, Paul a enlaçou pela cintura e a prensou contra a pia. Bella pode
sentir que ele estava ainda mais excitado. Partia-lhe o coração não se render aos apelos do
namorado, mas precisava correr e arrumar-se. Não poderia se dar ao luxo de chegar atrasada quando
tudo que desejava era se mostrar eficiente e responsável para que a efetivassem de uma vez por
todas. Bella deixou-se beijar, contudo, quando Paul tentou alcançar-lhe o seio mais uma vez, ela o
deteve.
– Não Paul. Precisamos ir... – disse com a voz rouca. Porém firmemente.
– Está bem! – sua voz estava ainda mais rouca. – Se prefere assim...
Suspirando, Paul se afastou dela. Bella percebeu que ele nem sequer começara a se arrumar. Estava
envolto em uma toalha rosa. Teria rido se o clima romântico não tivesse se tornado constrangedor e
tenso. Ela evitou olhar para o volume que denunciava a urgência que o namorado sentia por dela.
Sentindo-se miseravelmente culpada mais uma vez, fugiu para o banheiro, prometendo.
– Não demoro!
Estavam no carro á dez minutos sem trocar uma palavra. Bella sabia que quem deveria romper o
silêncio era ela, mas não sabia o que dizer. Vez ou outra olhava para o perfil carrancudo do
namorado e toda vez que o ouvia resmungar algo ininteligível, perdia a coragem de iniciar uma
conversa. Imaginando ser melhor deixar que a raiva de Paul passasse, olhou para as próprias mãos
em seu colo. Teve um sobressalto quando ouviu a voz séria do namorado. Quando olhou em sua
direção, percebeu que estavam parados em um semáforo.
– Bella... Eu estive pensando. – ele começou receoso. – Acho que já está na hora de morarmos
juntos!
– O quê?! – de todas as vezes que ela acreditou que ouviria essas palavras, aquele momento era o
mais improvável. – Por que isso “agora”?
– E por que “não” agora? – ele pôs o carro em movimento. – Você sabe que a amo. Estamos juntos
há três anos. Nada mais natural que moremos no mesmo apartamento.
– Paul eu... Não acho que seja o momento.
– Por que não Bella? Qual o impedimento?
– Você sabe o que penso sobre esse assunto. Quero ter minha família... Com você! Mas primeiro
preciso obter estabilidade financeira. Não me formei para me tornar uma “boa” dona de casa. Quero
ser uma boa jornalista. Depois que eu conseguir isso, podemos voltar a falar em morarmos juntos
ou... qualquer outra coisa que queira.
– Nossa Bella... Se você prestasse atenção como fala... Não a estou convidando para matar alguém...
É só para morarmos juntos. Uma coisa não anula a outra. Você pode continuar com seu emprego, eu
jamais pediria para que ficasse somente em casa.
Haviam chegado á rua do prédio onde Bella trabalhava. Ela nem percebeu o caminho. Sabia que
estava tornando o namorado infeliz e não se sentia bem por isso. Mas tinha suas convicções e ele as
conhecia. Tudo que estava pedindo era um tempo. Depois poderiam morar juntos ou... Casar. Ao
pensar na palavra o corpo de Bella estremeceu. Havia crescido em um lar desfeito. Ora na casa do
pai, ora na da mãe; em estados diferentes. Não desejava essa vida para si. E definitivamente, jamais
dependeria de homem algum. Perguntou-se se Paul nunca a entenderia. Estacionando na calçada em
frente a porta do “Daily News”, Paul se voltou para ela.
– Se bem que eu não me oporia se você ficasse somente em casa. Não gosto de dividi-la com
ninguém. Sem contar os dias que fico sem vê-la por falta de tempo. Por mim você ficaria sempre
por perto, Anjo!
Bella não saberia dizer qual vontade era maior. Se o desejo de gritar com ele por cogitar transformá-
la em dona de casa ou o de abraçá-lo pela declaração de amor. Decidiu não render-se á nenhum dos
dois. Precisava correr e se atendesse á qualquer dos impulsos não sairia do carro a tempo de bater o
ponto no horário. Suspirando, inclinou-se na direção do namorado e beijou-lhe brevemente nos
lábios.
– Também te amo. Obrigada pela carona. – e saindo do carro, disse pela janela. – Depois
conversamos melhor sobre tudo que me disse.
– Está bem! – ele concordou, piscando em sua direção.
– Boa sorte no julgamento!
– Obrigado!
E então Paul se foi. Bella ainda olhou o Lexus preto contornar a esquina antes de entrar. Assim que
chegou á redação, o assunto “morar com o namorado” estava esquecido. Sua curiosidade –
esquecida momentaneamente – se voltou ao acontecimento no Central Park. Dirigindo-se até a mesa
de Tyler Crowley, um dos repórteres responsáveis pela página policial do jornal, perguntou se ele
saberia dizer-lhe o ocorrido. Encarando-a, ele riu incrédulo.
– Você não lê jornais Bella?
– Claro que leio... Mas hoje não tive tempo. – Bella perguntou-se se nada de extraordinário havia
acontecido afinal. Talvez, como ela mesma disse á Paul, o disparou poderia ter sido por puro
exibicionismo. Fosse como fosse, precisava saber. – Então, vai me dizer ou não?... Você sabe o
motivo do tiro de ontem á noite?
– Tiro? Não sei nada sobre tiros. – ele franziu o cenho. – De que tiro está falando?
– Eu estava no Central Park ontem e por volta da meia noite ouvi um disparo. – ali, na segurança da
redação e depois de passar a noite nos braços protetores de Paul, Bella se sentiu uma covarde por
não ter ido verificar com os próprios olhos do que se tratava. Tyler a encarava ainda mais incrédulo.
– Você estava lá?!
– Sim... Sei que não devia, mas... Isso não vem ao caso. Vai responder-me ou não?
– Bom!... Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Mas acredito que se você estava lá, correu perigo
sem saber.
– Por quê? – estava cada vez mais curiosa.
Tyler pegou uma edição do jornal e entregou á Bella.
– Leia você mesma.
Agradecendo, Bella pegou o exemplar e se dirigiu á sua mesa. Chegando lá, deixou a bolsa no
encosto da cadeira e sentou-se para ler. A cada palavra ela se arrepiava. Michael J. Newton, o
mesmo que havia passado por ela minutos antes, havia sido vítima de um ataque mórbido.
Rapidamente ela associou o disparo aos seguranças. Talvez um deles tenha tentado deter o agressor.
Bella ponderou quem poderia ser forte o suficiente para subjugar três homens fortes. A matéria
citara uma gangue, provável... E para sua surpresa, o tema que estava trabalhando para a matéria de
terça. Vampiros; impossível!
De qualquer forma, agora que sabia o que tinha acontecido se sentia aliviada. Nenhum inocente
havia morrido na noite passada. Não poderia ter certeza quanto aos seguranças, mas em relação á
Mike Newton, o mundo estava melhor sem ele. Um outro nome chamou-lhe a atenção na matéria;
Edward Cullen. Segundo Paul, ele era um dos melhores advogados de Nova York. E para confirmar
seu brilhantismo, por sua atuação, Mike fora absolvido das acusações. Bella pensou que, ele poderia
ser o melhor e ter cumprido seu papel á perfeição, mas a justiça havia sido feita no caso de Mike,
ainda que tenha sido por providência divina.
Recém liberta de seu medo e saciada a curiosidade, Bella colocou o jornal de lado e se dedicou aos
seus afazeres. Tinha muito que redigir e ainda precisava se concentrar na matéria para Jessica.
Achou melhor não citar o ocorrido no parque ou a matéria publicada na edição matutina para não
incitar a histeria coletiva daqueles que acreditavam na existência dos seres das trevas.
Como sempre acontecia quando estava fazendo o que mais gostava, o tempo passou depressa. Bella
almoçou um sanduiche em uma lanchonete próxima ao jornal e gastou o tempo restante escrevendo
sobre os vampiros. Vez ou outra se flagrou imaginando vampiros passeando pelo Central Park. Na
última divagação a visão lhe causou arrepios. A lembrança da noite anterior lhe mostrava que o
cenário tranquilo não combinava com sua visão de calçadas envolta em neblina e árvores retorcidas.
Bella sorriu de si mesma e, juntando suas coisas, voltou ao trabalho.
O restante do dia transcorreu igualmente depressa e sem que notasse, logo era hora de voltar para
casa. Sentia-se exausta. Negou o convite de Jessica e de outros colegas da redação para uma happy
hour e seguiu direto para seu apartamento. Assim que fechou a porta e atirou as chaves na mesinha
que ficava ao lado, J. Black veio enroscar-se em suas pernas. Bella sorriu e se abaixou para pegar o
grande felino negro no colo.
– Por onde andou? – perguntou passando seu nariz no focinho gelado de seu gato. – Quando vai
parar de ser tão anti-social?
O gato piscou os olhos em resposta. Bella deduziu que sua expressão demonstrava indiferença,
como se não se importasse em ser sociável com o namorado de sua dona. Bella o colocou no chão,
rindo do ridículo da situação. Agora desvendava expressões faciais de felinos. Logo ela que não
conseguia desvendar os problemas de sua própria vida. Seguindo para o quarto, pendurou a bolsa no
mancebo e foi tomar banho. Enquanto a água morna escorria por seus cabelos, lembrou-se da
proposta de Paul. Ela desejava estar de coração aberto e preparada para aceitar, mas sabia que não
conseguiria. Não agora que estava tão perto de conseguir o que sempre desejou; trabalhar em um
bom jornal.
E ainda existia a família de Paul. Bella sabia que eles não a aprovavam por ser uma “ninguém” e
filha de um policial provinciano e uma “mulher de cuca fresca” como a mãe dele havia se referido
na noite em que ele a levou para conhecer seus pais que estavam na cidade á passeio. Quando Bella
avistou o homem alto e magro que segurava o ombro de uma mulher de bela feição espanhola, Bella
se encantou pelo casal elegante imediatamente, somente para decepcionar-se com eles ao longo do
jantar. Esnobes ao extremo consideraram uma excentricidade, uma ofensa até, de sua parte preterir
seu adorado filho para trabalhar em um emprego que eles – arcaicamente – consideravam uma
função masculina. Evidente que Paul veio em sua defesa, alegando que, “se” um dia resolvessem se
casar ele a apoiaria em tudo que desejasse fazer.
E foi depois desse argumento, que Pedro Meraz teve a brilhante idéia de contatar um velho amigo
que por acaso era o editor-chefe do jornal “Daily News” para que desse uma chance á uma “amiga
querida” de seu filho único. Bella tentou, gentilmente, recusar a oferta por saber que ela nada tinha
a ver com seu interesse pessoal e sim o único e exclusivo de demonstrar ao filho que eles se
importavam com sua namorada, mesmo que não a aprovassem. Paul ficou satisfeito com a ajuda
não deixando outra alternativa á Bella a não ser aceitar e agradecer. Bella suspirou e tentou esquecer
a proposta de Paul, assim como a ajuda humilhante de seus pais, por alguns minutos até que
terminasse seu banho.
Logo ela estava na cozinha – ainda bloqueando os pensamentos conflitantes – preparando seu jantar
e em seguida prepararia o de Black. Vestida em sua calça de moletom favorita e em uma camiseta
branca. O clima da noite estava agradável, ameno. Bella sempre gostara o início do outono. O calor
excessivo do verão cedia lugar á brisa fresca. Como em todas as noites, desde que o tempo
melhorara, as janelas e a porta de sua sacada estavam abertas para que esse vento corresse por seu
apartamento. Olhando para o sofá, viu que seu gato gostava do vento manso tanto quanto ela. Ele
estava deitado de patas para o ar e dormia a sono solto. Sorrindo, ela voltou sua atenção para a
massa que preparava. Estava sem muita paciência para pratos elaborados, então se contentaria com
o bom e velho Spaguetti e uma taça de vinho. Black seria sua companhia enquanto apreciasse sua
ração de peixe favorita.
Bella pretendia terminar a matéria sobre seus amados vampiros assim que terminasse a refeição.
Quando estava acomodada em no sofá, com o prato de macarrão fumegante nas mãos e a taça de
vinho sobre a mesinha de centro, Bella pensou em Paul. Por um momento arrependeu-se por não ter
ligado para ele procurando saber como havia sido o julgamento. Decidiu que faria isso antes de
voltar a trabalhar. Ela não queria se indispor com o namorado por causa de assuntos que não
precisavam serem discutidos no momento. Considerou que talvez fosse o caso de ir ao encontro
dele. Remexendo o macarrão no prato, suspirou aborrecida.
Novamente se sentiu culpada. A noite anterior não fora nada romântica como desejavam. O
desencontro e seu medo exagerado haviam arruinado tudo e ela, insensível, havia estragado
qualquer chance de salvar o encontro naquela manhã. Lutava intimamente tentando decidir qual
atitude tomar quando Black levantou a cabeça de sua tigela e farejou o ar. Com um miado agudo,
deixou a refeição pela metade e saiu pela janela da cozinha sem olhar para trás uma última vez; Paul
estava no prédio.
Bella, de repente sem fome, levou seu prato até a cozinha e o colocou no forno. Se o apetite
voltasse, poderia comer depois. Acabara de se sentar no sofá quando ouviu o som das chaves. Assim
que o viu, Bella reparou o quanto Paul parecia abatido. Ele trancou a porta e, como sempre,
pendurou seu paletó no gancho atrás dela. Sem dizer nada ele foi sentar-se ao lado da namorada.
Ainda em silêncio, ele indicou a taça de vinho. Entendendo seu pedido mudo, Bella assentiu. Paul
tomou o vinho de uma só vez. Assim que depositou a taça vazia sobre a mesinha, ele se voltou para
Bella e começou a acariciar seus cabelos. Sem nada dizer, ele olhava para os próprios dedos
enquanto escovava os cabelos longos e castanhos.
Algo errado havia acontecido, este fato era claro para Bella. Mas ela não conseguia dizer nada,
somente encarar o namorado que trazia aquela expressão carregada no rosto. Bella desejou que ele
fosse tão fácil de “ler” quanto seu gato. Só podia deduzir que o resultado do julgamento não havia
sido favorável. Sentindo que precisava apoiá-lo de alguma maneira, estendeu a mão e tocou seu
rosto. Paul fechou os olhos e segurou seus dedos, mantendo-os onde ela havia tocado. Após alguns
segundos, lentamente, virou o rosto para beijar-lhe a palma da mão. Apesar do clima estranho, o
corpo de Bella reagiu como sempre.
Suspirando pesadamente, ele passou a lamber-lhe a pele delicada do pulso. E assim, sempre
alternando breves beijos e lambidas, ele foi subindo pelo braço de Bella. Quando sua boca alcançou
a pele sensível na parte interna do seu cotovelo, Bella sentiu cócegas. Involuntariamente, ela tentou
recolher o braço. Paul ergueu a cabeça. O rosto antes sério se tornou, de repente, alarmado.
– Não vai negar-se a mim novamente, vai?
– Não! – ela exclamou, tocando mais uma vez no rosto amado. – Eu senti cócegas. Só isso. Na
verdade eu...
A moça não teve tempo de terminar a frase. Paul segurou-a pela nuca e trouxe sua cabeça até a dele
para beijar-lhe com paixão. Bella estranhou o arroubo, contudo correspondeu com a mesma
intensidade. Ainda com os lábios presos aos dela, Paul começou a tirar a gravata e a camisa.
Quando estava com o dorso nu, desprendeu seus lábios e a puxou pelo braço em direção ao quarto.
Bella pensou em protestar, mas sentia-se culpada por tê-lo afastado pela manhã e a pergunta
preocupada sobre afastá-lo, minutos antes, só reacendeu o remorso. Ela não suportaria ver o rosto
do namorado torturado por interpretar mal seu questionamento sobre aquele excesso de paixão.
Deixando-se arrastar até o quarto, Bella foi derrubada de costas na cama. Ela assistiu imóvel, Paul
livrar-se do sapato a das meias e, vestido somente na calça, se debruçar sobre ela. Sedento, procurou
pelos lábios femininos e os beijou com fúria redobrada. Apesar da intensidade, em nenhum
momento ele havia sido rude. Passado o susto inicial, Bella começou a gostar de sua investida mais
decidida. Enquanto acariciava as costas largas, remexeu-se sob o corpo masculino para melhor
sentir seus contornos sobre o seu. Sentindo a conhecida pontada de desejo pelo namorado, Bella
ergueu uma das pernas para enlaçá-lo pela cintura. Seu gemido saiu abafado na boca masculina
quando sentiu a excitação dele pressionar seu sexo ainda coberto pelo moletom.
Acompanhando-a nos gemidos, Paul a deitou no meio da cama e se colocou sobre seu quadril. Com
Bella aprisionada entre suas pernas, ergueu a camiseta dela de uma só vez para liberar-lhe os seios.
Ele prendeu a respiração ao contemplá-los; perfeitos e empinados. Ainda com a mesma intensidade
própria dos famintos, Paul passou a esmagá-los entre suas mãos, levando Bella ao delírio. Toda
saudade de dias e que não havia sido saciada na noite anterior e interrompida pela manhã, voltou
com força total fazendo com que ela o desejasse desesperadamente.
Assim que seus mamilos estavam duros sob os dedos de Paul, ele os cobriu com a boca para sugá-
los, um de cada vez. Na tentativa de acelerar as coisas, Bella o tocou por sobre a calça. Paul urrou
em sua pele e mordeu um mamilo em represália antes de voltar a sugá-lo com força. Sem se
intimidar, Bella desabotoou-lhe a calça para tocá-lo diretamente. Quando começou a massageá-lo,
ele não pode aguentar mais. Saindo de cima do corpo feminino, deixou que ela se livrasse das
roupas enquanto ele próprio se despia do restante das suas.
Bella estava pronta para ele e foi com um gemido incontido que o recebeu entre suas pernas. Paul
passou a mover-se imediatamente, invadindo-a mais e mais. Ela o enlaçou pela cintura para que o
namorado tivesse melhor acesso ao seu corpo. Os corpos estavam suados pelo movimento
incessante quando foram sacudidos pelos primeiros espasmos de prazer extremo. Quando estavam
saciados, Paul deixou seu corpo cair sobre o de Bella. A moça abraçou os ombros largos e úmidos
do namorado enquanto esse afundava a cabeça em seu pescoço.
Acariciando os cabelos curtos e negros, Bella pensou que a noite estava errada. O que acabara de
acontecer era para ter acontecido na noite anterior. Quando a respiração de ambos havia voltado ao
normal, Bella o ouviu dizer.
– Eu precisei de você! – a voz de Paul saiu abafada em seu pescoço.
– Como?... – Bella não havia entendido.
Paul se ergueu apoiando os braços nos cotovelos ao lado do corpo de Bella, mantendo os rostos
quase colados. Enquanto falava a encarava diretamente nos olhos.
– Eu precisei de você o dia inteiro!
Bella continuou sem entender o que ele estava dizendo. Se ele havia precisado de sua ajuda, porque
não lhe chamou ao celular ou mesmo em seu telefone comercial. Ela tinha liberdade para receber
ligações pessoais desde que não fossem longas. Bella imaginou se o motivo dele não ter entrado em
contato fosse por ter ficado magoado com sua negativa em aceitar morar com ele pela manhã.
Aproveitando o contato visual, perguntou.
– Se precisou tanto assim de mim, por que não me procurou. Eu o ajudaria no que quer que fosse.
Paul riu sem humor algum.
– Você não me entendeu, Anjo! – disse baixando os olhos para os lábios da namorada. – Precisei de
você assim, como estamos agora. Hoje não consegui ser profissional, funcional ou coerente. Não
consegui argumentar com o promotor ou convencer os jurados de que meu cliente era inocente.
Tudo que pude fazer foi pensar no porque você se negou a mim esta manhã.

Notas finais do capítulo


Espero que até aqui vcs estejam gostando... :) Não esqueçam de comentar... o/

(Cap. 5) Capítulo 6

Notas do capítulo
O começo para o fim... rsrs Boa leitura.

– Tem um cigarro, amigo?


Edward voltou-se para ver quem era a pobre alma que se considerava seu amigo. Deparou-se com
um homem alto; mais alto que ele. Edward teve que erguer o rosto para ver-lhe a feição. O homem
trajava roupas puídas, porém limpas. Apesar do tom amistoso, Edward sabia que ele não precisava
de cigarro algum. Ele não rescindia a tabaco. Com certeza seu lance era algo mais pesado. Edward
tentaria livrar-se dele.
– Perdoe-me, eu não fumo!
Respondida a indagação, Edward deu-lhe as costas para seguir seu caminho. Andou alguns metros,
ciente que estava sendo seguido. Em situações como essas, ele se perguntava como os meliantes
podiam ser tão confiantes em acreditar que perseguiam uma provável vítima e não que poderiam ser
eles os atacados. A recomendação “nunca fale com estranhos” valia para os dois lados. Edward
pressentia que naquela noite o ladrão drogado descobriria a verdade do aviso materno.
– Ei... Cara! – o homem chamou. – Se não tem cigarro eu aceito uma grana.
– Não tenho nenhuma “grana” tampouco. É melhor deixar-me em paz. – Edward tentou dar-lhe uma
chance. – Vá para casa e descanse. É o melhor que tem a fazer esta noite! – disse sem voltar-se.
Como advogado, Edward sempre tentava ser justo, mas sabia que sua tentativa de poupá-lo seria em
vão. Quando ouviu que os passos de seu perseguidor aproximavam-se, Edward resignou-se. Estava
mesmo com fome. Sentindo a mão forte em seu ombro, deixou-se virar.
– Não me diga o que fazer cara. – o homem parecia nervoso. – Passe o relógio! – demandou.
Edward nem precisou olhar para seu Armani para saber que não o entregaria. Segurando
firmemente os dedos em seu ombro, removeu a mão de seu casaco. O homem á sua frente o olhou
incrédulo. Provavelmente perguntando-se como alguém menor do que ele poderia ser mais forte.
– Acredito que depois de hoje você não precise mais saber as horas.
Dito isso, prendeu-o pelo pescoço apertando suas cordas vocais, evitando que gritasse. Enquanto o
homem sufocava com seu aperto, Edward o arrastou para entre as árvores. Seu ladrão arfou e tossiu
quando o largou no chão sobre o manto de folha secas e amareladas. O infeliz ainda tentou arrastar-
se de costas; Edward o puxou pelo pé. Raríssimas vezes ele brincava com a comida, então lhe
rasgou a gola da camisa para ter melhor acesso ao pescoço sem demoras.
– O que você está...
Edward não tinha tempo para conversas. Tapando-lhe a boca para abafar seu grito, mordeu o
pescoço na altura da jugular. O ladrão debateu-se por poucos minutos. Edward pode sentir o sangue
quente irrigando suas veias ressequidas; o corpo sendo revigorado. Esse era um dos momentos que
mais apreciava em seu dia – a hora da caça. Este era somente superado pelos momentos que tinha
algum corpo feminino quente e pulsante junto ao seu. A perspectiva de que esse corpo fosse o de
Bella fez com ele sugasse o sangue do homem com maior vigor. Precisava ser breve para dar início
á sua busca por ela.
Prudentemente, Edward não o bebeu todo. Assim que se sentiu saciado, pegou o fardo morto e
correu para jogá-lo no lado. Sabia que mais uma vez o Central Park seria notícia, mas não se
importou com esse fato. Encontrar Bella era mais importante que todo resto. Assim que se livrou o
corpo. Partiu em direção ao seu carro. Estava prestes a chegar á calçada quando sentiu o cheiro
familiar. Farejando o ar, segui-o até encontrar a pessoa ao qual pertencia; e então, segundos depois,
avistou-a a uns dez metros de distância. Correu em sua direção. Imprimiu tamanha velocidade que
por pouco não se chocou contra a pessoa improvável.
– Emmett? O que faz aqui? – perguntou desconfiado, olhando em volta. Sem deixar de notar que o
vampiro sobressaltou-se, perguntou ainda. – Onde está Rosalie?
– Boa noite Edward. – ele respondeu recuperado do susto.
– Boa noite! – respondeu seco. Havia feito perguntas e exigia respostas. – E então?
– Eu deixei Rosie em casa. – disse colocando as mãos nos bolsos da calça jeans e sorrindo em sua
direção.
Emmett MacCarty, apesar de imenso e forte, mais se parecia com uma criança grande. Edward
havia gostado dele desde o primeiro dia que apareceu em seu escritório. Segundo o que contara na
época, ele fora atraído até Nova York pela curiosidade. Emmett, acompanhado de sua esposa
Rosalie, havia conhecido Jasper e Alice numa das viagens de caça do casal seu amigo. Jasper lhe
contou como viviam e passavam o tempo. O vampiro mais novo – tinha apenas oitenta anos – achou
interessante a forma como Jasper e Edward viviam, então convenceu a esposa e se juntar a eles.
Estavam juntos há seis anos. Mesmo assim, Edward não poderia dizer que o conhecia bem. E,
definitivamente, depois do ocorrido na noite passada, desconfiaria até da própria sombra.
– Que bom para você! – retrucou ainda secamente. – Mas o que me interessa é saber o que está
fazendo aqui. Não iam para o Maine assim como Jasper e Alice?
– Não fique chateado comigo. – pediu. – Mas eu imaginei que talvez pudesse ajudá-lo se
encontrasse o rastro do vampiro que mencionou esta noite. Por isso convenci Rosie de partirmos
pela manhã.
– Veio aqui para isso? – perguntou ainda desconfiado.
– Sim! – respondeu simplesmente e prosseguiu. – Pelo visto pensamos da mesma forma. Não é por
isso que está aqui? Para procurar por ele?
Edward abriu a boca e fechou. O que mais poderia responder? Admitir a verdade estava fora de
cogitação. Jamais revelaria a quem quer que fosse a razão de ter ido ao Central Park naquela noite.
Ele sequer cogitava a admitir á si mesmo que fora ali a procura de uma lembrança. Mais uma vez
amaldiçoou Bella por expô-lo daquela maneira. Conferindo autoridade em sua voz, respondeu.
– Sim. É por esse motivo. – suspirando, forçou-se a um sorriso. Precisava se livrar de Emmett para
começar sua caçada por Bella. – Escute Emmett. Pensando bem, não acho que tenha sido uma boa
idéia vir aqui esta noite. Já se passaram muitas horas do acontecido. Não encontraremos nada de útil
aqui. Melhor você voltar para sua adorável “Rosie”. Eu posso...
– Ah, não Edward... – Emmett o interrompeu. – Até concordo que seja tarde para encontrarmos
algo, mas podemos aproveitar a noite.
Emmett o encarou suplicante.
– Vamos lá... Eu conheço um lugar legal! Sei que você freqüenta lugares parecidos quando quer
companhia. – disse piscando para Edward. – Rosie não gosta de lugares abafados. Ela prefere se
manter longe dos humanos. Só abre exceção para a Ópera e restaurantes. – disse fazendo uma
careta.
Edward deu-se por vencido. Sabia que desconfiavam dele assim como no fundo também
desconfiava de alguns dos seus companheiros. Se insistisse em despistá-lo para procurar por Bella e
outro ataque parecido ocorresse seria difícil fazer com que acreditassem em sua palavra. E Edward
jamais usaria sua fraqueza por uma humana como álibi. Dizendo a si mesmo que teria outras noites
para procurá-la, concordou em acompanhar o colega.
– Está bem... Mas você tem certeza que pode ficar perto de humanos sem ter caçado?
– Sobrevivo de animais tempo suficiente para não desejar sangue humano. O cheiro das pessoas não
me afeta.
– Se você diz que sim... – Edward deu de ombros. – Onde fica esse lugar “legal”?
– Vamos... Eu te mostro. – disse Emmett animado como sempre.
Como Emmett havia corrido até o parque, seguiram no carro de Edward até a segunda avenida,
entre a rua oito e nove. Esse era o endereço que Emmett lhe passara. Edward guiava sem pressa
para a parte sul da cidade. Sentia-se contrariado e aliviado ao mesmo tempo. Sabia que Bella estava
roubando-lhe a razão. Tinha problemas reais para solucionar e tudo que fazia era gastar seu tempo
livre remoendo sua tentativa frustrada de um encontro com ela. Tentando focar no que realmente
interessava, perguntou casualmente ao homem ao seu lado.
– O quanto você conhece James?
– Não muito! – respondeu olhando o caminho a sua frente. – Talvez o mesmo que você e todos os
outros. Que ele é advogado e se juntou Cullen & Associated pelo mesmo motivo que eu; distração.
– Ele também é um “vegetariano”, não é?
– Pelo que sei é sim. Já esteve no Maine á nosso convite, mas prefere caçar sozinho. Não saberia
dizer para onde ele vai quando precisa alimentar-se.
– Entendo! – disse simplesmente.
– Por que pergunta? – Emmett olhou em sua direção. – Está desconfiado dele?
– Não desconfio de nenhum de vocês. – mentiu. – Só me dei conta que não o conheço bem. – então
olhou para Emmett. – Assim como não conheço você tampouco.
Emmett espantou-se.
– Como não me conhece?!... Estou com você há seis anos!
– Eu sei! Mas conversamos pouco, saímos pouco!
– É verdade. Nesse sentido posso dizer que conheço melhor o Jasper. Sempre vamos juntos ao
Maine ou ao parque Nacional para caçarmos. Agora com você... Nossos hábitos são diferentes.
– Sei disso!
E apreciava. Edward não gostava de muito contato com os outros vampiros. Gostava apenas de
Jasper e Alice, seus eternos companheiros. Emmett era agradável, fácil de lidar. Já sua esposa
Rosalie era arrogante e esnobe, ele a detestava. Tentava aturá-la em consideração á Emmett. De
todos, James era uma incógnita. Como fosse reservado, Edward não estranhou a mesma postura no
vampiro loiro e subserviente. Agora, porém, sentia que precisava estreitar os laços que os uniam. Se
algum vampiro novo fosse uma ameaça, precisaria da lealdade de todos á sua volta. Ciente desse
fato sorriu para Emmett, dessa vez, sem precisar se esforçar tanto.
– Mas vamos mudar isso está noite, não é mesmo?
– Sim! – Emmett retribuiu o sorriso.
– Para onde vamos afinal? – questionou Edward, aproximando-se da rua nove.
Antes que ouvisse a voz de Emmett dizendo “ali” ou seu dedo indicador apontando a direção,
Edward viu para onde ele levara. O jovem vampiro só poderia estar de brincadeira. Se tivesse
contado á Alice o que vinha sentindo em relação á Bella durante todo o dia, juraria que Emmett
teria ouvido atrás da porta e agora lhe pregava uma peça de extremo mau gosto.
– Ali, você provavelmente conhece. – disse animado.
Não, Emmett não teria como saber que aquele lugar o irritaria apenas pelo nome em sua fachada. E
sim, Edward conhecia o lugar. Já havia caçado companhia algumas vezes da casa noturna. Se não
estivesse tão perdido em pensamentos impróprios por Bella, teria reconhecido o endereço no
momento em que Emmett o dissera. Sem paciência de entregar seu carro para que o estacionassem,
deixou-o na rua atrás do estabelecimento. Se mais alguma pobre alma se atrevesse a roubá-lo estaria
lhe prestando um favor. Edward sentia que precisava de um pouco de ação aquela noite.
Emmett não o questionou e, em silêncio de dirigiram para “La Belle Epoque”. Edward se
perguntava que época poderia ser bela se não conseguia se livrar do fantasma de “Bella”. Assim que
entraram no grande salão, Edward procurou pelo bar. Beber era tudo que lhe restava antes de
arrumar companhia – que não seria a certa mais uma vez.
Emmett o acompanhou.
– Um uísque duplo, por favor! – pediu ao barman e voltando-se para Emmett ofereceu. – O que vai
querer?
– Nada, eu estou bem! Gosto apenas de observar os humanos se divertindo. Faz-me lembrar de
como eu era. Eu e minha família costumav...
Edward o bloqueou de sua mente. Talvez estreitar os laços de amizade não fosse uma boa idéia. Não
estava interessado em saber como era a vida dele quando humano. Pegando o copo que o garçom
depositou á sua frente, sorveu metade do liquido de uma só vez. A bebida forte queimava sua
garganta, mas de uma forma agradável nada comparável com a queimação de sua sede por sangue.
Logo em seguida ela se espalhava por suas veias dando-lhe uma sensação de conforto.
Vez ou outra agitava a cabeça na direção do colega, indicando estar ouvindo seu relato, mas seus
olhos vagavam pelo salão com piso de madeira á sua frente. Vários casais dançavam ao som de um
tango. Edward gostava de batida e da dança sensual. Logo sua atenção foi direcionada para uma
jovem dançarina e seu par. Ela seguia os passos de seu companheiro com desenvoltura. A saia de
seu vestido de frente única negro parecia ter vida própria e agitava-se em torno das pernas bem
desenhadas. Ela trazia os cabelos castanhos presos em uma trança frouxa, deixando que algumas
mechas caíssem em seu rosto.
Edward podia ver-lhe a beleza nos traços e a pouca luminosidade, oferecida por luminárias
dispostas nas paredes, deixavam-na ainda mais bonita. Quando a música terminou, dando lugar à
outra, o suor corria por seu rosto. Ela se afastou de seu acompanhante abanando-se com as mãos
pequenas. Edward viu-a mover os lábios, depositar um beijo no rosto do rapaz á sua frente e seguir
para o toillete. Sem pensar duas vezes, bebeu todo o líquido de seu copo, pediu desculpas á Emmett
e seguia-a.
A área dos banheiros ficava em uma parte reservada, as únicas pessoas que o veriam seriam as que
estivessem no interior do banheiro feminino. Ele entrou sem constrangimento. Havia três mulheres
em frente ao espelho. A morena com o vestido preto banhava o rosto, debruçada sobre a pia,
enquanto que as outras duas retocavam a maquiagem. Dirigindo-se á elas, ordenou.
– Saiam! – quando olharam em sua direção, completou. – E eu ficarei realmente aborrecido se
vocês deixarem mais alguém entrar aqui.
Assim que elas se foram, Edward se voltou para a única que lhe interessava. Ela era ainda mais
bonita vista e perto. Alguns fios de cabelos grudavam-se em seu rosto molhado enquanto que a água
corria por seu pescoço e se perdia no vale entre os seios presos no decote. Ela olhava-o através do
espelho, intrigada.
– Acho que errou de lugar, senhor! – sua voz era agradável, porém aborrecida. – Este é o banheiro
feminino.
– Eu sei! – disse. – E definitivamente é aqui que quero estar.
Edward não interrompeu o contato visual com sua presa. Ele sabia que ela gostava do que via.
Sempre acontecia da mesma forma. Primeiro o espanto por não conhecê-lo, depois a recusa –
quando ele lhes dava chance – e então, a aceitação. Ele não tinha tempo para joguinhos ou para
passar por todas as fases, então, encantou-a de uma vez.
– E você, quer estar comigo! – dito isso, aproximou-se dela por trás.
– Sim, eu quero! – afirmou.
Edward sorriu.
Sempre a encarando pelo espelho, ele a enlaçou pela cintura e cheirou-lhe os cabelos. Lutou
internamente para não se render á comparações. Ainda que o odor de seu xampu estivesse
comprometido, aquela estranha tinha um cheiro agradável e excitante de suor de tabaco. A moça
segurou-se na borda da pia, quando Edward, descendo a mão até seu ventre, trouxe-a para junto de
si deixando que sentisse sua crescente excitação. Ela arfou, sempre o encarando. Edward gostava do
que via, mas queria muito mais.
Prensando-a contra a pia, apertou os seios da moça experimentando sua firmeza e o tecido do
vestido. Ele sentiu os mamilos enrijecerem em suas palmas e descobriu que o vestido era feito de
uma espécie de malha fria que aderia ao corpo sem precisar de botões ou zíperes. Subindo as mãos
pelo decote, alcançou o laço atrás do pescoço, desfazendo-o. Então, lentamente desceu a frente da
peça negra para revelar os seios empinados. Ele liberou um gemido de puro deleite.
O peito da jovem subia e descia de acordo com sua respiração acelerada. Edward podia ver-lhe e
expectativa quando, ainda devagar, cobriu os seios com as mãos para acariciá-los. Ela gemia e
mordia o lábio inferior, na tentativa de reprimi-los. A visão a tornava muito mais desejável. Edward
queria vê-la completamente despida, então baixou seu vestido ainda mais até que este caísse aos pés
dela. A moça chutou-o longe e empinou o quadril em sua direção, demonstrando aceitação.
Edward sorriu e apertou-lhe as nádegas com força; a jovem as empinou ainda mais. Passando os
dedos pelo elástico da calcinha, ele deslizou-os até o ventre liso ante de invadir-lhe a peça para
tocá-la intimamente. A jovem arfou dom seu toque. Estava pronta.
– Qual é o seu nome?
Perguntou enquanto mordiscava-lhe o lóbulo da orelha e partia a lateral de peça mínima. Tirou as
mãos do corpo da jovem somente para abrir a calça e liberar sua masculinidade intumescida.
– Sara... – o nome saiu em um gemido.
– Muito prazer Sara! – disse afastando-lhe as pernas para arremeter em seu sexo por trás.
A moça segurou-se com mais firmeza na borda da pia enquanto Edward a estocava com força.
Edward gostava do que via no espelho. Sentia que Sara talvez pudesse finalmente saciá-lo. Eles
formavam um belo casal. Seu erro foi pensar na palavra e descer os olhos do espelho para as costas
nuas á sua frente. A pele branca da moça, aliada a cor de seus cabelos, o arrastou para a lembrança
que não desejava ter. Desnorteado, tentou focar-se no nome certo à medida que se movimentava
dentro dela.
Sara. Sara. Sar... Ella... Bella. Bella. Bella.
Fechando os olhos com força, Edward rendeu-se ao pensamento. Era Bella que ele desejava. Era ela
que queria ver através do espelho, arfando e gritando seu nome. E com a imagem do rosto dela
brincando em sua mente, Edward cavou seus dentes na pele alva da nuca da moça; não desejava
deixar marcas visíveis. Ele sugou-lhe um pouco do sangue salgado e quente, apenas por vício.
Quando sentiu que estava próximo de satisfazer-se, lambeu a ferida e se movimentou mais rápido e
mais fundo no corpo da jovem, enquanto segurava em sua trança. O rosto de Bella fixou-se em sua
mente e mordendo os lábios para não gritar-lhe o nome, liberou-se na moça. Sentiu que ela o
acompanhou logo em seguida.
Abrindo os olhos, mirou a jovem no espelho. Era linda, servira-lhe para aplacar o desejo, mas não
fora capaz de fazê-lo esquecer assim como Maureen na noite passada. Frustrado, afastou-se dela.
Enquanto se recompunha, viu satisfeito que a jovem tinha dificuldades em manter-se de pé. Irritado,
reafirmou a si mesmo que era exatamente daquele jeito que deixaria a Bella original. E como Sara,
quando estivesse farto dela, deixá-la-ia voltar para eu par.
A moça á sua frente parecia desnorteada. Sem dirigir-lhe uma palavra sequer, Edward abriu a porta
do banheiro e, fitando as duas mulheres que havia colocado como seus cães de guarda, disse.
– Entrem! – elas obedeceram debilmente, quando as três o encaravam com devoção, ordenou. –
Ajudem-na e, todas vocês, esqueçam!
Edward voltou ao salão sem se importar que o tivessem visto. Sabia que havia sido rápido e que
nenhum freqüentador da casa havia percebido que ele acabara de sair do banheiro feminino. O
mesmo não acontecia com Emmett. Este permanecera sentado no mesmo lugar e o olhava
incrédulo. Sem dar-lhe chance de dizer qualquer palavra, Edward disse sombrio.
– Vamos agora! Para mim, a noitada acabou!
Edward disse a verdade. Não sentia animo para mais nada. Desejava apenas chegar a sua cobertura,
nadar e esquecer.
Se fosse possível.
********************************************

Notas finais do capítulo


Infelizmente tive uns contratempos e só poderei postar novamente na semana que vem...
bjus Comentem o capítulo!... Façam uma autora feliz... :)
(Cap. 6) Capítulo 7

Notas do capítulo
Boa leitura...

Bella agora a reconhecia. Ela a olhava, pesarosa. Aquele era exatamente o tipo de olhar que Bella
queria evitar. Não precisava da pena de ninguém. Depois que estivesse em seu apartamento tudo
ficaria bem. Olhou em volta e a amiga, percebendo quem ela procurava, disse.
– Billy não está aqui. Depois que a colocou no sofá chamou-me para ajudá-la e saiu. Disse que
sabia que você talvez se sentisse melhor se não o visse.
Quanta deferência, Bella debochou para si. Contudo no fundo estava agradecida. Não seria
agradável encará-lo. Não depois de tudo que ouviu dele e de seu desmaio patético. Testando as
pernas, Bella se pôs de pé. Jessica a aparou por um minuto, então deixou que seguisse sozinha,
acompanhando-a de perto.
– Eu estou bem Jessica.
– Não está nada bem! Seu rosto está branco como papel! Billy dispensou-me pelo resto da tarde
para que eu a acompanhasse para onde desejasse ir.
Vendo a preocupação estampada no rosto de Jessica, Bella não retrucou.
– Obrigada! – disse apenas. – Só vou pegar minhas coisas e ir para casa!
– Se quiser deixar como está, depois eu volto, recolho seus pertences e amanhã eu levo para você!
Sem forças para decidir qualquer coisa, Bella sorriu agradecida e seguiu em direção á porta. Ao
perceber que todos na redação a olhavam com curiosidade, ela ergueu a cabeça e tentou lembrar-se
como se anda para não tornar o momento ainda mais constrangedor. Jessica continuou a seguindo
de perto. Bella foi até sua mesa de trabalho. Tentando não olhá-la com atenção, desligou o
computador. Pegou sua bolsa no encosto da cadeira, passou-a pelos ombros e seguiu em direção ao
elevador.
Acenou em despedida para alguns que lhe cumprimentaram. Outros apenas olhavam pesarosos. Ela
sentiria falta deles e agradecia por respeitarem seu momento de dor e não a abordarem com
perguntas inúteis. Quando se encontrava no elevador, agradeceu aos céus por ter se lembrado de
buscar o carro pela manhã no mecânico. Com isso pôde descer direto para a garagem, evitando a
porta de entrada pela qual jamais passaria novamente.
Sem se opor, entregou as chaves de seu carro para Jessica e assumiu o assento do passageiro. Nem
percebeu o caminho até sua rua. Quando deu por si, estava á porta de seu apartamento com Jessica
perguntando por suas chaves. Ela vasculhou a bolsa como um robô, Jessica tomou-as de sua mão e
abriu a porta. A primeira coisa que viu foi seu gato seguindo para a cozinha. Ela sorriu debilmente.
Black sempre seria anti-social, não importava com quem fosse. Mirando o sofá que antes abrigara
seu gato, Bella arrastou-se até ele e deixou-se cair deitada em suas almofadas. Sentiu que Jessica
tirava-lhe os sapatos e a bolsa de seu ombro.
– O que mais posso fazer por você, Bella? – perguntou solicita.
– Nada! – respondeu fitando o chão. – Apenas me deixe sozinha.
– Eu não acho que...
– Por favor, Jessica. – sua voz saiu em um fio. – Eu vou ficar bem! Prometo! Só preciso ficar
sozinha.
A amiga se aproximou e beijou-lhe a testa.
– Tente ficar bem!... Qualquer coisa me ligue!
Então Jessica se foi. Assim que ouviu o som da porta sendo fechada, Bella deu vazão ao choro preso
em sua garganta desde o momento que entendera que seria dispensada. Desde antes de ouvir as
palavras. Ela sentia seu rosto ardendo de vergonha e humilhação. Sempre soube que não deveria ter
aceitado a ajuda dos pais de Paul, só não imaginava que o gesto fosse terminar daquela maneira.
Bella sentia muito mais por seu orgulho ferido que pelo emprego em si. A forma como Billy havia
colocado a situação a fez sentir-se como uma incompetente que precisa da ajuda de conhecidos
influentes para chegar á algum lugar. Logo ela, que sempre conseguira tudo na vida com os próprios
méritos; poucas vezes contando com a ajuda dos pais.
Bella ouviu o toque de seu telefone, contudo o ignorou. Não desejava falar ou ver ninguém. Bella
manteve a linha de raciocínio. Ao lembrar-se dos pais, ela recordou-se dos sonhos estranhos que
tivera com sua mãe. Será que era sobre isso que Renée tentara lhe avisar? Tentava alertar-lhe para
não se iludir com as pessoas ou suas atitudes? Soluçando alto, Bella abraçou as próprias pernas e,
em posição fetal, chorou por horas á fio, sempre tentando descobrir como fora ingênua ao ponto de
ir contra seus princípios e aceitar facilidades. A tarde passou sem que ela percebesse. Aos poucos o
toque insistente do telefone passou a fazer parte dos ruídos comuns. Bella sequer o notava.
Somente quando ouviu a chave girar na fechadura, Bella notou a escuridão do apartamento e o
silêncio. Não precisou olhar para saber que seu namorado estava ali. Paul encontrou a namorada
deitada no sofá. Estava abraça a uma almofada e chorava silenciosamente. Pendurando sua jaqueta
no gancho atrás da porta, se dirigiu até ela. Ele se abaixou ao seu lado e passou a acariciar seus
cabelos.
– Bella, o que aconteceu? Por que não atendeu ao telefone?
Fungando, ela se sentou deixando que ele se acomodasse ao seu lado. Não sabia como dizer que
havia perdido a chance de emprego. Pior, que o fato de seu pai ter-lhe ajudado havia tornado a
dispensa ainda mais dolorosa. Bella sabia que, com certeza, os pais de Paul a considerariam uma
incompetente. Ela não encontrava o que explicar tampouco já que nem ao menos sabia o real
motivo por ter sido mandada embora do jornal. Aquela estória sobre “quadro completo” era furada.
Bella sabia que não tiraria o lugar de ninguém. Que sua contratação serviria para somar. Sempre
cumprira sua função da melhor maneira possível, nunca atrasara uma matéria. Raríssimas vezes
haviam encontrado erros em suas redações que lhe obrigasse alguma correção ás pressas. Podia se
considerar, sem falsa modéstia, uma funcionária exemplar.
Lembrando-se do quanto fora dedicada á redação e das palavras finais de Billy, teve um novo surto
de lágrimas quentes e sentidas. Começara o dia radiante, crente que seria efetivada e o terminava
ali, sofrendo miseravelmente pela chance perdida e pela humilhação. Vendo as novas lágrimas, Paul
se aproximou e a estreitou em seus braços, começando a embalá-la como á uma criança. Bella
deixou-se ser tranquilizada, não queria encará-lo, sabia que estava horrível. Vestida com a mesma
roupa que fora trabalhar completamente amassada, os cabelos despenteados soltando do rabo-de-
cavalo e os olhos vermelhos e inchados como sempre ficava quando chorava por horas seguidas.
– Shhhh... Diga-me o que aconteceu, por favor!
Enchendo-se de coragem ela disse de uma vez, com a cabeça escondida em seu ombro.
– Fui demitida!... Me... desculpe!...
– Tudo bem Bella...
– Não está nada... bem... – ela disse afastando-se, olhando para as mãos agora em seu colo.
– Bella, meu anjo, não fique assim! – Paul a abraçou novamente pelos ombros, enquanto ela
recomeçava a chorar copiosamente.
– Você... não... en..tende!... Era minha... chance... Você... mais... que ninguém... sabe o quanto...
desejei... esse emprego... – Bella tentou em vão enxugar as lágrimas que insistiam em rolar por seu
rosto. – Eu não entendo... o que aconteceu... Ou o porquê de ser tão difícil... Sempre tive boas
notas... – pigarreando, ela firmou a voz e continuou. – Era destaque no jornal da universidade.
Sempre recebi vários convites de estágios enquanto ainda nem era formada. E agora, os mesmos
que me ofereciam emprego nem sequer me recebem.
– Eu sei Anjo. Você é talentosa! Não sei como ainda não se deram conta! – Bella olhou para seu
rosto. Viu quando Paul mordeu o lábio inferior antes de dizer, receoso. – Posso falar com meu pai
e...
– Não! – a voz de Bella saiu um tom acima do normal quando percebeu o que ele diria. Respirando
fundo, tentou controlar-se. – Obrigada, mas não quero mais favores de sua família. Já foi bem
constrangedor aceitar esse. Vou tentar achar qualquer outra coisa por conta própria. Posso voltar a
vender matérias avulsas como fazia antes.
http://www.youtube.com/watch?v=S2N_uvnvGbI
– Bella, me deixe cuidar de você. Venha para meu apartamento. Talvez agora fosse o melhor
momento. Sabe o quanto eu quero morar com você; oficializar a união.
– Ainda não é o momento Paul! – mais uma vez Bella secou o rosto com as mãos.
As lágrimas começavam a diminuir. Bella adorava a companhia de Paul, o amava. Mas tinha suas
convicções. Não desejava voltar á esse assunto em tão pouco tempo. Somente se casaria quando
conseguisse sua estabilidade financeira. Não queria se tornar uma dona de casa frustrada que
dependia do marido para tudo como tantas amigas de sua mãe que conheceu em sua cidade. Quando
arrumasse um bom emprego, com salário anual satisfatório, pensaria em morar com ele. Sorrindo
para Paul, continuou.
– Sabe o que penso sobre isso! Estamos bem como estamos. Sei que nessa semana não conseguimos
nos ver todos os dias como prometemos, mas podemos tentar na próxima. – Bella riu sem humor. –
Agora tenho tempo livre. E no mais, nunca brigamos e nos damos melhor que muito casal
considerado normal. Não vamos estragar o que temos.
– Está bem! – sorrindo tristemente ele concluiu. – Valeu minha tentativa.
Bella lhe sorriu mais uma vez por entre as últimas lágrimas. Ela tocou seu rosto com carinho. Paul
segurou sua mão ali e fechou os olhos.
– Você sabe que te amo, não sabe?
– Tento acreditar que sim... – ele respondeu sorrindo. De repente seu rosto se iluminou. – Eu tive
uma idéia!
– O quê?
– Amanhã é sábado, não precisamos acordar cedo... Então vamos sair. Vamos nos divertir.
– Ah... Paul. Eu estou horrível!
– Está adorável com esses olhos vermelhos e as bochechas rosadas.
– Você é um mentiroso, mas obrigada! – disse sorrindo sinceramente.
– Venha! Deixe eu lhe mostrar como poderia cuidar muito bem de você!
Pegando-a pela mão, Paul a arrastou até o banheiro. Bella nada disse. Apenas se deixou levar. Ficou
encostada na pia enquanto ele ligava o chuveiro para que a água chegasse á temperatura desejada.
Voltando-se para ela, gentilmente, Paul começou a despi-la. Assim que estava completamente sem
roupas ele a colocou no Box e, tirando somente os sapatos, as meias e o cinto, entrou logo em
seguida.
– Paul, não!... – Bella tentou protestar. – Suas roupas...
– Sei que tenho outras aqui! – ele estendeu a mão para pegar seu xampu. Colocando um pouco do
líquido rosa na palma de sua mão, disse. – Agora fique quietinha. Eu cuido de você!
Sem forças emocionais para contestar, Bella fez o que Paul lhe recomendou enquanto ele livrava
seus cabelos do elástico e começava a massageá-los com o xampu. Em momento algum ele baixou
os olhos para seu corpo nu. Parecia mesmo disposto, somente a cuidar dela. Bela olhava para seu
rosto, enquanto ele estava concentrado na função de lavar-lhe os cabelos. Quando ele a colocou sob
a ducha para que a água levasse a espuma de sua cabeça, seu coração se encheu de ternura.
Comovida com seu carinho, começou a chorar novamente. Não poderia fazer idéia do quanto sua
fragilidade a tornava desejável para ele. Fechando os olhos para reprimir as lágrimas, Bella sentiu
as mãos de seu namorado descer de sua cabeça para seu pescoço e parar em seus ombros.
Inconscientemente entreabriu os lábios e jogou a cabeça levemente para trás para que ele a beijasse.
– Bella você não ajuda... – ele gemeu antes de atender-lhe o pedido mudo.
Logo Bella estava sendo beijada e prensada contra os azulejos do Box. As mãos de Paul corriam por
todo seu corpo, detendo-se vez ou outra em seus seios empinados para apertá-los com força. Talvez
o momento pedisse gentileza, contudo Bella começou a sentir uma necessidade descontrolada por
ele. Ajudou-o a despir-se das roupas encharcadas para sentir-lhe os músculos do peito e braços, sem
desprender seus lábios. Quando mais uma vez, já despido, Paul a prensou contra a parede, Bella
pode sentir que ele estava pronto para ela. Passando uma das pernas por sua cintura, mostrou a ele
que estava igualmente pronta. Com um urro, quase animal, ele a ergueu pelas nádegas e a encaixou
em seu corpo.
Bella arfou e abriu os olhos para admirar o rosto querido. Gostava de assistir-lhe a expressão
torturada quando estava tomado pela paixão por ela; tinha a impressão que seus olhos ficavam ainda
mais negros. Seus lábios entreabertos mal continham seus gemidos. Bella gostava de ouvir os sons
que ele fazia quando estavam se amando como naquele momento. Amava a forma como Paul era
carinhoso e dedicado a ela. Sempre se deram bem sexualmente. O encaixe de seus corpos era quase
perfeito. Ele lhe passava segurança. E enquanto ele fazia seu corpo vibrar contra a parede gelada,
resolveu conter suas lágrimas, desligar-se de tudo e deixar que ele a conduzisse, a fizesse esquecer
os problemas, mesmo que momentaneamente.
Eles permaneceram abraçados por alguns segundos, até que seus corpos se acalmassem. Então, Paul
a desceu de seu corpo para que tomassem banho corretamente dessa vez. Evidente que a tentativa
foi em vão. Começaram a provocar-se enquanto se ensaboavam. Em minutos de tortura mútua
estavam excitados novamente. Amaram-se ainda mais uma vez antes de encerrarem definitivamente
o banho e seguirem para o quarto. Vestida em seu roupão branco, Bella sentou-se na cama e
admirou o corpo forte do namorado a sua frente enquanto este se vestia. Sentia-se feliz por ele ser
capaz de fazê-la esquecer-se dos problemas e grata por tentar animá-la, mas estava exausta. Não
queria sair para lugar algum.
– Paul. – chamou quando ele acabava de afivelar o cinto. – Vamos ficar aqui... Deitados...
Abraçados. Não quero sair!
– Nada disso! – respondeu puxando-a pela mão. – Hoje você não está em condições de decidir nada
por si só. A programação é por minha conta.
Dito isso a deixou em frente a porta aberta de seu guarda-roupa de onde tirara a camisa preta que
agora vestia.
– Se vista!... E nem pense em seduzir-me. – ele beijou a ponta de seu nariz. – Sou um homem
decidido. Sempre consigo o que quero e o que desejo esta noite é levá-la para dançar.
– Está bem, está bem... – ela sorriu para ele. – Se você não se importa em ser visto com sua
personagem preferida de desenho animado... Vamos lá!
Paul riu com gosto e a enlaçou pela cintura.
– Se está se referindo ao Mr. Magoo; acredite... Você não está parecida em nada com ele. E saiba
que fica linda de olhos inchados. Absolutamente irresistível.
– Mentiroso! – disse rindo com gosto. – Agora saia para que eu me arrume.
– De maneira alguma. – disse e foi se sentar em sua cama. – Quero participar de todo processo.
Sabendo que ele não se moveria um milímetro, Bella despiu o roupão e o atirou no rosto do
namorado. E, voltando sua atenção para as roupas procurou algo para vestir. Optou por uma calça
jeans skinny com a lavagem escura e uma blusa de crepe de seda estampada. O tecido quase
transparente da blusa pedia algo por baixo e Bella resolveu usar um corpete preto para dar destaque
á peça. Enquanto vestia-se tentava ignorar os olhos perscrutadores de seu namorado. Ponto para ele.
Com sua atitude invasiva ele a ajudava a bloquear os pensamentos indesejados.
Sorrindo para Paul rumou para o banheiro a fim de tentar domar os cabelos e maquiar-se. Ele a
seguiu e recostou-se no batente da porta. Quando Bella fez menção de ligar o secador, Paul a
deteve.
– Não temos tempo, Anjo. E gosto do jeito que seu cabelo fica quando seca naturalmente.
– Está certo... Você é quem manda!
Bella maquiou-se e apenas escovou os cabelos vigorosamente para que ficassem no lugar. Quando
estava satisfeita com o resultado, virou-se para Paul.
– Então...? Como estou?
– Apetitosa! – respondeu com os olhos semicerrados. – Porém, vou degustá-la na volta. Agora
“Cielo” e a noite nos espera.
Bella sorriu timidamente. Paul ás vezes dizia cada coisa. Ela voltou para o quarto e, assim que
calçou as sandálias de salto e pegou seu casaco bege, eles saíram para a noite que os esperava
segundo as palavras de Paul. Agora, sentada ao lado do namorado em seu Lexus, Bella sentiu-se
satisfeita por ter aceitado o convite dele para dançar. Gostava da danceteria que ele havia escolhido.
Ela disse a si mesma que não adiantaria nada ficar enfiada em seu apartamento chorando pelo que
havia perdido. Nunca fora derrotista. Se não havia conseguido dessa vez, seria em uma próxima.
Quem poderia dizer o que a vida lhe reservava?
Recostando-se melhor no banco confortável, decidiu que aproveitaria a noite e tudo de bom que ela
pudesse lhe oferecer.
********************************************

Notas finais do capítulo


Oi... Apesar de ainda estar "arrumando" a casa consegui trazer mais um capítulo para
vcs... Espero que estejam gostando. Como sempre digo, essa fic é uma completa sandice
de minha mente, e eu estou amando escrevê-la... Please... comentem... deixem nem que
seja um "oi". Gosto de conhecer quem lê minhas estórias... bjus amores...E até semana
que vem... o/
(Cap. 7) Capítulo 8

Notas do capítulo
Oi meus amores... Esse é um de meus capítulos preferidos... logo saberam pq... bjus...
Boa Leitura...

Mais uma vez Edward foi até a grande janela de seu escritório. A cidade estava iluminada; as luzes
dos carros conferiam movimento á cena. O céu, coberto de nuvens carregadas, tornava o horizonte
sombrio. Ele comparou a escuridão da noite com a de sua alma. Tomando um grande gole de uísque
– seu eterno companheiro – Edward deu graças aos céus por finalmente ser sexta-feira.
Aquela havia sido uma semana inquietante. O corpo do assaltante que matara no Central Park não
fora encontrado ou o fato mencionado em qualquer meio de comunicação. Edward não sabia o que
isso significava. Se seu vampiro misterioso atacara novamente ou se simplesmente não deram
importância ao fato. – coisa que ele duvidava. E para piorar seu ânimo, quando despertou no último
sábado – sozinho – não acreditou em sua má sorte por estar chovendo.
Havia decidido que encontraria Bella, procurando-a através de seu cheiro, contudo, a chuva
continua e fina que durou praticamente toda semana, derrubou seus planos ao chão. Edward teve
que se contentar com a lembrança de Bella como havia feito desde que a conheceu. Cada dia mais
irritado, não conseguia entender o motivo de estar obcecado por ela. Bella era uma humana como
outra qualquer. Ele sequer a abordara para desejar mais que a apresentação. E, no entanto, ele queria
muito mais que um simples cumprimento. Desejava-a por inteiro; inexplicável e insanamente.
Ainda olhando as luzes da cidade, perguntou-se onde Bella estaria naquele momento. Em algum
lugar, escondida entre as paredes de um dos tantos edifícios de Manhattan era a sua resposta. Mas
onde? O odor que lhe queimava a narina, não importava o que fizesse, não lhe tinha qualquer
serventia depois de tanta chuva. Ela poderia estar a três quadras de distância que ele não saberia.
Sorvendo o restante do líquido em seu copo, voltou a se sentar á sua mesa de trabalho.
Nem mesmo analisar os processos, montar esquemas para a defesa lhe animava. Logo ele, o mais
entusiasmado de todos os advogados, humanos ou imortais, de seu escritório. Passara uma semana
de cão e como era de se esperar, transformou a de todos em um tormento maior que o seu.
Conseguira em um único dia, indispor-se com Jasper e Emmett quando se recusou a aceitar uma
causa que, segundo seu melhor amigo, seria importante para todos. Nem sequer quis tomar
conhecimento do que se tratava. Mandou que fizessem como achassem melhor e que se não
estavam satisfeitos que fossem para outro escritório; que não precisava deles.
Na noite anterior, conseguira assustar até Irina - a pobre faxineira responsável pela limpeza de sua
cobertura – quando rosnou feito um animal para ela que, em uma atitude serviçal, lhe perguntou se
poderia começar a limpar seu gabinete, visto o adiantado da hora. Talvez a infeliz estivesse
correndo e chamando por todos os santos que conhecesse até aquele momento. Edward não gostava
de ser assim. Apreciava ser temido e respeitado, mas nunca fora ameaçador para seus funcionários
humanos, antes disso, sempre recomendava para que seus amigos imortais nunca os tocassem.
Reclinando-se em sua cadeira, passou as mãos pelos cabelos e maldisse a si mesmo. Estava ficando
cansado de tentar entender o que havia acontecido com ele para que ficasse naquele completo
estado de excitação por uma humana qualquer. Gostaria de compreender como era possível que a
lembrança de um rosto podia ser mais forte que sua vontade e invadir-lhe a mente sempre que
tomava outro corpo feminino fazendo com que sempre possuísse aquela que nunca conhecera.
Assim como acontecera com Maureen ou com a moça no banheiro do “La Belle Epoque”, Edward
substituía os nomes e os rostos durante toda a semana na hora de aplacar seu desejo carnal. Era
sempre com Bella que estava. Bellas erradas, de odores variados. Bellas que não o satisfaziam, mas
ainda assim, sempre Bella.
Suspirando exasperado, foi servir-se de mais bebida e descobriu a garrafa vazia. Impaciente, atirou-
a contra a parede oposta ao lado em que estava. Esta se partiu em mil pedaços, espalhando cacos de
vidros por toda sala.
Maldita. Vadia. Bruxa.
Com certeza Bella se valia de algum feitiço para atrair os homens e ele, possuidor de um olfato
muito mais sensível do que os mortais, fora a vítima da vez. Era a única explicação. Estava
enfeitiçado. Precisava ser forte. Livrar-se da maldição. Livrar-se de Bella definitivamente.
Exorcizá-la de sua mente. Além do que, precisava aceitar o fato que talvez nunca mais a visse. Que
preso por feitiço ou não, talvez nunca tivesse a chance de tê-la para si. Então como seria? Viveria
como um zumbi á sombra de um fantasma? Sua vida já era parte de uma história de terror, não
precisava interpretar novas personagens.
Talvez a semana de chuva tenha sido um sinal de que procurá-la fosse um erro ou um desperdício
de tempo. Ignorando o estado do seu escritório, partiu para seu apartamento. Estava na hora de
procurar alimento. Quando estivesse satisfeito, tentaria novamente sufocar a imagem de Bella e
procurar satisfação nos braços quentes de uma humana que tivesse nome próprio dessa vez. Estava
disposto a esquecer. Ninguém, nunca, poderia ser tão importante ou ser maior que suas vontades.
Ele era Edward Cullen. Andava sobre a terra desde mil oitocentos e treze. Alguém que viveu tanto
quanto ele, não poderia ser vencido por uma lembrança. Ele nunca seria vencido, ainda mais por
uma humana.

Edward estava sentado há horas em um dos bancos altos na parte mais escura do balcão. O
movimento no bar da danceteria era intenso. Enquanto girava o copo de uísque entre os dedos
longos, ele aproveitava a penumbra para olhar com indiferença os corpos ondulantes na pista de
dança. O som estridente daquilo que os humanos chamavam de música não o afetava mais.
Aprendera com os anos a bloquear tudo que lhe aborrecia. Apenas apreciava a cena como se
estivesse assistindo a um filme mudo.
Precisava se concentrar em sua caça. Não uma caça alimentar; já se encontrava satisfeito nesse
sentido. Agora era a segunda etapa da noite de caça. A caça por distração. Precisava esquecer
definitivamente a morena do parque, caso contrário, viveria irritado consigo por não tirá-la da
cabeça. Queria liberar a tensão do corpo e esquecer-se da semana em que não conseguiu manter o
foco ou se concentrar nos assuntos do escritório. Nunca antes havia ficado assim, tão obcecado por
uma mulher. Nem mesmo por Maria a quem perseguiu por dias a fio até seu encontro fatal num
beco atrás do bar.
Afastando as lembranças perturbadoras, voltou sua atenção para a pista.
Acompanhadas ou sozinhas, as mulheres dançavam alheias á sua especulação. Edward corria os
olhos procurando por aquela que seria a escolhida para passar a noite em sua cobertura. Muitas
eram promissoras, contudo desejava encontrar a perfeita. Aquela que fosse capaz de ajudá-lo a
esquecer. A poucos metros, exatamente á sua frente, uma loira escultural dançava sensualmente.
Talvez valesse a pena abordá-la, pensou.
Enquanto ponderava se apostaria na loira ou não, um grupo que se divertia junto saiu em bando da
pista deixando um enorme espaço vazio, revelando outras pessoas mais ao fundo.
Foi nesse momento que aconteceu. Inesperadamente... Magicamente... Edward a viu.
Sentiu como se lhe atingisse o estômago quando avistou Bella, multicolorida, dançando naquele
ponto afastado do salão. Todos à sua volta desapareceram como que por encanto. Só conseguia
enxergá-la. Era a verdadeira, não uma saída de sua mente fantasiosa. Com certeza não havia dado
por sua proximidade, pois, o ar viciado da danceteria rescendia a tabaco, álcool e suor. Mas bastou
vê-la para reconhecê-la e desejá-la ainda mais. Não precisava sentir-lhe o cheiro. Assim como a
imagem de seu rosto, ele estava ali, em suas narinas, em sua memória traiçoeira, gravado a ferro.
Edward sentiu seus olhos inflamados. Bella estava ainda mais linda do que a vez que a viu sozinha
no parque. Vestia uma calça escura de jeans com uma blusa de tecido leve, quase transparente, com
uma estampa indecifrável. Os cabelos estavam soltos e balançavam suavemente ás suas costas
enquanto ela se movimentava ao som da música. Ao que tudo indicava estava sozinha. Não havia
ninguém que a olhasse de forma especial a sua volta.
Era uma chance única.
Edward bebeu seu uísque de um gole só e partiu em sua direção lentamente. Nem sequer notava os
olharem cobiçosos de todas as mulheres presentes para si; acompanhadas ou não. A única que não
tinha dado por sua presença era ela. Bella; seu objeto de desejo nos últimos dias. Edward avançava
mais e mais, alheio ás pessoas a sua volta, como se só estivem Bella e ele na pista de dança. Nem a
música ele ouvia. Continuava a perceber tudo como um filme mudo.
Estava a uns cinco passos dela, sentindo com o coração estranhamente aos saltos, quando uma
personagem não esperada e totalmente indesejada entrou em cena. Enlaçando-a pela cintura, o
homem alto a trouxe para junto de si e a beijou. Edward estacou onde estava, cerrou os pulsos e
prendeu a respiração, sentindo novamente a sensação de soco no estômago. Inexplicavelmente a
fúria se apoderou dele. Se não se controlasse, seria capaz de cometer um desatino. Se ao menos
entendesse o que se passava com ele. O casal não reparou em seu observador. Continuaram a dançar
entrelaçados seguindo o ritmo envolvente da música. Quando começaram a se beijar lascivamente,
Edward fechou os olhos e lhes deu as costas.
Promiscuous Girl - clique para ouvir*

Cegamente, completamente contrariado, voltou para o canto escuro ao lado do balcão. Seu pedido
ao barman por outro uísque mais pareceu um rosnado. Quando o homem o serviu, ele sequer
agradeceu tão concentrado estava no casal libidinoso. O advogado de segunda encaixara uma das
coxas entre as pernas de Bella enquanto os dois moviam os quadris numa dança que mais parecia
estarem fazendo sexo. Como podiam dançar daquela forma na presença de outras pessoas? Em seu
ressentimento, comparou-a novamente a uma prostituta. Como na noite em que a viu no Central
Park. De repente, surgiu-lhe um fio de esperança. Talvez não fosse um casal afinal de contas. Talvez
ela fosse exclusiva do advogado por uns tempos. Precisava descobrir.
O casal dançou por um tempo, então, pegando-a pela mão o rábula a conduziu até o bar. Eles
pararam no lado oposto do balcão. A luz um pouco mais branca naquele local iluminava o rosto
prefeito de Bella. Edward pode ver que seus olhos estavam inchados, como se tivesse chorado horas
a fio. Desejou saber o motivo, para logo em seguida recriminar-se por isso. Não era de sua conta se
uma humana chorasse além do normal. Nunca se preocupou com problemas alheios ou com
qualquer humano que tenha cruzado seu caminho. Não poderia deixar que fosse diferente com
aquela mortal. Ela que sofresse. E se o causador de seu martírio fosse aquele advogadozinho ao seu
lado, tanto melhor.
– Seria muito ousado de minha parte se lhe pagasse uma bebida?
Ouviu a voz feminina á sua frente. Voltando os olhos lentamente para encarar a intrusa, ele se
deparou com uma das mulheres mais bonitas naquele salão. Era a que ele cogitava abordar antes
que “seu inferno particular” lhe roubasse completamente a razão. Era loira arruivada, alta com o
corpo perfeito. Teria apreciado sua aproximação se não estivesse atrapalhando sua observação.
Tudo que ele queria era poder se perder no rosto da humana que habitou seu imaginário durante
nove dias inteiros.
– Seria! – respondeu secamente. – Eu a vi dançar a noite toda. Se desejasse sua companhia a teria
procurado!
Não era de sua natureza ser rude com as mulheres a sua volta, mas no momento que reafirmava sua
dependência por Bella, começou a odiar a todas elas de um modo geral por não terem sido capazes
de libertá-lo. Nenhuma delas valia nada; eram fracas e sem encanto. Até mesmo o cheiro da mulher
ofendida a sua frente o enojava. Por ela ser absolutamente linda, contudo, completamente
desprovida de carisma, Edward sentiu o desejo de ser ainda mais cruel.
– Está esperando convite para sumir da minha frente ou vai rastejar um pouco mais?
– Você não vale tanto! – dando de ombros ela se foi.
Quando ela saiu de sua frente, Edward correu os olhos para o local onde o casal estava. Reparou
que eles haviam sido servidos. Ela bebia um Martini com uma cereja ao fundo; talvez não gostasse
de azeitonas. Não deu importância ao que o homem bebia; seus gostos não lhe interessavam.
Somente os dela. Enquanto ela bebericava, Edward fazia o mesmo com sua bebida. Não conseguia
desprender os olhos dela. Mesmo que sentisse ganas assassinas toda vez que Bella era beijada ou
acarinhada por seu acompanhante. Perguntava-se o porquê dele não tirar as mãos dela. Sentiu uma
satisfação mórbida ao imaginar como seria quebrar um a um dos dedos daquele advogado
intrometido.
Suspirando profundamente, Edward virou, novamente, o conteúdo de seu copo de uma vez só em
sua boca. O líquido queimou sua garganta que já começava a incomodar a medida que sua raiva
crescia. Raiva dela. Por que ela simplesmente não olhava em sua direção como todas as outras? E
raiva de si mesmo; ele se desconhecia. Nunca fora um masoquista. Não havia motivo lógico para
continuar preso àquela cena perturbadora. Para Edward, toda vez que Bella sorria para o homem á
sua frente, era como se atravessassem facas afiadas em seu peito. Ainda relutante, disse a si mesmo
que o melhor que tinha a fazer era se apegar a pouca razão que ainda lhe restava e ir embora.
Forçando-se a desviar seu olhar do rosto desejado, correu-os a sua volta. Procurava pela loira que
lhe oferecera bebida. Concentrou-se nela. A mulher dançava quase da mesma forma que Bella
dançara antes. Se contorcendo de forma provocativa. Ignorando o casal ao lado oposto do balcão, se
dirigiu em direção á loira.
– Olá! – disse em seu ouvido.
– Oi, você! – disse erguendo uma sobrancelha. – Mudou de idéia?
Edward gostava dessa falta de amor próprio de algumas mulheres. Sorrindo maliciosamente, disse.
– Todos têm direito a mudar de opinião!
– Desde que não mude novamente, meu amor... Eu concordo com você! – disse a loira em seu
ouvido, para logo em seguida lambê-lo.
Edward fechou os olhos e, inconscientemente, imaginou outra pessoa fazendo o mesmo. Deixou
que sua mão tocasse a cintura de fêmea a sua frente, trazendo-a para junto de seu corpo. Encaixou
sua perna entre as dela e prendeu-a pelo quadril. Ela enlaçou-o pelo pescoço, as mãos se perdendo
por seus cabelos. O cheiro que vinha dela era errado, mas ainda assim agradável. Não atrapalhou
que o rosto de Bella continuasse em sua imaginação. Seu rosto estava colado ao dela então, apenas
o virou para procurar por sua boca. Contornou-a com a língua, antes de introduzi-la entre seus
lábios. A loira arfou, enquanto ele intensificava o beijo.
Em segundos, sentindo o corpo quente em seus braços e tento a imagem de Bella em sua mente,
Edward desejou possuí-la ardentemente. Tomando-a pela mão, arrastou-a pela pista de dança. Ela
não esboçou qualquer reação contraria, seguindo-o quase correndo para que não caísse. Edward
pagou o que devia e esperou que a loira pegasse seu casaco, então saiu da casa noturna disposto a
deixar no passado seu fantasma particular.
Quando alcançou a calçada, encheu seus pulmões velhos com o ar da noite – ira demais para o
início de outono. Esperou que o valet fosse buscar seu carro, como qualquer humano faria. Era
preciso manter a personagem sempre. Não olhava a loira ao seu lado, com receio de deixá-la ali e
retornar para o interior da danceteria. “Ela”, sua bruxa, ainda estava lá. Imaginou que talvez o
advogado a dispensasse aquela noite... Que talvez devesse apenas...
Não! Disse a si mesmo. Sentia que sua obsessão começava a beirar a loucura. Aquela humana não
poderia afetá-lo tanto assim. Apertou ainda mais a mão que estava na sua, arrependido por não ter
ido ele mesmo até seu carro.
Ainda cismava sobre sua possível insanidade, quando o odor familiar lhe atingiu como um raio.
Edward soltou a mão da loira imediatamente por medo de quebrá-la. Todos os músculos de seu
corpo se retesaram involuntariamente. Valentemente virou o rosto na direção contrária e tentou
concentrar-se na loira ao seu lado. Quando se dava conta que não havia perguntado o nome da
moça, sentiu uma mão tocar em seu ombro.
– Edward Cullen?
Resignado, assumindo uma expressão impassível, Edward olhou na direção da voz. O homem ao
seu lado era quase de sua altura, escondendo parcialmente sua acompanhante. Edward não pode
deixar de notar, que aquela era a primeira vez que estava verdadeiramente próximo a ela. Percebeu
que não respondera, quando o homem perguntou mais uma vez.
– Você é Edward Cullen, não é?
– Sim! Eu o conheço?
– Na verdade não! Somos colegas de profissão. Eu já o vi algumas vezes no tribunal. – disse Paul
amigavelmente, estendendo-lhe a mão. – Sou Paul Meraz e essa é Isabella Swan, minha namorada.
Isabella Swan. Isabella. Isabella. Isabella. Saboreou o nome mentalmente.
Novamente o mundo desapareceu para Edward. Ele respondeu um “muito prazer” e apertou a mão
estendida do advogado por puro reflexo. Seus olhos permaneceram fixos no rosto angelical que se
revelou por trás dos ombros de Paul. Estranhamente, como se ele fosse preso á convenções, saber
que Paul e Bella formavam um casal minou suas esperanças. Para ele seria mais fácil se ela não
pertencesse a ninguém.
Isabella o olhava com curiosidade e lhe sorria timidamente. Recriminou-se por ter pensado coisas
horríveis sobre seu objeto de desejo no minuto imensurável em que estendeu sua mão em direção a
ela. Edward assistiu, extasiado, os olhos castanhos de Bella pousarem em sua mão estendida e,
quando os dedos delicados dela se fecharam nos seus, algo em seu íntimo se partiu. Sentiu como se
estivesse quebrado em mil pedaços como a garrafa de uísque em seu escritório, e que somente ela
poderia torná-lo inteiro.
– Prazer em conhecê-la, Isabella Swan! – o nome deixou um sabor doce em sua língua.
Então, os olhos de Isabella se iluminaram como se ela o enxergasse verdadeiramente naquele
segundo. Edward se perdeu naquele mar chocolate.
– Eh... – ela pigarreou – O prazer é todo meu!
Ouvir-lhe a voz novamente e tão próxima a si, foi como música para seus ouvidos. Edward sentia-se
hipnotizado. De repente a mão de Bella apertou seus dedos com mais força. Soube que ultrapassara
o momento de soltar-lhe a mão, quando Bella fez menção de puxá-la da sua. Sentiu uma vontade
furtiva de prender-lhe os dedos com mais força e roubá-la dali para nunca mais devolvê-la. Se o
namorado a requeresse o mataria de bom grado, livrando-se de vez de seu rival. Porém, sentia que
com Bella teria que agir de forma diferente. Na verdade desejou ser diferente, então lhe soltou a
mão e deixou que se afastasse. Tentou ignorar a pontada de ciúme quando ela apoiou-se no braço do
advogado.
Você será minha Isabella; afirmou mentalmente. Cedo demais, ela desviou os olhos dos seus.
Levemente contrariado, disse a si mesmo que ela seria sua muito em breve. Estar ali, diante dos dois
lhe revelou uma maneira de encontrar Bella novamente. Algo óbvio que, se não estivesse
imprestável durante toda semana, talvez fosse ele a estar com Isabella agora. Como teria sido fácil
contatar o escritório de Paul e chegar á ela através dele. Edward considerou-se um idiota por ter
deixado a oportunidade passar. Mas, ainda era tempo de estreitar os laços de “amizade”. Forçando-
se a olhar para Paul, disse.
– Desculpe-me por não ter me lembrado de você... – sorriu. – Também já o vi algumas vezes. Você
trabalha para Harry, não é isso?
– Sim. – respondeu Paul. – Desculpe-me também por abordá-lo, mas eu sempre admirei seu
trabalho. Muitas vezes cometei a respeito com Bella, não é mesmo meu anjo?
– É verdade... – ela confirmou timidamente. – Paul já me falou do senhor algumas vezes!
Bella sorriu e baixou os olhos. O peito de Edward se apertou em êxtase e fúria. Êxtase por ela saber
de sua existência, conversar sobre ele. Como era possível que “ele” não soubesse nada sobre ela? E
fúria, pela intimidade despreocupada que tinham um com o outro. Deveria ser ele a chamá-la de
anjo. A saber, se ela era verdadeiramente um anjo ou um demônio. Deixando seu ciúme de lado e,
ainda tentando manter a idéia do contato, disse amável.
– Sem o senhor, por favor... Faz-me parecer um velho, Isabella! – nunca se cansaria de dizer o
nome.
Antes que ela pudesse responder, seu carro estava á sua frente.
– Vamos meu bem?
Ao ouvir a voz da loira e sentir a mão procurando pela sua, Edward se lembrou de sua presença.
Havia se esquecido completamente. Arrependeu-se imediatamente por tê-la arrastado para fora em
sua companhia. Agora que sentira a pele de Isabella na sua, qualquer outra seria ainda mais
insatisfatória. Resignando-se, assentiu em sua direção com a cabeça e, se dirigindo á Paul e a Bella,
disse.
– Foi realmente um prazer conhecer vocês! Mas preciso ir... Espero que possamos nos encontrar
outras vezes.
– Eu também! – concordou Paul.
Bella nada disse. Edward não se furtou um último aperto de mão. Primeira e brevemente a de Paul e
um segundo mais demoradamente a de Bella. Guardaria a maciez e a quentura de sua palma até que
pudesse renová-la. Edward jurou a si mesmo que seria muito em breve.
Voltando-se para a loira, ajudou-a a entrar em seu porsche preto e, sem olhar na direção do casal,
assumiu seu lugar na direção e partiu. Olhando pelo retrovisor a sua frente, ele viu o carro de Paul
ser estacionado logo após sua partida. Imediatamente a idéia lhe ocorreu. Não esperaria até a
segunda para procurar pelo advogadozinho. Seguir-lhe seria muito mais rápido e fácil.
Imprudentemente, ainda assistia Bella entrar no carro através do retrovisor, quando sentiu a mão de
sua acompanhante em seus cabelos.
– Para onde vai me levar, meu bem?
Olhando-a diretamente, respondeu.
– Para seu apartamento. Você está cansada. Durma um pouco agora!

Notas finais do capítulo


Espero que estejam gostando ainda da minha sandice... rsrsrs Comentem...
(Cap. 8) Capítulo 9

Notas do capítulo
Oi meus amores... Sei que disse que ia dividir os capítulos, mas acho que não vai dar
certo... eu postei a continuação do capítulo oito na quinta feira, e acho que vcs não
viram... Então, antes de lerem esse capítulo, não esqueçam de se att no restante do oito...
bjus... Espero que gostem... o/

*Bella estava cercada pela mais completa escuridão. Sentia-se apreensiva e expectante. Como se
as sombras fossem ganhar vida á qualquer momento e envolvê-la. Mais uma vez, ela esperava por
aquilo. Forçando a visão para que pudesse, inutilmente, adivinhar alguma forma em meio ao breu
Bella estendeu os braços á sua frente. Imediatamente, um clarão verde surgiu, ofuscando-a.
Recuperada do choque, percebeu se tratar de dois olhos brilhantes e furiosos. Bella deixou-se
hipnotizar por eles.
Sentia que o correto seria lutar e fugir, porém sabia que render-se á eles seria muito mais fácil e
prazeroso. Ainda com os braços estendidos, tentou tocá-los. Antes que os alcançasse, Bella pode
ver dedos longos e brancos se fecharem em torno de seu pulso. O toque era frio. Bella tentou se
desencilhar, contudo não tinha forças. Os dedos a puxaram de encontro á um corpo que a envolveu
em braços fortes e a arrastou para a escuridão.*
Bella acordou com o peso do braço de Paul em seu corpo. Despertar do sonho estranho a deixou
com um imenso vazio. Sentiu-se privada de algo que nem ao menos sabia o que era. Ainda com a
luz de seu sonho fresca em sua mente, Bella imediatamente se lembrou de um par de olhos
incrivelmente verdes. Ela lutou para apagá-la, mandando-a embora. Não fazia sentido associar os
olhos verdes de seu sonho com os daquele homem que conhecera na noite passada. Disse a si
mesma que estava incoerente. Sentia-se exausta, as pálpebras pesadas e inchadas depois de tarde de
lágrimas do dia anterior. Definitivamente não raciocinava direito.
O sol entrava através da vidraça da porta, iluminando o quarto, irritando seus olhos. Ela sabia que
deveria estar com uma aparência horrível. Movendo-se o mais lentamente possível para não acordar
o namorado, esgueirou-se para fora da cama. Ás vezes ela ia nua para o banheiro, naquela manhã,
contudo sentiu vontade de cobrir-se. Enrolou-se no lençol que estava caído ao chão, antes de seguir
para ele.
Já durante seu banho, quando a água da ducha batia em sua cabeça, mais uma vez os olhos verdes
surgiram em sua mente, fitando-a com intensidade. E mais uma vez, Bella os expulsou. Não queria
pensar em nada, em ninguém. Nem mesmo no seu futuro. Pegou o sabonete e esfregou-o ao corpo
com vigor. Focou seu pensamento em Paul, sentiu que seu rosto corava quando se lembrou o que
havia feito com ele, ali mesmo em seu Box, enquanto os corpos de ambos estavam ensaboados.
Também afastou o pensamento, antes que ficasse excitada e fosse acordá-lo. Precisava preparar o
café da manhã. Estava faminta. Finalizando o banho, vestiu seu roupão voltou para o quarto. Paul
ainda dormia a sono solto. Sorrindo em sua direção, seguiu para a cozinha.
Como era de se esperar, Black não estava em parte alguma do apartamento. Não se preocupava com
os sumiços do gato, pois sabia que ele sempre voltava. Verificando apenas se havia comida e água
disponíveis, Bella foi até seu balcão para ligar a cafeteira. Colocou o as fatias de pão na torradeira e
escolheu os ovos para prepará-los mexidos, como Paul gostava. A atividade matutina ajudava-a a
não pensar em nada. Quando tudo estava pronto, arrumou os pratos e as xícaras em uma bandeja e
seguiu pra o quarto.
Encontrou a cama vazia. Pelo ruído da água, soube que Paul estava no banho. Por um segundo
pensou em se juntar á ele, mas deixou a vontade passar quando os mesmos olhos verdes de antes,
vieram acompanhados de um rosto perfeito. Abanando a cabeça de um lado ou outro, afastou a
imagem e concentrou-se em Paul dizendo a si mesma que seria melhor que comessem alguma coisa
antes de caírem um nos braços do outro mais uma vez.
Depositando a bandeja sobre a cama, esperou por ele pacientemente, lutando para não pensar em
nada. Não precisou esperar muito, em poucos minutos ele entrou no quarto com uma toalha em
volta da cintura e secando os cabelos com outra. Bella lembrou-se da última vez que ele estava
assim, envolto numa toalha rosa. Á uma semana atrás, naquela manhã em que se negou á ele.
– O que está olhando? – ele perguntou se aproximando e beijando os lábios da namorada.
– Você fica uma gracinha de rosa! – ela respondeu.
– A cor combina com meus olhos! – disse isso ele pestanejou os cílios em sua direção, então ambos
riram com vontade.
Sentando-se na cama, ao lado oposto da bandeja, Paul disse.
– Não sabe como me alegra vê-la sorrir.
Bella arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
– Não adianta ficar chorando, não é mesmo?
– Não! – ele respondeu simplesmente.
– Qual nossa programação para hoje?
Bella quis saber, para mudar de assunto. Beliscando um pedaço de torrada e levando-a a boca, Paul
respondeu.
– Na verdade, tenho trabalho a fazer hoje. Posso ficar aqui até ás dez, depois tenho que voltar ao
meu apartamento. – vendo o olhar pesaroso da namorada, acrescentou. – Você pode ir comigo se
desejar.
– Não! Preciso arrumar umas coisas aqui... – sorrindo, completou. – Acho que sobrevivo sem você
por umas horas.
– Desculpe-me meu Anjo! Eu gostaria de ficar, mas Harry está realmente no meu pé.
– Não tem problema! – ela acompanhou-o nos pedaços de torrada. – Você está aqui agora!
– Sim, estou!
Tomaram o café preparado por Bella na cama e depois eles voltaram á ela. Como havia prometido,
Paul ficou até ás dez horas. Depois de se banhar mais uma vez, arrumou-se e, beijando os lábios de
Bella, prometeu voltar á noite e saiu. Sentindo-se emocional e fisicamente exausta, Bella sequer
levantou-se. Abraçando o travesseiro de Paul, rolou de lado e permaneceu deitada. Uma vez
sozinha, ela deixou que as lembranças da noite passada viessem em sua mente.
Não havia reparado no homem parado na calçada á entrada da “Cielo” até que Paul o chamasse.
Edward Cullen. Muitas vezes, enquanto trabalhava em um caso ou assistia a seus filmes favoritos
sobre julgamento, Paul o citava. Era fã irrevogável de seu trabalho. Bella o conhecia somente de
nome. Vira uma foto certa vez, mas esta era desfocada e distante onde somente se destacava seus
cabelos cor de cobre. Apesar de ser uns dos advogados mais procurados da cidade, e promover um
evento anual beneficente ele não era conhecido por freqüentar as paginas de revistas ou de jornais.
Mesmo quando ganhava uma causa importante como fora o caso daquele multimilionário –
encontrado morto, brutalmente, dias atrás – ele não dava entrevistas.
Automaticamente seu instinto de jornalista soprou-lhe os ouvidos. Porque um homem bonito como
ele, bem sucedido e rico, não gostava de notoriedade? Ao que tudo indicava era solteiro ou talvez
estivesse em uma noitada de folga, procurando relacionamentos extraconjugais. A loira ao seu lado
não parecia ser alguém importante para ele, visto que nem se deu ao trabalho de apresentá-la como
Paul havia feito com ela.
Naquele instante, Bella desejou saber mais sobre ele. Talvez estivesse ali, a oportunidade de uma
boa matéria. Enquanto assistia seu namorado apertar-lhe a mão, decidiu que tentaria descobrir mais
sobre ele, ainda que se sentisse intimidada por sua proximidade. Edward não era cinco centímetros
mais alto que Paul e, no entanto, parecia um gigante por sua presença marcante. Bella sorriu-lhe
timidamente estendendo a mão para cumprimentá-lo a exemplo de Paul.
Como que hipnotizada, viu a mão máscula de dedos longos e brancos, aproximar-se da sua. Seu
sorriso desapareceu no momento que ela se fechou em seus dedos. Uma descarga elétrica correu por
seu corpo, deixando-a com a sensação que fosse desmaiar a qualquer momento. Bella perdeu a linha
de raciocínio. Suas pernas ficaram bambas e ela teve que imprimir mais força naquele aperto de
mão para se manter de pé. Sua cabeça girava e foi de muito longe que ouviu a voz melodiosa
cumprimentá-la.
– Prazer em conhecê-la, Isabella Swan!
Ela fixou os olhos como se enxergasse verdadeiramente depois de ouvir-lhe a voz. Então se deparou
com um par de esmeraldas incrustadas num rosto de anjo. Bella sentiu a garganta seca e um temor
súbito e inexplicável. Procurando por sua voz respondeu.
– Eh... O prazer é todo meu!
Edward abriu um sorriso torto perfeito para ela. As duas mãos parecia estarem soldadas.
Imaginando ter ultrapassado o limite do contato social e temendo receber um choque real, ela puxou
a mão e se apoiou no braço de Paul. Havia sido impressão sua ou aquele homem a sua frente a
olhara de uma forma totalmente estranha? Como se lhe dissesse alguma coisa? Novamente Bella o
temeu e interrompeu o contato visual, baixando os olhos.
Os dois homens continuaram a conversar, contudo, Bella não se recordava qual havia sido o tema.
Seus sentidos pareciam ter ganhado vida própria e sua única vontade era admirar furtivamente o
rosto á sua frente e ouvir-lhe a voz, enquanto dizia a si mesma que deixasse de ser provinciana e
covarde. Por que deveria temer um homem que nem ao menos conhecia?
Agora, deitada em sua cama, Bella se recriminava por dispensar tanto tempo pensando em outro
homem quando acabara de sair dos braços do namorado. Ela não entendia o porquê, talvez a beleza
extrema ou o sentimento de medo, mas a verdade era que Edward Cullen havia lhe despertado o
interesse. Talvez fosse apenas curiosidade, visto que Paul sempre se referira á ele como um ídolo.
Fosse como fosse, Bella sabia que seu interesse jornalístico nele havia esfriado no momento em que
suas mãos se tocaram e que seus olhos se perderam nos olhos dele. O advogado famoso continuava
uma incógnita, ainda assim, o desejo de especular sobre sua vida foi varrido de seu pensamento.
Uma voz persistente em seu íntimo gritava-lhe para que mantivesse distância dele.
Suspirando, Bella deitou-se de costas largando o travesseiro e mirou o teto. Acreditou estar ficando
maluca. Que riscos alguém que provavelmente sequer se lembrava de seu nome poderia representar
para ela? Tinha que parar de dar ouvidos a essas sensações estranhas. Se continuasse assim, logo
ficaria supersticiosa e cheia de manias. Ao pensar nisso, olhou para a porta da sacada. Lembrou-se
que na noite anterior sentiu-se observada por alguém além dela no momento em que algo bateu em
seu vidro. Lembrou-se ainda que a sensação se intensificou quando saiu para sacada a fim e
descobrir a origem do barulho.
À ela pareceu que alguém a observava das sombras. Sabia ser impossível já que estava no terceiro
andar, ainda assim, por um momento, focalizando uma parte escura no topo do prédio ao lado,
sentiu como se uma presença fosse se relevar e abatê-la. Estranhamente, não sentiu medo, somente
curiosidade e expectativa. “Talvez tenha sido um morcego” Paul havia dito. Bella não pode deixar
de associar a figura do mamífero voador á da criatura que tanto lhe atraia. Sentiu um frio correr por
sua espinha ao imaginar um vampiro batendo em sua janela.
De repente Bella percebeu o ridículo da situação. Ela estava deitada em sua cama fazendo
associações bizarras entre morcegos e vampiros, perigo e Edward Cullen. Agora tinha certeza,
estava mesmo maluca. Ainda rindo de si mesma, obrigou-se a levantasse. Passava das dez e meia.
Procurava algo para vestir, quando ouviu sua campainha.
– Já vou! – gritou.
Pegando o primeiro shorts que achou e uma camiseta do tempo de faculdade, vestiu-se ás pressas e
correu para a porta.
– Quem é? – perguntou antes de abrir.
– Sou eu, Jessica! – Bella abriu a porta e deixou que entrasse.
– Oi Jess... Desculpe minha demora! – cumprimentou enquanto Jessica passava por ela.
– Sem problemas, Bells!
Jessica carregava uma caixa pequena. Bella percebeu que se tratava dos pertences que havia
deixado na redação. Imediatamente uma dor profunda espremeu seu peito, contudo Bella sufocou-a
em seu intimo. Não choraria mais pela oportunidade perdida. Colocando a caixa sobre a mesinha de
centro, Jessica se sentou no sofá.
– Desculpe não ter trazido suas coisas ontem!... Achei melhor deixá-la sozinha!
– Tudo bem! Eu queria ficar sozinha mesmo.
Sentando-se ao lado da amiga, Bella percebeu que ela estava abatida; com os olhos tão inchados
quanto os seus.
– Jess, o que houve? – Bella preocupou-se. – O que aconteceu? Você não ficou assim por minha...
– Não foi nada! – Jessica a cortou.
– Como sim, “nada”?! Você está com os olhos inchados como se tivesse chorado a noite toda!
Suspirando ela disse.
– Meu namorado me deu o bolo ontem!
– Namorado?! – Bella franziu a testa. – Eu nem ao menos sabia que tinha um namorado!
– Eh... – Jessica deu de ombros. – Ele é instável. Vem e vai de acordo com sua vontade!
– Ah Jess... – Bella tocou seu ombro. – Eu sinto muito!
Seu problema de emprego pareceu menor agora que sabia como sua amiga sofria por amor. Bella
não entendia muito bem desse tipo de sofrimento uma vez que seu primeiro namorado fixo era Paul
e eles iam muito bem a três anos de relacionamento. Contudo podia imaginar ser extremamente
ruim ser esquecida por alguém á quem se amava. Talvez fosse algo comparável com as noites que
ficava distante do namorado.
– Há algo que eu possa fazer por você? – ofereceu-se.
– Não! – Jessica respondeu levantando-se. – Somente eu posso resolver minha situação.
– Aonde vai? – perguntou ao ver a amiga levantar-se. – Já vai embora?
– Preciso! Vou procurá-lo está tarde para saber o que aconteceu!
– Se acha melhor assim... – Bella lhe sorriu. – Qualquer coisa eu estou aqui!
– Obrigada Bella! – disse abraçando-a. – Você é uma boa amiga!
– Assim como você! – então apontou a caixa sobre a mesa. – Obrigada por trazer minhas coisas.
– Não por isso!
Então Jessica se foi, deixando Bella novamente sozinha. Depois de fechar a porta, a moça sequer
olhou em direção á caixa. Como fazia todos os sábados, vagou pelo quarto á procura de roupas
usadas e as juntou no grande cesto de seu banheiro. Aproveitando estar de frente ao espelho, mirou
sua imagem enquanto prendia os cabelos em um rabo-de-cavalo.
Estranhamente se achou bonita mesmo mal arrumada como estava. A despeito da noite passada e
dos olhos fundos, seu rosto trazia um brilho diferente. Sem saber o motivo, Bella sentia-se animada.
Como se o futuro lhe reservasse somente coisas boas. Piscando para a própria imagem, saiu do
banheiro com o cesto de roupas e, pegando algumas notas e moedas em sua carteira, seguiu para a
lavanderia.
O dia estava claro. Bem diferente do sábado passado quando amanhecera chovendo. Bella decidiu ir
á pé até a lavandeira a duas quadras dali. Gostava de sentir o sol e a brisa suave em sua pele. Fazia-
a lembrar de Phoenix, onde crescera com a mãe. Talvez fosse esse o motivo de seu bom humor. O
tempo ameno. Todas as pessoas pareciam ficar melhores em dias ensolarados. Ela seguia distraída.
De repente uma sensação estranha lhe invadiu. Novamente se sentiu observada. Franzindo a testa,
Bella parou e, disfarçadamente, olhou para todos os lados, porém nada viu de anormal. As pessoas
passavam por ela sem notá-la como era comum nas ruas de Nova York.
Bella questionou-se o porquê a sensação persistia se ninguém olhava em sua direção. Tentando
ignorar a opressão em seu peito, ela continuou seu caminho. Quando cruzou as portas de vidro do
estabelecimento, sentiu-se protegida daquela observação oculta. Ela colocou a mão sobre o peito
pra acalmar a respiração que ela sequer notara ter ficado acelerada. Deu um sobressalto e olhou
diretamente para a porta na expectativa de ver seu perseguidor quando o sininho da entrada tocou
logo após sua passagem. Era apenas mais um usuário carregando um cesto como o seu. Parada ali,
no meio da lavandeira, sentindo-se patética, Bella riu-se intimamente de si mesma. Definitivamente
estava se tornando supersticiosa e cheia de manias.
Todo o processo de lavagem de suas roupas durou pouco mais que duas horas. Ela leu uma revista
na esperança de distrair-se sem sucesso. Sua mente traiçoeira vagava entre oportunidades perdidas,
Paul e um par de olhos verdes. Quando a secadora deu sinais de que havia terminado seu processo,
Bella fechou a revista com força e foi recolher suas roupas. Assim que saiu para a rua a sensação
voltou, dessa vez com muito mais intensidade. Bella sentia-se invadida. Mais uma vez olhou em
volta para não ver nada de anormal.
Irritada consigo mesma, praticamente correu todo caminho de volta para seu apartamento.
Contornando a esquina de sua rua, viu um caminhão de mudança parado à porta do prédio onde
morava. Ao aproximar-se viu uma mulher baixa de cabelos pretos espetados. Ela parecia ser a dona
dos móveis e das caixas. Gesticulava para os carregadores freneticamente. Aproximando-se, Bella
pode ouvir-lhe a voz de fada.
– Se vocês quebrarem qualquer coisa ou arranharem meus móveis...
Ela não precisou completar a frase. Apesar da pouca estatura, suas palavras continha a ameaça
velada em todas elas. A mulher abaixou-se e pegou duas caixas enormes de uma só vez.
– Oi! – Bella cumprimentou quando estava quase ao seu lado. Completamente esquecida da
sensação de observação. – Precisa de ajuda?
– Eu agradeceria muito! – respondeu voltando-se em direção á Bella. Então, vendo que esta já
carregava um cesto, disse. – Ah... Você já está ocupada... Não se preocupe!
– Não... – Bella olhou em volta. – Posso carregar aquelas pequenas sobre o cesto.
Dito isso se abaixou e colocou duas caixas pequenas sobre suas roupas. Experimentando o peso,
Bella considerou dar conta e seguiu a nova vizinha porta adentro. Ela se mudara para o apartamento
que estava vago no mesmo andar do de Bella. Porém, era maior e tinha vista para a rua. A mulher
entrou e Bella, depois de pedir licença, seguiu-a.
– Fique a vontade! – disse. Então, depositou as caixas no chão e se voltou com a mão estendida. –
Sou Alice Whitlock!
– Isabella Swan! – respondeu apertando-lhe a mão. – Mas pode me chamar de Bella.
Bella sentiu que o toque era delicado, porém firme e os dedos um tanto frios para o dia quente. De
repente o toque de um celular encheu a sala vazia. Ignorando-o Alice disse.
– Prazer em conhecê-la Bella! – Alice disse olhando-a com curiosidade. A especulação não passou
despercebida por Bella.
– O que foi? – perguntou sorrindo. Sua mão ainda presa ao aperto. O celular clamando por ser
atendido.
– Nada... Apenas pareceu que eu já a conhecia. Seu rosto me é familiar. – então Alice soltou sua
mão. O celular silenciou.
– Tenho um rosto comum. – disse Bella como quem se desculpa ainda se perguntando o porquê a
moça não havia atendido ao chamado.
– Bella... Acredite. Você é o oposto do comum!
– Como?!
Bella franziu a testa para a nova vizinha. Não estava entendendo nada daquela conversa. Na
verdade, não estava entendo nada desde que acordara aquela manhã. Ainda olhando
indagadoramente para Alice, Bella viu-a sorrir.
– Não ligue para minhas palavras... Falo demais ás vezes! – e sorrindo ainda mais acrescentou. –
Você logo se acostumará. Sinto que seremos boas amigas!
Sem saber o motivo, Bella sentia o mesmo. Aquela pequena fada a sua frente lhe inspirava
confiança e amizade. Sorrindo-lhe de volta Bella disse.
– Acredito que sim... E então... Vamos buscar mais caixas?
Nesse momento os carregadores entravam trazendo um enorme sofá de couro marrom. Alice deu de
ombros.
– Não precisa... Vejo que está ocupada. – disse indicando o cesto. – Eles podem trazer o restante.
São pagos para isso afinal.
– Tudo bem! – Bella se dirigiu á porta e antes de sair ofereceu. – Moro no apartamento trinta e três.
Duas portas á esquerda. Qualquer coisa que precise... É só pedir.
– Obrigada Bella! – Alice lhe sorriu. – Pode contar que ainda vou perturbá-la muito...
– Fique á vontade!
Ainda sorrindo, Bella se foi para seu apartamento, deixando a vizinha livre para cuidar de sua
mudança. Enquanto girava a chave na fechadura, notou que Alice a olhava novamente com
curiosidade recostada no batente de sua própria porta. Acenando-lhe, Bella entrou. Sentia-se
incomodada com a especulação de seu rosto. Sabia que nunca havia visto aquela mulher antes.
Porém, mesmo com essa invasão visual, Bella realmente sentia que seriam boas amigas. Para sua
alegria Black a esperava deitado no sofá.
– Resolveu voltar seu gato mal humorado?
Piscando os grandes olhos verdes – verdes demais para o gosto de Bella – o gato rodou em volta do
próprio corpo e deitou recostado nas almofadas para dormir.
– Isso mesmo seu dorminhoco. Ignore-me! – então sussurrando como se alguém mais pudesse ouvi-
la disse. – E vire esses olhos para outro lado.
Bella ainda olhou o gato por um minuto inteiro. Perguntando-se se agora tudo seria motivo para
pensar no advogado misterioso. Esperava que não. Sabia que não era correto pensar em outros
homens quando namorava o melhor deles. Suspirando resignada, rumou para o quarto e, deixando o
cesto no banheiro, voltou para a sala a fim de ligar som aparelho de som. Gostava de encher o
silêncio com música. E se fosse antiga, tanto melhor. Conhecia quase todas e no processo de
acompanhar as letras seu cérebro não se ocupava com problemas, olhos verdes ou sensações
estranhas.
Assim seguiu sua tarde. Bella arrumou seu apartamento, lavou cozinha e banheiro. Passou sua
roupa recém lavada e acomodou-a nos armários e gavetas. Quando estava tudo limpo e no devido
lugar, ela se deu conta que não ligara para Paul como costumava fazer todos os sábados em que não
estavam juntos. Sentiu-se culpada imediatamente. Mesmo exausta e precisando de um banho,
correu para o telefone. O aparelho de Paul tocou até que caísse na secretária eletrônica. Estranho.
Bella então ligou em seu celular. Mais uma vez os toques insistiram até cair na caixa de mensagens.
****************

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado... até segunda ou terça feira.. bjus

(Cap. 9) Capítulo 10

Notas do capítulo
Mais um capítulo pra vcs... rsrs

– Você fez o quê?! – Edward teve ganas de matar a amiga. – Repita Alice!
– Eu disse á ela para se manter longe de você. – obedeceu tranquilamente.
– Eu não acredito no que estou ouvindo! – ele rosnou.
Sem que percebesse, apertou o celular com tanta força que partiu o aparelho delicado em pedaços.
Definitivamente, dessa vez, agrediria Alice. Jasper que o desculpasse ou tentasse se vingar. Ela
havia ultrapassado todos os limites. Edward pedira ajuda a ela, não que afastasse Isabella de sua
vida. Não agora que estava tão perto. Sua missão era simples. Tomar conta da garota.
Edward acreditou que, apesar do corpo imortal, a mente da vampira deveria estar senil para que
mudasse o que lhe pedira por conta própria. Ele chegou à conclusão que talvez tenha sido enganado.
Que talvez, Alice nem ao menos cogitara ajudá-lo.
Andando de um lado ao outro, descalço, na sala de sua cobertura, Edward tentava procurar indícios
de que realmente tenha sido enganado. Pensou em tudo que acontecera depois que constatou a
morte de Tanya. Vê-la pálida e flácida sob seu corpo fez com que um pensamento o atingisse como
um raio. Horrorizado por tal idéia, partiu para seu apartamento, deixando o corpo de Tanya largado
sobre a cama. Nem se importou em dar sumiço á ele como normalmente faria.
Chegando ao seu carro, deu a partida e saiu o mais rápido possível daquela rua. Sabia que precisava
tomar uma atitude ou enlouqueceria. Ainda cortando os carros pelas ruas e avenidas, Edward sacou
seu celular e ligou para Alice.
– Cullen?!... – ela exclamou aborrecida. – Espero que tenha um bom motivo para estar atrapalhado
numa hora dessas.
Sem se importar com seu tom de voz ou com o que estaria atrapalhando, ele disse.
– Preciso de sua ajuda!
– Agora?!... – suspirando resignada, perguntou. – O que fez dessa vez?
– Não fiz nada! – concentrando-se em furar um sinal vermelho sem causar um acidente, disse. –
Preciso que você tome conta de uma pessoa para mim.
– É alguma testemunha importante?
– Não... É uma garota!
– Boa noite Edward! – Alice disse antes de desligar.
Praguejando, Edward jogou o aparelho sobre o banco do carona. Estava na Wall Street, quase em
frente ao seu edifício. Queria entrar o mais rápido possível. Acionou a porta de sua garagem
privativa antes mesmo de estar em frente á ela. Esta nem havia levantado completamente quando
passou com seu carro sem diminuir a velocidade. Cantando os pneus, estacionou na vaga disponível
entre o Porsche Carrera preto e o SW4. Pegou o celular no banco do carona e o colocou no bolso.
Mas uma vez, não teve paciência de subir pelo elevador que estava á sua disposição exatamente
como o deixara antes de sair. Sentia que precisava de movimento então seguiu para as escadas.
Correr lhe aliviava a tensão. Precisava estar calmo ou fingir que estava para falar com Alice
novamente.
Quando chegou à cobertura, lembrou-se de tocar no botão do elevador para que subisse. Por
exigência sua, seu elevador não possuía câmeras de segurança, mas o vigia podia acompanhar seu
movimento. Edward nunca se esquecia de manter as aparências. Seria complicado ter que explicar
sua chegada na garagem ou á cobertura sem ter subido por ele. Assim que entrou no apartamento,
descalçando os sapatos e se livrando da camisa, seguiu direto para o bar. Precisava beber um gole
de uísque. Respirando fundo, foi até a janela e bebeu de seu copo. O céu escuro estava pintado de
manchas leves e claras; logo amanheceria. Pegando o celular o bolso da calça, ligou para Alice mais
uma vez enquanto admirava a cidade aos seus pés.
– Por favor, não desligue!
– Isso é novo! – exclamou Alice. – Você “pedindo” alguma coisa!
– Sem deboche Alice. – Edward se controlava ao máximo. – Preciso de um favor seu.
– Não é o lance com a garota, é?
– Alice pode ao menos escutar... Não é nada do que você está pensando.
– Em se tratando de você e garotas não há muito para pensar.
– Vai escutar ou não? – Edward sentia que logo perderia o controle.
– Fale!
– Lembra da garota do parque? Aquela que me distraiu?
– Ah... Vai falar sobre ela agora?!
– Alice... – pediu.
– Está bem! Pode falar.
De repente Edward não sabia o que dizer. Bebeu mais um gole, sentia a garganta seca. Nem mesmo
ele entendia sua obsessão por Isabella. Como explicá-la a Alice sem que a amiga acreditasse que ele
estava louco? Se é que não estava realmente louco.
– Estou esperando Edward... Se não tem nada a dizer eu...
– Espere! – pediu. – Eu não sei como começar.
– Edward você está bem? – a voz de Alice lhe pareceu preocupada. – Está muito estranho.
– Estou bem Alice. Só que... – não sabia o que contar, mas sabia o que desejava dela, então achou
melhor começar por seu pedido. – Eu... Preciso que você fique de olho nela por mim.
– É alguma modalidade nova. – ela debochou. – Agora você as reserva e eu serei a guardiã do
rebanho?
– Não é nada disso!... – disse ríspido. – Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas gostei da
garota, está bem?
Silêncio.
– O quê?... Sem gracinhas depois do que eu disse?
– Estou ouvindo Cullen, aproveite! – ela disse apenas.
Passando a mão pelos cabelos desgrenhados, continuou.
– Eu a vi pela primeira vez na noite em que matei Mike Newton. Você já sabe que ela me chamou a
atenção e que eu não a conheci na ocasião.
– Sim!
– Pois bem... – estava na hora de admitir a fraqueza. – Não entendo, mas... Desde aquele dia não
consigo parar de pensar nela.
– Não é nada anormal. Ela é a primeira que você deixa escapar.
– Não é isso Alice! – talvez um pouco de mentira a persuadisse. – Eu acho que... Encantei-me por
ela.
– Até aí, nada de novo... Só não entendi o tenho a ver com suas conquistas. O que aconteceu com o
esquema infalível de “encantar”, “saborear” e “fazer esquecer”?
– Ela é diferente. – disse como que para si mesmo. Depois, lembrando-se que precisava convencê-
la, acrescentou. – Eu senti que é diferente das outras. Assim como aconteceu com Jasper quando
conheceu você.
– Entendo.
Alice soava descrente, mesmo assim Edward soube que estava no caminho certo quando ela
perguntou.
– Qual é o nome da garota?
– Isabella Swan. Eu a vi novamente está noite. Conheci-a na verdade. E Alice... Eu acredito
realmente que ela é a garota certa para mim.
– Hum-hum!... E onde eu entro nessa história?
– Como já disse, ela é importante. Quero que a proteja.
– De quê? Você a quer Edward... Nada pior pode acontecer á ela.
Ignorando o comentário, ele prosseguiu.
– Esqueceu-se que agora temos um vampiro desconhecido á solta?
– Ah...
– Não quero que nada aconteça á Isabella. É só isso que preciso. Que você a proteja.
– Espero que ela valha á pena... E que eu não me arrependa!
– Obrigada! – Edward sorriu feliz por tê-la convencido. – Quando você e Jasper voltam de viagem?
– Não viajamos. Caçamos por aqui mesmo. Jasper não quis se afast... Ai! – Alice interrompeu o que
dizia com um grito de dor.
– O que foi? – Edward perguntou verdadeiramente preocupado.
– Jasper não queria que você soubesse que ele estava preocupado com você.
Edward sentiu um fio de remorso. Sentimento somente dispensado á Jasper e Alice. Geralmente ele
se arrependia de nada que fizesse ou dissesse, porém com os dois amigos era diferente. Agradecido
com a atenção do velho companheiro, disse.
– Eu não esperava por isso! Depois me desculpo com ele.
– Faça isso! Pois vou precisar do consentimento dele para fazer o que tenho em mente.
– E o que é?
– Você saberá. Por ora... Bom dia!
Alice desligou o telefone. Edward olhou o celular em sua mão antes de atirá-lo sobre o sofá.
Bebendo o resto de seu uísque focalizou novamente os prédios á sua frente. O sol ainda não
nascera, mas lançava seus raios no horizonte. Edward afastou-se da janela. Imaginando que,
provavelmente, Isabella dormia placidamente nos braços do namorado. Ele disse á si mesmo que
não seria por muito tempo. Largando o copo vazio sobre a mesa da sala de jantar, subiu para seu
quarto. Tomou um banho para livrar seu corpo dos fluidos de Tanya. Somente nesse momento se
arrependeu por não ter sumido com o corpo. Contudo, nada podia fazer.
Após secar-se, atirou-se sobre os lençóis de sua cama – nu como estava – e dormiu com Bella em
seu pensamento. Acordou duas horas depois com o toque insistente da campainha. Praguejando,
arrastou-se para fora da cama. Procurou pela calça de seu pijama e, vestindo-a, desceu os degraus
sem pressa. Fosse quem fosse que esperasse. Dificilmente era procurado em sua cobertura, ainda
mais aos sábados. Quando chegou ao andar inferior, imaginou que talvez se tratasse de Alice, então
correu até a porta. Quando a abriu, porém, não era Alice que o encarava com um olhar acusador.
– Bom dia Jasper! – Edward disse lhe dando passagem.
O amigo passou por ele sem responder e foi parar no meio da sala.
– Pode me responder que maluquice é essa de envolver Alice em suas conquistas?
– Não a envolvi em nada! – respondeu fechando a porta e se juntando á Jasper. – Apenas pedi que
tomasse conta de uma garota que conheci.
– Para mim, está soando o mesmo que eu disse. O que tem essa garota afinal? No que está metido
agora?
Suspirando, Edward sustentou o olhar do amigo.
– Já expliquei para Alice... Por que é tão difícil de acreditar que eu posso estar... – Edward procurou
a palavra, não encontrou nenhuma que lhe agradasse, então usou algo que descrevesse o que sentia.
– ... verdadeiramente interessado em alguém?
– E você está “verdadeiramente” interessado em alguém? – Jasper perguntou incrédulo.
– Estou!
Edward foi sentar-se no sofá e indicou que Jasper fizesse o mesmo. Quando estavam acomodados,
continuou.
– Eu a conheci no parque, Jasper... E desde então não consigo parar de pensar nela.
– Só isso não a torna diferente de todas as outras.
Jasper ainda resistia em acreditar que tão pouco fosse capaz de fazer o amigo se interessar
verdadeiramente por uma mulher. Edward sabia que ele estava acostumado a vê-lo descartar as
garotas que passavam em sua vida como quem descarta um copo usado de café. Não. Algumas
pessoas depositavam os copos usados em lixeiras. Edward era do tipo que amassava e chutava fora
depois de usá-los. Definitivamente, seria difícil Jasper acreditar em sua estória. Passando as mãos
pelo cabelo, Edward prosseguiu.
– Sei que é pouco. Nem eu mesmo entendo, mas sei que é diferente. Não será como as outras. Eu...
Gosto dela.
– Foi isso que você disse para Alice esta manhã?
– Foi exatamente isso.
– Não me admira que ela tenha acreditado em você. Alice sempre será uma romântica incorrigível!
– resmungou a segunda frase quase que para si mesmo.
– Não precisa se preocupar com ela. Só pedi que tomasse conta de Isabella por causa do nosso
visitante misterioso. Não quero que nenhum mal aconteça á garota.
– Isabella... – Jasper repetiu. – É um bonito nome!
– Assim como ela! – disse Edward visualizando Bella em sua mente. Sem que se desse conta, estava
com saudades de vê-la. A voz de Jasper o tirou do devaneio.
– Você pede para não me preocupar como se não conhecesse Alice.
– O que tem demais ela olhar a garota por mim? Depois eu digo onde Isabella mora e Alice pode ir
até lá de vez em quando. Talvez possam se tornar amigas. – Edward começou a gostar do próprio
plano. – Eu posso olhar a área durante a noite e...
– Você realmente não conhece Alice. – Jasper o cortou de mau humor. – Ela não só sabe onde essa
Isabella mora... Como está se mudando para lá.
– O quê?! – Edward se pôs de pé. – Por quê?
– A maluca se convenceu que você ama essa Isabella e decidiu ajudar.
Amar Isabella? Alice deveria ser internada por acreditar em tal coisa. Edward não amava Isabella.
Ele apenas a desejava de uma forma diferente, disse a si mesmo. O que sentia nada tinha a ver com
amor. Acreditava que Alice era mesmo maluca, mas decidiu que sua maluquice viria á calhar se
colocasse Isabella em sua cama. De repente entendeu a bronca de Jasper. Sentando-se novamente o
encarou.
– Eu juro que não pedi isso. Não sabia que ela chegaria a esse ponto.
– Eu sei que não pediu, mas ainda assim não gosto de me separar de Alice. Mesmo que de faz-de-
conta como ela disse.
– Desculpe-me por isso. – então se lembrando da briga recente, acrescentou. – E me desculpe por
não ter aceitado aquele caso importante. Do que se tratava afinal?
– Um autor que ficou famoso recentemente está sendo acusado de plágio.
Edward achou o caso interessante.
– Ainda posso ficar com o caso mesmo que tenha procurado outro advogado. – disso ele tinha
certeza.
– Ah... Tudo bem! – Jasper parecia cansado. – Eu os convenci a me aceitarem. Emmett vai assumir
alguns de meus compromissos. Já está tudo arranjado. Não se preocupe.
Jasper o olhou como quem duvidava que Edward fosse se preocupar com alguma coisa, então
continuou.
– Essa semana foi uma semana estranha. Não tivemos notícias de mais ataques anormais... Não
descobrimos quem atacou os corpos que você deixou para trás... Nem ao menos sabemos se esse
vampiro ainda está na cidade. Talvez sua preocupação com essa humana seja exagerada.
– Talvez sim, talvez não... Prefiro não arriscar. – então, para tranquilizar o amigo, disse. – Vou falar
com Alice para que desista da idéia de se mudar para o prédio de Isabella.
– Deixe estar... Se nem eu consegui demovê-la da idéia, duvido muito que você possa. Como disse,
ela está convencida que essa garota pode ser sua companheira assim como ela é para mim.
Mais uma vez Edward considerou a amiga insana. Ele não queria Isabella por tanto tempo. Estava
realmente interessado, queria-a por perto, desejava-a desesperadamente, mas não acreditava que
essa obsessão duraria eternamente. Á esse pensamento, um calafrio estranho trespassou sua coluna
ao se lembrar da pele de Isabella na sua quando as mãos se tocaram por aquele breve espaço de
tempo. Lembrou-se da sensação de estar “quebrado” e de imaginar que somente ela lhe consertaria.
Edward sorriu sem perceber. Definitivamente a dramaticidade característica dos vampiros estava se
acentuando em seu íntimo. Ele nunca dependeria de mulher alguma, muito menos de uma mortal.
Por mais que lhe admirasse e desejasse. Agora que Alice estava ao seu lado, estava decidido. Teria
Isabella pelo tempo que lhe agradasse – por um tempo que Jasper ou Alice não o condenasse –
depois a faria esquecê-lo. Quem sabe até ela voltasse para o namorado. O pensamento não lhe
agradou como deveria. Contudo Edward disse a si mesmo que esse ciúme insano era somente
reflexo de uma criação onde sempre fora cercado de mimos. Ele nunca fora uma criança que dividia
seus brinquedos, preferindo – muitas vezes – quebrá-los ao invés de emprestá-los.
– Não a faça se arrepender Edward!
A voz de Jasper o trouxe de volta de suas divagações. Seu sorriso morreu. O amigo o encarava
como se fosse capaz de ler-lhe a alma. Edward se sentiu invadido e descoberto em seus
pensamentos. Tinha certeza que nada escapava do amigo á sua frente. Sabendo que precisava de seu
apoio incondicional, abriu seu melhor sorriso terno e disse.
– Acredito que Isabella será para mim o que Alice é para você.
– Espero poder acreditar nisso um dia! – retrucou Jasper franzindo o cenho na direção do amigo.
Depois da conversa sobre Isabella eles iniciaram uma discussão – amigável – sobre assuntos
referentes ao escritório. Quando Jasper partiu o relógio marcava nove e quinze da manhã. Assim
que a porta se fechou com a passagem de seu amigo que partia, Edward correu para seu quarto.
Com a rapidez que lhe era peculiar sempre que estava prestes da fazer o que lhe agradava, se
arrumou e partiu. Provavelmente tenha chegado ao seu carro antes mesmo que Jasper tenha deixado
o edifício.
Ganhando as ruas, seguiu em direção á que Isabella morava. Não poderia imaginar melhor lugar
para estar em um sábado pela manhã agora que a encontrara. Chegou ao endereço em poucos
minutos. Ignorou uma vaga diante do prédio, indo estacionar quase na esquina. Para seu
descontentamento o carro de Paul ainda se encontrava ali. Edward expulsou de sua mente as
imagens do que o casal de namorados poderia estar fazendo. Tentou acreditar que não era de sua
conta uma vez que Isabella “ainda” não era sua.
Alguns minutos depois, Edward viu Paul sair e partir em seu Lexus. Considerou segui-lo. Tirá-lo
definitivamente da vida de Isabella seria um bom começo. Deixaria o caminho livre para que ela
“fosse” sua. Sorriu e saboreou a idéia, somente para descartá-la por ora. O que importava no
momento era que Isabella estava sozinha. Se ao menos ele tivesse um bom motivo para bater-lhe á
porta. Ele vasculhou mentalmente várias opções de abordagem sem agradar-se de nenhuma. Nada
no mundo justificaria ele aparecer na porta de Isabella horas depois de tê-la conhecido. Iludi-la
estava fora de cogitação; não era uma opção. Edward fazia questão que Isabella se interessasse por
ele. Não abriria mão que ela se sentisse verdadeiramente atraída.
Edward viu quando uma moça bonita entrou no prédio carregando uma caixa. Quando, pouco
tempo depois, viu a porta principal abrir, imaginou se finalmente veria Isabella, porém era somente
a mesma moça, agora sem a caixa. Suspirando ele se recostou no banco. O tempo passava e Edward
maldizia o dia claro que não lhe permitia sequer pular para a sacada do quarto de Isabella. Ele
começava considerar ir embora quando a porta se abriu mais uma vez. E então ela surgiu. Estava
vestida com uma camiseta azul marinho de Yale e short branco. Carregava um cesto de roupas. Os
cabelos presos em um rabo-de-cavalo lhe conferiam um ar pueril. Contudo não o suficiente para
diminuir o interesse de Edward por ela. Pelo contrário, a visão de suas pernas á mostra começava a
inflamá-lo fazendo com que desejasse ver todo o resto.
Sem pensar duas vezes, colocou os óculos escuros e, assim que saiu do carro, começou a persegui-
la. Edward atravessou para o mesmo lado da calçada onde Isabella seguia. A brisa leve logo trouxe
até ele o cheiro de seus cabelos. Disfarçadamente, Edward farejou o ar para captar ainda mais o
odor. Realmente estava ficando viciado naquele perfume de morango que chegava ao seu cérebro e
se convertia em chamas que corriam por suas veias, aquecendo-o. Parecia-lhe tão natural segui-la
que logo ele estava á poucos passos dela. Cogitava abordá-la, porém, inexplicavelmente, no
segundo em que ela parou, ele sussurrou.
– Não me veja!
Isabella olhou em volta. Seus olhos se cruzaram por um segundo, porém ela não o viu. Edward
sentiu-se feliz por saber que, assim como na madrugada passada, a garota havia sentido sua
presença. Soube naquele momento que ela não lhe era indiferente. E mais uma vez sentiu que
valeria a pena esperar. Seguindo seu caminho, Bella rumou até á lavandeira. Edward esperou
pacientemente que ela surgisse novamente á porta e tomasse o caminho de seu prédio. Mais uma
vez ela olhou em volta de si, mas a ordem de Edward continuava valendo. Ela não poderia vê-lo.
Edward sorriu quando a viu acelerar o passo quase ao ponto de correr. Alargando ainda mais o
sorriso, ele pensou que toda forma de fuga era inútil para ela. Não havia para onde correr, não havia
onde se esconder.
Edward não acompanhou a corrida de Isabella. Deixou que se fosse. Por ora estava satisfeito por tê-
la visto, sentido seu cheiro e ter descoberto que ela podia sentir sua presença. Ele sabia que poderia
ir para casa quase que em paz. Acelerou o próprio passo somente para vê-la entrar no prédio antes
de seguir para seu carro e partir, quando se deparou com a cena inusitada. Um caminhão de entrega
estava parado em frente ao prédio de Isabella e ela conversava com ninguém menos que Alice. Ele
se sentiu inquieto. Por um momento naquela manhã, acreditou que talvez Jasper estivesse
exagerando quando disse que a esposa se mudaria para onde Isabella morava.
Ele estava enganado. Ela não somente se mudara como também já travava conhecimento com
Isabella. Coisa que ele próprio havia levado mais de uma semana para conseguir. Estático onde
estava viu Isabella seguir Alice para o interior do prédio. Assim que elas entraram Edward partiu
para seu carro e, uma vez em seu interior, sacou o celular e ligou para Alice. Um... Dois... Três...
Dez toques sem que a amiga lhe atendesse. Impaciente ele esperou por cinco minutos antes de
tentar novamente. Ao segundo toque Alice atendeu.
– Bom dia Edward!
– Nada de “bom dia” para mim Alice. – disse de mau humor. – O que pretende?
– Só estou fazendo o que me pediu. – respondeu inocentemente.
– Não pedi que se mudasse.
– Relaxe Cullen. Jasper já aprovou, então... Deixe-me fazer isso direito. Você quer Isabella... Eu
vou conseguir ela para você.
Edward apertou o volante e vociferou.
– Não quero que faça nada nesse sentido sua maluca. Eu só preciso que você a proteja.
– Tarde demais. Já somos amigas e eu gostei da garota!
– Você está sozinha agora? – de repente a idéia de entrar no prédio de Isabella lhe agradou.
– Sim, ela...
Edward desligou o celular e partiu para o interior do prédio, pedindo a sua boa sorte que cruzasse
com Isabella pelo corredor. Porém não a encontrou. Apenas adivinhou seu apartamento pelo cheiro,
e reprimiu o desejo de bater-lhe á porta, antes de seguir para a de Alice. Antes que parasse sob o
batente, esta já lhe reclamava.
– Não é educado desligar desse jeito!
Edward apenas a encarou para que ela reconsiderasse e esperou que o convidasse. O cheiro de
Isabella estava por todo lugar.
– Está bem... Mas é diferente quando eu faço! Entre de uma vez. – disse sentando-se no sofá recém
comprado. Batendo com a mão no espaço ao seu lado, disse. – Sente-se. E me diga; ao que devo o
prazer da primeira visita?
Edward encarou os carregadores antes de responder, baixo demais para que ouvissem.
– Não pedi que fizesse isso! Não era necessário que chegasse tão perto!
– Está preocupado com o quê? – ela debochou. – Eu não vou mordê-la.
– Isso não é um jogo Alice! – ele vociferou. – Não trate como a brincadeira.
– E quem está fazendo isso? – ela perguntou franzindo a testa. – Você é muito mal-agradecido,
sabia? Eu deixei Jasper para ajudá-lo!
– Sei! Deixou de “faz-de-conta” como ele mesmo me disse está manhã. Aposto que você esta
adorando a oportunidade de mudar de cenário para seus encontros com ele.
– Definitivamente isso não é da sua conta. – foi a vez dela de vociferar.
– O quê? Não quer provar do mesmo veneno? Não pedi para que se metesse no meu futuro
relacionamento com Isabella, apenas que a vigiasse... De longe.
– Você disse está madrugada que sentiu que ela era diferente das outras. Que havia se encantado por
ela, assim como aconteceu com Jasper quando me conheceu. Quero ajudá-lo Edward.
Alice disse sinceramente. Edward percebeu que estava sem saída. Se insistisse talvez ela
desconfiasse de suas verdadeiras intenções então perderia a nova aliada. Ainda sem gostar do
arranjo, desarmou-se.
– Está bem... Só não... Estrague tudo nem se meta demais nos meus assuntos. Isso tudo é muito
novo para mim.

Agora em sua cobertura, Edward tinha certeza que não entendera nada errado. Alice havia dito
querer ajudar e se mostrou empenhada, conseguindo até mesmo ter acesso ao apartamento de
Isabella logo no primeiro dia. Ele ficara apreensivo quando soube, durante sua terceira ligação do
dia, que Alice jantaria com Isabella. Porém a amiga o tranqüilizou dizendo que faria o que havia
prometido. Então que novidade era aquela de pedir a garota que se mantivesse afastada? Ainda
andava de um lado ao outro pela sala quando outro aparelho celular tocou em seu gabinete. Edward
correu para atendê-lo, sabia ser Alice.
– Segunda vez que desliga na minha cara! – ela acusou.
– Sinceramente eu estou sem um pingo de paciência Alice! – disse controlando a voz. – Diga logo o
que pretende antes que eu quebre mais um aparelho.
Sentia como se fosse capaz de quebrar o pescoço de Alice.
– Você é muito nervoso. Nunca ouviu falar em psicologia inversa?
– Então é isto que está fazendo? Mandando-a se afastar para que se interesse?
– Exatamente! – ela exclamou como se seu plano fosse brilhante. – Nada melhor do que aquilo que
não se pode ter para atiçar o interesse, não acha?
Edward não teve como responder. Estava preso na teia de Isabella justamente por esse motivo.
Desejava-a talvez pela dificuldade em encontrá-la ou por uma semana inteira de idealização onde
procurou satisfação em outros corpos sempre os menosprezando por não ser o dela – que ele sequer
provara ou conhecia para sabê-lo ser melhor que o das outras. Ou por todos os impedimentos que
criara que acabaram por torná-la inalcançável. Alice tinha razão; sempre se desejava mais aquilo
que não se podia ter. De repente se sentiu faminto e agitado. Precisava sair. Tinha um bom palpite
de para onde iria á procura de alimento. Acabaria de uma vez por todas com pelo menos um dos
impedimentos.
– Faça como achar melhor Alice agora eu preciso desligar. Boa noite!
– Não tão rápido Edward Cullen! – ela o deteve.
– O que é agora?
– Bella é comprometida! – estava prestes a dizer “não por muito tempo” quando ela continuou. – Já
que ela é diferente e você não vai apagar-lhe a memória na manhã seguinte, como pretende lidar
com isso?
– Relacionamentos terminam á todo momento e... – sorriu ao antever o que pretendia fazer. –
Acidentes acontecem!
– Não se atreva! Está louco? – Alice alarmou-se. – Quando ela descobrir como será? Vai odiá-lo
com certeza! Não faça nada contra o rapaz.
A essa altura estava realmente arrependido por ter envolvido Alice em seu problema com Isabella.
– Um dia ela supera a perda! E eu estarei lá para consolá-la. – gostava ainda mais da idéia a cada
segundo.
– Pare Edward! Escute o que lhe digo. Se algum mal acontecer á esse rapaz e Bella descobrir
futuramente, ninguém poderá fazer nada para ajudá-lo. A garota é apaixonada por ele.
Se Alice pretendia mesmo salvar a vida de Paul estava indo na direção errada. Saber que Isabella
era apaixonada por ele somente aumentou a vontade em Edward de matá-lo. Fazendo uma força
tremenda para não danificar outro aparelho, ele tentou acalmar-se. Talvez Alice tivesse razão. Por
algum motivo que não entendia, sabia que não desejava magoar Isabella, ainda que matar Paul lhe
trouxesse um imenso prazer. De repente um pensamento veio-lhe á cabeça. Matá-lo seria rápido
demais; sem graça ao extremo. Conhecia formas melhores de lidar com o rival.
– Você está certa! Pode ficar tranquila. O rapaz não corre perigo.
– Tenho sua palavra de honra?
Alice sabia que uma vez que Edward empenhasse sua palavra, ele a cumpria. Como ele abandonara
por completo o desejo pelo sangue de Paul, respondeu sinceramente.
– Você tem minha palavra de honra!
– Obrigada!
– Mas eu o quero por perto. Você tem até terça para trazê-lo até nós. Quero-o aqui no meu
escritório, trabalhando para mim.
Alice fez silêncio por um tempo antes de responder.
– Não entendi o que pretende, mas lhe asseguro que terça pela manhã você terá um funcionário
novo.
– Não esperava menos de você Alice. – então, lembrando-se de onde ela provavelmente estaria
perguntou. – Como está Isabella?
– Dormindo sozinha. Parece que o namorado teve algum compromisso de trabalho... Ela não soube
explicar e eu não insisti. Afinal eu...
Edward não a ouvia desde que ela afirmou que Isabella estava sozinha. Estava escuro agora. Nada o
impedia de fazer uma visita á sua sacada. Alimentar-se-ia no caminho. Em sua recente pressa cortou
Alice.
– Transmita minhas lembranças á Jasper. Sei que seu “ex” está aí com você. Não se esqueça do que
me prometeu para terça. Tchau.
Desligou o aparelho sem esperar resposta. Ainda não passava da meia noite, teria tempo de sobra
para caçar antes de visitá-la. Correndo para seu quarto, vestiu a primeira camisa que encontrou,
calçou as meias e o sapato e partiu. Quando chegou á garagem, optou por dirigir sua SW4. Sentia-se
sufocado. Precisava de espaço até mesmo para dirigir. Ganhando as ruas, partiu á procura de
alimento. Não foi tarefa difícil. O que não faltava eram delinqüentes em nova York. E qualquer um
lhe servia. Desde batedores de carteiras até o mais renomado traficante ou cafetão.
Edward achou por bem distanciar-se. Ainda que o vampiro intruso não tenha dado mostras de estar
por perto, não haviam se passado dez dias desde que ele tornou seu ataque público. O advogado
pretendia dar-lhe a chance de arrumar encrenca justamente naquela noite em que poderia estar perto
de Isabella. Decidido a agir silenciosamente como sempre, seguiu para o outro lado da ponte do
Brookling. Deixou seu carro estacionado na Vine Street e circulou á pé. Não foi preciso andar
muito. Passava um pouco da meia noite quando dois rapazes se aproximaram dele. Edward se
deixou conduzir á um beco escuro. Satisfez a última vontade de seus assaltantes, entregando-lhes
seu relógio e a carteira.
Enquanto um deles lhe apontava a arma, porém mais preocupado no que mais o companheiro
poderia encontrar no interior de sua carteira cheia de dólares, Edward os atacou. Manteve um deles
preso pela garganta sem matá-lo, apenas impedindo-o de gritar e mordeu o outro. Enquanto bebia o
sangue quente de sua vítima, assistia deliciado o terror nos olhos vidrados de sua presa seguinte.
Edward gostava de provocá-los ás vezes, porém não dispunha de tempo. Assim que largou o
primeiro corpo inerte, atacou o jovem que aquela altura chorava desesperadamente. Edward pensou
que era tarde demais para arrependimentos; ele que tivesse desistido antes de abordá-lo. Deixando
que a expectativa que antecede o ataque o dominasse mais uma vez, Edward o atacou.
Assim como o outro, não o bebeu até a última gota, apenas o suficiente para manter-se saciado até a
noite seguinte. Toda aquela história de vampirismo havia acabado com seu sossego. Precisava tomar
maior cuidado para continuar sem chamar a atenção. Depois de aplacar sua necessidade de sangue
nos dois assaltantes, Edward pegou seus pertences de volta e afastou os corpos ainda mais para o
fundo do beco. Desejou que demorassem a encontrá-los. De preferência quando estivesse em
avançado estado de putrefação. Depois e escondê-los sob uma imensa pilha de restos de móveis e
entulho, retornou ao seu carro e seguiu mais uma vez á ponte tomando o caminho do apartamento
de Bella pela segunda vez no mesmo dia.
Algumas ruas antes da de Isabella o movimento nos bares e restaurantes era intenso. Para alegria de
Edward a que ela morava era silenciosa e pouco freqüentada. As árvores lhe conferiam ainda mais
privacidade. Somente por lembra-se de como era a rua se sentiu expectante. Quando contornou a
última esquina seu coração velho estava aos saltos. Edward tentou ignorar o fato, dizendo a si
mesmo que devia ser apenas a agitação da caçada recente; que aquela reação exagerada de seu
corpo nada tinha a ver com Isabella. Para sua alegria as calçadas estavam vazias. Passava muito da
meia noite e a temperatura incerta deixava a noite levemente fria, fazendo com que as pessoas
preferissem estar em seus apartamentos vendo TV, como o brilho azul em algumas janelas
denunciava.
Estacionando o carro distante do prédio de Bella, Edward saiu para a noite. Sem demora foi para a
lateral do prédio. Não saltou diretamente para a sacada por medo de que ela estivesse acordada.
Seguindo para os fundos do prédio vizinho e, usando a escada de incêndio, foi até o telhado. Logo
estava no mesmo ponto em que ficou a observar Isabella na madrugada passada. As luzes do quarto
da jovem estavam apagadas. Um dos lados da porta estava aberto. Edward perguntou-se se Isabella
realmente não tinha nenhuma noção de perigo. Ainda que morasse no terceiro andar, não era
impossível que algum ladrão empenhado subisse até ali.
Pelo menos, ele pensou, naquela noite e nas próximas – agora que Alice estava perto – ela estaria
segura. Sentindo seu coração ainda mais aos saltos, arriscou pular para a sacada. Esgueirando-se,
lentamente olhou para dentro do quarto. Não precisou se esforçar para ver Isabella adormecida
sobre a cama. A pouca luminosidade que entrava pela porta que ele a observava a mantinha
iluminada. O cheiro que vinha do corpo dela e que ele tanto ansiava, invadiu-lhe o nariz. Edward
prendeu a respiração e fechou os olhos por um momento deixando que o odor subisse ao seu
cérebro e se espalhasse por suas veias, como na primeira vez que o sentiu; excitando-se.
Expirando o ar preso em seus pulmões durante o processo, Ele abriu os olhos e, confirmando que
ela dormia pesadamente, aventurou-se a chegar mais próximo da porta. Edward maldisse a restrição
do convite que lhe impedia de entrar. Se estendesse a mão poderia sentir a barreira invisível que o
mantinha do lado de fora. Mesmo que estivesse contrariado, seu coração acalmou-se imediatamente
ao ver o rosto de porcelana de Isabella. Ela possuía uma pele prefeita, tão branca quanto a de
qualquer imortal; linda. Seus cabelos castanhos espalhavam-se sobre o travesseiro. Seu corpo –
parcialmente coberto – permitia que Edward o admirasse. Ele pode ver uma de suas pernas
descobertas.
Edward analisou-lhe o pé; pequeno e delicado. Subindo o olhar, adivinhou que ela usava uma
camisola visto que tinha uma visão irrestrita do interior da coxa nua. Imaginou como a pele deveria
ser macia e se viu sorvendo o sangue quente diretamente daquele ponto. Nesse instante, sentiu mais
uma vez a pontada de desejo. Todo seu corpo se aqueceu. Desejou poder entrar e arrancar-lhe a
coberta para ver todo o resto. Como não era possível, contentou-se em seguir com a inspeção. O
dorso da jovem também estava descoberto.
Edward prendeu a respiração ao ver-lhe os seios empinados subirem e descerem lentamente
acompanhando a respiração suave. Eles estavam cobertos precariamente pela frente da camisola. O
decote fundo havia se deslocado por seus movimentos inconscientes fazendo com que os seios
quase saltassem por eles. As mãos de Edward coçaram por tocá-los. Seus lábios ficaram secos
quando ele imaginou como seria tomar um deles em sua boca e sugá-los. Edward pode sentir uma
ereção se formando. Desejava-a. Desejava-a desesperadamente. Á ela, não a outra que imaginasse
seu rosto enquanto a tomasse. Precisava dela. Naquele momento.
Estendendo a mão, tocou mais uma vez na barreira que o condenava a ficar afastado de Isabella.
Inutilmente socou-a, forçou-a e como sempre nada aconteceu. Nem mesmo as pontas de seus dedos
foram capazes de ultrapassar o limiar do batente. Sentindo seu sexo latejar, decidiu que seria
convidado á entrar no dia seguinte. Pouco lhe importava qual pretexto usaria, pensaria em alguma
coisa quando chegasse ao prédio pela manhã. A única certeza que tinha era que precisava ao menos
ser capaz de chegar mais perto da próxima vez que ela estivesse sozinha.
Com esse pensamento lembrou-se de Paul. Arrependeu-se imediatamente e sentiu raiva de si mesmo
por ter dado sua palavra a Alice. Seria infinitamente mais fácil se o matasse de uma vez por todas.
Agora estava preso por uma promessa infeliz. Teria que assistir Isabella desfilar com o namorado,
quando quem deveria estar ao lado da garota era ele. Não somente ao lado, pensou e sorriu. E sim
estar sobre ela, abaixo dela, dentro dela. No pensamento, no corpo e na alma. Assim como ela havia
feito com ele. Até que se cansasse, disse a si mesmo. Quando esgotasse seu interesse por ela e
satisfizesse sua curiosidade a mandaria embora. Não como fazia com as outras. Teria um pouco
mais de consideração; mas faria.
Edward permaneceu parado, espreitando a porta aberta de Bella por tanto tempo que se distraiu por
completo. Ainda se sentia excitado uma vez que a observava rolar na cama, e em seu sono agitado,
ela se descobria ainda mais. Estava perdido na brancura das pernas da jovem quando o telefone dela
tocou. Imediatamente Edward saiu de qualquer campo de visão. Encostou-se contra a parede ao
lado da porta. Dois toques depois ela atendeu e acendeu a luz.
– Alô! – sua voz estava embolada pelo sono. – Paul?
Edward impacientou-se. Mesmo longe o rival o atrapalhava.
– Paul está tarde!
Para desgosto de Edward, não era uma reprimenda e sim uma simples constatação. Edward ouviu-a
rir e sem que pudesse fazer nada, sentiu o coração oprimido. Ele gostaria de saber o motivo se seu
corpo reagir assim com os assuntos referente á Isabella. Ela riu ainda mais alto; ele fechou os
punhos.
– Não pense mais nisso... Também senti sua falta! – algo no peito de Edward rugiu.
– Está bem... Passo o domingo com você!... Eu também te amo Paul!
Definitivamente Edward precisava bater em alguma coisa. Paul não só estragara seu momento de
observação como também atrapalhara seus planos para o dia seguinte. Ouvir a declaração de
Isabella piorou ainda mais seu ânimo. Ele não queria participar dessa ligação entre o casal. Vê-los
juntos na noite passada havia sido suficiente. Ficara tão transtornado com a cena que acabara por
matar a moça da Cielo; não se recordava mais do nome. Ainda recostado contra a parede, Edward
ouviu o movimento no colchão e o ruído dos pés femininos sobre o chão. Isabella levantara.
Ele soube que ela se aproximava da porta. Disse a si mesmo que era o momento de se refugiar no
alto do prédio vizinho, contudo não saiu do lugar. Talvez, inconscientemente desejasse que ela o
descobrisse ali. Talvez fosse hora de acabar com a tortura de uma vez por todas. Bella chegou até a
porta, porém sem sair. Edward podia senti-la perto. Seu cheiro estava ainda mais forte. Mais uma
vez ele fechou os olhos deixando-se embriagar por ele. Isabella estava a um passo de distância.
Sabia que se ela ultrapassasse o limite do batente, não se negaria em tomá-la nos braços ali mesmo.
Apenas um passo. “Venha Isabella!”. Ele pensou. “Venha!”
– Black... É você?

http://www.youtube.com/watch?v=oxYwpVIvNC4
********************************************************************************
**

Notas finais do capítulo


Acho que a Bella vai ver um gatinho... =)
Sexta feira eu posto outro... bjus...
(Cap. 10) Capítulo 11

Notas do capítulo
Amores... espero que estejam gostando... E quero agradecer os cometários de vcs... fico
sempre feliz a cada um que leio... bjus Mais um capítulo... no domingo tem mais...

No auge da excitação, um par de olhos verdes surgiu na mente de Bella. Nesse exato momento ela
chegou ao clímax. Ela brigou com a imagem tentando expulsá-la – entanto seu corpo era sacudido
por espasmos violentos – sem sucesso. Paul acompanhou-a e se deixou cair sobre suas costas.
Ambos respiravam com dificuldade; os corpos suados. O namorado beijou-lhe o ombro. Bella
fechou os olhos sentindo-se inquieta. Que hora mais imprópria para se lembrar de Edward Cullen.
Porém a imagem persistia.
Quando Paul deitou-se ao seu lado, Bella se deixou abraçar e ser beijada. Correspondeu
automaticamente se sentindo uma traidora. O namorado acariciava seu rosto enquanto lhe dava um
beijo manso, terno. A calmaria depois da tempestade. Ou assim seria se conseguisse expulsar certo
rosto da cabeça, Bella pensou. Nesse momento interrompeu o beijo abruptamente. Paul franziu o
cenho em sua direção.
– Bella o que foi?
– Nada! – mentiu.
– Não se preocupe com nada meu anjo. Eu estou aqui!
– Eu sei que está! – foi a resposta simples.
Bella se acomodou melhor nos braços fortes do namorado, imaginando que ele não poderia lhe
proteger de si mesma.
Edward encheu o copo de uísque somente para atirá-lo contra a parede oposta de seu gabinete.
Desejava saber que outra pessoa era aquela que se apoderara dele tornando-o preocupado com os
sentimentos e a segurança alheia de uma hora para outra. Estava se desconhecendo. Sentia-se
furioso com vontade de destruição. Ele olhou para as próprias mãos. Estivera com Isabella
praticamente ali; em suas palmas e recuara.
Suspirando fundo, tentando acalmar-se, encheu outro copo de uísque e o bebeu de um gole só. Ao
ouvir a voz de Isabella chamando pelo gato deixou seu corpo em chamas. Desejou-a tão
intensamente que seria capaz de possuí-la lá mesmo, no frio da noite. E com essa certeza, no
milésimo de segundo em que soube que Isabella sairia para a sacada a lembrança da garota morta
sob seu corpo na noite passada o alarmou.
Edward a ouviu dizer a si mesma para confiar, que nada faria mal á ela. Ele sabia que havia o risco
de matá-la estando sedento por seu corpo como estava. A imagem de Isabella morta o assustou. Por
esse motivo saltou para o telhado vizinho. Sem acreditar em sua força de vontade em se manter
distante quando a viu na sacada com os cabelos revoltos, vestindo uma camisola reveladora, correu
sobre o telhado e saltou para a rua, refugiando-se em seu carro.
Apertando o volante achou melhor ir embora antes que voltasse. O medo de machucá-la afastou o
desejo de seu corpo. E assim, frustrado e irritado, ligou o carro e partiu.
Servindo-se de mais uma dose de uísque, pegou o copo e foi se sentar na varanda. Passou a noite
em claro analisando friamente o que realmente sentia por Isabella. A manhã o encontrou sem uma
resposta aceitável. Apenas com uma certeza; precisava dela sem machucá-la. Deixando o copo no
chão, ele entrou e subiu para o seu quarto, onde se atirou sobre o colchão. Desejou ser capaz de
dormir por horas a fio. De preferência o dia inteiro uma vez que não poderia bater á porta de
Isabella. Evitou pensar que em poucas horas ela estaria nos braços do namorado. Apenas relembrou
a visão que teve dela no começo da madrugada, enquanto ela revirava sobre os lençóis. Recordou
sua pele alva e imaculada.
Mais uma vez, dormiu com Isabella no pensamento.
Bella passou o domingo com Paul. Foram horas estranhas em que lutava a todo o momento para não
pensar em Edward Cullen. Se o namorado estranhou seu comportamento, nada disse. Ela se
entregara á ele sempre que este a procurara, porém mais de uma vez Bella não estava cem por cento
com ele. Definitivamente estava com algum problema. Sempre cruzava com homens bonitos e
nenhum deles foi capaz de instalar-se daquela maneira em sua lembrança.
Preparava-se para voltar ao seu apartamento na manhã de segunda, juntando suas coisas em sua
mala pequena, quando ouviu a campainha. Paul atendeu a porta. Minutos depois Bella o ouviu ao
telefone. Ele lhe pareceu alterado então foi verificar. Pegou a conversa pela metade.
– ... verdade você me deve isso! – pausa. – Não esqueci que foi o primeiro a me dar oportunidade,
mas essa é uma proposta irrecusável.
Bella acenou-lhe do corredor. Ele retribuiu e lhe abriu um imenso sorriso. A alegria que Bella via
em seu rosto não condizia com o tom de sua voz. Depois de outra pausa longa, ele disse
apaziguador.
– Escute Harry, eu já aceitei a oferta e... – ele passou a mão, que segurava algo como uma carta,
pelo cabelo. – Não quero discutir isso por telefone. Liguei apenas para adiantar-lhe o assunto.
Quando eu chegar ao escritório conversamos. Está bem?
Paul franziu o com a resposta que obteve, então respondeu resignado.
– Faça como achar melhor. Passo aí em uma hora para acertarmos nossas contas. Até breve.
Bella viu o namorado desligar o telefone cabisbaixo, porém, quando olhou em sua direção
novamente o sorriso radiante retornou ao seu rosto. Ele correu para ela e a abraçou. Quando a
soltou, segurou seu rosto e depositou breves beijos em sua boca. Bella não estava entendendo nada.
A ela parecia que ele acabara de se desentender com Harry e, no entanto, estava visivelmente feliz
por isso.
– Anjo veja isso. – Paul colocou a carta em sua mão. – Leia!
Bella obedeceu-lhe.
Prezado Sr. Meraz
Seria um imenso prazer se nos desse a honra de juntar-se á nós na Cullen & Associated. Jovens
promissores como o senhor são de grande valia para nós. Caso aceite meu convite, conto com sua
disponibilidade no dia 12 de outubro á primeira hora. Valores serão discutidos em reunião privada.
Antecipadamente agradeço.
Cordiais Saudações,
Edward Cullen

Paul?!... – Bella tremia desde que reconhecera o nome no papel timbrado. – Você vai aceitar?
– Já aceitei. Falei com a secretária de Cullen antes de ligar para Harry. – ele a beijou novamente. –
Essa é uma chance única!
Paul falara com Alice; trabalharia para Edward Cullen. Enquanto Bella tentava processar a
novidade, forçou-se a sorrir.
– Parabéns, meu amor! – então, se lembrando das últimas palavras ao telefone, perguntou. – E
quanto á Harry?
– Ah... Você ouviu. Vou passar nos escritório somente para acertarmos tudo. Ele não gostou muito
da novidade, mas... Sinceramente, Anjo. Pouco me importa!
Apertando-a entre seus braços disse contente.
– Amanhã pela manhã me apresento na Cullen & Associated.
Suspirando, Bella retribuiu o abraço e tentou ficar feliz pelo namorado. Quando deitou a cabeça em
seu peito, sentiu-se inquieta. Antes seu conhecimento de Edward Cullen era quase nulo e em menos
de setenta e duas horas ele não só se infiltrara em seus pensamentos mais íntimos como também na
vida de seu namorado. Apreensiva, apertou ainda mais os braços em volta da cintura de Paul.
– Eu tive uma idéia! – disse afastando-a para olhá-la. – Fique aqui.
– Paul eu...
– Fique Bella. Deixe para ir embora outro dia. Depois de amanhã. Podemos passar o resto do dia
juntos e amanhã á noite eu a levo para jantar. Será como uma comemoração. O que me diz?
Ela tinha um compromisso no Departamento Pessoal do “Daily News”; não se sentia disposta a
retornar no antigo local de trabalho. Lembrou-se ainda do que a motivou ir mais cedo para a casa do
namorado. De repente Bella não sentia mais vontade de ir para casa ou fazer coisa alguma. Sabia
que seu gato se viraria bem sem ela por uns dias. Sorrindo sinceramente para Paul, aceitou.
Seguiram abraçados para o quarto. Paul precisava terminar de arrumar-se para sair. Sentada na cama
espaçosa do namorado, Bella esqueceu-se do jornal e de seu “fantasma”, assistindo o namorado
ajeitar a gravata. Paul era lindo e ela o amava, disse a si mesma, então, por que a imagem de outro
homem persistia em ficar em sua mente?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares, Isabella! Respondeu-se.
Paul estava demorando a voltar. Bella se sentia impaciente. Já havia assinado sua dispensa no
“Daily News”. Infelizmente, quando foi ao andar da redação, não encontrou a amiga. Jessica havia
saído para almoçar e não retornara antes que Bella fosse embora. Ela viu ainda Billy em sua sala.
Este lhe acenou e sorriu. Bella retribuiu o gesto por educação. Sua vontade era nunca mais ter que
olhar-lhe no rosto. Depois do breve contato visual, despedira-se dos colegas corretamente daquela
vez e saiu de cabeça erguida, ainda que com o coração aos pedaços.
Na saída do jornal, dirigiu-se ao banco onde depositou o que recebera por seu tempo de trabalho.
Não era muito, mas daria para manter-se por dois ou três meses. Agora, de volta ao apartamento do
namorado, cismava com sua demora. Não estava gostando de ficar sozinha e com tempo livre para
pensar. Estava preocupada, imaginando se o namorado havia feito a melhor escolha. Na verdade,
sentia-se apreensiva mais por si que por ele. Tinha medo do que essa proximidade com o novo
patrão de Paul pudesse representar.
Bella gostaria de entender o motivo pelo qual não parava de pensar nele. Quanto mais tentava
esquecer, mais a imagem do rosto dele se fixava em sua mente. Bufando exasperada, desistiu de
lutar contra seus pensamentos. Levantou-se impaciente. Se aquele par de olhos indecentemente
verdes queria passear por sua mente, que passeasse. Uma hora isso teria que parar.
Chegando-se á janela, Bella olhou para os carros que passavam e os pedestres. Sentiu saudade de
suas obrigações no jornal. Se tivesse com o que se ocupar, não ficaria pensando em quem não devia.
Suspirando, foi buscar seu netbook no quarto e voltou para o sofá. Acomodou-se de pernas cruzadas
e, colocando o net sobre uma almofada, acessou o site do jornal. Não divulgar e redigir as notícias
não significava que teria que ficar desatualizada no que acontecia em sua cidade e no mundo. Lia as
matérias mais importantes quando, mudando de página, uma foto chamou-lhe á atenção. Era do
rosto de uma jovem. Loira e bonita. E estava na página policial.
“Tanya Denali, solteira, 30 anos, foi encontrada morta em seu apartamento na 3rd street, no final
da manhã de domingo. O corpo da jovem encontrava-se em iniciado estado de decomposição e não
apresentava marcas de violência. Peritos que estiveram no local, atestaram que porta e janelas não
foram arrombadas, reforçando a suspeita que o autor do crime seja conhecido da vítima.
Coincidentemente... “
O crime acontecera a poucas quadras de sua rua, ela pensou. Intrigada, Bella parou de ler para olhar
novamente a foto. Ela conhecia aquela mulher. Porém não conseguia se lembrar de onde. Analisou a
foto por mais uns minutos, então desistiu. Nunca fora fã das páginas policiais e não começaria
agora. Estava lendo uma matéria sobre a previsão para o inverno que se aproximava, quando Paul
chegou. Trazia em uma de suas mãos duas sacolas da “Saks”. Bella colocou o netbook de lado. E o
esperou. Assim que fechou a porta, antes de aproximar-se, ele parou e a admirou por um minuto.
Paul sorriu.
–O que foi? – Bella sorriu-lhe de volta sem entender.
– Gostei do que vi! – disse se aproximando. – Ver você esperando por mim, de pernas cruzadas, em
meu sofá... Pareceu o cenário que imagino todos os dias quando chego aqui. Se você se mudasse...
– Paul... – Bella o interrompeu.
– Está bem, está bem... – ele sentou-se ao lado da jovem e a beijou levemente nos lábios. – Não
vamos tocar nesse assunto por ora. – nisso lhe estendeu as sacolas. – Trouxe para você!
– O que é? – Bella tomou-lhe as sacolas da mão e olhou em seu interior.
– Um presente! – respondeu-lhe sorrindo.
A primeira caixa que tirou da sacola continha um vestido azul marinho.
– Paul é lindo! – disse ficando de pé e experimentando o vestido na frente do corpo. – O que fiz
para merecer?
– Não foi preciso fazer nada. Apenas quis lhe presentear. Vou levá-la para jantar esqueceu? Quero
que o use amanhã.
Bella sentiu-se culpada. O fato estava acontecendo muitas vezes nos últimos dias. Ela se esquecera
completamente dos planos de comemoração. Forçando um sorriso mentiu.
– Evidente que não esqueci.
– Ótimo. Temos reservas no Bistro Le Steak para as oito e meia.
– Perfeito! – exclamou. Então se lembrou da demora do namorado. Colocando o vestido de lado,
perguntou. – O que aconteceu? Você demorou a voltar.
– Minha conversa com Harry não foi fácil.
– Sinto muito. – disse sinceramente.
– Ah... Tudo bem. Ele não gostou que eu tivesse aceitado a proposta do Cullen sem falar com ele
antes. Disse que eu estava precipitando as coisas. Que eu nem mesmo sabia quanto receberia na
Cullen & Associated.
– Nesse ponto ele está certo. Você não sabe as vantagens.
– Anjo pense bem. – pediu. – Você sabe que dinheiro não é problema para mim.
Sim ela sabia. Ele vinha de uma família endinheirada e ser filho de pais esnobes era um dos
impedimentos para que ela aceitasse morar com ele. Paul prosseguiu.
– Não aceitei pelo dinheiro. Agarrei a oportunidade pelo prestígio. Os advogados do escritório de
Cullen são os mais procurados da cidade. E Harry sabe disso. Acredito que ele próprio aceitaria uma
sociedade com Edward Cullen se esta lhe fosse proposta.
– Entendo! – Bella acariciou o rosto do namorado. – Espero que você saiba o que está fazendo.
– Eu sei Anjo! – Paul pegou as mãos da namorada e beijou. – Um dia você será a esposa de um
advogado famoso!
– Ele não precisa ser famoso. – disse sorrindo-lhe. – Basta que me ame.
– Se é somente isso que basta, case-se comigo agora!
Bella teve vontade de morder a própria língua. Não estava em um de seus melhores dias para entrar
na velha discussão sobre morarem juntos. Suspirando, resolveu manter o assunto leve e brincou.
– Na verdade, um pouco de fama lhe deixaria um pouco mais atraente.
– Um pouco mais atraente? – Paul franziu o cenho e preparou-se para o ataque. – Vou mostrar-lhe
que não preciso ser “mais” atraente para conseguir você.
Sem aviso partiu para cima de Bella fazendo-lhe cócegas. Ela caiu de costas no sofá, rindo e
agradecendo intimamente por ele ter desviado o rumo da conversa. Logo estava sem fôlego com
Paul deitado sobre seu corpo. O momento das brincadeiras havia passado. Ele a olhava com
intensidade e desejo. Mirando os lábios de Bella, disse.
– Como eu disse hoje cedo, temos o resto do dia para ficarmos juntos. E já que você falou em
merecimento, que me diz fazer algo por mim agora para merecer ganhar os sapatos que estão na
outra sacola?
********************************************

Notas finais do capítulo


Vou começar a deixar um spoiler a cada final de capítulo... lá vai o 1º:"Isabella poderia
amar o rábula, mas logo estaria em suas mãos, amando-o ainda mais. Depois que a
usasse pelo tempo que quisesse, ela poderia voltar o humano. Ainda se comprazia com
seu arranjo, quando ouviu a sequência da conversa.– Acho que podemos pedir agora,
não? – perguntou Paul. – Peça por mim, por favor. – então ele ouviu o arrastar da
cadeira. – Vou ao banheiro, já volto.Edward não pensou duas vezes. Isabella estaria
sozinha em uma área comum onde ele não precisaria de permissão para entrar. Era uma
chance única. Afastando a própria cadeira, disse aos companheiros.– Com sua licença,
cavalheiros. Volto em um minuto."

(Cap. 11) Capítulo 12

Notas do capítulo
Bom...hoje quero agredecer os comentários e as indicaçãoes... Com o carinho e atenção
de vcs me sinto inspirada e escrever cada vez mais... :)Obrigada!...Espero que vcs
gostem do capítulo... bjus

Ás oito horas em ponto de terça-feira Edward chegou à ante-sala vazia de seu escritório. Alice já
assumira seu posto e anotava algo em uma de suas agendas.
– Isabella voltou para casa? – perguntou secamente.
Era impossível – uma vez que não ficava doente – mas Edward poderia jurar que sua cabeça doía.
Passara o domingo recluso em sua cobertura, saindo apenas á noite para caçar e para ir ao
apartamento de Isabella, somente para descobrir que ela não voltara. O mesmo se repetira no dia
anterior depois de cumprir suas obrigações com o escritório. Ineditamente, nos dois dias passados,
não tivera animo sequer para procurar por outra que pudesse aliviar-lhe a tensão. Seguindo nas duas
ocasiões, diretamente para o apartamento irritantemente silencioso e vazio. Agora, esperava
ansiosamente a resposta de Alice.
Sem erguer os olhos, ela lhe respondeu.
– Não!... A menos que tenha chegado depois de minha partida.
– Inferno! – vociferou antes de seguir para sua sala.
– Bom dia para você também Edward!
Edward seguiu para sua sala e como resposta deu-lhe uma batida violenta de porta. Nem mesmo a
expectativa em ter, finalmente, o rival sob seu olhar lhe animava. Além de recebê-lo, teria um dia
cheio. Duas audiências importantes e um jantar enfadonho e indesejado de negócios. Não tinha
disposição para nenhuma das coisas. Assim como na manhã passada, passou direto por sua mesa,
onde os processos lhe aguardavam e seguiu direto para a grande janela de seu escritório. Seu único
pensamento era Isabella.
Mais uma vez ela estava perdida por algum daqueles edifícios. Feliz com o namorado enquanto ele
próprio se sentia um miserável. Não por muito tempo, disse a si mesmo mais uma vez. Não por
muito tempo. Respirando fundo, decidiu ocupar a mente até a chegada do rábula. Inteirar-se sobre o
que acontecia no mundo. Sentando-se em sua cadeira, pegou um dos jornais que Alice deixava á sua
disposição toda manhã. Antes de abri-lo, porém, se lembrou de duas matérias que lera na manhã
passada. Uma sobre Tanya que fora encontrada morta e, mais uma vez, associada á um assassinato
macabro e a que lhe despertou o verdadeiro interesse.
Edward se lembrou dos fatos que aconteceram na manhã de segunda-feira. Alice havia deixado um
exemplar antigo do “Daily News” sobre os jornais que ele usualmente lia todas as manhãs.
Franzindo o cenho Edward, perguntou-se o porquê de Alice deixar um com notícias velhas sobre
sua mesa e ainda mais... Leu o alto da página. Aberto no caderno de variedades. Edward se
preparava para amassá-lo quando um título chamou sua atenção.
“Vampiro: Mito ou Verdade?”
Edward se acomodou melhor em sua cadeira e leu.
A crença da existência de criaturas imortais existe desde os primórdios da humanidade. Inúmeras
escrituras antigas relatam histórias de homens que viveram por períodos incalculáveis assim como
rituais sanguinários.
Com o passar dos tempos, muitas dessas histórias assumiram caráter místico e lendário. Povoando
o imaginário popular na forma do homem imortal – O vampiro. Criatura considerada egoísta que
tenta prolongar a própria vida através de acordos com entidades malignas. Sugando a alma e o
sangue das vítimas incautas ou dos inimigos que ousem cruzar seu caminho.
A maioria das culturas conhecidas possuí alguma lenda sobre este ser meio humano que prolonga
sua vida carnal se alimentando de sangue. Na verdade, o que existe é uma aliança secular desses
seres distribuídos pelo mundo. Seres estes que contaminam outros com uma sede maldita. Por isso
o mito dos vampiros é contado de forma variada. Durante o solstício de inverno, era comum aos
Incas beberem sangue. Assim como no Egito antigo o sangue era bebido pelos sacerdotes de Set.
São conhecidos ainda, vários relatos bíblicos de sacrifícios de sangue, atribuídos muitas vezes à
vontade Divina.
O mito: A mais divulgada de todas as histórias sobre vampiros é do conde Drácula. Personagem
inspirado no príncipe Vlad Tepes, nascido em 1431 que governou o território que hoje corresponde
á Romênia. Vlad Tepes ficou conhecido pela crueldade com que tratava seus inimigos. Embora não
fosse um vampiro, sua perversidade alimentava o imaginário popular fazendo com que fosse
associado á figura do vampiro. Com o passar dos anos a versão muda de acordo com cada
adaptação ou acréscimo.
Na idade Média, a personagem que inspirou as lendas foi um conde da Transilvânia que se tornou,
além de vampiro, um feiticeiro que assolou a Inglaterra séculos depois. Registros históricos mais
recentes, narram a existência de vampiros entre criminosos e pagãos que, mesmo após executados
voltavam para beber o sangue daqueles que se aventurassem por caminhos obscuros.
Não poderia ser diferente que uma criatura capaz de romper com o tempo e as normas fosse tão
adorada quanto odiada através dos séculos. O mito do vampiro persiste vivo por gerações, por
carregar o desejo comum de muitos mortais. A vida eterna. Qual ser humano, com desvios morais,
não trocaria uma vida que considerasse medíocre e insossa por séculos de juventude inabalável e
poder ilimitado, livrando-se de amarras éticas ainda que o preço a ser pago fosse se alimentar de
sangue humano?
A verdade: Tudo aquilo que ultrapassa os limites da razão se torna atraente para aqueles que
buscam o inalcançável, deixando-os livres de conceitos pré-estabelecidos. Tornar-se uma criatura
imortal passou a ser o desejo de muitos depois que a publicação recente de algumas séries
adolescente sobre vampiros os apresentou por outro ângulo. Como seres que, apesar de serem
perigosos, são românticos e capazes de autocontrole sobre o sangue humano; que desejam apenas
se ajustar á sociedade. Seria esta a verdade por trás do mito? Se existissem realmente, seriam os
vampiros as criaturas sanguinárias eternizadas nas lendas? Ou seriam simples criaturas
incompreendidas? Infelizmente nunca saberemos a resposta.
Trazendo o tema para os dias atuais vale o questionamento. Quantos desses vampiros circulam
diariamente por nossas calçadas. São nossos vizinhos ou colegas de trabalho? As pessoas rendem-
se ao mito romanceado e esquecem-se dos vampiros reais. Não aqueles que se alimentam de
sangue, mas de nossas almas. Aqueles que sugam nossa força por não serem capazes de
produzirem nada por si mesmos e passam a viver em função da infelicidade alheia. Considerando a
hipótese, mil vezes cruzar o caminho de um vampiro real á conviver um dia com um vampiro de
realizações.
Por Isabella Swan
Edward leu a matéria mais duas vezes. Não por não ter entendido e sim por ser de Isabella. Nunca
se preocupara com o que Isabella fazia para viver. Descobrira que ela era jornalista. Deu se conta
que nada sabia verdadeiramente sobre ela. Não que saber os detalhes de sua vida lhe interessasse,
mas havia gostado da novidade. Isabella escrevia bem e sem saber, fizera uma matéria sobre ele.
Não se considerava uma criatura incompreendida, porém havia verdade na sua narrativa. Os
vampiros andavam, sim, entre os mortais. Passando os olhos pela matéria mais uma vez, deteve o
olhar nas palavras finais. “Considerando a hipótese, mil vezes cruzar o caminho de um vampiro
real”...
Sorriu. Ela mal podia imaginar como estava perto de um vampiro real. Já havia cruzado seu
caminho sem nem se dar conta. Edward estava cuidando para que esse “cruzar” de caminhos fosse
prolongado. Ainda sorria consigo mesmo quando Alice entrou sem bater.
– Eu sabia que gostaria de ver isso! – disse sorrindo para ele.
– Sim. Obrigado! – respondeu sinceramente. – A garota leva jeito. Pena que trabalhe nesse tablóide
insignificante. – lamentou jogando o jornal sobre a mesa.
– Trabalhava. – disse Alice. – Foi dispensada na sexta-feira.
Então, Edward recordou seus olhos vermelhos. Teria sido esse o motivo das lágrimas?
Evidentemente. Enterneceu-se por ela... E enfureceu-se pelo tablóide. Como eram capazes de
dispensar a jovem? Com certeza ela era uma das melhores que tinham.
– Ela lhe disse o motivo de ter sido dispensada?
– Não. Ela não sabe acreditou na desculpa que deram, então...
– Descubra! – ordenou, cortando-a.
– Edward... – Alice tentou argumentar. Ele não lhe deu chance.
– Sei que pode. – disse piscando-lhe. – E providencie para que ela seja aceita em outro jornal da
cidade.
– Está bem... Vou ver o que consigo! – disse suspirando. – Sabe que não gosto de interferir assim na
vida dos humanos.
– Sei que não. Na verdade você adora! – sorriu-lhe maliciosamente. – Você é tão manipuladora
quanto eu e sabe disso.
– Já disse que vou ajudar... Não precisa ficar listando as minhas qualidades. – então riram juntos.
– A que se deve tanto bom humor logo pela manhã?
Perguntou Jasper que acabara de entrar. Ele enlaçou a esposa pela cintura e beijou sua bochecha.
Encarando de um ao outro, esperou pela resposta. Alice foi a primeira a falar.
– Estávamos falando de Isabella.
– Ah sim... Está explicado! – disse beijando Alice nos lábios antes de se voltar para o amigo. – O
amor tem o poder de melhorar o ânimo de qualquer um. Até mesmo o seu.
Edward quis retrucar que não amava ninguém para saber, mas achou melhor deixar o comentário
morrer no vazio. Ainda precisava de Alice, então apenas disse.
– Sim! – então mudou o assunto. – Alice, você providenciou a contratação de Paul Meraz como lhe
pedi?
– Amanhã pela manhã você terá um funcionário novo. – ela respondeu-lhe.
– Quem é esse? – disse Jasper. – Eu o conheço?
– É um jovem advogado que “trabalhava” para Harry Clearwater. – respondeu Alice.
– Não me lembro dele. – disse Jasper pensativo. Então, aparentemente desistindo de procurar um
rosto em sua memória, prosseguiu. – Por que precisamos dele?
Edward recostou-se em sua cadeira. Sabia que era melhor dizer de uma vez por todas.
– Não precisamos. Mas eu o quero por perto. – encarando-o, concluiu. – Ele é namorado de
Isabella.
– Era só o que faltava! – exclamou exasperado. Voltando-se para Alice pediu. – Nos dê licença, por
favor. Preciso falar com Edward á sós. Não deixe que nos perturbem.
Edward assistiu Alice sair da sala e Jasper se sentar á sua frente. Recostando-se na cadeira,
perguntou sério.
– Isso era mesmo necessário, Edward?
– Eu o quero por perto, só isso.
– Desculpe-me, mas eu acho que você está começando a misturar as coisas.
– Não vejo como. – disse impassível.
– Você contrata o namorado da moça, então a toma dele e depois?
– O dispenso! – respondeu.
– Não seja cínico! – Jasper exasperou-se ainda mais, porém sem levantar a voz. – Não pode brincar
assim com a vida das pessoas!
– Posso quando a pessoa em questão tem algo que quero.
– O mundo não é seu parque privado de diversões Edward. – Jasper suspirou, cansado. – Será que
nunca pensa nas conseqüências?
– Não tenho muito em que pensar. – disse placidamente. – A equação é simples. Ele a tem, eu a
quero. Quem puder mais leva o prêmio.
– A competição é desleal. – acusou.
– Cada um luta com o que tem. Ele tem a vantagem. A garota o ama. – ao dizer as palavras a velha
fúria se instalou em seu peito. Tentando controlar-se, prosseguiu. – Eu poderia acabar com ele
assim. – disse estalando os dedos. – Porém prometi a Alice que não o mataria, então... Deixei-me ao
menos fazer o que acredito ser o certo.
– Por que não estou surpreso que tenha pensado em matá-lo? – encarando Edward disse. – Já que
sabe que Isabella ama o rapaz, estaria fazendo o certo se deixasse o casal em paz.
Controlando-se para não gritar com Jasper, perguntou.
– Vamos analisar por uma óptica diferente. – Edward encarou o amigo. – “Você” teria desistido de
Alice caso ela fosse comprometida na época em que a conheceu? Acaso não disporia de todos seus
artifícios para conquistá-la?
Edward viu uma veia mover-se no maxilar do advogado a sua frente. Sabia que se era intenção do
amigo passar-lhe um sermão, esta morrera depois de suas palavras. Impassível, viu Jasper ponderar
por um momento, então dizer.
– Só me prometa que não dispensará o rapaz depois de roubar-lhe a namorada.
Edward respirou fundo antes de responder.
– Se ainda assim Paul desejar ficar, isso é com ele. Mas apenas mantenho minha primeira promessa
em não matá-lo. – deu e ombros. Depois disse incisivo. – A menos, é claro, que ele se torne um
problema.
Edward foi arrancado de seu devaneio sobre a manhã anterior por duas batidas na porta. Sem
esperar sua resposta, Alice entrou seguida por seu novo contratado, assim como lhe recomendou
que fizesse. Adiantou-se para cumprimentá-lo visivelmente ansioso.
– Sr. Cullen. – disse lhe estendendo a mão. – Estou muito feliz que tenha me convidado para
trabalhar aqui.
Edward aceitou a mão estendida e a apertou, talvez com força de mais. Quando a soltou viu Paul
flexionar os dedos discretamente. Sorrindo, fez sinal para que se sentasse a sua frente. Alice já havia
saído da sala.
– Bom dia Paul, pode me chamar de Edward. Não precisamos dessas formalidades fora do tribunal.
Paul assentiu com a cabeça.
– Obrigado Edward.
– Então Paul. Também fiquei feliz que tenha aceitado meu convite tão repentino. Espero que não
tenha lhe causado qualquer transtorno com Harry.
– Não se preocupe. Tudo foi resolvido tranquilamente entre nós.
Enquanto o advogado á sua frente falava, Edward se concentrava em bloquear o cheiro que vinha de
seu corpo. Era uma mistura de loção pós-barba com o odor de Isabella. O vampiro detestava ainda
mais o rapaz por causa disso. Desde que sentira a mistura inquietante, não conseguia parar de
pensar em Isabella nos braços do outro. Analisava sua feição relaxada, ouvia-lhe as palavras
amigáveis, mas apenas conseguia odiá-lo. Forçando um sorriso, disse.
– Melhor que tenha sido assim. – e assumindo um tom profissional, comentou. – Alice não falou em
valores por telefone eu espero.
– Não falamos sobre isso. Apenas aceitei o convite e confirmei minha presença hoje cedo.
– Ótimo!
Depois de rabiscar um valor numa folha de papel, ele entregou ao advogado. Viu satisfeito quando o
jovem disfarçou um sorriso e, dobrando o papel, lhe disse estar de acordo. Evidente que estava;
Edward pensou. Com certeza lhe pagaria muito mais do que ele recebia no antigo escritório. Sabia
estar diante de uma pessoa ambiciosa. Se não fosse por sua disputa silenciosa por Isabella, poderia
gostar de trabalhar com ele. Pena que o que os havia juntado, fosse de suma importância para
Edward, não deixando espaço para uma amizade futura. Resolvida a questão do salário, Edward lhe
informou.
– Infelizmente não dispomos de uma sala exclusiva para você. Estou esperando que algumas salas
sejam entregues para que possa ampliar o escritório. Até lá, você dividirá um com outro advogado.
Algum problema quanto á isso?
– Não de minha parte! – disse sinceramente.
Edward percebeu que Paul estava disposto a agarrar a oportunidade, não importando o que tivesse
que fazer para mantê-la. Gostou daquilo. O mundo poderia não ser seu parque de diversão, como
dissera Jasper, mas Edward poderia fazer o que bem entendesse com seu novo brinquedo, ali, no seu
playground particular.
– Então acredito que não temos mais nada a discutir. – dito isso interfonou para Alice, chamando-a.
Quando ela atendeu, pediu. – Chame James aqui, por favor.
– Um momento.
Enquanto James não chegava, trocaram algumas palavras sobre o clima. Especificamente sobre o
inverno que viria. A meteorologia previa um dos mais rigorosos. Edward policiava-se a todo o
momento para não perguntar-lhe sobre a namorada. Talvez se não estivesse interessado na garota,
perguntasse sem receios. Porém preferia não correr o risco de demonstrar suas intenções ao rival.
Em menos de cinco minutos, James chegou á sala de Edward.
– Bom dia senhor Cullen! – então olhando para Paul com curiosidade, disse. – Bom dia!
Paul o respondeu, Edward fez as apresentações.
– James, esta é Paul. Ele trabalhará conosco a partir de hoje. – enquanto os dois homens apertavam
as mãos, ele continuou. – Como ainda estamos esperando aquelas salas no andar abaixo, ele terá
que dividir a sala com você. Você pode lidar com isso?
Paul podia não ter entendido a pergunta, porém Edward sabia que James, sim. Este lhe respondeu.
– Evidente que posso Sr. Cullen! – respondeu sorrindo. – Será interessante dividir o espaço com
um... novo colega.
– Foi o que pensei. – Edward sorriu novamente satisfeito. Seu “play” funcionava á perfeição. –
então podem ir agora. James mostre á Paul onde vocês trabalharão. Tenho muito a fazer ainda pela
manhã.
************************
Notas finais do capítulo
Como prometido... Lá vai o spoiler do próximo capítulo..."Ao chegar á porta principal,
demorou alguns segundos até que encontrasse as chaves no fundo da bolsa. Assim que as
achou, Bella abriu a porta, entrou e, quando se voltou para subir os lances de escada, ela
o viu. Parado no primeiro patamar da escadaria estava um dos homens mais lindos que
Bella já virá. Vestia um sobretudo preto. De onde estava ela não conseguia ver a cor dos
olhos, apenas que a expressão dele era séria, contrastando com os cabelos castanhos
claros, levemente acobreados e totalmente desgrenhados que sugeriam descontração.
Estava completamente imóvel, não era como se estivesse subindo ou descendo. Estava
apenas parado, olhando-a com curiosidade, o cenho franzido. Era um desconhecido, com
certeza. Bella jamais o vira no prédio. Estranhamente sentiu o coração aos saltos. A
completa imobilidade de ambos começou a ser desconcertante para Bella. Haviam se
passado alguns segundos constrangedores onde nenhum dos dois disse ou fez algo.
Sentindo-se como uma completa idiota e desejando fugir para seu apartamento, Bella
deu o primeiro passo. Começando a subir os degraus, disse.– Boa noite! – a voz saiu
rouca. Sua boca de repente ficara seca. – Boa noite... A voz era igualmente perfeita,
como seu dono."

(Cap. 12) Capítulo 13

Notas do capítulo
Oi meus amores... Desculpem-me por não ter postado ontem como deixei aqui... Tava
com dor de cabeça e nem consegui revisar o capítulo... Mas agora ele tá aí, espero que
gostem... Ed tá cada vez mais perto de Isabella e de descobrir o que se passa com ele...
Resta saber como um cabeçudo como ele vai reagir ao descobrir... rsrsrsrs Para aquelas
que desejarem ver as fotos e as músicas da fic... é só se add na comu:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=107581839

Bella juntava suas coisas com pressa, depositando-as em sua pequena mala de qualquer maneira. O
namorado a observava calado, sentado na beirada da cama espaçosa.
– Anjo, fale comigo. – pediu por fim. – Você está estranha. Não sei se seria prudente que dirigisse.
– Eu estou bem! – sentando-se na outra extremidade da cama, ela descalçou as sandálias que havia
ganhado de Paul e as recolocou na caixa.
Andou descalça por uns minutos até que guardasse a caixa na sacola em que Paul as entregara.
Depois calçou os tênis que viera para a casa do namorado dias antes. Suspirando, Paul passou as
mãos pelos cabelos.
– Você está pálida. Parece doente e... está juntando suas coisas como se estivesse fugindo de algo.
Foi alguma coisa que eu disse?
– Não! – garantiu-lhe.
Ela o olhou diretamente pela primeira vez depois que tiveram a conversa estranha, após ter saído do
banheiro do restaurante. E, naquele momento, pode ver o mesmo semblante carregado de
preocupação de quase uma hora atrás. Ao atravessar a porta do banheiro feminino, Isabella deparou-
se com Paul nervoso a sua espera.
– Anjo o que aconteceu? – perguntou alarmado. – Você demorou.
Bella deixou-se ser conduzida de volta á mesa.
– Não aconteceu nada. Estava apenas retocando meu batom.
Bella desejou parecer normal para não assustar ainda mais o namorado, mas eu seu íntimo se sentia
agitada. Ao voltar á sua cadeira concentrou-se por um momento. A sensação de ser observada havia
passado, porém fora substituída por outra pior. Pela sensação de vazio. Em um minuto estava diante
do espelho retocando o batom e no segundo seguinte se via desleixada e com os lábios em sua cor
natural; os cabelos afastados dos ombros.
Paul sentou-se diante dela e confidenciou-lhe.
– Soube que Edward está aqui.
– Quem? – Bella perguntou simplesmente.
– Como quem? – Paul estranhou. – Edward Cullen, meu novo patrão.
– Ah sim... Você tem um novo patrão... Vai apresentar-me á ele? – ela olhou em volta, curiosa.
– Anjo, você está brincando comigo. – Paul a olhava como se ela tivesse bebido além do normal. –
Por que a apresentaria novamente?
Foi a vez da jovem de encará-lo incrédula.
– De onde eu o conheço?
O advogado franziu o cenho e respondeu.
– Nós dois o conhecemos na saída da “Cielo”, sexta feira á noite... Anjo o que há com você?
Bella pensou por um momento. Lembrava-se de ter ido á danceteria na noite de sexta, para distrai-
se por sua dispensa. Dançara acompanhada de Paul, bebera. Porém não recordava ter conhecido
alguém. E com certeza não esqueceria se tivesse sido apresentada a alguma pessoa. Como seria
possível esquecer-se do fato em apenas cinco dias? Ainda cismava com a pergunta do namorado
quando levantou os olhos e viu sua expressão. Como se fosse absurdo ela ter se esquecido de um
fato importante. Bella percebeu que o assunto se estenderia demais caso ela insistisse. De repente
sentiu-se incomodada. Forçando um sorriso, exclamou.
– Claro. Lembro-me agora... Que cabeça a minha...
As palavras não surtiram o efeito desejado.
– Como pode esquecer em tão pouco tempo?
Percebendo que a tentativa foi em vão e, com o estomago começando a dar voltas, pediu.
– Desculpe-me por estragar a noite, mas podemos ir embora?...
– Ainda não jantamos. Pedi...
– Desculpe-me realmente Paul. – ela o interrompeu. O estomago de Bella dava voltas inteiras, ela
soube que não suportaria ouvir sequer o nome da comida. – Vamos, por favor!
Suspirando resignado ele concordou.
– Deixe-me pagar a conta, então partimos...
Bella esperou impacientemente até que Paul assinasse a guia do cartão. Ele ainda guardava o cartão
em sua carteira, quando ela levantou-se apressadamente e seguiu para a porta. Precisava de ar. Sair
do restaurante. Ir para casa. Paul a encontrou na calçada com o rosto erguido, de olhos fechados.
Ela sobressaltou-se quando ele tocou em suas costas.
– Bella o que você está sentindo?
Como explicar, Bella perguntou-se, se nem mesmo ela sabia. Sentia-se inquieta. A sensação de
vazio intensificando-se, como se ela estivesse se esquecendo de algo importante; alguma coisa
grande. Mas o quê? Quem? Esquecera-se de mais alguém além do patrão de Paul? Novamente seu
estomago revirou-se.
– Estou bem! – mentiu. – Preciso apenas ir para casa.
Seguiram no carro em silêncio. Paul a olhava de vez em quando. Bella o ignorou deliberadamente
mantendo os olhos fixos á sua frente. Sentia-se agradecida por ele não ter iniciado uma conversa,
mesmo que com amenidades. Ela não sabia o que dizer. Sentia-se doente e se transparecesse, com
certeza ele a faria ficar em sua companhia. E definitivamente, Bella queria ir para seu apartamento.
O tempo em que esteve longe a fez perceber que reagira exageradamente ao fugir de improváveis
fantasmas. Ausentara-se tempo demais por um medo infundado. E além do mais, ainda que restasse
um resquício de temor, desejava ficar sozinha. Porém era fácil lhe mentir quando não precisava
encará-lo. Com ele a devastando com os olhos especulativos, ficava difícil manter-se firme. Paul
repetiu a última pergunta.
– Tem certeza que não foi alguma coisa que eu disse?
– Tenho... – disse ainda encarando-o. – Você não fez nada... A noite estava perfeita, mas... – criando
coragem, admitiu. – Você tem razão. Sinto-me doente. Preciso ir para casa. Sei que quando estiver
lá vou ficar melhor...
– Por que isso agora? Se estiver doente como pode desejar ficar sozinha? – Paul pôs-se de pé. – Já
que não quer ficar aqui, então é melhor que eu vá com...
– Não Paul, por favor... – ela o interrompeu. – Vou ficar bem! Tenho uma nova amiga agora. Não
ficarei sozinha... E prometo telefonar se piorar... Apenas... Deixe-me ir.
Paul suspirou exasperado.
– Sabe que vai matar-me de preocupação, não sabe?
Bella sentiu-se aliviada por ele tê-la entendido.
– Telefono assim que chegar ao meu apartamento. – ela foi até o namorado e o beijou no rosto.
– Se não me ligar em meia hora vou atrás de você.
– Combinado!
Bella lhe sorriu para transparecer tranquilidade. Coisa que nem ao menos sentia.
– Deixe-me ao menos ajudá-la. – Paul se adiantou para pegar a mala da mão da namorada.
– Obrigada! – disse pegando a bolsa e a sacola da Saks.
Estava agradecida por ele não ter insistido. Chegando á garagem, ele tentou dissuadi-la uma última
vez, ao que ela educadamente negou o convite.
Estar ao volante de seu carro, com o vento acariciando-lhe o rosto e á caminho de seu apartamento
não lhe trouxe o alívio que esperava. Bella sentia-se inquieta. Sua imagem refletida no espelho do
restaurante, mudada em um milésimo de segundo de arrumada á desleixada, a expressão de
incredulidade de Paul ao saber de seu esquecimento, a deixava nervosa. O que acontecera?
Despertou de seu devaneio ao ouvir o som de uma buzina. Freou por extinto á poucos milímetros de
atravessar um farol vermelho. O susto á trouxe de volta. Tentou concentrar-se na direção. Tudo que
não desejava era que Paul tivesse que a reconhecer no IML depois que fosse vítima de um acidente
idiota causado por distração. Quando o sinal ficou verde, seguiu a uma velocidade segura até sua
rua. Ao estacionar o carro, sentiu a estranha sensação de observação novamente. Bella permaneceu
sentada ao volante, dizendo a si mesma que ninguém a vigiava. Estava sensível pelos
acontecimentos estranhos da noite, somente isso.
Respirando fundo, criou coragem e saiu para a calçada. Um vento gelado como a morte lembrou-a
que estava sem casaco. Sentindo os pelos arrepiarem-se de frio, pegou sua mala e a sacola com os
sapatos no banco traseiro, travou o carro e seguiu para seu prédio. Tomaria um banho quente e
tentaria dormir. Ainda sentindo-se enjoada, sorriu ao se lembrar da tática de preservação de uma de
suas heroínas preferidas. Faria como Scarlett O’Hara, deixaria para pensar no dia seguinte.
Ao chegar á porta principal, demorou alguns segundos até que encontrasse as chaves no fundo da
bolsa. Assim que as achou, Bella abriu a porta, entrou e, quando se voltou para subir os lances de
escada, ela o viu.
Parado no primeiro patamar da escadaria estava um dos homens mais lindos que Bella já virá.
Vestido inteiramente de preto. De onde estava ela não conseguia ver a cor dos olhos, apenas que a
expressão dele era séria, contrastando com os cabelos castanhos claros, levemente acobreados e
totalmente desgrenhados que sugeriam descontração. Estava completamente imóvel, não era como
se estivesse subindo ou descendo. Estava apenas parado, olhando-a com curiosidade, o cenho
franzido. Era um desconhecido, com certeza. Bella jamais o vira no prédio. Estranhamente sentiu o
coração aos saltos.
A completa imobilidade de ambos começou a ser desconcertante para Bella. Haviam se passado
alguns segundos constrangedores onde nenhum dos dois disse ou fez algo. Sentindo-se como uma
completa idiota e desejando fugir para seu apartamento, Bella deu o primeiro passo. Começando a
subir os degraus, disse.
– Boa noite! – a voz saiu rouca. Sua boca de repente ficara seca.
– Boa noite...
A voz era igualmente perfeita, como seu dono. A resposta do estranho causou estranheza á Bella.
Soou como se ele tivesse algo a acrescentar, mas refreara-se um segundo antes. Ainda subindo, com
o coração vergonhosamente aos saltos, disse a si mesma para deixar de bobagens. Não era porque
sua noite estava sendo estranha que deveria cismar com tudo e todos.
Enquanto subia o homem não fez menção de mover-se. Contudo, quando alcançou o patamar e
estava prestes a passar por ele – sentindo o rosto corar – ele fez um movimento brusco e tomou a
mala de sua mão.
– Parece estar pesada. Deixe-me ajudá-la!
Não. A mala não estava pesada. Iria protestar, porém, ao levantar os olhos na direção do estranho,
deparou-se com um par de olhos incrivelmente verde. Bella não teve alternativas uma vez que ficara
momentaneamente paralisada pelo susto por perceber sua intensidade. Os dedos que tocaram sua
mão eram frios, porém macios. O breve contato causou-lhe um arrepio que percorreu todo seu
corpo em fração de milésimos de segundo.
– Por favor!
O homem sinalizou com a mão livre para que ela subisse á sua frente. Bella precisou de dez
segundos inteiros para entender o gesto. Piscando algumas vezes, ela ensaiou um sorriso.
– Sim... O-obrigada!
Passando-lhe a frente, ela continuou a subir os degraus tomando o devido cuidado para não tropeçar
nas próprias pernas. Agradeceu aos céus por ter tirado os sapatos de salto. De repente deu-se conta
do quanto estava mal arrumada. Seu vestido podia ser lindo, mas em contraste com os tênis surrados
perdia toda a beleza. E Bella desejou parecer bonita para o homem que a seguia. Não lhe ouvia os
passos, mas podia sentir seu olhar cravado em suas costas. Sua presença tomava todos os cantos da
escadaria e corredores por onde passavam.
Ao chegar á porta de seu apartamento, Bella teve certa dificuldade em colocar a chave no lugar
certo. Estava trêmula. Quando finalmente conseguiu abrir a porta, entrou e voltou-se para o
desconhecido. Ele olhava para sua sala com curiosidade.
– Diga-me onde posso deixar sua mala.
Apesar da pergunta simples, Bella percebeu uma leve ansiedade da parte dele em entrar no seu
apartamento. Nesse momento temeu por sua segurança. Aquele homem podia ser o mais atraente
que já vira, mas ainda assim era um estranho. Bruscamente, tomou a mala da mão masculina e
disse.
– Obrigada pela ajuda, mas eu assumo daqui... Boa noite!

Edward viu incrédulo, Isabella fechar a porta, praticamente em sua “cara”. Como ela ousou? Logo
agora que estava tão perto de possuí-la. Devia tê-la seduzido ainda no corredor. Contudo, sua
vontade insana de entrar no apartamento estragara tudo. Estúpido! Idiota! Imaturo! Pior que um
adolescente inexperiente quando estava perto de Isabella! Deixara-se embriagar pelo odor dos
cabelos. Embalara-se no som do coração humano – incerto por estar em sua presença. Regozijou-se
ao perceber que, mesmo tento cometido o erro de mandá-la esquecê-lo, ela continuava não lhe
sendo indiferente. Vendo-a parada ao pé da escadaria, perdera-se na visão dos seios cobertos pelo
tecido azul. Os mesmos que ainda sentia o formato na palma das mãos.
Assisti-la se aproximar lentamente a cada degrau e corar violentamente, aumentara sua expectativa
em possuí-la. Isabella era verdadeiramente “bela” e seria dele aquela noite. Edward não tivera
duvidas ao ouvi-la insistir em ir para seu apartamento. Odiou-se ao perceber seu engano em fazê-la
esquecer-se dele e estava disposto a reverter a situação.
Seguira-a desde a saída do restaurante. Vira onde Isabella passara as duas últimas noites – uma
eternidade sem vê-la. Ela esteve esse tempo todo na 139 St. em Hamilton Heights. Ironicamente
Edward possuía uma casa naquele mesmo bairro, algumas ruas á frente. Se tivesse o costume de
freqüentar a casa teria ao menos estado perto dela. Talvez a encontrasse casualmente pela rua.
Porém há mais de um ano ele não ia até seu imóvel próximo á Riverside Drive. Não gostava
daquela casa, mas por Isabella teria feito um sacrifício. Cada minuto que ela demorou a sair do
prédio deixou-o impaciente. Morreria aos poucos se ela mudasse de idéia e permanecesse com o
namorado idiota.
Quando ela saiu da garagem – sozinha – o coração do vampiro falhou uma batida. Isabella seria sua.
Bastava segui-la até o prédio e achar uma forma de ser convidado a entrar em seu apartamento. E
foi exatamente o que fez. Acompanhou-a de perto. Isabela guiava completamente distraída. Tanto
que foi preciso que Edward buzinasse para que não cruzasse um sinal vermelho. Ele realmente
temeu que ela se machucasse. Ainda mais estando tão perto de conseguir seu intento. Depois de seu
alerta ela passou a dirigir com cautela, nunca ultrapassando a marca dos sessenta quilômetros por
hora.
Quando, finalmente, chegaram a rua em que Isabella morava Edward passou por ela sem que esta
notasse e, usando a chave que Alice lhe dera, entrou no prédio e a esperou. Desta feita não foi
preciso esperar demais, logo ouviu o som da chave e a viu a porta ser aberta por ela; sua Isabella!
A falta de reconhecimento por parte da jovem, o fez acreditar por um momento que tenha feito a
coisa certa ao apagar-lhe a memória. Seria complicado ter que explicar o que o patrão do namorado
fazia ali àquela hora da noite. E ele a desejava lúcida; disso não abriria mão. Talvez por esse
motivo, aliado á todas as distrações que Isabella lhe provocou e pelas curvas do corpo feminino
movimentando-se de forma sensual ao subir a escada, tenha pecado pelo excesso de confiança.
Acreditara verdadeiramente que seria fácil entrar no apartamento se lhe ajudasse com a mala. O
educado seria convidá-lo e não bater-lhe a porta no rosto como havia feito.
Estúpida! Idiota! Imatura! Tudo que dissera a si mesmo aplicava-se a ela. Como ela tivera coragem
de deixá-lo do lado de fora? Nenhuma mulher jamais lhe resistira! Bruxa. Definitivamente Isabella
era uma bruxa capaz de ludibriá-lo. Capaz de resistir-lhe e deixá-lo miserável e dolorosamente
rígido de desejo por ela. Edward estava parado tão próximo á porta que podia ver o padrão dos
veios da madeira escura. Teve ganas de parti-la em pedaços. Reduzi-la a lascas, mas conteve-se á
tempo. De que adiantaria o espetáculo de força extrema se nem ao menos poderia entrar em grande
estilo e tomar Isabella de uma vez por todas?
Estava completamente imóvel, tentando raciocinar sobre o que faria a seguir, quando sentiu o cheiro
de Alice antes mesmo de ouvir-lhe a voz.
– O que aconteceu com agir “diferente” com Isabella?
– Agora não Alice.
******************

Notas finais do capítulo


Bom... espero que tenham gostado... Na sexta feira eu posto outro capítulo... É uma pena
que o nyah não estaja mais avisando vcs... Mas aquelas que conseguirem ler, por favor..
deixem algum cometário... msm que seja pra "xingar" a autora má que ainda não colocou
Isabella definitivamente nas mãos do Ed... Acreditem... uma hora ele consegue... porém
coisas importantes precisam acontecer primeiro... Já ia me esquecendo do spoiler... rsrsr
Lá vai: "Subitamente o ar dentro da cabine ficou rarefeito. Bella passou a sorvê-lo
também pela boca entreaberta com medo de sufocar. Cada poro de seu corpo estava
ciente daquele homem perfeito ao seu lado. A presença de Edward Cullen lotava o
elevador. Levou instintivamente a mão ao pescoço, sentindo como se o coração fosse
atravessar sua garganta a qualquer momento. Sentia o corpo quente; febril. Vítima de
uma curiosidade mórbida ergueu os olhos lentamente. Para sua condenação, seu olhar se
juntou ao dele. Na claridade do elevador, ela pode ver todas as nuances ocultas naquela
floresta verde que eram os olhos do advogado; e perdeu-se nela. Sem que se desse conta,
desceu os olhos lentamente pelo rosto pálido vários centímetros acima do seu até
encontrar a boca masculina entreaberta, assim como a sua, que sorvia o ar lentamente.
Bella lembrou-se de seu sonho. Intimamente alimentou o desejo de provar o gosto
daquela boca. Que mal teria? Apenas um movimento Isabella. Disse uma voz conhecida
em sua cabeça. Se assim desejar, experimente um único passo! Como se tivesse vontade
própria, sua perna se moveu um passo á frente. Não se assuste. Apenas sinta!

(Cap. 13) Capítulo 14

Notas do capítulo
Mais um capítulo... Quero aproveitar pra agradecer os comentários... Pena que ainda não
são de todas... Mas fico feliz que estejam aqui, lendo mesmo que como minhas
fantasminhas... rsrsrsrsRaa e Nanda... Que bom que me acharam aqui!... o/Joana... Não
infarte!... Próximos capítulos prometem ainda... :)

Bella acordou com o som estridente da campainha.


– Já vou! – gritou.
Porém a voz não passou de um sussurro. Estava rouca. Fosse quem fosse, parecia ter esquecido o
dedo no botão. A campainha tocava sem descanso. Resmungando, Bella arrastou-se para fora da
cama a contra gosto. Esperava que fosse importante.
– Quem é? – perguntou mal humorada e passando as mãos pelo cabelo em desalinho.
– Alice!
Imediatamente o humor de Bella melhorou. Estranhamente sentira falta da nova amiga.
– Bom dia Alice! – disse abrindo-lhe a porta.
A amiga passou por ela irradiando alegria sem ao menos dizer uma apalavra. Estava completamente
arrumada. Linda, como se saída de uma capa da Vogue.
– Bom Dia?!... Tem certeza? – perguntou fazendo uma careta. – Você está horrível!
– Sinto-me horrível – disse simplesmente, indo se sentar no sofá.
– Vi que havia voltado como me disse na segunda ao telefone, então resolvi vir até aqui para vê-la.
Você parece tristonha. É por causa do jornal?
– Sim, é...
Poderia acrescentar o medo de estar desenvolvendo alguma doença degenerativa que a fazia se
esquecer das coisas ou o novo quadro de histeria supersticiosa que a fizera fugir da própria casa. Ou
ainda seu súbito e imoral interesse por um desconhecido somente por ser lindo de morrer.
– Não está me escondendo nada? – perguntou perscrutando-lhe o rosto. Preciso trabalhar mais
posso atrasar-me um pouco.
– Não se atrase por minha causa. – disse alarmada. – Obrigada por sua preocupação, mas ela é
desnecessária.
– Se é o que diz... – Alice estava prestes a levantar quando pareceu se lembrar de algo. – Bella,
ontem eu conheci seu namorado.
– Ah, sim... Vocês trabalham no mesmo lugar agora.
– Sim... E eu tive uma idéia. Que tal se almoçássemos juntas? Depois posso levá-la para conhecer a
sala de seu namorado. Acho que ele adoraria a surpresa.
Bella não tinha duvidas, mas não achou a idéia animadora. Além do mais não desejava incomodar
Paul no seu segundo dia no novo emprego. Sua hesitação não passou despercebida á Alice.
– Vamos Bella. Vai ser legal! Você pode conhecer onde trabalho também.
– Não sei... Seu patrão pode achar ruim e...
– Imagine. Ele nem sequer vai estar lá. Tem compromissos para toda a amanhã e começo de tarde.
Cuido da agenda, esqueceu?
– Não esqueci. – respondeu desanimada.
– Então está resolvido. – Alice pôs-se de pé. – Espero por você ao meio dia. – disse vasculhando o
interior da bolsa. Entregando um cartão lilás á Bella, concluiu. – Aqui está o endereço. Não se
atrase.
Bella pegou o cartão da amiga e olhou as letras sem enxergá-las na verdade. Quando Alice chegou á
porta deu mais uma recomendação.
– Quando chegar ao saguão não use os elevadores lotados. Pode subir pelo elevador com as portas
pretas. Ele é privativo do chefe e a deixará diretamente á porta de minha sala.
– Mas Alice e se ele...
– Já disse que Edward não estará no edifício. – então, piscou-lhe e sorriu. – E mesmo que estivesse
ele não morde! Apenas lembre-se de identificar-se ao vigia.
Dito isso partiu, deixando Bella com o cartão na mão e a cabeça zonza. Quando J. Black chegou e
começou a roçar suas pernas, minutos depois a encontrou na mesma posição. Ela deixou o cartão de
lado e pegou o felino no colo analisando-o a procura de ferimentos.
– Por onde andou seu ingrato? Eu estava preocupada.
Recebeu um miado de protesto pela posição incomoda como resposta. Ao ver que seu gato estava
bem, ela o depositou ao chão. O animal de pelo preto e brilhante se dirigiu para a cozinha á procura
de sua tigela. Seguindo o exemplo de Black, Bella foi preparar algo para comer. Seu estomago
roncou dolorosamente lembrando-a que não ingeria nada sólido há mais de quinze horas.
Preparou ovos mexidos que comeu acompanhado de duas torradas e um copo generoso de suco de
maçã. Achou melhor não preparar café uma vez que já se encontrava agitada pelo compromisso
com Alice. Enquanto comia os últimos pedaços de sua torrada, Bella disse a si mesma que talvez
fosse bom conhecer o novo patrão do namorado. Talvez, se lhe visse o rosto, pudesse se lembrar se
o conheceu mesmo á saída da “Cielo” como Paul tanto insistira em afirmar.
Na tentativa em ocupar a cabeça com algo útil, Bella passou a manhã escrevendo um artigo que
tentaria vender no “Press Today”, como sempre fizera antes de seguir para o “Daily News”. Por
mais que tivesse algum dinheiro no banco não poderia contar somente com as reservas. Ela
precisava comer e pagar o aluguel. Com a proximidade do dia das bruxas, ela aproveitou o tema,
tomando o devido cuidado em não citar exageradamente os vampiros para não parecer matéria
repetida.
Ainda estava no meio da redação, quando Black veio roçar em suas pernas novamente. Bella afagou
a cabeça negra e sorriu. Olhou distraidamente para o relógio de seu aparelho de DVD e deu um
salto. Quinze para as onze. Se quisesse estar – apresentável – na Wall Street ao meio dia teria que
correr. Fechando o netbook, correu para aprontar-se. Pela primeira vez depois que voltou ao
apartamento, foi até a sacada para ver como estava o dia. Ensolarado, com uma brisa amena. Ainda
recriminando-se por agir como uma supersticiosa evitou olhar o alto do prédio vizinho e entrou.
Sentia-se nervosa. Nem mesmo o banho morno foi capaz de acalmá-la. Sem saber o que usar,
decidiu-se por um vestido cinza de malha acetinada. Secou os cabelos parcialmente, deixando que a
brisa se encarregasse de fazer o resto. Sabia o quanto Paul gostava de seu cabelo solto e
naturalmente seco. Estava se arrumando para surpreendê-lo. Nos dias seguintes tentaria encontrar
uma maneira de recompensar a noite fracassada de comemoração. Bella olhou-se uma última vez no
espelho do quarto. Ao encontrar os próprios olhos, um calafrio correu por sua espinha. Era como se
outra pessoa estivesse olhando-a através do espelho também. Bella agitou a cabeça para espantar a
sensação. Definitivamente estava se tornando paranóica.

Faltavam cinco minutos para o meio dia quando Bella entrou no grande saguão do NY Offices. O
movimento era intenso. Vários homens vestindo seus melhores ternos, mulheres desfilando em seus
terninhos bem cortados. Alguns falavam discretamente ao celular, outros apenas entravam enquanto
outra leva de pessoas saia. Ao ver a fila que se formava nos elevadores, Bella entendeu a atenção da
amiga em indicar o elevador de porta preta. Não havia ninguém ali, apenas um vigia afastado que
observava o movimento. Bella recordou da recomendação de Alice e se dirigiu á ele.
– Oi... Sou Isabella Swan e...
– A senhora Whitlock avisou-me que usaria o elevador. – ele disse antes mesmo que terminasse sua
explicação.
O marcador indicava que estava no mezanino. Melhor assim. Não se atrasaria tanto por esperar que
descesse trinta e nove andares. Sorrindo agradecida ao vigia, apertou o botão. Logo as portas se
abriram e ela pôde entrar – com o coração aos saltos – no elevador de Edward Cullen. Com o dedo
trêmulo, apertou o botão e se voltou para olhar-se no grande espelho as suas costas. Mal ajeitara
uma mecha de cabelo atrás da orelha quando estranhou o elevador perder impulso logo no primeiro
andar; o mezanino. Quem mais usaria aquele elevador?
Quando as portas se abriram e Bella viu-se frente a frente com o estranho que estivera em seu
prédio na noite anterior, desejou ter permanecido na fila a espera dos outros elevadores. Não
precisou ser apresentada para saber que se tratava do dono do edifício. O patrão de seu namorado. O
dono dos olhos que povoaram seu sonho passado; Edward Cullen.
Ele entrou e, ao ver a luz do andar de seu escritório acesa, apenas apertou o botão que acelerava o
fechamento das portas. Bella aproveitou esse breve momento para analisar o homem ao seu lado.
Ele vestia um terno cinza sobre uma camisa de microfibra preta, não carregava pastas ou qualquer
outra coisa. Ela teve que interromper a inspeção, quando ele se voltou em sua direção com o sorriso
torto mais lindo que já vira nos lábios de um homem. Bella precisou dizer a si mesma que
continuasse a respirar e agradeceu aos céus que não fosse possível ouvir o tamborilar de seu coração
acelerado.
– Ora, ora... Veja só quem está aqui. Como vai Isabella? – perguntou estendendo-lhe a mão.
Bella a aceitou por puro reflexo.
– O senhor me conhece?
Mais uma vez agradeceu por ter a mão coberta depois de ter proferido as palavras. Ao sentir
novamente os dedos frios em sua pele, dessa vez por um tempo maior, esqueceu-se como se falava.
Sorrindo abertamente dessa vez, ele respondeu.
– Evidente que sim! Conhecemo-nos na sexta passada e nos vimos ontem em seu prédio. Por isso as
formalidades podem ser esquecidas. Apenas Edward, por favor.
Então Paul não inventara aquilo. Ela realmente o conhecera seis dias atrás. Então, como pode
esquecer esse fato em tão pouco tempo. Ou melhor, não o esquecera, pois caso o contrário se
lembraria. O fato simplesmente desapareceu de sua mente. Como era possível? Sem se importar em
parecer maluca, e subitamente achando a voz, disse sinceramente.
– Desculpe-me se o esqueci... Edward. – então, lembrando-se da noite passada, concluiu. – Se o
tivesse reconhecido ontem à noite o teria convidado a entrar.
– Não tem importância. – disse com a voz rouca de repente. – De toda forma eu estava com pressa.
Fui apenas ver como Alice estava. Ela não é somente minha secretária, é também uma velha amiga
e está passando por um momento difícil depois que se separou de Jasper.
– Entendo.
Na verdade não entendia absolutamente nada! Segundo seu namorado, Edward estava no
restaurante na noite passada. Então, como ele poderia estar fazendo uma visita a Alice minutos
depois? Nada fazia sentido. A menos que ele e Alice... Bom, não era da sua conta! A voz de Edward
lhe interrompeu o pensamento.
– E você. O que faz aqui?
– Desculpe-me. Alice disse que não teria problemas se eu usasse seu...
– Não me refiro ao elevador. – cortou-a divertido. – Pode usá-lo sempre que for preciso. Perguntei o
que faz aqui no edifício. Acaso se envolveu em alguma confusão? Não acredito que mãos tão
delicadas fossem capazes de fazer mal á alguém.
Somente nesse momento ela se deu conta que as mãos ainda estavam grudadas.
– Vou almoçar com Alice. – disse num sussurro.
Corando violentamente recolheu a mão.
– Algumas vezes invejo minha secretária. – disse sério.
Havia entendido direito? E fora impressão sua ou ele imprimiu certa resistência em soltá-la. Depois
do comentário embaraçoso, Bella não soube mais o que dizer. Olhou disfarçadamente para o
mostrador de andares apenas para inquietar-se um pouco mais. Passavam ainda pelo décimo sexto.
Subitamente o ar dentro da cabine ficou rarefeito. Bella passou a sorvê-lo também pela boca
entreaberta com medo de sufocar. Cada poro de seu corpo estava ciente daquele homem perfeito ao
seu lado. A presença de Edward Cullen lotava o elevador. Levou instintivamente a mão ao pescoço,
sentindo como se o coração fosse atravessar sua garganta a qualquer momento. Sentia o corpo
quente; febril.
Vítima de uma curiosidade mórbida ergueu os olhos lentamente. Para sua condenação, seu olhar se
juntou ao dele. Na claridade do elevador, ela pode ver todas as nuances ocultas naquela floresta
verde que eram os olhos do advogado; e perdeu-se nela.

http://www.youtube.com/watch?v=EjGIqlXV_I4

Sem que se desse conta, desceu os olhos lentamente pelo rosto pálido – vários centímetros acima do
seu – até encontrar a boca masculina entreaberta, assim como a sua, que sorvia o ar lentamente.
Bella lembrou-se de seu sonho. Intimamente alimentou o desejo de provar o gosto daquela boca.
Que mal teria?
“Apenas um movimento Isabella”. Disse uma voz conhecida em sua cabeça. “Se assim desejar,
experimente um único passo!” Como se tivesse vontade própria, sua perna se moveu um passo á
frente. “Não se assuste. Apenas sinta!”
Seu coração falhou uma batida quando sentiu os dedos frios de Edward em seu rosto. O toque era
delicado, desenhava a curva de seu queixo. Estarrecida, viu o rosto do advogado baixar em sua
direção. Bella fechou os olhos e ansiosamente esperou. Quando a boca masculina tocou levemente
em seus lábios, ela arfou. Edward aproveitou o movimento para introduzir a língua em sua boca.
Nesse momento Bella congelou. Contraditoriamente, queimava por dentro enquanto ele comprimia
seus lábios procurando por sua aceitação.
“Corresponda Isabella”. Disse a voz em sua cabeça.
Bella queria obedecer a voz; precisava experimentar ao menos uma parte do que aquele beijo lhe
prometia. Porém algo a prendia no lugar. O que estava fazendo era errado. Ainda travava uma luta
entre sua mente e seu coração, quando seu celular tocou fazendo com que se afastasse bruscamente
de Edward.
Envergonhada, baixou os olhos e procurou pelo aparelho estridente no interior de sua bolsa com a
mão trêmula. Ao ver o nome no visor, desejou que o chão se abrisse para que recebesse o castigo
destinado ás traidoras diretamente no inferno.
– Paul... – a voz saiu falhada.
Talvez tenha sido impressão sua, assim como o lance com as mãos, mas pareceu ter ouvido um
praguejar baixo ás suas costas.
– Anjo, eu liguei para sua casa... Onde você está?
– Você não vai acreditar... – Bella sentiu lágrimas de vergonha genuína marejando seus olhos. A
muito custo controlou a voz. – Vou almoçar com a secretária de...
Por estar mortalmente envergonhada e com ele ás suas costas, o nome lhe travou na boca.
Respirando fundo, reformulou a frase.
– Vou almoçar com Alice. Ela trabalha no mesmo escritório que você. Depois que almoçássemos ela
ia me levar até sua sala.
– Você conhece a secretária de Edward? Já está aqui no edifício?
– Sim... – sua voz saiu sumida, depois de ouvir o namorado pronunciar o nome.
O elevador começou a perder o impulso e logo parou no andar dos escritórios da Cullen &
Associted. Quando se voltou, com uma lágrima teimosa correndo por seu rosto, viu que Edward
Cullen não estava mais lá. Com passos lentos, ela saiu do elevador e respirou fundo na tentativa de
acalmar o coração. Paul continuou falando sem perceber sua voz embargada.
– Venha ver-me antes de sair com Alice. Preciso encontrar-me com um cliente e talvez não esteja
aqui depois.
– Está bem... Vou falar com ela!
Precisou apenas erguer os olhos para deparar-se com Alice á sua frente.
– Bella o que aconteceu? Você está pálida! E chorando?!
Alice a conduziu até o sofá da sala de espera, então se sentou ao seu lado.
– Não foi nada! – respondeu tentando secar a lágrima disfarçadamente.
– Não minta para mim. – pediu. – Vi que você estava no elevador com Edward. O que foi? Ele foi
grosseiro com você? Se foi isso eu...
– Não! – sua voz saiu alto demais.
– Desculpe-me, eu disse que ele não estaria aqui e, no entanto...
– Não foi nada Alice. – Bella tentou sorrir-lhe. – Sério. Eu é que ando sensível demais por esses
dias.
– Está bem... Se é o que diz! – ainda a olhando desconfiada pôs-se de pé dizendo. – Então podemos
ir?
– Gostaria que me levasse até Paul antes de irmos se não tiver problemas... Ele acabou de telefonar-
me e disse que terá que sair daqui a pouco.
– Claro... Venha por aqui.
Bella a seguiu sem olhar para os lados. A impressão que tinha era que a qualquer momento se
depararia com Edward Cullen novamente. E covardemente, sabendo que seria impossível, desejava
que isso não acontecesse nunca mais.
Alice a guiou por um corredor largo com várias portas de ambos os lados. A decoração em todo o
andar era requintada e sóbria. Um único vaso grande, colocado ao final do corredor, conferia vida
aos tons pastel das paredes. A porta que Alice a fez entrar era a penúltima. Bella viu Paul sentado á
sua mesa. Na mesa oposta outro advogado falava ao telefone. Era loiro, tão pálido e belo quanto
Alice ou o patrão de ambos. Bella afastou as comparações de sua mente.
Ao perceber sua presença, Paul veio ao seu encontro. Discretamente ele a beijou no rosto.
– Bella... Sente-se melhor? Ainda está pálida.
– Estou bem, obrigada. – então, para tirar o foco de si, disse correndo os olhos pela sala. – Então é
aqui que está agora... Muito bonita!
– É sim... Bella. Agora, deixe-me apresentá-la. Este é James White Styling.
O homem loiro recolocou o fone no gancho e lhe estendeu a mão.
– Muito prazer James. Isabella Swan. – disse apertando a mão que lhe fora estendida.
– O prazer é meu, Isabella. – disse com a voz de veludo.
Não foi possível fugir de comparações dessa vez. A pele era igualmente fria, como a da amiga e
de... Paul lhe cortou o pensamento.
– Na verdade essa sala pertence á ele. A minha estará disponível em alguns dias, segundo Edward.
Mais uma vez, ouvir o nome pronunciado pelo namorado feriu-a de morte, distraindo-a por
completo das similaridades entre os antigos funcionários do local.
– A sala é nossa. – corrigiu James olhando para Bella com curiosidade. – Estou apreciando a
companhia.
Alice que assistia o diálogo a distância adiantou-se tocou o ombro de Bella.
– Agora que já conhece o escritório de seu namorado, podemos ir?
– Podemos. – então, se voltando para Paul. – Nos vemos á noite?
Olhando na direção de uma pilha de processos, ele franziu o cenho e disse pesaroso.
– Não vou prometer. Mas eu te ligo se for possível.
– Está bem. – ela olhou para James. – Até outro dia!
– Até Isabella.
– Tchau meu amor. – disse Paul beijando-a novamente no rosto.
– Tchau.
Alice praticamente a arrastou corredor afora até o elevador que minutos antes fora a câmara de
tortura de Bella. Edward Cullen, não estava fisicamente presente, porém ela podia senti-lo em cada
canto da cabine. Podia senti-lo em sua boca. Se soubesse que teria uma pequena chance de êxito,
pediria para Paul voltar atrás em sua decisão e desistir de trabalhar ali. Ela sentia que aquela
mudança não poderia acabar bem. Não com ela perdendo completamente o senso de dever para com
o namorado e sentindo-se atraída por um homem – beijando outro homem – que acabara de
conhecer. Não importava se na sexta ou na noite passada. Qualquer uma das versões era próxima
demais para tamanha traição de sua parte.

Edward andava impaciente, de um lado ao outro, em sua sala. Vez ou outra tomava um gole de
uísque diretamente da garrafa. Sentia-se exultante e miserável ao mesmo tempo. Ainda que ela não
tivesse correspondido, havia beijado Isabella. Havia provado a doçura de sua boca assim como
provara seu sangue. Agora tinha certeza que Isabella o desejava; ficava extremamente satisfeito por
isso. Porém, descobrira quase que simultaneamente, que ela tinha um senso de lealdade aflorado
pelo namorado. Edward não se sentia miserável por isso. E sim por se importar com o fato. As
lágrimas de Isabella o afetaram muito mais que a boca feminina presa á sua.
Por mais que admirasse lealdade de um modo geral, ele não entendia por que o sofrimento dela lhe
importava. Edward bebeu outro gole na garrafa.
– Posso ouvir seus resmungos da minha sala. – disse Jasper ao entrar sem bater.
– Tape os ouvidos. – retrucou mal humorado.
Ignorando-o, o amigo foi se sentar em uma das cadeiras que ficavam dispostas em frente a mesa de
trabalho.
– Prefiro tentar resolver. Daqui a pouco temos uma audiência e não quero que você acabe
insultando o juiz. Não quero vê-lo preso por desacato.
Edward estava prestes a mandá-lo para o inferno, quando a duvida lhe ocorreu. Antes que pudesse
pensar no que falava, formulou a pergunta.
– Jasper... O que sentiu exatamente quando conheceu Alice?
– Nós a conhecemos juntos. Sabe o que senti.
– Não... Apenas sei o que vi. Ela estava chorando, nos aproximamos. Você foi o primeiro a falar
com ela. Lembro-me como se fosse hoje seu olhar em minha direção. Era como se dissesse: “não se
atreva!” Apesar de achá-la atraente, respeitei sua ordem muda. Você marcou de encontrá-la à noite
naquele mesmo lugar. Ficou fora por quatro dias. Então, quando voltou para casa a trouxe com
você, transformada.
Jasper olhava através do vidro da janela com um sorriso nos lábios, como se fosse possível ver a
cena de seu encontro com Alice ao ouvir a narrativa do amigo.
– Sim... – disse sem olhar para Edward. – Eu a transformei naquela mesma noite.
– Está bem... Sei disso! – Edward exclamou impaciente. – Mas estou perguntando o que sentiu? E
não me venha com aquelas bobagens de sinos tocando ou borboletas no estomago.
Jasper riu ainda mais.
– Mas os sinos tocaram meu amigo. Na verdade, eles tocam até hoje.
– Pumft! – Edward jogou os braços no ar em sinal de desistência. – Esqueça que lhe perguntei algo.
Volte para sua sala, recorde-se das badalas e me deixe resmungar em paz.
– Perdoe-me. – disse seriamente. – Vou responder-lhe. Quando conheci Alice, acreditei que meu
interesse por ela não fosse diferente do seu. Acreditei que apenas a deseja por ser bela e jovem.
Nosso tipo preferido de companhia por uma noite. Porém, quando a vi afastar-se, ainda chorando a
morte do patrão, senti como se algo se quebrasse dentro de mim.
Edward se sentou no sofá e prestou maior atenção. Sentira-se quebrado ao tocar a mão de Isabella
na sexta à noite. Jasper continuou alheio a expressão preocupada do amigo.
– Não fui capaz de pensar em mais nada a não ser nela durante toda à tarde. Seu cheiro havia ficado
em meu nariz, seu rosto gravado em minha mente. O toque delicado de sua pele tatuado na palma
de minha mão.
Edward sentiu-se perdido.
– Fui ao meu encontro com Alice muito mais cedo que o combinado. Esperei por ela escondido nas
árvores, temendo que ela tivesse mudado de idéia e que nunca mais a visse. Então, na hora marcada
ela apareceu. Linda! Observei-a por cinco minutos apenas pelo prazer de olhá-la.
Edward depositou a garrafa de uísque no chão. Definitivamente estava perdido.
– E nesses cinco minutos, antes mesmo de tocá-la, eu soube que ela seria a mulher de minha vida
para sempre. Eu soube que a amava com minha alma. Que nada no mundo faria sentido se ela não
estivesse comigo. Com Alice, esqueço a criatura amaldiçoada que sou e acredito que posso ser algo
melhor.
– Como tem certeza que isso que sente é... Amor? – Edward perguntou incrédulo.
– Como pode não ser Edward? Alice é a minha vida. Se um dia ela me faltar eu morro! Se todas
aquelas bobagens espirituais sobre almas que se dividem e se procuram forem verdadeiras, Alice é
minha metade. É minha alma gêmea.
Então, como se finalmente percebesse que fora Edward a lhe perguntar tal coisa, Jasper o indagou
com o cenho franzido.
– Por que está me perguntado essas coisas? Acaso devo acreditar que está “realmente” sentindo o
mesmo por Isabella? Está “verdadeiramente” apaixonado por ela?
Edward preferiu não responder. Apenas pediu.
– Poderia me deixar sozinho? Prometo acalmar-me e resmungar menos.
Jasper respeitou o pedido do amigo. Antes de sair disse.
– Lembre-se que ás duas horas nós temos que estar no tribunal.
Então se foi, deixando Edward sozinho com suas duvidas. Assim que a porta se fechou, ele se pôs
de pé e voltou a andar de um lado ao outro.
Apaixonado?
Não poderia estar apaixonado por Isabella, poderia? Impossível! Nem ao menos sabia o motivo de
ter perguntado como as coisas funcionaram entre Jasper e Alice. Sabia que eles formavam um belo
casal, eram felizes, mas nunca desejara algo parecido para si. A situação de ambos era
completamente diferente.
Jasper amava Alice e tudo que descreveu sentir fazia sentido. No caso de Edward nada se encaixa.
Tudo bem que ultimamente vinha agindo como um idiota quando o assunto era Isabella. Metera os
pés pelas mãos no restaurante e no prédio dela. Odiou-a por seus próprios erros, para no dia
seguinte correr de volta ao NY Offices assim que fora liberado de suas obrigações no tribunal,
somente por descobrir que ela estaria no edifício. Mas nada disso indicava que estava apaixonado, e
sim que sentia um forte desejo carnal por ela. Vulgarmente qualificando, era apenas um violento
tesão que nutria por Isabella. Estar apaixonado implicaria em total entrega de sua parte e mulher
alguma jamais teria tanto dele.
Apaixonado.
Pumft! Jamais seria a sombra de um homem como fora seu pai. Pai. Porque teve que se lembrar
dele agora? Irritado, desejou que Jasper se esquecesse de suas perguntas e nunca tocasse no assunto
novamente. De repente as paredes de seu escritório começaram a sufocá-lo. Precisava sair dali.
Ignorando seu elevador, partiu para as escadas e correu para sua cobertura. Despiu-se ainda na sala
e dirigiu-se para a piscina. Atirou-se na água. Edward permaneceu no fundo, olhando o padrão dos
azulejos, até que a superfície ficasse plácida novamente. Fechou os olhos e tocou a própria boca.
Então deixou que Isabella lhe viesse á mente.
Os cabelos dela ondulando á brisa amena do parque. Isabella dançando multicolorida distraída com
a música. Isabella vestida em um corpete preto parada na sacada e olhando diretamente em sua
direção. Isabella rolando nos lençóis. Isabella tímida tocando sua mão. Isabella com a boca na sua.
Isabella. Isabella. Isabella. Subitamente sentiu falta de ar. Abriu os olhos e antes que submergisse
tentou respirar solvendo um pouco de água pelo nariz. Quando ficou em pé na piscina, apoiou-se na
borda tossindo. E, enquanto sorvia o ar bruscamente, cogitou o improvável.
Ele, Edward Cullen amava Isabella Swan?
Isso não poderia acontecer. Entregar-se a alguém, importar-se com alguém era para os fracos. Ele
não se deixaria cair nessa armadilha. “Se” o sentimento existia, lutaria contra ele até o fim e o mais
rápido possível. Havia beijado Isabella; havia provado seu sangue. Dar-se-ia por satisfeito e a
esqueceria. Não era característica dos apaixonados serem generosos? Pois bem, ela que fosse feliz
com o rábula, casasse e tivesse vários filhos e vivesse uma vida medíocre até ficar gorda, velha e
morrer.
Saindo da piscina, correu para seu quarto. Maureen estava exatamente como Edward a deixara pela
manhã. Deitada de bruços, parcialmente coberta. As pernas longas e bem torneadas, á mostra. Os
cabelos espalhados pelo travesseiro. Sem se importar por estar todo molhado, deitou-se ao seu lado
e descobriu-lhe o corpo. Ele a usaria. Agora precisava dela mais que tudo no mundo. Jamais se
renderia á uma paixonite por uma mortal. Correndo as mãos pelo corpo da jovem, sentiu a firmeza
de seus músculos, a maciez de sua pele. Isabella não era a única mulher desejável na face da terra. E
Edward definitivamente queria a todas e não viver eternamente em função de uma.
Matara Kachiri por acreditar que poderia tê-lo, não matara? Talvez, pensou sombriamente, se não
conseguisse tirar Isabella do pensamento, aquela fosse uma solução válida.

Ás sete horas Edward estava de volta ao seu escritório depois de mais uma vitória no tribunal.
Mesmo tendo ganhado a causa, estava irritado. Não gostava de ser contrariado. Apenas comunicara
a Jasper que no final de semana faria uma viagem e que por conta disso o amigo teria que assumir
seus compromissos. Por que negar-lhe algo tão simples?
Edward passou diretamente por Alice, da mesma forma que na hora do almoço, e foi para sua sala.
Estava evitando-a desde a manhã. Não desejava ser interpelado por estar no corredor do seu prédio
e, definitivamente, não desejava ter essa conversa agora que estava decidido a esquecer Isabella.
Ao chegar a sua sala, largou a pasta no sofá e se dirigiu para as bebidas afrouxando a gravata e
desabotoando os dois primeiros botões de sua camisa. Nem se deu ao trabalho de olhar para a porta
quando Alice entrou.
– Jasper me informou que você pretende viajar.
– Sim... – respondeu bebendo um gole de uísque sem olhá-la ainda. – Resolvi esta tarde. Há dias
que venho pensando em ir até a Inglaterra. Preciso ver como estão as coisas por lá. Preciso dar
atenção aos meus outros negócios, não só á Cullen & A.
– Entendo... – disse Alice se aproximando. – Mas por que agora?!
– O que tem de especial no “agora”? – voltou-se para encará-la pela primeira vez no dia.
– Almocei com Isabella, sabe disso!
– Sei sim e agradeço por ter me dado a oportunidade de estar com ela uma última vez.
– Última vez?! – Alice espantou-se. – O quer dizer com isso?
– Eu estou dizendo que não a quero mais. Simples assim. – Edward bebeu o conteúdo do copo de
um gole só e foi enchê-lo novamente.
– Está bem... – disse Alice. – Sei que o que fiz não é certo, mas... Hoje durante nosso almoço eu a
“induzi” a me dizer o porquê chegou chorando aqui.
– Não me interessa Alice...
– Ela me disse... – Alice continuou, ignorando-o. – Que você a beijou e...
E ela não correspondeu, ele pensou irritado. Alice prosseguia.
– ... que ela se sentiu confusa. Disse que na noite passada sonhou com você.
– Pior para ela. – retrucou.
– Eu não acredito no que estou ouvindo... Nós estamos perto, Edward!
– Não Alice! – Edward depositou o copo sobre a mesa com violência. – Ninguém aqui está perto de
nada simplesmente porque não se tem “nada” a conseguir.
Edward passou as mãos pelo cabelo e foi até a grande janela para olhar o céu de final de tarde. Era
melhor acabar com a farsa de uma vez.
– Eu a enganei. Está bem?
– Como assim, eu não...
Edward a cortou.
– Eu nunca quis nada sério com Isabella. Queria dela o que sempre quero com todas as outras. Usá-
la, aproveitar de seu corpo de todas as formas degradantes e deliciosas que conheço então despachá-
la em algum táxi na manhã seguinte.
– Eu não acredito nisso! – Alice vociferou aborrecida.
– Pouco me importa no que você acredita. Essa é a verdade. Apenas estava gostando da brincadeira
por ela ser comprometida e estava encarando a conquista dela como um jogo. Mas... – ele se
interrompeu para beber de seu copo com uma expressão enfadonha no rosto. – Estava demorando
demais a acontecer. A garota gosta mesmo desse namorado humano dela. Perdeu a graça para mim.
Não a quero mais!
Quando Edward olhou novamente na direção de Alice, pode jurar que se fosse possível ela estaria
espumando de raiva.
– Está me dizendo, descaradamente, que me usou Edward Cullen?
– Sim. E a liberando dos cuidados para com Isabella. Nosso amigo nunca mais atacou ninguém. É
provável até que já esteja longe da cidade. E como a humana não é mais uma raridade para a minha
coleção, pode deixar que se vire sozinha de hoje em diante. Veja pelo lado bom... Você pode voltar a
viver com seu amado marido!
– Como pode ser tão cego?!... – Alice perguntou incrédula e furiosa. – Ás vezes eu verdadeiramente
te odeio Edward!
O advogado ergueu o copo em um brinde.
– Bem vinda ao clube!

**************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... Na segunda-feira tem outro capítulo... Please...
comentem...Agora o spoiler:"Alice continuava a acariciar os cabelos de Maureen, por
vezes sua mão passeava pelas escápulas pálidas da garota seminua. O lençol cobria-lhe
somente o quadril, deixando de fora suas pernas bem torneadas. De repente Edward se
viu analisando ora uma, ora outra. Alice era realmente uma mulher muito bonita;
atraente. E passara tempo demais com Isabella, carregando um pouco do cheiro da
jovem. Se Edward desejasse, poderia facilmente achar alguma semelhança entre as duas.
Ela continuava a acariciar as costas e o cabelo de Maureen. Mesmo que seu gesto fosse
com o intuito de confortar a garota, estava despertando as mais excitantes fantasias na
mente embriagada de Edward. Antes que medisse as palavras ele se ouviu dizer. Quer
dividir?Alice o olhou imediatamente com os olhos arregalados, que cresciam ainda mais
á medida que as palavras iam se encaixando em sua cabeça, esclarecendo o verdadeiro
sentido da pergunta capciosa. Eu não o reconheço! Você está doente Edward Cullen! e se
voltando para a garota, tentou erguê-la mais uma vez. O que pensa que está fazendo?
Vou levá-la para casa! disse o olhando torto. Dê-se por satisfeito de eu não contar para
Jasper sobre essa sua proposta absurda. Largue-a imediatamente! rosnou."
(Cap. 14) Capítulo 15

Notas do capítulo
Oi, Como prometido, mais um capítulo...
Espero que gostem e comentem...
Como não tenho como saber a quantas anda a leitura da fic... (fora os comentários da
Joana e alguns esporádicos de minhas outras leitoras) resolvi postar somente uma vez
por semana, sempre na segunda... assim acho que todas podem se att sossegadas...
qlq coisa é só dar um grito por mais que tô sempre por aqui... rsrrs
Boa leitura!...

Isabella despertou com J. Black lhe lambendo o rosto. Demorou alguns segundos até que ela
reconhecesse o teto de seu antigo quarto. Estava em Phoenix há quatro dias atendendo a um
chamado de sua mãe. Mais um dos relacionamentos maternos dera em nada e ela ligara para a filha
na noite de quarta feira aos prantos dizendo que nada mais fazia sentido depois do rompimento com
Phil. Quando, após vinte minutos de lamentações, Renée perguntou como as coisas iam para Bella e
esta lhe disse o que lhe acontecera no jornal, a mãe lhe convidou para passarem uns dias juntas.
Apesar dos protestos de Paul, Bella aproveitou a oportunidade para fugir do namorado. Sentia-se
envergonhada por ter se deixado beijar por outro homem. Um homem que ela mal conhecia e que
não tinha qualquer envolvimento. Um homem que depois do dia em que a ajudou com a mala,
nunca mais saíra de sua mente. Era estranho perceber que sentia muito mais a falta de Edward do
que a de Paul. Bella acreditava estar ficando maluca uma vez que não era normal preterir
mentalmente um namorado de três anos por alguém que tivera contato apenas por poucos minutos.
Bella sabia que devia lealdade á Paul. Por esse motivo, fora difícil encará-lo no escritório logo após
ter beijado um estranho. Por esse motivo estava a quilômetros de distância dele. Na verdade,
distante dos dois. Nunca saberia o que Edward pensava ou esperava dela. As palavras de Alice na
primeira noite em que se conheceram não paravam de martelar em sua mente. “Edward Cullen é o
problema”. Com certeza Bella era mais uma de suas conquistas. Com certeza a mais fácil de todas.
Deixara-se beijar sem qualquer motivo aparente ou sem qualquer cantada barata da parte dele. Ela
apenas estava á mão e cedeu.
Bella se sentia a pior das vadias toda vez que se lembrava de como agira no elevador. Com certeza
Edward Cullen devia rir de sua atitude toda vez que pensasse nela. Não. Talvez tenha rido uma
única vez, visto que um homem como ele não perderia seu tempo pensando em mulheres sem graça
e desfrutáveis como ela. Bella disse a si mesma que deveria esquecer o ocorrido, uma vez que o
advogado faria o mesmo. Ela devia esquecer e voltar inteira para Paul.
Ainda cismava com seus problemas quando a mãe entrou no quarto trazendo uma bandeja de café
da manhã. Excepcionalmente, Black não se importava com a presença de Renée. Indo se deitar aos
pés de Bella, começou a se banhar como se ninguém houvesse entrado no quarto.
– Bom dia minha princesa! – disse Renée sentando-se na beirada da cama. Ela esperou que Bella se
sentasse então depositou a bandeja no colo da filha. – Como passou a noite?
– Muito bem mamãe, obrigada! – mentiu. – E você?
Bella viu a mãe corar violentamente antes de baixar os olhos para a madeira do piso.
– O que aconteceu? – perguntou Bella apesar de saber a resposta.
Na noite anterior Phil havia telefonado para sua mãe e a convidado para umas bebidas. Alegou que
precisava tratar de assuntos referentes á separação dos dois. Pelo tom do rosto da mãe, Bella soube
que não haveria mais separação. Renée confirmou-lhe as suspeitas.
– Phil e eu fizemos as pazes. – Renée reprimiu um sorriso.
– Isso é... Maravilhoso, mamãe! – Bella colocou a bandeja de lado e abraçou a mãe.
Não gostava de ver a mãe sofrer. E desde o dia em que chegara a sua casa ela não tinha feito outra
coisa senão chorar e chorar. Bella jamais confessaria, mas fora dela a iniciativa de procurar Phil
para saber o real motivo do desentendimento. Ficou sabendo por ele que Renée cismara com uma
das líderes de torcida de seu time de beisebol. Ele lhe jurara que nunca tivera nada com a jovem que
sempre fora apaixonado por sua mãe. Bella lhe garantira que a mãe estava sofrendo com a
separação e o encorajara a procurar por ela e lutar por seu amor.
Agora, vendo que tudo se resolvera de forma positiva, Bella sentia-se feliz como há muito não
acontecia. Ver o rosto radiante e corado da mãe encheu seu coração de saudade de Paul e deu-lhe
coragem para enfrentar a situação de cabeça erguida. O que fizera fora apenas um deslize, nunca
mais se repetiria. Não existiam motivos lógicos para se manter distante do homem que amava. Do
homem certo para sua vida.
Interrompendo seus pensamentos, a mãe se afastou dela e lhe sorriu, confidenciando-lhe.
– Ele está em nosso quarto agora.
– Estou tão feliz por você! – disse Bella verdadeiramente.
– Eu sei meu amor... – então Renée, baixou os olhos. – Sento-me culpada por tê-la feito vir até aqui.
Sou exagerada ás vezes.
– Mamãe... Você é sempre exagerada! – Bella tocou seu rosto. – E eu adoro isso! Se não fosse assim
eu não estaria aqui com você.
– Obrigada meu anjo!
Ao ouvir o apelido carinhoso que o namorado sempre usava com ela, Bella sentiu o peito oprimido.
Sua mudança de espírito não passou despercebida á mãe.
– O que foi Bells? Você está estranha desde que chegou. Nós passeamos, fomos ao cinema, fizemos
compras juntas... Você foi a companhia perfeita para alguém de coração partido, porém sempre
fugiu de minhas perguntas quando a percebi tristonha como agora. Sou sua mãe. Se você não puder
contar comigo, com quem contará?
Bella sentiu as lágrimas lhe vindo aos olhos. Antes que pudesse reprimi-las, elas escorriam por seu
rosto.
– Bella o que aconteceu? – a mãe alarmou-se com o pranto repentino da filha. – É por causa de seu
emprego no jornal?
Bella moveu a cabeça negativamente.
– É alguma coisa com Paul? – Bella continuou negando. – Com os pais dele? O que fizeram dessa
vez?
– Os pais de Paul não fizeram nada... – ela disse por fim. – Nem tão pouco ele. O problema sou eu!
– Não entendo. Explique-me Bells. – Renée pediu aflita.
Bella não acreditou que colocaria seu problema em palavras, mas quando percebeu era exatamente
isso que fazia.
– Há cinco dias eu... Beijei outro homem.
– Por que fez isso?! Quem é ele? Você o ama? – então levando a mão á boca, perguntou. – Paul
descobriu?
– Não... Paul nem ao menos pode sonhar com isso. Eu morreria. E o pior de tudo. Não posso amar
esse outro homem sendo que mal o conheço.
– Então... Por que o beijou? Estou confusa!
– Eu também estou confusa... Como poderia explicar... – Bella procurou pelas palavras. – Eu apenas
me senti... Atraída e me deixei beijar.
– Você vai se encontrar com esse homem novamente? – Renée perguntou.
– Espero verdadeiramente que não. – disse Bella sem qualquer convicção.
– E você tem certeza que ama Paul?
– Sim, tenho. – Bella respondeu rápido demais.
– Então não vejo motivos para tanta preocupação. – tranqüilizou-a. – Sentir-se atraída por outros
homens é absolutamente normal.
– Mamãe!
– Ora vamos Isabela! – Renée franziu a testa. – Não estamos mortas e desejar uma mudança de vez
em quando não é pecado. Sou radical quanto a traições apenas quando elas acontecem de fato. E
você não foi para cama com esse homem, foi?
– Não, absolutamente!
Não que nunca tenha pensado a respeito nos últimos dias. Sabia que suas chances de estar em uma
cama com Edward Cullen eram nulas, mas, mesmo a contra gosto, pensou na possibilidade. Renée
continuava alheia aos seus pensamentos.
– Deixe de recriminar-se Bells. Você sempre se preocupou demais com assuntos sem a menor
importância. É assim desde pequena. Tem mania de sofrer. Ser irresponsável ás vezes não mata
ninguém.
Bella nada disse. Dando a conversa por encerrada, Renée levantou-se da cama e beijou a testa da
filha.
– Sei que hoje é domingo, seu último dia aqui. Quero aproveitar sua companhia em passeios
agradáveis, mas... Estive pensando em levá-la ao cemitério. Faz tempo que não vou á campa de sua
tia. Pode parecer bobagem de minha parte, mas sempre que você está por perto eu sinto a presença
de Maria.
– Eu adoraria mamãe.
Bella viu a mãe sair de seu quarto, então, subitamente com fome, voltou sua atenção para a bandeja
que havia deixado sobre a cama. Enquanto comia um pedaço de pão com geléia, Bella correu os
olhos pelos objetos em sua antiga escrivaninha até encontrar a foto da tia morta. Maria havia sido
realmente bonita. Bella nunca entendera essa ligação que a mãe fazia entre as duas. Tudo bem que
ela havia nascido á exatos oito meses e treze dias após sua morte misteriosa, mas isso não
significava que fosse alguma espécie de reencarnação ou algo do gênero.
Se assim fosse, Bella seria linda com o corpo perfeito e cheio de curvas que a tia apresentava nas
inúmeras fotos que Renée possuía. Tudo bem que herdara sua marca de nascença, apenas
divergindo o local. Segundo Renée, a de Maria ficava em suas costas logo acima das nádegas. E a
sua, ficava na parte da frente de seu corpo, no lado esquerdo de seu quadril. Bella dava tão pouca
importância a essa marca rosada e pálida que até se esquecia dela. Ela sabia que ter nascido pouco
tempo depois da morte da tia era apenas uma coincidência. Porém, como sua mãe tinha verdadeira
adoração pela irmã caçula, Bella aprendera a respeitar suas crenças mesmo que não compartilhasse
delas.
J. Black aproximou-se para averiguar o que tinha para ele na bandeja. Bella deu a ele um pedaço de
bacon e afagou-lhe a cabeça negra e peluda.
– Quem sabe na próxima encarnação eu nasça como um gato... A vida parece bem mais simples
para você meu amigo.

Edward acabava de arrumar sua mala. Levaria pouca coisa uma vez que não se ausentaria por
muitos dias. Viajaria no final da tarde seguinte e desejava estar com tudo pronto até lá. Olhando em
direção a cama, sorriu para Maureen. Ela lhe retribuiu o gesto enquanto comia um bocado da pasta
que ele encomendara para ela. Ele a queria forte para a viagem. Decidira que a levaria uma vez que
ainda não estava totalmente livre da imagem de Isabella. Obtivera certo progresso, uma vez que já
conseguia se deitar com Maureen e ter consciência que estava com ela não com a “outra”.
– Para onde vamos? – Maureen lhe perguntou pela terceira vez.
– Para a Londres, Inglaterra. Tenho algumas propriedades na cidade assim como um centro de
antropologia.
– Parece interessante. – Maureen disse comendo mais uma garfada de macarrão.
Edward percebeu o quanto ela estava faminta. Quase se sentiu culpado por não alimentá-la
corretamente. Não queria que ela morresse de inanição, porém preocupava-se mais em mantê-la
satisfeita na cama uma vez que ela estava se mostrando eficiente em ajudá-lo a esquecer. Edward
disse a si mesmo que precisava tomar maior cuidado com a dieta da humana. Não desejava ter
problemas com ela em outro país.
– Por que eu vou com você?
Ela perguntou como se procurasse em sua mente limitada uma boa razão para viajar com ele.
Edward se impacientou.
– Porque assim eu determinei. – disse apenas. – Apenas coma e durma. Mais tarde eu lhe acordo.
Com certeza acordaria. Estava desenvolvendo outro tipo de dependência. Sempre que a imagem de
seu inferno particular lhe vinha á mente, ele recorria a ela. Quando possuía o corpo de Maureen
conseguia se distrair momentaneamente dos problemas. Estava quase na hora de sair para caçar
alimento e, nos últimos dias, sempre que se saciava de sangue humano, sentia uma vontade quase
incontrolável de seguir para uma determinada rua em East Village.
E Edward sabia que encontraria o apartamento vazio. Conseguira manter distância na noite de
quarta, porém, sem forças para se manter firme na decisão de esquecê-la, fora procurá-la na noite
seguinte, somente para encontrar as luzes apagadas o um silêncio deprimente. Como não se
atreveria a perguntar nada para Alice, “desinteressadamente” perguntou sobre Isabella diretamente
para o rábula. Paul lhe dissera que a namorada fora passar uns dias com a mãe em Phoenix.
Edward não pode deixar de reparar na coincidência de Isabella ter parentes na capital do Arizona. A
última vez que ele esteve na cidade, foi na noite de virada de ano quando matou Maria. Achou
interessante que as duas únicas mulheres que tiveram o poder de atraí-lo fossem da mesma cidade.
A primeira estava morta e a segunda, com um pouco de força de vontade, logo seria esquecida.
Deixando a arrumação de lado e Maureen terminando a refeição, Edward seguiu para seu gabinete.
Irritou-se ao perceber que Alice ainda não havia providenciado a documentação para seu
julgamento na manhã seguinte. Ele desejava sair diretamente de sua cobertura para o tribunal. Não
queria encontrar-se com Jasper para evitar aborrecimentos para ambos uma vez que o amigo era
contra sua viagem repentina. Edward estava satisfeito que fosse somente por esse motivo. Ao que
tudo indicava Alice não lhe contara sobre a discussão que tiveram sobre Isabella.
Esquecendo-se da documentação e sentindo-se sedento, Edward pegou as chaves de seu BMW e
partiu. Saiu para a noite nova-iorquina em alta velocidade como sempre. Enquanto dirigia tentava
não pensar em Isabella. Invariavelmente aquela era uma luta perdida quando estava longe de
Maureen. Evitava ao máximo nomear o que sentia, mas sabia que estava morrendo aos poucos de
saudades dela. Todos seus cinco sentidos sentiam a falta dela. Precisava do toque, do cheiro, de sua
voz, seu rosto e seu sabor.
Edward apertou o volante. Por que teve que se descobrir apaixonado por ela? Tudo era tão mais
fácil quando acreditava apenas desejá-la como um macho deseja uma fêmea. Nunca quisera ser
propriedade exclusiva de mulher alguma. O que seu pai havia ganhado com uma relação estável e
monogâmica? Edward não conhecera a mãe. A única imagem que tinha dela era um quadro que
antes permanecia intocado no quarto de Carlisle e que agora lhe pertencia. Elisabeth fora uma
mulher bonita. Ele herdara muitos traços da mãe. Quantas vezes até descobrir a verdade, ele se
questionou se talvez esse não fosse o motivo de ter crescido distante do pai.
Ele sempre adorara Carlisle e sentia a falta de sua companhia. Quando criança, o pai sempre
providenciara para que ele estivesse em algum colégio interno. Nos poucos dias do ano em que
estava em casa de férias, Edward podia sentir o distanciamento de seu pai. Toda companhia que
tinha era a de Jasper ou de alguma criada destinada a cuidar dele. Com o passar do tempo, Edward
desconfiou que o pai o culpava pela morte da mãe. Descobrira que sua suspeita era verdadeira no
dia que retornara para casa depois de terminar sua faculdade de advocacia na universidade de
Coimbra, Portugal.
Para espanto de Edward, o pai se mostrou feliz com seu regresso da Europa. Em conjunto com os
pais de Jasper, havia providenciado uma recepção de boas vindas aos dois. Ele se lembrava da
alegria que sentiu como se a vivesse no momento presente. Nunca fora recebido pelo pai com
tamanho entusiasmo. Edward se deixou perder naquele abraço que lhe fora negado durante toda sua
infância e adolescência. A noite fora agradável. As famílias cearam juntas, conversaram sobre o
futuro promissor dos filhos recém formados. Tudo fora perfeito até que Edward se viu sozinho com
um Carlisle ébrio de tanto vinho.
Estavam na sala da mansão de seu pai. Carlisle o fitava fixamente com os olhos vermelhos. Edward
não deu muita importância á inspeção. Estava adorando a súbita atenção do pai. Apenas percebera
que algo estava errado quando ele lhe perguntou com a voz embargada.
– Por que não foi você?
– Perdão! – Edward não havia entendido.
– Por que não foi você a morrer ao invés de sua mãe?
Edward recebeu a pergunta como uma bofetada no rosto.
– Não saberia lhe dizer. – respondeu simplesmente, ferido de morte.
– Então eu lhe digo o motivo. – Carlisle continuou insensível. – É porque você sempre foi uma
criatura egoísta. Maligna. Desde o ventre sabia que não suportaria dividir as atenções de sua mãe
comigo, então a matou.
– Pai, é melhor que eu o leve para o quarto. Você está ébrio e incoerente.
A despeito da dor que sentia pelas palavras o pai, Edward tentou ajudá-lo e se erguer da poltrona.
Sabia que não devia dar importâncias aos absurdos que ele dizia. Tentou pegar no braço de Carlisle
ao que foi empurrado com violência.
– Não me toque!
Pacientemente, Edward voltou á sua poltrona e deixou que o pai destilasse toda sua raiva contida
por anos. Carlisle continuou a olhá-lo com os olhos semicerrados.
– Você é tão malditamente parecido com sua mãe. Provavelmente cresceu assim para caçoar de
mim...
– Pai, por favor...
Carlisle continuou falando como se Edward não tivesse tentado interrompê-lo.
– Caçoar de mim assim como ela e seu amante.
O coração de Edward gelou.
– O quê?! – exclamou tentando acreditar que não escutara direito.
– Você ouviu bem meu jovem... Elisabeth deve ter dado boas risadas ás minhas custas enquanto
estava com meu bom amigo Edward Senior.
Os batimentos de Edward dobraram de velocidade. Estava realmente ouvindo aquilo? Sua mãe traia
seu pai com seu padrinho já falecido? Esquecendo-se do respeito que devia ao pai, Edward gritou.
– Não sabe o que diz! Como ousa falar tal disparate sobre minha mãe?
– O quê? A verdade lhe dói? Não está feliz em saber que não é meu filho?
– No momento não sei ainda o que pensar, mas sei que está dizendo bobagens. Como poderia ser
verdade e ainda assim ter-me dado para o amante de minha mãe para apadrinhar-me?
– Porque na ocasião eu não sabia. Ele ajudou-me com o funeral. Apoiou-me nos primeiros dias
providenciando amas que cuidassem e alimentassem você quando eu não suportava nem ao menos
olhar em sua direção ou ouvir seu choro. Foi ele quem escolheu seu nome, o bastardo.
Edward ouvia tudo em um silêncio mortal.
– Esse foi o último gracejo de sua parte. Depois de seu batizado, uma das amigas confidentes de sua
mãe, enojada com tamanha desfaçatez, contou-me a verdade. Evidente que eu não acreditei. Não
daria credito algum á uma “amiga” que inúmeras vezes havia se insinuado á mim. Como resposta
eu lhe dei uma boa bofetada no rosto. Ainda assim ela insistiu, disse-me que procurasse pelo diário
de Elisabeth.
– Não tive coragem naquele mesmo dia, mas, nos dias seguintes, vendo toda atenção que Masen lhe
dispensava, acabei por sair á procura do maldito diário. E então a verdade se revelou. Estava clara
em cada página a traição de sua mãe. Em muitas delas ela escreveu que me amava, que jamais me
deixaria por homem algum, mas que se sentia fortemente atraída por Edward. Nos relatos
correspondentes á sua gravidez, ela deixou claro sua infelicidade por você ser filho do amante e não
meu.
Edward sentia a cabeça doer.
– Sabe por que você cresceu privado de seu amado padrinho? – Carlisle não lhe deu tempo de
resposta. – Porque eu o matei! Um único tiro certeiro bem aqui. – disse apontando o próprio
coração. – Respondi ao processo, porém não fui condenado. Legitima defesa da honra. Nome
bonito, não? Você sabe bem o que digo, afinal... Agora é um advogado!
– Pai, por favor...
– Ainda quer chamar-me de pai? Não me lembro do dia em que fui um pai para você.
– Você foi meu pai todos os dias de minha vida e sempre será. Não importa o que diga. Não importa
o que estava escrito em páginas velhas... Maldição! “Você” é meu pai! – gritou com lágrimas nos
olhos.
Carlisle tremeu diante da convicção furiosa de Edward. Como se o enxergasse pela primeira vez na
noite, arregalou os olhos.
– O que eu acabei de fazer? – Carlisle se aproximou de Edward e tocou em seu ombro. – Desculpe-
me por ter lhe contado a verdade. Jurei a mim mesmo no dia em que matei Senior que nunca lhe
diria. Naquele dia eu iria lhe doar para adoção, mas quando cheguei ao lado de seu berço e você me
olhou com os mesmos olhos de Elisabeth eu me encantei por você. Simplesmente não pude mandá-
lo embora. Contudo o tempo foi passando, você foi ficando mais e mais parecido com ela...
Carlisle sentou-se no chão como se perdesse as forças. Secando as lágrimas no rosto de Edward,
prosseguiu.
– Eu ainda amo sua mãe Edward. Eu não vivo; apenas sobrevivo. Não há um único dia em que eu
não reze pedindo para que ela venha me buscar.
Então, segurando as mãos de Edward e procurando seus olhos molhados, pediu.
– Perdoe-me, por favor. Sempre o mantive longe. Era doloroso, porém mais fácil para mim. Agora
que você concluiu seu estudo e veio para ficar definitivamente eu me apavorei. Eu o amo Edward
mesmo não conseguindo desvinculá-lo da traição de Elisabeth.
– Então, por favor, nunca mais repita que não é meu pai.
Carlisle apenas assentiu com a cabeça. Para Edward pareceu que haviam ficado horas em um abraço
depois da revelação. Depois daquele dia o pai pareceu tentar recuperar o tempo perdido. Sempre
que possível inventava programas ou viagens que pudessem fazer juntos. E foi em um desses
programas, onde Carlisle tentava aproveitar a companhia do filho, que ele acabou por perder a vida
e Edward fora transformado no que era agora.
Ainda naquela noite em que o pai lhe contara a verdade, Edward odiou verdadeiramente a mãe por
ter sido promiscua, porém, logo em seguida arrependeu-se. Se o pai havia lhe perdoado e desejava
passar a eternidade celestial ao seu lado, ele, Edward poderia perdoá-la também. Contudo ela seria a
única exceção. Se antes já não apresentava respeito pelas mulheres, depois de saber ser fruto de uma
traição, as desprezou ainda mais. Apenas as tratava como todas mereciam. Usava-as e joga fora. Sua
atual exceção era Alice.
Canalhamente, insinuara-se para ela certa vez, décadas antes. Alice sempre fora atraente; e Edward
não acreditava na força de um amor instantâneo como o do amigo. Como estavam acostumados a
dividir ele imaginou que Jasper não se importaria. Sorte nunca ter tocado no assunto diretamente
com ele. Quando tentou beijar Alice, recebeu como incentivo uma bela bofetada. Jasper nunca
soube desse breve episódio. Depois de mais de cem anos na convivência do casal, Edward
acreditava no amor de Jasper. Ele e seu pai eram as únicas referencias que tinha de homens
apaixonados. Não queria ser como nenhum dos dois.
E não seria!
O som de uma sirene o trouxe para a realidade. Edward olhou pelo retrovisor e viu que uma viatura
de policia parava atrás de seu carro. Estava estacionado na rua pouco movimentada e nem ao menos
notara que havia parado. Um policial aproximou-se da janela de seu carro.
– Documentos, por favor!
Edward vasculhou o porta-luvas até encontrar o documento do carro. Então, pegou sua carteira e,
depois de tirar sua habilitação, entregou os dois ao guarda. O homem os pegou e analisou por um
tempo longo demais.
– Você estacionou em local proibido, sabia?
– Desculpe-me, não percebi. Entregue a multa que saio em seguida.
– Não tão rápido rapaz. – disse entregando apenas os documentos. – Está tudo certo com esses.
Pena que não posso dizer o mesmo de seu carro.
– Como? – Edward estava começando a perder a paciência.
– A lanterna traseira está quebrada.
– Não, não está!
– Você tem razão. – o homem foi até a traseira de seu carro. Em segundos, Edward ouviu o som de
vidro quebrado. O policial voltou á sua janela. – A lanterna traseira está quebrada.
– Pois é... Ela está!
– Eu posso fazer vistas grossas se você for legal comigo. Posso até deixar de ver outras
irregularidades em seu belo carro, meu amigo.
– Assim como a câmera em sua viatura está vendo?
– Que gentileza sua em se lembrar... – disse debochado. – Não se preocupe. Ela está quebrada.
Depois de nosso “arranjo”, vou deixá-la no distrito.
Edward o olhou diretamente e disse.
– Entendo... E eu ficaria muito grato se o senhor fosse legal comigo. O que acha de me seguir por
um tempo. Podemos ir?
O policial assentiu com a cabeça e voltou á viatura. Edward ligou seu carro – agora com a lanterna
traseira quebrada – e voltou ao trânsito. Seguia sem pressa e sempre conferia pelo retrovisor que seu
“amigo” o acompanhava. O advogado seguiu para uma das ruas tranqüilas de Greenwich Village e
estacionou. O policial fez o mesmo. Olhando ao redor para se certificar que estavam realmente á
sós, Edward saiu de seu carro e foi para o interior da viatura. Certificou-se de pulverizar a câmera
mesmo estando quebrada. Não poderia correr riscos. Depois se voltou para o policial. Chegara a
hora de o homem ser “legal” com o vampiro.

Horas depois, Edward estacionava seu carro na garagem. Sentia o corpo saciado pelo policial que
matou; a cabeça leve pelos copos de uísque que tomara no Blue Note e o coração apertado pelas
lembranças perturbadoras e a falta de Isabella. Precisava de Maureen. Porém não tinha pressa.
Saindo do carro, seguiu para seu elevador. Desde quarta passada, sempre que tinha a chance, o
usava. Sabia que procurar por coisas que lhe lembravam Isabella não ajudava no processo de
esquecimento, mas ele acreditava em um rompimento sem traumas.
Já que vinha obtendo algum progresso, não via motivos para se privar de umas poucas lembranças.
Assim que as portas se fecharam, ele se encostou a parede do elevador e fechou os olhos. Pelo
menos três de seus sentidos foram parcialmente satisfeitos. Ele pode sentir-lhe o cheiro, ver-lhe o
rosto e sentir seu gosto. Egoisticamente, naquele momento sentia-se contente em saber que Paul não
tinha de Isabella muito mais que ele. Edward agradecia aquela súbita viagem que ajudava em seu
afastamento. Não saberia se estaria assim tão tranquilo se seu senso de competição estivesse sendo
posto a prova.
Quando chegou a cobertura, sentia-se satisfeito com sua dose homeopática de Isabella. Agora,
seguiria para seu tratamento intensivo nos braços de Maureen. Ao trancar a porta trás de si e atirar
as chaves sobre o aparador ao seu lado, antes que as mesmas atingissem seu destino, Edward ficou
com seus sentidos em alerta. Havia um vampiro em meu apartamento. Espreitando todos os cantos
da sala, ele se dirigiu para as escadas.
– Droga!
A irritação substituiu a cautela quando avistou a bolsa em seu sofá. Antes que chegasse aos pés da
escada, o cheiro familiar confirmou a visita indesejada. Edward voou para seu quarto a tempo de
ver a intrusa tentando erguer Maureen da cama.
– Qual é seu nome querida? Você se lembra?
– Maureen. – Edward respondeu secamente da porta, pela garota sonolenta.
– Edward. O que pensa que está fazendo? – Alice fuzilou-o com o olhar, sem sair do lado de
Maureen.
– Essa pergunta é minha. O que “você” pensa que está fazendo aqui em meu quarto importunando
minha hóspede?
– Hóspede?! – ela olhou em direção á garota e em seguida para o rosto de Edward. – Olhe para ela!
Está fraca, magra. Aposto que posso contar seus ossos se desejar.
– Não se dê ao trabalho. Nunca apostaria com você. Sei que sempre foi excelente aluna de biologia.
Sabe de cor o nome de cada osso existente no corpo humano. Seria trapaça!
– Tudo não passa de piada para você, não é?
Edward não se deu ao trabalho de responder. Alice tinha o dom de irritar-lo profundamente ás
vezes. E nesse momento fazia isso com maestria. Ele havia percorrido metade da cidade
imaginando tudo que faria com Maureen naquela noite e, no entanto, Alice atrapalhava seus planos.
– Você ainda não me respondeu. O que faz aqui?
– Vim trazer o processo do caso Moore que me pediu hoje á tarde. – respondeu sem encarar-lo.
– Não está um pouco tarde para isso? – Edward levantou uma sobrancelha.
– Você disse que era urgente e eu esqueci. Vim apenas ajudá-lo.
Naquele momento Edward percebeu que havia ingerido uma quantidade exagerada de álcool.
Sentia-se tonto, irritado e disperso. Nem mesmo ouvira a explicação. Olhava a amiga acariciar
carinhosamente os cabelos de Maureen que estavam espalhados pelo travesseiro. Sabia que ela
estava realmente preocupada com a humana. Alice, assim como Jasper nunca fora atraída pelo
sangue humano. Alimentavam-se de animais semanalmente e diziam que era o suficiente. Raras
vezes no passado, quando estava de bom humor e com o espírito elevado, Edward os acompanhou
nas caçadas. A base de sua dieta animal era boa, satisfatória. Porém sua preferência pelos humanos
havia superado sua vontade de ser solidário. Havia se tornado seletivo com o tempo. Não matava
indiscriminadamente. Satisfazia-me geralmente com a escória, prova disso fora o policial corrupto
que lhe satisfizera aquela noite.
Alice não tinha motivos para estar preocupada com a humana. No passado, alguns acidentes
aconteciam com as mulheres quando o sexo se tornava tão bom que ele perdia seu controle. Porém
seu último deslize havia sido com Tanya e estava se comportando bem com Maureen. Ela estava
viva, não estava?
Alice continuava a acariciar os cabelos de Maureen, por vezes sua mão passeava pelas escápulas
pálidas da garota seminua. O lençol cobria-lhe somente o quadril, deixando de fora suas pernas bem
torneadas. De repente Edward se viu analisando ora uma, ora outra. Alice era realmente uma mulher
muito bonita; atraente. E passara tempo demais com Isabella, carregando um pouco do cheiro da
jovem. Se Edward desejasse, poderia facilmente achar alguma semelhança entre as duas. Ela
continuava a acariciar as costas e o cabelo de Maureen. Mesmo que seu gesto fosse com o intuito de
confortar a garota, estava despertando as mais excitantes fantasias na mente embriagada de Edward.
Antes que medisse as palavras ele se ouviu dizer.
– Quer dividir?
Alice o olhou imediatamente com os olhos arregalados, que cresciam ainda mais á medida que as
palavras iam se encaixando em sua cabeça, esclarecendo o verdadeiro sentido da pergunta capciosa.
– Eu não o reconheço! Você está doente Edward Cullen! – e se voltando para a garota, tentou erguê-
la mais uma vez.
– O que pensa que está fazendo?
– Vou levá-la para casa! – disse o olhando torto. – Dê-se por satisfeito de eu não contar para Jasper
sobre essa sua proposta absurda.
– Largue-a imediatamente! – rosnou.
Que se danasse Jasper. Nos últimos dias seria capaz de lhe arrancar a cabeça em um estralar de
dedos se o confrontasse e Alice sabia disso. Edward sempre fora do tipo que fazia primeiro e se
arrependia depois. E definitivamente, não se arrependia em todas ás vezes. Nem que ele tivesse de
arrastar Alice para fora de seu apartamento á tapas ela não levaria Maureen esta noite. A vampira
encarava-o enraivecida segurando Maureen pelo braço, porém não tentava levantar o corpo da
cama.
– Tire as mãos dela! – completamente enfurecido e querendo provar que pouco se importava se
fosse contar alguma coisa ao Jasper, acrescentou. – Se não vai brincar conosco não toque no
brinquedo.
Bufando, Alice se levantou da cama. Passou por ele com um esbarrão malcriado e se dirigiu para a
escada. Edward seguiu-a. Enquanto descia os degraus ela esbravejava.
– Sabe que não aprovo o que está fazendo com essa garota, não sabe?
– E você sabe que sua opinião pouco me importa, não é?
– Edward, você andou bebendo, não foi? Não negue. Eu senti o cheiro. E somente estando bêbedo
iria dizer essas coisas.
– Se sabe a resposta, então porque pergunta!
Chegando á sala Alice começou a andar de um lado ao outro.
– Sabe que não deve beber. O álcool age diferente em nós.
– Gosto da sensação. – vê-la enfurecida estava atiçando ainda mais a sua luxúria. As imagens de
Alice e Maureen nuas em sua cama inundavam sua mente. – Tenho vodka e uísque aqui. Quem sabe
se provasse um gole você não mudasse de idéia e fosse comigo para o playground. – disse piscando
e apontado para o andar superior. – Afinal, não é da natureza das mulheres serem fiéis. Jasper não
precisa saber... E eu dou conta das duas.
– Ultimamente, á cada dia que passa, eu gosto menos de você, Edward Cullen!
– Em compensação eu a amo mais todos os dias! – disse debochado. – Então? O que me diz?
– O processo que pediu está ali. – Alice disse apontando para o gabinete. Bufando, ela pegou sua
bolsa e se dirigiu para a porta. – Espero que você volte á razão a tempo e não mate essa infeliz de
inanição.
– Devo entender sua partida como um “não”?
Como resposta Edward recebeu o estrondo da porta sendo fechada com violência. Um dos vidros
das grandes janelas se partiu. Ele não cobraria dela depois. Alice era bisbilhoteira e intrometida,
mas Edward gostava dela. Bom... Na verdade, no momento estava rijo de desejo por ela. E uma vez
que não a teria... Como sempre, Maureen deveria bastar.
Suspirando, Edward foi até o bar. Encheu um copo até a metade de Black Label e o engoliu de um
gole só. Imediatamente o fogo amigo correu por meu corpo exigindo passagem pelas veias recém
irrigadas. O advogado olhou para o alto da escada. Não via motivos para protelar mais. Correu
como um louco para chegar a casa e ter um pouco de sua dose diária de repreensão contra
alucinações no corpo errado.
Em segundos estava parado á soleira da porta de seu quarto. O cheiro de Alice misturado ao da
humana em sua cama reacendia seu o desejo. Entrando no cômodo espaçoso, Edward se livrou de
sua jaqueta. Admirava o dorso nu de Maureen enquanto desabotoava a camisa sem pressa alguma.
Tirou os sapatos, as meias. O restante poderia ser trabalho dela.
Ajoelhando-se no colchão, começou a beijar-lhe a panturrilha. Ela se mexeu e resmungou algo
ininteligível. Ele continuou subindo seus beijos pela perna da jovem. Quando atingiu sua coxa,
afastou o lençol para expor seu corpo nu. Alice tinha razão. Maureen estava magra além do normal,
contudo, no momento pouco lhe importava. Entupiria ela de comida depois.
Quando alcançou suas nádegas, apertou-as enquanto passeava a língua na pele macia e carnuda. Ela
gemeu em seu sono. Edward sorriu. Logo a faria gemer de verdade. Continuou a excursão por suas
costas. Chegando ao pescoço, o vampiro afastou o cabelo de sua nuca e ordenou-lhe ao ouvido.
– Acorde Maureen. É hora de me fazer esquecer Isabella!
Naquele momento, todos os elementos haviam completado seu ciclo. O álcool, o corpo quente junto
ao seu; sua insanidade e seu desejo incontrolável por uma humana insignificante cumpriram seu
papel. Quando Maureen se voltou para ele com o olhar languido e Edward enxergou um par de
olhos castanhos no rosto pálido, soube que naquela noite havia fracassado. Porém não se importou.
Deixou-se perder naquele olhar. Deixou-se levar mais uma vez por Isabella.
Seu amor!

http://www.youtube.com/watch?v=JSOUcnhdV0s
********************************************************************************
*****

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado... nesse e nos próximos capítulos alguns detalhes da fic serão
desvendados... Assim nosso Ed cabeçudo poderá chegar á Bella finalmente...
Na próxima segunda tem mais... Agora segue o Spoiler:
"Alice deu de ombros e, se preparava para sair, quando ele chamou sua atenção.
Um último pedido Alice...
O que é dessa vez? perguntou voltando-se.
Quero que dê um convite da festa para Paul e Isabella.
Em uma fração de segundo Alice estava sentada á sua frente.
O que pretende? ela perguntou visivelmente irritada. Sei que não posso muito contra
você, mas não vou deixar que use Bella sem tentar defendê-la antes.
Calma! Edward estendeu as mãos para á frente em sinal de paz. Não pretendo fazer mal
algum para a jovem.
Não aceito essa resposta e não vou sair daqui ou fazer qualquer coisa que me pede se não
me disser exatamente o que está tramando.
Edward pode sentir seu mau gênio aflorando. Não gostava de ser confrontado. Ainda não
se sentia pronto para expressar em palavras o que á muito custo aceitara em pensamento.
Os dois vampiros permaneceram se encarando por vários minutos. Cada um alimentando
sua raiva. Por fim, Edward cedeu. Era ele que precisava dela, não o contrário. Além do
mais, a reação de Alice demonstrava o quanto ela gostava de Isabella. Poucos se
atreveriam a enfrentá-lo em defesa de outrem. Suspirando, ele se recostou e pediu.
Apenas escute. O que vou dizer é a mais pura verdade e não admitirei que duvide.
Estou ouvindo Cullen! Alice se recostou em seu assento.
Eu amo Isabella!"
(Cap. 15) Capítulo 16

Notas do capítulo
Oi... como prometi... mais um capítulo...Espero que gostem e comentem... bjus

Quando Edward chegou ao escritório, em sua volta do tribunal, na manhã seguinte, Alice nem
sequer o cumprimentou. Não a julgava. Na noite anterior ele ultrapassara todos os limites da
grosseria agindo de forma indesculpável com ela. Não culparia a bebida; havia sido um canalha sem
qualquer motivo aparente somente pelo prazer em ser um canalha; estava habituado a agir assim.
Quando percebera a gravidade do que fizera, pela primeira vez em décadas, deu razão ao pai. Ele
era uma criatura egoísta. Maligna. E tinha consciência que piorara sua conduta nos últimos dias.
Ainda tinha as palavras de Zafrina. Segundo ela, além de ser egoísta, ele não tinha escrúpulos e
nunca amaria ninguém. Ao que tudo indicava, aquela última observação estava errada. Depois de
passar horas acordado, remoendo as atitudes recentes e recordando as palavras do pai e daquela
vampira estúpida, sentia-se cansado. Edward percebeu que estava dando voltas em torno de si
mesmo, como um cão atrás da própria calda. Ignorar a verdade ou lutar contra o que sentia era
perda de tempo.
Por mais que lhe custasse admitir, inacreditavelmente, amava Isabella.
Foi preciso senti-se enojado com o que dissera á Alice ou com o que estava fazendo á Maureen para
que começasse a considerar conscientemente as evidências desse amor. Na noite passada não
conseguiu dar continuidade á sua farsa mental. Apesar de sua mente embriagada lhe “mostrar”
Isabella, cada parte de seu corpo repudiou a mentira. Quando a jovem, finalmente desperta,
começou a corresponder ás suas carícias, Edward sentiu-se gelado. Os olhos da jovem voltaram a
serem azuis; o rosto de Maureen surgiu. Ela não era Isabella. Todo desejo que sentia se foi como em
um passe de mágica.
Ele ainda resistiu, dizendo a si mesmo que expulsara a humana do parque de sua vida e que,
finalmente, tomaria Maureen sem fantasias. O resultado foi ainda pior. Ao tentar beijá-la, enxergou-
a pela primeira vez em dias. Edward olhou-a com atenção e viu o que estava fazendo à jovem. O
corpo dela estava magro, cheio de hematomas. Os olhos azuis sem expressão ou brilho algum. Fora
leviano ao julgar seus sentimentos e um imbecil por acreditar que outra mortal pudesse fazê-lo
esquecer. Desconheceu-se por se importar e, num gesto raro de compaixão, trouxe Maureen para
seus braços e acariciou-lhe os cabelos até que dormisse.
Enquanto escovava os cabelos longos da humana, ele repassou todos os acontecimentos recentes
que envolviam Isabella. Procurou pelo momento exato em que se apaixonara por ela. Não obteve
resposta, apenas a certa que precisava dela em sua vida. Finalmente reconheceu que não havia
salvação para sua alma. O que sentia por Isabella era desesperador, por que ia além do desejo. Era a
mais violenta forma de amor e Edward aceitava o fato.
Percebera que cada pensamento raivoso que lhe dispensou, fora somente para sua auto defesa. Que
seu ciúme exagerado – visto que ela “não” lhe pertencia – nada mais era senão despeito. Assim
como, movido por esse mesmo despeito, imaginou subjugá-la; usá-la para em seguida a dispensar.
Edward sabia que, agora que Isabella entrou em sua vida, jamais teria forças de mandá-la embora.

Com o corpo adormecido de Maureen junto ao seu, Edward perguntou-se por que deveria privar-se
de ter o mesmo com Isabella. Desejou saber o motivo pelo qual acreditava não ser possível aceitar
aquele amor. Por que perdia seu tempo fazendo comparações com seu pai ou até mesmo Jasper, se
cada um tinha sua própria história a ser vivida. O amigo na verdade não era um mau exemplo. Vivia
feliz com Alice. E se ele, Edward, não queria ser como seu pai, estava indo pelo caminho errado. Se
continuasse a tratar sua história com Isabella como um jogo de conquista apenas, acabaria vencido.
Fatalmente sozinho e rancoroso como Carlisle.
Quando a noite cedeu ao dia, o sol que entrava por sua janela, o encontrou insone. Não fora capaz
de uma hora de sono sequer. Passara as horas seguintes depois da aceitação bolando um plano –
digno e eficaz dessa vez – que lhe trouxesse Isabella definitivamente. Descobrira no beijo que lhe
dera no elevador, que a jovem não era como tantas. Ela era uma exceção assim como Alice. Não era
como sua mãe. Isabella era fiel á Paul e Edward teve que reconhecer sua qualidade. Reconhecer,
não respeitar. Lutaria sim por Isabella, porém de uma forma justa na medida de suas limitações.
Afinal, por mais que tentasse ser justo, não se tornaria um santo da noite para o dia.
Edward resolveu que viajaria. Colocaria os pensamentos em ordem e quando voltasse, iniciaria sua
batalha pelo coração de Isabella. Essa era a única parte de seu plano original que conservaria. Não
traria a humana para seus braços utilizando a ilusão. Agora mais que nunca a queria lúcida. E ela
viria. Assim que superasse seu amor pelo rábula, ela viria. Ele se lembrava que lhe dera o direito de
escolha no elevador. Apesar de desejar beijá-la ardentemente, ordenara que “Se assim desejasse,
experimentasse um único passo!”
E, mesmo que não tenha se entregado completamente, ela dera o passo á frente. Edward poderia não
saber o quanto, mas estava presente nos pensamentos dela. Essa certeza valia toda sua luta. Quando
voltasse da Inglaterra, demorasse o tempo que fosse preciso, Isabella seria – eterna e inegavelmente
– sua.
Para conseguir o que desejava, precisava trazer Alice de volta. Ela e Jasper eram toda sua família.
Se os afastasse o que lhe sobraria? Sempre vivera em paz com eles e agora mais do nunca tinha que
recuperar essa paz. Depois que Isabella entrara em sua vida, ele havia deixado que tudo ficasse de
cabeça para baixo. Fizera tudo errado. E Edward sabia que, antes de qualquer coisa, precisava
colocar as coisas em seus devidos lugares.
Porém, reconhecer que estava errado e desculpar-se quando realmente sentia pela falta cometida,
era extremamente difícil para Edward. Ele assistiu Alice entrar e sair de sua sala sem nunca iniciar a
conversa. Contudo, no decorrer do início da tarde, depois de várias dessas entradas e saídas mudas
da amiga em sua sala, Edward concluiu que era hora de começar a certar sua vida a partir de Alice.
Depois se entenderia com Jasper.
Antes que ela precisasse entrar em sua sala com algum documento, Edward a chamou em sua
presença. Ela entrou com o queixo erguido, numa postura desafiadora. Permaneceu de pé, em frente
á mesa do advogado.
– Sente-se, por favor!
– Estou bem de pé. – foi a resposta seca.
– Você é quem sabe. – Edward começava a ficar de mau humor pela falta de colaboração. Mas isso
não poderia acontecer. Não quando era imperativo que se desculpasse.
– Se dissesse logo o que deseja, nos pouparia um tempo precioso.
– Tempo para nós não é problema. A expressão “todo tempo do mundo” se aplica aqui,
perfeitamente. – sorriu apaziguador.
– Ao que me consta, você tem uma viagem marcada para hoje.
– É verdade.
– Bom... Se me chamou aqui pra ficar ouvindo suas bobagens, peço permissão para sair. Nós
podemos ter todo tempo do mundo, mas a partir do momento que nos propomos a viver entre
humanos e advogar suas causas, temos que trabalhar no tempo deles. O show tem que continuar!
– Está bem Alice... – disse Edward recostando-se em sua cadeira. – O que desejo é lhe pedir perdão!
– Pelo quê, exatamente? – ela cruzou os braços e o encarou. – Por ser um idiota completo,
mentiroso, manipulador de mentes ou explorador de humanas indefesas?
– Por ser idiota completo e mentiroso! Não vou me desculpar por coisas que talvez continue
fazendo no futuro. Seria hipocrisia de minha parte.
– Edward... Eu não tenho tempo nem paciência para suas gracinhas.
– Quem está sendo engraçado? – disse sério agora. – Estou tentando me desculpar por ontem. Fui
grosseiro com você, sem mencionar minha proposta indecente. Nunca tive o direito de dizer tais
coisas á você.
– Não teve mesmo! – ela descruzou os braços. Bom sinal. – E não devia beber tampouco.
– Já disse que gosto do efeito, só isso... E esse não foi o problema. Eu fui realmente um idiota. E
para provar que estou arrependido, vou deixar Maureen na casa dela antes de seguir para o
aeroporto.
Não estava mentindo. Já fizera mal o suficiente á pobre mortal.
– Agora! – ela disse encarando-o.
– O quê?
– Se quer meu perdão, deixe-me levá-la agora.
Edward não tinha motivos para adiar a saída de Maureen de sua cobertura. Assentindo com a
cabeça, disse.
– Você tem a chave. Vá buscá-la.
– Está falando sério? – Alice o analisou em dúvida.
– Sim... Vá buscá-la. Só que caberá a você apagar as lembranças dela.
– Não tem problema. Farei com prazer... – depois acrescentou. – E ainda a induzirei a nunca mais se
envolver com você.
– Não adiantaria de nada, mas pode fazer como desejar. Não pretendo procurá-la outra vez. Na
verdade, e eu não precisava lhe dizer isso, mas... Eu não pretendo procurar por nenhuma outra nos
próximos dias.
– Está brincando comigo? – ela semicerrou os olhos em direção a Edward.
– Absolutamente. – disse ainda sério. – Não sinto necessidade de companhia.
– O que mudou em tão pouco tempo? – Alice parecia ainda mais incrédula.
– Perdoe-me, mas “isso” eu não sinto vontade de dividir com você.
– É melhor que não me diga... – ela disse depois de alguns segundos em silêncio. – Depois das
coisas que me disse não sei se quero saber de detalhes de sua vida.
– A entendo perfeitamente e também peço desculpas pelo que lhe falei. Só vou adiantar-lhe que não
fui totalmente sincero em tudo que disse. – Edward a viu abrir a boca para comentar, então
completou rapidamente. – E vamos ficar assim... Não lhe direi mais nada!
Alice fechou a boca sem nada dizer. Edward apreciou sua aceitação. Ainda não estava na hora de
dizer á amiga o que sentia. Com certeza ela não acreditaria e eles acabariam brigando novamente.
Quando voltasse de viagem a traria para seu lado. Por ora, começaria com seu plano indiretamente.
– Voltando aos assuntos práticos... Como estão os preparativos para nosso Halloween?
– Como já lhe disse, está tudo bem encaminhado. Será no Hilton e...
– No Plaza. – Edward a cortou.
– Como?! – Alice perguntou confusa.
– Eu quero que seja no Plaza.
– Mas Edward... Está tudo praticamente pronto. O salão no Hilton está reservado desde...
– Por favor, Alice. – Edward levantou-se e foi até a amiga. – Você é meu gênio particular. Conceda-
me esse pequeno desejo.
Alice o olhou por um tempo, então suspirando concordou.
– Está bem... Vou ver o que consigo em tão pouco tempo.
– Em doze dias? Você fará maravilhas!
A amiga lhe sorriu.
– Voltamos às boas, não voltamos?
Edward acompanhou seu sorriso.
– Sim, voltamos. – então se lembrando de outro assunto, perguntou. – Você conseguiu descobrir
porque Isabella foi dispensada do jornal?
– Não... Isso estava na lista de “pedidos do meu amo”, mas eu risquei o item depois que você me
mandou deixar a garota por conta própria.
– Pois recoloque o item na lista e descubra. – disse reprimindo o riso diante do súbito mau humor de
Alice.
– O quê? É para eu voltar a ser babá de Isabella?
– Por ora quero apenas que descubra, está bem? – Edward voltou á sua cadeira. – E, por favor,
quando sair, chame Jasper.
– Desculpe, mas não será possível. – enquanto falava, Alice se dirigia á porta. – Ele tem
compromissos a tarde toda. Jasper assumiu suas obrigações, esqueceu?
– É verdade. – Edward disse mais para si.
– Acho que você só o verá depois que voltar.
– Uma pena. Queria desculpar-me com ele também. Reconheço que não era hora de sair da cidade,
mas eu, verdadeiramente preciso.
– Não precisamos voltar á esse assunto. Já está tudo encaminhado... Eu distribuí todos os seus casos
pendentes dessas duas semanas entre Jasper e Emmett. Se surgir algum imprevisto eu posso
contatá-lo, não?
– Sim... Por menor que seja.
Alice o olhou mais uma vez desconfiada já com a mão na maçaneta. Ele sabia que se mesma
pergunta tivesse sido feita no dia anterior, ele diria para todos eles se virarem sem sua ajuda. Não a
culpava. Até mesmo ele se espantara com a resposta sincera.
– Tem certeza que não quer me contar o motivo de “tanta” mudança?
– Tenho!
Alice deu de ombros e, se preparava para sair, quando ele chamou sua atenção.
– Um último pedido Alice...
– O que é dessa vez? – perguntou voltando-se.
– Quero que dê um convite da festa para Paul e Isabella.
Em uma fração de segundo Alice estava sentada á sua frente.
– O que pretende? – ela perguntou visivelmente irritada. – Sei que não posso muito contra você,
mas não vou deixar que use Bella sem tentar defendê-la antes.
– Calma! – Edward estendeu as mãos para á frente em sinal de paz. – Não pretendo fazer mal algum
para a jovem.
– Não aceito essa resposta e não vou sair daqui ou fazer qualquer coisa que me pede se não me
disser exatamente o que está tramando.
Edward pode sentir seu mau gênio aflorando. Não gostava de ser confrontado. Ainda não se sentia
pronto para expressar em palavras o que á muito custo aceitara em pensamento.
Os dois vampiros permaneceram se encarando por vários minutos. Cada um alimentando sua raiva.
Por fim, Edward cedeu. Era ele que precisava dela, não o contrário. Além do mais, a reação de Alice
demonstrava o quanto ela gostava de Isabella. Poucos se atreveriam a enfrentá-lo em defesa de
outrem. Suspirando, ele se recostou e pediu.
– Apenas escute. O que vou dizer é a mais pura verdade e não admitirei que duvide.
– Estou ouvindo Cullen! – Alice se recostou em seu assento.
– Eu amo Isabella!
Alice permaneceu impassível. Encarava Edward em silêncio.
– Não vai dizer nada? – ele perguntou por fim, impaciente.
– Estou esperando que me diga algo que não saiba. Que você a ama há muito não tenho dúvidas. O
que me preocupa é o que vai fazer com isso.
– Como “não” tem dúvidas se nem eu mesmo sabia?
– Por favor... Você nunca se perguntou a razão por boicotar sua aproximação de Isabella?
– Nunca boicotei minha aproximação com ela! – exclamou exasperado.
– Você sempre teve medo do que sente por ela, Edward!... Para mim, esse fato ficou claro como
água no dia que me envolveu na história. Você nunca se preocupou com a segurança de humano
algum. Sem falar que se, realmente só desejasse a usar como me disse dias atrás, você teria feito há
muito tempo. Não faria todo esse teatro chegando ao ponto de trazer o namorado para cá. Antes
até... Nunca prometeria não matá-lo.
Edward não acreditava no que estava ouvindo. Alice prosseguiu alheia às suas reações.
– Você o teria matado; beberia seu sangue até a última gota bem diante dos olhos de Bella então a
tomaria para si e apagaria sua memória. Toda aquela conversa de jogo... De usá-la, aproveitar-se de
seu corpo para então despachá-la em um táxi na manhã seguinte, nada mais é do que medo! Você se
importa com o que Bella possa pensar de você. E eu nunca, em todos esses anos que lhe conheço, o
vi preocupar-se com a opinião de alguém.
O advogado permaneceu mudo. As palavras de Alice calando fundo em sua alma. Queria poder
protestar, dizer que a amiga estava enganada. Contudo não poderia. Sabia que ela estava com a
razão. Se seu desejo fosse simplesmente possuir Isabella, já o teria feito. Quantas oportunidades ele
teve? No restaurante. Na escadaria de seu prédio. No elevador. Até mesmo no Central Park na noite
em que a viu pela primeira vez. De repente, a resposta que procurara a noite inteira o atingiu como
um raio. Apaixonou-se por Isabella no momento em que sentiu seu cheiro; no momento em que a
viu.
Ainda alheia á expressão incrédula de Edward, Alice prosseguia.
– O problema aqui, Cullen, é o que você vai fazer com o que sente. Gosto verdadeiramente da
garota para deixar que você a use. Estranhei você estar á porta dela na terça passada e quando o vi
saindo contrariado do elevador e ela disfarçando o choro logo em seguida, vi que algo não ia bem
por isso a induzi a me dizer o que tinha acontecido. Depois das palavras dela, eu soube que você
teria uma chance, mas como o bom cretino que sempre foi estragou tudo. Não confio mais em você.
– Confie! – Edward achou sua voz. – Antes eu estava cego. Agora reconheço que a amo. Sei disso
por que nunca senti atração igual. Isabella foi a única a despertar meu interesse!
– Sei que ama a mortal, mas ela não foi a única. Desculpe lembrá-lo, mas você disse o mesmo em
sua declaração póstuma á Maria. Depois de matá-la, disse ter se arrependido, pois nunca sentira
atração igual. Disse que talvez ela fosse a mulher de sua vida. Que poderia amá-la. Lembro-me que
você ficou mal por dias á fio depois que tirou a vida dela somente porque a pobre carregava uma
cicatriz.
– Sei disso!
Edward não gostou que Alice citasse Maria. Lembrava-se perfeitamente do que sentira na época de
sua morte. Arrependera-se sim. Fora precipitado em matá-la, porém tinha consciência que agira em
defesa própria. Maria fora uma vítima inocente de seu temor – ele arrependia-se apenas por seu
engano – mas nunca se deixaria ser derrotado por aquela que carregasse a marca.
Acreditava que, se até mesmo Isabela a tivesse, ele a mataria sem pestanejar. Qualquer fêmea que
cruzasse seu caminho que a carregasse morreria, fosse ela mortal ou imortal. Contudo, poderia ficar
tranquilo. Pelo pouco que viu de Isabella, a jovem tinha a pele perfeita e o que sentia por ela era
infinitamente mais forte do que sentira por Maria.
– Asseguro-lhe que agora é diferente. Isabella não é Maria. O que sinto é muito mais intenso e
verdadeiro. Não é minha intenção fazer qualquer mal á humana.
– Posso acreditar que está sendo sincero?
– Dou-lhe minha palavra de honra!
Alice analisou o rosto de Edward por um tempo, então disse.
– Vou acreditar em você... Mas ajudarei novamente apenas porque sei que Bella está confusa. Se ela
não demonstrasse qualquer interesse eu não participaria disso. E nem adianta lembrar-me do quão
manipuladora eu posso ser. Reafirmo que gosto da humana. É por ela que farei o que me pede.
– Obrigado! – ele agradeceu sinceramente. – Então, mande o convite e providencie para que ela
tenha tudo que precisar.
– Sim... – Alice revirou os olhos. – Como se Bella fosse aceitar alguma ajuda...
Antes que Edward pudesse perguntar sobre o que ela se referia, Alice já não estava á sua frente. Ele
não se deu ao trabalho de chamá-la de volta. Tudo que ouvira ainda estava enchendo sua cabeça e o
que ele queria no momento era colocar os pensamentos em ordem. Deixaria para conhecer Isabella
á fundo quando voltasse.
Olhando em seu relógio de pulso, decidiu que era hora de deixar as coisas em ordem em seu
escritório. Edward ocupou-se com toda sorte de documento. Não queria encontrar com Maureen
quando subisse até sua cobertura. Depois de passados bons trinta minutos, ele seguiu para seu
elevador.
Quando subiu para seu apartamento, tudo que encontrou foi sua cama vazia. Agradeceu
mentalmente á Alice por seu cuidado com mais aquela humana. Resignado, Edward preparou-se
para partir. Sentia não ter a chance de desculpar-se com Jasper. Essa seria uma das primeiras coisas
que faria na volta. Antes mesmo de iniciar sua nova etapa na conquista definitiva de Isabella.

http://www.youtube.com/watch?v=GOJk0HW_hJw&ob=av2e
Bella carregava a bandeja com os copos tomando o devido cuidado para não derrubá-los. Nesses
momentos se arrependia por ter se oferecido para ajudar uma de suas amigas de faculdade. Angela
Weber se formara junto com ela em Yale, porém não seguira a carreira. Estava casada com Ben,
dono de um restaurante italiano em Little Italy. O mesmo que Bella se encontrava a equilibrar uma
bandeja. Sim, arrependia-se, porém sempre que via o quanto a amiga estava satisfeita em tê-la por
perto, seu arrependimento evaporava como água quente.
No dia seguinte á sua volta do Arizona, quando Paul informou-lhe que não poderia encontrá-la, ela
resolveu jantar no restaurante da amiga. Entre um assunto e outro, Ângela lhe disse que estava
aflita, pois uma de suas funcionárias precisava viajar ás pressas para o Canadá. Seria breve e ela não
queria contratar outra pessoa por tão pouco tempo. Bella viu ali a chance de ocupar-se e ajudar a
amiga; além de ganhar algum dinheiro. Estava no “Florença” há seis dias apenas. Ainda não
conseguira se habituar a carregar tantos copos. Para sua alegria nunca quebrara nenhum.
Paul foi que não gostou nada da novidade. Bella nem gostava de se lembrar da discussão que
tiveram por causa dessa ocupação temporária. O namorado achava que ela estava se rebaixando ao
oferecer-se para servir mesas. Nem mesmo levou em consideração quando ela lhe afirmou que seria
por no máximo vinte e cinco dias apenas. Bella por sua vez o achou tão esnobe quanto os pais. Ela
sempre acreditara que toda forma de emprego era digna e válida. Por essa razão não se deixou
influenciar e manteve sua palavra á Angela.
Bella e Paul estavam estremecidos desde então. Com pouco tempo de se encontrarem ficava difícil
fazerem ás pazes. Eles pouco conversavam ao telefone. Bella sentia falta de sua companhia. A
viagem á casa da mãe a ajudara a esclarecer as dúvidas. Não se sentia mais culpada por seu deslize
no elevador, apenas envergonhada por não conseguir tirar outro advogado de sua mente. Se
possível, evitaria ao máximo cruzar o caminho de Edward novamente. Amava Paul eu não poderia
“desejar” algo diferente como disse sua mãe. Ela queria somente a calmaria de seu relacionamento
estável e previsível de três anos.
– Ei, Bells. – Angela a chamou.
– Um instante. – pediu enquanto começava a servir á mesa.
Assim que deixou as bebidas seguiu até a amiga.
– Tenho boas notícias. Acho que não terei problemas se você não vier no dia trinta e um.
– Obrigada!
Finalmente Bella teria uma chance de estar com Paul. Alice os havia convidado para participar do
baile anual de Halloween promovido por Edward para ajudar crianças carentes. Bella admirava a
iniciativa. Mesmo que o anfitrião não aparecesse nas colunas sociais, esse evento era esperado por
boa parte da elite nova-iorquina. Nem em seus sonhos mais ingênuos, Bella cogitou estar em uma
dessas festas. Agora, porém, com Paul trabalhando no escritório, ela teria a oportunidade. Sentia-se
apreensiva, mas acreditava que seria praticamente impossível cruzar duas vezes com Edward
durante a festa. Uma única vez não lhe mataria. Infelizmente o Halloween seria em um domingo,
um dos dias mais movimentados no restaurante de Angela. Bella pedira a dispensa com certo
remorso.
– Não me agradeça... Você está me fazendo um favor e eu não poderia negar-lhe o pedido. Precisava
apenas acertar as coisas com as outras meninas. Elas gostam de você e disseram que poderão dar
conta por uma noite. Eu mesma as ajudo se for preciso.
– Mesmo fazendo-lhe um favor, não me considero em posição de ter privilégios... Então... Obrigada
novamente. – Bella sorriu-lhe agradecida. – Agora me deixe fazer meu trabalho. A casa está cheia,
hoje.
– Está bem. – Ângela também lhe sorriu.
Quando Bella chegou ao seu apartamento naquela noite sentia-se exausta. Nem parecia que havia
sido sua folga na noite anterior. Black veio se sentar em seu colo. Sua dona passou a acariciar-lhe a
cabeça, enquanto ele ronronava.
– Como passou o dia? – ela perguntou-lhe. – Alguém me telefonou? Não? Então, pelo visto, eu terei
que tomar a iniciativa.
Colocando o gato de lado, sem se importar com o adiantado da hora, Bella discou para o
apartamento do namorado. Depois de três toques, ele atendeu com a voz sonolenta.
– Desculpe-me por acordá-lo.
– Sem problemas Bella, o que deseja?
Bella sentiu uma leve pontada no coração. Habituara-se a ser chamada de “anjo” por ele e aquele
tratamento frio a feria.
– Estou com saudades. Queria ouvir sua voz.
– Também sinto saudades de você. Há dias não nos vemos e... – de repente ele pareceu alarmado. –
Você sabe que horas são?!
– Duas e quinze da madrugada.
– Você chegou agora?!
– Sim... Hoje o movimento foi intenso e...
– Não é seguro ficar até essa hora na rua. Quando essa loucura vai acabar?
– Alguns dias ainda. – ela suspirou cansada. – Paul... Eu não quero brigar com você novamente.
– Então diga á Ângela que não pode mais ajudá-la... Se alguma coisa de ruim acontecer á você eu...
– Nada vai acontecer-me. Meu carro fica no estacionamento do restaurante e minha rua sempre foi
tranquila.
De repente Bella enterneceu-se. Talvez a resistência de Paul fosse apenas preocupação e ele não
soubera se expressar na ocasião, visto que estavam ambos exaltados.
– Não sei Anjo... Ainda acho melhor...
Bella ficou feliz por ser chamada pelo apelido, porém não cedeu.
– Paul, por favor... Só mais alguns dias. Não vamos voltar a esse assunto. – então ela tentou mudar
o tema.
– Adivinhe... Vou estar livre na noite da festa. Poderemos ir ao Halloween.
– Ah, meu anjo... – seu tom era pesaroso. – Não poderei ir.
– Por que não?
– Estou cuidado de um dos casos de Edward enquanto ele está fora. Alice passou-me a
responsabilidade esses dias. Tenho folhas e mais folhas para analisar. Não posso distrair-me com
nada.
– Que pena... Eu queria muito ir a essa baile com você.
– Mas você pode ir com Alice. Não precisa perder a festa por minha causa.
– Que graça teria? – perguntou desanimada.
– A graça que toda festa sempre tem. Além do mais, é uma boa oportunidade de fazer bons contatos.
– Vou pensar a respeito.
– Faça isso... – Paul mudou o tom. – Anjo... Sinto sua falta!
– Eu também. Não gosto quando brigamos.
– Nem eu tão pouco... Está bem. Vou tentar não tocar mais no assunto “servir” mesas, está bem?
– Seria perfeito! – disse Bella sorrindo.
– Então... Estamos novamente de bem?
– Estamos!
Paul ficou em silêncio por um momento.
– Você me acordou! – acusou de repente.
– Sim! – Bella franziu a testa. – Quer que eu desligue para que possa voltar a dormir?
– Não. Na verdade estou completamente desperto agora.
– Entendo! – sim, Bella entendia. – E o que posso fazer por você?
– Pode dizer-me o que está usando.
Bella olhou instintivamente para o próprio corpo largado no sofá. Estava com uma de suas calças
jeans surradas, uma camiseta rosa de malha sob o casaco bege que nem ao menos se deu ao trabalho
de tirar quando entrou. Sorrindo disse.
– Estou deitada em minha cama, usando aquele conjunto preto que você adora.
– Eu sabia! – ele exclamou. – Eu consigo ver o bico de seus peitos através da renda?
– Consegue. Na verdade, você os está mordendo sobre a renda.
Dito isso ela gemeu baixo como se realmente tivesse recebido o carinho. Ela ouviu, satisfeita, um
gemido do outro lado da linha. Paul disse com a voz começando a ficar rouca.
– Eu estou abrindo o fecho do sutiã. Quero vê-la antes de brincar com eles.
Quando Bella tentou formar a imagem em sua mente, teve um sobressalto. Definitivamente não era
Paul que estava lá. Sentiu-se quente imediatamente. Tentou expulsar aquele rosto intruso, mas Paul
continuava a falar, confundindo-a.
– Eu os pego em minhas mãos. Aperto-os com força até os bicos ficarem duros em meus dedos.
Então os cubro com a boca e começo a sugá-los com vontade.
Ao imaginar a cena que ele descrevia, sentiu-se dolorosamente excitada. Expulsou Black do sofá e,
tirando rapidamente o casaco, acomodou-se melhor sobre ele. Paul continuou.
– Desço minha mão por seu corpo, a coloco dentro de sua calcinha...
– Sim... – Bella gemeu. – E eu toco em seu peito. Também deslizo minha mão por seu abdômen.
Então desço até sua cueca.
– Eu não estou usando... – ele atalhou completamente rouco.
– Melhor assim. – Bella sorriu procurando a imagem do namorado em sua cabeça. – Eu o toco
diretamente. Sinto-o duro em minha mão.
– Isso meu anjo...
– Eu o acaricio; lentamente a principio... Então vou aumentando o ritmo...
– Posso sentir sua mão... Diga meu nome!
– Paul... Paul... Paul... – Bella sussurrou ainda mais excitada, reprimindo o desejo de tocar-se. O
namorado gemeu alto do outro lado.
– Isabella...
Bella nem reparou na voz tremida do namorado indicando que ele atingira o clímax. Apenas ouvira
o nome. Por que Paul teve que chamá-la daquele jeito? Apenas uma pessoa a chamava assim. E era
justamente aquele que lutara para afastar do pensamento há dias. Bella trocou ainda mais algumas
palavras com o namorado antes de desligar. Completamente excitada e confusa, com a imagem de
Paul e Edward revezando-se em sua mente, seguiu para o banheiro. Precisava de um banho frio.
Minutos depois, já em sua cama, tentando não pensar em Edward, Bella procurou ocupar a mente
com outros assuntos. Resolveu decidir o que faria com o Halloween. Agora que sabia que Paul não
iria, a festa perdera um pouco do brilho. Desejava estar com ele. Voltar ao relacionamento que
sempre tiveram. E, por mais que não tivesse a oportunidade, não desejava estar sozinha perto de
Edward. Talvez o melhor a fazer fosse devolver o convite á Alice, mesmo que ela não entendesse
sua desistência. Bella sabia que ela não entenderia. A amizade das duas se firmara nos últimos dias
e Alice estava animada com a primeira festa que iriam estar juntas. A jovem perguntou-se se teria
coragem de causar-lhe mais essa tristeza.
Assim como Paul, Alice não havia gostado muito da novidade de Bella trabalhar com Ângela. Por
ela Bella estaria trabalhando na Cullen & Associted. Não fosse pelo ocorrido com o dono do
escritório, Bella compartilharia da idéia, porém não via como seria possível trabalhar sob o mesmo
teto com o advogado que vinha povoando seus sonhos desde que o conhecera. Por mais que ela
tivesse convicção que não queria mais vê-lo, não conseguia a mandar a mensagem para seu
subconsciente. Sonhar com Edward Cullen se tornou corriqueiro. Invariavelmente ela acordava
afogueada.
Em uma dessas noites, quando acordou subitamente de um sonho onde Edward ordenava que
abrisse a porta e o convidasse a entrar, teve a impressão que alguém estava em sua sacada. Ela não
se atreveu a ir conferir e na manhã seguinte providenciou uma cortina para evitar ficar olhando para
fora, pensou até em fechá-la definitivamente com tijolos. Desse sonho em particular Bella sentiu
medo. O Edward dessa vez era estranho e tinha os olhos raivosos.
Ela acreditou estar sob influencia das notícias recentes. Dias antes outra moça que morava sozinha
foi encontrada morta em seu apartamento. Bella não decorou o nome, mas lembrava-se que a
descrição ao encontrá-la era que, o corpo da jovem estava debilitado; cheio de hematomas. Que
sofrera abuso sexual e que tinha marcas de mordidas no pescoço e nos pulsos.
Coincidentemente, no dia posterior a essa morte, Alice se tornara super protetora, indo todas as
manhãs em seu apartamento para saber se ela estava bem ou se precisava de alguma coisa. Antes de
ir embora, recomendava para que ela não abrisse a porta á estranhos e que se fosse preciso era
somente chamá-la que viria imediatamente. Bella achava graça do oferecimento, visto que Alice era
tão pequena e frágil, que seria muito mais fácil para Bella socorrê-la que o contrário.
Lembrando-se da atenção da amiga, Bella sentiu o coração apertado por lhe desapontar por não ir á
festa. Porém o faria. Estava resolvida; ela não iria sem Paul. Talvez se ficasse em casa, ele pudesse
aparecer tarde da noite depois que revisasse os processos. Ela não precisava dizer á Ângela que
mudara os planos assim poderia preparar algo especial para o namorado em seu apartamento ou
quem sabe, até no dele. Sim, seria exatamente o que faria. Trataria os detalhes com Paul e depois
comunicaria á Alice que não participaria do Halloween beneficente de Edward Cullen.

**************************************************************

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado... agora segue o spoiler:"Alice se afastou enquanto Bella
tirava o vestido, ficando somente com suas roupas íntimas. Ela entregou a peça para Kim
e estendeu o braço para pegar suas roupas depositadas na cadeira ao lado daquela onde
Alice fora se sentar. Ela acabava de vestir a blusa pela cabeça quando Alice se levantou
abruptamente apontando a lateral de seu quadril, com a testa franzida. Bella o que é isso?
Ela nem mesmo precisou olhar para saber ao que Alice se referia. É minha marca de
nascença. respondeu alcançando a calça jeans. Está me dizendo que nasceu com isso?!
Alice parecia incrédula. Sim... Ainda bem que ela é escondida. Não sei como seria se
estivesse em algum lugar aparente. Entendo... Alice tornou a se sentar sem tirar os olhos
do quadril de Bella. Ao que parece eu herdei isso de minha tia. Segundo minha mãe, a
irmã dela tinha uma nas costas. Tinha? Minha tia é falecida. Bella explicou normalmente.
Lamento. Ah, sem problemas... Não a conheci. Ela morreu quase nove meses antes do
meu nascimento. Bella riu debochada. Minha mãe acredita que sou uma espécie de
reencarnação ou algo do tipo. Algumas pessoas acreditam nessas coisas. disse Alice
pensativa. Como sua tia morreu? Na verdade nunca se chegou á uma conclusão. Segundo
as pessoas que estiveram com ela na noite de sua morte, disseram que ela estava bem.
Porém, foi encontrada morta, sentada nos fundos do bar onde trabalhava como
garçonete. Quando eu tinha idade suficiente para entender, minha mãe me contou que
não encontraram qualquer ferimento em seu corpo e, no entanto, ela estava quase que
completamente sem sangue."Bjus amores... até segunda!... :)

(Cap. 16) Capítulo 17

Notas do capítulo
AÊeeeeeeeee... o/Posso postar de novo... agora vamos que vamos!...

Parada em frente ao espelho, vendo como “milagrosamente” estava bonita, Bella começou a se
acostumar com a idéia de que iria ao Halloween uma vez que não seria possível se encontrar com
Paul, mesmo que tarde da noite como pretendia. Bella sabia que deveria entender o namorado, mas
ficou triste em não poder lhe preparar algo especial para a noite da festa. Quando ela contou a Paul
seu plano de fazer um jantar para que ficassem juntos, ele gentilmente rejeitou a idéia dizendo que
realmente tinha muito trabalho a fazer e que dificilmente teria algum tempo livre.
A audiência do caso em que trabalhava seria na segunda e ele precisava estar concentrado. Ele disse
á Bella que pretendia não falhar com Edward como falhara com Harry. A jovem calou qualquer
argumento que estivesse formulando, pois se lembrava muito bem o motivo pelo qual o namorado
falhara com o antigo patrão. Não queria ser responsável por mais problemas. Então, ficou
combinado que se encontrariam no apartamento dela na noite seguinte ao baile. Paul dissera para
ela não preparar nada em especial. Apenas uma noite de filme e pipoca como costumavam fazer.
Bella sorriu para sua imagem no espelho. Esperava por aquela noite ansiosamente. Sentia muita
falta de Paul. Não se lembrava de outra ocasião em que ficara tanto tempo afastada dele. Ela disse a
si mesma que tentaria tirar o máximo proveito da programação simples. Satisfeita com a decisão,
Bella segurou a saia do longo vestido e moveu-se lateralmente imitando passos de dança. Sim! Iria
ao baile no Plaza. Ainda sentia-se insegura em encontrar-se com Edward Cullen novamente depois
do episódio no elevador, mas não tivera forças para resistir á Alice. A conversa que tiveram uma
hora antes em seu apartamento ainda pairava em sua memória.
– Como assim, não vai? - Alice havia perguntado incrédula.
– Não sei Alice... Paul terá que trabalhar, então eu pensei...
– Em não ir?... Está maluca!... Ou ele não quer que você vá?
– Não é isso... Na verdade ele insiste para que eu participe da festa.
– Então eu concordo com Paul... Você vai comigo e pronto... Vai ser divertido. Depois voltamos
juntas.
Bella sorriu com a determinação da amiga e considerou por um tempo.
– Está bem... Vou com você.
– Isso! – Alice bateu palmas. – Já pensou em que roupa usar?
– Estava com uma idéia...
– Você vai de vampira como me disse que sempre faz? – perguntou Alice fazendo uma careta.
– Não dessa vez. Eu estava pensando em ir de Christine Daaé.
Alice a olhou com admiração.
– Hummm... A donzela do fantasma?... Perfeito! Você ficará linda.
Bella imaginou que mulher alguma ficaria linda perto de Alice. A amiga poderia ir de monstro do
lago Ness que ainda seria a sensação da festa. Ela sorriu timidamente ao elogio antecipado. Alice
continuou.
– Precisamos apenas achar o vestido perfeito.
– Isso não será problema. – disse Bella cruzando as pernas sobre o sofá. – Tenho uma amiga que
trabalha em uma companhia de teatro amador. Ela sempre me socorre nessas ocasiões.

Alice adorara a idéia e insistira em ir com Bella para ver se a amiga realmente acharia o vestido
dentre os figurinos da companhia de Kim. Como faltavam apenas quatro dias para a festa, a amiga
insistiu para que Bella fosse o quanto antes ter com Kim. Disse que tiraria a manhã de folga e,
depois de um telefonema de Bella, as duas saíram. Seguiram no Austin Martin conversível de Alice,
aproveitando a manhã de sol. A conversa fluía fácil entre elas. Alice parecia particularmente
animada. Em menos de vinte minutos a amiga estacionava o carro vermelho – bem ao estilo de
Alice – diante do endereço fornecido por Bella.
E ali estava ela, diante do espelho, em uma das salas da companhia de Kim. Alice saíra com a sua
amiga enquanto ela se vestia para vasculhar mais uma vez os figurinos a procura de outras opções
de vestido. A jovem não queria outro, estava satisfeita com o resultado que via diante de si. O
vestido creme com detalhes em renda no busto estava perfeito em sua opinião. Ainda movia-se
distraída na frente do espelho quando Alice bateu á porta.
– Bella, eu posso entrar para ver como ficou?
– Sim...
Bella sorriu. A porta fora aberta antes mesmo que terminasse sua resposta, confirmando que mesmo
que negasse a amiga entraria de qualquer jeito. Kim entrou logo em seguida trazendo outro vestido
nos braços. A dona da companhia foi se sentar em uma das cadeiras da sala olhando-a com
admiração enquanto que Alice se posicionou atrás de Bella e a olhou através do espelho.
– Linda! – exclamou Kim.
– Perfeita! – disse Alice. – Por mim você nem precisa experimentar o que nós trouxemos agora.
Esse ficou muito bem em você... Só precisamos prender seu cabelo assim e...
Alice congelou no meio da frase. Segurava os cabelos de Bella como se fosse fazer um rabo-de-
cavalo ou uma trança, porém não se movia. Olhava fixamente para algum ponto na nuca da jovem.
Bella preocupou-se.
– Alice o que foi?
– Nada! – respondeu saindo do breve transe. – Esqueça o que eu disse. Vamos deixar seu cabelo
solto. Podemos prender ele somente aqui... – disse prendendo duas mechas generosas atrás de sua
cabeça. – Depois colocamos alguns enfeites e estará pronta.
– Também gostei desse vestido. E acho que você tem razão... Prefiro meu cabelo solto.
– Bella. – chamou Kim. – Tire o vestido para que possa dar aquele ponto que lhe falei.
– Vou tirá-lo...
Alice se afastou enquanto Bella tirava o vestido, ficando somente com suas roupas íntimas. Ela
entregou a peça para Kim e estendeu o braço para pegar suas roupas depositadas na cadeira ao lado
daquela onde Alice fora se sentar. Ela acabava de vestir a blusa pela cabeça quando Alice se
levantou abruptamente apontando a lateral de seu quadril, com a testa franzida.
– Bella o que é isso?
Ela nem mesmo precisou olhar para saber ao que Alice se referia.
– É minha marca de nascença. – respondeu alcançando a calça jeans.
– Está me dizendo que nasceu com “isso”?! – Alice parecia incrédula.
– Sim... Ainda bem que ela é escondida. Não sei como seria se estivesse em algum lugar aparente.
– Entendo... – Alice tornou a se sentar sem tirar os olhos do quadril de Bella.
– Ao que parece eu herdei isso de minha tia. Segundo minha mãe, a irmã dela tinha uma nas costas.
– Tinha?
– Minha tia é falecida. – Bella explicou normalmente.
– Lamento.
– Ah, sem problemas... Não a conheci. Ela morreu quase nove meses antes do meu nascimento. –
Bella riu debochada. – Minha mãe acredita que sou uma espécie de reencarnação ou algo do tipo.
– Algumas pessoas acreditam nessas coisas. – disse Alice pensativa. – Como sua tia morreu?
– Na verdade nunca se chegou á uma conclusão. Segundo as pessoas que estiveram com ela na noite
de sua morte, disseram que ela estava bem. Porém, foi encontrada morta, sentada nos fundos do bar
onde trabalhava como garçonete. Quando eu tinha idade suficiente para entender, minha mãe me
contou que não encontraram qualquer ferimento em seu corpo e, no entanto, ela estava quase que
completamente sem sangue.
Alice e Kim ouviam em silêncio.
– Vocês vão achar bobagem de minha parte, mas acho que devido a essa história eu tenha
desenvolvido esse interesse por estórias de vampiros. Sei que eles não existem, mas se fosse o caso,
essa seria uma explicação lógica para o que aconteceu com minha tia Maria.
Bella percebeu quando Alice prendeu a respiração. Ela olhou para o rosto da amiga a tempo de ver a
tristeza se apoderar de seu olhar.
– Não fique assim Alice. Isso aconteceu há muito tempo. Nem conheci minha tia... – disse Bella
vestindo a calça. – Não precisa ficar assim impressionada.
– Está bem... – concordou com a voz, estranhamente, embargada. – Bella eu estive pensando...
Acho que você tem razão. Já que Paul não pode lhe fazer companhia, talvez fosse melhor não ir á
festa.
– O quê?! – Bella olhou-a espantada. – Por que isso agora?
– Não sei... Eu vou ter que ajudar a receber os convidados. Não vou parar a noite toda. Você ficará
sozinha. Acho que não será divertido como pensei que fosse.
– Ah, moça... – Kim entrou na conversa. – Bella nunca se importou com essas coisas. Ela é capaz de
se divertir apenas admirando a festa. Além do mais, quando se tem a oportunidade de ir á uma
recepção no Plaza?
– Isso mesmo. – Bella franziu a testa. – Há um minuto estava toda animada, agora não quer que eu
vá... Você está confusa Alice.
A amiga a olhava suplicante.
– Por favor, Bella, não vá... Sei que fiz parecer ser um evento imperdível, mas...
– Desculpe Alice... Se fosse antes eu até lhe atenderia, mas agora que vim até aqui e arrumei o que
vestir, eu não vejo motivos para ficar em casa.
Bella não entendia a preocupação no rosto da amiga. Que mal haveria em ficar sozinha por algumas
horas? Alice não se ocuparia o tempo todo. Elas ainda poderiam aproveitar a festa juntas. Foi o que
argumentou com ela á caminho de casa. Alice dirigia monossilábica. Coisa rara de acontecer, visto
que ela sempre dominava a conversa. Bella tentou não dar muita importância ao fato. No fundo
gostava da preocupação da amiga, mesmo que achasse exagerada.
Ao chegarem á porta do prédio, Alice ainda tentou convencê-la do contrário. Porém Bella manteve
firme a decisão em ir á festa de Halloween. Ainda que visivelmente contrariada, a amiga aceitou sua
posição. Então, disse ter se lembrado de algo importante para fazer no escritório, recomendou mais
uma vez pra que Bella não falasse ou atendesse á estranhos, então partiu. Bella ainda ficou na
calçada vendo o carro vermelho da amiga ganhar distância, sem entender a súbita mudança de
humor. A jovem nunca vira Alice tão preocupada ou até mesmo triste. Nem mesmo quando a
conheceu depois de se separar do marido.
Sem conseguir chegar á uma resposta, Bella seguiu para seu apartamento. Precisava se arrumar para
ir trabalhar. Desanimada seguiu até a porta do prédio. Ela previa noites longas, cansativas e
entediantes até dia trinta e um de outubro. Mas decidiu resistir bravamente, pois na noite anterior,
finalmente estaria com Paul novamente.

Edward estava sentado em sua cadeira no escritório, analisando alguns papéis, se inteirando do que
acontecera na Cullen& Associted na sua ausência, quando Alice entrou disparada pela porta. A
secretária tinha no rosto uma expressão acusadora.
– Edward! Por que não me avisou que voltaria hoje?!
– Somente dei a você um pouco de seu próprio veneno. – disse sério. – Adiantei minha volta quando
ficou claro para mim que você me escondia alguma coisa. Então resolvi esconder coisas de você
também.
– Muito maduro! – Alice debochou. – Se não me engano você disse que precisava de um tempo
fora. Só lhe proporcionei o que queria.
Indo se sentar á sua frente, ela perguntou.
– Como foi lá?
– Interessante.
Edward apreciou os momentos que passou em sua propriedade na terra natal de seu pai. Por mais
que tenha descoberto o motivo de ser “exilado” em Londres praticamente em todas as suas férias,
ainda gostava da mansão. Carlisle costumava o mandar para lá quando estava longe do colégio
interno. Algumas vezes o acompanhava, mas sempre se ocupava com alguma coisa chegando a casa
quando Edward já estava dormindo. Fora em uma dessas viagens, aos quatorze anos de idade, em
uma das inúmeras tardes solitárias, que tivera sua primeira experiência sexual com a filha de uma
das empregadas; Diana.
A jovem era três anos mais velha do que ele e o iniciara com competência. Edward descobriu na
prática que as conversas proibidas que mantinha com seus colegas de quarto eram estórias de ninar
se comparadas ao que a moça lhe fizera. Diana o ensinou a beijar, a tocar o corpo dela onde lhe
dava maior prazer, assim como tocou no dele – com mãos e lábios – deixando-o louco e sedento por
mais. Depois dela, sempre que tinha a oportunidade, Edward se “deitava” com todas que se rendiam
ás suas palavras.
Sim! Edward sorriu discretamente. Ele tinha boas recordações de Londres. Porém, dessa vez, apesar
de estadia ter sido interessante como havia dito não se sentiu propenso a cortejar nenhuma das
moças da cidade. Nem mesmo quando cruzara com uma imortal na noite em que foi ao Royal
Haymarket assistir a comédia de costumes “The Rivals”. Ele fora atraído pelo odor característico da
vampira em um dos intervalos. Como era de sua natureza se aproximar de mulheres bonitas, não
perderia a oportunidade de conhecer uma que era de sua mesma espécie.
Contudo, apesar de Kate ter se mostrado encantada em conhecê-lo e ser uma companhia agradável,
ele não sentiu desejo algum em “estar intimamente” com ela. Não que a imortal não tenha insistido.
Depois do teatro eles saíram para jantar. Ela lhe disse que estava na cidade de passagem e que em
poucos dias viajaria para o Alasca onde tinha alguns amigos. Deixou claro ainda que adoraria passar
mais tempo com ele. E como se suas palavras não bastassem, em determinado momento, acariciou-
lhe a perna com o pé por baixo da mesa.
Em outros tempos, Edward teria ficado excitado com a ousadia e a teria possuído selvagemmente
depois que saíssem do restaurante visto que com ela não precisaria conter-se. Porém, como
acontecia desde que saíra de Nova York, todos seus pensamentos eram de Isabella. Poderia até ter
jantado com Kate, mas procurava apenas conversa inteligente e despreocupada com alguém de sua
espécie. Evidente que, depois de sua recusa educada em compartilharem a mesma cama, a vampira
não aceitou seu oferecimento em levá-la para casa e se despediram ainda na porta do restaurante.
Depois desse dia Edward pouco saiu de casa indo apenas visitar o centro de antropologia que criara
em homenagem ao pai e as outras propriedades que tinha na cidade e arredores. Em todo esse
tempo, estando ocupado ou não, entre um pensamento e outro dirigido á Isabella, ele sempre
cismava com suas conversas com Alice. Á princípio achou estranho que ele tivesse que tomar a
iniciativa em telefonar para saber como estava tudo em Nova York. Quando a amiga lhe atendeu,
seu tom de voz denunciava nervosismo. Edward perguntou sobre Isabella e foi informado que a
jovem estava bem e trabalhando temporariamente em um restaurante em Little Italy.
Edward não ficou satisfeito. Conhecia o potencial de Isabella como jornalista e temia que o
“temporário” se tornasse permanente. Além do mais, ele sabia o quanto era perigoso estar tarde da
noite na rua. Alice o tranqüilizou-o dizendo que a seguia todas as noites até que esta chegasse
segura ao seu apartamento. Disse ainda que Jasper e ela ficavam no apartamento que alugara – e
nunca devolvera mesmo nos dias que Edward havia dito para ela deixar Isabella á própria sorte –
sempre atentos para que nada de mal lhe acontecesse.
Foi depois desse comentário que ele passou a desconfiar que Alice estava lhe escondendo algo. Que
Jasper passava as noites com ela no apartamento não era novidade. O inédito era ele participar
ativamente da vigilância. Por que estaria fazendo isso? Na ocasião da conversa Edward havia
exigido saber, mas Alice apenas disse que era excesso de segurança de sua própria parte; que ele
não precisava preocupar-se com nada; que tudo estava correndo bem. Ele duvidava, mas lhe dera o
beneficio da duvida por alguns dias. Até que na noite passada, sonhou com Isabella morta sentada á
mesma porta onde ele havia deixado Maria.
Não gostava sequer de recordar das sensações inquietantes de perda e abandono. O sonho, aliado a
saudades que sentia da jovem assim como as conversas evasivas de Alice, fizeram com que ele
adiantasse sua volta. Agora estava diante de uma Alice incrédula e aborrecida por vê-lo na cidade
antes do dia marcado. Por mais que ela dissesse que queria apenas deixá-lo em paz ou fizesse
perguntas triviais, ele não deixaria que ela saísse de sua sala sem contar tudo que lhe escondia.
Sorrindo-lhe placidamente, repetiu a resposta e completou.
– Foi interessante... Mas não tenho muito a falar sobre Londres. Prefiro que você desembuche de
uma vez e me conte tudo que vem escondendo.
Alice o olhou por um tempo, então suspirando, disse.
– Agora que está de volta tenho mesmo que contar. Se eu não fizer outro o fará. Já foi bem difícil
convencer Emmett, Jasper e James para que não lhe telefonassem.
– O que de tão grave aconteceu para que você os proibisse de me dizer? – Edward começava a ficar
irritado com Alice. – Conte-me de uma vez!
– Maureen está morta! – ela disse por fim.
Edward levou um segundo para processar o nome. Encontrava-se em tamanho estado de ansiedade
que lhe pareceu que Alice havia dito o nome de Isabella. Sentiu-se aliviado apenas para preocupar-
se novamente no segundo seguinte.
– Como assim? Eu a feri a esse ponto? – pela primeira vez em décadas ele se sentiu culpado.
– Não Edward. – Alice tentou tranqüilizá-lo. – Eu a levei para casa... Maureen estava fraca, mas não
ao ponto de morrer depois que eu a deixasse.
– Mas então... – ele pareceu confuso.
– Ela foi atacada! Provavelmente pelo mesmo vampiro do parque.
– E você escondeu esse fato de mim?! – Edward a todo custo se controlava.
– De nada adiantaria se voltasse. O mal já estava feito.
– O caso parou nos jornais?
– Sim... Agora disseram que a morte dela pode ter ligação com as do parque já que o corpo
apresentava as mesmas características. Com o agravante que ela foi abusada sexualmente.
Edward se calou por um tempo, depois disse.
– Não podem ter sido fatos isolados. Agora não resta duvidas. O assunto “é” comigo.
– Acredito que sim... – Alice desviou o olhar. O movimento não passou despercebido á Edward.
– O que mais tem a me dizer?
Ela mordeu o lábio, pensou por um instante, então despejou de uma vez.
– Não tenho certeza, mas acredito que esse vampiro esteve em nosso prédio.
– Onde mora com Jasper?... O que será que ele... – então Edward calou-se mais uma vez quando
entendeu as palavras de Alice. O advogado ficou de pé tão rapidamente que derrubou a cadeira atrás
de si. – No prédio de Isabella?!
Alice assentiu com a cabeça. Edward explodiu.
– Está mentindo! Tem absoluta certeza que ele foi até lá. Como pôde esconder isso de mim?!... Está
maluca? Eu devia ter voltado imediatamente!
– Tenha calma, Edward. Nada aconteceu... Isso foi há poucos dias atrás. Jasper tem ficado comigo
desde então. Ele não voltou mais a pisar na sacada de Isabella.
– Chegou assim tão perto?! – esbravejou.
– Sim! Quando senti o cheiro e fui verificar não havia mais ninguém por perto. Fiquei com medo de
sair á procura e deixar Bella sozinha, desculpe-me.
– Desculpá-la? – Edward ignorou a cadeira caída foi para o meio da sala onde passou a andar de um
lado ao outro visivelmente transtornado. – Minha vontade é de... Chacoalhar você para ver se sua
cabeça funciona. – sua vontade real era arrancar-lhe a cabeça, porém sabia que nunca faria. E ela
cumprira sua determinação em proteger Isabella. Tentando controlar-se perguntou.
– Você reconheceu o cheiro?
– Não! Não é ninguém conhecido. E como disse antes, fosse quem fosse nunca mais voltou.
– Mesmo assim. Como vou ter paz sabendo que Isabella corre perigo?
– Eu já disse que a estou acompanhando de perto. Nenhum imortal sequer passou a um quilometro
dela depois daquela noite.
– Sim. Mas o que me preocupa é, por que esse intruso quer afrontar-me? Como sabe que Isabella é
importante? Chegando ao ponto de ir ao seu apartamento?
– Não havia pensado nisso. – disse Alice franzindo a testa.
– Por acaso você não comentou com...
Alice nem ao menos o deixou terminar.
– Está maluco?! – perguntou ofendida. – Fora Jasper, ninguém além de nós dois sabe de seu amor
por Isabella.
Enquanto Alice replicava indignada, Edward sentiu o cheiro familiar. Tentou sinalizar para que ela
se calasse, porém, em sua fúria particular, ela não vira o gesto. Edward aproximou-se da porta
furtivamente então a abriu de uma só vez. Alice o olhou; confusa.
– Nem adianta tentar sair agora... – disse Edward com raiva para alguém fora da sala. – O que é
isso? Agora fica a espreita ouvindo conversas através da porta?
Rosalie o encarou de queixo erguido, ofendida.
– Sinceramente, não me interessa os seus assuntos particulares. Vim apenas conversar com Alice.
Como vi que ela está com você eu já ia me retirar.
A loira estava parada á entrado da sala de espera. Edward sabia que de onde ela estava ouvira
perfeitamente o que fora dito em sua sala. Detestou-a ainda mais por isso.
– É bom mesmo que não se interesse. E melhor ainda que guarde o que ouviu para você.
Nesse momento Alice chegou á porta. Rosalie não se deixou intimidar como sempre.
– E a quem eu contaria? Ah... Espere... – ela pareceu pensar. – Algo se encaixa... Talvez eu deva
checar se essa humana é a mesma que namora um de seus funcionários. Paul não é esse o nome?
Emmett já me falou dele. Os dois conversam ás vezes e...
– Cale a boca! – Edward teve ganas de matá-la.
Em um milésimo de segundo Alice estava ao lado de Rosalie tentando fazer com que a loira saísse
dali.
– Não preciso de ajuda. – disse para Alice. – Não se preocupe. Já vou embora. E não é de minha
natureza ouvir conversas alheias. Foi apenas uma infeliz coincidência. – disse raivosa para Edward.
– Não vou contar nada á ninguém porque não é da minha conta.
Então, virou-lhes as costas e saiu.
Alice voltou para o lado de Edward e o empurrou para dentro da sala.
– Eu acredito nela. Rosalie pode ser estranha, mas nunca foi indiscreta ou bisbilhoteira.
– Desculpe-me por não compartilhar seu julgamento. Nunca gostei dela. E saber que ela ouviu o
que dissemos...
– Ela não dirá nada. Além do mais...
– O que foi?
– Ás vezes eu me pergunto... – Alice pareceu não saber como dizer. – Se esse seu “amor” por Bella
não seria somente capricho.
– Perdão? – Edward ouvira direito?
– É provável que eu esteja certa. Veja bem, você nunca amou ninguém para saber... E se fosse
somente um capricho... Talvez você pudesse desistir dela e deixar que seguisse sua vida em paz.
– Não haverá paz para Isabella enquanto “eu” não estiver em paz! – ele disse sombriamente.
– Mas Edward...
– Já chega Alice! – ele a cortou. – Não entendo aonde quer chegar com essa conversa, mas lhe
adianto que é inútil.
– Apenas temo pela segurança da garota. Talvez, se esse intruso soubesse que você não deseja nada
com ela, nunca mais a procurasse e...
– O que está me escondendo Alice? – ele a cortou mais uma vez. Conhecia Alice a tempo suficiente
para saber que sua boca dizia palavras que na verdade significavam outras. – O que mais aconteceu
ou o que mais sabe que está me escondendo?
– Não estou escondendo nada! – ela disse firme. – Realmente temo pela garota. Mas se você está
convicto do que sente e me “garante” que nunca, jamais algo de ruim vai acontecer á ela sendo você
o responsável ou não... Eu não volto a esse assunto.
Alice tentou dar voltas, mas Edward finalmente a pegou.
– Por que exatamente “eu” faria mal á Isabella?
– Eu não disse que faria.
– Alice, Alice... Eu lhe conheço. – ele a olhava desconfiado como se tentasse ler-lhe os
pensamentos.
– Está bem! – ela disse por fim. – Eu temo que você possa feri-la “sem intenção” é claro, mas eu
temo. Apenas me dê sua palavra que nunca fará mal á ela.
– Não preciso empenhar minha palavra nisso! – ele se sentiu ofendido. – Jamais faria qualquer mal
á Isabella.
Alice pareceu se dar por vencida.
– Se é o que diz... Vou confiar em você.
Edward contornou sua mesa de trabalho levantou a cadeira e se sentou nela.
– Não perca tempo com bobagens. – disse á Alice. – Pelo que vejo agora... Mais do que nunca,
preciso trazer Isabella para meu lado. Como está o relacionamento dela com o... Paul? Você passou
meus casos para ele como lhe pedi?
– Sim... Eles mal têm se visto. E como Paul tem que estar no tribunal na segunda pela manhã, não
vai ao Halloween.
– Perfeito! – Edward sorriu satisfeito. – Depois dessa festa espero que tudo mude entre mim e
Isabella.
http://www.youtube.com/watch?v=RvWJ7WP1C_E&feature=related

********************************************************************************
*******

Notas finais do capítulo


Amadas... mais um capítulo. espero que gostem... Para não perder o costume vou deixar
o spoiler:"Minutos depois, estava sentada na cama passando creme hidratante em uma
das pernas quando ouviu duas batidas leves na porta. Imaginando ser Alice, disse sem
olhar na direção do som. A porta está aberta, pode entrar.Ela ouviu a porta ser aberta e
fechada. Boa noite Isabella, Alice está por aqui?A jovem quase tropeçou nas próprias
pernas quando se levantou de súbito, deixando cair o frasco de creme ao chão e fechando
a frente do roupão branco, quando ninguém menos que Edward Cullen entrou no quarto.
Apesar de estar no Plaza, ele estava descalço vestido em uma calça preta. A camisa
branca de babados aberta até quase a cintura, permitindo que os pelos do peito que
seguiam em direção abdômen pudessem ser vistos nitidamente. Bella sabia que o certo
seria desviar o olhar, porém estava paralisada. Mesmo em estado parcial de choque,
tentou adivinhar-lhe a fantasia; seria um pirata? Desculpe se a assustei, mas você disse
que a porta estava aberta então... ele a mediu de alto á baixo. Imaginei que estivesse
vestida."Please.. deixem a autora feliz... comentem... bjus

(Cap. 17) Capítulo 18

Notas do capítulo
Oi meus amores... mais um capítulo pra vcs... como fiquei muitos dias sem postar, vou
dar uma adiantada... Até que acompanhe as postagens da comunidade... bjus...

Bella estava encantada com o requinte do cômodo. Atendendo a recomendação de Alice, estava
afundada na banheira de uma das suítes do Plaza enquanto a amiga tomava as últimas providências
para a festa. A jovem não se cansava de admirar a beleza do lugar. Ela disse a si mesma que poderia
ficar mal acostumada facilmente se pudesse ter uma vida de luxo como aquela. Quando Alice,
depois de tentar mais uma vez fazê-la desistir de ir ao baile sem sucesso, insistiu em levá-la logo
cedo para o hotel, Bella achou desnecessário. Porém, com espuma até o queixo e mergulhada na
água perfumada, ela via que obedecer a Alice ás vezes tinha suas vantagens.
A vizinha tinha razão em dizer que, mesmo que fosse noite de Halloween, seria pouco prático
dirigir fantasiada quando tinha uma suíte a sua disposição. Bella ás vezes desconfiava dessas
regalias que Edward concedia á secretária, porém nunca mencionou o fato. Se os dois tinham um
caso ou se a separação de Alice tivesse algo a ver com o advogado, não era de sua conta. Se algo
existia entre os dois, ao que tudo indicava, eles eram discretos. E isso explicaria seu interesse em
saber o que acontecera no elevador no dia que chegara chorando aos escritórios ou a recomendação
de Alice para que se mantivesse afastada de Edward.
Bella esfregou as pernas com mais força. Definitivamente aquele assunto não era de sua conta. Á
ela somente interessava Paul e a falta que ele faria na festa. Ela tentou animar-se por lembrar que,
talvez em menos de vinte e quatro horas estaria com ele depois de dias de afastamento.
Estranhamente não se sentiu excitada em se encontrar com ele. Disse a si mesma que
provavelmente fosse a ansiedade em participar de um evento importante. Bella imaginou que talvez,
depois pudesse redigir uma matéria a respeito e vender para algum jornal ou revista. Animando-se
com a possibilidade, esqueceu-se de Paul e apressou-se em finalizar o banho.

Minutos depois, estava sentada na cama passando creme hidratante em uma das pernas quando
ouviu duas batidas leves na porta. Imaginando ser Alice, disse sem olhar na direção do som.
– A porta está aberta, pode entrar.
Ela ouviu a porta ser aberta e fechada.
– Boa noite Isabella, Alice está por aqui?
A jovem quase tropeçou nas próprias pernas quando se levantou de súbito, deixando cair o frasco de
creme ao chão e fechando a frente do roupão branco, quando ninguém menos que Edward Cullen
entrou no quarto. Apesar de estar no Plaza, ele estava descalço vestido em uma calça preta. A
camisa branca de babados aberta até quase a cintura, permitindo que os pelos do peito que seguiam
em direção abdômen pudessem ser vistos nitidamente. Bella sabia que o certo seria desviar o olhar,
porém estava paralisada. Mesmo em estado parcial de choque, tentou adivinhar-lhe a fantasia; seria
um pirata?
– Desculpe se a assustei, mas você disse que a porta estava aberta então... – ele a mediu de alto á
baixo. – Imaginei que estivesse vestida.
Bella esqueceu-se do que estava pensando sentindo-se nua depois daquela inspeção no mínimo
descarada. Tentou achar algo para responder, mas nem ao menos conseguia mover um músculo do
rosto. Apenas seus olhos pareciam ter vida própria, revezando entre os pelos do peito, a boca
perfeita – que ela conhecia o gosto – e os olhos pecaminosamente verdes. Sabia que estava
vergonhosamente vermelha. Como ela não dissesse nada, ele continuou.
– Preciso falar com Alice. Ela está? – á muito custo, Bella conseguiu mover a cabeça
negativamente. – Certo... Então é melhor eu procurá-la.
Novamente a jovem moveu a cabeça, dessa vez em afirmativa. Ela viu, com o coração aos saltos,
Edward seguir em direção á porta. Porém, antes que saísse, ele se voltou e a encarou com aqueles
olhos que a perseguiam em sonhos.
– Na verdade. Foi bom encontrá-la aqui sozinha.
Bella apenas franziu a testa como se não entendesse o que ele queria dizer.
– É que nosso último encontro foi um tanto... Estranho!
Ela desejou morrer fulminada por um raio. Como não aconteceu, ela limpou a garganta e procurou
por sua voz.
– A -acho que é melhor... – ela pigarreou. – Esquecermos aquilo.
– Desculpe-me mais uma vez. Não quero constrangê-la, mas tampouco quero que se estabeleça um
clima embaraçoso entre nós.
– Quando o que aconteceu for esquecido, esse clima não se estabelecerá. – ela retrucou sentindo-se
mais firme nas palavras.
– Assim espero! – Edward finalmente abriu a porta e, com a mão na maçaneta, disse antes de sair. –
Mas não lhe garanto que vá esquecer algo que apreciei. Com sua licença.
Assim que ele saiu Bella caiu sentada na cama. Ela havia ouvido o que imaginava ter ouvido?!
Edward Cullen dissera que havia “apreciado” beijá-la? Impossível! Com certeza alguém tão
patético quanto ela não deveria passar de piada para ele. Era isso. Ele estava fazendo graça com a
situação.
Confusa, ela se deixou cair de costas sobre o colchão. Cada pelo de seu corpo se arrepiando ao se
lembrar das palavras exatas. “Mas não lhe garanto que vá esquecer algo que apreciei”. Bella sentiu
seu corpo ficando quente. Tentou dizer a si mesma que era culpa do aquecedor do quarto uma vez
que as noites estavam começando a ficarem mais frias e a camareira deveria ter deixado em um
grau elevado. Ela ainda abanava o próprio rosto e pescoço quando ouviu a voz de Alice.
– Você não está se sentindo bem? – ela correu e se sentou ao lado de Bella que ergueu o corpo. – O
que aconteceu?
– Nada Alice! – Bella garantiu ao ver a expressão de preocupação real no rosto da amiga.
– Soube que Edward esteve aqui... – Bella não pode deixar de reparar que a amiga lhe observava o
rosto com um interesse especial como se a avaliasse. – Ele fez algo a você?
Mais uma vez, Bella acreditou que a reação de Alice só poderia ser ciúmes. Tentando tranquilizar a
amiga garantiu.
– Não aconteceu nada. Ele apenas perguntou por você então saiu á sua procura quando eu disse que
não estava aqui.
– Melhor assim. – Alice sussurrou. Bella imaginou se era para ter ouvido aquilo. Enquanto decidia,
a amiga disse mais alto. – Já está tudo pronto. Alguns convidados já estão chegando então preciso
me arrumar. – ela olhou para o roupão de Bella. – E você também. Quero-a junto de mim durante
toda a noite.
Bella não sabia se apreciava tamanha atenção, porém, como era sua companhia não poderia fazer
muito a respeito. Enquanto Alice seguia para o banheiro, Bella começou a se vestir. Ela foi até uma
das poltronas do quarto e alisou a renda do tecido do seu vestido. Sorrindo, vestiu suas roupas
intimas então colocou o vestido que na verdade era formado por duas peças. Uma saia longa e cheia
de camadas e um corpete com mangas rendadas e colchetes na lateral. Como ele era um figurino
teatral, seu fechamento tinha que ser prático.
Quando Bella se posicionou em frente ao espelho para arrumar o cabelo, sorriu para sua imagem.
Finalmente atenderia um pedido de sua mão e seria outra personagem em uma festa de Halloween.
Só não seria uma fada, seria a escolhida do “Anjo da Música”. Bella sempre fora fã de musicais e
entre os preferidos “O Fantasma da Ópera” era o vencedor. Ela tinha simpatia por Raoul; O herói.
Porém, invariavelmente torcia pelo final feliz de Erik – O fantasma.
Bella estava aplicando o batom quando Alice passou vestida apenas em peças intimas por seu
campo de visão no espelho. A jovem sentiu um baque mortal em sua auto-estima. Alice era a
personificação da perfeição. Naquele momento teve certeza que Edward havia caçoado de seu beijo
pueril no elevador. O mais provável era que ele e Alice tivessem mesmo um caso. A perfeição dele
combinava com a dela. Eles eram, assim como o colega de sala de Paul, as pessoas mais bonitas que
Bella já vira. Acreditando ter matado a charada, ela sentiu uma pontada de ciúme e sentiu pena do
ex-marido de Alice. Com certeza o pobre homem não teve chances de salvação diante de um
furacão chamado Edward.
– Bella você tem certeza que está bem? – a amiga perguntou preocupada.
Quando Bella olhou em direção a voz, Alice estava completamente vestida.
– Sim... – ela sorriu envergonhada. – Acho que “desliguei”.
– Você está estranha hoje. – Alice a avaliou novamente.
– É apenas ansiedade. – Bella sorriu-lhe ainda mais para demonstrar que não sentia nada de
anormal. “Além do ciúme despropositado” ela poderia acrescentar.
– Está certo... – disse. Então abriu os braços e perguntou. – Como estou?
– Divina! – Bella exclamou sinceramente.
Com os cabelos castanhos – primorosamente alongados – caindo-lhe pelos ombros nus, Alice era
agora a personificação de Afrodite; deusa grega do amor e da beleza e sua fantasia escolhida para a
noite. Seu vestido de crepe de seda branco tinha detalhes dourados no busto e nas faixas que se
cruzavam na frente se seu corpo formando um imenso “x” que salientava seus seios e enroladas em
volta de seu corpo, demarcando sua cintura. Apesar de longa, a saia da peça possuía fendas laterais
que permitiriam á todos os olhares masculinos da festa apreciar as pernas bem torneadas. Em seus
pés, Alice usava sandálias douradas de saltos tão altos e finos que Bella sentiu medo de cair
somente por imaginar usar algo parecido.
– Definitivamente divina! – Bella disse quase que para si mesma.
Se suas suspeitas fossem mesmo verdadeiras. Edward ficaria orgulhoso dela. Mais uma vez sua
auto-estima sentiu-se abalada assim como seu coração sentiu uma nova fisgada de ciúme. A voz de
anjo de Alice a trouxe de volta de seus devaneios.
– Você também esta divina! – disse aproximando-se. – Com licença.
Rapidamente a amiga pegou as laterais do cabelo de Bella e as prendeu atrás da cabeça da jovem.
Bella nem mesmo vira que Alice tinha presilhas nas mãos. Ainda arrumando os cabelos de Bella,
Alice puxou algumas mechas deixando que elas caíssem naturalmente na lateral de seu rosto. Com
uma careta de reprovação ao próprio trabalho, Alice recolheu de volta as mechas deixando o rosto
de Bella livre. Depois prendeu brincos delicados e brilhantes nas orelhas da jovem. Bella arfou.
– Alice... Isto é...?
– Sim, são diamantes... E antes que pergunte. Não são meus. São emprestados então não perca!
– Alice, eu acho melhor não...
– Deixe de bobagens Bella. Veja como ficaram bem em você!
Bella obedeceu e se olhou no espelho. Realmente estava bonita. Inacreditavelmente sentia-se
bonita. Jamais seria concorrência para Alice, mas se estivessem em um concurso, acreditou que
levaria o terceiro lugar.
– Pronta para a festa?
– Sim! – Bella lhe sorriu através do espelho.
Ao prestar atenção na beleza pálida de Alice junto ao seu próprio reflexo, Bella sentiu um frio
correr por sua coluna. Parecia uma espécie de Déjà vu.
– É melhor subirmos logo, você está ficando com aquela expressão esquisita de novo. – disse Alice.
– Claro... Vamos! Deixe-me somente calçar os meus sapatos.

http://www.youtube.com/watch?v=jpjERr772RQ

Quando entraram no imenso salão, Bella prendeu a respiração diante de tanta beleza. O salão era
amplo e estava luxuosamente decorado. Como Alice havia dito alguns convidados já circulavam
pelo salão ou dançavam ao som da música. Uma variedade divertida de anjos, fadas, duendes,
personagens de filmes ou desenhos animados. Além dos inevitáveis vampiros e bruxas. Bella sorriu.
Adorava tudo aquilo.
– Bella. – Alice aproximando-se de seu ouvido. – Eu preciso circular pelo salão para cumprimentar
algumas pessoas. Se você não se importasse, gostaria que fosse comigo.
– Sem problemas. Vamos!
Desde então, não tivera sossego. Quando Alice dissera “circular pelo salão” não estava brincando.
Bella teve a impressão que a amiga conhecia intimamente todos os convidados. Ela apertava a mão
dos homens deva breves beijos na face das mulheres e sempre, sem nunca esquecer, apresentava-a.
A parte constrangedora da noite foi quando Alice, inocentemente, tentara apresentá-la á Billy
Lautner, seu antigo editor-chefe. O homem esclareceu que já a conhecia, que na verdade Bella havia
sido um das melhores que trabalhara para ele. Sem aguentar tamanha desfaçatez, a jovem pediu
licença e afastou-se. Alice ainda trocou algumas palavras com ele antes de se juntar á Bella
novamente.
– Desculpe-me por isso, Bella. Eu realmente me esqueci que você havia trabalhado para ele.
– Está tudo bem Alice. Você também não tem que se lembrar de tudo.
– Mesmo assim peço desculpas. – Alice olhou em volta. – Bem... Acho que agora podemos
aproveitar um pouco a festa. Acredito que a maioria dos convidados esteja aqui.
Bella olhou em volta assim como Alice havia feito. Com certeza o número de convidados triplicou
depois que elas haviam chegado. Bella sentia falta apenas de um. Estava curiosa para ver se sua
dedução sobre a fantasia de Edward Cullen estava correta.
De repente, ao olhar para Alice, viu que o rosto da amiga iluminou-se. Bella creditou que ele havia
chegado e com o coração aos saltos olhou na mesma direção. Sem duvida o homem para o qual
Alice sorria era igualmente lindo, porém Bella não o conhecia.
– Venha Bella, quero apresentá-la a uma pessoa.
Alice a puxou pela mão até o recém chegado, vestido de terno e gravata. Assim que ele avistou as
duas, sorriu para elas; especialmente para Alice.
– Bella, eu quero que conheça Jasper. Meu... ex-marido.
Bella apertou-lhe a mão, mas uma vez se surpreendendo com a frieza dos dedos.
– Muito prazer Isabella. Tenho ouvido falar muito em você ultimamente.
– É mesmo? – Bella perguntou timidamente.
– Sim! Alice simplesmente a adora!
A amiga deu um beliscão no pescoço do ex, ao que ele a puxou para um abraço e disse a
centímetros do rosto dela.
– Sabe que não pode agredir-me e sair impune do ataque. Agora você terá que dançar comigo no
mínimo três músicas.
– Qualquer coisa para não ser processada por agressão corporal. – ela retrucou rindo. – Bella eu já
volto.

http://www.youtube.com/watch?v=xB_SeQS229E

Bella assistiu o casal afastar-se, incrédula. Se aquele era um casal separado, ela precisava
desmanchar com Paul mais vezes.
Paul!
De repente Bella sentiu remorso. Estava há mais de uma hora vagando pelo salão. Havia provado
bebidas fumarentas, comido alguns canapés com aspecto estranho, porém deliciosos e, entre uma
coisa e outra, desejara a chegada do anfitrião mais mal educado que ela conhecia e em momento
algum havia se lembrado do namorado. Arrependeu-se imediatamente por não ter trazido seu
celular. Talvez ouvir-lhe a voz aplacasse sua culpa.
– Parece preocupada bela Christine.
Ao ouviu a voz próxima ao seu ouvido sentiu o sangue congelar em suas veias. Estava tão distraída
que não reparou na chegada do anfitrião. E agora ele estava li, ás suas costas. Criando coragem e
rezando aos céus para que seu rosto não estivesse tão vermelho quanto ela julgava estar, Bella de
voltou na direção de Edward. Se o sangue já não circulava, o ar pareceu ter esquecido o caminho de
seus pulmões. Ela precisou ordenar para que eles continuassem trabalhando. Respirava pelos lábios
entreabertos, sorvendo o ar rarefeito do salão.
Bella procurou mentalmente uma palavra para descrever Edward Cullen, porém não achou
nenhuma. Belo pareceu uma palavra feminina demais para alguém que exalava masculinidade e
divino rebaixaria os deuses. Melhor ficar sem uma definição e tentar manter-se respirando diante
daquela visão.
Criando coragem para baixar os olhos, ela examinou sua fantasia. Quais as chances? Edward não
estava vestido de pirata. Isso seria bom demais para ela. Um pirata seria um pouco mais fácil de
ignorar. Porém o que tinha á sua frente era a condenação eterna de seus sonhos. Edward vestira-se
como seu par; o traje completo. Aquela noite ele era Erik e com certeza seria o fantasma que lhe
assombraria por muitas outras ainda. Apesar da máscara que lhe cobria parcialmente o rosto, Bella
viu quando ele juntou as sobrancelhas.
– Isabella, você está bem? Está pálida.
Bom... Branco era menos vergonhoso que vermelho, não era?
– Quer sentar-se?
Quando sentiu os dedos frios de Edward em seu braço, foi liberada do transe.
– Não. Eu... Eu estou bem, obrigada!
– Tem certeza? Se desejar posso lhe acompanhar até as mesas.
– Não precisa. Eu estou esperando por Alice. – disse apontando a sua frente.
– E onde ela está?
Bella olhou na direção onde achou que do casal estivesse. Porém não o viu em parte alguma no
salão.
– Ela estava dançando com Jasper bem ali.
Bella imaginou se Edward sentiria ciúmes. Se ele sentiu algum, não demonstrou.
– Eles devem estar com algum conhecido. – então ele se voltou para ela. – Você está perfeita
Isabella. – disse medindo-a de alto a baixo. – E... Já que formamos um casal o que me diz de
dançarmos.
– Casal?! Como? – ela sentiu-se confusa.
– Hoje você não é Christine Daaé?
– Ah, sim... – ela achou melhor resistir antes que realmente não tivesse salvação. – Mas não creio
que minha personagem faça par com a sua. A outra metade dela é Raoul.
– Mas o virtuoso Visconde de Chagny não está aqui, está?
Não, ele não estava. E não estaria mesmo que Paul estivesse presente. O namorado não costumava
fantasiar-se para festas de Halloween. Ainda prendendo-se á pouca resistência que possuía,
retrucou.
– Ainda assim acredito que a Srta. Daaé deva lhe ser fiel.
– Não vejo como uma dança inocente possa manchar a honra de um namorado ausente. – disse
estendendo-lhe a mão e fazendo uma mesura.

http://www.youtube.com/watch?v=TgfBUv60XxE

Sem ter o que argumentar e sem mais forças para resistir ela lhe estendeu a mão. Edward estava
prestes a segurá-la quando Bella sentiu dedos pequenos e frios em seu ombro.
– Bella! Achei você... – disse Alice puxando-a. – Com licença Edward preciso dela um instante.
Antes que Alice a levasse embora, Bella pôde ver o olhar incrédulo de Edward. Ele lhe pareceu
contrariado, porém ela achava pouco provável. Afinal ele deveria apenas estar sendo gentil por
perceber que ela estava sozinha. Agora que Alice aparecera não teria motivos para dar-lhe maior
atenção. Bella disse a si mesma que deveria estar grata por Alice a ter “salvado”, contudo, por que
se sentia decepcionada depois da interrupção da amiga?
Quando estavam do outro lado do salão, Alice parou e lhe sorriu.
– Nem precisa me agradecer.
– Pelo quê? – Bella estava confusa.
– Por tirá-la de lá. Sei que depois do que aconteceu no elevador você não se sente a vontade com
ele. Você me disse, esqueceu?
Não, ela não havia esquecido. E sim. Ela se sentia pouco ou nada a vontade perto de Edward,
porém, estava gostando da proximidade. Mas não poderia dizer isso a Alice. Se ela fosse realmente
amante de Edward seria constrangedor. E ela, Bella, era uma mulher comprometida. Não poderia
argumentar com uma amiga por tê-la afastado de outro homem.
– Obrigada por isso! – Bella disse sem convicção alguma. – Então... Foi apenas resgatar-me ou
precisava mesmo de mim?
– Claro que preciso de você. Já cumpri minha “pena” com Jasper, agora podemos nos divertir. Além
do mais, quero lhe apresentar ao editor chefe do “Today”.
Dito isso Alice a puxou pela mão mais uma vez a arrastando pelo salão. A amiga a levou a um
grupo que conversava animadamente. Composto de um homem baixo e gordo vestido de Gomez,
uma senhora alta e magra como sua esposa Mortícia, e um casal tão bonito e perfeito quanto Alice,
Jasper e Edward. A loira estava vestida de Alice, porém em uma versão nada infantil. Bella teve
pena de todas as mulheres presentes – inclusive dela mesma – ao ver tamanha beleza. O homem que
a acompanhava, apesar de vestir terno e gravata, usava um chapéu ao estilo do Chapeleiro Maluco
do mesmo conto de sua acompanhante. Bella jamais imaginaria juntar aquelas duas personagens
como um casal, mas no caso deles estavam combinando á perfeição.
Quando se aproximaram todos do grupo riam de alguma coisa dita pelo “Chapeleiro”. A loira
vestida de Alice parou de rir imediatamente ao vê-las perto. Foi o homem alto e forte que as
cumprimentou primeiro.
– Alice você está de tirar o fôlego. Jasper já viu isso?
– Já viu, experimentou e aprovou! – Alice respondeu de bom humor.
Bella imaginou o que ela quis dizer com aquelas palavras. Eles teriam voltado? E Edward? Ela
estaria vendo demais? Não teve tempo de ficar cismando, Alice começou a apresentá-la.
– Emmett está é Isabella, a namorada de Paul.
– Muito prazer Isabella! – disse pegando sua mão. Mais uma de dedos frios. – Paul fala muito em
você... Pena não que ele não pode estar aqui está noite.
– Muito prazer Emmett. E sim, é realmente uma pena.
– Isabella está é Rosalie, esposa de Emmett. – disse Alice lhe indicando a “Alice”.
– Prazer Rosalie. – Bella pegou a mão estendida. Ela imaginou se todos naquela noite estavam com
as mãos frias.
– Não... O prazer é meu, Isabella! – disse Rosalie encarando-a fixamente.
Alice continuou as apresentações.
– E estes são o Senhor e a Sra. Howden.
Bella os cumprimentou agora se sentindo desconfortável com o olhar insistente de Rosalie. Ao tocar
as mãos de ambos, ela percebeu que eles tinham a temperatura normal em suas palmas.
Aparentemente somente os funcionários de Edward sentiam frio acima da média.
– Bella, Charles é o editor chefe do “Today”. Eu disse á ele a excelente jornalista que você é. E que
ele faria muito bem se lhe desse uma oportunidade.
– Alice não...
Bella não teve tempo de protestar.
– Eu concordo com Alice.
Mais uma vez na noite seu sangue se congelou. Com exceção de Bella e Alice todos os presentes
cumprimentaram Edward. Ele seguiu falando.
– Tive a oportunidade de ler uma matéria interessante redigida por Isabella. Acredito que você
realmente não se arrependeria Charles.
– Bem, diante de um elogio vindo de Edward, acredito que seria uma pena se não tivesse a
oportunidade de conhecer seu trabalho. Atualmente você está com quem minha jovem?
– Eu... – Bella se concentrou em manter a voz estável. – Eu trabalhei até pouco tempo no “Daily
News”.
– E por que não está mais com eles?
– Não saberia dizer senhor. – mais uma vez Bella sentiu que coraria.
Apreciava a iniciativa de Alice, mas não estava preparada para falar sobre seu último emprego. Não
sabia o que responder e corria o risco do Sr. Howden não considerá-la tão competente quanto
Edward ou Alice diziam que fosse, visto que fora dispensada de um jornal conhecido.
Inacreditavelmente, Edward veio em seu socorro.
– Charles, se lhe interessa conhecer o trabalho de Isabella marque uma hora e a receba no jornal.
Não creio que agora seja a melhor hora de tratar de negócios.
– Você tem razão Edward. – disse Charles. Então o homem se voltou para Bella. – Se importaria em
ir ao jornal, vejamos... Amanhã pela manhã?
– Eu... – Bella mal pôde acreditar. – Eu adoraria!
– Então está combinado!
Rosalie observava toda cena com curiosidade e sempre deixava seu olhar recair em Bella. Talvez
fora impressão, mas pareceu que seu interesse aumentou depois que Edward chegou ás suas costas.
Ela olhava de um ou outro de forma debochada. Bella não entendia aquele olhar. Não consegui ver
o motivo de serem dignos de especulação.
– Legal Bella. – disse Emmett sorrindo. – Paul com certeza ficará feliz em saber.
– Acredito que sim. – ela lhe sorriu de volta.
– Sim... – disse Rosalie. – Ele realmente ficará muito feliz em saber o quanto Edward se preocupa
com ela.
Emmett olhou para Rosalie confuso. Edward sequer se virou na direção da loira. Foi Charles que
quebrou o breve instante de silêncio.
– Agora que chegamos a um acordo é melhor aproveitarmos a festa. Seu Halloween este ano está
divino meu amigo.
– Obrigado! – Edward disse. – Porém novamente o mérito não é meu. Quem sempre organiza tudo
é minha bela secretária.
Dito isso ele se curvou e beijou o alto da cabeça de Alice. Pela terceira vez na noite, Bella sentiu a
pontada traiçoeira de ciúme.
– Edward me dá toda liberdade de decisão! – disse Alice sorrindo para ele.
Definitivamente o relacionamento deles ia além do de secretária e patrão. Mas então, por que Jasper
não se importava? Pelo que Bella pode perceber ele a Alice formavam um belo casal. Os olhos da
amiga brilhavam quando estava perto do ex-marido, não quando estava com Edward como agora. O
que Bella estava deixando passar? E o pior de tudo. Por que se importava?
Edward tocou seu ombro – próximo á base do pescoço – fazendo com que ela perdesse a linha de
raciocínio. Ele moveu o dedão em sua pele fazendo uma leve carícia ao que o corpo dela respondeu
imediatamente, arrepiando os pelos de sua nuca.
– Agora se nos dão licença, gostaria de levar Isabella para...
– Sinto muito Edward. – Alice o cortou e pegou firmemente a mão de Bella – Preciso conversar
algo importante com Bella. Vamos.
Alice a levou embora do grupo, mal dando tempo que Bella se despedisse de todos. Mais uma vez a
amiga a levou para longe de Edward. Bella ficava cada vez mais confusa com o comportamento da
amiga que dessa vez, levou-a para o meio da pista de dança.

http://www.youtube.com/watch?v=qbkWWch84EE

– Adoro essa música. – disse começando a dançar a sua frente. – Não me acompanha? Ou você só
gosta daquelas velharias que ouve em seu apartamento? – perguntou fazendo uma careta.
Bella não teve como não rir da expressão engraçada de Alice. Desistindo de entender o que
acontecia, ela começou a dançar com a amiga.

De longe, Edward observava as duas dançando ao som da música moderna. Se não estivesse
completamente irado, apreciaria a cena. O que diabos estava acontecendo com Alice? Ela estava
estranha desde o dia que ele voltara de viagem com toda aquela conversa dele fazer mal á Isabella.
Como se isso fosse possível! Edward a amava mais a cada dia. Esteve em sua sacada nas três noites
anteriores. Pacientemente, esperou em seu carro próximo ao restaurante que ela trabalhava
temporariamente apenas para segui-la na volta ao seu apartamento, certificando-se pessoalmente
que ela estava segura.
Esperara ansiosamente até aquela noite para estar com Isabella e, agora, quando ele acreditava que
teria uma chance de aproximação Alice constantemente o privava da companhia da jovem. E ele
não estava gostando nada daquilo. Repassou um de seus casos mais importantes para o rábula
somente para ter uma oportunidade de estar sozinho com Isabella e Alice estava estragando tudo.
Isso não poderia estar acontecendo. Não naquela noite em que Isabella estava particularmente
“bela”. Não naquela noite em que ela estava em frente ao parque em que a conheceu, hospedada no
Plaza e que ele tinha chances de conquistá-la. Olhando-a enquanto dançava Edward tinha que
imprimir maior esforço para não excitar-se. A jovem não poderia imaginar, mas vê-la em um
vestido claro e rendado no busto com a saia longa e cheia, estava mexendo com sua recordação
mais antiga.
Era como se ela pertencesse á sua época. Ele lembrava-se de como o jogo da sedução era muito
mais interessante naquele tempo onde tudo que lhes era permitido ver era o colo as donzelas e
imaginar o que os tecidos escondiam. Quando a visão de um tornozelo era capaz de despertar as
mais luxuriantes fantasias. E era assim que ele a via naquela noite.
Edward conhecia muitas partes do corpo de Isabella, principalmente depois de entrar no seu quarto
minutos antes da festa quando a flagrou de roupão, porém, morreria se ela por ventura levantasse a
saia de seu vestido e ele lhe percebesse o pé pequeno e o tornozelo. Ele a observava com atenção,
quente em expectativa. Edward havia imaginado que, uma vez que reconheceu amá-la, seu desejo
se acalmaria. Contudo não poderia estar mais enganado.
Inventou uma desculpa qualquer para ir ao quarto que ela dividia com Alice aquela noite. Quando
chegou a sua suíte, vizinha a delas e sentiu-lhe o cheiro, enlouquecera. Tentou com todas as suas
forças permanecer onde estava e se arrumar, porém seu vício vencera. Entrara em crise de
abstinência. Descobriu-se morrendo de saudade de estar perto de Isabella e não viu motivos para
privar-se de vê-la antes da recepção. E não se arrependeu da decisão. No breve minuto que a viu
passado creme nas pernas nuas sentada sobre a cama, todo o sangue fresco em suas veias ferveu.
Ele teve que dizer a si mesmo que não teria tempo de tomá-la uma vez que Alice voltaria a qualquer
momento e que deveria seguir com seu plano em conquistá-la, não apenas seduzi-la. Dar ouvidos á
consciência exigiu uma força extrema de sua parte. Assim como controlar sua crescente excitação
para que seu estado não se tornasse aparente aos olhos espantados de Isabella.
Edward sorriu consigo, ainda vendo-a dançar com Alice, ao se lembrar das reações do corpo de
Isabella a sua presença ou ao seu toque. Era evidente que ela se sentia atraída, mas ele não poderia
basear-se somente nisso, visto que todas as mulheres reagiam da mesma maneira. A alegria em
sentir-lhe as reações era puramente particular, já que Isabella era a única que realmente importava.
Edward adorava a mudança da cor de suas bochechas, ora rubra de vergonha, ora pálida com o
susto de sua aparição.
Ele também adorava vê-la sorver o ar com os lábios entreabertos, ou quando os olhos castanhos
dela se perdem ao vasculhar sua face sem perceber que ele acompanha todo o movimento deles. E
se excitava com a avaliação inconsciente. Como acontecera no elevador e naquela mesma noite, ali
no salão, quando resolveu que já era hora de se aproximar e permitir que ela o visse.
Ele estava na festa antes mesmo de sua chegada com Alice. Acompanhou com os olhos enquanto as
duas vagavam pelo salão cumprimentando os convidados. Não permitiu que ela o visse, pois queria
vê-la livre de sua influência. Ele sabia que, fosse uma reação comum á todas as mulheres ou fosse
por sentir algo por ele, ela perderia toda naturalidade ao ficar constrangida e se colocaria na
defensiva no momento em que o visse. Edward apreciou cada movimento, cada sorriso que ela
ofereceu á outro, cada gole de bebida.

http://www.youtube.com/watch?v=k1U1qyLCWjU&feature=related

Senti-se feliz somente por estar no mesmo lugar que ela. Sua noite só não estava completa porque
muitos dos convidados requisitavam sua atenção e Alice insistia em afastá-la dele quando conseguia
fugir de algum grupo de conhecidos.
Edward sentiu uma mão conhecida em seu ombro.
– Linda, não? – perguntou Jasper.
Edward sabia que o amigo estava se referindo a Alice, porém sem tirar os olhos de Isabella
concordou.
– Sim absolutamente linda!
– Sorte que nos entendemos! – disse Jasper sorrindo.
– Evita confusão. – Edward acompanhou-o no riso. Ele ponderou por um segundo então perguntou.
– Acaso você sabe o que está acontecendo com Alice?
– Não, por quê? – ele o olhou com o cenho franzido.
– Ela está estranha. A princípio imaginei que ela queria apresentar Isabella para pessoas
importantes, agora, porém, não entendo por que ela não me deixa chegar perto.
– Difícil entender as mulheres. Mesmo as imortais. – Jasper o olhou pesaroso. – A atenção
desmedida dela está se tornando um problema, não?
– Sim e dos grandes. – Edward disse tentando não ficar de mau humor. – Estou novamente
pensando em deixá-lo viúvo.
Jasper riu.
– Não precisa chegar á esse extremo. Será um prazer distrair Alice de sua função de guarda-costas
de Bella.
– Eu agradeceria muito. Alguns convidados já foram embora. Logo ela pedirá para partir também.
Jasper sorriu ainda mais e lhe deu uns tapas no peito.
– Não se atormente. Eu vou lá tirar Alice de cena. – então, olhando para Edward de alto á baixo,
pediu. – Mas, por favor, não arraste Isabella para nenhum subterrâneo alagado.
Edward apenas sorriu. Não diria que, se tivesse a chance, levá-la-ia era para a sua suíte aquela noite.
Por mais que gostasse da estória do fantasma jamais sujeitaria sua Isabella a um lugar tão obscuro e
úmido como um “ninho” em um lugar alagado. Sua Isabella sempre teria o melhor que ele pudesse
oferecer.
Edward assistiu de longe Jasper se aproximar e dizer algo ao ouvido de Alice. Ela voltou-se para o
marido sorrindo, depois disse algo á Isabella e se afastou. Quando a jovem se preparava para sair da
pista ele foi até ela. Como se lessem seu pensamento, a música mudou para uma balada. Perfeito.

http://www.youtube.com/watch?v=jF-Bbzg0Cj8

– Será que agora posso ter a honra de uma dança com minha Christine.
Ela se voltou com as bochechas perdendo o tom rosado ficando da cor que ele tanto gostava.
Adorava vê-la pálida. Ele tinha uma idéia de como ela ficaria caso ele a transformasse um dia. Sem
esperar que ela tomasse qualquer atitude, ele tomou a mão delicada e quente na sua e a puxou para
seus braços. Isabella protestou colocando a mão em seu peito, na tentativa de manter distância,
somente para tirá-la em seguida como se até mesmo o contato com o tecido que cobria o corpo de
Edward a queimasse. Com as bochechas agora, tingidas de vermelho, disse.
– Creio que não seja necessária tanta proximidade.
– Por que se prender ás reservas Isabella? – ele perguntou encarando-a. – Se o desnecessário pode
ser muito mais prazeroso?
Edward a viu abrir e fechar a boca sem nada dizer. Ele aproveitou sua confusão para estreitá-la
ainda mais em seus braços. Sentir o corpo amado próximo e o coração humano bater acelerado, fez
com que o seu falhasse uma ou duas batidas. Aquele contato ainda não era metade do que ele queria
dela, porém tê-la tão perto, sem que precisasse “incentivá-la” como fez no elevador deixava-o
maravilhado.
Mal haviam dado os primeiros passos. Edward se preparava para tocar os cabelos de Isabella com
seu nariz, quando ouviu o grito. Ele ficou estático com Isabella presa em seus braços. Quando
começou a acreditar que o som havia sido fruto de sua imaginação, aquele único grito desesperado
foi seguido de outro e mais outro. Ele sabia que os gritos vinham do lado dos banheiros. Olhou para
Isabella quando ela tocou seu peito, alarmada. Antes que lhe dissesse qualquer palavra
tranqüilizadora, sentiu-se ser empurrado pelas pessoas á sua volta. Edward percebeu que estas
também estavam sendo empurradas por aquelas que gritavam apavoradas e que provavelmente
estavam procurando a saída.
Ele sabia que esse tipo de comportamento nunca acabava bem. Pessoas sairiam machucadas de
caíssem aos pés de uma multidão descontrolada. Sem se importar em ser cavalheiro ou ético
Edward ergueu Isabella em um de seus braços e a tirou do meio da confusão. Andava por entre as
pessoas rápido demais para os padrões normais, ele sabia e não se importou com o fato. Sequer
tomou conhecimento do braço dela em seu pescoço ou da sua mão em seu peito, queria apenas
deixá-la em segurança.
Quando a depositou no chão, em uma parte pouco movimentada do grande salão, ele segurou o
rosto amado e perguntou preocupado.
– Você está bem?
– Sim, estou... Mas como você...
O que Isabella pensou em perguntar-lhe ele nunca saberia. Antes que fosse preciso procurar por
Alice, ela apareceu ao seu lado, alarmada.
– Edward você precisa ver aquilo. Eu cuido de Isabella.
– Leve-a para o quarto. – ordenou.
Alice assentiu com a cabeça, pegou uma Isabela incrédula pelo braço e saiu.
Edward tirou sua máscara, deixou-a cair ao chão e voltou para a multidão, porém dessa vez seguiu
contra ela. Depois de uns minutos conseguiu chegar até onde estava formada a confusão. Ele não
pôde acreditar no que via. Enquanto a maioria evadia-se do salão, alguns poucos curiosos seguiram
para a porta do banheiro masculino e formavam um circulo em volta do corpo de Charles largado
no chão do corredor. Sua esposa estava sendo amparada por Rosalie que o fitava de forma
indagadora, assim como Emmett e Jasper.
Edward se aproximou dos amigos e perguntou por entre dentes.
– Quem é o responsável por isso?
– Se soubéssemos ele estaria morto. – disse Emmett.
– Não vimos nada de anormal Edward. Ninguém suspeito a noite toda. Cheguei até aqui atraído
pelos gritos. Ao que parece Charles estava demorando a voltar do banheiro e sua mulher veio atrás
dele e o encontrou desse jeito. – disse Jasper.
Edward olhou mais uma vez para o corpo á sua frente. Estava sujo de sangue. Aparentemente não
fora bebido, mas podia-se ver a marca de mordida em seu pescoço. O cheiro de imortal estava no ar,
impregnava todo o corredor, porém Edward não o conhecia. Sentiu a raiva invadindo-lhe. Se esse
intruso tinha alguma pendência com ele que resolvesse de uma vez. Edward não entendia o motivo
do jogo. Por que se servir de seus restos, matar pessoas em sua festa? E o pior de tudo. Por que
procurar por Isabella?
– O que faremos Edward? – perguntou Jasper.
– Acho que já saíram pessoas demais. É melhor avisar aos seguranças que fechem as portas. Eu
chamo a polícia. – disse pegando seu celular. Enquanto discava ele continuou. – Com certeza á essa
altura, alguém responsável pelo hotel já esteja a caminho para saber o que aconteceu aqui.
Olhando na direção dos poucos curiosos, disse.
– Emmett, por favor, tire essas pessoas daqui.
O advogado grandalhão começou a afastar as pessoas em direção ao salão. Edward foi atendido e
ficou sabendo que a polícia já havia sido informada e que estava a caminho. Guardando o celular
novamente em seu bolso, se voltou para Jasper.
– O melhor que temos a fazer e sair daqui também. Os peritos vão querer examinar o local e nossa
presença só deixará eles indignados.
Quando todos estavam de volta ao salão, Edward percebeu que a senhora Howden estava em
choque nos braços de Rosalie. Olhando para a loira, pediu.
– Será que você poderia apagar a lembrança do que ela viu?
– Eu já havia pensado nisso. Mas fiquei com receio que o tudo poderoso não aprovasse. Afinal,
“ele” nunca se preocupou com os sentimentos alheios.
– Rosie, agora não... – pediu Emmett.
– Apenas faça, sim.
Ele pediu novamente, ignorando o comentário. Afinal ela estava certa mais uma vez. Edward
passou as mãos pelo cabelo e olhou em volta, afastando-se do grupo. As portas estavam fechadas.
Alguns poucos convidados revoltados por terem sua passagem bloqueada. Sua festa, perfeita como
sempre, estava transformada em um cenário de terror. Na verdade, aquela estava sendo a melhor de
todas. Isabella estava presente. Que infeliz coincidência começar o tumulto quando finalmente a
tinha em seus braços. Edward fechou os punhos. Quando ele colocasse as mãos no desgraçado que
estava fazendo aquelas coisas, o infeliz se arrependeria de ter cruzado seu caminho.
– Está chegando cada vez mais perto. – disse Jasper ao seu lado. – Primeiro com você, no parque...
– ele baixou a voz para que apenas Edward ouvisse e continuou. – Dias atrás na sacada de Isabella...
Agora aqui!
– Sim... O desgraçado aproximasse e foge. Odeio covardes! – Edward disse entre dentes.
– Não vejo o que podemos fazer... – Jasper lastimou-se.
– Nem eu tampouco! – Edward ainda olhava a confusão no salão á sua frente. – Na verdade, não há
nada a se fazer. Enquanto ele não resolver me enfrentar cara a cara, tudo que me resta e estar
preparado.
– Ei... – Jasper tocou em seu ombro. – Está claro que o problema é com você, mas não me exclua. O
dia que esse infeliz resolver enfrentá-lo, eu estarei lá para ajudar.
– Eu também... – disse Emmett aproximando-se. – Nem pensem em me deixar fora da diversão!
Edward olhou de um ao outro e tentou um sorriso.
– Obrigado! Mas não creio que esse intruso apareça para um confronto quando vocês estiverem por
perto. Tudo que ele tem feito até agora é mostrar que está “aqui”... Como um recado. Ele sabe onde
vou, conhece meus hábito... – então olhou para Jasper. – Conhece as pessoas importantes para mim.
– Não pense nisso. – pediu Jasper. – Tomaremos cuidado e... cuidaremos uns dos outros.
– Sim... Ele será a única baixa nessa história toda. Ficaremos atentos. – disse Emmett.
– Obrigado, mais uma vez! – Edward tocou no ombro de ambos. – Agora, se me dão licença...
Seguindo para o outro lado do salão, Edward tentou deixar sua raiva de lado e ligou para Alice. Não
poderia fazer nada quanto ao seu inimigo oculto. Tudo que poderia fazer era precaver-se e cuidar de
Isabella. Naquele momento tudo que lhe interessava saber era se ela estava bem e em segurança.
Depois que fosse dispensado pelos policiais iria até o quarto delas pessoalmente. Se fosse preciso,
enquanto Isabela dormisse, ele velaria seu sono. Ele reprimiu um sorriso. A idéia de estar próximo
de Isabella enquanto ela estivesse em uma cama fez com que ele se esquecesse de onde estava ou do
caos a sua volta. Isabella era sua promessa de paraíso no meio do inferno.

http://www.youtube.com/watch?v=n4CQK-ML_KA

********************************************************************************
**********

Notas finais do capítulo


Mais uma vez espero que tenham gostado e que comentem... Façam uma autora
feliz... :)Como sempre... spoiler: Eu estou bem... então se lembrou do improvável.
Graças a você que me tirou do meio da multidão rapidamente. Como fez aquilo? Você é
leve, eu sou forte; faças as contas. Não creio que uma simples conta resolva minhas
duvidas. E você tem muitas duvidas? novamente a voz de carícia. Algumas. respondeu
ineditamente sem receio. Mais do que eu queria ou deveria. Pois eu terei um enorme
prazer em tirá-las todas. respondeu sério.O coração de Bella começou a acelerar
vertiginosamente. O que ela estava fazendo? Encorajando Edward Cullen a cortejá-la? A
imagem de Paul surgiu em sua mente fazendo com que se sentisse novamente uma
traidora. Tentando contornar a situação, disse. Não se preocupe, eu posso conviver com
elas até esquecê-las. Ainda prefiro do meu jeito. Quando tivermos a oportunidade de
concluir o que ficou inacabado na noite passada, prometo tirar suas dúvidas sobre o que
quer que seja. Bella permaneceu muda, Edward prosseguiu. Eu mesmo tenho algumas
que gostaria muito de esclarecer. então ele reduziu o tom de sua voz a um sussurro. E a
principal delas é qual será o gosto de sua boca quando resolver retribuir ao meu beijo.

(Cap. 18) Capítulo 19

Notas do capítulo
Oi minha lindas... Como avisei... vou att a fic até acompanhar a comunidade, então hoje
vou postar dois capítulos.Espero que gostem...

Bella estava deitada em sua cama há horas sem conseguir conciliar o sono. Em pouco tempo
amanheceria e ela não havia conseguido nem mesmo um breve cochilo. Estava acesa, ligada. A
adrenalina da noite ainda corria por suas veias. Ela não descobrira nada do ocorrido na festa por
Alice. Depois que a amiga a tomou, praticamente, dos braços de Edward, a levou para o quarto e,
sem explicar-lhe nada, “ordenou” que se trocasse, pois a levaria de volta para casa.
– Não íamos passar a noite aqui? – Bella perguntou de testa franzida. – Me diga o que aconteceu.
– Infelizmente não vamos poder ficar. É melhor que você vá para sua casa. É mais seguro.
– Seguro como?
– Bella, por favor, me ajude. Eu preciso ir embora e vou levar você para sua casa.
– Mas...
– Troque de roupa Isabella! – Alice falou olhando-a diretamente nos olhos.
De repente ela sentiu vontade de obedecer á amiga. Sem dizer mais nada, tirou o vestido de
“Christine” e se transformou novamente em Isabella. Colocou as peças em um cabide, então tirou as
presilhas dos cabelos e os brincos emprestados por Alice e os olhou pesarosa. Perfeitos! Pena que a
noite não tivesse terminado da mesma maneira. Quando Alice apareceu completamente vestida ao
seu lado, Bella os devolveu á amiga.
– Obrigada por emprestá-los. São realmente lindos. De quem são?
– De um conhecido. Herança materna. Ele raramente as empresta, mas tenho privilégios. – Alice
tentou formar um sorriso. Sem sucesso, disse seriamente. – Acredito que no futuro você poderá usá-
los novamente.
Bella duvidava que fosse acontecer. Jamais teria coragem de usar jóias verdadeiras se essas fossem
suas, imagine de outra pessoa que nem ao menos conhecia. Sem esperar que Bella lhe respondesse
qualquer coisa, Alice a ajudou a guardar suas coisas. Depois que todas as malas e sacolas estavam
prontas a amiga lhe disse.
– Vou descer por um instante para acertar tudo na recepção. Não abra a porta para ninguém. Para
ninguém entendeu Bella? – Alice perguntou enfática.
Ela assentiu com a cabeça, assustada com o comportamento da amiga. Ainda assim sentia o desejo
de obedecê-la. Alice ficou fora por quinze minutos. Quando voltou começou a pegar a bagagem.
– Vamos. – chamou.
Bella fez o mesmo com as suas coisas. A portaria do hotel estava um caos total. Pessoas fantasiadas
saiam ás pressas. Os hospedes os olhavam intrigados. Passaram pela multidão com certa
dificuldade, porém logo ganharam a rua. O carro de Alice estava á espera; a capota levantada.
Assim que colocaram suas coisas no banco traseiro e assumiram seus lugares, Alice saiu para o
trânsito do início de madrugada. Seguiram em silêncio. O único som que se ouviu durante o trajeto
era o som insistente do celular de Alice. Ela não o atendeu. Deixou Bella na porta de seu
apartamento, fez a velha recomendação para que não abrisse a porta para estranhos ou que
convidasse alguém a entrar e seguiu para seu próprio apartamento deixando Bella confusa e
sozinha.
A jovem estava cheia de pergunta sem respostas. A primeira delas, como Edward pudera carregá-la
sem esforço algum e andar naquela velocidade anormal por entre tantas pessoas. Será que ninguém
havia reparado no quanto ele fora rápido além dela? Segundo, o que acontecera para que alguém
gritasse daquela forma histérica e provocasse aquela debandada geral. Será que alguém havia sido
ferido? E ainda, por que será que Alice começou a agir estranhamente depois que a levou embora?
E a mais inquietante de todas, como era possível que depois de toda aquela confusão ela se sentisse
frustrada por não ter dançado com Edward Cullen?
Sim. De todas as coisas que aconteceram naquela noite, não ter concluído a dança era o que mais a
incomodava. Somente por lembrar-se sentia as pernas bambas e o coração disparado. Quando
Edward tomara sua mão e a trouxera para junto de seu corpo, sentiu como se fosse desmaiar a
qualquer momento. Quando tentou afastar-se e seus dedos tocaram no tecido delicado e negro das
vestes de Erik, sentiu o choque correr por seu corpo.
Durante a breve dança seu rosto ficara á altura da base do pescoço másculo. Se ela erguesse a
cabeça teria visto o queixo bem marcado e se ousasse um pouco mais teria ficado frente a frente
com a boca perfeita que, dias antes, se negou em beijar. Se baixasse a cabeça ficaria presa na
lembrança dos pelos que a camisa branca e rendada, fechada até o colarinho, escondia. Bella
imaginou se seriam macios como aparentavam ser.
Depois daquela noite, Bella jamais veria “O Fantasma da Ópera” sem colocar Edward no papel de
Erik. Ele fora o melhor que ela já vira. Seu coração ficava aos saltos com a lembrança. Seu corpo
ardia. A cada dia que passava ele se tornava uma incógnita ainda maior. Como podia ser tão
inumanamente lindo e rápido? Sem contar a forma quase luxuriante que a envolvia. Parecia que
quando estava perto de Edward todo o universo parava. A sensação era tão forte que a assustava.
Bella sabia que não podia se sentir dessa maneira. Ela era comprometida com Paul. O amava! E
ainda tinha Alice. Bella achava que existiam fortes indícios que ela e Edward deviam ser amantes.
Mas então, se isso fosse verdade. Por que Edward havia dito que não se esqueceria do “quase” beijo
e por que seus os olhos verdes a encaram com uma expressão de preocupação extrema depois que
começara a confusão na festa?
Ainda rolava insone pela cama, com Black aos seus pés, quando seu telefone tocou. Ela olhou as
horas; cinco e quarenta e cinco. Bella perguntou-se o que teria acontecido para que Paul telefonasse
tão cedo. Ainda assim sentiu-se agradecida por ele a trazer de volta das divagações proibidas. Era
com ele que deveria gastar seus pensamentos. Sentindo o peito apertado de saudade e remorso, ela
atendeu.
– Bom dia meu amor, estava pensando em você.
– Que coincidência interessante Isabella. Eu também estava pensando em você!
Se Bella não estivesse deitada cairia. Segurando o fone com mais força procurou por sua voz.
– Como tem meu número de telefone?
– Além de amiga, Alice é minha secretária esqueceu? – a voz de Edward pareceu divertida.
– Não esqueci. – ela respondeu desejando que o chão se abrisse por mais uma vez sentir ciume. –
Desculpe pela forma que atendi. Eu pensei que fosse...
– Eu sei o que pensou. – ele a cortou subitamente de mau humor. – Mas a minha afirmação era
verdadeira. Eu estava mesmo pensando em você. – disse com a voz, agora suave, que acariciava o
ouvido de Bella.
– Por quê? – ela estava perdida.
– Queria saber se estava bem. Se não se ferira na noite passada.
– Eu estou bem... – então se lembrou do improvável. – Graças a você que me tirou do meio da
multidão rapidamente. Como fez aquilo?
– Você é leve, eu sou forte; faças as contas.
– Não creio que uma simples conta resolva minhas duvidas.
– E você tem muitas duvidas? – novamente a voz de carícia.
– Algumas. – respondeu ineditamente sem receio. – Mais do que eu queria ou deveria.
– Pois eu terei um enorme prazer em tirá-las todas. – respondeu sério.
O coração de Bella começou a acelerar vertiginosamente. O que ela estava fazendo? Encorajando
Edward Cullen a cortejá-la? A imagem de Paul surgiu em sua mente fazendo com que se sentisse
novamente uma traidora. Tentando contornar a situação, disse.
– Não se preocupe, eu posso conviver com elas até esquecê-las.
– Ainda prefiro do meu jeito. Quando tivermos a oportunidade de concluir o que ficou inacabado na
noite passada, prometo tirar suas dúvidas sobre o que quer que seja.
Bella permaneceu muda, Edward prosseguiu.
– Eu mesmo tenho algumas que gostaria muito de esclarecer. – então ele reduziu o tom de sua voz a
um sussurro. – E a principal delas é qual será o gosto de sua boca quando resolver retribuir ao meu
beijo.
– Edward eu...
– Isabella, eu telefonei apenas para saber se você estava bem. Desculpe se a acordei ou... Interrompi
seus pensamentos. Tenha um bom dia.
Antes que ela se lembrasse de como se articulava as palavras, ele havia desligado. De repente o
fone começou a queimar em sua mão. Bella o recolocou no lugar somente para descobrir que quem
estava queimando era ela. Sem prestar atenção ao que fazia, ela jogou as cobertas de lado e correu
para o banheiro. Despiu-se rapidamente e entrou de cabeça sob o jato de água fria. Deixou escapar
um grito abafado com o choque térmico. Não se ensaboou. Temia que se tocasse na própria pele
acabasse por fazer o nunca fizera nem mesmo quando estava perigosamente necessitando do
namorado. Bella ficou sentindo a água fria correr por seu corpo até que a sensação de ardor e a
excitação dolorosa cessassem.
Quando voltou para o quarto, vestida em seu roupão e com os cabelos enrolados em uma toalha, seu
queixo tremia de frio. Ainda estava levemente excitada, porém não estava diferente do que estivera
a noite toda então a sensação era aceitável. Consolou-se imaginando que se pegasse um resfriado
este baixaria sua libido e que ela arderia de febre não de desejo. Bella voltou para a cama e se
cobriu do jeito que estava. Black não estava mais lá, provavelmente procurara um lugar em que
pudesse dormir em paz. Bella não o recriminava. Ela mesma precisava de pelo menos duas horas de
sono se desejava estar apresentável para seu encontro com Charles Howden.
Estava prestes a dormir quando o telefone tocou mais uma vez. Temendo ser Edward novamente,
ela atendeu corretamente.
– Alô?
– Bom dia meu anjo, eu a acordei? – finalmente a voz de Paul.
– Não... Já estava acordada. Pensando em você!
– Eu também estou pensando em você. Gostaria de saber como você está depois do que aconteceu
na festa ontem. Fiquei sabendo somente agora. Por que você não me telefonou? Eu poderia ter ido
até aí.
Bella arrependeu-se por não ter ligado. Perdera a chance de estar com quem “deveria” estar.
– Não achei necessário. Além do mais, você tem uma audiência importante daqui á pouco. – ela
poderia acrescentar que não desejava atrapalhá-lo, mas deixou passar.
– Sim, mas um assassinato é algo grave. Você surtou com um único tiro no Central Park, imagino
como não deve ter ficado esta noite.
Bella deixou de ouvir depois da palavra assassinato. De quem?! Por que Alice não lhe contara?
– Bella você esta bem?
– Estou Paul... – ela recuperou-se do susto. – Eu não sabia que havia sido tão grave. Pensei que
fosse apenas uma briga ou algo assim. Quem morreu?
– O editor chefe do “Today”. Charles Howden era o nome dele.
Bella se sentou espantada.
– Paul você tem certeza?
– Sim tenho. Estou com o jornal aqui em minhas mãos.
Bella não sabia o que pensar. Quem faria uma coisa dessas em uma festa beneficente? Ela procurou
por mais detalhes através de Paul. Ele leu a matéria, nada esclarecedora, para ela. Algumas pessoas
se feriram na confusão. O único fato relevante era a forma de assassinato. Ao que tudo indicava,
havia mesmo um psicopata na cidade. Enquanto ouvia estarrecida, ela sentiu pena da esposa da
vítima. Que cena horrível de se ver! Bella sabia que não suportaria ver quem amava ferido.
Subitamente a imagem de Edward surgiu em sua cabeça. Fechando os olhos ela pensou em Paul.
Não suportaria ver “Paul” ferido. Era a ele que amava. Eles ainda conversaram por mais alguns
minutos. Ela teve a confirmação que o namorado viria á noite em seu apartamento, então desligou.
Sentia-se triste pelo ocorrido com o pobre homem, mais que por sua chance perdida. Abraçando as
próprias pernas, ela se deixou cair de lado, chorou de confusão e pesar até adormecer.

http://www.youtube.com/watch?v=AYKuZMxA808

Edward andava impaciente de um lado ou outro no apartamento de Alice. Eles ainda não haviam
tido a chance de conversar, mas sua irritação com ela desaparecera por completo depois do que
aconteceu na festa. Ele não gostaria nem de imaginar se talvez o alvo do ataque fosse Isabella e o
que aconteceria se Alice não estivesse sempre ao lado dela. Quando telefonou para a amiga – várias
vezes ainda no meio da confusão – enfureceu-se por ela tê-lo ignorado. Para então, enfurecer-se
ainda mais quando ela finalmente atendeu dizendo que estava em seu apartamento.
Edward teve ganas assassinas por Alice ter tirado Isabella do hotel sem consultá-lo. Porém logo se
acalmou ao se lembrar que Isabella estaria muito mais segura em seu próprio apartamento. Foi
obrigado a reconhecer que, como sempre Alice, pensava em tudo. Somente por esse motivo
perdoara sua interferência durante toda a festa. Agora, ela e Jasper estavam dormindo no quarto ao
lado; Edward não conseguiu seguir-lhes o exemplo.
Desde que fora liberado pela polícia e chegou ali, horas atrás, ele ocupara-se em ouvir cada mínimo
ruído que vinha do apartamento de Isabella. Sentia-se angustiado e temeroso. Jamais se perdoaria se
alguma coisa tivesse acontecido á ela. Se pelo menos ele soubesse contra quem deveria lutar.
Ficaria mais fácil de imaginar uma forma de defesa e ataque. Mas da forma que o intruso agia.
Sempre à surdina, espreitando á espera de uma oportunidade para atacar ficava difícil tomar
qualquer decisão.
A única coisa que ele tinha certeza é que precisava conquistar Isabella o quanto antes, levá-la para
sua cobertura onde poderia protegê-la daquele vampiro insano. Apenas por isso – e por desejar
ouvir-lhe a voz – que ligara àquela hora da manhã. Ele sabia que Isabella estava acordada. Quando
foi em sua sacada, não pode vê-la através da porta uma vez que agora existia uma cortina e esta
estava fechada, diferentemente das noites anteriores. Mas ele pode ouvir seu rolar constante sobre o
colchão. Ele desejou poder ler-lhe os pensamentos para saber o que a incomodava. Se ela
dispensava um pouco de sua inquietação para ele ou se ela era toda direcionada ao rábula. Edward
sabia que o casal não se encontrava á praticamente duas semanas.
Parte da culpa era dele que providenciara para que o advogado estivesse sempre ocupado. A outra
parcela de culpa era da própria Isabella que começara a trabalhar em um restaurante á noite. Apesar
de contribuir para que o rábula não a tocasse nunca mais, ele não gostava dessa parte da história.
Por mais que Alice lhe seguisse, ou até mesmo ele agora que estava de volta, sempre tinha a
possibilidade do intrusos a atacar sem se importar em morrer logo em seguida. Tudo dependia do
quanto ele desejava afrontar Edward.
Sua preocupação com a segurança de Isabella era tanta que ele pouco dava importância ao que tinha
acontecido na festa. Antes matassem Charles á ferirem a mulher que amava. Ele ficou no local até
que todos fossem interrogados e liberados. Até que removessem o corpo de Charles. Havia
telefonado para Isabella também para contar-lhe o que havia acontecido, porém ouvir-lhe a voz
rouca pela falta de uso durante a noite, chamando-o de “meu amor” – mesmo que por engano –
distraiu-lhe por completo. Apenas se mostrou preocupado e quando viu a chance, continuou seu
plano de deixar ela percebesse o quanto estava interessado. Se queria que ela o notasse tinha que
chamar a atenção.
E não lhe mentiu. Queria mesmo saber que gosto tinha a boca de Isabella assim como todo o resto
de seu corpo. Quando tivesse a oportunidade, a teria inteiramente nua em seus braços. Desejava
admirar cada parte de sua pele perfeita. Tentava imaginar em que dia isso finalmente aconteceria
quando ouviu o telefone dela tocar. Ele apurou seus sentidos para ouvir-lhe a voz.
“Alô”.
Agora ela não estava deliciosamente rouca. Pausa.
“Não... Já estava acordada. Pensando em você!”.
Edward sentiu o sangue ferver de ciúme. Sem duvida ainda era no rábula que ela pensava. Procurou
acalmar os rugidos em seu peito e escutar.
“Não achei necessário. Além do mais, você tem uma audiência importante daqui á pouco”.
Sim, ele teria e Edward desejou que ela fosse extremamente extenuante. Dessa vez a pausa foi
maior, quando ela falou, sua voz estava quase sumida.
“Estou Paul... Eu não sabia que havia sido tão grave. Pensei que fosse apenas uma briga ou algo
assim. Quem morreu?”
Claro que o rábula tinha que contar! Edward queria ter tido essa consideração com ela. Sabia que
ela teria um encontro. Agora Isabella estaria triste e ele nem teria a chance de consolá-la mesmo que
por telefone. Mais uma chance perdida. Talvez pudesse ter se oferecido em ir ao apartamento dela.
Ela o convidaria á entrar daquela vez. Tolo! Ainda era um idiota com reações adolescentes quando o
assunto era Isabella. Até mesmo sua voz rouca era capaz de desviar-lhe a atenção.
Quando Edward ouviu a voz dela novamente, ela parecia alarmada.
“Paul você tem certeza?”.
Nova pausa.
“Eu não sei o que faria se um dia algum mal acontecesse a você.”
Bella disse tristemente. Ainda ardendo de ciúme, Edward teve a confirmação de que nunca poderia
ferir o rábula. Isabella jamais o perdoaria. Com a voz mais calma ela disse.
“Posso esperá-lo hoje á noite?”.
Aquilo não poderia acontecer! Edward pensou. Isabella continuou falando.
“Também sinto sua falta.”
Edward foi mais para perto da janela. Estava furioso.
“Podemos resolver isso depois do filme”.
Ao vampiro, a risada leve que ouviu, pareceu forçada. Ou poderia ter sido fruto de uma mente
enciumada. Então, Bella despediu-se.
“Até á noite. Também te amo!”.
Mil adagas não poderiam feri-lo mais que essas palavras dirigidas á outro.
Logo um som chamou-lhe a atenção. Sem conter-se ou se preocupar que alguém lhe visse, Edward
saiu para o corredor e parou á porta de Isabella. Ali, mais próximo dela, teve certeza que ela
chorava. Instintivamente ele tocou a porta. O que não daria para poder estar do outro lado. Daria
qualquer coisa. Mataria quem fosse preciso, desde que não a magoasse com seu gesto. Tomaria
qualquer atitude, qualquer forma.
Edward afastou-se da porta de repente. Uma idéia insana se formando em sua mente a muito
perturbada por seu amor á Isabella.
Havia um jeito de entrar!... O plano era perfeito e fácil. Poucas vezes ele recorrera ao que estava
pretendendo fazer por não achar digno, mas para ter Isabella valeria á pena perder um pouco de
dignidade. Há muito tempo Edward não era um poço de virtudes. Tudo que precisava fazer era
encontrar o rábula. Permanecer um pouco com ele. Acompanhar seus gestos, a forma que falava.
Ouvir-lhe a voz; isso era fundamental.
Sorrindo consigo mesmo por lembrar-se de algo tão simples e eficaz, ele partiu para seu
apartamento sem se dar ao trabalho de despedir-se dos amigos. Sabia que Isabella estaria segura em
casa e aquela era sua noite de folga. Não precisaria se preocupar com ela até a noite, quando então,
finalmente, a teria em seus braços.

Quando Bella ouviu a chave na fechadura, deu uma olhada rápida para conferir se tudo estava no
lugar. A sala se encontrava em ordem, à meia luz, criando um ambiente aconchegante. Dois dos
DVDs preferidos de Paul – A civil Action e Philadelphia – estavam sobre o aparelho. Depois de
Paul ter passado a manhã e a tarde em um tribunal, ela não entendia como um advogado relaxaria
vendo filmes sobre julgamentos, mas enfim... Depois da noite passada e do dia inquietante que teve,
queria que essa noite fosse perfeita e se aquela era a idéia dele de perfeição, estava boa para Bella.
Naquele momento a jovem contabilizou quantos dias estava sem vê-lo. Tempo demais. Por isso
estava confusa. Trabalhar no restaurante realmente consumia suas noites, enquanto que os vários
processos jurídicos no novo escritório o ocupavam durante o dia; Bella estava mesmo com saudade
de sua companhia. Facilitaria se ele dormisse em seu apartamento uma noite ou outra, mas ao que
parecia se ele não podia tê-la em seu apartamento definitivamente, não dormiria mais ali
esporadicamente como antes. Ainda mais agora que arrumara o argumento recorrente de que
precisava se concentrar no trabalho e que, por mais que sentisse sua falta, a presença dela o
distrairia.
Bom. Bella suspirou. O importante é que ele estava ali agora e poderiam aproveitar sua folga. Paul
entrou e fechou a porta atrás de si. A noite estava fria anunciando o inverno que viria em breve. O
vento gelado do corredor invadiu a sala fazendo com que Bella estremecesse. Ela correu para
verificar o aquecedor, enquanto ele tirava o casaco de couro e pendurava no gancho atrás da porta.
Bella pôde deixar de reparar como ele estava bonito, sua pele morena contrastando com a camisa
preta. Os dois primeiros botões abertos revelando seu pescoço másculo.
– Oi! – ela disse verdadeiramente animada.
Quando estava ao seu lado, Paul a puxou pelo braço para junto de si. Cobriu a boca dela para um
beijo terno, manso. A jovem passou os braços á volta do seu pescoço, porém não teve tempo de
intensificar o beijo.
– Boa noite Anjo!
Paul se desprendeu dos braços de Bella e se dirigiu para o sofá. Se recostando nas almofadas ele
soltou um suspiro cansado e fechou os olhos. Rapidamente ela estava sentada ao seu lado, com as
pernas dobradas sobre o estofado.
– Dia cheio? – ela começou a acariciar sua testa vincada.
– Sim!... Hummm, isso é bom! – disse se referindo ao meu toque. Ainda de olhos fechados ele
prosseguiu.
– Os clientes que o Cullen me passa são difíceis de lidar... Quase sempre intratáveis.
– Está arrependido de ter aceitado trabalhar com ele?
Bella tentou não parecer esperançosa demais. Ela estremeceu ao me lembrar mais uma vez do
patrão de seu namorado. Edward estava presente em seus pensamentos tempo demais. Se pelo
menos o namorado deixasse de trabalhar para ele, ela teria uma chance real de afastamento. Talvez
assim ele saísse de vez de sua mente. Bella ainda não sabia o motivo, mas podia dizer que de certa
forma o temia. Ela teve um novo estremecimento. Melhor se concentrar em Paul. Ele abriu seus
olhos negros para ela antes de responder.
– Lógico que não! O Cullen pode ser um cretino cercado de clientes idiotas, mas essa é uma
oportunidade única!
– Então esqueça todos eles... – ela disse se colocando em seu colo. O conselho valia para ela
também. – E aproveite a noite.
Bella começou a depositar pequenos beijos no rosto do namorado. Ela beijou a testa ainda vincada,
suas bochechas e finalmente a boca. Insinuou a língua em seus lábios. Paul os abriu pra retribuir ao
beijo. Ela descobriu-se realmente estar com saudades. A jovem procurou pelos botões de sua
camisa, porém, antes que abrisse o terceiro, ele a deteve.
– Eu pensei ter ouvido algo como ver filmes...
– Eles estão logo ali... – Bella apontou com a cabeça antes de beijar seu pescoço. – Podemos vê-
los... Depois!
– Bella espere um pouco! – Paul disse a afastando. – Desculpe, mas estou realmente cansado!
Podemos seguir com o combinado e ter uma noite tranquila?... Apenas matar a saudade namorando
um pouco e ter nossa noite de pipoca e filme?
Suspirando, retirou Bella de seu colo. Ela não se lembrava como era ruim ser rejeitada.
– Desculpe... É que sinto sua falta! – disse envergonhada.
– Não fique assim... – ele a puxou de volta ao seu colo, abraçando-a. – Eu também sinto sua falta...
Só não estou em um bom dia. Ainda tenho páginas e mais páginas de um processo enorme para
conferir. Abri essa brecha para vê-la e relaxar. Se acabarmos em sua cama, não conseguirei ir
embora. Você sabe que gosto de passar muito tempo com você e não sair correndo de baixo de seus
lençóis.
Certo!... A desculpa podia ser fraca, mas ela se deixou convencer. Sorriu para ele e assentiu com a
cabeça.
– Boa garota! – ele a beijou mais uma vez antes de pedir. – Agora me conte como estava a festa
antes da confusão.
Bella sentiu o rosto arder. Gostaria de dizer que “verdadeiramente” sentira sua falta e que a festa
estava uma droga sem ele ao seu lado, mas não poderia. Ela adorara a festa e, por mais que tentasse
fugir do pensamento, adorara a “quase” dança com certo Fantasma. Novamente se sentia uma
traidora. Seu namorado ausente mergulhado em trabalho e ela deixando-se levar pelo fascínio de
Edward. O pior de tudo era que ela “sentia” falta de Paul. Com ele ao seu lado o desejava
dolorosamente. Por que quando ele não estava por perto ela quase se esquecia dele?
Quando Bella percebeu, Paul a olhava esperando uma resposta. Tentando parecer indiferente, disse.
– Foi uma festa como outra qualquer. Tirando o final que foi apavorante.
– Como você conseguiu sair de lá? Li o jornal hoje cedo para você. Alguns convidados se feriram...
Bella lutou para não se perder em fantasias novamente.
– Eu estava perto da porta. Quando vi a confusão se formando, achei melhor sair e esperar Alice em
nosso quarto.
– Fez muito bem. Edward me disse que ficou até o final da madrugada acompanhando as primeiras
investigações.
– Ah, ele disse? – Bella tentou parecer indiferente.
– Sim. Hoje almoçamos juntos. Ele disse que era em agradecimento por eu estar ajudando Jasper
em suas causas; o cretino. Viaja deixando seus assuntos para os outros resolverem...
Bella não gostava de ouvir o namorado falando assim. Aquela era a segunda vez na noite. Por mais
que Edward a incomodasse ele não parecia ser um cretino para ela. Antes que ela pensasse em lhe
dizer algo, Paul disse.
– Bom... O importante é que você está bem. Só lamento pela vítima.
– É... Eu iria me encontrar com ele hoje em seu jornal. O Sr. Howden queria conhecer meu o
trabalho.
– Oh, meu amor... – Paul segurou o rosto de Bella. – É uma pena. Eu sinto muito.
– Tudo bem... – ela baixou os olhos.
– Tem certeza? – Bella lhe respondeu acenando afirmativamente com a cabeça, ele prosseguiu. –
Então vamos esquecer esse assunto e iniciar nossa noite de “namoro”.
– Sim. – ela lhe sorriu tristemente.
– Posso pegar uma manta?
– Claro que sim! – quando ele se levantou para ir ao quarto, Bella se lembrou de uma coisa. –
Verifique se a porta da sacada está fechada, por favor!
– Certo! E você prepare a pipoca que já coloco o filme.
– Pipoca saindo... – mais uma vez Bella sorriu tristemente e seguiu para a cozinha.
Pipoca de microondas era sua especialidade e em menos de cinco minutos ela voltou para sala com
duas tigelas cheias. Paul já havia tirado seus sapatos, estava recostado no sofá com os pés na mesa
de centro. Ele se enrolara em uma das mantas de Bella e segurava a ponta levantada para que ela se
acomodasse ao seu lado.
Bella entregou-lhe uma das tigelas, deixou a outra sobre a mesa á sua frente e se sentou junto ao
corpo de Paul, abraçando-o. Ele os cobriu com a manta e começou a apreciar a antiga receita de
pipoca perfeita de Bella. Ela tentou ignorar aquele corpo quente ao seu lado e focou sua atenção no
filme escolhido – A Civil Action. Seria John Travolta então... Ela costumava gostar daquele filme.
Porém, depois de assisti-lo tantas vezes, começou a desejar que a história não tivesse sido real e que
pelo menos uma vez acabasse de forma diferente, só para variar.
Meia hora de filme depois ela só conseguia olhar para o pescoço de Paul, tão próximo a sua cabeça.
Bella baixou os olhos para a abertura da camisa, agora três botões abertos que lhe permitiam ver
parte do peito forte. A respiração tranquila do namorado fazendo-o subir e descer, subir e descer...
Paul riu de alguma coisa engraçada. O que era engraçado? Ela olhou em volta e se viu sentada num
tribunal. Era uma dos jurados e Jan Schlichtmann estava com a palavra, defendendo fervorosamente
sua causa diante dela embora ela não ouvisse som algum. Bella franziu o cenho. O que ela estava
fazendo dentro de um filme? E por que John Travolta ainda movia sua boca se estava mudo?
– Bella... – finalmente ouvi a voz dele. Ou não...? A voz familiar chamou-lhe novamente.
– Bella acorde!
O tribunal desapareceu. Com o susto, ela se sentou abruptamente. Piscou algumas vezes e olhou em
volta. Estava em sua sala sentada ao lado de Paul que a olhava com a expressão divertida.
– Você dormiu!... – ele riu acusador. – Agora acredito que está cansada de ver esse filme.
– Desculpe. Não estou cansada do filme e que... Precisava ocupar minha mente depois do ocorrido
ontem á noite então eu aproveitei para limpar tudo por aqui. – passando as mãos pelo cabelo, ela
voltou a se acomodar no corpo de Paul e olhou para a televisão.
– Em qual parte estamos?
Paul não respondeu. Desprendeu-se do seu abraço, sentou na beirada do sofá e se virou para ela.
– Mesmo que precisasse muito ver você, devia ter imaginado que também precisaria de descanso. –
disse enquanto acariciava os cabelos castanhos. – Teria sido melhor que tivéssemos marcado em
outro dia.
– Não temos outros dias! – Bella não acreditou em si mesma.
Ela esperou tanto pelo momento de estar com ele e dormira em seus braços perdendo um tempo
precioso.
– Amanhã teremos um dia cheio. É melhor você ir para a cama e dormir.
– Não! Eu estou bem... Vamos pelo menos acabar de ver o filme.
Poderia acrescentar que não havia perdido nada já que o conhecia de cor, mas ela não faria tal
comentário. O encontro deles já estava bem esquisito sem suas críticas veladas ás preferências de
Paul. Mais uma vez ele lhe acariciou os cabelos e se levantou.
– Tudo bem Bella, de qualquer maneira eu preciso ir embora! – Paul já calçava seus sapatos.
– Tão cedo? – ela disse forçando um beicinho. – Não íamos namorar? Lembro-me de você ter
incluído esse bônus ao combo: filme e pipoca. Fique mais um pouco, por favor!... Prometo me
manter acordada!
– Não é “cedo” Bella! Acredite... Eu adoraria ficar com você e poder passar a noite aqui, mas
preciso rever aquele processo que lhe falei para o julgamento de amanhã. Desculpe amor... Prometo
que compenso depois. – ele disse a puxando pelos ombros.
– Está bem... Sem problema!
Bella deixou que ele a levantasse. Ela não poderia argumentar contra o trabalho do namorado. Paul
parecia funcionar em tempo integral quando se encontrava ás vésperas de uma defesa importante. E
ela deveria reconhecer que estava cansada; que a noite perfeita havia sido um fiasco. Bella olhou
para sua tigela de pipoca intocada e suspirou. Assistiu calada enquanto ele vestia seu casaco a
olhando pesaroso.
– Sinto muito Anjo.
– Já disse que não tem problema. – pelo visto ela deveria se acostumar a ser a segunda em sua vida.
Nunca seria uma rival á altura da justiça. Paul se aproximou e a tomou nos braços.
– Você sabe que eu te amo, não sabe? – dito isso começou a depositar pequenos beijos na boca de
Bella. Quando ela se sentiu rendida e se preparava para abraçá-lo na esperança de aprofundar o
beijo, ele se afastou.
– Tenho mesmo que ir!
– Está bem! – Bella escondeu mais uma vez sua frustração.
Recordando-se de semanas atrás, ela percebeu que ultimamente nem mesmo as despedidas eram
entusiasmadas. Em outros tempos, invariavelmente elas terminavam na cama. Bella suspirou e
tentou dizer a si mesma que nada havia mudado. Ela ainda o amava e Paul apenas assumira mais
responsabilidades. Quando acertassem o ritmo seriam como antes.
– Nos vemos amanhã? – ela perguntou sem muitas esperanças.
– Não posso prometer... Não sei á que horas o julgamento terminará, mas eu te ligo.
Dito isso, Paul beijou sua testa e se dirigiu para a porta. Assim que saiu, ela a trancou e foi recolher
as vasilhas de pipoca da mesinha. Desligou a televisão desanimada demais para ver o restante do
filme sozinha. Olhou para o relógio. Onze e quarenta e cinco. Bom... Paul tinha razão, era realmente
tarde. Resignada foi para seu quarto.

***********************************************************

Notas finais do capítulo


fico tão feliz quando vcs comentam... então, please... continuem... :)Não vou deixar
spoiler pois já vou postar o capítulo seguinte... Aproveitem sem moderação!... o/

(Cap. 19) Capítulo 20

Notas do capítulo
Mais um capítulo... Esse é um dos meus preferidos... Aproveitem...:)

Bella não saberia como explicar, mas dessa vez o beijo foi ainda mais urgente. Ela sentiu uma das
mãos dele em sua nuca, prendendo-a. Seus dedos, ainda frios, queimavam-na. Com o braço livre,
ele a segurava pela cintura. Seu abraço era apertado; diferente. Novamente ela desistiu de entender.
Estava achando muito bom aquele acesso de paixão repentina.
Em seu torpor, imaginou que talvez o sofrimento fosse por ele ter tanto a fazer e não querer deixá-la
ou quem sabe, ele tivesse saído de caso pensado, somente para lhe fazer a surpresa. Então, fosse
como fosse, não seria ela a estragar a encenação. Mesmo com sono, rendeu-se aos seus apelos e
retribuiu aos beijos apaixonadamente.
Com mais essa aceitação da parte dela, a nova versão de Paul urrou de forma estranha e a arrastou
até o sofá. Quando se sentou a puxou para o colo. Imediatamente Bella passou os braços em volta
de seu pescoço, enquanto sentia a excitação dele se avolumar em suas nádegas. Bella acomodou-se
melhor para senti-la em toda sua totalidade. Ele gemeu, tornando o beijo ainda mais invasivo. As
línguas travavam uma luta sem vencedores.
De repente, Bella sentiu algo vibrar insistentemente em sua coxa. Um celular. Estranho, ela pensou.
Paul nunca o deixava em vibra call. Teria questionado se até aquele trepidar incessante não
estivesse a deixando maluca.
– Não vai atender?... – perguntou entre um beijo e outro.
– Não deve ser importante. – ele disse tirando o aparelho do bolso e atirando-o longe.
Bella gostou daquilo. Era a primeira vez em dias que a prioridade era ela. O gesto despertou uma
necessidade por ele que ela nunca sentiu antes. Bella passou a desabotoar-lhe a camisa, enquanto
beijava seu pescoço estranhamente mais grosso e ainda frio, apesar da sala estar quente com o
aquecedor no máximo. Bella também sentiu que os músculos estavam mais acentuados, firmes.
Estiveram tão afastados nos últimos tempos que ela não pôde reparar nessas mudanças? E como não
havia notado isso quando esteve abraçada á ele no sofá horas antes? Bom... Repararia agora.
Bella atirou a camisa longe, enquanto se sentava sobre o colo de Paul da forma correta para tirar
máximo proveito daquele contato – uma perna de cada lado do seu corpo. Daquela maneira ela teria
acesso ao peito másculo e poderia sentir o membro rijo diretamente no ponto mais sensível do seu
corpo. Apenas o tecido da calça masculina e de sua calcinha como barreiras.
Mais uma vez ele urrou e, suspendendo a camisola de Bella, tirou-a do corpo da jovem. Ele a jogou
na mesma direção do celular. Bella acompanhou a trajetória com os olhos e viu quando caiu sobre o
aparelho que deixava a luz do monitor brilhando por entre o flip. Quem quer que fosse, estava atrás
dele desesperadamente. Bella pensou em mandá-lo atender, quando sentiu as mãos frias em seu
rosto, virando-o para encará-lo. Ela esqueceu-se o que ia dizer.
Havia tanto desejo nos olhos negros que eles brilhavam intensamente enquanto ele admirava-lhe o
dorso nu. Paul a olhava como se nunca a tivesse visto antes. Lentamente ele ergueu as mãos e tocou
seu rosto. Depois as deixou escorregar por seu pescoço e seu colo como se experimentasse a textura
de sua pele. Acompanhando cada movimento das próprias mãos com o olhar, Paul contornou os
seios da jovem. Apertou-os pela base fazendo com que os bicos ficassem ainda mais empinados.
– Linda! – exclamou roucamente.
De repente Bella imaginou ver um lampejo colorido transpassar pelos olhos negros. Ela sacudiu a
cabeça na tentativa de raciocinar melhor, quando as mãos dele seguraram-na pelo rosto para beijá-la
novamente.
Esqueceu-se de todo resto. Bella sentia a língua em sua boca, depois em seu pescoço. As mãos que
passeavam em suas costas, suavemente deslizavam pela lateral de seu corpo, indo para frente até
alcançar seus seios mais uma vez. Ela gemeu quando ele começou a esmagá-los. Os dedos
experientes brincavam com seus mamilos, intumescendo-os. Bella nunca havia sentido nada
parecido com ele antes. Nunca haviam ficado daquela maneira, no sofá.
De repente ele chupou a base de seu pescoço com força; deixaria uma marca em sua pele clara.
Porém, àquela altura, ela pouco se importava. Bella gemia enquanto escorregava sobre o colo de
Paul, masturbando-se descaradamente sobre o membro cada vez mais rígido. Parecia que ele logo
explodiria pelo zíper da calça. Quando ela sentiu a boca deslizar de seu pescoço e cobrir seu
mamilo, sugando-o lascivamente, estremeceu em um orgasmo. Bella agarrou-lhe os cabelos sem me
importar se doeria ou não. Paul não protestou e continuou a sugar-lhe os seios sem se importar com
os gemidos agonizantes dela.
Quando ele finalmente liberou seus seios e os tremores cederam um pouco, Bella se afastou para
tocá-lo. Massageio-o por sobre a calça, antes de abrir o botão e o zíper. Logo ela pôde ver a ponta
do membro. Lindo! Ela saiu de seu colo tempo suficiente para tirar-lhe a calça e todo o resto.
Deixou-o nu. Alguma coisa não combinava no corpo, mas não perderia tempo pensando o que
poderia ser. Aquele homem lindo estava ali por ela; não o deixaria esperando. Bella tentou voltar ao
seu colo, porém ele a impediu.
– Aqui não! – disse se colocando de pé e a tomando nos braços.
http://www.youtube.com/watch?v=tUYGzZ0tQpA
Foi carregada até a cama, onde ele a depositou gentilmente antes de se deitar ao seu lado. Bella
estendeu a mão para acender o abajur, porém Paul conteve seu gesto.
– Deixe assim.
– Mas eu quero vê-lo.
– Não precisa disso... Basta sentir-me!
Bella pensou em argumentar, porém as palavras morreram em sua garganta quando ele pousou a
boca em seu pescoço. Não para um beijo, e sim, um novo chupar sensual na pele sobre a jugular.
Ela sentia seus dentes roçarem sua carne sensível, como se fosse lhe morder a qualquer momento.
Bella não pôde deixar de associar a carícia estranha á tantas cenas de filmes de vampiros. Todas elas
eram extremamente sensuais, com a mocinha indefesa sendo bebida pelo vilão imortal. Ela
estremeceu com a idéia.
“Basta sentir-me”. As palavras ecoavam em sua cabeça enquanto seu corpo as confirmava. Sim. Ela
sentia e realmente bastava. A boca fria ainda chupava a pele de seu pescoço, enquanto as mãos
novamente acariciavam seus seios. Seu desejo era tanto que começava a doer.
– Pa... – ela não pôde dizer nada.
Antes que pronunciasse o nome dele uma de suas mãos lhe topou a boca. Ele havia largado o de
pescoço de Bella e disse diretamente em seu ouvido.
– Não quero que diga o nome, entendeu?
Dito isso a mão escorregou por sua barriga e se insinuou para dentro do elástico da calcinha para
tocá-la. Bella gemeu alto e, quando arqueou seu corpo para que a mão se acomodasse melhor, ele
voltou a falar em seu ouvido.
– Se insistir em usar nomes eu irei embora!
– Sem nomes então... – Bella conseguiu murmurar entre um gemido e outro. Não entendia a súbita
rejeição ao próprio nome, mas definitivamente não queria que ele fosse embora.
Bella sentiu o hálito dele em sua orelha quanto sorriu satisfeito. Como um pequeno agradecimento,
ele colocou dois de seus dedos dentro dela. Bella serpenteou o corpo ainda mais para dar melhor
acesso á sua mão. Em poucos minutos daquele massagear torturante ela estava estremecendo em
seu segundo orgasmo da noite. A jovem olhou para o rosto de Paul; ele parecia satisfeito com o que
era capaz de fazer com ela.
Recuperando-se um pouco, ainda respirando com dificuldade, Bella fez com que ele se deitasse de
costas e passou a beijar-lhe o peito. Mordiscava-lhe a pele como ele havia feito com a dela. Bela
desceu uma das mãos até que encontrou seu objeto máximo de desejo aquela noite. Estava
completamente rígido. Ela precisava desesperadamente senti-lo em si. Massageou-o para estimulá-
lo ainda mais, enquanto subia seus beijos pelo peito coberto de pelos finos. Quando a boca dela
alcançou a curva entre seu ombro e pescoço, ele gemeu mais uma vez e ordenou com a voz rouca e
sumida.
– Morda-me!
– Como?! – desde quando Paul gostava de ser mordido? Ele repetiu a ordem.
– Morda-me!
Como já havia desistido de entender muita coisa estranha naquela noite, ela fez o que ele ordenava.
Apertou os dentes em sua pele com medo de machucá-lo, porém a carne era tão firme que Bella
nem sentiu os dentes afundarem nela. Ela ouviu a sua risada leve como se ele sentisse cócegas. O
som inflamou seus brios, como se ele a considerasse fraca demais para feri-lo. Juntando toda sua
força, Bella cravou os dentes com vontade em sua pele. A carne pareceu afundar um pouco e ele
arfou em prazer genuíno.
Com um urro estranho ele a deitou de costas na cama e se pôs sobre ela. Imediatamente Bella
separou as pernas para recebê-lo. Paul massageou o ponto sensível e inchado á sua entrada com a
ponta de seu membro antes de começar a entrar lentamente em seu corpo. Ele gemia e grunhia a
cada centímetro que introduzia nela. Era como se apreciasse aquela lentidão torturante. Impaciente,
Bella levantou o quadril para senti-lo de uma vez. Ela reprimiu um grito com a própria investida.
Paul parecia “maior”...
Talvez fosse a urgência que sentia dele que lhe dava essa impressão. E se Paul estava diferente em
muitas coisas aquela noite, aquela com certeza, era a melhor delas. Sem aguentar esperar mais para
prová-lo, Bella moveu seu quadril freneticamente. Ele a acompanhou, estocando com força,
gemendo com ela a cada nova investida.
O corpo de Bella estava deliciosamente sensível com os orgasmos anteriores, então, alcançar o
terceiro foi fácil. Porém infinitamente melhor que os outros. Ela nem se lembrou que tinha visinhos.
Gritou a plenos pulmões enquanto seu corpo era varrido dela violência de um orgasmo novo,
maravilhoso e múltiplo. O urro de satisfação de Paul lhe chegou longe aos ouvidos. A cabeça de
Bella cabeça zunia. Ela sentiu que desfaleceria a qualquer momento. Ela não queria que acontecese.
Precisava se manter lúcida para ter um pouco mais da companhia de Paul.
Quem sabe agora conseguisse algumas respostas. Contudo, seu corpo traidor e satisfeito não
obedecia ao seu comando. Bella sentiu o corpo pesado sair de sobre o seu, se acomodar ao lado dela
e a puxar para um abraço. Sua respiração voltava ao normal gradativamente enquanto ela
mergulhava mais e mais na escuridão reconfortante. A última coisa que ouviu, foi uma voz
conhecida e ao mesmo tempo completamente diferente da do namorado dizer:
– Isabella Swan, eu te amo!
– Também te amo Paul!
A declaração de Isabella o pegou de surpresa. Edward disse a si mesmo que mereceu ouvir aquilo e
tentou não se importar; por mais que doesse. Pelo menos por ora não deixaria que nada quebrasse a
magia do momento. Ainda que tivesse que recorrer á ilusão – contrariando sua própria decisão – e a
jovem creditasse estar nos braços do rábula, Isabella fora sua.
Sua afinal!... E nunca seria de mais ninguém.
Mesmo que pela primeira vez em toda sua existência ele tivesse que quebrar a própria palavra. No
que dependesse dele, aquele projeto de advogado nunca mais colocaria as mãos em Isabella.
Edward acomodou a jovem melhor em seus braços, pousando a cabeça em seu peito. Havia
dormido com mais mulheres humanas do que era capaz de contar, porém não conseguia encontrar
palavras que descrevesse o que sentia por ter o corpo quente de Isabella junto ao seu. Poderia ser
“Pleno” ou suas variáveis... “Completo”... Até mesmo “Inteiro”! Contudo, todas eram insuficientes.
Edward acreditava estar próximo ao paraíso. Com ela ao seu lado, ele pensou em como fora tolo em
procurar por Isabella em outras mulheres. Nenhuma delas o fez esquecer porque nenhuma delas
jamais lhe faria jus.
Isabella era intensa, entregou-se com paixão. Com nenhuma outra ele havia sentido tanto prazer e,
talvez fosse pretensão de sua parte, mas ele aventurava-se a arriscar que ela nunca sentira com outro
o que sentira com ele aquela noite, tampouco. Os dois eram perfeitos um para o outro. Como Jasper
havia dito. “Se todas aquelas bobagens espirituais sobre almas que se dividem e se procuram forem
verdadeiras, ela era sua metade. Sua alma gêmea”. Edward sorriu. Realmente a amava. Somente os
enamorados pensavam tais bobagens; ainda que verdadeiras. Ainda sorrido, ele olhou para o rosto
pousado em seu peito e passou a acariciar lhe a bochecha.
Isabella...
Há quanto tempo desejou tê-la assim? Nem se lembrava mais; nem se importava. Toda angustia da
espera desapareceu. A lembrança do beijo no elevador, a do corpo dela junto ao seu na noite
passada, viraram nada se comparadas ao que vivera minutos atrás. Com os dedos ele contornou-lhe
os cílios longos; desejou poder ver-lhe o castanho dos olhos. Desenhou a linha dos lábios,
lembrando-se do sabor. Fazendo uma leve pressão, separou-os e com seu indicador tocou a língua.
A sua própria formigou quando a ponta de seu dedo sentiu a textura áspera, úmida e quente.
Somente por recordar a forma apaixonada que ela correspondera aos seus beijos enquanto
“dançava” sobre seu colo o deixou excitado.
Edward foi lançado do paraíso diretamente no inferno. Queimava, precisava dela. Que se danasse
sua necessidade de lucidez da parte dela. Isso viria com o tempo. Ele tinha que priorizar o que
sentia “agora”. Edward sabia que não seria mais capaz de esperar. Uma vez que experimentara o
que Isabella tinha a lhe oferecer ele precisaria tê-la sempre. Se antes era dependente de seu cheiro,
agora estava irremediavelmente viciado em seu corpo.
Já não havia recorrido á ilusão para tê-la? Ele poderia fazê-lo novamente. Porém dessa vez seria
diferente. Não estava disposto a ouvir palavras ou nomes que o ferissem. E não ouviria. Isabella
dormia e poderia muito bem sonhar com “ele”, não poderia? Deitando-a de costas ao seu lado,
Edward chamou-a com os lábios colados ao ouvido dela.
– Isabella... Isabella...
– Hein?... – ela resmungou.
– Venha para mim... – ele sussurrou. – Sonhe comigo.

Notas finais do capítulo


É isso aí... Finalmente Ed teve sua primeira noite com sua "Isabella"... Espero que
tenham gostado... Só posso saber se comentarem... :)Tbm não vou deixar spoiler... Vou
deixá-las com a lembrança da realização de Edward... Amanhã posto outro capítulo...
Bjus minhas lindas...

(Cap. 20) Capítulo 21

Notas do capítulo
Boa noite... Mais uma vez quero agradecer os comentários... Tem perguntas que não
posso responder, mas fico feliz em ver que vcs ficam curiosas com o desenrolar da fic...

Bella rolou na cama sentindo-se satisfeita. Ela sorriu e apertou o travesseiro ao se lembrar da noite
maravilhosa que tivera com Paul. Pena que ele a não a acordou antes de ir embora. Talvez não
quisesse que ela levantasse cedo demais visto que precisava estar no restaurante somente depois das
três da tarde; sempre atencioso com ela. E na noite passada Paul se revelara um amante capaz de
surpreendê-la. E pensar que estava prestes a mandá-lo embora quando voltou por considerar uma
atitude estranha demais.
Agora estava evidente que o afastamento era somente excesso de responsabilidade. Paul não
gostava de distrair-se antes de audiências importantes. E segundo ele Edward o estava enchendo de
trabalho. O sorriso de Bella diminuiu ao se lembrar do sonho que tivera com o patrão do namorado.
Aquilo fora, no mínimo, perturbador. Ainda mais depois de ter vivido momentos incríveis com
Paul. Sorte sua que não tinha o hábito de falar durante o sono. Bella estremeceu ao imaginar a cara
de Paul caso ela tivesse pronunciado o nome de Edward. A situação teria sido ainda pior se ela em
seu sono ficasse repetindo o nome do advogado como acontecera no sonho enquanto eles...
Não!... Bella sentiu o rosto queimar. Ela não poderia pensar nisso nunca mais. Finalmente havia
voltado ás boas com o namorado e não poderia deixar que uma... Uma o quê? O que ela sentia por
Edward? Paixonite? Sim, talvez fosse isso. Ela sentia uma paixonite inofensiva por isso pensava
tanto nele e provavelmente por esse mesmo motivo, o sonho que tivera com Edward deixou-a tão
satisfeita e plena quanto o sexo com o namorado. Agora que estava definitivamente segura de seu
amor por Paul, precisava se curar daquele sentimento adolescente que começava a nutrir por
Edward.
Ainda analisando sua situação, culpou Alice. Se ela não tivesse dito que era para se afastar dele,
talvez o tivesse esquecido há muito tempo. Todo mundo sabe o que acontece quando estão diante do
proibido. O conselho da amiga fez com ela prestasse maior atenção nele depois que o conheceu; se
bem que, segundo Paul o conselho foi feito depois. Essa parte, aparentemente sempre seria confusa
para Bella. A data exata em que conheceu Edward sempre seria questionável para ela. Fosse como
fosse, a culpa era de Alice. Se ela tinha um caso com o patrão, não devia tentar afastar outras
mulheres com propaganda contrária. Nunca dava certo.
Ainda abraçada ao travesseiro, Bella sorriu. Pela primeira vez desde que começou a cogitar
verdadeiramente a hipótese de Alice e Edward terem um caso, ela não sentiu ciúmes. Isso era prova
que estava voltando ao normal. Voltando para Paul. Tudo seria como antes. Logo ela terminaria seu
período de ajuda á Angela. Arrumaria um emprego em algum jornal e em pouco tempo poderia
aceitar o convite do namorado para morarem juntos. Bella sentiu-se satisfeita com o arranjo. Seu
peito estava ligeiramente oprimido por ter que sufocar um sentimento novo, mas era um preço que
ela pagaria de bom grado. Sempre fora feliz com Paul e pretendia continuar assim. Em pouco tempo
expulsaria Edward Cullen do pensamento e se dedicaria ao namorado de corpo e alma.
Estava tão absorta em seus devaneios que se sobressaltou ao ouvir a campainha do telefone.
– Alô!
– Bella eu preciso falar com você. – a voz de Paul era séria.
– Bom dia meu amor... – ela cumprimentou languidamente. – Pode falar...
– Não por telefone. Você poderia me encontrar lá no escritório na hora do almoço. Podemos
almoçar juntos.
– Eu adoraria. – Bella não estava entendendo o tom frio. – Paul, o que há?... Aconteceu alguma
coisa por isso saiu cedo sem acordar-me?
– Como assim? – ele pareceu confuso. – Eu a acordei... Se você voltou a dormir no sofá e não se
lembra, eu...
Bella ficou em alerta.
– Não me refiro á essa hora. Digo hoje pela manhã...
– Bella, sinceramente não eu estou entendendo... Eu saí daí a noite e não pela manhã...
– Você quer dizer de madrugada, então?
Bella sentou-se na cama com o lençol cobrindo a frente de seu corpo. Sentia-se cada vez mais
confusa, mas se ele tivesse saído no meio da noite isso explicaria a confusão.
– Como de madrugada? Ainda não era meia noite quando saí de seu apartamento. – de repente ele
pareceu preocupado. – Bella do que está falando? Sinceramente eu não estou entendendo.
E ela menos ainda. Como era possível que ele não se lembrasse do que fizeram? Será que agora era
a vez dele de ter aquela mesma amnésia estranha que ela teve dias atrás? O que estava acontecendo
com os dois? Achando melhor não prolongar o assunto, ela disse.
– Paul, esqueça... Ando tão cansada que devo ter sonhado que você voltou aqui. Não ligue para as
bobagens que digo.
– Está bem... Acredito que tenha sonhado mesmo... – então, mudando de assunto assim como ela,
perguntou. – Você irá se encontrar comigo no escritório?
– Sim...
– Então te espero á uma da tarde.
– Combinado...
– Até mais tarde Anjo... – sem mais nada dizer, Paul desligou.
Bella permaneceu um tempo com o fone na mão sem entender nada. Não poderia ter sonhado,
poderia? Recolocando o fone no gancho tocou a própria boca. Como era de se esperar, o lábio
inferior estava levemente inchado. Ela se sentia satisfeita depois de uma noite de sexo.
Inconformada, jogou o lençol de lado e correu para o espelho. Procurou pelas marcas em seu
pescoço; elas estavam lá. As duas. Uma próxima á outra bem na base de seu pescoço. Então olhou
para o bico de seu seio. Aquele que Paul havia sugado com maior força também estava marcado na
parte clara de sua pele. O que aconteceu foi real, não sonho. Como ele poderia não se lembrar?
Suspirando, Bella seguiu para o banheiro. Aparentemente o problema dessa vez não era com ela e
sim com o namorado. Talvez fosse sobre isso que ele quisesse conversar durante o almoço. Depois
de tomar banho, Bella vestiu seu roupão e seguiu para a cozinha. Estremeceu ao passar pela sala e
se lembrar das coisas que havia feito com o namorado sobre seu sofá. Paul não poderia se esquecer
do que fizera. Não agora que estava muito melhor do que sempre fora. Não depois de ter se
superado e lhe proporcionado o melhor sexo que tiveram em três anos de relacionamento. Depois
daquela noite ela ficaria sedenta por mais. Ele não poderia lhe privar das coisas que acreditou serem
possíveis ao acordar.
Precisava daquela nova versão dele para apagar a lembrança de Edward. Bela não poderia se
enganar mais. Estava caindo vertiginosamente em direção á Edward Cullen e somente um
namorado renovado poderia salvá-la da queda-livre; sufocante e perturbadora. Bella sabia que
nunca poderia se deixar levar pelas palavras doces do advogado. Mesmo que ele não tivesse
nenhum relacionamento amoroso com Alice. Se não fosse com ela seria com outra. Ainda segundo
as palavras da amiga, ele era um conquistador inveterado. Se Edward insinuava sentir algo por ela
era somente por habito, ainda que Bella não visse o que “ele” havia visto de atraente “nela”.
Situações como a do elevador ou do baile jamais poderiam acontecer novamente.
Bella disse a si mesma que esta tarde seria a última que iria ao NY Offices. E com certeza ela usaria
o elevador coletivo. Nunca mais correria o risco de ficar em um ambiente mínimo e fechado com
Edward Cullen; não confiava em si mesma. Precisava ser fiel á um namorado responsável, que
sempre cuidara dela, sempre estivera ao seu lado para consolá-la ou diverti-la. Ela amava Paul e
ficaria com ele, ainda que estivesse tão confuso quanto ela.
Edward estava próximo de Paul quando ele telefonou para Isabella. Estavam em um dos corredores
do tribunal, seguindo para a saída. Ele tentou não achar engraçada a expressão de Paul á algum
comentário de Isabella sobre a noite anterior. Porém a confusão no rosto do rábula o encheu de
contentamento.
“Como de madrugada? Ainda não era meia noite quando saí de seu apartamento!”
Isso mesmo... Obediente como Edward ordenara que fosse durante o almoço dos dois na tarde
passada. Edward sabia que não poderia ir muito cedo para o apartamento de Isabella e não seria
funcional para ele se Paul simplesmente desmarcasse o compromisso. Por isso ordenou que
comparecesse, mas que não cedesse aos carinhos da namorada, mantivesse distância da cama de
Isabella e que saísse antes da meia noite. Quanto menos o rábula permanecesse no apartamento,
melhor para Edward.
E ele sabia que o rábula o atendeu direitinho nas ordens dadas visto que o corpo de Isabella não fora
tocado por outro homem antes dele. O advogadozinho havia perdido a chance, agora nunca mais
poderia chegar perto de Isabella novamente. Caminhando ao lado de Paul, ele se perguntava qual a
urgência do rábula. Estaria querendo recuperar o tempo perdido na noite anterior agora na hora do
almoço? Edward jamais permitiria. Tentando não demonstrar maior interesse, perguntou.
– Como vai Isabella? Espero que ela não tenha ficado abalada depois do que aconteceu na festa.
– Não ficou... Bella está bem, obrigado! – Paul respondeu.
– Então... – Edward continuou. – Vocês vão almoçar juntos...
– Vamos... Vou esperá-la lá no escritório, depois seguimos para algum restaurante. Por que a
pergunta? Vai precisar de mim?
– Não! Absolutamente. – Edward respondeu enquanto seguiam para o estacionamento. – É que eu
estive pensando...
Eles chegaram ao estacionamento vazio. Edward aproveitou a oportunidade de estarem sozinhos e,
em um gesto rápido, segurou Paul pelos ombros. O advogado mais novo estranhou o ataque
somente o tempo necessário de seu olhar encontrar o de Edward.
– Acalme-se e me responda. – Edward ordenou. Quando Paul parou de se debater, ele o soltou e
continuou. – O que tem de importante para dizer a Isabella?
– Vou pedi-la em casamento durante o almoço.
– Como?! – Edward não acreditou no que ouviu. – Por quê?
– Estamos juntos há muito tempo. Ela sempre se recusa a ir morar comigo. Eu pensei que talvez
seja porque ela espere mais de mim. Talvez ela não quisesse apenas que morássemos juntos... Então
ontem pela manhã eu lhe comprei isto. Ia entregá-la ontem á noite. Não sei por que não o fiz...
Paul enfiou a mão no bolso do paletó e tirou uma caixinha preta de dentro. Olhando rapidamente
para os lados, Edward a tomou em sua mão. Com um movimento apenas abriu a tampa para ver o
anel que o rábula havia escolhido para Isabella. Era realmente uma peça bonita. Um solitário de
brilhante. Porém ele nunca tocaria o dedo de Isabella. Fechando a caixa com cuidado para não
quebrá-la, Edward a devolveu. Paul a pegou e colocou de volta ao bolso.
– É um bonito anel. – disse Edward. – Mas você terá que guardá-lo até o dia que encontre a
verdadeira senhora Meraz.
– Ele é de Bella. – Paul respondeu debilmente.
– Não. – Edward tentava controlar o ciúme. – Você não quer mais nada com Bella. Hoje, assim que
ela chegar ao seu escritório, você dirá isso á ela.
– Eu não quero mais a Bella. – Paul repetiu.
– Isso mesmo. E se ela perguntar o motivo... – Edward pensou por um tempo. Resolveu que não era
hora para ser solidário. Depois ele a consolaria. – Não dê nenhum. Apenas a dispense. Lembre-se
que você não ama mais, então o melhor que tem a fazer e terminar o relacionamento.
– Você tem razão!
– Sim!... Pode ir agora.
Edward deixou que Paul entrasse em seu carro e saísse do estacionamento. Então seguiu satisfeito
até o seu próprio carro. Quando entrou no veiculo, sorriu. Finalmente resolveria o problema do
rábula com Isabella. Depois daquela tarde ela ficaria definitivamente livre. Ele só precisava estar no
lugar certo e na hora certa... E esperar.
Ah, sim... E certificar-se que Alice realmente sumiria o dia todo. Edward ainda não conseguira
entender o que estava acontecendo com a amiga. Depois de passar o dia anterior o evitando, entrara
sem bater no escritório de Edward naquela manhã. Sem nem ao menos cumprimentá-lo, perguntou.
– Por que não atendeu o celular?
– Eu estava ocupado. – Edward respondeu recostando-se em sua cadeira e sorrindo.
– Percebi... As paredes daquele prédio são finas como papel para meus ouvidos.
– Então... Por que pergunta? – perguntou entediado.
– Pensei que você quisesse conquistá-la primeiro. – Alice se sentou na cadeira em frente á mesa.
Edward suspirou exasperado.
– Alice, eu realmente aprecio o cuidado que você tem com Isabella, mas sinceramente... Já está
passando dos limites.
– Só preciso ter certeza que Bella está em segurança. Eu...
– É a segunda vez Alice! – Edward a cortou. – Essa é a segunda vez que insinua que Isabella não
está segura comigo. Não acredita que eu a amo?
– Acredito, mas...
– Então o que é? – ele não lhe deu chance. – Depois do que aconteceu na festa eu acabei ficando-lhe
agradecido por tanto zelo para com ela a noite toda. Estava disposto á relevar. Ontem não dei
importância ás suas evasivas e deixei que fugisse do assunto o quanto quisesse. Mas agora fica
difícil... Exijo saber o que a preocupa.
Alice permaneceu em silêncio.
– Se o ataque não tivesse ocorrido, eu estaria furioso com você. O que tinha em mente para manter
Isabella afastada de mim durante toda recepção? O que pretendia ligando para mim quando
finalmente consigo entrar no apartamento de Isabella?
– Eu já disse... Quero ter certeza que Bella sempre estará segura.
– E eu já disse que jamais faria mal á ela. Então... Ou você sabe de alguma coisa que eu não sei...
Ou está ficando paranóica.
– Eu não sei de nada... – Alice disse num sussurro. – Você me garante que Bella está bem?
– Você mesma disse que as paredes são finas... – debochou com um meio sorriso. – Ela lhe pareceu
“não” estar bem?
Alice franziu a testa.
– Você é um pervertido, Edward Cullen. Tudo se resume á sexo. Quando me refiro á segurança de
Bella me refiro á tudo... Não só física como emocionalmente. – Alice se mexeu na cadeira. – Hoje
pela manhã eu me certifiquei que ela estava “inteira” e presumo que satisfeita. – debochou
imitando-o antes de falar seriamente. – Porém, ela tem um namorado... O que você fez? Apagou-lhe
a memória mais uma vez? Serviu-se do sangue dela mais uma vez?
Edward olhou-a incrédulo.
– Como sabe sobre isso?
– Bella pareceu-me confusa no dia em que almoçamos juntas. Ela se atrapalhava na data em que lhe
conheceu. Quando vi a marca de sua mordida no pescoço dela no dia em que experimentou o
vestido eu matei a charada. Só não sei quando você teve essa oportunidade.
– Isso não é da sua conta. – ele falou sério.
– É da minha conta desde o momento que você me colocou na história. Não vou deixar que faça
com Bella o mesmo que fez com Maureen.
– Os casos não têm comparação! – Edward vociferou.
– Ah... Então você não vai ficar se servindo da garota e apagando-lhe a memória?... Interessante... O
que fez? Você a convenceu a ser sua amante? Vai dividi-la com Paul?
– Cale a boca Alice! – Edward fechou o punho sobre a mesa. – Jamais dividiria Isabella com
ninguém! Ela é minha!
– Bella ama o namorado. Você está apenas confundindo a mente da jovem... Vai enlouquecê-la! –
ela o acusou.
– Saia daqui Alice! – ele disse levantando-se ameaçadoramente. – Saia daqui! Desmarque meus
compromissos e desapareça. Tire o dia de folga. Não quero vê-la, não quero ouvi-la...
– Faça como quiser... – Alice também se pôs de pé, inabalável. – Expulse-me... Perca a razão... Mas
ainda estará se enganando e brincando com os sentimentos de Bella.
Antes que Edward pudesse retrucar, Alice havia partido. Ele bufou exasperado e se sentou
pesadamente em sua cadeira. Odiava-se por dar razão ás palavras dela. Sabia desde o momento em
que decidiu tomar o lugar do rábula que não estava sendo digno, que confundiria a cabeça de
Isabella quando ela comentasse o ocorrido com o namorado. Pior, que correria o risco dela
encantar-se ainda mais por ele. Porém, igualmente sabia que, não faria nada diferente se tivesse a
chance.
Depois de sua conversa com Alice ele reforçou sua decisão de acabar com aquele relacionamento o
quanto antes. Não havia brincado quando disse que jamais a dividiria. Isabella lhe pertencia agora.
Somente ele poderia tocá-la. Tentaria não enlouquecê-la no processo, mas... Por mais que a jovem
amasse o namorado como Alice havia dito, Edward a faria esquecê-lo. Infelizmente não poderia
usar sua influência. Anos de relacionamento não se excluíam da mente de ninguém. Havia muito
mais pessoas envolvidas. Fotos, cartões, viagens... Amigos em comum.
Não. Teria que ser da forma antiga. Porém, um pouco de sofrimento não a mataria. Ainda sorrindo
satisfeito com o que induzira Paul á fazer, Edward deu a partida em seu BMW. Se tudo desse certo,
dentro em breve Isabella estaria em seus braços novamente, ainda que triste.
Bella chegou atrasada no NY Offices e ainda mais atrasada ao andar dos escritórios. Como sempre a
fila para os elevadores estava imensa e ela conseguiu entrar em um deles – já lotado – na segunda
vez que chegou ao térreo. Ela gostaria de trocar umas palavras com Alice. Não vira a amiga desde a
noite da festa. Era como se ela a estivesse evitando, mas Bella não poderia ter certeza. Ela resolveu
que correria o risco de encontrar com Edward, mas iria até a ante-sala onde Alice trabalhava antes
de seguir para o escritório de Paul. Porém, quando chegou ao andar, a mesa da amiga estava vazia.
Talvez ela já tivesse saído para o almoço.
Decepcionada, Bella ajeitou o lenço que trazia ao pescoço para esconder as marcas deixadas por
Paul, e seguiu pelo corredor que a levaria até ele. Quando chegou á sua sala, o namorado estava
sozinho, a mesa de seu colega vazia. Paul levantou assim que a viu. Sorrindo, Bella adiantou-se
para abraçá-lo, porém ele a segurou pelos ombros, parando seu gesto.
– Paul o que foi? – Bella franziu a testa.
– Bella eu disse que precisava conversar com você. – ele disse se afastando.
– Sim... – ela respondeu confusa. – Você quer falar agora ou durante nosso almoço?
– Acho melhor agora. – seu tom era sério. Bella preocupou-se. – Prefiro resolver o assunto de uma
vez.
Bella sentiu um mau pressentimento. Seu coração pareceu se apertar no peito.
– Pois então diga... Qual é o problema? – perguntou com a garganta subitamente seca.
– Bella... Eu... Não quero mais ver você.
Ela acreditou não ter ouvido direito.
– Como?!
– Você me ouviu. Eu não quero mais ver você. – ele repetiu friamente apesar do olhar triste.
– Mas por quê?
Bella tentava lutar contra as lágrimas que se formavam em seus olhos. Lembrou-se de todas as
situações em que se sentiu uma traidora. Todas elas seriam motivos suficientes para o namorado
dispensá-la, porém Bella duvidava que aquele fosse o motivo. Paul não tinha como saber de seus
deslizes ou de como ela se sentia dividida.
– O que eu fiz de errado? – perguntou em um fio de voz.
– Você não fez nada de errado. – ele tranqüilizou-a. – Apenas acho que não tem mais nada a ver
ficarmos juntos. Acho que cada um deve seguir com sua vida.
– Paul, por favor... – ela tentou aproximar-se, porém ele a deteve com uma das mãos erguida em sua
direção.
– Por favor, Bella. Não torne isso mais difícil do que está. Apenas vá embora está bem? Não vou
mais procurá-la e espero que você faça o mesmo.
Agora as lágrimas rolavam por seu rosto livremente. O que estava acontecendo? A noite passada
havia sido o quê? Uma despedida? Bella sentiu-se enjoada com tamanha crueldade. Nem ao menos
teve coragem de argumentar com ele. Bella olhava em sua direção, porém não o reconhecia. Aquele
não se parecia com seu Paul; aquele que tomava conta dela. O Paul parceiro de tantos anos. Ele a
olhava com certa indiferença, mas Bella podia ver a inquietação em seus movimentos. Paul andava
agora de um lado ao outro, como se a presença dela o incomodasse.
Bella abriu e fechou a boca. Não encontrava palavras. A garganta estava seca e ela sabia que estava
prestes a iniciar um choro compulsivo. Dirigindo um último olhar para Paul o viu seguir para a
grande janela, dando-lhe as costas. Sentindo que sufocaria á qualquer momento, Bella saiu quase
correndo da sala. Cruzou com uma ou duas pessoas pelo caminho, mas não parou para ver-lhes a
feição. Nem mesmo quando uma voz doce e feminina a chamou pelo nome, perguntando se ela
precisava de ajuda.
Bella precisava somente sair dali; precisava de ar. Seguia ás cegas, os olhos marejados de lágrimas,
quando deu um encontrão com um corpo forte. Ela teria caído de costas se a pessoa a sua frente não
tivesse estendido os braços para segurá-la. Após recuperar o equilíbrio, ela tentou afastar-se, porém
os braços se fecharam á sua volta. Bella sentiu seus pés saírem do chão. Estava tão firmemente
segura e presa naquele abraço, que a lateral de sua cabeça ficara presa entre o queixo e o ombro de
seu captor. Ela não conseguia levantá-la para ver quem a carregava. Porém, pelo cheiro e pelo
abraço firme, tinha certeza de quem se tratava.
Quando finalmente foi colocada no chão, Bella se viu dentro do elevador particular daquele que
estava á sua frente. Edward Cullen.
– Pode dizer-me o que aconteceu? – ele pediu com a voz suave.
Ele tentou tocar o rosto molhado de Bella, ela se afastou.
– Nada... que... seja... da... sua... conta... – ela disse dando-lhe as costas.
Sem entender o que estava acontecendo, ela resolveu que a culpa era dele. Se não o tivesse
conhecido, se ele não ocupasse tanto o namorado, se não fosse tão absurdamente lindo e desejável,
se ele não povoasse seus sonhos... Talvez nada daquilo estivesse acontecendo.
– Por favor, Isabella. Conte-me... – ele insistiu.
Bella se voltou em sua direção, decidida a despejar sobre ele toda sua revolta. Porém, ao encontrar o
olhar verdadeiramente preocupado, sua raiva dissipou-se. Ela teve outra crise de choro que deixou
sua visão turva. Sentindo-se envergonhada das coisas que pensou sobre ele e por estar se sentindo
uma histérica, Bella lhe virou as costas mais uma vez e cobriu o rosto com as mãos.
Ela o sentiu pegando-a pelos ombros e a virando em sua direção, quando então a abraçou. Edward
segurou sua cabeça de encontro ao peito. Sem forças para reprimir o choro, ela deixou que ele
viesse livremente.
– Shhh... Não fique assim... – ele começou a embalá-la como a uma criança.
Ao vê-la desesperada em seus braços, Edward quase sentia remorso pelo que fizera. Depois que
Isabella chegara ao seu andar, ele ficou na ante-sala a espera de sua saída. Era de extrema
importância que fosse ele a consolá-la. Seu plano quase ruiu quando Rosalie saiu da sala de Emmett
para ver o que se passava a abordou no corredor. Sorte Isabella querer sair do escritório o mais
rápido possível. Edward teve apenas que esperar que ela viesse cegamente para seus braços abertos
e levá-la para seu elevador, deixando uma Rosalie que o olhava furiosa e acusadoramente para trás.
A loira que se danasse. Seu único interesse era Isabella.
Agora Edward sabia que havia feito bem em dispensar Alice. Se fosse ela a estar no corredor, ele
não teria chances. Pela reação de Isabella ao vê-lo era certo acreditar que a jovem preferiria o
ombro de Alice e não o seu. Edward sentiu o coração oprimido pela forma que Isabella o tratara. As
palavras malcriadas e seu afastamento o deixaram confuso. Seria possível que ele se enganara ao
acreditar que ela sentia algo por ele? Seria ainda mais difícil de conquistar Isabella do que ele
imaginava?
Os soluços convulsivos da jovem misturados ás suas duvidas fizeram seu coração sangrar assim
como o dela. Jamais imaginou que assistir-lhe o sofrimento o afetasse daquela maneira. Respirando
fundo, Edward tentou recompor-se e manter o foco. Ele não poderia fazer nada diferente. Não
poderia deixar que o rábula a pedisse em casamento, poderia? Aquela era uma guerra. E ele sairia
vencedor mesmo que precisasse causar algum sofrimento á ela. Se a jovem não sentia por Edward
aquilo que ele acreditava, faria com que ela sentisse. Com o tempo Isabella se renderia a ele. O que
eles viveram na noite passada havia sido forte demais para que ela não reconhecesse e o aceitasse.
Quando chegaram á garagem, Edward a conduziu em direção ao seu carro. Ao ver para onde era
levada, Bella estacou. Ele tentou fazê-la andar.
– Venha, posso levar você até sua casa.
– Eu... – ela passou a mão pelo rosto molhado. – Acho que posso ir sozinha, obrigada!
– Não creio. – Edward parou á sua frente e estendeu-lhe um lenço. – Olhe para você... Está
tremendo. Se insistir em dirigir assim vai acabar causando um acidente de trânsito.
Bella aceitou o lenço estendido, secou o rosto e, ignorando o cheiro bom que vinha da peça, teve
que admitir que talvez ele estivesse com a razão. Além de trêmula, sentia-se enjoada e tonta. Ela
apenas assentiu com a cabeça. Edward lhe sorriu levemente, então a conduziu até seu BMW. Assim
que ele abriu a porta do carona, ela afundou no banco de couro, rezando aos céus para que não
passasse mal no interior do veículo. Contorcendo o lenço nervosamente entre os dedos, Bella o viu
contornar a frente do carro e ocupar o assento do motorista. Como sempre acontecia, ele enchia o
lugar com sua presença.
O advogado dirigiu em silêncio, deixando que ela chorasse livremente. Quando chegaram ao prédio
em que ela morava, Edward estacionou e a acompanhou até seu apartamento, tomando o devido
cuidado para não tocá-la mais que o necessário. À porta do apartamento ela, desnecessariamente, o
convidou á entrar.
– Obrigada pela carona. – disse sentando-se. – Não queria ser um incomodo.
– Não foi incomodo algum. – ele se sentou em uma poltrona.
Instintivamente seus olhos correram para o quarto. De onde estava tinha uma visão perfeita da
cama. Foi impossível não se lembrar dos momentos que passou com Isabella sobre ela.
Cautelosamente, voltou a olhar para a jovem. Ela estava linda com os olhos marejados, o rosto
molhado; seu lenço apertado e esquecido entre seus dedos da mão direita. Se pudesse secaria suas
lágrimas com beijos para sentir-lhes o gosto de sal. Vê-la despedaçada por outro homem o feria de
morte.
– Pode me dizer agora o que aconteceu? Sei que tem algo a ver com...
– Paul desmanchou comigo... – ela disse em um fio de voz, cortando-o.
– Eu sinto muito! Eu não o conheço muito bem, mas se houver algo que eu possa...
– Não se preocupe! – ela o interrompeu novamente. – Ninguém pode fazer anda.
Então, mais uma vez enxugando as lágrimas com seu lenço, ela continuou.
– Na verdade... Acho que estou exagerando. Logo tudo volta a ser como era antes... Ele deve estar
apenas cansado.
– Provavelmente. – que não, ele pensou. Paul nunca voltaria atrás.
Bella forçou um sorriso. Estava começando a ficar incomodada com a presença de Edward em sua
sala. Ele era “demais”. Ali não havia espaço para ele; começava a ficar sem ar.
– Sei que só quer ser gentil... E eu agradeço! Mas não quero prendê-lo...
– Entendo que queria ficar sozinha. – disse levantando-se.
– Sim, por favor... – de repente Bella não tinha coragem de encará-lo. Então se lembrando de algo,
exclamou lamuriosa. – Deixei meu carro no estacionamento próximo ao seu edifício...
Edward percebeu que ela evitava levantar o olhar e tentou não dar importância ao fato. Solicito
disse.
– Não se preocupe. Providenciarei para que seu carro esteja de volta ainda hoje.
– Eu agradeceria muito. – ela abraçou uma almofada e começou a correr os dedos sobre a trama do
tecido.
O advogado ainda permaneceu um instante observando-a. Isabella estava o evitando
deliberadamente. O que aquilo significava? Aquele não era o momento de descobrir.
– Tente ficar em paz Isabella. – seu próprio coração sem paz alguma.
– Ficarei. – ela olhou-o para logo em seguida desviar os olhos mais uma vez.
Quando Edward se foi, Bella deixou-se cair sobre o sofá. Curiosamente não derramou mais
nenhuma lágrima. Seu coração sagrava. Sua cabeça doía, porém não conseguiu chorar. Ela tentou
encaixar os acontecimentos em uma ordem lógica para que resultassem em separação. Não
conseguiu definir um padrão de raciocínio lógico. Os muitos dias de separação não poderiam ser o
motivo. Sua confusão mental tampouco, visto que Paul jamais soubera de nada. Estar trabalhando
no restaurante não poderia estar afetando-o ao ponto de acabar com um relacionamento de anos e...
Angela!
De repente Bella lembrou-se que teria trabalho aquela tarde. Arrependeu-se imediatamente por ter
aceitado a carona de Edward. Agora teria que utilizar algum transporte público para chegar á Little
Italy. Desanimada, Bella seguiu para o banheiro; precisava recompor-se.
Com o jato d’água batendo em sua cabeça, ela tentou não pensar em Paul. Falhou completamente.
Ao se lembrar dos momentos que haviam passado ali mesmo, no Box. Da última vez em que ele a
consolou por ter perdido o emprego e fizeram amor. Mais uma vez seu pranto veio. Bella deixou-se
cair sentada. Abraçou as pernas, colocando o queixo sobre os joelhos e chorou. O que faria agora
sem Paul? Ele era seu porto seguro, sua referência. Não saberia existir sem ele. Não depois do que
viveram juntos...
Como ele pôde fazer isso á ela depois do que tiveram na noite passada? De repente um pensamento
lhe ocorreu. Seria possível que ela tivesse dito o nome de Edward durante o sono? Isso explicaria
muita coisa. Ele ter ido embora sem se despedir e mandá-la embora do escritório daquela maneira
fria. Se fosse isso, como explicar-se se nem mesmo ela sabia o que sentia? A única certeza que tinha
era que amava Paul e não poderia deixá-lo fora de sua vida.
Imaginando ter encontrado sua resposta, Bella sentiu-se animada. Daria um ou dois dias para Paul,
depois o procuraria e tentaria explicar o inexplicável. Não o perderia por um engano. Gostava de
Edward. Achava-o atraente, envolvente sem dúvida – ela havia se rendido á um beijo e uma dança –
mas isso não valia seu relacionamento. Amor “poderia” ser eterno; paixonites “sempre” eram
passageiras. Afinal, Edward “era” o problema. Alice que sempre esteve certa. Devia ter seguido seu
conselho e manter distância dele. Mas ainda era tempo. Por mais que se sentisse atraída por seu
cheiro ou sua beleza, precisava manter o foco. Traria Paul de volta e afastaria Edward de uma vez
por todas.
A noite no restaurante foi movimentada e Bella agradeceu aos céus por isso. Com o movimento
intenso não sobrou muito tempo para pensar em seus problemas. Quando contou á Angela o que
tinha acontecido á amiga deixou-a trabalhar sem enchê-la de perguntas. A única coisa que a
incomodava era a velha e inquietante sensação de observação. Há dias não acontecia, pelo menos
não com aquela intensidade. Agora o sentimento era quase palpável. Por várias vezes Bella olhou
em volta na tentativa de descobrir de onde vinha o olhar. Sempre sem encontrar alguém que lhe
dispensasse alguma atenção especial. Sentiu-se livre da influencia invasiva apenas minutos antes de
sua saída. Ela retirava os últimos copos da mesa que acabara de desocupar quando Angela se
aproximou para dispensá-la por aquela noite.
– Bella, depois que retirar essas coisas, pode ir embora.
– Mas ainda tenho...
– Não tem que fazer mais nada hoje. Sei que está sem carro. Ben vai levá-la depois volta para
buscar-me.
– Angela, não precisa. – Bella não estava gostando de atrapalhar a rotina do casal.
– Precisa sim e não discuta. – disse a amiga fingindo uma careta séria. – Não é seguro andar sozinha
á essa hora pelas ruas...
– Está bem...
Quando Ben contornou a esquina de sua rua, Bella sorriu timidamente em sua direção.
– Desculpe tanto o trabalho.
– Não se preocupe Bella. Não é trabalho algum... E você sabe que Ang nunca a deixaria tomar o
metro uma hora dessas. Não com essas mortes estranhas que andam acontecendo.
Ben estacionou á dois prédios do seu.
– É verdade. – Bella se lembrou das duas moças mortas. – Mas eu tento não me preocupar com isso.
Acredito que quanto mais tememos uma coisa, mais ela se aproxima...
– Também penso assim, mas não custa tomar cuidado. – então, subitamente sem jeito, disse. – Ang
me contou sobre você e seu namorado. Eu sinto muito!
– É temporário. – ela tentou acreditar nas próprias palavras.
– Espero que sim... Desculpe, mas... Eu ouvi um comentário seu certa vez em que conversava com
Angela sobre Paul não gostar que trabalhasse fora de sua área. Espero que a culpa não tenha sido
nossa. Se você...
– Não tem nada a ver Ben. Asseguro-lhe que a culpa é exclusivamente minha. Andei perdida por um
tempo, mas agora tudo vai se resolver. E se essa é a preocupação de Angela, pode tranquilizá-la.
Amanhã estarei lá no mesmo horário. – espero que com meu próprio carro, ela pensou.
– Se diz que é assim... Vou acreditar em você. Boa noite Bella!
– Boa noite Ben e obrigada pela carona! – disse saindo do carro.
Ela esperou que Ben saísse com o carro para seguir até seu prédio. Olhou distraidamente para o
outro lado da calçada. Seu carro estava lá como Edward havia prometido. Teria que agradecer. Bella
sentiu um aperto no peito. Se não fosse sua fixação em pensar nele – ter sonhos tórridos com ele –
talvez pudessem ser amigos. Não! O que ela estava pensando? Mulher alguma jamais poderia ser
amiga de Edward Cullen.
Quando Bella chegou ao seu andar, reprimiu o desejo de bater á porta de Alice. Sentia falta da
amiga. Não havia conversado com ela desde o dia da festa. Tinha certeza que ela, com seu jeito
maluco de ver as coisas a animaria. Suspirando, ela entrou no próprio apartamento. Deixaria para
procurá-la outro dia. Talvez Alice aparecesse uma manhã dessas como costumava fazer.
Bella fechou a porta atrás de si e deixou as chaves sobre o móvel ao seu lado. Black dormia no sofá
e abriu os olhos quando sentiu a presença da dona.
– Como sempre em sua vida mansa, não é? – ela se sentou ao seu lado. – Algum telefonema? Paul
deixou recado para mim? Não?
Bella suspirou acariciando a cabeça do animal.
– Hoje nem ao menos posso telefonar...
Ela refreou uma lágrima ao se lembrar de seu último telefonema. Pareceu um tempo distante,
quando tudo estava no lugar. Bella faria tudo funcionar novamente. Estendendo a mão, ela alcançou
o controle remoto e ligou a televisão. Zapeou por todos os canais apenas para desligar o aparelho
logo em seguida.
De repente Black se pôs de pé; as orelhas erguidas. O coração de Bella falhou uma batida. Paul
estaria no prédio? Ela esperou que a porta se abrisse, porém os minutos passaram e nada. O felino
mexeu-se inquieto no sofá chamando a atenção dela. Bella estranhou quando o gato olhou em
direção ao quarto. Ele manteve o olhar fixo como se visse algo se aproximando, então seu olhar
vagou pela sala até a frente de Bella. Nesse momento ela sentiu um calafrio percorrer sua coluna.
Era como se Black visse realmente alguém. Imediatamente Bella se lembrou do dia em que viu um
vulto no prédio vizinho. Dessa vez ela não poderia correr para Paul.
Ainda agindo de forma estranha, o gato se colocou em seu colo e começou a rosnar para o nada á
sua frente.
– Black, você está me assustando... – ela arriscou uma olhada pela sala iluminada apenas pelo
abajur.
– Não tem nada nem ninguém aqui... Pare com isso agora!
Quando tocou em sua cabeça, ele rosnou ainda mais alto e saiu de seu colo, disparado para a
cozinha. Ela foi atrás dele. Chegou a tempo de ver o felino saindo pela janela, como sempre fazia
quando algum estranho entrava em seu apartamento. Respirando fundo para se recuperar do susto,
Bella voltou para sala. Olhou em todas as direções e nada viu. Ainda assim, talvez influenciada pela
reação do gato e por as suas próprias, sentia os calafrios correm seu corpo. Dizendo a si mesma que
não havia nada á temer, apagou a luz do abajur e seguiu para seu quarto. Havia sido um dia ruim.
Estava cansada. Tomaria um banho quente e cairia em sua cama.
Antes ela se aproximou da porta da sacada. Estava encostada como havia deixado; precisava
consertar o trinco. As cortinas fechadas. Era impossível alguém entrar por ali. Então, por que aquela
velha sensação incomoda de observação?... Evitando olhar para a sala escura, ela se refugiou no
banheiro. Deliberadamente ignorou o lenço de Edward que estava sobre a pia. Prendeu os cabelos
no alto da cabeça e tomou uma ducha rápida, apenas para relaxar. Deixou que o jato d’água batesse
em seus ombros tensos. Quando terminou o banho, secou-se e vestiu apenas sua camisola. Procurou
na gaveta seu analgésico. Tomou dois; apesar do banho, sentia-se moída. Precisava dormir e
esquecer pelo menos até a amanhã seguinte. Depois veria o que faria em relação ao “ex” namorado.
Novamente evitando olhar para a sala – não daria o gostinho ao seu medo, não fecharia a porta – foi
dignamente até a cama e enfiou-se sob as cobertas. Estendeu o braço e apagou a luz de seu abajur
de cabeceira. Imediatamente a lembrança das palavras de Paul a atingiram. Ela não teve como
conter as lágrimas dessa vez. Chorou em silêncio. Ainda daria um ou dois dias á Paul, mas depois
disso o procuraria. Lutando contra as lágrimas ela fechando os olhos com força.
Bella tentou bloquear qualquer pensamento conflitante. Buscou em suas memórias coisas que lhe
deixassem em paz. Lembrou-se dos momentos com a mãe. Passeios perdidos no tempo com as
amigas. Até que finalmente recordou os dias que passou na casa de seu pai em Forks.
Definitivamente gostava mais da casa de sua mãe, do calor do Arizona... Mas os dias que ficava na
cidadezinha gelada eram de tranquilidade. Charlie saia para o serviço, ela ficava com a casa todinha
para si. Sentia-se independente naquelas ocasiões. Poderia fazer o que quisesse... Ou simplesmente
não fazer nada.
Adorava permanecer horas na varanda, observando a vida mansa do lugar ou de se embrenhar na
floresta em busca de paz... Era bom poder estar mais uma vez deitada em seu velho cobertor
estendido sobre a relva na orla da floresta. O dia estava claro e frio. Aproveitaria a tarde
agradável e a oportunidade de estar em visita ao pai para colocar sua leitura em dia. Começaria
com Razão e Sensibilidade. Romeu & Julieta poderia vir depois; tinha tempo. Antes de abrir o livro
ela sentiu a brisa gelada soprar-lhe algo como palavras mansas em seu ouvido e então tocar seu
rosto.
Imediatamente Bella sentiu-se relaxada e, fechando os olhos, deixou que a brisa corresse por suas
bochechas, suas pálpebras, sua boca... Sentindo-se em paz, a jovem pensou em iniciar a leitura.
Porém quando a mesma brisa fria e mansa insinuou-se pelo decote de seu vestido parando na
altura do coração, ela pôs o livro de lado e esperou.
De repente, aquele vento manso, estava por todo lugar em volta de seu corpo. Em seu rosto era
como uma boca que beijava sua bochecha e depois uma língua a lamber seu rosto em direção ao
olho esquerdo. A brisa que lhe invadiu o decote mais parecia uma mão a apertar-lhe o bico do seio.
Bella arfou com a leveza e sensualidade do gesto. Enquanto aquela mão efêmera continuava a
brincar com os seios e a estimular ainda mais as pontas de seus mamilos, a brisa em seu rosto
sussurrou-lhe ao ouvido.
– Beije-me.
Então o sopro frio estava em seus lábios. Beijava-a delicadamente ainda que explorasse sua boca
com uma língua sedenta. Bella correspondeu e arqueou o corpo, sentindo-se cada vez mais
excitada com a tortura lenta em seus mamilos. Seus lábios foram liberados, a boca que antes a
beijava, foi para seu pescoço. Desceu por sua garganta, pelo vale entre seus seios até que,
procurando por um deles, começou a sugá-lo. Ela soltou um gemido.
Bella abriu os olhos e olhou para o próprio corpo. Ainda estava na floresta, agora nua sobre o
velho cobertor. Estava sozinha. O vento agitava as folhas das árvores e corria á sua volta,
acariciando-a. Apesar de frio, era quente. Os dedos que antes brincavam com seus mamilos,
desceram por seu ventre – ela podia ver a pele cedendo ao peso deles onde a tocava. Percebendo
para onde a mão invisível seguia, ela fechou os olhos e esperou que alcançasse a fenda entre suas
pernas. Mais uma vez, Bella arqueou o corpo para recebê-la enquanto era massageada habilmente.
Então, foi a vez da boca imaginária fazer o mesmo caminho. A jovem prendeu a respiração em
expectativa. Quando a língua ilusória tocou o ponto inchado e sensível entre suas pernas, ela
liberou o ar de seus pulmões.
Sentia-se ser sugada enquanto dedos experientes e frios lhe invadiam o corpo. Bella sabia que logo
explodiria se provasse muito mais daquela loucura. Porém, sabia que morreria feliz. De repente –
como acontecem nos sonhos – a boca estava novamente na sua; as mãos em seus cabelos. Mas,
estranhamente, Bella ainda sentia movimentos dentro de si. Ela separou ainda mais as pernas para
que eles se intensificassem. Como era possível que estivesse sozinha se sentia aquele membro forte
e pulsante?
– Vem comigo... – a voz ordenou.
Bella sabia que precisava corresponder. Movimentou-se ainda mais rápido. Em segundos o prazer
correu por suas veias. Ela teria gritado, não fosse o impedimento daquela boca inexistente na sua.
Arfando, com o coração aos saltos, ela olhou em volta mais uma vez. Estava realmente sozinha,
mas curiosamente sentia a presença de “alguém”. As árvores ainda se agitavam com o vento leve e
lascivo. Dessa vez, os matizes da vegetação lhe chamaram a atenção. Verdes. Verdes intensos.
Olhos verdes. Olhos verdes a observavam por entre as árvores. Edward.
Sentindo-se envergonhada, ela cobriu-se com o cobertor. Imediatamente Edward desapareceu e o
vento a envolveu mais uma vez. Porém, manteve Bella cativa, como que a abraçando; protegendo.
Toda agitação cessou. A brisa se foi. A jovem caiu na mais completa escuridão. Não teve medo. Ela
não estava sozinha!
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado... do capítulo e desse último sonho de Bella... Ô vento
bom!... rs Como vou postar outro capítulo... não vou deixar spoiler... :P Bjus e comentem
sempre!... Amo saber o que estão pensando da fic... :)

(Cap. 21) Capítulo 22

Notas do capítulo
Espero que gostem... Ed tá cada vez mais perto... :)

Edward não sentiu ciúmes. Antes disso, sentiu-se agradecido pelo carinho que a amiga parecia ter
para com Isabella. Pena que eles não eram imortais e não poderiam proteger a jovem caso o intruso
resolvesse atacar. Aquela era uma função sua. E ele a cumpriria nem que para isso fosse preciso
morrer.
Se ao menos soubesse com quem estava lidando ou o que motivava os ataques, ficaria mais fácil
tomar alguma atitude. Edward nunca enfrentara nada parecido. E considerava essa uma
coincidência infeliz. Logo agora que encontrara Isabella tinha um vampiro covarde e ardiloso
seguindo seus passos. Pior. Ele sabia da importância da humana. Instintivamente, Edward apertou-a
ainda mais em seus braços. Se fosse possível a manteria sempre assim. Isabella agitou-se; os lábios
roçaram mais uma vez o peito de Edward. Ele prendeu a respiração.
Podia sentir a excitação tomando conta de seu corpo. O vampiro havia se tornado completa e
irremediavelmente dependente de Isabella. Cada pequeno gesto... Cada mínimo toque o despertava.
Porém, precisava controlar-se. Não poderia possuí-la todas as noites; precisava resguardá-la. Ele
permaneceu imóvel, sentindo a respiração e os lábios de Isabella em sua pele. Respirando
pausadamente, ele tentou acalmar-se. Teria outras noites.
Duas horas depois, Edward acordou. Finalmente conseguira dormir com Isabella em seus braços,
porém não teve tempo de alegrar-se por isso; algo estava errado. Apesar do silêncio, ele podia sentir
a movimentação. Gentilmente, ele afastou Isabella e escorregou para fora da cama. Pegou a calça
jogada ao chão e a vestiu ás presas. Ainda descalço saiu para a sacada. Sem se importar em ser
visto, colocou-se de pé no parapeito e farejou o ar. O vento do final de madrugada estava frio, mas
Edward não o sentia em seu peito nu. Estava inquieto. O intruso esteve ali; assim como Jasper.
Edward saltou para o chão, três andares abaixo e saiu para a rua. Na calçada reconheceu também o
cheiro de Alice. Ele andou de um lado ao outro sem saber para onde ir. O odor dos amigos se
dividia; cada um seguiu em uma direção. Seu peito rugiu. Não gostava daquela sensação de
inutilidade; de impotência. E o pior. Não gostava de se sentir vulnerável. E definitivamente odiava
joguinhos. Se alguém tinha algo contra ele que viesse enfrentá-lo de uma vez por todas.
Ainda andava de um lado ao outro quando Jasper apareceu na esquina. Vestia-se como Edward,
apenas com o acréscimo da camisa desabotoada. Em uma fração de segundo Edward estava com
ele. Antes que perguntasse qualquer coisa, Jasper disse.
– Eu o perdi...
– Mas você o viu? – Edward o pegou pelo ombro. – Como ele é?
– Sinto muito. – Jasper negou com a cabeça e disse. – Apenas senti o cheiro... Estava dormindo...
Foi Alice que me acordou.
– Droga! – Edward largou o amigo e lhe deu as costas. – O que esse desgraçado quer de mim?
– Não sei! – Jasper tocou em seu ombro. – Sinto muito!
Quando Edward levantou a cabeça, viu Alice chegando pela outra extremidade da calçada. Sua
expressão demonstrava a frustração que sentia. Ela dirigiu-se ao marido.
– Nosso cerco não deu em nada. – então olhou para Edward. – É melhor entrarmos.
– Conversamos daqui á pouco no seu apartamento... – disse Edward.
Sem esperar resposta, retornou ao prédio de Isabella, contornou-o e saltou para a sacada. Ele fechou
a porta e permaneceu do lado de fora olhando através do vidro. Para aliviar um pouco seu
nervosismo, confirmou não ser possível ver o interior do quarto quando as cortinas estavam
fechadas. Ainda assim sentia-se furioso por imaginar uma platéia para seus momentos com a jovem.
Ele não podia acreditar que estivesse novamente tão distraído pelo cheiro viciante que não sentisse
a proximidade de um estranho.
Resignado, tentando acalmar os sons em seu peito, Edward entrou para o quarto. Não voltou para a
cama onde Isabella repousava tranquilamente. Ao invés disso, sentou-se no chão e apoiou o queixo
sobre a beirada do colchão. Permaneceu olhando-a até que ouvisse a voz distante de Alice
chamando-o. Desejou poder ignorá-la. Porém logo amanheceria; ele tinha que partir de toda forma.
Pondo-se de pé, vestiu-se completamente. Olhou em volta para certificar-se que não havia
esquecido nada, então se voltou para Isabella.
Tão leve quanto uma pluma, ele beijou seus lábios. Apesar de toda raiva que sentia, a suavidade dos
lábios inertes de Isabella fez com que descargas elétricas corressem pelo corpo do vampiro. Ele
cerrou os punhos e os olhos, deu-lhe mais um beijo leve e saiu. Quando chegou ao apartamento de
Alice, a amiga estava impaciente.
– Pensei que fosse preciso ir buscá-lo!
– Dê-me um tempo Alice! – Edward pediu sentando-se.
– Novamente?... – ela pareceu incrédula. – Quando voltei ao escritório ontem á noite eu descobri o
que resultou o tempo que lhe dei ontem á tarde. Se eu soubesse de suas intenções em causar
sofrimento á Isabela eu não teria saído.
– Por favor, podemos manter o foco? – Jasper pediu sem ser ouvido.
Edward olhava Alice com o cenho franzido.
– Acha mesmo que eu teria feito algo diferente se estivesse lá?
– Acredito que não! Você só faz o que bem entende...
– Boa garota! – Edward debochou.
Alice continuou como se ele não tivesse dito nada.
– ... mesmo que esteja agindo errado. Acha que assim vai trazer Bella para o seu lado?
– Ela já está! – ele respondeu seco.
– E ela sabe disso? – Alice ergueu uma sobrancelha.
– Escute aqui...
Edward se pôs de pé para enfrentá-la. Alice ergueu o queixo desafiadoramente, porém Jasper se pôs
entre os dois.
– Parem agora! – ele disse um tom acima do normal. Encarando Edward, disse. – Não me interessa
saber o que estava fazendo no apartamento de Isabella. Pouco me importa suas taras. E você... – ele
se voltou para Alice. – Se os métodos do Don Juan aqui te incomodam, volte para casa e deixe que
ele cuide da humana, sozinho.
– Não! – disseram ao mesmo tempo. Porém foi Edward quem prosseguiu. – Preciso de Alice!
– E seja lá o que Edward tenha feito pra atrair a atenção desse vampiro, Bella não tem culpa. Jamais
a deixaria sozinha. Ela é minha amiga agora. Gosto da garota.
Edward a olhou agradecido. Alice o tirava do sério, mas sempre seria uma boa amiga.
– Então acabem com essa discussão patética. Temos coisas mais importantes para resolver.
– Está certo! – concordou Edward. – Mas estamos na mesma situação de sempre. Não sabemos
quem é ou o que esse desgraçado deseja...
– O único ponto claro aqui é que esse intruso tem algum assunto mal resolvido com você. – Alice
indicou Edward. – E seja lá o que for, está parecendo que ele pode querer se vingar em Isabella.
– Isso nunca! – Edward vociferou.
– Prometo fazer o que puder, mas não tenho como ficar vinte e quatro horas monitorando os passos
da jovem. – lamentou-se Alice. – Desde a primeira vez que ele esteve na sacada dela, eu recomendo
para que nunca convide estranhos a entrar, mas isso não é o suficiente.
– Terá que ser por ora. – disse Jasper. – Essa foi a segunda vez que ele veio aqui... Talvez estivesse
somente atrás de você. – Jasper apontou para Edward.
– Certo... Mas da primeira eu nem ao menos estava no país. – Edward retrucou.
– Curiosidade talvez... – Jasper deu de ombros. – Não sabemos de nada...
– Talvez se você a deixasse em paz, ele desistisse de vir aqui. – disse Alice encarando-o.
– Desistir de Isabella?! Não está falando sério?
– Sim! – ela disse simplesmente. – Se você a ama de verdade, deveria deixá-la seguir a vida em
paz... Com Paul. Só assim ela estaria em segurança.
– Eu não acredito no que eu estou ouvindo... – Edward sentou-se.
– Eu concordo com Alice. – disse Jasper.
– O quê? – Edward passou as mãos pelos cabelos, impaciente.
– Se você descartar a jovem, talvez ela possa ficar em segurança.
Edward sentiu que a respiração lhe falhava. Como abrir mão de Isabella? Ele procurou em sua
mente por situações onde ela não estivesse. Não encontrou nenhuma. Era como se tivesse começado
a viver no dia em que cruzou com ela no parque. Todas as décadas passadas simplesmente
desapareceram.
– Eu não teria forças para me manter longe. – sussurrou como que para si.
– Acredito que essa seja a única solução. Pelo menos até que consigamos pegar esse vampiro. –
Jasper sentou-se ao seu lado. – Depois que tudo isso passar, você pode voltar a procurá-la.
– Não! – ele se pôs de pé novamente. – Vocês não entendem? Esse vampiro doente está fazendo de
tudo para provocar-me e rindo-se de minha inércia. Deve ter ido aos céus por me fazer de idiota.
Comprazendo-se com todas as manchetes que conseguiu até agora... Principalmente com o ataque
da festa. Vocês acreditam que, sabendo o quanto Isabella é importante, ele vá deixá-la livre somente
por meu afastamento?
– Esse é o ponto, Edward. Se ele vem acompanhando sua vida, não tem como saber se essa humana
é especial ou igual a todas as outras... Descarte-a que ela ficará bem. Então...
– Não! – ele vociferou. – Como ela pode ficar bem? Esqueceram-se de Maureen? Não aceito
nenhuma idéia que envolva desistir de Isabella mesmo que temporariamente.
– Então faça como achar melhor... – Jasper lançou as mãos ao ar em sinal de desistência.
– Sou grato pelo cuidado que tiveram com ela até agora... E se quiserem parar eu entenderei. –
Edward disse recuperado.
– Desculpe Jazz. – disse Alice. – Mas eu fico aqui... Vou continuar com Isabella. Talvez Edward
tenha razão. Talvez se ele conseguir conquistá-la de uma vez por todas...
Edward a olhou enviesado sem acreditar no que ouvia. Alice aproximou-se e tocou em seu braço.
– Sei que tenho agido de forma estranha nos últimos dias, mas... Eu realmente preciso de sua
palavra. Prometa-me que Isabella estará sempre segura com você e eu... Paro de mantê-la afastada.
Edward prendeu a respiração, controlando-se pra não ter outro acesso de raiva. Pausadamente disse.
– Eu já disse umas mil vezes que jamais faria mal á Isabella.
– Ainda assim preciso de sua palavra de honra! – Alice levantou os olhos suplicantes para ele.
Edward desejou saber o que se passava no intimo da amiga. Por que de uma hora para outra ela
resolvera que ele seria capaz de machucar a jovem? Ele sabia que não adiantaria perguntar. Já havia
feito e ela nada respondera. Resignado, sabendo que fosse o que fosse somente com o tempo
descobriria, disse.
– Você tem minha palavra de honra Alice. Eu jamais em tempo algum farei mal á mulher que amo!
Inesperadamente Alice se atirou no pescoço do amigo.
– Eu sabia! – então, voltando para onde estava disse aos dois. – Bom... Já está amanhecendo e é
obvio que não podemos fazer nada com relação ao nosso visitante então, acho melhor saírem agora.
Se precisarmos conversar alguma coisa, podemos fazer no escritório. E vocês dois têm
compromissos agora pela manhã.
Edward não esperou por qualquer comentário de Jasper. Despediu-se e saiu. Não poderia correr o
risco de Isabella vê-lo no prédio. Porém saiu inquieto. Não gostava de deixá-la á própria sorte. Se
fosse possível a transformaria, tornando-a menos frágil.
Saindo para a calçada, Edward conseguiu achar graça em seu pensamento. Dias atrás acreditou que
Isabella fosse uma prostituta. Considerou-a uma bruxa capaz de enfeitiçá-lo. Acreditava que a
usaria como todas as outras para em seguida descartá-la... Agora a queria como sua companheira
eterna. Para um vampiro, criatura inteligente e de sentidos aguçados, ele fora mais empacado que
um burro xucro; mais míope que uma toupeira.
Bella acordou com as batidas impacientes em sua porta. Enquanto esfregava os olhos, situando-se
onde estava, ouviu a campainha seguida de mais batidas. Com os olhos semicerrados e ardidos, ela
olhou para o relógio. Seis e quarenta e cinco. Somente uma pessoa estaria com tanta pressa àquela
hora da manhã. Alice.
– Já vou! – gritou ainda deitada.
Levantando-se, ela arrumou a camisola que estava torta em seu corpo. Corou e sentiu-se quente ao
se lembrar do sonho que tivera com Edward. Sentindo o corpo moído, arrastou-se até a porta. Antes
que chegasse Alice tocou a campainha mais uma vez.
– Minha nossa Alice. – disse Bella ao abrir a porta. – Onde é o incêndio?
“Além desse que consome meu corpo?” poderia ter acrescentado.
– Você saberia se fosse mais rápida. – a amiga retrucou entrando no apartamento. – Estou tocando
há horas...
Bella sentou-se e abraçou uma almofada. Desejando não estar com o rosto vermelho. Sentia-se
culpada por não ser capaz de deixar de pensar em Edward quando precisava focar no namorado.
Tentando atenuar o sentimento disse.
– Tinha me esquecido desse seu lado dramático. – Bella arriscou um sorriso, sem sucesso. – O que
aconteceu esses dias?
– Eu estive ocupada. – Alice sentou-se ao lado da jovem. – Mas eu estou aqui agora... Bella... Eu
soube o que aconteceu. Como você está?
Ela só poderia estar se referindo ao Paul. Como responder se nem mesmo ela sabia. Seu coração
doía por uma saudade futura; sua mente e seu corpo clamavam por outro. Bella passou a mão pelos
cabelos em desalinho. Sabia que não era a única culpada das coisas terem chegado aquele ponto.
Talvez se Paul não fosse tão centrado em seu trabalho não lhe sobrasse tempo para pensar em outra
pessoa. Ainda assim, sentia que era seu dever procurá-lo. Amava-o não é?... Então, por que apesar
de dormir com ele no pensamento, sonhara com Edward e... Desejando-o ou temendo-o, sentia-se
protegida. O que isso significava afinal?
Em voz alta disse.
– Acho que estou bem... Acredito que Paul esteja somente confuso com a mudança de escritório... A
quantidade de processos. – ela baixou os olhos. – Não acho que ele tenha feito uma boa escolha
indo trabalhar para o Cullen.
– O “Cullen”?!... – Alice estranhou. – Que tom é esse Bella? Pela forma que amigável conversaram
na festa pensei que a má impressão tivesse sumido.
– Não conversamos! – ela negou rápido demais.
– Ah não?... Então só dançaram?
– Também não dançamos. A confusão começou logo no inicio da música.
Bella tentou identificar seu tom. Havia sido um lamento?
– Entendo... – disse Alice. – Então você acha que é passageiro? Com Paul?...
– Sim... Resolvi esperar uns dois dias, então vou procurá-lo.
– Claro. Afinal você o ama!
– É... Amo! – disse sem convicção alguma, fitando o chão.
– E quanto á Edward?
– O que tem ele?! – Bella apertou inconscientemente a almofada, sentindo o rosto corar.
– Da última vez que conversamos sobre ele você me disse que estava confusa. Será que não é esse o
real problema?
Bella não se sentia á vontade para falar de Edward com Alice. Ela ainda alimentava a suspeita de
que os dois poderiam ser amantes. Talvez Alice estivesse ali justamente para sondá-la agora que
estava sozinha. A jovem teve vontade de rir. Em que universo paralelo Edward poderia
verdadeiramente desejar alguma coisa com ela? E quando uma Isabella seria páreo para uma Alice?
Ainda que achasse absurdo tentou tranquilizar a amiga, porém atrapalhou-se com as palavras.
– Não precisa preocupar-se, Edward não quer nada comigo! – ela desejou ter mordido a língua no
momento em que se ouviu.
Alice juntou as sobrancelhas.
– Por que eu me preocuparia?
– Desculpe-me... – ela sentiu o rosto corar. – Não é da minha conta... Eu...
– Bella, o que não é da sua conta? O que se passa nessa sua cabeça?
Estranhamente, ainda que achasse constrangedor comentar, ela sentiu vontade de obedecer da
mesma forma como acontecera no almoço das duas depois que ela “quase” beijou Edward no
elevador. Por que não conseguia resistir ás perguntas de Alice? A amiga á sua frente a encarava
esperando uma resposta. Sem forças para conter as palavras, Bella respondeu.
– Eu acho que você e Edward têm um caso, mas isso não é da minha conta.
Alice a olhava, incrédula. Bella a viu piscar algumas vezes, mantendo os lábios presos em uma
linha fina. A jovem acreditou ter passados dos limites e esperou pela resposta malcriada da amiga.
Porém, Alice irrompeu em uma gargalhada sonora, deixando-a confusa. Qual era a piada?
– O que é engraçado? – Bella perguntou de mau humor.
– Desculpe-me! – pediu Alice tentando conter-se. – Mas... Edward e... Eu?! Foi demais para mim...
– Por quê? Os dois são lindos, jovens, trabalham juntos...
– Ah claro... E isso agora é o suficiente para ser ter um caso? Por favor, Bella. Não seja tão
antiquada. Agradeço o elogio e sim... Edward é lindo, mas amo Jasper.
– Mas então... – Bella não entendia mais nada.
– Se vai perguntar o motivo de minha separação adianto-lhe que não posso dizer... Mas nada tem a
ver com não querer estar ao lado dele. Encontramo-nos ás vezes. Ele vem aqui... Eu vou ao nosso
apartamento... Tem sido um bom arranjo. – Alice lhe piscou.
– Se é o que diz...
Bella deu de ombros dizendo a si mesma que ainda não era da sua conta e que não deveria estar tão
satisfeita pela descoberta.
– É o que é!... – Alice reafirmou séria. – Jasper e Edward são amigos de infância. Eles estudaram
nos mesmos colégios, montaram o escritório. Sempre estiveram juntos e quando me casei Edward
se tornou uma espécie de cunhado. Hoje eu o tenho como a um irmão. Tenho vontade de matá-lo ás
vezes, mas amo-o todos os dias. Nunca, em tempo algum foi mais que isso.
Aquela declaração explicava muita coisa. A atenção de Edward com a amiga. Seu carinho durante a
festa. A cumplicidade. Bella sentiu-se envergonhada por seu julgamento precipitado. Porém nada
havia mudado, havia? Edward não fazia parte de sua vida mesmo que estivesse presente em seus
sonhos mais tórridos e seus pensamentos lúcidos. Não sabia o que o advogado esperava dela. O
certo a fazer era consertar as coisas entre ela e Paul que tudo ficaria bem. O namorado era sua
realidade. Não poderia perder tempo com fantasias ou confusões.
– Alice, me desculpe por ter pensado bobagem.
– Sem problemas Bella. Você não é a única a suspeitar da amizade entre um homem e uma mulher.
– Mas como eu disse antes. Não é da minha conta. Tenho que me preocupar somente com Paul. Vou
dar-lhe uns dias depois o procuro.
– Você tem certeza que é isso mesmo que deseja?
– Não entendo sua pergunta.
– Bella você está confusa. Disse-me isso dias atrás. Até se deixou beijar por Edward e...
– Foi um erro! – Bella a cortou.
– Será? – Alice ergueu uma sobrancelha. – Não pensa mais nele?
– Alice, sinceramente eu não lhe entendo. – a jovem se remexeu no sofá. – O que aconteceu com
“Edward é o problema”? Você mesma que disse como ele é mulherengo, que não podia ver uma
mulher bonita e que eu deveria me manter afastada caso não quisesse ter problemas com meu
namorado.
– Lembro-me bem do que disse. – Alice sustentou seu olhar. – Mas isso não evitou que tivesse
problemas mesmo assim. Não evitou que você se apaixonasse por ele.
Bella não soube o que responder. Não podia dizer á amiga que não estava apaixonada, mesmo que
não fosse o certo. Alice prosseguiu.
– Eu não devia lhe dizer isso, mas... O extraordinário da situação é que ele está interessado “de
verdade” em você. De uma forma que nunca esteve por outra mulher.
Que ele estava interessado era evidente. Não era idiota ao ponto de negar esse fato. Contudo, Alice
apenas confirmava o que ele próprio insinuava há dias. Bella reconhecia os olhares, a forma com
que ele tocou seu rosto no elevador ou como se dirigia a ela, a maneira que a tomou nos braços no
dia da festa ou a voz mansa ao telefone na manhã seguinte á confusão. Impossível não se deixar
levar, porém aquelas eram atitudes de qualquer um que não costumava deixar mulher alguma
passar. Como não imaginar que ele apenas se divertia?
Bella remexeu-se no sofá. Ter a confirmação de uma terceira pessoa de que a atenção de Edward
“era” verdadeira e exclusivamente para ela a deixou inquieta. Deveria acreditar em Alice quando
nem mesmo o próprio Edward lhe dissera nada naquele sentido. Tudo que tiveram foram breves
momentos á sós e algumas cantadas, nada além disso para justificar as palavras da amiga. Tentando
manter o foco e com o coração apertado no peito, disse.
– Não me interessa saber Alice. Preciso me concentrar em Paul. É ele que eu amo. É com ele que
pretendo ficar.
– Por quê?!
Alice parecia não acreditar no que ouvia. Bella tentou reprimir as lágrimas que vinham aos olhos,
mas não teve sucesso. Tentando ao menos controlar a voz, respondeu.
– É o certo! Eu tenho certeza do amor de Paul por mim. Ontem, por breves instantes pude perceber
que ele estava sofrendo ao me dizer aquelas palavras. Está apenas confuso assim como eu. Temos
planos juntos... Acho que minha constante recusa em ir morar com ele agravou a situação, mas
estou disposta a reconsiderar... – Bella sentia as lágrimas rolarem por seu rosto. – Vou contornar
essa crise. Preciso trazê-lo de volta. É correto ficar com ele. É seguro. É...
– Previsível... É monótono... – Alice a imitou, exasperada. – Argh!...
– Não deboche Alice. – Bella pediu. – Estou tentando fazer o certo.
– E quem sabe o que é certo ou o que é errado?... Você fala de Paul como se ele fosse perfeito. Sua
única saída... Sua única opção.
– E ele é... Sempre se preocupou comigo. Sempre esteve presente quando mais precisei. Não posso
virar-lhe as costas agora.
– Ele dispensou você! – disse Alice cruelmente.
– Ele está confuso. Já disse que pude sentir a indecisão em seu olhar. Além do mais, ninguém
termina um relacionamento de anos sem um bom motivo.
– Ele não lhe deu uma justificativa?! – Alice exclamou. Então sussurrou quase que para si. – Agora
entendo!... Se ao menos ele tivesse cont...
– Como?
– Ah... Nada Bella... E, faça como achar melhor, mas lembre-se que ninguém é perfeito. Nem
mesmo seu precioso Paul. E, caso não tenha reparado em tudo que disse, você está apenas
descrevendo um amigo.
Bella não soube o que responder. Paul não era seu amigo, era seu par. Entenderia caso ele realmente
não a quisesse, mas precisava ao menos tentar. Se ele a aceitasse de volta ela ficaria com ele não
importava se Edward nutria alguma espécie de paixão por ela – ou ela por ele. Com certeza, nos
dois casos, nada mais era que curiosidade. Isabella jamais negaria que o achava lindo e atraente. E
homens experientes e poderosos adoravam garotas idiotas e desconexas como ela. Eles as usam e
depois as jogam fora. Bom, ela não poderia arriscar ser a tonta da vez. Enxugando as lágrimas disse
séria.
– Entendi que Edward é seu amigo e talvez você acredite em algum interesse da parte dele para
comigo, mas eu sou comprometida. Seja lá que maluquice esteja acontecendo comigo ou com ele
vai ter que acabar.
– Está bem... Eu respeito sua opinião, mas cuidado... Endeusar pessoas comuns nunca acaba bem.
Espero que não se decepcione futuramente.
– Não acontecerá... – desejando mudar de assunto, Bella disse. – Senti sua falta.
– Também senti a sua, mas estive ocupada.
– Acredito que sim... A noite da festa foi estranha. – ela se lembrou de Edward e da forma como ela
a tirou do meio da confusão. – O que aconteceu Alice?
– Sei tanto quanto você. – ela disse evasiva.
– Sim, mas... Eu gostaria de saber por que você e Edward ficaram estranhos... Não tivemos a
oportunidade de conversar depois de tudo que aconteceu.
– Como eu disse... Estava ocupada. E não há nada a se conversar sobre o ocorrido. Um homem foi
morto.
– Sim... – Bella insistiu. – Mas por que a pressa? Parecia que estávamos fugindo de alguma coisa.
– Você preferia ter ficado e respondido as interrogações? – Alice ficou impaciente.
– Não. – foi a resposta simples.
– Então não pense mais nisso. Edward apenas se preocupou com você e eu a tirei de lá antes que
começassem as investigações, nada mais. Agora, se me dá licença... – Alice se pôs de pé. – Preciso
correr para o escritório. Teremos um dia cheio.
– Sim... Não se atrase por minha causa.
– Precisava apenas ver que estava bem... – Alice lhe sorriu. – Fique bem Bella... E tome cuidado
com as suas decisões.
– Tomarei...
Alice lhe lançou um último sorriso e saiu. Bella permaneceu sentada por alguns minutos. A
conversa com Alice lhe deixou ansiosa por falar com Paul. Não lhe daria tempo algum. Sem se
importar com a hora, pegou o telefone e ligou para o apartamento do namorado. Quatro toques
depois, quando ela pensava em desligar, ele atendeu.
– Alô!
Bella sentiu um aperto no peito ao ouvir-lhe a voz.
– Paul... Bom dia! – ela disse incerta. – Sou eu Bella!
– Eu sei. O que você deseja? – ele parecia confuso.
– Acho que precisamos conversar...
– Sobre o quê?
– Como assim?! – ela lutou para não impacientar-se. – Sobre nós... Sobre ontem ou a noite
retrasada... O que significou aquilo afinal?
– Definitivamente não sei do que você está falando. E não vejo o que tem ainda para ser dito.
– Tudo precisa ser dito! – Bella quase gritou. – Eu não entendo porque está fazendo isso, mas acho
que podemos resolver se conversarmos.
– Bella, por favor, entenda... – ele falava pausadamente. – Não temos nada para conversar.
Acabou!... Como eu disse ontem... Siga com sua vida e não me procure. Isso não tem que ficar pior
do que já está. Tenha um bom dia Bella. – então Paul desligou.
A jovem permaneceu com o fone na mão por alguns minutos, olhando-o incrédula e lutando com as
lágrimas. Como era possível que um relacionamento de três anos terminasse assim? Bella não
reconhecia Paul. Quando ele havia se tornado tão cruel ao ponto de levá-la para a cama,
proporcionar-lhe a melhor noite de amor que tiveram em anos para em seguida terminar sem mais
explicações?
Recolocando o fone no gancho, Bella voltou para a cama e deitou em posição fetal, abraçando os
joelhos. Sem forças para resistir, chorou copiosamente; por Paul, por ela e por Edward. Ela não
entendia o que estava acontecendo com sua vida nesses últimos dias. Tudo estava no lugar, então,
de uma hora para outra as coisas começaram a dar errado. Perdera a oportunidade de emprego,
perdera o namorado e se não bastasse, apesar da dor que sentia, estava apaixonada por um estranho.
Sim. Ele era um estranho. Quem era Edward Cullen afinal? O que ela sabia sobre ele além do fato
de ser incrivelmente lindo e sedutor?
Mesmo que Alice afirmasse que ele estava interessado, Bella não poderia abrir mão de um
relacionamento pacato e estável por algo que talvez fosse apenas passageiro. Fechando os olhos
marejados com força, Bella tentou expulsar a imagem de Edward no dia do baile quando ele entrou
no quarto do hotel. Tentou ignorar a voz máscula e baixa em seu ouvido. “Quando tivermos a
oportunidade de concluir o que ficou inacabado na noite passada, prometo tirar suas dúvidas sobre o
que quer que seja. Eu mesmo tenho algumas que gostaria muito de esclarecer. E a principal delas é
qual será o gosto de sua boca quando resolver retribuir ao meu beijo”.
Sentiu-se culpada, pois sabia que tinha a mesma duvida e o mesmo desejo de esclarecê-la.
Imediatamente a imagem dos lábios entreabertos de Edward no elevador lhe veio á sua mente. Seu
corpo traidor reagiu á imagem deixando-a excitada. Gemendo em agonia, ela rolou na cama até
afundar o rosto em um de seus travesseiros. Subitamente Bella sentou-se na cama com o travesseiro
preso ao rosto. Ela o cheirava em toda sua extensão. Conhecia aquele odor, mas... O que ele estava
fazendo ali?!
A única resposta lógica era que ela estava, finalmente, ficando louca. Impaciente, atirou o
travesseiro de volta ao colchão e se atirou de costas sobre ele secando as lágrimas de seu rosto com
as costas das mãos. Talvez existisse algum conforto na insanidade. Ela não precisaria pensar em
nada inquietante ou doloroso. Poderia esquecer-se das atitudes estranhas do namorado e deixar-se
embriagar por aquele cheiro masculino e excitante que, inacreditavelmente, exalava do travesseiro
sem culpas. E o melhor de tudo... Os mentalmente perturbados não precisavam se preocupar com o
futuro ou com renuncias dolorosas.
Bella despertou com o peso de Black sobre seu dorso. Adormecera na mesma posição; jogada sobre
o travesseiro. E como era de se esperar, estava sonhando com Edward. Dessa vez não tentou afastar
as imagens, deixou que elas brincassem em sua cabeça. Aquela seria uma boa distração para não
pensar em Paul. O gato veio até seu rosto e começou a lamber-lhe.
– Black pare com isso... – Bella sentou-se na cama. – O que deu em você?
Black ficou em seu colo miando para ela. Bella acariciou a barriga preta quando ele caiu deitado
sobre o colchão com as patas para o ar.
– Quem está sozinha e precisando de carinho sou eu... Você, com certeza, está muito bem resolvido
com as gatas da vizinhança. – Bella brincou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
De repente, Black soltou um miado mais alto, levantou-se e começou a farejar a cama. Quando
alcançou os travesseiros, cheirou primeiro o que Bella normalmente usava, depois foi para o que ela
estava minutos atrás. A jovem pode ouvir o ronco se formando no peito do felino até que ele
rosnasse para o travesseiro. Bella não conseguia entender a reação do gato. Ele também conseguia
sentir o cheiro novo?
– Black... O que há?
Como resposta, o gato voltou às costas para o travesseiro e, sem dar chance de sua dona tirá-lo do
colchão, urinou no travesseiro.
– Black eu vou matar você! – Bella tentou pegá-lo, mas o felino seguiu para sala.
Ela o seguiu apenas para vê-lo fazer o mesmo da poltrona antes de correr para a cozinha. Bella não
conseguiu alcançá-lo. Nem se deu ao trabalho de conferir se ele havia escapado pela janela; ela
sabia a resposta. O que não sabia era o que estava acontecendo ali. Por que o gato comportava de
maneira estranha? Na noite passada agira como se alguém estivesse no apartamento, agora ele...
Marcava território*?
Desanimada, cada vez entendendo menos, Bella se forçou a limpar a poltrona. Quando achou que o
cheiro forte havia sido eliminado, ela seguiu para o quarto com um saco de lixo. Sem respirar,
pegou o travesseiro e o jogou fora. Depois de amarrar o saco trocou os lençóis antes que o cheiro
forte tomasse conta de todo o apartamento. Enquanto trocava as roupas de cama ela lamentou a
gracinha do seu gato. Imaginário ou não – mesmo o gato tendo sentido não tinha lógica acreditar
que ele era real. – Bella sentia-se pesarosa por ter perdido o odor de Edward. Agora ela havia
perdido a sua desculpa para ser insana e teria que voltar ao mundo onde era mais seguro negá-lo e
onde nada fazia sentido.

************************************************************************
*Animal livre, o gato é independente e voluntarioso. A reação do gato, é muito diferente do cão,
quando ele defende seu território é unicamente contra os outros gatos, nada mais lhe importando.
Como os outros carnívoros marca o seu território urinando nos limites do mesmo, inclusive na
cama do dono e, isso tem significação apenas para os outros gatos.
Usei na fic apenas como licença.

Notas finais do capítulo


Amores... agora vou postar somente na sexta... dois capítulos tbm, daí estará junto com a
postagem da comunidade... bjus... o/Spoiler pra vcs:"A luz fraca do abajur estava acesa,
porém presa em sua tristeza, Isabella não deu pela presença do vampiro encolerizado ás
suas costas. Apenas desligou o aparelho e o deixou cair ao chão, sem erguer-se ou virar-
se. Ainda que Edward estivesse no auge de uma crise violentamente possessiva, ele não
pode ignorar as pernas nuas. A camisola subira um pouco deixando que ele visse as
coxas alvas e bem torneadas. As nádegas cheias e empinadas cobertas apenas pelo tecido
quase transparente. Os cabelos longos espalhavam-se pelo colchão enquanto ela chorava
com o rosto escondido em um dos travesseiros. No mesmo que ele ocupava e que
provavelmente sempre fora usado pelo rábula. Seu peito rugiu. A atitude de Isabella o
enfurecia; a visão de seu corpo o excitava dolorosamente.Dominado pela fúria por
Isabella e por si mesmo, resolveu que provaria á ambos que ela era sua e que ele lhe
bastaria para sempre."

(Cap. 22) Capítulo 23

Notas do capítulo
Oi meus amores... desculpem a demora...

Mas tá aí, masi um capítulo... :)

– Por favor, Paul... Não estou pedindo para nos encontrarmos ou nada do gênero. Entendo que
terminou, mas... Realmente preciso que me diga o que aconteceu. – Edward ouviu Isabella pedir ao
telefone.
Era madrugada de sexta. Ele havia seguido Isabella desde que saíra do restaurante. Ansiara por
aquele momento o dia inteiro. Agora estava sentado na poltrona, ainda estranhando o cheiro, agora
suave, de amoníaco – completamente á vontade, descalço e sem camisa – esperando que ela
adormecesse para então ir deitar-se ao seu lado como havia feito nas três noites anteriores. Porém,
para estragar-lhe a intenção, sem se importar com o adiantado da hora, Isabella resolveu telefonar
para o rábula. Ouvi-la se humilhar por uma explicação – que nunca viria – para o rompimento o
enfureceu. “Três” dias... Três malditos dias... Por que ela simplesmente não se conformava?
A voz lamuriosa o irritava; o ciúme corroia-lhe o peito. Sem forças para conter-se, em uma fração
de segundo ele estava parado aos pés da cama de Isabella. Não lhe importava que o visse, não lhe
importava mais nada. Naquele momento a odiava com toda sua força. Com o coração oprimido,
permaneceu olhando-a deitada de bruços com o fone grudado ao ouvido. Ouviu-a pedir uma razão e
declarar-se. Quando ela disse “Sinto sua falta”, Edward cerrou os punhos. Seu peito doía
violentamente com aquilo que ele considerava traição. Isabella era sua! Ele não estivera ao seu lado,
nas últimas noites, satisfazendo-a? Ainda que ela não estivesse consciente não era possível que seu
corpo sentisse a falta de outro!
A luz fraca do abajur estava acesa, porém presa em sua tristeza, Isabella não deu pela presença do
vampiro encolerizado ás suas costas. Apenas desligou o aparelho e o deixou cair ao chão, sem
erguer-se ou virar-se. Ainda que Edward estivesse no auge de uma crise violentamente possessiva,
ele não pode ignorar as pernas nuas. A camisola subira um pouco deixando que ele visse as coxas
alvas e bem torneadas. As nádegas cheias e empinadas cobertas apenas pelo tecido quase
transparente. Os cabelos longos espalhavam-se pelo colchão enquanto ela chorava com o rosto
escondido em um dos travesseiros. No mesmo que ele ocupava e que provavelmente sempre fora
usado pelo rábula.
Seu peito rugiu. A atitude de Isabella o enfurecia; a visão de seu corpo o excitava dolorosamente.
Dominado pela fúria por Isabella e por si mesmo, resolveu que provaria á ambos que ela era sua e
que ele lhe bastaria para sempre. Precisava disso! Isabella remexeu-se na cama, sem virar-se.
Edward desafivelou o cinto lentamente, despiu-se do restante das roupas e as deixou no chão. Não
raciocinava. Nu, ajoelhou-se na beirada da cama. Quando o colchão cedeu ao peso extra Isabella
tentou virar-se alarmada, contudo ele rapidamente a prendeu contra o colchão com seu corpo.
Segurando-a pelos pulsos enquanto ela se debatia. A breve luta o excitou ainda mais.
– Socor... – Isabella tentou gritar.
– Shhh... Sou eu...
– Edward?! – ela ainda tentava se libertar. – Mas como...?
– Não lute! – Edward ordenou-lhe ao ouvido. – Ou será pior para você.
Edward a manteve de bruços; não suportaria ver-lhe os olhos vermelhos ou a expressão torturada.
Isabella parou de debater-se e relaxou sob seu corpo, ainda soluçando. Edward acomodou-se melhor
deixando que sua rigidez aumentasse contra a maciez das nádegas da jovem. Ele a comprimiu
contra a cama. Sem motivos para prendê-la, liberou-lhe os pulsos. Desceu as mãos lentamente ao
longo dos braços e procurou pelos seios apertados contra o colchão. Com um gemido contido,
Isabella ergueu o dorso para que Edward tivesse acesso á eles; para que os acariciasse. Quando a
jovem gemeu outra vez; ele soube que precisava estar dentro dela. Fazê-la sua mais uma vez como
desejou o dia inteiro.
Alucinado em seu desejo por Isabella quase se esquecera do que motivou seu acesso de fúria
quando então afundou o rosto nos cabelos castanhos. Algumas mechas estavam úmidas. Seu peito
rugiu mais uma vez ao sentir o cheiro de sal vindo das lágrimas vertidas pelo namorado perdido.
Traidora! Sim... Estava ali para mostrar-lhe que ela não precisava de outro.
Com uma das mãos a segurou pelos cabelos da nuca mantendo o pescoço esguio em posição para a
sua mordida. Enquanto que com a outra, acariciou a lateral do corpo até encontrar a barra rendada
da camisola. Ele a levantou ainda mais e rasgou a lateral da calcinha mínima. Com os dedos, tateou-
a entre as pernas procurando sua umidade. Isabella era quente naquele ponto. Ainda não estava
totalmente pronta, mas em sua loucura, Edward não aguentou esperar mais. Erguendo-lhe o quadril,
entrou em uma única investida. Ela abafou um grito de dor contra o travesseiro. Edward
permaneceu um minuto parado deixando que ela se acostumasse á ele. Então, lentamente começou a
mover-se, urrando ao senti-la apertada.
Logo o corpo de Isabella passou a responder ao seu. Seus lamentos agonizantes transformaram-se
em gemidos de aceitação. Nesse momento, enquanto deslizava para dentro e para fora de Isabella
ele a mordeu. A pulsação acelerada fazia o sangue verter rápido para a boca do vampiro. Quando
acreditou ter o suficiente, ele lambeu-lhe a nuca. Sem quebrar a conexão, Edward se ajoelhou no
colchão mantendo Isabella presa em suas mãos firmemente pelo quadril.
Regozijou-se ao ouvir seu nome misturado aos gemidos abafados da jovem e ao vê-la fechar os
punhos apertando o lençol entre os dedos quando seu corpo estremeceu em vários espasmos. Tento
a visão das nádegas cheias contra seu corpo e sabendo que tinha dado prazer a Isabella, ele se
moveu ainda mais rápido até alcançar a sua própria satisfação.
Nesse momento deixou-se cair sobre ela e, sem conseguir resistir, mordeu-a novamente. Isabella era
deliciosa de toda maneira. Sentiria falta da doçura de seu sangue quando a transformasse. Sentindo-
se saciado mais uma vez, Edward cicatrizou a ferida e beijou o ombro adorado. Qual foi o motivo
de ter perdido o controle com ela? Seus corpos funcionavam bem quando estavam juntos. Por que
Isabella simplesmente não se fazia disponível? Ser dono da matéria não lhe bastava; ele precisava
ser dono de sua alma... De seu coração.
Satisfeito e mentalmente cansado para pensar em assuntos inquietantes, Edward estendeu o braço,
apagou o abajur e puxou Isabella para seu peito, cobrindo aos dois logo em seguida. Como sempre,
ela caíra em um sono profundo. Com Isabella estendida sobre seu dorso, Edward via que fora um
erro dar-lhe tempo para se recuperar da perda. Não poderia culpá-la por insistir com o rábula
quando ainda nem sabia de suas verdadeiras intenções. Assim que tivesse a chance diria á ela como
se sentia. Entraria definitivamente em jogo – para ganhar. Feliz pela resolução e embalado pela
respiração fraca da jovem, dormiu com ela presa em seus braços.
Horas depois despertou alarmado. Dormira demais. Os primeiros raios de sol entravam pela porta
da sacada. Seus olhos doeram com a claridade inesperada, porém não tinha tempo de recuperar-se.
Com as pálpebras semicerradas, ele olhou para Isabella adormecida sobre seu corpo e enterneceu-
se. Todo seu ciúme parecia infundado diante de tal fragilidade. Se pudesse permanecer mais um
pouco; se fosse possível ficar até que ela acordasse. Contudo ainda não poderia e não desejava
apagar-lhe a memória como havia feito no restaurante, então o melhor que tinha a fazer era partir de
uma vez.
Delicadamente retirou o braço de seu peito e saiu da cama, cobrindo as costas da jovem logo em
seguida. Edward acreditou que elas estavam frias por permanecer descobertas boa parte da noite.
Depositou um beijo no rosto frio – sem reparar-lhe a palidez –, juntou suas roupas caídas ao chão e
escapou para a escuridão da sala. Depois de vestido saiu do apartamento deixando uma parte de seu
coração.
Quando chegou a sua cobertura, Edward despiu-se ainda na sala e seguiu para a piscina, atirando-se
na diagonal em suas águas. Nadou alguns minutos e mesmo no espaço limitado sentiu-se calmo.
Recostando-se em uma das bordas deixou que seu pensamento fosse para Isabella. Ainda que o sexo
tenha sido maravilhoso como em todas as vezes, ele estava arrependido de o ter iniciado movido
pelo ciúme. Por mais que lhe doesse, precisava entender que ainda não tinha direitos sobre Isabella.
Ela era livre para fazer e pensar em quem bem entendesse. À ele cabia conquistar-lhe efetivamente
já que desejava uma aceitação consciente e não apenas freqüentar sua cama durante o sono.
Decidiu que naquela mesma manhã, antes de seguir para o tribunal, convidá-la-ia para almoçar.
Tudo que tinha a fazer até lá era manter a cabeça ocupada. Não precisava preocupar-se com uma
possível reconciliação. Sua Bella estava apenas confusa. Logo viria até ele. Suspirando, Edward
saiu da piscina e foi trocar-se; teria um dia cheio.
Duas horas depois, quando chegou á ante-sala de seu escritório, estranhou a ausência de Alice. Ela
era sempre a primeira a chegar. Quando entrou em sua sala, seguiu para a janela, sacou o celular do
bolso da calça e ligou para a amiga. Um, dois, três... Dez toques; caixa de mensagem. Estranho.
Edward tentou mais uma vez e nada. Quando começou a discar o número de Jasper ele entrou em
sua sala. Depositando o aparelho sobre a mesa, Edward perguntou.
– O que houve com Alice?
– Ela pediu para avisar que não virá hoje. – disse Jasper sentando-se; sem encará-lo. – Como vamos
passar o dia no tribunal e não temos outros compromissos ela resolveu tirar o dia de folga.
– Assim?... – Edward o olhou desconfiado. – Do nada?!
Jasper se forçou a olhá-lo.
– Você ainda não conhece Alice? – ele ensaiou um sorriso. – Só faz o que quer...
– Em sua vida pessoal, sim. – Edward concordou. – Porém nunca a vi fazer o mesmo aqui no
escritório. – ele perscrutou o rosto do amigo com os olhos semicerrados. – O que há? O que me
esconde?
Jasper sorriu sem jeito.
– Nada! Por que eu lhe esconderia alguma coisa? Você sabe como são as mulheres... Parece que ela
tinha algum compromisso com Isabella.
– Com Isabella? – Edward estranhou mais ainda. – Que tipo de compromisso?
– Compras. – Jasper respondeu rapidamente. – Alice acha que isso pode animar a jovem. Acredito
que ficarão juntas até que Isabella tenha que ir trabalhar, mas ela não me disse se vem para cá
depois... Precisava dela com urgência?
– Não! – Edward respondeu franzindo o cenho.
– Então não se preocupe com elas... – para mudar de assunto, perguntou. – Está preparado para o
julgamento de hoje?
– Sempre estou preparado! – ele respondeu subitamente de mau humor. Mais uma vez a intromissão
de Alice estragava seus planos. – Não será a primeira vez que livro um assassino da prisão.
– Certo... – Jasper deu de ombro, ignorando o tom. – Mas você não vai fazer o mesmo que fez com
Mike Newton, vai?
– Por qual outro motivo eu me daria o trabalho de defendê-lo? – Edward lhe sorriu sombrio. –
Então o que você acha?
– Nunca vai parar com isso não é mesmo? – Jasper lamentou-se. – Nem quando temos um vampiro
desconhecido na cidade louco para se aproveitar de seus deslizes.
– Não tenho cometido mais nenhum deslize. Os assassinatos que estampam as manchetes de jornais
não trazem nada de novo e se esse infeliz aparecer, estarei preparado então não vejo motivos para
parar coisa alguma... – foi a vez de Edward dar de ombros e sentar-se. – Eu estou fazendo um favor
á sociedade... E além do mais, sangue ruim é o meu predileto.
Ele disse estalando a língua nos dentes, porém mentira. Seu sangue predileto era o de Isabella. O
pensamento lhe trouxe a lembrança de que o provou duas vezes em uma mesma noite. Precisava
tomar cuidado para não repetir a imprudência. Ela era pequena e frágil, ele poderia causar-lhe
algum mal ainda que sem a intenção. Jasper o tirou do devaneio.
– Mais uma vez... Faça como quiser. – Edward deu de ombros mais uma vez como resposta, Jasper
prosseguiu. – Espero que não se importe, mas Paul vai acompanhar-nos hoje.
– Por quê?!
– Ao que parece ele não tem compromissos para hoje e me pediu há pouco para participar da
audiência. – Jasper suspirou. – Acredite ou não, ele gosta do seu trabalho.
– Eu sei disso! – respondeu contrafeito. – Ele deixou claro na noite em que o conheci.
De repente a lembrança melhorou seu humor. A imagem de Isabella dançando sozinha na pista.
Isabella estendendo-lhe a mão pela primeira vez...
– Então não tem problema se ele for? – o amigo o interrompeu mais uma vez.
– Não! Ele não é mais problema... – Edward respondeu. Então um meio sorriso surgiu em seu rosto
antes de completar. – E fará bem ao rábula ver como se advoga!
Bella deixou que Alice ajeitasse o travesseiro em suas costas, colocando-a em uma posição melhor
para tomar a sopa que ela havia lhe preparado. Ainda sentia-se fraca; a cabeça zonza. Seu coração
disparou com o movimento, seu estomago deu uma volta inteira. Bella teve certeza que
empalidecera, pois Alice depositou o prato sobre a cômoda e voltou-se para ela alarmada.
– Bella?... Sente-se mal novamente?
– Estou bem, obrigada! – disse estendendo a mão para que não se aproximasse. – Não vou desmaiar
de novo.
Alice parou a centímetros da cama em uma atitude de amparo caso ela não cumprisse a palavra de
não desmaiar. Bella lhe sorriu agradecida. Não sabia o que estava acontecendo consigo. Despertou
aquela manhã com Alice ao seu lado. Nem ao menos sabia como a amiga havia entrado e não se
importava. O primeiro chamado dela veio de muito longe. Bella seguia por um caminho estranho,
cercada de árvores. Fugia de alguém, alguém que não devia confiar, mas não conseguia se lembrar
“quem”. Estava cansada, seu corpo doía, sua cabeça pesava.
Quando ouviu a voz nítida ao seu lado soube que havia sido liberada de um pesadelo, porém as
dores não desapareceram com as imagens. Elas estavam ali, em seu corpo, como as sensações boas
nas últimas manhãs. Não diria á Alice, mas estava alarmada. Alguma coisa estava errada com ela.
Nas duas últimas manhãs, ao acordar, não estranhara a umidade entre as pernas, afinal, mesmo
sabendo se tratar de sonhos, ela sabia que tinha orgasmos reais. Contudo, naquela manhã, além de
úmida estava profundamente dolorida. Como se tivesse sido usada á força.
Ao despertar, Alice lhe pareceu extremamente preocupada. Quando tentou levantar-se para provar
que estava bem, as laterais de seu corpo doeram, sentiu-se leve então tudo ficou preto á sua volta.
Quando voltou a si, estava deitada em sua cama com Alice a lhe tomar o pulso. Desde então se
sentia tonta, fraca e enjoada. A amiga lhe encheu de perguntas. Quando havia comido pela última
vez; se ingeria líquidos com freqüência. Além de lhe passar um sermão, dizendo que homem
nenhum valia sua saúde. Bella tentou lhe dizer que não estava presa em nenhuma espécie de
depressão que lhe roubava a fome. Antes disso, acordava faminta como sempre acontecia depois de
uma noite de sexo bem aproveitada e comia muito bem principalmente no restaurante de Angela.
Fosse o que fosse que estivesse lhe acontecendo agora nada tinha a ver com seu rompimento com
Paul.
Muito pelo contrário. Ainda que insistisse com Paul, como na madrugada passada, o rosto que havia
povoado sua mente nos últimos dias era o de outro advogado. Sentindo que a tontura cedia e
subitamente quente ao se lembrar da noite passada, Bella acomodou-se melhor contra o travesseiro.
Imediatamente a parte inferior de seu corpo protestou de dor, porém uma leve excitação se fazia
presente. Como seria possível? Bella reprimiu um gemido, envergonhada.
– Bella o que foi? – Alice sentou-se ao seu lado. – Está machucada?
A jovem a olhou de esguelha.
– Estou bem, não se preocupe. – então baixou os olhos.
Sabia que seu rosto estava corado. Podia considerar Alice sua melhor amiga. Ela fora mais presente
em sua vida nos últimos dias do que Jessica em meses. Gostaria de poder contar suas impressões,
porém não se sentia a vontade para falar. Além do mais, como conversaria com uma amiga em
comum aos dois sobre seus sonhos eróticos com Edward ou como explicaria que conseguia sentir
seu cheiro que milagrosamente estava de volta á um travesseiro novo? Com certeza Alice a
consideraria uma louca.
Quando se atreveu a levantar o olhar, Alice a encarava com as sobrancelhas unidas. Bella sabia que
ela lhe perscrutava a expressão. Pelo tanto que a conhecia, sabia que não haveria escapatória caso
ela lhe perguntasse alguma coisa. Bella simplesmente não conseguia entender como Alice conseguia
arrancar as informações dela sem o mínimo esforço. A amiga perguntava, Bella respondia. Mesmo
que a contra gosto.
– Se não está machucada qual é o problema?
– Não saberia responder... – estava perdida!
– O que tem acontecido com você nos últimos dias? – Alice a prendeu pelo olhar e disse
firmemente. – Responda-me.
E lá estava ela novamente, sabendo que deveria se manter calada e sem força alguma de fazê-lo.
Antes que pudesse lutar, ouviu-se responder.
– Tenho sonhado com Edward. – ao pronunciar o nome seu coração falhou.
Talvez aquela resposta fosse suficiente. Contudo havia mais e ela não conseguia reprimir a vontade
de esconder de Alice. Como se não tivesse vontade própria, ouviu-se dizer.
– Mas não são sonhos comuns... Do tipo que quando se acorda tudo volta ao normal... Esses sonhos
são... – cale a boca agora! Cale a boa, ela pensou. Porém concluiu. – São sonhos “reais”. É como se
ele estivesse aqui comigo. Eu sinto o cheiro. Eu sinto o corpo ao meu lado. Eu...
Bella mordeu o lábio inferior para refrear-se.
– Fale Isabella! – Alice ordenou.
– O sinto “dentro” de mim... Você sabe!... – disse sem jeito. – Quando estamos fazendo... Quando
estamos “juntos”... Sempre que acordo meu corpo está como se realmente tivesse sido tocado. –
imediatamente a leve excitação agravou-se com as lembranças. Fechando os olhos ela disse em um
suspiro. – E essa noite...
– Olhe para mim Bella – quando a jovem obedeceu, Alice perguntou. – O que aconteceu essa noite?
– Eu não tenho certeza... Mas não me lembro de estar dormindo. Era como se eu sonhasse acordada.
Eu falava com Paul... Pedia uma explicação para o rompimento... Acredite Alice, agora isso é tudo
que preciso, já perdi as esperanças e... Nem ao menos sei que quero uma reconciliação. Porém, ele
não me deu nenhuma resposta. Quando desliguei o telefone comecei a chorar por que... Droga! –
exclamou irritada por não conseguir calar a boca.
– Não posso esconder o que você já sabe... Estou apaixonada por Edward, mas gosto de Paul. Sinto-
me dividida e perdida. Às vezes eu acho que se Paul me dizer o que aconteceu eu entenderia e
poderia seguir em frente. Não chorei por ele. Chorei por não ter certeza de como agir... Por não
saber o que Edward espera de mim então... De repente... “Ele” estava aqui... Sobre mim. – mais
uma vez Bella sentiu-se excitada com a lembrança nítida do corpo nu sobre o seu. Tentando manter
a voz firme, prosseguiu.
– Eu tentei gritar, mas ele disse algo em meu ouvido. Era como se fosse “certo”, então parei de
lutar... Não me lembro exatamente o que aconteceu em seguida. Acordei com você me chamando,
sentindo-me péssima; fraca e dolorida. E o que é pior, com a sensação de estar presa em algum
universo paralelo, onde sonho e realidade se confundem.
Ouvir-se dizendo as palavras mostraram para Bella o absurdo da situação, alarmada ela pegou as
mãos de Alice.
– Não são sonhos, não é mesmo?
Alice arregalou os olhos e abriu a boca, aparentemente sem saber o que responder. Bela prosseguiu
alheia a reação da amiga.
– São alucinações! Estou realmente ficando louca. Eu sabia... Primeiro me tornei uma paranóica
com mania de perseguição. Depois veio a visão de um suposto fantasma no prédio ao lado... Agora
eu sinto Edward em minha cama fazendo amor comigo!
Ao dizer as palavras seu corpo reagiu, excitando-se ainda mais. Bella sentiu as lágrimas correrem
por seu rosto. Alice as enxugou e trouxe a jovem para um abraço.
– Shhhh... Não se assuste... Não é nada disso. Deve haver uma explicação lógica para tudo isso...
– Claro que tem... Eu já disse. Sou louca!... – Bella fungou. – E pervertida...
– Pervertida?! – Alice a afastou para encará-la. – Por que diz isso?
– Porque eu gosto do que acontece nos sonhos! – ela disse corando novamente. – Sinto falta da
companhia de Paul. Como disse ainda gosto dele e acredito que talvez fosse certo ficarmos juntos
por toda nossa história, mas... Gostei do que aconteceu nessas últimas noites; seja sonho ou
alucinação. – ela chorou ainda mais. – Sei que pareço patética, mas não vejo a hora de dormir e
sonhar com Edward. Eu sou uma pessoa horrível!
De repente Bella sentiu falta de ar. Seu quarto rodou diante de seus olhos.
– Não Bella! – Alice tentou acalmá-la. – Não fique nervosa... Não há nada de errado com você!
– Mas Alice...
– Fique quieta Bella. Não se canse. Você está fraca. Será que não consegue ver... Têm acontecidos
várias coisas ruins ao mesmo tempo para você. Por mais que diga o contrário, tenho certeza que não
está se alimentando direito. Trabalha até tarde no restaurante de sua amiga. Já sei, já sei... – Alice
disse erguendo a mão quando Bella fez menção de protestar.
– Sei que é temporário. Sei que está fazendo um favor... Ainda assim é cansativo. Não é o que você
queria. Está muito aquém da sua profissão. Para piorar você e Paul desmancharam e como se não
bastasse tudo isso ainda tem “Edward”.
Bella estranhou a ênfase ao nome e o tom de Alice. Como se de todos os seus males, ele realmente
fosse o pior. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Alice prosseguiu.
– Não é de hoje que você está confusa. Acredito que ame seu ex mesmo estando apaixonada por
Edward. Talvez por isso fantasie; assim você se livra da dor da perda e ainda se aventura com outro
sem maiores conseqüências.
Bella ponderou por um minuto, secando as últimas lágrimas do rosto.
– Será somente isso?! – perguntou incrédula.
– Tenho certeza que sim. – disse Alice convicta. – E digo mais... Agora que me contou como se
sente aposto que não vai mais ter esses sonhos com Edward.
– Mas eu...
– Sem “mas”. Não acontecerá novamente. Seja lá o que se passa em sua cabeça durante a noite está
lhe afetando fisicamente. Quer acabar doente? Veja como está agora. Mal consegue erguer-se. Isso
tem que parar Bella!
Bella não poderia tirar a razão da amiga. Ela estava fraca. Já havia telefonado para Angela avisando
que não iria; mais um dia que falharia com a amiga. Estava sem condições, não fosse por Alice
provavelmente estivesse ainda inconsciente sobre sua cama. Alice estava certa. Ela precisava parar
de evocar Edward em seus pensamentos. Talvez tenha feito alguma expressão de pesar, pois seu
pensamento foi interrompido pelas palavras de Alice.
– Se gosta tanto do que tem em “sonho” porque não vai atrás do original?
Bella olhou-a boquiaberta; Alice lhe piscou.
– Tenho certeza que ele adoraria transformar suas fantasias em realidade. – sem dar chances para
Bella responder, Alice pegou o prato de sopa. – Acho melhor esquentar isso aqui... Depois que
tomar a sopa eu vou entupi-la de líquidos. E mais tarde, quando estiver um pouco melhor... Vou
apresentá-la á uma senhora muito simpática.
Bella viu Alice sair de seu quarto. Pousando as mãos sobre o colo, pensou em tudo que ela havia lhe
dito. A amiga tinha razão. A tristeza pelo estranho fim do relacionamento a enfraquecia; talvez fosse
melhor esquecer a falta de motivo para o rompimento e seguir sua vida como Paul havia
recomendado. E... Por mais que fossem prazerosos, aqueles delírios com Edward também a
enfraqueciam. Mais uma vez excitou-se com as lembranças. Imediatamente correu a mão sobre os
lençóis. Será que Alice estaria certa? Seria possível que, uma vez proferida suas fantasias, elas
parariam?
Inconscientemente Bella levou os dedos aos lábios, fechou os olhos e se lembrou do toque suave em
seu rosto quando estava com Edward no elevador e da maciez da boca masculina na sua. Da forma
possessiva como ele lhe tomou nos braços para tirá-la do meio da multidão na noite do Halloween;
das palavras ditas ao telefone... Aqueles foram contatos reais e não frutos de uma imaginação fértil
e tinham o poder de deixá-la quente tanto quanto seus sonhos.
“Se gosta tanto do que tem em “sonho” porque não vai atrás do original? Tenho certeza que ele
adoraria transformar suas fantasias em realidade”. As palavras de Alice ecoavam em sua cabeça
como um mantra. Depois que Alice havia lhe confirmado que Edward se interessava, Bella
acreditava que suas chances eram boas, mas... Nunca fora do tipo aventureira. Fora uns flertes na
adolescência e um amigo que havia tirado sua virgindade, seu único namorado fixo e duradouro
fora Paul. Ela jamais teria coragem de procurar Edward por livre e espontânea vontade. O que lhe
diria? A simples idéia de uma aproximação revirou seu estomago fraco. O melhor que podia fazer
era esquecer por ora e entregar-se aos cuidados de Alice. O que aconteceria depois somente o tempo
poderia revelar.
Dez para as seis da tarde. Os jurados já apresentavam sinais de cansaço, assim como os presentes na
audiência. Os únicos incansáveis eram o juiz, o promotor e o advogado de defesa. Seu cliente,
Walter Mazzili, não contava; estava tenso desde o começo da sessão. Edward apreciava aquele
nervosismo. Ainda era pouco se comparado ao que passaria quando o vampiro o cercasse assim que
o livrasse da prisão por assassinar a esposa. Se o ato tivesse sido motivado por passionalidade,
Edward seria capaz de entendê-lo.
Ele próprio havia sido cruel ao praticamente violentar Isabella ainda acordada, movido apenas pelo
ciúme por vê-la chorar por outro. Agora que entendia a força do sentimento era capaz de perdoar a
falha alheia. Contudo os motivos de réu eram superficiais e mesquinhos. Mazzili envenenara a
esposa lentamente durante anos até matá-la apenas para beneficiar-se com um seguro milionário.
Imperdoável.
Eleazar; o promotor interrogava sua terceira testemunha do dia. Uma senhora de meia idade
responsável pelos cuidados da falecida.
– Senhora Knight, há quando tempo trabalhava para os Mazzili?
– Há oito anos, desde que se casaram...
Edward sabia que em breve Eleazar faria perguntas cuja respostas bem treinadas desabonariam seu
cliente. O servidor público jamais saberia, mas o advogado nutria uma profunda admiração por sua
paixão e dedicação ao defender suas causas. Edward invariavelmente lhe vencia com certo pesar,
que era atenuado apenas por saber que ele próprio livraria a sociedade da escoria que defendia. Se
toda a ralé fosse condenada apenas lotaria as prisões. Todos eram melhores aproveitados matando a
sede de Edward e alimentando seu hobby.
Olhando para o rosto compenetrado do juiz Sam Uley, Edward tentava imitar-lhe e prestar atenção
ao que a senhora dizia. Não se esforçava muito, pois sabia que acabaria com a pobre alma quando
chegasse sua vez com a interrogação. Contudo como vinha acontecendo ultimamente, não estava
cem por cento no julgamento. Seus pensamentos vagavam para Isabella e como se não bastasse,
para o compromisso repentino com Alice. Nunca dera importância para intuição, mas alguma coisa
lhe dizia que o súbito desejo por um dia de folga estava relacionado á algum problema sério com
Isabella. Mas o que seria?
Disfarçadamente Edward olhou para Jasper. O amigo estava sentado ao seu lado, impassível; muitas
vezes trabalhavam juntos. Edward gostava da opinião de um colega competente. Porém, naquela
tarde, Edward tinha a sensação que ele estava ali por algum motivo oculto. O advogado estreitou os
olhos e perscrutou a feição do amigo a procura de algum sinal que o denunciasse. Nada!
– Sem mais perguntas meritíssimo.
Edward ouviu a voz de Eleazar vinda de muito longe. Sabia que o juiz logo daria sua “deixa” para
que fosse interrogar a testemunha. Preparava-se para o show quando ouviu o som fraco de um
celular. Os toques eram baixos aos ouvidos humanos, mas aos seus eles gritavam. Edward olhou em
volta para descobrir quem era o infeliz que não respeitava o recinto quando seus olhos recaíram em
Paul. Ele havia se esquecido completamente do rábula sentado ás suas costas. Aquele ser
insignificante não tinha nada mais a oferecer-lhe para que merecesse um segundo á mais de sua
atenção. Evidente que o som só poderia vir de um aparelho que o pertencesse. Aquele ser era
verdadeiramente um despreparado. Não tinha competência sequer para desligar um celular.
Ainda o avaliava com desdém, quando o viu sacar o aparelho e o atender aos sussurros. De repente
as palavras chamaram sua atenção.
– Alô!... – pausa. – Como doente?
Isabella. Instintivamente Edward soube que se tratava dela. Ela estava doente e ligava para avisar ao
rábula. Seu peito rugiu. Edward ouviu vozes á sua frente e sentiu a mão de Jasper em seu braço,
mas não deu maior importância. Precisava ouvir a conversa do rábula.
– Quem é você? – pausa. – Entendo... – pausa. – Bella está tão mal assim?
Como?! Não era a própria Isabella ao telefone? Simultaneamente Edward ouviu a voz de Jasper a
chamá-lo e a de Paul a exclamar.
– Edward é com você agora... – disse o amigo tentando chamá-lo á realidade. – Isabella está bem.
Não se preocupe!
– Como assim “quase morreu”?!...– Paul ergueu-se sem se importar onde estava. – Preciso vê-la
imediatamente.
Edward o imitou olhando para Jasper enfurecido.
– Você sabia... – acusou-o.
– Senhor Cullen, algum problema? – o juiz perguntou solicito.
Edward o ignorou, dirigindo-se ao amigo.
– Como pôde não contar-me? – perguntou entre dentes.
– Edward, não é á hora nem o lugar... – Jasper manteve-se calmo. – É sua vez com a testemunha.
Depois...
– Que se dane! – esbravejou.
Seu cliente, saindo do torpor, ergueu-se o chamando de todos os nomes ofensivos que conseguia se
lembrar. Edward permanecia alheio á ele e ao burburinho da multidão ás sua volta. Sem se reportar
ao juiz que pedia ordem, batendo seu martelo irritante, ele disse apenas.
– Jasper junte minhas coisas. – então seguiu Paul que saia da sala fechando a porta atrás de si.
Sua vontade era avançar rapidamente para a saída, mas ao invés disso ele teve que se contentar em
andar á passos largos até a grande porta de madeira maciça. Como era de se esperar, a entrada do
tribunal estava repleta de jornalistas. Sempre que possível Edward os evitava, porém, dessa vez,
sequer se lembrou da imprensa. Todos vieram em sua direção no momento em que apontou na
porta. Os flashs espocavam ferindo seus olhos. Maldisse seu arroubo que não lhe permitiu lembrar-
se dos óculos de sol em sua pasta. Eram reservado exatamente para situações como aquela.
Enfurecido ignorou á todas as perguntas empurrando quem se colocasse em seu caminho. Se fosse
possível, mataria a todos eles. Com os olhos doendo, seguia piscando às cegas para o
estacionamento. Precisava alcançar o rábula. Onde ele pensava que ia afinal? Como era possível
que desobedecesse a sua ordem de manter-se afastado de Isabella?
Deixando os jornalistas inconformados com sua falta de educação para trás e assim que seus olhos
conseguiram focalizar nitidamente sem causar-lhe dor, Edward o viu. Dava partida no Lexus com o
semblante visivelmente preocupado. Louco de ciúme e esquecendo-se de toda prudência, Edward
correu e se colocou á frente do carro. Por sorte os reflexos do rábula eram bons. Ele freou a
centímetros das pernas de Edward evitando uma colisão no mínimo assombrosa uma vez que o
único dano seria causado ao veículo.
Edward encarava, furiosamente, um Paul transtornado.
– Onde pensa que vai? – perguntou entre dentes sem conseguir manter a calma.
– Edward, está maluco?!... – ele começou alarmado. Como não obteve resposta prosseguiu. – Bella
precisa de mim. Não sei por que a mantive afastada esses dias, mas agora minha namorada está
doente, preciso vê-la. Ela precisa de mim!
A fúria de Edward era palpável, apenas Paul permanecia alheio ao perigo que corria ao dizer tais
palavras. Que namorada?! Há dias essa condição havia mudado! Edward ordenara. Como agora
Paul agia como se ele nunca tivesse dito nada? Sem procurar averiguar o motivo da mudança,
apenas cego e com o coração a apertar-lhe o peito com o ciúme mais violento que sentira, Edward
disse.
– Isabella não é problema seu. – então ordenou. – Afaste-se dela definitivamente.
De repente cansado da presença do rival, completou malignamente.
– Paul, volte para o escritório, junte suas coisas e vá para casa. Ao chegar lá, faça um favor á nós
dois e atire-se pela janela.
Paul nada respondeu. Edward deu-lhe passagem para que seguisse e obedecesse a suas ordens. Se
ele estava perdendo a mão com seus encantamentos o melhor que tinha a fazer era remover o rábula
de seu caminho. Não se arrependeria. Uma vez que Alice lhe traíra, deixando-o fora da vida de
Isabella, não tinha motivos para manter sua palavra.
***********************************************************************

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado...

E comentem... please.. sempre...

Façam a autora feliz... :D

Não vou deixar spoiler pois vou postar o outro agora...

(Cap. 23) Capítulo 24

Notas do capítulo
Espero que gostem... :)

Quinze minutos depois, após infringir algumas leis de trânsito, Edward estacionou na rua de
Isabella. Como era de se esperar a porta da frente do prédio estava trancada e ele não poderia saltar
para a sacada como alternativa para chegar até a jovem. Àquela hora seria impossível que as
calçadas estivessem vazias. Andando de um lado ao outro na calçada em frente ao prédio, esperou
por uma oportunidade que não veio. Sempre havia alguém a passar por ele; alguém nas janelas. Para
piorar ninguém entrava ou saia. Irritado e impaciente, sacou o celular e tentou ligar para Alice mais
uma vez. Como das outras vezes, a chamada caiu na caixa de mensagem. Acaso aquele seria algum
castigo?
Recolocava o celular no bolso quando a porta principal do prédio foi aberta. Antes que o homem
saísse Edward pediu.
– Segure a porta para mim, por favor! – então correu na velocidade limitante dos mortais até os
degraus da frente.
Ao passar pelo morador que saía, agradeceu e entrou. Começou a subir os degraus de dois em dois.
Estava no segundo andar, preparando-se para alcançar o terceiro, quando reconheceu o cheiro de
Isabella. Recuando, ele farejou o ar á procura do lugar exato de onde ela estava. O cheiro se
concentrava em um dos apartamentos dos fundos. O que Isabella estaria fazendo ali? Sem receio em
procurá-la mesmo sem uma desculpa plausível, Edward tocou á campainha. Impaciente, ouviu o
arrastar de chinelos no interior do apartamento. Quando acreditou que explodiria de ansiedade pela
demora, ouviu a voz velha e feminina do outro lado da porta.
– Quem é?
– Edward Cullen. Vim ver Isabella. – respondeu.
– Ela está dormindo. – disse a idosa.
Edward respirou fundo.
– Preciso apenas vê-la. Não vou incomodar. – ele cerrou os punhos.
– Desculpe, não devo abrir a porta para estranhos.
– Então me diga ao menos se ela está bem. – pediu.
– Não devo falar com estranhos tampouco. Vá embora! – então ele a ouviu se afastar da porta.
Alice. Somente ela daria aquelas ordens. Edward nem se deu ao trabalho de insistir, sabia ser inútil.
A velha estava influenciada e ele não poderia lhe ordenar que o convidasse a entrar. Edward olhou
em toda extensão do corredor bufando de raiva. Nada tinha a fazer. Não poderia entrar á força e tirar
Isabella dali. Certo. Não poderia entrar naquele apartamento, mas tinha outro que seu acesso não era
restrito. Voando escada á cima, foi para o apartamento de Alice. Sem se importar que a porta
estivesse trancada, forçou a fechadura e entrou. Uma hora a traidora teria que voltar. Edward a
esperaria e não sairia sem uma boa explicação.
Após vinte minutos de espera – que lhe pareceu vinte horas – Alice chegou carregando algumas
sacolas de compras. Olhou para a fechadura danificada então encarou Edward.
– Agora é arrombador? Quantos anos você pega por isso?
Ela deixou as sacolas sobre o sofá e permaneceu de pé. Edward ignorou a gracinha e a atitude
defensiva. Lutava para não perder a paciência com ela.
– Por que escondeu de mim que Isabella estava doente? – a voz saiu mais pausada e rouca do que
pretendia.
– Não quis preocupá-lo desnecessariamente antes da audiência. – Alice deu de ombros. – Jasper iria
contar quando o julgamento tivesse acabado.
– Pouco me importava a maldita audiência. – ele vociferou perdendo o controle. – Isabella é mais
importante que tudo!
– Não podemos perder o foco. A audiência era importante e você sabia disso. Temos que manter as
aparências... E se Bella é tão importante por que você quase a matou? – Alice perguntou
acusadoramente.
– Não era minha intenção eu...
– Isso. Vamos falar de intenções... Quais são as suas, Edward? – Alice o cortou.
– Não lhe devo explicações.
– Ah não?... Se não fosse por mim talvez sua preciosa “Isabella” estivesse morta á essa hora!
Edward deixou que as palavras pairassem em seus ouvidos. A culpa que sentia intensificou-se. Por
mais que estivesse com raiva de Alice ou Jasper, sabia que lhes devia ser grato pelo cuidado que
tinham. Porém sua preocupação deixava-o a beira da irracionalidade. Tentando controlar-se, afinal
não desejava discutir com Alice, explicou.
– Jamais faria mal á ela... Apenas me excedi.
– Ah claro... Excedeu-se ao beber-lhe o sangue. Quase a matou por isso, mas eu estou cuidado para
que se recupere. Ela precisa apenas de repouso e muito liquido. Logo estará forte novamente.
– Obrigada! – disse verdadeiramente agradecido. – Tomarei mais cuidado!
– Não me agradeça... E tomar cuidado não é o bastante! – Alice disse firme.
– Como?!... O que quer dizer com isso? – Edward franziu o cenho.
– Não duvido que depois desse susto você tome maior cuidado, mas o que me diz no que se refere a
ficar molestando Bella durante a noite?
Edward sentiu seu sangue envelhecido ferver em suas veias. Disse em um tom baixo e por entre
dentes.
– Isso não é da sua conta!
– Edward, quando vai deixar de ser mimado? – Alice ignorou seu acesso de fúria mal disfarçado. –
Acha que porque tirou Paul de seu caminho já pode fazer o que bem entende com a garota? No
momento ela não sabe o que sente por nenhum dos dois. Está atraída por você, mas ainda se prende
ao namorado por comodismo ou apenas gratidão. Para nós pode não ser nada, mas para os humanos
três anos não são três dias.
– Ela vai esquecê-lo! – disse convicto.
– Claro que vai... Paul não é competição para você. Por que não percebe e joga limpo?
– Que inferno Alice... – exclamou nervosamente. – Eu preciso dela! Pode entender isso?
– Eu entendo. Em nós, todos os sentidos são potencializados, assim como os sentimentos. Amamos
mais, desejamos mais e nos excitamos facilmente diante daqueles que queremos. A lúxuria talvez
seja a pior característica depois de nossa sede, mas não somos descontrolados. “Você” não é um
moleque diante de um bote de balas. É um vampiro experiente brincando com a mente e o corpo de
uma humana confusa. Acredita mesmo que ela não percebe que seu corpo foi usado durante a noite?
Acaso deseja enlouquecê-la? É essa sua boa intenção?
– Não! – respondeu depois de alguns segundos.
– Pois saiba que é exatamente isso que está fazendo. Hoje, depois de encontrar Bella desfalecida na
cama, a induzi a contar-me o que estava acontecendo. “Como se eu não soubesse depois de tudo que
escuto”. – enfatizou e prosseguiu. – Contudo queria saber como “ela” reagia á toda sua... Volúpia.
Para sua informação, ela acredita que esta se tornando uma louca propensa á alucinações. Graças a
sua última gracinha em atacá-la ainda acordada, ela não sabe mais o que é real ou sonho. Está feliz?
Edward ouviu em silêncio. Em sua ansiedade em tomar Isabella, nunca considerara tais
possibilidades. Alice estava certa. Ele realmente era uma criatura mimada, mas não admitiria isso á
ela. Com as outras, nunca se preocupou com o que sentiriam ou como ficariam seus corpos depois
que ele as possuía. Desejava-as, usava-as, bebia-lhes o sangue... Despejava-se nelas e o que
pensassem depois ou seus respectivos parceiros quando descobrissem que estiveram com outro,
nunca sequer passou por sua cabeça. Pouco ou nada lhe importava.
Contudo, com Isabella era diferente. Não poderia ter brincado com seu corpo daquela maneira. Na
primeira noite ela ainda teria a ilusão de que esteve com o rábula, mas e nas duas seguintes? Não
era de se estranhar que se achasse maluca. Suspirando, ainda mais preocupado e com o orgulho
ferido por ter sido pego em uma falta vergonhosamente primária, disse apenas.
– Preciso ver Isabella... Pode levar-me até ela já que a confinou em um lugar que não posso entrar?
– Claro! – Alice deixou aquele assunto fosse encerrado. – Nunca foi minha intenção afastá-lo. Disse
que não faria mais isso. Apenas precisava sair e não poderia deixar Bella sozinha ou desprotegida.
Quando você viesse “depois” da audiência, ela já estaria de volta ao seu apartamento. – explicou,
então pediu. – Porém, antes de irmos... Quero perguntar-lhe uma última coisa.
– O que é agora?...
– Durante vinte e nove anos de sua vida você foi humano... Não sobrou nada? Nem um restinho de
humanidade ao menos para usar com quem ama?
– Alice... – Edward fechou os olhos. – Estou realmente cansado e “preciso” ver Isabella... Se você
tem algo a dizer fale de uma vez, sem rodeios.
Então a encarou e esperou.
– Como pôde mandar Paul terminar com ela sem ao menos um motivo?
– Não vi necessidade. – respondeu entediado.
Assuntos que envolviam o rábula o irritavam. Com um pouco de sorte ele não era mais problema
aquela altura. Alice bufou irritada.
– Como espera que ela aceite a separação sem uma desculpa plausível para tanto? Para todos os
efeitos eles estavam bem. Ninguém termina um relacionamento de anos do nada. “Sempre” tem que
ter um motivo.
– Nunca tive relacionamentos duradouros para saber. Além do mais... Já está feito.
– Bella não se conforma e segue a adiante porque não entende...
Edward sabia. Na noite passada, tudo havia começado pelo telefonema de Isabella, ás duas e meia
da madrugada para se humilhar pedindo explicações ao rábula, deixando-o cego de ciúme. Mas o
que ele poderia fazer? O que estava feito estava feito. Se Paul tivesse cumprido suas ordens estaria
morto agora. Isabella teria que conviver com aquilo.
– Desculpe Alice, mas não posso fazer nada quanto á isso. Isabella nunca mais chegará perto do ex,
nem mesmo para satisfazer uma curiosidade mórbida.
– Por que sua resposta não me surpreende? – Alice parecia decepcionada.
Edward mostrou-se ainda mais impaciente. Em um tom baixo e contido respondeu.
– Por que você me conhece a tempo suficiente para saber que mais de cento e cinqüenta anos de
imortalidade apagaram traços desnecessários de humanidade que pudesse existir em mim.
Felizmente ou “não”... Estou revivendo alguns depois que descobri Isabella. Apenas para dispensá-
los á ela. Humanos servem-me somente como alimento ou distração. De um modo geral eles me
irritam. Como espera que eu me recorde de todos os seus padrões limitados de comportamento? –
sustentando o olhar de Alice completou decidido. – E asseguro-lhe que, no que depender de mim,
assim que Isabella me aceite como sou, ela não permanecerá sendo um deles por muito tempo.
Alice suspirou e disse.
– Acho válido e certo desejar transformar Bella, no mais, espero que nunca se arrependa por tanta
arrogância. – então disse pegando as sacolas e se dirigindo á porta. – Vamos?
Edward nada disse. Nunca se arrependeria; estava bem como estava. Quando trouxesse Isabella
definitivamente para seu lado estaria ainda melhor. Em silêncio seguiu Alice até o apartamento da
jovem e a esperou do lado de fora. A amiga entrou, deixou as sacolas sobre a poltrona então se
dirigiram para o apartamento onde ela descansava no segundo andar. Sua breve discussão com Alice
estava completamente esquecida.
Depois que a amiga tocou a campainha, Edward ouviu mais uma vez aquele arrastar lento de
chinelos. Dessa vez, sentia-se tão miseravelmente culpado pelo que fizera a Isabella que nem se
enfureceu pela demora da idosa em abrir a porta.
– Olá senhora Flores. – cumprimentou cordialmente Alice á senhora de baixa estatura que os
atendeu.
– Alice... – a senhora lhe sorriu e pegou-a pela mão. – Entre querida.
Depois de levar Alice para dentro do apartamento, se voltou para Edward e disse.
– Boa tarde Senhor. – e nada mais.
Ele teve que se contentar em esperar do lado de fora. As duas seguiram para os quartos. Isabella
estaria assim tão debilitada que precisaria estar deitada na cama de uma estranha? Mais uma vez a
culpa lhe abateu. O que fizera á ela? Edward apurou os ouvidos para captar ao menos a conversa.
Ao que tudo indicava Isabella ainda dormia. Alice a chamou, a jovem respondeu algo ininteligível,
Alice achou graça. Se a amiga conseguia rir naquela situação era sinal que Isabella estava realmente
bem, porém Edward precisava vê-la.
– Já disse que estou bem, Alice... Não precisa amparar-me como a uma velha. – minutos depois
Edward ouviu a voz de Isabella ao corredor. – Desculpe senhora Flores.
– Tudo bem minha jovem... – disse a senhora com ar divertido. – “Sou” velha e não gosto que me
amparem. Entendo-a perfeitamente.
Alice apenas riu como resposta á conversa das duas. Edward acreditou que Isabella estivesse
recuperada até que ela apareceu no final do corredor. Seu coração falhou ao vê-la pálida. Alice a
sustentava pelos ombros enquanto avançavam lentamente até o meio da sala. Queria poder ajudá-la,
mas a barreira o impedia. Não fora convidado á entrar. Tudo que lhe restava era esperar, impaciente,
que chegassem á porta.
Bella reclamava com Alice, mas estava agradecida por sua ajuda. Sentia as pernas fracas, como se
fosse cair á qualquer momento se a amiga lhe soltasse. Gostaria de entender o que se passava com
ela. Na noite anterior senti-se bem, sem nenhum sintoma de uma possível doença. E, no entanto, ali
estava ela, dolorida e sem forças sequer para andar por conta própria. Talvez fosse o cansaço mental
refletindo em seu corpo como Alice havia dito. Contudo, para Bella era difícil acreditar que
problemas psíquicos a afetassem a tal ponto.
Ainda se concentrava em andar firmemente quando sentiu a presença conhecida antes mesmo de
levantar os olhos. Criando coragem e sem acreditar no que veria, Bella olhou em direção á porta de
entrada. Sentiu como se o sangue se concentrasse em seu rosto ao ver Edward parado
completamente imóvel no corredor. Como no dia em que o viu no patamar da escadaria. Ainda se
forçando a respirar ouviu a voz de Alice.
– Ah Bella... Edward veio me trazer umas coisas então aproveitei seu cavalheirismo e pedi que
viesse me ajudar com você.
– Não era preciso, Alice. – Bella sussurrou acreditando que somente a amiga a ouviria. – Não gosto
de dar trabalho a ninguém.
– Não seja boba Isabella. – a amiga parecia se divertir com seu constrangimento.
– E sem duvida não é trabalho algum para mim. – Edward acrescentou, fazendo com que Bella se
sentisse ainda mais vergonhada. Como ele pôde ter ouvido?
Bella nada respondeu á ele, apenas continuou a andar em direção á porta. Vez ou outra se
aventurava em levantar o olhar. Algumas vezes, parecia que Edward estava tão constrangido tanto
ela. Ou seria outra coisa? Ansiedade talvez. Bella não saberia dizer. Fosse qual fosse o sentimento
escondido por trás daquela expressão séria a estava deixando inquieta. Sua impressão era que
Edward contava-lhe os passos. De repente ela impacientou-se. Se ele estava ali para ajudá-la por
que não vinha de uma vez ao invés de olhá-la daquela maneira intensa e perturbadora que
dificultava ainda mais seus passos?
Ela jamais verbalizaria tal pergunta então se concentrou em caminhar vergonhosamente corada em
sua direção. Antes que chegasse ao limiar do batente, Edward lhe estendeu a mão pelo lado de fora.
Bella ainda estava no interior do apartamento mesmo assim se viu estender a mão para ele. Assim
que esta cruzou o limiar do batente, Edward tomou a mão na sua e a puxou para fora, diretamente
para seus braços, pegando-a no colo. Bella arfou com o movimento brusco.
– Cuidado, Edward! – Alice ralhou. – Bella está fraca, caso não tenha notado.
Edward sequer respondeu ou olhou na direção da amiga. Bella não se atreveu a encará-lo, mas
podia sentir os olhos verdes cravados em seu rosto enquanto ele seguia pelo corredor até alcançar a
escada. Teria protestado por estar sendo carregada se encontrasse sua voz – e não estivesse
adorando. Cada fibra de seu corpo reagia á proximidade de Edward. Tudo que lhe restava era
permanecer respirando. De muito longe, Bella ouviu Alice agradecer á senhora Flores por tomar
conta dela. A jovem sentiu-se envergonhada por ter saído sem ao menos se despedir da vizinha.
Quando chegaram ao seu apartamento, Edward passou pela sala e a levou diretamente para o quarto
onde a depositou gentilmente sobre a cama. Bella corou ainda mais, pois aquele era o cenário de
suas fantasias com ele. Ter sua presença e seu cheiro envolvente e verdadeiro tão próximo a
excitava. Ajeitando-se nos travesseiros, ainda sem encará-lo, disse em um fio de voz.
– Obrigada. Mas realmente não era necessário.
– Acredite. – disse Edward intensamente. – Não foi incomodo algum.
Inesperadamente, sem esperar convite, ele se sentou no colchão ao seu lado. Instintivamente Bella
afastou seu corpo evitando o contato com o dele. Comparou-se á um animal acuado e assustado.
Recriminou-se, mas era tarde para rever o movimento, apenas pôde desejar que a reação instintiva
tivesse passado despercebida á Edward.
– Não precisa temer-me Isabella. – ele disse em um tom indecifrável. – Sei que não tenho me
comportado bem com você em nossos últimos encontros, mas prometo melhorar de hoje em diante.
Tarde demais! Evidente que ele havia notado. Bella se obrigou a encará-lo e a reconfortá-lo.
– Não é verdade. Você se comportou muito bem quando me trouxe para casa na terça passada.
– Essa vez não conta. – disse ele dando um meio sorriso. – Seria muita canalhice de minha parte se
tentasse beijá-la ou cortejá-la estando frágil como estava.
Bella não soube o que responder. Nada que viesse dele seria considerado canalhice por ela. Se assim
fosse já o julgaria por muitas vezes se insinuar para a namorada de um funcionário. Ao invés disso,
mesmo não acreditando em sua sinceridade, sempre o considerou um perfeito cavalheiro que
demonstrava certo interesse sem ser grosseiro ou vulgar. Cabia á ela mantê-lo á distância uma vez
que era comprometida. Sim... “Era” agora não mais. Nada a impedia de aceitar alguma atenção
especial da parte dele, então... Por que ainda se sentia travada em sua presença? Como se algo
estivesse errado?
– Por falar na última vez que nos vimos... Como está você agora? Melhor? – Edward perguntou,
livrando-a de seus pensamentos.
– Acredito que sim... – então se lembrou de algo. – Nem pude agradecer por trazer meu carro.
Obrigada!
– Não por isso... – o tom ainda era irreconhecível.
Após essas últimas palavras, nenhum dos dois falou. O silêncio era constrangedor. Minutos depois,
Edward baixou os olhos para a mão da jovem repousada sobre o colchão. Então, lentamente
deslizou a sua própria até que seus dedos se tocassem. Bella prendeu a respiração ao sentir o toque
delicado e frio. Exatamente igual ao dos seus sonhos. Quando ele falou novamente a voz não
passava de um sussurro rouco.
– Isabella, eu...
– Edward pode vir aqui um minuto, por favor? – Alice o chamou da sala.
– Com sua licença, Isabella. – Edward recolheu a mão e ergueu-se sem esperar resposta.
Com o coração aos saltos Bella viu Edward afastar-se em direção á sala. Mesmo que estivesse
zonza pelo toque inesperado, tentou ouvir o que diziam. Os dois amigos conversavam baixo. Bella
apenas distinguia a voz feminina da masculina. Nenhuma palavra fora pronunciada em tom mais
alto para que ela pudesse entender. Minutos depois Edward voltou ao quarto com o semblante
carregado. Parecia aborrecido com alguma coisa. Alice o seguiu. Estava com a expressão tão
contrariada quanto a dele. Ignorando Alice á suas costas, Edward se dirigiu á Bella.
– Preciso ir embora. – anunciou simplesmente.
– Mas já?!... – Bella desconheceu-se.
– Infelizmente sim.
Como se apreciasse sua reação, ele lhe presenteou com um sorriso torto perfeito e então...
Repentinamente, como se fosse algo natural entre eles, se curvou em sua direção para beijá-la. Bella
paralisou com a aproximação inesperada e incomum. Como se percebesse o inusitado do próprio
movimento, Edward parou á centímetros da boca da jovem e afastou-se bruscamente. Ato contínuo,
ele ergueu a mão em direção aos cabelos castanhos ao que também freou o movimento antes de
tocá-los, cerrou o punho e o prendeu no bolso da calça. Nenhum dos três nada disse por segundos
constrangedores, até que Edward desse um pigarro baixo e dissesse impassível.
– Estimo suas melhoras Isabella. Se eu puder fazer algo é só...
– Ela ficará bem. – disse Alice recostada ao batente da porta. – Passarei a noite com ela para me
certificar disso.
– Evidente que ficará aqui. – retrucou Edward. – Você é uma boa amiga.
Aquele tom Bella reconheceu, era sarcasmo.
– Dentre as melhores eu sou a pior!
Bella não estava entendendo nada. E na verdade, nem desejava entender. Sua cabeça começava a
latejar como resposta á sua tensão pela aproximação de Edward. Sem responder ao último
comentário de Alice, Edward prendeu Bella pelo olhar. Fitando-a intensamente, disse.
– Boa noite Isabella... Descanse e tenha bons sonhos...
“Comigo” ela quase o ouviu dizer antes de dar-lhe as costas bruscamente e partir sem se despedir de
Alice. Um calafrio de excitação desceu por sua coluna. Fosse o que fosse que ele iria dizer antes de
ser chamado, ficou esquecido. Tudo que restou foi uma tensão palpável no ar e o resquício marcante
de sua presença. Bella ouviu a porta de seu apartamento ser fechada. Edward se fora. Alice lhe
sorriu e se aproximou como se nada tivesse acontecido.
– Comprei-lhe água de coco, espero que goste. Ela possui todos os nutrientes que você precisa no
momento. Agora descanse... Depois lhe trago mais um pouco de sopa.
Bella escorregou na cama até deixar-se, então chamou Alice que se retirava do quarto.
– Alice... Não precisa ficar aqui durante a noite. Pode ir para seu apartamento. Prometo chamá-la
caso precise.
– Absolutamente. – disse Alice firmemente. – Não será incomodo algum. Além do mais, quero estar
por perto caso você tenha algum pesadelo perturbador.
Sem dar-lhe chance de resposta, saiu do quarto.
Edward seguiu para o escritório em um misto de alívio e tensão. Acalmou-se por ver que Isabella
estava relativamente bem e, mais uma vez, indispôs-se com Alice. Ele tentava identificar os
sentimentos que nutria por ela no momento. A amiga sempre o desafiou, mas nos últimos dias
estava ultrapassando todos os limites.
Suspirando resignado, Edward apertou o volante. Mais uma vez, ainda que estivesse irritado com
ela, lhe era grato. Cuidava fielmente de Isabella e minutos antes o impedira de cometer uma
loucura. Por um segundo quase se declarou á jovem, contudo aquele não era o momento. Não
poderia ser precipitado. Não suportaria uma rejeição, mesmo que momentânea. Além do mais,
como prometer-lhe amor eterno com ela fraca sobre uma cama por sua causa e presa a um amor
fracassado?
“Bella não se conforma e segue a adiante porque não entende”. As palavras de Alice ecoavam em
sua cabeça, porém não conseguia se arrepender de sua ordem. O que precisava ser entendido? O
rábula não a queria mais e ponto! Edward irritou-se. Aquele era um dos defeitos dos humanos.
Nunca estavam satisfeitos com nada e tinham uma infinita propensão em não aceitar o inevitável.
Sua Isabella não poderia ser diferente. Edward poderia oferecer-lhe um mundo de possibilidades e
experiências, porém ela não se arriscava á uma mudança. Mantinha-se doentiamente presa á outro
homem apenas por terem compartilhado míseros três anos. O que significava aquele tempo mínimo
se comparado á eternidade que lhe ofereceria?
O advogado estava á duas quadras de seu edifício quando seu celular tocou despertando-o dos
devaneios. Edward apenas olhou o visor; Jasper. Atirou o aparelho ao banco do carona sem atender.
Já estava chegando e não se privaria de alguns minutos de paz antes de mais uma batalha. Sabia que
o amigo estava furioso, afinal, fora esse o real motivo de Alice o tirar da presença de Isabella. Ela
lhe informou que Jasper o esperava no escritório com urgência. Evidente que depois de dado o
recado eles discutiram uma segunda vez quando ele deixou claro sua intenção de passar a noite com
Isabella apenas para velar-lhe o sono.
Alice fora taxativa afirmando que levaria a jovem para outro lugar qualquer caso ele não lhe desse,
no mínimo, quarenta e oito horas para recuperação. Edward reconhecia que não era o momento de
duelar com a amiga; não com Isabella diretamente envolvida. Então engoliu sua ira, a saudade
antecipada e aceitou a condição. Como alento, teria a lembrança do corpo trêmulo e amado em seus
braços e a reação alarmada de Isabella quando lhe disse que iria embora. Edward sorriu.
Definitivamente Isabella estava pendendo para o seu lado!
Quando chegou ao edifício, sem pressa alguma, parou á entrada de sua garagem e esperou que o
portão se abrisse completamente antes de entrar. Enquanto estacionava o carro, lembrou-se de seu
reflexo imprudente que quase o fizera beijar Isabella. Precisava se policiar no futuro. A jovem não
sabia que lhe pertencia. Para ela os momentos de intimidade nada mais eram que sonhos.
Apesar de todos os sentimentos inquietantes que o invadiram durante aquele longo dia, Edward riu
em um misto de diversão e nervosismo com um pensamento súbito. Pela primeira vez, fosse como
mortal ou imortal, mantinha um relacionamento estável e monogâmico. Porém não podia
demonstrar sua afeição, pois a outra parte envolvida nem ao menos sabia.
Ainda ria de sua piada particular quando Jasper apareceu em sua janela.
– Que bom encontrá-lo de bom humor! – disse sério.
Edward desligou o motor e saiu do veiculo. Jasper lhe deu passagem afastando-se um passo;
cruzando os braços e erguendo o queixo. Ao que foi imitado pelo recém chegado que se recostava
ao carro, agora com a expressão séria. Sabia que levaria uma bronca por ter abandonado a
audiência. E sabia também que sua saída, provavelmente, não havia alterado em nada o desfecho
esperado do julgamento.
Sem dúvida alguma o juiz havia nomeado Jasper como seu substituto. E sendo tão competente
quanto ele próprio na arte de advogar, Edward sabia que sua presa estaria livre da prisão àquela
hora graças ao amigo irritado á sua frente. Suspirando resignado, disse.
– Pode reclamar á vontade Jasper... Estou cansado. Prometo ouvir em silêncio se você for breve.
– Sinceramente eu nem sei se vale á pena dizer qualquer coisa. – Jasper parecia igualmente cansado.
– Olhe para você!... Aposto que nem ao menos se arrepende das atitudes desumanas que toma.
Edward franziu o cenho.
– Atitude desumana?!... Por sair no meio de uma audiência que condenaria um assassino? Mesmo
que o impossível acontecesse e eu perdesse a causa o resultado ainda seria justo.
Jasper suspirou, exasperado.
– Acha mesmo que eu perderia meu tempo discutindo com você por isso?
– Então o que é? – Edward começava a perder o controle novamente. – Fale de uma vez e me deixe
subir.
“Ele teria uma longa noite longe de Isabella”. O amigo respondeu.
– Onde estava com a cabeça para ordenar que Paul se atirasse pela janela?
Subitamente em alerta, ele perguntou.
– Como sabe disso?
– Antes de lhe dizer já vou avisando que não aceitarei represálias...
– Recado dado, agora conte! – pediu sombriamente.
– James achou estranho o comportamento de Paul ao voltar do julgamento antes da hora prevista. E
mais ainda quando este começou a juntar seus pertences. Por sorte ainda estávamos em recesso
antes da retomada do julgamento quando ele me telefonou. Dei-lhe permissão para ver o que estava
acontecendo e que se fosse preciso, resolvesse.
– Eu não acredito! – disse pausadamente. – O rábula ainda está vivo?!
– Está. E vai permanecer assim.
– Somente até eu colocar minhas mãos nele. – Edward afirmou, desencostando-se do carro para
andar de um lado ao outro.
– Pare com isso Edward! – Jasper o encarava. – Seja racional! Cresça! Ou faça qualquer outra coisa
que lhe traga á razão.
– Terei razão suficiente depois que me livrar dele de uma vez por todas.
– Por favor, pare! – Jasper alterou a voz, fazendo com que Edward parasse de circular pela
garagem. – Não percebe o absurdo que está falando? Já não têm histórias demais nos jornais e nos
arquivos policiais relacionadas á nós por conta desse intruso que lhe persegue para que você ainda
piore nossa situação? Como se já não bastasse ele, agora “você” está querendo nos expor?
Edward bufou sentindo um rugido se formar em seu peito. Jasper prosseguiu sem intimidar-se.
– Se alguém mais observador prestar atenção, todos os fatos têm seu nome envolvido. Ex-cliente
morto no parque. Se não se lembra... “Seu” nome foi citado na matéria. Depois, ex-amante
violentada e morta... Um assassinato em “sua” festa... Agora um funcionário “seu”? Pare e pense
Edward... É pedir demais?
– Ninguém sabe do meu envolvimento com Maureen. – retrucou.
– Você não pode ter certeza. Somos eternos, mas não somos oniscientes*.
Os rugidos no peito de Edward se intensificaram. Não por raiva de Jasper, mas por ter que admitir –
mais uma vez – que fora irracional. Contudo não conseguia agir de outra forma quando o assunto se
referia á Isabella. E não ajudava em nada o fato de tê-la machucado e, para piorar, não poder estar
com ela, da forma que desejava, nos próximos dois dias. Jasper continuou sem esperar resposta.
– Estou feliz que finalmente esteja interessado em uma jovem, mas precisa lidar com a situação
racionalmente. Esse humano infeliz á quem deseja tão mal, nada pode contra você. Ele não é
ameaça. Deixe-o em paz, por favor... – Jasper pediu. – Você está a um passo de tomar-lhe a garota
definitivamente, não o prive de mais nada. E não se preocupe... Depois que voltei do julgamento eu
o induzi a não procurar Isabella.
– Terminou? – Edward perguntou irritado e entediado.
Jasper o encarou por um minuto como se avaliasse valer á pena continuar o sermão. De repente,
dando de ombros e jogando as mãos para o ar em sinal de derrota, disse.
– Sim, terminei.
– Bom... Ouvi e entendi tudo que disse... Ao contrário do que possa parecer, eu não desejo trazer
problemas para nós. “Talvez” eu tenha me excedido... Tomarei maior cuidado para não perder o
controle... Apenas estava preocupado com Isabella.
– Desnecessariamente. Alice havia me dito que ela estava bem, mas, conhecendo você como
conheço, sabia que não acreditaria até vê-la. Assim que a audiência acabasse eu lhe contaria. Nem
pude acreditar quando Paul recebeu o telefonema. – então como se lembrasse de algo perguntou. –
Você sabe quem o avisou?
– Não. A princípio pensei que fosse Isabella, mas quando ele perguntou quem era... Soube se tratar
de um desconhecido.
– Muito estranho... – ponderou Jasper.
Edward também achava que sim, mas não sabia o que pensar. Ainda estava mais intrigado com o
fato de Paul lhe desobedecer, como se sua ordem tivesse sido retirada. Assim como, provavelmente
acontecera naquela tarde quando Jasper dera liberdade para James dissuadir o rábula de saltar pela
janela. Jasper continuou a falar.
– Os únicos que sabiam sobre Isabella éramos nós dois.
Edward deu de ombros.
– Talvez fosse a senhora que ficou com Isabella enquanto Alice estava fora. Não sabemos. Talvez a
própria Isabella tenha pedido para a vizinha ligar avisando á Paul que estava doente.
Edward não gostava dessa versão. Como não dissesse mais nada, Jasper concordou.
– É verdade... Os últimos acontecimentos têm me deixado desconfiado de tudo... Acho que você
tem razão!
– Sim... – então, subitamente impaciente, Edward disse se dirigindo ao seu elevador e apertando o
botão para chamá-lo. – Como foi o julgamento?
– Tudo terminou como esperávamos. – respondeu Jasper.
– Bom... – encarando o amigo disse. – Parabéns. Nunca espero menos de você!
– Obrigado, mas o mérito é seu. Tudo estava bem encaminhado. Só precisei dar continuidade.
– Então dividimos os créditos. – disse Edward. Seu elevador chegou. Antes de entrar ele pigarreou.
Jasper o encarou. – Desculpe por minha intempestividade. Tudo que se refere á Isabella me afeta de
uma forma que não saberia explicar.
– Já disse que não me aborreceria com você por causa do julgamento. Apenas espero sinceramente
que aprenda a lidar com Paul. Você não pode apagá-lo das lembranças de Isabella nem mesmo o
matando. Tudo que lhe peço é que se controle nesse sentido. Quanto á jovem, acredito que com o
tempo você saiba administrar melhor o sentimento que nutre por ela. Você sempre foi o líder. Todos
lhe respeitam. Por favor, não faça nada que abale o que construiu aqui.
– Não farei. Agora se me der licença... Preciso subir.
– Á vontade! – Jasper respondeu.
Acenando para o amigo em despedida, Edward entrou no elevador e apertou o número da cobertura.
Quando as portas se fecharam ele deixou que a frustração e fúria viessem á tona. O que não daria
naquele momento para torcer o pescoço de James. Àquela hora sabia ser inútil procurá-lo em sua
sala. E no momento não poderia correr o risco de se indispor com Jasper. Contudo dispunha de
tempo. Cedo ou tarde teria um encontro com o amiguinho de sala do rábula.
Ainda furioso por não ter se livrado de Paul e inquieto por não poder estar com Isabella naquela
noite, Edward despiu-se e se atirou em sua piscina. Deixou que as águas acariciassem seu corpo,
tentando acalmar-se. Minutos depois, impaciente demais para permanecer nadando, saiu da piscina
e se dirigiu ao quarto, vestiu-se e saiu. Na garagem escolheu seu SW4 e ganhou as ruas. Edward
rodou a esmo por Nova York com Isabella em seu pensamento. A noite escurecera completamente
sem que ele se desse conta. Logo sentiu os primeiros sinais de sua sede.
Quando deu por si, estava no Queens. Sempre alheio á sua rota, Edward atravessara a Queensboro
sem nem ao menos notar. Talvez tenha tomado aquele caminho por saber que sempre encontrava
bons espécimes nos bairros afastados e pobres. Quando sua sede se intensificou, Edward se obrigou
a deixar Isabella em segundo plano. Precisava caçar e para tanto tinha que ficar atento. Ele vagou
com seu carro chamativamente caro pelas ruas pouco movimentadas por aqueles que desejavam
evitar encrencas.
O lugar perfeito para ele. Os freqüentadores que encontrava pouco ou nada valiam. Ladrõezinhos
baratos, vendedores de drogas, prostitutas de baixo nível – essas invariavelmente eram deixadas em
paz visto que o “paladar sexual” de Edward sempre exigira fêmeas de fino trato. – e todos drogados
em sua maioria. Porém, dessa vez parecia não haver muitas opções.
As noites estavam cada vez mais frias, ainda que fosse inicio de novembro. Ao que tudo indicava, o
inverno seria realmente rigoroso aquele ano. Edward conferiu as horas. Dez e quarenta. Ainda não
era tarde da noite, mas as ruas estavam praticamente vazias. Apenas alguns grupos isolados se
aqueciam ao redor de fogueiras improvisadas em latas para protegerem-se do frio. Eram em geral
barulhentos e se viravam admirados ao ver-lhe o carro. Alguns mais ousados sinalizavam para que
parasse, talvez imaginando que ele fosse como tantos riquinhos que iam até ali a procura de
alucinógenos. Edward riu. De certa forma ele ia... Muitas vezes era uma “viajem” provar o sangue
de alguém.
Ignorando os chamados e os palavrões quando não lhes dava atenção, Edward continuou sua
procura. Deu algumas voltas pelos quarteirões então resolveu deixar seu carro em um ponto mais
afastado e voltar á pé. Seguia discretamente, não desejava chamar a atenção. Ele queria escolher,
não ser escolhido. Sentia falta da caça. Consultou o relógio mais uma vez. Quase onze e meia.
Edward estava á poucos passos de um vão largo entre duas construções, aparentemente
abandonadas, quando viu o homem negro – na extremidade oposta á calçada que seguia – se
aproximar seguido de longe por uma mulher morena.
Sem querer ser visto adiantou os passos e entrou na escuridão do beco. O lugar era fétido. Dois
latões de lixo, um de cada lado da entrada estavam cheios de todo resto podre deixados pelos
moradores próximos ao local. Fungando, Edward se esgueirou mais para o fundo na esperança que
o vento frio mudasse de direção e levasse o mau cheiro para longe de seu nariz. Desejou que o casal
passasse de uma vez para então, seguir seu caminho.
Contudo, o homem parou á entrada do beco, olhou de um lado ao outro e entrou. Recostou-se contra
a parede de um dos prédios, onde a luz da rua lançava um facho fraco de luminosidade. Parecia
muito á vontade sem se importar com o fedor. Tranquilamente tirou algo do bolso. Quando a mulher
apareceu á entrada do beco, o homem acendia o isqueiro e o aproximava do cigarro mínimo. O
vento trouxe o cheiro característico. Evidente que era um cigarro de maconha. Com a expressão
ansiosa a mulher se aproximou dele. Rudemente – depois de dar uma tragada – ele disse.
– O que quer comigo?
– Precisava te ver. – ela disse languidamente tentando se aproximar.
– “Tá” querendo um pouco do que eu te oferecia? – falou colocando o cigarro na boca dela.
Depois de dar uma tragada a mulher respondeu.
– É da boa, mas não... Quero você!
O homem pareceu impacientar-se.
– Nesse caso não tenho nada “pra” você. Já disse “pra” largar do meu pé, mulher. Volta lá “pro” teu
marido idiota.
– Não consigo... – ela disse lamuriosa tentando se aproximar mais uma vez. – Sabe que ele não é
nada se comparado á você.
Edward não pode acreditar no que ouvia. Poderia relevar uma simples troca de sexo por um
baseado, mas não uma cena de traição. Não depois de ter machucado Isabella; não com a traição ao
seu pai entranhada nas veias. Ouvir aquela mulher oferecer-se ao amante começava a irritá-lo.
Inevitável não lembrar-se da jovem a suplicar por explicações ao rábula ou a expressão torturada de
Carlisle. O casal continuava a conversa sem saber de sua presença.
– Não “tô” interessado! – porém sua voz já não tinha o tom rude.
Talvez a mulher tenha percebido o mesmo, pois se aproximou e, sem cerimônias, o apertou por
sobre a calça.
– Esqueceu como somos bons? – perguntou a massagear-lhe por sobre o tecido.
Tentando aparentar indiferença ele deu um trago em seu cigarro, porém quando falou, sua voz
estava rouca.
– Sou bom com todas, vadia.
– Comigo é diferente. – disse afastando-se para levantar o casaco e revelar os seios fartos. – Me
faça tua, Don. Preciso de um homem de verdade.
O peito de Edward rugiu. Ela era verdadeiramente uma vadia. Provavelmente o marido estivesse
trabalhando enquanto ela estava ali, a oferecer-se á outro naquele buraco nojento. Sem que pudesse
evitar, mais uma vez se lembrou do pai. Das palavras amargas por imaginar que a esposa e o amante
riam por suas costas. Para Edward, adultério era e sempre seria o pior de todos os crimes. E assim
como Carlisle, acreditava somente na sentença de morte como punição.
Cego por um ódio antigo esqueceu-se de sua resolução em não matar mulheres. Estava faminto,
furioso desde o começo da tarde. Deixaria a adrenalina da caçada para outro dia. Bem diante de si
tinha dois humanos abjetos e sua boca começava a encher-se de saliva.
Quando foi liberado do seu transe corrosivo o homem já beijava e acariciava os seios da mulher
agora apoiada contra a parede. Edward não permitiria que dessem sequência ao ato adultero. Em um
único salto parou exatamente ás costas do homem. A mulher o viu primeiro, porém não teve tempo
sequer de gritar. O vampiro cravou seus dentes no pescoço do homem enquanto segurava a mulher
onde estava prendendo-a pela garganta. Edward sugou o sangue de sua vítima olhando diretamente
para mulher incrédula e assustada á sua frente. Agradava-o saber que ela tinha plena consciência
que seria a próxima e que talvez se arrependesse por ter saído de casa para procurar por outro na
rua.
Com um baque surdo o corpo do homem caiu aos seus pés quando o largou. Somente nessa hora
soltou a garganta da mulher.
– Por favor, por favor... Não! – ela chorou caindo de joelhos sem forças para sustentar as pernas
trêmulas. – Não... O que é você?
– Alguma coisa que não perderia tempo apresentando-se á você. – disse enfadonho.
Então, com ela ajoelhada á sua frente, Edward se abaixou e atacou seu pescoço. Ah... O prazer pelo
sangue! Ele não se lembrava da vez que uma mulher se debateu em seus braços até a morte. Havia
esquecido que a sensação era tão boa quanto quando as matava durante o sexo. Conferia-lhe poder.
Aquele mesmo que parecia estar perdendo aos poucos depois que conheceu Isabella.
A verdade do pensamento o atingiu violentamente.
Naquele momento, com os corpos dos infelizes aos seus pés, reconheceu mais uma vez que estava
agindo irracionalmente como nos últimos dias. O que lhe importava que aquela mulher traísse o
marido? Não suportava traições, mas aquela não era da sua conta. Edward olhou para o corpo da
mulher ao seu lado. Lentamente fechou-lhe os olhos e abaixou suas roupas, cobrindo-lhe os seios.
Não lamentava as mortes, lamentava por si. Irritado por se reconhecer fraco e impulsivo, arrastou-se
para o fundo do beco e deixou-se cair sentado sobre uma pilha papelão velho. Nem se importou
com o vento contrário que vinha da entrada do beco e trazia o cheiro fétido do lixo até ele.
Jasper tinha razão. Ele sempre fora o líder respeitado por todos. Se de uma hora para outra
começasse a agir sem pensar, sem medir as conseqüências logo teria problemas com seu clã.
Precisava “realmente” administrar melhor o que sentia por Isabella. Seu amor não poderia ser maior
que seu poder e força.
Ainda cismava distraído, quando o vento trouxe um odor conhecido misturado ao fedor. Sem
mover-se Edward olhou para aonde deixara os corpos. Agachado sobre eles – alheio a presença de
Edward – um imortal improvável arejava-lhes os ferimentos. Edward sentiu o sangue que corria em
suas veias gelar. Não era possível que seu intruso estivesse todo esse tempo entre os seus. Ou seria?
**************************************************************************
Onisciente: Ciente do todo; a todo tempo; O que a tudo compreende.

Notas finais do capítulo


Pronto... Agora está igual á comunidade, então... as postagens serão semanais... toda
sexta.

Espero que estejam gostando e por favor comentem... se gostarem, divulguem... a autora
agradece...

Agora o spoiler:

Bella despertou sozinha em sua cama. Era manhã de domingo. Alice havia dormido com
ela pela segunda vez e pelos sons que vinham de sua cozinha, com certeza lhe preparava
o café da manhã como no dia anterior. Não se lembrava do tempo em que havia sido tão
bem cuidada. Alice conseguia mimá-la muito mais que o ex-namorado. Desde que lhe
recomendara repouso absoluto como se soubesse que tipo de doença ela tinha, não lhe
deixava levantar para praticamente nada. Não permitiu sequer que escrevesse suas
matérias em seu netbook. Toda atividade permitida foi ver TV ou ler um livro. E ao que
tudo indicava, Alice estava certa mais uma vez. A jovem se sentia recuperada e,
estranhamente em paz.
(...)
Como a amiga havia dito, não teve sonhos tórridos com Edward nas duas últimas noites.
Ao invés disso – na primeira noite – teve vários pequenos pesadelos onde estava sempre
sozinha a procurar por alguém. Nesses seus sonhos ruins ela estava tão confusa quanto
quando estava acordada. Sabia que procurava por Paul ou Edward sem saber qual dos
dois encontraria. Em seu sonho, sabia que a busca havia terminado quando encontrou um
corpo sólido e se aninhou sobre ele.

(Cap. 24) Capítulo 25

Notas do capítulo
Boa tarde minhas lindas... o/Antes de mais nada quero agradecer á todas que fizeram
uma indicação da fic... Acreditem... me emociono a cada palavra. Já disse e repito,
Obsession é uma sandice que escrevo com o coração. Receber a resposta de vcs é o
pagamento máximo...Muito Obrigada a todas... o/Então agora vamos á mais um
capítulo... espero que gostem e comentem... :)

Edward agradecia a sua boa sorte pelo vento se manter soprando em sua direção; assim sua
presença não seria denunciada. Prendendo a respiração ele permaneceu imóvel apesar de sua
vontade ser avançar contra o traidor. Á exceção de Jasper e Alice, nunca confiara cegamente em
nenhum dos outros vampiros á sua volta, porém de todos, Emmett seria o último em sua lista de
desconfianças.
O intruso sempre esteve perto, debochando de sua inércia. Ele fora imprudente em confiar em sua
palavra quando o encontrou, na noite posterior ao ataque no Central Park. O ódio corroia as veias de
Edward. Cerrando os punhos, obrigou-se a permanecer no lugar. Veria até onde Emmett iria daquela
vez. Deixaria que ele atacasse os corpos não deixando margem á contestação, então acabaria com
ele.
O vento deu uma breve oscilada, porém continuou a soprar na direção de Edward que assistia a cena
atentamente. Depois de farejar o homem, sem saber que era observado, Emmett passou a farejar a
mulher. Lentamente aproximou o nariz da ferida em seu pescoço. Ele fechou os olhos como se
memorizasse o odor. Então, lambendo os lábios, levantou o braço inanimado e levou o pulso á boca.
Fechando os olhos mais uma vez, ele mordeu a carne. A essa altura, Edward fazia um esforço além
de suas forças para não atacar. Ainda esperava por mais.
Ele assistiu Emmett sugar sabendo que pouco havia para ser aproveitado. Se mais alguns minutos
tivessem se passado, nenhum resto poderia ser bebido. Antes que Emmett desse uma segunda
sugada no pulso da mulher, ele o afastou de sua boca com uma careta, então cuspiu o sangue que
estava em sua boca. Talvez Edward estivesse errado. Já havia passado o tempo; o resto de sangue já
estava comprometido.
De repente Emmett se ergueu de um salto e foi até a entrada do beco. Olhou de um lado ao outro,
então recuou. Dirigiu-se a um dos latões e abriu a tampa. Imediatamente o fedor se intensificou,
porém Emmett parecia não ser afetado pelo mau cheiro.
Tão rápido que somente os olhos imortais de Edward poderiam captar-lhe o movimento, Emmett foi
até os corpos e, depois de tirar algo do bolso do homem, pegou-o como a um saco de batatas e o
jogou sobre o lixo; fez o mesmo com o da mulher. O que ele estava fazendo? Edward perguntou-se.
Ainda movendo-se rapidamente, Emmett juntou algumas folhas de papelão á entrada do beco e as
jogou sobre os corpos. Então Edward pode ver o que ele havia pegado no bolso do morto, o
isqueiro. Partindo-o, derramou aleatoriamente gotas do fluído sobre o papelão, ateando fogo logo
em seguida. Nessa hora Edward avançou sobre ele. O vampiro mais novo foi pego de surpresa.
Prensado contra a parede preso pelo pescoço, ele olhava para seu captor com olhos arregalados.
– Edward?! – chiou.
Tentou livrar a garganta do aperto de ferro inutilmente, o atacante era infinitamente mais forte. Com
o cenho franzido e falando entre os dentre, Edward perguntou.
– O que significa isso Emmett? O que quer de mim?
– Eu... Nada... Estava só... ajudando. – com as duas mãos, Emmett forçava os dedos da única mão
de Edward a lhe comprimir contra a parede enquanto esperneava na tentativa de soltar-se. – Está...
me... machucando...
– Nada comparado ao que vou fazer depois que disser o porquê está fazendo essas coisas. – falava
com dificuldade, tamanha a raiva que sentia. – O que lhe fiz? O que tem contra mim para provocar-
me, matar pessoas relacionadas á mim... Beber de meus restos?
Não mencionou Isabella, pois sabia que se ouvisse uma única palavra sobre as vezes que o traidor
estivera em sua sacada, não seria capaz de controlar-se e o mataria sem esperar por respostas.
– Responda! – Edward ordenou.
– Não é... nada disso... – Emmett ainda tentava soltar-se. – Está... entendendo... tudo errado... Não
fiz essas coisas... eu apenas... Estava... tentando ajudar.
– Ajudar?! Explique-se!
– Minha garganta... por favor... – Emmett implorou.
Edward respirou profundamente, o cheiro de fumaça e carne queimada invadiu-lhe o nariz.
– Vou soltá-lo, mas nem pense em correr... – Edward rosnou. – Quero respostas. E rápido. Logo
alguém virá depois dessa sua gracinha.
Dito isso largou o pescoço do vampiro fraco á sua frente, porém manteve-se bloqueando sua
passagem. Dependendo das respostas, Emmett não sairia com vida daquele beco. Ele movimentou o
pescoço e olhou para Edward com o cenho franzido, ressentido.
– Como pode pensar que eu faria tais coisas?... Estou do seu lado, pode confiar em mim.
– No momento, McCarty. Não confio nem em minha sombra. Que “estória” é essa de ajudar-me?
Eu o vi beber o sangue da mulher. Até onde eu sei você é vegetariano.
– Não é “estória”. É a verdade!... E sou vegetariano... Apenas senti vontade de experimentar... O
cheiro me pareceu tão bom, porém achei o gosto horrível!... E quanto a ajudá-lo, desde a noite em
que você me encontrou no Central Park eu o estou seguindo. Temia que você deixasse mais corpos
para trás, como aconteceu com Mike e com aquele infeliz que você jogou na lagoa do parque.
A justificativa fazia sentido. Edward já havia notado que certas mortes não eram noticiadas, ainda
assim custava a confiar nele. De repente uma idéia lhe ocorreu.
– Quem pediu para seguir-me? Jasper?
– Não!... Fiz por conta própria. Como já disse queria ajudar.
– Pois saiba que não preciso de sua ajuda. – Edward disse com raiva. – Mato pessoas há mais tempo
que você vive e nunca tive problemas com os corpos. Os humanos não sabem de nossa existência,
então invariavelmente acham uma desculpa plausível para os mortos que encontram exangue em
algum beco fedorento como esse.
– Até que algum vampiro resolva nos expor. – Emmett retrucou.
– Pois até mesmo quando esse infeliz resolveu aparecer só conseguiu chamar nossa atenção. Os
humanos fizeram alarde, saiu na mídia e deu em nada... Como em todas as outras vezes. Esse
vampiro imprestável é um incompetente. Se o que deseja é atingir-me deveria vir diretamente á
mim. Não ficar dando voltar ao meu redor como uma maldita mosca barulhenta a qual terei prazer
em esmagar assim que ela tenha coragem suficiente para pousar em minha mão.
Edward falava olhando diretamente para os olhos azuis de Emmett. Não saberia explicar, mas ainda
sentia vontade de matá-lo; parecia que alguma coisa estava errada. Contudo, tentou dizer a si
mesmo que era somente irritação por todos os acontecimentos tensos das últimas horas e ainda a
falta de Isabella. Precisava descontar em alguém ou em alguma coisa. O vampiro jovem retribuía
seu olhar, porém submissamente.
– Desculpe Edward, não quis aborrecê-lo. Se soubesse que minha atitude fosse irritá-lo desse jeito
não teria feito.
– Vou acreditar em você. – anunciou Edward ainda tentando controlar-se. – Mas não quero mais
saber desse negócio de perseguição.
Imediatamente outro detalhe lhe veio á mente. Tão rápido que Emmett sequer percebeu seu
movimento, Edward o prendeu novamente contra a parede, porém dessa vez, apenas pela gola do
casaco.
– Até onde tem me seguido?
Não gostava da idéia dele saber sobre Isabella. Não confiava em ninguém. Emmett nem ao menos
tentou soltar-se. Calmamente respondeu.
– Sempre em suas caçadas e de longe. Quando você vai embora eu verifico o que deixou para trás.
Somente duas vezes foi preciso minha interferência. Sumi com o corpo do Central Park depois que
saímos da “La Belle Epoque” e com os dois que deixou em um beco no Brookling, assim como
pensei que havia feito com esses. – disse apontando para o latão com o interior agora
completamente em chamas.
– Não me seguiu para outro lugar além desses? – Edward o encarava com o cenho franzido. – Se
mentir eu saberei.
– Não Edward, mas que inferno! – com um tapa retirou a mão que o prendia pela gola.
Edward deixou que se afastasse. De repente lhe ocorreu que teria reconhecido o cheiro de Emmett
caso ele tivesse se aproximado da sacada de Isabella. Ao que tudo indicava, ele dizia a verdade.
– É complicado tentar ajudar você! Pensei que estivéssemos juntos nessa. Agora age como se eu
fosse seu inimigo.
– Acredite, quando eu precisar de sua ajuda eu pedirei! – respondeu ainda aborrecido. – Não gosto
de ser seguido e você deveria saber minha reação... Nenhum vampiro gosta.
– Desculpe-me. Não vai mais se repetir. – prometeu Emmett arrumando o casaco. – Agora acho que
é melhor saímos daqui... Já ouço as sirenes.
– Não sou surdo! – disse rudemente.
Emmett o olhou por um segundo então se preparou para sair do beco. Reconhecendo ter sido
grosseiro desnecessariamente visto que tudo não passava de um mal entendido e o jovem estava
apenas tentando ajudar, Edward o segurou pelo braço, detendo-o.
– Escute... – Edward bufou, não era bom com desculpas. – Não pense que não reconheço seu
esforço... Em condições normais eu talvez até apreciasse, mas eu realmente não quero ser seguido.
Não quero que nenhum de vocês corra um risco desnecessário por minha causa. Se um dia
soubermos o que o bastardo quer eu lhe aviso. E se, ainda estiver disposto a ajudar, então eu lhe
serei agradecido.
– Sem problemas... – respondeu Emmett soltando-se. – Até amanhã Cullen. Tenha uma boa noite!
– Boa noite McCarty!
Assim que Emmett se foi, saindo em disparada pela entrada do beco, Edward o imitou. Porém não
usou a mesma saída. Ao invés disso saltou para o topo do prédio velho de cinco andares. Sentia-se
inquieto, raivoso e inútil. Saber que até mesmo um vampiro mais jovem acreditava que ele
precisava de ajuda por ser irresponsável com seus restos o enfurecia. Realmente tinha que tomar as
rédeas de seu clã. Precisava manter-se controlado para que soubessem que ainda mandava. Não
poderia mais se render á sua impetuosidade causada por seu amor excessivo. Aprender a lidar com a
situação era de extrema importância.
Deixando a fumaça fedorenta para trás, correu pelos topos dos prédios. O movimento o ajudava a
aliviar a tensão tanto quanto nadar. E por Deus, ele estava tenso! Quase matara um dos seus por um
motivo que se mostrou banal. Pura sorte ter desejado ver mais, senão o teria decepado sem ao
menos saber que ele era inocente. Provavelmente baixaria à guarda enquanto o intruso verdadeiro
continuaria à solta. Quando esse inferno terminaria? Edward procurou não pensar mais no assunto.
Terminaria quando tivesse que acabar. No momento tinha problemas mais urgentes.
Com o tempo poderia até aprender a lidar melhor com seu amor, mas percebia que, talvez nunca
soubesse como lidar com um afastamento. Com o coração a doer-lhe no peito e, como acontecera
mais cedo naquela noite em seu carro, correu sem rumo certo. Não! Na verdade havia um rumo. Um
que não poderia alcançar facilmente de onde estava.
À medida que corria os prédios começaram a lhe parecer cada vez mais altos, as ruas cada vez mais
largas. Nem mesmo sua agilidade seria capaz de ultrapassar tais distâncias estando ele cansado
mentalmente como estava. Quando se deparou com um edifício verdadeiramente alto desistiu de
seguir em frente e fez todo o caminho de volta até chegar ao seu carro. Quando estava atrás do
volante olhou seu relógio de pulso. Não viu a hora. Qualquer uma indicaria que a noite seria longa
demais sem “ela”.
Depois de enfrentar o trânsito de volta na ponte, cruzar ruas e avenidas, como se o caminho tivesse
decorado por suas mãos e olhos, se viu estacionando sob as árvores da rua de Isabella. Alice não
poderia impedi-lo de vê-la. Queria apenas tocar seus cabelos e assisti-la dormir. Não era pedir
muito.
Àquela hora da madrugada não precisava ser discreto, do carro á sacada não demorou mais que dois
segundos. Parado diante da porta hesitou em bater. Somente por estar perto sentia o velho coração
aos saltos. Desejava desesperadamente ver Isabella, porém estava cansado de discussões. Com
certeza as duas dormiam. Isabella recuperando-se de seu ataque infundado e Alice a guardá-la;
melhor deixá-las em paz. Seria por pouco tempo. Contentar-se-ia em permanecer por perto.
Guardando a noite.
Saltando para o prédio vizinho, sentou-se em sua borda e ficou a olhar para a porta fechada. Apenas
alguns minutos depois ele sentiu um movimento sobre o telhado ás suas costas. Os passos eram de
uma criatura tão leve que Edward nem mesmo se deu ao trabalho de virar-se. Em seguida ouviu o
rosnado baixo. Sinceramente não estava com paciência para brincar com o gato. Os rosnados, ainda
baixos, se intensificaram, lentamente Edward virou na direção do som. O gato preto de Isabella –
Black, se não lhe falhava a memória – estava a um metro de distância, com o dorso arqueado e os
pelos das costas eriçados na tentativa inútil de mostrar-se maior do que realmente era.
Edward teria achado graça e matado o pobre animal se ele pertencesse a outro dono qualquer.
Porém não faria mal a um que fosse de Isabella. Precisava domá-lo. Em um movimento rápido, pôs-
se agachado sobre a beirada o prédio de frente para o gato em uma posição de ataque. Acuado,
imediatamente o gato abaixou os pelos e o dorso, mantendo-se imóvel e sustentando-lhe o olhar.
Após meio minuto, Edward saltou sobre ele e, sem dar-lhe chances de fuga, o pegou pelo dorso e o
deitou de costas prendendo-o pelo peito mínimo sobre as telhas velhas. Prudentemente o animal não
se contorceu. Enquanto o encarava o peito do vampiro rugia levemente, mostrando que se fosse seu
desejo, acabaria com o enfrentamento facilmente.
Depois de mais alguns segundos em que o prendeu também pelo seu olhar que, de animalesco foi se
tornando calmo para demonstrar que não o machucaria, Edward o soltou e deixou que se fosse.
Quando o gato sumiu de suas vistas, ele sentou-se novamente e voltou a mirar a porta. Não lhe
espantou que Alice estivesse de pé parada sob o batente. Mais uma que teria que enfrentar? Edward
realmente não estava com disposição. Sem dirigir-lhe a palavra, levantou-se para ir embora.
– Espere Cullen!
Alice o chamou tão baixo que somente ele poderia ter ouvido. Edward voltou-se em tempo de ver a
amiga fechar a porta da sacada atrás de si. Então, rapidamente ela estava sentada na beirada do
prédio ao lado de suas pernas. Edward não conseguiu decifrar-lhe a expressão, se ela estava
aborrecida por ele estar ali, não saberia disser.
– Sente-se, por favor! – ela pediu.
Edward a olhou por alguns segundos. O que ela queria agora? Sem vontade alguma de ir embora e
se afastar de Isabella, ele resolveu atender-lhe o pedido. Se Alice o aborrecesse poderia
simplesmente ignorá-la. Lentamente o vampiro se sentou ao lado da amiga e prendeu o olhar á porta
da sacada. O que não daria para poder estar naquele quarto onde ela dormia; sozinha.
– Não tinha nada melhor a fazer além de vir brincar com o gato? – Alice perguntou com um sorriso.
Edward não respondeu; não olhou em sua direção. Não tinha nada melhor a fazer nem lugar melhor
para onde pudesse ir a não ser entrar naquele quarto á sua frente e dormir com Isabella. Mas não
diria a Alice. Se ela não entendera isso até aquele momento, não perderia seu tempo explicando.
Sem que percebesse, suspirou. Completamente imóvel, nem mesmo piscava ou percebia a vampira
ao lado a lhe estudar a expressão séria e desolada.
– Você está horrível! – Alice exclamou torcendo o nariz. – E que cheiro horroroso é esse?
– A noite está horrível! – Edward respondeu sempre fitando a porta fechada. – E quanto ao cheiro, é
uma longa história. Depois eu conto.
Então se calou e permaneceu imóvel, sem desprender os olhos da sacada. Alice o observou por
cinco minutos inteiros antes de falar novamente. Seu tom era o que alguém que estive analisando
uma situação e agora concluía um raciocínio.
– Não consegue fica longe, não é mesmo?
– Eu estou longe, não estou? – Edward perguntou mal humorado.
– Edward...
– Não posso causar nenhum mal á Isabela daqui. – ele a cortou friamente. – Fique tranquila! Não
estou lhe pedindo nada. O que aconteceu jamais se repetirá e já lhe prometi que não vou procurar a
jovem até que se recupere.
Novamente seu velho coração reclamou em antecipação por uma saudade que se agravaria. Porém
não podia negar o fato de que a culpa por estar sofrendo era inteiramente sua. Se não estivesse
sendo tão irracional nos últimos dias saberia que Isabella precisava de tempo para acostumar-se a
idéia de separação. Se ela amava o rábula como ele acreditava, seu coração humano estaria sofrendo
tanto quanto o dele mesmo.
Edward agora entendia perfeitamente as palavras “sinto sua falta”. Ele precisava estar, pelo menos,
ao lado de Isabella. Evidente que sempre a desejaria sexualmente, mas no momento, se contentaria
apenas em dormir ao seu lado. Tardiamente o vampiro considerou que talvez fosse nesse sentido
que Isabela tenha dito ao rábula que sentia a falta dele. Talvez ela sentisse falta da companhia; ou
talvez não. Contudo, fosse como fosse, ele realmente não tinha o direito nem motivo de atacá-la
como havia feito.
“Talvez Isabella esteja bem melhor sem mim!”
– Não está! – disse Alice tocando em seu ombro.
Edward a olhou espantado. Não acreditava que tivesse realmente dito as palavras e muito menos no
que Alice lhe respondera.
– Como disse?! – perguntou franzindo o cenho.
– Isabella não está melhor sem você! – Alice retirou a mão de seu ombro e pousou cobre o colo.
Olhando para os próprios dedos, disse. – Não sei o que acontece com ela. Mas acredito que deva ter
criado algum tipo de dependência por sua presença. Agora ela está dormindo tranquilamente porque
eu a induzi a isso, mas antes... Quando eu queria que descansasse por conta própria, ela mais rolou
pela cama e chamou por seu nome que qualquer outra coisa.
Por um momento Edward acreditou não ter entendido o que Alice havia dito. Isabella havia
chamado “seu” nome sem que ele estivesse lá para induzi-la? Seria possível? Antes que pudesse
perguntar qualquer coisa á Alice ela se pôs de pé e disse espreguiçando-se casualmente.
– O colchão da Bella é mole demais para mim. Prefiro minha própria cama. – ela começou a
afastar-se em direção á rua, subitamente parou e voltou-se para Edward. – Volto antes de
amanhecer. Por favor, não faça eu me arrepender.
Então ela não estava mais lá. Edward não precisou de um segundo aviso. De um salto caiu sobre a
sacada. Cautelosamente, abriu a porta com o coração comprimido e aos saltos como se fosse
reencontrar uma pessoa que não via há anos, não há poucas horas.
Como sempre o quarto estava escuro, toda iluminação era a que entrava pela porta aberta.
Imediatamente o cheiro o atingiu como um raio. Ele fechou os olhos e conteve-se. Seu coração
apaixonado poderia apenas desejar dormir com Isabella; sua mente e seu corpo sempre reclamariam
por mais. Precisava se lembrar que ela estava convalescente e necessitando apenas de repouso e não
de sua volúpia como havia dito Alice. Controlando as reações de seu corpo á Isabella, Edward
entrou e fechou a porta atrás de si.
Permaneceu parado ao lado da cama por alguns minutos ouvindo a respiração lenta e compassada
de sua amada. Ela exalava um cheiro tão bom que ele próprio se sentiu sujo; fedido. Não poderia
enfiar-se na cama da jovem cheirando a fumaça produzida por lixo e carne humana. Forçando-se a
sair de perto dela, seguiu para o banheiro. O espaço era mínimo se comparado ao seu próprio
banheiro, porém Edward gostou muito mais daquele.
Despindo-se rapidamente, ele entrou no Box e abriu o chuveiro. Logo a água estava morna e
correndo por seu corpo. De cabeça baixa e com as mãos apoiadas contra a parede azulejada, ele
deixou que a água acariciasse seu corpo e levasse os últimos acontecimentos para o ralo.
Quando se sentiu calmo a imagem de Isabela lhe veio á mente. Suspirando resignado, ele ergueu a
cabeça e olhou em volta. Resistiu bravamente e não abriu o frasco de xampu de Isabella. Já estava
ruim o suficiente imaginá-la nua tomando banho naquele mesmo espaço para piorar sua situação.
Não estava ali para isso, então, lavou os cabelos para livrá-los do cheiro ruim com o sabonete rosa
de odor floral, enxaguou-se e finalizou o banho.
Deixando suas roupas no chão e a toalha sobre a pia, ele vestiu apenas sua boxer preta e seguiu para
o quarto. Lentamente ergueu a coberta e escorregou para o lado de Isabella. Ela dormia
tranquilamente como Alice havia dito. Edward evitou tocar seu corpo por medo de despertá-la.
Naquele instante, todos os pensamentos libidinosos foram esquecidos; estava satisfeito apenas por
estar ao seu lado. Deitado de costas com as mãos cruzadas atrás da cabeça, mirou o teto e se deixou
levar pela respiração de sua amada.
Em menos de um minuto, como se atraída por um imã ou como confirmação das palavras de Alice,
Isabella correu a mão direita pela cama até achar seu corpo. Alarmado, Edward olhou para o rosto
da jovem; ela dormia. E assim, de olhos fechados, ela tateou por seu braço até alcançar-lhe o peito
quando então, aproximou-se até pousar a cabeça sobre ele. O vampiro não ousou respirar;
sentimentos conflitantes percorreram sua mente e seu corpo.
A alegria e a culpa eram os mais fortes e o consumiam em igual proporção. Como ela poderia
procurá-lo depois de tê-la maltratado? Era sua obrigação amar e proteger Isabella, não feri-la.
Precisava controlar-se, mas como fazê-lo quando o ciúme o cegava por completo? Edward sabia a
resposta. Não importava como, o importante era que precisava ser feito. Se seu peito protestou
violentamente apenas por horas de separação, como seria caso a tivesse matado?
Edward fechou os olhos com força e em um impulso abraçou-a, ignorando a dor em seu coração e
afastando o pensamento. Isabella estava viva e ele não seria imprudente novamente. Como Alice
havia dito, ele não era um moleque. Era um vampiro experiente com força de vontade suficiente
para privar-se do sangue e do corpo dela. E ao contrário do que acreditava, ela não lhe pertencia
somente. Em igual ou maior proporção, Edward pertencia á ela e a protegeria; até de si mesmo.
Que os deuses o defendessem, pois não seria uma tarefa fácil.
A jovem remexeu-se em seu abraço, virando a cabeça de forma que sua respiração morna passou a
atingir diretamente o peito de Edward. Sim, Isabella estava viva! E permaneceria assim, caso
contrário, nem ele mesmo poderia existir. Bloqueando os sentimentos inquietantes o vampiro sorriu
deixando-se envolver pela paz que aquela respiração tranquila lhe trazia. Não era preciso sofrer
mais. Estava com ela; finalmente estava onde desejava estar – em casa. Após certificar-se que ela
não acordaria Edward gentilmente a acomodou melhor em seus braços e cheirou seus cabelos. Ela
não lhe ouviria, mas precisava dizer, então sussurrou.
– Perdoe-me!

“Bella seguia por um caminho estranho. Uma trilha entre muitas árvores. A bruma densa cobria
tudo á sua volta. Não via ninguém. Sabia que deveria ter alguém ali, mas por mais que olhasse
para todos os lados, não via ninguém. A sensação de abandono era palpável. Com o coração
oprimido, correu pela trilha. Subitamente algo lhe ocorreu. Talvez não devesse andar pelo caminho
certo. Talvez devesse seguir para o meio das árvores. Procurar por ele onde não fosse seguro. Ele
quem? Quem a deixou? Novamente seu coração reclamou da solidão e do abandono. De repente,
quando, sem saber como fora parar ali, estava perdida no meio da floresta; tudo escureceu. Estava
definitivamente sozinha. Reprimindo a vontade de chorar, estendeu as mãos á frente. Andou sem
saber para onde ia ou o quê, ou quem procurava. Então seus dedos tocaram algo sólido e frio.
Bella gostava do frio. O frio era reconfortante. Mesmo no escuro, Bella tateou pela superfície firme
e quase plana. Soube imediatamente que deveria esperar ali. Cansada de tanta procura, arrastou-
se para o topo de usa descoberta e aninhou-se sobre ela. Imediatamente seu coração se acalmou;
não precisava procurar mais. Ele estava com ela.”

http://www.youtube.com/watch?v=y1p8o7x2o1o&feature=related

Bella despertou sozinha em sua cama. Era manhã de domingo. Alice havia dormido com ela pela
segunda vez e pelos sons que vinham de sua cozinha, com certeza lhe preparava o café da manhã
como no dia anterior. Não se lembrava do tempo em que havia sido tão bem cuidada. Alice
conseguia mimá-la muito mais que o ex-namorado. Desde que lhe recomendara repouso absoluto
como se soubesse que tipo de doença ela tinha, não lhe deixava levantar para praticamente nada.
Não permitiu sequer que escrevesse suas matérias em seu netbook. Toda atividade permitida foi
assistir TV ou ler um livro. E ao que tudo indicava, Alice estava certa mais uma vez. A jovem se
sentia recuperada e, estranhamente em paz.
A parte inquietante do dia anterior fora o telefonema de Edward Cullen para saber se ela estava
bem. Conversaram por poucos minutos – ela mais ouviu que falou alguma coisa – que foram
capazes de inflamarem-lhe a face assim como ao corpo. Sem esforço algum poderia ouvir a voz
mansa ao seu ouvido. Imediatamente seu corpo reagiu á lembrança. Seria possível que nunca mais
poderia pensar no advogado sem sentir-se excitada? Suspirando, a jovem mirou o teto branco de seu
quarto.
Como a amiga havia dito, não teve sonhos tórridos com Edward nas duas últimas noites. Ao invés
disso – na primeira noite – teve vários pequenos pesadelos onde estava sempre sozinha a procurar
por alguém. Nesses seus sonhos ruins ela estava tão confusa quanto quando estava acordada. Sabia
que procurava por Paul ou Edward sem saber qual dos dois encontraria. Em seu sonho, sabia que a
busca havia terminado quando encontrou um corpo sólido e se aninhou sobre ele.
Na noite passada não teve sonhos inquietantes. Alice fora até seu apartamento para telefonar para
Jasper dizendo que voltaria assim que pudesse e para lhe fazer companhia. Bella adormecera antes
de sua volta. Não saberia dizer à hora Alice voltou, mas sabia que ela havia dormido em sua cama.
Em um breve instante de lucidez sonolenta, sentiu o colchão ceder para logo em seguida render-se
mais uma vez ao sono. Pela primeira vez em muitos dias, dormira rápido e tivera uma noite sem
sonhos, porém sempre com a sensação acolhedora de proteção. Ao contrário do que imaginou, não
sentiu tanta falta de “Edward” povoando sua mente. Assim como agora, não sentia falta de Paul.
Talvez as coisas estivessem se estabilizando em sua cabeça. Satisfeita por estar recuperada de sua
doença estranha e por sentir-se em paz, Bella rolou pela cama e, depois de levantar-se, seguiu para o
banheiro. Assim que entrou deixou seus olhos caírem sobre o cesto de roupas sujas. Lá dentro
estava a toalha que havia encontrado molhada sobre a pia. Até agora Bella não entendia porque
Alice havia tomado banho ali quando tinha um banheiro espaçoso abastecido de toda sorte de frasco
colorido e perfumado, assim como uma banheira. A amiga fizera tanto por ela que não teve coragem
de questioná-la.
Esquecendo-se da toalha, ligou o chuveiro e esperou até que a água ser aquecida, então se despiu e
entrou sob o jato. Deixou a água correr pelo corpo. Tantas coisas tinham acontecido á ela nos
últimos dias; perdera o emprego e perdera Paul. Sorte ter acontecido coisas boas também... Agora
tinha Alice. Nunca, em toda vida, teve uma amiga como ela. E conhecera Edward...
Droga! Por que teve que pensar nele justo naquele momento? Infelizmente tinha a resposta para sua
pergunta anterior. “Jamais” poderia pensar no advogado sem que seu corpo reagisse. E não ajudava
em nada aquela água morna acariciando seu corpo. Não que comparasse, afinal as mãos de Edward
eram frias, mas... Todas as vezes que ele a tocou não teve o poder de aquecê-la?
Respirando fundo pegou seu sabonete e começou a esfregar o corpo com força. O banho se tornou
rápido, tenso e dolorido. Depois de poucos minutos estava com a pele vermelha e a mente povoada
de várias versões de Edward. Inclusive a ‘pior’ de todas: Edward/Erik. Parecia um tempo distante
quando o viu no Halloween e, no entanto, apenas uma semana havia se passado. Será que ele lhe
telefonaria mais uma vez?
Enquanto vestia-se no quarto, ouviu uma voz baixa e masculina vinda de sua cozinha. Seu coração
passou a bater descontroladamente. Seria possível que ele estivesse em seu apartamento logo pela
manhã? Ás pressas terminou de abotoar a camisa de flanela, vestiu seus jeans preferidos, prendeu os
cabelos em um rabo de cavalo e seguiu expectante, para a sala. Ao reconhecer a voz, decepcionou-
se. Jasper estava em sua cozinha com Alice. Bella não conseguia ouvir o que diziam, parecia que
conversavam rápido demais e estavam discutindo por algum motivo. Quando estava no meio da sala
conseguiu entender o final da última frase.
– ... perigoso ficarmos tanto tempo sem nossa “viagem”. Seja razoável, Alice!
– Jasper eu... – Alice interrompeu o que ia dizer e antes que Bella chegasse á porta da cozinha e
exclamou. – Então a “Bela” adormecida acordou?
Como ela sabia? Sentindo-se uma intrusa por ter ouvido parte da conversa estranha – afinal, que
perigo poderia haver em “não” viajar para algum lugar? – Bella entrou na cozinha e sorriu para os
dois.
– Bom dia Alice... Jasper.
– Bom dia! – Alice lhe sorriu e acenou com a cabeça, estava com as mãos ocupadas arrumando
torradas em um prato.
– Bom dia Isabella! – disse Jasper estendendo-lhe a mão. – Espero que não se importe pela invasão
matinal.
Bella recebeu os dedos frios em sua mão. Deus!... À luz do dia ele era ainda mais bonito que na
noite de Halloween. E ouvir seu nome inteiro assim tocar aquela mão fria, tão semelhante á outra
conhecida, teve o poder de desconcertá-la. Instintivamente, ela interrompeu o cumprimento e
ajeitou uma mecha de cabelo inexistente atrás da direita. Achando a voz, respondeu.
– Imagine... Fique á vontade!
– Obrigado! – ele disse apenas lhe sorrindo.
– Então... – disse aproximando-se de Alice. – Não se cansa de ter trabalho comigo? Acho que nunca
poderei retribuir tamanha atenção.
Ela tirou uma torrada do prato e mordeu a ponta; estava faminta. E desejava descontrair o ambiente.
Pelo pouco que ouvira e pelas expressões carregadas, ainda que lhe sorrissem, Bella teve certeza
que estavam discutindo antes de sua chegada.
– Faço com prazer... Já lhe disse isso. – Alice a cutucou. – Agora, já que está aqui, sente-se e coma!
– Ela sempre foi assim mandona? – Bela perguntou timidamente á Jasper, indo sentar-se ao seu lado
á beirada da bancada repleta de comida.
Pães, bolo, ovos, geléia, panquecas, mel, café e leite. Além das torradas. O que tinha ali daria para
alimentar aos três e provavelmente sobraria. Estranhamente seu lugar era o único arrumado para o
café da manhã. Juntando as sobrancelhas, perguntou.
– Não vão servir-se também?
– Eu vou! – respondeu Alice pegando uma torrada e começando a roê-la lentamente enquanto se
recostava contra a pia.
– Não, obrigado! – disse Jasper. – Pela manhã costumo tomar apenas uma xícara de café. Já fiz isso
em casa. E, respondendo á sua pergunta anterior... Sim. Alice sempre foi mandona, assim como é
irritantemente teimosa.
– Por favor, Jasper. – pediu Alice. – Não vamos começar de novo. Não na presença de Bella...
– Por que não? – ele retrucou erguendo uma sobrancelha. – Ela ouviu parte do que conversávamos,
não ouviu? – a pergunta foi feita diretamente á Bella.
Ela quase engasgou bom um pedaço de bolo, depois de engoli-lo, respondeu corando.
– Desculpem, foi inevitável. Mas... Sinceramente eu não entendi.
– Não era nada importante, Bella... – disse Alice.
– Eu ouvi algo como... Ser perigoso não viajar... – encolhendo os ombros diante do olhar feio de
Alice, concluiu. – Pareceu importante para mim.
– E é Isabella. – a jovem estremeceu ao ouvir o nome inteiro mais uma vez. Por que a chamavam
assim? Jasper continuou a falar interpretando mal as suas reações. – Não perigoso ao ponto que
“você” deva se preocupar. É somente algo relacionado ao meu trabalho. Disse perigoso porque não
posso perder essa chance. É somente uma testemunha importante que preciso encontrar e pedi que
Alice viesse comigo.
– E eu já disse que não é hora de sair da cidade. – respondeu Alice entre uma mordida e outra na
beirada da torrada.
Jasper a ignorou.
– Você disse que queria retribuir a atenção de Alice. – ele se dirigiu á Bella, porém Alice
empertigou-se. Cortando-o.
– Não se atreva!
O marido a ignorou mais uma vez.
– Talvez possa convencê-la a vir comigo... Eu apreciaria muito a companhia de minha esposa.
– Bem eu... – Bella olhou de uma ao outro, desconcertada. Era amiga de Alice, mas com certeza não
ao ponto de influenciá-la a fazer o que não queria. – Não sei se posso fazer muita coisa para
ajudar...
– Na verdade, você é a única que pode.
– Eu?!... Como?
– Jasper, pare agora mesmo! – Alice jogou a torrada na pia e se dirigiu á Bella. – Não dê ouvidos á
ele... Só está sendo um chato!
Aparentemente se divertindo com a reação de Alice, ele respondeu.
– Ela não quer acompanhar-me somente por não querer deixá-la sozinha.
– O quê?! – foi a vez de Bella largar o que segurava; um garfo. – Não por minha causa, Alice. –
pediu á amiga. – Sou grata por cuidar de mim. Você é sem dúvida a melhor amiga que tenho, mas,
por favor... Não deixe de fazer nada por “minha” causa... Estou recuperada. Pode viajar sem receio.
Bella custava a creditar que a amiga se recusasse a passar horas, talvez dias com o homem lindo á
sua frente e que, convincentemente disse amar, por causa dela. Ainda que fosse á trabalho, sempre
era bom estar junto de quem se ama. Subitamente a imagem de Edward lhe veio á mente. Antes que
pudesse considerar o que aquilo significava, Alice lhe respondeu, aborrecida.
– Você não sabe o que está dizendo.
– Sei sim... – então assumindo um tom conciliador, prosseguiu. – Não quero parecer má agradecida,
nem nada disso, mas... Sou adulta e sei me virar sozinha... Como disse, já estou recuperada e não
quero ser motivo de brigas entre você e Jasper.
Ao ouvir suas palavras o homem á sua frente cruzou os braços e sorriu triunfante. Alice encarou-a
enraivecida por alguns segundos, então disse de mal humor.
– Está bem “Senhora Sou Adulta”... Eu vou, mas se algo lhe acontecer... Não reclame!
Dito isso saiu pisando firme de sua cozinha e então, do apartamento. Imediatamente Bella sentiu
remorso por suas palavras. Não queria magoar a amiga. Fez menção de erguer-se para segui-la,
porém Jasper foi mais rápido. Pôs-se de pé e segurou- na cadeira.
– Por favor, não ligue para o mau gênio de Alice. Não vamos demorar muito. Amanhã pela manhã
estaremos de volta. Asseguro-lhe que quando chegarmos ela estará de bom humor. – então, depois
de uma piscadela, ele se foi sem dizer mais nada.
Bella permaneceu sentada sem entender nada. O que Alice quis dizer com “se algo lhe acontecer”?
Acaso ela acreditava em uma recaída? Ela sentia-se forte. Na verdade, até iria para o restaurante
ajudar Angela. Ás vezes Bella tinha a sensação que estava perdendo alguma coisa; deixando passar
algo. Sem conseguir chegar á uma conclusão, tomou seu café da manhã sem pressa. Se tivesse algo
á entender, com o tempo descobriria.
Embalava o que sobrou do banquete matinal de Alice, quando Black entrou pela janela.
– Até que enfim resolveu voltar para casa!... – Bella ralhou. – Onde andou todos esses dias?
Miando, o gato veio se enrolar em suas pernas.
– Não adianta adular-me. Não lhe desculpo pela última gracinha.
Por sorte o travesseiro perdido não levou o cheiro de Edward embora. Ao que parecia sua
recordação olfativa era melhor do que imaginava, pois o cheiro dele estava de volta. Se é que aquilo
era possível, pensou. Ainda assim não gostou que o gato urinasse em sua cama.
Como se entendesse as palavras de sua dona e soubesse que não teria afagos, o felino se dirigiu ás
suas tigelas; completas de água e ração. Bella percebeu que Alice havia cuidado até mesmo de seu
gato. Novamente o remorso a corroeu. Contudo, agora só lhe restava esperar que a amiga a
perdoasse depois de sua volta.
Acabava de lavar a louça usada, quando o telefone tocou. Com o coração aos saltos correu para
atender. Porém, ao chegar ao lado do aparelho, parou, respirou fundo então atendeu tentando
controlar a voz para não parecer ansiosa.
– Alô!
– Bells! – pumft, era seu pai. – Como está querida?
– Oi pai... – respondeu recriminando-se por estar decepcionada.
Com o fone grudado ao ouvido foi sentar-se no sofá com as pernas cruzadas.
– Qual o motivo do sumiço? Muito trabalho no jornal?
Mais uma vez, Bella recriminou-se, nem ao menos havia contado ao pai que estava desempregada;
e nem contaria. Subitamente sentiu-se desanimada.
– Um pouco... Desculpe não ter ligado... Não quero que se preocupe comigo. – então, para mudar
de assunto. – Como estão todos em Forks? E você?
– Todos então bem e eu com saudades de você... Quando virá aqui? Não tem folgas nem nada do
tipo?
– Tenho sim, pai... Vou ver quando posso tirar uns dias...
– Não quero respostas vagas... Venha no dia de Ação de Graças!
Ação de Graças?!... Nossa como o tempo passava rápido!
– Eh... Pai... Não sei se poderei ir... – na verdade poderia, mas não queria sair da cidade. Tentou
dizer a si mesma que não por um motivo especial.
– Pelo menos tente! – Charlie pediu. – Gostaria muito de vê-la.
O coração de Bella se enterneceu pelo velho pai. Nunca dera muita atenção á ele.
– Vou tentar, prometo!
– Boa garota!
Bella conversou com o pai ainda por alguns minutos. Depois das despedidas, ela recolocou o fone
no gancho. Suspirando ainda decepcionada, ligou o aparelho de som e seguiu para seu quarto.
Passou o resto da manhã ouvindo suas músicas antigas preferidas e arrumando o apartamento.
Black, deitado confortavelmente sobre o sofá nem mesmo levantava a cabeça quando ela passava
por ele. Á uma hora da tarde estava exausta, porém satisfeita. Havia conseguido manter a cabeça
ocupada nas tarefas, sem pensar em dúvidas inquietantes ou nos dois homens que perturbavam sua
mente; um deles muito mais presente que o outro agora.

********************************************************************************
**

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado...Na próxima sexta tem mais um capítulo para vcs... :)Vamos
ao Spoiler:A frase soou tão intensa e verdadeira que Bella olhou na direção de Edward.
Porém ele não estava mais lá haviam chegado ao seu destino. Tudo que viu foi a porta
sendo fechada e ele contornando o carro. Somente então, se deu conta que nunca disse á
ele para onde iria. Talvez, assim como seu número de telefone, aquela fosse mais uma
informação dada por Alice. Não teve chances de perguntar, ele abria a porta do lado do
carona. Quando segurou na mão estendida para sair do carro, tudo em sua mente se
perdeu naquele toque frio.Já de pé na calçada, diante do restaurante, enquanto
nervosamente ajeitava a bolsa sobre o ombro, Bella ouviu Edward dizer, subitamente
sério demais. Volto á noite para buscá-la. À que horas costuma sair? Isso não é
necessário. respondeu ás pressas. Perdoe-me, mas não me lembro de ter feito essa
pergunta? Edward a encarava com uma expressão estranha. Eh... Tudo depende do
movimento... À que horas Isabella? Talvez á uma e meia. À uma hora estarei aqui.

(Cap. 25) Capítulo 27

Notas do capítulo
Bom dia meus amores... Mais um capítulo para vcs. Hoje estive fazendo umas contas.
Tenho 37 leitoras (os), se todas (os) me dessem um review de vez em quando, me fariam
muitoooooooooo feliz... rsrs Por favor comentem... E entrem na minha comunidade.
Estou pensando em fazer um tpc de duvidas para esclarecer qlq detalhe que tenham
deixado passar despercebido. Se curtirem a idéia, me avisem... bjus e boa leitura. Segue
o link da comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=111760728

Era pouco antes das quatro horas da manhã quando, de repente o som de um motor chamou a
atenção de Edward. Quando ouviu o carro estacionar teve certeza. Jasper e Alice. Ele os abordou
ainda na rua, tantas emoções passavam por seu íntimo que sabia de antemão que teria forças sequer
para brigar veementemente com a amiga.
– Boa noite. – disse ao casal, depois apenas para Alice, sem dar chance aos dois de responderem ao
cumprimento. – Por que não me poupou o trabalho de descobrir seu segredo sobre Isabella?
– Como?! – Alice perguntou alarmada, parando á entrada do prédio.
– Agora sei o motivo de tanta preocupação. Poderia ter-me dito antes, não acha?
– O que fez á ela? – Alice pareceu realmente preocupada, então se voltou para Jasper. – Eu sabia
que não deveria ter saído da cidade.
– Você precisava se alimentar Alice. Não é seguro nem mesmo para Isabella se você ficar faminta.
Sabe disso! – foi a resposta simples de seu marido. – E se me dão licença, estou cansado. Da viajem
e das discussões de vocês dois. Vou entrar e dormir um pouco. Boa noite.
Sem esperar por resposta, pegou as chaves da mão de Alice, beijou-a e seguiu para o prédio.
Edward acompanhou-o com o olhar até que entrasse. Quando voltou sua atenção para a amiga viu
que ela parecia quicar de pé em pé.
– Conte-me Edward... – ela pediu.
Então ficou imóvel e o analisou por um tempo, após segundos concluiu.
– Acho que não a machucou. Então...? Você descobriu, mas está tudo bem!... Você está apenas
chateado comigo?... Não tem problema ela...
– Ser sobrinha de Maria? – ele a cortou irritado. Alice calou-se imediatamente. – Não sei... Esse é o
problema! Diga-me você. Por que achou que eu faria mal á Isabella por isso?
Alice pareceu pensar por um tempo, então perguntou.
– Foi só isso que você descobriu?
– E tem mais?
Edward cruzou os braços e recostou-se no corrimão da pequena escada da entrada do prédio. Não
duvidava que, no que se referia á Isabella, sempre haveria mais. Ele encarou a amiga esperando por
uma resposta. Alice suspirou e disse.
– Sim.
– E o que seria?
– Nunca conversamos sobre esses assuntos, pois... Provavelmente nunca morreremos... E se um dia
isso vier á acontecer não sei o que aconteceria com nossa alma, se é que temos uma ainda...
– Não estou entendendo Alice. O que nossa alma tem a ver com a conversa?
– A nossa não. A de Bella... E a de Maria.
– O que tem a alma das duas então... Alice... – Edward remexeu-se impaciente. Alice o cortou.
– É a mesma.
– O quê? – Edward se desencostou da grade e se pôs de pé, descruzando os braços. – Repita!
– Não sei como você descobriu sobre ela ou se foi a própria Bella que lhe falou sobre a família ou
até onde ela contou, mas... Isabella nasceu praticamente nove meses após a morte de Maria... Até
mesmo a mãe de Bella acredita que ela seja a reencarnação da tia. Bom... Eu também acredito. Bella
é sua alma gêmea.
Poucas descobertas em sua vida tiveram o poder de abalá-lo daquela forma. As palavras de Alice,
ainda que parecessem absurdas, naquele primeiro momento, fizeram algum sentido para ele. E o
deixaram ainda mais preocupado. Por que uma mulher que matou voltaria para ele no corpo de
outra? Havia cogitado Isabella ser sua alma gêmea, mas fora hipoteticamente. Se ela era seu “par”
desde vinte e cinco anos atrás, por que não a reconheceu quando a conheceu? As pessoas deveriam
ter algum “código”, um “sexto sentido”. Alguma maneira para facilitar o reconhecimento. Qualquer
coisa que indicasse que haviam se encontrado.
Edward lembrou que, algumas vezes, logo que conhecera Isabella a relacionava á Maria pela força
da atração que sentiu pelas duas. Mas agora sabia que elas não eram iguais. Ele amava Isabella!
Com Maria fora apenas sexo. Porém, imediatamente recordou que no inicio acreditou ser apenas
sexo com Isabella também e que há vinte cinco anos achou Maria diferente; que sentiu “sim” o
desejo de conservá-la. Talvez se não a tivesse matado viesse a amá-la com o tempo. Porém se assim
tivesse acontecido, agora ele não teria Isabella?
Confuso demais pensar daquela maneira e definitivamente Edward preferia a humana atual. E
acreditar que a jovem fosse mesmo Maria reencarnada significaria que ele já havia feito mal á
Isabella no passado. Era perturbador imaginar-se a ferindo. Ainda mais depois de quase tê-la
matado ao servir-se dela da mesma forma que fez há mais de vinte anos. Com o coração oprimido,
disse.
– Não aceito essa versão Alice. Isabella é apenas Isabella e pronto!
– Pouco importa no que você acredita Edward. – disse Alice cansada. – As coisas são como são! E
se você pensar direito ficará até feliz. Isabella “é” sua alma gêmea e está ligada á você eternamente.
Não percebe?... Tirou a vida dela uma vez e ela voltou. Pense bem... Se por algum motivo ou
acidente acontecer novamente. Talvez se encontrem mais uma vez no futuro.
– Não gosto desse assunto. – disse sombriamente. – Se um dia algo acontecer a Isabella, seja por
minhas mãos ou pelas mãos de outro não viverei o suficiente para que ela volte no corpo de outra.
– Não pode estar falando sério! – Alice juntou as sobrancelhas.
– Nunca falei tão sério em toda minha vida! Não estou preparado para perdê-la definitivamente.
Estou preocupado com o que ela vai pensar quando descobrir a dor que causei á família dela. Talvez
seja capaz de me adaptar com um distanciamento e viver á sua volta eternamente se ela nunca me
perdoar. Mas tenho certeza que não posso viver em um mundo onde Isabella não exista.
Alice o olhou por um tempo sem nada dizer, então aconselhou.
– Se é assim... Então talvez seja melhor que ela nunca saiba. Nós não precisamos contar o que fez á
ela. Vampiros são bons em guardar segredos.
Edward sabia do que ela estava falando. Apesar de ter generalizado Alice se referia aos dois. Aquele
cuidado, sem duvida, era por causa de Jasper e Edward agradecia. Depois de sua proposta em
dividirem Maureen agora eram dois segredos que guardavam. Ela estava com a razão, mas ainda
assim ele se sentia incomodado em mentir para Isabella. Queria a jovem como sua companheira;
aquela que o conhecesse e aceitasse por inteiro. Como seria possível com uma mentira de tal
gravidade entre eles? Subitamente sentiu-se cansado.
– Talvez você tenha razão. – disse.
Passando por Alice, deu-lhe um breve beijo no rosto.
– Boa noite!... Vou pensar em tudo que me disse.

Bella acordou cedo na manhã de segunda. A noite passada fora a pior que teve nos últimos tempos.
Não havia se sentido tão abandonada nem mesmo depois de ter sido dispensada por Paul sem
motivos aparentes. E o que dizer do sonho que tivera com Edward? Não queria nem pensar á
respeito. Bella disse á si mesma que aquilo fora fruto de sua mente inquieta; perturbada pela reação
dele na madrugada anterior e por sua culpa em ter sido ingrata com Alice. Ao se lembrar da amiga,
Bella tentou bloquear Edward de seus pensamentos e saiu da cama. Vestiu seu casaco bege e seguiu
para o corredor frio. Precisava desculpar-se.
Batia contra a madeira a alguns minutos. Talvez a amiga ainda não tivesse voltado de viagem.
Quando Bella cogitava voltar para seu apartamento, Alice abriu a porta abruptamente, assustando-a.
Amiga se encontrava completamente vestida. Apesar da pele branca, suas bochechas estavam
levemente coradas. Como se sair da cidade tivesse realmente feito bem á ela.
– O que deseja Bella? – perguntou de mau humor saindo e fechando a porta atrás de si.
– Bom dia Alice! – Bella cumprimentou encolhendo os ombros. – Vim desculpar-me!
– Pelo quê? – Alice juntou as sobrancelhas. – Por se juntar a Jasper e me dispensar depois de tudo
que fiz por você?
Mas uma vez Bella se sentiu culpada, mas não poderia deixar que Alice complicasse algo que era
tão simples.
– Não considero traição tê-la incentivado á aproveitar algumas horas com alguém que você ama!
– Acredite, aproveito de todas as horas possíveis com Jasper sem sair daqui. – ela retrucou. – Você
não entende, mas é perigoso sair da cidade nesse momento.
– Perigoso por quê? – preocupando-se pediu. – Conte-me Alice.
– Ah... Não é nada... – ela deu de ombros. – Esqueça!
Bella avaliou-a por um tempo se perguntando se valeria a pena insistir. Sabia que não, então disse.
– Se diz isso por causa de minha fraqueza, saiba que já estou recuperada. Se pareci mal agradecida,
realmente me desculpe, mas eu só queria que você não se privasse de nada por minha causa. Vivo
sozinha á tempo suficiente para saber me virar bem. Você já tinha se ocupado demais de mim. Nada
mais justo e merecido que tivesse alguma folga.
– Eu sei que sabe se virar bem... Porém ainda assim eu me preocupo!
– E eu agradeço a preocupação, mas ontem ela era desnecessária.
– Certo, vou me lembrar disso da próxima vez. – Alice respondeu passando por ela. – Agora se me
dá licença, preciso ir trabalhar.
– Tenha um bom dia! – disse Bella enquanto a amiga seguia para as escadas.
– E você também. – respondeu educadamente, porém sem emoção alguma.
Bella voltou ao seu apartamento com a certeza que a amiga ainda estava magoada. Ela nunca
imaginou que Alice fosse tão sensível. Sentindo-se cansada depois de uma noite mal dormida e da
conversa tensa, virou o casaco e voltou para a cama. Enroscou-se no travesseio que carregava o
cheiro – quase sumido – de Edward e se cobriu. Naquele momento entendia Garfield perfeitamente.
Sem nada para interessante para fazer, nenhum lugar que tivesse vontade de ir e, tendo certeza que
não seria procurada por “ninguém”, Bella sabia que iria odiar aquela segunda feira.

Eram sete horas da manhã quando Jasper entrou na sala de Edward. Este estava de pé, ao lado da
grande janela, a olhar a cidade, um copo de uísque na mão.
– Sorte que você já está morto! – disse o amigo sentando-se em uma das cadeiras e depositando
uma pasta na outra. – Acaso isso é hora de beber?
– Como bem salientou... – disse sério antes de dar um gole. – Já estou morto!
– Sim... Mas temos que nos encontrar com alguns clientes essa manhã. Não creio que eles se
interessem em serem defendidos por um alcoólatra.
Impassível, Edward encarou o amigo.
– E o interesse deles é importante para mim exatamente por quê?
– Edward...
O advogado deu o último gole, depositou o copo vazio sobre a mesa e apoiou as mãos sobre a
mesma. Sempre encarando Jasper, disse pausadamente.
– Por mim... Cada um e todos eles podem ir diretamente para o inferno!
– Está bem. – disse Jasper levantando as mãos em sinal de paz. – Hoje não é um bom dia. Já
entendi. Mas sinceramente está ficando difícil acompanhar seu humor. O que aconteceu agora?
Edward foi servir-se de mais uísque então se sentou em sua cadeira. Como nada respondesse, Jasper
prosseguiu.
– Não pode ser de novo, algo com Isabella. A humana está bem, ontem tirei Alice de seu caminho e
tenho certeza que você aproveitou a oportunidade. – então como se lembrasse de algo, perguntou. –
Tem a ver com a conversa que teve com Alice esta madrugada?
Edward remexeu-se na cadeira. Não queria voltar aquele assunto. Pela segunda vez desde que
conhecera Isabella, poderia dizer que sua cabeça doía. Não parava de pensar na descoberta e no seu
significado oculto, porém nunca chegava á uma conclusão. A única versão coerente era a de Alice, á
qual Edward rejeitava veementemente.
Para piorar seu tormento, quando voltou ao alto do prédio vizinho depois da conversa com Alice,
ouviu Isabella acordar aos gritos depois de um pesadelo. Até que ela conciliasse novamente o sono
era quase manhã. Deixá-la para cumprir suas obrigações como advogado responsável e competente
exigiu muita força de vontade de sua parte. Estava impaciente desde então. Esteve em sua cobertura
tempo suficiente para trocar-se. Depois disso desceu para seu escritório onde começou a beber e
permaneceu a pensar.
Sim, sua cabeça doía.
– Tem sim Jasper, mas não quero falar sobre isso. Conheço você e sei que terá a mesma opinião de
Alice sobre o assunto, então vamos nos poupar de uma conversa inútil. – recostando-se em sua
cadeira mudou de assunto antes que Jasper insistisse. – Tenho outra coisa á lhe dizer.
– O que é? – perguntou recostando-se também.
– Por acaso você sabia que Emmett estava me seguindo?
– O quê?! – Jasper sentou-se ereto na beirada da cadeira. – Emmett estava seguindo você? Quando?
Onde?
– Sim... Desde a noite seguinte ao primeiro ataque de nosso intruso covarde.
Jasper franziu o cenho.
– E como eu poderia saber disso?
Edward deu de ombros.
– Não sei... Ele me disse que estava agindo por conta própria, mas não acreditei muito. Você e Alice
têm mania de tratar-me como crianças ás vezes.
– Talvez se você parasse de agir como a mais mimada e egocêntrica de todas nós nos
preocupássemos menos. Asseguro-lhe que nada tenho a ver com as atitudes de McCarty. – dito isso,
Jasper acomodou-se novamente na cadeira. – Quando descobriu?
Cansado demais para responder ao primeiro comentário do amigo, Edward disse.
– Na noite de sexta. Havia acabado de me alimentar e ainda estava no local quando ele chegou. Não
me viu e como não era para ele estar ali, eu o observei por alguns minutos. Emmett farejou os
corpos, provou sangue. – nesse momento Jasper quis se manifestar, porém Edward o deteve com a
mão estendida. – Ele disse que estava curioso quanto ao gosto. Que apenas experimentara. – dada a
explicação, conclui. – Depois disso ele jogou os corpos em uma lixeira e os incinerou.
– Estranho. E o que você fez?
– Meu primeiro desejo foi matá-lo, mas precisava de respostas. Emmett me garantiu que estava
apenas limpando minha sujeira. Que tinha medo que eu deixasse corpos para trás como fiz no
Central Park.
– E você acreditou nele?
– McCarty está vivo, não está?
Jasper não teve tempo de responder. Como sempre, sem bater, Alice entrou. Trazia algumas pastas e
jornais que depositou sobre a mesa, ignorando o olhar subitamente ansioso de Edward.
– Meus queridos, a conversa está interessantíssima, mas vocês têm compromisso agora pela manhã.
Que tal prepararem-se para mais um “ato”? – virando-se para o marido, disse. – Deixei os processos
que me pediu em sua mesa.
– Obrigado! – ele agradeceu, levantando-se a abraçou brevemente e depositou um beijo em seus
lábios. Então se voltou para Edward. – Bom... Sobre o que conversávamos... Se você acreditou nele,
não tenho porque desconfiar. Melhor esquecer esse assunto. Já temos problemas demais para
perdermos tempo com as maluquices de Emmett. Agora me deixem dar uma olhada naqueles
processos. Edward... Saímos em meia hora.
Dito isso Jasper saiu. Alice preparava-se para segui-lo quando Edward perguntou.
– Esteve com Isabella?
– Sim. – respondeu voltando-se para encará-lo. – Ela esteve em meu apartamento logo cedo. Queria
conversar comigo antes que eu saísse.
– O que ela falou sobre mim?
Alice revirou os olhos.
– Ás vezes eu me pergunto se essa sua certeza de que é o centro do universo não é patológica.
– E eu me pergunto se você e Jasper quando estão juntos não têm nada melhor a fazer que procurar
formas de insultar-me. – Edward passou as mãos pelos cabelos e fechou os olhos. – Apenas me diga
se ela estava bem.
– Sim. Ela está bem. Abatida porque não dormiu direito, mas está bem. – provocadoramente ela
prosseguiu. – E para que você saiba, ela esteve em meu apartamento para me pedir desculpas por ter
sido mal agradecida depois que cuidei dela com tanto carinho.
Edward abriu os olhos e a encarou.
– Não consigo imaginar Isabella sendo mal agradecida. Você é que deve tê-la feito se sentir culpada
por algum motivo.
– Ah claro... Dois injustiçados, você e Isabella! – Alice debochou mal humorada. – Pois saiba que
cada vez mais tenho certeza que ela é sua metade. Bella pode ainda não demonstrar, mas pelo pouco
que vi sei que vocês são iguais. Ela pode até disfarçar dizendo o que pensa educadamente, contudo
ela é tão respondona quanto você. Tremo só de imaginar o dia que ela se transformar em vampira.
Uma versão feminina de Edward Cullen deve ser insuportável!
– Caso não tenha reparado, minha versão feminina já existe. E acredite... Por incrível que pareça,
ela “é” suportável! – retrucou Edward estranhando o acesso da amiga. – O que aconteceu? Vocês
brigaram?
– Não fique animado! – Alice cruzou os braços. – Não vou me afastar de Bella. – dando de ombros,
prosseguiu. – E não ligue para o que disse antes. Apenas estou magoada, só isso. Não queria deixá-
la sozinha e ela praticamente me expulsou do seu apartamento ontem pela manhã. Claro que Jasper
ajudou, mas mesmo assim!... Foi difícil não ficar preocupada com a ingrata.
Apesar de toda inquietação das últimas horas, Edward sentiu vontade de rir, porém conteve-se. Não
queria que Alice ficasse ainda mais chateada se interpretasse mal o seu gesto. Estava apenas
enternecido. Definitivamente ela era uma boa amiga para Isabella. Podia enfrentá-lo ou tirá-lo do
sério na maioria das vezes, mas ainda assim ele não poderia desejar alguém melhor para cuidar da
jovem. Na tentativa de animá-la afirmou.
– Jamais ficaria feliz se vocês brigassem. O que seria de mim ou Isabella se não tivéssemos você? –
Alice olhou-o desconfiada, porém nada disse. – Não sei o que vocês conversaram, mas espero que
tenham se acertado. Ajudaria se eu reforçasse o pedido de desculpas dela?
O semblante da vampira suavizou-se, ela descruzou os braços.
– Ah, não precisa... Ela foi bem convincente ao me dizer que queria apenas que eu aproveitasse o
tempo livre com Jasper. – então sorriu. – Como se tempo livre fosse o problema!... Ah... Já
conversamos sobre isso várias vezes. Somos exagerados. Estou apenas um pouco magoada ainda...
Mas no meu coração eu sei que já a perdoei...
– Obrigado! – disse sorrindo.
– E você?... Está melhor? Já sabe o que vai fazer?
O sorriso desapareceu. Edward sabia ao que ela se referia. Ele suspirou e pôs-se de pé.
– Não sei Alice... Sinceramente não sei!
– Edward, será que não...
– Já sei o que vai dizer e acredite... – ele a cortou gentilmente. – Aceitar que Isabella nasceu
especialmente por minha causa depois de ter-lhe tirado uma vida anterior só piora minha culpa!
Sem que Alice esperasse Edward a abraçou e beijou o alto de sua cabeça. Afastando-se disse.
– Obrigada por querer ajudar e por tudo que tem feito por mim e Isabella... – então voltando para
sua cadeira e pegando uma das pastas que a secretária havia deixado ao entrar, pediu. – Agora se me
der licença, preciso dar uma olhada nisso antes de sair.
Alice saiu com uma expressão pesarosa no rosto. Edward passou os olhos nos documentos que
estavam na pasta, porém não foi capaz de enxergar uma única palavra. Impaciente jogou-os sobre a
mesa. Á tarde, talvez, estivesse em melhor condição de estudá-los. De repente, assim como havia
acontecido em sua cobertura, o escritório se tornou pequeno demais para ele. Levantando-se, pegou
sua pasta e saiu. Melhor seria colocar suas cismas de lado e se concentrar no trabalho. Se não
chegasse a uma conclusão de como agir, teria uma longa noite sem Isabella.
**************
Bom... Agora que estava de volta, Edward teria outras chances. E estava adorando ouvir a voz da
jovem. Então, ainda conversando com o subconsciente de Isabella, declarou.
– Senti sua falta.
*Bella não conseguia deixar de olhá-lo. Tão lindo! Novamente o medo. Edward era “demais” para
ela. Mesmo assim não conseguia se afastar, não queria. Como se para reforçar que nada estava
errado entre eles, Edward segurou sua mão. Seu toque era frio. Ela olhou para os dedos
entrelaçados. Ouviu sua voz.
– Senti sua falta. – disse tristemente.
Bella também sentiu. Edward estava lindo, com seu olhar de um verde profundo e suplicante. Sua
expressão ansiosa a comoveu. Sentindo a submissão, ele a puxou para seus braços enquanto caia
de costas no chão macio. Bella caiu diretamente sobre seu peito.*
Isabella resmungou novamente algo sem sentido então se aquietou. Ao senti-la tranquila, sua raiva
se foi. Ela poderia não ter dito seu nome, mas somente por procurá-lo e acalmar-se com sua
presença, demonstrava que realmente estava tão dependente dele como há muito tempo ele era dela.
Edward sorriu satisfeito. Não estava errado em seus “rodeios”. Seu plano era bom. Teve algumas
falhas, improvisações e imprevistos, mas nada que abalasse o resultado final.
A jovem remexeu-se em seus braços, acomodando-se melhor. Depois de duas noites de afastamento
aquele contato era extremamente prazeroso. Mais uma vez Isabella se moveu, sem conseguir conter-
se, Edward aproveitou o movimento e passou o braço por trás da cabeça de Isabella, para que ela
tivesse maior acesso ao seu ombro.
Edward sorriu extasiado quando sentiu a respiração da jovem diretamente em seu pescoço.
Impossível não excitar-se. Sabia não ser prudente, mas não iria fazer nada á respeito. Estava
começando a gostar até mesmo dessa excitação não saciada. Agora que precisava poupar Isabella,
teria que se habituar á ela. Pensando nisso, cheirou-lhe os cabelos. O cheiro dos fios macios lhe
pareceu tão forte que pode sentir o gosto de morangos em sua língua. Cuidadosamente, ele levantou
a mão e começou a acariciá-los.
*O contato era bom; excitante. Ela ajeitou a cabeça em seu ombro quando ele passou o braço por
trás de sua nuca. Bella aspirava o cheiro familiar que vinha de seu pescoço. Era certo estar ali.
Como se sempre pertencesse ao seu abraço. Sentiu um arrepio quando ele cheirou sua cabeça e
passou a acariciar-lhe os cabelos que se espalhavam ás suas costas.
De repente ocorreu, que tanta intimidade com Edward só poderia acontecer em sonho. Sim...
Estava sonhando novamente. E já que era assim... Aproveitou que estava encostada ao seu corpo e
esqueceu-se do medo que ás vezes sentia dele. Tudo que ficou foi a consciência daquele corpo
inexplicavelmente real ao meu lado. Um corpo desejado. Resolveu tentar uma coisa... Lentamente
pousou a mão em sua barriga. Nenhuma reação.*
Isabella se mexeu novamente e dessa vez deixou Edward paralisado com o que fez. Completamente
inconsciente, ela colocou a mão em seu abdômen. Nada de mais se tivesse parado por aí. Com a
respiração suspensa, ele sentiu que os dedos da jovem se moviam em direção aos botões de sua
camisa. Mesmo dormindo, ela passou a abri-los lentamente. Edward contou. Um. Dois. No terceiro
a mão quente tocou a pele fria do vampiro. Ele permaneceu estático enquanto o calafrio conhecido
percorria sua coluna.
Ela só poderia estar sonhando. Por mais que estivesse adorando, não tinha tempo para apreciar a
tortura. Edward devia pará-la, não devia?
– Hummm... – ela gemeu junto ao seu pescoço.
Havia aberto a camisa por completo e passava a mão espalmada pelo peito de Edward.
*Com o peito másculo livre do tecido, Bella se permitiu acariciar-lo. Já que sonhava, poderia
ousar um pouco mais. Beijou seu pescoço.*
Seu toque era delicado e mesmo assim o enlouquecia. Ele mordeu o lábio inferior, reprimindo um
gemido. Virando a cabeça em sua direção, Isabella depositou um beijo na curva de seu pescoço. O
calafrio passou, imediatamente, da coluna para o membro já dolorido de Edward. Pela primeira vez
ele se sentiu alarmado. Precisava sair dali antes que fizesse algo que se arrependesse depois.
Porém, antes que Edward tomasse qualquer atitude, Isabella subiu os beijos por seu rosto, subindo
mais em seu corpo. Deu-lhe vários beijos curtos, até alcançar-lhe a boca. Ele fechou os olhos. Era o
fim! Há quanto tempo não sentia o sabor daquela boca? Que mal haveria em apenas beijá-la? Ainda
fazia-se essa pergunta quando ela circulou seus lábios com a língua. Sem pensar em mais nada,
Edward abriu sua boca sobre a dela. Seu coração falhou em uma batida. Por um segundo nem se
importou o fato que ela pudesse acordar. Não poderia parar agora. Edward se preparava para
intensificar o beijo quando ela sussurrou em seus lábios.
– Meu amor!...
O instante perfeito se foi. Isabella não estava sonhando com ele. As palavras e o sonho eram do
rábula! Como era possível? Edward sentiu que sufocaria tão forte era seu ciúme. Em um segundo
todo seu deleite se transformou em fúria líquida e correu por suas veias na velocidade de um raio.
Os lábios de Isabella ainda procuravam pela aceitação dos seus, agora imóveis pelo choque da
descoberta. Ela que sofresse com a falta que sentia do ex. Edward nunca mais se prestaria á esse
papel. Jamais seria o substituto. Não aceitaria nada menos do que Isabella inteira para si. De corpo e
alma. Não admitiria compartilhá-la em pensamentos nem em sonhos.
*O início do beijo foi interrompido. A boca lhe foi tirada. Ainda precisava de mais e
experimentando, escorregou a mão por seu abdômen.*
Prendendo a respiração, ele fixou a atenção no laço que prendia a frente da camisola de Isabella.
Lentamente, puxou um dos fios, até que se desprendesse. O decote profundo que se formou
revelava a pele lisa e macia de seu colo. Edward afastou as laterais da peça para ver-lhe os seios na
penumbra da manhã. Sua mão formigou por tocá-los, porém no estado que se encontrava, não seria
capaz de controlar sua força. Contudo, ele poderia experimentá-los de uma forma muito melhor.
Abaixando a cabeça novamente em direção ao corpo de Isabella, beijou-lhe o vão entre os seios,
lambeu a pele quente e macia até encontrar um mamilo e cobri-lo com a boca.
*Sentiu frio. Olhou para seu corpo. O vestido havia desaparecido. Viu seus seios empinados com os
mamilos intumescidos. Eles eram sugados; seu sexo latejava.*
Delicadamente ele chupava-lhe o seio. Circulava o bico endurecido com sua língua fria quando um
gemido agoniado escapou por entre os lábios de Isabella. Seu membro rígido vibrou em resposta.
Controlando-se, ele procurou pelo outro seio. Sugava-o quando ouviu um som de tecido. Não
precisou olhar para saber do que se tratava. Na verdade tentou com todas as forças ignorar o ruído.
Isabella estava se tocando sobre a camisola procurando pela satisfação que ele lhe negava.
Baixando a cabeça, calou-a com um beijo. Isabella tentou protestar enquanto tentava liberar-se
inutilmente. Gentilmente, porém com força, ele prendeu seus braços pelo pulso contra o travesseiro
e falou em seus lábios, sempre movendo o quadril, ainda encaixado á ela.
– Shhhh... Sabe que sou eu Isabella!... Sinta-me!
A reação defensiva excitava-o ainda mais. Era uma mistura de luta e entrega que o deixava louco.
Novamente Edward pressionou sua boca contra a de Isabella. Dessa vez ela não tentou esquivar-se.
Com um gemido resignado, correspondeu ao beijo e começou a mover seu quadril junto ao dele.
Sua entrega teve o poder de enlouquecê-lo tanto quanto sua resistência. Os gemidos de Isabella
saiam abafados pela boca dele.
Edward movia-se lentamente para dentro e para fora do corpo amado agora com Isabella o
acompanhando naquela dança lasciva. Ainda segurava-lhe os pulsos contra o travesseiro, acima da
cabeça. Sua garganta queimava ao sentir-lhe o fluxo sanguíneo aumentado á medida que a excitação
da jovem clamava por atingir seu ápice. Naquele momento, controlando-se para não mordê-la, o
vampiro liberou seus lábios para decorar-lhe a expressão. Isabella olhava diretamente para ele. A
respiração entre cortada. Estava entregue. Rendida. Gemia por ele.
– Venha por mim Isabella! – pediu.
De repente o corpo de Isabella tremeu violentamente sob o seu. Quando ela inclinou a cabeça para
trás, perdida em seu êxtase convulsivo, ele depositou um beijo na base de seu pescoço. Segundo
erro; sentiu a veia pulsante em seus lábios, mais uma vez sua garganta queimou. Apesar de naquela
manhã estar sendo um vampiro fraco e rendido, lutou e não se rendeu àquele último canto de sereia.
Apenas afundou a cabeça no pescoço amado e o cheirou profundamente. Sua língua formigou em
expectativa pelo sangue que não viria. Para enganar-se, lambeu a lateral do pescoço tomando o
cuidado para não chupar-lhe a pele. Não queria deixá-la marcada. Isabella arfou no momento exato
de suas últimas investidas antes da satisfação plena no corpo amado.
*************************

Notas finais do capítulo


Bom... Acho que deve ter alguma leitora se perguntando "de novo?"...Sim, de novo Bella
vai acreditar que foi sonho... Dessa vez foi realmente preciso... Como Edward poderia
explicar o que estava fazer com Isabella? Mas... Vou deixar um spoiler para animá-las.
Até Ed já cansou dessa vida... rsrsr Spoiler: Aceite jantar comigo! Como?! Bella piscou
algumas vezes, como se o movimento fosse limpar seus ouvidos. Qualquer noite dessas...
ele a encarava intensamente. Aceite jantar comigo. Mesmo que ele tenha repetido, as
palavras não faziam sentido para ela. Edward estava propondo um encontro?
Definitivamente contraditório, ainda mais depois de deixá-la e sumir. Bella perdeu a voz.
Queria seguir a linha da não provinciana e arriscar, mas algo a travava. Ela não
conseguia identificar de onde vinha aquele medo, que se agravara naquele exato minuto
em que um encontro se mostrou possível. De repente algo lhe ocorreu. Talvez seu receio
tivesse bases hierárquicas. Afinal, seu ex trabalhava para ele. (...) Determinou que ele
estivesse brincando, mas algo lhe dizia que Edward era capaz de fazer exatamente o que
disse caso considerasse que ela valeria á pena. Mais uma vez sentiu-se intimidade com
toda aquela força. Ainda mais depois do que acontecera em seu apartamento da última
vez, quando ele partiu deixando-a confusa. Ela tinha medo que ele fizesse o mesmo e se
arrependesse por tê-la convidado no primeiro minuto do encontro. (...) Que se danasse o
receio e seus modos antiquados. Edward se arrepender no minuto seguinte era um risco
que Bella estava disposta a correr. Ainda teria aquele primeiro minuto inteiro. Sabia que
precisava responder-lhe, porém ele não facilitava. Não quando tudo indicava que ele
estava falando sério quanto ao atentado. E seu estado ficava ainda pior quando tinha que
pensar e desviar os olhos daquele peito coberto de pelos á sua frente. Ele continuou
falando. Na próxima sexta está bem para você? Finalmente achou sua voz. Está!

(Cap. 26) Capítulo 28

Notas do capítulo
Oi meus amores... Ah.. Agora estou com mais leitoras. Obrigada por lerem e bem
vindas... Agora mais do que antes vou reforçar meus pedidos por reviews... please...
comentem... Se gostarem da fic... indiquem. a autora agradece!... :) Minhas lindas...
ontem não consegui entrar no site e isso me preocupou muito. Por isso vou refazer o
convite. Venham para minhas comus. Se um dia não conseguir acessar o site
definitivamente, pelo menos vcs têm como continuar a acompanhar a fic. Bjus... Segue
os links: Fics da Halice: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=111760728
FanficS sem UpS: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=107581839

De olhos fechados, Bella rolou em sua cama, pegou o travesseiro ao seu lado, o abraçou e cheirou
profundamente. Para sua inquietação, confirmou o que pensou antes de adormecer de puro cansaço;
seria impossível esquecer Edward Cullen. Imaginário ou não, seu odor estava de volta, assim como
os sonhos. Já que nada podia fazer quanto a isso, pelo menos desejou que eles tivessem o poder de
afastar os pesadelos. Preferia mil vezes aquele último Edward que a protegia e satisfazia que aquele
que a atacava.
Se bem que aquele Edward carinhoso tinha um quê de selvagem. O que fora aquele rosnado? De
onde sua mente insana tirara aquilo para emprestar á ele em seu sonho? Bella não saberia dizer, a
única coisa que tinha certeza era que até mesmo aquele urro gutural acompanhado pelo seu nome
fora extremamente excitante. Ainda abraçada ao travesseiro, Bella se enroscou em posição fetal. A
lembrança do último sonho afastando deixando-a acesa e afastando a inquietação das últimas noites.
Recriminando-se, disse a si mesma que a culpa era sua por estar naquele estado. Precisava perder a
mania de se deitar somente de camisola ás vezes. Tamanha liberdade só poderia alimentar sua
luxuria. Mas o que fazer se acordava com aquela sensação tão boa? Depois de uma manhã horrível
e de outras que despertou sentindo-se vazia, era bom poder sentir aquela comichão que sempre se
transformaria em excitação tão logo pensasse em Edward. Como acontecia naquele exato segundo.
Podia parecer idiota, mas ela estava feliz que os sonhos não tivessem acabado como Alice disse que
aconteceria e como acreditou por algumas noites. Sorriu com o pensamento apenas para seu sorriso
sumir subitamente. De que adiantava tudo aquilo se Edward não a procurasse mais? Apenas se
enganava com aquelas sensações. A tortura era doce e prazerosa, mas ainda assim, não poderia ser
saudável. Suspirando conformada, ela saiu da cama e foi para o banheiro. Tomou um banho rápido,
fazendo o máximo de força para se esquecer da noite passada. Precisava era cuidar da sua vida
como havia decidido durante a noite.
Depois de tomar o café da manhã, totalmente diferente daquele preparado por Alice no domingo,
Bella se sentou no sofá com seu netbook sobre uma almofada e começou a procurar possíveis
jornais fora da cidade para onde pudesse mandar seu currículo. A alternativa não era agradável, mas
precisava arrumar um emprego. Depois de duas horas de pesquisa havia enviado quatro deles para
três cidades diferentes. De todas as que mais lhe agradou a idéia de morar foi Seattle. Se
dificilmente o faria antes, depois da rejeição, sabia que seria praticamente impossível ligar para
Edward. E se ele realmente não a procurasse mais, pelo menos ficaria longe o suficiente e estaria
perto do pai. A mudança de cidade não seria problema; esquecer sim.
Bella bufou inconformada. Como era possível que Edward estivesse tão entranhado em sua mente e
em seu coração se nunca foram nada um do outro? Sentia ter perdido Paul – em menor escala ainda
doía –, mas agora era como se sentisse falta de um amigo que a desprezava. Como a lembrança de
poucos momentos com determinado homem podia sufocar as recordações de anos de
relacionamento amoroso com outro? Como pôde substituir o sentimento tão rápido? Bella imaginou
que jamais entenderia.
Tudo que poderia fazer no momento era torcer para que gostassem de seu trabalho e a contratassem;
fosse onde fosse. Precisava desesperadamente ocupar sua cabeça. Colocando o net de lado, ela
suspirou mais uma vez. Ah... Que falta sentia de Alice! Com certeza a amiga a animaria com algum
comentário inquietante. Porém nem mesmo ela estava no clima de antes. Bom... Na falta de uma
amiga, sempre teria outra. Estava em falta com Jessica. As coisas aconteciam tão rapidamente que
nunca mais lhe telefonara. Bella cogitava procurá-la quando o telefone tocou. Com o coração aos
saltos, especulou consigo mesma se seria Edward. Contudo, antes de atender recriminou-se e
desiludiu-se.
– Alô!
– Isabella Swan, por favor. – disse a voz feminina.
Evidente que estava certa; não era ele.
– É ela, pode falar.
– Olá Isabella. Espero que se lembre de mim. Sou Esme Howden.
– Sim, eu me lembro! – Bella prestou maior atenção. – Sinto muito pelo ocorrido com seu marido.
– Obrigada!... É tudo muito recente, mas logo superaremos...
– Espero que sim... – Bella disse intrigada.
Como se adivinhasse suas duvidas, a mulher prosseguiu.
– Bom... Vamos ao que interessa... Eu assumi o controle do jornal e agora ocupo o cargo que antes
era de meu marido. – disse com tom profissional. – Estamos precisando de gente nova aqui em
nossa equipe e como Charles estava disposto a ver seu trabalho... Então... Pensei em fazer o mesmo.
Quando pode vir até aqui para mostrar-me suas matérias?
Bella levantou-se abruptamente, sentiu uma leve tontura com a velocidade, mas recuperou-se logo
em seguida. Ansiosa, disse.
– Se estiver tudo bem para a senhora, eu tenho a manhã toda livre.
– Então venha ás onze horas. Tenho um almoço de negócios ao meio dia, acho que teremos tempo.
– Perfeito! – Bella exclamou. – Ás onze nos encontraremos.
– Então, até lá Isabella.
Bella recolocou o fone no gancho sem poder acreditar. Finalmente uma proposta real. E se tudo
desse certo poderia ficar onde estava. Gostava de Nova York. Finalmente alguma coisa boa em meio
a tanta confusão. Sentia-se feliz como há muito não sentia. Precisava contar á alguém.
Normalmente o primeiro a saber seria Paul, mas... Uma vez que não eram mais namorados – e ela
não tinha qualquer outro – Bella recorreria á melhor amiga. Esqueceu-se completamente de Jessica.
Sem se importar com o estado de espírito da vizinha, telefonou para Alice. Quicava de uma perna á
outra enquanto ela não atendia ao celular. Estava prestes a desligar, quando finalmente Alice
atendeu.
– O que aconteceu Bella? – Alice lhe pareceu alarmada. A pergunta foi abrupta sem nem ao menos
um cumprimento. – Estava longe do telefone... Vim atender o mais rápido que pude. Você está bem?
Bella estranhou o nervosismo da amiga. Não havia motivo para preocupar-se com ela. Estava
perfeitamente bem há dias. Totalmente recuperada da doença estranha e, depois daquele breve
intervalo dos sonhos, sentia-se mais forte e saudável. Ainda que não devesse, sentia-se satisfeita por
Alice não ter razão em tudo. Contar sobre seus sonhos eróticos não acabou com eles. E mesmo sem
tê-los, inexplicavelmente, ela sentia Edward “próximo”.
Talvez nisso Alice tivesse razão. Aquela era uma forma paliativa de tê-lo por perto sem
comprometer-se. Sim ela reconhecia ser uma covarde. Estavam em dois mil e dez. Ainda que não
tivesse qualquer liberdade com Edward bem que poderia ter desconsiderado o episodio em sua
posta e o ter procurado como quem não quer nada somente para saber como ele a receberia. Sim,
poderia, porém dificilmente o faria. Bella era antiquada demais para tal gesto. Seria complicado dar
esse passo á diante sem ter certeza de onde estaria pisando.
– Isabella? – Alice chamou impaciente, tirando-a do transe.
– Desculpe-me Alice... – respondeu rapidamente. – Não aconteceu nada grave... Apenas quero lhe
contar a novidade.
– Que novidade?
– A viúva do senhor Howden acaba de me ligar e convidar-me para uma entrevista... Vou levar meu
trabalho para ela ás onze horas.
– Ah... – Alice gritou do outro lado da linha. – Parabéns Bella! Fico feliz por você... Na verdade,
isso merece uma comemoração. Vamos almoçar juntas hoje?
– Alice... – Bella sorriu do entusiasmo da amiga. Aparentemente estavam bem novamente. – Ainda
não consegui o emprego... Não é melhor termos a confirmação, primeiro?
– Não seja modesta. O emprego já é seu e vamos almoçar juntas sim... Nós nos encontramos aqui
no escritório ás...
– Não Alice! – a jovem a cortou com o coração aos saltos. – Aí não!
– Por quê?
– Como “por que”? Não quero me encontrar com...
– Não se preocupe com encontros desagradáveis. – Alice a cortou. – Paul estará fora o dia inteiro e
Edward não está na cidade. Então... Território livre para você. Sem sustos. Prometo!
Bella imaginou se valeria á pena explicar-lhe que o problema era somente com Paul e que até
mesmo o local a perturbava, contudo desistiu á tempo. Sabia que Alice não mudaria de idéia e ela
somente perderia tempo na tentativa inútil.
– Está bem... Á que horas passo aí?
– Ao meio dia ou quando ficar livre da entrevista. E por favor... Nada de desanimo... Ninguém está
morto aqui.
Bella teve que rir. Alice era uma figura! Depois de tudo acertado e das despedidas, ela foi até seu
quarto para rever todas as suas matérias importantes. Decidiu que levaria todas. Como era de se
esperar, em sua ansiedade, lhe pareceu que a manhã demorou a passar. Bella aproveitou para
responder alguns e-mails de sua mãe, pois se sentia animada agora que tinha algo positivo para
contar. Depois tentou ocupar-se com as matérias que venderia para o “Press today”. Porém, nem a
redação ou a eminente entrevista conseguiam distraí-la das palavras de Alice.
“Edward não está na cidade”. De repente se encheu de esperança. Talvez ele estivesse fora desde o
dia anterior e por esse motivo não a procurou. Para onde teria ido? Certo... Disse uma voz interior.
Como se fosse da sua conta! Meta-se com a sua vida Isabella Swan. Você já tem problemas demais
para procurar por mais. Mas... Edward Cullen ainda seria um “problema”?
Cada vez mais Bella achava que não. Ao que tudo indicava, caberia á ela deixar de ser provinciana e
arriscar. Quantas vezes Edward sinalizou sobre seu interesse? Se Alice estava certa, como na
maioria das vezes, por que não parar de pensar como se fosse uma donzela nascida em mil
novecentos e vinte e correr atrás da realização de seus sonhos? Precisava apenas deixar de ser
sentimental e não se iludir. Acabara de sair de um relacionamento duradouro, talvez devesse apenas
“aproveitar” o que Edward poderia lhe oferecer – se ainda fosse o caso – pelo tempo que fosse
possível; sem expectativas, cobranças ou esperanças vãs.
Ás onze horas Bella estava sentada em frente á Esme Howden. A nova editora-chefe a olhava com
curiosidade, ainda que tentasse disfarçar. A jovem encontrava-se tão nervosa que havia até se
esquecido do episódio estranho ocorrido em seu apartamento. Quando tentou virar a chave na
fechadura de sua porta, descobriu-a aberta. Contudo ela tinha certeza de tê-la trancado antes de ir
dormir. Bella cismou sobre isso todo o trajeto até o jornal. Agora que estava em sua entrevista, o
mistério ganhou proporções menores. Alta e esguia, Esme estava elegantemente vestida em um
conjunto de linho rosa chá; uma mulher muito bonita que não lembrava em nada a Mortícia da noite
de Halloween.
Não usava brincos ou nada que lhe enfeitasse e ainda assim, chamaria a atenção para si. Antes de
sua beleza, Bella admirava-lhe a força. Naquela noite se completariam dez dias do falecimento de
seu marido e ela já estava de volta ao trabalho, ocupando-lhe o cargo. A jovem imaginou que talvez
aquele fosse realmente o certo a se fazer, visto que ficar a chorar em casa não mudaria sua
realidade.
– Então, Isabella... O que tem para me mostrar? – perguntou gentilmente, ainda avaliando-a com o
olhar.
– Trouxe as matérias que mais gosto. – disse estendendo-lhe a pasta preta com as cópias.
Esme a tomou de sua mão e passou a ler com atenção. Uma, duas, três... Cinco matérias sem
interrupção ou comentários. Bella sentia as palmas das mãos suadas. Estava nervosa, porém não
queria dar demonstrações. Enquanto a Sra. Howden lia, a jornalista tentava adivinhar-lhe a
expressão, sem sucesso. Com seus óculos de leitura equilibrados sobre o nariz, Esme era a
concentração em pessoa.
Após minutos intermináveis, a mulher á sua frente ergueu a cabeça, recolheu os óculos e encarou-a.
Seu rosto extremamente sério não permitia a Bella ter qualquer palpite sobre a opinião á seu
respeito. Como da vez que esteve diante de Billy, sentiu o estomago dar voltas inteiras. Estava a
ponto de explodir de ansiedade quando a editora-chefe disse mais para si que para Bella.
– Charles teria gostado de você!
Bella perguntou-se se deveria responder á um pensamento verbalizado. Antes que achasse a
resposta, Esme disse.
– Você é boa, garota!
– Obrigada! – disse reprimindo o entusiasmo.
– Gostei do seu estilo. Suas matérias são impessoais, mas ainda assim percebe-se que você “gosta”
do que escreve. Estive lendo alguns de seus trabalhos no “Press”. Gostei deles... E gostei desses! –
disse apontando para os que estavam em sua mão. Bella agradeceu e ela prosseguiu. – Como lhe
disse por telefone, preciso de gente nova aqui. O que me diz de juntar-se á nós?
– Eu... Adoraria! – disse Bella, com o coração aos saltos.
– O que você tem feito além de vender matérias avulsas?
– Estou ajudando uma amiga no restaurante dela, mas não como um emprego. – apressou-se em
explicar. – Posso sair quando quiser. Apenas me diga quando devo começar.
– Se é assim... Ainda estamos no começo da semana, mas não tenho pressa. Use esses dias para
resolver seus assuntos com sua amiga e comece conosco na segunda. Até lá gostaria de pedir apenas
que não venda mais nada para o “Press Today”. Se tiver algo pronto, envie para nós. Está bem
assim? – Esme lhe sorriu amigavelmente.
– Está perfeito!
– Então está combinado. – a editora levantou-se indicando que a entrevista estava encerrada.
Estendendo a mão para Bella ela disse. – Bem vinda á equipe Isabella.
Bella apertou-lhe a mão e sorriu.
– Obrigada pela oportunidade.
– Não me agradeça por isso! – disse gentilmente, ainda que a resposta soasse estranha.
Quando Bella chegou ao NY Offices seu entusiasmo diminuiu. Não devia ter cedido á Alice. Por
mais que tenha insistido com Paul antes e sentisse falta do “amigo”, não sabia se desejava vê-lo. O
encontro seria no mínimo constrangedor. Cogitava esperar por Alice em outro lugar, quando disse a
si mesma que aquilo era bobagem de sua parte. A amiga já havia lhe dito que ele não estava; assim
como Edward. Resignada, seguiu até os elevadores comuns. Mesmo que Alice tivesse liberado e o
próprio dono tenha dito que ela poderia usar sempre que o desejasse, Bella não se sentia a vontade
em subir pelo elevador de portas pretas. Seria demais para sua sanidade.
Talvez por estar em horário de almoço, a fila era imensa, porém ela esperou mesmo assim. Na
terceira vez que o elevador chegou ao térreo ela conseguiu entrar. Quando chegou ao andar dos
escritórios, apesar de algum movimento no corredor e nas outras salas, encontrou Alice sozinha na
ante-sala do escritório de Edward. Estava atrás de uma pilha de processos. Seu coração aqueceu-se
ao ver a amiga; sentia sua falta. Assim que Bella entrou, Alice correu para seu lado e a abraçou.
Parecia que ela também sentira a sua.
– Bella! – exclamou feliz. – Como foi lá? Começa quando?
– Ah, Alice, senti falta desse seu otimismo! – Bella sorriu. – Correu tudo bem e segunda eu começo
a trabalhar no que gosto e a fazer o que sei fazer melhor.
– Eu sabia, eu sabia! – Alice bateu palmas. – Precisamos mesmo de uma comemoração!
Bella sorriu ainda mais ao ver o entusiasmo da amiga. Definitivamente o mal entendido entre elas
estava esquecido.
– Então vamos? – dito isso, Bella olhou para a mesa da amiga. – Ou ainda está muito ocupada?
Alice seguiu-lhe o olhar e torceu o nariz.
– Edward teve que ir até Trenton e me pediu que separasse vários processos que ele deseja olhar
quando voltar. Se você não se importa, estou quase acabando e queria fazer isso antes do almoço.
– Não!... Eu espero! – sentindo-se desconfortável, por temer que Paul chegasse, porém sem desejar
dizer á amiga, ela foi sentar-se no sofá de espera. Algum dia teria que conversar com ele para
resolver esse clima ruim.
– É rápido... Eu prometo! – disse Alice voltando para sua mesa.
Conversaram sobre futilidades, o tempo, moda. Nada que lhes lembrasse a fraqueza passada de
Bella ou sobre ex ou futuros e improváveis namorados. A jovem agradeceu por aquilo. Também
desejando evitar aborrecimentos, Bella não perguntou como fora a viagem da amiga. Não teve
coragem de fazê-lo na manhã passada nem agora. Se Alice desejasse contar já o teria feito.
Quinze minutos depois, Alice organizou uma pilha pequena de pastas e colocou-a de lado. Tirando a
primeira delas, pediu á Bella.
– Se importaria de fazer um favor para mim?
– Não. O que seria? – perguntou Bella pondo-se de pé.
– Estou quase acabando aqui... E você me ajudaria bastante se levasse essa pasta até o apartamento
de Edward. Ele não pediu isso, mas acho que facilitaria para ele se eu colocasse lá.
Bella sentiu um frio no estomago ao ouvir o nome. Como Alice pedia que ela levasse algo onde
Edward morava? Ela nem ao menos sabia onde ele morava!
– Alice... Eu não sei... Sair e voltar?... Isso não nos atrasaria? Porque não fazemos isso juntas
quando estivermos na rua?
A amiga sorriu.
– Não Bella... Edward mora aqui na cobertura. Você não vai precisar sair do edifício nem nada
disso.
Bella pensou não ter ouvido direito.
– Edward mora aqui? – instintivamente Bella olhou em volta como se procurasse por alguma porta
que tenha deixado passar despercebida, então, sem encontrar nenhuma, repetiu. – “Aqui”?!
– Não “aqui”. – Alice riu e explicou. – Não ouviu o que eu disse? Ele mora na “cobertura”.
– Ah... – Bella ficou sem palavras.
– O que dizer de Edward Cullen?... Ele é excêntrico! E então? Pode ajudar-me ou não? É só deixar
a pasta em seu gabinete.
Tomada por uma súbita curiosidade, Bella respondeu.
– Levo sim... Sem problemas!
– Você é uma boa amiga! – Alice exclamou passando-lhe a pasta. Então abriu uma gaveta e tirou um
molho de chaves e lhe entregou. – Tome... Vá pelo elevador dele. Essa é a chave da porta principal.
Tentando manter as mãos firmes, Bella tomou a pasta e as chaves. Deixou sua bolsa e seu casaco
sobre o sofá e seguiu medindo os passos até o elevador indicado. Quando poderia imaginar que
naquele dia iria onde Edward morava? Sem Alice por perto, Bella não se preocupou em disfarçar os
tremores. Com dedos incertos apertou o botão da cobertura. Parecia que haviam se passados anos
desde a última vez que esteve naquele elevador; nos braços de Edward... A chorar por Paul. Nossa!
Tudo acontecera em menos de dez dias?! Tempo estranho!
Quando o elevador perdeu impulso, Bella esqueceu-se da passagem de tempo. Desde o momento
que as portas dele se abriram no hall da cobertura, o coração da jovem começou a bater
descontroladamente. Saindo para o espaço mínimo, Bella reparou que, como o restante do edifício,
ele era sóbrio; discreto. A jovem pousou os olhos na porta de madeira maciça á esquerda,
maldizendo suas pernas por estarem bambas.
Bella apertou a pasta em suas mãos. A missão era simples: entrar, deixar os documentos sobre a
mesa do escritório particular de Edward Cullen e descer. Você pode fazer isso Isabella Swan! Disse
para si mesma. Deixe de covardia! O homem nem sequer está na cidade! E você desejava ver onde
ele morava, não é mesmo?
Sim, ela queria. Qualquer coisa que a deixasse perto dele. À muito custo, Bella conseguiu introduzir
a chave na fechadura, tamanho era o tremor de sua mão. Quando abriu a porta que dava para a sala
o ar lhe faltou. Estava diante da visão mais inusitada em toda minha vida. Alice se referiu ao seu
chefe e amigo como uma pessoa excêntrica, porém ele era muito mais que isso, agora Isabella tinha
certeza. Edward era criativamente louco. Apenas de uma mente insana e desvinculada da regra geral
poderia surgir a idéia de morar na cobertura de um prédio situado no coração comercial de
Manhattan.
Quando Alice contou sobre ela, Bella imaginou que a amiga estivesse exagerando – como sempre –
e que fosse encontrar apenas um escritório maior, talvez com uma suíte adjacente para as noites que
ele não estivesse com vontade de ir para sua verdadeira casa. Estava enganada! Edward Cullen
realmente morava ali!
A sala á sua frente era espaçosa e decorada com muito bom gosto; o branco prevalecia. Uma escada
levava ao andar superior. As janelas de vidro iam, em sua maioria, do chão ao teto. Em um dos
lados, podia-se ver um pequeno jardim bem cuidado, assim como parte de uma piscina coberta. O
lugar era verdadeiramente lindo!
Passado o choque inicial, Isabella forçou suas pernas a se moverem adiante. Apreensiva, a pasta
apertada contra o peito, como uma espécie de escudo. Mesmo com o morador ausente, sua presença
era sentida em cada canto ou objeto do apartamento. O chão da sala era de madeira corrida, os
estofados de couro branco e os móveis – essenciais – de madeira clara. A parede ao seu lado, de
alvenaria como todas que dividiam os cômodos internos, presenteava os olhos dos recém chegados
com uma esplêndida tela representando um jovem á beira de um lago que admirava seu próprio
reflexo.
Bella lembrava-se daquela pintura. Havia visto em uma de suas aulas extracurriculares sobre
história da arte. Era o Narciso de Caravaggio. Uma replica perfeita com certeza. A obra original
fazia parte do acervo da Galeria Nacional de Arte Antiga em Roma, não fazia? No momento ela não
duvidava de mais nada relacionado á Edward Cullen. Aparentemente tinham o mesmo gosto.
Caravaggio sempre fora o pintor preferido da jovem. Bella apenas não entendia a escolha da obra.
Edward era lindo e marcante, mas ela não o considerava narcisista.
Saciada sua curiosidade, afastando-se da tela e das comparações ela olhou ao seu redor e avistou a
porta do escritório. Repetindo á si mesma que a missão era fácil, seguiu para lá com passos mais
firmes. O cômodo não era grande. Em contraste com a sala, possuía uma mesa de madeira escura,
uma cadeira revestida com couro preto, uma poltrona – igualmente negra – e estantes que ocupavam
duas paredes inteiras; á direita e á esquerda de Bella. Outra parede, a que dava acesso ao escritório,
era coberta de quadros enquanto a que estava á frente da jovem era totalmente de vidro, formando
uma imensa janela que emoldurava uma vista privilegiada de Nova York.
Era fácil imaginar Edward naquele cômodo, a cabeça acobreada inclinada sobre algum processo,
sério, apenas de camisa... A gravata frouxa. Absolutamente lindo. Voltando a tremer diante da
imagem projetada por sua mente apaixonada, aproximou-se da mesa impecavelmente organizada.
Bella depositou a pasta sobre ela sem se atrever a chegar mais perto da parede de vidro com medo
da vertigem que provavelmente sentiria quando confirmasse a altura. Estava prestes a sair, quando
uma música, vinda do nada, atingiu seus ouvidos. Era uma de suas baladas antigas favoritas.
Contava a história de um rapaz acusado pelo desaparecimento de sua namorada e que jurava
inocência. Nada romântica; comum. Mas sua melodia a agradava profundamente. Poderia apreciá-la
agora se não tivesse certeza que era para o apartamento estar no mais absoluto silêncio.
http://www.youtube.com/watch?v=F_4-cTTw0Gg
De repente Bella sorriu. Isso só poderia ser alguma gracinha de Alice para assustá-la. A jovem
seguiu para a sala pronta para dizer á amiga que ela havia falhado na tentativa, contudo o sorriso
morreu em seu rosto. O coração parou um segundo para em seguida ricochetear repetidamente
contra a parede de seu peito. Edward Cullen, o verdadeiro – não um saído de meus sonhos – descia
as escadas distraidamente. Vestido somente com uma calça de pijama de seda preta; os pés
descalços, o dorso nu. Tão lindo e perfeito que poderia ilustrar a capa da “Men’s Health”. Bella
desejou que o chão se abrisse sob seus próprios pés para que desaparecesse antes que ele a visse.

Notas finais do capítulo


Se gostaram do capítulo, comentem... Se não gostaram, comentem tbm... Agora o spoiler
de sempre: "Esperava encontrá-la quando saísse do apartamento de Isabella, pela porta
de entrada, contudo ela permanecia em seu apartamento com Jasper; o corredor estava
vazio. Ele achou melhor que tenha acontecido daquela maneira. Edward se encontrava
tão satisfeito que não conseguia arrepender-se por ter se rendido e o pior, não conseguiria
disfarçar. Até mesmo as cismas anteriores desapareceram. Não lhe importava mais se
Isabella era Maria, sua alma gêmea ou outra novinha em folha. Em todas as versões ela
era sua e isso era tudo que importava. Á caminho do seu edifício, ele decidiu que
precisava fazer algo por Isabella. A única idéia que teve foi tirar-lhe o quanto antes
daquele restaurante. Era louvável a intenção de ajudar a amiga, mas aquele não era o seu
lugar. Edward pensou em ligar para Alice e perguntar se havia descoberto o motivo de
Billy Lautner ter dispensado a jovem, contudo desistiu. Se ela soubesse já teria contado e
ele ainda queria evitá-la. Ele poderia fazer mais por Isabella que recuperar-lhe um
emprego antigo. Poderia lhe arrumar um novo. E Edward sabia exatamente onde a
colocaria." Novo convite... venham para minhas comus: Fics da Halice:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=111760728 FanficS sem UpS:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=107581839

(Cap. 27) Capítulo 29

Notas do capítulo
AÊeeeeeeeee... o/consegui... Mais um capítulo para vcs... se ele for direitinho.. depois da
meia noite coloco outro... bjus

Nadar. Nadar, na maioria das vezes o acalmava, porém naquele momento não estava ajudando
muito. Estava ligado, acesso, excitado. E não poderia dizer que estava naquele estado por ter tido
Isabella em seus braços ali, em seu apartamento. Estava em seu melhor estado de espírito em anos
desde que saíra do apartamento da jovem aquela manhã. A voz amada murmurando “meu amor”
não saia de sua cabeça. Isabella o amava. Talvez ainda sentisse alguma coisa pelo rábula, mas ele
estava no páreo. E depois de ver todo o ardor com que ela o desejava, sabia que estava com várias
cabeças de vantagem. Como disse á Jasper certa vez, “quem puder mais leva o prêmio”. Bem... Ele
pôde e levaria.
Edward nadava de um lado ao outro, tentando distrair-se, mas os acontecimentos daquela manhã
não lhe saiam da mente. O melhor de tudo fora ver Isabella adormecida com a claridade do dia. Os
cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro, sua pele clara, os lábios rosa. Antes de deixá-la ele
os contornou com a ponta dos dedos. A jovem era sua. Que ela estava excitada á dias ele já sabia;
sempre teria o cheiro que a denunciava. Contudo, ouvi-la chamá-lo; pedir para que não a deixasse...
Não fora por qualquer um; fora por “ele”! Nada nem ninguém, poderia estragar-lhe o bom humor.
Nem mesmo Alice.
Esperava encontrá-la quando saísse do apartamento de Isabella, pela porta de entrada, contudo ela
permanecia em seu apartamento com Jasper; o corredor estava vazio. Ele achou melhor que tenha
acontecido daquela maneira. Edward se encontrava tão satisfeito que não conseguia arrepender-se
por ter se rendido e o pior, não conseguiria disfarçar. Até mesmo as cismas anteriores
desapareceram. Não lhe importava mais se Isabella era Maria, sua alma gêmea ou outra novinha em
folha. Em todas as versões ela era “sua” e isso era tudo que importava.
Á caminho do seu edifício, ele decidiu que precisava fazer algo por Isabella. A única idéia que teve
foi tirar-lhe o quanto antes daquele restaurante. Era louvável a intenção de ajudar a amiga, mas
aquele não era o seu lugar. Edward pensou em ligar para Alice e perguntar se havia descoberto o
motivo de Billy Lautner ter dispensado a jovem, contudo desistiu. Se ela soubesse já teria contado e
ele ainda queria evitá-la. Ele poderia fazer mais por Isabella que recuperar-lhe um emprego antigo.
Poderia lhe arrumar um novo. E Edward sabia exatamente onde a colocaria.
Quando chegou á sua cobertura não passava das sete da manhã. Depois de arrumar-se, desceu até
seu escritório, deixou um bilhete para sua secretária informando que passaria a manhã fora da
cidade e seguiu para o edifício que abrigava o jornal do falecido Sr. Howden. Ás sete e quarenta já
se encontrava sentado á mesa da nova editora-chefe e dona do jornal com uma xícara de café,
intocado, á sua frente. Bebendo um gole de seu próprio café, Esme respondeu á Edward.
– Entendo que queira ajudar sua amiga Edward, mas não estamos em condições de contratar
ninguém no momento.
– E eu poderia saber por quê? – Edward perguntou cruzando as mãos sobre o colo.
– Perdoe-me, mas são assuntos internos. Seus advogados cuidam de nossa parte jurídica, mesmo
assim não ficaria á vontade conversando sobre nossos problemas com alguém que não está
diretamente envolvido.
– Entendo perfeitamente. Contudo, não sou senhor de minha curiosidade. – disse Edward sorrindo.
Então, prendendo-a pelo olhar, prosseguiu. – Conte-me quais são os problemas de seu jornal.
Sem nada poder fazer a não ser obedecer á ordem, Esme respondeu.
– Na verdade, meu marido trabalhava para mim, nunca foi o dono, contudo sempre demonstrou
grande interesse em tomar conta do jornal. Eu sempre depositei toda confiança nele nesse sentido,
mas com a morte de Charles várias falhas foram descobertas. Não sei como ele conseguiu esconder
de mim todo esse tempo, mas a verdade é que estamos á beira da falência. Estou tentando fazer o
que posso... Cortando pessoal, tentando atrair anunciantes... Talvez consiga recuperar, mas estamos
no começo ainda. Será difícil e demorado cobrir os rombos deixados por meu marido.
Á Edward a revelação não fora surpresa. Era de se esperar que um viciado em jogo como Charles
Howden cedo ou tarde começasse a destruir seu patrimônio da esposa. Melhor ainda para o
advogado.
– Pois eu posso ajudá-la. – disse sério. – Quanto quer pelo jornal?
Ainda presa pela influencia do vampiro, Esme sequer ponderou. Como estava condicionada a fazer,
pegou um bloco sobre a mesa e rabiscou um valor. Em seguida o entregou á Edward. Ele se
admirou que ela já soubesse o quanto pedir, porém nada disse. Apenas olhou os números. Menos do
que ele esperava; gastaria muito mais para fazer Isabella feliz.
– Eu o compro. – anunciou. – Depois algum de meus advogados cuidará da transação. Responda
por você agora. – disse a liberando. – Está feliz?
Esme piscou algumas vezes, então perguntou confusa.
– Por que lhe contei isso?
– Por que confia em mim. – respondeu impassível.
– Você quer comprar o jornal?
– Sim. – disse como se fosse óbvio. – Resolvo os seus problemas e você resolve o meu. Está feliz?
– repetiu.
– Não sei... – respondeu em duvida. – Pensei em vendê-lo, porém disseram-me que conseguiria
muito mais pelo edifício que pelo jornal em si. Então desisti. Não suportei a idéia de ver o trabalho
de meu pai ser destruído. Foi ele que construiu tudo isso aqui. – revelou saudosista, então
suspirando disse. –Talvez seja mesmo uma boa opção. – como se lembrasse de algo, ela perguntou
preocupada. – Você manterá os funcionários ou...
– Esme... O mundo jornalístico não me interessa! – Edward a cortou e prosseguiu. – Estou apenas
facilitando as coisas para nós dois. – Edward pensou por alguns segundos. – Se você se sentir mais
segura, podemos ser sócios. Evidente que fico com a maior parte, mas deixo todo poder de decisão
por sua conta. O que me diz?
– Gosto mais dessa idéia. – a editora sorriu e estendeu-lhe a mão. – Sócios então.
Edward retribuiu o aperto e disse.
– Saiba que não volto minha palavra atrás. Hoje mesmo providenciarei para que cuidem do
contrato. Então podemos voltar ao assunto inicial?
– Sim, podemos... Agora não tenho porque deixar de contratar Isabella. – recostando-se em sua
cadeira ela comentou avaliando-o. – É muito empenho por uma amiga. Percebi no dia da festa que
essa moça era especial para você. Não sei por que, mas entendo dessas coisas.
– Ela é especial e por isso mesmo não quero que ela saiba que estará trabalhando para mim. Ou que
vim pedir por ela. – disse encarando-a seriamente.
– Não passou por minha cabeça dizer nada. Não é da minha conta. E acredite ou não, não estarei lhe
fazendo nenhum favor. Charles estava interessado em ver o trabalho dela. Falou isso para mim antes
de... – ela se interrompeu, pigarreou e prosseguiu. – Enfim... Se ele não tivesse sido morto, com
certeza a teria contratado. Vi algumas matérias dela no “Press Today”. Meu marido teria gostado da
garota.
– Fico feliz em saber disso! – Edward se pôs de pé. – Agora preciso ir. Por favor, chame-a ainda
hoje.
– Às nove em ponto faço isso. Se puder me deixar o numero de telefone dela, eu agradeço.
Seguindo o exemplo da editora, Edward pegou o bloco sobre a mesa e rabiscou o numero de
Isabella. Depositando a caneta sobre o mesmo, estendeu a mão mais uma vez para a mulher á sua
frente.
– Será um prazer tê-la como minha sócia.
– Não. O prazer é todo meu! – disse ela apertando-lhe a mão. Assim que a soltou concluiu,
medindo-o. – Essa Isabella é uma mulher de sorte!
Em sua piscina, Edward sorriu com a lembrança. Mulheres. Mesmo quando ele não as encantava
davam um jeito de insinuar-se. Porém todas elas poderiam desejá-lo; apenas a “mulher de sorte” o
teria. Recostando-se na borda, ele passou as mãos pelos cabelos molhados. Não mentira quando
disse á Esme que não era senhor de sua curiosidade. Naquele momento estava morrendo por não
saber como Isabella reagira ao convite. Toda indicação de tudo saíra bem era o fato dela ter aceitado
sair com ele na sexta feira. Se ela ainda estivesse com intenção de prosseguir com a bobagem de
ajudar a amiga, somente estaria livre na segunda.
Aparentemente Esme havia feito como o combinado. Ao pensar na editora mais uma vez, Edward
aquietou-se. Não gostava de sentir compaixão. Primeiro fora com Maureen e naquela manhã, pela
segunda vez, ele se apiedara de Esme Howden. Na noite do Halloween pedira para Rosalie apagar-
lhe da mente a imagem do marido morto. E dessa vez não lhe agradou a idéia de tomar-lhe o jornal
depois que ela lhe contou ter sido fruto do trabalho de seu pai. Ao ouvir-lhe as palavras ele mesmo
viu Carlisle empenhado em suas pesquisas antropológicas. Por esse motivo propôs-lhe sociedade.
Edward não sabia se gostava dessa novidade de se comover com assuntos alheios.
Não era da natureza de um vampiro ser solidário. Voltando a nadar, Edward disse a si mesmo que
talvez não tenha sido nada disso. Que provavelmente fora apenas a falta de interesse no mundo
jornalístico como havia explicado á Esme. Ele jamais se ocuparia com os assuntos funcionais e
provavelmente entediantes de uma redação. Isso era com Esme. Uma herdeira cuidaria de sua nova
aquisição com afinco e competência. A ele somente interessava que Isabella exercesse a profissão
que havia escolhido. Era isso! Nada mudara. Seus bons sentimentos eram apenas para Isabella.
Isabella. Que deliciosa surpresa tê-la em sua cobertura. Depois que saiu no jornal, Edward fora
diretamente para Wall Street, deixou seu carro em um estacionamento não muito próximo e seguiu
andando até seu edifício. Subira pela escada pedindo aos deuses para que sua mentira funcionasse
com Alice; precisava de sossego. Descansar depois de duas noites de duvidas inquietantes e
saborear intimamente a declaração inconsciente de Isabella.
Antes da chegada da jovem, naquela manhã, estava nu; largado em sua cama, quando ouviu o som
do elevador e depois de sua porta sendo aberta. Contrariado, levantou-se e vestiu a calça de seu
pijama, acreditando ser Alice. A amiga devia possuir uma espécie de sexto sentido para descobri-lo
ali. Ela sabia que não gostava que fossem ao seu apartamento quando não estava presente a menos
que tivesse algum motivo de trabalho. Àquele pensamento Edward se lembrou que havia pedido
para que ela separasse alguns processos; queria mantê-la ocupada. Talvez o pedido tenha sido um
tiro no pé, uma vez que Alice sabia que ás vezes ele preferia estudar certos processos em seu
escritório particular e tenha subido justamente para isso.
Preparando-se para mais um desentendimento por ter feito amor com Isabella, ele seguiu para a
porta de seu quarto. Antes que saísse o cheiro familiar atingiu-o como um raio. Parado onde estava
– por um segundo –, acreditou tê-lo imaginado, porém o odor ficava cada vez mais forte.
Lentamente Edward saiu de seu quarto e seguiu até a escada. E lá estava ela. Isabella. Em seu
apartamento a admirar o Narciso de Caravaggio com uma de suas pastas comprimida contra o peito.
Quais as chances?
Temendo ser visto, Edward recuou a ficou observando-a até que ela entrasse em seu escritório. A
única explicação lógica para sua presença ali era que ela estava no edifício por causa de Alice e esta
lhe pedira para levar a pasta. Naquele momento Edward amou a amiga. Sem saber ela tinha
mandado Isabella diretamente para ele. O vampiro sorriu satisfeito, porém o sorriso morreu no
segundo seguinte. Se era somente aquilo, logo Isabella iria embora. Sentindo o coração oprimido,
ele desejou que ela ficasse.
Não queria assustá-la, então resolveu ligar o som – a música denunciaria sua presença – então
voltou para o alto da escada e começou a descê-la lentamente. Nem cogitou vestir-se
adequadamente; não dispunha de tempo nem de vontade. Se todas as outras o cobiçavam, por que
não sua escolhida? E ela o desejava. Ah, o cheiro delator de Isabella! Impossível permanecer longe.
E o que dizer da cor de seu rosto quando estava em sua presença?
Inexplicavelmente, ainda com o coração oprimido, Edward se aproximou e confirmou sua suspeita.
Ela estava ali á mando de Alice. Linda; acordada como quando a deixou em sua porta antes de
mergulhar no inferno. Precisava tocá-la, senti-la. Desde a manhã pareceu tempo demais longe dela.
No improviso, tudo que lhe ocorreu foi cobrar-lhe a dança inacabada. E Isabella aceitou. Como era
prazeroso simplesmente vê-la aceitar sua mão estendida. Era como se ela nunca fosse negá-la.
Edward a sentia pulsar em seus braços; quente. Ao vampiro pareceu que o tempo parou quando a
puxou para junto de si. Para, contraditoriamente, voar depois que a estreitou em seu abraço. A
música terminou cedo demais, ele teve dificuldade em liberá-la. Ou talvez não tenha percebido
tamanha era sua concentração em não denunciar á jovem o quanto se encontrava excitado. Fora
extremamente difícil se encaixar entre suas pernas, sentir o contato das roupas separando-os sempre
que roçava nela e não enrijecer-se. O esforço masoquista valeu á pena, conseguiu conter-se, porém
ainda desejava mais. Precisava dela e não poderia viver de sonhos para sempre. Perdido em seus
pensamentos, permaneceu fitando os olhos castanhos por um tempo incontável. A gagueira
desconexa de Isabella o liberou do transe e, ainda seguindo seu impulso, lhe disse.
– Aceite jantar comigo!
Isabella pareceu não acreditar, então ele repetiu o convite e repetiria quantas vezes fossem preciso.
Tudo que não esperava era que a hesitação da jovem fosse justamente se lembrar do rábula. Edward
não gostava sequer de ouvir o nome sendo pronunciado por ela. Quando disse que o despediria, por
um segundo disse a si mesmo que na verdade o mataria caso ela não aceitasse seu convite. Jasper,
os jornais e a policia que fossem para o inferno. Estava farto da sombra daquele ex-namorado inútil.
Porém, no segundo seguinte resolveu que talvez devesse fazer como lhe pediam e resolveu tornar as
coisas mais leves.
– Estou apenas lhe convidando para jantar Isabella, não para cometermos um crime!
Quando recapitulou e tocou seu rosto levemente dizendo que talvez cometessem um atentado não
estava brincando. A cada minuto se tornava difícil ficar perto dela sem senti-la. Com a jovem á sua
frente, era preciso mandar mensagens constantes ao seu corpo para comportar-se. E ainda precisava
de sua resposta. A indecisão de Isabella estava minando suas forças. Foi controlando sua voz que
perguntou.
– Na próxima sexta está bem para você?
– Está.
A aceitação redentora chegou aos seus ouvidos como música. E, quando a jovem confirmou uma
segunda vez e coroou a afirmativa com um sorriso, o primeiro dirigido exclusivamente á ele,
Edward não conseguiu conter-se. Talvez estragasse tudo com sua precipitação, mas simplesmente
não resistiu aos lábios de Isabella. Precisou beijá-la; lúcida. E ele tinha direito àquele beijo. O havia
negado dois dias antes e não aguentaria esperar por ele.
Então a puxou pela nuca e a beijou. No inicio apenas sentiu seus lábios, mas logo precisava de
mais. Sabia do que ela era capaz então insinuou a língua em sua boca para encontrar a dela. Como
era bom poder beijar Isabella acordada. Desde a noite que entrou em seu apartamento depois da
festa Edward esperava por aquele momento. Os beijos durante os sonhos eram intensos, mas não
correspondidos com tamanha paixão. E aquele pertencia á “ele” e não ao “outro” como da primeira
vez.
Quando ela gemeu em sua boca teve que mergulhar ainda mais na dela, prender-lhe a língua. E,
quando ela abraçou-o, Edward sentiu uma alegria tão intensa que não pode conter um sorriso de
puro deleite ainda que estivessem com os lábios grudados. Pena ter sido obrigado a interromper o
beijo. Com Isabella a acariciar sua nuca e os pelos de seu peito com a mão espalmada não
conseguiria refrear a ereção que a muito custo tentava evitar desde a dança. E aquele ainda não era
o momento. Estava indo bem até ali e não poderia correr o risco de estragar tudo com seus arroubos.
Fora capaz de liberá-la apenas por saber que á noite a veria novamente. Sim, estaria com ela. Jamais
aceitaria apenas ouvir sua voz como ela havia sugerido; jamais se contentaria com tão pouco.
Quanto mais tempo passasse com Isabella melhor. Mesmo que morresse aos poucos naquela eterna
excitação dolorosa que o consumia. Sabia que estava no caminho certo, mesmo assim foi com o
coração na mão que lhe lembrou de seu almoço com Alice. Seu esquecimento, porém, o acalmou.
Ela não queria separar-se dele tampouco. Seria breve, logo estariam juntos novamente.
Querendo aproveitar cada segundo de sua companhia, ele a levou até o elevador. Assim que as
portas se fecharam levando a imagem de sua Isabella, Edward correu para a piscina. Tirou a única
peça de roupa que vestia e se atirou na água onde se encontrava até aquele momento, tentando
acalmar-se sem sucesso. Ainda estava ligado, acesso e muito mais excitado depois de relembrar o
beijo. Precisava manter-se ocupado e a única coisa que talvez resolvesse seria mergulhar no seu
trabalho.
Saindo da água, como sempre sem se importar em molhar por onde passava, ele foi para seu quarto.
Secou-se, vestiu-se e foi para seu escritório particular. Tentando ignorar o cheiro que Isabella havia
deixado na pasta, ele a abriu para avaliar os documentos, somente para fechá-la no minuto seguinte.
Impaciente desceu para seu escritório. Àquela hora da tarde sua ante-sala estava vazia de clientes.
Apenas uma Alice séria ocupava seu posto. Sentada á sua mesa, ela sequer levantou a cabeça para
cumprimentá-lo.
– Boa tarde Alice!
– Boa tarde... – ela o encarou. – Podemos entrar em sua sala um instante?
– Evidente que sim. – disse Edward contendo um sorriso.
Como havia pensado cedo naquele dia, nem mesmo o mau humor de sua amiga poderia estragar o
dele. Alice o seguiu em silêncio. Ele se acomodou atrás de sua mesa e a encarou esperando que ela
falasse.
– Posso saber que novidade é essa de mentir para mim? – ela perguntou sem qualquer entonação.
– Precisava de um tempo. – ele disse simplesmente. – Eu sabia que cedo ou tarde acabaríamos
brigando por causa de Isabella e decidi que seria “tarde”.
Suspirando, a amiga veio se sentar á sua frente.
– Cullen, acredite ou não... Dessa vez eu não falaria nada.
– Como disse? – impossível acreditar.
– Não “falaria” e “não vou” falar mais nada! – anunciou.
– O que aconteceu? – Edward perguntou desconfiado.
– Vi como você esteve miserável esses dois últimos dias. Não gostei de vê-lo daquele jeito. Assim
como não gosto de ouvir Bella inquieta. Eu sei que ela resmungou e se revirou na cama esses dias
sentindo sua falta. Particularmente eu preferia que você refreasse toda sua... “Paixão” e esperasse
até ela estar acordada, mas enfim... Vocês são adultos. E “você” já viveu tempo suficiente para saber
o que faz.
Apesar da aceitação da amiga, Edward se sentiu alarmado. Porém não deixou transparecer, com a
voz impassível, perguntou.
– Gosto que seja assim, mas não está desistindo, não é mesmo? Ainda preciso que você tome conta
de Isabella.
– Não estou desertando de meu posto, se é isso que está pensando. – então o olhou acusadoramente.
– Mas para que eu proteja Isabella preciso de sua ajuda e não será nada funcional se começar a
mentir para mim.
Aliviado, Edward se recostou em sua cadeira.
– Foi uma mentira branca... Somente para ter algumas horas de sossego. Como eu poderia prever
essa sua nova atitude.
– A primeira indicação seria o fato de eu não ter telefonado ou invadido o apartamento de Bella para
tirá-lo de lá á tapas. Onde estava com a cabeça para ficar até àquela hora? – Edward sequer pôde
responder. Antes que dissesse qualquer coisa ela o impediu. – Não me responda! Sei bem onde sua
cabeça pervertida estava. E atrasei-me por conta disso. Esperei que saísse para poder vir para cá.
Pondo-se de pé Alice disse.
– Almocei com Bella hoje, mas isso você já sabe.
– Sim, ela me disse.
– O que você precisa saber é... – como se ponderasse se devia prosseguir ou não, Alice titubeou,
porém prosseguiu. – Bella está apaixonada por você!
O tom da amiga apagou o sabor das palavras; Edward não gostou dele. Sua declaração tinha a
entonação de quem ainda tinha algo á acrescentar. E ele sabia que Isabella estava apaixonada,
então... O que tinha á mais? Seriamente ele perguntou.
– Isabella está apaixonada por mim... Certo! Ela lhe disse isso?
– Admitiu há alguns dias e hoje durante nosso almoço. – Alice contou. Então, ainda relutante
concluiu. – O problema é que ela viu Paul no saguão.
Edward prendeu a respiração e permaneceu imóvel. Não estava gostando daquilo. A amiga
prosseguiu.
– Ela me garantiu que não sentiu nada demais. Mas voltou a dizer que gostaria de conversar com ele
para saber o que aconteceu com o relacionamento dos dois e... Que talvez pudessem ser amigos.
Edward podia sentir os rosnados se formando em seu peito. Não queria Isabella perto do rábula. Ele
não precisava de sexto sentido para saber o que ia á mente da vampira á sua frente.
– Não se atreva Alice! – alertou em voz baixa.
– Seria apenas uma conversa... Definitiva.
– Não! – a voz assumiu um tom enérgico.
– Edward tente entender... – Alice se sentou novamente. – Quando ela comentou a idéia também
não me agradou, mas depois, pensando bem... Percebi que você não pode depender de uma indução
para sempre. Jasper me contou o que aconteceu no tribunal. A única dedução aceitável é que
alguém, de alguma forma, retirou sua ordem. Se foi esse o caso, mais cedo ou mais tarde vai
acontecer de novo. Esse relacionamento precisa acabar de verdade. Acredite, eles não serão nem
amigos se...
– Não Alice. Afinal de qual lado você está?
– Do lado de Bella! – ela disse sem rodeios.
– Pois saiba que não tem como estar do lado de Isabella sem estar do “meu” lado! – avisou
sombriamente. – Não se atreva a providenciar um encontro entre os dois. Essa história já está
terminada.
– Não está e você sabe disso! – Alice exclamou. – Engula seu ciúme e deixe Bella conversar com
ele. Garanto-lhe que se Paul...
– Já disse que não! – exasperado e irritado ele foi servir-se de uísque.
Estava enganado. Alice poderia sim, estragar seu humor. Edward mal podia crer que por um minuto
chegou a acreditar na boa intenção da amiga. Tanta boa vontade em não recriminá-lo tinha um
preço. Com certeza ela estava intercedendo em favor da amiga. Não que Isabella fosse lhe pedir
isso, afinal – Edward sentiu uma pontada no coração – não eram nada um do outro e ela não lhe
devia satisfações. Se ela desejasse poderia ir atrás do rábula quando quisesse, porém “Alice” sabia
que ele jamais permitiria e tentava conseguir uma permissão. Que nunca seria dada.
– Edward. E se eu lhe contasse o que...
– Não quero saber de nada relacionado á esse assunto. – Edward cortou-a indo sentar-se novamente.
– Agora, por favor, deixe-me sozinho!
Apesar da educação havia dado uma ordem á Alice. Se ela insistisse naquele assunto seria capaz de
mandar todos ao inferno e acabar de uma vez com a vida do rábula. Talvez fosse exatamente isso
que fizesse com insistência ou não. A amiga olhou-o com pesar, como se ele fosse uma alma sem
salvação. Pareceu considerar insistir no assunto, porém Edward lhe lançou um olhar enfurecido.
Sem dizer mais nada, ela seguiu até a porta, porém antes de sair perguntou.
– Alguma vez perguntou-se como resolveria seus problemas se não tivesse seus poderes? – então
saiu.
O vampiro terminou sua bebida e controlou-se para não atirar o copo contra a porta. Maldita Alice.
O que ela queria dizer com aquilo? Que ele não saberia se defender ou lutar por Isabella de igual
para igual? Que era alguma espécie de covarde que se valia da indução para manter Paul longe de
Isabella? Edward depositou o copo vazio sobre a mesa. A verdade massacrando-o. E não era
exatamente aquilo que estava fazendo? Maldita Alice que sempre o fazia pensar racionalmente.
Edward repassou mentalmente a conversa tensa que tiveram. Reparou que por várias vezes Alice
tentou lhe dizer alguma coisa. Como se soubesse como terminar de vez com o relacionamento
amoroso ou até mesmo uma possível amizade. Por que não a ouvira? Contrariado, ligou para o
telefone da mesa de sua secretária.
– Você tentava me contar algo sobre o rábula... Disse algo sobre eles não serem nem mesmo
amigos. Pode dizer-me o que é?
Perguntou de mau humor antes mesmo que ela dissesse qualquer coisa. Em tom de derrota, Alice
lhe respondeu.
– Sinceramente não quero voltar a esse assunto com você. Mas posso lhe dizer uma coisa. Se
confiar em mim, asseguro-lhe que depois dessa conversa, Bella não colocará os olhos uma segunda
vez em Paul.
Relutante Edward disse.
– Eu confio Alice. – sem dizer mais nada, desligou.
Colocado daquela maneira, não tinha como ser diferente. Edward não tinha motivos para não
confiar em Alice. Por vias tortas; enfrentando-o ou desobedecendo-o, ela sempre lhe fora fiel. E se
estava decidida a ajudar Isabella em sua curiosidade doentia, pouco ou nada ele poderia fazer.
Mulheres eram ardilosas e somente os deuses poderiam prever o que Alice e Isabella fariam juntas.
Naquele momento Edward arrependeu-se por não ter sido ainda mais precipitado e prendido a
jovem em sua cobertura impedindo-a de almoçar com Alice e ter aquele encontro infeliz com o
rábula.
Bom... O que estava feito, estava feito. Não sofreria de véspera. Melhor tentar recuperar o humor de
antes. Isabella o amava! Até mesmo contara para Alice. Talvez não tivesse nada a perder se
começasse a pensar racionalmente como havia decidido no beco. Se não fosse aquele intruso a
rondá-lo, poderia dizer que tudo estava correndo perfeitamente. O rábula era um problema menor.
Contudo as pulgas sempre incomodariam os cachorros mais poderosos, não incomodariam?
Suspirando resignado começou a estudar os processos que havia pedido para Alice. Pela primeira
vez em dias estava concentrado em algo referente ao trabalho quando ouviu a batida leve em sua
porta. Antes mesmo de dar permissão para que entrasse Edward já sabia se tratar de James;
finalmente. Sorte dele que agora Edward estava em uma fase ponderada.
– Entre! – disse fechando a pasta e colocando sobre a mesa.
O advogado entrou e fechou a porta atrás de si. Trazia alguns papéis e, sem que Edward o
convidasse, se sentou á sua frente.
– Sr. Cullen, desculpe vir incomodá-lo, mas gostaria que me ajudasse em uma dúvida.
– Ajudo em quantas forem preciso... – disse recostando-se. – Mas antes uma pergunta.
– Sim.
– Por que se importou com a atitude de Paul na sexta feira passada?
– Ah... – James depositou os papéis sobre a mesa antes de responder. – Se o senhor o tivesse visto
também desconfiaria. Ele estava estranho, juntando seus pertences apressadamente, dizendo coisas
desconexas como: atirar-se e fazer um favor aos dois. Achei estranho e procurei o Sr. Whitlock. Ele
me disse que poderia averiguar e resolver. Quando questionei Paul novamente ele apenas disse que
precisava atender a um pedido e atirar-se pela janela. Então achei melhor retirar a ordem. Sei que o
senhor não desejaria que algo de mal acontecesse á um de seus funcionários. Afinal, sempre nos
instrui para nunca atacá-los ou feri-los.
– Sim, eu sempre disse isso e espero que todos vocês continuem a agir assim. – Edward avaliava a
expressão do vampiro á sua frente. Sabia que James tentava atenuar as coisas, mas não se deixaria
ser feito de idiota. – Agora... Não entendo como pôde preocupar-se com minhas recomendações,
quando sabia que a ordem foi dada por mim!
– Isso não era da minha conta! – disse baixando os olhos.
– Justamente! Não era e nunca será da sua conta! Então por que interferiu? Quando soube que a
ordem fora dada por mim, deveria saber que não aceitaria desobediência e mesmo assim você o fez.
Eu quero saber por quê?
– Desculpe-me! – disse voltando a olhá-lo. – Mas acreditei ser o certo a ser feito. Afinal, foi o
senhor mesmo que o trouxe para cá. Imaginei que talvez tivesse dado a ordem em um momento
impensado e que poderia se arrepender depois. E que se eu estivesse errado e o motivo fosse sério, o
senhor daria a ordem novamente e pronto! Como o senhor não o fez acreditei que realmente tinha
acertado em meu julgamento. Que o senhor agira de cabeça quente e que não o queria morto. –
então franzindo o cenho, perguntou.
– Não foi isso que aconteceu?
Edward analisou a expressão inocente do vampiro á sua frente. Ou ele era um verdadeiro ator ou
estava falando a verdade. Ele não saberia dizer. Tudo que lhe ocorria é que não estava gostando
nada das descobertas que andava fazendo nos últimos dias. Precisaria ficar mais atento aos
vampiros em sua volta. Encarando-o disse.
– Sim... Foi o que aconteceu! – então sombriamente acrescentou. – Mas só para que fique ciente, da
próxima vez que acontecer... Deixe que se cumpra o que determinei. Se vou arrepender-me ou não é
comigo. Asseguro-lhe que será mais saudável e inteligente para você, se cuidar de sua própria vida.
Não gosto de interferências nem mesmo quando elas são em meu favor. Fui claro?
– Como água! – respondeu James sem expressão. – Desculpe-me se o aborreci.
Edward apenas acenou com a cabeça. Então, para mudar de assunto uma vez que seu recado fora
dado, perguntou prestativamente em que poderia ajudar o advogado. Depois que todas as duvidas
foram esclarecidas, James se desculpou novamente, agradeceu e saiu. Suspirando exasperado com a
situação, Edward foi servir-se de mais uísque e voltou á sua cadeira.
O que estava deixando passar? Não gostava daquela sensação de desconfiança, porém nada tinha a
fazer. Não poderia simplesmente atacar James para que dissesse alguma coisa não revelada durante
a conversa. Caso estive somente paranóico seu gesto apenas agravaria sua relação com um de seu
clã. E definitivamente ele não desejava isso. Precisavam estar unidos.
************

Notas finais do capítulo


Bom Espero que tenham gostado... AS coisas estão se encaminhando e complicando ao
mesmo tempo para Ed... Não vou deixar spoiler pq pretendo postar outro capítulo.Bjus...
e comentem.Ah.. desculpem todas que eu demorei para acc como amiga... eu esqueço
que posso ter amigos aqui e não olho... mas já estão todas acc... o/

(Cap. 28) Capítulo 30

Notas do capítulo
Olha lá... mais um capítulo... esse é pela Páscoa.Nesses últimos dias consegui mais
leitoras... Quero agradecer a todas que indicam... Não gosto muito de citar nomes para
não esquecer ninguém, mas duas leitoras que sei que indicam em seus perfis e fics...
DIVA e Luana, não posso deixar de agradecer. Obrigada!Agora, vamos ao ED...

Edward guiava em silêncio; sentia-se raivoso. Nem mesmo a conversa tensa com James ou
inquietante com Alice fora capaz de abalá-lo como o encontro com aquela mulher inconveniente.
De certa forma estava acostumado á situações como aquela. Em toda sua existência ocorreram
cinco; contando com a desta noite. Nas ocasiões passadas, teve imenso prazer em mostrar para
todos que lhe apontaram o dedo, que estavam certos. Dessa vez, porém, foi preciso conter-se.
Edward utilizou toda sua força sobre humana para abafar os rosnados que começaram a se formar
em seu peito quando ouviu as palavras da mulher para Isabella. Tudo que pôde fazer foi segurar a
jovem firmemente na tentativa de acalmar-se.
Como aquela infeliz teve coragem de alertá-la contra ele? Se a velha sabia de sua condição
vampírica, deveria imaginar que, uma vez ele estivesse escolhido Isabella como sua vítima, ela não
teria escapatória. Ao que tudo indicava, a mulher era apenas uma supersticiosa – provavelmente
sensitiva – sem nenhuma noção do perigo que corria. Rapidamente Edward olhou para Isabella ao
seu lado. Sabia que vez ou outra ela olhava em sua direção também, porém não tinha como saber o
que ela estava pensando.
Seria possível que tivesse acreditado no que ouviu? O vampiro não desejava revelar-se ainda; não
daquela maneira. Pretendia antes preparar Isabella para que não se assustasse. Talvez, se na breve
conversa no estacionamento, ela tivesse lhe respondido de outra forma, ele poderia sentir-se seguro
em lhe dizer a verdade.
Contudo, aparentemente, Isabella rejeitava a idéia. Com certeza ficara impressionada, pois
permanecia muda desde que lhe respondeu – com a voz incerta – que confiava nele. Era como se ela
tivesse dito a frase para si mesma, não para ele. Edward sentia o coração indócil. Subitamente lhe
parecia que tudo que aconteceu nos últimos dias nada mais era que o resultado de uma sucessão de
erros. E ele não poderia errar; não com Isabella. Mas como ser diferente se depois de conhecê-la,
conquistá-la passou a ser sua obsessão?
Sim, ela estava ao seu lado, mas á que preço? Edward valeu-se de manipulação, indução. O
relacionamento era novo; estava crescendo aos poucos e para sua agonia, em bases fracas. Era frágil
ainda e qualquer passo mal dado poderia arruinar tudo que conseguira até aquele momento. Quando
revelasse ser um vampiro, Isabella tomaria conhecimento de todas as suas atitudes erradas.
Descobriria suas visitas noturnas onde fez amor com ela sem seu consentimento. Mataria a charada
do namoro rompido sem explicação. O que faria então? Perdoá-lo-ia ou o condenaria?
Edward apertou o volante, porém conteve-se á tempo para não parti-lo. Seu coração reclamou no
peito somente por imaginar Isabella dando-lhe as costas. Se isso acontecesse, morreria com certeza!
Perder Isabella seria a morte, ainda mais se por sua inconseqüência. Quantas vezes Alice e Jasper
tentaram alertá-lo? Várias. Porém a pergunta da amiga naquela mesma tarde fora uma das poucas
que lhe fez pensar com clareza. O que faria se tivesse que conquistar Isabella lutando de igual para
igual com o rábula? Edward não saberia dizer. Há quase dois séculos não vivia de outra maneira.
Contudo, em todo tempo passado, não existia uma Isabella para julgá-lo.
Mais uma vez, Edward olhou em sua direção. Ela olhava á frente, perdida em seus pensamentos;
distante. Instintivamente, ele estendeu a mão e capturou a dela, precisava senti-la. Isabella olhou
para as mãos unidas e então lhe sorriu. O advogado aqueceu-se, mas não se permitiu nenhuma
espécie de ilusão. Isabella sorria para o homem, não para o vampiro. Velha estúpida e maldita!
Agora, além de preparar Isabella para que não se assuntasse, teria que primeiro resolver as
pendências. Criar bases sólidas em seu envolvimento com a jovem; fazer com que ela confiasse
nele. E o pior de tudo, deixar que Alice colocasse um ponto final – e verdadeiro – no
relacionamento de Isabella e Paul. Pelo menos se livraria de uma entre tantas falhas cometidas.
– Você está me levando para a praia? – a voz de Isabella o despertou.
– Estou! – respondeu prestando atenção no caminho. – Algum problema com isso?
– Não! – ela lhe sorriu mais uma vez.
Minutos depois de terem atravessado a ponte, Edward estacionava o carro. Escolheu uma área
pouco movimentada. Antes que pudesse detê-la, Isabella saiu sem lhe dar a chance de abrir a porta
para ela. Ele sabia que estavam em pleno século vinte e um, mas nunca se habituaria a essa
independência feminina. Como poderia demonstrar o pouco de cavalheirismo que lhe restava se ela
não lhe desse a oportunidade? Sem contar que no contexto atual, depois de todas as suas cismas,
aquele gesto o lembrou uma tentativa de fuga. Inquieto, Edward saiu do veículo em tempo de ver
Isabella contorná-lo pela traseira para juntar-se a ele.
– Da próxima vez, poderia, por favor, esperar que eu lhe abra a porta? – perguntou tocando-lhe o
rosto.
Isabella estremeceu ao seu toque e disse fechando a frente do casaco.
– Desculpe-me. Não estou acostumada a essas gentilezas.
– Bom... Não quero saber o que passava pela cabeça de todos os outros para tratá-la sem o devido
cuidado, mas saiba... Comigo é diferente!
Isabella estremeceu mais uma vez.
– Vou me lembrar disso! – respondeu simplesmente. Então olhou em volta. – Por que me trouxe á
praia?
– Tive um dia cheio! Quando a rotina se torna desgastante eu venho aqui. Gosto do cheiro do mar;
do vento. – disse olhando à frente, então se virando para encará-la, completou. – Já planejava vir
aqui hoje e desejava vê-la... Apenas pensei em juntar as duas coisas.
– Não venho com freqüência, mas também gosto daqui. – comentou recostando-se no carro.
– Então combinamos mais uma vez. – Edward sorriu. – Vamos!
– Para onde?!... – Isabella juntou as sobrancelhas. Edward riu ainda mais de sua expressão.
– Na areia... Chegar mais perto da água.
Com uma careta de dúvida, a mesma que fez no dia em que foi buscá-la de moto, ela olhou para os
próprios sapatos.
– Edward eu não acho...
Começou a dizer, mas prevendo a desculpa, Edward a cortou.
– Não seria problema. Se me permite?
Sem esperar resposta Edward a pegou no colo. Isabella apenas arfou, porém nada disse. Ele podia
ouvir-lhe o coração bater acelerado. Aquela era uma de suas reações que tornava difícil a tarefa de
mantê-la longe. Edward gostava daquele som; principalmente quando batia ainda mais rápido
quando estavam fazendo amor. Ele tentou banir a lembrança no momento exato em que a
depositava no chão. Começava a tirar o sobretudo, quando ela perguntou.
– O que está fazendo?
– Eu já disse que comigo é diferente. Não vou obrigá-la a sentar-se na areia!
Dito isso Edward estendeu seu casaco para que Isabella sentasse sobre ele. Ela permaneceu imóvel
até que ele se acomodasse ao lado do casaco e lhe estendesse a mão. Como sempre ela não lhe
recusou; satisfeito, ele a viu segurar a mão estendida e se sentar ao seu lado. Imediatamente Edward
a abraçou pelos ombros deixando que ela se apoiasse em seu peito.
– Nunca vim aqui á essa hora! – Isabella comentou depois de alguns minutos em silêncio. – Não
tem medo?
– Não! E não se preocupe. Jamais deixaria que algo de mal lhe acontecesse.
– Vou acreditar nisso. – ela disse sorrindo.
– Sim... E por favor, nada de falar em assaltos, assassinatos, fraudes, nenhuma espécie de crime.
Trouxe-a para cá justamente para esquecer assuntos inquietantes.
Não precisaria dizer que todos os assuntos que o atormentava eram relacionados á ela. Usar o
trabalho lhe pareceu uma boa desculpa. Mas não lhe mentira quando disse que planejava vir á praia
desde cedo. Depois das duas conversas que teve naquela tarde, respirar um pouco de ar temperado á
maresia lhe pareceu tentador. Quando associou Isabella á cena não teve duvidas. Soube que a
levaria aquela noite. Sem contar que teria um pouco de privacidade com a jovem. Não que se
importasse que Jasper e Alice ouvissem o que se passava no quarto de Isabella, mas tê-la assim,
somente para si, seria maravilhoso.
Não se esquecia do seu intruso, contudo resolveu arriscar. Precisava de um pouco de paz. Da
mesma que sentiu pela manhã no quarto de Isabella. Contudo, por mais de desejasse exatamente
isso, não poderia arrastá-la para o cômodo assim que a levasse para o apartamento naquela noite.
Para todos os efeitos o relacionamento estava começando agora e ele teria que ir devagar. Seria
penoso, mas seguiria a vontade de Isabella; ele a teria quando ela o quisesse.
– Certo! Nada de assuntos que lembrem seu trabalho. – Isabella concordou. Então, receosa
perguntou. – Vale perguntar algo sobre você?
Edward sentiu o peito oprimido. Não podia ver-lhe a expressão. Não conseguia prever o que viria,
mas sabia que não estava preparado para perguntas que não pudesse responder. Não desejava mentir
tampouco. Sentiu-se alarmado, porém só poderia descobrir o que era se ela fizesse a pergunta. Com
a voz firme, disse.
– Sim! O que deseja saber?
Isabella pareceu pensar. Edward acreditou que o que viria á seguir seria pior do que pensava. Sua
cabeça trabalhava rapidamente procurando uma solução para evitar o assunto que provavelmente
surgiria, quando ela disse.
– Por que foi embora de meu apartamento daquela forma abrupta da última vez que nos vimos? Eu
disse ou fiz alguma coisa errada?
Certo, aquela era uma das perguntas que não poderia responder sinceramente, mas já havia
inventado uma desculpa para ela; bastaria mantê-la.
– Eu lhe disse na ocasião... Lembrei-me de algo importante que precisava ser feito. Desculpe-me se
deixei alguma má impressão. Você estava sendo uma boa anfitriã. – Isabella suspirou. Calou-se,
mas instintivamente Edward sabia que tinha mais. – Pode perguntar Isabella.
O advogado temia as perguntas, contudo simplesmente não conseguia conter sua curiosidade.
Descobriu padecer do mesmo defeito humano, ou talvez a curiosidade mórbida fosse o mal dos
apaixonados. Ela pensou por mais uns segundos, então, aparentemente se enchendo de coragem,
perguntou.
– Por que foi embora sem me beijar?
Ele ouvira direito? Isabella, sua escolhida covarde, lhe cobrava um “beijo não dado”? Como que
para confirmar, passando a brincar com o primeiro botão de sua camisa, ela prosseguiu.
– Desculpe-me perguntar sobre isso, mas é que ás vezes você me deixa confusa. Outro dia saiu sem
dizer algo que parecia ser importante, então no dia seguinte telefona-me para saber como eu estou.
No outro some completamente, então aparece do nada. Leva-me para o trabalho; busca-me na volta.
Então vai embora negando algo que, pelo menos para mim, parecia que ambos queriam...
Apesar de Isabella ter se calado em um fio de voz e os breves toques de seus dedos na pele de seu
peito, perturbá-lo; ele ouviu direito e entendeu. E naquele momento boa parte de suas cismas foram
esquecidas. Se qualquer outra o questionasse daquela forma perderia todo o encanto para ele, porém
não a sua bruxa. Isabella o enfeitiçara de tal forma que, Edward descobriu que precisaria sempre
daquilo. Precisaria que Isabella o cobrasse, o questionasse – mesmo que com perguntas
embaraçosas.
Ele precisaria sempre daquela atenção sobre si. E ela estava certa. Como desejar que ela não fique
confusa com tantas oportunidades perdidas e palavras não ditas? E o que dizer sobre aquele beijo
que, em sua culpa, fora embora se privando e negando á ela o que os dois desejavam? Pela primeira
vez em anos, Edward precisou procurar por sua voz para responder. Não lhe surpreendeu que ela
saísse rouca.
– Desculpe-me. Nunca foi minha intenção deixá-la confusa. – Edward a fez erguer-se de seu peito e
tocou no rosto ansioso, prendeu-a pelo olhar. – Se o que quis descobrir, depois desse discurso, é o
que eu sinto por você. Eu lhe digo... Talvez não da forma que deveria, pois acredite... Toda essa
situação é nova para mim... Mas o que posso dizer agora é que eu gosto de você. Gosto muito na
verdade! E naquela noite não quis estragar as coisas entre nós. Não quis forçá-la a nada, pode
entender?
Isabella baixou os olhos para sua boca e disse.
– Não forçaria!
Como resistir á ela quando aquele olhar incerto mal conseguia disfarçar o desejo intenso que sentia?
Descobriria outra hora. Naquele momento não tinha muito a fazer ao ver Isabella – sempre lhe
mirando a boca – começar a deitar o corpo até que estivesse totalmente estendida em seu casaco.
Com o velho coração aos saltos, Edward desprendeu os olhos daquela visão e olhou em volta. A
alguns metros, um bar situado na orla estava vazio pelo adiantado da hora. Ao que tudo indicava
estavam sozinhos, mas ainda assim poderia ser perigoso distrair-se.
Edward voltou a atenção á Isabella. A frente do casaco escorregara para os lados revelando o
vestido xadrez, fechado pela frente por vários botões pequenos. As pernas ligeiramente dobradas,
escondidas em meias pretas. Ele perguntou-se se seria uma única peça ou aquelas que terminavam
em uma renda no alto de cada coxa. Suas mãos coçaram por levantar a barra do vestido para
descobrir. Controlando-se, olhou novamente para o rosto amado. Edward chegou á conclusão, que
nunca teria uma versão definitiva de quando ela estaria mais bela. Aquela era a sua preferida no
momento.
Esquecendo-se do perigo, ele deixou-se perder na visão daqueles olhos, que ainda fitavam sua boca,
e nos lábios entreabertos que esperavam por um beijo seu. Isabella não precisaria esperar mais.
Lentamente Edward se estendeu ao seu lado e parou o rosto á centímetros do da jovem. De repente,
ele soube a primeira coisa que tinha a fazer em relação á Isabella. Ele sempre achara todas as
instituições amorosas ridículas e dispensáveis. Porém, quando fez o pedido improvável sentiu o
estomago leve e o coração descompassado como se fosse um maldito adolescente.
– Namore comigo Isabella.
Ser namorada de Edward Cullen!
Passado, momentaneamente, o efeito do beijo, enquanto Edward dirigia seu carro, Bella acreditou
ter entendido seu recado quando ele apareceu sem o dele para buscá-la. Era como se lhe mostrasse
que não teria pressa em ir embora, em plena madrugada. A jovem interpretou como outra de suas
precipitações, mas não se importou. Perdera a conta de dias que o desejava e se tivesse a chance de
ficar com Edward, ainda mais depois dos beijos que trocaram, ela agarraria. Até se preparava para o
caso de ser apenas mais uma já que seguia a linha da não provinciana. Quando tomou coragem para
lhe fazer aquelas perguntas jamais imaginou que elas a levassem á um pedido formal de
compromisso.
Estava preparada para tentar transformar os sonhos tórridos em realidade – mesmo que fosse ali,
naquela praia, exposta a todos os perigos –, mas aquilo era muito mais do que poderia pedir. Sem
perceber ela ergueu a mão e tocou o rosto do advogado. Ele fechou os olhos ao toque e virou a
cabeça para que a mão escorregasse até seu nariz, então cheirou profundamente sua palma.
Imediatamente o corpo da jovem reagiu. Edward a encarou e perguntar com a voz rouca.
– Não vai responder-me?
– Sim. – foi tudo que pôde dizer.
Edward soltou um chiado estranho, então baixou a cabeça, cheirou seu rosto quente da bochecha até
á orelha e disse em seu ouvido.
– Não seja cruel Isabella. “Sim” que vai responder ou “sim” que aceita?
Com o coração batendo aos saltos e prendendo os olhos nas estrelas acima, sem vê-las na verdade,
ela respondeu.
– Sim, eu aceito!
Então as estrelas sumiram e o rosto de Edward surgiu em seu campo de visão. Bella não teve muito
tempo de analisar-lhe a expressão. Logo ele baixou sua boca até tocar a dela. Como na porta do
restaurante, o beijo foi leve. Ele brincava com seus lábios. Nada de mais e ainda assim seu corpo já
começava a aquecer-se.
Bella sentiu a mão fria de Edward em seu pescoço ao mesmo tempo em que ele começou a
contornar seus lábios com a língua. Desejando intensificar o beijo, Bella capturou-a em sua boca,
fazendo com que as línguas se tocassem. Com um gemido abafado, Edward aceitou o oferecimento
e beijou-a com mais força. Correspondendo, ela prendeu-o pelos cabelos da nuca para que não
parasse. Como percebeu na manhã passada, realmente era certo beijar Edward.
Tão familiar que não se surpreendeu quando a mão masculina saiu de seu pescoço e deslizou
levemente pela frente de seu vestido. Escorregou por seus seios de forma tão delicada que se não
fosse a resposta imediata de seus mamilos ao toque ela ficaria na duvida se ele realmente existiu.
Aquela foi a vez de Bella gemer. Assim como acontecera com o beijo, Edward bem que poderia
intensificar aquela caricia. Contudo ele não o fez.
Continuou a deslizar a mão levemente, ora pelos bicos intumescidos aprisionado sob duas camadas
de tecido, ora pelos botões que fechavam a frente do vestido. Acreditando que aquele era um teste
de aceitação, quando sentiu a mão passar mais uma vez sobre um seio, Bella arqueou o corpo
indicando que ele tinha sua permissão; se era esse o caso. Ao invés de atendê-la, Edward
interrompeu o beijo e a olhou intensamente. Sua voz era um chiado rouco.
– Não podemos fazer isso aqui Isabella!
Ainda que o “namoro” não tivesse mais que cinco minutos, á Bella nem ocorreu que pudesse
parecer oferecida ou promiscua quando perguntou em um fio de voz.
– Por quê?
Edward pareceu gostar da pergunta, porém disse sério.
– Lembra-se de onde estamos?
– Não muito!...
Não era de todo mentira. Edward tinha o poder de fazê-la esquecer-se do dia. A única coisa de que
tinha certeza era o desejo intenso que sentia por ele. Naquele momento, todos os minutos, o dia
todo. Isso há muitos dias. Aquele era seu estado constante e agora que estava com ele não via
motivos para não aproveitar. Mirando a boca ainda próxima, prosseguiu.
– Mas lembro que estamos sozinhos.
Edward sorriu-lhe.
– Em uma praia Isabella... E está frio!
– Está?
Para Bella, agora a noite estava extremamente quente. Edward a olhou por um minuto inteiro, então
se acomodou ao lado da jovem e apoiou a cabeça em uma das mãos enquanto que com a outra
voltou a acariciar levemente a frente do vestido, porém dessa vez, apenas sobre os botões. Ela
fechou os olhos e inclinou o corpo levemente na esperança que a palma se aventurasse pelo bico de
um seio.
– O que eu faço com você Isabella? – Edward falava para si mesmo, não esperava resposta. – Como
disse antes, tudo isso é novo para mim, então me ajude a agir direito com você. – ele deu um breve
beijo em seus lábios. – Quero você, mas não aqui. Não assim! Agora que estamos juntos, você
sempre vai ter o melhor que eu puder lhe proporcionar. Pode entender isso?
Como ter aquele rosto perfeito diante de si, e não entender alguma coisa? Morreria consumida em
chamas por seus pensamentos impuros, mas ainda assim lhe compreendia.
– Entendo.
Edward lhe sorriu e beijou-a mais uma vez. Então, se deitou e a trouxe para seu peito, abraçando-a.
Com as costas dos dedos, começou a acariciando seu rosto. Ficaram em silêncio por um tempo.
Bella gostaria de saber o que ia á cabeça de Edward. Ele havia dito que tudo aquilo lhe era novo. O
que queria dizer com a declaração? Que ele sempre fora um conquistador descompromissado e que
ela era sua primeira namorada? Difícil de acreditar. De repente Bella sentiu falta de ar. Se estivesse
certa, a responsabilidade implicada era enorme e significava que aquele “gosto de você, muito na
verdade” ia além das palavras casuais. Sem que pudesse controlar-se, seu corpo passou a tremer
compulsivamente.
– Isabella, você está bem? – Edward a afastou preocupado.
Sem querer dizer que os tremores eram por sua causa, respondeu.
– Acho que agora senti como a noite está fria e...
– Claro! – disse Edward levanto-se e puxando-a gentilmente pela mão. – Como fui trazê-la aqui á
uma hora dessas!
– Tudo bem Edward!
Mas ele já sacudia a areia de seu casaco e o dobrava no braço. Ato contínuo; pegou-a no colo
novamente, então disse.
– Tudo bem nada! É minha função protegê-la, não matá-la de frio!
Seu tom era tão sério que Bella achou melhor não retrucar. Deixou-se ser carregada e acomodada no
assento do carona, sem nada dizer. Quando atravessavam a ponte, ele perguntou ainda sério.
– Como foi o almoço com Alice?
– Foi bom.
Apesar de querer quebrar o silêncio, Bella não gostaria de enveredar por aquele assunto. Não
quando a conversa com a amiga girou em torno dele e de seu ex-namorado. Havia dito á Alice que
não admitiria que ninguém se metesse em seus assuntos, mas ainda assim não era prudente criar
polemicas. Pelo menos não com Edward súbita e inexplicavelmente sério como estava. Desviando
os olhos do caminho, ele a encarou de cenho franzido, antes que ele lhe perguntasse qualquer outra
coisa, ela disse.
– Hoje fui contratada para trabalhar no “Today”.
– Que boa noticia Isabella! Parabéns!
Talvez tenha sido impressão sua, mas não pareceu surpresa para ele. Como naquela manhã quando a
viu em seu apartamento depois de descer a escada. Era como se ele soubesse. Bella recriminou-se,
como ele poderia saber? Então a resposta lhe ocorreu. Alice, claro! No episodio da escada pode ter
sido maluquice de sua cabeça, mas quanto ao emprego, a amiga poderia muito bem ter comentado.
E isso não teria problema algum.
– Obrigada!... Começo na segunda. A Sra. Howden me deu essa semana para acertar tudo com
Angela.
– Mas você ainda vai trabalhar no restaurante esses dias?
– Somente até quinta. Na sexta temos nosso encontro.
– Sim, mas eu pensei... – então se calou abruptamente.
– O quê? – Bella quis saber o restante da frase.
– Nada!... É que... Já que você arrumou um emprego em sua área, poderia parar de ir naquele
restaurante.
De novo não! Bella pensou em agonia. Sentindo seu mau gênio aflorando, ela controlou-se para
acalmar-se. Suspirando perguntou.
– Você não é daqueles que classificam uma pessoa pelo serviço que presta, não é?
– Absolutamente! – ele respondeu impassível. – Toda forma de servir é digna e válida. Apenas
imagino que deva ser desgastante para você. Ainda mais depois de ter ficado doente. Você poderia
tirar esses dias de folga, antes de começar no seu novo emprego.
Bella sentiu o espírito desarmando-se. Como argumentar contra aquelas palavras? Pensavam
exatamente igual quanto aos empregos e ele estava certo quanto á ser desgastante, porém já havia
combinado com Angela e cumpriria o acordo. Afinal seriam apenas mais duas noites. Teria três dias
livres antes de começar no jornal. Sentindo-se culpada por julgá-lo, disse.
– Desculpe-me por interpretá-lo mal! É que já tive uma boa cota de brigas por causa de minha ajuda
á Ang...
– Paul não aprovava?
A jovem sentiu um calafrio ao ouvir o nome do ex ser pronunciado por Edward. Não saberia dizer o
motivo, afinal ele perguntara casualmente, porém ainda assim, soou estranho.
– Pois é... Ele não aprovava. – respondeu sem olhá-lo, esperando que mudasse o assunto.
– Entendo! – Bella viu por sua visão periférica que ele a olhava como se a avaliasse. – Isabella, eu
posso lhe fazer uma pergunta? Se concordar, por favor, não minta. Eu saberia.
– Sim! – ela temeu pelo que viria.
– Você está bem quanto ao fim do seu relacionamento com Paul?
– Bem em que sentido? – estava certa por temer.
– Você ainda o ama? – ele pigarreou e acrescentou. – Entenderei se disser que sim, afinal são
poucos dias de separação. Só pergunto por que quero estar preparado para o caso de uma possível...
Recaída.
– Não acredito em recaídas! – bom, fora ele que pedira para que não mentisse. – Talvez em uma
reconciliação, caso ele tivesse me atendido nos primeiros dias. Mas não aconteceu. E, se eu aceitei
namorar com você é porque me sinto livre para isso. Não gosto que mintam para mim ou brinquem
com os meus sentimentos, então eu não o faço. Mas já que perguntou, outro dia estive pensando
se...
– Se...? – ele a incentivou á prosseguir.
– Se um dia eu tivesse a chance de conversar com ele e saber o que aconteceu, ficaria feliz. Até
agora não sei o que houve. Talvez, se resolvêssemos seja lá qual tenha sido o problema, poderíamos
ao menos ser amigos.
Edward respirou fundo e perguntou.
– Acha mesmo que seria uma boa idéia? Ser amiga de um ex-namorado?
– Somos todos civilizados, não somos?
– Alguns de nós tentamos ser. – foi a resposta estranha. Ignorando-a, ela prosseguiu.
– Não tenho queixas contra Paul. Algumas opiniões controversas, mas nada além disso.
Basicamente sempre nos demos bem.
– Entendo... E seguindo a linha da civilidade, acho a idéia de amizade interessante, desde que
recaídas estejam mesmo fora de questão.
Que grande mentiroso ele era! Edward não achava nada interessante naquela conversa. Muito pelo
contrário. Odiou cada palavra que ouviu com exceção á declaração que Isabella se sentia livre e não
considerava recaídas como uma opção. Fora isso, todo o resto o deixou mais uma vez
miseravelmente mergulhado em ciúme. Ainda mais agora que ela aceitara ser sua namorada. Pumft.
Namorada! Quando Edward Cullen, um vampiro de cento e noventa e sete anos poderia imaginar
que arrumaria uma “namorada”? E pior, que gostasse da idéia e saboreasse a palavra? Jamais!... E,
no entanto, estava ali. Mortificado por ver “sua garota” desejar bater um papinho amigável com o
ex.
Inferno! Se Alice sabia alguma coisa referente ao rábula que mandaria aquele relacionamento de fez
para o espaço, era bem capaz que se ele tivesse deixado o advogadozinho explicar o fim do namoro,
Isabella já o odiasse naquele exato momento. Mas como poderia adivinhar que o rival escondia
algum segredo. E o que seria? Nesses momentos Edward maldizia seu gênio ruim. Se tivesse
deixado Alice contar, essa hora saberia e talvez não estivesse sofrendo tanto com a iminente
reaproximação dos dois.
Alice! Como se pensar nela a atraísse, Edward sentiu o celular vibrar novamente em seu bolso. Fora
por isso que levantara abruptamente e saíra da praia. Evidente que se preocupava com Isabella, mas
estava gostando de tê-la nos braços em um lugar diferente. Contudo, o vibrar irritante do celular a
lembrou de sua amiga e cão de guarda de Isabella. Era como se ela adivinhasse que estavam de
certa forma, expostos ao perigo e o recriminasse.
O melhor que pensou, foi aproveitar o tremor de Isabella como desculpa para saírem de Taxi Water
Beach mais cedo do que ele desejava. O celular ainda vibrava em seu bolso, mas ele o ignorou mais
uma vez. Não estava disposto a se irritar com Alice e não permitiria que isso acontecesse nem
mesmo se chegasse ao prédio e Isabella e ela estivesse esperando-os na calçada.
– Sim, está fora de questão! – a voz decidida de Isabella o liberou dos pensamentos perturbadores
no exato momento que o celular parou de vibrar. – E você?
– Eu o quê? – Edward perguntou confuso.
– Alguma ex-namorada amiga ou não amiga?
Imediatamente Edward se esqueceu de Alice e imaginou como seria se Isabella soubesse quantas
mulheres ele já teve. Impossível lembrar e todas, mas sabia com certeza que nenhuma mereceu sua
atenção especial. As que mais duraram foram algumas poucas que ele conservou por mais tempo
somente por serem extremamente deliciosas em todos os sentidos. Mas todas esquecidas assim que
se livrava delas; deixando-as vivas ou mortas. Inevitável não pensar em Maria, sua única exceção,
contudo ele a baniu de sua mente. Não poderia voltar á esse assunto, assim como não poderia
anunciar seu “score” para Isabella.
– Não... Nenhuma ex-namorada.
Edward ouviu o bater acelerado do coração de Isabella. O que ela estaria pensando?
– Algum problema com isso? – melhor perguntar.
– Espero que não! – foi a resposta pouco esclarecedora.
– Eu não entendi!– então, sem poder controlar-se, pediu. – Olhe para mim. – quando ela o fez,
ordenou. – Qual é o problema Isabella?
Sem titubear ela respondeu.
– É que é estranho ser a primeira namorada de um homem como você. Não que eu não esteja
gostando, mas... É muita responsabilidade!
Edward gostou do que ouviu. Não se arrependeria por ter sido invasivo. Isabella estava insegura e
aparentemente entendia sua importância na vida dele mesmo que ele não tivesse dito com todas as
palavras. Ainda era cedo, mas Edward as diria. Satisfeito, ele lhe sorriu.
– Tenho certeza que você vai se sair bem!
Depois disso, ficaram em silencio até que chegassem ao prédio de Isabella. Edward estacionou e viu
satisfeito que ela se lembrava de sua recomendação. Permaneceu em seu lugar até que ele fosse
abrir a porta para ela. Para sua alegria, Alice não estava na calçada. Talvez tenha se conformado
com seja lá o que estivesse passado por sua cabeça maluca. Esquecendo-se mais uma vez da amiga,
Edward abriu a porta para Isabella e ajudou a sair do carro.
– Vou levá-la até sua porta. – anunciou.
Ela nada disse; apenas lhe sorriu. Sem conseguir manter-se distante, Edward passou seu braço pelos
ombros da jovem e seguiram assim, abraçados até seu apartamento. Ele a viu abrir a porta e por
mais que lhe custasse, era sua intenção despedir-se e deixá-la descansar. Voltaria quando Isabella
estivesse dormindo para se deitar ao seu lado como sempre. Porém, depois que abriu a porta,
Isabella segurou sua mão e o levou para dentro com ela. Assim que a fechou, disse retirando o
casaco.
– Sente-se!
Edward não se moveu. Permaneceu de pé admirando-a enquanto descalçava os sapatos. Alheia á sua
avaliação, ela prosseguiu.
– Ainda tem um pouco daquele uísque que...
Edward não deixou que ela terminasse a frase. Quem iria querer aquela porcaria de uísque deixada
pelo rábula quando tinha a oportunidade de estar com Isabella? Uma Isabella acordada e que o
levou para dentro sem qualquer receio? Não entendia de relacionamentos, mas entendia de mulheres
e ela não o queria por perto para dispensar-lhe gentilezas. Feliz, Edward imaginou que talvez tenha
levado ela ao seu limite. Afinal, desde a dança em seu apartamento, na porta do restaurante, na
praia, e porque não dizer, em todos os trajetos de carro... Enfim, desde que se conheceram a tensão
entre eles não era palpável?
Dessa vez ele não negaria o que ambos queriam. Antes que ela tivesse terminado de oferecer-lhe
bebida ele já a beijava. Com as bocas coladas andou de costas até que suas pernas tocassem no sofá.
Nesse momento seu celular passou a tocar novamente. Tirando-o do bolso, Edward o jogou na
poltrona e se sentou no sofá colocando Isabella sobre seu colo. Com dedos incertos, ela tocou sua
nuca, fazendo-o gemer com o toque quente. Segurando-a pelos cabelos, Edward intensificou o
beijo, introduzindo a língua na boca da jovem, prendendo a dela na sua em uma dança lasciva.
Isabella gemeu levemente e se acomodou melhor sobre a ereção que se avolumava. Liberando os
lábios dela, Edward correu a boca por seu queixo, quando então, procurou o lóbulo da orelha para
chupá-lo. Novamente Isabella gemeu e deslizou em seu colo. Bruxa!
Com uma das mãos, Edward procurou pela frente do vestido como havia feito na praia. Isabella não
poderia imaginar, mas estava o enlouquecendo com aquela roupa. Tantas possibilidades e promessas
escondidas por aquele vestido. Ainda sugando-lhe a orelha, acariciou seus seios sobre o tecido
macio. Como sempre o corpo dela reagiu ao seu toque e ele pôde sentir os mamilos em sua palma,
fazendo-as formigarem. Com a voz extremamente rouca, perguntou diretamente no ouvido da
jovem.
– Como pode provocar-me assim? Qual a finalidade de tantos botões?
– Fechar o vestido...? – perguntou debilmente enquanto ardia.
– Provocar-me, com certeza! – disse ele abrindo o primeiro botão. – Não sabia que botões incitam a
luxuria? Em certas comunidades eles são simplesmente proibidos por esse motivo. Você seria
banida sem duvida alguma. – ele abriu o segundo.
– Você nunca me pareceu ser Amish e juro que não foi minha intenção provocá-lo! – afirmou.
– Você mente mal Isabella!
Então abriu mais dois botões lentamente. O vão entre os seios já podia ser visto; Edward correu a
ponta dos dedos por ele antes de abrir mais um botão, deixando a frente totalmente aberta.
– Sou inocente da acusação! – brincou liberando um gemido.
– Eu a declaro culpada!
Dito isso, introduziu a mão pela abertura do vestido e procurou por um seio dentro do sutiã. Com a
mão fria espalmada sobre ele, começou a apertá-lo lenta e ritmadamente. Bella sequer pôde gemer
mais uma vez. Com a mão livre, Edward prendeu-a novamente pelo cabelo e beijou-a enquanto
brincava com o mamilo entre os dedos. Todo esse tempo, o celular tocava na poltrona.
Edward esqueceu-se do aparelho quando Isabella interrompeu o beijo e, depois de levantar-se,
sentou novamente em seu colo, porém de frente para ele; uma perna de cada lado de seu corpo.
Como da primeira vez que estiveram ali, naquele mesmo sofá. Ele gostava muito daquela posição.
Podia sentir a concavidade feminina sobre seu membro e teria melhor acesso ao corpo dela. Sem
falar que com o movimento o vestido ergueu-se revelando o tipo de meia que ela usava. Evidente
que seria aquele com rendas.
– Acho que agora entendo o problema com os botões. – disse ela passando a abrir os da camisa dele.
Edward acariciava as coxas, sentindo a maciez das meias, da renda e da pele alva, enquanto
analisava o rosto de Isabella. Ela estava compenetrada na tarefa de abrir sua camisa botão a botão,
sem desviar os olhos de seu peito. Quando terminou, separou as laterais quase até tirá-la de seus
ombros. Então correu as mãos por eles, pela base de seu pescoço antes de descê-las para seu peito
quando passou a acariciar-lhe os pelos. Edward fechou os olhos e recostou-se mais ao sofá,
contendo-se para não urrar, apenas gemeu de puro deleite.
Aquela era sua Isabella!
Lúcida!... A acariciá-lo, provocá-lo. Desejá-lo da mesma forma que ele á ela. De certa forma estava
habituado ao seu toque, porém naquele momento ele era diferente. Tinha um sabor diferente. Até
mesmo seu cheiro parecia melhor, enlouquecendo-o. Quão fácil seria liberar-se e deixar que ela o
montasse ali mesmo. Edward queria aquilo, precisava. Porém a insistência do celular estava tirando
todo o encanto do momento.
Quando os lábios quentes tocaram delicadamente a base de seu pescoço, Edward deslizou as mãos
pelas coxas de Isabella até as nádegas. Apertou-as, disposto a ignorar o vibrar insistente do celular.
Contudo, algo começava a inquietá-lo. Cada vez mais uma voz interior lhe dizia que nem mesmo
Alice poderia ser tão inconveniente. Ela mesma havia dito que não se intrometeria mais. Isabella
movia os lábios em seu pescoço e comprimia-se contra seu membro. Edward gemeu em agonia
genuína. Queria deixar-se distrair e entregar-se, mas não conseguia. Poderia estar precisando dele.
Sem acreditar no que estava prestes a fazer, ele segurou o quadril de Isabella firmemente para que
parasse o movimento torturador.
Respirando com dificuldade, ela ergueu o rosto para encará-lo.
– O que houve? – perguntou ofegante.
– Preciso apenas de um minuto, Isabella. – mal reconheceu a própria voz.
Edward a abraçou e permaneceu imóvel, deixando que seu corpo se acalmasse. Não foi tarefa fácil
com a quentura e o cheiro de Isabella grudado nele, mas simplesmente ainda não conseguia afastar-
se. De repente Isabella moveu-se em seu colo. Ele deixou que ela olhasse em volta.
– É o seu celular?
Depois de passado o momento de paixão, a vibração pôde ser percebida até por Isabella.
– Sim... Está tocando há um tempo. Preciso ver do que se trata. Desculpe-me!
Sem dizer nada Isabella saiu de seu colo e começou a abotoar a frente do vestido. Edward ficou
dividido por alguns segundos entre o desejo de trazê-la de volta ou atender o celular. Com um
suspiro resignado, desprendendo os olhos da figura desolada da jovem, ele pegou o aparelho. E que
fosse importante ou dessa vez não aceitaria desculpas. Quando abriu o visor ficou imediatamente
em alerta. Na última chamada fora envida uma mensagem de texto.
URGENTE. ESCRITORIO.
Onde esta vc?
Edward reconheceu o número de Jasper. Realmente era importante. Quando olhou na direção de
Isabela a viu de pé, abotoando o último botão. Ao terminar ela ajeitou as mechas soltas de cabelo
atrás da orelha e com um meio sorriso triste disse simplesmente.
– Você precisa ir.
– É importante. Desculpe-me!
– Tudo bem!
Isabella cruzou os braços em uma atitude tipicamente defensiva. Ela nunca lhe pareceu tão pequena
e frágil. O coração de Edward reclamou em seu peito por ter que deixá-la. Então, uma idéia lhe
ocorreu. Rapidamente discou o numero de Jasper. Após apenas um toque o amigo atendeu.
– Droga Edward onde estava? – perguntou nervoso.
– Não vem ao caso agora. – respondeu sem tirar os olhos de Isabella. – O que é tão urgente?
– Rosalie desapareceu. E duas pessoas foram encontradas mortas a duas quadras do edifício onde
Emmett mora com ela.
Edward não morria de amores por Rosalie, mas o desaparecimento de alguém de seu clã era no
mínimo preocupante. Sem contar com as mortes. Ainda olhando para Isabella, disse.
– Já estou indo para aí. – então desligou e dirigiu-se á ela. – Desculpe-me, mas preciso realmente ir.
– Já havia dito que tudo bem. – disse mais uma vez arrumando o cabelo que, em seu desalinho,
insistia em cair-lhe no rosto.
Não estava nada bem. Isabella poderia repetir a frase mil vezes se quisesse. Sua postura
demonstrava toda sua frustração. Se servisse de consolo lhe diria o quanto se sentia desolado por ter
que ir embora justo na noite que tinha a oportunidade de tê-la de verdade; sem ilusões, sem sonhos.
Contudo nada adiantaria. Satisfazer o desejo de ambos para sair logo em seguida estava fora de
cogitação. “Sua” primeira noite com Isabella merecia muito mais que isso.
Sem conseguir conter um grunhido de pura agonia, Edward se aproximou e a estreitou em um
abraço apertado. Isabella o enlaçou pela cintura e pousou o rosto em seu peito nu. Ele cheirou-lhe o
alto da cabeça e disse. A voz saiu abafada pelos cabelos dela.
– Sinto muito. Queria muito poder ficar aqui com você.
– Agora eu sei. – foi a resposta estranha.
Edward não entendeu, mas deixou passar. Uma lembrança lhe ocorreu então, afastando-a pediu.
– Pode me emprestar seu celular?
Sem perguntar o motivo, Isabella foi até sua bolsa e pegou o aparelho, em seguida entregou á ele.
Edward procurou o que queria, discou alguns números, fechou o celular e o entregou á ela. Quando
Isabella o pegou de volta ele disse.
– Coloquei o numero do meu celular na agenda. Qualquer coisa que queira falar comigo, por favor,
faça!
Isabella nem sequer olhou para o aparelho. Como se estivesse fascinada, não desprendia os olhos de
seu rosto.
– Está bem. – respondeu simplesmente.
Edward suspirou e anunciou.
– Vou buscá-la amanhã novamente. Está bem?
– Será perfeito!
Conformando-se com o arranjo, Edward fez com que ela erguesse o rosto e a beijou. Um beijo leve,
de despedida. Nada que piorasse o estado que se encontravam. Quando a soltou, Edward percebeu
que a expressão da jovem estava bem melhor; tranquila. Sorrindo-lhe ela disse.
– Mas nada de praia dessa vez.
Edward retribuiu o sorriso.
– Nada de praia. Prometo!
Vê-la serena com a separação abrupta, o tranqüilizou também. Não precisaria ir embora carregando
a tristeza dela consigo; bastaria a dele próprio. Á exemplo de Isabella, Edward fechou a própria
camisa, antes de pegar o casaco e se dirigir para a porta. A jovem ainda ofereceu seu carro para que
ele fosse embora, porém Edward recusou e agradeceu. Ela precisaria dele para trabalhar e ele não
precisava de veiculo algum para ir aonde quer que fosse. Antes de partir para ver o que estava
acontecendo daquela vez, Edward beijou Isabella e, prendeu-a pelo olhar, ordenou.
– Durma bem Isabella e... Pense em mim!
Então se foi.
*********************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... Sim ou Não.. Comentem...Agora vamos ao
spoiler."– A que horas aconteceu tudo isso?Jasper respondeu.– Emmett me ligou pouco
depois da uma e meia. Já estava preocupado, mas tinha esperanças que Rosalie estivesse
apenas atrasada na volta de alguma procura por alimento pela vizinhança. Disse que
quando desceu para portaria do prédio ficou sabendo do ataque e foi até lá... Foi quando
me ligou. Segundo o que ele ouviu na cena das mortes, elas ocorreram por volta das onze
horas.– Emmett me ligou um pouco antes da meia noite. – disse James. – Disse que não
queria incomodá-los, então fui ajudá-lo a procurá-la. Fomos a locais que ela costuma ir,
enfim... Quando ele percebeu que poderia mesmo ter acontecido alguma coisa resolveu
ligar para o Sr. Whitlock.Edward franziu o cenho.– Por que ele não ligou para mim?
James deu de ombros.– Acho que não queria importuná-lo. Bom... Ele não disse isso,
mas todos nós sabemos da antipatia que o senhor e Rosalie tem um pelo
outro.Imediatamente Edward estreitou os olhos.– Se ele não disse isso essa é uma
opinião sua. – a voz saía pausada. – Acaso você acha que eu me importaria menos com
ela por conta de uma “antipatia”?"Até sexta da semana que vem... bjus... o/

(Cap. 29) Capítulo 31

Notas do capítulo
Oi Minhas lindas... Bom Dia... Aí está, mais um capítulo para vcs. Espero que gostem...

Estou mega feliz que vcs estão comentando... Obrigada!

Por favor, continuem... e se posso "explorar" mais um pouquinho... Indiquem a fic. :)


Como já avisei na comunidade, vou avisar aqui tbm... as coisas vão se complicar um
pouco para nosso Ed du mal nos próximos capítulos... Vamos ver como ele reage aos
acontecimentos.

BOA LEITURA!

Edward seguiu a pé para a Wall Street. Andando quando precisava ser discreto, correndo sempre
que possível. Em menos de meia hora ele subia as escadas do seu edifício até o andar de seu
escritório. Antes que chegasse a ele, soube quem estava em sua sala. Jasper, Alice e James. Emmett
provavelmente estava correndo a cidade atrás da esposa. Assim que entrou, cumprimentou á todos e
foi servir-se. Precisava de algo queimando em sua garganta.
– Estão servidos? – todos agradeceram e negaram. – Desculpem a demora! – disse dirigindo-se á
Jasper. – O que houve?
Impossível que Jasper ou qualquer outro não reparasse em seu desleixo, contudo não deixaram
transparecer. Edward estava exatamente como saíra do apartamento de Isabella. Camisa amassada e
para fora da calça. Nada que lembrasse a postura de advogado.
– Foi como eu disse ao telefone. Segundo Emmett, Rosalie saiu essa tarde e até agora não voltou e
não atende ao celular.
– E as mortes a que você se referiu? Emmett acha que elas têm relação com o desaparecimento? Ele
cuidou disso?
– Pelo que ele me disse foi claramente um ataque, porém ele parecia aflito, não conversamos muito
a respeito. Tudo que sei é que infelizmente ele não teve tempo de encobri-las. Elas ocorreram perto,
mas ele não tinha como prever que aconteceriam. Quando ele soube o circo já estava armado.
Policiais, jornalistas, curiosos...
– Sr. Cullen, eu estava comentando com eles... – disse James. – Será que isso não é obra daquele tal
vampiro?
– Eu apenas acho que a Rosie surtou. Ela sempre foi bem estranha. – disse Alice.
– Pelo contrário Alice. – disse Jasper. – Rosalie é séria e centrada. Vegetariana convicta. Não
acredito que atacasse humanos e se o fizesse, seria discreta.
– Resumindo. – Edward foi se sentar em sua cadeira, subitamente cansado. – Mais um mistério que
não temos como solucionar. E eu concordo com James... Isso tem jeito de ter sido obra do intruso
sim.
– Não sei não Edward... – Jasper olhou para James como se avaliasse o que poderia falar em sua
presença, então para Edward novamente. – Pode até ser, mas... Se esse intruso deseja afrontá-lo,
porque escolheria “Rosalie”?
Impaciente, Edward se mexeu na cadeira. Entendia muito bem o que Jasper queria dizer. Se fosse
mais uma gracinha de seu inimigo covarde com certeza a desaparecida seria Isabella. De repente
algo lhe ocorreu, enchendo-o de medo. Com todos ali, ela estava sozinha no prédio. Imediatamente
olhou para Alice. Como se o entendesse, ela se levantou, dizendo.
– Estamos nessa espera há horas, sem notícias. Vou para casa, se souberem de algo, por favor, me
avisem.
Dito isso, foi até o marido, o beijou, se despediu dos outros dois vampiros e saiu. A vontade de
Edward era pedir que ficasse, enquanto ele mesmo iria cuidar de Isabella, mas já havia falhado em
não estar presente no momento de crise. Mesmo sem nada que pudesse fazer, deveria ficar á
disposição caso precisassem dele. Assim que Alice saiu, Edward perguntou para ninguém em
especial, depois de beber todo o conteúdo do seu copo.
– A que horas aconteceu tudo isso?
– Emmett me ligou pouco depois da uma e meia. – respondeu Jasper. – Já estava preocupado, mas
tinha esperanças que Rosalie estivesse apenas atrasada na volta de alguma procura por alimento
pela vizinhança. Disse que quando desceu para portaria do prédio ficou sabendo do ataque e foi até
lá... Foi quando me ligou. Segundo o que ele ouviu na cena das mortes, elas ocorreram por volta das
onze horas.
– Bom... Emmett me ligou um pouco antes da meia noite. – disse James. – Disse que não queria
incomodá-los, então fui ajudá-lo a procurá-la. Fomos a locais que ela costuma ir, enfim... Quando
ele percebeu que poderia mesmo ter acontecido alguma coisa resolveu ligar para o Sr. Whitlock.
Edward franziu o cenho.
– Por que ele não ligou para mim?
James deu de ombros.
– Acho que não queria importuná-lo. Bom... Ele não disse isso, mas todos nós sabemos da antipatia
que o senhor e Rosalie têm um pelo outro.
Imediatamente Edward estreitou os olhos.
– Se ele não disse isso essa é uma opinião sua. – a voz saía pausada. – Acaso você acha que eu me
importaria menos com ela por conta de uma “antipatia”?
– Não Sr. Cullen! Não foi isso que quis dizer. Eu... Desculpe-me, não quis aborrecê-lo. Foi apenas
uma suposição infeliz.
– Então é melhor você guardar suas suposições para você mesmo, James. – disse Jasper. – Já temos
problemas demais para ainda arrumarmos desentendimentos entre nós.
– Obrigado Jasper. Era exatamente o que eu ia dizer. – agradeceu Edward sem desprender o olhar de
James e ainda o encarando, completou. – E lhe digo mais. O dia que eu não quiser ter
aborrecimentos ou não me preocupar com algum de vocês, eu prefiro convidar meu desafeto a se
retirar do meu clã. Posso não gostar de Rosalie, mas a respeito. Se não por ela, o faço por Emmett.
E naquele momento Edward entendia perfeitamente o que o amigo estava passando. Se o mesmo
tivesse acontecido á Isabella... Na verdade nem gostaria de imaginar como estaria. Se o fizesse seria
capaz de sair dali como havia feito na audiência. A voz de James o trouxe de volta.
– Desculpe-me mais uma vez. Foi mesmo um comentário infeliz. Acho melhor o senhor perguntar
ao próprio Emmett o porquê ele não lhe telefonou. – levantando-se anunciou. – Bom... Pelo visto,
não tem nada á se fazer. Vou embora... Se precisarem de mim para qualquer coisa é só avisar. Até
daqui á pouco senhores. Boa noite e durmam bem. – então seguiu para a porta.
– Boa noite James. – cumprimentou Jasper.
– Boa... – disse Edward de má vontade.
Depois que o vampiro saiu, Edward foi se servir de mais bebida. Quando se sentou olhou para o
amigo.
– Desculpe-me por não ter atendido antes. Se eu pudesse adivinhar...
– Você não precisava adivinhar Edward! Bastava perceber a insistência. – disse Jasper se recostando
em sua cadeira.
– Acredite. Estou aqui somente por isso. – afinal sua vontade era partir o maldito celular ao meio;
poderia ter acrescentado.
Que noite Rosalie foi escolher para desaparecer, Edward pensou. Ou será que não havia tido
escolha? Bufando enraivecido, ergueu-se a começou a andar por sua sala.
– Sinceramente estou farto de tudo isso! Nunca imaginei que um dia passássemos por uma situação
parecida.
– Nem eu Edward. Por isso mesmo não podemos nos distrair. Todos estavam aqui, menos você. Que
é com certeza a figura mais importante. Emmett estava desolado. Não sei por que não lhe chamou,
mas que diferença faria? Você não atenderia o celular assim como fez comigo. Ele não sabe sobre
Isabella e sua falta de atenção pareceria no mínimo pouco caso.
– Sei disso! – Edward parou junto á janela, olhando para o cenário á sua frente, distraído. –
Acreditei que fosse Alice perseguindo-me para que não fizesse mal á Isabella.
– Bom... Se ajudar para uma próxima vez, ela me disse na manhã passada que não interferiria mais.
Até citou as “Escrituras”, disse que faria como Pôncio Pilatos.
– Não era isso que eu queria. Gosto que cuide de Isabella. É que ela me tira do sério da forma com
que a trata. Pedi para que protegesse a garota, mas não de mim!
Jasper riu levemente e passou as mãos pelos cabelos.
– Você deveria ter pensado nisso antes de envolvê-la. Sempre soube como ela é exagerada. Diga-
me... Em todo esse tempo que estamos juntos, qual foi a vez que você viu Alice ter uma amiga?
– Nenhuma.
– Justamente. Não é bom para vampiros terem amigos humanos. Simplesmente não os deixaríamos
morrer e á essa altura o mundo já estaria infestado de imortais. Você entende bem do que estou
falando.
Sim, Edward entendia. Depois de seu pai Jasper era a pessoa que mais gostara, tanto que
provavelmente o teria transformado mesmo sem a desculpa de salvar-lhe da paralisia. O amigo
prosseguiu.
– Pensei que ela fosse se animar quando Rosalie se juntou á nós, mas elas não combinam. Dão-se
bem, porém nada além disso. Com Isabella é diferente. Não vá pensar que ela considera sua humana
como um objeto, pois a comparação que farei agora é minha. A impressão que tenho quando vejo
Alice falar de Isabella é a mesma de uma menina que ganhou uma boneca nova.
Edward riu com a comparação e não se ofendeu. Sua Isabela era realmente uma boneca.
– Alice está animada com a possibilidade de ter uma amiga que seja eterna como nós e morre de
medo de você estragar tudo. Somente eu sei o pavor que ela sentiu quando encontrou Isabella
desacordada na manhã de sexta depois de seu “descuido”.
– Não maior que o meu quando soube, acredite!
– Acredito que tenha sido aproximado. Alice tem Isabella como á uma irmã mais nova. Preocupasse
tanto que chega a esquecer-se dela mesma. Você sabe disso. Tive que praticamente arrastá-la para
que se alimentasse. Sem falar o tempo que está longe de nosso lar.
Com isso Edward olhou para o amigo.
– Desculpe-me por isso. Não pedi para que ela se mudasse e sei o quanto deve ser ruim para você.
– Não diria que é totalmente ruim. Faço com Alice o mesmo que faria em nosso apartamento. Não
preciso lhe dizer isso.
– Não.
Da mesma forma que eles ouviam quando estava com Isabella, Edward também podia ouvi-los. Já
estava habituado, afinal em mais de cem anos de convivência era impossível evitar. Porém, mesmo
para alguém pervertido como ele aquela situação era bem constrangedora na maioria das vezes.
Principalmente nos últimos dias quando não poderia fazer o mesmo com Isabella.
– O que me incomoda é ter que ficar lá. – Jasper continuou. – Simplesmente não gosto daquele
lugar Edward. Não gosto do bairro, do prédio. Dos sons irritantes. De madrugada até mesmo o
falatório dos bares chega aos meus ouvidos. Não gosto de deixar meu carro na rua. Pode me chamar
de esnobe, mas não estou habituado á uma vida classe média. E seja sincero. Nem mesmo você está.
– É verdade! – disse Edward ainda olhando pela janela. – O lugar não me afeta como parece estar
fazendo com você. Talvez seja porque já conheci Isabella ali então nada mais me importa. Mas
preferia mil vezes que ela estivesse aqui comigo. Ela merece muito mais do que viver naquele
apartamento mínimo.
Sem que pudesse evitar, Edward se lembrou do rábula. Da conversa que tiveram no estacionamento
do tribunal, quando o rival lhe disse que ela sempre se recusara a ir morar com ele. Paul não disse
quantas vezes a convidou, mas deu a entender que foram muitas. Isabella também se negaria a ir
morar com ele? Se ela esperava mais do que isso, estava perdido. Como poderia pedi-la em
casamento sem parecer um louco desesperado?
– Se pensa assim... – a voz de Jasper chamou sua atenção. – Traga-a o quanto antes! Esse sumiço de
Rosalie me deixou preocupado. Se foi o intruso que a pegou, precisamos estar preparados para
qualquer coisa. Nenhum de nós está seguro. Alice é esperta e forte, mas se ele conseguiu pegar
Rosalie, imagina quão fácil será pegar uma vampira pequena como minha esposa.
Edward pôde perceber a dor na voz do amigo. Sabia exatamente como Jasper se sentia. Até mesmo
ele sofreria se algo de mal acontecesse á amiga.
– Não vamos pensar nisso enquanto não descobrirmos o que aconteceu com Rosalie. O que
podemos fazer é ficarmos mais atentos e evitarmos lugares ermos. – assim como uma praia vazia,
sua consciência alertou. Em voz alta disse. – O melhor que tenho a fazer é ligar para Emmett. Com
certeza ele não a encontrou, mas pelo menos posso me colocar a disposição.
– Faça isso. – concordou Jasper.
Edward sentou-se á sua mesa e fez como havia dito. Dois toques depois Emmett atendeu.
– Jasper? Você tem alguma noticia? – sua voz era esperançosa.
–Emmett sou eu, Edward.
– Ah desculpe-me é que Jasper tem me ligado de seu escritório, pensei que fosse ele.
– Tudo bem e... Não temos nenhuma novidade, esperava que talvez você tivesse alguma.
– Infelizmente não tenho. Estou voltando para casa agora. Já ia ligar para Jasper pedindo para que
fizesse o mesmo. Nada mais podemos fazer a não ser esperar.
– É o certo a se fazer. Pode deixar que eu digo á ele e... Desculpe-me por não estar aqui. Tive alguns
problemas, mas agora estou á sua disposição.
– Não tem problema. Boa noite. E Edward...
– Sim!
– Durma bem!
Edward desligou o telefone e se voltou para Jasper.
– Nada. Ele está voltando para casa e acho que devemos fazer o mesmo. Estou cansado. – olhou o
relógio. – Já são quatro e dez. Preciso dormir ao menos algumas horas.
– Eu também. – disse Jasper se pondo de pé. – Vai para o apartamento de Isabella?
– Não á essa hora. Já estou aqui, durmo em minha cama mesmo. Espaçosa, luxuosa e totalmente
sem graça.
Jasper foi obrigado a rir. Ele se aproximou de Edward e lhe deu alguns tapas amistosos no ombro.
– Paciência meu amigo, paciência. Essa é a virtude dos fortes!
– Vou me lembrar disso. – Edward também lhe sorriu, porém tristemente.
– Bom... Eu vou lá... East Village me espera. Durma bem Edward!
O advogado desejou o mesmo ao amigo. Assim que este saiu, Edward se dirigiu para sua cobertura.
Sentia-se, subitamente, cansado demais. Quando entrou em seu apartamento sequer se importou que
tivesse algum resto de areia nos cabelos e no corpo. Apenas despiu-se completamente e se atirou em
sua cama.
*Edward estava deitado na praia. Os edifícios iluminados de Manhattan como pano de fundo e o
céu estrelado acima, não roubavam sua atenção de Isabella. Linda; nua. Em pé diante de si.
Parecia brilhar á luz da lua. As únicas peças que cobriam seu corpo eram as meias negras que
terminavam no alto de suas coxas em tiras largas de renda. O coração do vampiro falhou diante
daquela visão. A pele de sua Isabella era perfeita e imaculada. Os olhos carregados de puro
desejo. Seus cabelos flutuavam ao sabor do vento. Edward não conseguia distinguir-lhe o cheiro,
mas já o conhecia de cor. Tudo que precisava era “ela”.
Lentamente Bella se ajoelhou entre as pernas do vampiro. Edward percebeu naquele momento que
estava igualmente nu. Quando as mãos quentes tocaram em suas coxas, ele soltou um gemido de
expectativa. Isabella continuou acariciando-o enquanto subia as mãos, mais e mais. Apenas com
aquele toque, ele já se encontrava completamente desperto; excitado. Edward fechou os olhos no
instante que os dedos de Isabella começaram a massagear seus testículos. Delicadamente ela os
sustentou em sua palma e apertou-os. Quando a mão subiu um pouco mais e se fechou em seu
membro, começando a masturbá-lo, ele liberou um urro agoniado.
Como amava e desejava sua bruxa! Edward abriu os olhos quando sentiu a respiração quente
contra sua ereção. Com os olhos turvos, focou sua atenção ao que Isabella fazia em tempo de vê-la
circular a ponta de seu membro com a língua, antes de descer a boca em sua extensão para sugá-
lo. Mais uma vez ele fechou olhos e se entregou àquela sensação de prazer extremo. Enquanto ela o
sugava, cada vez mais forte, ele repetia seu nome.
Isabella...
Isabella...
Isabella...
Inexplicavelmente a boca de Isabella se tornou fria e o sugou com mais força. Seus grunhidos e
gemidos tornando-se cada vez mais incontroláveis, assim como as reações de seu corpo. Se ela não
parasse não teria como conter-se. Mas Edward não queria que ela parasse. E em momento algum
ela parou; ao invés disso, aumentou a pressão da boca, enlouquecendo-o. De repente Edward
sentiu uma boca quente na sua.
Isabella!...
Imediatamente retribuiu ao beijo. Travava uma luta de línguas e era profundamente sugado
quando percebeu que algo estava errado. Não poderia ser somente ele e sua Isabella.*
Edward despertou de seu sonho e confirmou que era verdadeiramente beijado e sugado. A luz de
seu quarto acesa, ofuscou-o por um momento, só não lhe feriu a vista porque uma humana fazia
sombra sobre seu rosto. Nunca em sua vida havia visto a mulher que o beijava. Sem forças,
empurrou-a de lado e olhou para baixo. Reconheceu a cabeça loira, mas não teve como afastá-la.
Rosalie conseguira fazê-lo chegar ao orgasmo e a ele só restou deixar que seu corpo – trêmulo e
traidor – completasse seu ciclo espasmódico. A humana ainda acariciava seu peito, quando Rosalie
– lambendo os lábios – avançou para beijá-lo. Nesse momento Edward reagiu. Empurrou as duas e
saiu de sua cama.
– Que diabos está fazendo aqui Rosalie? Enlouqueceu?
– Eu vim para ficar com você Edward. – respondeu como se fosse óbvio.
Nunca se importou em ser avaliado pelas mulheres, porém Edward não gostou das palavras nem da
forma especulativa que ela olhava seu corpo. Correndo os olhos rapidamente pelo quarto, avistou a
calça de seu pijama. Foi até ela e vestiu-a. Em sua fúria não percebeu que deu as costas á vampira.
– Então a história do Dragão é verdadeira! – ouviu-a exclamar.
Todo seu corpo se retesou quando sentiu as mãos em seu peito e os lábios sobre sua marca. Edward
virou-se bruscamente empurrando-a para longe.
– Como se atreve a tocar-me? – vociferou.
– Ainda á pouco você adorou quando o toquei. – mais uma vez ela lambeu os lábios.
– Acredite, não foi por você! – então olhando para seu corpo e para o da humana; nus, disse entre
dentes. – Cubram-se as duas.
– Por quê? – perguntou Rosalie indo deitar-se ao lado da humana. – É uma festa!... Eu trouxe até o
presente.
O que estava acontecendo naquele quarto? Como ela entrou em seu apartamento? Descobriria
depois. Edward olhou para as duas mulheres nuas em sua cama. A humana escolhida era realmente
bonita; corpo bem feito, morena com os cabelos lisos e compridos os seios pequenos e empinados.
Rosalie era a imagem de perfeição. Se aquela mesma cena se apresentasse para ele a algumas
semanas – em sua pior fase antes de conseguir Isabella – não esperaria por um segundo
oferecimento. Deitar-se-ia em sua cama e mudaria completamente o conceito da palavra “festa”
para as duas.
Em sua loucura, nem mesmo se lembraria de Emmett assim como havia pouco se importado com
Jasper ao convidar Alice para dividirem Maureen. Mesmo que não nutrisse nenhum afeto por aquela
vampira tiraria o máximo de proveito do que ela lhe oferecia, assim como daquela humana. Sim,
antes faria exatamente isso. Agora, porém, a cena não lhe despertava nenhum desejo sexual. Apenas
alimentava seu desprezo pela vampira traidora e ardilosa. Por sua gracinha havia deixado de estar
com Isabella lúcida pela primeira vez. Sentia-se tão enfurecido que rosnados se formavam em seu
peito.
– Rosalie, se eu tiver que ordenar mais uma vez para que se vistam, acredite. Vocês não vão precisar
obedecer-me.
Ela o encarou com seriedade, ele prosseguiu.
– Vou descer. Em dois minutos quero as duas, vestidas e prontas para saírem, em minha sala. Mas
antes que vá embora você me deve explicações.
Dito isso, se retirou do quarto, deixando-as para que se vestissem. Ao chegar á sala foi servir-se.
Precisava distrair-se com alguma coisa para não voltar lá e acabar com a vampira. Ainda tampava a
garrafa quando Rosalie desceu e se aproximou. Edward sentiu sua presença antes que tocasse em
sua marca novamente. Virando subitamente prendeu os dedos estendidos em sua direção e torceu-
os. A vampira gritou de dor e contorceu-se para livrar-se. Ainda apertando e virando a mão dela
fazendo com que se abaixasse procurando por uma posição que doesse menos, Edward disse.
– Acredito que deva ter ficado entendido que você não tem permissão de tocar-me. – então a soltou,
empurrando-a para longe.
– Você é um animal Edward Cullen! Onde está sua boa educação?
– Dispenso-a somente para quem merece ou tenha sido convidado a entrar em meu apartamento.
Esse não é o seu caso. Você invadiu minha cobertura e eu quero saber como e com que propósito.
Flexionando os dedos, ela respondeu sem se mostrar arrependida.
– Forcei a gaveta de Alice e peguei as chaves.
– Como se atreveu? Qual o motivo dessa palhaçada?
– Já disse. Quero ficar com você. Se está procurando por uma esposa, eu sou sua única escolha.
Olhe para nós! Somos perfeitos juntos!
Edward controlou-se e disse debochado.
– Jasper se referiu á você como séria e centrada. Eu apenas vejo uma vampira extremamente
convencida e sem noção.
– Diga o que quiser Edward... Ainda assim é verdade. Eu vi a humana que você está usando agora...
Como pode se interessar por uma criatura tão sem graça?
Edward voou até ela e a prendeu pelo pescoço.
– Não se atreva a falar de Isabella ou juro por tudo que me é mais sagrado que acabo com você.
Rosalie levantou as mãos em sinal de paz, Edward a liberou.
– Está bem... Já percebi que a humana é mesmo importante. Case-se com ela também. Monogamia
nunca foi parte de nossa cultura mesmo. Tenha duas, três esposas. Não me importo desde que eu
seja uma delas.
Edward não acreditou no que ouvia. O que estava acontecendo com Rosalie? Algo não se
encaixava. Ele estava ouvindo as palavras, mas por breves instantes os olhos da vampira pareciam
dizer outra coisa. Queria entender o que era, mas toda aquela situação o estava cansando, deixando-
o irritado. Talvez não estivesse nada errado, além de toda história em si.
– Está louca!
– Por você Edward. Sempre por você. Desde que o conheci. Minha hostilidade é justamente por
isso. Nunca consegui entender como você pode não sentir o mesmo por mim.
– Fico lisonjeado com a declaração, mas dispenso o oferecimento. Acredite... Não poderia ser
diferente, pois a detestei no segundo que a vi. Agora vejo que não me enganei no julgamento.
Tolero-a somente por Emmett. O mesmo que á essa altura está em casa sofrendo por não saber onde
você está. E sem imaginar a espécie traidora, baixa e vagabunda que você é. Volte para ele ou vá
para o inferno. Mas vá sabendo de uma coisa. Se voltar a dirigir-me a palavra para assuntos que não
sejam estritamente necessários, eu acabo com você.
Enquanto lhe recomendava para que mantivesse distancia, a humana desceu as escadas lentamente e
se aproximou de Rosalie, visivelmente assustada por seu tom e suas palavras. Em um gesto rápido,
Rosalie a puxou para mais perto. E como se ele não tivesse dito nada, resmungou.
– Como pode ser assim tão mal agradecido? Trouxe-lhe até uma humana. Conheço sua fama. Sei
que gosta dessas coisas. Imagine o que poderia fazer com nós duas. – disse passando os dedos pelo
pescoço e descendo pelo vão dos seios da mulher.
Edward cruzou os braços e riu debochado.
– Se conhece minha fama, sabe que já fiz ménage tantas vezes que a prática deixou de ser novidade
há muito tempo. E também deve saber que aprecio mulheres ousadas, não traidoras oferecidas como
você. Agora, por favor. Suma daqui e leve ela com você.
– Não tão rápido... – disse afastando lentamente o cabelo do pescoço da humana a sua frente. – Não
está com sede? Poderíamos até bebê-la juntos. Veja o que faço para me adaptar á você.
Dito isso cravou seus dentes no pescoço da jovem. Edward assistiu impassível Rosalie servir-se da
humana até que levantasse o rosto. Rapidamente, sem que a vampira esperasse, ele puxou a mulher
para si, lambeu-lhe a ferida e a deixou ao seu lado. Sua pouca paciência se esgotando.
– Não me use como desculpa para praticar atos que foi criada para fazer. Extraordinário aos
vampiros é se servirem de sangue animal. Ser vegetariano seria um sacrifício por amor. Saiba que
pouco me importa sua dieta. Mate quantos humanos quiser, desde que não se alimente aqui e seja
discreta. Não vou tolerar mais descuidos de sua parte.
Rosalie olhou-o confusa.
– A que descuido se refere?
– Aos dois corpos que você deixou largado á vista de todos, perto de seu prédio.
– Não sei do que está falando. Não matei ninguém! Essa foi a primeira vez que mordi um humano
em décadas. E o fiz somente para lhe mostrar que posso acompanhá-lo, ser igual á você. Ainda
tenho esperança que mude de idéia.
– Pouco me importa suas esperanças e não minta para mim.
– Não estou mentindo. Saí ontem para fazer algumas compras e de repente tive uma epifania. Senti
que precisava procurá-lo e conquistá-lo de qualquer maneira. Então vim para cá e fiquei em sua
garagem até que todos fossem embora. Saí apenas para lhe conseguir ela. – disse apontando para a
humana. – Então voltei e bem... O resto você já sabe. Pode negar e esbravejar o quanto quiser, mas
eu sei que lhe dei prazer e você gostou do que fiz.
Edward ignorou o comentário. Não precisava dizer novamente que sua satisfação fora nos lábios de
Isabella, não nos dela. Ele nem mesmo se sentiria culpado por aquilo, uma vez que estava inocente.
E novamente tinha mais com que se preocupar. Se realmente não fora Rosalie a matar, seu intruso
havia agido novamente. Talvez a proximidade tenha sido coincidência. Apesar de que acreditar em
coincidências estava se tornando cada vez mais difícil para Edward. Precisava apenas achar um
padrão no comportamento de seu intruso.
As mãos quentes tocaram seu braço, fazendo-o olhar para a humana assustada.
– O que está acontecendo aqui? Ela me disse que iríamos á uma festa. Que eu teria a melhor
experiência sexual de minha vida com o melhor de todos. Se esse é você, por que estamos aqui e
não lá em cima? E por que ela me mordeu?
Olhando-a fixamente Edward disse.
– Ela lhe mordeu porque é louca. Mas não está doendo mais, não é mesmo? – a humana assentiu. –
Bom... Agora quero que saia daqui com sua amiga e se esqueça de tudo que viu ou ouviu depois que
a encontrou.
– Está bem... – disse indo novamente para o lado de Rosalie.
– E você. – Edward se dirigiu á vampira. – Lembre-se do que eu disse. A palhaçada termina aqui.
Você já sabia, mas vou reiterar. Isabella não é a humana usada da vez. Ela é importante.
Futuramente será a “única” esposa que terei e se por acaso você ainda fizer parte desse clã, não
quero que dirija a palavra á ela assim como o fará comigo. O que aconteceu em meu quarto morre
lá; não será lembrado. Não sei como explicará meu cheiro em seu corpo para seu marido e isso
pouco me importa. Não quero é ter problemas com ele entendeu? Se Emmett vier me cobrar alguma
coisa serei obrigado a defender-me. E acredite, depois de matá-lo cedo ou tarde eu a encontrarei e a
mandarei para o inferno. Agora suma!
Fosse o que fosse que ele tinha visto de diferente nos olhos da loira havia sumido, em seu lugar
estava apenas um novo brilho desafiador. Sem nada dizer, Rosalie saiu da cobertura levando a
humana com ela. Edward pouco se importava com o que louca fosse fazer com a jovem depois que
saísse dali. Queria apenas esquecer momentaneamente o que havia se passado em sua cobertura e
descansar.
Todos os acontecimentos da noite o deixaram desgastado emocionalmente. Ele foi até seu copo de
uísque ainda intocado, sorveu o conteúdo de uma só vez depois se deitou mesmo em seu sofá. Não
voltaria á sua cama até que Irina trocasse todos os lençóis. Vampira maldita! Havia estragado sua
noite e ainda que Edward não desse importância ao que fizeram, a odiava ainda mais por se atrever
a tocá-lo e tê-lo feito trair Isabella mesmo que inconscientemente.
Inconscientemente. Como isso fora possível? Como pôde dormir tão profundamente ao ponto de
não perceber que ela entrara em seu apartamento. Não perceber a aproximação de Rosalie era
aceitável, afinal ela é uma imortal. Mas, e quanto à humana? Os passos dos mortais, quando
calçados como a jovem provavelmente estava, eram extremamente ruidosos para a audição sensível
dos vampiros. Como uma pôde, não só entrar em sua cobertura, como em seu quarto, despir-se,
deitar-se ao seu lado e tocá-lo sem que ele despertasse?
Edward alarmou-se com a única resposta que conseguiu. Era como se “ele” estivesse sob o efeito de
alguma indução. Mas vampiros não poderiam ser induzidos, poderiam? E se podiam, como e
quando acontecera? Acaso Rosalie tinha esse poder e lhe soprou ao ouvido como ele próprio fazia
com Isabella? Não Edward... Você está divagando, disse á si mesmo. Se isso fosse capaz de
acontecer, vampiros mais gananciosos poderiam usar essa influencia para subjugar outros. Os clãs
amigáveis não existiriam e sim verdadeiros impérios onde um vampiro mais forte usaria os outros
como bem entendesse.
E analisando friamente a situação; qual vampiro teria interesse em induzi-lo para que fizesse sexo
com Rosalie? Não... A explicação lógica era que estava realmente cansado e pela primeira vez em
sua existência dormira profundamente alheio á tudo em sua volta. Sonhar com Isabella apenas
facilitara as coisas para Rosalie. Edward olhou em direção á janela. Ao ver os primeiros raios de sol
iluminando o dia se lembrou que na manhã passada, á essa mesma hora, estava possuindo-a,
acordada mesmo que brevemente; mesmo que tenha sido obrigado a fazê-la acreditar que tudo não
passou de mais um sonho.
Imediatamente esqueceu-se de Rosalie, intruso e todo o resto. E a despeito de tudo que lhe
acontecera no final daquela noite, ele sorriu. A partir daquele dia não seria mais preciso confundir-
lhe a mente. Agora Isabella estava com ele. Era sua namorada e dentro em breve, se possível muito
breve, seria sua esposa. Edward sabia até mesmo o anel que lhe daria. Um que pertencera á sua mãe
e que estava guardado com todas as jóias deixadas por ela. Junto com os brincos e as presilhas que
já haviam sido usadas por sua futura dona no dia do baile.
Finalmente acalmando-se perdido em pensamentos com sua Isabella, o vampiro adormeceu. Dessa
vez não sonhou. Apenas recuperou-se para enfrentar mais um dia que começaria. Acordou com o
toque do telefone. Era Alice.
– Perdeu sua chave? Se queria pegar a reserva poderia ao menos ter pedido antes que eu saísse. Não
precisava ter estragado minha mesa.
– Desculpe-me Alice. – ele ainda considerava se contaria á alguém o que aconteceu.
– E por acaso sabe que horas são? Você precisa dar o exemplo. Apesar de tudo que está
acontecendo, tem compromisso agora pela manhã.
– A noite foi estranha. Perdi a hora. Obrigado por acordar-me.
– Para todos os efeitos estou aqui para isso! – ela disse sem entonação especial.
Antes que desligasse Edward não se furtou de perguntar.
– Como Isabella passou a noite?
– Bem. Nem sinal de intruso e ao que tudo indica conseguiu conciliar o sono sem você por perto.
Quando fui vê-la antes de vir para cá, estava dormindo tranquilamente. Quase não tive coragem de
acordá-la para induzi-la a ficar em casa e para que não convidasse ninguém a entrar. Ela sairá
somente para ir ao restaurante. Achei melhor não alterar sua rotina.
– Fez bem... Á tarde você poderá segui-la.
– Foi o que pensei. Mais alguma informação senhor?
Dessa vez Edward reconheceu o tom. Sua voz era séria – talvez por tudo que estava acontecendo –
mas ela parecia tranquila. Melhor assim. Edward não queria nenhum dos seus alarmados, ainda
mais que sabia que Rosalie estava bem. Não fosse as mortes o intrigando, poderia até considerar
que seu único problema era a vampira loira com seu surto apaixonado. Mais uma vez considerou
contar-lhe, mas mudou de idéia logo em seguida. Se Rosalie seguisse suas recomendações e nunca
mais lhe dirigisse a palavra como se nada tivesse acontecido era melhor que o caso ficasse
esquecido assim como fazia com sua insinuação á própria Alice.
Sim... Não lhe contaria nada ou a qualquer outro. Ficaria atento á Rosalie quando ela aparecesse ou
á Emmett, caso ela tenha voltado para casa com seu cheiro. Faria o que tivesse que ser feito de
acordo com o as situações que lhe fossem aparecendo. No momento sua prioridade era Isabella e as
informações que obtinha por Alice. Ele estava agradecido por ela ter providenciado para que a
jovem ficasse segura, ainda assim não lhe agradeceria ou lhe diria que a jovem havia dormido bem
obedecendo a uma ordem sua. Não era hora para provocações. Queria que ela mantivesse o foco e
tinha algo mais importante a dizer, então calmamente lhe respondeu.
– Não... Só isso. E como foi tão gentil em sua resposta, acho que ganhou o direito de ser a primeira
á saber que Isabella assumiu um compromisso comigo.
– Ah... Jura?... – perguntou aparentemente gostando a idéia, então ficando séria novamente
perguntou. – É verdade mesmo ou você a induziu a isso?
Edward poderia sentir-se ofendido se a pergunta fosse feita por qualquer outro, não por Alice. Ela o
conhecia bem para saber que em um momento desesperado ele com certeza se valeria do seu poder.
Por isso foi com satisfação que disse.
– É verdade Alice. Ela me aceitou por livre e espontânea vontade.
– Ah... Parabéns! – ela exclamou novamente feliz. – Finalmente. – então assumindo o tom sério
mais uma vez, ordenou. – Desça imediatamente. Quero detalhes.
Edward apenas sorriu e desligou. Poderia arriscar sentir-se leve, porém o sentimento durou até que
chegasse ao seu quarto. Todos os problemas da noite passada voltaram. Ignorando a cama foi direto
para o banheiro. Ficou sob o jato d’água deixando que ele batesse em sua cabeça e, depois de não
conseguir chegar a qualquer conclusão coerente sobre os últimos acontecimentos, colocou suas
costas sob ele para que livrassem de qualquer resquício dos lábios frios de Rosalie.
Evidente que ela ficaria curiosa quanto á sua “tatuagem”. O vampiro não gostava da marca; não
queria que a vissem ou a tocassem. Sempre tomava o cuidado de não dar as costas á ninguém,
contudo no inusitado da madrugada passada ele acabou por se distrair. A única que poderia tocá-la
seria Isabella se assim desejasse. Isso se não achasse a cicatriz horrível e destoante na pele de um
vampiro.
Imediatamente ele se lembrou da pele alva de Isabella em seu sonho. Perfeita e imaculada, como
com certeza era na realidade. Lembrou-se também das meias pretas. Não fosse o desfecho do sonho
completamente improvável, teria se excitado. Tudo á seu tempo Edward, disse a si mesmo. Nada o
impedia de fazer naquela mesma noite o que teria feito na passada no sofá de Isabella. Quem sabe
não confirmasse a perfeição da pele quando estivesse em sua cama dessa vez com a luz acesa?
Finalizando o banho, saiu do Box e foi enxugar-se para se vestir e descer para seu escritório. Se
continuasse a seguir aquela linha de raciocínio logo estaria completamente excitado e nem mesmo
pensar no intruso ou a imagem de Rosalie – a quem odiava mais que tudo no mundo – seria capaz
de esfriar-lhe o desejo. Depois de devidamente arrumado, seguiu para seu elevador. Ao passar pela
porta viu sua chave ainda pendurada pelo lado de fora. Edward pegou-a para devolver á Alice.
Pediria que a guardasse em outro lugar ou que ficasse com ela todo o tempo.
Assim que chegou á sua ante-sala cumprimentou dois futuros clientes que se encontravam no local
e olhou para Alice. Apesar da aparente seriedade, Edward sabia que ela estava curiosa. Depois que
fosse para sua sala não precisaria contar até dois para que ela o seguisse. Menos do que isso.
Voltou-se para fechar a porta atrás de si e ela já se encontrava á caminho. Ele deixou-a entreaberta
para que Alice a fechasse quando entrasse. E foi exatamente o que ela fez. Sentando-se logo em
seguida á sua frente disse.
– Agora entendo porque não nos atendeu. – disse ela sorrindo levemente.
Antes de lhe responder Edward lhe estendeu suas chaves.
– Pegue de volta. – assim que Alice as tomou de sua mão, ele disse. – Por favor, guarde-as em outro
lugar. Acho que em sua gaveta elas ficam muito acessíveis.
Como acreditava que ele mesmo houvesse pegado as chaves ela retrucou.
– Sim... Dessa forma você não estraga minhas coisas. Como disse antes, você poderia ter me
pedido.
– Desculpe-me, apenas esqueci. – então para mudar o rumo da conversa, respondeu ao seu
comentário anterior. – Quanto a não atender ao celular na noite passada, saiba que não o fiz por usa
causa. Estou cansado de brigar com você.
Rolando as chaves em seus dedos, relembrou.
– Bom, eu já havia avisado que não interferiria mais.
– Sei disso, mas não muda o fato que suas atitudes são imprevisíveis. Duvido muito que se um dia
faça algo que considere errado você não me “boicote” novamente.
– Se for algo de mal para Isabella com certeza, mas no que refere as suas noitadas na companhia
dela, não vou falar mais nada... A maluca gosta e quem sou eu para impedir. Se você a
enlouquecesse eu providenciaria um sanatório depois. Contudo, pelo que me disse isso não será
mais preciso. Agora é oficial.
– Sim. – Edward confirmou satisfeito.
O sorriso de Alice se alargou.
– Se me dissessem que chegaria o dia em que ouviria “Edward Cullen” dizendo com essa alegria
que arrumou uma namorada, além de não acreditar, eu mesma trataria do distúrbio mental do
infeliz.
– Não me perturbe Alice!
Ignorando o pedido, perguntou.
– E então? Quando vai contar á ela que é imortal? Quando vai transformá-la?
– Calma! Cada coisa ao seu tempo...
Então ele correu as mãos pelos jornais que Alice havia deixado em sua mesa. Após alguns segundos
revelou.
– Algo que me disse ontem ficou martelando em minha cabeça. Não quero ser o cara que consegue
as coisas facilmente porque, por uma brincadeira macabra do destino, se tornou vampiro e tem
poderes que o ajudam. Antes de ser imortal eu sou homem. E como tal quero que Isabella esteja
comigo livre de duvidas.
Alice o ouvia em silencio, Edward prosseguiu sentindo uma leve pontada de ciúme.
– Como disse ontem, vou confiar em você e deixar que faça, seja lá o que tem em mente, para
acabar de vez com qualquer possibilidade de relacionamento entre Paul e Isabella.
– Pode confiar! – ela lhe garantiu. – Quando Bella souber uma ou duas coisinhas sobre o
namorado... – Edward olhou feio para ela. – Certo! “Ex-namorado” ela não vai desejar vê-lo em sua
frente.
– Bom...
– Só não me pergunte do que se trata. Pensei bem e acho melhor você não ter qualquer
envolvimento com isso. Eu mesma vou dar um jeito de ficar de fora. Aparentemente será um
assunto somente entre eles dois.
– Está bem...
Edward não gostava da idéia de Isabella se aproximar do rábula mesmo que fosse pela última vez.
Então perguntou inquieto.
– Quando será isso?
– Preciso fazer uma visita e providenciar o cenário. – ela pensou por um segundo. – Talvez hoje ou
amanhã, não mais que isso.
– Desde que não atrapalhe meu encontro com ela á saída do restaurante.
– Ah... Aí você também está pedindo demais! Só Deus sabe como Isabella reagirá a descoberta. O
importante não é seu encontro amoroso. Espero que saiba ser sensível e entenda se ela ficar triste.
Não vá se encher de ciúme e destratá-la. – foi a vez de Alice olhar feio para Edward. – Seja paciente
com ela.
Edward bufou. Não estava gostando nada daquela estória. Já se arrependia por ter dado liberdade
para Alice. Porém sabia que aquele sofrimento era necessário. O melhor que tinha a fazer era
ocupar-se com outro assunto inquietante.
– Serei!... Eu prometo! Agora me diga... Emmett já chegou?
– Sim... Está em sua sala. Calado como nunca vi. Perguntei sobre Rosalie e ele não me disse nada.
– Então vamos esperar até que ele resolva falar. Quem são esses que estão ai fora?
Alice começou a dar detalhes sobre os homens em sua ante-sala, porém, antes que disse o motivo
pelo qual precisavam dele, Emmett entrou sem esperar resposta depois de uma breve batida á porta.
Edward esperava por aquilo. Ele fora mais rápido do que imaginava. Somente não queria brigas em
seu escritório, ainda mais uma entre dois vampiros raivosos. Seria complicado explicar a violência
da luta e os estragos nos móveis e na alvenaria para os funcionários humanos.
Sem cabeça para adivinhar o que Rosalie havia contado para o marido ou decifrar-lhe a expressão,
Edward pediu para que Alice se desculpasse por ele pela demora junto aos clientes e se retirasse. A
secretária olhou de um ao outro e fez como Edward havia solicitado. Quando estavam sós, Edward
fez sinal para que Emmett se sentasse. Sem dizer nada o vampiro mais jovem obedeceu enquanto
que o mais velho esperou que ele resolvesse falar alguma coisa.
– Não sei mais onde procurar. – Emmett começou. – Ontem fui á todos os lugares conhecidos e em
outros tantos que nunca fomos e nada!
Edward prendeu a respiração. Rosalie não havia voltado para casa. Onde a vadia insana poderia ter
ido? Seria possível que tivesse abandonado o marido e ido embora? Alguma coisa dizia a ele que
não. Que aquele novo sumiço não poderia acabar bem. Analisando o vampiro á sua frente, disse
cauteloso.
– Acredito que ela apareça em breve. Desculpe perguntar isso, mas... Vocês brigaram por algum
motivo? Talvez tenha feito ou dito alguma coisa que a tenha magoado. Mulheres são tão sensíveis
ás vezes que surtam apenas com nossos pensamentos.
Emmett sorriu sem achar graça alguma.
– Se você, profundo conhecedor do sexo oposto diz isso, quem sou eu para discordar? Mas não
brigamos. Ela simplesmente sumiu.
– Sinto muito! – na verdade queria que ela estivesse ardendo no fogo do inferno, mas infelizmente
não poderia dizer tal coisa.
– Bom... Só nos resta aguardar... Vim aqui apenas para lhe agradecer por preocupar-se. Disse que
estava com problemas e ainda assim arrumou tempo para os meus.
Edward estranhou a forma como Emmett o olhou; desconfiado como se o avaliasse. Ele não gostou
daquele olhar. Sério disse.
– Não me agradeça por isso. – então se lembrou. – Posso fazer-lhe outra pergunta?
– Sim.
– Por que não me informou do desaparecimento de Rosalie assim que percebeu sua falta?
Emmett o encarou por um momento.
– No início achei que não fosse nada sério. Chamei James para ajudar-me a procurá-la porque tinha
esperança de achá-la, não queria incomodar você ou Jasper.
– Desculpe-me, mas não acredito nisso. – Edward retrucou encarando-o. Sentia, sabia que ele estava
escondendo algo. – Sempre deixei claro que todos devem se dirigir á mim quando necessário. Ainda
mais agora com esse covarde na cidade. Você poderia até me deixar de fora no caso de sua esposa,
mas e quanto ás mortes? Por que não me procurou imediatamente?
– Por que não havia nada a ser feito. Se fosse o caso eu mesmo teria cuidado de tudo e hoje não
teríamos mais notícias de mortes macabras nos jornais. – disse indicando os exemplares sobre a
mesa de Edward.
– Ainda assim acho estranho. – Edward o estudava com o olhar.
– Está insinuando que estou mentindo? – Emmett endureceu o semblante.
– Absolutamente. – disse Edward surpreso em ver uma centelha raivosa no olhar do vampiro. –
Talvez omitindo...
– Quer saber? – Emmett se pôs de pé e Edward, ainda que permanecesse sentado, se pôs em alerta.
O outro prosseguiu seriamente. – Eu tenho sim um bom motivo para não tê-lo procurado. Apenas
chamei por Jasper por insistência de James. Por mim cuidaria desse assunto somente com a ajuda
dele. Não queria outras pessoas envolvidas assim como não quero dividir nada com você agora.
Edward inspirou e expirou fundo, então recomendou.
– Seria prudente que baixasse o tom. Não estamos sós. E se continuar exaltado como está logo
poderá dizer coisas que não devem ser ouvidas por humanos. Acredito que se lembre disso, não?
– Sim. Eu me lembro... – respondeu baixando o tom e desarmando-se. – E reafirmo que não tenho
nada a dizer á “você”. Poderia respeitar minha vontade?
Pela atitude de Emmett, Edward acreditou que talvez soubesse o motivo de não ter sido procurado.
Então, em respeito á dignidade de amigo, disse sinceramente.
– Sim... Não precisa dizer-me nada.
– Obrigado! Se me der licença vou para minha sala. Deixei vários recados para Rosalie e espero por
noticias.
Olhando para o vampiro de expressão derrotada disse.
– Fique á vontade.
Tudo que Edward não queria naquele momento era sentir-se culpado por saber que a vampira
vagabunda estava sã e salva. Talvez ainda sentindo seu gosto em sua boca, enquanto o marido sofria
miseravelmente, evidentemente sabendo que o motivo do sumiço era o advogado á sua frente.
Edward queria ter certeza. Saber se o lampejo raivoso fora por esse motivo, porém conteve-se. Com
o tempo descobriria. Novamente a sensação de que estava deixando de perceber algo lhe
incomodou, mas ainda não sabia identificar qual o motivo.
Emmett suspirou e sem dizer mais nada, dirigiu-se á porta. Antes de sair, porém, se voltou e encarou
Edward.
– Feliz é você Cullen, que não se prende á nenhuma. Provavelmente jamais sofrerá a dor pela perda
da mulher amada! Acredite em mim... Ela é insuportável!
O vampiro nada pôde dizer. Se o primeiro passo para sofrer dor igual era se apaixonar, já estava no
caminho da perdição. Tudo que lhe restava era cuidar para que nunca perdesse Isabella. E o mais
importante de tudo. Sempre mantê-la satisfeita e feliz para que nunca o traísse. Porque o dia que
isso acontecesse, fosse ela humana ou não, matá-la-ia. Faria como Carlisle. Com a diferença que
não permaneceria nesse mundo, pois sabia que, como seu pai amou sua mãe até a morte, ele próprio
seria louco por Isabella eternamente.
***********************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... espero que tenham gostado e comentem como sempre... Eu amo os coments de
vcs e sempre venho aqui ver se tem algo novo...

Ahh... E bem vindas(os)leitoras(es) novas(os)

Agora vamos ao spoiler:

"Tudo que sabia era que precisava sair dali. Ele viria encontrá-la e Bella estava morrendo
de saudades dele. Angela que lhe desculpasse, mas precisava correr. Sabia que á meia
noite ele viria buscá-la.

– Ang. – chamou ao se aproximar do caixa onde ela trabalha. Quando amiga levantou a
cabeça em sua direção, anunciou. – Preciso sair agora. Queria poder ficar, mas não
posso. Preciso sair “agora”. – repetiu e enfatizou.

– Está bem Bella... – respondeu Angela confusa. – Aconteceu alguma coisa?

– Preciso me encontrar com meu namorado “agora”. Desculpe-me, mas preciso mesmo
ir.

– Tudo bem...

O último consentimento chegou aos ouvidos de Bella quando ela já se dirigia para a
cozinha. De lá foi para o vestiário. Trocou-se ás pressas, pegou a bolsa e saiu. Seu
coração se oprimiu ao vê-lo. Estava com saudades.

(...)

Bella não sabia o que a impelia, mas sentiu que precisava estar com ele. Sem pensar
correu em sua direção. Ao vê-la seu namorado desencostou-se do carro e abriu os braços
para recebê-la. Assim que se atirou neles, ele os fechou em sua volta e a estreitou em um
abraço apertado."

Prontinho... Agora é aguardar o próximo capítulo... bjus e obrigada por estarem comigo...
o/
(Cap. 30) Capítulo 1 - Parte II

Notas do capítulo
OBSESSION - SEGUNDA PARTE
Sinopse: Após conhecer Isabella Swan no Central Park, o vampiro Edward Cullen
lançou-se em uma caçada obsessiva pela jovem. Como a criatura mimada e egoísta que
era, acreditou que bastaria possuí-la uma única vez para descartá-la como todas as
humanas que teve. O que ele não poderia prever era que se apaixonaria antes mesmo de
tê-la em seus braços. Agora, depois de desencontros, erros e acertos, estava
completamente rendido e era dono do amor de sua escolhida. Ainda assim o advogado
imortal experimentava todas as sensações inquietantes do primeiro amor e todas eram
potencializadas por sua condição vampírica.
Sentimentos novos como ciúmes e insegurança o tornavam ainda mais inconseqüente,
tornando o momento de revelar a verdade sobre sua condição cada vez mais difícil. Seria
possível que Isabella aceitasse sua imortalidade e suas falhas? E o amor do vampiro pela
humana seria forte o bastante para superar seus medos antigos quando descobrisse que
sua amada carregava o símbolo de sua perdição?
*********
Oie de novo!... o/
Nossa... tava morrendo de saudades... tive um imprevisto então adiantei a postagem.
Melhor, né?... :D
Então lá vamos nós de novo... Muitas emoções na segunda Parte, segurem o coração e
vamos acompanhar o Edward... :)
Ah... não poderia deixar de agradecer os reviews e as indicações msm com a fic parada...
vcs são demais... Valeu!... o/
Agora... BOA LEITURA!

*Fogo. Frio. Treva. Abandono.


Isso era tudo que ele conseguia perceber e sentir. Apesar do fogo que consumia sua garganta, pela
primeira vez em sua existência sentia o corpo frio; morto. Não via nada á sua frente além da
completa escuridão. Estava realmente morto...
E sozinho.*
Edward acordou sentindo-se sufocar. Aspirou o ar e olhou em volta para se situar; estava em seu
escritório. Como fora dormir em sua cadeira? Fácil responder. Os acontecimentos da noite passada
ainda o desgastavam. Toda intensidade de sua raiva no momento da “quase” traição, a energia
desconhecida liberada por ele e a força das sensações que experimentou com Isabella o esgotaram
emocionalmente. Agora se sentia estranho depois daquele sonho; o que ele significava?
Na verdade Edward possuía problemas demais para ainda se preocupar com sonhos. Então não
importava seu significado: agora tinha Isabella. Apenas faltava contar-lhe sobre sua condição.
Depois que ultrapassasse esse obstáculo e ela o aceitasse nada mais os separaria.
Suspirando impaciente o advogado passou as mãos pelos cabelos. Queria estar com ela e não em
seu escritório. Por mais que tentasse se distrair nada prendia sua atenção. Sabia que estava fazendo
o certo, mas ainda assim não estava satisfeito. Nem mesmo poderia reclamar, visto que idéia de
manter a rotina fora dele. Precisava que todos acreditassem que nada havia mudado. Depois da
breve reação raivosa de Emmett, do surto de Rosalie e das insinuações “inocentes” de James,
Edward não sabia mais em quem confiar. Cautela e vigilância seriam suas novas palavras de ordem.
Teria que continuar confiando no cuidado de Alice para manter Isabella em segurança e ficar o mais
próximo possível dos vampiros do seu clã. Pelo menos dos dois que trabalhavam com ele. Como no
dia anterior, Emmett estava no NY Offices, ocupando-se como se nada tivesse acontecido. Era
como se de certa forma estivesse conformado com o desaparecimento da esposa infiel. Edward não
se sentia confortável em saber que o motivo do sumiço era ele e que, evidentemente, o advogado
também sabia.
Por mais que desconfiasse de Emmett, sinceramente não queria ter problemas com ele. Poderia estar
errado em seu julgamento e aquele não era o momento de desentendimentos desnecessários. E se o
amigo tivesse alguma culpa, seria uma decepção, Edward gostava verdadeiramente do seu sócio.
Seu único defeito foi não ter escolhido uma boa companheira e ter se juntado á uma vadia. Mais
uma vez Edward lamentou. Não gostaria de entrar em uma luta com o vampiro por uma mulher que
desprezava; que verdadeiramente odiava.
Edward pedia internamente para que a loira desistisse de qualquer outro plano mirabolante e
deixasse Isabella em paz. Por não querer um confronto direto com aquele Emmett que ele gostava,
queria que ela fosse realmente embora para que não fosse preciso matá-la caso ameaçasse a jovem
novamente. Sim, Edward pedia, mas ao mesmo tempo sabia que as coisas não seriam assim tão
fáceis. Rosalie já havia demonstrado que não era o tipo de mulher que aceitava ser preterida.
Bom... Ainda no intuito de evitar uma luta, se fosse possível tentaria consertar as coisas. Se não
fosse... Faria o que tivesse que ser feito no momento que fosse preciso, depois pensaria nas
conseqüências. O que jamais permitiria é que Isabella fosse atacada ou usada novamente.
Ainda impaciente Edward olhou seu relógio de pulso. Onde estava Alice que não chegava com
Isabella? Acaso não ficara decidido que a amiga traria a jovem para o escritório assim que ela
despertasse?
Mais uma vez Edward se recostou em sua cadeira e fechou os olhos. Imediatamente a imagem de
Isabella adormecida em seus braços lhe veio á mente. O vampiro sorriu. Apesar dos problemas,
ainda sentia a alegria de ter despertado com ela ao seu lado e a plenitude de tê-la possuído sem
ilusões. Seu sorriso se alargou. Isabella gritou seu nome no ápice do desejo por vontade própria,
sem ser preciso influenciá-la. A esse pensamento seu sorriso morreu. Lembrou-se que Isabella sabia
das induções e novamente temeu. Dentre todas as coisas que havia decidido fazer – antes de dormir
ou depois de desperto – contar-lhe a verdade era prioridade. Contaria sobre sua imortalidade
naquela mesma noite.
Com o coração mais leve, Edward lembrou-se também que nos minutos infinitos que acariciou e
cheirou os cabelos de Isabella naquela manhã, lutou contra a vontade de acordá-la. Vê-la abrir os
olhos para ele teria sido o desfecho perfeito para a noite em que conheceu o inferno e o paraíso.
Porém a razão venceu. Edward sabia que no momento que se perdesse naquele mar chocolate nada
o tiraria daquela cama e aquele não era o momento de ser negligente ou irresponsável.
Quando foi preciso deixá-la se perguntou quando a teria junto a si definitivamente. Em sua
cobertura; em sua vida eterna. Não saberia dizer; apenas poderia desejar que fosse em breve. Ainda
demorou uns bons minutos até que se rendesse definitivamente aos seus argumentos racionais. Não
fosse sua responsabilidade como líder do clã sequer teria levantado a hipótese de deixá-la, contudo
ainda tinha assuntos inacabados a tratar com Jasper e Alice.
Havia dito que quando amanhecesse iria para o apartamento da amiga. Então, juntando toda sua
força de vontade, deitou Isabella confortavelmente na cama e escorregou para fora da mesma.
Imediatamente a jovem resmungou algo ininteligível e se acomodou melhor sob as cobertas,
abraçando o travesseiro que fora ocupado por ele. Antes que saísse á caça de suas roupas, ele se
ajoelhou ao lado da cama e estudou o rosto amado. Sua Isabella era linda e perfeita. Sem conter-se
acariciou o rosto de porcelana.
Tocou em suas pálpebras, na bochecha... Circulou os lábios; a marca da mordida provocada por
ambos era visível somente para ele. Edward tinha consciência que se arriscara por mordê-la, mesmo
que de leve. Como lhe explicaria ter bebido o sangue caso ela lhe questionasse? Ainda assim não se
arrependia. Se não tivesse bebido dela talvez sequer pudesse falar, visto que sua garganta estava
completamente fechada e ressequida. E o mais inquietante para o bom viciado que se tornara no
todo que era Isabella; aquela talvez fosse a última vez que provasse o sangue dela em muitos dias,
visto que ainda temia machucá-la como na sexta feira passada.
Dando um breve beijo em Isabella, ergueu-se e vestiu suas roupas. O certo seria banhar-se, mas o
odor de Isabella lhe parecia tão agradável que resolveu conservá-lo até que voltasse a sua cobertura.
Completamente vestido, seguiu para sala. Encontrou Black deitado sobre o sofá. O felino sequer
moveu-se com sua proximidade. Edward sorriu ao ver a confiança que o gato tinha em si e desejou
que com a dona não fosse diferente quando também descobrisse que ele não era um homem
comum.
– Você poderia dizer á ela que eu nunca a machucaria.
Black abriu os olhos verdes, piscou algumas vezes e voltou a dormir.
– Que ótimo!... Agora converso com seres irracionais.
Ignorando o gato, pegou seus sapatos e as meias. Depois de calçado se dirigiu á porta. Antes que
saísse, viu um bilhete no chão. Pegou o pedaço de papel, desdobrou-o e leu. Revirando os olhos, o
colocou no bolso e foi para o apartamento de Alice. Após algumas batidas leves ela atendeu.
– Bom dia Cullen! – cumprimentou com um sorriso no canto da boca.
Edward sabia o motivo do sorriso e não queria dar-lhe ousadia, mas não conteve um breve sorriso
aberto em retribuição.
– Bom dia Alice!
Para seu contentamento, apesar de ela saber o quanto estava satisfeito por finalmente ter estado com
Isabella sem artifícios, nada disse. Na maioria das vezes eles não precisavam dizer nada um ao
outro, se entendiam perfeitamente sem palavras. Na verdade, nem sempre era assim. Algumas vezes
Edward flagrava alguns lampejos que não decifrava, principalmente depois de estar com Isabella.
Como aconteceu quando chegou, antes que ela lhe cumprimentasse de forma jocosa. Era como se
esperasse que ele lhe dissesse algo ou se quisesse ela própria lhe perguntar alguma coisa. Bom, nada
tinha a lhe dizer. E o brilho fora tão efêmero que Edward resolveu ignorar.
Acomodavam-se no sofá, quando Jasper veio se juntar a eles.
– Bom dia Romeu... – disse Jasper sorrindo. – Pronto para enfrentar o raiar do dia?
– Tenho que estar. – disse sério. – Mas seria melhor se minha Julieta não corresse perigo.
– Sei disso. – sentou-se ao lado de Alice. – Eu já disse isso, mas... Você sabe que Rosalie vai tentar
novamente não é?
– Sei – seu tom era tenso.
– E o que pretende fazer?
– Manter Isabella por perto o máximo de tempo possível. Não podemos deixar ela sozinha em
tempo algum até que eu encontre Rosalie.
– Bom... Como aparentemente estão em lua de mel, fique aqui com ela por um tempo. – sugeriu
Alice.
– A idéia é tentadora, mas não acho ser a melhor. Precisamos agir como se nada tivesse acontecido.
Não vou me trancar com Isabella ou me esconder. Até quando isso duraria? Sei que é arriscado, mas
quero que Rosalie acredite que terá outra chance. Ela precisa aparecer.
– Realmente é arriscado, mas você está certo. – concordou Jasper. – E o que pretende fazer caso ela
apareça?
– Bom... Preciso pensar com clareza. Para ser franco, minha vontade é tão somente arrancar-lhe a
cabeça. Mas isso criaria problemas com Emmett. Ainda a odiaria com todas as minhas forças, mas
quem sabe ela volte á razão e eu não precise matá-la. Estamos passando por tempos confusos.
Quem sabe não seja apenas isso.
– E se for apenas isso? – perguntou Alice. – Se Rosalie se mostrar arrependida, você perdoará e
acreditará nela?
– Não. – respondeu sinceramente.
– Então você os mandaria embora?
– Seria o certo a fazer, mas não é o momento de nos separarmos. E com certeza eu iria preferir os
dois sempre por perto.
– Concordo. – Jasper o encarou. – Até porque Emmett não tem culpa da maluquice da esposa.
– Ele pode até não ter culpa, mas... Uma coisa me perturba. Ontem não disse tudo em nossa
conversa sobre Rosalie ter ido ao meu apartamento...
– O que mais aconteceu?
– Não é necessariamente sobre ela. É sobre Emmett, sobre sua inocência no assunto. Tenho certeza
que ele sabe. Não que ela foi procurar-me, mas que ela tinha o interesse de fazê-lo.
– Por que pensa assim? – perguntou Jasper.
– Ontem percebi algo em Emmett que não tinha reparado ou visto antes. Um olhar hostil. Talvez
fosse por orgulho ferido, mas me pareceu algo mais. Não saberia lhe explicar, mas depois de pensar
sobre o casal, cheguei á conclusão que não o conheço. O que vocês sabem da estória de Emmett e
Rosalie?
– Não muito na verdade. – respondeu Alice.
– Mas vocês viajam juntos há anos...
– Apenas isso. – esclareceu Jasper. – Viajamos juntos, mas não permanecemos no mesmo local
quando estamos no Maine. Cada casal vai para um lado. Acho que você pode entender a
necessidade de privacidade.
– Entendo. E acho que já está na hora de saber mais sobre eles; sobre James também.
– Acha mesmo necessário? Eles nunca nos deram motivos para desconfiar.
– Acredite Jasper, as únicas pessoas que não desconfio são você e Alice. No mais, nem mesmo os
humanos que nos cercam estão livres de suspeitas. Ainda mais depois disso que está acontecendo
com Rosalie. O casal está conosco há seis anos e eu “nunca” percebi qualquer um olhar mais
demorado dela em minha direção, para agora ela se declarar tão abertamente que até mesmo seu
marido pode saber do seu sentimento. Apesar do lampejo raivoso que percebi nos olhos de Emmett,
ele se mantém calmo. Acho estranho. Alguém capaz de dissimular dessa maneira é capaz de muitas
outras coisas.
– Do que estamos falando exatamente? – perguntou Jasper franzindo o cenho.
– Do intruso. Acho que talvez possa ser um deles. Ou até mesmo James.
– Não Edward.
– Por que não?
– Porque como você mesmo disse, estão conosco á seis anos. Por que começariam agora a provocá-
lo? E tem a questão do cheiro. Esse intruso já esteve aqui no prédio. Eu e Alice o seguimos. Se
fosse qualquer um deles teríamos reconhecido.
– Havia me esquecido do cheiro. – admitiu contrariado. – Eu o senti no Halloween e aqui. Também
não o reconheci tampouco. Talvez você tenha razão. Posso realmente não estar certo. Talvez toda
essa confusão seja mesmo porque a louca da Rosalie sempre gostou de mim e de alguma forma
Emmett descobriu e está com ciúmes. No que o entendo perfeitamente, contudo, com os últimos
acontecimentos senti que preciso saber mais sobre todos eles.
– Até aí você está coberto de razão. Não custa nada saber um pouco mais sobre eles.
– Certo, certo... – cortou Alice. – Os “dois” estão “cobertos de razão”, mas e quanto á Rosalie? Ela
ainda é um problema real. Bella ainda corre perigo. O que faremos?
Edward passou as mãos pelos cabelos.
– Não há muito á se fazer. Temos que esperar que ela apareça.
– Então eu fico aqui com Isabella? – perguntou Alice. – Hoje é seu último dia com Angela. Ela
poderá ir ao restaurante?
Com o coração apreensivo, Edward respondeu.
– Sim, poderá. Como disse quero que Rosalie pense que nada mudou. A única coisa que faremos de
diferente é que você levará Isabella para a Cullen & Associated assim que ela acordar. Dessa forma
todos nós estaremos com ela. Isabella poderá ir para o restaurante de lá. Você monta guarda e á
noite eu vou buscá-la como fiz esses dias.
– Combinado. – disse Alice.
– Então isso é tudo? – Jasper se pôs de pé. – Descobrir mais sobre os três e encontrar Rosalie?
Edward se lembrou que ainda não tinha dito nada sobre ter quebrado uma janela somente com sua
fúria. E mais uma vez soube que o assunto se estenderia. O melhor a fazer era deixar para outra
hora. Já que o pior havia sido exposto, queria ir para sua cobertura, trocar-se e assumir seu posto no
escritório. Queria estar lá quando todos os outros chegassem. Nada havia mudado.
– Sim. – respondeu. – Por ora é somente isso.
– Então vou trocar-me e seguir para o escritório. – Jasper se retirou.
– Faça isso. – dito isso se voltou para Alice. – Preciso de papel e caneta.
A amiga se levantou e voltou logo em seguida com o que havia pedido. Depois de escrever seu
recado á Isabella, dobrou a folha e a estendeu á Alice.
– Quero que deixe isso no travesseiro dela. – então lhe deu mais uma instrução e concluiu. – Por
favor, não demore a levá-la até mim. E tome cuidado.
– Não se preocupe... Tomarei.
Mais uma vez Edward passou as mãos pelos cabelos. Reconhecer seus erros sempre seria
incomodo.
– E Alice... Desculpe-me por ter acreditado que fosse capaz de armar contra mim.
– Ah Cullen... Não precisa desculpar-se. Seria pedir demais que fosse racional em algo relacionado
á Isabella.
De repente ela estreitou os olhos e Edward pôde perceber o novo lampejo de questionamento. Dessa
vez ele resolveu descobrir sobre o que se tratava sua expressão.
– Deseja saber alguma coisa Alice?
– Acho que posso perguntar... Gostaria de saber se está tudo bem entre você e Bella. – sem esperar
resposta, revirou os olhos. – E não me venha com respostas pervertidas.
– Então seja clara. – pediu.
A única resposta que lhe vinha á mente era perguntar se ela não havia ouvido os gritos, mas ela se
adiantou barrando-o. Alice mordeu o lábio inferior evidentemente em duvida se prosseguia ou não.
Edward estranhou aquele comportamento. Estava prestes a interrogá-la, quando a amiga concluiu.
– Quero saber se está tudo bem mesmo... Nenhuma dúvida, medos antigos...
– Por que eu teria algum medo antigo que envolvesse Isabella? – Edward franziu o cenho. – Não
estou entendendo Alice. Você me faz perguntas, mas ás vezes eu tenho a impressão que é “você”
que quer me dizer alguma coisa. O que é?
Alice lhe encarou receosa, subitamente deu de ombros e disse.
– Ah esqueça!... Não tenho nada á dizer e se você tivesse algo a “me” contar já teria feito.
– Eu não estou entendendo...
– Nem precisa... Estou desconexa.
Edward a avaliou por um tempo, então deu de ombros e se levantou. Subitamente uma idéia lhe
ocorreu. Já de pé se voltou.
– O medo tem a ver com contar á ela quem eu sou na realidade?
Um segundo de hesitação, então...
– Sim. Já sabe quando vai contar-lhe? Agora a verdade é imprescindível.
– Sei disso, por isso mesmo estou decidido á contar-lhe sobre minha condição essa noite.
– Isso! – exclamou Alice. – Faço votos de que corra tudo bem. Aliás, acredito que Bella não se
importará, assim como eu não me importei.
Dito isso Jasper saiu do quarto devidamente arrumado para seu ato como advogado competente. Ele
ouviu as palavras da esposa e lhe sorria.
– Além de não se importar pediu para ser transformada imediatamente. – disse abraçando-a.
– Evidente... Não é todo dia que nos aparece um ser mítico se dizendo apaixonado. Como eu lhe
seguiria para todo o sempre se fosse humana?...
Jasper não respondeu. Apenas beijou a esposa sem se importar com Edward presente. Este
tampouco se incomodou, já estava habituado àquela narrativa sempre seguida pelo mesmo
desfecho. Enquanto os observava, desejou que com Isabella acontecesse da mesma forma. Que,
como pensou na noite passada, ela realmente gostasse de tais criaturas e o aceitasse. Edward
recusava-se até mesmo se lembrar da cena no estacionamento. Naquela noite Isabella respondera
negativamente apenas por não acreditar, mas uma vez que se visse diante da verdade, ela o aceitaria.
Tinha que aceitar.
De repente Edward percebeu que estava sobrando na cena. Pigarreando disse.
– Tenho que ir agora.
Sem sair dos braços do marido, Alice olhou em sua direção.
– Está bem.
– Não esqueça o que lhe pedi e leve Isabella o quanto antes.
Alice lhe sorriu.
– Farei.
Edward maneou a cabeça para os dois que voltaram a se beijar, então pigarreou novamente.
– Só mais uma coisa... Qual é o apartamento da síndica?
Sem olhá-lo dessa vez Alice respondeu entre um beijo e outro.
– Primeira porta ao lado das caixas de correspondência.
Edward não se deu ao trabalho de agradecer a informação, não seria ouvido. Enquanto ele se dirigia
até a porta o casal se perdia em direção ao quarto. Quisera poder se perder com Isabella da mesma
forma, mas não poderia se dar á esse luxo. Respirando fundo, passou resignado pela porta da jovem
e seguiu para a escadaria. Ao chegar á porta indicada por Alice, tocou á campainha. Tocou uma
segunda vez e esperou pacientemente até que uma senhora sonolenta viesse atendê-lo. Sorrindo,
Edward tirou do bolso o bilhete que achou no chão aos pés da porta de Isabella.
– Acho que a senhora perdeu isso. – disse lhe estendendo o papel. – Eu agradeceria muito se de
onde saiu esse, não viesse mais nenhum. Afinal nem fazemos tanto barulho assim, não é mesmo? –
então lhe piscou.
Confusa e fascinada, a mulher prendeu a respiração. Sequer piscava tão admirada que estava com a
figura magnífica á sua frente. Com a mão trêmula ela pegou o papel e o amassou; debilmente disse.
– Realmente não ouvi barulho algum. Desculpe-me o aborrecimento.
– Não por isso. – então alargando mais o sorriso. – Tenha um bom dia!
Então se foi deixando a síndica paralisada ainda uns bons minutos á porta de seu apartamento.
Antes mesmo de abrir os olhos Bella soube que estava sozinha em sua cama. Lutando com o
pensamento que lhe invadia, apertou as pálpebras com força. Não era possível... Não “poderia” ser
possível que tivesse sonhado novamente. Mas qual outra explicação para estar sozinha em sua
cama? Se seu namorado tivesse realmente estado com ela deveria estar ao seu lado. Bom, pensou;
qual o alarde? Qual a dúvida? As coisas que fez com Edward na noite passada não foram
exatamente iguais á todas as outras?
Não. Estava sendo injusta. Todos os sonhos foram bons, mas a noite passada superava todas as
outras. Fora maravilhosa, plena. Ainda de olhos fechados tocou a base de seu pescoço onde Edward
havia chupado com força. Ao apertar a região sentiu-a dolorida. Nem precisava ver para saber que
estava marcada. Sem que pudesse conter um sorriso imenso iluminou seu rosto. Sentia-se tão
contente que seria capaz de gritar; explodir. Bella se desconhecia. Sentia-se eufórica e uma vez que
não explodiria, debateu-se na cama. Como uma criança birrenta, porém, no seu caso era apenas
excesso de felicidade.
De repente lhe ocorreu que ele poderia estar ainda no apartamento e parou imediatamente com a
criancice. O pensamento lhe encheu de esperança, então abriu os olhos e apurou os ouvidos,
escutando. Nenhum barulho vindo do banheiro. Nada vindo da cozinha. Silêncio absoluto. Fitando
o teto suspirou resignada. Estava realmente sozinha. Mas na verdade não se importava muito agora
que tinha certeza que não sonhou tudo que fez com Edward. Se ele fora embora sem acordá-la devia
ter algum bom motivo. Ainda se lembrava de sua reação ao ter que deixá-la na madrugada de
quarta. Edward fora embora por obrigação, contrafeito. Bella sabia que jamais poderia compará-lo
ao ex.
Nossa. Um ex que a partir da noite passada seria esquecido definitivamente. Quem era Paul
mesmo? À frente de Bella só existia Edward. Edward. Edward. Saboreando o nome mentalmente,
Bella se sentou puxando a coberta na frente do corpo nu e olhou em volta. Era impressão sua ou o
quarto estava mais bonito? Sorrindo de si mesma por seu surto apaixonado, Bella olhou para o
colchão onde viveu os melhores momentos tórridos com “seu” namorado. Ao mirar o travesseiro
usado por Edward seu coração incendiou-se.
Nele estavam depositados um bilhete e um rosa vermelha. Sorrindo, imediatamente Bella pegou a
rosa e cheirou-a. Então, com a mão trêmula, pegou o bilhete e o abriu.
Isabella
Considero falta gravíssima não estar ao seu lado quando despertar. Se eu fosse você não me
perdoaria. Mas como não sou e você possui uma alma infinitamente melhor do que a minha, sei
que já estou perdoado. Agora feche os olhos e receba um beijo de bom dia.
Eternamente seu
Edward Cullen
Bella arfou. Fechar os olhos e imaginar-se sendo beijada por ele seria seu fim. Apenas por ler as
palavras já se encontrava em estado crítico; seu rosto ardia e seu corpo todo – como sempre –
queimava. Edward realmente tinha o poder de abalá-la. E sem duvida alguma, depois da noite
passada, esse seria seu estado constante. Que assim fosse, pensou Bella, viveria em eterno estado de
ebulição se fosso possível.
Suspirando, a jovem cheirou a rosa mais uma vez. Ignorando a sensações que lhe invadiam,
levantou da cama arrumando a coberta em volta do corpo e correu para a sala. Pegou seu net,
sentou-se no chão e o depositou sobre e mesa. A rosa foi deitada gentilmente ao lado do aparelho.
Bella tamborilou sobre o tampo da mesa enquanto seu net fazia todo o processo de abertura.
Quando finalmente teve acesso á rede, procurou mais vez pelo site com o significado das flores.
Correu a página até o fim e encontrou o que procurava.
Rosa Vermelha – paixão eterna, amor ardente, coragem e respeito.

Impossível não arfar novamente. Paixão eterna?!... AMOR ardente?!... Bella sequer se lembrava das
outras palavras... Paixão ela até conseguia assimilar, mas... Amor?... Seria realmente possível?!...
Respire Isabella, ela se ordenou. Seu coração parecia que ia saltar boca afora. Pegou a rosa e
automaticamente a levou aos lábios sem beijá-la. Da parte dela sabia que o amava; depois da noite
passada não tinha a menor dúvida. Contudo ainda resistia á crer que Edward sentisse o mesmo. Ao
mesmo tempo não tinha motivos para duvidar de seu “recado”.
Bella sentiu seu coração se aquecer. Ainda tremia violentamente quando ouviu a batida leve na
porta e viu Alice entrar logo em seguida sem esperar por resposta.
– Bom dia Bella! – cumprimentou com seu sorriso característico.
A jovem nem estranhou que a porta estivesse aberta, afinal, Edward não teria como fechá-la. Antes
mesmo de cumprimentar a amiga, imaginou se seria precipitação de sua parte dar uma chave para o
namorado. Naquele segundo lhe ocorreu que nem havia pegado de volta a que havia dado á Paul
anos atrás; nem entregado a dele. Teria que destrocar o quanto antes já que não eram mais nada um
do outro. Ainda cismava sobre a chave, com a rosa encostada nos lábios, completamente esquecida
de Alice, quando esta estalou os dedos em frente aos seus olhos para chamar-lhe a atenção. Bella
piscou algumas vezes e focou Alice.
– Bella você está bem? – perguntou estranhamente preocupada.
A jovem lhe sorriu juntando as sobrancelhas.
– Sim... – respondeu. – Por que não estaria?
– Não sei... – disse Alice também a avaliando de sobrancelhas unidas. – Você está estranha.
Bella sorriu ainda mais de sua expressão desconfiada.
– Só estou feliz... – comentou olhando sua rosa.
Alice ainda não se deu por satisfeita.
– Bella olhe para mim. – a jovem obedeceu, começava a não gostar daquele tom de comando.
Prendendo-a pelo olhar Alice perguntou.
– Alguém esteve aqui?
Como em todas as vezes, Bella não pôde se recusar á obedecer, por mais que agora resistisse.
– Apenas Edward. Ele passou a noite aqui comigo.
A amiga ainda a analisou por um bom minuto, então suavizou a expressão e sorriu.
– Então agora entendo o motivo da “estranheza”.
– Não comece Alice... – pediu sentindo o rosto corar.
Então ela depositou sua rosa sobre a mesa mais uma vez e quando viu que Alice sentaria no sofá ás
suas costas e fechou a página que havia pesquisado sobre flores. Não queria que a amiga visse o
quanto era patética.
– Eu não ia começar nada... Apenas lhe diria que também estou feliz que estejam se dando bem.
– Sim, estamos... Obrigada!
Mais uma vez sentiu seu rosto corar. Dar-se bem não era a expressão correta... Eles simplesmente
completavam-se; encaixaram-se em harmonia. Nem em seus sonhos mais delirantes e realistas
poderia recriar o que teve com Edward na noite passada. Mais uma vez excitou-se com a lembrança
e ardeu de desejo e vergonha por reagir daquela maneira na presença de Alice, sem nem ao menos o
namorado estar por perto. Na tentativa de mudar de assunto antes que sofresse uma combustão
espontânea diante dos olhos incrédulos de Alice, Bella perguntou.
– Não era para estar no escritório á essa hora?
– Atrasei-me. Depois me entendo com o Cullen. – Alice disse simplesmente. – Vou daqui á pouco...
– Certo... – arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha, perguntou receosa. – Alice. Você já me
disse uma vez, mas... Tem certeza que Edward “nunca” se interessou por ninguém?
– Não da forma que está agora, por quê? – a amiga respondeu sem rodeios.
– Nada!... Só curiosidade mesmo.
Bella lutou para não se sentir vaidosa além do permitido. Se desse asas ao que sentia provavelmente
explodiria de contentamento.
– E você Bella?... – Alice lhe chamou a atenção. – Sente o mesmo? Como ficou aquela história de
querer ser amiga do ex? Já falou com ele?
Nossa! Bella pensou que Alice parecia adivinhar as coisas. Todo seu contentamento se foi. Então,
sem que fosse preciso se interrogada, ela disse.
– Na verdade estive com ele ontem á noite.
– Ah sim?...
– É... Uma história realmente confusa. Senti vontade de vê-lo e ele apareceu. Eu fui com ele Alice...
– o coração de Bella se oprimiu. – Acreditaria se dissesse que simplesmente “esqueci” Edward e fui.
Foi como e ele nunca tivesse existido.
Bella não gostou de suas próprias palavras e sentiu os olhos marejarem. Inquieta, lembrou-se da
sensação de observação, da repulsa que sentiu ao toque do ex-namorado e de como a imagem de
Edward lhe veio á cabeça enquanto era tocada por outro fazendo com que se sentisse suja; traidora.
Não o conhecia o suficiente, mas sabia que Edward não merecia aquele comportamento da parte
dela. Contudo nada podia fazer á respeito. Nem ao menos sabia como foi agir daquela maneira.
Uma lágrima quente rolou por seu rosto e ela logo tratou de secá-la. Não choraria por aquele
episódio.
No que dependesse dela jamais esqueceria Edward e como ele havia pedido, nunca mais diria o
nome de Paul em sua presença; devia isso ao namorado. Era o mínimo que poderia fazer visto que
sequer saberia explicar o que havia acontecido. E jamais lhe diria que o havia esquecido, mesmo
que momentaneamente.
– Mas vocês ficaram juntos? – perguntou Alice. – Você e Paul?
– Não! – Bella exclamou veementemente. – Lembrei-me de Edward. A imagem dele veio á minha
mente. Eu me lembrei que estava com ele, não era mais nada de Paul.
– Se lembrou simplesmente?... Não ouviu voz alguma? Não viu ninguém?
– Não ouvi ou vi nada nem ninguém... – Bella juntou as sobrancelhas. – Que tipo de perguntas são
essas? Acaso acha mesmo que estou ficando maluca? Acha que estou doente Alice?
Aquela era uma boa hipótese. Explicaria os lapsos; os delírios batizados de sonhos.
– Não Bella... – Alice tentou acalmá-la. – Estava apenas tentando entender. Não sei por que ou
como se esqueceu de Edward, mas não acho que esteja doente. Por favor, nem pense isso.
– Está bem... – respondeu sem descartar a teoria.
– Então você se lembrou dele?... Interessante!– como acontecia algumas vezes parecia que Alice
falava consigo mesma. Então aumentando a voz e sorrindo abertamente, disse. – Você o ama de
verdade Bella!
– Acredito que sim...
– Então nada mais importa! – determinou a amiga. – E isso me dá uma idéia... Que tal ir comigo
para o escritório?
– O quê?... Por quê?...
– Seria como uma surpresa para Edward. Tenho certeza que ele adoraria.
Bella tinha suas duvidas. Homens geralmente não gostavam de suas namoradas no local onde
trabalhavam. E no seu caso específico, o ex trabalhava no mesmo lugar. A jovem não queria se
encontrar com ele. Não depois da noite passada.
– Não sei se é uma boa idéia Alice... Não quero parecer uma daquelas namoradas grudentas. – então
ela olhou sua rosa. – Estava pensando em ligar para agradecer a rosa que ele me deixou, mas isso
era tudo. Agora ir até lá...
De repente a idéia começou a lhe parecer bem tentadora. Cada minuto que pudesse estar perto de
Edward seria válido. Estar com ele pela manhã e depois novamente á noite. Como se lesse seus
pensamentos Alice falou sorrindo.
– Não vejo porque você não possa agradecer pessoalmente. Vá por mim... Ele gostaria muito disso.
– então lhe piscou.
Bella sorriu levemente e abanou a cabeça de um lado ao outro. Alice era incorrigível e ela própria
começava a ficar igual. Ao que parecia nunca teria conserto essa sua vontade de estar perto de
Edward. Como aliviaria sua nova dependência se um dia o perdesse? Bom, não pensaria nisso
naquele momento. O futuro á Deus pertence, como diria sua mãe. Á ela somente lhe interessava o
“agora” e “agora” ela queria estar com ele.
– Vou com você. – disse erguendo-se. – Prometo tomar meu café da manhã e arrumar-me o mais
rápido possível.
Quando já estava de pé a coberta escorregou pela lateral de seu corpo. Bella tentou segurá-la, mas
manteve apenas uma parte da frente coberta, todo seu lado esquerdo ficou exposto aos olhos
perspicazes de Alice. A jovem tentou recompor-se, mas Alice gentilmente deteve sua mão.
– Importa-se se eu der uma olhada mais uma vez em sua marca de nascença?
– Não me importo.
Bella já estava acostumada á curiosidade acerca daquele desenho em seu corpo. Ainda segurando a
frente da coberta, deixou somente a parte que deixaria a marca á mostra e se aproximou de Alice.
A amiga não se moveu. Analisou o desenho em silêncio, porém em determinado momento prendeu
a respiração. E mais uma vez como se falasse consigo mesma murmurou.
– É idêntica.
– Á qual Alice? Conhece alguém que tem uma marca semelhante?
– Não. – ela pigarreou. – É idêntica á um desenho que vi certa vez em uma revista. Acho que foi
numa sobre tatuagens...
– Não gosto muito dela... Agradeço por ser escondida e clara... Um ou dois tons á menos de minha
cor de pele e nem se veria.
– É verdade. – então, olhando para o rosto de Bella perguntou. – Edward já a viu?
– Não. – respondeu Bella corando.
Não queria dar detalhes de sua primeira noite com o namorado. Estavam no escuro, nenhum dos
dois se importou muito em acender a luz. Não que Bella se importasse. Poderia se sentir
constrangida junto á Edward, mas com certeza depois que estivesse em seus braços esses resquícios
de pudores desapareceriam. O coração de Bella começou a bater aceleradamente. Tinha certeza que
no dia em que “visse” Edward se movendo em seu corpo morreria. A voz sussurrada de Alice
despertou-a de mais um transe erótico.
– Ele ainda não viu... Como é possível?
– Como seria possível que ele a tivesse visto? – perguntou Bella incrédula. – Edward jamais me viu
despida antes!
– Claro, claro... – então se erguendo também, anunciou. – Vou arrumar-me e saímos logo em
seguida, está bem?
– Combinado... Serei breve.
A amiga se foi e Bella seguiu para seu banheiro. Alice ás vezes era bem estranha e enigmática,
pensou. Qual seria o problema se o namorado tivesse visto sua marca? Paul nunca havia dado
importância á ela e com Edward não poderia ser diferente. Como ela mesma havia dito, o desenho
era quase do mesmo tom de sua pele – muito claro – tanto que com o passar do tempo logo ele era
esquecido.
Como naquele segundo em que Bella avistou sua cama. Sorriu para os lençóis bagunçados e mais
uma vez imaginou como seria “ver” o advogado em ação. Estremecendo com a imagem projetada
em sua mente fértil, foi para o banheiro. Tinha pressa. Em outros tempos sua prioridade seria
arrumar a bagunça, naquele momento, porém, só queria arrumar-se logo para ir ao encontro de
Edward. Receberia seu beijo de bom dia e agradeceria pela rosa vermelha – que representava
AMOR e PAIXÃO – pessoalmente. E que Deus tivesse piedade de sua alma.
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Tão bom estar de volta... :)
Tava msm com saudades daqui...
Bom... como sempre... se gostaram comentem, se não gostaram comentem tbm...
E para não perder o costume, Spoiler:
"Isabella nada disse. Edward aproveitou que estava com ela em seus braços e, sem pedir
permissão, retirou lentamente o lenço do pescoço da jovem. Um sorriso de satisfação lhe
veio aos lábios ao ver sua marca. Desejou fazer outra, muitas, várias... Assim que tivesse
a chance. Edward ergueu a mão livre e a tocou, fazendo Isabella estremecer e corar.
Dói? ele perguntou.
Somente quando é tocada.
Edward então abaixou a cabeça e beijou a base de seu pescoço sobre a marca.
Assim? perguntou ainda com a boca sobre a pele fazendo-a estremecer mais uma vez.
Não. respondeu languidamente.
E assim?
Dessa vez Edward lambeu e chupou sobre a marca. Isabella arfou e gemeu baixo.
Sim... Agora está doendo.
Quer que eu pare?Perguntou com lábios roçando a frente de seu pescoço, indo para o
outro lado.
Por favor, não.
Sorrindo satisfeito, Edward lambeu a base do pescoço demoradamente antes de chupar-
lhe a pele fortemente. Isabella sequer se moveu, contudo o vampiro sabia que começava
a excitá-la. E era exatamente daquela forma que ele a queria; sempre o desejando.
Dependente dele como ele era dependente dela.
Quando sentiu o ardor em sua garganta parou com a tortura. Se continuasse logo estaria
sedento pelo sangue dela.Erguendo o rosto encontrou os olhos castanhos. Isabella o
fitava completamente rendida, os lábios entreabertos. Mais uma vez satisfeito, notou que
ela também mirava sua boca. Então, olhou mais uma vez para os lábios da jovem e,
tirando-lhe o batom com o polegar, perguntou sério.
Dormiu bem?
Maravilhosamente.
Pensou em mim?
Todo o tempo.
Recebeu meu beijo de bom dia?
Achei melhor vir buscá-lo pessoalmente.
Edward sorriu sentindo o corpo se aquecer.
Então bom dia Isabella!"

(Cap. 31) Capítulo 2 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Como sempre... Capítulo inteiro na comu, significa um novo aqui... :)
Quero aproveitar e agrader as indicações... e se não for muito "abuso" de minha parte,
pedir reviews...
Estou realemnte feliz, nem tenho palavras...Tenho 93 leitoras... mas os comentários estão
poucos...
Pode ser bobagem minha, mas acredito que isso deva desestimular possíveis leitoras, por
acharem que a fic talvez não valha á pena por ter poucos comments...
Então, pleaseeeeeeeeeee... comentem... até msm criticas desde que construtivas serão
aceitas...
Agora bora encontrar o Ed... hoje o vampirão vai ficar lokinho como siri na lata... rsrss

BOA LEITURA!...

Edward olhou mais uma vez em seu relógio. Estava prestes a bufar exasperado com a demora das
duas quando ouviu a batida leve em sua porta. Diferentemente da manhã passada Emmett não
entrou logo em seguida. Recostando em sua cadeira e perguntando-se o que seria dessa vez, Edward
deu-lhe permissão para entrar. O advogado entrou e fechou a porta atrás de si, então veio sentar-se
diante de seu sócio, porém permaneceu em silêncio. Após alguns segundos sem que se
pronunciasse, Edward perguntou ocultando sua impaciência.
– Precisa de minha ajuda em algum assunto do escritório?
Sabia que aquele não era o caso, queria apenas que ele falasse alguma coisa.
– Na verdade vim desculpar-me. Ontem me alterei com você sem que tivesse culpa do que estou
passando. Bom... – Emmett o encarou. – Pelo menos que quero acreditar nisso.
Edward se pôs em alerta.
– O que quer dizer com isso?
– Rosalie voltou para nosso apartamento ontem á noite.
Edward prendeu a respiração. Ela estava perto, onde ele pudesse encontrá-la. Qual seria o jogo
dessa vez e o que a louca teria dito ao marido? Tentando manter a calma, Edward perguntou.
– Voltou? E disse o que fez enquanto estava sumida?
– Ela contou-me que veio procurá-lo.
O vampiro pôde sentir seus pelos se eriçando e a mesma força da noite passada correndo por suas
veias.
– Veio sim... E o que mais?
Emmett olhou-o intrigado por um segundo, então se pôs de pé e passou as mãos pelos cabelos.
Edward permaneceu sentado, mas não perdia nenhum movimento. Não queria confrontos ali, mas
se fosse atacado só lhe restaria defender-se. Naquele momento arrependeu-se por pedir que Alice
trouxesse Isabella para o escritório. Péssima idéia. O advogado passou a andar de um lado ao outro
enquanto Edward o seguia com os olhos. Subitamente ele parou diante da mesa e disse em tom de
derrota.
– Eu sinceramente não queria ter essa conversa com você. Ela é extremamente difícil para mim,
mas é absolutamente necessária. Dela depende minha permanência aqui na Cullen & Associated.
– Estou ouvindo. – disse Edward sem baixar á guarda.
“Nunca confie em um vampiro” era o lema.
E Edward, depois da noite passada faria uma adaptação livre; “Nunca confie em um vampiro
enciumado”. Com certeza a criatura seria totalmente irracional e letal. Exatamente por esse motivo
Edward esperava pelo pior mesmo que o vampiro á sua frente aparentasse estar calmo. Á dias atrás
talvez não se importasse com o conteúdo da conversa, mas agora que tinha Isabella e experimentara
a dor do orgulho ferido sabia que ela seria constrangedora ao extremo para ambos.
Emmett pigarreou e disse.
– Não lhe telefonei quando ela sumiu porque sabia que o motivo tinha sido você.
Edward permaneceu em silêncio.
– Eu sei que parece loucura. – Emmett sentou-se novamente. – Ainda não consegui assimilar a
novidade afinal também sempre acreditei que Rosalie lhe detestasse. Mas há alguns dias ela vem
agindo de forma estranha. Sempre que falava de você era para elogiá-lo. Chegou até a comparar-nos
certa vez.
– Eu sinto muito. – disse sem expressão.
– A culpa foi minha por desesperar-me quando ela não voltou ao nosso apartamento. Rosalie já
vinha dando indicações que cedo ou tarde o faria, mas eu simplesmente não quis acreditar.
– E agora ela está de volta?... – perguntou sério. – Ela disse o que conversamos?
Edward viu o advogado á sua frente engolir em seco antes de prosseguir.
– Disse que se ofereceu á você.
Mais uma vez Edward empertigou-se, porém tentou não deixar transparecer.
– Exatamente. – confirmou sentindo repulsa de si mesmo por não ter arrancado a cabeça da vampira
vadia de língua bipartida quando teve a chance. – Espero que ela tenha dito também que declinei ao
oferecimento.
– Sim ela disse. E me contou também que você não está sozinho como ela acreditava.
Vagabunda. Atreveu-se a falar de Isabella provavelmente minutos depois de tê-la induzido.
– Realmente não estou. – disse ainda mais sério. – Mas se ela contou como se esse fato fosse o
motivo de não aceitá-la, quero que saiba que não o é. Posso ter vários defeitos, ser leviano e
mulherengo como você mesmo já teve a prova. Com certeza fiquei com inúmeras mulheres casadas,
visto que não iria me preocupar com o estado civil de todas que cacei apenas para sexo. Mas
acredite... Vampiras comprometidas nunca foram meu forte.
Novamente sem que pudesse conter pensou em Alice, sua única exceção. Se ela tivesse cedido á sua
investida teria ficado com ela sem pestanejar. Águas passadas. Alice era bonita e atraente, mas fora
aquela noite em que estava ébrio, quando propôs a divisão com Maureen por se sentir atraído pelo
cheiro que ela carregava de Isabella, não lhe olhava com desejo. Respeitava-a assim como um dia
respeitou Rosalie, mesmo que nunca fosse merecedora.
– Sei disso. – disse Emmett.
Edward prosseguiu.
– E me desculpe a franqueza. Jamais aceitaria uma vampira casada que viesse se oferecer á mim.
Independente se o marido faça parte de meu clã ou não. E principalmente se essa mulher fosse
Rosalie. Acredite Emmett... Apenas a suporto por você.
– Isso não é novidade para mim. Somente por isso estou aqui. Não quero mal entendidos entre nós.
Gosto de fazer parte desse clã e não gostaria de ir embora por causa de Rosalie.
– Por mim... Se esse assunto for esquecido e encerrado tanto melhor. – aquela foi a vez de Edward
engolir em seco. – Você a aceitou depois do que lhe disse?
– Não aceitaria mesmo que ela pedisse; não seria possível. Depois que perdemos a confiança não
tem mais conserto. Mas não foi preciso passar pelo constrangimento de mandá-la embora.
– Ah não?!
– Não. Rosalie voltou somente para pegar as coisas dela. Disse que não queria mais ficar aqui e que
iria para sua cidade natal, Rochester.
A notícia poderia ser bem vinda se por acaso Edward conseguisse acreditar que a louca fosse
mesmo para Minnesota. Contudo, o vampiro sentia em seus ossos – como o pressentimento com
Isabella no dia anterior – que aquela não era a verdade.
– Não vou dizer que lamento.
– Nem eu espero por isso. Tudo que quero é que esqueçamos esse assunto e voltemos nossas
atividades como sempre fizemos. Sei que você não tem culpa de nada. Ela me disse que tudo foi
iniciativa exclusiva dela, mas isso não precisava ser dito. Estou aqui há seis anos e sei que você
sempre detestou minha ex-esposa.
– Ainda a detesto. – afirmou sombriamente. – O sentimento não se extinguiu somente porque não
serei obrigado a vê-la novamente.
Emmett se pôs de pé mais uma vez.
– Sei disso. E agora não importa mais. Podemos apenas esquecer esse assunto? De minha parte
quero esquecer que Rosalie sequer existiu.
– Por mim já foi esquecido no momento em que ela saiu da minha frente.
Edward tomou o devido cuidado de não mencionar a cobertura, não sabia até onde a infiel havia
contado e não queria estragar a conversa que aparentemente estava sendo amistosa. Sem dizer mais
nada Emmett se dirigiu até a porta. Com a mão na maçaneta pediu.
– Então faça o mesmo com nossa conversa assim que sair de sua sala.
– Será como se você não tivesse vindo aqui essa manhã.
Então, acenando-lhe com a cabeça, o advogado saiu.
Sozinho novamente Edward se permitiu respirar com certo alívio. A conversa fora tensa, mas nem
de longe constrangedora como ele acreditou que seria. Bom... Ela não eliminava sua vontade de
saber mais sobre seus vampiros, mas pelo menos acabou com a dúvida quanto ao comportamento de
Emmett. Sua hostilidade fora mesmo baseada em orgulho ferido. E naquela manhã, Edward o
entendia como ninguém.
Começaria a pensar no que Emmett disse sobre Rosalie ir embora, quando ouviu a voz de sua
Isabella e de Alice. Ela finalmente chegara. Controlou-se para não se por de pé no instante em que
Alice deu uma leve batida na porta. Esperou até que a amiga a abrisse e desse passagem para sua
adorada.
– Eu trouxe uma visita para você. – disse sorrindo e revirando os olhos, antes de fechar a porta de
deixar os dois á sós.
O tempo de atuação entre ele e Alice era perfeito; aquela era sua deixa para assumir a cena com
Isabella. Edward simulou a surpresa. Não ficava a vontade enganando Isabella daquela maneira,
mas ainda era necessário. Não poderia simplesmente recomendar que ela viesse até ele para sua
própria proteção e também não poderia ser o namorado desesperado pela companhia da namorada
recém adquirida – ainda que ele verdadeiramente o fosse. Bom... Sempre seria desesperado por
estar perto dela, mas o teatro para atraí-la seria somente até aquela noite.
Somente quando Isabella já estava indo em sua direção ele se ergueu para recebê-la. Sorrindo
verdadeiramente satisfeito por tê-la diante de si, Edward esperou que ela se aproximasse. Aos seus
olhos ela estava linda. Com exceção ao casaco em seus braços e o lenço colorido em seu pescoço,
estava vestida completamente de preto o que realçava ainda mais seu tom de pele. E mais uma vez
estava de meia; totalmente negras dessa vez. Pena que os pés e boa parte da panturrilha estivessem
escondidos em botas de salto alto. Edward também lamentava que o lenço não lhe permitisse ver a
marca que havia feito em seu pescoço. Assim que pudesse o tiraria.
Sabia pelos tremores da jovem que seria muito mais humano de sua parte se fosse até ela, mas ele
não era humano. Era uma criatura que nunca havia sentido nada igual em toda usa existência e
agora se comprazia até mesmo com o constrangimento do objeto de sua paixão. Jamais se furtaria o
prazer de ver as bochechas de Isabella naquele tom de vermelho que adorava ou de ouvir –
enquanto tivesse a chance – o bater pulsante e forte do coração humano.
Por diversas vezes ela ergueu os olhos castanhos em sua direção e os abaixou para o chão, como se
escolhesse onde pisar; como se o chão não estivesse sob seus pés. Até mesmo o coração do vampiro
batia de forma errática com a visão. Quando ela estava á dois passos dele, Edward lhe estendeu a
mão. Também não se furtaria do prazer de sempre vê-la aceitá-la. Estava sentindo falta do gesto
visto que na madrugada passada não lhe ajudou a sair do carro por não conseguir tocar nela.
Edward afastou a lembrança ruim e concentrou-se em ver a mão delicada tocar a sua. E como havia
feito no dia em que foi buscá-la no apartamento da velha vizinha, o vampiro a puxou de vez para
seus braços. Sentir Isabella perder o ar também era uma de suas preferências. Dessa vez ela arfou
profundamente. Tanto que a cor de seu rosto se foi e a jovem ficou branca como papel. Edward
disse a si mesmo que precisava ser mais comedido em seus movimentos. Contudo, algumas vezes
era tão fácil ser espontâneo quando estava perto dela.
Ainda puxando o ar para os pulmões, ela perguntou mais uma vez sem desprender os olhos dos
seus.
– Como faz isso?
– Não faço nada. – respondeu descendo os olhos para seus lábios. – Apenas tenho pressa em senti-
la.
Isabella nada disse. Edward aproveitou que estava com ela em seus braços e, sem pedir permissão,
retirou lentamente o lenço do pescoço da jovem. Um sorriso de satisfação lhe veio aos lábios ao ver
sua marca. Desejou fazer outra, muitas, várias... Assim que tivesse a chance. Edward ergueu a mão
livre e a tocou, fazendo Isabella estremecer e corar.
– Dói? – ele perguntou.
– Somente quando é tocada.
Edward então abaixou a cabeça e beijou a base de seu pescoço sobre a marca.
– Assim? – perguntou ainda com a boca sobre a pele fazendo-a estremecer mais uma vez
– Não. – respondeu languidamente.
– E assim?
Dessa vez Edward lambeu e chupou sobre a marca. Isabella arfou e gemeu baixo.
– Sim... Agora está doendo.
– Quer que eu pare?
Perguntou com lábios roçando a frente de seu pescoço, indo para o outro lado.
– Por favor, não.
Sorrindo satisfeito, Edward lambeu a base do pescoço demoradamente antes de chupar-lhe a pele
fortemente. Isabella sequer se moveu, contudo o vampiro sabia que começava a excitá-la. E era
exatamente daquela forma que ele a queria; sempre o desejando. Dependente dele como ele era
dependente dela. Quando sentiu o ardor em sua garganta parou com a tortura. Se continuasse logo
estaria sedento pelo sangue dela.
Erguendo o rosto encontrou os olhos castanhos. Isabella o fitava completamente rendida, os lábios
entreabertos. Mais uma vez satisfeito, notou que ela também mirava sua boca. Então, olhou mais
uma vez para os lábios da jovem e, tirando-lhe o batom com o polegar, perguntou sério.
– Dormiu bem?
– Maravilhosamente.
– Pensou em mim?
– Todo o tempo.
– Recebeu meu beijo de bom dia?
– Achei melhor vir buscá-lo pessoalmente.
Edward sorriu sentindo o corpo se aquecer.
– Então bom dia Isabella!
Dito isso baixou a cabeça e juntou as bocas que já se encontravam próximas e sedentas. O beijo foi
leve á princípio, como se estivessem se reconhecendo, verdadeiramente se cumprimentando. Até
que para Edward aquele roçar de lábios se tornasse insuficiente. Com um gemido segurou-a
fortemente pela nuca e aprofundou o beijo capturando a língua dela na sua. Ele ouviu quando a
bolsa e o casaco foram largados ao chão antes que a jovem o enlaçasse pelo pescoço. Ao sentir o
corpo colado ao seu o vampiro não pode reprimir outro gemido de satisfação.
Dando um passo atrás se sentou levando a namorada consigo. Imediatamente Isabella passou as
pernas pelo braço da cadeira para se acomodar melhor em seu colo. Péssima escolha de posição. Se
antes já não podia estar perto da jovem sem excitar-se, agora que a nova energia corria por suas
veias era ainda pior. Chupar-lhe a língua, sentir as mãos quentes nos cabelos de sua nuca e as
nádegas cheias comprimindo seu membro era antes de tudo uma forma de tortura. Ainda mais que
pouco ou nada poderiam fazer em seu escritório àquela hora.
Contudo, como bom masoquista que era – sem se importar com a boa moral no ambiente de
trabalho – moveu-se sob Isabella obrigando-a a se acomodar mais uma vez. Ouviu extasiado o
gemido de sua namorada quando ela deslizou pela ereção que se formava. Edward pensou que a
jovem era verdadeiramente uma bruxa. Sabia atormentá-lo quando se movia daquela maneira. E
com certeza era exatamente essa a idéia quando escolhia aqueles vestidos. O da vez era de malha
acetinada, completamente maleável. Bom... Se provocá-lo e facilitar o trabalho para ele era sua
intenção, Edward não a decepcionaria.
Obedecendo ao seu instinto de sempre senti-la, ele escorregou uma das mãos até a frente do vestido
para tocar-lhe um dos seios. Nem se deu ao trabalho de sentir a textura do tecido, queria a pele de
Isabella. Então, enquanto ainda a beijava, introduziu a mão pelo decote e procurou pelo mamilo
cativo no sutiã. Isabella gemeu mais uma vez e aumentou a pressão em seu colo. Desprendendo os
lábios dos seus, ela passou a cheirar-lhe o rosto, o pescoço. Com uma das mãos ela também
procurou sua gravata e começou a afrouxá-la e a desabotoar os primeiros botões de sua camisa.
Assim que teve espaço suficiente, ela tocou o peito do namorado e acariciou seus pelos no momento
exato em que cheirou sua orelha antes de capturar-lhe o lóbulo entre os dentes.
Edward gemeu ao toque. Adorava quando sua bruxa covarde tinha aqueles surtos de ousadia. Eles
davam-lhe a certeza que, como ele, ela estava irremediavelmente excitada. Confirmavam seu cheiro
que clamava por satisfação imediata. E o vampiro resolveu que lhe daria. Não importava o lugar,
quem lhe ouvisse, não importava mais nada. Isabella como sempre lhe roubava a razão. Ainda mais
depois de cheirá-lo, esfregar-se á ele daquela maneira e chupar-lhe a orelha. Bandida.
Com um único movimento da mão que espalmava o seio, Edward afastou o tecido e o deixou a
mostra. Reprimindo outro gemido, cobriu-lhe o bico intumescido, passando a sugá-lo. Como
quando a puxou para seus braços, Isabella arfou e gemeu um tom mais alto. Ela pendeu o corpo
para trás, para que ele tivesse melhor acesso ao seu corpo. A garganta de Edward ardeu e, sem poder
se conter esqueceu-se de toda prudência, pois sempre precisaria do sangue de Isabella tanto quanto
precisava dela, Edward mordiscou o mamilo até que sentisse o líquido quente e doce em sua boca.
Um grunhido escapou por sua garganta enquanto chupou o seio da jovem com maior intensidade,
alimentando-se dela.
– Edward...
Isabella escorregou mais uma vez e que ereção presa na calça e imediatamente estremeceu em seu
colo. Edward soube que ela havia chegado ao orgasmo. Feliz com a reação do corpo dela á ele e
satisfeito de sua trapaça para beber-lhe o sangue – ainda que minimamente –, o vampiro lambeu o
seio e voltou a beijá-la. Cogitava derrubar-lhe em seu sofá para possuí-la quando ouviu vozes na
ante-sala.
Desgraçado inoportuno.
Alice tentava á todo custo mandar o homem embora, sem sucesso. Por que ele não lhe obedecia e ia
embora? Edward não saberia dizer no momento, não raciocinava. Mas era preciso. Então... Como
ouvia que os argumentos de Alice estavam se esgotando e o humano abjeto jamais colocaria os
olhos em nenhuma parte do corpo de Isabella novamente, ele gentilmente afastou-a. Alheia ao que
acontecia ela ainda tentou abraçá-lo mais uma vez, mas Edward a deteve arrumando a frente de seu
vestido.
– Isabella prepare-se.
Foi tudo que conseguiu dizer. A porta de seu escritório foi aberta com estrondo e um rábula
enfurecido passou por ela. O advogado possesso analisava a cena com as narinas dilatadas. Alice
que veio logo atrás informou alarmada.
– Eu nada pude fazer.
Edward sabia, ouvira as ordens para que ele se fosse e ela não poderia usar de força para persuadi-
lo. Como explicaria ser capaz de subjugar um homem do tamanho de Paul? O mesmo que agora
colocava as mãos na cintura e erguia o queixo.
– Por que isso não me surpreende? – perguntou debochado.
Passado os primeiros segundos de choque, Isabella saiu do colo do namorado arrumando o vestido o
melhor que podia com as mãos trêmulas. Seu rosto estava vermelho além do normal. Edward quis
acreditar que nada mais era que constrangimento pela cena ou pelo orgasmo recente e não porque
de certa forma ela ainda sentisse que devia alguma lealdade ao rábula nojento. Edward não
suportaria se essa hipótese se mostrasse verdadeira. Sua vontade era trazê-la de volta, mas jamais se
renderia á essa demonstração de posse infantil.
Pondo-se de pé lentamente terminou de tirar a gravata e abriu o primeiro botão de sua camisa já que
os três seguintes haviam sido abertos por Isabella. Estava totalmente descomposto e ainda assim
não perdia a altivez. Cruzando os braços sobre o peito respondeu.
– Porque o mínimo que espero de meus funcionários é que sejam inteligentes e perspicazes. Até
mesmo um rábula como você teve ter as duas coisas.
– Como se atreve?
– Eu é que pergunto. Como se atreve as invadir minha sala dessa maneira?
– Eu a vi entrar aqui. Já estava estranhando as visitas... Agora entendo o motivo. – dirigindo-se á
Isabella. – Ainda vai ter coragem de dizer que não me traiu?
Edward irritou-se ainda mais. O rábula creditava mesmo que cobraria lealdade de Isabella em sua
presença?
– Paul eu...
Isabella iniciou uma explicação, contudo não lhe interessava ouvir aquela conversa mais uma vez,
então Edward a cortou.
– Acredito que Isabella não tenha nada a dizer para você. Assim como eu tampouco, então acho
melhor sair daqui agora. – advertiu.
– Não vou á parte alguma até ela me explicar o que está acontecendo aqui.
– Olhe para nós... – Edward pediu abrindo os braços. – Tem certeza que precisa de explicação
verbal?
– Ora seu...
– Por favor, parem! – pediu Bella saindo do torpor.
O estomago da jovem se revirou, deixando-a nauseada. Obrigou-se a mover-se e se pôs á meio
caminho entre Edward e Paul. Mesmo que não tivesse mais nenhum compromisso com o segundo
advogado, sentia-se mortalmente envergonhada. Sempre soube que mais cedo ou mais tarde esse
momento chegaria afinal os dois trabalhavam no mesmo lugar, mas ser flagrada no colo do atual
pelo ex, enquanto ainda tremia depois de um orgasmo, ia além de seus temores e ver os dois se
encarando daquela maneira minava suas forças. Não gostava de brigas e não queria agora ver uma
por sua causa.
Os dois homens encaravam-se tão enfurecidos que evidentemente Bella nem ao menos foi ouvida
em seu pedido para que parassem a discussão. Edward contornou a mesa enquanto Paul partiu para
atacá-lo. Ao passar por ela, o ex empurrou-a com força para que saísse de seu caminho e avançou
em direção á Edward com o punho fechado. Bella caiu pesadamente no sofá e voltou-se em tempo
de ver a mão fechada de Paul ser capturada pela de Edward á centímetros de seu rosto, evitando o
soco certeiro.
Alice veio se colocar ao seu lado, abraçando-a protetoramente. Bella sequer notou o gesto. Olhava
incrédula, Edward afastar o punho de Paul do seu rosto, sem o mínimo esforço. Com o semblante
impassível como se, antes de fazer força para repeli-lo, estivesse se esforçando para não machucá-
lo. Imagina!... Estava delirando por causa da náusea. Ninguém poderia ser assim tão forte. Bom...
Forte ao extremo ou não, Bella teve certeza que o brilho á cruzar os olhos verdes era assassino.
Quando Edward falou, sua voz era rouca e carregada de fúria.
– Se atrever-se a tocar nela mais uma única vez eu não responderei por meus atos. – seu tom era
baixo e letal; carregava a verdade.
– E quem é você para dizer-me o que fazer? – perguntou sem intimidar-se.
– Edward Cullen. Como pôde ver, sou aquele que está com Isabella agora fazendo o que você não
foi capaz de fazer. Eu a protegerei de qualquer um que seja louco o suficiente para se aventurar a
machucá-la. Encoste nela carinhosamente somente no dia que não precisar mais de sua mão e
empurre-a ou machuque-a no dia que quiser perder a vida.
Bella estremeceu diante daquelas palavras. Edward prosseguiu sempre apertando o punho de Paul.
– Se tem algo a reclamar sobre estarmos juntos, faça comigo... Não quero nem mesmo que dirija a
palavra á ela.
– Você não decide isso. – retrucou desafiador. – Por acaso sabe onde sua “namorada” esteve ontem
á noite?
– Sei sim. Quer que eu lhe diga?
– Agora chega. – pediu Bella pondo-se de pé.
Algo na expressão de Edward lhe disse que se Paul respondesse e seguisse naquela linha de
provocação perderia muito mais que a mão.
– Por favor, vá embora. – pediu pondo-se de pé e se dirigindo á Paul.
Tomou o devido cuidado de não dizer o nome novamente, pois “sabia” que até mesmo isso
enfureceria Edward ainda mais.
– Acho que conversamos tudo que precisava ser esclarecido. Não há traição aqui. Você me deixou
livre porque quis então não tem o direito de se meter na minha vida agora.
Antes de estar com raiva, Bella sentia pena do ex-namorado. Ele resistia bravamente, mas o suor
que escorria pela lateral de seu rosto denunciava que á muito custo suportava a dor do aperto de
Edward. Com a voz rouca ele disse para ela.
– Não foi porque eu quis. Anjo eu já disse que... Ahaaaa...
– Não se dirija á Isabella!
Bella ouviu o grito juntamente com as palavras e o som de ossos sendo quebrados. Seu coração
doeu profundamente. Como Edward teve coragem de fazer aquilo? Instintivamente tentou
aproximar-se, mas o olhar colérico de seu namorado em sua direção a fez congelar onde estava.
Nesse momento Jasper, o colega de sala de Paul e o Chapeleiro maluco do Halloween entraram na
sala e tentaram livrar a mão machucada do aperto de ferro formado pelos dedos de Edward. Bella
tentou aproximar-se e dessa vez Alice – que estava novamente ao seu lado – a deteve segurando-a
pelos ombros.
– Edward, por favor. – pediu Jasper. – Solte-o.
Ao ouvir o amigo, Edward livrou a mão de Paul. Este imediatamente a abraçou protetoramente. E
com o suor a correr por seu rosto e o colega a apará-lo pelas costas, ele olhou na direção de Bella e
perguntou sem se importar com as palavras anteriores de Edward.
– Tem certeza que é isso que quer “Isabella”?
Edward ergueu o queixo em sua direção, mas Jasper e o advogado grandalhão e loiro colocaram a
mão em seu peito fazendo com que ficasse onde estava.
– James, leve Paul daqui. Ele precisa ir para um hospital.
Bella nada respondeu e quando o seguiu com o olhar enquanto o amigo de sala – James – o levava
para a porta, percebeu que alguns funcionários curiosos se encontravam ali assistindo toda cena.
Nem ao menos teve tempo de corar de vergonha. Seu estomago agora dava voltas inteiras.
– Eu vou processar você Cullen, pode esperar... – Paul ainda gritou da porta.
– Acredito que você possa tentar. – Edward respondeu novamente impassível.
Então, assim que James e Paul saíram Edward, subitamente controlado, perguntou para os que
estavam na porta.
– Acaso não se tem trabalho nesse escritório para ser feito? Se não têm com que se ocuparem talvez
seja o caso de dispensar todos vocês.
Todos se foram. Bella nem ao menos ouvia claramente as palavras. Tudo que lembrava era a
expressão sofrida de Paul em contraste com a colérica de um Edward que ela desconhecia. Sem
saber ao certo o que fazia desprendeu-se do abraço de Alice e seguiu para a porta. Precisava ver se
Paul ficaria bem.
– Se sair não precisa voltar. – foi a frase firme e gélida de Edward.
Bella paralisou onde estava.
– Edward talvez... – Alice começou, mas Edward a cortou.
– Obrigada por ficar ao lado de Isabella, mas agora ajudaria mais se saísse daqui e providenciasse
água para ela. – então olhou para Jasper e Emmett. – Obrigado por interferem. Podem ir agora.
A jovem não entendeu o agradecimento. Era como se de certa forma ele estivesse mesmo aliviado
por terem livrado Paul de sua mão, mas se esse era o caso, por que ele mesmo não se controlou? Por
que machucar alguém daquela maneira? Bella percebeu mais uma vez que não o conhecia. Não era
somente como se ele fosse contraditório como sempre o considerara e sim como se existissem dois
Edwards; duas faces de uma mesma moeda. E definitivamente Bella não gostara nada daquela outra
face. Entanto cismava, viu um a um sair da sala do advogado até sobrarem somente os dois. Alice
foi a última a seguir para a porta. Ela lhe lançou um olhar pesaroso, como quem se desculpa e saiu.
O silêncio reinou na sala. Bella não estava acostumada á demonstrações de violência e jamais
poderia imaginar que a mesma mão que a acariciava gentilmente poderia ser verdadeiramente
esmagadora. Novamente aquele medo antigo e desconhecido fez um calafrio correr a coluna de
Bella. A mente da jovem trabalhava rapidamente. Sua razão lhe dizia que o melhor a fazer era
realmente ir embora. Não para correr atrás de Paul; gostava dele, estava preocupada sim, mas nunca
mais o desejaria como homem. Queria apenas saber se ele ficaria bem.
Talvez aquele fosse o certo a ser feito. Contudo seu coração se negava a sair daquela sala; sabia que
Edward falava seriamente e não suportaria ficar sem ele. Possessivo, com aquele novo lado colérico
e irracional, mas ainda assim seu Edward. O mesmo que se desprendia em atenções, lhe buscava
todas as noites em seu serviço mesmo quanto não tinha nenhum compromisso com ela. O mesmo
homem que enviava ou lhe deixava flores carregadas de significados.
A jovem respirou profundamente tentando acalmar as voltas em seu estomago e se voltou
lentamente até encontrar os olhos de Edward. A expressão enfurecida se fora restando apenas o
Edward que conhecia. Ele a encarava de forma intensa; absolutamente lindo. Os cabelos em
desalinho. A camisa aberta até logo abaixo do peito revelando os pelos, as mãos na cintura. E uma
vez presa àquela visão estava perdida.
Imediatamente lembrou-se de sua rosa. Paixão, amor, coragem e respeito. Se ele a amasse e
respeitasse apaixonadamente jamais permitiria que alguém lhe machucasse. E Paul a havia
empurrado com violência. Como esperar que alguém com a personalidade forte como Edward
assistisse à cena sem defendê-la? Impossível!
Amava-o. Possessivo; irracional... Não importava. Paul fizera a pergunta cuja resposta era óbvia.
Sim... Era exatamente aquilo que Bella queria. Por isso não fora capaz de dar mais um passo depois
das palavras de Edward. Não sairia daquela sala até que ele permitisse. Como ser diferente?
Definitivamente... Estava perdida.
Sempre a encarando, Edward disse roucamente.
– Eu sinto muito.
Bella juntou as sobrancelhas. Amava-o verdadeiramente; entendia sua atitude, mas não a aprovava.
Procurando pela própria voz, disse.
– Não é para mim que deve desculpas.
– Pois é somente á você que pedirei. – respondeu firmemente.
– Você quebrou a mão do... “dele”.
Algo lhe dizia que faria melhor se mantivesse sua resolução em não dizer o nome do ex, caso
contrário toda situação se agravaria. Como se para confirmar suas suspeitas, Edward estreitou os
olhos.
– Ele machucou você.
Não deveria argumentar contra aquilo, mas ainda assim.
– Era realmente preciso quebrar-lhe a mão?
– Acredite... Minha vontade era quebrar muito mais.
Bella soube que ele falava a verdade. Temerosa e fascinada pelo olhar endurecido o ouviu
prosseguir.
– Fui provocado. Estou com esse seu ex, entalado em minha garganta desde ontem. Como espera
que eu me sinta e reaja á essa cena lamentável depois de ver que ele claramente ainda acredita ter
direitos sobre você? Depois de ter ido buscá-la na rua dele?
O rosto de Bella se tingiu de vermelho. A culpa era exclusivamente sua. Como poderia condená-lo?
Na verdade como condenar a atitude dos dois? Se tivesse sido sincera com Paul e dito que estava
com Edward ele não viria á sala do patrão para confrontá-los. E se tivesse explicado o pouco que
podia á Edward ainda na noite passada, agora ele não se sentisse provocado, pois saberia que nada
havia acontecido. Pelo menos acreditaria em sua versão e estaria preparado. A jovem nem queria
imaginar se Paul tivesse jogado na cara de Edward que estiveram em uma cama. Estremecendo com
o pensamento e sentindo novamente a fisgada em seu estomago, disse.
– Pois não se sinta assim. Eu disse que nada aconteceu.
– Não muda o fato de ter me deixado para ir com ele.
Bella não soube o que responder. Não fora de livre e espontânea vontade. Algo a compeliu a fazer o
que fez. Talvez seu silêncio tenha sido interpretado erroneamente, pois ouviu Edward dizer.
– Você é livre Isabella. Se por acaso se preocupa tanto com ele pode ir. Mas sinceramente não
ficarei aqui esperando que volte. Não gosto de indecisão.
Como Edward poderia insistir naquilo? Ela estava com ele, não estava?
– Não vou á parte alguma. – ela murmurou.
Então, evidentemente cansada e pálida ela se sentou no sofá. Nesse momento Alice bateu levemente
na porta e entrou trazendo a água pedida por Edward. Sem dizer nada foi até a amiga e se sentou ao
seu lado. Bella aceitou o copo estendido e bebeu. Apenas naquele instante percebeu que tremia. Ao
devolver o copo, Alice a olhou demoradamente.
– Está mais calma? – então olhou rapidamente para Edward e de volta á Bella. – Quer ir para casa?
Bella pôde ouvir a respiração pesada de Edward, porém ele nada disse. Sem encará-lo respondeu.
– Estou bem Alice, obrigada! E... – olhou para ele. – Vou ficar.
– Pode ir agora Alice. – disse Edward; não era um pedido.
Bella podia sentir o olhar em seu rosto. Instantes depois ele disse.
– Acho que as coisas fugiram um pouco ao controle. Talvez seja mesmo melhor você ir para seu
apartamento. Eu a levo se desejar.
– Como já disse, não quero ir á parte alguma. A menos que esteja atrapalhando você.
– Não atrapalha. Gosto de tê-la aqui.
Então, lentamente Edward se aproximou até sentar-se ao lado dela. Pegando uma mecha de seu
cabelo entre os dedos, disse sem olhá-la.
– Não pedi desculpas pelo que fiz á ele. Pedi por tê-la magoado. – ele sorriu torto e procurou pelos
olhos castanhos. – Acho que percebeu que não sou tão civilizado quanto aparento, então não vou
dizer que tudo bem você se preocupar por ele, pois não está. Por mim você sequer se lembraria que
ele existe, mas sei que isso não é possível e que ainda gosta dele. Então, mesmo com a provocação
eu não devia ter feito o que fiz. Perdi a cabeça. Pode me perdoar por isso?
Bella tocou em seu rosto. Edward era realmente contraditório. Colérico como um animal atiçado em
um minuto, para se tornar aquele homem racional e ponderado no outro. Ainda que lamentasse pela
mão de Paul ou por si mesma já que era em parte culpada pela situação desagradável, Bella
descobriu que estava enganada; ela gostava das duas versões. Então, sabendo que não seria capaz de
recriminá-lo novamente deu-lhe a única resposta aceitável.
– Não tenho o que perdoar. Você não me magoou de forma alguma Edward.
Ele lhe sorriu abertamente, satisfeito com sua resposta. Com ela havia deixado claro que, mesmo
que gostasse de Paul como ele havia dito o ex não era assim tão importante. Pelo menos o que
sentia era insignificante se comparado ao que sentia por Edward.
– Eu é que preciso pedir desculpas.
Sem tirar a mão do lugar, Bella moveu o polegar na pele daquele rosto magnífico á sua frente.
Edward fechou os olhos, como Black fazia quando ela o acariciava, então prosseguiu.
– Quando estávamos na praia, disse-me que toda essa situação era nova para você. Pois quero que
saiba que é para mim também.
Edward abriu os olhos e a encarou. Suspirando, temendo despertar-lhe o ciúme, Bella disse.
– O primeiro que tive não conta, pois não éramos exatamente “namorados”, então...
A namorada apontou para a porta com o polegar por cima do ombro. Então posou a mão que o
acariciava sobre o colo.
– “Ele” foi o primeiro relacionamento que tive. Nunca me interessei por qualquer outro; nunca
houve “trocas”. Não conheço o protocolo para esses casos então, talvez, nem sempre eu saiba como
agir nesse momento de... “transição”.
– Isabella... – Edward tentou pará-la, mas Bella não permitiu.
– Por favor, deixe-me concluir. – e sem esperar resposta, disse.
– Não me ocorreu que fosse magoá-lo quando o chamei para buscar-me essa madrugada, queria vê-
lo e agi sem pensar. Também devo magoá-lo quando falo o nome “dele” em horas indevidas.
Acredite, não faço por mal. Mencioná-lo é natural para mim, pois convivi com ele tempo demais. E
é somente por isso que me preocupo. Não seremos amigos como já lhe disse, mas isso não acaba
com meu afeto. Os sentimentos não se desligam assim – estalou os dedos. – Por isso quero que nada
de mal lhe aconteça, assim como não desejaria o mal de Angela, por exemplo.
Edward sorriu, mas permaneceu em silêncio.
– “Você” é importante agora. Então não pense que estou indecisa, pois não estou. Pedir para que eu
escolha entre um e outro é perda de tempo, pois sempre será você. Só... Por favor, não peça para
que eu deixe de gostar ou de me preocupar com ele. Não sou capaz de mandar no meu coração e
não desejo, nunca, enganar você. Não suporto mentiras Edward; dissimulação ou traições. Prefiro
que saiba como me sinto e me aceite assim.
Enquanto falava o sorriso sumiu do rosto de Edward. Bella acreditou que talvez tenha ido longe
demais ao deixar claro como se sentia em relação ao ex, mas não poderia ser diferente. Queria que
Edward a entendesse. Como ele permanecesse em silêncio perguntou.
– Você não entende como me sinto?
– Entendo – respondeu roucamente. – Não gosto; queria que fosse diferente... Mas entendo. Quanto
ás mentiras... Ás vezes elas são necessárias.
Bella juntou as sobrancelhas.
– Pois eu não vejo como uma mentira possa ser necessária. A verdade é sempre o melhor caminho.
Uma sombra se instalou no rosto de Edward. Ele franziu o cenho e travou o maxilar. O coração de
Bella disparou diante da expressão sombria.
– Acredite. Existem verdades que deveriam ser esquecidas eternamente se fosse possível.
Com o coração aos saltos, temendo saber a resposta, ela perguntou.
– Por acaso conhece uma dessas verdades? Possui uma que desejaria esquecer?
O namorado a encarou enigmaticamente por alguns segundos, então... Capturou novamente uma
mecha de seus cabelos e cheirou-o demoradamente com os olhos fechados. De repente Edward
abriu os olhos lentamente e seu semblante desanuviou.
– Não. Foi apenas uma forma de falar.
Bella olhou para todo seu rosto tentando decifrar a nova expressão, sem sucesso. Começava a
acreditar que Edward sempre seria um mistério. Deu de ombros resignada e mudou o rumo do
assunto sem mudar o tema anterior.
– Como fez aquilo?
Silêncio. A jovem tinha certeza que ele sabia a quê ela se referia ainda assim repetiu e completou.
– Como fez aquilo, Edward? Como quebrou a mão dele daquela maneira. Somente apertando-a.
Edward a encarou por um tempo. Bella começava a duvidar que tivesse uma resposta quando ele
disse.
– Acho que tive um surto de adrenalina.
“Surto de adrenalina”. Era realmente para ela acreditar naquilo? Analisando o rosto impassível a sua
frente acreditou que sim. E expressão de Edward a desafiava a duvidar e de repente ela desejou não
saber a resposta. Toda aquela conversa se tornara estranha. Os calafrios conhecidos percorriam seu
corpo alertando-a que talvez fosse melhor ficar na ignorância sem saber daquelas verdades ás quais
Edward se referia e que de alguma maneira ela sabia que tinham á ver com o ocorrido naquela sala.
Que aproveitaria muito mais de sua companhia se não se metesse em sua vida. Bella fechou os
olhos e suspirou.
– Isso explicaria muita coisa. – foi sua resposta covarde.
– Então, por ora, vamos esquecer esse assunto?
Mais uma vez, assim como havia acontecido com Alice á poucos minutos, Bella reconheceu o tom –
não de pedido – de comando. E ela obedeceria. Já não havia reconhecido ser uma rendida? Como
ser diferente se o amava? Irremediavelmente perdida.
Abrindo os olhos, Bella admirou mais uma vez o rosto á sua frente. Edward exalava tanta força e
perfeição. Como um deus ou um anjo caído. Repleto de defeitos e ainda assim todos justificáveis e
totalmente perdoáveis. E esse ser estranho, capaz de gestos violentos e carinhos extremos era seu
dono. Ao pensamento lembrou-se de uma brincadeira dos tempos de criança. Porém, antes de ser
lúdica a lembrança lhe pareceu macabra. Em voz alta disse.
– Vamos esquecer sim.
E em pensamento determinou.
“Tudo que meu mestre mandar”.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado e quem sabe entendido a Bella ser como é... Acreditem, ela
não faz por mal... só é sem noção ás vezes...
Ahhhhhhhhhh... e comente... Elogios á autora... ;)
Á fic... aos personagens... reclamações... teorias... receitas de bolo... qlq coisa... rsrsrsr
obs.: receitas de bolo foi brinks, tá???...

Agora vamos ao spoiler...

A jovem respondeu educadamente apesar de sua vontade ser fuzilá-la por encarar
Edward daquela maneira. Novamente Bella se desconhecia. O que estava acontecendo
com ela?!... Quando se tornara uma mulher possessiva? Resposta. Quando descobrira em
sua cama o que era ter um namorado como Edward. Não conseguia sequer imaginar que
outra mulher pudesse desejar ter o mesmo que ela tinha agora. Se a conversa em seu
carro fosse depois da noite passada ela jamais perguntaria se ele tinha alguma ex; amiga
ou não. Não desejava saber. JAMAIS. Mesmo que ele tenha dito que nunca houve outra
importante, as “não importantes” existiram e sabe-se Deus até quantos dias atrás.
– O que houve Isabella?
A pergunta a sobressaltou. Nem havia percebido que já se encontrava na sala do
namorado. Edward a encarava de forma estranha; com o cenho franzido.
– Não se sente bem? – então avançou e tocou seu rosto, preocupado. – Eu a machuquei?
– Não... – então, como jamais admitiria que estivesse mortalmente ferida de ciúmes,
tentou sorrir. – Estou muito bem na verdade. Você foi perfeito.
Dizendo isso se aproximou e o enlaçou pelo pescoço para beijá-lo. Edward aceitou o
beijo, abraçou-a pela cintura, porém não aprofundou ou estendeu o contato. Ao invés
disso começou a depositar pequenos beijos em sua boca. Bella sabia que aquela era a
deixa para afastar-se. Novamente a ferida nova e incomoda sangrou.
– Isabella... – ele começou a dizer segurando a lateral de seu rosto. – Estou adorando que
esteja aqui, mas a manhã foi tensa e agora não poderei mais lhe dar atenção. Esqueci-me
completamente que tinha essa reunião (...).

(Cap. 32) Capítulo 3 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... olha lá... dois em menos de uma semana...

Espero que gostem e surtem pouco... :)


Povs do Ed costumam ser intensos...

BOA LEITURA!

Ah... Como era doce o sabor da vingança. Edward apreciava o gosto em sua língua, em cada poro
de seu corpo. Tinha consciência que o rábula jamais lhe dera motivos para odiá-lo, visto que aquela
pulga jamais poderia fazer algo de concreto para atingi-lo. Porém o ódio existia. O humano o
afrontava todos os dias apenas por existir. E o desafiava; atiçava toda vez que estava próximo á
Isabella. Toda vez que respiravam o mesmo ar como naquele momento. Edward apenas apreciava
aquele instante por ver a expressão enfurecida e traída no rosto de seu rival.
Chamá-lo de rábula diretamente também teve um sabor todo especial. Teve vontade de prosseguir
com mais um ou dois insultos, mas não o fez em respeito ás mulheres presentes. Queria pedir que
Alice levasse Isabella dali, mas não poderia correr o risco dela teimar e ficar. Essa atitude
provavelmente alimentaria no rábula a esperança de que ela ainda tencionasse explicar-se e Edward
não queria ver nem um único fio de esperança no outro.
Edward estava adorando provocá-lo até que viu o humano atingir seu limite, depois que o mandou
dar uma boa olhada nele e em Isabella indicando com os braços apertos que foram interrompidos no
ato sexual. Nem mesmo teve tempo de se deleitar com a imagem. Paul avançou em sua direção,
porém a jovem estava em seu caminho. Edward sabia o que aconteceria antes mesmo que ele a
tocasse. Contudo não poderia correr e se colocar á frente de Isabella. Alguns de seus funcionários já
se encontravam na porta, seria complicado apagar tantas mentes. Então só lhe restou contornar a
mesa e ver, indignado, Paul empurrar Isabella.
Seu cérebro registrou que ela caiu sobre o sofá macio de sua sala, porém seus olhos apenas
captaram o gesto e seu coração rugiu por Paul se atrever a tocá-la. Então capturou a mão que tentou
socá-lo e controlou-se para não torcê-la e atirá-la longe. Contudo o animal irracional que habitava
nele não se furtou de mantê-la presa entre seus dedos. Sua fúria era tanta que quando falou a voz
saiu rouca.
– Se atrever-se a tocar nela mais uma única vez eu não responderei por meus atos.
– E quem é você para dizer-me o que fazer?
O rábula era atrevido; sem nenhum senso de auto-preservação. Pela primeira vez Edward sentiu
vontade de cravar seus dentes em seu pescoço. Ainda não se contaminaria com seu sangue, mas
adoraria vê-lo apavorado quando lhe mostrasse “quem” ele realmente era. Como não poderia fazê-
lo controlou a animal em seu peito e respondeu entre dentes.
– Edward Cullen. Como pôde ver, sou aquele que está com Isabella agora fazendo o que você não
foi capaz de fazer. Eu a protegerei de qualquer um que seja louco o suficiente para se aventurar a
machucá-la. Encoste nela carinhosamente somente no dia que não precisar mais de sua mão e
empurre-a ou machuque-a no dia que quiser perder a vida. Se tem algo a reclamar sobre estarmos
juntos, faça comigo... Não quero nem mesmo que dirija a palavra á ela.
Erguendo o queixo retrucou.
– Você não decide isso. Por acaso sabe onde sua “namorada” esteve ontem á noite?
Sabia que não deveria deixar-se levar pela provocação, mas á menção do pior momento que viveu
nos últimos anos abriu a ferida em seu orgulho. Seu lado racional lhe disse que Isabella sempre
estava com ele, Edward. Que mesmo que a jovem tenha estado com o ex ela “nunca” esteve com
Paul. E pensando na noite redentora que tiveram respondeu.
– Sei sim. Quer que eu lhe diga?
– Agora chega.
Ouviu Isabella dizer, decidida. Talvez ela estivesse certa e devessem parar com a discussão. Já
haviam chamado muita atenção. Mas vê-la erguer-se e se dirigir ao outro reacendeu seu ciúme.
– Por favor, vá embora.
O peito de Edward rugiu e ele apertou a mão ainda mais. O rábula agüentava bravamente. De certa
forma Edward admirava sua firmeza. Para sua condenação, porém, Isabella continuou falando com
o ex e inadvertidamente relembrou que conversaram na noite passada.
– Acho que conversamos tudo que precisava ser esclarecido. Não há traição aqui. Você me deixou
livre porque quis então não tem o direito de se meter na minha vida agora.
Quando Edward o viu abrir a boca para responder á Isabella enxergou tudo vermelho como na noite
anterior. Nem ao menos ouviu claramente o que ele começou a dizer. Apenas registrou a palavra
“Anjo”, então fechou a mão um pouco mais e sentiu os ossos sendo quebrados sob seus dedos
enquanto dizia.
– Não se dirija á Isabella!
Não ouviu o grito do rábula tampouco, somente percebeu que Isabella tentou aproximar-se. Apenas
olhou em sua direção. Provavelmente algo em seus olhos ou em sua expressão a fez recuar. Cego de
raiva e ciúme, sua vontade era terminar o que havia começado e esmagar-lhe os ossos ao invés de
somente quebrá-los. Porém ver Jasper entrar o chamou á razão. Não era o amigo que sempre lhe
dizia que precisava aprender a lidar com o amor excessivo que tinha por Isabella?
Ao pensamento olhou rapidamente para a namorada. Vê-la aflita despertou-lhe sensações
controversas. Enfureceu-se pela evidente preocupação com o ex e compadeceu-se por ter-lhe
machucado o “amigo”. Porém o lampejo de bom sentimento durou até que ouvisse a voz do rábula
mais uma vez.
– Tem certeza que é isso que quer “Isabella”?
Edward teria avançado na direção de dele se Jasper e Emmett não o segurassem. James o levou
ainda a ameaçá-lo de processo. Como havia dito ao rábula, ele quando muito poderia tentar. Aquela
era uma causa ganha. Edward gostaria de ver quem se atreveria em testemunhar contra ele.
Pensando nisso encarou seus funcionários humanos. Com certeza eles nunca o viram perder o
controle e Edward se odiou e odiou o rábula ainda mais por aquilo. Assumiu sua postura comedida e
perguntou seriamente.
– Acaso não se tem trabalho nesse escritório para ser feito? Se não têm com que se ocuparem talvez
seja o caso de dispensar todos vocês.
Imediatamente todos saíram de sua porta, apenas seus vampiros e Isabella permaneceram. Nesse
momento Edward percebeu que a namorada soltar-se do abraço de Alice e se encaminhar para a
porta. Todo seu sangue gelou. Era como se com o gesto ela estivesse respondendo ao rábula e não o
quisesse. Com o coração aflito advertiu.
– Se sair não precisa voltar.
Vê-la estacar não aliviou os calafrios em sua coluna. Ouviu Alice tentar argumentar, e sabendo que
não atenderia nenhum pedido que favorecesse Isabella naquele momento a dispensou, assim como
Jasper e Emmett. Este último o olhava inexpressivamente e mesmo assim Edward sabia que lhe
condenava; sem motivo algum. O advogado não mentira. Não se interessava por vampiras vadias e
comprometidas. O caso de Isabella era diferente: uma exceção.
Edward os assistiu sair e antes que se fossem agradeceu por intercederem em favor do rábula. Não
lamentava o que havia feito, mas teria sido melhor para todos se tivesse mantido a calma. Quando
Alice fechou a porta ao sair, a sala caiu no mais absoluto silêncio. Isabella estava de frente para a
porta, de costas para ele, exatamente como havia parado depois de suas palavras. Edward não podia
ver sua expressão e isso o estava matando.
Queria saber o que se passava em sua mente. Se estava assustada ou decidindo se ia ou ficava. De
onde estava ele apenas podia ouvir seu coração bater acelerado; nervosamente. Fosse como fosse
ela não sairia dali. Uma vez que estavam sozinhos, Edward não permitiria. Não suportaria vê-la
correr atrás do rábula mesmo que fosse somente por gratidão ou amizade.
Tornava-se insuportável ver Isabella dar-lhe as costas, quando ela começou a se voltar lentamente
até que seus olhos castanhos encontrassem os seus. Naquele instante Edward soube que ela não
tencionava sair, estava apenas assustada. Talvez sentida, afinal, ele havia machucado alguém que ela
se importava bem diante de seus olhos. Definitivamente teria sido melhor ter-se controlado. Mas
como poderia ter sido diferente?
Precisava trazê-la de volta, então lhe pediu desculpas. Porém Isabella conseguia mantê-lo fora de si.
Ela acreditava mesmo que ele pediria desculpas ao rábula? Enquanto ela argumentava com ele,
Edward notou o cuidado em não dizer o nome do ex-namorado e gostou daquilo. Mesmo sentida
com ele Isabella se lembrava de sua recomendação. Havia dito o nome do ex apenas uma vez.
Contudo, ainda que tomasse o cuidado em não nomeá-lo, ela o defendia. E sem se importar se a
chocaria ou não disse sinceramente em determinado momento.
– Acredite... Minha vontade era quebrar muito mais.
Os olhos de Isabella brilharam intensamente e diante daquele olhar Edward resolveu expor o que
sentia, dizer a verdade.
– Fui provocado. – disse sério. – Estou com esse seu ex, entalado em minha garganta desde ontem.
Como espera que eu me sinta e reaja á essa cena lamentável depois de ver que ele claramente
acredita ter direitos sobre você? Depois de ter ido buscá-la na rua dele?
Inferno; pensou. Não deveria nunca demonstrar fraqueza, mas Isabella o confundia. Depois daquela
cena Edward não sabia como agir com a jovem. Agora, mais do que nunca precisava conquistar sua
confiança, não afastá-la. Como seria possível revelar-se com ela temerosa como estava? Edward
passou a mão pelo cabelo, tenso. Queria que ela fosse específica. Dissesse para ele as mesmas
palavras que disse ao rábula na noite anterior; que estava com ele agora. Queria que ela se
mostrasse decidida.
– Pois não se sinta assim. Eu disse que nada aconteceu. – foi tudo que ela disse.
Edward queria mais.
– Não muda o fato de ter me deixado para ir com ele.
Isabella apenas o encarou e nada disse. Edward podia ver o conflito em seus olhos. Então, contendo
a impaciência, falou odiando cada palavra.
– Você é livre Isabella. Se por acaso se preocupa tanto com ele pode ir. Mas sinceramente não
ficarei aqui esperando que volte. Não gosto de indecisão.
Evidente que naquele caso ela não tinha escolha alguma. O mesmo ciúme aplacado em seus braços
na noite passada voltou com força total no segundo que a viu se dirigir á porta e só piorava com sua
defesa. Ele havia dito que ela não precisaria voltar apenas para ganhar tempo; estavam
acompanhados. Agora que estavam á sós ela não iria á parte alguma. Pelo menos não para ir atrás
do rábula. Sua preocupação era desnecessária; infelizmente o traste ficaria bem. Edward havia
quebrado quando muito, dois ou três ossos; dera apenas um aperto leve.
Se Isabella esperava que ele de alguma forma pedisse desculpas ao rábula por aquilo estava
completamente enganada. Ele é que deveria lhe agradecer por não ter-lhe arrancado a maldita mão
ou a cabeça como era sua vontade todo o tempo. O humano tivera sorte por estar em local neutro e
Edward desejar poupar os olhos Isabella de um espetáculo hediondo. Ainda mais com o agravante
de não confiar mais nas induções. Caso contrário seria exatamente o que teria feito por se atrever a
tocar na jovem. De repente ela murmurou chamando sua atenção pelo tom derrotado.
– Não vou á parte alguma.
Quando ela se sentou no sofá, Alice entrou com a água. Edward a viu beber com as mãos trêmulas e
novamente se recriminou por ter sido violento diante dela.
– Está mais calma? – depois de perguntar Alice o encarou desafiadoramente. Então se dirigiu á
jovem mais uma vez. – Quer ir para casa?
Edward respirou fundo contando até mil para não mandá-la ao inferno por tentar afastar Isabella
mais uma vez. Procurava palavras que não denunciassem sua raiva quando Isabella respondeu.
– Estou bem Alice, obrigada!
A namorada o encarou e disse firme sem desprender os olhos dos seus.
– Vou ficar.
Edward permitiu-se sentir aliviado com a decisão de Isabella e antes que Alice tivesse a brilhante
idéia de insistir a dispensou definitivamente.
– Pode ir agora Alice.
Sem dizer nada ela se foi. Edward cruzou os braços e se encostou á sua mesa. Começava a ficar
preocupado com a palidez de Isabella. Não gostava de admitir, mas Alice poderia ter razão. Talvez
devesse levá-la para seu apartamento e ficar com ela longe do escritório.
– Acho que as coisas fugiram um pouco ao controle. Talvez seja mesmo melhor você ir para seu
apartamento. Eu a levo se desejar.
Ainda o encarando ela disse.
– Como já disse, não quero ir á parte alguma. A menos que esteja atrapalhando você.
Muito pelo contrário. Apesar do incidente Edward estava satisfeito que ela estivesse em seu
escritório. Quantas vezes nos primeiros dias depois de vê-la pela primeira vez ele cismou, ali
mesmo, sentado á mesa que agora se encontrava recostado, imaginando onde ela estaria? Sem saber
onde ou como encontrá-la? E agora Isabella não só estava diante de si como em sua vida. Não. Ela
jamais o incomodaria.
– Não atrapalha. Gosto de tê-la aqui.
Edward decidiu que estava há tempo demais longe dela. Com um suspiro aproximou-se e sentou ao
seu lado. Imediatamente pegou uma mecha de seu cabelo entre os dedos e a cheirou. Relembrar os
primeiros dias o deixou subitamente nostálgico; havia sido aquele odor, associado á outro que ele
conhecia tão bem que o atraiu para ela. Quanto lutou para chegar até ali? Não poderia falhar
agora!... Então, faria o que deveria ser feito. Odiava demonstrar suas fraquezas, mas no momento
expor-se era imprescindível.
– Não pedi desculpas pelo que fiz á ele. Pedi por tê-la magoado.
Então a encarou e sorriu levemente na tentativa de acalmá-la.
– Acho que percebeu que não sou tão civilizado quanto aparento, então não vou dizer que tudo bem
você se preocupar por ele, pois não está. Por mim você sequer se lembraria que ele existe, mas sei
que isso não é possível e que ainda gosta dele. Então, mesmo com a provocação eu não devia ter
feito o que fiz. Perdi a cabeça. Pode me perdoar por isso?
Isabella tocou seu rosto e imediatamente todo seu corpo se aqueceu com o toque. Porém as palavras
seguintes tiveram o poder e incendiar seu coração.
– Não tenho o que perdoar. Você não me magoou de forma alguma Edward.
Edward sorriu. Jamais se cansaria de ouvir seu nome em sua voz. Sua Isabella estava com ele.
Ainda confiava; não o temia. E para completar sua alegria, ela prosseguiu.
– Eu é que preciso pedir desculpas.
Então ela acariciou seu rosto. Apenas com o polegar, como ele havia feito em seu joelho no dia que
foi buscá-la de moto. Isabella aprendia rápido. Começava a imaginar uma ou duas outras coisas que
poderia lhe ensinar, quando ela declarou.
– Quando estávamos na praia, disse-me que toda essa situação era nova para você. Pois quero que
saiba que é para mim também.
Intrigado, Edward abriu os olhos. O que poderia ser novo para ela? Isabella pareceu escolher as
palavras deixando-o ainda mais curioso. Quando estava prestes a perguntar o que ela tencionava
dizer, ela resolveu quebrar o silêncio.
– O primeiro que tive não conta, pois não éramos exatamente namorados, então... “Ele” foi o
primeiro relacionamento que tive. – disse retirando a mão de seu rosto e apontando para a porta. –
Nunca me interessei por qualquer outro; nunca houve “trocas”. Não conheço o protocolo para esses
casos então, talvez, nem sempre eu saiba como agir nesse momento de... “transição”.
Definitivamente não queria saber dos outros que ela teve em sua vida. Tentou cortá-la, porém
Isabella não permitiu.
– Por favor, deixe-me concluir... Não me ocorreu que fosse magoá-lo quando o chamei para buscar-
me, queria vê-lo e agi sem pensar. Também deva magoá-lo quando falo o nome “dele” em horas
indevidas. Acredite, não faço por mal. Mencioná-lo é natural para mim, pois convivi com ele tempo
demais. E é somente por isso que me preocupo. Não seremos amigos como já lhe disse, mas isso
não acaba com meu afeto. Os sentimentos não se desligam assim – disse estalando os dedos. – Por
isso quero que nada de mal lhe aconteça, assim como não desejaria o mal de Angela, por exemplo.
Se fosse possível Edward arrancaria aquele afeto do coração de Isabella. Contudo precisava
aprender á conviver com ele uma vez que sabia não ser possível eliminá-lo. Assim como sempre
soube que jamais poderia se voltar contra o rábula, sob pena de nunca ser perdoado, caso Isabella
descobrisse que cedera ao seu desejo mais profundo. Não; infelizmente talvez nunca pudesse matá-
lo lenta e dolorosamente para que se arrependesse por todas as vezes que a tocou. Era imperativo
que se controlasse. E já que a jovem rebaixava seu afeto tentaria dar-lhe o desconto. Não sentiu
necessidade de responder, então apenas sorriu parcialmente satisfeito de sua resolução.
– Você é importante agora. – ela continuou á dizer. – Então não pense que estou indecisa, pois não
estou. Pedir para que eu escolha entre um e outro é perda de tempo, pois sempre será você. Só... Por
favor, não peça para que eu deixe de gostar o de me preocupar com ele, não sou capaz de mandar no
meu coração e não desejo, nunca, enganar você.
Edward ouviu a declaração de Isabella em silêncio. Sabia como ela se sentia em relação ao rábula,
mas jamais imaginou que ela própria se sentisse confusa por não saber como agir. Apreciou todas as
palavras, mesmo com o protesto de seu coração quando ela mencionou o primeiro homem de sua
vida e relembrou-o de todo o tempo em que ela pertenceu ao rábula. Não lhe mentira. Se pudesse
apagaria o humano nojento de sua lembrança. Bom... De certa forma não seria preciso preocupar-se.
Como Edward desejava, a namorada havia dito com todas as letras que “ele” era importante. Não
fora uma declaração como ele esperava, mas já era um avanço.
Sem contar que a mão quente em seu rosto o acalmava. Isabella não poderia saber, mas seu carinho
leve surtia melhor efeito que suas palavras. Seu velho coração voltou a sentir paz enquanto sua face
era acariciada. Tudo estava novamente no lugar. Depois do que havia acontecido não precisaria
mais suportar o rábula em seus escritórios. Bom... Isso contando que ele tivesse realmente o brio
que Edward raramente admirava. Sua ambição não poderia ser maior que seu orgulho. E Jasper não
poderia argumentar visto que não quebrara sua promessa em não dispensá-lo assim que lhe roubasse
a namorada.
Roubasse-lhe a namorada... Não. Se Alice estivesse certa ela sempre fora dele. Edward apenas a
pegara de volta isso sim. E agora estavam novamente se entendendo. E o vampiro imaginou que,
quem sabe, depois que ela encerrasse suas explicações, eles não pudessem retomar de onde haviam
sido interrompidos. Agora que se sentia sereno, tudo que desejava era aproveitar sua presença em
seu escritório, além do que as mãos de Edward começavam a formigar por sentir a textura das meias
de Isabella. Porém, como sempre, sua paz não poderia durar mais que breves instantes. Na mesma
frase em que declarou sua importância, Bella conseguiu arrancá-lo de seus pensamentos libidinosos
e mandá-lo mais uma vez ao inferno de suas duvidas.
– Não suporto mentiras Edward. – ela disse inocentemente. – Dissimulação ou traições. Prefiro que
saiba como me sinto e me aceite assim.
Evidente que a aceitava, mas ela lhe aceitaria? A pergunta o atingiu como um soco no estômago.
Seus problemas eram ainda maiores do que rábulas nojentos, Rosalies vadias ou revelar-se; todos
eles se concentravam nas normas de conduta de Isabella. Às quais ela seguia cegamente e ele jamais
poderia recriminar uma vez que a jovem estava sendo franca com ele desde o começo ao contrário
de Edward.
Ele não somente “ainda” mentia, como enganava, dissimulava. Sem contar ás vezes que invadiu seu
apartamento, brincou com sua memória fazendo com que ela acreditasse que estava enlouquecendo.
Violara e profanara seu corpo sem permissão quase a levando a morte em uma das vezes. Como
alguém poderia entender e perdoar tais atitudes?
Sem que percebesse seu sorriso morreu. Todo contentamento vindo com a declaração se foi, dando
lugar ao temor. Contudo precisava ser forte, pois não voltaria atrás em sua decisão. Contaria a
verdade para ela naquela noite, nem um dia a mais. Talvez preocupada com seu silêncio, Isabella
lhe perguntou se ele a entendia. Sua resposta saiu rouca.
– Entendo. Não gosto, queria que fosse diferente... Mas entendo. Quanto á mentiras... – começou
cautelosamente, não desejava ser mal interpretado. – Ás vezes elas são necessárias.
Como no estacionamento, mais uma vez a reação de Isabella foi negativa.
– Pois eu não vejo como uma mentira possa ser necessária. A verdade é sempre o melhor caminho.
Sim, seria se a verdade em questão não fosse perturbadora e macabra, teve vontade de responder.
Contudo, com a voz ainda mais rouca, apenas retrucou.
– Acredite. Existem verdades que deveriam ser esquecidas eternamente se fosse possível.
O coração da jovem voltou a bater acelerado. Inferno. Como poderia contar qualquer coisa se ela
sempre reagia da pior maneira possível? Não fosse isso ali estava uma boa oportunidade de começar
a revelar-se. De repente Edward desejava acabar logo com a agonia; saber como seria e contar
naquele momento. Porém a voz temerosa da namorada o intimidou.
– Por acaso conhece uma dessas verdades? Possui uma que desejaria esquecer?
Isabella não aceitaria. Ele soube com toda força que corria seu ser que ela não aceitaria. E se
estivesse certo, não poderia perder aqueles últimos momentos ao seu lado. Ainda não havia decidido
o que faria caso ela não o aceitasse. Não existia um plano B; que definitivamente tinha que
encontrar até á noite. Pois “seria aquela noite” reafirmou para sua coragem que começava a ficar
abalada. Não poderia fraquejar; não dispunha de tempo para fraquejar!...
Bom, decidiu, até á noite aproveitaria o tempo ao lado de Isabella e tentaria pensar em como agir
caso ela realmente o rejeitasse. Resolvido o que fazer, respondeu para a jovem que o encarava
expectante.
– Não. Foi apenas uma forma de falar.
Isabella o analisou por um tempo, então deu de ombros, provavelmente aceitando sua resposta
evasiva. Acreditou que o assunto estivesse encerrado quando ela perguntou.
– Como fez aquilo?
Sabia que ela se referia á mão do rábula. Não era todo dia que alguém quebrava a mão de um
homem como Paul com um simples aperto. Evidente que a namorada estaria se perguntando de
onde vinha tanta força.
– Como fez aquilo, Edward? Como quebrou a mão dele daquela maneira. Somente apertando-a.
O que dizer?... A primeira bobagem capaz de ser assimilada pela mente humana.
– Acho que tive um surto de adrenalina.
Edward a encarou e esperou que ela questionasse sua resposta. Após alguns segundos, ela fechou os
olhos e comentou em um suspiro.
– Isso explicaria muita coisa.
E lá estava sua bruxa covarde novamente. Definitivamente ele teria que criar um plano B.
– Então, por ora, vamos esquecer esse assunto?
Por um segundo Edward se permitiu ter esperança que ela não se desse por satisfeita e o
questionasse. Toda expectativa se foi com as palavras ditas de forma estranha.
– Vamos esquecer sim.
Conformando-se com o inevitável, Edward disse a si mesmo que esqueceria o assunto realmente
por ora. Estava cada vez mais difícil controlar-se e pelas reações de Isabella, sabia que precisaria
prepará-la muito bem antes de lhe contar a verdade.
Bom... Teria muito tempo até a noite. Agora precisava distrair a namorada. Voltar ao clima que
estavam antes de serem interrompidos. Tornar as coisas leves; acalmá-la para o que viria á noite. O
rosto da jovem voltava gradativamente á cor normal; os batimentos estavam estáveis.
Carinhosamente Edward tocou seu rosto e, acariciando a bochecha, confirmou a resposta dela.
– Vamos esquecer sim. – então olhou seu relógio e se ergueu, ajudando-a a fazer o mesmo logo em
seguida. Precisava distraí-la. – Onze e meia. Que acha de adiantarmos o almoço?
– Não estou com fome. – declarou mordendo o lábio inferior. – Preferia ficar aqui.
Edward sorriu satisfeito. Nada lhe daria maior prazer, mas era preciso manter o foco.
– Vamos lá... Distrai-me.
Na verdade, agora que fora arrancado de sua lúxuria e trazido para a dura realidade, Edward queria
que ela comesse algo. Esteve tão envolvido pelas declarações que não percebeu o óbvio, talvez até
mesmo Isabella não percebesse, mas apesar da aparente calma ela ainda se encontrava trêmula. A
cena havia sido forte. Ele sabia que ela havia escutado o som dos ossos sendo quebrados por sua
mão. De repente temeu que, mesmo coerente e falante, ela ainda pudesse entrar em choque.
Isabella pareceu hesitar então Edward ofereceu.
– Não saímos do edifício. Vamos ao Café no mezanino. Que me diz?
Dito isso foi até sua mesa pegou o lenço e estendeu para que ela o colocasse de volta. Não resistiu
ao comentário.
– Apesar de termos sido flagrados, o que fazemos somente á nós interessa.
Isabella pareceu não se importar. Sorriu e colocou o lenço ao redor do pescoço enquanto Edward
arrumava a própria roupa. Não recolocou a gravata, apenas abotoou a camisa, arrumou-a no cós da
calça. Depois de prontos saíram.
– Por que escolheu jornalismo Isabella?
Bella engoliu o último pedaço do sanduiche que mastigava á muito custo. Estavam sentados á uma
mesa reservada do Café, Edward a brincar com os dedos de sua mão livre. Como comer ou beber
qualquer coisa com ele assim á sua frente? A brincar despretensiosamente com sua mão e encará-la
daquela maneira? Talvez se o namorado também comesse algo facilitasse para seu lado, mas
Edward alegou que não tinha o costume de se alimentar durante o dia “obrigando-a” a fazê-lo
sozinha.
Depois de toda tensão em seu escritório, agora lhe enchia de perguntas triviais. A impressão que
tinha era que ele a todo custo, estivesse tentando distraí-la. E Bella apreciava a atenção. Não
gostaria de voltar aos assuntos estranhos e enigmáticos de antes e definitivamente não queria
preocupar-se com Paul. Então, entre uma mordida e outra já lhe respondera sobre amigos de escola,
presentes preferidos de Natal, animais de estimação, relacionamento com os pais e agora ele lhe
perguntava sobre a opção profissional. Bella tomou um gole de sua Coca-Cola e respondeu.
– Sempre quis escrever. Adorava fazer redações. Além de poder discutir idéias, descobrir coisas
novas, questionar e entender a sociedade.
– E você é feliz escrevendo? Nunca se arrependeu da escolha? – dizendo isso Edward virou sua
mão sobre a mesa e correu o dedo por sua palma, fazendo-a estremecer.
Arrependera-se do que mesmo? Pensou. Como ele fazia aquilo?!... Bella engoliu em seco.
– Não costumo me arrepender de minhas escolhas.
Edward lhe sorriu torto e disse enigmático.
– Fico feliz de saber disso.
A jovem imaginou se ele estaria somente se referindo á sua escolha profissional ou a amorosa;
talvez fossem as duas coisas. Ele continuou inclinando-se em sua direção.
– Está preparada para começar no jornal?
– Sim. – respondeu refreando o impulso de pender para frente e aproximar-se de seu rosto. – Não
vejo a hora de voltar á uma redação.
Um brilho intenso cruzou os olhos verdes, enquanto Edward lhe sorria novamente e, inclinando-se
ainda mais, confidenciou como se tivesse alguém muito perto á eles que não pudesse ouvi-lo.
– Não é mesmo horrível quando não vemos a hora de acontecer uma coisa e ela simplesmente
demora a chegar?
Ao dizer as palavras tocou seu joelho que aparecia na lateral da mesa mínima. Bella paralisou e
olhou em volta discretamente. Edward moveu o polegar em seu joelho como havia feito dois dias
atrás. E lá estava a pergunta. Como era possível aquela mão tão gentil ser extremamente cruel?
Automaticamente se perguntou quem precisava da resposta quando tudo que recebia eram seus
carinhos. Bella olhou para aqueles olhos verdes e brilhantes.
– Sim... É horrível. Mas o que, exatamente, você espera que aconteça?
Sem olhar em volta como ela havia feito, Edward subiu a mão lentamente por sua coxa entrando
sob a barra do vestido, até tocar a divisa entre a meia e sua pele. Todos os pelos de Bella se
eriçaram; seu coração passou a bater descompassadamente.
– Nada demais. – ele respondeu inocentemente. – Queria apenas ver o padrão dessa renda. Mostre-
me.
– Aqui?! – Bella pôde sentir seu rosto corando.
– Por favor. – então se afastou e se recostou na cadeira. – Dê-me essa alegria.
Com o coração aos saltos, Bella olhou em volta mais uma vez. Nunca entendera bem o fetiche em
peças intimas e locais públicos dos homens, mas mesmo sem entender e morrendo de vergonha,
começava a apreciá-lo. Edward sequer a encarava. Recostado como estava tinha uma visão
privilegiada de sua coxa e a olhava expectante como se tivesse certeza que ela não se negaria á
atendê-lo.
E o namorado estava certo; não negaria. Olhando em volta mais uma vez, sem acreditar no que faria
e sem saber ao certo como que de assuntos triviais chegaram àquilo, Bella colocou a própria mão
em sua coxa sobre o vestido, quase na altura do quadril. Então, esquecida das pessoas em volta e
presa á expressão expectante de Edward, ela começou a mover somente os dedos trêmulos fazendo
o tecido subir lentamente. Satisfeita, viu quando Edward prendeu a respiração no segundo que a
renda foi revelada. O estranho foi vê-lo, imediatamente, franzir o cenho e exclamar contrariado.
– Droga!
“Droga”?!... Bella estava prestes a baixar o vestido, tentando entender o que havia feito de errado,
quando ele maneou a cabeça negativamente para ela e, inclinou-se em sua direção, cobriu-lhe a mão
detendo seu gesto. Ainda confusa, ela o viu sacar o celular do bolso, então entender. Não fizera nada
errado, pensou aliviada. Apenas estavam sendo interrompidos mais uma vez.
– O que é agora Jasper? – perguntou sério.
Enquanto ouvia – sem desprender os olhos da coxa descoberta á sua frente – Edward largou a mão
da jovem e tocou a renda. Alisou-a lentamente como se sentisse o patrão, então apertou levemente a
carne sob a trama negra. O calafrio conhecido correu pela coluna de Bella. Em êxtase, ela viu o
namorado esquecer-se da renda e correr a mão espalmada pela lateral de sua perna até o quadril
quando então apertou o volume de sua carne oculto sob o vestido.
– Sim, comprei.
Edward respondeu ao celular, fazendo o caminho de volta em sua coxa, sempre lentamente.
Liberando pequenas cargas elétricas por todo o corpo de Bella. Ela perguntou-se como ele podia
conversar tão tranquilamente enquanto a tocava daquela forma lasciva.
Novamente enquanto ouvia o amigo, alheio á análise incrédula da jovem, Edward deslizou a mão
para o interior da coxa. Involuntariamente Bella separou as pernas. O namorado sorriu – àquela
altura ela não sabia dizer se de sua reação espontânea ou de algum comentário de seu sócio. E
pouco lhe importava. Apenas uma única coisa naquele momento lhe importava, ainda mais depois
que ele começou a massagear delicadamente a carne da parte interna de sua coxa; excitando-a.
Bella reprimiu um gemido, covardemente olhando em volta. Dessa vez reparou que as mulheres
presentes os assistiam. Aquele era o único problema. Elas não poderiam ver o que se passava do
lado oculto da mesa à qual Edward e ela ocupavam, mas sem duvida deduziam pela posição que se
encontravam e por seu rosto inegavelmente culpado. O namorado fez uma leve pressão em sua
carne e, mesmo que estivesse com vergonha, Bella excitou-se ainda mais. Definitivamente teria que
esquecer sua platéia; ignorou-a.
– Ela já está aqui?
Ao perceber certo tom de alarme na voz de Edward, Bella sentiu uma leve pontada em seu coração.
Quem seria “ela”? Uma cliente, provavelmente, disse a si mesma. Não teve tempo de cismar, pois
Edward insinuou ainda mais a mão no interior de sua coxa chegando até o limite da calcinha. Foi a
vez de a jovem prender a respiração. E esquecida de tons alarmados, platéia ou seus pudores... Sem
nem ao menos pensar, com o coração batendo frenético no peito, ela escorregou lentamente para a
beirada da cadeira e separou um pouco mais as pernas. Novamente Edward sorriu.
– Havia me esquecido completamente. – ele disse ao celular.
Edward não a tocava de fato. Ainda reclinado em sua direção como se conversassem ao particular,
apenas permaneceu a brincar com o elástico da peça, enlouquecendo-a.
– Subo em um minuto. Leve-a para a sala de reuniões. – pediu e desligou.
Então, depois de guardar o celular, reclinado em sua direção como estava; quase apoiado em seu
joelho, ele a acariciou sobre o tecido da calcinha. Bella arfou – ela própria alarmada dessa vez. Não
poderia ir adiante.
– Estamos em público. – lembrou-o em um sussurro.
– Eu sei. – Edward disse afastando o elástico para tocá-la diretamente com a posta dos dedos.
Bella reprimiu outro gemido quando ele começou á brincar com seu ponto sensível.
– O que... Aconteceu com... O que fazemos... Somente... Á nós... Interessa?
– Continua valendo. – ele disse inalterável sempre a acariciando. – Ninguém sabe o que estamos
fazendo aqui. Nem mesmo seu rosto deliciosamente vermelho é prova de nada. Estamos apenas
conversando. Se vêem malícia em nossa aproximação é porque não têm nada melhor á fazer em
suas vidas vazias.
– Edward, por favor... Não... Eu não poderia...
Sabia que Isabella havia implorado para sua razão, então, mesmo adorando estar torturando-a
daquela maneira, Edward parou de tocá-la. Poderia aproveitar melhor o tempo que dispunha do que
a provocando daquela maneira. Cada vez mais se convencia de que sua bruxa não era tão covarde
quanto ele acreditava. Na verdade, sua reação ao seu pedido lhe indicava que ela era tão pervertida
quanto ele, talvez somente não soubesse ou resistisse.
– Tenho uma reunião. – ele anunciou baixando lentamente a barra do vestido da jovem.
Edward viu, satisfeito, a decepção nos olhos castanhos de Isabella, contudo nada poderia fazer para
adiar. A reunião era de seu interesse. Precisava voltar ao seu escritório.
– Já que sabiamente me lembrou que estamos em público, o que acha de chegar até aqui e acabar
com a curiosidade de todas.
– Como?! – ela juntou as sobrancelhas.
Edward sorriu ainda mais abertamente. Sua bruxa covarde, mais uma vez, estava de volta.
– Apenas me beije. – disse revirando os olhos. – Não deseja mostrar a cada uma e a todas elas que
eu tenho dona?
Dona de Edward Cullen!... O coração da jovem parou por um segundo. Seria possível que algum
dia ela própria acreditasse naquilo? Somente o tempo diria.
E sim... Ela queria, pensou Bella com o coração novamente aos saltos. Fora a vez que sentiu certa
desconfiança de um caso entre Edward e Alice, nunca se viu sentindo ciúmes ou imaginou que o
sentimento perturbasse tanto. Porém, subitamente os olhares femininos a incomodava.
Especialmente por saber que uma mulher – que aparentemente o perturbara – o esperava em alguma
sala de reunião, á qual ela não teria acesso. Evidente que o namorado lidava com mulheres em sua
profissão, mas o breve alarme em seu tom de voz – mesmo que ele voltado á ficar impassível –
indicava que aquela em questão era importante.
Talvez fosse um novo surto paranóico, não saberia dizer. Tudo que sabia era que não queria
nenhuma mulher cobiçando Edward. Então, com as palavras dele brincando em sua cabeça e,
mesmo tendo consciência que, infelizmente, um simples beijo não era prova de nada, ela se inclinou
para frente e parou a centímetros do rosto do namorado.
– Sou mesmo sua dona?
Próximos como estavam, Bella pode ver um brilho intenso cruzar os olhos verdes. Quando Edward
falou, seu hálito atingiu a boca da jovem, sua voz era séria.
– Primeira e única dona do meu coração velho e fraco. Por favor, tenha cuidado.
Dito isso não se moveu um milímetro. Bella não entendeu como alguém forte como Edward, no
auge de seus vinte e nove anos, poderia considerar ter um coração velho e fraco. Na verdade, não
deu muita importância, pois no que dependesse dela não o magoaria – se era realmente isso que ele
quis dizer. Tudo que tinha consciência era do rosto á sua frente, da boca entreaberta. E sem
responder-lhe, inclinou-se ainda mais para frente e o beijou.
Ela acreditou mesmo que aquele fosse um simples beijo? Quando beijar Edward Cullen seria
simples?... Ao que tudo indicava, nunca. Assim que as bocas se uniram, o namorado segurou-a pela
nuca e invadiu-lhe os lábios com a língua sedenta. O beijo nada “simples” foi demorado e profundo
roubando-lhe o fôlego e a razão. Quando as bocas se separaram, Bella precisou de bons segundos
para se lembrar de onde estavam. Quando deu por si, Edward já fazia sinal para a garçonete.
A garota aproximou-se sem desviar os olhos de Edward.
– Deseja pedir alguma coisa agora? – perguntou esperançosa.
Ele lhe sorriu torto.
– Não, somente a conta.
Bella sequer se dava conta dos olhares dirigidos á Edward. Ainda estava sob o efeito do beijo, com
o rosto e o corpo em chamas. Dizia a si mesma que precisava controlar seus tremores. Ainda tinha
um longo caminho até o elevador, onde mais uma vez começaria sua tortura. Descer até o mezanino
fora um teste psicológico. Edward apenas a manteve em seus braços, encarando-a e brincando com
uma mecha de seu cabelo todo o trajeto. Sua proximidade no interior do elevador era inquietante.
Como sempre Bella teve a impressão que o namorado ocupava todos os espaços.
Ela sabia que a volta seria igualmente torturante, ainda mais depois de ter sido tocada e beijada
daquela maneira. A tensão entre eles era visível; palpável. Edward conseguia levá-la á extremos que
nunca fora capaz de imaginar. E por incrível pudesse parecer, ela adorava todos eles. Sentia-se viva
ao lado do namorado. Jamais esteve tão consciente de seu corpo e pensamentos desde o dia que...
Desde o dia que o conheceu!... Instintivamente Bella procurou pelo rosto a sua frente. O viu sorrir
mais uma vez enquanto devolvia a pastinha de couro preto para a garçonete.
– Não tem troco. – disse dispensando-a.
Então se ergueu e voltou sua para Bella, estendendo-lhe a mão.
– Pronta para vir comigo?
Bella aceitou a mão estendida, sabendo que nunca estaria pronta. Edward sempre seria “demais”,
sempre seria “novo”. E de certa forma aquilo era uma coisa boa. Dava a impressão que o
relacionamento nunca ficaria estagnado como o seu anterior. Bella sabia de antemão que seu
coração sempre pararia ao vê-lo, seu corpo sempre responderia de forma positiva ao seu toque. Por
isso não teve reservas em mentir.
– Estou.
Edward sorriu e a ajudou a levantar. Trouxe-a para junto de seu corpo e a abraçou pela cintura,
apertando-a levemente. Sempre acariciando discretamente sobre o tecido, conduziu-a até a porta.
Bella evitou olhar em volta, podia sentir os olhares em sua direção. Por sorte não tropeçou em seus
próprios pés mesmo estando trêmula como estava e dignamente chegou até o hall dos elevadores. O
de Edward estava á espera visto que ninguém, além dele o usava. Bastou que Edward apertasse o
botão do andar da Cullen & Associated e as portas mal se fechassem para que fosse empurrada e
prensada contra a parede metálica da cabine.
Edward beijou-a ainda mais intensamente que antes; com urgência. Fúria até. Capturou seus lábios
e prendeu sua língua rolando-a na dele enquanto esmagava-lhe os seios por sobre o tecido;
excitando-a. Sem se importar onde estava, com as mãos trêmulas, Bella abriu-lhe a camisa
completamente, afastando-a para sentir-lhe os pelos que tanto adorava. Com um gemido incontido
Edward encostou-se nela mostrando o quanto ele mesmo já se encontrava excitado. Com a voz
rouca, disse com os lábios ainda sobre os dela.
– Espero que realmente esteja pronta, pois não temos tempo e preciso de você agora Isabella.
Sem esperar resposta afastou-se dela o suficiente para desafivelar o cinto e abrir a calça, liberando-
se logo em seguida. Hipnotizada, Bella arfou diante daquela visão. Sonhara com ele... Sentiu-o na
noite anterior... Sabia o quanto era forte e pulsante, mas não que era... “Espetacular”. Seu sexo
clamou por aquele membro, seu corpo implorou por senti-lo dentro de si.
Preso em sua própria urgência, Edward sequer percebia a expressão de adoração da namorada,
introduziu a mão pela barra do vestido e afastou-lhe a calcinha, então a ergueu e se encaixou nela
em um movimento rápido. Bella gritou com a investida e se agarrou á ele, prendendo-se com as
pernas em seu quadril.
Imediatamente ele passou a mover-se dentro dela. Mais uma vez, acariciando-a, amando-a com seu
membro. Atordoada, Bella olhou para o lado e os viu no reflexo do grande espelho. Edward já
apreciava a cena com os olhos escuros de desejo. O tecido do vestido – pesado e mole – não
permitia que se visse a conexão dos dois, mas deixava á mostra a parte posterior de sua nádega
direita presa pela mão forte de Edward assim como a pele alva de sua perna. A brancura de sua pele
parecia brilhar á luz da cabine formando um contraste gritante onde a coxa se perdia no limite da
renda preta da meia.
Naquele momento Bella teve um breve entendimento do porque estava difícil equilibrar-se; suas
botas não ajudavam. Contudo também não atrapalhavam então se esqueceu delas. Com os lábios
entre abertos, pois o ar parecia rarefeito naquele elevador, percebeu que o namorado olhava
fascinado para determinado ponto da cena refletida no espelho. Gemeu diante da visão daquele
olhar especulativo e cobiçoso, fazendo com que ele apertasse fortemente suas nádegas e se movesse
ainda mais rápido.
Nesse instante, Bella acompanhou seu olhar e imediatamente também ficou presa á imagem do
quadril de Edward a mover-se rapidamente em seu corpo. Assim como seu vestido, a camisa do
namorado não oferecia uma boa visão, mas não importava. O que poderia importar quando se tinha
a oportunidade de ver aquele homem viril e forte – investindo aquele membro que ela dificilmente
apagaria a apresentação de sua memória – contra ela?
Nada. Nada importava. Na verdade somente sentir importava. Sentir a força de Edward; a sensação
torturante daquele roçar cadenciado de seus sexos. Sentir que as ondas do prazer supremo estavam
prestes á afogá-la. Apenas sentir...
– Edward!...
O nome fora exclamado por puro reflexo, mas como se estivessem sintonizados. Como se tivesse
sido sua intenção chamar-lhe a atenção, seu olhar encontrou com os olhos de um verde intenso do
namorado. E então, encarando-a através do espelho, roucamente ele “ordenou”.
– Venha Isabella. Por mim. Sempre.
Seu corpo estava no limite, como não atendê-lo? Confiando em sua força, desprendeu as pernas de
seu quadril apenas as mantendo apoiadas precariamente na lateral do corpo de Edward para que ele
se movesse melhor. Então aconteceu; estava se afogando. Mais uma vez era consumida pela
intensidade de um orgasmo violento. O namorado estremeceu em seu corpo e afundou o rosto em
seu pescoço, sobre o lenço, urrando como um animal em agonia. Bella simplesmente adorava
aqueles sons estranhos que Edward fazia, assim como adorava ele inteiro, tudo que vinha dele. Pele,
cheiro, força, possessão... Tudo.
Enquanto era depositada no chão e arrumava-se, Bella deu-se conta que jamais poderia mensurar o
que sentia por Edward. Acreditou por três anos que amava alguém somente porque nunca havia
amado antes. E amar era exatamente aquilo; apreciar o todo. Edward ainda era uma incógnita,
naquela manhã havia conhecido uma face dele até então inimaginada, temeu-a e ainda assim a
aceitava.
Naquele exato momento em que ele a encarava compenetrado e se recompunha rapidamente, ela
não se lembrava de mais nada ocorrido na sala de Edward com o ex. Somente tinha consciência
“dele”. Magnífico á abotoar os dois últimos botões de sua camisa. Depois de arrumá-la dentro da
calça, igualmente abotoou-a e afivelou o cinto. Magicamente era como se nada tivesse acontecido.
Ainda aérea e arfante, a jovem se olhou no espelho. Seu rosto era a prova viva que haviam “sim”
feito amor em um elevador em movimento e que, mesmo que pouco provavelmente, correram o
risco de terem sido flagrados em qualquer dos andares por algum desavisado que apertasse o botão.
Um calafrio cruzou sua coluna ao imaginar que mais alguém pudesse ter visto a mesma cena que
eles compartilharam através do espelho. Ineditamente o sentimento que a dominou não foi
constrangimento e sim expectativa. O que estava acontecendo com ela?
Ainda cismava com seu pensamento inusitado quando sentiu que o elevador perdia a velocidade.
Edward se aproximou e a abraçou acariciando seu rosto.
– Depois lhe digo o quanto o que acabamos de fazer me deixou feliz. – disse deslizando os dedos
por sua bochecha. – Por ora preciso arrumar um álibi para seu rosto culpado.
Então a beijou novamente. Dessa vez o beijo era manso, mas ainda assim perturbador. Edward a
enlaçou pela cintura com uma das mãos enquanto que com a outra segurou sua nuca. Se suas pernas
não tinham firmeza antes agora é que seria impossível caminhar para fora daquele elevador.
Contudo, teria que achar forças e equilíbrio. Quando o namorado a soltou as portas já se
encontravam abertas e duas ou três pessoas os assistiam; ela não ousou contar.
Com a expressão séria, Edward a conduziu para o hall e depois para a ante-sala de seu escritório.
Bella sequer olhou para os lados, voltando ao seu estado normal de constrangimento. Agradecia aos
céus por ele não soltá-la; não sabia ser capaz de andar por si só visto que ainda tremia. Porém, seu
suporte foi tirado quando entraram na ante-sala e se depararam com Esme Howden. Provavelmente
era ela a mulher que esperava por Edward para a tal reunião. O namorado a deixou onde estava e se
adiantou para cumprimentar a visitante. Estendeu a mão para ela, que se ergueu do sofá e a apertou.
– Boa tarde. O que faz aqui? – então em voz baixa, perguntou. – Pedi á Jasper que a levasse para a
sala de reuniões.
Então ela olhou para Alice inquiridoramente. A secretária encarou-o ansiosamente, porém deu de
ombros.
– Ela pediu para esperar.
– Sim Edward... Queria vê-lo antes de nossa reunião. – olhou para Bella e completou. – Não pensei
que estivesse ocupado. Boa tarde Srta. Swan.
– Olá Sra. Howden. – disse em voz alta enquanto sua cabeça gritava.
“Edward”?!... “O que havia acontecido com as formalidades em ambientes de trabalho?”
Bella viu o namorado olhar de uma á outra, então se voltar para a mulher e dizer.
– Acredito que tudo que temos para conversar possa ser dito na sala de reuniões. – lhe sorrindo,
ofereceu. – Alice vai levá-la até lá e providenciar-lhe água ou café. O que desejar. Em minutos
estarei com você Esme. Agora se me der licença...
“Esme”?!... “Definitivamente” o que havia acontecido com as formalidades em ambientes de
trabalho?
Dito isso Edward estendeu a mão para Bella, que a pegou com as sobrancelhas unidas. Ainda se
perguntava que tipo de assunto eles poderiam ter enquanto era guiada para o escritório do
namorado.
– Até segunda Srta. Swan. – disse Esme.
– Até Sra. Howden.
A jovem respondeu educadamente apesar de sua vontade ser fuzilá-la por encarar Edward daquela
maneira. Novamente Bella se desconhecia. O que estava acontecendo com ela?!... Quando se
tornara uma mulher possessiva? Resposta. Quando descobrira em sua cama o que era ter um
namorado como Edward. Não conseguia sequer imaginar que outra mulher pudesse desejar ter o
mesmo que ela tinha agora. Se a conversa em seu carro fosse depois da noite passada ela jamais
perguntaria se ele tinha alguma ex; amiga ou não. Não desejava saber. JAMAIS. Mesmo que ele
tenha dito que nunca houve outra importante, as “não importantes” existiram e sabe-se Deus até
quantos dias atrás.
– O que houve Isabella?
A pergunta a sobressaltou. Nem havia percebido que já se encontrava na sala do namorado. Edward
a encarava de forma estranha; com o cenho franzido.
– Não se sente bem? – então avançou e tocou seu rosto, preocupado. – Eu a machuquei?
– Não... – então, como jamais admitiria que estivesse mortalmente ferida de ciúmes, tentou sorrir. –
Estou muito bem na verdade. Você foi perfeito.
Dizendo isso se aproximou e o enlaçou pelo pescoço para beijá-lo. Edward aceitou o beijo, abraçou-
a pela cintura, porém não aprofundou ou estendeu o contato. Ao invés disso começou a depositar
pequenos beijos em sua boca. Bella sabia que aquela era a deixa para afastar-se. Novamente a ferida
nova e incomoda sangrou.
– Isabella... – ele começou a dizer segurando a lateral de seu rosto. – Estou adorando que esteja
aqui, mas a manhã foi tensa e agora não poderei mais lhe dar atenção. Esqueci-me completamente
que tinha essa reunião com Esme.
Alheio ao ciúme recém adquirido da namorada, Edward prosseguiu.
– Acredito que o melhor seja ir para seu apartamento. Vou pedir para Alice levá-la.
O que poderia fazer? Ser a namorada possessiva e insegura que questiona o motivo de estar sendo
dispensada ou a natureza e o assunto de sua reunião com uma viúva atraente onde os dois
envolvidos eram tão íntimos que se tratavam pelo primeiro nome? Poderia estar sentindo novos e
perturbadores sentimentos, mas ainda era a mesma Bella. Com um suspiro resignado disse.
– Está bem... Preciso mesmo ir para casa. Mas não incomode Alice, eu vou sozinha e...
– Absolutamente! – ele a interrompeu firmemente. – Você veio com ela, não veio? Além do mais,
passou por momentos tensos, não confio que ande sozinha. Alice pode levá-la até seu apartamento.
– ainda acariciando seu rosto, perguntou. – Alguma chance de você não ir para Little Italy hoje?
Bella apenas maneou a cabeça negativamente, ele continuou.
– Sabia, mas não custava tentar. – então lhe sorriu. – Como vou buscá-la depois, Alice pode levá-la
para o restaurante também.
– Ah... Isso já é abuso! – exclamou juntando as sobrancelhas. – Alice não é minha motorista
particular.
O sorriso desapareceu dos lábios do namorado enquanto ele dizia seriamente.
– Mas é minha secretária e faz o que eu mando. – Bella abriu a boca para protestar, porém Edward
não lhe deu chance. Assumindo um tom conciliador, pediu. – Não discuta Isabella, por favor. Tenho
assuntos importantes a tratar e não gostaria de ficar preocupado imaginando se chegou ou não em
seu apartamento ou em seu serviço em segurança. Tenho certeza que Alice adorará a tarde livre.
Novamente, o que fazer? Obedecer-lhe.
– Está bem...
Edward sorriu novamente, dessa vez, verdadeiramente satisfeito.
– Está vendo como não custa nada deixar-me cuidar de você?
Após mais um beijo leve, Edward se afastou para chamar por Alice. Depois de “avisá-la” que seria
a ama seca da namorada nas próximas três horas e meia, foi pegar a bolsa e o casaco da jovem que
haviam sido tirados do chão e agora estavam sobre o sofá. Bella não perdia nenhum movimento do
corpo perfeito e altivo.
Talvez por causa do ciúme, talvez por não querer se distanciar, não saberia dizer. Mas fosse como
fosse vê-lo pacientemente cuidar de sua partida e suas palavras anteriores despertaram seu mau
gênio. Não queria ser “cuidada”; não era criança para precisar de babás. Sua vontade era dizer-lhe
exatamente isso, contudo aquela não era a hora de ser mal criada. Com mulher ou não a esperá-lo,
ele tinha um compromisso – que ela esperava que fosse de trabalho – e Bella não iria atrapalhá-lo.
Sem bater, Alice abriu a porta e a esperou. Bella não pôde deixar de reparar que seu semblante
estava preocupado.
– A Sra. Howden já está lhe esperando. – disse para Edward, então olhou para a amiga. – Está
pronta?
– Sim, ela está. – o namorado respondeu por ela entregando-lhe seus pertences. Assim que ela os
pegou ele a segurou novamente pelo rosto.
– Na hora de sempre irei buscá-la. – então a prendeu pelo olhar e recomendou. – Não obedeça á
ninguém que diga para sair do restaurante. Saia somente quando me vir... Promete!
Sem entender nada daquele pedido estranho, ela disse.
– Prometo.
– Ótimo... – ele a beijou sem se importar com Alice parada á porta.
Quando Bella começava a ficar sem ar, ele a soltou e disse de forma intensa.
– Até á noite Isabella.
– Até a noite Edward...
Bom... Aquela era a despedida e sua babá a esperava. Não poderia estender mais sua visita, então
vestiu seu casaco, arrumou a bolsa sobre o ombro e se dirigiu para a porta. Sequer olhou para trás,
pois acreditava que suas pernas simplesmente se recusariam em deixá-lo. Estava ficando
dependente de Edward. Nada bom. Sempre apreciou sua liberdade, mesmo quando estava com Paul.
Paul.
Ouvir a porta se fechando atrás de si a despertou do transe que era estar diante de Edward então
Bella se lembrou. Teria três horas e meia para não fazer nada, visto que nem ao menos tinha animo
para escrever. Se Alice ia ficar com ela todo esse tempo as duas poderiam aproveitá-lo de alguma
forma. Sem que Alice esperasse, Bella pegou em seu braço e a puxou. A princípio imaginou que não
fosse movê-la do lugar visto que ao seu toque a amiga empacou por um breve segundo como uma
mula. Porém a resistência não durou mais que isso, um segundo. Deixando-se arrastar, Alice
perguntou juntando as sobrancelhas.
– Por que a pressa?
Olhando furtivamente para a porta de Edward e, como se acreditasse que ele seria capaz de ouvi-la,
ela disse.
– Preciso de um banho e descansar um pouco... – nisso chegaram ao elevador que minutos antes ela
e Edward se amaram breve, porém intensamente.
Afastando a lembrança para não fraquejar em colocar seu pensamento em prática, concluiu.
– Mas antes preciso ver um amigo.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bommmmm... O que acharam?... Alguém aí duvidou que Bella fosse fazer exatamente
isso?...
Por favor, sabedoras ou não de como ela se comportaria, tenham em mente que tudo que
acontece na fic é necessário... Não infartem ou xinguem a autora (tá Ivis e Robpattz...
rsrs)

Ahhhhh... Please... comentem... tá, até deixo xingarem a autora... mas comentem... :D

Agora vamos ao spoiler:


Bella apenas se virou e puxou Alice pelo braço, sentindo-se uma idiota. Em que estava
pensando para vir ali afinal?... Começava a acreditar que sequer pensava; idiota.
– Satisfeita agora? – perguntou Alice.
– Já estamos indo embora, não estamos?... – Bella retrucou aborrecida consigo mesma. –
Já percebi a estupidez em vir aqui. Não precisa salientar o fato. Acabo de perceber que
nem sempre o que achamos que é certo seja mesmo o certo á ser feito...
– Se realmente entendeu isso, acredito que tenha valido a pena arriscar ver o
aborrecimento que causará á Edward. – respondeu impassível. – Deveríamos ter
argumentado com ele antes de vir aqui.
– Você sabe que não adiantaria. – disse acelerando os passos para sair daquele hospital o
mais rápido possível; os saltos de suas botas ecoando no corredor silencioso. – E não foi
nada que eu tivesse premeditado, apenas senti o impulso e o segui. De toda forma não
iria querer piorar ainda mais essa inimizade que se instalou entre Edward e Paul. Pensei
que tivesse entendido meus motivos, afinal me trouxe aqui.
– Trouxe-a apenas por amizade e por saber o quanto ficou aflita essa manhã, mas não
acho que você deva nada ao seu ex. Assim como sei que não há nada que você possa
fazer para não piorar a “inimizade” entre os dois.
– Sei disso agora. – disse em tom de lamento.
– Espero que não tenha sido tarde demais. – Alice disse enigmática.

(Cap. 33) Capítulo 4 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia meus amores... :D Primeiro quero agrader os comments e as indicações...
Vcs são demais... :) Aí está, mais um capítulo pra vcs... A hora da verdade está cada vez
mais próxima... Espero que gostem... BOA LEITURA!...

Seguiam pelo corredor do Belleveu Hospital Center, na ala de traumatologia. Alice havia tentado de
todas as maneiras fazê-la desistir para que não fosse adiante com sua súbita idéia, sem sucesso.
Como havia argumentado com a amiga, sabia que Edward não aprovaria, mas aquilo era algo que
ela precisava fazer. E não era como se estivesse indo “atrás” de Paul. Queria apenas se certificar que
ele ficaria bem; que o som de ossos sendo quebrados em sua cabeça, não era a prova de que a
fratura fora grave.
Sua preocupação não significava que havia voltado atrás em suas resoluções. Ainda não
mencionaria o nome de Paul diante do namorado e nunca mais insistiria em uma amizade que se
mostrou sem fundamento. Porém, isso não anulava o fato do quão desagradável fora ver o desfecho
da cena hormonal e irracional entre os dois. Se o estopim de toda aquela confusão era ela, tinha o
dever de certificar-se que os dois ficariam bem.
O namorado ela tinha plena certeza que estava muito bem e talvez, àquela altura, nem se lembrasse
do ocorrido; o que era o certo a se fazer. Então, tão logo tivesse a certeza do que havia acontecido á
mão de Paul e que ele ficaria bem, ela faria como Edward e esqueceria o episódio lamentável. Por
isso não desistira diante da insistência da amiga.
Como Alice nada pôde fazer para demovê-la. Somente lhe restou descobrir através de Jasper para
onde James o havia levado. E agora estavam ali. A princípio imaginou uma visita breve. Contudo
chegou á conclusão que bastava ter informações. Também não achava que estivesse cometendo uma
falta, pois não pretendia esconder nada do namorado. Confiava na amiga e em sua descrição apenas
para que ela própria contasse o que fizera.
– Bella quando Edward souber que a trouxe até aqui será capaz de matar-me.
A jovem olhou em sua direção e juntou as sobrancelhas.
– Não seja exagerada Alice. Edward não seria capaz de matar ninguém...
Apesar de ver-lhe a expressão colérica naquela manhã, Bella não acreditava que o namorado
chegasse ao extremo da violência. Edward era advogado criminalista, não um criminoso acéfalo.
Quando lhe explicasse aquele último gesto de atenção, ele a entenderia. Sim, entenderia. Por via das
duvidas, relembrou como que para si mesma.
– Já disse que não vou demorar e tão logo veja Edward explico-lhe meus motivos. Além do mais,
não terei contato com Paul. À uma hora dessas, sei que ele nem está mais aqui, por isso vim. Sabe
disso.
Dando de ombros, Alice retrucou profética.
– E de toda forma, o que está feito, está feito.
Bella sorriu diante da expressão da amiga. Contudo não foi um sorriso divertido e sim nervoso.
Agora tinha consciência do quanto Edward desgostava de Paul; arriscaria dizer que odiava.
Evidente que não aprovaria e até brigasse com ela quando lhe contasse sobre sua ida ao hospital,
contudo, Bella sentia que devia essa última atenção ao ex. Era culpa dela que as coisas tivessem
chegado àquele ponto. Sim, Edward entenderia, disse á si mesma.
Afastando uma crescente inquietação, a jovem prestou atenção aonde ia, procurando o balcão
indicado. Encontrou o que procurava ao dobrar um corredor. Nesse ponto Alice parou e cruzou os
braços.
– Pode ir lá. – disse de mau humor. – Espero-a aqui.
Sem dizer nada, Bella seguiu até o balcão para falar com uma das duas recepcionistas. Seria breve,
dizia a si mesma. Perguntar, confirmar o pronto atendimento á Paul e sair. Estava prestes a cumprir
seu objetivo quando ouviu sua voz vinda de uma sala próxima. Seu sangue congelou nas veias.
Como ele poderia ainda estar ali? Não importava!... Encontrá-lo não estava mais em seus planos,
então o pensamento imediato foi sair dali o mais rápido possível para evitar o encontro, porém Paul
já se encontrava cruzando o batente da porta.
Paralisada com o choque, subitamente consciente que trocar palavras com ele agravaria os detalhes
de sua ida ao hospital quando contasse ao namorado, ela o viu aproximar-se com a expressão
carregada á analisar a tala cheia de fivelas que lhe imobilizava a mão. Naquele momento Bella
rezou aos céus para que ele se distraísse ao ponto de passar direto por ela, mas as coisas não seriam
assim tão fáceis, seriam? Evidente que não.
Ao erguer a cabeça, seu olhar focou primeiro á frente, para Alice que agora se aproximava pelo
amplo corredor. Então, estacando no lugar olhou em volta até seus olhos pousarem nela. Paul não
saiu do lugar. Permaneceu encarando-a com a expressão indecifrável por instantes. Bella cogitava ir
até ele para que a situação não ficasse mais constrangedora e patética do que já estava, quando ele
aproximou-se dela, parando á dois passos de distância. Tão logo ele parou, Bella disse sem rodeios.
– Vim apenas saber se havia sido atendido e qual fora a gravidade da fratura.
– A gravidade do que seu “novo” namorado fez? – ele era impassível. – O médico disse que tive três
de minhas falanges proximais quebradas. Quis saber como consegui essa façanha.
Bella nada disse. Imediatamente se lembrou de sua ameaça em processar Edward e se perguntou se
Paul levou a idéia adiante, se talvez tenha aproveitado seu atendimento para dar queixa contra
Edward. Bella não queria aquilo; não queria brigas nem mesmo diante de um juiz. Queria apenas
que todos seguissem com suas vidas em paz. A jovem sentiu Alice aproximar-se silenciosa, ás suas
costas, e permaneceu calada.
– E sabe o que eu disse? – Paul prosseguiu. – Nada. Como explicaria que um bastardo canalha havia
quebrado minha mão em punho com um único aperto?
Bella sabia muito bem que ele não precisaria explicar nada. Bastaria acusá-lo e pronto. Sim, ela
sabia, mas não foi a desculpa furada que chamou sua atenção. Sentindo o rosto ferver, assumiu um
tom seco e disse.
– Agradeceria que não se referisse á Edward dessa maneira. Ele pode ter sido violento, mas você o
atacou primeiro. Empurrou-me. Ele apenas se defendeu. Talvez se você não tivesse entrado onde
não foi convidado ou o provocado, nada disso tivesse acontecido.
Bella sustentava seu olhar agora; irritada pela ofensa dirigida á Edward. O namorado se mostrou
pouco civilizado “sim”, mas como havia ressaltado a culpa por estar machucado agora era em boa
parte dele mesmo que fora tão agressivo quanto Edward. Não havia inocentes naquela história.
A jovem reconhecia sua falha assim como já entendera e prontamente relevara a atitude de Edward.
Agora tudo que poderia esperar era que Paul não se fizesse de vítima e tivesse consciência de seu
erro. Porém, pelo olhar que ele lhe lançou, soube que não aconteceria.
– E você ainda o defende?... – admirou-se. – Ou pior... Acusa-me! “Eu” é que estava me
defendendo. Defendendo o que é meu!
– Defendendo o que “é” seu?! – Bella juntou as sobrancelhas. – Se está se referindo á mim, saiba
que não sou propriedade de ninguém.
– Era minha. – ele determinou sem alterar a voz. – E foi tirada á força! Como não vê?
Bella teve a impressão que Alice pigarreou ás suas costas, mas não teve certeza. Estava atônita com
o absurdo que ouvia. Ninguém a roubou; não era uma “coisa”. Evidente que não se esquecia das
indiretas que recebeu de Edward enquanto ainda era comprometida – algumas bem diretas – mas ele
nunca tomara nenhuma atitude canalha para tomá-la de Paul; simplesmente aconteceu.
Empertigando-se retrucou.
– Não vejo porque não há o que ver. Espero sinceramente que entenda isso e não repita a cena
lamentável de hoje. Em qualquer outro lugar. Você não tem direitos sobre mim. Insistir nesse
assunto seria apenas perda de tempo.
– O que Cullen fez com você?... Eu simplesmente a desconheço Bella! – foi sua resposta incrédula.
Isso ela poderia entender. De certa forma ela não era a mesma, mas não sentia que devesse explicar-
se. A voz de Alice a despertou da auto-análise.
– Pensei que havia dito que seria breve. – disse de mal humor.
– Cullen agora coloca lacaios á sua disposição?... De que século ele veio para achar que você
precisa de damas de companhia?
– De um século onde a boa educação, a amizade e o caráter de um homem valiam muita coisa. –
começou Alice. – Mas com certeza estou falando de coisas que você desconhece. Tentei dissuadir
Bella de vir justamente por isso. Sabia que alguém como você, que não respeita a vontade alheia,
dificilmente seria capaz de entender a preocupação que ela lhe dispensa. Desnecessariamente se
quer saber minha opinião.
– E ela é tão respondona quanto o patrão. – disse Paul ignorando suas palavras.
Bella suspirou pesadamente. Alice estava certa; aquela conversa nem ao menos deveria ter sido
iniciada.
– Bom... Agora já chega. Não sou eu a advogada. Não vim defender ou acusar ninguém e não
admito ser julgada. Não sou a dona da verdade, mas tento ser justa. E como já disse queria apenas
saber se estava bem. Não era minha intenção encontrá-lo justamente para evitar cenas inúteis como
essa.
– Pois então veja. – disse levantando o braço com a mão imobilizada. – Logo estarei recuperado e
com Cullen eu me entendo depois. Agora... O golpe que desferiu contra mim, dificilmente
cicatrizará. Acredito que nunca vá esquecer essa traição Bella.
Sem aviso ergueu a mão sã em direção ao rosto da jovem. Bella esquivou-se prontamente antes que
ele a tocasse; não queria aquilo. Após a noite passada e de tudo que aconteceu depois dela, sabia
que não suportaria aquele toque. Recolhendo a mão e baixando-a, Paul disse pesaroso.
– Sei que a culpa não é sua então... Quando a pegar de volta, talvez lhe perdoe.
Bella sentiu o estomago revirar. Acaso ele era louco ou surdo? Não importava.
– Por Favor, lembre-se de tudo que lhe disse ontem á noite e perdoe-me, pois não vou me repetir...
E já que acredita que sou um “objeto” que é tomado e recuperado, saiba que sou dele agora e você
não tem como mudar isso. Não confunda as coisas somente porque me encontrou aqui. E agora que
sei que está bem e foi medicado, nada mais temos á conversar. Boa tarde Paul.
Bella apenas se virou e puxou Alice pelo braço, sentindo-se uma idiota. Em que estava pensando
para vir ali afinal?... Começava a acreditar que sequer pensava; era mesmo uma idiota.
– Satisfeita agora? – perguntou Alice.
– Já estamos indo embora, não estamos?... – Bella retrucou aborrecida consigo mesma. – Já percebi
a estupidez em vir aqui. Não precisa salientar o fato. Acabo de perceber que nem sempre o que
achamos que é certo seja mesmo o certo á ser feito...
– Se realmente entendeu isso, acredito que tenha valido a pena arriscar ver o aborrecimento que
causará á Edward. – respondeu impassível. – Deveríamos ter argumentado com ele antes de vir
aqui.
– Você sabe que não adiantaria. – disse acelerando os passos para sair daquele hospital o mais
rápido possível; os saltos de suas botas ecoando no corredor silencioso. – E não foi nada que eu
tivesse premeditado, apenas senti o impulso e o segui. De toda forma não iria querer piorar ainda
mais essa inimizade que se instalou entre Edward e Paul. Pensei que tivesse entendido meus
motivos, afinal me trouxe aqui.
– Trouxe-a apenas por amizade e por saber o quanto ficou aflita essa manhã, mas não acho que você
deva nada ao seu ex. Assim como sei que não há nada que você possa fazer para não piorar a
“inimizade” entre os dois.
– Sei disso agora. – disse em tom de lamento.
– Espero que não tenha sido tarde demais. – Alice disse enigmática.
Enquanto andava apressadamente, Bella tentou decifrar a expressão rígida da amiga. Chegou á
única explicação lógica. Alice estava emburrada em consideração ao patrão e amigo. Era sua amiga
também, não se negou em trazê-la, mas de certa forma talvez ela sentisse como se estivessem
traindo a confiança de Edward.
De repente, também se sentiu uma traidora. Seu ato impensado resultou de alguma forma, em uma
centelha de esperança em Paul. Na tentativa de aliviar sua consciência para seguir em paz com
Edward, acabara por complicar ainda mais a situação. Sentindo uma leve postada em suas têmporas,
Bella controlou-se para não sair correndo como uma criança assustada quando a gravidade do que
havia acabado de fazer á atingiu como um raio.
Procurar informar-se sobre Paul não fora apenas estupidez, fora burrice. E agora teria que arcar com
as conseqüências. Pois, da mesma forma que não podia voltar atrás e explicar ao ex pela décima vez
que não houve traição para que assim ele se conformasse e os deixasse em paz, não poderia apagar
que esteve no hospital. E agora, com os pensamentos em redemoinho em sua cabeça, disse a si
mesma que devia parar de se enganar. Edward não a entenderia. Burra.
– Alice... Desculpe-me por ter insistido que me trouxesse aqui. – disse arrependida.
Alice olhou em sua direção e juntou as sobrancelhas.
– O que houve?
Alcançaram a saída do hospital e seguiram para o estacionamento.
– Você estava certa. Eu não devia ter vindo. Edward jamais me perdoará.
– Calma Bella. – pediu Alice, tocando seu ombro. – Também não é o fim do mundo. Vou levá-la
para seu apartamento, você descansa e tenta esquecer que esteve aqui.
– Obrigada, mas não é simples assim.
– Se acredita que será tão ruim, não precisa dizer nada á Edward. – Alice propôs.
– E correr o risco de Paul usar isso contra mim depois? Ou o que é pior... Tentar provocá-lo
novamente?... Não, obrigada!
Alice a fez parar segurando em seu braço e disse seriamente.
– Decida “agora” se vai guardar segredo que o resto eu resolvo.
Contudo Bella não lhe dava atenção; sabia que não havia nada que Alice pudesse fazer. Conhecia-
se; não esqueceria. Se guardasse segredo, como olharia para Edward agora que acreditava que traíra
sua confiança? Já havia todo o episodio ocorrido na noite anterior. Aquele não seria problema
ocultar visto que ainda não saberia explicar, mas agora... Agora que se sentia culpada remoeria a
falta até que ela lhe doesse a cabeça e revirasse seu estomago. Até que contasse á Edward e visse
com os próprios olhos a decepção que lhe causaria.
– Apenas vamos embora de uma vez, por favor. – pediu sentindo-se tonta.
Alice nada disse e seguiram em frente. Já acomodada no carro da amiga abriu a janela para receber
um pouco mais de ar, sentia-se sufocar.
– Bella, você está pálida.
– Bobagens do meu corpo. – respondeu recostando a cabeça no encosto do assento e fechando os
olhos. – Qualquer tensão me afeta o estomago. Logo ficarei bem, não se preocupe.
– Está bem. Se é o que diz. Vou levá-la para casa como deveria ter feito desde o começo.
Seguiram em silêncio até o apartamento de Bella. Assim que entraram, ela disse á amiga.
– Alice, importa-se que eu me deite um pouco?
– De forma alguma. Vou para meu apartamento. Descanse.
Assentindo com a cabeça Bella seguiu para o quarto, descalçou as botas e atirou-se em sua cama. A
cabeça da jovem protestava com as lembranças de Edward ali em seu quarto, á prensá-la contra o
guarda-roupa pedindo... Não!... “Ordenando” que não dissesse o nome do ex. Depois um Edward
colérico a segurar a mão de seu desafeto até quebrá-la. E então Edward a dizer que ela não
precisaria voltar caso fosse atrás dele.
Não fora atrás dele. Como isso seria humanamente possível? Nunca mais pensaria em Paul no
sentido que Edward pudesse sentir ciúme, não mesmo. Mas ela sabia que para o namorado essa
certeza ainda seria pouca. E ela poderia tirar-lhe a razão? Evidente que não. Ao descer pelo elevador
que havia se entregado intensamente á Edward, argumentando com Alice para que descobrisse em
qual hospital Paul havia sido atendido; ela o traiu. Assim como traiu sua confiança ao falar com
Paul. Assim como traiu seu amor acendendo aquele fio de esperança no ex.
Bella suspirou pesadamente e apertou as laterais da cabeça que doía fortemente. Por que não
percebeu tudo isso antes? De que adiantou procurar a paz para sua consciência se o gesto passou á
massacrar seu coração? Por que, ela se perguntava á massagear ás têmporas, não viu “antes” que o
desejo de Edward era o único que contava? Antes de dormir, disse á si mesma, que não o merecia.
Assim que a porta se fechou atrás de Isabella e Alice, Edward foi servir-se de uísque. Sentia-se
tenso. Não esperava por aquele encontro com sua futura sócia. Não queria seu nome relacionado ao
de Esme Howden; não para a namorada. Da forma que era obstinada poderia acreditar que ele
estava interferindo em sua vida e não aceitar o emprego. Certo, ele estava interferindo, mas não era
preciso que Isabella soubesse desse fato. Precisava ganhar sua confiança, não deixá-la arredia.
Precisava deixá-la calma, totalmente ligada á ele para revelar-se. Não poderia correr o risco de seu
pensamento se mostrar verdadeiro; ela tinha que aceitá-lo. Edward deu um gole em seu uísque e
passou a mão pelos cabelos, impaciente. Queria-a calma, mas que tudo corria ao contrário. Não
dispunha de tempo e para piorar, naquele dia, tudo parecia conspirar contra ele. Não tudo na
verdade.
Um sorriso malicioso se desenhou em seu rosto e o conhecido calafrio percorreu sua coluna ao se
lembrar da imagem de Isabella refletida no espelho de seu elevador. Maravilhosa!... Edward passou
a mão livre pelos cabelos e tomou um gole de seu uísque. Se desejava manter o resto de juízo,
deveria pedir para a namorada não usar tão cedo meias pretas que terminavam em renda no alto da
coxa. Novamente a imagem; novo calafrio. Apesar da pressa tudo fora perfeito. O vestido macio, as
meias – indecentemente – torturantes, as botas pretas de salto fino. Tudo contrastando com a pele
alva de Isabella. Ele a segurá-la pelas nádegas e a mover-se dentro dela.
Duas batidas á porta o trouxeram de volta da lembrança, salvando-o da excitação que o faria se
arrepender por ter mandado sua bruxa embora. Contrafeito disse a si mesmo que tinha que ser
assim. Ultimamente Isabella o enchia de pudores e não se sentiria confortável assinando um
contrato que assegurava o início de seu destino profissional com ela na sala ao lado. Além do mais
sabia que havia a assustado pela manhã no episodio com o rábula e mesmo que tivessem
conversado e se amado um pouco de descanso não lhe faria mal, ainda mais que a noite eles teriam
um assunto no mínimo perturbador para tratar. O melhor seria é que ela estivesse descansada para
ouvir e entender.
Segundos após as batidas, como Edward não respondesse, Jasper entrou.
– Sei que não lhe interessa saber, mas James chegou do Belleveu á pouco mais de uma hora. Eu não
pedi por detalhes, mas...
– Realmente não me interessa. – disse secamente.
Jasper continuou como se ele não tivesse dito nada.
. – ... acredito que á essa hora ele já deva estar em seu apartamento. – Edward não lhe deu atenção,
então, indo prostra-se em frente á sua mesa, cruzou os braços e prosseguiu. – Então comprou um
jornal?
– Parte dele. – Edward respondeu terminando de virar sua bebida na boca.
– Cansou de advocacia agora que agride seus funcionários.
– Ah não... – exclamou impaciente. – Não vai recriminar-me pelo que fiz ao... Paul.
– Não... – disse, agora, igualmente irritado. – Vou recriminá-lo por ter sido aqui. Isso não se trata
apenas do que sente pelo humano, se trata de mantermos nosso segredo. Como seria se perdesse o
controle de verdade? Por Deus Edward, havia humanos á porta vendo seu destempero.
Edward olhou para o amigo odiando-se por saber que ele tinha razão, mais uma vez. E tentou
imaginar como o amigo reagiria se soubesse que ele seria capaz de muito mais caso fosse
provocado e levado ao limite máximo de seu ódio. Ainda não haviam tido aquela conversa para lhe
contar como quebrara uma janela apenas pela força de seu pensamento; ou pelo descontrole do
mesmo – ainda não sabia ao certo como lidar com aquela nova força. Suspirando e tentando atenuar
algo que sabia ter sido grave para a manutenção de seu segredo, disse dando de ombros.
– Não se preocupe com isso. Tudo não passou de uma cena de ciúme. Qual é o assunto pelos
corredores? O patrão cretino roubou a namorada do funcionário imprestável? Isso deve acontecer
todo o tempo nessa cidade; no mundo. Não fui o primeiro nem serei o último. Relaxe.
Jasper suspirou exasperado.
– Se fosse “só” isso não me preocuparia. Como já disse, Paul foi socorrido e passa bem, obrigado.
O problema é que ao “patrão cretino” estão acrescentando a força incomum que o torna capaz de
quebrar ossos apenas com um simples aperto. Edward... “Não podemos nos expor”. Você sabe disso
e sempre nos recomendou para sermos discretos.
– Está bem, está bem... O que quer que eu faça? Peça desculpas á eles? Não o farei porque não
muda o que fiz... Quer que eu prometa á você que vou me controlar? Até prometo, mas não darei
minha palavra de honra, pois sei que não serei capaz de cumprir... Aquele humano realmente me tira
do sério, Jasper. Hoje ele esgotou toda minha paciência. Se também preza por sua integridade, reze
para que eu nunca o encontre sozinho, sem uma única testemunha, pois nesse dia ele morre. E eu
acabo com ele de um jeito que não sobrarão nem cinzas para a família ou Isabella terem a brilhante
idéia de poluírem o Hudson.
– Acalme-se Edward. – pediu. Sabe muito bem que minha defesa nada tem á ver com qualquer
apreço ao humano. Somente não quero que sua atitude nos traga problemas e acho que sempre
deixei isso claro.
– Sei disso. – disse Edward controlando-se. O amigo prosseguiu.
– E não quero que se desculpe com ninguém; isso nem teria cabimento. Assim como também não
precisa me prometer nada, pois não vou mais interferir ou interceder por ele. Apenas tente se
controlar “aqui”. Estou cansado de dar-lhe lições de moral, não tenho nem idade para ser seu pai,
droga.
Edward reprimiu o riso diante da expressão exasperada do amigo. Entendia sua preocupação, afinal,
sempre a compartilharam. Só não contava que em sua vida fosse surgir um humano capaz a
aborrecê-lo ao extremo. Sabia que não estava livre do rábula, ainda mais agora. Contudo,
sinceramente não desejava se ocupar dele pelo resto do dia. Na verdade, não se ocuparia dele até
que fosse preciso olhar para sua “cara” nojenta mais uma vez. Tinha assuntos muito mais
importantes e interessantes á tratar.
E resolvido a agir assim, olhou para Jasper que ainda estava de braços cruzados; ainda com o rosto
sério, talvez cismando que não tinha idade suficiente para ser seu pai mesmo que em sua vida
coubessem cinco ou seis gerações. Ao pensamento Edward riu abertamente.
. – Qual é a graça? – perguntou Jasper de cenho franzido, talvez estranhando sua súbita mudança de
humor.
Edward riu ainda mais e, contornando a mesa, se postou ao seu lado. Ignorando sua pergunta, disse
controlando o riso.
– Não é meu pai e sim meu irmão. E por escolha minha. – dito isso, dando tapas amistosos no
ombro do amigo, concluiu. – E pode dar-me lições de moral sempre que achar necessário. Nem
sempre vou ouvi-las, mas... Não vá entalar-se com elas. Ouvi dizer que dão úlcera.
Aceitando a provocação e rindo, Jasper disse afastando a mão de seu ombro.
– Vá ao inferno Cullen!
Apesar de acompanhar o riso, Edward disse seriamente se dirigindo á porta.
– Seria como voltar para casa, meu amigo. Mas enquanto puder evitar vou ficando por aqui mesmo.
Agora se me der licença, tenho uma reunião e minha futura sócia já esperou tempo demais.
Recuperado Jasper pediu.
– Posso ir junto? Quero entender essa sua nova aquisição.
– Evidente... – disse segurando a porta. – Venha.
Os dois se dirigiram á sala de reuniões. Esme se encontrava sentada ao lado de um de seus
advogados; o mesmo que prestava assistência jurídica para o jornal há dois anos. A pasta contendo o
contrato á sua frente. Assim que entrou ela o olhou acusadoramente.
– Não é educado deixar uma dama esperando.
Sorrindo e reprimindo o impulso de dizer que justamente por saber daquilo que foi despedir-se de
“sua” dama para que não o esperasse, foi até ela e segurou-lhe a mão galantemente.
– Perdoe-me essa falta irreparável. – teatralmente beijou-lhe a mão e disse erguendo o olhar para
seu rosto. – O que poderia fazer para reparar tamanha grosseria?
Edward ouviu-lhe o coração bater acelerado. Todas iguais. Com voz incerta ela respondeu.
– Até o final da reunião eu penso em algo.
– Feito. – então foi sentar-se á cabeceira da mesa. Indicando a pasta, comentou. – Já leu o contrato?
– Estou terminando.
Dito isso voltou sua atenção aos papéis á sua frente. Jasper que havia sentado ao lado de Edward
cochichou.
– Por que está fazendo isso?
– Por Isabella é claro. – respondeu igualmente baixo. – Quero garantir-lhe o futuro.
Jasper o olhou de cenho franzido e perguntou ainda mais baixo.
– Não vai transformá-la?
– Evidente que sim... Assim que tiver a chance, mas até lá ela precisa ocupar-se. Não a quero mais
naquele restaurante. – Edward sorriu á um pensamento. – E depois de transformada ela pode seguir
com a carreira, assim como nós.
– Bom... Você pode estar com a razão. – então o olhou rapidamente e disse. – Ouvi sua conversa
com Alice hoje pela manhã. Vai revelar-se esta noite?
– Sim... Depois que a pegar em Little Italy vou trazê-la para cá e contar-lhe. Deseje-me sorte.
– Acredite. – disse o amigo sério. – Sorte não conta muito nessas horas. Os dados foram lançados,
Edward. Você fez suas jogadas e apostas. Espero que elas tenham surtido efeito e que a jovem
verdadeiramente o ame. Só assim para aceitar o que somos; aceitá-lo como é.
Jasper dizia a verdade, mas Edward sentiu-se incomodado com as palavras. Ele próprio começara
com as comparações, mas agora não gostava de tratar o sentimento que tinha por Isabella como a
um jogo. Assim como em parte arrependia-se por ter “jogado” com ela. Sentia que, quando
chegasse a hora da verdade, talvez seus atos impulsivos e impensados, depusessem ainda mais
contra ele. Tentando acreditar nas próprias palavras, disse.
– Isabella me ama. Quando souber a verdade vai aceitar-me.
Jasper apenas sorriu-lhe encorajando-o. Não teve tempo de retrucar, pois Esme dizia.
– Para mim está tudo correto. Assino agora se desejar.
Edward voltou sua atenção para ela e sorriu.
– Ótimo...
Edward tinha conhecimento dos termos do contrato. Como havia ficado acordado entre eles,
Edward seria o dono da maior parte do jornal, mas Esme teria total liberdade para conduzi-lo como
bem lhe aprouvesse. Não lhe mentira. Não tinha nenhum interesse em jornalismo. Somente em
Isabella.
Depois que o advogado que a acompanhava lhe deu sinal verde, Esme assinou o contrato. Edwards
seguiu-lhe o exemplo. Depois de todos os processos burocráticos, Edward se ergueu e estendeu a
mão para a nova sócia. Esme Howden o imitou e, de pé, segurou-lhe a mão.
– É um prazer tê-la como sócia.
– Já lhe disse que o prazer é todo meu...
Ao comentário, Jasper ergueu-se e, revirando os olhos, disse.
– Tenho assuntos a tratar na minha sala, se me dão licença. Sra. Howden. – disse e cumprimentou
com a cabeça. – Tenha uma boa tarde.
Então se foi. Edward desvencilhou-se da mão de Esme e fez sinal para que ela sentasse novamente.
– Mais uma falta minha. – disse Edward com tom pesaroso. – Deveria ter providenciado champanhe
para comemorarmos.
Esme sorriu levemente.
– Não costumo beber tão cedo. Vamos fazer de conta que brindamos e pronto.
– Então está bem. – Edward a analisou, recostando-se em sua cadeira. – Disse que desejava ver-me
antes da reunião...
– Sim... – ela disse colocando as mãos sobre a mesa. – Na verdade não era nada demais. Queria
apenas agradecer-lhe pelo que está fazendo pelo jornal.
– Não precisa agradecer-me por isso.
A Sra. Howden ergueu os olhos receosa.
– Entendo que não é pelo bem da notícia que está fazendo isso, mas ainda assim lhe sou grata. Não
gostaria de perder o que meu pai construiu.
– Imagino que não. – enquanto falavam o advogado de Esme despediu-se e saiu da sala.
Edward desejava fazer o mesmo, procurava desculpas para abreviar o termino da reunião, quando
Esme pediu.
– Gostaria de saber uma coisa. – ele olhou em sua direção erguendo uma sobrancelha e ela
completou. – Se eu não estiver sendo invasiva.
Adivinhando o que viria, Edward permaneceu imóvel e disse.
– Exponha sua curiosidade que eu determino se é invasão ou não.
– Antes de qualquer coisa quero que saiba que sou uma romântica incorrigível. Meu marido se
mostrou irresponsável, estive á beira de perder o que tenho, mas não deixei de amá-lo ou sinto
menos sua falta por causa de sua falha.
– Entendo. Então... – Edward disse incentivando-a.
Esme olhou para as próprias mãos, como se criasse coragem para prosseguir ou estivesse perdida
em lembranças. O advogado não saberia dizer, tudo que lhe restava era esperar que dissesse alguma
coisa. De repente, como se a tal coragem chegasse, ela falou de um fôlego só.
– Não pude deixar de reparar em sua proximidade á Isabella Swan e constatar o óbvio; por mais que
você tenha dito o contrário, desde que foi á minha sala no “Today” ficou claro que ela é mais que
uma “amiga”.
– Evidente. E o que tem isso?
– Nada demais. – ela apressou-se em dizer. – Apenas... Gostaria de saber qual a real importância
dela.
– “Agora” eu não entendi. – disse analisando-a. – Seja clara?
– Bom... – Edward ouviu o coração bater aceleradamente. – Sei que comprou parte de meu jornal
por ela... E aí entra meu lado romântico. Achei poético que o trabalho de meu pai tenha sido salvo
por... Amor.
Esme disse em duvida, em tom de pergunta como se experimentasse a palavra. Edward não via
motivos para esconder o que sentia então apenas assentiu com a cabeça; ela sorriu e prosseguiu.
– Como disse... Gosto disso. Mas, profissionalmente falando, gostaria de saber qual a importância
de sua... “Namorada”...
Novamente ela experimentava a palavra. Edward teria rido de sua expressão caso não tivesse,
finalmente, seguido sua linha de raciocínio. Ainda imóvel, assegurou impassível.
– Garanto-lhe que nunca fui á favor de nepotismo. – Edward a viu engasgar, mas concluiu como se
não houvesse reparado. – Isabella é minha namorada, aprecio seu trabalho, mas está começando
agora. Mesmo sendo competente no que faz não tem experiência para ocupar cargos de comando ou
administrativos. Se essa era sua curiosidade, fique tranquila. Não espero qualquer favoritismo de
sua parte. Dê á Isabella tão somente o valor que ela merece.
Pigarreando, Esme começou a dizer.
– Edward eu não... Eu jamais pensaria isso...
O advogado lhe sorriu com o canto da boca.
– Evidente que não... Mil perdões. – pediu inclinando a cabeça. Então a encarando disse. –
Considere o comentário uma precipitação de minha parte. Contudo, veja pelo lado bom... Agora
você sabe como lidar com minha Isabella.
Esme lhe sorriu embaraçada.
– Sim, agora eu sei... E como lhe disse antes. Não estou lhe fazendo nenhum favor. Ela é realmente
boa no que faz e foi uma ótima aquisição para o jornal.
– Fico feliz em ouvir isso. – então se lembrando de algo, pediu. – Também espero que se lembre o
que “eu” lhe disse em sua sala. Ela não precisa saber que de certa forma trabalha para mim.
– Não precisava lembrar-me. Não cometerei tal indiscrição.
– Obrigado! – pondo-se de pé, Edward perguntou. – Então... Pensou em algo para que eu possa
reparar minha falta de atenção em deixá-la esperando?
Esme ergueu-se e lhe sorriu sinceramente.
– Estava apenas brincando... – então lhe piscou. – Esqueceu que sou romântica? Imagino que sua
demora tenha sido por estar se despedindo de sua namorada. Faltas cometidas por amor são
totalmente perdoáveis, não acha sócio? – disse estendendo-lhe a mão para mais um aperto.
Esme não teria como saber, mas Edward fez um pedido íntimo para que ela estivesse certa. Sem lhe
sorrir, apertando-lhe a mão novamente.
– Ultimamente tento acreditar que sim.
Bella despertou com a cabeça doendo; o corpo moído. Sensações incômodas, porém contraditórias.
A dor no corpo lhe traria um sorrio ao rosto visto que provavelmente eram provocadas pelos
momentos intensos com o namorado; contudo não poderia sorrir. Não estando com a cabeça a doer
por se sentir culpada. Era complicado arrepender-se pelas atitudes que tomava, ainda mais quando
acreditava ter feito o certo. Porém estava irremediavelmente arrependida por ter ido até aquele
maldito hospital.
Sabia que Edward não gostaria nada quando soubesse. Antes de se render ao sono, cogitou fazer
como Alice havia dito e não lhe contar. Porém sentiu-se uma hipócrita por pensar em enganar o
namorado horas depois de afirmar não suportar mentiras. Só havia uma maneira de aliviar a
consciência, seria contar á Edward o que havia feito, mas a alternativa não era agradável. Não
queria indispor-se com ele. Não agora que estavam se entendendo tão bem. Bom... Teria que ser
feito de toda maneira. Não havia escapatória para a própria consciência.
Suspirando, levantou-se e seguiu para o banheiro. Despiu-se das roupas cuidadosamente escolhidas
para Edward e entrou sob o jato d’água. Deixou que ele atingisse sua cabeça na tentativa de aliviar-
lhe a dor. Após alguns minutos se rendeu ao óbvio. Água não resolveria. Somente um analgésico e a
verdade. Impaciente terminou o banho e, depois de secar-se, dirigiu-se ao quarto. Ao passar pela
porta viu que Alice já se encontrava em sua sala.
– Sabe que não precisa levar-me. – disse de seu quarto. – Posso ir sozinha sem problemas.
– Não tenho nada para fazer... – Alice respondeu séria. – E Edward foi claro quanto a deixá-la no
restaurante. Já tivemos nossa cota de rebeldia por hoje, não acha?
Mais uma vez a cabeça protestou.
– Acredito que sim...
Sem dizer mais nada, arrumou-se sem animo algum. Depois de vestir suas peças intimas, escolheu
uma calça jeans de lavagem escura, e como as noites começavam a esfriarem e ela não se sentia
“afogueada” como na tarde passada, escolheu um casaco de lãzinha. Ele combinava com o lenço
que teria que usar ao que tudo indicava, visto que Edward havia piorado o roxo em seu pescoço, por
muito tempo. Seu rosto ardeu á lembrança.
Se não tivessem sido flagrados, provavelmente ela teria mais marcas e o corpo ainda mais dolorido.
Toda culpa e a dor incômoda em sua cabeça, não foi suficiente para refrear sua excitação.
Definitivamente, viveria em estado de ebulição por causa do namorado. Novamente suspirou. Um
namorado perfeito e atencioso que ela enganava pelas costas. Com um gemido de agonia, foi
escovar os cabelos com força. O gesto piorava a dor, mas ela não se importou. Merecia.
Depois de calçada, procurou pelo remédio, engoliu duas aspirinas e foi juntar-se á Alice. Encontrou
a amiga pensativa, sentada em seu sofá.
– Estou pronta.
Alice piscou em sua direção, então, focando-a perguntou.
– Não vai comer nada?
– Estou sem fome. – disse de mal humor. – Mais tarde como alguma coisa no restaurante.
– Então vamos. – disse erguendo-se e rumando para a porta.
Bella não saberia dizer o motivo, mas a expressão da amiga estava realmente carregada. Como se
algo de grave estivesse acontecendo. Não era natural Alice permanecer calada, ainda mais durante
trajetos de carro. De repente a jovem se deu conta que a amiga estava quieta e pensativa desde que
saíram do NY Offices, fazendo-a suspeitar que o motivo talvez fosse ela. Olhando as próprias mãos
sobre o colo, comentou.
– Alice, você está estranha desde que fomos para o hospital. Ainda é por causa de minha “rebeldia”?
– Não. – respondeu simplesmente.
– Quer me contar?
– Não é nada que valha á pena dividir. São assuntos do escritório
– Sabe que pode confiar em mim, não sabe?
– Sei Bella, mas como disse, são assuntos do escritório.
– Está bem... – então olhando em sua direção, disse. – Edward não devia pedir que você se ocupasse
comigo quando tem coisas importantes á resolver.
– Não é incomodo algum e... – Alice a olhou de esguelha por um segundo antes de voltar sua
atenção ao transito. – Sua segurança “é” importante.
Bella remexeu-se no assento.
– Ás vezes eu acho essa proteção exagerada. Não quero parecer mal agradecida por preocuparem-se
comigo, mas não sou criança. Sempre andei sozinha e graças á Deus nunca nada de ruim aconteceu;
nunca fui sequer assaltada.
– Fico feliz por você, contudo não acho que seja bom esse excesso de confiança. Por mais que nada
de ruim tenha acontecido, não significa que nunca acontecerá.
Bella sentiu um calafrio correr-lhe a espinha. Como um mau pressentimento, ainda assim retrucou.
– Sei disso. Mas não posso preocupar-me com coisas que desconheço. Se algo de ruim tiver que
acontecer comigo, acontecerá. Até mesmo se um de vocês estiver comigo. Somos apenas humanos e
estamos todos sujeitos aos perigos dessa cidade.
Um sorriso se desenhou nos lábios de Alice e Bella perguntou-se o que poderia ter dito de
engraçado. Ainda sorrindo a amiga, disse.
– Tem razão; somos apenas humanos. Mas não custa nada tomarmos cuidado. – Alice a olhou
rapidamente mais uma vez e disse. – Não faz idéia do quanto é importante. Edward simplesmente
enlouqueceria se algo acontecesse á você.
Bella sentiu uma fisgada no coração. Seu remorso sufocou todo e qualquer desejo de retrucar mais
uma vez que sabia se cuidar sozinha. Ela era, verdadeiramente, mal agradecida. E traidora.
Fechando os olhos, massageou a lateral de sua cabeça. Ao que tudo indicava as aspirinas não
surtiriam efeito.
– Você devia ter ficado em seu apartamento.
– Estou bem... É só dor de cabeça. Assim que começar a me distrair ela passa. – olhou para Alice. –
Obrigada.
A amiga lhe sorriu levemente, então ficou em silêncio mais uma vez. Novamente com a expressão
preocupada, provavelmente por causa dos problemas no escritório que havia dito á Bella. Seguiram
assim até o restaurante. Depois que se despediram, a jovem ainda lançou um olhar preocupado para
Alice enquanto o carro ganhava distância. Bom... Ela tinha seus próprios problemas, então somente
poderia desejar que Alice resolvesse os dela agora que terminara sua função de babá, mais uma vez
se sentiu mal agradecida com o pensamento. Bufando, resignada, Bella entrou no restaurante.
Angela, estava atrás do balcão conferindo as bebidas acompanhada de seu marido. Assim que a viu,
a amiga a chamou; aflita.
– Bella do céu... – começou antes mesmo que ela estivesse próxima. – O que aconteceu ontem á
noite?
– Como assim? – Bella perguntou juntando as sobrancelhas.
– Como “como assim”?!... Primeiro você sai apavorada porque seu namorado viria buscá-la, depois
um homem... Não. – a amiga se interrompeu, colocou as mãos sobre o balcão para aproximar-se,
então recapitulou. – Não um homem... Um “deus” vem aqui e pergunta por você. Ai...
A amiga foi interrompida dessa vez por um beliscão do marido.
– Eu estou bem aqui. – ele disse se indicando de cara amarrada.
– Deixe de bobagem Ben... Você sabe que só tenho olhos para você, mas também não sou cega. –
então pegou o caderno que anotava as bebidas faltantes e o empurrou na direção do marido. – Por
que não vai até o estoque e vê como estamos de bebidas?
– Claro. – Ben pegou o caderno, então apontou para os próprios olhos com dois dedos e depois para
a esposa e disse. – Mas eu estou de olho em você.
Assim que ele se foi, Angela revirou os olhos e voltou-se para Bella, agora se conter o entusiasmo.
– Sério Bella... O homem era lindo... Perguntou por você todo preocupado e saiu assim que eu disse
que você tinha ido se encontrar com seu namorado.
Bella reprimiu um gemido de agonia. Imediatamente sentiu uma pontada em sua cabeça. A situação
não poderia ser pior. Não era de admirar que Edward estivesse furioso. Se tivesse como saber o que
se passou no restaurante depois que saiu, jamais teria o chamado para buscá-la. Cada vez mais sua
situação piorava. A amiga prosseguiu; alheia á sua expressão torturada.
– E então, depois que aquele ser maravilhoso se foi, veio um coroa extremamente charmoso
também atrás de você.
Foi a vez de Bella juntar as sobrancelhas, ignorando as pontadas em sua cabeça.
– Um coroa?... Quem era?
– Ele deixou um cartão. Mantive-o comigo para entregar-lhe. – disse Angela vasculhando o bolso
da calça. Assim que o pegou, estendeu o retângulo de papel em sua direção dizendo. – William
Lautner. Editor chefe.
– “Billy”?... – Bella estranhou pegando o cartão. – O que ele queria comigo?
– Não disse. Apenas lamentou com ele mesmo que teve uma reunião e que por isso atrasou-se em
encontrá-la. Depois disso pediu que lhe entregasse o cartão e se foi... Tão rápido como o deus grego
antes dele. Tudo muito estranho... Então isso me leva á pergunta inicial... “O que aconteceu ontem á
noite?”
Bella suspirou olhando o cartão, sem vê-lo na realidade.
– Longa estória Ang... Nem eu mesma entendi a noite de ontem. Mas posso lhe garantir que tudo
terminou bem... Não me expressei bem quando pedi para sair. Quem veio buscar-me foi meu “ex-
namorado”. – como não poderia explicar o ocorrido visto que nem ela mesma o entendia, disse. –
Precisava resolver uns assuntos pendentes por isso o motivo da pressa. Queria conversar com ele
antes que Edward viesse. Paul e eu saímos aí da frente, por isso me desencontrei com ele e não vi
Billy tampouco...
Bella apertou as laterais da cabeça. Definitivamente as aspirinas não surtiriam efeito. E a dor piorou
com a voz alta de Angela.
– Pára tudo!... O “deus grego” que esteve aqui é esse Edward?!
– Sim... – Bella respondeu simplesmente.
– Nossa!... Agora tenho vontade de bater em minha própria cabeça por todas as vezes que disse ser
cedo. “Nunca” em tempo algum se é cedo para estar com um homem daqueles... – então, como se
acreditasse ter falado demais, disse. – Bella, desculpe-me...
– Tudo bem Ang...
A jovem descobriu naquele segundo que seu ciúme era seletivo. Ao que tudo indicava não era
extensivo ás amigas, somente á estranhas curiosas e á viúvas atraentes. Não se importou com as
palavras de Angela. Sentia-se enjoada somente por toda situação. Suspirando, disse.
– Edward é lindo mesmo. Agora... Se me der licença... Vou trocar-me.
A amiga a olhou com atenção.
– Bella. Você não está se sentindo bem? Está pálida.
– Estou com pouco de dor de cabeça... Meu estomago também já esteve melhor... Mas não se
preocupe... Não é nada que me atrapalhe de ajudá-la esse último dia.
– Tem certeza?... Tudo bem se precisar ir embora.
Ir para casa e ter todo o tempo livre para remoer sua “traição”? Não, obrigada.
– Não se preocupe... Estou bem... Vou ficar bem quando me distrair.
Sorrindo para a amiga, Bella seguiu para o vestiário. Ainda trazia o cartão de Billy em sua mão. O
que ele poderia querer com ela tarde da noite? O que seria tão importante? Por um minuto a
curiosidade foi maior que sua culpa ou indisposição. Esquecendo-se da dor, sacou seu celular e
discou o numero do ex-chefe. A secretária a atendeu e lhe informou que Billy teve que sair da
cidade á negócios e que estaria de volta somente na semana seguinte. Bella ainda perguntou se ele
havia deixado algum recado, porém a jovem disse que não. Ainda mais curiosa, ela desligou. Bella
ligou ainda para o contato que ele havia anotado no verso do cartão, mas o numero chamado estava
fora de área.
Bella olhou para o aparelho recém desligado por alguns instantes. Pensou em ligar para Edward,
sentia necessidade de ouvir-lhe a voz, contudo o que diria? Pediria desculpas pelo que foi obrigado
a passar na noite anterior? Não queria mais – nunca mais – voltar àquele assunto. Então o que
seria?... Covardemente aproveitaria a distância e lhe diria que não foi diretamente para seu
apartamento? Que foi fazer uma visitinha amigável ao homem que a levou ontem de seu serviço?
Seu estomago revoltou-se diante da cena. Pôde ver nitidamente Edward com a expressão colérica a
quebrar o celular como havia feito com a mão de Paul, assim que proferisse tais palavras.
Bella correu os olhos pelo vestiário, precisava sentar-se. Quando avistou a cadeira a um canto
arrastou-se para lá. Fechando os olhos, respirou fundo por alguns minutos. Por que teve que ser
impulsiva e fazer tudo errado? Bom... Aquela não era hora de rever suas atitudes, melhor distrair-se
até a noite e depois decidir como contaria sua traição á Edward. Resignada guardou seu celular e
foi-se trocar dizendo a si mesma que, como na noite passada eles resolveriam o problema.
Sim... Resolveriam e com certeza a noite teria o mesmo desfecho. Como que para confirmar o
pensamento, Bella analisou as marcas em seu pescoço no espelho do vestiário. Teria que usar o
lenço por muito tempo ainda. Conformou-se que elas não eram garantia de nada; já estava mais que
claro o quanto Edward era ciumento. Colocando o lenço de volta, seguiu para o salão fazendo uma
prece silenciosa para obter a compreensão de Edward quando lhe contasse o que fez. Não saberia se
seria atendida, somente poderia prever que a noite não começaria de forma agradável.
Como nos outros dias, a tarde passou sem que Bella percebesse. Tudo que tinha consciência era o
movimento – não intenso, porém constante – no restaurante. Assim como de seu corpo ainda a
protestar pela atividade incessante de seu cérebro e sensação incomoda de observação. Esforçou-se
em ignorar esses problemas e aproveitar o movimento incessante para distrair-se. De certa forma
obteve resultado; realmente não sentiu o tempo passar. Era pouco depois das onze da noite quando
Angela veio até ela na cozinha quando fora buscar o pedido de uma das mesas.
– Pode deixar isso onde está Bella. – disse tirando um dos pratos de sua mão.
– O que aconteceu Ang? – perguntou juntando as sobrancelhas.
– O “deus” está aí. – disse com um sorriso conspirador.
– “Edward”?! – arfou.
– Se conhece outro deus, por favor, me apresente. – disse piscando-lhe.
Bella sequer conseguiu achar graça. Olhou para o grande relógio na parede da cozinha.
– Está cedo. – disse para si mesma. Então para Angela perguntou. – Como ele está?
– Maravilhoso.
Bella revirou os olhos.
– Estou pergunto se ele parece preocupado ou... Irritado?
– E quem se importa? – disse Angela a guiando para o vestiário. – Não reparei nisso. Ele apenas
disse que veio buscá-la e pediu para que eu a liberasse.
– Mas...
– “Mas” nada Bella. – disse assim que a deixou no interior do cômodo. Depois de entrar com a
jovem e fechar a porta atrás de si, se voltou para ela. – Não tenho palavras para agradecer o que fez
por mim.
– Não fiz nada demais.
Bella retrucou sem na verdade assimilar suas palavras. Sua cabeça estava a mil, imaginando se
Alice havia a delatado. Ainda não estava preparada para enfrentar a ira de Edward por causa de sua
ida ao hospital. Ele estaria assim tão furioso que nem ao menos esperou que ela saísse? Angela
continuou a falar.
– Fez sim... Você não é garçonete. É jornalista, em minha opinião, uma das melhores. Não era sua
obrigação e mesmo assim ficou todos esses dias ao meu lado. Como disse, jamais teria palavras
para agradecer. Agora... Minha última “ordem” como sua “patroa” é que se arrume e vá encontrar-se
com aquele namorado maravilhoso que á essa hora deve estar colocando a credibilidade do
casamento de minhas clientes á prova.
Dessa vez Bella não teve como deixar de rir da expressão da amiga. Sabia bem ao que ela se referia.
Tivera a prova de que Edward roubava a cena quando estava em locais públicos. Estremeceu com a
lembrança e tentou apegar-se á ela. Tudo terminaria bem. Edward estava ali e tudo que lhe restava
era encontrá-lo. Somente assim saberia o que havia acontecido para que viesse mais cedo.
– Está bem Angela. Vou “obedecê-la”... Mas só se prometer que não vai ficar me agradecendo por
uma ajuda mútua. Você precisava de uma funcionária temporária e eu de dinheiro. Estamos quites
aqui; certo?
– Certo. Quites então... Agora vá de uma vez... – disse se dirigindo á porta. – Não me responsabilizo
por danos causados ao seu namorado caso alguma mulher mais afoita queira tirar uma casquinha.
Bella sorriu novamente e foi trocar-se. Como na terça feira tomou banho rapidamente no chuveiro
precário e arrumou-se. Depois de pegar sua bolsa, saiu respirando fundo. Despediu-se das
cozinheiras e de algumas das meninas que foram suas colegas naquelas semanas, então saiu para o
salão. Não precisou procurar por muito tempo. Bastou seguir alguns olhares femininos,
acompanhando o movimento das cabeças em direção ao bar. E lá estava Edward. Lindo em toda sua
glória; um deus como disse Angela.
Antes mesmo de seguir em sua direção, sentiu seu olhar. Foi o bastante para agravar o tremor de
suas pernas que já não estavam firmes desde que soube de sua presença no restaurante. Quando ele
lhe sorriu abertamente, Bella soube que Edward não sabia o que tinha feito. Alice não havia dito
nada e caberia á ela apagar aquele sorriso espontâneo e o olhar de contentamento. Idiota!
De repente Bella não sabia o que mais temia. Se sua irritação ou sua magoa. Ao se lembrar de seu
rosto duro como pedra na noite anterior no interior de seu carro, soube que uma coisa não anularia a
outra. Teria o pior de Edward de todas as maneiras. E por mais que Bella tenha descoberto se sentir
atraída até mesmo pela pior face do namorado, não queria vê-la tão cedo. Àquela simples lembrança
de sua expressão colérica, a jovem tremeu.
Sem coragem de encará-lo, foi até Edward olhando aonde pisava. Assim que se chegou á ele,
encarou-o e teve que controlar-se para não ter um sobressalto. Como se aproximou olhando
praticamente para os próprios pés, não vira em que momento se deu a transformação de sua
expressão. Edward havia virado sobre o banco, e mesmo que lhe a recebesse de braços abertos, seu
olhar era sério; sua testa estava vincada. Como se ele “soubesse” que algo de errado se passava com
ela. A constatação foi o golpe de misericórdia em sua culpa. Mil vezes idiota!
– Não foi possível esperar. Perdoe-me. – apesar do olhar inquiridor, sua voz soou suave.
E contrariando a dureza de seu olhar, Edward a puxou para um abraço sem se importar onde
estavam. Depois de cheirar-lhe os cabelos, segurou a lateral de seu rosto e a beijou. Um beijo de boa
noite; nada invasivo ou demorado, mas ainda assim extremamente perturbador. Mesmo “sabendo”,
“intuindo” ou “lendo” em seu rosto que havia algo errado, ele a tratava com carinho. O coração da
jovem espremeu-se em seu peito; ela não o merecia.
Com a voz embargada disse.
– Também queria vê-lo. – Bella tentou sorrir para disfarçar o tom de voz. – Ainda bem que veio.
Edward ainda franzia o cenho, analisando-lhe o rosto, com uma expressão estranha.
– Tem certeza? – perguntou acariciando sua bochecha, analisando-a. – Não parece satisfeita.
– Estou. – apressou-se em dizer. – Sério eu...
– Então D. Bella... – disse Angela surgindo ao lado do casal e os interrompendo, pelo lado de dentro
do balcão. – Não apresenta seu namorado formalmente á sua amiga aqui.
– Eh... Sim Angela. – disse aproveitando a interrupção para acalmar-se. – Angela, este é Edward
Cullen, Edward está é Angela uma de minhas melhores amigas.
A interrupção lhe fora providencial, porém Bella viu o namorado estender a mão para Angela com o
semblante carregado. Ao contrário dela, era evidente que não havia gostado de sua aparição. Porém
a expressão desapareceu como se instalou. Assumindo um tom amigável, ele disse apertando-lhe a
mão.
– Já tive o prazer de conhecê-la, mas “formalmente” falando... Prazer em conhecê-la Angela.
– O prazer é todo meu. – disse ela sorrindo. – Estava pensando em arrumar uma mesa para vocês.
Por conta da casa. O que me dizem? – então olhou ansiosamente de um ao outro.
Bella cogitava aceitar, visto que seria perfeito para ganhar tempo, por outro lado cada minuto ao
lado dele, recebendo seu carinho – ou sua desconfiança – seria extremamente torturante. Ainda não
sabia o que responder quando Edward decidiu pelos dois, mantendo-a presa em seu abraço.
– Agradeço a atenção, mas vim somente buscar Isabella. Viremos outro dia, está certo?
– Está bem... Mas pelo menos aceitem beber alguma coisa. – ela olhou para o copo de uísque de
Edward. Fazendo ás vezes de seu barman, ofereceu. – Posso servir-lhe mais uma dose e algo para
Bella.
Edward a afastou um pouco e olhou-a diretamente por alguns segundos. Respondeu para Angela,
mas não desprendeu dos olhos da namorada em tempo algum.
– Seria perfeito para relaxar, não?
– Sim, seria. – responderam as duas ao mesmo tempo.
Sorrindo com a coincidência Angela perguntou.
– Edward vai de Black Label e você Bella?
Sem ao menos piscar, Edward respondeu por ela.
– Martini com uma cereja ao fundo.
– Como você...? – Bella não terminou a pergunta.
Edward a viu gaguejar e desistir de entender. Melhor assim. Fora imprudente ao fazer o pedido, mas
não era sua culpa se soubesse a preferência de Isabella desde o dia que a viu na Cielo. Ainda tinha a
imagem dela, iluminada pela luz forte do balcão a bebericar a bebida. Edward sabotou a imagem do
rábula na mesma cena. Melhor seria apagá-lo de vez, mas como não era possível, pelo menos o
removeria das lembranças que considerava boas e que guardaria sempre dos primeiros contatos com
Isabella; da casa noturna e do restaurante quando a provou pela primeira vez.
Edward aqueceu-se com as lembranças, porém conteve-se. Não estavam sós ou parcialmente
escondidos por uma mesa. E definitivamente Isabella não estava bem. Alguma coisa estava errada e
ele não gostava nada daquilo. Estava cismado desde sua conversa com Alice. Algo lhe dizia que
alguma coisa havia acontecido naquela tarde. Algo que a deixava com... Medo? Não, não poderia
ser isso. Mas como negar seu cheiro?
O que poderia ter acontecido? Queria que ela estivesse descansada, relaxada para enfrentar o que
ele tinha á revelar. Não fora para isso que a afastara do escritório? Para que repousasse. Acaso teria
acontecido algo no restaurante. Aparentemente tudo estava bem entre Bella e sua amiga Angela.
Teria ela se desentendido com outra garota? Um cliente? Alguém viera procurá-la sem que Alice
não havia percebido?
Cada vez mais alarmado, Edward viu Angela aproximar-se com as bebidas. Á contra gosto deixou
que Isabella se afastasse e fosse se sentar em um dos bancos altos ao seu lado. Depois de
agradeceram á dona do restaurante, ela se foi deixando-os á sós. Edward não perdia um movimento
sequer de Isabella, que passou a brincar com o copo com dedos trêmulos e as sobrancelhas unidas.
Ela sobressaltou-se quando ele capturou uma mecha de seu cabelo. Muito estranho!
– Isabella o que há? – perguntou tentando não demonstrar sua preocupação.
– Nada. – disse lhe sorrindo. O sorriso mais apagado que ele já vira no rosto amado. – Estou apenas
cansada. Depois que bebermos, podemos ir?
– Certamente.
Ao ouvir-lhe as palavras, Isabella parou de rolar o copo entre os dedos, o ergueu e bebeu todo o
líquido de uma só vez, deixando apenas a cereja ao fundo.
– Terminei. – disse com as bochechas vermelhas.
Ainda de cenho franzido, sempre a encarando, Edward seguiu-lhe o exemplo e bebeu todo o
conteúdo de seu copo.
– Eu também. – disse seriamente. – Podemos ir agora.
Isabella apenas assentiu com a cabeça, sem olhá-lo. Depois de depositar o copo sobre o balcão,
Edward ergueu-se. Imediatamente o coração de Isabella passou a bater acelerado. Inferno. O que
estava acontecendo com ela afinal? Sua vontade era chacoalhá-la para que dissesse de uma vez o
que se passava, porém sabia que dificilmente o faria mesmo que não estivessem em público.
Pensando friamente, disse á si mesmo que talvez nem fosse nada de grave. E de toda forma, tinha
métodos mais prazerosos e eficazes de fazer Isabella falar.
Aquecia-se com a idéia quando a namorada pôs-se de pé e estendeu a mão para ele; pela primeira
vez. O gesto o confundiu. Definitivamente a faria falar. Como havia dito na noite anterior teria que
saber de todos os seus passos, tudo referente á Isabella era de sua conta. Segurando-a firmemente
pela mão estendida a guiou para fora do restaurante, depois de breves despedidas entre ela, Angela,
Ben e as garçonetes. Estas, contudo, pareciam mais interessadas em seu acompanhante que na
própria Isabella. Edward revirou os olhos e ignorou á todos, não via a hora de ficar somente ele e
sua Isabella.
********************************************************************

Notas finais do capítulo


Amores... o que acharam?... gostaram?... não?... me deixe saber... comentem... :D
Euzinha fico mega feliz em responder e conhecer a opinião de vcs... :) Agora vamos ao
spoiler??...Lá vai: "Edward não gostou do que percebeu e na tentativa de acalmá-la, disse
o motivo real por estar ali antes da hora, porém como se esta fosse uma desculpa.
Abraçou-a, beijou-a. Contudo sua namorada continuava tensa; temerosa. Tentou sorrir
algumas vezes, sem sucesso algum. Preocupando-o mais e mais. Como se já bastasse sua
própria tensão. Vê-la beber seu Martini de um único gole fora a prova definitiva de que
alguma grave havia acontecido naquela tarde e agora que eles chegavam ao seu carro,
Edward não agüentava mais esperar para saber do que se tratava. Como sempre fazia,
conduziu-a até a lateral do seu BMW para abrir-lhe a porta. Dessa vez, porém a prensou
contra o veiculo, deixando-a presa entre o vão de seus braços. Imediatamente ela olhou-
o, alarmada. Sem importar-se com seu olhar receoso, ele disse.– Tudo bem. Já viemos
embora. Agora me diga o que está acontecendo?Edward poderia jurar que ouvia o
cérebro da jovem trabalhando enquanto ela permanecia em silêncio. Como se resolvesse
se diria algo ou não. Como depois de alguns minutos ela ainda estivesse calada, ele disse
encarando-a intensamente.– Lembra-se do que lhe falei ontem? Que você “sempre” terá
que me deixar a par de tudo? –Isabella apenas assentiu com a cabeça, ele prosseguiu. –
Então me conte. Sei que tem algo á dizer. Isabella pigarreou para limpar a garganta ou
ganhar algum tempo, mesmo que mínimo, então disse baixinho.– Conto se você
prometer não... – ela escolheu as palavras. – Não ficar bravo.Edward sentiu o sangue
velho borbulhar em suas veias – não havia se alimentado aquela noite.– Péssima
introdução Isabella. – disse sério estreitando os olhos. – Se o que tem a dizer é tão grave
ao ponto de pedir-me isso não tenho como prometer o inevitável."

(Cap. 34) Capítulo 5 - Parte II

Notas do capítulo
Oi meus amores... o/Acabei postando um capítulo lá, então...Espero que gostem...
Comentem... Indiquem...Ahh... e não infartem... preciso de todas vcs... :)e BOA
LEITURA!...

Andando a passos largos, enquanto praticamente arrastava Isabella pela rua lateral ao restaurante,
até a quadra onde havia deixado seu carro, Edward não pôde deixar de lembrar novamente o
comportamento também estranho de Alice quando veio rendê-la na vigilância de sua namorada. Ele
a questionou, ao que Alice respondeu.
– Passei todo o dia cismada com o que aconteceu em seu escritório esta manhã, mas não tive
oportunidade de conversar com você.
– Sobre o que exatamente? – perguntou ficando de mau humor. – A partir de hoje estou dispensando
seus sermões.
– Não é nada disso. – ela retrucou aborrecida. – Estou preocupada com o motivo pelo qual Paul não
me obedeceu.
Edward sentiu-se alarmado. Com a confusão e seu desenrolar, havia esquecido completamente
daquele detalhe. Definitivamente sempre se distrairia com assuntos referentes á Isabella. Sem contar
a reunião esquecida com Esme Howden. Contudo sabia que aquele não era o momento para
recriminar-se. Precisava manter o foco. Alice estava certa em preocupar-se. Isabella despertou de
um transe por ele, agora, o que motivava o rábula? Como o humano pôde não obedecer a Alice?...
Sem deixar transparecer sua falta de atenção, Edward disse.
– Foi realmente estranho. Ouvi todas as suas tentativas infrutíferas.
– Não sei o que você pensa, mas a mim, pareceu que ele estava induzido. Por uma força maior que a
nossa. É a única explicação á que cheguei.
Tantas coisas estranhas acontecendo nos últimos dias que Alice poderia estar com razão. Edward
estava cansado de teorias, todas improváveis, mas ainda assim validas e preocupantes. E naquela
em questão, como contestar? Ele mesmo não experimentara uma nova forma de força. Um novo
poder. Talvez estivessem convivendo com um ser tão forte quanto eles. Talvez seu intruso estivesse
de divertindo bem debaixo de seus narizes. Contudo, quão perto? Quem? Qual o interesse em lançar
o rábula contra ele em um enfrentamento temerário?
– Acredito que essa seja a resposta. Agora mais do que nunca devemos ficar atentos, mas ainda
estamos no zero. Não temos provas, nem pistas de nada. Quando muito uma indicação de que nosso
“amigo” esteja perto. E se for esse o caso, não temos a quem acusar. – suspirando, determinou.
– Tenho que manter o que determinei. Um assunto de cada vez. Ainda temos Rosalie para nos
preocuparmos. Ela é uma ameaça imediata. Não que nosso intruso não seja, mas ela partiu
abertamente ao ataque e temos que ficar atentos ao próximo. Se estamos sendo vigiados, de perto ou
de longe, cedo ou tarde descobriremos e quando isso acontecer quero que Isabella já esteja segura
ao meu lado.
– Também acredito ser o certo a se fazer. – disse séria. – Seu ciúme está se tornando doentio. Quase
arrancou a mão do humano diante dos olhos de Bella. No que estava pensando, afinal?
– Em não arrancar a cabeça do humano diante dos olhos de Isabella. – respondeu de mau humor. –
Não o quero por perto. Não quero que falem um com outro como estava acontecendo.
Edward percebeu um lampejo estranho passar pelos olhos de Alice, contudo não conseguiu
identificá-lo. Porém lembrou-se de um detalhe e, estreitando os olhos, perguntou.
– Se o episódio de ontem foi patrocinado por Rosalie... O que aconteceu com o “seu” arranjo?
Aquele que faria Isabella odiar o ex?
– Alguma coisa deve ter dado errado. – disse simplesmente. – Não usei de indução. Apenas fiz uma
ligação e “sugeri” que a pessoa fizesse o que é certo. Assim que acontecer, saberemos. Bella com
certeza vai desejar ter força suficiente para quebrar a outra não de Paul.
– Certo. – Edward ainda não estava com o humor dos melhores. – Até lá terei que aturar
cumprimentos e constrangimentos toda vez que nossos caminhos se cruzarem? Por mim eles nunca
mais se veriam.
Às suas palavras Alice desviou o olhar brevemente. Edward não pôde deixar de notar o movimento
rápido, dessa vez.
– O que há? – perguntou imperativo. – Por que essa expressão? Tem algo a me dizer Alice?
– Não. – respondeu firmemente o encarando. – Não tenho nada a dizer a não ser que além de
doentio seu ciúme o está afetando seu discernimento. Acredita mesmo que depois do que aconteceu
hoje em seu escritório essa “amabilidade” que descreveu seria possível? Agora... Se não temos mais
nada para conversar, vou pedir licença e deixar meu posto.
Contrafeito, Edward a liberou e assumiu seu lugar na vigilância a Isabella. Tentando colocar as
deduções de Alice e seu comportamento estranho de lado, observou a jovem boa parte da noite. De
onde estava ela lhe parecia abatida; preocupada. Não ria ou conversava como nos outros dias. A
visão o inquietou á tal ponto que não foi capaz de esperar até que ela saísse. Resoluto, seguiu para o
restaurante assim que a viu rumar para a cozinha. Dirigiu-se diretamente á Angela, como havia feito
na noite anterior.
– Boa noite. – disse á mulher que esta noite estava dando ordens atrás do balcão do bar.
Quando ela olhou em sua direção um brilho de reconhecimento cruzou seus olhos.
– Boa noite. – retribuiu lhe sorrindo. – Hoje você não se perdeu de sua namorada.
Edward sabia que ela estava apenas fazendo graça, mas não viu nenhuma no comentário.
Respirando fundo para não responder-lhe mal criadamente, disse.
– Adiantei-me justamente por isso. – então, sorrindo-lhe levemente, pediu. – Sei que esta é a última
noite de Isabella aqui então vim fazer-lhe uma surpresa. E como não pude deixar de reparar que não
tem muito movimento, resolvi pedir-lhe um favor... Importar-se-ia em dispensá-la mais cedo?
– Absolutamente. – respondeu mirando-lhe a boca. – Vou chamá-la. Fique á vontade. Deseja beber
alguma coisa?
Sorrindo ainda mais com a reação previsível da humana, Edward sentou-se em um banco alto do
bar e pediu.
– Black Label, por favor.
– Eh... Jeremy irá servi-lo. Eu vou buscar Bella, com licença.
Dito isso saiu detrás do balcão e seguiu para a cozinha. Assim que o barman o serviu, Edward olhou
em volta. Como sempre ignorou os olhares femininos e, preparava-se para dar atenção única e
exclusivamente ao seu copo quando se deparou com um olhar masculino e sério em sua direção.
Edward o conhecia, era o marido de Angela. Por sua expressão, só poderia estar padecendo
levemente do que ele próprio sofreu á noite passada. Bem... Ben não precisava preocupar-se. Sua
esposa não corria perigo algum com ele. Então, amigavelmente ergueu seu copo em um
cumprimento á distância. Seu gesto talvez tenha soado como provocação, pois o homem lhe virou o
rosto sem um único aceno de cabeça, nada. Apesar de estar tenso por sua preocupação com Isabella,
não teve como evitar o riso. O ciúme até tinha um lado engraçado; quando não nos feria de morte,
pensou ironicamente.
Quando Isabella finalmente apareceu á porta da cozinha, seu coração falhou uma batida. Ela estava
linda e, como tinha observado anteriormente; nervosa. Nem ao menos o olhava brevemente como
havia feito em seu escritório aquela manhã quando se aproximou dele, envergonhada. Desta vez, ela
não desprendeu os olhos do chão até que chegasse ao seu lado.
Edward não gostou do que percebeu e na tentativa de acalmá-la, disse o motivo real por estar ali
antes da hora, porém como se esta fosse uma desculpa. Abraçou-a, beijou-a. Contudo sua namorada
continuava tensa; temerosa. Tentou sorrir algumas vezes, sem sucesso algum, preocupando-o mais e
mais. Como se já bastasse sua própria tensão.
Vê-la beber seu Martini de um único gole fora a prova definitiva de que alguma grave havia
acontecido naquela tarde e agora que eles chegavam ao seu carro, Edward não agüentava mais
esperar para saber do que se tratava. Como sempre fazia, conduziu-a até a lateral do seu BMW para
abrir-lhe a porta. Dessa vez, porém a prensou contra o veiculo, deixando-a presa entre o vão de seus
braços. Imediatamente ela olhou-o, alarmada. Sem importar-se com seu olhar receoso, ele disse.
– Tudo bem. Já viemos embora. Agora me diga o que está acontecendo?
Edward poderia jurar que ouvia o cérebro da jovem trabalhando enquanto ela permanecia em
silêncio. Como se resolvesse se diria algo ou não. Como depois de alguns minutos ela ainda
estivesse calada, ele disse encarando-a intensamente.
– Lembra-se do que lhe falei ontem? Que você “sempre” terá que me deixar a par de tudo? –Isabella
apenas assentiu com a cabeça, ele prosseguiu. – Então me conte. Sei que tem algo á dizer.
Isabella pigarreou para limpar a garganta ou ganhar algum tempo, mesmo que mínimo, então disse
baixinho.
– Conto se você prometer não... – ela escolheu as palavras. – Não ficar bravo.
Edward sentiu o sangue velho borbulhar em suas veias – não havia se alimentado aquela noite.
– Péssima introdução Isabella. – disse sério estreitando os olhos. – Se o que tem a dizer é tão grave
ao ponto de pedir-me isso não tenho como prometer o inevitável.
– Bom... – começou ela assumindo, repentinamente, a mesma atitude corajosa da noite anterior. –
Se é assim acho melhor não dizer nada. Entendo que nosso namoro será pontudo por sua
curiosidade excessiva, mas não pode obrigar-me a dizer o que não desejo.
O choque de Edward durou somente dois segundos. Estreitando ainda mais os olhos, aproximou-se
do rosto decidido á sua frente.
– Quer apostar?
Dito isso, beijou-a. Em parte para iniciar o interrogatório e por estar sedento por sua boca.
Estiveram longe por tempo demais. A tarde fora longa e entediante por causa da distância. No que
dependesse de Edward a transformaria naquela mesma noite, assim que ela soubesse da verdade e a
aceitasse. Recusou-se a acreditar no seu pensamento matinal de que ela não o aceitaria. Ela “tinha”
que aceitar; “tinha” que entender suas atitudes. Como Esme havia dito faltas cometidas por amor
eram totalmente perdoáveis.
O vampiro obrigou-se a acreditar que ela seria como Alice. Que pediria para ser transformada e ele
lhe atenderia. Dar-lhe-ia seu próprio sangue depois de beber o dela, enquanto estivessem fazendo
amor. Somente assim poderia ter o melhor de sua Isabella, da forma que ele apreciava, sem
machucá-la.
A idéia o incendiou á tal ponto que quando aprofundou o beijo e comprimiu seu corpo contra o dela,
estava completamente excitado. Isabella arfou em sua boca ao sentir a pressão em seu ventre,
fazendo-o se lembrar o que desencadeou a aproximação. Tentando manter a cabeça no que a
deixava temerosa a noite inteira, Edward segurou-a pela nuca, prendendo-a pelos cabelos para que o
olhasse. Não desejava machucá-la, mas a segurou com firmeza.
– Vai dizer agora?
– Acho melhor não. – murmurou com os olhos fechados.
Edward grunhiu e beijou-a novamente, agora com fúria. Prendia-lhe a língua, rolando-a na sua,
chupando-a; enquanto que com a mão livre tocou-lhe a lateral do corpo para erguer-lhe o casaco de
lã leve. Assim que espalmou sua pele, Isabella arfou. Desprendendo sua nuca, Edward tirou o lenço
que cobria seu pescoço, para lambê-lo. Ato contínuo, ele subiu a mão em sua pele sob o casaco até o
limite do sutiã. Isabella protestou sob o peso de seu corpo e como pela manhã, largou a bolsa ao
chão e o enlaçou pelo pescoço. Edward gostava daquilo, mas não era o que queria. Desejava
respostas.

Bella deixou-se beijar, acariciava levemente o cabelo da nuca de Edward enquanto sentia a saliência
enrijecida na frente de sua calça comprimindo-lhe a base do ventre. Estava á um passo de perder a
razão, mas tentava se manter lúcida para não se render. Não podia se render. Enquanto era
praticamente arrastada por uma quadra inteira até o carro prata de Edward, a jovem se perguntava
qual a melhor forma de abordar o assunto.
Tentava pela milésima vez achar algo que atenuasse o ocorrido, sem chegar á conclusão alguma
como em todas as outras vezes. Não teria jeito além de contar e esperar a reação do namorado para
então desculpar-se. Porém, depois da maneira que fora praticamente “jogada” contra o BMW e da
resposta séria do namorado, toda sua resolução se foi. Bella chegou á conclusão que o melhor seria
guardar segredo quanto á sua falha vespertina.
Naquele minuto em que foi encurralada entre seus braços, ela finalmente entendeu o que ele havia
dito sobre verdades que deveriam ser esquecidas. Não havia se dado conta, mas ela própria tinha um
par delas. Por muito tempo se considerou justa, mas descobriu da pior forma que nem mesmo isso
ela era. E seria muita soberba e hipocrisia de sua parte se continuasse á pensar dessa forma.
Se fosse justa não teria ido com as próprias pernas cometer uma injustiça contra Edward. Não
depois do que ele foi obrigado á passar na noite anterior. Poderia muito bem ter guardado sua
preocupação para outro momento; procuraria saber se o outro estava bem por meios indiretos para
que não o aborrecesse ou magoasse. O que era uma mão quebrada se comparada ao orgulho ferido
de um homem como Edward?
“Muito menos do que nada”, disse á si mesma.
Não haveria desculpas para o que fez então não via como pedi-las. Não pediria, não contaria. Não
se eximiria, mas sabia que era humana. Tinha o direito de errar, assim como Edward e qualquer
outro. E á essa constatação óbvia, soube que somente ela padeceria por seu erro; que a cabeça
explodisse de culpa. Morreria, mas não arrastaria Edward com ela; precisava poupá-lo.
Por ele precisava ser forte, mas não seria uma batalha fácil. Jamais apostaria com Edward no que
quer que fosse, e naquele momento sabia que, caso se rendesse as provocações, seria capaz de
confessar até mesmo o que não havia feito. Ainda que estivesse em brasa, precisava resistir. Sentia a
língua áspera agora a capturar o lóbulo de sua orelha a mão na base de seu sutiã, quando ele falou
diretamente em seu ouvido.
– Diga Isabella. Não contar faz parecer que é pior do que pode ser na verdade.
Bella sabia que não. Ainda mais depois do que Angela lhe disse. Edward jamais a perdoaria se
descobrisse que ela havia estado com Paul, de novo, em menos de vinte quatro horas de toda a
confusão inicial. A luta era entre resistir ou magoá-lo. Se acreditasse somente por um minuto que
ele ficaria somente com raiva, diria a verdade, aceitaria a acusação e esperaria por sua sentença.
Mas algo lhe dizia que além de raivoso ou aborrecido, seu coração ficaria irreparavelmente ferido e
não poderia machucar o namorado dessa forma, então resistiria. Bravamente.
Ao seu pensamento, como se soubesse ser preciso de um pouco mais de “persuasão”, Edward livrou
seu seio do bojo do sutiã, porém não o tocou. Apenas deixou o bico rígido em contato com o tecido
do casaco enquanto massageava a base. O movimento de sua mão, assim como o roçar do mamilo
na lãzinha a enlouquecia. Seja firme Isabella Swan, disse á si mesma tentando ignorar o latejar de
seu sexo.
Edward tornou a beijá-la, ainda massageava cadenciadamente a parte de baixo de seu seio, quando
com a mão livre tocou-lhe a barriga. Bella congelou ao sentir seus dedos escorregarem por seu
ventre até o cós da calça. Ainda em sua boca protestou.
– Estamos na rua.
Por um breve instante Bella o sentiu hesitar, porém ele disse.
– Sim, então termine com isso para que possamos ir embora. Vai dizer o que quero?
Como poderia?
– Apenas vamos embora. – pediu, contudo, seu corpo traidor já se contorcia procurando maior
contato com o namorado.
– Resposta errada. – ao dizer isso, Edward abriu-lhe a calça com destreza e introduziu a mão até
tocá-la.
– Edward... – ela arfou
Tentou se mover e juntar as pernas, mas Edward a impediu colocando uma de suas coxas entre as
dela, mantendo-as afastadas. Quando o namorado encontrou seu ponto de prazer, passou a estimulá-
lo sob a calcinha ao mesmo tempo em que fechou sua mão sobre o seio torturado, sem se importar
onde estavam. Por sorte a rua escura estava deserta. Edward não fazia na além de tocá-la; não
insinuou os dedos para dentro de seu corpo, apenas massageava o mesmo ponto lentamente. Seus
gemidos se perdiam durante o beijo.
Bella arfou novamente quando ele imprimiu maior pressão e velocidade ao seu toque;
involuntariamente puxou-lhe os cabelos da nuca e apertou-se mais contra seu corpo forte. Mais um
pouco daquilo e logo sua cabeça e seu corpo explodiriam na mão do namorado. Para seu infortúnio,
Edward também sabia disso e maldosamente parou o que fazia, dizendo, para sua surpresa, um tanto
impassível.
– Se deseja chegar ao fim, conte-me agora.
Sua voz era séria. E apesar do “se” não deixava escolhas para Bella. Mas ela sabia que existia uma.
Se ele não entendesse suas razões, contar o afastaria. Assim como não contar o afastaria da mesma
forma caso não aceitasse uma namorada que não cumpria suas regras. Porém, nessa última hipótese,
talvez ele não saísse tão machucado por dispensar alguém desobediente como ela.
E se esse fosse o preço... “Esse era o preço”. Então morreria de tristeza, mas o pagaria mesmo
assim. Contudo, pelo pouco que o conhecia, sabia que Edward não desistiria. Poderia deixá-la ás
portas de um orgasmo, talvez até a dispensasse de verdade por ter se mostrado resistente em
esconder-lhe algo, mas não a deixaria sair dali sem sua resposta. E sabedora do quanto sofreria se
ele desmanchasse com ela e quanto o magoaria assim que mencionasse a conversa com o ex, Bella
chorou.

Sempre estaria preparado e disposto á torturar Isabella pervertidamente, porém, ao que tudo
indicava, jamais poderia enfrentar seu choro. Ao ver-lhe e sentir o cheiro das lágrimas, Edward tirou
as mãos de seu corpo, aturdido. Por mais que estivesse se controlando, estava excitado. Contudo,
toda excitação se foi restando apenas a preocupação, atormentando-o muito mais do que antes.
Cuidadosamente arrumou-lhe a roupa, enquanto Isabella cobria o rosto com as mãos e chorava
ainda mais, silenciosamente.
– Deseja matar-me de preocupação? – ele perguntou tentando disfarçar a aflição. – Por favor,
Isabella, conte o que aconteceu.
A jovem nada disse. Permaneceu a cobrir o rosto enquanto chorava.
Inferno!... Teria que quebrar sua palavra. Ao contrário do que havia decidido Edward a induziria.
Preferia saber o que se passava sem usar artifícios, mas visto que nem mesmo provocá-la não surtira
o efeito desejado, burlar sua mente seria a única saída.
Decidido; primeiramente ele a abraçou. Inverteu a posição de ambos, recostando-se ao carro e
deixando que a namorada se aninhasse em seu peito. Seu coração sangrava. Precisava saber o que
atormentava Isabella daquela forma. Após alguns minutos, decidiu que ela havia chorado o
suficiente já que sua curiosidade o levava ao limite da loucura. Preparava-se para induzi-la, quando,
pressentindo seu movimento para afastá-la, ela o apertou ainda mais e implorou com o rosto
comprimido contra seu peito.
– Edward, perdoe-me.
Perdoá-la?!... Edward sentiu uma fisgada no coração. O que ela teria feito de tão grave para que
depois do medo, desencadeasse o surto de valentia e agora o choro compulsivo. O vampiro respirou
fundo, algo lhe dizia que sabia a resposta; a única explicação... Definitivamente não haveria perdão
para Alice; agora sabia o motivo de seu comportamento estranho. Controlando a voz e escovando-
lhe os cabelos carinhosamente com os dedos para acalmá-la, disse.
– Por que, exatamente?
– Foi um ato impensado, juro. – sua voz ainda saia abafada por sua camisa, a voz embargada. –
Estava apenas preocupada. Eu juro; juro que não era minha intenção vê-lo. Achei que depois de
tanto tempo ele não estaria lá. Por favor, Edward eu...
À muito custo Edward controlou os rugidos que se formavam em seu peito. Controlando-se ao
máximo, segurou-a pelos ombros e a afastou para ver seu rosto. Pausando a voz perguntou.
– “Lá” “onde” Isabella? Seja clara.
Não era agradável ver aqueles olhos castanhos imersos em lágrimas e era ainda pior sentir que sua
excitação se esvaíra deixando apenas o cheiro de seu medo. Mas não tinha como acalmá-la; não
ainda.
– No Belleveu. – ela disse por fim, antes de novo acesso.
– Você foi ao hospital. – era uma constatação.
Não era sua intenção, mas a voz saiu entre dentes. Recriminou-se ao senti-la estremecer sob seus
dedos, sabia que precisava sufocar o ciúme que ameaçava irromper por seu peito, mas simplesmente
não conseguia.
– Sim... – ela murmurou entre lágrimas. – Mas eu juro. Dou minha palavra que não foi minha
intenção encontrá-lo. Queria apenas saber que ficaria bem e não desejava ligar para ele, então
acreditei que indo ao hospital seria melhor... Não vê? Era minha obrigação. Toda essa confusão é
por minha culpa, então... Eu somente queria ter certeza que vocês ficariam bem... Só saber...
E mais uma vez ela soluçava. Depois de suas palavras e de todo o terror que ela demonstrava, o
ciúme se tornou uma chama fraca em seu peito. Aquele sentimento não era importante, seu amor
por ela sim. Evidente que estava com raiva por ela tê-lo desobedecido, mas a culpa da confusão não
era dela. Isabella não poderia pegar aquele encargo para si. E agora que seu ciúme foi sufocado,
perguntava-se qual a novidade na atitude da namorada.
Pensando friamente, na verdade não poderia haver perdão para ele. Por ter sido ingênuo em
acreditar que Alice iria contra Isabella. Por que era evidente que ela pediria isso á amiga. Quantas
vezes ele teve a prova que a namorada sempre seguiria aquele maldito instinto de fazer o que
acreditava ser o certo? E não fora a vampira que havia tentado interceder em favor da amiga quando
esta tencionou sair correndo atrás do rábula? Qual a duvida de que quando as duas estivessem livres
e longe de seus olhos não fariam algo parecido?
E acima de tudo; não poderia existir perdão para ele por deixar Isabella em tal estado de terror que a
deixasse tensa desde o minuto que havia se arrependido – porque estava claro que ela se
arrependera muito antes de vê-lo – e tornando-a ainda mais apavorada diante dele. Agora Edward
entendia a cabeça baixa no restaurante. Em momento algum fora constrangimento e sim medo,
como ele havia realmente percebido. E esse sentimento isolado – o terror pelo terror, sem estar
misturado á sua excitação – era o último que desejava provocar em Isabella.
Ela jamais poderia temê-lo como suas vitimas o temiam; não ela. Principalmente aquela noite.
Sabendo exatamente o que estava em jogo, ele soprou qualquer resto de ciúme, respirou fundo mais
uma vez e disse totalmente controlado.
– Acredito em você Isabella.
A jovem fungou e ergueu os olhos para encará-lo estarrecida. Edward imediatamente segurou seu
rosto entre as mãos para secar-lhe os olhos ainda úmidos pelas últimas lágrimas. Acaso ela
acreditava que namorava um monstro incapaz de perdoar? Deliberadamente fingia que não via sua
expressão incrédula, perguntando-se até que ponto seu descontrole pela manhã havia contribuído
para deixá-la naquele estado. Definitivamente tentaria controlar-se na sua frente. Pelo menos até
que ela se acostumasse com sua condição. Com a voz sumida, como se estivesse novamente
emocionada, Isabella perguntou.
– Não está... Irritado comigo? Ou... Magoado?
Edward sentiu-a encolher depois de proferir as palavras. E naquele segundo ele entendeu o embate
daquela noite. E se existia algum restinho de duvida ou até mesmo magoa que não fora capaz de
identificar visto que sensações mais fortes correram por seu peito, se foi. Aquela ultima palavra,
verbalizada de forma incerta e embargada, deixou claro que boa parte de sua resistência se baseava
no desejo de não feri-lo. E o vampiro gostou daquilo. Quando falou, tentou imprimir leveza em
cada palavra, apesar da seriedade do assunto.
– Não posso dizer que seja o namorado mais feliz no momento ou que vá parabenizá-la por ser tão
desprendida e preocupada com alguém que... “detesto”. Mas, não... Não estou magoado ou irritado
com você.
Isabella fungou e voltou a chorar. Edward começava a se perguntar o que havia dito de errado
quando um sorriso tímido se desenhou em seus lábios. Vê-la sorrir e chorar ao mesmo tempo mirou
o resto de força que ainda pudesse ter. E antes que ela pensasse em agradecer-lhe ou mencionar algo
mais sobre sua falha da tarde, Edward aproximou o rosto que ainda segurava e a beijou novamente.
Dessa vez Isabella não esperou nem sequer um segundo para atirar-se em seu pescoço. E mais uma
vez o coração do vampiro se aqueceu. Era exatamente assim que queria sua bruxa. Apaixonada;
entregue. Covarde, sim. Aterrorizada, nunca.
Edward beijou-a profunda e demoradamente, porém não deixou que as coisas voltassem ao clima de
antes. Sabia que ela começava a excitar-se novamente, assim como ele, porém já haviam se
arriscado demais ficando parados naquela rua escura. Além do fato que ainda tinha um obstáculo
complicado e tenso da noite para transpor. Diante dele, qualquer indisposição causada pelo rábula
era ínfima. Interrompendo o contato, depositou dois breves beijos nos lábios de Isabella antes de
soltá-la.
– Você está bem agora? – acariciando seu rosto disse. – Eu... Gosto muito de você Isabella. Não
quero vê-la assim novamente.
– Sei disso. – ela mordeu o lábio inferior. – Por isso jamais farei nada que vá... Contrariá-lo,
prometo. Quero sempre estar bem com você. Nunca gostei de brigas, então não vou provocá-las. –
então ela lhe sorriu como que para embasar o que dizia.
Contudo ela estava errada.
– Como já disse, não tenho experiência em relacionamentos duradouros, mas acredito que nesse
caso deva ser como qualquer outro. Brigas sempre acontecem Isabella. Pelo menos entre pessoas
que se importam umas com as outras. Quero que as coisas dêem certo entre nós. Então vamos nos
basear em respeito e confiança mútua, está bem?
– Sempre! – ela disse decidida. Edward prosseguiu.
– Não retiro o que disse, “sempre” vou querer saber o que fez ou onde foi. E talvez não aprove uma
ou outra atitude sua, mas isso não significa que tenha que se transformar em uma pessoa que não é.
Mulheres sem opinião e iniciativa são desinteressantes, por favor, não se torne uma. “Interessei-me”
por você desde o minuto que a vi e aceito-a como é.
– Sei disso – ela disse em um fio de voz, novamente emocionada. – Mas é que eu tive tanto medo...
Achei que fosse me mandar embora.
“Então fora isso”. Seu medo não fora dele afinal. O vampiro sentiu seu coração aquecido e se
permitiu renovar suas esperanças de que ela o aceitaria. Isabella estava disposta á mudar por ele
para não perdê-lo. Ela não desejava afastar-se assim como ele jamais desejaria se afastar dela.
Como isso seria possível? Como ela acreditaria que ele a mandaria embora somente por ser ela
mesma? Suas atitudes equivocadas assim como o rábula dos infernos, não era maiores que seu amor
por ela.
Edward teve vontade de dizer-lhe exatamente isso, mas não o fez. Subitamente ele teve medo de
expor-se, de declara-se. Aquele sentimento que invadia seu coração era novo e forte. E Edward
determinou que ali, no meio da rua não era o local ideal para uma declaração daquela magnitude.
Era hora de ir embora.
– Isso jamais aconteceria Isabella. Não por isso. Quero que confie em mim e traga todo e qualquer
problema ou duvida para que sempre resolvamos juntos. Combinado?
– Combinado. – ela concordou sorrindo.
– Ótimo! – Edward exclamou, então soltando seu rosto passou as mãos pelos próprios cabelos. –
Queria fazer-lhe um convite.
– Um convite? – Edward pôde ver um brilho breve de expectativa e excitação cruzar os olhos de
Isabella.
Definitivamente ela estava despreocupada. E exatamente como ele queria. Edward sorriu consigo
mesmo; estava criando um pequeno monstro. Queria poder acompanhá-la no pensamento, mas não
ainda. Com certeza depois que tudo estivesse esclarecido entre eles, antes, não. Bom... Isabella não
precisava saber desse detalhe, então, sorrindo lhe disse.
– Sim... Queria que esta noite você fosse para meu apartamento.
A namorada pareceu engasgar.
– Ir para sua cobertura?!
– Sim. Por que não? – perguntou se desencostado do carro e pegando a bolsa que ainda estava no
chão. – Da próxima vez, antes de nos beijarmos acho bom você deixar sua bolsa em algum lugar.
Não entregou a bolsa á ela, abriu a porta traseira e a depositou ali. Depois Edward abriu a porta para
que ela entrasse com o coração aos saltos, provavelmente pela menção ao beijo e por se lembrar do
que quase aconteceu entre eles ali no meio da rua. Assim que ela estava acomodada, ele assumiu
seu assento e se pôs a caminho de sua cobertura, sem nem mesmo esperar por sua resposta. Agora
sabia que ela sempre aceitaria.

Edward manobrou o carro em silêncio, logo deixava a rua vazia ao lado do restaurante e seguia para
o trafego intenso de Nova York. Como sempre Bella tinha dificuldade em desviar a atenção de suas
mãos. Impossível conter o estremecimento ao se lembrar que quase se rendera á uma delas.
Definitivamente o namorado era muito bom em tudo que fazia; sabia exatamente “onde” tocar e
“quando” tocar para levá-la á loucura. Também não pôde evitar a pontada do ciúme ao constatar que
tamanha ciência só se adquiria na prática. E em seus vinte e nove anos, Edward era experiente,
profundo conhecedor do corpo feminino.
O conhecimento nada mais era que a confirmação de sua fama. Bella tinha que reconhecer que o
namorado fora mesmo um mulherengo e desejar que o “fora” fosse verdadeiro. A jovem não estava
gostando muito daquele novo sentimento. O que a levava á sua própria “traição”. Se ela ficava
mortificada em apenas “imaginar” as possíveis ex, como Edward não se sentia com um ex-
namorado real e presente? Mais uma vez recriminou-se por não ter pensado essas coisas “antes” de
sua atitude mal ponderada.
Bella reconhecia que Edward havia sido extremamente compreensivo e no que dependesse dela,
nunca mais se colocaria naquela situação novamente. Não se tornaria sem opinião e sem iniciativa –
não queria “desinteressá-lo” –, mas evitaria situações que o deixassem com ciúmes. Principalmente
nunca mais deixaria Paul se interpor entre eles, nem mesmo em pensamentos ou citações.
No caso do ciúme agiria como na mentira, se não era bom para ela, jamais seria bom para o outro,
então não o provocaria. Realmente uma pena que o ciúme fosse um sentimento negativo, pensou
jocosa e libidinosamente. Afinal, Edward ficou extremamente desejável, em sua última crise de
ciúmes. Bella olhou mais uma vez para as mãos ao volante e estremeceu. Apesar de toda tensão de
minutos atrás, estava novamente excitada. Bom... Qual a novidade?
Edward tinha o poder de deixá-la naquele estado até mesmo quando não estavam juntos, como
poderia ser diferente quando estavam tão perto? Depois de ouvi-lo dizer de forma tão intensa que
“gostava” dela; se “interessava” por ela? Não poderia... As palavras não foram exatamente uma
declaração de amor, mas ela, de certa forma não esperava por isso; tinha sua rosa. E na verdade era
relativamente cedo para Edward falar de amor. Estavam-se “conhecendo” e com o tempo, se tudo
fosse verdade, ele verbalizaria. Assim como ela declararia o dela. E se estavam de tal forma
conectados, seu corpo sempre reagiria ao do namorado como um imã.
Depois de toda intimidade que compartilharam era complicado manter-se distante. Parecia natural,
certo, necessário estar entre seus braços. Ao pensamento, lentamente Bella desviou seu olhar para
os pulsos do namorado. Então para o braço forte escondido sob a manga do casaco. Com o coração
aos saltos, analisou-lhe o pescoço, o queixo anguloso e marcado. O perfil entalhado em pedra;
mármore. Lindo.
– Nunca lhe disseram que é feio ficar encarando? – ele perguntou sem voltar-se.
– Quem inventou essa regra definitivamente não conhecia você. – respondeu com o coração a pulsar
ainda mais.
Edward sorriu torto e olhou brevemente em sua direção.
– Não posso ser tudo isso. – retrucou divertido.
“Sim, você é”, Bella pensou. Porém jamais lhe diria. Tudo que não queria era um namorado lindo e
convencido. Além do mais, alguém com excesso de confiança e experiência como ele, sabia muito
bem que era bonito e desejável. Não era possível que ele nunca tenha percebido a comoção que
causava nas mulheres quando chegava á locais públicos. Ela não precisaria fazer alarde quanto á
isso. A jovem suspirou. Antes que fosse arrastada mais uma vez para seu ciúme, ela estendeu a mão
e tocou seu rosto. Nada de mais; apenas fazia carinho na curva acentuada de seu queixo, ainda
assim o ouviu suspirar pesadamente.
A jovem estava gostando daquele contato com a pele firme e levemente fria, então, inclinando-se
levemente em sua direção, desceu a mão de seu queixo introduzindo-a pela gola da camisa até
tocar-lhe a nuca, passando a brincar com os cabelos naquele ponto. Sabia que seus carinhos eram
nada se comparados ao que ele fazia com ela, justamente por isso, ficou satisfeita em vê-lo apertar o
volante e acelerar seu carro. Bella sentiu um fio de contentamento cruzar seu coração. Podia não ser
tão experiente, mas conseguia provocá-lo.
Como resposta, sem se importar com a velocidade que seguia, Edward passou a dirigir com uma das
mãos e tocou-lhe a coxa, apertando-a levemente. Evidente que o corpo da jovem reagiu ao mais
simples toque. Assim como sempre reagiria á sua voz rouca.
– Acabaram-se os vestidos?
Corando com a lembrança das duas vezes em que um vestido esteve entre eles; em especial á
última, Bella respondeu.
– Ainda tenho algum deles.
Sem mover a mão, deixando-a exatamente onde tocou, somente apertando, disse sem tirar os olhos
do trânsito á sua frente.
– Pois deveria usá-los mais vezes.
– Me lembrarei disso.

Após alguns minutos, Bella percebeu que haviam chegado á Wall Street sem nunca pararem. Se
Edward furou sinais de trânsitos ou se teve sorte, ela não saberia dizer. Deixando de acariciar-lhe a
nuca, sentou corretamente em seu assento. Somente então se deu conta que fora mesmo o edifício
de Edward, iria para sua cobertura, mais uma vez. Imediatamente seu coração voltou a bater
acelerado. Estava no território do namorado, iria para a cama “dele”.
Enquanto Edward manobrava em sua garagem, Bella agradecia aos céus por não ter dado a devida
dimensão á sua proposta. A lembrança de sua primeira visita á cobertura ainda estava fresca em sua
memória. Dois dias apenas. A jovem ainda sentia a força da presença de Edward em todos os cantos
da sala, ocupando todo o apartamento. Sentia o corpo forte, vestido apenas em uma calça preta,
apertando o seu. O primeiro beijo. A proposta do primeiro encontro que ainda seria na noite
seguinte... Tantas coisas haviam acontecido entre eles que parecia estranho ter se passado somente
“dois dias”.
E lá estava ela. Namorando... Amando Edward Cullen e sendo conduzida por ele para sua cobertura,
para – ao que ela esperava – amarem-se ainda mais. Se lhe dissessem isso há duas semanas teria
rido incredulamente. Bella se encontrava tão imersa em seus pensamentos que nem ao menos ouviu
o praguejar baixo de Edward e as palavras “fique no carro Isabella” assim que ele saiu do veículo.
Em sua distração, impulsivamente – completamente esquecida que ele sempre lhe abria a porta –
Bella saiu para a garagem. Ainda alheia ao que fazia, não viu que o namorado olhou em sua direção
alarmado quando fechou a porta do lado do carona. Bella seguia para a traseira do veículo, quando
milagrosamente Edward materializou-se em seu caminho com o olhar preocupado.
Bella piscou algumas vezes tentando entender como ele surgira á sua frente. Como das outras vezes
não encontrou resposta, mas se lembrou que ele sempre lhe abria a porta, contudo não via motivos
para que estivesse com raiva somente por ela não ter se lembrado. Quando falou, sua voz estava
estranha, rouca.
– Não disse para que ficasse no carro? Volte para... – porém ele nunca terminou a frase.
Antes mesmo que Bella se preparasse para lhe pedir desculpas, ouviu a voz suave e feminina.
– Ora, ora, ora... Que casal mais simpático!
Imediatamente Edward se virou na direção da voz, deixando-a ás suas costas, tapando-lhe a visão.
Em sua curiosidade, porém, Bella se afastou para o lado em tempo de ver a loira deslumbrante sair
das sombras. A jovem se lembrava dela da noite do baile, a que estava de Alice. Se não lhe falhava a
memória era esposa de um dos funcionários ou sócio de Edward. O que ela fazia ali e àquela hora?
– Rosalie. O melhor que tem á fazer é ir embora. – disse Edward tenso.
Bella olhou para a loira, então para as costas de Edward e novamente para a mulher; confusa.
– Por quê? – a loira sorriu levemente. – A namoradinha não pode saber sobre nós?
“Nós”?!... Bella sentiu o baque no coração.
– Não existe “nós”. – Edward disse entre dentes. – Sabe que é inútil tentar envenenar-me contra
Isabella. Agora vá de uma vez, Rosalie. Podemos resolver isso outra hora.
“Como assim”, pensou Bella. Ele acabara de dizer que não tinha nada com a loira para no segundo
seguinte dizer que “poderiam resolver depois”?... Bella perguntou-se o que era aquilo tudo. A loira
casada era o quê?... Amante de Edward? Ainda se recusava á pensar aquilo, mas com o coração
caído no fundo do peito, ela se perguntou se aquilo não seria mesmo verdade; que Edward tivesse
predileção pelas mulheres alheias. Seria possível que ela fosse somente mais uma? “Não”, sua
mente gritou. “Não vá por aí”... Não, Edward não faria isso com ela. Não faria, faria? Como havia
acontecido ao longo do dia, novamente sentiu seu estomago.
A loira mostrou os dentes perfeitos em um riso debochado.
– Não me mandou embora de sua cama a duas noites atrás.
Àquelas palavras Bella afastou-se de Edward como se tivesse sido repelida por uma descarga
elétrica.
– Deixou-me para vir se encontrar com ela?
Bella nem mesmo reconheceu a própria voz, tão rouca estava. Ignorando-a, Edward sequer voltou-
se. Toda sua atenção era destinada á loira; sua amante. Agora não havia duvidas, visto que ele nem
se dignou á olhá-la. Bella sentiu que sufocaria. Estranhamente, ele começou a tirar o casaco, deixou
que este caísse ao chão e curvou-se em uma posição de defesa, como quem espera o ataque de um
adversário. Quando falou sua voz parecia um rosnado.
– Melhor ir agora Rosalie.
A loira ignorou-o.
– Não contou o que fizemos para sua humana? Tsc, tsc, tsc... Que feio Edward!... – ela maneou a
cabeça negativamente em sinal de reprovação. – Como ela se habituará ás regras de criaturas como
nós se não instruí-la corretamente?
“Sua humana”?... “Criaturas”?... Sobre o que ela estava falando afinal?
De repente Rosalie se voltou diretamente para a Bella e disse.
– Sim meu bem, ele veio para mim... Um vampiro como Edward até se diverte com humanas
insossas como você, mas prefere mesmo...
“Vampiro”!... Seu estomago deu uma volta inteira.
– Já chega.
Bella ouviu Edward vociferar, cortando-a, e em um segundo não estava mais á sua frente. Correu á
uma velocidade incrível até a loira que simplesmente saltou sobre ele e caiu á menos de um metro
de onde Bella estava. A jovem prendeu a respiração diante da cena impossível e da expressão
transtornada da loira á sua frente. Porém Edward que, inacreditavelmente estava de volta, puxou-a
pelos longos cabelos, obrigando-a a afastar-se no segundo exato em que ela estendia as mãos em
direção ao seu rosto, com os dedos em garras, como se fosse arranhá-la.
Sem forças para manter-se de pé, Bella cambaleou para o lado até recostar-se na traseira do BMW.
Um bolo uniforme subia por sua garganta enquanto assistia vidrada o desenrolar da cena
animalesca.
Após ter sido obrigada a afastar-se da jovem, a loira se voltou contra seu captor sem se importar em
ter chumaços de cabelos arrancados. Com os dentes á mostra e com um grito histérico se lançou
contra seu pescoço. O ataque fora tão rápido que Edward não pode evitar e Bella nem mesmo viu
todo o movimento, apenas focou a visão quando Rosalie estava como que agachada sobre o peito
dele com os dentes cravados em seu pescoço, á mover a cabeça freneticamente e a rosnar como um
animal em fúria.
Bella viu, horrorizada, o ferimento aberto no pescoço de Edward e o sangue escorrer livremente
manchando sua camisa branca, quando ele finalmente conseguiu prender sua agressora pela cabeça
e derrubá-lo ao chão. Sem soltá-la – forte como se não estivesse mortalmente ferido – e totalmente
colérico como esteve pela manhã em sua sala, ele segurou firmemente as laterais do rosto perfeito e
sujo com o seu sangue e sem esforço algum o torceu. A jovem apenas ouviu o “creck” seco então
tudo escureceu á sua volta.

Edward nem ao menos a viu cair. Estava preso em sua fúria. Tamanho era seu ódio pela vampira
que desprender-lhe a cabeça não lhe bastou. Em um gesto rápido, procurou por seu coração e
arrancou-o, atirando-o ao lado do corpo inerte logo em seguida. Ainda olhou para a vampira morta
como se, de certa forma, ela pudesse voltar á vida. Quando se deu por satisfeito, correu os olhos á
sua volta, ofegante. Foi quando viu Isabella caída ao chão frio da garagem. Mortificado com a cena,
sequer sentiu a dor em seu pescoço. Esquecendo-se que estava com as mãos sujas com o sangue de
Rosalie, foi até sua humana desacordada.
Ao chegar ao seu lado sentiu-se fraco, então se lembrou que não havia se alimentado aquela noite,
que fora mordido e que perdera sangue. Sabia que a ferida já começava a cicatrizar, mas sem sangue
fresco em seu corpo o processo seria relativamente lento. E ele não podia perder tempo.
Não gostava do que iria fazer, odiava Rosalie ainda mais mesmo que estivesse morta por obrigá-lo a
fazer aquilo, mas era necessário. Sentando-se no chão ao lado de Isabella a puxou para seu colo
manchando sua roupa e, afastando a gola do casaco, mordeu-a. Sugou-lhe o sangue aos poucos,
lentamente, racionando, sentindo a ferida ir gradativamente fechando-se. Em todo o tempo jurava a
si mesmo, com os olhos ardendo, que nunca mais beberia de Isabella depois daquela noite.
Aceitando-o ou não. A única exceção seria no dia de sua transformação.
Quando soube ter bebido o suficiente, fechou-lhe a ferida. Ainda a manteve em seus braços por
alguns minutos, recuperando-se parcialmente até que pudesse carregá-la. Precisava limpar a sujeira,
alimentar-se corretamente e o pior de todas as coisas, acordar Isabella e reparar o estrago causado
por Rosalie. Naquele momento arrependeu-se por não ter contado quando teve a chance naquela
manhã; provavelmente tudo seria diferente.
Ergueu-se com Isabella nos braços e se dirigiu para seu elevador. Assim que apertou o botão da
cobertura, sentou-se novamente com a jovem sempre em seu colo. Edward pousou a cabeça em seu
ombro e escovou-lhe os cabelos. Na tentativa de acalmar-se, passou a entoar a música que surgiu
em sua mente na noite passada quando estava com ela em seus braços.
Maldita Rosalie!... Sua vontade era descer até a garagem e desmembrá-la. Picá-la em pedaços
pequenos por ter se atrevido a tentar machucar Isabella em sua frente. E acima de tudo, por tê-lo
denunciado antes que pudesse contar a verdade á sua maneira. Com o velho coração diminuído em
seu peito, abraçou-a fortemente e afundou o rosto no alto de sua cabeça, cheirando-lhe os cabelos.
Seus olhos ardiam.
– Por favor, me aceite... – murmurou.
E assim, abraçado á sua humana, o vampiro entoou seu pedido até que sentiu o elevador perder
impulso. Quando as portas se abriram no hall, ele já se encontrava de pé. Ao chegar á sua cobertura,
correu escada á cima para depositá-la gentilmente em sua cama. Precisava sair e não poderia correr
o risco de Isabella acordar sozinha, então dando leve batidas em seu rosto, chamou-a. Após alguns
segundos a jovem abriu debilmente os olhos. Ela nem ao menos teve tempo de focá-los ou perceber
onde estava. Assim que olhou em sua direção, antes que qualquer entendimento passasse por sua
mente, Edward deu a ordem.
– Durma Isabella.
Imediatamente ela fechou os olhos novamente, dessa vez, porém apenas em sono profundo; não
mais desmaiada. Edward jurou a si mesmo que aquela também seria a última ordem que daria. Não
desejava mais enganar ou iludir a jovem. Para o bem e para o mal, queria-a lúcida. Sem desprender
os olhos de seu rosto, tirou-lhe os sapatos e beijou-lhe demoradamente os lábios inertes. Assim que
tirou a camisa suja de sangue, saiu.
Correu escada abaixo, agora tinha pressa. Ainda não estava totalmente recuperado, mas
simplesmente não suportaria esperar a lentidão do elevador. Encontrou os restos da vampira
exatamente como havia deixado. Não sentiu nem mesmo uma única gota de remorso por tê-la
matado. Havia livrado o mundo de uma praga peçonhenta. Parando ao seu lado, percebeu que todo
o sangue velho havia se esvaído, melhor assim.
Edward percebeu que estava com o peito nu, quando avistou seu casaco. Depois de vesti-lo, seguiu
até seu SW4 e abriu o porta-malas. Então voltou até a vampira, juntou seus restos e os levou até o
carro. Depois de dobrar o tapete que cobria o fundo do porta-malas sobre ela, como um envelope,
fechou a traseira. Finalmente se livraria de vadia.
Edward dirigia rapidamente, porém obedecendo – na medida do possível – as leis de transito. Não
poderia chamar a atenção aquela noite. Tinha um destino certo. Queria levá-la para longe, para um
lugar onde existiam aquelas latas de lixo gigantes onde o viúvo da vampira havia queimado duas de
suas vítimas. Seguia para o Queens.
Atravessou a ponte sem nem perceber. Induzir um humano para lhe conseguir gasolina e um
isqueiro, assim como chegar até onde queria também foi rápido e fácil. Logo estava no mesmo beco
em que descobriu que Emmett o seguia. Desta vez os latões não estavam tão cheios. Edward havia
parado com a traseira de seu carro exatamente para o beco. Abriu o porta-malas e pegou o corpo de
Rosalie junto com o tapete e o coração atirando-os na lixeira, então jogou a cabeça que trazia pelos
cabelos loiros. Pegou o galão de gasolina e despejou todo o conteúdo sobre o lixo, ateando fogo
logo em seguida.
Edward ouviu os passos antes mesmo de sentir o cheiro de viciado. Por sua visão periférica viu um
garoto mal vestido se debruçar na janela de seu SW4 enquanto outro se dirigia para a entrada do
beco.
– Ei, playboy de merda!... Que porra pensa que está fazendo no meu bairro?
– Por que não vem até aqui para eu te dizer. – disse Edward com a voz sombria.
Atraído pelo som de sua voz, o garoto que vasculhava seu carro ergueu-se da janela e olhou em sua
direção. O homem que estava á entrada do beco, levou uma das mãos ás costas e quando a revelou
trazia uma arma. Imediatamente a apontou na direção de Edward.
– Não vou a lugar nenhum playboy de merda. Você é que vai vazar agora... – enquanto falava o
garoto se aproximava. Estreitando os olhos para analisar Edward na penumbra, exclamou. – Mas
que porra é essa?... Você “tá” coberto de sangue!... Vaza daqui, porra. Não quero confusão na minha
área. Seja lá o que você veio descartar aqui já está feito, agora some antes que eu perca o bom
humor.
– Dos humores em jogo o único que não poderia ser perdido era o meu. – disse com a voz rouca.
Precisava urgentemente de sangue. Não tinha tempo para conversas. Uma vez que o alimento veio á
ele, não tinha porque esperar mais. O homem que o enfrentava era grande, lhe serviria bem, então
chamou atenção do garoto ás costas dele.
– Você. – quando o garoto o olhou por sobre o ombro do homem, ele o prendeu pelo olhar e disse. –
Esqueça que nos viu aqui e vá para casa. Não se importe com gritos ou qualquer outro som que
escute. Apenas vá direto para casa.
– Que porra é essa?! – o homem vociferou. – O playboy de merda “tá” achando que é quem “pra”
dar ordens aqui? Fique comigo mano. – pediu para o amigo.
Voltando-se para olhá-lo, o homem viu apenas o garoto acabando de sair do beco, obedecendo á
ordem de Edward. Ele bufou enfurecido.
– Que merda!... Como fez... ? – a pergunta morreu em sua garganta.
Ao se voltar com o cenho franzido, deparou-se com Edward exatamente á sua frente. Com o susto
disparou a arma atingindo o vampiro na lateral do estomago. Edward sentiu o sangue correr, mas
não se abalou. Logo o reporia. O vampiro sorriu satisfeito ao notar que a voz nem ao menos saiu
pela boca de seu atacante quando percebeu que havia acertado o tiro e que seu alvo não se curvou
ou caiu. Ao invés de contorcer-se, Edward, sempre fitando o homem incrédulo, introduziu o dedo
na ferida para tirar a bala. Doía, mas tinha que ser feito. Quando a encontrou tirou-a e analisou entre
os dedos ensanguentados por um segundo dizendo.
– Não posso deixar essas coisas em mim...
Então soltou a bala suja ao chão. Ali, naquele contexto, Edward apreciava imensamente o terror.
Não via mais seu atacante; agora a figura trêmula e imóvel era sua vítima. Depois de apenas um
passo Edward pôde pegá-lo pela gola do casaco, erguendo-o. A boca do homem estava aberta, seus
olhos vidrados, mas ele não emitia som algum.
– Preocupei-me a toa com o que seu amigo pudesse ouvir. Para quem xingava e vociferava, você
está bem quieto agora. O que houve? O gato comeu sua língua?
Não teria resposta, nem esperava por ela. Sendo assim, Edward levou-o para o fundo do beco e se
serviu dele. O homem sequer se debateu quando cravou os dentes em sua carne; estava em choque.
Talvez nem tenha percebido a morte. Ao contrário de Edward que a cada sugada em sua jugular,
sentia a vida em suas veias. O sangue fresco recuperando definitivamente a ferida em seu pescoço e
fechando o furo feito após o tiro.
Não tinha mais tempo a perder. Já estava parado ali muito além do recomendado e Isabella estava
sozinha em sua cobertura. Então carregou o peso morto que era o corpo do homem e o jogou na
lixeira; queimaria junto á vadia. Rapidamente Edward tirou o casaco de seu corpo e o jogou no fogo
também. Em seguida, sem demora, voltou ao seu carro, fechou o porta-malas, assumiu o lugar do
motorista e foi embora.
Sorte seus vidros serem escuros. Gostava de andar nu em sua cobertura; nadar igualmente nu em
sua piscina ou no mar, mas não dirigir semi despido pelo transito de Nova York. Ainda não
comparava a noite com a passada, mas não podia deixar de maldizer sua sorte por estar mais uma
vez preso á uma noite horrível. Rosalie maldita!... Naqueles últimos dias a vadia conseguira estragar
tudo que planejara para ele e Isabella. Se vampiros possuíssem alma Edward desejava que, assim
como seu corpo ardia na lixeira, a da vampira estivesse ardendo no fogo do inferno.
Enquanto cortava os carros, dirigindo por puro reflexo, Edward lembrou-se das palavras incrédulas
de sua namorada.
“Deixou-me para vir se encontrar com ela?”
Sim. De certa forma fora exatamente isso que havia feito e se tivesse como adivinhar tudo que
aconteceria pelo simples fato de mandá-la embora, teria acabado com a raça de vampira há duas
noites. Foi usado pela vagabunda, ferido em seu orgulho quando ela mandou sua Isabella para os
braços de outro e como se não bastasse, agora teria que lidar com tudo que a jovem viu e ouviu
porque aquela vampira despeitada e vingativa havia se adiantado á ele. De repente lhe ocorreu que
era como se Rosalie soubesse de antemão todos os seus passos. Como se adivinhasse seu futuro ou
tivesse acesso á tudo que pretendia fazer; sempre se adiantando.
Apertando o volante Edward cismou se era possível que vampiros previssem o futuro. Assim como
a teoria da indução, ter vampiros que poderiam ler as mentes dos outros era ainda mais perturbador.
Cada vez mais Edward começava a acreditar que estava certo em sua teoria. Na verdade, nas duas.
Se Rosalie estivesse induzida a fazer o que fez, teria morrido inocentemente, mas Edward
simplesmente não poderia deixá-la viva para executar a ordem de matar Isabella. “Se é que a ordem
era essa”.
Por outro lado, se ela fosse capaz de prever o futuro, isso poderia fazer dela seu intruso. Era muito
mais fácil aceitar seu ódio que seu amor. Sempre se detestaram. Ela poderia muito bem tê-lo
seguido até o parque aquela noite. E ela estava no Halloween... Então Edward se lembrou da
questão do cheiro. Não reconheceu o odor em nenhuma das vezes que esteve em contato com ele.
Contudo, algo lhe ocorreu, da mesma forma que ele descobrira ter uma força nova e extrema,
Rosalie poderia ter descoberto e saber como disfarçar a essência natural dos vampiros.
Seu coração se encheu de esperança. Se a vampira era seu intruso, estava livre. Edward acalentava
esse pensamento quando chegou ao seu edifício. Mal entrou na garagem e estacionou, procurou por
uma mangueira que sabia ter por ali. Precisava apagar todos os vestígios da passagem da vampira
pelo NY Offices. Já que Emmett acreditava que ela estava em Rochester, continuaria acreditando.
Não arriscaria provocar a fúria no outro caso ainda houvesse algum sentimento dele para com a
esposa infiel. Seria melhor que ninguém soubesse. Pelo menos por enquanto.
Assim que apagou todo e qualquer traço de Rosalie de sua garagem e de suas mãos, Edward correu
escada acima. Entrou em sua cobertura em um átimo e foi até seu quarto. Seu coração somente se
aquietou ao ver que Isabella não havia se movido um milímetro da posição que a colocara. Sabia
que precisava de um banho. Sentia-se sujo; estava sujo. De sangue e morte. Tudo dera errado na
manhã e na noite que precisava de paz.
Acreditava não ter mais forças para afastar-se, mas se obrigou a seguir ao banheiro mesmo assim.
Não poderia deixar que Isabella o visse coberto de sangue. Lembrar-se de tudo que viu já seria
suficiente. Após uma ducha rápida, voltou ao quarto e vestiu somente uma calça de sarja escura,
estava impaciente para camisas. Enquanto se vestia, não desprendia os olhos de Isabella.
Subitamente ficou apreensivo imaginado qual seria sua reação quando a despertasse.
Ao sentar-se na beirada da cama e perscrutar-lhe o rosto sereno, Edward sentiu sua coragem e
decisão esvair-se. Agora não se tratava simplesmente de “contar”. Isabella sabia; havia visto.
Precisava fazê-la confiar nele, saber que nunca a traiu e convencê-la á aceitá-lo. Trabalho demais
para seu coração temeroso. Não conseguia ver-se longe de Isabella, talvez por esse motivo não
tenha pensado no que fazer caso ela não o aceitasse. Com o coração a enchesse de medo, deitou-se
ao lado de sua humana e trouxe-a para seu peito, abraçando-a. Como havia feito no elevador,
cheirou o alto de sua cabeça e entoou o pedido.
“Por favor, me aceite”.

http://www.youtube.com/watch?v=2eVR2jWHcLM

************************************************************************

Notas finais do capítulo


Tenso... Espero que tenham gostado.. please... me deixe saber... comentem sempre... os
comments de vcs alegram e incentivam a autora aqui... ;)Infelizmente vou quebrar a
"tradição". Hoje não posso deixar spoiler pq todos os trechos são comprometedores ou
com tem pensamentos que podem levar vcs a tirarem conclusões precipitadas... Vou
tentar postar o mais rápido que puder... Bjus... :)BOA SEMANA!...

(Cap. 35) Capítulo 6 - Parte II

Notas do capítulo
Oie minhas lindas... Desculpem a demora... tava postando na comunidade...

Mas agora o capítulo está aí, interinho...


Leiam com atenção e calma, pois ele é tenso...

BOA LEITURA!...

E obrigada por comentarem... e por indicarem... S2

Deitado em sua cama, ao lado de Isabella, Edward acariciava a pele alva do rosto da jovem há
incontáveis minutos. Contornava as pálpebras lilases, o nariz altivo, os lábios de um rosa pálido, tão
delicados que ele não poderia deixar de comparar com pétalas de rosa. Isabella estava linda em seu
sono induzido, como a princesa dos irmãos Grimm que fora envenenada ao morder uma maçã.
Se fosse possível, ele faria como no conto de fadas e a colocaria em um esquife de vidro e, como
nunca seria um príncipe, jamais a despertaria. Colocá-la-ia em uma sala especial e passaria a
eternidade ao seu lado, apenas admirando-a. Tudo para não perdê-la. A variação seria acordá-la e
induzi-la a aceitá-lo. Mantê-la cativa com seu encantamento para sempre ainda para não perdê-la.
Porém nem isso seria garantia de sua permanência, visto que Isabella, surpreendentemente
despertava de induções, sozinha. Nem mesmo isso seria uma opção caso Isabella não o aceitasse. E
a cada minuto que passava se convencia que seria exatamente isso que aconteceria no instante que a
despertasse.
Não poderia contar com a sorte, pois como Jasper havia dito ela não ajudava naquelas horas. Assim
como não poderia contar com aquela conversa de Isabella gostar de vampiros; algo lhe dizia que
toda adoração que sentiu nas palavras de sua matéria poderiam ser pura balela, ainda mais quando
ela estivesse diante de um verdadeiro ser maldito. Tudo que poderia desejar é que ela não se
assustasse, deixasse que ele se explicasse e aceitasse sua condição. “Somente isso” pensou
ironicamente.
Agora o vampiro via seu erro, mais um entre tantos que cometera com Isabella. Devia tê-la
preparado. Deveria ter-lhe contado sobre sua imortalidade dias antes. Talvez na praia quando ela
aceitou namorá-lo. Contudo, não se revelara, tornando o momento da descoberta algo trágico para
ela. Edward sabia que Isabella sofrera ao vê-lo sendo atacado. E uma vez liberto de sua fúria
assassina, desejava fervorosamente que Isabella tenha desmaiado antes de vê-lo partir o pescoço da
vampira, que a lembrança de seu sangue manchando a camisa – e não a cabeça da loira solta em
suas mãos – fosse a primeira que ela tivesse quando acordasse.
E precisava fazê-lo; era inútil adiar o inevitável. Edward acariciou os cabelos castanhos. Brincou
com as mechas por entre os dedos. Trouxe-as até o nariz e aspirou ao odor. Estranhamente o cheiro
não despertou seu desejo, apenas oprimiu seu coração. Ele a perderia. Aproximando o rosto ao de
Isabella, beijou-lhe as pálpebras, a ponta do nariz, então, roçou sua boca levemente nos lábios
inertes. Segurando as bochechas da jovem, manteve os rostos grudados; testa contra testa, nariz
contra nariz, deixando que a respiração de ambos se misturasse.
Erguendo o rosto, deixou que o nariz de Isabella lhe tocasse a base do pescoço. O que não daria
para que ela lhe cheirasse como havia feito aquela manhã em seu colo. Ou o tocasse carinhosamente
como havia feito á pouco em seu carro. Daria a própria vida se fosse possível ter um minuto a mais
com Isabella lúcida em seus braços. Porém, com o coração ainda mais oprimido, reconheceu que
não o teria. Edward permitiu-se um último olhar, não cogitando qualquer tipo de aceitação da parte
dela quando acordasse. Recusava-se á ter esperanças para não sofrer com uma possível rejeição.
Afinal, criaturas de estórias de terror nunca tiveram finais felizes, não é mesmo?
Então, subitamente decidido, aproximou os lábios do ouvido da jovem e a chamou.
– Acorde Isabella!
Ela franziu a testa e murmurou algo ininteligível.
– Acorde Isabella! – repetiu beijando-lhe a orelha dessa vez.
A jovem entreabriu os olhos lentamente, esperando que a visão se ajustasse á claridade. Ela olhou
em volta, aturdida. Então, focalizando o rosto de Edward á sua frente, lhe sorriu mansamente.
– Edward! – ela tocou o rosto com receio. – Você está aqui!
Bella estava lhe sorrindo. O vampiro permitiu-se sentir um fio de esperança. Seria possível que ela
entendesse e aceitasse o que se passou na garagem?
Então, como que por resposta á sua pergunta íntima, viu as sobrancelhas da jovem se juntar, como
se algo na cena que via estivesse errado. E estava! Então o rosto amado se tornou lívido e se
contorceu em desespero. Ela sentou-se abruptamente olhando seu pescoço e o inspecionou com
dedos afoitos.
– Você está bem?
Bella tateou ainda o peito musculoso e perfeito á procura de algum ferimento. Quando não
encontrou uma cicatriz sequer na pele de mármore o olhou, confusa.
– Não está ferido?! Como é possível? Eu o vi ser atacado... Seu pescoço... Aquele sangue?...
Deveria estar morto!
– Calma Isabella, eu posso explicar...
– Explicar o quê?... Como é possível? – ela o encava incrédula. – Eu vi o ferimento. A quantidade
de sangue... Tanto sangue... – então, como se duvidasse em seus olhos, perguntou como se para si
mesma. – Não vi?
Quão fácil seria iludi-la se ainda pudesse ou confiasse inteiramente nisso; mentir-lhe, apagar-lhe a
lembrança. Aquele era o momento, porém Edward não se sentia propenso a enganá-la. Na verdade,
estava cansado de iludi-la; aquela era a hora da verdade. Não importando as conseqüências.
– Sim... – disse pausadamente. – Você viu.
– Mas então, como... – a voz da jovem falhou.
– Você sabe a resposta. Nada pode matar-me Isabella! – disse simplesmente. Então, recapitulando,
corrigiu. – Talvez estacas de madeira.
“Um vampiro?!” Impossível!
Bella lhe sorriu em duvida, como se tivesse ouvido alguma piada sem entendê-la. Porém ela lhe
analisou o pescoço incólume mais uma vez. Nem uma mísera marca. Mas ela tinha a imagem da
loira “montada” em seu pescoço, gravada em sua mente. A mordida fatal. Não haveria escapatória.
Pelo menos uma que não envolvesse transfusões e dias e dias em um hospital. Como era possível
que ele estivesse a sua frente? E mais... Como era possível que alguém pudesse fazer um ferimento
como o que vira somente com os dentes?
Correndo os olhos pelo quarto, ela encontrou a camisa abandonada ao chão. A mancha de sangue
provando-lhe que não delirara ou sonhara com a cena. Mais uma vez ela voltou os olhos ao pescoço
perfeito á sua frente. Seria possível?
“Nada pode feri-me Isabella” ele dissera. “Talvez estacas de madeira”.
Com o coração batendo aceleradamente, Bella olhou para o rosto expectante a sua frente. Analisou
os olhos incrivelmente verdes destacando-se no rosto pálido. As feições perfeitas. Perfeitas demais
para qualquer ser humano. Lembrou-se da velocidade anormal. Da boa audição. A pele sempre fria.
Sem contar a forma cadenciada e pausada de falar que o fazia parecer ter vindo do século passado.
Subitamente a imagem de um Edward colérico; transformado, lhe veio á mente. Um simples aperto
e ossos foram quebrados como gravetos. Na sequência, o “creck” seco de um pescoço sendo partido
pelas mãos firmes de Edward soou em sua cabeça. O corpo da jovem estremeceu. Ainda analisando-
lhe o rosto, de repente ele lhe surgiu como se o visse pela primeira vez. Tamanha beleza e força não
poderiam realmente ser humanas. Por mais que fosse impossível conceber, tinha que se render ao
óbvio. Edward era “mesmo” um vampiro!
Nesse momento as palavras vieram.
– Como pode...? – Bella ouviu sua voz de muito longe.
Subitamente o ar lhe faltou. Sem que percebesse o movimento, puramente instintivo, afastou-se dele
até ser parada pela cabeceira da cama. Edward estendeu a mão em sua direção, porém se deteve ao
vê-la encolher as pernas até abraçar os próprios joelhos.
– Isabella deixe-me explicar...
– Sempre acreditei que vampiros não existiam... Agora... Você me diz, não só que estou enganada,
como que você é um deles? Não pode ser isso...
– Você sabe que digo a verdade!
Edward lhe falava tranquilamente, contudo Bella recusava-se a acalmar-se. Se ele era mesmo um
vampiro e ele lhe escondia esse “detalhe”, tudo que viveram só poderia ter sido um truque;
enganação.
– Vai matar-me, não vai? – apesar de tremer dos pés á cabeça, a voz de Bella soou estranhamente
tranquila. – Por isso trouxe-me para cá?
– Não Isabela! – Edward permaneceu imóvel, talvez para não assustá-la. – Jamais a machucaria.
Outra voz ecoou em sua cabeça.
“Não vá com ele! Não acredite em nada que lhe disser!”
– Não acredito em você! – ela disse com a voz sumida.
– Isabella, quantas oportunidades eu já tive? – ele perguntou ainda sem mover-se.
Como ela poderia saber? Tentava pensar com clareza, mas a mente estava presa em um turbilhão.
Estava difícil se fixar em um pensamento coerente. Assim como era extremamente impossível
desviar os olhos de Edward. Ele também a encarava intensamente. O quarto estava no mais absoluto
silêncio. E então, como se lembrasse ou decidisse algo importante, ele prendeu seu olhar –
assustadoramente incandescente – ao dela e disse.
– Lembre-se do que sabe sobre mim.
A princípio as palavras não fizeram sentido algum para Bella, contudo, de repente, imagens novas e
estranhamente conhecidas vieram-lhe á cabeça. Edward sobre seu corpo a mover-se lentamente,
mas não na noite anterior. Antes disso, quando despertou de um sonho. Ele rosnando seu nome e
mandando-a esquecer. A lembrança vívida a excitou tanto quanto a apavorou.
Então outra vez, em sua cama a prensá-la de bruços contra o colchão. Ele a mandou ficar quieta,
dizendo que lutar seria pior. Uma mordida enquanto investia contra ela, então outra depois de
saciar-se em seu corpo dolorido depois de estocá-la repetida e violentamente. Ela se lembrou.
Edward fora o causador de sua “doença”! O que ele havia feito? Bebido demais seu sangue? Como
poderia afirmar que não a machucaria? Por Deus... Ele já havia feito!
Sem que pudesse refrear as imagens, viu-se em outras noites com Edward em sua cama. Até mesmo
na noite em que fora dispensada por Paul. E em todas ás vezes Edward bebeu de seu pescoço; uma
vez do interior de sua coxa quando sonhou estar em Forks. Bella arfou. Viu-se ainda refletida em
um espelho com Edward a segurá-la por trás enquanto a prensava contra uma pia e o sangue
escorrendo por seu pescoço. Novamente ele a mandou esquecer.
Ar... Precisava de ar!
O que era aquilo? O que acontecia entre eles?... Não em dois dias... Há vários dias!... Quando nem
ela mesma sabia o que queria... Quando acreditou estar ficando louca, Edward já freqüentava sua
cama sem seu conhecimento? Usava-a? O que ela era afinal? Algum tipo de vítima preferida?
Aflita, Bella forçou o ar para seus pulmões. Subitamente não queria se lembrar de mais nada, mas
independente de sua vontade as imagens continuavam a vir.
Bella se viu parada em frente á Cielo – ainda acompanhada de Paul – na primeira vez que viu
Edward. E então, em meio as suas duvidas, teve uma nova lembrança. Um rosto feminino. Primeiro
ao lado de Edward, depois em uma manchete de jornal. Como era mesmo o nome? Tanya qualquer
coisa! Não importava. O que importava era que Bella se lembrava agora. Aquela garota encontrada
morta era acompanhante de Edward quando o conheceu; não na escadaria onde morava e sim na
porta da casa noturna. Ele poderia dizer que não a machucaria, mas como acreditar na palavra de
um assassino?
– Você matou a garota que estava com você na saída da Cielo! – acusou.
Edward olhou-a incrédulo. Então estendeu a mão em sua direção.
– Não! – Bella gritou e se encolheu.
O vampiro a sua frente recolheu a mão mais uma vez e disse com a expressão sombria.
– Matei!
Subitamente todas as manchetes gritaram em sua cabeça.
– E todas aquelas outras pessoas!
– Não Isabella! – ele se pôs de pé, impaciente. – Não tenho nada a ver com o que tem ocorrido nos
últimos dias. E Tanya foi um acidente!
Sim... Bella pensou. Um acidente que quase acontecera com ela também. Então era aquilo que ele
fazia? Copulava com todas depois as matava. Bella era sem duvida a incauta da vez. Não fora isso
que a loira lhe disse antes de atacá-la?
“Um vampiro como Edward até se diverte com humanas insossas como você”.
Aquela era a verdade e talvez, houvesse chegado sua hora uma vez que havia sido levada para sua
cobertura e fora testemunha da imortalidade de Edward. Ela sentiu o bolo se formar em seu
estomago. A cabeça, povoada de imagens, duvidas e pavor, dava voltas inteiras. Forçava-se a
respirar quando ele pediu.
– Isabella, por favor, me escute.
A jovem, sempre encolhida, olhou em sua direção. Lentamente, como que para não assustá-la mais,
ele se sentou. O coração de Bella passou á bater ainda mais descompassado. Com a voz pausada ele
disse.
– Sei que está com medo. Que tudo que viu é demais para se assimilar de uma hora para outra. Mas
quero que saiba que está segura comigo. Não vou fazer-lhe mal. Nunca. Está me entendendo?
Imagens antigas e recentes se misturavam em sua cabeça, confundindo-a. Bella tentou sufocá-las
para que raciocinasse. Ela olhava na direção de Edward, via-o mover os lábios, mas sua voz vinha
de muito longe. Ele dizia que não faria mal á ela, que estava segura, mas como acreditar? Ele
mentiu; usou-a... Não usou? Bella forçou-se á pensar. Ainda sentindo cada batida de seu coração,
pescou algumas imagens que rodavam em sua cabeça. Então percebeu um detalhe importante; nada
daquilo era novidade para ela. Bella sonhou com todas as cópulas. A novidade era descobrir que
todas as vezes haviam ocorrido de fato.
E ela não apreciou cada uma delas? Não desejou que fossem verdadeiras. Tanto que mesmo
temendo Edward; mesmo sendo contra sua natureza, decidiu não ser “provinciana” e arriscar uma
aventura com ele? Acaso seu coração o amava menos naquele segundo do que há uma hora?
Mentindo ou não, ela o amava. Iria acreditar na morte acidental. Edward não poderia ser um
assassino frio... Mas e se o fosse? Conseguiria amá-lo menos? Sabia que seria impossível. Então,
por tudo isso, disse á si mesma que deveria acalmar-se e ouvir sua explicação. “Tinha” que haver
uma explicação. Com o estomago á dar voltas, ela tapou a boca com os dedos e disse.
– Sim. – a voz abafada. – Estou entendendo.
Respirando fundo, Edward voltou a falar pausadamente.
– Como lhe disse. Com Tanya foi um acidente. – a jovem estremeceu ao ouvir o nome, mas nada
disse. Ele prosseguiu. – Há muito tempo... Muito tempo mesmo... Eu não mato mulheres ou
inocentes.
Bella abriu a boca para perguntar sobre a loira, mas, provando que tiveram o mesmo pensamento,
Edward sequer deixou que falasse.
– Com Rosalie foi diferente. Você viu, ela lhe atacou, atacou-me. Somente nos defendi.
Sem dizer nada, ela somente acenou afirmativamente com a cabeça. Sem conseguir desviar os olhos
de seu rosto, Bella viu quando um lampejo cruzou os olhos – uma floresta de chamas verdes. Ela
não o intensificou, mas como tudo nele assustava-a agora, ficou na defensiva, esperando o que viria.
Então ela o viu abrir a boca, então fechar novamente. Como se estivesse indeciso sobre prosseguir
ou não. Subitamente ficou curiosa. O que um vampiro teria a dizer que lhe deixaria em duvida? Não
saberia, não conhecia vampiros. Não vampiros de verdade e com certeza não poderia se basear nos
literários.
Então ela esperou. O que não era bom, pois a falta de assunto permitia que as imagens invadissem
sua mente; indo e vindo. Como se tivesse algo no fundo de seu cérebro – no âmago de sua alma –
pronto á explodir. O silêncio se estendeu novamente por alguns minutos; nada bom. Bella ainda
tapava a boca, agora por acreditar que se a movesse gritaria com ele para que falasse logo ou lhe
livrasse das imagens estranhas. Afinal, não sabia como, mas ele havia desencadeado aquilo.
Mas não poderia fazer isso, poderia? Não sabia nada sobre vampiros reais, mas de uma coisa
poderia ter certeza, não seria prudente pressionar um deles. Ainda mais Edward. Ela já o vira no
limite de sua cólera. Não... Ficaria calada, com o estomago revolto e a cabeça povoada, até que ele
se resolvesse. Ao seu pensamento ele falou. Com a voz decidida e firme.
– Mas não foi sempre assim. Matei muitas delas no passado e... Já que agora é a hora da verdade.
Sinto que devo lhe confessar uma coisa.
“Confessar”? Bella estava tão concentrada em manter-se calma, em manter em ordem os flashs
coloridos e em sossegar as voltas de seu estomago, que não assimilou a palavra. Queria apenas que
ele falasse de uma vez, pois pelo seu tom de voz parecia importante. Edward prosseguiu.
– Acredite. Com Tanya foi mesmo um acidente e eu realmente “jamais” lhe causaria algum mal. –
nesse momento ele aproximou-se lentamente e estendeu a mão na direção dos cabelos de Bella. A
jovem obrigou-se á não mover-se, queria demonstrar que mesmo receosa confiaria nele. Porém
novamente ele se deteve. Com um suspiro resignado, prosseguiu.
– Há vinte e cinco anos atrás, eu estive no Arizona.
A jovem que havia concentrado sua atenção naquele toque que não veio, obrigou-se a encará-lo.
– Mais precisamente... Estive em Phoenix.
O que ele estava querendo diz? O coração de Bella que batia descompassado falhou. Edward
concluiu.
– E conheci uma jovem garçonete.
– Não!
Foi tudo que Bella pode dizer. O bolo em sua garganta. Ele não iria dizer o que ela pensava, iria?
Ele não confirmaria as maluquices que povoavam sua mente desde que era uma criança. Não
Edward!... Não justamente “ele”!... Não queria ouvir mais nada, porém ele não se calou.
– Eu fui o responsável pela morte de sua tia.
– Não. – ela repetiu em um fio de voz.
– Por favor, acalme-se. Tenho uma explicação para o que fiz... Abordei Maria em um bar em
Nuestro Barrio. Era virada de ano e...
”Não...”. Tudo que conseguia fazer era olhar fixamente naqueles olhos verdes e ouvir-lhe a voz.
Então, de repente, como se aquele “lembre-se...” ecoasse em sua cabeça, ela não o ouvia mais. As
imagens indóceis espocaram bem diante de seus olhos. Ela “via”. Nem pôde lamentar pela tia
desconhecida, pois uma lembrança inquietante se desenrolou como um filme. Tão vívida e atual
como no sonho que teve dias atrás, Bella se viu vagando entre mesas de um lugar desconhecido.
Naquele instante, porém não lhe pareceu nada desconhecido. Ela trabalhara lá; conhecia as pessoas.
Naquele momento especifico o salão estava cheio, era virada e ano. Bella lembrou-se de um homem
estranho sentado á uma mesa em um canto escuro do bar a encará-la fixamente. Não viu claramente
seu rosto na ocasião, mas agora sabia se tratar de Edward. Ela teve medo e saiu para... Fumar?!
Sim... Na ocasião ela fumava. E dava um trago em seu cigarro tentando se acalmar, admirando a
fumaça que subia para o céu clareado constantemente pelos fogos comemorativos quando ele
aproximou-se. Novamente teve medo, mas ele disse que ela o conhecia, esperava por ele. E ela
soube ser verdade, pois seu coração se encheu de saudade como se á muito tempo o procurasse.
Edward se aproximou e sem rodeios a possuiu ali mesmo, prensada contra a parede e mordeu seu
pescoço, bebendo dela sem nunca parar. Enquanto via a cena, Bella relembrava a sensação de estar
sendo levada para longe de si mesma até que sobrasse apenas o nada.
– Você “me” matou! – foi tudo que conseguiu sussurrar. Um bolo uniforme a travava.
– Não Isabella... Você está confundindo tudo eu...
A jovem não o ouvia. Outra lembrança, ainda mais antiga e ainda assim “atual”, lhe veio á mente.
Ela não conhecia aquele lugar, mas sabia que estava em “casa”. Não se via, mas sabia que suas
feições eram diferentes. Os cabelos mais claros, quase loiros. Usava um vestido preto e comprido,
perdera o marido recentemente, tinha um filho. Estendia roupa em um local afastado da casa
quando Edward se aproximou. Vestia roupas estranhas, antigas. Tocou-a; acariciou-a, despiu-a por
inteiro em seu quintal e a possuiu selvagemmente. E mais uma vez bebeu dela sem nunca parar. A
jovem arfou e sem sentir, lágrimas rolaram por seu rosto.
– Matou-me... – sussurrou.
– Não. – a negativa do vampiro também saiu em um sussurro.
Novamente Bella não o ouviu. Agora estava em um quarto com decoração antiga; francesa. Ainda
usava seu espartilho e meias; os seios fartos e á mostra balançavam livres. Edward estava sobre ela,
estocando com força antes de morder-lhe o pescoço e beber, beber até que somente sobrasse o
mesmo vazio sepulcral. E então, assim como veio depois das palavras de Edward, como por encanto
o turbilhão de imagens cessou deixando-a trêmula, vazia e gelada. Nem fora capaz de acusá-lo mais
uma vez; todo o peso das muitas mortes comprimindo seu peito.
Ali estava sua resposta. Aquela era a fonte de seu receio eterno e inexplicável. Todo o medo e temor
que sempre sentiu por Edward voltaram com força total, agora firmado em bases sólidas. O homem
que amava era seu algoz!... Bella sentiu o bolo compacto subir por sua garganta e, ainda que suas
pernas estivessem fracas, ela conseguiu correr para o banheiro e alcançar o vaso sanitário, porém
não vomitou. Por mais que seu estomago estivesse convulsivo, nada expeliu. Sem ar, Bella tossiu
algumas vezes então caiu sentada no chão frio.
– Isabella... – ela pode ouvir a voz vinda da porta, porém não percebeu seu tom aflito.
– Não se aproxime! – implorou.
Agora sabia que o pedido era inútil. Ela quase se deixou enganar, mas a verdade era que estava a
sua mercê. Edward poderia fazer com ela o que bem entendesse e ela nada poderia fazer para
impedir como das três vezes passadas. Ainda assim, educadamente ele se retirou da porta, voltando
para o quarto. Bella passou a mão pela testa fria. Tentando acalmar-se, ela se levantou e seguiu até a
pia.
Quando se mirou no espelho não se reconheceu. Os cabelos estavam em desalinho, o rosto pálido
além do normal; os olhos castanhos assustados; inchados. Chorava e nem ao menos sentia as
lágrimas. Então, quando baixou o olhar para suas roupas teve um sobressalto; estavam sujas de
sangue. Trêmula, afastou a gola de seu casaco para inspecionar seu pescoço a procura de marcas.
Encontrou somente as deixadas por Edward na noite anterior. Mas não encontrá-las não era prova
de que Edward não tivesse começado a se servir dela. Nunca encontrou uma cicatriz em seu corpo,
no entanto, se recordou de todas as vezes que fora mordida.
Novamente lágrimas vieram aos seus olhos. Por que ele estava fazendo aquilo com ela? Por que a
encenação se desejava matá-la todo o tempo? Talvez jamais soubesse. Bella sabia que precisava se
manter lúcida, raciocinar. Sua mãe sempre esteve certa. Nunca acreditou em bobagens como
reencarnação, porém descobrira em poucos minutos que vivera outras vidas; e que Edward as tirou
todas. Ao lembrar-se da mãe, de repente a imagem dela lhe veio á mente; vinda de sonhos.
“Bella não se iluda!”
Como não se iludir com Edward? Ele era encantador; criara o cenário perfeito... Bella o amava
imensamente. Mas não devia ter-se deixado envolver. Ele era frio e letal como todo vampiro deveria
ser. Precisava sair dali... Ou morrer mais uma vez tentando. O que não poderia era ficar mais um
minuto em companhia de alguém que se revelara ser seu assassino. Respirando fundo, ela tentou
tirar os cabelos da frente de seu rosto com as mãos trêmulas, então, com o coração aos saltos, saiu
para o quarto.
Edward não estava em parte alguma. Sem nem ao menos sentir que estava descalça, Bella seguiu
em direção á porta. Saiu cautelosamente e foi até a escada, desceu-a devagar, sempre olhando em
sua volta. Onde Edward estaria? Na verdade ela não queria saber. Com o coração sangrando, ela
desejou apenas que ele se mantivesse longe tempo suficiente para que pudesse ir embora.
– Acredita mesmo que pode fugir de mim?
A pergunta feita de algum ponto na sala escura a alarmou, fazendo com que ficasse paralisada de
medo. Subitamente algumas luzes se acenderam, olhando vagarosamente á sua volta, ela o viu
sentado no sofá branco, em um ponto que permaneceu na penumbra.
– Por favor, deixe-me ir embora! – pediu em um fio de voz sem encará-lo.
– Não antes que me escute. Sente-se, por favor!
– Estou bem de pé. – disse fitando o chão.
Viu os pés descalços, sentiu o frio do chão, porém não se importou. Não estava bem, seu corpo
tremia violentamente agora, porém ela sentia que somente poderia se mover se fosse em direção á
porta. Sabia ser inútil, mas cogitava uma breve corrida até o elevador. Ao que sabia que seria
alcançada antes mesmo do segundo passo. Como se lesse seu pensamento, Edward anunciou.
– Pego-a antes mesmo que se mova Isabella!
Bella permaneceu imóvel, tremendo em seu próprio eixo, concentrando-se apenas para que não
caísse. Nunca se sentiu tão temerosa em toda sua vida; nem tão desamparada. E não acreditava que
isso estivesse acontecendo justamente por causa de Edward. Não Edward. Aquela era para ser uma
noite perfeita como as anteriores e não acabar daquela maneira. Não descobrindo que Edward era
um assassino sanguinário e que para ele, nunca passou de diversão; comida. Que ele provavelmente
brincava com todas antes de matá-las como os felinos faziam. Quantas vezes ela vira os gatos que
criou em Phoenix fazerem o mesmo quando pegavam um eventual camundongo no jardim?
– Droga Isabella! – Edward exclamou enraivecido. – Já disse que não vou fazer mal é você!
Como queria poder acreditar, mas agora tinha a certeza de que não podia. Instintivamente, ela
encolheu-se ao som de sua voz e fechou os olhos.
– Vou aproximar-me! – ela ouviu-o anunciar. – Não se assuste... E não corra, senão serei obrigado a
detê-la. Preciso que me escute. Depois disso, dou-lhe minha palavra que, se ainda quiser ir embora,
eu não a impedirei.
Quando Isabella teve coragem de abrir os olhos, Edward já se encontrava á sua frente encarando-a
intensamente. Com o susto, ela levou a mão á sua garganta, seu coração estava batendo ali, com
certeza. Franzindo o cenho, Edward se afastou um passo. Com o semblante carregado, falou
lentamente.
– Acredite Isabella. Não era minha intenção matar alguém de sua família. Assim como Tanya,
aquilo não foi intencional... Se pudesse voltar no tempo, faria diferente.
Infelizmente não podia... E todo o problema era que o “alguém” da família era ela própria. Ela foi
Maria; assim como foi Ashley e Valerie. Edward a matou; três vezes. Bella sentia-se sufocada, com
o vazio da morte em seu peito. O vampiro nunca teve piedade; nunca a manteve viva. Por que
justamente agora deveria acreditar que seria diferente?
Não acreditava.
O conselho dado pela senhora á saída do restaurante era válido. Não acreditaria em nada que
dissesse. Poderia morrer pela quarta vez, mas não morreria iludida.
– Eu não quero saber. – disse Bella mirando os pés.
Não tinha coragem de encará-lo. Ele prosseguiu como se ela não houvesse dito nada.
– E não tenho nada á ver com as mortes que têm acontecido, tampouco. Não sou o único vampiro
nessa cidade. Não sou um santo, mas não mato indiscriminadamente. Acredito que fosse Rosalie
que estivesse fazendo essas coisas. Se estiver certo as mortes acabam, mas se não estiver... Enfim...
Sobre Rosalie é apenas especulação. A verdade é que, se não era ela, não conheço o vampiro que
está fazendo essas coisas. Mas quando o descobrir eu o mato, juro! Ele é um louco descontrolado.
Asseguro-lhe que “eu” não sou assim.
Bella sabia que ele era capaz de matar. Como não conseguia acreditar em nada mais, não duvidou
que a vampira morta por ele fosse sua amante. A lembrança das palavras dela feriu-a de morte.
Também havia lido as matérias que descrevia as mortes recentes na cidade. E ele falava como se
fosse tão fácil; eximia-se de culpa. A revolta por ter sido iludida, por nunca tê-lo conhecido gritou
em sua cabeça. Subitamente sentiu-se forte; talvez fosse a coragem momentânea própria aos
suicidas.
– Não... Você apenas causa acidentes. – disse levantando o olhar.
E morrendo aos poucos por ser obrigada a encarar aqueles olhos que ainda adorava apesar de toda
mentira e traição, disse.
– Causava acidentes antes mesmo que eu nascesse e ainda hoje não aprendeu a controlar-se. Como
pode odiar outro de sua espécie pela falta de controle quando você mesmo não o tem?
– As coisas para mim não são simples assim Isabella! – respondeu. – Mas não sou como ele! E isso
realmente não vem ao caso agora. O que preciso lhe dizer é... Não posso desculpar-me pelo que
aconteceu no passado e nem tenho como consertar o que fiz para sua família. Porém eu imploro que
me perdoe.
– Não tenho nada á perdoar. – ela sussurrou. – Agora me deixe ir embora.
– Ainda não! – ele disse firme.
– Você deu sua palavra! – sua voz começava a ficar embargada.
– Ainda não disse tudo! – Edward deu um passo á frente, instintivamente Bella deu um para trás.
Olhando-a com uma expressão indecifrável, ele prosseguiu.
– Eu amo você Isabella!
– Não faça isso! – ela pediu em fio de voz sentindo novas lágrimas aflorar-lhe os olhos.
Se ele desejava matá-la então poderia fazê-lo sem se dar ao trabalho de mentir? Não precisava pisar
em quem já estava no chão. Assim como não precisava fazer com ela o que provavelmente fazia
com todas naquilo que parecia ser um ritual macabro de cópula e execução. Desconhecia seu corpo.
Estava completamente apavorada com a proximidade de Edward. Chocada pelas descobertas.
Estava gelada com as lembranças de seus ataques e ainda assim sentia-se expectante. Ele não a
tomou sem consentimento antes? Poderia fazê-lo agora até que matasse dessa vez. Sim, poderia
então não precisava feri-la mais com suas mentiras.
– Não se dê ao trabalho de iludir-me. Tenho consciência de que não sou melhor que todas as Marias,
Tanyas ou qualquer outra que eu não saiba o nome.
Sem poder mandar em seu coração, mais uma vez sentiu ciúmes. Nunca fora especial, nunca fora
dona de seu coração. Edward provavelmente nem ao menos possuía um. Bella era apenas mais uma
humana insossa antes da próxima. Seu estomago revirou-se e sentiu um bolo uniforme subir por sua
garganta, sufocando-a mais uma vez. Engolindo em seco e lutando com as lágrimas, pediu.
– Acabe logo com a farsa. Se não pretende deixar-me sair, então acabe comigo de uma vez. Assim
como elas, o dia do meu “acidente” também chegaria não é mesmo?
Seu corpo tremia violentamente; não era fácil falar sobre a própria morte ainda mais com alguém
que amava. Sim... Morrer seria uma boa forma de acabar com a tortura. Contudo não desejava
morrer. Nem mesmo nos braços de Edward. Sem que ela tivesse chance de reação, ele se colocou á
sua frente e segurou uma mecha de seu cabelo e levou-a ao nariz. O vampiro fechou os olhos como
se saboreasse aquele odor. O sangue de Bella congelou nas veias. Lentamente ele a encarou.
– Não haverá acidentes para você Isabella! Acredite em mim, por favor. Está sendo muito difícil
falar-lhe essas coisas. Nunca senti por alguém o que sinto por você. Todas essas sensações são
novas para mim. Não sei colocá-las em palavras. Tudo que consigo fazer é dizer que a amo e pedir
que “fique”. Não sei se agüentarei vê-la ir embora, então fique!
Dito isso, ele lhe estendeu a mão.
“Não acredite”, seu passado gritava. Bella nunca imaginou que esse dia chegaria, porém, aceitá-la
seria seu fim então apenas olhou para a mão estendida e com o coração em frangalhos, recusou-a.
– Não posso! – a voz lhe falhava. Não sabia o que pensar.
– Não vou fazer-lhe mal algum, apenas fique. Gostaria de explicar-lhe tantas coisas. Acredite em
mim Isabella.
– Acredito se me deixar sair.
Edward afastou-se, colocando as mãos no bolso da calça. O vampiro permaneceu medindo o rosto
da jovem, então pediu.
– Deixe-me ao menos levá-la até seu apartamento.
A idéia de ficar confinada em um carro com Edward a apavorou – isso se chegasse viva á garagem.
Não conseguia pensar em nada, só que precisava afastar-se. Sua súbita coragem esvaia-se a cada
segundo e cada vez mais ela ficava temerosa por sua segurança. Não via como acreditar em
Edward. Quando um vampiro se apaixonaria por ela? Se fosse possível, por que não se apaixonou
das outras vezes? E se assim fosse, se “inacreditavelmente” ele estivesse sendo sincero, porque não
disse desde o começo, antes mesmo de procurá-la em sua cama e servir-se de seu sangue?
De repente sentiu-se enjoada novamente. Seu estomago convulsionou fazendo com que ela liberasse
um soluço. Ela tapou a boca, para contê-lo por puro reflexo. Sabia que não passaria mal novamente.
Quando se sentiu recuperada da ânsia preparou-se para implorar que a deixasse partir e olhou na
direção de Edward. Encontrou seu olhar endurecido e antes que ela dissesse qualquer coisa, ele
liberou-a friamente.
– Vá de uma vez Isabella!
Então saiu de sua frente, dando-lhe passagem. Ainda que o amasse, ela não hesitou. Seu instinto de
sobrevivência a impulsionou e assim que viu seu caminho livre, ela andou á passos rápidos para a
porta. Quando chegou ao elevador, apertou o botão nervosamente para que abrisse as portas,
enquanto olhava na direção da porta de Edward, temendo que ele mudasse de idéia e fosse
interceptá-la. Assim que pôde, voou para interior do elevador, agora temendo que ele fosse se
colocar junto dela, porém não aconteceu. Sem forças, Bella deixou-se cair no chão depois de apertar
o “térreo”.
As portas começavam a se fechar, quando Bella ouviu o som de vidro sendo quebrado com
violência. Então madeira partida e mais vidro quebrado. As mãos sobre os ouvidos não impediram
que o som de destruição chegasse até ela. Até vários andares abaixo o estrondo da fúria de Edward a
quebrar coisas em sua cobertura pôde ser ouvida. Naquele momento Bella começou a chorar
novamente. Queria acreditar que estava segura, porém enquanto não saísse do prédio, tudo poderia
acontecer.
Quando o elevador chegou ao seu destino, Bella estava deitada no piso, completamente sem forças.
Porém, ao ouvir a porta sendo aberta, obrigou-se a ser forte. Levantou apoiando-se e saiu para o
saguão. Sentia as pernas pesadas, via a porta distante como um pesadelo, mas obrigava-se a
continuar em frente. Há poucos metros, o vigia noturno saia de trás de seu balcão de monitoramento
para abordá-la. Bella sentiu-se apreensiva. E se ele fosse como Edward?
– Senhorita?!... – ele perguntou avaliando-a. – Onde estava?
Bella não poderia dizer. O que contaria? Que acabara de vir da cobertura de um vampiro? Que
provavelmente esse mesmo vampiro acabara de quebrar todos os móveis, talvez para não vir atrás
dela e fazer o mesmo com seu pescoço?
– Sou nova aqui... – mentiu nervosamente olhando o painel com os escritórios e agências que
existiam no edifício. – Trabalho na... Na MarkTour... E estava... Fazendo um trabalho que deixei
atrasar... Acabei dormindo em minha sala.
O vigia olhou para seus pés descalços.
– Cadê seus sapatos? – perguntou desconfiado. – Não está me escondendo nada? Foi atacada?
Talvez por seu patrão?
Bella pode ver o brilho de malícia em seus olhos como se por atacada ele quisesse dizer “não estava
transando” com seu patrão. Talvez ele achasse que ela estava fugindo de algum encontro amoroso.
Bom, ele não estava totalmente errado. A noite, para ela, começara com esse objetivo. Novamente
começou a tremer. De frio, de medo, de descrença. Parada ali no saguão toda aquela história de
vampiro e morte parecia tão absurda. Como não respondesse o vigia prosseguiu, agora com
expressão alarmada.
– Ou viu algum fantasma?! – subitamente ele segurou suas mãos. Bella sentiu-se aliviada por
estarem quentes. Ele era humano. – Não gosto de trabalhar aqui á noite. Esse edifício é mal
assombrado. Contei para meus amigos, mas eles não acreditam... Contudo, poucas semanas atrás
em ouvi um grito de mulher ecoando por essas paredes. Era um grito de agonia ou desespero. Foi
apenas uma vez, mas eu não me esqueço do som.
Bella acreditava nele. Se havia vampiros no prédio, porque não fantasmas. Se bem que algo lhe
dizia que a mulher em questão estava bem viva... Pelo menos quando chegou – e há poucas
semanas. A revelação roubou-lhe as forças das pernas. Edward realmente era um vampiro e
costumava trazer suas vitimas para seu covil. No limite de suas forças, disse a si mesma que ela era
apenas a insossa da vez. “Precisava sair dali”.
– Chame-me um táxi, por... – foi tudo que disse antes que a escuridão lhe engolfasse.
Quando deu por si estava meio que sentada no chão frio e o vigia sobre ela, visivelmente
preocupado, amparava-a pelas costas e com a mão livre lhe dava breves tapas no rosto.
– Senhorita?... Senhorita?...
Bella focou em seu rosto, estava prestes a responder quando ouviu algo como um rosnado e então as
palavras pausadas que gelaram seu sangue.
– Tire as mãos de cima dela! – Edward vociferou.
Quando o vigia largou suas costas, ela apoiou-se nos cotovelos para que não caísse novamente. Em
um segundo o homem estava de pé. Bella temeu por ele, porém nada podia fazer; temia também por
sua sorte. Evidentemente Edward nunca havia pretendido deixá-la ir embora. A cena deveria ser
parte da caçada e agora ele estava ali para acabar o que havia começado.
– Quem é você? – perguntou o vigia pousando a mão sobre a arma.
Pobre inocente; pensou Bella. O vampiro quebrava pescoços com as mãos. Como que para
confirmar o pensamento, em uma fração de segundo, ainda mais rápido do se moveu na garagem,
Edward estava ao seu lado prendendo o vigia pelo colarinho do uniforme. O homem era grande e
forte e ainda assim não passava de uma pena aos seus olhos. Á Bella aparecia que os pés do homem
sequer tocavam o chão enquanto Edward o suspendia. Levando-o para junto se seu rosto, disse entre
dentes.
– Ninguém que lhe deva satisfações! Agora volte ao seu posto, esqueça o que viu aqui e durma.
Depois que Edward o soltou ele fez como ordenado. Incrédula, Bella o viu seguir para trás do
balcão. Estava no chão, não poderia ver mais que isso, mas tinha certeza que o homem pousou a
cabeça sobre a madeira do balcão e dormiu. Estava sozinha; perdida. Sem conseguir mover-se,
olhou na direção de Edward. Ele parecia um gigante enfurecido, parado aos seus pés. O peito nu a
fazer sons estranhos, a respiração ofegante. A brincadeira macabra de gato e rato havia acabado. Era
seu fim. Gostaria de tentar ganhar tempo, porém estava no limite.
– Edward... Por favor... Não... Eu acredito... Que não tenha matado... Eu... Perdôo... Juro não
contar... – não conseguia ser coerente. O medo roubava-lhe as forças, o raciocínio e a voz. – Por
favor... Por favor... Apenas... Não...
Sua resposta foi breve.
– Cale a boca e durma Isabella! – Edward rosnou.
Então, tudo ficou escuro á sua volta.
Antes que Isabella caísse ao chão, Edward a amparou. A jovem tombou adormecida em seus braços.
Sentando-se ao seu lado, rapidamente ele a trouxe para seu colo e a abraçou. Tantos sentimentos
trespassando seu peito. Sentia raiva dela e de si mesmo. Amava-a desesperadamente e a odiava
ainda mais por temê-lo e deixá-lo. Assim como também sentia medo das sensações novas e
dolorosas que a rejeição lhe despertava. Medo que as pontadas em seu coração se agravassem. Ele
acreditou mesmo que não ter esperanças ajudaria?
Como era possível que naqueles breves minutos de separação já sentisse tanto a sua falta? Por que a
única coisa que ela lhe pedia era tudo que não conseguia fazer? Estava magoado; triste depois de
ver a reação enojada de Isabella á simples idéia de ser acompanhada por um vampiro até seu
apartamento. Ferido de morte por assisti-la fugir de sua cobertura sem acreditar em seu amor por
ela. E ainda assim não conseguia deixá-la ir.
E como se não bastasse, havia o ciúme irracional. Quando chegou ao saguão, desesperado em
encontrá-la, sentiu uma gana assassina ao ver que outro homem a tocava. Seu primeiro desejo foi
matar o vigia pela ousadia de tocar em seu rosto. Precisou de certo autocontrole para raciocinar
direito e ver que o homem apenas a socorria; de um susto causado por “ele”. Edward era o mal de
Isabella, não outro.
Embalando-a em seu colo perguntou-se onde havia errado. Esperara tempo demais? Não deveria tê-
la feito se lembrar? Ou errara ao lhe contar sobre Maria?
Não saberia. Todas as palavras ditas lhe pareciam certas. Mostrar seus momentos juntos lhe pareceu
ser o certo, por isso, depois de reconsiderar, quebrou sua palavra. Se Isabella estava descobrindo a
sua verdade, nada mais justo que soubesse de tudo; que lhe contasse tudo. Se ela se acostumasse
com a idéia sabendo de todos os detalhes não haveria pendências.
Enquanto estava com ela em sua cobertura, por breves instantes se permitiu ter esperança. Apesar
de assustada, Isabella lhe respondia. Acreditou que talvez fosse uma questão de tempo quando ela
passou a aceitar a verdade e pareceu se acalmar por alguns instantes. Porém, a primeira punhalada a
cortar seu coração fora o olhar apavorado ao descobrir que ele havia matado Maria. A segunda foi
ver seu enjôo e ouvir a acusação de tê-la matado. Do que ela estava falando afinal?
E vê-la tentar fugir – tão temerosa que nem se importava com os pés descalços no chão frio – e seu
novo acesso de ânsia quando se ofereceu em levá-la, fora o golpe de misericórdia. Isabella nunca o
aceitaria. Com certeza agora Isabella o considerava uma criatura vil e asquerosa.
A verdade chocante o atingiu como um raio. Ainda assim desejou segui-la e trazê-la de volta então,
odiando-se por descobrir-se um fraco, extravasou toda fúria e desespero em sua mobília. Como na
noite anterior, destruiu boa parte dela sem nem ao menos tocar – apenas com o desejo e simples
gestos e seus braços e mãos, garrafas, copos, cadeiras e até mesmo seu sofá, foram arremessados
contra as paredes.
Destruiu boa parte de sua mobília e paredes de vidros, somente para descobrir ser inútil. Não
suportaria sem Isabella. Como viveria sem ela? Sabia que a jovem ainda estava no edifício, por isso
correu escada abaixo para interceptá-la no saguão. Pegá-la-ia de volta. Ela era sua! Sua!... Poderia
mantê-la em sua cobertura até que o aceitasse. Não havia feito o mesmo com Maureen?
Acreditou no arranjo até que a visse novamente; apavorada e frágil. Caída no chão frio sem forças
sequer para erguer-se ou formular uma frase. Com Isabella em seus braços sabia que jamais faria
com ela o mesmo que fez á outra humana. Não suportaria ver seu pavor diário; não suportaria uma
única hora sob seu olhar receoso. O vampiro entendeu naquele instante que se a amava tinha que
deixá-la ir. Com o coração aos pedaços, Edward sacou o celular do bolso da calça e ligou para a
única que poderia ajudá-lo.
– Alice?... – pausa. – Preciso de você... – nova pausa. – No saguão do NY Offices.
Quando desligou, recolocou o celular no bolso e voltou a abraçar Isabella com os dois braços.
Mantinha-a firmemente presa, a cabeça em seu ombro, sentindo-lhe a respiração pausada em sua
pele, pela última vez. Não poderia lamentar-se. O que acontecera era o esperado. Sabia que
terminaria dessa forma antes mesmo de acordá-la. Só não pôde prever que o fim doesse tanto.
Menos de meia hora depois, Alice encontrou Edward sentado da mesma maneira, com Isabella nos
braços. Ela parou exatamente ao seu lado, alarmada.
– Edward o que você fez?!... Você não...
– Isabella descobriu a verdade Alice. – respondeu sem abrir os olhos ou voltar-se na direção da
amiga. – E não me aceita.
– Edward... – seu tom era pesaroso.
Edward não suportaria compaixão nem mesmo de sua parte.
– Pode levá-la para seu apartamento? – pediu encarando-a. – Ainda me preocupo com a segurança
dela.
– Claro Edward. Dê-me Bella...
Alice lhe estendeu os braços. Aquela era a hora de ser forte e entregá-la. Escolhera pedir ajuda á
Alice por saber que jamais se mostraria um fraco diante dela. Então, erguendo-se ainda com
Isabella nos braços para senti-la um último minuto, passou-a para os braços da amiga. Esta nada
disse, apenas acomodou a amiga adormecida e lhe lançou um olhar indeciso. Como ele se manteve
firme, ela saiu. Edward ficou onde estava até que as portas do elevador se fechassem. Era isso.
Precisava ser realista. Isabella não o aceitara; não acreditara em seu amor e pior... Tinha nojo dele.
Tudo que lhe restava era conviver com isso.
Saindo de seu torpor, Edward olhou para o vigia que dormia com a cabeça apoiada sobre o balcão.
Colocando-se ás suas costas, prestou atenção ás imagens das câmeras de segurança. Procurou o
numero das que lhe interessava. Câmera quatro; entrada dos elevadores... Três; saguão... Depois
disso, ele se obrigou a ir até a sala dos vídeos, onde danificou a gravação das duas câmeras. Agora
era voltar para sua “zona de guerra” e se ocupar de esquecer Isabella.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Aff.. Como eu disse, capítulo mega tenso... Vampirão se atrapalhou, Bella se assustou
com o que "viu"... Agora resta ver o que vem depois disso...
Semana que vem tem mais...

please.... msm com o core nas mãos, comentem...

Ainda não posso deixar spoiler, pois são comprometedores demais... mas depois do
próximo eu retomo, prometo...

bjus e obrigada pela companhia... :)

(Cap. 36) Capítulo 7 - Parte II

Notas do capítulo
Oi... o/Mais um capítulo para vcs... Espero que gostem...Ah... e muito obrigada á todas
que indicam a fic... e que comentam tbm.. saber a opinião de vcs é importante para
mim... :)BOA LEITURA!...

A mente estava vazia de pensamentos; esgotada e idéias. Edward simplesmente não sabia o que
fazer. Apenas sentia. Principalmente a opressão no peito. Nunca esteve tão consciente de ter um
coração como naquele momento. Estava sozinho; como no sonho que teve naquela manhã. Agora o
entendia; fora seu sexto sentido avisando para que se preparasse. Depois de tantos erros cometidos,
não poderia esperar por um desfecho diferente. Contudo seu sexto sentido não o preparara para a
rejeição. A repulsa. O asco de Isabella.
Estava sozinho. Queria ficar sozinho, mas evidente que não seria assim tão fácil. Largado em sua
cama, ouviu a porta de sua cobertura ser aberta. Então a exclamação de espanto de sua visitante
indesejada e logo Alice estava ao seu lado. Nem ao menos se deu ao trabalho de erguer-se. Sem
mover-se a ouviu dizer.
– Edward o que aconteceu?
A vontade de Edward era ignorá-la até que fosse embora, mas sabia que não se livraria de Alice tão
facilmente. E, contrafeito, reconhecendo que ela sempre o ajudara, respondeu.
– Isabella não reagiu bem ao fato de eu ser um vampiro.
– Talvez você tenha se precipitado em contar...
– Ela não descobriu por mim. Eu não teria como esconder mais. Como se não bastasse Rosalie
contar sobre nossa condição ela ainda nos atacou. Tentou matar Isabella como se eu não estivesse
ali para defendê-la e quando a impedi se voltou contra mim. Mordeu meu pescoço. Não tinha mais
tempo para nada. Era admitir e pronto.
– Rosalie?!... – Alice espantou-se. – E o que fez?
– O que mais poderia fazer?... – perguntou mirando o teto. – Matei-a. Também diante de Isabella.
– Sinto muito Edward. – Alice tocou seu braço e como ele não se movesse, ela retirou a mão. –
Realmente essa não foi a melhor maneira de descobrir sobre nós. Talvez Bella esteja apenas
assustada.
Edward nada disse de imediato. Levantou-se e foi se colocar junto á grande janela de vidro. Após
alguns segundos, passou as mãos pelos cabelos e disse – sempre fitando a cidade á sua frente com o
olhar vago.
– Também lhe contei que matei Maria.
– Não Edward!... Por que foi fazer isso?
– Queria que ela me aceitasse sem mentiras e já que estava revelando tudo á meu respeito achei ser
o melhor a ser feito. Também queria que Isabella soubesse que jamais faria mal á ela, então deixei
que se lembrasse de todas as vezes que a mordi para que visse que sempre a poupei.
Edward inspirou profundamente antes de prosseguir.
– Agora vejo que não fiz o certo. Ela lembrou-se que me viu com Tanya; soube que eu a matei na
noite que nos conhecemos. Depois veio com uma conversa estranha de que “eu” a tinha matado
também e apavorou-se ainda mais. Eu argumentei dizendo que ela estava confundindo tudo. Pedi
desculpas por sua tia. Mas ela não aceitou. Passou mal e eu nada pude fazer para ajudar.
Alice ouvia sem silêncio. Edward olhava fixamente para a vista de sua janela então não poderia ver-
lhe a expressão de pesar. Alheio á compaixão de sua amiga prosseguiu.
– Deixei-a. Novamente para que Isabella percebesse que não era minha intenção fazer-lhe algum
mal. Dei-lhe espaço. Desci para esperá-la e adivinha... – ele riu sem vontade. – Ela tentou fugir de
mim. – e novamente sério prosseguiu. – Como se fosse possível fugir de mim... Eu podia ouvir-lhe
o coração, Alice. Ela estava apavorada e seu medo massacrava-me. E nada que eu disse ou fiz foi
capaz de acalmá-la.
– Edward e se...
– Eu disse que a amava. – ele a cortou sem ouvi-la. – E Isabella simplesmente não acreditou na
minha palavra.
– E se você se desculpasse por tudo...
Edward, novamente riu sem vontade, ainda sem olhá-la.
– Desculpar-me?!... Por tudo?... – então, subitamente a encarou, sério. – Ao que cabia um pedido de
desculpas já foi feito. Sou culpado de ter matado alguém de sua família. No mais... Exatamente pelo
que eu me desculparia? Desculpas são pedidas por aqueles que se arrependem de algo errado que
fizeram ou que têm a pretensão de mudar. Não me arrependo das vezes que estive com ela. E eu não
pedi para ser um vampiro e não posso mudar minha condição tampouco.
– Sei disso... Acho que não me expressei direito. O que quis dizer é... Talvez você devesse procurá-
la e tentar conversar quando ela estivesse mais calma.
– Isabella não vai acalmar-se...
– Edward, dê temp...
– Ela teve nojo de mim! – ele bradou cortando-a. – Nem sequer conseguia olhar-me no rosto. Não
pude aproximar-me sem que ela se encolhesse como um animal acuado ou sufocasse em ânsia.
Isabella não está nervosa, está em pânico. E eu não consigo... – Edward comprimiu as laterais de
sua cabeça. – Não consigo tirar a imagem de seu rosto apavorado de minha mente.
– Edward, dê tempo á ela... Depois a procure e...
– Não Alice, chega!... Não vou impor minha presença. E não me humilharei nem mesmo por
Isabella. Ainda mais por algo que foge inteiramente de minha vontade. Não ficarei como ela quando
o rábula a dispensou. Não foi você mesma que disse que “sempre” se precisa de um motivo para o
termino dos relacionamentos? Pois bem. Isabella me deu um inquestionável. Não sou compatível.
Ela não me aceitou. É uma escolha e direito dela. Nada posso fazer.
– Edward, talvez...
– Pare Alice. Não farei nada. Ou o que você me sugere, que eu fique á porta dela? Que eu ligue de
hora em hora para saber se as náuseas já passaram para que possa me aproximar? Acaso sou assim
tão asqueroso; nojento. Você!... Você não titubeou quando Jasper contou o que era, titubeou?
– Não!
– Exatamente! E vocês se conheciam há horas. Estou demonstrando que gosto de Isabella há dias...
Ainda assim ela agia como se eu fosse voar em seu pescoço á qualquer momento.
– Cada um reage de uma maneira.
– Sim! Por isso mesmo que vou agir á minha maneira e esquecer Isabella.
– Acha que consegue?
– Esse sentimento não nasceu comigo. Da mesma forma que entrou em meu coração ele sai.
– Dias atrás você me disse que seria capaz de viver á volta de Bella...
– Caso ela não me perdoasse por ter matado sua tia. Agora foi diferente. Jamais vou esquecer sua
primeira reação. Se ela acredita que posso ser capaz de machucá-la depois de todo esse tempo nada
mais tenho a fazer... Ela que... – ele interrompeu-se contrariado.
– Ela que “o quê”? Siga com sua vida?... Case e seja feliz?
Edward sentiu o conhecido aperto no coração. Não conseguia imaginar Isabella tendo com outro o
que ele desejou para si. Contudo nada poderia fazer. Não tencionava humilhar-se. Demonstrou seu
amor por ela todas as vezes que a manteve viva; todas as vezes que fez amor com ela. Se de um
minuto á outro deixou de ser o mesmo somente por ser imortal, talvez o amor da jovem por ele não
fosse tão forte ou verdadeiro quanto ele acreditou que fosse. Sufocando um bolo estranho em sua
garganta disse sem expressão.
– Que assim seja!
– Mesmo que ela volte para Paul?
Edward a encarou com os olhos em fendas finas. Um rosnado se formando em seu peito.
– O que pretende? – sua voz era baixa e ameaçadora. – Sei que você a levou para vê-lo. Depois de
trair-me agora quer afrontar-me? Acaso não está vendo que já está ruim o suficiente? Qual o
objetivo de provocar-me?
– Não vou desculpar-me pelo que fiz, apenas atendi á um pedido de Bella. Não era para que se
encontrassem. – Alice se interrompeu por instantes, como se pensasse sobre algo, então começou
cautelosa. – E, talvez esse não seja o melhor momento, mas já que sabe que conversaram, queria lhe
falar sobre algo que ele disse e...
– Não me interessa.
– Mas pareceu importante Edward...
– Já disse que não interessa. – disse entre dentes. – Acredita que logo agora vou querer saber o que
eles conversaram?
– Está bem. – ela respondeu sem alterar-se. – Não quero provocá-lo ou deixá-lo pior, mas saiba que
ele tem esperanças então... Apenas perguntei o óbvio.
– Pois nesse caso eu lhe respondo o óbvio. Mato aos dois, Alice. E esta é minha palavra de honra. –
Edward sentiu a boca amarga antes mesmo de terminar. – Vou manter-me afastado de Isabella. Ela é
livre para fazer o que bem entender. Mas “nunca” em tempo “algum” pode voltar para aquele
humano. Se um dia encontrá-los juntos acabo com os dois sem um pingo de remorso.
– Pois aí está a prova que você não vai esquecê-la. Tente mais uma vez Edward. Dê-lhe apenas
tempo para se acostumar á idéia...
– Então me humilho e me declaro exatamente quando? – debochou. – Antes ou depois de Isabella
correr para o vaso sanitário mais próximo? Acredita mesmo que eu suportaria vê-la enojada?... –
novamente sentiu o bolo estranho em sua garganta com a lembrança de Isabella a tapar a boca. – Se
esse era todo o sábio conselho que tinha para compartilhar... Pode ir agora.
Como vinha acontecendo nos últimos dias, Edward sentiu os olhos arderem. Porém dessa vez foi
diferente, ele sentiu-os úmidos. Como Alice não se movesse pediu.
– Poderia deixar-me agora, por favor!
– Edward...
– Agora! – vociferou. – Deixe-me em paz.
A amiga ergueu-se. Imediatamente ele virou-lhe o rosto para a janela. Sem dizer mais nada ela
seguiu para a porta e Edward agradeceu por isso. Alice saiu sem voltar-se em sua direção. Tanto
melhor para Edward. Ele não queria testemunhas para as duas lágrimas que rolaram por seu rosto.
As primeiras e, Edward esperava que fossem as últimas em quase cento e setenta anos de
imortalidade. O vampiro secou-as enfurecido odiando-se por sua fraqueza. Bruxa maldita!
O vento trouxe o cheiro de Isabella até ele naquela noite infernal apenas para bagunçar seu destino.
A diaba roubou-lhe a paz, a razão, a própria vida. Edward queria odiá-la; verdadeiramente odiá-la
por deixá-lo naquele estado miserável; envolto em sombras. Quantas vezes ele leu, viu em filmes ou
ouviu em alguma música sobre as mazelas de um amor perdido? Várias vezes ao longo de sua
eternidade cômoda e solitária sem nunca entender o sentido de tamanho sofrimento. Ridicularizava-
o até. E agora lá estava ele, um vampiro quase bicentenário, descobrindo e sentindo o gosto amargo
de uma separação indesejada como qualquer mortal.
Agora, e somente agora entendia a falta que Isabella se referia quando ele a atacou em sua cama;
quando ele pretensiosamente acreditou que saciar-lhe os desejos do corpo bastariam. Não que não
estivesse sentindo falta do corpo de Isabella, sentia. Mas o que mais lhe doía era saber que não a
teria por perto. Que não poderia ouvir seu riso ou acariciar seus cabelos. Detalhes tão simples que
agora lhe pareciam extremamente essenciais.
Maldita! Maldita! Maldita!... Uma vez que ela não lhe queria não deixaria que lhe afetasse daquela
maneira por muito tempo. Aquela dor não poderia durar para sempre, poderia? Como disse á Alice,
o sentimento não nasceu com ele, então morreria da mesma forma que havia surgido. Iria embora
como o sopro do vento que trouxe seu odor traiçoeiro. Seria forte; libertar-se-ia. Esqueceria Isabella
Swan e ela que tivesse uma vida honrada, monotonamente correta e previsível. E quando morresse
fosse habitar algum paraíso sem graça, com anjos assexuados, pois ele, Edward Cullen, não se
aproximaria para lhe provocar repulsa nem mesmo se um dia a encontrasse no inferno.
http://www.youtube.com/watch?v=KbJaXr8n794

Bella piscou algumas vezes até focalizar o teto de seu quarto. Não fosse a dor real, poderia jurar que
havia despertado de um pesadelo. Sentia o peito vazio e a cabeça povoada de imagens e sons
inquietantes. Imediatamente encolheu-se abraçando as pernas e chorou copiosamente. Nem se
importava em saber como fora parar em sua cama. Por que se importaria com isso depois de
descobrir que todos os momentos mais bonitos e importantes de sua vida não passaram de mentira?
Fora enganada dias e dias. E não somente por “ele”; também por Alice, Jasper e sabem-se lá
quantos mais que não fossem humanos.
Talvez tivessem uma competição sádica e interna. “Quantos idiotas insossos enganamos no ano”. E
Edward com certeza era o campeão absoluto. Iludia as idiotas desavisadas fazendo-as acreditarem
que eram importantes, aproveitava-se sexualmente e alimentava-se delas até que se cansasse e as
mata-se.
Porém ela ainda estava viva não estava? O que significaria? Que a brincadeira ainda não tivesse
terminado? Com o coração aos saltos imaginou se ele ainda viria procurá-la. Manipularia sua mente
como fez com o vigia ou como ela própria nos últimos dias. De repente a imagem de Paul lhe
surgiu.
“Eu iria lhe pedir em casamento naquela tarde. Estava com o anel em meu bolso, mas... Não sei o
que aconteceu. De repente era como se você não significasse nada para mim”.
E ainda...
“Você, Bella... Sempre foi você... Eu te amo! Reafirmo que não sei o que aconteceu, mas estou...
‘consciente’ agora.”
Agora sabia o que havia acontecido com seu namoro. Paul não a dispensara sem motivos. Fora
usado assim como ela. Tudo não passou de um movimento de jogo; como se fossem peças em um
tabuleiro. Agora que sabia a verdade as coisas poderiam voltar a serem como antes. Poderiam...
Contudo Bella sabia que nada mudaria. Manipulados ou não a verdade era que não amava Paul,
nunca o amou. Conheceu esse sentimento nos braços de seu assassino. Amou pela primeira vez uma
farsa.
A uma pontada mais forte em seu coração, sentiu-se sufocar. Puxou o ar violentamente pela boca
fazendo seu peito doer ainda mais. Não poderia ficar naquela cama onde sempre se lembraria dele,
onde tinha o seu cheiro. Movida por seu desespero, saiu da cama ás pressas e procurou por suas
malas. Começou a juntas suas coisas de qualquer jeito, precisava sair dali, mas... Para onde iria?...
Phoenix?... Forks?... Nenhum lugar seria longe o bastante para esquecer; para não sofrer.
Sem forças, desabou sentada no chão. Logo estava deitada no piso frio. Ao sentir-lhe a temperatura
contra a pele do rosto não teve como evitar comparações. O chão de seu quarto era mais frio que o
corpo de Edward, mas ainda assim o lembrou. Bella tocou-o com a bochecha e chorou. Por que ele
havia brincado com os sentimentos dela daquela maneira?... Por que deixá-lo tinha que doer tanto?
De repente uma idéia lhe ocorreu. Talvez aquele fosse o motivo de matá-las. Todas as mulheres
apaixonavam-se desesperadamente por ele, a tal ponto que deixá-lo era-lhes insuportável. Tirar-lhes
a vida talvez fosse um ato raro de misericórdia, visto que humana alguma deveria carregar a dor que
ela sentia naquele momento. Talvez devesse procurar em sua memória o momento em que suas
versões “pediram” para morrer visto que não suportariam ficar sem ele.
E Edward, como vampiro e cavalheiro que era, matou-as da melhor forma para ambos; com amor.
Caso fosse esse o ocorrido, Bella perguntou-se se teria coragem de fazer o mesmo. Procurá-lo e
pedir, por favor, que a matasse, mas que não a deixasse definhar pouco a pouco de amor por ele.
Sabia a resposta. Jamais o faria; era covarde demais para morrer. Sufocaria mais uma vez, de
claustrofobia, caso se imaginasse eternamente em uma cova. Morrer jamais seria uma escolha
voluntária. Mesmo que lenta e prazerosamente, pela última vez, nos braços de Edward.
Ainda chorava com o rosto colado ao piso quando ouviu a campainha, então duas batidas leves á
sua porta. Todo seu sangue gelou, fazendo-a sentar-se. “Ele” fora atrás dela! Mas... Por que um
vampiro que estava ali para matá-la anunciaria sua presença? Acalmando-se, cogitava em não
atender quando ouviu a voz de Alice.
– Sei que está aí Bella. Quero falar com você.
Não era Edward, mas de toda forma era “um” vampiro. A jovem prendeu a respiração, colando-se á
porta aberta do guarda-roupa. Talvez se ficasse quieta ela fosse embora.
– Acha mesmo que não me responder muda alguma coisa? Tenho livre acesso ao seu apartamento,
esqueceu?
Jamais esqueceria. Secando o rosto e apoiando-se no móvel, levantou e, abraçando o próprio corpo,
Bella seguiu para a sala dizendo a si mesma que era apenas Alice. Que, se ela estava ali para matá-
la á mando de Edward, pouco ou nada poderia fazer para impedir. E de certa forma, queria
confirmar toda aquela loucura. Se havia amanhecido em sua cama, provavelmente a porta estava
destrancada. Com a voz trêmula disse, sentando-se em seu sofá.
– Entre.
A porta foi aberta lentamente. Então Alice surgiu; linda como sempre. O rosto mais pálido do que
nunca. Não havia maluquice, ela era realmente imortal.
– Bom dia Bella! – cumprimentou fechando a porta atrás de si. – Sente-se melhor?
– Do que exatamente. – perguntou com a voz embargada.
Seu coração estava aos saltos; ainda não sabia se confiava em tanta amabilidade. Tentando acalmar
seus tremores, dizia a si mesma que era somente Alice; somente Alice. Sem nenhuma nomenclatura
mítica. Bella a olhava de esguelha, enquanto ela ia sentar-se na poltrona que Edward costumava
ocupar.
– Edward me disse que você... – Bella estremeceu ao ouvir o nome sempre prestando atenção. Alice
parecia escolher as palavras. – Passou mal... Teve... Enjôos quando soube... Sobre nós.
– Ah... Isso. – Bella arrumou uma mecha de cabelos atrás da orelha. Somente Alice, somente Alice.
Com um fio de voz disse. – Já lhe disse. Tenho estomago fraco. Sempre que passo por situações
estressantes o sinto “embrulhado”, minha cabeça dá voltas. Na maioria das vezes desmaio... É uma
reação bem idiota na verdade, ainda mais em momentos que preciso ser forte. Mas não tenho como
evitar... – olhando-a ainda de esguelha respondeu. – Quanto a isso estou bem, obrigada.
Dito isso colocou as pernas sobre o sofá e abraçou-as.
– Edward achou que você tivesse sentido nojo dele.
Bella apenas olhou diretamente em sua direção sem mover-se. Teria rido se a situação não fosse
trágica.
– De todas as coisas que senti por ele ontem, acredite, nojo seria a última delas.
Pensou como poderia ser diferente. Como alguém em sã consciência poderia sentir nojo de um ser
tão magnífico, mesmo que ele fosse seu algoz? Ao lembrar-se desse fato, encarou Alice mais uma
vez.
– O que faz aqui? Veio terminar o que ele começou?
– Não seja ridícula. – disse impacientando-se. – Vim vê-la como faço todos os dias para saber se
está bem.
Novamente com os olhos marejados, permitiu-se acreditar que Alice falava a verdade. Suspirando,
disse.
– Desculpe-me. Como vim parar aqui?... Por acaso ele...
– Eu a trouxe.
– Ahhh... – tentando secar uma lágrima, perguntou. – Por que Alice?
Bella não foi clara, mas sabia que a imortal havia lhe entendido.
– Não cabia a mim, contar. – disse simplesmente. – Essa sempre foi a responsabilidade de Edward.
Bella estremeceu mais uma vez ao nome.
– Cabia a ele contar-me antes de matar-me?
– E por que ele mataria se a ama? – foi a pergunta simples e cansada.
A jovem juntou as sobrancelhas.
– Não precisa mentir mais... A farsa acabou.
– Nunca houve farsa. Sempre disse á você que era especial. Sempre a incentivei a ficar com ele.
– Não foi sempre... Lembro-me que a primeira coisa que me disse foi “Edward é o problema”. Se
tivesse me contado a gravidade do problema não teria me aproximado. Não teria deixado Paul
aceitar o emprego. Nada disso teria acontecido. – falou sem acreditar em uma única palavra, então
juntou as sobrancelhas. – Por que veio morar aqui afinal?
– Edward pediu que eu tomasse conta de você. Não fosse por isso e você tivesse descoberto a
verdade provavelmente teria que matá-la logo em seguida. Os humanos não podem saber de nós.
Bella estremeceu.
– Então veio realmente matar-me. – não foi uma pergunta. – Agora que sei a verdade.
– Não seja idiota, Bella. Ninguém vai matá-la. Mas espero sinceramente que saiba guardar segredo.
– de repente um brilho estranho cruzou seu olhar. – Ou talvez eu não deva confiar... Deva apagar
sua memória.
– NÃO! – o grito fora involuntário.
Imediatamente lembrou-se do vigia e em como ele obedecera ás ordens dadas sem ao menos
contestar. Não estava na cabeça do homem, mas sabia que ele havia esquecido todo o ocorrido no
segundo que Edward lhe ordenara. Não havia acontecido com ela própria?... Agora seus lapsos
inexplicáveis estavam esclarecidos. Fora tão malignamente usada que talvez nunca soubesse tudo
que lhe apagaram da memória. Se Alice desejasse fazê-lo novamente ela nada poderia contra ela
para impedi-la, porém, por mais que a verdade fosse chocante e a ferisse de morte, não desejava
esquecer.
– Por favor, mate-me se desejar, mas não mexa com minha cabeça.
– Deixe de drama garota; ninguém vai matá-la. Sei que o que descobriu é demais para se assimilar
de uma hora para outra. Como disse, vim apenas para saber se estava bem e... Saber se entendeu
tudo que Edward lhe disse.
Novamente Bella estremeceu. Não havia nada para ser entendido. Tudo estava claro como água.
Fora usada nessa vida e morta por três vezes em outras.
– Sim eu entendi. – disse secamente.
De repente se deu conta que conversava com Alice como sempre fez. Novamente parecia que tudo
não havia passado de sua imaginação. Porém, tão rápido como se deu conta que era normal estar
com Alice, se lembrou de suas visões, do rosto de Tanya, da outra jovem... – não se lembrava do
nome – e dos corpos encontrados recentemente. Jamais poderia ficar á vontade diante de um
vampiro. Alice pareceu notar-lhe a diferença, pois perguntou.
– O que é agora Bella? Ainda está com medo?
– Não. – mentiu. – Mas e quanto ás outras pessoas? Como vocês podem existir sem que saibamos?
– Porque vivemos discretamente.
– Não é discrição que vejo nos jornais.
Alice suspirou.
– Bella... Estamos em Nova York a três anos dessa vez. Nossa última passagem por aqui foi há
oitenta e seis anos. Você agora trabalha em um jornal... O “Today” não existia naquela época, mas
você pode ter acesso á outros arquivos... Pesquise. Veja se acha nos noticiários antigos algo
parecido com o que está acontecendo agora. Eu lhe adianto o resultado. Não vai encontrar nada. E
sabe por quê? Porque nada parecido aconteceu naquele tempo, nem agora.
Alice suspirou mais uma vez, impaciente, e prosseguiu.
– Se deixar de ser egocêntrica, vai se lembrar que esses ataques começaram recentemente, a pouco
mais de um mês. Não somos nós que estamos fazendo isso. Tem um vampiro novo e louco na
cidade. Não o conhecemos, apenas sabemos que ele não gosta de Edward e que faz essas coisas
para provocá-lo.
Sem que pudesse conter a lembrança da voz de Edward lhe veio á mente.
“E não tenho nada á ver com as mortes que têm acontecido, tampouco. Não sou o único vampiro
nessa cidade. Não sou um santo, mas não mato indiscriminadamente.” Pelo menos em uma coisa ele
não mentira, mas...
– Como podem ser vampiros se não matam as pessoas?
– Todos nós nos alimentamos de animais. – Bella abriu a boca, mas Alice antecipou-se. – Menos
Edward. Ele ainda conserva as características originais. Até tentou mudar, mas não se adaptou.
– Mas então...
– Ele adquiriu o habito de matar ladrões, assassinos, estupradores esse tipo de gente. Jasper e eu não
concordamos, mas respeitamos.
– Ele bebeu de mim, Alice – disse em um fio de voz. – Quase me matou.
– Sim. – Alice concordou. – Quase, mas não o fez. Foi um acidente e eu cuidei de você.
– Ele me fez lembrar. Invadiu minha cama por noites seguidas e bebeu de mim. Naquela noite em
especial ele me machucou. Mordeu-me duas vezes. Não diga que foi acidente.
– Não posso dizer o que o levou a fazer aquilo. Geralmente ele bebe das mulheres com as quais
mantêm relações sexuais. – coração de Bella protestou violentamente por relembrar que ela não fora
a única. Alheia ao ciúme da jovem, Alice continuou a falar. – Chame de tara, fetiche... Como queira.
Mas nunca é sua intenção matar nenhuma delas e definitivamente ele jamais desejaria matar você.
Engolindo seu ciúme, Bella retrucou.
– Está enganada Alice. Ele matou Tanya, matou outra que não me lembro o nome... E sabem-se lá
quantas mais que não temos conhecimento.
– Tanya foi acidente e quando Maureen morreu, ele nem ao menos estava na cidade e...
“Maureen”. Sim, era esse o nome. De repente algo veio á mente de Bella e ela interrompeu.
– Você cita os nomes como se as tivesse conhecido.
Um brilho indecifrável cruzou os olhos de Alice. Bella não o entendeu. A vampira declarou.
– Conheci Maureen. Ela foi uma das amantes de Edward e foi morta pelo mesmo intruso que está
atacando as pessoas que você se referiu. Não estavam mais juntos. Ele a tinha dispensado antes de
viajar, mas isso não impediu que nosso visitante a estuprasse e matasse de forma cruel.
Agora Bella entendia o brilho; fora maldade. Por que lhe dizer aquelas coisas? Por acaso estava lhe
dizendo que ela própria corria perigo já que era uma das tantas “ex- amantes” de Edward? Já não
sofria o bastante? Vampiros eram mesmo insensíveis. Saber sobre aquela Maureen somente agravou
seu ciúme. Não conseguia evitar as imagens de Edward fazendo com outras o mesmo que fizera
com ela. Dizendo as mesmas palavras, fazendo-as acreditar como ela – idiota – havia acreditado.
Sem que percebesse voltou a chorar. Que diferença faria para sua dor se não soubesse das outras?
Se tudo que Edward disse á ela tivesse, inacreditavelmente um fundo de verdade, não anulava o
passado.
– Sinto muito por ela.
– Bella. – Alice assumiu um tom conciliador. – Não quero alarmá-la, mas o mesmo pode acontecer
com você. Talvez seja o caso de pensar com calma em tudo que descobriu e considerar aceitar
Edward como ele é... Ele salvou sua vida ontem e...
A jovem a cortou, sua voz se misturando á de Alice.
– Edward matou-me Alice. – concluiu em um fio de voz, pois o vazio da lembrança se instalou em
seu peito.
– Como?! – a vampira interrompeu-se. – O que disse?
– Com certeza eu o perdoaria por ter me enganado e usado por dias; afinal você mais que ninguém
sabe que apreciei aquilo. – ela sentiu o rosto corar, mas não se deteve. – Isso não seria problema.
Assim como eu poderia acreditar nessa estória absurda de que um vampiro me ame, mas... Quando
Edward me fez lembrar... Eu o vi matando-me.
Alice ouvia em silêncio, ela prosseguiu.
– Já conversamos sobre isso, talvez se lembre. No dia que você viu minha marca de nascença
contei-lhe sobre minha tia. Disse que minha mãe acreditava que eu fosse sua reencarnação. Eu
nunca acreditei nessas coisas, mas... Inacreditavelmente eu me lembrei. Edward confessou ter
matado Maria, mas na verdade ele matou a mim.
A vampira ainda permanecia em silêncio.
– E aquela não foi a única vez... Edward matou-me em duas ocasiões passadas antes de minha vida
como Maria. – a vampira uniu as sobrancelhas em sua direção, porém permaneceu calada. –
Enquanto “fazia sexo” com minhas versões passadas ele bebeu-lhes o sangue sem nunca parar. Até
“matar-me”. Acredita mesmo... – Bella se interrompeu, tomou fôlego e recapitulou. – Pode me dar
sua palavra que dessa vez será diferente? Que todas aquelas vezes foram “acidentais”?
Alice suspirou novamente, um brilho estranho, dessa vez de entendimento cruzou seus olhos,
mudando sua expressão.
– Você tem certeza disso que diz que viu? Três vezes você disse?
– Sim... Não sei que poder é esse que ele usou comigo, mas eu me vi em todas as situações que
estive com ele, inclusive nas minhas vidas passadas. Nessa minha “encarnação” Edward poupou-me
nas vezes que se serviu de mim; debilitou-me seriamente em uma, contudo me matou três vezes no
passado. O que me garante que cedo ou tarde não faça novamente?
– Realmente não existe garantia de nada quando se está próximo á um vampiro velho, cheio de
medos, manias e taras como Edward. – disse Alice com voz sombria. – Entendo seu medo e...
Recomendo que se mantenha distante.
– Aí está a Alice que conheci. – Bella sorriu sem achar graça. – Então admite que eu corra perigo?
Que de certa forma não passo de diversão?... “Alimento” para as manias e taras de Edward?
De um salto Alice pôs-se de pé.
– Diversão?!... Como pode ser tão cega?... Não se dê tanta importância Bella. – disse friamente. –
Não acha que a atenção que tivemos com você seria muito trabalho para conseguir uma simples
trepada para Edward? Para isso ele nunca precisou de ajuda. A cidade está cheia de mulheres. Ele
poderia ter escolhido qualquer outra, como sempre fez antes de conhecê-la, contudo escolheu você.
Edward a amou menina; e eu pensei que pudéssemos ser amigas, mas visto que as coisas tomaram
outro rumo, não vejo como isso possa ser possível.
Alice a encarou firmemente.
– Vim tentar convencê-la á mudar de idéia por minha própria conta, pois temia por sua segurança,
mas agora acho que nada lhe acontecerá enquanto não pegamos esse intruso. Lembre-se sempre de
minhas recomendações e ficará bem. No mais, a verdade é que Edward já decidiu esquecer você e
esse é o certo a se fazer. Então... Não vejo mais motivos para continuar aqui. Não vou apagar-lhe a
memória. Confio em sua discrição, mas não nos procure... Não vamos procurá-la tampouco. Siga
sua vida Isabella. Seja feliz e nos esqueça. Faça de conta que nunca nos conhecemos e será como se
nunca tivesse conhecimento de nossa existência.
Sem qualquer aviso, Alice se foi. Bella mal acompanhou a porta abrir e fechar. Então era isso? Sem
mais explicações, sem despedidas Alice se fora? E Edward havia... Decidido esquecer-se dela?
Bella arfou. Tudo encenação; nunca esteve enganada. Todos eles poderiam negar o quanto
quisessem, a verdade era que realmente não passou de diversão. Com os olhos turvos de lágrimas
olhou para as flores mandadas por Edward, lembrou-se dos bilhetes que as acompanharam, das
palavras ditas na praia, dos momentos em sua cama e no escritório. Então gemeu de pura agonia.
Anos de existência tornavam vampiros perfeitos. Eram perfeitos com as palavras, eram perfeitos
amantes... E cruelmente perfeitos na arte de mentir.

************************************************************************

Notas finais do capítulo


Como viram, o momento ainda é tenso... Quem acompanha comigo sabe que essa fase
chegaria e que mesmo sendo desagradável, ela é necessária... Nela as duvidas dos dois
terminarão de vez. Assim como algumas verdades virão á tona. Como meu objetivo é tão
somente contar minha estória e não fazer leitora sofrer, vou postar todos os dias até o
reencontro. Bom, isso não é spoiler, pois se eles são o casal principal isso é evidente que
aconteça.Espero que não surtem e leiam com atenção pois alguns detalhes são
importantes no futuro da fic...Agora como havia prometido... lá vai o spoiler:" Não acha
que a atenção que tivemos com você seria muito trabalho para conseguir uma simples
trepada para Edward?Sim seria. Pensando friamente, se fosse intenção de Edward matá-
la, ele não precisaria ter se empenhado tanto. Tinha livre acesso á sua cama, á sua vida...
Como ele havia dito, quantas oportunidades teve de matá-la se assim o desejasse de fato?
Ao invés disso, não era ela que, mesmo o temendo, sempre se sentiu protegida ao seu
lado?Jamais deixaria que nada de mal lhe acontecesse ele dissera no dia que fora buscá-
la de moto.É minha função protegê-la, não matá-la de frio!, disse na praia quando
estavam completamente sozinhos e sem testemunhas. Hora perfeita para um ataque; que
não veio. Muito pelo contrário. Ele lhe pedira em namoro, tratou-a com respeito e
carinho... E a levou para casa no segundo que a sentiu trêmula por acreditar que ela
estivesse com frio. Quem se preocuparia em proteger e cuidar de alguém se desejasse
matar?"E para não perder o costume... comentem... :)Até amanhã... o/

(Cap. 37) Capítulo 8 - Parte II

Notas do capítulo
Oi minhas lindas... Como prometi, novo capítulo...

Espero que gostem, apesar de ainda ser de momentos tensos. Esses povs da Bella são
importantes para o desenrolar futuro da fic... :)

Obrigada pelos comentários e pelas indicações. :D

BOA LEITURA!...

Bella olhava para a tela de seu computador sem ver as palavras. Nesses momentos de lucidez
percebia que era realmente incrível que ao final conseguisse redigir alguma matéria. Parecia que
trabalhava automaticamente; como uma maquina. Estava á sua mesa, no “Today”. Aquele era seu
terceiro dia de trabalho. Não saberia dizer se gostava ou não, assim como pouco ou nada tinha a
dizer sobre seus colegas. De todos, tinha consciência somente de Esme, pois, além de ser sua
editora-chefe tinha a lembrança dela no escritório de Edward. A intimidade de ambos a pisar ainda
mais em seu coração já debilitado.
Invariavelmente, nesses instantes em que percebia o mundo á sua volta, não conseguia deixar de
imaginar se, Edward havia realmente desistido dela e, quando voltasse de onde havia ido, se Esme
seria a nova escolha – uma humana nada insossa dessa vez. Sem que pudesse se conter olhou para a
editora através da imensa porta de vidro de sua sala. Aquela mulher nem se fizesse força seria
insossa, admitiu sentindo o baque violento em sua auto-estima.
Mesmo com pouco uso de cosméticos ela era linda. E Bella nem ao menos conseguia alimentar
algum despeito pela mulher. Ela fora atenciosa e até mesmo carinhosa com a jovem em sua primeira
manhã, quando apareceu para o serviço – devidamente arrumada e pontual – porém pálida, com
olheiras mal disfarçadas e mais magra que o normal.
– Por Deus garota. O que aconteceu com você? – ela perguntara com espanto.
Bella evitou sorrisos amistosos, pois sabia que não conseguiria e a tentativa talvez alarmasse ainda
mais sua nova chefa.
– Não tive um bom final de semana... Problemas pessoais. – alegou simplesmente.
Sim... Seu último final de semana fora péssimo. A impressão que tinha era que esteve naquele sofá
desde a manhã de sexta. Invariavelmente encontrava-se na mesma posição que Alice a deixou.
Porém, sem chorar. Apesar da dor imensurável em seu peito ferido, as lágrimas haviam se esgotado.
Comia quando tinha fome, afagava Black quando ele estava ao alcance de suas mãos e, dormia e
acordava com a visão das flores. Assim como as mentiras tinham um fim, elas também
encontrariam o seu.
Sentindo-se vazia e enganada, Bella dormira naquele sofá – não se deitaria em sua cama novamente
– não ligara a TV ou o som, mas jamais ficara alheia aos dias; ás horas. Não conseguia acreditar nas
palavras de Alice de que não seria procurada. Todas as outras morreram, porque com ela seria
diferente? Edward viria terminar o que havia começado. Sim ele viria. Ele viria.
Porém, passou-se sexta, sábado... E nada aconteceu. Ninguém veio procurá-la para acabar com sua
vida. Na manhã de domingo começou a sentir uma nova dor em seu coração ao se permitir cogitar
que talvez tivesse julgado Edward erroneamente. Seu medo de morte argumentava com seu amor,
dizendo que ele a matara... Três vezes. Mas seu amor lhe dizia que talvez tenha sido mesmo
acidente ou puro instinto; que dessa vez poderia ser diferente.
Seu medo insistia dizendo que se vampiros existiam com certeza tudo que se sabia sobre eles era
verdade. Vampiros eram cruéis, sanguinários e egocêntricos, jamais amariam alguém além deles
mesmo. Seu amor dizia que toda criatura evolui. Que mesmo tento tirado sua vida antes, nada
impedia que agora Edward estivesse mais comedido, racional e menos instintivo. Tudo bem que não
procurá-la poderia não significar nada e que talvez ainda estivesse sendo usada como uma peça de
jogo, mas... Tudo tinha um limite.
Até mesmo criaturas imortais não perderiam tempo brincando com alguém tão sem graça quanto ela
por tanto tempo. Ao pensamento, não pôde deixar de lembrar nas últimas palavras de Alice.
Totalmente mal criadas e, Bella queria crer que baseadas em um mau humor característico daqueles
que se sentiam ofendidos, visto que a “amiga” nunca fora vulgar.
“Não acha que a atenção que tivemos com você seria muito trabalho para conseguir uma simples
trepada para Edward?”
Sim seria. Pensando friamente, se fosse intenção de Edward apenas fornicar com ela ou matá-la, ele
não precisaria ter se empenhado tanto. Tinha livre acesso á sua cama, á sua vida... Como ele havia
dito, quantas oportunidades teve de matá-la se assim o desejasse de fato? Ao invés disso, não era ela
que, mesmo o temendo, sempre se sentiu protegida ao seu lado?
“Jamais deixaria que nada de mal lhe acontecesse” ele dissera no dia que fora buscá-la de moto.
“É minha função protegê-la, não matá-la de frio!”, disse na praia quando estavam completamente
sozinhos e sem testemunhas. Hora perfeita para um ataque; que não veio. Muito pelo contrário. Ele
lhe pedira em namoro, tratou-a com respeito e carinho... E a levou para casa no segundo que a
sentiu trêmula por acreditar que ela estivesse com frio. Quem se preocuparia em proteger e cuidar
de alguém se desejasse matar?
“Ninguém” era sua resposta. E como argumento definitivo de seu amor para seu medo, tinha todas
as suas vidas passadas. Todas as vezes esteve com Edward, mesmo que brevemente. E agora ele
estava em sua vida novamente. Se tudo que desacreditava sobre reencarnações se mostrou ser
verdade, então poderia acreditar que almas gêmeas também existiam e que talvez aquele fosse
justamente o caso deles. Se estivesse certa, nada poderia fazer. Bella estava atada á Edward em um
ciclo sem fim. O vampiro poderia matá-la quantas vezes desejasse que ela sempre voltaria para ele.
Contraditoriamente, a cada novo argumento de seu amor, antes de se sentir feliz com a vitória,
sentia-se cada vez mais sufocar. Se seu sentimento mais nobre estivesse certo, ela cometera uma
grande injustiça. Magoara profundamente aquele que depositara o coração em suas mãos. Depois de
cismar por horas, travando uma luta interna onde cada vez mais seu medo era sufocado, a voz de
Edward espocou em sua mente como o golpe de misericórdia.
“Não haverá acidentes para você Isabella! Acredite em mim, por favor. Está sendo muito difícil
falar-lhe essas coisas. Nunca senti por alguém o que sinto por você. Todas essas sensações são
novas para mim. Não sei colocá-las em palavras. Tudo que consigo fazer é dizer que a amo e pedir
que “fique”. Não sei se agüentarei vê-la ir embora, então fique!”
“O que você fez”?!... Sua própria voz gritou em sua mente.
Bella apenas se deu conta que Black estava ao seu lado quando se levantou de um salto assustando
o felino. Nem ao menos reparou o gato olhando-a por um segundo, magoado por sua dona tê-lo
despertado abruptamente, antes de enrolar-se e voltar a deitar onde estava. A jovem passou a andar
de um lado ao outro, abraçada ao próprio corpo, tremendo violentamente.
“Primeira e única dona do meu coração velho e fraco. Por favor, tenha cuidado.”
A voz de Edward ecoava em sua cabeça torturando-a ainda mais. O que havia feito?... Julgara e
condenara sumariamente a veracidade do amor de Edward. Sem nem ao menos deliberar. Precisava
procurá-lo; explicar-se. Tudo bem que estava apavorada quando descobriu a verdade – não tinha
como ser diferente – mas poderia ao menos ter tentado acalmar-se, visto que ele lhe deu sua palavra
de que não a machucaria. Bella puxou o ar com dificuldade ao constatar tardiamente a verdade.
Esteve diante de um vampiro... Ele poderia ter acabado com ela em um piscar de olhos, no entanto,
tentou acalmá-la de todas as maneiras.
Precisava reparar o mal que havia feito então, mesmo receosa procurou por sua bolsa. Precisava
ligar para Edward o quanto antes; pediria desculpas, imploraria seu perdão, faria qualquer coisa que
lhe pedisse desde que a perdoasse. Decidida, correu ao quarto, olhou em todos os lugares e nada.
Então, voltando á sala com as sobrancelhas unidas.
– Droga!... Onde está minha bolsa? – resmungou.
Ao lembra-se caiu sentada novamente.
– Claro... Provavelmente no carro dele. – disse para si mesma desanimada. – Era só o que me
faltava.
Sim... Provavelmente a bendita bolsa estivesse no banco traseiro do carro de Edward onde ele a
colocara na noite em que fora buscar Bella no restaurante. A jovem não teve tempo de tirá-la de lá,
visto que fora recepcionada pela vampira loira. Novamente Bella afundou no sofá. Havia se
esquecido desse pequeno detalhe... Antes de atacá-los a loira insinuou que Edward e ela eram
amantes... Novamente o ar lhe faltou. Porém, antes que sufocasse, uma voz baixinha disse em sua
cabeça... “E se ela estivesse mentindo”?
Só havia uma forma de saber e naquele instante Bela tinha a desculpa perfeita. Sentindo um surto de
animo, se encaminhou para o quarto para trocar-se. Ainda temia Edward, não tinha certeza se estava
certa ou não, mas dizia a si mesma a cada minuto que sim. Não fora ela que escrevera sobre tais
criaturas serem incompreendidas? Não poderia continuar sendo hipócrita, afinal nunca o fora e não
começaria logo agora.
Depois de tomar banho e arrumar-se, pegou as chaves de reserva de seu apartamento, as de seu
carro e saiu apressadamente. Desceu as escadas aos saltos. Agora que tomara a decisão tinha
urgência em encontrar Edward. Seguiu para a Wall Street impacientemente. Como o trânsito
daquela cidade podia ser intenso em pleno domingo?!...
Quando finalmente chegou á porta do edifício, estacionou mesmo em frente á ele, sem se importar
com a placa de proibição. Já não pensava com clareza. Agora que se sentia perto, seu peito gritava
de saudade e suas pernas começavam a fraquejar. Ela estava mesmo indo atrás de um vampiro!... Só
poderia estar louca, mas não se importava. Precisava fazer o “certo” e o certo era desculpar-se e
ouvi-lo como havia pedido. Nem cogitou pensar na reação de Edward quando a visse de volta; que
talvez ele nem ao menos quisesse vê-la novamente. Imediatamente tratou de expulsar essa idéia
para não voltar covardemente para seu carro.
Seguindo em frente, passou pelas portas de vidro. Estremeceu á lembrança de Edward em pé á sua
frente quando estava caída ao chão do amplo saguão sem forças para mover-se. Na verdade não se
recriminava por isso. Sua reação fora normal diante de tudo que descobriu, viu e ouviu. Mas
poderia ter tentado lidar melhor com a situação. Se tivesse acreditado em Edward não estaria agora
tento que correr atrás dele para desculpar-se e talvez até ser rejeitada. Melhor nem pensar...
Rumava decidida para o elevador de porta preta quando foi chamada pelo vigia do dia – nem havia
se dado conta dele.
– Senhorita?... – ele disse do balcão. Assim que Bella se voltou em sua direção, ele falou. – Precisa
dizer-me onde está indo? Identificar-se.
– Como? – ela nunca precisou de identificação para entrar ali.
– Hoje é domingo senhorita. – disse educadamente, porém em tom que quem falava com alguém
sem entendimento e tivesse que explicar o óbvio. – Os serviços destinados ao público em geral
estão fechados. Hoje somente funcionários têm acesso ás entradas e aos andares.
Claro!... Pensando rápido, inventou uma desculpa como fez com o vigia da noite.
– Mas esse é justamente o caso. – disse sem piscar. – Trabalho na Cullen & Associated e preciso
pegar uns papéis para meu patrão. Serei rápida.
– Ah sim... – disse incrédulo. – Poderia mostrar-me seu cartão de identificação?
Bella fez uma careta de pesar.
– Veja bem... Esqueci de trazê-lo. Mas como disse... Se me deixar subir, serei rápida.
O vigia fez a mesma expressão pesarosa, imitando-a.
– Que pena!... Sinto muitíssimo, mas não posso abrir exceções.
Bella teve vontade de socá-lo. Demorou tanto a acordar de seu transe covarde e ver a verdade para
ser barrada por um idiota debochado como aquele. Controlando-se para que seu mau gênio não
viesse á tona, tentou pensar com clareza. Não queria ir aos escritórios, queria ver e falar com
Edward. Tento isso em mente, pediu.
– Certo... Eu entendo perfeitamente. Mas o que preciso pegar é realmente importante. Talvez se
você entrasse em contato com o senhor Cullen em sua cobertura, ele liberasse minha entrada.
Á menção de Edward o homem a encarou de forma estranha, franzindo o cenho.
– Lamento mais uma vez... Não tenho como chamá-lo visto que sua cobertura está em reforma e até
onde eu fui informado ele não se encontra. Os trabalhos começaram sexta feira á tarde. Sendo
funcionária do escritório acho que deveria saber disso, não?
Com o coração em frangalhos, disse.
– Havia me esquecido desse fato. Obrigada mesmo assim.
Talvez o vigia tenha visto alguma expressão em seu rosto, pois quando lhe deu as costas para
afastar-se ele disse, subitamente solicito.
– Talvez se você se lembrar do numero de seu cartão, eu possa checar e liberar sua entrada.
Bella nem ao menos lhe respondeu. Saiu para a rua em tempo de ver seu carro sendo multado. Era
só o que lhe faltava. O guarda nem ao menos tomou conhecimento de sua aproximação; prendeu a
multa em seu para brisa e se foi, olhando feio em sua direção. A jovem pegou o pedaço de papel
sem olhá-lo. Na verdade não lhe interessava. Estava sentindo-se vazia novamente. Fora até o NY
Offices para nada. Se Edward não estava em sua cobertura, onde estaria?
Entrando em seu carro para voltar ao seu apartamento, disse a si mesma que não teria como saber.
Aquela era toda referência que tinha dele. Não sabia nada além daquele endereço e do numero de
celular marcado na agenda do seu; que não tinha acesso uma vez que sua bolsa estava no carro dele.
O sentimento de inutilidade a acompanhou todo o trajeto de volta.
Novamente o ar lhe faltava. Havia se afastado de Edward em um surto de pavor e ao que tudo
indicava não poderia consertar os estragos de sua reação. Bella não poderia fazer como Edward que,
aparentemente, já seguia em frente. No dia seguinte a toda confusão ele já tratara de consertar sua
cobertura. Pratico e rápido. Ao contrario dela que permaneceu apática e lenta em seu sofá. Qual a
novidade?
“A verdade é que Edward já decidiu esquecer você e esse é o certo a se fazer”.
Claro que sim... O que ela estava pensando? Que fosse encontrar Edward, magnífico e imortal
esperando pacientemente por ela em uma cobertura destruída? Evidente que não. Rendendo-se ao
óbvio, Bella subiu os degraus até seu apartamento arrastando-se. Precisava voltar ao seu sofá e
sofrer, apaticamente, por ter sido instintiva e covarde.
Ao fechar a porta atrás de si e voltar-se para sua sala, teve um sobressalto. Sua bolsa estava sobre a
poltrona que Edward costumava usar quando vinha ao seu apartamento, assim como os sapatos que
havia usado na quinta feira e que havia deixado na cobertura quando fugiu descalça.
– Edward!...
Com o coração aos saltos correu por todos os cômodos mínimos de seu apartamento. Nada. Ele não
estava lá. Mas esteve, não esteve?... Só havia uma forma de saber. Trêmula da cabeça aos pés correu
até a bolsa e procurou por seu celular. O número não estava mais lá. Dessa vez, Bella caiu sentada
no chão. Incrédula, correu as setas para cima e para baixo em sua agenda, mesmo sabendo ser inútil.
Aquela era sua resposta definitiva. Não precisava temer por sua vida. Edward não mentira; nunca
pretendeu matá-la. E agora que ela não havia acreditado em sua palavra, não a procuraria e havia
deixado claro que não queria ser procurado. Mais uma vez, a voz de Alice veio-lhe aos ouvidos.
“A verdade é que Edward já decidiu esquecer você e esse é o certo a se fazer”.
À Bella restou voltar para seu refugio no sofá e abraçar as próprias pernas. Novamente as lágrimas
brotaram em seus olhos, lágrimas quentes e desesperadas. Os soluços intermitentes a sufocando
ainda mais. Com eles marejados, sorvendo o ar com dificuldade, olhou para as flores que havia
ganhado de Edward. Em sua pressa em sair na quinta pela manhã, nem ao menos tinha colocado sua
rosa na água. O amor, a paixão, a coragem e o respeito amarelavam pouco á pouco sobre o móvel e
seria assim até que ela murchasse de vez.
Somente a Amarílis seguia firme. A beleza e a orgulho; a representação fiel de Edward. Estava claro
que Bella havia ferido seu orgulho na alma e – uma vez que não fora capaz de ficar e compreender
– não lhe era mais interessante. Como o vampiro mesmo havia dito tudo era novo para ele.
Novidades vêm e passam. E ela agora era o passado.
A tarde de domingo passou arrastada. Bella conversou com sua mãe e seu pai, porém não se
lembrava de nenhuma palavra trocada com eles. A manhã de segunda encontrou Bella na mesma
posição que ela havia sentado no dia anterior. Obrigando-se á respirar. Sentindo-se terrivelmente
culpada e abandonada, Bella esperou por aquele dia em especial como um náufrago por uma ilha
aprazível.
Sentindo os membros doloridos, ergueu-se do sofá e, antes de qualquer outra coisa ligou para o
numero de Alice na Cullen & Associated. Bella sabia que àquela hora alguém ouviria o telefone e
atenderia. Só poderia esperar que fosse a própria Alice ou quem sabe – milagrosamente – Edward.
Porém, depois de vários toques e do telefone atendido, a voz que ouviu era totalmente estranha.
– Cullen & Associated, bom dia?
– Eh... – Bella pigarreou para limpar a voz que saiu embolada. – Bom dia... Eu poderia falar com
Alice ou... Com o senhor Cullen, por favor?
– Não será possível... O senhor Cullen não se encontra, acho que saiu em viagem ou algo assim e a
senhora Whitlock estará fora todo o dia acompanhando o senhor Whitlock. O assunto é importante?
Posso anotar um recado se desejar... – ofereceu a moça amavelmente.
– Não é necessário, obrigada!
Edward havia viajado. Então era isso, definitivamente o fim. Sentindo o peito oprimido e os olhos
úmidos, colocou o fone no gancho e foi para o banheiro. Depois de banhar-se sem prestar a menor
atenção ao que fazia, arrumou-se o melhor que pôde e seguiu para o jornal.
Não era de se estranhar que Esme e todos os novos colegas se assuntassem com sua aparência
funesta. Contudo, somente a editora chefe tocou no assunto, todos os outros a deixaram em paz,
quieta em seu canto a fazer seu serviço como um autômato. E ali estava Bella mais uma vez;
olhando para a tela de seu computador sem ver as palavras. Perguntando-se como ainda estava viva
depois de tantas descobertas e com o ar sempre rarefeito á sua volta.
Seu diafragma doía constantemente, visto que era preciso forçar o ar para seus pulmões. Como se
não bastasse a descoberta sobre a condição de Edward e seu abandono definitivo, ainda tinha a
descoberta da traição; não que esta doesse, pois não doía. Mas havia abalado perigosamente sua fé
nas pessoas. Bella custava a acreditar como fora tão idiota e cega ao ponto de nunca ter percebido
que conviveu anos com uma cobra. Na mesma manhã em que começou a trabalhar no “Today” fora
procurada por alguém – de certa forma – inesperado.
– Isabella Swan. – ela atendera ao telefone depois de vários toques e de reparar algumas caras feias
em sua direção.
– Bom dia Isabella.
A jovem sentiu uma pontada aguda no peito ao ouvir o nome inteiro somente para decepcionar-se e
seu coração passar a bater acelerado com o susto desnecessário.
– Billy?!... Como sabe sobre esse número?! – Bella disse a si mesma que nem ela havia decorado
ele ainda.
– Sim, sou eu... E sobre o telefone... Tenho bons contatos. – então, pigarreando convidou. –
Gostaria de encontrá-la. Acha que poderia almoçar comigo hoje?
Então Bella se lembrou que o ex-chefe havia procurado por ela tarde da noite no restaurante e que
ficara tão curiosa que lhe telefonara tão logo Angela lhe deu o recado e o cartão. Nossa; quanto
tempo havia se passado... Suspirando, a jovem se deu conta que não estava mais curiosa quanto ao
assunto que ele tinha a tratar com ela, assim como não deseja almoçar. Acompanhada ou sozinha.
– Desculpe-me, mas não será possível. Acredito que esses seus contatos tenham lhe informado que
hoje é meu primeiro dia aqui... Ainda estou me familiarizando, vou apenas tomar um lanche rápido
e voltar para cá. Talvez possamos nos encontrar outro dia. – sugeriu sem vontade alguma.
Billy insistiu.
– O que quero conversar com você é importante Isabella.
A jovem impacientou-se.
– Tão importante que não pode me dizer por telefone? Estamos conversando agora. Diga-me do que
se trata, ninguém pode nos ouvir.
– Evidente que posso falar por telefone, mas tenho medo de sua reação. Preferia acalmá-la antes de
dizer o que você precisa saber.
A menos que Billy fosse lhe dizer que em noites de lua cheia ele se transformava em lobisomem,
nada mais poderia abalá-la. Bella teve que conter o riso que se formou em sua garganta, pois sabia
que se começasse logo estaria presa em uma gargalhada histérica. Suspirando cansadamente,
declarou.
– Acredite... Pode dizer o que deseja... Não vou reagir mal ao que quer que seja. Prometo.
– Bella, você desmaiou em minha sala no dia que lhe dispensei... Não sei que acredito em sua
palavra.
– Pois então não me conte nada e me deixe voltar ao trabalho. – seja ele qual for, pensou olhando os
caracteres desconhecidos no monitor á sua frente.
– Está bem... Está bem... – ela o ouviu aquiescer pausadamente. – O que tenho a lhe falar é
justamente sobre o dia que lhe dispensei.
Bella acreditou ter entendido onde ele queria chegar e o cortou.
– Billy, eu acho que agora é tarde para você mudar de idéia. Acabei de ser contratada e não vou
voltar atrás.
– Não é nada disso. – ele garantiu, então recapitulando, disse. – Não que não me arrependa. Isso
aconteceu antes mesmo que você deixasse o prédio.
Bella estranhou as palavras e o tom, mas nada disse.
– Você é boa garota e sabe disso. Não preciso ficar elogiando seu trabalho.
– E nem eu espero por isso. – juntando as sobrancelhas retrucou de mau humor. – Agora... Se sou
assim tão “boa”, porque me dispensou mesmo arrependido como alega ter ficado?
Após uma breve pausa em que ela acreditou que não teria a resposta, Billy falou.
– Fui obrigado Isabella.
– Como?!... Acho que não entendi. – evidente que não havia entendido. – Quem o obrigaria a me
dispensar de seu jornal?
Nova pausa, daquela vez mais longa, fazendo com que Bella se impacientasse. Estava á ponto de
explodir quando ele disse receoso.
– Essa era a parte que eu queria prepará-la, mas agora vejo que nem mesmo se estivemos frente a
frente seria melhor de ouvir, então... – o homem tomou fôlego e prosseguiu. – Não me orgulho de
muitas coisas que faço e uma delas é ter certa queda por garotas mais jovens.
Bella apertou o fone com força para não gritar com ele. O que aquela confissão tinha a ver com
ela?... Alheio a sua raiva, ele continuou, desculpando-se.
– Por favor, não pense que sou algum pedófilo, afinal as garotas de quinze e dezesseis anos já eram
consideradas boas para se casarem desde o tempo de meus avôs. E as de hoje em dia são tão
espertas e pervertidas que é praticamente impossível resistir á elas.
– Sinceramente sua preferência por ninfetas para seus assuntos sexuais não me interessa. Prefiro
que vá logo ao ponto. – disse secamente.
– O ponto é Isabella, que conheci uma garota meses atrás. Cai na besteira de apaixonar-me antes de
descobrir que ela mentiu a idade. A diabinha tem apenas treze anos... Sei que é errado, mas eu não
consigo mandá-la embora de minha vida.
Bella começou a se perguntar em que mundo ela vivia até quinta á noite. Ela simplesmente não
“reconhecia” as pessoas com as quais conviveu.
– Mantemos um caso e eu não posso correr o risco de minha esposa descobrir, assim como os pais
dela. Amo-a, mas não quero acabar com um casamento de anos assim como também não quero ser
indiciado por atentado violento ao pudor ou abuso de menores.
– Ainda não entendo o que isso tem a ver comigo. – declarou seriamente.
– Sou um homem de poucos amigos Isabella. E pensei que poderia confiar nos que tenho. Quando
confiei esse segredo ao Meraz jamais acreditei que ele fosse usá-lo para chantagear-me. Foi
somente por isso que a dispensei. Ele obrigou-me ameaçando contar para minha esposa, além de
denunciar-me caso a efetivasse em meu jornal. Proibiu-me até mesmo de mantê-la como estagiaria.
Bella entendeu menos ainda. Incrédula indagou.
– O senhor Meraz chantageou você para que me dispensasse?!... Com que interesse?... Afinal não
foi ele mesmo que me indicou para você?
– Não estou falando de Pedro, Isabella. Ele é conservador ao extremo; jamais aprovaria meu caso
com Bree. Quem pediu por sua cabeça foi Paul.
– “O quê”?!...
Bella custou á acreditar. Nem se importou com as cabeças que se voltaram em sua direção após ter
falado alto, mesmo assim baixou o tom antes de dizer.
– Não brinque com coisa séria, Billy. Você está acusando Paul... “Paul” de ter chantageado você
para que me mandasse embora de seu jornal?
– Sim estou... Como disse não me orgulho de certas coisas que faço e ter cedido á chantagem é uma
delas. Esse assunto me remoeu dias e dias até que recebi um incentivo para contar-lhe a verdade.
A essa altura, Bella não entendia mais nada do que ele dizia. Sua cabeça estava povoada de imagens
suas e de Paul. Ele cuidado dela, incentivando em seu trabalho, sempre a elogiando. Dizendo não
ser nada demais aceitar a ajuda de seu pai. E a pior de todas; consolando-a quando fora dispensada.
“Cretino”, “canalha”, “traidor”... Sua cabeça gritava as palavras que não poderia verbalizar em seu
novo ambiente de trabalho. Ainda estava presa em seu acesso silencioso quando ouviu a voz de
Billy.
– Eu precisava contar-lhe e agora que você sabe, preciso que me perdoe. Nunca foi minha intenção
mandá-la embora, mas não tive escolha. Bree é muito importante para mim... Por isso lhe peço.
Agora que sabe, por favor, não conte ao Meraz que lhe contei essas coisas. Posso confiar em seu
sigilo?
– Confiar em meu sigilo?... – ela começou pausadamente. – Os rumos de minha vida profissional
foram decididos e baseados nesse mundo podre em que vive e “eu” tenho que ser discreta?... Acaso
acredita que lhe sou grata por ter me contado a verdade?... Cedo ou tarde isso aconteceria com ou
sem sua interferência porque a verdade “sempre” vem á tona.
– Mas Isabella, veja bem...
– Veja bem o senhor... – ela o interrompeu. – Não vou agradecer-lhe por isso. “Não” vou ser
discreta. Na verdade estou cansada de ser comedida. Paul deve-me explicações e vou buscá-las
agora. Se ainda tem algum medo dele, aconselho-o a mandar sua amante de volta ás bonecas dela.
Ah... E antes que eu me esqueça... O senhor é pedófilo sim. Talvez eu devesse agradecer ao Paul por
ter me afastado de uma pessoa suja como o senhor. Passar bem.
Ao bater o telefone, tremia incontrolavelmente. Aquela declaração tornava toda a injustiça cometida
ainda pior, contudo teve o poder de afastar a apatia completamente. Seu sangue pulsou forte em
suas veias e tudo que ela desejava era sair dali. Quando olhou em volta, todos a olham com
curiosidade daquela vez e, talvez por seu olhar endurecido, tenham se posto de volta aos seus
afazeres sem uma segunda olhada em sua direção. O único que arriscou a interrogá-la foi um rapaz
de tinha sua mesa ligada á dela.
– Desculpe-me, mas não pude deixar de ouvir que se desentendeu com alguém... – disse solicito. –
Você está bem?... Quer que eu providencie um copo com água?
– Não, obrigada. – disse sem olhar em sua direção.
Ele ainda tentou insistir, mas Bella o ignorou. Pegou sua bolsa no encosto da cadeira e marchou até
a sala de Esme Howden. Depois de duas batidas nervosas, entrou sem esperar resposta.
– Perdoe-me... – disse tentando aparentar uma calma que não possuía. – Mas recebi um telefonema
importante. Urgente na verdade. Sei que mal cheguei, mal comecei minhas atividades, mas
precisava sair... Será breve e prometo que compenso ficando até mais tarde.
Esme a olhou por alguns segundos como se avaliasse seu pedido, então a liberou.
– Tome o tempo que precisar querida.
A jovem não precisou esperar que ela dissesse novamente. Em minutos estava á caminho do
apartamento de Paul. Desejou fervorosamente que ele estivesse lá; queria suas respostas
imediatamente. Lamentou que ele não estivesse em seu trabalho – se é que ele ainda teria “cara” de
trabalhar na Cullen & Associated – assim como lamentou a ausência de Edward, pois poderia
resolver dois de seus problemas. Se o advogado não estivesse viajando, poderia se encontrar com
ele e pedir-lhe perdão, assim como para que quebrasse a outra mão do rábula – não fora assim que o
namorado havia se referido ao cretino traidor?
Ao chegar diante do prédio de Paul, fez como sempre fizera. Buzinou duas vezes e foi prontamente
atendida. Logo o porteiro abriu o portão para que entrasse. Assim que estacionou, correu para o
elevador; sua raiva lhe dava força. Não via a hora de encarar Paul para que ele dissesse olhando em
seu rosto a qualidade de mentiroso ardiloso que era. Ao chegar ao seu andar agradeceu por não ter
tirado a chave do ex-namorado de seu próprio chaveiro, não teria paciência de esperar que ele
viesse abrir-lhe a porta.
Entrou na sala ampla sem sentir um único resquício de nostalgia. Somente remorso por ter estado
ali na noite de quarta totalmente esquecida de Edward. Ao se lembrar sentiu o baque no coração;
agora seria “obrigada” á esquecê-lo. Ele não era mais seu namorado como pensara minutos antes,
não eram mais nada um do outro. Respirando fundo, concentrou-se no que fora fazer naquele
apartamento. Fechou a porta e voltou-se para procurar por Paul. Bella teve que tapar a boca para
não gritar de susto – não ouvira sua aproximação, mas ele já estava parado no meio da sala.
– O que está fazendo aqui? – ele lhe perguntou com a expressão estranha.
Bella mediu-o por um instante. Paul lhe parecia diferente, mas ela não identificou o que poderia ser.
Estava nu com certeza, envolto em um lençol firmemente preso em sua cintura. Constatou satisfeita
que a visão daquele corpo não exercia nenhum apelo sobre o dela. Outra constatação, seguida á
primeira, atordoou-a. Bella não se importava. Não fazia a menor diferença se ele havia atrapalhado
sua contratação ou não. De repente toda a vontade de confrontá-lo se foi e ela desejou ardentemente
não estar diante dele. Intimamente agradeceu o fato que depois de tudo, não precisaria olhar em sua
direção nunca mais.
Permaneceram se encarando em silêncio, cada qual perdido em seu próprio pensamento. Como
estava com o chaveiro em suas mãos, Bella começou a tirar as chaves do ex para devolvê-las. Nem
percebia que ele a olhava ainda de forma estranha.
– Bella o que veio fazer aqui? – perguntou agora com a voz rouca.
Antes que ela respondesse, ouviu um movimento vindo do corredor e então a voz conhecida.
– Amor, por que a demora?... O que veio ver aqui na...
Bella levantou os olhos na direção da voz no segundo exato que sua dona se interrompia e parava
abruptamente na entrada da sala. Bella parou o que estava fazendo e encarou uma Jessica tão
surpresa quanto ela própria. A amiga estava vestida apenas em roupas intimas e... “Aquele era seu
sutiã”?!... O mesmo que havia deixado para trás na última vez que esteve ali? Inacreditável. Ainda
que não se importasse não teria como deixar passar.
– Jessica?! – perguntou olhando para Paul com uma sobrancelha erguida. – E ainda se achou no
direito de cobrar-me fidelidade? Fazer uma cena?
– Anjo, não é nada disso... Eu posso explicar. – disse sem qualquer tom de alarme em sua voz, como
se fosse simplesmente lhe contar o desfecho de um filme ou livro. Sem se importar com a presença
da outra, disse insensivelmente. – Ela não é importante.
Se Bella ainda pudesse, teria rido de tamanho descaramento. Mas nem aquela cena patética era
capaz de fazê-la rir novamente. Subitamente Jessica saiu do torpor e protestou.
– Ei... Eu estou bem aqui! – passou por Bella e foi se colocar entre os dois, olhando Paul de alto
abaixo. – Como não sou importante?... E todo o tempo em que estivemos juntos? Eu pensei que
havia dito que “ela” era passado, que agora oficializaríamos nossa relação.
– Nossa! – Bella ergueu as sobrancelhas espantada consigo mesma. A cena não a afetava em nada,
mas não a impedia de saber dos detalhes sórdidos. – Todo o tempo que estiveram juntos?... De
quanto tempo estamos falando exatamente?
– Não dê ouvidos á ela. – Paul rosnou.
A jovem se sentindo ofendida e com desejo de ferir respondeu.
– Tempo suficiente. – e como se quisesse provar o que dizia, sem se importar com o olhar
ameaçador de Paul, ela perguntou. – Você gostou do vestido e dos sapatos da “Saks”.
– Cale a porra da boca Jessica. – Paul rosnou mais uma vez.
Paul estava tão colérico quanto Edward esteve em seu escritório. Bella nunca o vira alterado
daquela maneira, porém não se intimidou. Seus brados não eram nada impressionantes se
comparados aos de seu patrão. Jessica parecia pensar da mesma forma, pois continuou a falar.
– Eu o ajudei a escolher. – disse maldosamente como se a revelação fosse magoar Bella
profundamente como ela se sentia por ter sido diminuída em sua presença. – Paul queria comemorar
seu novo emprego com o advogado famoso, mas se sentia culpado por tê-la feito perder o seu.
– Jessica eu estou avisando...
Ele tentou fazê-la se calar, porém somente com pedidos. Nunca se moveu um milímetro em sua
direção para impedi-la de continuar. Permaneceu parado onde estava com as mãos em suas costas,
segurando o lençol. Pela jovem, ele poderia largar aquele lençol e resolver o assunto com Jessica
sem problemas. Não se veria nada de impressionante caso aquele lençol caísse e quem sabe ele,
finalmente, não quebrasse a outra mão ao perseguir a amante/namorada fofoqueira pelo
apartamento?
Bom Bella pensou, ali estava uma boa oportunidade de livrar a cara de Billy, porém não se furtaria
àquele prazer de delatar o pedófilo.
– Não se preocupe Paul. – disse finalmente. – Sua namorada não está dizendo nada que eu não
saiba. Bom... – disse debochada; simplesmente não conseguia evitar. – Na verdade é realmente
novo que ela tenha bom gosto ao ponto de ter escolhido algo que eu apreciasse... Quem diria, não é
mesmo? – então se voltou para uma Jessica vermelha, agradeceu mostrando os polegares.
– Valeu. O vestido é lindo e os sapatos confortáveis. Agora, quanto ao meu emprego. – disse
novamente se dirigindo á Paul ignorando os resmungos da amiga traidora. – Fiquei sabendo á pouco
sobre sua “contribuição” para minha dispensa. Vim aqui por causa disso... Queria uma explicação
que me fizesse entender como alguém pode ser tão descaradamente dissimulado.
Antes que Paul dissesse qualquer coisa, Jessica que ainda reclamava de seu deboche, aproximou-se
e tocou no braço da jovem. Bella empertigou-se e afastou a mão com um tapa.
– Escute aqui Jessica. Não dou a mínima para o fato de estarem juntos. Pouco me importa á quanto
tempo vocês me enganam. Graças á Deus, ao destino ou á minha boa sorte, eu não tenho mais nada,
ouviu bem... “Nada” á ver com ele... Faça bom proveito de um homem que a usou tanto quanto á
mim. Aliás, ainda pior porque para todos os efeitos “você” é quem foi usada. Eu nunca prestei
serviços de consultora de moda para que ele comprasse presentes para você. Nunca encontrei restos
seus aqui. – disse indicando seu sutiã. – Assim como também jamais os usaria se os encontrasse.
Não sou e nunca serei de sua laia, então não se atreva a tocar-me novamente. E se possível nem
mesmo fale comigo. Não entendo muito dessa sua classe, mas acredito que até para ser vadia se
deva ter dignidade.
– Escute aqui... – ela começou a dizer, porém a voz firme de Paul a fez calar.
– Cale a porra da boca Jessica. E saia daqui, não vê que está sobrando?... O assunto é somente entre
mim e Bella. – a jovem nem ao menos teve pena da expressão sofrida da ex-amiga.
Engolindo o choro, Jessica correu para o quarto e bateu a porta com violência. Ela voltou sua
atenção para Paul quando ele voltou a falar pausadamente.
– Anjo... Entendo que esteja chateada, mas como disse antes, eu posso explicar tudo que está
acontecendo.
– Não se dê ao trabalho. – pediu voltando a desprender as chaves dele se seu chaveiro. – Como
disse, eu queria uma explicação que me fizesse entender como alguém pode ser tão Falso e
dissimulado, mas agora isso não me interessa mais. Não quero entender como funciona a mente
podre de pessoas como você, Jessica ou Billy. Vocês são nojentos. Talvez apenas se realizem
enquanto enganam os outros, mas na verdade não passam de infelizes incapazes de despertar afeto
verdadeiro.
– Tão inseguros que precisam se alto afirmar impedindo que a namorada cresça profissionalmente.
– disse apontado para ele. – Ou achando que está levando a melhor tirando uma casquinha do
namorado da amiga. – disse apontando o quarto. – Ou procurando pela juventude e virilidade
perdida fazendo sexo com crianças inexperientes no caso de seu amigo Billy.
Paul nada disse. Ouviu-a calado. Apenas seu maxilar se movia dando indicações que não gostava de
nada do que ouvia. Sem se importar com o que ele gostava ou não, Bella terminou de retirar a chave
de seu molho e a jogou em sua direção.
– Como disse vocês são nojentos e tudo que quero é distancia de toda essa sujeira. – a chave jogada
atingiu o peito de Paul e caiu aos seus pés, pois ele não moveu uma mão para pegá-la. À Bella
pouco importou. Tudo que ela desejava era sair dali o quanto antes. – Agradeceria se nunca mais me
dirigisse a palavra.
Então saiu sem olhar para trás. Assim que estava de volta ao seu carro, sentiu-se vazia novamente.
Uma vez que toda raiva direcionada á Paul se esvaíra, não lhe sobrou nada para impulsioná-la. Na
verdade, ficara um pouco pior, pois novamente se deu conta de quantas vezes magoou Edward
demonstrando consideração e afeto por um ex-namorado que desconhecia. Naquele momento Bella
percebeu que não importava muito o tempo de convivência com uma pessoa. Muitas vezes se
prendeu ao fato de não conhecer Edward, julgara-o por tê-la enganado e usado, mas ele fora mais
verdadeiro em dias do que Paul em anos.
Deixando a garagem e o prédio onde Paul morava para trás, Bella mais uma vez se perguntou em
que mundo viveu até quinta feira passada. Não estava gostando daquela nova realidade que lhe era
imposta, por outro lado era agradecida por ter sido despertada. Lamentava apenas que tivesse
acontecido tarde demais; que agora, tivesse que ficar sozinha. Sem o amor de Edward para dar um
pouco de beleza á esse novo mundo feio e sujo.
***************************************************************

Notas finais do capítulo


Descobertas, constatações, arrependimento... Muita coisa para a Bella, mas com isso ela
se fortalece e passa a ver todas as pessoas com outros olhos. Além de dar valor a quem o
merece de fato.
Espero que vcs tenham gostado... e comentem... e se acharem que devem...
indiquem... :D
Agora, spoiler:
"Bom... (...) havia sido encontrada afinal. Porém seu aparecimento causava maior
inquietação á Bella porque agora ela sabia que aquilo fora obra de um vampiro. Um
vampiro louco e sádico que perseguia pessoas inocentes e ex-amantes de Edward. Mas
(...)não era amante de Edward, então, onde ela se encaixava naquela história? Seria a
vitima inocente. Bella não conseguia acreditar na coincidência. Então o quê?

Não consegui ver onde estava a peça faltante daquele quebra-cabeça macabro, pois temia
por sua própria sorte. Estava sozinha. Edward se fora; Alice se fora... A vampira havia
dito para ela seguir suas recomendações que ficaria bem, mas seria mesmo o suficiente?
Doía-lhe o coração pensar daquela forma, mas para todos os efeitos, ela “era” uma ex-
amante de Edward; um alvo provável."

Até amanhã... :D

(Cap. 38) Capítulo 9 - Parte II

Notas do capítulo
Oi meus amores... Mais um... Hoje não vou dizer espero que gostem pois agora entendo
que é difícil gostar de momento tenso... Então apenas saibam que logo lhes devolvo o
Ed... Leiam com atenção pq tem detalhes importantes... :)Obrigada por comentarem... e
agora vou lançar a campanha:Indique Obsession... rsQuem ainda não indicou e achar que
deve, please... indique... Além de emo* a autora iria ficar mega felizAgora vamos á mais
um passo de Bella na direção certa... BOA LEITURA!...

– Bella? – a jovem ouviu a voz distante. – Bella? Você está bem?


Piscando algumas vezes, Bella olhou na direção da voz masculina e se deparou com o colega que
tinha a mesa ligada á sua – não se lembrava o nome dele.
– Sim, estou. Por quê?
– Sei lá... – ele começou sem jeito. – Você está parada há tanto tempo fitando o vazio que achei
estranho.
Sem mover a cabeça, a jovem correu os olhos em volta até pousar o olhar na tela de seu
computador, situando-se onde estava. Mais uma vez desligara-se, mas sabia se tratar de quinta feira.
Fazia exatamente uma semana que estava sozinha. Esteve por tanto tempo “desligada” dessa vez
que a tela á sua frente estava exibindo o logotipo em movimento do jornal.
– Bella?
Dessa vez, com o braço esticado e o corpo erguido em sua direção, o rapaz estralou os dedos diante
de seu rosto. Impaciente a jovem o encarou.
– O que foi agora?
– Você estava fitando o vazio novamente e... – ele, sentando-se novamente, coçou os cabelos em sua
nuca, procurando as palavras. – E seu olhar é meio sinistro... Ele me assusta.
– Então não me olhe. – disse secamente.
O colega pareceu não se importar com sua resposta mal humorada.
– É impossível Bella, nos sentamos de frente um ao outro.
Ao ouvir o nome mais uma vez, estranhou o fato dele se dirigir á ela por seu apelido. Não se
lembrava de ter dado á ele tamanha intimidade. Assumindo sua nova postura defensiva, uniu as
sobrancelhas e perguntou.
– Por que está me chamando de Bella?
A jovem o viu franzir o cenho antes de responder.
– Você disse que preferia ser chamada assim quando fomos apresentados. – evidente que isso
ocorreu em um de seus momentos “automáticos”, Bella pensou. O rapaz prosseguiu. – Sério
mesmo, você está bem?
Bella resolveu que o rapaz não tinha culpa das coisas que aconteceram á ela nos últimos dias, então
tentou lhe sorrir, como não conseguiu, apenas disse.
– É verdade... Eu havia me esquecido, desculpe. E sim, eu estou bem... Somente com um pouco de
dor de cabeça, mas nada que deva se preocupar.
– Tenho aspirina aqui, se desejar... – ofereceu solicito.
Bela conseguiu um meio sorriso de canto de boca.
– Tomei algumas antes de vir para cá, obrigada.
O rapaz lhe sorriu abertamente. Bella reparou seu rosto, mas não soube dizer se o achava bonito –
para ela toda forma de beleza se resumia á Edward.
– Todo bem, então. – ele disse, coçando os cabelos negros de sua nuca. Então incerto, prosseguiu. –
Não pude deixar e notar que você não saiu para almoçar... De novo.
– O que tem isso – ela perguntou novamente de mau humor depois da intromissão.
– Nada se você deseja virar um faquir... – ele riu da própria piada, mas como não foi acompanhado,
refreou o riso e disse. – Sério. Não é legal ficar sem se alimentar. Se quiser posso arrumar algo para
você. Posso pedir um lanche... Você curte MacDonalds?
– Não muito e sinceramente não estou com fome. – apaziguadora, completou. – Obrigada por
preocupar-se, mas estou realmente sem apetite.
– Está certo. – ele se acomodou em sua cadeira. – Mas se precisar de algo, pode pedir sem receio.
– Obrigada. – ela disse sem olhá-lo.
Forçando-se a manter a concentração, tocou seu mouse para abrir a tela e voltar ao trabalho.
Quando esta se iluminou mostrando a última coisa que Bella havia deixado ali, ela alarmou-se. Fora
aquela manchete estampada em sua tela que a levara para longe.
Á sua frente estava a foto de Jessica, ilustrando uma matéria como aquelas dos últimos dias. A ex-
amiga havia sido morta como Tanya e Maureen – ela jamais se esqueceria daqueles nomes. Bella se
lembrou novamente que a Sra. Stanley, mãe de Jessica, havia ligado para seu celular na manhã de
quarta apavorada com o sumiço inexplicável de sua filha. Sem se comover ou se sentir na obrigação
de dar detalhes, Bella disse-lhe que não tinha contato á dias com Jessica e deixou claro que a
amizade entre elas era estritamente profissional, eliminando qualquer vinculo que fizesse a mulher
lhe procurar novamente.
Bom... Jessica havia sido encontrada afinal. Porém seu aparecimento causava maior inquietação á
Bella porque agora ela sabia que aquilo fora obra de um vampiro. Um vampiro louco e sádico que
perseguia pessoas inocentes e ex-amantes de Edward. Mas Jessica não era amante de Edward,
então, onde ela se encaixava naquela história? Seria a vitima inocente. Bella não conseguia acreditar
na coincidência. Então o quê?
Não conseguia ver onde estava a peça faltante daquele quebra-cabeça macabro, pois temia por sua
própria sorte. Estava sozinha. Edward se fora; Alice se fora... A vampira havia dito para ela seguir
suas recomendações que ficaria bem, mas seria mesmo o suficiente? Doía-lhe o coração pensar
daquela forma, mas para todos os efeitos, ela “era” uma ex-amante de Edward; um alvo provável.
E fora exatamente naquele ponto do raciocínio anterior que se “desligara”, pois pensou subitamente
que talvez não fosse ruim de todo se fosse encontrada e morta. Na verdade aquele vampiro louco
lhe prestaria um favor, visto que já se encontrava “morta” desde domingo. Enquanto acreditava ter
sido engana e estar certa por ter ido embora a dor era intensa, porém suportável, mas depois que viu
seu erro e perdeu todas as chances de recuperar o amor de Edward a dor se tornara lancinante.
Encontrava paz somente quando ficava sozinha no vazio; respirando... Respirando.
– Bella.
A jovem deu um sobressalto quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Quando olhou em volta
percebeu que a luz ambiente havia mudado, procurando pelas janelas viu que anoitecera. Desligara-
se por uma tarde inteira!... Bella reprimiu um gemido de agonia. Se continuasse assim logo seria
dispensada novamente.
– Bella. – disse o rapaz de antes. – Estou realmente preocupado com você.
– Não precisa. Foi só a dor de cabeça... Mas já está passando. – automaticamente moveu seu mouse
e mudou a página com a matéria sobre o assassinato de Jessica, abrindo a que estava redigindo sua
matéria. – Assim que terminar isso aqui eu vou para casa descansar, não se preocupe.
– Desculpe insistir, mas não precisa terminar nada. – quando ela lhe olhou com as sobrancelhas
unidas ele se corrigiu. – Bem... Esme não se incomoda quando levamos algo para terminar em casa.
Quase todos já se foram, inclusive ela. Então não vejo problema se você salvar o que está fazendo e
terminar depois. Sei que não é da minha conta, mas não me sinto confortável em ir embora a
deixando aqui assim desse jeito.
Bella olhou em volta. Realmente o numero de jornalistas havia reduzido á cinco contando com os
dois. Os outros três estavam imersos em seus afazeres; nem tomavam conhecimento da conversa
deles. Como não faria diferença onde “não” fazia seu trabalho, Bella aquiesceu.
– Você está certo. – ela tentou lhe sorrir. Agora estava incomodada que não se lembrava do nome do
colega solicito. – Pode ir sossegado, prometo que já vou para casa.
– Nada disso. – disse ele firme. – Não vou correr o risco de chegar amanhã e encontrá-la na mesma
posição que a deixei. Vou acompanhá-la até seu carro.
A jovem pensou em retrucar, mas nada disse. Salvou a meia pagina de sua matéria e juntou suas
coisas.
– Vamos então. – disse pondo-se de pé.
Quando chegaram á garagem, ele lhe sorriu antes de seguir para seu próprio carro.
– Até amanhã Bella.
– Até. – ela respondeu automaticamente.
Ao assumir seu lugar ao volante, ela deu partida. Subitamente se sentiu observada. Como há dias
não acontecia. Mas não seria possível que Edward... Não. Disse á si mesma. Isso é somente você
mesma tentando se iludir. Evidente que era isso. De repente desejou chegar logo em seu ninho para
que pudesse se atirar em sua cama. Sim, agora ela se afundava novamente em sua cama, desejando
fervorosamente sonhar com Edward; nunca acontecia.
Nem mesmo pesadelos ela tinha. Viva no vazio durante os apagões de dia e durante o sono á noite.
Mas a ausência de imagens boas ou ruins não impedia que acordasse queimando no desejo mais
intenso que seu corpo pudesse sentir. A falta de Edward a consumia de todas as maneiras.
Tentando afastar a lembrança e sensação ilusória de observação, Bella girou a chave e nada
aconteceu. O carro resmungou, engasgou e nada. Exatamente como á dias atrás. O mecânico não
lhe garantira que demoraria á acontecer. Inferno. Era somente o que faltava. Ainda tentava dar
partida quando seu colega de mesa se aproximou de sua janela – então era ele que a observava
afinal. Bella tentou ignorá-lo.
– Não adianta ficar virando a chave. Mais fácil quebrá-la que fazer seu carro funcionar.
– Sei disso. – ela disse de mau humor. – Por que não me deixa em paz?
– Porque se eu fizer isso você não tem carona. – disse ele com seu bom humor irritante e inabalável.
– E quem disse que eu preciso de carona?
– Seu carro.
Bella não tinha como contestar. Poderia pegar o ônibus ou o metrô, mas não se sentia inclinada a
desligar sozinha em um meio publico de transporte. Poderia fazer isso no carro de... Não importava
o nome. Bastaria dar-lhe seu endereço e seguir em silêncio. Amanhã resolveria com o mecânico o
problema de seu carro. Nessas horas sentia falta do seguro. Contendo um bufar exasperado, ela
pegou sua bolsa e saiu do carro.
– Está bem, me desculpe... Aceito sua carona.
– Legal. – ele disse simplesmente.
Então a conduziu até seu carro – Bella sequer reparou no modelo ou na marca. Ela agradeceu por
ele nem ter feito menção de abrir a porta para ela; não queria ninguém nas mesmas cenas ou
situações que Edward esteve; aqueles momentos seriam sempre únicos para ela. Assim que afundou
no assento, desejou poder se colocar em off e ficar em silêncio como imaginou. Na maioria das
vezes era automático e extremamente cômodo, pois não sentia a dor opressora ou a falta de ar
nesses momentos em que se rendia ao vácuo.
Contudo não poderia ser assim. Depois que informou onde morava, forçou-se em ficar desperta,
mas não percebia muita coisa á sua volta. Seu colega começou a falar sem parar. Tudo que ela
assimilou é que ele escrevia para o caderno de esportes, ponto. No mais, a jovem apenas ouvia-lhe a
voz, acenava afirmativamente quando achava que devia ou se forçava a sorrir quando ele fazia o
mesmo em sua direção.
Ao pararem á frente de seu prédio, a vontade de Bella era sair o quanto antes daquele carro e se
refugiar em seu apartamento como nos últimos dias; sua cama á esperava. A noite ameaçava chuva,
clima perfeito. Porém parecia que o rapaz estava com disposição para mais conversa, ou melhor,
monólogos.
– E então, consegui animá-la um pouco?
Bella se forçou a sorrir.
– Sim, obrigada!
– Nossa... Você mente mal “pra” caramba! Mas pelo menos você sorriu. Isso pareceu sincero.
A jovem sorriu novamente. Agora se arrependia por não se lembrar de seu nome, o colega parecia
se uma pessoa fácil de lidar. Bom... Na verdade era melhor assim. Bella não se sentia inclinada á
aprofundar uma amizade. Melhor seria manter as relações sempre no âmbito profissional. Contudo,
percebeu que o desejo não era compartilhado por seu novo colega quando sentiu a mão em seu
cabelo. Bella teve um sobressalto como se tivesse levado um choque elétrico e esquivou-se em
direção á porta.
– O que pensa que está fazendo?
– Bella me desculpe eu...
– Não se desculpe. Eu é que não deveria ter aceitado sua carona. – ela o cortou, aborrecida.
– Não Bella. É sério... Mais uma vez me desculpe... – ele pediu, aparentemente, envergonhado. – É
que você ás vezes parece tão frágil... Tão sozinha em seu próprio mundo que parece irreal, então...
Sei lá... Senti necessidade de tocá-la, me desculpe mesmo por isso.
Bella concluiu que ele estava sendo sincero e permitiu-se relaxar no assento. Não estava cem por
cento certa; jamais confiaria em seu julgamento visto que cometeu várias avaliações erradas nos
últimos tempos, mas abriria uma exceção naquele caso.
– Tudo bem... Só não... Faça isso novamente. Não gosto de ser tocada.
– Isso não pode ser verdade. – ele franziu o cenho, avaliando-a. – O que aconteceu? Deixe-me
adivinhar... Rompeu com o namorado?
– Mais ou menos isso, então... Tão cedo não quero saber de envolvimentos.
Na verdade nunca mais desejaria se envolver amorosamente com alguém. Edward ocuparia todos os
espaços disponíveis até o último dia de sua vida não deixando brechas para mais ninguém.
– Bom... É realmente uma pena ouvir isso. Sei que você pouco vê quem está ao seu redor, mas eu
estive de olho em você desde o dia que foi na redação para sua entrevista. Estava ansioso pelo dia
que começaria a trabalhar conosco. – ele sorriu consigo mesmo e continuou. – Tales não gostou
nada de deixar sua mesa vaga para você, mas ele me devia um favor.
O queixo de Bella teria caído com a declaração caso alguma coisa ainda a espantasse.
– Armou para que eu me sentasse com você?
– “Armou” é uma palavra muito forte. – disse ele na defensiva. – Apenas quis melhorar meu campo
de visão. Vamos combinar que entre Tales e você, sua figura é mais bonita...
Certo, novamente começava a se aborrecer com ele, ainda mais que aquele assunto não a
interessava ou impressionava de forma alguma. Aliás, apenas a entediava profundamente.
– Obrigada pela carona e pelo elogio. Agora preciso mesmo ir. – disse procurando a maçaneta. – Até
amanhã e...
Tudo aconteceu tão rápido. Quando Bella se voltou para se despedir, o rosto dele já estava á espera,
então bastou apenas que ele segurasse o dela e a beijasse. A jovem debateu-se, batendo nas mãos
grandes que a prendia pelas bochechas e boa parte do pescoço firmemente; porém o rapaz era forte.
Sem se importar com seus protestos abafados, ele passeava a língua por seus lábios forçando
passagem, ao passo que Bella os prendia veementemente.
Sabendo não ter força suficiente para afastá-lo, Bella cogitou mordê-lo para que a soltasse, porém
não foi preciso. Subitamente o carro foi sacudido por uma batida forte em sua traseira. A força da
pancada fez os vidros vibrarem.
– Mas o quê...?
Bella aproveitou o susto dele e saiu o mais rápido possível do carro, completamente esquecida do
beijo. Segurando o casaco firmemente na frente do corpo, olhou toda a rua em todas as direções,
confirmando suas suspeitas. Não havia nada ali que pudesse ter batido no carro daquela maneira.
Ela não queria se encher de esperança, mas sua cabeça gritava somente um nome. Edward.
– Meu carro foi amassado. – disse o rapaz franzindo o cenho, se aproximando da jovem. – Bella,
você está bem? Eu...
Ele não terminou a frase; foi calado por um tapa desferido bem no centro de sua face esquerda.
– Eu disse que não gostava de ser tocada! – Bella vociferou. – Nunca mais se atreva a encostar as
mãos em mim ouviu bem?
E sem esperar resposta correu para a entrada de seu prédio.
“Seja você, seja você...” entoava o pedido enquanto destrancava a porta com as mãos trêmulas.
Bella subiu até seu andar praticamente pulando de dois em dois degraus. Ao parar diante de sua
porta, respirou fundo e entrou dizendo que não gritaria caso Edward estivesse bem no meio de sua
sala com o rosto endurecido de ciúmes. Para sua decepção a sala estava vazia. Ainda esperançosa,
correu até seu quarto, foi até a sacada e nada. Apoiando-se no parapeito, Bella sorveu o ar
pausadamente forçando caminho até que ele chegasse aos seus pulmões.
– Onde está você? – sussurrou. – Apareça... Por que não volta? Não precisa aceitar-me de volta,
apenas me deixar pedir desculpas...
Nada aconteceu; Edward não estava ali. Nunca mais estaria em lugar nenhum para ela. Subitamente
sem forças, caiu sentada no chão da sacada e chorou. As lágrimas que ela acreditou terem se secado
definitivamente, brotaram com força total. Abraçada ás próprias pernas, a jovem chorou
copiosamente até que sentisse frio. Então, ainda sem forças, arrastou-se até sua cama onde se deitou
do mesmo jeito de estava, com sapatos e tudo. Abraçando-se ao travesseiro que costumava ter o
cheiro dele, chorou até dormir, completamente esgotada e vazia; e sozinha.

http://www.youtube.com/watch?v=8Nw56rE9wpY&feature=player_embedded

Quando chegou á redação na manhã seguinte – depois de despachar o mecânico que a trouxe e
levou seu carro – estava preparada para ignorar seu colega de mesa inconveniente. Porém não
precisou esconder-se atrás de barreiras invisíveis, pois ele não estava lá. E não chegou ao longo da
manhã. Bella não sabia o que havia acontecido, mas agradeceu por ser poupada de uma
proximidade constrangedora e indesejada. Nos breves momentos de lucidez, ela percebia o
burburinho á sua volta sem dar muita importância. Em determinado momento no meio da manhã,
um de seus colegas se aproximou de sua mesa.
– Oi...
Bella olhou na direção do homem.
– Bella, não é isso?
– Sim, é isso. – respondeu.
– Bella... Eh... – ele parecia sem jeito, mas não de verdade, pois tinha um brilho malicioso no olhar.
– Agradeceria se dissesse o que deseja de uma vez.
– É que Jared não veio trabalhar hoje... – Bella se perguntou quem raios seria Jared. O homem
prosseguiu. – E isso é realmente incomum...
– E o que eu tenho a ver com isso? – perguntou seca, não estava interessada em fofocas de redação.
– É que vocês saíram juntos ontem, então pensei...
Certo. Jared era o rapaz que ela estapeou. Suspirando fundo, cortou-o.
– Não sei o que pensou e nem me interessa saber... Se ele não veio hoje não sou eu que sei o
motivo. Agora, se me der licença, tenho mais o que fazer.
– Claro, claro... Me desculpe. – então se afastando, completou para si mesmo. – Como se
contemplar as paredes fosse ofício agora.
A jovem nem poderia retrucar. Tinha consciência que era justamente aquilo que fazia na maior parte
do tempo. Vez ou outra se perguntava quanto tempo demoraria até que Esme lhe chamasse a
atenção. Não precisou esperar muito.
Logo depois que voltou do almoço – ela se obrigou a comer, visto que nem se lembrava da última
vez que o fez – a editora a chamou em sua sala. Bella entrou apreensiva. Não sabia o que esperar,
mas sabia que fosse o que fosse seria merecido. Andava avoada e dispersa. Assim que entrou Esme
indicou a cadeira á sua frente. Bella sentou-se em silêncio e esperou. A editora tinha os olhos fixos
na tela de seu computador. Depois e alguns instantes olhou para Bella e perguntou.
– Sei que não é da minha conta, mas... Poderia me dizer o que está acontecendo com você?
– Em que sentido? – Bella perguntou mordendo os lábios.
Era extremamente difícil ficar perto de Esme. Sempre se lembrava de quando a encontrou no
escritório de Edward; da intimidade. Não conseguia deixar de se perguntar se ela sabia sobre sua
imortalidade; se... Não Bella! Gritou consigo mesma mentalmente. Pare agora, pois não é mais de
sua conta. Ela havia voltado ás costas para Edward, agora tinha que arcar com as conseqüências.
Assim como tinha que aceitar o fato que seu tempo havia passado. O que Edward fizesse depois que
voltasse de sua viagem não poderia afetá-la.
Ele havia decidido esquecê-la e cabia á ela fazer o mesmo. Se não se empenhava ou não conseguia
não era culpa de ninguém além dela mesma. Bella passou a mover as mãos nervosamente em seu
colo, retorcendo os dedos uns nos outros. Não gostava daquilo. Não queria esquecê-lo, nem queria
que ele a esquecesse. Se tivesse uma coisa; qualquer coisa que pudesse fazer para trazê-lo de volta,
ela faria.
– Bella você está me ouvindo? – ela ouviu a voz de Esme finda de longe.
A jovem forçou-se a prestar atenção. Sua editora estava de pé, parada ao seu lado, olhando-a
assombrada. Bella pousou as mãos quietas sobre o colo e disse.
– Desculpe-me. Eu me distraí... O que disse?
– Eu estava justamente falando dessa sua “distração”... – a voz dela era calma. – Queria entender o
motivo. Você não me pareceu ser assim dispersa quando nos conhecemos ou quando a vi no
escritório de Edward.
E lá estava a citação do nome e a intimidade que a massacravam. Bella respirou fundo.
– Já disse. Estou passando por problemas pessoais e... – e o quê, ela se perguntou, interrompendo-
se.
Bella tinha que ser profissional e não misturas as coisas, mas simplesmente não conseguia. Edward
a ocupava como um todo, não tinha como relegá-lo á determinado setor de sua vida.
Com um suspiro, Esme voltou á sua cadeira. Complacente disse.
– Eu entendo, mas gostaria que você se concentrasse mais no que faz. Sempre que leio suas
matérias desde que veio definitivamente se juntar á nós, tenho a impressão que você sequer sabe
verdadeiramente o que está escrevendo.
Bella sentiu-se alarmada.
– Por que você tem essa impressão?... Acaso escrevi alguma bobagem? Se foi isso eu...
– Calma Bella – pediu a editora erguendo as mãos para que parasse. – O problema não é se escreve
bobagens ou não. É que... O tom que você adotou em suas matérias me assusta. Não era assim
antes. Como disse você sempre foi impessoal, mas mesmo assim sentíamos sua afinidade com o
assunto. Você continua fazendo isso, eu acho que é sua característica mais marcante, contudo,
agora, você imprime um tom melancólico; derrotista.
Aquela poderia ser a verdade, afinal era como se sentia. Nada disse, pois não tinha como
argumentar com os fatos. Esme prosseguiu, colocando seus óculos de leitura – droga!... Nem isso a
tornava menos atraente, observou Bella enciumada – e leu na tela de seu computador.
– Veja o final da matéria que me enviou. “Com o país á mercê de políticos com opiniões divergentes
e sede de poder que não permite o trabalho conjunto com Obama; com a guerra ao terror que seca
nossos cofres e ceifa as vidas dos jovens e mutila famílias; e cercados de pessoas doentes no âmago
de seu caráter e desprovidas de afeto fraterno, não temos muito que agradecer no próximo Dia de
Ação de Graças”.
Bella olhava para Esme como alguém pega cometendo uma falta grave. A editora retirou os óculos e
a encarou.
– Isso fugiu totalmente do contexto da pauta que lhe passei. O Dia de Ação de Graças é uma data
festiva, não o momento de deixar as pessoas cientes dos problemas que estão cansadas de ver todos
os dias.
– Sei disso, desculpe-me.
– E nem vou comentar o fato de você sugerir um pouco acima que a data fosse abolida.
– Nem tenho mais como pedir desculpas...
– Nem eu quero isso. – disse Esme conciliatória. – Quero apenas que você faça as matérias de
antes... Com esse mesmo afinco, só que dispensando a depressão.
– Tomarei maior cuidado, pode deixar.
– Não quero simplesmente que “tome cuidado”. – ela falou firmemente. – Quero que você saia
dessa apatia; que venha realmente se juntar á equipe. Formamos uma família aqui, Bella. E desejo
que você faça parte dela.
– Mas eu faço. – Bella tentou sorrir.
– A sim?... Qual é o nome do rapaz que divide a mesa com você?
– Jared. – não acrescentaria que soube aquela manhã.
– E sobre o que ele escreve?
Droga, ela sabia aquela, o rapaz disse ontem á noite, mas não era de seu interesse então
simplesmente não se lembrava. E começava a ficar impaciente com o interrogatório.
– Não faço a mínina idéia. – disse séria. Tentando acalmar-se, prosseguiu. – Certo, talvez eu ainda
não esteja totalmente enturmada, mas...
– Bella você nem sabe que está no meio de uma turma! – exclamou Esme derrotada. – Nem eu, que
amava... Não. Que ainda amo meu marido e sinto sua falta mais que tudo no mundo não fiquei
assim depois de sua morte. Então sinceramente não entendo como você pode ficar assim por alguém
que está vivo. Relacionamentos terminam todos os dias, você precisa aprender a lidar com a
situação.
Bella sentiu um baque no estomago. O que a mulher á sua frente poderia saber quanto aquilo?
Subitamente a constante falta de ar agravou-se. Edward e Esme, Edward e Esme juntos... Sua
cabeça gritava. Aquela era a única explicação. Lutando com as lágrimas que ameaçavam subir-lhe
aos olhos e modulando sua voz para que não saísse embargada, perguntou.
– Como sabe sobre mim e Edward?
– Eu tenho olhos para ver, Bella. – disse lhe sorrindo brandamente. – Mesmo que não soubesse do
namoro de vocês não teria como imaginar ser diferente depois de ver a proximidade que
demonstram. Eu os vi na Cullen & Associated, esqueceu?
– Não, não esqueci. – e jamais esqueceria o sentimento corrosivo que a invadiu naquela tarde, assim
como jamais esquecia o que sentia agora. – Mas isso não explica o fato de você ter mencionado
uma separação. Como sabe disso? Foi Edward que lhe disse?
A pergunta deixou um gosto amargo em sua boca e uma ferida exposta em seu coração. Estava cada
vez mais difícil controlar as lágrimas. Edward a esquecera mais rápido do que poderia imaginar.
Para alguém que havia dito ser difícil falar as palavras porque nunca havia sentido nada igual antes,
ele se desligou rapidamente do sentimento “novo”. Qual a novidade?... Ele era um vampiro, não
era?... Ao pensamento uma lágrima rolou pelo canto do olho, rapidamente Bella a secou com a mão
trêmula.
Bom, pelo menos sabia que ele estava de volta e agora não queria saber a resposta. Não queria saber
de detalhes do que conversavam sobre ela enquanto estavam juntos. Bella desejava sair dali. Já
recebera o conselho para ser participativa e menos depreciativa, então poderia ser liberada sem
saber de detalhes sórdidos sobre o novo caso de Edward Cullen. Preparava-se para pedir licença,
quando Esme respondeu.
– Não tenho tido contato com Edward. Aliás... Não vejo ou converso com ele desde aquela tarde
que nos encontramos em seu escritório.
– Mas então como você...? – Bella ainda não acreditava totalmente nela, mas seu coração já
começava a se acalmar.
– Como já disse eu tenho olhos para ver... E experiência suficiente para reconhecer os sintomas de
rompimentos.
– Ah... – foi tudo que ela conseguiu dizer. Sua garganta estava fechada com o choro represado.
– Acredite. Acho realmente uma pena não ter dado certo entre vocês. Formavam um lindo casal.
Senti que havia algo entre vocês desde o Halloween... Charles também notou e como gostava muito
de Edward, decidiu lá mesmo que a contrataria. – foi a vez da voz de Esme ficar embargada. – Se
não tivesse acontecido... Se ele não tivesse morrido naquela noite, com certeza você estaria conosco
á muito mais tempo.
– Assim?... Sem conhecer meu trabalho? – Bella limpo uma lágrima que teimou em cair; não
esperava por aquela declaração.
– Sim... Como disse Charles gostava muito de Edward; nós dois na verdade. Desde que ele chegou
á cidade e rapidamente fez sua clientela que trabalhamos com seus advogados. Nunca fomos
íntimos, mas ele sempre foi extremamente atencioso conosco e meu marido apreciava isso. Dizia
que Edward era um cavalheiro como não se via mais hoje em dia, então... Como não se encantar por
ele? E também tem o fato que Edward não desperdiça elogios... Se disse que seu trabalho era bom,
então não tínhamos porque duvidar.
Bella deixou de ouvir na parte em que a editora disse não ser íntima de Edward. Esteve enganada
todo o tempo. Contudo, apesar do alivio que sentia quanto á isso, não poderia animar-se. Afinal,
nada havia mudado. Havia perdido a chance com Edward essa era a verdade imutável.
– Nossa!... – Bella disse por fim.
– Bom... – Esme começou receosa. – Já que estamos no assunto... Se não fosse muita intromissão de
minha parte, eu poderia saber o que de fato aconteceu?
Claro, Bella pensou. Depois que Edward se enfiou em minha cama noites e noites até me deixar
viciada nele e invadir minha vida e meu coração, descobri que ele é um vampiro. Ah, sim... E que
me matou três vezes no passado. E o que é pior... Não acreditei nele quando disse que não mataria
de novo e fugi. Então por isso estamos separados. Ele provavelmente nem lembra mais de mim
enquanto eu me encontro nesse estado lamentável como você pode constatar com seus próprios
olhos. Mas em voz alta disse.
– Eu descobri uma coisa que ele fez... E... Não reagi bem. Acho que ele esperava outra atitude de
minha parte. Eu o decepcionei. Magoei na verdade e isso parece não ter perdão para alguém como
ele, pois depois disso não consigo sequer desculpar-me.
Ao terminar a explicação não teve como conter as lágrimas, então Bella apenas abaixou a cabeça e
chorou. Estava cansada.
– Shhh... Querida, não fique assim... – pediu Esme lhe estendendo as mãos sobre a mesa. Sentindo-
se sozinha, Bella as aceitou. – Deve ter alguma coisa errada nessa estória. Duvido muito que
alguém como Edward, tão educado e cavalheiro como lhe disse, não lhe deixasse desculpar-se.
Talvez até resolvessem esse mal entendido.
– Acho... – Bella fungou. – Acho que eu não era tão importante assim.
– Impossível! – exclamou a editora descrente.
– Não... É bem possível na verdade... Não entendo nem como um homem como Edward se
interessou por mim em primeiro lugar...
– Você é uma jovem bonita e mesmo que não fosse, saiba que o amor não tem explicação e
tampouco precisa de entendimento. Ele apenas acontece e acredite... Edward a ama!
– Por um momento eu acreditei que sim, mas agora...
– Bella... – Esme chamou sua atenção dando tapinhas em suas mãos. – Talvez eu arrume uma
encrenca dos diabos, mas acho que posso lhe provar o quanto ele a ama...
Bella olhou para a mulher á sua frente incrédula, pois duvidava muito que justamente ela – que
havia acabado de dizer não ter intimidade com Edward – pudesse saber de algo tão íntimo e sério
quanto seus sentimentos. Como não dissesse nada, a editora prosseguiu.
– Ele me pediu descrição quanto ao que vou lhe dizer, mas tendo em vista que talvez saber a
verdade lhe ajude á mudar o julgamento errado que está fazendo, não vejo outra saída.
– Certo... – Bela desprendeu as mãos e se recostou na cadeira cruzando os braços em uma atitude
defensiva, assim como as pernas sob a saia longa que vestia. Secando o rosto com as mãos trêmulas,
disse embargada. – Prove o improvável.
– Edward esteve aqui na semana passada para pedir que eu a contratasse.
Bella ergueu as sobrancelhas. Aquilo era interessante, mas não impressionante. Ele apenas fora
reiterar a indicação feita por Alice no Halloween. Evidente que ele ir pessoalmente fazia toda a
diferença, mas ainda assim não era prova de amor e sim que era estimada. Amigos faziam o mesmo
todo o tempo. Então cética, retrucou.
– Então eu devo agradecer por estar aqui hoje e saber que ele me ama porque veio pedir isso á
você?
– Não... – começou Esme com certo tom impaciente. – Você deve agradecer por estar aqui hoje e
saber que Edward a ama porque ele comprou mais da metade de um jornal á beira da falência
somente para que eu tivesse condições de contratá-la.
Bella piscou algumas vezes. Havia ouvido direito? Edward havia feito o quê?!
– Eu acho que não entendi... – ela disse em um fio de voz.
– Foi o que você ouviu. Fui àquela tarde no escritório dele para assinarmos os papéis. Edward agora
é meu sócio e isso por causa de você...
Talvez os atropelados sentissem exatamente o que ela sentia naquele momento. Ou seja, apesar da
dor extrema, não sentia seus membros e sua cabeça zunia.
– Ele não fez isso... – disse para si mesma.
Precisava desesperadamente acreditar que Esme estava inventando aquilo. Não poderia conceber
que havia sentido medo dele, duvidado de sua palavra, renegado seu amor e fugido sem olhar para
trás justamente no dia que ele selava um contrato que lhe favorecia profissionalmente. Se o jornal
estava á beira da falência como disse Esme, talvez não se recuperasse e Edward até perdesse o
dinheiro investido. E tudo isso por ela. Por ela!... E sem interesses ou intenção de reconhecimento,
afinal Esme começara seu discurso dizendo que ele lhe pediu discrição.
– Bella você está bem?... – Esme se pôs de pé preocupada. – Você está pálida...
A jovem não a ouvia. Precisava sair dali, então simplesmente o fez. A editora ainda a chamou de
volta, mas ela sequer respondeu. Bella apenas pegou sua bolsa e deixou a redação. Ao chegar á rua,
não sentiu os pingos finos da garoa. Andou até a beirada da calçada e esperou por um táxi. Assim
que ele encostou uma mulher saída não se sabe de onde tentou entrar antes dela. A jovem nem
pensou no que fazia, empurrou instintivamente e entrou no veículo, deixando a abusada á xingá-la
na calçada. Que infartasse; ela tinha muito mais pressa.

Com o coração aos saltos e as pernas bambas, Bella atravessou as portas de vidro do NY Offices.
Nem mesmo olhava para os lados; seu foco eram os elevadores. Não era possível que Edward ainda
estivesse viajando; ele “tinha” que estar ali. E agora que acreditava estar perto o ar lhe faltava ainda
mais. Sabia que quando o visse sufocaria de vez, mas não se importava desde que antes da síncope
tivesse a chance de fazer o certo á quem merecia. Havia sido extremamente injusta ao ceder ao seu
medo e precisava dizer-lhe isso. Somente isso. Quem sabe assim, se ele ainda a amasse não a
perdoasse, aceitasse o resto de suas explicações e, se fosse possível, a recebesse de volta?
Seu coração falhou uma batida ao pensar na possibilidade de estar com Edward novamente, sentir
seus braços frios á sua volta; ser beijada por ele. Minha nossa! Ela estava mesmo indo de encontro á
um vampiro. Ar, ar. Precisava de ar, mas continuava á avançar decidida. Estava á poucos passos de
um dos elevadores quando sentiu um toque leve em seu ombro. Com um sobressalto, voltou-se.
– Desculpe-me senhorita! – disse um dos seguranças. – Mas preciso pedir que se retire do edifício.
– Como?! – Bella juntou s sobrancelhas.
– Não é bem vinda!
– Como assim, não sou bem vinda?
– Por favor, senhorita... – pediu educadamente. – Não crie problemas... Apenas se retire. Tenho
ordens para não deixar que suba.
– Ordens de quem?
– Não preciso dar-lhe explicações. – respondeu sem perder a paciência; apenas lhe indicando á
saída.
Dito isso tocou as costas da jovem para guiá-la até as portas.
– Não toque em mim! – pediu esquivando-se. – Conheço o caminho.
Contrafeita obedeceu tentando adivinhar quem poderia proibi-la de entrar no edifício. Com o
coração oprimido perguntou-se se seria possível que realmente ele nem ao menos a desejasse por
perto? O segurança a deixou na calçada sem que encontrasse uma resposta.
– Sinto muito senhorita. Apenas cumpro ordens.
Bella sequer respondeu. Deu-lhe as costas arrumando a bolsa sobre os ombros. Olhou de um lado ao
outro. Então viu duas mulheres e um homem saírem da lateral esquerda do edifício. “Entrada de
serviço”. Agora que estava decidida não desistiria facilmente, então sem hesitar seguiu para lá. Mais
algumas pessoas saiam, alguns olhavam para ela, outros a ignoravam. Para os que a olhava ela
sorria e cumprimentava com um aceno de a cabeça como se fosse natural estar ali.
E assim, amistosamente se misturando, passou pela porta. Seu coração estava um pouco mais
estável agora. Era questão de honra alcançar o andar dos escritórios. O corredor até o elevador era
pequeno e Bella o cruzou rapidamente. Quando ele chegou e ela entrou na cabine, sentiu-se
expectante. A cada andar que avançava, sentia-se vitoriosa. Disse a si mesma que talvez ele nem
estivesse lá. Que se estivesse de volta de sua viagem talvez estivesse no tribunal, mas se fosse o
caso, pelo menos poderia falar com Alice.
De repente o elevador começou a perder impulso. Bella olhou o marcador dos andares; décimo
sétimo. Tentou não alarmar-se, com certeza seria algum usuário habitual. Quando as portas se
abriram, porém, ela se viu frente á frente com o mesmo segurança que havia colocado ela para fora.
– Fui informado que você seria insistente.
– Mas como...?!
O homem continuou cortando-a.
– E se pretende enganar alguém, não venha com um crachá de imprensa preso á roupa. Vocês não
entendem negativas. – disse entrando ao seu lado e apertando o botão do térreo. – Qual parte do
“não é bem vinda” a senhoria não entendeu?
A vontade de Bella era mandá-lo ao inferno, mas disse apenas, emburrada.
– Entenderia se me dissesse quem proibiu minha entrada? Têm vários serviços nesse prédio; eu
poderia estar indo á agencia de viagens...
– Mas nós dois sabemos que não está, então, por favor, poupe-me de expulsá-la novamente e
mantenha-se longe dessa vez.
Bella cruzou os braços, indignada e triste. Edward realmente não a queria por perto. Se fosse
preciso alguma prova de que ele não a procuraria nunca mais, ali estava ela sendo esfregada
impiedosamente em seu nariz. Fora uma idiota em não acreditar nele e agora descobria que havia o
magoado á tal ponto que ele lhe barraria á entrada em seu prédio. Toda expectativa se foi.
Novamente sentiu o vazio em seu peito e para piorar, sentia-se inútil. Nada mais poderia fazer.
Agora não restava nem um único fio de esperança. Fora cortada de vez da vida de Edward. Eterna e
definitivamente.

**********************************************************

Notas finais do capítulo


Ahhhhhhhh... não me xinguem... as coisas estão feias para ela, mas prometo que tá
passando... :)Tbm tô com saudades do Ed, então não surtem... Beward é maior que
desencontros... E somente para acalmar os cores vou deixar um mega spoiler:"Pelo
movimento lento de suas mãos e a precariedade de sua visão, Bella soube que ela
demoraria ainda uns bons minutos no processo. De repente se viu no lugar da vizinha,
como na visão que teve de seu futuro horas? antes. Toda trêmula, flácida e velha. E com
certeza ainda a chamar Edward de sua varanda. Definitivamente o fim de seus dias não
lhe pareceu animador. Bella soube que seria decrépita e patética. E sozinha. Ah, não...
Teria os gatos. Com um suspiro, preparou-se para subir os degraus rumo á mais uma
noite vazia e sufocante, quando a senhora lhe pediu. Dê minhas lembranças á jovem
Alice.Bella parou abruptamente. Como disse? A senhora parou o que fazia, a encarou e
repetiu pausadamente como se Bella tivesse problemas de audição. Eu disse... Dê minhas
lembranças á jovem Alice. Bella estava prestes a lhe dizer que não tinha como transmitir
as tais lembranças, quando a senhora continuou. Ela passou tão rápido que nem tive
tempo de cumprimentá-la.Bella apoiou-se no corrimão. Alice passou por aqui? perguntou
incrédula acreditando que talvez a vizinha estivesse também caducando. Sim... Antes que
você descesse. Não a encontrou enquanto descia? Não. Bella respondeu e subiu a
escadaria rapidamente sem mais nada dizer á velha vizinha."Prontinho... pleaseeeeeeee
comentem... bjus lindas e até amanhã... o/
(Cap. 39) Capítulo 10 - Parte II

Notas do capítulo
Oi minhas lindas... desculpem a demora... :)

Ahh... capítulo importante esse.. espero que gostem... e comentem..

Ah... obrigada pelas indicações... e a campanha continua... quem achar que deve..
please.. indique a fic... :D

BOA LEITURA!... o/

obs.: não respondi aos reviews pq hoje tava meio corrida, ams amanhã eu respondo
todos...

Bella chegou ao seu apartamento, novamente apática. Depois do animo repentino e de sua
empreitada fracassada, não tinha como ser diferente e agora com um agravante. Preferia que Esme
não tivesse lhe contado nada, pois saber da atenção, generosidade e desprendimento de Edward a
massacrava. Ainda mais por ter tido a certeza que nunca mais seria “bem vinda”; não poderia
desculpar-se, não poderia agradecer.
Agora sentia como se nem nos seus momentos de desligamento se livraria da dor, ela seria vitalícia
até que se tornasse uma velha solteirona, chata e cercada de gatos – ela olhou para Black que
dormia em seu sofá já sentindo sua falta no futuro que desenhava em sua mente. Com certeza
morreria sozinha e sua morte nem seria noticiada, pois seria acometida de alguma doença sem graça
e comum própria aos idosos.
“Isabella Marie Swan, encontrada morta em seu leito em avançado estado de putrefação. Causa
mortis? Falência múltipla dos órgãos – ou inanição. Não deixa filhos ou netos nem ninguém que
chore por ela, apenas uma centena de gatos que serão encaminhados para o departamento de
controle de animais”. Sim, com certeza essa seria sua nota de falecimento. Monótona e sem graça,
como se ela nunca tivesse tido a chance de viver um amor verdadeiro e ter uma vida mais
emocionante, plena e feliz. Como se ela não tivesse tido a oportunidade de ser eterna como Alice.
Como se, na pior das hipóteses, ela não tivesse tido a chance de morrer lenta e prazerosamente sob
o corpo de um vampiro lindo e charmoso como Edward.
Agora era tarde, muito tarde para se lamentar. Pensou afundando-se na poltrona que Edward
costumava usar. Nada mais poderia fazer. Não era uma vampira. Não tinha força para lidar com um
segurança idiota, não poderia voar como um morcego nem tampouco escalava paredes. Espere...
Seu coração se apertou ainda mais. Vampiros podiam voar ou escalar paredes?... Como não pensou
nisso antes? Evidente que sim. Ele não havia freqüentado seu apartamento noites e mais noites?
Então, perguntou-se alarmada, quais as chances de Edward saber o que havia acontecido no
apartamento de Paul?
Pensa, pensa Isabella, ela se ordenou. As chances eram grandes. Se ele fosse um homem normal,
não se preocuparia, mas sendo um vampiro ele poderia localizá-la com facilidade, não poderia? E se
seu pensamento estivesse certo, justificaria tamanho ódio. Justificaria o ciúme e os pedidos para que
nunca pronunciasse o nome do outro. Naquele momento Bella soube que sua nota de falecimento
seria a mesma que imaginou, pois havia levado Edward ao limite, não teria volta. Se ele havia
mesmo esquecido dela, estava com toda razão.
Ciente ou Inconscientemente fez tudo que uma namorada não poderia fazer e ele sempre a
desculpou, mesmo que silenciosamente. Mesmo guardando tudo que sentia, deixando apenas
transparecer algum sentimento mais forte em suas expressões ou pelos breves lampejos intensos dos
olhos inumanamente verdes. Se Edward errou ao usá-la, ela errou igualmente sendo cega em não
ver os sinais de tudo que o magoava. Deixá-lo daquela maneira, tão ferido ao ponto de extravasar
sua dor em sua cobertura fora apenas a gota final.
A constatação lhe causou tal dor que ela obrigou-se á “desligar-se”. Não queria pensar em mais
nada daquela tarde livre. Quando voltou á si, a tarde nublada já se encontrava perto do fim. Ao
ouvir um trovão distante, soube que fora um que a trouxera de volta de seu vazio acolhedor.
Diferentemente do que imaginou aqueles momentos ainda a salvavam da culpa, da dor e da
saudade.
Ela obrigou-se a levantar, precisava tomar banho, roer alguma coisa e se enroscar em sua cama. Ao
jogar as chaves que ainda segurava, sobre o móvel ao lado da porta, percebeu que havia deixado de
pegar sua correspondência.
– Droga! – exclamou abrindo a porta.
Poderia fazê-lo na manhã seguinte, mas não estava com vontade de sair do apartamento durante o
final de semana, então o melhor que tinha a fazer era buscá-la de uma vez, assim poderia se refugiar
em sua concha particular até segunda pela manhã.
Desanimada arrastou-se escada abaixo até o painel com as portinhas do correio. Quando chegou ao
último lance de escada avistou a senhora Flores. A vizinha idosa também não lhe trazia boas
lembranças, mas não tinha como evitá-la; a senhora já a tinha visto também e lhe sorrindo
perguntou.
– Está melhor minha filha?
– Estou sim, obrigada...
Nisso Bella chegou ao seu lado e introduziu a chave na portinha onde estavam suas cartas. A
senhora uniu as sobrancelhas.
– Você não me parece bem... Tem certeza que não está doente novamente?
“Quem me dera” Bella pensou. Se estivesse novamente doente como da última vez, isso significaria
que Edward estava de volta e se servindo dela. Bella reprimiu um riso amargo. Graças á ela nunca
mais ficaria “doente”. Mas para acalmar a senhora usou a desculpa recorrente.
– Estou apenas com dor de cabeça. Assim que me deitar ela passa, não se preocupe. – então lhe
sorriu.
A senhora desanuviou a expressão e retribuiu o sorriso.
– Então faça isso minha querida.
– Farei, agora se me der licença... Vou subir.
– Fique á vontade. – disse voltando a separar suas cartas ali mesmo na entrada.
Pelo movimento lento de suas mãos e a precariedade de sua visão, Bella soube que ela demoraria
ainda uns bons minutos no processo. De repente se viu no lugar da vizinha, como na visão que teve
de seu futuro – horas? – antes. Toda trêmula, flácida e velha. E com certeza ainda a chamar Edward
de sua varanda. Definitivamente o fim de seus dias não lhe pareceu animador. Bella soube que seria
decrépita e patética. E sozinha. Ah, não... Teria os gatos. Com um suspiro, preparou-se para subir os
degraus rumo á mais uma noite vazia e sufocante, quando a senhora lhe pediu.
– Dê minhas lembranças á jovem Alice.
Bella parou abruptamente.
– Como disse?
A senhora parou o que fazia, a encarou e repetiu pausadamente como se Bella tivesse problemas de
audição.
– Eu disse... Dê minhas lembranças á jovem Alice. – Bella estava prestes a lhe dizer que não tinha
como transmitir as tais “lembranças”, quando a senhora continuou. – Ela passou tão rápido que nem
tive tempo de cumprimentá-la.
Bella apoiou-se no corrimão.
– Alice passou por aqui? – perguntou incrédula acreditando que talvez a vizinha estivesse também
caducando.
– Sim... Antes que você descesse. Não a encontrou enquanto descia?
– Não. – Bella respondeu e subiu a escadaria rapidamente sem mais nada dizer á velha vizinha.
Assim que passou por sua porta jogou as cartas que trazia na mão por debaixo dela e seguiu quase
correndo até a da amiga. Quando estava diante dela passou a bater insistentemente com o punho
fechado.
– Alice... Sei que está aí. Abra!
Nada. Silêncio.
– Abra Alice! – pediu sempre batendo á porta. – Preciso falar com você.
Ainda nada. Bella começou a sufocar de ansiedade.
– Abra, por favor!... – nada.
Bella começou a sentir necessidade de ar. Não estava acreditando que Alice a ouvia implorar sem
atendê-la. Vampiros seriam assim tão insensíveis?
– Por favor, Alice... – silêncio.
– Apenas converse comigo um pouco. – pediu. – Ainda podemos ser amigas... Eu também sinto a
sua falta!...
Nada. Nem um único ruído vinha do interior do apartamento. A ansiedade de Bella começou a se
transformar em desespero. Vivia aqueles dias conformada por saber que não teria a menor chance
de encontrá-los, mas depois de ter estado no edifício e agora que tinha aquele novo fio de
esperança, queria conservá-lo e aproveitá-lo. Se o perdesse mais uma vez seria capaz de
enlouquecer. Ainda batendo á porta, sentiu as lágrimas quentes caindo por seu rosto. Sabia que logo
perderia as forças e a voz, então uma lembrança lhe veio á mente. E se agarrando á ela, disse.
– Você disse que gostava de mim, lembra-se?... Prometeu que me ajudaria... – queria falar mais alto,
mas sua voz não passava de um sussurro; sua garganta ardia. – Disse que eu não precisaria sofrer
por Edward... Que me faria esquecer... Que...
Bella não terminou o que dizia. Interrompeu-se no segundo que ouviu a chave girar e a porta ser
aberta de súbito, revelando-lhe uma Alice com expressão sofrida. A jovem nem ao menos se
lembrou se tratar de uma vampira, apenas que estava diante de uma amiga e se atirou em seu
pescoço, abraçando-a apertadamente. Apenas ouviu que Alice fechava a porta atrás de si, deixando
que ela chorasse até se acalmar.
– Bella, está tudo bem. Pode soltar-me agora... – Alice pediu após alguns minutos.
Fungando e secando as lágrimas Bella se afastou.
– Desculpe por isso... É que... – chorou novamente. – Eu pensei que nunca mais fosse ver você... E
é... Inacreditável que esteja aqui!
– A idéia era essa mesmo. – disse Alice calmamente, recuperada da expressão de pesar de antes. –
Não vejo motivos para nos vermos uma vez que não nos aceita.
– Uma coisa não tem nada a ver com a outra – disse Bella secando o rosto com as mãos e indo
sentar-se; ainda não confiava na firmeza de suas pernas.
– Como não tem?
– Nos tornamos amigas antes de meu envolvimento com... Edward...
– Sim... – concordou Alice. – E antes de você descobrir o que somos. Sua reação quando fui vê-la
semana passada não foi exatamente a de uma amiga... Você agia como se eu fosse devorá-la á
qualquer momento. – disse visivelmente magoada. – Isso depois de todo o cuidado que tive com
você.
– Sei disso. – Bella olhou para as próprias mãos em seu colo. – E não me orgulho de meu medo.
Mas você tem que concordar que a verdade é chocante.
– Concordo, mas nem por isso ficaria batendo á sua porta todas ás manhãs até ver em qual delas
você estaria acostumada em ser amiga de uma vampira; até que não temesse. Somos civilizados,
Bella. Não gostamos de assustar as pessoas. Queremos viver em paz sem causar comoção por onde
passamos. Se agimos assim com quem não conhecemos, imagina o que é para nós ver o terror nos
olhos daqueles que são importantes.
– Posso fazer uma idéia. – disse em um fio de voz. – E me desculpe. Quando foi ao meu
apartamento a descoberta era recente.
E repente lhe pareceu que tudo tinha acontecido á muito mais tempo; toda a lembrança era surreal.
Apenas a dor e a saudades eram reais. Ouvindo as palavras de Alice soube que havia magoado
Edward muito mais do que acreditou. Se o que ela dizia era verdade – e Bella acreditava que era – o
vampiro teve uma visão privilegiada de todo seu terror por ele. Sem perceber, a jovem suspirou
profundamente.
– Mas me diga... – começou Alice. – Quer mesmo que eu a faça esquecer?
– Como?! – Bella não entendeu a pergunta, estava presa em seus pensamentos.
– Enquanto você “espancava” minha porta, lembrou-me de minha promessa. Então estou lhe
perguntando... Deseja mesmo esquecer Edward? Sei que está sofrendo por ele. Jamais a abordaria
para lhe lembrar o que havia dito, mas uma vez que você veio até mim e pediu...
– Não! – Bella alarmou-se erguendo as mãos como se Alice tivesse feito algum gesto e ela desejasse
detê-la. – Por favor... Não me mande esquecer... Apenas citei sua promessa na tentativa de fazê-la
abrir a porta.
– Pois funcionou perfeitamente. Então... Se não deseja esquecer o que quer comigo?
– Eu já disse... Acho que podemos ser amigas e...
– E... – Alice a incentivou.
– Gostaria de ter noticias de Edward... Saber se ele... Está bem.
Foi a vez de Alice suspirar pausadamente.
– Não posso falar sobre ele, Bella.
– Por que não?! – Bella juntou as sobrancelhas com o coração aos saltos. – Então ele me apagou de
tal maneira de sua vida que nem ao menos permite que você me conte como está?
Qual o espanto? Já não teve prova suficiente durante a tarde? Ainda que desse razão á ele, estar
certa oprimia seu coração. Sabia que não teria mais chances; havia desperdiçado sua oportunidade
com Edward, mas daí á ser “deletada” de vez era realmente crueldade da parte dele. Antes que
enveredasse por esse caminho doloroso, Alice explicou.
– Não é nada disso. O caso é que não tenho muito á contar. A última vez que falei com Edward foi
sexta feira passada pela manhã.
– E como ele estava? – perguntou ansiosamente.
– Parecia bem. Pediu que eu providenciasse alguns reparos em sua cobertura, olhou alguns papéis...
– Falou de mim?
– Sim, apenas para dizer que não desejava vê-la mais. Lamento. – Alice respondeu com uma
expressão de pesar. – Depois disso nem uma única palavra e ainda me proibiu de falar sobre você...
– Nossa! – exclamou Bella afundando-se no sofá. Lutando contra um novo surto de lágrimas
perguntou. – Foi depois disso que ele foi viajar? Então ele ainda não voltou?
– Edward não viajou na sexta. – disse Alice sentando-se ao seu lado. – Ele simplesmente sumiu.
– “O quê”?! – Bella levou as mãos ao pescoço. A notícia a alarmou ao ponto de fazê-la arfar.
– Calma Bella. – pediu Alice preocupada. – Respire.
Então ela se lembrou de algo.
– Mas ele pode estar por perto. Ele esteve no meu apartamento no domingo e... Ontem quando Jared
estava me beijando á força; tenho certeza que foi ele que bateu no carro.
Alice a olhou com pesar.
– Não foi Edward Bella... Eu trouxe sua bolsa e seus sapatos?
– Você? – Bella tentou não parecer decepcionada.
– Sim... Eu disse que a deixaria em paz e foi o que fiz, mas me preocupo. Ainda temos um vampiro
maluco na cidade. Tenho certeza que Edward iria querer que eu continuasse a protegê-la. Agora...
Que estória é essa de beijo e batidas em carro?
Bella arrumou uma mecha imaginária atrás da orelha e disse sem jeito.
– Ontem um rapaz que trabalha no jornal me deu uma carona. Bom, ele confundiu tudo e quando
estávamos aqui em frente ao prédio ele me beijou á força. E enquanto eu tentava fazê-lo parar
alguma coisa bateu tão violentamente no carro que ele me soltou... Mas não havia nada nem
ninguém quando sai para a calçada, então pensei que...
– Não... Não sei o quê ou quem possa ter sido, mas tenho certeza que não foi Edward. Vi quando
saiu do jornal com esse rapaz, mas precisei desviar um pouco minha rota. Como achei que estivesse
segura não a segui. Desculpe-me por isso. Nem quero imaginar que você tenha corrido algum risco
enquanto eu corria atrás de uma pista falsa.
Antes de se sentir invadida, Bella agradeceu intimamente pelo cuidado. Contudo, Bella não se
interessava por pistas falsas ou verdadeiras, se interessa em Edward e era sobre ele que queria saber.
E sem conseguir refrear-se, depois de seu relato, se apegou á uma esperança.
– Então se você não estava por perto nem viu nada, talvez tenha sido mesmo Edward...
– Não Bella. – respondeu sumariamente. – Jasper me avisaria caso ele saísse de casa.
– Casa?!... Onde?... Aqui? – Alice assentiu com a cabeça. – Mas você disse que ele havia sumido.
– Sim... Depois de dois dias de seu “sumiço” eu e Jasper deduzimos que talvez ele não se afastasse
da cidade, então fomos procurá-lo lá. Acertamos no pensamento, mas achá-lo não mudou muita
coisa; ele não nos recebe.
Uma voz fraca em sua cabeça disse que talvez não fosse saudável ter esperanças, mas Bella não deu
ouvidos á ela.
– E se você me levasse até lá?
– Sinto muito Bella. – disse a vampira pesarosa. – Sei que ele não deseja vê-la. Edward deixou isso
bem claro quando nos vimos pela última vez. – ela olhou para Bella e disse em tom de lamento. –
Ainda tentei argumentar que lhe desse tempo para assimilar tudo que viu e ouviu, mas ele foi
categórico.
A jovem nem ao menos deu importância ao que Alice dizia apenas se pegava nos detalhes que lhe
interessavam.
– Se ele foi assim tão incisivo, é bem provável que estivesse apenas magoado. Talvez agora me
receba...
– É inútil ter esperanças. – disse Alice desencorajando-a. – Suas palavras podem não querer dizer
nada além do que dizem na realidade... Edward sabe que se eu resolvesse levá-la até ele eu o faria
mesmo que ele estivesse em Londres, por exemplo. Por isso advertiu-me.
– Não Alice... – Bella sentia seu coração, inadvertidamente, se encher de esperança. – Não custa
tentarmos... Por favor!
– Bella...
– Desculpe-me Alice, mas é o que sinto. – a jovem a interrompeu. – Sei que errei com vocês. Ainda
mais com Edward, então eu realmente preciso vê-lo. Por favor, me diga onde ele está.
– Bella, eu entendo que esteja arrependida, mas não posso fazer nada. Edward foi claro ao dizer que
não desejava mais vê-la e o que é pior... Disse que seria “alta” traição de minha parte de
desobedecesse sua ordem. Você sabe o que significa isso? Ele pode me banir de seu clã.
As palavras de Alice não tinham o menor sentido para ela.
– Tenho certeza que ele não faria isso. Além do mais... Já nos rebelamos antes. Não seria novidade
para ele que não obedecêssemos.
Se Edward realmente não a recebesse estaria perdida. Mas ali, diante de Alice, tudo lhe parecia
possível e ela decidiu que não descansaria enquanto não a convencesse a ajudá-la. Respirando
fundo pediu.
– Por favor, Alice... Leve-me até a porta, de lá eu me viro sozinha se desejar.
A amiga a olhou como se a avaliasse. Bella a encarava suplicante e pôde ver nos olhos agitados a
briga interna que ela travava consigo mesma. Após alguns minutos Alice disse.
– Havia perdido a esperança de ouvir essas coisas!... Por que demorou tanto?
– Eu não estou entendendo.
– Como eu disse, eu sei que sofre por ele, que chama por ele, mas isso nunca foi prova de nada.
Você fez o mesmo por Paul, no entanto não o amava, estava apenas acostumada com sua presença.
E Edward a ama verdadeiramente, não merece que você o procure somente por estar “acostumada”
ou “tarada” por ele. Ou o que é pior, apenas para aplacar sua culpa.
– Não Alice. – Bella tocou as mãos frias da vampira. – Eu amo Edward de verdade. Acredito que o
amei desde o dia que o vi. Se tivesse me procurado antes eu teria lhe dito exatamente isso.
– Eu procurei. – Alice disse secamente.
Bella soube ao que ela se referia e retrucou.
– Aquela vez não conta. Eu estava sob o efeito do medo. Ele não foi um bom conselheiro. Você
poderia ter dado o desconto e me procurado depois disso.
– Se eu tivesse lhe procurado, não teria minha prova de que seu sentimento é sincero. Mas hoje foi
diferente... Você foi procurá-lo. E depois que deixei que soubesse que estava aqui, veio procurar-me
também.
– Como...?
– Fui eu que dei a ordem para que não entrasse no edifício. Queria ver o que você faria. E você
insistiu, por isso deixei que soubesse onde me encontrar... Eu precisava ter certeza que não estaria
arriscando minha permanência no clã por uma paixonite qualquer. Eu sempre soube que você era a
única que poderia impedir Edward de definhar em seu “inferno particular”, mas você também tinha
que saber o que deseja; esse detalhe é de suma importância para mim.
– Eu sei Alice. – disse decidida. – Se ainda tiver uma chance eu quero Edward.
A amiga apertou suas mãos e lhe sorriu. Um sorriso estranho, mas ainda assim um sorriso. Bella
juntou as sobrancelhas e perguntou.
– O que quis dizer com “inferno particular”?
– É como ele chama a sua casa... Ele não a usava porque simplesmente a odeia.
– Então por que ele não se desfaz dela?
– Quem entende como funciona a cabeça de Edward? – Alice deu de ombros. – Já lhe disse também
que ele é excêntrico.
Bella se lembrava da “excentricidade” de Edward em morar em uma cobertura na Wall Street. Uma
cobertura que fora destruída por sua causa, pensou com remorso. Novamente as palavras lhe
incomodaram. Não queria nem pensar em “definhar”. Doía profundamente saber que era a
causadora de tamanha decepção. Tentando afastar a tristeza do pensamento, disse.
– Sim, eu me lembro bem... E já que agora tem certeza que não estou indecisa e vai ajudar-me,
então vamos!
Bella se pôs de pé imediatamente entusiasmada. Porém a amiga puxou-a pela mão e a fez sentar-se
novamente.
– Vou levá-la, tenha calma. – pediu séria. – Edward se mantém incomunicável há dias e
provavelmente deva estar com um humor do cão.
– Não tem problema! – disse Bella ansiosa. – Já disse que vou pedir desculpas, depois veremos o
que acontece. – então falou jocosamente tentando desanuviar o semblante preocupado da amiga. –
Posso gritar do portão se você desejar.
– Acredite Bella, nada nessa história é engraçado. – disse ainda séria. – Pelo contrário. Algo muito
importante está em jogo e quero lhe contar para que possa ter certeza do passo que está dando.
Bella sentiu um aperto estranho no peito.
– Então me diga para rimos de uma vez, pois nada que disser me fará mudar de idéia.
– Bom!... – começou Alice suspirando. – A parte do definhar a que me referi pode significar que ele
esteja sem se alimentar direito. Talvez não seja seguro você chegar tão perto.
Então era isso!... Com a declaração Bella alarmou-se de vez.
– Mas é possível?! Vocês ficarem sem se alimentar? – Alice a olhou por um segundo então desviou
os olhos para o chão. – Responde Alice!
– Quando se deseja morrer.
– O quê?!... – exclamou pondo-se de pé novamente. – Isso é impossível. Vocês são imortais!
– Não é bem assim... Temos um corpo e precisamos mantê-lo. Buscamos em outras fontes o sangue
que nosso organismo não produz. Ele nos mantêm “hidratados”... Logo, se não bebemos ressecamos
até perecermos.
– E vocês estão aceitando essa atitude suicida dele numa boa?!... Estão deixando que ele morra aos
poucos?!...
Bella custava a creditar nas próprias palavras. Aquilo não podia ser o certo. Edward jamais faria
aquilo por ela, faria? Contudo nada mais lhe parecia impossível! Edward era o quê?... Louco? Ela
definitivamente não valia tanto. Ofendida, Alice interrompeu seu pensamento.
– Por quem nos toma?!... Evidente que não aceitamos. Somos uma família e precisamos dele
conosco. Ainda mais agora, mas nada podemos fazer... Já disse que ele não nos deixa entrar na casa.
Jasper tem tentado todos os dias, mas ele nos repele. Não sabemos como faz isso, não conseguimos
sequer falar com ele.
– Pois me leve até lá... Preciso ao menos tentar. Se era isso que achava que poderia me fazer
desistir, saiba não o farei. Se não conseguirmos nada eu prometo não incomodá-la mais com isso,
mas não vou conseguir sair daqui e voltar para meu apartamento, viver o resto de meus dias,
sabendo que ele pode...
Bella se interrompeu. Agora se recusava a crer que Edward estivesse mesmo sem se alimentar por
causa dela; que desejasse morrer por causa dela! Não suportaria ser a responsável pelo fim de uma
criatura magnífica como Edward. Bella imaginou que Alice apenas estivesse piorando a quadro
geral para testá-la como havia dito ter feito. Acreditando ser essa a resposta, implorou.
– Por favor, Alice... Vamos de uma vez.
– Vou levá-la, mas ainda não disse tudo.
– O que mais pode haver? – perguntou impaciente.
– Primeiro quero que entenda como realmente é perigoso ir até lá. – Alice disse por fim. – Sabe que
estará correndo risco indo encontrá-lo agora. Se tivesse sido “antes”, mas agora?... Nem quero
pensar no que pode fazer com você estando tão perto.
– Isso não é culpa minha. – Bella disse. – Tentei encontrá-lo desde domingo, sem sucesso. Talvez se
você tivesse se mostrado quando percebeu que eu havia me arrependido... – Bella não queria usar
um tom acusatório, mas foi inevitável. Tentando amenizar, disse. – Não acredito que ele esteja tão
ruim. Se vocês não o vêem há dias não têm como saberem como ele está agora. Se teme por mim,
leve-me e fique ao meu lado.
Então, impacientando-se de vez, cruzou os braços e completou assumindo novamente o tom de
acusação.
– Afinal você me deve isso. Se não tivesse me enganado desde o começo, talvez nada disso
estivesse acontecendo.
Alice juntou as sobrancelhas e disse de mau humor.
– O segredo não era somente meu; têm outras pessoas envolvidas. Não podemos ficar alardeando
nossa condição por aí, nem mesmo aos que consideramos como amigos.
– Desculpe-me Alice... – Bella agitou as mãos no ar, nervosa. – Ainda estou lidando com tanta
informação nova, então me ajude...
Soltando um suspiro exasperado e cansado, Alice exclamou.
– Ajudo depois de dizer mais uma coisa.
– Ai meu Deus!... – Bella exclamou ainda mais impaciente, indo se sentar ao lado de Alice. – Por
favor, seja breve e vamos embora de uma vez.
– Certo, serei “breve”, mas preciso que preste muita atenção. O que está em jogo aqui é sua vida.
Bella estranhou o tom.
– Como assim... Por que está se repetindo? Já entendi que Edward pode estar faminto, sedento, ou
seja lá o que for... Assumo toda e qualquer responsabilidade. Tudo que sei é que não posso
continuar longe dele ou deixar que sofra com a injustiça que cometi.
– O que tenho a lhe contar não tem nada a ver com isso e sim com algo que você descobriu quando
Edward a fez se lembrar de suas vidas passadas.
Agora Alice tinha toda sua atenção.
– Prossiga. – pediu subitamente temerosa.
– Da última vez que estivemos juntas você me perguntou se eu poderia lhe garantir que Edward não
“a” mataria mais uma vez... Pediu que eu empenhasse minha palavra que ele não faria novamente...
– Sim...
– A verdade é que eu não posso e não somente porque ele é um vampiro ou porque agora deva estar
louco por sangue. – Bella nem ao menos se moveu. Alice continuou. – Todas aquelas vezes não
foram acidentais. Edward sabia o que estava fazendo; ele a matou intencionalmente.
– Não Alice... – disse Bella incrédula. – Você não tem como saber disso.
Aquilo não poderia ser verdade.
– Tenho sim. Gostaria que fosse diferente, mas é a verdade. Eu acreditei todos esses anos que tudo
não passava de uma coincidência horrível, mas depois que me contou o que “viu” sobre seu
passado, soube que não há coincidência alguma. Você está “marcada” para de Edward. É
verdadeiramente sua alma gêmea.
– Isso eu já tinha me dado conta, só não entendo como ele pôde matar-me sem me reconhecer, sem
sentir... Mas agora isso não vem ao caso. Alguma coisa está diferente dessa vez e ele mesmo me
garantiu que não me faria mal.
– Ele disse isso simplesmente porque não sabe...
– Não sabe de quê?
– De sua marca de nascença. – disse Alice pesarosa.
– O que tem ela? – Bella perguntou cada vez mais intrigada e impaciente.
A cada minuto que perdiam com aquela conversa era um minuto á mais que ficava longe de
Edward.
– É por causa dela que Edward tira “sua” vida.
– Como?! Acho que não entendi...
– Eu explico. Quando Edward foi transformado, fizeram uma “marca” em seu corpo... Não sei ao
certo o motivo. Tudo que sei é que quem fez a tal marca, lhe disse que a pessoa que tivesse uma
marca igual, teria o poder de destruí-lo.
– Não... – Bella arfou. – Edward não pode acreditar que eu seria capaz de fazer algum mal contra
ele...
– Pelo que sei, ele não pensa muito á respeito; age instintivamente. Não posso dizer que dessa vez
ele aja da mesma forma, mas a verdade é que todas as três mulheres que ele matou depois de jurar a
si mesmo que não mataria inocentes, tinham a marca. Ele acredita que Maria tenha sido um acidente
afinal matou-a porque viu uma cicatriz em seu seio. Mas quando eu descobri seu parentesco com
ela, fiquei sabendo que não teve engano algum, ela tinha sim a marca nas costas, você me contou.
– Sim... Ela tinha.
– Mas até então nunca havia associado as outras duas á você. Fiquei sabendo se tratar de suas
reencarnações no dia que vim aqui tentar acalmá-la e convencê-la a aceitá-lo. Contudo, quando
descobri sobre seu passado e você me pediu para empenhar minha palavra, vi que não poderia fazê-
lo. É horrível o que vou dizer, mas nada garante que Edward não a mate novamente quando vir o
desenho em sua pele. Acho até incrível que ele nunca tenha visto.
Bella também achava incrível que Edward nunca tivesse visto sua marca; afinal ele freqüentava sua
cama muito antes da vez que ela considerava a primeira. Alice continuou.
– Vi quando foi ao NY no domingo, mas como disse, achava que você estivesse somente agindo
como fez com Paul, por isso não deixei que me visse. Eu precisava ter certeza. Gosto mesmo de
você garota e não me perdoaria se morresse sem nem mesmo estar apaixonada. E confesso que
tinha esperanças de que com o tempo vocês superassem o sofrimento; que Edward voltasse a ser o
sempre foi e você seguisse com sua vida. Mas não foi assim que aconteceu. Então esperei para ter
certeza, pois assim teria coragem de contar a verdade e deixar que você decidisse o que fazer de sua
vida ciente de todos os fatos.
Não tinha como julgar a amiga, devia ser difícil para ela lidar com os interesses e o rumo das vidas
de duas pessoas que gostava. De certa forma era agradecida pela sinceridade de Alice. Talvez por
ter ficado em silêncio, ela prosseguiu.
– Bom... Agora cabe a você decidir o que quer fazer. Nunca pude contar á Edward, pois também
jamais me perdoaria se ele saísse imediatamente de minha presença e fosse caçá-la. Tudo que pude
fazer era confiar no amor dele por você, e desejar que se controlasse dessa vez.
– Obrigada por contar-me. – Bella disse sentindo-se cansada.
– Não me agradeça... E pense com a cabeça, não com o coração. Agora você tem certeza que o ama
e conhece os fatos... Depois de todo esse tempo, você pode fazer uma escolha consciente. Não estão
mais juntos. Se não desejar correr o risco, Edward jamais saberá de sua marca e você pode viver em
paz, pois ainda tenho um fio de esperança que ele saia desse limbo em que se encontra e se
conforme em não tê-la ao lado. Contudo, se voltar para Edward, cedo ou tarde ele verá seu corpo
marcado, daí só os deuses sabem o que pode acontecer.
Bella suspirou pesadamente e encarou a amiga – a melhor que poderia desejar. Se existisse vida
após a morte, sentiria falta dela assim como sentira de seus pais. Desejava que nada daquilo que
ouviu fosse verdade, mas Bella sabia que era assim como sabia que não havia o que pensar. Então,
decidida ela disse.
– Esse é todo o problema Alice. Eu jamais viverei em paz somente sobreviverei em agonia. Passo
parte de meus dias perdida no nada e quando estou “acordada” suporto os minutos de um dia
dolorosamente sabendo que não estarei melhor no seguinte. Eu não tenho ar... Eu não tenho chão.
Se eu tiver onde firmar meus pés e respirar livremente, não me importa que dure até Edward ver
minha marca e matar-me pela quarta vez. Nesse meio tempo eu terei vivido intensamente.
– Tem certeza? – perguntou Alice.
Assentindo com a cabeça, Bella sentenciou.
– Ninguém foge ao destino não é mesmo? Você já fez sua parte, agora me ajude a fazer a minha.
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Ahhh... Bellitcha tá firme na decisão... Agora é com alice e Ed... no próximo ele tá de
volta... :)
Espero que tenham gostado... pleaseee... façam uma autora feliz... comentem... :)

Vamos ao spoiler:
" – Ainda dá tempo de irmos embora. – disse Alice esperançosa. – Se ele estiver em casa,
tenho certeza que sabe que estamos aqui, mas não a machucaria se fossemos embora
agora... Tem certeza que quer entrar? É realmente perigoso. Não é como nas estórias que
você está habituada a ler. Agora é sério...
Como resposta, Bella desprendeu o cinto de segurança e saiu do carro. Ela pôde ouvir o
suspiro resignado e alto que Alice soltou. Ela disse ainda algumas palavras, mas Bella
não entendeu. Sem esperar a amiga, ela subiu os poucos degraus que levavam até a porta
principal e aguardou. Em um milésimo de segundo Alice estava ao seu lado. Ela abriu a
porta cautelosamente, seu cuidado excessivo estava minando o pouco controle que Bella
ainda possuía. Impaciente pediu.

– Alice... Podemos entrar de uma vez, por favor!

Bella não esperou que respondesse. Ao ver a porta finalmente aberta, passou por Alice e
entrou na casa. A amiga veio logo atrás e segurou seu braço para contê-la.

– Espere Bella. – pediu aflita. – Jasper e eu nunca passamos da porta. Não sabemos
como ele está e...

– O que pretende trazendo Isabella aqui, Alice?"

Ed tá bravo... Tenso...

(Cap. 40) Capítulo 11 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Como prometido... Capítulo novo para vcs... E esse promete... Bella decidida, Ed
faminto e ferido... vamos ver no que essa mistura vai dar... :)Amores... Muito obrigada
por atenderem ao meu pedido e indicarem a fic... Vcs são "10"... :DAgora vamos ao
reencontro... Boa sorte!... :)E BOA LEITURA!... **Hoje eu dedico esse capítulo à uma
de minhas primeiras leitoras, desde outras fics, Joana Marini... :DParabéns pelo aniver
linda... abraça e esmaga*

Concordaram em seguir no carro de Alice; bem, na verdade a amiga não deixaria muita escolha
mesmo que o seu não estivesse em nova visita ao mecânico. Bella sentira falta daquele jeito mandão
e agora era como se nunca tivessem deixado de se ver. A jovem desejava intimamente que
acontecesse o mesmo quando reencontrasse Edward. Nem se permitia temer ou lembrar as palavras
de Alice. Ainda não desejava morrer, mas simplesmente não poderia continuar da forma que estava.
De repente o som de um trovão distante a sobressaltou. Havia esqueci completamente deles.
– Ainda não sei se essa é uma boa idéia. Acho que eu devia ir á frente e prepará-lo.
– E correr o risco de ele se recusar em me ver?... Nunca!
– Mas olhe só para você. Está dando pulos em meu assento.
– Assustei-me com um trovão, não gosto deles.
Alice nada respondeu, apenas voltou a dirigir em silêncio. A cada minuto que passavam naquele
carro o coração da jovem se oprimia e acelerava. O ar dentro do veiculo também lhe parecia
rarefeito; não conseguia respirar. Vez ou outra Bella olhava na direção da amiga, Alice percorria as
ruas, calada como no dia em que Bella experimentara o vestido para a festa de Halloween. Depois
de minutos incontáveis, ela disse aborrecida.
– Por Deus Bella... Tente controlar seu coração. Não vai ajudar em nada se um vampiro sedento
ouvir esse martelar chamativo.
– Não posso evitar... – Bella encolheu-se no assento. – Estou ansiosa. E não acredito que ele esteja
assim...
– Está certo... – disse Alice séria. – Depois não diga que eu não avisei.
Bella sentiu um arrepio na nuca, porém nada disse. Concentrou-se em acalmar-se. Jamais diria á ela,
mas se Edward não aceitasse as suas desculpas não lhe importaria o destino que tivesse. Depois que
o aceitara em sua vida, nada mais fazia sentido. Se tivesse a chance, também diria isso á ele.
Suspirando, Bella olhou em volta e ao reconhecer o caminho, endireitou-se no assento. Ela conhecia
aquele bairro. Onde Alice a estava levando afinal? Aquele era o bairro de Paul.
– Onde fica essa casa de Edward?
– É isso mesmo que está pensando... Essa é apenas uma infeliz coincidência. Eles moram no mesmo
bairro.
– Ah...
– A casa dele fica na 145 Street próximo á Riverside Drive. Como disse ele não a usava há anos.
Nem sei por que escolheu vir para cá. – Bella percebeu que as últimas frases de Alice foram ditas
como que para si mesma. A voz não passava de um sussurro.
Mais uma vez Bella não respondeu. Em poucos minutos, Alice estacionava na frente de portões de
ferro pesados e bem cuidados. Enquanto a amiga destrancava o portão, Bella olhou com curiosidade
para a grande casa á sua frente.
De onde estava não conseguia ver muita coisa, mas podia reparar que, apesar de Alice ter dito que
Edward raramente a usava, a casa estava em bom estado de conservação. Os muros eram altos e
pintados em um tom claro de creme, o mesmo da construção que protegia. Árvores, talvez mais
velhas que a própria casa, dificultava a visão do que tinha além dos muros e do portão. Alice voltou
para o carro e o pôs para dentro.
– Até aqui, tudo bem. – disse apreensiva.
– Isso é bom ou ruim?
– Não sei. Direi com certeza quando chegarmos á porta principal. Geralmente é daquele ponto que
ele não nos deixa passar.
Bella apenas assentiu em silêncio. Alice seguiu lentamente por um caminho de pedras lisas –
cautelosamente – até a entrada da casa. Estavam quase no final da tarde. Normalmente ainda teria
sol suficiente para iluminar o dia, porém, com a proximidade do inverno, o dia estava nublado
prometendo chuva pesada e não a garoa fina da manhã. A pouca luminosidade, deixava a casa com
aspecto sombrio. Ou talvez fosse ela que visse as coisas assim através de seus olhos agora
preocupados. Queria desesperadamente se encontrar com Edward e, ainda que não se importasse,
não era ingênua ao ponto de não reconhecer o perigo que corria. Quando sentiu dedos frios em sua
mão teve um sobressalto.
– Ainda dá tempo de irmos embora. – disse Alice esperançosa. – Se ele estiver em casa, tenho
certeza que sabe que estamos aqui, mas não a machucaria se fossemos embora agora... Tem certeza
que quer entrar? É realmente perigoso. Não é como nas estórias que você está habituada a ler. Agora
é sério...
Como resposta, Bella desprendeu o cinto de segurança e saiu do carro. Ela pôde ouvir o suspiro
resignado e alto que Alice soltou. Ela disse ainda algumas palavras, mas Bella não entendeu. Sem
esperar a amiga, ela subiu os poucos degraus que levavam até a porta principal e aguardou. Em um
milésimo de segundo Alice estava ao seu lado. Ela abriu a porta cautelosamente, seu cuidado
excessivo estava minando o pouco controle que Bella ainda possuía. Impaciente pediu.
– Alice... Podemos entrar de uma vez, por favor!
Bella não esperou que respondesse. Ao ver a porta finalmente aberta, passou por Alice e entrou na
casa. A amiga veio logo atrás e segurou seu braço para contê-la.
– Espere Bella. – pediu aflita. – Jasper e eu nunca passamos da porta. Não sabemos como ele está
e...
– O que pretende trazendo Isabella aqui, Alice?
O coração de Bella congelou no peito ao ouvir a voz furiosa – vinda não se sabia de onde – não pela
violência contida na pergunta, mas pela saudade que sentiu dela. A jovem deu uma volta completa
em seu próprio eixo á procura de Edward, contudo a sala pouco iluminada não permitia uma visão
de todos os cantos ou móveis; todos antigos. Esse foi o único detalhe que foi capaz de reparar. Seus
olhos desobedientes insistiam em procurar por Edward mesmo que inutilmente.
Antes que pudesse mover-se, Alice pegou-a pelo braço e a trouxe para suas costas, se colocando a
sua frente em uma posição que sugeria defesa. Com a voz firme respondeu.
– Desculpe-me, mas ela insistiu. E sinceramente estou cansada de tudo isso... Eu avisei que você
não queria vê-la, mas ela é tão cabeça dura quanto você, então... Dispense-a de uma vez!
Não!... Não fora ali para ser dispensada sem nem ao menos desculpar-se. O que Alice estava
fazendo? Ela queria falar, gritar, mas a voz não vinha. Sentia as pernas bambas por estar finalmente
próxima a Edward novamente. Na verdade, toda ela tremia violentamente. Precisava acalmar-se,
precisava explicar com suas próprias palavras o motivo de procurá-lo, porém Alice continuou como
se ela não estivesse ali, bem ás suas costas.
– Ou aproveite que ela está aqui e resolva esse assunto de uma vez por todas. Explique tudo que
ainda precise ser dito. Acredito que agora ela lhe entenda!
Bella sentiu-se aliviada com a sua conclusão, porém Edward parecia não ter o mesmo pensamento.
– Tudo já foi dito. – esbravejou com a voz sombriamente rouca. – E eu lhe avisei que consideraria
alta traição de sua parte se a trouxe, então se não está pronta para fazer suas malas a leve daqui de
uma vez!
– Escute ao menos o que ela tem a dizer...
– Não quero ouvi-la; não a quero por perto. Leve-a de uma vez antes que eu perca a paciência com
você por ter me desobedecido.
– Você ouviu! – disse Alice se voltando e pegando-a pelo braço. – Vamos embora!
Antes que a amiga a arrastasse para fora, Bella pediu.
– Alice, por favor, deixe-me ficar... Preciso desculpar-me.
– Não Bella. Não quero ser expulsa. Além do mais é perigoso! Não quero ser a responsável por...
– “É minha vida Alice”! – Bella disse baixo e entre dentes.
Não se reconhecia. Depois de seu primeiro acesso com Billy ganhara força para se impor. Ainda não
gostava de ser grosseira com outras pessoas principalmente com seus amigos, mas estava cansada
que tentassem decidir o que era melhor para sua vida. Sabia que corria perigo, sabia que talvez
Edward a odiasse, que talvez a matasse por causa da sua marca, mas não se importava. Fora até ali e
faria o que tinha que ser feito nem que para isso tivesse que enfrentar dois vampiros que amava.
Alice pareceu saber como Bella se sentia, pois, sem palavra a soltou e deu de ombros. Seu olhar era
de dor genuína.
– Faça como achar melhor... Só não diga que não avisei ou tentei defendê-la quando estiver sendo
morta! – ela pegou a mão de Bella e depositou as chaves de seu carro em sua palma. – Fique com
ele. Se sair viva daqui terá como ir embora.
– Mas Alice e voc... – ela não terminou a frase.
Rápido como um sopro, Alice não estava mais lá. De repente Bella se sentiu sozinha; desamparada.
Era uma pena que Alice não tivesse a intenção de ajudá-la. Sua presença lhe dava confiança. Agora,
parada ainda á entrada da grande sala, Bella não sabia o que fazer ou dizer. Mais uma vez olhou á
sua volta.
A maior parte do cômodo estava na penumbra. A promessa de chuva forte estava acelerando a vinda
da noite. A pouca luz que entrava pelas janelas não era suficiente para iluminar a sala uma vez que
as cortinas de tecido pesado estavam quase que completamente cerradas. A única fonte de luz –
também insuficiente – era a que entrava pela porta ás suas costas.
Por um segundo, agora que ouvira as próprias palavras de Edward – que ele realmente não desejava
vê-la – Bella se perguntou se havia feito bem em vir procurá-lo. Talvez estivesse sendo
inconveniente e invasiva impondo sua presença. Agora que era evidente a forma que ele a amou,
também ficava claro as proporções de sua rejeição, então não era de se admirar que não fosse bem
vinda.
Ponderava se deveria partir, quando um vento gelado como a morte passou por trás de seu corpo
agitando seus cabelos, arrepiando os pelos de sua nuca e fazendo com que a porta batesse e fechasse
com força deixando a sala ainda mais escura. Instintivamente Bella se voltou e procurou pela
maçaneta. Ao girá-la descobriu que a porta estava trancada.
“Edward”.
Saber que ele havia passado tão perto fez seu coração congelar mais uma vez. O que ele pretendia?
Assustá-la? Castigá-la? Fosse qual fosse a intenção, Bella achava bem merecida. Desde que ele a
escutasse, deixaria que fizesse o que bem entendesse com ela.
– Arrependida por estar aqui Isabella? – a voz ainda era rouca.
Mais uma vez os pelos de sua nuca arrepiaram-se. Como aquela voz raivosa podia ter o dom de
aquecê-la. Respirando fundo, Bella procurou por sua própria voz. Queria ser firme, porém o som
emitido não passou de um chiado.
– Não!...
– O que pretende Isabella? – Edward perguntou rudemente.
A voz parecia vir de perto, mas Bella não poderia ter certeza. Pigarreando para limpar a garganta
subitamente congestionada, disse um pouco mais alto dessa vez.
– Vim vê-lo.
Edward nada respondeu. O silêncio opressor durou alguns minutos. Quando Bella acreditou que
explodiria de ansiedade, ele ordenou.
– Não há nada aqui para ser visto. Afaste-se da porta. Vou abri-la para que vá embora!
– Não se dê ao trabalho! – disse olhando para todos os lados; sua voz estava cada vez mais firme.
– Quero que vá embora Isabella! – Edward rosnou. – Seu lugar não é aqui!
Sentindo que recuperava a firmeza também do corpo, arriscou um passo á frente.
– Fique onde está! – ele disse firmemente. – Não se atreva a dar mais nem um passo!
– Por favor, Edward.
Bella implorou para o espaço á sua frente. Agora acreditava saber de onde vinha a voz. Do alto da
escada á sua esquerda.
– Perdoe-me!
– Não tenho nada á perdoar. Apenas vá!
A jovem deu um passo na direção da escada como se ele não houvesse dito nada.
– Pare imediatamente! – Edward vociferou.
Bella prosseguiu ignorando-o deliberadamente.
– Perdoe-me por minha reação exagerada daquela noite... Eu... Apenas me assustei!
Silêncio. Lentamente, Bella continuou indo na direção da voz. Logo estava com o pé no primeiro
degrau.
– Droga Isabella!... Fique onde está! – ele ordenou elevando o tom; a voz mais perto confirmando
suas suspeitas.
Bella recuou; cautelosa. Porém não se calou.
– Descobrir a verdade sobre você foi... Demais para mim!
– Você me considera asqueroso!
A voz rouca de Edward não disfarçou o tom de acusação.
– Não! – Bella quase gritou.
Sem pensar subiu quatro degraus; o coração aos saltos aos lembrar as palavras de Alice.
– Jamais sentiria nojo de você!... Senti medo e... Fui estúpida e covarde. Eu...
Subitamente Edward estava diante dela, saído não se sabe de onde. Depois do susto com a aparição
repentina ela recostou-se contra o corrimão e levou a mão ao peito; o coração batendo
freneticamente agora. Ainda paralisada em seu choque, Bella analisou o homem á sua frente. O
dorso estava nu, porém Bella sequer cogitou abaixar o olhar, estava presa em seu rosto sofrido.
Apesar da penumbra, Bella percebia algumas mudanças. Edward era apenas a sombra do que
sempre foi; estava com olheiras escuras e fundas.
Seus olhos, antes de um verde límpido, aparentavam estarem escuros; quase pretos. Sua pele ainda
mais pálida que o normal, translucida. A boca entreaberta, parecia ressequida e recendia á álcool,
assim como a única peça de roupa que usava cheirava á pano velho há algum tempo guardado. De
repente o clarão de um relâmpago iluminou o rosto á sua frente. Edward fechou os olhos não
permitindo que ela confirmasse a negritude de suas íris, mas todo o restante de sua avaliação se
confirmou. E mesmo assim, sem o odor agradável e característico; e completamente transfigurado,
Bella o achou incrivelmente lindo.
Quando finalmente a fitou novamente, Edward a encarou com os olhos semicerrados, a respiração
era pausada, como se a muito custo ele sorvesse o ar. Bella sentia-se expectante, não temerosa por
estar diante de um vampiro sedento. O clima lá fora, a casa, o próprio Edward tornava tudo tão
irreal. Inconscientemente Bella ergueu a mão para tocar o rosto amado. E então, o vampiro não
estava mais lá.
– Sim... Você foi estúpida e covarde. Agora saia daqui Isabella! – vociferou mais uma vez.
Bella olhou em volta aturdida. O avistou no alto da escada. Não era de se admirar o cheiro
bolorento de sua calça. Ainda que não tivesse luminosidade suficiente, ela percebeu que Edward
estava com a mesma peça desde seu último encontro. Seu coração afundou no peito diante de tal
visão. Ainda custava a assimilar que ela era a culpada por tamanho abandono, contudo, mesmo não
se sentindo merecedora, ela sabia que era. Então, enchendo-se de coragem, teimou.
– Não!... – então repetiu. – Já disse que não vou á parte alguma. Posso ficar aqui por muito tempo
até que resolva me perdoar.
– Ou eu posso matá-la antes! – ele profetizou.
Bella sentiu um novo arrepio na nuca. Não havia perdido o medo da morte, mas já havia decidido,
se aquele era para ser seu fim, que fosse. Seria capaz de morrer, não de partir deixando-o
definitivamente. Agora a jovem não se deixaria abalar mesmo quando as aparências lhe indicavam
que não deveria alimentar a esperança de que ele ainda a quisesse visto o tanto de vezes que a
mandou embora. Ela simplesmente não conseguiria partir e não iria.
– Então me mate! – disse abrindo os braços. – Estou aqui! Bem no meio de sua escada.
Desprotegida... E não tenho medo de você!
– Péssima escolha de palavras.
Em um átimo de segundo, Bella sentiu mãos frias a erguendo pelos ombros. Seus pés
desprenderam-se do chão por milésimos de segundo, como se voasse. A liberação súbita de
adrenalina ainda corria por sua coluna e arrepiava sua pele quando foi prensada contra a parede da
sala poucos metros além da escada. Apesar da velocidade do ataque inesperado, o impacto não a
machucou. Edward a mantinha presa pelos ombros. Olhava-a diretamente. A cada novo clarão, seu
rosto era marcado por sombras fundas.
– O que acha que vai conseguir, hein? – perguntou por entre dentes, analisando-lhe o rosto
minuciosamente. – Provocando-me dessa maneira? Acaso a mocinha indefesa leu alguma estória de
vampiro esses dias e resolver sentir na pele as sensações de perigo que a narrativa lhe despertou?
– Não... Nada disso. – ela murmurou trêmula com a nova proximidade.
– Então o que aconteceu? Cansou da sua preciosa vida? Achou sem graça sair ilesa de um encontro
com um vampiro e resolveu arriscar a sorte novamente?
– Não... Eu já disse... Preciso que me perdoe.
– Pois lamento informá-la que arriscou seu precioso pescoço por muito pouco. O perdão de uma
criatura maldita como eu não tem valor algum.
– Hoje eu sei que nada entendo de criaturas amaldiçoadas. Entendo somente de injustiça e fui
extremamente injusta com você... Deveria ter lhe escutado como me pediu... Ter me acalmado.
Acreditado em tudo que me disse. E definitivamente não deveria ter fugido de você. Por isso tudo
peço que me perdoe, amaldiçoado ou não. – então, valendo-se da coragem súbita, completou. – E,
se ainda for possível... Quero ficar com você!
Edward a olhou por um minuto inteiro.
– Ficar comigo?... – ele disse por fim; ainda debochado.
– Sim... Por favor... – disse suplicante. – Se não for tarde, receba-me de volta...
– Deseja voltar para mim?...
Bella apenas assentiu com a cabeça, expectante.
– Para um vampiro?... Tem certeza?
– Tenho! – disse firme.
– Mas eu não posso mudar o que sou. – disse sério.
– Eu sei. – foi a resposta sussurrada e simples.
– Sou um assassino Isabella. Sirvo-me de pessoas. – ele reafirmou, encarando-a. – Bebo o sangue
delas até a morte para sobreviver.
– Eu não me importo!
A pele de Bella se arrepiou mais uma vez quando, escorregando a mão do ombro ao pescoço dela,
Edward afastou-lhe o cabelo com lentidão deliberada. Acariciando a veia pulsante com o dedão frio,
disse.
– Posso dar-lhe o perdão que tanto almeja e ainda assim me servir de você. Há dias que não me
alimento.
– Faça! – ela sustentou seu olhar. – Não poderia imaginar melhor forma de morrer...
Dito isso, Bella ergueu o pulso e o colocou á altura dos lábios entre abertos de Edward.
– Tome!
O vampiro prendeu a respiração e imediatamente fechou os olhos. Dominada mais uma vez pela
coragem desconhecida e desejando tocá-lo de alguma maneira, Bella pressionou levemente o pulso
contra a boca ressecada do vampiro. Ele suspirou e ainda de olhos fechados tocou a pele delicada
com a ponta de sua língua; lambendo-a logo em seguida. Foi a vez de Bella prender a respiração e
fechar os olhos. A língua fria traçava um caminho curto e repetitivo, deixando-a mole sob as mãos
de Edward que, novamente, a prendia pelos ombros.
Em segundos estava tremendo. Não por medo, mas pela sensualidade do gesto. Ela esperou sentir a
mordida que a libertaria – para o bem ou para o mal –, porém Edward apenas lambeu o pulso da
jovem uma última vez, liberando-o logo em seguida. Quando ela ousou abrir os olhos procurou
pelos de Edward, parecia que estavam completamente negros. Quando ele falou, a voz estava ainda
mais rouca.
– Por que me tortura dessa maneira?
– Não é minha intenção... – sua voz falhava. Pigarreando, continuou. – Já disse mil vezes a que vim.
Hoje sou eu que lhe imploro... Perdoe-me Edward! Nunca quis magoá-lo. Juro!... Acredito que
nunca desejou fazer-me qualquer mal. Teria vindo antes se soubesse onde estava. Não tinha como
ligar para você; como encontrá-lo... De certa forma foi até melhor, pois vejo que o que tinha de ser
dito precisava ser feito pessoalmente. Então... Se realmente não for tarde... Deixe-me ficar com
você.
Edward franziu o cenho e engoliu em seco; a expressão carregada de... Dor? Ele continuava a
perscrutar-lhe o rosto como se decidisse o que fazer com ela. À Bella coube esperar ansiosamente
por sua deliberação íntima. Lentamente as mãos masculinas trabalharam em conjunto, subindo do
ombro á lateral do pescoço de Bella onde estacaram novamente; os dedos entranhados como dentes
de um garfo nos cabelos da nuca.
– Entende o que significa “ficar” comigo? – perguntou roucamente.
– A-acho que sim! – seu coração batia descontroladamente. Aquilo era o início de uma aceitação ou
seria somente tortura pré-morte?
– Tenha “certeza” Isabella! – ele pediu, agora, com o rosto á centímetros do dela. – Entende o que
significa ficar com um vampiro?
– Esqueci qual era o acordo com o vampiro anterior...
Desejou morder a língua no momento que proferiu as palavras. Não era hora de dizer bobagens,
mas estava nervosa e não sabia se a pergunta exigia uma resposta especifica. Como ela poderia
saber como era se relacionar com um vampiro se até uma semana antes nem ao menos sabia da
existência dos mesmos? Mais uma vez desejou morder a língua pela asneira proferida quando,
inesperadamente, Edward ensaiou um sorriso torto. O som baixo e soprado acariciou os ouvidos da
jovem e incendiou seu coração.
– Isabella você é absurda! – disse somente.
Bela ainda se perguntava se existiria uma conotação positiva para “absurda”, quando ele baixou a
cabeça em sua direção. Instintivamente tentou virar a cabeça para que ele alcançasse seu pescoço –
se havia chegado sua hora, morreria sem lutar – porém ele prendeu seu rosto firmemente e procurou
por seus lábios, liberando um gemido profundo apenas pelo toque das bocas.
Bella havia se esquecido de como os lábios de Edward eram deliciosamente frios. Eles estavam
ásperos, rescendiam á álcool, mas ela pouco deu importância. Apenas registrava o fato que estava
sendo beijada por ele. Edward movia os lábios sobre os dela delicadamente, como se tivesse medo
de machucá-la. Permaneceu assim, prendendo-a pelo rosto, alternando breves beijos e sugadas de
lábios, sem nunca aprofundar o beijo – como se ela fosse feita de porcelana e á mais leve pressão,
pudesse se partir. Mas ela não se partiria, não agora que o ar finalmente alcançou seus pulmões; não
naquele instante em que Edward era novamente seu sopro de vida.

http://www.youtube.com/watch?v=j2_iZm_3xvY&feature=player_embedded

Edward a beijava com cautela ainda que sua vontade fosse relembrar o gosto da língua da humana.
Dava-lhe tempo para que mudasse de idéia enquanto ele – talvez – fosse capaz de suportar vê-la
partir definitivamente. Seu coração decrépito ainda sangrava pela rejeição de dias atrás e não
resistiria caso ela fosse embora depois de aceitá-la novamente. Com certeza morreria depois que a
mesma dor lancinante cruzasse seu peito uma segunda vez. Ou talvez, se não morresse com a nova
rejeição desesperadora, tivesse coragem de usar a estaca trazida de sua cobertura – uma lasca
grande e pontuda de uma das cadeiras quebradas. Não se valera dela antes por acreditar estar
ferindo a própria Isabella, visto que ela era seu coração.
O vampiro precisava acreditar; e ser forte. Pois acima de todo medo de um novo abandono estava o
medo de si mesmo; há dias não se alimentava. Nos três primeiros foi extremamente difícil resistir
ao cheiro de humanos próximos, mas com o passar do tempo ele passou a lhe ser indiferente. Mas
agora que Isabella estava ali á sua frente... O cheiro dela não só o torturava libidinosamente como
fazia sua garganta arder. Tocar-lhe naquele momento doía-lhe fisicamente – e definitivamente era
masoquista, pois a tortura o excitava.
Estava naquele estado deplorável – queimando – desde o momento em que a viu sair do carro, antes
mesmo de sentir aquela mistura de odores que exalava dela e que o enlouquecia; excitação e medo.
Naquele instante em que a viu, novamente os sentimentos se dividiram. Queria que ela não tivesse
vindo, porém nada fez para impedir-lhe a entrada como havia feito todos os dias com Jasper e Alice.
E para sua agonia, quando ela entrou em sua casa seguida pela vampira, sua vontade foi de matar as
duas.
A amiga por desobedecê-lo e Isabella por tê-lo deixado em completo estado vegetativo por dias.
Porém fora vencido por seu vício. Seu olfato, potencializado pela sede excessiva, captou o odor de
Isabella no segundo em que entrou na casa, deixando-o excitado involuntariamente, aquecendo seu
coração e ferindo sua garganta. A falta que sentia dela, simplesmente agravou-se ao tê-la tão perto
depois de dias de separação. Por esse motivo não conseguia dominar sua voz. Ela saia rouca e com
dificuldade.
Á princípio gostou do tom agressivo; queria assustá-la. Tinha certeza que não poderia ter
esperanças. Acreditava que Isabella estivesse ali apenas para desculpar-se como havia dito á Alice,
pois conhecia sua mania infernal de sempre fazer o que achava correto. Contudo Edward não
desejava um pedido de desculpas; desejava desesperadamente somente Isabella. Se ela não viera até
sua casa para ficar que fosse embora de uma vez por todas; definitivamente o deixasse morrer em
paz. Porém mal pôde acreditar em seus ouvidos velhos quando a voz amada e decidida retrucou á
vampira. Seu coração desavisado ousou ter esperança.
E então Alice se foi, deixando Isabella á sua mercê. Em um segundo imaginou tudo que poderia
fazer com ela, inclusive matá-la como havia desejado dias atrás somente por cismar com os
prováveis futuros da jovem e imaginá-la casada ou se entregando á outro. Contudo, como na vez
passada, soube que não o faria.
Com o passar dos dias, cada vez mais entregue á dor, conformou-se em deixá-la seguir sua vida em
paz e ser feliz caso encontrasse alguém que a merecesse. Na verdade, quando acontecesse ele nem
tomaria conhecimento visto que á muito estaria morto. Evidente que se preocupava com sua
segurança, mas sabia que Alice tomaria conta dela enquanto fosse preciso. Porém, uma vez que ela
veio até ele e o relembrou de como era tê-la por perto, sabia que não seria capaz de tamanha
generosidade. Isabella nunca pertenceria á outro homem!
Então, quando percebeu a indecisão da jovem, não teve duvidas. Trancou a porta para que ela não
pudesse escapar, aproveitando para cheirar-lhe os cabelos no processo. Inferno! Por que tinha que
amá-la tanto? Por que tinha que “doer” tanto? Por que a maldita voz doce, falha e suplicante tinha o
poder de amolecê-lo ao ponto de quase não ser capaz de raciocinar? E o pior. Por que seu coração se
enchia de esperança a cada palavra proferida por ela? Já não estava ruim o suficiente? Desejou que
ela não tivesse vindo para logo em seguida se imaginar possuindo-a no chão da sala.
Todas as vezes que sua boca a mandou embora, seu coração implorou desesperadamente para que
ficasse. E ela ficou. Implorou perdão ainda que desafiadoramente. Como resistir á Isabella quando
ela vinha resgatá-lo do inferno e lhe oferecia o paraíso? Não poderia!
Quando desceu as escadas em sua direção não foi para assustá-la – apesar de ter retrucado a sua
afirmação irresponsável em não temê-lo. Respondia apenas por instinto. Aquela somente foi a
“deixa” para tocá-la. Estava saudoso da maciez de sua pele, da quentura de seu corpo jovem e
perfeito. De seu hálito; sua boca. A mesma que sugava temerosa e cautelosamente agora. Ele ainda
não sabia se seria capaz de conter o animal faminto que rugia em seu peito clamando pelo sangue da
jovem, contudo não conseguia afastar-se.
O vampiro ainda a beijava receosamente, travando uma luta interna, quando sentiu a língua de
Isabella forçar caminho entre seus lábios. Nesse momento ele ouviu um ronco ensurdecedor aos
seus ouvidos, como um trovão que confirmasse a chuva forte prometida durante toda a tarde.
Sentindo partes distintas de seu corpo doer violentamente, ele se rendeu ao beijo ansiado. Precisava
se valer da força que ainda possuía para não lhe fazer mal, pois precisava dela.
Seu corpo tremia violentamente, como um viciado privado de sua droga preferida. Quando deixou
que suas línguas se juntassem, e Bella emitiu um gemido abafado que expressava todo seu deleite,
Edward tremeu ainda mais e outro ronco soou em seus ouvidos. Somente então ele percebeu
alarmado que o som vinha de seu próprio peito; estava rosnando. Com certeza Isabella ouvia. E
ainda assim o beijava? O certo não seria lutar e tentar fugir apavorada?
Como se soubesse de suas duvidas, ela tocou seu peito, na altura do coração como que para acalmá-
lo. Se aquela fora a intenção, ela falhara irremediavelmente. Ao invés de pacificar-se, seu corpo
vibrou como que pisoteado por mil cavalos em guerra. E, como se a dor que sentia não fosse
suficiente, Isabella enlaçou-o pelo pescoço, juntando seu corpo quente e desejável – para o amor e a
morte – ao dele. Edward soltou um grunhido alto, que se misturou aos gemidos de Isabella, quando
sua ereção incontida foi comprimida pelos quadris da jovem.
Imediatamente ele a afastou, mantendo a distância de um braço, prendendo uma Isabella ofegante
de encontro á parede, enquanto recuperava o próprio fôlego. Quantas vezes, em toda sua existência,
ele havia perdido o ar ao beijar uma mulher? Não se lembrava de nenhuma. Edward perguntou-se
que estranho poder era aquele que a jovem tinha sobre ele. Em circunstâncias normais, com a sede a
queimar-lhe a garganta como fogo líquido, ela não estaria viva para contar estórias. E, no entanto,
ela estava ali, á sua frente. Torturando-o ainda mais com sua presença do que quando estava
ausente.
– O que houve? – ela perguntou aturdida.
– Preciso de um minuto. – sua voz saiu um tom acima do normal por causa da rouquidão.
– E eu preciso de você, Edward eu...
– Não sabe o que está dizendo! – ele a cortou rispidamente, ainda ofegante. – Eu não me alimento
há dias...
– E eu sinto falta de você há dias... – ela o interrompeu e, ignorando seu tom, forçou uma
aproximação.
Edward sabia ser errado. Sua garganta queimava violentamente, mas o vampiro não tinha forças
para afastá-la uma segunda vez. Uma das mãos da jovem pousou em seu ombro enquanto que a
outra tocou seu peito, novamente na altura do coração. Ele desejou que ela o sentisse; que soubesse
que todas as batidas erráticas eram por ela. Assim como desejou que tudo que ela disse tenha sido
verdade; pois não suportaria se ela, arrependida, pedisse para ir embora.
E mais uma vez, como se soubesse o que se passava em seu interior, Isabella escorregou ambas as
mãos por seu corpo até sua nuca. Rendido, Edward cedeu a força dos braços e deixou que ela se
aproximasse. Imediatamente ela forçou sua cabeça para baixo afim que suas bocas se juntassem
novamente. Sim, era errado... Contudo naquele instante Edward era um vampiro fraco e saudoso.
Então também a prendeu pela nuca e a beijou. Quando as línguas se reencontraram ele não pôde
conter outro rosnado; não comandava seu corpo e isso o preocupava.
Mas àquela altura, nada mais poderia fazer. Tudo em Isabella o atraia; o cheiro de sua excitação, de
seu sangue e de seu medo. Sim, ela estava com medo e ainda assim se prendia a ele, comprimia-se
contra seu membro dolorido e gemia em sua boca. Talvez todas as sensações esmagadoras e
luxuriosas que sentia não fossem exatamente a definição de paraíso. E quem era ele para desejar
algo tão sem graça afinal?... Se sua humana era uma diaba invocada das trevas para torturá-lo e
condená-lo em seu inferno particular então “amém”.
Precisava dela. Precisava dela naquele minuto. E como não teria forças para carregá-la, ou
paciência para acompanhá-la escada acima, ou até mesmo á um de seus sofás, Edward a derrubou
no chão. Não desejava machucá-la, mas simplesmente não tinha muito controle no momento.
Enquanto chupava-lhe a língua, ele escorregou as mãos pelas laterais do corpo de Isabella, sob a
barra da blusa de lã, erguendo-a até alcançar seus seios. Novamente rosnou. Como sentira sua falta!
Ainda sentia. Então simplesmente segurou a frente do sutiã e puxou, partindo-o.
O vampiro queria apenas sentir os bicos rígidos roçando seu peito, não tinha confiança de
desprender sua boca da de Isabella; talvez não fosse capaz de resistir caso sentisse o vibrar da veia
do pescoço sob seus lábios. A jovem contorceu-se, o quadril batendo no seu, instigando seu membro
que já ameaçava romper o tecido da calça. Ele daria á ela o que pedia; o que ambos queriam.
Erguendo-se, ajoelhou-se com ela entre suas pernas. Não pensava com muita clareza, então, em um
gesto rápido, rasgou a saia que ela vestia da barra ao cós.
Edward alarmou-se quando a viu afastar-se, rastejando de costas pelo assoalho frio. Ele não poderia
parar agora. Cogitava arrastá-la de volta, puxando-a pelos tornozelos, quando percebeu o que ela
fazia. Não tinha uma boa visão de seu corpo, mas soube que ela apenas se afastara para ajudá-lo,
para retirar, ela mesma a calcinha e abrir-se para recebê-lo. Por um segundo o vampiro comoveu-se
de sua entrega e desejou vê-la claramente, porém era imperativo possuí-la. Assim como também era
de suma importância que ela não o visse. Então, depois de liberar-se, engatinhou até ela e
acomodou-se entre suas pernas.
Ambos arfaram quando os sexos se encontraram. Edward queria ser delicado, mas realmente não
tinha controle – todo que ainda existia usava para refrear seu instinto e não mordê-la – então
somente lhe restou voltar para “casa” definitivamente e em uma única investida entrou em Isabella;
seu lar úmido, quente e receptivo. Naquele instante sua garganta doeu de forma diferente, seus
olhos arderam e de repente deles verteram duas lágrimas como da última vez. Sentir-se em sua
Isabella depois e acreditar que nunca mais a teria de volta o comovia; sentia-se apenas um vampiro
miserável e fraco, mas não se importava. Não quando sabia ser retribuído em seu amor desmedido.
Quando começou á mover-se dentro dela, sentiu o cheiro de sal – ela também chorava.
– Machuco-a? – perguntou em um sussurro. Talvez, em breve, sequer falasse.
– Não Edward. – ela disse embargada. – Não me machuca...
Então ela tocou-lhe os cabelos antes de acariciar suas costas enquanto movia-se junto á ele;
novamente dançavam juntos. Isabella gemia ao passo que Edward urrava á cada nova investida. Os
saltos das botas dela arranhavam o assoalho sempre que ela abria-se mais para recebê-lo
profundamente.
– Edward...
Ouvir seu nome misturado aos gemidos agoniados de Isabella o incendiava. Se sua humana sentia o
mesmo que ele, Edward poderia entendê-la. Estava com ela, sob seu corpo, possuindo-a e ainda
assim sentia falta dela. Uma saudade doída, como se tivessem tanto para recuperar um do outro e
não tivessem tempo. Como se o mundo fosse acabar e eles fossem morrer juntos, porém
incompletos.
Com esse pensamento, Edward capturou-lhe os lábios e ao mergulhar sua língua na boca quente de
Isabella estocou com mais força até que a sentiu vibrar e ter um grito abafado por seu beijo como
recompensa. Aquele foi o pior momento; o animal faminto clamou por sangue. Edward soltou-lhe
os lábios e a jovem pôde gritar livremente enquanto o vampiro afundava o rosto em seu pescoço
travando os próprios lábios firmemente para não mordê-la. Rosnando de dor genuína, ele moveu-se
nela até ter seu corpo fraco e velho sacudido por um orgasmo tão violento que lhe minou as forças
quase que completamente.
Edward desprendeu-se de Isabella e deixou-se cair sobre ela, exausto. Sentir o fluxo acelerado dela
o estava torturando, mas não se arrependia de ter cedido aos seus apelos. Agora sabia que não seria
capaz de afastar-se sem antes ter a confirmação que ela voltara para ficar e que realmente nunca
sentira nojo dele. Se bem que Edward não pagaria para ver sua reação caso ela visse a criatura
lastimável á qual ela acabou de entregar-se. Não, ela jamais o veria daquela maneira; não precisava
ver. Para ele bastava saber que ela o “sentiu” diferente. Logo ele voltaria ao normal; essa condição
mudaria no momento que se alimentasse. Precisava apenas achar forças para levantar-se.
– Edward... – ela começou receosa. – Você está bem?
– Estarei em um minuto. – conseguiu sussurrar. Não gostava de se sentir fraco, nem de expor-se,
mas achou necessário explicar-lhe porque ainda não se movera de cima dela. – Estou fraco Isabella,
com sede... Preciso alimentar-me o quanto antes.
– Se é assim, talvez você devesse... – ela começou a dizer e a inclinar o pescoço.
Edward captou sua intenção, então a cortou rudemente ainda que em um fio de voz.
– Está louca?!... Não tem senso de perigo? Acha que se provasse seu sangue agora seria capaz de
parar antes de matá-la?
– Perdoe-me. – ela pediu encolhendo-se sob seu corpo.
Sentindo que se recuperava gradativamente uma vez que seu corpo se acalmava depois do orgasmo
intenso, ele disse arrependido.
– Não!... Eu é que tenho que pedir desculpas. Sei que sua intenção é ajudar, mas acredite... Não
ajuda! – então, ainda mais gentilmente, pediu. – Vou soltá-la; levantar-me. Por favor, não se mexa...
Ele pôde ver quando ela o encarou, alarmada. Edward riu pela segunda vez na noite.
– Não vou caçá-la pela sala nem nada do tipo... Não me expliquei direito.
Finalmente ele ergueu-se e, depois de ajudá-la a se levantar, começou a recompor-se enquanto dizia.
– Preciso sair por algum tempo... Espero que por pouco tempo, então... Por favor, não vá embora
magoada com minha insensibilidade de deixá-la logo agora.
Enquanto Edward falava Isabella também se recompunha como podia, baixando a blusa e alisando a
saia rasgada, de repente ao assimilar as palavras dele, ela parou o que fazia e olhou em sua direção.
Edward sentiu-se apreensivo quando o lampejo de compreensão cruzou os olhos de Isabella. Com o
coração oprimido a ouviu dizer.
– Não seria insensibilidade... Leve o tempo que for preciso. Não irei á parte alguma!
Edward reprimiu um sorriso, acreditava nela, mas ainda não totalmente. O impacto da rejeição fora
violento então repentinamente temeu que, quando Isabella se visse sozinha na casa vazia e odiosa e
realmente se desse conta do que ele iria fazer, pudesse mudar de idéia e simplesmente partir; ele não
estaria presente para impedi-la. Contudo era um risco que era obrigado á correr.
– Volto logo! – disse apenas acariciando o rosto á sua frente.
Precisava ser rápido. Antes que saísse, Isabella disse.
– Antes de ir, acenda as luzes. Não me deixe sozinha no escuro.
Edward olhou pelas frestas da cortina. Escurecera totalmente e ele nem ao menos se dera conta. Na
verdade deixara de perceber a hora do dia há muitos atrás. Sofrendo com a necessidade de sair e o
desejo de ficar, disse.
– O interruptor fica ao lado da porta. – quando a jovem se voltou, ele a deteve alarmado. – Por
favor, espere!... Primeiro deixe-me sair. Estive no escuro por muitos dias e a luz súbita vai ferir
meus olhos.
– Claro...
– Obrigado! – disse soltando-a.
Ele estava verdadeiramente agradecido. Não precisava sofrer com a luminosidade uma vez que seu
corpo já se encontrava completamente massacrado. E acima de tudo, não queria que Isabella visse
nitidamente o estado que se encontrava. Precisava alimentar-se o quanto antes, aliviar a dor em sua
garganta, voltar ao normal para poder estar novamente com Isabella. Edward estendeu a mão e
tocou o rosto amado mais uma vez.
– Não vai mesmo embora?
– Nem mesmo ao jardim.
– Acredito em você!
Dito isso, a beijou levemente e saiu. Trêmulo, faminto e enfraquecido correu escada acima para
trocar-se. Precisava assegurar a permanência de Isabella assim como certo conforto para ela e caçar;
o quanto antes. E depois de décadas, naquela noite seria diferente. Não tinha tempo para procurar
pela ralé; qualquer um lhe serviria. Bom ou ruim, homem ou mulher. Mas uma vez Edward se
questionou do poder de Isabella sobre si. Por ela perdia o rumo, rompia com a própria convicção.
Por ela, mataria inocentes.

*************************************************************************

Notas finais do capítulo


Ahhhhhh... sou suspeita, mas amo esse capítulo... Ed raivoso me arrepia até quando
escrevo... :PEspero que tenham gostado... Para que eu saiba preciso de comments...
please... me deixem saber... Agora vamos ao recado "chato"... Como eu prometi, adiantei
essa fase para que não sofressem semanas com a separação. Agora que eles estão juntos
(e eu sem capítulos; tenho somente dois aqui). Preciso voltar á postar semanalmente... :
(Como smepre vou deixar spoiler:"Novamente com o peito oprimido de saudade,
Edward subiu os degraus de dois em dois com sua platéia não poderia correr como
queria. Ao chegar ao alto da escada farejou o ar e deixou que o odor dela o acalentasse.
Encontrou-a adormecida em um de seus quartos de hospedes, confirmando a discrição de
sua empregada. Outra mais intrometida a teria levado para sua suíte. Bom... Não teria
feito nada errado, visto que sua cama era o lugar de Isabella, porém Edward apreciava
dessa forma. Ajoelhando-se, ele acedeu o abajur ao lado da cama e passou a perscrutar-
lhe o rosto sereno. Mesmo pálida e com olheiras acentuadas era linda sua Isabella.
Agora, depois de toda tempestade passada, ele não a considerava mais como uma
princesa de contos de fadas. Ainda mais a tal da maçã. Ela era frágil demais; assexuada
demais... Sua humana se mostrara ser forte e como sempre... Quente. Edward deixou a
proximidade á ela o aquecer novamente. Um sorriso brincou em seus lábios ao perceber
que mais uma vez podia ficar perto dela sem desejar matá-la; estava saciado. Não
orgulhoso pelo senhor ou pela garota que matara á poucas quadras dali, mas satisfeito
por não colocar seu amor em perigo. No final, Isabella sempre seria mais importante.
Lentamente Edward lhe acariciou os cabelos, aproveitando para tirar uma mecha de seu
rosto. Ao sentir a pele quente nas pontas de seus dedos um tremor percorreu seu corpo.
Seu sorriso se alargou ao ver que ela despertava e seus olhos castanhos procuravam pelos
seus. Oi... ele sussurrou carinhosamente".É isso... agora, até semana que vem... bjus em
todas...

(Cap. 41) Capítulo 12 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Obrigada á todas que indicaram a fic... :)

Ah... Tô parecendo uma autora sem palavra, mas é exatamente o contrário... Hoje tem
capítulo novo pq havia prometido para uma leitora antiga, de outras fics, e não tive como
"correr"... rsrs
Então terminei o capítulo para cumprir a palavra.

Bom pq no final todas ganham.. :D

Ela já gostou, agora espero que tbm gostem desse capítulo bônus... e comentem... :)

BOA LEITURA!...

Com a saída de Edward, Bella se recostou á parede ás suas costas e permaneceria assim até sentir as
pernas firmes novamente. Não sabia identificar o que mais a abalava; se o que acabara de acontecer
no chão da sala ou se o fato ter sido aceita de volta. Provavelmente as duas coisas. Mal conseguia
acreditar em tudo que aconteceu e definitivamente não faria nada mais para perder Edward
novamente. Ainda não se sentia inteiramente feliz, pois existia a chance de ser morta por causa da
marca, mas estava em paz. Somente aconteceria o que estava determinado á acontecer.
Obrigando seu coração a acalmar-se, esperou pelo ronco do motor do carro dele, porém não ouviu
som algum. Os únicos ruídos existentes eram o “tic-tac” intermitente de um relógio real e os roncos
ruidosos do peito de Edward em sua memória. Ainda sentindo o rastro de fogo que as mãos frias do
vampiro deixaram em seu corpo, tremeu somente ao relembrar os sons. Como ela teve coragem de
provocá-lo? Sabia como. Por amor, desespero e saudade. Contudo não saberia dizer como algo
animalesco podia ter o poder de excitá-la daquela maneira.
Quanto mais Edward rugia, mais ela sentia vontade de ser apertada por seus braços. Nem ao menos
se importou com o gosto de álcool em sua boca ou com a pele não tão firme, áspera e poeirenta.
Tudo que desejava era ser aceita e possuída por ele; ter certeza que não fora esquecida. Quando
sentiu a excitação masculina contra seu ventre confirmou que seria capaz de morrer por ele aquela
noite. E por esse motivo não aceitou seu afastamento; precisava desesperadamente dele. Sofreu ao
vislumbrar-lhe a expressão suplicante e torturada, sabia não ser prudente brincar com o perigo, mas
não conseguiu dominar em seu corpo ou sua mente.
E se ter saído viva daquele ato intenso e incontrolável não fosse prova de que Edward a amava,
nada mais seria. Esperava apenas que esse amor fosse forte o bastante para que ele não a matasse
pela quarta vez quando visse sua marca de nascença. Ao pensamento Bella estremeceu, mas ele não
abalou sua convicção; não iria á parte alguma. Nem mesmo se ele ordenasse. Agora sairia de seu
lado somente depois de morta – e se fosse por suas mãos como das outras vezes, pois não aceitaria
qualquer outra forma de morrer.
Suspirando, Bella abraçou o próprio corpo. A sala estava sombria; o que tornava ainda mais
estranho pensar sobre sua morte. Desejava fervorosamente que Edward se controlasse dessa vez e
que percebesse o óbvio; ela jamais lhe faria mal algum. Ao pensamento ela riu nervosa. Como ela,
uma mortal fraca, poderia destruir um ser forte e imponente como Edward? Aquilo era loucura!...
Como ele não vira isso das outras vezes? Ou ainda... O que ela poderia fazer para que ele
acreditasse que não corria perigo agora?... Alice havia dito que ele matava instintivamente. Se assim
fosse, ela não precisaria se preocupar em arrumar argumentos, pois não teria nem mesmo a chance
de expô-los.
Bom... Estava claro que não adiantaria nada sofrer por antecipação. Se não encontrasse coragem
para mostrar-lhe a marca, contaria com a sorte até o momento que Edward a visse por conta própria
e nesse meio tempo, aproveitaria para viver intensamente ao seu lado. Se sua alma estava
eternamente ligada á dele e sua morte estava traçada por alguma maldição ou praga rogada por
quem o criou que assim fosse. Amava-o e morreria quantas vezes fossem preciso, desde que sempre
voltasse para ele.
Bella riu nervosamente mais uma vez; quantas coisas absurdas se mostraram verdadeiras. A jovem
estremeceu e desejou que Edward não demorasse á voltar. Sem ele ao seu lado, tudo parecia surreal
novamente. O ar começava a lhe faltar e era como se fosse acordar em sua cama á qualquer
momento, completamente sozinha. Precisava de seu vampiro de volta para acreditar em sua
existência.
“Seu vampiro”... Bella estremeceu mais uma vez ao lembrar o motivo da saída de Edward. Ainda
abraçando o próprio corpo, tentou não pensar no que ele estaria fazendo; era necessário. Era da
natureza dele matar e ela teria que acostumar-se se quisesse fazer parte de sua vida.
De repente Bella ouviu som de passos. O ruído tirou-a do transe. Ela seguiu até a porta e acendeu a
luz. Sobressaltou-se ao mesmo tempo em que a senhora baixinha que entrava na sala; ambas
assustadas com a presença da outra. As duas reprimiram um grito antes de olharem-se curiosas.
Bella tinha plena consciência do estado de suas roupas, mas nada podia fazer. A mulher pareceu não
notar, ou se importar. Depois do susto ela disse em tom de pergunta.
– Boa noite Senhorita...
– Swan. Isabella Swan. – disse sem sair do lugar.
– Senhorita Swan. – senhora repetiu e prosseguiu. – Desculpe-me se a assustei. Sabia que estava na
casa, mas a sala estava escura, não a vi aqui... Sou Carmem, cuido da casa. O senhor Cullen pediu
que viesse ligar o aquecedor e ver se a desejava alguma coisa.
Uma empregada humana; ou não seria? Bella não se deteve em perguntas, pois a simples menção á
um aquecedor fez a jovem perceber como a sala estava fria. Não havia reparado antes, talvez pela
aproximação de Edward que sempre tinha o poder de mantê-la aquecida. Seu estomago protestou
igualmente, quando ela assimilou o oferecimento vago. Há dias que Bella não se alimentava direito,
assim como Edward. Porém não se sentiu á vontade de pedir comida – se é que existia comida
naquela casa – uma vez que não tinha certeza ser capaz de engolir qualquer coisa sólida. Ainda
assim arriscou um pedido.
– Se fosse possível, aceitaria uma xícara de café, por favor! – pediu sorrindo timidamente.
Carmem saiu da sala com um aceno de cabeça, sem um único olhar demorado para sua saia rasgada.
Bella agradeceu mentalmente pela discrição. Em poucos minutos, ela pôde sentir a temperatura se
elevar. Logo os tremores que sentia eram somente os de expectativa, então, curiosa, saiu de seu
refugio na parede e, segurando a lateral danificada de sua saia e ignorando o sutiã partido que
incomodava sob a blusa, começou a explorar a sala que minutos antes estava na penumbra. Era
ampla, decorada com móveis antigos. Bella não saberia dizer se eram verdadeiros ou réplicas, mas
algo lhe dizia que deveria escolher a primeira opção. Edward era “antigo”, porque seus móveis não
seriam?
Aquela não era o tipo de decoração que Bella escolheria, porém, surpreendentemente, combinava
mais com o advogado que os móveis de sua cobertura. Especialmente o grande piano de calda
localizado em um ponto privilegiado da sala. O instrumento ficava á um canto em uma base elevada
do chão. Era de cor preta lustrosa e seu banco largo o bastante para caber duas pessoas. Bella
imaginou se Edward realmente o tocava. Ela arfou somente com a idéia; deveria ser uma visão e
tanto.
Suspirando, ela deixou os olhos da peça e correu-os por uma parede coberta de quadros. Eram
retratos á óleo; nenhum conhecido como o Caravaggio da cobertura, mas todos de extremo bom
gosto. Um em particular lhe chamou a atenção. Tinha uma mulher sentada, usava um vestido verde
e um chapéu decorado. Era linda, porém o que lhe chamou a atenção foi a criança ao seu lado. Ela
tinha os cabelos ruivos e brilhantes e nos olhos verdes uma expressão de tristeza. Ao aproximar-se o
coração de Bella falhou algumas batidas. Aquele não poderia ser Edward, poderia?
Ainda analisava a tela de perto, quando Carmem voltou á sala trazendo uma bandeja com uma
xícara de café como havia pedido e um prato com alguns biscoitos – então havia comida.
– Sempre gostei dessas telas. – disse a senhora, depositando a bandeja sobre o tampo de vidro de
uma mesa de centro. – Trouxe-lhe algo para comer.
– Obrigada. – disse Bella acomodando-se no sofá, ajeitando a saia como podia e pegando a xícara
de café fumegante que a senhora lhe estendia. Ao tocar seus dedos acidentalmente soube que ela era
tão humana quanto ela própria. De certa forma aliviada, perguntou. – Sabe quem são?... Nos
quadros?
– Não. – a senhora disse encolhendo os ombros. – Não sei muita coisa sobre esta casa.
– Mas a senhora disse que cuida dela. – Bella admirou-se.
– Sim, mas apenas isso. Nem ao menos conhecia o Sr. Cullen pessoalmente até oito dias atrás. Ele
nunca veio aqui.
Bella quase engasgou com o liquido quente.
– Nunca?!
Qual a novidade afinal?... Alice havia dito que ele odiava a casa e até admirou-se que ele tivesse
escolhido ela para “definhar”. Bella estremeceu. Melhor nem pensar naquilo agora que era passado,
então para distrair-se da lembrança inquietante, perguntou.
– A senhora vive aqui sozinha?
– Não. Meu marido é o caseiro; jardineiro. Eu cuido para que tudo se mantenha em funcionamento
e limpo. Essas são as ordens da senhora Whitlock, mas ninguém nunca aparece.
– Entendo. – disse dando um gole em seu café.
E ela duvidando da capacidade de controle de Edward, no entanto, ali estava mais uma prova de que
sempre esteve errada. A pobre senhora convivendo com um vampiro sedento ao lado há uma
semana, sem nem saber... Ou será que sabia?... Bella acreditava que não, afinal aquele segredo era
incrível demais para ser revelado tão facilmente. A jovem percebeu que a senhora a olhava com
curiosidade, quando ela disse.
– É uma pena que o senhor Cullen tenha resolvido vir para cá em um momento de tristeza.
– Como sabe disso? – Bella juntou s sobrancelhas.
A senhora a olhou por um tempo, como se avaliasse ser correto falar do patrão. Bella percebeu que
ela decidiu não haver problema, pois a ouviu dizer em tom confidente.
– Bem... Como disse não conhecia o senhor Cullen. Ele nunca veio aqui ou qualquer outra pessoa,
então eu me assustei ao ver poças de água que seguiam para o topo da escada, certa manhã. As
segui até o quarto dele. Encontrei o Sr. Cullen deitado sobre a cama, completamente imóvel, os
olhos fixos no teto. A princípio me assustei, mas disse a mim mesma que um assaltante não ficaria
ali parado com tantas coisas de valor pela casa. Bom... Mesmo assim perguntei quem era ele. Ele
disse que costumava ser Edward Cullen, mas que naquele momento não sabia mais. Algo em sua
voz fez meu sangue gelar.
Sem dizer nada, Bella depositou a xícara de café na bandeja sem terminá-lo. A narrativa a estava
deixando aflita. Alheia a ela, Carmem continuou.
– Apresentei-me e ele sequer olhou-me. Estava tão pálido que se não tivesse me respondido eu
poderia dizer que estivesse morto. A calça molhada havia encharcado as cobertas, mas ele parecia
não se importar. Estranhei o estado da roupa, pois não havia chovido e perguntei-me como era
possível que ele não estivesse com frio por estar molhado, descalço e sem camisa.
Á esse comentário, Bella sentiu o coração oprimido. A mulher prosseguiu.
– Diante disso não é preciso ser uma bisbilhoteira para saber que ele estava sofrendo. Que homem
ficaria largado daquela maneira se não estivesse com sérios problemas?
– Acho que nenhum. – respondeu Bella automaticamente.
– Indaguei se iria ficar por muito tempo e se podia preparar-lhe algo para que comesse. Ele me
respondeu que ficaria pelo tempo que fosse necessário e que não me preocupasse com comida. Tudo
que me pediu foram duas garrafas de uísque diárias. – a senhora torceu os dedos nervosa. – Quem é
capaz de viver apenas de bebida? Nunca lhe preparei um único prato de comida todo esse tempo e,
no entanto...
– Ele pode ter saído sem que a senhora percebesse... – sugeriu Bella apreensiva. Agora se sentia
responsável por seu segredo também.
Ignorando seu comentário, Carmem prosseguiu, movendo a cabeça negativamente.
– Não... Ele não saiu. Pelo menos não para a rua. Para onde iria vestido daquela maneira? Talvez
possa dizer com certeza que ele saia do quarto apenas para atirar-se na piscina e nadar ou... ficar
afundado por um tempo preocupante como pude ver algumas vezes. Quando vinha á tona, saia da
água e entrava, imagino que para beber. Nunca acreditei que consumiria as duas garrafas, mas todos
os dias eu as reponho. – então, como que para provar o que dizia, ela apontou para um canto da sala.
Bella viu que ela lhe indicava um carrinho antigo de chá, transformado em bar com inúmeras
garrafas de variadas bebidas, porém somente as de uísque estavam tocadas; uma vazia e outra com
apenas um quarto da bebida âmbar. Bella sentiu um aperto no estomago. Mal ouvia a voz da
senhora.
– Sempre venho pela manhã. Ele me proibiu de vir aqui á noite. E também não quer que eu ou meu
marido cheguemos perto dele. Só me resta obedecer-lhe. Venho logo cedo, abro as cortinas, troco as
garrafas... Ainda bem que não precisei mais juntar cacos de vidro...
– Cacos?!
– Sim... De copos ou garrafas. – como Bella nada retrucasse, ela prosseguiu. – Isso acontecia mais
nos primeiros dias... Agora ele apenas bebe, e mantêm as cortinas cerradas. Parece que quer estar no
escuro todo o tempo. Nem tem nadado mais...
– Entendo. – sussurrou.
Na verdade entendia muito mais do que gostaria. Por que se espantou? Ele não havia quebrado sua
cobertura? O que seriam alguns copos e garrafas? Bella se sentia horrível por saber ser a causadora
de tudo aquilo que ouvia. Agora, por mais que ele dissesse o contrário, seu perdão tinha muito mais
valor. Repetiria o pedido mil vezes se fosse possível apagar o estrago que causara.
– Bom... – Carmem disse. – Fico feliz que alguma coisa tenha mudado.
– Como?! – Bella forçou-se a sair de sua culpa.
– O Sr. Cullen nunca foi até minha porta. Hoje foi a primeira vez. Achei estranho ele pedir para que
eu não a abrisse, mas como sempre obedeci. Sua voz me pareceu agitada quando me recomendou
que viesse aquecer a casa e cuidar para que a senhorita se sentisse a vontade... Agitação é um
sentimento melhor que a apatia, então...
Mais uma vez Bella sentiu o olhar curioso. Era realmente uma cega; até mesmo a empregada da
casa sabia que a culpa pelo sofrimento e acessos de raiva do patrão era dela. Coisa que ela própria
demorou até o último minuto para crer. Por um instante acreditou ter sua resposta. Ela, uma mortal
fraca, quase causara a destruição de um vampiro forte e imponente. Contudo ela afastou o
pensamento, não poderia ser aquilo. Ao pensamento ela estremeceu.
– Mas que falta de atenção a minha! – Carmem exclamou, chamando sua atenção. – Olhe para a
senhorita. Não é da minha conta saber o que aconteceu com suas roupas, mas não pode ficar assim.
Bella agradeceu pela mudança súbita de assunto.
– Não tenho como trocá-la, não se preocupe.
– Bom... – ela começou sem jeito. – O senhor Cullen disse para atendê-la no que desejasse...
Então... Talvez a senhorita quisesse um banho quente ou apenas um de seus roupões... Tenho tudo
muito bem conservado... – declarou orgulhosa de seu trabalho bem feito.
De repente Bella achou a idéia de tirar aquela saia rasgada e o sutiã partido de seu corpo, tentadora.
Assim como queria fugir definitivamente daquela conversa. Como ela não sabia quanto tempo ele
ainda demoraria em sua “saída”, pôs-se de pé e aceitou o oferecimento.
– Se me disser onde posso encontrar esses roupões eu agradeceria.
– Venha! – ela lhe indicou a escada, fazendo menção de acompanhá-la.
À jovem restou segui-la, resignada. Ao que tudo indicava teria seu roupão e talvez um banho
quente, mas não se livraria da conversa facilmente. Aparentemente a senhora queria recuperar três
anos de silêncio em uma única noite. Bella decidiu que não a ajudaria nesse sentido. Todas as
palavras anteriores vagavam em sua cabeça e ela definitivamente não desejava saber de mais nada
sobre os dias que Edward havia passado naquela casa; em seu verdadeiro inferno particular.
Bella seguiu a senhora pelo corredor, não era grande, apenas espaçoso. E empregada a levou até um
quarto; uma suíte – ela se perguntou se aquele seria o quarto de Edward. Acreditou que não, pois,
apesar de bonito, era pequeno e simples. Edward jamais seria “simples”. Como se adivinhasse sua
curiosidade Carmem, comentou.
– Esse é um dos quartos de hóspedes. – então lhe indicou a porta do banheiro. – Se desejar usá-lo,
tem toalhas limpas. Vou providenciar o roupão que lhe falei.
Depois de assentir com a cabeça, Bella viu a senhora se retirar. Pelo visto estava errada. A narração
em primeira não do martírio de Edward havia terminado, pois ela não tocou no assunto e para alivio
da jovem, não iniciara outro. Ainda assim ela se sentia inquieta; expectante. Cruzando os braços foi
até a grande janela, afastando as cortinas, olhou para a noite. Novamente chovia, agora com força e
os raios cruzavam o céu. Um clarão lhe mostrou que de onde estava poderia ver o jardim e a
piscina. Não percebeu os detalhes, apenas que era grande.
Imediatamente ela se afastou da janela. Começava a ficar preocupada com a demora de Edward.
Estava tentando bloquear o motivo de sua saída, mas agora se tornava impossível. Começava a se
perguntar quantas pessoas eram preciso para satisfazê-lo, quando ordenou a si mesma para que
parasse. Se seguisse por aquele caminho ficaria ainda mais inquieta e ela desejava estar tranquila
quando ele chegasse. Bem... Talvez não conseguisse, mas pelo menos tinha que tentar. Já lhe
causara problemas demais, agora era sua obrigação deixá-lo á vontade.
Em poucos minutos a senhora voltou trazendo um roupão branco e felpudo; grande o bastante para
envolver o corpo de Edward. Bella abraçou-o como se o fizesse no próprio, agradeceu e,
gentilmente, dispensou-a dizendo que não precisaria de mais nada. Ao que ela respondeu dizendo
que aproveitaria a saída de seu patrão para trocar os lençóis de sua cama. Bella apenas aquiesceu
com a cabeça então Carmem se foi.
Seu banho foi breve, somente uma tentativa de acalmar-se e relaxar seus músculos. Nem mesmo
reparou no requinte da decoração do cômodo. Depois de secar-se, recolocou a calcinha – odiava,
mas não tinha outra – e envolveu-se com o roupão de Edward. Infelizmente não tinha seu cheiro.
Descalça, seguiu até a cama e atirou-se nela, tentando – sem sucesso – não pensar em tudo por que
Edward passara naquela casa. Contudo, mesmo que estivesse com a cabeça cheia, sentia-se
sonolenta. Talvez pelo banho quente ou mais provável que, apesar de tudo, estava novamente com
Edward, seu corpo se rendeu ao cansaço. E da forma de deitou sobre a colcha, Bella adormeceu.
Edward não foi longe – não poderia ir longe. O tempo estava horrível; o que de certa forma o
favoreceu. Ele não estava “apresentável” e como naquela noite mataria quem cruzasse seu caminho,
desejava pelo menos não assustar a pobre vítima com sua aparência deplorável. Havia sido
realmente incrível que Isabella o beijasse; que se entregasse daquela maneira apaixonada á uma
criatura em seu estado. Ela não pôde vê-lo com clareza, mas sentiu o cheiro de bebida a abandono.
Assim como sentiu sua pele flácida e estranha ao toque.
Não deveria ter sido assim. Deveria ter mantido ela afastada, ser forte e caçar antes de qualquer
outra coisa. Sim deveria, mas sabia que nunca seria capaz de resistir á Isabella. Não depois de uma
semana inteira em que desejou ardentemente estar com ela. Sua Isabella!... Que estava de volta e o
aceitava como era. Ainda melhor, o aceitava até mesmo em seu pior estado provando-lhe
definitivamente que ela nunca o considerou um ser asqueroso como acreditou por dias.
Ao se lembrar do que haviam feito no chão de sua sala, ele arrumou o sobretudo que vestia sobre os
ombros e acelerou o passo. Não sabia ao certo que rumo tomar, então decidiu seguir para os lados
do rio. Com a chuva torrencial não haveria muitas pessoas por ali, o que aumentava as chances de
encontrar uma pobre alma desavisada sozinha. Agora que estava na iminência de se alimentar
novamente, sentia-se trêmulo. Nunca havia ficado tanto tempo sem sangue; não sabia o quanto
deveria tomar até que estivesse saciado.
Quinze minutos de espera, apareceu sua chance de descobrir. Sua primeira vítima foi um senhor de
meia idade. Não se sentiu confortável por ter que matá-lo, mas era preciso. Tudo que pôde fazer
para aliviar sua culpa foi induzir o senhor á dormir antes que o mordesse. Tomou-o todo, sem
desperdiçar uma única gota. Podia sentir o sangue quente e fresco correndo por suas veias
ressecadas; trazendo-lhe a força de volta gradativamente. Infelizmente soube que não era o bastante;
seu corpo ainda pedia por mais.
Como não teria muito tempo nem oportunidade de se livrar do corpo de outra forma, Edward
apenas o jogou ao rio. Terminava de passá-lo por cima da grade, quando ouviu o grito.
Imediatamente olhou na direção do som em tempo de ver a jovem largar o guarda-chuva e iniciar o
movimento de uma corrida. Bom... Não teria jeito. Preferia não matar mulheres, mas ela estava no
lugar errado fora de hora, então...
Edward a alcançou antes que corresse dois metros. A garota o olhou, apavorada.
– Por favor... Por favor, eu não vi nada... Me deixe ir embora...
O coração de Edward se inquietou, há muitos anos realmente não gostava de matar inocentes e
ainda mais mulheres, mas sabia que não poderia parar até que estivesse saciado. Entre todas as
outras e Isabella, sempre sua humana seria a preferida. E precisava voltar para ela o quanto antes.
Não poderia ficar vagando pela noite chuvosa tomando pequenas doses de um e outro. Tinha que
acabar com a caçada e voltar para onde desejava ardentemente estar. Então, ignorando as lágrimas
que se misturavam á chuva, o pavor nos olhos arregalados da garota e os pedidos que não poderia
atender, Edward ordenou que ela dormisse e a mordeu.
Saciado e ciente que havia voltado ao normal, o vampiro entrou em sua casa pela porta principal. As
luzes estavam acesas; ele acreditava que Isabella estaria na sala esperando por ele. Precisava vê-la;
nitidamente agora. Ainda sentia saudade como se não tivessem estado um nos braços do outro.
Como se não tivessem se reencontrado definitivamente. Ainda tinham tanto a dizer. Uma vez que
ela estava de volta, ele desejava saber tudo que se passou com ela naquela semana interminável em
que estiveram separados; queria ouvir-lhe a voz. Olhá-la simplesmente enquanto falasse.
Sem se importar com a poça d’água que se formava aos seus pés, Edward parou á entrada da sala.
Isabella não estava ali, somente sua empregada a retirar uma bandeja de sobre a mesa com alimento
praticamente intocados. Os dois pararam seus movimentos por um segundo. A senhora o olhava
curiosa, quando perguntou tentando conter a ansiedade.
– A senhorita onde está?
Erguendo-se com a bandeja nas mãos ela respondeu.
– Eu a levei lá para cima. Ela estava com a roupa rasgada, então lhe ofereci um de seus roupões. Fiz
mal? – ela perguntou em duvida.
– Não. – ele disse entrando de vez em sua sala e tirando o sobretudo encharcado. Então indicando a
bandeja. – Ela não quis comer? Parecia indisposta?
– Parecia apenas com frio, então sugeri um banho quente. – ela olhou com reprovação mal
disfarçada para as marcas de água no piso. Então, equilibrando a bandeja em uma só mão, disse. –
Deixe esse casaco comigo. E talvez seja melhor o senhor secar-se, pode ficar doente se demorar
muito tempo molhado desse jeito.
Edward reprimiu o riso. Achava estranho se preocuparem com sua saúde.
– Farei isso. – disse entregando-lhe a capa. – Vou ver se ela esta... aquecida agora.
– Senhor... –ela o chamou quando fez menção de se dirigir á escada. Quando a olhou ela disse
receosa. – Talvez agora queira me dizer o que devo fazer... Ela ficará aqui? Devo preparar algo para
o jantar? Ou...
– Não será necessário. – ele a cortou gentilmente. – Acredito que se for preciso encontrarei a
cozinha abastecida...
– Sim. – ela confirmou. E ainda sem jeito, disse. – Apesar do senhor nunca ter mexido em nada,
providenciei tudo que achei necessário.
Edward ignorou o comentário.
– Pois bem... Não se preocupe com nada agora... Pode ir para sua casa. Amanhã pode nos preparar o
café da manhã. Se precisar de qualquer outra coisa antes disso eu a chamarei.
– Sim senhor.
Edward acenou com a cabeça e, preparava-se para subir, quando ela lhe chamou mais uma vez.
Começando á impacientar-se ele a encarou.
– Diga...
– É um prazer finalmente conhecê-lo senhor Cullen.
O comentário teve o poder de desconcertá-lo. Sem duvida alguma ele era de longe o patrão mais
estranho que alguém pudesse ter. E mesmo assim ela sempre fora discreta – com exceção ao
comentário sobre a comida – atendera seu pedido de se manter distante, mesmo arrumando a
bagunça que fazia em seus acessos de fúria e dor. Assim como mantendo sua dose diária de bebida
sempre á mão para que ele pudesse mergulhar em seu torpor acolhedor. Não a conhecia como
pessoa, nem se interessava em fazê-lo, mas ela era uma boa funcionária, por isso sinceramente
declarou.
– O prazer é todo meu!
Então, depois de dirigir-lhe um se seus sorrisos tortos, ele seguiu para a escadaria ouvindo o
acelerar característico do coração feminino; definitivamente, todas iguais. Somente as reações
previsíveis dos humanos para lhe acalmar naquele instante. Estava ansioso em ver Isabella.
Precisava estar perto dela; tão “perto” que ela nunca mais pensasse me deixá-lo. E ela não deixaria.
Agora ele tinha certeza. Ela não havia ido embora; estava em algum lugar em sua casa. Esperando-o
depois de tê-lo procurado por livre e espontânea vontade. E feito amor com ele... Agora Isabella era
sua sem reservas.
Novamente com o peito oprimido de saudade, Edward subiu os degraus de dois em dois – com sua
“platéia” não poderia correr como queria. Ao chegar ao alto da escada farejou o ar e deixou que o
odor dela o acalentasse. Encontrou-a adormecida em um de seus quartos de hospedes, confirmando
a discrição de sua empregada. Outra mais intrometida a teria levado para sua suíte. Bom... Não teria
feito nada errado, visto que sua cama era o lugar de Isabella, porém Edward apreciava dessa forma.
Ajoelhando-se, ele acedeu o abajur ao lado da cama e passou a perscrutar-lhe o rosto sereno.
Mesmo pálida e com olheiras acentuadas era linda sua Isabella. Agora, depois de toda tempestade
passada, ele não a considerava mais como uma princesa de contos de fadas. Ainda mais a tal da
maçã. Ela era frágil demais; assexuada demais... Sua humana se mostrara ser forte e como sempre...
Quente.
Edward deixou a proximidade á ela o aquecer novamente. Um sorriso brincou em seus lábios ao
perceber que mais uma vez podia ficar perto dela sem desejar matá-la; estava saciado. Não
orgulhoso pelo senhor ou pela garota que matara á poucas quadras dali, mas satisfeito por não
colocar seu amor em perigo. No final, Isabella sempre seria mais importante.
Lentamente Edward lhe acariciou os cabelos, aproveitando para tirar uma mecha de seu rosto. Ao
sentir a pele quente nas pontas de seus dedos um tremor percorreu seu corpo. Seu sorriso se alargou
ao ver que ela despertava e seus olhos castanhos procuravam pelos seus.
– Oi... – ele sussurrou carinhosamente.
Bella olhou naqueles olhos verdes incríveis; quanto desejou vê-los novamente? Uma eternidade. E
agora eles estavam ali, á sua frente, mirando-a com carinho infinito como Edward sempre havia
feito. Como pôde ser tão cega. Edward como um todo, em cada parte de seu corpo, sempre lhe
demonstrou que a amava. Até mesmo aquela única palavra, dita de forma tão terna, demonstrava
seu sentimento e isso oprimiu seu coração. Nunca se desculparia pelo que o obrigou á passar.
Edward ainda lhe acariciava o rosto, esperando que ela lhe retribuísse o sorriso – estava com
saudades de tudo nela – quando viu seus olhos encherem-se de lágrimas. De repente ela lhe afastou
a mão do rosto e, antes que ele imaginasse o que se passava, Isabella se atirou em seu pescoço sem
se importar que ele estivesse todo molhado. A aproximação repentina e espontânea o desnorteou por
alguns segundos.
– Shhhh... O que aconteceu Isabella? – ele passou a acariciar-lhe os cabelos e também sem se
importar que estivesse molhado, sentou na cama e a acomodou em seu colo. – Conte-me!
– Eu... Eu sinto muito... – ela fungou em seu pescoço. – Eu não queria...
Edward sentiu um calafrio correr-lhe a espinha; de expectativa e excitação causada pela respiração
de Isabella em sua pele. E sentiu medo.
– O que não queria Isabella... Estar aqui?
– Eu não queria... – ela repetiu, porém novamente interrompeu-se; os lábios roçando na base de seu
pescoço.
Edward cerrou os olhos e reprimiu um gemido leve de prazer e agonia. Quanto tempo foi preciso
esperar para sentir a respiração quente em sua pele? Não contava com o que fizeram no chão de sua
sala, pois agira instintivamente, então esperou uma eternidade. Foi esse o tempo que sofreu por ela.
Percebera mais os segundos e minutos desses oito dias que todos os meses e anos de sua existência.
Doía-lhe imaginar que ela estivesse arrependida por estar ao seu lado, porém, de bom grado ou não,
Isabella ficaria.
– Lamento, mas não serei capaz de deixá-la ir embora. – disse roucamente. – Não dessa vez!
“Ir embora?”. Bella se perguntou.
– Quem quer ir embora? – ela disse com a voz embargada ainda com o rosto em seu pescoço.
Novamente Edward foi pego de surpresa; não conseguia acompanhar o que ia ao interior da jovem.
Ao dizer as palavras, ela beijou demorada e timidamente a base de seu pescoço. Sem encará-lo,
disse.
– Preciso apenas desculpar-me... Eu... Não queria ter-lhe causado nenhum sofrimento.
Edward perguntou-se o que ela sabia sobre seu “sofrimento”. De repente ele soube... Afinal
humanos eram previsíveis e sua “não tão discreta” empregada não seria diferente. Qual o melhor
acompanhamento para um café pela metade e um prato de biscoitos intocados que alguma fofoca
sobre o patrão estranho que atirava copos contra a parede? Seria possível que a senhora não
percebera o mal que fazia á Isabella ao lhe dizer essas coisas? Não era de se admirar que ela mal
tivesse tocado na comida.
Edward suspirou. Deveria irritar-se com a conduta de sua funcionária, assim como não deveria
alimentar aquele sentimento que começava a surgir, contudo... Em seu intimo gostou de saber que
Isabella reconhecia o quanto o magoara. Definitivamente não teria como refrear sua satisfação
crescente. Disfarçando seu contentamento, fez com que a jovem erguesse a cabeça e segurou seu
rosto molhado entre as mãos. Os olhos castanhos estavam marejados, com os primeiros indícios que
ficariam vermelhos. O vampiro reprimiu um sorriso.
Talvez não fosse correto, ainda assim, naquele momento sentia-se indescritivelmente feliz por vê-la
verter lágrimas por ele. Finalmente estava sendo recompensado por todas as vezes em que a viu
chorar por outro. Agora era sua vez e seria para sempre daquele dia em diante. Não que planejasse
fazê-la sofrer, mas sempre que uma lágrima de amor rolasse, seria por “ele”. Controlando a voz para
esconder sua alegria, disse.
– Sobrevivi!... E agora estamos juntos.
Como sempre Edward era atencioso com ela e tentava aplacar-lhe a culpa. Pena que não fosse fácil.
Bella fungou e disse embargada.
– Sim, mas... Isso não muda o que fiz... Eu deveria ter ficado quando me pediu. Eu deveria não ter
sentido tanto medo...
– Concordo com a parte de que não deveria ter ido embora... – ele disse suavemente, sentindo a
ferida ainda recente em seu peito. – Mas ter medo seria natural. Eu estava preparado para isso.
Bella sabia que o medo era natural, sua reação covarde e exagerada não.
– Eu quase estraguei tudo não foi?
– Acho que não... De certa forma o que aconteceu foi válido. Como já lhe disse inúmeras vezes...
Tudo é novo... Você me apresentou sentimentos que jamais imaginei existirem... Acredite!... Alguns
deles espero não sentir nunca mais. Agora que está aqui vou tentar esquecê-los. Mas... Outros...
Como o que senti quando a recebi de volta... Ficaram comigo para sempre.
Que forma de se aprender as coisas!... Por causa de sua “apresentação” vivera uma semana infernal
e o que era pior, Edward também vivera, além de quase perder a vida. Bella estremeceu á lembrança
de como ele estava quando o viu na escada; lindo aos seus olhos, porém transfigurado e ressequido.
– Pois se eu pudesse fazer diferente... Jamais lhe apresentaria á esses sentimentos. Por causa deles
você ficou... Fraco.
– Mas estou bem agora... – disse beijando seus olhos. – Não pense mais nisso. Promete?
Como prometer o impossível? Agora diante de si, Bella tinha seu Edward de volta. Lindo e forte
como sempre foi, porém não se esqueceria como ele ficava quando não se alimentava corretamente.
Naquele instante notou que ele estava molhado. Havia saído, caçado, matado e estava de volta. De
todas as ações, somente estar de volta recuperado tinha importância para ela. Por isso, por saber que
mesmo tendo errado e o ferido não lhe causara estragos irreparáveis e vendo sua capacidade de
perdoar e se recuperar – pelo menos fisicamente – ela tentou conter o choro e lhe sorrir.
A jovem assentiu com a cabeça, fungou e tentou um sorriso, sem sucesso. Nesse momento a alegria
de Edward diminuiu. Estava com ela novamente, mas ainda tinha muitas coisas que desejava lhe
dizer antes que reafirmassem um compromisso; não queria ter nenhum segredo para ela. Aquela era
a hora da verdade; hora de esclarecer todas as duvidas para que não houvesse mais mal entendidos.
Sabia que não a liberaria, mas ainda preferia que Isabella ficasse ciente de todos os seus atos e de
bom grado. Para tanto, ela tinha que conhecer a verdade. Precisava dizer tudo que não teve
oportunidade na semana anterior.
Edward precisava que Isabella soubesse tudo que fez por ela desde que a conheceu. Mais uma vez,
sentiu medo. Era incomodo o sentimento. Não gostava de se sentir vulnerável nem mesmo por sua
humana. Suspirando, deslizou o dedão pelo rosto molhado na esperança de secar uma última
lágrima, então repetiu seriamente.
– Sobrevivi... E agora podemos ficar juntos... E da forma correta dessa vez.
Edward olhava diretamente para os olhos de Isabella. Queria ver-lhe a reação ao assimilar suas
palavras. Lentamente ela juntou as sobrancelhas e desviou o olhar para os lados, rapidamente, como
e avaliasse o que acabara de ouvir. Quando tornou a focalizar seu olhar, perguntou incerta.
– Da forma... Correta?!...
– Sim... Sei tudo que viu quando eu a fiz relembrar...
Edward sabia que ela havia visto ele a matando? Bella tremeu involuntariamente, mas nada disse.
Apenas ouviria dessa vez e quando falasse, seria sem atropelos ou acusações.
Edward sentiu-a estremecer, porém ignorou sua reação apreensiva e prosseguiu.
– Vou contar-lhe tudo que aconteceu desde o minuto que a vi. E antes de qualquer outra coisa, quero
que saiba que não usarei de ilusão com você, nem a farei esquecer-se de nada novamente.
– Isso seria realmente bom... – ela disse timidamente. – Não gosto da sensação estranha de vazio.
Edward não pediria desculpas, pois não se arrependia. Então apenas disse a verdade.
– Não pensei em como se sentiria. Apenas fiz o que achava necessário.
O comentário despertou-lhe a curiosidade. Então, agora livre das lágrimas, olhou-o por um tempo
antes de perguntar.
– Mas esse é o ponto... Por que era necessário? Entendo que... me ame, então... Por que não fez
como normalmente todos fazem? Não se aproximou... corretamente?
– Porque me interessei por você desde o momento que... Senti seu cheiro!... Talvez não me entenda
sem julgar-me, mas a verdade é que precisei de você desde o primeiro minuto, mas... Era sempre
tão inacessível.
– Sentiu meu cheiro... – Bella repetiu em um sussurro, sentindo o conhecido calafrio cruzar sua
coluna. – Precisou de mim...
Edward suspirou profundamente.
– Sim!... Não preciso mais esconder-me. Você sabe o que sou. Não sou humano Isabella, mas sinto
o mesmo que todos vocês. Contudo as paixões humanas são intensificadas em mim. Desculpe-me,
mas... Eu não dispunha de tempo para galanteios. Pouco me importava que fosse comprometida.
Precisava ficar com você e... Esse foi o único jeito que encontrei.
– Enganando-me? – Bella perguntou neutramente.
Já havia desculpado suas visitas noturnas uma vez que apreciara todas elas, mas isso não mudava o
fato que ele a enganou. Tudo que poderia fazer era tentar demonstrar que não o julgava de forma
alguma, então procurou controlar a emoção em sua voz e tocou-lhe o rosto ainda úmido com a água
da chuva.
– Prefiro dizer que a iludi. – disse ele fechando os olhos ao seu toque e, ainda de olhos fechados
perguntou. – Foi tão ruim assim saber o que eu fiz?
“Ruim”?!... Estava ali uma palavra que nunca se encaixaria em nada que Edward fizesse á ela.
– Não foi ruim... – disse sempre lhe acariciando o rosto. – Foi... Inquietante.
Edward abriu os olhos e a encarou. Poderia lidar com “inquietante”. Sua amada prosseguiu quase
sem voz.
– Não vou enganar-lhe; saber o que fez me chocou num primeiro momento quando me permitiu
“ver”. Mas seria hipocrisia de minha parte fazer-me de ofendida ou condená-lo por isso. Eu digo
que foi inquietante porque... sempre quis que fosse verdade.
Disso ele já sabia. Contudo o vampiro gostou que ela tivesse dito as palavras acordada dessa
vez. Mas não tinha tempo de se deleitar com a declaração consciente. Ouvi-la citar o que “viu”
lembrou-lhe de todo o resto. Algo em sua lembrança a fez entrar em pânico. Algo que viu enquanto
ele lhe falava sobre Maria. Agora, depois de todo o ocorrido e ter repassado mentalmente a cena –
dias e noites inteiros – Edward sabia que fora depois daquela parte de sua narrativa que tudo havia
mudado. Depois de retirado o suposto asco de Isabella da equação, estava claro que fora somente
medo que a fez fugir apavorada.
E esse era o ponto. Medo exatamente de quê, se ele nunca havia feito nenhum mal irreparável á ela?
Edward ainda ouvia as palavras em seus ouvidos quando Isabella o acusou de tê-la matado. Ele
precisava saber á que ela se referia; onde fez a confusão em sua mente temerosa. Precisava e
saberia. Edward disse a si mesmo que aquela era realmente a hora da verdade, porém para ambos.
Ao pensamento um calafrio cruzou sua coluna. Intimamente, o vampiro pediu – se fosse possível ás
criaturas malditas pedir favores aos deuses – que eles lhe dessem forças, pois algo lhe dizia que
seria extremamente desagradável saber.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Então?... Ainda gostando?... Conte-me... comente... :)

Ah... e agora é pra valer... outro somente na sexta... lá por volta das 1:30h da manhã...

Agora vamos ao spoiler:


"E, passado o choque da confirmação de uma transformação inacreditável, saber que fora
ele todo o tempo... Era um alivio. Edward era o responsável pelos momentos
maravilhosos em seu sofá ou em sua cama... Única e exclusivamente Edward!... Ao
perceber a grandiosidade de sua atitude, Bella segurou o rosto frio e amado entre suas
mãos para encará-lo de forma intensa.

– Edward... Existe alguma coisa que você não faça por mim?

O vampiro disse sem pestanejar.

– Talvez eu não devesse responder, pois com minhas palavras me colocarei em suas
mãos definitivamente. Por outro lado, acho que é hora de admitir que apenas me enganei
por algumas horas, pois em nenhum momento retirei-me delas. Então... Não Isabella...
Não existe nada que eu não faça por você."

Bom final de semana meus amores... e até sexta... :)

(Cap. 42) Capítulo 13 - Parte II

Notas do capítulo
Amores.. desculpem a demora. Como sempre quero agradecer aos comments e
indicações... E como vcs são fofas e me ajudaram a dobrar o numero de indicações, vou
abusar e lançar outra campanha... "Please comentem nos capítulos passados" O numero
de reviews tbm é um chamariz de novas leitoras...Não precisa ser nada elaborado,
somente uma frase curta como fizeram duas leitoras... se desejarem realmente comentar
eu respondo á todos... (né Daiane?)... rs Amo responder review... Estou "abusando" mas
entendo que nem todas têm tempo... please... somente se puderem, tá?... *U* Agora
vamos ao capítulo... BOA LEITURA!

Depois de suas palavras, Edward passou a encará-la com maior intensidade. A jovem desejou poder
adivinhar ou ler nos olhos verdes o que ia ao seu íntimo. Não poderia decifrá-lo, mas acreditava que
ele havia gostado da declaração e ela poderia lhe dizer muito mais. Na verdade, falaria tão logo ele
exprimisse o que estava pensando, pois estava claro que ele diria alguma coisa. Naquele momento
ela queria ouvir tudo que ele tivesse á lhe dizer, sem temores ou julgamentos. Contudo, Bella estava
preparada para qualquer outra coisa; qualquer pergunta; menos aquela.
– Já que está me dizendo essas coisas. – ele começou com a voz firme. – Poderia me explicar o que
“viu” para que fugisse apavorada?
Bella sentiu o coração alarmado. Ainda não desejava falar sobre as mortes. Isso implicaria em
contar-lhe sobre sua marca. Estava resignada, mas não pronta. Se a reação de Edward fosse a
mesma das outras vezes, ela desejava ao menos partir sabendo todos os detalhes de tudo por que
Edward passou para conquistá-la. Queria “ouvi-lo”, “olhá-lo” ou simplesmente “senti-lo”. Queria
tão somente ter alguns minutos á mais com ele. Ainda acariciando seu rosto, ela disse tentando ser
jocosa.
– Não senhor... Nada de atalhos... Vou contar-lhe tudo que “vi”, mas acho que devemos seguir a
ordem dos fatos...
Edward não sabia se aprovava o “senhor”, mas gostou do tom leve. Porém, se essa era a idéia,
Isabella deveria começar a dizer o que viu imediatamente, pois aquela era a ordem dos fatos. Ele
abriu a boca para protestar, contudo não teve chance de fazê-lo. A jovem aproveitou o movimento
para beijá-lo.
Como afastá-la? Vindo de outra mulher o gesto seria ineficaz e amador na tentativa de fugir do
assunto, porém não vindo de sua Isabella. Ainda mais quando algo lhe dizia que o que ela lhe
revelasse seria realmente desagradável de ouvir. Uma vez que ela havia dito que lhe contaria, não
tinha motivos para deixar de aproveitar de seus lábios assim como não deixar que ela fosse bem
sucedida.
O corpo de Bella já reagia ao beijo quando Edward o interrompeu, como sempre, com vários beijos
leves. Como sentiu sua falta!... Quando abriu os olhos para encará-lo, ele já a fitava. Com a voz
levemente rouca concordou.
– Acho justo... Onde eu havia parado?
Bella lhe sorriu timidamente e disse.
– Na parte em que disse precisar de mim desde o primeiro momento. Mas... – ela o interrompeu. –
Já que essa é a hora das confissões, devo dizer que também não pude deixar de pensar em você
desde que nos vimos pela primeira vez na Cielo. – instintivamente Edward baixou os olhos e o
movimento não passou despercebido á Bella. – O que foi?
– Aquela não foi a primeira vez para mim. – disse sério, voltando a encará-la.
“Como não”?... Bella sentiu-se expectante, porém nada disse.
Edward pôde ouvir o acelerar de seu coração. Como ela nada dissesse, ele continuou.
– Eu a vi antes disso... Quando ficou até tarde da noite no Central Park.
O coração da jovem perdeu o ritmo de vez e em um fio de voz ela disse.
– Você estava lá?... – ele assentiu com a cabeça. – Então eu fui mesmo seguida?... Não foi somente
uma sensação em um sonho... Foi real...
– Sim... E me perguntei por muito tempo o que “você” estava fazendo ali tão tarde da noite. Nunca
pensou no risco que corria?
– Na verdade nem percebi o tempo passar...
Ainda tremendo, Bella se lembrou que ficara no parque até tarde, justamente perdida em
pensamentos sobre vampiros. Nunca poderia imaginar que um de verdade a observava. Então se
lembrou do tiro. Sabia que ele não poderia ser ferido, mesmo assim perguntou preocupada.
– Atiraram contra você aquela noite?
– Não. Eu atirei em Mike. – Edward viu o brilho inquiridor cruzar os olhos de Isabella, então
esclareceu. – Eu precisava encobrir minha mordida.
A jovem juntou as sobrancelhas.
– Não entendo. Você me mordeu inúmeras vezes, e mesmo assim eu nunca vi marca alguma.
Sem temer assustá-la, afinal ela já fora testemunha da ferocidade de um ataque, respondeu
acariciando seu pescoço.
– Com ele foi diferente. Não fui... Gentil.
– Ah... – ela exclamou ao entender.
– Não queria assustá-la aquela noite, mas precisava ser feito. Só então me lembrei que havia uma
garota no parque, mas não me preocupei, pois vi que ia embora... Não pretendia abordá-la. Você
seguiria seu caminho em paz. Então... – interrompeu-se por um instante para tomar uma mecha de
seu cabelo e levando ao nariz. – O vento trouxe seu cheiro. Um odor tão forte e inebriante que se
prendeu em minhas narinas e revirou meu mundo. Eu simplesmente precisava abordá-la.
Ficou evidente que a narrativa afetou á ambos. Se as palavras e os gestos não a excitassem, a
crescente pressão que certa parte do corpo de Edward fazia em suas nádegas se encarregaria de
fazê-lo. A narrativa detalhada não só a deixava em chamas como a fazia ver toda a cena. A jovem
estremeceu e todos seus pelos se eriçaram com a intensidade das palavras.
–E você me seguiu!... – disse com a voz incerta; o coração aos saltos.
– Sim... – declarou com a voz rouca; então contrariado, prosseguiu. – E a teria alcançado se o
maldito intrometido não tivesse aparecido.
Deixando-se levar pela excitação, novamente Bella reviveu as sensações daquela noite. A “força”
que a perseguia, o medo. Seu corpo com certeza sentindo a proximidade de alguém que se mostraria
importante á ela. Bella desejou que ele tivesse a alcançado.
– Edward eu... – ela gemeu levemente quando ele se moveu sob seu corpo.
O vampiro tentou bloquear as sensações que seu nome dito daquela forma lhe causava, assim como
o corpo quente junto ao seu. Agora que começou, queria ir até o fim, então a cortou gentilmente.
– Fiquei imaginando formas de encontrá-la depois daquela noite. Como disse, já havia gravado seu
cheiro, mas como era de se esperar choveu por toda a semana e isso apaga todo e qualquer traço dos
odores, então eu não tinha mais como procurá-la.
Isabella o ouvia com atenção.
– Eu mal pude acreditar quando a vi na casa noturna. Já havia desistido de você. Bom... Não
verdadeiramente, mas me enganava dizendo que sim. – então sentindo os resquícios de seu ciúme,
prosseguiu. – Mas você não estava sozinha...
– Nem você... – Bella retrucou sentindo o fio de uma lâmina afiada cruzar seu coração.
A princípio Edward não reconheceu o tom e alarmou-se. Não desejava que ela o acusasse de ter
matado Tanya novamente, porém ao avaliar seu rosto, sentiu seu ser envaidecer-se. Sua Isabella
estava com ciúmes.
– Não estava...
Acariciando o rosto dela, decidiu que diria a verdade. Talvez a reação de Isabella fizesse perdurar
por alguns minutos aquela sensação boa em seu coração. Edward jamais poderia imaginar que o
ciúme tivesse um lado agradável.
– Escolhia-a por aquela noite, como fiz nas anteriores, para tentar substituí-la. Ainda mais depois
que havia confirmado que você era de outro.
– Acho que não quero saber disso. – ela disse desviando o olhar.
Pouco lhe importava as mulheres que Edward teve antes dela, mesmo que ele alegasse que apenas
as escolhia “por ela”. Não mudava o fato que esteve com outra. Sabia que não poderia considerar
traição, mas seu coração não era racional e se oprimia. Então não queria mesmo saber. Era
extremamente ruim imaginá-lo com outras, ainda mais com aquela em questão. Tanya fora linda.
Edward aqueceu-se ao sentir as reações de Isabella á sua declaração. Deliciou-se ao perceber o fogo
crescente nos olhos castanhos e o rubor de suas bochechas. E, simultaneamente, inquietou-se. Sabia
o quanto aquele outro lado do ciúme era ruim e não gostava de vê-la sofrer. Então tentou
recompensá-la.
– Tanya era linda, não resta duvida, mas jamais seria capaz de substituí-la. – disse virando o rosto
dela pelo queixo para que o olhasse. – Desde aquele dia no parque você se tornou a única para mim.
Não me orgulho do que fiz, e naquela noite foi ainda pior, pois acabei por tirar a vida de uma
inocente enquanto experimentava pela primeira vez a forma mais violenta de ciúme por você.
Como não reagir àquilo?!... Edward matara aquela mulher linda por causa “dela”? Por estar com
ciúmes?... Antes que pudesse se aventurar em imagens que lhe mostrariam como ele havia feito
isso, foi invadida pela inquietação; não por sua falta de compaixão pela vitima, mas sim pela
preocupação por Edward. Lembrava-se que ele havia dito não matar inocentes. Ao que foi
confirmado por Alice.
Edward sentiu Isabella agitar-se em seu colo.
– Então a culpa pela morte dela foi minha, não sua...
– Não, não... – ele adiantou-se em acalmá-la. – Acho que nessa história não tem culpados. Você não
tinha como saber o que se passava; e eu não desejava matá-la tampouco. Foi mesmo um lamentável
acidente.
Edward estava certo, além do mais, nada poderia ser feito. Ao pensamento ela se lembrou de uma
coincidência. Não o condenaria, mas novamente não tinha como saciar sua curiosidade sem ser
direta. Então, esquecida de Tanya, perguntou.
– Como quase aconteceu comigo? Quando estive “doente”?...
– Sim... Como daquela vez. – Edward respondeu simplesmente.
– Eu poderia ter morrido também... – disse novamente de forma neutra.
Edward percebeu naquele instante que Isabela tentava não julgá-lo e esse fato novo e incentivou a
prosseguir.
– Estava com ciúmes... Acredite, não era minha intenção matá-la ou deixá-la fraca. Queria apenas
fazê-la parar de chorar... Incomodava-me.
Bella nem perguntou como ela não o vira em seu quarto. Tudo que conseguia pensar, com o rosto
em chamas, era que ele havia conseguido. Ela se lembrou do corpo nu e excitado sobre o seu a lhe
comprimir contra o colchão. Alguma coisa em sua cabeça lhe dizia que devia ficar ofendida pela
forma torta de aproximação, porém cada vez que pensava ou se lembrava de algum detalhe sentia-se
mais e mais quente. Edward acariciou sua bochecha.
– Não faz idéia do quanto senti falta desse ruborizar...
A jovem sentiu-se incapaz de dizer palavra. Lá estava a tensão estabelecida entre eles novamente.
De repente sentiu mais uma vez a pressão em suas nádegas e tornou-se perigosamente consciente
que estava em seu colo, tão próxima á ele. Como não dissesse nada, ele prosseguiu totalmente
controlado, como se nada estivesse acontecendo com seus corpos.
– Acredite. Nunca foi minha intenção enganá-la ou iludi-la. Como disse, apenas precisava estar com
você então me mantive por perto sempre que possível. Agi na maioria das vezes por impulso. E sei
que se pudesse voltar atrás, não faria nada diferente se as coisas acontecessem da mesma foram. Se
a conhecesse da mesma maneira. Então não vou desculpar-me pelas coisas que fiz.
Bella ouviu a declaração em silêncio. Todas as vezes que sentiu a aproximação, a observação... Era
Edward. Ela olhou o rosto á sua frente com maior atenção, tentando ignorar as reações de seu corpo
á ele. Edward não precisava desculpar-se, por nada que havia feito. Ainda mais quando suas
palavras brincavam na mente de Bella. Tudo que ele fizera fora por ela; sempre. A declaração
roubava seu fôlego. Precisava saber de tudo, instintivamente sabia que tinha mais a ser dito.
– Acredito em você... E sinto muito que tenha feito mal á moça por minha causa. – não sentia.
– Não pense mais nisso... – ele disse alheio ao seu breve pensamento. – Não podemos mudar o que
aconteceu.
Edward tinha razão. E ela realmente não queria pensar mais sobre aquele episódio. Preferia que ele
continuasse a narrar como a encontrou.
– E o que aconteceu depois?
Sempre acariciando sua bochecha – que Bella sabia ainda estar vermelha – ele contou-lhe o real
motivo de ter contratado seu namorado intrometido para seu escritório. Como o manteve afastado
dela para que ele tivesse uma chance de aproximação. A jovem ouvia á tudo fascinada. Quantas
coisas aconteceram á sua volta sem que ela soubesse. Á quanto tempo poderia estar com Edward se
não fosse cega e não se mantivesse presa á pudores ultrapassados e á um mentiroso como Paul. A
cada palavra do vampiro Bella sentia seu coração encher-se mais e mais de amor por ele. Edward
lutou por ela. Não fora de todo leal em suas batalhas, mas o ditado batido já não dizia que no amor e
na guerra tudo era valido?
Somente um detalhe em sua narração não coincidia com o que ele contava. Edward havia dito que
fizera de tudo para que Paul ficasse afastado, no entanto, ele fora em seu apartamento na noite
seguinte ao Halloween; fizera amor com ela de uma forma que agravou em muito seu estado depois
do rompimento sem explicação... Rompimento esse que ela sabia ter sido imposto por Edward.
Definitivamente alguma coisa estava errada ali... De repente algo estalou em sua cabeça. E se por
acaso...
Não; Bella pensou. Isso seria impossível, não seria? Mas... Ainda existiriam coisas impossíveis no
que se referia á Edward? Sentindo-se ser dominada pela curiosidade, perguntou cautelosamente –
não queria provocá-lo caso estivesse errada.
– Essas... Induções ás quais se referiu. Podem ser burladas?
Edward franziu o cenho em sua direção analisando seu rosto por alguns segundos, então, desistindo
de entender por conta própria e sem desejar falar da vez que ela despertou de uma, disse.
– Nunca soube ser possível... Por que pergunta?
– É que... – como lhe diria?
– Pode falar... Sem receios. Como já ficou claro, agora é a hora de acabarmos com todas as duvidas.
– ele a encorajou suavemente.
– Bom... – ela começou cautelosamente. – Não vá ficar bravo... Mas é que... Acho que esse seu
poder não é tão eficaz como pensa.
Edward franziu o cenho. Do que ela estava falando afinal? Havia se lembrado da ordem de Rosalie?
– Por que diz isso?
Bella deu um longo suspiro e disse de uma vez.
– É que “ele” não obedeceu a sua ordem em se manter distante. – nesse ponto Bella pedia
fervorosamente que estivesse certa em suas suspeitas, pois não desejava magoá-lo. – E foi ao meu
apartamento na noite seguinte ao Halloween.
A jovem lutou para não encolher-se em seu colo. Precisava estar certa; precisava. Com o coração
aos saltos olhava Edward diretamente nos olhos também resistindo ao impulso de desviar daquele
mar verde que começava a ficar revolto. Bela podia ver a transformação por que passavam. De um
verde límpido, começava a ficar escuro, como se a cor da borda de sua íris fosse avançando em
direção á pupila.
Ai meu Deus!... O que havia feito novamente. Não haveria perdão dessa vez por contar
indiretamente que ficara com Paul mesmo depois dele ter determinado que o outro não a procurasse.
Com o coração aos saltos e completamente arrependida em não segurar sua língua, Bella sentiu as
mãos frias segurarem seu rosto. O ar começou a lhe faltar.
Edward podia sentir seu corpo queimando. Agora sabia onde Isabella queria chegar com aquela
conversa; á sua primeira noite com ela. Á noite mais importante de sua vida junto com a aquela que
a teve lúcida. Entendia sua duvida. Se ele havia proibido o rábula de procurá-la, como ele o fez
mesmo assim? Algo lhe dizia que ela já sabia resposta, apenas relutava em aceitá-la por não saber
detalhes de todas as artimanhas dos vampiros. Pois ele lhe mostraria, ao invés de simplesmente
contar-lhe.
Sem soltar-lhe o rosto, firmemente seguro entre suas mãos, Edward lentamente baixou seu olhar
para a boca entre aberta de Isabella. Admirou-a como fez na primeira noite em seu apartamento,
como se fosse a primeira vez que a visse. A jovem não perdia um movimento seu então passou a
língua pelos próprios lábios. Como na primeira vez, ela passou a respirar com dificuldade.
Não esperaria que ela pedisse pelo beijo dessa vez, precisava mostrar-lhe. Sempre devagar,
aproximou a boca da dela e roçou-lhe os lábios com os seus. A essa altura o coração de Isabella
batia descompassado. O do vampiro também falhava algumas batidas. Controlou-se para manter o
foco. Era hora de revelar o que havia feito por ela não render-se á excitação crescente.
Então, como naquela primeira noite, lambeu os lábios de Isabella que, imediatamente, congelou em
seu colo. Ainda não queria saber sua reação por isso prosseguiu. Lambeu a boca amada uma, duas,
três vezes como da primeira vez antes de começar a chupar o lábio inferior. A jovem permanecia
paralisada enquanto ele o sugava com força, falhando completamente na tentativa de não excitar-se.
Seu membro pulsava.
Sem conseguir reprimir um gemido, acomodou-se melhor sob as nádegas de Isabella para que ela
sentisse o que um simples e breve contato era capaz de fazer com seu corpo, porém o movimento a
despertou do transe. Isabella agitou-se em seu colo. O vampiro a prendeu pela cintura, firmemente
sobre suas coxas e procurou seu olhar. Isabella respirava com dificuldade e o encarava com
incredulidade.
– Mas como...? – perguntou em um fio de voz. – Desculpe-me... Eu queria que fosse assim...
Sabia... Apenas não estava preparada como acreditei estar quando me dissesse a verdade... Como
aquilo foi possível, Edward?
Ignorando a reação, ele repetiu a fala da primeira noite com a voz baixa. Lembrava-a de cor.
– Eu estou pensando! – a jovem se calou, ele prosseguiu. – Se havia feito bem em “voltar” aqui...
Talvez devesse ir embora, mas finalmente você está tão perto... E esse seu...
– Era mesmo você! – Isabella o cortou, emocionada. – Era você aquela noite!
– Sim! – respondeu simplesmente.
Com as costas de seus dedos, Edward acariciou a lateral de seu pescoço com uma expressão
nostálgica. Bella estremeceu ao toque. Esteve á mercê de um vampiro, aquela foi a primeira vez que
o convidou a entrar; por sugestão dele, pois não estava inclinada á fazê-lo por achar a atitude de
“Paul” estranha. E agora o agradecia imensamente por isso. Como o amava!...
E, passado o choque da confirmação de uma transformação inacreditável, saber que fora ele todo o
tempo... Era um alivio. Edward era o responsável pelos momentos maravilhosos em seu sofá ou em
sua cama... Única e exclusivamente Edward!... Ao perceber a grandiosidade de sua atitude, Bella
segurou o rosto frio e amado entre suas mãos para encará-lo de forma intensa.
– Edward... Existe alguma coisa que você não faça por mim?
O vampiro disse sem pestanejar.
– Talvez eu não devesse responder, pois com minhas palavras me colocarei em suas mãos
definitivamente. Por outro lado, acho que é hora de admitir que apenas me enganei por algumas
horas, pois em nenhum momento retirei-me delas. Então... Não Isabella... Não existe nada que eu
não faça por você.
Bella não soube o que responder. Seu intimo gritava que o amava acima de todas as coisas. Mas
sentia-se ínfima diante de toda magnificência de Edward. Se não desejasse saber mais, se estivesse
pronta á arriscar sua vida naquele momento, falaria sobre sua marca, pois acreditava que somente
aquele gesto poderia provar que também estava disposta á tudo por ele. Porém acovardou-se. Não
tinha como prever sua reação. Amava-o; precisava dele. E o teria até o último minuto, então disse.
– Pois saiba que não está em minhas mãos. Está em mim e pode habitar-me sem receio, pois jamais
farei nada que possa feri-lo novamente e...
Teria completado com, “assim que eu estiver preparada, provarei o que digo”. Mas não teve a
chance. Antes que terminasse de falar tudo que desejava, foi beijada por um Edward sedento. Ele
prendeu seus lábios aos dela com força, paixão. Enquanto ele a reclinava sobre o colchão, ela
deixou que as línguas se encontrassem.
Isabella não precisava dizer mais nada, Edward lembrava-se bem de quando ela o convidou á
“entrar”. Deixar que as palavras dela povoassem sua mente e as mãos quentes aquecessem seu
rosto, foi a gota final para seu controle. Não importava mais o que ela lhe diria. Precisava dela
desesperadamente. Depois de gemer em sua boca enquanto tirava os sapatos com os pés, ele se
estendeu sobre o corpo amado. Não pôde deixar de notar que novamente ela estava envolta em um
roupão, como na noite em que de seu “convite”. E lá estava ela a novamente, não só demonstrando
como dizendo que ele vivia nela.
Sempre lhe explorando a boca, o vampiro acariciou a base do pescoço dela, insinuando os dedos
pelo tecido do roupão. Ele espalmou a mão sobre a jugular, se deliciando com o pulsar frenético do
batimento acelerado de seu coração. O corpo dela começava a ficar mais quente que o normal.
Como se não bastasse seu cheiro, agora Edward sabia, pelas reações que sentia, que Isabella o
desejava tanto quanto ele á ela. Sem nunca quebrar o contato das bocas, ele se comprimiu contra a
jovem; gemendo e apertando sua rigidez no corpo amado.
Isabella o correspondia apaixonadamente, mas ele não pôde deixar de reparar que não o tocava
como antes. Desejava sentir suas mãos quentes percorrerem seu corpo, mas novamente ela somente
acariciava suas costas e sua nuca. Nem mesmo abriu-lhe a camisa como anteriormente fazia. Ele
tentou não dar importância ao fato. Talvez ela estivesse apenas receosa, afinal ficaram separados
tempo demais. Com esse pensamento, ergueu-se sobre ela – como havia feito no chão da sala – com
ela entre suas pernas.
Com o coração acelerado pelo beijo, Bella não conseguia desprender os olhos da visão que era
Edward sobre seu corpo. Era tudo tão mais fácil quando estava em seus braços. Agora – passada a
valentia inicial e desesperada – quando ele se afastava daquela maneira tinha plena consciência de
sua condição imortal e se intimidava ainda mais diante dele. Antes, ainda começava a se habituar ao
homem; como seria agora com um vampiro? Edward era magnífico. Muito mais do que ela merecia
ou um dia sonhara em ter. Como pôde ser tão cega ao ponto de nunca ter recordado daquele corpo?
Nenhum outro jamais chegaria aos pés dele.
Alheio aos pensamentos da jovem, preso somente na visão do rosto corado, do corpo trêmulo ainda
envolto em seu roupão e ao cheiro que o torturava mesmo quando ela não esteve ao seu lado,
Edward começou a desabotoar a camisa molhada. Tê-la-ia de novo; tê-la-ia para sempre.
Eternamente, tão logo todas as dúvidas fossem esclarecidas e a transformasse; se possível, ainda
aquela noite. Nunca mais precisaria de artifícios; nunca mais sentira saudades.
Edward a encarava de um jeito que parecia ser capaz de devorá-la. Assisti-lo tirar a bendita camisa
estava minando suas forças. Agora mais do que nunca Edward era “demais”; muito além do que
qualquer mortal poderia suportar. Ao pensamento Bella teve a impressão que não resistiria muito
tempo. Mais um pouco dessas doses de “Edward” e seu coração humano pararia definitivamente.
Quando ele terminou de tirar a camisa, revelando seu peito forte e coberto de pelos escuros, Bella
prendeu a respiração e fechou o punho sobre a cama. Seus dedos formigavam por tocá-lo, porém ela
paralisara diante de tanta beleza. E sem sombra de duvidas, sua coragem era baseada na
proximidade. Ele precisava vir logo; mas não veio. Para sua condenação o viu abaixar os olhos para
o nó que mantinha o roupão fechado. Lentamente, assistindo ao que fazia, começou á desfazê-lo.
Seu coração falhou ao sentir os dedos frios tocarem sua pele quando ele separou as laterais da peça.
Mais uma vez Bella pôde ver os olhos verdes chisparam enquanto Edward avaliava a parte exposta
de seu corpo. Podia sentir aquele olhar fisicamente sobre seus seios então, por isso, os bicos se
eriçaram sem ser preciso o mais leve toque. Todo seu corpo vibrava em expectativa. A jovem sabia
que já se encontrava completamente úmida de desejo por ele, seu sexo pulsava dolorosamente
implorando por ser preenchido.
O vampiro prendeu a respiração ao terminar de abrir parcialmente o roupão e ver os seios de
Isabella. Eles subiam e desciam acompanhando a respiração incerta, excitando-o ainda mais. Ela
estava visivelmente mais magra, mas isso não afetava sua beleza em nada. Ainda sentado sobre o
quadril da jovem, Edward pousou as mãos espalmadas sobre as costelas dela. Deliciou-se ao vê-la
arfar quando as escorregou até a base de seus seios. Agora que poderia tocá-los sem receio, não se
privaria de fazê-lo.
Então os apertou gentilmente, sempre pela base. Os mamilos eriçados se tornavam cada vez mais
rígidos diante de seus olhos. Edward sentia a saliva em sua boca; precisava prová-los. Contudo
ainda queria provocá-la mais, então finalmente fechou as mãos sobre os seios tesos de desejo, os
bicos duros como pequenas pedras. Pedras preciosas para Edward. Assim como os gemidos de
Isabella eram como a mais bela música aos seus ouvidos e o odor que exalava de seu sexo era o
perfume mais raro e apreciado.
– Edward, por favor...
A jovem sabia que logo sucumbiria àquela tortura. Precisava dele, então, forçando-se á sair do
torpor, tocou suas coxas e as apertou. Subiu até um limite perigoso, mas novamente se acovardou ao
ver o volume do membro ainda aprisionado pressionando a frente da calça. Ao que tudo indicava
não era preciso tocá-lo, pois somente por “ameaçar” fazê-lo, Edward emitiu um gemido baixo e se
deitou sobre seu corpo para tomar um dos seios em sua boca.
Novamente Bella arfou com ao contato da língua fria em sua pele. Edward passou a sugar o mamilo
com vontade própria aos famintos. Como se, de provar seu seio, dependesse sua vida. Ao
pensamento, Bella se lembrou do que dependia a dela e, em um gesto rápido, estendeu o braço e
apagou o abajur. Imediatamente Edward ergueu a cabeça e tentou acender a luz novamente, porém
Bella tocou seu braço gentilmente e, imitando-o, pediu como na primeira vez que esteve com ela.
– Deixe assim.
– Mas eu quero vê-la. – ele disse a fala invertida.
Ao que ela retrucou intensamente.
– Não precisa disso... Basta sentir-me!
Edward sentiu o sangue ferver. Em parte por ciúme, pois ela recordava em detalhes uma noite em
que ele não era verdadeiramente “ele”. Mas Edward forçou-se em acreditar que de certa forma
Isabella sempre soubesse a verdade e por isso decorara as falas. E sim, ainda que fosse louco por
vê-la inteiramente despida, naquele momento bastava senti-la. E com esse pensamento, ele abaixou-
se novamente sobre seu corpo e procurou pelo seio para chupá-lo fortemente.
Bella moveu-se sob o corpo dele e acariciou-o na nuca. Então desceu as mãos por suas costas.
Novamente sentiu uma elevação sob sua palma. Agora sabia do que se tratava, mas ignorou-a;
precisava de Edward. Então, mesmo que ainda estivesse receosa em tocá-lo corretamente, ela
procurou pelo cós de sua calça molhada. Novamente não foi preciso ir além, pois Edward afastou-se
rapidamente e a tirou. O movimento foi tão rápido que ela nem ao menos sentiu sua falta. Em um
átimo ele estava ao lado dela, nu dessa vez.
As mãos tímidas de Isabella o torturavam. Agora não saberia dizer o que mais apreciava, se suas
caricias ou aqueles toques receosos. Ao mais leve resvalar de seus dedos na frente de sua calça ele
enlouquecera. E, uma vez que ela sabia de sua condição, livrou-se da peça em segundos, por isso já
estava ao seu lado, preparando-a ainda mais para recebê-lo. Novamente ele prendeu os lábios da
jovem. Brincava com a língua dela enquanto uma de suas mãos se aventurava pelo limite da
calcinha, insinuando-se até o vale de pelos entre as pernas dela.
Isabella gemeu alto, assim como ele, quando seus dedos tocaram no ponto inchado e sensível. O
vampiro interrompeu o beijo e prendeu a respiração ao senti-la úmida. A jovem se contorceu em sua
mão quando ele passou a estimulá-la. Sem poder resistir, Edward introduziu dois de seus dedos na
fenda convidativa. O cheiro que desprendia dela o fez desejar provar seu sabor mais uma vez;
novamente substituir seus dedos por sua língua, mas Edward deixaria para outro momento. Naquele
instante precisava estar dentro dela.
– Por favor, Edward. Por favor...
Isabella não precisaria implorar mais, ele também tinha urgência e não aguentaria esperar.
Impaciente, Edward partiu as laterais da peça mínima e a livrou da calcinha. Novamente seu cheiro
de fêmea torturava o animal que o habitava. Sua vontade era tomar-lhe de salto, mas conte-se dessa
vez. Posicionando-se sobre ela, deixou que seu membro rígido acariciasse sua entrada totalmente
úmida. Ela moveu o quadril em sua direção instigando-o e com um gemido gutural, ele enterrou-se
nela.
– Edward...
Ao ouvir seu nome, ele passou a mover-se, ritmadamente. As mãos da jovem não se aventuravam
por seu corpo, ainda assim o toque quente em suas costas o incendiava, fazendo com que Edward a
estocasse cada vez com mais vigor. Logo ela o acompanhava, movia-se com ele, enlouquecendo-o.
Senti-lo escorregar para dentro de seu corpo á inflamou; as sensações que aquele membro cheio e
forte lhe despertava a enlouquecia. A jovem separou mais as pernas para que ele fosse ainda mais
fundo em seu corpo, enquanto ela segurava firmemente os cabelos de sua nuca. Contraindo-se
involuntariamente, tornando-se mais apertada, senti-o inteiro. E mesmo enlouquecida como estava,
lembrou-se de um detalhe daquela primeira noite com ele. No auge da excitação todo receio se foi e
sem pensar no que fazia ou intimidar-se, cravou os dentes na base do pescoço dele.
– Ah, Isabella...
Edward urrou de surpresa e prazer quando sentiu a mordida de sua bruxa. Ela se lembrou!...
Naquela noite o pedido fora feito por impulso. Adorara a sensação e desejava por mais, porém não
poderia se trair. Agora ela o satisfazia por vontade própria; depois da mordida, sugava-lhe a pele.
Sua humana era incrível. Se fosse o momento daria seu sangue á ela, mas isso teria que esperar.
Alheia ao seu pensamento, novamente o mordeu agora no peito. Edward urrou alto e riu de puro
contentamento, começando a mover-se, furiosamente.
Enquanto a invadia, Edward manteve a cabeça dela presa por seus braços, junto ao seu peito. A
respiração cortada e morna passando por seus pelos o excitava. E para seu desespero, como sempre
não adiantou estar saciado. Inevitável desejou seu sangue; sentia falta dele. Mas não a morderia,
essa era sua palavra e seria cumprida.
Então, mordendo os lábios e ainda mantendo a cabeça dela longe de seus dentes, Edward a sentiu
chegar ao orgasmo. Seu gemido agoniado saiu abafado por seu peito. E gritando o nome dela, ele
acompanhou-a. Ao que tudo indicava, nunca estaria preparado para a força que a satisfação em
Isabella lhe trazia. Ainda estremecia sobre seu corpo quando sentiu que ela se agitava. Somente
então se lembrou que mantinha sua cabeça presa junto ao corpo. Temendo sufocá-la, deixou que ela
afastasse o rosto de seu peito. O vampiro percebeu com certo remorso que ela sorveu o ar como
uma provável vitima de afogamento.
– Desculpe-me Isabella. – disse apreensivo.
– Por...? – ela perguntou com a voz embolada.
– Pela impetuosidade.
Do que ele estava falando afinal? Não conseguia pensar com clareza. Depois do orgasmo intenso
que percorreu todo seu corpo, Bella sentia-se flutuar. Estava satisfeita consigo mesma por ter
quebrado uma barreira e tê-lo mordido. Edward era deliciosamente firme, vigoroso. Roubava-lhe as
forças, mas ainda tinha consciência. Talvez ele estivesse se referindo á quase matá-la asfixiada. Se
estivesse certa, ele não precisava desculpar-se. Até mesmo aquela breve privação lhe excitou.
Sentindo-se ser arrastada para o sono reconfortante, respondeu.
– Você é um vampiro... – ela bocejou sem conseguir conter-se. – Ser impetuoso faz parte do pacote.
Edward nada disse, pois sabia que ela tinha razão. Ainda assim riu da forma como ela colocou.
Como havia dito mais cedo, a jovem era absurda. Nas horas mais improváveis ela o fazia sorrir;
assim como o surpreendia. Podia sentir a pele formigando deliciosamente onde ela havia mordido.
Ao que tudo indicava, mesmo que inicialmente ela se mostrasse tímida, Isabella era uma promessa
de se tornar tão pervertida quanto ele futuramente. Com certeza ele adoraria descobrir se estava
certo na dedução.
E ainda sorrindo, ergueu-a para retirar a coberta debaixo de seus corpos e, depois de acomodado
com ela em seus braços, cobriu-os. Edward preferia estar em sua cama com ela, mas Isabella já
dormia e ele não quis perturbá-la. Na verdade, qualquer lugar que estivessem juntos seria perfeito.
Então, pousou a cabeça dela em seu ombro e permaneceu imóvel. Ouvindo sua respiração calma,
sentindo a quentura do corpo jovem junto ao seu, alimentando-se da presença da humana.
Sabia que não dormiria, talvez demorasse a ter coragem de fazê-lo por medo de despertar de um
sonho bom. Estreitando os braços á volta dela, Edward olhou em direção á janela. A chuva havia
dado uma trégua, contudo – pelos sons que se ouvia e pelos clarões espaçados, mas constantes – era
evidente que o pior da tempestade ainda estava por vir. O vampiro sentiu um calafrio cruzar sua
coluna depois daquela constatação e perguntou a si mesmo se inconscientemente não estava
prevendo tormenta, não climática, mas em sua própria vida.
Apenas uma hora depois Edward se sentia inquieto. Ao que tudo indicava a trégua havia terminado
e uma nova sequência de raios e trovões se aproximava. Mas não era somente a chuva que o
perturbava. Isabella estava de volta, ele estava satisfeito e completo, mas sua mente não lhe dava
sossego. Saber que havia se mantido longe apenas por um mal entendido começava a irritá-lo.
Perdera um tempo precioso para ambos, assim como deixara todos á sua própria sorte. Novamente
perguntava-se sobre seu intruso. De repente lembrou-se de Rosalie e pensou em Emmett. Se ele
amou verdadeiramente a vadia, como estaria sem noticias dela?
Assim que resolvesse toda questão com Isabella retomaria sua vida, seu posto como líder. Talvez
não o merecesse, visto que quase sucumbira á uma decepção amorosa, mas aquele era seu lugar e
sabia que dificilmente qualquer um deles o reclamaria. Ainda mais que, com exceção de Alice e
Jasper, ninguém tinha conhecimento dos motivos de seu afastamento. Para todos os efeitos ele
estava viajando. E mesmo que um dia soubessem, ele havia fraquejado por um sentimento nobre.
Não era sobre isso que falavam os sonetos? Então, ninguém poderia recriminá-lo.
Ao se lembrar do casal de amigos, Edward sentiu uma leve pontada de remorso. Eles vieram todos
os dias á sua porta desde domingo. Imploraram para que os deixasse entrar. Vieram juntos somente
uma vez, ao que Edward sempre deduzia que os horários alternativos de Alice se dava justamente
por ela estar tomando conta de Isabella. Edward sempre lhe seria grato pelo gesto. Não somente o
dela, mas de ambos. Eles eram bons amigos, mas ainda assim Edward não desejou vê-los, então
sempre se valeu de sua nova força para barrar-lhes a entrada. E era nesse ponto que agora se sentia
ligeiramente culpado. Talvez as visitas não tivessem somente á ver com ele e Isabella. Talvez
tenham precisado dele.
Cada vez mais inquieto Edward, acariciando o rosto de Isabella, beijou-lhe gentilmente o alto da
cabeça e começou a se afastar lentamente. Seria uma separação breve. Precisava saber o que havia
perdido, assim como precisava providenciar roupas para ela. E talvez o mais importante já que
pretendia voltar ao que era antes, precisava saber se sua cobertura estava recuperada para que
pudesse regressar levando a jovem consigo; tirando-a e saindo definitivamente daquela casa
infernal. Assim que a deixou sozinha sobre a cama, Edward sorriu satisfeito ao ouvi-la resmungar
algo ininteligível e acomodar-se no travesseiro.
– Serei breve. – prometeu.
Dito isso, saiu do quarto e se dirigiu á sala que havia montado para ser seu escritório anos atrás.
Talvez encontrasse lá o telefone que o infernizou por quase uma hora na noite de domingo. Onde os
amigos estavam com a cabeça afinal? Se não atendera á porta por que seria diferente com o
aparelho irritante? Sorte não ter tido sequer ânimo para caçá-lo a parti-lo ao meio. Agora precisaria
dele visto que seu celular havia virado um amontoado de peças tão logo ele apagou o numero do
aparelho de Isabella.
Edward correu escada abaixo. Ainda não havia estado na casa naquela nova temporada deles em
Nova York, Alice sempre se encarregara de cuidar da residência, assim como tudo referente á ela
então não sabia o que encontraria. Antes de abrir a porta do cômodo, Edward acreditou que talvez o
encontrasse como da última vez que esteve nele, mas logo viu que estava enganado. Alice era
eficiente. O cômodo não só estava bem mantido, como se apresentava como um verdadeiro
escritório. O computador não era de um modelo recente, mas Edward acreditava que funcionava,
assim como o telefone disposto ao lado.
Ligou imediatamente para a amiga. Depois de dois toques Alice atendeu.
– Edward! – exclamou. – Finalmente!... E então? O que aconteceu? Como está Bella? Você não...?
– Calma Alice. – Edward pediu.
– Como posso ter calma? – ela disse ainda nervosa. – Eu não deveria ter deixado a maluca aí com
você.
– Se for seguir esse raciocínio você nem deveria tê-la trazido. – disse sério.
– Certo. Como se fosse fácil dizer não á ela. Uma vez, na hora da raiva, tudo bem... Mas vê-la
implorar não é agradável. Essa semana foi extremamente difícil.
Mesmo que indiretamente, Edward gostou de saber do comportamento de Isabella. E ele entendia a
amiga, mas sabia que a semana dela foi praticamente um passeio no campo se comparada á dele.
Ninguém gosta de passear no inferno. Contudo não diminuiria a “dor” da vampira.
– Entendo Alice. E pode acalmar-se de verdade. Nada de ruim aconteceu.
– Nossa definição de “ruim” pode ser diferente. – disse ela seriamente. – Como está a garota?
– Bem... – Edward começava a achar graça de sua preocupação.
– Droga Edward. Não seja insensível. Eu me sinto responsável... Pelos dois, acredite. Mas você é de
longe o que tem menos á perder.
– Sua premissa não é verdadeira. – cortou-a sério novamente. – Acredita que se eu tivesse feito algo
á ela estaria aqui, conversando tranquilamente ou sentindo-me melhor de alguma maneira? Minha
vida está ligada á dela. Se eu a matasse morreria logo em seguida. Nunca sairia vencedor nessa
história.
– Conto sempre com isso! – e então, conciliatória, disse. – Só estou preocupada, não leve em conta
o que digo. E é óbvio que nada aconteceu.
– Evidente. – disse simplesmente. – Isabella está bem. Está dormindo agora.
Alice nada disse por alguns segundos.
– Sentimos sua falta Edward.
Enquanto ele, debilitado, não percebeu o que havia deixado para trás. Somente sentira falta de
Isabella. Não seria nada fraterno se dissesse isso.
– Estou de volta agora. – então, lembrando-se do motivo da ligação, disse. – E como estou de volta,
gostaria que me dissesse o que perdi. Por que vieram aqui? Foi somente por minha causa ou havia
acontecido alguma coisa?
– Tem certeza que quer falar disso agora?
– Se tiver algo importante á dizer, sim.
– Bom... Ontem foi noticiada a morte de outra garota... Jessica Stanley.
Edward franziu o cenho.
– Essa eu não conheço.
– Eu também não... Mas nosso intruso já havia matado pessoas não relacionadas á você antes...
Acho que agora ele esteja somente querendo aterrorizar mesmo. E está conseguindo. É sutil, mas as
ruas á noite estão ficando mais vazias.
Edward respirou fundo antes de perguntar sobre o que realmente o incomodava.
– E quanto á Isabella... Alguma aproximação? – Alice ficou em silêncio, alarmando-o. Então
ordenou impaciente. – Fale Alice.
– Cuidar dela foi tranquilo... – começou receosa. – Mas ontem havia alguém na porta do jornal.
Edward sentiu o aperto em seu peito.
– Quem?
– Eu não vi. Apenas senti o cheiro. Foi rápido. Eu estava esperando pela saída de Bella para segui-la
como vinha fazendo todos os dias quando o vento mudou de direção denunciando nosso intruso.
Perdi minutos preciosos decidindo se continuava com ela ou seguia a pista.
– E então? – ele a encorajou lutando contra a inquietação.
– Bella saiu com um colega de trabalho. Achei que não teria problemas deixá-la por algum tempo e
segui o cheiro, mas ele se perdeu sem que eu visse quem era.
Edward já não ouvia.
– Isabella saiu com quem?
– Ah não... – exclamou Alice. – Disso eu não senti falta... Foco Edward! Até onde sei, ele é só um
colega que lhe deu uma carona. E não acredito que ela fosse até aí arriscar levar uma bela mordida
no pescoço se estivesse interessada em outro. Faça-me o favor.
Certo. Edward sabia disso, mas era mais forte do que ele. Era instintivo ter ciúmes de Isabella.
– Então você perdeu o rastro? – ele perguntou como se não tivessem se desviado do assunto.
– Perdi. – disse e se calou.
– Só isso? – Edward perguntou desconfiado.
– Sim.
– Por que eu tenho a sensação que tem mais á me dizer?
– Não sobre esse assunto.
– Sobre o que então?
– Tantas coisas... Acho que seria melhor conversamos pessoalmente. Não acho que nada vá mudar
até que volte definitivamente. Resolva seus assuntos com Bella. Prefiro que faça isso
tranquilamente. Depois você se ocupa de nosso intruso.
Alice estava certa. Não quisera saber de nada nos últimos dias e – ainda que novamente se
interessasse – não poderia fazer nada para mudar o que quer que tenha acontecido. Era
desnecessário arrumar mais problemas.
– Está bem... – ele aquiesceu. – Jasper está aí com você? Gostaria de falar com ele.
– Não está... Eu avisei que levaria Bella até ai, então ele foi ocupar-se de outro assunto.
– Qual?
– Edward... Depois conversamos... Não se preocupe com nada até estar conosco novamente.
Acredite... Está tudo sob controle. Ou melhor... Tudo como sempre esteve.
– Não tenho o direito de duvidar. – ele disse simplesmente. – Eu os deixei. Desculpe-me por isso.
– Não se desculpe. Sei que Jasper e eu faríamos a mesma coisa caso perdêssemos um ao outro,
assim como sei que você estaria lá por qualquer um de nós, então... Vamos apenas esquecer essa
fase, está bem?
– De acordo.
– Volte para sua Isabella e tente resolver tudo da melhor maneira possível, sim?
– Farei isso, mas antes preciso lhe pedir um favor...
– Ah... Já está pronta. – Alice cortou-o.
– Minha cobertura? – como ela poderia saber o que ele perguntaria?
– Seu apartamento ficará pronto em dois ou três dias. Estou falando da mala de Bella.
– Você é impossível Alice! – ele permitiu-se sorrir.
– Sou somente prática e profunda conhecedora de Edward Cullen. Se você não a “jantasse”
provavelmente iria querê-la por perto. E como acredito que ela também deseje o mesmo, achei
melhor ficar preparada. Assim não precisariam sair daí. Mas não se preocupe que não vou
incomodá-los. Deixo a mala na porta e saio de fininho. Como se tivesse visto uma gravata na
maçaneta.
– O velho universitário agradeceria muito á descrição.
Ambos riram com o gracejo e despediram-se. Contudo, ao recolocar o fone no gancho, Edward já se
encontrava sério novamente. Começava a se dar conta do quanto fora inútil naquela semana. Não se
recriminava por seus amigos, pois todos saberiam se defender. Sentia apenas por ter deixado
Isabella na dependência de Alice. A vampira era uma boa amiga, sempre poderia contar com Jasper,
mas não apaziguava o que começava sentir. O intruso estivera cercando a jovem em seu serviço.
Como ignorar esse fato?
Bufando exasperado, Edward se dirigiu para a sala. Precisava pensar e acalmar-se, somente assim
poderia voltar para junto de Isabella. Os trovões da nova etapa da tormenta começavam a ficar mais
próximos uns dos outros. Logo a chuva torrencial cairia mais uma vez. Seus olhos já haviam se
habituado aos lampejos azulados e assim, entre um clarão e outro Edward pousou o olhar no seu
velho piano. O vampiro aproximou-se lentamente, sentindo o chão sob os pés descalços; o ar em
volta de seu corpo nu. Não acreditava que o instrumento estivesse afinado. Depois de levantar a
tampa, correu os dedos por algumas teclas. O som produzido o fez encolher-se.
Estava ali uma boa distração. Era uma peça antiga, possuía apenas oitenta e cinco teclas. Se não
havia perdido o jeito em menos de trinta minutos o teria pronto para seu uso. De repente soube
exatamente o que tocaria ao final do serviço. Subitamente animado, obrigou-se a esquecer o mundo
fora daquela casa. Decidido, Edward foi servir-se de uísque antes de procurar pela pequena chave
para a afinação. Ao encontrá-la, imediatamente se pôs ao trabalho. Músicas tocadas ao piano não
tinham o poder de acalmar Isabella? Com certeza uma em especial faria o mesmo pelo vampiro
aquela noite.
****************************************************************************

Notas finais do capítulo


aff... estou tão acostumada com momentos tensos que tenho medo de me perder nos
ternos... desculpem se ficou "açucarado" demais... logo eu volto ao normal... rsrs Espero
que tenham gostado... please... comentem... :D relutei em deixar spoiler, mas como
deixei na comu vou deixar aqui tbm... "Sentindo o coração falhar algumas batidas,
desceu os olhos por seu colo até encontrar os seios. Perfeitos. As aréolas e os mamilos de
um caramelo róseo que contrastava com brancura de sua pele. Fascinado, Edward
reprimiu o desejo de tocá-los e afastou da mente o sabor impresso em sua língua. Ele
sentiu os primeiros sinais de excitação. Respirando fundo, prosseguiu baixando o olhar
pelo corpo amado até o ventre liso. Nesse momento, algo além desse ponto lhe chamou a
atenção. O sangue de Edward congelou em suas veias." Sim... hora da marca... preparem
o core... Até semana que vem... :)

(Cap. 43) Capítulo 14 - Parte II

Notas do capítulo
Boa noite meus amores...Obrigada á todas pelos reviews, as indicações e atenção que
têm com a fic e comigo... S2Agora vamos lá... Trouxe um capítulo novinho em folha...
Tenso, mas necessário. Espero que gostem... :)nos vemos lá no final..BOA LEITURA!...

Bella acordou com a ausência de som. Como se algo que embalasse seu sono tivesse sido
interrompido subitamente. Ela precisou de alguns segundos para perceber onde se encontrava. Ao
lembra-se sorriu satisfeita, espreguiçou-se sob a coberta e tateou a cama á procura de Edward;
estava sozinha. E nua; o contato do tecido com seu corpo ainda sensível fez com que uma leve
corrente de excitação corresse por suas veias. Assim como a lembrança de tudo que Edward fez por
ela. Estremeceu somente por recordar que quase colocara todo esse amor á perder. Subitamente
sentiu falta de Edward; precisava estar com ele.
De repente o clarão de um raio iluminou o quarto ao que foi seguido pelo estrondo do trovão. Bella
assustou-se. Apesar de não gostar de trovões, nunca tivera medo de tempestades, mas aquele
cômodo com mobília antiga perturbava seu imaginário. Outro clarão seguido do som próximo de
mais um trovão; teria sido esse o som que a despertara? Com o coração apreensivo, Bella
escorregou para fora da cama, aproveitou a claridade súbita para procurar pelo roupão que usara.
Encontrou-o aos pés da cama. Depois que o vestiu seguiu descalça para a porta.
O chão do corredor estava frio, mas Bella não se importou. Ignorou até mesmo seu estomago que
novamente protestava por falta de comida. Estava mais preocupada em encontrar Edward. Não
sabia ao certo onde procurar naquela casa grande e escura. Quando se perguntava se deveria voltar
para a cama e esperá-lo o som de acordes encheu o corredor. A música tocada ao piano era suave e
melodiosa. Ainda que á poucos minutos estivesse dormindo, soube que fora a ausência daquele som
que a despertara. Agora sabia onde encontrar Edward. Com o coração aos saltos, seguiu para a
escada. Aproveitava a claridade dos raios que entrava pelas vidraças dos quartos para ver onde
pisava.
Quando chegou ao limite da escada, Edward ainda tocava. O som enchia toda a sala espaçosa. O
teto alto naquele ponto propiciava a boa acústica tornando a música ainda mais bonita. Segurando
firme no corrimão, Bella desceu os degraus. Ela sabia que sua presença era conhecida, porém
Edward não falhou uma nota. Continuou a tocar como se ela não estivesse ali. Bella lamentou não
poder surpreendê-lo; nunca. Bom... A vida não poderia ser perfeita quando se estava apaixonada por
um vampiro. Sorrindo de sua piada íntima e infame, ela se aproximou lentamente de Edward
tomando o devido cuidado de não tropeçar em nenhum dos móveis pesados e antigos.
Bella não podia ver Edward claramente. Infelizmente, o clarão dos raios não chegava até ele.
Quando a luz súbita e passageira iluminava a sala apenas a silhueta de seu dorso podia ser
adivinhada. Tateando pelos móveis pesados, Bella seguiu até ele. Com o coração tamborilando em
seu peito, parou ao lado de Edward. Antes que Bella dissesse qualquer coisa ele perguntou sem
interromper-se ou voltar-se para ela.
– O que é engraçado?
Não se admirou por ele tê-la ouvido; respondeu.
– Nada de mais. Bobagem minha.
– Acho que posso conviver com suas bobagens... Conte-me.
– Eh... Apenas achei engraçado meu pensamento de que nunca vou poder surpreendê-lo. Afinal...
Seus sentidos são aguçados, não são?
– São... – disse simplesmente ainda tocando. – Mas você, na maioria das vezes, me surpreende!
Bella deixou o comentário passar. De toda maneira, não saberia o que responder. Com certeza ele
estava apenas sendo gentil. Bella sabia que nunca fora uma mulher de grandes surpresas. Na
verdade, “na maioria das vezes” ela era bem previsível. Sem perceber suspirou entristecida. Se não
tivesse certeza do amor do vampiro por ela seria capaz de acreditar que Edward cansasse dela um
dia.
– O que a entristece?
– Não estou triste. – mentiu. – É essa música...
– Você não gostou? – ele interrompeu seu dedilhar perfeito voltando-se para encará-la.
– Não, não é isso! – ela disse apressada. – Ela é perfeita! Por favor, não pare!
Os raios ainda iluminavam parcialmente a sala. Bella não conseguia ver-lhe a expressão, mas podia
sentir aqueles olhos em seu rosto. Soube que corava imediatamente quando suas bochechas
queimaram.
– Por favor, não pare! – pediu novamente em um sussurro.
Edward voltou-se para o piano. Logo a música envolveu a sala, livrando Bella da inspeção
constrangedora daquele olhar.

http://www.youtube.com/watch?v=so6ExplQlaY

– Fico feliz que tenha gostado. – ele disse em um tom rouco e estranho. – Fiz para você!
Bella sentiu como se seu coração fosse saltar pela boca. Edward fizera uma música para ela?! Quais
as chances? Quando, em suas fantasias juvenis mais delirantes, pôde se imaginar na casa de um
vampiro apaixonado por ela? Milhões de vezes essa era a resposta. A única diferença era que o
vampiro de seus delírios era fictício e interpretado por Brad Pitt. Pobre Brad... A beleza do ator era
mínima se comparada á de um vampiro real.
Tudo era nada se comparado á ele. Justamente por esse motivo a verdade fora tão assustadora e
chocante. Edward era perfeito; movido por sentimentos extremos. Amante habilidoso e atencioso.
Vampiro sanguinário e letal. Por instinto, poderia tirar-lhe a vida, mas amava-a incondicionalmente
e ainda lhe fazia músicas! Se as coisas não terminassem bem, sentiria sua falta.
– Ela é linda! – disse comovida ao se aproximar das costas dele para tocar timidamente seus
cabelos.
Edward nada respondeu, apenas permaneceu a tocar. Aproximando-se ainda mais, Bella continuou a
acariciar-lhe os cabelos. Os fios eram macios e escorregavam entre seus dedos. Ela se aventurou a
tocar-lhe o rosto. Pena que a claridade azulada dos relâmpagos não lhe permitia enxergá-lo
nitidamente. Fechando os olhos, sorriu. Ah... A boa e velha confiança vinda com a proximidade.
Já estava com saudades de tocá-lo. Felizmente conhecia cada milímetro dele; estava gravado em sua
mente a ferro. Com as pontas dos dedos, ela procurou por seus traços. Sem se importar se
atrapalharia ou não, tocou-lhe as pálpebras, o nariz bem desenhado, as bochechas. Seu sorriso
alargou-se ao receber um leve beijo nas pontas dos dedos ao acariciar-lhe a boca máscula.
Contornou-lhe o queixo marcado, desceu as mãos por seu pescoço e ombros. Quando as desceu
pelas escápulas largas Bella alcançou a ligeira elevação em uma delas. Logo abaixo do ombro
esquerdo havia uma quase imperceptível trama sobre a pele lisa; algo como uma cicatriz extensa.
Edward prendeu a respiração quando Bella correu os dedos pelo padrão.
A reação dele enregelou seu coração. Ele era quase sempre inabalável!... A mudança deixava claro
que a marca tinha um significado importante para ele. A reafirmação muda das palavras de Alice a
inquietou. Contudo, percebendo que ele respirava normalmente, tentou acalmar-se. O momento de
contar-lhe estava cada vez mais próximo. Quando ele chegasse veria o que fazer. De repente ela
ficou curiosa em ver o desenho dele. Tinha certeza que ele não lhe estragava a beleza da pele. Antes
de contar-lhe tentaria vê-la. Decidida, continuou a acariciá-lo. A jovem fez o caminho de volta para
sua nuca e, preparava-se para tocar em seus cabelos, quando o ouviu dizer.
– Do quê tem medo Isabella? – apesar da seriedade, seu tom parecia divertido.
Os dedos da jovem congelaram onde estavam.
– Eu?! Medo...? – disse sem jeito. Então pigarreou e tentou parecer firme. – Não tenho medo de
nada!
Edward sorriu levemente. Pelo som Bella sabia que se tratava de um daqueles sorrisos tortos
massacrantes. Seu coração falhou uma batida apenas pela lembrança. Ele prosseguiu a despeito de
sua reação.
– Minha adorável mentirosa e covarde Isabella. – ele sorriu mais uma vez e disse. – Prossiga!
Explore-me!
Outro trovão então a chuva prometida começou a cair com força. Os pingos grossos batiam nas
vidraças tornando o clima ainda mais inusitado e inquietante. “Explore-me”. Como se fosse fácil.
De toda forma, fácil ou não, Bella queria aquilo. E mesmo que fosse mentirosa e covarde como ele
havia dito, queria mostrar que não se intimidaria facilmente. Desejava tocar uma extensão maior
daquela pele fria e novamente firme, macia ao toque. Sem responder-lhe – afinal ele estava certo –
Bella encheu-se de coragem própria aos desafiados. Sem dar-se tempo de pensar no que fazia
retomou de onde havia parado.
Apenas pela antecipação sentiu-se excitada. Tentando ignorar os tremores traidores de seu corpo e
seus dedos, correu as mãos pelos ombros largos a sua frente. Ela as escorregou pelos braços dele,
então, temendo atrapalhar a música recuou sentindo uma vez mais os músculos definidos e fortes.
Edward permaneceu a tocar como se ela não estivesse ali. Sua presença marcante a desconcertava.
Sentindo as pernas fracas, ela se sentou no espaço vago ás costas de Edward.
Tomou cuidado para que seu corpo não se encostasse demais ao dele. Depois de sentada sentiu-se
mais confiante, então seguiu com seus carinhos para o peito de Edward. A jovem arfou ao sentir os
mamilos mínimos em suas palmas. Depois de acariciá-los, deixou-as espalmadas – uma sobre a
outra – na altura do coração. Bella gostava daquelas batidas fracas e compassadas. Seria estranho se
elas não existissem. De repente sentiu que o coração imortal falhou algumas batidas. Bella
envaideceu-se por saber que possuía esse poder sobre ele.
Naquele instante pediu silenciosamente que o amor dele fosse suficiente para conservá-la viva.
Tentando não se apegar em esperanças que talvez se mostrassem vãs, ela obrigou-se a pensar no
tinha naquele momento. Então, recomeçou a mover as mãos pelo peito largo. Deixou que seus
dedos se enroscassem nos pelos por um tempo, puxando-os levemente antes de descer lentamente
em direção ao abdômen por aquele caminho que tantas vezes lhe tirou o sono. Talvez tenha sido
impressão sua, pois aconteceu simultaneamente a um trovão, mas á Bella apareceu que Edward
falhara uma nota.
Impressão ou não, Bella gostou daquilo. Porém envergonhou-se da liberdade que estava tomando.
Sem querer dar mostras de seu constrangimento infundado e ainda desejando não se acovardar,
Bella espalmou as mãos no abdômen esculpido de Edward. Então, escorregou-as para lateral do
corpo perfeito. Quando as insinuou nos quadris dele seu sangue congelou nas veias; Edward estava
nu. Bella permaneceu paralisada por alguns segundos sentindo o pulsar de seu sexo. Respirando
com dificuldade, disse a si mesma que não havia motivos para envergonhar-se. Não depois de tudo
que já haviam feito.
Bella estava queimando apenas por tocá-lo. Precisava senti-lo. Queria mais daquilo que sempre
conseguia nos sonhos e que teve depois de acordada. Suspirando, desceu as mãos até as coxas de
Edward a as acariciou. A melodia ainda enchia a sala assim como o som da chuva e dos raios.
Aproximando-se um pouco mais, Bella comprimiu os seios contra as costas frias ao mesmo tempo
em que lhe beijava o ombro e aspirava ao odor agradável. Edward passou a dedilhar o teclado com
maior rapidez. Satisfeita, ela sorriu em sua pele e o beijou mais uma vez antes de levar as mãos
espalmadas até o limite da virilha. Sabia que o encontraria rijo ao seu toque.
Titubeou por um segundo, gemendo levemente em antecipação. Então o tocou. Subitamente a
música foi interrompida com o som produzido pelas mãos espalmadas de forma brusca sobre varias
teclas. Satisfeita, Bella passou a massageá-lo lentamente. Edward emitiu um ruído estranho, como
se reprimisse seus rosnados. Naquele instante a jovem se desconheceu. Não pelo latejar entre suas
pernas, mas pela saliva em sua boca. Pela primeira vez ela desejou conhecer o sabor daquela porção
masculina.
Definitivamente Edward a enlouquecera. Assustada diante daquela vontade nova e perturbadora,
Bella retraiu-se e interrompeu a leve masturbação que lhe aplicava para apertar-lhe as coxas
definidas. Novamente o piano reproduziu um som estranho quando foi tocado por dedos que
correram pela maior quantidade de teclas que eles puderam alcançar enquanto Edward se virava
bruscamente.
Bella se viu empurrada para fora do banco, porém, antes que caísse foi amparada pelas mãos fortes
de Edward e trazida, como se não pesasse mais que uma pluma, para seu colo. Ela arfou com o
susto e ao ter a rigidez comprimida contra suas nádegas. Edward a segurava pela lateral da cabeça
enquanto procurava seus lábios para beijá-la com urgência ao encontrá-los. A jovem correspondeu
ao beijo apoiando as mãos em seu pescoço. A língua fria do vampiro explorava cada canto de sua
boca, exigindo maior entrega de sua parte. Gemendo, ela intensificou o beijo.
Quando estava prestes a sufocar, Edward lhe liberou os lábios para beijar seu pescoço. Com uma
das mãos a mantinha ereta sobre o colo segurando em suas costas enquanto que a outra abria a
frente do roupão. Com a peça aberta, Bella a tirou de seu corpo permitindo que Edward lhe
acariciasse os seios. Ela queimava ainda mais com o toque dos dedos frios que apertavam seus
mamilos. E temeu uma combustão espontânea quando ele deslizou a mão por seu ventre e a tocou
intimamente. Ainda torturando-a, insinuando seus dedos para dentro de seu corpo, o vampiro disse
com a boca em seu pescoço.
– Você é uma bruxa Isabella!
– Como...? – ela perguntou confusa, arqueando-se em sua mão e pendendo a cabeça para trás para
que ele tivesse melhor acesso.
– Você é uma bruxa provocadora! – ele gemeu antes de descer os lábios até um seio.
– Eu não entendo... – murmurou.
Era extremamente difícil pensar em alguma coisa quando aqueles dedos a tocavam daquela maneira
e, ao sentir a boca fria a sugar-lhe o bico enrijecido, Bella nem se deu conta das palavras ditas ou
ouvidas. Na verdade não se esforçava em entender. Apenas sentia as reações do seu corpo. E se
obrigava a respirar.
– Provoca-me com essas mãos macias e quentes em meu corpo. – ele acusou. – Oferece e toma;
avança e recua. Deseja matar-me.
– Apenas obedeci. – defendeu-se debilmente.
– Sim! – disse ele rolando a língua sobre um mamilo. – Obedeceu-me, agora!... – então beijou o vão
entre os seios. – Encantou-me, antes!... Prendeu-me a sua vida até o fim de meus dias!
Bella não gostou das palavras. Ele cobriu o outro mamilo com a boca e passou a sugá-lo
lentamente. Um calafrio de mau pressentimento – ou seria de êxtase? – correu pela espinha da
jovem apenas para dissipar-se nas chamas que queimavam em seu intimo. Edward continuou a falar
roucamente enquanto sugava-lhe ou beijava-lhe a pele sensível.
– Mandou-me ao inferno. Transformou minha vida em trevas e a perspectiva da eternidade vazia.
Fez-me um miserável, fraco e inútil por dias. Fez-me odiá-la... Tramar matá-la para que não fosse
de nenhum outro!... Apenas para desejá-la ainda mais apenas ao vir aqui... Com apenas umas
poucas palavras... Com apenas um toque!... Bruxa!
– Não me importo em seu sua bruxa... Se me fizer sua... Por favor...
– Para sempre Isabella! – disse roucamente.
Sem forças para esperar mais, Edward a ergueu e colocou sobre seu colo da maneira correta. Da
forma que seus corpos se encaixassem como desejavam. Com os joelhos apoiados ao assento do
banco, Isabella abaixou-se sobre o membro rijo do vampiro. Ambos arfaram quando os corpos
estavam finalmente unidos. Ele a amparava pelas costas. As teclas do piano protestaram quando
Edward se recostou contra elas para que a jovem pudesse se mover livremente sobre seu corpo; para
que comandasse.
Á muito seu animal interior estava enlouquecido com o cheiro dela, com seus toques provocativos.
Sua boca enchia-se de saliva no desejo insano de mordê-la. Essa vontade era agravada quando as
sensações liberadas ao sentir a fenda úmida a apertá-lo e deslizar sobre seu membro corriam por seu
corpo. Os gemidos altos liberados por Isabella o instigava ainda mais. O vampiro urrou em agonia
genuína, travando os lábios para não ceder á tentação de prová-la.
Com as mãos apoiadas contra o peito de Edward, sentindo a batida errática do coração do vampiro,
Bella começou a se mover lentamente á princípio; deixando que seu corpo se acostumasse ao
volume; permitindo-se deslizar por toda sua extensão até que começou a imprimir maior
velocidade. Ainda que agora estivesse alheia aos trovões e á chuva, não perdia um som sequer que
escapava pelos lábios de Edward.
Não eram simples gemidos e sim urros; grunhidos. Contidos talvez na esperança de não assustá-la.
Porém ela não o temeria por isso. Ao contrário. Cada lamento bestial a inflamava fazendo-a
intensificar as investidas contra ele. Edward a completava. Se havia se tornado um animal quando
fora transformado em vampiro sem duvida havia se tornado o melhor deles; o verdadeiro macho
dominante. Faltava apenas um detalhe para provar tudo que ele tinha a oferecer; para o momento
glorioso ser pleno.
Enlouquecida de desejo se ouviu pedir com a voz sumida e rouca.
– Morda-me!
– NÃO! – a negativa saiu misturada á um rosnado por entre os dentes de Edward.
– Por favor, morda-me!...
Bella choramingou sentindo que seu corpo logo cederia ao prazer. A jovem queria sentir como era
ser mordida; provada. Assim como desejava que Edward soubesse que confiava nele;
incondicionalmente.
– Prometi a mim mesmo não fazê-lo. – ele grunhiu.
– Por favor... Sei que não vai fazer mal á mim... – disse lançando a cabeça para trás. – Prove-me...
Sua pulsação estava acelerada, Bella sabia que suas veias deviam estar pulsando frenéticas. Edward
não poderia negá-la mais uma vez. Ele estava satisfeito, não haveria perigo. E ele já o fizera
inúmeras vezes. Ela precisava apenas se entregar de todas as maneiras. Edward grunhia sem nada
dizer.
– Por favor... – ela passou a mover-se lentamente, contraindo-se na tentativa de retardar sua
satisfação.
Por alguns segundos, tudo que Bella pode ouvir foi o som da tempestade que caia lá fora. Parecia
que o tamborilar de seu próprio coração poderia ser ouvido. Então, quando acreditou que não seria
atendida, Edward soltou um urro sofrido e ergueu o dorso em direção ao seu corpo a prendendo em
seus braços de ferro. As teclas do piano reclamaram mais uma vez ao serem liberadas de seu peso.
Segurando-a com uma das mãos pelos cabelos da nuca, Edward afastou uma mecha da lateral de
seu pescoço. Primeiro ele o cheirou em sua extensão; arrepiando-a. Depois lhe lambeu a base antes
de finalmente morder. Bella arfou em antecipação á dor que não veio. Tudo que sentiu foi um roçar
de dentes em sua pele e então, o sugar lento e compassado. Parecia que ela podia sentir o sangue
sendo drenado pela boca fria. A sensação era luxuriante; excitante.
Como estivesse paralisada, deixando-se levar por aquele sugar lascivo, Edward, com a mão livre a
segurou pelo quadril fazendo com que recomeçasse os movimentos. As sensações por seu corpo se
intensificaram. Sua cabeça rodava ao passo que seu corpo todo parecia receber descargas elétricas
em toda sua pele. Sem qualquer aviso, sua mente explodiu em mil cores e seu corpo foi
violentamente sacudido por espasmo de prazer. Teria gritado se ainda tivesse forças ou ar em seus
pulmões.
Ainda tremia quando Edward lambeu a base de seu pescoço onde a havia mordido. Afundando a
cabeça em seus cabelos logo em seguida, ele a segurou pelos quadris com ambas as mãos e a
manteve se movendo sobre seu corpo. Sem acreditar que ainda fosse possível, ao ouvir os urros de
Edward e sentir que ele satisfazia-se com igual intensidade, Bella teve seu corpo percorrido pelos
tremores de um orgasmo ainda mais poderoso e múltiplo. Ela sentiu-se fraca, com o coração aos
saltos. Sua cabeça deu uma volta vertiginosa. As janelas iluminadas pelos raios deram um giro de
trezentos e sessenta graus. Então a escuridão a engolfou.

Seu corpo ainda vibrava por Isabella quando ela desfaleceu em seu colo. Edward precisou ser
rápido para ampará-la, trazendo-a para seu abraço. Manteve-a firmemente presa ao seu corpo
enquanto ele próprio se recuperava da intensidade do ato sexual. Não precisava preocupar-se.
Baseado na respiração acelerada e nos batimentos cardíacos, sabia que Isabella apenas “desligara”.
Seu corpo humano não estava preparado para a força do que partilharam. Edward sorriu satisfeito e
cheirou-lhe os cabelos. Como esperar o contrário se até mesmo sua estrutura imortal estava
inusitada e visivelmente abalada.
Possuir Isabella daquela maneira intensa e prová-la com seu consentimento, fora talvez, melhor que
todas as outras vezes. Edward ainda saboreava o gosto de seu sangue em sua boca; sentia na pele o
toque suave, hesitante e quente das mãos de sua amada. Chamara-a de bruxa porque era exatamente
o que ela era. A bruxa mais linda e adorada que poderia existir e ser capaz de enlouquecê-lo. Teve
um momento, minutos antes, quando ela tocou a marca horrenda em suas costas que o encheu de
prazer.
Edward admirou-se com a sensação. Nunca gostava de ser tocado naquele ponto, muito menos que
fosse visto. Isabella já havia passeado as mãos sobre a cicatriz, porém, daquela vez, os dedos que
tateavam como que á procura de uma forma distinta tiveram o poder de queimá-lo. Quando ela
despertasse deixaria que visse o desenho estranho em sua pele. Isabella seria a primeira mortal á vê-
la. Sua bruxa sempre teria todos os direitos sobre ele.
E o que dizer de seu pedido para que provasse seu sangue? Quantos dias e noite Edward esperou
por isso? Todos desde que última vez, mesmo que tivesse prometido. Afinal não fora ele que sempre
burlava a palavra dada desde quando a deixou enfraquecida por ter passado dos limites. Ter que
conter-se – ainda que ás vezes tomasse doses ínfimas – exigiu um grande esforço de sua parte.
Como havia dito, por vezes, Isabella o surpreendia. Quando a voz suplicante lhe chegou aos
ouvidos ele lutava intimamente com a vontade de mordê-la, temia exceder-se. Porém como negar
algo que ambos desejavam? Jamais poderia!
Suspirando, acomodou melhor Isabella em seus braços, ergueu-se e seguiu em direção á escadaria.
A chuva ainda caia pesadamente; os relâmpagos iluminavam os cômodos escuros e as vidraças
trepidavam ao som dos trovões. Todos esses fatores – em uma casa velha e odiosa – conferiam ao
cenário um toque de terror. E ele, o vampiro, carregava a donzela indefesa para sua alcova. Edward
sorriu com o pensamento.
Ao chegar ao seu quarto, ele a depositou gentilmente sobre a cama espaçosa. Afastou-lhe os cabelos
do rosto, então depositou a mão em seu colo, na altura do coração. Ele deixou-se embalar por
aquela batida que confirmava o som em seus ouvidos. Isabella estava apenas exausta; respirava
normalmente. Ele estendeu-se ao seu lado tomando o cuidado de não encostar-se ao corpo da
jovem. Já fora bem complicado subir as escadas com ela quente e macia junto á si. Edward
perguntava-se como seria possível desejá-la ainda mais logo depois de alcançar o paraíso.
Talvez fosse essa a questão. Com Isabella seu corpo e sua mente iam á lugares que nunca fora com
nenhuma outra; mortal ou imortal. Ela sempre seria seu vício. Ele sempre desejaria mais. De
repente um novo clarão encheu o quarto, iluminando seus corpos sobre a cama. Edward teve um
vislumbre breve e nítido da silhueta de Isabella nua. Então se lembrou de seu desejo ainda não
realizado. Nunca a vira inteiramente despida. Com exceção ao elevador e á vez que a tomou de
bruços em seu quarto, todas as outras em que estiveram juntos estava escuro e Isabella não estava
consciente de sua companhia como naquele momento. Agora ela lhe pertencia; estava em “sua”
cama.
Edward tentou refrear sua curiosidade, esperar até o momento em que ela despertasse. Contudo,
sabia que não conseguiria. Estendendo a mão para a parede ao seu lado, tocou no interruptor que
acendia as arandelas dispostas ao lado de sua cama. Logo a luz fraca iluminou o aposento.
Prendendo a respiração, Edward voltou-se lentamente em direção ao corpo de Isabella. Forçou-se a
admirá-la aos poucos. O rosto, mesmo conhecido não fugiria á analise. Ele percorreu os olhos pelas
pálpebras lilases, pelo nariz altivo, pelos lábios entreabertos agora em um tom de rosa mais escuro
depois da violência de seus beijos.
Sentindo o coração falhar algumas batidas, desceu os olhos por seu colo até encontrar os seios.
Perfeitos. As aréolas e os mamilos de um caramelo róseo que contrastava com brancura de sua pele.
Fascinado, Edward reprimiu o desejo de tocá-los e afastou da mente o sabor impresso em sua
língua. Ele sentiu os primeiros sinais de excitação. Respirando fundo, prosseguiu baixando o olhar
pelo corpo amado até o ventre liso. Nesse momento, algo além desse ponto lhe chamou a atenção. O
sangue de Edward congelou em suas veias.
Á frente do quadril esquerdo, á mesma altura dos pelos pubianos de Isabella, estava sua
condenação. Edward sequer percebeu como fora parar junto á parede. O ar tornou-se rarefeito.
Olhava para a jovem adormecida em sua cama, em choque. Ainda que estivesse longe, podia
enxergar com perfeição as linhas claras que determinavam o fim de tudo que sonhara ter com
Isabella. Um instinto animal rugia em seu peito clamando proteção.
“...somente alguém com a marca como a sua poderá subjugá-lo; derrotá-lo”. A voz de Zafrina
praguejou em sua cabeça.
O som de um trovão o despertou do transe. De repente o ar lhe faltou, o cômodo se tornou pequeno
demais. Obrigando-se a desviar os olhos de Isabella, saiu correndo da suíte. Indo até o quarto de
hospedes, procurou por sua calça – não poderia sair nu, pois não sabia aonde iria. Quando a avistou,
pegou-a e de um salto deixou também aquele cômodo. Precisava de ar.
Desceu os degraus já vestido. Quando deu por si, estava em seus jardins sob a chuva torrencial.
Parou exatamente naquele ponto; não conseguiria ir á parte alguma. Os raios cortavam o céu de
Nova York, porém Edward não os via; assim como não ouvia o estrondo dos trovões. As únicas
coisas que percebia eram os rugidos em seu peito e a pele marcada de Isabella em seus olhos. Seria
alguma piada macabra? Ou algum castigo por anos de crueldade, perversão e lúxuria?
Edward não saberia dizer. Saindo da paralisia, passou a andar de um lado ao outro, o coração
dilacerado. Doía-lhe mais que nos dias que fora abandonado por ela. Marcada!... Sua Isabella! Por
quê?... Edward passou as mãos pelos cabelos e as fechou em punho, puxando-os pela raiz. Queria
causar-se dor. Qualquer dor que livrasse seu coração daquele ataque. Porém nada era comparativo.
Nenhuma dor infringida ao seu corpo seria capaz de salvá-lo do sofrimento atroz.
Urrando ao ser transpassado pela dor lancinante que o atordoava, Edward se obrigou á sair do
perímetro da casa. Não confiava em si mesmo. Saiu para a rua – descalço e sem camisa – movido
pela raiva e o desespero. Acometido pela cegueira própria aos loucos, seguia sem rumo. Com a
chuva incessante e o adiantado da hora, as ruas estavam praticamente vazias. Apenas duas ou três
pessoas passaram por ele sem que o vampiro as percebesse. Tanto melhor, pois Edward não
respondia por si. Seu pior lado; o irracional, irascível, auto-protetor vinha á tona mais uma vez.
Por que contê-lo, sufocá-lo e tentar ser justo se ao final era recompensado daquela maneira? Se as
barganhas não existiam, não havia motivos para fazer distinção entre suas vítimas. E uma vez que
estava sendo punido, porque aquela era sim a pior punição de todas, ele não precisava mais ser
seletivo. Poderia matar qualquer um que cruzasse seu caminho. Poderia, mas mesmo mergulhado
em seu conflito mental, em seu resto de sanidade, Edward sabia que fazê-lo não resolveria seu
impasse.
O animal sedento por sangue e morte rosnou em seu peito. Ele não clamava por outras; exigia a
dona da marca. Isabella. Mas o vampiro ainda não sabia se poderia entregá-la. Como poderia? Qual
a lógica em matá-la para proteger-se se, assim que ela partisse, ele morreria logo em seguida?
– Ei você. Parado!
Edward ouviu a voz de comando logo depois do som da sirene ao seu lado e do motor do carro que
agora o seguia vagarosamente, porém ignorou-a e seguiu seu caminho; fosse ele qual fosse. Não
estava na sua melhor noite. Seu peito ainda liberava os rosnados e seu instinto pedia ação; morte.
– Por acaso você é surdo? Mandei parar. – naquele instante o vampiro estacou; “Que seja!”.
A viatura policial parou ao seu lado e dois policiais vieram até ele sob a chuva. Sem cerimônias um
deles o empurrou pelo ombro em direção á parede. Evidente que seu corpo não se moveu um
milímetro. O homem franziu o cenho como se perguntasse o motivo de não ter conseguido tirar seu
suposto meliante do lugar. Não chegou á nenhuma conclusão, então, recuperado ordenou.
– Mãos na parede.
O vampiro podia sentir a força raivosa borbulhando em suas veias. Sustentando-lhe o olhar – sem se
importar com a água que corria por seu rosto – Edward perguntou contido e desafiador.
– E por que eu faria isso?
– Por que eu estou mandando. – disse o homem rudemente.
Edward olhou de uma ao outro, então voltou a encarar o policial que lhe falava desde a abordagem.
– Esse motivo não é suficiente. Agora se me derem licença, adoraria seguir meu caminho em paz.
Então lhes deu as costas, fazendo menção de sair dali. Puro teatro. Sabia que não seria liberado. Riu
sem achar graça alguma ao ouvir as armas serem engatilhadas.
– Parado aí drogado de merda.
Novamente Edward parou reprimindo os rosnados em seu peito. Aquela era a verdade; ele era um
drogado. Irremediavelmente viciado naquela que tinha o poder de destruí-lo. O advogado riu com
escárnio ao pensamento. Afinal como não percebera antes? Não era exatamente aquilo que as
drogas faziam com seus usuários? Dava-lhes prazeres imensuráveis; viagens alucinantes até que os
matasse?
– E não me dê as costas quando falo com você. Vire-se e apóie as mãos na parede.
De olhos fechados, sentindo os pingos da chuva fustigarem seu corpo, Edward tornou a ficar sério.
Cerrava e abria os punhos furiosamente. Seu animal clamando por sangue. De Isabella; sua heroína
preferida. O único que ele não poderia dar-lhe...
– Obedeça de uma vez eu não...
O policial não terminou a frase. Ao sentir a aproximação e ter seu ombro tocado pelo humano,
Edward voltou repentinamente e o prendeu pelo pescoço. Seu parceiro sequer teve chances de
defendê-lo deixando cair arma que empunhava no momento em que o vampiro, mesmo de onde
estava o sufocou com um aperto esmagador em sua garganta apenas reproduzindo o gesto á
distância.
Não se importava que estivesse na rua; não se importava que fosse visto, não se importava com
nada. Como não havia necessidade de encarar o policial que sufocava, Edward focou toda sua
atenção no homem que prendia pelo pescoço em sua mão.
– Ás vezes senhor, é saudável deixar um “drogado” seguir seu caminho quando ele lhe pede tão
educadamente.
A tentativa para liberar-se, assim como a falta de ar o deixava o policial com o rosto vermelho.
Edward podia sentir o fluxo de sangue.
– Agora, por sua falta de educação serei obrigado a ficar e acredite nenhum de nós dois queria isso.
Sem dizer qualquer outra palavra, sem induzi-lo á dormir como, generosamente, havia feito com
suas outras vitimas mais cedo naquela noite, Edward o mordeu. Sugou-lhe o sangue sem nenhum
cuidado, realmente como um animal; dilacerando a carne. Antes que terminasse de bebê-lo o
homem já estava morto. Edward o largou aos seus pés e voltou-se, com os olhos em chamas, para o
parceiro que assistia á tudo horrorizado. A boca, o queixo e o peito estavam sujos de sangue, mas
Edward não se importava.
– O que eu faço com você agora? – perguntou sombriamente.
Sua próxima vítima nada poderia responder presa como estava, mesmo assim ele prosseguiu.
– Tem família senhor? Esposa, filhos... Talvez um pai ou uma mãe, ou ambos... Se eu o liberasse
poderia voltar para eles e seguir com sua vidinha mortal e entediante... Gostaria disso?
O homem apenas sufocava com seu aperto. Ao liberá-lo, o policial caiu de joelhos, tossindo e
tremendo violentamente.
– Responda! – Edward vociferou. – Gostaria disso?
Não teve resposta. E preso em sua dor e loucura, Edward respondeu por ele.
– Evidente que gostaria. Quem em sã consciência não desejaria ter uma vida estável e previsível
onde pudesse envelhecer e morrer em paz? Onde não precisasse lidar com problemas que iam além
de sua compreensão; na maioria das vezes, sem solução? Onde pudesse viver ao lado da mulher que
ama sem temer ser destruído por ela?
O homem tossiu mais algumas vezes, então, ainda respirando com dificuldade o encarou.
– Então é verdade? Você existe mesmo... Todas as mortes... Foi você!
Com a pergunta alarmada, Edward gradativamente voltou á si. O que estava fazendo expondo-se
daquela maneira? Fugindo ao seu próprio controle daquela maneira? Estava agindo como seu
maldito intruso, talvez sendo pior do que ele. Mortalmente arrependido por seu destempero, o
vampiro nada respondeu. Apenas ordenou que o homem esquecesse e saísse dali; fosse para casa.
Depois da partida cambaleante do policial, o vampiro olhou em volta. Subitamente, Edward sentiu
repugnância pela cena e de si mesmo, então apenas procurou pela câmera que gravava todas as
abordagens dentro do veiculo e, depois de achá-la e destruí-la, seguiu seu caminho rapidamente,
deixando o corpo do policial onde estava. Não suportaria tocá-lo.
Tomou o caminho de volta ao seu inferno. Estava claro que não poderia fugir de seu problema. E
agora ele estava pior do que antes. Arrependera-se de ter matado um inocente, mas seu animal ainda
se encontrava indócil. Como havia pensado antes, matar qualquer outro não mudaria o fato que era
Isabella que teria que ser morta. Era ela que carregava o dragão como o seu. Mais uma vez, a voz
agourenta de Zafrina chegou-lhe aos ouvidos.
“Somente alguém com a marca como a sua poderá subjugá-lo...”
“Nada me impede de acabar com qualquer um que tenha essa tal marca a que você se refere”.
Ele respondera arrogantemente na ocasião e como havia dito, o fizera. Matara três mulheres que
carregavam a marca como a sua – uma delas por engano. Com todas elas a reação fora imediata.
Então, com exceção á Maria e, mesmo com o breve e estranho envolvimento com Valerie, matou a
todas sem remorsos. Mas Isabella?... Como poderia tirar-lhe a vida? Ao matá-la, destruiria á si
mesmo. Ele a amava!
Ou não?... Subitamente um pensamento novo lhe ocorreu. E se o que sentia pela jovem fosse
alguma influência da tal marca? E se estivesse “realmente” enfeitiçado?... Talvez fosse essa
exatamente a questão. Se o que sentia não era verdadeiro, se a matasse estaria livre; toda dor e
inquietação desapareceriam como mágica. Talvez, depois de tudo terminado, sentisse por ela apenas
o que sentia pelas outras.
Edward chegou ao seu portão e de um salto o transpôs. A chuva havia tirado todos os vestígios de
sangue de seu corpo; estava limpo no corpo, não na alma. Novamente o animal inquieto protestou
em seu peito pedindo para ser preservado de qualquer ameaça. Á cada segundo, enquanto avançada
em direção á casa, alimentava aquela nova hipótese. Cada vez mais acreditava ter encontrado sua
resposta. E só haveria uma forma de saber. O vampiro deixou sua boca encher-se de saliva. Seria
rápido. Não precisava ser cruel. Faria como fez com todas as outras. Isabella estava dormindo em
sua cama então, tudo que precisava fazer era beber-lhe o sangue doce até que ficasse para sempre
em sono eterno. Sim, seria exatamente o que faria.
Decidido Edward retornou para o interior da casa. A água da chuva escorria-lhe pelo corpo
deixando grandes poças por onde passava. Apesar de sua certeza em matá-la, não teve pressa em
chegar ao andar superior. Seguiu lentamente pela sala, então para o andar de cima. Encontrou
Isabella ainda deitada, porém ela havia se mexido. A jovem estava deitada de lado, os cabelos
castanhos espalhados pelo travesseiro. E mesmo que agora estivesse coberta, a marca ainda era
visível para ele uma vez que estava gravada em sua memória.
Ela estava ali, no monte alto que o quadril dela formava; zombando dele por todas as vezes que
esteve com ela sem nunca enxergá-la. Enfeitiçado, iludido. Cego pelo amor á Isabella. Edward
acreditou que o destino encarregou-se de enganá-lo dessa vez, já que destruíra duas enviadas do
inferno para subjugá-lo. De certa forma, reconhecer era um alivio. Não estava sendo punido afinal,
apenas sendo trapaceado. Contudo ele viraria o jogo e sairia vencedor mais uma vez.
Estava parado ao lado da cama a olhá-la quando de repente, lentamente, Isabella abriu os olhos e
procurou por seu rosto. Antes que os olhares se cruzassem ela sentou-se bruscamente na cama
puxando o lençol para cobrir-se. O lado apaixonado de Edward perguntou-se como viveria sem seus
pudores. Seu instinto animal lhe disse que viveria como sempre viveu; livre e senhor de suas
vontades.
Ajoelhando-se sobre o colchão Isabella aproximou-se dele, perguntando alarmada.
– Edward por que saiu novamente nessa chuva?
– Foi preciso... – respondeu simplesmente olhando fundo nos olhos castanhos da jovem. Como ser
senhor de suas vontades sem eles?
Bella sorriu nervosamente, porém aparentemente satisfeita com a resposta pouco explicativa.
– Pelo menos você não pode ficar doente, não é mesmo? – disse estendendo a mão e tocando seu
peito molhado.
– Não mais doente do que estou agora! – ele disse sombriamente.
Instantaneamente seu lado animal gritou em seu peito. “Faça o que tem que ser feito Edward”!
Sim. Não poderia se deixar vencer por algum feitiço antigo ou ser engano pelo destino. Já não
provara o poder destruidor que Isabella tinha sobre ele? Não pensou em cravar uma estaca em seu
próprio coração depois que ela o rejeitou e teve certeza que ela não voltaria? Como não conseguiu
fazê-lo, quase não se deixou morrer a míngua? O tempo de desejar morrer por ela havia chegado ao
fim. Sem se importar por estar molhado e muito mais frio que o normal, acariciou o rosto de
Isabella. A jovem estremeceu ao seu toque. Timidamente ela disse.
– Adoro quando me toca com seus dedos frios, mas agora você está realmente congelando. Por
acaso se Importaria em tomar um banho quente para... Voltar ao normal? – então ela lhe sorriu
receosa.
Não, ele não se importaria. Ainda que ela fosse a chave para sua destruição, jamais tiraria sua vida
de forma desconfortável. Havia matado todas as outras com amor, por que com Isabella seria
diferente? Mesmo que seu instinto estivesse cada vez mais inquieto, clamando por sua vida, Edward
se controlaria e a teria uma vez mais. E havia experimentado tantas coisas novas com Isabella que
poderia se dar ao luxo de uma última intimidade.
– Não me importo desde que você venha comigo.
Edward lutou para ignorar o rubor que cobriu o rosto de Isabella.
– Quer que eu vá tomar banho com você? – perguntou em um sussurro.
– Se não se importasse.
De repente uma parte de Edward desejou que ela não aceitasse. Que fizesse como na semana
passada e fugisse dele. Porém seu outro lado, seu instinto de sobrevivência, disse-lhe que seria
inútil, ele a caçaria dessa vez. Isabella não teria mais como escapar-lhe. De toda forma, nem seria
preciso, pois com um sorriso tímido – e incerto? – ela anunciou.
– Eu adoraria.

O que mais ela poderia fazer? Como disse á Alice, ninguém fugia ao seu destino e a hora de
enfrentar o seu havia chegado. Ao acordar nua sobre a cama de Edward, no quarto iluminado e
sozinha, soube que sua marca fora descoberta. Ao perceber o óbvio, estranhou apenas a ausência de
Edward. Não soube definir se sua saída era um indicio bom ou ruim. Tentou apegar-se que era bom,
pois Edward, ao ver sua pele maculada, não agira instintivamente como Alice disse que aconteceria.
E sair para ponderar significava que ele não tinha certeza do que fazer.
Contudo isso foi antes, quando estava sozinha naquele quarto imponente. Agora, com Edward
molhado e de expressão carregada diante de si, estava claro que esteve pensando á respeito. E, por
mais que ele não tivesse lhe respondido corretamente, Bella sabia que ele havia tomado uma
decisão. Por breves instantes, ela percebia um brilho incerto nos olhos verdes, mas a dureza
predominante lhe dizia que não deveria ter esperanças. Poderia argumentar; implorar misericórdia
até que lhe dissesse não ser perigosa de forma alguma para ele, porém as palavras não vinham. Se
em todo tempo que pensou, Edward acreditou que ela pudesse feri-lo, nada mais poderia fazer.
– Vamos. – ela chamou saindo da cama.
Trêmula, a jovem se enrolou melhor no lençol e seguiu ao banheiro, sempre seguida por um Edward
taciturno. Contudo, ele a seguiu tão lentamente que, quando chegou ao batente, ela já ligava o
chuveiro. Bella podia sentir fisicamente seu olhar intenso sobre si, acelerando o pulsar de seu
coração. Não tentava acalmar-se, pois usava todo seu controle para não deixar que lágrimas
teimosas corressem por seu rosto. Seria forte. Depois de tudo por que ele passou, era o mínimo que
poderia fazer para compensá-lo.
Assim que aprovou a temperatura da água, ela voltou-se para ele. Sem encará-lo, Bella deixou que o
lençol escorregasse por seu corpo, então entrou no Box. Como aquele era seu último momento com
ele tentaria aproveitá-lo ao máximo. Lembrava-se de todas as três vezes. Edward não a mataria
simplesmente; ele a amaria antes. Realmente Bella não conhecia outra forma melhor de partir. E
seria breve. Ela sempre voltaria. Só poderia esperar que voltasse sem a maldita marca da próxima
vez. Suspirando resignada, sem voltar-se, disse com toda firmeza que conseguiu encontrar.
– Pode juntar-se á mim. Estou pronta!
****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Todas respirando?... Tomando folego pra xingar a pobre autora?... Seria justo, mas me
defendo... uma parte importante como essa não caberia em um único capítulo... tive que
dividir em dois...
Bom... sei que pouco ou nada ajuda, mas vou deixar um spoiler que talvez ajude a
esperar o próximo com o core quase em paz...
" Amo você... Edward!... (...)Se você acredita ser o certo... Faça!... Nunca o culparei...
Somente... Sentirei sua falta meu amor!...
Meu amor. As palavras ecoaram em seus ouvidos. O vampiro hesitou. Antes que
percebesse, lambeu-lhe a ferida e mordeu o lábio inferior tocando a pele dela, contendo-
se. Ainda com o rosto no vão de seu pescoço, perguntou roucamente.
O que disse?
Que eu te amo!... ela repetiu em um fio de voz subindo as mãos dos ombros até os
cabelos dele. E que sentirei sua falta..."
Agora é aguardar... Até a semana que vem... Please... comentem... :)

(Cap. 44) Capítulo 15 - Parte II

Notas do capítulo
Oi meus amores...
Como sempre vou começar agradecendo os reviews... todos, mas hoje principalmente
àquelas que me deram os reviews atrasados... Adorei!

Bom... Espero que vcs gostem do capítulo... Vejo-as no final!...

BOA LEITURA!...

Sem imaginar seu estado de espírito, pensou o vampiro, Isabella saiu da cama e o chamou para
acompanhá-la. Enrolou-se melhor no lençol e rumou para o banheiro; seu coração batia
descompassado – provavelmente resquício de seus pudores. Ele a seguiu lentamente em silêncio.
Quando chegou a porta ela já ligava o chuveiro. Imóvel onde estava ele a viu experimentar a
temperatura da água. Após um minuto, aparentemente satisfeita, Isabella evitou olhar em sua
direção, deixou que o lençol caísse aos seus pés e entrou no Box. Ainda sem olhá-lo ela disse.
– Pode juntar-se á mim. Estou pronta!
Aquela era sua deixa. Preparando-se para lhe proporcionar a melhor despedida, Edward entrou no
banheiro e, depois de tirar a calça encharcada, se juntou á ela. Naquele instante a jovem procurou
por seus olhos. Havia algo diferente neles, Edward não percebeu o que poderia ser. Sempre mirando
seu rosto, Isabella abriu passagem para que ele se colocasse sob o jato de água quente. Edward
deixou que esta batesse em sua nuca, também sempre encarando a jovem.
Nenhum dos dois nada disse. Na verdade, a parte do vampiro que ainda desejava que ela fugisse
ficou, subitamente, com receio de tocá-la. Como se não confiasse em seu lado ruim; como se não
fosse capaz de conter-se e fosse atacá-la violentamente. Ainda alheia a sua intenção, Isabella tomou
a iniciativa de aproximar-se. Com as mãos trêmulas, tocou seus cabelos.
– Estão frios.
Dito isso, ela fez com que ele colocasse a cabeça sob a água e começou a massagear-lhe os fios de
acobreados, como se os lavasse. Edward fechou os olhos ao toque ritmado, tentando gravá-lo na
memória, não precisava ter pressa. Depois de alguns segundos, lentamente, ela baixou as mãos por
sua nuca, pela lateral de seu pescoço, então as desceu até seu peito. Ele podia ouvir-lhe o coração
acelerado, sentir seu tremor. Resolveu aproveitar cada instante daqueles últimos carinhos. Como ele
não se movesse, a jovem aproximou-se ainda mais e tocou seu peito com a boca. Sem se importar
com a água que caia em seu rosto, começou a beijar-lhe a pele, a lamber-lhe os pelos e puxá-los
com os lábios.
Edward espremeu ainda mais os olhos quando o conhecido calafrio desceu por usa coluna e fez seu
membro pulsar. A voz animal ordenou. “Mate-a, mate-a antes que seja tarde”. Ainda ouvia a voz em
sua cabeça quando Isabella alcançou um de seus mamilos e passou a mordê-lo levemente. Com a
imagem dela em sua mente, tardiamente Edward reconheceu o brilho em seus olhos castanhos; era
decisão. Que hora propícia para deixar de ser covarde. Agora, Isabella sugava seu mamilo mínimo
como havia feito da primeira vez que a fez sonhar com ele.
O vampiro gemeu em deleite e agonia; aquele não era o momento de recordar o tempo passado com
ela. Era hora de despedir-se e, ao que tudo indicava, aquela seria a melhor de todas as despedidas.
Teve seu pensamento confirmado, quando a jovem desceu uma das mãos por seu abdômen, e dessa
vez, sem hesitar o tocou intimamente. Sem conseguir conter um grunhido, cerrou os punhos e
assim, com as mãos fechadas, Edward se apoiou contra o vidro do Box e os azulejos. Evidente que
àquela altura já se encontrava completamente excitado; sua masculinidade, totalmente ereta, rígida,
latejava por ela. Ainda assim a jovem passou á estimulá-lo ainda mais.
Sentindo o movimento ritmado da mão pequena e quente o vampiro passou a respirar com
dificuldade. Começava a travar uma luta interna entre o desejo de possuí-la para acabar com seu
sofrimento de uma vez por todas e o de se deixar ser explorado por ela; realmente não era preciso
pressa. Ele estava adorando os breves calafrios de excitação que corriam seu corpo pela
proximidade confiante de Isabella. Pensando bem, talvez aquela não fosse a melhor hora dela sentir-
se á vontade com ele. Ainda que perceptivelmente trêmula, sua bruxa estava ousada,
experimentando-o como ele havia pedido há pouco em sua sala. A água quente caindo em seu corpo
era uma carícia extra e potencializava tudo que ela fazia, dificultando seu raciocínio, quase
atordoando seus sentidos.
Gentilmente Isabella o empurrou para trás. Ele cedeu até que encostasse á parede de azulejos, então
ela começou a descer os lábios por seu caminho de pelos. Beijou seu umbigo. Quando a boca tocou
a base de seu abdômen e seu membro roçou a lateral do rosto dela, Edward prendeu a respiração.
Aquilo não poderia estar acontecendo! O vampiro permaneceu completamente imóvel; expectante.
A humana o provaria; havia sonhado com aquilo! E agora seria de verdade. Ainda se lembrava dela
em seu sonho – vestindo apenas as malditas meias pretas – quando sentiu a boca hesitante cobrir
sua glande.
Sim!... Aquela seria a melhor de todas, pois teria tudo de Isabella. Mais uma vez sentiu-se dividido.
Seu instinto gritava enraivecido enquanto sua porção apaixonada se deixava envolver pela sensação
que os lábios delicados e a língua áspera lhe causavam. Ainda sem se mover, soltou um grunhido
abafado por entre os dentes ao sentir-se deslizar lentamente para o interior da boca quente. Foi
impossível conter o urro agoniado quando Isabella passou a sugá-lo compassadamente e comprimir
a parte excedente entre sua mão. Naquele segundo suas duas versões duelaram e gritavam em seu
peito. “Mate-a”!... “Conserve-a”!
Quando Edward percebeu, segurava Isabella pelos cabelos. A intenção era fazê-la parar – era
preciso raciocinar – porém ele se viu ajudando-a. A humana gemia, ele não saberia dizer se de
prazer ou dor, pois com certeza lhe puxava alguns fios de cabelo. Juntando toda sua força, baixou os
olhos para ver o que ela fazia; guardaria aquela visão para sempre. A boca deslizava ao longo de seu
membro com destreza, trabalhando harmoniosamente em conjunto com a mão. A cena o excitou
ainda mais. E o enfureceu na mesma proporção.
Ao que tudo indicava, a bruxa provocadora sabia bem o que fazia; não era a primeira vez. Aquele
era o pior momento para ter ciúme, mas foi exatamente o que aconteceu. Tomado pela fúria e ainda
segurando-a pelos cabelos, Edward fez com que ela se afastasse. Então, em um movimento rápido,
se abaixou e a puxou ela pelos ombros para que se levantasse.
– Fiz alguma coisa...
Isabella começou a perguntar aturdida, porém Edward não lhe deu chances. Ainda que uma parte
sua desejasse, a outra não se deixaria levar por seu olhar falsamente inocente. Capturou sua boca e
beijou-a intensamente esmagando os lábios hábeis. Mais uma vez seu peito rugiu de ciúmes. Mas
não precisaria sofrer; Isabella não usaria seus conhecimentos sexuais com ele ou com mais
ninguém. Em sua fúria, aprofundou o beijo. Colheu a língua com a sua, sugando-a com força. Os
gemidos dela saiam abafados. Se a estivesse machucando ela gostava da dor, pois correspondia com
paixão.
Ainda com as bocas unidas, ele a suspendeu e a encaixou em seu abdômen, sem penetrá-la. Apoiou-
a contra a parede, enquanto ela o enlaçava pela cintura com as pernas. A jovem tentou segurar-se em
seus ombros, porém ele não deixou. Afastou seus braços para ter acesso aos seus seios. A carne de
Isabella estava ainda mais quente por causa do vapor e da água. Edward a mantinha equilibrada
apenas com a pressão de seu corpo, com as duas mãos livres esmagou-lhe os montes que tanto
adorava antes de encerrar o beijo e cobri-los com a boca ávida; nunca mais os provaria?
Novamente as mãos dela acariciavam suas costas. A mão pousada sobre sua marca, correndo os
dedos pela trama. Edward urrou de excitação extrema e raiva – dela por ser maculada e de si mesmo
por começar a fraquejar. “Reaja” seu animal ordenou. Obediente, mordeu-lhe o seio cortando-o com
seus dentes afiados. E como na semana anterior, bebeu o sangue que vertia do seio, alimentando-se
dela pausadamente. Cogitou consumar o ato daquela maneira antes que sucumbisse, contudo
precisava senti-la por inteiro antes de deixá-la partir; ainda precisava “dela”.
– Edward. – ela gemeu quando ele imprimiu maior pressão no mamilo que chupava.
Ouvir seu nome o inflamou de vez. O vampiro realmente ainda não poderia matá-la; lambeu-lhe o
seio e, segurando-a pelas nádegas, afastou-se brevemente posicionando a entrada quente contra seu
membro. Então deixou que ela deslizasse até cobri-lo. Isabella apertou as pernas á sua volta,
contraindo o interior de sua fenda. Edward gritou aflito; urrou de prazer e desespero. Os
sentimentos por ela não eram reais, precisava ser forte. Com esse pensamento, moveu-se dentro
dela, aproveitando para deliciar-se com o aperto úmido e característico pela última vez. “Não
poderia ser a última vez”.
Seu instinto o mandou apressar-se; libertar-se da influência enganosa. Matá-la. Seria rápido. Já
havia bebido seu sangue duas vezes aquela noite, apenas um pouco mais e tudo estaria acabado.
Tudo acabado. Edward fechou os olhos com força e lambeu-lhe a lateral do pescoço antes da
mordida fatal. Isabella arfou, estremeceu e comprimiu-se, cravando as unhas em seus ombros.
– Amo você... Edward!...
Ela disse inesperadamente entre um gemido e outro, enquanto ele lhe chupava o corte mínimo
vagarosamente. Em sua concentração ansiosa, o vampiro não a ouviu. O sangue quente dela vertia
em sua boca; inexplicavelmente amargo.
– Se você acredita ser o certo... Faça!... Nunca o culparei... Somente... Sentirei sua falta meu
amor!...
“Meu amor”. As palavras ecoaram em seus ouvidos. O vampiro hesitou. Antes que percebesse,
lambeu-lhe a ferida e mordeu o lábio inferior tocando a pele dela, contendo-se. Ainda com o rosto
no vão de seu pescoço, perguntou roucamente.
– O que disse?
– Que eu te amo!... – ela repetiu em um fio de voz subindo as mãos dos ombros até os cabelos dele.
– E que sentirei sua falta...
O que significava aquilo? Edward não conseguiu raciocinar. Seus olhos ardiam, todo seu corpo
tremia. A declaração de amor da humana ocupando providencialmente sua mente; inflamando seu
coração temeroso e indeciso. Mesmo sem entender todo o resto, as palavras o despertaram para a
realidade imutável de sua existência; jamais teria chegado ao fim. A parte racional argumentou com
seu instinto antigo. Era inútil lutar, inútil procurar por desculpas que facilitasse a morte de Isabella;
nunca seria fácil!... Aquela era uma guerra perdida. Todas as coisas que pensou antes ainda eram
válidas.
Ainda movia-se dentro dela, quando tomou consciência que, se prosseguisse e estivesse enganado e
o sentimento não desaparecesse com sua partida, não suportaria. Mesmo que ela tenha sido
especialmente preparada para destruí-lo por feitiços ou maldições, não viveria tranquilamente onde
Isabella não estivesse; sem sua voz, sem seu cheiro. Não depois de tudo que padeceu por ela. O
vampiro urrou e passou a chupar-lhe a base do pescoço com força, sua intenção era tão somente
beijar-lhe, mas estava perigosamente agitado. Apertava-a entre seus braços; tinha urgência dela.
– Edward... – ela choramingou em um sussurro.
Talvez a estivesse machucando com seu arroubo, mas não conseguia se conter mais do que já fazia.
Apenas parou de marcar-lhe a carne, mordendo novamente os lábios. Sufocando seus rosnados.
Segurando-a pelas nádegas, afastou seu dorso para olhá-la de frente, sempre se movendo nela; agora
tentando fazê-lo lentamente. A jovem respirava pelos lábios entre abertos, com dificuldade. Seu
rosto parecia sofrido e confuso, apenas resultado do desejo extremo, pensou.
Isabella se contraiu e arranhou seus ombros, inflamando-o. Com ela se sentia vivo então não
importava que tudo não passasse de ilusão. Seu instinto de proteção ainda tentou protestar
ordenando-lhe que a mordesse novamente, mas seu lado racional e apaixonado o sufocou. Precisava
dela viva e viveria enganando-se enquanto pudesse. Amava-a com toda força de seu velho coração!
Real ou não aquele sentimento o movia.
Resoluto e com aquele argumento definitivo, seu lado animal rugiu uma última vez e calou-se.
Chegar àquela conclusão definitiva o libertou. Contudo permaneceu confuso, ainda mais naquele
instante, quando compreendia a grandiosidade e a gravidade do que esteve prestes á fazer; a perder.
Novamente sentiu a urgência. Então, ainda segurando-a pela carne de suas nádegas, prendeu-a
firmemente contra a parede com seu corpo e arremeteu com força, investindo contra ela. Desejava
fundir-se á Isabella para tornarem-se um único ser; indivisíveis.
– Minha bruxa maldita e adorada!...
Suas palavras, seus urros e rosnados se misturavam aos gemidos dela. O batimento acelerado do
coração humano ecoava em seus ouvidos como se lhe dissesse que havia tomado a decisão certa.
Edward afastou-se o suficiente para fixar o olhar em seu rosto, evitando ver-lhe a marca. Isabela
apoiou os braços em seus ombros e prendeu sua cabeça junto á dela e o encarou de volta; testa
contra testa, nariz contra nariz. Parecia tão confusa quanto ele. E estava absurdamente linda. O
vampiro também guardaria aquela visão para sempre. A jovem molhada, quente. Respirando com
dificuldade pelos lábios entreabertos. Viva. Para sua salvação ou perdição.
Edward podia sentir a pulsação acelerada, sua boca se encheu de saliva, mas ele não a morderia.
Não naquele momento. Sentia a satisfação de ambos aproximando-se e queria-a pura. Assim como
seu corpo agoniado e excitado ao extremo passou a clamar por mais ação. Em um movimento
repentino, afastou-a de seu corpo. A jovem nem teve oportunidade de protestar, pois rapidamente
ele a colocou no chão e a virou de frente para a parede de azulejos, pois ainda não se sentia
totalmente seguro para ver novamente a marca.
Depois de afastar as pernas dela com sua coxa, Edward penetrou em seu sexo mais uma vez. A
posição a deixava ainda mais apertada. Logo o vampiro a segurava firmemente pelos cabelos. Em
resposta a jovem gemeu e empinou as nádegas para que ele se enterrasse mais fundo. O vampiro
urrava e rosnava enquanto a estocava á uma velocidade torturante, massageando o ponto sensível e
inchado dela com o membro hirto.
Gritaram juntos quando o orgasmo resultante de toda excitação e tensão os atingiu. Os corpos foram
violentamente sacudidos por espasmos ritmados. Edward pôde ver Isabella bater algumas vezes
com a mão espalmada contra os azulejos e, pela primeira vez, ouviu-a dizer palavras de baixo calão.
A licença não a diminuía, Edward a entendia perfeitamente. De todos os orgasmos que partilharam
aquele fora sem duvida o mais intenso.
Retirando-se dela, Edward a voltou para si e, totalmente liberto de seu desejo assassino,
protetoramente a abraçou como se fosse preciso defendê-la de algum inimigo oculto. Estremeceu
por conhecer perfeitamente aquele inimigo e estreitou-a mais em seus braços com força. Ela sorvia
o ar aos bocados. Ele próprio tinha a respiração errática. Sua bruxa o abalava como nenhuma outra
jamais fizera. Como pôde cogitar matá-la?
A pergunta o trouxe de volta ao problema. Sem se importar que ela estivesse arfando, Edward
segurou a lateral de seu rosto e a beijou mais uma vez. Um beijo apaziguador, tranquilo na medida
do possível. Depois que as línguas acariciaram-se mutuamente, naquele breve instante quando
liberou a boca feminina e ela o encarou, subitamente as palavras dela fizeram sentido. Isabella
sabia!... Os olhos castanhos o fitavam com confusão e questionamento. Ineditamente, o vampiro se
sentiu envergonhado diante daquele olhar inquiridor. Como quem é pego no instante da falta
cometida. Acuado, sentiu que precisava se afastar dela.
– Vou deixá-la para que termine seu banho.
Sem esperar resposta, ele saiu do Box. Pegando uma das toalhas dispostas no suporte, seguiu para o
quarto imerso em seus pensamentos. Sim, Isabella sabia. Não estava surpreso com a descoberta e
sim com sua atitude. A jovem aceitou banhar-se com ele sabendo exatamente o risco de corria. Se
enfrentá-lo para tê-lo de volta não contou como prova da veracidade de seu amor, aquele ato ainda
mais corajoso afastava toda e qualquer duvida, deixando-o ainda mais envergonhado de ter
questionado seu próprio sentimento e de sua decisão equivocada.
Somente lhe restava recompor-se; não poderia mudar o que havia feito. Depois de enxugar-se,
pegou um de seus pijamas e vestiu a calça deixando a parte de cima para Isabella caso ela quisesse.
Sem forças, atirou-se de bruços sobre a cama. Depois de toda dor física e tortura mental por que
passou, finalmente sentia-se satisfeito com sua decisão final; quase em paz. Podia-se dizer que
aquela era a calmaria depois da tempestade.
No momento, o que lhe inquietava era não saber como lidar com Isabella, assim como não poder
prever o que aconteceria daquele momento em diante. Não ter controle sobre sua vida o assustava.
Na verdade, naquele momento decisivo era preciso admitir que a muito não tinha controle sobre os
acontecimentos recentes. Depois que conhecera Isabella fora lançado em um carrossel de emoções e
sentimentos vertiginosamente descontrolados.
Naquele momento, inexplicavelmente se sentia vivo e pleno, porém, repentinamente cansado, como
um naufrago que estivesse inutilmente nadando contra á maré. Talvez fosse melhor ficar á deriva e
ver onde a correnteza o levaria. Resignado, respirou fundo, cruzou os braços ainda de bruços e
pousou a cabeça sobre eles.
Decidiu que tentaria burlar a praga de Zafrina e se não conseguisse, era preciso aceitar que se estava
predestinado a ser destruído por Isabella, que assim fosse. Estava sobre a terra á tempo demais;
sendo senhor absoluto de suas vontades, ceifando vidas, acumulando riquezas e poder e tudo isso
para quê? Para em uma noite infernal tudo que acreditava perder o sentido? Para descobrir-se com
inveja da vida monótona de um reles mortal? Essa condição miserável tinha que ter um fim.
Não poderia mudar o que era; jamais seria como o policial ou humano novamente. Não
envelheceria, nem teria uma vida estável e previsível, contudo – uma vez que jamais eliminaria
Isabella – poderia ao menos tentar morrer sentindo-se em paz. Talvez, de certa forma fosse nobre e
até lúdico morrer vencido por quem se ama. Se sua humana fora corajosa enfrentando-o e se
oferecendo em sacrifício por amá-lo, poderia fazer o mesmo por ela, não seria?
Bella ainda tinha as pernas bambas quando viu Edward sair do Box em silêncio. Notar seu olhar
angustiado roubava boa parte de sua felicidade, mas não a eliminava. Instintivamente levou a mão
ao pescoço e estremeceu; Edward a mordera. Sua marca fora descoberta, esteve prestes a morrer em
seus braços, no entanto, ele a deixou viva. Talvez ainda não estivesse fora de perigo, mas não
importava. Aquele momento de hesitação significava muito para ela. Segundo Alice, Edward não
pensava, matava e ponto. Porém, ele reconsiderou por ela; duas vezes.
Estava claro que o vampiro se sentia confuso e, no que dependesse dela, continuaria a fazer o
possível para que ele não se sentisse culpado. Diria qualquer coisa para que ele ficasse bem, como
ela estava. Sem que pudesse conter um sorriso brincou em seus lábios. Inacreditavelmente estava
viva; considerada uma bruxa, porém ainda assim adorada. Adorava seu vampiro com a mesma
intensidade. Justamente por saber desse fato que não importava se o momento ainda fosse tenso,
precisava estar com ele novamente.
Libertando-se de sua inércia, Bella desligou o chuveiro. Sentia o corpo arrepiar-se ao repassar tudo
que haviam feito. O que “ela” havia feito. Se lhe dissessem que um dia tomaria tal liberdade com
um homem não acreditaria. Contudo fora capaz. E por que não seria?... Esteve prestes a morrer e
desejava ir embora levando tudo dele. Novamente seu sorriso se alargou. Preocupava-se com
Edward, mas estava animada por ter sido poupada; agora argumentaria com ele caso mudasse de
idéia. Seu vampiro a ouviria. Ele era racional afinal. Maravilhoso. O melhor. Ao pensamento
apresou-se em sair do Box. Com certeza teriam muito para conversar.
Depois de secar-se, seguiu para o quarto enrolada na toalha. Encontrou Edward largado
displicentemente sobre a cama. A visão a paralisou. A mensagem era clara. “Eu vi a sua, agora veja
a minha”. Trêmula, a jovem forçou-se a olhar em volta. Precisava acalmar-se. Esquecer os
pensamentos luxuriantes sobre os acontecimentos do banho, pois, agora o momento era delicado.
Assim que avistou a camisa do pijama de Edward que estava aos pés da cama a pegou e vestiu. Era
larga e grande, chegando até quase o meio de suas coxas. Ela não teve tempo de apreciar a maciez
da seda em sua pele. Não tinha como adiar mais.
Respirando fundo, Bella olhou para Edward; hipnotizada. Devagar, sentou-se no colchão e arrastou-
se até chegar ao seu lado. Ajoelhando-se, analisou as costas largas. Como ele estava com os braços
cruzados sob a cabeça, seus músculos ficavam flexionados tornando a cicatriz ainda mais
acentuada. Sem conseguir conter-se, tocou-a. Imediatamente todo o corpo de Edward retesou-se.
– Horrível! – ele rosnou.
– Linda! – Bella garantiu.
A jovem estava fascinada. Nunca gostara da sua, mas aquela marca era verdadeiramente linda para
ela. Bella não poderia imaginar nada igual. A de Edward era maior, ocupava quase que toda
escápula esquerda e descia um pouco pela lateral de seu corpo. A forma distinta de um dragão se
apresentava imponente. E era vermelha, em um tom escuro. Logo a jovem seguia os contornos com
as pontas dos dedos, delicadamente. Os músculos comprimidos começaram a relaxar sob sua
carícia.
– Alice sabia sobre a sua. – não foi uma pergunta. – E lhe contou a história.
– Contou. – Bella confirmou.
– Desde quando sabe sobre isso?
– Soube esta noite, antes de virmos aqui. Alice me contou para que eu tomasse a melhor decisão.
Explicou o que esse desenho significa para você e o que... Costuma fazer quando o vê.
– E mesmo assim você veio. – murmurou como que para si mesmo.
Bella recolheu a mão pousando-a em seu colo. Então disse séria olhando para lateral de seu rosto.
– Não vi motivos para não fazê-lo.
Ás suas palavras, Edward se virou e apoiou a cabeça sobre a mão direita para encará-la.
– Então perder a vida não era motivo mais que suficiente?
Lutando contra o desejo de fixar os olhos naquele peito perfeito e definido que ele lhe mostrava
Bella o imitou deitando-se na cama, de frente para ele, e apoiando a cabeça sobre uma das mãos
para que as cabeças ficassem no mesmo nível. E perdendo-se nos olhos de expressão indecifrável,
ela declarou.
– Quando Alice me contou eu já estava “morta”. Não tinha nada mais a temer.
– Você sabe! – ele começou. A voz sem expressão; olhos em chamas. – Sabe que eu estive disposto
á matá-la minutos atrás.
– Sei... E não o culparia ou o amaria menos por isso. Como disse, não tenho medo de você.
Edward a olhou por um minuto inteiro, então, sem aviso avançou lentamente sobre ela, obrigando-a
a deitar de costas sobre o colchão. Com o rosto á centímetros do dela, ele perguntou com a voz
rouca.
– Então não teria problema se eu o fizesse nesse instante?
– Não. – disse firme.
– Por que Isabella? – perguntou olhando cada canto de seu rosto como se a visse pela primeira vez.
– Porque eu amo você Edward!...
O vampiro emitiu um som novo. A jovem quis acreditar que de satisfação extrema como acontecia
com Black. Como ele nada disse e tendo consciência que aquele era o momento de contar o que
havia visto, Bella prosseguiu seriamente.
– Ameaçar matar-me não mudaria minha decisão. Nem que o faça agora, amanhã ou depois. –
respirando fundo continuou. – Você não se livraria tão facilmente de mim. Eu sempre volto.
Edward ainda saboreava quase que palatalmente a declaração verbal de Isabella quando ela expôs
aquele comentário sem sentido. Permaneceu a encará-la franzindo o cenho àquelas palavras. Desde
que ela sentou-se ao seu lado na cama evitou olhar a marca que havia deixado em seu pescoço e
tentou se valer da tranquilidade que emanava dela, mesmo considerando-a estranha. Se não tivesse
certeza que ela sabia que esteve á beira da morte, diria que nada de extraordinário havia acontecido.
Isabella lhe parecia realmente racional e segura ainda assim era perturbador ouvi-la falar sobre a
própria morte tão naturalmente; mesmo que por amor á ele.
Queria que ela não o temesse, estava indescritivelmente satisfeito com mais sua prova de amor
incondicional, mas tamanho desprendimento não era normal. Para piorar ela acreditava – o quê? –
que poderia voltar do mundo dos mortos? Agora ele perscrutava-lhe o rosto á procura de algum
sinal de insanidade. Apesar da aparente tranquilidade, Edward imaginou se não tinha afetado a
mente de Isabella de alguma maneira como Alice tantas vezes o advertiu que aconteceria.
– Não entendi. – disse por fim. – Poderia explicar-se?
– É que... Essa não seria a primeira vez que aconteceria.
Definitivamente insana. Contudo Edward soube que ela se referia ao que havia visto em sua
cobertura, pois novamente ela começava a fazer confusão com os fatos. Sentia-se envergonhado:
culpado na verdade, por ela saber suas intenções e ainda assim aceitá-lo, então, o máximo que
poderia fazer era ouvi-la e tentar entendê-la. Tomando uma das mechas de seu cabelo que estava
disposto sobre o colchão para distrair-se, ele pediu.
– Seja clara.
O vampiro percebeu o leve acelerar do coração humano, que foi aumentando gradativamente. Agora
sim Edward estava de volta á sua zona de conforto. Aquela era a Isabella que conhecia. A receosa,
insegura. Não a destemida que se recusou á sair de sua casa ou a ousada que foi prazerosamente
apresentado durante o banho. Sua porção pervertida apreciara em muito aquela versão, mas ela
ainda o assustava. E aquela não era a hora para mudanças bruscas. Pelo menos não para ele que
ainda se encontrava ineditamente inseguro com o futuro.
– Bem... – ela começou com a voz trêmula. – Você me pediu para contar sobre o que me permitiu
“ver”, então, acho que agora é o melhor momento. E antes de lhe dizer qualquer coisa, quero que
saiba que estou feliz por ter se controlado dessa vez. Caso contrário, eu partiria novamente e dessa
vez sem ter tido a chance de dizer o que vi.
Edward sentiu-se incomodado. Sem que pudesse evitar começou a ficar verdadeiramente irritado
com ela. Então, controlando a voz, pediu.
– Por favor... Pare de insinuar que eu a “matei”. Sei que não mereço essa atenção de sua parte, mas
perturba-me ouvir. Com exceção de minutos atrás, nunca pensei em fazer-lhe mal.
– Desculpe-me, mas não estou insinuando. – Edward a encarou com o olhar de censura, advertindo-
a silenciosamente, porém ela não se intimidou. – Pode não ter pensado em fazê-lo “dessa” vez, mas
matou-me instintivamente no passado.
Impacientando-se, Edward se sentou cruzando as pernas longas e dizendo rispidamente.
– Não sei o que pretende com essas bobagens nem me interessa saber então, por favor, pare!
Mais uma vez ela imitou-o, sentando-se da mesma forma diante dele, porém tomando o devido
cuidado em manter a frente da camisa tapando-lhe o sexo desnudo sob a peça. Edward percebeu a
preocupação em cobrir-se, mas o movimento não teve poderes luxuriantes sobre ele. Antes disso,
ele estava inquieto. O vampiro atentou que ela também estava agitada. Seria prudente parar de uma
vez com aquela conversa. A tensão entre eles era palpável. Edward não estava gostando do rumo
que tomavam, pois começava novamente á enfurecer-se. Aparentemente Isabella não partilhava o
mesmo pensamento, então prosseguiu.
– Não é bobagem – disse firme. – Eu vi. Você me permitiu ver quando disse para que eu me
lembrasse.
– Justamente. – ele exclamou pondo-se de pé e passando a andar pelo quarto impacientemente. –
Sei o que fiz... Então pare de inventar estórias.
– Não são “estórias” – ela enfatizou a palavra. E sem aumentar o tom, como ele havia feito, ela
continuou. – “História” Edward. Nossa história...
O vampiro circulava pelo quarto bufando enraivecido, porém algo no tom sereno dela o fez prestar
atenção, subitamente expectante.
– Evidente que não matou a “mim”. Mas tirou minha vida quando fui Maria e...
De repente um lampejo de entendimento cruzou o olhar do vampiro. Cortando-a, ele exclamou.
– Foi como eu imaginei. Você apenas bagunçou tudo e confundiu os acontecimentos!
A jovem calou-se e o encarou. Edward acreditou ter chamado-a á razão, contudo, assumindo uma
postura altiva ela narrou.
– O bar estava cheio aquela noite. Era virada de ano...
– Não se coloque na cena. Isso não prova nada. – ele a cortou novamente, incrédulo com sua
insistência. – Você é da família, sabia da passagem de ano e eu mesmo confirmei isso quando lhe
contei; imaginar que o bar estivesse cheio seria fácil...
Isabella prosseguiu como se não tivesse sido interrompida. Contudo obedeceu-o e mudou a
narrativa.
– Você estava sentado á mesa mais afastada á um canto pouco iluminado do salão. “Observava-a”...
Edward parou de andar pelo quarto, expectante. Como ela poderia saber?
– Em determinado momento “ela” sentiu medo de você. Pouco antes de sua pausa para o cigarro...
“Maria” estava nos fundos do Wally’s quando se aproximou. Perguntou quem era e você “a”
cumprimentou, pediu que não se assustasse, pois “ela” o conhecia... Esperava por você.
Edward sentiu todos os pelos eriçarem-se.
– Como sabe essas coisas? – ele inquiriu roucamente. – Apenas eu e Maria estávamos lá naquela
noite.
– Exatamente. – ela disse simplesmente.
Com a mente trabalhando á uma velocidade vertiginosa, Edward foi sentar-se aos pés da cama,
mantendo uma distância segura de Isabella, tentando achar argumentos coerentes para retrucá-la.
Para provar que ela estava se projetando na vida de outra, formando imagens reais em sua mente
fantasiosa e imaginativa. Contudo não encontrou nada que pudesse usar então falou descrente.
– Esse... “Reaproveitamento” de almas não existe.
– Ouvi dizer que os vampiros também não. – ela retrucou inabalável.
O argumento era irrefutável, mas Edward simplesmente não conseguia se render ao óbvio. Isabella
havia dito que ele a matara três vezes. Quais?... Em seus primeiros anos foram tantas. Mas algo em
seu íntimo lhe dizia quem era as outras duas. Não poderia ser possível. Então, ainda recusando-se á
crer e desejando fervorosamente para a jovem se traísse, Edward perguntou.
– Tudo bem... Essa foi uma... Conte-me quando “acredita” que a matei outras vezes.
Para seu infortúnio, Isabella respondeu sem nem ao menos pensar, novamente usando a primeira
pessoa.
– Não gostei muito de minha versão loira, mas eu fui bonita. Não sei se esse detalhe era importante,
afinal você poderia desejar apenas distração e... Alimento. Mas o fato é que pelo menos eu fui
bonita o suficiente para chamar a sua atenção. Ainda mais em um momento tão corriqueiro quanto
estender roupas em um varal.
Edward sentiu seus músculos se retesando, desejou pedir que ela parasse, mas não encontrou sua
voz, então ainda a ouviu dizer imprimindo um tom divertido.
– Não foi muito educado ou prudente tomar minha versão como Ashley daquela forma em um local
aberto, alguém poderia ter visto o que fez.
Edward percebia o que ela estava tentando fazer. O que lhe revelou era sério e tentava acalmá-lo,
mas nada que dissesse ou fizesse mudaria a gravidade das coisas que ouvia. O vampiro não saberia
descrever o turbilhão de sensações que agitavam seu intimo. Não adiantava negar. Isabella não
estava inventando. Ela “sabia” o que dizia. Assustadora e inacreditavelmente conhecia os detalhes.
De repente ele sentiu vontade de dizer-lhe tantas coisas e nada ao mesmo tempo. Olhava para ela
como se não a conhecesse e não gostava daquilo.
Cada vez mais se sentia perdido nessa realidade nova e desconhecida. Uma realidade onde tantas
vezes ceifou a vida de Isabella; sua eterna prometida. Sentia como se tivesse sido o responsável por
alterar o destino e como castigo o Senhor que regia á todos o permitiu descobrir sobre os
assassinatos logo após desistir de matar a que mais lhe importava, justamente para que lamentasse a
perda de todas. Porque era exatamente o que estava acontecendo; lamentava. Contudo a punição era
ineficaz, pois, por mais que estivesse sofrendo de culpa e pesar, não se arrependia. Como se
adivinhasse sua perturbação Isabella anunciou ainda em tom leve.
– Vou aproximar-me... Não se assuste... E não corra, senão serei obrigada á esperar que volte, pois
não seria capaz de segurá-lo antes que se movesse.
Edward teria rido de sua imitação inversa caso não estivesse inquieto. Alice sempre esteve certa. A
jovem era mesmo sua alma gêmea. E ele nunca a reconheceu, nunca sentiu amor por ela até essa
vida. Estava tão imerso em seus pensamentos que não percebeu a aproximação de Isabella.
Arrastando-se lentamente sobre o colchão, ela chegou ao seu lado, e novamente imitando seus
gestos, ela correu a mão pequena pelo colchão, até alcançar a sua – como ele havia feito na primeira
vez que cogitou declarar-se. Ao entrelaçar os dedos nos seus ela disse.
– Foi por isso que fugi de você. – ele permitiu-se olhar nos olhos castanhos. – Assustei-me com a
revelação e com a lembrança do ataque que sofreu e mesmo assim estava disposta á ouvi-lo. Mas
ordenou que eu me lembrasse, então, tudo mudou. Não sei que força é essa capaz de fazer as
lembranças de várias vidas virem á tona, mas foi isso que vi. Todas as vezes que você não parou.
Como poderia acreditar que não faria novamente?
– Você teve razão em deixar-me. – ele disse roucamente. – Teria razão se desejasse partir agora,
pois por muito pouco não fiz.
– Não vou á parte alguma... – ela disse tocando seu rosto. – Como disse antes, fico feliz que tenha
se controlado dessa vez. O que importa é o presente, realmente não me incomodo por ter-me
matado no passado.
– Por favor, não repita isso! – Edward pediu retirando a mão de seu rosto e mantendo-a presa á sua.
– Já será extremamente ruim recordar para sempre o que “quase” fiz á você está noite. Imagine
como não ficará minha consciência agora que sei o que fiz de fato?
– Desculpe-me. Não é minha intenção acusá-lo ou perturbá-lo. Muito pelo contrário. Quero que
saiba que entendo o motivo que o levou a fazer o que fez... “à elas”. Alice explicou-me, é
instintivo...
– Sim. – ele concordou levantando-se e indo até a janela para olhar a noite, agora sem a chuva.
Sempre fitando o jardim, prosseguiu sem encará-la. – E esse é um dos tantos detalhes em toda essa
história que me incomoda. Agi por instinto e não posso desculpar-me por isso. O certo... o
“merecido” era que eu me ajoelhasse aos seus pés e lhe implorasse perdão. Posso fazê-lo
imediatamente por essa noite, mas não vejo como fazê-lo pelas outras quando sei que faria tudo
exatamente igual se as coisas se repetissem á mesma maneira. Essa é minha natureza Isabella.
Sentada nos calcanhares e as mãos pousadas no colo, Bella olhava para Edward. Enquanto admirava
as costas do vampiro á janela, percebeu que os roncos dos trovões estavam cada vez mais distantes;
o pior da tormenta havia passado. A jovem desejou que a de suas vidas também estivesse no fim.
Eles precisavam da calmaria para finalmente se conhecer e viver em paz.
Edward era lindo e ficava ainda mais naquela postura rígida; totalmente compenetrado. Porém,
mesmo diante de tanta beleza, a jovem não gostava de vê-lo daquela maneira. Queria que ele ficasse
feliz com a descoberta, pois, ainda que brevemente, sempre se encontraram e estiveram juntos.
Edward não deveria se recriminar por ser ele mesmo. Procurava palavras para tranqüilizá-lo,
quando ele acrescentou como que para si mesmo.
– Por isso, muitas vezes me pergunto que poder é esse que você tem sobre mim e espanto-me com
as concessões que faço á você.
Àquelas palavras Bella se obrigou á sair da cama e seguir até ele. Aproximou-se lentamente e, como
não caberiam mais reservas entre eles, enlaçou-o pela cintura e apoiou o rosto no centro de suas
costas largas e frias. Estava na hora de acabar com aquela estória de marcas destruidoras.
– Não existe poder algum Edward. – sua voz saia abafada pela pele dele. Bella sorriu ao senti-lo
estremecer e prosseguiu. – Você faz concessões porque me ama.
– Verdadeiramente. – ele declarou cobrindo as mãos dela com as dele. – Agora não resta a menor
sombra de duvidas.
– Contava com isso quando vim procurá-lo e, acredite, não duvidei do seu amor há pouco. Entendia
que você agia movido pelo... Medo.
Bella o sentiu enrijecer entre seus braços.
– Odeio esse sentimento Isabella! – ele disse com a voz sombria após alguns instantes. – Odeio
sentir-me acuado; ameaçado. E é isso o que esse maldito dragão representa.
Impossível acreditar. Quanto mais ela pensava á respeito, mas lhe parecia que havia alguma coisa
errada naquela estória. Algum detalhe que eles deixavam passar. Ela ainda era nova naquele
assunto, mas não engolia a maldição por trás da marca. Como alguém predestinado á ser de outro
viria com o poder de destruí-lo? Em voz alta fez outra pergunta.
– E se não for nada disso? E se estiver enganado?
Odiava afastar-se, mas o fez e foi colocar-se contra a vidraça da janela, de frente para ele onde
pudesse ver seus olhos. Ele a encarou com o cenho franzido.
– No que está pensando?
– Não sei exatamente, mas acredito que você não deva se preocupar com o significado desse
desenho. E definitivamente não deve sequer cogitar que eu possa fazer-lhe mal. Sou humana
Edward, nada posso contra você. Não vê que tem alguma coisa errada?
– Tudo está errado. – subitamente ele prendeu o rosto dela entre suas mãos frias. – Se as coisas
estivessem certas, eu não deveria existir. E talvez nem mesmo você existisse, visto que eu não a
teria matado pela primeira vez e talvez toda história fosse diferente. No entanto estamos aqui, os
dois totalmente fora de lugar.
– E juntos! – ela exclamou intensamente cobrindo as mãos que ainda a seguravam pelo rosto com as
suas. – Acredito que tudo é da forma que tem que ser, assim como acredito que essa marca não
signifique algo trágico ou ruim.
Edward deixou-se mergulhar naqueles olhos castanhos antes de soltar-lhe o rosto e abraçá-la,
estreitando-a em seus braços. Como desejava que ela estivesse certa!... Mas sabia que não estava.
As palavras de Zafrina foram claras. E mesmo humana a jovem tinha “sim” o poder de destruí-lo.
Esteve a ponto de entregar sua vida por causa dela. De toda forma, havia reconsiderado; não a
mataria. E isso era o que realmente importava. Fosse o que fosse que aquele desenho horrendo
significasse, descobriria com o tempo. Então, apenas para tranqüilizá-la disse.
– Talvez você tenha razão. Posso realmente estar enganado.
O vampiro soube que ela sorria ao sentir o movimento do rosto em seu peito. Nesse instante ele
ouviu o som baixo de um ronco e recriminou-se. Que péssimo anfitrião ele era!... Poupou-a de suas
presas somente para matá-la de exaustão e inanição. Aquele era o momento perfeito para mudar de
assunto; teriam muito tempo para conversas perturbadoras.
– Está com fome. – disse afastando-a.
– Não sabia que estava com tanta. – ela lhe sorriu timidamente.
– Há quanto tempo não se alimenta Isabella?
Evidente que por vários dias visto que estava mais magra que o normal.
– Não tenho tido muito apetite esses dias. – ela declarou mordendo o lábio inferior. – Mas hoje... Eu
comi um sanduiche do almoço.
– No almoço?! – Edward alarmou-se. – Não é de se admirar que esteja sumindo.
– Olha só quem fala! – ela retrucou apoiando as mãos na cintura. – Você não era a pessoa mais bem
alimentada quando cheguei aqui.
Mais uma vez ficou evidente que ela se esforçava por deixá-lo á vontade, pois ouvir uma humana
fazer referência á má alimentação de um vampiro era no mínino bizarro. De toda forma ela estava
certa, mas não poderia usá-lo como parâmetro. As necessidades de ambos eram diferentes; assim
como seus corpos.
– Não se compare á mim. – ele pediu sério e, em um movimento rápido, passou um dos braços pelo
vão dos dela para içá-la em seu colo com a ajuda do braço livre na dobra de seus joelhos. À
centímetros do rosto da jovem, completou. – Sou “durável”, você não é...
Com o coração batendo acelerado por causa de seu movimento brusco, ela aquiesceu complacente.
– Está bem... Nada de comparações... Agora, por favor... – ela começou dissimulando seriedade. –
Poderia avisar antes de arrebatar-me dessa maneira? Meu coração é fraco.
Edward sorriu, sentindo – mesmo que momentaneamente – o coração aquecido e resignado depois
de todos os episódios conflitantes da noite; a tensão havia dado uma trégua. Contente por estar com
Isabella viva, quente e relaxada em seus braços imortais, e começando a ficar sexualmente abalado
com a proximidade, ele perguntou imitando-lhe o tom falsamente sério.
– Tentarei me lembrar. Mas não prometo, pois faz parte do “pacote” ser ávido.
Retribuindo ao sorriso, Isabella apoiou um braço em seu pescoço e começou á traçar círculos entre
os pelos de seu peito com a mão livre, então disse languidamente.
– Pelo que pude ver você veio com o kit completo do vampiro perfeito. – então o beijou levemente
nos lábios. – Ao que mais tenho direito?
– Contenha-se mulher. – Edward pediu finalmente sentindo-se calmo. – Nada de tentar seduzir-me.
Poderia deixar que aquela sensação boa o contagiasse e rir da expressão desapontada de Isabella,
porém temeu provocá-la ou ofendê-la de alguma forma então aceitou seu próprio conselho e
conteve-se. Ela não teria como saber, mas seu tom jocoso era traído pelo cheiro de fêmea que
começava a exalar de seu corpo levemente trêmulo. Não seria preciso tocá-la intimamente para
saber que aquele breve contato entre seus corpos a deixava igualmente excitada; pronta para recebê-
lo.
Edward não se encontrava em melhor estado. Seria fácil derrubá-la em sua cama e tomá-la mais
uma vez para si, mas isso seria pouco prudente e nada cavalheiro de sua parte já que sua “convidada
de honra” estava faminta e provavelmente fraca visto que não se alimentava direito e havia
“perdido” sangue aquela noite. Assim como teriam tempo para conversar sobre assuntos
inquietantes, teriam tempo de sobra para estarem nos braços um do outro quando ela estivesse
recuperada. Tentando ignorar os olhos castanhos e silenciosamente suplicantes dela, como o latejar
cobiçoso de seu próprio sexo, disse roucamente, tentando manter o clima ameno entre ambos.
– E como prometido, considere-se avisada.
– Sobre o quê? – perguntou desviando os olhos verdadeiramente emburrada.
– “Voarei” com você até a cozinha.
Sem dar-lhe tempo de assimilar as palavras, Edward partiu porta á fora. Deliciando-se com o aperto
imediato dos braços de Isabella em volta de seu pescoço.
– Gosta mesmo disso?
– Desde criancinha. – Bella respondeu tentando não rir da expressão enojada de Edward.
– De verdade?
Ele insistiu remexendo na pasta com a pequena espátula que a jovem acabara de usar. Olhava para o
pote á sua frente como se tentasse descobrir todos os componentes de sua receita, completamente
absorto; assim como Bella olhava para ele. Iluminado pela luz forte da cozinha, Edward era ainda
mais bonito; e desejável. Se o advogado não tivesse interrompido o clima de excitação crescente de
minutos antes, provavelmente estariam em sua cama naquele momento.
Sabia que na manhã seguinte estaria dolorida depois de toda aquela atividade, mas ela se sentiu
frustrada. Porém dava razão á ele. Agora estavam juntos. Ele a deixara viva e poderiam aplacar os
desejos da carne em outra hora. Aquela era a hora de cuidar do corpo e estava dolorosamente com
fome quando Edward correu com ela em seus braços. O breve “vôo” da escadaria até a parede não
contava então, aquela fora a primeira vez que esteve com ele em suas corridas inacreditavelmente
rápidas. Não demoraram mais que cinco segundos para irem do quarto á cozinha – mesmo com o
coração aos saltos por causa da adrenalina e da respiração suspensa, ela contou os “Mississipis”.
Ao chegarem á cozinha, Edward a depositou em uma cadeira e ordenou que permanecesse sentada,
pois não a queria descalça no chão frio. Nem quis ouvir seus argumentos de que estava acostumada
a andar dessa forma quando estava em seu apartamento. Ele apenas apontou como sendo uma
coincidência entre eles, mas negou-lhe veementemente que pisasse o piso gelado. Todo aquele zelo,
depois de quase a matar era inusitado, porém reconfortante. E a jovem tencionava obedecer, até
porque estava adorando a atenção desmedida e a visão que era ter Edward vestido somente em uma
calça de pijama a andar de um lado ao outro preocupado em preparar-lhe uma refeição.
Contudo, depois de vê-lo abrir a geladeira e retirar dela uma quantidade variada de potes e frios –
algum deles de sabores nada compatíveis – e retirar pacotes de pães, torradas e biscoitos dos
armários, a jovem achou por bem rebelar-se. Bella ainda se lembrava do café da manhã preparado
por Alice, onde boa parte da comida fora parar no lixo e não aceitaria que o mesmo fosse feito bem
diante de seus olhos. Edward ainda tentou protestar quando a viu sair de seu lugar, mas depois que
ela lhe mostrou gentilmente que jamais seria capaz de ingerir tanta comida, ele aquiesceu.
Resignado foi sentar-se na mesma cadeira onde se encontrava agora e passou a avaliá-la como ela
havia feito com ele. Passar de observadora á observada, porém, não fora tão prazeroso. Novamente
o olhar de Edward se tornara físico. Por vezes esteve perto de derrubar o que segurava. Diante
disso, desistiu de preparar um sanduiche elaborado e contentou-se em guardar o que ele havia tirado
do lugar, deixando de fora somente o leite que agora bebia puro; um pacote de torradas e o pote
com a pasta creme que o vampiro incessantemente revirava.
E assim, mesmo bonito ao extremo, semi despido, longe da figura do advogado bem sucedido e
com o cenho franzido como se estivesse prestes á liberar um “eca”, ele lhe pareceu tão humano
quanto qualquer mortal. Intimamente agradeceu que não o fosse, pois ele era perfeito do jeito que
era. Possessivo, impulsivo, ávido ou com qualquer outro comportamento extremo que pudesse
demonstrar por ela. Edward a trouxera á vida e a “estragara”. Depois dele jamais veria beleza ou
qualidade em nenhum outro.
O vampiro não poderia ver – estando entretido como estava – que ela lhe sorriu enternecida. Ao
terminar de mastigar e engolir um pedaço de torrada, ela perguntou contendo o riso. Feliz por
estarem livres da tensão.
– Não conhecia mesmo pasta de amendoim? – sua voz era divertida e incrédula. Então para
provocá-lo perguntou. – O que comia quando era criança?
Edward largou a espátula e a olhou com ar solene.
– Se pergunta por algo comparativo á isso. – disse indicando o pote. – A cozinheira de meu pai
costumava fazer geléias de frutas da estação e manteiga fresca. E não acredito que a Sra. Scott
deixasse me servir algo com essa aparência.
De repente Bella se viu curiosa quanto á infância de Edward. Ele falara sobre o pai. Esse detalhe
não lhe passou despercebido. Não sabia nada sobre ele. Decidida, prosseguiu com a conversa trivial
até que chegasse onde queria.
– Acho que nesse tempo nem existia pasta de amendoim.
– Acredito que não. – ele disse cruzando os braços sobre á mesa.
Bella ignorou o peito forte e coberto de pelos que ficou em evidência e tomou um gole de seu leite
antes de perguntar fixando os olhos no rosto á sua frente.
– E de quanto “tempo” estamos falando? Quantos anos você tem Edward?
– O suficiente. – ele declarou sério.
Dessa vez ela não soube dizer se a expressão era verdadeira ou não, mesmo assim insistiu.
– Essa resposta não vale... Quantos anos? Prometo não me espantar se tiver mais de mil.
– Não sou tão velho. – ele disse sorrindo torto e encarando-a. – Tenho “apenas” cento e noventa e
sete anos.
– Nossa! – ela exclamou depositando o copo sobre a mesa.
Aquilo explicava muita coisa. Com aquela idade, Edward vira o surgimento de várias invenções e o
desenvolvimento de outras tantas. Ele vivenciara uma boa parte da história. Bella se perguntava se
ele havia participado de guerras, sua cabeça fervilhava. Tanto a se descobrir sobre ele. Dos
questionamentos que surgiam em sua mente, ela tentou ignorar um em particular, por saber a
resposta e não gostar nada dela. Não queria se preocupar ou sofrer por imaginar quantas mulheres
ele teve nesse tempo todo. Desejava saber de seu passado, mas somente assuntos referentes á
família e á ele exclusivamente.
– Você prometeu que não se espantaria. – ele acusou estendendo o braço para tocar seu rosto. –
Minha idade á assusta?
– Não... – ela disse sinceramente. – Você está... “Bem”... Para um idoso.
– Obrigado! - disse sorrindo.
– Edward... – ela começou receosa.
– Fale. – ele a encorajou.
– Conte-me mais sobre você... Como era sua família. Você citou a casa de seu pai... Não havia uma
mãe?
A expressão dele voltou a ficar séria. A jovem recriminou-se, não desejava perder a trégua na tensão
comum á eles.
– Não precisa responder se não quiser. – ela apressou em dizer. – Eu só...
– Não tenho problemas quanto á isso, só não desejaria falar sobre meu passado nesse momento. –
ele disse ainda sério. – Está tarde. A noite foi desgastante e tensa. Preferia que você terminasse sua
refeição para que pudéssemos subir. Você precisa descansar... Recupera-se. Afinal... Perdeu muito
sangue esta noite.
– Está bem. – obediente, ela terminou o leite. Quando depositou o copo sobre a mesa mais uma vez,
e olhou na direção de Edward, ele a encarava enigmaticamente. Juntando as sobrancelhas ela
perguntou. – O que há?
Sem responder imediatamente, ele estendeu a mão e tirou o copo da dela, segurando-a logo em
seguida. Pensativo, brincou com os dedos pequenos da mão dela. Então, franzindo o cenho, sempre
mirando os dedos entrelaçados, disse.
– Preciso que me perdoe Isabella.
– Edward, não...
– Por favor... – ele a interrompeu. – Deixe-me terminar.
Bella calou-se e esperou. Edward levantou os olhos em sua direção e disse roucamente.
– Como disse, não posso desculpar-me por “antes”, pois faria tudo da mesma forma. Mas com
“você” é diferente. Sempre disse que a protegeria, pedi que confiasse em mim, no entanto, traí sua
confiança. Agora que estamos aqui, que os ânimos se acalmaram... Gostaria que fosse sincera e me
dissesse... Acha que pode confiar em mim novamente e perdoar-me?
Então era isso. Mesmo que estivessem conversando animadamente ele permanecia preocupado com
todo o acontecimento anterior. Qual a dúvida? Quase ter-lhe tirado a vida fora realmente grave, mas
não importava mais. Ela não guardaria magoas e nunca relembraria esse episódio. Por ela, Edward
sequer precisava estar citando-o agora.
– Nunca deixei de confiar em você Edward! ... E não tenho nada á perdoar tampouco.
– Isabella...
– “Mas”... – foi a vez de ela interrompê-lo enfaticamente. – Já que se sente culpado. Tem uma
maneira de redimir-se.
A jovem não desejava de forma alguma retornar á tensão anterior, então, retribuindo o olhar
interrogativo dele com um levemente travesso, desprendeu a mão que ele ainda segurava e, depois
de tirar uma quantidade significativa de pasta de amendoim diretamente do pote com dois dedos,
entendeu-os para ele.
Edward olhou para a pasta, então para ela e para a pasta novamente.
– Não pode estar falando sério! – ele disse voltando a olhá-la, incrédulo. – Experimentar essa gosma
não seria um sacrifício á altura do fiz á você.
– A cada segundo que passa me convenço que é sim, pois caso contrário você sequer questionaria.
O semblante do vampiro perdeu a incredulidade e tornou-se sério. Uma veia em sua mandíbula
moveu-se nervosamente, como se ele avaliasse se cabia resposta ou não. Depois de um suspiro
profundo, Bella o viu baixar os olhos para seus dedos cobertos com a pasta. Lentamente, com as
duas mãos segurou a dela e trouxe-a mais para perto enquanto inclinava-se sobre a mesa para
alcançá-la á meio caminho.
Com a respiração suspensa, Bella o viu abrir a boca e engolir seus dedos de uma só vez. Antes de se
sentir satisfeita que ele tivesse aceitado a provocação, ela inquietou-se. A brincadeira começou a
fugir de seu controle quanto, ao invés de pegar a pasta de amendoim de seus dedos e liberá-los,
Edward passou á chupá-los lentamente. Engolindo o creme aos poucos, tirando quantidades
pequenas á cada sugada ritmada.
Involuntariamente tentou recolher a mão, mas ele a prendia firmemente. A visão era extremamente
sensual e o sugar de seus dedos se tornava cada vez mais erótico. Gradativamente Bella sentia as
fisgadas em seu sexo. Não ajudava em nada que estivesse nua sob a camisa de seda. De repente ela
ficou perigosamente consciente do tecido frio em sua pele. Não era essa a idéia. Queria somente
deixar o clima leve entre eles novamente. Contudo, já que seu corpo começava a implorar pelo dele,
ela fechou os olhos e gemeu incentivando-o.
– Edward...
Ouvi-la gemer o despertou do transe. Aparentemente nunca mudaria. Sempre se distrairia em tudo
nela. Não havia gostado da proposta, pois, mesmo que Isabella estivesse brincando, provar aquela
massa horrenda jamais poderia se equivaler á ter tentado tirar-lhe a vida. Esteve prestes á brigar
com ela, mas resolveu se calar e aceitara a provocação por ter entendido que nada mais era que
realmente isso; uma provocação pueril com a intenção de encerrar o assunto e manter as coisas
leves entre eles.
Porém, apesar da péssima aparência, a tal pasta era realmente agradável ao paladar. E dificilmente
algum ato relacionado á Isabella seria verdadeiramente considerado infantil, então, para provocá-la
começou a chupar-lhe os dedos de forma lenta e luxuriante. Mas aquele era um caminho de via
dupla. Jamais poderia atiçar Isabella sem ser arrastado para o mesmo lugar. Ainda brincava com os
dedos em sua língua quando sentiu o cheiro convidativo que desprendia dela. Como se tivesse vida
própria seu membro pulsou e começava a enrijecer-se quando a ouviu gemer. Imediatamente
interrompeu a caricia e depois de uma última lambida, soltou-lhe a mão.
Confusa, a jovem encarou-o. Aquela era a segunda vez na noite que ele se negava atender seus
apelos. Também sofria com o afastamento, mas era preciso. Aparentemente ela estava bem, mas
Edward sabia que Isabella estava debilitada. Amou-a três vezes de forma intensa e provou de seu
sangue. Era evidente que agora a jovem precisava de repouso não que fizesse amor com ela mais
uma vez. Estava prestes á explicar-lhe exatamente isso quando ouviu movimento do lado de fora da
casa.
Bella olhava-o aturdida. Estava difícil acompanhá-lo. Acreditou por um momento que ele se
renderia àquela nova chama de excitação já que ele impingira o tom luxurioso á sua oferta. Contudo
mais uma vez ele a rejeitava. Intimamente ela se perguntou se depois do ocorrido, mesmo que
tivessem resolvido as pendências, ele ficaria com receio de tocá-la. Ele sustentava seu olhar com o
cenho franzido. Novamente estava claro que lhe diria alguma coisa; que talvez se explicasse. Bella
esperava ansiosamente por suas palavras, quando Edward disse firmemente antes de erguer-se
afastando a cadeira ruidosamente.
– Espere. Não vá embora. Quero falar com você.
E então não estava mais á sua frente.
*************************************************************************

Notas finais do capítulo


Então???... gostaram??... *U*
Não?... O_O
Me deixem saber... Please, comentem... :)
Quero saber como vcs reagiram com a "surtada" de Edward... Com a postura da
Bellitcha... Com o inicio definitivo do romance meio "fio desencapado" deles dois...
Bom... está claro que eles ainda terão muito que conversar, muito que se acertar... Mas
não vou sobrecarregá-las... Gosto de romance, mas não de muito "açucar", então vou
dosando os temas ao longo do relacionamento deles... :)

Agora ao spoiler:
"– Agora que já encerraram as amabilidades entre nós, poderia me dizer por que veio
somente agora trazer as coisas de Isabella?

– Minhas coisas?! – a jovem espantou-se.

Somente então Bella prestou atenção á mala e á sua bolsa que estavam no centro da sala,
ao lado da mesinha. Antes que dissesse qualquer coisa, Alice respondeu.

– Você não vai querer ficar vestida nas roupas do Edward o tempo todo, não é?

– Não, mas...
(...)

– Alice, responda-me, por favor!

Bella calou-se imediatamente. Algo no tom de Edward a inquietou. Aparentemente á


Alice também visto que a vampira respondeu sem hesitar.

– Como havia dito, a mala dela já estava pronta. Eu saí do meu apartamento
imediatamente após nossa conversa, mas em determinado ponto do caminho, percebi que
estava sendo seguida.

Edward pôs-se em alerta.

– Seguida? Por quem?

– Não a conheço.

– Uma mulher... – ele disse como que para si mesmo."

E agora uma notícia não muito boa... in-fe-liz-men-te preciso escrever... Não estou com
tempo esses dias... meu pai está aqui em casa, como algumas de vcs sabem, perdi minha
vó, então as coisas estão meio bagunçadas... Mas no inicio da semana que vem meu pai
vai embora e eu terei mais tempo... então, por causa disso, novo capítulo somente na
semana que vem... no final... =/

Sorry... ainda me amem!... :)

Ah... já estou com saudades... até os reviews... bjus... S2

(Cap. 45) Capítulo 16 - Parte II

Notas do capítulo
Oieeee... Boa noite... o/

Aff... Essa semana demorou á passar... mas enfim chegou o dia de postar... :)

Obrigada á todas pelo carinho, pelos reviews e indicações... :D

Agora "bora" ao capítulo... Vejo-as no final...

BOA LEITURA!...

Edward deixou Isabella sentada á mesa sem nem uma explicação. A presença de Alice no quintal de
sua casa, totalmente fora de hora, o alarmou. Em seu surto depois da descoberta da marca, nem se
lembrou que ela havia dito que traria roupas para a jovem. Então não seria de se estranhar que
também não sentisse falta da tal mala á sua porta visto que nem mesmo olhou para os lados quando
entrou decidido á tirar a vida de Isabella. É passado Edward, ele disse á si mesmo.
Precisava apenas decidir o que faria com relação á burlar praga de Zafrina, mas isso ficaria para
depois. No momento queria saber de Alice porque havia vindo tão tarde. Ao chegar á porta, depois
da breve corrida, abriu-a de chofre após acender a luz da sala e deparou-se com Alice. A vampira
trazia a bolsa de Isabella ao ombro e ainda segurava a mala; a testa vincada. Antes que perguntasse
qualquer coisa ela disse piscando algumas vezes para se acostumar com a iluminação súbita.
– Achei que o combinado fosse deixar a mala e sair á francesa.
– Isso se você tivesse vindo “antes”. – ele enfatizou dando-lhe passagem. – Entre!
Alice obedeceu-o indo parar no centro da sala espaçosa. Edward deu uma olhada rápida para fora,
cautelosamente, antes de fechar a porta.
– Você veio sozinha?... Jasper ainda não voltou de... – não teve tempo de terminar sua pergunta.
Em um piscar de olhos Alice estava abraçada á ele.
– Estou tão feliz que esteja de volta! – declarou soltando-o.
– Também estou feliz em vê-la. – disse afastando-se ainda preocupado. – Agora me responda.
Onde...
Sem aviso ela voltou para perto e farejou na direção de sua boca, interrompendo-o mais uma vez.
– Você estava comendo pasta de amendoim?!
– É uma longa história... – respondeu impaciente.
Alice ignorou sua expressão. Sorriu cúmplice e disse erguendo as mãos como se desejasse contê-lo.
– E vindo de você, com Isabella na casa, aposto que é uma história imprópria. Prefiro não saber dos
detalhes sórdidos. – então olhou em volta curiosamente. – Por falar nisso, onde está ela?
Antes que ele pudesse responder, a vampira já sorria em direção ao corredor, então ouviu a voz de
jovem que entrava na sala.
– Estou aqui.
Alice olhou de um ao outro, analisando-lhes a roupa – ou a falta dela – então seu olhar preocupado
traiu sua animação inicial. Sem aviso ela se aproximou rapidamente da jovem e a envolveu nos
braços como fez com Edward, porém demorou-se mais no abraço.
– Tive tanto medo. Desculpe-me por deixá-la.
– Eu é que preciso me desculpar... – a humana disse retribuindo ao abraço. – Não devia ter sido mal
criada com você...
– Tudo bem! – Alice finalmente afastou-se. – Você estava certa... A vida é sua.
A vampira analisou a humana á sua frente, detendo-se por instantes na marca avermelhada em seu
pescoço, então novamente olhou de um ao outro. Seu rosto era a expressão da indagação. Edward
cogitou deixá-la sem resposta, pois sabia exatamente o que ela desejava saber. Contudo, Alice
estava com créditos por muito tempo ainda, então ele declarou.
– Não precisa ficar apreensiva. Finalmente descobri o motivo de seu comportamento estranho nos
últimos dias. – então a repreendeu. – Deveria ter me dito desde o começo.
– Provavelmente se tivesse feito isso, hoje Bella não estaria aqui conosco. – disse simplesmente.
Edward percebeu o estremecer de Isabella. Não poderia retrucar á Alice por saber que ela estava
com a razão. Amar a jovem e ser correspondido fora o fator determinante para poupá-la. Se tivesse
descoberto antes de aceitar o que sentia por ela não a deixaria viva e ela teria morrido como todas as
outras. Sim Alice estava certa. Então, uma vez que tudo terminara de forma satisfatória para todos
ele achou por bem encerrar o assunto.
– Você está certa! – ao dizer isso ouviu o coração de Isabella acelerar. – Mas agora entendo que
você fez o que deveria ser feito. Obrigado!
Dito isso foi até Isabella e a abraçou pelos ombros beijando o alto de sua cabeça para tranquilizá-la.
Imediatamente ela o abraçou pela cintura e pousou a cabeça em seu peito. Como ela ainda tremia
Edward a estreitou nos braços.
– Por que não sobe? – sugeriu carinhosamente. – Irei logo em seguida. Preciso apenas conversar
umas coisas com Alice.
Bella não iria a parte alguma sem ele. Enquanto tivesse em sua casa ficaria sempre ao seu lado.
– Prefiro ficar com você.
– Então seja uma boa menina... – ele disse erguendo-a de levando-a até um dos sofás. – E fique fora
do chão frio.
Assim que ela sentou-se colocou as pernas sobre o estofado, cobrindo-se da melhor forma possível
com sua camisa. Edward não se sentou ao seu lado. Precisava realmente saber o que Alice fazia ali
fora de hora e a proximidade com Isabella o distraia. Quando olhou na direção da vampira,
percebeu que ela assistia a cena enlevada. Ignorando o olhar de adoração para ambos, disse.
– Agora que já encerraram as amabilidades entre nós, poderia me dizer por que veio somente agora
trazer as coisas de Isabella?
– Minhas coisas?! – a jovem espantou-se.
Somente então Bella prestou atenção á mala e á sua bolsa que estavam no centro da sala, ao lado da
mesinha. Antes que dissesse qualquer coisa, Alice respondeu.
– Você não vai querer ficar vestida nas roupas do Edward o tempo todo, não é?
– Não, mas...
O tom incerto de Isabella alarmou o advogado. Acaso a jovem imaginava que partiria na manhã
seguinte? Sua resistência em morar com namorados era conhecida, Edward imaginou se teria
trabalho quanto á isso. Contudo não desejava saber sua opinião sobre ficar com ele indefinidamente
naquele momento, então a cortou sem se importar se pareceria grosseiro ou não.
– Alice, responda-me, por favor!
Bella calou-se imediatamente. Algo no tom de Edward a inquietou. Aparentemente á Alice também
visto que a vampira respondeu sem hesitar.
– Como havia dito, a mala dela já estava pronta. Eu saí do meu apartamento imediatamente após
nossa conversa, mas em determinado ponto do caminho, percebi que estava sendo seguida.
Edward pôs-se em alerta.
– Seguida? Por quem?
– Não a conheço.
– Uma mulher... – ele disse como que para si mesmo.
– Sim... – Alice confirmou seu resmungo. – Não a vi nitidamente, pois os faróis me ofuscavam, mas
a silhueta era definitivamente feminina e completamente estranha para mim.
Bella ouvia a tudo em silêncio. Não sabia sobre o que conversavam. Quem se interessaria em seguir
Alice até a casa de Edward. Ainda mais uma mulher? Certo, não entendia e não gostava.
– E então...? – Edward a encorajou.
– Não sei qual era a intenção dela então dei algumas voltas e voltei para meu apartamento. Esperei
que Jasper voltasse para vir novamente. Saí na frente e ele seguiu-me á distância para o caso dela
aparecer. Nesse momento Jasper está cercando-nos somente por precaução.
– Então ela não apareceu?
Edward sentia-se expectante. Andava atrás do sofá onde estava Isabella, impaciente. Uma mulher?
Quem seria?
– Aparentemente não. Mesmo assim dei algumas voltas antes de chegar aqui.
O vampiro conhecia Alice como ninguém. Apesar de ter concluído a frase ele sabia que ela ainda
tinha algo á acrescentar.
– O que mais Alice?
A amiga olhou para a jovem furtivamente e mordeu o lábio inferior, como se ponderasse sobre dizer
ou não o que ainda faltava comentar. Adivinhando-lhe a duvida, Edward disse firme.
– Acho que pode dizer qualquer coisa na presença de Isabella. Ela disse mais cedo que estava
disposta a ficar comigo, então precisa acostumar-se á todo tipo de assunto. Não tente poupá-la de
nada.
Alice titubeou apenas alguns instantes e prosseguiu.
– É que a noite no seu bairro está agitada.
– Como assim? – Edward perguntou imperativo. – Fale de uma vez Alice.
– Bom... É que passei pela cena de um assassinato há algumas quadras daqui. – ela o olhava
ansiosamente. – Um policial.
Edward nem ao menos piscou. Arrependia-se por ter perdido a cabeça, mas nada poderia fazer á
respeito; agira no auge de sua loucura. E ali estava um bom momento para introduzir Isabella de vez
no seu mundo. Saindo detrás do sofá, foi até Alice de forma que pudesse ver a reação da jovem ás
suas palavras; então, impassível declarou.
– Mea maxima culpa!
Bella que o seguiu visualmente até que parasse ao lado de Alice, sustentou-lhe o olhar quando ele
confessou ter matado o policial. Perguntou-se se havia entendido corretamente, afinal a informação
era que Edward não matava inocentes. Mas algo lhe dizia que talvez ele tenha cometido sua “falha
mais grave” em sua segunda saída na noite chuvosa. Se ele esteve prestes a matar a mulher que ama
o que não fazia á estranhos?
Alheia ao olhar significativo de ambos, Alice exclamou.
– Um policial Edward? Onde estava com a cabeça?
– Acredito que no momento eu não tivesse uma...
Edward disse ainda mirando a jovem, confirmando suas suspeitas. Bella apenas prestava atenção á
sua respiração, tentando manter-se calma.
Aparentemente ele estava certo em não esconder as coisas de Isabella. A jovem nem sequer
pestanejou diante de suas palavras. Ao que parecia sua humana era mais forte do que pensava; ou
pelo menos se esforçava em ser.
– Droga Edward. Poderia ao menos ter se livrado do corpo.
Ao terminar de falar, Alice olhou alarmada para Bella, como se recordasse subitamente que a
humana estava ouvindo a conversa.
– Bella, esse assunto não é para você... Por que não faz como Edward havia sugerido e sobe para
descansar?
– Acho que estou nessa agora. – disse Bella decidida. – Sei o que fazem e não vou julgá-los ou
assustar-me facilmente.
Edward lhe sorriu discretamente e Bella entendeu como aceitação á sua resposta. Sem poder evitar
lhe sorriu de volta. Mais uma vez Alice olhou de um ao outro então, depois de perceber o olhar
significativo entre eles, revirou os olhos e exclamou exasperada.
– Que os deuses tenham piedade de mim!... Dois de vocês eu não agüento!
Edward teria achado graça se um detalhe em sua narrativa não o perturbasse. Novamente sério,
deixou o comentário passar sem resposta.
– Você disse que a noite em meu bairro “está” agitada... O que mais você viu?
– As ruas estão repletas de policiais. Não vi a outra cena... – ela declarou. – Mas ouvi enquanto
passava ao lado de uma das viaturas que estavam na cena do “seu” crime. – Edward não retrucou;
Alice prosseguiu. – Pelo que entendi pouco mais de uma hora antes haviam encontrado outro corpo
no Saint Nicholas Park.
– Estranho! – Edward disse pensativo. – Você foi seguida quando vinha até aqui... Isso nos leva á
crer que tenha sido por nosso intruso, embora você ache se tratar de uma mulher...
– “Era” uma mulher. – Alice o corrigiu.
Edward prosseguiu como se ela não tivesse dito nada.
– No entanto outro assassinato ocorreu, aparentemente quase que simultaneamente...
– Edward... – Alice arfou. – Você não está...
– Sim... Sempre tratamos por “nosso”, mas ao que tudo indica temos mais de um intruso.
Edward sentiu-se inquieto depois de deduzir o óbvio. A situação era pior do que imaginava.
– Onde estão os outros? Emmett? James?
Não confiava neles, mas até que se provasse o contrário eram seus aliados.
– James saiu hoje em sua viagem semanal de caça e Emmett...
– O que tem ele?
– Não saberei dizer. Está fora da cidade desde sábado e até agora não deu notícias.
– Uma semana sem notícias?
– Sim... – Alice confirmou.
– O que Jasper acha disso tudo?
– Apenas observa e espera que algo diferente aconteça. Como sempre não há nada que possamos
fazer. O clima está tenso, mas estranhamente calmo.
Edward não sabia o que pensar. Andando de um lado ao outro, passou as mãos pelos cabelos
impaciente. Gostaria de falar com Jasper, desculpar-se por tê-lo deixado sozinho em tempos
difíceis, mas isso teria que esperar. Agora concordava com Alice. Estava claro que não poderia fazer
nada para ajudar ou resolver. Saber de tudo que acontecia á sua volta somente o deixou preocupado
e novamente com o sentimento perturbador de inutilidade.
Suspirando, pousou os olhos em Isabella. Pelo menos algo bom em meio ao caos; ela estava com
ele agora. Sem barreiras, mentiras ou segredos. Poderia protegê-la ainda que fosse preciso achar
uma forma de “proteger-se” dela. Subitamente sentiu-se novamente cansado. A noite fora intensa,
cheia de acontecimentos graves e decisivos. Todos precisavam de descanso e talvez não fosse
prudente deixar Jasper sozinho. Voltando a encarar a amiga, disse.
– Bom... Concordo com o que disse ao telefone, também acho que nada vá mudar de uma hora para
outra. Então é melhor voltar para seu apartamento. Amanhã irei até lá e conversamos. – então como
se lembrasse de algo, perguntou. – Você e Jasper não vão sair na viagem de vocês?
– Não estava nos nossos planos. Não queríamos deixar você sozinho.
– Agradeço, mas não será de muita ajuda se vocês ficarem fracos.
– Edward... – Alice começou, mas ele a cortou.
– Acredito que não será problema. Isabella está aqui comigo. Ninguém sabe onde estou. Se o tempo
continuar chuvoso, posso sair á noite para me alimentar sem ser percebido.
– Tem certeza? – Alice perguntou incerta. – Podemos nos virar com os animais domésticos.
Bella a olhou alarmada e Alice a tranqüilizou.
– Não se preocupe... Jamais tocaria naquele pulguento.
– Black não tem pulgas. – ela disse juntando as sobrancelhas.
E agora que entendia a gravidade de tudo que conversaram ali, e percebia que ficaria com Edward
por tempo indeterminado até que pudesse voltar ao seu apartamento, pediu.
– Pode cuidar dele Alice? Basta trocar a água e colocar comida...
– Não se preocupe. Eu cuido daquele gato mal educado.
– Obrigada. – ela disse simplesmente.
– Bom... – começou Alice. – Vou conversar com Jasper e ver o que ele acha de fazermos uma
viagem breve. Depois lhe aviso.
– Está bem! – concordou Edward a acompanhando até a porta.
– Já ia me esquecendo. – ela estacou de súbito com a mão no bolso do casaco. Quando a tirou trazia
um aparelho negro na palma. – Isso é para você.
Edward pegou o BlackBerry e, sem olhá-lo, agradeceu.
– Não me agradeça. Achei os restos mortais de seu celular quando fui á sua garagem. Os acessórios
estão na bolsa de Bella.
– Sim senhora... Agora... – novamente a encaminhou á porta. – Boa noite!
– Boa noite Bella. – disse Alice antes de sair. – Acho que ainda vou deixar meu carro aqui caso
precisem de um veículo decente.
Edward agradeceu mais uma vez e a observou partir. Então fechou a porta e voltou-se para Isabella,
preocupado. Em um átimo deixou o celular sobre a mesa de centro e se pôs ao seu lado no sofá.
Como sempre ela escorregou para seu colo, ele a abraçou imediatamente, deixando que o calor do
corpo dela o envolvesse. Com a jovem aninhada em seus braços olhou para o relógio antigo em sua
parede; três e dez. Precisavam subir; descansar depois de toda inquietação. Porém ele não tinha
ânimo. Fechando os olhos, recostou a cabeça no encosto do sofá. Logo sentiu a mão dela em seu
rosto. O contato o acalmava, mas precisava de mais.
– Distraia-me. – ele pediu em um sussurro.
Bella espreguiçou-se ainda entre os braços de Edward, então se acomodou entre eles apreciando a
temperatura agradável de seu corpo parcialmente morno por sua proximidade, assim como as
cobertas que cobriam a ambos. A jovem sentia-se satisfeita por ser capaz de aquecê-lo mesmo que
momentaneamente. Aninhada entre o cerco de seus braços, descansada depois das horas de sono –
finalmente tranqüilas – Bella passou a admirar-lhe o rosto perfeito.
Sabia que ele não dormia, mas como permanecia de olhos fechados ela achou melhor respeitar seu
tempo. Esperaria para falar com ele quando Edward desejasse “acordar”. A noite anterior fora
realmente perturbadora. Vários acontecimentos inquietantes e intensos, então nada mais justo que
ele se reservasse alguns minutos de paz. Olhando para a testa relaxada, Bella se lembrou dos vincos
de preocupação que a marcava depois da saída de Alice. A jovem entendeu que o assunto “intruso”
era ainda pior do que ela suponha.
Partiu-lhe o coração vê-lo sentar-se ao seu lado, com o semblante também abatido. Desejou poder
reconfortá-lo, então se sentou em seu colo e passou a acariciar-lhe o rosto. Procurava mentalmente
por algo que pudesse fazer para distraí-lo quando ele, como se lesse sua mente, pediu-lhe para que
fizesse exatamente isso; o distraísse.
– Como? – ela perguntou ainda fazendo carinho em seu rosto.
Todos os assuntos que tinham em comum eram perturbadores. Novamente estavam na fase das
descobertas e somente uma coisa lhe vinha á mente naquele momento, porém, depois de duas
rejeições ela não se sentia inclinada a ser afastada uma terceira vez. Novamente, como se
adivinhasse seu pensamento, antes que a jovem pudesse recuperar a coragem ou interpretar de
forma errada seu pedido, esclareceu.
– Converse comigo. Diga qualquer coisa que me faça esquecer momentaneamente tudo que ouviu
aqui.
Incrível acreditar que vampiros pudessem ficar tão vulneráveis como Edward estava naquele
momento. De olhos fechados ele não poderia ver a inspeção que a jovem fazia em seu rosto. A testa
vincada denunciava toda preocupação que sentia. Bella sabia que encontrar aquele intruso ao qual
se referiam era extremamente importante para todos eles. Como se não bastasse esse problema
ainda tiveram os seus próprios, as revelações, a separação, a marca.
Ela procurou mentalmente algo que pudesse distraí-lo, qualquer assunto ameno, mas não encontrou
nenhum. Todos que estavam relacionados á eles eram inquietantes e tensos. Dificilmente ele
desejaria falar sobre sua profissão – se lembrava que ele havia vetado o tema quando estiveram na
praia. Também duvidava que seu pedido envolvesse assuntos referentes ao país ou com o que se
passava no mundo. A jovem suspirou resignada; ainda tinham muito á esclarecer um com o outro,
então ela escolheu o assunto que achava menos perturbador e se aventurou por ele.
– Acho sua casa bonita! – começou receosa.
– É sua! – ele disse sem abrir os olhos.
A jovem riu levemente.
– Minha casa sua casa? É isso?
– Não... – ele abriu os olhos e a encarou. – Somente “sua” casa!
Bella juntou as sobrancelhas.
– Não pode estar falando sério?
– Por que não? Você acabou de dizer que a acha bonita...
– Sim, mas... Não é porque não gosta dela que precisa dá-la para mim. – disse chegando onde
queria desde o começo.
– Alice precisa aprender á ficar calada ás vezes...
Ignorando o comentário, Bella perguntou.
– Por que não gosta dela?
Edward tornou a fechar os olhos e Bella continuou os carinhos em seu rosto. Começava a acreditar
que não teria resposta quando ele disse.
– Não gosto do que ela representa. – Edward permaneceu de olhos fechados. – Comprei-a, pois era
parecida com a casa que morei com pai em Chicago.
Novamente o silêncio. Talvez não fosse boa idéia ir por aquele caminho, afinal ele havia pedido
para distraí-lo, não perturbá-lo ou entristecê-lo. Decidida, Bella beijou-lhe o rosto.
– Não precisa...
– Providenciei para que ficasse exatamente igual. – ele prosseguiu subitamente, cortando-a como se
não tivesse ouvido suas palavras. – Mandei virem alguns móveis, outros adquiri em antiquários por
serem semelhantes aos que possuíamos.
Bella olhou em volta. Realmente aquela nunca seria sua primeira opção de decoração, mas todos os
móveis, assim como a casa, eram lindos. Como havia observado antes, combinavam á perfeição
com os cento e noventa sete anos de Edward.
– Não conheci a casa original, mas essa é linda! – disse com cautela.
Uma vez que ele lhe respondera e não tomara conhecimento de sua intenção em mudar de assunto,
ela perguntou.
– Agora me diga... Se você teve todo esse trabalho... Em criar uma réplica da casa de seu pai... Por
que não... “Gosta” dela?...
– Como disse... – ele começou finalmente abrindo os olhos e encarando-a. – Não gosto do que ela
representa... Essa casa ficou idêntica á outra. Deveria trazer-me lembranças boas, pois foi essa
minha intenção. Contudo o efeito foi contrário. Essa casa recorda-me tudo que perdi... Todo o
tempo desperdiçado por mim e meu pai. Depois o tempo que nos foi roubado quando...
– Quando...? – perguntou expectante.
Naquele instante Bella percebeu que prendia a respiração. Percebia que o assunto o entristecia, mas
estava fascinada ouvindo-o contar aquelas coisas sobre ele. Foi a vez de Edward acariciar seu rosto.
Mirando sua boca respondeu.
– Quando mataram á mim e meu pai.
– Edward...
– Não se preocupe... – pediu ameaçando um sorriso que não se formou. – Já faz muito tempo.
O vampiro a beijou levemente e contou-lhe como havia perdido seu pai na mesma noite em que foi
transformado. Bella ouvia em silêncio reverente. Prendendo a respiração, arfando ou suspirando á
cada momento inquietante. Não gostou de saber como a vampira o transformou, mas não poderia se
manifestar quanto a isso; aquela não era hora para sentir ciúmes, ainda mais de uma vampira que
Edward odiou e matou há quase cento e setenta anos.
Alheio ao seu sentimento possessivo infundado, Edward retomou a narrativa, relembrando o
momento que outra vampira – Zafrina – o marcou com um liquido em brasa. A jovem encolheu-se
como se a queimadura estivesse sendo feita em sua própria pele. Nesse momento ele se interrompeu
e a olhou preocupado.
– Estou assustando você?
– Não... –ela disse segura. – Apenas não gosto de imaginá-lo passando por esse sofrimento.
– Como disse... Já faz muito tempo. E foi ruim somente na hora. Depois que despertei não sentia
dor alguma, a não ser a queimação em minha garganta; a sede. Fora isso, era como se ela não
tivesse marcado minha carne á fogo.
Novamente Bella estava curiosa quanto ao desenho, mas não desejava mencioná-lo mais que o
necessário então o incentivou a prosseguir.
– O que fez depois que as matou?... – com o coração pequeno no peito, perguntou. – Nunca mais
teve contato com essa... Zafrina?
– Nunca mais. – ele disse firmemente. – Por um tempo acreditei que ela viesse procurar-me para
tentar vingar as amigas, mas isso nunca aconteceu.
De repente algo lhe ocorreu e antes que amadurecesse a idéia, disse.
– Edward, você não acha que essa mulher que seguiu Alice hoje, pode ser essa vampira?
– Não creio. – foi enfático. – Depois de tanto tempo o que ela pode desejar comigo? Vingança?
Agora?... Acho que não.
– Foi só uma idéia. – Bella desculpou-se. Respirando fundo incentivou-o mais uma vez; estava
adorando ouvi-lo. – O que fez depois que voltou do Brasil?
Novamente Edward a beijou levemente e pôs-se a narrar como foi a volta para casa. Como pôde
contar somente com Jasper e como foi doloroso ter perdido a companhia do pai depois que
finalmente haviam feito ás pazes. Essa parte da história ficou confusa para ela, pois Edward não
havia dito o motivo pelo qual se desentenderam. Mesmo assim, finalmente, a jovem pôde entender
o desgosto pela a casa atual. Uma pena, visto que ele fizera um bom trabalho. A casa era linda e
aconchegante. Apesar de quase ter perdido a vida entre suas paredes, Bella teria sempre as melhores
lembranças.
Acomodando-se sobre o colo de Edward – e apreciando cada descarga elétrica que esse contato lhe
provocava – Bella olhou novamente em volta. Tentando ignorar a mão que agora brincava com uma
mecha de seu cabelo, analisou o cômodo espaçoso. Seus olhos foram atraídos para a parede coberta
de quadros. Especificamente para o quadro com a mulher e a criança. Como – aparentemente – ele
estava se distraindo com as lembranças, Bella arriscou prosseguir e saciar sua curiosidade.
– Você tem belos quadros aqui...
– Pergunte de uma vez Isabella. – ele disse carinhosamente levando a mecha de seu cabelo ao nariz
e fechando os olhos.
– Certo... – ela ficou sem jeito por mais uma vez ele adivinhar-lhe o pensamento. – Gosto em
especial daquele com a mulher de branco... Quem é ela? É importante ou somente uma modelo
qualquer?
Mais uma vez fez-se silêncio na sala. O vampiro somente cheirava-lhe o cabelo. Quando falou não
foi para responder-lhe.
– Está tarde. O que acha de levá-la para dormir?
Sim estava tarde, ela começava a ficar cada vez mais cansada, mas uma vez que sua curiosidade
estava desperta, não poderia dormir sem sua resposta. Ainda mais que estava claro se tratar de
alguém importante. Novamente seu coração desavisado começava a sentir ciúmes. Edward estava a
tanto tempo sobre a terra que provavelmente havia tido mais mulheres que Giacomo Casanova e
Don Juan... “Juntos”!... Talvez se Edward fosse mais velho ela pudesse acreditar que ele “fosse” um
dos dois conquistadores empedernidos, pensou em seu ressentimento.
– Irei assim que me responder quem é ela... – disse falhando completamente em tentar disfarçar seu
tom ansioso.
Edward analisou seu rosto por um tempo – ainda cheirando-lhe a mecha de cabelo – então
subitamente abriu um de seus sorrisos tortos.
– A informação parece ser valiosa... O que ganho em troca?
– Meu agradecimento eterno por ter respondido prontamente. – ela retrucou enquanto sentia o
conhecido calafrio cruzar sua coluna e instalar-se, inadvertidamente em seu sexo.
– Interessante... Mas é pouco...
Dito isso deixou a mecha de lado correndo as costas dos dedos pelo pescoço dela logo em seguida.
Imediatamente Bella fechou os olhos em expectativa quando eles alcançaram o decote formado pela
camisa do pijama. Após alguns segundos em que nada aconteceu, ela abriu os olhos e procurou pelo
rosto de Edward. Ele a encarava com... “Pesar”?
– Pensando bem sua gratidão eterna é um bom “pagamento” pela informação. – disse recolhendo a
mão e pousando-a comportadamente sobre o quadril de Bella. – Sei que para você devo parecer um
conquistador, mas acredite... Tive somente as que foram preciso.
Bella travou o maxilar e cruzou os braços. Quando falou sua voz era seca.
– Pelo pouco que conheço de sua “precisão” imagino que você pareça exatamente o que sempre
foi... – então mal humorada perguntou. – Vai responder-me ou não?
A jovem insistiu somente por rebeldia, pois na verdade não desejava mais saber de quem se tratava
no quadro. Se uma pergunta simples rendia todas aquelas voltas estava explícita a importância da tal
mulher. Lutava para não ser traída por suas lágrimas, quando Edward explodiu em uma sonora
gargalhada. Bella nunca ouvira algo tão maravilhoso quanto aquele som, contudo não pôde apreciar
a primeira vez que via o vampiro tão descontraído, pois se sentia mortalmente humilhada por sua
insensibilidade.
Sabia ser inútil, mas agiu instintivamente tentando sair de seu colo. Evidente que foi detida sem
esforço algum por um Edward que ainda se recuperava do acesso de riso. Magoada evitou encará-
lo, porém – recuperado – ele segurou seu rosto firmemente e a beijou. O gesto pegou-a
desprevenida. Ainda ressentida ela tentou resistir, mas... Como resistir á Edward? Mesmo chorando
viu-se agarrada ao seu pescoço separando os lábios para que a língua fria dele explorasse cada canto
de sua boca.
Sem romper a conexão das bocas, Edward a ergueu nos braços e seguiu com ela escada acima. Não
correu. Andou na velocidade humana, sempre a beijando, roubando-lhe o ar e incendiando seu
corpo. Quando foi deitada sobre a cama nem se lembrava o motivo do breve desentendimento ou
porque chorara. Tudo que conseguia pensar era que teria mais de Edward; seu corpo ansiava pelo
dele.
Contudo, depois que se deitou ao seu lado, ele apenas a abraçou e a manteve junto ao peito,
segurando sua mão sobre o próprio coração. Nada disse até que a respiração dela voltasse ao
normal. A jovem não entendeu como rejeição, pois não havia iniciado ou insinuado nada dessa vez,
mas se sentiu frustrada da mesma maneira. Conformando-se que não teria Edward como desejava e
lembrando-se do ocorrido na sala e que ficaria sem sua resposta, passou a apreciar as batidas
erráticas do coração do vampiro sob sua palma. Como ele havia observado, estava realmente tarde e
logo o cansaço a venceria. Estava quase adormecendo quando ele disse.
– Aquela no quadro é Elisabeth... – antes que ela pudesse enciumar-se ele completou. – Minha mãe.
Imediatamente Bella lutou contra o sono e sentou-se para encará-lo com olhar acusatório.
– Como pôde?... Aquilo foi maldade sabia?
– Desculpe-me... – ele começou sem pesar algum na voz. – Mas não pude evitar. Você fica
irresistível quando está com ciúmes...
Como retrucar àquilo quando pensava da mesma maneira quanto á ele. A diferença é que estar no
outro lado do sentimento não era nada bom. Mesmo assim achou por bem entendê-lo.
– Certo... – então advertiu. – Mas não faça novamente. Você sempre diz que as sensações são
intensas para você, mas acredite... As que você provoca também são...
– Desculpe-me! – disse verdadeiramente dessa vez.
– Está bem... Então... – começou ela para voltar ao assunto. – Sua mãe era muito bonita. Aquela
criança só poder você, afinal é filho único como eu... Quantos anos tinha quando ela morreu? Você
só se refere ao seu pai...
– Você não se cansa nunca? – ele perguntou entre divertido e sério.
– Jornalista, esqueceu?
Edward a puxou de volta aos seus braços então apagou a luz do quarto e disse.
– Depois de hoje não esquecerei mais... – depois lhe beijou o alto da cabeça. – Vou contar-lhe.
– Certo. – disse afastando-se. Quando Edward fez menção de detê-la, ela esquivou-se e anunciou. –
Preciso de um momento de humana... Volto logo!
Edward nada disse e quando voltou ao quarto, depois de todos os procedimentos noturnos, seus
chinelos – um par que mal usava na verdade – estava aos pés da cama. Não era preciso olhar para
saber que sua mala deveria estar em algum ponto do quarto. Tentando não pensar no que aquilo
implicava, ela foi acomodar-se ao lado de Edward novamente. Depois de devidamente instalada
sobre seu peito frio, perguntou.
– Onde paramos?
– Onde eu lhe contava sobre minha mãe. – ela assentiu com a cabeça, então ele prosseguiu. – Sim...
Minha mãe foi linda... E aquela criança sou eu, mas... Não a conheci. Ela morreu no dia que eu
nasci; durante o parto.
– Sinto muito Edward!... Mas então como...?
– Um amigo de meu pai achou que seria uma boa homenagem e se permitiu essa “licença” de mau
gosto.
Se as palavras não fossem suficientes o tom usado por Edward deixaria claro o quanto ele odiava a
idéia de ter sido retratado ao lado da mãe. Novamente ela lhe ouviu em silêncio e logo soube o
motivo. Edward não lhe escondeu sua origem bastarda denunciando assim a traição de Elisabeth.
Disse não gostar da tela, mas por ser a única representação da mãe, o mantinha. Contou-lhe a
infância solitária sem a presença daquele que sempre considerou ser seu pai – o senhor loiro e
bonito do quadro que ficava á direita do de sua mãe.
Relatou a revelação da verdade logo que voltou para casa depois de formado. Tudo até que chegasse
novamente ao ponto de sua transformação e dos motivos que o faziam odiar a casa. Naquele
momento, depois de tudo que passaram naquela noite, o vampiro se mostrou inteiro para a humana.
Na madrugada Bella não pôde ver seu rosto, mas acreditava que ele esteve tão vulnerável quanto
estava ao fechar a porta para Alice. A única coisa que a consolava era saber que de certa forma
conseguiu distraí-lo. A jovem nem ao menos se deu conta de quando dormiu. Felizmente fora um
sono pesado, sem sonhos ou pesadelos; embalado pela cantina que Edward executara ao piano.
Agora estava ali... Admirando-lhe o rosto enquanto ele relutava em despertar.
– Eu já disse que é feio ficar encarando... – ele disse mansamente abrindo os olhos.
– Assim como também não é nada educado fingir dormir quando se está com uma dama... –ela
retrucou no mesmo tom.
– Ponto para você! – declarou subitamente debruçando-se sobre Bella obrigando-a a deitar de costas
sobre o colchão ficando com o rosto á centímetros do dela. – Perdoe-me a falta. Ajudaria se dissesse
que esperei tanto por esse momento que estava apenas desfrutando dele o máximo possível?
Edward havia dito a verdade. Perdera a conta dos dias que desejou dormir e acordar com Isabella
nos braços daquela maneira. E agora que finalmente acontecia, o momento tinha um sabor ainda
mais especial, pois na noite anterior quase colocara tudo á perder; quase ficara sem ela
definitivamente. E mesmo que agora soubesse de todo seu passado em comum, pouco lhe importava
se ela voltaria ou não. Não desejava outra. Queria somente sua Isabella.
Permanecera de olhos fechados apenas desfrutando o calor que vinha dela. O teve anteriormente,
mas dessa vez era diferente. Não havia a necessidade de apressar-se em ir embora. Edward pôde,
finalmente, acordar com ela ao seu lado, em sua cama. Ficar com a humana entre seus braços por
horas seguidas verdadeiramente aqueceu sua pele e dessa forma, mesmo que em parte, se sentiu
vivo; humano novamente.
Provavelmente estava sob a influência das coisas que contou para ela na noite anterior. Agora
Isabella sabia tudo que era preciso saber sobre ele. Ela conhecia sua história. Expôs-se de uma
maneira que jamais havia. Somente Jasper o conhecesse tanto. O único detalhe que omitiu foi sua
iniciação sexual nos braços de bela e fogosa Diana. Não era preciso perturbá-la, ainda mais depois
de ela ter pedido por essa atenção. Bastava ter rido abertamente de seu ciúme infundado. Ao
pensamento Edward reprimiu um sorriso. O ciúme de Isabella sempre o deixaria feliz; satisfeito por
se sentir amado por ela.
Deitado como estava, com ela sob seu corpo, ele passou a admirá-la. Os cabelos em leque, os olhos
brilhando de desejo velado, a boca entreaberta o convidando para um beijo. Se pudesse lhe
atenderia, mas se conhecia o suficiente para reconhecer que não seria capaz de refrear-se caso a
tocasse daquela maneira. Não saberia explicar, mas “sabia” que a jovem acreditava ter sido rejeitada
por duas vezes e não queria passar novamente essa falsa impressão. Jamais a rejeitaria, estava
apenas zelando por ela.
Não queria repetir o que havia feito á Maureen; servindo-se sexualmente dela quando bem lhe
aprouvesse. Seu corpo era fraco, precisava de cuidados. Cuidado esse que nem sempre era possível
ter quando estava tomado de excitação por ela. Porém agora era preciso atentar que ela era apenas
humana; apenas humana pensou com pesar. Talvez algo em seu semblante tenha chamado a atenção
de Isabella, pois ela lhe tocou o rosto e disse alarmada.
– Evidente que perdôo... Estava somente brincando. Sei que você nunca seria grosseiro
deliberadamente.
Edward decidiu que seria melhor não esclarecer o mal entendido então lhe sorriu.
– Obrigado!... Não se repetirá.
Dito isso a beijou levemente, apenas um roçar de lábios e se levantou da cama antes que não fosse
capaz de fazê-lo.
– Como prova de meu arrependimento vou providenciar seu café da manhã.
Edward a viu juntar as sobrancelhas e torcer o nariz.
– Não vai querer que eu coma peito de peru com pasta de amendoim novamente não é?
– Desisti da carreira culinária. Quem está preparando “nosso” desjejum é a Carmem. Posso ouvi-la
na cozinha nesse exato momento. Não sente o cheiro de café? – perguntou provocativamente.
– Não sou a criatura com o olfato aguçado... – então acrescentou em um fio de voz, como se falasse
com ela mesma. – Mas logo estarei tão afinada quanto você.
Edward não a respondeu; não poderia. Na noite anterior, enquanto lhe contava os fatos de sua vida
humana e imortal, ele acreditou ter encontrado sua resposta quanto á burlar o significado da marca
de Isabella. Iria contra o que havia determinado, mas lhe parecia ser a única solução no momento.
Sem desejar ocupar-se com aquele assunto, ou deixar o clima entre eles novamente tenso, Edward
apenas se debruçou sobre ela, lhe deu um beijo casto entre os olhos e saiu do quarto.
Como havia outra humana na casa, Edward seguiu pelo corredor na velocidade limitada dos
mortais. Por isso mesmo pôde ouvir Isabella sair da cama e rumar para o banheiro, provavelmente
para mais um de seus momentos como humana, deduziu. O vampiro sorriu consigo mesmo ao
confirmar a teimosia da jovem. Sabia que ela andou descalça, pois não ouviu o som dos chinelos.
Sentiu vontade de voltar e ralhar com ela, mas refreou-se. Estava sendo radical e tudo por estar –
ainda – impressionado por ela ter fugido de sua cobertura com os pés no chão.
A casa estava aquecida e o piso nem estava tão frio, então o melhor era deixá-la á vontade. Com
esse pensamento foi até a cozinha. Não era sua intenção, mas assustou sua empregada. Com a mão
no coração ela se recuperou parcialmente do sobressalto antes de cumprimentá-lo.
– Boa “tarde” senhor Cullen!
Edward retribuiu o cumprimento e ignorando o tom especulativo aproximando-se da mesa que ela
preparava para ele e Isabella. A mulher poderia não ser tão discreta como acreditou inicialmente,
mas era competente. A arrumação exibia capricho e cuidado. Pena que não fossem usá-la.
– Fiquei em duvida se arrumava aqui ou lá na sala de jantar, então... Como vi que usaram a cozinha
durante á noite e até pelo adiantado da hora, achei melhor arrumar aqui mesmo.
– Aqui esta bem, obrigado! De qualquer forma vou levar o café até o quarto. Poderia arrumar tudo
em uma bandeja?
O vampiro sorriu intimamente ao ouvi-la retrucar baixo o suficiente para que ele não ouvisse. Como
havia feito com Isabella, novamente refreou um impulso, dessa vez de responder-lhe que não
importava todo o trabalho que teve arrumando á mesa. Seria interessante ver-lhe a expressão
assombrada, mas conteve-se á tempo. De braços cruzados sobre o peito nu esperou que ela
terminasse o serviço, aproveitando para divertir-se com o atabalhoamento da empregada diante de
sua presença. O pobre coração humano batia descompassado desde o momento que ele entrou na
cozinha e piorava á medida que a mulher tomava consciência de sua supervisão.
Depois que ela terminava de acomodar todas as coisas em uma bandeja grande, Edward aproximou-
se para iniciar a primeira etapa de seu plano. Como havia prometido á Isabella, não a induziria, mas
nada impedia que fizesse isso com os humanos á sua volta. Tencionava pedir á jovem que ficasse
em casa quando ele retornasse para o escritório e conhecendo Isabella como conhecia, sabia que não
seria atendido. Precisava de olhos e ouvidos extras. Lentamente cercou Carmem que colocava o
último item sobre a bandeja; a mantegueira de porcelana.
– Obrigado! – disse exatamente ao seu lado.
A mulher levou a mão novamente ao coração. Sentindo o bater descompassado que tanto apreciava
e que normalmente lhe incitaria a provar sangue, ele a segurou pelos ombros. Depois de prendê-la
pelo olhar, ordenou.
– Quando eu não estiver aqui, ninguém entra sob qualquer pretexto. Com exceção da senhora
Whitlock. Assim como a senhorita Swan não tem permissão para sair sob qualquer alegação. Tente
convencê-la á mudar de idéia; não impedi-la caso ela resolva fazê-lo e, se seus argumentos não
forem ouvidos, ao menor sinal de que ela vá ausentar-se, avise-me “imediatamente”.
– Sim senhor... – ela respondeu prontamente.
– Agora pode ir para sua casa. Se precisar de algo eu a chamarei.
Apenas assentindo com a cabeça ela se foi. Depois de sua saída Edward equilibrou a bandeja e
seguiu para o quarto, andando mais rápido que o normal dessa vez. Encontrou Isabella de volta á
cama. Estava com os cabelos úmidos apenas pelo vapor do chuveiro e lhe sorria; linda. E para
contentamento do advogado, vestia novamente a parte de cima de seu pijama. Edward estava
adorando compartilhar suas coisas com ela. O gesto simples era carregado de simbolismo para ele e
o mais importante de todos era que estava realmente juntos; íntimos.
Retribuindo o sorriso da jovem, ele depositou a badeja sobre o colchão. Ao ver todas as coisas
dispostas sobre ela, Isabella mordeu o lábio inferior com a expressão preocupada.
– Certo! – disse por fim. – Realmente não foi você que preparou essas coisas, pois tudo combina,
mas aqui tem comida demais...
– Não se esqueça que para todos os efeitos vou acompanhá-la. – disse pegando uma fatia de
presunto cuidadosamente enrolada e colocando na boca.
Enquanto ele mastigava a jovem o olhava com as sobrancelhas unidas.
– Sei que vocês comem, pois já almocei com Alice, mas... É estranho vê-lo fazer isso agora que sei
de sua condição.
Edward engoliu a massa triturada e sorriu com o canto da boca.
– Sempre apreciei presunto; estava com saudade do gosto. Os de minha época eram mais salgados.
– tornando-se didático, disse. – Ainda temos nosso paladar e isso de certa forma é algo bom, afinal,
precisamos manter as aparências. Mas comida não nos atrai, pois não tem nada que precisamos
nela. Nosso organismo “pede” somente por sangue...
– Alice explicou-me. Por isso é estranho. – então, como se lembrasse de alguma coisa acrescentou.
– Assim como é estranho que beba. Duas garrafas de uísque Edward?
– Foram necessárias. Agora que está aqui prometo limitar-me á uma. – retrucou começando a servi-
la para que mudasse de assunto. – O bolo parece delicioso.
Como se lhe entendesse, ela pegou um naco de bolo com a mão e levou á boca. Edward assistia
cada gesto atentamente. Até mesmo o movimento de seus lábios enquanto mastigava o instigava.
Por isso “atacou-a” naquela tarde que estavam no Café do mezanino e agora começava a acender-
se. Quando terminou de mastigar e engolir, para seu infortúnio, Isabella lambeu os lábios antes de
perguntar receosa.
– Não vai ficar parado aí me olhando comer, não é?
– Tem mesmo essa dúvida? – falou seriamente, apreciando as ondas de desejo percorrem todo seu
corpo e instalarem-se todas em um único lugar.
– Edward...
Ah... O ruborizar de Isabella; adorável. O vampiro acreditou que o perderia, mas agora não mais.
Mesmo assim não se furtaria de apreciá-lo sempre que surgisse então a cortou gentilmente.
– O que tem demais olhá-la?
– O problema é o que tem de menos. Menos privacidade... Menos coordenação... Com certeza logo
vou derrubar alguma coisa sobre a cama ou engasgar-me.
– Carmem troca os lençóis e eu posso socorrê-la.
– Está bem. – ela disse vencida. – Mas ao menos converse comigo, não fique somente olhando...
– O pedido é justo! O que quer que eu diga?
Depois de comer outro naco de bolo, com a expressão de quem vasculha mentalmente uma lista de
perguntas importantes, ela disse.
– Pode começar falando-me como eu era... Quando me lembrei de Maria e Ashley não senti como
se o “conhecesse”, mas com Valerie foi diferente... Estou certa? – concluiu receosa.
Definitivamente não havia duvidas. Ela não estava enganada. Ainda era inquietante pensar em
Isabella como as outras. Precisava habituar-se. Além do mais, devia isso á ela, então, depois de
passar as mãos pelos cabelos começou.
– Está certa. Com ela foi diferente... Conheci Valerie Hernandez em mil oitocentos e setenta e nove.
Em um bairro “boêmio” de Paris. Era inglesa, tinha vinte anos e morava na cidade há três. Havia
fugido de casa e como não encontrou nada mais decente para fazer se tornou uma... Dama de
companhia...
– Prostituta. – disse Isabella totalmente envolvida na história.
– Queria ser gentil, mas... Sim. Uma de luxo.
– Nossa...
Edward olhou para ela tentando perceber algum detalhe em seu rosto ou corpo que lembrasse sua
primeira versão, mas não encontrou nenhuma semelhança. A inglesa era totalmente fora dos
padrões; voluptuosa. Quadril largo e seios tão fartos que praticamente saltavam dos decotes
generosos que costumava usar. Herança dos genes paternos, assim como seu sobrenome. Todas as
vezes que Edward procurou por companhia na casa onde ela trabalhava nunca cogitou escolhê-la,
pois apesar de chamar sua atenção, inexplicavelmente ele sentia receio em fazê-lo.
Então, invariavelmente, arrumava alguma desculpa e sempre “copulava” com outra mais bonita,
mais alta, mais magra, mais “não Valerie”. Ela nunca lhe “instigou” o desejo como Maria ou
Isabella, com ela era o oposto. Admirava-a, mas a queria á distância. Definitivamente Isabella não
tinha nada da anglo-hispânica e, a seu ver, era ainda mais bonita. A jovem atual não se parecia com
nenhuma de suas duas versões iniciais, a única exceção era Maria; por motivos óbvios. Sem que
fosse preciso incentivá-lo, Edward prosseguiu.
– Naquela época já havia decidido... “caçar” somente determinado tipo de pessoa e foi em uma
dessas caçadas que me aproximei dela. Já a conhecia da casa onde trabalhava, mas nunca fiquei
com ela. Quando verdadeiramente a conheci, ela estava para ser atacada por dois homens. Eu a fiz
dormir e os matei... – disse mirando o vazio.
– Salvou-a... – murmurou Isabella como se tentasse se lembrar dos mesmos detalhes.
– Sim. – Edward confirmou e continuou a contar. – Não sei dizer, mas vi algo novo nela, talvez em
seus olhos, que nunca havia reparado antes... Lembrou-me uma jovem que vivia na casa que meu
pai mantinha em Londres; filha de uma das empregadas. Eu costumava ir para lá nas férias nos
meus tempos de adolescente... Éramos como... namorados.
– Evidente. – retrucou Isabella secamente partindo um pedaço de pão e colocando-o puro na boca.
Edward sorriu e prosseguiu.
– Daquele dia em diante me senti responsável por ela; afeiçoei-me, nada mais que isso.
Conversamos algumas vezes, mas ainda não a escolhia. Em uma dessas noites de conversação
trivial descobri que ela era neta da tal “namorada”... Bom... Pode soar estranho, pervertido até, mas
diante desse fato novo eu simplesmente “precisei” ficar com ela. Seria como estar com Diana
novamente.
Nesse momento da narrativa, Edward sentiu seu coração falhar uma batida, pois agora sabia á quem
realmente havia feito mal.
– Infelizmente, quando estávamos á sós no quarto reservado á ela e a despi... Descobri a marca em
seu ombro. Não era idêntica á minha, mas muito próxima. Evidente que fui tomado pelo choque,
porém ele durou apenas alguns segundos. Nunca acreditei que pudesse ser verdade... Que existisse
no mundo alguém marcada para subjugar-me. Como bem sabe, não pensei á respeito. Apenas quis
proteger-me, então a matei. Não me orgulho, porém não me arrependo.
– Sei disso. – disse Isabella trêmula com as mãos agora sobre o colo.
– Preferia que eu não tivesse contado?
– Não! Eu perguntei não foi?... E como também já disse, não há com que se preocupar... Isso tudo é
passado. Estava apenas curiosa, pois essa sensação diferente também ajudou para que eu sentisse
medo de você.
– Entendo.
– Na verdade... Acho que não preciso dizer que sempre tive medo de você... – ela disse receosa. –
Nunca entendi de onde vinha isso, mas depois que descobri sobre nosso passado tudo ficou claro.
Era somente uma defesa instintiva me avisando para ficar afastada.
– Mas você não ficou. – os olhos verdes brilharam com as palavras.
Isabella sorriu docemente.
– Acho que não tive muita escolha, não é mesmo?
– Realmente não teve. – ele lhe retribuiu o sorriso. – Ficar afastada foi uma opção para você. E
baseado no que sabemos hoje, acho que nunca foi. Sempre nos atraímos. – então Edward se
lembrou de alguns detalhes importantes e continuou a falar, quase que para si mesmo.
– Em escalas diferentes, “você” sempre me atraiu. Gostaria apenas de saber onde essa marca se
encaixa na história. A da moça do quintal também não era exatamente idêntica, era como se tivesse
evoluído. Com mais detalhes similares. A sua é a copia fiel, no entanto, sua tia não tinha nenhuma.
– Eh... – ela começou. – Na verdade... Ela tinha sim. Alice me disse que você não a viu. Matou-a
por “engano”, mas não houve engano algum. A dela ficava nas costas. Segundo minha mãe,
exatamente igual a minha.
Aquilo era novo. Anos e anos acreditando ter cometido uma falha e agora descobrira que não a
cometera. Apesar da descoberta, Edward não se sentia aliviado de forma alguma. Cada vez mais
entendia menos, mas estava claro que a tal marca realmente evoluíra á cada vinda de suas
prometidas. Isabella era o produto final. Foi a vez do vampiro estremecer imperceptivelmente. Puro
reflexo, pois já havia encontrado um jeito de Isabella nunca ser uma ameaça. Recuperado da reação,
estendeu a mão e ajeitou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, excitando-se com o breve
contato das peles.
– E a sua veio em um local de difícil visualização e em um tom leve. – como ainda estava com os
dedos no rosto dela, sentiu-a estremecer. – Somente á vi quando não teria ação para agir no impulso.
Quando precisei buscar coragem... Desculpas para matá-la. Até o último minuto eu não entendia
essa “trapaça” do destino, mas agora não só entendo como agradeço. Precisávamos encerrar esse
ciclo; ficarmos juntos.
A jovem nada disse e, sem se importar se ela havia terminado de comer ou não, ele tirou a bandeja
da cama e a depositou sobre o criado mudo. Falar sobre a maldita marca inflamou-lhe. Quando se
voltou para Isabella, sentia seus olhos em chamas. Após sentar-se no mesmo lugar de antes e
encará-la, disse roucamente.
– Acho que estou preparado para vê-la corretamente. Mostre-a!
Não era sua intenção induzi-la, mas pela atitude de Isabella pareceu ter sido o que fez. Sem nada
dizer, a jovem deitou-se sobre a cama – as pernas ligeiramente dobradas, uma mais que a outra.
Sempre o encarando começou a desabotoar sua camisa lentamente. Naquele instante soube que ela
não estava sob sua influência, pois o coração acelerou de forma perturbadora em seu peito. Ele
também percebeu as mãos trêmulas, apreciando cada som descompassado e gesto contido.
Impossível não excitar-se ainda mais com a visão dela sobre os lençóis. A cada botão aberto uma
nova corrente de êxtase cruzava seu corpo imortal. Quando toda peça estava aberta e Edward pôde
ver desde o vão entre seus seios, o ventre liso e parte da calcinha mínima, ela, sempre lentamente,
acariciou seus seios. Surpreso, Edward a assistiu mover as mãos sensualmente sobre eles ainda sob
o tecido por instantes torturantes antes de separar as laterais da camisa acomodando-as ao lado do
corpo, encarando-o lascivamente.
Por alguns segundos Edward esqueceu-se da marca, ficando hipnotizado pela atitude dela e pelos
montes que adorava á mostra; os bicos endurecidos pelo carinho estimulante de sua dona. Nem
mesmo os hematomas de diferentes tonalidades espalhados por seu pescoço e seios lhe diminuía o
desejo; apesar de terem sido feitos em uma hora tensa, eram suas digitais. Cerrando os punhos para
conter-se e, concentrando-se no seu pedido inicial, sem baixar os olhos para o desenho, disse
roucamente.
– Sem barreiras.
O coração humano bateu ainda mais rápido, mas ela sobreviveria ao bater frenético. Aquele ainda
não era o momento de Isabella. A vida dela lhe pertencia e agora ela estava segura. Todo seu corpo a
desejava viva até o dia de sua partida definitiva. Deixando esse pensamento de lado, o vampiro se
concentrou nos movimentos seguintes dela. Como acreditou, ela não recuou diante de seu pedido.
Depois de escorregar as mãos pelo corpo, insinuou os dedos nas laterais da calcinha baixando-a
devagar, até tirá-la completamente depois de deslizá-la pelas pernas de forma graciosa. Atirando-a
ao chão, voltou á posição inicial, com as pernas unidas e ligeiramente dobradas.
E lá estava ela; a marca infernal maculando a pele perfeita e alva de Isabella. Sim, a marca era
maldita, mas naquele momento tinha o poder de incendiá-lo como tudo na humana. Então, sentindo
seu membro latejar violentamente, parou de conter-se; deixando que a ereção se formasse. Em sua
mente não havia espaço para pensamentos solidários naquele momento; não importava mais se ela
ainda estivesse fraca ou até mesmo dolorida.
Quando se arqueou sobre as pernas dela, Isabella fechou os olhos e esperou. Respirava pelos lábios
entreabertos. A jovem se mostrava cheia de surpresas e mais uma vez era uma bruxa provocadora.
Ainda era assustadoramente novo, mas Edward apreciava cada vez mais, pois agora via que
somente confirmava um pensamento anterior; Isabella logo seria tão pervertida quanto ele.
Sorriu ao beijar-lhe o pé esquerdo e senti-la estremecer. Retribuindo a provocação em acariciar-se
para ele, passou a beijar-lhe cada centímetro da pele ao longo da perna. O cheiro de fêmea já o
perturbava. Quando alcançou os joelhos da jovem, não se conteve e ergueu os olhos para a fonte do
odor inebriante. Os pelos pubianos de Isabella eram curtos, cuidadosamente depilados nas laterais e
em uma delas estava o dragão a encará-lo. Dessa vez Edward não entendeu como deboche e sim
como um convite. Quando subiu os lábios pela coxa feminina, alternou os beijos com breves
mordidas. A cada roçar de seus dentes Isabella gemia e se contorcia.
Quando alcançou a marca, analisou-a atentamente. Conhecia os riscos de cor e, mesmo que odiasse
a sua, agora que seu medo estava controlado, começava a apreciar a dela. Como se precisasse senti-
la por inteiro, começou a lambê-la em toda sua mínima extensão. Para seu infortúnio, estava
praticamente deitado sobre a perna dela de forma que o pé da jovem tinha acesso ao membro rígido.
Sua bruxa não se fez de rogada e passou a provocá-lo ao mesmo tempo em que afastava a perna
livre, abrindo-se para ele.
Como recusá-la? Jamais o faria. Então, por mais que estivesse adorando o acariciar do pé pequeno,
posicionou-se corretamente entre suas pernas para provar seu gosto mais uma vez; com ela
acordada agora. Isabella gemeu alto quando Edward tomou, sem aviso, o botão inchado do topo de
sua fenda entre os lábios frios. Chupou-o delicadamente, gemendo com ela, apreciando cada
corcoveada de seu dorso, antes de correr a língua profundamente por toda entrada úmida dela,
colhendo seu sabor mais intimo.
– Edward... – ela gemeu em agonia.
Por puro reflexo tentou fechar as pernas, mas ele as manteve bem afastadas para continuar sua
“retribuição” á tortura durante o banho de ambos. Voltando a atenção para seu ponto de prazer,
passou a rolá-lo na língua e a chupá-lo intensamente. Não a penetrou com os dedos, queria que seu
“sofrimento” fosse duradouro, então continuou a estimulá-la somente com a boca.
– Edward, por favor... Por favor...
O vampiro sabia que ela estava ás lágrimas e as portas de um orgasmo. Como a tortura era
recíproca, resolveu atendê-la e, depois de uma sugada mais intensa introduziu-lhe a língua fria em
mais uma lambida lenta e profunda. Nesse momento Isabella gritou seu nome e retesou-se no meio
de um corcovear. Satisfeito, depois de colher o que era seu de direito, Edward estendeu-se sobre ela
tirando a calça de seu pijama. E, sem dar-lhe tempo de recuperar-se, afundou-se nela.
– Edward... – ela arfou abraçando-se á ele.
– Dance comigo. – ele pediu roucamente. – Acompanhe-me.
Logo Isabella obedecia-lhe, movendo o quadril em sincronia com o dele. Nesse momento ele a
beijou, deixando que ela sentisse o próprio gosto; delicioso. Por mais que fosse pervertido e
adorasse a companhia feminina, aquele era um carinho intimo reservado á ela, pois o vampiro
sempre esteve mais disposto á receber que a dar prazer. Contudo Isabella sempre teria o melhor
dele.
Com um urro contido pelos lábios dela, Edward se moveu ainda mais dentro do corpo amado.
Chegando ao limite de sair para entrar novamente; profundamente. Liberando-lhe a boca, sorriu
satisfeito ao sentir as unhas dela tentando arranhar a pele de suas costas. O gesto não o machucaria,
somente o inflamava fazendo-o desejar satisfazer-se em seu corpo e beber-lhe o sangue. Não
poderia alimentar-se dela então mordeu os lábios. E como já estava no seu limite, esperou por ela
para atingirem o orgasmo juntos. Ainda moveu-se algumas vezes enquanto ela se contorcia,
prolongando a sensação intensa que percorria seus corpos.
– Amo você, Edward!... – ela sussurrou sob seu corpo, ainda trêmula.
– “Eu” amo você Isabella! – disse ele enfaticamente, acariciando o rosto suado dela.
A jovem sorriu docemente e retribuiu o carinho em seu rosto quando ele se estendeu ao seu lado.
Depois de juntar as laterais da camisa e acomodar-se em seu peito, ela procurou por seus olhos e
disse apaixonadamente.
– Então, justamente porque nos amamos, não devemos dar importância á essa marca. Eu jamais
seria capaz de fazer mal algum á você...
Edward sabia que Isabella não faria nada contra ele, pois nunca teria força suficiente para subjugá-
lo; derrotá-lo.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... não sei vcs, mas eu considerei esse capítulo light... Definitivamente prefiro os
momentos tensos, mas esses trechos de adaptação entre eles são necessários... :)

Espero que tenham gostado... Acredito que agora eles não tenham nada mais do passado
para esclarecer... então é seguir com a vida... imortal ou mortal, eis a questão...

E para não perder o costume... vamos ao spoiler:

Imediatamente Edward regressou á sua sala. Dessa vez apurou os sentidos, tentando
adivinhar outro odor que não fosse o do vampiro. Circulou por todos os cantos e nada.
Apenas percebeu o cheiro do imortal e o de limpeza. Um produto que além do cloro
trazia tons de pinho e “madeira”?... O advogado não soube precisar os odores que sentia.

(...)

Imerso nesse pensamento, Edward tomou um gole do uísque e respirou fundo. Nesse
momento o cheiro de madeira lhe invadiu as narinas junto com o odor ardente da bebida.
De repente, os pelos de sua nuca se eriçaram. Como uma lembrança antiga e mal
assombrada, aquele novo odor lhe pareceu agourentamente familiar. Mas não poderia
estar ali, pois pertencia á uma mulher morta. Ele cuidou para que ela morresse
rapidamente anos atrás. Aquele era o cheiro de Kachiri."
Até a semana que vem... bjus lindas.. :D

(Cap. 46) Capítulo 17 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Boa noite!...
Olha aí... essa semana até que passou rapidinho, né?... rs

Como sempre, tenho que agradecer os reviews e as indicações... Vcs são show!...

Obrigada pelo carinho comigo e com a fic...

Bom... Esse não tá light então tô me sentindo em casa de novo!... :)

Boa Sorte á todas com os surtos...

e BOA LEITURA!...

Bella sentia o corpo trêmulo. Evidente que Edward era o principal responsável, mas boa parte de
sua perturbação se dava por ela mesma. Estava se desconhecendo. Acreditou que seria complicado
habituar-se ao vampiro, no entanto, estava cada fez mais ousada. Sim, ainda era preciso que ele
estivesse muito perto, mesmo assim tomava atitudes que nunca cogitou antes. Deitar-se
languidamente sobre a cama e passar a abrir a camisa para ele e acariciar-se fora de longe seu ato
mais ousado – evidentemente o mais ousado depois do que fez durante o banho que lhe custaria a
vida.
Perguntou-se intimamente até que ponto essa nova postura não seria herança de sua versão mais
promiscua. Bom, se fosse essa resposta estava agradecida, pois cada vez mais apreciava esses seus
rompantes pervertidos. Principalmente por, aparentemente, agradarem á Edward. Começava a
imaginar até onde poderia ir. Quanto mais de prazer poderia ter ou proporcionar. Estava viciada em
Edward. Desejava ter o melhor dele... Se possível eternamente. E, mesmo com todos os assuntos
inquietantes que os cercava, estava feliz. Por ele ter interrompido o “ciclo” como ele mesmo dissera
e por estarem finalmente juntos.
Agora que Edward havia superado o medo da marca, poderiam viver em paz. Amando-se mais a
cada dia. De preferência recuperando todo o tempo perdido de dias, anos; vidas atrás. Enquanto ele
lhe contava sobre Valerie, um detalhe lhe chamou a atenção. Talvez estivesse romanceando demais,
mas lhe ocorreu que talvez ela fosse sua alma gêmea desde a tal “namorada”. Aquela parte da
narrativa aqueceu seu coração. Não diria isso á ele, mas já havia decidido acreditar nessa hipótese.
Era extremamente agradável imaginar que pertencia á Edward desde sua adolescência.
– Amo você, Edward!... – sussurrou subitamente.
– “Eu” amo você Isabella!
Ainda estava com a respiração entrecortada por causa do orgasmo proporcionado por ele, quando
Edward acariciou seu rosto. A ênfase na declaração poderia ser contestada, mas Bella jamais o faria.
O amor de ambos não poderia ser mensurado. Assim como nunca poderia medir a intensidade do
que sentia toda vez que recebia seus carinhos; sua atenção desmedida. Sentia-se a mais importante
das mulheres. E por sentir-se amada e saber, sem nenhuma sombra de duvidas que retribuía o
sentimento é que não aceitaria que ele a temesse, depois de recompor-se e encará-lo, afirmou.
– Então, justamente porque nos amamos, não devemos dar importância á essa marca. Eu jamais
seria capaz de fazer mal algum á você...
Como olhava diretamente para ele, viu a sutil transformação pela qual seu rosto passou. Antes de
suas palavras ele estava tranquilo; sereno. Porém, gradativamente, uma sombra de preocupação
baixou sobre suas feições, tornando a testa vincada e o olhar sombrio. E assim, sério e enigmático,
disse.
– Sei disso.
A afirmação não combinava com sua postura rígida. Bella juntou as sobrancelhas e ergueu o dorso
para olhá-lo de frente.
– O que há Edward?... – perguntou receosa. – Ainda acredita nas palavras da vampira?
– Agora elas não têm mais importância.
Novamente lá estava a contradição entre fala e expressão. Mesmo assim a jovem sorriu levemente.
– Fico feliz que pense assim... Seria um absurdo acreditar que eu lhe faria algo ruim.
Edward a encarou por um minuto inquietante antes de dizer.
– Tenho certeza que não o fará, pois cuidarei para que nunca tenha força para tanto.
Intrigada, Bella ajoelhou-se, sentando sobre os calcanhares. Evitou descer o olhar pelo corpo nu
estendido na cama. Precisava entender o que se passava pela cabeça dele, pois, as palavras do
vampiro foram claras, mas ela se recusava a crer.
– O que quer dizer com isso?
Para seu infortúnio, dessa vez ele respondeu prontamente.
– Não conversamos sobre “mudanças” e acredito que não acontecerá. Então, pelo menos quero que
saiba que minha intenção sempre foi transformá-la tão logo me aceitasse como sou, mas diante
desse fato novo, não o farei.
A jovem precisou de alguns segundos para processar a informação. Evidente que o mais importante
era ficar ao seu lado; mas para isso não precisava ser como ele?... Como seria possível se não fosse
“mudada”? Como seria sua companheira?... Seu coração passou a bater descompassado depois que
começou a pensar em tudo que as palavras implicavam. Edward o quê?... Deixaria que envelhecesse
e morresse? Desejava-a, porém por tempo determinado. Amava-a, mas não confiava nela... Era
isso? Sem que pudesse evitar, sentiu um nó na garganta. Com a voz sumida, disse.
– Não está falando sério.
– Nunca falei tão sério em toda minha existência.
Sem nem mesmo pensar, Bella saiu da cama; Edward não tentou detê-la. Apenas permaneceu
olhando-a. Com as mãos na cintura – esquecida de sua nudez sob a camisa ainda aberta – passou a
andar de um lado ao outro, lutando com as lágrimas que ameaçavam surgir. Não queria chorar na
frente de Edward. Quando acreditou estar controlada, voltou-se para a cama. Ele estava sentado,
novamente vestido com a calça do pijama, encarando-a... Impassível?
O olhar imperturbável e frio teve o poder de atingir seu coração. Bella queria dizer-lhe tantas coisas;
argumentar em seu favor. Contudo as órbitas verdes sem expressão a calou. Como era possível que
Edward a levasse ao paraíso para logo em seguida a puxar de volta á terra de forma impiedosa?
Qual a novidade afinal?... Sempre o considerou contraditório e agora sabia que ele era movido á
extremos. Deveria ficar preparada para as mudanças vertiginosas.
Diante da inspeção gélida tomou consciência de sua nudez e de sua fraqueza. Bom... Como ele
havia dito, não seria forte. Contudo poderia se recompor e digerir a notícia longe dele. Suspirando
profundamente foi até sua mala e procurou por algo decente para vestir. Alice realmente a conhecia
– com exceção aos chinelos – havia escolhido as suas roupas preferidas, assim como trazido sua
frasqueira. Em qualquer outra ocasião ficaria curiosa para ver o que mais ela trouxe, mas não
naquele instante quando estava sob a vigilância de Edward. Não quando tudo que desejava era sair
de sua presença.
Apressando-se, pegou uma calça jeans básica, uma blusa de malha vermelha e peças íntimas então
se dirigiu ao banheiro, evitando olhá-lo; se encontrasse o mesmo olhar inexpressivo sucumbiria.
Depois de trancar a porta atrás de si, desabou sentada sobre a tampa do vaso sanitário com as roupas
formando uma trouxa em seu colo. Mirando o vazio, forçou-se á pensar com clareza.
Queria ficar com ele para sempre, mas do que adiantaria dizer-lhe?... O que estava em pauta ali não
eram o amor nem o desejo de ficar junto á Edward. O que a matava pouco á pouco era saber que
Edward não confiava nela. Afinal, confiança era a base de toda relação, não era? E o pior... Se não
lhe inspirava confiança, como poderia mostrar á ele que seu pensamento estava totalmente errado?
Como fazer para apagar anos e anos daquele medo que cada vez mais lhe parecia infundado? Não
sabia a resposta. E assim, frustrada, tratou de arrumar-se.
Depois de banhar-se demoradamente para se acalmar e estar devidamente vestida saiu do banheiro.
Edward encontrava-se sentado no mesmo lugar de antes, contudo agora a olhava caminhar pelo
quarto com os braços cruzados sobre o peito. Sempre evitando encará-lo, ela seguiu até a porta;
queria ficar sozinha. Evidente que não seria tão fácil. Como por encanto, Edward se materializou
entre ela e o corredor, apoiando um dos braços no batente, barrando-lhe a passagem. O susto a
desestabilizou por segundos, mas logo se recompôs.
– Achei que o banho levaria a infantilidade embora? – disse ele duramente.
Com o coração ainda aos saltos, forçou-se em encará-lo.
– Então “eu” sou infantil?... Se for esse o caso não estou sozinha nessa. E já que acredita que a água
tem esse poder talvez deva experimentar... Quem sabe funcione com você e o banho leve embora a
“sua” infantilidade em temer simples palavras. Agora, se me der licença...
– Não diminua o que sinto. – não era um pedido. – Não foram simples palavras. Você não entende
nada sobre o mundo que vivo, assim como não sabe como foi difícil tomar essa decisão.
A vontade de Edward era chacoalhá-la para trazê-la ao normal. Não gostava de vê-la naquela atitude
defensiva; distanciando-se dele. Assim como não gostava do sentimento que aquele afastamento
repentino trazia ao seu peito. E acima de tudo não gostava que a jovem menosprezasse seu temor.
Zafrina não brincara; o problema era real e não poderia correr o risco sendo condescendente por
estar apaixonado. Não mudaria de idéia. Contudo precisava fazer com que Isabella o entendesse;
respeitasse sua decisão. Ainda mais que ela nada poderia fazer para demovê-lo.
Não lhe mentira. Fora realmente difícil decidir por não transformá-la. Com essa atitude limitava o
tempo que teriam um com o outro, mas essa lhe parecia a melhor solução. Viveria intensamente ao
seu lado, faria Isabella feliz e, quando ela não mais existisse, segui-la-ia. Era um bom arranjo.
Melhor que correr o risco de ser destruído e não ter tempo nenhum ao seu lado. Na madrugada
anterior, quando ainda estava sob a influência dos acontecimentos, acreditou ser nobre morrer por
amor, mas agora... À luz da razão... Tinha que admitir que nunca fora “nobre”; não estava disposto á
sacrifícios. Pelo menos não os estritamente necessários.
– Sim, acredito que tenha sido difícil... – ela começou debochada. – Confiar ou não confiar, eis a
questão.
O vampiro lhe desculpou o tom por saber que ela estava magoada. Humanos eram sensíveis e
invariavelmente usavam o ataque como defesa. Não desejava gerar desentendimentos com ela
então, por entendê-la e saber que estava enganada, disse apaziguador.
– Minha escolha não tem nada á ver com confiança.
– Ah, não?!... – perguntou cruzando os braços ainda defensivamente. – Tem a ver com o que então?
– Com lógica. – ela abriu a boca para protestar, mas ele prosseguiu sem lhe dar chance de dizer uma
única palavra. – Pare de torturar-se e pense Isabella!... Eu a amo acima de todas as coisas. Evidente
que acredito e confio em você, mas nada impede que faça algo não intencionalmente.
De repente ela jogou as mãos no ar, exasperada.
– Toda essa história é tão absurda que chega a ser ridícula!
– Já pedi para não menosprezar o que sinto. – disse baixo e entre dentes passando a ficar
verdadeiramente irritado com ela.
Ao que tudo indicava, ela realmente não mais o temia, pois disse sem se importar com seu tom
ameaçador.
– Talvez ajudasse mais se “você” não supervalorizasse palavras ditas em um momento de raiva por
uma vampira maldosa.
Por um segundo as palavras dela chamaram sua atenção, mas logo as baniu. Sabia o que havia
ouvido e não mudaria o pensamento anos depois somente porque uma humana descrente e magoada
não entendia seu significado. Estava prestes a responder-lhe quando as palavras seguintes o
cegaram, fazendo-o se esquecer o que diria.
– Além do mais, acho que não preciso de você para ser transformada. Posso pedir esse favor á
Alice.
Involuntariamente rosnados se formaram em seu peito. Não havia sofrimento que justificasse tal
enfrentamento. Então ele assegurou pausadamente.
– Alice é louca... Insubordinada... Mas jamais foi suicida.
A jovem tremeu diante de suas palavras, porém, inadvertidamente retrucou.
– Você não faria mal á ela e...
– Experimente! – provocou entre dentes, pegando-a pelos ombros. – Vocês duas já extrapolaram
todos os limites possíveis. Desculpei-as antes, mas dessa vez não responderia por mim.
A jovem olhava-o assombrada e tremia sob suas mãos, porém ele não se importou; estava possesso.
Ainda em tom baixo e ameaçador, prosseguiu.
– É assim que devo confiar em você?... Ouvindo-a dizer descaradamente que agiria contra minha
vontade?... Acredita mesmo que me fará mudar de idéia provocando-me dessa maneira? Sua atitude
apenas demonstra que estou certo. Alguém tão voluntariosa não seria capaz de conter seus atos.
– Está me machucando... – ela disse em um sussurro.
Imediatamente o vampiro á soltou. Uma vez livre, a jovem passou a esfregar os ombros sem encará-
lo. Jamais a machucaria deliberadamente; estava preocupado que o tivesse feito em seu arroubo,
mas não se desculpou. Isabella teve o poder de enfurecê-lo. Alice alertara várias vezes – Edward
não a considerava sua versão feminina – mas era preciso reconhecer... A humana era “realmente”
impertinente.
Suspirando fundo para acalmar-se, Edward decidiu que talvez fosse melhor permitir que ela
deixasse o quarto como era sua intenção ao sair do banheiro. Estava claro que a discussão de ambos
não os levaria a lugar algum. Ou talvez, na pior das hipóteses, os levasse á um ponto onde seria
difícil retornar ao clima que estavam antes. Aproveitando esse pensamento lúcido, Edward a
dispensou antes que “seu” lado impertinente a provocasse. Saindo do caminho, disse.
– Acho melhor conversarmos em outra ocasião.
Sem responder-lhe, a jovem ergueu o queixo e pôs-se á andar dignamente para sair de sua presença.
Quando ela passou ao seu lado, Edward refreou o impulso de segurá-la pelo braço e jogá-la na
cama. Não saberia dizer como aconteceu, mas a atitude altiva de Isabella o excitou subitamente
fazendo com que desejasse tirar-lhe aquele ar arrogante da maneira que melhor conhecia;
provocando-a sexualmente até fazer amor com ela. Contudo uma voz distante em sua mente lhe
disse que talvez, dessa vez, não terminasse da forma esperada.
Ouvindo os passos leves da jovem se distanciar no corredor, Edward seguiu para o banheiro
sentindo-se irritado com seu súbito arroubo e com o desentendimento de ambos, porém
inexplicavelmente satisfeito. Ela jamais saberia, mas – á medida que ia se acalmando – admirava
sua postura durante a discussão. Em sua rebeldia Isabella, mais uma vez, deixou claro que faria
qualquer coisa para ficar com ele.
Estava disposta até mesmo a enfrentá-lo; á mudar sua condição como ele sempre desejou que
acontecesse. Sem que pudesse conter um sorriso brincou por seus lábios enquanto tirava a calça de
seu pijama e entrava no Box. Ainda temia o futuro, as mudanças. Mas aquela em especial começava
a agradá-lo. Sua bruxa não era covarde afinal; era somente humana. Desde que ela não cometesse
nenhum ato impensado, seria interessante “domar-lhe” se ela insistisse. No mais, precisava apenas
mostrar para ela que não haveria problemas em permanecer dessa forma e que ele havia tomado a
melhor decisão. Depois disso, sem duvida, tudo ficaria bem.
Quando a água atingiu seu corpo, Edward lamentou por um breve instante não poder transformá-la.
Ao que tudo indicava, Isabella seria uma vampira incrível. Forte, decidida e para seu deleite... Tão
pervertida quanto ele. Ao lembrar-se de seus últimos atos ousados, excitou-se ainda mais. Como já
se encontrava excitado desde o minuto que ela passou ao seu lado, sentiu seu membro pulsar
ameaçando enrijecer-se, porém se conteve. Não era nenhum pré-adolescente ainda imberbe para
auto satisfazer-se pensando em uma mulher que estava ao alcance de suas mãos.
O melhor que tinha a fazer era segregar os sentimentos que Isabella lhe despertava e se ocupar de
assuntos práticos. Finalizando seu banho, secou-se e seguiu para o quarto. Agora que estava com a
jovem era hora de voltar definitivamente para onde nunca deveria ter saído.
Assim que terminou de descer as escadas os olhos de Bella pousaram sobre o sofá que esteve com
Edward na noite anterior. Impacientando-se – com os ombros mais queimando que doendo – nem
sequer parou na sala. Seguiu pelo pequeno corredor que levava á cozinha. Sua intenção era tomar
um copo com água para acalmar-se, mas ao reparar com as duas portas que havia visto na noite
anterior, mudou de idéia. Curiosa, empurrou a primeira. Bom... Definitivamente não existia um
cômodo como aquele na versão original da casa de Chicago; era uma sala de TV, com uma ainda
convencional sobre uma estante de madeira escura. A jovem não se demorou e, fechando a porta, foi
para a seguinte.
Empurrou-a e, ao entrar, deparou-se com um escritório. Depois das estantes repletas de livros, o que
lhe chamou a atenção foi o computador sobre a mesa de trabalho. Aquele cômodo lhe interessava.
Escrever e saber o que se passava além dos muros que a cercava com certeza lhe distrairia. Então,
depois de se dirigir até ele e o analisou por instantes. Sem cogitar pedir permissão para usá-lo,
ligou-o rezando intimamente para que estivesse funcionando. E estava.
Enquanto esperava por todo processo inicial, passou as mãos pelos cabelos e bufou exasperada.
Ainda não acreditava que deixara seu mau gênio aflorar justo na frente de Edward. Sabia que sua
atitude não ajudaria em nada para fazê-lo mudar de idéia, mas ele realmente a tirou do sério. Ao que
tudo indicava ser imortal não mudava muito a mente masculina, na verdade somente piorava. Como
Edward podia ser tão obtuso?
Certo, obtuso não era a palavra. O termo correto seria “cabeçudo”, pensou de mau humor. Melhor
esquecer aquele assunto e tentar ocupar a mente. Talvez refizesse a matéria sobre o Dia de Ação de
Graças. Estava em falta com sua editora e agora que as coisas estavam em boa parte resolvidas entre
ela e Edward nada melhor que retomar sua vida agora que novamente trabalhava em sua área.
Lembrar do jornal amoleceu seu coração. Não tinha o direito de duvidar do amor do advogado tanto
quanto cobrava a mesma atitude dele. Precisava respirar; colocar os pensamentos em ordem para
poder argumentar coerentemente com ele quando este estivesse mais calmo, sem a influência
recente dos acontecimentos, sem discussões. Sim... Seria exatamente o que faria.
Decidida, dedicou toda sua atenção ao computador. Como a TV da sala em frente, era um aparelho
antigo, mas funcionava bem e tinha conexão com a internet. Antes de qualquer coisa, resolveu
checar seus e-mails; há dias não o fazia. Há dias sequer vivia, pensou. Ao abrir a caixa de entrada
sentiu um gelo estranho cruzar seu coração ao se deparar com um e-mail enviado por Paul. Era
recente; dois dias. Imediatamente moveu a seta para excluí-lo, porém, antes de fazê-lo, titubeou.
Maldita curiosidade, o que ele ainda poderia desejar com ela? Decididamente nada que lhe
interessasse, pensou. Então excluiu a mensagem.
Satisfeita por ter resistido ao desejo de ler aquele e-mail, abriu os de sua mãe. Nos dois primeiros
Renée contava como estavam as coisas em Phoenix, nos dois seguintes perguntava por ela e
comentava o tom alheio ao telefone e no último ameaçava vir á Nova York caso ela não respondesse
até... Bella olhou a data no canto da tela. Amanhã!... Imediatamente a jovem começou a redigir um
e-mail com pedidos de desculpas onde contava, parcialmente, os problemas recentes usando-os
como desculpa para sua alienação.
Estava no meio de sua “carta” quando sentiu seus pelos da nuca se eriçar. Sabia que estava sendo
observada; de muito perto. Reduzindo a imagem da tela, cruzou os braços sobre a mesa e olhou em
volta.
– Sei que está aqui.
Imediatamente pôde ver Edward recostado ao batente, sério, com os braços cruzados como se
sempre estivesse ali, totalmente vestido; calça cinza chumbo e camisa de microfibra preta, o cabelo
apontando em todas as direções. Para seu infortúnio, era desnecessário acrescentar que estava
absolutamente lindo. Tentando ignorar as batidas traiçoeiras de seu coração à visão, resmungou.
– Não preciso dizer que também não é educado ficar xeretando o que as pessoas escrevem.
– Não é uma jornalista?... – retrucou inocentemente. – Pensei que escrevia para as massas.
– As massas podem ler o que escrevo depois de impresso, não antes. E definitivamente, nada que
seja pessoal. – então, mesmo que tenha decidido persuadi-lo a mudar de idéia não se sentia em
condições de conversar de forma cordata, disse séria. – E ainda não sei se quero falar com você,
então... Gostaria de ficar sozinha, por favor.
Novamente ela pôde ver uma veia em seu maxilar se mover, como na noite anterior, e um brilho
estranho cruzar seus olhos. Não gostou da expressão, pensou em desculpar-se e pedir que ficasse,
mas as palavras não vieram. Sabia que estava certa. Se começasse aquele relacionamento cedendo
sempre por não desejar magoá-lo seria “atropelada” por suas vontades.
– Não se preocupe. – ele disse por fim. – Terá toda privacidade que precisa para escrever para sua
mãe.
– Eu sabia! – ela o encarou acusadoramente com os olhos em fendas finas. – Estava lendo.
– Evidente que sim... – ele disse sem abalar-se com sua expressão enraivecida. – Nunca escondi que
tudo sobre você é de meu interesse.
– Certo. Vou levar em conta que “isso” é novo para você. – ela suspirou indicando á ambos,
desistindo de iniciar uma nova discussão. –Depois conversamos sobre limites e individualidade.
– Ótimo... Adoro palavras novas! – Edward retrucou dissimulando entusiasmo. Bella abriu a boca
para responder-lhe, mas ele a cortou gentilmente. – Assim como adoro nossas conversas... Mas
como você disse anteriormente, deseja ficar sozinha... E eu preciso mesmo sair.
Essa parte ela havia perdido.
– Vai sair; “sair”?... – Bella se pôs de pé alarmada. – Vai deixar-me aqui?
De onde estava o vampiro presenteou-a com um sorriso torto, provavelmente satisfeito com sua
reação. Ah... Que se danasse; ela pensou. Edward poderia se comprazer o quanto quisesse. Queria
ficar afastada, pois estava magoada com ele, mas não desejava ser abandonada ou ficar sozinha de
verdade e não se envergonhava em demonstrar. Contudo, depois de suas palavras soube que seria
exatamente o que aconteceria.
– Estive fora por tempo demais. – então avançou pelo escritório, contornou a mesa e se pôs ao seu
lado. – Vou até o NY Offices ver como estão as coisas por lá, depois até meu apartamento... Volto
logo. Prometo!
– Eu poderia ir junto. – ofereceu-se esperançosa.
Edward alargou seu sorriso, porém ficou sério logo em seguida.
– Melhor não. As coisas estão confusas... – ele olhava para ela atentamente, cada parte de seu rosto,
como se o gravasse. – Não posso distrair-me com sua presença.
– Prometo me comportar!
– Acredite... Quem não se comportaria seria eu. – então assumindo uma postura que não aceitaria
mais argumentos, disse. – Como disse, volto logo.
– Ah... Está certo! – exclamou exasperada.
A jovem tentou virar o rosto para que Edward não visse a frustração em seus olhos, mas ele não
permitiu, segurando-a pelo queixo, gentilmente. Depois de dar-lhe um beijo leve, avisou.
– Vou chamar a Carmem. Ela pode lhe fazer companhia depois que arrumar suas coisas em meu
armário.
– Arrumar minhas coisas? – Bella juntou as sobrancelhas. – Acho que não é necessário.
Bella realmente não via a necessidade. Afinal, se ele não gostava da casa era certo que não ficaria
ali por muito tempo; talvez somente até o final da reforma de sua cobertura. Então ela iria para seu
apartamento, não iria? Pensou em perguntar-lhe, porém ele prosseguiu sombriamente sério,
confundindo-a.
– Ela arrumará mesmo assim. Depois virá ficar com você.
Algo na atitude dele desagradou-a. Mesmo sem entender o que era, retrucou.
– Não preciso de companhia, obrigada!
– Eu não estava oferecendo uma opção.
Antes que ela pudesse retrucar novamente, ele a beijou de forma intensa dessa vez. Bella tentou
resistir no princípio, falhando completamente. Porém, quando fez menção de enlaçá-lo pelo
pescoço, ele a afastou gentilmente.
– Volto logo. – e então se foi.
Bella ainda se perguntava o que realmente havia acontecido naquela sala quando ouviu o ronco de
uma moto. Até mesmo aquele som tinha o poder de estremecê-la, somente por se lembrar como era
estar com Edward sobre ela. Ainda estava de pé, mirando a porta, quando Carmem apareceu no
limiar do batente. Sorrindo-lhe amigavelmente, anunciou.
– Vou subir para arrumar umas coisas que o senhor pediu e logo venho ficar com a senhorita.
Bella despertou de seu torpor, piscou algumas vezes e, depois de resolver que nada adiantaria dizer
que não era preciso, retribuiu o sorriso.
– Está bem. Mas não tem pressa...
Sem nada dizer, a empregada se foi. Com certeza não somente para obedecer á uma “simples
ordem” de seu patrão. Conformando-se, a jovem voltou ao seu e-mail. Agora, mais do que antes, era
preciso ocupar a mente.
Edward aproveitou o vento da corrida ainda limitante de sua moto, para distrair-se. Definitivamente
adoraria provocar sua bruxa, mas a discussão perdia toda a graça quando tropeçava em assuntos
sérios para ele. E estava claro que ainda seriam muitos á resolver. As reações contidas dela à
simples menções sobre ficarem juntos começava a perturbá-lo mais do que sua explosão por não ser
transformada. Não desejava forçá-la á nada, mas não via como deixá-la voltar ao seu antigo
apartamento. Isabella não via? Não eram como todos os outros casais. Não precisariam passar por
todas as etapas entediantes dos relacionamentos convencionais. O que precisavam – não somente
por amor, mas por segurança – era ficarem juntos.
Com esse pensamento, ele chegou ao edifício. Colocou-o de lado, depois veria o que faria com uma
possível recusa de Isabella. No momento precisava se reaproximar do escritório e de seu
funcionamento. Assim como ver como estava sua cobertura; precisava sair daquela casa o quanto
antes. Depois de estacionar sua moto ao lado da SW4, seguiu para seu elevador. Sentiu como se
tivesse se passado anos desde a última vez que esteve nele, na manhã de sexta – logo após a fuga de
Isabella – quando acreditou ser capaz de viver sem ela e foi até seu escritório como se aquela fosse
uma manhã de trabalho como qualquer outra e pudesse representar em seus “atos” como sempre
fizera.
Na ocasião, até mesmo sua sala debochou de sua inocência em acreditar em tal disparate. O cômodo
ainda tinha o cheiro da jovem em cada canto; mal foi capaz de sentar-se em sua cadeira, por “sentir”
a presença de Isabella em seu colo como na manhã anterior. Tal presença marcante teve o poder de
dilacerá-lo ainda mais por saber que ela não o procuraria. Foi apenas capaz de dar algumas ordens á
Alice, a principal é que não se referisse á Isabella. E foi naquele momento, enquanto lhe dava a
ordem, que imaginou que talvez não fosse obedecido como das outras vezes e em um último fio de
esperança foi para a casa infernal. Mas não antes de levar a lasca de madeira. Se seu último gesto
não tivesse o efeito esperado faria uso dela.
Bom... Sua idéia desesperada não surtiu o efeito desejado. Alice resolveu obedecê-lo no pior
momento... Para sua ruína, não teve coragem de matar Isabella em seu coração com a estaca
improvisada, então somente lhe restou ficar á míngua. Águas passadas Edward, disse á si mesmo.
Estava com Isabella agora, ficaria com ela pelo tempo que os deuses lhe permitissem e, assim que
se livrasse de seus inimigos, seria feliz e faria sua humana tão feliz quanto ele.
Edward deixou que um sorriso brincasse em seus lábios com a perspectiva de futuro, mas ele logo
foi apagado. Quando as portas de seu elevador se abriram no andar dos escritórios, um cheiro
familiar lhe inquietou. Á passos largos se dirigiu pelo corredor que levava ás outras salas. O odor
não era desconhecido, não era errado senti-lo, porém ele estava ali fora de hora. Alice havia dito que
ele não estava na cidade, então...
– Senhor Cullen! – cumprimentou-o James assim que assomou á porta.
– Boa tarde James! – disse olhando-o com atenção.
O vampiro levantou e se aproximou com a mão estendida.
– Fico feliz que tenha voltado de sua viagem.
– Obrigado! – disse Edward aceitando a mão estendida.
Após um breve e firme aperto, James o soltou e colocou as mãos nos bolsos da calça.
– Alice não nos disse onde o senhor havia ido... – em tom divertido comentou. – Como se fosse
algum segredo.
– Não era segredo, apenas não era da conta de ninguém e Alice sabe que prezo a discrição.
– Sim. Evidente...
Retirando as mãos dos bolsos voltou ao seu lugar atrás da mesa de trabalho. Edward se aproximou e
relanceou os olhos nos papéis dispostos sobre ela. Apenas folhas de um processo. Sem querer
mencionar o que Alice havia lhe dito, perguntou.
– O que faz aqui?... Imaginei que todos os “vegetarianos” estivessem em suas viagens de caça.
Esperava vê-lo somente na segunda.
– Ah... – disse indicando a mesa. – Eu tinha alguns papeis para analisar. Resolvi fazê-lo agora.
– Não vai alimentar-se?
Edward achou melhor não mencionar o comentário de Alice.
– Vou essa noite... – disse simplesmente.
Edward não sabia o que pensar. Alice se enganara ou ele mentiu á ela? O vampiro também não
conseguia decifrar o olhar do outro á sua frente. Ele parecia verdadeiramente satisfeito em vê-lo de
volta, mas Edward não poderia ter certeza, nunca foram próximos. Pelo contrário, de todos seus
vampiros aquele era o que menos lhe agradava. Ainda mais depois de sua intromissão quando
ordenou que o rábula se matasse. E também percebia certa ansiedade. Poderia ser impressão sua,
mas a cada meio minuto James lançava um olhar furtivo para seu aparelho celular que estava sobre
á mesa.
O advogado sabia que não adiantaria nada perguntar, então, após um suspiro profundo, anunciou.
– Não vou distraí-lo mais. Volte aos seus afazeres, não quero atrasá-lo.
– Sim senhor.
Sem dizer nada mais, Edward saiu da sala. Para ele estava claro que James esperava por alguém ou
ao menos uma ligação importante. Para confirmar suas suspeitas, quando estava no final do
corredor, ouviu o som da campainha de um celular. Antes que se concentrasse para escutar a
conversa, um de seus funcionários humanos saiu de uma das salas e veio até ele.
– Senhor Cullen! – disse entusiasticamente. – Que bom vê-lo de volta...
Edward tentou ignorá-lo e ouvir a voz de James. “Não acho prudente e...”
– Bem vindo! – a voz do homem se sobrepôs á do vampiro, não permitindo que ouvisse anda mais.
Edward o encarou seriamente, mas resolveu que não deveria culpá-lo, porém, também não via
motivos para ser gentil. Secamente agradeceu.
– Obrigado!
Impaciente, dispensou o humano de sua presença. O advogado mortal lhe lançou um sorriso incerto
e se foi, levando com ele a chance de ouvir a conversa, mesmo que unilateral. Contrariado, Edward
seguiu para seu escritório. Ao chegar á ante-sala, deparou-se com a funcionária encarregada da
limpeza. Cumprimentou-a com um aceno de cabeça e, sem parar, abriu a porta de sua sala.
Entrou, porém parou antes de chegar á sua mesa. Estava em todo lugar; fraco, encoberto pelos
produtos de limpeza, mas não restava duvidas. James esteve ali na sua ausência. Sem nem pensar,
Edward girou nos calcanhares e se dirigiu á passos largos para o escritório do vampiro. Por que não
se surpreendia em encontrá-lo vazio, perguntou-se. A mesa estava em ordem, como se ele nem
tivesse estado ali em menos de três minutos. Edward desejou seguir seu rastro, mas precisava ser
realista. O vampiro tinha segundos preciosos de vantagem e a presença de humanos no andar lhe
limitava fazendo que a distância entre eles aumentasse ainda mais. Sem contar que até mesmo o
tempo chuvoso não lhe ajudaria em uma busca pelas ruas.
Edward bufou enraivecido e passou as mãos pelos cabelos, exasperado. Tudo muito estranho. O que
James poderia querer em sua sala? Definitivamente não poderia confiar em ninguém. Resignado
voltou ao escritório. Passava pela faxineira quando a idéia lhe ocorreu. Em um átimo, olhou em
volta e ao constatar que não eram observados, segurou-a pelos ombros, prendeu-a pelo olhar e
inquiriu.
– Viu se alguém esteve em minha sala?
– Sim.
Sabia de quem se tratava então perguntou apenas.
– Há quanto tempo ele saiu? Levava alguma coisa?
– Eles estiveram em sua sala pouco antes que o senhor chegasse e não levavam nada.
– Eles?! – Edward franziu o cenho. “Emmett e James?”, perguntou-se.
– Sim... Primeiro uma moça muito bonita, minutos depois o senhor White Styling.
O vampiro soltou a mulher como ela tivesse lhe dado um choque. Antes que a mente entrasse em
um turbilhão, perguntou.
– Já havia visto essa moça aqui outras vezes durante minha semana de ausência?
– Não. Ela disse ser nova aqui...
A faxineira não poderia ajudá-lo então a segurou novamente e disse.
– Esqueça que lhe perguntei algo e volte ao trabalho.
Imediatamente Edward regressou á sua sala. Dessa vez apurou os sentidos, tentando adivinhar outro
odor que não fosse o do vampiro. Circulou por todos os cantos e nada. Apenas percebeu o cheiro do
imortal e o de limpeza. Um produto que além do cloro trazia tons de pinho e “madeira”?... O
advogado não soube precisar os odores que sentia.
Inconformado, por não chegar á uma conclusão e por não ter chegado á James á tempo de interrogá-
lo, sentou-se em sua cadeira depois de servir-se de duas doses de uísque. Passou á analisar o liquido
âmbar atentamente e se lembrou do comentário de Isabella sobre suas duas garrafas diárias. Foram
necessárias, ele disse á ela. Sim, necessário como beber naquele momento. O ardor em sua garganta
o fazia esquecer, assim como o ajudava á pensar se fosse o caso.
Imerso nesse pensamento, Edward tomou um gole do uísque e respirou fundo. Nesse momento o
cheiro de madeira lhe invadiu as narinas junto com o odor ardente da bebida. De repente, os pelos
de sua nuca se eriçaram. Como uma lembrança antiga e mal assombrada, aquele novo odor lhe
pareceu agourentamente familiar. Mas não poderia estar ali, pois pertencia á uma mulher morta. Ele
cuidou para que ela morresse rapidamente anos atrás. Aquele era o cheiro de Kachiri.
Impossível!... Edward se pôs de pé e começou a farejar o cômodo. O tempo havia passado; o ar não
lhe traria nada de novo. O vampiro não sabia de agradecia ou mal dizia a falta de precisão. Não
queria alimentar falsas pistas. Ainda mais uma que estava evidentemente ligada ás inquietações da
última noite. Ele poderia apenas estar influenciado por elas; pela marca de Isabella assim como a
revelação de como foi transformado. Aquela mulher vista antes de James, poderia ser qualquer uma.
Não precisava ser necessariamente uma imortal. Ou seria exatamente esse o caso e James tenha
vindo em sua sala verificar? Se assim fosse, por que o advogado não lhe relatou o fato? Tudo muito
estranho e aquela não era hora de iludir-se. A tal “moça bonita” era sim uma vampira.
Mas decididamente não era Kachiri. Edward lhe arrancou a cabeça; viu seu sangue derramado e o
corpo inerte, assim como o de Senna. Apenas uma estava viva, contudo Edward custava á crer que
ela fosse procurá-lo depois de passado tanto tempo. Infelizmente não poderia recordá-la pelo cheiro,
pois quando despertou o ar estava impregnado pela fumaça da fogueira. Quando estiveram
verdadeiramente próximos, ele ainda era humano e as lembranças olfativas que tinha eram de terra,
sangue e pólvora.
O odor amadeirado de Kachiri estava entranhado em sua memória, pois ele a teve em seus braços á
beira do rio amazonense. Havia bebido seu habitual uísque antes de se juntar á Carlisle no lado de
fora da barraca para ler. Ainda trazia o cheiro em si quando a vampira o seduziu, copulou com ele e
o mordeu; por isso fora fácil associá-lo.
De repente sua sala se tornou pequena. Seria possível que Isabella tivesse razão e fosse Zafrina a tal
vampira? Depois de tanto tempo?... Por quê?... Impaciente, deixou seu escritório e foi – pela escada
– até sua cobertura. Ao entrar parou por um segundo. Sentiu como se muito mais que três anos
tivessem se passado desde que a viu pronta pela primeira vez. A sala estava igualmente vazia; os
reparos estavam prontos não deixando nem um caco ou resto de madeira que lembrasse a cena de
guerra que deixou para trás.
Edward nem pôde apreciar a volta ao seu apartamento, mesmo que momentaneamente. O odor
improvável ainda em seu nariz. A mente povoada de pensamentos díspares. Sem que percebesse
seguiu até sua piscina. As águas lhe pareceram convidativas, mas não aceitaria o convite. Não
estava sozinho e, definitivamente, não estava com ânimo sequer de perturbar ou constranger a pobre
Irina com sua nudez. Como se fosse atraída pelo nome em seu pensamento, ela disse ás suas costas.
– Senhor Cullen!
Com as mãos nos bolsos ele se voltou. Estranhou em encontrar um sorriso no rosto da serviçal,
ainda que tímido.
– Boa tarde Irina!
– Boa... – a mulher retorceu as mãos. – Que bom que voltou! Depois de tanto tempo era estranho
estar aqui sabendo que o senhor não viria...
– Obrigado!
Realmente era nova aquela atenção. Ela trabalhava para ele há anos e em todo esse tempo não
trocaram mais que vinte palavras, fora os cumprimentos de praxe. Na verdade era como se a visse
pela primeira vez. Nunca havia reparado na mulher atarracada de cabelos negros que estava
expectante á sua frente, nem mesmo quando, inadvertidamente, rosnara para ela em sua pior semana
antes de reencontrar Isabella. Novamente não sabia se gostava das novidades; não com tantas coisas
estranhas acontecendo á sua volta. Alheia aos seus pensamentos ela disse em tom de desculpa.
– Bom... Fico feliz em vê-lo aqui, mas não o esperava... Ainda não terminei a limpeza. A senhora
Whitlock disse que eu teria o dia de hoje e amanhã para deixar tudo pronto para a entrega de seus
móveis novos. Se quiser posso deixá-lo...
– Não será necessário. – cortou-a sem entonação especial. – Vim somente ver como estava tudo por
aqui. Já sairei assim você termina sua tarefa em paz. Pode ir agora.
Estava claro que desejava ficar sozinho e sua empregada não se fez de desentendida. Com um
último sorriso tímido e um aceno de cabeça se foi, deixando-o com seus pensamentos. Esquecendo-
se dela, Edward voltou-se para as águas de sua piscina, admirando sua placidez. Desejava que a
mesma fosse possível em sua vida, mas não via possibilidade. O intruso, ou melhor, os intrusos
estavam cada vez mais perto – isso se sempre não estiveram. A verdade era que o cerco estava se
fechando.
Agora tinha a possibilidade de ser uma mulher que, se esteve á espreita, agora ousava ir até seu
escritório. Onde James se encaixava na história? Era cúmplice? Se fosse realmente possível, ele a
teria encontrado e sido induzido para que não contasse? E por quem? O que uma mulher poderia
querer com ele? Agora fazia muito mais sentido aceitar que fosse mesmo Zafrina, pois, Edward não
poderia acreditar que fosse alguma imortal que tenha se relacionado no passado. Conhecera poucas
e sempre fora claro quanto á envolvimentos; não estava interessado. Até onde se lembrava nunca
fora nada menos que gentil e atencioso com todas elas até que cada um seguisse com sua vida
separadamente.
Edward realmente desejava que não fosse uma ex-amante rancorosa. Fora testemunha da sanha
assassina de Rosalie que apenas alegava amá-lo secretamente. Nem poderia imaginar o que uma
que tenha estado com ele não seria capaz de fazer. Nesse ponto Edward se lembrou da conversa
com Isabella. Odiava deixá-la vulnerável; teria que redobrar a atenção sobre ela, mas seria
exatamente o que faria. Não mudaria sua decisão nem mesmo diante dos acontecimentos. Ela ficaria
sempre ao seu lado e ele se encarregaria de protegê-la. Seria por pouco tempo. Com a proximidade
dessa mulher, vinha, com certeza, o desfecho de todo esse mistério.
Ainda não tirava a razão de Isabella em querer ser imortal, mas a cada minuto que passava não via
como atendê-la. Lamentava, pois adoraria “dobrá-la” quando sua empáfia fosse potencializada pelo
extremismo da imortalidade, contudo não poderia correr o risco de ela se tornar ainda mais
voluntariosa do que se mostrou. Sem contar com sua impulsividade e desobediência. Não... Melhor
deixá-la como sempre foi. Não precisaria se inquietar e mudar de opinião somente para deixar a
jovem mais forte. Estava claro que não seria prudente e de toda forma, eles ficariam bem até o fim.
Depois que toda essa confusão terminasse ocuparia todo seu tempo tornando-a a mulher mais feliz
que já existiu, de forma que ela não se importasse de envelhecer ao seu lado.
Envelhecer, morrer e partir. Fim?... Ainda olhava para a água quando sentiu um leve aperto no
coração. Edward o conhecia e não gostava dele. Ignorando-o seguiu até seu quarto. Evitou olhar a
cama onde esteve largado por horas antes de ir para a casa odiosa e foi até seu guarda roupa. No
fundo, atrás de uma das portas ficava seu pequeno cofre. Precisava pegar algo ali, antes de voltar
para Isabella. Agora estava claro que fizera bem em vir até o edifício, mas já estava á tempo demais
longe de sua amada. Mesmo com opiniões divergentes, e humores parecidos, sempre desejaria estar
com ela. Até que a morte os arrebatasse.
***********************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... O que acharam do capítulo?... Concordam com o Edward?... Não?... Ele é
cabeçudo em não querer transformar a Bella?... Me digam... Please.. Comentem!

Como sempre espero ansiosa pra saber o que estão pensando...

Agora vamos ao spoiler:

"Edward não deixou que terminasse. Sabia perfeitamente como ela estava se sentindo
quando saiu do quarto. Entendia sua forma de pensar, mas não compartilhava do mesmo
pensamento. Evidente que não desejaria viver argumentando com ela por causa da não
transformação, contudo não desejava que ela se afastasse. Seu coração ainda em
recuperação sentia até mesmo por esses breves instantes. Justamente por isso e pelo
tempo que passou fora que não perderia tempo com provocações e justificativas.
Melhor estar com ela como sempre quis. Provando-a mesmo que somente sua boca.
Ainda com ela em seu colo, aos pés da escada, Edward aprofundou o beijo. Separou seus
lábios invadindo sua boca com a língua sedenta. A jovem gemeu entregue e apertou os
braços em volta de seu pescoço. Os seios tocando seu peito eram como um convite que,
infelizmente, não poderia aceitar. Quando separou as bocas, Isabella o encarou com os
olhos em chamas, inquiridoramente. Sem dizer-lhe uma única palavra, apenas indicou
com os olhos na direção do corredor, antes que ouvissem.
– Boa noite senhor Cullen!
– Boa noite Carmem! – retribuiu o cumprimento colocando a jovem no chão sob o olhar
de espanto mal disfarçado de sua empregada.
– Eh... Desculpem interromper, mas é que... – ela começou embaraçada. – Terminei de
preparar o jantar... Vim perguntar á senhorita á que horas posso servi-lo, mas já que o
senhor está aqui...
– Ainda deve perguntar á senhorita. – cortou-a gentilmente, afastando-se de Isabella e
colocando as mãos nos bolsos, sempre encarando a jovem. – Ela é praticamente a dona
da casa."

Bom... é isso... semana que vem tem mais... se Deus quiser!...

Então nos encontramos novamente!...

Bjus e até o próximo... :D

(Cap. 47) Capítulo 18 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... o/
Boa noite...
Sei que vcs já devem estar cansadas do msm discurso, mas não tem como ser diferente,
então...
Obrigada pelo carinho comigo e com a fic... pelos reviews, as indicações e
recomendações ás amigas... :)

Bom... não vou prendê-las mais... Bora ao capítulo... :D

BOA LEITURA!...

Com os braços cruzados, Bella admirava o jardim á janela. Desejava sair e explorá-lo, mas Carmem
se pôs em seu caminho como um cão de guarda. Certo!... Estava exagerando. A mulher nada mais
fez que argumentar que estava chovendo e depois dizer que seu patrão não ficaria feliz com ela e a
acusaria de não ter sido uma boa companhia por deixar a jovem sair caso ficasse doente, logo após
Bella ter retrucado que não se importava com a chuva fina que caia incessantemente.
A chantagem emocional valera, não pela empregada da casa, pois sabia que Edward a conhecia e
dificilmente culparia a senhora por seus atos, mas Bella não desejava adoecer. Não agora que estava
com ele; não queria dar-lhe preocupações. Além do que, precisava estar em forma e com saúde para
retomar sua vida na manhã de segunda. Revisar seu artigo sobre o dia de Ação de Graças a animou.
Não via a hora de voltar á redação e assumir seu posto – agora totalmente focada. Pronta, não só
para se juntar á equipe, como para fazer parte da “família” como disse Esme. Já havia mandado um
e-mail para sua editora tranqüilizando-a quanto seu paradeiro – devia essa atenção, visto que saíra
da sua sala transtornada.
Esperava que ela não estivesse muito preocupada, assim como esperava ter convencido a mãe a não
vir para Nova York. Seria não somente desnecessário como extremamente perigoso ter mais alguém
que amava na cidade com todas essas mortes brutais. Enquanto Edward não conseguisse pegar seu
intruso, bastaria que ela fosse a humana envolvida. A jovem suspirou entristecida. Não tinha visto
dessa forma ainda, mas agora lhe ocorria, que permanecendo mortal, seria um alvo fácil para aquele
vampiro descontrolado. Ou vampira, pensou irrequieta.
Ainda se lembrava do rosto transfigurado de Rosalie á atacá-la. Não desejava passar por nada
parecido, ainda mais se Edward fosse ferido novamente. Ele poderia se recompor facilmente, mas
as imagens em sua mente não seriam apagadas com a mesma facilidade. Ainda era capaz de sentir
calafrios somente com a lembrança do pescoço dilacerado do vampiro; a camisa branca com a
mancha feita pelo rio de sangue. Impossível impedir que um nó se formasse em sua garganta.
E esse pensamento levava á outro que a afetava da mesma maneira. Como Edward poderia acreditar
que ela, justamente “ela” fosse feri-lo? Seria muito mais fácil se entregar em sacrifício que
machucá-lo. Amava-o tanto que agora começava a doer. Novamente estava com falta de ar; e não
somente por sua ausência. O ar rarefeito era também resultado do choro contido e do
desentendimento recente. Não queria contrariá-lo, mas era como havia pensado antes, se aceitasse
todas as determinações de Edward seria “consumida” por suas vontades. E naquele caso específico
– não tinha como explicar – apenas sabia que ele estava errado e que precisava trazê-lo á razão. Ou
á lógica correta, se fosse usar as palavras dele.
Bella se recusava em acreditar que Edward verdadeiramente a temia. Seria até cômico se não fosse
trágico. Jamais diminuiria seu medo, pois todas as fobias eram dignas de atenção, mas não ficaria
de braços cruzados vendo o tempo passando e... O quê?... Envelhecendo ao lado de um homem
eternamente jovem que logo se pareceria seu filho, neto e – na melhor expectativa de vida –
bisneto?... Não obrigada!... Se agora formavam um casal, tinham que resolver as coisas em conjunto
e de comum acordo. Nada de tomar decisões difíceis sozinhos. Sim, começaria por esse argumento
e tinha certeza que Edward a ouviria, pensou finalmente controlando possíveis lágrimas.
– A senhorita deseja alguma coisa? – perguntou Carmem da soleira. – Mal tocou no café que o
senhor Cullen levou para o quarto. Vocês, jovens, não têm juízo. Não sei como sobrevivem...
Bella sorriu levemente com o comentário. No caso da falta de apetite de Edward, se a pobre senhora
soubesse, provavelmente sairia correndo da casa ou até mesmo da cidade. Estava prestes a dizer que
não desejava nada, quando seu estomago protestou. Não ajudaria em nada ficar sem se alimentar,
então se voltou e caminhou até a porta.
– Aceito um sanduiche e uma xícara de chá.
A senhora lhe sorriu, aparentemente satisfeita.
– Trago tudo em um minuto.
– Não se preocupe, vou acompanhá-la até a cozinha.
Sim. Queria estar onde as lembranças de Edward eram mais presentes. Vendo que ela passava ao
seu lado e seguia para o fim do corredor, a empregada nada disse. Quando estava acomodada na
mesma cadeira que o advogado esteve na noite anterior, comentou.
– Seu marido faz um ótimo trabalho. Não consegui ver todo o jardim, mas o pouco que vi pela
janela é lindo.
– Obrigada! – agradeceu com ar orgulhoso. – Meu John é bem competente com as plantas.
– Parece que sim... – Bella lhe sorriu. Então, ainda com vontade de assuntos corriqueiros,
perguntou. – São casados há muito tempo?
A senhora colocou uma chaleira com água sobre o fogão, acendeu o fogo e voltou-se para ela com
os olhos brilhando.
– Há mais de vinte anos. Ele foi o único em minha vida. Não recordo de momentos sem ele.
Bella podia entendê-la. Conhecia Edward há pouco mais de um mês e também não conseguia se
imaginar sem ele. Na verdade sabia como ficaria, apenas não conseguia ver vida ativa ou futuro sem
ele. A pergunta seguinte a surpreendeu, pois não entendeu o motivo de sua curiosidade súbita.
– Tiveram filhos?
– Sim... Dois rapazes. Mas os dois já são adultos e têm suas próprias vidas.
A jovem apenas lhe sorriu. Ainda estava intrigada com sua pergunta. Nunca se importara com filhos
alheios. Aliás, nunca se importara com filhos de um modo geral. Estranho. De repente a imagem de
um menininho ruivo de olhos verdes a correr pelo jardim diretamente para seus braços se formou
em sua mente. Bella piscou e abalou a cabeça para eliminar a visão perturbadora e inoportuna.
– A senhorita não está se sentindo bem?
A voz preocupada de Carmem a trouxe de volta. Bella tratou de tranquilizá-la.
– Estou bem, obrigada!... Apenas impaciente. – disse levantando-se. – Acho que dias chuvosos não
são os meus favoritos.
– E não ajuda nada que o senhor não chegue logo, ao é mesmo? – perguntou piscando-lhe.
Impossível não rir de sua expressão cúmplice.
– Sim... Não ajuda. – disse seguindo para a porta. – Se importa de levar o que lhe pedi na sala de
TV?
– Vá distrair-se. Levo tudo em um instante.
Com isso Bella se foi. Precisava mesmo de distração. Com certeza certos pensamentos apenas
encontravam espaço em sua cabeça por estar ansiosa e expectante com a demora de Edward. Ao
entrar na sala, encontrou o controle facilmente e, acomodando-se no sofá, ligou a televisão. Em um
minuto já tinha corrido os canais sem encontrar anda que lhe interessasse. Com um suspiro
resignado, colocou no canal de notícias e tentou se prender á elas.
Nada de novo na boa e velha terra do Tio Sam. Economia ainda desestabilizada. Desentendimentos
políticos. Uma matéria com o presidente onde ele pedia união entre republicanos e democratas para
que o país progredisse. Pumft!... Certas situações nunca mudariam. Ainda bem que já havia revisto
sua matéria sobre o dia de Ação de Graças ou seria capaz de manter a versão original. E lembrando
o feriado o presidente disse, na mesma entrevista, que o comemoraria em família com boa comida e
um bom jogo de futebol. E lembrou ainda, que o dia era reservado para que toda nação conversasse
sobre as coisas que era grata.
Bella era grata por estar com Edward, ponto!
– Seu lanche senhorita... – disse Carmem entrando com uma pequena bandeja.
Bella acomodou-se melhor e, pegando-a, disse.
– Você pode me chamar de Bella.
A empregada lhe olhou incerta.
– Não sei se o senhor Cullen aprovaria...
– Então vamos fazer assim, quando ele não estiver presente sou só Bella.
– Está bem... Bella.
A jovem lhe sorriu, agradeceu a comida.
– Se precisar de qualquer coisa estarei na cozinha preparando o jantar. Pensei em fazer aspargos
com queijo e presunto cru como entrada e ensopado ao vinho ou massa... Talharim talvez. E pudim
de claras para a sobremesa, mas se desejar pedir algo em especial... – receosa prosseguiu. – Não
conheço os gostos do senhor Cullen...
“Muita comida” pensou. Crescera em um lar onde entradas e pratos principais seguidos de
sobremesas eram reservados somente para dias em que recebiam visitas ou datas especiais. No mais
era somente um prato que, invariavelmente era apreciado separadamente pelos moradores da casa.
Por todo esse desprendimento, estava habituada a comer sentada sobre seu sofá, com as pernas
cruzadas, vendo TV. Apreciava a atenção e eficiência de Carmem, mas não via motivos para ocupá-
la quando seria a única a se servir da refeição que ela prepararia com tanto esmero, então disse
simplesmente.
– Tudo parece ótimo, mas esqueça a entrada e a sobremesa. Somente um prato para essa noite estará
perfeito. Gosto de massa... Assim como Edward. – acrescentou rapidamente e concluiu. – Talharim
me parece uma boa escolha.
Carmem lhe sorriu satisfeita e se foi deixando-a sozinha, após dizer.
– Farei um que meus filhos adoram. Vocês estão precisando de algo substancial...
Era evidente que a mulher estava feliz por ter pessoas na casa. Bella também estava satisfeita em
estar ali, mas lembrar-se de seus hábitos lhe deu saudades de seu usual companheiro; sentia falta de
Black. Estava em debito com seu gato; era uma péssima dona. Por uma semana inteira mal lhe deu
carinho ou atenção. Bom... Poderia apenas esperar que Alice cuidasse dele depois que voltasse de
sua viagem de caça como Edward havia dito. Isso se ela própria não fosse antes até lá. Não sabia o
que Edward desejaria para ambos, ainda não haviam conversado sobre isso, mas acreditaria que as
coisas não mudariam drasticamente.
Tantos detalhes a se pensar que sua cabeça dava voltas. Melhor seria ocupar-se de comer. Um
assunto de cada vez; “ou no dia seguinte”, se voltasse a seguir a linha de raciocínio de Scarlett
O’Hara. Enquanto devorava o sanduiche caprichosamente preparado por Carmem, Bella desligou-se
de tudo á sua volta. Quando terminou levou a bandeja até a cozinha, depois foi até o andar superior
escovar seus dentes. Evitou olhar diretamente para a cama espaçosa, pois mesmo sem vê-la
calafrios corriam seu corpo e ela não desejava começar a arder de saudade de Edward. Por que ele
demorava tanto?
Logo estava de volta á sala de TV. Mais uma vez zapeou pelos canais somente para cair, novamente,
no de notícias. Talvez fosse pelo chá ou pelo tédio, mas em minutos Bella sentia-se sonolenta. Sem
fazer cerimônia, deitou-se no grande sofá e deixou o controle no chão ao alcance de sua mão.
Começava a sentir a conhecida leveza quando um nome, dito pelo apresentador lhe chamou a
atenção. Ela lutou com as brumas do sono ficando atenta, pegou o controle e aumentou o volume.
... está desaparecido desde a noite de segunda feira. A família ainda não descarta a possibilidade de
seqüestro mesmo sem ter recebido nenhuma ligação nesse sentido. A polícia segue com as
investigações...
“Repita o nome”, Bella pediu mentalmente.
... de toda forma, nós, do meio das comunicações, nos solidarizamos e deixamos aqui, nossos votos
para que esse caso tenha um desfecho o mais breve possível. Editores conceituados como William
Lautner não podem simplesmente desaparecer sem que as autoridades não encontrem nenhum
rastro. Billy, como gostava de ser chamado...
Bella já não ouvia. Billy desaparecido? Sem que pudesse evitar seu corpo estremeceu quando uma
sensação macabra passou por ele. Jared também estava desaparecido. E Jessica morta. Poderia ser
apenas coincidência? Existiriam apenas coincidências naquela cidade?... A jovem achava muito
pouco provável. Todo o sono se foi; sua mente novamente trabalhava á mil por hora. Sem que
percebesse estava de pé, andando de um lado ao outro. O que estava acontecendo? E onde estava
Edward afinal; precisava dele.
Mais uma vez se encontrava impaciente. Precisava sair; respirar ar puro. Á passos largos saiu do
cômodo e seguiu para a porta de saída na sala principal, porém, mal havia girado a chave quando
ouviu a voz alarmada de Carmem que vinha pelo corredor.
– Bella... Aonde vai? A chuva está mais forte agora.
– Não se preocupe. Não pretendo molhar-me. Preciso apenas de um pouco de ar.
Dizendo isso, a jovem abriu a porta e saiu para o pequeno alpendre. Ao se recostar em uma das duas
pilastras, cruzou os braços e respirou fundo. Começava a escurecer e ela ficava cada vez mais
preocupada com Edward. Não precisou olhar para saber que a empregada ainda estava ás suas
costas. Depois e um tempo mínimo – talvez para se certificar que Bella não intencionava sair – ela
se foi. A jovem estranhou o comportamento, mas resolveu não preocupar-se com aquele excesso de
zelo.
Enchendo os pulmões com o ar úmido e o cheiro de terra, Bella tentou pensar nas coisas que
estavam acontecendo. Algo lhe dizia que havia um ponto de ligação que ela deixava passar. Sabia
que deveria ter algo em comum com a morte de Jessica e os desaparecimentos. Parecia claro que
aquilo fosse obra do vampiro desconhecido, mas por que ele escolheria aquelas pessoas? Os três
últimos eram seus conhecidos; mas não eram “importantes” para ela. Então, não poderia dizer que
se certa forma o tal vampiro desejasse atingi-la para chegar á Edward.
O que passava despercebido? Nada fazia sentido... Bom, tentou argumentar consigo mesma, talvez
não existissem mais pontos em comum entre as mortes e os desaparecimentos. Talvez estivesse
apenas influenciada pelos acontecimentos. Pessoas sumiam todo o tempo em grandes cidades, não
seria diferente em uma metrópole como Nova York. E, conhecer os dois não significava que os
homens estivessem machucados ou mortos. Na verdade, nada impedia que Billy estivesse se
esbaldando em alguma cidade afastada na companhia de sua ninfeta e Jared correndo atrás de outra
pobre desavisada que tenha caído inconscientemente em suas graças.
Sim... Talvez estivesse procurando por chifres em cabeça de cavalo como diria seu pai. Pegando-se
á esse pensamento, entrou na casa. O tempo passou sem que percebesse. Começou a sentir frio; a
noite caiu rapidamente por causa do mal tempo. Onde estaria Edward? Sentia sua falta... Bella
pensou em esperá-lo na sala, porém, deu apenas uma volta pelo cômodo e, ao se sentir observada
por um Edward em miniatura que lhe encarava tristemente através do quadro, subiu ao quarto.
Ali a presença dele era ainda mais marcante. E não precisava se preocupar com uma possível
combustão espontânea, pois agora se encontrava tão preocupada que dificilmente seu corpo se
excitaria com as lembranças do que fizeram. Como se não bastasse os acontecimentos recentes na
cidade e com pessoas conhecidas ainda tinha a nova inquietação; que bobagem fora aquela com a
criança imaginária e a do quadro afinal? Definitivamente sua mente estava cheia demais com
assuntos inexplicáveis para ocupar-se com licenciosidades.
Ledo engano. Bastou deitar-se e se abraçar ao travesseiro de Edward e o seu cheiro lhe invadir o
nariz para acender-se – havia se tornado uma indecente. Seria possível que sempre fosse assim?
Nunca estaria “satisfeita”? Antes que começasse a procurar por respostas que talvez nunca fossem
respondidas, ouviu o som da moto. Naquele momento se esqueceu de seu desejo, da criança, dos
desaparecimentos, das mortes, da “briga” anterior, do abandono... Até de seu nome. Somente
desejou poder ser rápida como o vampiro e correu porta afora.
Há vários anos Edward não caçava com o dia ainda claro. E naquele foi a primeira vez em uma
cidade grande e movimentada. Não se sentia á vontade, mas foi o melhor que pôde fazer já que não
pretendia deixar Isabella sozinha em casa mais uma vez. Duas separações no mesmo dia – ainda
que por breve espaço de tempo – seria demais para seu coração já mal acostumado e saudoso. Sem
contar que existia a possibilidade de ser seguido. Sair á caça mais cedo lhe dava a chance de
despistar algum perseguidor mais ousado.
A boa notícia era que não sentiu ninguém próximo á ele; nem no trânsito, nem ali no beco. Com
certeza isso se devia ao mal tempo. A chuva fina e contínua ajudava em muito nessas horas. A má
era que agora não sabia como se livrar do corpo. O jeito seria deixar o homem deitado sobre uma
pilha de papelão e coberto com outro tanto. Como havia imaginado inicialmente, sugerindo que ele
fosse um mendigo e torcer para que acreditassem que havia morrido de hipotermia, visto que não
lhe sugara todo o sangue.
Alice já havia alertado sobre o medo crescente da população e com certeza já bastava sua
contribuição na noite anterior para agravar um possível pânico coletivo. Precisava encontrar aquele
vampiro covarde e acéfalo – fosse de qual gênero fosse – e por fim ás mortes antes que o caos se
instalasse e sua condição fosse revelada. Sabia que não seria fácil, ainda mais agora com a certeza
que não era somente um vampiro acéfalo e a possibilidade cada vez mais real de que alguém de seu
clã estava na verdade do lado inimigo. Seria possível que tivessem eliminado Emmett? Uma
semana sem noticias não era nada normal.
Novamente Edward lamentou ter deixado Jasper sozinho nesses dias turbulentos. Sentia-se culpado,
mas tinha consciência que, mesmo que não tivesse se afastado, pouco ou nada faria, visto que
continuaria imprestável – talvez até se tornando um alvo fácil para os que desejavam o quê?...
Vingança?... Somente com o tempo saberia. Quanto a ter ficado ausente, mais uma vez disse a si
mesmo que era passado. Não poderia mudá-lo. Agora era aguardar a volta do amigo, desculpar-se e
tratar de se fortalecerem para enfrentar o que estava por vir.
Resignado, Edward deixou o beco, seguiu caminhando até onde havia deixado sua moto, o mais
rápido que a presença de humanos na rua permitia. Preferia ter usado um de seus carros, mas a moto
lhe dava mais mobilidade, velocidade e passe livre entre os carros. A tarde já se tornara noite, mas
Edward recusava-se a crer que seu intruso se expusesse correndo livremente trás dele pelas ruas.
Até mesmo um vampiro temerário tinha que ter um pouco de cautela. Pelo menos o advogado
contava com isso, pois não desejava que seu endereço fosse conhecido; não quando estava sozinho
para cuidar de Isabella. Sabia ser forte o suficiente para um enfrentamento, mas preocupar-se com
ela o distrairia, tornando-o vulnerável.
Ao pensar na jovem, acelerou. Apesar das descobertas da tarde, do cheiro improvável de Kachiri, da
possível traição de James e do desentendimento entre ele e ela, estava com saudade. Nem que fosse
para retomar o clima tenso de antes de sua saída, ele não se importava. Bastava estar com ela.
Estreitá-la em seus braços mesmo que á contra gosto de Isabella. Não aceitaria que ela lhe dissesse
novamente que queria ficar sozinha; não gostou de ouvir a primeira vez, então não teria uma
segunda. Precisava senti-la, aquecer-se. Como acontecia naquele exato momento somente por
recordar seu corpo quente.
Edward certificou-se que não fora seguido fazendo como Alice, dando algumas voltas pelas ruas
próximas antes de finalmente entrar em sua residência. Dessa vez pode constatar que o
policiamento ainda era intenso em algumas áreas. Sentiu uma leve pontada de remorso, mas logo a
expulsou; recriminar-se não mudaria o que havia feito. Nesse ponto concordava com Isabella. O que
importava era o presente, o futuro. Ao pensamento seu coração se apertou como havia acontecido
em sua cobertura. Edward tratou de expulsar mais aquele pesar; não poderia fraquejar. Precisava ser
firme. Acreditar que ter um tempo limitado com a humana era melhor que tempo nenhum com a
vampira.
Novamente resoluto, estacionou sua moto na garagem nos fundos da casa ao lado do Austin Martin
de Alice e seguiu para a entrada principal. Sua vontade era correr, mas com humanos ao seu redor,
não seria possível. Mais uma vez caminhou impaciente na velocidade aceitável para os mortais. Ao
entrar na sala o cheiro de Isabella o atordoou por um segundo. A casa inteira já possuía seu odor.
Deixando que ele o invadisse e corresse por suas veias, retirou o sobretudo úmido e o deixou no
encosto de seu sofá antes de seguir em direção á escadaria.
Repentinamente a casa não lhe pareceu tão odiosa. Ainda não gostava dela, mas pareceu-lhe que
voltava “para casa”; um lar onde encontraria a mulher que amava. Ainda estava preso á essa
sensação reconfortante quando percebeu Isabella descendo a escada aos saltos. Teve tempo somente
de virar-se e abrir os braços para recebê-la, pois de onde estava – ainda faltando descer cinco
degraus – ela atirou-se em sua direção. Caso não fosse forte, teriam caído com o impacto.
– Edward!... – ela disse com o rosto escondido em seu pescoço. – Senti sua falta!
Como seu cheiro, a declaração e a recepção inesperada, também tiveram o poder de atordoá-lo.
Estava preparado para encontrá-la ainda zangada e magoada com ele, talvez até querendo distância,
no entanto, ela não só estava feliz em tê-lo de volta como não tinha reservas em demonstrá-lo.
Imediatamente todo seu corpo se inflamou e ele a estreitou em seus braços.
– Estou aqui agora. – disse simplesmente.
– Mas demorou... – choramingou ainda com o rosto em seu pescoço.
Para ele, por mais que adorasse tê-la em seus braços, aquela não era uma posição cômoda. Então,
para distrair seu corpo das sensações que começavam correr por ele toda vez a respiração morna
tocava sua pele, provocou.
– Devo entender que agora deseja minha companhia?
Isabella ergueu a cabeça para encará-lo, olhando-o incrédula.
– Pensei que tivesse ficado claro que havia mudado de idéia no momento que pedi para que me
levasse com você...
– Ah!... – exclamou inocentemente como se entendesse naquele instante, ainda provocou-a; era
irresistível – Perdoe-me, não li nas “entrelinhas”.
Isabella juntou as sobrancelhas e o olhou como se avaliasse suas palavras, então disse.
– Certo. Talvez eu não tenha sido clara. Devia ter dito que estava apenas contrariada. E não sou a
melhor das pessoas quando fico assim, então acho melhor me afastar antes que acabe falando algo
que não deva ou que me arrependa depois, mas...
Edward não deixou que terminasse. Sabia perfeitamente como ela estava se sentindo quando saiu do
quarto. Entendia sua forma de pensar, mas não compartilhava do mesmo pensamento. Evidente que
não desejaria viver argumentando com ela por causa da não transformação, contudo não desejava
que ela se afastasse. Seu coração ainda em recuperação sentia até mesmo por esses breves instantes.
Justamente por isso e pelo tempo que passou fora que não perderia tempo com provocações e
justificativas.
Melhor estar com ela como sempre quis. Provando-a mesmo que somente sua boca. Ainda com ela
em seu colo, aos pés da escada, Edward aprofundou o beijo. Separou seus lábios invadindo sua boca
com a língua sedenta. A jovem gemeu entregue e apertou os braços em volta de seu pescoço. Os
seios tocando seu peito eram como um convite que, infelizmente, não poderia aceitar. Quando
separou as bocas, Isabella o encarou com os olhos em chamas, inquiridoramente. Sem dizer-lhe
uma única palavra, Edward apenas indicou com os olhos na direção do corredor, antes que
ouvissem.
– Boa noite senhor Cullen!
– Boa noite Carmem! – retribuiu o cumprimento colocando a jovem no chão sob o olhar de espanto
mal disfarçado de sua empregada.
– Eh... Desculpem interromper, mas é que... – ela começou embaraçada. – Terminei de preparar o
jantar... Vim perguntar á senhorita á que horas posso servi-lo, mas já que o senhor está aqui...
– Ainda deve perguntar á senhorita. – cortou-a gentilmente, afastando-se de Isabella e colocando as
mãos nos bolsos, sempre encarando a jovem. – Ela é praticamente a dona da casa.
O vampiro deleitou-se com o rubor que cobriu a face dela. Imaginou por um momento que ela fosse
argumentar sobre sua declaração, porém Isabella nada disse. Apenas retribuiu o olhar de forma
intensa. Edward adorava vê-la daquela maneira. Não saberia explicar, mas era como se “sentisse” o
que se passava em seu interior. Isabella começava a se tornar transparente para ele. Ela ainda não se
conformara em não ser transformada e talvez por isso não se sentisse como sendo sua mulher ou em
condições de ser considerada dona da casa.
Contudo ela seria. Não brincara. A casa lhe pertenceria assim como ele próprio e tudo mais que
possuísse. Ela não precisaria ser uma vampira para ser sua companheira. Deixaria isso bem claro,
ainda naquela mesma noite. Pigarreando, como se percebesse o clima entre eles, a mulher disse.
– Então senhorita... Á que horas posso servir.
Interrompendo o contato visual entre eles, Isabella olhou para a empregada.
– Se o senhor Cullen, não desejar nada mais da senhora, pode ir para sua casa. Eu mesma posso...
“nos” servir mais tarde. Não estou com fome agora e acredito que Edward também não esteja...
Apesar da afirmativa, ela terminou em tom de pergunta. Olhava-o com uma das sobrancelhas
erguida inquiridoramente. Edward teve que reprimir um sorriso provocador; se ela queria brincar...
– Realmente não sinto fome. – respondeu para a empregada, porém sempre encarando a jovem.
Depois de estreitar os olhos levemente para ela, completou. – Minhas necessidades no momento são
outras, então... Pode fazer como Isabella lhe disse e ir para sua casa. E sinta-se dispensada por hoje.
A senhora assentiu com a cabeça e fez menção de sair, porém Edward chamou sua atenção,
prosseguindo enquanto pegava Isabella pelo braço.
– Não precisa voltar nem mesmo se ouvir a senhorita aqui implorar por socorro.
Edward não se importou com o olhar chocado de sua funcionária, assim como ignorou o rosto
totalmente tingido de vermelho de Isabella. Sem nada dizer Carmem se foi deixando-os á sós.
– Como pôde insinuar que nós... – ela não terminou a frase, como se estivesse ultrajada e as
palavras lhe faltassem.
Agora que começava a conhecer a verdadeira Isabella, Edward sorriu do falso pudor e puxou-a para
seus braços, juntando os corpos.
– Pode até ser um choque para você, mas acredite... Carmem sabe perfeitamente bem o que fazemos
aqui... Além do mais, quem começou com as insinuações foi você. Pensei apenas que fosse algum
tipo de jogo... Ainda não entendo todas as manias humanas. – declarou novamente com tom
inocente.
– Está bem... – disse ela retribuindo o abraço. – Ponto para você, eu comecei. Desculpe-me.
O sorriso do vampiro se alargou aos sentir os contornos femininos e a tentativa de afastamento de
Isabella ao roçar de seus quadris onde e ventre dela comprimiu por um segundo sua excitação
crescente. Edward sabia que precisava preservá-la, mas simplesmente não conseguia domar seu
desejo depois de horas longe dela, então não permitiu que se afastasse mantendo-a firmemente
presa em seu corpo, deixando sua rigidez pulsar junto ao dela. Isabella arfou e ele, baixando a
cabeça em sua direção para que os rostos ficassem próximos, declarou.
– Não me sinto magnânimo.
Dito isso correu uma das mãos pelas costas da jovem até alcançar os cabelos de sua nuca, quando os
segurou com força, fazendo com ela erguesse a cabeça ainda mais para ele. Depois de beijar-lhe
profundamente – sem nunca largar-lhe os cabelos – correu os lábios pelo queixo dela e a lateral do
pescoço até alcança-lhe o ouvido quando anunciou em um sussurro.
– Não vou desculpá-la. Muito melhor será “ensiná-la” que não se deve salientar a saciedade
alimentar de um vampiro.
– Edward... – ela sussurrou em um gemido.
– E como essa não foi sua primeira falta do dia, vou fazê-la entender que mesmo que se sinta
contrariada, não deve dizer á mim que deseja ficar sozinha.
Ao terminar sua fala, ouviu a porta da cozinha sendo fechada; estavam sozinhos. Sem se importar
em avisá-la como havia prometido, pegou Isabella em seu colo e correu escada acima, depositando-
a no chão somente quando chegou ao quarto. Sem dar-lhe chance de tomar fôlego, afundou os
dedos em seus cabelos macios segurando-lhe a cabeça e capturou novamente sua boca para beijá-la
com paixão. Sem que esperasse, Isabella passou os braços por seu pescoço e, tomando impulso,
subiu novamente em seu corpo, agora o enlaçando pela cintura com as pernas. Imediatamente
Edward urrou, segurou-a pelas nádegas e a derrubou sobre a cama apertando-a sob seu corpo
totalmente excitado por ela.
Novamente não havia espaço para preocupações com seu corpo frágil em sua mente; apenas sentia a
necessidade de estar nela. Riu de satisfação quando desprenderam os lábios e Isabella passou a
beijar e a mordiscar a base de seu pescoço enquanto tentava abrir sua camisa. Adorava aquela
urgência e impulsividade da jovem que demonstrava o quando ela também o desejava. Assim como
confirmava que pouco se importava com o que Carmem pensasse sobre eles. A cada minuto que
passava apreciava mais e mais essa versão de Isabella. Justamente por isso que a “torturaria”; para
que entendesse que precisavam ficar sempre juntos. Para que nunca mais fosse capaz de se afastar
dele deixando-o com aquela dor cortante em seu coração.
Bella andava de um lado ao outro na cozinha, pegando nos armários tudo que precisaria; um prato,
talheres, uma peça de jogo americano feito de tirinhas de madeira. Usava uma calça jeans e uma
blusa de flanela, ainda assim sentia-se nua sob o olhar fixo de Edward. Tentando ignorar a inspeção
olhou em volta. O que mais preciso; ela pensou. Talvez por sua expressão indecisa, Edward tenha
comentado.
– Se quiser chamo Carmem. Ela pode servi-la.
Recostando-se contra a pia, ela o encarou. Esteve evitando fazê-lo nos últimos minutos exatamente
para que não ficasse como se encontrava agora; desejando-o novamente como se não houvessem
acabado de descer do quarto. Ainda sentia o rastro de fogo em sua pele e em todos os pontos
estratégicos que ele havia beliscado ou mordiscado enquanto lhe “ensinava” que não devia se
afastar dele ou fazer insinuações quanto á sua imortalidade e olhar para ele definitivamente não
ajudava á acalmar seu corpo novamente desperto.
Inacreditável que o considerasse ainda mais bonito a cada vez que o via, mas era a verdade. A luz
fluorescente lhe favorecia em muito – não que ele precisasse – tornando-o quase uma aparição.
Perfeito e esplendoroso como um anjo. Como se fosse possível aos anjos fazerem as coisas que ele
fazia, pensou. E qual era o problema com as camisas? Deveria ser proibido que homens como ele
andassem com o peito nu na presença de pobres mortais como ela. Legal!... Agora estava
dolorosamente excitada, hipnotizada e não sabia ao que deveria responder.
– O que disse? – perguntou sentindo seu rosto corar.
– Que os deuses me defendam de você Isabella! – ele disse entre sério e divertido.
Antes que Bella perguntasse ao que ele se referia, ele repetiu o oferecimento roucamente.
– Posso chamar Carmem se desejar. Ela pode arrumar a mesa e servir-lhe.
– Ah... Isso! – exclamou situando-se.
Pondo-se novamente em movimento, aproveitando que estava livre da atração que ele exercia sobre
ela, disse.
– Acho que logo vou ficar “estragada” com tanta atenção. Mas como ainda não estou acostumada á
novidade de ter alguém fazendo tudo para mim, acho melhor deixar Carmem descansar. Chamá-la
não seria justo com ela que, com certeza colocaria um lugar para você que por sua vez teria que
“fingir” comer... Então... Não, obrigada!
– Está bem. Não posso argumentar quanto á isso. – ele concordou indo até ela. – Mas eu arrumo a
mesa para você. Nada de comer na cozinha. Essa noite é especial.
Ao dizer isso estava tão próximo que correu as costas dos dedos pelo rosto dela. Bella não entendeu
o brilho que passou pelos olhos verdes como tampouco pode conter o frio que atravessou sua coluna
ás palavras e ao toque. Céus!... Estava perdida!... Desejava-o mais naquele instante que o desejou a
uma hora atrás; um dia atrás. Sem que pudesse evitar baixou o olhar para a boca máscula á sua
frente. Ensaiava ficar na ponta dos pés para alcançá-la – quem sabe seu “professor” não desejasse
lhe ensinar uma ou duas coisas ali na cozinha – quando ele se afastou, deixando-a trêmula e
confusa, ainda encarando-a com os olhos brilhando intensamente.
– Sirva-se!... Eu providencio o vinho. – disse indo pegar duas taças. – Espero você na sala de jantar,
não demore.
Então não estava mais á sua frente. Bella ainda permaneceu recostada na pia por alguns segundos
até que se recuperasse da nova onda de excitação. Não era normal sentir-se dessa maneira. Haviam
passado quase que toda hora anterior amando-se desesperadamente sobre a cama e novamente
durante o banho. Tinha hematomas de todas as cores espalhados por sua pele extremamente clara,
estava dolorida, cansada e ainda assim uma parte de seu corpo pedia para ser preenchida pelo dele.
Decididamente não era normal... Estava queimando!
Com um suspiro, obrigou-se a controlar-se e a sair do lugar. Precisava pensar com clareza livre da
influência perturbadora do vampiro. Antes, Edward havia dito que ela era “praticamente” a dona da
casa e agora que a noite era especial. As duas afirmativas estariam relacionadas? Por qual motivo
aquela noite seria diferente de qualquer outra? Talvez por ser a primeira que passariam juntos sem
mentiras, segredos ou quem sabe... De repente um sorriso brincou em seus lábios. Se a considerasse
dona de sua casa, talvez Edward tivesse mudado de idéia, ela pensou animando-se. O vampiro
voltar atrás em sua decisão com certeza – para ela – tornaria a noite muito mais especial do que já
estava.
Subitamente animada com a possibilidade, ela pegou seu prato e foi até o fogão onde as panelas de
Carmem estavam dispostas. Tão entusiasmada como estava, nem reparou no aroma do talharim
temperado com ervas ou no molho preparado caprichosamente com almôndegas; o preferido dos
filhos ela havia dito. Agradeceria amanhã, agora precisava apressar-se. Depois de esquentar a
comida no forno de microondas e, tentando não criar muitas expectativas e acalmar o coração, ela
se dirigiu á sala, ao lado do grande cômodo onde estava a mesa de jantar antiga.
Ao aproximar-se precisou prestar atenção redobrada em seus passos e segurar seu prato com
firmeza. Edward realmente considerava a noite especial, pois, além de ter criado o clima ideal
acedendo a lareira, estava impecavelmente vestido á seu ver – desconsiderando a falta de sapatos –
a camisa cinza revelando alguns pelos deixando-o tão desejável quanto se estivesse sem ela. E para
agravar ainda mais sua coordenação, ele a esperava com um de seus sorrisos tortos, provavelmente
achando graça de seu cuidado ao andar. Como sempre ele não veio em seu socorro. Ficou onde
estava deleitando-se de seu constrangimento.
Somente quando chegou ao seu lado, ele retirou o prato de suas mãos e o colocou sobre a pequena
esteira de madeira – em seu encantamento nem havia percebido que ele a trouxera além das taças.
Estas já se encontravam servidas, dois castiçais iluminavam a mesa e seu rosto de anjo deixando-o
com um tom de dourado na pele clara. Antes que se movesse, Edward puxou a cadeira para que se
sentasse.
– Obrigada! – agradeceu sem jeito.
– Não por isso. – ele retrucou sentando-se ao seu lado, á cabeceira da mesa. Depois lhe entregou
uma das taças com vinho. – Experimente, é um de meus favoritos.
Ao pegar a taça, Bella reparou como sua mão estava trêmula. Tentando acalmar-se, agradeceu e
provou do vinho. Seu aroma era marcante e o sabor... Bem, Bella não saberia dizer com certeza,
mas lhe lembrava frutas vermelhas de um modo geral e não somente a uva utilizada no preparo.
Fechou os olhos por alguns segundos, apreciando a bebida que praticamente corria por suas veias.
Poderia ter relaxado se tivesse permanecido a beber de olhos fechados.
Para seu infortúnio, seu olhar recaiu sobre Edward no exato momento em que ele bebia de sua
própria taça. Novamente se sentiu hipnotizada por ele. Vê-lo sorver o liquido em um gole lento teve
o poder de inquietá-la. A cor avermelhada do vinho em contraste com a luz da chama tornava a cena
luxuriante. Antes que pudesse mover-se, ele baixou a taça e flagrou seu olhar. Para sua sorte ele não
fez comentários á sua provável expressão de adoração.
– E então? O que achou?
Bella saiu de seu torpor somente para alarmar-se. Nunca fora conhecedora ou apreciadora fervorosa
de vinhos. Ela os classificava como bons ou ruins – para dissabor de seu antigo namorado que era
capaz de ficar horas discutindo com o pai sobre acidez, taninos, cor, aroma e uma infinidade de
outras qualidades que atribuíam á bebida fermentada. Aquele em especial ela classificaria como
sendo muito bom, pois, além de ser realmente saboroso era “melhorado” pela companhia.
Lentamente baixou a taça á mesa sem saber o que dizer. Edward com certeza entendia tanto de
vinhos que faria Paul ou Peter parecerem amadores metidos á entendidos e não os enólogos que se
julgavam ser. A jovem não sabia se ele esperava uma resposta mais elaborada de sua parte e,
definitivamente, aquele não era o momento de fazer gracinhas. Sem perceber mordeu o lábio
inferior. Tentava se lembrar sobre algo que tenha ouvido em conversar passadas entre seu ex-
namorado e ex-futuro sogro quando Edward sorriu e disse.
– Muito bom, não é mesmo?
– Sim, muito bom! – ela disse sinceramente, sentindo-se aliviada. Edward sempre seria um
cavalheiro. – Um dos melhores que já provei.
– Fico feliz que aprecie! – disse lhe servindo um pouco mais. – Acho que combinará com essas
bolas estranhas de carne que tem no seu prato.
Passado o breve momento de constrangimento, ela revirou os olhos e exclamou fingindo estar
admirada.
– Nem almôndegas você conhece?!... tsc, tsc, tsc... – maneou a cabeça negativamente. – Se eu
estive na sua casa ensinaria uma ou duas coisas á cozinheira... E a senhora Scott lhe serviria meus
pratos com prazer.
– Se estivesse na minha casa... – ele começou tomando sua mão. – Eu não a deixaria na cozinha por
tempo suficiente para ensinar o que quer que fosse á cozinheira.
Dito isso beijou seus dedos tão demoradamente que Bella sentiu os eternos sinais de excitação mais
uma vez; pelo gesto e pela intensidade de suas palavras. Ela sabia que ele dizia a verdade. E
novamente, sem que pudesse evitar, imaginou se realmente não esteve em sua casa naquela época,
sendo a “namorada”. Antes que cogitasse dizer alguma coisa, ele soltou-lhe a mão e disse,
erguendo-se.
– Você se esqueceu da água. Vou pegar para você.
Sem esperar por sua resposta, se foi. De repente, mesmo que lhe sorrisse, ele lhe pareceu inquieto;
agitado. Seria possível que Edward Cullen se sentisse nervoso por ela? Á Bella parecia pouco
provável. Quando ele voltou com uma taça contendo água, a jovem passou a analisar-lhe a
expressão. Não encontrou nada novo, então deduziu que estivesse vendo demais.
– Agora sim. – disse ele colocando a taça ao lado da taça de vinho. – Coma antes que esfrie. Bom
apetite!
Como não poderia persuadi-lo á deixá-la comer sem encará-la, suspirou e pôs-se a provar a receita
familiar de Carmem, ignorando o máximo que podia o olhar de Edward sobre seus movimentos.
Alternava uma garfada de comida, um gole de água, outro de vinho. Tentou seguir esse padrão
concentrando-se em não engasgar, porém em minutos estava com os nervos á flor da pele.
Descansando os talheres na lateral do prato, pediu.
– Poderia ao menos fazer como no café da manhã e conversar comigo, ao invés de simplesmente me
olhar dessa maneira?
– Perdoe-me! Distrai-me em sua beleza... Sobre o que quer conversar?
A jovem deixou passar o elogio, pois acreditava que ele estivesse somente sendo gentil – ninguém
poderia ser considerado “belo” enquanto mastiga – então perguntou algo que estava em sua mente
desde a tarde.
– Gostaria de entender como você “funciona”. – Edward franziu o cenho e ela apressou-se em dizer.
– Eu explico... É que você come, dorme, seu coração bate mesmo que de forma diferente e nós...
Bem... Você sabe...
– Fazemos amor. – milagrosamente ele a ajudou em seu desconcerto.
– Isso!... – Bella ajeitou uma mecha imaginaria atrás da orelha. – Então eu gostaria de saber se você
pode... Além de todas essas coisas... – então se calou indecisa.
– Pergunte Isabella.
– Eh... Você pode... Bem, nós podemos ter filhos?
Edward apenas permaneceu olhando em sua direção por um tempo com o rosto agora sério.
– Desculpe-me, eu não deveria ter perguntado... – disse voltando a comer.
– Está tudo bem!... – ele disse sem entonação como que para si mesmo. – É normal querer saber
essas coisas.
Por mais que ele desejasse tranqüilizá-la estava arrependida. Melhor ocupar sua boca grande com
comida e não tentando saciar sua curiosidade acerca de detalhes embaraçosos da vida do vampiro.
Ainda mais sobre assuntos que jamais haviam passado por sua cabeça até aquela tarde. Nunca se
importou em saber se as outras pessoas tinham filhos ou não; nunca havia pensando em “seus”
possíveis rebentos, então porque questioná-lo quanto á isso? Deveria somente ter seguido á lógica.
Seu anticoncepcional não fora formulado para prevenir seu organismo de secreções vampíricas e
Edward esteve tantas vezes em sua cama, antes mesmo que tomasse conhecimento que, se fosse
possível gerarem um filho, já estaria com o menininho de olhos verdes em seu ventre. Era evidente
que Edward era estéril. Droga!... Deveria verdadeiramente ter mordido a língua!... Agora não tinha
coragem de encará-lo, mas podia sentir que ele a observava ainda mais intensamente. Quando o
silêncio se tornou opressivo e o talharim intragável, Bella tomou coragem, um gole de vinho para
limpar a garganta e perguntou.
– Então... Como estão as coisas no NY Offices?
– Estava nos seus planos? – Edward inquiriu como se ela não tivesse dito nada.
Bella sabia sobre o que ele se referia e não se faria de desentendida, visto que havia sugerido o
assunto totalmente desnecessário. Tentando ser firme para que ele sentisse sua sinceridade,
respondeu.
– Não!
– Não precisa mentir para mim.
Seu tom era levemente ríspido. A jovem tentou não abalar-se e, contendo o tremor na voz, declarou.
– Não estou mentindo! Perguntei somente por perguntar.
– Acho que é natural á todas as mulheres o desejo de maternidade. – o tom anterior se foi, sendo
substituído por certa gravidade. – Posso fazer qualquer coisa por você Isabella!... Dar-lhe o que me
pedir... A jóia mais valiosa, o mais raro dos perfumes... Se não existir o que deseja sou capaz de
criar para você, mas não posso dar-lhe filhos legítimos.
A jovem não gostou daquele novo tom assim como não gostou do anterior. Além de escusar-se,
Edward lhe pareceu pesaroso, deixando-a ainda mais arrependida. Não era sua intenção deixá-lo
infeliz, principalmente em uma noite que por motivos particulares era considerada especial para ele.
Agora via o quanto fora infeliz na escolha do tema. Culpa da imagem projetada em sua mente á
tarde, onde um lindo menino de olhos verdes corria para seus braços.
Por mais que nunca tenha pensado á respeito, o cenário mexeu com ela. Não poderia negar que, se
formassem um casal normal adoraria ter um filho com ele; formar uma família. Mas nada naquela
relação era normal e, para ser sincera consigo mesma, não queria que Edward fosse diferente.
Amava-o exatamente como era. Por isso, não se importava se teria filhos ou não desde que estivesse
com ele. Sem nenhum tremor na voz, ela estendeu a mão e tocou a dele sobre a mesa.
– Pode ser natural para a maioria, mas como tudo na vida, não é uma regra. E se fosse, eu seria a
exceção!... Eu, verdadeiramente, nunca pensei á respeito. Estava apenas curiosa em saber como as
coisas funcionam com você... – então, imprimindo um tom jocoso á voz na tentativa de dissipar a
nova tensão, acrescentou. – Afinal, precisava estar preparada para surpresas, pois não é todo dia que
se tem a oportunidade de fazer amor com um vampiro.
Edward a encarou por um instante ainda sério, então, como se decidisse que ela estava sendo
sincera, desanuviou a expressão carregada e retrucou.
– Então seu namoro com o vampiro “anterior” era baseado na castidade?
Bella sentiu-se aliviada que ele tenha mudado de humor ao ponto de fazer graça de suas palavras da
tarde anterior. Decidida a seguir por aquele caminho muito mais seguro e disposta a segurar a língua
daquele momento em diante, mordeu o lábio inferior e simulou uma expressão de culpa, antes de
dizer.
– Você me pegou nessa!... – ela lhe sorriu. – Não houve vampiro anterior... Você é o primeiro e
único em minha vida!
A jovem não soube dizer o que em suas palavras havia acarretado aquela nova sombra de seriedade
que baixou sobre a face de Edward, mas de repente, novamente ele estava imerso em pensamentos
inquietantes. Somente isso explicaria a testa franzida, o olhar intenso. O movimento das chamas das
velas deixava seu rosto ainda mais taciturno.
Subitamente ele inverteu a posição das mãos que ainda estavam uma sobre a outra na mesa e
segurou a dela com força, prendendo-lhe os dedos quando ela, eu um ato reflexo pelo movimento
inesperado, tentou puxá-la. Em momento algum ele desprendeu seu olhar do da jovem. Sem que
pudesse evitar, Bella sentiu seu coração acelerar gradativamente em expectativa enquanto se
deixava naufragar naquele mar verde e revolto. Se Edward não dissesse alguma coisa, seria capaz
de ficar perdida em seu olhar para sempre.
Porém, quando ele falou encarando-a seriamente com seu rosto perfeito e contraditoriamente
angelical para um vampiro, suas palavras tiveram o poder de deixá-la completamente entregue e á
deriva. Sem soltar-lhe a mão, ele procurou por algo no bolso de sua calça e, ainda a encarando,
disse deslizando a pequena caixa de madeira negra pela mesa.
– Já que sou o primeiro e único em sua vida... O que me diz de ser a primeira e única da minha?
Case-se comigo Isabella Swan; habite oficialmente e definitivamente em mim.
****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Ahhh... Como sempre digo ás meninas d comunidade, prestem atenção aos detalhes...
Sempre tento passar "dicas" de como a fic funciona em quase todos os capítulos... Esse
light, mas teve uma mensagem importante.
Agora... fora isso... Tem Edward... *U*

Afff... Ele pediu a mão dela e agora???... Só no próximo para saber..

Espero que estejam gostando... e só posso saber se vcs comentarem... pleaseee.. me


deixem saber!!... :D

Agora spoiler..

– Pois fale...
Bella pediu em um sussurro antes que o carinho fizesse com que perdesse o interesse em
conversas. Com um suspiro, finalmente ele começou.
– É sobre as coisas que estão acontecendo.
– Sobre esse intruso?
– Sim... Ele está cada vez mais próximo e o problema é que não sei mais em quem
confiar.
A jovem alarmou-se com o tom grave.
– Alice não...
– Acalme-se Isabella... – pediu gentilmente. – Alice e Jasper são de confiança. Mas
somente os dois; entendeu?... Prometa-me que... Não vai se deixar iludir por nenhum
deles caso eu não esteja perto de você.
– Está bem... Eu prometo!
A jovem tentou se lembrar quais eram os outros disse vasculhando a memória á procura
de todos os rostos pálidos que viu e mãos frias que apertou, então prosseguiu.
– Acho que não sei quem são... Conheci o colega de... – então se calou.
– James.
Edward a socorreu quando hesitou em dizer o nome, Bella lhe sorriu agradecida.
– E Rosalie e seu marido... Tem mais?
– Não do nosso meio... Rosalie agora está morta. Alice e Jasper, assim como James e
Emmett formam meu clã... Mas não confio nos dois últimos assim como você também
deve confiar.

Aff... estão chegando mais perto....

Até o próximo... bjus meus amores...


bom findes... o/

(Cap. 48) Capítulo 19 - Parte II

Notas do capítulo
Oieeeeeeee... Boa noite meus amores... cheguei com mais um capítulo... Apaixonado,
tenso e intenso... do jeito que gosto... *U*Tô voltando á me sentir em casa... Logo me
espalho novamente... rsBom... Obrigada lindas... pelo carinho... reviews e indicações...
Não vou mais prendê-las... "bora" para o capítulo...BOA LEITURA!... :)
Edward conhecia bem a sensação de correr á uma velocidade alucinante ou de saltar de grandes
alturas, mas nunca esteve vulnerável e entregue á força gravitacional de uma queda livre. Talvez o
frio incessante em sua coluna e a leveza em seu estomago, fosse exatamente o que sentisse os
amantes de esportes radicais ou valentes suicidas. E era daquela maneira que se sentia enquanto
segurava a mão de Isabella e esperava por uma resposta ao seu pedido de casamento.
Com certeza vários ossos pertencentes aos seus colegas de esbórnia dos tempos de faculdade
reviraram-se em suas tumbas. Ele, Edward Cullen, aquele que jamais havia amado mulher alguma e
que as mandava embora na manhã seguinte ao coito desde a mais antiga fase de sua vida; aquele
que, depois de descobrir a traição da mãe, passou a considerar todas indignas e promiscuas, usando-
as invariavelmente de forma desrespeitosa, estava ali. Totalmente entregue e expectante que uma
lhe salvasse da queda fatal em que se encontrava. Se ela não se apressasse, logo atingira o chão e
com certeza não resistiria ao impacto.
Não depois de se lançar ao salto já debilitado por toda aquela conversa inoportuna sobre filhos. Por
várias vezes pensou em desistir do pedido depois da pergunta de Isabella. Evidente que ele nunca
havia cogitado que a jovem lhe perguntasse tal coisa. Na verdade pouco lhe importava que não
pudesse dar um bebê á ela. O que o preocupava era a possibilidade de não fazê-la feliz por aquele
detalhe, que para ele era insignificante, mas que poderia ser fundamental para a jovem.
Reconsiderou e recuou diante das reações dela. Sua boca dizia não ter importância enquanto seus
olhos brilhavam ansiosamente esperando por sua resposta.
Para o vampiro, os de sua espécie que fecundavam humanas eram criaturas doentias, visto que a
criança gerada nem ao menos seria legítima, pois precisariam assumir a forma feminina para
armazenar o sêmen de homens humanos que se relacionassem com eles. Edward jamais seria uma
Sucumbo e por conseqüência não seria também um Incubo. Por mais que tenha desprezado as
mulheres ao ponto de somente usá-las era com elas que apreciava relacionar-se sexualmente, jamais
com o sexo oposto. E ser estéril nunca fora um problema, nunca desejou constituir uma família.
Pensando friamente, de certa forma seu pai teve razão. Não se considerava o assassino de sua mãe,
mas era mesmo – precisava admitir – uma criatura malignamente egoísta, pois não se via dividindo
o amor de Isabella nem mesmo com um filho seu. Talvez se acontecesse o impossível e,
milagrosamente, sua humana engravidasse ele fosse acometido pela força do amor paternal tão
vastamente proclamada. Contudo, até que gestações improváveis ocorressem, reservaria o direito de
ter Isabella só para si.
E para aumentar a possessividade, minutos após a pergunta, sua preocupação em não ser capaz de
fazê-la feliz foi agravada pelo ciúme antigo. O rábula, assim como qualquer outro humano abjeto
poderia dar-lhe a única coisa que ele, com todo seu poder e fortuna jamais poderia. Diante da
verdade massacrante, não pode deixar de imaginar que talvez Isabella tivesse feito planos naquele
sentido quando ainda estava com o antigo namorado. Sim, sabia de sua recusa em morar com o
advogado imprestável, mas isso não significava que não tivessem planos conjuntos e futuros.
O humano intragável havia comprado um anel de casamento e estava disposto á pedir a mão da
jovem por acreditar que fosse aquilo que ela desejava. Com certeza seu gesto fora baseado em
conversas passadas. Edward até pôde ver a cena intima e indigesta assim como a família numerosa
reunida em torno de uma churrasqueira em uma tarde infernal de um domingo qualquer. Seu ódio e
asco foram tão intensos que precisou de toda força que possuía para conter-se e não liberar os
rosnados que se formaram no seu peito.
Por isso demorou tanto em responder-lhe; não se sentia em condições de conversar civilizadamente
quando em sua mente invadia a cena familiar e dizimava á todos, servindo-se deles e poupando
somente uma Isabella que, no fundo, lhe agradeceria por tê-la livrado de um marido inútil e
pirralhos barulhentos. Por um momento culpou ao vinho pelas imagens inquietantes que ainda
vagavam por sua cabeça mesmo quando já dialogava com ela.
Obrigou-se á acreditar em sua Isabella real que lhe garantiu ser a exceção entre as mulheres que
desejavam serem mães – sem titubear – enquanto segurava sua mão sobre a mesa. Ao que ela,
novamente cuidando para eliminar a tensão, completou dizendo.
– Afinal, precisava estar preparada para surpresas, pois não é todo dia que se tem a oportunidade de
fazer amor com um vampiro.
Seu peito ainda estava sob o ataque do ciúme, mas Edward pegou-se ás palavras como um
candidato a afogamento se prende á uma bóia jogada ao mar. Isabella estava realmente – somente –
curiosa. E ele não poderia culpá-la, ela estava com a razão. Não era todo dia que relacionamentos
inter-raciais como o deles aconteciam. Não se tratava simplesmente de cor ou religião e sim de
espécies diferentes. Evidente que sua humana desejaria saber mais. O certo seria prepara-se para
outras perguntas como aquela, pois além de mulher, Isabella era jornalista. Ser curiosa era
característica da profissão. Ao pensamento, tornou-se relativamente leve e seguiu-a no gracejo
citando algo que ela havia dito na tarde anterior para desarmá-lo.
– Então seu namoro com o vampiro “anterior” era baseado na castidade?
Pôde sentir que ela finalmente relaxava quando a viu assumir uma atitude falsamente culpada e
morder o lábio antes de dizer enquanto os dedos quentes apertaram os seus levemente.
– Você me pegou nessa!... – e então ela lhe sorriu antes de completar. – Não houve vampiro
anterior... Você é o primeiro e único em minha vida!
A jovem não poderia saber, mas suas palavras o atingiram como um raio matando sumariamente
qualquer nota de divertimento que estivesse começando á surgir entre eles. Sabia que ela dizia a
verdade. Era o único não somente entre seres míticos existentes ou inexistentes, mas entre todos os
homens da face da terra. A humana o amava incondicionalmente e o vampiro jamais duvidaria de
seu amor depois de tudo que passaram naquela casa. Contudo... “Ouvi-la” sempre teria muito mais
impacto sobre Edward que ver-lhe os gestos ou atos de bravura.
Diante daquilo não poderia esperar mais. Sempre fora avesso ás convenções, mas já estava claro,
desde o pedido de namoro, que com Isabella tudo seria diferente. Trouxera o anel que pertenceu á
sua mãe para entregá-lo á ela; e naquela mesma noite. Não deveria recuar por causa de suposições
sopradas por seu ciúme. Não dispunha de tempo então não tentaria deixá-la confortável como havia
feito com o vinho, quando percebeu seu pouco conhecimento e incomodo com a pergunta. E, em
um gesto rápido demais, segurou a mão que estava sobre a sua, prendendo firmemente seus dedos
quando Isabella tentou recolhê-la.
Era isso!... Aquele era o momento do salto mais importante de sua existência. A queda livre e
definitiva para os braços de Isabella. Não somente desejava-a sua como queria saber-se sempre seu;
para os deuses, os homens, no céu ou no inferno; unidos por todos os laços possíveis e imagináveis.
Então... Sem desviar seu olhar do dela, pegou a caixinha delicada que esteve o tempo todo em seu
bolso e a escorregou pela mesa, dizendo.
– Já que sou o primeiro e único em sua vida... O que me diz de ser a primeira e única da minha?
Case-se comigo Isabella Swan; habite oficialmente e definitivamente em mim.
E agora estava como todo maldito humano deveria se sentir em situações como aquela; expectante
que simples palavras fossem proferidas pelos lábios da mulher amada. Com calafrios correndo sua
coluna e algo que parecia ganhar vida própria se movendo em seu estomago aerado. Deveria ter
começado a contar o tempo no segundo que fez o pedido. Parecia que horas haviam se passado
quando ela soltou a respiração – que nem ele havia percebido estar suspensa – piscou algumas vezes
como se saísse de uma espécie de transe e falasse alguma coisa.
– Ouvi direito?... – ela começou roucamente. – Você disse que...
– Quero que se case comigo. – ele ajudou impaciente. – Então?... O que me diz?
Edward poderia esperar pelas duas únicas respostas possíveis á sua pergunta, mas evidente que se
esquecera de levar em conta que estava diante de Isabella. A mente dela funcionava de forma
diferenciada das humanas normais, por isso alarmou-se quando ela, ao invés de dizer os clássicos
“sim” ou “não”, fez uma afirmativa absurda seguida de uma pergunta inquietante.
– Então você mudou de idéia... Vai transformar-me?
O vampiro lamentou internamente por ser o responsável em apagar-lhe o sorriso, mas não poderia
deixar que ela seguisse por aquele caminho, sabia onde ele levaria.
– Não Isabella!... Não mudei de idéia. – disse simplesmente.
– Mas então... – ela começou recolhendo a mão.
Dessa vez, por mais que lhe custasse, Edward deixou que ela a afastasse da sua. Como estava
acontecendo ultimamente, não era preciso que ela colocasse em palavras tudo que se passava por
sua mente, mesmo assim não a interrompeu quando prosseguiu.
– Se não vai mudar-me, por que deseja se casar comigo? Como será daqui há dez, vinte anos? Será
marido de alguém com aparência de ser sua mãe? Com mais algum tempo será casado com uma
avó?
Edward não sabia se preferia o tom arrogante do início da tarde ou aquele totalmente entristecido.
– Bom... Na melhor das hipóteses, eu nem duraria tanto! – ela continuou alheia ao seu pensamento.
– Posso desenvolver uma doença terminal... Ou morrer em algum acidente de trânsito. Ser um
vampiro viúvo seria melhor que um jovem amante de velhinhas.
– Retire o plural. – ele disse tocando o rosto dela delicadamente. – Confio que você tenha uma
saúde de ferro e não permitirei que entre para as estatísticas então será a única idosa que me
interessará.
– Por favor... Não faça piada! – ela pediu quase ás lágrimas.
Decididamente o vampiro preferia a arrogância; era muito melhor dobrá-la que consolá-la. E
precisava ser rápido. Ainda caia vertiginosamente; agora a ver o chão diante de seus olhos, mas
enquanto não chegasse á ele teria esperanças. O que tinha á fazer era vencer seu desconcerto
perante as lágrimas de Isabella, manter-se firme em sua convicção e fazê-la recebê-lo de braços
apertos.

Bella não queria ser aquela que chorava por tudo e, com certeza, não desejava fazê-lo naquele
momento importante, mas estava difícil conter as lágrimas. Desde que chegou àquela casa não
soube que rumo eles tomariam; se voltariam á condição de “namorados”. Acreditou que as coisas
não mudassem drasticamente logo no inicio, mas estava preparada para morar com Edward caso ele
lhe propusesse diretamente para que não houvesse duvidas... No entanto, ele fizera mais que isso...
Pedia sua mão daquela forma incrível e inesperada convidando-a á “habitar” nele. Evidente que o
faria, contudo... Casar sem ser transformada?... Não via a lógica em uma união oficial quando, em
questão de anos, pareceriam ser um casal incestuoso.
Tudo que conseguia ver era ele, lindo e eternamente jovem, á cabeceira de uma cama onde ela,
encovada e sem vida, dava seus últimos suspiros. Não conseguia acreditar que Edward havia
poupado sua vida e tencionava desposá-la somente para assisti-la definhar e morrer. Impossível
questionar que era intensamente amada, mas não conseguia entender aquela forma de amor. Ainda
mais quando “sabia” que tudo era culpa daquela marca idiota. Sem que pudesse evitar uma gota
mínima e traiçoeira correu por seu rosto ao que foi parada e seca pelo polegar de Edward que
acariciava sua bochecha.
– Não estou fazendo piada. – ele disse carinhosamente. – Apenas dizendo a verdade. Nunca olharei
para outra mulher. Será sempre você até o fim de nossos dias.
– Esse é todo o problema. – ela disse; agora sem conseguir segurar o pranto. – Não... quero que...
nossos dias ... cheguem ao fim. Quero... Você para sempre Edward!...
– Shhh... – ele sussurrou lhe entregando a taça com água. – Beba isso e acalme-se.
Fazendo todo o possível para obedecê-lo, ela tomou um gole generoso e lutou contra as lágrimas
que teimosamente caiam. Edward usou seu guardanapo para secar-lhe o rosto e então falou
pausadamente como quem se dirige á uma criança.
– Não foi você que disse que o que importa é o presente?
Como ele nada dissesse, Bella assentiu com a cabeça, então o vampiro prosseguiu.
– Pois bem... Preocupe-se somente com esse instante. Estamos aqui; juntos... Não direi jovens afinal
“eu”, verdadeiramente tenho idade para ser seu... Septavô?! – foi impossível não sorrir de sua
expressão falsamente consternada, ele lhe sorriu de volta e prosseguiu. – Nós nos amamos e
completamos um ao outro, Isabella.
Era a verdade. Assim como era difícil pensar com ele carinhoso e atencioso daquela maneira.
Mesmo que ele tivesse feito com que risse, Bella ainda se sentia triste por sua insistência em deixá-
la humana. Sorriu-lhe mais uma vez e, sem pedir licença, evitando olhar na direção da caixinha para
não sucumbir de vez, levantou-se e foi até a lareira. Pôde sentir o olhar dele lhe seguindo por todo o
trajeto, como das outras vezes, quase que fisicamente. Quando já mirava a dança das chamas, disse
em um sussurro.
– Sei disso!
Nem sentiu sua aproximação, somente os dedos frios de Edward em seu pescoço a afastar-lhe o
cabelo da nuca. Como sempre todos seus pelos se eriçaram ao contato leve. Não teve tempo de
recuperar-se, pois logo em seguida todo seu corpo foi envolvido pelo dele quando a abraçou por
trás. Como fora ingênua em levantar-se; pensou. Se raciocinar olhando para ele era difícil, fazê-lo
enquanto sentia seu corpo daquela maneira era praticamente impossível. Logo ele continuou a falar
quase que diretamente em seu ouvido.
– Passamos por tantas coisas em tão pouco tempo que sinto como se estivéssemos juntos á séculos.
– então Edward beijou o alto de sua orelha. – Não posso mais ficar longe de você Isabella, não
resistiria á distância. Quero que venha morar comigo, mas não na qualidade de reles amante. – ao
dizer isso a soltou e a virou para si segurando-a pelos ombros. – Você é única e especial para mim.
Novamente era como se os olhos verdes estivessem em chamas; agora douradas pelo reflexo do
fogo. E Bella se incendiava nelas, pois não conseguia desviar o olhar do dele, assim como se
aquecia nas palavras. Ela sentia o mesmo então disse ainda embargada, porém sem chorar
– “Você” é único e especial para mim Edward...
Bella piscou algumas vezes e suspirou fundo. Conhecia a fama de Edward e agora tinha
conhecimento que aquele passo era realmente grandioso para um conquistador como ele. Algo lhe
dizia que aquele pedido seria um Ás poderoso que poderia usar para dissuadi-lo e convencê-lo á
dar-lhe o que queria. Se desejava ser uma vampira deveria recusar sua proposta, pelo menos naquela
noite e usar esse desejo em seu favor.
Contudo, ao mesmo tempo em que tinha essa certeza, sabia que aquela seria uma cartada desleal.
Nunca teria coragem de jogar com os sentimentos dele; jamais faria essa baixeza com Edward.
Como se soubesse que aquele pensamento fosse sua deixa, ele intensificou o aperto em seus
ombros; ela podia sentir o toque como se não estivesse com uma blusa de flanela. Sem sorrir,
sempre a encarando, disse.
– Pois então é capaz de compreender-me!... Assim como o passado não importa, vamos esquecer o
futuro e viver o presente. Hoje... Esta noite... “Agora”... Tudo que mais desejo é que me aceite
como seu marido; que me deixe cuidar de você, mimar você... Saber que usará meu nome. Então...
O que me diz? Dar-me ia essa honra?
Como dizer não á ele quando colocava daquela maneira? Quando lhe encarava daquela maneira?
“Sim” fico com você indefinidamente, mas “não”; não quero seu nome?... Impossível!... Ele a
amava e propunha mimá-la, cuidar dela. Ela por sua vez, não somente queria como tinha o dever de
fazê-lo feliz, independente da divergência de opiniões. E naquele instante imensurável Bella
percebeu que fazia justamente o oposto com sua hesitação.
Novamente estava sendo injusta com quem mais amava. Como Edward dissera na cozinha, a noite
era especial e aquele não era o momento para se lamentar ou discutir possíveis transformações.
Como que para confirmar sua constatação, de repente notou, além da intensidade, a ansiedade, o
temor de uma recusa ocultos nos seus olhos verdes. Edward não precisaria esperar mais. Então,
limpando a garganta de todo resquício de choro, Bella lhe sorriu e disse, estendendo-lhe a mão
direita.
– Acredite Edward Cullen... A honra será toda minha!

Finalmente pousou em segurança nos braços de sua humana. Ela ainda lhe parecia preocupada,
porém totalmente segura em sua resposta. Sem que pudesse evitar, suspirou de alivio genuíno e
tomou a mão estendida. Depois de beijar seus dedos demoradamente, puxou-a para seus braços e
beijou sua boca profunda e invasivamente. Não era sua intenção, mas uma vez que se encontrava
expectante, foi impossível conter sua excitação ao tê-la em seu abraço.
“Que os deuses o defendessem dela”; foi o que pediu na cozinha e o fazia naquele exato momento
em que se encontrava indescritivelmente feliz. A jovem despertava seu corpo para as reações mais
extremas; o deixava miserável para logo em seguida torná-lo pleno. Novamente era como se
desejasse se fundir á ela; serem um só. Porém toda ânsia precisava ser contida. Uma vez que não a
transformaria tinha que ser comedido, não poderia abusar dela disse á si mesmo enquanto rolava sua
língua á de Isabella.
Novamente sentiu a pontada em seu coração como na cobertura, mas precisava ser forte. Tinha que
acreditar que aquela era a melhor opção. Não poderia ser fraco e se render por desejar que ela fosse
como ele; menos frágil e eterna para acompanhá-lo. Não poderia correr o risco de perdê-la por amá-
la tanto. Como se adivinhasse sua luta interna – e soubesse que talvez aquela fosse a chave para
conseguir o que tanto queria – a jovem gemeu e se comprimiu mais á ele. Nesse momento Edward
ordenou-se que parasse. Realmente não poderia se render e já a machucara demais, seu corpo
delicado estava marcado e precisava de descanso.
Sem contar que aquele instante era único e de extrema importância. Tinha algo á lhe entregar, além
de assuntos importantes á serem abordados sobre o momento tenso que vivia. Alheia ao seu
pensamento Isabella fez como no quarto e, em um impulso, se jogou em seu colo. O vampiro
adorava aquela entrega dela. Satisfeito – com sua atitude e aceitação – segurou-a pelas nádegas e
carregou-a até o sofá. Onde se sentou acomodando-a em suas pernas; á uma distância segura de
qualquer contato mais íntimo. Carinhosamente segurou as laterais de seu rosto e a beijou
mansamente, demonstrando que não faria com ela o esperado; não naquele instante. Se possível,
não naquela noite.
Quando a encarou seus olhos castanhos brilhavam intensamente, mas Isabella já se acalmava. Os
batimentos de seu coração voltavam ao normal gradativamente fazendo com ele não mais sofresse
de vontade de provar seu sangue como acontecera todo o tempo que estiveram se amando naquela
noite anteriormente; finalmente seus corpos estavam quase em paz. Ignorando o resquício de
excitação, Edward procurou pela caixinha que novamente estava em seu bolso e, com a respiração
suspensa, entregou á ela.
– Abra! – pediu.
A jovem tomou a peça delicada em suas mãos e a olhou por alguns instantes enquanto seu corpo
recuperava-se do beijo e da excitação não satisfeita. Dessa vez não se sentiu frustrada com a
interrupção, pois pareceu entender o que se passava pela mente de Edward. Ele estava zelando por
ela, simples assim. Além do mais, como pensar em qualquer outra coisa quando via seu
contentamento? Quando era praticamente ofuscava pelo brilho radiante dos olhos verdes? E quanto,
novamente, a expressão expectante no rosto de anjo a desarmava por completo? Não poderia.

http://www.youtube.com/watch?v=VyR7yoDBQSg

Agora – depois de passado o momento de excitação – sabia não ser prudente baixar á guarda, pois
ainda desejava ser transformada, mas não pôde evitar. O instante era único e tornava o desejo de ser
uma vampira, mínimo. Tinha o amor incondicional de Edward... Era tudo o que importava. O resto
viria com o tempo. Qualquer futuro incerto seria fácil de enfrentar se pudesse ter sempre aquele
brilho de satisfação nos olhos de seu vampiro.
Envolvida pelo clima etéreo, Bella sorriu para ele e foi correspondida. Com os olhos Edward lhe
indicou a caixa então, sem mais cerimônias, a jovem a abriu. Sem que percebesse, prendeu a
respiração por alguns segundos em completo estado de contemplação diante daquela obra de arte. A
peça delicada era digna de grandes mestres; soberba, mas humildemente se fazia passar por um
simples anel.
– Se me permite.
Bella ouviu a voz distante de Edward que tomava a caixinha preta de suas mãos agora trêmulas.
Enlevada com a delicadeza e beleza da peça, a jovem o viu tirá-la de seu suporte de veludo
vermelho – como sangue – e, lentamente colocá-la em seu dedo anular. Pela primeira vez, Bella
maldisse intimamente por sua mão pequena com dedos proporcionais á ela que não permitiu que o
anel ficasse firme. Sem saber exatamente o que dizer, por ter arrumado o momento perfeito, disse
pesarosa.
– Desculpe!
Como não rir da expressão de pesar de Isabella? Impossível!... Sabia que ela se desculpava pelo
rolar incessante de seu novo anel; seus dedos eram delicados e pequenos. Por que ela imaginava que
o detalhe que ele tanto apreciava era motivo para desculpar-se é que era uma incógnita.
– Mandarei ajustá-lo... – dito isso tomou a mão na sua e beijou o anel e boa parte de seu dedo,
depois completou. – Aproveito e mando ajustarem todos.
Bella saiu do transe.
– Todos?!
– Sim! – ele respondeu simplesmente, mas sem esconder sua satisfação ao dizer. – Esse é apenas o
de noivado. Quando nos casarmos usará outro; uma aliança. Mas todos os outros anéis de minha
mãe agora são seus. Na verdade, todas as jóias.
– Edward... – disse em um sussurro. – Tem certeza?
– Desde que soube que a queria para mim.
– Sabe que não precisa fazer isso, não é? – perguntou preocupada. – Gostei da parte em que disse
querer me mimar, mas não espero que me dê todas as suas coisas.
– Justamente por saber que pensa assim que o faço! – ele disse beijando-a levemente. – Conheço
você Isabella. Não é mulher de fazer tipo... Você é diferente e por isso a admiro.
Comovida, a jovem não soube o que responder, apenas corou e mordeu o lábio inferior analisando o
anel que não parava certo em seu dedo. Tentando encobrir a voz embargada pediu.
– Pode me dizer que pedras são essas?
Edward lhe sorriu e explicou, sem desprender os olhos do anel em sua mão. Segundo a
apresentação, a estrela da peça era a safira oval. A pedra era rodeada por uma extensão de diamantes
no painel e caule. A base de platina era espessa conferindo certa aristocracia ao anel. Diante da
reverencia na voz de veludo dele, Bella entendeu se tratar de uma peça única e antiga; magnífica em
todos os sentidos. Como aquele que a presenteou – duas obras de arte dignas de respeito. Por isso
foi com enlevação que Bella disse como que para si mesma depois que Edward se calou.
– Nunca tive nada parecido. – então piscou algumas vezes e se concentrou a atenção no anel. –
Acho que terei até medo de usá-lo.
– Não é verdade. – ele disse sorrindo torto para ela. – Não me pareceu estar com medo na primeira
vez que usou suas jóias.
– Quando isso aconteceu?... – a jovem juntou as sobrancelhas sem entender. – Não me lembro de
ter...
Abruptamente Bella se interrompeu; sim, ela se lembrava. As palavras de Alice vieram quase que
nítidas em sua mente, ditas quando devolvia os brincos e as presilhas que usara na noite do
Halloween. A amiga disse que pertenciam á um “conhecido”, que eram herança materna. Disse
ainda que ele raramente emprestava-as e que acreditava que no futuro ela as usaria novamente.
– Edward... – ela começou incrédula, ainda mais comovida. – Você me emprestou as jóias de sua
mãe no dia do baile!
– Não emprestei.
Edward negou roucamente arrumando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Depois tomou o
lóbulo entre os dedos frio para brincar com o brinco mínimo que ela usava prestando uma atenção
exagerada ao gesto perturbador. Então, voltando a olhá-la, corrigiu.
– Permiti apenas que a dona atual as usasse. Quando Alice me disse qual seria sua fantasia
imediatamente me lembrei dos broches para o cabelo e dos brincos. Imaginei-os em você e fiquei
curioso para ver como ficariam... E não me enganei; ficaram perfeitos!
A jovem podia sentir o coração batendo contra seu peito.
– Como poderia me considerar dona delas?... – ela perguntou enlevada. – Na noite do baile ainda
não éramos nada um do outro.
– Errada novamente. – disse deixando o carinho na orelha para tocar sua têmpora com o indicador.
– Hoje tenho a certeza que você não sabia aqui, mas aqui... – ele tocou seu peito na altura do
coração. – Eu era importante, assim como você já me era vital. Apenas não nos relacionávamos,
mas isso não mudava o fato de que, cedo ou tarde, se renderia á mim. – então, imprimindo certa
seriedade á voz, citou. – “Silenciosamente os sentidos abandonam as defesas minha bela Christine”.
Decididamente seu coração indócil subiria por sua garganta qualquer dia daqueles. Já não bastava
Edward enlouquecê-la os poucos com suas próprias declarações?... Sem dúvida agora deseja matá-
la citando as falas de Erik... Mas ele tinha razão. Ainda envolvida pelo clima decidiu que Edward
merecia saber o quanto estava certo. Ainda mais depois de ansiedade que o fez passar aquela noite.
– Seria inútil negar... Acho que me apaixonei no momento que o vi. Mas estava cega, presa á
convenções vazias... Desculpe-me por ter demorado á “ver”.
Então sorrindo incerta, com o coração ainda mais aos saltos e sentindo seu rosto se tingir de
vermelho, tocou o rosto perfeito de Edward e fez como ele; citou o fantasma só que de forma
adaptada, lutando para não tropeçar nas palavras.
– Sorte que você me fez “ouvir”, “sentir” e “secretamente”... me possuiu como a música de Erik...
“Abriu” minha mente e... – subitamente as palavras travaram em sua garganta, dividindo espaço
com seu coração; como Edward conseguia fazer aquilo?!
– Termine! – ele ordenou mais que pediu. Seus olhos estavam como duas bolas de fogo. – Termine
o que estava dizendo Isabella.
A jovem engoliu em seco e obedeceu em um fio de voz.
– Você abriu minha mente e... “liberou” minhas fantasias tornando-as realidade.
Edward sentiu todo seu corpo inflamado depois das palavras praticamente tropeçadas e sussurradas
de Isabella. Sua bruxa estava ali; imitando-o. Enfeitiçando-o com sua declaração. Sem que pudesse
conter segurou-a pelo rosto e a beijou invasivamente; amava-a de uma forma desmedida e no
momento a admirava pela tentativa de demonstrar o que sentia indo além do “eu te amo”. Diante
disso ela não precisava desculpar-se, de preferência sequer recordar de “convenções vazias”.
Bastaria que sempre se declarasse á ele daquela maneira, bastariam as suas próprias convenções,
seus próprios pactos daquela noite em diante.
Deveria estar preparada para o ataque depois de suas palavras, mas a verdade é que talvez jamais
estivesse. Edward segurava-lhe o rosto enquanto a língua fria explorava cada canto de sua boca, por
vezes chupando-lhe a língua como se quisesse devorá-la. Inevitável gemer; excitar-se. Logo o
enlaçou pelo pescoço tentando romper a distância dos corpos, contudo, ao invés de aprofundar
ainda mais o beijo e estreitá-la em seus braços, Edward a interrompeu.
– Melhor nos comportarmos... – sussurrou quando as bocas de separaram; Bella estava praticamente
sem ar. Mantendo os rostos unidos, ele disse roucamente voltando ao assunto. – E não se desculpe
por nada... Você não tinha como saber. Cabia á mim a tarefa de conquistá-la. Quando soube que
seria Christine entendi que era seu fantasma... E como tal me infiltrei em sua vida. E hoje temos o
resultado; no final veio á mim...
Ainda sentido as respirações se misturarem, Bella estremeceu por temor súbito e estranho.
– Essa foi uma analogia perigosa. Na estória original o fantasma não leva a garota.
Alheio á opressão no peito da jovem, Edward afastou-a para olhá-la de frente.
– Não vejo dessa forma. Ela somente foi covarde ao não aceitar o que verdadeiramente sentia então,
quem não levou a garota foi o belo Visconde. Ter uma mulher que sonha com outro é o mesmo que
não ter mulher alguma.
– Então... – ela começou tentando distrair-se do breve temor. – O fantasma sempre teve a garota?
Ás suas palavras Edward lhe sorriu abertamente; a visão a fez esquecer-se de qualquer medo,
contagiando-a.
– Sim... A analogia pode ter sido perigosa, mas funcionou para mim... – disse sem fazer esforço
algum em disfarçar seu orgulhoso. – Estou com você em minha vida e sinto-me indescritivelmente
feliz por ter aceitado se casar comigo... – dito isso segurou a mão para brincar com o anel frouxo em
seu dedo.
– Também estou feliz Edward... – ela disse sinceramente. Então, recordando-se da recomendação
para que se comportasse, mudou o rumo da conversa que só lhe dava vontade de estreitar-se á ele e
lamentou também mirando o anel que ele rolava entre os dedos frios.
– Tudo bem que passei em meu primeiro teste, mas falei sério. Esse anel é lindo; valioso demais...
Terei medo de usá-lo. Que me diz de deixá-lo guardado. Posso usar uma aliança mais simples.
– Nada de coisas simples para você... – ele respondeu visivelmente agradecido pela mudança de
assunto. – Entendo que não queira ser atendida por Carmem por não estar habituada á criados e por
não querer eu finja sempre, mas, sua realidade vai mudar agora... Precisa se acostumar á ter coisas
valiosas e a usá-las. – antes que abrisse a boca para protestar ele concluiu. – Além do mais, você
estará comigo.
Em parte sabia que ele tinha razão, mas não seria fácil mudar a forma de pensar em tão pouco
tempo... E a última observação, apesar de ser tentadora, não podia ser levada em conta.
– Não vai estar comigo todo o tempo!
“Sim eu estarei”, mas não lhe disse em voz alta. Edward estava realmente feliz por todos os motivos
de disse á ela e ainda mais depois de perceber que a jovem se esforçava em partilhar o que sentia,
então não desejava quebrar o encanto do momento com aquele assunto que, sem duvida, lhe traria
problemas. Tentando parecer casual, retrucou.
– Sempre se dá um jeito... Não quero que fique com receio de usá-lo.
– Não ficarei. – ela disse tentando parecer segura.
Edward lhe sorriu satisfeito.
– Sabe que como as flores, as pedras também têm seu significado?
– Imagino que sim... – ela lhe sorriu. – E já que está aqui, não precisarei olhar em nenhum site para
saber, eu espero.
Edward riu fazendo com que a jovem se perdesse naquele som e fosse envolvida por ele;
contagiada.
– Não a deixaria sair daqui. – disse firme, então explicou olhando diretamente nos olhos castanhos.
– A safira era usada pelos gregos para consultar oráculos, pois inspira sensitividade. Ela também
funciona como guardiã do amor. Promove a fidelidade e une ainda mais os sentimentos dos
envolvidos, sintonizando-os... Como é assim que me sinto... Em “sintonia” com você, escolhi esse
entre todos os outros.
– Perfeito!... – murmurou.
Sim... Indubitavelmente perfeito em sua contradição; pensou Bella esquecida do anel e rendida á ele
e ás palavras. Tão selvagem e viril em um momento – chegando a assemelhar-se á seu parente
Neandertal – para no outro se mostrar ser sensível e civilizado ao ponto de, não só conhecer sobre
flores, mas sobre pedras. Como não se apaixonar por ele a cada minuto? Como ela nada mais
dissesse Edward gentilmente retirou o anel do dedo dela e recolocou na caixa.
– Segunda peço que Alice o leve á um ourives. Até lá vamos deixá-lo guardado.
Novamente foi como sair de um transe. Depois de pigarrear, ela disse.
– Está bem... E... Também me sinto ligada á você. A escolha foi realmente perfeita!... Obrigada! –
receosa acrescentou. – Mas... A parte da fidelidade é desnecessária. Eu confio em você e espero que
você sempre confie em mim.
Edward sabia ao que ela se referia e ainda não desejava voltar àquele assunto, mas diante do
comentário, não tinha como deixar passar.
– Já pedi isso á você Isabella... Pare de torturar-se com esses pensamentos. Minha decisão não tem
nada a ver com confiança. – ela tentou retrucar, mas ele a cortou firmemente. – Por favor, não
vamos brigar novamente por esse assunto.
– Desculpe-me.
Como ele se antecipava á ela começava a ser inoportuno. Acreditou ser uma boa hora para retomar
o tema sem alardes, uma vez que estava mais calma para argumentar. Contudo ele não só descobriu
sua intenção como a vetou veementemente. Mas não era problema; fora pega de surpresa durante o
pedido por ter acreditado em uma mudança, descontrolara-se ao ver que esteve enganada, seu
desejo se arrefeceu momentaneamente, mas agora estava totalmente recuperada. Cederia esta noite;
lutaria por sua transformação mais tarde. Antes que propusesse qualquer outro assunto, ele disse
subitamente sério.
– Agora que vamos ficar juntos e todos saberão, tem algo que preciso conversar com você.
Seu tom chamou-lhe a atenção, fazendo com que se esquecesse de todo o resto. Sem pressa alguma,
Edward passou a acariciar seu rosto.
– Pois fale...
Bella pediu em um sussurro antes que o carinho fizesse com que perdesse o interesse em conversas.
Com um suspiro, finalmente ele começou.
– É sobre as coisas que estão acontecendo.
– Sobre esse intruso?
– Sim... Ele está cada vez mais próximo e o problema é que não sei mais em quem confiar.
A jovem alarmou-se com o tom grave.
– Alice não...
– Acalme-se Isabella... – pediu gentilmente. – Alice e Jasper são de confiança. Mas somente os dois;
entendeu?... Prometa-me que... Não vai se deixar iludir por nenhum deles caso eu não esteja perto
de você.
– Está bem... Eu prometo!
A jovem tentou se lembrar quais eram os outros vasculhando a memória á procura de todos os
rostos pálidos que viu e mãos frias que apertou, então prosseguiu.
– Acho que não sei quem são... Conheci o colega de sala de... – então se calou.
– James.
Edward a socorreu quando hesitou em dizer o nome, Bella lhe sorriu agradecida.
– E Rosalie e seu marido... Tem mais?
– Não do nosso meio... Rosalie agora está morta. Alice e Jasper, assim como James e Emmett
formam meu clã... Mas não confio nos dois últimos assim como você também deve confiar.
A palavra clã fixou-se em sua mente de forma indelével antes de qualquer outra informação. Ela
conferiu uma importância ainda maior ao mundo de Edward assim como á ele próprio. O grupo não
estava unido por parentesco, mas por linhagem e ele era o líder. Sem que pudesse conter seu
coração passou a bater descompassado; ela não tinha a mínima idéia sobre nada desse universo que
acreditava conhecer e que agora fazia parte. Era a simples humana que se casaria com um vampiro
chefe que, como se não bastasse seu posto, ainda estava sendo perseguido e atacado por um
vampiro rival. Respire Isabella, ordenou-se antes que começasse a tremer.
– Você está bem? – ele perguntou preocupado, acariciando seu rosto.
– Estou... Apenas me distrai. – disse tranqüilizando-o. Nesse momento algo lhe ocorreu fazendo
com que ela se afastasse dele para olhá-lo de frente. – Ele sabe?... Esse Emmett sobre a morte de
Rosalie? É ele que está desaparecido á uma semana, não é?
– Sim... O marido de Rosalie está desaparecido, mas acredito que ele não saiba sobre a morte dela...
– escolhendo as palavras Edward explicou. – Eles estavam... Separados quando aconteceu tudo
aquilo.
Edward não saberia dizer o que acarretou aquela súbita reação em Isabella, mas poderia prever que
ela ficaria ainda mais abalada se soubesse tudo que se passou entre ele e Rosalie em sua cobertura.
Queria poder omitir toda aquela parte da história, mas Isabella estava lá na segunda noite e com
certeza se lembrava dos detalhes. Estava nos seus olhos e em sua postura que não o deixaria
esquecer tampouco, encarando-o ela perguntou.
– Separados por sua causa? – então ela cruzou os braços. – Confiança é uma via de mão dupla
Edward, então não me esconda nada. Ela insinuou que vocês estavam juntos... Deixou claro que
você havia me deixado para se encontrar com ela na noite em que “me” pediu em namoro... Ela até
mencionou algo por não ter sido expulsa de sua cama... Não me lembro de você ter dito se que se
tratava de uma mentira.
E lá estava. O coração batendo novamente acelerado e o corpo ligeiramente trêmulo, denunciando o
ciúme que ele tanto apreciava nela. Contudo, aquele não era o momento de satisfazer-se por isso ou
rir-se da bobagem dela, ainda mais que naquele caso em questão Isabella, mesmo que nunca
soubesse, tinha motivos para sentir-se daquela maneira. Nunca se sentiria culpado por ter tido seu
membro manipulado pela vampira, mas de certa forma fora uma traição, por mais que tentasse não
considerar como tal visto que em sua mente esteve o tempo todo com a jovem. Por essa razão disse
sem piscar ou demonstrar qualquer outro tique que denunciasse uma mentira.
– Pois o faço agora!... Jamais a deixaria por quem quer que fosse, assim como lhe asseguro que ela
jamais esteve em minha cama.
Isabella o analisou por um minuto, então disse.
– Acredito em você!... Mas então... O que foi tudo aquilo?
Edward agradeceu mentalmente por ela ter aceitado sua afirmativa e seguido em frente. Sempre
poderia apagar sua memória quanto aquele assunto caso ela o estendesse, mas preferia manter sua
palavra. Aproveitando sua pergunta, disse sinceramente.
– Nem eu sei ao certo... Nunca nos demos bem, tolerávamos um ao outro apenas. Então nada do que
ela fez ou disse é justificável. Ás vezes acredito que ela estivesse induzida, mas não sei ao certo se
isso é possível; induzir imortais. Se for esse o caso, usaram-na para atingir-me. E, partindo dela ou
não, usaram inclusive você. Por sorte não foram bem sucedidos.
– A mim?!...
– Sim... – Edward respondeu sentindo a velha pontada em seu coração; deveria estar preparado que
o assunto levasse á isso.
– Quando fui usada para atingi-lo Edward?
– Quando Rosalie a mandou se encontrar com seu ex. Acredito que se procurar em sua memória vá
se lembrar.
A jovem, sempre olhando nos olhos verdes, procurou em sua mente como ele havia sugerido.
Estava prestes á se desculpar quando uma imagem fraca como um sonho se formou em sua mente.
Nela estava Rosalie, sentada em um dos bancos do bar do “Florença”, depois disso, todo o restante
veio á tona. Foi capaz apenas de dizer em tom baixo.
– Isso explica muita coisa. Agora... Qual era o interesse dela em me mandar... Vê-lo?
– Ela queria que eu matasse você!
Edward disse simplesmente apesar da dor das lembranças. Imediatamente Isabella passou a tremer
incontrolavelmente em seu colo. Após alguns segundos ela começou em um sussurro, sem nunca
terminar a pergunta.
– Edward você não...?
– Se a intenção era perguntar se eu seria capaz de tirar sua vida por outro motivo que não a sua
marca... – A jovem apenas assentiu com a cabeça. Encarando-a declarou. – Seria.
– Não Edward...
– Sim Isabella...
Edward a cortou e imediatamente segurou seu rosto; podia sentir as batidas do coração humano
mais que ouvir. E sentindo o ciúme que aquele episódio sempre lhe causaria dominá-lo, prosseguiu.
– Estive ao ponto de fazê-lo... Se seu ex tivesse atendido ao interfone e descido ou, se eu pudesse
entrar nos lugares sem ser convidado, nenhum de nós estaria nesse mundo agora. – então
acrescentou, inflamando-se ainda mais. – Isso valia aquela noite, vale para essa e para as futuras.
Ninguém toca em você além de mim!... Você não se entrega á um homem que não seja eu!... Essa é
uma causa julgada e sentenciada previamente. Ao menos sinal de traição Isabella, sua pena é a
morte!
Bella sentiu os tremores percorrem seu corpo, mas não pelos motivos esperados. Não restava
duvidas que ela “era sim” uma mulher com problemas. Não só esquecera-se do medo depois das
palavras de Edward como se encontrava novamente excitada. As mãos frias em seu rosto
queimavam assim como a intensidade dos olhos verdes. O como estavam ligados; sintonizados,
sabia que Edward se sentia da mesma maneira. Respirando com dificuldade perguntou.
– Então o que aconteceu? – Edward franziu o cenho; ela explicou. – Se esse sempre foi seu
pensamento naquela noite... Por ainda estamos aqui?
Sua voz não passava de um sussurro quando terminou. Seu vampiro sabia exatamente o que havia
se passado naquele quarto, caso contrário não teria dito aquelas coisas. Então ela precisava saber.
– Porque... – ele começou roucamente, sem soltar seu rosto. – Você foi a “exceção”. Perguntou-me
se é possível burlar as induções...
– E você disse que não era possível... – ela lembrou ainda num sussurro.
– Que nunca soube ser possível. – ele corrigiu e completou. – Até você despertar de uma. É por isso
que estamos aqui. Você se lembrou de mim e “acordou”... Se isso não tivesse acontecido eu...
Edward interrompeu-se e nesse momento o coração da jovem doeu violentamente.
Inexplicavelmente soube que o dele sofreu o mesmo ataque com a lembrança do que teria
acontecido caso ela não despertasse. Não queria que ele sofresse mais. Sabia que não era sua culpa
e sim daquela vampira loira e louca, mas foi inevitável murmurar.
– Perdoe-me por não ter despertado antes e...
Sua voz foi abafada por um rosnado alto e claro, então imediatamente Bella se calou. Os sons
guturais invadiram o silêncio da sala e ecoaram em sua alma gelando-a, ao mesmo tempo em que a
incendiava. As mãos que estavam em seu rosto correram até que os dedos frios e longos dele se
entranhassem em seus cabelos e Edward lhe segurasse pela base da cabeça e lateral do pescoço.
Então, mirando sua boca ele disse rouca e pausadamente.
– Então... Como foi a exceção, você impediu que aquele humano nojento continuasse a macular sua
pele. Mostrou-me a verdade antes que o pior acontecesse e eu tirasse sua vida... O que se passou
naquele quarto não foi traição, então abri também uma exceção em sua sentença... Mas ela expirou
naquela mesma noite... – disse mirando e passando o polegar por seus lábios. – Ninguém beija
você... Como disse, ninguém toca você... Nunca mais!
Bella não se atreveu a mover um músculo enquanto sentia uma força estranha “fluir” através dele.
Bella sentia como se o tempo tivesse voltado e estivesse novamente em seu carro naquela noite
infernal e Edward estivesse lhe dizendo tudo que desejou e não pôde por sua condição não ser
conhecida. Podia sentir novamente toda a força de seu ciúme e magoa por conhecer cada detalhe do
que se passou naquele quarto. E assim, presa no tempo, ouviu sua conclusão, dita em tom e
intensidade que modificava completamente sua voz.
– Assim como nunca mais quero ouvi-la dizer que “ama” outro, nem mesmo fraternalmente. –então,
escorregando uma das mãos até seu coração, disse. – Seu coração é meu, Isabella... Se eu tiver que
dividi-lo, prefiro arrancá-lo.
E então era isso. Estava sendo ameaçada e não se importava. Há muito que o clima romântico se
esvaíra deixando somente a conhecida tensão entre eles. Tensão essa que crescia a cada segundo, a
cada nova palavra dita em tom gutural. Ainda tinha consciência que a lembrança afetava aos dois,
então ambos tinham problemas, pois, apesar da dor que oprimia seus corações, estavam
inegavelmente excitados. Bella estava afastada, mas poderia apostar que havia uma protuberância
que confirmava o quanto ele também estava afetado. Como não conseguia mover a cabeça em sua
direção para eliminar a distância, saindo de sua inércia levantou a mão e tocou a boca masculina
que, entreaberta, ainda liberava os rosnados.
– Você é o único que amo... Somente você me toca... Somente você me beija... Você é o único que
desejo Edward!...
– Isabella...
A jovem precisou adivinhar seu nome, pois ele foi proferido de forma animalesca enquanto Edward
segurou sua cabeça por seus cabelos mais uma vez, trazendo seu rosto para perto até quase se
tocarem; as respirações ofegantes se misturavam.
– Por favor... – Bella sussurrou mirando sua boca totalmente esquecida de Rosalie, outros vampiros,
armações maldosas ou seu ex imprestável e realmente nojento. – Mostre-me novamente como sou
sua Bruxa... Só sua.
Sem responder-lhe, apenas com um urro sentido ele capturou sua boca. Bella aproveitou o
movimento para sentar diretamente sobre o volume contido por sua calça. Gemeu ao ter confirmada
sua teoria; Edward se encontrava inteiramente rígido por ela. Novamente tinha urgência. A força
que desprendia dele, assim como os sons e as palavras ameaçadoras a excitavam ao ponto de doer.
Queria tirar o máximo de proveito daquele beijo então se apertou mais á ele, gemendo e
escorregando em seu colo á procura de alguma fricção entre seus corpos.
Edward gemeu enquanto explorava a boca feminina com sua língua fria. Sabia não ser o certo, mas
queria “devorar” Isabella. Quando passou a rosnar sem que pudesse se conter, percebeu que não
fora prudente em deixar que o assunto os levasse á maldita noite. Agora estava tomado pelo ciúme e
pela força que nasceu através dele. O vampiro não sabia o que poderia fazer á ela estando á beira do
descontrole como se encontrava, contudo não via formas de parar. Precisava dela; ainda mais do
que na noite fatídica. Com mais desejo; mais intensidade. Doía.
Durante o beijo Bella pôde sentir certa hesitação, não queria que Edward parasse para pensar então,
ao invés de abrir a camisa dele, passou a abrir a própria blusa até tirá-la por completo. Como estava
sem peça íntima, todo seu dorso ficou exposto para ele.
– Minha! – determinou roucamente quando ela finalizou o movimento.
– Sempre! – ela gemeu quando a boca tocou seu pescoço e as mãos cobriram seus seios.
Edward os acariciou até que seus mamilos ficassem duros como pequenas pedras, queria prová-los,
mas não naquele instante; não dispunham de tempo. Seus corpos imploravam um pelo outro, então,
em um movimento rápido, Edward a sentou no sofá e pôs-se de pé. Sem desprender os olhos dela,
abriu a camisa em um único rasgo e livrou-se dela. Abriu a calça o suficiente para liberar-se da
boxer preta e deixar sua masculinidade exposta para a breve apreciação de Isabella. Quando se
ajoelhou diante dela a jovem ainda brigava com seu zíper, ansiosa por recebê-lo.
E lá se foi uma calça preferida, pois Edward não teve paciência de abri-la corretamente como fez
com a dele. Depois de arrebentar-lhe o fecho, puxou-a pelas pernas de Bella deixando-a somente
com a peça intima mínima. Imediatamente a jovem começou á tirá-la, mas também não teve como
salvá-la, em sua urgência Edward partiu suas laterais e a removeu deixando-a nua aos seus olhos. O
vampiro cobriu sua feminilidade brevemente com a mão espalmada, então correu o polegar por sua
abertura, talvez para confirmar sua umidade.
Bella prendeu a respiração ao toque e esperou expectante. Logo ele correu as mãos por seu quadril
e, diferentemente do que imaginou não se ergueu para possuí-la sobre o sofá. Ao invés disso sentou-
se sobre os calcanhares e a trouxe para seu corpo até que se encaixassem. A jovem arfou ao contato,
então se acomodou sobre o colo de Edward a apoiou os pés no chão. Daquela forma sentia Edward
pulsante e inteiro dentro de si; ocupando o espaço que pertencia á ele e á ele somente. O tecido da
calça a excitava tanto quanto sua pele fria. Sem nem ao menos pensar, jogou seu dorso para trás até
encostar-se no sofá enquanto se movia lentamente, como um convite.
Estava cego!... Sequer levava em conta as marcas que a pele dela apresentava. Precisava somente
sentir Isabella. Em sua ânsia, assim que ela se recostou contra o móvel, Edward tomou um dos seios
em sua boca. Não se importou se estariam sensíveis, mas não conseguia ser gentil. Chupou-o com
força, ao mesmo tempo em que esmagava o outro com a mão, apertando o mamilo. Isabella gemeu
alto enquanto empurrava o corpo em sua direção comandando os movimentos; a intensidade. Logo
o segurava firme pelos cabelos, puxando-os. Edward não sentiria a dor mesmo que não estivesse
dominado pela força, mas inflamou-se com o gesto.
Seu corpo, tomado de poder e desejo, lhe pedia que a possuísse com fúria, que derrubasse a jovem
no chão ou no sofá e se movesse rápido dentro dela; que a consumisse, bebesse dela. Mas em seu
resquício de lucidez sabia que não poderia fazê-lo, então, cerrou os lábios contra a pele macia dela e
segurou-a pelo quadril para ajudá-la. O vampiro reprimiu um grito de pura agonia quando começou
a movê-la com mais velocidade, fazendo o atrito entre os sexos se tornar tão prazeroso e intenso que
beirava ao insuportável. Era preciso que se satisfizesse antes que explodisse. Precisava senti-la sua,
só dele e de mais ninguém.
Bella não conseguia respirar; o ar entrava aos bocados em seus pulmões. Temia morrer sufocada ou
consumida pela força que emanava de Edward. Estava claro que ele sentia da mesma forma, pois
logo o vampiro ergueu a cabeça para urrar fazendo com que ela escorregasse em seu corpo ainda
mais rápido. Antes que Edward urrasse novamente Bella foi atacada pela força do orgasmo.
Impossível não gritar mais uma vez quando seu corpo estremeceu violentamente como se fosse a
primeira vez do dia, do mês, do ano. Pelas sombras projetadas nas paredes, á Bella pareceu que o
fogo da lareira – assim como o das velas – oscilou e as cortinas se moveram. Todo o ar á sua volta
girava.
Ouvi-la gritar e sentir o aperto quente em seu membro fez com que sua boca se enchesse ainda mais
de saliva, assim como o fez urrar uma última vez de agonia extrema e acompanhá-la em mais um
orgasmo poderoso entre eles; aquele talvez sendo o mais intenso visto que sentia a força ao seu
redor, deslocando o ar da sala. Imediatamente a abraçou ainda com os corpos trêmulos e
encaixados, cobrindo-a com seu dorso contra o sofá, por medo que algo se quebrasse á sua volta e
os atingisse. Contudo nada aconteceu; nada se partiu.
Sem duvida aquele fora diferente. Podia sentir nela; podia sentir nele. Foi como se a força de
Edward não estivesse em seu corpo somente, mas á sua volta. Talvez por esse motivo imaginou que
as coisas se moveram. Loucura!... Edward a afetava tanto que agora via e sentia coisas inexistentes;
pensou. Como ele estivesse abraçado á ela sem nada dizer, Bella retribuiu o abraço e ficou imóvel
esperando que seu corpo voltasse ao normal. Após alguns minutos, quando suas costas e pernas
começavam a doer ela o ouviu praguejar.
– Inferno! – disse afastando-a gentilmente. E antes que pudesse perguntar qualquer coisa ele disse.
– Chamamos a atenção.
Gentilmente Edward á sentou no sofá e pôs-se de pé para recompor-se. Depois alcançou a blusa e
entregou á Bella sem olhá-la.
– Cubra-se!... – disse se dirigindo silenciosamente á porta.
Ainda atordoada, a jovem não entendeu a nova postura do vampiro. Definitivamente era difícil
acompanhá-lo, pensou enquanto vestia a blusa para cobrir sua nudez. Recuperando a lucidez, Bella
o observou enquanto se preparava para abrir a porta; lindo e altivo, mesmo descalçado e vestindo
uma única peça de roupa. Seu futuro marido contraditório!... Podia sentir que estava cada vez mais
ligada á ele, mas percebia inquieta que ainda havia muito a descobrir para que pudesse entendê-lo.
Tudo bem que a tensão entre eles era uma constante, mas naquele momento preciso era para
Edward estar satisfeito não taciturno ao ponto de sequer olhar em sua direção, não era?
Quanta pretensão de sua parte em querer determinar como ele se sentiria. Deuses eram caprichos e
complexos; e assim sendo, ninguém poderia adivinhar o que ia em seu intimo. Poderia até entendê-
lo um dia, mas jamais completamente. Bella disse á si mesma que era preciso estar preparada para
administrar o ser magnífico que era Edward. Temeu nunca ser capaz de fazê-lo, afinal, ele não era
somente imortal, era muito mais. Não adiantava iludir-se; não imaginou nada; aconteceu. E depois
do que viveram naquela sala estava claro que ele era verdadeiramente um furacão; uma força da
natureza. Se não estivesse preparada, seria arrasada por ele. Lançada ao ar e jogada ao chão, como
todos os humanos ao serem atingidos pela força dos ventos ou expostos aos desejos divinos.

*************************************************************************

Notas finais do capítulo


E então??... Gostaram??... Já sabem... Please, me digam... Comentem... Ed tava uma
coisa com essa conversa de arrancar coração... O.oAhh... agora vou começar a dizer a
música que usei no capítulo... no de hoje foi "Halo-Beyoncé" quando Bellitcha acc se
casar com o vampirão... :)Agora vamos ao spoiler: " Não posso negar que várias coisas
desse seu mundo começam a me assustar, mas não essa sua mania. Queria apenas
entender... Agora... ela começou receosa. Não me respondeu. Falou sério quando
prometeu não manipular minha mente? Falei... disse cobrindo a mão que estava sobre
seu peito. Não me orgulho muito de ter feito antes... E agora não seria capaz de iludi-la
por nada.Então Bella se lembrou da subserviência dos induzidos e de sua resistência.
Acha que agora isso não me afeta mais? Digo... Acha que se outro de sua espécie tentar
eu sou capaz de resistir?Edward não gostou da pergunta, pois não gostou de imaginar
Isabella tão exposta ao ponto de outro vampiro se aproximar. Precisava avisá-la que ela
estaria sempre com ele ou em casa, mas não desejava fazê-lo ainda, então respondeu com
a verdade para não mudarem de assunto. Não saberei dizer com certeza, mas você ainda
é vulnerável ás induções... Eu a usei naquela mesma noite para que se lembrasse quem
havia lhe dado a ordem. E... Também a fiz dormir duas vezes na noite em que você
descobriu sobre mim.Bella se lembrava de uma dessas vezes. É verdade... Então... Então
é melhor não arriscar. Como disse não quero que confie em Emmett ou James ou em
qualquer outra pessoa que lhe pareça suspeita; mortal ou imortal. Vampiros podem usar
qualquer um na tentativa de atingir-nos."Bom... é isso... agora até os reviews ou até o
próximo... o/Bom findes á todas vcs...

(Cap. 49) Capítulo 20 - Parte II

Notas do capítulo
Oi meus amores... Bom dia!...

Aff.. desculpe o discurso repetido, mas preciso msm agradecer o carinho, os reviews e as
indicações... Obrigada!... *U*
Hoje não vou "alugá-las"... (só pq eu tô com sono, viu?)

Simbora para o capítulo novo... :)

BOA LEITURA!...

Ainda que tivesse se certificado de que nenhum objeto da sala os atingiria, Edward permanecia
abraçado á Isabella. Começava a ver o quanto havia sido imprudente ao fazer amor com ela daquela
maneira; dominado pelo ciúme e a força. O fizera na noite em que a ouviu com rábula, contudo
agora havia sido diferente. Os sentimentos alimentados por Isabella saber que ele estava á par de
tudo que se passou naquele maldito quarto, além do fato de ameaçá-la, se intensificaram e
agravaram sua conduta, tornando-o descontrolado ao ponto de tomá-la afoitamente e mover o ar á
sua volta. Um dos poucos pensamentos lúcidos que teve foi colocá-la sobre si e não o contrário,
pois acreditou que dessa forma atenuaria o contato dos corpos, mas poderia estar errado.
Irresponsável!
O vampiro precisou ser forte para não rosnar novamente. Começava a sentir raiva de si mesmo por
ser impulsivo. Não queria transformá-la por medo que ela fizesse algo não intencional que pudesse
feri-lo quando estivesse forte, no entanto, expunha inadvertidamente a humana frágil á sua própria
força e poder. A atitude, além de irresponsável se mostrava um tanto hipócrita. Sua futura esposa
merecia mais do que isso. Em seu pedido prometera cuidar dela; mimá-la não machucá-la. Ainda se
recriminava quando, de repente, ouviu o movimento furtivo em seu jardim. Reprimindo um rosnado
de irritação pela interrupção, exclamou antes de afastá-la.
– Inferno! Chamamos a atenção.
Então, com cuidado, Edward a ergueu de depositou sobre o sofá. Sem olhar em sua direção,
arrumou-se cobrindo a própria nudez. Depois recolheu a blusa dela que estava caída ao chão e a
entregou, ainda sem encará-la.
– Cubra-se!... – ordenou.
Silenciosamente seguiu até a porta ciente do olhar indagador de Isabella. Edward a abriu antes
mesmo que o homem batesse ou tocasse á campainha. Pego de surpresa o senhor o olhou alarmado.
– Eh... Senhor Cullen... – disse constrangido. – Eh... Desculpe-me, mas... Está tudo bem? –
perguntou tentando ver além de Edward. – Ouvimos barulhos estranhos...
– Asseguro-lhe que não vieram daqui. – disse sério.
– Tem certeza? Da TV então... Foi isso?... Carmem não queria que eu viesse, mas ouvimos gritos. A
cidade anda tão violenta que temi por vocês, mas se foi a TV...
Definitivamente não tinha como se aborrecer com seu funcionário. “Recomendara” que Carmem
não interviesse; não ele. E não poderia contestar a violência da cidade, mesmo que aquele senhor
nada pudesse fazer para defendê-lo. Tudo que precisava fazer era livrar-se dele para que pudesse ver
possíveis danos causados á Isabella, então, encarando-o firmemente, disse.
– Volte para casa e diga á Carmem que foi a TV, que estamos bem e que não precisamos de nada até
amanhã pela manhã. Não quero que fiquem perambulando pelos jardins á noite.
– Sim Sr. Cullen!... Boa noite! – e se foi.
Sentada de onde estava – agora vestida na única peça que sobrou inteira – Bella não pôde ver quem
os interrompeu, mas era evidente se tratar de John, o marido de Carmem. Sabia que depois das
últimas “recomendações” de Edward o homem prontamente obedeceu, assim como o vigia do NY
Offices no dia de sua fuga. Pensativa, a jovem viu o vampiro fechar a porta e se aproximar
lentamente; impossível controlar as batidas de seu coração quando, além de compará-lo aos deuses,
associou seu andar aos dos felinos.
Realmente talvez não soubesse como lidar com aquela “força” que desprendia dele, com seu poder,
mas gostava dela; ao mesmo tempo em que começava a temê-la. Pelo jeito seria sempre assim
daquele dia em diante; fascínio e temor. Não “dele”, pois sabia que apesar das ameaças á sua vida
ele não lhe faria mal algum. Contudo, fora o receio em ser “consumida” por aquele elemento da
natureza, temia a possibilidade de privação dos sentidos; das vontades. Conhecia o outro lado, sabia
como era horrível a sensação de vazio que aquelas ordens provocavam. Não era correto que
vampiros manipulassem á mente humana á seu bel prazer e necessidade.
– O que há Isabella? – Edward perguntou quando se encontrava á sua frente, ainda circunspecto.
Ele não se sentou, permaneceu de pé fazendo-a olhar para cima enquanto tocava seu rosto
gentilmente. Roubando sua atenção ao ser obrigada a visualizar desde seu abdômen, seu peito
coberto de pelos até seu rosto sério. Foco Isabella; ela se ordenou. Encantá-la com certeza faz parte
do tal pacote. Então, ignorando o corpo dele e as batidas de seu coração, disse.
– Não vai enganar minha mente nunca mais não é mesmo?
Para sua surpresa Edward sorriu; seu sorriso torto característico. Sem responder-lhe foi até a mesa,
tirou a caixinha com o anel do bolso e depositou sobre ela. Depois de alisá-la demoradamente,
pegou as taças de vinho que estavam ainda cheias e as trouxe até o sofá. Ao entregar a dela se
sentou ao seu lado.
– Obrigada! – agradeceu pegando a que ele lhe estendia. Percebeu que tremia; efeito Edward. – Não
vai me responder?
– Sim... – disse depois de tomar um gole de vinho e pegar uma mecha de seu cabelo. – É que estava
tão estranha que pensei por um momento que tivesse lhe machucado, estava com medo.
Certo. Aquela declaração nada tinha á ver com encantá-la, pensou culpada. Não poderia negar que
agora estava ainda mais dolorida, principalmente suas pernas e seus seios, mas nada que fosse
motivo para ele se sentir preocupado; não iria ficar doente por ser amada. Então lhe sorriu para
tranqüilizá-lo.
– Não me machucou. Mesmo que... – então parou sem saber como dizer o que sentia.
– O quê? – perguntou franzindo o cenho, então demandou. – Fale Isabella.
– Mesmo que... Tenha sido “diferente” dessa vez... – ela pôde ver um brilho estranho cruzar os
olhos do vampiro antes de prosseguir. – O que foi aquele vento?
O rosto de Edward se tornou ainda mais sério. Não queria voltar á falar daquela noite, mas
precisava explicar-lhe.
– Recentemente descobri possuir uma força que desconhecia. – ele começou, escolhendo as
palavras. – Agora sei controlá-la, mas quando estou com raiva ela vem á tona com mais facilidade.
– Raiva?
Bella sentiu a taça tremer em sua mão. Edward não fizera amor com ela?... Antes pudesse entender
erroneamente o que ele acabara de dizer, Edward explicou roucamente.
– Raiva... Ciúme... Para mim é tudo a mesma coisa. Os sentimentos são parecidos. Acho que não foi
saudável para nenhum de nós relembrarmos aquela noite. Prefiro esquecê-la.
Certo; Bella pensou aliviada. Não entendera errado; eles haviam feito amor movidos pela tensão
que o clima possessivo despertava em ambos.
– Então foi isso que aconteceu?... – ela perguntou fascinada. – Essa força simplesmente veio á tona
e moveu o ar?
– Sim. – disse tocando seu rosto gentilmente; tão leve que Bella quase não sentiu a ponta de seus
dedos. – Por isso estava imaginando se não havia...
Bella sabia o que ele diria antes mesmo que se interrompesse, então reafirmou.
– Já disse que nada aconteceu comigo... Bom. – ela reprimiu um sorriso. – Pelo menos nada que eu
não tinha apreciado e muito. Evidente que tanto... “Exercício” me deixa dolorida, mas nada mais
que isso... E não se impressione com as marcas em minha pele... Sou branca demais...
Por sua expressão, Bella entendeu que suas palavras não surtiam o efeito desejado. Teve sua
confirmação ás palavras.
– Alva demais, macia demais, frágil demais... – seu rosto era uma máscara endurecida quando disse
as palavras como que para si mesmo. Então em voz alta continuou. – E eu, na maioria das vezes me
comporto como um animal no cio. Não poderia ter acontecido de novo... Não hoje; não dessa
forma.
Então Edward se pôs de pé e tomou todo o vinho de uma só vez. Bella teve um sobressalto quando
ele atirou a taça á lareira com força e fagulhas se desprenderam das chamas. Seus gestos contidos
não encobriam sua raiva. Bella não sabia o que dizer para acalmá-lo; definitivamente era muito
difícil acompanhar seu humor. Não estava ferida de forma alguma, já havia dito, por que ele não
acreditava nela?
Sem que esperasse ele se pôs aos seus pés, agachando-se e se curvando sobre seu colo até recostar a
cabeça contra seu ventre. Tal atitude a desmontou por completo. Novamente Edward lhe pareceu
tão vulnerável. Com a mão livre imediatamente passou a acariciar seus cabelos. Como resposta,
Edward beijou seu corpo; a base de seu ventre. A jovem sentiu como se tivesse sido em sua pele. Se
não poderia acontecer, por que ele fazia aquilo com ela?
– Edward... – sussurrou.
Então ele levantou a cabeça e a encarou.
– Tentei fazer isso sozinho, mas está claro que não conseguirei... Então preciso que me ajude a
cuidar de você. Propus fazê-lo, no entanto... Rendo-me ao seu cheiro... Sou dominado pelo ciúme
que me faz desejar “fundir-me” á você... – Bella tentou protestar, mas ele não lhe deu chances. –
Não tente atenuar, pois nós não estamos nos “exercitando”... Sou forte demais e logo machucarei
você. E acredite, mesmo ameaçando matá-la caso me traia, jamais me perdoaria ao fazê-lo assim
como não me perdoaria se lhe ferisse por qualquer outro motivo.
Bella podia sentir as pontadas em seu coração. Por mais que estivesse adorando ter alguém forte e
poderoso como Edward literalmente aos seus pés, não gostava de vê-lo torturado daquela maneira.
Ainda mais que realmente não havia motivos para tanto.
– Você é forte, mas não vai me partir ao meio.
– Eu poderia. – disse sombriamente. – Mas vou acreditar em você... – declarou erguendo-se mais
uma vez, então indicou sua taça. – Vai beber isso?
– Não.
– Então se me permite.
Sem esperar resposta tomou a taça da mão dela e bebeu o restante do vinho deixando que ele
corresse por suas veias, acalmando-se enquanto sentia os resquícios da sua nova força extinguir-se.
Não poderia fraquejar; não agora depois da decisão tomada. Bastava controlar-se que tudo ficaria
bem entre eles. Era isso!... Depois de jogar a taça dela também ao fogo, sentou-se ao lado de Bella
mais uma vez acomodando-se no espaldar do sofá antes de trazê-la para junto de si, mas sem
colocá-la sobre seu colo. A jovem acomodou a cabeça em seu ombro e uma das mãos sobre seu
peito; essa proximidade era boa e era disso que precisava. Ainda tinha tanto a dizer á ela.
– Algum dia vou entender essa necessidade de quebrar as coisas?
– É somente uma das formas de liberar a raiva que sinto. – ao senti-la estremecer, completou. – Em
algumas culturas a quebra de copos significa reconstrução. O começo de algo novo baseado no
amor, carinho, companheirismo e respeito mutuo. Se meus sentimentos extremos a assuntam,
podemos dizer que os quebrei por isso também...
– Não posso negar que várias coisas desse seu mundo começam a me assustar, mas não essa sua
mania. Queria apenas entender... Agora... – ela começou receosa. – Não me respondeu. Falou sério
quando prometeu não manipular minha mente?
– Falei... – disse cobrindo a mão que estava sobre seu peito. – Não me orgulho muito de ter feito
antes... E agora não seria capaz de iludi-la por nada.
Então Bella se lembrou da subserviência dos induzidos e de sua resistência.
– Acha que agora isso não me afeta mais? Digo... Acha que se outro de sua espécie tentar eu sou
capaz de resistir?
Edward não gostou da pergunta, pois não gostou de imaginar Isabella tão exposta ao ponto de outro
vampiro se aproximar. Precisava avisá-la que ela estaria sempre com ele ou em casa, mas não
desejava fazê-lo ainda, então respondeu com a verdade para não mudarem de assunto.
– Não saberei dizer com certeza, mas você ainda é vulnerável ás induções... Eu a usei naquela
mesma noite para que se lembrasse quem havia lhe dado a ordem. E... Também a fiz dormir duas
vezes na noite em que você descobriu sobre mim.
Bella se lembrava de uma dessas vezes.
– É verdade... Então...
– Então é melhor não arriscar. Como disse não quero que confie em Emmett ou James ou em
qualquer outra pessoa que lhe pareça suspeita; mortal ou imortal. Vampiros podem usar qualquer
um na tentativa de atingir-nos.
– E tem essa mulher que seguiu Alice.
– Sim... E mais.
– O quê?
– Ela esteve em meu escritório hoje e...
Sem que pudesse evitar Bella ergueu o corpo para encará-lo.
– Por isso demorou? Foi atrás dela? Descobriu o que ela quer com você?
Não era hora para sentir ciúmes, mas não mandava no seu coração. Passou uma tarde entediante
naquela casa aguardando o retorno de Edward para agora saber que ele esteve com uma imortal que,
se fosse se basear por Alice ou até mesmo pela Rosalie, poderia ter certeza era linda de morrer.
Sabia que em sã consciência jamais poderia fazer comparações, mas sua mente vagou sem aviso
para a manhã em que ouviu de uma Jessica seminua que sempre teve um caso com Paul; que foram
ás compras juntos enquanto “ela” “idiota” estava em casa esperando por ele. De repente o ar lhe
faltou ao imaginar Edward fazendo algo parecido.
– Respire Isabella. – pediu Edward tocando seu rosto. – E acalme-se... Não a vi. Apenas senti seu
cheiro. Ela esteve no meu escritório antes que eu chegasse lá. Se eu não tivesse ido até ele hoje,
nem ao menos saberia disso, pois o odor se perderia.
A jovem lhe perscrutou o rosto; sabia que ele não lhe mentia, mas ainda se sentia incomodada.
– E era bom... O cheiro dela?
Somente sua humana para diverti-lo em um momento como aquele; Edward pensou. Estava ali,
tentando não imaginá-la sob o ataque de seus inimigos e ela somente sentindo ciúmes de um cheiro.
Não queria magoá-la como fez na noite anterior, mas foi impossível não rir.
– Quando se recuperar de tanto bom humor pode me responder, por favor? – ela perguntou séria.
– Não Isabella, o cheiro dela não era bom. – disse ainda sorrindo para ela. – O “seu” cheiro é o
único que me interessa, agora podemos voltar ao tema?
Dito isso abriu os braços para que ela se deitasse sobre seu peito novamente. Bella o analisou ainda
por alguns instantes, ressentida com seu riso. Então, dizendo á si mesma que estava sendo infantil e
extremamente injusta ao comparar os relacionamentos, rendeu-se; recostando-se novamente á ele.
Edward a abraçou e cheirou demoradamente o alto de sua cabeça.
– Definitivamente o seu é o único que me interessa!
– Está bem... Desculpe-me pela pergunta idiota. Continue o que estava dizendo, não vou
interromper mais.
– Como estava dizendo... Ela esteve em meu escritório, mas não a vi... Não sei quem é ou como se
parece... Também encontrei com James que não era para estar lá. Não sei o que procuravam... Ou o
que pretendem... Se estavam juntos ou não. – toda nota de bom humor se foi ao dizer. – E não saber
me irrita profundamente. Como lhe disse ontem não gosto de me sentir acuado ou ameaçado. E tudo
só piora... Agora que você está diretamente envolvida.
Ainda abraça á ele, Bella juntou as sobrancelhas. Pareceu que teve um déjà vu. Algo no tom de voz
de Edward chamou sua atenção. Era como se ele fosse lhe dizer algo que ela não gostaria de ouvir,
assim como quando lhe disse que não a transformaria. Se fosse algo relacionado com o perigo que
ele acreditava que corria, temia somente por imaginar as alternativas que poderiam esta passando
pela cabeça do vampiro. Abraçando-se mais á ele, fechou os olhos e pediu internamente para que
entre todas as possibilidades não tivesse uma que implicasse em ser mantida presa naquela casa.
Temendo a resposta, perguntou.
– E agora que estou diretamente envolvida o que pretende fazer?
Edward suspirou de forma tão profunda que o gesto imediatamente reforçou sua tese de que seria
mantida em casa.
– Estive pensando... – ele começou. – Que talvez fosse melhor você não ir ao jornal esses dias.
Bingo!... Bella pensou nada satisfeita. E procurando sua voz, disse.
– Não vejo necessidade de tal cuidado. Estive no jornal durante toda essa semana e nada aconteceu.
Ninguém sequer abordou-me.
– Não que você tenha visto.
Edward fez o comentário no exato momento em que a lembrança lhe veio á mente; ninguém a
abordou com exceção ao estranho episódio com Jared. Talvez o conquistador de quinta não
contasse, mas a batida no carro durante o beijo roubado contava e muito. Acreditou ter sido Edward,
porém depois da forma que o encontrou na casa estava claro que não havia sido ele. Ainda mais,
depois das coisas que o vampiro lhe assegurou fazer caso deixasse que outro a tocasse. Da forma
que Edward era dominado por seu ciúme, ele não perguntaria se estava sendo beijada contra a
vontade ou não. Teria acabado com ela assim como com Jared.
Ela estava errada. Durante a semana foi ”sim” observada.
Mas o que um vampiro ou uma vampira poderia querer com ela se não estava com Edward? As
outras não estavam com Edward quando foram mortas, lembrou-se de mau humor. Alice a protegeu,
isso era um fato, mas também era sabido que ela não esteve perto todo o tempo. Tanto que
“alguém” se aproximou o suficiente para interromper o beijo, contudo sem ataques; sem mortes...
Sem mortes?... Jared estava desaparecido... O fato estaria relacionado? Tinha tantas duvidas que sua
cabeça dava voltas. E não poderia expô-las para Edward. Como lhe diria que, enquanto ele se
encontrava miserável naquela casa ela, mesmo a contra gosto, estava sendo beijada em sua porta?
– Melhor contar de uma vez Isabella.
A voz de Edward vinda de muito longe e a sobressaltou. Como ele poderia saber?!
– Contar o quê? – perguntou somente para ganhar tempo.
– Posso ouvir seu cérebro trabalhando... Não me pergunte como, mas sei que você tem algo á me
dizer. Então conte de uma vez.
O tom sério não a animava, mas ele tinha razão... Contudo, seria prudente “editar” a história.
– Bem... – começou afundando a cabeça em seu peito; não poderia olhá-lo. – Na quinta feira
aconteceu algo estranho...
– Prossiga.
– Meu carro quebrou e... Um colega da redação me ofereceu carona...
– Sei disso. – Edward informou duramente. – O que tem isso?
Sabia que não devia, mas sentou-se corretamente para encará-lo.
– Alice lhe contou?
– Sim... – disse apenas sem desviar de seus olhos.
Bella reprimiu o desejo de perguntar o que mais Alice havia contado, pois estava evidente a parte do
beijo não fora mencionada. Melhor assim, pensou. Tentando parecer calma, mas sendo denunciada
por seu coração, prosseguiu.
– Bom... – Bella arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Jared...
– Ah... O colega tem um nome. – Edward exclamou falsamente admirado.
– Vai me deixar contar ao não? – a melhor defesa é o ataque; disse á si mesma. Se bem que nem
toda a defesa do mundo a protegeria da ira de Edward.
– Prossiga. – ele disse sem desprender os olhos dela.
– Eh... Quando Jared e eu estávamos na porta de meu prédio... Conversando... nos despedindo na
verdade... Algo ou alguém bateu na lateral do carro...
Edward remexeu-se em seu lugar e Bella teve que juntar toda sua força para não pular de onde
estava. Piscando algumas vezes esperou que ele falasse alguma coisa.
– Onde estava Alice nessa hora?
– Bom... Não saberia lhe dizer, mas quando conversamos antes de virmos para cá ela me contou que
havia seguido uma... pista falsa, algo assim.
– Sim... Agora me lembro. Foi exatamente isso que ela me disse. Que havia alguém na porta do
jornal e como você havia saído com um “colega”, ela resolveu seguir o rastro, mas o perdeu. Então
essa pessoa foi atrás de você e de seu amigo...
– Colega – ela corrigiu prontamente.
– E bateu no carro onde vocês... conversavam?
– Nos despedíamos. – corrigiu novamente.
– Estranho... Acho que pode ter sido qualquer outra coisa que tenha batido nesse carro. Vocês
estavam desprotegidos, se fosse esse intruso que anda matando pela cidade ele não teria motivos
para não atacá-los.
Edward disse com a voz rouca, Bella não identificou o motivo. Se ele não tivesse acreditado em sua
estória estaria com problemas; não queria provocá-lo. Agora não tinha nada de excitante em causar-
lhe ciúmes. Não quando seu pescoço estava realmente em jogo. Melhor seguir com o assunto.
– Bom... Por um momento pensei que fosse você, mas Alice me deixou claro que não e quando
cheguei aqui... Bem... – disse sem jeito. – Sabemos que não foi você... Mas não acho que tenha sido
“qualquer outra coisa”... Nada me aconteceu, mas Jared está desaparecido. Quer dizer... Pelo menos
estava até ontem pela manhã e não havia aparecido até a hora que sai da redação para procurar por
você...
– Procurar por mim? – Edward franziu o cenho. – Por que saiu da redação para procurar por mim?
Mais uma vez naquela noite Bella desejou morder a língua. Esme havia dito que Edward pedira
discrição; não sabia se poderia delatá-la. Contudo, não havia saído á caça de Edward para
agradecer-lhe e desculpar-se; pensou. Teria contado a verdade caso tivesse se encontrado com ele no
NY Offices. Qual a diferença de fazê-lo agora?
– Isabella? – ele disse apenas seu nome, no entanto, ele estava carregado de indagações.
– Certo. – disse por fim. – Não fique bravo com ela, por favor...
– O que Esme lhe disse?
Bella disse á si mesma que seria interessante se ele parasse de passear por sua cabeça. Como ele
fazia aquilo?
– Bom... Ela apenas me contou que você... Comprou parte do jornal e...
– Definitivamente as mulheres deveriam aprender á ficarem caladas ás vezes... Mas parece
impossível!... Vocês são incorrigíveis! – ele a cortou exasperado se pondo de pé. Passando a andar
de um lado ao outro, prosseguiu. – Pedi-lhe uma única coisa... E ela foi incapaz de atender-me!
– Sinceramente não vejo onde está o problema em contar...
– Não era para você saber disso. – disse fechando os olhos e passando as mãos pelos cabelos
deixando-os ainda mais desarrumados.
– E por que não? – Bella perguntou sentando-se sobre os calcanhares.
– Não quero que pense que estava manipulando sua vida.
Bom... Impossível não pensar o óbvio, mas de todas as manipulações á sua vida aquela era de longe
a que mais lhe agradava. Edward havia lhe dado uma das maiores provas de amor ao comprar um
jornal falido. Tentando ignorar a nudez que sua blusa pouco cobria, levantou-se e foi até ele que
permaneceu a andar de um lado ao outro demonstrando toda sua insatisfação com a situação.
Calmamente ela disse.
– Não pode negar que de certa forma mudou o rumo de minha vida.
– Eu sabia que pensaria assim. – acusou.
– Evidente!... Mas eu lhe sou grata por isso Edward. – ele parou no meio de sua caminhada em
círculos e a encarou. – Por isso fui atrás de você... Para agradecer sua generosidade e... Desculpar-
me por ter sido covarde e injusta...
Aquilo havia sido na tarde passada?... Parecia que séculos se passaram e mesmo assim ela se
comoveu. Mas mesmo que estivesse embargada, não perderia a chance de demonstrar que também
caminhava pela cabeça dele.
– Bom... Espero sinceramente que você não fique com raiva de Esme... Ou de Alice por me
contarem as coisas.
Edward a encarou franzindo o cenho, então cruzou os braços, parecendo ficar ainda maior á sua
frente.
– E por que não deveria?... Como se não bastasse Alice, agora até minha sócia faz o contrário do
que peço.
– Será?
Bella o questionou, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços como ele.
–Não acredito que você... Edward Cullen, profundo conhecedor da mente feminina com anos e anos
de experiência, realmente tenha acreditado que Esme nunca contaria sobre sua sociedade no jornal...
Assim como sou capaz de colocar minha mão no fogo como você veio para essa casa que abomina
por saber que Alice mais cedo ou mais tarde me traria até você.
Mais uma vez, por estar olhando diretamente para ele, viu todas as mudanças por que sua face de
anjo passou. Se antes ele estava com raiva, agora estava estarrecido. Roucamente perguntou.
– Por que acha isso?
– Não acho; tenho certeza... – então carinhosamente prosseguiu. – Edward, você poderia ter ido
para qualquer lugar, mas preferiu ficar aqui. Quando me explicou sobre a casa, senti em cada
palavra o quanto a odeia então, por qual outro motivo viria para cá. E acredito que não tenha saído
dela, pois vi nitidamente o estado que estava quando cheguei aqui.
– Não me viu nitidamente... – sua voz era ainda mais rouca.
– Vi... – ela afirmou. – Os clarões me deixaram ver... Com mais alguns dias e você teria conseguido
o que queria, mas no fundo... – agora sua própria voz estava rouca por tentar conter as lágrimas que
vinham ao se lembrar de como ele estava na tarde passada. – No fundo... Você ainda tinha
esperanças então não recrimine Alice ou Esme... Sem elas nós não estaríamos juntos agora...
Em um átimo Edward eliminou a distância entre eles. Segurou o rosto da jovem em tempo de
capturar uma lágrima com seus lábios quando lhe beijou sua face em vários lugares antes de
finalmente beijar-lhe a boca. Bella passou os braços por seu pescoço e se deixou beijar, levemente á
principio até que o contato das bocas passasse a ser urgente. Logo estavam sentados no sofá, Bella
abraçada á ele, sobre o colo Edward tendo a boca explorada com paixão. Ardia, porém, antes que
emitisse qualquer som, ele interrompeu o beijo.
– Melhor pararmos. – ele disse roucamente como rosto junto ao dela. – Decididamente estamos
ligados. Começa a conhecer-me então não tenho como negar; esse foi meu pensamento. Mas nos
últimos dias já havia perdido a esperança.
– De certa forma eu também. – Bella assegurou tocando o peito dele na altura co coração. – E nesse
caso as duas “intrometidas” acabaram ajudando então...
– Está certo... – Edward concordou gentilmente. – Não vou recriminá-las por serem indiscretas e
insubordinadas. Agora... Fique quietinha aqui.
Antes que Bella pudesse responder se viu sentada sobre o sofá e Edward havia saído da sala. Ainda
pensava se algum dia se acostumaria com aquela rapidez quando ele parou ao seu lado trazendo sua
camisola azul e um cobertor.
– Vista isso. – pediu lhe entregando a peça.
Depois que Bella a tomou de sua mão, ele estendeu o cobertor no chão, em frente á lareira.
Dispensou mais atenção que o necessário arrumando o tecido grosso no assoalho e arrumando
algumas almofadas sobre o mesmo, enquanto ela retirava a blusa e vestia a camisola. A jovem sabia
que ele estava evitando vê-la despida. Depois e pronta o imitou deitando-se no chão como ele
acabara de fazer. Quando estava acomodada ao lado de Edward, ele disse.
– Precisamos resolver a questão sobre você ir ou não ao jornal.
Bella suspirou profundamente.
– Tenho opção de escolha?
– Não. – ele disse simplesmente. – Mas gostaria muito que você ficasse de livre e espontânea
vontade.
Na tentativa de distrair-se, começou a traçar desenhos aleatórios entre os pelos do peito de Edward
antes de arriscar um pedido.
– Eu poderia ir na segunda-feira e Alice me vigiaria como sempre fez. Tipo um teste. Se algo der
errado eu prometo ficar em casa.
A jovem sentiu a respiração de Edward ficar pesada então ele respondeu seriamente depois de
prender seus dedos para que parassem o movimento.
– Não adianta tentar persuadir-me dessa maneira... – antes que Bella explicasse que aquela não era
sua intenção, ele prosseguiu. – Acredito que ainda se lembre do ataque de Rosalie.
– Sim, eu me lembro... – não tinha saída.
– Pois então o guarde na memória e jamais se esqueça. Se por um acaso eu não estivesse lá ou não
pudesse contê-la, hoje você não estaria aqui. Em meu mundo não existem “testes” e erros podem ser
fatais.
Edward havia mexido com uma das suas piores lembranças. A fúria do ataque da vampira – não
para com ela – á ele a estremecia dos pés á cabeça. Não desejava que nada parecido acontecesse,
mas realmente não acreditava que fosse atacada em seu serviço. Agora sabia que havia sido
observada durante toda a semana e nada aconteceu. Pensando bem talvez até fosse uma foram de
Alice descobrir quem a espreitava. Se explicasse á ele, Edward poderia considerar a possibilidade.
– Entendo seu medo, mas...
– Vou tentar de outra maneira. – Edward a cortou incisivo. Saber que ela havia visto seu estado
deplorável não lhe agradou, mas agora via que o fato poderia servir para alguma coisa. – Já que
“viu” como eu estava quando chegou aqui ontem, quero que se lembre o quão miserável eu fico sem
você.
– Não quero lembrar... – ela disse afastando a imagem de sua mente. – Não gosto que sofra.
– Pois é exatamente o que vai acontecer caso consigam feri-la, então não assuma riscos
desnecessários... Aceite meu pedido de ficar aqui. Por favor, não insista em ir ao jornal. Preciso ter
certeza que estará segura para poder resolver todo esse mistério. Não será por muito tempo,
prometo.
Bella suspirou vencida. Havia sido golpe baixo, mas ainda assim válido. Não desejava vê-lo
daquela maneira nunca mais, então disse.
– Está bem... Posso continuar a mandar as matérias que escrevo por e-mail para Esme.
Bella viu Edward sorrir satisfeito.
– Obrigado... – ele falou tocando seu rosto. – Você é minha vida Isabella. Não suportaria perdê-la.
– Como acha que me sentiria se também o perdesse? – ela assegurou. – Amo você Edward...
Acredite, não quero preocupá-lo, nem nada disso... Só que... Não gosto de me sentir presa.
– Isabella, você já...
– Vou obedecê-lo. – ela disse em um suspiro, começava a sentir seu corpo cansado. – Não vou
assumir riscos desnecessários.
– Boa garota... Não esperava menos da futura senhora Cullen.
Bella sentiu seu coração falhar uma batida. Aquela era ela; a futura senhora Cullen. O nome brincou
em sua mente levando embora, mesmo que momentaneamente, assuntos como transformações,
precauções e permanência domiciliar. Tentou não assustar-se com a responsabilidade que a união
lhe traria. Recriminou-se pelo instante de duvida e pensou apenas que pertenceria á Edward de
todas as maneiras; dizendo a si mesma que o resto viria com o tempo.
– Senhora Cullen... – repetiu com um sorriso.
Edward apreciou ouvir o nome na voz dela. As duas palavras exprimiram todo contentamento que
Isabella sentia em ser sua esposa. Sentia-se aliviado que todo receio inicial dela tenha sido por
causa de uma possível transformação e não por querer continuar a morar sozinha. Toda sua
inquietação depois da recusa dela em colocar as roupas em seu armário se mostrou infundada;
melhor assim. Sabia que a jovem não desistiria de ser como ele, mas estaria preparado.
Argumentaria sempre que fosse preciso, mas não mudaria de idéia. O importante é que ela queria
estar com ele. No mais, precisaria somente se livrar de seus intrusos descobrindo de uma vez por
todas o que estava acontecendo á sua volta para que pudessem ser felizes. “Até que a morte os
unisse definitivamente”.
– Repete. – a voz dela o trouxe do devaneio.
– Senhora Cullen. – ele imitou-a com um sorriso, esquecendo-se de todo aquele assunto de morte.
– Gosto do som... – ela disse em um sussurro.
– E eu do que ele representa. - Edward acrescentou após alguns segundos.
Dito isso ficaram em silêncio, cada um deles imerso em seus próprios pensamentos ouvindo o
crepitar do fogo na lareira. Logo Bella sentiu a mão dele começar a acariciar seus cabelos
espalhados ás suas costas. O carinho, o calor aconchegante, assim como todos os acontecimentos do
dia começaram a agir sobre o corpo exausto da jovem, deixando-a leve. Acomodando melhor a
cabeça contra o peito de Edward que a abraçava protetoramente Bella acusou; sonolenta.
– Você me distraiu...
– Como?
– Não terminei de falar sobre o desaparecimento de Jared...
Edward tocou seu rosto mais uma vez passando a acariciar sua bochecha levemente. Imediatamente
fechou os olhos e se deixou levar por mais aquele estímulo para que dormisse. De muito longe
ouviu a voz dele.
– Sinceramente... Não quero estragar o momento falando sobre esse seu “colega”. Pouco importa
saber que ele esteja desaparecido... Ou até mesmo morto. Sei que não me contou tudo, e prefiro
assim.
Certo... Pensou Bella já envolta pelas brumas do sono, não contaria sobre o beijo roubado. Mas
precisava falar sobre Jessica e o desaparecimento de... Quem mesmo? Não importava. Bastava estar
naqueles braços frios que nada mais importava. Então a escuridão a envolveu. O pouco que seus
sentidos ainda percebiam era um ronco baixo, ritmado e conhecido; bom.
Rosnados se formaram em seu peito. Edward sentiu seu sangue gelar e reprimiu o desejo de erguê-
la ao ouvir suas palavras ditas em um sussurro. Para controlar-se fechou os olhos e respirou fundo,
não queria assustá-la. Quando acreditou poder controlar sua voz, perguntou salientando cada
palavra.
– Que beijo roubado Isabella?
Silêncio. Edward tentou ver-lhe o rosto então percebeu que, como naquela vez em seu quarto, ela
havia falado dormindo. Melhor assim.
– Isabella. – chamou em um sussurro.
– Hein... – ela indagou com a voz empastada.
– Responda... Que beijo roubado?
– Jared... – imediatamente o peito de Edward protestou novamente. – Ele...
– Conte-me.
– Ele... me beijou.
Todos os pelos e Edward se eriçaram ao imaginá-la sendo tocada, beijada por outro. Ainda tentando
controlar a voz para não despertá-la, perguntou.
– Incentivou-o de alguma forma?
– Não gosto que me toquem... queria que ele parasse... eu ia... morder, mas... você bateu no carro
e... ele me soltou...
Ás últimas palavras seu ciúme foi atenuado; não seu ódio. Era extremamente doloroso saber que
Isabella havia sido tocada por outro, ainda mais com sua mente fértil. Porém, de certa forma ter
conhecimento que ela não procurou por aquilo aliviava a tensão. Por um instante imensurável seu
coração desavisado perguntou-se se ela havia tentado esquecê-lo nos braços de outro. Se tivesse
sido esse o caso, ela teria se arrependido levando o humano á beijá-la a força. Bom... Não fora o
caso, contudo ele forçou o contato de toda maneira.
Edward não conhecia o homem, mas já o odiava com todas as suas forças. Agora desejava que ele
não estivesse morto, somente desaparecido para que pudesse – ele mesmo – dar fim ao
aproveitador. Acalmando-se, Edward se perguntou pelo que mais Isabella teria passado durante seu
afastamento. Agora via que não havia feito bem em deixá-la á própria sorte. Sempre seria grato á
Alice por ter cuidado dela, mas estava claro que a vigilância não fora totalmente eficaz. Parecia ter
sido quase um milagre que seu intruso não se aproveitasse desses momentos de ausência da
vampira.
Milagre ou conveniência, o vampiro perguntou-se mirando as sombras que a claridade do fogo
lançava no teto. Segundo Isabella, alguém bateu contra o carro no momento exato do maldito
beijo... Ela não havia dito com todas as palavras – e como poderia depois de sua ameaça – mas
bastava seguir a lógica já que ela acreditava ter sido ele a interromper o assedio. A dúvida era, por
que seu intruso não atacou o casal indefeso? Por que preservar Isabella e sumir com o rapaz?
Quanto mais Edward pensava, menos entendia. Ainda cismava com o ocorrido quando a voz
sonolenta e lamuriosa da jovem chegou aos seus ouvidos.
– Por que não apareceu?...
– Quando não apareci Isabella? – Edward perguntou sorrindo.
Apesar de sua inquietação com as novas descobertas e indagações, não poderia negar que era
interessante conversar com o inconsciente de Isabella sem ter que induzi-la.
– Depois que me salvou... Eu o chamei... na sacada...
Edward sentiu o baque em seu coração. Pôde ver nitidamente sua Isabella a chamá-lo da sacada; a
mesma que ele mesmo esteve tantas vezes a sofrer por ela. Evidente que a jovem jamais procuraria
esquecê-lo nos braços de outro. A humana padeceu tanto quanto ele durante aquela semana, tanto,
que mesmo sabendo não ter sido ele á “salvá-la”, ainda acreditava que sim.
– Perdoe-me meu amor... – pediu em um sussurro. – Nunca mais deixarei de atendê-la.
De repente seu coração sofreu um novo ataque. Um salvamento? Teria sido isso? O vampiro só
conhecia uma pessoa que não suportaria ver Isabella nos braços de outro homem. Desprezava o
humano com toda a força de seu ser, mas tinha que admitir que o rábula a amava. Mas se havia sido
ele, porque não retirou o rival á socos de dentro do carro como ele próprio faria? Antes de arrancar-
lhe a cabeça, evidentemente.
Não conseguia ver onde estava a falha em toda aquela história. De repente Edward liberou um
grunhido exasperado por não saber mais o que pensar sobre aquele episódio, fazendo com que a
jovem se mexesse em seus braços. Com certeza o chão começava a incomodar. Já havia aproveitado
do calor do fogo ao lado de sua Isabella, agora o melhor que fazia era levá-la para o conforto de sua
cama para que descansassem. Na manhã seguinte tentaria achar possíveis pontos de ligação.
Quando levantou trouxe-a em seus braços e a deixou sobre o sofá. Depois de recolher o cobertor e
pegar a caixinha com o anel de Isabella, pegou-a novamente em seu colo e seguiu sem pressa em
direção á escadaria.
– Onde está me levando... – ela perguntou passando um braço por seu pescoço e olhando em volta
aturdida.
Edward sorriu enternecido.
– Para seus aposentos senhora Cullen...
A jovem lhe sorriu mansamente.
– Vai ficar comigo?...
– Pelo tempo que nos for permitido, meu amor.
**********************************************************************

Notas finais do capítulo


Acabou... Por hoje... rs

E então?.. gostaram?... Please... me deixem saber... =/

Bom... acho que tá dando pra perceber que Edward e Bella estão cada vez mais ligados,
né?... Acho tão fofa, essa ligação... *U*
Mas sou suspeita, tá parei... ¬¬

Vamos ao spoiler:
"No auge de seu ódio, Edward estacou diante de uma árvore antiga de caule grosso e sem
pensar, gritou á plenos pulmões enquanto a socou até que caísse. Com o estrondo da
queda o vampiro voltou á si. Respirando com dificuldade olhou em volta, recriminando-
se por seu descontrole. Temia que sua condição fosse revelada por seu intruso, no
entanto, expunha-se gritando e derrubando árvores centenárias bem no meio de um
parque com os próprios punhos. Quase que completamente recuperado, Edward sentiu
sua mão. Erguendo-a viu que a havia ferido em seu acesso.

Algumas lascas de madeira estavam incrustadas á sua carne enquanto o sangue corria
livre do ferimento exposto.
Exausto, o vampiro caiu sentado onde estava e começou a recolher uma a uma as lascas
de madeira. Quando o ferimento estava livre de todas elas, começou a cicatrizar
imediata, porém lentamente. Ajudaria se tomasse sangue humano, mas não atacaria
ninguém somente por aquilo. Logo sua pele estaria em perfeito estado como se nada
houvesse acontecido. Erguendo-se do chão, Edward passou as mãos pelos cabelos,
resignado. Não adiantaria perder o controle. Precisava voltar para casa e ordenar as
idéias. Agora que seus problemas foram agravados, precisa estar preparado para qualquer
coisa."

TENSO!... o.O

Até lá amores!... o/
(Cap. 50) Capítulo 21 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Boa noite meus amores...

Olha aí, mais um capítulo novo para vcs... Espero que gostem.

E comentem e indiquem... :)

Valeu pelos reviews passados e desde já agradeço pelos futuros... :D

Agora vamos ao ídolo!... (coisas de comunidade!... rs)

BOA LEITURA!...

*Sabia que precisava correr; correr.


Ele era importante; precisava encontrá-lo. Onde? Onde estava escondido?
Bella corria por entre as árvores escuras e retorcidas somente para sempre chegar á lugar algum.
Onde estaria? Quem ela procurava? Quem era importante?
– Eu Bella!... – soou a voz feminina.
Ao voltar-se, ela se deparou com Jessica. Seminua, usando seu sutiã, o pescoço dilacerado ainda á
verter sangue; a colega estendeu a mão também ensanguentada em sua direção. A jovem deu um
passo atrás, alarmada.
– Diga á ele que me comportarei! Diga que posso ser você!...
Bella não quis ouvir mais. Estava com medo e impressionada com o ferimento e a quantidade de
sangue. Sem olhar uma segunda vez para a garota, correu novamente por entre as árvores. Quando
parou estava á frente de Jared. Ele também estava fatalmente machucado, ainda assim olhava para
ela com olhos injetados.
– Ele nos viu... E eu não devia tocá-la!... – ao dizer as palavras estendeu os braços.
Ao ver que ele estava sem as mãos a jovem gritou e novamente correu sem olhar para trás;
horrorizada. Agora, além de procurar por alguém, sabia que era seguida. Seguida por quem?
Procurava por quem?
– Você me matou! – acusou alguém que Bella esbarrou em sua corrida.
Ao levantar os olhos Bella viu Billy. Assim como os outros, estava fatalmente ferido. Ele a encarou
com raiva antes de repetir a acusação.
– Você me matou!
“Não”. Sabia que havia dito a palavra, mas sua voz não saiu. Queria fugir da presença dele,
porém, após poucos passos viu-se cercada por Jessica, Jared e seu ex-patrão. Cada um á acusá-la
ou a pedir algo em beneficio próprio como se ela tivesse o poder de interceder por eles junto á
alguém. Mas ela não podia. Não sabia á quem deveria pedir e além do mais, todos estavam
mortos!... Quando conseguiu desvencilhar-se, correu o máximo que podia, mas parecia que nem ao
menos saia do lugar.
– Bella! – ao ouvir a voz da mãe ela parou e olhou em volta.
Renée estava ao lado de uma árvore e a olhava entristecida.
– Você não está mais iludida. Sabe quem ele é. Por que não vê o que ele fez...
– Quem? – Bella perguntou desesperada. – Quem fez o quê?
“Acorde” pareceu que a mãe lhe disse, porém a voz era masculina.
– Quem mãe? – Bella perguntou novamente entrando em desespero, pois a mulher começava a
desaparecer á sua frente. Lágrimas quentes começaram a correr por seu rosto.
– Acorde Isabella!
Dessa vez a voz soou mais alta e em tom de comando. Bella olhou em volta á procura do dono
daquela voz, então pôde ver alguém a espreitá-la por entre as árvores enegrecidas. Bella conhecia
aquela silhueta. Ele deu um passo á frente em sua direção saindo das sombras. Em um segundo
estava diante dela, pálido e raivoso. Quando tocou seu braço ela gritou.
– “Não”!
– Acorde!
A voz invadiu sua mente fazendo com que despertasse de vez. Sorvendo o ar com dificuldade, Bella
focou a visão. Não sabia onde estava; aquele não era seu quarto. Estava sentada na cama, suada e
tremendo. As lágrimas ainda cobriam seu rosto. O que significava tudo aquilo; pensou assustada.
Todos mortos. Tanto sangue. Quando sentiu mãos frias em seus braços debateu-se por puro reflexo,
tentando livrar-se.
– Não... Por favor, me solte!
– Pare Isabella! – então ela reconheceu a voz e parou de lutar.
– Shhh... Já passou. – disse o dono das mãos puxando-a para um abraço. – Estou com você agora.
E então ela despertou definitivamente. Estava no quarto de Edward, sendo embalada por ele. Os
rostos de seu sonho ainda povoando sua mente, além do rosto “dele”.
– Edward... – ela gemeu em agonia abraçando-o com força, chorando copiosamente.
O vampiro deixou que ela chorasse enquanto seu próprio coração se acalmava. Havia despertado
com a agitação e os gemidos de Isabella antes mesmo que começassem os gritos. No segundo em
que entendeu se tratar de um pesadelo tentou acordá-la, sem sucesso. O quarto estava na penumbra,
mas conseguia vislumbrar a agonia no rosto amado. Ele próprio começou a inquietar-se por não
poder socorrê-la das cenas que povoavam sua mente adormecida. Seu coração batia descompassado
como o da jovem; por ele, ela não sofreria nem em sonhos. Quando se sentiu recuperado, disse
mansamente, sempre acariciando seus cabelos.
– Acalme-se meu amor... Foi só um sonho ruim.
– Não Edward... Eu vi... Estão todos mortos.
Era verdade. Não tinha como explicar, mas aquela era realmente a verdade. Não saberia dizer onde
“Paul” se encaixava na história, tampouco; pálido, com as mãos frias. Não poderia ser possível o
que estava imaginando, poderia?... Se fosse, explicaria muita coisa. Seria a peça chave que ligaria
todos os pontos.
– Quem está morto Isabella?
– Todos eles... E acho que a culpa é minha.
– Você está desconexa. – disse Edward ainda acariciando seus cabelos. – Pare de chorar e tente me
contar seu pesadelo, sempre ajuda.
Bella fez como ele disse. Secando o rosto com as mãos, olhou novamente em volta. Nem vira
quando havia sido carregada para a cama. Sua última lembrança era estar recostada ao corpo de
Edward em frente á lareira. Estava relaxada e em paz nos braços dele, por que fora sonhar com algo
tão inquietante? Sabia o motivo... As notícias recentes e as lembranças estavam em sua mente;
rolando em seu subconsciente clamando por respostas.
Sentindo que Isabella finalmente se acalmava, ele voltou á deitar-se e a trouxe para junto de seu
corpo, abraçando-a protetoramente. Haviam se deitado há poucas horas, queria que ela relaxasse
para que pudessem voltar a dormir. Seus corpos não haviam descansado por tempo suficiente.
Queria que o corpo e a mente dela se recuperassem de todas as emoções pelas quais passaram.
Carinhosamente sugeriu.
– Agora me diga... Sobre o que sonhou para assustar-se dessa maneira?
Agora, finalmente livrando-se do medo que sentiu durante seu pesadelo, a cabeça de Bella ficava
cada vez mais povoada de questões absurdas. E para que boa parte delas começasse á fazer sentido,
precisava de uma resposta, então, sem nem ouvir a pergunta feita por Edward, indagou sem pensar.
– Quais as chances de Paul ser um vampiro?
Edward não teve tempo sequer de irritar-se por ouvi-la pronunciar o nome do rábula. A pergunta
dela calou fundo em seu ser, pois poderia ser a resposta para suas duvidas recentes, mas não queria
assustá-la. Cautelosamente perguntou.
– Por que essa pergunta?
Bella respirou fundo e disse.
– Bem... Três pessoas relacionadas á ele... e a mim, estão mortas.
– Quem são essas pessoas?
– Primeiro... Jessica apareceu morta três dias depois que...
Então ela se interrompeu abruptamente ao perceber o que teria que dizer. Como Edward reagiria ao
saber que ela fora procurar por Paul? Entenderia que não teve nada de romântico no encontro?
Droga!... Ainda pensava em como lhe contaria, quando Edward se afastou o suficiente para acender
a luz e erguer-se para encará-la.
– Conte Isabella... – pediu. – O assunto é sério. Então pode me dizer qualquer coisa, por mais grave
que seja... Prometo não aborrecer-me.
Edward queria que ela se sentisse segura para contar fosse o que fosse que envolvesse o rábula,
assim como sobre o assediador. Tinha consciência que o receio dela era por causa de sua proibição á
menção ao nome de Paul, assim como pelas coisas que ela lhe disse inconscientemente. O mínimo
que poderia fazer era tranqüilizá-la, sabia que o que Isabella revelasse poderia responder várias
questões levantadas anteriormente. A jovem olhou-o ainda receosa e ele pôde ver algumas lágrimas
brilharem em seus olhos.
– De verdade? – ela perguntou num fio de voz. – Qualquer coisa?
– Qualquer coisa. – ele reafirmou.
Reprimindo o choro e respirando fundo Bella decidiu começar pelo princípio de tudo.
– Bem... No meu primeiro dia de trabalho no “Today” Billy, meu antigo editor-chefe, me ligou para
contar o motivo pelo qual havia me demitido. – Edward ouvia com atenção e em silêncio, então ela
prosseguiu. – Ele me disse que havia me dispensado porque havia sido chantageado...
– Chantageado. – ele franziu o cenho. – Quem teria interesse em chantageá-lo para que lhe
dispensasse?
– Meu “dileto” ex-namorado... – ela disse na tentativa de atenuar, não dizendo o nome novamente.
Toda emoção que percebeu no semblante de Edward foi o pulsar de uma veia em seu maxilar. Com
a voz contida ele disse.
– Foi despedida por causa do rábula?
– Sim... – ela disse simplesmente ainda se acostumando á conversar com Edward sobre Paul.
O vampiro não saberia dizer como controlou o turbilhão que crescia em seu peito. Em sua memória
lotada de cenas de momentos ou situações que esteve com Isabella uma em especial destacou-se ás
suas palavras. Edward a viu, com os olhos vermelhos, entristecida, sendo acarinhada e reconfortada
por um rábula atencioso no bar da Cielo no mesmo dia em que fora dispensada. Maldito
embusteiro!
De repente uma situação parecida lhe veio á mente com a mesma força, atordoando-o. No lugar do
humano estava ele mesmo reconfortando-a em seu elevador de uma tristeza provocada por sua
determinação. Baseado na semelhança ficava claro que a atitude mesquinha do rábula fora para
manter Isabella só para si. Por mais que odiasse admitir, nesse contexto não eram diferentes. Para
conseguir a atenção e o amor incondicional de Isabella eram capazes de valer-se dos atos mais vis.
No momento o vampiro não sentiu orgulho de si mesmo, assim como não encontrava palavras para
descrever o que sentia pelo ser traiçoeiro. De toda forma, não poderia voltar atrás e, também era
preciso admitir, que não faria diferente. Tinha que manter o foco. Aquele não era o momento de
recriminar-se, ainda mais que não infringira nenhuma lei dos homens em sua luta por ela. Aquela
era a diferença gritante entre eles. Ao se dar conta desse fato, Edward expulsou a lembrança de sua
mente e, ainda controlando a voz, disse.
– Então... O “ilustríssimo” advogado não é somente abjeto. É também um criminoso?
– É sim... – sem olhá-lo, Bella prosseguiu. – E tem mais... Quando descobri sua participação na
minha demissão fui até seu apartamento para cobrar-lhe explicações... – criando coragem, ela
olhou-o. – Por favor, não se zangue...
– Acredite, entendo muito mais essa reação do que sua preocupação com um ou dois ossos
quebrados. – assegurou.
– Certo... – como não se sentir uma idiota diante do comentário? Não poderia e merecia, afinal fora
atrás de informações de um traidor mesmo sabendo que aborreceria seu namorado; que com a
revelação seguinte talvez fosse ao deleite por ter a confirmação de sua estupidez. – Bom... O fato é
que... Quando cheguei ao apartamento, descobri que além de mirar minha carreira, ele também me
traia com uma de minhas colegas de redação.
Ao terminar de dizer esperou por algum comentário que a faria se sentir ainda mais idiota por sua
preocupação e até desejo de manter uma amizade com Paul. Para sua surpresa Edward disse apenas.
– Eu sinto muito... Como descobriu isso?
Na verdade, ela pensou, não era surpresa alguma. Antes de tudo, Edward era um cavalheiro.
Desconsertada diante da sinceridade estampada nos olhos verdes, ela prosseguiu.
– Encontrei os dois juntos... – ao se lembrar da cena Bella se sentou. – Ele ainda tentou fazer
parecer que não tinha importância, mas Jessica me contou tudo. Desde quando estavam juntos e
como haviam me enganado. Ele ficou furioso com ela... E... Não percebi na hora, pois estava cega
de raiva... Mas agora... – ela tocou a mão dele alarmada. – Edward... Ele rosnou. Como você faz ás
vezes. Humanos não rosnam, não é mesmo?... E Jessica está morta. Foi ele, eu tenho certeza. Não
sei como, mas ele é um vampiro!
– Acalme-se.
Edward pediu segurando a mão que cobria a sua. Ainda não estava convencido que o humano fosse
um vampiro. Baseado no que Isabella lhe dizia poderia deduzir que ela estava alterada
emocionalmente pela descoberta da dupla traição. Poderia muito bem ter imaginado o tal rosnado.
Precisaria de mais evidências para chegar á uma conclusão lógica. Mas para pensar friamente,
precisava eliminar uma dúvida que havia surgido com o relato inflamado antes que ela crescesse e
se espalhasse por sua mente como uma erva daninha.
– Por que estava cega de raiva? Era somente pelo jornal ou acaso sentiu algum ciúme?
A jovem olhou-o incrédula e exclamou veementemente.
– Não!... Eu queria era ser capaz de arrancar os olhos dele por ter me feito perder o emprego e pela
desfaçatez de ser capaz de consolar-me por um mal causado por ele. Se eu tivesse força suficiente
teria quebrado sua outra mão e... – de repente ela soube e, desviando os olhos, murmurou como que
para si mesma. – Então foi isso!
– Isso o que Isabella?
– A mão!... – respondeu ainda olhando o vazio.
– Está desconexa novamente... Seja clara.
– Quando estava no apartamento dele, ele não se moveu. – Bella olhou-o com as sobrancelhas
unidas, sentindo calafrios tardios de terror correr por sua coluna. – Mesmo mandando Jessica calar a
boca, não fez um gesto para que ela o obedecesse. Não tirou as mãos das costas. Foi isso!... Para
que eu não visse que estava recuperado em tão pouco tempo.
Tudo que ela dizia começava a fazer sentido, reconheceu preocupado. Alguém que o odiasse como
Paul seria um excelente aliado para um inimigo e explicaria a proteção á Isabella. Se agora o rábula
fosse mesmo um imortal, poderia ter batido contra o carro e, para não se revelar á jovem, esperou
pelo momento oportuno até que pudesse atacar o rapaz que a beijou á força. Tentando não
demonstrar o quanto a descoberta o afetava, perguntou.
– Você disse três pessoas... Quais as outras duas?
– Soube hoje que Billy está desaparecido desde a noite de segunda. – disse séria. – O mesmo dia
que contei á Paul que sabia sobre a chantagem.
– E você acha que o rábula o matou para vingar-se...
– Não acho... Pode dizer que foi somente um sonho, mas para mim foi bem real. Todos estão
mortos. – ela estremeceu á lembrança.
– Devo deduzir que o terceiro seja o colega que lhe deu carona? Afinal... Ele também está
desaparecido.
Edward sabia da história, mas não lhe pouparia Isabella de contá-la. Como ela havia dito; confiança
era uma via de mão dupla. Sem desviar os olhos dos dela, esperou pela resposta, mesmo que a
vontade crescente fosse sair á caça de Paul. O rosto da jovem começou a tingir-se de vermelho e seu
coração á bater aceleradamente.
– Sim... É ele. – Isabella disse em um fio de voz. – Bom... Eu não iria contar, pois não queria
aborrecê-lo...
– Já disse que pode me contar qualquer coisa.
Agora Bella desejava ter força suficiente para quebrar todos os ossos de Jared caso ele ainda
estivesse vivo, somente por fazê-la passar por aquela situação constrangedora que faria Edward
sofrer inutilmente. Bom... Não adiantava enrolar mais. Diante dos fatos não poderia esconder
nenhum detalhe, ainda mais um de suma importância. Juntando toda coragem que tinha, contou de
um fôlego só.
– Quando alguém bateu contra o carro de Jared ele estava me beijando á força.
Bella esperou pela explosão lutando bravamente contra o desejo de encolher os ombros diante do
olhar intenso de Edward. Como ele nada dissesse, ela começou a explicar alarmada.
– Edward eu juro que não procurei por isso. Durante toda a semana só pensei em você... Mal
percebia o mundo á minha volta; nem sabia o nome dele... Descobri na manhã seguinte quando
vieram me perguntar se eu sabia seu paradeiro... Depois que ele demonstrou seu interesse eu avisei
que jamais teria envolvimento com ninguém, mas Jared nem tomou conhecimento do que eu havia
dito e foi tão rápido... Estava prestes á mordê-lo quando a batida no carro fez com que ele me
soltasse e...
De repente Edward a pegou pelos ombros e ordenou.
– Pare e respire Isabella.
A jovem calou-se imediatamente com o susto, dando-se conta que havia falado de uma só vez
realmente sem respirar. Sorvendo o ar aos bocados, tentou decifrar o brilho nos olhos de Edward;
sem sucesso.
– Por favor, acredite em mim... – ela pediu em um fio de voz. – Jamais me interessaria por outro
homem... Seria você para sempre Edward.
O vampiro deixou que as palavras dela brincassem em seu coração. Apesar da inquietação pelas
descobertas sobre o rábula, estava indescritivelmente feliz por Isabella ter-lhe contado a verdade
conscientemente mesmo que tenha tentado omitir o beijo em um primeiro momento. Permanecer
em silêncio, quando sabia que ela esperava uma resposta sua, fora um tanto perverso de sua parte;
mas não pôde evitar. Cada batida acelerada do coração da jovem, assim como cada palavra
apaixonada resultante de seu silêncio deliberado soou como música aos ouvidos de Edward.
Infelizmente não poderia saborear a declaração, pois a possibilidade real de Paul ser um vampiro
roubava parte do brilho daquele momento. Isabella sempre seria prioridade, mas naquele instante
precisava pensar friamente. E uma vez que restavam poucas dúvidas, Edward sentiu necessidade de
ver com seus próprios olhos. Não conseguia simplesmente imaginar o rábula como imortal; não tão
perto. Não na sua cidade. Não apaixonado por Isabella. Renegando Jared e beijos roubados á um
segundo plano, em um átimo o vampiro se pôs de pé.
– Aonde vai? – Bella perguntou aturdida seguindo-o com o olhar enquanto ele abria seu armário.
– Vou procurar por ele.
– Por Jared?... – incrédula ela uniu as sobrancelhas.
– Pelo rábula. – ele respondeu enquanto retirava as roupas que pretendia vestir.
– Não Edward!... – Bella saiu da cama alarmada. – Espere pelos outros... Alice e Jasper não
devem...
– Não aguentaria esperar. – ele respondeu cortando-a, já abotoando sua calça.
– Pode ser perigoso. Por favor, fique...
Depois de calçar as meias e os sapatos, Edward vestiu apenas uma camiseta e uma camisa fazendo
as vezes de um casaco. Então veio até ela e parou á sua frente segurando-a pelo rosto para que o
olhasse de frente. Com os olhos escurecidos e a voz extremante rouca, disse.
– Adorei saber que seria o único para você, mesmo que não ficássemos juntos. Foi exatamente isso
o que sempre desejei... Ser o único!... O único que é amado por você, o único que a ama...
– Edward... – ela murmurou.
– Talvez eu devesse ter sido condescendente com Paul desde o início... – ele continuou á falar,
interrompendo-a. – Afinal, para todos os efeitos, eu a roubei dele... Mas verdadeiramente não
consigo. Eu o odeio com todas as forças do meu ser pelo simples fato de saber que ele também a
ama; que a teve antes de mim. Se eu não tivesse prometido á Alice que o deixaria vivo, teria
arrancado-lhe o coração na mesma noite em que os vi na casa noturna... Acredite Isabella, há muito
tempo que não existe espaço suficiente nessa cidade para nós dois.
A jovem sentiu as lágrimas novamente brotarem em seus olhos. Não gostava de vê-lo torturado e
definitivamente não queria que ele saísse daquela maneira.
– Eu estou aqui... Pouco importa o que ele sente. Por favor, Edward... Não quero que se machuque,
fique.
– Perdoe-me, mas não posso atendê-la. Se realmente o transformaram foi somente para afrontar-me
ou o que é pior, para que a tomasse de mim e isso eu jamais permitirei. Se o rábula for mesmo um
vampiro agora, ele ainda é novo. Dias de transformação... Sou mais forte do que ele.
– Não se trata de força. – ela estava apavorada depois das palavras dele, se lembrava de seu sonho.
E se a pessoa que procurava fosse Edward; morreria se algo lhe acontecesse. – Ele pode não estar
sozinho...
Edward depositou um beijo casto, porém demorado em seus lábios antes de dizer convicto.
– É um risco que tenho que correr.
– Sem riscos desnecessários, lembra-se?... – ela tentou uma última vez lutando contra as lágrimas.
Ainda segurando seu rosto, Edward sorriu.
– Isso vale somente para você. Volto logo, não se preocupe... Não saia em hipótese alguma dessa
casa, nem para ir até a casa de Carmem. E não deixe ninguém entrar caso apareçam na porta.
Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa Edward se foi deixando-a sozinha e trêmula, bem no
meio do quarto. Repentinamente o cômodo lhe pareceu grande, frio e vazio. Agora, as imagens de
seu sonho dividiam espaço com as cenas da luta entre Edward e Rosalie. A vampira o atacou com
uma ferocidade brutal. Mesmo sendo mulher fora capaz de feri-lo gravemente, então... Qual a
violência em uma luta entre dois homens?... Diante da visão o ar lhe faltou.
Com medo do que pudesse acontecer á Edward, a jovem se arrastou até a cama e, depois de deitar-
se, abraçou-se ao travesseiro dele procurando em suas lembranças mais antigas pelas orações que
sua mãe a fazia recitar antes de dormir para que tivesse proteção. Nenhuma lhe veio por inteiro,
então desistiu e apenas pediu silenciosamente que Edward voltasse em segurança – caso seres
amaldiçoados tivessem direito á proteção divina. Por favor, apenas traga-o de volta, pediu. E sem
forças para lutar contra as lágrimas, chorou.
Edward entendia a preocupação de Isabella, mas não tinha como atendê-la. Era preciso ignorar sua
aflição, seu choro iminente e agir. Por esse motivo nem ao menos a beijou corretamente antes de
sair deixando-a á beira das lágrimas, tinha que começar a ser forte e não se distrair ou render-se á
ela. Ao sair da casa sentiu-se ainda mais decidido. Não usou sua moto; o rábula morava perto, a
poucas quadras. Logo estaria lá para tirar á limpo aquela história. E se possível, finalmente tirar-lhe
a vida. Talvez não fosse fácil, pois, diferentemente do que disse á Isabella, nos primeiros dias de
imortalidade o vampiro apresentava sua melhor forma e força física.
Bom... Poderia não ser fácil, mas não seria impossível. Ele próprio possuía uma força extra agora,
despertada de seu ódio extremo. Adoraria usá-la contra seu rival. Bastava encontrá-lo. Edward
desejava com todas as suas forças que Paul estivesse em seu apartamento. Contudo tinha
consciência que acreditar encontrá-lo em um local tão obvio talvez fosse um palpite vazio, visto que
rábula poderia estar em qualquer outro lugar. Mas prendia-se á um fio de esperança de que, se
Isabella havia encontrado com ele em seu apartamento, nada impedia que ainda estivesse por lá.
Por sorte, àquela hora da madrugada as ruas do bairro estavam praticamente vazias. Evidente que a
chuva fina, assim como os homicídios recentes ajudava a manter aquela parte da cidade que “nunca
dorme” cautelosamente recolhida. O vampiro sentia-se expectante e apreciava a adrenalina que o
impulsionava a correr livremente. Suas mãos formigavam somente por imaginar que finalmente
teria a chance de arrancar o coração do rábula. Sim, seria exatamente o que faria!... Arrancar-lhe-ia
o coração e o espremeria entre seus dedos antes de arrancar-lhe a cabeça. Ao pensamento, sorriu
sardonicamente e acelerou sua corrida.
Não mentira á Isabella quando disse que a cidade era pequena demais para os dois. Começava a
doer-lhe fisicamente saber que não fosse sua palavra empenhada á Alice, há dias poderia ter tido
essa alegria e o rábula estaria descansando em solo sagrado e não vivo na condição de imortal;
dispondo agora de quase todas as armas que ele para se aproximar de Isabella novamente. O sorriso
sumiu do rosto de Edward e seu peito rugiu; precisava aniquilá-lo antes que tal aproximação fosse
novamente possível.
O vampiro esteve quieto todos esses dias esperando pelo momento de descobrir seu intruso, por
falta de pistas e principalmente por estar ocupado em conquistar Isabella. Ainda não sabia quem o
afrontava... Ainda não tinha pistas concretas, mas estava com a jovem segura ao seu lado. Poderia
finalmente passar a se ocupar de seus inimigos. Era preciso saber quem eram e por que desejavam
destruí-lo para acabar com aquela perseguição de uma vez por todas. Toda aquela situação tinha que
terminar antes que tantas mortes semelhantes colocassem realmente em risco o segredo de todos aos
humanos.
Estava claro que logo aconteceria, pois todas as ações descuidadas indicavam que estavam
dispostos á tudo. Tal comportamento ficava ainda mais evidente quando lhe impingiam o rábula
como adversário. Mas não se valeriam dele por muito tempo. Edward acabaria com aquele “trufo”
antes mesmo que ele se atrevesse a chegar perto de Isabella novamente. Antes de arrancar-lhe o
coração quebraria cada osso em seu corpo por cada momento miserável que viveu por sua
permanência entre ele e a jovem. Não lhe desculparia nem mesmo o fato de ter matado o humano
que se atreveu á tocá-la sem permissão. Honrar e proteger Isabella era “sua” função.
Com esse pensamento acercou-se do prédio onde o rábula morava. Antes de qualquer outra coisa,
era preciso se certificar de que ele havia mesmo sido transformado em imortal. Escalar o edifício
vizinho como havia feito na noite maldita não adiantaria, pois não conseguiria sentir nenhum odor
vindo de seu apartamento por causa da chuva fina. Pensando friamente, melhor ir diretamente á sua
porta. Mesmo que não pudesse entrar, poderia tocar e ver com seus próprios olhos a verdade. Talvez
o rival estivesse tão ansioso quanto ele em resolver de uma vez por todas aquela questão entre eles.
Não o atacaria com tantos humanos á volta, mas poderia convidá-lo para uma disputa justa no
parque próximo.
Apreciando sua idéia, Edward esgueirou-se para dentro do prédio e seguiu pela escadaria até o
oitavo andar; depois até o apartamento oitocentos e dois. Jamais se esqueceria. Edward disse a si
mesmo que seria prudente não se deixar levar pelas lembranças. Manter o foco era de suma
importância. Então, quando estava diante da porta, tocou a campainha sem cerimônias e esperou.
Enquanto aguardava, tentou dizer a si mesmo que deixasse o rábula em paz, caso estivesse errado e
ele não fosse um imortal. Edward abanou a cabeça á idéia. Não adiantava procurar por sentimentos
que não nutria. Errado ou não terminaria de vez com seu desafeto.
Impaciente tocou mais uma vez. Como da primeira, não obteve resposta. Nenhum movimento era
percebido vindo do outro lado da porta. Tentou farejar o ar á procura de algum cheiro que
denunciasse sua nova condição, sem sucesso. Mais uma vez maldisse o impedimento de entrar nos
lares sem permissão. Resignado, mas não convencido em desistir, seguiu até o hall de entrada.
Encontrou o porteiro dormindo com a cabeça apoiada sobre a mesa. Depois de pigarrear para não
assustá-lo, esperou que este lhe atendesse.
– Desculpe-me senhor... Em que posso ajudá-lo? – disse prontamente, então franzindo o cenho,
perguntou. – Como entrou aqui.
– A porta estava aberta. – respondeu sem pestanejar, então, sem tempo para conversas, o prendeu
pelo olhar. – Saberia me dizer quando o senhor Meraz saiu?
– Há dias não o vejo. – o homem respondeu prontamente. – Ele não passa por aqui. Sei que não está
em seu apartamento quando não vejo seu carro na garagem.
Edward sabia que aquele detalhe nada queria dizer caso ele fosse mesmo um imortal. Mesmo que
não o encontrasse precisava ter certeza.
– Você tem a chave do apartamento dele?
– Temos todas as chaves.
– Pegue a dele e venha comigo. – ordenou.
Sem questionar o porteiro procurou entre várias chaves dispostas em uma gaveta sob a mesa de
trabalho, pegou a requerida e se levantou para segui-lo. Edward o guiou até a escadaria.
– Feche os olhos e não os abra até que eu ordene.
Quando o homem o obedeceu, Edward pegou como se não pesasse mais que uma pluma e correu
com ele escada a cima. Ao chegar diante da porta do rábula, disse.
– Pode abrir os olhos agora. – o humano o encarou. – Entre e procure por alguma peça de roupa do
senhor Meraz, principalmente alguma que esteja largada em seu quarto. Seja rápido e não
desarrume nada.
Prontamente o porteiro fez o que Edward havia ordenado. O vampiro sabia que estava colocando o
humano em risco, pois nada impedia que o morador não tivesse aberto a porta deliberadamente e
permanecido em silêncio para que ele fosse embora; seria uma atitude típica dos covardes e não o
surpreenderia. Mas mesmo diante da possibilidade de estar mandando um inocente á morte não
recuaria. Baixas de soldados rasos aconteciam em todas as guerras e aquela era uma disputa muito
importante para que começasse a zelar pela integridade física de mortais desconhecidos. Bom...
Aparentemente o rábula não se encontrava, pois nenhum som foi ouvido além dos passos do
porteiro.
– Aqui está... – disse o homem assomando á porta e lhe estendendo uma camisa. – Estava sobre a
cama.
Imediatamente Edward a tomou em suas mãos e levou ao nariz. Ato contínuo a afastou na mesma
velocidade torcendo o nariz. Seu coração batia descompassado e o sangue corria em suas veias,
impulsionado pela adrenalina. Não restavam mais dúvidas; o humano abjeto fora realmente
transformado em imortal. O odor adocicado e característico estava ali no tecido, misturado ao seu
próprio cheiro, tornando-o único. Cheiro esse que agora estava registrado de forma indelével da
mente de Edward.
– Coloque no lugar e saia. – disse roucamente para o humano. – Depois desça ao seu posto, volte a
dormir e esqueça nossa conversa ou o que fez.
Nem ao menos esperou para ver o porteiro obedecê-lo. Sentindo-se sufocar saiu em disparada pelo
corredor em direção ás escadas. Desceu os degraus aos saltos, precisava respirar. Ao ganhar a rua
encheu os pulmões com o ar frio e úmido da madrugada. Olhando em volta, se perguntou onde
estaria o rábula. Não conseguia acreditar que falhara em sua busca. Se antes da confirmação
acreditava que a cidade era pequena para eles, agora tinha inteira convicção de que o mundo não
seria bastante para os dois.
Edward estava extremamente inquieto; nervoso em seu âmago. Depois de certificar-se que a rua
ainda se encontrava deserta, seguiu rapidamente até Saint Nicholas Park – o mesmo parque que
imaginou poder usar como campo de batalha – e passou a correr o máximo que podia entre as
árvores na tentativa de extravasar sua fúria. Quando colocasse suas mãos no cretino que havia
transformado o rábula daria o mesmo fim imaginado para ele. Agora considerava seu intruso ainda
mais covarde do que antes, pois ao invés de confrontá-lo, ficava se valendo de aliados.
No auge de seu ódio, Edward estacou diante de uma árvore antiga de caule grosso e sem pensar,
gritou á plenos pulmões enquanto a socou até que caísse. Com o estrondo da queda o vampiro
voltou á si. Respirando com dificuldade olhou em volta, recriminando-se por seu descontrole.
Temia que sua condição fosse revelada por seu intruso, no entanto, expunha-se gritando e
derrubando árvores centenárias bem no meio de um parque com os próprios punhos. Quase que
completamente recuperado, Edward sentiu sua mão. Erguendo-a viu que a havia ferido em seu
acesso. Algumas lascas de madeira estavam incrustadas á sua carne enquanto o sangue corria livre
do ferimento exposto.
Exausto, o vampiro caiu sentado onde estava e começou a recolher uma a uma as lascas de madeira.
Quando o ferimento estava livre de todas elas, começou a cicatrizar imediata, porém lentamente.
Ajudaria se tomasse sangue humano, mas não atacaria ninguém somente por aquilo. Logo sua pele
estaria em perfeito estado como se nada houvesse acontecido. Erguendo-se do chão, Edward passou
as mãos pelos cabelos, resignado. Não adiantaria perder o controle. Precisava voltar para casa e
ordenar as idéias. Agora que seus problemas foram agravados, precisa estar preparado para qualquer
coisa.
Como se não bastasse ser perseguido e afrontado sem ao menos saber o motivo, agora teria que
lidar com o rábula quase que de igual para igual. Não poderia subestimar jamais seu inimigo, pois
como havia deduzido anteriormente, o rábula seria capaz dos atos mais vis para tomar Isabella de
volta. Quanto á isso Edward não tinha nenhuma duvida. Com essa certeza, veio outra ainda mais
inquietante. Paul não hesitaria em transformar a jovem em imortal. Ao pensamento seu peito rugiu
violentamente. Se antes era necessário manter Isabella longe do advogado, agora esse afastamento
era vital.
Imerso em sua cisma, Edward sequer percebeu que o cenário á sua volta clareava. Quando se deu
conta já era quase dia. Hora de volta para Isabella. Com o coração oprimido e com mente e corpo
insatisfeitos por não ter tido a ação esperada, murou para rua onde estava morando. Infelizmente
não poderia correr, pois agora algumas pessoas começavam á circular nas calçadas. Então assim,
andando na velocidade limitante dos mortais, seguiu até em casa. Certificando-se que ninguém o
veria, saltou sobre o muro. Em um átimo, entrou em sua residência e seguiu para o quarto.
Encontrou Isabella deitada, abraçada á seu travesseiro, soluçando e chorando silenciosamente.
Como não havia dado conta de sua aproximação, ela não se moveu permitindo a Edward observá-la
em seu sofrimento de preocupação por ele. Imediatamente seu coração se partiu em pedaços dentro
do peito. Foi inevitável deixar que o remorso se apossasse de seu ser. Trouxera Isabella para seu
mundo sem saber se ela estaria preparada para lidar com ele. Ofereceu-lhe amor e felicidade em um
péssimo momento. Nunca havia enfrentado nada parecido, mas sua realidade era de violência e
morte e a jovem teria que conviver com ela.
Agora era tarde; muito tarde para pensar no assunto. Como havia dito á Alice, Isabella se
acostumaria ao seu mundo. Assim como você, disse a si mesmo, terá que se acostumar ao dela; com
sua fragilidade e inquietação sempre que saísse para resolver aquele tipo de problema. Além do
mais, deveria lhe dar o crédito; ela estava se esforçando. Tentaria não inquietá-la mais que o
necessário no processo, mas caso acontecesse, suas lágrimas não deveriam ser empecilho para ele
desde que sempre voltasse para secá-las.
Ciente desse fato e louco para estreitá-la em seus braços, aproximou-se ainda mais e sentou na
beirada cama. Com um sobressalto a jovem se voltou em sua direção e ao vê-lo, imediatamente se
atirou em seu colo abraçando-o firmemente pelo pescoço. Contudo o gesto não fora rápido o
suficiente que lhe impedisse de ver o real estado em que ela se encontrava. Seu rosto estava
marcado pelas lágrimas e seus olhos inchados e vermelhos. Certo, disse novamente a si mesmo,
talvez nunca se acostumasse em vê-la daquela maneira.
– Edward!... Graças á Deus está de volta!
– Shhh... – ele começou a acariciar seus cabelos, tentando também acalmar o próprio coração e
perguntando-se intimamente se o “Todo Poderoso” se ocuparia de seres como ele; pouco provável.
– Estou de volta... Nada aconteceu.
– Tem certeza? – ela perguntou ainda chorando afastando-se para olhá-lo atentamente. – Não está
mentindo para mim?
– Não – disse roucamente. – Não o encontrei.
Isabella não respondeu àquilo, pareceu que sequer havia ouvido enquanto começava uma inspeção
por seu rosto. Edward permaneceu imóvel, finalmente acalmando-se ao achar graça de avaliação
minuciosa. Depois de examinar cada canto de sua face ela desceu os olhos para seu corpo. O
vampiro viu o exato momento em que as sobrancelhas se uniram no centro do rosto amado. As
lágrimas já não corriam, mesmo que seu rosto permanecesse molhado.
– Se nada aconteceu por que está sujo dessa maneira? – antes que pensasse em responder os dedos
dela estava em seus braços, segurando-os até que chegasse ás suas mãos. – E ferido?... Edward?!
Ele pôde sentir a reprovação em sua voz. Não tirava a razão da jovem em imaginar que estivesse
mentindo. Acompanhando-lhe o olhar, percebeu que havia algumas folhas em sua roupa assim
como algum vestígio de terra. Para piorar o quadro geral, sua mão não havia se recuperado de todo,
apresentando uns poucos cortes onde as farpas maiores haviam encravado mais fundo em uma pele
ainda arroxeada e suja de sangue.
– Certo... – começou; ela merecia a verdade. – Eu realmente não o encontrei, mas descobri que você
estava certa. Seu ex-namorado é um vampiro agora.
A jovem pareceu não se abalar e disse seriamente.
– Falaremos dele depois... Se não o encontrou por que está ferido?
– Não havia copos no parque... – ele disse tentando atenuar a preocupação dela e sentindo-se
satisfeito por Isabella demonstrar abertamente qual era sua prioridade. – Então derrubei uma árvore
á socos.
Finalmente a reação certa no momento esperado. Isabella arregalou os olhos vermelhos e arfou
antes de voltar á atenção á mão machucada, para correr os dedos pelos cortes.
– Edward... A madeira fez isso á você?... Ou foi somente a força dos golpes?
– As duas coisas. – respondeu simplesmente.
– Posso fazer alguma coisa para ajudar?... Se você fosse humano eu lavaria sua mão e passaria um
anti-séptico, mas... Você não é então não sei como cuidar de você.
Edward não soube o que mais o perturbou na frase. Se o inusitado de ter alguém disposto a cuidar
dele ou a iminência de provar-lhe o sangue. Talvez por seu silêncio ela tenha olhado em sua direção.
Quando as íris castanhas encontraram seu olhar, Edward lutava intimamente contra o desejo de
dizer com todas as letras como ela poderia “cuidar” dele. Começava a sentir sua boca se encher de
saliva somente pela possibilidade de beber dela. Contudo sabia que não devia. Provar seu sangue
não era o mesmo que ter a mão lavada com água e sabão.
– Responda-me Edward... Existe algo que se possa fazer?... Não gosto de vê-lo assim.
E lá estava a preocupação; o vampiro sentiu urgência em ser cuidado por ela. Talvez a novidade
estivesse somente encobrindo seu velho vício, mas naquele instante Edward não se importava mais.
E qual seria a novidade em ser fraco diante do apelo que o sangue dela lhe causava? Nenhuma!...
De repente percebeu que naquela manhã precisava dele não só para curar suas feridas da carne, mas
para aliviar as dores da alma; reafirmar á sua mente e seu coração que ela era somente sua. Assim
como queria sentir o desvelo da jovem por ele. Foi com a voz extremamente rouca que revelou.
– Sangue humano nos recupera rapidamente.
– Então... – ela disse sem hesitar largando sua mão e afastando o cabelo do pescoço. – Beba.
Dito isso inclinou a cabeça e esperou. Edward engoliu em seco ao mirar toda a extensão da pele
clara do pescoço oferecido á sua frente. Hipnotizado, ignorou as marcas de sua paixão e correu os
dedos pela veia que pulsava de forma frenética. Ainda tentou argumentar consigo mesmo dizendo
que provar dela em tão pouco tempo, além de não ser prudente era totalmente desnecessário, já que
logo estaria recuperado. Contudo, simplesmente precisava fazê-lo por todos os motivos que pensou
anteriormente. Então, segurando-a pela lateral oposta do pescoço, baixou a cabeça até que seus
lábios tocassem a pele lisa e morna dela para mordê-la ternamente.
Sim... Pensou em deleite ao sentir o gosto doce e familiar em sua língua, estava certo em acreditar
que Isabella se habituaria sem problemas á tudo que sua imortalidade ainda lhe traria. Bastaria
sempre regressar para seus braços e secar suas lágrimas que ela voltaria a ser a mesma jovem que o
enfrentou para ficar ao seu lado. A mesma que se ofereceu em sacrifício por acreditar que seria
melhor para ele. A mesma que ainda o atormentaria pela imortalidade por desejar que ficassem
eternamente juntos.
Enfim... Não deveria sofrer antecipadamente pela possibilidade de outro homem tentar tomá-la de
si; fosse mortal ou imortal. Pois apesar de todas as agruras existentes em seu mundo Isabella estava
nele por livre e espontânea vontade e seria sempre a sua.
***************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Já deu pra ver que os momentos tensos estão de volta... Logo Edward vai
começar á ter contato com seus inimigos e cerco vai se fechar cada vez mais. Pena que
tudo isso tenha que acontecer logo agora que estamos ás portas do final de ano. Alguma
de vcs já sabem, então agora explico para geral... Sempre faço enfeites de Natal para
vender e já estou mega atrasada na produção, então preciso me dedicar mais... Como se
não bastasse, me inscrevi em um concurso público, a prova é em setembro e preciso
estudar.
Então... mal terei tempo para escrever a fic.
Mas vou continuar fazendo, não é uma opção deixá-la parada. O que vai acontecer é que
vou passar a postar de 15 em 15 dias. =/

Aquelas que costumam seguir pela comunidade ainda terão a fic semanalmente, mas
sempre meio capítulo. Quem quiser ter o Edward em doses homeopáticas se junte á nós.
Depois do spoiler eu deixo o link da minha comunidade.

Desculpem por deixá-las tanto tempo sem o Edward, mas é msm necessário. Agora
vamos ao spoiler...

" Por vezes ele foi sarcástico com Alice... E agora que sei sobre sua imortalidade,
algumas de suas palavras passaram á fazer sentido; era como se ele também soubesse.
Impossível esperar agora. Impaciente, Edward a fez sentar-se e fez o mesmo logo em
seguida para olhá-la de frente.
O que exatamente ele disse?
Bem... Ele disse que você me tomou à força e... quando discutiu com Alice, perguntou de
que século você havia vindo para colocá-la como dama de companhia.
Isso é importante e... Preocupante.
Edward murmurou a última palavra para si mesmo, porém não baixo o suficiente que
impedisse a jovem de ouvir. Tocando sua mão para chamar-lhe a atenção, ela perguntou.
Se ele é um imortal agora, por que acha preocupante?
Porque... Edward a encarou. A pessoa que vem me perseguido pode ter se revelado á ele
e contado sobre minha condição, mas... Como o intruso poderia saber que eu realmente á
tomei á força para passar essa informação á diante? decidido á não poupá-la de nada,
prosseguiu. Nosso intruso esteve em sua sacada por duas vezes.
Esteve? ela perguntou incrédula.
Sim... ele confirmou. Da primeira vez eu estava viajando. Alice me contou quando
voltei. E da outra foi em uma das vezes que dormi com você.
Quando ela nem ao menos sabia que ele passava as noites ao seu lado; pensou. O perigo
sempre a rondou sem que soubesse. A jovem apenas suspirou, como não dissesse anda,
ele prosseguiu.
De toda forma, ele ou ela ter estado em sua sacada não explicaria como poderia saber de
meus métodos pouco ortodoxos para conquistá-la. Quando muito minhas visitas
constantes á você demonstravam minha preferência ou sua importância para mim, não
mais do que isso. Nunca alardeei aos quatro ventos o que sentia ou o que fazia para
conquistá-la. Esse assunto sempre foi restrito á Jasper e Alice."

Link da minha comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?


cmm=111760728

Bom.. é isso, conto com a compreensão de todas.. Bjus

(Cap. 51) Capítulo 22 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... o/

Olha só... Agora que estão cientes, deixo esse capítulo como o último semanal...

Obrigada á todas pela compeensão, reviews, indicações, palavras de carinho e votos de


boa sorte nas provas... :)

Bom... Capítulo novo... acho que dosado, nem tenso, nem light... uma meia calmaria
antes de começarem os perrengues...

Bom... Vamos á Obsession... Espero que gostem... :)

BOA LEITURA!

Novamente Bella rolava a mão de Edward na sua, analisando todos os detalhes das veias, da
saliência dos ossos ou da perfeição e firmeza da pele, ainda impressionada com a cicatrização
milagrosa dos cortes e o desaparecimento dos hematomas bem diante de seus olhos somente por ele
ter provado um pouco de seu sangue. “Edward provando seu sangue”... A lembrança provocou
arrepios por seu corpo.
– O que houve? – ele perguntou imediatamente também absorto na mão que ela analisava.
Como se ele não soubesse; pensou Bella. Mesmo sabendo que a resposta era conhecida, disse
casualmente.
– Nada demais... Ainda a mesma surpresa por ver sua mão recuperada.
– Ah... – ele exclamou simplesmente.
Após o breve diálogo ficaram mais uma vez em silêncio. Por ora era melhor assim, visto que
excitar-se nos próximos dias não era o recomendado, segundo Edward. Esse fora seu pedido logo
após tê-la mordido. Não poderia reclamar; a culpa era sua. Evidente que, mesmo com o clima tenso
pós pesadelo e a descoberta da imortalidade de Paul e toda sua preocupação por seu noivo, não
deixaria de excitar-se ao ser mordida por ele. Sentir os lábios frios sugando seu pescoço sempre
seria, disparado, uma das coisas mais excitantes para ela.
Edward bebeu pouco, duas sugadas apenas. Somente o necessário para curar definitivamente sua
mão, porém por tempo suficiente para inflamá-la. Então, como havia acontecido nas últimas horas,
se ofereceu á ele. Tudo que conseguiu foi um beijo apaixonado e uma nova “recomendação” para
que se comportasse, afinal ele já a machucara demais, sua pele estava marcada, seu corpo fraco e
uma infinidade mais de mazelas enumeradas por um Edward também excitado, porém comedido.
Ao final do discurso, ele lhe garantiu que seria por poucos dias, caso lhe obedecesse. Bom... Á ela
restava realmente se comportar, mesmo que fosse extremamente complicado.
Depois que a mão estava intacta e o assunto “desejo desenfreado” encerrado, Edward se banhou e,
de volta ao quarto vestido e limpo, se deitou ao lado dela insistindo para que voltasse á dormir.
Alegou que estavam cansados e que teriam muito tempo para conversar sobre o ocorrido durante
sua saída quando despertassem. À Bella restou acatar sua decisão, mesmo não acreditando que
conseguisse conciliar o sono novamente. Contudo, bastou recostar-se junto ao corpo dele –
momentaneamente morno devido ao banho – e Edward começar a entoar a canção que havia tocado
ao piano para que o cansaço causado pela tensão e a angustia da espera se apoderasse seus membros
e mente fazendo-a dormir quase que imediatamente.
Quando acordou, por volta das onze horas, Edward já se encontrava desperto. Na verdade Bella
tinha dúvidas que ele tenha dormido, mesmo que dissesse o contrário. Tomaram café na cozinha,
por determinação dele, sob o olhar curioso de Carmem que terminava de preparar o almoço
apressadamente – sairia com John á tarde. A jovem percebeu naquele instante o que Edward estava
fazendo. Ele evitava ficar á sós com ela, tanto que até se sujeitou á “roer” duas torradas, assim
como tomar uma xícara de café diante da empregada, ao invés de deixar que ela arrumasse a mesa
da sala como a mulher havia sugerido.
– Não se incomode com isso, Carmem. – Edward dissera. – Pode nos servir aqui mesmo. Não quero
atrasá-la.
Bella apenas se sentou á mesa e começou á observá-lo. Infelizmente descobriu que não era sempre
que passeava pela mente dele. Não conseguiu decifrar o que ia em seu íntimo, somente percebeu o
obvio de que ele não queria conversar sobre um rábula imortal com ela. Nesse caso o entedia, mas
sabia ser inútil fugir do tema. Cedo ou tarde ele viria á tona. Bom... Talvez fosse no “tarde” da frase,
pois Edward era realmente bom em distrações. Ele já havia levado a jovem para um passeio por
parte de seu imenso jardim. Onde, ao chegarem aos vasos de lírios de John, seu futuro marido
colheu um e entregou á ela dizendo seu significado logo em seguida; ingenuidade e pureza. Mais
uma vez recado dado; nada de sexo.
Depois a levou até a garagem onde consertou um defeito – inexistente ao ver de Bella – em sua
moto. Mais uma vez ela se perguntou como deveria ser pura e ingênua tendo em seu campo de
visão uma maquina perfeita cuidando de outra. Era pedir demais á pobre mortal. Uma hora depois
de apertos e afrouxamentos de parafusos e explicações sobre a marca e modelo da moto, Edward a
levou para dentro de casa. O vampiro tocou piano para ela, sem duvida o melhor momento da tarde
que agora caminhava para seu fim de forma arrastada. Depois de praticamente obrigá-la á almoçar,
Edward a levou para a sala de TV. E era ali que se encontravam; deitados no grande sofá, cada um
deles imerso em seu próprio pensamento, sem prestar a mínima atenção ao que passava no canal de
notícias.
Bella estava realmente admirada com a mão. Sabia dessa capacidade de recuperação, pois havia
visto seu pescoço dilacerado por Rosalie antes de seu desmaio para vê-lo totalmente recuperado
quando despertou em sua cama na mal fadada noite em que descobriu a verdade sobre ele. O
impressionante dessa vez foi que pôde ver com seus próprios olhos o clareamento da pele assim
como o fechamento dos cortes mínimos. A jovem sentia-se satisfeita por ter feito algo para ajudá-lo.
Agora tudo que queria era saber o que de fato havia acontecido em sua busca por Paul, mas não
sabia como tocar no assunto. Queria entender o que desencadeara tamanha fúria para que se sentisse
compelido á derrubar uma árvore á socos. Dessa vez seu corpo estremeceu diante da visão incrível
que deveria ser Edward á fazer tal proeza.
– O que foi agora Isabella? – o tom de Edward lhe pareceu levemente divertido, mas não poderia ter
certeza. – Ainda impressionada?
A jovem respirou profundamente decidindo que já era hora de abordar o tema espinhoso.
Cautelosamente começou pela verdade.
– Na verdade não... – com a ajuda de sua outra mão, fez a dele se dobrar em punho. Percebendo sua
intenção ele manteve-a firmemente fechada. – Estava tentando “ver” uma mão tão comum... –
repentinamente interrompeu-se para esclarecer. – E por comum entenda aparentemente normal, pois
nada em você é comum...
Edward riu mansamente.
– Eu havia entendido, mas obrigado pelo elogio mesmo assim.
– Certo... – ela prosseguiu. – Além de tentar “imaginar” a cena, queria entender o que agravou sua...
“irritação” para que derrubasse a pobre árvore e se machucasse daquela maneira.
O vampiro ficou em silêncio novamente. Erguendo o rosto para olhar o dele, Bella viu que Edward
não mais sorria; estava sério. Quase carrancudo. Imediatamente soltou-lhe a mão e começou a
acariciar o vinco em sua testa.
– Como havia dito. – ele começou, fechando os olhos ao carinho. – A cidade ficou extremamente
pequena para mim e o rábula. Senti-me frustrado por não tê-lo encontrado e lhe dado o fim que
merecia.
Dessa vez Bella tentou controlar-se para que não estremecesse ás palavras.
– Bom... Não vou negar que preferi dessa maneira. Você não sabia se ele estaria sozinho ou
acompanhado por quem o transformou...
– No momento não me importava. – Edward disse sinceramente. – Perdoe-me a sinceridade, mas
quero apenas vê-lo morto.
Impossível que seu corpo não reagisse á declaração. Mesmo que agora odiasse o ex com todas as
suas forças e ele tivesse se tornado um assassino, não via sua morte com naturalidade. Contudo
sabia que deveria se habituar á idéia, assim como tentar ser confiante e permanecer tranquila, pois
era evidente que Edward não mediria esforços para, segundo ele, dar á Paul o “fim que merecia”. A
idéia de ver os dois se engalfinhando até a derrota e destruição de um deles a inquietava.
Controlando os tremores, disse.
– Pois saiba que sempre vai importar para mim; não quero que nada de ruim lhe aconteça.
– Não vai acontecer nada á mim. Prometo.
– Vou tentar acreditar em você, até porque, agora que não o encontrou dará tempo de Jasper e Alice
voltarem. Mas antes você não tinha garantias; posso dizer por experiência própria que agir no calor
das descobertas na maioria das vezes não dá certo.
– Talvez eu tenha mais experiência nesse sentido do que você. – ele disse carinhosamente
segurando sua mão e a encarando. – Mas saber muitas vezes não nos coloca freio, pois também é
verdade que agir “no calor das descobertas” nos torna mais determinados e fortes.
Edward tinha razão e suas palavras mostraram á ela o absurdo da situação. Sem que pudesse evitar
sorriu para reprimir um riso que se formava, totalmente fora de hora. Ao ver sua súbita mudança,
Edward perguntou franzindo o cenho.
– O que eu disse de engraçado?
– Não foi o que você disse. – ela respondeu ainda reprimindo o riso. – E sim o inusitado da
situação. É absurdo falar sobre “experiências” com você. As minhas caberiam em um guia rápido de
bolso enquanto que as suas com certeza preencheriam uma enciclopédia de dez volumes.
– Não sei se gosto da analogia que me lembra o quanto sou velho... – disse primeiramente
simulando consternação, então lhe sorriu abertamente. – Mas é sempre bom relembrar o quanto é
capaz de me divertir quando menos espero... E mais preciso.
Diante da intensidade de seu comentário, todo instante de graça se foi. Jamais se importaria que ele
se divertisse com seus comentários, mas aquele não era o momento. Não queria entristecê-lo
novamente, contudo queria que ele aproveitasse a distração para mudar de assunto, então disse lhe
sorrindo mansamente.
– É um prazer diverti-lo “senhor”!... – depois de lhe piscar completou receosa. – Mas agora que a
esquete se encerrou, preciso lhe perguntar algo sério.
– Pergunte.
– Bem... Eu queria saber se você faz idéia de quem possa ter o transformado?
– Ainda não. – Edward respondeu pensativo.
O vampiro lhe era grato por distraí-lo, mas sabia que não poderia se deixar levar por aquele instante
de descontração então, após a pergunta pertinente liberou um suspiro profundo de pura frustração.
Enquanto Isabella dormia em seus braços naquela manhã sua mente vagou por todas as duvidas e
diferentemente dela não conseguiu conciliar o sono. Apenas se valeu de sua proximidade e aparente
tranquilidade para manter o próprio espírito apaziguado. Não fosse a presença dela enlouqueceria,
desse fato tinha inteira certeza. No mais, suas perguntas não lhe deram trégua e novamente não
obteve respostas satisfatórias.
Agora seu principal suspeito era James, pois além ter sido colega de sala do imprestável, fora ele
que havia levado o rábula ao hospital. Fora o fato de já ter intercedido por ele no episódio em que
Edward o mandou saltar pela janela. Agora, até aquela interferência parecia ter outro significado.
Talvez seu colega de profissão tenha anulado sua ordem antes mesmo de telefonar á Jasper usando a
contra ordem de seu amigo somente como fachada. Exasperado, Edward fechou os olhos e liberou
outro suspiro.
– Divida comigo Edward... – Bella pediu gentilmente. – Não posso ajudá-lo, mas como você disse
sobre meu pesadelo, contar ás vezes ajuda.
– Sei disso... – ele lhe sorriu novamente agradecido abrindo os olhos para encará-la, mas voltou a
ficar sério logo em seguida. – É que a falta de elementos me aborrece. Odeio essa inutilidade...
Sinto-me preso e isso me irrita.
– Entendo perfeitamente. Mas me diga... Tem algum suspeito?
– O primeiro que me vem á mente é James, mesmo que tudo que sei sobre ele não passe de
conjecturas. Talvez ele ter sido colega de sala do rábula não seja relevante.
– Foi ele que o levou ao hospital, não foi? – perguntou Bella na dúvida.
– Sim... Mas não ficou lá com ele. Quando Jasper prestou contas sobre o atendimento ao rábula,
disse que James estava de volta logo depois de tê-lo deixado no Belleveu. Mas algo me diz que
alguma coisa importante aconteceu nesse meio tempo. Alice tentou contar-me detalhes de sua
conversa com ele, mas eu não tinha cabeça para ouvi-la. – Edward não teria cabeça para tanto na
ocasião.
– Bom... – Bella começou receosa. – Não sei o que Alice desejava lhe contar, mas talvez eu possa
ajudar... Tem alguma idéia do que poderia ter chamado a atenção dela?
– Não saberia dizer. – então, baixando os olhos para ela, disse em tom acusador. – Mas você talvez
tenha notado algo de diferente... Afinal o conhece tão bem.
A jovem sentiu o coração gelar como sempre acontecia ao sentir notas de ciúmes em seus
comentários. Edward não precisava senti-lo.
– Ledo engano... – disse sem nenhuma conotação especial á voz. – Hoje sei que jamais o conheci...
Agora... Baseada no pouco que sei sobre ele, eu estranhei a frieza. Ele sempre foi comedido;
educado, mas havia algo estranho.
– Sempre comedido e educado... – Edward repetiu de mal humor. – Você não está levando em conta
o ocorrido na minha sala, não é mesmo? Ele empurrou você.
Edward pôde sentir seu peito protestar com á lembrança. Como se tivesse ouvido algo, Isabella
pousou a mão espalmada sobre ele.
– Bem... Você tem que admitir que a situação era inusitada... – antes que ele lhe respondesse, ela
prosseguiu. – Mas não foi o que me chamou a atenção. Em sua sala a atitude era esperada diante do
que viu e justamente por isso que achei estranha a impassibilidade.
– Isso não significa nada para mim. – disse Edward contrariado.
Esteve fugindo daquele assunto justamente por não querer que Isabella ocupasse sua mente com as
lembranças do rábula. Tal ciúme chegava a ser insano de sua parte, mas não conseguia evitar.
Preferia esperar por Alice e saber dela o que havia acontecido no maldito hospital. Contudo ao que
tudo indicava, Isabella estava realmente disposta á ajudá-lo. O vampiro se encontrava em uma
encruzilhada... Queria desesperadamente descobrir algo novo, mas estava odiando ouvir a jovem
enumerar as qualidades de seu rival. Havia decidido esperar pela vampira quando a jovem disse.
– Por vezes ele foi sarcástico com Alice... E agora que sei sobre sua imortalidade, algumas de suas
palavras passaram á fazer sentido; era como se ele também soubesse.
Impossível esperar agora. Impaciente, Edward a fez sentar-se e fez o mesmo logo em seguida para
olhá-la de frente.
– O que exatamente ele disse?
– Bem... Ele disse que você me tomou “à força” e... quando discutiu com Alice, perguntou de que
século você havia vindo para colocá-la como dama de companhia.
– Isso é importante e... Preocupante.
Edward murmurou a última palavra para si mesmo, porém não baixo o suficiente que impedisse a
jovem de ouvir. Tocando sua mão para chamar-lhe a atenção, ela perguntou.
– Se ele é um imortal agora, por que acha preocupante?
– Porque... – Edward a encarou. – A pessoa que vem me perseguido pode ter se revelado á ele e
contado sobre minha condição, mas... Como o intruso poderia saber que eu realmente á tomei á
força para passar essa informação á diante? – decidido á não poupá-la de nada, prosseguiu. – Nosso
intruso esteve em sua sacada por duas vezes.
– Esteve? – ela perguntou incrédula.
– Sim... – ele confirmou. – Da primeira vez eu estava viajando. Alice me contou quando voltei. E da
outra foi em uma das vezes que dormi com você.
Quando ela nem ao menos sabia que ele passava as noites ao seu lado; pensou. O perigo sempre a
rondou sem que soubesse. A jovem apenas suspirou, como não dissesse nada, ele prosseguiu.
– De toda forma, ele ou ela ter estado em sua sacada não explicaria como poderia saber de meus
métodos pouco ortodoxos para conquistá-la. Quando muito minhas visitas constantes á você
demonstravam minha preferência ou sua importância para mim, não mais do que isso. Nunca
alardeei aos quatro ventos o que sentia ou o que fazia para conquistá-la. Esse assunto sempre foi
restrito á Jasper e Alice.
Bella estremeceu com as palavras, não queria se tornar paranóica e muito menos deixar de confiar
em Alice, assim como não queria que Edward pensasse o mesmo.
– Edward, você não está pensando que...
– Evidente que não! – ele a cortou antes mesmo que terminasse. – Confio nos dois.
Ainda mais impaciente Edward se pôs de pé e começou á andar de um lado ao outro. Houve uma
pessoa que soube de seu interesse; na verdade, de seu amor. Rosalie ouviu Alice citá-lo dias antes
do baile. O vampiro bufou a passou as mãos pelos cabelos; exasperado. Como tudo que tinha até o
momento, a lembrança em nada acrescentava. A vampira vadia sabia de seu sentimento, mas não de
suas armações ou induções. Somente o conhecimento delas é que justificaria o rábula saber que ele
havia roubado Isabella á força. Como disse á ela, confiava cegamente no casal então... Como e
quem mais poderia saber?
– Edward, por favor, pare!... Está me deixando nervosa.
– Perdoe-me! – disse parando á sua frente com a testa vincada. – Mas simplesmente não consigo
ficar parado.
Sem acrescentar mais nada, saiu da sala á passos largos. Curiosa com que rumo ele tomaria e
temendo que Edward saísse novamente á caça de Paul, Bella o seguiu. O vampiro passou direto pela
sala se dirigindo á porta. Caminhava tão rápido que a jovem teve que correr para alcançá-lo;
alarmada àquela altura. Se ao ganhar o quintal Edward partisse em disparada ela jamais saberia para
onde ele havia ido. Acelerando o passo, chegou ao alpendre com o pedido para que ficasse pronto
em sua boca. Estava prestes a implorar ao vazio, quando o viu tomar o caminho dos jardins, não da
rua.
Seu alívio durou somente um segundo ao perceber que a direção tomada não mudaria em nada caso
ele estivesse disposto á sair. Seu noivo escalava prédios!... O que seriam alguns murros para ele?...
Simples obstáculos em uma pista de corrida. Ao pensamento, correu atrás de Edward. Contornou
pelos caminhos que ele havia lhe apresentado mais cedo, mesmo o tendo perdido de vista. Dizia a si
mesma que era inútil persegui-lo quando viu a camiseta que ele estava usando largada ao chão.
Com as sobrancelhas unidas se abaixou para pegá-la. Agachada como estava, viu a calça logo á
frente; não pôde vê-la antes porque a folhagem das plantas de John encobria seu campo de visão.
Erguendo-se foi até ela e, antes de abaixar-se para pegá-la, viu a última peça tirada por Edward.
Ninguém poderia vê-lo, mesmo assim a jovem se perguntou o que o maluco estaria fazendo nu no
jardim ao avistar a boxer preta. Alarmada, rapidamente pegou a calça e a peça intima mais á frente e
levantou-se para olhar em volta, ficando nas pontas dos pés na tentativa de ver além as plantas.
Conseguiu enxergar-lhe a cabeça acobreada em uma parte do quintal que ele não lhe mostrou.
Sem nem pensar correu até Edward, com o coração ainda aos saltos pelo temor passado de que ele
saísse alterado daquela maneira. Chegou próximo de onde ele estava em tempo de flagrá-lo no final
de seu salto quando mergulhou na grande piscina retangular. Ao vê-lo atingir a água todos seus
pelos se eriçaram provocados por um frio psicológico. Estavam quase no final do outono, logo seria
inverno. Há várias noites as temperaturas estavam baixas além da média. A água daquela piscina
devia estar á uns dois graus; isso na dedução mais otimista. Bella teve outro estremecimento
somente por imaginar a sensação térmica.
Abraçando as roupas dele junto ao próprio corpo na tentativa de acalmar os tremores de seu frio
imaginário, acercou-se da piscina e, sem desprender os olhos de Edward, foi se sentar em uma das
cadeiras de madeira disposta no deck. Estava úmida, porém a jovem sequer notou. Já havia se
esquecido de intrusos em sua sacada, desaparecimentos e mortes. Encontrava-se hipnotizada pelas
braçadas vigorosas de seu noivo; a marca em suas costas. O vampiro continuou á nadar como se ela
não estivesse ali; o que foi oportuno. Uma vez que não estava atrapalhando, ela permitiu-se ficar.
Em determinado momento Bella não sentia mais frio, porém não conseguia conter os tremores,
agora causados não só pela visão das braçadas, mas sim por todo o corpo nu de Edward; ele
realmente era um deus.
O vampiro nadava de um lado ao outro na tentativa de pacificar sua mente. A intenção era acalmar
também o corpo, mas com Isabella tão perto a seguir seu nado daquela maneira a missão se tornou
impossível. Então, valendo-se do calor que ela lhe provocava, deixou-se aquecer por seu olhar e
tentou somente esfriar os pensamentos. Era de suma importância que pensasse friamente. As
descobertas do dia somente agravaram a situação de um modo geral. Se perdesse o controle agora
nada poderia fazer futuramente.
Repetindo esse pensamento á si mesmo várias vezes, deixou que a água corresse por seu corpo até
que levasse a inquietação que ameaçou consumi-lo enquanto estava andando em círculos pela sala
de TV. Sua vontade real era sair, pois começou a se sentir sufocado. Contudo imediatamente após a
idéia, se lembrou do estado que encontrou Isabella pela manhã. Não desejava preocupá-la daquela
maneira duas vezes no mesmo dia então, nadar lhe pareceu ser a solução satisfatória e agora via que
havia sido eficaz. Sabia que o efeito era paliativo, então o melhor á se fazer era novamente bloquear
o assunto até que Jasper e Alice voltassem para que juntos decidissem o que fazer. Isabella poderia
ser mesmo inexperiente se comparada á ele, mas tinha razão; agir de cabeça quente pode tê-lo
tornado determinado, mas não fora prudente.
Após alguns minutos, que para Bella pareceram séculos, as braçadas de Edward perderam
intensidade e velocidade. Ele ainda deu duas voltas lentas de uma ponta á outra antes de olhar e
seguir em sua direção. Quando chegou á sua frente, ergueu o corpo e apoiou os braços, cruzando-os
na borda da piscina. A jovem precisou ordenar a si mesma que respirasse. Nem se lembrou do
quanto Edward estaria frio. Lindo como estava tudo que lhe passava á cabeça era juntar-se á ele.
Tudo que seu cérebro registrou foram os músculos flexionados dos braços, o peito ainda mais
cheiro com os pelos grudados ao corpo e seu sorriso torto que deveria ser proibido por lei.
Aparentemente estava calmo e Bella determinou que não tocaria mais no assunto sobre a
transformação de Paul até que ele próprio voltasse á fazê-lo.
– Nunca vai perder essa mania de ficar encarando, não é mesmo? – ele perguntou divertido.
Bella piscou algumas vezes despertando do transe. Imediatamente se lembrou do que culminou
naquela ida á piscina e sentiu-se aliviada por confirmar que ele estava com o humor melhor; mesmo
que fosse temporariamente. Entrando no clima retrucou fingindo seriedade.
– Se o incomodo, prometo parar de encará-lo se você também prometer não me encarar enquanto
como.
– E quem disse que eu me incomodo? – perguntou com um sorriso malicioso.
Sem prévio aviso tomou impulso e saiu da piscina sem nem se importar com sua nudez. A jovem
prendeu a respiração sentindo seu rosto queimar e em um ato reflexo virou os olhos para o lado.
Quando Edward parou exatamente ao seu lado, ela os fechou. Porém não antes de ver o membro
que, mesmo inerte, tinha o poder de provocar calafrios ao longo de sua coluna. Se a
“recomendação” era para que não se excitasse, por que ele fazia aquilo com ela?
– Estava começando á sentir falta dessa sua covardia. – ele disse rindo de sua atitude.
– Acredite... – ela começou lhe estendendo as roupas que recolhera. – É apenas senso de
preservação.
Finalmente satisfeito por ter conseguido se acalmar, Edward riu ainda mais e pegou as roupas que
ela lhe passava. Novamente sua bruxa tinha razão, á muito que a covardia dela havia diminuído. E
fora “dele” a idéia de preservá-la, então não devia provocá-la. Contudo fazê-lo era algo muito mais
forte do que ele. Queria que Isabella o olhasse, admirasse, desejasse. Se todas as outras mulheres o
faziam, por que não a sua?
Dizendo á si mesmo que já tinha tudo isso dela, vestiu a boxer, a calça e a camiseta em seu corpo
molhado sem deixar de olhá-la. Não pôde deixar de se lembrar que da última vez que nadou naquela
piscina ainda almejava a morte por tê-la perdido. Tantas coisas haviam acontecido em tão pouco
tempo. Mas aquilo não deveria ser novidade, era sempre assim quando estava com ela. Então,
afastou o pensamento para que não se inquietasse novamente. Era preciso manter as coisas leves
entre eles e em sua mente.
Ao pensamento, sorriu enternecido para a jovem que ainda estava com o rosto ligeiramente voltado
em outra direção com os olhos firmemente fechados. O falso pudor despertou o desejo de provocá-
la mais uma vez; sem pensar uma segunda Edward se aproximou ainda mais e, depois de levar as
mãos ao cabelo agitou-o freneticamente fazendo com que as gotas caíssem sobre Isabella.
– Ei!... – ela exclamou em protesto se pondo de pé de um salto indo parar perigosamente á borda da
piscina e olhando em sua direção acusadoramente. – Essa água está fria sabia?
– Excelente para acalmar os ânimos... Faria bem até para seu “senso de preservação”... O que me
diz?
– Sobre o quê?... – ela perguntou sem conter um sorriso incrédulo. – Está sugerindo que eu nade?
Edward fingiu pensar, divertindo-se com o receio dela.
– Talvez fosse interessante vê-la nadar nua.
Bella arregalou os olhos castanhos para ele, abriu e fechou a boca sem saber o que dizer. Então,
prestando atenção aos olhos verdes viu o obvio; Edward estava brincando com ela. Sorrindo
aliviada, disse.
– Pumft!... Quase acreditei em você.
Edward estava adorando provocá-la, por isso disse sério.
– E quem disse para não acreditar?
Dito isso avançou em sua direção.
– Edward não se atreva! – ela ordenou com o dedo em riste, tentando esquivar-se.
Tão ameaçadora quanto uma gatinha diante de um leão, Edward associou divertido. De repente seu
instinto falou mais alto e o vampiro desejou que ela realmente tentasse fugir dele. Seria excitante
caçá-la por seu jardim mesmo que somente exigisse alguns beijos como pagamento pela libertação.
Com o pensamento avançou mais um passo.
– Vamos lá... Eu ajudo á despi-la.
– Eu passo essa...
Ao responder, Isabella se voltou para finalmente fugir dele. Porém o movimento foi brusco e
desajeitado. A jovem se enroscou nas próximas pernas e em seu desequilíbrio tombou em direção á
piscina. Edward tentou salvá-la, mas o piso úmido do deck não ofereceu apoio aos seus pés. Tudo
que conseguiu foi cair abraçado á ela.
O incidente aconteceu tão rápido que Bella nem teve tempo de gritar de susto ou por socorro.
Apenas sentiu o temor por saber o que lhe aguardava e se preparou para o pior prendendo a
respiração. Enquanto caia em direção ás águas congelantes teve o corpo envolto pelos braços de
Edward, mas isso não impediu que o ar lhe faltasse ao mergulhar quase até o fundo da piscina por
causa do peso extra. Sem que pudesse evitar, destravou os lábios e engoliu um gole da água
extremamente fria que enregelava sua alma e atravessava seu corpo como milhares de punhais.
Subitamente não mais sentia a água á sua volta, mas o frio tornou-se ainda mais cortante quando o
vento passou a soprar em sua direção. Ao respirar tossiu copiosamente por ter se engasgado com o
gole de água; seu queixo tremia. Assim que teve coragem de olhar em volta, viu que realmente não
estava na piscina e que não era o vento que soprava e sim Edward que o provocava com sua corrida
em direção á casa. Tremendo violentamente, ela fechou os olhos mais uma vez e só os abriu quando
foi colocada de pé e empurrada para baixo do jato de água quente do chuveiro ainda vestida.
– Perdoe-me Isabella. – Edward pediu visivelmente abalado. – Não era minha intenção que caísse
na água.
Ela sabia que não era, queria dizer-lhe que estava tudo bem, mas as palavras não saiam. Seu queixo
batia e sua garganta estava travada e um pouco dolorida por causa do engasgo, mas sabia que
quando voltasse a respirar pausadamente melhoraria. O pior eram os tremores; estava sob a água
quente, contudo era como se o frio estivesse em sua alma. Sim, deveria explicar isso á ele, mas no
momento ainda não conseguia. Sem esperar que lhe respondesse, Edward começou a tirar suas
roupas molhadas. A jovem notou que nenhuma nota de desejo passou por seus olhos. Ele estava
verdadeiramente preocupado; não gostava de vê-lo daquela maneira. Por que teve que ser tão
desastrada?
Edward tinha vontade de bater em si mesmo depois da brincadeira idiota. Onde estava com a cabeça
para provocá-la daquela maneira á beira de uma piscina rodeada de madeira escorregadia? Ainda
mais com o tempo horrível como estava. Irresponsável!... Não estava cuidando de Isabella; pensou
com o coração aflito. Estava tentando matá-la aos poucos, isso sim. No auge de sua preocupação,
pela primeira vez, não se excitou ao vê-la nua. Antes disso, Isabella pareceu ainda mais frágil e
desprotegida trêmula daquela maneira. E para piorar havia as malditas marcas feitas por ele. Mil
vezes irresponsável!
– O que mais posso fazer? – perguntou acariciando os cabelos molhados dela. – Posso encher a
banheira com água quente. – sugeriu.
Parcialmente recuperada, Bella acenou negativamente com a cabeça e balbuciou.
– C-chega... de... á-água...
Quando ela fez menção e sair da pressão do jato, Edward da segurou no lugar.
– Ainda está tremendo de frio. – ele disse com o cenho franzido.
– P-por favor...
Bella realmente não queria mais ficar sob o jato. O frio estava passando lentamente e já não tremia
tanto assim. Além do mais, a água quente estava incomodando sua pele sensível; o melhor era
agasalhar-se. Logo estaria bem, com certeza ainda ririam do episódio.
– E-estou bem... S-sério. – disse tentando sorrir.
Ainda com o cenho franzido, Edward a atendeu. Desligou o chuveiro, retirou-a do Box e alcançou a
toalha para secá-la; a jovem não ousou protestar. Primeiro ele secou seus cabelos tirando todo o
excesso de água. Em seguida passou a secar seu corpo com cuidado exagerado. Logo o coração da
jovem começou a bater mais rápido. Ainda tremia, mas não sabia mais se de frio ou pelas sensações
que começavam a despertar em seu íntimo. Ter o tecido felpudo deslizado em sua pele de forma tão
delicada estava aquecendo-a mais que qualquer outro método. Quando Edward passou a toalha por
seus seios os bicos já estavam endurecidos. Foi inevitável gemer levemente quando as descargas
liberadas pelo toque refletiram diretamente em seu sexo.
Isabella o confundia; mas qual a novidade?... Sua mente estava mergulhada em um turbilhão.
Sentia-se terrivelmente culpado pelo ocorrido e, enquanto pensava que a jovem também o
recriminava – pois nem ao menos lhe desculpou quando pediu perdão – ela se mostrou excitada,
fazendo com que seu próprio corpo respondesse á ela. Diante desse comportamento, Edward já não
sabia mais quem era o irresponsável naquela relação. Os dois eram loucos, essa era a verdade.
Como cuidaria dela daquela maneira; perguntou enquanto seu coração se acalmava gradativamente.
– O que eu faço com você Isabella? – ele perguntou entre sério e divertido.
– M-me beije...
– Estou gelado. – respondeu mesmo sabendo que cederia.
– N-não precisa me abraçar... S-só me beija...
Novamente Edward franziu a testa; como se sofresse antecipadamente pelo que faria. Então correu
uma das mãos pela nuca da jovem e aproximou as cabeças para beijá-la. Iniciou levemente, roçando
as bocas, mordiscando o lábio inferior. Bella gemeu em expectativa, incentivando-o. Aquele contato
ajudava a esquentar seu corpo, fazendo seu coração bater mais rápidos bombeando sangue em suas
veias de forma acelerada. Para demonstrar que queria mais, ela lambeu a boca masculina.
Edward liberou um grunhido baixo e, depois e girá-la, arrumou a toalha no tampo da pia e sentou
Isabella sobre ela. Sem desprender os olhos dela, retirou a camiseta encharcada de seu corpo
ficando com o dorso nu antes de se posicionar entre suas pernas e apoiar as mãos na borda da pia.
Quando as bocas se encontraram novamente, Bella o segurou pelos cabelos molhados para que não
se afastasse. Os fios não estavam gelados, provavelmente aquecidos pelo vapor liberado durante seu
banho. Acreditando ter acontecido o mesmo com o corpo de Edward, ela tocou seus ombros.
Estavam praticamente da temperatura de sempre. Com um gemido, tentou aproximar-se, mas ele a
deteve.
– Nada de abraços. – lembrou com a boca na sua.
Dito isso aprofundou o beijo, forçando passagem por seus lábios com a língua. Bella não protestou,
deixou-se beijar e aquecer com a excitação que ele lhe provocava. Edward explorou cada canto de
sua boca, antes de passar a beijar seu rosto e descer os lábios por seu pescoço. A jovem tombou a
cabeça para trás para que ele tivesse melhor acesso.
– Sabe que não é certo se oferecer assim á um vampiro, não sabe? – ele perguntou roucamente sem
afastar os lábios de sua pele.
– Não é certo quando não se quer ser mordida...
Ás suas palavras Edward gemeu, lambeu demoradamente a base de seu pescoço e depois roçou os
dentes, mas sem mordê-la. Somente a encenação teve o poder de transformar sua excitação em um
latejar dolorido. Podia sentir a umidade entre suas pernas.
O cheiro de Isabella o enlouquecia e continuar a provocá-la não estava ajudando em nada. Se vê-la
se oferecer daquela maneira já despertava sua vontade de sangue, encenar a mordida pôs sua
garganta em chamas e fez a ereção contida pela calça jeans pulsar clamando por ser liberada.
Mesmo sabendo ser masoquista de sua parte, desceu seus lábios pelo vão dos seios dela. Podia ouvir
o coração jovem batendo descompassadamente assim como sentia a pele, agora quente, em sua
boca.
Todo o frio havia passado e quando a boca de Edward cobriu um de seus seios seu corpo
praticamente ficou em chamas. Experiente, ele começou a rolar o mamilo em sua língua arrancando
gemidos cada vez mais altos dela. Quando Edward passou á chupá-lo delicadamente, Bella passou a
mover o quadril comprimindo-se contra a toalha a procura de atrito em sua fenda dolorida; mas o
contato era insatisfatório.
– Me ame Edward... – pediu em um lamento.
O vampiro grunhiu e tocou suas coxas, então deslizou as mãos pela lateral de seu corpo até chegar
aos seios para empiná-los ainda mais. O toque extremamente delicado tinha o poder de enlouquecê-
la tanto quanto seu massagear mais vigoroso. O sexo dela implorava por atenção; por ser
preenchido.
– Por favor, Edward... – ela choramingou em agonia. – Faz amor comigo...
– Não posso. – ele disse antes de voltar á beijá-la. E com a boca sobre á dela, completou. – Mas
posso lhe dar algo.
Sim, Edward podia fazer algo por ela. Seria mais dolorido que a morte reprimir seu desejo como
havia feito pela manhã, mas não a forçaria á voltar atrás daquela vez. Então, ignorando seu membro
que implorava por estar dentro dela, aprofundou o beijo e desceu as mãos novamente para os seios
intumescidos de Isabella. Uma delas passou á acariciá-la delicadamente enquanto que a outra seguiu
caminho pelo ventre liso até chegar á sua umidade. Quando tocou aquele ponto sensível, a jovem
arfou em sua boca provocando um gemido em sua própria garganta. Não a penetrou com os dedos,
apenas estimulou-a carinhosamente até que o orgasmo estremecesse seu corpo.
– Edward... – ela gemeu e se agarrou á ele.
Naquele momento para Edward somente existiam os dois; somente assuntos relacionados á eles. O
vampiro se deixou abraçar e fechou os olhos ao contato dos seios dela contra seu peito. Sentir os
tremores do corpo quente junto ao seu foi a prova de fogo para seu autocontrole. Seu desejo por ela
implorava para ser aplacado, seu membro dolorosamente rígido pulsava indócil preso pelo jeans
molhado, mas nada podia fazer. Aquela fora sua escolha, então era preciso aprender a controlar-se
diante de suas vontades extremas.
Ainda abraçada á ele, Bella passou a distribuir pequenos beijos ao longo de seu pescoço. Passeou as
mãos pelo peito coberto de pelos, provocando um gemido de Edward. Sorriu satisfeita. Entendia
que ele não descumpriria sua recomendação, mas estava contente que tenha encontrado uma
maneira de satisfazê-la; mesmo que incompletamente. Sabia que ele sofria por sua própria restrição,
então pensou em retribuir. Porém, quando insinuou uma das mãos para seu abdômen, Edward
imediatamente a deteve.
– Não sou um maldito adolescente Isabella. – disse rouca e seriamente capturando sua mão e
pousando-a sobre o coração. – Agradeço a atenção, mas é desnecessária.
– Tenho certeza que não é... – ela disse olhando-o de frente. – Só queria poder fazer o mesmo que
fez por mim...
Edward a beijou sem respondê-la. Ainda excitado, imaginou como seria prazeroso ter sua mão
pequena manipulando-o ou até mesmo sua boca quente, mas se conhecia, por mais tentador que
fosse o oferecimento, não seria suficiente. Melhor pararem enquanto ainda havia tempo. Depois de
beijá-la mansamente, depositou dois beijos leves em seus lábios e se afastou, porém manteve as
mãos na borda da pia ao lado dela.
– Posso acreditar que está recuperada do banho frio?
Bella olhou nos olhos verdes pesarosa. Sabia que ele sofria, mas decidiu que era melhor fazer como
ele determinava. De toda forma, aquele era um dos ônus por insistir em deixá-la frágil, até que o
convencesse do contrário, teria que se habitar á várias situações como aquela. Sem contar que já
conhecia o suficiente de sua obstinação para tentar demovê-lo repentinamente. Sensato seria
aproveitar que o clima tenso começava se dissipar e acalmar os ânimos.
– Totalmente recuperada, obrigada.
Edward a fez descer da bancada e a enrolou na toalha, olhando-a com o semblante carregado, pediu.
– Não me agradeça. A culpa foi minha por ter caído na piscina.
– Foi apenas um acidente. – ela disse tocando seu coração. – Não há culpados.
O vampiro não lhe respondeu novamente. Ao invés disso pegou-a no colo e levou até a cama onde a
sentou. Imediatamente se agachou á sua frente e tomou um de seus pés para analisá-lo.
– Bateu na borda da piscina?
– Não – ela disse simplesmente.
– Tem certeza? – então pegou o outro pé.
– Tenho... – disse tocando seu ombro. – Edward, não se preocupe... Fora o frio que senti, nada
demais aconteceu.
Pondo-se de pé, ele perguntou ainda sem responder ao seu comentário.
– Acha que pode se vestir?
Depois que Isabella lhe assentiu com a cabeça, Edward depositou um beijo em seus lábios e seguiu
para o banheiro. Tão logo se despiu entrou no Box para aquecer o corpo e deixar que a água quente
fizesse o mesmo que a fria anteriormente. Com seu desejo acalmado, os assuntos inquietantes
estavam de volta, mas não o afetavam como quando se descobriu com mais perguntas sem
respostas, porém uma nova preocupação o corroia. Ainda acreditava que mantê-la humana era a
melhor solução, mas começava a ficar claro que não seria tarefa fácil protegê-la; talvez até de si
mesmo.
Não desejava pensar sobre aquele assunto, então finalizou seu banho e saiu do Box. Depois de
secar-se enrolou uma toalha em volta da cintura e seguiu para o quarto. Isabella não estava em parte
alguma. Não gostou da sensação de não encontrá-la onde havia deixado. Imediatamente disse á si
mesmo que ela tinha total liberdade naquela casa e que não ficaria á sua disposição como uma peça
de decoração somente para que seu velho coração não se oprimisse com sua distância. Liberte-a de
sua possessão Edward Cullen; ordenou-se. Talvez algum dia, respondeu á si mesmo indo vestir-se
para encontrá-la.
Assim que terminou de se vestir Bella pegou um comprimido em sua bolsa. Ignorando o resquício
de dor, engoliu-o mesmo sem água e seguiu para a cozinha decidida á providenciar algo quente para
beber. Estava totalmente recuperada dos tremores reais de frio, mas ainda sentia os calafrios
provocados pela lembrança da água gelada em sua pele. Nem gostaria de pensar em como ficaria se
Edward não estivesse lá para salvá-la prontamente. Conhecendo a velocidade com que o vampiro se
movia, sabia que não permaneceu submersa nem dois segundos e mesmo assim ficou
completamente paralisada de frio. Edward salvara sua vida, como podia acreditar eu era o culpado?
Bella suspirou exasperada. Estava recostada ao lado do fogão, esperando que a água de um bule
esquentasse para que pudesse preparar chá e analisando o comportamento reservado de Edward
logo depois de “aquecê-la”. Entendia que o relacionamento era delicado, mas não via motivos para
que ele se culpasse por tudo. Dizia a si mesma que teria que arrumar uma maneira de demonstrar
que não era tão frágil como ele pensava, quando ouviu sussurros alarmados pelo jardim. Curiosa,
desligou o fogo e abriu a porta da cozinha para ver o que se passava. Anoitecera enquanto estava no
banheiro e novamente a chuva fina caia deixando a noite fria. Abraçando o próprio corpo, a jovem
saiu para a área.
– Quem está aí, Carmem... É você?
Não obteve resposta e deu mais um passo á frente para conseguir avistar uma parte maior do jardim
á sua frente.
– Carmem? – chamou mais uma vez.
Pensava em seguir adiante quando tocaram em seu ombro fazendo com que pulasse de susto.
– O que pensa que está fazendo aqui fora? – Edward perguntou sério.
Com as mãos no coração na tentativa de acalmar as batidas, ela disse.
– Ouvi vozes.
Edward respirou fundo então disse pausadamente.
– Nem que caísse um meteoro em nosso jardim... E o próprio Elvis saísse dele e lhe chamasse para
uma exclusiva você deveria atender... Entenda que não pode sair dessa casa desacompanhada.
A tentativa de fazer graça e o tom carinhoso, não encobriu o tom de comando. A jovem sentiu o
sangue correr mais rápido em suas veias. Já havia concordado em não ir ao jornal, agora nem ao
jardim poderia ir mesmo que ele estivesse em casa?!... Acaso agora era alguma espécie de
prisioneira?... Ao que tudo indicava a preocupação excessiva de Edward não se restringia somente
ao sexo, mas á tudo á sua volta. Não poderia deixar que ele seguisse aquele caminho, então decidida
Bella retrucou.
– Não vejo qual o problema em...
Não terminou a frase. Sem que concluísse, Edward a pegou pelo braço e a colocou ás suas costas
antes mesmo que ela percebesse a aproximação de alguém.
– Senhor Cullen... – era John acompanhado de uma Carmem de olhos arregalados. – Desculpe se os
incomodamos, mas é que Carmem jura que viu “algo” se movendo aqui fora logo que chegamos...
Vim mostrar á ela que não era nada.
Ainda mantendo-a protegida atrás dele, Edward perguntou á mulher.
– O que você viu Carmem?
– Não saberia explicar senhor... – ela começou tremula. – Foi um movimento rápido demais...
Nunca acreditei em fantasmas, mas me pareceu um.
Edward se pôs em alerta.
– Há quanto tempo foi isso?
– Não dê ouvidos á ela senhor Cullen. – disse John visivelmente envergonhado. – Já disse que ela
está ficando velha... – disse se dirigindo á mulher em tom de reprovação.
– Quando quiser saber sua opinião á respeito de sua esposa eu pergunto. – foi a resposta seca. Então
voltou sua atenção á empregada. – Responda-me.
– Há pouco mais de meia hora... – Edward começava a especular quem poderia saber onde estavam,
quando ela completou. – Ouvi barulhos vindos da piscina logo que chegamos á nossa casa, então
resolvi ir lá olhar... Foi tão rápido. Um vulto. Corri para casa e teria ficado lá, mas John cismou em
me trazer aqui para mostrar que não havia nada... – terminou olhando para o marido ressentida,
provavelmente por sua descrença.
Imediatamente Edward entendeu. A pobre mulher havia visto ele próprio quando correu –
totalmente esquecido que os humanos poderiam estar de volta – com Isabella gelada em seus braços
em direção ao seu banheiro. Ainda irresponsável, mas necessário dessa vez. A jovem sempre seria
prioridade.
– Entendo. – respondeu condescendente. Então olhando fixamente para ela, disse. – Mas seu marido
tem razão. Você imaginou o que viu. Agora esqueça esse assunto e volte para casa. Leve ela John e
fiquem lá. Como disse ontem, nada de ficarem perambulando pelo quintal.
– Desculpe novamente senhor Cullen. – o homem pediu subserviente. Depois de pegar a mulher
pelos ombros a colocou em direção á casa resmungando. – Eu não te falei que não era nada?...
Se ele continuou a reclamar com ela, Bella não saberia dizer. Estava alheia olhando compadecida na
direção da empregada. Entendia o que ela estava sentindo, pois se lembrou da madrugada que
também acreditou ter visto um fantasma. Não havia conversado sobre isso com Edward, mas hoje
sabia se tratar dele, assim como aconteceu com a pobre mulher. Entendia que fora necessário
induzi-la á esquecer, afinal Carmem havia visto o vulto de Edward a correr com ela nos braços.
Ainda assim não gostou da submissão, da expressão estranha dela depois que o vampiro lhe deu a
ordem.
Tinha que reconhecer que a culpa era sua. Mais uma vez Bella se recriminou por seu descuido; ele
quase custara o segredo de Edward. Ela precisava se desculpar, não o contrário. Porém, antes que
pensasse em dizer qualquer coisa ou até mesmo que o casal se afastasse completamente, Edward
também a segurou pelos ombros e fez com que entrasse.
– Nunca mais saia dessa maneira. – disse enérgico fechando a porta atrás de si.
Antes de ser um pedido, novamente era uma ordem - e dessa vez nem ao menos veio encoberta pelo
tom afável. Imediatamente Bella desistiu de desculpar-se e comentou desafiadoramente.
– Saí atrás de você mais cedo... E você não reclamou.
– Justamente... – ele disse contendo a voz. – “Foi atrás de mim”. Não estava sozinha e eu sabia que
não havia perigo... Mas agora poderia ser qualquer um. Está chovendo, eu não sentiria o cheiro de
outro imortal caso ele resolvesse passear por meu jardim.
Ela abriu a boca para retrucar novamente, mas Edward não permitiu.
– Bastaria um segundo Isabella. – disse incisivo, sem alterar a voz. – Um segundo fora do limiar da
porta para que pegassem você. – Bella estremeceu diante de sua intensidade letal. – Acredite; você
não teria sequer tempo de pensar em correr. Humanos não têm a mínima chance de escapar de
predadores como nós.
Após suas palavras, ele próprio estremeceu ao pensamento. Se tivesse realmente outro imortal em
seu jardim, teria levado a jovem sem lhe deixar pistas. Seu coração afundou no peito somente por
pensar em tal possibilidade. Sem pensar a puxou para seus braços estreitando-a em um abraço
apertado. Não queria assustá-la ou se alterar com ela, mas ainda estava sob o efeito do susto em
encontrá-la fora de casa com ele estando tão longe. Sabia que talvez fosse excesso de zelo, visto que
somente Alice e Jasper sabiam onde estavam, mas simplesmente não conseguia evitar.
– Você sabe Isabella... – ele disse ainda abraçado á ela. – Perdê-la seria o mesmo que morrer.
Deixando-se abraçar e com os braços em volta da cintura de Edward, a jovem se sentiu culpada por
seus últimos pensamentos. Diante de tal argumento, não tinha como considerá-lo extremado ou se
aborrecer pelo tom usado. E definitivamente não tinha como recriminá-lo por amá-la demais.
Precisava entender de uma vez por todas que não sabia nada sobre os perigos que os cercava. Ela
era a presa e se um “predador”, como ele mesmo se denominou, lhe dava dicas de sobrevivência, o
sensato era obedecer sem questionar. Porém era complicado ser sensata diante da perspectiva de
confinamento.
– Desculpe-me... – murmurou com o rosto afundado em seu peito.
Ainda abraçado á ela, Edward segurou seu rosto e fez com que o olhasse.
– Apenas faça o que lhe peço e ficaremos bem.
– Está certo.
Sim, ficariam bem... Ele já havia consertado seu erro da tarde, já havia lhe explicado que deveria
ficar sempre protegida pelo batente da porta, agora somente o que lhe restava era rezar para que
tudo se resolvesse o mais breve possível. Ficar confinada naquela casa não lhe parecia nada
animador; na verdade começava á ser desesperador. Até mesmo ter cedido tão prontamente a
incomodava. Não queira contrariá-lo, contudo não lhe agradava a idéia de faltar logo na sua semana
de jornal. Ainda mais que a primeira praticamente havia sido inexistente. Sabia ser perigoso sair,
mas não via por que Alice não poderia vigiá-la.
A jovem lhe perscrutou o rosto atenciosamente. Seria possível que Edward estivesse exagerando,
não seria? Imortais precisavam manter sua condição em segredo, então enquanto estivesse cercada
de muitos humanos estaria bem também, não era isso?... Tinha que fazer Edward entender que não
iria expor-se, mas que precisava sair; voltar á cuidar de sua vida como sempre fez. Que não
conseguia se imaginar sozinha naquela casa enorme. Durante o final de semana teve Edward para
lhe fazer companhia, mas... Como seria amanhã?... O dia inteiro sem ele?... Ou talvez houvesse uma
alternativa.
– Como vai ser amanhã Edward?... Você também não vai ao escritório? – perguntou esperançosa.
– Tenho que ir... Já fiquei longe por tempo demais.
Nada bom, mas ainda não perderia as esperanças.
– Eu poderia ir junto? – ela lhe sorriu. – Posso trabalhar em sua sala.
– Tentador!... – ele lhe retribuiu o sorriso, porém tristemente. – Mas não seria prudente. Quando
disse que me distrairia não estava brincando... E preciso me inteirar da situação de meus clientes,
além de tentar descobrir fatores novos que sanem minhas duvidas.
Edward disse toda a frase acariciando os lábios ela com seu polegar. Oferecimento era realmente
tentador. Seria maravilhoso ter Isabella ao seu lado; sob sua vigilância. Contudo, decididamente ela
lhe distrairia. Não havia sido exatamente isso que aconteceu da primeira vez que tentou mantê-la
perto?... Não se refreou um segundo sequer depois que a tomou nos braços e se não tivesse sido
interrompido pelo rábula, teria feito amor com ela sobre sua mesa em menos de dez minutos em sua
companhia. Não havia outro jeito, Isabella precisaria ficar em casa.
Passaria o dia vivendo pela metade, mas pelo menos uma parte de si estaria consciente. E não lhe
mentira, precisava realmente ver a quantas andavam seus casos abandonados. Não que o dinheiro
fosse necessário ou o futuro de seus clientes tivesse importância – queria que todos sem exceção
fossem ao inferno... O que estava em jogo, uma vez que não morrera de amor e abandono, era sua
reputação. Como diria Alice, seu show tinha que continuar. E enquanto atuasse, mostraria aos seus
inimigos que estava lá, á disposição para que o procurassem e resolvessem de uma vez por todas as
suas pendências, fossem elas quais fossem.
– O dia será longo... – Bella disse pesarosa, quase que para si mesma.
– Não pense nisso agora. – Edward pediu ainda acariciando sua boca. – É desnecessário sofrer fora
de hora.
– Não consigo evitar... – ela disse tentando refrear a conhecida umidade em seus olhos por não
encontrar maneiras de insistir com ele que não gerasse mais tensão. – Entendo que é para nosso
bem, mas sinto como se as paredes já se fechassem á minha volta.
E lá estava o tom, a voz embargada que Edward tanto abominava. Não tinha o que dizer para
consolá-la; não poderia fazer nada quanto àquela sensação. Sabia que ela não era claustrofóbica,
pois jamais a sentiu desconfortável em seu elevador. Pelo menos não desconfortável pelo
aprisionamento temporário, pensou saudoso. E de toda forma, entendia sua aflição. Também não
gostava de se sentir confinado. E a jovem estava naquela casa, desde a noite de sexta. Saíra apenas
até o jardim para quase morrer congelada em sua piscina.
– Acredite Isabella... Se existisse outra maneira de deixá-la segura eu recorreria á ela... Mas
infelizmente tem que ser assim... – então lhe sorriu animador. – E será somente amanhã... No
máximo até terça, depois disso iremos para meu apartamento.
– Isso seria ótimo!...
Apesar do aparente entusiasmo, uma lágrima rolou por seu rosto, fazendo o coração de Edward se
oprimir ainda mais em seu peito. O que poderia fazer para animá-la? De repente a idéia lhe ocorreu.
Analisando todas as possibilidades rapidamente, Edward decidiu que para alegrá-la valeria arriscar.
O tempo estava ruim e, assim como ele não poderia saber onde se encontravam seus inimigos, eles
também não poderiam rastreá-lo em uma noite chuvosa. Antes que seu excesso de “zelo” falasse
mais alto, Edward disse.
– Lembrei-me de um fato importante.
Isabella fungou e capturou outra lágrima que ameaçava cair.
– Do quê? – perguntou juntando as sobrancelhas.
– Você me deve um encontro.
– Como?! – ela perguntou aturdida.
– Sim, senhorita Swan. Deve-me um encontro... Tínhamos um compromisso marcado para sexta
retrasada e você não apareceu.
Brincar sobre o encontro inexistente por estarem separados, deixava seu velho coração já sofrido
pelo medo recente e opressão, ainda mais debilitado. Contudo, queria animá-la. Não queria as
lágrimas de Isabella. Seu objetivo era fazê-la feliz e se para tanto precisasse arrancar pedaços de seu
coração, o faria de bom grado.
– Ah... – ela exclamou.
Quando o brilho de entendimento passou pelos olhos castanhos e novamente marejados, Edward
lutou para não agarrá-la ali, em sua cozinha. Novamente, a lembrança afetava á ambos e não
ajudava em nada o fato de não ter saciado seu desejo por ela. Porém aquele não era o momento; não
poderia ser então o vampiro refreou seu instinto e prosseguiu roucamente, secando a lateral dos
olhos dela.
– Nunca fui muito bom em levar “bolos”... Então exijo que saia comigo essa noite.
A jovem fungou mais uma vez e perguntou, ainda com a voz embargada.
– Podemos mesmo sair?
– Não vou enganá-la. – disse sério. – É perigoso, mas acho que podemos arriscar. O tempo está
ruim e isso conta á nosso favor. Então... O que me diz?
Bella sentiu seu coração bater acelerado; não havia gostado que ele se lembrasse do encontro
perdido, mas entendeu que o vampiro estava fazendo todo o possível para distraí-la do dia seguinte.
Á cada minuto Edward lhe mostrava que estava disposto á tudo por ela. Arriscou seu segredo ao
salvá-la da piscina, praticamente se mutilava recordando momentos dolorosos e agora estava
disposto a sair mesmo sabendo não ser prudente. Sentir-se sufocar pelas paredes tonou-se
insignificante diante de seus atos. Se ele podia se expor e enfrentar sua dor, ela também deveria ser
forte. Reprimindo qualquer lágrima ainda existente, ela lhe sorriu agradecida.
– Eu digo que adoraria me redimir pelo “bolo” Sr. Cullen!
*************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... E então??... Ainda gostando?... Raivinha da Bella loka por insistir em sair de
casa?... Ou do Ed por ceder ás lágrimas dela msm sabendo ser perigoso se expor?... Ou
eles estão certos e "curtir é o que interessa, o resto não tem pressa"? (nossa, isso á
velho... o.O)

Enfim... me deixem saber, como sempre... deixem seus comments... :)

Pra não perder o costume... lá vai o spoiler:

Black!... sem demora pegou-o no colo e apertou em um abraço. Quanta saudade de você
meu preguiçoso preferido!

Indo sentar-se no sofá, passou á acariciá-lo, até que o felino ronronasse.

Desculpe sua dona... Prometo que não vou mais deixá-lo tanto tempo sozinho. Depois
que eu estiver com Edward em seu apartamento venho buscá-lo, está bem?

Como resposta teve mais um pouco do ronronar do gato.

Vou entender isso como um sim.

Então, sabendo que não teria tempo para matar as saudades do gato, o depositou no sofá
e foi até a cozinha trocar sua água e servir ração para ele. O felino a seguiu e esperou que
ela depositasse suas vasilhas no piso para servir-se. Antes que erguesse o corpo, Bella
avistou perto da porta de sua sala, sua correspondência que havia pegado na sexta feira e
que passou por baixo da porta sem nem olhar, antes de sair á procura de Alice.

Deixou Black comendo e foi pegar os envelopes para conferi-los um á um; conta de gás.
Extrato do banco. Conta do cartão de crédito e... Um telegrama? Bella deixou todos os
outros envelopes sobre o móvel ao lado da porta e foi sentar-se na poltrona preferida de
Edward. O telegrama era de seu pai. Intrigada, Bella o abriu.

Não poderei ir a NY no feriado. Onde vc está? Preocupado. Telefone.

Como assim não poderá vir no feriado? Quando ele lhe disse que viria no feriado?... Sem
entender e não gostando nada do tom preocupado de seu pai, Bella correu para o telefone
e ligou para Charlie. Não queria que ele mudasse de idéia e viesse á Nova York assim
como sua mãe ele não poderia vir para a cidade com tantos perigos á sua volta. Bella
esperou impaciente que Charlie atendesse, sentindo-se culpada por não ter se lembrado
mais cedo que domingo era o dia oficial de conversar com os pais.

Residência do Chefe Swan, boa noite! ouvira voz do pai foi um alívio.

Oi pai... de repente Bella sentiu um aperto na garganta; uma saudade estranha.

Bom... é isso... Hoje é com dor no core que me despeço... Depois de responder aos seus
reviews só nos veremos de novo daqui á 15 dias... =/

Bjus meus amores... Já vou morrendo de saudades...

Bom findes e bom começo de semana!... Xero

(Cap. 52) Capítulo 23 - Parte II

Notas do capítulo
OMG!...
Nem acredito que chegou o dia.. afff... como demorou á passar...
Tava morrendo de saudades daqui...
A 1ª sexta sem reviews foi a treva pra mim... Vcs fizeram muita falta...

Masssssss... o dia de postar chegou e eu estou aqui como prometido!...

Capítulo novinho em folha para vcs... Espero que gostem...


Obrigada pelos reviews do capítulo anterior e pelas novas indicaçõs...

Bom... tô pensando em começar á dividir os capítulos aqui tbm... O que acham?

Agora não vou prendê-ls mais... Nos vemos no final...

Ahh... como tem balada deixei os links das músicas que rolaram na comunidade... assim
quem quiser, pode entrar no clima... o/

BOA LEITURA!...

Capítulo Vinte e Três – Parte II


A possibilidade de sair de casa para seu primeiro encontro oficial com Edward sufocou
momentaneamente seu desejo de ir para a redação ou para o escritório com ele. Como ser
diferente?... Como não se alegrar?... Como não se sentir nervosa?... Impossível. Sua animação
sofria um grande baque á medida que sua preocupação crescia ao ver que Alice não tinha trazido
nada que pudesse usar em uma noite especial. Já havia tentado todas as combinações imagináveis e
possíveis de se fazer com as peças dispostas no guarda-roupa de Edward, sem sucesso. Não
desejava nada rebuscado, nem era de seu feitio, mas não poderia ir á um restaurante usando suas
blusas de flanela e jeans batidos. Agora analisando as roupas com maior atenção, parecia até que
Alice sabia de sua possível reclusão. Nada ali servia sequer para ir ao jornal!
– O que há Isabella? – Edward perguntou tranquilo. – É a terceira vez que suspira exasperada.
– Não tenho roupa para sair. – disse ainda olhando para os cabides. – Alice não trouxe nada
adequando.
Edward sorriu e foi até ela para abraçá-la por trás.
– Ficará bem em qualquer roupa que usar.
– Pumft, sei... – ela bufou. – Nada de simples para mim, esqueceu?... Palavras suas... Elas valem no
que se refere á você também... Jamais usaria “qualquer roupa” para um encontro nosso.
– Bom... Devo avisá-la que não a levarei á nenhum de meus restaurantes habituais. Acho prudente
mudar o padrão... Então vou levá-la ao Ernie’s... Roupas casuais são completamente adequadas.
– Pois aqui não tem nada nem casual... Gosto de todas elas, mas para ficar em casa! – então se
voltou e o encarou acusadoramente. – Acaso falou para Alice que me manteria aqui?
– Não... – ele disse sinceramente voltando a abraçá-la. – Mas minha secretária me conhece como
poucos... Estava claro que desejaria que ficasse em segurança.
– Pois isso me cheira á complô... – ela disse para provocá-lo. – Vampiros formam uma máfia isso
sim...
Edward sorriu e a estreitou nos braços ainda mais, aproximando os rostos.
– Então agora sou um mafioso?
– Talvez o pior de todos... – disse ela sem desprender o olhar da boca á altura de seus olhos.
– Certo... Nem vou questionar o “talvez”... – então baixou a cabeça para beijá-la mansamente.
A idéia era somente fazer-lhe um carinho, mas como sempre, até mesmo o leve roçar de lábios os
inflamava. Antes que os calafrios tomassem proporções irrefreáveis, ele separou as bocas e
perguntou.
– Então... O que pretende fazer? Não aceito que volte atrás.
Bella mordeu o lábio inferior, tentando ignorar as descargas elétricas que o beijo dele lhe causava e
disse receosa.
– Preciso ir ao meu apartamento.
Edward franziu o cenho.
– Não sei Isabella...
– Seria arriscado demais?
Edward ponderou por um instante. Tudo que havia dito antes ainda valia. A chuva realmente estava
á seu favor. E Isabella estava há quarenta e oito horas longe de seu apartamento. Alice também
estava fora. Era claro que aquele era um ponto de referência sem valor. Como em tudo naquela
história não poderia ter certeza, mas, mesmo que não se sentisse totalmente confiante, arriscaria.
– Sim seria, mas acho que podemos ir.
– Ah... – ela exclamou e se atirou em seu pescoço. – Obrigada!
Em sua alegria, Isabella passou a depositar breves beijos no rosto de Edward. O vampiro se sentiu
contente e ao mesmo tempo desconcertado com seu entusiasmo. Oferecia-lhe o mundo e ela se
mostrava imensamente feliz em ir ao seu humilde apartamento. Parecia-lhe que seria fácil manter
sua humana satisfeita. Contagiado por sua alegria quase infantil, capturou-lhe os lábios no meio
daquele passeio frenético por seu rosto para beijá-la apaixonadamente.
A jovem gemeu e imediatamente pulou em seu colo abraçando-o pelo pescoço e enlaçando-o pela
cintura com as pernas. Como das outras vezes, Edward a segurou pelas nádegas e aprofundou o
beijo. Todo seu corpo se aquecia por ela. Queria poder ser consumido por aquele fogo que surgia
entre eles, mas sabia não ser possível. Alarmou-se quando, ao sentir-lhe o cheiro característico e o
bater descompassado de seu coração, não só excitou-se como desejou desesperadamente provar seu
sangue. O recado fora claro; era hora de se refrear mais uma vez e alimentar-se.
Imediatamente interrompeu o beijo e a colocou no chão. A jovem olhava em sua direção com os
olhos em chamas. Novamente doía-lhe fisicamente não poder atender o clamor de seus corpos;
paciência. Acariciando os cabelos castanhos, ele disse roucamente.
– Vou levá-la agora... Vou apenas trocar-me e saímos.
Bella não questionou a interrupção. Sabia que ele estava apenas seguindo sua determinação. E
também, mesmo que ardesse por ele, estava contente demais em poder ir até seu apartamento para
aborrecer-se com aquela nova recusa. Sempre teria tempo para Edward e queria sair o quanto antes.
Com sorte veria Black; sentia sua falta. Poderia trocar sua água, alimentá-lo. Alice também estava
fora e seu animal de estimação largado á própria sorte.
– Está bem. – disse e foi sentar-se na cama.
Sem se importar com sua presença, Edward começou a despir-se ficando somente com sua boxer
antes de colocar as roupas com as quais pretendia sair; aquela era uma visão e tanto. Ver seu futuro
marido se vestir se mostrou ter o mesmo poder devastador sobre ela que quando o via na situação
contrária. Ele escolheu uma calça de sarja preta, camisa social cinza claro e, depois de calçar meias
e sapatos sociais, arrematou o que ele considerava casual com um blazer também cinza, porém em
tom mais escuro que a camisa. Existiria alguma palavra além de esplendoroso, pensou enquanto
procurava por uma que o descrevesse.
Ao terminar, Edward olhou em sua direção e sorriu.
– Quando estivermos em seu apartamento, será sua vez de vestir-se para mim.
Bella engasgou-se com o ar. Depois de tossir algumas vezes, disse roucamente.
– Tem certeza que deseja sair?
Edward riu diante de sua resposta e retrucou.
– Está certo, minha doce covarde... Vou livrá-la dessa vez. Bom... Acho que podemos ir.
Edward não precisaria chamar uma segunda vez, pondo-se de pé, Bella somente alcançou sua bolsa
e pegou a frasqueira sobre a pia do banheiro; era tudo que precisava. O restante estava em seu
apartamento.
– Vamos!...
Seguiram no carro de Alice. O tempo estava realmente feio, mas Bella apreciou cada quilometro do
percurso. Alternava sua atenção entre o caminho e o rosto sério de Edward. Não precisava estar em
seu pensamento naquele momento para saber de sua apreensão. Por esse motivo respeitou o silêncio
no interior do veículo. Logo chegaram á sua rua. Á Bella pareceu que séculos haviam se passado
desde á última vez que esteve nela.
Como sempre, Edward foi o primeiro á sair do carro. Antes de abrir a porta para ela, olhou
atentamente para os dois lados da longa calçada. Depois e ajudá-la a sair, conduziu-a rapidamente
até a entrada do prédio e depois, praticamente correu com ela escada á cima. Assim que abriu a
porta Edward a fez entrar, mas não se moveu para acompanhá-la. A jovem olhou para ele com as
sobrancelhas unidas.
– O que houve? Preciso convidá-lo de novo?
– Não... Uma vez já basta. – disse entre sério e divertido. – É que preciso dar uma volta...
– Ah... – ela entendia.
Ainda era estranho saber que ele se ausentaria para matar, mas aquela era sua realidade. Uma
realidade que almejava para si então não tinha como chocar-se. Sorrindo-lhe disse.
– Certo!... Tome o tempo que... for preciso.
– Não vou demorar. – antes de sair, recomendou. – Já sabe... Nada de sair ou deixar alguém entrar...
– Não se preocupe.
Depois de tranqüilizá-lo, Edward se foi. Bella fechou a porta e olhou em volta. De repente aquele
lhe pareceu o apartamento de outra pessoa; de uma Bella que não existia mais. Aquela que era
sozinha, que acreditou amar uma pessoa que não conhecia, iludida por um relacionamento vazio.
Aquela Bella havia morrido depois de ter se afastado do único responsável pelos momentos
verdadeiros de sua vida e havia voltado á ela, renovada, depois que recuperou sua verdade; seu
chão. Bella ainda se sentia uma estranha bem no meio de sua sala quando algo roçou em suas
pernas. Imediatamente baixou os olhos para encontrar Black que se enroscava entre elas.
– Black!... – sem demora pegou-o no colo e apertou em um abraço. – Quanta saudade de você meu
preguiçoso preferido!
Indo sentar-se no sofá, passou á acariciá-lo, até que o felino ronronasse.
– Desculpe sua dona... Prometo que não vou mais deixá-lo tanto tempo sozinho. Depois que eu
estiver com Edward em seu apartamento venho buscá-lo, está bem?
Como resposta teve mais um pouco do ronronar do gato.
– Vou entender isso como um sim.
Então, sabendo que não teria tempo para matar as saudades do gato, o depositou no sofá e foi até a
cozinha trocar sua água e servir ração para ele. O felino a seguiu e esperou que ela depositasse suas
vasilhas no piso para servir-se. Antes que erguesse o corpo, Bella avistou perto da porta de sua sala,
a correspondência que havia pegado na sexta feira e que passou por baixo da porta sem nem olhar
antes de sair á procura de Alice.
Deixou Black comendo e foi pegar os envelopes para conferi-los um á um; conta de gás. Extrato do
banco. Conta do cartão de crédito e... Um telegrama? Bella deixou todos os outros envelopes sobre
o móvel ao lado da porta – junto á uma Amarílis agora murcha – e foi sentar-se na poltrona
preferida de Edward. Nem teve tempo de lamentar pela flor; o telegrama era de seu pai. Intrigada,
Bella o abriu.
Não poderei ir a NY no feriado. Onde vc está? Preocupado. Telefone.
Como assim não poderá vir no feriado? Quando ele lhe disse que “viria” no feriado?... Sem
entender e não gostando nada do tom preocupado de seu pai, Bella correu para o telefone e ligou
para Charlie. Não queria que ele mudasse de idéia e viesse á Nova York – assim como sua mãe – ele
não poderia vir para a cidade com tantos perigos á sua volta. Bella esperou impaciente que o pai
atendesse, sentindo-se culpada por não ter se lembrado mais cedo que domingo era o dia oficial de
conversar com os pais.
– Residência do Chefe Swan, boa noite! – ouvir a voz do pai foi um alívio.
– Oi pai... – de repente Bella sentiu um aperto na garganta; uma saudade estranha.
– Bells!... – ele exclamou do outro lado. – Tem idéia do quanto estava preocupado com você?
Estava quase acionando a polícia de Nova York para procurá-la.
Bella sorriu sentindo as lágrimas estranhas lhe aflorar aos olhos.
– Não seja exagerado pai. Conversamos semana passada... – conversaram? Bella já não tinha tanta
certeza. – Só me atrasei em ligar hoje.
– Se atrasou hoje?!... Estou ligando praticamente todas as noites desde terça feira e você nunca está
em casa.
Desde terça?!... Seria possível que sua alienação lhe bloqueou até mesmo a audição? Bem provável.
Sentindo-se culpada pela preocupação desnecessária pela qual fez o pai passar e não querendo
colocá-lo á par dos dias negros por que passou, mentiu.
– Deve ter sido algum problema com o telefone, pai... Eu estive aqui o tempo todo. – isso era
verdade.
– Está bem... – ele resmungou. – Recebeu meu telegrama? Esse foi o único jeito que achei de entrar
em contato com você... Sabe que não me ajeito com essas coisas tecnológicas de e-mails e
mensagens por telefone.
– Sei sim... – ela sorriu engolindo o choro e tentou se tranquilizar ao se lembrar da resistência do pai
ás modernidades. – E recebi seu telegrama, nem me lembrava mais como era um... Estou até
pensando em enviá-lo ao museu das comunicações. As crianças do século vinte e um nem devem
saber do que se trata. – provocou-o.
– Muito engraçada. – ele retrucou com sua seriedade característica. – Bom... Como avisei, acho que
não vou poder ir vê-la no feriado como combinamos.
– Eh... – ela começou sem jeito. – Desculpe-me, mas... Quando combinamos isso?
– Isabella o que está acontecendo com você?
Por onde começar, ela pensou. Por contar-lhe que estava noiva de um vampiro que era perseguido
por vampiros rivais e que por causa disso, sua vida corria perigo?... Ou por dizer-lhe que havia
rompido com o namorado que ele conhecia e que agora também era um vampiro? Nenhuma das
alternativas, Isabella. Disse á si mesma.
– Muito trabalho, Sr. Swan... Minha cabeça anda lotada. Agora, poderia me responder...
– Combinamos no domingo passado. – ele respondeu parecendo exasperado, então prosseguiu. –
Percebi que você estava dispersa, mas não imaginei que se esqueceria do que conversamos.
– Desculpe-me pai... – agora ela se lembrava, conversara com os pais sem nem tomar conhecimento
deles. Não existiam vida e entendimento longe de Edward Cullen. – Agora me recordo... Bom, não
quero que pense que não sinto saudades nem nada disso, mas é melhor que não venha... Ando
ocupada demais com minhas matérias e não poderia lhe dar a devida atenção. Depois combinamos
outro encontro, certo?
– Tudo bem Bella. Como disse, acho que não poderei me ausentar...
Bella respirou aliviada, queria os pais bem longe de toda aquela confusão.
– Então estamos combinados... – ela exclamou tentando parecer animada. – Depois nos vemos...
Eh... Agora preciso desligar pai...
– Está bem... E Bells? – ele chamou apressadamente antes que desligasse.
– Sim?...
– Não sei se foi só trabalho ou se aconteceu alguma outra coisa para deixá-la dispersa daquela
maneira, mas... Fico feliz que tenha passado e que esteja de volta.
Novamente ela se comoveu. Seu tom animado não convencera o pai. Era uma péssima filha por
fazer os pais sofrerem daquela maneira quando nem poderiam fazer nada para ajudá-la.
– Sim pai... Estou de volta e se ajuda saber... Imensamente feliz.
– Ajuda sim minha filha... Boa noite!
– Boa noite Chefe Swan!
Tão logo desligou – sentindo a garganta arder violentamente pelo choro contido – ligou
rapidamente para a mãe. Trocou praticamente meia dúzia de palavras com ela e, depois de também
tranqüilizá-la, despediu-se. Mais calma, uma vez que havia eliminado qualquer possibilidade de
uma visita inoportuna por parte dos pais, voou para seu quarto. Ao abrir o guarda-roupa, sua mente
foi novamente tomada por Edward. Logo ele estaria de volta e ela nem escolhera o que vestir.
Depois de descartar várias peças e roupa, optou por uma calça preta, uma blusa de renda da mesma
cor assim como o Summer boot de camurça. Deixou o calçado para colocar por último e correu até
o banheiro para maquiar-se e dar um jeito no cabelo.
Diante de seu espelho analisou as marcas deixadas por Edward. Não era á toa que ele ficava
impressionado, algumas pareciam pretas de tão roxas. Principalmente as de seu pescoço onde ele
havia somente chupado; onde mordeu não havia marcas. Certo, parecia que seus braços estavam
cobertos por um tecido em vários tons de lilás e roxo, mas aquela não era hora de ficar
inspecionando os registros das pegadas de Edward. Se queria realmente sair com aquela blusa, tinha
que dar um jeito nos hematomas.
Depois de alguns minutos aplicando corretivo e base nas marcas, Bella conseguiu sumir com as
mais claras e disfarçar as escuras. As existentes no pescoço que a maquiagem não cobriu por
completo ela escondeu com o cabelo que deixou solto após várias escovadas para domar as ondas
revoltas. Como não gostava de muita pintura, usou somente o básico; blush, um pouco de sombra e
rímel nos olhos e... Hesitou quando pegou o batom – Edward sempre o tirava. Sim ele tirava. Ao se
lembrar da forma sensual com que ele sempre o fazia, sorriu e finalizou a maquiagem cobrindo os
lábios. Pronto, bastava calçar seus boots e seu trent coat lilás que estaria pronta. Saindo apressada
para o quarto, tomou um susto ao encontrar Edward sentado em sua cama.
– Nossa!... – arfou levando a mão ao coração.
– Perdoe-me, não queria assustá-la. – disse Edward erguendo-se e indo até ela. – Esqueço-me que
preciso “anunciar” minha presença.
– Até que me acostume, eu agradeceria...
Com a aproximação de Edward, Bella não soube se seu coração ainda batia pelo susto ou por ele; as
duas coisas. Ao parar diante dela, analisou a jovem por alguns instantes antes de dizer.
– Valeu o risco. Você está ainda mais bonita!
– Obrigada!
Bella respondeu sentindo o rosto corar pela expectativa de sentir o polegar escorregar por sua boca.
Contudo, o toque não veio.
– Podemos ir? – perguntou afastando-se.
– Em um minuto.
Dito isso ela se sentou na cama para calçar os pés sob o olhar vigilante de Edward. Depois de
erguer-se e vestir o casaco.
– Agora sim... – disse lhe sorrindo. – Pronta para nosso encontro.
– Ainda não. – ele disse pensativo. – Acho que falta uma coisa.
– O quê? – Bella perguntou olhando para si mesma intrigada.
– Falta eliminar os excessos.
Sem que ela tivesse tempo de saber sobre o que ele falava, Edward a puxou para seus braços e
lambeu sua boca vertical e demoradamente antes de beijá-la. Tudo bem... Quem queria o polegar de
Edward quando poderia ter a língua fria para tirar seu batom? Não ela; pensou enlaçando-o pelo
pescoço enquanto ele intensificava o beijo.
A jovem aproveitou o beijo sabendo e dizendo á seu corpo que não se animasse. Logo percebeu
estar certa, quando ele acalmou a pressão das bocas e lhe deu vários beijos leves antes de soltá-la.
– Agora sim... – disse roucamente. – Podemos ir para nosso encontro.
Depois de pegar suas coisas, saíram do apartamento. Black não estava em parte alguma, mas Bella
não se importou. Agora sabia que ele estava bem e assim que fosse possível viria buscá-lo.
Para surpresa de Bella, o jantar no Ernie’s não foi nada constrangedor como das vezes que teve o
olhar constante de Edward sobre si enquanto comia em sua casa. No restaurante, ele a deixou á
vontade para saborear sua salada com camarão grelhado. Vez ou outra tocava seu rosto ou segurava-
lhe a mão acariciando-a com o polegar, mas não a encarou de forma constrangedora. Ele não
comeu, apenas rolou sua comida de um lado ao outro no prato. O vinho branco escolhido cumpriu
seu papel, além de ativar seu paladar, deixou-a leve e descontraída.
Por várias vezes se esqueceu que nem ao menos poderiam estar fora de casa. Somente recordava
quando flagrava um ou outro olhar preocupado em sua direção quando então lhe sorria e puxava um
assunto qualquer para distraí-lo. Edward á olhava com expressão enigmática naquele exato
momento; ela já não sabia mais u o que conversar para distrair-lhe. Talvez fosse hora de voltarem,
contudo estava adorando o passeio.
– Para onde vamos depois que saímos daqui?... Direto para casa?
Nesse momento Edward franziu o cenho e ergueu a mão em sua direção em um pedido mudo para
que esperasse. Depois tateou o bolso do blazer até encontrar seu celular.
– Com sua licença. – pediu á ela antes de atender. – Boa noite Jasper.
– Edward!... – a voz do amigo parecia preocupada. – Onde vocês estão? Aconteceu alguma coisa?
– Acalme-se. Não aconteceu nada. Apenas saímos para jantar.
– Tem certeza que é seguro sair Edward? – Jasper perguntou após um breve silêncio.
– Não tenho certeza, mas resolvi arriscar. – disse cobrindo a mão livre da jovem sobre a mesa. –
Como foi a viagem?
– Tranquila. Queria ter voltado antes, mas não achamos vôo. Edward se quiser podemos nos
encontrar com vocês. Acho que seria mais seguro.
O vampiro ponderou sobre o oferecimento sem tirar os olhos de Isabella que o encarava curiosa e
ansiosamente. Ela não tinha como saber do oferecimento, mas talvez o pressentisse e pensasse o
mesmo que ele. Ambos sabiam que era de suma importância se reunir com o casal de amigos,
contudo estava claro que não desejavam fazer aquilo naquele exato momento. Ao juntarem-se á
Alice e Jasper somente voltariam aos problemas e a tensão. Além do mais, Edward conhecia todas
as etapas daquele encontro.
Seria como em todas as vezes em seu escritório. Cismariam, pensariam em conjunto, talvez até
chegassem á alguma conclusão satisfatória, mas como sempre, continuariam de mãos atadas.
Continuaria sem saber onde encontrar seus inimigos e nada poderiam fazer. Até o presente
momento a noite transcorria calmamente. Não havia motivos para terem companhia. Além do mais,
uma vez que aquele era seu primeiro encontro oficial, queria ficar á sós com Isabella; ainda tinha
planos para aquela noite. Decidido, concluiu que o melhor era não preocupar os amigos naquela
noite e ter com eles na manhã seguinte.
– Agradeço, mas não é necessário. Estamos bem!
– Se é assim... Nos veremos amanhã?
– Sim... Logo cedo irei para o escritório. Temos muito que conversar.
– Então até amanhã.
– Até. – sentindo-se mais tranquilo pelos amigos estarem de volta, encerrou a ligação e guardou o
celular. Então Edward acariciou a mão que segurava. – Perdoe-me.
– Imagine. – ela sorriu. – Como estão?
– Bem. – respondeu vagamente ainda movendo o polegar pelas costas da mão da jovem,
pensativamente. – Perguntou-me se vamos direto para casa?
– Sim... Nós vamos?
– Estava pensando em levá-la á um lugar antes.
– Hummm... Estender o encontro? – ela fingiu pensar. – Devo entender que está gostando da
companhia?
– Deve entender, anotar e jamais esquecer que amo minha acompanhante. – ele disse encarando-a
intensamente.
– Anotado e jamais esquecido. – ela respondeu corando. – Já que ama sua companhia, para onde
pretende levá-la?
– Queria levá-la onde nos conhecemos.
– Mas está chovendo! – ela olhou em direção á janela. – Não sei se seria boa idéia ir ao Central
Parque...
– Fico lisonjeado com a lembrança do que lhe contei. – Edward acariciou sua mão. – Mas não nos
conhecemos no parque.
De repente o semblante dela se iluminou.
– Vai me levar na Cielo?
– Se não se importar.
– Eu vou adorar Edward!
– Então está decidido. Assim que terminar seu jantar, iremos.
Diante da idéia de poder dançar com Edward todo seu apetite se foi. Bella engoliu apenas mais dois
camarões para refrear a ansiedade, tomou o último gole de vinho e anunciou.
– Terminei... Só preciso ir até o “toalete” e podemos ir.
Edward deixou que ela se fosse, seguindo-a com o olhar. A jovem não poderia saber, mas estar com
ela naquele restaurante despertava suas lembranças mais perturbadoras dos dias em que ainda não
estava com ela ao seu lado. Quando a encontrou em outro restaurante com outro par, que assim
como ele, não conseguia tirar as mãos da pele lisa e macia dela. Que agora, também como ele, era
um vampiro que com certeza faria de tudo para tomá-la de volta. Inferno!... Precisava fazer valer o
brinde feito na ocasião e realizar seu desejo mais profundo; exorcizar o rábula de suas mentes e
arrancá-lo de suas vidas definitivamente para que pudesse ter seu futuro com Isabella.
Por esse motivo escolhera levá-la á Cielo. Queria começar a varrer o rábula de suas vidas apagando
o rival da cena impressa em sua cabeça, deixando somente Isabella. Sua bela noiva que agora sumia
em direção aos banheiros. A imagem também despertou algo em seu íntimo, se fosse possível a
seguiria e faria amor com ela para saciar sua vontade interrompida na primeira vez que provou seu
sangue. Reprimindo a onda de excitação que lhe esquentava o espírito, Edward chamou o garçom
para pedir a conta. Queria estar livre quando ela voltasse.
Edward Maya Feat. Vika Jigulina– Stereo Love
http://www.youtube.com/watch?v=6JkRU_jwLPg
Bella sentia as batidas da música em seu coração. De tão eufórica se desconhecia. Com certeza era a
companhia; e talvez o vinho. Nem se lembrava que da última vez que esteve na casa noturna sentia-
se miserável por ter perdido o emprego ou que estava acompanhada por Paul. Não havia espaço
para mais nada em sua mente. Não havia perigo iminente, futuras prisões domiciliares, vampiros
bons ou maus... Todo seu pensamento estava ocupado por Edward. Até mesmo a conhecida tensão
entre eles havia desaparecido. Precisava fazer um esforço enorme para não sair quicando até a pista
de dança arrastando seu noivo consigo. Tinha que se lembrar que ele não era um par comum.
O vampiro não conseguia ouvir o coração da jovem; suas batidas eram encobertas pelo som alto e
irritante, contudo o contentamento estava estampado em seu rosto. Ver o brilho de satisfação nos
olhos castanhos eliminava todo o martírio referente àquele lugar. A imagem do rábula fora apagada
definitivamente. A casa noturna que procurara naquela noite infernal de sexta com o intuito de
esquecer a jovem do parque e que acabou por trazê-la á sua vida agora era um marco somente deles.
Um local significativo somente para eles dois, sem personagens inoportunas e indigestas. Precisava
apenas marcar dois momentos para sua própria satisfação ser completa.
– Vamos beber alguma coisa? – ele propôs diretamente no ouvido da jovem para que fosse ouvido.
Após Isabella lhe assentir com a cabeça, Edward a levou em direção ao bar. Seguiu para o mesmo
canto em que esteve sentado naquela noite quando milagrosamente a avistou dançando sozinha na
pista e que, depois de ter sua aproximação frustrada pelo rábula, ficou a vê-la ser consolada por ele
junto ao balcão. O banco que ocupou na ocasião estava ocupado, mas bastou um breve sussurro no
ouvido do rapaz para que o lugar ficasse vago. Assim que se sentou trouxe Isabella para junto e si,
deixando-a entre suas pernas para enlaçá-la pela cintura. Abraçando-o pelo pescoço ela disse em seu
ouvido.
– Que feio expulsar o rapaz assim!
– Pedi gentilmente. – ele retrucou sorrindo-lhe de forma inocente. – A boa educação é sempre o
melhor caminho.
– Você é um cara-de-pau Edward Cullen!
Ao dizer isso, a jovem beliscou seu braço e sorriu de volta. Nesse momento o barman se aproximou.
– O que vai ser senhor?
– Um Black Label duplo para mim e um Martini com...
– Não... – a jovem disse ao seu ouvido. – Peça o mesmo para mim, mas simples e com gelo.
Perfeito; Edward pensou. Não teria nem a bebida como vínculo daquela noite. Depois de fazer o
pedido, segurou-a pelo rosto e a beijou mansamente, adorando a iniciativa. Contudo não aprofundou
o beijo. A noite seria longa para começar a morrer aos poucos por agravar seu eterno desejo por ela.
As bebidas chegaram e depois de bater levemente seu copo contra o dela como um brinde
simbólico, Edward sorveu um gole de seu uísque deixando que o ardor conhecido aquecesse sua
garganta.
David Guetta & Kelly Rowland - When Love Takes Over
http://www.youtube.com/watch?v=nahnlV-b1vc&feature=fvst
A jovem dava goles espaçados e regulares em sua própria bebida, praticamente pulava excitada á
cada nova música que iniciava. Edward gostaria e entender essa fascinação em mover o corpo no
ritmo daquilo que os jovens atuais chamavam de música. Sim, costumava agradar-se em ver as
mulheres se movendo daquela forma, mas dançar para ele era como havia feito com Isabella em sua
cobertura, lentamente, com os corpos unidos, porém não muito. Como uma promessa do que
poderiam ter, sem nunca consumar. Tudo bem... Não entendia, mas como havia pensado, gostava de
olhar. Ainda mais se mulher em questão fosse Isabella. E como havia trazido a jovem até a casa
noturna para esse fim, disse ao seu ouvido.
– Quer dançar?
– Vamos?... – perguntou entre animada e receosa segurando sua mão.
– Não... – quando ela uniu as sobrancelhas sem entender ele explicou. – Você vai.
– Sozinha? – estranhou.
– Sim. – disse em seu ouvido. – Dance para mim.
Bella engasgou com o pedido.
– Foi o que entendi?... – ela começou incrédula. – Eu vou até a pista dançar... Enquanto você fica
aqui... “Olhando”?!
– Exatamente! – respondeu dando-lhe aquele sorriso torto criminosamente lindo.
A jovem sentiu suas pernas tremerem. Dançar “com ele” era uma coisa agora... “Para ele” era outra
“gigantescamente” diferente. Havia um abismo entre perturbador e aniquilador.
– Eu não poderia... – falou com o coração aos saltos.
– Pensei que estivesse disposta a se redimir pelo “bolo” senhoria Swan.
– Ah... – ela começou mexendo nervosamente no botão de seu colarinho. – Sei o que está fazendo...
Não adianta querer me imitar no assunto da pasta de amendoim. Dançar para você “realmente” não
vai me redimir pelo que fiz.
Evidente que não, até porque não a tinha em divida por tê-lo abandonado. E ele ter tentado matá-la
jamais seria desculpado por atos banais. Desejava apenas provocá-la então, ignorando seu discurso
Edward novamente imitou-a e usou sua resposta.
– A cada segundo que passa me convenço que é caso contrário sequer questionaria.
Ponto para ele; pensou Bella. Como não se movesse Edward recomendou.
– Faça de conta que não estou aqui.
– Como se isso fosse possível!... – ela disse erguendo os olhos para encará-lo. – Estou cercada de
você Edward!
– Então lamento informá-la que todas as minhas versões estarão de olho em sua performance...
Agora vá!
Certo... Ganhar tempo não havia ajudado então era fazer como seu noivo pedia. Depois de dar um
gole em sua bebida, seguiu com as pernas tremulas até a pista. Tentou fazer como ele sugerira, mas
era uma tarefa praticamente impossível ignorá-lo. Disse a si mesma que também tinha que se
habituar àquilo; Edward sempre a observaria. O melhor a fazer naquele caso era se tornar uma
exibicionista de uma vez por todas. Respirando fundo e deixando a música invadir sua mente
começou a mover o corpo no ritmo da batida compassada. Sempre gostou de dançar, então não era
difícil fazê-lo. O inusitado e excitante da situação era sentir o olhar quase físico de Edward em sua
direção.
E lá estava ela!... Sua Isabella multicolorida, dessa vez dançando para ele. Pôde perceber seu
desconcerto inicial, porém aos poucos, ela foi relaxando o corpo e agora se movia sensualmente
provocando-o. Edward sorriu satisfeito. Não esteve errado ao fazer o pedido. Começava á conhecê-
la como ninguém. Primeiro o espanto; o rubor. Segundo a argumentação desnecessária na tentativa
de ganhar tempo. Terceiro a rendição á seus pedidos que ela sabia que atenderia desde o primeiro
momento e por fim a entrega e realização pessoal por fazer algo que ela própria queria.
Nothing on you - B.o.b. feat Bruno Mars
http://www.youtube.com/watch?v=8PTDv_szmL0
A jovem lhe pareceu ainda mais bonita que da primeira vez que viu dançar. Agora, seu cheiro não
estava somente marcado á ferro em sua memória; estava entranhado em seus poros, misturado á sua
alma. Assim como o sabor dela estava em sua língua e as formas macias – que inicialmente apenas
imaginou como seriam por estarem cobertas – estavam moldadas milimetricamente ao seu corpo.
Isabella de fato estava mais bonita; naquela noite ela lhe pertencia. Preso aos movimentos de seu
corpo, Edward obrigou-se a esquecer dos problemas e ocupar-se somente dela. Aproveitar que
finalmente estavam juntos sem nenhum traço da constante tensão e divertir-se com ela. Sem causar
nenhum acidente dessa vez, disse á si mesmo.
Edward deixou que ela dançasse duas músicas inteiras antes de decidir que era hora de aproximar-
se. Isabella não tinha somente sua atenção e entre os dois que começavam á cercá-la, um em
especial estava próximo o suficiente para ser considerado suicida. Não os culpava por olhá-la;
Isabella estava tentadora. Mas entendê-los não mudava o fato que desejava arrancar-lhes os olhos
então era melhor marcar território de uma vez. Assim como ela, tomou mais um gole de uísque e
seguiu em sua direção lentamente.
O ar lhe faltou quando olhou furtivamente em sua direção e viu que Edward não estava ao lado do
bar e sim, vindo em sua direção. Respire Isabella, ordenou. Mas como obedecer quando as luzes
coloridas deixavam Edward sedutoramente sombrio? Assustadoramente desejável? Sem chances;
morreria de apneustia. Ou consumida pelas chamas que subiam por seu corpo, o que acontecesse
primeiro. Assim como havia feito com seu trent coat, Edward havia deixado o blazer no carro,
apenas a camisa de tecido fino cobria os músculos potentes, três dos botões de sua camisa estavam
provocadoramente abertos. Não podia ver-lhe os pelos por causa do jogo de luzes, mas saber que
estavam ali cobrindo todo o peito forte bastava para excitá-la. E como se isso não fosse o suficiente,
tinha seu olhar fixo; o andar de felino.
Say It Right -Nelly Furtado
http://www.youtube.com/watch?v=6JnGBs88sL0
O vampiro não pôde evitar que seu coração falhasse algumas batidas ao cercá-la. Instintivamente
olhou para os lados como se o rábula fosse surgir das trevas e aproximar-se dela antes dele como da
primeira vez, porém seu inferno pessoal não estragou a cena dessa vez e ele pôde chegar até sua
bruxa; a razão de sua existência. Aquela que ele acreditou ser uma prostituta; maldisse. Por vezes
odiou ainda que a desejasse desesperadamente e hoje era sua mulher. Tão amada e respeitada que
seria sua esposa. Com a atenção – inicialmente negada – totalmente voltada para ele. Com o
pensamento, ao invés de excitar-se, se comoveu.
Tomado pela satisfação de ter a jovem para si, decidiu que era hora de alertar os desavisados. Assim
que chegou ao seu lado, antes mesmo de tocá-la, olhou para o rapaz perigosamente perto e que não
tirava os olhos dela. Não precisou dizer uma única palavra; sua expressão falou por si só fazendo o
infeliz apenas erguer as mãos em rendição e afastar-se. Imediatamente Edward procurou pelo outro
rapaz, este já se afastava provavelmente percebendo que a jovem não estava sozinha como parecia.
Sem que pudesse conter bufou para os dois, somente então, voltou sua atenção á Isabella.
Encarando-a seriamente, tocou na cintura dela e falou ao seu ouvido.
– Sozinha?
– Na verdade não... – então segredou. – E devo avisá-lo que meu noivo é ciumento.
– Acho que vou arriscar. – disse avaliando-a. – Se eu fosse ele não me importaria de dividi-la
comigo.
Aproximando-se dele, ainda se movendo, ela tocou seu peito e disse.
– Se não se importa de perder seu coração, então fique e dance comigo.
– Não posso perder o que não me pertence. – disse trazendo-a para mais perto eliminado a distância
dos corpos.
– Edward... – ela sussurrou esquecendo-se da brincadeira.
Ele sorriu e escorregou uma das mãos por sua cintura até as costas, deixando-a á um passo de tornar
o toque indecente, como fez em sua cobertura. Então abaixando a cabeça, falou em seu ouvido.
– Vi de longe que você era uma bruxa, adivinhou meu nome.
Enquanto o calafrio conhecido percorria sua coluna, Bella sorriu e voltou ao mesmo clima.
Tentando ignorar as descargas elétricas que a proximidade dele lhe causava, disse.
– Sonhei com você...
Aquela era a verdade, agora sabia. Antes mesmo que o conhecesse já sonhava com Edward. Nunca
houve força maligna alguma que a perseguia, somente o medo inconsciente de se entregar àquele
amor improvável. O procurou desesperadamente entre árvores e escuridão. Mesmo sem saber á
quem seu coração pertencia; mesmo não entendendo as mensagens de sua mãe que lhe alertavam
estar se iludindo com a pessoa errada, correu á sua procura. E agora estava ali, em seus braços... Na
sua vida. Somente um detalhe não lhe veio nos sonhos, porém editando a falha para prosseguir com
a brincadeira, ela repetiu rapidamente e completou.
– Sonhei com você... Sei seu nome desde então...
Antes de responder-lhe, Edward encaixou a perna entre as suas e começou á mover-se com ela.
– Então foi providencial que nos encontrássemos, pois eu também sonhei com você. – correndo os
dedos da mão livre por seu rosto, completou. – Com sua pele, seu cheiro... Mas não descobri como
se chama. Minha bruxa tem um nome?
Taio Cruz - Break Your Heart
http://www.youtube.com/watch?v=y_SI2EDM6Lo&ob=av2e
A pergunta fora feita no exato momento em que seus quadris se tocaram. Por estar de salto alto,
Bella pôde sentir a leve excitação de Edward chocou-se quase que diretamente com seu sexo. Como
era possível ter tanto de Edward e nunca ser suficiente?... O breve contato inflamou-lhe o desejo e
embaralhou sua mente. Com a respiração entre cortada, ela olhou-o de frente e sussurrou.
– Não me lembro...
Com os rostos próximos, Edward juntou as testas e, depois de provocar outro choque “acidental”
dos corpos, sorrindo-lhe retrucou.
– Não me lembro, não é um bom nome.
Então a afastou e, movendo-se no ritmo da música, fez com que ela girasse e ficasse de costas para
si. Segurando em sua cintura, permitiu que os corpos roçassem um ao outro; reprimindo um gemido
na garganta toda vez que sua excitação resvalava nas nádegas dela. Seu bom e velho masoquismo
vindo á tona. Sabia não ser o certo e ainda assim atiçava seus desejos. O cheiro dela começava á
enlouquecê-lo, mesmo que chegasse ao seu nariz corrompido pelos outros odores do salão.
Não se esquecia de onde estava, mas não conseguia evitar, escorregando uma das mãos por seu
ventre trouxe-a para junto de si e com a outra, Edward retirou-lhe os cabelos de um dos ombros,
deixando a nuca exposta. Sempre dançando, beijou-lhe a base do pescoço. Subindo seus beijos,
chegou ao seu ouvido e disse roucamente.
– Vou batizá-la de Isabella Cullen.
À essa altura, a jovem se encontrava completamente excitada. Ter a mão na base de sua barriga á
comprimi-la contra aquela saliência rígida e a boca fria á sussurrar em seu ouvido roubava-lhe as
forças. Toda sua concentração estava direcionada para suas pernas trêmulas. Temia que elas
cedessem rendidas pela sedução de Edward. Estava adorando dançar com ele daquela maneira, mas
começava a ficar apreensiva. Sabia que apesar daquele jogo perigoso, ele não voltaria atrás em sua
decisão. Ou quem sabe voltasse, disse uma voz em sua cabeça. Ela não era a única abalada ali.
Precisava se apegar á esse fio de esperança. Assumindo os movimentos da dança, girou o corpo
novamente ficando de frente para ele.
Edward a olhou com o cenho franzido, como que lhe repreendesse por ter interrompido o contato
bruscamente. Sem intimidar-se, movida pela vontade de consumar o desejo que ele lhe despertara,
Bella tocou-lhe o peito, na altura do coração, escorregou-a até seu pescoço e fez com que ele
baixasse a cabeça até que sua boca tocasse na orelha dele. A ação teve efeito duplo, pois seu corpo
estremeceu ao contato assim como o de Edward. Ainda se valendo da súbita esperança, dizer-lhe
diretamente ao ouvido, antes de chupar-lhe o lóbulo.
– Adorei o nome... Mas para você será somente “Isabella”.
Edward não teve tempo de se recuperar das palavras sussurradas em seu ouvido, nem do carinho em
sua orelha, quando sentiu a boca quente de Isabella beijar a base de seu pescoço e depois morder.
Sua bruxa havia lhe mordido!... Com o gesto roubou-lhe todo o bom senso. Foi impossível refrear a
onda de excitação que correu seu corpo e instalou-se em seu sexo. Deixando que as sensações
corressem por suas veias e a música barulhenta e sugestiva invadisse sua mente, Edward a puxou
para junto de eu corpo e a beijou.
I don't know what to do - Tiko's Groove feat Gosha
http://www.youtube.com/watch?v=pj7s5IH8mDc
Com certeza estavam proporcionando um espetáculo, Bella pensou. Contudo não se importou.
Sentia que estava á um passo de conseguir o que queria. Tudo que precisava fazer era impedir que
Edward mudasse de idéia enquanto voltavam para casa. Com esse pensamento, retribuiu ao beijo
apaixonado ignorando as pessoas á sua volta. Sentia seu corpo arder, necessitava de mais, mas não
se frustrou quando Edward o interrompeu afinal estavam em público.
Quando tentou se afastar, ficou claro que somente ela se lembrava desse detalhe. Edward a prendeu
em seus braços e, depois de descer a boca por seu pescoço, passou a chupar-lhe a base. Bella sequer
teve tempo de estremecer ao carinho quando sentiu o roçar de dentes em sua pele. Todos seus pelos
se eriçaram; sentiu seus mamilos enrijecerem contra o tecido da blusa e a umidade já existente entre
suas pernas aumentar ao sentir seu sangue ser drenado pelo sugar lento e ritmado dos lábios de
Edward. Seu vampiro bebia dela!
De repente tornou-se ainda mais consciente de onde estavam. Naquele momento, Bella descobriu
ser de fato uma exibicionista, pois estava adorando ter a boca fria de Edward movendo-se em seu
pescoço. O ato se assemelhava a fazer sexo em local proibido. Tal pensamento a levou ás portas de
um orgasmo. Antes que acontecesse, porém, Edward disfarçadamente lambeu-lhe a mordida e
voltou a dar-lhe breves beijos até chegar á sua boca. Depois de um beijo também breve, sussurrou-
lhe ao ouvido.
– Você é deliciosa Isabella!
– E você maluco! – ela acusou sem nenhuma convicção.
– Por você! Veja o que faz comigo... – sem que ela esperasse, Edward juntou os corpos fazendo com
que ela “visse” o quanto estava excitado. – Acho que terei que voltar minha palavra atrás. Preciso
de você Isabella.
– Vamos para casa...
– Preciso agora!
Bella olhou em volta alarmada. Teve a confirmação que “eram” o centro das atenções, pois várias
cabeças estavam voltadas para eles mesmo que todos ainda dançassem. Não pôde deixar de reparar
que a maioria dos curiosos eram mulheres. Todas olhavam com um misto de inveja e desejo. Não
gostou do que viu, mas não tinha tempo para ciúmes. O que Edward estaria pensando?!
– Agora?!... Onde?
Edward sabia onde. Naquele momento se sentiu como se fosse Isabella. Teve consciência naquele
instante que durante toda a noite, no restaurante e ali mesmo, sabia onde terminaria ainda que não
ousasse pensar á respeito por desejar preservá-la. Perda de tempo tentar enganar-se. Todas as
lembranças, desejos reprimidos e provocações atuais, cumpriram seu papel. O vampiro encontrava-
se de tal forma alucinado por ela que somente restava fazer uma coisa para coroar sua noite.
– Vá para o banheiro feminino... – instruiu roucamente. – Irei logo em seguida.
Bella se desconheceu, pois sequer questionou. Pelo contrário, seu corpo se aqueceu ainda mais com
a idéia de ser possuída por Edward na casa noturna. Não precisou perguntar para saber que ele
colocaria qualquer mulher que estivesse naquele banheiro para fora e a tomaria sem rodeios ou
preliminares. Respirando fundo, ordenou ás próprias pernas que ficassem firmes e acelerou o passo
na direção do destino que ele determinou. Ao entrar no banheiro, viu apenas três mulheres. Sem dar
importância á elas foi até a pia e, também ignorando á variedade de doces, chicletes e perfumes
dispostos sobre a mesma, curvou-se para molhar o rosto em chamas; logo Edward entraria.
Secava-se quando seu olhar foi atraído para uma imagem no espelho. O rosto era lindo, não fosse o
olhar maliciosamente especulativo a jovem poderia dizer que se assemelhava á um anjo. Não
poderia ter certeza, mas a pele ligeiramente pálida sugeria que fosse uma imortal. Bella lutou
internamente para não se alarmar; nada de ficar paranóica. Agora somente ela e aquela mulher
estavam no banheiro. Dizendo á si mesma para que ficasse calma, sustentou o olhar castanho. De
repente um sorriso começou a surgir nos lábios perfeitos da morena.
– Você demorou Isabella.
Todo seu sangue gelou nas veias ao confirmar suas suspeitas depois de ouvir a voz de timbre. A
mulher era mesmo uma vampira, então só poderia ser ela, a desconhecida que seguiu Alice e que
havia ido ao escritório de Edward.
– O que quer comigo? – perguntou em um fio de voz.
– De você, não queria nada... – começou ainda a olhando com curiosidade. – Mas já que
perguntou... Tem algo que poderia fazer por mim... Eu gostaria de entender o que um vampiro como
Edward viu em você.
Paralisada, Bella a viu se aproximar e pegar uma mecha de seu cabelo e levar ao nariz.
– Seu cheiro é realmente bom. Ainda mais aquele que exalava quando entrou aqui depois do show
particular lá na pista. Devo admitir que vocês são “quentes”... – elogiou com uma piscada, então se
afastou para olhá-la de cima á baixo. – O corpo é bem feito, apesar de estar magra. Mas quem pode
culpá-la por perder o apetite quando se tem que ficar longe de um homem com aquela “pegada”,
não é mesmo?
A jovem tentou ignorar os comentários e raciocinar.
– Foi você que esteve no jornal, não foi? – Bella queria achar sua voz, mas ela ainda saia
sussurrada.
– Sim... Tinha esperança que Edward fosse procurá-la, mas isso nunca aconteceu. Somente a
vampira ficava perto.
– E o que você quer com ele?
– Meu assunto é com Edward. – ela disse séria. – Você não pode me ajudar, mas... – novamente ela
a mediu de alto á baixo. – Estou mesmo curiosa. Você é bonita e apetitosa, mas não para alguém
como Edward. O que há em você que o atrai?
Aquela fora a pergunta do século, Bella pensou nervosamente. Ela mesma se perguntou a mesma
coisa várias vezes antes de render-se á ele. Agora sabia que a atração vinha de outras vidas, mas ela
não se sentia compelida á dizer isso á uma estranha. Sentindo uma raiva súbita pelo tom
depreciativo, respondeu um tom mais firme.
– Atração e amor não se explicam...
– Acredito que sempre haja uma explicação para tudo... Mas agora chega de conversa... Vamos
esperar por Edward juntas.
Edward seria atacado; foi tudo que pôde pensar com o coração aflito. Como ele havia alertado,
sequer teve tempo de almejar correr. Antes que se movesse a mulher a pegou pelo braço e a colocou
ás suas costas como Edward fazia para protegê-la, porém não soltou seu pulso. Ela não estava lhe
protegendo e sim a mantendo presa segurando-a com a mão fria.
– Em alguns minutos ele...
Antes que ela terminasse a frase, ouviram o movimento além da porta. Logo Edward apareceu em
seu campo de visão. A vontade de Bella era correr para seus braços, mas a mão se fechou em seu
pulso como algemas. Tudo que lhe restou foi olhar para ele e tentar não chorar. Pela postura do
vampiro estava claro que ele sabia o que encontraria ao entrar. Seus olhos eram impassíveis; para
sua surpresa, ele não olhou um segundo ao menos em sua direção. Toda sua atenção era direcionada
á vampira que a prendia e mantinha ás costas.
– Finalmente!... – ela exclamou satisfeita. – Prazer em revê-lo Edward.
– Perdoe-me não poder dizer o mesmo Zafrina.
************************************************************************

Notas finais do capítulo


Então??... Todas vivas???... Que acharam???... Gostaram?...
Please, please... me deixem saber... :)

Comentem... Estou loka de saudades de todas vcs...


Vamos ao spoiler....

Com o coração batendo erraticamente, antes que desse o passo que o revelaria aos olhos
dela, ouviu a voz feminina em um resto de frase.
... esperar por Edward juntas. Em alguns minutos ele...
Ela se interrompeu no momento que sua presença foi sentida. Quando deu o passo que o
deixou frente á frente com a mulher toda a raiva de seu primeiro dia como imortal voltou
á tona. Era ela!... Agora elegantemente vestida; a mulher que esteve no seu escritório.
Aquela que o cheiro o confundiu fazendo imaginar que fosse Kachiri. Estava enganado,
ao que parecia os odores se misturaram em sua memória. Por que não acreditou na
dedução de Isabella?
Não era nenhuma ex-amante querendo afrontá-lo que o seguia e sim aquela que
sobrevivera á seu primeiro ataque como vampiro; saída diretamente de suas lembranças
mais obscuras. Respirando fundo, chegou até uma distância segura para ambos. Precisou
de toda sua força de vontade para não desviar os olhos para Isabella ás costas de sua
funesta intrusa. Qualquer passo em falso ou deslize poderia ser fatal.
Finalmente!... ouviu-a dizer, satisfeita. Prazer em revê-lo Edward.
Como se dizia a uma mulher vingativa, que mantinha sua vida presa ás costas sem o
risco de irritá-la, que preferia estar no inferno sendo recepcionado pelo demônio em
pessoa do que ali diante dela? Não havia uma forma polida de ser sincero assim como
não havia meios de mentir, então disse simplesmente.
Perdoe-me não poder dizer o mesmo Zafrina.

OMG... o que será que a loka quer com ele???... Vingança??... Talvez... Agora somente
no próximo para saber...

Aff.. não surtem com a pobre autora... ela só precisa manter vcs ligadas á fic... :)

Xero geral... Amo-as...

(Cap. 53) Capítulo 24 - Parte II

Notas do capítulo
Bom dia meus amores!...
Desculpem a demora em postar...
Não esqueci de vcs, não... É que ontem enquanto postava achei alguns errinhos e não
tive tempo de corrigi-los no texto que coloco aqui... Acreditem, fui dormir com o core na
mão.
Massss, agora estou aqui... Já arrumei o que era preciso e trouxe para vcs.
E a boa notícias é que o capítulo tá inteiro... :)
A má eu dou no final...
Como sempre não posso deixar de agradecer o carinho, os reviews e indicações... Todas
vcs são fofas comigo e isso me deixa ainda mais animada em escrever a fic... Obrigada!
Agora vamos á ela... BOA LEITURA!
Edward seguiu Isabella de longe, observando-a caminhar na direção do toalete. Sua vontade era
alcançá-la e entrar logo atrás dela para aplacar o desejo que os consumia. Contudo, mesmo que
tivesse bloqueado a música alta em seus ouvidos, ainda tinha plena consciência dos olhares em sua
direção. Havia chamado atenção demais sobre si com aquela dança própria á intimidade de quatro
paredes, para que agora pudesse passar despercebido. Sabia que era seguido pelo menos por três
mulheres enlevadas então não poderia simplesmente desaparecer.
Para retê-lo ainda mais, havia uma pequena concentração próxima ao hall dos banheiros; foi preciso
esperar alguns minutos até que dispersassem. Enquanto aguardava á distância, viu duas mulheres
saírem do banheiro e se colocarem á porta. Apesar de parecer que estivessem juntas, não
conversavam entre si. Pareciam alheias á tudo em sua volta e curiosamente, foram as únicas que não
acompanharam as outras pessoas de volta á pista. O comportamento estranho não seria alarmante
não fosse o caso de terem barrado a entrada de outra mulher.
Imediatamente Edward se pôs em alerta, toda sua excitação desapareceu como um passe de mágica.
Conhecia aquela postura; elas estavam guardando a porta como ele tantas vezes ordenou que outras
fizessem enquanto copulava com alguma incauta em locais como aquele. Seu sangue borbulhou nas
veias e se viu na situação contrária do ocorrido no Bistro Le Steak. Ele era o companheiro
preocupado ao passo que o rábula se aproveitava de Isabella reservadamente, talvez a induzisse para
esquecê-lo; a levasse embora. Tal pensamento teve o poder de roubar-lhe o ar. Á passos largos –
esquecendo-se de seu séquito feminino – se dirigiu até as guardiãs da porta. Ao aproximar-se do
hall, imediatamente o cheiro de imortal lhe veio ao nariz; para tranquilizar e inquietar ao mesmo
tempo.
– Não pode entrar aqui senhor. – disse uma delas tentando barrar-lhe a entrada.
Edward apenas rosnou. Quando as duas olharam em sua direção, alarmadas, ele ordenou entre
dentes.
– Saiam da minha frente e não deixem ninguém mais entrar depois de mim. Se isso acontecer mato
vocês!
Olhando rapidamente á sua volta para certificar-se que não chamara a atenção de ninguém, Edward
entrou no banheiro. Sim... Não era o rábula que estava com sua noiva, porém era alguém capaz de
fazer seu sangue congelar completamente por afetá-lo com a mesma morbidez. Quem se apossara
de Isabella era a sua inimiga não tão desconhecida. Aquela que possuía o cheiro amadeirado. E
agora que o sentia quase puro – sem a mistura dos produtos de limpeza – podia perceber todas as
notas mesmo com o ar viciado da casa noturna. Madeira e mato. Edward a conhecia. E com o
coração batendo erraticamente, antes mesmo que terminasse de dar o passo que o revelaria aos
olhos dela, ouviu a voz feminina em um resto de frase.
– ... esperar por Edward juntas. Em alguns minutos ele...
Ela se interrompeu no momento que sua presença foi sentida. Quando deu o passo que o deixou
frente á frente com a mulher, toda a raiva de seu primeiro dia como imortal voltou á tona. Era ela!...
Agora elegantemente vestida. A mulher que esteve no seu escritório; aquela que o cheiro o
confundiu fazendo imaginar que fosse Kachiri. Estava enganado, ao que parecia os odores se
misturaram em sua memória. Por que não acreditou na dedução de Isabella?
Não era nenhuma ex-amante querendo afrontá-lo que o seguia e sim aquela que sobrevivera á seu
primeiro ataque como vampiro; saída diretamente de suas lembranças mais obscuras. Respirando
fundo, chegou até uma distância segura para ambos. Precisou de toda sua força de vontade para não
desviar os olhos para Isabella ás costas de sua funesta intrusa. Qualquer passo em falso ou deslize
poderia ser fatal.
– Finalmente!... – ouviu-a dizer, satisfeita. – Prazer em revê-lo Edward.
Como se dizia a uma mulher vingativa, que mantinha “sua vida” presa ás costas sem o risco de
irritá-la, que preferia estar no inferno sendo recepcionado pelo demônio em pessoa do que ali diante
dela? Não havia uma forma polida de ser sincero assim como não havia meios de mentir, então
disse simplesmente.
– Perdoe-me não poder dizer o mesmo Zafrina.
Agora que os sons da casa noturna eram mantidos do outro lado da porta, podia ouvir os batimentos
cardíacos de Isabella. Sua aflição ameaçava distraí-lo, isso não poderia acontecer. Jamais se
perdoaria se algo acontecesse á ela por sua irresponsabilidade.
– E já que, “finalmente”, nos reencontramos, posso perguntar o que deseja comigo? – disse sem
desviar os olhos dela. – Se desejava ver-me com essa urgência, por que não me procurou
diretamente? Por que essa ação temerária de dilacerar meus restos e atacar pessoas inocentes ao
ponto de quase nos expor?
– Espere. – ela pediu. – Não me culpe pelo que está acontecendo aqui.
Edward franziu o cenho.
– Como não culpá-la? Está querendo dizer que não foi você que causou esses ataques?
– Exatamente!
– Porque devo acreditar em você?
– Porque estou dizendo a verdade... E estou com sua Isabella para provar o que digo.
Nesse momento Edward não pôde conter um rosnado baixo.
– Acho melhor deixá-la fora disso. – disse entre dentes; sentia que logo perderia o controle. – Sua
pendência á comigo, não com ela. Deixe-a ir embora.
– Não! – Bella disse alterada.
Não poderia ir embora e deixar Edward com aquela vampira maldosa. A mesma que o marcou com
óleo quente. A responsável pelos temores de Edward e que por sua praga maldita não a
transformaria. Ele havia matado suas amigas; estava claro que ela queria vingança. Como poderia
sair e deixá-lo para que brigassem? Ela poderia feri-lo como Rosalie havia feito. Apesar de seu
protesto, nenhum dos dois lhe deu atenção.
– Nunca foi minha intenção machucá-la. – ela declarou deixando que a jovem ficasse ao seu lado.
Nem mesmo nessa nova posição Edward olhou em sua direção. Olhava fixadamente para Zafrina.
– Então porque a seguiu até aqui e a mantêm presa?... Solte-a! – ordenou.
– Vou soltar. – Zafrina assegurou. – Já disse que não vou machucá-la, mas preciso ter sua palavra
que não vai me atacar depois que deixá-la ir...
Edward ficou em silêncio. Como prometer o impossível? Era evidente que a vampira estava
mentindo. Se não havia sido ela então quem seria? Como se soubesse suas duvidas, Zafrina disse.
– Preciso ao menos de um tempo para conversar com você. Se depois disso ainda não acreditar em
mim, veremos como podemos resolver a questão. Mas lhe dou a minha palavra que não sou eu que
estou fazendo essas coisas. Preciso de sua ajuda Edward.
– Quer que eu “ajude” você?! – Edward perguntou entre incrédulo e debochado.
– Escute... – ela começou aparentemente cansada. – Aqui não é o melhor local para conversarmos.
Às suas palavras ouviram a movimentação do lado de fora.
– Esperei aqui pacientemente apostando que mais cedo ou mais tarde ela viria e agora a mantive
comigo somente por garantia. Queria que me ouvisse antes que me atacasse. Muitos anos se
passaram, mas me lembro bem de seus métodos. Essa foi a única forma que encontrei. Se soubesse
haver outra maneira, jamais teria encostado as mãos nela.
Mesmo que não acreditasse na vampira, não via motivos para deixar Isabella em seu poder. Todo
seu corpo estava tenso e expectante por vê-la cativa. E precisavam realmente sair dali, as duas
mulheres deixadas á porta estavam fazendo uma algazarra na entrada do banheiro, porém cedo ou
tarde teriam que deixar as outras entrarem. Provavelmente logo chamariam a segurança. Tentando
não demonstrar o quanto estava abalado, afirmou por fim.
– Está bem. Aceito ouvir o que tem á me dizer; sem ataques. – controlando sua ansiedade, pediu. –
Agora me entregue Isabella.
– Estou confiando em sua palavra Edward.
Dito isso, a vampira fez com que Bella desse um passo á frente na direção de Edward. Antes que
soltasse seu pulso, a vampira correu o polegar pela pele macia. A jovem estranhou e sentiu todos os
seus pelos se eriçarem em repulsa. Não teve tempo de pensar sobre o toque incomodo, pois Edward
se aproximou em um átimo e inverteu as posições, mantendo-a ás suas costas como sempre fazia.
– Edward você prometeu. – Zafrina lembrou-lhe na defensiva, quando ele ameaçou agachar-se e
rosnou em sua direção. – Eu lhe entreguei a garota.
– Somente por isso vou manter minha palavra, mas nunca mais se atreva á tocá-la.
– Não se preocupe... Quero somente que me escute antes que seja tarde para todos nós.
Zafrina disse seriamente, então retirou um cartão de algum lugar em seu decote e, aproximando-se
lenta e languidamente, colocou-o no bolso da camisa de Edward que não desviava os olhos de
nenhum de seus movimentos, sempre em alerta.
– Não posso mais voltar ao seu escritório então, por favor, ligue-me para que possamos marcar em
um local neutro e seguro para os dois.
Sem dizer mais nada ela se foi. Agora que estava segura ao lado de Edward, todo temor de Bella se
esvaiu dando lugar á raiva. A jovem sentiu seu sangue ferver nas veias depois do desfecho daquela
conversa estranha. O que foi aquela carícia em seu pulso? E que negocio era aquele de retirar
cartões dos seios e colocar no bolso de Edward?!... Aquilo só acontecia nos filmes, não?... Antes
que pudesse demonstrar sua indignação, foi abraçada possessivamente por seu noivo. Bella pôde
sentir toda tensão naquele abraço. Pensava em acalmá-lo, dizendo que a vampira folgada não havia
lhe feito nenhum mal, quando ele sussurrou.
– Venha, vamos sair daqui.
Sem esperar por resposta, Edward segurou sua mão e praticamente a arrastou em direção á porta.
Abrindo-a se chofre, imediatamente concentrou toda sua atenção ás lâmpadas do corredor fazendo-
as apagar e tremular antes de voltarem a acender. Durante esse processo, o grupo de mulheres
enfurecidas distraiu-se e Edward pôde tirar Isabella do banheiro sem que fossem vistos. Bella ainda
olhava estarrecida para as lâmpadas que ele manipulou sem nem ao menos tocar enquanto era
levada em direção á pista e de lá até o caixa.
Depois que Edward pagou pela consumação, eles seguiram para a calçada úmida e agora estavam
ali, em frente á Cielo como da outra vez; com a diferença que não estavam separados. Dessa vez
formavam um casal. A jovem tinha a cabeça cheia de duvidas, o coração inquieto e não ajudava em
nada o fato de Edward se manter taciturno. Ele não lhe dirigira a palavra desde que deixaram do
banheiro. Apenas a conservou ao seu lado e agora a mantinha firmemente presa entre seus braços
enquanto esperavam que o manobrista trouxesse o Austin Martin de Alice. Vez ou outra cheirava
seus cabelos e resmungava algo ininteligível.
Assim que o valet lhe entregou as chaves, Edward pegou o trent coat dela e a fez vestir antes de
ajudá-la a entrar no carro. Tão logo assumiu seu lugar, saiu em alta velocidade sem se importar com
o trânsito. Bella somente poderia imaginar o que aquele encontro representava para ele. Ver sua
expressão carregada fazia com que a jovem desejasse ter estado errada ou que pelo menos Edward
tivesse aceitado quando lhe sugeriu ser Zafrina fosse a perseguidora. Segundo ele havia se passado
tempo demais. Mas quanto seria “tempo demais” para um imortal? Ou pior, para uma mulher em
busca de vingança? Talvez por conhecer a obstinação feminina, Bella tenha pressentido desde o
começo se tratar da imortal que o marcara.
Mais uma vez o passado se colocava entre eles naquele final de semana. A jovem suspirou e olhou
na direção de Edward; começava a ficar ainda mais apreensiva com ele. Apesar da forma protetora
que a abraçou o distanciamento entre eles era evidente. Depois de toda paixão que praticamente os
assolou na pista de dança, aquele afastamento oprimia seu coração. Sabia que ele não estava em
melhor estado, queria conversar, mas não sabia por onde começar. Quando Edward foi obrigado á
parar em um sinal vermelho, Bella virou-se em sua direção e tocou-lhe o rosto.
Ao sentir os dedos quentes em seu queixo, o vampiro fechou os olhos com força. Uma das mãos se
fechou em punho no volante e a outra procurou pela dela em seu rosto, mantendo-a onde estava.
Precisava acalmar seu coração, mas não conseguia. Estava dividido pela culpa por tê-la exposto ao
perigo, o arrependimento de não ter aceitado o oferecimento de Jasper e o principal; a raiva de não
ter matado Zafrina há cento e sessenta e oito anos atrás.
Se o tivesse feito, agora ela não estaria de volta á sua vida para infernizá-lo. Não teria se
aproximado de Isabella, prendendo-a onde ele não poderia alcançar, defender ou salvar caso
resolvesse fazer o mesmo que ele havia feito á Kachiri e Senna. Se a vampira desejasse uma
vingança rápida e eficaz, bastaria um único movimento para arrancar a cabeça de sua noiva. Diante
daquela imagem projetada em sua mente e do frio cortante que cruzou seu coração, o vampiro
arfou.
– Edward... Fale comigo. – ela implorou ao ver-lhe o sofrimento.
Contudo ele nada disse. Retirou a mão de seu rosto, mas não a soltou. Segurou-a junto ao banco e
ergueu os olhos para o semáforo, vendo o sinal livre, seguiu novamente em alta velocidade. Ele
estava se torturando, Bella sabia; sentia. Já havia tido provas mais que suficientes que Edward
sempre pegava a culpa de tudo para si. Mas ela sabia ser um sofrimento infundado. Como no
episódio da piscina, a cena do banheiro não teve culpados. Nenhum dos dois poderia prever que a
vampira estivesse na casa noturna.
Subitamente um pensamento lhe atingiu como um raio. Zafrina havia comentado que os observou
na pista de dança... Esteve sempre á espreita. Provavelmente até antes disso, desde o restaurante.
Edward deixara claro que ele não poderia sentir o cheiro de outro imortal por causa da chuva, assim
como eles também não poderiam achá-lo pelo odor. Então só havia uma forma da perseguição ter
sido possível já que o endereço de Edward não era conhecido.
– A culpa é minha! – as palavras saíram antes que pudesse pensar.
– Pare com isso Isabella. – ele disse enérgico.
Não tinha como parar.
– Não Edward... A culpa é minha!... Ela esteve no jornal, sabia onde eu morava... Com certeza
esperou todos os dias em minha porta. Se eu não tivesse pedido para...
– Pare Isabella! – ele ordenou. – Acha que não pensei em tudo isso?
Na verdade era como se ela tivesse acabado de ler seu pensamento. Fora um irresponsável em ter
levado Isabella até o apartamento. Havia deixado a jovem vulnerável enquanto caçava. Ela estava
segura somente em seu interior, mas como poderia confiar que ela não saísse atrás de Black, por
exemplo? Como aconteceu em sua casa, ela poderia acreditar que nada aconteceria se fosse até a
sacada; até o corredor. Sim... Ela pediu para irem até East Village, mas ele conhecia os riscos, ele
poderia ter negado, ele deveria ter controlado seu impulso e ficado em casa em primeiro lugar. Não
precisavam discutir responsabilidades.
Resignada a jovem se calou. Determinou que se Edward fosse como ela, era melhor deixá-lo quieto
até que resolvesse falar alguma coisa. Forçá-lo somente acarretaria em discussão e ela não desejava
isso. Não depois da noite que tiveram. Não fosse a aparição da vampira biscate tudo teria sido
perfeito. Sim... Aparição, porque antes de ser imortal ela era uma assombração vinda de algum
limbo sombrio para atormentar a vida de Edward; e por conseqüência a sua. Bella não confiava
nela. Não pôde deixar de notar que Zafrina falava com ela de uma maneira e com Edward de outra.
Seria hierarquia ou falsidade? A jovem apostava na segunda opção. E novamente se perguntou qual
o significado do toque em seu pulso. Sentiu mais uma vez todos os seus pelos se eriçarem ao se
lembrar do contato.
– Não precisa mais se preocupar. – Edward disse tirando-a das lembranças. – Está segura agora.
Bella não reconheceu o tom. Olhando para seu rosto notou a testa vincada. Suspirando, pois sabia
ser inútil tentar convencê-lo á parar de remoer os fatos, afirmou.
– Eu sei disso... Não estou com medo!
– Ter medo é necessário. – ele retrucou carrancudo enquanto fazia uma curva fechada para entrar
em sua rua.
A jovem nem percebera o caminho. Mesmo dirigindo com uma das mãos, Edward havia feito o
trajeto em tempo record; milagre não terem sido abordados por excesso de velocidade. Quando ele
estacionou na calçada e acionou o portão, Bella disse para obrigá-lo a conversar com ela.
– Não entendo... Afinal, é para me preocupar ou não?
Sem olhar em sua direção Edward respondeu.
– Não quero que se preocupe porque está comigo agora, logo estará segura em casa e ninguém
poderá fazer mal á você enquanto permanecer dentro dela. – então se voltou para encará-la
seriamente. – Mas quero que sinta medo para que não cometa atos irresponsáveis. Excesso de
confiança nos torna cegos ao perigo.
Ele era o exemplo vivo; pensou. Confiou que nada aconteceria e com isso deixou que Zafrina se
aproximasse. A vampira lhe devolveu a jovem, disse precisar de sua ajuda, tudo acabara bem.
Contudo o desfecho poderia ter sido outro. Um que Edward não ousaria pensar novamente por
temer sentir a mesma dor dilacerante transpassar seu coração. Com um bufar exasperado, colocou o
carro para dentro e o guiou até a porta da casa.
– Espere. – recomendou antes de sair.
Então saiu do carro e, depois de ajudar Isabella á sair, conduziu-a até a porta.
– Pode subir... Vou logo atrás de você.
Dito isso a fez entrar e trancou a porta. Somente então levou o carro até a garagem. Depois de
retirar as coisas da jovem do banco traseiro, seguiu para a casa. Ao passar por um trecho de seu
jardim, sentiu um calafrio estranho. Olhou abruptamente em volta, mas não viu nada nem ninguém.
Era realmente frustrante que a chuva apagasse os traços e encobrisse os odores. Como havia dito á
Isabella, se algum imortal resolvesse passear por seu jardim, não saberia.
Melhor ir ter com ela, pensou. Esteve calado praticamente todo o percurso, cismando sobre os
acontecimentos. Sentindo o abismo crescer entre eles novamente levando toda cumplicidade
adquirida naquela noite. Não desejava aquilo, mas simplesmente não conseguia conversar com ela
normalmente sobre a aproximação de Zafrina. Ainda mais quando sentia a necessidade de
desculpar-se, mas estava cansado de lhe pedir desculpas. Até quando erraria com ela? Até o dia que
não fosse possível ter seu perdão? Era preciso redobrar a atenção á Isabella.
Decidido entrou na casa. Acreditou que a jovem já estivesse no quarto, porém a encontrou na sala.
De pé, ao lado do carrinho de chá que lhe servia como bar, segurando um copo contendo um líquido
âmbar. Seu rosto estava corado e seu olhar era incerto. Indo em sua direção, Edward deixou a bolsa
dela junto com a frasqueira sobre o sofá e aproximou-se, sem desprender os olhos dos dela. A cada
passo podia ver o rosto da jovem se tingir mais e mais de vermelho.
– Achei que gostaria. – disse lhe estendendo o copo de uísque. – Se ajudar pode até quebrar o copo
depois.
Edward entendeu naquele instante que estavam bem; não precisava desculpar-se. A distância havia
diminuído; a cumplicidade não havia sido perdida. O vampiro sentiu-se tranquilo, quase contente
com a constatação, mas não ao ponto de sorrir. Sem nada dizer, retirou o copo das mãos dela e, sem
olhá-lo, depositou sobre o carrinho. Ainda a encarando, Edward correu a mão ao longo de seu rosto
corado. Depois a escorregou por sua nuca, entranhando os dedos em seus cabelos.
– Sua atenção já ajudou. – disse trazendo o rosto dela para perto. – Obrigado!
Então a beijou levemente em agradecimento pelo cuidado dispensado á ele. Isabella ainda tentou se
prender á seu pescoço, mas Edward foi mais rápido e a pegou no colo.
– Está tarde. – disse sério. – Melhor subirmos.
Bella apenas assentiu com a cabeça e deixou-se ser carregada. Edward não correu. Depois de pegar
as coisas dela sobre o sofá, subiu as escadas normalmente até o quarto. Todo trajeto ela lhe analisou
o rosto. O vinco em sua testa havia desaparecido, mas ele ainda se mantinha circunspecto. Ela não
sabia mais o que fazer para tirá-lo do turbilhão mental em que se encontrava. Assim que foi
depositada no chão, Edward lhe disse.
– Vou tomar um banho para tirar os odores daquele salão do meu corpo. Quer ir antes de mim?
– Não. Pode ir primeiro.
– Serei breve. – depois de beijar-lhe a testa seguiu para o banheiro.
Bella ficou a olhar para a porta até que ouvisse o som do chuveiro. De repente se lembrou que não
conseguiria persuadi-lo a deixá-la sair depois daquele encontro infeliz; pelo menos não naquela
noite. Suspirando ela se sentou na beirada da cama para tirar os boots. Descalça foi até o guarda-
roupa pegar sua camisola azul na gaveta destinada á ela. Antes de retirá-la viu outra peça trazida por
Alice. A jovem a pegou e analisou. Certo, seria aquela então. Enrolando a camisola, colocou-a em
baixo do braço e foi até sua frasqueira para pegá-la também. Preparada para trocar-se, sua vontade
era invadir o banheiro, mas não achou prudente. A pergunta havia deixado claro que ele não queria
companhia. Melhor deixá-lo á vontade.
E não precisou esperar muito, logo Edward saiu para o quarto com uma toalha em volta da cintura.
A jovem não pôde evitar olhá-lo. Aquele dorso lhe roubou a atenção enquanto se aproximava dela
na pista de dança. Bella jamais se esqueceria, nem deixaria que o ocorrido depois maculasse sua
lembrança. Entendia a importância daquele encontro, o perigo que havia corrido, mas acabara tudo
bem e “isso” era o que deveria contar. Isso e todo o restante que ocorreu anteriormente. O carinho
no restaurante, o desejo da Cielo. Quando teve seu corpo movimentado de forma luxuriosa junto
àquele á sua frente. Percebeu que havia excedido o tempo máximo permitido para apreciação
quando Edward pigarreou e disse.
– O chuveiro está livre.
– Ah sim...
Depois de sair de seu transe, fez como ele. Banhou-se somente para retirar o cheiro da casa noturna
de seu corpo e cabelo e secou-se rapidamente. Nua diante do espelho lembrou-se das palavras de
Zafrina.
“Gostaria de entender o que um vampiro como Edward viu em você”.
Vampira idiota!... Pensou enciumada. Poderia não ser linda como uma imortal, mas não era feia.
Não era voluptuosa como a morena, mas seu corpo era bem formado. E porque ela tinha que
entender alguma coisa afinal?... Os motivos de Edward não eram da conta dela. E uma vez que ele
não se importava de ela não ser deslumbrante, ninguém mais deveria se importar. Era aquele corpo
– ainda magro pelos dias sem apetite – que Edward desejava. E seria ele que o vampiro teria.
Sufocando palavras pejorativas da imortal, Bella se fez uma última avaliação.
Dessa vez reparou que as marcas estavam de volta uma vez que a maquiagem se fora. Talvez elas
atrapalhassem, mas não desistiria de voltar ao clima de antes da interrupção desagradável; o
envolvimento na pista de dança deixou claro que Edward não era intransigente. Se havia voltado
atrás em sua decisão de não fazer amor com ela antes, poderia mantê-la agora. E quem sabe; Bella
pensou esperançosa, não poderia mudar quanto ao jornal também. Quando viu a peça trazida por
Alice, lembrou-se que na noite anterior ele refreou seus carinhos acusando-a de tentar persuadi-lo
sedutoramente.
Se ela possuía tal poder, estava na hora de aprender á usá-lo. Edward não a encantava quando bem
entendia para conseguir o que queria?... Então tentaria fazer o mesmo; começando por tirá-lo
daquele ciclo vicioso de culpa e preocupação em que se encontrava. Não acreditava que estivesse
calmo como dava a entender e definitivamente não gostava de vê-lo daquela forma. Se sexo não o
distraísse ou os reaproximasse, nada mais poderia fazê-lo. Decidida, depois de espalhar seu creme
em todo o corpo, vestiu a camisola preta que trouxe consigo, escovou os dentes e penteou os
cabelos. Somente então seguiu para o quarto.
Edward estava deitado sobre as cobertas, como sempre somente com a calça de seu pijama preto. As
mãos apoiadas atrás da cabeça deixavam todo seu peito á mostra. Bella evitou olhar duas vezes para
aquela floresta negra e rumou até o guarda-roupa para deixar as roupas que usou. O certo seria
deixá-las no cesto, mas o desfile era intencional. Sentia seu rosto corado durante o percurso. Havia
um motivo para nunca ter usado aquela camisola; era curta demais, sua renda transparente demais.
Sentia-se nua. Antes mesmo que se voltasse em direção á ele, podia sentir o olhar de Edward sobre
si.
– Esse pedaço de pano tem um nome? – Edward perguntou com o cenho franzido.
– Bom... – ela começou enquanto prestava atenção aos próprios passos. – Acho que desde o seu
tempo chamam de camisola.
– Decididamente isso não é uma camisola e se no meu tempo uma mulher fosse vista usando algo
tão obsceno com certeza seria levada á inquisição.
“Sim”, seria levada como a bela bruxa que era; pensou Edward. O cheiro dela já o torturava desde
antes de sair do banheiro. Uma vez que se livrou dos odores da casa noturna e usou sabe-se lá o que
com essência de morangos, o vampiro não conseguiu mais se concentrar. Estava deitado esperando-
a e cismando sobre o aparecimento de Zafrina, quando ela entrou no quarto usando aquele pedaço
de perdição que chamava de camisola. Já havia visto várias iguais em várias outras mulheres, mas
sobre o corpo dela a tira de pano adquiria um poder bélico. Ainda sentia-se inquieto, mas foi
impossível não se render ou controlar as sensações de seu corpo.
Há horas sentia falta do dela; precisava dela. Como sempre acontecia em suas resoluções referentes
á Isabella, havia burlado sua decisão em não fazerem amor. Provocou-se na Cielo, somente para ter
seu desejo reprimido de forma violenta. Agora que estavam em segurança e ela lhe provocava
desfilando daquela maneira, infiltrando-se em sua mente para tomar o lugar de suas preocupações
não tinha como impedir que seu desejo voltasse com força total. Excitado e momentaneamente
esquecido do mundo lá fora se deixou envolver pelas ações feitas por Isabella para apaziguá-lo,
distraí-lo. Para ela poderiam ser pequenos gestos, mas para ele indicavam que, mesmo que se
afastassem por causa da eterna tensão, sempre estariam juntos e qualquer obstáculo seria vencido.
Com o coração aos saltos, Bella chegou aos pés da cama; aquela era a hora. Ajoelhando-se no
colchão, engatinhou até ele e, antes que a coragem lhe faltasse, cheirou e beijou seu umbigo. Sentiu
Edward estremecer e essa reação animou-a. Alternando breves beijos e cheiradas em sua pele fria,
Bella foi fazendo o caminho inverso indicado por seus pelos e subiu em direção ao peito largo. Ele
ainda mantinha as mãos atrás da cabeça e todo seu dorso estava exposto para ela. Deixando a mão
se perder entre os pelos e excitando-se com aquele contato, ela depositou um beijo na base do
pescoço dele e perguntou em um murmúrio.
– Me levaria á inquisição?... – então sem aviso o mordeu.
Com um urro incontido, Edward a derrubou de costas sobre o colchão e se pôs sobre ela, sentando-
se sobre seu quadril e a prendendo pelos pulsos á altura da cabeça.
– Seria apropriado para uma bruxa. – disse roucamente.
– Então me leve... – provocou tentando soltar-se.
– Acho que não... – ele retrucou erguendo seus braços ainda mais para que pudesse segurá-la com
uma mão. – Posso fazer as vezes de inquisidor e castigá-la aqui mesmo por atrever-se a morder um
homem depois de aparecer diante dele usando essa renda indecente.
Dito isso segurou o decote e rasgou a renda em uma única puxada deixando os seios dela á mostra.
As marcas estavam ali para lembrá-lo de ser gentil então, apesar de estimulado pela brincadeira e
sentir-se realmente tentado á “castigá-la” como havia feito na tarde passada, apenas acariciou-lhe os
mamilos até que ficassem intumescidos.
– Edward... – ela gemeu. – Solte minhas mãos... Quero senti-lo.
Então seria aquilo, Edward pensou maliciosamente.
– Não. – disse acariciando a lateral de seu corpo até chegar ao elástico da calcinha mínima. – Esse
será seu castigo por provocar-me como a bruxa que é; por cheirar-me como uma fêmea
reconhecendo seu macho.
Então insinuou a mão no interior da peça para tocá-la intimamente.
– Ah... Por favor, Edward... – ela sussurrou.
Edward ignorou seu pedido, passando a estimulá-la ainda mais. O cheiro que desprendia dela
provocava o latejar incessante de seu próprio sexo. Sua ereção completa mal era contida pela seda
do pijama; precisava estar nela de uma vez por todas. Isabella estava pronta, molhada esperando por
ele. Sentia-se orgulhoso em ver que o breve contato dos corpos já despertava tal grau de excitação
em sua mulher; seu par. Satisfeito, declarou.
– Sem clemência para alguém que já se encontra úmida como você está. – então acusou
roucamente. – Você é uma bruxa pervertida Isabella. Provoca-me justamente para ser castigada.
– Sou inocente da acusação “senhor”. – ela disse entre um gemido e outro, satisfeita por saber que
poderia provocá-lo. – O faço apenas para que me ame... “Vem”
– Sempre...
Então Edward livrou-a da calcinha e se colocou entre suas pernas. Depois de abaixar a calça do
pijama o suficiente para liberar sua ereção, afundou-se nela.
– Edward... – ela choramingou antes de enlaçá-lo pela cintura com as pernas.
Por quantas horas Bella ansiou senti-lo inteiro e pulsante dentro de si? Não se lembrava mais e não
importava. Agora ele estava onde deveria estar; movendo-se lentamente sobre ela. Concentrado
naquele jogo de quadril que tanto a enlouquecia. Não poder tocá-lo somente aumentada sua tortura
e desejo por ele. A posição de seus braços deixava seus seios empinados de forma que os bicos
endurecidos fossem acariciados pelos pêlos de Edward enquanto se movia junto á ela. A sensação
provocada refletia no ponto sensível entre suas pernas, intensificando o prazer provocado pelo
membro de Edward, privando-lhe a respiração e os sentidos.
– Dance para mim agora... Acompanhe-me Isabella.
Como se o ar já não estivesse pouco, depois do pedido Edward capturou-lhe a boca reprimindo seus
gemidos. Obediente, Bella apoiou os pés no colchão e começou a mover o corpo sob o dele,
acompanhando-o. Com um grunhido, ele aprofundou o beijo, deixando que sua língua se fundisse á
dela. Novamente a segurou com as duas mãos, não a prendendo pelos pulsos, mas mantendo os
dedos entrelaçados. Dançavam de mãos dadas. E assim, naquela posição clássica, movendo-se
lenta, porém profundamente, alcançaram o orgasmo juntos.
Ainda com o corpo dela estremecendo sob o seu, Edward interrompeu o beijo e afundou o rosto no
pescoço da jovem. Não poderia mais mordê-la, então apenas beijou a pele macia enquanto os
espasmos de sua própria satisfação corriam por seu corpo. Deixou-se ficar sobre ela; protetora e
preguiçosamente. Se fosse possível a teria sempre assim. Atada á ele, em algum lugar que ninguém
tivesse acesso á ela. Assim que lhe soltou as mãos a jovem o abraçou antes de tocar seus cabelos.
Intimamente desejou que ela também quisesse o mesmo; estar sempre junto á ele longe de todos.
Bella correu as mãos pelas costas largas até alcançar-lhe os cabelos da nuca para acariciá-los. Não
se importava que o peso dele quase a esmagasse. Adorava senti-lo daquela maneira, largado sobre
seu corpo depois de ter proporcionado prazer á ele. Naquele instante ínfimo sentia-o como se fosse
verdadeiramente só seu. Como se não tivesse que dividi-lo com os amigos, trabalho, problemas e
agora... Zafrina. Não era hora, mas novamente a lembrança da vampira a perturbou. Bella queria
que existisse outra maneira de seu vampiro esclarecer suas duvidas que não fosse se encontrar com
ela uma segunda vez.
– Amo você, Edward!... – ela sussurrou. – Se fosse possível, não sairíamos mais daqui.
O vampiro praticamente ronronou de satisfação. Erguendo a cabeça para encontrar os olhos
castanhos, declarou.
– Amo você Isabella... Se fosse possível, não levantaríamos daqui.
– Bom... – ela começou rindo levemente, começando á sentir falta de ar. – Nesse caso seria
providencial que invertêssemos as posições... Ou estaria disposto a perder algum peso?
– Perdoe-me. – disse saindo de dentro dela e rolando o corpo para o lado trazendo-a consigo para
que ficasse parcialmente sobre seu peito. – Não era minha intenção esmagá-la.
– Não que seja ruim nem nada disso... É que é bom poder respirar de vez em quando. – brincou.
Edward não riu e tomando uma mecha de seu cabelo, disse.
– Quero-a respirando sempre... Prometa nunca parar de fazê-lo.
Então toda leveza se foi. Se ele mantivesse sua decisão de não transformá-la, não tinha como
prometer o impossível.
– Edward... – ela começou, mas ele a interrompeu.
– Prometa que se manterá viva por muitos anos ainda... Não estou pronto para perdê-la!
– Acha que algum dia vai estar? – ela lhe perguntou gentilmente.
Edward não respondeu, passou a acarinhar seu rosto enquanto olhava para cada detalhe dele. Não
lhe disse uma palavra, mas sabia a resposta. Descobrira aquela noite que jamais estaria preparado.
Estava disposto a ficar com ela até que a morte a levasse quando então poderia segui-la, mas
naqueles minutos em que a jovem esteve cativa de Zafrina, experimentou uma dor tão profunda que
não tinha mais certeza ser capaz de suportá-la mesmo nos segundos que demorasse á se juntar á ela.
Não... Simplesmente não poderia pensar sobre aquilo no momento – não sem rasgar seu pulso e dar
de beber á Isabella. Então, circulando levemente um de seus olhos declamou na tentativa de mudar
de assunto.
– “Se eu pudesse descrever a beleza dos teus olhos e enumerar teus atributos em épocas vindouras
diriam... O poeta mente! A terra jamais foi acariciada por tal toque divino”.
Bella suspirou comovida; por inspirar citações Shakespearianas e pela possibilidade real da frase.
Sem que pudesse se refrear, disse.
– Podem até dizer que o poeta mente, mas “ele” tem a chance de descrever o que considera belo em
sua musa por várias épocas vindouras... Mesmo quando ela deixar de existir.
Edward franziu o cenho e mais uma vez citou Shakespeare.
– "Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja
mentira, mas não duvides jamais de que te amo."
Bella sentiu-se inquieta. Não poderia desistir, ainda mais agora que descobrira ser capaz de
persuadi-lo. Contudo, diante de sua manobra em mudar de assunto e de sua resposta, via a nova
esperança começar a se esvair. Estava decidida á retrucá-lo, porém Edward não permitiu,
interrompendo-a antes que falasse qualquer coisa.
– Dê-me uns dias Isabella. – pediu.
– Sério?! – ela exclamou incrédula. – Vai mesmo repensar sua decisão?
– Vou... – disse em um suspiro.
– Ah, Edward...
Bella não saberia descrever o que sentia. Era um misto de alívio mesclado á nova esperança e medo.
Não medo do futuro infinito, mas que ele não mudasse de idéia, medo que ele só estivesse
ganhando tempo. Mas o temor era mínimo se comparado aos outros sentimentos. Edward prometeu
pensar!... Somente aquilo tinha grande valor para ela. Feliz, subiu mais em seu corpo para abraçá-lo
e beijá-lo. Como sempre o atrito dos corpos a excitou fazendo que o mesmo ocorresse com Edward.
Antes mesmo de intensificarem o beijo já se acariciavam, provocando um no outro a mesma fome
que logo seria saciada quando os corpos se unissem. Não livres de seus problemas, mas totalmente
esquecidos deles.
Horas depois o vampiro ainda estava acordado. Isabella dormia abraçada á ele, agora decentemente
vestida em sua camisola azul e protegida por um cobertor. Tinha a cabeça pousada em seu ombro e
uma das mãos em seu peito. Odiava ter que deixá-la, mas a curiosidade lhe instigava. Edward
precisou tomar o máximo cuidado para sair dos braços da jovem; não queria despertá-la. Quando
escorregou para fora da cama, ela resmungou algo e abraçou-se ao seu travesseiro.
Depois de acariciar e beijar os cabelos castanhos, Edward foi até seu sobretudo e, ignorando os
envelopes que havia trazido do apartamento de Isabella, pegou o celular. Ao colocá-lo no bolso,
pegou a camisa que usara em seu encontro e retirou o cartão que a vampira havia colocado,
provocativamente, em seu bolso. Ele queria crer que o gesto fosse somente reflexo pela natureza
sedutora dos vampiros de um modo geral, não no intuito de agradá-lo. Já teve sua cota de problemas
com Rosalie, não queria agora que outra vampira que abominava cismasse com ele. Com o pedaço
de papel na mão, saiu do quarto e foi até a sala.
Assim que chegou ao sofá, viu o copo de uísque intocado que Isabella havia servido para ele.
Depois de pegá-lo foi sentar-se no banco do piano. Olhava o papel em seus dedos, sem vê-lo.
Pensar na vampira sobrevivente, o fazia lembrar-se da maldita marca que ela havia feito em seu
corpo. A mesma que maculava a pele de Isabella e que agora o impedia de transformá-la e o
obrigava a dizer o que a jovem queria ouvir na tentativa de ganhar tempo. Não gostava de usar
aquele artifício, mas era necessário. Após um suspiro resignado, deu um gole em seu uísque.
Agora que Zafrina estava de volta á sua vida, não poderia sequer pensar em transformações. Não
queria nem imaginar o que ela faria caso descobrisse que aquela com o poder de subjugá-lo não só
existia como era sua noiva. Edward não havia acreditado naquela conversa de precisar de sua ajuda;
apenas aceitou os termos para ter Isabella de volta. Estava claro que ela queria vingança e sendo
assim... Que melhor forma de destruí-lo que usando Isabella contra ele? Se a jovem fosse mudada e
lhe atacasse, jamais se defenderia. Seria um embate perdido. Na verdade, ninguém além deles e do
casal de amigos deveria saber sobre a marca.
Ao pensamento Edward voltou á olhar o cartão com atenção. Era simples, sem nome ou endereço;
apenas um retângulo branco com um número de celular. Melhor começar á resolver aquilo e uma
vez. Ao dar outro gole na bebida ardente, ergueu os olhos para o relógio. Três e quarenta e dois;
cedo demais, tarde demais, dependendo do ponto de vista. A seu ver era a hora ideal. Deixando o
copo no assento ao seu lado, sacou seu celular e discou.
– Mais cedo do que eu esperava. – ela disse á guisa de saudação. – Bom dia Edward.
– Talvez para você. – ele disse de mau humor. – Vamos esquecer as amabilidades e ir direto ao
assunto. O que quer comigo?
– Já disse. Preciso de sua ajuda.
– Pois então fale.
– Não por telefone... Podemos nos encontrar então conversamos. Que tal agora?
Imediatamente Edward olhou para o alto da escada e analisou as possibilidades. Não era seguro que
se encontrassem á noite. Evidente que sempre poderia ligar para Jasper e juntos irem ao encontro da
vampira o quanto antes enquanto Alice faria companhia á Isabella. Mas havia dois pontos falhos;
não era preciso muito conhecimento para saber que Zafrina não concordaria com a presença de
outro vampiro e, mesmo que o mantivesse distante, ela poderia se retrair caso o descobrisse e toda
chance de finalmente saber algo concreto estaria perdida. E segundo, ainda não estava recuperado
emocionalmente; não queria se afastar de Isabella. E mesmo que a quisesse inteira em seu mundo,
não via como acordá-la para inquietá-la como fez pela manhã ao avisar sobre sua saída.
– Agora é impossível.
– Entendo... – ela disse de forma arrastada. – Pela manhã então. Agora tenho seu numero, vou
escolher um local neutro e lhe telefono.
– Faça isso e seja breve. Estou cansado desse seu jogo.
– Já disse que não sou a culpada.
– Todos são inocentes até que se prove o contrário, não é mesmo?
– Você é o criminalista. – ela disse sem entonação. – Assim que encontrar um bom lugar para nosso
encontro eu procuro por você.
– Estarei esperando.
– E Edward... – ela chamou antes que ele desligasse.
– Fale.
– Não comente sobre nosso encontro e... Tente não pensar em mim.
Dito isso desligou. Edward ainda ficou olhando para o aparelho em sua mão. O que ela queria dizer
com aquilo? Não deveria pensar nela de que maneira? Agora pensava em Zafrina mais do que
sempre o fez. A vampira nunca havia saído de sua mente. A prova fora o pronto reconhecimento
depois de tantos anos. Toda sua história estava ligada á ela então como e por que não pensar á
respeito?... Novamente, mais perguntas sem respostas. No caso da vampira as duvidas seriam
sanadas pela manhã. O vampiro não conseguia atinar o que ela poderia desejar com ele que não
fosse vingança. Simplesmente não confiava nela.
Disposto a descansar ao menos nas poucas horas que restavam para amanhecer, Edward bebeu todo
o liquido âmbar de uma só vez. Não quebrou o copo. Apesar da visita improvável, e da tensão
causada por ela, não se sentia enfurecido. Sua humana teve o poder de acalmá-lo; estava apenas
expectante pelo que viria á seguir. Depois de deixar o copo sobre o carrinho, Edward voltou ao
quarto. Isabella estava deitada da mesma forma que havia deixado. Sem conseguir ficar longe dela,
deitou-se ao seu lado e esperou. Como acontecia na cama da jovem, nas noites que passou com ela,
não foi preciso esperar.
Sentindo sua presença, Isabella tateou por seu braço, e logo se aproximou para recostar a cabeça em
seu peito. Edward sorriu satisfeito. Era natural, a jovem corria para ele como um rio á procura do
mar. Edward a abraçou protetoramente e cheirou o alto de sua cabeça. A analogia era válida; sentia-
se realmente como um mar revolto. Amansado momentaneamente por seu pequeno rio, mas prestes
á explodir em tormenta para naufragar, todo e qualquer fantasma do passado; desde o mais remoto
ao mais recente.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Que acharam?... Já formaram mais teorias?... Estão gostando?... Não... Me
digam... Comentem... Quero muito saber... :)
Agora vem a má notícia... Postei o capítulo inteiro, pois (não me perguntem como) fiquei
devendo quatro spoiler para as meninas da comunidade... Todos para a noite de ontem...
Se liberasse tanto spoiler assim acabaria contando a fic toda... :P
Então fiz a troca... Capítulo inteiro pelos spoilers...
Logo... Como até mesmo vcs foram beneficiadas pela barganha, nada de spoiler aqui
tbm...
Vou deixar somente um trechinho inofensivo... :)
Aparentemente o assunto jornal havia sido esquecido. Isabella era realmente
inacreditável, Edward pensou tentando acompanhar seu humor enquanto ela enumerava
os defeitos de Zafrina. Seria possível que sua humana estive mesmo com ciúmes da
vampira? Acaso não percebia que ele odiava mais á ela do que odiou Rosalie? Se fosse
possível nunca mais a veria; se tivesse a chance lhe daria o fim merecido como fez com
as outras víboras odiosas. Jamais a desejaria como mulher por mais bela que fosse. Sua
noiva não tinha com o que se preocupar nesse sentido. Ainda analisava-lhe o rosto
quando ela perguntou desconfiada.
E como sabe que Zafrina vai avisar alguma coisa?
Sem dar chances d respondê-la, acrescentou incrédula.
Já falou com ela hoje?!
Bom minhas lindas é isso... Apesar da troca o que avisei antes continua valendo... Cada
vez mais vou ficar sem tempo á medida que o final de ano se aproxima... Ainda tô
resistindo em deixar o pc, em deixar de visitar a comunidade, mas parar será inevitável.
Minha prova é nesse domingo, mas depois disso preciso terminar uma encomenda de tela
e me dedicar mais aos trabalhos de Natal.
Vou manter o que disse e sempre deixar meio capítulo aqui como faço na comu... Sei que
vão ficar ansiosas do msm jeito, mas acho que é melhor do que esperar 15 dias pelo
capítulo inteiro...
Bjus amor... E desde já quero agradecer a compreensão de vcs...
Até os reviews... Xero grande!

(Cap. 54) Capítulo 25 - Parte II

Notas do capítulo
Oie...
Bom dia... Olha eu com mais um capítulo para vcs...
Amores... Obrigada pelo carinho que vcs têm com a fic... Sempre comentam, indicam... e
deixam a autora aqui mega feliz... *U*
Bom... vejo-as no final... Vampirão tá esperando vcs... :)
BOA LEITURA!...

Como deixar sua vida?


Fazer planos era mais fácil que colocá-los em ação; infinitamente mais fácil. Parado ao lado da
cama, com as mãos nos bolsos da calça social, Edward observava Isabella em seu sono. Linda, com
os cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro. Estava ao seu lado á pelo menos vinte minutos;
sem coragem de acordá-la ou sair sem se despedir. Naquela manhã uma flor e um bilhete não seriam
suficientes; para nenhum dos dois. Principalmente para ele. Ficar tanto tempo ao lado da jovem o
desestabilizou. Não conseguia se lembrar em como era antes dela. Talvez se estivesse deixando-a
em sua cobertura, a separação fosse menos traumática. Mas deixá-la naquela casa?
Estava decidido. Não existiria “no máximo até terça”. Seria somente por aquele dia. Não queria a
jovem em sua cobertura com o entra e sai da entrega de seus móveis. Alice teria toda segunda para
cuidar disso e de todas as outras tarefas que lhe incumbiria. No mais tardar á noite, ou na manhã
seguinte, Edward levaria Isabella para perto de si. Diante dessa decisão sentiu-se mais forte para
partir. Resoluto, sentou-se na beirada da cama e beijou-lhe o rosto demoradamente.
Bella acordou sentindo o toque frio em seu rosto; os lábios de Edward. Antes mesmo de abrir os
olhos lhe sorriu. Então ergueu a mão e procurou por seu rosto, depois de gemer levemente correu os
dedos até sua nuca. Ao sentir os fios úmidos, imediatamente abriu os olhos. O vampiro seminu e
eternamente descabelado havia dado lugar ao advogado. Todo o sono se extinguiu ao sentar-se para
olhá-lo de frente.
– Bom dia! – ele disse lhe sorrindo torto.
– Bom dia... – ela respondeu automaticamente analisando-o.
Decididamente aquela era a melhor forma de acordar. Tendo a visão que era Edward lhe sorrindo
daquela maneira vestido em um terno bem cortado. O despertar só não era perfeito, pois sabia que
seria deixada; e também por uma leve indisposição. Ignorando a dorzinha em sua cabeça que
prometia agravar-se caso não tomasse algo, recriminou-se por ter dormido direto sem ter tentado
convencê-lo á deixá-la ir ao jornal. A promessa dele em pensar em sua transformação a distraiu e
agora não teria tempo. Ao que tudo indicava, aquele era o começo de um dia longo, entediante e
solitário.
– Que horas são?
– Seis e meia. – respondeu depois de conferir seu relógio de pulso.
A hora que ela levantaria para ir á redação, mesmo assim perguntou.
– Não é muito cedo?
– Sim, é cedo... Por isso espero que volte a dormir tão logo eu saia.
– Como se isso fosse possível! – ela retrucou desanimada.
– Ao menos tente. – ele pediu acariciando seu rosto. – Talvez o dia passe mais rápido.
– Eh... Pode ser... De toda forma preciso telefonar para Esme.
– Posso fazer isso por você.
– Ah não... Obrigada, mas eu mesma faço isso. – tudo que Bella não precisava era que seu noivo
“dono” da metade do jornal em que trabalhava ligasse avisando que ela não iria trabalhar em sua
segunda semana. – Ainda devo uma explicação á Esme por ter saído ás pressas. Mandei-lhe um e-
mail tranqüilizando-a, mas prefiro falar com ela. – olhando-o receosa, arriscou. – Seria melhor se
fosse pessoalmente...
– Isabella, não comece... – Edward pediu sério.
Bella ignorou o pedido; era sua última chance.
– Seria rápido.
– Desista Isabella. Você não vai ao jornal nos próximos dias. Já tinha concordado, por que isso
agora?
Sim!... Pensou começando á inflamar-se com tom de comando, havia concordado depois que ele se
valeu de uma de suas piores lembranças; quando estavam envolvidos em um dos tantos climas
tensos que os cercava. Não era realmente sua intenção aborrecê-lo, mas como havia constatado
antes, se por acaso se rendesse sempre ás determinações de seu noivo, seria sufocada. Sem
conseguir refrear seu mau gênio, perguntou.
– Essa ordem é de meu futuro marido ou atual patrão?
– É a recomendação de alguém que conhece muito mais dos perigos que a cercam do que você. –
respondeu sem alterar-se com ela.
O novo tom a desconsertou. Seu ânimo exaltado se arrefeceu então, arrependida por ter usado sua
posição no jornal para provocá-lo, pediu usando seu último argumento.
– Edward juro que entendo sua preocupação... Mas por favor, deixe-me ir... Posso ficar no jornal
somente pela manhã... Depois invento alguma desculpa para sair e volto para casa... Alice me vigia
enquanto isso e...
– Não aprendeu nada com o que aconteceu ontem á noite? – ele indagou incrédulo sem deixar que
terminasse.
– Aprendi. – respondeu á contra gosto. – Mas penso que posso ficar segura estando na redação.
Vocês não podem se revelar, ninguém iria até lá fazer nada contra mim.
Edward não acreditou no que estava ouvindo. Como poderia confiar e deixá-la depois de suas
palavras? Novamente ficava clara a completa falta de senso de perigo de Isabella. Estava tão
preocupado com aquela rebeldia que nem se abalou á menção sobre sua sociedade no jornal; O
vampiro realmente era seu patrão e se de certa forma não fosse se igualar ao rábula a dispensaria
sem preâmbulos.
– Essa sua dedução mostra que não aprendeu nada e que o susto não valeu. – ele disse exasperado. –
Ontem estávamos em uma casa noturna... Muito mais humanos á sua volta que em uma redação e
acredito que não preciso lembrá-la do que aconteceu, não é?
– Não... Não precisa. – ela murmurou rendida.
Edward tinha razão; a vampira idiota havia esperado pacientemente até que fosse sozinha até ela.
Estava se fiando em Alice, mas até mesmo Edward não pôde impedir ou prever a aproximação.
Estaria segura somente dentro de casa, protegia pela restrição que impedia os vampiros de entrarem.
Arrependida por ter iniciado a discussão á toa, garantiu.
– Me desculpe por aborrecê-lo com esse assunto!... E não se preocupe... Não vou sair. Insisti apenas
causa de uma... Agonia antecipada por ter que ficar presa e sozinha.
– Não estará sozinha. Carmem e John estarão aqui. Só se lembre de não sair. – então tocou seu rosto
para que ela o encarasse e disse seriamente. – Isso é importante Isabella, não pode nem ir á casa de
Carmem, ao alpendre e muito menos ao jardim.
– Está bem...
Compadecendo-se de seu olhar entristecido e também sofrendo com nova falta de confiança e a
separação inevitável, Edward propôs.
– Se faz tanta questão de falar com Esme pessoalmente talvez eu possa levá-la á tarde. Não ofereço
de levá-la agora, pois tenho um compromisso.
Era tentadora a idéia de vê-lo mais cedo, mas se não desejava que Edward telefonasse para Esme
por não querer misturar as relações, imagina se poderia chegar á redação de braços dados com o
ele? Entristecida pela oportunidade perdida declinou ao oferecimento.
– Não se preocupe... Falo com ela ao telefone mesmo. – então ergueu a mão e arrumou
desnecessariamente a lapela de seu paletó. – Melhor ir de uma vez... Disse que tem compromisso e
não quero atrasá-lo mais do que já fiz.
– Tenho, mas não sei o horário ainda. Zafrina ficou de avisar quando...
– Como disse? – Bella o interrompeu.
O coração da jovem passou á bater aos saltos. Nem se lembrava mais do teor da conversa. Apenas a
última frase ecoava em sua cabeça. Bella viu Edward franzir o cenho antes de responder.
– Que meu compromisso não tem horário estabelecido.
– Isso eu entendi! – respondeu voltando á ficar de mau humor. – Quero saber da parte que citou a
vampira biscate.
– Vampira o quê? – Edward perguntou confuso.
– “Biscate”. – ela repetiu com ênfase. – Usávamos essa palavra lá em Phoenix. É o mesmo que
vadia, oferecida, duas caras e falsa. Tudo em uma única pessoa!
Aparentemente o assunto “jornal” havia sido esquecido. Isabella era realmente inacreditável,
Edward pensou tentando acompanhar seu humor enquanto ela enumerava os defeitos de Zafrina.
Seria possível que sua humana estive mesmo com ciúmes da vampira? Acaso não percebia que ele
odiava mais á ela do que odiou Rosalie? Se fosse possível nunca mais a veria; se tivesse a chance
lhe daria o fim merecido como fez com as outras víboras odiosas. Jamais a desejaria como mulher
por mais bela que fosse. Sua noiva não tinha com o que se preocupar nesse sentido. Ainda
analisava-lhe o rosto quando ela perguntou desconfiada.
– E como sabe que “Zafrina” vai avisar alguma coisa?
Sem dar chances d respondê-la, acrescentou incrédula.
– Já falou com ela hoje?!
A cena era inusitada. Não se comparava em nada com o ciúme contido que demonstrou sentir por
Tanya ou sua mãe. O corpo de Isabella tremia, seu rosto estava tingido de vermelho; ela estava
possessa. Ao que tudo indicava sua noiva temia aquela aproximação. Edward precisou se controlar
para não rir ou abraçá-la de pura satisfação. Naquele instante o assunto “jornal” também foi
completamente esquecido por ele; estava encantado. Talvez percebendo seu ar de riso, a jovem
prosseguiu inflamada.
– Falou não foi? – então se arrastou para fora da cama e começou a andar de um lado ao outro
depois de passar as mãos pelos cabelos em desalinho. – Evidente que sim... Ligou para ela enquanto
eu dormia, obvio!
O coração do vampiro estava tomado de contentamento. Sabia que ela sofria, mas não conseguia
evitar. Aquele ciúme desmedido de Isabella o aquecia; envaidecia. E a tornava tão desejável que
Edward achou por bem terminar com ele antes que não fosse capaz de sair daquele quarto. Em um
átimo estava á sua frente. A aproximação inesperada fez Isabella estacar e levar a mão ao coração.
O brilho de choque em seus olhos durou apenas um segundo, logo ela uniu as sobrancelhas e tocou
seu peito como se desejasse afastá-lo.
– Nem venha tentar me encantar para mudar de assunto.
Edward não se moveu um milímetro e segurou a mão em seu peito. A tentativa de mantê-lo longe
enregelou seu coração, mas não por tempo suficiente que roubasse o prazer da cena ou o calor que
as palavras de Isabella lhe proporcionavam. Com a mão livre segurou-a pelas costas, na altura da
cintura e a trouxe para mais perto.
– Ainda preciso “tentar”? – perguntou roucamente. – “Encantar” você?
– Por favor, não desconverse Edward Cullen. – ela pediu fechando os olhos. – Falou mesmo com
ela enquanto eu dormia?
Edward sorriu; Isabella seria assim tão ingênua ao ponto de acreditar que não olhá-lo mudaria
alguma coisa? Eliminando a distância entre eles até moldá-la á ele, o vampiro beijou as pálpebras
fechadas, uma de cada vez. A jovem estremeceu em seus braços.
– Era preciso. – explicou em um sussurro rouco. – E você sabia que eu a procuraria, então... Por que
o ciúme?
– Não estou com ciúme, é somente... Preocupação!
– Evidente! – Edward beijou sua bochecha, antes de deslizar os lábios até o pescoço. – Então não
tem com o que se preocupar... Ficarei bem!
Quando a beijou naquele ponto Isabella lançou a cabeça para trás, rendida.
– Alice vai com você?... Ou Jasper?... Não o quero sozinho com ela...
– Acho pouco provável que Zafrina queira outros rivais próximos á ela. – explicou cheirando seu
queixo.
A intenção era realmente distraí-la, mas deveria imaginar que a ação o afetaria. Agora se encontrava
dolorosamente excitado com a aproximação. Escorregando a mão por suas costas, deixou-a perto
nas nádegas cheias dela, para apertá-la ainda mais contra si. A jovem gemeu ao contato, seu cheiro
denunciando que, não só estava “encantada”, como “pronta” tanto quanto ele. Depois de abraçá-lo e
acariciar seus cabelos, retrucou em um murmúrio.
– E se “ela” não estiver sozinha? Pode ser uma armadilha Edward... Talvez seja melhor não ir...
Edward já havia pensado naquela possibilidade enquanto tentava dormir, mas simplesmente não
poderia voltar atrás. E começava a ter coisas mais interessantes á fazer que pensar no encontro com
a vampira “biscate”. O vampiro retirou seu paletó tão rápido que provavelmente, mesmo que
estivesse de olhos abertos, Isabella não teria acompanhado o movimento. Com a mesma rapidez a
ergueu em seu colo obrigando-a a enlaçá-lo pela cintura com as pernas.
– Edward... – ela arfou de susto, encarando-o.
O vampiro se deliciava com os batimentos cardíacos dela, com o rubor. Já não se importava em
atrasar-se. Praticamente nem se lembrava o que acarretou toda a conversa. Só tinha consciência dela
e que não poderia ficar o dia inteiro com aquele desejo contido. Suportá-lo-ia somente se Isabella
não o aceitasse.
– Acha que pode receber-me sem que eu a machuque?
– Tenho certeza que posso! – foi a resposta rouca.
Perfeito!... Com um grunhido incontido, Edward aproximou-se da cama e a derrubou sobre o
colchão. Todo o tempo que demorou a juntar-se á ela foi o de afrouxar e tirar a gravata, descalçar-se
dos sapatos e das meias e despir-se de todo o resto. Durante todo o processo, assistiu maravilhado,
Isabella livrar-se das próprias roupas e se expor para sua apreciação; estimulando-se para recebê-lo
sem se valer de nenhum falso pudor, ainda que estivesse com as bochechas coradas. O vampiro
guardaria aquela visão de sua bruxa contraditória por todo o dia.
Era pouco antes das oito horas quando as portas do elevador particular se abriram no andar dos
escritórios, dando passagem á Edward. Como bem sabia o movimento já era intenso àquela hora.
Justamente por isso sua intenção era ter chegado mais cedo, mas o atraso valera á pena, Edward
pensou reprimindo um sorriso. Fosse como fosse, havia conseguido alguns minutos vindo com sua
moto; Alice poderia esperar para ter seu carro de volta. Com um suspiro resignado e tentando
relegar Isabella á um segundo plano, o advogado saiu para o corredor.
A tarefa não seria das mais fáceis, mas extremamente necessária. Tinha muito á fazer e não poderia
se distrair por nada; nem por sua vida. Mesmo que assustadoramente já sentisse a falta dela, mesmo
que tivesse deixado uma parte sua naquela casa, tinha que tornar-se inteiro para finalmente estar de
volta. Ciente de sua responsabilidade seguiu para a primeira tarefa daquela manhã. Como havia
acontecido no sábado, alguns de seus funcionários o cumprimentaram pela volta ao que ele
respondeu educadamente enquanto se dirigia á sala de James. Puro reflexo, pois sabia que não o
encontraria. Queria apenas tentar encontrar algo que tenha deixado passar no sábado.
Contudo, para sua surpresa, o cheiro de seu misterioso amigo está lá; em todo lugar. Edward o
sentiu antes mesmo de entrar na sala vazia. James esteve em seu escritório recentemente. O vampiro
franziu o cenho. Antes de chegar á alguma conclusão, achou por bem tentar obter informações pelas
vias usuais. Seguindo adiante no corredor, chegou á sala de Emmett. Diferentemente do outro
vampiro, ele não havia estado no escritório, mas a secretária humana que cuidava da agenda de
ambos ocupava o lugar de sempre. Quando o viu a funcionária se ergueu de um salto e o
cumprimentou alisando a saia.
– Bom dia Sr. Cullen!... Eh... Posso ajudá-lo em alguma coisa?
Edward não estranhava o pouco jeito da jovem. Como se não bastasse o encanto natural que as
humanas de um modo geral sentiam por ele, raríssimas vezes fora até a sala no final do corredor.
Ignorando os saltos frenéticos do coração feminino, ele disse casualmente.
– Gostaria de saber se Emmett está de volta.
– Ah, não!... – ela disse voltando á sentar-se – O Sr. McCarty não vem ao escritório desde sexta da
semana passada. Viajou á negócios.
– Entendo! – entendo disse lhe sorrindo. – E James? Saberia me dizer onde ele se encontra?
– Ah... – ela começou quase que em um suspiro. – O Sr. Styling tem um julgamento agora pela
manhã. Veio somente pegar alguns papéis e foi se encontrar com seu cliente.
Depois de alargar seu sorriso, Edward agradeceu e saiu para o corredor. Longe das vistas da
humana, voltou a ficar sério. Era realmente intrigante que James estivesse trabalhando como se
nada de anormal houvesse acontecido. Para consternação de Edward, as atitudes do vampiro eram
todas suspeitas, porém nada reveladoras. O imortal pareceu realmente satisfeito em vê-lo de volta,
mas sumiu no minuto seguinte como se soubesse que Edward voltaria á procurá-lo depois que
descobrisse a visita á sua sala. E aí estava a estranheza; se fugiu no sábado, por que estava de volta
na segunda? E indo para um lugar onde seria facilmente encontrado?
E o que pensar sobre o desaparecimento de Emmett? Agora era mais de uma semana de ausência
sem notícias. Preocupante, mas Edward nada poderia fazer. Nem ao menos sabia para onde ele
havia ido. Bom... O melhor á se fazer era se ocupar de quem estava perto. Decidido, seguiu para sua
ante-sala. Esperava encontrar Alice, contudo viu de longe que a secretária não ocupava sua mesa,
assim como não havia cliente algum á sua espera. No caso dos clientes, naquela manhã, era melhor
assim. Queria voltar á sua atuação, mas antes precisava ao menos tentar resolver alguma pendência.
Agora, mais do que nunca, estava ansioso por conversar com Alice. Precisava pedir que ela cuidasse
de alguns assuntos referentes á Isabella, assim como precisava ouvir seu relato sobre o que havia
acontecido naquele hospital. Depois procuraria James, se ele estivesse realmente no tribunal, não
sairia tão cedo. Resoluto, entrou na sua sala e, depois de tirar o sobretudo, foi sentar-se na sua
cadeira. Alice poderia não estar á sua espera, mas já havia deixado seus habituais jornais sobre a
mesa assim como um bilhete.
Bom dia.
Jasper tinha compromisso inadiável com clientes, mas será breve. Deve estar de volta antes das
dez.
Estou na sua cobertura supervisionando a entrega dos móveis novos. Louca pelas novidades; suba
assim que puder.
Alice
Edward olhou para os jornais, sabia ser preciso se inteirar do que acontecia á sua volta, ver se havia
novidades sobre o desaparecimento de Billy ou alguma outra morte suspeita, contudo, tinha coisas
mais urgentes á resolver e descobrir fatos novos sobre o rábula antes que Zafrina lhe procurasse era
uma delas. Sem pensar duas vezes, seguiu até sua cobertura. A entrega dos móveis já estava sendo
feita. Alguns carregadores transitavam pelo hall e o elevador de serviço. Agora que a situação se
agravara, por Edward eles não estariam ali.
Uma vez que o primeiro piso de sua cobertura estava recuperado poderia mobiliá-lo depois, mas já
que havia dado á ordem á Alice e, prontamente, ela lhe atendera não iria impedi-la de concluir um
serviço em andamento. Conformando-se com a “invasão” inoportuna, cumprimentou os
trabalhadores e entrou. Alice dava ordens indicando onde cada item deveria ser colocado quando
olhou em sua direção. A vampira abriu seu melhor sorriso antes de ir até onde ele se encontrava. Ao
aproximar-se, nunca parou indo abraçá-lo entusiasmadamente.
– Ah Edward... Estou tão feliz!
Depois de apertá-lo entre os braços se afastou e olhou para algum ponto ás suas costas como se
tivesse receio que fosse ouvida. Então voltou á encará-lo expectante.
– Pensei que fosse trazer Bella com você... – então batendo na própria testa, sorriu e disse
confidente. – Claro que não... Ainda é cedo para deixá-la sair, não é mesmo?
Edward não estava acompanhando o raciocínio nem o entusiasmo da amiga. Com o cenho franzido,
disse.
– Bom dia para você também Alice... – e sério, perguntou. – Posso saber o motivo de tanta alegria?
E por que seria “cedo” para Isabella sair?
Foi a vez de Alice olhar em sua direção como se não entendesse. Abaixando a voz, murmurou.
– Porque seria imprudente por ela ser uma recém criada, não? – então receosa, perguntou. – Como
ela se comportou ontem á noite? Você deixou que ela matasse uma pessoa? Ou você explicou que
ela não precisa fazer isso? Ela só matou animais?
Então era aquilo! Edward deveria ter se preparado. Seus amigos sempre souberam de sua intenção
em transformar Isabella em imortal tão logo ela o aceitasse. Era evidente que agora esperassem que
o fizesse. Esteve enganado quanto ás roupas simples que a amiga levou para Isabella. Alice
acreditou que a jovem não iria á nenhum lugar importante naquele final de semana por ser imortal.
Também não estranhou o fato dela não ter sentido o odor habitual da jovem em suas roupas; o vento
produzido pela velocidade de sua moto o levou por completo, roubando-o até mesmo dele.
– Responda Edward! – ela pediu impaciente. – Como ela se portou ontem á noite durante o
“jantar”?
Ao analisar o rosto da vampira, soube que não seria fácil fazê-la entender sua decisão. Prevendo a
discussão, disse impassível baixo o suficiente para que somente ela ouvisse.
– Não foi um “jantar” da forma que vocês entenderam. Levei-a á um restaurante e não á trouxe hoje
porque a quero segura, em casa. Não a transformei Alice.
– O quê?! – ela perguntou alto demais. Então, diante do olhar de Edward, baixou o tom e perguntou
ainda estupefata. – Por que não?!
– É uma longa história... Temos algo mais importante á tratar.
– Mais importante que Bella ser como nós?!... – perguntou ainda mais incrédula.
– Sim... Existem coisas mais importantes no momento.
A resposta foi para Alice, mas pareceu que desejava convencer á si mesmo.
– Pois então diga o que pode ser mais importante que deixar Bella fortalecida. – retrucou de mau
humor, depois de dar uma olhada furtiva em direção aos carregadores.
Edward seguiu seu olhar e depois de certificar-se que todos estavam ocupados, disse.
– Quero que me diga exatamente o que percebeu de estranho em Paul quando foi ao hospital com
Isabella.
Imediatamente o semblante da vampira mudou.
– Certo... Isso é importante. – pegando-o pelo braço o levou até a porta que levava á sua piscina. O
mais longe possível da movimentação em sua sala. – Pode parecer bobagem de minha parte, mas
acho que Paul sabe sobre sua imortalidade e sobre as coisas que fez para tomar-lhe a namorada.
– Por que achou isso?
– Pelas coisas que ele disse á Bella. – Alice contou preocupada. – Ele disse com todas as letras que
você a tirou “á força”. Quando a chamei para irmos embora, Paul me perguntou de que “século”
você havia vindo.
Tudo aquilo Isabella já havia contado á ele. Estava prestes a dizer isso á Alice quando ela
prosseguiu.
– Quando ele lhe chamou de bastardo canalha achei que fosse somente um xingamento, mas depois
de tudo que disse... Acho que ele sabe de muitas coisas á seu respeito.
Edward sentiu seu sangue velho congelar nas veias.
– Ele se referiu á mim como “bastardo”?!
– Sim... – respondeu pesarosa.
Aquele era um detalhe preocupante. Ninguém além dele, Jasper ou Alice sabia sobre o deslize de
sua mãe. Edward sentiu-se inquieto em seu âmago. Confiava nos amigos, não restava dúvida, mas
talvez não fossem tão discretos quanto acreditou que fossem. Desconfortável começou.
– Alice. – então prosseguiu cauteloso. – Por favor, isso é muito importante então preciso que me
diga a verdade.
– Sobre o quê? – ela perguntou juntando as sobrancelhas.
– Você ou Jasper alguma vez comentou com os outros sobre mim ou as coisas que fiz para
conquistar Isabella?
– Está maluco Cullen?! – ela exclamou ofendida.
– Não, não estou maluco. – ele respondeu sem alterar-se. – Mas preciso saber o que está
acontecendo.
– Ah... E a primeira opção é desconfiar de seus amigos? – disse visivelmente magoada.
– Nunca seria minha primeira opção. – disse categórico. – Mas somente nós sabemos desses
detalhes.
– Acha que já não pensei nisso?! – ela perguntou exasperada. – As palavras dele ficaram remoendo
em minha cabeça todos esses dias. E você nem quis me ouvir quando tentei contar antes que tudo
piorasse...
Não havia como não se irrita diante do comentário.
– Antes que piorasse?!... Lembra-se de “quando” tentou contar? Na ocasião não tinha como ser pior.
Eu não queria saber nem de mim mesmo, imagina se ouviria algo referente ao humano mais
desprezo em um encontro com Isabella. – impacientando-se ainda mais disse sem alterar a voz. –
Você queria novidades? Pois eu tenho novidades... Paul é um imortal assim como nós.
Alice abriu a boca, mas Edward não lhe deu chances de dizer qualquer palavra.
– Diante disso, eu “preciso” saber como ele conhece tanto á meu respeito. Saiba que não estou os
acusando de nada; quero somente entender... E vocês não precisariam ter contado á alguém, bastaria
que comentassem até mesmo entre si para que outro imortal pudesse ouvi-los. Assim como Rosalie
ouviu uma pequena parte de nossa conversa.
– Desculpe-me Edward. – ela pediu sinceramente. – Sei que jamais desconfiaria de nós. E não, não
conversamos sobre isso... Pelo menos não quando havia a mais remota possibilidade de sermos
ouvidos. Como você mesmo citou Rosalie, ela ouviu quase nada, pois percebemos a aproximação
dela. Agora... Sobre Paul... Você tem certeza?... Um imortal?
– Infelizmente é verdade. Fui até seu apartamento e confirmei... Mas não sei quem o transformou ou
quando.
– Bom... – começou Alice pensativa. – Quando o encontramos no Belleveu ele até poderia já ter
sido mordido, mas não havia provado sangue imortal.
– Você não farejou nenhum traço de outro vampiro nele?
– Em um hospital?! – ela o olhou; incrédula. – O lugar todo cheirava á éter, sangue e doença! Nem
mesmo o cheiro de James que foi quem o levou estava em suas roupas depois de tanto tempo.
O último comentário lhe chamou á atenção.
– Sobre o tempo... Isabella comentou algo sobre acreditar que ele não estivesse mais no hospital
quando foi atrás de notícias. E pelo que Jasper me disse, era para ter sido dessa forma. Estranho que
tenham se encontrado.
– Analisando dessa forma, fica claro que quem o transformou contou sobre você “antes” que Paul
fosse atendido. – disse Alice seguindo o mesmo raciocínio de Edward. – Com certeza o deixou ser
medicado para não levar suspeitas...
– E o transformou depois. – Edward concluiu. – Talvez na mesma tarde.
– Edward... – Alice sussurrou preocupada.
– Isso foi na tarde de quinta. – ele prosseguiu. – Isabella o encontrou na segunda já como imortal.
– E eu a deixei procurá-lo! – disse Alice como que para si mesma, então o olhou alarmada. – É por
causa disso que não quer transformá-la, não é?
– Evidente que não! – retrucou enraivecido. – E se você estava com ela, por que á deixou subir?
– Essa era a idéia, não era? – ela também se alterou. – Mostrar o que realmente aconteceu para que
Bella passasse á odiá-lo? Estava claro que quando descobrisse a verdade ela tentaria tirar satisfações
com ele. E eu não estava com a garota. Apenas a segui como fiz a semana inteira enquanto você
esteve longe. Eu não sabia sobre Paul... Se tivesse imaginado tal coisa jamais deixaria que ela fosse
até o apartamento dele.
Edward não gostou de ser lembrado que havia deixado Isabella á própria sorte. Contudo tinha que
se controlar; não era culpa de Alice que as coisas estivessem fora de controle e se não fosse por ela,
talvez nem estivesse com Isabella agora; talvez nem estivesse vivo. Deveria ser grato á ela, não
acusá-la. Respirando fundo, tentou acalmar-se então, disse.
– Está bem... Não deveria ter dito isso.
– O importante agora é sabermos quem fez isso e por quê. – ela disse também se acalmando.
– Quem fez tal coisa eu não sei, mas o motivo é claro. Conseguir um aliado que me odiasse.
– E Edward... – novamente havia receio em sua voz. – Sinto muito ter que dizer isso, mas... Paul
afirmou que pegaria Bella de volta.
O vampiro pôde sentir os rosnados se formarem em seu peito.
– Veremos e... – nesse momento seu celular vibrou em seu bolso. Sem pedir licença á Alice o
atendeu.
– Diga o lugar. – ordenou.
– Direto ao ponto. – comentou Zafrina. – Gosto disso!
– Não parece.
– Há uma cafeteria no Hotel Stanford. Estarei lá em quarenta minutos. Está bom para você?
– Em quarenta minutos nos veremos.
– Não preciso pedir que vá sozinho, não é?
– Espero não ter que pedir o mesmo. – foi a resposta seca.
– Não é necessário. Até breve.
– Até. – então desligou.
Quando Edward levava o celular de volta ao bolso viu o olhar estarrecido de Alice.
– O que foi isso?!
– Outra novidade, mas não tenho tempo para contar-lhe detalhes agora. Tudo que posso dizer é que
a vampira que a seguiu apareceu. Vou encontrar-me com ela agora.
– O quê?!... – ela perguntou alarmada. – E você fala com essa calma?!... Quem é ela?... Como
assim, vai se encontrar com ela?... Edward!
– Calma Alice. Aparentemente está tudo sob controle... Você a conhece de nome; Zafrina. Como
disse não tenho tempo para explicar-lhe agora e de toda forma, prefiro fazê-lo quando Jasper estiver
conosco.
Alice torcia as mãos nervosamente, mas talvez sabendo que não adiantaria insistir, assentiu.
– Ah... Está bem!... Você deve saber o que está fazendo.
Edward apenas acenou afirmativamente com a cabeça. Em voz alta disse.
– Por falar em Jasper... Qual era o compromisso inadiável?... Pensei que fosse encontrá-lo aqui.
Ainda não tive a chance de conversar com ele depois de toda confusão com Isabella.
– Ele precisava encontrar-se com um de seus clientes. Um dos poucos que restavam, na verdade.
Por isso Jasper não quis adiar. Se você tivesse adiantado todas essas novidades ontem á noite, com
certeza ele teria dado um jeito de desmarcar.
– Não quis preocupá-los desnecessariamente. – explicou; então franzindo o cenho, perguntou. – Um
dos poucos que me restaram? Como assim?
Decididamente, agora que estava de volta, entre tantas outras coisas, precisava ficar á par de sua
situação no escritório.
– Bem, não preciso lembrar-lhe que você sempre foi o mais requisitado pelos cretinos
endinheirados dessa cidade.
– Não precisa.
– Pois bem... O caso é que sua... “impetuosidade” no último julgamento não repercutiu muito bem.
E o repasse de seus casos pendentes para outros advogados depois que sumiu não deixou os clientes
satisfeitos. Jasper e James assumiram dois, Emmett não estava então muitos desistiram e foram para
o escritório de Harry. A escória abastada está disposta á pagar quinhentos e cinqüenta dólares á hora
por Edward Cullen, não por outro.
– Entendo.
Era como havia pensado anteriormente. Queria que todos fossem ao inferno, mas precisava zelar
por sua reputação. Jasper poderia ficar com um de seus clientes, contudo não permitiria que James
assumisse nenhum de seus casos. Ainda mais agora, que claramente lhe devia explicações. Edward
pegaria seu cliente de volta, venceria o caso e com isso atrairia toda sua clientela. Caso resolvido.
– Sinto muito Edward. Sei como isso é importante para você...
– Não sinta, pois resolvo essa situação facilmente.
– Definitivamente você está de volta, não é mesmo?... E pelo visto ainda mais convencido!
– Não é convencimento de minha parte constatar o obvio. Não deixei de ser quem sempre fui. Não
desaprendi tudo que sei somente porque tive problemas sentimentais. Só preciso colocar as coisas
no lugar e pronto.
Ao terminar seu breve discurso, Edward percebeu certo ar de riso em Alice. Franzindo o cenho,
perguntou aborrecido.
– O que é engraçado? – á sua pergunta Alice riu descaradamente aumentando ainda mais seu mau
humor. – Não estou com tempo Alice.
– Ah, me desculpe! – ela pediu tentando se controlar. – Sei que não devia... Tudo por que passou foi
horrível, mas... Por mais que tivesse esperança, pensei que jamais veria do dia em que “Edward
Cullen” diria que teve problemas sentimentais. E leve em conta que sou imortal!
Dito isso a vampira voltou a rir sem conseguir conter-se. Como invariavelmente acontecia, o desejo
inicial de Edward era chacoalhá-la para que parasse, mas se fosse sincero consigo mesmo, teria que
relevá-la. Ele era aquele que sempre acreditou que amar alguém, importar-se ou entregar-se, era
para os fracos. Que mulher alguma não teria nenhuma dessas coisas de sua parte, no entanto, não só
amava ou se importava; havia se entregado de corpo e alma á sua humana. Ao ponto de
verdadeiramente ter os malditos problemas sentimentais.
– Carpe diem! – Edward disse sério, porém sem ressentimentos pelo riso frouxo da amiga. –
Aproveite o dia em que finalmente teve a prova de minha rendição.
– Desculpe-me mais uma vez... – pediu parcialmente recuperada. – Eu não devia, mas foi mais forte
do que eu.
– Tudo bem! – então, sabendo que cada minuto contava, retirou algo do bolso e, depois de fazer um
pedido, estendeu para Alice. Antes mesmo de pegar a caixinha os olhos de Alice brilhavam. –
Preciso realmente sair agora, então não surte. Leve isso ao melhor ourives que encontrar assim que
terminar aqui. Quero-o pronto o mais rápido possível.
– É o que eu estou pensando?
– É. – respondeu simplesmente.
– Ah... – dessa vez Edward estava preparado para o abraço. – Parabéns Cullen!
– Obrigado! Agora preciso mesmo sair... Não quero chegar atrasado.
Alice afastou-se e o encarou.
– Edward, tem certeza? Acha seguro ir á esse encontro? Posso acompanhá-lo se você quiser.
Edward ponderou por um instante. Seria sensato levá-la, mas se o fizesse Alice teria que dispensar
os trabalhadores e isso só atrapalharia o serviço. Ainda mais que tinha outros planos para ela. Já que
estavam lá que terminassem para que ela ficasse livre de vez. Deixá-los com Irina estava fora de
cogitação; não confiava de deixar estranhos em seu apartamento. A mulher não poderia convidar um
imortal á entrar, ainda assim era melhor não arriscar.
Se Jasper estivesse disponível o levaria para ficar na retaguarda. Como não era possível, melhor ir
sozinho e evitar alardes. Estariam em local público. Da mesma forma que não poderia fazer nada
contra Zafrina, ela também não poderia atingi-lo. E Edward realmente tinha outros planos para
Alice. Confiante, para que sua amiga não se preocupasse com ele, disse.
– Tenho certeza. De toda forma iria pedir á você que fosse ficar com Isabella tão logo resolvesse o
ajuste do anel. Não sei á que horas vou desocupar-me e não queria que ela ficasse sozinha por muito
tempo.
– Irei assim que acertar todas as coisas. – ela prometeu.
– Obrigado!... – disse sinceramente. Depois de sorrir-lhe, acrescentou como vingança por ela ter
rido dele. – Para alguém tão pequena e assustadoramente irritante, você é bem eficiente e prestativa.
Sem dar chances de Alice retrucar, Edward se despediu e saiu. Toda graça do comentário se foi no
segundo em que lhe voltou ás costas. Passou em seu escritório somente para pegar o paletó e o
sobretudo, então seguiu direto para a garagem. Escolheu o BMW; estava com saudades do carro.
Infelizmente o cheiro de Isabella havia praticamente desaparecido de seu interior, porém Edward
sempre poderia procurá-lo em sua lembrança.
E foi exatamente o que fez. E valendo-se dela seguiu para a 32nd Street. Apesar da saudade, pensar
na jovem dava-lhe força. E decididamente precisaria de toda que tivesse. Sentia-se inquieto,
expectante. Como se alguma coisa importante fosse acontecer. Mas é claro que algo grande vai
acontecer, disse á si mesmo. O som macabro que ecoa em sua mente há mais de cento e sessenta
anos soará nítido mais uma vez. Prepare-se Edward Cullen!... Em menos de meia hora você vai
estar novamente frente á frente á pior sombra de seu passado.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Entãoooooooo... como perceberam o capítulo está inteiro... mas dessa vez tem que ser a
última... Só trouxe ele todo, porque está "light"... Achei judiação cortar...
Espero que tenham gostado... please... comentem... Me deixem saber o que estão
achando...
Ahh... tbm vou deixar spoiler...
"Bom dia! Bella disse após ouvir a saudação ensaiada. Gostaria de falar com a Sra.
Howden. Diga que Bella deseja falar-lhe.
Sinto muito, mas a senhora Howden não se encontra.
Saberia me informar á que horas ela chegará?... Eu...
Ei... a moça exclamou interrompendo-a. Agora me lembrei de você... É a novata, não é?
Sim!... Acho que essa seja eu. respondeu aborrecida com a interrupção.
Ah... Isso mesmo... Isabella Swan. Não vai vir hoje? ela perguntou sem rodeios.
Bom... Como disse preciso falar com...
Ah... Pelo jeito não vem. ela a interrompeu novamente, impacientando Bella. Mas se
quer saber minha opinião, acho que seria melhor se viesse.
Bella respirou fundo para não responder-lhe como ela achava que devia, então
educadamente perguntou.
Posso saber por que diz isso?
É que estiveram aqui á sua procura. ela respondeu agora como se cochichasse.
O coração de Bella parou por um momento.
Quem esteve atrás de mim?"
Bom... até o próximo... xero geral... :)

(Cap. 55) 1ª metade Capítulo 26 - Parte II

Notas do capítulo
Oiê... o/
Bom dia á todas...
Aff... já vim com o core na mão... esse é meu 1º meio capítulo...
É pouco, mas espero que gostem... Não vou prendê-las...
Mas preciso agradecer o carinho e a força sempre... Os comments e as indicações...
Muito Obrigada!... vcs são 10
Agora vamos á fic...
BOA LEITURA!...

Como era possível que uma casa tão grande parecesse tão pequena?... Fácil a resposta, pensou
Bella. Era a presença de Edward que dava vida á cada cômodo, sem ele tudo perdia o brilho, tudo
ficava menor; sufocante na verdade.
Sentindo a conhecida privação de ar, Bella andava de um lado ao outro de braços cruzados.
Tamborilava os dedos nervosamente sobre o braço e pedia em silêncio que estivesse errada quanto á
uma possível armadilha por parte da vampira oferecida. Esse temor se sobrepunha ao seu ciúme.
Nesse aspecto pensava diferentemente de Edward. Era da natureza dele ser possessivo ao ponto de
preferir arrancar-lhe o coração para não perdê-la, assim como era da sua preferir morrer lenta e
sufocantemente de dor após uma possível troca do que vê-lo ferido ou morto.
A jovem bufou exasperada. Agora entendia a necessidade que Edward sentia em quebrar as coisas,
pois aquela era sua vontade naquele momento. De preferência quebrar o pescoço da vampira falsa
caso fizesse algum mal á Edward. A idéia de aquele encontro ser um truque para atraí-lo não parava
de martelar em sua cabeça. Estava presa naquele receio desde que o viu sair do quarto depois de
terem saciado o desejo provocado durante a discussão.
Bella sabia que a aproximação dele havia sido somente para distraí-la; no que fora completamente
bem sucedido. Como sempre, pensou contrafeita. Edward podia não induzi-la, mas ainda a
manipulava; fato. Diante de sua própria atitude na noite passada não poderia sequer recriminá-lo
por isso. Ela também procurou distraí-lo e manipulá-lo usando sexo. A grande diferença era que,
comparada á Edward, sua vitória fora uma em um milhão entre todas as conseguidas por ele.
Serviu apenas para mostrar á ela que tinha sim poder sobre o vampiro, mas naquela manhã ficou
claro que a manobra não o distrairia sempre. Quando lhe notou a intenção tentou virar o jogo á seu
favor; oferecendo-se e provocando-o na esperança que desistisse de sair, mas não foi feliz em seu
intento. Agora se encontrava a rodar pela sala; preocupada. Sua inquietação não passou
despercebida nem mesmo por Carmem.
– Bom dia Bella! – cumprimentou-a assim que entrou na cozinha, pouco mais de uma hora antes.
– Bom dia Carmem! – disse indo se sentar na mesma cadeira ocupada por Edward no dia anterior.
Quando a mulher se voltou para ela e viu sua expressão carregada, perguntou preocupada.
– Aconteceu alguma coisa?
– Não dormi direito. – mentiu. – E estou com um pouco de dor de cabeça... Agradeço se puder me
arrumar uma xícara de café.
– Tenho Aspirina em minha casa, se desejar posso buscar para você. – ofereceu solicita.
– Não é preciso, obrigada! Também as tenho, mas tomei um Tylenol. – isso era verdade. Além da
cabeça, seu corpo começava a ficar levemente dolorido. Tudo que ela não precisava era ficar
gripada e febril. – Preciso somente de café.
– Nada de “somente” café, querida. – retrucou carinhosamente antes de fazer uma de suas
costumeiras observações. – Até parece que vocês vivem de vento. Ontem você mal tocou na comida
que deixei para o almoço e não comeu nada á noite.
– Edward me levou á um restaurante. – esclareceu tamborilando os dedos sobre a mesa.
– Ah... Não me admira que esteja com dor de cabeça.
Carmem disse segurando-lhe os dedos carinhosamente e pedindo que se afastasse, pois precisava
arrumar a mesa para que a jovem tomasse o café manhã completo, então prosseguiu.
– Com certeza está mal alimentada. Não servem comida nesses lugares chiques. Apenas sujam o
prato de forma bonita e cobram uma fortuna por isso. David nos levou á um quando conseguiu seu
primeiro emprego. O que ele gastou daria para abastecer meu armário durante um mês.
Bella permitiu-se sorrir do comentário exagerado. Começava a gostar da forma maternal que a
empregada se dirigia á ela. Havia percebido ser esse o mesmo tratamento dispensado aos filhos
depois que a mulher começou a contar detalhes sobre o emprego de seu filho caçula e em como o
advertiu á nunca mais gastar tanto dinheiro por “pratos sujos” quando poderia comer comida de
verdade na casa dela sempre que estivesse na cidade.
Durante aquela primeira hora depois que se levantou, a jovem se deixou distrair pela conversa fácil
de Carmem. Descobriu onde seus filhos moravam e trabalhavam. Sua relação com a única nora – já
que um dos filhos ainda era solteiro. Viu uma foto de seu neto de apenas um ano e meio que sempre
trazia ao bolso e só não soube mais porque a empregada se deu conta da hora e disse que precisava
sair para fazer compras. Lembrando-a que agora era a dona da casa, timidamente a convidou á
acompanhá-la, ao que Bella, resignada e agradecida, recusou assegurando que ela poderia continuar
a fazer tudo como sempre havia feito antes dela estar ali.
Depois de arrumar a cozinha, Carmem saiu com o marido deixando-a sozinha. Exatamente como
Edward disse que não aconteceria. Não se ressentia por aquilo, afinal ele não tinha como saber o
funcionamento da casa. E se não fosse uma situação imposta até preferiria daquela maneira, mas no
atual contexto, ficar sem companhia naquela casa a angustiava. Ainda mais com a cabeça
novamente ocupada com as imagens de Zafrina e Edward juntos. Duas cenas distintas a
perturbavam. Em uma a vampira escultural se insinuava languidamente para seu noivo e na outra
estava montada em seu peito a morder-lhe o pescoço como Rosalie havia feito.
– Ah... – exclamou alto, então se ordenou imitando Edward. – Pare de torturar-se Isabella!
Era o que deveria fazer. Parar de torturar-se e ser funcional. Finalmente o remédio havia feito efeito;
sentia-se um pouco quente, mas a dor do corpo e da cabeça havia cedido. E já que estava
melhorando e teria que trabalhar em casa era aconselhável começar o quanto antes e manter uma
rotina de horários como se estivesse na redação. Se fosse seguir esse pensamento já estava atrasada.
Decidida, rumou para o escritório e, sentando-se á mesa de Edward, ligou o computador antes de
pegar o telefone. Precisava comunicar á Esme sobre seu afastamento o quanto antes. Depois de dois
toques a secretária da editora atendeu.
– Bom dia! – Bella disse após ouvir a saudação ensaiada. – Gostaria de falar com a Sra. Howden.
Diga que Bella deseja falar-lhe.
– Sinto muito, mas a senhora Howden não se encontra.
– Saberia me informar á que horas ela chegará?... Eu...
– Ei... – a moça exclamou interrompendo-a. – Agora me lembrei de você... É a novata, não é?
– Sim!... Acho que essa seja eu. – respondeu aborrecida com a interrupção.
– Ah... Isso mesmo... Isabella Swan. Não vai vir hoje? – ela perguntou sem rodeios.
– Bom... Como disse preciso falar com...
– Ah... Pelo jeito não vem. – ela a interrompeu novamente, impacientando Bella. – Mas se quer
saber minha opinião, acho que seria melhor se viesse.
Bella respirou fundo para não responder-lhe como ela “achava” que devia, então educadamente
perguntou.
– Posso saber por que diz isso?
– É que estiveram aqui á sua procura. – ela respondeu agora como se cochichasse.
O coração de Bella parou por um momento.
– Quem esteve atrás de mim?
– Dois investigadores. Na verdade não vieram “por” você e sim para obter informações sobre o
desaparecimento de Jared. Estiveram aqui logo cedo, conversaram com alguns de nós e depois que
souberam que você foi a última á ser vista com ele resolveram esperar, mas com sua demora em
aparecer pediram seu endereço e saíram. Você está em casa? Eles já estão aí? É por isso que não
vem? Terá que ir com eles?
Não, não estava em seu apartamento, mas não lhe diria isso. Não se sentia propensa a saciar
curiosidades especulativas e muito menos interessada em continuar a conversa com alguém em
busca de munição para um bombardeio de fofocas que talvez nem esperassem pela pausa para o
café.
– Agradeço sua preocupação, mas meu assunto é somente com Esme. Mais tarde tento encontrá-la.
Tenha um bom dia! – então desligou sem esperar por resposta.
Mais aquela; pensou ao recolocar o fone no gancho. Agora teria investigadores procurando por ela
por causa de Jared. Porque aparentemente havia sido á última a vê-lo; assim como foi á última á ver
Jessica, com certeza. Bella suspirou e passou as mãos pelos cabelos. A descoberta inquietante de
que desejavam interrogá-la, trouxe-lhe as imagens esquecidas de seu pesadelo de volta.
Eram tantos assuntos relacionados que ficava difícil acompanhá-los. Ainda mais com Edward ao
seu lado, para preocupá-la e distraí-la na mesma proporção. Contudo no momento estava sozinha e
de volta ao tema inquietante. E não em seu apartamento. O que os investigadores pensariam sobre
seu sumiço?
Se pudesse sair iria á redação ou até mesmo ao seu prédio para encontrá-los. Não seria problema
conversar com eles, afinal não teria nada á acrescentar. Pelo menos nada que não fosse contra á
razão e o aceitável. Até poderia ver a cara dos dois homens se dissesse que o rapaz havia sido morto
em um provável ataque de ciúme depois de beijá-la á força por seu ex-namorado que agora era um
vampiro.
Com certeza seria prontamente encaminhada á algum psicanalista? E isso na melhor das hipóteses,
pois com o estado de atenção que a população se encontrava desde o ataque no Central Park, se
acreditassem na existência de tais criaturas e a informação vazasse, a aparente calma explodiria e
mandaria a ordem pelos ares.
Decididamente aquelas mortes e desaparecimentos jamais poderiam ter solução por mais que
fossem investigadas. Edward tinha razão ao manter sua condição em segredo e sempre o fizera bem;
até o momento. Como se não bastasse seu intruso matando e deixando corpos mutilados á
exposição, agora havia Paul fazendo o mesmo. Anos e anos de discrição ameaçados por vampiros
irracionais.
Bom... Aparentemente o advogado, ao menos não deixava seus mortos á mostra. Somente Jessica
havia sido encontrada. Restavam os corpos de Billy e Jared. O pensamento a entristeceu. Não
gostava de nenhum dos três, mas não desejou que morressem por seus erros. E muito menos que as
mortes deles estivessem ligadas de alguma forma á ela.
Agora, depois de passado o impacto do sonho ruim, não se sentia culpada por seus colegas de
redação. Estava claro que cada um á sua maneira, mesmo que inocentemente, provocou a raiva de
Paul. Um Paul imortal... Por mais que soubesse e pensasse á respeito, Bella não conseguia “digerir”
tal coisa. Imaginar que esteve tão perto do ex depois de ele ter se tornado um vampiro lhe dava
calafrios.
E a aproximação havia ocorrido duas vezes – pelo menos na segunda não teve o desprazer de vê-lo.
Somente quando o encontrou com Jessica. A jovem sentiu outro calafrio correr por seu corpo ao se
lembrar da garota usando seu sutiã. Naquele instante as palavras dela lhe vieram á mente
diretamente de seu pesadelo.
“Diga á ele que me comportarei! Diga que posso ser você.”
Paul era doente isso sim. Ter visto que ele havia feito a garota usar uma peça íntima sua para
imaginar estar com ela lhe dava a confirmação de que, quando encontrassem Jared, ele estaria
realmente sem as mãos. E se essa atrocidade se mostrasse verdadeira, nem gostaria de imaginar
como encontrariam Billy. Em seu sonho, o editor era de longe, o que mais havia sido torturado.
Logo ele, o único que era a culpada pela morte.
Se não tivesse revelado como soube de sua demissão, talvez ele estivesse vivo. Sabia que o homem
era um pedófilo nojento, mas isso não diminuía seu remorso em tê-lo delatado. Estava tão absorta
nas lembranças do sonho que teve um sobressalto quando seu celular tocou em seu bolso.
– Bella onde você está? – ela ouviu a voz preocupada de Esme assim que atendeu. – Recebi o
recado de que esteve á minha procura. Entendi em seu e-mail que nos veríamos hoje.
– Bom dia. – de repente Bella se deu conta que nunca soube o que diria. – Bem... Desculpe-me por
isso. É que... Amanheci indisposta. Parece que é algum tipo de virose. Edward conseguiu que seu
médico viesse aqui logo cedo. Depois de examinar-me prescreveu alguns remédios e recomendou
repouso. Então pensei em fazer meu trabalho em casa e enviar para você como vínhamos fazendo
antes de eu ir para a redação.
Bella constatou entristecida como mentir se tornava cada vez mais fácil. Odiava valer-se desse tipo
de expediente, mas diante da verdade assombrosa e dos acontecimentos do novo mundo em que
vivia não lhe restava alternativas. Novamente não poderia dizer a verdade.
– Nossa! É algo grave?... – a editora perguntou preocupada. – Quantos dias ele disse que ficaria
assim?
Era exatamente por isso que não gostava de mentiras. Uma sempre levava á outra até que crescesse
e se tornasse tão grande quanto uma bola de neve até que em algum momento batesse contra algo
sólido e se partisse para que o mentiroso fosse desmascarado e a verdade descoberta. Naquele caso,
isso jamais poderia acontecer. Edward havia prometido que resolveria aquele problema logo, mas
não poderia se fiar em sua palavra, pois estava claro até mesmo para ela que a resolução de todo
aquele mistério não dependia exclusivamente dele. Ciente desse fato e, odiando-se pelo que faria,
disse.
– Bem... Ele disse algo em torno de uma semana, mas Edward acha melhor que eu repouse por mais
algum tempo.
Ao dizer as palavras sentiu seu rosto se cobrir de vergonha. Aquilo ia contra tudo que acreditava.
– Entendo. – Esme disse simplesmente. – Então é melhor fazer como ele determinou.
– Sim... – foi tudo que conseguiu dizer. Sua garganta começava a ficar obstruída por um bolo
compacto.
– Se está tão indisposta, talvez nem seja bom esforçar-se diante de um computador. Tire esses dias
de folga. Seu emprego estará aqui esperando por você.
Ao último comentário, a vergonha de Bella atingiu seu auge. Subitamente, o desconforto cedeu
lugar á irritação; não por Esme, mas por si mesma. Sabia que não era sua vontade nem de seu feitio
se valer de favoritismo, simplesmente não tinha escolha então não havia motivo lógico para se
envergonhar. E pensando friamente, jamais poderia se constranger por ser a noiva de Edward ou por
ele ter comprado o jornal para que pudesse exercer sua profissão. Aquele fato era irreversível e
quanto antes ela e todos os outros se acostumassem á ele, melhor. Engolindo o bolo em sua
garganta, disse calmamente.
– Obrigada, sabia que entenderia. Mas acredite... Não farei esforço algum... Sei que estou em divida
com você por toda a apatia da semana passada e não vou deixar que uma virose me impeça de
finalmente me tornar um membro da família. Farei em casa exatamente o que faria se estivesse aí.
– Tem certeza disso Bella? – Esme perguntou incerta.
– Tenho. – assegurou. – Por hoje é melhor seguir a recomendação, mas se me passar a pauta, posso
começar á trabalhar amanhã mesmo.
– Ah... Então por mim, está perfeito! Estava mesmo com algo em mente para você.
– Pode me dizer agora ou passar suas idéias por e-mail se preferir.
– Vou amadurecê-las e depois lhe mando. – após uma pausa perguntou, mudando de assunto. – Já
soube que estão investigando o desaparecimento de Jared?
– Sim, eu soube.
– Tudo perda de tempo.
– Por que diz isso? – Bella perguntou cautelosa.
– Acabo de chegar da delegacia. Fui saber como estavam as investigações sobre a morte de meu
marido e fui informada que o caso seria arquivado por falta de indícios que pudessem levar á algum
suspeito. Acha que será diferente com o rapaz? – seu tom indicava derrota.
Á menção de Charles Howden Bella gelou. Não se lembrava que ele havia morrido exatamente da
mesma forma que todos os outros. De repente a cena lhe veio nitidamente. Edward a tirando do
meio da confusão. Alice levando-a embora do Plaza rapidamente e sem explicações. Eles não
estavam simplesmente preocupados com o tumulto e sim a tirando do alcance do vampiro intruso.
Talvez nunca soubesse quantas vezes esteve perto do perigo. Diante daquilo não tinha como se
ressentir por ser mantida em casa assim como não poderia conter o pesar por aqueles que não
tinham a mesma sorte que ela. Estavam todos desprotegidos e desavisados dos perigos que os
rondavam.
– Sinto muito! – foi tudo que lhe ocorreu dizer.
– Ah... Esqueça o que eu disse. Não quero aborrecê-la com esse assunto e você precisa descansar.
Amanhã ou depois lhe mando um e-mail. Se não nos falarmos mais, tenha um bom feriado!
– Obrigada!... Para você também. – então acrescentou. – Na medida do possível.
– Não se preocupe, vou estar bem.
Depois de despedirem-se, Bella desligou o celular, aliviada por Esme não ter perguntado mais uma
vez onde estava. Não poderia deixá-la falando sozinha como havia feito com a secretária, porém
não lhe diria onde Edward morava. Assim como era preciso se acostumar á ser a noiva do patrão,
tinha que começar á perceber o mundo á sua volta e desconfiar de todos como Edward
recomendara.
Ainda mais impaciente, a jovem se pôs de pé e passou á andar de um lado ao outro no escritório. A
verdade era aquela, no mundo de Edward, não cabiam rebeldias ou distrações. Se não quisesse se
juntar á todos os outros nas mortes sem explicação, tinha que obedecê-lo sem questionar; por mais
que lhe custasse. Constatar a verdade não a ajudou em nada; as paredes não se afastaram depois da
resolução. Na verdade agora estavam ainda mais sufocantes. Começava a ficar cansada de tudo
aquilo; tantas pessoas conhecidas sendo mortas de maneira brutal. Sendo que três formam vítimas
de alguém que se relacionou por tanto tempo.
Bella suspirou alto. Não queria pensar mais naquilo; em nada. Somente em Edward. No meio de
toda aquela confusão ele era o único que importava. Subitamente sentiu vontade de ouvir-lhe a voz.
Sem pensar se o atrapalharia ou não, sacou o celular, discou seu numero – dessa vez, devidamente
memorizado – e esperou. Após um breve silêncio ouviu a mensagem gravada informando que o
aparelho chamado estava fora de área. Frustrada o desligou, imediatamente, ele começou a apitar
avisando-a que a bateria estava baixa. Precisava subir até o quarto para ligá-lo ao carregador.
Desanimada, Bella colocou o aparelho no bolso traseiro de seu jeans e, ainda tentando bloquear
todos os assuntos inquietantes apresentados á ela naquela manhã, seguiu para a porta. Assim que
saiu para o corredor seu coração parou por um segundo para então voltar a bater descompassado de
susto. Carmem estava de volta e elas quase se chocaram quando a jovem saiu da sala.
– Carmem! – Bella exclamou levando a mão ao coração. – Você me assustou.
– Perdoe-me. – ela disse simplesmente.
– Como foram as compras?
– Bem... Consegui achar tudo que queria. – disse lhe sorrindo, então prosseguiu. – Estava pensando
se não queria almoçar conosco na minha casa.
Bella mordeu o lábio inferior, pesarosa. Por ela, adoraria a oportunidade de sair, mas agora, mais do
que antes sabia da importância de ficar dentro da casa.
–Agradeço, mas prefiro almoçar aqui mesmo.
– Por favor, eu insisto.
A jovem não queria entristecê-la então prometeu.
– Até a hora do almoço eu me decido, está bem? E como estou sozinha, se quiser nem precisa
preparar nada aqui. Agora se me der licença, preciso subir.
Sorrindo-lhe Bella voltou-se para seguir até a escadaria. Nesse momento a empregada segurou-a
pelo pulso. A jovem estacou e olhou a mão que a prendia antes de encará-la.
– Deseja mais alguma coisa Carmem? – perguntou com as sobrancelhas unidas.
– Quero que a senhorita venha até minha casa! – disse começando a puxá-la.
– O quê?... – perguntou aturdida. – Espere!
Ao dizer isso resistiu ao arrastar da empregada. Nem se importou com o avanço em tocá-la e puxá-
la daquela maneira. O que a alarmou fora o tratamento formal quando já a liberara dele. Alguma
coisa estava errada.
– Solte-me Carmem! – ordenou.
– Não senhorita. Preciso levá-la até minha casa. – então voltou a puxá-la.
– Pare Carmem. – Bella pediu fazendo uma força tremenda para ficar no lugar.
– Tenho que levá-la senhorita.
Ao dizer isso recomeçou a arrastá-la. A mulher era realmente forte, por mais que Bella se opusesse
era puxada com certa facilidade. A jovem se perguntou se a empregada sempre tivera tal força ou
esta era proveniente da indução. Sim, não restavam duvidas que ela estava sob as ordens de alguém
e Bella tremia somente por imaginar quem as teria dado.
– Largue-me Carmem. – pediu tentando abrir-lhe os dedos com a mão livre.
– Alguém deseja vê-la.
A jovem já não a ouvia. Estava desesperada para se soltar e depois de levantar dois de seus dedos e
girar o pulso, conseguiu. Porém não deu dois passos para longe da empregada antes de ser presa
novamente, dessa vez alçada pela cintura. Bella nunca se imaginou em uma situação parecida,
nunca imaginou ser tão fraca. Lutava e esperneava – começava a ficar sem ar – contudo Carmem se
mantinha inabalável e sempre a segurava de alguma maneira e a levava cada vez mais próximo á
porta que levava á cozinha.
Quando chegaram á ela, a jovem se segurou ao batente com todas as suas forças em um último
recurso de resistência. Os nós de seus dedos doíam por se prender firmemente no espaço mínimo de
madeira. Carmem tentava desprendê-la quando ouviu a voz.
– É inútil lutar Bella.
Com o susto afrouxou os dedos e como Carmem a puxava com força, caíram as duas no chão da
cozinha. Ofegante, rapidamente Bella se pôs de pé e se afastou da empregada que tentava segurá-la
pelos calcanhares. Com um olhar furtivo em direção á porta viu Paul parado exatamente no centro
de sua abertura, com os braços cruzados assistindo a cena. Como ele a encontrou era a pergunta
milionária da vez.
– É melhor ir embora. Não temos nada á conversar. – disse voltando a olhar para Carmem que
novamente se acercava á ela na tentativa de segurá-la.
– Quem disse que não temos? – ele perguntou seriamente. – Temos uma infinidade de assuntos para
colocarmos em dia. Deixe de resistir e venha.

Notas finais do capítulo


Bom... sei que estão "lokas" com a autora, mas é necessário...
Se ajuda, saibam que tbm sofro com essa divisão... Mas como expliquei na comu... estou
tentando deixá-las somente um mês sem fic, não três... =/
Bom.. agora as curiosidade de sempre... Gostaram?... Me contem... Comentem... :)
Para não perder o costume... spoiler:
" Não se devia matar um homem com tantos defeitos, não é mesmo?... perguntou
amargamente. Mas foi o que Cullen fez ao tirá-la de mim. Apenas reajo ao que me
fazem. Se acredita que agora estou louco é porque realmente nunca me conheceu.
Sempre fui louco por você Anjo... Pare de correr e venha para mim. Vamos sair daqui
antes que o bastardo volte, prometo não deixar ele se interpor entre nós novamente. No
que depender de mim ele nunca mais põe as mãos em você.
Nós?!... ela perguntou incrédula, ignorando o breve discurso apaixonado. Há tempos que
não existe nós, Paul. Entenda isso de uma vez por todas.
Você é que não entendeu. Não vou á lugar algum sem você.
Bella mal ouviu as últimas palavras; estava focada em Carmem que contornava a mesa
decidida e pegá-la. A jovem olhou em volta á procura de algo para se defender. Tudo que
viu formam algumas panelas dispostas sobre o fogão. Provavelmente as que a empregada
usaria para preparar-lhe o almoço. Sem pestanejar pegou a maior delas e segurou-a
firmemente pelo cabo.
Carmem... disse com o coração aos saltos. Eu juro que não quero fazer isso, então se
afaste.
Ah Bella... Quem você pensa que engana?... Paul riu da porta. Nunca bateu em uma
mosca."
Bom... É isso... Espero realmente que tenham gostado...
Obrigada mais uma vez pelas indicações...
Bjus em todas e em cada uma... Até amanhã... o/

(Cap. 56) 2ª metade Capítulo 26 - Parte - II

Notas do capítulo
Oie... Boa noite meus amores!...
Olha só... Como fiquei sem material esses dias aproveitei para escrever... Nessa
brincadeira consegui terminar mais dois capítulos hoje, então com isso posso reduzir um
pouco a aflição da espera. Mas não significa que não vá separar os próximos... Ainda
preciso ecomizar para não deixá-las sem mais que o necessário.
Vale agradecer as indicações e os comentários... amo o carinho de vcs, por isso sempre
que puder vou retribuir na forma de posts... :)
Agora vamos ao restante do capítulo... Espero que gostem, pois ele tem detalhes
importantes...
BOA LEITURA!...

Quando chegaram á ela, a jovem se segurou ao batente com todas as suas forças em um último
recurso de resistência. Os nós de seus dedos doíam por se prender firmemente no espaço mínimo
de madeira. Carmem tentava desprendê-la quando ouviu a voz.
– É inútil lutar Bella.
Com o susto afrouxou os dedos e como Carmem a puxava com força, caíram as duas no chão da
cozinha. Ofegante, rapidamente Bella se pôs de pé e se afastou da empregada que tentava segurá-
la pelos calcanhares. Com um olhar furtivo em direção á porta viu Paul parado exatamente no
centro de sua abertura, com os braços cruzados assistindo a cena. Como ele a encontrou era a
pergunta milionária da vez.
– É melhor ir embora. Não temos nada á conversar. – disse voltando a olhar para Carmem que
novamente se acercava á ela na tentativa de segurá-la.
– Quem disse que não temos? – ele perguntou seriamente. – Temos uma infinidade de assuntos
para colocarmos em dia. Deixe de resistir e venha.
– Não vou á lugar algum com você. – garantiu esquivando-se da empregada e correndo para o lado
oposta da mesa, abrindo distância.
Inquieto do lado de fora, Paul bufou e passou as mãos pelos cabelos. Então riu nervosamente e disse
admirado.
– Veja a determinação dessa mulher em pegá-la para mim. Não é realmente incrível o que podemos
fazer com a mente humana? – indagou. – Se eu soubesse desde o começo que tinha esse poder
Jessica não teria me delatado á você. Teria calado a boca no minuto que lhe ordenasse corretamente.
Ou até nem tivesse saído do quarto. Você poderia ter sido poupada do constrangimento.
– Não me senti constrangida. – assegurou. – E por ter dito a verdade Jessica precisou morrer? –
Bella evitava olhá-lo, não poderia desprender os olhos de Carmem.
– Acredite Anjo... – ele começou docemente. – Não era minha intenção matá-la... Errei ao emprestar
seu cheiro à ela. Você é insubstituível... E esteve tão perto quando eu ainda não podia fazer com que
ficasse. Para piorar não gostei da forma que ela lhe tratou, então perdi a cabeça depois que foi
embora. Simplesmente não consegui me controlar.
– O Paul que acreditei conhecer teria tentado. Tudo bem que na verdade seja machista, dissimulado
e traidor. Mas assassino?... Você agora está louco! – a jovem acusou ligeiramente ofegante dando a
volta na mesa para se afastar mais de Carmem.
– Não se devia matar um homem com tantos defeitos, não é mesmo?... – perguntou amargamente. –
Mas foi o que Cullen fez ao tirá-la de mim. Apenas reajo ao que me fazem. Se acredita que “agora”
estou louco é porque realmente nunca me conheceu. “Sempre” fui louco por você Anjo... Pare de
correr e venha para mim. Vamos sair daqui antes que o bastardo volte, prometo não deixar ele se
interpor entre nós novamente. No que depender de mim ele nunca mais põe as mãos em você.
– “Nós”?!... – ela perguntou incrédula, ignorando o breve discurso apaixonado. – Há tempos que
não existe “nós”, Paul. Entenda isso de uma vez por todas.
– Você é que não entendeu. Não vou á lugar algum sem você.
Bella mal ouviu as últimas palavras; estava focada em Carmem que contornava a mesa decidida e
pegá-la. A jovem olhou em volta á procura de algo para se defender. Tudo que viu foram algumas
panelas dispostas sobre o fogão. Provavelmente as que a empregada usaria para preparar-lhe o
almoço. Sem pestanejar pegou a maior delas e segurou-a firmemente pelo cabo.
– Carmem... – disse com o coração aos saltos. – Eu juro que não quero fazer isso, então se afaste.
– Ah Bella... Quem você pensa que engana?... – Paul riu da porta. – Nunca bateu em uma mosca.
Antes mesmo que ele terminasse a frase a empregada avançou em direção á Bella. Juntando toda a
força que ainda lhe restava, a jovem ergueu a panela de ferro e golpeou a lateral da testa de
Carmem. Quando a mulher caiu ao chão, a jovem passou á tremer incontrolavelmente e soltou a
panela ao seu lado. Odiava Paul por tê-la obrigado a fazer tal coisa. Naquele instante começou a
sentir as voltas de seu estomago e recostou-se ao fogão para recuperar a firmeza das pernas.
– Olhem só!... Gostei de ver Anjo! – Paul elogiou para logo em seguida completar seriamente. –
Mas agora você criou um problema para ela. Era imprescindível que a mulher lhe trouxesse para
fora.
– Por favor, Paul... Me deixe em paz!... – ela pediu de olhos fechados. – Preste atenção ao que está
fazendo e dizendo... Pare de matar as pessoas e inventar desculpas. Edward não tirou sua vida.
Outro vampiro o fez e mesmo que esteja magoado, não precisa ser assim...
– Não simplifique; não estou apenas magoado e agora as coisas estão como sempre deveriam ter
estado. Agora o jogo está equilibrado, por isso ele me transformou. Não achava justa a forma que o
Cullen se infiltrou em nossas vidas. Tirando-me do escritório de Harry e me mantendo ocupado com
toda sorte de causas menores somente para que eu ficasse longe de você... E o idiota aqui se
entregava á elas na tentativa de mostrar que merecia clientes mais importantes. – depois de um riso
debochado, prosseguiu. – Como se fosse acontecer!...
Bella permaneceu em silêncio enquanto ele despejava as palavras.
– Agora sei que o cretino sempre me menosprezou. Ele se refere á mim como “rábula”!... Como se
eu fosse algum despreparado. Ele nunca viu minha atuação. Eu trabalhava no segundo escritório
mais procurado dessa cidade. Posso não ter a fama do “aclamado” Edward Cullen, mas tenho meu
valor e você sabe disso. – depois de respirar fundo, prosseguiu.
– Bella... O cretino é tão baixo e desleal que me induziu para que a mandasse embora deixando o
caminho livre para ele.
A jovem permaneceu em silêncio. Ouvir sequência dos acontecimentos pela boca de Paul obrigou-a
a refletir sobre o outro lado da história, fazendo com que seu ódio arrefecesse. Para o advogado, sua
vida era tranquila e cômoda. Fora o fato de ser um canalha traidor, ele seguia um rumo certo.
Trabalhava em um escritório onde teria chances de crescer profissionalmente e se tornar sócio em
alguns anos. De repente Edward surgiu em sua vida. Seu ídolo, exemplo de sucesso e
brilhantismo... Acenou-lhe com uma proposta irrecusável de seguir ao seu lado que em menos de
dois meses se revelou ser uma farsa.
Com sua aproximação, o vampiro não só expôs todas as falhas de um relacionamento vazio como
deu o empurrão final para seu fim. O problema é que não bastou resgatá-la de Paul. No processo
para conseguir o que queria Edward o diminuiu; ridicularizou-o profissionalmente. Uma parte da
jovem vibrava por saber que o ex estava sentindo quase que o mesmo que ela quando foi dispensada
e humilhada por Billy. Contudo havia a outra parte; aquela que ainda se lembrava dos momentos
bons que compartilharam. E “desse” Paul – do idealista e atencioso – Bella sentiu pena.
Porém o súbito sentimento não era suficiente para desculpar-lhe as recentes atrocidades, apenas
tornava seu rancor compreensível. Sem duvida alguma ele agravava o ódio que o ex sentia por
aquele que destruíra seus sonhos e expectativas. Edward, não somente lhe levou a mulher; levou
também seu orgulho. Talvez de uma maneira torta, Paul realmente a amasse, mas agora era evidente
que aquele não era o único motivo de querer reconquistá-la.
Ela havia se tornado um troféu. Talvez para Paul, ganhar aquela “causa”, significasse provar o
quanto era capaz. Ao pensamento seu temor por toda aquela situação se agravou. Á Bella ficaram
claras as suas intenções. Não bastaria tê-la de volta; Paul queria a cabeça de Edward. Utopia, mas
novamente Bella desejou que aquela história pudesse terminar bem para ambos.
– Edward se valeu das armas que tinha. – ela defendeu ofegante; agora Paul era um vampiro,
deveria entender como a cabeça de um deles funcionava.
– Então você sabe tudo que ele fez?!... – Paul se admirou. Após alguns segundos avaliando-a,
completou ressentido. – Evidente que sabe... O filho da puta é seu “namorado” agora.
Por seu tom, ela teve a confirmação que a esperança era vã. Paul jamais entenderia ou perdoaria.
Nunca os deixaria em paz como pediu desde o começo. Não tinha como acabar bem para um dos
dois, então era hora de livrar-se de toda compaixão tardia e posicionar-se. Ignorando o xingamento,
Bella disse firmemente.
– Sim... Edward me contou tudo... E eu não me importo!
De onde estava ela pôde ouvir os rosnados se formarem no peito dele. Quando falou sua voz era
áspera. Foi inevitável olhar em sua direção e analisá-lo. Para sua surpresa, seu semblante não estava
carregado de ódio como esperava e sim, magoa. Sua voz saiu pausada e entre dentes.
– Ele contou que ordenou que eu me suicidasse? Não se importou com isso também?
Aquilo era novidade para Bella. Não sabia que Edward já havia tentado matar seu ex-namorado.
Não o condenou, porém mais uma vez se condoeu por Paul. Não queria aquilo; assim como as
pessoas que o ex matou também não deveriam ter morrido. Definitivamente tudo estava fora de
controle. Aquele show de horrores tinha que ter um fim. Cansada, abraçou o próprio corpo e disse
sinceramente ainda encarando-o.
– Dessa parte eu não sabia e sentiria muito se tivesse morrido. – antes que o brilho de satisfação nos
olhos do novo vampiro se tornasse esperançoso, completou. – Mas isso não muda nada. Estou com
Edward agora. Eu o amo e sempre o desculparei pelos erros ou excessos que cometer.
Finalmente a magoa cedeu lugar á fúria e Paul avançou em sua direção. Bella recuou um passo,
alarmada, mas parou quando o viu estacar á porta como se um vidro bloqueasse sua entrada.
– Você não sabe o que está dizendo! – ele vociferou. – Poucos dias atrás era á mim que você amava.
Não vê?... Pode estar lúcida agora, mas ele também a induziu para tirá-la de mim então é capaz de
entender o quanto sofri por não saber o motivo de dizer aquelas coisas á você... O canalha me
contratou somente para roubá-la. – gritou a última frase.
– Ninguém me roubou de você! – gritou de volta.
Bella exaltou-se ao perder a paciência com ele. Poderia entendê-lo, mas não aceitaria que ele
colocasse toda a culpa em Edward. Ainda alterada prosseguiu.
– Deixe de ser hipócrita Paul. Se estivéssemos bem, talvez Edward não conseguisse o que queria.
Reconheça seus próprios erros. Quem ama não faz as coisas que você me fez. Nosso
relacionamento era baseado em mentiras. Pensando bem, acho que na maioria das vezes não passei
de um capricho para você. Eu era a garota classe média e independente que o filho revolucionário
usava para afrontar pais esnobes e presos á tradições arcaicas. Não duvido que á sua maneira tenha
me amado, assim como eu também o amei, mas hoje sei que esse sentimento há muito tempo não
existia mais; apenas estávamos acostumados um ao outro.
– Não meu anjo!... Está enganada! Eu amo você e a quero comigo, ao meu lado, sempre... Quero
que meus pais queimem no inferno. Nunca me importei com o que pensavam sobre você ou sua
família. Não preciso deles para nada. Não precisamos... Agora podemos ficar juntos eternamente.
Prometo não atrapalhar sua carreira, fui mesquinho e realmente machista como me acusou
querendo-a dependente de mim. Mas Jessica foi somente uma aventura, bobagens de homem, você
não entenderia... Apenas esqueça o passado e venha. – disse recuando dois passos e estendendo a
mão.
– Já disse que não... Entenda isso de uma vez por todas...
Bella garantiu enjoada com as palavras e com a expressão súbita e falsamente condoída de Paul.
Todo e qualquer resquício de pena se foi. Aquela conversa não os levaria para lugar algum. Queria
que ele fosse embora de uma vez, queria cuidar de Carmem. Enquanto conversava com o vampiro
evitava olhar para a mulher caída ao chão. Temia ter machucado a pobre empregada gravemente,
mas não conseguia se aproximar para verificar.
– Não vou desistir de você. Pode me mandar embora... Eu poderia até atendê-la, mas eu voltaria.
Sempre vou estar onde você estiver. Se não derem um fim no bastardo eu mesmo o faço. E se não
conseguir, sempre vou achá-la caso ele tente escondê-la novamente. Com sua recusa somente está
adiando o inevitável.
Paul não disse, mas eu sua mente ela ouviu o eco de uma afirmação feita há pouco tempo, na
mesma noite em que perdeu o emprego no jornal e conheceu Edward. Quando ele disse ser um
homem decidido que sempre conseguia o que queria. Agora não era mais iludida; entendia que ele
se valeria de qualquer expediente para consegui-la de volta. Inferno; praguejou mentalmente, não
era para nada daquilo estar acontecendo.
Exasperada, Bella passou as mãos pelos cabelos e forçou-se a pensar friamente. Tinha que ter
esperanças que ninguém daria um fim á Edward, para isso era preciso tentar ajudá-lo de alguma
forma. Assim como a lembrança de sua obstinação, as palavras de Paul reacenderam a curiosidade
inicial. Não era para ele estar ali, mas já que estava, deveria encerrar as declarações que não os
levariam á lugar algum e começar a tirar algum proveito.
– Se é assim que pensa, está bem... Agora, posso saber como me achou afinal?
– Segui o bastardo até aqui depois que ele foi até meu apartamento; estou somente retribuindo a
visita.
– Você estava lá? – ela arfou ao saber que Edward poderia ter sido atacado.
– Sim... Agora sou como ele meu amor... Vi quando o bastardo se aproximou de meu prédio. Sei
que ele não poderia entrar em meu apartamento então me fiz de morto. – depois de rir sem graça
alguma da própria piada, prosseguiu.
– Minha vontade era acabar com ele, mas o filho da puta não é meu. E tem toda essa restrição de
não poder chamar a atenção dos humanos... Tive que me conter. Ele que se batesse atrás de mim.
Mas o desgraçado é esperto. Como não pôde entrar mandou que o fizessem por ele. Aproveitei o
ensinamento hoje. – disse indicando Carmem. – De toda forma, não sou tão ruim quanto você... Não
tinha porque agredir o infeliz que ele mandou até mim, por isso permiti que o humano fizesse o que
tinha á fazer sem interferir.
Enquanto falava, Paul mudou de posição, voltando a cruzar os braços. Debochado, prosseguiu.
– Quando vim atrás dele, tomei o devido cuidado de manter uma distância segura. Admito que o
bastardo me divertiu. Gostei particularmente do espetáculo com a árvore. Adoro verdadeiramente
essa força que possuímos. Agora me arrependo de nunca ter partilhado dessa sua fascinação infantil
por criaturas como nós. Queria saber o que aconteceria comigo caso desobedecesse quem me
transformou. Não fosse essa restrição dele, teria acabado com seu precioso Cullen. Você não faz
idéia da vontade que tive de aproveitar uma das lascas pontudas da madeira para ver se conseguia
matá-lo cravando-a em seu coração.
Novamente Bella arfou diante da cena descrita de forma cruel, da imagem de Edward exposto ao
perigo sem ter o menor conhecimento. Forçando-se á pensar com clareza para poder tirar alguma
informação dele, perguntou em um fio de voz.
– A quem Edward pertence Paul? Quem transformou você?
– Um amigo, mas acho que esse assunto não lhe interessa. – disse sério. – Não até você estar
comigo... Ser como eu. Deixar de acreditar que está vivendo um conto de fadas e passar a odiar o
Cullen tanto quanto nós.
– Esquece! – ela disse convicta. – Jamais acontecerá.
– Fala com tanta certeza... O tempo todo defende o “indefectível Cullen”... Diz orgulhosamente que
o ama, mas será que ele sente o mesmo? Não vê que o “caprichoso” dessa história não sou eu?... Ele
apenas quis tomá-la de mim, pois cismou com você depois de vê-la no parque. Teria acontecido
com qualquer uma. Como pode ser tão cega para não perceber? – ele perguntou incrédulo. Então
estendeu a mão e gesticulou indicando o corpo inteiro da jovem.
– Olhe para você!... Seu pescoço está todo marcado. Está pálida e fraca; enferma. Exatamente como
esteve há mais de duas semanas. Não pude vê-la na ocasião, mas fiquei sabendo que ele passou dos
limites deixando-a quase á morte. Quis visitá-la assim que Rosalie me avisou, mas o bastardo não
me deixou ir. Foi nesse mesmo dia que seu precioso Cullen ordenou que eu me atirasse pela janela.
– as últimas palavras saíram enraivecidas, porém ele se controlou para prosseguir.
– Ele se interpôs entre nós... Tomou-a de mim somente para deixá-la doente... Quis dispor de minha
vida como se fosse o dono do mundo e de todos. Como se não bastasse ele está fazendo o mesmo
agora. Não seja ingênua, Bella. Soube que o sanguessuga sempre manteve as humanas que
apreciava por algum tempo antes de descartá-las. Assim como fez com elas, ele apenas a está
usando, não percebe?... Se com você fosse diferente, se a amasse já teria a transformado como eu
pretendo fazer assim que vier á mim.
Paul não só tocou em sua ferida como enfiou o dedo cruelmente. Bella sabia que não se tratava de
falta de amor, mesmo assim doeu ouvir as palavras do ex sobre as outras mulheres e em relação á
Edward não transformá-la. O vampiro continuou a falar alheio á sua expressão entristecida.
– Bom... Não importa o que ele fez com você e é até melhor para mim que não a tenha mudado. Vou
desculpá-la por tudo e quando der meu sangue á você será minha definitivamente. Se esses
humanos intrometidos não tivessem saído para o jardim, ontem mesmo a teria levado embora
quando saiu da casa. Deixei que ele a levasse de volta somente por não querer assustá-la, mas de
hoje não passa... Venha de uma vez. – ele estendeu a mão novamente. – Quero fazê-la minha
companheira; dar-lhe a imortalidade e ficar com você para sempre Bella.
Todas as palavras que ela queria ouvir, vindas da pessoa errada. Se não tivesse certeza absoluta do
amor de Edward, teria se deixado levar pelas palavras coerentes. Quem visse de fora, poderia
mesmo acreditar que ele simplesmente a usava e a queria somente como um capricho. Contudo ela
sabia a verdade. Edward garantiu que pensaria á respeito, mas talvez nunca ouvisse a declaração de
Paul sair pelos lábios de seu noivo. E naquele instante em que o ex desmerecia o sentimento de seu
vampiro, ela soube que não se importava.
– Prefiro permanecer doente; fraca e humana!... – ela disse convicta. – Prefiro morrer lentamente
com Edward tomando meu sangue até a última gota á ser transformada por você.
– Acho que não está em condições de citar suas preferências. – ele disse impassível. – Sei que está
magoada comigo e iludida por ele, por isso vou perdoá-la. E vou pedir que saia pela última vez...
Não queria continuar me igualando á ele, mas se não me deixar alternativas eu farei. Sabe que não
posso entrar, mas posso usar das mesmas armas que ele; posso obrigá-la a sair.
A jovem alarmou-se. Paul estava ameaçando induzi-la e segundo Edward, mesmo que tenha
despertado de uma, ela era vulnerável ás induções. Somente naquele instante percebeu o risco que
correu permanecendo na cozinha. Ainda olhava para o vampiro quando o viu franzir o cenho e
respirar fundo. Ela não esperou que pronunciasse nem mesmo a primeira palavra.
– Ah não... – disse antes de tapar os ouvidos e correr em direção ao corredor, saindo das vistas dele.
– Não adianta fugir Bella. – ele gritou da porta. – É melhor sair ou serei obrigado a cobrar a divida
da mulher.
Sem dar-lhe ouvidos, Bella se refugiou na sala de TV. Paul continuou a gritar.
– Se não sair agora vou matar o marido dela Bella.
“John”!... Bella pensou aflita. Ao imaginá-lo como Billy, suas pernas falharam e ela caiu sentada no
chão. O que faria?... Tremendo e respirando com dificuldade, sacou seu celular do bolso e ligou
novamente para Edward. Ainda temia um confronto entre eles, mas não via outra forma de resolver
aquela situação. Seus dedos não a obedeciam e demorou o dobro do tempo para discar. Quando o
aparelho finalmente começou a chamar pelo dele, ela sentiu lágrimas de desespero lhe subir aos
olhos, porém as refreou, precisava ser forte. Depois de dois toques ouviu a voz reconfortante
perguntar preocupada.
– Isabella o que houve?
– Edward, Paul está... – então a ligação foi encerrada.
A bateria acabou.
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Já sei... Estão querendo matar a simpatica (e modesta) autora... Sim... o final foi de
arrancar os cabelos... (de quem parou em um momento cruciante), mas eu explico.
Para que aconteça o desfecho dessa cena, vcs precisam ver o encontro de Edward com
Zafrina... Então não tinha como colocar agora, pois ficaria fora de ordem... Sei que a
explicação não ajuda na ansiedade, mas pelo menos vcs entendem o que se passa... :)
Feitas as explanações... Vamos aos pedidos de sempre... Please... se gostaram
comentem... Se não gostaram, comentem tbm... Quero sempre saber o que estão
pensando e sentindo com a fic...
Bom... como quinta tem mais e capítulo inteiro, não vou deixar spoiler...
Até lá ou até os reviews... Bjus amores!... :D

(Cap. 57) Capítulo 27 - Parte - II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia... :)
Como prometi, mais um capítulo e dessa vez inteiro... Considero ele "light", mas tem
muitos pontos importantes para o desenrolar da fic...
Amores... Muito obrigada pelo carinho sempre... Pelos comentários e pelas indicações;
aqui no site ou verbalmente ás amigas...
Bom... ao capítulo...
BOA LEITURA!...

Impossível não notar Zafrina no Café lotado. Assim como acontecia com ele no caso das mulheres,
todos os homens existentes no local não desprendiam os olhos dela, mesmo que estivesse sentada á
uma parte reservada do salão. Não os culpava, ela era verdadeiramente linda. Mesmo não estando
vestida em pedaços sumários de pele de animais era extremante desejável; para os outros. Sobre ele
a vampira não exercia poder algum de atração. Sua noiva não tinha com que se preocupar quanto
aquilo; jamais a trocaria por aquela ou qualquer outra mulher. Respirando fundo, Edward seguiu até
ela que lhe esperava com um sorriso discreto no rosto perfeito.
– Está adiantado. – ela disse quando chegou á sua frente.
– Assim como você. – retrucou sentando-se. – E já que estamos aqui, vamos direto ao assunto?
– Vamos. – ela disse ficando séria. – Mas antes quero me desculpar por ter usado a humana para me
aproximar de você.
– Pode se desculpar, mas será inútil. – ele disse sinceramente. – Ela não tem ligação alguma com os
assuntos que possam existir entre nós. Não havia motivos para fazer o que fez. Como disse antes, se
desejava tanto falar-me era só ter me procurado desde o início.
– Para você se lançar contra mim e dar-me o mesmo fim que deu ás minhas irmãs? – ela perguntou
sem entonação especial e erguendo uma sobrancelha.
– E é por isso que está aqui? – Edward ignorou sua pergunta. – Quer vingá-las? Por isso anda me
seguindo e me afrontando? Matando inocentes até mesmo em uma festa patrocinada por mim?
– Já disse que não fiz aquilo. – ela respondeu em voz baixa.
– E eu não acredito em suas palavras. Estar nessa cidade enquanto tudo isso acontece depõem
contra você.
– Não venha com esses termos de advogado para cima de mim. Já disse que não fui eu.
– Você tem motivos e está no local dos crimes o que quer que eu pense?
– Quero que acredite na minha palavra. Evidente que não gostei do que fez á elas, mas tenho
consciência que as duas procuraram por aquilo. Kachiri o transformou contra a sua vontade, Senna
matou seu pai. Até mesmo se tivesse se voltado contra mim estaria no seu direito, pois eu o
machuquei, o marquei. Como poderia desejar vingança quando tudo que fez foi reagir á nós?
Antes que Edward pudesse responder uma garçonete se aproximou.
– Pronta para pedir agora? – disse se dirigindo á Zafrina, indicando que já havia atendido
anteriormente.
– Sim. – disse a vampira. – Traga-me um expresso. Depois decido se desejo mais alguma coisa.
Depois de anotar ela se voltou para Edward. O vampiro não pôde deixar de reparar que ela tremia
ao encará-lo. Se não estivesse tenso como a corda de um violino teria achado graça, mas no
momento nada era engraçado. A vampira ter mencionado sua marca o deixou ainda mais irritado e
arredio; ela jamais poderia descobrir sobre a marca de Isabella. Tinha que abreviar aquele encontro
e descobrir o que ela queria com ele e para isso a humana precisava sair de seu lado e de preferência
não mais interromper.
– Nada para mim, obrigado! – quando ela se foi, se voltou para Zafrina. – Palavras justas e certas,
mas ainda não me convencem. Vocês me transformaram no que sou hoje e eu “sei” que vampiros
não seguem as regras, não se baseiam na lógica para agir ou têm senso de justiça quando ela não os
interessa. Apenas são movidos por suas paixões, amores ou ódios. E se as duas eram mesmo suas
irmãs, só piora o quadro geral. Você tem todos os motivos para desejar vingá-las.
– Fomos unidas pelo afeto, não pelo sangue. Sempre fomos companheiras, muito mais que irmãs,
mas não desejo vingança. – ela disse encarando-o. – Pode parecer egoísta de minha parte, mas ter
me poupado é tudo que me importa. Quero somente seguir com minha vida e em paz na medida do
possível. Acredite, o que está acontecendo nessa cidade me desagrada tanto quanto á você.
– Então o que está fazendo aqui? – ele inquiriu. – Se não é a culpada e as mortes a desagradam por
que simplesmente não vai embora?
– Vou fazê-lo, mas antes preciso lhe dizer umas coisas. Pedi sua ajuda e em troca... até como prova
de que pode confiar em mim, vou ajudá-lo também.
– Como? – Edward perguntou franzindo o cenho. – Como pode ajudar-me?
Zafrina não respondeu de imediato, furtivamente olhou em volta, então voltou a encará-lo e se
aproximou por sobre a mesa para sussurrar-lhe.
– Não acho que aqui seja o melhor lugar para conversarmos. Reservei um quarto, o que acha de
subirmos para termos mais privacidade?
Dito isso lhe tocou a mão e acariciou sua pele com o polegar, sensualmente. Edward continuou
encarando-a sem se mover, mesmo que seus pelos tenham se eriçado em repulsa ao toque.
– Termos mais privacidade seria bom. – ele disse com a voz contida, avaliando-a.
A vampira lhe abriu seu melhor sorriso e disse.
– Então vamos?... Quando estivermos sozinhos podemos nos entender melhor então verá que confio
em você completamente.
– Isso seria realmente bom. Quero que confie em mim, afinal dei minha palavra que a ouviria... –
ele começou retirando sua mão da dela, pois não suportava mais o contato. – O problema é que eu
não confio em você... E mesmo “lisonjeado” com o oferecimento devo declinar ao convite. Já basta
ter perdido minha vida ao aceitar os prazeres oferecidos por uma víbora como você; jamais cairia
nessa de novo.
– O que está pensando?! – ela também recolheu a mão, fingindo estar ofendida. – Não estava me
oferecendo á você!... Só desejava desmanchar o clima tenso entre nós e conversar em local mais
reservado.
– E que local mais reservado poderia haver em um quarto de hotel do que uma cama não é mesmo?
– ele perguntou debochado sem se importar com o teatro. – Acredite. Estamos bem aqui.
– Está bem! – ela disse desanuviando a expressão zangada. – Pegou-me nessa... Você se mostrou ser
tão viril e determinado logo nos primeiros minutos de “vida”... Odiei- o naquele momento, mas aos
poucos a raiva cedeu. Por muito tempo ainda senti nas pontas de meus dedos a firmeza de sua pele e
a força de seus músculos tal qual no instante em que espalhei o pó de urucum em sua ferida.
Á nova menção de sua marca, Edward retesou-se. Zafrina tinha as respostas; ela poderia explicar
como alguém marcado com o mesmo desenho poderia destruí-lo. O problema era que o tema o
abalava sobremaneira e o vampiro não queria expor-se ou á Isabella. Dizendo á si mesmo que
precisava manter o foco até que se sentisse ser capaz de inquiri-la sem denunciar sua ansiedade,
concentrou-se para que permanecesse impassível. Sem saber o que se passava em seu intimo, a
vampira prosseguiu.
– Confesso que sempre quis saber se Kachiri havia perdido a vida por um homem que valesse á
pena. Nunca entendi essa fascinação de vampiros por humanos para algo além de alimento, mas
devo confessar que você foi um achado. Reencontrá-lo atiçou novamente minha curiosidade. E você
não pode culpar mulher alguma por desejar experimentá-lo, ainda mais uma que assistiu a prévia do
que é capaz de fazer enquanto estava naquela pista de dança. Realmente uma pena não subirmos... –
passando a avaliá-lo, comentou. –A humana tem sorte!... Você lhe é fiel e se preocupa
verdadeiramente com ela.
Não queria que a vampira focasse sua atenção em Isabella então retrucou, cortando-a
impacientemente.
– Perdoe-me a grosseria, mas não vim aqui para saber sobre suas “curiosidades” á meu respeito e
muito menos falar sobre a boa estrela de Isabella. Diga o que quer de mim e como pode ajudar-me?
– Está bem... – ela disse erguendo as mãos em sinal de rendição. – Esqueça minha proposta
intempestiva e vamos ao que nos trouxe aqui.
– Por favor. – ele pediu controlando o mau gênio e o nervosismo.
– Bom... Vou contar-lhe algumas coisas que desconhece. Não tudo. Já vou avisando que falarei
somente até onde achar necessário.
– Evidente... – Edward retrucou secamente.
– Como já disse não sou a responsável por tudo que está acontecendo, mas posso lhe dizer quem é.
Edward respirou fundo, expectante.
– E é isso que vai me contar?
– Sim...
– Pois então fale. – Edward incentivou ainda tentando encobrir sua ansiedade.
– O nome dele é Aro Volturi.
– Aro Volturi... – Edward repetiu o nome para si mesmo tentando se lembrar se já o havia escutado.
– Sim. – ela confirmou e prosseguiu. – Ele se acerca de vampiros como você, os observa por algum
tempo, então se aproxima para tomar tudo que conquistaram. É como... um hobby para ele. Aro
toma-lhes a carreira, o dinheiro... Suas belas mulheres... Você tem todas essas coisas além de ter
conseguido prestigio e notoriedade.
O vampiro franziu o cenho; decididamente nunca ouvira aquele nome antes e jamais poderia supor
que toda aquela afronta velada se resumia á uma aproximação para apropriação indevida de sua
vida. E como aquele vampiro dos infernos tencionava fazer tal coisa pouco lhe importava; Edward
só conseguia pensar em um louco desejando tomar-lhe Isabella. Subitamente ao lembrar-se dela seu
coração se oprimiu no peito. A sensação foi tão forte que por um breve instante não conseguiu
sorver o ar.
Evidente que não deixaria transparecer seu temor e desconforto diante da vampira. Ela poderia estar
lhe dizendo aquelas coisas, mas não confiava nela. Ainda mais depois de convidá-lo para um quarto.
Mas apesar de suas atitudes e pouca confiabilidade, a vampira passou a ser um problema menor.
Edward sentiu seu sangue velho ferver depois das palavras dela; não poderia acreditar no que ouvia.
– Está me dizendo... Que esse intruso está fazendo todas essas coisas somente para tomar tudo que é
meu?
– Não somente tomar o que é seu. Ele quer tomar seu lugar, apossar-se de sua vida.
– E o que o impede de confrontar-me para “tomar” minha vida? – perguntou tentando bloquear a
inquietação que se alastrava por seu ser. – Por que esse clima de horror que ele criou aqui, matando
e se servindo de meus restos. Ele é tão insano que até mesmo mulheres descartadas por mim lhe
interessam?
Zafrina retirou o olhar do dele e tomou um gole de seu café. O movimento não passaria
despercebido por Edward.
– O que há? Responda-me.
A vampira baixou a xícara e, como se escolhesse as palavras, disse.
– É que com você as intenções se tornaram outras.
– Como assim? – á muito custo Edward conseguia manter a voz baixa. Sua vontade era espremer o
pescoço de Zafrina para que ela falasse toda história sórdida de uma vez.
– Bom... – novamente a aparente escolha de palavras. – Há dois meses ele descobriu que você tirou
algo dele.
– O quê?! – Edward exclamou incrédulo. Então baixando novamente a voz depois de certificar-se
que não chamara mais atenção do que já tinha para si, prosseguiu. – Como posso ter feito tal coisa
se nem ao menos conheço esse vampiro rapace dos infernos?
– Você fez. – ela garantiu encarando-o. – Mas não vou me estender nesse assunto. Acho que já falei
demais.
– Não. Não falou demais. E não me ajudou em nada saber essas coisas. Onde está esse Aro?
– Não está na cidade. – ela disse sem abalar-se com seu destempero. – E é por isso que preciso de
sua ajuda.
– Não vou fazer nada nesse sentido se não me dizer tudo que sabe. – ele garantiu.
– Nem mesmo se eu disser que podemos acabar com Paul?
Edward cerrou os punhos sobre a mesa. Á menção do rábula – assim como aconteceu com a da
marca – agravou sua inquietação inexplicável por Isabella. Tentando manter o foco, perguntou
contendo-se para não rosnar em público.
– Foi Aro que o transformou, não foi?
– Foi sim. – ela confirmou. – Ele queria mais um aliado e alguém que passaria á odiá-lo tão logo
soubesse das coisas que fez era a escolha perfeita.
– Como esse abutre conhece tanto á meu respeito? Como ele pode saber os motivos de Paul para
odiar-me? Onde “você” se encaixa nessa história?
– Perguntas demais... – ela disse deixando de rolar a xícara entre os dedos e passando a olhá-lo de
forma languidamente suplicante. – Não posso contar-lhe muitas coisas, por favor, entenda Edward.
Já estou ultrapassando todos os limites ao vir aqui falar com você. Quando ele descobrir vai
considerar traição de minha parte, então não agrave minha situação.
Edward flexionou os dedos e voltou a fechá-los em punho, impaciente. O olhar e o pedido choroso
o fizeram se lembrar das palavras de sua noiva ao se referir á vampira; duas caras. Todo cuidado
com ela era pouco. A mulher á sua frente falava em traição, no entanto ofereceu-se sexualmente á
ele. Se acaso tivesse aceitado e estivessem agora sobre uma cama ela não estaria traindo Aro? Seria
ela sua amante ou apenas comparsa? Não ter respostas o corroia, mas Edward sabia que nem
adiantaria perguntar; ela se esquivaria.
Sua vontade era arrastá-la dali para um lugar onde pudesse obrigá-la á falar. Apesar de ter contado
sobre o vampiro covarde e ladrão, Zafrina não lhe esclarecera nada. Apenas alimentava mais e mais
suas duvidas e deixava-o com novas perguntas. O advogado começava a achar toda aquela conversa
um enorme desperdício de tempo. O melhor que tinha á fazer era tentar tirar o máximo de proveito
das informações secundárias para tentar chegar á alguma pista concreta.
– Tudo bem. – disse falsamente condescendente. – Não vou pressioná-la. Falemos de Paul então,
afinal esse é o motivo que a trás aqui, não? Quer que eu a ajude á encontrá-lo? Pode, ao menos, me
contar seu envolvimento com ele?
Subitamente lhe ocorreu se não havia sido ela própria á transformá-lo. Talvez toda aquela conversa
sobre um vampiro chamado Aro fosse mentirosa. Talvez ela tenha se aproximado dele e, por meios
que Edward desconhecia, tenha tomado conhecimento de suas armações para conseguir roubar a
humana e com isso, passado a informação á diante. Os dois tinham motivos para odiá-lo. Talvez ela
tenha se arrependido e agora precisasse de alguém mais forte ou de outro aliado para destruir sua
criação. Ainda tentava adivinhar o que se passava quando ela disse.
– Eu sei onde encontrá-lo... E não tenho envolvimento algum com ele. Não o suporto. Já disse que
por mim nada disso estaria acontecendo e criar mais imortais está incluso em minhas objeções. Mas
sou a minoria, meu voto não conta.
Minoria; a palavra gritou na cabeça de Edward. Se o que ela lhe dizia fosse verdade e o tal Aro
existisse ele não estava sozinho com ela nas decisões. Se fosse verdade, o problema era maior do
que poderia supor. O vampiro controlou-se para não deixar transparecer nenhuma reação de alarme.
– Por isso quer destruí-lo e para isso conta com minha ajuda.
– Sim... – ela disse simplesmente em tom de derrota. – Estou cansada de todo esse... jogo. Não é
função de uma rainha pajear peão. Ainda mais um peão insubordinado que está matando as pessoas
que de alguma forma o desagradaram. Se ele continuar á fazê-lo, logo vai nos expor.
Traída pela vaidade, pensou satisfeito. Se aquele era mesmo o jogo de Aro e ela se atribuía tal
importância, Edward poderia saber que a vampira era sua amante ou esposa. E no caso de Paul foi
como imaginou; o rábula era um “trunfo” nas mãos de seus inimigos. Ou um peão como Zafrina
colocou. Fosse como fosse, ela nem precisava ter se dado ao trabalho de procurá-lo. O vampiro
acabaria com o rival tão logo tivesse a chance.
Ao pensar nele, novamente seu coração protestou em seu peito e a imagem de Isabella lhe veio á
mente. Edward não estava gostando daquelas sensações. Sabia que sentiria a falta dela durante o
tempo que estivesse longe, mas não imaginava que a saudade se tornasse tão angustiante. Tentando
se concentrar na conversa, agora animado por conseguir informações secundárias, disse.
– Por que o reles peão precisa da nobre babá? Por que quem o criou não o controla?
Ignorando sua ironia, Zafrina respondeu.
– Já disse que ele não está na cidade. Acha que se Aro estivesse aqui esse idiota estaria fazendo
essas coisas? Acha que “eu” estaria aqui? Já vai ser bem complicado tentar ganhar tempo até que
ele descubra nosso encontro quando voltar... Imagina se me arriscaria se eles estivessem na cidade.
– Eles? – perguntou despretensiosamente.
– Sim... Saíram da cidade, um depois do outro e me deixaram aqui com esse recém criado
desobediente. Acredite; não me agrada ir contra Aro e ter que pedir isso á você, mas já tentei de
tudo. Expliquei que não podemos agir dessa forma... Teria induzido ele á obedecer-me, mas, apesar
de ser pouco experiente ele é esperto. Foge de minha aproximação e não atende mais meus
telefonemas.
Ás palavras Edward sentiu como se levasse um soco no estomago. Finalmente algo que poderia
ajudá-lo. Vampiros podiam “sim” induzir uns aos outros. Mais uma vez não deixou transparecer sua
surpresa.
– Nada de induções para ele então?
– Não... – ela confirmou contrafeita.
– Você tocou em um ponto importante e espero que pelo menos isso você me responda sem
evasivas. – sem esperar que ela falasse qualquer coisa, perguntou. – Se Aro me odeia tanto e quer
tirar-me o que possuo, por que simplesmente não usa isso contra mim? Por que não tenta induzir-me
ou á meus amigos?
– Não banque o inocente comigo, pois sabemos que você não o é. Sabe muito bem que não é assim
que funciona. Agora você é um oponente forte, Edward. Como ele encara tudo isso como um jogo,
estava esperando o momento certo, pois sei que Aro tencionava fazer exatamente isso, mas há
alguns dias algo mudou. Não saberia lhe dizer o quê, mas o ouvi resmungar que precisava ter
cautela.
“Há alguns dias algo mudou”... A frase ecoou na mente de Edward. Ele sabia de uma mudança
ocorrida em sua vida. Estava mais forte. Mas se era essa a mudança, como seu oponente poderia
saber se nem ao menos havia contado á Alice ou Jasper?... Pense Edward, ordenou-se. Pense.
– E quanto aos outros... – Zafrina prosseguiu. – Aro é esperto e justamente por isso não se valeria de
induções com os vampiros de seu clã. Ainda mais com os dois mais antigos. Pelo pouco que vi de
sua amiga vampira ela me pareceu ser muito leal. Se o companheiro dela nutrir o mesmo sentimento
fica praticamente inutilizado para esse expediente. Se Aro conseguisse induzi-lo teria que usá-lo em
uma ação temerária, pois você reconheceria que seu amigo não estaria em seu estado normal. E ele
com certeza, mesmo que obedecesse resistia e tentaria lhe indicar que estava sob alguma influência.
Deixando o mistério sobre Aro saber de sua nova força, deixando que ele sabia de todas aquelas
restrições Edward disse sério.
– Então foi como sempre pensei. Não posso me valer desse “expediente” agora, afinal você também
é “antiga” e “leal”.
– Por favor, guarde suas observações irônicas para você. Posso estar aqui lhe dizendo essas coisas,
mas sou leal á Aro. Por mais que o deseje sexualmente e seja relativamente agradável estar em sua
companhia, não me sinto totalmente confortável com essa conversa, assim como não fiquei em
procurá-lo em seu escritório ou espreitando sua humana. – disse seriamente.
– Se o fiz é porque realmente quero dar um fim á Paul. Ele ficou descontrolado depois que soube
que Aro não está na cidade e agora acha que pode agir livremente. Precisamos preservar nosso
segredo. No meio dessa loucura, isso é o verdadeiramente importa para mim.
– Engraçado você se preocupar com isso somente agora. – Edward observou. – Nosso segredo está
ameaçado desde que atacaram meus restos no Central Park; desde que estupraram e mataram
Maureen e dilaceraram Tanya. Isso sem falar no assassinato de Charles Howden e nas outras
mortes. Apenas um corpo produzido por Paul foi achado até agora... Quem ameaça nosso segredo
não é ele.
– Correção. – ela disse sem se importar com seu comentário. – Na noite de sexta acharam mais dois
corpos no bairro de Paul. Não posso afirmar que o policial tenha sido morto por ele, mas o editor eu
sei que foi. O reconhecimento do corpo é manchete dos jornais de hoje; William Lautner era o nome
dele. Você não viu?
– Não, não vi... E não desconverse. – disse Edward ainda mais inquieto e impaciente. – Se você diz
não ser a responsável, quem se serviu de meus restos? Aro?
– Não preciso responder-lhe isso? – ela disse desviando os olhos. – Vai ajudar-me ou não?
– Uma vez que é preciso não ser leal para as induções valerem, Aro usou Rosalie contra mim? E o
que ele fez com Emmett?
Edward perguntou sem nem ter ouvido a resposta anterior.
– Não sei do que está falando. – ela retrucou.
Sentia-se aflito em seu âmago. Como se não bastasse ela ter mencionado o policial que matou e os
tantos detalhes de toda aquela loucura para inquietá-lo, ainda havia a preocupação inexplicável por
Isabella para roubar-lhe a concentração. Começava a ficar cada vez mais claro que Zafrina não lhe
revelaria nada de verdadeiramente relevante. Edward começava a se perguntar qual o motivo dela
não ter dito todas aquelas coisas por telefone já que, apesar dos toques e da cantada descaradamente
inoportuna, alegava estar tão desconfortável quanto ele. O vampiro desejava terminar aquele
encontro o quanto antes então arriscou mais perguntas que com certeza ficariam sem resposta.
– James é leal á quem? Onde ele se encaixa?Não tente negar seu envolvimento, pois sei que vocês
estiveram juntos no meu escritório.
– Não tenho problemas em responder isso. Eu o usei para que me ajudasse a encontrar alguma pista
de onde você poderia estar já que nunca mais se aproximou de Isabella. Quando percebi que estava
me expondo demais em ficar ali, saí do edifício e passei a monitorá-lo pelo celular. Aquele vampiro
é fraco; sem importância. – ela disse com certo desprezo. – Induzi-lo é relativamente fácil.
Quando ela terminou de falar, Edward percebeu que mal ouviu suas palavras depois que ela disse o
nome da jovem mais uma vez. Sem que esperasse, a pergunta não relacionada com a conversa tensa
veio-lhe á mente, distraindo-o. E antes que pudesse se conter, segurou a mão da vampira sobre a
mesa em um gesto rápido e preciso. Com a voz baixa e séria, inquiriu.
– Por que Kachiri ordenou que me marcasse? – Zafrina tentou puxar a mão, mas Edward a fechou
firmemente na sua. – Por que você queimou minha pele? O que exatamente você quis dizer quando
me rogou aquela praga dos infernos?
Ao proferir as palavras Edward se deu conta que o tema era o mais importante para ele. Sufocou-o,
mas agora não conseguia se refrear. Inconscientemente aquela era a única duvida que
verdadeiramente desejava que fosse sanada pela vampira. Se tudo aquilo que ela dizia fosse
verdade, cedo ou tarde ele acabaria descobrindo por conta própria, pois o tal vampiro teria que
procurá-lo para apossar-se de sua vida. Contudo, somente ela poderia esclarecer o mistério sobre a
marca que se interpunha entre ele e Isabella. Naquele instante nada mais lhe importava. Aro,
mortes, induções, jogos... Nada!
Não a deixaria ir embora, ou antes, até arrastasse Zafrina para fora daquele Café e a levasse para um
lugar reservado onde pudesse obrigá-la e respondê-lo. Não se separariam antes que ele soubesse se
existia ou não uma forma de anular o efeito de suas palavras; uma forma de ficar livre do medo...
De não permitir que sua noiva envelhecesse e morresse. Uma forma de transformar Isabella sem
reservas e permanecer ao seu lado eternamente.
– Responda-me. – ordenou entre dentes.
– Edward, você está fazendo uma cena. – ela disse olhando para além dele.
– Pouco me importa. – garantiu. – Faço cena pior se não me responder.
– Por que isso agora? – ela perguntou sem se importar, avaliando-o incrédula. – Já se passou tanto
tempo. Você se ressente por causa daquilo?
– Apenas me responda. – ele ordenou novamente. – Como alguém com a marca igual a minha pode
destruir-me?
De repente os olhos da vampira se iluminaram. Ainda sem se importar com seu tom ameaçador ou
suas ordens, ela sorriu em sua direção.
– É isso! – exclamou satisfeita. – Você a encontrou!... É por isso que está todo derretido pela
humana.
– Responda.
Ao dizer as palavras sua mão se fechou ainda mais. Não se importava que ela descobrisse desde que
lhe respondesse.
– A “praga” não é minha. Apenas disse o que sempre ouvi de Kachiri... – ainda sorrindo, ela
prosseguiu. – Edward, ela acreditava que...
Simultaneamente á resposta da Zafrina, o celular do vampiro começou a vibrar em seu bolso. Por
um segundo pensou em ignorá-lo, mas a inquietação persistente por Isabella não deixou que o
fizesse. Sem pedir licença o pegou e conferiu no visor quem o chamava. Ao ver que se tratava da
jovem, imediatamente soube que alguma coisa estava errada.
– Isabella o que houve? – inquiriu preocupado, cortando Zafrina.
– Edward, Paul está... – e então a voz dela se foi dando lugar ao som agourento da linha telefônica.
O tom alarmado não o perturbou tanto quanto a ligação ter sido interrompida á menção ao nome do
rábula; Paul estava em sua casa. Sem nem ao menos pensar, o vampiro ergueu-se e rumou para a
saída á passos largos. Ao chegar á calçada se dirigiu á rua onde havia deixado seu carro. Felizmente
havia seguido seu instinto e não o deixou no estacionamento do hotel de onde, com certeza, seria
mais complicado sair apressadamente.
– Edward espere... – ouviu Zafrina chamá-lo.
Sabia que estava sendo seguido antes mesmo que ela o chamasse. A cada toque dos saltos do sapato
da vampira contra a calçada sua raiva aumentava mais e mais. Era evidente para ele que havia
realmente caído em uma armadilha. Ignorando-a, contornou a esquina. Depois de varrer a calçada á
sua frente com o olhar e ver que os poucos transeuntes estavam distantes, Edward a esperou. Assim
que a vampira apareceu em seu campo de visão ele a prendeu pelo pescoço e segurou-a contra a
parede.
– Por que a mentira? – vociferou.
– E-Edward não...
– Sorte sua estarmos em local público e de em plena luz do dia. – disse entre dentes. – Volte para
esse Aro que talvez nem exista e diga á sua fantasia que seu plano funcionou por um tempo. Mas
torça para ter sido realmente temporário, pois se o rábula conseguir encostar as mãos em Isabella eu
a caço no inferno sua cobra desgraçada.
Ao fazer a ameaça, Edward a largou e seguiu para seu carro sem olhar para trás.
– Não faço parte de plano algum Edward. – ela disse indo atrás dele. – Diga-me o que está
acontecendo.
– Acho que sabe bem o que está acontecendo. – retrucou desativando o alarme e abrindo a posta de
seu BMW. – Mas refresco-lhe a memória senil. Seu protegido está na minha casa, importunando a
minha mulher.
– Escute... – a vampira segurou a porta para que Edward não a abrisse.
– Arranco-lhe o braço se não tirá-lo daí.
– Acredite em mim... – ela disse olhando-o esperançosamente. – Não o chamei aqui para distraí-lo
se é isso que está pensando.
Sem responder-lhe, Edward a empurrou para longe de seu carro e entrou. Sequer olhou em sua
direção quando saiu em disparada para a maldita casa em que havia deixado Isabella sozinha. Se
algo de ruim acontecesse á ela jamais se perdoaria por não ter visto o obvio. Era evidente que tudo
não havia passado de um ardil para mantê-lo afastado para que o rábula tivesse livre acesso á sua
casa. Ao pensamento afundou o pé no acelerador.
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Para aquelas que estão na minha comunidade, saibam que tem 5 posts do capitulo
seguinte que postei como bônus...
Não trouxe para cá, mas a boa notícia é que com isso semana que vem posto capítulo
inteiro novamente... Estou pensando aqui e acho que será melhor postar o que tenho até o
final de outubro ou meio de novembro e depois entrarmos em "recesso" de final de ano...
a cada dia que passa estou vendo que será complicado administrar as tarefas... E é até
bom assim vcs descançam um pouco de Obsession e no ano que vem voltamos
renovadas e com todo gás para as emoções finais... :)
Bom.. estou vendo como vou fazer, então ainda não se preocupem...
Como sempre preciso pedir... Comentem... Me deixem saber o que tiraram dessa
conversa com Zafrina...
e para não perder o costume... Spoiler:
" Por favor... Vá embora. pediu em um fio de voz; cansada.
É sua última chance... Pense bem Bella. após um breve silêncio ele falou profeticamente.
Posso até ir embora... Mas jamais vou desistir. Por bem ou por mal você vai voltar para
mim.
Bella tapou os ouvidos, pois não suportava ouvir-lhe a voz; jamais voltaria para ele.
Preferia morrer a deixar que a tocasse novamente. Paul se mostrava ter se tornado um
vampiro louco e sádico; era perda de tempo sentir qualquer tipo de compaixão por ele.
Estava cansada, fraca e com falta de ar. Sem forças até mesmo para chorar a sua sorte ou
a de Carmem.
Lentamente foi se deixando arriar sobre o sofá até que se deitasse. Ainda tapava os
ouvidos, mas Paul já se calara. Sua curiosidade lhe dizia para espiar e conferir se ele
havia ido embora, mas sua prudência não lhe deixava se mover. Bastaria um descuido
para que ele a pegasse e a afastasse de Edward. Ao pensar no nome, ouviu-lhe a voz
alarmada vinda da cozinha.
Isabella!
Edward! sussurrou erguendo-se."
Bom... espero sinceramente que tenham gostado... Bjus... Bom final de semana á todas!
(Cap. 58) Capítulo 28 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia!...
Desculpem minha repetição, mas é mega necessária.
Obrigada pelos reviews, pelas indicações e pelo carinho sempre.
Bom.. não vou me estender aqui, mas vou deixar um recadinho no final, please... leiam.
Agora vamos ao capítulo... :)
BOA LEITURA!...

Frustrada Bella ainda permaneceu olhando o celular por alguns segundos antes de jogá-lo do outro
lado da sala. O aparelho desmontou ao se chocar contra o rodapé, porém a jovem sequer notou.
Novamente se perguntou como pôde se iludir com Paul. Custava á crer que a mesma pessoa que por
tantas vezes a consolou e que sempre a tratou com carinho escondesse aquele lado perverso? Ou
seria possível que o advogado fosse realmente vitima das circunstâncias? Que estivesse somente
reagindo ao que Edward havia feito á ele? Se fosse essa a verdade, talvez ainda pudesse argumentar
com ele. Tentar trazê-lo á razão; dizer-lhe novamente que ele não precisava matar.
Não, disse a si mesma. Ir por esse caminho seria o mesmo que voltar á se iludir. Muito antes de
Edward surgir em suas vidas, Paul já a traia e enganava. Tê-la perdido da forma que havia
acontecido, apenas aflorara seus piores defeitos. Como que para provar que aquela era a verdade, a
voz debochada de Paul chamou sua atenção para a janela. Por sorte as cortinas estavam fechadas,
ele não poderia vê-la.
– Ia chamar o namoradinho? Desistiu por quê? Pensou melhor?... Se for esse o caso venha logo,
estou perdendo a paciência. Você já deixou que Billy morresse, agora vai deixar que esse homem
também morra?
– Cale a boca, cale a boca. Você matou Billy porque é louco, psicopata.
A jovem gritou nervosamente ainda refreando as lágrimas. Sim... Ele era. Depois de se obrigar a
erguer-se, alcançou o telefone que ficava na mesma estante que a TV; estava mudo; qual á dúvida?
– Não anjo... – ele continuou a falar junto á janela. – Eu deixei que você escolhesse. Confesso que
foi divertido torturá-lo, mas se você tivesse atendido meus telefonemas ou meu e-mail eu o teria
poupado. Seu prazo de resposta era até sexta á noite. Como não respondeu á nenhum de meus
recados fui obrigado á dar um fim definitivo ao delator pedófilo. Assim como farei com o marido
dessa mulher. Saia de uma vez. – ordenou impaciente.
Então fora aquilo. Aquela era sua confirmação. Paul realmente não estava em seu juízo perfeito para
mandar-lhe recados e e-mails ameaçando matar um homem quando ela nem sabia de sua nova
condição de imortal. Naquele minuto se arrependeu por não ter lido o maldito recado na manhã de
sábado. Não poderia fazer nada quanto á Billy, mas teria descoberto sobre Paul mais cedo. Agora
também entendia a acusação de seu ex-editor no sonho. Era duplamente culpada por sua morte;
quando o delatou e quando não o salvou da sanha psicopata de Paul. E como se não bastasse agora
teria que carregar a morte de John na consciência, pois não via como atender a ordem do vampiro.
Sair e entregar-se á ele não era uma opção. Lamentava pelo que estava acontecendo, por ter batido
em Carmem e por seu marido, mas entre todos eles, o seu noivo era o mais importante. Não
causaria tal desgosto á Edward, assim como não suportaria ter as mãos de Paul sobre si; nem
mesmo para salvar uma vida. Como dizia sua mãe, o que não tinha remédio, remediado estava.
Então tudo que precisava fazer era se manter calma; estava segura dentro de casa. Ou não, pensou
alarmada. Paul poderia colocar John para vir atrás dela. Se havia sido arrastada com facilidade por
Carmem, não teria a mínima chance contra um homem. Ao pensamento correu e trancou a porta.
Nesse momento Paul bateu contra o vidro da janela, reproduzindo o som verbalmente
– Toc, toc... Estou esperando... Você vem ou não?
De repente algo lhe ocorreu. Por que o vampiro havia mandado Carmem e não seu marido para
buscá-la? Simples. Porque provavelmente ele já estivesse morto. Com o coração aos saltos,
arriscou.
– Faço uma troca com você. – ela disse tentando controlar as lágrimas. – Mande John vir socorrer
Carmem que eu saio e vou embora com você sem resistir.
– Não estou aberto á negociações Bella. – ouviu sua voz séria. – Não me provoque ou vai se
arrepender.
– Já disse, saio assim que mandar John aqui. É simples.
– Assim como também é simples que eu quebre cada osso da mão dele bem aqui, ao lado de sua
janela para que você escute sua agonia. É isso que deseja? Que eu o torture até que saia?
Definitivamente John estava morto. Bella sentiu por ele, por Carmem; agredida por ela e agora
viúva. Caindo pesadamente sobre o sofá, abraçou as próprias pernas. As dores em seu corpo
pioraram e começava a se sentir febril.
– Não pode fazer isso porque ele já está morto, não é mesmo?
Após instantes de silêncio ele disse em tom jocoso.
– Me pegou. Infelizmente tive que matá-lo. Ele não se mostrou tão receptivo quanto sua mulher,
então lhe quebrei o pescoço. Assim como fiz com seu coleguinha abusado.
“Jared”.
– Onde está ele Paul?
– Aonde não vai mais mexer com mulher alheia.
Definitivamente estava vivendo no meio de um circo de horror, onde a vida era tirada sem
cerimônia e por motivos fúteis. Começava a questionar se desejava fazer parte daquilo ativamente.
Talvez Edward tivesse razão em tentar poupá-la, ainda que por razões pessoais.
– Anjo, me perdoe. – ele pediu mudando o tom. – Vou me comportar... Bom... Ainda preciso me
alimentar, mas só matarei nesse caso. Prometo. Somente você me interessa. Vamos esquecer tudo
isso e voltar ao que éramos antes...
– Por favor... Vá embora. – pediu em um fio de voz; cansada.
– É sua última chance... Pense bem Bella. – após um breve silêncio ele falou profeticamente. –
Posso até ir embora... Mas jamais vou desistir. Por bem ou por mal você vai voltar para mim.
Bella tapou os ouvidos, pois não suportava ouvir-lhe a voz; jamais voltaria para ele. Preferia morrer
a deixar que a tocasse novamente. Paul se mostrava ter se tornado um vampiro louco e sádico; era
perda de tempo sentir qualquer tipo de compaixão por ele. Estava cansada, fraca e com falta de ar.
Sem forças até mesmo para chorar a sua sorte ou a de Carmem.
Lentamente foi se deixando arriar sobre o sofá até que se deitasse. Ainda tapava os ouvidos, mas
Paul já se calara. Sua curiosidade lhe dizia para espiar e conferir se ele havia ido embora, mas sua
prudência não lhe deixava se mover. Bastaria um descuido para que ele a pegasse e a afastasse de
Edward. Ao pensar no nome, ouviu-lhe a voz alarmada vinda da cozinha.
– Isabella!
– Edward! – sussurrou erguendo-se.
Suas pernas tremiam tanto que a jovem acreditou que fosse cair sentada. Contudo, ao ouvir a voz
amada mais uma vez, agora vinda do corredor, ela se firmou e seguiu até a porta. Antes mesmo que
chegasse á ela, esta se abriu á um simples empurrão do vampiro.
Edward mal havia aberto a porta quando Isabella se lançou ao seu pescoço e o abraçou
apertadamente. Ele aproveitou para estreitá-la contra si. Sua noiva não poderia saber, mas precisava
daquele contato talvez mais do que ela. As ruas nunca lhe pareceram tão longas, os semáforos em
que fora obrigado a parar mais demorados a abrirem nem a maldita casa tão distante quanto
naqueles minutos de angustia em que guiava para socorrê-la. Nem mesmo havia colocado seu carro
para dentro, o largou sobre a calçada e pulou o muro ao certificar-se que ninguém o veria saltar.
Quando avançou em seu jardim e sentiu o cheiro do rábula seu sangue ferveu ao passo que seu
coração afundou-se no peito. Várias possibilidades percorreram sua mente e em todas elas o
vampiro havia levado Isabella embora; havia chegado tarde demais. Depois de seguir seu rastro até
a porta da cozinha, entrou na casa com a respiração suspensa. Encontrou Carmem caída ao chão e,
depois de certificar-se que a mulher estava apenas desacordada, ergueu-se e chamou pela jovem.
Como não obteve resposta seguiu para o corredor; quando então ouviu seus movimentos e o som de
seu coração vindos da sala de TV. Agora a tinha firmemente segura contra si.
– Shhh... – sibilou enquanto lhe acariciava os cabelos carinhosamente. – Estou com você agora.
As palavras tranquilizadoras serviam para ele próprio. Precisava acalmar-se; livrar-se dos resquícios
do medo que sentiu até a poucos segundos atrás.
– Edward, ele nos achou... – ela disse com a cabeça afundada em seu ombro. – Seguiu você. O viu
no parque. Esteve aqui ontem á noite. Matou John... Queria que Carmem me levasse para fora...
Carmem!
Bella falava sem pensar, aos tropeços, sentindo calafrios ao se recordar do ocorrido. Queria contar-
lhe tudo que haviam conversado; contar sobre o perigo que ele correra, mas ao dizer o nome da
empregada a jovem se agitou em seus braços.
Porém Edward não a soltou; ele ainda não estava preparado.
– Ela vai ficar bem. – garantiu levando-a para o sofá.
– Tem certeza? E quanto á Paul? Ele esteve perto de você... Poderia tê-lo atacado, Edward.
Depois de sentá-la, retirou seu paletó e a gravata que o sufocava então se agachou á sua frente e,
depois de segurar-lhe as mãos, olhou para o rosto extremamente corado e aflito. Era realmente
preocupante saber que fora seguido e que havia colocado Isabella em perigo, mas naquele instante
não adiantaria nada recriminar-se pelo descuido. Além do mais não a queria preocupada ou nervosa.
– Não pense nisso agora. O importante é que ele não conseguiu o que queria. Você ainda está aqui.
– Eu não iria para ele... – ela disse começando a se acalmar enquanto se perdia nos olhos verdes e
preocupados. – Nem mesmo se ateasse fogo á essa casa.
Edward estremeceu ás palavras. Algo lhe dizia que o rábula era capaz de se valer de tal artifício. Era
preciso redobrar a atenção sobre Isabella. Estava claro que seus inimigos não mediriam esforços
para destruí-lo. Havia caído naquela primeira armadilha, mas não repetiria o erro uma segunda vez.
Nada de tréguas, nem mesmo para obter informações. Sentando-se ao lado de Isabella e a
envolvendo em um de seus braços, sacou o celular com a mão livre. Quando iluminou o visor viu
uma chamada perdida.
– Já havia me ligado mais cedo?
– Sim... – ela disse abraçando-se á ele.
Edward franziu o cenho ao ver a hora. Naquele horário já estava em seu encontro com Zafrina.
– O rábula estava aqui desde dessa hora?
– Não... Liguei porque estava com saudade, mas ele chegou logo depois.
Ás vezes acontecia dos aparelhos ficarem sem sinal. O que chamou a atenção de Edward foi que,
mais ou menos logo após a chamada perdida, começou a se sentir inquieto; preocupado com
Isabella. A aflição dela foi a sua aflição, constatou. Se tivesse reconhecido o sentimento poderia ter
chegado á mais tempo; sem que nem fosse preciso chamá-lo. Edward gemeu em agonia e abraçou a
jovem com os dois braços.
– Edward, você está me esmagando. – Bella protestou carinhosamente.
– Perdoe-me. – ele pediu afrouxando o abraço.
Com o cenho franzido, ordenou-se á fazer o que tinha que ser feito e a deixar assuntos sobre
sensitividade para outra hora. Decidido voltou a atenção ao celular e discou o número de Alice.
– Edward onde você está. Ainda está com Zafrina?
– Não, mas não é sobre isso que quero falar com você. – como ela ficou em silêncio, ele prosseguiu.
– Já terminou de receber os móveis?
– Ainda não. Você quebrou boa parte da mobília de suas salas. Estão montando a sala de jantar
nesse momento.
– Mande todos embora e venha para minha casa. Vou pedir o mesmo á Jasper... Preciso que venham
imediatamente.
– O que aconteceu Edward? – Alice perguntou alarmada.
– Paul esteve aqui.
– Como está Bella? – perguntou preocupada.
– Está segura. – tranqüilizou-a. – Apenas venha o mais rápido que puder.
– Está bem. Cuida da Bella. Deixe que eu mesma aviso Jasper. Estaremos aí o mais rápido que
pudermos.
Dito isso desligou sem despedidas; não precisavam de amabilidades entre si naquele momento.
Depois de voltar o aparelho ao bolso, Edward beijou os cabelos da jovem, aproveitando para cheirá-
los. O que seria dele se a tivesse perdido?
– Preciso ver Carmem, Edward. – Isabella pediu, tentando sair do abraço de ferro.
– Em um minuto. – ele disse mantendo-a quieta. – Preciso senti-la; acalmar-me para pensar com
clareza.
Suas palavras não tinham nenhuma conotação sexual. Precisava verdadeiramente dela para acalmar-
se. Se a aflição dela o afligiu, agora desejava que sua aparente calma apaziguasse seu espírito
temeroso. Ainda eram um, disse á si mesmo. O rábula e Zafrina não haviam conseguido separá-los.
Bella deixou-se abraçar, sentindo-se segura com ele ao seu lado. Por ela ficariam juntos naquele
abraço para sempre, mas era estranho ficar ali parada sabendo que havia um corpo na casa vizinha e
uma mulher desmaiada na cozinha. Agora que estava livre de Paul, sua mente estava á mil por hora.
O vampiro havia criado um problema para Edward ao deixar um corpo em sua casa. Diante daquilo,
Bella não conseguia manter-se quieta como Edward queria.
– Edward... O que vamos fazer com John? E Carmem?... Por favor, vamos ao menos tirá-la do chão
frio.
Edward suspirou e finalmente deixou que ela se afastasse, porém, não que levantasse. Segurando-
lhe a mão, e com a livre acariciou-lhe o rosto acompanhando o movimento com os olhos. Depois a
encarou e disse seriamente.
– Vou cuidar para que nunca mais aconteça... Mas quero que me prometa que, se um dia estiver em
perigo de morte, não vai tomar nenhuma atitude suicida. Promete.
– Edward eu...
– Prometa Isabella...
– Prometo. – ela disse por fim.
A promessa não acalmou seu coração, mas precisava fiar-se nela para sobreviver ao acontecimento.
Não gostou do que sentiu quando Isabella afirmou preferir permanecer em uma casa em chamas.
Tocando seu rosto, tentou lhe sorrir.
– Obrigado!... Agora vamos ver como está a Carmem.
– Vamos. – disse se pondo de pé, somente para cair sentada depois de uma vertigem.
– O que houve Isabella. – Edward perguntou ignorando sua pergunta.
– Nada sério... – tranqüilizou-o. – Só me levantei rápido demais.
– Tem certeza? – perguntou inspecionando-a. Agora que a olhava com atenção, Edward achou-a
ainda mais corada. Percebera que ela estava quente, mas não havia associado á febre. – Não está
doente, não é?... Por causa de ontem?
Bella suspirou e achou melhor não mentir.
– Acho que estou ficando gripada. Acordei com o corpo dolorido e com um pouco de dor de cabeça.
As dores estão cedendo, mas me sinto febril. E talvez ter resistido quando Carmem tentou me levar
para fora, tenha me deixado mais fraca. Tive que bater nela... – disse pesarosa. – Se ela não tivesse
desmaiado acho que teria conseguido... Podemos ir agora?
Sem esperar resposta Bella se ergueu devagar dessa vez. Edward imitou-a sem deixar de encará-la.
Não devia ter deixado que tomasse nada gelado, depois da queda em sua piscina. Mesmo sabendo
disso, algo lhe dizia que aquele não era o real problema.
– Estavam na cozinha quando o infeliz chegou? – perguntou quando ela já seguia para a porta.
– Não. Estava no corredor. Ia colocar meu celular para carregar quando Carmem chegou da rua.
– E ela a conseguiu levá-la até a cozinha? – Edward perguntou incrédulo ás suas costas.
– Sim...
Bella respondeu simplesmente adiantando o passo, queria mesmo saber como a mulher estava.
Edward nada disse até que ela se acercasse da empregada caída. Antes que se abaixasse, ele a
deteve segurando-a pelo braço. Quando Bella olhou em sua direção não entendeu o olhar
consternado.
– O que houve?
Edward a encarou sem nada dizer. Agora tinha certeza que Isabella não estava fraca por causa de
uma possível gripe. Novamente fora imprudente; não a deixara debilitada sobre uma cama dessa
vez, mas suas freqüentes retiradas de sangue – ainda que mínimas – a enfraquecera. Não adiantava
desculpar-se. Assim como não adiantava culpar-se.
– Nada. – disse soltando seu braço. – Deixe que eu veja como Carmem está.
– Está bem. – Bella deu-lhe passagem. – Eu não queria bater nela, mas não tive escolha.
– Eu sei.
Dito isso Edward se abaixou e examinou a mulher. Fora um grande hematoma na lateral esquerda
da testa e a pele gelada por estar tanto tempo no piso frio, ela estava bem.
– Bella, por favor, ache uma faca. Grande de preferência e venha comigo. – Edward pediu, pegando
a mulher no colo e seguindo para o corredor.
– Para quê?
– Apenas faça. – ele disse.
Sem esperar por ela seguiu até a sala de TV. Depositava Carmem sobre o sofá quando a jovem
entrou trazendo a faca que havia pedido. Sem dizer nada ela a entregou expectante. Assim que a
pegou levou á testa da mulher desmaiada, então explicou.
– O frio é vasoconstritor. A lâmina vai evitar que o hematoma cresça.
Pareceu que a jovem voltou a respirar depois de suas palavras. Se o momento não fosse preocupante
e tenso teria achado graça da expressão de Isabella.
– Edward... – ela chamou em um sussurro. – E quanto á John?... O que diremos á Carmem?
Ainda era surreal imaginar que havia realmente um corpo na casa ao lado. Se o jardineiro fosse
sozinho, talvez Edward não tivesse problemas em se livrar dele, afinal era certo que o vampiro fazia
isso todos os dias. Contudo havia Carmem. John não poderia simplesmente desaparecer. Depois que
Edward pediu a faca – por um momento insano – Bella acreditou que ele fosse dar o mesmo fim á
empregada para em seguida se livrar dos corpos, facilitando assim despistar sobre suas mortes.
Sua preocupação anterior se foi como que por encanto. Nem atinou ao fato que Edward não
precisaria de armas brancas ou que qualquer espécie para matá-la. Depois de sua explicação, a
jovem se sentiu envergonhada de seu pensamento. E o pior de tudo foi constatar que o entenderia se
atentasse contra a pobre mulher; assim como ter a certeza que ficaria ao seu lado e o apoiaria no que
decidisse ser o melhor á ser feito. Até mesmo se fosse preciso mentir sobre um falso
desaparecimento perante os filhos do casal.
A jovem se desconhecia cada vez mais. Sempre acreditou ser justa e imparcial, no entanto,
condenava Paul por se livrar das pessoas sem o mínimo de remorso, mas seria condescendente com
Edward caso fizesse o mesmo. Seria seu amor por ele que o colocava diante de tudo e de todos?
Seria essa a resposta ou estaria se tornando uma mulher fria e calculista diante dessa nova realidade
violenta e cruel á qual era apresentada?
Era chocante admitir, mas começava a dar razão á Edward por temer transformá-la. Que tipo de
vampira seria se ainda humana considerava normal dispor da vida de alguém que gostava somente
para que ele não fosse exposto?
– Isabella?... Você está bem? – Edward perguntou preocupado, tirando-a de seus pensamentos
inquietantes.
– Estou... Só me... desliguei. Perguntou alguma coisa?
– Pedi que segurasse a faca contra a testa dela enquanto vou buscar um cobertor para aquecê-la.
– Ah... Sim.
Tão logo a jovem sentou-se ao lado da mulher ainda desacordada Edward saiu da sala. Se Carmem
não estivesse realmente precisando se aquecer teria ficado e exigido saber o motivo do
“desligamento”. Isabella estava estranha. Não queria pensar á respeito, mas começava á achar que
talvez ela estivesse lhe escondendo alguma coisa. A jovem não havia se rendido, mas entre a
primeira chamada e á última, teve tempo de sobra para conversar com o rábula. Edward não gostava
daquilo. De volta á sala, o vampiro envolveu a mulher no cobertor. Depois de tomar a faca da mão
de Isabella e colocá-la na estante ao lado da jovem, encarou-a. Sua vontade era questioná-la sobre o
que realmente havia acontecido, porém um som distante chamou sua atenção.
– Edward você acha que...
– Shhh...
Edward colocou o dedo indicador nos lábios dela e esperou apurando os ouvidos. Logo o som que
chamou sua atenção se tornou mais alto.
– Inapto desgraçado! – vociferou.
– O que há Edward? – ela perguntou alarmada.
– O idiota chamou a polícia.
Bella olhou-o alarmada.
– Edward a policia não pode entrar aqui. Não podem ver John... Eles...
– Acalme-se. – disse tranqüilizador. – Eles não são problema. Não saia daqui até que eu volte.
Sem esperar por resposta, Edward beijou levemente o alto da cabeça da jovem e se foi. Conversaria
com ela depois. Agora precisava receber os policiais. O que o desgraçado estava pensando afinal?...
Acaso o idiota não sabia que se livraria da polícia em um piscar de olhos?... Zafrina pode tê-lo
enganado com toda aquela conversa, mas estava certa ao dizer que o rábula era inexperiente e
insubordinado. Talvez a parte em que ela pedia que se livrasse do fardo que criaram fosse
verdadeira, pois se o recém criado continuasse á tomar atitudes irresponsáveis e impensadas como
aquela logo todos seriam expostos.
Lidaria com ele depois, agora era preciso se livrar de suas visitas indesejadas. Graças á sua boa
audição, Edward ainda teve tempo de voltar ao seu carro. Esperou apenas dois minutos antes de sair
para a calçada e seguir para o portão como se tivesse acabado de chegar á casa quando a viatura
estacionou. Como era o costume, dois homens saíram de seu interior e foram até ele. Indiferente,
voltou-se e esperou que o abordassem.
– Bom dia senhor... – um dos homens começou para que ele concluísse.
– Cullen. – completou e cumprimentou. – Bom dia!
– Senhor Cullen, me chamo George Scott e esse é Mark Davidson. Recebemos uma denuncia
anônima sobre um possível assassinato nesse endereço. O senhor mora nessa casa?
– Assassinato?! – Edward o encarou alarmado. – Aqui?!...
– Sim... – o homem confirmou pacientemente e repetiu a pergunta. – O senhor mora nessa casa?
– Provisoriamente... Estou ocupando a casa enquanto meu apartamento passa por reparos... Acredito
que deva haver algum engano. Em todo caso... É melhor entrarmos. – disse solicito.
– Está chegando agora? – o investigador perguntou enquanto Edward abria o portão para que
entrassem.
– Sim... Acabo de vir de meu escritório.
– Escritório? – repetiu fingindo desinteresse.
– Sou advogado. – Edward disse simplesmente.
– Agora me lembro de você! – o outro exclamou. – Você é aquele advogado que promove o Baile
anual de Halloween, não é?
– Sim... – George confirmou por Edward. – E que nesse ano teve um assassinato quase no final da
festa, não é mesmo?
Todo teatro se foi. Os dois o encaravam com interesse indisfarçado agora.
– Infelizmente um de meus convidados foi morto. – confirmou.
– Interessante... – disse pensativo. – Agora recebemos essa denuncia. Aparentemente a morte lhe
cerca senhor Cullen. Deveria ficar preocupado.
Os humanos eram realmente incríveis, Edward pensou. Sempre acreditavam serem mais espertos
que os outros; tolos. A insinuação era tão obvia que ficaria clara até para os da mesma espécie que o
policial. Se o advogado fosse como ele, poderia brincar com sua vaidade e incentivar que o acusasse
abertamente, quando então, poderia processá-lo por calunia e difamação. Seria um bom passa-
tempo. Contudo não era como ele e não disponha de tempo, então disse seriamente.
– O que me preocupa é a ambigüidade de seu comentário. Espero não ter entendido corretamente.
Caso contrário, seria realmente interessante, principalmente para o senhor, que tomasse cuidado
com insinuações.
– Opa!... – disse o investigador com as mãos espalmadas. – Não estou insinuando nada. Somente...
O homem não teve tempo de terminar a frase. Edward o empurrou para longe em um ato reflexo,
juntamente com seu colega quando percebeu – quase tarde demais – que seriam atacados. Os dois
caíram sobre o chão de pedra e olharam em sua direção em tempo de vê-lo se voltar e preparar-se
para se defender do ataque súbito de um rábula enfurecido.
Ao que tudo indicava, ele não era tão inapto quanto acreditou; o recém criado se valeu do vento
contrário para aproximar-se sem ser percebido. Da mesma forma que deve ter feito para segui-lo e
observá-lo no parque. O que lhe traíra dessa vez foram os rugidos de seu peito.
Com os pelos eriçados e liberando seu próprio ódio, Edward se voltou em tempo de pegá-lo em
pleno ar quando este se lançou em sua direção para atacá-lo pelas costas e o jogou para longe.
– Minha nossa! – exclamou Mark.
– Mas que diabos está... ? – George começou a perguntar, mas Edward o interrompeu.
– Não se movam! – ordenou encarando-os.
Não fora a ordem correta, mas foi somente o que conseguiu pensar, pois Paul avançava agora na
direção dos homens. Suas intenções pareciam confusas. Edward não sabia se ele queria apenas
distraí-lo e torná-lo um alvo fácil enquanto protegesse os humanos ou se realmente desejava
encrencá-lo com as autoridades. Fosse como fosse, não poderia permitir que mais mortes
ocorressem em sua casa; ainda mais de dois policiais.
Novamente Edward se pôs entre Paul e os policiais e o pegou ainda no ar. Infelizmente foi de mau
jeito, então somente conseguiu repeli-lo. Sua vontade era arrancar-lhe a cabeça, mas não deve a
chance de segurá-lo.
– Acha mesmo que pode defendê-los e lutar contra mim? – Paul perguntou entre dentes. – Acabo
com eles e depois com você!
– O rábula é pretensioso! – Edward debochou enfurecido. – Um arremedo de gente somente poderia
gerar um arremedo de vampiro. Acaso Aro não lhe explicou que não podemos nos expor?
Por um instante a confusão ficou estampada no rosto de Paul, porém logo ele assumiu a fúria
inicial.
– Aro?!... Não conheço nenhum Aro. E pouco me interessa suas regras.
Bingo!... Zafrina mentira o tempo todo; estava de volta ao zero. Mas aquela não era a hora de
pensar á respeito. Tinha que se livrar do rábula de uma vez por todas. Alheio aos seus pensamentos
o recém criado prosseguiu com escárnio.
– Tão poderosos e tão covardes. Como podem temer simples mortais?... Não sou eu o arremedo
aqui. Não vou viver eternamente á sombra como vocês.
Edward não perderia seu tempo explicando os motivos que os obrigavam á permanecer na
clandestinidade. De toda forma o rival nem ao menos sobreviveria para que fosse preciso aprender
ou respeitar as regras.
– Você apenas não vai viver; ponto!... E nós dois sabemos bem quem é o covarde aqui. Por que não
veio enfrentar-me sem trazer distração?
– Aprendi com você que se luta com o que tem... Caso não consiga acabar com você hoje, acabo ao
menos com sua fama de bom moço seu aliciador bastardo de uma figa.
O rábula não teria a chance. Enquanto conversavam Edward tentou bloquear a mesma ansiedade e
apreensão que sentiu enquanto estava com Zafrina e deixou que a nova força crescesse em seu
intimo. Deixou-se ser tomado por ela sem que fosse influenciado pelo temor de Isabella. Tudo que
poderia fazer era torcer para que ela não saísse da casa e se expusesse ao perigo. Fiando-se no bom
senso da jovem, Edward renegou-a a um segundo plano e focou toda sua atenção ao rival.
Se bastasse sufocá-lo poderia fazê-lo naquele exato momento, mas o vampiro sabia que não seria
suficiente e não queria se arriscar em ações temerárias que poderiam terminar em sua própria
derrota somente por não controlar seu ódio extremo. Era preciso lembrar que o infeliz, no momento,
era fisicamente mais forte do que ele. Acima de tudo, mesmo que inquieto, tinha que agir com a
razão. Agachando-se defensivamente provocou com um sorriso no canto dos lábios.
– Boa definição!... E foi com imenso prazer que “aliciei” sua adorável namorada.
Ás suas palavra Paul se lançou novamente em sua direção, urrando enfurecido. O punho fechado
passou á centímetros do rosto de Edward. Este tentou segurar-lhe os braços na tentativa de também
prender-lhe o pescoço, mas o recém criado era ágil e se livrou com facilidade. Após empurrar
Edward para longe, Paul avançou mais uma vez na direção dos dois homens que, horrorizados e
paralisados, assistiam a luta de movimentos rápidos e incríveis.
De onde estava Edward lançou o atacante para longe dos policiais apenas com um movimento de
seus braços; valendo-se de sua força. O rival caiu há uns dez metros, próximo ao portão.
– Como fez isso desgraçado? – mal tocou o solo, Paul perguntou incrédulo.
Não esperou por resposta, apenas se lançou em nova investida rosnando á plenos pulmões. Sem dar-
se ao trabalho de responder, Edward se colocou entre ele e os homens caídos e o esperou depois de
rosnar provocadoramente.
Após receber o impacto do corpo forte o vampiro tentou jogar seu agressor para o lado, porém este
lhe segurou os braços rasgando sua camisa atrás do ombro e fazendo que caísse com ele há poucos
metros dos policiais. Atingiram o chão de mau jeito de forma que Edward ficou preso sob Paul. O
recém criado lhe deferiu dois golpes contra o rosto na tentativa de atordoá-lo, sem sucesso.
– James me avisou que você era forte e cheio de truques. Mas eu sou mais forte do que você. Dane-
se que ele o quer!... Dane-se a ordem para não tocá-lo... Estou farto de tudo isso!... Na falta dele
você é meu Cullen!... “Eu” vou cuidar para que nunca mais se meta com mulheres alheias.
Edward não teve tempo de se surpreender com a revelação. Ato contínuo á ela, o oponente tentou
desferir mais um soco em seu rosto. Dessa vez, porém, o vampiro estava recuperado da queda então
lhe segurou o punho antes que o atingisse. O rábula era realmente mais forte, mas ele ainda tinha
sua força extra que o equiparava. Valendo-se dela, revidou um soco no queixo do rival e torceu-lhe
o punho para forçar uma inversão de posições. Ao cair de costas, Paul tentou escapar-lhe.
Edward tentou puxá-lo de volta por um dos calcanhares. Contudo, com o pé livre, o recém criado
chutou a mão que o prendia. Após a investida violenta, Edward não conseguiu segurá-lo.
Imediatamente colocou-se de pé e preparou-se para continuar com a luta. Agora, precisaria prendê-
lo para que lhe contasse detalhes daquela aliança com James antes de matá-lo. Para sua surpresa,
porém... Inesperadamente – sem sequer olhar em volta – o rival correu na direção oposta.
– Eu o pego!
Edward ouviu a voz atrás de si, então, imediatamente Jasper passou ao seu lado e correu atrás de
Paul.
– Não!... Ele é meu!
Dito isso Edward o acompanhou na corrida até os limites de seu jardim. Seu rival era rápido; mal
viram quando ele saltou sobre o muro, mas Edward não estava disposto á deixá-lo escapar.
– Não Edward.
Jasper disse tentando segurar-lhe quando percebeu sua intenção de seguir o recém criado, porém o
vampiro não lhe deu ouvidos. Assim como Paul, sem se importar se seria visto ou não, pulou para a
casa de fazia divisa com a sua. Correu seguindo o rastro do rábula, enfurecido. Não poderia deixá-lo
ir. Simplesmente não poderia. Não quando o teve em suas mãos. Não sem saber mais sobre James.
Não depois de ele ter procurado Isabella e sabendo que ainda faria algo para tomá-la de volta ou
expor á todos. Porém foi exatamente o que aconteceu.
Ao chegar ao portão de ferro, nem precisou saltar sobre ele para saber que não poderia seguir seu
rival. A rua não estava necessariamente movimentada. Se fosse rápido talvez pudesse pular o muro
sem ser visto, mas quantidade de transeuntes era suficiente para que qualquer perseguição se
tornasse impossível. Mesmo que continuasse a seguir seu cheiro, não teriam um lugar onde
poderiam se enfrentar sem chamar a atenção àquela hora do dia.
Contrariado, Edward ordenou á si mesmo que se conformasse, pois ainda tinha dois problemas para
se livrar, talvez ainda caídos no caminho que levava á sua casa. Se queria despistar a policia tinha
que mandá-los embora, incólumes, imediatamente. Tentando acalmar a fúria em seu peito e a
frustração de não ter conseguido informações ou se livrar do rábula. Edward fez o caminho de volta.
Por sorte a casa de seus vizinhos estava vazia e pôde novamente correr de volta á sua.
O cheiro do rábula afrontava seu olfato. Se não fosse pela necessidade de defender os policiais teria
lutado com todas as suas forças e talvez tivesse resolvido aquela pendência de uma vez por todas.
Edward suspirou exasperado; teria que ficar para a próxima. E que fosse breve, pensou. Resignado,
correu até onde os homens estavam. Aproximou-se deles no momento exato em que Jasper
confundia-lhes a memória, mandando-os esquecer o que haviam visto.
– Espere um pouco. – disse Edward colocando a mão em seu ombro.
Jasper afastou-se para que Edward falasse com os eles.
– Vocês revistaram toda a casa, sempre acompanhados por mim. Eu lhes dei total acesso á todas as
áreas e cômodos. Depois de se certificarem que a denuncia não passou de um trote de mau gosto,
deixaram minha residência. – antes de despertar-lhes disse para Jasper. – É melhor você entrar
agora, não quero que lhe vejam.
Depois de dar-lhe um breve tapa nas costas, o amigo seguiu para a casa. Edward esperou que ele se
afastasse então voltou sua atenção aos policiais e concluiu.
– Agora vou acompanhá-los até á saída. Vamos?
Dito isso os empurrou gentilmente em direção ao portão. Os homens piscaram e olharam-se entre si
e então em sua direção. Edward assumiu um olhar contrito e disse pesaroso.
– Lamento que ainda existam pessoas que achem engraçado brincar com assuntos sérios. Nosso
tempo é precioso para perdermos com informações mentirosas. Particularmente odeio esses
desocupados.
– Tem razão senhor Cullen! – disse o investigador Scott. – Também lamento o incomodo, mas
precisávamos averiguar. Perdoe-nos.
– Absolutamente! – exclamou Edward chegando ao portão. – Vocês estão fazendo seu trabalho e é
meu dever ajudar no que for preciso.
– Obrigado por compreender e pela ajuda. – disse Scott estendendo-lhe a mão.
Edward a apertou firmemente e fez o mesmo com o outro policial.
– Passar bem! – disse colocando as mãos nos bolsos.
O vampiro os observou irem embora sem se voltar antes de entrar em seu carro para guardá-lo.
Assim teve a certeza de que não veriam sua camisa suja e rasgada. Maldito rábula, Edward pensou
massageando o queixo onde fora atingido. O cretino era realmente forte, teria que tomar o máximo
de cuidado da próxima vez, assim como ser mais eficaz. Não poderia ter distrações e precisava ser
mais rápido do que ele.
Ainda sem ligar o carro para manobrá-lo, Edward apertou o volante. Sua raiva estava dividida; Paul
e James. Mistura interessante, ainda mais que Zafrina afirmou tê-lo usado. Mentira, provavelmente.
Como todo o resto. O vampiro ainda se perguntava o que poderia ter feito para provocar a ira do
sócio, quando lhe ocorreu que não poderia deixar passar a oportunidade de encontrá-lo no tribunal.
Decidido saiu do carro. Não adiantava ficar ali, cismando com questões – como sempre – sem
repostas. Havia um corpo em suas dependências, uma recém viúva para cuidar e sua Isabella para
acalmar. Sabia; sentiu durante boa parte da luta que ela estava aflita. Precisava vê-la, assim como
conversar com Jasper.
Ao se lembrar do amigo – enquanto seguia para a casa – uma lembrança de seu encontro com a
vampira lhe veio á mente. Estava claro que tudo que lhe disse fora mentira. Não havia Aro algum,
James não era o inocente que ela fez parecer e o encontro não passou de distração. Em todo aquele
teatro apenas dois comentários seus foram corretos e verdadeiros. Alice e Jasper realmente eram
seus amigos leais; e ele totalmente derretido e fiel á Isabella.
*************************************************************************

Notas finais do capítulo


E aí??... Gostaram?... Please, comentem... Me deixem saber... :)
Bom... agora vamos ao recadinho que nada mais é que uma lembrança e mais ou menos
uma explicação.
Sei que algumas (se não todas) devem estar ansiosas para que tudo se resolva e nosso
casal possa viver em paz.
Bom... com finais feliz á parte, gostaria de lembrá-las que apesar da fic ser longa e vcs
demorarem uma semana para lÊ-la, a estória se passa em um tempo limitado. As
situações ainda estão acontecendo e não tem como cortar caminho. Essa foi a lembrança,
agora a explicação. Talvez pareça, mas não estou estendendo a estória. Estou colocando
o que sempre determinei desde o começo e acreditem, até eu me espanto com o tamanho
dela. Nunca imaginei que fosse demorar tanto para contar essa estória de amor entre um
vampiro mimado e uma humana sem noção de perigo.
Senti a necessidade de explicar, pq estamos cada vez mais perto do final de ano e com
isso vai ficando cada vez mais difícil de escrever e consequentemente as soluções ou as
cenas mais esperadas vão ficando mais demoradas ainda para serem vistas.
Bom.. mas se gostam da fic como sempre me demonstram acho que vai valer a espera...
msm sendo suspeita para falar... :)
É isso... Espero que entendam... Da minha parte o que posso fazer é tentar não deixá-las
sem capítulos por muito tempo... Mas infelizmente, se acontecer, saibam que foi
estritamente necessário.
Certo... recadinho dado, vamos ao spoiler...
"
Bella não terminou a frase. Sons perturbadores vindos de fora da casa chamaram a sua
atenção. Eram rosnados e urros enfurecidos. Sem nem ao menos pensar, deixou Carmem
onde estava e correu para a janela. Abriu a cortina em um único puxão, mas não pôde ver
o que se passava á entrada da casa. Para isso teria que ir até a janela da sala. Sabia o que
estava acontecendo, só não podia acreditar que Paul tivesse voltado para enfrentar
Edward. Pensando bem, talvez nem tenha ido embora.
Com o coração aos saltos aflita e expectante se voltou para a porta, porém não se moveu.
Os rosnados não chamaram somente sua atenção. Carmem também se pôs em alerta.
Olhava alarmada em direção á janela; as duas mãos pousadas sobre o peito. Bella não
soube o que fazer; o que dizer. Nenhuma explicação seria lógica o suficiente para
justificar aqueles sons animalescos. À Bella, pareceu que permaneceram se encarando
por um tempo incalculável antes que a mulher se colocasse de pé e, mesmo cambaleante,
se dirigisse á porta.
Preciso sair daqui! disse apressadamente."
E é isso... Espero vê-las nos reviews... Boa Sexta!... :)

(Cap. 59) Capítulo 29 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia minhas lindas... DEsculpem a demora, mas ontem o site estava em
manutenção... =/
Mas aqui estou com mais um capítulo para vcs... :)
Como sempre obrigada pelos reviews e pelas indicações. Vcs são 10...
BOA LEITURA!... :D

Com o coração apreensivo, Isabella assistiu Edward deixar a sala. Estava inquieta por causa de seus
pensamentos nada cristãos e por aquele novo ardil de Paul. O que ele estava querendo afinal? Agora
que era um imortal deveria agir como todos os outros, não atrair humanos que poderiam descobrir a
verdade sobre vampiros. Sem contar que seria uma idiotice chamar a policia, ainda mais sabendo
que Edward se livraria deles facilmente. E esse era o problema. Paul não era dado á estupidez. Seu
noivo poderia rebaixá-lo intelectualmente, mas o rival era inteligente. Se havia atraído humanos
para a casa, algum interesse ele tinha. Mas qual seria?
Bella ainda tentava entender a nova jogada do ex, quando Carmem começou a se mover. Alarmada,
a jovem esperou que despertasse. Não sabia o que diria ou como ela reagiria ao acordar. Apreensiva,
Bella segurou-lhe a mão até que abrisse os olhos. Quando o fez, estes estavam turvos. A empregada
olhou em volta atordoada, com as sobrancelhas unidas. Gemia levemente e quando pousou o olhar
em Bella – ainda embaçado e agora parcialmente inquiridor – murmurou um cumprimento receoso.
– Oi...
– Oi. – respondeu Bella sentindo um fio de remorso por ter desejado que ela também estivesse
morta. – Como se sente?
A mulher engoliu em seco e olhou ao longo do próprio corpo coberto pelo cobertor trazido por
Edward.
– Não sei. – ela respondeu incerta. – O que aconteceu?... Onde estou?...
Ás suas perguntas, novamente o sentimento egoísta se apoderou de Bella. Intimamente ela desejou
que tivesse causado algum dano á memória da mulher. Recriminando-se por aquele novo
pensamento, respondeu.
– Você caiu na cozinha e bateu a cabeça.
A mulher juntou ainda mais as sobrancelhas e olhou novamente para seu corpo coberto.
Antecipando o que viria, a jovem prosseguiu com naturalidade.
– Se Edward não tivesse chegado ainda estaria estendida lá no chão. – realmente estava ficando
cada vez mais fácil mentir.
– Foi o senhor Cullen que me trouxe para cá?
– Foi sim. – Bella confirmou e lhe sorriu.
A mulher suspirou e liberou uma das mãos para tocar a testa. Exatamente sobre seu hematoma.
– Ai...
Gentilmente Bella afastou a mão.
– Melhor não mexer... Esse calombo está grande demais... Quando Edward voltar vou pedir que...
Bella não terminou a frase. Sons perturbadores vindos de fora da casa chamaram a sua atenção.
Eram rosnados e urros enfurecidos. Sem nem ao menos pensar, deixou Carmem onde estava e
correu para a janela. Abriu a cortina em um único puxão, mas não pôde ver o que se passava á
entrada da casa. Para isso teria que ir até a janela da sala. Sabia o que estava acontecendo, só não
podia acreditar que Paul tivesse voltado para enfrentar Edward. Pensando bem, talvez nem tenha
ido embora.
Com o coração aos saltos – aflita e expectante – se voltou para a porta, porém não se moveu. Os
rosnados não chamaram somente sua atenção. Carmem também se pôs em alerta. Olhava alarmada
em direção á janela; as duas mãos pousadas sobre o peito. Bella não soube o que fazer; o que dizer.
Nenhuma explicação seria lógica o suficiente para justificar aqueles sons animalescos. À Bella,
pareceu que permaneceram se encarando por um tempo incalculável antes que a mulher se
colocasse de pé e, mesmo cambaleante, se dirigisse á porta.
– Preciso sair daqui! – disse apressadamente.
Certo, a jovem pensou. Não sabia o que fazer ou dizer, mas sabia bem o que não poderia acontecer
em hipótese alguma. Tudo que Edward não precisava era que sua empregada saísse e o distraísse
quando presenciasse a luta entre dois imortais. Se fosse humanamente possível participar de tal
contenda ela mesma se lançaria porta á fora. Contudo, por mais que desejasse se certificar que
Edward não fosse ferido, nada poderia fazer á não ser tentar ser forte e ajudá-lo não o distraindo.
Decidida, forçou-se á bloquear os rosnados e, sem hesitar, se colocou entre a mulher e a porta,
fechando-a atrás de si. Infelizmente não poderia trancá-la, pois Edward havia danificado a
fechadura ao entrar.
– Saia da frente menina. – Carmem pediu com os olhos arregalados de medo. – Sabe o que está
acontecendo lá fora?
– Não... – Bella disse tentando demonstrar calma. – Assim como você também não sabe.
– É ele!... – ela disse aumentando a voz. – É ele... O que mordeu John como se fosse um animal. Ele
matou meu marido!... Um louco, demente!... Vamos sair daqui.
Tarde demais, Bella pensou ainda tentando acalmar o coração e bloquear os rosnados que vinham
de fora. A empregada sabia exatamente o que se passava. Paul havia matado John com ela ainda
lúcida. A jovem se considerou realmente uma idiota; como pôde se penalizar por alguém sádico
como o ex?
– Calma Carmem... – Bella pediu, mantendo o foco na situação. – Nada aconteceu com John... Ele
esteve aqui enquanto estava desacordada.
A jovem sentiu um bolo se formar na garganta pela nova mentira; o marido nunca mais iria ter com
ela.
– Mentira!... Eu sei o que vi! – Carmem disse á beira da histeria. Então se afastou de Bella ainda
mais alarmada, medindo-a dos pés á cabeça. Após analisá-la um instante, em um fio de voz,
concluiu. – Eu sei o que vocês são... Você e todos eles!... Por isso não comem... Todos vocês são
monstros!...
– Não Carmem... Acalme-se... Você está imaginando coisas absurdas. Bateu a cabeça, lembra-se?
– Pare de falar comigo dessa maneira! – ela pediu com a voz embargada. – Como é possível que
“coisas” como vocês existam?... Filhos do demônio convivendo com criaturas de Deus... – então ela
deu mais um passo atrás. – Meu Deus!... Tudo que está acontecendo aqui... É verdade... E eu
gostava de você... Como pôde me enganar Bella?... Como permitiu que ele matasse meu marido?
Naquele momento Bella entendeu e aceitou definitivamente que induções eram extremamente
necessárias na maioria das vezes. Carmem não devia saber do segredo de Edward; não devia ter
descoberto de forma tão dolorosa. A jovem queria poder apagar as lembranças que Paul impôs á
mulher para acabar com seu sofrimento e livrá-la de se colocar em perigo caso conseguisse furar
seu bloqueio. Coisa que conseguiria facilmente, pois Bella não se encontrava em condições de
segurá-la; conhecia a força de Carmem.
Infelizmente não podia influenciá-la; não era uma vampira. No momento se sentia a mais fraca das
“criaturas de Deus” caso fosse usar os termos da empregada. De repente, ao se lembrar de suas
palavras, uma idéia maluca lhe veio á mente. Carmem acreditava que ela “era” como Edward que
por dias á fio viu sobreviver sem alimento algum ou como Paul, que bebeu de seu marido
impiedosamente. Depois de pigarrear para limpar a voz, disse firmemente para dar ênfase ao
embuste.
– Sim... As histórias são verdadeiras. – sem deixar de encará-la, prosseguiu. – Porém não nos
julgue. Sobrevivemos de sangue e só matamos nesse sentido, mas nunca as pessoas próximas ou
que nos servem. Lamento que um de nós tenha feito mal ao seu marido.
Carmem deu um passo incerto para trás. Bella aproveitou que seu blefe estava funcionando.
– E eu “ainda” gosto de você, então não me obrigue á machucá-la Carmem.
– Bella... – ela sussurrou caindo sentada no espaço do sofá que antes fora ocupado pela jovem.
– Assim é melhor. – disse Bella autoritariamente. – Fique quieta que nada de mau lhe acontecerá.
Ao terminar de dizer a frase, percebeu que os rugidos haviam cessado. Seu coração se dividiu; não
sabia se aquele era um bom ou mau sinal. Como esteve distraída com Carmem, não saberia dizer
quando exatamente os dois silenciaram.
– Não saia daí. – ordenou.
Apreensiva, sem saber se era seguro deixar a empregada sozinha sem que esta tentasse escapar,
Bella foi até a janela novamente na esperança de ver se Edward se aproximava da casa. Tinha que
ser Edward, ela pensou esperançosa sem nem ao menos lamentar uma possível morte do ex. Porém
não foi seu noivo que surgiu em seu campo de visão. Para sua decepção e consternação viu Jasper
seguindo pelo caminho que levava á porta principal.
Ainda se perguntava se ele havia participado da luta e onde estaria Edward quando, de repente, tudo
aconteceu ao mesmo tempo. Bella se virou antes mesmo de ouvir o grito de Carmem. Tudo que
pôde fazer foi esquivar-se para o lado na tentativa de fugir de seu ataque. Para seu desespero, a
empregada havia achado a faca sobre a estante e agora avançava sobre ela com a arma em punho. A
jovem afastou-se dela indo em direção á porta, respirando com dificuldade pelo susto.
Carmem acompanhou-a, mas não a atacou novamente. Também estava ofegante; os olhos
marejados. Aproveitando a breve trégua, Bella se obrigou á pensar sem nunca desviar sua atenção.
Sabia que Carmem não era uma assassina; estava apenas assustada. O melhor á fazer era tentar
manter a mentira e usar a boa índole e o temor da empregada em seu favor.
– Não seja idiota Carmem. Sabe que não pode fazer-me mal com essa faca, então a largue antes que
eu me aborreça com você.
A mulher pareceu ponderar por alguns instantes e Bella aproveitou para se afastar lentamente sem
desprender os olhos dela. Mesmo com o coração aos saltos, aparentava uma calma que estava longe
de sentir. Se não tivesse se voltado á tempo estaria agora com uma faca bem no meio de suas costas.
Ter consciência daquele fato a aterrorizava, mas manteve a voz firme.
– Como disse antes, eu gosto de você... Jamais vou deixar que lhe façam mal. – então, obrigando-se
a não tremer, estendeu a mão. – Me passe essa faca, vamos. Não quer acabar se ferindo, não é
mesmo?
Nesse momento a porta se abriu de chofre atrás de si. Bella não precisava se virar para ver quem
era, e mesmo que quisesse não teve a chance. Ao contrário dela, Carmem se assustou com a
chegada de Jasper e, talvez sem nem ao menos pensar, golpeou a palma estendida em sua direção.
– Ah... – Bella gemeu fechando a mão imediatamente.
Antes que Carmem sequer pensasse em erguer a mão para atingi-la mais uma vez, Jasper estava ao
seu lado, segurando-a pelo braço. Sem demora fez pressão em seu pulso até que soltasse a faca no
chão. Tentando ignorar a dor pulsante em sua palma, Bella pediu.
– Por favor, não a machuque... Ela só está assustada.
– Não é minha intenção, mas essa mulher tentou matá-la! – disse Jasper olhando em sua direção,
preocupado. – Se eu não tivesse corrido quando ouvi a conversa, ela...
– Sei disso. – Bella o cortou. – Ela só estava se defendendo de mim.
– Tem certeza? – ele perguntou, agora segurando os dois braços da empregada que tentava se soltar,
apavorada.
– Tenho... Poderia, por favor, usar um daqueles poderes de vampiro e fazê-la dormir ou ficar
quieta... Qualquer coisa.
– Sem dúvida.
Dito isso, Bella viu Jasper encarar a mulher agora muda de medo, segurá-la pelos ombros e fazer
como Edward; ordenar que fosse sentar-se e que ficasse quieta. Antes mesmo que Carmem lhe
obedecesse ele estava ao seu lado.
– Deixe-me ver esse corte. – pediu segurando seu pulso.
– Acho melhor esperarmos Edward voltar.
Onde estava ele afinal; pensou com a mão ainda fechada. Estava apreensiva pela demora de seu
noivo e, mesmo que estivesse agradecida por Jasper ter salvado sua vida, sentia-se receosa que
outro vampiro estivesse sentindo o cheiro de seu sangue; mesmo um de confiança e que até onde
sabia se alimentava de animais.
– Onde ele está? Por que não veio com você? – inquiriu tentando ignorar a dor latejante.
– Não acho que seja prudente esperá-lo. É melhor cuidarmos disso agora. – comentou sem desviar a
atenção de sua mão. – Com licença.
Ele havia pedido autorização, mas Bella não poderia imaginar que seria erguida nos braços do
imortal e carregada até a cozinha. A corrida fora breve, como tantas vezes aconteceu com Edward,
mas dessa vez ela se manteve rígida. Era estranho ser tocada por outro vampiro, ainda que amigo.
Quando Jasper a depositou no chão ela tentou disfarçar seu desconforto lhe sorrindo timidamente;
estava acostumada á Alice, não á Jasper.
– Agora vamos ver isso.
Ao dizer as palavras, ele abriu a torneira da pia e, gentilmente, pegou a mão da jovem e a abriu sob
o jato fraco d’água. Bella se retesou ao contato frio no ferimento em sua palma. Era apenas água,
mas ainda assim ardeu dolorosamente.
– Sorte sua a mulher estar nervosa. Seu ataque não foi preciso. O corte não é profundo, mas você
está perdendo sangue. – então ele se voltou para encará-la. – O que fez para deixar a mulher
agressiva daquela maneira.
Ainda incomodada com a proximidade e se sentindo uma idiota ela respondeu.
– Fiz Carmem acreditar que eu era uma vampira.
Jasper a encarou por alguns segundos então riu de sua resposta. Bella já o vira sorrir, porém aquela
era a primeira vez que ouvia o som divertido sair de seus lábios. Alice tinha sorte; a jovem havia se
esquecido como o sócio de seu noivo era bonito e agradável. Suas atitudes tiveram o poder de
tranqüilizá-la.
Ver o vampiro aparentemente calmo era prova que nada de grave havia acontecido á Edward e que
estava realmente segura. Deixando-se envolver pela paz que emanava dele e pelo bom humor, Bella
começou á se sentir mais á vontade antes de prosseguir ameaçado rir do absurdo da situação em que
se colocou.
– Queria que ela me obedecesse e não saísse enquanto estavam brigando lá fora. – agora sem se
importar com os dedos que ainda avaliavam seu corte, perguntou novamente. – Onde está Edward?
Por que não veio com você?
– Está vindo... Logo estará aqui, não se preocupe. – mesmo que não tenha perguntado ele disse. – E
Paul fugiu quando cheguei. Tenho certeza que depois Edward nos explicará o que aconteceu. –
como ele ainda segurava sua mão, franziu o cenho e disse preocupado. – O sangue não está
estancando.
Novamente o vampiro fez algo que Bella não esperava. Sem pedir permissão dessa vez, Jasper
pegou sua mão e lambeu a palma lentamente; limpando o sangue e cobrindo o corte com sua saliva.
Bella nem ao menos conseguiu protestar. Sabia que ele estava ajudando ainda que estivesse gelada
da cabeça aos pés. Dizia a si mesma que ele era amigo, mas a intimidade do gesto a incomodava.
Tudo que conseguia lembrar eram as palavras de Edward; “Ninguém toca em você além de mim”. E
como se tivesse evocado a voz dele de suas lembranças, ouviu-a encher a cozinha.
– O que pensa que está fazendo?
Apreensiva, Bella olhou em direção á porta. Sua vontade era correr até ele e certificar-se que não
estava ferido, mas sua expressão a travou. Por sua postura rígida, podia confirmar que ele estava
bem; e furioso. Seu noivo aparecera no exato momento em que Jasper terminava de lamber-lhe o
corte. Suas palavras soaram como o som de um trovão no cômodo silencioso. Talvez pela surpresa
não tenha se movido; estava parado sob o batente olhando-os de forma inquiridora. Dando graças
aos céus que ele não estivesse rosnando, a jovem tentou recolher a mão, mas Jasper a segurou
firmemente. Sem abalar-se pelo tom do amigo, ele disse.
– Venha ver você mesmo.
Tão rápido que Bella perdeu o movimento, Edward praticamente se materializou ao lado de Jasper.
Este indicou a mão da jovem, sem soltá-la. Ainda sem se importar com a expressão sombria de
Edward ele correu um dedo da mão livre na palma agora intacta da jovem.
– Está vendo isso aqui?
A força que Edward fazia para controlar-se era visível. Gentilmente tomou a mão de Bella e franziu
o cenho.
– O que foi isso? – inquiriu roucamente, encarando-a.
Como ele via alguma coisa era a pergunta certa, Bella pensou vendo a pele inacreditavelmente
incólume. Seu olhar e sua postura rígida ainda a travava. Incapaz de pronunciar uma palavra ouviu
Jasper responder em seu lugar.
– Sua empregada a golpeou com uma faca. Se atacasse novamente e eu não tivesse chegado á
tempo, ela poderia estar morta agora... Felizmente foi somente esse corte. Como ela estava
perdendo sangue achei melhor fechá-lo de uma vez. Isso responde á sua pergunta?
A humana havia cortado Isabella; poderia tê-la matado. Ouvir tal coisa eliminou por completo seu
ciúme infundado. Jasper não tinha como saber, mas seu pronto atendimento a livrara de maiores
complicações. Isabella não poderia perder mais uma única gota de sangue, já estava suficientemente
pálida e fraca. Se algo tivesse acontecido á ela, boa parte da responsabilidade seria sua. Ainda assim
sua vontade era ir até Carmem e torcer-lhe o pescoço mesmo que sua parcela fosse mínima. Como
se pressentisse seu desejo, Bella falou pela primeira vez depois que ele entrou na casa.
– Não era essa a intenção dela, Edward.
– E qual era a intenção? – perguntou sério.
– Ela estava assustada. Assim que acordou vocês começaram á brigar lá fora... Não pode culpá-la...
– Ela poderia tê-la matado! – ele disse quase que para si mesmo.
– Felizmente não aconteceu... Carmem é a vitima aqui. Não o contrário.
Edward a encarou por alguns segundos, então, respirando fundo, disse.
– Você está certa. – depois se voltou para Jasper. – Obrigada por socorrê-la e... Desculpe-me por...
– Ser você mesmo? – Jasper cortou-o.
– Isso!
Edward odiou-se por ser tão irracionalmente possessivo. Sabia que poderia sempre confiar em
Jasper, mas simplesmente não pôde conter seu coração quando o flagrou em gesto tão intimo. Ainda
mais depois de uma luta malfada com alguém disposto á roubá-la. Na verdade, por um segundo o
julgou como ele mesmo que fora um canalha por duas vezes com Alice. Contudo Jasper não era do
seu tipo; era correto, reto. Jamais poderia colocá-lo em qualquer tipo de comparação. E como
viveriam juntos por muito tempo, deveria aprender a controlar-se diante daqueles pequenos toques.
Bella assistia ao pedido de desculpas, incrédula. Edward estava realmente desconsertado diante de
Jasper?... Aquela era uma situação inusitada e única. Sua atitude lhe conferia certa humanidade. A
jovem era filha única, mas pôde facilmente reconhecer uma cena fraterna. Os dois vampiros eram
como irmãos que se desentenderam e agora se desculpavam. Mais um detalhe que os livros sobre
criaturas míticas não continham. Sentindo-se mais á vontade depois de conhecer essa nova faceta de
Edward, ela pigarreou para chamar-lhes a atenção e disse á Jasper.
– Bom... Obrigada por ajudar com a Carmem... – então se voltou para Edward analisando-o. Queria
tocá-lo, mas se conteve. – Você está bem mesmo? Jasper disse que... “Ele” fugiu.
– O rábula conseguiu escapar. – disse contrariado. – Não tive como segui-lo.
– Alice me contou as novidades... – Jasper comentou olhando de um á outro. – Paul e Zafrina,
hein?... Estão juntos?
– Estão. – Edward confirmou duramente. – E armaram para que eu não interferisse quando ele
viesse... pegar Isabella.
Bella sentiu o calafrio correr por sua coluna. Se não tivesse golpeado Carmem, o ex teria
conseguido exatamente aquilo; pegá-la. Sem desviar os olhos de seu rosto, Edward prosseguiu
como se conversasse diretamente com ela.
– Ele vai tentar novamente. Precisamos tirá-la daqui. Essa casa nunca foi segura.
Talvez devesse ter mantido Bella sempre ao seu lado ou com Alice como Bella tanto pediu. Sua
vontade era abraçá-la, precisava senti-la. Contudo não queria demonstrar sua fraqueza ou fazer uma
cena diante de Jasper. Podia sentir o olhar do amigo sobre eles dois. Edward soube do que se tratava
a inspeção antes mesmo que o amigo perguntasse seriamente.
– Por que ao invés de tirá-la daqui, não a torna imortal de uma vez por todas.
– Por que não é a hora. – Edward disse enrijecendo-se.
– É verdade... “Já passou da hora”. – Jasper retrucou. – Pensei que já tivesse feito isso. Não ia
transformá-la assim que as coisas se resolvessem entre vocês? Por acaso ela se recusou?
Ao terminar Jasper a encarou como se tivesse conseguido sua resposta. Sem nem ao menos pensar,
Bella negou com um aceno de cabeça. Sua vontade era dizer que ser como eles, era tudo o que mais
queria. Contudo, as palavras de Edward a mantiveram calada.
– Por que não a transformei não vem ao caso. E como disse, agora não seria a hora para fazê-lo.
Temos coisas mais urgentes á resolver. O cretino maculou minha casa, deixou um corpo na edícula;
temos Carmem na sala ao lado...
– E todas essas “coisas urgentes” seriam mais fáceis de resolver se não fosse preciso se preocupar
com a segurança de Isabella. – Jasper retrucou novamente, cortando-o.
Edward respirou fundo. Realmente não queria se desentender com Jasper, ainda mais depois da
semana em que o deixou praticamente sozinho enquanto esteve miserável por Isabella. Mas se fosse
preciso o faria. Aquela não era realmente a hora de falarem sobre aquilo. Seria possível que fosse
tão difícil compreenderem-no? Se Alice havia contado as novidades, com certeza ele sabia que
Isabella tinha a maldita marca. Como poderia querer que ela ficasse mais forte com Zafrina estando
tão perto? Ao invés de solução, poderia estar criando um problema ainda maior.
– Não espero que se preocupe mais com ela do que eu me preocupo com Alice. – disse sério. – Você
sabe que mesmo sendo transformada ela ainda correria perigo, assim como todos nós corremos. Ser
vampiro não é garantia de nada. Como você mesmo me disse dias atrás, somos apenas duráveis, não
indestrutíveis.
– Não precisa me lembrar do que já sei de cor... – disse Jasper cruzando os braços. – E também não
tente me enrolar com palavras... Isabella seria forte o suficiente para lidar com qualquer um de
nós... Sem contar que ela própria teria facilmente resolvido o problema com a humana. A cidade já
está alarmada demais para que uma descontrolada saísse por seu portão afora gritando “vampiro,
vampiro”, não acha?
Bella olhava de um ao outro sem saber como agir. Eles falavam sobre ela como se nem estivesse
diante deles. Encaravam-se enraivecidos, cada um defendendo seu ponto de vista. Apesar de parecer
controlado, Jasper tinha a expressão carregada e Edward, pelo pouco que Bella conhecia, estava á
beira de um ataque de fúria. Não era forte como eles, mas estava no meio da confusão e sabia que
seria perda de tempo discutir sobre sua transformação.
– Droga Jasper!... – Edward finalmente explodiu. – Acha que eu não sei que...
– Parem os dois! – ela ordenou.
Até Bella não reconheceu a firmeza de sua voz. Sabia ser insignificante entre dois titãs, mas
simplesmente não queria que brigassem. Certo, poderia não era nada, mas conseguiu chamar-lhes a
atenção. Edward se calou imediatamente e encarou-a assim como Jasper. Respirando fundo,
prosseguiu em tom mais baixo.
– Parem de falar sobre mim como se eu não estivesse aqui. – então se voltou para Jasper. –
Agradeço a preocupação... Mas acredito que entenda os motivos de Edward. Alice deve ter-lhe
contado sobre minha marca. Ninguém aqui sabe direito o que ela significa e Edward tem todo
direito de ter receio. Quanto á você... – disse se voltando para o noivo.
– Sabe muito bem o que penso á respeito... Então também tente entender seu amigo, pois está claro
que ele pensa como eu. O melhor que têm a fazer e pararem de uma vez com essa conversa que não
os levará á lugar algum. Ou o que é pior, que os faça brigar quando devem ficar unidos.
– Ah... Está respondido por que Edward não a transformou? – ouviram a voz feminina vinda da
porta. – Ele sabe que vai perder o posto de “mandão” para ela.
– Alice... – Bella disse em um murmúrio aliviado.
– Não comece... – Edward pediu.
A vampira entrou e, depois de um breve abraço em Bella se colocou ao lado do marido.
– Ouvi o final da conversa e concordo com Bella. Agora é hora de união.
– Está certo... – disse Jasper por fim. – E não é da minha conta, mesmo.
– Obrigado! – Edward disse apenas. Então, depois de lançar um olhar admirado á noiva pelas
palavras conciliatórias, pediu. – Alice, você e Jasper poderiam levar Isabella para meu apartamento?
Preciso cuidar de algumas coisas e seria melhor que ela não estivesse por perto.
– Por que não? – Bella perguntou alarmada. Motivada pelo remorso caso Edward fizessem
exatamente o que havia pensado e matasse Carmem, ainda mais agora com toda confusão depois de
atacá-la. – O que vai fazer?
– Preciso limpar a bagunça que aquele rábula acéfalo deixou aqui?
– Devemos levá-la agora? – Alice perguntou pegando a jovem pelo braço.
– Espere. – ela pediu livrando o braço da mão da amiga. – O que vai fazer com Carmem?
– Não sei. – Edward respondeu sinceramente.
Agora Edward começava á achar que teria sido melhor que ela tivesse morrido. Livrar-se dos
corpos era muito mais fácil do que ficar inventando estórias. Precisava se alimentar. Poderia tirar a
vida de sua empregada e dar á ela o mesmo fim que seu marido. Como se soubesse sua intenção, a
jovem pediu.
– Deixe Carmem ir comigo. Ela está controlada agora.
– Não sei se á a melhor solução. – ele disse ainda considerando sua primeira ideia.
– Ela tem filhos Edward... Uma vida.
– Isabella tem razão. – disse Jasper. – Chega de mortes desnecessárias. Se ela tem filhos vamos
apagar-lhe a memória e mandá-la para junto deles.
Edward suspirou resignado.
– Está bem...
– Obrigada Edward.
Ao agradecê-lo, Bella o abraçou pela cintura. A jovem havia esperado demais por aquele contato.
Precisava senti-lo. Não lhe importava a pressa, os problemas, sua transformação, nada. Queria sentir
que ele estava realmente bem. Aquele abraço estava longe de acalmá-la quanto á briga com Paul,
mas teria que valer até que todos estivessem em segurança. Também não ajudava sentir as costas de
sua camisa úmida e coberta de mínimas pedras. Edward fora derrubado. Ao pensamento Bella
bloqueou a imagem dele sendo agredido por Paul.
Como seu ex havia fugido, outra luta aconteceria. Tinha que refrear sua aflição e fazer como todos
os outros. Focar no que precisava ser resolvido. Ser forte por Edward. Ignorando o coração
oprimido e a cabeça que insistia em latejar durante toda aquela conversa, a jovem procurou ser
prática. Uma vez que Edward havia deixado levar Carmem deveria cuidar das coisas dela.
Aproveitando segundos preciosos, disse ainda com o rosto colado contra o peito de seu noivo.
– Melhor pegar umas roupas para Carmem e...
– Concordei em não fazer-lhe mal. Nunca disse que ela iria com você. – disse firme.
– Como?... – ela se afastou para olhá-lo.
– Ela fica. – determinou firmemente encerrando o assunto, então se voltou á Alice. – Poderia juntar
as coisas de Isabella, sem deixar nada que denunciasse sua passagem por aqui antes de levá-la?
Depois de um aceno de cabeça, Alice desapareceu pela porta do corredor.
– O que pretende fazer? – Jasper perguntou quase que simultaneamente á que Bella disse incerta.
– O que vai fazer Edward?
– Já disse. Apenas arrumar a bagunça. – respondeu aos dois voltando a abraçar a jovem sem se
importar com a presença do amigo. – Não se preocupe.
– E depois Edward? – este perguntou. – O que faremos?
– Infelizmente não sei onde encontrá-los... – depois de cheirar os cabelos da noiva, resmungou. –
Eu devia ter acabado com o idiota de uma vez por todas.
– Pelo que vi, ele estava dando trabalho.
Ainda abraçada á Edward, Bella sentiu seu coração afundar no peito. O que Jasper queria dizer com
aquilo?
– Podemos conversar sobre isso depois?
Edward não queria alarmar Isabella. Havia garantido que por ser mais velho seria mais forte. Não
queria agora que ela soubesse a verdade sobre recém criados. Já bastava o comentário de Jasper
sobre ela se tornar forte o suficiente para todos eles, bastaria que ela juntasse as informações para
descobrir sua mentira. E tudo que não queria era a noiva aflita com sua segurança. Lançando um
olhar significativo para o amigo, disse.
– Distrai-me com sua chegada... Por isso ele fugiu. A culpa foi minha por não manter o foco.
– Entendo... – ele disse assentindo com a cabeça. – Enquanto espero Alice, poderia me dizer ao
menos se conseguiu descobrir algo em seu encontro com a vampira?
Bella não queria se preocupar mais do que estava, mas foi inevitável. Não gostava de imaginar
Edward junto com a vampira biscate tanto quanto não gostava de imaginá-lo em lutas. Mesmo que
tudo não tenha passado de armação, como ele havia dito.
– Zafrina me disse muitas coisas... Pouco conclusivas ainda que coerentes, mas agora acredito que
tudo seja mentira. Ela apenas queria se certificar que eu estaria longe daqui.
– Tem certeza? – Jasper perguntou pensativo. – Uma imortal tão antiga quanto ela, com as
pendências que vocês têm, se exporia por tão pouco?
Edward imediatamente o encarou com um olhar fulminante. O que era pouco ali? A vida de
Isabella?... Estava prestes á retrucar-lhe, quando o amigo se corrigiu.
– Entenda que não estou me referindo á Isabella. Mas acho muito empenho de uma criatura
experiente em mantê-lo longe para que um recém criado resolvesse problemas pessoais. Ainda que
ela fosse tão primária, nada garantia á eles que você não seria avisado. Mesmo sendo uma vampira
ela não tinha como segurá-lo onde quer que estivessem.
– Você pode ter razão. – disse Edward ponderando por um segundo. – Mas a verdade é que Isabella
poderia nunca ter entrado em contato comigo. A primeira vez que ela me ligou eu já estava no
Stanford e simplesmente não recebi sua chamada.
Espere um pouco, Bella pensou. Eles estavam no Stanford?!... No “Hotel” Stanford?... Evidente que
confiava em Edward, mas... Nada no mundo a faria acreditar na vampira; mesmo que chegassem á
conclusão que ela não mentira em nada. Tentando controlar seu ciúme, Bella se afastou para encará-
lo, agora ainda mais interessada na conversa.
– Pronto! Já juntei todas as coisas de Bella. – disse Alice entrando na cozinha com as sobrancelhas
unidas. – Agora alguém pode me explicar o que aconteceu?
Ao terminar a pergunta, ergueu a faca que Carmem havia usado para feri-la. A jovem sentiu mais no
que viu Edward eriçar-se diante da lamina suja com seu sangue. Rapidamente, ainda com a
conversa interrompida na cabeça, explicou á Alice o ocorrido, omitindo sua encenação idiota.
Dando-se por satisfeita e sem demonstrar o mesmo ciúme que Edward, por Jasper tê-la socorrido,
agradeceu ao marido e, encarando o amigo de forma estranha, foi deixar a faca sobre a pia antes de
voltar até ela e lhe estender o celular.
– Pegue... Montei-o, mas não consegui ligá-lo. Talvez esteja quebrado.
Depois de pegar o aparelho, novamente Bella explicou simplesmente.
– A bateria acabou.
– Bom... Talvez seja isso. – disse Alice antes de se voltar para Edward e anunciar secamente. –
Podemos sair imediatamente.
– Ótimo! – disse Edward. – As chaves de seu carro estão no porta-luvas.
– Então vamos. – disse Jasper se afastando da pia.
– Esperem. – Bella pediu.
– Não há o que esperar Isabella. – Edward disse beijando-a levemente.
– Vou seguindo Alice com meu carro. – anunciou Jasper.
Depois de assentir com a cabeça, Edward pegou a jovem, como havia feito na noite de Halloween, e
correu com ela até a garagem. Alice o acompanhou de perto, porém Bella mal a viu, tamanha era a
velocidade da corrida. Quando foi depositada ao chão, a vampira já se acercava do carro e colocava
suas coisas no banco traseiro.
Edward aproveitou para se despedir de Isabella. Diante da vampira não tinha problemas em
demonstrar o quanto era dependente da noiva. Alice sabia que ela era sua metade; sua vida. Então
puxou a jovem para seus braços e prendeu-lhe os lábios em um beijo saudoso e possessivo. Como já
havia sentido, ela estava quente; mais quente que o normal; com o coração aos saltos desde que
entrou na cozinha. Demonstrava força, mas estava fraca. Justamente por isso Edward não prolongou
ou aprofundou ainda mais o contato de seus lábios. Como sempre fazia, depois de segurá-la pelo
rosto e depositar breves beijos em sua boca, disse á Alice.
– Novamente estou depositando minha vida em suas mãos. Por favor, não a perca.
– Pode confiar. Nunca vou perdê-la. – ela disse ainda em um tom estranho segurando a jovem pelo
braço. – Vamos.
Com um suspiro resignado, sem conseguir desprender os olhos de Edward, Bella se deixou guiar até
o banco do carona. Sem nada acrescentar, Alice assumiu seu lugar e manobrou para sair da
garagem.
Edward abriu caminho para ela, também sem quebrar o contato visual com a jovem. Tinha que
confiar no casal de amigos para cuidar de Isabella. Agora mais do que nunca temia por sua
segurança e justamente por isso não os acompanharia. Precisava de uma vez por todas começar a
desvendar todo aquele mistério que agora envolvia Zafrina.
Assim que o carro de Alice saiu de seu campo de visão, Edward olhou seu relógio de pulso. Eram
dez e quarenta e nove; ainda tinha tempo. Enquanto conversavam, uma resolução tomada ainda em
seu escritório e renovada em sua porta ganhava força sufocando a necessidade de limpar sua casa do
cadáver que Paul havia deixado nela. Ao pensamento seguiu até a edícula. Antes de sair, precisava
ver a dimensão do ataque do rábula.
Encontrou o corpo á entrada da casa que ficava somente a seis metros da sua. Alguns pacotes de
compras estavam caídos ao lado do homem que nem ao menos tivera tempo de entrar em sua casa.
Por sua posição, poucos passos o livrariam da morte violenta. John estava de costas; não fosse pela
poça de sangue acumulada sob seu pescoço enegrecido e em grande parte oculto pela gola de sua
camisa, poderia se dizer que dormia.
Ainda movido pela curiosidade mórbida, Edward abaixou-se e o virou. Praticamente somente o
corpo acompanhou o movimento. A cabeça moveu-se poucos centímetros por estar quase
desprendida do dorso ficando em uma posição estranha. A cena invocou outra perdida em sua
lembrança. Nem mesmo em seu ataque contra Senna havia feito tal estrago. Diante daquilo não
restavam duvidas de que Paul havia se tornado um vampiro frio e sádico.
Não poderia julgá-lo ou condená-lo por isso, pois ele próprio não agia de forma humanitária com
suas vitimas preferidas. E em seus primeiros dias como vampiro havia feito pior para aplacar sua
sede, mas nunca, em tempo algum, maculou a casa de alguém deixando tal cena animalesca para
trás. Contrariado, Edward levou o corpo para dentro da casa. Não gostava de ter um corpo em seus
domínios, mas a remoção teria que esperar e não cometeria o mesmo erro do parque deixando restos
que poderiam encrencá-lo, caso o rábula voltasse ali na sua ausência.
Era preciso sair imediatamente. O vampiro precisava se valer de uma informação precisa e tinha
que focar toda sua atenção á ela. Ainda mais que era a única que tinha naquele momento. Deixando
o corpo para trás, Edward foi até sua casa. Entrou somente para trocar de roupa e se certificar que
Carmem estava sob controle, então seguiu até seu carro deixado na calçada e depois de acomodado
ao volante, saiu para a rua. Sem se importar com o limite de velocidade, partiu para o tribunal. Com
sorte – se a secretária de James não estivesse enganada – ainda poderia encontrá-lo e quem sabe,
desvendar aquele mistério de uma vez por todas.
**************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... corre com a mão no pescoço, né minha leitora mais intensa?... kkk
E então?... Gostaram?... Espero que sim... Me deixem saber... :)
Ah... um detalhe que é importante e que eu esqueci de deixar no recado da semana
passada... A fic está mais perto do fim agora, isso é evidente... mas "ainda" não é o fim.
Alguma água ainda irá rolar por debaixo dessa ponte afinal a fic não tem somente a
obsessão de Edward á ser resolvida... tem tbm a do Paul e a dos intrusos, então não
fiquem muito ansiosas, please...
Senão vcs matam a autora de remorso... :)
Bom... agora vamos ao spoiler...
" Se for preciso você pode lutar, não pode?... Com outro vampiro... Homem?
O que está querendo, Bella?
A jovem olhou para Alice diretamente sem nada dizer. Queria ter coragem de fazer o
pedido. Ela era a única que poderia ajudá-la a sair definitivamente da condição de eterna
protegida. Seria possível que Edward não via? Com Paul á rondá-los ela havia se tornado
um estorvo. A pergunta de Jasper era totalmente relevante; seria mais fácil transformá-la
que ocuparem-se dela. Naquele instante mobilizava dois amigos de Edward que
poderiam estar ao seu lado ajudando á resolver á bagunça causada por seus inimigos. Ela
própria estaria ajudando!
Caso a amiga lhe atendesse, Edward não teria como reverter. Quando a descobrisse
imortal nada mais poderia ser feito. Ele iria esbravejar bufar e soprar, mas a casa
continuaria de pé. Seu amor era sólido; Bella tinha certeza. Não desapareceria por causa
de sua desobediência. Tudo que disse anteriormente; todas as declarações não perderiam
o valor. Assim como não culparia Alice por ter cedido á um pedido seu. Eles eram como
irmãos, se amavam e cuidavam uns dos outros. Nem todos os vampiros eram as criaturas
frias que o mito fazia acreditar. Baseada nessa certeza, Bella se encheu de coragem e
arriscou.
Alice... Você se importaria de me transformar?"
É isso... espero que estejam gostando... Ahh... e segunda tem outro... Já que posso vou
dar uma adiantada... ;)

(Cap. 60) Capítulo 30 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... o/
Bom dia amores... Como prometido, mais um capítulo... Espero que resolva um pouco a
ansiedade já que o capítulo de quinta será adiantado...
Como sempre quero agradecer as indicações... os reviews e a atenção sempre... =D
BOA LEITURA!...

Era estranho, Bella pensou olhando para a rua pela janela do Austin Martin de Alice. Desejou tanto
sair da casa – aquela não era a “sua” casa – passou toda a manhã sufocada por suas paredes, no
entanto, agora que a deixava definitivamente, sentia falta da proteção que a construção antiga lhe
proporcionava. Com um suspiro angustiado chegou á conclusão obvia; nunca estivera
verdadeiramente segura. Com certeza o incomodo, o desamparo e a saudade eram pela falta da
companhia de Edward, de sua proteção. Agora mais do que nunca não se sentia á vontade sendo
separada dele.
– Está tudo bem, Bella! – tranqüilizou-a Alice, após um suspiro da jovem.
– Está mesmo Alice? – perguntou descrente.
A amiga ficou em silencio por alguns segundos, então disse.
– Certo... Não está “tudo” bem, mas “estamos” bem e acredite... Isso é o que interessa.
– Mas até quando?... Tudo isso é uma loucura!... Até mesmo Paul é um vampiro agora.
– Isso é realmente um problema. – a vampira concordou, olhando sempre á frente. – Quem o
transformou sabia direitinho o quanto o seu ex-namorado afeta Edward. Tenho medo que ele não
consiga manter o foco quando for preciso.
– Nunca imaginei dizer tal coisa, mas teria sido melhor que Edward tivesse...
– Não precisa dizer. – Alice a interrompeu. – Sei que não é de sua natureza desejar que as pessoas
morram.
Bella queria dizer que a amiga estava enganada. Que naquela manhã desejou a morte dele e o que é
pior... A de Carmem também. A jovem já não sabia mais qual era a sua natureza.
– Obrigada!... Ainda assim teria sido melhor que Edward tivesse resolvido sua questão com ele.
Agora Paul está novamente solto por aí e Edward sozinho.
– Acredite, ele está bem assim. – Alice disse olhando rapidamente em sua direção. – Acho que ele
está melhor agora que a tirou da casa. É uma preocupação á menos, entende?
– Entendo.
Evidente que entendia; ela o distraia. Edward não poderia fazer duas coisas ao mesmo tempo. Não
poderia sempre cuidar dela e defender-se. Se ao menos pudesse ajudá-lo. Olhando Alice de soslaio,
Bella perguntou antes mesmo que a idéia amadurecesse.
– Se for preciso você pode lutar, não pode?... Com outro vampiro... Homem?
– O que está querendo, Bella?
A jovem olhou para Alice diretamente sem nada dizer. Queria ter coragem de fazer o pedido. Ela era
a única que poderia ajudá-la a sair definitivamente da condição de eterna protegida. Seria possível
que Edward não via? Com Paul á rondá-los ela havia se tornado um estorvo. A pergunta de Jasper
era totalmente relevante; seria mais fácil transformá-la que ocuparem-se dela. Naquele instante
mobilizava dois amigos de Edward que poderiam estar ao seu lado ajudando á resolver á bagunça
causada por seus inimigos. Ela própria estaria ajudando!
Caso a amiga lhe atendesse, Edward não teria como reverter. Quando a descobrisse imortal nada
mais poderia ser feito. Ele iria esbravejar bufar e soprar, mas a casa continuaria de pé. Seu amor era
sólido; Bella tinha certeza. Não desapareceria por causa de sua desobediência. Tudo que disse
anteriormente; todas as declarações não perderiam o valor. Assim como não culparia Alice por ter
cedido á um pedido seu. Eles eram como irmãos, se amavam e cuidavam uns dos outros. Nem todos
os vampiros eram as criaturas frias que o mito fazia acreditar. Baseada nessa certeza, Bella se
encheu de coragem e arriscou.
– Alice... Você se importaria de me transformar?
– Eu sabia!... – ela disse como que para si mesma. – Não sei nem por que perguntei.
– Eu deixaria de ocupar vocês... Poderia ajudar!
– Fazendo o quê?... – ela perguntou olhando em sua direção. – Segurando Edward para que não me
matasse?
– Sabe que ele não faria nada com você.
– O que seria ainda pior. – Alice disse tristemente. – Preso muito a amizade dele para trair sua
confiança dessa maneira. Tenho certeza que o golpe seria tão forte, que Edward me desprezaria pelo
resto de meus dias. Isso seria pior que a morte para mim.
Ás suas palavras, Bella se lembrou da breve conversa que teve com Edward sobre o mesmo tema
em que ele afirmou que a amiga era louca, insubordinada, porém jamais suicida. E afirmou ainda
que daquela vez, em caso de desobediência, não responderia por seus atos. Realmente eram irmãos;
se conheciam á fundo. E não seria ela á estragar o relacionamento.
– Desculpe-me por minha idéia absurda.
– Não é absurdo querer ser como nós, querer ajudar no momento em que mais precisamos... – a
amiga disse apaziguadora. – Se Edward fosse um pouco menos obstinado eu até que arriscaria ir
contra sua vontade, mas nós sabemos como ele é... Essa é uma decisão que tem que partir dele.
– Bom... – Bella suspirou. – Ele prometeu pensar... Quem sabe?
– É... Quem sabe?... – Alice fez coro enquanto contornava a esquina do edifício de Edward. – E
respondendo á sua pergunta... Nunca precisei brigar com vampiro algum... Nunca passamos por
nada parecido antes.
Bella sentiu seu sangue congelar.
– Está me dizendo... Que nenhum de vocês tem experiência nesse tipo de luta?!
– Foi o que eu acabei de dizer... – disse Alice agora manobrando o carro na garagem de Edward. –
Nunca fomos atacados.
– Então como Edward pode saber quem é mais forte?
– Ah, essa é fácil... – depois de desligar o motor, ela se voltou para a jovem e disse. – Todos os
vampiros novos são mais fortes. Talvez o dobro de nossa força atual... Por isso Edward sabe que
Paul é mais forte do que ele.
A jovem sentiu o ar lhe faltar. Imediatamente seu estomago protestou diante das sensações
inquietantes que se apossavam dela. Os sons dos rosnados durante a luta vieram á sua mente
fazendo sua cabeça latejar ainda mais. Edward poderia ter sido morto!
– Bella, você está bem? – ela ouviu a voz distante, então tudo escureceu á sua volta.
Quando voltou á si, estava deitada sobre uma cama, com Alice arqueada sobre ela, olhando-a com
expressão preocupada enquanto tentava reanimá-la.
– Bella!... – exclamou aliviada. – Ainda vai conseguir o impossível e me matar de susto.
– O que houve? – a jovem perguntou olhando em volta.
Logo reconheceu o lugar. Inquieta, levantou o dorso para sentar-se sobre o colchão ignorando a dor
insistente, porém leve em sua cabeça e em seu corpo. Alice abriu espaço para que se sentasse, sem
desprender os olhos de seu rosto. Jasper estava com elas, mas se mantinha afastado. Com um
suspiro – depois de sorrir timidamente para os dois vampiros – olhou mais uma vez em volta.
Quanto tempo havia se passado desde a última vez que esteve naquele quarto?... Uma eternidade;
uma vida. A vida que perdeu ao deixá-lo e que agora vivia intensamente.
Mas até quando; se perguntou ao lembrar o que fazia ali na companhia de Alice e Jasper e não na de
Edward. A amiga não precisava lhe dizer o que havia acontecido, ela se recordava. Perdeu os
sentidos depois de seu corpo, agora inegavelmente doente e exausto, não ter resistido á descoberta
que Edward era vulnerável á força de um vampiro novo como Paul e que, assim como seus amigos,
não tinha experiência naquele tipo de situação. Agora que sabia dessa fraqueza dos vampiros,
algumas palavras ditas por Jasper ainda na cozinha da casa começaram á fazer sentido.
Ele havia argumentado com Edward que ela seria forte para lidar com todos eles e, o pior... Que
Paul estava dando trabalho á Edward quando chegou á casa. Também entendia o porquê que
Edward o impediu de falar mais á respeito, pedindo que conversassem depois. Por mais que tenha
dito á Alice que ela, Bella, teria que se acostumar com todos os aspectos de sua vida, estava claro
que lhe omitiria assuntos de suma importância.
Talvez para poupá-la; talvez para não chocá-la... Ou tão somente para que não fizesse uma cena
quando saiu sozinho á procura de Paul pela primeira vez. Fosse como fosse não era certo Edward
não lhe contar algo tão grave, deixando-a sozinha e desesperada para se lançar em um
enfrentamento que, segundo á força atribuída á Paul por Alice, poderia matá-lo. Novamente ao
pensamento, a cabeça de Bella oscilou. Tão logo fechou os olhos, Alice segurou sua mão e
respondeu sua pergunta.
– Você desmaiou... E pelo que vejo ainda não está bem...
– Vou pegar um copo com água. – anunciou Jasper, solicito.
Então ele não estava mais no quarto e Alice forçava a jovem á deitar, analisando-a.
– Você está quente... E pálida. Toda marcada... – disse correndo seus olhos descaradamente por seu
pescoço antes de prosseguir como que para si mesma. – Ele fez de novo. Irresponsável!
Jasper entrou com a água, impedindo Bella de argumentar que a culpa não era de Edward. Sim, ele
havia bebido dela, mas se estava doente era pela péssima semana que teve ou por ter caído na água
gelada. Talvez o estresse e a adrenalina tenham agravado seu quadro, mas nada mais do que isso.
Queria dizer essas coisas, mas Jasper a fez beber toda a água. Entregava-lhe o copo, quando o
celular de Alice tocou. Tão logo atendeu Bella a ouviu dizer olhando seriamente em sua direção
com as sobrancelhas unidas.
– Sim... O transito estava tranquilo. Estamos aqui há alguns minutos.
A jovem soube imediatamente se tratar de Edward. Seu coração apreensivo acelerou no peito.
Queria que ele estivesse ali com ela, não em sua casa, sozinho. Onde Paul poderia voltar e o atacar
facilmente. Bella conhecia o poder de Edward, se seu ex possuía força além daquela, ele era
praticamente invencível. Seu vampiro havia dito ter descoberto possuir uma força desconhecia, mas
agora ciente de sua omissão, ele poderia estar mentindo ainda com o intuito de tranqüilizá-la.
Estava prestes á pedir á Alice que lhe deixasse falar com seu noivo, quando a amiga, sem mais
palavras lhe estendeu o aparelho. Sentia-se tão angustiada que somente conseguiu murmurar o
nome.
– Edward...
– Perdoe-me não poder estar aí com você. – ele disse roucamente.
Ele não precisava se desculpar por aquilo; tinha apenas que resolver seus problemas e ir para junto
dela o quanto antes. Depois de dispensa-lhe o pedido de desculpas, perguntou por Carmem. Ainda
se preocupava com ela, contudo, agora – mais do que nunca – a mulher era um problema menor.
– Está bem. – garantiu, então disse para acalmá-la. – Não se preocupe... Com nada.
– Impossível!... – assegurou com o coração oprimido. Contudo se lembrou que não poderia distraí-
lo, então acrescentou. – Mas vou tentar... Vai demorar?
Sinceramente não queria demonstrar sua ansiedade, mas á cada descoberta ficava cada vez mais
difícil. Para seu desespero Edward respondeu pesaroso.
– Sinceramente não saberia dizer. Tenho algumas coisas á resolver, não sei quanto tempo isso me
tomará.
Bella segurou o aparelho de Alice com força. Sua vontade era implorar que voltasse naquele exato
momento. Dizer que sabia do perigo que correria, mas não poderia fazê-lo. Se todos se mantinham
calmos, não seria ela que faria o contrário. Suspirando resignadamente, pediu apenas.
– Venha assim que puder...
– Essa sempre foi minha intenção. – ele disse carinhosamente.
Saber que ele sentia sua falta aqueceu seu coração e Bella se permitiu sorrir. Ainda se deleitava com
a sensação, totalmente esquecida de sua pequena platéia, quando ele acrescentou como que para
confirmar seu pensamento.
– Sou praticamente nada sem você Isabella!
– Edward... – ela arfou.
Queria lhe dizer tantas coisas, mas as palavras lhe faltavam. De toda forma não teve a chance, pois
ele avisou apressadamente.
– Preciso desligar agora... – antes, porém, acrescentou. – Eu te amo!
– Eu também... – foi tudo que pôde responder antes de ouvir o som frio e intermitente da linha
telefônica.
Algo havia acontecido, Bella sentiu. Suas mãos tremiam quando entregou o celular á Alice. Antes
que as duas trocassem qualquer palavra viram Jasper sacar seu próprio celular. A jovem nada pôde
ouvir, pois ele falava em um tom baixo demais para sua audição limitada. Mas Bella sabia que Alice
o entendia, então analisou sua expressão. Decididamente algo havia acontecido. A jovem teve a
certeza, não por ter flagrado qualquer expressão de alarme, mas justamente pelo contrário.
Alice permanecia séria demais, sem desviar os olhos do marido que retribuía seu olhar intensamente
enquanto mexia os lábios junto ao aparelho. Após alguns instantes Jasper foi traído por seu olhar
alarmado. O brilho furtivo não passou despercebido por Bella, deixando-a ainda mais apreensiva
depois da despedida apressada de Edward. A jovem se perguntava o quanto poderia descobrir se
perguntasse diretamente ao vampiro sobre o que estava acontecendo, quando ele desligou o
aparelho e anunciou para Alice.
– Preciso sair agora... Ficará bem se deixá-la sozinha com Isabella?
– Evidente que sim... – ela disse indo até ele. – Já estou acostumada á tomar conta dela, sabe disso.
– Sim, eu sei... – ele confirmou de forma carinhosa. – Diante dos últimos acontecimentos você tem
se mostrado uma excelente guardiã.
Como ela já se encontrava á frente dele, Jasper a pegou pela cintura e a beijou sem se importar com
a presença da jovem. Bella se enterneceu e, na mesma proporção, invejou o casal. Levemente
envergonhada pelo sentimento ambíguo e por presenciar o afeto explicito do casal, ela desviou os
olhos. Se eles trocaram palavras a jovem não saberia dizer, pois nada ouviu e como não os
observava, não pôde perceber nenhum movimento de lábios. Soube que Jasper havia partido quando
Alice voltou á se sentar ao seu lado.
– O que está acontecendo Alice? – perguntou ansiosamente.
– Nada que deva saber ou se preocupar á respeito. – foi sua resposta evasiva.
Sem conseguir se conter, Bella bufou exasperada.
– Sinceramente eu não entendo todos vocês... Mantêm-me presa e por perto, mas me deixam no
escuro sobre o que é realmente importante. Como não vou me preocupar quando sei tudo que está
acontecendo?...– então ela disse sinalizando na própria direção, olhando Alice com as sobrancelhas
unidas. – Eu estou bem aqui, consegue me ver?... E pode até ser surpresa para criaturas
superdotadas, mas os de minha espécie, mesmo sendo fracos e limitados, escutam e vêem!... Sei que
Jasper saiu por causa de Edward... E você ajudaria muito se me poupasse de ficar ainda mais
preocupada.
Alice ergueu uma sobrancelha em sua direção. Após alguns segundos retrucou seriamente.
– Estou vendo que ficar tanto tempo na companhia de Edward só fez piorá-la. Odeio sempre estar
certa!
– Alice... – ela começou, mas a amiga lhe cortou.
– Está bem... Mas não vou poder ajudá-la em muita coisa, pois não sei os detalhes. Jasper não
explicou nada antes de sair. Disse apenas que Edward está no tribunal; ao que parece foi procurar
por James... – ao terminar a explicação, acrescentou. – A criatura superdotada aqui, ainda não sabe
ler mentes.
Com um suspiro, Bella voltou a se deitar na cama de Edward, fechando os olhos. O que ele poderia
querer com outro vampiro? E um que havia alertado á ela para não confiar? Se nem mesmo Alice
saberia dizer, ela mesma não tinha como descobrir. E antes que ficasse presa á perguntas sem
respostas, resolveu que deveria se ocupar de quem estava perto e cuidava dela. A única amiga que
tinha e que nunca lhe faltara, mesmo quando acreditou estar sozinha. Havia sido irônica; talvez lhe
devesse um pedido de desculpas e, assim como estava, sem encará-la, perguntou.
– Não se ofendeu com o que disse, não é mesmo?
– Como posso me ofender se você está certa?... Sabe demais, não tem como escondermos nada de
você... E se formos pensar friamente, não é funcional deixarmos você no escuro como disse.
– Obrigada por entender... – Bella murmurou ainda de olhos fechados, massageando as têmporas.
– Você está doente, não é mesmo?... – ao ouvir as palavras de Alice sentiu seus dedos frios tocarem
sua testa e a ouviu murmurar como ás vezes fazia; para ela mesma. – Como ele pôde fazer isso de
novo?... Pensei que o primeiro susto valeria.
– Edward não fez nada! – Bella defendeu intrometendo-se na conversa intima. – Eu caí na piscina
ontem á tarde e mesmo tendo tomado remédio, acabei bebendo vinho e uísque com gelo quando
saímos. “Eu” devia tomar mais cuidado comigo mesma... A irresponsabilidade foi minha se agora
não me sinto bem...
– Nem quero saber o que estavam fazendo em uma piscina nesse tempo horrível, desisti de entender
vocês dois... Mas não adianta falar de responsabilidades comigo... Se Edward não a debilitasse não
estaria assim agora.
– Se tivesse me transformado também não.
Bella disse sem pensar, finalmente encarando Alice. Mas não se arrependeu das palavras depois de
proferi-las. Havia dito a verdade. Se fosse imortal poderia defender Edward contra todos os perigos,
pois como Jasper mesmo dissera, seria tão forte quanto Paul... Quanto qualquer um que o
ameaçasse. Até mesmo mais forte que Zafrina. Alheia aos seus pensamentos, Alice concordou
pesarosa.
– Não, não estaria... Mas ele não fez!
A jovem sentiu a acusação no tom da amiga. Voltando á fechar os olhos explicou mesmo sem ter
sido questionada.
–Edward tem medo de mim...
– Como?!... – Alice exclamou incrédula.
– Não de mim, na verdade... Mas da “bendita” marca que temos em comum. Ele acredita que se eu
ficar forte possa fazer algum mal á ele, mesmo sem querer... – novamente encarando a vampira,
pediu. – Então não o julgue quanto á isso também.
Depois de sustentar-lhe o olhar, Alice disse.
– Desculpe-me não poder atendê-la... É evidente que, não só vou julgá-lo, como vou querer que o
próprio Edward me explique a essência desse medo. Quando a encontrei viva depois de deixá-la
naquela casa; depois de ver que ele “sabia” e ainda assim a deixou viver acreditei que seu temor
tivesse desaparecido. – olhando-a de soslaio, prosseguiu. – Até poderia entender a reação de
“antes”... Quando matou as suas outras versões, pois não as conhecia, mas com você é diferente.
Jamais faria nada contra Edward; não depois de enfrentá-lo para ficar ao seu lado.
– Nunca faria. – Bella garantiu.
– Aquela foi a maior prova de amor que poderia ter dado á ele... – como se nem a tivesse ouvido,
Alice prosseguiu. – Somente alguém tão cego como Edward para não ver... Á não ser que ele...
Alice se interrompeu. Bella esperou que a amiga terminasse a frase, mas ela nunca o fez. Curiosa, a
jovem perguntou.
– “Á não ser que ele”... O que Alice?
– Nada. – ela disse rapidamente. – Bobagem minha... Como eu disse quando nos conhecemos, falo
demais ás vezes.
– Pois agora está falando de menos... – retrucou secamente.
A vampira não respondeu á isso e então, como que para encerrar a conversa, se pôs de pé e
anunciou.
– Vou tentar providenciar tudo que precisa para se recuperar dessa temporada com um vampiro
apaixonado e inconseqüente... Poderia, por favor... Prometer-me não sair daqui?
Imediatamente Bella se sentou na cama ao reconhecer a cena perturbadoramente familiar.
– Aonde vai? – perguntou preocupada.
– Comprar algumas coisas que a representante da espécie fraca e limitada precisa.
Alice respondeu tentando aliviar a tensão da conversa anterior e de toda situação em um modo geral
citando-a jocosamente, porém sem sucesso algum. Bella estava longe de se sentir tranquila. Como
se não bastasse Edward estar distante e aquela interrupção quando Alice falaria algo importante
sobre sua “não” transformação, agora ela queria sair deixando-a sozinha.
A jovem não tencionava ir á nenhum lugar; nem precisava prometer coisa alguma. Mas a
semelhança da cena vivida com Carmem pela manhã não permitia que fosse ignorada. Depois de
voltar das inocentes compras, a empregada chegou disposta á entregá-la de bandeja á Paul. Edward
havia comentado certa vez sobre não saber se vampiros poderiam ser induzidos. Se nem ele tinha
certeza, como ela poderia confiar? Bella sabia que contra a vampira nada poderia fazer.
– Acha mesmo ser seguro sair, Alice?
– Á essa altura, não acho mais nada Bella... Porém o que eu “sei” é que você não pode ficar assim.
Além do mais, esse apartamento não está preparado para recebê-la. Não sabemos á que horas
Edward ou Jasper voltarão e você precisa se alimentar; ser medicada... Acreditei que viria morar
aqui como imortal; então não providenciei nada que humanos precisam para viver. Não se preocupe,
serei breve. Vou á uma loja de conveniência aqui perto. Compro o básico e volto.
– Mas...
– Sem “mas”... Não vamos ser pessimistas. Como eu disse á Jasper... Estou acostumada á tomar
conta de você. Enquanto estiver sob minha responsabilidade nada de mal lhe acontecerá. E essa é
minha palavra.
Diante das palavras carregadas de segurança, Bella não teve argumentos. Sem nada dizer viu a
amiga sair. Sabia que ela estava certa, não poderiam ser pessimistas, mas depois do ocorrido com o
ex, ficava difícil atendê-la. Tudo parecia conspirar contra. Paul a encontrou e estava disposto á tudo
para tê-la de volta, Zafrina havia reaparecido do nada e com certeza sua aproximação reacenderia o
medo que Edward sentia da tal praga fazendo com que qualquer avanço para uma possível
transformação se tornasse ainda mais difícil, mesmo que Edward tenha dito que pensaria.
Agora, analisando friamente os fatos e se lembrando das palavras de Alice e de seu coro
desanimado quando contou sobre ele refletir á respeito, Bella começou á ver o óbvio; Edward
estava apenas ganhando tempo. Nunca que ele confiaria em deixá-la mais forte do que ele próprio.
Realmente uma pena; não por não ter a eternidade para ficar ao lado de seu amor, mas por saber que
poderia defendê-lo de seus inimigos. Ela nunca se voltaria contra Edward, muito pelo contrário, não
deixaria que ninguém o atacasse. Infelizmente não poderia fazê-lo. Teria que continuar fraca,
limitada e doente; um verdadeiro estorvo como já havia se classificado.
Depois da massagem nas têmporas, sua dor cedeu um pouco e ela se permitiu sair da cama.
Suspirando impacientemente, se pôs de pé olhando ao redor. Estava de volta ao ponto onde tudo
deveria ter começado. Se as palavras de Jasper fossem certas quanto ás primeiras intenções de
Edward, talvez fosse imortal agora. Talvez se tivesse se rendido á ele desde aquele primeiro
momento, depois de tudo esclarecido, o vampiro lhe convidasse á viver eternamente com ele.
E Bella teria aceitado a imortalidade sem hesitar. Se continuasse com a mesma sorte, Edward não
veria sua marca e quando a descobrisse, seria tarde demais. Presa á um arrependimento tardio, a
jovem soltou a respiração lentamente em um suspiro entristecido. Melhor parar com as divagações,
pois o tempo não voltava atrás e aquela não era a hora de lamentar a forma como as coisas
aconteceram entre eles.
Ainda mais que nunca seria tarde para reverter a situação. Só precisava descobrir como conseguir
ser imortal antes que fosse tarde para Edward. Se ao menos Alice a ajudasse... Mas poderia saber
que dela não conseguiria nada. Teria que ser junto á Edward como sempre soube. E teria que ser
rápido, pois não dispunham de muito tempo para desperdiçar. Os ponteiros do relógio estavam
girando, as horas passavam rapidamente e os inimigos de Edward estavam cada vez mais perto.
Precisava fazê-lo entender que só teria á ganhar se a deixasse como ele. Decidida, porém
impaciente por novamente estar sozinha, Bella saiu do quarto. Ganhou o pequeno corredor e seguiu
para a escada. Desceu-a com o coração aos saltos, novamente ao se lembrar da última vez que o fez.
Em como estava apavorada, em como Edward continuava lindo a seu ver mesmo que o temesse. Ao
pensar nele, analisou a sala onde estava. Mais uma vez se lembrou da noite fatídica em que fugiu de
seu “assassino”. Edward havia quebrado várias coisas da cobertura. A jovem não havia visto o
estrago, mas poderia avaliar.
Agora nada estava quebrado, todos os vidros estavam intactos, alguns móveis no lugar. Não fosse
por outros ainda em fase de montagem, poderia se dizer que tudo estava como havia conhecido.
Indo se sentar no grande sofá branco e novo, Bella abraçou as próprias pernas. Queria que Edward
voltasse logo, precisava vê-lo. Saber que estava bem. Cogitou ligar, mas temia atrapalhar algo
importante e se caso ele não atendesse morreria de ansiedade. Melhor mesmo era confiar, continuar
pedindo á Deus que o protegesse – mesmo que o vampiro não fosse merecedor aos Seus olhos.
Ainda estava sentada no sofá, presa em seus pensamentos, quando ouviu a chave girar na fechadura.
Expectante, Bella viu Alice chegar carregada de sacolas. Sem se mover a jovem esperou que a
amiga viesse até ela. Se havia voltado com a intenção de levá-la, aquela seria a hora.
– O que há Bella?... – Alice perguntou preocupada. – Aconteceu alguma coisa?... Algum deles ligou
aqui?
– Não... – ela começou. – E sou eu que pergunto... Está tudo bem? Conseguiu comprar o que
queria?
– Consegui. – Alice respondeu indicando as sacolas, ainda á encarando de forma inquiridora. – Mas
tenho certeza que não era isso que queria saber... O que aconteceu?
– Nada... – disse Bella desarmando-se, então resolveu explicar quando viu Alice erguer uma
sobrancelha. – É que aconteceu assim essa manhã. Carmem saiu para as compras e quando voltou,
veio induzida e com ordens de levar-me até Paul. Temia que o mesmo pudesse acontecer com você.
– Até onde eu sei vampiros não podem ser induzidos, mas agora a entendo. – colocando as sacolas
ao lado de Bella perguntou tocando sua testa. – Como se sente?
– Meu corpo ainda está dolorido, mas estou bem.
– Comprei um antitérmico e um remédio para dores musculares. Vou arrumar essas coisas na
cozinha e já trago para você.
– Eu a acompanho. – a jovem anunciou, seguindo-a.
Ao entrar na cozinha Bella teve a sensação de estar em uma pagina das tantas revistas de decoração
de interiores. Aquela parte da cobertura fora projetada para ser prática e funcional. Ainda assim
linda como todo o resto e não se assemelhava em nada com a casa de esteve durante final de
semana. Nenhum detalhe ali sugeria a idade de Edward. Quem entrasse naquela cobertura
acreditaria que ele era simplesmente um jovem advogado bem sucedido.
A jovem acreditava que talvez aquela fosse a primeira vez que a cozinha seria usada. Precisando de
um pouco de ação, deixou a analise do cômodo de lado e foi ajudar a amiga á guardar as compras.
Impossível não reparar nas sacolas; a amiga não havia ido somente á em uma loja de conveniências.
Definitivamente Bella somente dava trabalho, entristeceu-se, porém nada disse. Enquanto guardava
alguns potes do armário, Alice veio lhe entregar os remédios juntamente com um copo com água.
– Beba isso e depois vá sentar-se. Vou preparar alguma coisa para você comer. – quando Bella fez
uma careta em sua direção ao lhe entregar o copo, a amiga alertou. – E nem adianta fazer essa cara.
Enquanto eu estiver aqui, vai comer o que eu mandar e beber o que eu colocar em seu copo. Você
precisa de líquidos para se recuperar de todo o sangue que perdeu.
– Está bem “mãe”. – disse para desanuviar-lhe o semblante carregado, antes de ir guardar o último
pote e ir sentar-se.
– Nossa! – Alice exclamou exasperada, indo escolher o que faria. – Agora até você me chama de
mãe?!... Definitivamente Edward não é uma boa influência. Logo vai estar tão irritante quanto ele.
Bella apenas riu mansamente longe de se deixar levar pela graça que o raro momento de mau humor
da amiga lhe proporcionou. Enquanto tentava bloquear a imagem de Edward em sua mente,
perguntou vendo-a andar de um lado ao outro procurando tudo que precisava entre os armários que
desconhecia.
– Como sabe cozinhar?... – quando Alice olhou em sua direção, ela refez a pergunta. – Certo... Você
já foi como eu. Mas... Como não esqueceu?... Depois de imortalizada você não precisou mais se
ocupar dessas tarefas humanas.
– Bom... Realmente não é preciso, mas eu sempre gostei de desses afazeres então, sempre que tenho
a chance eu faço alguma coisa.
Explicou voltando á sua tarefa de preparar algo para que Bella pudesse se alimentar.
– Não posso fazer muito é verdade. Mas eu tento... Por exemplo, o café que sirvo aos clientes de
Edward é feito por mim. As copeiras até estão acostumadas comigo. E não pense que faço por eles...
Faço pelo prazer de me ocupar com coisas que me façam sentir que sou “normal” na medida do
possível e não uma simples “criatura”, como você disse.
– Me desculpe por aquilo. – Bella pediu mordendo o lábio inferior.
– Tudo bem... É complicado definir o que somos... Não estamos mortos ou vivos. Não somos
humanos nem tampouco animais. Então, como não tenho muitas referências do que sou me prendo
ás características do que fui.
Sorrindo-lhe francamente, prosseguiu.
– Devo lhe confessar que no começo, antes de lhe conhecer, não havia gostado do pedido de
Edward para protegê-la; o atendi por ele... Mas quando a conheci, descobri que você vinha de
encontro ao que sempre procurei. Sua humanidade me fez aproximar-me da minha. Gosto dessas
pequenas oportunidades de cozinhar, cuidar... Ser amiga, entende?
– Evidente que sim... Também gosto de tudo que faz por mim. Mesmo que pareça mal agradecida ás
vezes... – então perguntou interessada.
– Então foi sua a idéia de morar ao meu lado?
– Foi sim... – rindo abertamente, acrescentou. – Você não sabe, mas Edward ficou louco. Naquele
mesmo dia de minha mudança, depois que você foi embora para seu apartamento ele foi até o meu
bufando.
A jovem se permitiu sorrir. Agora que estava acostumada á armação, adoraria saber dos detalhes.
Aquele em especial lhe aqueceu o coração.
– Ele esteve lá naquele dia?
– Sim...
Relembrando aquele sábado, Bella se associou a sensação de observação enquanto caminhava até a
lavanderia á ele. Com certeza Edward a seguiu aquele dia sem que ela o visse. Também se lembrou
das palavras de Alice durante a primeira noite que conversaram; sobre se sentir observada... A
amiga havia sim tentado prepará-la para a apresentação, a jovem é que jamais poderia imaginar que
as suposições se baseavam na verdade. Fora tão cega. Agora, que sua curiosidade havia sido
despertada, aproveitou para distrair-se da saudade e preocupação.
– E vocês brigaram por causa disso?
– Edward e eu brigamos por tudo, então nesse dia não poderia ser diferente. Ainda mais que tudo o
que se refere á você o afeta mais que todos os outros assuntos. Ele ficou realmente bravo por eu
estar tão perto, mas sei que no fundo ele adorou a oportunidade de também se aproximar.
– E eu sem saber de nada... – Bella murmurou.
– Não tinha como saber. – Alice disse voltando á atenção ao macarrão que resolver preparar. – Mas
agora acredito que não tenha mais nada escondido entre vocês, não é mesmo?
– Não há... Edward me disse tudo que fez para conquistar-me. Sei que o correto seria me ofender
por todas as vezes que me enganaram ou me induziram, mas me sinto lisonjeada e feliz que tenham
conseguido me trazer para junto de vocês.
– Eu é que fico feliz em ouvir isso. – garantiu Alice. – Agora, mais do que nunca, tenho a prova que
meu esforço não foi em vão. Valeu ter “deixado” Jasper para morar ao seu lado.
– Você é realmente forte... – Bella comentou. – Não sei se conseguiria me afastar de Edward.
– Não me afastei de verdade. Ele estava o tempo todo comigo...
– Imagino que sim... Dava para perceber que vocês eram os “separados” mais apaixonados que já
existiu.
– Jasper é a minha vida... Apenas o deixaria em caso de necessidade mortal. Somente para defendê-
lo. No mais, não conseguiria viver sem ele.
– Vocês estão juntos á muito tempo?
– Mais de cento e vinte anos. – então comentou. – Sempre que podemos renovamos nossos votos...
Já nem existem elementos para designar nossas bodas... – ao dizer as palavras sorriu enlevada
consigo mesma, parando o que fazia. – Não me lembro mais de como eu era antes dele.
Sem que pudesse evitar, a jovem se comoveu com a conversa. Queria ter a chance de viver uma
história de amor igual; também não queria lembrar-se de como era antes que Edward entrasse em
sua vida. Limpando a garganta, disse.
– Que lindo esse amor Alice!...
Depois de lhe sorrir a amiga voltou á sua ocupação. Tentando se livrar da tristeza que ameaçava se
instalar, Bella perguntou.
– Como é ser imortal para você?... Digo... Alguma vez se arrependeu de se deixar transformar?
– Nunca!... Se fosse preciso passaria por tudo novamente.
– Como assim?... – Bella não havia entendido. A vampira havia enfrentado alguma dificuldade em
ser como Jasper? Em voz alta, acrescentou. – Pelo o que você teve se passar?
– A dor da morte. – disse simplesmente enquanto escorria o macarrão, sem nada mais dizer.
A jovem esperou que Alice concluísse, mas ela começou a se ocupar do molho. Era só aquilo que
ela tinha á dizer? Aquela não era uma explicação, então Bella insistiu.
– Que dor da morte?... Seja clara.
A vampira continuou á preparar o molho sem voltar-se ou falar qualquer outra coisa. Bella
começava á se impacientar, quando a amiga veio em sua direção com o prato pronto e fumegante.
– Coma antes que esfrie. – disse sentando-se á sua frente. – E já que sou a “mãe”... Quero ver o
fundo do prato.
– Obrigada. – Bella disse pegando o talher estendido em sua direção. – Prometo comer tudo sem
reclamar se me falar mais á respeito dessa dor da morte.
– Não estou aberta á negociações. – disse Alice retirando o excesso de molho de um canto do prato
com o dedo indicador e o levando aos lábios. – Mas vou responder já que mais uma vez não fiquei
de boca fechada.
– Tem algum problema eu saber?
– Na verdade acredito que não. Edward está decidido á não transformá-la então acho que não tem
nada demais você saber... E se tiver, essa será mais uma das tantas brigas que temos e que sempre
nos entendemos depois.
– Certo. – exclamou Bella enrolando o macarrão no garfo. – Eu como, você fala.
– Bem... – começou Alice enquanto Bella mastigava. – Sei que é louca por vampiros e com certeza
conhece tudo que supostamente entendem sobre nós. – a jovem assentiu com a cabeça e ela
continuou. – Pois bem... Sei que na maioria das vezes, os filmes ou livros mostram uma
transformação quase tranquila. O vampiro bebe o sangue de sua escolhida e a deixa “infectada”...
Então lhe dá o dele e a mutação ocorre.
– E não é assim que acontece? – Bella perguntou ansiosamente interessada depois de engolir o
macarrão.
– Não exatamente... Edward já lhe mordeu várias vezes e nem por isso você ficou sedenta por
sangue. Mas ele ter se servido de você é meio caminho andado, bastaria que você provasse o sangue
dele uma vez para que a mudança acontecesse.
A jovem nem havia percebido que não comia, prestava atenção em cada palavra dita pela vampira.
Uma idéia insana se formando em sua cabeça. Alice prosseguiu.
– Bom... Mesmo parecendo fácil, a mudança não é tranquila ou rápida. Lembro-me que depois de
provar o sangue de Jasper, comecei a arder em febre e tive apenas alguns minutos antes que a dor
começasse.
Bella era apenas humana e, como todos, não gostava de sentir qualquer forma ou intensidade de dor,
mas por Edward passaria até pela pior delas.
– Acho que poderia suportar a dor. – comentou levando outro bocado á boca; não queria que Alice
também interrompesse a narrativa.
– Evidente que suportaria. Eu suportei, estou aqui... Mas não estamos falando de uma enxaqueca ou
dor de dentes; nada que você esteja acostumada... Essa não se resolve ficando no escuro ou
tomando algum remédio. Ela é tão intensa que parece que alguém está lhe abrindo ao meio;
descarnando seus ossos ou separando seus membros á sangue frio impiedosamente.
A jovem sentiu um calafrio correr sua coluna. Então, depois de ponderar, disse incrédula.
– Não poder ser tudo isso... E se for, tem que ser rápido... Ninguém suportaria tal dor.
– Desculpe-me... Mas é como eu disse e o processo não é rápido. Não me lembro do tempo que
fiquei presa na mudança dolorosa, mas depois que me recuperei perguntei á Jasper. Ele me disse
que agonizei por vinte e seis horas. Como ele nunca havia transformado ninguém antes de mim não
tínhamos exemplos para compararmos, somente o nosso. Ele padeceu por vinte e cinco horas.
Bella quase engasgou.
– Sempre mais de vinte e quatro horas?!... Sem intervalos?
– Sem intervalos. – Alice confirmou encarando-a.
Não estava com fome antes; o macarrão saboroso apenas lhe animou a comer, mas diante daquilo,
Bella perdeu o apetite de vez. Pouco mais de um dia inteiro agonizando de dor ininterrupta?...
Sempre lhe pareceu impossível, mas talvez estivesse diante do primeiro obstáculo em seu amor.
Não era que simplesmente não gostasse... Na verdade Bella odiava sentir dor. Somente por tentar
imaginar o que sentiria caso alguém separasse a carne de seus ossos ou lhe arrancasse um braço, seu
estomago revirou em desespero.
– Eu não devia ter contado. – Alice se recriminou ao perceber sua reação. – Quando Edward souber
vai realmente ficar furioso comigo.
– Mas eu tinha que saber... – Bella disse depois de tomar fôlego. – Edward não seria capaz de me
submeter á tal coisa sem alertar-me.
– E você recuaria quando soubesse? Desistiria?... – Alice a avaliava com uma sobrancelha erguida.
– “Desistiu” agora que sabe?
– Não diria desistir, mas... Com certeza é o caso de pensar á respeito.
– Bom... – começou Alice se recostando no espaldar da cadeira. – Pensando bem acho que me
enganei. Se Edward está realmente decidido á mantê-la humana, vai é me agradecer por tê-la feito
desistir da imortalidade.
Analisando também a amiga e se lembrando dos “testes” que fez antes de ajudá-la á voltar para
Edward, Bella se convenceu que o assunto não surgira por acaso; por sua língua inocentemente
inquieta. Alice queria ver sua reação quando soubesse da verdade. De certa forma era agradecia á
ela mais uma vez, pois durante sua explicação, realmente cogitou tentar conseguir um pouco do
sangue de seu noivo. Sabia que não seria fácil, mas acreditou não ser impossível que pudesse dar
um jeito de provocar a própria mutação e ficar forte como Paul e ser a companheira de Edward para
sempre. Agora essa ação estava descartada.
Bom... A ideia seria estúpida de toda maneira, pensou contrafeita, uma vez que seus dentes apenas
fariam cócegas no vampiro. Ao pensamento se lembrou de uma noite especifica quando Edward
sorriu de sua investida enquanto estava “fantasiado” de Paul e ela lhe atendia ao pedido estranho de
para que o mordesse; seus dentes praticamente nem afundaram a pele firme.
Definitivamente a ideia era infantil e agora, decididamente, impossível. Ainda assim não significava
que tivesse desistido, Bella pensou começando á se irritar com o olhar descaradamente especulativo
de Alice. Era como se a amiga a reprovasse por ter dito ser preciso pensar. Para ela era fácil julgá-la,
pois já havia passado pela tal “dor da morte”; talvez estivesse realmente aumentando, mas fosse
como fosse a vampira falava com conhecimento de causa. Bella poderia somente imaginar tal
intensidade e os exemplos citados não eram nada animadores.
Tudo que Bella conseguia idealizar eram as cenas dos vários clássicos de terror que assistiu em sua
adolescência onde homens com serras elétricas perseguiam e mutilavam suas vitimas á sangue fio,
exatamente como a amiga disse acontecer. A figura de linguagem escolhida não fora das melhores.
Amava Edward com todas as suas forças, mas não poderia negar – pelo mesmo á si mesma – que
começava á se acovardar diante do quadro exposto. Isso era absolutamente normal, não era?... O
receio não significava que tivesse desistido, significava?
***********************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Acho que as palavras de Alice serão decisivas... agora é tudo ou nada...
Espero que tenham gostado... Por favor, comentem... :)
Agora vamos ao spoiler de quinta...
"Edward não ouviu os nomes, apenas respondeu mecanicamente enquanto analisava a
expressão do vampiro á sua frente.
Agradeço a apresentação, mas ela é desnecessária. disse um dos homens com leve
sotaque. Quem não conhece o Sr. Cullen?... Sem ofensas Sr. Styling, mas ele era a
primeira opção de meu pai. Infelizmente sua secretária informou-nos que ele estava com
a agenda lotada. Ao que parece é um homem muito ocupado senhor...
Exato. Edward retrucou, cortando-o.
Não tinha tempo para trocar amabilidades com ítalo-americanos de índole duvidosa.
Muito ocupado e sem nenhum tempo á perder, então... disse se voltou para James.
Quando estiver livre, quero falar com você.
Então creio que possa ser agora mesmo... Tenho compromisso com meu cliente somente
á tarde. então disse aos homens ao seu lado. Se nos derem licença...
Pois não. responderam em uníssono, deixando-os.
Mas não antes de lançarem um olhar enviesado para Edward que apenas retribuiu o olhar
com uma sobrancelha erguida. Quando o enfrentamento incauto dos homens se tornou
cansativo, o vampiro se voltou para James. Este ainda os observava partir enquanto
Edward não desprendeu o olhar de seu rosto. Como era possível estar tão calmo, pensou.
Quando estavam á sós, James se voltou em sua direção, flagrando-lhe o olhar.
Alguma coisa errada senhor?
Tudo está errado, mas você vai me ajudar a consertar."
Finalmente o encontro deles... Espero que vcs façam bom uso da conversa...
Vejo-as amanhã... Bjus e até lá.. o/

(Cap. 61) Capítulo 31 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... bom dia!...
Bom, gostaria de começar pedindo desculpas... agora estou com o tempo um pouco mais
limitado, então não tem como responder aos reviews prontamente, pois sempre demoro
horas sempre que deixo juntar.
Ainda assim continuem deixando, pois eu os leio quase todos os dias e no domingo á
noite eu respondo á todos...
E como sempre quero agradecer as indicações... Obrigada...
Tbm gostaria de avisar que deixei na pg inicial da fic meus endereços de contato do kut e
do formspring... quem quiser add é só procurar lá... =D
Então é isso... Agora vou deixá-las com a estória... espero que gostem...
BOA LEITURA!

Edward deixou seu BMW no estacionamento do tribunal e seguiu expectante até a construção
antiga. Custava á acreditar que James estivesse na corte, mas aquela era sua única pista e
simplesmente tinha que segui-la. Baseava-se na ida de seu sócio ao escritório para crer na
veracidade da informação. Precisava interrogá-lo. Preferia fazê-lo á noite, em outro local, mas não
poderia esperar mais. Desde que o rábula o citou, somente o esqueceu quando flagrou Jasper á
lamber a mão de Isabella, assim como não teve tempo de se ocupar da revelação antes de tirar a
jovem da casa em segurança. Agora, porém, não conseguia parar de pensar nas palavras de Paul.
“James me avisou que você era forte e cheio de truques.“
Como ele poderia saber?... E que excesso de confiança era aquele que o fazia circular livremente
por onde seria facilmente encontrado depois de ter transformado o humano? Só havia um meio de
descobrir. Ao pensamento Edward imprimiu mais velocidade aos seus passos, sempre tomando o
devido cuidado de não ultrapassar o limite aceitável dos humanos.
Expectante, subiu a escadaria que o levaria ao grande saguão. Descobrir onde James advogava
havia sido fácil, logo estava a duas portas da sala em que ele atuava; podia ouvir sua voz
inquiridoramente apaixonada enquanto defendia sua causa. Não entraria ou chegaria até ele,
somente aguardaria suficientemente afastado para segui-lo na saída. Enquanto esperava sacou seu
celular e ligou para Alice. Á um toque ela atendeu, então perguntou.
– Já chegaram?
– Sim... O transito estava tranquilo. Estamos aqui há alguns minutos.
– Ótimo!... Deixe-me falar com Isabella...
Após um breve instante, ele finalmente ouviu a voz amada sussurrar seu nome ansiosamente. Com
o coração oprimido e culpado por não estarem juntos, pediu roucamente.
– Perdoe-me não poder estar aí com você.
– Não precisa... – ela disse simplesmente. Então, depois de um pigarro, perguntou. – Como está
Carmem?
– Está bem, não se preocupe... – sem desviar os olhos da porta, acrescentou. – Com nada.
– Impossível, mas vou tentar... Vai demorar?
– Sinceramente não saberia dizer. Tenho algumas coisas á resolver, não sei quanto tempo isso me
tomará.
Depois de alguns segundos hesitantes Edward a ouviu pedir.
– Venha assim que puder...
– Essa sempre foi minha intenção. – ele disse carinhosamente. Depois de ouvi-la rir mansamente,
acrescentou. – Sou praticamente nada sem você!
– Edward... – ela arfou.
Nesse momento Edward ouviu u coro de protestos vindos da sala de James, seguido de repetidas
marteladas contra madeira. Ao que pôde entender, o juiz havia decretado recesso da sessão,
causando certo tumulto. Infelizmente não poderia mais reconfortar-se com a voz de Isabella.
– Preciso desligar agora... – antes, porém, disse. – Eu te amo!
– Eu também... – ainda pôde ouvir antes de encerrar a ligação.
Enquanto as vozes se acalmavam no interior da sala, Edward digitou alguns números mais uma vez
e levou o aparelho ao ouvido.
– Jasper. – disse assim que o amigo atendeu. – Preciso avisá-lo que estou no tribunal. Se estiver
perto de Alice ou Isabella não diga nada, por favor. Não quero preocupá-las. Mas acho que você
devia saber.
– O que tinha para fazer aí logo agora? – ele perguntou em um sussurro. – Pensei que fosse limpar
sua casa.
– E vou. Mais tarde... Agora preciso cercar o James.
– James?!... Por quê?
– Acredito que foi ele que transformou Paul. E se estiver certo, ele é nosso intruso.
– O quê?!... – perguntou incrédulo ainda de forma sussurrada, então pediu antes de desligar. –
Espere um pouco.
Edward olhou para o aparelho com o cenho franzido. Simultaneamente a porta foi aberta dando
passagem para os ocupantes da sala. Em alerta, o vampiro colocou o celular de volta ao bolso e
esperou. Por um instante temeu que James sentisse sua presença e tentasse outra saída. Seu receio se
mostrou infundado; logo viu seu sócio sair acompanhado de dois homens. Imediatamente ele olhou
em volta á sua procura. Edward deu um passo em sua direção, revelando-se. Como havia acontecido
na tarde do sábado, seu colega lhe sorriu antes de acenar-lhe.
O vampiro apenas retribuiu o aceno sem sair do lugar ainda sem entender a saudação amigável.
Após instantes de conversação com seus acompanhantes – ao perceber que Edward estava ali por
ele – James sinalizou para que esperasse um pouco mais, ao que ele acenou um assentimento mudo.
Passados alguns minutos, James indicou sua direção aos homens que estavam ao seu lado antes de
seguirem até ele. Quando todos estavam á sua frente o advogado fez as apresentações.
– Senhores, este é Edward Cullen... Senhor, estes são Guido e Carlo Campana, filhos de meu
cliente.
Edward não ouviu os nomes, apenas respondeu mecanicamente enquanto analisava a expressão do
vampiro á sua frente.
– Agradeço a apresentação, mas ela é desnecessária. – disse um dos homens com leve sotaque. –
Quem não conhece o Sr. Cullen?... Sem ofensas Sr. Styling, mas ele era a primeira opção de meu
pai. Infelizmente sua secretária informou-nos que ele estava com a agenda lotada. Ao que parece é
um homem muito ocupado senhor...
– Exato. – Edward retrucou, cortando-o.
Não tinha tempo para trocar amabilidades com ítalo-americanos de índole duvidosa.
– Muito ocupado e sem nenhum tempo á perder, então... – disse se voltou para James. – Quando
estiver livre, quero falar com você.
– Então creio que possa ser agora mesmo... Tenho compromisso com meu cliente somente á tarde. –
então disse aos homens ao seu lado. – Se nos derem licença...
– Pois não. – responderam em uníssono, deixando-os.
Mas não antes de lançarem um olhar enviesado para Edward que apenas retribuiu o olhar com uma
sobrancelha erguida. Quando o enfrentamento incauto dos homens se tornou cansativo, o vampiro
se voltou para James. Este ainda os observava partir enquanto Edward não desprendeu o olhar de
seu rosto. Como era possível estar tão calmo, pensou. Quando estavam á sós, James se voltou em
sua direção, flagrando-lhe o olhar.
– Alguma coisa errada senhor?
– Tudo está errado, mas você vai me ajudar a consertar.
– Como?! – ele perguntou, aparentemente sem entender. Então clareando seu semblante, exclamou.
– Ah... O senhor descobriu alguma pista sobre aquele intruso?... É isso?... Em que posso ajudá-lo?
Edward controlou-se para não rosnar. Chegou á conclusão que o vampiro á sua frente não fazia
nada mais do que encenar, acreditando de tal forma em sua personagem mascarada pela submissão
que se considerava inatingível. Enquanto o encarava, Edward se lembrava das palavras do rábula;
que a função de matá-lo não lhe cabia, mas que o faria mesmo assim. Evidente que essa outra
pessoa era aquele que o alertou sobre seus truques; sobre sua força. Aquele que o transformou.
Tudo se encaixava. Nunca foi preciso influenciar James como Zafrina dissera. Todos estavam
juntos; unidos para derrotá-lo. Talvez a única verdade fosse que aquela ação conjunta se tratasse de
um jogo. Com certeza usaram Rosalie como um peão descartável; agora Edward acreditava que a
loira indigesta havia morrido inocentemente. Talvez Emmett tenha tido o mesmo fim ao se opor ou
resistir ás induções. Constatada a verdade, somente lhe restava saber os motivos daquele teatro e
encerrar a sessão, dando um fim á todos eles.
– Aqui no corredor não é o lugar. Siga-me. – Edward ordenou, controlando-se ao máximo.
Dito isso seguiu em direção aos banheiros. Não era o melhor local, mas não poderia correr o risco
de levá-lo para onde pudesse fugir facilmente. Se bem que, aquela seria a hora de seu colega
perceber que alguma coisa estava errada e verdadeiramente tentar fugir. Porém, para aumentar a
cisma de Edward, o vampiro o acompanhou até o local sugerido sem nada dizer ou fazer.
Ao entrarem, “pediram” que os cinco homens que ocupavam o banheiro masculino saíssem. Eles
esperaram até que o último fechasse a porta atrás de si antes de olharem-se novamente. Naquele
ponto, Edward não poderia mais esperar e, sem que James estivesse preparado, ergueu a mão e o
prendeu pelo pescoço empurrando-o até que batesse contra os azulejos da parede.
– Mas o quê...? – James tentou dizer antes de chocar-se de costas.
– Agora nós dois... – Edward anunciou entre dentes. – Basta de agir pelas minhas costas... Estamos
sós aqui... E você vai me dizer o motivo de ter feito todas aquelas coisas.
– Que... coisas...? – perguntou abafadamente, olhando-o apavorado enquanto tentava retirar a mão
de seu pescoço inutilmente.
– O ataque no parque, todas as mortes... E o que considero pior... – disse sombriamente. – Ter
transformado aquele seu colega abjeto em vampiro.
– Que... colega?... – balbuciou sem entender.
Sem paciência Edward apertou seu pescoço ainda mais enquanto dizia.
– Aquele que você tão prestativamente impediu de cumprir minhas ordens, adiando que estivesse no
inferno á uma hora dessas. Como mantê-lo vivo para afrontar-me não foi o suficiente, você o
agraciou com a imortalidade.
Percebendo que James não conseguia falar, Edward afrouxou o aperto em sua garganta.
Imediatamente ele exclamou.
– Paul é um imortal?
– Até quando vai manter a encenação? – Edward perguntou um tom mais alto, antes de socar o
azulejo ao lado da cabeça de James sem se importar com o estrago.
– Não sei do que está falando... Não vejo Paul desde que o levei ao hospital há pouco mais de dez
dias. Como posso ter feito tal coisa?
– Chega de bancar o desentendido comigo James... Ele foi transformado naquele mesmo dia, não
depois.
– Sinceramente não sei do que está falando, senhor.
Novamente Edward apertou-lhe o pescoço então, de repente o largou. Não estava lidando com um
vampiro novo; sua força era superior e saberia se defender sem chamar á atenção caso fosse
atacado. O vampiro estava furioso, cada vez mais ansioso por achar uma maneira de fazer o outro
falar. Sabia que não estavam em local apropriado, mas precisava de respostas. Qualquer uma desde
que lhe indicasse uma ponta solta naquela trama mentirosa.
– Não sabe?... Então talvez devamos encerrar a conversa sem sentido para o nobre colega e
finalmente aproveitarmos que estamos sozinhos. – dito isso o socou no rosto para provocá-lo. –
Estou aqui... Sem ninguém á minha volta... O que vai fazer?
O vampiro á sua frente tocou o rosto e o olhou com o cenho franzido. Depois de mover o maxilar,
perguntou.
– Por que fez isso?... Já disse que não tenho nada á ver com a transformação de Paul.
Sem querer demonstrar que poderia atingi-lo mesmo á distância, Edward foi até ele e o pegou pela
gola do paletó juntamente com a da camisa cara que usava.
– Pode ter sido pela invasão á minha sala no sábado. Não sabe sobre Paul, não é?... E sobre
Zafrina?... Vai negar que a conhece também? Que estão juntos?
– Ainda não sei sobre o que está falando senhor... Quem é Zafrina?
Edward começava realmente á ficar cansado da negação. Sua vontade ela bater em James até que
confessasse, mas algo na postura do vampiro que mantinha preso pela roupa teve o poder de
confundi-lo; a falta de ação de James. Por um instante infinito, Edward analisou os olhos azuis do
vampiro á sua frente tentando desvendar-lhe as atitudes. O vampiro mais velho conhecia a
capacidade de sua espécie em dissimulação, mas, prendendo-se aos detalhes, permitiu-se acreditar
que James não sabia realmente ao que ele se referia.
Estavam os dois ali, sozinhos. James em todo o tempo apenas tentou se soltar. Em momento algum
revidou ao ataque, nem mesmo quando foi socado. Seu coração batia erraticamente; estava
estressado, mas não agressivo. Aquela postura não condizia com criaturas como eles. Nunca, jamais
alguém apanharia sem tentar se defender. Até mesmo os humanos reagiam á socos e empurrões.
E aquela era a “hora da verdade”. Edward já havia revelado conhecer seu trunfo, sua parceira. Não
havia motivo lógico para continuar a farsa. Segundo Paul, quem o transformou tinha pendências á
serem resolvidas; talvez o odiasse tanto quanto o rábula. E o próprio cretino havia sido a prova de
que tal sentimento não poderia ser represado; se James tivesse algo contra ele não suportaria ser
tratado daquela maneira humilhante por muito tempo.
A constatação o alarmou. Se James não fosse o mentor da trama, voltaria ao zero. Na tentativa de
provar á si mesmo que sua teoria estava errada – e até como forma de extravasar a frustração se
sentia – Edward socou-o mais uma vez com a mão livre. James “tinha” que reagir; o vampiro
“precisava” estar errado. Não suportaria ficar novamente sem pistas.
– Defenda-se. – ordenou.
– Não quero brigar com o senhor. – James disse novamente tocando o próprio rosto.
Edward bufava exasperado enquanto andava de um lado ao outro na frente de James. Não poderia
acreditar que novamente ficaria sem respostas. Então, ao olhar para seu sócio, se lembrou das
palavras de Zafrina quando o citou.
Sem nem ao menos amadurecer a idéia, partiu para o ataque, porém dessa vez não machucou James,
apenas o prensou novamente contra a parede. Nunca havia feito o que pretendia. Nunca acreditou
que tal expediente pudesse existir, mas sempre era hora de aprender coisas novas; havia a primeira
vez para tudo. Então se concentrando, controlando sua força e sua fúria, obrigou o vampiro á
encará-lo e ordenou.
– Quero que me diga o que esteve fazendo em meu escritório na tarde de sábado.
Começava á se sentir mais uma vez enganado pela vampira quando viu o brilho de obediência
cruzar os olhos azuis.
– Estava procurando pistas que indicassem onde você poderia estar.
“Você”, sem o senhor?... Edward não teve tempo de entender o que a mudança de tratamento
significava, pois James prosseguiu.
– Ela pediu que eu a ajudasse. Disse que era importante, mas logo foi embora. Ela havia alertado
que você não poderia ver-me vasculhando as suas coisas, então quando percebi a aproximação de
seu elevador voltei á minha sala. Gostei de vê-lo de volta. Teria algo á dizer para ela, mas era
segredo. Você não poderia descobrir então quando ela me ligou para saber se poderia voltar ou se eu
tinha alguma informação, disse que aquele não era o melhor momento de conversarmos. Ela não
gostou quando disse que você me viu e ordenou que eu saísse imediatamente.
– Quem é ela?
– Uma das vampiras dele; a mais bonita delas... Não sei seu nome. Conhecia somente de vista,
nunca tive permissão de falar com ela.
– Dele quem? – Edward perguntou cada vez mais expectante. – A conhecia de vista de onde?
– Aro... – Então era verdade; Edward pensou satisfeito enquanto o vampiro induzido prosseguia. –
Conheço-a da casa dele. Ele...
De repente a porta do banheiro foi aberta e fechada praticamente em um único movimento.
Imediatamente o cheiro familiar lhe atingiu as narinas e então Zafrina se colocou entre eles,
livrando James de suas mãos, atrapalhando a indução. Edward tentou segurá-la, mas a vampira saiu
de seu alcance rapidamente levando James consigo.
– O que é isso agora? – Edward perguntou enfurecido, controlando-se, tentando se lembrar de onde
estava. – Esteve me seguindo?
– Não o segui. – ela disse sem desviar o olhar de sua direção. – Dessa vez nossos caminhos se
cruzaram ao acaso. Tentei conseguir a sua ajuda, mas como não foi possível vim procurar esse aqui
novamente.
Para surpresa do vampiro, James não prestava atenção ao que ela dizia e tentava se livrar da mão
feminina que agora o prendia fortemente.
– Solte-me... Senhor Cullen. – chamou ansioso por se soltar.
– Cale a boca e fique quieto infeliz. – ela ordenou seriamente sem olhar em sua direção.
Imediatamente o vampiro aquietou-se, permitindo que fosse liberado. Edward assistiu a cena,
incrédulo. A vampira nem ao menos o encarou, apenas deu a ordem e foi atendida prontamente.
– Como fez isso?!
– Se não sabe não serei eu á lhe dizer... Confiei uma vez e você se voltou contra mim.
– Não me voltei contra você... Apenas não aceitei que continuasse a distrair-me. Como agora...
Perdendo o pouco controle que lhe restava diante da aparente hipocrisia, Edward tentou atingi-la de
onde estava usando seu poder. Novamente foi surpreendido, dessa vez pela reação dela. A vampira
apenas ergueu os braços e os movimentou á sua frente. E nada lhe aconteceu. Foi como se
neutralizasse toda energia que Edward mandou em sua direção.
– Não estava tentando distraí-lo nem antes muito menos agora. Se Paul encontrou sua humana não
foi por meu intermédio ou com minha ajuda então agradeceria se parasse de atacar-me.
Edward passou as mãos pelos cabelos, exasperado. A vampira era imune á sua força. Encarava-o
sem temor, apenas com respeito. A descoberta lhe mostrou que ela realmente nunca quis um
enfrentamento. Diante disso, Edward se obrigou á se acalmar e pensar com clareza. Isabella havia
dito que o rábula o seguiu. Não sabia mais em quem acreditar, mas precisava crer que o invasor de
sua casa não tinha porque mentir. Se assim fosse, Zafrina também dizia a verdade e James se
tornava uma incógnita. Depois que o vampiro relaxou de sua postura agressiva, ela disse.
– Agora entendo o que mudou para que Aro recuasse... Você conseguiu despertar sua força. Nas
primeiras vezes que o vi depois que chegamos á Nova York você se comportava como um vampiro
comum. Lindo é verdade; bem sucedido no mundo humano, mas medíocre para nossos padrões.
Espantei-me com a coincidência em encontrá-lo e me admirei que alguém que carregava a marca de
um dragão se equiparasse aos vampiros sem estirpe.
– Por que não fala de forma que eu entenda? – vociferou.
– Por que quanto mais você souber, mais terei problemas com meu senhor. Até que eu finalmente
possa ir embora dessa cidade, preciso manter as coisas como estão. Quero que toda a
insubordinação de minha parte se resuma á dar um fim á Paul e não por confraternizar demais com
o inimigo.
Agora que Edward tinha certeza da existência de Aro ficava mais fácil aceitar o que ela dizia. Ainda
não havia juntado o quebra-cabeça, mas as peças oferecidas eram verdadeiras. Mesmo que não
acreditasse nas palavras de James, não tinha motivos para Zafrina continuar com a mentira depois
de tudo que havia acontecido. Sentindo-se tremulo ao tentar domar sua força, disse.
– Não é um pouco tarde para isso?
– Talvez... – ela deu de ombros indicando indiferença. – Mas eu ainda posso contornar, então é
melhor que...
Zafrina se interrompeu no momento exato em que a porta foi aberta novamente. Edward não
precisou olhar para saber quem havia entrado. Sabia que deveria esperar por aquilo; o amigo nunca
o deixaria se soubesse onde o encontrar.
– Edward?! – Jasper perguntou se colocando ao seu lado, sem desviar os olhos da vampira e James.
– O que está acontecendo aqui?
– Está tudo bem Jasper. – Edward assegurou tocando em seu ombro. – Essa é Zafrina.
Sem dirigir-se á ela o amigo perguntou.
– Ela e James estão realmente juntos?
– Ainda não entendi bem o que os une... Mas posso dizer que ela não está envolvida em tudo que
vem acontecendo. – então acrescentou. – Pelo menos não diretamente.
– E James? O que há com ele?
– Está induzido. – Edward explicou simplesmente.
– Como disse?!...
Jasper olhou rapidamente em sua direção alarmado, então se lembrando que não poderia baixar a
guarda voltou á encarar Zafrina.
– É uma longa história, mas fazendo um resumo da ópera, vampiros podem influenciar uns aos
outros.
– Edward... O que está dizendo?
– Não se preocupe Jasper... – então Edward se dirigiu á Zafrina. – Há restrições quanto á isso.
– Há sim... – ela confirmou sustentando-lhe o olhar. – Assim como existem várias outras coisas á
nosso respeito que ao que parece desconhecem. Por isso que, apesar de toda força e lealdade que
possuem, não estão preparados. Olhando para vocês me pergunto com o que se ocuparam todos
esses anos que não tiveram tempo de descobrir tudo o que alguns de nossa espécie são capazes de
fazer.
– E o que são capazes de fazer?
– Nossa trégua terminou Edward... Não vou dizer-lhe mais nada. – assegurou olhando para Jasper
inquiridoramente antes de prosseguir. – Nem mesmo seu amigo irá influenciar-me. Vou estar
encrencada com Aro quando ele regressar e dessa vez será em vão. Além de não me ajudar Edward,
você se voltou contra mim duas vezes como o bom impulsivo e destemperado que é. Muito me
admira ter descoberto do que é capaz somente agora.
Ignorando o último comentário, Edward tentou arrancar-lhe mais informações.
– Não vou mais atacá-la; dou-lhe minha palavra. Se já está “encrencada” com Aro não custa nada
contar-me mais.
– Como estava dizendo antes de ser interrompida, ainda tenho como reverter... Lido com a fúria de
Aro há muito mais tempo do que os anos de vida de todos vocês juntos. Mas para que isso aconteça,
no momento vocês não devem saber mais do que já sabem. Se esse ser fraco tivesse falado demais,
não teria como consertar. – disse indicando James. – Acredite Edward... Nem você ou seus amigos
estão preparados para lidar com Aro. Então é melhor que não o conheçam ou descubram mais
detalhes. Tudo á seu tempo.
Edward não se conformaria com suas palavras; pelo menos “ele” estava preparado.
– Você mesma disse á pouco que ele recuou ao saber de minha força. Não creio ser tão
despreparado assim.
Mais uma vez, ao comentário, Edward se perguntou como ele poderia saber, pois nem mesmo teve a
chance de contar para seus amigos.
– Esse Aro sabe que sou páreo para ele. – disse orgulhoso.
Zafrina riu de suas palavras.
– “Ninguém” é páreo para Aro!... – afirmou convictamente e prosseguiu. – Sim, você é forte.
Arrisco-me á dizer que até mais forte do que ele... Mas se vocês partissem para um combate aberto,
a luta duraria por dias á fio. Da forma que são obstinados, acredito que não se deixariam vencer
nem mesmo pelo cansaço. A sede provavelmente os fizesse recuar, mas sendo os cavalheiros que
são se dariam uma trégua antes de começarem tudo de novo.
– Mas ainda assim alguém venceria no final.
– Evidente que sim... – ela disse erguendo uma sobrancelha de forma sugestiva. Então completou
seguramente. – Aro venceria você.
Cansado de ouvir que não poderia acabar com um vampiro declaradamente mais fraco, Edward
debochou.
– Sabe... É realmente difícil imaginar o vampiro que me descreve quando me disse hoje cedo o que
ele realmente quer. Aro não é essa magnificência que agora enaltece. Ele não passa de um ladrão da
vida alheia, covarde ao ponto de agir pelas minhas costas.
– Edward... – Jasper chamou. – Não me agrada atacar mulheres e aqui não é o lugar, mas se desejar
podemos colocar um ponto final nesse encontro. Depois veremos o que fazer com os humanos á
nossa volta.
O vampiro não desejava aquilo. Zafrina o irritava com toda aquela conversa, ainda não a suportava
mesmo acreditando em seu não envolvimento nas mortes e na visita de Paul á sua casa, mas ela
ainda tinha as respostas. Não sobre o vampiro abutre, mas sobre a verdade de sua marca. Estava
prestes á dizer á Jasper que não haveria luta naquele banheiro, quando a ouviu dizer.
– Faço um trato com você Edward.
– Que tipo de trato?
– Você nos deixa sair daqui... James e eu. Em troca eu permito que saiba como Aro conhece tanto
sobre você... Por que nunca poderá derrotá-lo.
Sem pensar á respeito, Edward perguntou.
– Por que quer levar James com você?... Qual a importância dele?
– Para mim não tem importância alguma. – ela assegurou. – Quero apenas manter as coisas
equilibradas e se você for esperto, não vai querer machucá-lo ou matá-lo. Lembra-se dos peões?
Edward assentiu com a cabeça e ela prosseguiu.
– Pois bem... James é um deles. E usado por Aro há anos e se alguma coisa lhe acontecer, ele saberá
que algo mudou. Descobrirá mais rápido que agora você sabe sobre ele. Sei que não confia em mim,
mas acredite... Até mesmo para você, é melhor que nada aconteça á esse aí. – disse indicando James
com a cabeça. – E então... Aceita os termos?
Edward ponderou por um minuto. Realmente não sabia o que pensar, mas estava claro que James
era um problema menor. Saber que ele era usado há tanto tempo explicava seu comportamento
servil e a freqüência no escritório mesmo depois de atitudes suspeitas. Tê-lo por perto poderia não
ser bom, mas também não era de todo ruim. Poderia poupá-lo e quem sabe, futuramente interrogá-lo
sem interferências.
O problema daquele acordo proposto era o outro material de troca. Edward estava dividido entre o
desejo de saber os segredos de Aro tanto quanto saber sobre a sua marca. Naquela manhã esteve tão
preto de descobrir.
– Façamos o seguinte... – começou. – Asseguro-lhe que não farei nada contra James. Ele pode
voltar ao que sempre foi; não vou importuná-lo... Ele pode retomar suas atividades agora mesmo se
assim você desejar.
Nesse ponto Jasper o olhou alarmado, Edward não se importou e prosseguiu.
– E em troca, você me responde duas coisas.
Zafrina sorriu em sua direção e disse.
– Edward... James não é importante para mim... Então não tem o que me oferecer. Como disse
quero apenas manter o equilíbrio e evitar maiores problemas com Aro. Então é pegar ou largar.
Decidido Edward, perguntou.
– Lembra-se da última pergunta que lhe fiz hoje pela manhã?
– Lembro-me... – ela disse, mas antes que Edward prosseguisse Zafrina acrescentou. – E não tenho
nada á lhe dizer quanto àquilo. Descubra sozinho o significado das marcas idênticas ou fique
eternamente na ignorância. Minha proposta é única e imutável.
Edward sentiu a raiva crescendo em seu peito. Aquela não era a resposta que queria ouvir. Talvez
não tivesse outra chance de falar com a vampira e ele precisava saber se existia algo que anulasse os
efeitos daquela marca. Contudo, não havia muito á ser feito. Estava claro que sua força não atuava
contra ela e não poderia partir para um enfrentamento onde estavam mesmo que Jasper tenha
sugerido tal ação. E uma vez que não imploraria, teria que engolir as palavras da vampira junto com
seu ódio.
Estava clara a atitude de Zafrina. O vampiro poderia não ter intimidade com ela nem conhecê-la á
fundo, mas conhecias as mulheres de um modo geral. Sabia que a vampira estava sendo maldosa
deliberadamente. Talvez em represália por tê-la atacado; talvez por despeito por ter se recusado á
estar intimamente com ela. Agora Zafrina estava livre e não presa como no Café. Não era obrigada
á lhe dizer nada se não fosse de seu agrado. Resignando-se diante situações que não poderia mudar,
disse.
– Está bem... Diga-me como Aro sabe tanto á meu respeito.
– Nunca disse que contaria.
Edward respirou profundamente.
– Zafrina, eu não estou com paciência.
– Então é melhor encerramos nossa conversa. Eu realmente não disse que contaria, disse que
deixaria que você soubesse. É diferente.
– Então você vai sair daqui sem me dizer nada?
– Exato... E nem você ou seu amigo vão me seguir.
– Esse não me parece um bom acordo... Apenas você leva vantagem com ele.
– Diz isso porque sempre é ofuscado por sua impulsividade. Se visse as coisas pela ótica da razão,
perceberia que é quem mais tem vantagens nesse acordo.
Edward preparava-se para respondê-la quando um grupo de quatro homens entrou no banheiro. Ao
se depararem com Zafrina estacaram para admirar-lhe a beleza voluptuosa. Ignorando-os ela
prosseguiu.
– Vou deixar James com você como prova de confiança... Se manter sua parte no acordo, eu cumpro
com a minha.
Não havia mais nada á ser feito, então, antes que ela se fosse, Edward perguntou.
– Quando?
– Em breve. – e então a vampira se foi sendo seguida até a porta pelos homens encantados, mas não
antes de tocar furtivamente o rosto de Jasper.
Imediatamente o vampiro eriçou-se e se pôs diante de Edward limpando o local do toque como se
ele o tivesse sujado.
– Edward?... Quem é Aro?... E como pôde deixá-la sair assim?
– Vou explicar-lhe. Quanto á Zafrina não tinha como ser diferente; não “aqui”... – disse indicando
seu entorno. – Talvez se estivéssemos em local ermo pudéssemos obrigá-la á falar mais, mas aqui,
cercados de humanos, seria impossível.
– Você está certo. – disse Jasper passando as mãos pelos cabelos. Indicando James, perguntou. – O
que faremos com ele?
– Vamos deixá-lo ir.
– Tem certeza que é seguro? Ele não é nosso intruso como disse?
– Acredito que não, esse é o tal Aro ao qual Zafrina se referiu. Mesmo assim não é seguro liberar
James... Ele pode ser um peão, mas ainda é um vampiro. Contudo você a ouviu. Vou manter minha
parte desse acordo para ver o que acontece.
– Edward... – Jasper começou incerto.
O advogado tocou no ombro do amigo em um gesto tranqüilizador.
– Por ora não há com o que se preocupar... Vamos sair daqui. Preciso lhe colocar á par dos últimos
acontecimentos.
– E quanto á ele? – perguntou novamente indicando o vampiro induzido.
Sem responder ao amigo, Edward foi até seu sócio e o analisou por alguns segundos. Se não
estivesse curioso quanto ao que a vampira tinha á lhe dizer, o despertaria somente para inquiri-lo
novamente. Contudo não poderia fazê-lo; não ainda. Apegando-se á esperança que tê-lo por perto
ainda seria de grande valia para si próprio, Edward o chamou firmemente, dizendo.
– James. Saia agora e vá cuidar de seus afazeres sem recordar o que se passou aqui.
Sem responder-lhe o vampiro passou por ele e saiu sem olhar na direção de Jasper. Este assistia a
cena com o cenho franzido. Assim que a porta foi fechada, ele exclamou.
– Inacreditável!
– Realmente incrível. – Edward concordou indicando-lhe a saída. – Vamos?
Saíram do banheiro masculino e se dirigiram á saída do edifício. Enquanto caminhavam pelo
corredor, Jasper perguntou.
– Sobre qual força se referia enquanto conversava com a vampira?
– Primeiro vamos sair daqui... – pediu.
Jasper se calou e caminharam em silêncio até o estacionamento. Quando se colocaram ao lado da
BMW de Edward, ele começou a narrar como havia despertado uma nova força. Cada palavra lhe
custou boa parte de seu alto controle. Lembrar o ocorrido naquela noite infernal jamais seria
tranquilo para o vampiro, ainda mais naquele dia em que o rábula se aproximou de Isabella mais
uma vez; em que se lançou contra ele, mesmo tento deixado claro que estava indo contra o desejo
de quem o criou. Somente por recordar o ocorrido, tinha que se controlar para não ser invadido pela
força despertada sempre que era acometido por suas emoções mais intensas.
O amigo parecia entender como as palavras o afetavam. Ouviu em silêncio, fazendo poucas
interrupções durante sua narrativa. Edward aproveitou ainda para se desculpar pela semana em que
se manteve distante. Também explicando que naquele período, aprendeu um pouco mais como
utilizar seu novo poder, revelando que havia se valido dele para impedir que o amigo ou Alice
pudessem entrar na casa nos seus dias mais sombrios.
– Então... – começou Jasper. – Baseando-nos no que a vampira disse sobre você ter demorado á
descobrir essa força já que é tão intempestivo, podemos concluir que você sempre a possuiu.
– Sim... Mas nunca soube ser capaz dessas coisas.
– Ela disse também que não sabemos nada sobre os outros como nós... Acredita que todos sejam
como você?... Seria possível que eu também tivesse essa força oculta?
– Sinceramente não saberia lhe dizer. Zafrina, por exemplo, possui um poder diferente do meu. Ela
pôde neutralizar meu ataque antes de você chegar. Se brigássemos, eu nada poderia contra ela
usando minha força... – ele disse relutantemente, passando as mãos pelos cabelos antes de
prosseguir.
– Odeio admitir, mas diante de tudo que soube e presenciei essa manhã, realmente não sabemos
nada sobre nossa própria espécie. E se for preciso passar pelo o que eu passei para despertar tal
força, acredito que você nunca descobrirá do que é capaz. É sempre tão controlado e centrado.
Sempre foi assim em todo o tempo em que estamos juntos, até mesmo quando mortal. Raríssimas
vezes eu o vi perder a linha.
– É verdade. Desculpe-me a sinceridade, mas não acredito que esbravejar ou se descontrolar leve
alguém á parte alguma. No seu caso ajudou na descoberta, mas fora isso, nunca conseguiu nada
sendo intempestivo.
– Sei disso, mas essa é minha natureza, não sei ser diferente. – Edward disse secamente. Não estava
em condições de ouvir sermões velados sobre a sua conduta.
Jasper sorriu de sua expressão contrariada.
– Não se aborreça com minhas palavras. Sabe que o admiro mesmo sendo obstinado e facilmente
irritável. Não o considero meu líder á toa. Sua determinação e força sempre nos guiaram pelo
melhor caminho. E confio que agora não será diferente. Mesmo com todas essas novidades, acredito
que você não vá deixar que nada nos destrua ou separe.
A declaração do amigo o desconsertou. Sem saber o que dizer ou fazer, afirmou apenas.
– Não “deixaremos”. Sempre estivemos juntos e agora não seria diferente.
– Para sempre. – assegurou Jasper colocando as mãos nos bolsos, aparentemente tão desconsertado
quanto o próprio Edward. – E me desculpe pelo o que disse em sua casa. Acredite, não é incomodo
cuidar de Isabella, somente gostaria de entender porque voltou atrás.
– Sabe por quê.
Edward disse voltando a se armar intimamente; não queria entrar naquele assunto mais uma vez.
Para sua surpresa, Jasper falou apenas.
– Sim eu sei... Não entendo, mas vou respeitar sua decisão. Você deve saber o que está fazendo.
– Obrigado!
– Bem... E quanto á esse Aro?... Quem é ele?
– Outro mistério, pois não o conheço.
Dito isso, reproduziu as palavras que Zafrina usou para contar o que o intruso desconhecido
desejava ao afrontá-lo. Disse sobre sua vontade de tomar-lhe o lugar e que por algo que havia feito
– que nem ao menos sabia, visto que nunca havia cruzado o caminho daquele larapio dos infernos –
agora havia mudado. Que pelo o que pôde entender após as palavras do rábula, seu visitante
desejava vingança.
– Não tem idéia mesmo do que possa ter feito á ele? – Jasper perguntou encarando-o.
– Nem ao menos o conheço. Como posso ter lhe tirado alguma coisa?
Jasper permaneceu avaliando seu rosto, então disse como se ainda ponderasse á respeito.
– Pode ter sido “alguém”... Não me admiraria nada se alguma mulher estivesse envolvida nesse
assunto.
– Acha isso? – a pergunta saiu de forma sussurrada.
Com as palavras de Jasper vieram outras ditas por seu atacante poucas horas atrás.
“Eu vou cuidar para que nunca mais se meta com mulheres alheias”.
No calor da luta não havia dado a devida importância ao plural. Agora ficava claro que ele não se
referia apenas á Isabella assim como fazia incidir uma nova luz em meio àquele breu que a falta de
informações lhes deixava. Ele próprio jamais mediria esforços caso alguém se colocasse entre ele e
sua noiva.
Por outro lado, havia a demora pelo confronto. Edward nunca conseguiria esperar para destruir
quem tivesse conseguido a façanha de tira-lhe Isabella. Também havia o fato de que esse rapace já
se encontrava ao seu redor, aproximando-se para roubar-lhe a vida. Somente há dois meses havia
descoberto que ele – Edward – lhe tirou “alguém”. As perguntas eram... Como um vampiro esteve
perto sem que ele soubesse de sua presença? E por que não o reconheceu antes?... Por que apenas
há dois meses?
– Edward? – Jasper o chamou. – O que há?... Lembrou de alguma coisa?
– Não... Apenas tentava entender o que vem acontecendo. Talvez você tenha razão. Mesmo que eu
não me lembre de ter tirado mulher alguma de outro vampiro, essa seria uma boa explicação.
– Bom... Pelo visto só descobriremos quando esse Aro resolver aparecer.
– Até lá precisamos cuidar de Paul. Ele está disposto é se aproximar de Isabella novamente. E pelo
o que disse não se sente inclinado á viver no anonimato. Se continuar como está, vai acabar nos
expondo.
– Então o que faremos?
– Ainda não sei. Infelizmente Zafrina não disse onde posso encontrá-lo. Ele sabe que á essa hora
Isabella me contou que estava em seu apartamento quando fui procurá-lo, não acredito que tenha
voltado para lá. Seria obvio demais.
– Muitas vezes o obvio é o melhor disfarce. – disse Jasper seriamente.
– Pode ser, mas não me fiaria nisso. – respirando profundamente, concluiu. – De toda forma sei que
ele vai tentar novamente. Preciso estar preparado para não deixá-lo fugir uma segunda vez.
Deixar que fosse embora estava fora de cogitação quando o encontrasse novamente. Sabia que
todos os aspectos daquela história eram importantíssimos, mas naquele momento o que mais lhe
incomodava eram as tentativas de aproximação do rábula. Poderia ficar com Jasper horas á fio
tentando chegar á alguma conclusão quanto aos motivos do intruso, sobre Zafrina ser ou não
confiável e até mesmo sobre poderes desconhecidos de seres como eles. Contudo, sempre, em todo
o tempo, sua mente vagaria até Isabella. Em uma parte distinta de sua mente, a curiosidade em saber
o que havia sido dito por ele e por ela naquela manhã não lhe deixaria entregar-se totalmente ás
especulações.
A maior parte dele desejava estar em sua cobertura, com ela. De preferência sentindo-a em seus
braços depois de ter tirado aquele peso opressor de seu peito. Não precisariam fazer mais do que
abraçar-se, desde que estivessem juntos sem a sombra de um rábula apaixonado entre eles. Sim,
seria perfeito, mas ainda teria que esperar para conversar com ela. Ainda precisava retornar á sua
casa para limpá-la e cuidar de Carmem. Estava prestes á dizer ao amigo que precisava ir embora
quanto Jasper disse.
– Concordo com você... Se é como diz, não é seguro para nenhum de nós que ele continue solto
pela cidade. E já que não podemos fazer nada no momento, acho que deveríamos decidir o que fará
com seus empregados.
– Ainda não sei. Não queria largar o jardineiro por aí para ele ser mais um entre os tantos que têm
aparecido mortos nos últimos dias. E tem Carmem. Não a quero perto de Isabella novamente, mas
também não acho prudente deixá-la sozinha na casa enquanto o corpo do marido desaparecido não
fosse encontrado.
Enquanto falava Jasper não desprendia os olhos de seu rosto. Quando terminou, ele disse.
– Acho que tenho a solução para livrá-lo do corpo sem ser preciso esperar que o encontrem... Se
aceitar o que vou propor, Carmem saberá que perdeu o marido imediatamente e logo poderá ficar
com os filhos que Isabella comentou.
– O que tem á me propor? – Edward perguntou franzindo o cenho.
– Estou amadurecendo a idéia. Antes preciso saber o quanto desgosta daquela casa.
Aquela era uma pergunta fácil de ser respondida. Por algumas horas acreditou que pudesse
“simpatizar” com ela uma vez que nela se reconciliou com Isabella e viveu os momentos mais
intensos em sua companhia, mas depois do ocorrido naquela manhã, toda sua tolerância com a
construção antiga se foi.
– Detesto-a desde que ficou pronta, sabe disso.
– Perfeito. – disse Jasper com um meio sorriso. – Então só preciso que confie em mim. Deixe que
eu cuide de tudo para você. Acho que seria melhor que fosse para sua Isabella e permanecesse ao
seu lado. Já tivemos emoção demais por hoje e o dia ainda nem acabou.
Edward não estava acostumado á delegar o que considerava sua obrigação á ninguém, nem mesmo
ao único amigo. Todavia, como havia pensado antes, para tudo tinha uma primeira vez e se flagrou
adorando o oferecimento. Apenas um detalhe lhe incomodava.
– Sabe que confio cegamente em você e em Alice, mas gostaria de saber o que pretende fazer.
Depois de lhe sorrir mais uma vez, Jasper passou á lhe explicar seu plano. Era temerário, mas teria
tudo sob controle, assegurou á Edward. A idéia pareceu tão inusitada e absurda que o vampiro
achou-a perfeita. Se Jasper conseguisse agir com a precisão desejada, tudo se resolveria á contento
para todos. Livrar-se-iam do corpo, Carmem receberia o seguro do marido e Edward talvez se
livrasse da casa odiosa. Sorrindo agradecido para o amigo, disse.
– Tome cuidado apenas com os quadros de minha mãe e de meu pai. No mais, faça o que desejar
com a casa.
– Considere feito. Preciso apenas buscar Alice para ajudar-me.
– Vemo-nos em meu apartamento então. – despediu-se Edward.
Assim que o amigo saiu em seu carro, Edward o seguiu em sua BMW. A parte dominante de sua
mente havia se apossado de todo o resto. Agora que Jasper havia sinalizado com a solução de seu
problema com os caseiros e precisaria esperar a nova aproximação de Zafrina, cada célula de seu
corpo desejava estar junto de sua humana. Como sempre, precisava dela para acalmar-se. Precisava
acercar-se dela para voltar á respirar, pensar. De preferência depois que conversassem e matasse
aquela erva daninha que começava á se alastrar por seu peito.
*********************************************************************

Notas finais do capítulo


E então... Gostaram?... me deixem saber...
Agora ficou claro que Zafrina não estava mentindo, né?... E antes de quererem apertar o
pescoço dela (ou o meu) saibam que ela tem um bom motivo para não contar tudo que
sabe...
Agora vamos ao spoiler:
" Desculpe-me Alice. É que essa espera está me matando...
Á mim também então por que não... Alice se interrompeu e escutou o silêncio, então
disse abrindo um sorriso. Chegaram.
Bella não havia escutado nada, mas acreditou na amiga. Com o coração aos saltos foi até
ela e esperou. Em menos de três minutos, ouviu o movimento da porta. Logo Edward e
Jasper apareceram em seu campo de visão. A amiga, em um movimento rápido, se pôs ao
lado do marido para abraçá-lo ao passo que ela não conseguiu sair do lugar. Parecia que
horas havia se passado desde que esteve com Edward pela última vez e agora a saudade
lhe travasse, assim como a emoção do reencontro.
Todavia não foi preciso esperar muito para tê-lo á sua frente. Edward não correu em sua
direção, mas depois de algumas passadas largas logo chegou á ela para correr a mão fria
por seu pescoço e levá-la de encontro ao próprio corpo segurando-a possessivamente
pela nuca. A jovem se permitiu respirar aliviada; seu vampiro estava de volta são e salvo.

Você demorou. sussurrou afundando a cabeça em seu peito, sentindo-lhe as batidas


erráticas do coração enquanto o enlaçava pela cintura".
Quinta tem mais... bjus amores... e até o próximo...
BOM FINDES!... =D

(Cap. 62) Capítulo 32 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia!...o/
Desculpem a demora... Estava meio enrolada aqui, mas dei uma paradinha para postar. =)

Obrigada pelas novas indicações e pelos reviews que sempre deixam... Já perceberam
que estou demorando para responder, mas sempre vou fazer... é que agora só posso msm
no final de semana; aos sábados ou nos domingos, mas sempre dou uma escapada para
ler o que deixam... =D
Bom... Vamos ao capítulo, vejo-as lá no final...
BOA LEITURA!...
Definitivamente seu problema era a falta que Edward lhe fazia. Até mesmo a cobertura, com todas
aquelas paredes de vidro, lhe deixava apreensiva, sufocada. Bella não conseguia relaxar como Alice
havia sugerido. Andava de um lado ao outro pela sala. Passando por móveis ainda em fase de
montagem ou analisando tudo á sua volta, sempre seguida pelo olhar especulativo da vampira. Se
fosse possível pediria á amiga que a levasse em seu apartamento para pegar algumas coisas e o mais
importante; pegar Black. Agora que estava finalmente no apartamento de Edward, poderia levar o
animal de estimação para ficar com ela. Não lhe agradava que tivesse que deixá-lo sozinho.
Contudo nem se daria ao trabalho de pedir, pois sabia que não havia meios de ser atendida. Como
Alice mesmo lhe dissera, uma coisa era sair sozinha... Outra bem diferente seria sair levando-a
consigo. Não poderiam nem mesmo ir ao saguão do edifício. Mesmo que não corressem perigo,
Edward enlouqueceria se voltasse e não as encontrasse onde mandou que ficassem. Essa fora sua
resposta depois que lhe contou sobre os investigadores do desaparecimento de Jared e sugeriu
entrarem em contato para pedir que viessem tomar seu depoimento no NY Offices.
– Espere por Edward. – Alice dissera. – Ele resolverá isso para você. Sabe que não pode ficar
perambulando por aí.
– Claro que sei. – lhe respondera. – Mas também sei que Paul não é onipresente... Não pode estar
em vários lugares ao mesmo tempo. E sinceramente acho que Edward já tem problemas demais.
Não queria que a polícia começasse á correr atrás de mim.
– Fala como se fosse uma foragida. Pelo que você explicou, eles querem somente fazer algumas
perguntas sobre aquele rapaz.
– Sim... Mas quanto mais demorarem á me achar, mais vão começar á pensar que posso ter alguma
coisa á esconder.
– Não pense nisso agora. Se as investigações começaram nesse final de semana ainda temos tempo.
E você não está fugindo nem nada. Está doente e em repouso, não foi o que disse para sua editora?
– Foi.
– Então deixe de inventar estórias que a colocam em perigo e relaxe.
Como se fosse fácil pensou depois de se repassar a conversa mentalmente. Liberando um suspiro
profundo, Bella abraçou o próprio corpo e saiu do meio dos móveis, indo até uma grande porta que
levava á piscina. Sabia que Alice tinha razão, mas quando pedia tal coisa não estava levando em
conta o perigo que correria e sim a necessidade de manter Edward longe de mais problemas. E
também havia a necessidade de ação. Depois da tensão que passara na casa, aquela inércia á
angustiava mais que a espera. Começava á se cansar daquela sensação de inutilidade. Como havia
pensado no carro, se fosse como eles, poderia estar na rua ajudando. Não presa ali.
Ao pensamento, a conversa que tiveram na cozinha e que tentava desesperadamente bloquear em
sua mente, lhe veio com força total. Não adiantava mais se iludir. Quando desejava ação também
estava tentando não pensar na bendita dor, mas estava claro que não seria fácil e a novidade
agravava em muito sua inquietação. Ainda mais que sua decisão estava tomada; cedo ou tarde
acabaria passando por ela. Agora sabia o que lhe esperava, sem ilusões ou expectativas
romanceadas.
Ao lhe revelar a verdade sobre a transformação, Alice apenas lhe fez ver o óbvio. Edward era
“demais” para qualquer mulher e para poder ficar com ele teria que pagar um alto preço. E pagaria
tão logo tivesse a chance, pois não havia desistido como Alice sugerira. Tudo o que fez foi pensar á
respeito e chegar á conclusão que naquele assunto não cabiam idéias pueris que fossem contra o que
Edward determinou. Se teria que agonizar por mais de um dia inteiro ao menos queria que Edward
estivesse ao seu lado; jamais passaria por aquilo sozinha ou sem seu consentimento.
– Pare de bufar e suspirar, Bella. – Alice pediu de onde estava. – Está me deixando nervosa.
Bella reprimiu um impulso de dizer que não ficasse lhe acompanhando. Contudo, não poderia ser
malcriada com a amiga, não novamente.
– Desculpe-me Alice. É que essa espera está me matando...
– Á mim também então por que não... – Alice se interrompeu e escutou o silêncio, então disse
abrindo um sorriso. – Chegaram.
Bella não havia escutado nada, mas acreditou na amiga. Com o coração aos saltos foi até ela e
esperou. Em menos de três minutos, ouviu o movimento da porta. Logo Edward e Jasper
apareceram em seu campo de visão. A amiga, em um movimento rápido, se pôs ao lado do marido
para abraçá-lo ao passo que ela não conseguiu sair do lugar. Parecia que horas havia se passado
desde que esteve com Edward pela última vez e que agora a saudade lhe travasse, assim como a
emoção do reencontro.
Todavia não foi preciso esperar muito para tê-lo á sua frente. Edward não correu em sua direção,
mas depois de algumas passadas largas logo chegou á ela para correr a mão fria por seu pescoço e
levá-la de encontro ao próprio corpo segurando-a possessivamente pela nuca. A jovem se permitiu
respirar aliviada; seu vampiro estava de volta são e salvo.
– Você demorou. – sussurrou afundando a cabeça em seu peito, sentindo-lhe as batidas erráticas do
coração enquanto o enlaçava pela cintura.
– Estou aqui agora. – Edward respondeu simplesmente cheirando o alto de sua cabeça depois de
abraçá-la. – Por enquanto não vou á parte alguma.
Ainda atada á ele, a jovem abriu os olhos e perguntou.
– Pretende sair essa noite ainda?
– Não sei a hora, mas será preciso.
– Edward não... – Bella começou, mas foi interrompida pela voz de Jasper que se interpôs á sua.
– Edward, Alice e eu precisamos sair. Tem certeza que ficará bem?
A jovem olhou em sua direção em tempo de ver a troca de olhares significativos entre os três. Algo
lhe dizia que eles iriam fazer alguma coisa importante, mas não poderia atinar com o quê. Antes que
perguntasse qualquer coisa ouviu Edward dispensá-los.
– Tenho. Podem ir... Eu fico com Isabella agora.
– Bom... Como não há nada á ser feito, depois de cuidarmos de tudo vamos para casa. Qualquer
novidade é só nos chamar. – disse Jasper.
– Farei isso. – Edward assegurou. – Por ora, obrigado!
Antes de acompanhar o marido, Alice veio até eles e, depois de beijar Bella no rosto e lançar um
olhar estranho na direção de Edward, perguntou.
– Amanhã recomeçamos tudo normalmente?
– Normalmente. – ele confirmou sem dar importância às sobrancelhas unidas da amiga. – O cerco
está se fechando, então o melhor que temos á fazer e mantermos o plano inicial e ficarmos onde
nosso inimigo possa nos achar facilmente. Jasper já deve ter lhe dito o que farão agora, não?
– Sim, ele disse... E concordo com ele. É melhor que fique aqui enquanto cuidamos de tudo.
– Também acho que será melhor assim. Vamos esperar até que essa questão seja resolvida, então
conversamos.
Bella começava a ficar curiosa com o teor da conversa; se poderia participar. Como se lesse seus
pensamentos, Edward arrematou.
– Nós três nos vemos amanhã aqui em meu gabinete. Boa tarde.
– Boa tarde. – ela disse antes de sair com o marido.
Assim que a porta se fechou, Bella tentou se afastar. Queria saber o que o casal iria fazer, porém
Edward não lhe deu chance. Novamente segurando-a pela nuca, abaixou o rosto até as bocas se
encontrassem. Ao contato das línguas, todo questionamento foi praticamente varrido da mente da
jovem. Com um gemido abafado, ela passou os braços ao redor do pescoço de Edward para trazê-lo
mais para junto de si. Naquele instante soube o quanto desejou aquele beijo; aquele abraço
possessivo que ameaçava parti-la ao meio.
Enquanto tinha a língua massageada pela dele e sentia o conhecido calafrio de excitação correr ao
longo de sua coluna para instalar-se em seu sexo, teve a confirmação de que passaria pelo que fosse
preciso caso Edward decidisse voltar atrás e transformá-la. Ter a oportunidade de viver aquelas
sensações eternamente valeria cada espasmo de dor. Contudo, aquele não era o momento de pensar
sobre “desmembramentos” mesmo que no sentido figurado. Aquela era hora de se perder nos braços
de Edward.
Sentindo o latejar cada vez mais dolorido entre suas pernas, Bella se comprimiu contra ele até sentir
o volume enrijecido em seu quadril. Edward gemeu ao seu contato, ainda assim deixou que o beijo
perdesse a intensidade, indicando á ela que não aplacaria o desejo que ambos sentiam. Logo o
vampiro depositava vários beijos em sua boca como sempre fazia antes de afastar-se. Dessa vez,
porém ele a manteve presa no abraço, depositando sua cabeça contra o peito.
– Senti sua falta. – Edward disse roucamente.
– Também senti a sua. – ela assegurou, então perguntou. – Tem certeza que está bem?...
– Sim, estou... Não se preocupe com isso.
Edward pedia o impossível. Ainda mais agora que o efeito do beijo invasivo começava á esvair-se.
Tudo que estava acontecendo era sério demais para não se preocupar e lembrando-se de suas
duvidas anteriores, novamente tentou se afastar para olhá-lo de frente. Após uma breve resistência,
Edward deixou que fosse. Passando as mãos pelos cabelos na tentativa de disfarçar os tremores que
ainda percorriam seu corpo pela aproximação com o dele, Bella disse.
– O que Jasper e Alice foram fazer?
Colocando as mãos nos bolsos, ele perguntou como se não tivesse ouvido.
– Sente-se melhor? Percebi que não está tão quente.
– Estou bem, obrigada!... Agora pode me responder o que eles vão fazer?
– Limpar minha casa.
Lembrando-se do aquilo significava, ela estremeceu.
– É por isso que terá que sair novamente?
– Sim. – ele afirmou somente.
Certo, ainda estava sob o efeito do beijo, mas as evasivas começavam á impacientá-la. Novamente
começava á se sentir excluída. Tentando isolar a sensação, arriscou uma nova abordagem que o
fizesse revelar mais.
– Será complicado, não é?... Carmem e John ainda estão lá?
– Estão.
Diante da resposta monossilábica, Bella bufou exasperada.
– Por favor... Edward me diz o que vão fazer, por que o mistério?
Sem deixar de encará-la um único minuto, ele respondeu fazendo parecer que o casal não faria nada
de extraordinário.
– Não é nada com que deva se preocupar... Apenas chegamos á um consenso sobre a melhor
maneira de nos livramos do corpo e encaminhar a mulher... Depois que tudo for resolvido ela
poderá viver com um dos filhos se assim desejar.
– Ou poderia vir trabalhar aqui. – Bella sugeriu. – Gosto de Carmem.
Edward franziu o cenho em sua direção.
– Ela feriu você.
– Estava apenas se defendendo de mim. E ela não vai se lembrar disso, não é mesmo?
– Não se lembrará de nada. – ele assegurou ainda sério. – Não entendi direito o que aconteceu. Por
que ela atacou?
A jovem baixou os olhos, sem saber como dizer. Já havia sido constrangedor admitir seu engodo
para Jasper. Repetir a façanha para Edward a faria se sentir ainda mais ridícula.
– Carmem estava apavorada, eu estava perto impedindo que saísse da sala... Fui imprudente ao
estender a mão para que me entregasse a faca. Quando Jasper entrou, ela se assustou e me feriu. Só
isso...
Saber que Isabella havia sido ferida nunca seria algo banal como ela se esforçava em fazer parecer.
Seu coração ainda saltava no peito ao se lembrar do amigo á lambê-la. Tinha consciência que fora
para ajudá-la, que Jasper jamais veria Isabella com outros olhos, mas ainda assim se ressentia.
Bom... O que estava feito estava feito. Não chegaria á lugar algum alimentando ciúmes infundados
ainda mais quando tinha motivos reais com que se preocupar. Nem mesmo o beijo tão ansiado e a
pronta rendição de Isabella á ele lhe acalmava o espírito.
Agora que estava diante dela, esqueceu-se definitivamente de Zafrina e todo o resto. Não queria
falar sobre o que fariam com sua casa ou sobre seus criados; no momento apenas um assunto lhe
importava. A curiosidade em descobrir o que ela e o rábula conversaram entre a chamada perdida e
a do pedido de socorro havia tomado conta de seu ser. Precisava saber.
– Se é o que diz. – retrucou ainda mais sério, controlando-se até que pudesse tocar no assunto. –
Mas prefiro que ela vá para junto dos filhos. Já tenho Irina que cuida de tudo por aqui... Ela irá lhe
servir da mesma maneira. Se não gostar dela, pode contratar outra. Agora você decide já que é
também dona deste apartamento.
Com o coração aos saltos, a jovem evitou olhar ao redor ou pensar na responsabilidade que a
aguardava. Cada coisa ao seu tempo, pensou antes de dizer sem jeito.
– Obrigada!... Se acha melhor que seja assim, está bom para mim também! – então, ainda mais
desconcertada, acrescentou. – Obrigada por não ter feito nada á ela.
– Não tem de quê. – ele respondeu seriamente.
Era sua impressão ou o bom e velho clima tenso estava se instalando entre eles mais uma vez?...
Tinham tanto á conversar... Queria saber detalhes sobre seu encontro com a vampira biscate e o pior
de tudo; queria detalhes sobre sua briga com Paul, porém diante de sua postura não sabia como
abordar os temas. Ainda mais que também intencionava revelar que sabia de sua mentira sobre ser
mais forte.
Sem desprender os olhos do rosto de Edward, podia ver a intensidade com que era encarada. O
verde avassalador lhe roubava toda coragem. Começava e ser difícil sustentar-lhe o olhar, mas como
se estivesse hipnotizada, não conseguia desviar os olhos. O súbito silêncio entre eles começava á se
tornar palpável quando de repente, sem saber dizer o motivo, Bella acreditou por um segundo que
seria induzida. Juntando as sobrancelhas inquiriu.
– Quer me dizer alguma coisa Edward?
Sim, ele queria. Queria saber tudo o que aconteceu durante os vinte e cinco minutos que conversou
com o rábula, porém diante da oportunidade de perguntar, percebeu que não suportaria ouvir fosse o
que fosse que tivesse sido dito entre eles. Fazê-la contar somente serviria para obrigá-la á pensar no
ex-namorado asqueroso. Sem duvida alguma era insano de sua parte, mas não queria que ela sequer
pensasse nele. Não por livre e espontânea vontade. Por um instante infinito em que a encarou,
perguntou-se se seria traição voltar sua palavra atrás e induzi-la.
E por outro instante ainda mais inquietante, Isabella sustentou seu olhar com as sobrancelhas unidas
como se soubesse de sua intenção. A interrogação nos olhos castanhos teve o poder de envergonhá-
lo pelo pensamento furtivo como se tivesse sido flagrado em pleno ato infracional. Depois das
palavras da jovem, o vampiro piscou e passou as mãos pelos cabelos dando-lhe as costas; dizendo á
primeira coisa que lhe veio á mente.
– É tarde. Deve estar faminta. Acho melhor providenciar-lhe comida.
Bella se sentiu confusa. Todo aquele clima era por estar preocupado com sua alimentação?!...
Impossível, então disse em voz alta.
– Não se preocupe com isso. Alice preparou almoço para mim e...
– Ela fez o quê?!... – ele a interrompeu voltando-se para novamente encará-la. – Com o quê?
Não havia como omitir que Alice havia saído, então respondeu.
– Alice comprou algumas coisas... Providenciou comida, produtos de higiene pessoal e remédios
para mim.
– Deixou-a sozinha! – ele rosnou.
Longe de intimidar-se, Bella confirmou.
– Somente por alguns minutos... Ela foi perto.
– Perto? – Edward repetiu começando á andar de um lado ao outro. – Ela não tinha permissão de
deixá-la.
Bella entendia sua preocupação então justamente por isso lutou para que seu mau gênio não se
juntasse ao dele, mas não iria assistir sua explosão quieta. Não se fosse ser injusto com sua amiga.
– Não vê o absurdo que está dizendo? Alice não tem obrigação de ser minha babá. Ela faz até
demais.
– Isabella...
– Perdoe-me... – disse ela cortando-o. – Mas Alice tem uma vida, marido... Não pode ficar o tempo
todo cuidando de mim... Coisa que faz muito bem por sinal então não venha criticá-la ou brigar com
ela por ter saído... Afinal estou segura aqui, não estou?... Ou será como em sua casa?... Se não há
lugar bom o suficiente para mim é melhor que eu vá para meu próprio apartamento.
As palavras o atingiram como um raio. Isabella desejava ir embora depois de ter lhe dito que ali era
onde moraria a partir de agora?... Respirando profundamente para se recuperar do baque, Edward
perguntou.
– Não deseja ficar aqui?
Não seria novidade, Edward pensou aflito em seu âmago. Afinal ela ainda era a mesma e até pouco
tempo atrás não queria comprometimento. Aquele seria reflexo de seu encontro matinal?... O
vampiro se recusava á crer que a jovem tivesse sido afetada pela visita do rábula que qualquer
maneira. Sentindo seu temor se transformar em fúria, Edward chegou á conclusão que, mesmo que
houvesse uma grande diferença em ficar por vontade própria ou por obrigação, ela não iria á lugar
algum. Estava pestes á dizer isso á ela, quando Isabella agitou-se.
– Ah... Desculpe-me!... – disse lançando as mãos para cima. – Não foi isso que eu quis dizer.
Evidente que quero ficar aqui, só não...
Bella procurou as palavras para não magoá-lo novamente, pois sabia que fora isso que fizera ao
citar o próprio apartamento.
– Só não... – repetiu e prosseguiu. – Não quero que mobilize Alice ou Jasper por minha causa.
– Não os mobilizo, eles apenas me ajudam.
– Não parece ajuda quando você diz que Alice não tinha permissão de deixar-me sozinha. E... –
encarando-o decidiu que aquela era a hora. Munindo-se de coragem, disse. – Eu também poderia
ajudar Edward... Deixar de ser uma preocupação e ser forte...
– Como? – Edward sustentou seu olhar com o cenho franzido.
– Sabe como... Se me transformasse eu...
– De novo não Isabella. – ele ordenou roucamente.
Havia esperado ansiosamente para estar com ela e tudo que não queria era uma nova briga por
motivos já visitados. Contudo, aquele desejo não era compartilhado por Isabella. Sem lhe dar
ouvidos, a jovem insistiu.
– Eu seria forte, não?... Muito mais forte que todos vocês.
Bella se arrependeu de não ter se calado antes mesmo de terminar de proferir as palavras. O olhar –
verde e inquiridor – se tornou negro anunciando a tempestade.
– Como soube disso? Foi durante o tempo em que esteve com o rábula?
– Não! – Bella garantiu sem entender como Paul havia entrado na conversa e uma vez que havia
começado iria até o fim. – Foi Alice que me disse enquanto me trazia para cá.
– Alice fala demais! – vociferou.
– Acho que é você que tem falado de menos. – ela retrucou lutando para não se acovardar diante da
notória fúria de Edward. – Por que mentiu para mim?
– Não era para você saber dessas coisas. – disse aparentemente tentando se controlar. – Não se
lembra como ficou ontem pela manhã?
Edward não estava gostando do rumo daquela conversa, ainda mais depois de acreditar que as
informações haviam vindo do rábula. Contudo não mudava muita coisa ela ter sabido por Alice.
Não era para a jovem ter conhecimento sobre nada daquilo e ele ainda não queria falar em
transformações que não aconteceriam. Não sem antes arrancar de Zafrina a verdade sobre a maldita
marca. Alice não tinha o direito de ter dito àquelas coisas á Isabella. O vampiro se perguntava o
quanto mais a linguaruda havia dito quando Bella respondeu impacientemente.
– Ah claro... Poupa-me da verdade, mas o que pensa que aconteceria caso ele tivesse feito algum
mal á você?... Droga Edward, Paul o seguiu! – novamente Bella não se importou com a proibição,
estava exasperada com seu protecionismo. – Como acha que eu ficaria caso tivesse morrido? E o
que aconteceu com o “não poupar-me de nada” já que eu estou disposta á ficar com você?
– Por favor, não fale o nome dele... – o pedido saiu em meio á um rosnado. – Não hoje.
– Certo. Não digo hoje nem nunca... Mas “ele” não vai sumir somente porque não quer que eu diga
o nome. “Ele” está por aí, nos rondando e é mais forte que você. Então não se ocupe com tão
pouco... Ocupe-se de me deixar ajudar á resolver a questão.
– Como?... Transformando você? – Edward perguntou alterando a voz.
– Eu seria forte como ele e...
– Está louca! – exclamou ainda alto demais. – Acredita verdadeiramente que eu a deixaria chegar
perto dele mesmo que fosse uma de nós?
– Não poderia me impedir.
Bella sabia que seria prudente parar, mas simplesmente não conseguia se conter. Sua atitude
temerária não estava ajudando em uma causa que já havia começado perdida e ficou claro que
depois de suas ultimas palavras, havia deixado tudo ainda pior. Edward a olhava enfurecido; seu
súbito silêncio o tornava ainda mais ameaçador. Por que não se calou enquanto ainda havia
tempo?... Agora era tarde demais. Quando o vampiro falou, sua voz saiu pausada e baixa. Ainda
mais letal do que se estivasse aos gritos.
– Sempre voluntariosa não é?... E ainda quer que eu confie em você. O que faria caso fosse forte o
suficiente?... Ter a intenção não basta Isabella. – ele disse sem desviar o olhar. – Está preparada para
ser tornar uma assassina?
Assassina?... Não havia pensado nisso. Diante de seu silêncio ele prosseguiu.
– Vamos esquecer por um minuto o fato de que ainda seria uma luta entre criaturas de gêneros
diferentes com todas as discrepâncias existentes entre si e que eu não suportaria saber que o tocou
nem mesmo para matá-lo... O que faria então? A vampira recém criada, a mais forte entre todos e
mesmo assim não mais forte do que “Paul”, caso tivesse a chance, teria coragem de enfiar sua
delicada mão na caixa torácica de alguém que se relacionou por certo tempo para arrancar-lhe o
coração?
Bella não pôde conter um tremor diante da cena proposta. Decididamente não havia pensado
naquilo. Edward prosseguiu sempre a encarando interrogativamente.
– Ou seguraria as laterais de seu rosto e, enquanto olhasse em seus olhos lhe arrancaria a cabeça?...
Seria isso que faria com alguém que até pouco tempo atrás acreditava gostar tanto que desejava
fervorosamente permanecer “amiga”?
A jovem encolheu os ombros diante da nova imagem. Edward não poderia ter sido mais didático.
Quando propôs ser mais forte não lhe ocorreu matar Paul. Realmente talvez nunca tivesse coragem
de fazer tais coisas, mas agora que Edward havia perguntado, pelo menos precisava acreditar que
sim caso fosse estritamente necessário então murmurou sem convicção alguma.
– Se fosse preciso... Para defendê-lo Edward.
– Não preciso de sua defesa. – ele disse simplesmente. E como se tivesse percebido que havia
conseguido chocá-la, prosseguiu aparentemente mais calmo. – Já será de muita ajuda se não tocar
mais nesse assunto. Já lhe disse que vou rever minha decisão então não a quero falando em
transformações; ainda mais para algo tão absurdo quanto se lançar contra aquele cão dos infernos.
Bella sentia as pernas fraquejarem, mas se ordenou que permanecesse de pé. Não poderia se render
sempre. Era sobre a segurança deles dois que estavam falando, então explicou.
– Certo!... Entendi que não posso contra ele e acredite, não era essa minha intenção. Pedi para que
me deixasse ser como você somente para ajudá-lo. Para poder me defender e á você mesmo que não
queira minha ajuda. Justamente por isso é que concordo com Jasper. Seria muito melhor para todos
se eu fosse como vocês. Mesmo que não participasse de alguma ação, não mobilizaria seus amigos.
Você precisa deles ao seu lado Edward.
– Acredite Isabella. Tudo que preciso é que encerremos esse assunto. – ele disse seriamente. – E
pouco me importa a opinião de Jasper. Eu sei o que é melhor para nós dois.
Cansada de argumentar com alguém tão obstinado quanto Edward; ainda inflamada e magoada por
suas palavras disse sem se importar com o mau gênio do vampiro.
– E aparentemente tudo se resume á você, não é mesmo?
– Acho que não entendi. – ele disse antes de travar o maxilar.
Erguendo a cabeça, ela concluiu.
– É sempre o que “você” quer... O que “você” determina... Sem nunca levar em conta a vontade
alheia. Como eu disse, Alice e Jasper têm uma vida... Eu tenho uma vida e acho que deveria ter o
direito de decidir o que desejo para ela.
Ainda com o queixo rígido demais, Edward disse entre dentes.
– Tudo bem... Diga ao egoísta o que deseja.
Sem se deixar influenciar pela voz fininha em seu intimo que lhe alertava que realmente estava indo
longe demais, falou.
– Não quero envelhecer Edward... Não quero viver com medo de colocar meu rosto para fora da
janela nem pular quando alguém abrir a porta com receio de ser arrastada como aconteceu hoje.
Quero minha liberdade de volta... Meu direito de ir e vir... Poder voltar a trabalhar. Ir até a redação
como todos os outros e não ficar em casa me valendo da posição de namorada do patrão.
Foi a vez de Edward ficar em silêncio, então depois de passar as mãos pelos cabelos Bella
prosseguiu.
– Não quero morrer Edward... Nem agora pelas mãos de algum inimigo seu ou doente sobre uma
cama. E o mais importante de tudo... Não quero nunca me separar de você.
Após alguns segundos ainda em silêncio, Edward disse com a voz transformada em sua rouquidão.
– Perdoe-me não poder atendê-la. – poderia ter acrescentado que “não ainda”, mas preferiu se calar.
Lutando contra um bolo que começava á se formar em sua garganta, Bella retrucou.
– Extraordinário seria se pudesse... Se me der licença, gostaria de subir. Estou com dor de cabeça.
– Tem toda. – foi tudo que ele disse lhe dando passagem.
Edward refreou o desejo de segurá-la quando passou ao seu lado; também não se voltou. Se o
fizesse com certeza iria atrás dela e não se achava em condições de continuar com a discussão.
Discussão essa que nem deveria ter acontecido em primeiro lugar.
Esteve praticamente todo o tempo desejando estar com Isabella para agora desperdiçá-lo com
assuntos de solução complexa. Já havia explicado á ela suas razões e não desejava se repetir. Queria
dizer que desde o encontro com a vampira cogitava fazer exatamente o que ela lhe pedia, mas não
poderia. Se ao menos Zafrina tivesse lhe indicado haver qualquer forma de resolver aquele impasse.
Contudo a vampira preferiu o silêncio rancoroso próprio aos rejeitados.
Quando Edward ouviu a porta de seu quarto sendo fechada, saiu de sua inércia indo até o bar para
servir-se de uísque. Sentia-se trêmulo; o coração oprimido. As palavras de Isabella tinham o poder
de parti-lo ao meio, contudo enquanto ainda corresse o risco de ser destruído não poderia atendê-la.
E ouvi-la falar sobre as “maravilhas” de ser uma recém criada forte e auto-suficiente não ajudava
em nada no quadro geral. Maldita Alice e sua boca grande; pensou sorvendo o conteúdo de seu copo
em um único gole.
Depois de se servir com mais bebida, foi se sentar no novo sofá branco. Queria ordenar os
pensamentos. Tentar esquecer as palavras ditas naquela sala e se fixar no que conversou com a
vampira nos dois encontros ou com Jasper, contudo não teve sucesso. Em sua mente somente
vinham frases desconexas e desencontradas. Todas embaçadas pelo som do choro de Isabella vindo
do andar superior.
Que chorasse, pensou enraivecido consigo mesmo. Como na manhã passada, não poderia se deixar
levar pelas lágrimas. Tinha um objetivo á seguir e se quisesse ficar com ela deveria segui-lo á risca.
Contudo, acreditar estar certo não bastava para não ser afetado. Sem nem ao menos pensar, bebeu
novamente todo o conteúdo de seu copo e, depois de depositá-lo no chão, seguiu escada acima.
Parou á porta de seu quarto, mas não entrou. Não havia como consolá-la uma vez que não voltaria
sua palavra atrás. E definitivamente não queria brigar com ela, então apenas permaneceu imóvel até
que o choro cessasse.
Depois de subir a escada dignamente e fechar a porta do quarto atrás de si, Bella caiu sobre a grande
cama já com lágrimas nos olhos. Havia feito tudo errado, dito tudo errado. Queria somente que ele a
escutasse e visse o obvio; Edward não corria perigo com ela. Mas estava claro que o vampiro jamais
a entenderia e agora, depois da discussão, Bella tinha certeza que nunca seria atendida. Teria que se
conformar com o que lhe era oferecido e ponto, uma vez que rebelar-se e partir estava fora de
cogitação.
http://www.youtube.com/watch?v=nzKaOp8ES20
Por isso chorava. Por saber que, daquele dia em diante, atenderia suas determinações sem opor-se;
sem contestar. Não queria envelhecer e morrer, mas aceitaria o fato de que seria justamente isso que
aconteceria. Quanto antes se conformasse, menos sofreria. Tudo que lhe restava fazer era evitar que
novos desentendimentos como aquele se repetisse. Ele serviu somente para que fosse magoada e
magoar na mesma proporção. Inferno; pensou. Por que as coisas entre ela e Edward não poderiam
ser fáceis como Paul havia descrito para eles? Jamais saberia. Cansada, deixou a frustração esvair-
se em seu choro até que adormecesse.
Quinze minutos depois que a jovem silenciou, Edward abriu a porta lentamente. Encontrou-a
adormecida em sua cama. Imediatamente se colocou ao lado da mesma e abaixou-se para enxergar-
lhe o rosto. Como era de se esperar estava marcado pelas lágrimas recentes que ainda deixavam boa
parte de sua pele umedecida. Ajoelhando-se ao lado da cama, Edward retirou uma mecha que lhe
caia sobre a bochecha corada para que pudesse vê-la com clareza.
Com o coração fundo em seu peito, o vampiro decorou cada canto da pele amada. Definitivamente
daquela vez não houve nada de excitante em se desentender com ela. Antes disso, sentia-se aflito.
Talvez tudo se resumisse á ele próprio como Isabella havia acusado; talvez fosse mesmo o pior dos
egoístas, pois queria sabê-la sempre satisfeita para que “ele” pudesse se sentir em paz. Queria
acordá-la beijando seu rosto para secar os resquícios das lágrimas. Reafirmar que independente de
qualquer diferença que existisse entre eles a amava e ouvir o mesmo dos lábios dela, contudo não o
fez. Contentou-se em acariciar os cabelos castanhos, enquanto Isabella dormia.
– Por favor, me deixe em paz... – ela murmurou após alguns minutos.
Edward se alarmou apenas por um segundo, antes de perceber que ela não havia acordado. Contudo,
mesmo ciente desse fato, sentiu-se triste. Ao que tudo indicava a briga entre eles havia sido a pior
também para ela, pois mesmo em seu sono o rejeitava. Mais uma vez não poderia atendê-la, pois
mesmo que a jovem desejasse ser deixada em paz, ele não sairia de seu lado até que o telefone
tocasse. Erguia a mão para tocar-lhe novamente uma mecha de cabelos quando ela resmungou.
– Não vou com você... Não insista.
E lá estavam eles; os sentimentos contraditórios. Imediatamente ás suas palavras, Edward entendeu
que a jovem falava novamente em seu sono. Tanto melhor para ele que finalmente teria a chance de
descobrir o que queria, sem ser preciso induzi-la, contudo, uma vez que Isabella falava através de
seu subconsciente, ele tinha a certeza que Paul povoava a mente dela naquele momento. Respirando
fundo para controlar seu ciúme desmedido e irracional, Edward perguntou á guisa de teste.
– Ir para onde Isabella?
– Não sei... para onde quiser me levar... mas eu não vou.
Engolindo em seco por pronunciar o nome sempre lhe causaria asco, Edward disse.
– Paul queria que fosse com ele não é mesmo?
– Queria... Disse que Edward me usa... como fez com todas as outras...
Edward nem ao menos se admirava mais com o conhecimento demonstrado pelo rábula. Não
saberia como o tema foi abordado, mas também não poderia ser hipócrita em negar seu passado.
Sempre usou as mulheres, não tinha porque algum observador acreditar que com a jovem seria
diferente. Diante daquele comentário, as suposições de Jasper ganharam força. Era bem provável
que tivesse usado uma mulher que Aro considerava sua, mas qual?
Bom... Teria tempo para pensar á respeito outra hora, no momento precisava saber mais sobre a
conversa de Isabella. Ao que tudo indicava, seu rival tentou desmerecer seu amor pela jovem.
Edward agitou-se. Se o cretino conseguisse implantar a duvida em sua mente, pouco ou nada
poderia fazer para arrancá-la. Sem que fosse preciso perguntar qualquer coisa, ela prosseguiu.
– Disse que Edward está me deixando doente...
Novamente Edward não tinha como ir contra o obvio; deixou-a doente. Maldito rábula os infernos.
Não precisava que ninguém, muito menos ele apontasse seus defeitos. Ainda mais para Isabella.
Com o coração batendo erraticamente, perguntou.
– Não acreditou nele, não é?
– Não... Eu não me importo...
Edward reprimiu um sorriso de alivio, contudo, sua alegria durou menos que um segundo, pois a
jovem prosseguiu.
– Mas Paul se importa... Disse que não vai me usar... Vai me mudar... Paul deseja ficar comigo...
para sempre.
Imediatamente o vampiro travou o maxilar para conter um rugido que subia por sua garganta. Sua
vontade era esbravejar á plenos pulmões de puro ódio. Sentia todo seu corpo tremer ao ser sacudido
por sua fúria. Animal. Verme. Pulha. Como o rábula se atrevia á oferecer á Isabella o que ele
próprio lhe negava?... Como dizia palavras que deveriam ser suas?... Sem conseguir se manter
parado, Edward se pôs de pé e passou a rodar pelo quarto como um animal enjaulado. Para seu
desespero, Isabella prosseguiu.
– Queria ser como Paul... poderia ficar com ele para sempre...
Á essa altura, o peito do vampiro rugia furiosamente. Sabia – tinha que acreditar – que em sua
última frase Isabella se referia á ele, Edward. Ainda assim ouvir as palavras em conjunto com o
nome odioso, dilacerou seu velho coração. Não suportaria ouvir mais nada então, contrariando seu
desejo de ficar ao seu lado até que fosse preciso sair, deixou-a sozinha. Desceu as escadas em um
átimo colocando a maior distância entre eles para que não pudesse ouvi-la nem mesmo de uma de
suas salas.
Agora mais do que nunca tinha que encontrar seu rival e dar um fim á ele. Se acontecesse o
improvável do rábula conseguir se aproximar de Isabella, Edward estava perdido. Nunca superaria a
dor de saber que sua mulher havia sido transformada por outro, ainda mais por aquele que odiava
com todas as forças de seu ser. “Queria ser como Paul, poderia ficar com ele para sempre”. A frase
havia sido dita por uma Isabella adormecida. Edward tinha certeza do amor da jovem por ele, mas
quem poderia lhe garantir que ela não tenha ficado tentada?
Isabella se mostrou forte durante aquela primeira aproximação, mas talvez não acontecesse o
mesmo em outra. Ela havia deixado claro sua vontade em ser como eles. Talvez ainda não tivesse se
dado conta, mas poderia enxergar uma boa oportunidade de conseguir o que desejava caso cedesse
aos apelos do rábula.
– “Não”! – Edward rosnou alto agora que estava trancado em seu gabinete. – Ela não teria coragem!
Tem certeza disso, sua própria voz corrosiva perguntou mentalmente. Quantas vezes a jovem já
demonstrou ter coragem suficiente para enfrentá-lo?... Várias; se respondeu indo se colocar á janela.
Isabella poderia demonstrar respeito, por algumas vezes até mesmo medo, mas isso nunca a
impediu de ir contra ele quando achou necessário.
– Isabella não teria coragem. – repetiu em voz alta na tentativa de convencer-se.
Edward achou prudente se manter distante, então, mesmo depois de controlar seu inicio de ataque
de fúria, permaneceu em seu gabinete. Depois de acomodado em sua cadeira, tentou bloquear as
imagens inquietantes que insistiam em passear por sua mente imaginativa. Se seguisse por aquele
caminho enlouqueceria. E aquele não era o melhor momento para se deixar levar por suposições.
Tinha que se basear no que tinha de concreto que era o amor de Isabella por ele. Deveria não dar
importância ao que o subconsciente pudesse estar desejando. O que deveria contar era o que ela
queria sempre que estava lúcida. E sua noiva havia sido clara. “Não quero nunca me separar de
você”. Essas eram as palavras que sempre contariam.
Embalando-se em todas as declarações que havia ouvido de sua humana, Edward assistiu a tarde de
Nova York findar e a noite cair sobre a cidade. Não havia se acalmado o suficiente quando
finalmente seu interfone tocou. Saindo de sua inércia ele foi atendê-lo. Logo ouviu a voz
profissional do porteiro noturno.
– Senhor Cullen, desculpe-me incomodá-lo á essa hora, mas tem dois policias aqui que desejam vê-
lo. Acho que é algo referente á uma casa de sua propriedade. Devo deixá-los subir?
– Não será necessário, já estava de saída. Peça somente que me esperem... Logo estarei no saguão.
Obrigado!
Antes que desligasse ouviu o movimento em sua porta. Em menos de um segundo Alice e Jasper
estavam diante de si.
– Saímos de lá somente depois que nos certificamos que tudo sairia como pensei. – Jasper disse. –
Vim para acompanhá-lo.
– E eu achei que seria melhor ficar aqui com Isabella enquanto vai resolver o estrago que fizemos
em sua casa.
Diante da atitude da amiga, Edward levou em consideração tudo que Isabella havia dito sobre ela.
Não poderia nunca recriminá-la por nada. Alice era sim, uma boa guardiã para a jovem, assim como
Jasper era um bom amigo. Sem ânimo ou forças para lhes sorrir, disse apenas.
– É melhor... Obrigado!
Seu desejo era subir e dar uma última olhada na jovem antes de sair, mas achou melhor não fazê-lo.
Havia sido demorado controlar-se e precisaria de toda sua atenção e tranquilidade para lidar com os
procedimentos de praxe que viriam á seguir. Arrumando seu paletó sobre os ombros, disse antes de
seguir para a porta.
– É a hora do show.
Depois que se encontrou com os policiais, tudo pareceu se arrastar em câmera lenta. Edward foi
informado que sua preciosa casa situada em Hamilton Heights, mais precisamente na 145 street
próximo á Riverside Drive, havia sido destruída em boa parte por um incêndio que ao que tudo
indicava, se propagou após uma pequena explosão causada por um escapamento de gás. Chocado,
ele foi informado ainda que o caseiro havia sido consumido pelas chamas sendo encontrado
somente seu corpo parcialmente mutilado e carbonizado. Sua esposa tivera melhor sorte, fora
encontrada desacordada no quintal da casa – provavelmente por ter desmaiado após inalar fumaça
em excesso. Fora algumas partes chamuscadas em suas mãos e um hematoma na testa, nada mais
grave lhe aconteceu.
Consternado por ter perdido um patrimônio familiar e preocupado com o destino de seus
funcionários, Edward os seguiu até o local do incêndio; sempre acompanhado de Jasper. Assegurou-
se que sua empregada havia recebido um pronto atendimento, responsabilizando-se por qualquer
despesa gerada por ela até que fosse liberada e pudesse ficar com os filhos que, depois de
contatados, ficaram de vir imediatamente cuidar da mãe recém viúva e dos serviços funerários do
pai.
Em todo o tempo enquanto vagava pelo cenário de guerra, a mente do vampiro se aventurava até
seu quarto onde Isabella dormia. Talvez por sua ansiedade em voltar para junto dela, o tempo tenha
demorado á passar. A parte tensa da noite ficou por conta de um dos policiais que comentou sobre
uma denuncia anônima recebida naquele mesmo dia para aquele endereço. Por sorte os próprios
companheiros trataram de apontar apenas uma infeliz coincidência nas ocorrências. Passado esse
momento inquietante, tudo transcorreu conforme o esperado.
Eram mais de três da madrugada quando finalmente fora liberado pela policia e pelos bombeiros
após ser informado – extra oficialmente, pois o rescaldo não havia terminado – que no laudo
constaria incêndio acidental.
– Infelizmente acidentes acontecessem. – disse Edward antes de sair do que restou de sua casa
odiosa.
Depois de se despedirem de todos, ele e Jasper saíram para a rua. Edward pediu ao amigo que fosse
para seu apartamento se juntar á Alice, pois aproveitaria que estava na rua para caçar. Como sempre
uma leve sombra de reprovação cruzou o olhar do outro vampiro, porém ele nada disse. Uma vez
sozinho Edward vagou pelas ruas até encontrar uma possível vitima. Sua procura tinha que ser
breve. Mesmo que ainda se sentisse parcialmente irritado com tudo que aconteceu em seu quarto,
por saber que suas falas foram roubadas, não queria mais ficar longe de Isabella. A humana o fazia
se sentir vivo; era seu ar. Poderia alimentar-se de sangue, mas a jovem era a única que sempre lhe
seria vital enquanto vivesse.
http://www.youtube.com/watch?v=_lsjjiB2zzU
*****************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom.... O que acharam?...
Hoje vou defender o vampirão.
Tudo bem que ele tá abusando da sorte, mas tentem entender, agora com Zafrina na área
o medo dele aumentou, mas já deu para perceber que se não fosse esse detalhe ele já teria
cedido aos apelos dela e isso para alguém cabeçudo como ele já é meio caminho
andado... Vamos ter fé, né?... Quem sabe ele acorde para a vida... =D
Então é isso... please, como sempre, comentem... me deixem saber como se sentem...
Agora vamos ao spoiler:
Sem poder mais com a distância, Edward se abaixou até ela e cheirou-lhe os pés; mesmo
estando ocultos pela coberta. Ajoelhando-se na cama foi farejando por uma de suas
pernas sem tocá-la, até chegar ao quadril. Depois de beijá-la delicadamente naquele
ponto pois sua boca formigava por senti-la continuou seu percurso pelas costas femininas
até chegar á um dos ombros; este sim, desnudo. Enquanto também o beijava, sentindo o
calor da pele dela em sua boca, deitou-se ás suas costas estendendo o corpo ao longo do
dela até senti-la completamente junto de si. Evidente que tal inspeção olfativa teve o
poder de excitá-lo, mas se conteve.
Como ansiou o dia inteiro, antes da briga e ainda mais depois da mesma, queria somente
senti-la. Jamais negaria que a amava tanto quanto sempre a desejaria, então, ainda que
reprimisse uma eminente ereção, deixou que as sensações despertadas pelas nádegas
cheias junto ao seu quadril percorressem seu corpo até sentir-se ligado á ela. Sempre com
o nariz afundado nos cabelos macios, valendo-se de sua droga preferida para acalmar-se.
Acomodava-se melhor junto á ela, quando Isabella resmungou e se mexeu.
Imediatamente Edward ficou imóvel, esperando que ela despertasse sentindo-se um
idiota por temer que a jovem o afastasse. Alguém como ele jamais deveria padecer com o
medo da rejeição, contudo era exatamente o que acontecia. Não gostava quando Isabella
pedia para sair de sua presença e definitivamente, jamais se acostumaria em ser repelido.
Ainda com a respiração suspensa, viu a jovem virar-se até ficar de frente para ele e
pousar a cabeça em seu peito.
Você demorou... Isabella murmurou.
Ao sentir o ar morno e úmido em sua pele, Edward expirou lentamente. Não sabia se
conversava com o subconsciente ou com ela lúcida, ainda assim respondeu.
Somente o tempo necessário.
Mesmo assim, demorou. ela resmungou brandamente. Senti sua falta.
Bom... Espero que tenham gostado... Bjus e até mais...
BOM FINAL DE SEMANA!

(Cap. 63) 1ª metade - Capítulo 33 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom... como eu postei metade na comunidade, trouxe para cá tbm...
Espero que gostem e que esse trecho ajude á conter a ansiedade... (pelas minhas contas
devo várias visitas á manicure... o_O)
Bom... Não vou ocupá-las com minha "cantilena", vou deixá-la para quinta... kkk
BOA LEITURA!...

Enquanto guiava sua SW4, Edward tentava o impossível; ser racional quanto ao trato de Isabella.
Havia chegado á conclusão de que, ainda que ela lhe fosse vital, deveria se habituar á ficar algum
tempo longe dela. Que mais dia menos dia tinha que aprender como lhe dar espaço por mais que lhe
doesse ou acabaria por sufocá-la. Para alguém tão independente a súbita proximidade poderia ser a
causadora dos ânimos exaltados como havia acontecido naquela tarde e definitivamente ele não
desejava que aquilo acontecesse novamente.
Edward não queria se lembrar da briga que o colocou á par da intenção do rábula, mas não
conseguia evitar. O cretino poderia não valer nada, mas o vampiro sempre soube que o rival á
amava, então nada mais natural que desejasse ficar com Isabella para sempre. Inferno. Ele próprio
sempre não o quis?... O problema é que no seu caso havia um impedimento real que agora
ameaçava afastá-los. Ao pensamento afundou o pé no acelerador contrariado.
Ultrapassar o último sinal vermelho era a terceira infração daquela madrugada. Por sorte as ruas que
escolhera para chegar até seu edifício não estavam movimentadas. Com certeza aquele ainda era
reflexo dos últimos acontecimentos inexplicáveis. Tanto melhor para ele. Edward ansiava por
chegar ao seu apartamento. Não deveria ter se lembrado de certos detalhes de sua discussão. Como
se fosse possível esquecer, pensou passando uma das mãos pelos cabelos.
O tempo parecia estar parado; opressor. Cuidar dos assuntos burocráticos durante o trabalho dos
bombeiros e dos policiais no que restou em sua casa, fora extremamente angustiante. Assim como a
caçada depois que se separou de Jasper. Pela segunda vez em um curto espaço de tempo, se serviu
do sangue do primeiro incauto que cruzou seu caminho: sangue inocente.
O vampiro não chegou á matá-lo, pois o homem não era como todos os outros que costumava caçar,
ainda assim o deixara debilitado. Não que se importasse com a reprovação de Jasper, mas depois de
tantos anos, o incomodava atacar pessoas aparentemente honestas. Abrira novamente uma exceção
aquela noite por descobrir-se incapaz de dar mais um passo que não fosse o que o levaria de volta á
sua cobertura.
Ineditamente, desejava que o homem fosse encontrado e socorrido á tempo. Contudo, sua
preocupação inusitada não durou vinte minutos. Ao estacionar em sua garagem, sequer se lembrava
do homem exangue deixado á um trecho escuro da rua. Todo seu pensamento era dirigido á Isabella.
Sim, deveria desprender-se... Mas não naquela noite, pensou sepultando de vez seu breve momento
de racionalidade.
Ao chegar á sua cobertura, encontrou o casal de amigos pronto para partir. Não pediria que
ficassem. Estava tarde, todos precisavam de descanso e ele queria ficar á sós com sua humana.
Contudo não deixaria que se fossem sem ter notícias de como ela se portou durante á noite. A
pergunta não foi feita á nenhum dos dois em especial.
– Isabella acordou?
– Ela levantou por volta das onze horas. – respondeu Alice encarando-o. – Estava com sede. Apesar
da hora, obriguei-a também a comer.
– E como ela estava? – perguntou ainda, sem se importar com os olhares reprovadores que a amiga
lançava em sua direção.
– Acredito que saiba como ela estava. – respondeu secamente. – Ela não quis me dizer o que
aconteceu, mas sei que brigaram... Bom, não é da minha conta... – depois de um dar de ombros,
prosseguiu. – Ela não perguntou por você e assim que terminou de comer algumas torradas e tomar
um copo de leite, voltou para o quarto.
– Quando cheguei Isabella já estava dormindo. – disse Jasper.
– E não desceu novamente desde então. – concluiu Alice.
– Está bem... – Edward colocou as mãos nos bolsos e respirou profundamente deixando que o odor
dela que já impregnava seu apartamento, subir-lhe á cabeça na tentativa de apagar o comentário de
Alice sobre a jovem não perguntar por ele. – Obrigado por ficarem com ela.
– Não por isso. – disse Alice seriamente. – Até mais Edward.
– Boa noite. – despediu-se roucamente.
Tão logo se foram, Edward correu escada acima até seu quarto. Abriu a porta devagar com receio de
acordá-la. Evitou olhar na direção da cama e seguiu diretamente para o banheiro; precisava de um
banho que antes de deixá-lo limpo, o acalmaria. Decididamente deveria evitar desentendimentos
com a jovem. Principalmente os que o abalavam daquela maneira e que não traziam o desejo junto
com o calor do enfrentamento como havia acontecido em sua primeira briga.
Quando percebeu que a água do chuveiro não levaria os sentimentos conflitantes embora, Edward
encerrou o banho. Depois de seco e vestido apenas com a calça de seu pijama, seguiu descalço até
os pés da cama onde Isabella dormia tranquilamente. Apesar da pouca luminosidade, podia ver-lhe
os traços delicados; parecia verdadeiramente serena. Custava á crer que ela não havia sentido á sua
falta ao ponto de nem ao menos desejar saber onde tinha ido. O mais provável é que o desinteresse
se baseasse na magoa, não no desprendimento. Ou até mesmo por ela se lembrar que ele sairia para
resolver as pendências deixadas em sua casa. Ainda assim doía.
Sem poder mais com a distância, Edward se abaixou até ela e cheirou-lhe os pés; mesmo estando
ocultos pela coberta. Ajoelhando-se na cama foi farejando por uma de suas pernas sem tocá-la, até
chegar ao quadril. Depois de beijá-la delicadamente naquele ponto – pois sua boca formigava por
senti-la – continuou seu percurso pelas costas femininas até chegar á um dos ombros; este sim,
desnudo. Enquanto também o beijava, sentindo o calor da pele dela em sua boca, deitou-se ás suas
costas estendendo o corpo ao longo do dela até senti-la completamente junto de si. Evidente que tal
inspeção olfativa teve o poder de excitá-lo, mas se conteve.
Como ansiou o dia inteiro, antes da briga e ainda mais depois da mesma, queria somente senti-la.
Jamais negaria que a amava tanto quanto sempre a desejaria, então, ainda que reprimisse uma
eminente ereção, deixou que as sensações despertadas pelas nádegas cheias junto ao seu quadril
percorressem seu corpo até sentir-se ligado á ela. Sempre com o nariz afundado nos cabelos macios,
valendo-se de sua droga preferida para acalmar-se.
Acomodava-se melhor junto á ela, quando Isabella resmungou e se mexeu. Imediatamente Edward
ficou imóvel, esperando que ela despertasse sentindo-se um idiota por temer que a jovem o
afastasse. Alguém como ele jamais deveria padecer com o medo da rejeição, contudo era
exatamente o que acontecia. Não gostava quando Isabella pedia para sair de sua presença e
definitivamente, jamais se acostumaria em ser repelido. Ainda com a respiração suspensa, viu a
jovem virar-se até ficar de frente para ele e pousar a cabeça em seu peito.
– Você demorou... – Isabella murmurou.
Ao sentir o ar morno e úmido em sua pele, Edward expirou lentamente. Não sabia se conversava
com o subconsciente ou com ela lúcida, ainda assim respondeu.
– Somente o tempo necessário.
– Mesmo assim, demorou. – ela resmungou brandamente. – Senti sua falta.
Nesse ponto Edward desejou que ela estivesse acordada, mesmo sabendo que uma declaração vinda
de seu subconsciente seria a mais sincera entre todas.
– Também senti a sua. – respondeu ainda na duvida.
– Correu tudo bem?... Com Carmem e... Com o que eles foram fazer em sua casa?
Aquela era sua resposta; Isabella estava acordada. E deixava claro que não havia procurado
informações, pois sabia onde ele se encontrava. Aliviado, permitiu-se abraçá-la.
– Tudo saiu como Jasper planejou. Pela manhã saberá o que aconteceu. – depois de cheirar seus
cabelos mais uma vez, concluiu. – Não quero falar sobre isso agora.
– Está bem. – ela concordou, então perguntou receosa. – Por que não se cobriu?
– Não queria perturbá-la. – respondeu simplesmente.
Então se afastou da jovem somente o tempo suficiente para entrar sob a coberta; não esperaria um
segundo chamado. Decididamente estava se tornando patético e domesticado. Talvez nem mesmo
Black ansiasse tanto pela atenção de sua dona quanto ele, pensou abraçado á ela, longe de se sentir
contrariado. Há muito tempo aceitara o fato de ser um vampiro rendido. Agora com a camisola e
sua calça como únicas barreiras, deixava que o calor que emanava do corpo amado o aquecesse,
quando disse roucamente.
– Eu não devia ter gritado com você.
Após um breve silêncio ela sussurrou.
– Tudo bem... Eu é que não devia ter provocado ou tê-lo chamado de egoísta.
Foi a vez de Edward ficar em silêncio por um instante.
– Não disse nada que não seja verdade... – falou por fim. – Sou egoísta Isabella. Principalmente nos
assuntos que se referem á você. Sou assim... Não vou nem quero mudar. Acho valida a sua
preocupação com Alice e Jasper, mas asseguro-lhe que eles ajudam de bom grado. Principalmente
por saberem que se fosse o contrário, eu faria o mesmo por qualquer um deles.
– Sei disso. – ela disse tocando levemente seu peito e começando a fazer desenhos aleatórios entre
seus pelos. – Eu estava nervosa. Preocupada com você e acabei embaralhando tudo o que eu queria
dizer.
– Não tinha com o que se preocupar. – ele retrucou tentando bloquear as sensações que a mão dela
lhe despertava; sem sucesso.
– Como não?... – ela perguntou em tom repreensivo. – Você mentiu para mim Edward. Disse que
era mais forte do que “ele”.
– Não menti. – assegurou com a voz levemente enrouquecida por dois sentimentos conflitantes; o
incomodo de estarem falando do rábula e pelo calafrio causado pelos dedos delicados em sua pele.
Deixando a sensação boa sobrepujar a daninha, prosseguiu. – Talvez não seja mais forte, mas minha
força se equipara á dele. Quando muito brigamos de igual para igual.
– Mesmo assim... Alice disse que nenhum de vocês tem experiência nesse tipo de luta.
Aquele era um fato imutável; Alice falava demais. Não era de admirar que subitamente Isabella
tivesse se empenhado para fazê-lo mudar de idéia, pensou contrafeito.
– Todas as brigas são iguais. Posso não ter enfrentado um imortal antes, mas acredite... Nunca fui
necessariamente um pacifista, nem em meu tempo como mortal. Se ainda duvidar, pergunte ao
Jasper. Ele é muito mais bem informado quanto á isso que Alice.
– Acredito em você... – ela garantiu parando subitamente os carinhos em seu peito. – Mas não me
peça para ficar tranquila. Odiei todos aqueles rosnados e rugidos. Não imagina como foi difícil ficar
naquela casa sabendo que não podia fazer nada. Nem sei o que aconteceria caso você tivesse...
– Shhh... – Edward sibilou estreitando-a em seus braços ao ouvir a voz embargada.
A jovem já havia chorado demais. Realmente não queria que ela se agitasse, mas não poderia
mandar em seu coração. Nem mesmo o seu obedecia a suas vontades, era totalmente guiado pelo
dela.
– Sei como ficou aflita Isabella. Não conseguiria explicar, mas sinto quando está agitada. Foi assim
durante o tempo em que estive com Zafrina. Não percebi o que era, achei que fosse saudade.
Somente quando me ligou que vi o obvio. Nem precisei ouvir toda a frase para saber que ele estava
em nossa casa. E depois, durante a luta em meu jardim, senti o mesmo. Tive medo que saísse.
Enquanto falava pode ouvir o coração já descompassado, começar á bater rapidamente. Com a voz
sumida ela disse.
– Não sairia. Sei que só iria atrapalhá-lo.
– Já disse uma vez... Você me distrai Isabella. Se tivesse se colocado em perigo tudo estaria perdido.
Então... Asseguro-lhe que não precisa ser como eu para ajudar-me. Apenas se mantenha em
segurança e deixe o resto comigo. – então disse seriamente. – Dou-lhe minha palavra que nada me
acontecerá. Acredite, sei como me defender e sempre voltarei para você.
– Está bem... – disse ainda com o coração aos saltos. Edward ainda acreditava que as batidas
aceleradas fosse por ainda temer o que pudesse acontecer á ele, quando ela perguntou. – E como foi
esse encontro com... “Zafrina”?
Naquele momento Edward percebeu seu engano. O que inquietava a humana era o bom e
envaidecedor ciúme. Deixando-se finalmente relaxar completamente depois de todo o ocorrido
naquele dia infernal, lamentou que não pudesse ver-lhe nitidamente o rosto corado que tanto o
agradava. De certa forma, por mais que apreciasse aqueles instantes com todo o deleite que ele lhe
proporcionava, seria prudente não lhe contar todos os detalhes de seu encontro com a vampira.
– Proveitoso. – disse simplesmente.
– Em que sentido?... – a jovem perguntou espalmando a mão em seu peito para afastar-se. – O que
ela queria com você?... E em um hotel?
– No Café do hotel. – corrigiu. – Era um lugar público como qualquer outro.
Dito isso, Edward tentou aproximá-la, mas a jovem imprimiu certa resistência respondendo um
“sei” seco e desconfiado então ele deixou que ela ficasse como estava. O afastamento associado ao
seu tom era um péssimo sinal, então Edward resolveu lhe contar parcialmente o que havia
conversado com Zafrina. Achou por bem omitir a proposta para subirem ao quarto, falando apenas
sobre Aro, seus motivos tortos para estar provocando-o e de seu pedido de ajuda para destruírem o
recém criado.
– Muito estranho. – ela retrucou ainda mantendo distância. – Se ela está com esse Aro por que
contou essas coisas sobre ele?
– Apenas conheço as mulheres Isabella, nunca as entendi. Jamais saberia lhe responder.
– Não precisava me lembrar desse fato. – ela disse contrafeita, então prosseguiu. – E voltando á
“Zafrina”... Você pode não entender as mulheres, mas eu sim... E lhe digo com certeza. Das duas
uma. Ou ela está indo contra esse Aro para afrontá-lo chamando-lhe a atenção, talvez por ciúmes.
Ou tem algum interesse em você.
Seria isso? Edward não poderia descartar o interesse por ele, mas não acreditava que fosse a
resposta, mesmo que ela tenha se oferecido abertamente. O que fazia mais sentido em toda aquela
loucura era que a vampira quisesse mesmo chamar á atenção de seu companheiro; não importava
que por ciúmes ou por qualquer outro motivo. Cada vez mais Edward acreditava que estava ali a sua
resposta. Se a vampira fosse movida por interesse á ele, não teria omitido informações relevantes;
antes disso, contaria tudo que sabe e lhe pediria asilo.
Ao invés disso oferecia e recuava. Contava sem nada revelar. Isso sem levar em conta as vezes que
afirmou que poderia reverter a situação “quando” Aro descobrisse sua traição, pois ela sempre dava
como certo que ele saberia. Mais um motivo para mudar de lado. Se não o fazia era porque gostava
de seu companheiro, ainda que não compartilhasse das mesmas idéias ou fosse contra ele.
Decididamente as mulheres sempre seriam complicadas.
Bom... O vampiro poderia não entender as mulheres, mas seguindo a linha de raciocínio de Isabella,
poderia dizer que entendia como a mente dos apaixonados funcionava. Se aquele Aro fosse um líder
forte, porém rendido como ele próprio, iria esbravejar e enfurecer-se, mas acabaria perdoando-a.
Afinal, apesar da falta grave, ela não havia cometido alta traição. Não que não tenha tentado,
Edward pensou ao se lembrar da proposta.
– Acho que você tem razão, mas somente ela poderia nos dizer com clareza.
– Pois para mim ela não precisa dizer nada. Quanto mais longe ficar melhor. Acho que esse
encontro de vocês foi o suficiente.
– Na verdade... Foram duas vezes.
– Como?! – Isabella perguntou abrindo maior distancia. – Quando?!
– Quando estive no tribunal para conversar com James. Prometo contar tudo que quiser saber pela
manhã. – disse pegando-a pelos ombros. – Agora venha cá... Já permiti que ficasse longe por tempo
demais.
– Não desconverse Edward Cullen. – ela pediu sem resistir ao abraço.
– Não é o que estou fazendo... – então cheirou seu rosto. – Só estou agendando para depois.
Ao concluir beijou-lhe a bochecha e escorregou a boca pela pele macia até encontrar seus lábios.
Beijou-a mansamente de inicio, então aprofundou o contato. Contudo, como naquela mesma tarde,
deixou que ele perdesse a intensidade, quando sentiu as batidas descompassadas do coração da
jovem contra seu corpo e o odor que o inebriava em suas narinas. Mais uma vez, aquela era hora de
parar antes que não fosse capaz de refrear-se.
Desejava-a intensamente – ainda mais agora depois da briga desnecessária e do afastamento – mas
tinha consciência que naquela noite, mais até que em todas as outras, ela precisava de repouso uma
vez que, aparentemente seu mal estar depois da queda na piscina e suas constantes retiradas de
sangue não se agravariam. Após beijar-lhe repetidas vezes brevemente e acomodá-la junto ao seu
peito, disse para ela e á si mesmo.
– Tenho uma agenda especial inteirinha para você, não há porque termos pressa. Durma bem meu
amor.
Diferentemente do que havia pensado na manhã anterior, deixar Isabella em sua verdadeira cama
não fora menos inquietante. Contudo não se iludia com sentimentalismos. Sabia que ainda sofreria
com o afastamento por ser irremediavelmente dependente dela, mas a angustia em deixá-la naquela
manhã se dava em boa parte pelo episodio com Carmem. Evidentemente que o mesmo seria
praticamente impossível de ocorrer com ela em sua cobertura. Á menos é claro, que ele, Jasper ou
Alice não estivessem no escritório para perceber a aproximação de alguém não autorizado pelo
único meio de acesso; seu elevador.
Irina viria na manhã seguinte e, mesmo não acreditando que o rábula fosse se valer do mesmo
estratagema, Edward desceria para seu escritório somente após sua saída. E uma vez que seria
necessário arrombar a porta que levava ás escadas, ninguém, mortal ou imortal, teria a chance de
levar a jovem sem ser interceptado. Aparentemente não havia meios de Isabella ser importunada
outra vez, mas o vampiro estava longe de se sentir seguro quanto á isso.
– Ouviu o que eu disse Edward? – a voz impaciente de Alice chegou aos seus ouvidos.
Ela e Jasper estavam á sua espera quando chegou á sua sala e agora se encontravam sentados á sua
mesa, conversando á portas fechadas em tom baixo e reservado sobre os últimos acontecimentos.
Depois de dividir com ela a descoberta de sua força como havia feito com o amigo na tarde passada
e contar sobre os encontros com Zafrina, tentavam estabelecer uma ligação lógica entre todas as
revelações, ainda que desencontradas. Ao que parecia o assunto não conseguia prender sua atenção
mais que Isabella. Piscando algumas vezes, na tentativa de deixar a jovem em um segundo plano em
sua mente, Edward respondeu por puro reflexo.
– Sinto muito Alice... Divaguei por alguns instantes.
– Entende que precisamos ficar atentos, não é Edward? – foi a vez de Jasper se dirigir á ele.
– Talvez eu saiba disso mais do que os dois juntos, mas toda essa situação é nova para mim... Ainda
não consigo isolar as prioridades.
– Pois então tente. – disse Alice rispidamente. – Ou sua principal “prioridade” será aniquilada por
todas as outras.
Contra aquele fato não havia argumento, então Edward ignorou o comentário acido e pediu
seriamente.
– Pode repetir o que disse, por favor?
Depois de um suspiro exasperado, ela repetiu.
– Dizia que talvez não seja prudente, mas que devemos acreditar nas palavras da vampira.
Concordo com o que Isabella lhe disse. Zafrina deseja chamar a atenção desse Aro sobre si, por isso
foi contra ele. E se disse estar acostumada é porque sabe que será perdoada pela “traição”.
– Penso o mesmo, mas ainda faltam muitas peças nesse quebra-cabeça. – ele disse contrafeito. – Ou
pelo menos uma única peça chave que ligaria todas as outras.
– Você poderia tentar induzir James novamente, como disse que estava fazendo antes de ser
interrompido por Zafrina. Com certeza ele tem as respostas. – sugeriu Jasper.
– Sim, ele tem. – concordou Edward recostando-se em sua cadeira. – Mas você ouviu o que a
vampira disse. Que se eu cumprisse minha palavra ela manteria á dela e daria um jeito de me contar
um detalhe importante. E talvez, essa seja a peça que falta.
– Lembro-me perfeitamente o que ela disse, mas quem garante que não possamos descobrir agora
mesmo sem ser preciso esperar pela boa vontade dela? – o amigo insistiu. – James está em sua sala.
– Justamente por isso acho melhor deixarmos ele em paz por enquanto. – então uma ideia lhe
ocorreu e ele disse pensativamente. – Pelo menos, aparentemente.
– Edward, em que está pensando?
O vampiro ainda ponderou por mais alguns minutos em que era encarado pelos amigos de forma
expectante, amadurecendo o plano alternativo antes de finalmente responder.
– Que talvez um e nós devesse segui-lo.
– Posso fazer isso. – Jasper se ofereceu imediatamente. – Tenho um compromisso para esta tarde,
mas posso desmarcá-lo sem problemas. A semana está relativamente calma por causa do feriado.
Acredito que quanto antes descobrimos alguma coisa importante, melhor.
– Concordo... Estava pensando justamente isso, mas seja o mais discreto possível. Relutei em expor
a ideia, pois não tivemos nada, nenhum indicio sobre todo esse mistério que viesse á nós tão
facilmente. – Edward ponderou. – Talvez seja trabalho perdido porque ainda custo á crer que
Zafrina tenha liberado o “peão”, mesmo que importante, se ele soubesse algo de valor.
– Não se preocupe, serei discreto. Quem sabe assim até possamos descobrir onde Aro e Zafrina
vivem?
– É o que espero, mas se descobrir algo, não faça nada sem antes falar comigo. – pediu seriamente.
– Algo me diz que não devemos arriscar esse fio de confiança que ainda resta entre mim e ela.
Ainda mais – Edward pensou – que precisava dela para saber sobre a maldita marca. Não iria correr
o risco de afastá-la definitivamente por causa de sua impaciência ou de uma improvável, porém não
impossível ação temerária de seu amigo. Jasper sempre foi comedido e prudente, mas diante de
tantos acontecimentos poderia querer resolver a situação e aquele não era o momento de serem
impulsivos. Edward tinha consciência que ele próprio era o que mais precisava aprender aquela
lição.
Afinal, aquele também não era um ponto importante? Deixar de ser impulsivo?... Quanto antes
começasse a ser comedido, melhor. E saber que o amigo se ocuparia de seguir James já eliminava
em boa parte a ansiedade pela falta de ação. E se ele não descobrisse nada importante, ao menos
teriam tentado e o remédio seria esperar. Se fosse o caso, já haviam esperado até aquele momento,
poderiam esperar um pouco mais.
– Não se preocupe. – Jasper repetiu. – Isso não acontecerá. O máximo que pode acontecer é
ficarmos na mesma.
– Se for esse o caso... – disse Edward em tom de promessa. – E ficar claro que a vampira não
tenciona cumprir com sua parte no acordo, eu arranco de James seja lá o que ele tiver para contar.
– Esse é outro detalhe que me intriga. – começou Alice, chamando a atenção sobre si. – Nunca
poderia imaginar que vampiros pudessem influenciar uns aos outros. Não temos defesa contra isso
Edward.
– Acho que não precisa alarmar-se, Alice – Edward tranqüilizou-a. – Segundo Zafrina é preciso que
o vampiro seja “fraco” como ela denominou James. Ou que não tenha vínculos fortes, como
lealdade por aquele que seria lançado contra.
– Mas talvez... Esses mesmos vínculos possam ser usados contra o inimigo, caso seja do interesse
do induzido. – disse Alice pensativamente.
– O que quer dizer com isso? – perguntou Jasper sem desprender os olhos do rosto da esposa.
Edward nada disse, pois o amigo lhe adiantou a pergunta, então apenas debruçou-se sobre sua mesa
e esperou que Alice concluísse.
– Bem... – ela começou receosa, então perguntou á Edward. – Lembra-se do comportamento de
Rosalie, não é?
– Evidente. – jamais se esqueceria da aproximação improvável da vampira. Ou de sua participação
em um dos piores momentos de sua vida.
– Pois então... Conversamos sobre isso na noite em que Bella foi influenciada por ela. Cogitamos
uma possível indução, ainda que nos parecesse absurda e agora sabemos que são reais. Diante disso
não resta duvidas que Rosalie não agiu por livre e espontânea vontade.
– Então o que quer dizer é que, se Rosalie nutrisse algum sentimento platônico por Edward, este
tenha sido o fator determinante para que ela se submetesse á indução? –perguntou Jasper.
– Isso mesmo. – ela concordou. – Pois se ela o amava, era leal mesmo que sempre tenha
demonstrado certa antipatia. Tudo fachada! – continuou Alice. – Esse Aro pode ter tomado
conhecimento desse sentimento oculto e tê-lo usado para obrigá-la á provocá-lo.
– Tudo isso faz sentido. – Edward concordou recostando-se em sua cadeira. Detestava ter que
reconhecer que talvez a loira odiosa tivesse lhe amado; pobre Emmett.
– Mas isso nos leva novamente ao mesmo problema... – disse Jasper. – Como esse Aro pode saber
tanto?
– Sinceramente... – começou Edward resignado. – Desisti de tentar descobrir isso por conta própria.
Vamos esperar que Zafrina se pronuncie á respeito então nós descobriremos.
Como havia pensado no colega, deixou que seu pensamento fosse para ele e em voz baixa disse.
– Também me preocupa esse sumiço de Emmett.
– Á mim também. – disse Jasper. – Ele nunca ficou fora tanto tempo, mas estive pensando... E se
ele saiu á procura da esposa?
Edward e Alice trocaram olhares, então o vampiro perguntou.
– Acredito que Alice lhe contou o que aconteceu com ela, não?
– Sim... – Jasper disse simplesmente, sem nenhum traço de julgamento na voz. – E é justamente
isso que me preocupa. Se eu estiver certo e ele descobrir, teremos ainda mais problemas.
– Problema esse que não podemos nos ocupar agora. Se estiver certo, depois eu vejo como me
entender com ele... Preocupo-me mais é que Emmett não saiba de nada e esteja preso ou morto. Se
for esse o caso, será difícil saberemos.
– Então, mais uma vez, não temos pistas... – Alice constatou resignada.
– Bom... Se Jasper conseguir alguma coisa em sua perseguição á James, sim... Caso contrário,
ficamos como estamos. – concordou Edward contrafeito. – De toda forma, não sei quanto á
Emmett, mas algo me diz que as respostas não tardarão á virem até nós. Ainda assim, independente
de qualquer atitude que tomemos, precisamos ficar atentos e preparados para tudo.
– Então o melhor á ser feito é voltarmos á nossas atividades até que James resolva sair, certo? –
perguntou Jasper erguendo-se. Edward assentiu com a cabeça. – Já que é assim, devo cuidar de
cancelar o encontro com meus clientes. Ou ainda precisa que eu fique aqui?
– Não... Acho que já dissemos tudo. No mais, eu consigo dar conta de cuidar de Isabella, obrigado!
– E não se esqueça de mim. – disse Alice olhando na direção de Edward. – Vou cuidar de Bella
também.
– Não hoje. – disse Edward sustentando-lhe o olhar. – Tenho alguns serviços que quero que faça por
mim.
Talvez pressentindo que sua esposa e o amigo iniciariam mais uma das tantas brigas que envolviam
a jovem, Jasper se dirigiu á porta depois de beijar brevemente os lábios da mulher carrancuda
dizendo.
– Então podemos encerrar por agora, não é?
– Podemos.
Quando ele se foi Alice perguntou á Edward.
– Que serviços? Por que não quer que eu fique com Bella?
– Como disse “eu” cuido dela hoje. – ao terminar a frase, abriu sua primeira gaveta e retirou os
envelopes que havia pegado no apartamento de Isabella na noite de domingo. – Quero que quite
essas contas e que vá á oficina mecânica onde ela deixou o carro e verifique se os reparos já foram
efetuados. Se sim, pague ao homem e leve o veiculo até alguma das instituições de caridade que
costumamos ajudar com a arrecadação do Baile e entregue á eles.
– Acho que você não tem o direito de fazer isso... – ela retrucou. – Não pode dispor das coisas dela.
Acha mesmo que Bella vai aceitar sua intromissão numa boa?
– Só porque quero assumir suas dividas? – ele perguntou com certa indiferença.
– Não seja cínico Edward. Estou falando do carro... Se ele estiver pronto eu o trago para sua
garagem e depois “Bella” decide o que fazer com ele.
– Adianto-lhe que ela mesma fará o que acabei de sugerir depois que vir o que eu pretendo dar para
ela. – disse ele desafiadoramente.
– Ainda assim a decisão deve partir “dela”. – retrucou. – Tem o endereço do mecânico?
Depois de escrever o solicitado em uma folha de seu bloco de anotações, Edward o estendeu á
Alice. Não gostava de ser contrariado, mas tinha que reconhecer que mais uma vez a amiga estava
certa. Isabella havia reclamado justamente sua vida de volta e ele somente provocaria outra briga
caso interferisse ainda mais em assuntos que ela se encontrava impossibilitada de resolver. Ciente
que a amiga também não se disporia á se desfazer do apartamento, apenas lhe entregou o papel.
Assim que a vampira conferiu o endereço, Edward solicitou ainda que ela abrisse uma conta
bancária em nome de sua noiva, assim como que providenciasse cartões de credito.
– Qual o valor do limite? – ela perguntou assumindo um tom profissional.
– Iguais aos meus. – ele disse simplesmente.
– Claro... O sonho dourado de qualquer mulher. – ela comentou debochada. – Cartões ilimitados
quando nem ao menos se pode usá-los.
– Isabella não ficará confinada para sempre. – Edward retrucou secamente.
– Começo á ter minhas duvidas quanto á isso...
– O que está insinuando?
– Que você deseja justamente isso... Manter Isabella “confinada”, sempre junto á você. Caso
contrário já a teria mudado e...
– Pare imediatamente Alice. – cortou-a imperativo. – Não quero ouvir uma única palavra á esse
respeito.
– Acho que tenho todo o direito de opinar e...
– Assim como se achou no direito de contar sobre nossa pouca experiência em lutas somente para
alarmá-la? – cortou-a novamente. – Ou sobre a força dos recém criados?... Durante a conversa
esclarecedora entre as duas, ela lhe disse que estava pensando em se tornar imortal justamente por
causa disso?... Que poderia se lançar contra o aquele rábula nojento para ajudar-me?
– Não, ela não me disse. – Alice respondeu sustentando-lhe o olhar. – Mas a ajuda dela seria válida.
– Pois saiba que por mim nem ao menos “você” participaria de tal coisa agora que sei as reais
proporções dessa aproximação. Esse tipo de situação não foi feita para mulheres.
– Ah não... – Alice comentou inconformada. – Sexismo disfarçado de cavalheirismo á essa altura do
campeonato eu não agüento!
– Não se trata de uma coisa nem outra...
– Certo Cullen! – foi a vez de Alice cortá-lo. – Iluda-se o quanto quiser. Por ora não vou me meter,
mas não pense que vou deixá-lo em paz.
continua...

Notas finais do capítulo


É isso... Alice tá virada no siri na lata... Pobre do vampirão...
Espero que tenham gostado... e que comentem como sempre...
Essa semana tô meio folgada então vou responder sempre que vir um review novo...
Ahh... como quinta tem o restante, não vou deixar spoiler... =)
Bjus lindas... Boa semana e até mais...

(Cap. 64) 2ª metade Capítulo 33 - Parte II

Notas do capítulo
Oie...
Demorei mais cheguei... o/
Bom... Como sempre quero agradecer aos reviews e a atenção...
Iria começar com um pov meu, mas resolvi deixar para o final... Please, depois de lerem
o restante do capítulo, leiam com atenção... é importante... =)
Agora...
BOA LEITURA!...

– Certo Cullen! – foi a vez de Alice cortá-lo. – Iluda-se o quanto quiser. Por ora não vou me meter,
mas não pense que vou deixá-lo em paz.
Sem que lhe desse chance de retrucar, ela deixou sua sala. Edward ainda bufava exasperado quando
Jasper bateu á porta e entrou, minutos depois.
– O que deseja? – perguntou de mau humor.
– Vim entregar-lhe isso. – disse depositando algumas pastas sobre a mesa. – Sei que Alice já lhe
colocou á par de sua situação aqui... Como também sei o quanto aprecia o que faz achei que
gostaria... Agora que resolvemos o que fazer e que está de volta acho que pode assumir os casos que
deixou pendentes. Bem... Na verdade só sobraram esses dois, mas acho que eles podem ajudar á
distraí-lo enquanto não sabemos exatamente o que fazer.
– Obrigado! – resmungou sem vontade alguma, mas agradecido pela atenção do amigo.
– Para hoje não há nada marcado, mas amanhã pela manhã, ás onze horas, o senhor Carlsson virá ao
escritório.
– Tudo bem. – disse sem mexer nas pastas. – E James?
– Está cuidando de seus afazeres. Já estou livre caso ele resolva sair. Por enquanto age
normalmente, como sempre o fez. Nem ao menos reclamou quando peguei seu caso de volta.
– Sempre subserviente, então?
– Sempre... – Jasper respondeu com pesar antes de despedir-se e sair.
Edward entendia seu tom; talvez o amigo sentisse o mesmo que ele próprio. Nunca havia gostado
daquela postura do vampiro. Ela não era condizente com criaturas como ele; talvez nem mesmo
com os sem estirpe como disse Zafrina. Fosse lá o que isso significasse. Exasperado, Edward olhou
na direção das pastas. Pensou em abri-las, mas rejeitou o pensamento no segundo seguinte. Ao que
parecia Jasper teria que tentar conhecer aquela sua nova versão. A que não se distrairia em cuidar da
defesa dos “cretinos endinheirados” de Nova York.
Ainda com as palavras de Alice martelando em sua cabeça e com a falta de Isabella começando á se
agravar, não via meios de ocupar-se com questões que não dispensaria um segundo de sua atenção.
Contudo estava claro que precisava se distrair com alguma coisa ou enlouqueceria. Não poderia
sequer correr escada a cima para encontrar-se com sua noiva depois de deixá-la há apenas uma hora
e meia. Como na madrugada passada, disse á si mesmo que precisava dar-lhe espaço; ou acabaria
por sufocá-la.
Resignando-se á essa decisão, ergueu-se de sua cadeira e saiu para um “tour” pelos escritórios. Uma
vez que não sairia á campo como Jasper e não se ocuparia em sua sala, melhor seria se fazer
presente para que todos vissem que o patrão estava de volta. Esperaria até a hora do almoço, então
daria seu dia de trabalho como encerrado e iria ter com a única que verdadeiramente lhe importava.
Bella olhava para a tela do computador do gabinete sem enxergá-la. Já havia lido seus e-mails e as
principais notícias que perdera do dia anterior e daquele. Já tomara conhecimento que o corpo
encontrado no parque próximo á casa de Edward na mesma noite em que ele matou um policial era
o de Billy. Alice havia comentado, mas jamais poderia supor se tratar de se ex-editor pedófilo;
torturado e morto por Paul. Agora só faltava Jared ser encontrado.
A jovem leu ainda nas matérias atrasadas, sobre uma árvore encontrada praticamente partida ao
meio, sem explicação aparente; também obra de Edward. E para agravar os acontecimentos
estranhos, um tablóide sensacionalista trazia como destaque a um atendimento inusitado á um
homem encontrado na Leroy Street ainda com vida, mas inexplicavelmente com baixo volume de
sangue; fomentando ainda mais o medo da população. Esperava que pelo menos aquela não fosse
obra de Edward. Seria possível então que Paul fosse o responsável?
Provavelmente. Contudo, as noticias não eram as responsáveis por seu desligamento. Novamente
estava presa á uma cisma que lhe acompanhava desde a hora que despertou naquela manhã ainda
abraçada á Edward. Acordou com a sensação de que havia perdido algo; em sua mente e nas
palavras do vampiro. Depois delas simplesmente apagara. E esse era o ponto, ele havia prometido
não influenciá-la, mas aquela parecia ser a única explicação lógica. Não que se sentisse traída,
afinal a “ordem” foi inocente. O que perturbava era que ela havia vindo justamente quando falavam
da vampira. Quando ele a trouxe para junto de si e a beijou, acreditou que seria distraída como na
manhã anterior; estava pronta para resistir ao artifício sexual quando veio o “durma bem meu
amor”.
Mais uma vez, Bella afastou esse pensamento e focou em Zafrina. Jamais confiaria nela e não
ajudava que Edward estivesse claramente lhe escondendo alguma coisa; depois de sua reconciliação
e naquela manhã. Agradeceu aos céus que ele tivesse voltado para junto dela como se não
houvessem brigado. Sentiu-se tão miserável quando despertou durante a noite e descobriu Alice lhe
pajeando novamente após Edward ter saído sem despedir-se que nem ao menos teve animo para
conversas.
Justamente por isso deixou a amiga e se retirou para o quarto tão logo terminou de comer o que fora
obrigada. Não chorou novamente, apenas adormeceu de exaustão física e emocional. Nem pôde
acreditar quando acordou com a boca fria pressionando seu ombro e o corpo firme se acomodando
junto ao seu. Soube imediatamente que aquela era a melhor prova de que eles sempre ficariam bem.
Independente de qualquer desentendimento leve ou briga mais séria que pudessem ter.
Porém, toda cumplicidade era abalada quando sabia que ele ainda lhe omitia coisas importantes.
Não insistiu em saber mais detalhes sobre aquele segundo encontro quando ele o narrou ainda na
cama, abraçado á ela, pois não desejava gerar outro conflito. Depois de suas palavras ficara claro
que a vampira estava mesmo agindo para afrontar seu amante, marido ou fosse lá o que aquele Aro
fosse dela. Infelizmente esse fato não eliminava um possível interesse em Edward. Vadia.
Queria saber mais; tentar descobrir o que Edward lhe escondia. Porém, como ele já havia alertado,
foi deixada de fora da conversa entre os três vampiros. A reunião á portas fechadas nem mesmo
aconteceu no gabinete como seu noivo havia marcado. Conversaram em seu escritório,
provavelmente depois de ele se certificar que ninguém subiria até a cobertura como assegurou que
faria.
Talvez esse plano alternativo tenha surgido para demonstrar que não monopolizaria Alice; não a
faria uma babá constante. Ainda assim Bella não se iludia; cedo ou tarde a vampira viria lhe fazer
companhia. Sua vontade fora explicar que o problema não era necessariamente com Alice e sim
com o fato de ser obrigada á viver refém do medo; ser deixada de fora. Contudo, conhecia a
teimosia de Edward, então optou por não iniciar uma nova discussão.
Bufando entediada, Bella digitou a mesma tecla fazendo com que vários “Es” se repetissem na
pagina do Word onde deveria estar escrevendo uma matéria. Dava-se conta que a recíproca era
verdadeira, Edward também a distraia. Ainda cismava com ele, quando seu celular sobrevivente ao
ataque de frustração tocou ao seu lado.
– Bom dia Esme. – cumprimentou após ouvir a mesma saudação de sua editora. – Estava esperando
que me mandasse um e-mail com sua idéia... Ainda não a amadureceu?
– Perdoe-me... É que até agora á pouco isso aqui estava um a loucura. Só tive tempo de parar agora.
O coração da jovem protestou. Esperou tanto para poder fazer parte daquela agitação e agora, por
causa de toda aquela disputa entre criaturas míticas era obrigada á ficar de fora.
– Posso saber o motivo da “loucura”? – perguntando para ter um pouco de contato com o que
perdia.
– Ah... Acredito que você já deva ter lido os jornais de hoje. – depois que a jovem confirmou, Esme
prosseguiu. – Pois bem. Um vigia de um dos prédios da Rua Leroy nos telefonou hoje cedo para
falar sobre a gravação de uma câmera de segurança que havia flagrado o que aconteceu na
madrugada passada. Pode imaginar como ficamos em polvorosa aqui.
– Faço uma idéia. – ela disse em um sussurro, com o coração agora aos saltos. – E é verdade?
Foram atrás dessas imagens?
– Enviei Thomas até o edifício e ele conseguiu uma cópia da fita, mas o cara só queria chamar a
atenção. Não dá para ver nada.
– Tem certeza? – Bella ainda tremia.
– Infelizmente sim... Tudo que podemos ver é o homem passando por um trecho escuro da calçada
sem nunca sair dele.
– Entendo...
Bella se permitiu respirar. O segredo de Edward ainda estava á salvo, mas até quando? Mesmo com
a dúvida, dava-se ao luxo de se sentir aliviada, quando a editora disse em tom animado.
– Mas... Mesmo que a fita não tenha nada de concreto, ela alimenta o imaginário popular. Não
vemos o que aconteceu, porém está claro que “aconteceu” alguma coisa anormal. O senhor Mickeli
caminhava normalmente, no entanto, nunca atravessou a zona escura e foi encontrado exangue
poucos minutos depois.
Ficava claro que nunca poderia deixar de preocupar-se. Na tentativa de desconversar, comentou
incredulamente.
– Talvez tenha sido exagero que quem o socorreu... Têm ocorrido mortes estranhas nos últimos dias.
Isso mexe com a cabeça de qualquer um propenso á acreditar em estórias assombradas.
– E é justamente com isso que estou contando. – Esme exclamou ainda mais animada.
– Acho que eu não entendi.
– Eu estava na dúvida, mas agora tenho certeza. Quero que você escreva uma série de matérias
sobre vampiros.
A jovem quase engasgou.
– Como?!
– Isso mesmo que você ouviu. Uma série sobre vampiros. Sem aquela abordagem otimista sobre a
possibilidade deles existirem e serem seres incompreendidos. Eu quero o lado negro de tais
criaturas. Como aqueles que nos são apresentados em filmes de terror.
– Não sei se essa é uma boa idéia Esme. Pelo menos não nesse momento. Acho que todos já estão
assustados demais. Não deveríamos alimentar a histeria coletiva.
– Muito pelo contrário. O jornalismo também se baseia na lei da oferta e procura. Nesse momento
de perguntas sem respostas, devemos dar á todos o que querem saber.
– Ah, claro... E logo estarão tão paranóicos que vão acabar com os estoques de crucifixos e réstias
de alho.
Após alguns instantes, Esme perguntou.
– Pensei que gostasse do tema, afinal a matéria que escreveu para o “Daily News” foi uma das suas
melhores. E tenho certeza que o que impulsionou as vendas foi justamente aquele ataque estranho
no Central Park. Por que mudou de idéia?
– Não mudei de idéia... Só não vejo a necessidade de alarmar ainda mais as pessoas explorando as
piores características dos vampiros.
– Devo entender então que não quer a pauta?... Se não quiser eu passo para outro, mas asseguro-lhe
que nada me fará mudar de idéia.
Diante da última afirmação, Bella reprimiu um sorriso repentino.
– Absolutamente. Não vejo a necessidade de explorar o medo coletivo, mas a matéria é minha. Para
quando quer a primeira?
– Para a próxima sexta feira, depois do feriado. Acho que três serão suficientes. Comece com o
básico. A origem, as lendas... Depois vá evoluindo, até mostrá-los como criaturas violentas.
– Está certo. Vou começar a trabalhar agora mesmo, assim que tiver algo eu mando para você.
Ao desligar o aparelho, Bella não se sentia mais alarmada. Sabia uma forma de fazê-la mudar de
idéia. Tão logo Edward chegasse exporia a situação á ele. Se uma personagem central não visse
problema, ela faria a bendita matéria. Caso contrário, poderia ele mesmo fazer o que Esme
considerava impossível.
Depois do telefonema da editora os minutos pareceram voar. Alice não subiu como acreditou que
aconteceria e a jovem tinha que admitir que fora melhor dessa maneira. Evidente que não desejava
ser arrastada á força novamente por outra empregada, mas também não queria se sentir pajeada;
bastava ter que ficar confinada. Mesmo que aquela fosse a melhor das “celas”, pesou com um
suspiro resignado.
Como não conseguiu escrever uma única linha sobre qualquer outro assunto que não fosse
vampiros, a jovem resolveu explorar o apartamento. Sabia que no andar superior havia três quartos
então permaneceu na parte inferior. Já admirara a piscina e como as salas principais e a cozinha já
eram conhecidas, se aventurou por uma porta que ficava ao lado da do gabinete.
Deparou-se com uma sala de TV como a que tinha na casa destruída, porém aquela era
completamente diferente. Nela havia uma LCD tão grande e fina que mais parecia um quadro negro
preso á parede. Apenas o sofá branco se assemelhava á outra sala, porém esse era ainda maior. Um
grande tapete felpudo cobria o chão. E o rack abaixo da TV acomodava um aparelho de som
pequeno e sofisticado assim como os de Blue-ray e algumas das parafernálias do home teather.
Apesar de linda, estava claro que aquela sala não era usada com freqüência. Até aquele dia, pensou
se convencendo que logo estaria totalmente mal acostumada á todo aquele conforto. Se Black
estivesse ao seu lado, poderia dizer que já estava em sua casa. Como já se encontrava descalça,
Bella seguiu sem demora para o tapete. Teve que reprimir um suspiro de deleite ao sentir os pelos
extremamente macios sob a sola de seus pés. Sem duvida, quem recomendava o caminhar descalço
para relaxamento, pensava em um tapete como aquele.
Após encontrar o controle remoto não resistiu ao chamado dos pelos macios e, depois de alcançar
uma almofada para apoiar a cabeça, se acomodou no grande tapete e ligou a TV. Decididamente
aquela era uma boa cela, pensou correndo a mão livre pela superfície felpuda, ainda assim desejava
poder sair dela um dia. Colocando de lado, situações que não encontrava meios de mudar, Bella
zapeou pelos canais. Estava em sua segunda procura por algo interessante quando passou por um de
notícias locais que chamou sua atenção fazendo com que esquece completamente a maciez do
tapete ou seu cárcere privado. Havia um gráfico na tela, indicando o aumento de desaparecimentos
na cidade em relação aos ocorridos em agosto e setembro daquele mesmo ano.
A jovem esperou expectante que o apresentador aproveitasse o clima tenso para fazer algum
comentário sobre possíveis ataques de um maníaco com tendências vampíricas, mas para seu alivio,
esse não veio. Por sorte o sensacionalismo gratuito era característico de alguns redatores de jornais
não dos profissionais dos meios televisivos. Infelizmente sua editora fazia parte do grupo
sensacionalista. Bom, se fosse sincera em uma auto-análise, ela tinha que admitir que, caso não
soubesse o real motivo dos desaparecimentos ou do envolvimento de seres iguais á Edward, ela
própria estaria explorando o tema ao máximo – não da forma que Esme propunha, mas estaria.
Contudo ela sabia em que aquela temática implicava e era seu dever reprimi-la ao menos onde
poderia exercer algum poder. Resoluta, mudou de canal mais algumas vezes até que um movimento
na direção da porta chamou sua atenção. Nem bem girou a cabeça para ver do que se tratava quando
Edward se materializou ao seu lado. Não o ouviu chegar, mas se assustou. Cada vez mais se
habituava àqueles movimentos rápidos.
– Oi. – ele cumprimentou deitando-se ao seu lado.
– Oi... Pensei que Alice viesse... – nunca terminou á frase.
Antes que concluísse o que dizia, Edward correu a mão fria por sua nuca e a beijou. Enquanto sentia
a língua áspera explorar sua boca, rolando e chupando a sua com paixão, entendeu o motivo dos
“Es” digitados distraidamente. Sentia a falta dele como boa viciada que já estava. Não se tratava
apenas de distração; por mais que não tivesse se dado conta, ansiou por aquele beijo talvez desde o
momento que Edward a deixou para descer ao seu escritório. Sua vontade de acompanhá-lo não era
somente curiosidade ou vontade de participar da conversa e sim para poder ficar ao seu lado.
Aproveitando que agora estava junto á ele, Bella acomodou-se melhor no tapete sem desprender o
contato com os lábios frios. Imediatamente Edward gemeu em sua boca e se colocou sobre ela,
encaixando-se entre suas pernas. A jovem adorava tê-lo assim, pesando sobre seu corpo, cobrindo-a
por inteiro e comprimindo-se contra seu quadril para que pudesse senti-lo.
Ao notar a crescente rigidez, Bella correu as mãos por suas costas até enroscar os dedos nos cabelos
da nuca, para incentivá-lo. O toque delicado pareceu surtir resultado, pois enquanto o acariciava
naquele ponto, sentiu a mão masculina se insinuar pela barra de sua blusa até chegar á base de um
dos seios. Antes mesmo que ele o tocasse, já se deleitava com o roçar dos bicos enrijecidos contra o
tecido do sutiã. Ainda com a mão sob sua blusa, o vampiro abaixou o lingerie e fechou a palma
sobre todo seu peito, enlouquecendo-a enquanto aprofundava o beijo.
“Edward”; tentou gemer, mas o nome se perdeu entre o beijo intenso que recebia. Era evidente que
ela não era a única á padecer de saudades ali. E uma vez que, ao que tudo indicava, ele não se
conteria daquela vez, Bella tratou de se entregar ao momento. Deixando os carinhos da nuca de
lado, desceu as mãos até a frente da camisa de microfibra preta para desabotoá-la. Imediatamente
Edward interrompeu o beijo e ergueu o dorso ajoelhando-se entre suas pernas. Atordoada com o
gesto abrupto o viu retirar a peça pela cabeça, sem desprender os olhos verdes de seu rosto.
Ofegante, o recebeu de volta em seus braços para mais um beijo invasivo. Agora com total acesso
ás costas largas e fortes. Logo sentiu a trama da cicatriz no ombro esquerdo sob seus dedos. Ao
acariciá-la, Edward comprimiu sua rigidez ainda mais contra ela e liberou outro gemido em sua
boca. Ter todo aquele volume prensando o vão entre suas pernas inflamou ainda mais seu desejo por
ele. Completamente esquecida de todos os problemas, acariciou o seu peito de pelos encaracolados
e extremamente macios, fazendo com que Edward gemesse mais uma vez.
– Senti sua falta Isabella... – ele disse em um murmúrio depois de liberar seus lábios e beijar a base
de seu pescoço.
– Isso explicaria muita coisa... – ela gemeu ao sentir a boca escorregar até um dos seios expostos
pela blusa que nem ao menos sentiu ser aberta. – Também senti a sua...
O vampiro sugava o bico intumescido com volúpia enquanto escorregava a mão por seu ventre até
tocá-la intimamente por sobre a calça.
– O cheiro que exala é tão bom Isabella! – ele exclamou ainda acariciando-a no mesmo ponto. – Eu
não devia provocá-la, mas estou irremediavelmente viciado nele.
– Sendo assim... – ela começou em meio á um sussurro. – Provoque da forma correta.
Então correu as mãos pelo próprio ventre até encontrar o cós da calça para desabotoá-la. Tão logo
baixou o zíper, a mão dele passou pela abertura para obedecê-la. Foi impossível reprimir um
gemido alto quando sentiu os dedos experientes em seu ponto sensível. Imediatamente arqueou o
corpo incentivando-o á prosseguir a invasão.
– Edward... – arfou, ao ter o corpo invadido por dois de seus dedos.
Respirando pela boca entre aberta, Bella procurou pelo rosto de Edward. Os olhos verdes estavam
escuros de desejo e inspecionavam os dela como se decorasse cada reação que lhe provocava.
Decidida á retribuir o carinho, a jovem desceu a mão pelo caminho de pelos até tocar-lhe o volume
endurecido oculto pelo tecido da calça. O vampiro fechou os olhos por um momento, então voltou a
encará-la com a íris ainda mais escurecida. Sempre movendo os dedos no vale entre suas pernas, ele
inquiriu roucamente.
– Como resistir á você minha bruxa?
– Não resista... – ela sugeriu tentando desafivelar-lhe o cinto.
– E não é isso que sempre faço?... – ele respondeu em um fio de voz. – Quando me provoca...
Verdadeiramente como agora ou... Somente quando povoa meus pensamentos expulsando todo o
resto... Tornando-me disperso... Inútil... Juro que tento fazer o certo Isabella... Mas eu sempre me
rendo á... Ah...
Edward se interrompeu com um gemido quando ela encontrou seu membro endurecido ainda preso
na boxer.
– O que dizia?... – ela perguntou provocativamente, manipulando-o.
– Que preciso de você... Agora e sempre...
– Então vem...
Sem esperar um segundo chamado, Edward afastou-se dela pela segunda vez, somente para livrá-
los de todo e qualquer tecido que estivesse sobre suas peles. A jovem não teve tempo de admirar
aquele corpo forte e perfeito, pois imediatamente após ficar nu, Edward deitou-se sobre ela para
invadi-la; dessa vez da forma correta. Mais uma vez a jovem arqueou o corpo, agora procurando
melhor atrito entre o ponto sensível entre suas pernas e o membro extremamente rígido que o
massageava em um entrar e sair lento e ritmado. Como se não bastasse, os pelos do tapete
agravavam o desejo provocado pelo contato dos corpos.
– Edward...
Bella choramingou enquanto breves correntes de excitação corriam por seu corpo. Com seu quadril,
tentou instigá-lo á ir mais rápido, contudo Edward a segurou gentilmente e continuou a deslizar
lentamente.
– Deixe-me amá-la assim... – ele grunhiu de encontro á sua boca. – Preciso ter a certeza que não
vou machucá-la...
E então a beijou; movendo a língua na sua da mesma forma provocativa e lenta de suas arremetidas.
Certo, ele não a machucaria; simplesmente a mataria de um enfarte fulminante com toda aquela
delicadeza e lentidão. Mais um pouco daquele roçar torturante e da carícia dos pelos artificiais em
suas costas e dos peitorais em seus seios, ela sucumbiria de vez á um orgasmo aniquilador.
“Por favor”; tentou implorar, mas o pedido morreu nos lábios que prendiam os seus. E logo
aconteceu. Como havia previsto, quando seu corpo reagiu ao estimulo comportado e compassado,
foi para presenteá-la com espasmos violentos de prazer extremo. Ainda tremia quando Edward
afundou o rosto em seu pescoço e acompanhou-a nos espasmos após também atingir seu clímax,
rosnando e urrando de forma contida. Á jovem, porém, foi impossível conter o grito que se formou
em sua garganta quando foi acometida com um segundo orgasmo, mais intenso que o primeiro.
Edward nem ao menos se sentia culpado por mais uma vez burlar sua decisão. Estava mais que
comprovado que nunca conseguiria se manter longe dela fisicamente; sexualmente. Nem mesmo
quando não alimentava seu desejo pela jovem. Enquanto se obrigou á ficar no escritório, dando
assistência á todos que aproveitaram seu inédito interesse em visitar as salas, ele não dirigiu um
único pensamento á ela nesse sentido. No entanto, bastou entrar em seu apartamento impregnado
com o odor agradável dela, para desejá-la violentamente. E ali estava ele; largado sobre ela.
Valendo-se da aproximação e dos tremores que ela ainda lhe provocava.
– Você é tão quente Isabella...
Edward murmurou ainda com a cabeça mergulhada em seu pescoço. Poderia acrescentar que o
cheiro de seu sangue o instigava, mas já a conhecia o suficiente para saber que ela se ofereceria á
ele caso o fizesse e definitivamente, àquilo, não poderia se render. Como ela se calou ao seu
comentário, Edward apenas beijou-a na base do pescoço antes de erguer a cabeça e procurar pelos
olhos castanhos. Antes que declarasse seu amor, ela lhe roubou a fala.
– Eu amo você Edward!... Promete que nunca vai se esquecer disso.
Por algum motivo desconhecido, o vampiro não gostou do pedido, então disse seriamente.
– Não é necessário prometer tal coisa, pois você sempre me lembrará.
– Posso me esquecer de dizer um dia...
Sem entender, Edward deu-lhe um beijo leve antes de separar os corpos e se deitar ao seu lado,
dizendo.
– Impossível!... Se sente por mim o mesmo que eu por você, jamais vai esquecer.
. – Existem coisas que acontecem alheias á nossa vontade...
. – Certo... – ele exclamou acariciando os lábios dela. – Estou vendo que quer me dizer alguma
coisa... Então faça.
. – Bem... – ela começou e se interrompeu como se escolhesse as palavras então logo em seguida
prosseguiu tocando seu rosto gentilmente. – Sim, eu queria lhe dizer uma coisa, mas não quero
gerar uma nova briga então, por favor, apenas me ouça.
Como resposta, Edward inspirou e expirou lentamente e, parando a caricia sobre os lábios, disse
com comprometimento.
– Está bem... Pode falar.
Assim como ele, a jovem respirou profundamente. Ainda tremia levemente; Edward não sabia se
pelo orgasmo recente ou de ansiedade pelo que estava prestes á dizer. Se fosse pela segunda
alternativa, não deveria ser nada bom. Resignando-se á apenas ouvir esperou que ela começasse.
– Bom... Nós dois sabemos que você só quis ganhar tempo quando prometeu pensar em me tornar
igual á você...
Evidente que não era nada bom pensou antes de tentar cortá-la.
– Isabella, por favor, não... – imediatamente a voz dela se sobrepôs á dele.
– Você concordou em ouvir. – ela o lembrou. Como ele se manteve calado, ela prosseguiu. – Não
estou falando isso para recriminá-lo. Como disse não desejo gerar mais discussões sobre esse
assunto. Só desejo explicar meu pedido... Eu o amo tanto Edward que, quando não estamos juntos,
muitas vezes chega á doer. Assim como doeu ter brigado com você ontem. Depois de tudo que
falamos, cheguei á conclusão que rebelar-me ou, na pior das hipóteses se eu fosse ser extremista,
ameaçar partir somente para forçá-lo á fazer o que não deseja seria pura perda de tempo, pois eu
não o faria verdadeiramente.
– Isabella... – Edward tentou cortá-la novamente.
Apesar da declaração que tocou diretamente seu coração, não estava gostando do rumo daquela
conversa. Contudo ela continuou á falar como se ele não tivesse dito nada.
– Aceito o que você determinar... Se para você, o certo á ser feito é me deixar como estou, que
assim seja.
Àquelas palavras, Edward sentiu um calafrio agourento cruzar sua coluna. Percebeu naquele
momento que naqueles poucos dias que estavam juntos havia se habituado á insistência dela e
aquela rendição inesperada o desnorteou. Subitamente não tinha palavras então apenas permaneceu
em silêncio enquanto ela concluía.
– Isso nos leva ao inevitável... Os anos passarão para mim. Vou envelhecer Edward. Por isso pedi
que prometesse não esquecer que o amo. Sabe como a mente de alguns idosos fica falha depois de
algum tempo. Preciso que prometa que mesmo depois que eu ficar velhinha... Se for dessas e ter
lapsos de memória, não vai se esquecer que eu ainda estarei lhe amando, mesmo que não me
lembre.
E então ele entendeu. Quase havia caído naquela rendição repentina e embusteira. Controlando-se
para não se mostrar irritado, perguntou.
– Por que isso agora?... Acaso é alguma nova tática para me fazer mudar de idéia?
– Não... – ela respondeu tocando-lhe o rosto. – Realmente desisti de tentar convencê-lo á me fazer
ser como você. Se não deseja que seja assim não terá graça alguma ou o mesmo significado se me
transformar contra sua vontade, então é melhor que eu me conforme.
Para sua consternação, pôde ver nos olhos castanhos que ela estava sendo sincera então, novamente
se desconcertando diante de tantos sentimentos contraditórios.
– Isabella eu... – Edward se interrompeu; o que diria?
– Tudo bem Edward... Sem dramas. – ela pediu lhe sorrindo. – Todo esse “papo” sobre senilidade é
apenas porque me dei conta de que não será sempre assim entre nós. Daqui á alguns anos eu estarei
debilitada, velha e flácida. Mesmo que alegue não se importar ou que diga que sempre me amará e
me desejará, acho que “eu” não estarei em condições de fazer o que acabamos de fazer agora. Por
isso quero que me prometa que, quando esse tempo chegar, vai se lembrar que eu o amo.
Não deveria se deixar levar pelos olhos brilhantes dela, nem por suas palavras. Era um complô;
Edward pensou novamente irritando-se. Aquela seria a única explicação para Isabella estar falando
tais coisas. Se ela ou Alice acreditavam que o fariam mudar de idéia enquanto não se sentisse
seguro usando aquela imagem de um futuro distante apelando para sentimentalismos baratos
estavam muito enganadas. Sem conseguir encobrir seu crescente mau humor, respondeu
roucamente.
– Pois não vou prometer porcaria nenhuma.
– Edward... – ela tentou falar, mas foi a vez dele interrompê-la ao continuar como se ela não tivesse
lhe chamado.
– A senhorita que trate de cuidar de sua saúde mental que do resto cuido eu.
– Sabe que não é assim que as coisas funcionam... – ela tentou novamente sem sucesso.
– “Sempre” vai desejar-me Isabella. – ele prosseguiu sem ouvi-la. Agora mais rouco do que antes. –
Jamais admitirei que me rejeite por acreditar que está velha demais.
– Edward... – ela chamou novamente.
E mais uma vez ele não a ouviu. Estava preso em uma rede de irritação e mau pressentimento
crescente.
– Não serei o único que se rende Isabella; você também sempre se renderá a mim.
Sentindo urgência em se livrar da sensação inquietante e, como que para provar o que havia
determinado, não deu tempo para que a jovem respondesse. Sem se importar com as sobrancelhas
que começavam á se unir em um gesto clássico antes de ela liberar respostas ainda mais malcriadas
que a suas, Edward cobriu a boca dela com a sua e a beijou invasivamente.
Isabella ainda tentou afastá-lo empurrando-o pelos ombros, mas a tentativa era inútil e somente
serviu para provocá-lo ainda mais. Não havia brincado; não seria o único rendido e não admitiria
ser afastado. Precisava dela desesperadamente então ela sempre seria dele e se entregaria á ele,
mesmo que estivesse debilitada, velha e flácida.
Como resistir á Edward, Bella pensou ao se render ao beijo urgente e parar de lutar. Impossível;
ainda mais depois de perceber que suas palavras novamente o haviam afetado de uma forma
diferente da esperada. Não havia feito o pedido para aborrecê-lo ou magoá-lo. O vampiro havia
entendido tudo errado. Como poderia acreditar que ela um dia não o desejaria?... Por isso suas
palavras imperativas a irritaram; por isso tentou chamar-lhe a atenção mesmo que no fundo o
entendesse.
Com a mão pousada sobre o coração dele, Bella pôde sentir as batidas descompassadas. Elas foram
fundamentais para que ela o compreendesse e a sua própria irritação se dissipasse de vez. Ambos
estavam sensíveis após a briga e qualquer palavra mal interpretada desencadearia aquela reação.
Ciente desse fato e desejando consertar o estrago, Bella se deixou ser invadida novamente pela onda
de desejo que Edward lhe despertava.
Após um gemido junto aos lábios frios, Bella o enlaçou pelo pescoço e enroscou suas pernas nas
dele, juntando mais os corpos, indicando com uma leve pressão em seu abraço, que o queria sob si.
Imediatamente Edward se deitou de costas, trazendo-a para seu peito largo sem nunca quebrar o
beijo. Quando a jovem se viu estendida sobre ele, acomodou-se provocativamente sobre o membro
rígido que comprimia seu quadril. Em troca ganhou um rosnado baixo e um massagear mais intenso
em sua língua.
Aquela teia de tensão constante associada á excitação sempre teria o poder de arrastá-los rumo ao
desejo abrasador que clamava por ser consumado. Seus corpos pareciam alheios e estranhamente
ligados ao que provocava as palavras mal interpretadas. A cada novo grunhido ou gemido, Bella
tinha certeza que a urgência demonstrada pelo beijo invasivo se baseava na necessidade masculina
de confirmar as últimas declarações. Teve sua confirmação quando Edward novamente tentou rolar
os corpos, com certeza na tentativa de “ensinar-lhe” que não deveria cogitar tais possibilidades,
como já havia feito tantas vezes.
Não agora, ela pensou. Ambos estavam prontos. Ela úmida e receptiva á centímetros do membro
hirto. Tudo que precisou fazer foi posicionar-se juntando os sexos e mover o quadril para que se
encaixassem. Pego de surpresa, Edward interrompeu o movimento facilitando assim para que ela
escorregasse sobre ele para recebê-lo e envolvê-lo em toda sua extensão. Imediatamente o vampiro
interrompeu o beijo e exclamou roucamente.
– Isabella...
A jovem aproveitou que sua boca estava liberta e ergueu o corpo, sentando-se sobre seu quadril,
acomodando melhor todo aquele volume e, comprimindo-o em seu interior, passou á se mover
ritmadamente conseguindo novos rosnados em troca, dessa vez ainda mais altos. Aqueles sons que
ele produzia sempre a enlouqueceria, por isso, antes que sucumbisse, Bella se prendeu ao último fio
de consciência e, mirando os olhos verdes, escurecidos de desejo, perguntou sem deixar de mover-
se.
– É isso que terei que fazer quando tiver setenta?
– E aos oitenta também... – ele respondeu com um gemido, erguendo as mãos para acariciar-lhe os
seios que se moviam livres. Foi a vez de ela gemer antes de ouvi-lo acrescentar. – Você sempre será
perfeita Isabella...
– Se uma senhora sufocante, presa á um balão de ar for sua definição de perfeição, então eu serei...
Definitivamente Isabella sempre o surpreenderia; o levaria da irritação ao deleite. O levaria do céu
ao inferno e vice versa sempre que fosse possível como a boa bruxa provocadora que havia se
tornado. Era o que acontecia naquele exato momento em que ela o resgatava do limbo ao qual havia
lhe lançado. Quando a beijou acreditava que lhe mostraria que não deveria provocá-lo com
conversas desnecessárias, no entanto, depois de sua rejeição inicial, ela não só se rendeu como
havia tomado conta da situação.
Sim, foi pego de surpresa com a postura dela, mas não era ingênuo. Sabia que a investida tinha um
propósito e bastou esperar um segundo, preso naquele movimento novo e torturante, para ter a
confirmação de que ela insistiria ao ouvi-la fazer a pergunta ardilosa. Contudo, naquele momento
nada mais lhe importava. Queria apenas sentir as descargas de excitação que ela lhe causava
enquanto o cavalgava daquela forma compassada então repetiu roucamente.
– Como eu disse... – ele começou sem desprender os olhos do corpo jovem que serpenteava sobre o
seu. – Cuide de sua cabeça que do resto cuido eu... Agora... Deixe de falar bobagens e faça aquilo
novamente.
– Aquilo o quê? – ela perguntou com a voz tremula e realmente confusa.
– Aquela “pressão”...
Após ver o sorriso malicioso surgir nos cantos dos lábios femininos, Edward soube que ela o
entendeu. Imediatamente Isabella o atendeu e comprimiu a cavidade quente e úmida em volta de
seu membro enlouquecendo-o.
– Isso mesmo, minha bruxa... – elogiou e pediu. – Continue assim...
Segurando-a pela lateral de seus quadris, ele passou a movê-la um pouco mais rápido, controlando-
se para não rolar os corpos e arremeter contra ela da forma que desejaria. Apesar de toda excitação
que ela lhe provocava, ainda tinha que se lembrar que não poderia machucá-la; debilitá-la. Não
fosse por isso seria perfeito fazê-la deitar sobre ele para que seu canino esbarrasse “acidentalmente”
em sua veia para que pudesse sentir mais uma vez o gosto de seu sangue.
Ao pensamento que não poderia colocar em pratica, o vampiro ignorou o ardor em sua garganta
excitando-se ainda mais. Então assim, vagando entre a razão e a perdição, moveu-a sobre seu corpo
até que juntos explodissem em êxtase; até que seus corpos fossem abalados pela força daquele amor
desmedido que sentiam um pelo outro. Era daquela forma que sempre deveria ser. Eles se amando e
completando, mesmo que nunca tivesse coragem de transformá-la, mesmo que Isabella chegasse
aos cem anos de idade.
************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom, agora meu POV... Talvez eu devesse ter deixado ele no começo, mas não quis dar
spoiler já que muitas (se não todas) estão na torcida pela transformação da Bella que
ainda não viria...
Meninas... diante de alguns comments, me senti na obrigação de vir aqui lembrá-las de
um detalhe importante já que a culpa é minha, não do personagem...
Como estamos há meses juntas aqui na fic, fica parecendo que o tempo tá passando tbm
na estória, mas não está e é isso que devo lembrá-las... Desde a reconciliação do casal até
o presente momento, só se passaram 5 dias incompletos. Então, antes de se revoltarem
contra Edward, levem isso em consideração. Ele é egoista sim, cabeçudo, machista e tem
tantos outros defeitos que deixaria a lista grande, então, até msm por isso, esse tempo é
minimo para ele deixar de sentir um medo que carrega há 168 anos.
Tudo bem que ela tá correndo perigo, mas na cabeça dele ele tem como protegê-la. E
mesmo assim, msm com todas as coisas que o perturbam Edward já tá balançado. Ainda
mais agora que foi pego de surpresa pela aceitação dela. Acredito que todas essas coisas
sejam o indicativo de que ele tá mudando, msm que ele custe a admitir...
Quanto a Bella, tbm vou usar o msm argumento. Ela está efetivamente com ele há 5 dias
apenas... ás vezes namoramos meses e não sabemos como lidar com nossos namorados,
como ela já teria esse conhecimento em pouco tempo ainda mais estando com um ser
mitico? Quanto a acc a decisão dele, é o natural á se fazer... ela já percebeu que bater de
frente com o vampirão é perda de tempo e se vcs prestaram atenção, ela conseguiu
chamar a atenção dele muito mais agora do que com as brigas. ele partiu para o ataque na
tentativa de se defender e ela dominou a situação, sinal que não tá tão derretida assim.
Enfim, o que quero lembrá-las é que Obsession é sim uma estória de amor, mas tbm é de
terror e suspense então as coisas não funcionam na ordem que devesse ser natural. Outra
coisa que gostaria de pedir além de levarem o tempo da estória em consideração, é que
deixassem de formar desfechos imaginários que só as deixa mais ansiosas quando
chegam aqui e não o vêem msm sabendo que fugiria do contexto do capítulo e
esperassem para ver o que eu vou lhes expor...
Sentir antipatia por esse ou aquele personagem é normal e jamais iria pedir que parassem
de se manifestar nesse sentido, só peço que realmente levem em conta todos os aspectos
da fic, pois quando não acontece vcs ficam ainda mais ansiosas. Por isso me angustia vê-
las sofrendo, pois essa não é minha intenção. Sempre quis somente contar essa estória
loka que está na minha cabeça... Nem eu imaginava que ela fosse levar tanto tempo á ser
contada, mas é o que está acontecendo e piora ao ser postada uma vez por semana, por
isso deixo spoilers, adianto capítulos quando posso, tudo para atenuar a espera...
Bom... Espero que tenha conseguido expor meu POV de forma que tenha dado para
entender... Qlq coisa nos vemos nos reviews, então posso tirar alguma duvida que ainda
tenha ficado...
bjus em todas...
E não vou deixar spoiler, pois acho que segunda trago outro meio capítulo...

(Cap. 65) 1ª metade Capítulo 34 - Parte II

Notas do capítulo
Oie...
Bom dia á todas!...
Bom feriado!...
Como sempre quero agradecer os reviews... Agora a compreensão, o carinho e os
incentivos... *U*
Agora "bora" para o meio capítulo... =)
Se ele tivesse que ter um título seria "Calmaria depois (ou antes?) da tempestade"... rs
BOA LEITURA!... =D

Depois de tentar formar frases coerentes enquanto lia o documento pela quarta vez, Edward
depositou as folhas na pasta depositada sobre a mesa de seu escritório e se recostou na cadeira de
couro, aborrecido. Após os últimos acontecimentos do final de semana e da segunda feira agitada,
chegar àquelas últimas horas da manhã de quarta pareceu levar uma eternidade maior que a sua
própria, mesmo que o dia anterior – tirando o breve instante em que esteve irritadiço pelo pedido –
tenha sido um dos mais prazerosos depois do tempo que estava com Isabella.
Ao deixar que o rosto em sua mente ganhasse nome, ele se deixou regredir no tempo e recordar os
momentos vividos em sua sala de TV. Depois de recuperados da última onda de prazer extremo e de
ter confirmado á ela e á si mesmo que a jovem nunca poderia afastá-lo, voltaram às boas eliminando
qualquer traço de inquietação que a conversa sobre envelhecimento pudesse ter despertado.
Estavam tão conectados que, sem que fosse preciso pedir, Isabella retirou o pedido da promessa
absurda e ainda se comprometeu de bom grado á dizer todos os dias que o amava. Mesmo que as
palavras não tivessem surtido efeito sobre sua mente, acalmaram seu velho coração.
De tão raros, aqueles breves momentos de descontração entre eles eram os mais apreciados. Por
sorte, nem mesmo saber dos investigadores que a procuravam ou da idéia preocupante de sua sócia,
teve o poder de estragar seu novo estado de humor. Quando Isabella lhe pôs á par de alguns
acontecimentos, estava sentado á bancada da cozinha, completamente á vontade vestido apenas com
sua boxer preta, enquanto ela preparava um sanduiche. Depois de analisar-lhe a expressão séria
diante da idéia de Esme, ele perguntou com um sorriso no canto da boca.
– Asseguro-lhe que a farei mudar de idéia, mas... Seja sincera. Se não soubesse sobre mim você
teria adorado escrever as matérias, não é mesmo?
– Evidente que sim... Mas não faria da forma que Esme propôs. Acho que manteria o foco na
criatura incompreendida.
– Considera-me incompreendido? – perguntou com a uma sobrancelha erguida.
A jovem parou o que fazia para encará-lo.
– Sabe que é complicado acompanhá-lo, talvez por isso você seja o mais incompreendido de todos.
– Não posso argumentar contra isso.
Edward respondeu simplesmente sem se importar com as palavras verdadeiras, preocupando-se
apenas em reparar como ela ficava linda com os cabelos longos em desalinho, vestida somente em
sua camisa preta.
– Porque a pergunta? – ela disse voltando a atenção para o pão de forma que recheava com uma
combinação estranha de queijo emmental, fiambre e algumas folhas verdes desconhecidas á ele. O
rosto que tanto adorava subitamente corado. – Por acaso estaria disposto a conceder uma entrevista
e expor sua versão dos fatos?
Edward mediu-a de alto abaixo, antes de provocá-la.
– Hummm... Seria interessante!... Sem contar que poderíamos reinventar a obra de Anne Rice e
você teria uma verdadeira “Entrevista com o Vampiro”... Evidente que eu seria bem mais sortudo
que Louis de Pointe Du Lac por ter você anotando tudo o que relato ao invés de Daniel Malloy. –
suas palavras a fizeram corar ainda mais. Adorando a reação, acrescentou maliciosamente. – Faz
idéia do que poderíamos fazer entre uma revelação e outra?
– Por favor... – ela pediu em um sussurro. – Já está bem complicado manter a coordenação com
você me olhando dessa maneira, não precisa piorar minha situação dizendo essas coisas. Se eu
cortar um dedo a culpa é sua. – disse acompanhando seu sorriso.
Ela somente retribuía a brincadeira, mesmo que estivesse verdadeiramente desconcertada, mas a
menção á possíveis machucados o fez perguntar seriamente com o cenho franzido.
– Tem certeza que não quer pedir comida de verdade em algum restaurante. Há vários aqui perto.
Sem parar o que fazia, ou olhar em sua direção ela disse.
– Tenho. Confesso que estou começando á ficar mal acostumada, mas ainda consigo me virar bem
na cozinha. Poderia fazer “comida de verdade” se assim desejasse... Ou você não estivesse olhando.
– acrescentou provocativamente.
– E não seria melhor que o fizesse ao invés de comer bobagens? – perguntou preocupado, porém
sem dar importância ao último comentário. – Prometo não olhar.
– Obrigada, mas não!... Estou melhor, acredite. Ontem Alice me entupiu de remédios, me afogou
em água de coco e me obrigou á comer comida suficiente para uma semana. – ela exagerou e então,
demonstrando que era tão complicada quanto ele de acompanhar, concluiu. – Talvez depois de meu
almoço, você possa me mostrar o que poderíamos fazer durante uma entrevista exclusiva e
confirmar que não estou doente.
Á lembrança da simulação entre entrevistado e entrevistadora ainda em sua cozinha antes mesmo
dela concluir o preparo de seu sanduiche, Edward sorriu para logo em seguida ficar serio
novamente. Acomodando-se melhor em sua cadeira, nem ao menos pôde se dar ao luxo de deixar
que o deleite daqueles momentos o envolvessem ao se lembrar de outra conversa – essa sim, um
tanto quanto perturbadora – que tiveram á noite quando estava acomodados em sua cama, logo após
ele lhe responder que não sairia aquela noite para se alimentar, pois não a deixaria sozinha.
– Mas isso não pode fazer-lhe mal? – Isabella inquiriu tentando disfarçar a preocupação.
– Na verdade não. – assegurou, então depois de escolher as palavras explicou. – Eu estou mais
acostumado á essas “saídas” diárias do que qualquer outra coisa. Seria imprudente ficar mais de
dois dias sem “alimento”, no mais não corro nenhum risco nem sou perigoso aos humanos á minha
volta.
Ao dizer isso acariciou o rosto delicado acrescentando mentalmente que o sangue dela sempre lhe
seria atrativo mesmo que estivesse saciado. Depois de alguns minutos, como ela ficasse calada ao
seu comentário, apenas o abraçando com mais força, Edward perguntou.
– O que a preocupa? Não acredita em mim?... Não estou inventando isso somente para tranqüilizá-
la, Isabella. É assim mesmo que as coisas funcionam para nós.
– Não é isso... – ela murmurou. – Só me lembrei de algo que vi hoje no noticiário. – antes que
perguntasse sobre o que se tratava a matéria, ela prosseguiu. – Sobre os desaparecimentos terem
praticamente dobrado nos últimos dias.
Ele já tinha se deparado com algo parecido nos jornais, mas com tantas coisas acontecendo ao
mesmo tempo, não deu devida atenção ao fato.
– O que mais disseram?
– Não muito. Pelo menos não repetiram o que alguns jornais sugerem sempre que encontram algum
corpo. Ainda assim fiquei preocupada... Eu não sei “como as coisas funcionam” no seu mundo. É
natural ou normal tantos vampiros habitarem de uma só vez o mesmo local?
– Não. – ele respondeu seriamente. Estava tão entretido com o real significado da pergunta inocente
que respondeu sem medir as palavras. – Até mesmo nosso arranjo só funcionou até agora porque o
único que se alimenta de sangue humano sou eu.
Quando ela estremeceu em seus braços Edward percebeu o que havia dito.
– Isso a incomoda?
– Não. Entendo que é preciso... Mas me preocupa que agora tenha tantos vampiros espalhados pela
cidade.
– Sim... Esse é um fato que inspira atenção. Sempre que escolhemos uma cidade para fixar
residência por alguns anos levamos em conta seu tamanho e a densidade demográfica para que não
comecemos á chamar a atenção como está acontecendo agora. Evidente que toda essa especulação
não me preocupa ao ponto de acreditar que possamos ser realmente descobertos, mas seria bom se
pudesse dar um fim á isso o quanto antes.
– Pois eu acho que você deveria se preocupar de verdade. Seja lá quem for entre todos esses
vampiros novos, algum não tem compromisso com o segredo de vocês.
– Por que diz isso? – Edward se perguntou como ela poderia afirmar tal coisa.
– Acho que não comentei sobre o que levou Esme a alimentar sua brilhante idéia...
– Não. – ele confirmou simplesmente.
Após um suspiro, a jovem ergueu-se sobre um dos braços para olhá-lo de frente e então lhe contou
sobre a fita da câmera de segurança. Imediatamente ele soube que o protagonista oculto daquela
cena era ele próprio. Ao que tudo indicava não deveria tentar ser correto. Deveria ter matado o
homem e sumido com o corpo como sempre fez. Agora entendia a preocupação de Isabella quanto
ás matérias sugeridas por sua sócia, tudo conspirava contra eles.
Horas após encerrarem a conversa e, apesar de estar com Isabella em seus braços, Edward demorou
á conciliar o sono naquela noite. Nem mesmo a tranquilidade entre ambos e o calor que emanava
dela e aquecia seu corpo tiveram o poder de acalmá-lo. Já tinha problemas demais com Zafrina, Aro
e Paul – esse último declaradamente avesso á discrição – para começar ele mesmo á ser
irresponsável no trato de suas vitimas. Enquanto mergulhava o nariz nos cabelos macios, Edward se
dava conta, do quanto ficava disperso e ansioso sempre que estava longe dela tornando-se
inconseqüente. Isso nunca seria bom para ele ou para os que estavam á sua volta e confiavam em
sua liderança.
Subitamente um pensamento cruzou sua mente; tão improvável e perturbador que o levou a franzir
o cenho. De repente lhe ocorreu que seu amor o enfraquecia. Como se Isabella, mesmo humana, já
o tivesse subjugado. Correndo a mão até a curva do quadril feminino coberto pela colcha grossa,
Edward o acariciou. Não podia ver a marca, mas ela estava ali. Idêntica á sua, atraindo-o como um
imã. Seria aquilo? Seria possível que as palavras de Zafrina já tivessem se concretizado? Inquieto, o
vampiro rolou a jovem gentilmente para o lado e, depois de acender a luz ao lado de sua cama e se
certificar que a humana ainda dormia, ele a descobriu. Sempre com muito cuidado, pois não queria
acordá-la, Edward ergueu a barra da camisola até que pudesse ver o desenho.
Prendendo a respiração, ele escorregou pela cama até ficar com o rosto á centímetros da marca que
lhe assombrava e excitava na mesma proporção. Sim excitava, pois ela era linda mesmo que seu
significado fosse aterrador. Em sua primeira inspeção detalhada, deixou de considerar o olhar como
um deboche, uma afronta. Agora, também deixou de considerá-la uma macula na pele pálida. Os
contornos do dragão ficavam perfeitos exatamente onde estavam; ao lado daquela parte de Isabella
que sempre roubaria seu juízo.
Correndo o dedo sobre o desenho, mas sem tocá-lo de verdade, o vampiro se perguntou pela
segunda vez se seria aquilo. Se, o desejo insano que sentia por ela ou o amor desmedido que o
tornava inútil muitas vezes, não seria a confirmação das palavras ditas anos atrás. E então, por uma
associação de idéias, outra hipótese lhe ocorreu, perturbando-o ainda mais. Se a marca tivesse uma
interpretação tão simplória, ela poderia somente ser uma forma de se reconhecerem, já que
comprovadamente eles sempre pertenceram um ao outro?... Talvez a marca fosse um sinal.
Sim, as idéias novas eram improváveis, mas – como muitas coisas que vinham acontecendo em sua
vida – não eram impossíveis. Se estivesse certo e qualquer uma das duas alternativas fosse o real
significado, não teria motivos para temê-la, pois não havia como voltar atrás mesmo que tivesse a
chance, pois á muito tempo Isabella era uma parte extensiva de si mesmo e não haveria meios de
apartá-la. Poderia dizer com certeza que ela era a parte essencial.
Se ao menos pudesse ter a confirmação daquele insight, Edward pensou alimentando mais aquele
fio de esperança. Não mentira naquela tarde quando afirmou que Isabella sempre seria perfeita para
ele, mas se pudesse mantê-la como estava, no auge de seus vinte e cinco anos, seria perfeito. Ao
pensamento correu os olhos mais uma vez pela marca, antes de fechá-los e se render ao
formigamento de sua boca e beijá-la demoradamente sentindo a maciez da pele morna e firme.
Ainda com a boca apertada contra o corpo dela, Edward aspirou seu cheiro deixando-se excitar com
o odor de sua fêmea que dormia tranquilamente alheia ás suas novas perguntas e ao fogo que lhe
despertava. Quanto aos questionamentos ele nada poderia fazer no momento, mas quando ao desejo
que despertou seu corpo, o vampiro tinha algo em mente. Já não se importava que ela pudesse
acordar ou não, então separou os lábios que ainda cobriam o corpo da jovem e passou a lamber o
desenho lentamente, seguindo seus contornos.
Após alguns instantes do seu passeio com a língua, a jovem resmungou algo ininteligível e se
moveu afastando um pouco as pernas, sem despertar. Esquecido das conjecturas o vampiro sorriu da
reação dela e, apreciando cada calafrio de excitação que corria seu corpo e se instalava em seu
membro já endurecido, ele afastou a lateral da calcinha mínima e mudou o foco de seu “ataque”.
Imediatamente a jovem gemeu e separou mais as pernas, mas ainda sem dar mostras de que tivesse
despertado.
Novamente o vampiro sorriu ao se lembrar das noites em que a fazia sonhar com ele para poder
tomá-la. Graças aos deuses que aquele expediente se tornara desnecessário; agora Isabella era sua
mulher e ele poderia saciar o desejo de ambos sem enganações. Mesmo que ainda lhe
proporcionasse um sonho molhado, pensou capturando o botão sensível á entrada da fenda que já
começava á liberar o odor que o viciara. Contendo um grunhido, Edward passou a chupá-lo
lentamente. Mais uma vez, a jovem se moveu, porém dessa vez tentou unir as coxas ao que foi
detida por ele. E então ela acordou.
– Edward... – ela murmurou roucamente. – O que você...
Ela se interrompeu com um gemido quando o vampiro correu a língua fria pela extensão de sua
entrada antes de introduzi-la impiedosamente. Imediatamente ele sentiu os dedos dela se fechando
em seu cabelo, puxando-o; instigando-o á ir ainda mais fundo em sua invasão. Edward continuou a
mover a língua naquele beijo intimo e indecente sem se importar com os pedidos roucos para que
não a torturasse daquela maneira até que ela se rendesse e desse á ele o prêmio pelo orgasmo que
lhe proporcionou.
Prêmio esse que saboreou em sua língua e dividiu com ela em um beijo clássico e invasivo depois
de montá-la e afundar seu membro dolorosamente pulsante na abertura apertada e úmida. A
obrigatoriedade de mover-se lentamente o aniquilava. Sua vontade era arremeter vigorosamente e
cada vez mais fundo, contudo não seria prudente. Nem mesmo poderia ter se dado ao luxo de tomá-
la mais uma vez naquele mesmo dia. Mas estava mais do que evidente que ela e agora sua marca
sempre roubariam sua razão.
A nitidez da lembrança, fez com que seu membro pulsasse e protestasse contra o aprisionamento de
sua calça naquele exato momento. Porém não era nenhum adolescente para se valer de auto-
satisfação, então apenas saboreou as sensações da recordação em seus mínimos detalhes. Voltando a
mente para os movimentos gentis que fez sobre ela; dentro dela. Iguais aos que havia feito em sua
sala de TV, até que ambos atingissem o êxtase supremo e permanecessem trêmulos, um nos braços
do outro, como se fossem um só corpo. Somente depois daquele ato não programado foi que
Edward finalmente conseguiu se livrar de suas admoestações particulares e dormir.
Novamente acomodando-se em sua cadeira, dessa vez na tentativa de acalmar o corpo desperto,
Edward também se lembrou que acordou naquela manhã com a mão de Isabella sobre seu peito e a
voz incerta em seu ouvido.
– Edward... Acorde. Acho que tem alguém aqui...
Imediatamente o vampiro abriu os olhos, somente para fechá-los no segundo seguinte, tentando
reprimir uma careta de dor. Pela primeira vez em anos havia perdido a hora e seu quarto estava mais
claro do que seus olhos suportariam ao primeiro contato com a luz.
– O que foi? – ela perguntou preocupada sentando-se ao seu lado.
– Nada de mais. – ele disse lhe sorrindo ainda de olhos fechados para tranqüilizá-la.
Então, quando o ardor começou á dissipar, ele tentou erguer as pálpebras lentamente, para que suas
íris sensíveis fossem se adaptando á luminosidade.
– Como nada? – ela insistiu tocando seu rosto, improvisando uma venda com os dedos. – Seus
olhos estão doendo?
– Mais uma lição sobre vampiros reais... – dissera.
Então, Edward retirou a mão dela gentilmente de seus olhos para que pudesse vê-la com os cabelos
despenteados e soltos sobre os ombros e sua expressão consternada; sua humana era linda á
qualquer hora do dia, pensou. Depois de interromper a inspeção matinal, explicou.
– O sol não nos reduz á cinzas, mas tem suas desvantagens. A claridade súbita fere nossos olhos e
seus raios sobre nossa pele a deixa ardida; de forma suportável, mas ainda assim incômoda. Com o
tempo nos acostumamos com ardor da pele, mas a dor dos olhos não tem como e eu abri os meus
rápido demais. Você disse que acha que tem alguém aqui?
– Sim... Ouvi passos no lá em baixo.
Ás suas palavras Edward despertou por completo e, simulando uma expressão preocupada a trouxe
para seus braços e a estreitou contra seu peito. Ineditamente sentia-se em paz naquela manhã, então
brincou sem deixar que o real significado de suas palavras o afetasse.
– Seria alguém para buscá-la?
– Isso não tem graça Edward... – ela resmungou tentando libertar-se para encará-lo. Tão logo seus
olhares se cruzaram, ela perguntou aparentemente mais calma. – Você sabe quem está aí, não?... É
Alice?
– Não... – ele respondeu acariciando seu rosto. – É Irina.
– Ah... Então vou conhecê-la.
– Vai sim... Mas depois que eu lhe der banho e a senhorita estiver devidamente arrumada e penteada
para não assustar a pobre com esse ninho sobre sua cabeça.
Sem lhe dar chance de sequer pensar á respeito ou de retrucar-lhe como merecia Edward a tirou da
cama e a levou para o banheiro. Minutos depois de um banho perturbador, porém comportado na
medida do possível e estarem arrumados, ele para sair tão logo dispensasse Irina e ela em roupas
confortáveis, os dois seguiram para a escada. Com a presença de outra humana na cobertura,
Edward não a carregou ou correu. Desceram civilizadamente lado á lado. Uma ação tão banal, mas
que teve o poder de contentar o vampiro de forma indescritível.
Ao chegarem ao andar inferior, encontraram Irina lustrando os móveis da sala de estar. Depois das
devidas apresentações onde a empregada se mostrou descaradamente surpresa por saber que a partir
daquele dia Isabella seria a responsável pela cobertura, seguiram até a cozinha. Permaneceram em
silêncio enquanto a jovem preparava algo para comer, ignorando bravamente sua presença
especulativa – após ter dispensado a ajuda da senhora solicita e ainda curiosa – demonstrando á ele
que realmente poderia fazer comida de verdade sempre que quisesse.
Mais uma vez, aquela ação corriqueira á ela, mas inédita á ele o encheu de contentamento. Se
esquecesse por um minuto todos os seus problemas com os inimigos e até mesmo os relacionados á
Isabella, poderia ter uma pequena mostra do que teria para sempre. Seria pequena e limitada, mas
poderia considerar que, além de um casal, formariam uma família. Ao pensamento Edward reprimiu
um sorriso; finalmente estava acontecendo.
Acalentando que aquele fosse um entre tantos momentos prazerosos que ainda viveria com a jovem,
ele aproveitou cada um de seus movimentos enquanto encontrava produtos e utensílios que nem ele
mesmo sabia possuir; obra de Alice com certeza. Somente quando ela se sentou á sua frente com um
copo de suco de laranja e um prato com algumas panquecas fumegantes cobertas com manteiga,
comentou para provocá-la – era inevitável.
– Então não a perturbo mais... Por isso conseguiu fazer “comida de verdade”?
– Ah... – ela fingiu surpresa erguendo os olhos para ele e reprimindo um sorriso. – Esteve aí o
tempo todo?... Nem percebi.
– Claro... – ele começou recostando-se na cadeira e cruzando os braços. – Um homem de um metro
e oitenta e cinco de altura é realmente muito difícil de notar. Ainda mais quando ele é o homem da
sua vida.
Novamente Edward reprimiu um sorriso ao ouvir o coração dela acelerar após suas palavras e as
bochechas se tingirem de um rosa adorável.
– Acho que foi o véu do convencimento que encobriu alguém tão grande. – respondeu com a voz
tremula.
– Convencimento? – ele disse erguendo uma sobrancelha. – Devo comprovar se estou certo ou não?
– Parado aí Edward Cullen! – a jovem ordenou apontando-lhe o garfo antes mesmo que ele se
movesse, com o rosto ainda mais vermelho. – Temos companhia esqueceu?... E eu realmente estou
com fome.
– Certo... Posso provar minha tese mais tarde. Por ora, bom apetite!
– Obrigada... – ela disse partindo um naco de panqueca. Antes de levá-lo á boca, perguntou. – Não
precisa descer?
– Sim, mas somente depois que Irina for embora.
Edward pôde ver o brilho de entendimento correr os olhos castanhos. Quando ela engoliu o que
mastigava, disse simplesmente.
– Obrigada.
Após um breve instante onde cada um ficou imerso em seus pensamentos, Edward perguntou.
– E então?... Acha que vai gostar de Irina?... Como disse pode escolher a que você quiser menos
Carmem. Prefiro não vê-la mais.
– Ah... Gostei sim... – Isabella assegurou em um tom arrastado antes de dar um gole em seu suco.
Então, voltando ao clima provocador que ele mesmo estabeleceu, comentou. – Ela me pareceu
muito útil. Pelo o que percebi, Irina é uma fonte confiável, então acho que vou saber de detalhes
interessantes sobre sua vida pregressa através dela...
– Ou você pode perguntar para mim. – sugeriu no mesmo tom.
– Da forma que ela me olhou como se fosse uma alienígena quando você anunciou que eu seria a
responsável pelo apartamento, ficou claro que ela viu um movimento feminino acima do aceitável
nessa cobertura, então eu prefiro saber por ela, obrigada.
Apesar do tom jocoso, Edward sabia que o comentário lhe causava ciúmes. Sempre apreciaria
aquela demonstração de posse, mesmo que silenciosa ou disfarçada, mas não a provocaria nesse
sentido; não naquela manhã.
– Isso eu posso responder por ela. Foram menos do que você imagina e agora sei que mais do que
eu deveria ter trazido aqui. Não me lembro dos rostos ou dos nomes, Isabella. Então não importa
quantas passaram ao ponto de assombrar a empregada... Importa somente a única que ficou e tomou
posse. Não só do apartamento, mas de seu dono também.
A jovem não respondeu ás suas palavras. Apenas permaneceu encarando-o até depositar o garfo ao
lado do prato e levantar da cadeira, contornar a bancada até chegar ao seu lado e, sem dizer uma
única palavra, curvar-se para beijá-lo. Talvez a intenção dela fosse somente lhe dar um beijo terno
em agradecimento, mas tal leveza nunca combinaria com ele então, em um movimento rápido,
Edward a trouxe para seu colo e separou-lhe os lábios para capturar-lhe a língua com sabor de
laranja.
Como sempre seus corpos reagiram imediatamente, mas não poderia deixar que a excitação
ganhasse proporções insustentáveis. Justamente por isso, antes que se formasse uma ereção que não
poderia ser atendida, Edward encerrou o beijo. Contudo a manteve em seu abraço até que o coração
humano e o ele próprio batessem da forma correta. Em alguns minutos, Isabella disse de encontro
ao seu pescoço, atrapalhando sua recuperação.
– Acho difícil dizer quem é dono de quem aqui...
– Não vejo a dificuldade, sabe disso. – ele disse simplesmente. – Tudo aqui é seu. Inclusive eu.
Afastando-se para encará-lo, ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha antes de dizer.
– Certo... E já que é assim... Eu gostaria de lhe pedir uma coisa.
– Não é nenhuma outra promessa maluca, é? – seu tom era leve, mas verdadeiramente Edward se
preocupou.
– Não... Chega de promessas. – ela assegurou tranqüilizando-o. – É que eu realmente preciso ir ao
meu apartamento. – ele desviou os olhos, pronto para protestar, porém ela segurou seu rosto
gentilmente de forma que foi impossível não atendê-la e voltar a olhá-la. – Não quero ir sozinha ou
com Alice. Quero que você me leve. Preciso de mais roupas, também preciso pegar algumas
contas... Posso pagá-las pela internet, então isso não seria problema... E o mais importante... Eu
queria pegar o Black e trazê-lo para cá, ele está sozinho á cinco dias... Nunca o deixei por tanto
tempo.
O último comentário foi feito em um murmúrio, como se ela temesse uma possível negativa á sua
aproximação com o animal de estimação. Edward não tinha nada contra o felino, não mais. Além do
mais, precisava alegrá-la antes de avisá-la sobre suas contas. Diante dela, sua atitude não lhe
pareceu ter sido a correta. Temendo que Alice estivesse certa sobre a jovem irritar-se com sua
intromissão e assim quebrar aquele momento raro de paz entre eles, Edward anunciou.
– Iremos hoje á noite. – imediatamente ela lhe abriu seu melhor sorriso. – Se Black não estiver lá,
podemos esperar até que apareça. Isso sempre acontece quando ele sente que está por perto, não é?
– É sim... – ela confirmou com os olhos úmidos. – Ah... Obrigada!... Você verá que apesar da
antipatia, Black é um amor de gato.
– Certo, espero que ele seja um gato esperto e não queira disputar seu lado na cama comigo.
– Pumft... Machos!... Sempre brigando por território. – ela provocou revirando os olhos.
– Por falar em território. – ele começou sem acompanhá-la na brincadeira. – Acredito que eu tenha
invadido o seu.
– Como assim? – perguntou ficando séria de repente.
Após respirar profundamente, Edward também ajeitou uma mecha imaginária do cabelo castanho e
explicou olhando-a nos olhos.
– Eu me adiantei á você e tomei a liberdade de pegar suas contas no domingo á noite. Acredito que
Alice já deve tê-las quitado.
E então ele esperou pela tempestade; que não veio. Isabella apenas permaneceu encarando-o
incredulamente á principio, até que o olhar se tornasse inquiridor e então voltar ao normal mesmo
que ela ainda mantivesse as sobrancelhas unidas.
– Mexeu na minha correspondência... – não fora uma pergunta. – Sabe que não devia, não é
mesmo?
– Quis somente ajudar... – declarou em tom de desculpas. – Acho que tenho problemas com limites.
– Está bem... Vou colocar essa na lista de coisas que são novas á você, mas... Por favor, da próxima
vez, ofereça a ajuda e veja no que dá está bem?
Sem deixar de encará-la ele fez uma cruz sobre o coração indicando que aquela seria sua promessa.
Talvez diante de sua expressão ou pelo inusitado de ver um vampiro se valendo de tal símbolo
cristão, Isabella sorriu. Com a expressão totalmente desanuviada, perguntou demonstrando que
sempre passearia por sua cabeça.
– Foi só isso que fez?... Ou pediu á Alice que se desfizesse de minhas coisas já que vou morar aqui.
Agora Edward agradecia a intromissão de Alice. Diante da pergunta estava claro que teria
atravessado a linha do aceitável caso tivesse levado seus planos em frente.
– Bom... Também pedi para que ela visse se seu carro já estava consertado. Fiz mal?
– Não diria que fez mal... Mas não estou acostumada á ter minha vida resolvida por outra pessoa. É
estranho... Sempre fui independente. Ainda não sei se gosto da novidade. – respondeu sinceramente.
– De toda forma, obrigada por se preocupar.
– Não há de quê... – mais á vontade, Edward anunciou. – E já que estamos falando sobre isso.
Também tomei a liberdade de abrir uma conta para você e pedi que Alice providenciasse alguns
cartões e...
– Você não fez isso Edward! – ela exclamou agitando-se em seu colo. – Sabe que não posso aceitar,
eu...
– Por que não pode? – ele a interrompeu gentilmente, mantendo-a presa sobre suas pernas. – Acho
que já lhe disse que tudo o que tenho é seu agora.
– Sim, mas...
– Por favor!... – o vampiro a cortou novamente e pediu em tom solene. – Dê-me essa alegria.
Quando pedi que se casasse comigo, deixei claro que desejava cuidar de você, mimar você... Não se
lembra?
– Como posso me esquecer de qualquer palavra que me diga? – sua voz era tremula. – Acho que
mulher nenhuma em lugar algum, jamais ouviu declarações tão lindas quanto as que você me faz.
– Então, já que se lembra, apenas deixe acontecer. Como poderei mimá-la se resistir á tudo que lhe
ofereço?
Após alguns instantes em silêncio em que a jovem o encarou de forma incerta, ela sorriu e
assegurou que não se oporia ou resistiria em aceitar o que quisesse lhe oferecer. Mas, por mais que
tentasse disfarçar, Edward sabia que ela não estava totalmente confortável com a aceitação.
Contudo aquela primeira impressão não deveria ser levada em consideração. Sabia o quanto os
benefícios repentinos eram inéditos para ela tanto quanto sabia que seria somente uma questão de
tempo até que se habituasse á eles.
O vampiro nem mesmo se importou quando ela se antecipou á ele e pediu para manter o carro e que
não lhe fizesse nenhuma surpresa nesse sentido. Pedido esse que ele acataria; pelo menos até que o
velho Accord desse seu derradeiro e definitivo suspiro. Voltando ao presente, mas ainda com um
sorriso brincando nos lábios ao imaginar todas as formas que poderia usar para dar ao veiculo o
descanso merecido, Edward se ergueu de sua cadeira e foi se servir com o bom e velho uísque.
Era realmente uma pena que ainda não pudesse somente vivenciar bons momentos como os da tarde
passada e os daquela manhã em que ficou com Isabella até que Irina fosse embora, depois de uma
“sugestão” sua. Infelizmente ainda havia todas as inquietações causadas por seus inimigos e por ele
próprio, pensou. De toda forma, no tocante ao homem que deixou ainda com vida, não adiantava
nada se recriminar pelo o mal feito. Tudo que poderia fazer era não repetir o ato impensado e tentar
se livrar de seus “visitantes” o quanto antes... Antes que todos fossem obrigados á deixar Nova
York.
Enquanto bebia o liquido âmbar, e olhava a cidade aos seus pés através da grande janela de vidro,
Edward se ordenou que colocasse os problemas de lado e parasse de reviver mentalmente cada
momento que compartilhava com Isabella, pois todos aqueles fatores somente agravariam o tédio
em que se encontrava. Tinha compromissos naquela quarta e não iria deixar de cumpri-los por
cismas ou para voltar á cobertura na tentativa de prolongar a calmaria nos abraços de Isabella.
Precisava retomar sua vida e conformar-se que naquele dia seria função de Alice cuidar da jovem
tão logo recebesse seus clientes.
Ao se lembrar da amiga, Edward olhou em direção á porta e juntou as sobrancelhas. Era como se
pudesse vê-la, pois agora que estava livre das lembranças era como conseguisse sentir seu mau
humor. Depois do bom dia nada animador que recebera dela naquela manhã, sabia que a vampira
ainda estava engasgada com o que desejava lhe dizer, mas no que dependesse dele, não lhe daria
chances de “desentalar”. Ela, assim como Jasper, não tinha nada á acrescentar sobre assuntos que
não lhe diziam respeito então seria melhor evitarem atritos.
Decidido a assumir suas responsabilidades, Edward bebeu todo o conteúdo do copo e o depositou
ao lado da garrafa. Então voltou á sua mesa, esqueceu-se da carranca de Alice e focou a atenção na
pasta á sua frente. Era somente o que lhe restava, uma vez que já estava ciente de todas as noticias
sobre os acontecimentos na cidade e do mundo. Os jornais sempre deixados pela secretária haviam
sidos devorados tão logo chegou ao escritório; depois da conversa com Isabella era imprescindível
estar bem informado. Contudo, a única notícia que lhe remeteu aos vampiros que infestavam sua
cidade foi a morte de Billy, ainda tão divulgada.
Naquela manhã seu funeral estampava as primeiras páginas de três tablóides. Mesmo que a matéria
central fossem as despedidas e homenagens de familiares e amigos, as especulações sobre quem
seria o assassino sádico continuavam inseridas nas notas. A denominação era válida, Edward pensou
abrindo a primeira pasta. Paul havia descontado toda sua ira sobre o ex-patrão de Isabella. E mesmo
que Edward jamais tivesse machucado tanto qualquer uma de suas vitimas, verdadeiramente o
entendia.
Há dias que também sentia a necessidade de extravasar todo seu ódio em um desafeto. Talvez ele –
Paul – fosse o primeiro que causaria sérios ferimentos tão logo tivesse a chance. Seria interessante
ver como ele se sentiria ao passar pelo mesmo que fizera a Billy. Bom... Infelizmente ainda teria
que esperar. Não sabia onde encontrá-lo e depois que trouxe Isabella para sua cobertura, não tivera
noticias dele ou de Zafrina. Nem mesmo a perseguição á James surtira efeito até o momento.
Exasperado voltou á fechar a pasta. A falta de informação, assim como a falta de ação o deixava
inquieto. A sensação que tinha era que o tempo estava parado; o ar estagnado. Talvez fosse o
inusitado de se sentir em paz que o deixava com a sensação de que aquela apenas fosse a calmaria
antes da tempestade. Como se algo muito grave se acercasse dele, deixando-o expectante sem nem
ao menos saber o motivo. Bufando, agora impaciente, ergueu-se e começou á andar por sua sala de
um lado ao outro.
“Á quem deseja enganar?” Perguntou á si mesmo.
O que desejava era esquecer-se de tudo e de todos e subir, ficar em seu gabinete onde poderia estar
mais perto de Isabella. Contudo, não poderia. Era preciso se fazer presente como no dia anterior.
Esteve fora por tempo demais, ainda era o dono daquele escritório e tinha que dar o exemplo. E ele
“tinha” o que fazer. Por isso voltou á sua mesa e abriu a pasta novamente, dessa vez bloqueando até
mesmo a jovem em seus pensamentos. Quando começava a se inteirar novamente com o caso
abandonado e tomar gosto com o que fazia, sua porta foi aberta abruptamente para dar passagem á
uma vampira séria e decidida que veio se sentar á sua frente.
– Agora nós dois Cullen... E nem pense em me mandar embora.
CONTINUA...

Notas finais do capítulo


Oie de novo...
Bom, brincadeiras á parte, essa metade do capítulo tá tão light que eu cheguei á pensar
em não postar, mas como sei que todas (msm as sedentas por mais ação, aqui e na
comunidade) são lokas no casal em momento de paz, resolvi que seria legal trazê-la msm
assim... "calminha", como fiz na FT... =D
Espero que tenham gostado da calmaria... Eu acho mega fofo os dois interagindo sem
climinhas ruins entre eles... (acreditem... apesar de amar os momentos tensos, aprecio os
lights) Vampirão fica mais leve e Bellitcha só ganha com isso...
E então... Gostaram?... Como sempre... me deixem saber... =D
Agora um pouquinho da metade de quinta:
"Não a enxergava. Tudo que via á sua frente era a senhora indefesa caída ao chão ou
seguindo nos passos lentos que as pernas fracas lhe permitiam; encurvada. Tudo que
ouvia eram as malditas frases que ganham som em sua mente e faziam coro com as
palavras de Alice.
Inferno. Inferno. Inferno. Pensou já sentado ao volante de seu carro, mas sem sair do
lugar. Por que sua cabeça não lhe obedecia? Por que não ensurdecia ou cegava àquele
ataque conjunto que o atormentava?
A resposta é simples seu estúpido! respondeu-se em voz alta, com ainda mais raiva,
agora ciente que ela era voltada para si mesmo. Você não vai ensurdecer ou cegar
simplesmente porque despertou agora."

(Cap. 66) 2ª metade Capítulo 34 - Parte II

Notas do capítulo
Oie... Bom dia!... =)
Desculpem novamente não ter postado ontem á noite.
A postagem terminou tarde na comunidade e eu precisava levantar cedo, então deixei
para trazer o capítulo agora...
Vou deixar um recadinho para vcs lá nas notas finais, por favor leiam com atenção...
Obrigada pelos reviews e pelo carinho comigo e com fic... =)
Agora vamos ao restante do capítulo... Espero que gostem..
BOA LEITURA!...

(...)Quando começava a se inteirar novamente com o caso abandonado e tomar gosto com o que
fazia, sua porta foi aberta abruptamente para dar passagem á uma vampira séria e decidida que
veio se sentar á sua frente.
– Agora nós dois Cullen... E nem pense em me mandar embora.
– O que quer Alice? – Edward perguntou se recostando em sua cadeira.
– Agora que tudo se aquietou, quero entender porque não transformou Bella como disse que faria.
– Já disse que não quero conversar sobre isso. – ele resmungou pegando qualquer papel da pasta
para analisá-lo. – Acredito que deva ter o que fazer, não?
– Já providenciei tudo que me pediu, até mesmo levei o anel de Isabella para o ajuste e verifiquei
que o caro ainda não está pronto.
Depois de entregar-lhe um envelope com as contas quitadas e com os cartões que havia pedido, ela
prosseguiu.
– Só saio daqui depois que me convencer de que tem um bom motivo... Acho que tenho o direito de
saber afinal ajudei á trazê-la para essa bagunça que está a nossa vida... Desde antes de você admitir
que a amava o escuto dizer que a queria para sua companheira. Agora, depois de todo nosso esforço,
depois de quase perdê-la, você vai simplesmente deixá-la como está?
Edward bufou exasperado, conhecia a amiga e ela não lhe daria trégua.
– Sabe muito bem porque mudei de idéia.
– Por favor, não me diga que é por causa daquela marca.
– Está vendo, não temos o que conversar. Conhece-me tão bem que até sabe a resposta. Agora se
não tem mais o que fazer antes que o Senhor Carlsson chegue, vá espanar o pó de sua mesa.
– Não acredito! – ela exclamou revirando os olhos, ignorando-o.
– Pouco me importa no que acredita, agora vá de uma vez e...
– Não! – ela o interrompeu firmemente. – Você não me entendeu... Não estou extravasando minha
frustração com o obvio. Eu realmente “não acredito” nessa sua versão. Não mudar Bella nada tem a
ver com a marca.
– Perdão... – Edward disse largando a folha que nem ao menos havia visto para encará-la. – Acho
que eu não entendi.
– Entendeu muito bem... Você não está com medo de profecia nenhuma, pelo menos, não mais.
Acredito que em um primeiro momento esse tenha sido o motivo real, mas agora já está mais do
que claro que a garota nunca lhe faria mal... Pode ser cabeçudo, mas não é cego. Sabe muito bem
que não tem como Bella se voltar contra você.
Sim, ele sabia. E agora havia aquele novo pensamento; talvez a profecia já tivesse se cumprido,
ainda assim não tinha certeza e não estava preparado para arriscar então retrucou.
– Poderia ser não intencional... Não temos como saber.
– E desde quanto se é preciso ter garantias para fazermos o certo?
– Não quero perdê-la Alice. – ele disse sinceramente na tentativa de que a amiga lhe entendesse. –
Preciso ao menos desse tempo com ela.
– Ah claro... A diferença é que você tem todo o tempo do mundo. Quem sabe até a morte dela já não
esteja acostumado com a idéia de perdê-la?... Quem sabe até esteja conformado em esperar que ela
volte em outra encarnação para começar tudo novamente.
– Sabe muito bem que isso jamais acontecerá; amo “essa” Isabella, não me interessa outra.
– Não sei de mais nada... – ela disse depois de um suspiro. – Tudo que sei é que você é a pessoa
mais mimada e egoísta que conheço. Se não pretende transformá-la ou esperá-la renovada e nunca
estará preparado para perdê-la o que pretende fazer depois da morte dela?... Suicidar-se como o
bom Romeu que acredita ser?... É esse seu belo plano?... Por acaso leva em conta se é isso que “ela”
deseja?... E quando á Jasper?... E quanto á mim?
Edward sabia ser tudo aquilo do que era acusado e talvez aquele fosse o caso, mas se sua atitude era
egoísta, ela era motivada pelo amor extremo. O mesmo que desde a segunda pela manhã já não o
permitia ter tanta certeza sobre o que era melhor a ser feito; o mesmo que queria desesperadamente
acreditar que Isabella já o subjugara. Justamente por isso não se deixaria aborrecer pelas palavras
dela. Ainda mais que também não queria agravar a magoa da amiga lhe dizendo que não havia
pensado no casal.
Como poderia?... Somente a humana lhe importava. Prezava a companhia deles; Jasper e Alice
formavam sua segunda família depois de Carlisle, mas Isabella era toda sua vida. E o casal tinha um
ao outro. Se um dia lhes faltasse, fosse por causa da jovem ou por qualquer outro motivo, logo
superariam a perda. Tentando encerrar a conversa e acalmá-la, disse sinceramente.
– Não tem porque se preocupar com isso agora. Prometi á Isabella que vou pensar á respeito.
Independente do que a jovem lhe disse na tarde anterior, ele ainda pensaria e tão logo Zafrina o
libertasse da maldição confirmando suas recentes suspeitas ele lhe daria a imortalidade. Alheia aos
seus pensamentos, Alice pediu seriamente.
– Não venha com essa conversa para cima de mim. Eu o conheço Edward Cullen. Não vai pensar
em coisa alguma. Já está decidido.
Respirando profundamente, cansado e ferido, pois havia dito a verdade, Edward respondeu
provocativamente.
– Se me conhece tanto assim tem mais um motivo para encerrar essa discussão. Nada que me disser
me fará mudar de idéia se assim eu decidir.
– Claro que não... Afinal só pensa em você mesmo.
O vampiro, mesmo aborrecido, não queria mais discussões, então explicou com toda a paciência
que ainda lhe restava.
– Alice eu estou realmente cansado desse assunto. Não vou ficar me repetindo. Preciso apenas ter
certeza que nada acontecerá... Talvez quando toda essa confusão acabar eu mude de idéia. Não sou
tão inflexível assim... Só preciso ter certeza de que é seguro transformá-la.
– Pumft... Continue repetindo isso para você mesmo até que acredite.
Definitivamente não havia mais nada á ser dito.
– Sinceramente estou começando á perder minha paciência com sua insistência, Alice.
– Pois bem vindo ao clube, eu já perdi a minha com você faz tempo. Se ainda tento argumentar é
por Bella que não merece viver acuada ou ser vitima de seu machismo e possessão.
– Como disse? – Edward perguntou sentindo seu sangue começar á ferver.
– Sei que ouviu muito bem... Mas vou ser mais clara. Não é justo você deixar que Bella envelheça e
morra somente para tê-la sempre subordinada á você. Sempre quente, frágil e dependente. Com seu
sangue apetitoso e disponível para satisfazer seus fetiches em retiradas esporádicas quando bem o
desejar.
– Está maluca?! – perguntou se pondo de pé.
Alice prosseguiu sem se importar com sua expressão enraivecida.
– Perdoe-me a comparação, mas tirando o teor mítico de seu relacionamento com Bella, todo o resto
que determinou para ela não é nada original. Acho que esse sempre foi o desejo de Paul quando
ainda era namorado dela ao atrapalhar sua carreira. A diferença é que você tem mais chances de
conseguir mantê-la sob seu julgo apaixonado.
– Saia daqui! – Edward gritou. – Saia antes que eu cometa uma loucura.
Sem desviar os olhos dos dele, encarando-o desafiadoramente, Alice se levantou. Então, ainda sem
se intimidar pela postura agressiva do vampiro, deu-lhe as costas e seguiu até a porta. Antes de sair
ainda se voltou e disse seriamente.
– Seu plano é falho Cullen... Bella sempre foi uma mulher independente e auto-suficiente. Pode
aceitar ficar trancafiada agora, mas quando tudo isso terminar... “Se” sobrarmos vivos ela vai querer
a vida dela de volta então não terá cartão ilimitado, jóias ou carro luxuoso que seu dinheiro possa
lhe dar que irão segurá-la ou fazê-la feliz. E quando ela ganhar as ruas novamente, nem preciso
avisá-lo que não conseguirá mantê-la longe do perigo vinte e quatro horas por dia. – então o deixou
sozinho.
Edward ficou na mesma posição alguns instantes após a saída da vampira. Seu corpo tremia
violentamente, era preciso conter-se antes que causasse algum estrago acidental em sua sala.
Quando conseguiu se mover, foi servir-se de uísque. Precisava de algo ardente em sua garganta.
Ultimamente andava engolindo coisas demais. Já sentado em sua cadeira, passou as mãos pelos
cabelos sem tirar os olhos da porta.
Enganara-se com Alice; ela “era” suicida. Sua vontade era ir até a mesa dela e fazê-la engolir a
comparação. Ele nunca poderia ser igualado àquele rábula dos infernos. Não queria Isabella
dependente dele. Se não a transformava era somente para ter algum tempo com ela. Não estava
preparado para perdê-la. A insinuação de Alice era absurda. Evidente que apreciava cuidar de sua
humana, mas se fosse possível a preferiria forte ao seu lado. Ainda enraivecido, virou o conteúdo
em sua boca e o sorveu á um só gole. Antes de depositar o copo sobre a mesa seu telefone tocou.
– Seus clientes acabaram de chegar. – disse aquela que mais desejava torcer o pescoço no momento.
Respirando fundo sibilou.
– Mande-os entrar. E saia de onde eu posso alcançá-la.
Alice não lhe respondeu, logo abria a porta para dar passagem aos dois homens elegantemente
vestidos e fechando-a atrás deles sem olhar em sua direção. Devidamente controlado, Edward
ergueu-se e apertou as mãos estendidas; era preciso esquecer-se das palavras de Alice e entrar na
personagem.
– Por favor, sentem-se. – disse indicando as cadeiras á sua frente.
– Fiquei imensamente satisfeito que tenha reassumido meu caso senhor Cullen.
– Eu também. – mentiu secamente. – Tive alguns problemas de ordem pessoal, mas já os resolvi.
– Espero que sim... – o homem disse com um meio sorriso que sugeria cumplicidade. – Entendo os
arroubos da juventude, mas não quero ser deixado diante do juiz sem um defensor ou ser exposto
nos jornais como aconteceu com Mazzili.
Edward lhe acompanhou o sorriso, sem achar graça alguma. Em voz alta disse.
– Não acontecerá. O defenderei até o fim, mas... Se acontecesse o improvável e eu o deixasse, não
teria com o que se preocupar. Meu sócio é completamente competente e quanto aos jornais... Por
favor... – disse ainda lhe sorrindo de forma cúmplice, porém mordaz. – Falta de discrição e decoro
empresarial vinda de um funcionário de segundo escalão não é de longe tão importante quanto a
suspeita de assassinato premeditado. Seu caso não viraria manchete.
Edward viu o senhor á sua frente ficar vermelho e então se acalmar gradativamente enquanto ele
próprio lhe fazia perguntas sobre todos os aspectos de seu ato. A cada novo detalhe ficava claro que
não se enganara. Ele havia traído a confiabilidade que lhe era depositada e repassado informações
privilegiadas para investidores de uma empresa rival. As duas eram pouco conhecidas. Se seu caso
fosse parar nos jornais seria por ele mesmo – Edward Cullen.
Contudo não aconteceria. Nada antes de noticiarem a sua vitória. Precisava ganhar aquele caso para
voltar ao que sempre foi. Mais dia menos dia conseguiria se livrar de seus inimigos então poderia
retomar sua rotina e de preferência, como se eles nunca tivessem existido. Quando isso acontecesse,
poderia se ocupar exclusivamente de Isabella.
Quem sabe reorganizar seu tempo para dar-lhe espaço como havia determinado e ainda assim,
desfrutar melhor dos momentos que estivesse em sua companhia. Uma vez que ainda não havia
conseguido respostas de Zafrina e nada havia mudado, era imperativo aproveitar cada segundo ao
lado dela. Ou o futuro não seria tão simples assim?... Maldita Alice.
Expirando lentamente, focou sua atenção ao que fazia e voltou ao seu interrogatório á procura do
maior número de detalhes que pudesse usar para inocentar o indiscreto cliente. Quando deu por si,
mesmo que ainda estivesse consternado com as palavras da vampira, Edward descobriu que
apreciava estar cuidando novamente de um caso. Logo percebeu como sentira falta de ocupar-se
com suas obrigações de advogado e, deixando-se levar por aquele breve momento de satisfação
profissional, segregou seus problemas pessoais ou com criaturas imortais á um segundo plano.
Assim que se despediu de seu cliente e de seu secretário, juntou suas anotações. As levaria para a
cobertura, antes de sair para procurar Esme. Poderia continuar á analisá-las em seu gabinete quando
voltasse; mais próximo á Isabella. Se não fosse a conversa tensa com Alice poderia ficar contente
com seu arranjo.
Terminava de colocar as folhas organizadas em uma pasta quando ouviu duas batidas discretas em
sua porta. Franzindo o cenho, Edward farejou o ar. Quem lhe procurava era humano e
definitivamente nunca havia estado em seu escritório. Mas ele trazia um poderoso cartão de
apresentação que não lhe permitiria sair sem atendê-lo. Prendendo a respiração em expectativa, o
vampiro disse, ficando em alerta.
– Entre, a porta está aberta.
Não foi preciso falar uma segunda vez, logo o desconhecido entrou seguro em sua sala. Vinha
sozinho e agora que estava diante de Edward permitia que o vampiro sentisse o cheiro que
impregnava suas roupas nitidamente. Sem que fosse preciso dizer nada, ele perguntou.
– É Edward Cullen?
– Sim... O próprio.
– Tenho um recado para o senhor.
Edward cruzou os braços e esperou pelas palavras que foram ditas como se saíssem pelos lábios da
própria Zafrina.
– Saiba usar a sua força e o poder que ela lhe confere para reverter certas situações e atitudes. Diga
àquele que criou que ele também tem poder. Não a sua força, mas ele é capaz de influenciar
positivamente quem está á sua volta. Infelizmente não posso ajudá-lo quanto á vampira, nunca á
toquei então não saberia dizer se ela tem algum dom, mas posso dizer que sua humana é poderosa.
Ela não carrega a marca á toa; contra ela o vampiro não tem salvação. Melhor deixá-la como está se
não quiser que nada de ruim aconteça. E o mais importante... Se continuar sendo impulsivo e não
aprender á bloquear os assuntos importantes em sua mente, será derrotado. Pois aquele que o
procura, sabe tudo que se passa em sua cabeça. Aro lê mentes.
Antes que pudesse dizer qualquer palavra o homem lhe deu as costas e se foi. Edward ainda se
moveu, mas conteve-se. Seu mensageiro estava induzido, mesmo que o impedisse de sair nada mais
saberia lhe dizer. Havia cumprido seu papel e agora deveria ir embora. Quando Edward percebeu,
estava sentado em sua cadeira, apoiando os cotovelos sobre a mesa e segurando a cabeça entre as
mãos. Todas as recomendações corriam por sua mente, mas duas delas, as piores duelavam entre si
pela primazia em torturá-lo. Seu inimigo lia mentes... E ele não tinha como burlar o poder de
Isabella ou o de Aro. O recado fora claro.
“Pense em assuntos importantes e Aro descobrirá. Transforme Isabella e morrerá.”
– Inferno! – exclamou exasperado.
Agora sabia o que mais lhe machucava. Esteve decidido em não mudá-la durante o final de semana,
mas havia alimentado esperanças de que pudesse realmente voltar atrás nos últimos dias. Ainda
mais na noite passada quando acreditou ter entendido o real significado d marca maldita. Porém elas
haviam nascido e morrido em um curto espaço de tempo. Segundo as palavras daquele homem, não
havia meios de anular a maldição; Isabella sempre teria o poder de destruí-lo. Edward respirou
profundamente, ainda com o rosto apoiado nas mãos. Não era para ser assim.
Eram tantos pensamentos conflitantes que sua cabeça pesava. Tantos sentimentos desencontrados
que não se reconhecia, pois sempre havia sido um homem resoluto, decidido. Porém, no tocante á
jovem, há muito havia deixado de ser esse homem. Depois dela era outro. Depois que a conhecera,
era e sempre seria o Edward de Isabella. Movido pelos sentimentos que ela lhe inspirava á cada
momento. E “naquele” instante, novamente a temia.
Ciente desse fato, concluiu que não chegaria á lugar algum permanecendo sentado cismando com
coisas que não poderia mudar. Melhor seria se fazer útil e resolver as pendências, aproveitando
aquele momento de calmaria antes que realmente visse a tempestade. Sacando seu celular, discou o
numero de Jasper.
– Onde vocês estão? – perguntou ao ouvir a saudação.
– James está em um almoço com clientes. Como ontem, hoje não fez nada de anormal ou foi á
nenhum lugar suspeito, mas acredito que devo prosseguir seguindo-o.
– Por favor, faça isso. – disse Edward verdadeiramente agradecido. – Mas não foi para isso que lhe
chamei.
– Aconteceu alguma coisa? – Jasper perguntou preocupado.
– Sim... Mas nada grave. – como o amigo ficou em silêncio, Edward prosseguiu. – Zafrina cumpriu
com sua parte no trato.
– Ela esteve aí?
– Não. Mandou um mensageiro. Um humano induzido á repetir suas palavras. – e então ele repetiu
ao vampiro o recado; todo ele e concluiu. – É isso. Aro consegue ler nossa mente como se fossemos
a droga de um diário sem tranca e Isabella pode mesmo acabar comigo. A única coisa boa nisso
tudo é saber que você tem poderes, meu amigo...
– Acredita mesmo nisso? – Jasper pareceu incrédulo.
– Faz mais sentido para mim do que a força que descobri possuir. Você sempre foi o mais centrado.
Observa mais do que fala e quando o faz não desperdiça palavras. Quantas vezes me trouxe á razão
em um momento de destempero?... Sempre me acalmando até mesmo agora depois que me
apaixonei por Isabella. Acredito que venha fazendo isso até mesmo com Alice, afinal, vamos ser
honestos, mulher alguma aceitaria tudo que ofereceu á ela em apenas horas de conhecimento sem
encantá-la se não estivesse se sentido segura, calma. Diferentemente de mim, acho que seu poder
sempre foi usado, mesmo sem que soubesse.
– Colocado dessa maneira, acredito que sim.
– Agora que sabe, deve aprender, assim como eu, á usá-lo da forma correta. Imagine isso em um
momento de luta? Você poderia acalmar os ânimos. Juntos seríamos imbatíveis.
– Vou trabalhar nisso... – ele prometeu. – Obrigado por me avisar... Agora preciso desligar, James
está deixando o restaurante.
Depois da despedida apressada, Edward desligou o aparelho e o levou ao bolso da calça,
agradecendo que pelo menos um detalhe daquele recado agourento havia sido proveitoso. E o
vampiro também se sentia livre do compromisso com Zafrina. Se o cerco de Jasper não desse em
nada, poderia interrogá-lo sem reservas.
Decidido da forma que agiria, conferiu as horas em seu relógio de pulso. Os minutos correram sem
que se desse conta enquanto esteve pensando. Apesar de Jasper se referir ao almoço, já passava das
duas e meia da tarde. Não havia tempo á perder, então levantou de sua cadeira e vestiu o paletó. Era
hora de procurar Esme como havia dito á Isabella que faria. Antes de sair, porém, iria se despedir
dela. Certificar-se que Alice lhe fazia companhia. Assim que chegou á sua cobertura, viu que a
jovem e a vampira estavam distraídas em uma partida de xadrez. Ignorando deliberadamente a
vampira, se dirigiu á noiva.
– Vou ao jornal agora.
– Tudo bem... – ela disse depois de pedir licença á Alice e se levantar para se encontrar com ele no
meio da sala. Ao parar á sua frente perguntou. – Vai demorar?
– Não há motivo para demoras. – ele disse tocando o rosto amado delicadamente. – Vou somente
tirar aquela idéia absurda da cabeça de Esme e volto para ficar com você.
– Leve o tempo que for preciso. – disse Alice de onde estava. – “Isabella” está segura aqui em sua
gaiola de ouro e cristal.
– Alice, não... – Isabella começou, mas Edward a interrompeu.
– Deixe-a! – poderia prosseguir dizendo que ela tinha razão, mas jamais lhe daria tal ousadia.
Subitamente Edward sentiu uma dor leve e estranha no peito. Nomeou-a de saudade antecipada.
Não gostava de se afastar dela.
– Edward, o que foi? – a jovem perguntou, talvez percebendo algo estranho em sua expressão.
– Não foi nada. – assegurou puxando-a para um abraço. – Bobagens de um vampiro velho e
altamente dependente de uma humana.
– Não pareceu ser só isso. Você me olhou de forma estranha...
– Já disse que foi bobagem... Um pressentimento infundado.
– Nenhum pressentimento é infundado. – disse Alice analisando o rei preto.
Novamente ignorando-a, Edward baixou a cabeça para beijar sua noiva. Mais uma vez seu coração
afundou no peito, mas não lhe deu importância. Estava claro que era mesmo um vampiro velho e
apaixonadamente dependente, ainda sensível á descoberta recente. Isabella estava bem, ele a tinha
entre seus braços e a deixaria na companhia de Alice. Que podia ser linguaruda e intrometida, mas
saberia guardá-la. Então não havia motivos lógicos que justificassem o sentimento opressor. Sem
duvida ele se devia á algum resquício de temor pelo ocorrido na manhã de segunda.
Depois de deixá-las em sua cobertura, Edward seguiu até sua garagem e logo ganhou as ruas com
sua BMW. Sozinho em seu carro, não teve como afastar o sentimento que o invadiu ao se despedir.
O que seria aquilo?... Distraidamente tocou a própria boca. Talvez fossem as palavras de Alice que
o influenciavam, mas a sensação que tinha era que seus lábios queimavam ainda sentindo a
quentura de Isabella. Evidente que gostava de senti-la morna. Principalmente a parte mais intima
dela quando o recebia acolhedoramente.
Ao pensamento o vampiro excitou-se. Certo, disse a si mesmo tentando ignorar o latejar de seu
membro. Apreciava aquela característica dela, mas isso não queria dizer nada. Tudo bem também
que gostasse de saber que poderia sempre cuidar dela; dar-lhe proteção. Ainda assim não era nada
demais. Isso não caracterizava que a queria dependente dele. Maldita Alice, mil vezes maldita que o
obrigava á pensar em coisas que preferia ignorar.
Ao ser obrigado á parar em um semáforo, subitamente sentiu-se sufocado em seu carro. Aborrecido
abriu as janelas ainda cismando com as palavras. Aguardava que o sinal abrisse tão distraidamente
que o cheiro do animal o atingiu tarde demais. Quando viu o policial montado em seu retrovisor
direito, nada mais poderia fazer. O cavalo também já havia sentido a proximidade com um predador.
Edward odiava aqueles encontros. Sempre era preciso se esquivar dos cavalos, pois a reação á sua
presença era um tanto diferente que as dos outros animais. Tudo que não queria naquele momento
era um animal descontrolado em meio ás pessoas que atravessavam a rua.
Contudo, como havia previsto nada pôde fazer. Imediatamente ouviu o relincho do animal e o viu
resfolegar e empinar nervosamente pela janela do carona. Seu cavaleiro tentava controlá-lo sem
sucesso. Depois de erguer perigosamente as patas dianteiras, saiu em disparada pela rua. Instinto era
instinto e todo animal sempre o seguiria. O problema era tentar se defender diante daqueles que não
tinham defesa contra a agitação perigosa do eqüino.
Em sua fuga desesperada, o animal esbarrou acidentalmente em uma senhora assustada que,
paralisada, não atendeu ao pedido do policial para afastar-se como todos os outros transeuntes.
Edward ainda via o cavalo correr rua abaixo, quando ligou o pisca alerta e saiu de seu carro sem se
importar com o som das buzinas dos veículos que ficariam presos atrás do seu. Imediatamente se
acercou da mulher caída.
– Dêem espaço. – pediu para os que se aproximaram antes dele.
Talvez pelo tom de sua voz, todos o obedeceram. Aliviado, viu que a senhora estava consciente e
não apresentava machucados graves. Todo o cheiro de sangue que sentia vinha das mãos
arranhadas. Amparando-a por um dos braços e pelas costas, Edward perguntou.
– Acha que pode levantar-se?... Quer que a leve á um hospital?
Segurando sua mão livre que estava estendida, ela disse com um sorriso incerto; o velho coração
humano aos saltos pelo susto.
– Não se preocupe. Acho que estou bem, obrigada!
Quando Edward a pôs de pé, todos se afastaram ainda mais. Ao perceberem que não havia nada á
ser visto, a maioria dos curiosos começaram á seguir caminho. Quando a senhora terminou de
arrumar o casaco para, com as mãos tremulas pegar a bolsa que Edward lhe estendia, só restavam
eles na cena do acidente.
– Obrigada mais uma vez meu jovem! – ela disse arrumando a bolsa sobre os ombros encolhidos. –
Não queria preocupar ninguém... Sei que devia ter saído da frente, mas minhas pernas não me
obedecem mais. – explicou pesarosa.
– Sei disso. – Edward respondeu pensativo, analisando-a.
– Acredite querido... A velhice é um fardo. – então lhe sorrindo timidamente, prosseguiu. –
Aproveite bem sua juventude, pois infelizmente o tempo passa para todos... Agora me deixe ir
embora, já o ocupei demais e logo é capaz de ganhar uma multa por causa dessa velha aqui... –
antes de se afastar acrescentou. – Faço votos que continue sendo sempre gentil e prestativo. Tenha
um bom dia!
– Tem certeza que está bem? – ele se desconhecia, mas não conseguia deixar de se preocupar com a
idosa.
– Estou! – afirmou tomando a liberdade de erguer ao máximo o braço curvo e tocar seu rosto. –
Você é um bom rapaz... Existem poucos hoje em dia. Espero que tenha uma vida feliz, apesar desse
olhar triste. Adeus querido!
E então ela se foi. Edward ainda ficou observando-a seguir pela calçada em seu passo lento.
Realmente ela jamais conseguiria se esquivar de qualquer avanço em sua direção; suas pernas
encarquilhadas, assim como seus braços, não tinham mais nenhum traço do viço ou força da
juventude; deprimente. Passando as mãos pelos cabelos, Edward obrigou-se á desprender os olhos
da decrépita figura e finalmente voltou ao seu carro.
Realmente se desconhecia; em outra ocasião, teria deixado que os de sua espécie se ocupassem em
socorrê-la. Ainda cismado com sua atitude inédita e verdadeiramente preocupado com a senhora,
saiu em disparada. O vampiro não se sentia bem; estava estranho por ter tocado na mulher. Por mais
que segurasse firmemente o volante ainda sentia em sua palma a textura da pele flácida e da carne
magra e movediça.
Tinha que reconhecer que havia ficado impressionado. Edward não conheceu seus avós e seu pai
morreu ainda jovem. Ele nunca manteve contato direto com o corpo de alguém tão velho até aquela
tarde. A velhice ganhou um novo sentido para ele; agora sabia o que Isabella tanto temia. Não
adiantava esbravejar ou aborrecer-se com a jovem caso citasse novamente o inevitável. Os anos
agiriam sobre ela ao passo que ele continuaria á ser o que sempre foi; forte e viril. Não admirava
que um dia ela não se deixasse tocar por estar como àquela senhora com a pele opaca e os músculos
soltos deslizando curiosamente sobre os ossos fracos.
Não que á ele importasse, pois bastou imaginar Isabella na mesma situação, conferindo-lhe o cheiro
característico e a temperatura corporal, para que seu membro novamente pulsasse, revelando ao
vampiro que era um aspirante doentio á Gerontofilia. O problema na cena era que não suportaria ver
sua mulher perder as forças lentamente dia após dia até que não fosse sequer capaz de defender-se.
Se fosse sincero, admitiria que a fragilidade dela já a expunha desde agora. Não fora assim com o
mergulho em sua piscina ou com o ataque de Carmem? Isso sem levar em conta a constante
fraqueza por suas retiradas constantes de sangue quase todas feitas na situação que Alice o acusara.
Até quando ela resistiria?
– Pare imediatamente de pensar nisso Edward – ele ordenou á si mesmo aborrecido.
Sentindo uma raiva desconhecida e visceral, o vampiro seguiu em alta velocidade até o edifício do
“Today”. Em menos de vinte minutos entrava na redação do jornal. O som incessante de digitação,
telefones e vozes o irritaram ainda mais. Particularmente não entendia como Isabella podia gostar
daquele ambiente barulhento. A mistura de sons era tão elevada que feria seus ouvidos sensíveis.
Aborrecido, sem se importar com os olhares femininos que acompanhavam sua passagem,
caminhou até a sala da editora-chefe. Infelizmente ela era localizada bem á frente da redação, com
pessoas perto demais para que Edward pudesse induzir desde a secretária, então anunciou para a
jovem.
– Preciso de um minuto com Esme. – A secretária que o encarava desconcertadamente não se
moveu ou piscou. Definitivamente não estava com paciência para aquilo. – Agora.
Piscando algumas vezes, a jovem se pôs de pé.
– Vou anunciá-lo senhor.
Dito isso, deixou a revista que lia sobre a mesa e seguiu até a sala de Esme. Se as persianas da porta
de vidro não estivessem arriadas sua ação seria desnecessária, Edward pensou colocando as mãos
nos bolsos. Melhor não reclamar, pois a privacidade seria bem vinda quando fosse induzi-la.
Enquanto esperava pela volta da secretaria, sem que tivesse a intenção, seus olhos correram pela
pagina da revista e pousaram sobre o enunciado da matéria.
Comentários e citações famosas
Junto com a apresentação, a visão de Edward abrangeu toda a folha, permitindo que ele visse que
esta estava coberta de quadrados dispostos aleatoriamente. Em cada um deles havia um comentário
diferente atribuído á alguém famoso. Após vários anos de leitura, Edward se orgulhava da rapidez
com que lia, mas naquele instante, maldisse a destreza. Em um bater de olhos praticamente todos os
trechos se instalaram em sua mente, mas alguns deles ficaram em destaque como irritantes luzes de
neon.
“ Você pode não ser o primeiro homem dela, o último homem dela ou o único homem dela. Ela
amou antes, pode ser que ela ame de novo. Mas se ela te ama agora, o que mais importa? Ela não
é perfeita - você também não é, e vocês dois podem nunca ser perfeitos juntos, mas se ela te faz rir,
te faz pensar duas vezes, e admite ser humana e cometer erros, segure-se a ela e dê a ela o máximo
que você puder.” – Bob Marley
“Se emprego tantas horas para me convencer de que tenho razão, não será que exista alguma
razão para ter medo de que eu esteja equivocada?” – Jane Austen
“Ela pode não estar pensando em você a cada segundo do dia, mas ela te dará uma parte dela que
ela sabe que você pode quebrar - o coração dela. Então não machuque ela, não mude ela, não
analise e não espere mais do que ela pode dar.” – Bob Marley
“Nunca penso no futuro; ele já chegará.” – Albert Einstein
– Inferno! – Edward exclamou aborrecido fechando a revista violentamente.
Agora até mesmo defuntos famosos vinham opinar em sua vida. Quando ergueu os olhos viu que a
secretária voltava, mas não lhe deu oportunidade de dizer qualquer coisa. Passou por ela e sem nem
mesmo bater á porta, entrou e foi até Esme. Menos de um minuto depois sua função ali estava
cumprida e ele deixava a sala sem olhar para trás. Não se despediu nem mesmo da moça que o
seguia com o olhar enlevado.
Não a enxergava. Tudo que via á sua frente era a senhora indefesa caída ao chão ou seguindo nos
passos lentos que as pernas fracas lhe permitiam; encurvada. Tudo que ouvia eram as malditas
frases que ganham som em sua mente e faziam coro com as palavras de Alice.
Inferno. Inferno. Inferno. Pensou já sentado ao volante de seu carro, mas sem sair do lugar. Por que
sua cabeça não lhe obedecia? Por que não ensurdecia ou cegava àquele ataque conjunto que o
atormentava?
– A resposta é simples seu estúpido! – respondeu-se em voz alta, com ainda mais raiva, agora ciente
que ela era voltada para si mesmo. – Você não vai ensurdecer ou cegar simplesmente porque
despertou agora.
Colocando seu carro em movimento, Edward entrou no transito já intenso da tarde nova-iorquina.
Finalmente entendia o motivo de sua raiva reincidente; a verdade sempre incomodaria até mesmo a
mais obstinada das criaturas imortais. Evidente que sentia medo do que pudesse lhe acontecer,
muito mais agora que a vampira havia confirmado a veracidade da maldição, mas se o problema
fosse única e exclusivamente esse, a decisão de deixar Isabella mortal não o incomodaria tanto.
Com certeza aquele foi o motivo real, porém só naquele primeiro momento; no calor da descoberta.
Depois disso, todas as vezes que disse á si mesmo ser o melhor á ser feito, estava tão somente se
iludindo, pois estava claro agora – “bendita” fosse Alice por fazê-lo ver o que sempre esteve diante
de seus olhos – que apreciava Isabella exatamente como estava; humanamente fragilizada,
deliciosamente quente e de sangue apetitosamente doce.
Sim, aquela era exatamente a forma que a desejava e passado o momento angustiante da descoberta
da marca, apenas se prendeu á ela para desculpar seus vícios. Contudo, apreciava também sua força,
o frescor que somente a juventude trazia, sua altivez desafiadora sempre que se atrevia á enfrentá-
lo.
Se Isabella sobrevivesse ao seu senso de perigo falho e chegasse á ser como aquela mulher, sabia
que ainda a desejaria, pois os fatores que o atraiam não se perderiam com o tempo e estariam todos
preservados no corpo humano. Contudo, a senhora de cabelos brancos e tez rugosa, não seria mais
sua companheira. Ofegante e cansada, jamais o desafiaria acatando tudo que determinasse; seria
uma pessoa sem expressão, morta em vida, lamentando o passado e o amor perdido.
Sim, era autoritário, mimado e extremamente egoísta, mas não era um tirano e não condenaria
Isabella á velhice ou a morte. Já possuía defeitos demais, para começar á ser um hipócrita. Se
aconselhou a jovem á não pensar no futuro, também não o faria. Que se danasse a maldição de
Zafrina ou sua confirmação daquela tarde. Agora que via todos os aspectos de sua história e de
Isabella com clareza, envergonhava-se por sua covardia daqueles últimos dias então, não se
encolheria mais ante ao perigo. Estava na hora de encarar o problema de frente e mudar o rumo das
coisas.
Se alguém tinha que morrer naquela história iniciada há vidas atrás, que dessa vez fosse ele. Nada
mais justo e ainda estaria em débito. Isabella dessa vez sobreviveria; e exatamente como estava
agora. Se tivesse que ser afastado dela, paciência. Tudo que poderia fazer era viver cada minuto
intensamente até ser subjugado por sua dona, mas não a perderia para o tempo.
Edward sentiu um baque violento em seu corpo ao tomar a decisão tardia. Que porcaria esteve
fazendo todo aquele tempo? Esteve afogando-a seu parvo – respondeu-se enraivecido – deixando-a
debilitada e expondo-a ao perigo, foi isso que esteve fazendo. Dias contando com a sorte de forma
imprudente, pois, já que estava sendo realista, a boa estrela de Isabella não era tão boa assim. Ele
mesmo colocou sua vida em perigo inúmeras vezes. Isso sem contar todos os fatores externos.
– Você foi um grande idiota Edward Cullen! – exclamou manobrando o carro para entrar na Gold
Street.
Ao ver o transito parado á sua frente e os carros que o fechavam atrás, Edward praguejou ainda
mais mesmo sabendo que merecia aquilo. De onde estava não tinha como ver o que acontecia. A
indicação que tinha para confirmar que estava preso em um engarrafamento eram as pessoas
inconformadas fora de seus carros. “Que ótimo!”
Certo, não havia nada á ser feito. O negócio era ter paciência e aguardar. Poderia esperar alguns
minutos para fazer o certo. Tão logo chegasse á sua cobertura expulsaria Alice sem maiores
explicações e transformaria Isabella. A nova questão – que não mudava em nada sua decisão tomada
– era se deveria ou não avisá-la sobre a dor. Decididamente a avisaria, pedindo aos deuses que não o
castigassem e a fizessem mudar de idéia, pois caso acontecesse, como o bom obstinado que era, não
lhe daria ouvidos.
Respirando profundamente Edward recostou-se melhor em seu assento e ligou o rádio na tentativa
de distrair-se. Talvez influenciado pelo gosto de Isabella, escolheu uma freqüência que estava
tocando musicas antigas; baladas românticas. No inicio as letras melosas o irritaram, mas logo
passou á apreciar ao se lembrar de tê-las ouvido nos dias que espreitou a jovem em seu
apartamento. Permitiu-se sorrir quando a mesma música que dançou com ela em sua cobertura,
começou á tocar. Após ela, outra encheu seu carro, levando o bom humor embora e deixando-o
inquieto.
http://www.youtube.com/watch?v=cgaS9ABt-cA
– Sim, ela é meu paraíso e meu inferno!... Não precisa me lembrar o quanto fui imbecil em não ver
antes e...
Edward interrompeu o diálogo particular de repente com todos seus sentidos em alerta. Não era
nada que visse ou farejasse; era pior. Sentia. De tão violenta a aflição lhe roubou o ar. Quando o
nome saiu de sua boca, foi sussurrado.
– Isabella!...
Então pediu desesperadamente, sacando o celular.
– Por favor, de novo não!
*******************************************************************

Notas finais do capítulo


Demorou pra cair a ficha, mas depois de um ataque conjunto desse, nem o pior dos
cabeçudos poderia deixar de ver a verdade e acordar... =)
Bom espero que tenham gostado... Please, me deixem saber...
Agora meu recadinho:
Todas vcs sabem que tenho uma comunidade onde posto todas as fics que escrevo, para
manter a organização dos tpcs, eu resolvi separar Obsession mais uma vez, pois a
segunda parte já está com 1.074 posts...
Sim, com isso semana que vem iniciamos a parte III, mas isso não significa que ela terá
mais 30 e tantos capítulos.(por favor, não surtem)
Essa nova fase terá o tanto de capítulos que falta pra desenrolar a estória e só. Obrigada
pela atenção em ler.
Bom... Como sei que estão querendo o pescoço da pobre autora por ter parado logo
"naquela parte", vou deixar um spoiler:
" Sem dramas Anjo. Temos algo mais importante á conversar.
Sem dar-lhe chances de falar qualquer outra coisa, Bella desligou o celular. Em segundos
o aparelho voltou á tocar. O desejo da jovem era arremessá-lo longe e de preferência
quebrá-lo dessa vez, mas ao invés isso, um pressentimento estranho a fez atender.
Devo alertá-la que não é prudente me irritar anjo. Não quero ouvir lamentações depois
que descobrir as conseqüências de desligar o celular na minha cara.
Diga de uma vez o que você quer e me deixe em paz.
Ah... Está perto o dia de termos paz. E adivinhe, será em família.
O que quer dizer com isso?
Espere um pouco... ao dizer isso Paul silenciou.
Bella começava a se impacientar quando ouviu a última voz que poderia imaginar e que
teve o poder de lhe roubar as forças das pernas. Se estivesse de pé teria caído. Porque
não se lembrou?... Foi com ele que havia sonhado.
Bella?!... Onde está você?... Paul me disse que viria nos encontrar essa manhã, mas até
agora nada. Quero vê-la filha.
Eu estava... depois de engolir em seco, completou. Ocupada pai. Onde vocês estão?
No momento estamos passeando e... Ah, espere... Paul quer lhe falar. Bom, não demore.
Estou com saudades.
O corpo de Bella tremia violentamente quando ouviu a voz de Paul.
Isso anjo, não demore. disse carinhosamente e então acrescentou mais sério. Ainda quer
desligar?... Ainda quer ser deixada em paz?"
É isso... Vejo-as nos reviews e na próxima quinta!... bjus

(Cap. 67) 1ª metade Capítulo 2 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... nossa... desculpem msm a demora, mas dessa vez a culpa não foi minha... a pg
para inserir novo capítulo não estava abrindo para mim pela manhã...
Só vi agora por acaso, pois já estava de saida e iria inconformada por não deixar a
metade para vcs...
Bom... não vou ocupá-las mais... "Simbora" ler...
Mas vou deixar um recado importante, por favor, leiam...
BOA LEITURA!

Exasperado, Edward voltou o celular ao bolso. Para sua agonia, não havia conseguido falar com
Isabella ou Alice, mas tentou dizer á si mesmo que a falta de contato não era prova de que algo ruim
estivesse acontecendo. Ainda assim era melhor verificar o quanto antes. Ao sair do carro, Edward
apenas tomou o cuidado de fechá-lo corretamente, deixando-o mesmo onde estava sem se importar
que fosse guinchado.
Todos os seus pensamentos eram para Isabella, toda sua atenção voltada ao próprio corpo na
tentativa de entender a origem daquele medo. Havia deixado a jovem em sua cobertura, na
companhia de Alice. Imortal algum poderia entrar e a vampira facilmente impedira qualquer mortal,
até mesmo o maior e mais forte dos homens de levar Isabella á força.
Enquanto seguia á pé, ora correndo sem se importar com a atenção que chamava, ora caminhando
na velocidade irritante dos mortais, Edward tentava á todo momento se convencer que nada havia
acontecido. Que aquela aflição nada tinha á ver com a jovem e sim com sua ansiedade em
finalmente fazer o certo. Com certeza ao entrar em seu apartamento descobriria sua noiva ainda
distraída em sua partida de xadrez com Alice, demonstrando á ele que era verdadeiramente um
vampiro velho e patético altamente dependente de sua mulher que logo deixaria de ser humana.
Quando chegou ao edifício, entrou por sua garagem e correu escada acima até sua cobertura. Ao
chegar ao hall, seus pelos se eriçaram. O cheiro de Isabella estava nele, ainda que fraco misturando-
se ao de Jasper e Alice e outro desconhecido. Ainda tentando manter-se calmo, disse a si mesmo
que talvez elas tivessem feito algum pedido em um dos restaurantes como ele mesmo sugerira á
Isabella no dia anterior; isso justificaria o traço humano. Também tentou acreditar que o cheiro dela
fosse somente o odor vindo do interior do apartamento, não o que ela deixaria ao passar rumo ao
elevador que, ao olhar, descobriu estar no térreo.
Em um átimo estava diante das portas duplas de aço, farejando-a. Inferno, não havia duvidas,
Isabella havia passado por ali. Ainda tentava encontrar motivos que fizessem a jovem desobedecê-lo
ou o porquê de Alice a deixar sair sozinha ou o que seria pior, na companhia de um estranho,
quando a porta de seu apartamento foi aberta por Jasper. Sem nem ao menos pensar correu em
direção á ela. O amigo se adiantou á ele entrando no apartamento e indo até Alice para se colocar
entre eles em uma atitude defensiva.
– Mantenha distancia Edward. – ele pediu sem entonação especial. – E acalme-se.
– Por que eu tenho que me acalmar? – perguntou á ele, então olhando para a vampira que se
mantinha afastada com o rosto contrito, disse apenas. – Alice? Para onde foi Isabella?
– Sinto muito Edward. – foi tudo o que ela disse.
E como se todos os fatores naquela cena perturbadora não fossem suficientes para desesperá-lo, ele
viu a vampira desviar os olhos dos seus e duas lágrimas rolarem por seu rosto. Vê-la mortificada o
enfureceu de tal maneira que em um gesto rápido, empurrou Jasper para o lado e avançou sobre ela
pegando-a pelo ombro com uma das mãos. Imediatamente o amigo tentou detê-lo, mas Edward o
imobilizou com a mão livre sem nem ao menos tocá-lo.
– Não se atreva á machucá-la Edward. – Jasper vociferou sem conseguir sair do lugar.
Se fosse seu desejo seria exatamente o que faria, mas não era sua intenção. Queria apenas respostas;
entender o que havia acontecido. Sem lhe dar ouvidos, encarou o rosto da vampira e inquiriu.
– O que aconteceu aqui?
– Bella foi obrigada á ir embora. – ela disse em um fio de voz, sem encará-lo.
– Obrigada como? – ele perguntou controlando-se para não chacoalhá-la.
– Paul está com o pai dela e ameaçou matá-lo caso Bella não fosse se encontrar com ele.
– Paul?!... – gritou, tremulo de puro ódio. – Ele mandou alguém vir buscá-la?... E você deixou que
ela fosse? Por que não a impediu de sair? Por que não me avisou?
– Deixe-a em paz Edward. – Jasper pediu também aos gritos. – Solte-a!
Mas Edward não a estava segurando; não com força, pois se o fizesse certamente a machucaria. Se
Alice não se afastava era porque não queria. Estava imóvel, com a cabeça baixa, ainda chorando e
para desespero de Edward em silêncio. Fazendo com que o nome do rábula povoasse sua mente e
corroesse suas entranhas sem lhe dar uma única luz que clareasse suas idéias; que o fizesse acreditar
que poderia reverter aquela situação antes que fosse tarde.
– Responda-me Alice. – ele ordenou. – Entendo que tenha sido solidária á sua amiga, mas então por
que não foi com ela? O cretino exigiu isso? Há quanto tempo ela saiu? Talvez ainda possamos
alcançá-la.
Silêncio.
– Responda!
Á esse novo grito, Alice se encolheu sob sua mão e os vidros ao seu redor trepidaram. Tentando se
controlar, pois estava evidente que pela primeira vez desde que conhecia Alice, sua fúria a
amedrontava, ele baixou a voz e disse pausadamente.
– Alice eu estou lhe “pedindo”... Por favor, não teste minha paciência. Sabe que eu amo você... Que
é como uma irmã para mim, então não há nada que possa ter feito que faça eu me voltar contra
você... Mas eu jamais a perdoarei se me deixar no escuro por muito tempo. Se não me disser
“agora” o que aconteceu aqui eu juro por Deus ou pelo diabo que nunca mais lhe dirijo uma única
palavra.
Após um breve instante de hesitação que teve o poder de minar o resto de sanidade que Edward
ainda pudesse ter, ela começou por fim.
– Bella ficou abalada ao receber uma encomenda...
O primeiro pensamento de Edward foi se perguntar como aquilo havia acontecido, mas sabia que
aquela não era hora de descobrir então se conteve e ouviu.
– Justamente por isso, Bella não pensou duas vezes antes de atender as exigências de Paul, quando
ele disse que estava com o pai dela.
– Que encomenda, Alice? – perguntou entre dentes, controlando-se.
– A cabeça de Black. – ela disse simplesmente.
Edward teve que reconhecer que o rábula dos infernos sabia como chamar a atenção, e agora o
odiava ainda mais por isso. Assim como se enfureceu pela ingenuidade de sua noiva.
– E Isabella acreditou que era o gato dela?!... Poderia ser qualquer um!
– Acho que alguém que ama seu bicho de estimação não levaria isso em conta. – disse Alice
arriscando olhar para Edward pela primeira vez desde que ele entrou. – Bella realmente não tinha
como ter certeza, mas eu sim. A cabeça era de Black.
– E você confirmou isso á ela?! – perguntou incrédulo.
– Não confirmei coisa alguma... – ela respondeu voltando á baixar os olhos.
Desistindo de entender como a cabeça de Alice funcionava, prosseguiu.
– E quanto ao pai dela? – Edward sequer se lembrava do nome. – Isso poderia ser mentira.
– Ela disse que confirmou a informação. Não há duvidas quanto á isso também.
Na mente de Edward apenas uma palavra se fixou.
– Ela “disse”?... Por que ela “disse” isso á você?... Acaso não “viu” ou “ouviu” ela confirmar?
– Não... – ela começou com a voz novamente sumida, então confessou. – Eu não estava aqui.
– O que você...? – as palavras lhe faltaram, ao passo que cerrou o punho, sedento por bater em
alguma coisa ou em alguém.
– Não se atreva Edward!... Acalme-se de uma vez e se afaste.
Jasper não precisava ter alertado. Por mais que seu lado primitivo sentisse a necessidade de socar,
esfolar e decepar, jamais machucaria Alice. Queria tão somente continuar á interrogá-la, mas diante
da revelação não teve mais forças. Todo o ar á sua volta se tornou rarefeito, o tempo pareceu parar.
Nenhum dos três pronunciou uma única palavra. Subitamente Edward sentiu-se fraco, então saiu de
perto de Alice e cambaleou até que caísse sentado em seu sofá.
Quando ergueu os olhos na direção da vampira Jasper já estava ao seu lado abraçando-a
protetoramente. Depois de certificar-se que ela estava bem se voltou para Edward com o cenho
franzido; a expressão enraivecida.
– Se a tivesse machucado eu o mataria.
Edward não responderia àquilo por saber que o amigo não teria chances contra ele e principalmente
por não encontrar ânimo para tanto. Começava á sentir dificuldade em respirar; onde estaria
Isabella?
– Pare com isso Jasper. – começou Alice tocando o rosto do marido. – Sabe muito bem que ele não
faria nada contra mim. Está apenas desesperado e com raiva e você no lugar dele agiria da mesma
forma.
Então, como se confessar sua falta a libertasse, ela se acercou do vampiro e se agachou á sua frente.
– Perdoe-me Edward. Não quis desobedecê-lo. Apenas atendi á um pedido de Bella.
– Que pedido? – ele murmurou roucamente.
– Ligaram da joalheria avisando que o anel de noivado estava pronto. Eu queria esperar você
chegar, mas ela ficou ansiosa, queria lhe fazer uma surpresa... Sinceramente não vi problema
algum... Já havia deixado Bella aqui antes e nada aconteceu.
– Até agora... – disse Edward em um sussurro. – E “agora” Alice?... O que posso fazer?
– Infelizmente não sei... Implorei para que voltasse quando me ligou, mas ela se manteve
irredutível.
Isabella ligou para Alice. Por que não para ele; pensou. Provavelmente porque ao ouvir sua voz não
tivesse coragem de salvar o pai. Um pai. Inferno!... Por que ela não era sozinha como ele?... Só
dele?... E o mais importante. Por que ele próprio não se antecipou ao rábula uma vez que sabia que
o pulha estava disposto á tudo para recuperá-la e já havia dado mostras que se valeria de qualquer
baixeza para consegui-lo?... Simples, sempre fora prepotente e convicto de que poderia tomar conta
dela em qualquer situação, não deixando que ninguém se acercasse ou a ameaçasse, mesmo tento
provas irrefutáveis de que não conseguiria fazê-lo na pratica.
– Onde está o anel? – perguntou sem pensar.
Alice simplesmente estendeu a mão e revelou a caixinha, como se não a tivesse largado desde que
havia chegado da joalheria. Lentamente, Edward pegou o objeto e, depois de olhá-lo por alguns
instantes, fechou a mão em punho reduzindo a madeira delicada e velha á pequeníssimas lascas. Sua
intenção era comprimir ainda mais sua palma, até inutilizar o anel, mas no último segundo não teve
coragem. Então descerrou os dedos, abrindo a mão para que os restos da caixinha escorressem pelos
vãos até que só sobrasse alguma poeira e o símbolo de seu noivado em sua palma, intacto. Sem
conseguir desprender os olhos da safira, o vampiro mortificado ouviu Alice dizer.
– Vamos encontrar um meio de achá-la Edward...
O tom era animador, destoando da realidade. Jasper se mantinha em silencio. Subitamente Edward
não suportava vê-los. Sem ao menos se despedir ou dizer qualquer palavra, ergueu-se colocando o
anel no bolso da calça e saiu do apartamento. Desceu até o saguão na tentativa inútil de encontrar o
cheiro de Isabella. O odor fraco ainda estava lá, indicando que ela havia passado por ali há alguns
minutos, mas se diluía aos outros e se perdia completamente ao chegar á rua. Parado em frente ao
seu edifício, Edward olhou em todas as direções completamente perdido.
– Isabella. – murmurou em um lamento.
Respirando profundamente se pôs á andar á passos largos e algumas quadras depois, passou á
correr. Não conseguia se refrear. Se conseguisse ficar parado talvez tivesse ido até sua garagem e
saído com sua moto, mas até mesmo ela lhe limitaria. Precisava de movimento; ação. Sem se
importar em ser o louco engravatado que corria pelas ruas naquele final de tarde, seguiu até a rua de
Isabella e quando deu por si – ainda sem se importar – estava na sacada que por tantas vezes a
observou.
Olhando para a porta envidraçada, desejou que o tempo voltasse. Que pudesse fazer tudo diferente,
contar quem era desde o inicio e transformá-la “in continenti” para que não tivesse sido arrancada
de sua vida pela última pessoa que poderia fazê-lo. Novamente sentiu a raiva dominá-lo então, após
um safanão que abriu a porta com violência quebrando alguns vidros, entrou para o quarto. Passou
reto por ele e foi se sentar em sua poltrona preferida, aquela que o permitia ver a cama.
Deixando que as lembranças tentassem acalmá-lo, e dizendo á si mesmo que talvez ainda não fosse
tarde, sacou o celular e tentou contato com o dela. Se a jovem não lhe telefonou por medo de voltar
atrás, ainda poderia persuadi-la. Talvez até tentasse induzi-la como Zafrina havia feito com James.
Que se danasse sua promessa; queria-a de volta e pouco lhe importava se isso colocasse a vida de
um pai, que nem ao menos conhecia, em risco. Expectante, Edward ouviu os toques da chamada.
Após seis deles, quando se encontrava em ponto de explodir, ouviu a voz que fez seu sangue ferver.
– Vejam só se não é um aliciador cara de pau ligando para minha mulher! – Paul exclamou
debochado.
Fazendo uma força além do que poderia para não partir o celular ao meio, Edward retrucou.
– Não faço ideia sobre o que está falando, pois até onde sei você não tem mulher alguma. Agora
deixe de embromação e me diga o que fez com Isabella.
– Não lhe devo satisfações do que faço ou deixo de fazer com ela, mas nesse momento me sinto
tão... “satisfeito”, que vou dividir... Bella está no banho. Não vai ser indiscreto e querer saber o
motivo, não é?
Edward respirou fundo, controlando-se. Sabia que podia confiar em Isabella, pois ela não se
renderia assim tão facilmente. Até mesmo o tempo indicava que a insinuação era falsa; nada havia
acontecido. E se acontecesse – seu peito rugia só em pensar – jamais poderia considerar como
traição, pois não seria um ato consensual e sim estupro. Ao pensamento aconselhou entre dentes.
– Acho melhor você devolvê-la por bem. – “Não que eu não vá matá-lo da mesma maneira”,
pensou.
– E eu acho que já desperdicei meu tempo com você... Atendi somente para avisar que deve manter
distancia de nós e nos deixar em paz. Que Agora não temos mais nada para conversar, boa noite
Cullen.
– Covarde! – Edward provocou antes que ele desligasse.
– Espere um pouco. – disse Paul cedendo á sua provocação. – Acho que há um engano aqui. O
covarde não sou eu, e sim você... Que agiu pelas minhas costas valendo-se de seus truques de
imortal para confundi-la até roubá-la de mim.
– Admito que fui desleal, que não lutei de igual para igual pelo amor dela, mas nunca fui um
covarde. Em momento algum precisei ferir ou ameaçar aqueles que ela ama para tê-la comigo, já
você... – interrompeu-se deixando a conclusão no ar, também para provocá-lo.
– Bastardo dos infernos! – Paul vociferou. – Não se atreva a se considerar melhor do que eu.
– Não me considero. Apenas sou!... Se não lutei com igualdade foi simplesmente porque não
éramos iguais e você não teria chances contra mim. Mas agora que somos... Quem “é” e “continua”
sendo o covarde? Quem usa de chantagem? Quem foge com o rabo entre as pernas como o bom cão
medroso que é?... Não!... Isso seria uma ofensa aos cachorros. Retiro até mesmo o que disse em
minha casa. Você nem é um arremedo de vampiro... Está mais para um rato de esgoto.
– Pois vou lhe mostrar quem é o rato, Cullen.
– É só dizer a hora e o local. – avisou satisfeito por ter conseguido o que queria. – Estou livre desde
agora.
– Pois aproveite sua última noite com vida indo encurralar mulheres nos banheiros das boates.
Edward alarmou-se. Não podia deixar que Isabella ficasse com ele nem mais um minuto. Precisava
fazê-lo sair imediatamente. Então uma ideia lhe ocorreu; concentrando-se ordenou.
– Quero que deixe Isabella e o pai saírem daí imediatamente. – se Zafrina conseguia, ele também o
faria.
– Pouco me importa o que você quer Cullen. Agora “eu” dou as cartas.
O vampiro não pôde acreditar no que ouvia. Atordoado por um segundo, sem saber se a vampira
havia mentido sobre ser possível induzir por telefone, retrucou.
– Isso não é um jogo Paul. E Isabella não é um troféu, então vamos terminar logo com isso.
– Como você se engana... – ele disse reassumindo o tom debochado. – Meu anjo sempre foi um
troféu, meu ideal de esposa perfeita. Bonita, culta e agradável. Um troféu que, quando eu estava
prestes á conseguir, você roubou e manchou com suas mãos imundas e apodreceu com seu cheiro
fétido. Mas agora que ela está livre de sua influência logo voltará á ser a Bella de antes e finalmente
vai para a minha prateleira... Ou melhor... Para minha cama. Onde me lembrará todas as vezes que
eu fodê-la o quanto foi delicioso tomá-la de volta.
Àquelas palavras grosseiras, o corpo de Edward passou a tremer violentamente. Não iria alertá-lo
para não tocar em Isabella, pois nada poderia fazer para detê-lo e sabia que somente desencadearia
novas provocações, então apenas sibilou entre dentes.
– Diga onde e quando.
– Bom... Agora que ela está de volta e vou transformá-la, não me interessa mais chamar a atenção.
É melhor continuar “escondidinho” como todos vocês vêm fazendo há milhares de anos, então seria
oportuno marcarmos para amanhã... A cidade estará vazia por causa do feriado.
Apenas uma noite, Edward pensou respirando profundamente, você sobrevive á isso. Acreditando
que não conseguiria dizer uma única palavra, esperou que o rábula concluísse.
– Acho que teremos mais privacidade no Central Parque... Espero você á meia noite próximo ao
Peregrino. – então observou acidamente. – E veja que interessante. Tudo terminará exatamente onde
começou.
Assim que o ser abjeto desligou, Edward jogou o celular no sofá para não esmigalhá-lo e afundou o
rosto nas mãos. Meia noite do dia seguinte; pensou aflito. Mais de um dia inteiro longe daquela que
nem sequer conseguia afastar-se tranquilamente por uma única hora. E o que era pior... Saber que
Isabella ficaria todo aquele tempo em poder do rábula, á mercê de sua loucura e paixão, sem que ele
nada pudesse fazer á respeito. Subitamente riu exasperado com sua ingênua credulidade. Acreditava
mesmo ser capaz de sobreviver àquilo?
Com o coração trespassado por lanças afiadas, Edward recostou-se contra o espaldar da poltrona e
fixou o olhar na cama onde esteve por preciosas noites com Isabella. Era tarde para lamentar o
passado, mas se pudesse voltar no tempo, com a convicção adquirida uma hora atrás, poderia fazer
o certo e transformá-la. Talvez não alterasse o presente. Talvez o ser ignóbil ainda a chantageasse
para atraí-la, contudo ela seria forte o bastante para defender-se. Não seria a humana fraca – física e
mentalmente – que poderia ser induzida, ou pior, que poderia não resistir caso o vampiro resolvesse
beber dela uma única vez.
Ao pensamento Edward controlou-se para não fechar as mãos em punho e esmagar os braços da
poltrona onde apoiava os braços. Se seus temores se confirmassem, novamente ele seria o culpado.
Alice esteve certa todo o tempo, desde que a chamou para proteger Isabella do perigo oferecido
pelo então desconhecido intruso. “Ele” era aquele que mais lhe apresentava perigo. As palavras
exatas foram.
“Você a quer Edward... Nada pior pode acontecer á ela”.
Evidente que na época ela se referia ao fato de ele ser um mulherengo, que se livraria da jovem tão
logo a usasse, mas mesmo sem a intenção, ela acertara. Nada pior poderia ter se infiltrado na vida
de Isabella do que um vampiro velho e mimado, cego em suas obstinações e extremamente egoísta.
Viciado em seu corpo e em seu sangue. Incapaz de enxergar os sinais claros de que estava indo
contra o rumo natural dos acontecimentos. Agora era tarde; muito tarde para lamentar.
Obrigando-se á respirar fundo, bloqueou a autocrítica tardia e inútil para prestar atenção ás
sensações de seu corpo. Sem desprender os olhos da cama, deixou que o odor de Isabella – que
impregnava tudo á sua volta – entrasse por suas narinas dilatadas e fosse se instalar em seu cérebro.
Tentou ainda imaginar que ela estava ali, dormindo tranquilamente sob suas cobertas e que ele
estava apenas esperando o momento certo para lhe fazer companhia. Apenas esperando, apenas
esperando. Precisava acreditar na auto-sugestão, caso contrário enlouqueceria. Ainda era cedo para
perder a razão; aquela seria uma longa noite.
http://www.youtube.com/watch?v=rg7MvAw6qqA
Ainda sentada, Bella se perdeu em alguns segundos de indecisão então, respirando fundo, ergueu-
se, terminou de despir-se e entrou no Box. Seu banho foi breve, mas durante ele não pode deixar de
reparar que os produtos dispostos nas prateleiras estavam usados e que todos eram de uso
masculino. Aparentemente a ocupante usual daquele apartamento tinha um gosto caro e variado.
Deixando a analise de lado, Bella pegou um pouco de xampu e esfregou somente nas pontas dos
cabelos finalizando o banho para sair do Box. Enxugou-se rapidamente e, depois de se enrolar na
toalha, se dirigiu ao quarto para procurar as roupas que Paul havia comprado para ela.
Achou-as exatamente onde ele disse que estariam; na primeira gaveta da cômoda. Duas calças
jeans, três camisas de flanela e um vestido. Além de peças intimas. Sem demora pegou as que
estavam mais á mão e se vestiu. Começava a escovar os cabelos quando a porta do quarto foi aberta.
Logo Paul estava parado atrás de si, mirando-a através do espelho.
– É bom poder nos ver juntos nesse reflexo... Assim como também acho bom poder andar nas ruas
durante o dia, mesmo que o sol incomode. – divagou pegando uma mecha úmida de seu cabelo para
levá-la ao nariz. Novamente á repeliu fazendo uma careta de nojo. – Você ainda está fedendo.
– Mas eu esfreguei meu cabelo com xampu... – ela mentiu á guisa de desculpas.
– Sei disso, mas o cheiro “dele” ainda está aí... Acho que com mais duas ou três lavagens ele
desaparece. Posso esperar.
E Bella queria que ele esperasse. Assim como queria desesperadamente saber o que ele conversou
com Edward. Contudo sabia que não poderia perguntar sem correr o risco de presenciar um ataque
de fúria. Talvez igual ou pior do que seu noivo deveria estar tendo naquele exato momento. A jovem
pedia aos céus que Alice e Jasper pudessem contê-lo, que não o deixassem fazer uma loucura.
Respirando fundo, ela tentou acalmar seu coração.
– Você está agitada. – Paul observou encarando-a pelo espelho.
– Perdoe-me. E que não estou me sentindo muito bem... Sabe como “ele” me deixou fraca.
– Sei. – disse afastando seu cabelo da nuca para deixar o pescoço exposto. Correndo as costas dos
dedos pela veia pulsante, acrescentou. – E nesse sentido posso entendê-lo perfeitamente.
Arrepiando-se, Bella o viu estalar a língua nos dentes. Sabia que seus batimentos acelerados deviam
estar instigando-o, afinal ele era um vampiro agora. Naquele instante percebeu que corria um perigo
tão perturbador quanto ser levada para a cama. Paul poderia beber dela.
– Paul... – ela chamou.
Ele não lhe respondeu. Apenas baixou a cabeça na direção de seu pescoço para cheirá-lo. E então se
afastou novamente com a mesma expressão enojada.
– Definitivamente isso vai ter que esperar. – disse indo em direção á porta. – Termine de se arrumar
e vá para o quarto de seu pai. Já que ele pensa que veio para vê-la é isso que vai acontecer.
Enquanto isso esse cheiro horroroso vai saindo de você.
Ao sair do quarto, ele fechou a porta com estrondo. Somente então Bella se permitiu respirar. Agora
desejava que o cheiro de Edward não saísse de seu corpo nunca mais. Com certeza não seria
liberada por isso, mas poderia saber que seria morta sem ser maculada por outro. Cansada, a jovem
apoiou as mãos na cômoda e fechou os olhos. Agora que estava perto de seu pai e tinha a chance de
liberá-lo, começava á se perguntar como seria ficar longe de Edward.
Não precisava pensar muito, sabia como seria. A morte... Mas até lá, teria que representar o papel da
namorada reconquistada. Era preciso disfarçar o ódio, o asco e tentar manter Paul distante o maior
tempo possível. Decidida, abriu os olhos e terminou de pentear os cabelos. Quando estava pronta
saiu do quarto e foi até o que era ocupado por seu pai. Encontrou-o ainda adormecido, então se
deitou ao seu lado e o abraçou. Enquanto seguia até ali, não viu Paul em parte alguma e agradeceu
por isso. Quanto mais tempo ele ficasse distante, melhor.
Contudo não se iludia. Seu ex não havia se dado todo aquele trabalho apenas para tê-la perto de si.
Fosse como fosse não queria pensar sobre aquilo naquele exato momento. Tudo ao seu tempo então,
na tentativa de acalmar o coração, passou a analisar o rosto do pai. Estava realmente com saudades.
Em outras circunstâncias estaria adorando a oportunidade de estar com ele. O velho chefe Swan.
Velho nada, disse á si mesma. O pai ainda era um homem relativamente jovem e bonito. E mesmo
que fosse velho e enrugado, ainda assim não merecia morrer nas mãos de um sádico como Paul.
Ao pensar no nome, foi visitada pela mesma sensação de observação dos primeiros dias de
aproximação de Edward. A mesma que denunciou a presença do noivo no escritório da casa depois
de seu primeiro desentendimento. Sabia o que aquilo significava. Não havia visto Paul em parte
alguma, mas ele estava ali, observando-os. Após a descoberta, Bella tentou manter a calma para não
dar mostras de que sabia da aproximação.
Acomodando-se mais para perto do pai, fechou os olhos como se tencionasse dormir e tentou
povoar sua cabeça com as imagens dos últimos dias que passou com Edward. Até mesmo os
momentos tensos tiveram espaço em sua mente. Ao recordar os olhos verdes, gradativamente foi
encontrando um equilíbrio em seus sentimentos. Estava longe de se sentir tranquila, porém já não se
encontrava aflita.
CONTINUA...

Notas finais do capítulo


E então... Espero que tenham gostado... Por favor, comentem...
Vou ser breve, senão me atraso... o recado é o seguinte...
O nyah está com um recado avisando que em dezembro vai excluir todas as estórias
postadas na categoria "PERSONALIDADES" assim como em suas sub-categorias...
OBSESSION está na "Saga Crepúsculo", não sei se isso faz dela uma sub-categoria,
afinal não sou familiarizada com o site... Só quero deixá-las avisadas que se a fic sumir,
não fui eu que exclui e sim essa reforma do site...
Se for o caso aconselho á todas que não queram perder contato com a estória que entrem
na minha comunidade msm seja soemnte precaução... qlq deixem MPs que no que puder
ajudar estarei aqui...
Bjus linda...
Ahh... um spoiler rápido pra não perder o costume...
Isabella não precisa de minha ajuda. Apenas que eu a encontre e a pegue de volta.
respondeu secamente voltando á olhar para a cama.
Novamente mirou-a fixadamente, nem percebeu que a amiga lhe seguiu o olhar, antes de
voltar á encará-lo com as sobrancelhas unidas.
Tem ideia de como vamos fazer isso?... Eles não estão no apartamento de Paul, eu
verifiquei. Você também foi lá?
Não!... Eu sabia que não os encontraria e não ficaria rodando a cidade como um maldito
inseto asqueroso sem rumo.
Sim, não ficaria tonto e frustrado por não encontrá-la em parte alguma. O melhor era
mesmo ficar ali e esperar a hora de seu encontro; sentindo seu coração. Tentando decifrar
cada nova pontada de ansiedade, sabendo que todas elas pertenciam á Isabella.
Estranhamente sabia que os sentimentos que o visitaram durante boa parte da noite e há
poucas horas daquele dia eram somente os de Isabella; não sentia seu velho coração
oprimido de forma dolorosa em seu peito ou a aflição sufocante que o impulsionou até o
apartamento da jovem no inicio da noite passada.
É isso... xau lindas... agora preciso correr... FUI

(Cap. 68) 2ª metade Capítulo 2 - Parte III

Notas do capítulo
Oi amores.. Desculpe a demora, mas agora acho que todas sabem que a culpa não é
minha... o site ainda está em fase de mudanças e nem sempre nos deixa entrar nas nossas
contas, por isso não consigo postar ou responder aos reviews.
Ainda acho que vcs devem ir para a minha comunidade pelo menos por precaução caso a
fic seja excluída. Vou deixar o link nas notas finais... =)
Bom espero que gostem desse restante de capítulo... nos vemos lá no final...
BOA LEITURA!

Acomodando-se mais para perto do pai, fechou os olhos como se tencionasse dormir e tentou
povoar sua cabeça com as imagens dos últimos dias que passou com Edward. Até mesmo os
momentos tensos tiveram espaço em sua mente. Ao recordar os olhos verdes, gradativamente foi
encontrando um equilíbrio em seus sentimentos. Estava longe de se sentir tranquila, porém já não
se encontrava aflita.
Evidentemente não dormiu. Não poderia com a insistente sensação de observação e toda a tensão do
cativeiro então, quando seu pai se moveu, afastou-se para que ele não a estranhasse em sua cama.
Quando Charlie abriu os olhos, Bella estava sentada na beirada do colchão ao seu lado.
– Nossa! – exclamou sentando-se. – Eu dormi novamente?
– Dormiu. – ela respondeu com um sorriso triste, porém sincero para o pai.
– Estranho. – ele observou saindo da cama. – Nunca fui de dormir assim tão cedo. Ainda mais que
em Forks estaria praticamente á três horas mais cedo do que aqui.
– É apenas o cansaço da viagem, pai.
– Pode ser... – ele disse olhando em volta. – Paul tem um belo apartamento, hein?
– Sim, ele tem – ela confirmou seguindo seu olhar.
– E você?... – perguntou olhando em sua direção. – Pensei que fosse conhecer o “seu” apartamento.
Agora que já fizemos a surpresa, acho que você poderia pedir ao seu namorado...?
Ele não completou a frase e deixou a palavra no ar para que Bella o corrigisse caso fosse necessário.
A jovem viu ali uma boa oportunidade de seguir com a farsa, então o atendeu para que ele
prosseguisse.
– Paul é “quase” meu noivo. – as palavras tinham gosto de fel, ainda assim forçou um sorriso no
rosto.
– Certo... Então temos um “noivo”. – Charlie disse antes de continuar seu raciocínio anterior. –
Agora que estamos juntos poderíamos pedir ao seu noivo que nos levasse para lá. Sabe que não me
sinto bem em ambientes como esse.
Se fosse possível era tudo o que mais queria, sair dali e ir para seu apartamento. Não para o antigo,
mas para certa cobertura na Wall Street; lá era onde morava agora. Pelo menos queria acreditar que
ainda moraria caso conseguisse escapar com vida daquele encontro com Paul. Novamente
relegando o futuro á um segundo plano, se concentrou em tirar aquela idéia perigosa da mente do
pai.
– Eh... Desculpe não ter dito antes, pai... Mas... Eu praticamente vivo com Paul agora.
– Está querendo me dizer que mora aqui?!...
– Moro. – e que Deus lhe perdoasse as constantes mentiras. Todas eram estritamente necessárias. –
Não me encontrou aqui pela manhã, pois como disse tenho estado ocupada com o jornal e essa noite
eu acabei indo dormir no outro apartamento, mas foi somente por necessidade.
– Renée sabe disso? – ele perguntou com as sobrancelhas unidas.
– Não, ela não sabe. – disse Bella. – Na verdade vim para cá há pouco tempo... é tipo um... tempo
de experiência, por isso não me desfiz do outro.
– Bom... – começou Charlie olhando novamente em volta. – Não sei se aprovo essas
“modernidades”, mas você não é mais uma criança e deve saber o que faz... E se está feliz como me
disse ao telefone, está bem para mim também.
Por um instante, Bella alarmou-se. Não queria provocar a fúria de Paul ao ser lembrado dos motivos
de seu contentamento nos últimos dias. Mesmo apreensiva, a jovem desejou que estivesse tento
aquela conversa no que se referia á Edward. Queria poder contar que realmente estava noiva e que
estava sim feliz, apesar de todas as provações que passavam; infelizmente não poderia. Nem ao
menos conseguia sorrir novamente, então apenas agradeceu.
– Obrigada pai. – então perguntou se colocando de pé, bloqueando a crescente tristeza ao ser
invadida pela súbita curiosidade em conhecer seu “lar”. – Já conheceu o restante do apartamento?
Acho que podemos ir...
– Acho melhor ficarem mesmo onde estão. – Paul cortou-a revelando-se.
– De onde você...?
– Sente-se e não nos veja. – o vampiro o cortou antes que Charlie terminasse a pergunta. Então se
voltou para Bella com o cenho franzido. – O que pretende?
– Não entendi a pergunta. – ela disse realmente sem entender.
A súbita aparição confirmou suas suspeitas de que ele os esteve observando todo o tempo. Mesmo
que soubesse que Paul estava próximo, vê-lo surgir do nada fora realmente assustador, justamente
por isso se admirava por não ter se sobressaltado com a “entrada dramática”.
– Não quero que fiquem perambulando por aí. Não tem permissão para tirar seu pai desse quarto.
– Você não me avisou sobre isso. E já que ele pensa estar em uma visita normal, nada mais natural
que eu queria mostrar tudo á ele. – tentando mascarar um tom desafiador, perguntou. – Como será
se ele não puder sair?... Vai começar á pensar que é um prisioneiro.
– Ele não vai pensar nada ou tampouco sair... Nem você. E também não se sentirá um prisioneiro;
não se preocupe... O papai terá as lembranças de sua visita. Dos passeios pela cidade e da
companhia da filha e seu genro. Á propósito... Gostei de saber que sou praticamente seu noivo.
– E é o que somos não?... Afinal você disse que me faria como você... Que seria sua companheira.
– E será... – ele disse profético.
De repente a idéia mais insana que poderia ter em toda sua vida lhe veio á mente. Era temerária e
talvez suicida no que se referisse ao amor de Edward, uma vez que talvez ele nunca a perdoasse por
ter se tornado imortal pelas mãos de Paul, mas talvez estivesse ali a solução de todos os seus
problemas. Se o ex a transformasse poderia lidar com ele. E no momento não se importava que seu
verdadeiro noivo tivesse lhe dito que ela ainda seria mais fraca por ser mulher. Sentia tamanho ódio
por Paul que tinha absoluta certeza que isso lhe conferiria uma força extra.
Nem mesmo o quadro bizarro pintado por Edward onde, hipoteticamente a colocou arrancando o
coração ou a cabeça do ex lhe assombrava mais. Paul havia matado Black, ameaçava seu pai, sua
mãe e o próprio Edward que ela sabia, não seria deixado em paz somente por ela estar ali. Enquanto
sustentava o olhar negro do vampiro, Bella teve a certeza que seria capaz de matá-lo sem hesitação
ou futuros remorsos. Nunca imaginou possuir tal veia assassina, mas no momento apreciava-a mais
que qualquer outra característica nova que pudesse adquirir.
Estava pronta, apenas tentava se convencer que poderia se entender com Edward depois. Evidente
que ele odiaria a novidade, mas precisava acreditar que ele não lhe viraria as costas quando
soubesse seus motivos. Quando voltasse com a cabeça de Paul e lhe presenteasse, mostrando que
ninguém mais se interpunha entre eles, Edward a perdoaria. Sim, perdoaria. Gostando de cada novo
detalhe de sua ideia, Bella sorriu abertamente – pela primeira vez na noite – e disse aproximando-
se.
– Se é assim como diz, acho que você poderia fazer isso agora mesmo. Por que esperarmos mais?
O vampiro franziu o cenho ainda mais e analisou seu rosto. Quando falou sua voz era rouca.
– Acredite anjo... – ele começou estendendo a mão para mais uma vez acariciar a linha de seu
pescoço. – Isso é tudo que mais quero, mas aqui não é o local. Não sei se sabe, mas a mutação é
lenta e dolorosa. Quando transformá-la quero que esteja confortável e sem testemunhas. – disse
indicando Charlie. – E “aqui” não é seguro.
O coração da jovem agitou-se com as palavras. Nem se importou que seu plano tivesse sido
momentaneamente descartado.
– Como assim “não é seguro”?
– Não se preocupe, não deixarei que nada lhe aconteça. Só não considero esse um local seguro para
transformá-la porque aqui não é meu território. Já disse que conheço o dono, ele está fora e não vai
gostar muito por eu ter me adiantado e estar com você.
– Se é assim não deveria ter nos trazido para cá.
– Foi somente precaução. Não queria correr o risco de o bastardo ir até meu apartamento e não tinha
como comprar ou alugar outro em tão pouco tempo.
Colocando as mãos nos bolsos para disfarçar o súbito tremor, Bella perguntou.
– Quem é o dono desse apartamento Paul?... É de quem o transformou?
O vampiro não a respondeu, apenas permaneceu avaliando-a. Depois de forçar um sorriso, ela
acrescentou.
– Acho que pode confiar em mim. Estou aqui, não estou? Estou livre da influencia “dele” e... – ela
engoliu em seco antes de dizer as palavras mentirosas. – No momento odeio aquele “idiota” tanto
quanto você. É por causa “dele” que estamos nessa situação agora.
Suas palavras, por mais que tenham queimado sua língua ao serem proferidas, pareceram surtir
efeito. Aos poucos o vampiro lhe sorriu e perguntou.
– Pensa mesmo assim?
– Penso. E quero que confie em mim...
– Está bem... – ele anuiu. – Esse apartamento é de James... Você também o conhece, ele era meu
colega de sala lá no escritório do cretino. Foi ele que me levou ao hospital naquela manhã em que
eu os flagrei...
– Por favor... – ela começou realmente preocupada. Não poderia correr o risco de ele recuar justo
naquele momento. – Me perdoe sobre aquilo. Eu estava fora de mim... Jamais o trairia daquela
maneira.
Decididamente Bella se sentia o próprio Pedro ao renegar seu amor tantas vezes; tentava o tempo
todo se desculpar dizendo á si mesma que era para o bem de Edward. Quanto mais descobrisse
durante seu cárcere, melhor.
– Agora sei disso anjo. – ele afirmou pegando uma mecha de seu cabelo, mas mantendo distancia. –
Eu confio em você.
– Então me conte.
– Bom... Como eu dizia, James me levou ao hospital aquele dia. Deixou-me lá e foi embora, porém,
minutos depois ele voltou. Levou-me para um lugar reservado e contou-me tudo o que eu deveria
saber. Evidente que não acreditei, imagine... Como acreditar que vampiros existiam?... Então ele me
mostrou. Arrancou um pedaço da própria mão com os dentes e mordeu-me sem que eu nada
pudesse fazer. Depois me obrigou á ver o ferimento se fechar milagrosamente. Diante daquilo eu
não poderia mais contestar.
Bella sentia que precisava se sentar então, lentamente se afastou e foi sentar-se na beirada da cama.
Tudo aquilo havia acontecido enquanto estava no escritório com Edward, ainda sem saber o que o
advogado era na verdade. Paul havia descoberto sobre os vampiros antes dela e também de forma
assombrosa. Alheio a fraqueja nas pernas da jovem, Paul seguiu-a e se sentou ao seu lado, sempre
distante graças ao odor que ela exalava.
– Quando conseguiu minha atenção, ele me contou tudo sobre o cretino. Que ele é um hipócrita
sacana que aceita dinheiro que considera sujo para livrar bandidos da prisão somente pelo prazer de
caçá-los depois. Que nas horas vagas é um mulherengo desgraçado que usa as mulheres das formas
mais degradantes. Que provavelmente adquiriu seu péssimo caráter da mãe adultera e da criação de
um pai avulso e ausente. – Paul se interrompeu por um segundo, então acrescentou.
– Sinceramente essa parte da narrativa me pareceu um tanto banal e irrelevante, afinal vemos casos
assim aos montes, mas quando ele me contou o que o infeliz havia feito á nós dois, não tive como
relevar nada que me foi dito. Edward Cullen é um desgraçado de um bastardo falso e imoral.
A jovem obrigava-se á ouvir sem interrompê-lo, e controlando-se á cada nova ofensa. Talvez
acreditando que suas reações faciais fossem em solidariedade á sua causa, Paul prosseguiu ainda
mais inflamado.
– Minha vontade era matá-lo imediatamente por ter feito tal coisa conosco, mas James me avisou
que não poderia ser assim. Disse que me transformaria para ajudá-lo, pois, apesar de ser antigo e
poderoso não tinha força suficiente para acabar com o bastardo sozinho. E eu, na qualidade de
recém transformado seria muito mais forte. Em troca ele me prometeu você, contudo eu tinha que
obedecê-lo. Ele queria minha ajuda para subjugar Edward, mas disse que encontraria uma maneira
de ele mesmo matá-lo, pois o cretino também havia roubado a mulher que ele amava. Eu tive que
jurar que mesmo tento minhas próprias pendências com o bastardo, não faria nada sem seu
consentimento. James disse ainda que ao me transformar ele seria meu senhor e que eu lhe deveria
obediência para sempre.
De repente um detalhe naquela narrativa lhe chamou á atenção. Como ela não havia se prendido á
esse detalhe antes?... Sem poder mais se conter, perguntou.
– Então esse apartamento é de James?
– Já disse que sim, anjo.
– E ele está fora da cidade agora?
– Por que me faz repetir o que já sabe? – ele perguntou impacientemente.
Porque, Bella pensou, queria tentar entender. James não estava fora da cidade. Edward havia se
encontrado com ele há dois dias, ela mesma sabia que Jasper o seguia. Pela forma que Paul falava, o
dono daquele apartamento estava fora há muito mais tempo do que aquilo. Por um minuto a jovem
ponderou se deveria ou não questioná-lo quanto aquele detalhe, mas achou por bem se calar. Havia
alguma coisa errada em toda aquela estória e se ela tinha que ajudar alguém á desvendá-la, esse
alguém era Edward, não Paul. Se o vampiro estava sendo enganado por quem o transformou, era
problema único e exclusivamente dele.
Naquele momento á ela pouco importava que um James genérico aparecesse do nada e desse cabo
de sua criação insubordinada. Ao pensamento Bella estremeceu. Não poderia ser assim, caso
contrário ela e o pai estariam em maior perigo que na companhia de Paul. Precisava tirá-lo dali o
quanto antes; e então uma ideia lhe ocorreu. Tentando controlar os tremores, a jovem correu a mão
pela cama até tocar na do vampiro. Todos os seus pelos se eriçaram em repulsa e ela pediu aos céus
que seu corpo não liberasse nenhuma essência que denunciasse seu asco. Ao tocar os dedos frios,
tentou bloquear a súbita lembrança de que eles haviam decepado seu gato então respirou fundo,
apertou-os e finalmente respondeu.
– Desculpe-me por isso... São muitas novidades, estou apenas tentando acompanhá-las. – engolindo
em seco, pois o toque realmente a incomodava, ela disse cúmplice para colocar seu plano em ação.
– Entendo sua sede de vingança, só não pense em nada disso agora. E sobre James, como disse, ele
está fora da cidade então temos tempo, mas... Acho que já teremos problemas demais se ele voltar
de repente e descobrir que o desobedeceu, então... Por que não deixa meu pai ir embora?...
Mantendo-o aqui você só está “se” colocando em perigo desnecessariamente.
– “Me” colocando em perigo?!... Sinceramente eu não entendi. – disse olhando-a
interrogativamente.
– Sim... “Você”. Pois como você mesmo salientou, está em um território que não lhe pertence.
Justamente por isso não pode transformar-me então até que o faça é responsável por minha
segurança... Com mais um humano indefeso para proteger, ficará vulnerável. Não poderá cuidar de
nós dois e eu não suportaria vê-lo sofrer caso algo acontecesse á meu pai. Sei que ficaria
mortificado por causar-me tamanha tristeza, afinal... Se me ama como sempre diz não vai querer
que eu sofra vendo-o machucado ou morto, não é?
– Não meu amor... – ele disse novamente acariciando seus cabelos. – E você está certa... Não
suportaria causar-lhe sofrimentos desnecessários. Já basta ter me valido daquele gato idiota para
trazê-la á razão, não pretendo repetir tal coisa agora que está aqui.
Bella tentou não pensar em Black, a vida de Charlie era muito mais importante, então prosseguiu.
– Então vamos levá-lo embora Paul, por favor... – ela pediu tentando não deixar transparecer sua
ansiedade. – Não suportaria vê-lo em desvantagem.
Sem nada dizer-lhe, o vampiro se voltou e olhou para o homem imóvel na outra extremidade da
cama. Olhando para Bella mais uma vez, perguntou.
– Tem certeza que não quer ficar mais um pouco com ele?
Sem conseguir se conter, Bella deixou que um sorriso vitorioso se formasse no canto de sua boca e
afirmou.
– Já ficamos longe um do outro por tempo demais. Quero apenas ficar com você... “meu amor”.
Ao ver o brilho de desejo cruzar os olhos negros, Bella temeu ter ido longe demais. Se Paul
resolvesse confirmar na pratica o que ela lhe dizia da forma mais descarada e mentirosa, estaria
perdida. Foi com o coração aos saltos que o viu mirar sua boca e umedecer os próprios lábios. Ao
vê-lo se inclinar em sua direção sentiu o corpo enrijecer-se, porém a menos de vinte centímetros de
seu rosto ele entortou o nariz e afastou-se.
– Definitivamente temos que arranjar um jeito de livrá-la desse cheiro.
Aliviada ao perceber que Edward a protegeria mesmo estando distante, sentiu-se mais confortável
em manter a farsa diante do vampiro insano.
– Também espero que seja breve, “meu amor”... Agora... O que decidiu sobre manter-se em
segurança?
Bella sabia da importância de demonstrar que a preocupação era inicialmente com o próprio Paul,
não com seu pai. Novamente o vampiro olhou para Charlie e sem desviar os olhos dele, anunciou.
– Acho que você tem razão. Mantê-lo aqui só nos atrapalharia. Terei trabalho em adiantar sua
passagem de volta, afinal amanhã é feriado, mas agora tenho meus métodos. – disse mal contendo
seu orgulho pela facilidade de manipulação.
Sem conseguir refrear-se, Bella se pôs de pé.
– Amanhã?... Porque não agora?
Os olhos negros do vampiro brilharam em sua direção fazendo com que a jovem se arrependesse
pela impulsividade. Sem responder-lhe, Paul se pôs de pé lentamente sempre a encarando. Bella
ainda acreditava ter se traído quando ele, mantendo um passo de distancia ergueu a mão para tocar
seu rosto antes de dizer envaidecido.
– Não imagina alegria que me dá ao demonstrar toda essa preocupação comigo, mas não se aflija
anjo... Vou ficar bem por você... Só não o levo agora porque está tarde e realmente não temos
pressa. E você deve estar com fome, pedi comida para vocês dois; logo entregarão. Abrirei uma
exceção e deixarei que comam na sala de jantar, mas depois quero seu pai de volta á esse quarto.
Ao ouvir aquilo, Bella comentou o obvio sem conseguir se sentir aliviada por Paul não ter
percebido sua ansiedade em libertar o pai..
– E nós ficaremos no outro, não é?
– Sim... Nós dormiremos no outro...
– Mas Paul... Acho que não devemos errar por excesso de confiança... Como será se James voltar
durante á noite? – naquele momento aquele era o menor de seus medos.
– Acho pouco provável. – ele disse tranqüilizando-a. – Da última vez que mantive contato com a
vampira, ela deixou escapar que ele havia ido atrás da outra imortal ou algo assim e que não tinha
previsão de sua volta, por isso era para eu me comportar. – então depois de um sorriso debochado,
continuou. – Como se fosse possível ficar dias e dias sabendo que você estava em poder do Cullen e
não fazer nada á respeito... Enfim, não vamos ser pessimistas e acreditar que ele vá aparecer
justamente agora, não é mesmo?
Tantas informações que Bella tinha dificuldade em assimilar. Até mesmo seu temor em dividir uma
cama com o vampiro se foi. Á que vampira Paul se referia? Seria Zafrina?... E ainda havia outra?...
Definitivamente Edward tinha muito mais problemas do que poderia imaginar. Se ao menos tivesse
como contar á ele; se tivesse como tranqüilizá-lo. Apesar de tudo aquilo, Bella sabia que ele deveria
estar como louco atrás dela. Alheio aos seus pensamentos, Paul a chamou.
– Venha. Vou chamar seu pai, pois acredito que logo entreguem sua comida. – nesse momento
tocaram a campainha. – Bem na hora. Lembre-se... Cuidado com o que fala para Charlie, seja breve
e traga-o para cá. Vou estar com vocês, mas não me verão. Comida me causa náuseas agora e não
quero ficar encenando como James diz que faz ás vezes.
Depois de assentir com a cabeça, Bella viu Paul sugerir que comentavam sobre as últimas partidas
da NBA á seu pai e despertá-lo engrenando uma conversa sobre o tema como se estivessem horas
naquele assunto. Felizmente o tempo com Edward a havia preparado para as induções então elas
não a assombravam. Calada, seguiu os dois de perto até a sala de jantar. Paul havia preparado dois
lugares e depois de receber a comida e depositá-la sobre a mesa, pediu licença alegando ter trabalho
á fazer e se “retirou”.
Coube á Bella fazer o papel de anfitriã e servir ao pai e á si própria mesmo que não estivesse com o
mínimo de apetite. Rolou a comida pelo prato enquanto conversava banalidades com o pai, até que
ouviu o sopro em seu ouvido ordenando que comesse. Subitamente sentiu-se faminta e não só
comeu o que havia se servido, como repetiu a porção. Era estranha a sensação de saber que fazia
aquilo por sugestão e ainda assim não ter forças de ir contra.
De toda forma deveria ser agradecida; estava realmente fraca devido aos últimos acontecimentos e
deveria se alimentar. O problema era se sentir culpada enquanto o fazia e imaginava o estado em
que Edward deveria estar; consumido pela raiva, preocupação e o pior, pelo ciúme. Aquele
afastamento sem duvida alguma seria a prova de fogo para o amor dos dois. Se ela sobrevivesse e
ele a aceitasse de volta mesmo depois de horas na companhia de Paul, ela poderia saber que nada
mais os separaria. Ainda sentia um aperto no peito, quando mais uma vez, subitamente Paul
apareceu e deu o jantar por encerrado.
Apesar da discrição, Bella foi “obrigada” á se despedir de Charlie á entrada do quarto. Paul o
acompanhou e a jovem nem precisava se dar ao trabalho de adivinhar o que ele havia ido fazer.
Com certeza dava as instruções para que seu pai deitasse e dormisse. Logo estava de volta ao seu
lado e, depois de mais uma vez, trancar a porta, conduziu-a até o quarto que ocupariam
empurrando-a gentilmente pelas costas; sempre mantendo um braço de distancia.
– Acho que seria bom tomar outro banho. – disse ao entrarem. – Quem sabe agora esse cheiro se vai
de vez.
Os batimentos do coração humano aceleraram; aquilo não poderia acontecer em hipótese alguma;
era sua garantia de segurança.
– Quem sabe?
– Gostaria de ficar e... apreciar a vista. – comentou medindo-a de alto abaixo. – Mas é melhor sair
agora, preciso me alimentar. Volto logo.
Então se foi. Ao sair trancou a porta do quarto. Bella quis acreditar que a ação era somente
precaução, não falta de confiança nela. Tremula, foi sentar-se na cama e abraçou o próprio corpo
deixando que a imagem de Edward povoasse sua mente. Queria poder estar com ele. Acalmar-se em
seu abraço; em seus beijos. A jovem queria desesperadamente estar ao seu lado para poder contar o
que Paul havia lhe dito sobre “James”, sobre a existência de mais vampiras. De repente uma ideia
lhe ocorreu.
Estava sozinha, tinha certeza. Não sentia a presença de Paul em parte alguma, então poderia tentar
entrar em contato com seu noivo, avisar que estava bem e que ele não precisava se preocupar, pois o
“outro” não lhe faria mal algum, nem teria como forçá-la á traí-lo afinal seu cheiro o repelia e que
tão logo seu pai estivesse em segurança, daria um jeito de voltar para ele.
Com o coração batendo forte em antecipação ao colapso que o som da voz de Edward lhe causaria e
se obrigando á não sucumbir ao ouvi-la, olhou em volta até avistar um telefone. Tentando não ficar
ansiosa, foi até ele. Com a mão incerta, tirou o fone do gancho somente para descobrir que Paul
havia se adiantado á ela como na manhã de segunda; ele havia cortado a linha.
Reprimindo os impropérios que lhe vinham á boca, Bella tentou se acalmar e seguiu para o banheiro
somente para simular que havia tomado outro banho. Umedeceu os cabelos e secou-os para que a
toalha ficasse molhada sobre a pia. Ainda frustrada, deitou-se vestida mesmo como estava. Sabia
que não conciliaria o sono, mas não havia nada mais que pudesse fazer. Para distrair-se, repassou
mentalmente todos os momentos importantes que teve com Edward; o pedido de namoro, o pedido
relâmpago para que se casasse com ele. Relembrou de sua aceitação e da alegria nos olhos verdes.
Ao pensamento sentiu um nó na garganta. Não poderia perder aquilo tudo por culpa do ex.
Pena que quando descobrisse se havia perdido ou não já o teria matado, pois com certeza fazê-lo
depois de ter a certeza tornaria o momento da morte de Paul ainda mais prazeroso. Após o temor de
uma possível rejeição por parte de Edward e dos pensamentos assassinos caso acontecesse, Bella
ouviu a chave da porta ser girada. Imediatamente virou de lado e fingiu dormir. Como sempre
acontecia, sentiu-se enregelar com a aproximação de Paul quando sentou na beirada da grande cama
e se deitou ao seu lado. A jovem forçou-se á não mover um único músculo, porém, talvez a rigidez
em que se encontrava a tenha denunciado.
– Não consegue dormir? – ele perguntou carinhosamente sem tocá-la.
Infelizmente ainda era obrigada á manter a farsa, então se voltou e disse.
– Não costumo me deitar á essa hora... Sabe disso.
– Sim eu sei... Mas é importante que durma... Quero-a disposta amanhã.
Agradecendo aos céus por Paul ainda se manter longe mesmo que estivesse deitado ao seu lado, ela
perguntou.
– O que há de especial amanhã?
– É dia de Ação de Graças... – ele disse e se calou. Bella começava a perguntar-se o que tinha
demais naquele fato, quando ele acrescentou. – Temos um encontro amanhã á noite. Eu, você e o
Cullen.
“Não”, Bella mordeu o lábio inferior para não gritar. Os dois vampiros não poderiam se encontrar;
não com ela ainda humana.
– Por que isso Paul. Não vai me transformar?... Pensei que fosse fazê-lo tão logo levasse meu pai ao
aeroporto e saíssemos daqui.
– Teremos tempo anjo. – ele disse estendendo a mão odiosa para tocar seu rosto. – E eu quero que
ele a veja comigo assim como está... Que saiba por sua boca humana e não induzida que me prefere
á ele... E depois que eu o matar iremos para meu apartamento então lhe darei toda eternidade á que
tem direito.
O que poderia fazer, pensou tentando encobrir a aflição. Se acreditasse por um segundo que ser
tocada por ele não lhe causaria náuseas que a levariam direto ao vaso sanitário denunciando-a, se
ofereceria á ele. Daria a ideia de fazerem sexo sob a água do chuveiro, pois assim ele não seria
incomodado pelo cheiro e o instigaria até que a atendesse. Não se importaria com seu pai ao lado,
com possíveis donos do apartamento que poderiam voltar á qualquer momento, dor; nada.
Entregaria seu corpo em troca da imortalidade e da vida de Edward.
Contudo sabia que não seria capaz de tamanha traição; á Edward e á si mesma. Somente em olhar
para a boca que tanto beijou já sentia a bile lhe subir pela garganta e precisava engolir em seco para
não soluçar em ânsia. Infelizmente não havia nada á ser feito, á não ser confiar nas palavras de
Edward quando lhe disse ser forte o bastante para lutarem de igual para igual. Confiar que sua
presença no encontro não o distrairia como tantas vezes ele alegou acontecer... E contentar-se que
quando aquele embate se desse, seu pai estaria seguro; á milhas de distancia.
– Não fique preocupada anjo. Prometi-lhe que ele não se aproximaria mais de você e vou cumprir...
O bastardo nunca mais se colocará entre nós.
– Espero mesmo que nenhum cretino idiota se coloque entre nós novamente. – disse olhando-o
diretamente.
Sem entender seu duplo sentido e satisfeito com sua resposta, o vampiro sorriu e disse.
– Não acontecerá... Agora é melhor que durma.
– Estou sem sono.
– Vou fazê-la dormir.
Bella sentiu um calafrio correr por seu corpo. Não queria ser induzida. E se durante seu sono, Paul
resolvesse que poderia aturar o odor de Edward e... Não!... Não poderia nem ao menos cogitar tal
animalidade. E mais uma vez, não havia nada que pudesse fazer sem que colocasse seu plano em
risco justamente agora que estava tão perto de conseguir a liberdade de seu pai então imóvel, deixou
que seus olhos encontrassem os de Paul antes de ouvi-lo dizer.
– Prometo que será só mais essa vez. Já disse que não quero ser igualado ao outro, mas agora é
necessário. Passou por muitas emoções hoje e precisa descansar; recuperar-se. Durma agora meu
amor.
Às palavras do vampiro, tudo escureceu á sua volta.
***************************************************************************

Notas finais do capítulo


E então o que acharam?... Gostaram?... não?... me contem...
Bom, de toda forma acho válido explicar o comportamento de Paul... Ele não está em seu
juízo perfeito então acredita somente no que quer acreditar e desde que ele foi procurar
Bella ele "diz" que ela está com o Edward por estar iludida. Quando ele diz que usou
Charlie para ajudá-la á pensar, ele realmente acredita no que diz, por isso que agora Bella
consegue manipulá-lo usando a loucura que ele claramente demonstra. Vale o lembrete
que todos sabem: " Louco não se contraria" e é isso que ela está fazendo, entrando na
maluquice do vampiro para conseguir o que quer... até quando vai funcionar?... Só lendo
para saber... =)
Como sempre, spoiler...
Edward concordou secamente voltando á ficar em silêncio. Sentindo os sobressaltos de
seu coração; do coração de Isabella. Algo deveria estar acontecendo, pois ela esteve
relativamente tranquila nos últimos minutos. Ou seria a distração que Alice oferecia que
não o deixava senti-la como deveria?
Edward? Alice chamou. Você ouviu o que eu perguntei?
Desviando os olhos da cama ele se obrigou á encará-la, sem aborrecer-se.
Perdão... Poderia repetir.
Perguntei por que não tira os olhos da cama?... É assustadora a forma com que fixa o
olhar... Parece que está vendo alguma coisa ou alguém sobre ela.
É complicado explicar... Apenas preciso disso.
Tudo bem!... novamente ela passou á escolher as palavras. Então não explique, mas...
Você sabe que não vai poder ficar aqui para sempre... Não pretende ficar nesse
apartamento e definhar até morrer como fez antes, não é?
Se fosse o caso eu ficaria! ele assegurou. Mas não o é.
Ainda bem... Agora, me diga o que pretende fazer?... Como posso ajudá-lo á trazê-la de
volta?... Tem alguma ideia de onde podemos encontrá-la?
Eu vou buscá-la essa noite. garantiu.
Onde? ele demorou á responder, então ela explodiu. Droga Edward!... Divida comigo...
Acha que também não estou sofrendo?... Diga de uma vez onde vai encontrá-la... E não
me venha com esse negócio de eu novamente. Por minha culpa você a perdeu então eu
ajudo á recuperá-la. E Jasper também...
Não os quero envolvidos nisso... disse veementemente. O rábula é meu!
Amores... link da minha comunidade:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=111760728
Espero que as fics da saga não sejam deletadas nessa reforma, ma por via das duvidas...
Espero-as lá em casa... =D
Bjus

(Cap. 69) Capítulo 3 - Parte III

Notas do capítulo
Oie...
Amadas, trouxe mais um capítulo, dessa vez inteiro... Espero que gostem e não
sucumbam com ele. Nos vemos no final...
Ahhh.. quero agradecer aos reviews e pedir desculpas se fico devendo respostas...
quando não é o site que me impede é meu tempo loko e corrido... mas vejo todos sempre
e assim que puder respondo á todos tbm... Outra coisa, agora o nyah inverteu a ordem
dos reviews, eles não aparecem mais na ordem do último enviado, não importando o
capítulo, agora aparece desde o 1º do Prológo, assim não tenho como saber quando me
dão reviews nos capítulos intermediários... É a treva e espero que mudem isso... não
reclamei pq não sei onde se posta pedidos de mudança ou reclamações... Enfim, vamos
nos virando como pudermos até que tudo volte ao normal...
Aff... "falei" demais... vou deixá-las ler...
BOA LEITURA!...

Quando despertou, o sol já ia alto. Bella piscou algumas vezes sem reconhecer o lugar em que
estava. Então, de repente, veloz como um raio, as lembranças do dia anterior a atingiram bem no
coração.
– “Edward”... – murmurou sentando-se abruptamente.
Ao fazê-lo, a coberta escorregou por seu dorso, o tecido delicado deslizou diretamente sobre sua
pele. Em choque descobriu estar seminua, vestia somente o lingerie mínimo de renda preta
comprada por Paul. Imediatamente ela puxou as cobertas até o queixo para cobrir-se e olhou
novamente em volta com o coração aos saltos. Nem mesmo perceber que estava realmente sozinha
a tranquilizou.
“O cretino odioso havia tirado suas roupas. Encostou as mãos imundas em seu corpo enquanto
dormia”.
Sentindo o estomago revirar, Bella se deixou cair de costas sobre o travesseiro, obrigando-se á não
se desesperar e á prestar atenção ao próprio corpo antes que passasse a sentir nojo de si mesma.
Longe de acalmar-se percebeu que não havia sido violada; nem estava úmida como se ele tivesse
despejado seu gozo nela. E também havia a marca deixada por seu noivo, pensou tentando
normalizar a respiração. Aquela não era hora de enlouquecer; era preciso se ater ao fato de que Paul
não conseguia sequer abraçá-la por mais de um único segundo antes de repeli-la ou muito menos
beijá-la.
O odor de Edward não desapareceria do dia para a noite – assim esperava – então ele não permitiria
que o vampiro fizesse sexo com ela. Contudo essa certeza não lhe trouxe o alivio esperado. Era um
fato concreto que havia sido despida por ele e não era nenhuma garotinha ingênua; sabia que havia
mais de uma maneira de se conseguir satisfação sem a participação ativa de uma parceira. Ao
vislumbrar o ex se auto-satisfazendo ao seu lado, talvez a tocando – pois o odor de Edward não
afastava suas mãos nojentas – seu ódio se sobrepôs ao seu asco impedindo-a até mesmo de vomitar
possíveis restos da janta forçada.
– Argh... Nojento!... – exclamou obrigando-se á sair da cama. Sem nem retirar o lingerie foi direto
para o chuveiro. – Nojento asqueroso dos infernos!
Sentindo-se imunda, esfregou-se fortemente com o sabonete perfumado como se em partes distintas
de seu corpo carregasse alguma nódoa. Somente quando estava prestes á esfregar também o cabelo
se lembrou que não poderia correr o risco de perder o cheiro de Edward e se deteve. Ao pensar em
seu vampiro, sentiu-se dividida. Calma e aflita ao mesmo tempo. Calma porque a imagem dele
sempre teria o poder de confortá-la e aflita por ter consciência que ele deveria estar tão angustiado
quanto ela pela separação forçada. E também por temer que ele não a aceitasse de volta depois
daquela noite passada ao lado de Paul em que sua pele havia sido maculada; provavelmente agora
também cheirava ao imundo. Inferno!
Se acontecesse de ser rejeitada, nada lhe restaria á não ser entendê-lo, afinal assumira o risco ao
descumprir suas promessas, mesmo que não tivesse escolhas. Enquanto se secava, Bella tentou
acalmar-se e focar sua atenção somente em Edward. Desejava que ele não estivesse tão largado
como da última vez que se separaram. Que tivesse se alimentado direito, mesmo que isso
significasse uma morte á mais. Ele tinha que estar preparado para o encontro daquela noite. Que
fatalmente culminaria em uma luta violenta. Paul a levaria justamente para isso; para provocá-lo até
o último minuto. Subitamente as palavras de Paul lhe vieram á mente fazendo com que
interrompesse o movimento da toalha em seus cabelos.
“E eu quero que ele a veja comigo assim como está; que saiba por sua boca humana e não induzida
que me prefere á ele”.
Seria aquela a solução? Renegá-lo diante de Paul para poupá-lo?... A jovem analisou todas as
possibilidades de afastar Edward dizendo em alto e bom som que não o queria até chegar á
conclusão de que ele nunca acreditaria em suas palavras e que somente o mataria simbolicamente
antes que Paul o fizesse na pratica, pois nem mesmo a humilhação o faria recuar. Então, tão rápido
quanto teve a ideia, descartou-a. Inconformada por não achar uma solução satisfatória e sentindo-se
inútil, Bella seguiu para o quarto á procura de roupas para vestir o quanto antes.
Era preciso se conformar; era apenas uma humana no meio de criaturas inumanamente fortes e
sedentas de sangue inimigo. Não adiantava tentar criar planos mirabolantes uma vez que a
imortalidade que a colocaria em pé de igualdade havia lhe sido negada até mesmo por sua segunda
opção. Ciente do fato inquietante e imutável, disse á si mesma que era preciso relegar Edward á
uma parte isolada de sua mente, juntamente com o nojo que inevitavelmente sentia de si mesma e
procurar saber onde estava o vampiro asqueroso e ver como Charlie havia passado a noite. Como
não havia nada que pudesse ser feito, tudo o que lhe restava era se preocupar única e
exclusivamente com o pai, afinal era para garantir sua segurança que passava por todas aquelas
provações.
Depois de vestida, seguiu para a porta. Por sorte não estava trancada então, lentamente, tentando
perceber a presença de Paul, ela saiu para o corredor. Não o viu ou sentiu em parte alguma, assim
como seu pai. Ao ir para o quarto ocupado por Charlie, Bella descobriu que ele não estava mais lá.
Não havia malas, ou mochilas que indicassem sua passagem pelo apartamento. Ficou claro que Paul
havia levado o visitante embora. A jovem nem ao menos teve tempo de se ressentir por não ter se
despedido. Sentia-se imensamente aliviada por Paul – mesmo sendo um nojento – ter cumprido sua
palavra. Ele “tinha” que estar cumprindo sua promessa.
Se pudesse ter certeza que seu pai já estava em segurança, tentaria fugir. Contudo, não poderia
correr o risco de errar por excesso de otimismo. Algo poderia dar errado fazendo com que eles
voltassem. Sem duvida alguma, Paul não hesitaria em tirar a vida de Charlie caso não a encontrasse
no apartamento. Infelizmente não tinha como escapar do vampiro lunático. De mãos atadas, Bella
olhou em volta. Estava no território do inimigo, fosse ele quem fosse, pois ela tinha certeza que
aquele apartamento não era de James. Quem transformou Paul o enganava; a pergunta era por quê?
Ao conformar-se com seu cárcere, a curiosidade sobre o local onde se encontrava aflorou.
Colocando as mãos nos bolsos, Bella saiu para o corredor. Até mesmo para ocupar sua mente e seus
tremores, escolheu um dos quartos que não havia entrado para visitar. As janelas estavam fechadas e
ela achou melhor deixar tudo como estava então apenas acendeu a luz. Era um quarto espaçoso,
assim como os outros dois. Decorado com bom gosto e, poderia ser impressão sua afinal tudo á sua
volta era muito impessoal, mas percebia toques femininos.
Indo ao guarda roupa, abriu as portas e confirmou suas suspeitas; todas as roupas e sapatos
pertenciam á uma mulher. Eram poucas, mal encheriam uma mala como se sua dona estivesse
apenas em visita á cidade. Verificando as etiquetas, viu que todas eram de marcas famosas; caras.
Voltando á fechar as portas olhou em volta e suspirou frustrada. Apenas descobrira que alguma
mulher, com gosto refinado, também vivia ali. Contudo nada mais naquele quarto lhe indicava
quem ela era. Seria aquele o quarto daquela outra vampira á qual Paul citou?... Ou seria de
Zafrina?... Se fosse, estaria no apartamento de Aro?
Era certo acreditar que sim. Depois das coisas que Edward lhe contou – fora Paul – aquele vampiro
era o único que tinha pendências com ele. “Edward”; o nome a distraiu e trouxe a face de anjo de
volta á mente da jovem fazendo seu rosto arder ao “ver” os olhos verdes mortalmente acusadores.
Talvez nunca mais conseguisse encará-lo. Mas esse era um problema menor, pensou saindo do
quarto e se dirigindo á outro. Se conseguissem sair com vida daquele encontro, depois veria o que
faria. No momento estava mais preocupada por não saber como ele estava; como teria passado a
noite.
Ao entrar no quarto seguinte, novamente se obrigou á deixar Edward de lado e olhou em volta. O
cômodo também estava com as janelas fechadas, então, depois de acender as luzes, Bella começou
sua inspeção. Ela foi breve, após quatro minutos não vira mais do que havia visto no outro. Aquele
quarto também pertencia á uma mulher, com o gosto para moda tão apurado e refinado quanto o da
outra, mas nada indicava sua identidade. Apesar de não ter conseguido indícios novos, Bella não se
sentiu frustrada dessa vez. Mesmo sem provas concretas, sabia que um dos quartos pertencia a
Zafrina.
Aquela certeza inexplicável lhe mostrou que estava sim, no território de Aro. Com o coração aos
saltos pela dedução, a jovem se dirigiu ao último dos cinco quartos. Aquele era o único que estava
com as cortinas abertas assim como as venezianas. Ao vê-lo iluminado, Bella passou a tremer de
ansiedade. E se a janela aberta indicasse que o dono ou dona daquele cômodo não tardaria á
chegar?... Paul havia dito para não serem pessimistas, mas nada naquela história inspirava
otimismo.
Na verdade, com a sorte que tinha, era capaz de Aro se materializar bem diante de seus olhos á
qualquer momento e encontrá-la ali; sozinha e desprotegida. Ao pensamento, as paredes pareceram
sufocá-la fazendo com que Bella desejasse sair dali o quanto antes. Apesar de saber estar certa
quanto á ser negligente com os bons pensamentos e expectativas, disse á si mesma que era preciso
acreditar que algo de bom aconteceria e que seu pai já estaria em segurança àquela hora. Era
inconcebível que ficasse parada esperando que outro vampiro a encontrasse ou até mesmo Paul se
poderia ter a chance de ir ao encontro de Edward o quanto antes.
A ideia nascida de seu medo extremo, lhe animou a tentar uma fuga, contudo não iria sem antes
vasculhar também aquele quarto. Saindo de sua inércia, Bella correu ao guarda-roupa e abriu suas
portas. Novamente encontrou roupas de mulher; três mulheres. Talvez estivesse “viajando” demais
nas deduções, mas imediatamente Bella se lembrou do Drácula de Bram Stocker com suas três
amantes. Seria possível que Aro fosse como o ser literário? Que todas aquelas mulheres fossem
mesmo suas amantes ou esposas?
Bella não saberia dizer e não queria mais ficar no apartamento para descobrir detalhes sórdidos
daquela estória de terror da qual fazia parte. Cada vez mais a consciência de estar em um covil de
vampiros a inquietava. Agora que não era preciso se preocupar com Charlie, Paul com suas taras e
loucura era o menor de seus problemas. Alarmada, com o coração aos saltos, Bella fechou as portas
do guarda-roupa para sair. Enquanto o fazia, seus olhos recaíram sobre um vestido curtíssimo de
cetim azul claro que lhe despertou certo conhecimento, mas ela não quis dar uma nova olhada para
conferir. Já havia perdido tempo demais.
Ao chegar á sala, andou diante da porta principal sem saber como faria para sair. Impaciente, foi até
a porta da cozinha e fez o mesmo; bater contra ela e pedir por socorro estava fora de cogitação; não
poderia fazer um escândalo. Mas havia alguém que talvez pudesse ajudá-la, lembrou esperançosa.
Indo até o interfone, esperou que alguém na portaria lhe atendesse.
– Oi... – ela disse tão logo ouviu o cumprimento solicito. – Eh... Eu precisava de um favor, meu
amigo saiu e por engano me deixou trancada, poderia subir aqui e abrir a porta para mim?...
– Você está no apartamento setecentos e cinco... – não era uma pergunta, então completou. – Não há
engano senhorita, eu não posso ajudá-la, desculpe-me. Feliz Ação de Graças!
Foi inevitável não se sentir frustrada mesmo que estivesse apenas arriscando. Afinal, se Paul não
tivesse induzido o porteiro nem estaria ocupando aquele apartamento. “Droga”... Deixando que sua
frustração ganhasse força, bateu o aparelho com força ao recolocá-lo no lugar e foi novamente até a
porta da sala. Precisava sair dali o quanto antes. Se precisasse entrar, poderia chutar a fechadura até
que ela cedesse, mas estando pelo lado de dentro, o que poderia fazer se perguntou olhando todos os
detalhes da porta á sua frente.
Ao olhar para o canto direito uma ideia lhe ocorreu. Rapidamente Bella foi até a cozinha procurar
por algo pontudo e forte que pudesse usar. Depois de uma rápida inspeção, encontrou á um canto da
grande pia de mármore o que antes havia sido seu celular e constatou que aquele apartamento
pertencia á vampiros que não se preocupavam em manter as aparências. Não havia nada útil aos
mortais ali, nem comida ou materiais de uso doméstico. Na pressa, tudo que encontrou foram os
garfos e as facas utilizados na noite passada; teriam que servir. Depois de pegar os dois, correu de
volta á sala e começou a tarefa que acreditava não ser nada fácil, de retirar os pinos das dobradiças
que prendiam a porta ao batente.
Para sua surpresa, o mais trabalhoso foi conseguir mover o pino e erguê-lo com a ponta da faca até
que pudesse encaixar o cabo do garfo. Depois disso, bastou exercer certa pressão para cima, para
que ele começasse á deslizar pelos elos da dobradiça até que, de repente, cedendo á força exercida,
saltasse de uma só vez. Com o susto Bella soltou o garfo e na pressa de segurá-lo quase feriu os
dedos nos dentes pontiagudos. Aliviada viu se tratem somente de arranhões leves; tudo o que não
precisava era estar no covil de vampiros que dariam tudo para usá-la em uma vingança contra
Edward e ainda por cima, sangrando.
Tentando controlar a ansiedade e o riso de alegria pela pequena vitória, Bella tratou de pagar o pino
que saltou e se ajoelhou aos pés da porta para retirar o segundo. Aquele seria o mais importante;
bastava removê-lo e conseguiria uma abertura suficiente para passar e ganhar sua liberdade. Se não
fosse o bastante tiraria o último e abriria a porta inteira, pensou animada.
Estava prestes a iniciar seu trabalho quando ouviu o barulho de um molho de chaves diante da
porta. Levantou-se imediatamente, levando os talheres e o pino em sua mão. Praticamente se jogou
sobre o encosto do sofá e os escondeu sob as almofadas soltas. Uma vez que não haveria
escapatória, Paul não poderia descobrir que tentou fugir. Lutava desesperadamente para acalmar o
coração e não chorar pela tentativa fracassada, quando a porta foi aberta dando passagem não ao seu
captor, mas á uma mulher desconhecida; com certeza uma ocupante de um dos quartos.
A recém chegada era de uma beleza estonteante, os cabelos longos de um castanho muito escuro e
lustroso, contrastavam com os olhos azuis e caiam graciosamente pelos ombros e costas. Bella não
conhecia a vampira, mas podia ver em seu olhar assustadoramente frio, todo o ódio que dirigia á
ela. Foi inevitável engolir em seco, quando a imortal entrou e fechou a porta atrás de si, sem trancá-
la. A jovem permaneceu imóvel enquanto ela se aproximava e colocava um casaco longo de couro,
uma pequena mala e uma bolsa – ambos da Louis Vuitton – sobre o sofá de dois lugares ao lado de
onde ela havia escondido os objetos. Cruzando os braços, a mulher inclinou a cabeça avaliando-a,
então disse em tom debochado.
– Ora, ora se não é o petisco preferido de Edward Cullen.
Ao ouvir as palavras todos os pelos de Bella se eriçaram. Paralisada por seu temor, a jovem a viu
descruzar os braços e aproximar-se lentamente ainda medindo-a de alto á baixo. Sem cerimônias,
passeou ao redor de seu corpo, sempre a analisando e farejando. Ao parar á sua frente deu um passo
atrás teatralmente para abrir distancia, então prosseguiu ainda com zombaria.
– Acaso eu errei o feriado?
Após alguns segundos, respondeu-se com um sorriso sardônico nos lábios vermelhos.
– Acho que sim... Hoje é Natal e o bom velhinho me trouxe a porcelana mais cara daquele vampiro
metido á líder. – olhando-a com curiosidade, perguntou. – Ou estou enganada?... O que aconteceu,
meu bem?... Ele lhe descartou como as outras, não foi?
Como a jovem nada dissesse, ela prosseguiu.
– Evidente que cedo ou tarde ele faria isso... Nunca nenhuma será boa o bastante para o indefectível
Edward Cullen.
A jovem pôde sentir todo o desprezo que a imortal dirigia ao seu noivo quando ouviu o nome dito
como se fosse uma doença ruim.
– E é claro que o recém criado apaixonado foi correndo pegar os restos da ex-namoradinha de
volta... Quem pode culpá-lo?... O amor nos faz tolerar e perdoar todas as coisas. Só não entendo o
que faz aqui. – disse como que para si mesma. – Ela não deixaria que Paul a trouxesse para cá... –
após pensar por alguns instantes, deu de ombros e prosseguiu de forma doce, como se desejasse
confortá-la. – Seja como for... Não fique triste com o que aconteceu. Deveria sentir-se lisonjeada
sabia?... Afinal, das outras que tive o prazer de conhecer, você foi a que mais durou. A última...
Maureen... Ele manteve por pouquíssimos dias antes de devolvê-la ao mercado, completamente
debilitada.
Bella queria ter forças para tapar os ouvidos; nem mesmo processou o que a vampira falou de Paul.
Não era como as outras e não havia sido descartada. Ao pensamento a jovem lutou para não se
ressentir com as palavras que descreviam um Edward que ela conhecia tão bem e não desejaria se
lembrar no momento, ainda mais depois de ele dizer que a única que ficara em sua vida é que
importava. Mesmo assim doía ser lembrada por aquela completa estranha que antes dela o vampiro
manteve outra humana, ainda que por “pouquíssimos dias”.
Alheia ao que se passava em sua mente, encarando-a altivamente e novamente sem nenhuma
reserva, a imortal estendeu a mão e pegou uma mecha do cabelo da jovem somente para arrumá-la
na frente do corpo, ainda com gestos teatrais. Após ajeitá-la com exagerado cuidado sobre o ombro,
avaliou seu trabalho e então correu as costas dos dedos ao longo do pescoço descendo-os
lentamente em direção ao colo. Quando estava inconvenientemente perto do seio, Bella reagiu e
bateu na mão para afastá-la. A vampira a olhou com surpresa antes de abrir um sorriso debochado.
– Hummm... E a porcelana não gosta de ser tocada...
– Não. – ela confirmou achando sua voz. – E agradeceria se não o fizesse novamente.
– Entenda... Bella não é mesmo? – perguntou como se não tivesse certeza do nome. Quando a
jovem confirmou com um aceno de cabeça, ela prosseguiu. – Então “Bella”... Infelizmente não
posso atendê-la.
Não existia possibilidades físicas de um coração humano acelerar mais, no entanto foi o que
aconteceu à declaração. Todo o ciúme que pudesse estar sentindo ao imaginar Edward com a
humana se foi como num passe de mágica. O que a vampira desconhecida estaria querendo dizer
com a afirmação?... Queria saber, mas o novo surto de medo a travou novamente. Nem mesmo
quando esteve em poder de Zafrina temeu tanto. Aquela vampira que a encarava de forma estranha
e acintosa lhe inspirava o mais puro e genuíno terror.
– Vou explicar-lhe por quê. Acho melhor que se acomode. Sente-se! – ordenou.
Imediatamente Bella a obedeceu. Ou melhor, caiu sentada na beirada do sofá agradecendo aos céus
pela ordem, afinal não acreditava que suas pernas trêmulas fossem sustentá-la por mais tempo.
Começando a andar á sua frente, a imortal anunciou.
– Vou lhe contar uma pequena história que talvez lhe interesse... – assumindo um ar compenetrado e
iniciou o monologo. – Veja bem, “Bella”... Há cento e sessenta e oito anos eu desejo encontrar
Edward. “Edward” – ela repetiu com escárnio. – Por culpa nossa eu nem ao menos sabia seu nome,
sempre fomos tão... afoitas que nunca nos preocupávamos em saber os nomes. Um detalhe tão
insignificante que atrapalhou toda a minha procura. Com o passar dos anos fui perdendo minhas
esperanças até que me conformasse por completo, mas então... Quando resolvemos vir aqui para
conhecer a futura aquisição de Aro quem eu encontro?
– “Edward”... – Bella murmurou.
– Hummm... Sua combinação é boa! – a vampira elogiou. – Bonita e inteligente. Totalmente
diferente da outra... Ela não soube me responder, acredita?
Na verdade Bella não estava lhe respondendo coisa alguma. O nome lhe escapou tamanho era seu
desejo de que ele aparecesse para defendê-la como fez em seu encontro com a outra imortal.
Contudo dessa vez, ele não a salvaria. E ao que parecia, nem Paul chegaria á tempo de socorrê-la.
Àquela altura do campeonato, até mesmo ele seria bem vindo. “Qualquer um” com o instinto de
protegê-la seria bem recebido, pois a cada palavra daquela vampira a jovem entendia o que se
passava naquela sala.
Não era tão inteligente assim, caso contrário há muito tempo saberia que aquela era mais uma das
vampiras que estiveram presentes durante a transformação de Edward. Não havia espanto em ver
Zafrina ainda viva afinal, segundo o relato de Edward, ela havia fugido. Contudo as outras duas
deveriam estar mortas. Qual seria aquela?... Bella não se lembrava dos nomes estranhos, apenas o
da biscate que a havia condenado á permanecer humana por conta de palavras infelizes. No mais
não guardara os detalhes. Ainda assim ficava evidente que a imortal estava prestes á descontar nela
o ódio secular de nutria por Edward.
– Pois então, meu bem... – ela continuou á falar. – Após anos e anos, quando eu menos esperava,
encontro com Edward bem aqui... E veja que coincidência curiosa. “Ele” era o escolhido de Aro.
– Era?... – Bella se forçou á perguntar.
Sua curiosidade começava á agir sobre seu temor. Queria entender o que havia mudado.
– Sim, “era”... Pois eu não o perdoarei se ainda insistir em tomar o lugar daquele que matou
Kachiri. Sempre desculpamos suas loucuras, sempre voltamos mesmo depois de anos de
afastamento, mas dessa vez eu não o perdôo. – assegurou tão enraivecida que nem percebia que se
expunha demais. – Já faço muito em aturar suas superstições. Irrita-me ver alguém tão poderoso se
prender a simbolismos e maldições sem fundamentos. Nesse ponto ele e Kachiri sempre foram
iguais. – disse com certo desprezo. – Estou cansada de tudo isso... Se não fosse sua proibição eu
mesma já teria matado Edward.
Bella estremeceu ás palavras, pois junto á elas a vampira se aproximou perigosamente empurrando-
a pelos ombros fazendo com que caísse de costas nas almofadas do sofá.
– Por mim ele já estaria morto... – afastando-se e voltando á andar de um lado ao outro, vociferou. –
“Você” já estaria morta.
– Por quê? – Bella perguntou em um sussurro.
– Porque Kachiri morreu por ele. Ela somente queria conservá-lo, pois se apaixonou. Eu sabia que
sim afinal ela sempre foi uma romântica incurável. No entanto, o ingrato se voltou contra ela sem
piedade. Então, se minha irmã não servia para ele, nenhuma outra servirá. Agora que o encontrei eu
acabo com qualquer uma que ele tente colocar no lugar que deveria ser de Kachiri antes de acabar
com ele.
Novamente Bella ficou confusa. Acreditou que as três fossem amantes de Aro, mas diante daquelas
palavras já não tinha certeza, afinal, como Kachiri ficaria com Edward se já fosse comprometida?...
Não encontrava respostas. Os detalhes que já eram bem complicados para serem analisados em
situações normais, diante de uma vampira sedente por vingança, ficavam ainda piores. Colocando
as perguntas de lado, Bella sussurrou.
– Mas eu não tomei o lugar dela... Ele me descartou, não tenho mais serventia.
– Aí que você se engana meu bem... – a vampira disse parando de andar repentinamente e a
encarando, aparentemente mais calma. – Qualquer descarte é sempre bem vindo. Mesmo que
tenham sido rejeitadas, vocês têm o cheiro dele e “você” o carrega mais que as outras duas.
“Outras duas”. Ela já havia se referido á Maureen, mas não poderia incluir Tanya naquela conversa
insana uma vez que Alice já havia admitido que Edward a matou por acidente. De toda forma, a
outra havia morrido depois que Edward a deixou; haveria outra que desconhecia?... Não precisou
esperar por muito tempo para saber.
– Infelizmente não pude matar a loira, afinal Edward se antecipou á mim, mas ainda pude destroçá-
la como fiz com o cara do parque no dia em que Aro nos levou para conhecer seu escolhido. E
depois, matar a outra me proporcionou certo prazer, pois foi como se eu o matasse. – ali estava sua
resposta. – Maureen foi fácil de pegar, mas você... Não me atendeu quando fui procurá-la, não foi
até a porta quando a chamei então tive que fugir da vampira cão de guarda.
Alguma coisa estava errada, Bella pensou, ignorando por completo o último comentário.
Incomodava saber que ela esteve perto, mas estava mais interessada no assassinato. Aquela vampira
louca falava como se ela própria tivesse tirado a vida da última amante de Edward, no entanto, era
sabido que Maureen havia sido estuprada antes de ser morta. Ou a atribuição sexual do
acontecimento era do próprio Edward?... Faria sentido, mas Bella não sabia mais o que pensar.
Incapaz de formar um raciocínio lógico, a jovem viu a vampira se aproximar até ficar agachada á
sua frente.
– Não precisa ficar com medo meu bem... Como disse antes, não posso atendê-la e não tocá-la, pois
preciso ter meu momento de satisfação. Mas não sou um animal irracional. Entendo que a culpa por
Edward ter se voltado contra nós não é sua então serei gentil.
Dito isso depositou a mão em um dos joelhos da jovem. O toque, assim como o entendimento das
palavras foi tão repulsivo, que novamente por puro instinto, Bella reagiu e afastou a mão com um
tapa.
– Não me toque. – pediu em um fio de voz.
– Não fique assim querida... Sempre mato todas as criaturas com amor.
A jovem dispensava a parte amorosa do assassinato. Se aquela vampira amoral, perversa e
pervertida queria se vingar nela que a matasse de uma vez. Subitamente calma diante de fatos que
não tinha como mudar, Bella respirou fundo para estabilizar a voz, então disse.
– Dispenso a atenção. Se pretende vingar-se de Edward através de mim, faça.
A jovem não acreditou na firmeza da própria voz. Ainda a temia, não queria morrer e tudo o que
mais desejava era que Paul milagrosamente aparecesse, mesmo que a cada minuto ficasse claro que
não aconteceria, mas subitamente sentia-se forte. Não seria a vítima clássica que implora por sua
vida. Se iria morrer por Edward, morreria com dignidade como sabia que ele próprio faria.
Demonstrando não se importar com suas palavras, a vampira riu abertamente e se pôs de pé,
afastando-se. Ao parar há dois passos da jovem, se voltou e informou novamente séria.
– Não é opcional querida, mas posso facilitar para você. Basta ver-me como quem mais deseja.
E então o impossível aconteceu. Bem diante dos olhos incrédulos de Bella, a vampira mudou
completamente sua aparência, ficando a cópia perfeita do ex.
– Paul?! – a jovem perguntou incrédula, unindo as sobrancelhas.
– Paul. – a voz também alterada repetiu no mesmo timbre masculino antes de escarnecer. – Então a
porcelana preciosa ainda tem desejos ocultos com o namoradinho sem graça.
Não o desejava, Bella pensou com repulsa. Apenas pensava nele, pois era o único que poderia livrá-
la daquela situação. Sempre amaria e desejaria Edward. E então aconteceu novamente. Como um
daqueles truques cinematográficos, a vampira assumiu a forma de seu noivo. Naquele momento
Bella entendeu, não era como se a vampira se transformasse em qualquer um deles, ela apenas a
induzira á ver. A jovem estava sugestionada á visualizar com perfeição de detalhes a imagem que
projetava em sua mente. Não era real, tinha plena consciência, ainda assim foi impossível controlar
o tremor por estar diante “dele”.
– “Edward”...
– Agora sim... – novamente a voz era idêntica, agravando os tremores. – Nunca entendi como
alguma mulher poderia se interessar por aquele recém criado chato. “Eu” posso ser um assassino
filho de uma puta, sem escrúpulos ou um coração, mas sem duvida, sou muito mais interessante.
Ao terminar de falar, aquela “coisa” começou a se aproximar lentamente, encarando-a com os
mesmos olhos verdes do Edward real. A diferença era o brilho contido nos orbes escurecidos. Ao
invés de constante desejo ou carinho, eles estavam carregados de ódio assassino. Naquele momento
Bella se lembrou da noite quando aquela vampira se aproximou. Fora antes de estar com Edward;
antes mesmo do baile de Halloween. Para a jovem não havia passado de um sonho, onde um
Edward raivoso a ordenava á abrir a porta da sacada. Sempre esteve em perigo, essa era a verdade.
Contudo saber aquelas coisas não teria serventia uma vez que estava prestes á morrer. Com amor,
pensou quando “Edward” se ajoelhou aos seus pés e tocou seus joelhos. Não é ele, não é ele, repetia
incessantemente ao seu coração que batia aos saltos. Porém encontrava-se com tanta saudade,
sabendo que nunca mais o veria, que foi impossível conter uma lágrima e estender a mão para tocar
nos cabelos macios. Imediatamente aquele rosto amado se abriu em um sorriso.
– Isso meu bem... Não precisa temer-me Bella.
E então o encanto se quebrou. Para Edward ela sempre seria “Isabella”. Ao ouvir o nome errado, a
projeção se desfez e á sua frente, a jovem viu a vampira odiosa. Em um ato reflexo, empurrou-a e
levantou-se do sofá. Divertindo-se com sua tentativa inútil de fuga a vampira caiu ajoelhada no
chão e deixou que se afastasse, porém logo se pôs de pé com um único salto para segui-la. Estava á
um passo de alcançá-la quando a porta principal do apartamento foi aberta com estrondo. Seguindo
o olhar na direção do som, Bella nem ao menos pensou e se lançou nos braços de Paul; finalmente.
– Largue-a seu idiota! – a vampira ordenou entre dentes. – Não se meta em meus assuntos.
– Não há assuntos seus com Bella. – ele disse colocando a jovem ás suas costas. – Mas se a quer
Senna, venha pegá-la.
Tremendo violentamente, mas curiosa com o desenrolar da cena, Bella olhou pela lateral do ombro
largo do vampiro. Foi com as sobrancelhas unidas que viu a vampira – Senna, agora sabia – recuar
um passo.
– Sabe que não podemos brigar aqui. – ela disse. – Se não fosse por isso eu lhe ensinaria á não
interferir no desejo de alguém mais velho do que você. E fique sabendo que conterei sobre essa
insubordinação á ele quando voltar. Vou dizer que você, não só invadiu seu apartamento, como o
desobedeceu e se aproximou da humana sem seu consentimento.
– Estou pouco me lixando para suas proibições. – Paul assegurou. – Tenho plena consciência de que
sou mais forte que vocês. Não passam de velharia, assim como o Cullen. Vou me livrar dele esta
noite e se você ou qualquer outro se colocar no meu caminho ou cogitar encostar as mãos em Bella
novamente darei o mesmo fim.
O alivio momentâneo em vê-lo se foi ao ouvir as palavras. Paul poderia salvá-la e defendê-la mil
vezes, mas ainda era o inimigo. Intimamente desejou que brigassem entre si. Ao que tudo indicava
seu pai já deveria estar na segurança de um avião e ela poderia tentar fugir enquanto se batessem
um com o outro. Contudo, ao ver um brilho de interesse cruzar os olhos azuis da vampira, Bella
soube que não aconteceria.
– Disse que vai se livrar do Cullen hoje?
– Vou e nem tente me impedir. – Paul confirmou.
– Quem quer impedi-lo não está aqui. Eu estava pensando justamente o contrário. Gostaria de
ajudá-lo.
“Não”, Bella pensou em desespero. Conhecia Edward; o certo era que ele iria para aquele encontro
sozinho. Já era complicado acreditar que ele poderia contra alguém mais forte, como poderia ter
esperanças de que ele sairia com vida de um combate desigual. Para aumentar sua agonia, ouviu o
vampiro dizer.
– Toda ajuda é bem vinda desde que não me tire o prazer de matá-lo.
– Certo, certo... – ela começou impaciente. – Não vamos nos prender á detalhes agora. Na hora
veremos como as coisas acontecem. O que me interessa é ver aquele filho da puta morto. Então... á
que horas será isso?
– Marquei com ele no Central Park á meia noite.
– Perfeito. Foi lá que o reencontrei e que não pude ter minha vingança. Adorei a escolha do local.
– Obrigado! – disse Paul pegando Bella pelo braço e abraçando-a. – E quanto á Bella...
– Não se preocupe. – Senna assegurou. – Agora não tenho o menor interesse nela. Vamos considerar
que estávamos apenas brincando um pouquinho. Afinal nada grave aconteceu, não é mesmo Bella?
A jovem não lhe respondeu. Agora que estava relativamente segura, alarmava-se com aquele
abraço. O que significava? Que o odor de Edward não mais o incomodava? Aquilo não poderia
acontecer. Não quando ele ainda lhe negava a imortalidade. Tentou afastar-se, mas Paul não
permitiu. Também ignorando a vampira, mas sem lhe dar as costas ou desviar totalmente a atenção
dela, pegou a jovem pelos ombros e perguntou demonstrando sua real preocupação.
– Você está bem?... Ela lhe fez alguma coisa? Mordeu-a?
– Estou bem agora que está aqui. – e não era mentira, mesmo ele sendo seu inimigo e lhe causasse
ozerija. – Ela não me machucou.
– Eu disse que não havia feito nada á ela. – a vampira retrucou com indiferença pegando sua
limitada bagagem e o casaco antes de seguir em direção ao corredor.
De onde estava Bella viu que ela entrou em dos que estavam com as janelas fechadas. Isso deveria
significar que a dono do outro; o que estava aberto, também chegaria á qualquer momento? Quem
seria já que Kachiri estava morta? Zafrina?... Ainda não tinha como saber e as mãos de Paul em seu
corpo atrapalhavam em muito sua linha de raciocínio. Mal suportava aquele toque, mesmo que ele
fosse seu salvador. Tentando se livrar dele, desviou a atenção do corredor para perguntar.
– Onde está meu pai?
– A caminho de Forks, em segurança, como me pediu. – respondeu-lhe sorrindo.
– Tem certeza Paul?... Não está mentindo para mim, não é? Afinal você não deixou que me
despedisse dele.
– Sua desconfiança me ofende. – ele disse tocando seu rosto delicadamente. – Você não me deu
motivos para mentir. Além do mais, sei que ultimamente não tenho sido o namorado perfeito e
justamente por isso não quero mais errar com você. Mas não pense que serei condescendente...
Nosso relacionamento será uma constante troca. Se me faz feliz, eu a deixo feliz. Se me machuca,
eu a machuco onde mais dói.
Imediatamente Bella entendeu o significado das palavras não pronunciadas naquela frase. Por
alguns instantes havia se esquecido do que ele provavelmente havia feito durante a noite, mas agora
que relembrou, sentia as voltas em seu estomago; de medo e asco. Contudo era preciso disfarçar. Se
Paul deixasse de acreditar que ela estava de volta ou descobrisse sobre sua tentativa de fuga
frustrada, seria seu fim. Como seu pai estava em segurança e sua mãe há quilômetros de distancia,
sobrava Edward para o vampiro atingi-la. Não poderia de forma alguma agravar a fúria de seu
captor. Então com a voz sumida, evitando descer os olhos para a boca masculina, procurou saber.
– E você está feliz?
– Não completamente. – então ele correu uma das mãos até tocar a lateral de seu rosto para acariciar
sua boca com o polegar. – Sinto tanto a sua falta anjo... Justamente por isso não confio na força que
tenho e não quero machucá-la. O que posso dizer é que essa noite foi agradável mesmo que ainda
não seja possível possuí-la da forma que desejo. Para mim foi compensador dormir ao seu lado por
isso quis deixá-la satisfeita como eu, afastando seu pai dessa confusão. Perdoe-me não tê-la
acordado antes de sair... Como disse, quero-a descansada para nosso encontro com o bastardo. –
ainda acariciando sua boca, ele perguntou. – Mereço um beijo de agradecimento por isso ou não?
– Não quero irritá-lo com meu cheiro. – ela disse aparentando lamento.
– Percebi que se esmerou no banho essa manhã. Está perfumada e o cheiro “dele” infinitamente
mais fraco. Acho que agora consigo suportá-lo...
Ao descer os olhos para a boca masculina, Bella sentiu náuseas. Em sua repulsa e impulsividade
havia eliminado a única forma de proteção que Edward inconscientemente lhe dera; burra. Forçando
um sorriso que nada mais foi do que um entortar de lábios e tentando com todas as forças de sua
mente, enxergar seu vampiro á sua frente, respondeu.
– Merece.
O sorriso se alargou, demonstrando o contentamento do advogado. E então ele fez como ela, desceu
os olhos para a boca feminina e umedeceu os lábios antes de abaixar o rosto em sua direção. A
jovem já podia sentir o sopro frio em sua boca, e se preparava para o contato, quando foram
interrompidos.
– Sempre odiei dramalhões mexicanos. – disse Senna se aproximando. – Se vão entrar no cio sugiro
que escolham um dos quartos.
Paul não a respondeu; apenas se afastou bruscamente e foi até a porta para fechá-la. Ainda tentando
manter a firmeza das pernas, Bella prendeu a respiração em expectativa, subitamente esquecida do
quase beijo, temerosa que ele descobrisse a falta do pino. Para sua sorte, ele nada percebeu e logo
voltou para seu lado sem tirar os olhos da vampira que agora usava um vestido provocante que
deixava boa parte de suas pernas e colo á mostra.
– Só não escolham o meu. – ela continuou á falar olhando diretamente para Bella. – Não gosto que
mexam nas minhas coisas.
Evidente que ela sabia que a jovem vasculhou os quartos. Seu cheiro deveria estar impregnado por
todo o apartamento. Alheio a troca de olhares, Paul retrucou.
– Dispensamos o oferecimento; precisamos ir embora.
– Por quê? – Senna perguntou.
– Se você está aqui ele logo chegará.
– Não se preocupe com isso. Pelos meus cálculos ele estará aqui somente no sábado, então
sossegue. Você tem a tarde toda assim como boa parte da noite para ficar com sua “namoradinha
apaixonada”.
Foi impossível para Bella controlar os batimentos de seu coração; Senna conhecia sua farsa.
Durante o tempo em que tentou lhe iludir, ela soube que a jovem na verdade estava somente
fingindo aceitar aquilo que Paul nomeava como um relacionamento. Se a vampira decidisse falar,
nada poderia contra a fúria de Paul. Porém, apesar de ainda a olhar com um misto de raiva e
malícia, a vampira não dava mostras de que fosse delatá-la.
Estava claro que ela não tinha compromisso nenhum com Paul, talvez apenas o respeitasse por ser
mais forte ou por lhe oferecer aquilo que Aro lhe negava; a destruição de Edward. Apesar de não
terem dito nomes, Bella sabia que era á ele que se referiam. Mais uma descoberta que ela esperava
não ser inútil; o vampiro voltaria dentro em breve. Agora a jovem já não sabia mais se aquilo era
bom ou ruim, pois, se Aro voltasse antes, talvez pudesse interferir. Presa em seus pensamentos, a
jovem estremeceu. Confundindo suas reações, Paul garantiu.
– Não precisa temê-la anjo. Senna não lhe fará mal, não é mesmo?
– Seu “anjo” não me interessa... – ela assegurou indo se sentar próximo ao local onde Bella
escondeu as provas que a condenariam. – Quero apenas a cabeça de Edward. Se você conseguir
isso, nem me importo em não ser eu á tirá-la.
– Fico satisfeito em saber, mas não vamos conversar sobre isso na presença de Bella.
– Quero ficar com você. – ela pediu suplicante.
Não suportaria ficar confinada em um dos quartos sem saber o que acontecia na sala.
– Sim; deixe que ela fique. Sente-se aqui pertinho de mim “belo anjo”. – Senna chamou batendo a
mão ao seu lado.
Novamente ignorando-a Paul conduziu Bella até a extremidade mais distante do sofá ao lado do
escolhido por Senna e se sentou ao seu lado, mantendo-a o mais distante possível da vampira. A
jovem reconhecia aquela postura e mesmo que o odiasse, agradecia silenciosamente pela proteção.
– Tudo bem, James não vai chegar agora, mas quanto á outra?... Como é mesmo o nome?
– Zafrina. – Bella sussurrou sem pensar junto á resposta audível de Senna.
Quando os dois vampiros olharam em sua direção inquiridoramente, Bella percebeu seu ato falho.
– De onde a conhece? – perguntou a vampira.
– Sim Bella como sabe o nome?
Ela olhou de um ao outro tentando ganhar tempo, vasculhando a mente coagida á procura de uma
resposta rápida e satisfatória. Não simpatizava em nada com a vampira biscate, mas não queria se
envolver em assuntos que desconhecia os detalhes.
– Responda Bella. – Paul pediu enfaticamente.
– Bem... Nunca disse que a conhecia. – ela começou em tom de desculpas. – Eu apenas me lembrei
do nome, pois sei da história da transformação de... “dele”.
– Está mentido. – Senna acusou. – Sei que está mentindo e exijo saber a verdade. – então a
encarando, correu a mão sobre o tecido do sofá até escondê-la sob a almofada onde estavam os
talheres e o pino.
Alarmada, Bella tentou outra mentira.
– Tudo bem... Vou dizer tudo que sei... – respirando fundo e desejando se sair melhor dessa vez
prosseguiu. – Ela foi procurar por... Edward no domingo á noite. Tentou atacá-lo, mas...
– Mentira!... – a vampira a cortou alterando a voz, pondo-se de pé.
Imediatamente Paul fez o mesmo, mas não para interrogar a jovem e sim ficar em alerta para
defendê-la de um possível ataque. Sem nem olhar na direção do imortal, a vampira continuou.
– Zafrina jamais faria isso, pois sempre foi contra que o ataquemos. Por ela já teríamos ido embora
dessa cidade, deixando todos vocês para trás com suas vidinhas medíocres. Acredito que ela tenha
procurado por Edward, mas não para enfrentá-lo... Já que a vontade dela não conta, Zafrina resolveu
se bandear para o lado inimigo. Eu devia saber que ela faria isso. Uma vez traidora; sempre
traidora!
– Isso é verdade Bella? – Paul perguntou voltando-se para encará-la.
– Isso! – exclamou Senna visivelmente alterada. – Faça alguma coisa. Obrigue-a á falar, senão eu
mesma o faço.
– Cale a boca, Senna! – Paul ordenou sem desprender os olhos de Bella. Então, em tom baixo e
conciliador, pediu. – Conte a verdade anjo. Está conosco agora, não está?
Ela assentiu afirmativamente com a cabeça.
– Então diga. O que Zafrina queria com o bastardo?
Não tinha ligação ou compromisso de lealdade com a vampira, mas como jornalista sabia que não
deveria colocar a vida de uma fonte segura em risco. E uma vez que descobrira que, fossem quais
fossem seus motivos, Zafrina favorecia Edward, ela jamais a entregaria; agora era uma questão de
honra não delatá-la. Contudo os dois vampiros á sua frente ainda a encaravam á espera de uma
resposta, então Bella tentou mais uma vez se valer de seu embuste junto á insanidade de Paul.
– Eu não tinha acesso á todas as informações, meu amor. Nunca participei de uma conversa entre os
dois. E quando ele o fazia com os outros, conversavam á portas fechadas ou fora da casa onde ele
me mantinha presa. Só sei que ela o procurou, mas não sei o conteúdo das conversas...
Senna bufou exasperada antes de explodir.
– Essa é boa!... Agora vai nos fazer acreditar que era mantida em cativeiro?!... Se era o caso o que
aconteceu á pobre vitima? Desenvolveu alguma espécie de síndrome de Estocolmo por seu
“seqüestrador”?... Era por isso que estava tentando fugir quando cheguei aqui?
Ao dizer as palavras abriu a mão diante dos olhos de Paul revelando as provas irrefutáveis de sua
acusação. Bella soube que era seu fim ao ver que o vampiro nem mesmo abaixou os olhos para a
palma estendida. Um brilho mordaz cruzou seu olhar antes que ele apenas a pegasse pelo braço e a
levasse até um dos quartos; o mesmo que Charlie havia ocupado. Ao entrarem ele a empurrou sobre
a cama antes de fechar a porta. Quando se voltou em sua direção, os orbes negros pareciam duas
bolas de fogo, tamanha era a fúria que desprendia deles.
– Esteve me enganando todo esse tempo. – ele vociferou.
– Não Paul, eu...
– Cale a boca!... Não quero ouvir a sua voz. Você é uma cobra Isabella Swan. Eu a respeitei essa
noite, fiz sua vontade libertando Charlie e como me pagaria?... Com traição?... Se não fosse por
Senna, quando eu chegasse aqui você já teria partido e corrido para o bastardo?!... Cobra!
Subitamente boa parte de seu medo se foi. Agora tinha certeza que seu pai não estava mais em
perigo, assim como não conseguiria sua imortalidade ou poderia ajudar Edward, então não havia
motivos para continuar com a farsa. Sentando-se corretamente sobre a cama – pois a porção que
ainda o temia não permitiria que se mantivesse de pé – ela o encarou de baixo para cima e, sem se
importar com o que lhe acontecesse, retrucou.
– Sim, eu já teria partido e com sorte já estaria chegando á cobertura onde “moro” com Edward.
“Com Edward” ouviu bem?... Pois ele tem nome. O único bastardo odioso filho de uma puta metida
e esnobe que conheço é você!
Nunca fora afeita á palavras de baixo calão, mas se era para morrer, que fosse de forma rápida e
indolor. Após sua explosão, viu o rosto de Paul se tornar uma máscara dura de ódio extremo. Nem
ao menos teve tempo de se encolher quando o vampiro avançou em sua direção para pegá-la pelos
ombros e erguê-la até que ficassem cara a cara.
– Retire o que disse! – vociferou entre dentes.
– Certo... Sua mãe não é metida.
Imediatamente após sua provocação o vampiro começou á rosnar. Não naquele timbre bom que
Edward reproduzia ás vezes que aquecia seu coração e inflamava seu desejo, mas daquele jeito que
enregelava a alma ante ao perigo sempre que as feras estavam prestes á atacar.
************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... antes de qlq coisa, como não é minha intenção matá-las do core com esse fianl de
capítulo, já vou deixar spoiler da sequência depois volto á minha "falação" habitual:
.
Novamente ao olhar em volta, Bella não reconheceu o lugar em que se encontrava.
Somente ao se sentar sobre a cama e sentir os ombros doloridos ela se lembrou de onde
estava, assim como reconheceu o som que ouviu em seu sonho. Senna estava lá, ao seu
lado, no quarto antes ocupado por Charlie, olhando-a ainda com frieza e com um sorriso
sarcástico no rosto perfeito.
Sonhos perturbadores? perguntou com a voz arrastada. Pelo odor que exalava tenho
certeza que era safadeza... E com Edward.
Ignorando-a, Bella desceu as pernas da cama para se sentar corretamente, lembrando-se
do motivo da vampira estar ali. Nesse momento foi impossível conter uma careta, pois
sentiu seus ombros doeram ainda mais. Com isso também se lembrou que, mesmo ela
sendo odiosa, deveria agradecê-la por Paul não tê-la matado quando descobriu sua farsa;
ou por ele não ter feito algo que consideraria pior que a morte; estuprá-la.
Depois que o afrontou, ofendendo-o e o desafiando, Paul pegou-a completamente
desprevenida, pois acreditou que seria eliminada como ele fez com todos os seus
desafetos no segundo que seus rosnados se intensificaram. Contudo, diferentemente do
que pensava, o vampiro desceu o rosto em direção ao seu e, sem se importar com os
resquícios do odor de Edward, tentou beijá-la á força.
Á lembrança, sem se importar com a presença da vampira, Bella tocou os próprios
lábios. Ao senti-los doloridos, imediatamente retirou os dedos da pele sensível e inchada.
Felizmente os dentes dele não feriram sua carne enquanto ela lutava com todas as suas
forças para não descerrar os lábios e dar passagem á língua asquerosamente fria. Porém a
rudeza da boca faminta espremendo a sua terminou por machucá-la. Antes assim; antes
ferida que ser beijada por aquele nojento pensou. Então novamente se lembrou da
participação de Senna.
Não fosse por ela ter invadido o quarto, com certeza não só seria beijada como
aconteceria muito mais. Depois de sua interrupção, Paul a largou sobre a cama e se
retirou á passos largos deixando-a sozinha com a vampira. O que aconteceu depois disso
Bella não sabia, apenas sentia que deveria agradecer a interferência, mesmo que fossem
inimigas. Tentando bloquear a dor nos ombros, ela acomodou-se melhor sobre a cama e
ergueu os olhos para a vampira, dizendo simplesmente.
Obrigada!
Pelo quê porcelana? Senna perguntou friamente antes de prosseguir. Por livrá-la de um
sonho que deixou de ser bom para se tornar um pesadelo?
Não...
De certa forma agradecia ter sido despertada de um sonho que talvez nunca se tornasse
realidade, mas não diria isso á ela. Novamente entristecida por ter se lembrado da cena
onde claramente se reconheceu naquela imortal que fazia amor com Edward, nada mais
explicou. Talvez por seu silêncio a vampira tenha entendido a origem de seu
agradecimento, então disse secamente.
Se está se referindo á ter parado seu apaixonado, não tem que me agradecer, pois não o
fiz por você. Foi como disse quando entrei aqui para pará-lo... Esse apartamento não
pertence á Paul para ele maculá-lo. Da forma que estava ele iria acabar matando-a antes
de ter um tempo de qualidade com você. Sem contar que isso arruinaria nossos planos.
Agora que estou perto de conseguir o que quero, não vou deixar que ele a machuque; não
ainda.
Sem dar importância àquele último comentário, Bella disse sem entonação especial.
Obrigada mesmo assim.
.
Agora sim... sei que ainda devem estar com o core na mão, mas acho que já deu pra
aliviar um pouquinho, né?
Agora vamos á minha falação... Como sempre, espero que tenham gostado, msm
xingando a humilde autora aqui...
Confio na força de vcs, pois sei que msm o momento sendo tenso, tbm sei que vcs há
muito tempo já perceberam que tensão é a marca registrada da fic afinal ela conta uma
estória de amor bem no meio de um triller de terror. Tbm quero acreditar que já estão
com o core em dia para tudo que vem pela frente. Fortes emoções... Acho que valerá á
pena lê-las...
É isso... msm demorando para terem suas respostas, por favor, comentem...
Ahhhh... Sei que não é o momento (que minha cabeça deve estar á prêmio), mas semana
que vem não está programado de ter meio capítulo na segunda... acho que todo de uma
vez vcs surtam menos... qlq coisa esbocem sua preferência em seus reviews... metade ou
inteiro... a maioria vence!...
bjus linda...

(Cap. 70) Capítulo 4 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia meus amores... =)
Como a maioria escolheu, deixei para postar o capítulo inteiro. Espero que gostem...
Gostaria de agradecer os reviews e ainda pedir desculpas por não respondê-los
rapidamente como antes... lá no final explico melhor... Agora não é hora de prendê-las
aqui... =)
BOA LEITURA!...

– Inferno! – Edward exclamou antes de se pôr de pé, aborrecido.


Ao chegar á porta a abriu de chofre, deixando transparecer todo seu azedume. Tudo que queria era
permanecer sentado; lutando para que pensamentos extremistas não se apossassem de sua mente
como havia feito a noite inteira e não ser obrigado á atender Alice.
– O que quer? – perguntou lhe voltando ás costas e retornando á poltrona.
– Como o que quero? – ela inquiriu seguindo-o mesmo sem ser convidada. – Quero saber como
está? Desde que descobri que havia vindo para cá que estou ao lado... Sei que não saiu para se
alimentar. Isso não está certo Edward.
– Você quer falar comigo sobre o que é certo? – ele inquiriu sem olhá-la, sentando-se.
– Vamos parar por aqui. – ela pediu. – Não vim brigar com você, nem quero aborrecê-lo, mas como
poderá ajudar Bella se estiver fraco?
– Isabella não precisa de minha ajuda. Apenas que eu a encontre e a pegue de volta. – respondeu
secamente voltando á olhar para a cama.
Novamente mirou-a fixadamente, nem percebeu que a amiga lhe seguiu o olhar, antes de voltar á
encará-lo com as sobrancelhas unidas.
– Tem ideia de como vamos fazer isso?... Eles não estão no apartamento de Paul, eu verifiquei. Você
também foi lá?
– Não!... Eu sabia que não os encontraria e não ficaria rodando a cidade como um maldito inseto
asqueroso sem rumo.
Sim, não ficaria tonto e frustrado por não encontrá-la em parte alguma. O melhor era mesmo ficar
ali e esperar a hora de seu encontro; sentindo seu coração. Tentando decifrar cada nova pontada de
ansiedade, ciente de que todas elas pertenciam á Isabella. Estranhamente sabia que os sentimentos
que o visitaram durante boa parte da noite e há algum tempo daquele dia eram somente os de
Isabella; não sentia seu velho coração oprimido de forma dolorosa em seu peito ou a aflição
sufocante que o impulsionou até o apartamento da jovem no inicio da noite passada.
Era como se ele tivesse se anulado e em seu lugar só sobrasse “ela”. Agradecia por ser assim, caso
contrário não suportaria. As sensações despertadas por Isabella já eram suficientes para inquietá-lo.
Por várias vezes na noite passada a sentiu extremamente aflita e foi preciso muito alto controle para
não se deixar levar por suposições que o fariam enlouquecer pelos motivos errados. Pareceria
estranho, mas Edward preferia a angustia. Os piores momentos foram aqueles em que deixou de
senti-la.
Durante quatorze horas – das quais contou os segundos e minutos – foi obrigado á crer e desejar que
o amor do rábula por Isabella fosse maior que todos os outros sentimentos nocivos que pudesse
nutrir por ele, Edward, e que a falta de contato com ela não significasse que pudesse estar morta. Ao
pensamento Edward estremeceu, mesmo sabendo que ela estava bem.
Sim, agora sabia. Foi com alivio que sentiu, há menos de duas horas, a primeira pontada de aflição
daquele dia que prometia ser longo e infernal. Desde então se encontrava contraditoriamente
satisfeito em padecer com os sentimentos de Isabella. Já havia abstraído a presença de Alice – em
pé ao seu lado – quando lhe ouviu a voz.
– Você está certo, mas eu precisava tentar.
Edward ignorou o comentário e ainda sem olhá-la diretamente, perguntou.
– Onde está Jasper?
O vampiro também não viu o olhar inquiridor que a amiga lançou em sua direção antes de salientar
com um leve tom de incredulidade.
– Deveria saber que ele está no apartamento ao lado. – como Edward não se manifestou, ela
prosseguiu. – Ainda não o devolvi... Estava esperando as coisas se acertarem definitivamente
entre...
Quando Alice se interrompeu sua voz não passava de um sussurro, como se tivesse se arrependido
por ter se estendido na explicação. Após um suspiro resignado, voltou ao assunto anterior.
– Enfim... Jasper achou melhor que eu viesse sozinha. Ele entende o que está passando, mas ainda
está chateado pela forma que nos tratou.
– E ele tem toda razão...
Dito isso, Edward olhou-a pela primeira vez desde que entrou e sem se importar por não ter
percebido a presença dos amigos, disse apenas.
– Mas você sabe que não vou me desculpar por aquilo, não é?
– Nem quero que o faça. Você a confiou á mim e eu a perdi.
– Sim, você perdeu. – concordou sem entonação especial, voltando a olhar a cama.
Novamente tentou se perder em suas lembranças de Isabella ou em seus sentimentos para não
sucumbir á sua falta. Nem percebeu que a amiga novamente acompanhou seu olhar com as
sobrancelhas unidas antes de voltar á encará-lo e dizer.
– Certo. Mas essa foi minha única falha ou contrário de você que...
– Quer apontar meus erros justo agora? – Edward a cortou acidamente.
Após um breve silêncio, Alice suspirou e finalmente foi se sentar no sofá.
– Ah... Desculpe-me. Agora realmente não é hora de trocar acusações e nem adiantaria nada fazê-
las.
Edward não lhe respondeu.
– Jasper me contou sobre possuir um dom. – ela disse tentando introduzir outro assunto. Como ele
nada dissesse, ela prosseguiu. – Disse que pode influenciar positivamente quem está á sua volta.
Achei interessante e bem a “cara” dele... Assim como a sua força é bem a sua.
Subitamente o vampiro entendeu o motivo de anular-se, assim como entendeu a fraqueza repentina
que sentiu em seu apartamento no final da tarde passada. Como ele, Jasper despertou seu dom em
um momento de fúria. Não soube usá-lo á princípio, mas quando acreditou que ele fosse agredir sua
esposa, finalmente conseguiu acalmá-lo ao ponto de deixá-lo quase prostrado.
Juntamente á essa revelação veio outra, no mínimo curiosa, para não considerá-la perturbadora.
Edward não poderia mais acreditar que levaria a melhor sobre Jasper em uma briga. O amigo, assim
como Zafrina, tinha o poder de bloquear sua força. Jasper poderia ser considerado até mais
poderoso, pois no seu caso, roubaria de Edward até o desejo de luta, diferentemente da vampira que
não poderia detê-lo caso se lançasse contra ela em um enfrentamento.
Edward sabia que o amigo se valia de seu poder naquele exato momento, usou-o a noite inteira.
Acompanhando silenciosamente sua vigília, cuidando para que não sofresse mesmo estando
magoado com sua atitude. Ter o conhecimento de tal fato o encheu de remorso por ter se voltado
contra eles em seu instante de fúria e desespero. Até mesmo se arrependeu do egoísmo apaixonado
que não permitiu lembrar-se dos amigos fieis quando acreditou ser capaz de morrer por Isabella
futuramente. O casal tinha um ao outro, mas sentiriam sua falta. Tais pensamentos, antes de
enternecê-lo, renovaram a raiva por si mesmo; não os merecia.
– Jasper tem novidades... – Alice contou receosa, escolhendo as palavras cautelosamente. – Ontem,
quando liguei para chamando-o depois que não consegui... convencer Bella á desistir de procurar
pelo... pai... Ele já estava voltando para o escritório, pois queria contar-lhe.
– Você deveria ter ligado para mim... – Edward disse tentando não soar acusador. – E não ter
desligado o celular.
– Tente entender... – Alice pediu. – Pela primeira vez desde que estamos juntos eu tive medo de
você Edward. Sabia que lhe avisar não mudaria nada, pois eu mesma já havia tentado seguir o rastro
dela. Então... tudo que me ocorreu foi chamar por Jasper para juntos esperarmos pela tempestade.
Mais uma vez Edward não lhe respondeu; não poderia.
– Converse comigo. – Alice pediu. – Ajuda á passar o tempo.
– Nada ajuda. – ele disse simplesmente.
– Certo!... Mas acho que você deve saber o que Jasper descobriu.
Ainda que estivesse agradecido pela amizade e atenção demonstrada, a vontade de Edward era
retrucar que não lhe interessava saber sobre nada e “pedir” que ela fosse embora de uma vez e o
deixasse em paz com suas cismas, contudo se refreou á tempo. Não precisava de distração, talvez
nem registrasse o que a amiga dissesse. Era seu dever de líder, mas dificilmente manteria o foco
sobre todas as coisas.
– Diga de uma vez. – realmente não era sua intenção ser grosseiro, mas não pôde dosar a rispidez de
sua voz.
– Bom... – ela começou. – Jasper disse que depois que se despediram ao telefone, quando James
estava deixando o restaurante onde se encontrou com clientes, viu Zafrina abordá-lo.
Curioso; Edward passou á prestar maior atenção. Não seria novidade a vampira procurá-lo, já havia
feito outras vezes, ainda assim era interessante.
– O que mais? – incentivou-a á falar.
– Bom... Ele não tem certeza, mas disse que os achou muito “próximos”.
– Próximos? – Edward inquiriu juntando as sobrancelhas.
– Sim. Como se formassem um casal que tenta ser discreto.
“Zafrina e James juntos”; pouco provável. Edward ainda se lembrava do desprezo que ela dirigia ao
vampiro “sem estirpe” quando o chamava pejorativamente de “peão” ou “ser fraco”.
– Jasper pode ter se enganado.
– Talvez... Não a conheço então não posso opinar.
– O que mais ele disse?... Jasper viu para onde foram?
– Foram para o apartamento de James. Jasper esperou por uma hora, mas como não desceram e ele
não conseguiu falar com você, achou melhor voltar ao escritório para lhe contar o quanto antes... O
resto você já sabe.
– Sim, eu sei...
Edward concordou secamente voltando á ficar em silêncio; esquecido de Zafrina ou James.
Sentindo os novos sobressaltos de seu coração; do coração de Isabella. Algo deveria estar
acontecendo naquele momento, pois ela esteve relativamente tranquila nos últimos minutos. Ou
seria a distração que Alice oferecia que não o deixava senti-la como deveria?
– Edward? – Alice chamou. – Você ouviu o que eu perguntei?
Desviando os olhos da cama ele se obrigou á encará-la, sem aborrecer-se.
– Perdão... Poderia repetir.
– Perguntei por que não tira os olhos da cama?... É assustadora a forma com que fixa o olhar...
Parece que está vendo alguma coisa ou alguém sobre ela.
– É complicado explicar... Apenas preciso disso.
– Tudo bem!... – novamente ela passou á escolher as palavras. – Então não explique, mas... Você
sabe que não vai poder ficar aqui para sempre... Não pretende ficar nesse apartamento e definhar até
morrer como fez antes, não é?
– Se fosse o caso eu ficaria! – ele assegurou. – Mas não o é.
– Ainda bem... Agora, me diga o que pretende fazer?... Como posso ajudá-lo á trazê-la de volta?...
Tem alguma ideia de onde podemos encontrá-la?
– “Eu” vou buscá-la essa noite. – garantiu.
– Onde? – ele demorou á responder, então ela explodiu. – Droga Edward!... Divida comigo... Acha
que também não estou sofrendo?... Diga de uma vez onde vai encontrá-la... E não me venha com
esse negócio de “eu” novamente. Por minha culpa você a perdeu então eu ajudo á recuperá-la. E
Jasper também...
– Não os quero envolvidos nisso... – disse veementemente. – O rábula é meu!
– Da forma que fala o encontro é certo. – Alice deduziu. – Onde será?
– Já disse que a quero fora disso, não me obrigue á repetir.
A vampira sequer lhe deu ouvidos.
– Não pode ir sozinho. Não se alimentou e não tem condições de lutar contra um vampiro novo
estando disperso como está. Se não quer que interfiramos na luta tudo bem, mas ao menos nos deixe
ficar por perto para ajudá-lo se for preciso.
Edward não queria agravar a preocupação da amiga contando-lhe que aquela era a segunda noite
que se absteve de sua habitual caçada. Apesar de toda atenção voltada á Isabella, já sentia os efeitos
da privação do sangue fresco. Contudo, mesmo que sua garganta estivesse queimando ao sentir o
odor dos humanos á sua volta, não se sentia compelido á atacá-los. Era seu desejo sair daquele
apartamento somente á noite. Talvez caçasse antes de seguir ao Central Park, mas no momento,
tudo que desejava, era ser deixado em paz.
– Pensarei á respeito. – prometeu em vão. – Agora... Se me desse licença eu...
– Não vou deixá-lo Cullen... – ela garantiu, cortando-o. – Vou grudar em você como se fosse sua
sombra, pois não está em condições de fazer nada sozinho. Sei muito bem que não vê nada á sua
frente que não seja Bella. Se Paul marcou um encontro com você é bem capaz de levá-la junto
somente para distraí-lo. E eu não vou correr o risco de carregar a culpa se algo acontecer á qualquer
um dos dois.
Antes que pudesse retrucá-la, ela assegurou apontando-lhe o dedo.
– Farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo á vencer aquele vampiro desgraçado ou para
deixá-los seguros ouviu bem?
Quando Alice finalmente se calou, Edward não teve a chance de responder-lhe como desejava.
Enquanto conversava com ela, era visitado pelos sentimentos da Isabella, estava acostumado á eles;
ora mais fortes, ora menos. Contudo, nos últimos minutos eles atingiram um crescendo constante
até sumirem repentinamente, para em um segundo voltarem e atingirem seu cume. A aflição de
Isabella encheu-o de pavor. Antes que pronunciasse qualquer palavra, a sensação de vazio atingiu
seu coração; mais uma vez perdera o contato com ela.
Sem ao menos pensar, Edward se pôs de pé e se dirigiu para a porta. Algo naquele novo “silêncio” o
inquietava mais uma vez ao ponto de compeli-lo á movimentar-se, á procurar por contato com
Isabella. Alice tentou segui-lo, mas o vampiro a afastou empurrando-a em direção ao sofá; não de
forma violenta, somente para livrar-se dela. Ao sair para o corredor, viu que Jasper fazia o mesmo.
Seus olhares se cruzaram por um breve instante, em que Edward lhe cumprimentou silenciosamente
com um aceno de cabeça antes de correr escada abaixo sem se importar por estar rápido demais.
Em sua descida pelos degraus, quase derrubou alguém que subia a escada. Pouco se importou com o
grito da mulher, ela que acreditasse ter cruzado com um fantasma; era dessa forma que se sentia. Ao
chegar á rua, agradeceu pelo dia nublado e pela calçada não movimentada, pois, ainda sem se
importar, correu até que pudesse contornar a lateral de um dos prédios antigos para alcançar seu
topo onde passou a correr pelo maior numero possível de construções; abrindo distancia de seus
amigos. Não conseguia mais encontrar Isabella dentro de si ou no apartamento, então iria para o
segundo lugar onde poderia estar e onde – talvez – o deixassem esperar pelo momento da luta em
paz.
Com a movimentação ele conseguia vigor, contudo ganhar distancia não estava trazendo paz ao
coração do vampiro. A corrida por sobre os prédios em plena luz do dia não conferia alivio imediato
para sua alma e, de repente, ele acreditou que nem mesmo ir para o que restou da casa odiosa traria
Isabella para mais perto. Imaginar que poderia senti-la em seus jardins era um erro, pois a jovem
não estava nos locais importantes e sim dentro dele. Se não a sentia junto de si, era perda de tempo
procurar por qualquer outro lugar por mais significativo que tenha sido para o casal.
À essa compreensão, Edward estacou sobre um dos edifícios. O que estava fazendo, se perguntou.
Se continuasse daquela forma, enlouqueceria e nada poderia fazer para recuperar sua vida. Não se
alimentar ou se afastar de seus amigos era uma atitude temerária á se tomar em tempos de crise. Já
estava mais que claro que ele não poderia resolver tudo sozinho. Ainda mais se Paul resolvesse
levar Isabella para o maldito encontro como Alice sugerira.
Alice, sempre Alice. Se não estivesse tão enfurecido com ela depois das verdades friamente
expostas na tarde passada, talvez tivesse lhe dado ouvidos quanto á nenhum pressentimento ser
infundado e tivesse tomado maior cuidado com Isabella. Com certeza não estaria preso agora nesse
pesadelo que a falta da jovem e a preocupação por sua segurança o fazia viver. Sua secretária
poderia ser meio culpada por tudo que estava acontecendo, mas sem duvida era a amiga que alguém
obstinado como ele precisava ter.
Com esse pensamento Edward procurou pelo celular em seu bolso para avisar que voltaria á
cobertura e pedir que ela e Jasper fossem até lá encontrá-lo; encontrou somente o anel de Isabella.
Tirando de sua mente que o objeto também era um dos coadjuvantes de toda aquela confusão, o
vampiro imediatamente se lembrou que havia atirado o aparelho sobre o sofá da jovem. Alarmado,
com medo de perder tempo procurando pelos amigos, Edward fez o caminho de volta.
Ao chegar ao prédio de Isabella, viu com alivio que o carro de Alice ainda estava estacionado onde
o vira antes de correr para as construções vizinhas. Depois de certificar-se que ninguém o veria,
saltou até a sacada de Isabella e depois de cruzar o apartamento mínimo e pegar seu celular, foi
bater á porta dos amigos.
– Eu sabia que voltaria. – foi tudo que a vampira disse ao atendê-lo, antes mesmo que Edward
pronunciasse uma única palavra.
Ao entrar no apartamento, seus olhos pousaram em Jasper. Imediatamente sentiu-se envergonhado
da forma que o tratou em sua cobertura. Assim como Alice, antes que dissesse qualquer coisa o
sócio afirmou.
– Sei que lamenta o ocorrido tanto quanto eu, então não vamos nos prender á desculpas por atitudes
exacerbadas que tomamos por aquelas que amamos. Agora que as coisas se acalmaram, entendo que
se estivesse no seu lugar... Se perdesse Alice da forma que aconteceu com Isabella, também
enlouqueceria. Eu deveria ter levado em conta que você jamais machucaria minha esposa, por pior
que fosse a falha cometida.
– Não machucaria. – foi tudo que Edward disse.
– Bom... – começou Alice quebrando o clima embaraçoso. – Já que estamos todos de bem
novamente vai nos dizer por que voltou?
Edward passou um das mãos pelos cabelos antes de admitir o óbvio.
– Eu preciso de vocês. Não conseguirei recuperar Isabella, sozinho. Preciso que estejam comigo
hoje á noite quando for ao encontro de Paul.
Alice não sorriu, mas Edward pôde ver o brilho de contentamento cruzar por seus olhos.
– Ouvi sua conversa com Alice antes de sair. – disse Jasper indo se colocar ao lado da esposa. –
Então esse encontro é certo?
– Sim. – o vampiro confirmou, sentando-se. – Ele marcou no Central Park á meia-noite de hoje.
– Acha que Paul vai estar sozinho? – Jasper perguntou. – Ou será que quem o criou estará com ele?
– Por tudo que me disse da última vez que nos encontramos, quem o criou não sabe que ele está
agindo dessa forma. Acho que estará sozinho e se você ouviu tudo que eu disse, sabe que “ele é
meu”. – o vampiro enfatizou as palavras para deixar claro que não aceitaria intromissões quanto
àquilo. Depois de ver os amigos confirmarem com um aceno de cabeça, ele prosseguiu. – Mas
mesmo que ele não tenha o apoio de nenhum imortal, acredito que levará Isabella e isso lhe dará
uma vantagem, pois nós sabemos o quanto manter o foco é complicado para mim quando ela está
por perto.
Olhando de um á outro ele concluiu.
– Não posso correr o risco de algo grave acontecer á ela por algum deslize que eu venha á cometer.
– Estaremos lá. – garantiu seu melhor amigo. – Somente nos diga o que pretende fazer.
Edward riu sem achar graça alguma; apenas como uma reação espontânea á ironia de ver-se sem
direção. Pelo inusitado de sua completa alienação sobre os acontecimentos futuros.
– Eu simplesmente não sei o que fazer... Só sei que preciso ter Isabella de volta; incólume.
– E terá. – disse Alice indo se sentar ao seu lado. – Como disse, eu a perdi então vou ajudar é
recuperá-la. – procurando sua mão para apertá-la, garantiu. – Não deixarei que perca o foco.
– Obrigado! – foi tudo o que disse.
Estava no seu limite. Jamais imaginou que reconhecer suas fraquezas fosse deixá-lo com aquela
sensação perturbadora de derrota. Sempre se considerou o senhor de tudo e de todos, mas no
momento se sentia a mais fraca e patética de todas as criaturas; mortais ou imortais. Principalmente
naquele exato instante em que não sentia Isabella. A falta daquela estranha conexão o fez perceber
que Zafrina errou ao alertá-lo para que não transformasse a jovem. Nada mudaria caso ela fosse
vampira, pois – mesmo ainda humana – ela era parte tão vital em sua vida que qualquer coisa que
acontecesse á ela o destruiria.
“Já se encontrava meio morto por não ter sua metade”, pensou.
E já que estava partido ao meio; tendo consciência de sua incapacidade de raciocinar com clareza,
foi com reconfortante alivio que deixou os amigos determinarem o que deveria fazer. Voltar á sua
cobertura ou ficar no apartamento de Isabella; não faria diferença desde que tentasse descansar até
que escurecesse, aconselhou Alice. Depois disso, deveria sair e caçar para juntos irem esperar por
Paul no local escolhido.
Concordando com a decisão da esposa, Jasper salientou ainda que faltavam várias horas até a meia-
noite então avisou que tentaria achar o rastro de James novamente; Se Zafrina estivesse com ele,
talvez pudesse abordá-la e tentar conseguir alguma informação útil. Nas últimas palavras, Edward
descobriu o que realmente desejava fazer então se pôs de pé imediatamente em alerta; toda letargia
havia deixado seu corpo diante da possibilidade que sua mente entorpecida pela saudade não lhe
permitiu cogitar.
– Vou com vocês! – anunciou.
– Não Edward, o melhor é...
– Vou com vocês e não se fala mais nisso... – retrucou cortando-o, porém sem alterar a voz.
Conformados, nenhum dos dois o contrariou. Seguiram no carro de Alice, com Edward ao volante.
Se qualquer um de seus amigos achou imprudente sua forma de dirigir, nada comentaram. Em
menos de vinte minutos estavam diante do edifício onde James morava. O vampiro foi o primeiro á
deixar o veiculo e, impaciente, esperou que Jasper descobrisse se o sócio estava em seu
apartamento. Quando o amigo trouxe a confirmação, sem nem ao menos pensar, Edward se dirigiu á
passos largos até a entrada. Antes que alcançasse a porta principal Jasper o pegou firmemente pelo
braço.
– O que pensa que está fazendo?
– Não penso... Vou subir.
– Não acho certo. – disse o amigo soltando seu braço.
– Ultimamente não temos ganhado nada fazendo o que é certo. Se James sabe de alguma coisa,
qualquer coisa, eu preciso ter conhecimento.
– E se Zafrina realmente estiver com ele? – Alice perguntou preocupada.
– Tanto melhor. – foi tudo que Edward disse antes de seguir para a porta ordenando. – Quero que
fiquem aqui. Alice pode cuidar do saguão e você da entrada de serviço. Não quero que detenham
ninguém, mas se algum imortal passar por vocês... Sigam-no.
Sem esperar respostas, ele se dirigiu até o porteiro somente para induzi-lo á dizer qual o
apartamento ocupado por seu sócio e entrar sem ser anunciado ou detido. Quando ocupou o
elevador, antes que as portas se fechassem, viu que Alice estava onde havia determinado e Jasper
fora de seu campo de visão, indicando que havia sido obedecido. Aquela pronta obediência lhe
restabeleceu a autoconfiança. Não importava em qual estado se encontrava, sempre seria o líder.
Ainda estava angustiado por não conseguir contato com Isabella, mas ao menos não estava
inutilizado como antes. A ação tão desejada lhe dava ânimo e força.
Chegando ao andar indicado, seguiu até a porta do apartamento ouvindo sons característicos que
ficavam cada vez mais audíveis á medida que se aproximava. Ignorando a campainha e sem se
importar com o que interromperia, Edward bateu vigorosamente contra madeira maciça. Em pouco
mais de um minuto James atendeu a porta vestido apenas em um short de pijama, com uma
expressão de surpresa no rosto.
– Senhor Cullen? – perguntou unindo as sobrancelhas. – O que faz aqui?
Ao sentir o cheiro de álcool e sexo que ele exalava e maldizendo a restrição que não o permitira
entrar, o vampiro disse apenas.
– Quero falar com sua acompanhante.
– Com quem senhor?...
Percebendo a autentica surpresa, Edward se lembrou do maldito jogo e blasfemou mentalmente
contra todo e qualquer peão fraco e induzido. Mirando o vampiro nos olhos ordenou.
– Cale a boca e não me atrapalhe. – então, chegando o mais perto possível da entrada, chamou. –
Zafrina... Não acredita mesmo que eu não saiba que está aí, não é?
Jasper estava certo quando os considerou “próximos” como um casal. Ainda assim Edward não
acreditava que a ligação fosse aquela. De toda forma, uma vez que não poderia impedir James de
atender á porta, a vampira não precisava comportar-se primariamente ou temer ser interrogada sobre
o estranho relacionamento; não estava ali para isso. Seu interesse no momento era única e
exclusivamente descobrir qualquer pista que o levasse diretamente á Isabella. E já que a encontrara,
quem melhor do que ela para ajudá-lo?
Como Zafrina ainda não se revelasse Edward também se lembrou de outro fato que poderia afastá-
la, então assegurou.
– Não vim falar sobre o humano que mandou até meu escritório ontem. – poderia ter acrescentado
que não comentaria sua covardia ao usar mensageiros, mas não queria irritá-la então explicou
amistosamente. – Preciso apenas falar com você. É importante.
Após alguns segundos, quando Edward começava á se impacientar, a vampira apareceu. Sem
demonstrar nenhum pudor, se apresentou vestida com a camisa que fazia jogo com o short usado
por James. Apenas dois dos últimos botões estavam fechados ocultando seu sexo, pois pelo decote
que a abertura da peça masculina formava, percebia-se claramente que ela estava completamente
nua. Depois de arrumar os cabelos de forma teatral atrás das orelhas, fazendo com que Edward
vislumbrasse boa parte dos seios simetricamente redondos e firmes, ela reclamou.
– Os cidadãos desse país não têm o direito de aproveitarem o feriado em paz?
Ignorando o comentário falsamente lamurioso, Edward a avaliou com maior atenção. Começava á
ficar difícil acompanhá-la. Há apenas quarto dias, Zafrina demonstrava um profundo desprezo pelo
vampiro á sua frente; isso depois de oferecer-se á ele próprio. Agora estava diante de si,
completamente á vontade depois de ter sido interrompida em pleno ato sexual com aquele que não
demonstrava o mínimo interesse. James por sua vez nem tomou conhecimento da mulher que o
abraçou pelas costas e pousou as mãos em seu dorso despido; tal qual a peça inanimada que o
designava.
– Acredito que nós dois estamos nos perguntado o que o outro faz aqui. – ela comentou encarando-o
enquanto se enroscava no vampiro como uma trepadeira daninha.
– No momento o que faz aqui não é da minha conta. – disse Edward sinceramente sentindo o traço
de vinho do Porto em seu hálito; a vampira estava ébria.
– Que pena! – ela lamentou em um muxoxo.
Saindo de trás de James, Zafrina veio se recostar ao batente tomando o devido cuidado de
permanecer do lado de dentro. Então, correndo o dedo indicador pelo vão dos seios sugestivamente,
continuou.
– Não sei como descobriu que eu estava aqui, mas já que veio... Eu estava imaginando se não
estaria disposto a se juntar á nós...
O que ela fazia com James realmente ainda não lhe interessava, contudo, o teatro começava á cansá-
lo. Á quem ela tentava enganar?... Edward era profundo conhecedor das mulheres; todas elas.
Portanto a imortal poderia continuar com sua pose de mulher fatal o quanto quisesse; não o
convenceria. Havia mais naquela ligação do que ela deixava transparecer, pois a vampira poderia
estar se oferecendo de forma descarada á ele, mas não o desejava.
Subitamente irritado por ela nunca revelar-se verdadeiramente como era e farto com toda a
dissimulação que o álcool ou a péssima atuação não disfarçava, Edward ignorou o comentário e
perguntou acidamente na tentativa de derrubar-lhe a máscara.
– Então a “rainha” está aberta á todo tipo de jogo e na verdade não é tão avessa á peões quanto faz
parecer, não é mesmo?... O problema é somente pajeá-los?... A fornicação com a classe inferior é
bem aceita por seu “rei”?
– Hummm... O rei oponente está preocupado com relações que vão contra a hierarquia?... Eu tentei
conseguir um pouco de diversão com alguém da mesma posição que a minha, acho que você se
lembra... Eu já disse... Se por acaso abandonou aquela ideia antiquada de fidelidade á sua rainha,
pode participar também e...
– Já chega! – Edward vociferou.
Queria fazê-la revelar-se, mas não esperava preparado para que Isabella fosse mencionada então,
sem mais nenhum resquício de paciência para afrontá-la, perguntou de forma mordaz.
– Se Aro chegasse aqui e agora também partilharia de sua ideia sobre o desuso da fidelidade?
– Deixe Aro fora disso!... – ela pediu finalmente saindo da pose de mulher fatal para fechar a frente
da camisa com força e cruzar os braços. – E diga logo o que quer.
Aquela era a Zafrina que poderia dizer que conhecia. Tentando acalmar-se, afinal era preciso se ater
ao fato de ele que precisava dela, Edward respirou profundamente antes de dizer apaziguador.
– Escute!... Não é da minha conta o que está fazendo com James e pouco me interessa se Aro vai
gostar ou não. – como ela nada dissesse, ele concluiu colocando as mãos nos bolsos da calça. Ao
sentir o anel de sua noiva o apertou entre os dedos e revelou de uma só vez, indicando James com a
cabeça. – Paul está com Isabella e vim aqui tentar descobrir se ele poderia saber algo que pudesse
me ajudar á encontrá-la. Mas como está aqui, acho que é a mais indicada para fazê-lo.
Para seu alivio, a vampira não expressou nenhuma reação debochada ou fez qualquer comentário
maldoso.
– Sinto muito Edward! – ela disse apenas.
O pesar causou estranheza ao vampiro, pois pareceu verdadeiramente sincero. Porém nem ao menos
teve tempo de assimilar a súbita mudança. Suas palavras seguintes roubaram o pouco de esperança
que ainda lhe restava.
– Infelizmente não há nada que nenhum de nós dois possamos fazer. Dou-lhe minha palavra que
James nada sabe sobre isso e há dias não tenho contato com Paul; sabe disso. Contei-lhe isso na
segunda pela manhã e nada mudou desde então. Ele não tem aparecido em seu apartamento, então
não sei mais onde encontrá-lo. Só posso lhe afirmar que se Paul seqüestrou a humana foi
contrariando ordens e dificilmente ficaria onde pudesse encontrá-lo.
– Tudo bem!... – Edward ainda não se daria por vencido.
Naquele instante, se arrependendo pela provocação inicial, pois já havia reconhecido ser preciso se
valer de reforços, Edward disse na tentativa de conseguir uma aliada, mesmo que temporária.
– Mas já que citou nosso encontro, vale lembrar que você queria minha ajuda para eliminá-lo. Não
sabemos onde ele está agora, mas Paul e eu temos um encontro marcado está noite no Central Park.
Não gostaria de acabar com o cretino insubordinado junto comigo?
Ainda mantendo a camisa bem fechada, Zafrina arrumou uma mecha de cabelo imaginaria atrás da
orelha antes de dizer.
– É realmente tentador, pois não o suporto. Por mim ele nem teria sido criado, mas agora não acho
prudente me meter nessa história. Não sei se posso confiar em você e está claro que Paul não tem
mais controle. Sei que ele é obcecado por sua humana, por isso Aro o transformou, afinal, ele
conhece a determinação dos apaixonados. Mas se Paul perdeu o medo de seu criador ao ponto de ir
contra suas recomendações, ele está ainda mais perigoso. Conheço a intensidade de sua força
Edward. Mesmo sendo antigo tem boas chances contra um vampiro novo. Contudo, não quero
correr o risco de me indispor com um recém criado caso ele leve a melhor nessa disputa.
Surpresa seria se conseguisse a ajuda da vampira, Edward pensou. Então, uma vez que não
conseguiria saber de nada nem ao menos através de James e sairia daquele encontro sem conseguir
o que desejava, o vampiro deu as costas para os outros dois e saiu sem olhar para trás. Zafrina ainda
tentou chamá-lo de volta com desculpas, mas ele não lhe deu ouvidos. Não havia nada que ela
pudesse dizer sobre o quanto sentia que lhe interessasse. Outra hora tentaria entender aquela
estranha relação daqueles dois. No momento, tudo que lhe interessava era saber como chegaria até a
meia-noite sem perder a sanidade.
Ao descer pela escada de incêndio, Edward maldizia a enigmática vampira. Não precisava que ela
lhe lembrasse o quanto o rábula dos infernos era obcecado por Isabella, assim como também
dispensava saber que ele lutaria de igual para igual e que tinha chances reais de sair vitorioso.
Resignando-se, disse á si mesmo que uma coisa ele era obrigado á admitir. Não conhecia Aro –
apesar de ele saber praticamente tudo á seu respeito – ainda assim poderia ter certa, o rapace sabia
escolher as peças que usaria em seu jogo.
À Edward caberia fazer o que estivesse ao seu alcance para arrancar-lhe a cabeça tão logo tivesse a
oportunidade, contudo tinha que ser realista. As forças se equiparavam e, por mais que lhe doesse
reconhecer, o amor e o desejo de ficar com Isabella também eram proporcionais então ambos
dariam o melhor de si durante a luta. Aquela não era hora de empertigar-se e esbravejar ou cantar
vitórias ainda não conquistadas; finalmente havia chegado a hora de agir com a razão.
Quando Edward chegou ao térreo, sabia exatamente tudo o que faria. Em primeiro lugar tentaria
não sofrer com a falta de contato com Isabella, acreditando que ela apenas dormia. Assim como não
se deixaria abater pela angustia da espera, ficando prostrado como fez até a uma hora atrás. Sim,
aquilo era exatamente o que faria. Seguro com sua decisão, procurou por Jasper e Alice. Ambos,
cada qual onde havia determinado que ficassem, mostraram-se aflitos com sua demora em retornar.
Depois de contar-lhes sobre sua conversa com Zafrina, Jasper perguntou com as sobrancelhas
unidas.
– Ela não lhe deu nenhuma explicação para estar aqui?
– Não lhe pedi explicações. – Edward esclareceu. – Apenas saber de algo que me ajudasse agora era
tudo o que eu queria. Depois que recuperarmos Isabella, daremos um jeito de descobrir o que há
entre esses dois.
– E você acreditou nela quando disse não saber de nada? – inquiriu Alice.
– Posso até estar sendo condescendente, mas creio que ela diz a verdade.
– Como já disse uma vez, não a conheço para julgar, mas não confio nela. – a vampira declarou.
– Eu também não. – Jasper fez coro á esposa então disse á Edward. – Se não temos mais o que fazer
e não for precisar de mim, quero ficar aqui e esperar. Quem sabe eles não saiam para que eu possa
segui-los?
– Qualquer descoberta é melhor que nenhuma, mas não lhe farei companhia. – Edward anunciou. –
Agora vou acatar a recomendação de Alice e descansar para essa noite. Acho que vocês deveriam
fazer o mesmo, mas se ficar aqui é o que querem, façam como preferir.
– Estamos bem... – o sócio garantiu. – Á que horas e onde nos encontramos?
– Se não se importarem de esperar comigo, quero estar no parque o mais cedo possível.
Infelizmente preciso esperar que anoiteça para caçar, então que tal ás nove? Podemos nos encontrar
próximo ao conservatório de água.
– Estaremos lá.
Após a confirmação feita em uníssono, Edward se despediu dos amigos e seguiu a pé até a Wall
Street; ainda sentia a necessidade de movimento. Não correu, apenas caminhou á passos largos até
chegar á sua garagem, quando então voou escada acima. Ao entrar em seu apartamento, foi atingido
pelo cheiro deixado por Isabella. Inconscientemente fechou os olhos e deixou que ele se espalhasse
por suas veias; era pouco. Com um bufar exasperado, Edward abriu os olhos e procurou pelo anel
em seu bolso. Admirando-o em sua palma, disse.
– Essa noite você volta para o dedo de sua dona.
Acreditando nas próprias palavras, o vampiro deixou-o sobre a mesa de centro ao lado do tabuleiro
de xadrez com a partida interrompida. Bloqueando a sensação de vazio que ameaçava se apoderar
dele ao relembrar da última vez que esteve com Isabella, Edward retirou toda a roupa e nu, seguiu
até a piscina para se atirar em suas águas. Sua intenção era nadar até que se sentisse esgotado
emocionalmente, mas ás primeiras braçadas foi visitado pelo episodio de outra piscina, onde foi
preciso socorrer a jovem.
Não havia como estar apartado dela. Desde que a conheceu Isabella estava incrustada em sua vida,
mesmo que naquele momento não á sentisse como queria. Dormindo, ela está apenas dormindo,
sugestionou-se. Edward preparava-se para sair da água quando aconteceu; a tristeza dela lhe atingiu
bem em cheio o coração. Sabia ser contraditório, mas foi inevitável conter um sorriso de puro
alivio. Ela estava de volta!
Imensamente satisfeito pela conexão restabelecida, o vampiro se deixou ficar na piscina um pouco
mais, nadando de um lado á outro. Alimentando seu lado masoquista ao deleitar-se com o
sofrimento que uma Isabella ausente lhe proporcionava. Ela estava viva e isso era tudo que lhe
importava.
Após alguns minutos, subitamente sentiu sede. Uma necessidade crescente de sangue e força. Ainda
não escurecera, mas algo o compelia á se alimentar; sua boca salivava ao passo que sua garganta
ardia. Incomodado e movido por essa sensação, Edward saiu da piscina e, depois de pegar o anel,
seguiu até seu quarto. Sem olhar para a cama, foi até o banheiro secar-se e então voltou ao cômodo
para se arrumar. Foi inevitável que seu olhar recaísse sobre os lençóis que dividiu com Isabella por
apenas um par de noites; assim como refrear a pontada aguda em seu velho coração.
Sedento; sentindo-se contraditoriamente ansioso e angustiado com a luta e o eminente encontro com
Isabella – pois tinha certeza que o infeliz a levaria – Edward subitamente foi privado de suas forças
ao ponto de ser preciso sentar-se á beirada do colchão. Irritado com os sentimentos que não
conseguia controlar, cobriu o rosto com as mãos para conter um urro de frustração, saudade e dor.
Queria Isabella de volta, não importava como ela havia partido – sem um bilhete ou ligação.
Nem mesmo lhe importaria o que tivesse acontecido á ela naquela noite passada na companhia do
rábula. Se o cão infernal tivesse conspurcado sua noiva não a culparia, antes disso, recriminar-se-ia
pelo resto de seus dias se sobrevivesse á contenda por não tê-la protegido como deveria. Preso á sua
convicção, Edward ergueu a cabeça repentinamente á procura de ar; aquela tortura tinha que ter um
fim e aquele era o momento. Uma vez que se encontrava no mais profundo inferno só lhe restava
reagir e emergir.
Deixando que a raiva que começava a nutrir por si mesmo tomasse corpo e o dominasse, Edward se
pôs de pé e se dirigiu ao guarda-roupa. Novamente estimulado, vasculhou-o até escolher a boxer,
uma calça jeans escura, assim como uma camiseta preta e sobretudo da mesma cor. Depois de
vestido e calçado, apenas passou as mãos pelos cabelos úmidos e saiu.
Ao chegar á garagem cogitou sair de moto, mas então se lembrou que ela não acomodaria Isabella
de forma confortável quando a trouxesse de volta. Continuava sendo realista, mas confiava que o
resultado da disputa seria favorável á ele. Preso á essa certeza, em minutos corria as ruas com sua
SW4. Não sabia para onde ia somente que precisava de alimento o quanto antes. O dia ainda estava
claro e as ruas movimentadas naquele feriado de Ação de Graças. Olhando para os rostos felizes dos
que cruzavam seu caminho, Edward desejou também ter o que agradecer no final da noite.
Deixando suas divagações de lado, assim como tentando não ser afetado pelos sobressaltos do
coração de Isabella, o vampiro prestou maior atenção á sua volta. Percebeu que rodara em transe,
pois estava no Bronx sem nem ao menos saber como havia chegado até o distrito. Na verdade não
importava onde estava e sim se conseguiria o que precisava. Cada vez mais sua garganta clamava
por sangue; os dias de privação cobravam reparação. Após mais alguns minutos de ronda,
finalmente viu sua chance.
Passava por um beco isolado de uma rua deserta quando viu o grupo de sete jovens; moças e
rapazes. Por sua atitude, Edward percebeu que se drogavam. Não suportava viciados, mas alimento
era alimento. Rapidamente estacionou alguns metros á frente e então retornou a pé até onde
estavam. À sua aproximação, as garotas olharam-no enlevadas ao passo que os rapazes se
prepararam para hostilizá-lo. O vampiro não lhes deu chance, ordenou que não se movessem e sem
cerimônias, serviu-se.
Apesar da intensidade de sua sede, Edward tinha consciência de se tratar de um grupo grande
demais. Não precisaria de todos para satisfazer-se e mesmo que aquele fosse o caso não teria como
se desfazer dos corpos. Com isso resolveu usar a quantidade em seu favor para que não fosse
necessário matá-los, apenas tomou o devido cuidado de não debilitá-los enquanto saciava sua sede.
Um á um sorveu o suficiente para sentir-se satisfeito, sem causar-lhes maiores danos. Depois de
induzi-los á irem embora sem se lembrarem do ocorrido, o vampiro voltou ao seu carro e deixou o
Bronx. Novamente seguiu sem rumo. Era preciso descansar, mas uma vez que a excitação havia o
dominado por completo, ele não conseguiria ficar parado, muito menos dormir. Talvez houvesse
somente um lugar em que permanecesse sossegado até o momento do encontro.
Ao chegar ao Central Park, imediatamente Edward foi visitado por novos sentimentos
desencontrados; paz e expectativa. Ainda lhe corroia a alma estar longe de Isabella, mas ali, em
meio ás arvores do lugar onde a conheceu, sentiu que o fim de sua agonia estava próximo. E assim
dividido, com o coração centenário batendo erraticamente, o vampiro vagou pelas calçadas do
parque até chegar ao mesmo banco em que a viu sentada pela primeira vez. Já havia sido
recuperado depois que o quebrou na noite seguinte em que a conheceu então Edward se sentou e
ajeitou seu sobretudo sobre os ombros maldizendo o frio daquele inicio de tarde.
Não poderia ser diferente afinal o inverno estava cada vez mais próximo, contudo Edward não se
queixava por si próprio e sim por Isabella. Novamente foi preciso pedir que, se o rábula agisse
como o bom crápula que era e realmente a trouxesse para a zona de guerra, ao menos se
preocupasse com ela tanto quanto ele próprio e a agasalhasse devidamente.
À que ponto havia chegado, ele pensou irônico e resignado com sua nova postura. Decididamente o
amor de Isabella o havia tornado uma criatura melhor. Esperava somente ser perdoado por falhar em
protegê-la da violência presente em seu mundo e ter a chance de retribuí-la; livrando-a de uma vez
do despeitado asqueroso assim como de sua fragilidade e um futuro decrépito finalmente
transformando-a em uma vampira que, ele tinha certeza, seria extraordinária.
************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... O que acharam?... Por favor, me contem...
Sei que estão surtadas e ansiosas, lokas pelo pescoço da autora dividindo a bandeja com
o do rábula... Mas não se desesperem... o encontro finalmente está próximo...
Semana que vem terá as últimas de postagens esse ano... Como o capítulo estava grande
eu dividi em dois... Vou postar um na quarta e outro na sexta pela manhã... Até lá todo
esse perrengue do vampirão com o rábula se resolve... Depois disso, como algumas de
vcs sabem, vou viajar então só nos encotraremos novamente no final de fevereiro...
Quanto aos reviews, estou ainda mais sem tempo e quando não é isso o site não me deixa
entrar... mas sempre que tenho a chance eu respondo á todos...
Como o site está em reforma, ele inverteram a ordem de exibição dos comentários, agora
aparece desde o 1º, por isso não sei onde estão comentários que recebo pelo meio da
fic... se algum review ficar sem resposta nesse caso, me desculpem... a falha não é
minha...
Bom... agora vamos ao spoiler:
Bella nada disse ou se alarmou com as idéias de uma mente inquestionavelmente insana
e imatura. Nesse sentido sabia que não teria problemas caso fosse mesmo induzida;
mesmo que Edward não fosse um vampiro experiente, perceberia facilmente que as
declarações de amor colocadas em sua boca não seriam suas. Contudo, antes que
retrucasse, Senna pigarreou para chamar-lhes a atenção antes de dizer.
Desculpe me intrometer em um assunto do casal... quando Paul á encarou com um olhar
fulminante, ela prosseguiu. Se ela é tão importante para você prometo não machucá-la,
mas pelo menos deixe a presença dela aqui valer para alguma coisa.
Como assim? Paul perguntou rispidamente.
Não acho que deva induzi-la á dizer coisa alguma. ela começou sem disfarçar o deboche.
Tudo bem viver nesse universo paralelo, mas mesmo nesse mundinho perfeito que habita
é preciso ser um pouco realista.
Àquelas palavras Bella sentiu seus pelos se eriçarem. Após uma breve pausa, Paul
perguntou ainda irritado.
O que quer dizer com isso?
Quero dizer que Edward jamais vai acreditar que ela voltou para você, seu idiota!... Se
quer mesmo acabar com ele assim como eu, é preciso que o cretino fique preocupado
com ela. Que veja como está apavorada em estar conosco... Isso vai abalá-lo mais que
meia dúzia de palavras manipuladas para afagar seu ego de macho preterido.
Sem respondê-la, o vampiro voltou os olhos para a jovem. Ela tentava á todo custo
manter-se calma, mas era traída por seu coração. Sabia que Senna tinha razão. Quando
Edward a visse em poder de seus inimigos ficaria preocupado; ela o distrairia como
sempre. Enquanto uma nova lágrima rolava por seu rosto, Paul sorriu. E quando um
brilho cruel correu pelos olhos negros, Bella se desesperou. A vampira havia conseguido
o que queria.
E então, para terminar com seu restinho de autocontrole e ainda assim obrigá-la á não
demonstrar o turbilhão de emoções que estava em seu intimo, ela o sentiu. Forçando o ar
á entrar em seus pulmões, Bella desviou os olhos do rosto do vampiro á sua frente e,
como estivesse somente o evitando, olhou em volta disfarçadamente. Evidente que não o
viu em parte alguma, talvez fosse até mesmo maluquice de seu coração desesperado,
afinal nenhum dos vampiros presentes manifestaram qualquer reação á uma possível
aproximação do inimigo, mas fosse como fosse, cada célula de seu corpo lhe dizia que
Edward estava naquele parque. E o que era pior; não tirava os olhos dela.
É isso... vejo-as nos reviews... =D

(Cap. 71) Capítulo 9 - Parte III

Notas do capítulo
Oieeeeeee... Saudade de todas...
Como prometi, capítulo extra para vcs...
Obrigada pelos comentários, pelas indicações... Vcs são demais... Ainda estou devendo
respostas, mas assim que puder eu att... =D
BOA LEITURA!
Edward tinha razão; sua paixão por vampiros não era sem motivos, Bella nasceu para ser um deles.
Sentia-se totalmente á vontade em sua nova condição. Seu temor ao ser deixada sozinha durou o
tempo de avistar sua vitima. Sim, titubeou diante de Irina, mas depois de sabiamente instigada por
seu vampiro, bebeu sem receio assim como havia acabado de fazer com o vigia; da mesma forma
que faria com o próximo que encontrasse.
Enquanto a vampira seguia pelos corredores do NY Offices, avaliava sua postura. Como Edward,
estava admirada com seu aparente controle. Mesmo sob a aparente civilidade, vampiros eram
assassinos naturais, mas não ela. Bella não desejava matar. Não se sentia compelida á viver de
animais, contudo não se imaginava tirando uma vida humana; se acontecesse, seria acidente – que
ela tentaria á todo custo evitar.
Mesmo com essa resolução, Bella sabia que não sentiria remorso caso acontecesse. Consideraria
apenas uma fatalidade. Desconhecia-se, mas apreciava cada descoberta dessa sua nova
personalidade. Talvez seus sentimentos mais ocultos tivessem vindo á tona depois da
transformação, afinal a mudança não traria novos patrões de comportamento, apenas libertaria ou
potenciaria os que já possuísse.
Distraída em sua auto-avaliação, a jovem sorriu maliciosamente. Se estivesse certa, Edward
novamente tinha razão – e há muito tempo –, pois sempre comentou sua perversão. Não era de
admirar que tivesse despertado “faminta” por ele. Apenas por se lembrar, seu corpo estremeceu.
Precisava voltar para junto dele o quanto antes. Querendo sentir novamente todas as emoções
vividas na suíte de Edward, Bella adiantou o passo.
Agora, mesmo que caminhasse sem pressa e distraidamente, não seguia sem rumo. Ao deixar o
saguão, ainda com o sabor do vigia em sua língua, imediatamente foi invadida pelo odor dos
humanos próximos. Tão logo chegou ao segundo andar um em especial a atraiu e era para ele que se
dirigia. O cheiro era forte, apetitoso e convidativo. Ao chegar ao final do corredor viu o objeto de
seu desejo; o segurança noturno de uma agência de seguros. O homem uniformizado, forte e
musculoso como um lutador de vale tudo, dormia em uma cadeira colocada á entrada da porta.
Tinha os cabelos negros, pele morena. Lembrou-lhe alguém, contudo Bella não atinou quem. Era
bonito –, mas não comparável á Edward – e seu odor mais forte do que os de suas primeiras
vítimas. A diferença lhe instigou a curiosidade. Sem desejar acordá-lo, a vampira se aproximou para
avaliá-lo. O bater do coração era compassado. Aproveitando a quietude Bella segurou seus cabelos
para que não roçassem nos braços cruzados do homem adormecido e encostou a cabeça
cuidadosamente contra seu peito estufado. Satisfeita com suas novas percepções, após alguns
minutos a vampira passou a farejá-lo; apetitoso.
Bella não sentiu necessidade de participação. Havia chegado até ele sem temores, estava alimentada
e tranqüila, poderia agir diferentemente. Com todo o cuidado, aproveitou a cabeça pendida para um
dos lados e começou á desabotoar a da camisa preta. Tão logo conseguiu abertura suficiente, Bella a
afastou para deixar o pescoço do homem indefeso em seu sono, exposto. Lentamente, ela o lambeu
antes de morder delicadamente. O sangue quente, curiosamente doce, condizia com seu odor, era
tão saboroso quanto cheiroso. Contudo não o suficiente para que ela desejasse beber mais do que
necessitava.
Como havia provado de dois humanos anteriormente, sugou-o apenas três vezes antes de lambê-lo
para cicatrizar a ferida causada por seus dentes gentis e afiados, imaginado se poderia fazer o
mesmo na noite seguinte. Viria á ele primeiro. Ainda tomando todo cuidado que pudesse ter, ela o
recompôs, abotoando a camisa para que ficasse como antes. Ao final de seu trabalho, ninguém
saberia o que havia acabado de acontecer ali. Satisfeita, a vampira sorriu na direção de sua terceira
vitima; nem seria preciso induzi-lo. Edward ficaria orgulhoso dela se pudesse vê-la.
Ao pensamento ela se ergueu e saiu do corredor, indo em direção á porta que levava ás escadarias.
Uma vez nela, correu o mais rápido que pôde até a cobertura. Completamente saciada, a nova
vampira deixou-se envolver pela sensação de liberdade imaginando como seria correr ao ar livre.
Infelizmente sabia que tão cedo não poderia; pelo menos não em Nova York. Ou talvez pudesse,
Edward saberia lhe dizer.
“Edward”
Somente o nome a deixava saudosa dele. Precisava estar junto ao seu noivo o quanto antes.
Esperançosa por encontrá-lo na cobertura, Bella irrompeu porta adentro e sem diminuir sua corrida
o procurou por todo o apartamento; não o encontrou em parte alguma. Frustrada, voltou para o
quarto e se sentou sobre a cama quebrada para esperá-lo. Por que a demora?
Bella despertou alarmada, sentando-se bruscamente. Nem havia percebido que dormira, pensou
olhando em volta. O silêncio absoluto era opressor e para agravar o clima estranho, viu que estava
sozinha. Onde estaria Edward?... De um salto, a vampira se pôs de pé em alerta. Esteve tão distraída
com as descobertas sobre si mesma, sobre seu noivo e tudo o que a imortalidade lhe trouxe de novo
que havia se esquecido do momento tenso que viviam. Não haviam se livrado de todos seus
inimigos; não sabia nem mesmo se Paul e Senna haviam sido mortos ou se conseguiram fugir.
Contrariando o que disse, Edward poderia ter saído e sido ferido.
– Não!... – exclamou seguindo até a porta decidida á procurá-lo.
Antes mesmo de chegar á ela ouviu o som descompassado do coração do vampiro. Edward estava
no apartamento, contudo longe dela. Intrigada, Bella seguiu até a sala, andando normalmente –
como se ainda fosse humana. Não sabia o motivo do afastamento e não queria parecer ansiosa. Algo
lhe dizia que Edward ainda poderia estar de mau humor por sua provocação infeliz. Seria somente
isso, pensou incrédula.
Provavelmente, visto que o encontrou sentado no sofá da sala às escuras, absorto, novamente sem
camisa, a rolar um copo de uísque sobre a coxa. Quando chegou á sua frente ele nem ao menos a
olhou. Ao reconhecer a expressão fechada e a postura rígida, Bella lutou internamente para não
sorrir. O vampiro ainda estava com ciúmes. Como era possível que uma criatura de quase duzentos
anos fosse tão mimada?... Ela não saberia nem precisava saber a resposta. O amava com todos os
defeitos que o tornavam único.
Como ele ainda não a olhasse, Bella se sentou sobre a mesinha diante dele. Sem dar-lhe atenção,
Edward tomou um gole breve de seu uísque e olhou para a porta que levava á sua piscina.
Divertindo-se com o comportamento infantil, ela disse como se nada estivesse acontecendo.
– Você demorou, acabei dormindo... Acordei sentindo sua falta.
Finalmente Edward a olhou, mas nada disse até beber todo o restante do uísque e simplesmente
jogar o copo no chão ás suas costas. Quando falou, o tom mordaz confirmou as suspeitas de Bella.
– Como foi sua primeira “caçada”?
Imediatamente o divertimento a deixou. Edward quebrar copos nunca foi um bom sinal. Tomando
cuidado com as palavras, disse a verdade.
– Teria sido melhor se você estivesse comigo. – então acrescentou sem falsa modéstia. – Acho que
teria orgulho de mim.
– Gostaria que eu estivesse com você? – perguntou ignorando o comentário.
Bella precisava entender, ele não poderia estar daquela maneira somente por uma brincadeira
infeliz.
– Tudo bem Edward... Qual é o problema?
O problema era seu gênio infernal, pensou contrafeito; ser tão doentiamente possessivo que não
conseguia sequer manter o orgulho que sentia por ela. Este durou o tempo de vê-la junto ao
segurança da seguradora. Ainda tentava negar a razão do tratamento diferenciado para com o
homem moreno. Na verdade não queria aceitar “o motivo” de tanto zelo. Ao pensamento, seu peito
rugiu. Não se importou em tentar contê-lo, afinal agora Isabella ouviria a mínima manifestação dos
sons que era capaz de produzir, assim como as batidas incertas de seu coração atormentado.
– Está me deixando preocupada. – ela disse escorregando da mesa para ajoelhar-se no chão, entre o
vão de suas pernas separadas. – Divida comigo.
Era o certo á fazer; deveria tê-la procurado antes que seu ciúme chegasse ao extremo irreparável.
Não era como Aro, podia sentir sua noiva, não decifrá-la. Talvez estivesse enganado, se não
compreendia, nada mais natural que questioná-la. Era tarde para consertar o que havia feito, mas
ainda precisava entendê-la. Não era sua intenção que ela soubesse de sua vigilância, mas agora via
ser estritamente necessário. Antes de dizer qualquer coisa, ergueu uma das mãos para acariciar os
cabelos macios de sua adorada.
– Não estive com você, mas eu a vi. – declarou.
– Como? – perguntou com as sobrancelhas unidas.
– No mezanino, ao lado da Cafeteria, há uma sala reservada para o circuito de câmeras de
segurança. Durante o dia temos um responsável por monitorá-las em tempo real, mas á noite todas
as cenas são somente gravadas. Quando a deixei no saguão fui para lá... – acariciando-lhe o rosto
declarou. – Jamais a deixaria completamente sozinha.
A jovem sentiu seu coração se aquecer, Edward era inacreditável. Queria poder dizer o que sentia,
mas algo na expressão séria do vampiro lhe indicava que ele tinha mais á contar, então apenas
ouviu.
– Eu tive orgulho de você!... – imediatamente Isabella lhe sorriu, contudo ele não a deixou dizer
uma única palavra. – Até que fosse para o segundo andar.
Então era aquilo; nunca esteve enganada. Edward apenas padecia do mais puro e corrosivo ciúme.
Deixando-se envolver pelas pontadas finas em seu coração ao confirmar a possessividade do
vampiro, a jovem refreou um sorriso envaidecido e perguntou.
– Certo; então você me viu com eles... Agora posso saber o que fiz de errado com o segundo para
que seu orgulho por mim desaparecesse?
Encarando-a com o cenho franzido, Edward arriscou o palpite que tentava negar.
– Você o elegeu seu preferido.
– Eu o quê?!... – ela perguntou incrédula; “Edward” era seu preferido.
– Não negue. – o vampiro pediu; odiaria ouvir, mas era preciso confirmar que não havia cometido
uma injustiça. – Descreva para mim o que sentiu.
– Eu... Apenas o bebi... Nada mais... – desconversou.
– O sabor dele não lhe pareceu diferente?... Saberei que está mentindo, então não tente banalizar e
me diga... O que sentiu?
Sem nada que pudesse fazer, ela disse sinceramente.
– Sim, ele era... Melhor que os dois primeiros.
Não errou, Edward pensou novamente enciumado.
– Isso acontece com todos nós... – explicou. – Ao longo de nossa existência, sempre encontramos
alguém de sangue agradável. Na maioria das vezes são tão saborosos que o bebemos todo, mas
acontece de reservarmos algumas dessas vítimas para outras vezes. Nesse caso tentamos poupá-la.
Alguns imortais as transformam para fazê-las companheiras eternas... Foi assim com Jasper e Alice.
Muitas vezes é difícil não se apaixonarem, pois esses “preferidos” despertam o desejo em vários
sentidos...
Entendendo onde Edward queria chegar, ela o cortou.
– Não “me apaixonei”; não senti desejo carnal por ele. Caso seja isso que o incomode, não precisa
se preocupar mais... O sangue dele é bom, pode até ser “meu preferido”, mas somente para me
alimentar, não usá-lo como homem...
Não duvidava da fidelidade dela; aquele não era o problema e sim o detalhe perturbador. Tão
perturbador que não foi capaz de voltar para Isabella ou olhá-la num primeiro momento quando ela
o encontrou á beber na sala. Respirando profundamente, ele fez a pergunta que mais o incomodava.
– E ele lhe lembrou alguém, não foi?
Como Edward poderia saber?... Sim ele se parecia com alguém conhecido, mas ela não se lembrava
quem então não deveria ser importante. Procurando pela feição em sua mente, Bella tentou encaixá-
la em outro rosto; não conseguiu, mas em segundos, duas das características lhe revelaram a
verdade. Entre incrédula e ofendida, ela perguntou.
– Não pode estar achando que o associei a “ele”... Está louco?
– É assim que você me deixa Isabella... – declarou num murmúrio cansado. – Louco.
Sabia ser impossível, mas algum dia Edward a mataria com aquelas declarações. Em milésimos de
segundo ele conseguia lançá-la do inferno ao céu e vice-versa. Naquele instante nem ao menos
permitiu que sua ofensa ganhasse força. Suas palavras simples, carregadas de dor e uma súbita
exaustão, comoveram-na. Não o queria daquela forma, então assegurou.
– Se tivesse feito tal associação eu o teria matado sem remorsos... Por você, por mim e por Black...
– decidida a terminar com aquele assunto de uma vez por todas, ela prosseguiu. – Você está certo,
ele me lembrou alguém, mas não sei quem poderia ser, então esqueça... Também não vou negar,
pensei em bebê-lo novamente, mas se isso o aborrece não o farei nunca mais.
Fora a confirmação de sua suspeita quanto á um reconhecimento, Edward saboreou cada palavra
dita por ela, assim como apreciava tê-la aos seus pés em uma atitude submissa prometendo uma
obediência que ele sequer havia pedido. Satisfeito, o vampiro acariciou seus cabelos mais uma vez.
– Sei que não o fará... Nem que desejasse, poderia.
– Vai me proibir? – ela perguntou sentindo seu conhecido mau gênio começar á vir á tona.
Edward esboçou um meio sorriso ao flagrar um brilho de rebeldia cruzar o olhar de sua noiva
geniosa, antes de declarar calmamente.
– Jamais vou proibi-la de coisa alguma, meu amor... apenas não poderá beber dele novamente
porque eu o matei.
E agora não sentia nenhum resquício de remorso, pensou. Não gostava de matar inocentes, mas não
poderia deixar que um escolhido por sua noiva sobrevivesse. Ainda mais quando ele era moreno de
cabelos negros; não depois de ver o cuidado com que ela o tratou ou o sorriso satisfeito que lhe
dirigiu. Diante daquilo Edward não conseguiu refrear o ciúme. Tão logo Isabella deixou o
segurança, o vampiro foi até o segundo andar para aplacar sua sede.
Por mais que fosse seu desejo, não foi violento; fez como ela, bebendo do homem adormecido até
matá-lo. Toda sua demora – reclamada por Isabella – foi a necessária para se livrar do corpo. Talvez
na manhã seguinte ele fosse encontrado em alguma praia; não lhe importava. O segurança de
sangue agradável era passado. Agora a única coisa que lhe preocupava era a reação de sua noiva.
Agora ela era uma vampira; sempre foi voluntariosa e seria muito mais do que todos os outros.
Privá-la definitivamente de seu preferido era ainda pior que tentar proibi-la de procurá-lo. Com
certeza toda submissão seria expulsa por sua rebelião interna.
Bella o olhava; incrédula. Nunca seria capaz de mensurar os sentimentos violentos de Edward.
Agora acreditava que o deixava louco; capaz de ir contra o que acreditava somente para manter-se
na preferência absoluta, mesmo que esta jamais fosse abalada por qualquer outro homem, mortal ou
imortal. Qual a novidade; aquela não era a primeira vez que se valera de inocentes antes por sua
causa.
Sabia ser certo recriminá-lo, mas não conseguiria fazê-lo uma vez que estava encantada;
envaidecida. Tal demonstração de posse e poder inflamou seu coração imortal, assim como ao seu
corpo. Edward era verdadeiramente um macho alfa que aniquilaria todo e qualquer rival; por mais
improváveis que pudessem ser. Impossível não excitar-se.
Edward ainda esperava pela explosão de sua noiva quando percebeu o brilho inflamado dos olhos
castanhos e sentiu o odor inconfundível. Isabella estava excitada?... Ainda tentava entender como
havia acontecido, quando, ajoelhada como estava ela pousou as mãos em suas coxas e as acariciou.
– Seu sentimento de propriedade sobre mim é impressionante... – disse ainda esfregando as mãos ao
longo de suas coxas. – O que você fez?... Acordou-o para esbravejar que sou somente sua?
– Não me prestaria á esse papel! – assegurou seriamente, mesmo que a excitação dela o contagiasse.
Sim, ele se prestaria, Bella pensou deliciada. Era mais forte do que o vampiro exibir a supremacia
de sua posse. Já o havia feito várias vezes anteriormente. E em todas elas a jovem se sentiu a mais
importante das mortais. Agora imortal, experimentava a sensação em toda sua grandeza. E desejava
mais. Ignorando a afirmação mentirosa, ela inquiriu enquanto deixava suas palmas chegarem
provocativamente perto da virilha masculina.
– O que agravou seu ciúme?
– Não entendi a pergunta. – disse lutando para não se render á ela, visto que estava clara sua
intenção de atormentá-lo.
– Acho que sei quando foi... – ela disse lhe abrindo o melhor e mais luminoso sorriso. – Quando o
cheirei, não foi?
E então ela começou a farejar o interior de uma das coxas, depois outra. Seu nariz estava á um
centímetro da perna coberta pela calça, mas a sensação que tinha era que o tocava. Impossível não
excitar-se. Como se adivinhasse o momento exato, ela correu as mãos pequenas para o volume que
o jeans mal ocultava. Edward fechou os olhos ao contato, mas os abriu imediatamente; não queria
perder nada que ela fizesse.
– Admita! – ordenou.
Decidida, ela ergueu o corpo e substituiu as mãos pelo nariz, cheirando-o ruidosamente enquanto
acariciava a ereção coberta com a ponta do nariz.
Edward acomodou o corpo sobre o sofá, separando mais suas pernas longas para que ela tivesse
uma maior área de cobertura. O toque era mínimo, mas o ato em si potencializava toda a ação,
fazendo com que seu membro farejado reclamasse contra o tecido áspero a calça. Rendido ás
sensações que ela lhe despertava, ele entrou em seu jogo.
– Acertou. Não gostei de vê-la cheirando outro homem...
Como recompensa pela honestidade, ela o mordiscou sobre o tecido grosso. Imediatamente a
promessa de prazer correu por seu corpo; precisava de mais agrados pervertidos.
– Também não gostei que encostasse o rosto contra o peito dele...
– Estava apenas ouvindo o coração... Mas prefiro o ritmo do seu. – ao dizer isso voltou á acariciá-
lo, correndo a mão por seus testículos enquanto o nariz ainda tocava a extensão de seu membro
coberto.
Soube o que ela pretendia quando seu coração falhou uma batida; Isabella o estava testando.
– Essas falhas são muito mais interessantes do que o bater monótono e previsível do coração
humano. – então novamente o mordiscou sobre a calça.
– Ah... – ele gemeu alto, movendo-se sobre o sofá mais uma vez. – Dispensaria ter visto quando o
lambeu e bebeu...
– Quando o lambi... E bebi... – repetiu roucamente.
Edward esperou por outra mordida ou carinho, ao invés disso, Isabella segurou o cós da calça, não
para abri-lo, mas para rasgá-lo. Não se contentou em arrebentar botão e zíper, estragando a peça ao
parar somente quando a abertura chegou ao meio de suas coxas. Imediatamente seu membro se
revelou endurecido e hirto diante do rosto da vampira maravilhada.
– Quer sentir minha língua também em sua pele?
– E que me “beba”; espero... – disse roucamente.
Bella também esperava o mesmo. Desde a primeira vez que o provou daquela maneira almejou o
dia de fazê-lo novamente. Tinha pressa, contudo, subitamente se lembrou de todas as vezes que
Edward a torturou, então apenas o cheirou.
– Por favor, Isabella... – Edward implorou.
Satisfeita, com a boca formigando por prová-lo, ela lambeu-lhe os testículos. Imediatamente o
vampiro se eriçou antes de acomodar-se. Enquanto os chupava, ela passou a manipular o membro
ereto, delicadamente. Para sua desgraça, a tortura igualmente lhe afetava. Sua fenda latejava
violentamente, clamando por receber aquilo que ela em breve experimentaria em sua boca.
O que Isabella esperava?... Matá-lo?... Aconteceria de toda maneira, mas queria a morte plena.
Aquele carinho aplicado por ela também o enciumava, como da primeira vez. Contudo os espasmos
de prazer que ele sentia somente com a antecipação, não lhe deixavam pensar muito á respeito.
Sentir os lábios e língua trabalharem em seus testículos e a mão delicada – que possuía força para
esmagá-lo – que o masturbava levava-o ao céu, ainda assim queria alcançar alturas maiores.
Quando a língua começou a subir por seu membro, Edward experimentou um prazer inenarrável e
quando ela circulou sua glande, o vampiro quase chegou ao orgasmo. Imediatamente segurou-a
pelos cabelos na tentativa de obrigá-la á descer a cabeça, mas agora ela era tão forte quanto ele e
resistiu. Maldosamente a vampira continuou á rolar a ponta de seu membro na língua áspera
enquanto ainda o masturbava, sugando-o minimamente naquele ponto limitado, como se o beijasse.
Nem o fogo do inferno a queimaria mais, mas Bella não se rendeu. Era preciso puni-lo por todas as
vezes que ele igualmente a torturou e por seu afastamento de minutos atrás, quando a deixou
sozinha. O vão entre suas pernas latejava dolorosamente, até mesmo sua boca ansiava por
preenchimento, ainda assim ela resistiu á força exercida em sua cabeça e o provocou, ignorando
seus gemidos e lamentos exatamente como ele fazia com ela até que gozasse.
Quando o vampiro se rendeu aos estímulos insatisfatórios de sua boca, ela gemeu em
contentamento e finalmente a desceu sobre o membro rígido que ainda despejava o liquido ralo,
viscoso e escasso, para recebê-lo diretamente em sua garganta.
– Maldita!... – Edward vociferou desesperado.
Experimentava o prazer mesclado á tortura agonizante de um orgasmo violento e intermitente visto
que ela não lhe deu chance de recuperação, passando a sugá-lo enquanto ainda gozava. A
ambiguidade das sensações o massacrava então gemia alto e rosnava tentando afastá-la pelos
cabelos, sabia que seu velho coração não resistiria. Seu corpo cansado e trêmulo verdadeiramente
explodiria, pois o prazer extremo não cessava, visto que Isabella o sugava vigorosamente como se
beber de seu sêmen inútil e velho dependesse sua vida.
– Por favor, pare Isabella... Pare...
Quando uma nova torrente de prazer se formou em seu intimo, anunciando que novamente gozaria
mesmo que parecesse ainda fazê-lo, ele prendeu-lhe a cabeça pelos cabelos para que não se
afastasse e, movendo o quadril ritmadamente contra a boca torturadora, implorou o contrário.
– Não pare...
Ele não precisava lhe pedir tal coisa, queria tudo que tinha á lhe dar, então o sugou com mais força,
ainda masturbando a parte que sua boca não comportava. Quando o corpo de Edward estremeceu
violentamente e ele novamente gritou, entre gemidos e rosnados animais, Bella o acompanhou no
gozo sem nem ao mesmo ter sido manipulada. Somente rendida ao prazer de dominar seu macho
alfa para lhe dar uma satisfação que sabia ter sido plena e poderosa.
A jovem vampira ainda o provou até que nada mais saísse do membro semi-ereto. Quando
finalmente o deixou, Edward arfava estendido sobre o sofá. Vampiros perdiam o fôlego?... Tudo
indicava que sim, pensou satisfeita, livrando Edward do trapo que antes lhe servia como calça. Nada
seria mais recompensador do que a visão de seu vampiro nu e satisfeito, mirando-a com fogo no
olhar esverdeado. Também queria a mesma satisfação, ainda que tivesse lhe acompanhado seu
corpo pedia pelo dele então a jovem se pôs de pé para se despir. Agora sabia que seu noivo era uma
fonte inesgotável de prazer.
Edward queria ser capaz de dizer qualquer coisa, mas sua mente abalada tanto quanto seu corpo,
não lhe permitia pensamentos coerentes. O único que lhe ocorria era que jamais poderia imaginar
que uma de suas piores crises de ciúme fosse ser recompensada com todas aquelas sensações
extremas; luxuriantemente conflitantes. Sabia que Isabella era experiente e isso lhe incomodava.
Ainda assim estava satisfeito por ter recebido aquele carinho obsceno; e teria mais. Ver sua vampira
se despir á sua frente fez com que seu membro revivesse. Quando ela se aproximou, sem nada dizer,
já estava preparado para recebê-la, agora da forma correta.
Sem rodeios, Bella se ajoelhou sobre o sofá e passou uma das pernas sobre o corpo de Edward para
montá-lo. Ambos urraram ao encaixar os sexos ainda estimulados pelo gozo recente. Imediatamente
a vampira acomodou-se de forma que seu ponto diminuto e sensível roçasse os pelos pubianos de
Edward, para proporcioná-la maior prazer. O movimento a excitava, mas ela queria mais ação e
força; condizentes com seu macho dominante.
– Confirme para mim que sou sua, Edward... – ela lhe pediu.
Ele confirmaria; tão logo ela lhe atendesse em seu novo vício.
– Assim que provar seu sangue preferido uma última vez... – disse pousando as mãos nos quadris
cheios dela, para ajudá-la a se mover.
– Não entendi... – falou mordiscando-lhe a orelha, para distrair sua real vontade.
– Morda-me Isabella.
Havia ouvido direito, perguntou-se erguendo o rosto para olhá-lo de frente. Percebeu naquele
instante que o dia começava á nascer, pois o rosto de Edward estava nítido em meio a leve
penumbra. Ao cruzar os olhares, soube que ele realmente desejava o mesmo que ela. Sendo
invadida pela ansiedade de antecipação, Bella desceu os olhos para a veia saliente do pescoço
másculo. Como que para confirmar o pedido, o vampiro inclinou a cabeça para trás e fechou os
olhos.
Edward gemeu audivelmente quando afundou seus dentes na carne rija. Ao bebê-lo, Bella entendeu
o que ele quis dizer, o sangue revigorado trazia o mesmo sabor de sua última vítima; seu
“preferido”. Lembrando-se que foi por causa dele que tudo começou, e sabendo que, por mais que
apreciasse mordê-lo, não poderia privá-lo de sua reserva de alimento, ela o lambeu e provocou antes
que fosse tentada á ir além.
– Apetitoso... Sentirei sua falta...
– Bruxa provocadora! – Edward rosnou, fuzilando-a com o olhar.
Ainda com o pescoço formigando onde ela havia movido os lábios infames, Edward foi novamente
dominado pelo ciúme então a derrubou deitada no grande sofá sem cuidado algum e se pôs sobre
ela.
– Sentirá falta dele não é mesmo? – rosnou mais uma vez, segurando-a pelos pulsos com uma das
mãos.
– Todos os dias de minha existência... – lamentou com expressão saudosa, excitando-se com o
súbito acesso de fúria.
– Maldita seja!... – Edward grunhiu.
O vampiro sabia se tratar verdadeiramente de provocação, pois Isabella poderia fugir de seu ataque
quando bem desejasse. Ainda assim seu peito desavisado doía, fazendo com que sua força se
manifestasse sem que pudesse contê-la. Valendo-se dela, decidiu que era hora de atendê-la e mostrar
que era sua. Com a mão livre segurou-a pelos cabelos, obrigando-a a erguer a cabeça e deixar o
pescoço exposto. Deixando que sua boca se enchesse de saliva, anunciou.
– Sendo assim, vou pegá-lo de volta... Não admito nada do preferido em “minha” mulher.
Quando Edward a estocou e mordeu logo em seguida, Bella sibilou ruidosamente. Enquanto a
bebia, ele se movia furiosamente dentro dela, exatamente da forma que a vampira desejava; um
vampiro forte, macho e possessivo invadindo seu corpo sem reservas. Puxando seu cabelo com
força, movendo os lábios em sua pele.
– Edward... – gemeu passando a mover o quadril junto ao dele quando o vampiro liberou seu
pescoço. – Rosne que eu sou sua...
Não haveria outra forma de dizer, então ele rosnou a estocando ainda mais fundo.
– Minha... Somente minha... Sempre minha Isabella...
Quando o vampiro estremeceu sobre ela, imediatamente seu corpo sucumbiu aos estímulos,
levando-a ao céu. Seus gritos chegaram distantes aos seus ouvidos, tamanho estado de sublimação o
orgasmo violento a deixou. Naqueles instantes únicos, nada mais importava; somente seus corpos
trêmulos, fundindo-se em uma só alma.
O sol daquela manhã fria de final de outono entrava pelas imensas paredes de vidro. Os raios
tímidos tocavam seus corpos ainda sem aquecê-los. Aquela era a primeira manhã na vida imortal de
Bella e a jovem vampira nem ao menos lhe dava atenção. Estendida ao longo do corpo de Edward, á
rolar a mão masculina na sua distraidamente, Bella suspirou perdida em meio ao torpor que o amor
poderoso de Edward a deixava.
Sentia-se satisfeita. Estava como, e onde, sempre desejou estar depois que aceitou a condição do
vampiro. Eram iguais, física e moralmente. Ambos apaixonados, insaciáveis e possessivos. Sim, a
vampira ainda não havia experimentado “seus” ciúmes, mas tinha certeza que a dor seria tão intensa
quanto á que motivou o vampiro á matar sua terceira vítima. A jovem tinha certeza ser capaz de
arrancar cabeças caso sentisse o mínimo interesse; da parte dele ou de outra mulher. Sabia que seu
desprendimento inicial havia desaparecido; agora, não seria capaz de vê-lo com outra. Agora era
como ele; se tivesse que dividir seu coração, preferiria arrancá-lo.
Assim como seria capaz de arrancar o coração de qualquer um de seus rivais para protegê-lo com a
mesma fúria assassina, caso o ameaçassem. Tal pensamento a fez novamente recordar que não
estavam livres de seus inimigos. Tudo aconteceu tão rápido; seu reencontro depois que voltou á
cobertura, sua transformação... Seu despertar conturbado em que o desejou desesperadamente, não
lhes deixando sequer se alimentarem corretamente antes de caírem um nos braços do outro por
incontáveis vezes, de forma tão intensa que não sobrava tempo para mais nada ou ninguém.
As sensações daquele último ato ainda estavam presentes em seu corpo, ainda sentia uma leve e,
aparentemente, constante excitação, mas sabia que não poderiam ficar naquele ciclo vicioso de
sexo, provocações, demonstrações de força e prazer para sempre. Havia um mundo lá fora, um
mundo ao qual faziam parte; eternamente. Por mais que não fossem obrigados – ou necessitassem –
tinham obrigações á cumprir e não poderiam fazê-las ou seguir com suas vidas, sem antes acabar
com seus inimigos de uma vez por todas.
Tinham muito que conversar. Bella precisava dizer o que descobriu, assim como Edward tinha que
contar á ela o que aconteceu no parque depois que foi tirada de lá por Alice. Queria saber o que
havia acontecido aos seus captores; á Paul, mas ainda não sabia como perguntar sem aborrecer
Edward. De uma forma ou de outra tinha que fazê-lo. Decidida, a vampira se obrigou á ignorar o
corpo nu e desejável estendido junto ao seu sobre o sofá e se acomodou da melhor forma possível,
erguendo o dorso para olhar Edward de frente. Pousando as duas mãos – a sua e a dele que segurava
– sobre o peito largo, disse.
– Preciso lhe fazer uma pergunta.
– Eu também. – ele disse seriamente. – Eu machuco você?
– Não!... – ela exclamou juntando as sobrancelhas. – De onde tirou isso?
Da forma que a vinha tratando desde que despertou, pensou. Isabella era forte, imortal como ele,
mas isso não queria dizer muita coisa agora que havia usado sua força com ela. Em um de seus
arroubos de paixão e ciúmes, poderia acabar por feri-la. O silêncio que se instalou depois do último
orgasmo experimentado por ambos, resultante de seu desejo enfurecido o preocupou.
Depois de se estenderem no grande sofá, Isabella passou á acariciar sua mão, circunspecta e
gradativamente começou á ficar apreensiva, inquieta. Ele podia sentir. Tinham vários assuntos
pendentes; uns mais perturbadores do que outros, mas não poderia abordá-los se não soubesse o que
a afligia. Respirando profundamente ele respondeu, estreitando-a em seu braço, acariciando a volta
acentuada da cintura fina com a mão livre.
– Está muito séria. Agora sabe que minha força se equipara á sua. Nunca foi minha intenção usá-la
com você, mas... Da primeira vez foi necessário e agora não consegui contê-la. Fico me
perguntando se nesse último momento eu não... – Edward se interrompeu e acariciou o rosto dela
depois de soltar-lhe a mão.
– Não... Não me machuca... – sem que pudesse evitar um sorriso malicioso se formou em seus
lábios. – E se quer a verdade, gosto desses seus rompantes... Eles me excitam...
Edward a acompanhou no sorriso, satisfeito em sentir a alteração sutil no odor constante de
excitação que ela exalava, mesmo estando saciada, que confirmava suas palavras. Alargando o
sorriso, disse.
– Criei a mais pervertida de todas as vampiras.
– Tive um bom professor... Não poderia ter sido diferente, não é mesmo?...
– Não poderia! – ele confirmou ainda sorrindo, então, ao se lembrar da aflição anterior que sentiu
vindo dela, perguntou subitamente sério. – Se não a machuquei, o que lhe aflige?
A jovem suspirou e, também séria, passou a fazer contornos aleatórios sobre o peito masculino.
– Temos muitas coisas á conversar... – respondeu.
Bella desejava saber se ao menos estavam livres do vampiro idiota, mas não queria que Edward
confundisse a razão de sua curiosidade. Estava claro que Paul sempre seria uma sombra entre eles,
pois somente por carregar algumas semelhanças suas um humano havia sido morto. Bella sabia que
“aquele” fora o real motivo; Edward não mataria um inocente somente porque seu sangue era
agradável á ela. Pelo menos tentava crer que não. Receosa, sempre correndo os dedos em meios aos
pelos do peito dele para distraí-lo, prosseguiu.
– Eu... Queria saber o que aconteceu ao... Paul... Você...
– Arranquei-lhe os olhos, o coração e a cabeça. – contou sem rodeios segurando a mão que o
perturbava. – Matei aquele rábula dos infernos como o avisei que faria caso a tocasse novamente.
Na verdade o faria da mesma maneira, pensou enraivecido. Não era sua intenção que as palavras
saíssem de forma violenta, mas não pôde evitar. Estava clara a intenção de distraí-lo e isso o irritou.
O rábula sempre o enfureceria mesmo que agora estivesse atormentando o diabo. Enquanto falava,
mirou o rosto de Isabella sem desviar o olhar. Se vislumbrasse a mais leve sombra de compaixão
nos olhos castanhos, enlouqueceria. Contudo, para seu completo alivio, o que viu neles foi o mais
límpido contentamento enquanto ela lhe sorria com cumplicidade.
– Não esperava menos de você... Pena não ter visto.
– Não foi uma cena bonita de se ver...
Intimamente disse á si mesmo que também gostaria que ela estivesse ao seu lado e não que tivesse
boa parte do prazer de matá-lo roubada pela dor de tê-la perdido.
– E quem iria querer beleza? – ela perguntou séria, salvando-o da lembrança inquietante.
Bella queria era ter sido capaz de matá-lo com suas próprias mãos. Ter arrancado as dele por ter se
atrevido á tocá-la enquanto dormia, queria vê-lo sofrer.
– Ele ameaçou meu pai, me obrigou á deixá-lo Edward... Era tão vil e baixo que matou uma
criaturinha indefesa... Você jamais saberá a dor que senti ao ver a cabeça de Black...
– Sinto muito por seu gato, mas estamos em guerra... E todos lutam com as armas que têm... Eu
deveria ter previsto que ele faria algo do gênero.
– Não me esquecerei disso... Quanto á Paul, ainda bem que o matou! – ela exclamou enraivecia com
o vampiro morto. – O melhor que fazemos é esquecê-lo.
– Prometo tentar. – assegurou, ainda acariciando a cintura dela, sentindo que boa parte de sua
aflição havia se dissipado.
– E quanto á Senna? – ela perguntou.
– Não saberei lhe dizer.
Contrafeito, Edward a fez se sentar. Evitando baixar o olhar, fez o mesmo.
– Ainda não consegui manter contato com Jasper ou Alice.
– Ele também foi... – disse Bella satisfeita. – Não sei por que ainda os encontrou, mas logo
acontecerá. Sei que eles não o abandonariam.
– Jamais... – ele confirmou suas palavras; rolando uma mecha dos cabelos dela entre os dedos,
contou. – Chegaram quando mais precisava deles, mas os perdi de vista quando fui atrás do rábula.
Sabia que ele me levaria até você e não poderia correr o risco de deixá-lo fugir levando-a embora...
Não poderia perdê-la novamente.
– Não perderia. – assegurou; então, tocando seu rosto perturbado para acalmá-lo. – Eu voltaria
Edward... Mesmo que não me aceitasse de volta.
– Acredita mesmo que isso pudesse acontecer? – perguntou sem desviar os olhos dos dela.
– Claro que sim!... Mais cedo ou mais tarde eu fugiria... Era somente uma questão de...
– Perguntei se acredita ser possível não aceitá-la de volta? – Edward a cortou gentilmente.
– Tive medo que acontecesse... Afinal, sempre foi muito convincente e eu o deixei e “voltei” para
ele. Você sempre deixou claro o que faria comigo, caso o fizesse.
– Ameaças de um vampiro velho desesperadamente apaixonado e temeroso por perdê-la... Talvez
tivesse coragem de cumpri-las caso me deixasse de livre e espontânea vontade; jamais por ter sido
forçada á fazê-lo. As horas que fiquei sem você, foram as piores de minha existência. Piores até do
que quando me rejeitou...
– Edward eu não...
– Sim, daquela vez estava somente com medo não me rejeitando. – ele a cortou. – Justamente por
isso dessa vez foi pior. Sabia que estava distante contra sua vontade; eu sentia todas as suas
angustias e nada podia fazer para ajudá-la ou defendê-la dele. – sua voz adquiriu um tom rouco,
meio rosnado. – Sei que ele a tocou... a beijou...
– Edward...
– Eu faria!... – declarou veementemente. – Se fosse o contrário, se tivesse me preterido a ele eu não
mediria esforços para ficar com você e tão logo voltasse para mim eu faria amor com você de todas
as maneiras possíveis até que me aceitasse de volta. Nesse sentido eu e ele fomos iguais, Isabella.
Nosso amor por você não nos dava medidas, então não tente negar. Acredito no que me disse, mas
sei que ele ao menos tentou. Só não consigo atinar como não aconteceu, como foi capaz de evitá-lo.
– Você me ajudou. – quando o vampiro franziu o cenho sem entender, ela explicou. – Ele não
conseguia chegar perto... Reclamava do “seu” cheiro em mim. Acredite, defendeu-me dele mesmo
não estando ao meu lado.
Interessante, Edward pensou. Nunca ouvira falar que o cheiro de um imortal afastasse outro, mas
estava satisfeito que tivesse acontecido dessa forma. Talvez não fosse nada usual, talvez o ódio
extremo que sentiam um pelo outro fosse a razão de tal afastamento. Fosse como fosse, mesmo que
não tenha feito amor com Isabella, Edward sabia que ele a tocou de alguma forma. Sentindo que as
revelações dela não o afetavam dolorosamente, quis saber mais detalhes.
– Certo... De alguma forma “eu” o mantive longe, mas isso não foi o suficiente. O cretino a
machucou.
– Ele estava louco... Acreditava que eu ficava ao seu lado por estar induzida... Então entrei em seu
jogo dizendo que estava feliz por tem me resgatado... Prometi que ficaríamos juntos e isso o
manteve afastado, mas então Senna apareceu e me delatou. Descobrir minhas mentiras o enfureceu
então ele acabou me machucando.
Ao se lembrar da boca nojenta se movendo violentamente sobre a sua um rosnado baixo se formou
em sua garganta, como sempre acontecia com Edward. Ele a acompanhou nos ruídos animais antes
de vociferar.
– Rábula dos infernos!
Colocando a mão sobre o peito do vampiro, na altura do coração, ela tentou acalmá-lo.
– Mas não foi nada grave. Acredite ou não, foi a própria vampira que me salvou.
Confuso e interessado, tentando ordenar os pensamentos em sua mente cansada, Edward perguntou
incrédulo.
– Com que propósito?
– Ela queria me usar para atingir você.
E conseguiu, Edward pensou enraivecido. Não poderia deixar que sua raiva lhe desviasse a atenção;
obrigando-se á se acalmar, inquiriu.
– Para onde o rábula a levou?
– Ele achava que era o apartamento de James, mas eu sei que era o de Aro. – respondeu afastando a
mão ao senti-lo um pouco mais calmo.
– Aro?!... – o vampiro eriçou-se. – Como pode saber?
– Pelos detalhes. Sei que James não deixou a cidade; Aro sim... – sem se importar com a própria
nudez, Bella se ajoelhou sobre as pernas e prosseguiu. – Inicialmente não o relacionei, mas quando
explorei o apartamento na manhã seguinte e vi as roupas femininas, imaginei se não seriam de
Zafrina... Ainda era somente uma suspeita, mesmo assim eu quis sair de lá o mais rápido possível.
Imaginei que se ele chegasse e me descobrisse, seria ainda pior que estar presa por Paul.
A vontade de Edward era ser capaz de torturar o rábula idiota por ter exposto Isabella ao perigo;
infelizmente não mais poderia. Acomodando-se melhor sobre o sofá, focado na narrativa ao ponto
de sequer notar as belas formas de sua noiva, ele segurou as mãos delicadas e pediu.
– Conte-me mais.
Entrelaçando os dedos nos dele, ela obedeceu.
– Estava sozinha então aproveitei a oportunidade para fugir, mas Senna chegou no momento exato,
confirmando minhas suspeitas.
– Onde o cretino estava?
– Havia saído para levar meu pai ao aeroporto. Eu o convenci de que era o melhor á fazer, visto que
“James” poderia voltar á qualquer momento. Convenci-o de que estava preocupada com sua
segurança não com a de meu pai.
Em meio ás revelações perturbadoras, o vampiro sorriu, orgulhoso de sua noiva.
– Minha bruxa provocadora também sabe ser persuasiva... E isso ainda humana!
– Não gosto de mentiras, mas aprendi que são necessárias. – ela disse sem contentamento algum. –
Assim como seu odor, estava me valendo delas para mantê-lo distante... – e então, não antevendo
hora melhor de fazê-lo, resolveu de deveria contar toda a verdade de uma só vez. – Também me
valia delas para que ele me transformasse.
Ao assimilar as apalvras o peito de Edward rugiu; imediatamente ele lhe soltou as mãos.
– Não é verdade. – vociferou.
Bella tentou tocar em seu rosto, mas Edward não permitiu, esquivando-se. Suspirando resignada,
ela perguntou.
– Consegue imaginar outra forma de fuga? Eu precisava ser tão forte quanto ele para matá-lo...
Imaginei que somente assim conseguiria me libertar.
A declaração roubou a razão de Edward. Sua mente exausta lhe impedia de pensar com clareza.
Somente uma cena persistia; horrenda e nauseante. Sem conseguir encarar Isabella, como peito
ruidoso em rosnados contidos, o vampiro se pôs de pé de um salto e foi até a grande porta que
levava á piscina. Fixou o olhar para além dela, para o topo dos edifícios á sua frente, contudo não os
enxergava. Tudo lhe parecia um imenso borrão. Ainda não conseguia crer nas palavras de sua noiva.
Em um fio de voz derrotado e rouco, murmurou.
– Teria coragem de se entregar á ele?... Tentaria ser uma imortal mesmo que esse não fosse meu
desejo?
– Não é preciso que a transformação ocorra durante o sexo. – argumentou sem sair do lugar,
respondendo á sua primeira questão antes de assegurar. – Sou capaz de qualquer coisa para ficar
com você ou defendê-lo Edward... Mesmo ir contra suas vontades.
– Por isso temia não ser aceita de volta. – ele concluiu ainda olhando o vazio. – Não por ter me
deixado, mas pela traição.
– Sim. – ela admitiu sem rodeios sem desprender os olhos das costas largas; sabia que ele sofria,
mas tinha que dizer toda a verdade. – Se não me aceitasse eu entenderia...
Edward fechou os olhos e respirou profundamente; o ar lhe faltava. O silêncio se instalou entre eles,
sendo quebrado somente pelo ruído mínimo do levantar da jovem. O vampiro sentiu a aproximação
e se eriçou ao ser abraçado pela cintura e ter a cabeça feminina repousada no meio de suas
escápulas. Sem nem ao menos pensar, pousou as mãos sobre as dela, dispostas em seu abdômen.
Ainda de olhos fechados, disse.
– Sinceramente, não sei se seria capaz de perdoá-la caso voltasse transformada por “ele”,
justamente por “ele”...
Edward a sentiu estremecer, mesmo assim prosseguiu.
– Como disse, não é necessário que a transformação ocorra durante o sexo. Acredito que você
acharia um jeito de conseguir seu intento sem ser tocada dessa forma, mas a dúvida me atormentaria
eternamente; seria uma sombra ruim que eclipsaria meu amor incondicional.
– Não Edward... – ela sussurrou, movendo a cabeça para roçar os lábios em sua pele.
– Acredite. Mesmo que tivesse sido usada pelo maldito eu não a culparia. Eu estava preparado para
recebê-la de qualquer jeito; violada, machucada... Cuidaria de você e imploraria seu perdão todos os
dias por tê-la deixado vulnerável e exposta ao perigo, mas... Se acreditasse na mínima possibilidade
de ter sido consensual eu a repudiaria.
Mais uma vez a jovem estremeceu; seus olhos ardiam. Bella sabia que aquela era a verdade. Talvez
ele não colocasse em pratica as ameaças de vampiro velho e desesperadamente apaixonado e não á
matasse. Mas... Antes de ser um imortal ameaçador, Edward era um homem atormentado pela
traição da mãe; determinado e orgulhoso. Se Bella tivesse conseguido levar seu plano adiante seria
realmente o “fim”. Diante da verdade aterradora, a vampira verteu suas primeiras e únicas lágrimas
depois da transformação. Com a garganta fechada e a voz embargada, narrou seu destino caso as
coisas tivessem seguido por um rumo diferente.
– Reafirmo que eu o entenderia... Padeceria de dor pior á da transformação, contudo, mesmo ferida
de morte eu seguiria com meu plano e sairia á caça de todos os que o ameaçam até acabar com cada
um deles. Quando nada mais me restasse, eu sofreria de saudade todos os dias. Talvez definhasse de
inanição até a morte como você tentou fazer... Mas de certa forma, morria feliz por saber que o
deixaria vivo e livre de seus inimigos.
Exatamente como ele determinou fazer por ela quando acreditou que a tivesse perdido, Edward
pensou com seu velho coração ainda dolorido pela confissão de suas intenções de se tornar como
ele sem sua aprovação, subitamente se sentindo muito mais cansado do que antes, perguntou.
– Morreria por mim?
Edward abriu os olhos quando ela o soltou para se colocar á sua frente e encará-lo com os olhos
úmidos. Sem o tocar; sem qualquer atitude sedutora.
– Não viveria sem você. – ela corrigiu simplesmente. – Morrer seria o alivio para meu coração
massacrado. E somente dele, pois minha alma não descansaria até voltar para novamente encontrá-
lo.
Não poderia continuar a sofrer depois de sua declaração, pensou aproximando-se. Quando ela
ergueu a mão para tocar seu rosto novamente, Edward não recuou, voltando a fechar os olhos ao
toque delicado e temeroso.
– Somente você importa Edward... Sem você nada tem sentido.
Sem que esperasse, o vampiro abriu os olhos e a puxou pelos ombros para cobrir-lhe a boca com a
sua. Assim como Edward, estava influenciada pela confissão da quase traição e por suas
declarações. Aliviada por ter sido “perdoada”, Bella retribuiu ao beijo invasivo. Ainda assim,
lutando com todas as suas forças para não se render totalmente á ele. Tinha muito á dizer e sabia
muito bem até onde iriam caso deixasse que ele a arrastasse para as emoções que seus arroubos
apaixonados a levavam.
Quando Edward gemeu levemente e tentou abraçá-la, a jovem relutou até conseguir tocar seu peito
para abrir distância. Ignorando-a, Edward segurou-a pela nuca e novamente tentou estreitá-la em
seus braços. Ainda que o beijasse, mais uma vez a jovem resistiu. Estava no seu limite, se ela
lutasse não poderia dominá-la então, segurando a lateral do rosto, o vampiro a obrigou á encará-lo.
– Não lute contra mim Isabella.
– Não é minha intenção. – ela assegurou. – Sempre vou desejar seus beijos e tudo mais que queria
me dar, mas sabemos onde isso nos levará... E ainda tenho tanto á contar... Eu...
– Sei que precisamos conversar sobre os últimos acontecimentos. – disse roucamente ainda
segurando-a. – Mas não pode se declarar dessa maneira e querer que eu fique distante. Sabe como
tudo isso me afeta.
– Sei, mas se nós...
– Estou cansado... – admitiu, cortando-a gentilmente. – Verdadeiramente cansado Isabella. Há três
noites que não durmo... Nada que me disser sobre nossos inimigos fará muita diferença agora.
Preciso me recuperar para que possa assimilar tudo que tem á me contar, mas antes preciso de
você... Quase nos perdemos e a possibilidade, mesmo que agora seja nula, abriu um corte em meu
peito... Por mais que eu tente, não domino as sensações que me atormentam então confirme que
somente eu importo. Cicatrize meu coração... Deixe-me senti-la... Amá-la sem violência ou
resistência para que essa ferida seja curada.
À Bella pareceu que enxergava Edward pela primeira vez aquela manhã. Tão logo a força das
palavras a atingiu ela pôde ver as olheiras fundas sob os olhos exaustos e sofridos. Por que não
percebeu antes?... Edward estava no limite e ela somente exigia mais; havia se tornado uma egoísta
perdida em seu deslumbre inicial. Era preciso estar atenta á ele mais do que a si mesma.
Decidida é se redimir, Bella se pôs nas pontas dos pés para que os lábios se tocassem levemente.
Quando Edward gemeu satisfeito e tentou beijá-la, a vampira se afastou. Retribuindo o olhar
inquiridor com um sorriso terno, Bella correu uma das mãos ao longo do braço masculino até
segurar-lhe os dedos entre os seus. Sem desviar os olhos, respondeu á pergunta muda.
– Não estou resistindo... Apenas iniciando os cuidados de seu coração ferido.
Sendo levado pela mão, Edward a seguiu em silêncio lentamente escada acima. Bella não lutaria;
receberia e daria carinho até que confirmasse sua importância inquestionável. Então, o faria dormir
em seus braços e ninaria seu vampiro até que ele se sentisse em paz.
***************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... E que me contem o que acharam, como sempre... =)
Sei que estão sentindo falta de Alice e Jaspes, eles logo aparecerão... No próximo
capítulo vcs já terão notícias...
Bjus lindas.. Saudades de todas...
BOM CARNAVAL!

(Cap. 72) Capítulo 10 - Parte III (Bônus)

Notas do capítulo
Oie... Nossa, tô morrida de saudades de vcs...
Obrigada pelas indicações, pelos reviews (vou deixar recado sobre eles lá no final.)
Vcs sempre como sempre umas fofas comigo...
Bom, como já viram não trouxe o capítulo inteiro. (vou deixar recado tbm.)
Mas quando me dei conta que não conseguiria postar essa semana achei legal trazer ao
menos o Bônus que postei na comunidade assim vcs não ficariam tanto tempo a fic...
Espero que gostem... =)
Agora...
BOA LEITURA!

O Silêncio absoluto a acordou. Imediatamente Bella sorriu e suspirou de puro contentamento ao


sentir o peso do corpo de Edward sobre seu dorso nu. Sem abrir os olhos repassou as últimas cenas
matinais vividas antes de adormecerem. Tão logo chegaram ao quarto o fez se sentar sobre a cama e
mostrou á ele que cumpriria sua promessa de cuidar de suas feridas carinhosamente. Em um gesto
simbólico se inclinou sobre o vampiro para beijar-lhe o coração. Seus lábios ainda pressionavam a
pele rija quando Edward liberou um lamento contido e a ergueu, puxando-a para si.
– O que seria desse velho vampiro sem sua bruxa adorada?
Antes que a jovem assimilasse a especulação murmurada, ele a beijou possessivamente, porém sem
a mesma violência que os impulsionou depois da transformação. Por mais que o desejo
incontrolável inflamasse seu corpo, Bella deixou que ele ditasse o tom, o tempo, a intensidade. Sem
nunca quebrar o beijo, Edward a acariciou levemente ao que ela retribuiu com a mesma delicadeza
deixando que seus dedos se perdessem entre os pelos do peito largo antes de rumarem para os
cabelos da nuca enquanto ele a deitava reclinando-se sobre seu corpo.
A vampira queria dizer o quanto o amava; reafirmar o quão ele era importante em sua vida, contudo
Edward não desfez o beijo em momento algum. Entre gemidos contidos e rosnados baixos rolava
sua língua á dela em uma dança contínua e luxuriosa logo seguida por seu corpo quando se fundiu á
ela gentilmente. E assim, amando-se com uma lentidão torturante enquanto se beijavam, tiveram
seus corpos envolvidos pelas brumas densas da satisfação conciliatória e plena. Tornando-se uma só
alma; indivisível.
Mesmo que tenham se amado sem arroubos, Edward se mostrou ainda mais cansado ao se deixar
ficar sobre ela por alguns minutos antes de rolar o corpo e tentar puxá-la para si. Aquele foi o único
momento em que Bella imprimiu resistência e, deitada como estava – recostada contra o travesseiro
–, o trouxe para seus braços para que acomodasse a cabeça em seu ombro.
– Vai me fazer dormir em seu colo? – ele perguntou já de olhos fechados.
– Faz parte do tratamento. – ela explicou passando a acariciar suas costas e cabelos com as mãos
livres.
Edward emitiu um som satisfeito exclusivamente felino, próximo ao ronronar que ela sempre
recebia de Black. Acomodando melhor a cabeça em seu colo, pousou uma das mãos sobre seu seio,
passando a brincar com o bico logo em seguida. A carícia despretensiosa apenas manteve seu estado
natural de excitação. Imediatamente a jovem começou a entoar a mesma música que a embalou
durante sua transformação; ninando-o. Em minutos a mão ficou imóvel e quando o peso do corpo
masculino pareceu dobrar, Bella soube que Edward havia sido vencido pelo cansaço. Não demorou
até que seu corpo também cedesse e ela o acompanhasse.
Contudo, seu sono não foi totalmente tranquilo como o de Edward. Bella teve vários sonhos breves;
não se lembrava de nenhum deles. Agora desperta, duas pessoas queridas estavam fixas em sua
mente roubando parte de seu prazer ao acordar com Edward sobre si, com a mão possessiva ainda
pousada em seu seio. Era sua vontade ficar sob o corpo grande e nu até que seu vampiro
despertasse, mas após quase uma hora na mais completa imobilidade e com as imagens de Alice e
Charlie alternando-se em sua cabeça, Bella experimentou se mover.
Edward sequer resmungou indicando que as poucas horas de sono não seriam suficientes para livrá-
lo da exaustão; ele não acordaria ou sentiria sua falta. Cuidadosamente, a vampira ergueu-lhe o
braço e começou á deslizar para a beirada da cama. Quando libertou seu corpo e baixou o braço de
Edward sobre o colchão, ficou por dois minutos inteiros o observando. Diferentemente dos homens
comuns, o vampiro não emitia um único som, mas Bella sabia que dormia profundamente. Após
dar-lhe um beijo leve como uma carícia, ela se pôs de pé e foi até o banheiro. Por puro vício, entrou
sob o jato do chuveiro e se surpreendeu com a carícia languida que recebeu da água, mas não se
deixou levar por mais aquela nova sensação.
Depois de um banho breve, pegou uma toalha seca em uma das gavetas do móvel sob a pia.
Enquanto se secava, avaliava os estragos no mármore. Distraidamente correu os dedos nos veios
abertos na pedra por suas unhas. Sorriu satisfeita; finalmente era forte. Igual á Edward, mais do que
todos os outros. Ignorando o que antes foi seu vestido, deixou a toalha de lado e foi até a porta para
olhar o vampiro estendido de bruços sobre a cama. Seu sorriso se alargou ao tomar consciência de
que aquele sono pesado era uma das maiores provas de confiança que poderia receber de seu noivo.
E ele poderia confiar. Passado seu descontrole inicial, sabia que não o machucaria e agora estava
preparada para defendê-lo caso fosse preciso. Ninguém chegaria perto o suficiente para machucá-lo.
Nem ali na cobertura ou em qualquer outro lugar. Satisfeita em saber que seria capaz de lutar até a
morte para deixá-lo em segurança, Bella se aproximou mais uma vez apenas para acariciar-lhe os
cabelos antes de seguir para o guarda-roupa. Depois de vestir apenas uma calcinha se dirigiu á porta
e então desceu para o andar inferior indo diretamente para o escritório de Edward.
O vampiro não teve a oportunidade de lhe dar mais detalhes então não sabia o que havia acontecido
á Jasper e Alice. Agora que estavam em segurança, precisava encontrá-la, agradecer por tê-la tirado
do parque. Antes, porém, precisava de notícias de alguém muito mais importante. Depois de
acomodar-se na cadeira de Edward, pegou o telefone e discou o numero rapidamente. Antes do
primeiro toque colocou o fone no gancho, alarmada. E se seu pai não reconhecesse sua voz?... O
que diria?
Com essas duvidas vieram outras. Qual seria a reação quando o pai lhe visse?... E todos os outros
amigos e parentes humanos?... As mudanças eram visíveis. Nunca havia pensado em como seria o
“depois”. Ainda com a mão sobre o fone, Bella avaliou as possibilidades. Chegou á conclusão de
que nada poderia fazer para mudar sua nova aparência; não faria ou desejaria nada diferente caso
pudesse voltar atrás. E se nada poderia fazer o certo era pagar para ver as reações e começaria por
seu pai. Decidida, retirou o fone do gancho e discou novamente. Logo a voz amada encheu seus
ouvidos.
– Distrito policial de Forks, Chefe Swan falando... Em que posso ajudar.
O vampiro nojento cumpriu sua palavra afinal, confirmando as de Edward; ele pode ter sido um
cretino, mas verdadeiramente a amou. Seu afeto e benevolência não a comoviam; que descansasse
em paz no inferno. Seu gesto nada queria dizer para ela. Agora que estava livre, era seguir com sua
vida e se preocupar com aqueles que realmente importavam. Depois de engolir em seco, Bella disse
experimentando a voz.
– Pai...
– Bella?!... – exclamou incerto.
– Sou eu pai... – confirmou preocupada.
– O que aconteceu?
– Eu... – o que diria?
– Fale de uma vez. – pediu em tom alarmado. – Está me preocupando, sempre me liga aos
domingos... Aconteceu alguma coisa?
Então era somente aquilo, pensou aliviada. A boa e velha preocupação paterna diante de alguma
exceção á regra.
– Não aconteceu nada, eu só... Queria saber como está.
– Saber como estou?... – então como se subitamente entendesse, exclamou. – Você quer saber como
foi minha viagem de volta, é isso.
– Sim. – confirmou prendendo a respiração. – Como foi seu retorno á Forks?
– Correu tudo bem... Somente alguma turbulência quando estávamos próximos á Washington, mas
nada alarmante. – em tom pesaroso acrescentou carinhosamente. – Pena que não pôde ir ao
aeroporto. Você trabalha demais Bella... Aprecio sua dedicação, mas lembre-se que é preciso
aproveitar mais sua vida... Ainda é muito nova. Acredite, o tempo passa rápido e quando nos damos
conta não desfrutamos momentos únicos que jamais voltarão.
Bella não precisaria se preocupar com tempo. Agora ele lhe pertencia. Tudo que lhe preocupava –
algo que lhe ocorreu durante o monólogo de Charlie – era que o seu tempo “com ele” seria limitado
e breve. Logo teria que se despedir definitivamente, pois sua juventude eterna jamais teria como ser
explicada. Ter consciência desse fato imutável a entristeceu, mas era o preço que teria que pagar.
Subitamente nostálgica pelo o que ainda perderia, disse.
– Sei disso pai. Também senti não ter ido com vocês ao aeroporto.
– Realmente uma pena... Mas seu “quase noivo” foi atencioso até que eu embarcasse.
– Eh... Eu acho que me precipitei pai... No feriado mesmo eu voltei para meu apartamento. Eu e...
Paul decidimos que é melhor esperarmos para morarmos juntos.
O pai ficou em silêncio após sua mentira. Um minuto depois falou.
– Ficaria muito chateada se eu disse que “não” sinto muito?
Bella sorriu do tom de seu pai.
– Não, pai. Não ficaria chateada.
– Bom... Então saiba que não sinto... E você... Está bem com essa decisão?
– Estou sim... E feliz com minha quantidade de trabalho, mas prometo dar mais importância ao
tempo. Principalmente o nosso... Assim que puder vou visitá-lo.
– Estarei esperando Bells.
Comovida, disse apenas.
– Eu te amo pai...
– Também te amo... Agora... – ele começou pigarreando desconcertado. – Preciso desligar, tenho
que atender uma ocorrência e...
– Ah, claro! – ela exclamou também sem jeito. – Vá cumprir seu dever chefe.
Bella permaneceu olhando o telefone por alguns minutos depois de tê-lo desligado. Estava nos seus
planos cumprir a promessa. Agora que teria poucos anos para desfrutar da companhia de seu pai, o
visitaria com maior frequência, assim como á sua mãe. Talvez eles não notassem a diferença em sua
aparência e se fosse o caso, uma ideia lhe ocorreu. Poderia induzi-los á não reparar; fazê-los
acreditar que sempre foi “bela”.
Agradando-se cada vez mais de sua ideia repentina, Bella novamente retirou o fone do gancho,
dessa vez para telefonar para Alice. O celular chamou por incontáveis vezes. Começava a se
impacientar, imaginado se sua tentativa também seria frustrada, quando a amiga atendeu.
– Edward...
Bella percebeu o tom temeroso; sem entender disse.
– Não Alice, sou eu... Bella.
– Bella!... – Alice repetiu num sussurro. – Edward finalmente a transformou... Como se sente?
– Perfeitamente bem. – assegurou ainda tentando entender o tom incerto; esperava algum
entusiasmo de sua parte.
– E ele?... Como está?
– Bem também. – respondeu impacientando-se. – Alice, qual o problema? Edward tentou falar com
você e Jasper e não conseguiu.
– Ele está aí com você? – perguntou sem responder.
– Não. Edward está dormindo... Não quis acordá-lo, pois não o fazia desde terça. E Jasper, onde
está?
– Deixe-o descansar. Devia fazer o mesmo... Quando despertou?
A jovem vampira estranhou a falta de respostas, mas notou que Alice não parecia preocupada ou
alarmada então, como não sabia detalhes do que aconteceu nas horas que esteve fora e não queria se
meter em assuntos que talvez a amiga quisesse discutir com Edward, respondeu.
– Ontem á noite... Apenas Edward saberia dizer a hora.
– Você... se alimentou?
– Edward cuidou disso. – ela disse sem rodeios. – Se está curiosa em saber se matei a reposta é não,
mas me alimentei de sangue humano.
– Sem matar?!... – Alice pareceu admirada.
– Sem matar. – com um suspiro cansado, Bella inquiriu novamente. – Alice, onde está Jasper?
– Estamos caçando Bella... Jasper se afastou.
– Caçando?!... – estranhou. – Por isso Edward não consegue encontrá-los?
– Provavelmente. – ela disse em tom mais firme. – Nem sempre o sinal é bom aqui em Sterling.
– Sterling?!... Estão em Sterling Forest?!... – Bella alarmou-se. – Alice, por que foram tão longe?
– Não estamos tão longe assim, nem saímos do estado... Precisávamos nos alimentar Bella. Logo
estaremos de volta, não se preocupe.
A jovem vampira tentou se acalmar. Era evidente que o casal tinha suas necessidades. Talvez, por
estar focado na sua transformação, Edward não tenha cogitado a possibilidade de estarem fora.
– Quando vocês voltam?
– O mais rápido que pudermos... Diga á Edward que não se preocupe.
Novamente Bella estranhou o tom.
– Alice, tem algo que queira dizer?
Após um instante em silêncio, a vampira sussurrou.
– Bom... Eu sabia que vocês precisariam desse tempo tranquilo; não queria preocupá-los agora... –
em tom incerto, prosseguiu. – Mas acho que devem saber...
– Diga de uma vez Alice. – ordenou ansiosamente.
– Infelizmente Jasper não conseguiu eliminar a vampira.
– Senna está viva?!... – Bella vociferou pondo-se de pé.
– Sim... Como disse, logo estaremos de volta. Até lá, acho que devem ter cuidado.
– Aquela vampira “vagabunda” é que deve ter cuidado comigo. – Bella rosnou.
– Bella. – Alice chamou em tom preocupado. – Prometa-me que não vai procurá-la.
– Prometo. – disse sinceramente. – Não preciso procurá-la, ela virá á mim.
Disso a jovem vampira tinha certeza. O contato que teve com Senna foi breve, mas tão educativo
quanto um curso intensivo. Poderia dizer que a conhecia á fundo. Seu ódio por Edward era cego,
sua sede de vingança inabalável. Tão logo a vadia tivesse a chance, novamente tentaria atingi-lo
através dela. A diferença era que agora saberia se defender. Ainda que seu peito protestasse
ruidosamente, Bella deixou que um sorriso mordaz se desenhasse em seu rosto.
– Bella, não pense que só porque é mais forte, pode levar a melhor... Não seja inconsequente.
– Não serei... Pelo menos até ter a chance.
– Droga Bella, eu sabia que não deveria ter dito nada á você... Não agora. Inferno!... Eu preciso
desligar... Prometa Bella... Prom...
Antes que Alice terminasse seu pedido a ligação foi encerrada. Novamente o sinal se perdeu, Bella
pensou recolocando o fone no gancho. Ao menos agora tinham notícias do casal. Logo a vampira
entendeu que o tom receoso inicial era somente por não desejar tocar em assuntos inquietantes.
Nem mesmo se lembrou de agradecer sua ação temerária, porém eficaz da noite do feriado. Teriam
muito tempo.
Seguindo para a sala, a jovem colocou as atitudes e razões de Alice de lado e focou na informação
mais importante; Senna estava viva. Passado o choque inicial, começava a apreciar que Jasper não
tivesse conseguido dar cabo da vampira ressentida. Aquela era “sua função”. Tão logo tivesse a
chance, mostraria á Senna que “ela” não mataria com amor. Faria com que se arrependesse por tê-la
tocado de forma intima com suas mãos nojentas enquanto á fazia crer que estava diante de Edward.
Um sorriso mordaz de antecipação se formava em seus lábios quando chegou ao muro gradeado que
circulava á área não coberta da piscina. Recostando-se contra o ferro fundido, olhou a cidade á sua
frente. Os arranha-céus iluminados com os últimos raios do tímido sol vespertino roubaram sua
atenção por alguns minutos. Até mesmo a cidade lhe parecia nova; tudo era novo.
Apoiando os braços abertos no topo do pára-peito, Bella fechou os olhos para guardar em sua mente
a imagem de uma Nova York em tons pastéis, deixando que o vento frio lhe acariciasse o corpo. Era
preciso aproveitar essas novas sensações naquele breve instante, pois não deveria mais se deixar
distrair por elas. Edward precisava que estivesse centrada em seus inimigos e uma vez que apenas
Paul fora eliminado todo cuidado ainda seria muito pouco. Decidida a aproveitar o momento antes
de voltar para junto do noivo ela jogou a cabeça para trás, deliciando-se com o agitar de seus
cabelos á brisa.
Agora que era imortal entendia o exibicionismo de Edward. Era extremamente prazeroso ter o
corpo envolvido pela mais leve movimentação do ar á sua volta. A jovem identificou que daí vinha
sua constante excitação; Edward estar perto somente a agravava. Amava-o demais. Jamais poderia
perdê-lo; não poderia deixar Senna, Aro, Zafrina ou qualquer outro ameaçar a vida que mal haviam
iniciado juntos.
– Tentando os deuses?... – Edward sussurrou ao seu ouvido antes de girá-la repentinamente e
abraçá-la. – Ou apenas me matar de ciúmes?
Distraída como estava a vampira não notou a aproximação furtiva. Quando as palavras lhe foram
sopradas sua primeira reação foi reagir e afastar-se, como se ele representasse algum perigo,
contudo a ação rápida de Edward não lhe deixou escapatória. Agora, presa no abraço de ferro, ela
encarava os olhos verdes brilhantes e ardentes como brasa. Bella piscou algumas vezes para ordenar
os pensamentos depois do susto.
– O que fiz agora? – perguntou confusa.
– Na verdade eu é que fiz... – antes que ela pedisse, explicou. – Eu criei a versão sanguinária de
Afrodite. Agora, essa deusa cruel não somente me deixa sozinho em nosso leito como vem á
varanda nua para expos o que deveria ser visto somente por meus olhos.
– Não estou nua. – ela retrucou divertindo-se com o ciúme agora infundado. – E mesmo que esse
não seja um dos edifícios mais altos da Wall Street, ninguém pode me ver nitidamente então a visão
de cada milímetro do meu corpo continua sendo exclusividade sua.
Fingindo analisar suas palavras, Edward olhou em volta, para os edifícios vizinhos, com atenção
exagerada e teatral até que seus olhos novamente pousassem nos dela.
– Certo!... Alegação aceita Sra. “Exibicionista”. – ao dizer isso a virou de frente para a grade e a
abraçou por trás então disse novamente em seu ouvido. – Se não a aceitasse eu seria o pior dos
hipócritas. Também adoro sentir alguns elementos em minha pele.
E agora adorava ainda mais ao ter a oportunidade de desfrutar do vento juntamente com Isabella,
pensou estreitando-a em seus braços. Sorriu ao senti-la estremecer, mas logo a seriedade o dominou.
Usava um tom leve, gestos cênicos, contudo sentia-se inquieto ao constatar sua crescente
necessidade dela. Talvez ainda estivesse sensibilizado pelas declarações, mesmo assim sua
dependência começava á preocupá-lo. Verdadeiramente sentiu sua falta ao despertar sozinho.
Como nenhum som foi ouvido, o vampiro levantou-se alarmado imaginando se a jovem teria saído
desacompanhada para explorar a cidade. Seria normal se o tivesse feito afinal seu corpo sucumbiu
ao cansaço ao passo que o dela trazia todo o vigor pós-mutação; tudo lhe era novo. Ele próprio quis
aproveitar ao máximo todas as descobertas inéditas que fazia naquele mundo monotonamente
conhecido tão logo aceitou sua condição. Contudo, confirmando que Isabella sempre agiria
contrariamente ao esperado, encontrou-a apenas desfrutando dos prazeres que o vento lhe
proporcionava ao lamber seu o corpo e brincar com seus cabelos.
– A sensação é mesmo boa. – Bella disse mais se referindo ao abraço que ao vento.
Algo na frase jocosa dele a fez se lembrar de uma das últimas conversas que teve com Paul, quando
fez coro com Aro para acusá-lo de hipocrisia por receber dinheiro sujo na defensoria de assassinos
para logo em seguida matá-los. Jamais admitiria para o vampiro odioso o quanto suas palavras a
afetaram, mas ali, com Edward ao seu lado, cogitava tentar fazê-lo mudar de ideia quanto ao trato
de seus clientes.
Edward era perfeito; um advogado brilhante e não deveria ter sua imagem manchada por ações vis e
menores. Tão logo tivesse a chance tocaria no assunto, mas não naquele momento. Algo na forma
com que era abraçada lhe indicava que Edward estava inquieto. Queria saber por que ele sentia
assim antes de voltar á assuntos importantes, então perguntou abraçando os braços apoiados sobre
seu ventre.
– Vai me dizer o que lhe aflige?
– Não gostei de acordar sozinho. – ele disse sem rodeios em seu ouvido. – Temi que tivesse saído
sozinha.
– Jamais o faria. – ela assegurou. – Sei que não é seguro tomar qualquer decisão sozinha e sair é
uma delas.
Novamente Edward sorriu.
– Eu já deveria saber que você não faria nada que seria o “normal”.
– Esperava que eu fosse insubordinada. – sua afirmação não continha qualquer tom acusatório.
– Você “é” insubordinada Isabella. – ele retrucou beijando-lhe o ouvido levemente. – E
voluntariosa, teimosa, decidida... – então lhe tomou o lóbulo da orelha entre os lábios obrigando-a a
inclinar a cabeça para melhor receber o carinho. – Acho que justamente por isso vivo em constante
estado de alerta quanto á tudo que se refere á você... Sempre faz o contrário do que imagino.
– Desculpe-me. – foi tudo o que conseguiu dizer ao ter a língua invasora introduzida em seu ouvido.
– Não se desculpe por não ser monótona. – Edward pediu juntando seu corpo ao dela.
A jovem arfou ao sentir cada mínima parte do corpo masculino moldado ao seu. Assim como ela,
Edward havia vestido uma peça íntima e por mais que sentisse o odor característico, ele não estava
notoriamente excitado. Isso não impedia que seu corpo reagisse ou sua razão fosse roubada.
– Não pedirei. – disse, deixando-se abraçar e ter seu ouvido ainda explorado.
– Ótimo!... – exclamou passando a lamber a parte posterior de sua orelha. – Agora... Onde paramos?
– Como?! – ela perguntou aturdida.
– Conte-me o que se passou no apartamento de Aro. – pediu movendo a mão lentamente sobre sue
ventre.
Edward só poderia estar brincado, pensou rendida. Como seria capaz de se lembrar de alguma coisa
importante com ele abraçado à ela como estava?
– Conto tão logo me largue... Eu não...
– Essa é minha compensação por ter me deixado sozinho. – ele a cortou. – Agora, conte.
CONTINUA...

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado!... Como sempre me contem!... Se desejarem elogiar
está loka que vos escreve, fico envaidecida... Mas primeiramente sempre quero saber
como vcs se sentem com a fic, se gostam de determinado comportamento das
personagens, se não gostam... Se o capítulo lhes satisfez, suas ansiedades com os
próximos... Enfim, saber msm como o capítulo foi para cada uma de vcs...
E quando peço para me dizerem se não gostaram, estou sendo sincera tbm... Sempre
estive aberta á críticas desde que sejam coerentes e construtivas... Para as mais aflitas
que desejam a conclusão de Obsession, digo que se peguem no tempo da estória... Se até
o capítulo em que estamos não perceberam que esse é o tempo de Obsession, fica
complicado de esperar pelo final e muito mais complicado me cobrar por isso... Eu não a
escreveria de um jeito até agora, para de um minuto á outro simplesmente fazer um
resumão e escrever "FIM"...
Eu jamais faria tal coisa em consideração à mim msm e à todas as leitoras que curtem
Obsession do jeito que ela é... Arrastada, detalhada, com lemons bem no meios dos
rolos... enfim, do jeito pervo e lento de ser Obsession... Ela já está na reta final, mas vai
terminar como começou... No tempo dela, sem atropelos...
Agora o recadinho dos reviews:
Amores, me desculpem a demora em responder aos reviews, faço sempre nas brechas do
tempo, por isso não respondo á todos de uma vez... E não se liguem que respondo
pulando de um e outro... tem dias que pego os últimos, outros os primeiros... Não
pensem que escolho, certinho?... Para mim todas são iguais e merecem toda minha
atenção...
Ufa... e agora o só reforçando o motivo do Bônus... Ainda tô atrapalhada aqui... Antes de
viajar eu postei tudo que tinha escrito e agora na volta ainda não parei para escrever
direto como fazia... e não vou lhes mentir... Não escrevi porque desde o ano passado
trabalho em uma outra fic e durante as férias as ideias para ela vieram com força total e
eu não podia deixar passar, pois minhas maluquices nunca voltam iguais... A boa noticia
é que a sequência já se esgotou, já passei tudo para o pc e desde a semana passada estou
escrevendo Obsession novamente... Semana que vem eu posto o restante do capítulo 10 e
acredito que na seguinte já voltamos com as postagens semanais...
Bom... E já que contei da fic nova, acho que mês que vem ela estréia... Se puderam,
espero ver todas vcs juntinhas comigo nesse nova sequelagem Beward...
Bjus á todas... Desculpem a falação... E bom restinho de semana para todas...
Semana que vem nos vemos novamente... xerão... =D
Ahhhhhhhhh... Agora tenho Twitter, ainda estou me acostumando, mas se quiserem
anotar o link
https://twitter.com/#!/HaliceFRS
Agora vou msm... rs

(Cap. 73) Capítulo 10 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia á todas...
Aí está o restante do capítulo... A partir de agora voltamos ás postagens semanais...
Muito obrigada pelo carinho sempre... pelos reviews... demorei, ms respondi á todos do
último capítulo...
Obrigada pelas indicações... nem tenho palavras... vcs são demais... =D
Bom... BOA LEITURA!

– Conte-me o que se passou no apartamento de Aro. – pediu movendo a mão lentamente sobre sue
ventre.
Edward só poderia estar brincado, pensou rendida. Como seria capaz de se lembrar de alguma coisa
importante com ele abraçado à ela como estava?
– Conto tão logo me largue... Eu não...
– Essa é minha compensação por ter me deixado sozinho. – ele a cortou. – Agora, conte.
Na verdade, tudo que queria era quebrar um pouco da seriedade do assunto perturbador ao provocá-
la.
– Certo!... – ela disse se concentrando. – Depois vou lhe contar tudo, mas antes você precisa saber
de algo que descobri e você não vai gostar de saber.
Suspirando profundamente, Edward parou de acariciá-la e não se moveu um milímetro, depois de
perguntar seriamente.
– O quê?
– Senna está viva.
A vampira pôde ouvir o rosnado baixo, antes de ser virada novamente.
– Como sabe disso? – ele perguntou segurando seu rosto.
– Consegui falar com Alice... Ela me contou.
– Falou com Alice?!... Quando?... Ela esteve aqui?
– Não. – ela disse colocando uma das mãos em seu peito para acalmá-lo. – Liguei para ela enquanto
você dormia.
– E ela atendeu... – resmungou contrafeito. – Disse por que não atendeu às “minhas” ligações?
– Ela não estava evitando você, afinal eu liguei daqui... O problema é que o celular dela estava sem
sinal...
– Sem sinal?... Onde ela está?... E Jasper?
– Ele está bem... Estão caçando em Sterling Forest.
Caçando, Edward pensou considerando as possibilidades. O casal de amigo precisava de seu
alimento, mas por que viajaram sem procurá-lo? Por que Jasper não lhe telefonou ao menos para
avisar sobre Senna?
– Ela disse quando voltariam?
– Apenas que seria em breve. – Bella respondeu.
– Tem algo estranho nessa estória. – o vampiro ponderou.
– Gostaria de poder opinar, mas você os conhece mais do que eu.
– Justamente. E tem algo que não encaixa. Entendo a necessidade de alimentação, mas Jasper não
sairia assim sem nem ao menos uma ligação para me avisar que não conseguiu matar Senna.
Lembrando-se das vezes que foi preciso ceder seu sangue para curar as feridas de Edward, Bella
perguntou.
– Acha que ele se feriu?... E por isso foi atrás do único sangue que consome?
– É uma hipótese. – ele disse após considerar a possibilidade. – Aquela desgraçada tem agilidade
suficiente para machucá-lo.
– Então, se foi esse o caso, não tem nada de errado eles terem saído da cidade sem avisá-lo. –
cobrindo as mãos que ainda estavam sobre seu rosto, Bella pediu. – Não se aflija antes da hora, meu
amor... Espere pela volta deles, então saberá o que realmente aconteceu.
Edward novamente considerou as palavras da vampira, então disse.
– Está bem... Em todo caso, não adiantaria nada me preocupar... Ao menos você manteve contato
com eles.
– Sim. – ela disse sorrindo para encorajá-lo.
O vampiro desceu os olhos para a boca de sua noiva e ainda sério, contornou-lhe os lábios com a
ponta do polegar como se tentasse decorar sua forma. Sua garganta passou a emitir o ronco baixo de
um rosnado, quando falou sua voz saiu rouca.
– Não gosto de saber que ela está viva. Não gosto de imaginar que ainda exista a possibilidade de
ela se aproximar de você novamente.
– Agora eu sou páreo para ela. – ela exclamou veementemente. – Sou mais forte do que ela.
– Acha que isso importa para mim? – Edward perguntou ainda contornando seus lábios. – Acredita
que por ser mais forte eu ficaria tranquilo vendo-a em uma luta?
– Sei que não ficaria, pois eu também não gosto de imaginá-lo em lutas, mas não temos como evitar
que aconteçam, então... Vamos confiar e sermos fortes?
– Prometo que serei por você! – ele disse comprometido.
– E eu por você. – ela lhe fez coro.
– Bom... – ele começou olhando para a tarde que se transformava em noite, antes de encará-la. –
Como não posso deixá-la nessa cobertura longe de tudo e de todos, conte-me o que mais queria me
dizer, temos muito tempo até que chegue uma hora adequada para sairmos.
Bella foi tomada pela expectativa; aquela seria sua primeira noite em Nova York como imortal.
– Quero saber de tudo que possa se lembrar, então... Comece de onde parou.
– Tudo bem... – ela disse e se calou.
Toda ansiedade pelo momento da saída sendo substituída pelo receio; o assunto havia parado em
um momento nocivo para Edward.
Como ela não dava mostras de iniciar a narrativa, Edward sufocou seu ciúme diante da lembrança
incomoda e a ajudou.
– Você me dizia que tentava fugir de Paul quando Senna chegou e a flagrou.
– Sim... – as palavras a fizeram esquecer o contato íntimo e excitante. Lutando para não rosnar,
prosseguiu. – Estava quase conseguindo quando ela chegou. Tentei ocultar as provas de minha fuga
frustrada, mas ela com certeza as viu. Fui ingênua em acreditar que conseguiria enganá-la.
– Pelo o que entendi você vinha se saindo muito bem em enganar o rábula, nada mais natural que
imaginar ser capaz de fazê-lo com ela. – Edward justificou sua falha.
A vampira sorriu agradecida pela condescendência e por seu noivo facilitar-lhe a narrativa.
– Ele era louco, foi fácil. Mas com ela foi diferente. Senna me hostilizou desde o inicio, tão logo me
reconheceu como sendo uma de suas amantes. – as últimas palavras tiveram gosto de fel, mas era
preciso contar tudo para Edward.
– Você nunca foi uma delas. – ele corrigiu acariciando-lhe o rosto. – Sempre foi minha mulher e se
ela acreditou ser o contrário é verdadeiramente uma idiota.
– Bom... – ela começou envaidecida. – Não sei se ela entende dessa forma, mas sabe de minha
importância, pois sempre se referia á mim como sendo sua porcelana preferida ou coisas do tipo.
– Então ela não é idiota de todo... – disse beijando-a levemente.
Controlando-se para não se render ao clima de declarações, ele pediu.
– Conte o que mais aconteceu. Por que ela a delatou?... Eles agiram em conjunto desde o início?
– Vou contar-lhe, mas antes... – ela começou afastando-se para encará-lo de frente e fugir das
carícias que ameaçavam distraí-la. – Acho que precisa saber que foi Senna que matou Maureen.
A revelação não foi mais chocante do que ouvir o nome de sua ex-amante ser pronunciado por
Isabella de forma tão corriqueira, como se a conhecesse de longa data. Por um minuto inteiro
Edward a encarou á espera de um sinal de ressentimento, contudo esse não veio. Entre aliviado e
decepcionado, ele disse.
– Soube quando a vi que ela era o intruso, mas a tensão do momento não permitiu me lembrar de
Maureen. – algo na afirmativa da jovem não encaixava.
Controlando-se para refrear seu ciúme, ela comentou.
– Realmente não tinha como se lembrar, mas foi ela. A cretina me contou, pois acreditou que
também me mataria. – não era sua intenção usar um tom acusatório, mas já estava relativamente
difícil lidar com o ressentimento de ser obrigada á se lembrar das ex-amantes de Edward. – Senna
confessou tê-la matado e também destroçado o corpo daquela que você matou.
– Tanya. – comentou distraidamente, então, magoado por Isabella não demonstrar sua
possessividade como fazia antes da transformação, relembrou. – Sabe que a matei em um acesso de
fúria por estar com ciúmes de você.
Ás palavras foi impossível para a jovem se manter impassível. Com o coração agora imortal
batendo descompassadamente, retrucou.
– Eu me lembro muito bem... – sentindo o gosto amargo do ciúme, disse. – Mas poupou sua amante
somente para que a louca a matasse.
Satisfeito por ela finalmente reagir de acordo com a inquietação que sentia, contudo consternado
com o destino da ex-amante, Edward disse simplesmente.
– Quanto á ela eu nada poderia fazer, nem ao menos estava na cidade.
– Alice já havia me dito isso... Na mesma ocasião Senna também foi ao meu apartamento, ordenou
que eu fosse até a porta da sacada.
– Você já tinha visto Senna antes? – perguntou interessado, deixando sua vaidade masculina de
lado.
– Não tenho a lembrança de tê-la visto. – a jovem explicou. – Para mim foi como se sonhasse...
– Ela tentou induzi-la. – Edward ponderou.
– Não. – ela o corrigiu. – Senna veio á mim se valendo de sua imagem... ela fez o mesmo no
apartamento de Aro.
– Explique. – Edward ordenou cruzando os braços.
– Depois de contar seus motivos e confessar suas ações, Senna me fez crer que estivesse diante de
você... – a jovem vampira estremeceu ao se lembrar do toque odioso. – Anunciou que faria o
mesmo comigo, mas que eu não precisaria temê-la, pois mesmo que me odiasse, ela sempre matava
todas as criaturas com amor.
Edward se lembrava bem daquela benevolência macabra. Começando á temer o que ainda viria,
incentivou-a.
– O que mais...
– Nessa hora ela “manipulou” minha mente, iludindo-me para que eu o visse... – mais uma vez a
vampira estremeceu. – Sua intenção era clara; ela queria que eu não resistisse enquanto
descarregava em mim todo o ódio que sente por você.
Antes mesmo que a jovem terminasse, Edward entendeu o que se passou.
– Senna não a iludiu simplesmente. – pensou em voz alta.
– Não?!... – a jovem vampira exclamou juntando as sobrancelhas. – Então o que ela...
Bella calou-se ao perceber nos olhos de Edward a real intenção da vampira e o que havia ocorrido.
Não era ingênua ao ponto de não saber o que aconteceria caso continuasse acreditando estar diante
de Edward, mas não imaginou que a vampira verdadeiramente mantivesse relações com ela antes de
matá-la. Diante da verdade seu estomago revirou.
– Isso é possível? – inquiriu incrédula.
– Lamento dizer que sim. – ele confirmou aproximando-se e acariciando-lhe o rosto na tentativa de
acalmá-la. – E você sabe que “sim”. Eu fiz o mesmo quando fiquei com você pela primeira vez.
Agora tudo encaixava, Edward pensou. Senna – se valendo de sua imagem – não somente
conseguiu acesso ao apartamento de Maureen, como a estuprou e matou. Pobre moça. Mais uma
vítima inocente daquela contenda silenciosa entre imortais. Sem desprender os olhos dos de
Isabella, ele espalmou a mão em sua bochecha. Por muito pouco ela não teve o mesmo triste fim.
Uma dor fina pela possibilidade da perca atravessou o coração do vampiro. A sensação incomoda
não permitiu sequer que se inquietasse por relembrar seu próprio embuste. Tudo que sua mente
registrava era o horror nos orbes castanhos.
– Isso é... – Bella procurou alguma palavra que expressasse seu asco; não encontrando nenhuma que
se equiparasse, concluiu com a óbvia. – Nojento!
– Não é nojento. – Edward corrigiu sem entonação especial. – Eu particularmente acho a prática
indigna, mas alguns imortais se valem dela.
Não era novidade que Edward fosse contra suas convicções por ela, pensou lhe analisando o rosto
contrito. Ainda assim era perturbador saber que ele havia burlado suas regras desde o início ao
assumir a forma de Paul. Relegando Senna á um segundo plano, murmurou.
– Não deveria tê-la usado comigo...
Edward lhe sorriu levemente antes de esclarecer, novamente sério.
– Não se repetirá. Há anos que não me “apoderava” de outro corpo e não vou recomeçar agora. Abri
uma exceção no seu caso, pois estava no limite de minha paixão por você e como já lhe disse, na
guerra usamos as armas que temos.
– Então não foi a primeira vez... – ela sussurrou para si mesma.
Percebendo a consternação nos olhos da jovem, Edward explicou.
– Nos meus primeiros anos de imortalidade assumi a forma de outros homens para conquistar
algumas mulheres, mas apenas por divertimento. Com o passar do tempo a brincadeira perdeu a
graça, pois em minha vaidade eu passei á desejar que todas quisessem somente “á mim”.
O vampiro falava em tom nostálgico agora, distraidamente passando a acariciar o rosto amado com
o polegar. Nem ao menos lhe ocorria que á menção de suas primeiras conquistas pudessem magoar
sua noiva.
– Fez bem em parar. – Bella retrucou subitamente de mau humor. – Com certeza era uma
brincadeira boba e inútil, pois é evidente que todas “sempre” vão desejar você.
– Assim como todos os homens vão desejar você. – ele rebateu com o óbvio. – Somos vampiros
Isabella!... Encantar e atrair mortais são dons naturais. Somos os piores predadores que poderia
existir. Nossas vítimas não têm qualquer chance de defesa contra nós. Podem até resistir, mas no
fundo nos desejam.
Ela era a prova viva de resistência inicial, mesmo que não tenha sido capaz de esquecê-lo tão logo o
conheceu. A jovem não tinha como argumentar então permaneceu calada. Após um suspiro
resignado, Edward prosseguiu.
– Muitos imortais apreciam essa dominação sobre a raça inferior. Vivem não somente de seu
sangue, mas do prazer que a conquista e o sexo lhes proporciona. Justamente por isso, mesmo que
muitos de nós não usemos tais recursos mutantes empregados por Senna, outros imortais não vêem
problema algum e até mesmo se relacionam com ambos os sexos dessa maneira.
Bella cobriu a mão pousada em seu rosto e a acariciou delicadamente; o gesto destoando de seu tom
feroz.
– Entendo, ainda assim saber que a louca queria manter relações sexuais comigo é nojento. Ainda
mais depois de todo ódio que declarou sentir por você... A atitude dela é no mínimo doentia.
Preferia que me matasse de uma vez por todas.
– Não repita isso! – ele pediu firmemente após um leve estremecimento.
Imediatamente a vampira se arrependeu de suas palavras. Sabia bem o que Edward sentia, pois
também não suportaria perdê-lo e se, mesmo em perigo restasse uma chance mínima de
sobrevivência, ela deveria ser aproveitada e apreciada. Ainda enojada, Bella disse á si mesma que
deveria se ater aos fatos. Com aquela explicação de seu noivo, entendia como Maureen havia sido
estuprada antes de ser morta. Senna era verdadeiramente uma vampira perturbada.
– Tudo bem, perdoe-me! – disse por fim. – Bom, respondendo ao que me perguntou antes, aquele
idiota não estava com Senna desde o início. Ele nem ao menos tinha permissão para se aproximar
de mim ou me levar para aquele apartamento. Foi ele que me salvou impedindo que a nojenta
levasse seu intento até o fim. Quase brigaram, mas depois eles se aliaram... Quando ele contou á ela
que tinha um encontro marcado com você.
– Evidente que se aliariam... – Edward comentou.
– Pois é... E foi então que eu estraguei tudo... Eu queria saber o que pretendiam e quando estava
com eles acabei falando o que não devia...
– O quê? – Edward perguntou franzindo o cenho.
– Sem querer eu contei que Zafrina veio procurá-lo. – ela contou temendo sua reação.
Edward a encarou por um minuto inteiro, antes de dizer.
– Cedo ou tarde eles descobririam.
– Pode ser... Sabe que eu não suporto aquela vampira biscate, mas não gostei do que fiz... Como
depois do meu deslize eu não disse o que ela queria com você, Senna delatou minha tentativa de
fuga para Paul e acabou com minha farsa.
Reprimindo o ódio que sentia pelo vampiro morto e pela vampira cretina que ainda vivia, ele
perguntou algo que lhe ocorreu durante a narrativa de sua noiva.
– Você saberia voltar ao edifício que foi mantida refém?
– Eu estava nervosa, mas acho que reconheceria o lugar... – estava arrependida por não ter prestado
atenção ao caminho, pensou enquanto vasculhava suas lembranças. – Do bairro tenho certeza.
Estava em Upper East Side.
– Esse é o bairro onde Jasper e Emmett moram. – Edward exclamou intrigado.
Agora sentia uma necessidade urgente que sua noiva se lembrasse do local exato de seu cativeiro.
Voltando os olhos para o céu constatou o que já sabia; ainda era cedo para se aventurarem pelas
ruas. Agora que a cidade estava em alerta e Senna já havia dado mostras de sua loucura, seria sábio
evitar encontros diante de testemunhas inocentes; quanto mais tarde da noite saíssem, melhor.
A voz preocupada de sua noiva o trouxe de seus pensamentos.
– Para mim Alice sempre morou ao meu lado. Esqueço-me desses detalhes. E estranho imaginar
esse Aro morando perto de seus aliados.
– Muito estranho!... – ele arrematou, então, ocorrendo-lhe algo, comentou. – Ou talvez não seja tão
estranho assim. Zafrina contou que Aro consegue ler mentes então...
– O quê?! – a vampira o interrompeu subitamente; irritada, mal dando importância á telepatia de
Aro. – Quando se encontrou com aquela biscate novamente?
Edward abandonou seus pensamentos e, sorrindo envaidecido, tentou acariciar-lhe o rosto. A
vampira afastou a mão masculina antes que a tocasse.
– Nem venha tentar me distrair Edward Cullen!
E saindo de junto da grade por temer ser encurralada, Bella se afastou rumo ao deck da piscina na
área coberta. Depois de cruzar os braços em um gesto defensivo, encarou-o com uma das
sobrancelhas erguida e disse.
– Estou esperando?
Então, como um sonho distante, Bella se lembrou de uma conversa entre eles. Havia sido naquela
semana, mas agora lhe parecia tão distante.
– Espere um pouco... – ela começou juntando os olhos até que formassem duas linhas estreitas. –
Agora me lembro. Você se encontrou com ela “duas” vezes na segunda feira. E como sempre me
distraiu para não contar os detalhes, disse que estava somente “agendando” para o dia seguinte, mas
nunca mais voltou ao assunto.
Não foi o que desejou, Edward se perguntou enquanto tentava não se distrair com á visão magnífica
de sua vampira seminua, furiosa e desejável encarando-o de forma inquiridora. Equivalente ao seu
desejo veio também a inquietação. A afirmação dela não era verdadeira.
– Não tentei distraí-la deliberadamente como sugere. – ele se defendeu sem muito empenho. –
Apenas não voltei ao assunto porque tantas coisas aconteceram nesses últimos dias que não me
lembrei de contar.
E antecipando o aperto bom em seu coração sempre que “ela” experimentava o amargo sabor do
ciúme, ele corrigiu.
– E agora, depois de tantas coisas que aconteceram, devo lhe dizer que me encontrei com Zafrina
três vezes.
– O quê?!... – ela exclamou furiosa, passando á andar impaciente pelo deck. – Quando? Onde?...
Afinal por que aquela cretina não diz de uma vez tudo que sabe?... Á cada encontro é uma
“revelação”?... É isso?... Talvez agora ela queira se encontrar comigo em um hotel... Vadia! –
vociferou por fim, sem conseguir conter os rosnados baixos em seu peito.
Estes foram agravados ao se lembrar da conversa recente onde descobriu que Senna iria mesmo
manter relações com ela antes de matá-la. Essa lembrança fez com que recordasse da primeira vez
que esteve com Zafrina e ela lhe acariciou o pulso de forma íntima antes de soltá-la. Além de
biscate era tão nojenta quanto a outra, pensou com o peito rugindo enfurecido.
– Acalme-se Isabella. – o vampiro pediu aproximando-se cautelosamente.
– Fique bem aí, Edward!... – ela ordenou enraivecida. – Já pedi para não tentar me enrolar com sua
sedução... Começo á achar que tem algo desigual aqui. – falou indicando os dois. – Você fica todo
melindrado por causa de um humano idiota, mas mantêm encontros com uma vampira sempre que
lhe convêm.
– Não é verdade! – ele negou energicamente, sem se mover.
Sempre se envaideceria com as explosões possessivas dela, mas não admitiria injurias ou
simplificações nem mesmo vindas de Isabella em um momento de mágoa.
– Quando me acusa de “manter encontros” implica em muita coisa que não ocorre. Não encontro
Zafrina á minha conveniência ou por que quero e nada posso fazer se ela se esquiva de contar tudo
o que sabe.
– Edward... – ela tentou cortá-lo depois que sua raiva esmoreceu diante da dureza demonstrada pelo
vampiro.
– Se não contei antes foi somente por falta de oportunidade. – ele prosseguiu como se ela nada
tivesse dito. – E não se refira ao meu ciúme como um simples “melindre”. Jamais tiraria a vida de
um inocente movido por um sentimento banal. Acredito que me conheça o suficiente para saber que
sou melhor do que isso.
– Desculpe-me... – ela pediu em um sussurro rouco, abaixando os olhos para o piso.
Estava verdadeiramente arrependida das palavras proferidas durante seu surto possessivo, contudo
não conseguia controlar seu ciúme. Imaginar Edward com a vampira nojenta a enlouquecia. Tinha
consciência que estava sendo irracional, mas nem mesmo tal discernimento acalmava seu peito.
A pronta submissão de Isabella também acalmou o espírito do vampiro. Sua noiva sofria e não
desejava vê-la daquela maneira, assim como não desejava brigar com ela; não desejava
desentendimentos nem mesmo quando tivessem um motivo plausível. Queria acalmá-la, mas não
via como se aproximar, pois, mesmo tento lhe pedido desculpas, sua vampira ainda rosnava
lembrando-o que ela era apenas uma recém criada sujeita á todos os descontroles próprios aos
iniciantes.
– Acalme-se Isabella. – ele pediu mais uma vez. – E olhe para mim.
– Não consigo. – ela declarou trêmula.
Queria poder atendê-lo, encará-lo e sossegar seu coração. Contudo verdadeiramente não conseguia.
Seu ciúme era incontrolável e alimentava a raiva que sentia. Bella imaginou que talvez, como o
sentimento daninho referente àquele assunto viesse desde seu tempo como humana agora estivesse
potencializado pela imortalidade; era a única explicação, pois Edward estava certo. Seus encontros
com a biscate não eram intencionais e, mesmo se fossem, confiava nele. Não havia motivos para ser
injusta e atacá-lo verbalmente como fez.
– Pare de rosnar Isabella. – ele pediu.
– Eu não consigo... – ela repetiu ainda de olhos baixos.
Odiava-se por se deixar ser influenciada daquela maneira pela vampira idiota. Sentindo-se fraca por
não conseguir se controlar e calar seus rosnados, ela começou á dizer roucamente enquanto se
voltava para sair da varanda.
– É melhor conversarmos depois e...
– Pare exatamente onde está! – ele ordenou rispidamente.
Onde ela pensava que ia?... Estava louca se imaginava que a deixaria sair daquela maneira. Isabella
tinha que aprender á se controlar o quanto antes e não fugir de cabeça baixa, sem olhá-lo. Como
seria se passasse por alguma contrariedade na frente de humanos?... Novamente ela demonstrou sua
obediência, pois estacou onde estava.
– Pare de rosnar imediatamente Isabella. – Edward ordenou.
– Eu não consigo!... – exclamou em voz alta, pois se sussurrasse não seria ouvida; seu peito rugia. –
Não consigo!... Eu a odeio!... Confio em você Edward... De verdade eu confio, mas odeio saber que
estiveram juntos... Odeio que aquela bisc...
A vampira não terminou aquela última frase. Sem que esperasse, sentiu os braços fortes de Edward
prenderem os dela firmemente junto ao corpo antes de se lançar na piscina, espalhando água para
todos os lados. Recuperada do susto, Bella nem ao menos conseguiu apreciar a carícia aveludada
que recebia da água turbulenta, apenas lutou para se desvencilhar dele e, uma vez livre, nadou para
longe tentando alcançar a borda. O vampiro a segurou sem muito esforço e, após trazê-la de volta
puxando-a pelo calcanhar, abraçando-a pelas costas.
– Pare com isso Edward. – ela pediu séria; a luta perdendo o sentido quando o sentia inteiro ás suas
costas. – Está maluco?
– Já respondi a essa pergunta. – ele disse também sério em seu ouvido. – E esse é o único jeito que
conheço de amansar uma gata selvagem.
A vampira parou de lutar e tentou encará-lo, contudo Edward não deixou que se voltasse.
Começando á se excitar com a proximidade e a recente resistência dela, Edward falou agora
brandamente.
– Você estava descontrolada e não posso permitir que fique assim. Por mais que seu ciúme me
envaideça, prefiro a sua versão comedida... Agora somos verdadeiramente um casal, uma dupla... O
que lhe afeta, me afeta... Preciso de você inteira, para estar inteiro. E segura, para estar seguro
então... Tente não perder a cabeça... Eu preciso de você meu amor!
Bella sabia que ele tinha razão, mas ainda estava levemente surpresa e magoada, mas esses
sentimentos gradativamente esmoreciam com a voz melodiosa junto ao seu ouvido e a água que
agora sentia envolvendo seu corpo como uma languida carícia.
****************************************************************************

Recomendo:
Entre o Amor e a Guerra – Luana Gayo
Flor de Lótus – Bia Braz
Entre a Nobreza e o Crime – Jane Herman
Casamento sob Suspeita – Kiki Cullen e Tiih Cullen
Untouched – Nathy Gouveia

Meus contatos:
Fics da Halice FRS ** Twitter ** Facebook ** Formspring

Notas finais do capítulo


Bom... espero que tenham gostado... Me contem...
Como já comentei no anteiror as coisas vão no msm passo, mas vão... logo tudo se
esclarece...
vou deixar um spoiler para voltarmos aos velhos tempos...
Está com medo de sair?
Acho que sim... Um pouco. ela admitiu. É minha primeira vez...
E eu estou com você. disse apertando-lhe a mão. E não supervalorize essa sua saída...
Tudo está como sempre foi. Somente mais iluminado, então, mesmo estando á noite
prepare seus olhos... Com o tempo a luz artificial deixa de incomodar. E a cidade estará
mais barulhenta, por vezes fedida... Mas basicamente é a mesma coisa.
Então, sentindo que ela começava á relaxar, disse para animá-la.
Ah, sim... E todas as pessoas agora lhe parecerão apetitosas e um convite para uma a
degustação livre então... Não faça!
Engraçadinho... ela lhe sorriu, mas tranqüila. Então vamos de uma vez.
Tudo bem para você se sairmos de moto? ele perguntou com expressão incerta.
Quando entendeu o motivo do cuidado, a vampira lhe sorriu e assegurou.
Estou bem... Obrigada! ao olhar em volta ela sentiu a falta de um dos carros. Onde está o
BMW?
No pátio, creio eu...
Edward respondeu se acomodando sobre a moto e indicando que ela assumisse o espaço
vago no assento. A lembrança do que passaram o incomodava, mas não poderia fugir
sempre como havia feito em seu quarto á poucos minutos, então explicou.
fiquei preso em um engarrafamento quando voltava do Today na tarde de quarta quando
senti que você estava em perigo, então o deixei na rua.
Eu sinto muito!... ela disse acomodando-se ás costas do vampiro. Se quiser posso cuidar
disso para você?
Ou Alice cuida quando voltar. ele respondeu sem pensar.
A vampira sentiu uma fisgada incomoda com a rejeição ao seu oferecimento.
Reconhecendo-a, tratou de dizer á si mesma que não deveria ter ciúmes logo de Alice. A
preferência de seu noivo era somente por ela ser sua secretária e estar habituada á
resolver seus problemas. Ela, Bella, havia chegado agora e levaria algum tempo até que
Edward se acostumasse também á contar com sua ajuda. Simples assim; não procure por
problemas onde eles não existem, ordenou-se enquanto rolava o anel distraidamente em
seu dedo.
De toda forma não foi preciso se preocupar com sua cisma repentina; logo ela foi
esquecida. Bastou Edward guiar a moto para fora da garagem e ganhar as ruas. Ele havia
lhe avisado, ainda assim a vampira precisou fechar os olhos em um primeiro momento,
pois as luzes artificiais dos postes públicos a ofuscaram por alguns segundos fazendo
com que seus olhos doessem levemente. Podia não ver, mas seus outros sentidos
continuavam aguçados então não deixava de perceber os odores; os sons. O vento.
Edward disse que seria barulhento e fedido, mas ela estava adorando a cacofonia de
vozes, buzinas e motores assim como apreciava o odor da fumaça dos carros, da
variedade de perfumes que escapavam pelas janelas abertas que pode sentir quando
Edward foi obrigado á parar logo no primeiro semáforo da Wall Street. Tudo estava
como sempre foi, mas lhe parecia melhor. Animada com seus novos sentidos e
percepções, Bella se abraçou mais á Edward e abriu os olhos lentamente para não perder
nada em seu caminho.
É isso... Espero que gostem... Bom final de semana... até mais...

(Cap. 74) Capítulo 11 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... o/
Nossa... Desculpem a demora, mas não conseguia entrar na minha conta... =/
Depois que respondi e postei as duas outras fics travou tudo de novo... Mas o importante
é que consegui e trouxe mais um capítulo para vcs...
Espero que gostem...
Lindas, quero agradecer os reviews. Pelo mesmo motivo da demora em postar não
consegui responder antes, mas já estão respondidos... Desde os que ficaram faltando no
Bônus até os do restante do capítulo 10...
AVISO IMPORTANTE:
Nesse capítulo eu omiti um lemon. Minha pervice é notória, mesmo assim não me senti á
vontade para expor aqui algo que muitas ainda consideram polêmico.
Agora sim...
BOA LEITURA!

Após levar aquele “caldo” inesperado e ouvir as palavras de Edward, Bella sentiu seu corpo voltar á
sua tranquilidade, restando apenas a vergonha por não ter conseguido se controlar como ele havia
pedido. Agora agradecia silenciosamente á ele por não deixá-la se voltar, pois não sabia como iria
encará-lo. Não queria lhe causar problemas e sim, ajudá-lo á resolvê-los. Ainda arrependida pelo
destempero, ela o ouviu dizer.
– Entenda que esse descontrole não pode acontecer novamente, Isabella. Como será se
encontrarmos Zafrina na frente de humanos?... Ou qualquer outra contrariedade lhe irritar?
– Desculpe-me... – ela pediu novamente. – Tentarei ser forte. Não é minha intenção nos denunciar
por causa daquela... Daquela... Ah... Esquece!... – ainda sem coragem de encará-lo, pediu. – Posso
sair da água agora, por favor?
– Não, não pode. – ele respondeu apertando-a mais. – Estávamos no meio de uma conversa e não
permitirei que me deixe falando sozinho.
– Estou pedindo educadamente.
– E eu neguei. – disse firme. – Não insista.
– Então vamos ficar aqui?... Conversando dentro d’água?
– Gosto de ficar aqui. – ele explicou antes de soltá-la. – Mas venha...
Em poucas braçadas chegou á borda da piscina na extremidade mais rasa – aonde a água lhe
chegava até logo abaixo do peito másculo – e abriu os braços para recebê-la. Ainda envergonhada
pelo descontrole, ela o seguiu e se acomodou no abraço oferecido sem nada dizer até que Edward a
girasse para que suas costas ficassem contra seu corpo. Após alguns minutos de silêncio, ela
entendeu que caberia á ela retomar o assunto.
– Como disse, eu confio em você Edward, mas simplesmente não suporto saber que estiveram
juntos. E como prova lhe digo... Se não quiser me contar mais nada, não cobrarei.
– Não precisa me provar nada Isabella. – ele falou calmamente. – E a fase de tentar poupá-la já
passou. Agora vejo que não deveria ter feito isso nem quando ainda era humana... Apenas lhe
peço... Não permita que a raiva que sente por Zafrina a deixe como ficou á pouco.
– Vou tentar, prometo. Mas ajudaria bastante se parasse de me enrolar com sua vasta experiência em
sedução sempre que for preciso se encontrar com ela ou qualquer outra. – então pediu. – E já que
estou melhor e você não pretende me esconder nada, pode me dizer agora quando esteve com a
bis... Com Zafrina?
Edward riu de forma debochada ás suas costas, tomado por um ressentimento tardio despertado
pelas últimas palavras dela.
Imediatamente Bella juntou as sobrancelhas, um tanto irritada. Preparava para perguntar o que
havia dito de errado, quando o vampiro pigarreou para limpar a voz e exclamou.
– Você é incrível Isabella!... Acusa-me por distraí-la quando o assunto é Zafrina, mas você também
se vale de artifícios sexuais para aplacar minha ira. – e com a leve pontada de ciúme, acrescentou. –
E sempre consegue o que deseja, pois sabe utilizar como ninguém sua vasta experiência nesse velho
vampiro pervertido aqui.
– “Eu”?! – ela perguntou estupefata tentando se voltar, livre de toda vergonha anterior ou irritação
recente. – Utilizando minha “vasta experiência”?... Quando fiz tal coisa?
– Esta manhã, pequena hipócrita. – ele lhe disse ao ouvido, prendendo-a para que não se movesse. –
E na noite em que verdadeiramente cogitei matá-la, quando estávamos em minha casa... Durante o
banho depois que descobri sua marca. Não tem como negar...
De repente a jovem entendeu e levemente ofendida, retrucou.
– Pois saiba que está enganado. Para o seu governo, nunca havia feito tal coisa, assim como nunca
fiz outras coisas que sempre considerei impróprias entre um casal.
E para esclarecer que não possuía vasta experiência coisa nenhuma, a vampira declarou sem se
importar em dizer os nomes.
– Jamais senti o desejo de provar o gosto de Jacob ou Paul, somente o seu.
Ao dizer o nome do rapaz que a iniciou na vida sexual, a vampira teve um vislumbre de seu rosto
juvenil e imediatamente o associou á outro; soube então quem o segurança a lembrou. Contudo,
agora aquele fato não tinha importância nem vinha ao caso. Não poderia deixar que Edward
continuasse á fazer mau juízo de suas ações. Ainda ofendida, prosseguiu.
– Durante o banho em sua casa não estava tentando aplacar sua ira e sim atendendo ao meu desejo
por acreditar que aquela era minha última oportunidade. Quanto á hoje, se o velho vampiro diz que
o fiz corretamente foi por instinto... Por querer agradá-lo e compensar a forma insana com que me
considera sua e não por possuir uma “vasta experiência”. Se não quiser acreditar em minha palavra,
não acredite... Mas, se isso existe, foi você que tirou a virgindade de minha boca.
O vampiro á escutava, mas sem ouvir na verdade. A pontada aguda que sentiu em seu coração após
descobrir o nome de outro homem que a possuiu antes dele, durou até o término de seu discurso
exasperado quando uma ideia súbita e pervertida espocou em sua mente expulsando qualquer outro
pensamento. Novamente a paixão insana que sentia por Isabella se colocava diante de tudo,
relegando todos os problemas á um segundo plano. Tomado de uma excitação expectante pelo o que
estava prestes á sugerir, ele sussurrou-lhe ao ouvido.
– Acredito em você amor... E gostei de saber que fui o primeiro em alguma coisa... Tanto que nem
me importa tomar conhecimento desse tal Jacob.
– Fico feliz por você... – ela replicou ainda sentida, lutando para não se render á súbita e rígida
excitação que agora Edward insistia em agravar comprimindo-a contra suas nádegas.
– Pois poderia me fazer ainda mais feliz. – ele anunciou deslizando uma das mãos pelo ventre plano
da vampira até introduzi-la pelo elástico da calcinha.
Bella prendeu o ar em seus pulmões quando os dedos tocaram-na intimamente.
– Se mudar de assunto e fazer amor comigo agora o fará ainda mais feliz, sabe que sou sua... –
retrucou já sucumbindo às carícias ritmadas que recebia entre as pernas. – Faça!
Ainda rolando o botão cada vez mais inchado entre seus dedos, o vampiro explicou.
– Não quero simplesmente fazer amor com você, Isabella...
– Ah não?! – ela exclamou meio confusa.
– Não... – ele disse, após rolar a língua em seu ouvido enquanto a acariciava lentamente com a mão
dentro de sua calcinha. – Odeio o fato de não ter sido seu primeiro homem. Era para você ser minha
Isabella e de mais ninguém... Infelizmente não posso apagar seu passado, contudo... Agora que
mencionou a virgindade de sua boca... Que foi minha!... Quero ser o primeiro mais uma vez...
E então ele introduziu dois dedos nela, confundindo-a. A água o ajudando na tarefa fácil de distraí-
la e excitá-la.
– Não entendi aonde quer chegar... – ela murmurou roucamente, separando ainda mais as pernas.
– Se por “coisas impróprias”, posso entender as várias formas de sexo que existe... Quero chegar
aqui... – Edward falou depois de retirar os dedos de seu corpo e mover a mão sobre sua pele, sem
deixar o circulo do interior da calcinha e passar os dedos que antes a estocava profundamente entre
o vão de suas nádegas.
Ao entender a intenção do vampiro, Bella se retesou em seus braços. Imediatamente ela se esqueceu
de Zafrina, da vergonha pelo seu descontrole ou do banho gelado que Edward lhe deu. Tudo era
nada diante daquela proposta repentina e indecente. Jamais havia cogitado fazer tal coisa. O antigo
namorado lhe propôs certa vez ao que ela refutou veementemente, por considerar anormal; sujo.
Sempre estaria disposta á experimentar muitas coisas com Edward, mas “aquilo?!”
– Edward eu não...
– Deixe. – o vampiro pediu com voz baixa e suplicante junto ao seu ouvido, agora circulando
lentamente o local onde desejava encaixar-se. – Prometo ser um amante carinhoso... Cuidadoso
como se deve ser com uma virgem... Mas dê-me o prazer inenarrável de ser o primeiro mais uma
vez... O único homem... O único macho á deflorá-la dessa maneira.
A vampira, totalmente estimulada, quase alcançou ao orgasmo somente com aquele carinho obsceno
e as palavras sussurradas. E tomada de uma expectativa dolorosa e uma curiosidade morbidamente
excitante, aquiesceu.
– Se você realmente promete...
Edward sibilou ruidosamente em jubilo e, voltando-a para si, tomou-lhe os lábios e a beijou com
paixão erguendo-a para encaixá-la em sua cintura antes de apoiá-la contra a borda da piscina. A
mente pervertida e o coração apaixonado do vampiro estavam em festa; novamente seria o primeiro
de Isabella.

Bella jamais poderia imaginar que um ato tão depravado e profano pudesse lhe proporcionar
tamanho prazer. Aquele era seu fim. Havia sido corrompida definitivamente... Edward sempre
ressaltou sua perversão com razão. Agora estava claro que era tão devassa quanto ele; e estava
adorando confirmar esse fato, pensou enquanto seu vampiro ainda se movia em seu corpo até que
todos os espasmos completassem seu ciclo aniquilador; restando apenas a satisfação plena quando
então, Edward se retirou dela para abraçá-la, deixando uma perturbadora sensação de vazio.
Realmente estava perdida.
Minutos após seu corpo ter se recuperado parcialmente do turbilhão em que Edward a lançou ao
“deflorá-la”, Bella analisou a borda da piscina e riu levemente.
– O que foi engraçado? – Edward perguntou depois de beijar-lhe o ombro.
– Estava aqui pensando que, se existe algum material á prova de vampiro, é melhor você começar á
revestir seu apartamento com ele.
– Teríamos que revestir o edifício. A cidade... – ele disse ainda beijando suas costas de forma terna.
– É mais fácil e econômico você parar de quebrar “nossas” coisas, amor...
– Vou tentar me lembrar da próxima vez. – ela retrucou divertida.
– Hummm... – ele gemeu esperançoso. – Próxima vez...?
– Que não será agora! – ela exclamou rindo ainda mais e, se desvencilhando do abraço, nadou
lentamente de costas para o meio da piscina olhando-o de forma preocupada; teatralmente. – Acabo
de criar um monstro, é isso?
– O monstro sempre existiu; você apenas o despertou. – ele assegurou, seguindo-a também de
forma lenta, sem deixar de encará-la. – E você sabe o que dizem quando se desperta um monstro,
não?
– Não, não sei... – ela respondeu ainda se afastando, Edward sempre avançando. – O que dizem?
– Que, depois que os desperta é preciso amá-los, alimentá-los e nunca, nunca contrariá-los... Caso
contrário se é cruelmente castigado pelos mesmos.
– Agora fiquei em duvida... – ela disse encarando-o com expressão falsamente consternada.
– Qual á dúvida?... – o vampiro perguntou antes de passar a espreitá-la, nadando com a cabeça
submersa até a altura dos olhos.
Com o coração recém recuperado voltando á bater erraticamente com aquela visão perturbadora, ela
explicou.
– É que... Quando lhe dou amor é muito bom... Não posso mais alimentá-lo, mas ainda assim
quando bebe de mim é ótimo... Só que... Quando eu lhe contrario e você me castiga é...
Maravilhoso!
– Quem bem ama, bem castiga...
Dito isso, também como resposta á sua provocação, o vampiro mergulhou completamente e
avançou. Como não era sua intenção fugir do ataque esperou até que ele a puxasse pela cintura.
Bella simulou uma breve luta para logo se render e se deixar ser beijada. Nem ao menos se lembrou
que estava sob a água até que vários minutos depois ambos precisaram emergir á procura de ar.
– Já chega!... Acho que já teve uma mostra do que terá se não me tratar como se deve.
Sentindo o espírito leve; satisfeito, ainda divertido, Edward puxou-a para fora da piscina. Quando já
estavam sobre o deck, o vampiro a mediu de forma avaliativa. Isabella estava nua e molhada.
Estava exposta ao vento invernal e não movia um único músculo em protesto. Diante daquela
imagem, ele a encarou e inquiriu seriamente.
– Não preciso lhe dizer o quanto estou feliz, não é mesmo?
– “Hoje” não precisa. – ela respondeu lhe sorrindo mansamente. – Mas saiba que também tem
responsabilidades comigo... Me deixou mal acostumada com suas declarações apaixonadas.
– Sempre irei fazê-las amor... – assegurou ainda sério. – Mas agora não estou me referindo somente
do nosso amor, mas... Se não preciso dizer por ser óbvio o quanto estou feliz por você ser como
eu... Por não ser preciso me conter na hora do sexo e acima de tudo, por finalmente poder fazer
coisas bobas e infantis como brincar com você sem correr novamente o risco de matá-la de
hipotermia ou machucá-la...
Edward se interrompeu para arrumar uma mecha do cabelo molhado dela atrás da orelha e acariciar-
lhe o rosto. Mirando os olhos castanhos que brilhavam em sua direção, prosseguiu.
– Que não preciso admitir o quanto estou feliz por você ter sido persistente e me ajudado á ver que
seu lugar era ao meu lado, para sempre e não por míseros anos quando cada vez mais eu precisaria
ficar cheio de dedos e cuidados até que a perdesse para a morte... Que estou feliz por ter perdido o
medo de sua marca e a transformado verdadeiramente em minha mulher.
Bella o encarava, enlevada. Era um fato; Edward a mataria qualquer dia daqueles com suas
declarações. Quando encontrou sua voz, a vampira disse emocionada.
– É melhor que não diga nada... Pois se você expressar tudo isso que sente em palavras é bem capaz
que meu coração não resista.
Edward sorriu e, segurando-lhe o rosto, juntou sua testa á dela.
– Sempre minha bruxa absurda!... Eu amo você Isabella!
– Também amo você Edward!... E preciso lhe dizer uma coisa...
– O quê? – ele perguntou curioso separando as cabeças.
– É algo sobre nossa marca.
Imediatamente o vampiro sentiu uma leve pontada no coração. Não havia mentido sobre ter perdido
o medo, mas anos e anos de temor não se apagariam da noite para o dia. Edward agora temia que
ela tivesse descoberto alguma coisa sobre a praga que envolvia aquele maldito dragão.
Inconscientemente afastou-se um passo e perguntou.
– O que tem nossa marca?
– É que Senna disse uma coisa sobre Kachiri.
Ao ouvir o nome de sua criadora, Edward se empertigou.
– O que uma cobra disse da outra?
– Que ela se apaixonou por você, por isso o transformou... Para conservá-lo.
– Disso eu sempre soube. – ele comentou ainda sério. – Como se eu fosse ficar com aquela infeliz!
– Sei disso, você me contou toda a história... O fato novo que deixou passar na época, talvez por
estar agitado com a transformação e a morte de seu pai é que... Se Kachiri se apaixonou e o queria
para ela, porque pediria àquela outra lá que o marcasse?
– Por que além de cobra ela fosse maluca? – ele sugeriu, sem entender onde Isabella queria chegar e
preocupado que ela ficasse comentando Kachiri; não a queria novamente em um ataque de ciúme. –
Qual é o ponto Isabella?
– O ponto é que Senna se referiu á ela como sendo uma romântica incurável... Como já lhe disse, eu
acho que você interpretou essa marca de forma errada. Afinal ela esperava que seu desenho fosse
igual ao dela... Ninguém procura por algo que é capaz de lhe destruir... – tocando-lhe o rosto ela
concluiu. – Eu acho... Que você sofreu todos esses anos á toa... Matou-me das outras vezes em
vão... Nunca representei perigo Edward.
– Isso faria todo o sentido.
Edward disse erguendo a mão para acariciar-lhe a bochecha, mas sem se convencer de verdade.
Realmente não desejava provocá-la então não comentaria ainda, mas havia as palavras de Zafrina,
ditas através do humano.
“Ela não carrega a marca á toa; contra ela o vampiro não tem salvação”.
Após um suspiro resignado, o vampiro acrescentou.
– Seja como for... Isso não tem importância agora... Já superei meu temor, então vamos esquecer
essas cobras peçonhentas.
Bella percebeu que Edward não queria se aprofundar no assunto e chegou á conclusão de que ele
estava certo; agora estavam juntos “apesar” da marca que carregava. E além do mais, já haviam se
desviado demais das coisas importantes. Agora a vampira sabia como era fácil para eles se
distraírem um com o outro. Não poderia negar que era extremamente prazeroso poder ser tomada
por seu vampiro á todo momento e agora de todas as formas luxuriosas e degradantes possíveis,
mas era preciso manter o foco.
Sorrindo brandamente para ele, concordou.
– Está bem... Vamos esquecê-las por ora... Temos coisas mais importantes á tratar, mas antes... Acho
que devemos nos vestir.
– Por quê? – ele a mirou de alto abaixo demoradamente então disse sorrindo. – Está tão bom
assim...
– Está bom e nada produtivo. – ela riu socando-o levemente no ombro. – Deixe de ser safado
Edward.
Ele apenas alargou o sorriso e retrucou.
– Quando isso acontecer deixarei de ser quem sou. – então novamente sério, mas sem gravidade na
voz, pediu. – Espere aqui.
Antes que ela sentisse sua falta Edward estava de volta já seco, vestindo em uma de suas calças de
pijama e trazendo uma toalha e uma camisola para ela. O vampiro esperou que ela se secasse e
vestisse, observando cada gesto sem se mover, então depois de atirar a toalha molhada utilizada por
ela sobre uma poltrona, se sentou no sofá e a trouxe para seu colo.
– Melhor assim? – perguntou ternamente.
– Necessário assim. – ela respondeu lhe beijando no rosto, então, comprimindo o seu próprio contra
a bochecha dele, falou com os olhos fechados. – Agora estou realmente calma... E vou me
comportar... Então... Pode me contar dos encontros com aquela vampira.
Edward suspirou resignado. Confiava que Isabella não perderia o controle então, abraçando-a mais,
contou-lhe do encontro no banheiro do fórum quando descobriu que a vampira tinha o poder de
bloquear o dele e que existiam certas características sobre os vampiros de um modo geral que
desconhecia. Contou ainda que ela enviou um humano ao seu escritório para lhe revelar sobre a
capacidade telepática de Aro. Nesse ponto sua noiva o interrompeu.
– Então Aro pode ter escolhido morar próximo á Jasper e Emmett, como uma forma de vigiá-lo?...
Faria sentido, pois ele poderia saber de coisas sobre você sem se expor e eles não poderiam sentir-
lhe a presença ou o cheiro, pois sempre saberia seus passos... É por isso que você acha que não seria
estranho ele morar no mesmo bairro?
– Exatamente. – o vampiro confirmou. – De toda forma, quando essa confusão começou Jasper
praticamente se mudou para o seu bairro e como bem sabemos, Emmett está sumido.
– Acha que Aro pode tê-lo matado?
– Agora acredito em qualquer hipótese. – Edward disse sério, passando á fazer movimentos
circulares sobre o ventre dela distraidamente.
– Certo. – ela começou segurando a mão que a acariciava. – Sem pressões, mas... Quando se
encontrou com a vampira novamente?
– No feriado. – ele disse roucamente; a lembrança daquele dia sempre o afetaria. – Estava á caça de
James e a encontrei no apartamento dele em Sutton Place. Os dois estão... Juntos.
– A Zafrina e James?... Juntos?! – depois que Edward confirmou, Bella riu divertida. – A biscate é
pior que eu pensava!... Afinal ela é amante de Aro, não é?
– Isso prova que ela não é confiável.
– Nunca achei que fosse, sabe disso. – ela retrucou seriamente, então, ocorrendo-lhe algo
importante, especulou. – Mas... Como ela poderia estar com James se ela “é” amante de Aro? Como
eles podem se relacionar?... – então acrescentou receosa. – Afinal... Paul mal chegava perto de mim
sem reclamar de seu cheiro.
Edward se moveu visivelmente incomodado com o a lembrança.
– Desculpe meu amor, mas precisamos entender como isso funciona. – ela disse carinhosamente,
acariciando-lhe os cabelos da nuca.
– Sei disso! – ele falou seriamente. – Também quero entender o que aconteceu. No que se refere á
Zafrina, eu nunca senti o cheiro de outro vampiro rescindindo dela. Não sabemos quantos dias Aro
está fora então, se forem muitos, seu odor já teria se perdido e isso explicaria a proximidade de
James. O problema é que eu nunca soube que o cheiro de um vampiro afastasse outro. Na verdade...
Edward interrompeu seu raciocínio ao se dar conta do que diria. Sua noiva sabia de sua vida, suas
conquistas, mas não queria magoá-la com revelações de coisas que aconteceram á mais de cem
anos.
– Na verdade...? – ela o encorajou á prosseguir.
Edward a encarou demoradamente, maldizendo-se por ter sido tão depravado. Ressentia-se pelos
dois únicos homens na vida dela quando havia perdido a conta das mulheres que possuiu; mortais e
imortais. Além de ser pervertido era também o mais hipócrita dos machistas.
– Esqueceu que sou curiosa?... Sabe que agora vai ter que me contar, não sabe? – ela perguntou
erguendo uma sobrancelha, inquiridoramente. – Se lembrou de algum detalhe que nos ajude, pode
contar... Seja o que for. Como eu mesma disse, precisamos entender como essas coisas funcionam...
– Sei que está certa... – ele começou voltando a mover a mão sobre o ventre dela sem se importar
com os dedos que tentava contê-lo. – Bem... Sabe que nunca fui santo...
– Pensar tal coisa seria a pior das heresias. – ela retrucou ainda tentando segurar-lhe os dedos; a
revelação nunca era boa quando Edward tentava distraí-la.
– Bom... Jasper também não era até conhecer Alice.
Á menção do amigo, Bella uniu as sobrancelhas.
– O que Jasper tem á ver com essa estória?
– É que... Em nosso passado remoto, algumas noites, nós usufruíamos da mesma mulher.
– Eu não acredito nisso! – ela exclamou tentando se levantar.
Edward a segurou firmemente pela cintura; não poderia deixá-la se afastar.
– Não tem porque ter ciúmes disso Isabella! – ele falou tranquilamente. – Aconteceu há muito
tempo e uma coisa assim nunca significou nada. Era apenas sexo.
– Nossa!... – ela disse debochada, parando de lutar para se soltar. – Isso muda “muita” coisa!...
Alice sabe desse “compartilhamento”?
– Não sei o que Alice sabe e sinceramente, não me interessa! – ele disse sério. – Só me interessa o
que você sabe e acredite, se esse assunto não tivesse alguma relação com o que conversamos agora,
jamais lhe diria.
– Então você esconde coisas de mim? – ela deduziu o óbvio.
– Acredito que todos nós temos assuntos que não diz respeito ao outro. Ninguém é um livro
totalmente aberto Isabella. E por favor, não me interprete mal. Não é minha intenção ser grosseiro,
apenas digo a verdade.
Bella sabia que ele tinha razão; na verdade nem acreditava como ainda podia se surpreender. Qual a
dúvida que ele sempre foi um devasso mulherengo? Não teve a prova definitiva há poucos minutos
em sua piscina?... Apreciar coitos anais era uma unanimidade entre os homens – até mesmo entre os
não tão depravados – assim como ménages e sexo grupal. Imediatamente imaginou seu vampiro
viril com duas, talvez três mulheres; seu estomago revirou. E ainda assim não havia como condená-
lo. Engolindo mais aquela dose cavalar de ciúme de um passado ao qual não pertenceu e que jamais
poderia mudar, ela disse olhado para as próprias mãos.
– Você tem razão... Prossiga...
Edward segurou seu rosto e a fez encará-lo, arrependendo-se por ter contado aquela particularidade.
Jamais gostaria de vê-la entristecida.
– Você está bem?... Nós estamos bem?
– Eu me recupero... E nós sempre ficamos bem, não é mesmo?... – ela tentou sorrir, sem sucesso. –
Meu problema é ter uma mente imaginativa demais. Sempre que entramos nesses assuntos eu fico
vendo você... Com elas... E... – então ela se interrompeu.
– Possuo o mesmo problema e sei como é horrível “vermos” quem amamos com outra pessoa,
mas... Teremos que conviver com isso então...
– Então eu vou tentar deixar de ser uma ciumenta idiota e ouvir calada. – ela completou. – Pode
concluir o que ia me contar.
– Bom... – ele prosseguiu; ineditamente envergonhado de seu passado libertino. – Não vou repetir o
que disse. Acho que você já entendeu onde eu queria chegar... E por favor, nunca desmereça os
sentimentos que tem por mim. Seu ciúme me envaidece, aquece meu coração e alimenta ainda mais
o amor que sinto. Ele não é idiota muito menos você.
Ao terminar de falar, Edward ainda viu o brilho de contentamento cruzar os olhos castanhos antes
que sua noiva o abraçasse para beijá-lo. Atordoado com a reação intempestiva, ele retribuiu seu
abraço. O beijo era invasivo, faminto. A vampira segurava-o pela cabeça como se temesse algum
afastamento, enquanto se apertava a ele. Como era de se esperar, logo Edward se encontrava
excitado com a voracidade feminina, porém, algo lhe dizia que – naquele momento – aquele não era
o objetivo de Isabella. Para confirmar seu pensamento, tão rápido como começou o beijo, ela o
interrompeu. Ainda segurando seu rosto, a vampira juntou sua testa á dele e falou intensamente.
– Eu já lhe tinha tanto amor Edward... E agora ele parece ter dobrado e é tanto, tanto que meu
coração chega á doer. Então me perdoe o descontrole e as bobagens que venha á dizer... Não pense
nem por um minuto que todos os meus sentimentos possam ser diminuídos... Para mim, nada
referente á você é menos ou menor.
Edward sorriu enlevado; sentia como se seu coração também tivesse duplicado como o amor de sua
mulher. Ineditamente não encontrou palavras para expressar-se, então apenas sorriu e murmurou.
– E a senhorita fala das minhas declarações...
Ela sorriu levemente.
– Como bem sabe, tive um bom professor.
– Esse seu professor não fazia a mínima ideia da monstrinha que estava criando. – disse satisfeito
por não ter criado um problema; e sentindo que não conseguiria refrear seu desejo por muito mais
tempo, concluiu. – É difícil, mas vamos nos concentrar?
– Vamos. – ela disse soltando-o para se sentar ereta sobre seu colo; depois de respirar
resignadamente, falou séria. – Então, chegamos á conclusão que o cheiro de um vampiro não repele
o outro.
– Foi o que eu quis “ilustrar”... – ele disse tão centrado quanto ela. – Tal restrição não existe.
– Então, o que pode ter acontecido?
– A única coisa que me ocorre é que... Talvez o ódio do rábula por mim, fosse maior que o amor
dele por você.
Bella pensou nas possibilidades; fazia sentido. Não sabia nada sobre sua nova espécie, mas baseado
no que havia ouvido, era bem capaz de tudo ter acontecido daquela forma. Paul verdadeiramente
odiava Edward. A vampira encarou seu noivo tentando imaginar o contrário; se conseguiria
aproximar-se caso ele carregasse o cheiro de Zafrina. Como não possuía nenhuma memória olfativa
ficou sem sua resposta, mas algo lhe dizia que não o toleraria; esperava nunca ter a confirmação.
– Acho que você está certo!... E seja como for, por qual motivo isso aconteceu, só temos á
agradecer.
– Eu agradeço meu amor... – Edward disse beijando-a levemente. – Eu agradeço!
– Eu também... Agora... – ela falou ainda se obrigando á manter o foco. – Voltando ao novo casal...
Zafrina estava com seu sócio. Qual será a importância dele?
– Acho que nenhuma. Ele é apenas um peão nesse jogo doentio.
– Acho estranho alguém como a biscate se relacionar com alguém sem importância...
– Também acho, mas não temos como saber o que a move.
– Não temos como saber nada referente á essa... “vampira”. – Bella retrucou contrafeita; então,
suspirando resignada, falou. – Até que possamos descobriu uma forma de entendê-la, vamos deixá-
la de lado e pensar em algo que podemos fazer... Quando vamos ao Upper East Side?
– Está certa, mas ainda é cedo. – ele respondeu, concentrando-se como ela. – O que aconteceu no
parque está muito recente. E agora que sabemos que Senna está viva, não quero correr o risco de
encontrá-la enquanto as ruas estiverem movimentadas. E também preciso me alimentar
corretamente... Assim como você... Não sei como ficará sua sede já que decidiu não matar. –
subitamente preocupado, perguntou. – Está com sede agora?
– Estou bem... Agora que mencionou e eu me lembre do gosto de sangue minha garganta ardeu um
pouquinho... Mas só um pouquinho... Sei que posso esperar até que você decida ser seguro para
sairmos.
– Que bom! – ele disse beijando seu ombro. – Tem mais alguma coisa que queria me dizer; que
tenha descoberto no apartamento de Aro?
– Sim... Descobri que ele não pode reclamar por sua amante se relacionar com outro, pois aquele
apartamento é um harém. Aro tem três mulheres ao todo... Como Kachiri é passado, não consegui
descobrir quem é a terceira amante dele.
– Três mulheres... – Edward sussurrou pensativo.
– Não vá ter ideias! – Bella disse tentando um ar leve. – Sabe como tenho problemas com
“divisões”.
– Acredite... – ele disse beijando-lhe o ombro novamente. – Você e seu ânimo facilmente irritável
vale por mil mulheres então já tenho um harém. “Divisões” não é uma opção.
– Muito engraçado! – ela exclamou verdadeiramente divertida, contudo, contendo o riso falou séria.
– Me preocupa imaginar que possa ter outra vampira por aí... Alguém que não conhecemos.
– Esse detalhe também me preocupa... – comentou voltando á pousar a mão sobre o ventre plano
dela. – Mas só saberemos da existência de outra vampira se ela aparecer... Especulações não nos
levarão á nada. O que mais descobriu?
Ao fazer a pergunta – talvez esquecido de sua própria recomendação – Edward passou á mover a
mão e subi-la sobre a camisola até o limite de um dos seios. O carinho a distraia e excitava; com
aquela palma ameaçando ir além, era praticamente impossível pensar com clareza.
– Quer mesmo saber alguma coisa? – perguntou com a voz levemente rouca.
– Faz parte de ser imortal... – ele retrucou inocentemente. – Pensar em várias coisas ao mesmo
tempo. Estou educando você.
– Está claro que nem mesmo meu mestre consegue tal proeza, mas está certo então...
E assim, com a mão dele ameaçando cobrir-lhe um seio, ela se obrigou á lembrar. Logo algo que lhe
chamou a atenção lhe veio na memória.
– Quando Senna estava me explicando porque me mataria, ela falou algo como não admitir que Aro
tomasse seu lugar... Que sempre o desculpava pelas loucuras; que ficava longe por anos, mas que
sempre voltava apesar de não gostar de suas superstições... Ela disse que o vampiro se prende á
simbolismos e maldições... Você sabe sobre que maldição ela se refere?
– Não! – Edward disse sério, após alguns segundo em silêncio, admitiu contrafeito. – O que Zafrina
falou no fórum é a mais pura verdade... Eu não sei muito sobre nossa raça. E odeio não poder
entender tudo que está me contando.
Novamente Bella sentiu a fisgada em seu coração ao ouvir o nome da vampira ser dito de forma tão
natural, mas se conteve. Ela precisava ser comedida até poder fazer como Edward fez para se livrar
de um estorvo arrancando-lhe os olhos, o coração e a cabeça caso ela fosse louca o bastante para se
insinuar ao noivo. Esquecendo-se de seu ciúme, ela focou sua atenção em Edward. Cobrindo a mão
pousada sobre suas costelas, ela disse.
– Da forma que foi criado não tinha como ser diferente... Se tivesse sido escolhido em outra
situação, quem o transformou o explicaria tudo que deveria saber... Mas não foi o caso... Ninguém
estava lá para você.
Sibilando aborrecido, Edward falou.
– E estando preso em minha ignorância, não posso passar nada para você, assim como não pude
para Jasper que consequentemente não tinha nada á ensinar para Alice.
– E pelo o que sei todos viveram muito bem até aparecer esse bando de vampiros desocupados no
caminho de vocês... Não se recrimine meu amor... Você não tinha como saber que nesse mundo há
regras, maldições, superstições, poderes e nem sei mais o quê que possa haver... E eu acredito que
nunca é tarde para aprender e descobrir.
– Também penso assim. – ele disse afundando a cabeça na nuca dela. – Mas odeio me sentir inútil...
Odeio não saber!
– Descobriremos juntos. – ela disse para animá-lo. – E da minha parte posso dizer que está se
saindo muito bem como meu criador.
– Obrigado! – ele disse abraçando-a; então, com a cabeça pousada na curva do pescoço feminino,
ele disse. – Não podemos ficar sozinhos... Antes eu acreditava que seria fácil eliminar qualquer
intruso tão logo tivesse a chance, agora vejo que não será assim... Queria que Jasper e Alice
estivessem aqui.
E agora nem lhe importava brigar com a amiga por ela tê-lo enganado. Ter as palavras de Zafrina
confirmadas pelas de Senna através do relato de Isabella o inquietava. Agora mais do que nunca
precisava descobrir sobre quais maldições e superstições elas se referiam. Impaciente, todo o desejo
que sentia depois das declarações e dos carinhos que fazia em Isabella, ele disse.
– Se importa de subir sem mim um instante?
– Posso me arrumar para sairmos? – ela perguntou esperançosa.
– Ainda é cedo Isabella. – ele repetiu. – Sairemos depois da meia noite. As ruas estarão mais vazias
nesse horário. Apenas suba... Tente descansar até á hora de sairmos... Tente relaxar em nossa
banheira ou quem sabe, dormir.
– E você vai aonde? – ela perguntou contrafeita com as sugestões e preocupada pelo súbito tão
cansado dele.
– Vou tentar entrar em contato com Jasper ou Alice mais uma vez.
Bella pensou em demovê-lo da ideia, pois sabia que se não conseguisse ele ficaria ainda mais
inquieto, mas nada disse. O conhecia o suficiente para saber que se não tentasse ficaria ainda pior.
Depois de beijar-lhe no rosto demoradamente, ela saiu de seu colo.
– Vou tentar não sentir sua falta... Boa sorte na procura.

Edward pedir que relaxasse era mais fácil do que Bella conseguir fazê-lo na realidade. Talvez
aquela impaciência tenha vindo com a imortalidade, pois realmente não se lembrava dela. Não
poderia negar que era extremamente agradável ficar submersa naquela água morna e perfumada,
mas preferia estar fora daquele banho de espuma e de preferência na rua, procurando pelo edifício
de Aro. Contudo, segundo seu noivo, ainda era cedo. Então, seguindo suas ordens ela tentava
aproveitar o tempo livre para relaxar seu “ânimo facilmente irritável” até que fosse hora de saírem.
Já que era obrigada á esperar, pensou que pelo menos Edward podia estar com ela ajudando á passar
o tempo naquela banheira de hidromassagem e não tentando entrar em contato com Jasper
novamente. Aquela era a terceira vez que o vampiro a deixava para tentar localizar o amigo e Bella
acreditava que também seria em vão. A vampira acreditou na amiga, logo eles estariam de volta
então bastava seu noivo esperar. Seu noivo... Noivo!... Ao pensamento Bella olhou imediatamente
para sua mão esquerda. Em meio á tantas novidades e declarações; e toda a entrega vertiginosa a
qual se lançaram a vampira havia esquecido completamente que agora “deveria” carregar a prova de
seu compromisso.
Onde estaria seu anel, perguntou-se. Apreensiva Bella vasculhou sua mente á procura de imagens
que lhe indicassem o que deveria ter acontecido. Após alguns minutos chegou á conclusão de que
não o havia perdido. Não possuía nem mesmo a lembrança de ter despertado com ele em seu dedo.
Na verdade não se lembrava de nada além de “Edward” no momento de seu despertar. Liberando
um suspiro resignado, por saber que deveria esperar a volta dele para saber o que havia acontecido,
Bella fechou os olhos e tentou – mais uma vez – acalmar sua ansiedade para sair do apartamento;
agravada pela falta de seu anel.
Acariciando o dedo vazio – que agora parecia pesar com a ausência do objeto – Bella pensou que
aquela seria a primeira vez que iria á rua depois de transformada. Também estava louca para saber
como seria ver a cidade com seus novos olhos. Aquele desejo somado ao de ajudar Edward
dificultava o processo de relaxamento. Pensava em sair quando sentiu que Edward entrava no
banheiro e, antes que pudesse se mover, já estava com ela, dividindo espaço na grande banheira.
Seu rosto estava ainda mais sério; Bella acreditou saber a resposta, mas perguntou mesmo assim.
– Não conseguiu contato novamente, não foi?
– Pelo contrário. – ele disse após alguns segundos. – Falei com Jasper dessa vez.
– Então...?
Bella deixou a pergunta incompleta no ar, confusa. Imediatamente se esqueceu de seu anel; estava
claro que o momento era tenso. Para confirmar seu pensamento, Edward murmurou mais para si
mesmo do que para ela; seu olhar era vago, pensativo.
– Tem alguma coisa errada.
– Como assim?... – ela inquiriu preocupada. – O que pode estar errado com Jasper?
– Eu não sei... – ele disse ainda distraidamente demonstrando que procurava pela resposta enquanto
conversava com sua noiva. – Achei-o estranho... Distante; frio.
– Frio?!... – Bella não pôde deixar de repetir a palavra ao perceber como ela expressou a estranheza
e tristeza do vampiro. – Frio em que sentido Edward?
– Comigo. – ele esclareceu. – Somos amigos desde sempre Isabella. Jasper é meu irmão e eu o
conheço como ninguém... Como em toda amizade fraterna, já nos desentendemos, brigamos...
Ofendemos um ao outro em um momento de raiva, mas nunca, em tempo algum ele foi tão lacônico
e “frio” comigo.
– Estamos todos com os ânimos exaltados, meu amor... – ela disse se aproximando e forçando
passagem para as costas dele, fazendo com que ficasse á sua frente para abraçá-lo. – Quando ele
aparecer verá que foi somente uma cisma.
– Assim espero. – Edward retrucou sem muita convicção.
O vampiro se deixou ser abraçado, contudo, ainda que apreciasse o contato dos seios fartos á suas
costas e o carinho que ela passou á fazer sobre seu peito para acalmá-lo, não conseguia. Edward
realmente nunca havia sentido tal distanciamento por parte do amigo. Assim como seu tom
aborrecido – beirando á rispidez – quando perguntou por Alice. Outro detalhe perturbador era ter-
lhe dito que estaria de volta na segunda pela manhã e que o veria no escritório. O recado foi
totalmente sem propósito, pois eles não estavam vivendo normalmente naqueles últimos dias.
Edward não queria saber de suas funções jurídicas e sim de sua ajuda como amigo e aliado imortal,
assim como saber se estava bem ou como havia sido sua luta com a vampira peçonhenta.
Ao que parecia teria que esperar até segunda, pensou contrafeito e cismado. Como nada poderia
fazer, tentou se deixar envolver pelo carinho que Isabella fazia em seus pelos agora exatamente
sobre o coração. Naquele momento percebeu que rosnava levemente; apenas um ronco baixo em
seu peito.
– Acalme-se. – ela pediu sussurrando junto ao seu ouvido. – Tenho certeza que ele terá uma
explicação para estar assim... E se quer saber, Alice também não estava como sempre foi... Pareceu-
me preocupada, mas eu não estranhei, pois o momento que vivemos é tenso. Dê um desconto para
Jasper... Talvez não seja nada “com” você como imagina.
– Assim espero. – Edward repetiu, porém agora confiante nas palavras dela.
Então, sorrindo levemente ao se sentir estimulado pelos carinhos, disse.
– Pelo que vejo não usa seus conhecimentos somente para aplacar minha ira, mas também minhas
aflições.
– Sempre que for preciso meu amor... – ela respondeu antes de morder-lhe a orelha levemente. –
Saberia me dizer que horas são?
– Quando subi faltava quinze minutos para as onze horas.
– Hummm... Então temos algum tempo até sairmos... O que acha de eu acalmá-lo ainda mais? –
perguntou descendo a mão pequena por seu peito até tocá-lo e passar á estimulá-lo.
– Acho ótimo!

Minutos depois, um Edward relativamente tranquilo, sentado sobre a cama, encarava a vampira
parada á porta do guarda roupa, indecisa sobre o que usar.
– Vista qualquer roupa Isabella... – ele sugeriu calmamente. – Queria tanto sair e agora se prende á
esse detalhe?
A vampira – enrolada em uma toalha – o olhou seriamente. Edward já se encontrava completamente
vestido; calça jeans escura, camiseta preta da cor de sua jaqueta. Estava calçado e penteado, na
medida em que seus cabelos eternamente revoltos permitiam. Perfeito como sempre. Após um
suspiro, voltou á olhar para o guarda roupa e retrucou.
– Não é detalhe! Não tenho nada aqui... A maioria das minhas roupas ainda está no meu
apartamento. Ficamos de ir até lá na quarta, mas...
– Mas nós sabemos bem o que aconteceu. – ele a cortou também sério. – Não precisamos nos
lembrar...
– Desculpe-me! – ela pediu sinceramente depois de encará-lo. – Não quero aborrecê-lo.
– Então apenas se vista... Prometo que amanhã a levo para comprar roupas novas, mas agora veja o
que consegue com as que têm.
Suspirando resignada, a vampira olhou novamente para as roupas dispostas no armário. Não era que
desejasse nada novo, mas todas ali lhe pareciam tão inadequadas e simplórias. Em seu apartamento
tinha peças mais bonitas. Contudo, não estava em seu antigo apartamento e precisava sair então,
também escolheu uma calça jeans e pegou uma blusa de flanela onde o azul marinho se sobressaía.
Enquanto se vestia – depois de dispensar o sutiã – ela novamente se lembrou de seu anel. Talvez
sugestionada pela cor da blusa.
Sem se importar com o olhar especulativo de seu noivo, disse á si mesma que quando terminasse de
se aprontar, o pediria. Ao abotoar cada botão, ela apreciava a maciez da flanela em sua pele. Com
certeza não abandonaria seus velhos gostos – pelo menos quando estivessem em casa, pois
decididamente aquela seria a última vez que sairia com algo tão “campestre” á rua. Depois de calçar
os tênis e ajeitar as novas voltas de seu cabelo lustroso, anunciou.
– Estou quase pronta!
– Quase? – Edward indagou se aproximando, sempre a avaliando. – Não pode desejar mais do que
isso... Tem a mais remota ideia do quanto está desejável com essas roupas?
Distraída e envaidecida com o comentário, gracejou.
– Isso porque sou uma vampira... É natural encantar você!
– Á mim e á todos os pobres mortais... – ele disse sério demais para o clima leve que pairava entre
eles desde o banho; após um suspiro pediu. – Por favor, Isabella... Quando resolver se arrumar com
mais esmero, pense em nossa sanidade.
– Pensarei. – ela prometeu, ainda estranhando o tom; então prosseguiu. – Mas já que falou em
detalhes, tem um que não poderei dispensar. Na verdade sinto-me péssima por tê-lo esquecido por
tanto tempo.
– E que detalhe tão importante seria esse?... Para mim já está perfeita.
– Pois só me sentirei perfeita quando o detalhe estiver bem aqui.
Ao terminar a frase ergueu a mão esquerda e a colocou de costas á altura do rosto do vampiro.
Edward olhou-a interrogativamente apenas por um segundo. Ao acompanhar-lhe o raciocínio um
sorriso envaidecido surgiu no canto de seus lábios. Antes que ele dissesse qualquer palavra, ela
perguntou movendo os dedos lentamente.
– Onde está a prova de nosso compromisso?... Eu a quero de volta.
– Pois saiba que a prova está aqui!... – ele disse pousando uma das mãos sobre o próprio peito, na
altura do coração; ato contínuo a pousou sobre o dela. – E está aqui!... Como bem colocou, o anel é
somente um detalhe.
Sem dar-lhe tempo de responder, Edward a deixou para no segundo seguinte colocar-se no mesmo
lugar. Pegando a mão ainda estendida, ele recolocou o anel em seu dedo.
– Contudo é um detalhe indispensável. – ele disse antes de beijar o anel e boa parte da pele de seus
dedos. – Fez-me imensamente feliz ao se lembrar quando eu mesmo já havia esquecido.
Sim, Edward estava completamente esquecido daquele anel. O objeto herdado esteve com ele em
seus piores momentos sem Isabella; permaneceu nos dedos de sua noiva por apenas alguns minutos
e então voltou para a cômoda. O vampiro o retirou dos dedos dela tão logo Isabella passou á ser
torturada pelas dores. Ele não queria que nada a incomodasse. Era seu desejo recolocá-lo tão logo
ela despertasse, contudo, desde que Isabella abriu os olhos até o presente momento havia sido de tal
forma engolfado pela intensidade feminina que simplesmente o apagou da memória.
E ao que tudo indicava, ela também não se recordava. Justamente por isso a lembrança ter partido
dela o envaideceu e contentou; mesmo tardiamente, Isabella se importava. Assistir sua noiva
admirar enlevada o bem que pertenceu á sua mãe, também acarinhava o coração do vampiro.
Quando a vampira ergueu os olhos visivelmente emocionados em sua direção, Edward achou por
bem não se deixar influenciar por ela. Conhecia-os o suficiente para saber que aquele era uns
daqueles momentos que os levaria de volta á cama. Por mais que a ideia lhe fosse extremamente
agradável – e subitamente necessária, pois vê-la pronta despertou novamente seu senso de proteção
e ciúme – precisavam verdadeiramente sair.
– Acho que agora não vai ter medo de usá-lo, “espero”. – ele comentou para distraí-la.
A jovem vampira foi obrigada á sorrir – agradecida pela provocação leve. Ansiou por ter seu anel de
volta, contudo não estava preparada para as emoções que lhe acompanharam. Aquele anel era mais
do que um símbolo de união. Ele era um marco em sua vida. Ao desejá-lo na quarta ficou exposta;
foi separada de Edward; quase perdeu tudo o que mais prezava. Ainda assim venceram e agora
estavam juntos. A lembrança de uma possível perda incutiu-lhe um desejo de prender-se á Edward e
beijá-lo demoradamente. Contudo, sabia que se o fizesse não sairiam tão cedo; ao que tudo
indicava, Edward sabia o mesmo. Acompanhando-lhe no bom humor, refreou-se e disse.
– De forma alguma... Agora esse lindinho só sai do meu dedo quando o senhor o reclamar.
– Então será breve. – antes que ela pudesse protestar Edward lhe sorriu e esclareceu. – Mas somente
para substituí-lo por uma aliança.
Novamente sem lhe dar tempo de responder o vampiro beijou o alto da cabeça – pois agora não
confiava em si mesmo para beijar-lhe a boca – e, tomando-a pela mão a conduziu para fora do
quarto. Enquanto corriam escada abaixo, Edward pode sentir que Isabella começava á ficar
apreensiva. Ao chegarem á garagem, perguntou depois de fazê-la encará-lo.
– Está com medo de sair?
– Acho que sim... Um pouco. – ela admitiu. – É minha primeira vez...
– E eu estou com você. – disse apertando-lhe a mão. – E não supervalorize essa sua saída... Tudo
está como sempre foi. Somente mais iluminado, então, mesmo estando á noite prepare seus olhos...
Com o tempo a luz artificial deixa de incomodar. E a cidade estará mais barulhenta, por vezes
fedida... Mas basicamente é a mesma coisa.
Então, sentindo que ela começava á relaxar, disse para animá-la.
– Ah, sim... E todas as pessoas agora lhe parecerão apetitosas e um convite para uma a degustação
livre então... Não faça!
– Engraçadinho... – ela lhe sorriu, mas tranqüila. – Então vamos de uma vez.
– Tudo bem para você se sairmos de moto? – ele perguntou com expressão incerta.
Quando entendeu o motivo do cuidado, a vampira lhe sorriu e assegurou.
– Estou bem... Obrigada! – ao olhar em volta ela sentiu a falta de um dos carros. – Onde está o
BMW?
– No pátio, creio eu...
Edward respondeu se acomodando sobre a moto e indicando que ela assumisse o espaço vago no
assento. A lembrança do que passaram o incomodava, mas não poderia fugir sempre como havia
feito em seu quarto á poucos minutos, então explicou.
– fiquei preso em um engarrafamento quando voltava do “Today” na tarde de quarta quando senti
que você estava em perigo, então o deixei na rua.
– Eu sinto muito!... – ela disse acomodando-se ás costas do vampiro. – Se quiser posso cuidar disso
para você?
– Ou Alice cuida quando voltar. – ele respondeu sem pensar.
A vampira sentiu uma fisgada incomoda com a rejeição ao seu oferecimento. Reconhecendo-a,
tratou de dizer á si mesma que não deveria ter ciúmes logo de Alice. A preferência de seu noivo era
somente por ela ser sua secretária e estar habituada á resolver seus problemas. Ela, Bella, havia
chegado agora e levaria algum tempo até que Edward se acostumasse também á contar com sua
ajuda. Simples assim; não procure por problemas onde eles não existem, ordenou-se enquanto
rolava o anel distraidamente em seu dedo.
De toda forma não foi preciso se preocupar com sua cisma repentina; logo ela foi esquecida. Bastou
Edward guiar a moto para fora da garagem e ganhar as ruas. Ele havia lhe avisado, ainda assim a
vampira precisou fechar os olhos em um primeiro momento, pois as luzes artificiais dos postes
públicos a ofuscaram por alguns segundos fazendo com que seus olhos doessem levemente. Podia
não ver, mas seus outros sentidos continuavam aguçados então não deixava de perceber os odores;
os sons. O vento.
Edward disse que seria barulhento e fedido, mas ela estava adorando a cacofonia de vozes, buzinas
e motores assim como apreciava o odor da fumaça dos carros, da variedade de perfumes que
escapavam pelas janelas abertas que pode sentir quando Edward foi obrigado á parar logo no
primeiro semáforo da Wall Street. Tudo estava como sempre foi, mas lhe parecia melhor. Animada
com seus novos sentidos e percepções, Bella se abraçou mais á Edward e abriu os olhos lentamente
para não perder nada em seu caminho.
Ao sentir Isabella apertar-lhe a cintura e recostar a cabeça em suas costas, Edward sorriu satisfeito;
completamente esquecido de sua má impressão com Jasper. Agora, tudo que ocupava sua mente e
corpo era a alegria de tê-la junto de si; igual e desprendida. Completamente diferente da primeira
vez que a colocou em sua garupa. Tantas coisas aconteceram desde aquela noite em Little Italy;
muitas perturbadoras e dispensáveis, mas que ainda assim o vampiro não abriria mão caso se
mostrasse serem necessárias para deixá-lo exatamente onde estava. Se ainda não fosse preciso se
preocupar com seus inimigos e sim, com a segurança de sua mulher, ele poderia dizer, sem sombra
de dúvidas que era a criatura mais feliz, completa e realizada da face da terra.
Sua noiva era imortal á pouco mais de um dia inteiro e para ele era como se ela o fosse desde
sempre tamanha era a desenvoltura com que se tratavam; a intimidade, a química. Teria realmente
sido um idiota, mimado e egoísta se tivesse prosseguido com seu pensamento irracional de
conservá-la humana. Por sua teimosia inicial talvez nem merecesse o tanto que recebia, mas já que
o destino lhe perdoou a falta e o agraciava, aproveitaria cada segundo que estivesse com sua amada.
Satisfeito, com o peito inflado de contentamento, Edward passou a guiar com uma das mãos e com
a livre cobriu as de Isabella que estavam pousadas sobre seu abdômen. Segurou-as firmemente até
que chegaram ao bairro de Jasper e Emmett quando precisou segurar o guidão corretamente, pois
reduziu a velocidade para serpentear pelas ruas – todas elas – pois somente assim Isabella poderia
reconhecer o edifício no qual foi mantida refém do rábula abjeto.
– E então? – Edward perguntou em determinado momento. – Não reconhece nenhum?
– Ainda não. – ela disse entristecida por não ter encontrado o edifício.
Edward já havia lhe mostrado a construção luxuosa em que Jasper e Alice moravam. Á Bella
pareceu estranho, pois como comentou com Edward, para ela, a amiga sempre morou ao seu lado.
Por mais que aquele endereço combinasse com Alice, ela não conseguia imaginar a vampira
morando naquele prédio enorme, com a parede de entrada de tijolos aparentes e brancos que lhe
davam certo ar bucólico, porém contraditoriamente sofisticado. A jovem vampira disse á si mesma
que era preciso se habituar ao luxo que cercava os vampiros. Ao que parecia nenhum deles se
contentava com pouco ou com o trivial. Estava prestes á tecer um comentário á respeito quando, de
repente, o endereço procurado surgiu á sua frente. Antes que pudesse dizer qualquer coisa Edward
falou.
– Emmett mora naquele edifício.
– Em qual deles? – ela perguntou receosa, já sabendo a resposta.
– Esse aqui. – e então Edward parou a moto diante da construção luxuosa.
Imediatamente o sangue da vampira enregelou em suas veias. Sua cabeça girava á procura de
ligações que explicassem a coincidência. Sabia que deveria dizer alguma coisa; qualquer coisa.
Contar que aquele era o endereço de seu cativeiro para junto com Edward encontrar uma solução,
mas não conseguia proferir uma única palavra depois que uma voz fininha soou bem no fundo de
sua mente lhe dizendo para ficar calada.
– Algum problema meu amor? – Edward perguntou se voltando no assento para encará-la.
– Não. – ela balbuciou sem olhá-lo. – Nenhum.
– Eu a conheço Isabella. – ele comentou agora sério saindo da moto depois de deixá-la sobre o
apoio então encarou a vampira. – Acredita mesmo que pode me enganar?... Eu sentia sua aflição
quando estávamos em bairros diferentes como não a sentiria com você abraçada á mim?
– Certo! – ela disse para ganhar tempo.
Bella olhou para Edward que a encarava com expressão inquiridora, agora de braços cruzados.
Nesses momentos ele lhe parecia maior que realmente era o que aumentava sua inquietação. Não
gostava de esconder-lhe nada, justamente por isso sempre lhe contou tudo, mesmo as mínimas
coisas dolorosas. Não via como ser diferente, pois, ao enganá-lo ou ocultar-lhe assuntos
importantes, cometia os mesmos erros que invariavelmente ressaltou e condenou na personalidade
do vampiro. Contudo, não via como contar a verdade. Edward não estava enganado; Senna
comentou que ele conhecia o endereço de onde ela se encontrava. Então, algo estava errado.
Uma coisa era morar no mesmo bairro, mas Aro dividir o mesmo edifício que um sócio de
Edward?... O rival poderia ler mentes, mas não ocultar seu cheiro em um local fechado. Tão logo
aquele pressentimento estranho que a impulsionava á ficar quieta silenciasse em seu peito lhe
contaria, por ora era melhor tirar seu noivo dali. Talvez a cobra peçonhenta – como Edward mesmo
dizia – estivesse no apartamento e Bella não a queria nem á uma quadra perto de seu vampiro; se
entenderia com ela depois. De preferência á sós. Talvez o próprio Aro estivesse com ela, pois a
vampira comentou com Paul que provavelmente ele retornasse á cidade naquela tarde; aquele lugar
não era seguro para Edward. Tentando ocultar seu nervosismo explicou.
– Só estava aqui me perguntando o que pode ter acontecido com Emmett... E fiquei com medo que
Aro possa mesmo tê-lo matado. Não quero que aconteça o mesmo com Jasper ou Alice... E
principalmente com você.
O semblante carregado desanuviou, demonstrando que Edward havia acreditado em sua explicação.
Para acalmá-la ele estendeu a mão e tocou seu rosto carinhosamente.
– Não pense nisso agora... Vamos confiar que Emmett logo apareça e nos diga onde esteve todo esse
tempo.
Bella lhe sorriu forçadamente, se lembrando das próprias palavras do vampiro quando ainda
estavam em sua casa. Que não deveria confiar em Emmett ou em James. Este último vampiro estava
com Zafrina. E Emmett?... Onde se encaixava? Com certeza fazia parte da corja.
– Podemos aproveitar que estamos aqui para subirmos... Poderíamos conhecer o prédio, ao menos
rondar o apartamento de Emmett.
– Não! – ela disse rápido demais, então se corrigiu. – Minha sede está aumentando. Acho que
devemos continuar á procurar para podermos caçar... Podemos voltar aqui depois... Se desejar.
– Está bem! – Edward concordou depois de olhá-la demoradamente; voltando para a moto para ligá-
la e recolher o apoio, disse. – Vamos olhar nas ruas restantes e depois caçamos.
– Caçar será bom! – falou séria.
Edward nada disse, apenas colocou sua moto em movimento. Isabella estava tensa demais para
alguém preocupada com um vampiro que mal conhecia. Tudo bem que ela poderia realmente estar
pensando em Alice ou Jasper, ainda assim seu grau de estresse não condizia com a explicação ou
com sua sede. Ela havia se controlado bem logo em sua primeira noite como imortal. Havia alguma
coisa errada que ela tentava ocultar; não gostava daquilo. A fase das omissões já havia passado.
Agora era preciso que estivessem unidos como se fossem apenas um. Sim, era preciso, mas ao que
parecia sua noiva não estava disposta á dividir o que a afligia. Por ora esperaria que resolvesse
contar por livre e espontânea vontade; e que fosse em breve, pois se havia uma coisa que o torturava
verdadeiramente era sentir as emoções conflitantes de Isabella tão vividamente.

****************************************************************
Grupos no facebook:
Irmandade Obsession - Facebook
Contos da Bia Braz
Leitoras
*Para acompanhar minha nova sandice cliquem no nome*
Enigma - Segredos & Mentiras

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado... Por favor, comentem... =)
Bom... Já deu para perceber que (finalmente) as coisas vão se esclarecer... Bella já matou
a charada, só não se deu conta ainda... A partir dos capítulos seguintes tudo começará á
ser e desvendado mais claramente. Sem será ou talvez... Logo todos nossos vampis
começam a ver a verdade daí é só terem a chance de resolver suas pendências com seus
rivais...
Mas vale lembrar... Sim, é reta final, tudo começa á se resolver, mas isso não significa
que a fic vai terminar daqui á duas semanas, por exemplo... Não surtem!... Nem de
alegria, nem de bronca da autora fofa que vos escreve com tanto carinho... =)
Agora perguntinha àquelas que leram o lemon oculto... Gostam de Edward sussurrando
Deixe ao pé do ouvido?...
Aff... Vambora deixar de fuleragem e seguir com os trabalhos finais, hora do spoiler:
Inconscientemente Bella apertou-lhe os dedos; seu coração afundou no peito ao imaginar
todo o sofrimento pelo qual Edward passou em seu apartamento.
Edward...
Tudo bem Isabella. ele se voltou e tentou sorrir. Já passou, mas ainda dói um pouco... Sei
que vai passar, mas vir aqui, mesmo que com você, é incômodo.
Quer deixar para fazer isso depois?
As palavras dele a fizeram se lembrar de como tudo começou tornando incômodo voltar
ao apartamento que abrigou o sofrimento de seu vampiro e no qual não veria mais seu
bichinho de estimação.
Podemos vir outro dia...
Não! ele disse firmemente. Já estamos aqui e não podemos adiar nada. Sempre que eu
voltar será da mesma maneira.
A vampira sabia que com ela aconteceria da mesma forma, então não insistiu. Sacando a
chave que trouxe consigo, Bella abriu a porta principal. Tão logo entraram Edward
sibilou ruidosamente olhando para o topo da escada.
Jasper e Alice estiveram aqui.
Como?! Bella perguntou acompanhando-lhe o olhar como se fosse possível ver o casal
no alto da escada. Tem certeza?... Quando foi isso?
Não saberia precisar o tempo, mas foi recente. Venha.
Ao chamá-la, tomou-a pela mão e subiu os degraus rapidamente, mas na velocidade
aceita pelos humanos. O vento relativamente forte daquela manhã de domingo não
deixava traços dos amigos na calçada, mas ali nos corredores e escadaria do prédio ele
estava forte. Não fazia sentido eles ainda não terem o procurado.
Não sente o cheiro deles? perguntou para sua noiva; precisava se lembrar de instruí-la.
Sinto vários odores. ela disse sinceramente.
Esqueça os conhecidos e que lhes são mais fortes agora... Há dois distintos entre eles.
Bella o acompanhava sem dificuldade alguma; se deixando guiar, apurou o olfato.
Realmente entre a mistura habitual havia dois novos e ao mesmo tempo antigos. Um
odor adocicado e forte; duas notas diferentes. Jasper e Alice. Estava prestes á dizer que
os sentia quando chegaram ao seu andar e um deles se tornou mais acentuado. O mais
delicado. Instintivamente soube á quem pertencia.
Alice! exclamou sem nem pensar. Ela no seu apartamento.
Está!
Ao confirmar rigidamente, Edward se encaminhou á porta do apartamento da amiga para
empurrá-la sem nenhuma cerimônia.
Bom... É isso... até os reviews ou até o próximo... =D

(Cap. 75) Capítulo 12 - Parte III

Notas do capítulo
Oie.... Desculpem a demora... Tentei uma troca de dias de postagem, mas não deu certo
então semana que vem o capítulo vai estar aqui na sexta pela manhã... =D
Bom, como sempre quero agradecê-las pelas indicações e reviews... Vcs são
simplesmente demais... é um prazer para mim tê-las aqui comigo...
Agora...
BOA LEITURA!

A música cadenciada ditava o compasso. Dois para lá, dois para cá... O casal seguia no ritmo.
Mão direita feminina atada á mão esquerda masculina. Enquanto que a mão esquerda dela
repousava displicentemente sobre o ombro largo dele que a segurava possessivamente pela cintura
com sua mão direita. Seus olhares não desviavam para qualquer direção que não fosse os olhos do
outro. Ela queria ver-lhe o rosto, mas as máscaras que usavam dificultavam sua visão.
Tudo que ela conseguia perceber eram as íris claras; as pupilas brilhantes. Ela também queria ver
onde estavam, mas não podia. Para olhar em volta teria que desviar o olhar e ela sabia que não
poderia fazê-lo. Se o perdesse de vista ele lhe escaparia. Ele precisava ser vigiado. Subitamente a
música acelerou gradativamente obrigando o casal á girar mais rápido e mais rápido. Logo
estavam presos em um rodopiar vertiginoso em seu próprio eixo até que a melodia ritmada
silenciasse e o casal parasse subitamente diante de um grande espelho.
Em algum momento durante o giro, ele a soltou e agora, o reflexo que via era o dela mesma em
destaque; com ele ás suas costas segurando-a pelos ombros. Seus olhos claros – que ela não via a
cor – a fitavam fixamente. E não estavam sós. Em cada lado do casal havia uma mulher
mascarada. Todos se vestiam elegantemente em trajes longos e antigos. Somente ela destoava.
Apesar dos sapatos pretos de salto alto, suas pernas estavam á mostra, assim como seus braços
estavam nus. Membros pálidos e perfeitos, assim como o colo exposto, revelados pela roupa
infantil e mínima de tecido azul claro.

– Isabella! – ela ouviu a voz distante. – Acorde meu amor...


– Edward! – ela disse ao despertar.
Mais uma vez abriu os olhos rápido demais ficando praticamente cega com a claridade da manhã.
– Devagar meu amor... – Edward falou tardiamente. – Nunca se esqueça de abrir os olhos
lentamente, acostumando-se com a luz.
– Vou me lembrar... – ela garantiu de olhos fechados.
A jovem vampira precisou de alguns minutos até que pudesse abrir os olhos e olhar em volta; estava
em seu novo quarto. Contudo ainda era como se estivesse naquele lugar desconhecido; ainda presa
ao salão luxuoso de seu sonho.
– A dor dos olhos passou? – Edward perguntou preocupado a estreitando em seus braços
protetoramente.
Quando ela confirmou movendo apenas a cabeça, ele acrescentou á sua preocupação.
– O que sonhou para que gritasse?
– Eu gritei?! – ela estranhou.
– Sim... Um “não” apavorado. O que sonhou? – ele insistiu.
Em um segundo veio a lembrança. Sabia exatamente porque havia gritado, mas ainda não poderia
dizer. Durante todo o tempo que ainda percorreram Upper East Side, ela procurou sufocar aquela
voz que a mandava ficar calada; sem sucesso. Junto àquele pensamento se somava outro, o de Aro
que podia ler mentes. Enquanto a vampira conversava com o noivo, tentava fazer as possíveis
associações entre Emmett e o vampiro intruso. Apenas uma possibilidade lhe vinha á mente – que
ela relutava em acreditar – e então, agora vinha esse sonho.
Não havia motivos para crer que ele fosse somente fruto de sua imaginação sugestionada. Há muito
tempo que seus sonhos, de uma maneira ou de outra, se mostraram ser premonitórios. Então, se
estivesse certa, não havia ligações conspiratórias entre o sócio de Edward e o seu rival; Emmett era
Aro. Somente isso explicaria o mesmo endereço e o vestido de “Alice” usado por sua esposa na
noite de Halloween estar no último quarto que visitou no apartamento em que foi mantida refém.
Ao ver de relance o tecido azul, Bella não se lembrou na ocasião, mas sua mente lhe esclareceu em
sonho. Aquele mascarado que dançava com ela era Emmett e as duas mulheres ao seu lado eram
Senna e Zafrina. E ela, Bella, se apresentava no lugar da vampira morta; Rosalie.
Seu grito se deu exatamente nesse ponto; durante seu reconhecimento. Todo aquele tempo Edward
esteve em perigo. Conviveu durante anos com seu inimigo inocentemente. A jovem vampira sabia
que devia alertá-lo, mas não conseguia; Aro lia mentes. Bella temia a reação do vampiro. Estava
dividida entre o desejo de protegê-lo e a vontade de terminar com aquele embate de uma vez por
todas. Talvez, ao saber da verdade, Edward fosse tomado por sua fúria e partisse para um confronto
direto. Na melhor das hipóteses todos lutariam entre si, contudo, até mesmo para ela que havia
chegado agora, estava claro o quanto Aro era ardiloso.
Edward não teria como saber a verdade sem provas. Suas amantes poderiam encobri-lo, negar que
Emmett fosse o amante delas conferindo-lhe apenas um posto inferior, como Edward disse
acontecer com James. Talvez aquele fosse o motivo de seu silêncio; agora Bella sabia que precisaria
de provas irrefutáveis. Enquanto as procurasse, daria um jeito de ficar ao lado de Edward até que
seus amigos voltassem. Aquele era outro ponto importante; os dois estavam sozinhos. Como o
próprio Edward havia dito, a presença de Alice e Jasper era imprescindível ao lado deles. Bella
determinou que tentaria conseguir as provas o quanto antes para então contar toda a verdade á
Edward.
– Isabella. – Edward chamou preocupado, despertando-a. – Conte-me.
– Não me lembro do meu sonho. – odiava-se por mentir. – Estava tentando, mas as imagens não
vêm.
Isabella estava mentindo. O vampiro tinha certeza. Sua noiva estava dispersa e esquiva desde sua
ronda por Upper East Side. Mais precisamente desde que estacionou diante do edifício onde
Emmett morava; ou costumava morar – Edward já não sabia. Talvez ela estivesse realmente
preocupada com o destino de seu sócio, contudo, o vampiro considerava a reação exagerada, visto
que eles mal se conheciam. Ou talvez fosse somente receio que acontecesse o mesmo – supondo
que Emmett estivesse morto – com seus amigos.
Nesse caso a aflição de sua vampira era justificável, mas Edward ainda relutava em acreditar em tal
hipótese. Por isso o silêncio dela ou suas evasivas o inquietavam. Ainda mais que não sabia até que
ponto o sentimento que ela escondia a afetava suas ações. Enquanto a estreitava em seus braços e
acariciava-lhe os cabelos macios, o vampiro se recordou da noite anterior; das ações de Isabella
durante a caça e se perguntava se talvez, o sonho não fosse referente aos ocorrido. Se fosse, a
inquietação de sentia vir dela naquele exato momento também seria altamente justificável.
Depois que deixaram o bairro de seus sócios, Edward rumou para a ponte Manhattan e tão logo a
cruzou, seguiu com sua noiva – abraçando-o fortemente pela cintura, porém calada – até o Prospect
Park. Preferia levá-la ao Central Park, mas depois de tudo que ocorreu no local que o colocou em
maior evidência achou por bem evitá-lo. Parques nova-iorquinos sempre seriam iguais durante a
madrugada; com seus frequentadores tardios de índole duvidosa. Ladrões e drogados em sua
maioria. Sua refeição preferida.
Depois de deixar sua moto afastada, estacionada em uma vilela larga formada pelos fundos de dois
galpões. As árvores da rua impediam que a luz do poste entrasse, deixando-a na penumbra. De lá o
vampiro seguiu á pé, abraçado á Isabella. Se a vampira não estivesse tensa, consideraria a noite
perfeita. Pela primeira vez caminhava com sua mulher, sem reservas ou temores imediatos. Era
apenas ele mesmo, indo saciar sua sede; acompanhado por ela, sem medo de assustá-la. Edward
acreditou que seria divertido e que talvez, depois de saciada Isabella mudasse seu humor. Depois de
beijá-la no alto da cabeça perguntou.
– Como está sua sede?
– Agora um pouco mais forte. – ela disse sem entonação especial. – Apesar da hora, cruzamos com
muitas pessoas e o cheiro delas é realmente atraente. Acho que mesmo com o pânico que alguns, as
ruas dessa cidade jamais ficaram suficientemente vazias.
– É isso que a preocupa? – ele arriscou.
– É sim. – ela disse. – Não por minha sede, pois o cheiro mesmo atraente não me incita a atacar
ninguém, mas pelo que falou sobre evitar encontros com Senna. Isso sem contarmos com os outros.
– Posso estar errado, mas acho que com os outros não precisamos nos preocupar. E se Senna não
fosse tão descontrolada, saberia que não deve se expor da maneira que fez. Esse segredo não é
apenas nosso, é deles também. Mesmo que tenhamos alguma pendência, devemos resolvê-la
discretamente.
– Acho que aquela vampira nojenta não conhece a palavra. – ela retrucou subitamente enraivecida.
– Pelo o que entendi, ela se manteve distante de você por imposição de Aro, caso contrário nem
quero imaginar o que já teria feito.
– Shhh... – Edward a acalmou novamente beijando o alto de sua cabeça sem interromper a
caminhada, quando a sentiu estremecer. – Não pense em coisas que não aconteceram.
– O que me preocupa é o que pode acontecer. – ela disse séria, então acrescentou. – Bom... Pelo
menos agora, no que depender de mim, ela nunca chegará perto de você.
O vampiro se surpreendeu com a intensidade e a violência de sua declaração; entendeu nas
entrelinhas o que elas significavam então parou e soltou-a somente para fazê-la encará-lo.
– Cuidar de mim não é assim tão fácil. Aprecio que esse seja seu desejo, mas não se coloque em
perigo na tentativa de proteger-me.
– Farei apenas o que sei que faria por mim. – ela disse simplesmente.
A determinação que Edward percebeu nos olhos castanhos o alarmou.
– Por favor, Isabella, não se compare á mim.
– Por que não? Agora sou tão forte quanto você.
– Mas é inexperiente.
– Em quê?... Em lutar? – ela inquiriu desafiadoramente. – Até onde sei nenhum de vocês possui tal
experiência. E como você mesmo me disse, todas as brigas são iguais. Também posso não ter
enfrentado um imortal antes, nem trocados muitos socos com outras garotas quando era mortal, mas
também nunca fui necessariamente um anjo de candura.
– Não há comparação Isabella. – Edward replicou, refreando o desejo de chacoalhá-la pelos ombros
para ver se entrava algum juízo naquela cabeça voluntariosa. – Trocar sopapos com alguma colega
de escola ou faculdade, não é o mesmo que lutar com uma vampira experiente como Senna ou até
mesmo Zafrina. Nem eu fui páreo para essa última, assim como Jasper não foi suficiente para
eliminar a primeira, então... Por favor, Isabella... Se estiver pensando que pode simplesmente se
colocar á minha frente e lutar, esqueça!
Sua vampira o encarou por alguns segundos, então aquiesceu.
– Está bem... Não farei nada imprudente, mas não espere que eu fique de braços cruzados caso uma
luta ocorra ou qualquer um deles lhe ameace, porque isso eu não farei.
– Tudo bem!... – ele disse mais para si mesmo, na tentativa de acalmar-se do que para ela. – Não
vamos pensar nisso agora. Precisamos nos alimentar para voltarmos para casa.
– Então vamos... – ela falou lhe piscando matreiramente e estalando a língua. – Toda essa conversa
de lutas abriu meu apetite.
Aquele foi o momento que Edward a sentiu mais relaxada e confiou que ela permaneceria daquela
forma; ledo engano. Tão logo avistaram dois homens sentados na guia de uma das calçadas
internas, minutos depois que acessaram o parque pela Third Street, Isabella enrijeceu sob seu braço.
– Serão aqueles dois? – ela perguntou ansiosamente.
– Não sei. – Edward respondeu. – Geralmente espero que minhas vítimas se pronunciem. Não gosto
de matar inocentes, sabe disso. E aqueles dois podem ser apenas drogados como tantos que existem
por aí. Não os suporto, mas não é sempre que eles fazem importunam alguém. Eu prefiro os mal
intencionados que invariavelmente tentam me assaltar ou matar, essas coisas.
– Entendo. – ela disse. – E como faremos? Apenas passeamos por aí?... E como será, pois eu não
pretendo matar, mesmo esses tipos que você descreveu.
– Estava pensando sobre esse detalhe. – Edward falou despreocupadamente, como se estivessem
prestes á dividirem um lanche comum. – Imaginei que, como bom cavalheiro que sou, posso deixá-
la bebê-los primeiro; você começa, eu finalizo. Como fizemos com o segurança, mas agora com
planejamento. Está bem assim?
– Perfeito! – ela disse quando se aproximavam dos dois homens; sem nenhuma nota especial na voz
por ele ter comentado seu preferido morto.
À aproximação do casal, eles ergueram as cabeças para medi-los de alto á baixo, avaliando-os
descaradamente.
– Não olhe para eles. – Edward sussurrou ao ouvido de sua noiva. – Apenas continue andando. Se
nos seguirem, serão os escolhidos.
Já estavam á uns dez metros de distância, Edward começava á acreditar que teriam que procurar por
outras pessoas, quando ouviu o farfalhar produzido por suas roupas ao se levantar.
– Eles estão atrás de nós! – Isabella disse rouca e desnecessariamente.
– Estão. – ele sussurrou novamente em seu ouvido. – Vamos caminhar mais um pouco e então
facilitar o trabalho deles. Vou levá-la para as árvores como se fossemos ficar juntos em algum ponto
isolado.
Imediatamente o vampiro sentiu o cheiro atrativo vindo de sua noiva, então disse divertido,
momentaneamente esquecido de sua inquietação anterior.
– Lembre-se que agora é só encenação meu amor...
– O que não impede que se torne realidade depois. – ela rebateu esperançosa quando Edward a
conduziu para as árvores provocando-lhe uma leve excitação; deixando-o ainda mais divertido.
– Hummm... Primeiro jantar, depois fazer amor... Isso que eu chamo de um encontro perfeito!
– Ei, idiota! – um dos homens falou enquanto a vampira ainda sorria de suas palavras. – Aonde vai
com tanta pressa?
– Hora do show! – disse baixinho para ela antes de responder ao homem em voz alta. – Acho que
não é da sua conta, amigo.
– É da “nossa” conta... – começou indicando que não estava sozinho. – Quando um riquinho idiota
de merda vem até nossa área trazendo uma belezinha como essa.
– “Belezinha” sou eu? – a vampira falou baixo o suficiente para que somente ele ouvisse.
– Na língua dele isso é um elogio, não se ofenda. – ele murmurou de volta então falou para
provocá-los. – Para mim continua não sendo da sua conta, agora, se nos der licença...
– Não, não a gente não dá licença porra nenhuma, idiota. – disse o outro homem retirando um
objeto do cós de sua calça e abrindo-o.
Edward viu se tratar de um canivete foiçado em forma de chifre. Para os pobres mortais deveria ser
motivo de pânico; para ele não representava nada. Talvez, apenas, a confirmação que não ceifaria
nenhuma vida inocente aquela noite. Depois de exibir a arma ameaçadoramente para ele prosseguiu.
– P’ra falar a verdade a gente veio fazer um favor á moça. – anunciou, indicando Isabella com o
canivete enquanto seu amigo os cercava encarando-a cobiçosamente. – Decidimos que ela é muita
mulher para um merdinha como você. Se a princesa veio até aqui ansiosa para provar um pau, vai
ter dois.
Naquele momento Edward deveria ter percebido que a brincadeira não terminaria bem, pois Isabella
passou á rosnar levemente ás suas costas. Porém tudo o que fez foi sussurrar-lhe o óbvio.
– Eles não são problema... – então voltou á provocar o homem. – Ninguém faz favores oferecendo o
que não tem.
– Folgado de merda! – vociferou o primeiro que os abordou avançando sobre ele para socá-lo. – Vai
ver se não tenho quando colocar todo na boca dessa sua belezinha.
As ofensas vindas do humano não o abalavam, assim como sentir o cheiro do desejo que sua
vampira despertava neles, pois para ele os dois eram insignificantes. Ratos que incauta e
inadvertidamente provocavam o gato então, tudo o que fez foi empurrá-lo para longe antes que
fosse atacado. Não com força, somente para derrubá-lo, como um homem normal faria ao se
defender. Aquela era a hora de acabar com as provocações e subjugá-los para que Isabella pudesse
se servir e então finalmente matá-los.
Porém, o segundo homem – que já estava perto demais – simultaneamente á sua ação, abriu-lhe um
corte superficial no abdômen com seu canivete de lâmina grossa, curvada e extremamente afiada.
Para Edward aquilo não era nada – praticamente um arranhão. O ataque estragou-lhe mais a
camiseta que seu corpo. O vampiro sempre se divertia com o espanto de suas vítimas quando sequer
se curvava á dor ou quando seus ferimentos se curavam diante de seus olhos alarmados. Contudo,
para sua noiva, não foi divertido.
Sem que pudesse fazer qualquer coisa para detê-la, uma Isabella furiosa rosnou ruidosamente para
seu agressor antes de se colocar entre eles. Depois de bater em sua mão para que soltasse a arma
suja com um pouco de seu sangue, ela o pegou pelos cabelos e inclinou seu pescoço com tal
violência que o vampiro pôde ouvir seus ossos se partindo. Antes que ela descesse seus dentes sobre
a jugular evidenciada pela curvatura anormal, Edward soube que a morte daquele homem era certa;
quase instantânea e não viria por suas mãos. Não gostaria que sua noiva matasse, mas naquele
contexto extremo soube que era inevitável e que não poderia lamentar.
Daquela vez, vê-la beber de um homem não lhe causou uma única pontada de ciúme, antes disso,
passado o choque inicial por vê-la atacar tão ferozmente, o vampiro foi tomado por uma admiração
solene; um orgulho contemplativo que o prendia a ação feminina. Ainda que se controlasse, Isabella
era uma predadora. E havia deixado claro que sempre o defenderia, fossem seus atacantes, mortais
ou imortais. Seu senso de proteção era instintivo. Foi preciso que os chiados vindos do homem
derrubado ao chão, finalmente se transformassem em gritos de pavor para que o vampiro voltasse á
realidade.
Somente então Edward percebeu que Isabella já estava sobre sua vítima caída ao chão, e que logo
terminaria. Sem mais demoras, se voltou para o homem apavorado que mal conseguia se erguer e,
sem mais conversa, se lançou sobre ele para aplacar sua própria sede. Beber-lhe o sangue se
mostrou extremamente prazeroso. Há dias que não se alimentava corretamente e de suas vitimas
preferidas. Quando o deixou largado ao chão, inerte, sentou-se ao seu lado e olhou em volta.
Isabella havia feito o mesmo e, sentada ao lado de sua primeira vitima fatal, o observava. Depois de
um minuto em silêncio, que nada tinha de respeito pelos mortos, Edward perguntou.
– Como se sente?
– Não saberia dizer. – ela respondeu. – É mais fácil dizer como “não” me sinto.
Edward nada disse, apenas esperou que ela concluísse.
– Sei que deveria, mas não me sinto culpada. O que aconteceu aqui não muda minha forma de
pensar, ainda não quero tirar vidas, mas sinceramente... Não me importei em fazê-lo. Desculpe-me.
Sem se importar com suas roupas, Edward engatinhou sobre as folhas caídas ao chão, até chegar á
ela eliminando a curta distância entre eles. Ao parar á sua frente, ajoelhou-se antes de segurar-lhe o
rosto.
– Está se desculpando por ter tirado a vida de um drogadinho com vocação para estuprador?
– Disse que prefere quando eu me controlo. – comentou num murmúrio erguendo os olhos
castanhos lamuriosos para ele.
Aquela era a mesma mulher que rosnava e matava minutos atrás?... Definitivamente, Isabella era
seu orgulho; uma vampira de verdade. Conhecia-a e tinha certeza que não era intencional, mas seu
comportamento derretia-lhe o coração, assim como derreteria o do mais frio dos homens quando
aprendesse á fazer aquilo deliberadamente. Não fosse pelo pouco de sangue escorrido no canto de
sua boca, nada em sua expressão denunciava a criatura voraz que havia se tornado. Sua noiva era a
imagem da fragilidade por acreditar que ele esperava um comportamento exemplar. Como poderia
cobrar-lhe tal coisa quando ele mesmo não se portava impolutamente na maioria das vezes?
– Sempre vou preferir que seja comedida, mas somente quando for preciso meu amor. – ele disse
carinhosamente. – Jamais, em tempo algum, vou recriminá-la por fazer o que sua natureza ordenar.
Então, sem esperar por resposta, colheu o sangue escorrido com a ponta de sua língua antes de
beijá-la apaixonadamente. Se não considerasse mórbido e de muito mau gosto, teria feito amor com
ela ali mesmo, ao lado de suas vítimas. Contudo, mesmo não sendo a melhor das criaturas, seria
incapaz de tal baixeza.
– Venha! – ele a chamou colocando-se de pé e trazendo-a consigo. – Agora precisamos dar um jeito
neles.
– O que faremos? – ela perguntou arrumando uma mecha de cabelos atrás da orelha nervosamente.
– Nunca “dei um jeito” em cadáveres antes.
– Bom... – Edward disse pegando os dois homens e segurando um em cada lado do corpo como se
não pesassem mais do que uma criança pequena. – Aprenda essa lição. Ao fazer a bagunça, limpe-a.
Agora me siga.
Então o vampiro correu carregando os dois homens, se embrenhando mais entre as árvores; sempre
seguido de perto por sua noiva. Estava sem seu carro – em sua ansiedade em encontrar o
apartamento de Aro não pensou na utilidade do veiculo que usaria, só no tempo que lhe pouparia.
Naquele momento não poderia se lamentar, apenas contar com a sorte. Não havia como sair com
dois corpos daquele parque, então o vampiro apenas ocultou-os o mais distante possível de qualquer
rota utilizada por pedestres.
Depois de ainda ocultá-los sobre uma pilha de folhas e galhos grossos, somente para não ficarem á
mostra, Edward seguiu até Isabella para abraçá-la pelos ombros e a conduzir em silêncio até o lago
do parque para lavar suas mãos sujas de terra. Não poderia fazer nada quanto a sujeira de suas
calças; paciência. Apenas fechou sua jaqueta para esconder a camiseta cortada e ocultar a evidência
de um ataque.
– Vamos?
Antes mesmo de aceitar sua mão estendida, mais uma vez Isabella o afligia. Como aquele era seu
estado anterior, Edward só pôde crer que o fato de ela ter matado tenha apenas agravado sua
preocupação. Olhando-a de soslaio, o vampiro disse á si mesmo que precisava fazê-la falar; não
aguentaria esperar por muito tempo. Não poderia haver segredos entre eles. Ao chegarem á saída do
parque Edward estava decidido á agir tão logo tivesse a chance.
Enquanto caminhavam pelas calçadas até onde sua moto ficou estacionada, ainda em silêncio,
Isabella passou á confundi-lo. Mesmo estando inquieta, passou a exalar aquele odor que sempre o
inebriaria. E que depois de vê-la matar prontamente para defendê-lo o instigava muito mais.
– Sabe que está me matando, não sabe Isabella? – inquiriu roucamente, apressando o passo.
Demonstrando que o entendia, ela disse igualmente rouca.
– Desculpe-me... Não consigo evitar.
– E seria maluquice de minha parte pedir que o fizesse. – Edward falou ainda mais rouco, apertando
sua mão para praticamente a obrigar a correr.
Tão logo chegaram á viela, Edward a empurrou contra a parede às escuras de um dos galpões e a
abraçou procurando por seus lábios avidamente. Isabella se prendia ao seu corpo enquanto
correspondia com volúpia. Sempre o segurando pela cabeça, com os dedos enroscados em seus
cabelos, sua vampira logo o escalou, passando uma das pernas por seu quadril de forma que os
sexos se roçassem. O vampiro urrou louco por estar dentro dela. Contudo, ainda que a árvore os
ocultasse, ali não era o lugar de fazê-lo.
– Venha. – chamou após interromper o beijo e a pegar pela mão. – Vamos sair daqui.
Em um átimo estava montado em sua moto, porém Isabella não sentou ás suas costas. Antes que
ligasse o veículo, o vampiro a olhou, parada ao seu lado, quando ouviu a movimentação de seus
dedos na flanela. Mesmo que a luz pública não atravessasse a copa da árvore, o luar se encarregava
de iluminá-la. Edward viu claramente Isabella desabotoar um á um os botões de sua camisa,
enquanto descalçava seus tênis.
– O que está fazendo? – ele perguntou roucamente. – Não está pensando em...
– Ah... Por que não? – ela inquiriu sugestivamente depois de deixar sua camisa escorregar para o
chão.
Porque não era seguro, Edward repetiu mentalmente para seu próprio entendimento enquanto
mirava os seios redondos e nus de sua aluna irresponsável; e exemplar. Era seu dever de líder
repreendê-la. Como seu mentor deveria gabaritá-la pela iniciativa de provocá-lo na rua; o vampiro
adorava a iminência de exposição. Contudo, quando Isabella começou á desabotoar a calça jeans
Edward se obrigou á ser consciente; eles não poderiam se expor ao perigo daquela maneira., então
ordenou roucamente sem muita convicção.
– Se vista! O que quer fazer é perigoso, Isabella... Logo estaremos em casa.
– Não sei o que aconteceu comigo. – ela começou sem lhe dar ouvidos, baixando o zíper. – Mas
estou impaciente; meu desejo por você é desesperado.

Wild Thing - T-Loc

Enquanto falava, ela passou á retirar a calça sem se importar por estar na rua. Sempre mirando seu
rosto com os olhos castanhos brilhantes de desejo.
– E tudo que aconteceu lá no parque me excitou e então você me beija daquela maneira e agora
assume essa pose e fica magnífico sobre sua moto... Não tem como esperar até em casa. Estou
queimando Edward.
O vampiro a ouvia calado; havia mesmo criado um monstro. Quando se encontrava inteiramente
nua, sem se importar com sua recomendação anda convincente, ela se sentou á sua frente dizendo.
– Entendo que é perigoso, mas para ter você assim... Acho que vale á pena arriscar.
. – E quem sou eu para discordar? – perguntou enlevado com o desprendimento de sua noiva.
Extremamente excitado, Edward correu as mãos ao longo de seu dorso nu. Contornando a lateral
das costas esguias, sentindo a curva acentuada da cintura em suas palmas até chegar ao quadril para
encaixá-lo contra sua ereção ainda coberta. Depois passeou as mãos pelo ventre plano e firme antes
de subi-las e alcançar os seios. Isabella sibilou entre os dentes quando ele passou a estimular-lhe os
mamilos já eriçados. O cheiro dela o instigava á possuí-la de forma selvagem, mas já que assumiu o
risco, iria refrear-se e aproveitar ao máximo. Para torturá-la, desceu uma das mãos lentamente por
seu corpo até tocá-la intimamente.
– Edward... – ela gemeu passando a mover o quadril contra sua excitação, indo e vindo na direção
de seus dedos. – Possua-me de uma vez...
– Ainda não... – ele disse quase sem voz.
– Ainda não... – ela repetiu lamuriosa.
O vampiro realmente queria provocá-la mais; estava adorando tê-la nua sobre sua moto assim como
agravar sua excitação. Porém, agora ela era tão veloz e forte quanto ele e, num movimento rápido,
inverteu sua posição e se colocou de frente, com as pernas passadas sobre as suas. Antes que o
vampiro pudesse pensar, Isabella já havia capturado sua boca e o beijava enquanto descia o zíper de
sua jaqueta não para tirá-la, somente para rasgar a camiseta já cortada e deixar seu peito exposto
para acariciar e apertar seus mamilos diminutos.
– Humano idiota. – ela disse entre o beijo ao descer uma das mãos e passá-la sobre seu abdômen e
conferir que estava incólume.
Edward deixou o comentário passar, excitado com os dedos que agora puxavam seu pelos do peito e
pela concavidade entre as pernas comprimida em sua masculinidade rígida. Ainda sem quebrar o
beijo, deitou Isabella sobre o tambor de gasolina da moto e somente então deixou seus lábios para
beijar-lhe o pescoço; como ela estava bem alimentada, decidiu que beberia dela naquela noite. Em
expectativa, desceu seus beijos até que alcançar um dos seios e chupá-lo com paixão.
– Edward... – ela gemeu novamente; agoniada. – Por favor, está doendo tanto...
– Doe em mim também meu amor... – ele assegurou em um chiado.
Não mentia; seu desejo por ela sempre foi desesperado e naquela noite em que Isabella se ofereceu
na rua e que a sentia excitada e aflita ele o aniquilava. Sentindo seu membro pulsar dolorosamente
em protesto, decidiu que não havia por que esperar mais. O vampiro afastou-se o suficiente para
abrir sua calça. Não havia a necessidade de despi-la então, aproveitando a posição que lhe
favorecia, o vampiro encostou a ponta de sua excitação contra a entrada úmida e exposta á sua
frente.
Como Isabella ainda se equilibrava no tambor da moto com as pernas sobre suas coxas, Edward
tinha uma visão privilegiada das partes que se uniriam. E assim, sem perder um detalhe daquela
imagem azulada, ele escorregou para seu interior. Ambos sibilaram ruidosamente quando ele estava
todo dentro dela. Logo Edward a estimulava mais, rolando seu ponto mais sensível em seu polegar
enquanto a estocava profundamente; sem desviar os olhos de sua ação. Era luxuriante ver-se
emergir e mergulhar no corpo de sua mulher á luz da lua.
– Deixe-me abraçá-lo... – ela pediu roucamente correndo um dos dedos pelo caminho de pelos que
desciam por seu abdômen.
Sem responder-lhe, Edward aproveitou o braço estendido e a puxou para si e – sem desprender-se
dela – depositou seu peso sobre o assento da moto acomodando sua noiva em seu colo.
Imediatamente ela se prendeu á ele a assumiu os movimentos ondulantes do quadril antes efetuados
por ele. Montada sobre seu corpo Isabella o apertava, enlouquecendo-o. O vampiro se abraçava á
ela aproveitando para acariciar as costas nuas, as nádegas cheias e por vezes circular aquele espaço
mínimo que possuiu aquela mesma noite.
Poderia ser impressão sua, mas todas as vezes que o fez, Isabella gemeu languidamente e se moveu
mais depressa. Tentava provar sua tese quando a sentiu estremecer em seus braços, rendida às
investidas e aos seus estímulos. Impossível não acompanhá-la e reter o próprio gozo. Os espasmos
ainda percorriam seu corpo; preparava-se para mordê-la com a intenção de prolongar a sensação
redentora quando a ouviu dizer.
– Eu quero aquilo de novo...
Isabella não precisou dizer mais para Edward entendê-la. Seu coração saltou no peito, mas não
poderia ceder. Quando estivessem na cobertura poderiam fazer todas as maluquices que desejassem;
já haviam arriscado demais. Afastando-a de fazendo com que se sentasse sobre a moto, falou.
– Agora não Isabella. Quando chegarmos...
– Vem... – ela chamou languidamente, mais uma vez se movendo rápido demais e girando o corpo
para dar-lhe as costas. – Tem que ser agora!... Com esse vento gelado roçando toda minha pele...
Quero sentir o frio do tambor de sua moto contra meus seios enquanto você me toma daquela forma
degradante e deliciosa.
Há muito tempo que não restavam dúvidas, mas era chocante para o vampiro confirmar que estava
irremediavelmente perdido. Se não resistia á uma Isabella mortal por vezes comedida, aquela nova
versão tentadora e depravada o dominaria para todo o sempre. Como recusar as delícias que ela lhe
oferecia enquanto arriava o corpo sobre sua moto e deixava aquele traseiro cheio á chamar por ele?
Jamais aconteceria, então, depois de atendê-la – e morrendo lentamente de deleite com os urros
femininos e aquele esmagar de seu membro – Edward se deitou sobre ela, sempre a estocando; com
mais força daquela vez. E então a mordeu.
– Tudo bem... – sua noiva disse com a voz levemente divertida ao seu lado, despertando-o dos
acontecimentos da madrugada passada. – Não me lembro de meu sonho, mas tenho certeza que não
era nada excitante e que dessa vez não fiz nada para deixá-lo assim.
O vampiro soube ao que ela se referia quando tomou consciência que comprimia uma meia ereção
resultante de suas lembranças contra o quadril de Isabella. A recordação o distraiu, mas agora que
estava de volta, novamente sentia a tensão de sua noiva – mesmo que disfarçasse com o tom leve.
Edward ainda continuava sem entender assim como também não sabia se a reação que a levou á
matar era somente o instinto reflexo de proteção que ela claramente possuía ou se este havia sido
movido também pela aflição anterior. Ele precisava descobrir, contudo, nas últimas horas a vampira
parecia estar alguns passos à sua frente. Então, antes que pudesse questioná-la, ela se moveu sobre
ele dizendo.
– Mas não tem problema... Mesmo inocente eu assumo a responsabilidade de ajudá-lo com esse
problema matinal.
Há muitos e muitos anos que ele não padecia de tal incomodo, mas não responderia ao gracejo.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela o beijou e o fez se deitar de costas sobre o colchão para
se estender sobre ele. Imediatamente, tudo que era meio, se tornou completo, vivo e pulsante.
Talvez sua noiva estivesse apenas lhe mostrando o que mais havia aprendido e usando sexo para
distraí-lo, não importava. Edward deixou que ela o dominasse e ditasse o tom enquanto o amava até
que, ao sentir que se aproximavam do desfecho, aproveitou a distração quase alucinógena de sua
vampira, para inverter a posição e se colocar sobre ela.
Aquela era a hora de descobrir o que ela escondia. Prendendo-a contra o colchão, Edward tentou
dominar o próprio desejo desenfreado e passou a se mover lentamente. Estava com o corpo
estendido sobre o dela enquanto se movia quando perguntou roucamente em seu ouvido.
– Sabe que eu vou querer que me diga a verdade, não sabe?
– Que... Que verdade?... – ela balbuciou em um gemido.
– Aquela que me esconde... – retrucou estremecendo imediatamente ao ser apertado por ela; sua
vampira aprendia tudo o que não devia rápido demais.
– Agora não... – ela pediu em lamuria antes de erguer a cabeça para tentar lamber-lhe o pescoço.
– Agora sim... – ele tentou ordenar ao perceber que não se dominaria por muito mais tempo.
Isabella deve ter percebido o mesmo, pois, sendo mais forte do que ele o prendeu entre seus braços
e pernas para girá-los novamente. Uma vez sobre Edward, ela o segurou como ele havia feito e se
moveu rapidamente, sempre o comprimindo fortemente no vão entre suas pernas. O vampiro sabia
que poderia subjugá-la caso conseguisse utilizar sua força. Contudo, quando ela se deitou sobre ele
e o mordeu, não teve forças sequer para raciocinar corretamente. Restou-lhe se render á ela e se
deixar ser subjugado até que a vampira saciasse sua excitação vinda com a lembrança da madrugada
anterior; magistralmente.

A jovem vampira sentia-se dividida quando se deixou cair sobre o peito largo de seu vampiro. Sua
boca ainda formigava com a sensação de bebê-lo e seu corpo tremia com saciedade poderosa,
contudo não conseguia aproveitar a realização em toda sua plenitude. Esconder assuntos
importantes de Edward já a fazia se sentir horrível, agora que tinha a certeza que ele tinha
conhecimento de tal fato a massacrava. Queria poder contar, mas ainda não conseguia.
Por um momento Bella cogitou usar sua ação da madrugada anterior como desculpa. O problema
era que não sentia remorso por ter matado o viciado que golpeou Edward bem diante de seus olhos.
Foi apenas reflexo – se tivesse parado para pensar um único segundo agiria diferente – seguira com
o plano inicial e terminaria logo com a brincadeira de seu vampiro. Com Irina teve uma mostra que
ele gostava de apavorar suas vítimas e brincar com a comida, mas vê-lo ferido – mesmo sabendo
que nada lhe aconteceria – simplesmente a cegou e sabia que se acontecesse novamente, agiria da
mesma maneira.
Edward sabia que ela não estava arrependida e seguir por aquele caminho seria pior que omitir suas
descobertas. Precisava achar um jeito de obter provas o quanto antes somente assim poderia voltar á
ter paz. Infelizmente, gostando ou não, teria que arrumar uma boa desculpa. Minutos depois, com os
corpos acalmados, Bella ainda analisava suas possibilidades quando o ouviu perguntar.
– Vai fazer isso comigo?... Vai me deixar aflito juntamente com você?
– Não queria que fosse assim... – ela disse sem se mover; se pudesse ficaria sobre aquele corpo para
sempre. – Só que... Não consigo evitar... É tudo tão novo... Acho que estou ansiosa por isso... Pelo
excesso de novidades... E ainda tenho tanto á ver... Temos tanto á resolver...
Então, imaginando ter encontrado um caminho que a permitiria dizer verdades, prosseguiu.
– Fico me perguntando como será quando todos me virem pela primeira vez... Meu pai, minha mãe,
Bill, Esme, meus colegas no jornal. Enfim... Todos!... Uma vida me espera, mas agora ela não me
parece ser “minha vida” entende?
– Entendo perfeitamente.
Gentilmente Edward a depositou ao seu lado e ergueu o dorso para encará-la; ter que olhar nos
orbes verdes que a fitavam com ternura tornava tudo pior.
– Mas o que efetivamente a preocupa? – perguntou terno.
– O que vão pensar quando me virem assim... Diferente.
– Não supervalorize os humanos meu amor. – ele pediu acariciando seu rosto. – É evidente que eles
vão notar alguma mudança, mas da mesma forma que Alice ou Jasper, por exemplo. Seu pai e todos
os outros vão achá-la pálida, mais bonita, mas como se não tivessem reparado antes, não como
novidade. Talvez também reparem na sua postura altiva, mas nada mais do que isso.
– Só isso?! – o inusitado das palavras de Edward teve o poder de distraí-la e causar-lhe estranheza;
estava tão mudada, como poderias ser daquela maneira?
– Sim... – ele confirmou lhe sorrindo. – Sempre foi bonita Isabella, mas de uma maneira comum
para eles. Agora, todos os seus atributos estão evidenciados, mas os olhos humanos não estão
preparados para notar cada mínimo detalhe que a deixaram maravilhosa.
– Maravilhosa? – perguntou derretendo-se ao elogio.
– Não divague Isabella. – ele pediu, fingindo estar sério. – Sabe muito bem como está; tanto que até
se aproveita de minha fraqueza diante de suas... Qualidades.
– Desculpe-me...
Na verdade ela não sentia; estava adorando poder provocá-lo como ele sempre fez com ela; como
sempre faria. Era preciso dispensar uma força extrema para não se render á ele como havia feito á
pouco, e somente o conseguiu por considerar de suma importância protegê-lo. Á lembrança a
ajudou á manter o foco.
– Não divago mais... Mas, ainda acho estranho imaginar que não notarão a diferença.
– Asseguro-lhe que não vão. Você notará reações mais acentuadas nos imortais que a conheceram
que nos humanos. É assim com todos...
Então Bella se lembrou da primeira vez que viu Edward com seus olhos imortais. Ele era o mesmo,
mas á ela o vampiro apareceu nítido; mais bonito, definido, todas as cores que o compunham mais
destacadas, como a cor de seus cabelos, olhos e do dragão avermelhado. O vampiro tinha razão; ela
somente o “viu” depois da mudança.
– De toda forma. – ele prosseguiu. – Se acontecer de alguém mais sensível notar mais que os outros,
você é capaz de tirar a impressão de sua mente.
– Está dizendo isso por causa daquela mulher que tentou me alertar sobre você, não é?
– É sim... Ás vezes nos encontramos com pessoas como ela, sensíveis e crentes. Naquela ocasião
ela me pegou desprevenido, mas o certo á se fazer é induzi-las para que se esqueçam.
– Foi o que você fez? – Bella perguntou já deduzindo a resposta; ela se lembrava da tensão que
sentiu vir dele naquela noite. – As induziu para que esquecessem?
Antes de lhe responder, o vampiro lhe presenteou com um sorriso torto e levemente divertido. A
conversa finalmente o acalmava.
– Todas as vezes, mas antes... Confesso que brinquei um pouquinho utilizando o medo que sentiam.
– Eu sabia! – ela exclamou. – Isso é bem a sua cara!
– Gosto do poder que a imortalidade me confere e nunca escondi, assim como nunca escondi que
não sou perfeito... E tenho certeza que você me entende... Também gostou do cheiro de medo,
não?... É instigante, não é?
– Muito!... E entenda que não o estou recriminando.
– Sei disso... – ele retrucou beijando-a levemente. – Assim como sei que possui uma alma
infinitamente melhor do que a minha. Se acontecer de encontrar com alguém assim, apenas a faça
esquecer... Quanto á todas as outras, não se preocupe. Tudo ficará bem... Verá amanhã.
– Amanhã. – ela repetiu distraidamente.
– Amanhã tudo recomeça.
A vampira não precisava senti-lo para saber que a breve leveza da conversa havia esvanecido; ela
mesma passou á se sentir inquieta por todas as coisas que enumerou na tentativa de distraí-lo. Eles
precisavam manter as aparências; ela teria que voltar ao jornal, ele ao escritório. Estiveram tão
unidos naqueles últimos dias que não conseguia se imaginar apartada dele. Naquele instante
entendeu todas as vezes que Edward a obrigou á ficar perto; deixá-lo – mesmo que nas horas de
trabalho – seria o mesmo que morrer.
E ainda havia o problema com Emmett. Algo dizia á Bella que ele apareceria no dia seguinte, afinal,
segundo Senna, Aro já estaria de volta. Ao pensamento se lembrou de sua irresponsabilidade na
madrugada anterior quando provocou Edward, praticamente o obrigando á fazer amor com ela na
rua. Não poderia voltar o que fez atrás, mas deveria se policiar para não reincidir no erro. Não
importava o quanto Edward lhe parecesse desejável quando assumia o controle da situação ou corria
á sua frente fazendo com que ansiasse saltar sobre ele. Se tivessem sendo seguidos aquele seria o
momento perfeito para serem atacados.
Fosse como fosse, por sorte estava sozinhos e puderam matar seu desejo naquela viela do Brooklin.
Agora era manter o foco e não deixá-lo sozinho. Pelo menos não enquanto Alice e Jasper não
aparecessem. Não era sua intenção ir ao jornal na manhã seguinte, mas a alusão lhe lembrou de
outro detalhe; precisava pegar suas coisas em seu próprio apartamento. Desfazer-se dele, assim
como pegar o carro no mecânico. Se não fosse a tensão do momento e o leve pânico que começava
á dominá-la, Bella teria rido. Problemas tão banais e incongruentes com sua nova vida imortal.
Edward sentiu que Isabella voltou á ficar tensa, mas agora a entendia. Sentia que ela ainda lhe
escondia algo, mas as explicações sobre o mundo que a esperava justificavam sua agitação interna e
quanto á elas, Edward nada poderia fazer. Sua vampira teria que passar por todas as novidades
pessoalmente – talvez com alguns adiamentos – mas cedo ou tarde, passaria por todas. Á ele só
restava tentar estar presente. E tentaria estar em todos os momentos; quando ela fosse visitar os pais
ou ao jornal. Começava á doer-lhe quase que fisicamente imaginar que logo ela o deixaria feliz e
satisfeita para finalmente fazer parte da redação, como sempre lhe cobrou.
E ele seria obrigado á deixá-la ir, pois, mesmo com o momento tenso em que viviam, não poderiam
se isolar. Também não á queria envolvida em lutas, mas não poderia mantê-la as vinte e quatro
horas do dia sob sua vigilância; como Alice ressaltou. Analisando sua situação friamente,
independente de qualquer perigo – mesmo os representados por Senna – eles precisavam seguir com
suas vidas. Era isso ou deixar Nova York com seus inimigos para trás.
O problema é que fugir estava fora de cogitação. Até que chegasse a hora de partir por necessidade,
o vampiro considerava aquela como sendo “sua” cidade e era seu dever livrá-la daqueles vampiros
vingativos e loucos. Agora, com Isabella ao seu lado, Edward sentia uma esperança renovada de que
sairiam vencedores daquela disputa. Acreditava também que conseguiria deixar que sua vampira se
afastasse dele sem muitos danos ao seu velho coração.
Sempre se preocuparia com ela, mas agora Isabella era forte, então não sofreria por saudade e
antecipação. O melhor á fazer era ajudá-la á atravessar aquele momento de transição da melhor
forma possível. E começaria naquela mesma manhã, decidiu. Sem dar-lhe tempo e reação, Edward
se pôs de pé trazendo-a consigo. Sua vampira ainda olhava para seu rosto, atordoada, quando disse.
– Venha... Vamos tirar a prova do que lhe disse.
– Como tirar a prova?
– Vamos ao seu apartamento. – explicou empurrando-a para o banheiro. – Hoje é domingo, com
certeza veremos vários de seus vizinhos.
– Mas Edward...
– Nada de “mas”... Você precisa pegar roupas esqueceu? – disse usando um tom leve que
aparentava uma calma que estava longe de sentir; mas tentaria adquiri-la. – “Mas” antes de
sairmos... Vamos dar um pulinho ali no Box para mantermos certos hábitos de higiene que se
tornaram muito interessantes desde que você veio para minha vida.

Quase uma hora depois, deixaram o NY Offices novamente sobre a moto de Edward. Aquele
veículo havia adquirido uma conotação extremamente erótica para a vampira. Apenas por estar
sobre aquele assento, abraçada ao seu noivo já á acendia – como se não estivessem até há poucos
minutos atracados um ao outro. Como havia se deixado contagiar por seus carinhos para esquecer o
que ainda viria, foi inevitável não provocá-lo durante todo o trajeto até sua rua; desenhando círculos
sobre seu abdômen, por vezes ameaçando tocá-lo.
Edward nada dizia, mas ela era recompensa e se comprazia da toda vez que o sentia estremecer e
liberar um chiado baixo. Deixou-o em paz somente quando se deu conta de que já estavam na rua
arborizada que morou por tantos anos. Quando desceram da moto, já em frente ao seu prédio, Bella
pôde ver a expressão carregada de seu noivo que mirava a construção com olhar fixo, interpretando-
a erroneamente, começou á se desculpar.
– Está chateado comigo porque vim... “perturbando” você?
Edward olhou em sua direção e piscou algumas vezes, como se tentasse entender suas palavras. Ao
esclarecê-las assegurou fazendo um carinho leve em seu rosto.
– Pode perturbar-se daquela maneira o quanto quiser meu amor... Acho que nunca mais vou
conseguir guiar essa moto sem pensar em você ou me excitar... – então voltando á ficar sério e a
olhar o prédio, disse. – Apenas me lembrei da última vez que estive aqui.
– Na noite do domingo passado?
A jovem tentava se lembrar se havia acontecido alguma coisa que pudesse aborrecê-lo, fora o
encontro inesperado com Zafrina já na Cielo quando Edward tomou sua mão e a conduziu até a
porta principal, respondendo-lhe.
– Não... Na quarta feira. Quando você desapareceu, eu vim para cá. Queria ficar perto.
Inconscientemente Bella apertou-lhe os dedos; seu coração afundou no peito ao imaginar todo o
sofrimento pelo qual Edward passou em seu apartamento.
– Edward...
– Tudo bem Isabella. – ele se voltou e tentou sorrir. – Já passou, mas ainda dói um pouco... Sei que
vai passar, mas vir aqui, mesmo que com você, é incômodo.
– Quer deixar para fazer isso depois?
As palavras dele a fizeram se lembrar de como tudo começou tornando incômodo voltar ao
apartamento que abrigou o sofrimento de seu vampiro e no qual não veria mais seu bichinho de
estimação.
– Podemos vir outro dia...
– Não! – ele disse firmemente. – Já estamos aqui e não podemos adiar nada. Sempre que eu voltar
será da mesma maneira.
A vampira sabia que com ela aconteceria da mesma forma, então não insistiu. Sacando a chave que
trouxe consigo, Bella abriu a porta principal. Tão logo entraram Edward sibilou ruidosamente
olhando para o topo da escada.
– Jasper e Alice estiveram aqui.
– Como?! – Bella perguntou acompanhando-lhe o olhar como se fosse possível ver o casal no alto
da escada. – Tem certeza?... Quando foi isso?
– Não saberia precisar o tempo, mas foi recente. Venha.
Ao chamá-la, tomou-a pela mão e subiu os degraus rapidamente, mas na velocidade aceita pelos
humanos. O vento relativamente forte daquela manhã de domingo não deixava traços dos amigos na
calçada, mas ali nos corredores e escadaria do prédio ele estava forte. Não fazia sentido eles ainda
não terem o procurado.
– Não sente o cheiro deles? – perguntou para sua noiva; precisava se lembrar de instruí-la.
– Sinto vários odores. – ela disse sinceramente.
– Esqueça os conhecidos. Eles apenas lhes são mais fortes agora... Há dois distintos entre eles...
Concentre-se neles.
Bella o acompanhava sem dificuldade alguma; se deixando guiar, apurou o olfato. Realmente entre
a mistura habitual havia dois novos e ao mesmo tempo antigos. Um odor adocicado e forte; duas
notas diferentes. Jasper e Alice. Estava prestes á dizer que os sentia quando chegaram ao seu andar
e um dos odores se tornou mais acentuado; o mais delicado. Instintivamente soube á quem
pertencia.
– Alice! – exclamou sem nem pensar. – Ela em seu apartamento.
– Está!
Ao confirmar rigidamente, Edward se encaminhou á porta do apartamento da amiga para empurrá-
la sem nenhuma cerimônia.

Notas finais do capítulo


Bom... Já deu para perceber que as situações começam á serem resolvidas, né?... Sonho
da Bellitcha foi providencial... E então, gostaram?... =)
Não?... =/
Me contem...
Agora vamos ao spoiler... dessa vez vou deixar o começo do capítulo seguinte, assim vc
não ficam tão curiosas até semana que vem...
Spoiler:
Ao testar a fechadura e constatar que a porta estava destrancada, Edward a abriu sem
bater e esperou; impaciente. A vampira nem ao menos se moveu ante a aparição do casal.
Apenas olhou na direção da porta para encará-los. Seus olhos carregavam uma expressão
lamuriosa e brilhavam como se ela tivesse chorado ou estivesse prestes á fazê-lo.
Também adquiriram certo temor quando os focou diretamente nos olhos verdes e
interrogativos do vampiro. Quando ele ergueu uma sobrancelha ela pareceu entender e
disse.
Pode entrar Bella.
Imediatamente Edward entrou levando Isabella consigo. Ao se colocar diante da vampira
perguntou entre consternado e ríspido.
O que faz aqui Alice? então, antes que ela respondesse, acrescentou olhando em volta
inutilmente, pois sabia que o amigo não estava no apartamento. Onde está Jasper?
Foi embora... ela disse num sussurro.
Como?!
O quê?!
O vampiro e sua noiva indagaram simultaneamente.
Como assim foi embora? Edward prosseguiu. Embora para onde?
Não sei. ela disse em um lamento ainda sem se mover.
Não estavam caçando em Sterling Forest? Isabella indagou incrédula. Você me disse que
estava tudo bem.
Estávamos caçando, mas eu sabia que não estava nada bem... Jasper estava estranho. Não
queria nem que eu falasse com você... Ou com Edward. Quando atendi o celular Jasper
estava longe, mas ele me descobriu e encerrou a ligação.
Por que isso? Edward insistiu. Não faz sentido.
Ele não me disse o motivo. ela respondeu entristecida. Nunca vi meu Jazz daquele jeito...
a vampira o encarou receosa antes de pedir. Poderia me liberar, por favor... Antes de
partir Jasper ordenou que eu ficasse quieta aqui. então em um murmúrio, acrescentou.
Ele não queria que eu o seguisse.
Ele a induziu á fica como está? Bella ainda custava á crer. Edward faça alguma coisa.
Não. ele disse secamente.
Edward?!
O vampiro ignorou a indagação repreensiva de sua noiva, assim como o olhar temeroso e
preocupado de sua secretária.
Antes eu quero saber de algumas coisas.
Que eu tenho certeza que Alice responderá mesmo livre, solte-a Edward.
Ela não está em perigo ou sofrendo. ele falou sério. Só está imóvel. Eu a libertarei assim
que me disser o que quero saber. O que aconteceu com Jasper?
Eu não sei. Alice repetiu. Ele estava estranho desde que nos encontramos depois do que
aconteceu no parque.
Aquele sempre seria o pior dia da vida de Edward. Respirando profundamente ele
perguntou.
E onde você o encontrou? Ele estava ferido?... Como Senna escapou?
Ele não me disse como ela conseguiu escapar e não, ele não estava ferido. nesse ponto
ela se calou por um segundo antes de prosseguir. - Depois que eu... deixei Bella na
cobertura... Voltei para o Central Park.
Novamente ela se calou; como se esperasse alguma reação de sua parte. Edward deixou
passar então ela continuou.
Bom... A polícia já estava por toda parte então fui para nosso apartamento... Nós
havíamos decidido que voltaríamos para lá... Ele já estava cansado de ficar aqui.
Esse detalhe não era novidade. Edward sabia do desagrado do amigo em morar mesmo
que temporariamente - em East Village. Para ele mesmo era indiferente; ficaria onde
Isabella estivesse, mas não poderia negar a preferência por ela agora morar em sua
cobertura na Wall Street.
Muito bem Alice... E então você o encontrou no apartamento?
Não... Mas eu o esperei, pois era o combinado. depois de um suspiro, olhou para as
próprias mãos, imóveis em seu colo e prosseguiu. Ele demorou. Eu fiquei preocupada...
Cheguei á pensar em procurá-lo, mas achei que poderíamos nos desencontrar... Também
não lhe avisei porque não quis atrapalhá-lo Edward... Eu tinha esperança que... depois de
tudo que aconteceu você... deixasse de ser cabeçudo e transformasse a Bella. depois de
olhar para a amiga, acrescentou com um sorriso tímido. E eu acertei.
Bom... espero que tenham gostado... Bjus amores...
BOM FINAL DE SEMANA!

(Cap. 76) Capítulo 13 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia amores!
Nossa... preciso agradecer como sempre o carinho e a atenção de vcs... pelos reviews e
as indicações... Cada uma mais fofa que a outra... todas me deixam emo*, obrigada!
E tbm obrigada àquelas que estão lá na Enigma... =)
Bom... mais um capítulo... sei o quanto esperaram, então não vou prendê-las... "simbora"
se att... =D
BOA LEITURA!

Ao testar a fechadura e constatar que a porta estava destrancada, Edward a abriu sem bater e
esperou; impaciente. A vampira nem ao menos se moveu ante a aparição do casal. Apenas olhou na
direção da porta para encará-los. Seus olhos carregavam uma expressão lamuriosa e brilhavam
como se ela tivesse chorado ou estivesse prestes á fazê-lo. Também adquiriram certo temor quando
os focou diretamente nos olhos verdes e interrogativos do vampiro. Quando ele ergueu uma
sobrancelha ela pareceu entender e disse.
– Pode entrar Bella.
Imediatamente Edward entrou levando Isabella consigo. Ao se colocar diante da vampira perguntou
entre consternado e ríspido.
– O que faz aqui Alice? – então, antes que ela respondesse, acrescentou olhando em volta
inutilmente, pois sabia que o amigo não estava no apartamento. – Onde está Jasper?
– Foi embora... – ela disse num sussurro.
– Como?!
– O quê?!
O vampiro e sua noiva indagaram simultaneamente.
– Como assim “foi embora”? – Edward prosseguiu. – Embora para onde?
– Não sei. – ela disse em um lamento ainda sem se mover.
– Não estavam caçando em Sterling Forest? – Isabella indagou incrédula. – Você me disse que
estava tudo bem.
– Estávamos caçando, mas eu sabia que não estava nada bem... Jasper estava estranho. Não queria
nem que eu falasse com você... Ou com Edward. Quando atendi o celular Jasper estava longe, mas
ele me descobriu e encerrou a ligação.
– Por que isso? – Edward insistiu. – Não faz sentido.
– Ele não me disse o motivo. – ela respondeu entristecida. – Nunca vi meu Jazz daquele jeito... – a
vampira o encarou receosa antes de pedir. – Poderia me liberar, por favor... Antes de partir Jasper
ordenou que eu ficasse quieta aqui. – então em um murmúrio, acrescentou. – Ele não queria que eu
o seguisse.
– Ele a induziu á fica como está? – Bella ainda custava á crer. – Edward faça alguma coisa.
– Não. – ele disse secamente.
– Edward?!
O vampiro ignorou a indagação repreensiva de sua noiva, assim como o olhar temeroso e
preocupado de sua secretária.
– Antes eu quero saber de algumas coisas.
– Que eu tenho certeza que Alice responderá mesmo livre, solte-a Edward.
– Ela não está em perigo ou sofrendo. – ele falou sério. – Só está imóvel. Eu a libertarei assim que
me disser o que quero saber. O que aconteceu com Jasper?
– Eu não sei. – Alice repetiu. – Ele estava estranho desde que nos encontramos depois do que
aconteceu no parque.
Aquele sempre seria o pior dia da vida de Edward. Respirando profundamente ele perguntou.
– E onde você o encontrou? Ele estava ferido?... Como Senna escapou?
– Ele não me disse como ela conseguiu escapar e não, ele não estava ferido. – nesse ponto ela se
calou por um segundo antes de prosseguir. - Depois que eu... deixei Bella na cobertura... Voltei para
o Central Park.
Novamente ela se calou; como se esperasse alguma reação de sua parte. Edward deixou passar
então ela continuou.
– Bom... A polícia já estava por toda parte então fui para nosso apartamento... Nós havíamos
decidido que voltaríamos para lá... Ele já estava cansado de ficar aqui.
Esse detalhe não era novidade. Edward sabia do desagrado do amigo em morar – mesmo que
temporariamente - em East Village. Para ele mesmo era indiferente; ficaria onde Isabella estivesse,
mas não poderia negar a preferência por ela agora morar em sua cobertura na Wall Street.
– Muito bem Alice... E então você o encontrou no apartamento?
– Não... Mas eu o esperei, pois era o combinado. – depois de um suspiro, olhou para as próprias
mãos, imóveis em seu colo e prosseguiu. – Ele demorou. Eu fiquei preocupada... Cheguei á pensar
em procurá-lo, mas achei que poderíamos nos desencontrar... Também não lhe avisei porque não
quis atrapalhá-lo Edward... Eu tinha esperança que... depois de tudo que aconteceu você... deixasse
de ser cabeçudo e transformasse a Bella. – depois de olhar para a amiga, acrescentou com um
sorriso tímido. – E eu acertei.
Á menção dos acontecimentos daquela noite Edward parou exatamente diante dela e disse.
– Não quis atrapalhar ou estava com medo do nosso encontro?
– Por que ela teria medo de você Edward?
Cada vez mais Bella entendia menos; nada fazia sentido. Edward interrogava Alice como se ela
estivesse lhe escondendo algo, como se desconfiasse dela ou guardasse algum rancor. A vampira
considerava aquela atitude um tanto quanto injusta, visto que a amiga havia sido fundamental para
sua própria segurança na noite de quinta. Sem olhar em sua direção, pois parecia que Edward não
desejava perder nenhuma reação facial de Alice, ele lhe respondeu grave e acusadoramente.
– Por que ela mentiu para mim.
– Mentiu sobre o quê? – ela perguntou olhando também para a amiga. – Alice?
– Ela me fez acreditar que você estava morta.
– O quê?!
A jovem vampira não soube o que mais a chocou. Se descobrir a mentira mórbida de Alice ou o tom
ferido de seu noivo. Cada palavra foi pronunciada com dor e acusação. Agora Bella também não
conseguia desviar os olhos de Alice que novamente olhava para as próprias mãos. Quando Edward
prosseguiu, ela soube o que mais a incomodava.
– Ela me fez crer que você havia morrido ao se chocar contra uma árvore depois que aquele cão
desgraçado a levou quando eu tentei afastá-lo.
E Bella teve ganas de esganar a amiga apenas por ter sido deixada sozinha naquele quarto... Se
soubesse daquele detalhe na ocasião desejaria verdadeiramente matá-la, mas naquele instante
deixou de percebê-la. A atitude de Alice era chocante, mas nada comparável a dor que sentia ao
ouvir aquela explicação sofrida. Ainda sem desviar os olhos do rosto contrito da amiga, Edward
concluiu se dirigindo sempre á noiva.
– Eu queria socorrê-la, mas “ela”... “Minha amiga”... Uma das pessoas que mais confiava fechou
seus olhos... Como se estivesse realmente morta. Naquele instante eu morri com você, pois não
duvidei das ações de Alice. E então nada mais importava, eu não a perdi simplesmente Isabella. A
culpa era minha... “Eu” havia tirado sua vida mais uma vez. Depois disso matei o rábula dos
infernos e não consegui sentir prazer em fazê-lo, pois mortos não sentem nada.
– Alice?...
Aquele foi todo o questionamento que Bella conseguiu formular; seu peito doía com a dor do
vampiro. Queria brigar com Alice, acusá-la; contudo não conseguia. Nunca aprovaria o que ela
havia feito, mas sabia que deveria ter alguma explicação. A mente da amiga era distorcida. Alice
abandonou o conforto de Upper East Side para viver em um bairro mais simples naquele prédio
humilde; fingiu ter deixado o marido para aproximá-la de Edward. Fez Bella acreditar que estava
abandonada durante uma semana inteira somente para ter certeza de seu amor. E isso enquanto
Edward acreditava que não o queria e definhava pouco á pouco de inanição.
A jovem vampira não acreditava que os fins justificassem os meios, mas entendia que para Alice
aquele sofrimento que impingiu á Edward era para um bem maior. Tinha que ser, pois custava á crer
que ela ferisse de morte um amigo – quase irmão – levianamente. Mesmo que por caminhos
tortuosos Alice sempre esteve presente; sempre os ajudou. Ela não faria tal perversidade sem
motivos lógicos.
– Por favor, Alice. – Bella pediu aflita. – Fale alguma coisa.
Após um suspiro resignado, a amiga ergueu a cabeça para encará-la e então correu os olhos para
Edward.
– Talvez não tenha desculpas para o que fiz. Na hora não me ocorreu que a dor que lhe causaria
fosse ser tão intensa, somente que precisava fazer alguma coisa e rápido, para que você mantivesse
o foco. Vi como ficou transtornado, querendo vir para junto dela enquanto aquele idiota atacava
você que não fazia nada para se defender. Eu sabia que era uma questão de segundos para que Paul
o matasse... E depois á mim, pois eu jamais seria páreo para ele. Bella estava segura, somente
desmaiada, pois eu a abracei antes que batesse contra a árvore; amorteci o impacto.
Depois de bufar nervosamente, falou ainda.
– A droga toda é que eu o conheço Edward... Bella sempre o distraiu e você não sossegaria até ter
certeza que ela estava bem e nesse meio tempo poderia ser tarde. Sei que mentir foi arriscado, pois
você poderia simplesmente desistir e se deixar matar, mas confiei que seu ódio por Paul fosse maior
que qualquer outro sentimento. Entenda que foi o único jeito de... ajudá-lo, pois o pior aconteceria.
Finalmente uma explicação, Bella pensou ainda longe de se sentir aliviada. Agora analisava a
atitude dos dois. Enquanto Alice falava adquiria certa coragem e ao terminar seu relato – mesmo
que demonstrasse algum respeito – já o encarava sem temor. Edward por sua vez retribuía ao olhar
com o cenho franzido, taciturno. Bella não queria que os dois brigassem. Aquele era o momento de
ficarem unidos. Se não bastassem seus inimigos, ainda havia o desaparecimento de Jasper para se
preocuparem.
Agora entendia e forma sombria e intensa de Edward em sua abordagem ao entrar no quarto na
noite do feriado, contudo tudo havia passado. O certo era se aterem aos fatos e não remoerem
atitudes que jamais poderiam mudar. Ainda mais que – mesmo de forma traumática – eles estavam
bem e ela, Bella, finalmente era imortal como todos. A vampira olhou de um á outro, então achando
melhor intervir antes que se desentendessem, aproximou-se de seu noivo.
– Edward... – ela começou espalmando a mão em seu peito para acalmá-lo; quando ele olhou sério
em sua direção, ela prosseguiu. – Eu nem consigo imaginar tudo pelo que passou naquela noite...
Mas eu estou aqui... Estamos juntos para sempre... Por favor, meu amor... Tente esquecer.
Sim, Isabella estava com ele indefinidamente, mas jamais esqueceria, o vampiro pensou sentindo
seu coração decrépito ainda ferido. Agora, seria difícil perdê-la para a morte, contudo não
impossível; assim como todos eles sua vampira era apenas “durável”. Depois de acariciar-lhe o
rosto ternamente com as costas dos dedos, ele falou com a voz rouca e pausada.
– Peça-me para agradecer por Alice ter salvado sua vida... Peça-me para perdoá-la... Peça-me até
para entender as razões que a motivaram á enganar-me o mais cruelmente possível, mas não me
peça para esquecer... Graças á mentira solidária de Alice fui apresentado ao pior sentimento que
pode existir; o vazio da perda irrevocável. Agora sei o que será de mim se um dia me faltar Isabella.
E nada, nem mesmo ter você todos os dias, vai fechar definitivamente esse rasgo em meu peito.
– Sei bem o que sentiu. – Alice sussurrou chamando-lhes a atenção. – Acho que é o que sinto agora.
Novamente Bella olhou de um ao outro; Edward encarou a amiga.
– Olhe para mim Alice. – ordenou; tão logo ela o atendeu ele disse. – Pode se mover agora.
– Obrigada! – ela agradeceu se pondo de pé; depois, desajeitada, perguntou. – Acha que pode me
perdoar?
– Como poderia não perdoar Alice? – Edward indagou seriamente. – Você, com suas tendências
suicidas... Sua imparcialidade para falar o que preciso ouvir ou indicar o que não vejo me colocou
onde eu queria estar. Eu deveria ter percebido antes os motivos para ter feito o que fez, mas...
– “Mas”... mesmo estando com o peito rasgado se distraiu com sua noiva e não teve tempo para
analisar meus atos, eu sei... Não precisa explicar...
Apesar do gracejo que parecia encobrir certo rancor, Alice não demonstrava carregar tal sentimento.
Nem tão pouco falou com bom humor ou sarcasmo; apenas comentou o óbvio provando mais uma
vez o quanto o conhecia.
– Mais ou menos isso. – ele confirmou também sem entonação especial.
Estava mais do que claro que Isabella sempre seria uma distração e agora mais do que antes. Não se
envergonhava pelo amor que lhe tinha e como ela mesma citou na noite anterior; depois da
transformação o sentimento imenso que partilhavam se tornou imensurável; tanto que lhes partia o
coração. E se agora o vampiro poderia distrair-se sem reservas ou divertir-se despreocupadamente
ou ainda ter o mínimo de segurança para deixá-la ir e vir devia á ação temerária de Alice. Mesmo
em meio ao caos estavam bem; então nada mais natural que eximir a amiga de qualquer falta.
– Não vou me desculpar por todos os impropérios que lhe dirigi mentalmente ou por todas as vezes
que desejei arrancar-lhe a cabeça naquela noite, pois sabe que merece a raiva que lhe dispensei...
Contudo, devo lhe agradecer por ter salvado Isabella da morte certa. Espero que não tenha se ferido
quando se chocou contra a árvore.
– Não me feri. – ela assegurou olhando para a vampira mais jovem. – Doeu, mas nada que não
pudesse suportar ou que me impedisse de fazer novamente.
– Nem tenho como lhe agradecer Alice. – Bella murmurou.
– Não precisa. – Alice falou novamente entristecida. – Ver que tudo deu certo já me deixa feliz.
O tom sentido que roubada o entusiasmo de suas palavras lembrou á Edward da situação alarmante
em que se encontravam. Queria entender o que se passava para tentar consertar; por Alice e por si
mesmo. Aquela crise conjugal o afetava diretamente. Sim, era demasiadamente egoísta pensar
daquela forma, mas o vampiro não dispunha de tempo para mudanças bruscas de personalidade e
ser somente altruísta.
– Alice, conte-me... – pediu. – Vamos lá... Então, você esperou por Jasper em seu apartamento, ele
demorou, mas é evidente que chegou em segurança...
– Chegou sim. – ela afirmou.
– E então... – ele a encorajou.
– Quando Jasper chegou já passava da meia noite. Estava completamente molhado. Sem que eu
perguntasse me disse que havia caído na lagoa do parque durante a luta com Senna e que ela havia
conseguido escapar. Achei estranho, pois pelo tempo as roupas dele deveriam estar apenas úmidas.
Tudo bem que nosso corpo não as aqueceria, mas ainda assim o vento o teria secado mais do que
aquilo.
O casal ouvia o relato da amiga em silêncio; Edward apenas a avaliava.
– Bom... Deixei o detalhe passar, afinal nunca escondemos nada um do outro. Então eu quis contar
o que fiz... Aquilo de deixar Bella na cobertura e de minha esperança que você a transformasse,
mas... Jasper não me deixou contar nada. Disse que depois conversaríamos sobre isso... E que
deveríamos sair para caçar imediatamente.
– Até aí eu posso entender. – Edward falou sério, com o cenho franzido. – Mas não faz sentido ele
lhe proibir de falar com Isabella ou comigo. Ainda mais depois de tudo que aconteceu antes e
durante o maldito encontro no parque. Nem vou dizer que era obrigação dos dois me colocarem
imediatamente á par dos acontecimentos, antes disso era um dever. Eu tinha que saber que Senna
estava viva.
– Eu contei para Bella quando pude atender a ligação. – ela se defendeu.
– Está vendo! Não faz senti... – Edward exclamou exasperado passando á andar de um lado ao
outro; parando repentinamente e a encarando desconfiado, inquiriu. – Tem certeza de que não está
me escondendo nada Alice?
– Claro que sim! – ela também aumentou a voz, seus olhos novamente brilhavam; úmidos. – Acha
que eu também não quero entender?... Jasper foi embora!... Disse para que não o esperasse...
Quando ameacei segui-lo ele me ordenou á ficar aqui...
Bella assistia á conversa dos dois com o coração aflito. Havia identificado certa semelhança entre o
comportamento não usual de Jasper com o seu próprio. Á ela parecia que o marido da amiga não
queria lhe dar informações e ao mesmo tempo não saber as que ela guardava. Poderia ser maluquice
de sua mente culpada que talvez estivesse procurando por um ponto comum; um aliado mesmo que
ausente. Se estivesse certa, o vampiro – ao partir – estava apenas os resguardando dos poderes de
Aro. Mas então, Bella pensou contradizendo-se, ele sairia da cidade deixando sua esposa sozinha?
Tudo bem... Havia Edward, mas mesmo que seu noivo possuísse uma força excepcional, eles
precisavam estar juntos. A vampira ainda tentava encontrar uma resposta satisfatória quando um
movimento veloz chamou sua atenção. O vampiro cruzou a distância que o separava da amiga e
parou exatamente á sua frente. Depois de segurá-la pelos ombros, falou.
– Perdoe-me por isso, mas tenho que fazê-lo.
Adivinhando sua intenção, Alice maximizou o olhar.
– Edward não...
Sem dar-lhe tempo de concluir o pedido alarmado, induziu-a.
– Conte-me onde encontrou Jasper depois que deixou Isabella na cobertura até o momento que
seguiram para Sterling.
Imediatamente após suavizar a expressão irrequieta – sem rodeios – a vampira repetiu sobre o
encontro em seu apartamento; a forma estranha do comportamento de seu marido, as roupas
molhadas. Tudo exatamente como já havia revelado. Bella estava paralisada diante da cena. Edward
havia induzido Alice sem cerimônias; se ele cismasse com sua postura arredia e resolvesse fazer o
mesmo seria o fim. Tentando se acalmar dizendo á si mesma que ele não descumpriria sua promessa
de nunca mais induzi-la, a vampira se obrigou á prestar atenção.
A paciência de Edward estava no limite; e não ajudava que Isabella ficasse aflita pela amiga.
Entendia que ela não aprovava sua conduta, mas ele precisava entender. Até ali a indução se
mostrou inútil, pois Alice não disse nada novo. Contudo, sabia que aquela história estava longe do
fim. Fazendo esforço para ignorar as sensações inquietantes que vinham de sua noiva para se
concentrar em Alice, perguntou.
– Por que Jasper não queria que falasse conosco?
– Ele não deu motivos, apenas me proibiu de fazê-lo sempre demonstrando estar com raiva de você.
– ela disse prontamente.
Edward respirou profundamente tentando acalmar-se. Sem desprender os olhos de Alice, perguntou
á noiva.
– Isabella, você entende que estou fazendo apenas o necessário, não entende?
– Entendo. – ela disse sem sair do lugar.
– E sabe que eu não estou machucando sua amiga, não sabe?
– Claro que sim. – ela exclamou. – Sei que seria incapaz...
– Então, por favor... Tente acalmar-se. Obrigar Alice á me dizer o que não deseja está sendo ruim
para mim também, mas preciso estar concentrado e você está me distraindo.
– Perdoe-me. Deseja que eu os deixe? Posso ir para meu apartamento.
– Não mudaria nada. – ele disse seriamente. – Sabe que posso senti-la da mesma maneira estando
aqui ou lá então... Apenas tente se acalmar.
– Está bem. – Bella disse, começando á andar para distrair-se.
– Alice. – Edward ordenou novamente, tentando desligar-se de Isabella.
– Quando estavam caçando Jasper não disse nada importante?
– Disse que precisava pensar. Que precisava ordenar os pensamentos para agir da melhor forma.
– E ele em algum momento falou em deixá-la?
– Não durante a viagem, mas depois que eu atendi o telefonema de Bella ele brigou comigo e disse
que não sou confiável... Então viemos embora.
– Voltaram para o apartamento de vocês?
– Não. – ela falava sem emoção. – Chegamos de madrugada e viemos diretamente para cá.
Edward ouvia ao relato, inquieto; Alice não dizia nada que pudesse ajudá-lo, apenas aumentava suas
indagações. Seria melhor despertá-la, contudo lhe ocorreu fazer uma última pergunta.
– O que conversaram antes que ele fosse embora?
– Jasper avisou que partiria e que não me queria com ele. Eu não aceitei e quis uma explicação.
Então ele disse que, já que eu sempre ficava ao seu lado de ficasse de uma vez por todas... Disse
que, se me desejou por duas vezes, poderia fazer bom proveito e ficar comigo e com Bella; eu não
entendi como ele...
– Já chega! – Edward ordenou tardiamente arrependido por ter forçado a amiga á falar.
Antes que ouvisse a voz incrédula de Isabella, o vampiro já previa a tempestade que viria.
– Alice?!... – antes que continuar a jovem vampira se materializou ao lado dos dois vampiros mais
velhos; olhou para ambos então encarou seu noivo com as sobrancelhas unidas. – Até a “Alice”
Edward?!... Sério, qual é o seu problema afinal?
– Isabella... – ele começou voltando-se em sua direção depois de retirar as mãos dos ombros da
amiga e afastar-se.
– “Isabella” coisa nenhuma. – ela o cortou se desviando de sua aproximação. – Não perdoou nem
mesmo a esposa de seu melhor amigo... Como pode ser assim tão... Desprezível?... O que era?...
Outro fetiche?... O chefe e a secretária?
– Nunca houve nada entre mim e Alice se é o que está pensando. – ele assegurou tentando se
aproximar.
Isabella afastou-se rapidamente, indo para o extremo oposto; ao menos não rosnava – se é que o
vampiro poderia considerar o aparente controle um bom sinal. Edward não gostava de vê-la arredia;
senti-la distanciar-se. Ainda mais que daquela vez não havia defesa para seu caso. Havia sido
verdadeiramente desprezível e ao que parecia o dia de responder por seus atos levianos e
impensados havia chegado. E por sua culpa; estúpido.
Decididamente não deveria ter induzido a amiga. Estava perdendo a mão. Sempre a conheceu; se
Alice escondia alguma coisa deveria saber que era somente por Isabella estar presente; e a amiga
tentou lhe impedir. Aquele sempre foi um segredo exclusivo aos dois. Ainda não conseguia atinar
como o amigo descobriu sua canalhice, mas se aquele era o motivo real da partida de Jasper, com
certeza Alice lhe contaria quando estivessem á sós. Inferno.
– Não estou pensando; eu ouvi. De uma induzida então não há a mínima possibilidade de engano. –
ela disse agora magoada. – Ao que parece Jasper descobriu o mesmo que eu e considerou tão grave
que deixou a esposa de brinde para você.
Ao terminar ela se dirigiu a porta.
– Aonde vai Isabella? – ele perguntou irritado consigo mesmo por ter sido inconsequente. –
Precisamos desfazer esse mal entendido.
– Não há mal entendido e o que “você” precisa aprender é manter sua braguilha fechada. – retrucou
secamente deixando o apartamento.
Antes que a vampira chegasse ao seu próprio, Edward já a esperava bloqueando seu acesso a porta.
– Agora vai assustar meus vizinhos, é isso?
– Que se danem todos eles. – Edward sibilou. – Não gosto que me deixem falando sozinho. Já disse
que precisamos conversar.
– Vou anotar esse detalhe em uma lista dupla com todas as coisas que Edward Cullen gosta ou não...
Agora se me der licença, preciso entrar no meu apartamento... Vá conversar com sua secretária.
Devem ter muito que acertar agora que ela lhe pertence.
– Pare de falar bobagens Isabella. – ele ordenou começando á se irritar com ela. – Já disse que nada
aconteceu entre nós.
Ambos ouviram o abrir e fechar de uma porta e sentiram o cheiro da mulher antes mesmo que ela
falasse incerta, se recostando ao batente.
– Bella?
A jovem vampira estremeceu ao ouvir seu nome ser pronunciado por uma de suas vizinhas. Não
tinha o costume de trocar mais do que cinco ou seis palavras diárias quando se encontravam
esporadicamente no corredor, ainda assim a vampira temeu sua reação ao vê-la modificada.
– Bom dia Erin... Como está?
– Estou bem. – disse se aproximando; depois de olhar de um ao outro comentou sem disfarçar o
interesse em Edward. – Você sumiu Bella.
Ao que parecia, Edward estava certo. Sua vizinha não demonstrou nenhum espanto ao revê-la, mas
Bella não se pegaria naquela primeira experiência. De toda forma, naquele momento não estava
com ânimo para pensar sobre reações adversas dos humanos que a cercariam. Estava ferida;
incrédula.
– Estive fora alguns dias... – evitando olhar para Edward que não desviava os olhos inquiridores de
seu rosto; falou. – Agora estou de volta.
As palavras da vampira calaram fundo no coração de Edward. O que ela queria dizer com aquilo?
Acaso acreditava que deixaria sua cobertura por um mal entendido idiota? Não aconteceria nem
mesmo se ele tivesse conseguido levar Alice para a cama mil vezes antes de conhecê-la.
– Que bom! – a vizinha exclamou, aparentando verdadeira animação.
Nada era bom, Edward pensou enraivecido. Aquela humana intrometida não o impedira de
esclarecer as palavras de Alice ou as de Isabella. Secamente; se afastando da porta, ele interrompeu
a mulher falando diretamente com sua noiva.
– Muito bem Isabella. Se já matou a saudade de sua amiga eu gostaria de continuar nossa conversa.
– Eh... Espere senhor... – a vizinha falou receosa, se dirigindo á Edward. – Eu tenho que...
– Erin, não é mesmo?
Com sua pergunta falsamente incerta, Edward a obrigou á olhá-lo diretamente. Quando seus olhos
se encontraram e ela confirmou timidamente com um aceno de cabeça, ele ordenou.
– Volte para seu apartamento e esqueça que nos viu.
Quando ela lhes deu as costas e partiu a vampira o encarou repreensiva.
– Não tinha o direito!... Acho que ela veio me dizer alguma coisa.
– Fofocas de corredor não me interessam. Agora... – se interrompeu indicando a porta. – Você abre
ou abro eu?
Bella cogitou se negar a abrir a maldita porta, mas lhe ocorreu que Edward era bem capaz de
arrombá-la então, passou por ele altivamente para abri-la. Tão logo a destrancou, o vampiro a
empurrou e entrou levando-a pelo braço. Assim que estavam no meio de sua pequena sala, ele a
libertou.
– Que estória é essa de “estar de volta”?
Em um primeiro momento Bella não entendeu a pergunta, então, ao analisar a postura rígida e a
expressão carregada de Edward ela seguiu seu raciocínio. Imediatamente sentiu raiva de si mesma
por saber ser incapaz de afastar-se da forma que ele acreditou, mesmo que descobrisse as piores
atrocidades cometidas por ele. Estava maravilhosa ou desgraçadamente ligada ao vampiro para
sempre, não importando o quanto aquele relacionamento lhe engrandecesse ou degradasse.
– Falei por falar. – ela retrucou por fim. – Estou mesmo de volta, não estou?
– Pois então meça suas palavras para se expressar de forma correta. – ele replicou rispidamente; o
coração oprimido.
– Certo!... Vou medir minhas palavras... Ou explicá-las detalhadamente para que você não entenda
errado. Sempre pedir licença para não deixá-lo falando com as paredes; vou sempre lhe prestar
conta de tudo que fizer na minha vida e não vou pronunciar nomes de ex...
Enquanto falava a vampira andava de um lado ao outro pelo espaço limitado de sua antiga sala,
sempre sustentando os olhos verdes nos seus; Edward permanecia imóvel; rígido, contudo não a
intimidava.
– Vou matar prontamente todo e qualquer “preferido” que encontre pelo caminho... Vou me
comportar de forma exemplar para não ir contra tudo que Edward Cullen não aprecia... Mas... E
quanto á mim?... E o que “eu” não gosto?
Sem dar-lhe chance de responder, prosseguiu.
– Você odeia meu passado... E eu?... O que devo sentir pelo seu?... Eu digo coisas que você não
quer ouvir?... Pode ser, mas e o que eu ouço?... Reparou que em menos de quarenta e oito horas
soube absurdos sobre o seu passado?... Enquanto ainda me acostumo com o fato de você ter sido um
mulherengo digno de fazer vergonha ao Casanova, descubro esse seu compartilhamento com
Jasper... E agora que desejava a esposa dele.
– Acredito que atitudes levianas ocorridas há mais de cem anos não tenham importância e sim as
atitudes que tenho depois que a conheci. – ele replicou em defesa própria. – Eu e Jasper não
valíamos nada e justamente por isso não acreditei que ele estivesse apaixonado verdadeiramente por
Alice.
– Como não acreditou no amor deles? – ela perguntou incrédula. – Alice me contou sua história.
Jasper se revelou á ela desde o início, transformou-a no mesmo dia. Nunca tive muito contato com
ele, mas... Mesmo para alguém que não valia nada isso deveria significar alguma coisa.
– Para mim não significava nada. Sabe muito bem que até conhecê-la jamais havia amado ninguém.
O sentimento era estranho á mim. Somente por isso eu a cortejei, mas Alice não cedeu nem eu
insisti. Com o passar dos anos vi estar errado. E nossa amizade se fortaleceu.
Ao terminar a explicação, Edward tentou se aproximar novamente; quando a vampira se esquivou
ele parou e assegurou seriamente.
– Acredite Isabella. Nada aconteceu.
Bella queria acreditar, contudo, sem que pudesse evitar um resquício de sua insegurança humana
roubou-lhe a razão. O natural seria Edward se interessar pela vampira, pensou; não por alguém
como ela. Tudo bem, Edward a amava, mas isso não tirava a importância da descoberta. Quantas
vezes ela acreditou em um possível relacionamento entre a amiga e o advogado?... Alice era
perfeita. E se fosse analisar friamente, a amizade entre os dois parecia ser maior que a dele por
Jasper.
A amiga sempre foi mais atuante, presente. Edward era ligado á ela, não poderia negar. Recusou até
mesmo seu oferecimento em ajudá-lo na questão do carro apreendido, preferindo esperar por Alice.
Edward poderia negar, mas talvez, algum interesse ainda existisse. Jasper não partiria, rompendo
um relacionamento centenário, por uma mera cantada. Havia mais, ela sentia. Afastando-se mais
uma vez quando Edward se moveu, perguntou.
– Você fala muito de quando eles se conheceram, mas Alice se referiu á duas vezes. Quando foi sua
segunda investida.
Edward respirou profundamente. Ao responder àquela pergunta agravaria – e muito – aquele
momento tenso e delicado. O problema era que não via meios de mentir.
– Antes de minha última viagem... Dias depois que a conheci.
Como se não bastasse sentir sua dor, Edward pôde ver todas as emoções que cruzaram os olhos de
sua noiva. Queria se aproximar; dizer alguma coisa para explicar os motivos que o levaram á
importunar Alice mais uma vez, mas... Como diria que havia convidado a amiga para participar de
um ménage com sua amante agora morta quando tentava desesperadamente esquecê-la?... Como
confessar que todas as vezes que manteve relações com uma mulher o fez pensando nela?... Que
sempre foi ela depois que a viu no parque? Aquele seria o golpe de misericórdia; para ambos.
– Isabella... – Edward tentou se aproximar mais uma vez.
– Não. – Bella sussurrou estendendo a mão para pará-lo; quando o vampiro estacou, ela pediu. –
Deixe-me sozinha, por favor.
– Não vou deixá-la. – ele avisou sério. – Não sem antes encerrarmos esse assunto.
– Para mim ele já está encerrado. – falou sem emoção.
Edward preferia seu esbravejar; preferia que ela estivesse rosnando descontroladamente ou
quebrando tudo á sua volta. Preferia qualquer reação violenta àquela súbita e superficial apatia.
Sabia que ela estava sofrendo, sentia seu coração ferido, justamente por isso queria que ela
explodisse de uma vez quando então ele poderia intervir; contê-la. Era dessa forma que resolviam
seus desentendimentos. Aquela falta de ação o atordoava. O vampiro não sabia como agir, apenas
sentia que precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa, menos deixá-la. Era como se ao atendê-la,
sem a certeza de que estavam bem, fosse perdê-la indefinitamente.
– Isabella...
– Por favor, Edward... – ela pediu sem encará-lo. – Vá ver Alice. Deixou-a sozinha; induzida.
– Pouco me importa...
– É sério? – ela o interrompeu encarando-o acusadoramente. – Pelo o que me disse, Alice é
inocente. Sua “amiga”... Aquela que sempre esteve ao seu lado, acabou de ser deixada para trás por
sua culpa e você vai mesmo me dizer que ela pouco importa?... Sei de seu problema com limites...
Ao que vejo em todos os sentidos, mas acredite... Existe um para tudo, até mesmo para ser egoísta.
O vampiro ainda procurou por palavras para argumentar, mas não encontrou nenhuma. Isabella
tinha razão. Por mais egoísta que fosse não poderia pensar somente em si naquele momento.
Contudo não via meios de deixar o apartamento; não conseguia se mover para longe dela.
– Bom. – ela disse sem entonação especial. – Enquanto decide se vai ou fica, vou juntar algumas
coisas. Afinal, foi para isso que viemos.
Sem esperar resposta se dirigiu ao seu antigo quarto. Após alguns minutos sem se mover, ouviu a
porta principal ser aberta e então fechada; Edward havia saído. Somente então ela se permitiu sentar
sobre a cama há dias desfeita. Sabia que deveria escolher algumas roupas para levar consigo, mas
não encontrava ânimo. Tais atitudes por parte de Edward não deveria ser novidade ou motivo de
choque. Contudo, a descoberta da falta de respeito pelo melhor amigo e do interesse de Edward por
Alice, não somente era decepcionante como roubava o chão; o ar.
Sentia por Jasper e por ela mesma; a dor que experimentavam era similar. O vampiro ausente não
poderia ir contra Edward, assim como ela jamais iria contra a amiga. Daquela vez, nem se sentisse a
vontade poderia esbravejar ou rosnar. A pequena vampira era uma figura importante em sua vida –
não mais – mas praticamente tanto quanto o próprio Edward. Brigas seriam inúteis, somente
desgastantes.
Para piorar, com Jasper se foi a esperança de compartilhar alguma descoberta. Para seu infortúnio, o
vampiro traído não estava tentando preservar ninguém; havia simplesmente partido deixando a
esposa sob a responsabilidade de seu sócio. A jovem vampira sabia que não deveria seguir por
aquele caminho, pois tinha evidências concretas do amor que o vampiro lhe tinha. Contudo, foi
inevitável não sentir a pontada aguda no peito quando um pensamento cruel e furtivo cruzou sua
mente sofrida. Talvez seu noivo ainda alimentasse certo interesse por Alice e agora que ela estava
sozinha...
Bella se obrigou á interromper as imagens que povoavam sua mente. Se acontecesse como
imaginou nada poderia fazer. Devia sua vida á Alice; jamais a hostilizaria. E amava Edward com
todos os seus defeitos – até mesmo os mais amorais; jamais conseguiria deixá-lo como ele
erroneamente acreditou minutos atrás. Seu vampiro garantiu que divisões não era uma opção, mas
antes não havia a possibilidade de ter alguém que verdadeiramente desejasse. Mortificada, a
vampira reprimiu um urro de dor.
Agora entendia todas as vezes que Edward reclamou a primazia até mesmo de seus pensamentos e
sua fixação em ser o único, pois agora sentia o mesmo. Jamais aceitaria dividi-lo e acreditar –
mesmo que hipoteticamente em tal possibilidade – a massacrava. A vampira sentia seus olhos
arderem, contudo, o choque ainda a travava reprimindo lágrimas que não seriam vertidas
facilmente. Tudo que conseguia fazer era sorver o ar e pedir para que tais pensamentos fossem
frutos de sua mente desiludida, ciumenta e perturbada.
*****************************************************************************
Participe no Face:
Irmandade Obsession– Contos da Bia Braz– Leitoras
Curta no Face:
Bordel da Jane

Notas finais do capítulo


Bom... É isso. Jasper saiu de cena e a coisa fedeu para o vampirão. O ditado é batido,
porém verdadeiro: quem procura acha!...
Me contem o que acharam???...
Vou deixar spoilerzão... kk
Com o coração pequeno em seu peito, o vampiro percebeu que daquela vez, seria difícil
de amansá-la para que restabelecer sua confiança. Sendo visitado por uma ponta de
desespero, validou as palavras de sua amiga; ele havia sim estragado tudo com Isabella.
Tal percepção lhe privou de ar. De súbito se pôs de pé e passou á andar de um lado ao
outro. Sua vontade era voltar ao apartamento e, sem dizer nada, uma única palavra,
tomar sua noiva em seus braços e mostrá-la que nenhuma outra jamais significaria nada;
nem as que ele possuiu antes ou as precisou copular depois que a conheceu. Sim,
copular, pois amor fez e sempre faria somente com sua bruxa.
Contudo Isabella não era humana; ele não poderia simplesmente acercar-se dela e
seduzi-la como antes. Agora ela conseguiria repeli-lo facilmente e resistir ás suas
investidas. E ela o faria; principalmente ferida como estava. Novamente Edward sentiu
uma pontada em seu peito. Contra aquela nova situação não sabia lutar. E sentia a cada
segundo que era preciso fazer alguma coisa; qualquer coisa para trazê-la de volta, inteira.
Sem mágoas ou desconfianças.
Está me deixando impaciente Edward. Alice falou chamando-lhe a atenção.
O vampiro se conteve para não dizer-lhe que então o deixasse em paz. Estavam na
mesma situação e ela, em seu território.
Desculpe-me, mas não consigo ficar parado. Sinto que preciso fazer alguma coisa...
Quanto á Jasper? ela perguntou encarando-o.
Também.
O vampiro não mentia; a nova posição do amigo o preocupava. E muito... Se Aro
transformou Jasper em seu mais novo peão, ele seria uma peça altamente descartável.
Usado talvez em ações suicidas, pois não existia nenhum vínculo entre seu sócio e o
sórdido vampiro. Se seu irmão, fosse lançado contra ele, teria que ser ágil e prudente
para não feri-lo, mesmo que fosse atacado com toda sua fúria. O problema era que,
mesmo tento consciência desses fatos perturbadores, sua maior angustia era direcionada
á Isabella. E sua amiga o conhecia o suficiente para saber o que se passava em seu
íntimo.
Mas sua inquietação é em boa parte destinada á Bella, não é? ela disse simplesmente; o
óbvio.
Sim. e ele não pediria desculpas por isso. Jasper me conhece Alice. Nada do que faço lhe
é alheio. Tenho certeza que, se ele descobrisse de outra maneira, caso você ou eu lhe
contasse, não reagiria assim...
Alice se moveu, aparentemente incomodada com o assunto; sem perceber seu
movimento, Edward prosseguiu.
Sim, ele ficaria furioso comigo. Viria tomar satisfações, mas tão logo extravasasse sua
decepção ele me perdoaria e não daria mais importância ao fato, pois ele está preparado
para o pior de mim e como um verdadeiro irmão releva minhas falhas de caráter. Mas...
Mas Bella não o conhece dessa maneira. ela concluiu.
Não. E ultimamente vêm descobrindo detalhes perturbadores demais á meu respeito. ao
falar passou as mãos pelos cabelos, impaciente
Mas como Jasper, ela também o ama...
Ama! repetiu parando á sua frente para encará-la gravemente. E tem se mantido firme até
agora, mesmo sabendo a criatura abjeta que sempre fui. Mas quanto seu amor pode
suportar?... Qual será o limite?... e, lembrando-se das palavras de sua noiva perguntou
roucamente. Para tudo tem um limite, não tem?
Tem. Alice respondeu sustentando-lhe o olhar, - E lamento que você tenha descoberto
somente agora.
Bom... espero que tenham gostado... Bom findes!

(Cap. 77) Capítulo 14 - Parte III

Notas do capítulo
Oie...
Bom, como sempre quero agradecer o carinho com os reviews, as indicações... Muito
obrigada!
No ano passado consegui deixar um capítulo de bônus como presente de Páscoa, esse
ano vou ficar devendo... msm assim, espero que vcs tenham um ótimo feriado, que
curtam bem as famílias, sejam bem presenteadas (os) pelo coelhinho e recebam muitos
ovos.
BOA PÁSCOA!...
BOA LEITURA!...

Edward ainda permaneceu onde estava por alguns minutos encontrando forças para se obrigar á
fazer o certo, mesmo que o “certo” fosse contra suas vontades. Ainda se sentia compelido á seguir
Isabella para terminarem o assunto que para ele estava longe de ser considerado encerrado. Aquilo
só seria possível quando sua noiva verdadeiramente o perdoasse e esquecesse o que havia ouvido de
Alice. Contudo, ao senti-la cada vez mais aflita e ouvir nada além de silêncio vindo do quarto ao
lado, soube não ser prudente insistir. Deveria deixar suas ações egoístas de lado e dar-lhe algum
tempo para digerir mais uma de suas baixezas.
Sentindo as pernas pesarem como chumbo, contudo caminhando altivamente, o vampiro deixou a
sala de Isabella e seguiu até o apartamento da amiga, dizendo á si mesmo que não a perderia. O
vampiro encontrou Alice como a deixou. De pé, no meio da sala a olhar o vazio. Agora, além
carregar a dor de sua noiva e a sua própria pelo afastamento, Edward ainda sentia o remorso por ter
induzido sua secretária; como se ela fosse algum de seus inimigos. Antes de despertá-la cogitou
ordenar que esquecesse a sua ação; não o faria.
E mesmo que ainda fosse irremediavelmente egoísta, não deixaria de fazê-lo por ela, Alice e sim
por sua noiva. Isabella assistiu toda indução e não teria coragem de pedir-lhe para não comentar e
muito menos cogitaria induzi-la. A única solução era assumir seu erro e se fosse o caso, desculpar-
se junto á amiga. Após um suspiro resignado, Edward se colocou diante de Alice e ordenou.
– Desperte.
A vampira piscou algumas vezes, então correu os olhos em volta até focá-los no rosto de Edward.
– Onde está a Bella?... Ela estava aqui á um... – quando seus olhos novamente se evidenciaram nas
orbitas, o vampiro soube que ela havia se lembrado. – Você não fez isso!
– Fiz. – ele disse laconicamente.
– Onde estava com a cabeça Edward?! – ela inquiriu alarmada.
– Poderia baixar a voz. – ele pediu. – Isabella está ao lado e agora é capaz de nos ouvir.
– Bom, ao que parece agora não temos mais segredos não é mesmo? – ela exclamou enraivecida. –
Jasper resolveu deixar-me e agora você estraga tudo com Bella. Está satisfeito?
– Não repita isso. – ele vociferou. – Não arruinei meu relacionamento com Isabella!
– Certo! Engane-se o quanto quiser, mas eu sempre disse... Ela é sua versão e se ainda estou certa,
agora ela não só está decepcionada com você como até mesmo comigo que nada tenho á ver com
suas atitudes de grande conquistador. – exasperada ela passou a circular pelo apartamento. –
Custava esperar?... Eu lhe contaria, sabe disso.
– Ultimamente eu não sei de mais nada Alice. – Edward exclamou igualmente exasperado. – Um
vampiro rapace que nem conheço resolve se vingar, a cretina que me marcou está de volta, quem
acreditei ter morrido agora não somente me ronda e ameaça aos meus, como mata valendo-se de
minha imagem. E para completar, meu amigo de anos, irmão de uma vida, vai embora sem nem ao
menos uma explicação...
– Nada disso importa. – ela disse novamente entristecida, talvez pela menção do marido ausente. –
Você não poderia desconfiar de mim. Se não contei tudo foi para resguardar a Bella... Ela não tinha
que saber das propostas indecentes que me fez. Assim como Jasper também nunca deveria saber de
tal atitude. Se você sempre tivesse respeitado nosso relacionamento isso não estaria acontecendo
agora.
– Não sou vidente Alice. – ele retrucou azedo. – Não poderia imaginar que chegasse á esse ponto.
– Mas chegou. – ela replicou ainda sentida. – E por causa disso acho que perdi o único que amei em
toda minha vida. – caindo sentada sobre o sofá, ela ergueu os olhos para Edward. – O que farei
agora?
– Sinceramente eu não sei.
Edward desejou consolá-la, mas depois do ocorrido, a naturalidade entre eles havia se esvaído.
Além do mais, o vampiro temia expressar sua solidariedade carinhosamente e ser flagrado por sua
noiva. No que dependesse dele jamais tocaria em Alice. Indo sentar-se o mais distante possível,
arriscou.
– Tem certeza que Jasper não lhe deu nenhuma dica de para onde poderia ir?
– Se ele tivesse dado alguma dica, a mínima que fosse; você não teria tempo de fazer a idiotice que
fez, pois eu partiria no momento que me liberasse.
Dito isso os dois permaneceram em silêncio por alguns minutos; completamente imóveis. Por mais
que o vampiro pudesse mensurar a dor de sua amiga, não conseguia desligar-se da sua própria ou a
de Isabella. Talvez fosse por não acreditar que Jasper tenha verdadeiramente ido embora.
Provavelmente estava apenas espairecendo a cabeça, antes de voltar e lhe pedir satisfações. Edward
então assumiria sua falta – como sempre – eles se desentenderiam – como sempre – e então tudo
voltaria ao normal; como sempre.
Alice não tinha com o que se preocupar, ele sim. Isabella era nova em seu meio. Como ela mesma
havia dito ainda se acostumava á sua notória e péssima fama que a cada segundo piorava; mais e
mais. Sua noiva não estava habituada á sua má índole como os amigos. O vampiro até mesmo
custava á acreditar que o sócio tenha dado aquela dimensão ao seu assédio visto que o conhecia de
longa data. Sempre soube de sua forma leviana de encarar sua vida; mortal e imortal. Estranho seria
se ele nunca se insinuasse á Alice.
Era isso, Edward determinou, Jasper estava influenciado pelo calor da descoberta e voltaria em
breve. O seu problema com Isabella é que era motivo de maior apreensão. O vampiro decidiu que
daria algum tempo para ela. Se não o procurasse para avisar que estava pronta, pediria á Alice para
ter com ela. Se possível interceder á seu favor, contando – agora deliberadamente – que mesmo ele
tendo a assediado, nada havia acontecido e assegurar que jamais aconteceria. Não lhe importava que
se valer de terceiros pudesse parecer covardia; o que verdadeiramente lhe incomodava era continuar
a sentir aquele gelo mordaz em seu peito, sempre que sentia Isabella distante e aflita.
– Tudo bem Alice. – ele falou para chamar-lhe a atenção; precisava se distrair. – Não sabe para onde
ele foi... Mas deve ter alguma coisa... Até mesmo conversas passadas onde hipoteticamente possa
ter sido comentado algum lugar para onde iriam caso... Um dia viessem á se separar.
– Essa possibilidade jamais existiu. – ela disse secamente – Nem mesmo em hipóteses. Eu e Jasper
sempre nos consideramos indivisíveis.
Edward refreou o instinto de dizer que aparentemente estavam errados, pois sentia ele mesmo a dor
de separações – naquele instante mais vividamente. Achando por bem seguir as palavras de Isabella
e tentar ser menos egoísta, tentou animá-la.
– Sempre os considerei assim. Na verdade ainda considero. Acredito que Jasper esteja somente
extravasando sua ira; que acredite, é toda direcionada para mim. Se não faz sentido ele abandonar o
clã por minha causa, faz menos ainda o fazer por estar magoado com você que nunca fez um
movimento sequer para encorajar-me.
– Espero que esteja certo. Nunca brigamos seriamente antes, sabe disso.
– Sei... – Edward concordou pensativamente. – Alice... Sinceramente espero que, no mais tardar á
noite, Jasper esteja de volta... Enfim. Seja como for, não adianta nada ficarmos especulando suas
atitudes...
– Acho que tem razão. – ela aquiesceu sem ânimo. – Não sei como será ficar sozinha.
– Não diga isso! – falou sério. – Jamais a deixaríamos sozinha.
– Desculpe-me... É que realmente não faz sentido então me sinto confusa.
– Alice. – Edward exclamou repentinamente após um pensamento. – Você disse que Jasper chegou
molhado, e agindo de forma estranha.
– Sim, chegou... O que tem isso?
– Uma ideia está se formando... – ele disse vagamente; quando a hipótese se consolidou, ele
exclamou convicto. – Por isso Jasper não eliminou aquela cobra peçonhenta. Ela o distraiu
contando-lhe sobre nós.
– Não houve “nós” Edward. – ela retrucou prontamente.
– Não complique Alice, você me entendeu. – ele pediu ainda preso em sua linha de raciocínio. – Ela
está com Aro e o cretino ao que parece conhece tudo sobre minha vida.
Alice nada comentou; não dando importância ao fato, Edward prosseguiu.
– Isso nos leva á outro detalhe. – ele ponderou como que para si mesmo. – Jasper ficou
decepcionado comigo; pelo o que me disse, enraivecido até, então... Como ainda voltou para limpar
a bagunça deixada por Senna?... Por que me ajudaria.
– O segredo é de todos nós Edward. – ela o lembrou com indisfarçado tom ofendido. – Jasper sabe
de suas obrigações para com ele mesmo e até comigo. Não deixaria as evidências de um ataque para
trás por despeito á você.
– Pode ser... – o vampiro retrucou ainda vasculhando sua mente á procura de detalhes na narrativa
de Alice que pudesse lhe dar mais informações.
– Tem alguma ideia do porque Jasper chegaria completamente molhado? – Alice perguntou;
aparentemente recuperada do comentário de Edward sobre seu marido ausente.
Edward não lhe respondeu de imediato; naquele exato momento se questionava quanto á esse
detalhe. Como Alice salientou, se seu sócio tivesse sido arremessado á lagoa do parque ou apenas
perseguido Senna em suas águas durante a luta, até a hora que chegou ao apartamento já estaria
relativamente seco. Se ao menos estivesse chovendo... Ao pensamento o vampiro acreditou ter sua
resposta.
– Não foi Senna que contou sobre “minha” falta ao Jasper. – Edward disse convicto.
– Não?! – Alice perguntou receosa. – Então quem você acha que foi?
– Não acho. – afirmou. – Tenho certeza!... Jasper conheceu Aro naquela noite.
– Como pode saber?
– Somente isso explicaria estar completamente molhado. Não percebe? – inquiriu incrédulo por ela
não ver o óbvio assim como ele agora o via; como Alice não deu demonstrações de entendimento,
ele explicou. – Jasper pode mesmo ter caído na lagoa, mas foi deliberadamente. Para apagar o
cheiro de Aro de suas roupas; dele todo. Para que nós não descobríssemos.
Á medida que Alice lhe acompanhava, ia unindo as sobrancelhas em sinal de estranheza.
– Por que ele faria isso?... Qual o problema de sentirmos o cheiro desse vampiro idiota?
– Talvez eu tenha me enganado nessa parte, talvez a iniciativa não tenha partido dele e sim do
próprio Aro para que Jasper não carregasse seu cheiro. Talvez ele esteja induzido...
– Mas não é possível!... – Alice exclamou. – Você mesmo disse que não aconteceria conosco por
nossa lealdade.
Sem que pudesse evitar Edward riu breve e debochadamente; o sentimento voltado para si mesmo.
Então indagou sério.
– Acho que descobrir que tentei levar a mulher dele para a cama... Principalmente dessa última vez,
deve ter minado toda e qualquer lealdade que Jasper tinha para comigo não concorda?
– Concordo... E analisado dessa forma, até que tudo começa á fazer sentido. – ela disse com tom
novamente triste. – E piora ainda mais as coisas... Se Jasper está mesmo induzido, não vai voltar.
Edward pôde sentir a dor da amiga. Não como acontecia com Isabella, mas por agora conhecer o
sentimento de perda. Ela tinha razão. Se Jasper estivesse mesmo induzido, não voltaria. Talvez nem
tenha deixado a cidade. Poderia estar, naquele momento, junto á Aro e sua malta. E tudo por sua
culpa; por seus atos impensados e inconsequentes. Como o vampiro acentuou aquela última
proposta – feita por sua mente desesperada e embriagada – havia sido o fator determinante para
afastar o amigo. Assim como á Isabella, pensou entristecido; por ambos.
Não era ele que sempre enaltecia seu pronto interesse que o fez desejá-la desde o instante que sentiu
seu cheiro. Como poderia justificar que, dias depois tenha convidado sua secretária para jogos
sexuais. O vampiro entendia-lhe a mágoa; sabia que o ciúme que a corroia era diferenciado daquele
que sentia por Zafrina. O mesmo aconteceu com ele quando flagrou Jasper á lamber a mão de sua
noiva. Por ser dirigido á quem se gosta e respeita o sentimento se torna muito mais amargo.
Justamente por isso o entorpecimento dos sentidos lhes roubava a ação; a reação.
Com o coração pequeno em seu peito, o vampiro percebeu que daquela vez, seria difícil de amansá-
la para que restabelecer sua confiança. Sendo visitado por uma ponta de desespero, validou as
palavras de sua amiga; ele havia “sim” estragado tudo com Isabella. Tal percepção lhe privou de ar.
De súbito se pôs de pé e passou á andar de um lado ao outro. Sua vontade era voltar ao apartamento
e, sem dizer nada, uma única palavra, tomar sua noiva em seus braços e mostrá-la que nenhuma
outra jamais significaria nada; nem as que ele possuiu antes ou as precisou copular depois que a
conheceu. Sim, copular, pois amor fez e sempre faria somente com sua bruxa.
Contudo Isabella não era humana; ele não poderia simplesmente acercar-se dela e seduzi-la como
antes. Agora ela conseguiria repeli-lo facilmente e resistir ás suas investidas. E ela o faria;
principalmente ferida como estava. Novamente Edward sentiu uma pontada em seu peito. Contra
aquela nova situação não sabia lutar. E sentia a cada segundo que era preciso fazer alguma coisa;
qualquer coisa para trazê-la de volta, inteira. Sem mágoas ou desconfianças.
– Está me deixando impaciente Edward. – Alice falou chamando-lhe a atenção.
O vampiro se conteve para não dizer-lhe que então o deixasse em paz. Estavam na mesma situação
e ela, em seu território.
– Desculpe-me, mas não consigo ficar parado. Sinto que preciso fazer alguma coisa...
– Quanto á Jasper? – ela perguntou encarando-o.
– Também.
O vampiro não mentia; a nova posição do amigo o preocupava. E muito... Se Aro transformou
Jasper em seu mais novo peão, ele seria uma peça altamente descartável. Usado talvez em ações
suicidas, pois não existia nenhum vínculo entre seu sócio e o sórdido vampiro. Se seu irmão, fosse
lançado contra ele, teria que ser ágil e prudente para não feri-lo, mesmo que fosse atacado com toda
sua fúria. O problema era que, mesmo tento consciência desses fatos perturbadores, sua maior
angustia era direcionada á Isabella. E sua amiga o conhecia o suficiente para saber o que se passava
em seu íntimo.
– Mas sua inquietação é em boa parte destinada á Bella, não é? – ela disse simplesmente; o óbvio.
– Sim. – e ele não pediria desculpas por isso. – Jasper me conhece Alice. Nada do que faço lhe é
alheio. Tenho certeza que, se ele descobrisse de outra maneira, caso você ou eu lhe contasse, não
reagiria assim...
Alice se moveu, aparentemente incomodada com o assunto; sem perceber seu movimento, Edward
prosseguiu.
– Sim, ele ficaria furioso comigo. Viria tomar satisfações, mas tão logo extravasasse sua decepção
ele me perdoaria e não daria mais importância ao fato, pois ele está preparado para o pior de mim e
como um verdadeiro irmão releva minhas falhas de caráter. Mas...
– Mas Bella não o conhece dessa maneira. – ela concluiu.
– Não. E ultimamente vêm descobrindo detalhes perturbadores demais á meu respeito. – ao falar
passou as mãos pelos cabelos, impaciente.
– Mas como Jasper, ela também o ama...
– Ama! – repetiu parando á sua frente para encará-la gravemente. – E tem se mantido firme até
agora, mesmo sabendo a criatura abjeta que sempre fui. Mas quanto seu amor pode suportar?... Qual
será o limite?... – e, lembrando-se das palavras de sua noiva perguntou roucamente. – Para tudo tem
um limite, não tem?
– Tem. – Alice respondeu sustentando-lhe o olhar, - E lamento que você tenha descoberto somente
agora.
A amiga falava por ela; por ele. Após inspirar e expirar profundamente, Edward disse.
– Espero que ainda não seja o caso... Para Isabella ou para Jasper. – agachando-se a sua frente;
refreando o impulso de segurar-lhe a mão, prosseguiu. – Vamos trazê-lo de volta. “Eu” o trago de
volta!... Posso ter todos os defeitos, mas você sabe... Amo Jasper como á um irmão e jamais
permitirei que lhe façam algum mal... Ou me voltarei contra ele mesmo que me ataque. Quando o
vir eu dou um jeito de inverter a situação... Eu prometo Alice!
Alice lhe sorriu sem ânimo algum, ainda assim falou sinceramente.
– Também estou preparada para o pior de você Edward. E para o seu melhor... Não pense que Jasper
lhe perdoa as falhas de caráter por aceitá-las ou entendê-las. Assim como eu, ele apenas as tolera
por saber que não se equiparam ás suas qualidades. Então... Não precisa me prometer coisa alguma.
Agora que entendemos o que está acontecendo com ele, sei que dará um jeito...
– Obrigado! – ele disse simplesmente.
Edward sustentou-lhe o olhar por um ínfimo instante; ineditamente comovido com suas palavras.
Então, pediu mentalmente que Isabella sentisse como seus amigos e, tentando não parecer
insensível, perguntou.
– Você se importaria de conversar com Isabella?
– E mais uma vez arrumar sua bagunça? – ela indagou gentilmente; talvez influenciada pela
declaração.
Sem conseguir se sentir envergonhado ou com remorso pelo que não poderia mudar jamais,
assentiu.
– Sim. Importar-se-ia?
– Não Edward; não me importo!
Bella simplesmente se cansou de ziguezaguear por seu quarto; estava indo e vindo de um lado ao
outro sem conseguir se concentrar em coisa alguma. Já havia aberto e fechado seu guarda roupa um
número incontável de vezes sem nunca enxergar roupa alguma que desejasse levar consigo.
Impaciente, seguiu até sua sala. Apenas por um minuto se sentou no sofá. Quando seus olhos
pousaram em sua Amarílis – agora murcha – e sobre os restos da rosa que encontrou sobre seu
travesseiro depois de “sua” primeira noite com Edward, ela se pôs de pé e foi até a cozinha.
Agora, ainda que sentisse que não tinha nada á acrescentar em sua conversar com o vampiro, estava
arrependida de mandá-lo para junto de Alice. Nunca pensou ser possível, mas o fio de ciúme que
sentiu da amiga, agora tomava todo seu coração. E o sentimento daninho a feria duplamente, pois
como pensou antes, jamais poderia hostilizar ou afastar a vampira de sua vida. Assim como não
poderia apagar os anos de cumplicidade e união que a ligava á Edward; eles se completavam essa
era a verdade.
Presa pela teia do ressentimento por ter sido tão cega ao óbvio, Bella entrou em sua cozinha
distraidamente. Somente despertou ao esbarrar um dos pés em um objeto em seu caminho. Ao
procurá-lo, deparou-se com a vasilha de alumínio onde costumava deixar a ração de seu gato.
Imediatamente sua dor arrefeceu ao se dividir com outra. A vampira nem percebeu seu movimento;
quando deu por si já segurava a vasilha diante dos olhos úmidos.
– Desculpe-me por não estar aqui Black. – pediu como se seu animal morto pudesse ouvi-la. – Mas
se serve de consolo, saiba que aquele covarde queima no fogo do inferno!
E tomada de uma raiva e decepção tardia; por Paul, Edward, Alice e ela mesma, Bella esmagou a
vasilha como á um prato descartável. Depois de atirá-la na pia, obrigou-se á parar de remoer seu
ciúme, pois a situação que todos se encontravam era imutável. E somente não havia conserto para a
morte – como para Black que jamais retornaria – todo o resto com o tempo se reorganizaria. Se um
dia conseguisse calar seu ciúme, talvez fosse capaz de domar seu desapontamento e tentar perdoá-
lo; antes disso, era impossível.
Resignada, a vampira olhou em volta e respirou profundamente. Precisava fazer alguma coisa para
ocupar sua mente para não se deixar arrastar por sua possessividade. Deixando a cozinha, voltou ao
quarto para abrir seu guarda roupa pela enésima vez. Concentrando-se, escolheu algumas peças para
levar á cobertura; não muitas. Mesmo não sabendo como iriam embora já que teriam que levar a
amiga, Bella preferiu se pegar ao fato de que estavam de moto. Depois de separar uma de suas
bolsas mais largas, colocou as roupas que escolheu; dois pares de sapatos, roupas íntimas e alguns
acessórios.
Ao terminar de organizar suas coisas, sentiu que novamente seria invadida pela desconfiança e pelo
rancor, então procurou mentalmente algo que lhe ocupasse. Imediatamente se lembrou de sua
vizinha. Estava claro que ela desejava falar-lhe e não apenas fazer fofoca como Edward observou;
nunca foram íntimas. Se pegando nessa certeza, a vampira deixou o quarto e então seu apartamento.
Ao sair foi inevitável não olhar para a porta fechada no final do corredor. Seu primeiro impulso foi
ir até ela, mas se conteve. Ainda não tinha nada á dizer á nenhum dos dois e com certeza, se
conversassem sobre a recente separação de Alice, sobraria.
Com a ferida novamente aberta, desviou os olhos e seguiu até a porta ao lado da sua. Instantes
depois de dois toques – fortes demais, pois não mediu sua força – Bella foi atendida pelo marido da
vizinha; ela não se lembrava do nome. O homem a encarou demoradamente e, sem conseguir
desprender o olhar de seu rosto, perguntou.
– Pois não Bella?
– Eh... Eu queria falar com sua esposa.
– Minha esposa?... – então, como se despertasse, exclamou. – Erin, claro...
Quando ele lhe deu as costas para procurar pela mulher, Bella tentou segui-lo, contudo não
ultrapassou o limiar da porta. Ao chocar-se contra o “nada”, ficou levemente aturdida. Demorou
alguns segundos até que se recordasse da restrição; agora ela necessitava de convite. Fascinada
ergueu a mão e a estendeu lentamente até que seus dedos tocassem a barreira invisível.
– Incrível! – murmurou para si mesma.
A jovem vampira a tateou algumas vezes sem que nunca, nem mesmo as pontas de seus dedos
atravessem um milímetro sequer. Ainda experimentava a sensação estranha e nova de ser contida
pelo vazio, quando um movimento na cortina chamou sua atenção. Somente quando o menino saiu
detrás do tecido leve, Bella se deu conta de que era observada.
– Bella?!... – Erin a chamou, causando-lhe um sobressalto. – Finalmente apareceu!
Imediatamente a vampira recolheu a mão e se lembrou da ordem dada por Edward para que a
vizinha esquecesse tê-los visto. Pigarreando disfarçadamente, desviou os olhos do rosto inquiridor
da criança e falou lhe sorrindo amigavelmente, tentando disfarçar o nervosismo.
– Oi... Posso falar com você?
– Claro!... Foi até bom que aparecesse, também preciso falar com você!... – exclamou retribuindo
seu sorriso; como ela não se movesse a mulher perguntou unindo as sobrancelhas. – Qual o
problema?
Furtivamente Bella relanceou o olhar para o menino. Ele não deveria ter mais do que seis anos de
idade, mas parecia que a interrogava com a propriedade de um adulto; a criança sabia. Crianças
sempre sabiam. Por sorte os adultos nunca lhes davam crédito. Valendo-se dessa certeza, Bella
esqueceu completamente o embaraço por ter sido flagrada em um ato tipicamente vampírico e,
conferindo certo acanhamento á sua expressão, explicou.
– É que... Eu nunca estive aqui antes...
– E está com vergonha por isso? – Erin riu docemente. – Deixe de bobagens Bella, entre!
Suspirando aliviada, porém com certo receio de novamente se chocar contra a barreira, ela deu um
passo á frente. A criança instintivamente deu um passo atrás, sempre a encarando. Ignorando-a,
assim como á seu pai que não desviava os olhos dela, Bella se dirigiu á vizinha.
– Desculpe vir incomodá-la.
– Imagine! – disse ainda sorrindo. – Não nos incomoda. Estávamos brincando de nos esconder...
– Ah... – por isso a lugar inusitado para uma criança estar. – Ainda assim me desculpe... Mas...
– Espere, venha cá... Como bem lembrou, nunca esteve aqui então me deixe ao menos lhe oferecer
um café.
– Não há necessidade... – Bella tentou demovê-la. – Será rápido...
– Não, não... – ela insistiu. – Sabe que as notícias correm, não sabe... Pois então. Fiquei sabendo
que esteve doente e vejo que ainda está um pouco pálida. Me senti péssima por não ter ido lhe ver,
mas como nunca fomos íntimas, não me senti á vontade, então... Venha.
Enquanto falava a mulher se aproximou e ao chamá-la, pegou em sua mão.
– Nossa!... Você está gelada!... Está muito frio na rua?... Ouvi dizer que esse inferno será rigoroso...
Venha, tome ao menos um café... Vai esquentá-la.
Atordoada com a torrente de palavras da vizinha – e em parte agradecida –, Bella se deixou levar
até a cozinha. Já que não sabia quando partiriam e não se sentia inclinada á se juntar ao advogado e
sua secretária, ela poderia se valer da conversa aparentemente fácil de Erin para se distrair.
– Nossa! – ela começou tão logo acomodou sua visita em um banquinho ao lado de sua mesa na
cozinha diminuta. – Moramos lado á lado tanto tempo e nunca conversamos de verdade, não é
mesmo?
– Não, nunca. – Bella retrucou seguindo o olhar para a sala.
Agora o marido de Erin simulava zapear os canais – que Bella conseguia ouvir os sons, contudo os
bloqueava – mas vez ou outra lhe lançava olhares furtivos. Ele não lhe preocupava e sim a criança
que, aparentemente recuperada do susto, a espreitava do batente da cozinha.
– Esse é Zack, meu filho. – Erin disse orgulhosamente enquanto vagava pela cozinha á procura do
que usaria para preparar o café oferecido.
– Oi Zack. – ela disse lhe sorrindo.
O menino correu de volta á sala sem responder-lhe.
– Não ligue para ele... É sempre assim com quem não conhece; depois ele se solta.
A vampira tinha suas duvidas e de toda forma, não estava ali para consolidar amizades e sim para
saber o que a vizinha tinha á lhe dizer e nesse meio tempo, distrair-se de suas dores. Subitamente se
deu conta de que não tinha uma desculpa para estar ali, depois de procurar por qualquer assunto,
mesmo o mais corriqueiro, falou.
– Bom... Como eu estive alguns dias fora, vim lhe perguntar se já marcaram a reunião mensal dos
condôminos.
– Você esteve fora por muito tempo, não foi? – ela comentou. – A reunião até já aconteceu. Você
queria opinar sobre alguma coisa?
– Agora não adiantaria, não é mesmo?
– É mesmo... – ela concordou dando atenção á sua cafeteira; depois de programá-la se voltou para
Bella e disse. – Bom, como lhe falei foi bom que viesse...
– Pois também queria conversar comigo. – ela incentivou.
– Sim... No começo dessa semana, por duas vezes vieram á sua procura.
– Quem? – ela perguntou agora verdadeiramente interessada.
– Dois homens... Acho que eram investigadores, mas não tenho certeza. Não me lembro os nomes,
mas um deles me deixou seu cartão. Espere... Vou pegá-lo para você.
Então ela se foi, deixando Bella sozinha com seus pensamentos. Por vezes se esquecia que estava
sendo procurada por causa do desaparecimento de Jared. Era estranho imaginar que tomou
conhecimento desse fato há apenas seis dias. Tanta coisa havia acontecido com ela em tão pouco
tempo. Agora tinha uma nova vida, mas todos seus problemas anteriores persistiam. E
definitivamente precisavam de solução, pensou.
– Você vira “morcega”? – Bella ouviu a voz infantil sussurrada e cúmplice vinda da porta da
cozinha.
A vampira fechou os olhos e sorriu levemente divertida e agradecida pela inocência infantil que
acalmava ainda mais seu coração. Olhando-o; ainda sorrindo, afirmou.
– Somente á noite.
– Ah... – o menino exclamou como se o que ouviu fizesse todo o sentido.
Deixando-se contagiar pela criança, perguntou também em tom velado.
– Gostaria de voar comigo qualquer dia desses?
O menino mordeu o pequeno lábio inferior antes de admitir envergonhado.
– Gostaria, mas tenho medo de altura. – e sem dar-lhe tempo de comentar o que aparentemente ele
considerava um grave defeito, prosseguiu lamurioso. – Os meninos no parquinho vivem me fazendo
medo ou tirando sarro da minha cara porque eu não consigo ir naqueles brinquedos mais altos.
– Zack, não é mesmo? – ela perguntou estendendo-lhe a mão; satisfeita por constatar que o sangue
jovem e fresco não lhe despertava nenhum interesse particular. – Você confia em mim?
A criança olhou para o pai – que ao que tudo indicava estava verdadeiramente interessado em algo
que passava em sua TV, então a encarou e estendeu a mãozinha para tocar a dela.
– Confio... Sempre gostei de vampiros.
Assim como ela própria, pensou comovida ao se lembrar de sua infância há muito passada.
– Certo Zack. – ela disse séria, fazendo com que ele a olhasse diretamente, quando tinha toda sua
atenção, ordenou. – Pois de hoje em diante não vai mais ter medo de alturas. Não seja abusado ou
teimoso, mas não tema brincar com seus amigos. Respeite sempre seu pai e sua mãe e... Esqueça
que sou uma vampira.
A criança apenas maneou a cabeça afirmativamente enquanto piscava os olhinhos para ela.
– Não falei que ele se chegava! – Erin comentou entrando na cozinha. – Tome... Aqui está o cartão.
Bella soltou a mão da criança para pegar retângulo branco. Ao girá-lo leu o nome; Joseph Holt e
então seu número particular.
– Obrigada! – agradeceu colocando o cartão no bolso traseiro de sua calça.
Depois de bagunçar os cabelos da criança que ainda estava á sua frente, Bella se pôs de pé.
– Acho que vou dispensar o café.
– Espere! Está quase pronto... – e como se desculpasse, acrescentou. – Demorei, pois estava vendo
sobre um incêndio em Sutton Place.
Sem nem mesmo entender por que, Bella seguiu para a sala, perguntando.
– Onde?
– Em um apartamento de um dos prédios da 54ª Street. – ela disse ás suas costas.
Bella já estava diante da TV, odiando-se por ter se desligado de seus sons agora ouvindo cada
palavra que o repórter dizia. Sabia que já havia escutado aquele nome em algum lugar; não se
lembrava. Contudo, em meio á tudo que vinha acontecendo em Nova York nos últimos dias, todo
acontecimento relacionado á qualquer nome conhecido merecia certa atenção.
– ... estão no local. O fogo se alastrou rapidamente atingindo o apartamento acima. Até o momento
não se tem notícias de vítimas fatais. Os bombeiros tentam conter as chamas para que não
cheguem á outros apartamentos. Ainda não se sabe as causas...
– Essa cidade precisa é ser benzida, isso sim! – o marido de Erin comentou sarcástico fazendo com
que sua voz de sobrepusesse á do locutor. – Ataques no parque, agora o segundo incêndio em menos
de uma semana...
Ignorando-o, Bella se concentrou para ouvir o restante da matéria.
– ... causou pânico nos moradores dos edifícios vizinhos. Aqui em Sutton Place...
A vampira agora deixou de ouvi-lo por conta própria quando o nome do bairro lhe reacendeu a
memória. Como pôde esquecê-lo?... Edward o citou na noite passada. Diante daquilo era obrigação
de Bella esquecer as descobertas recentes e procurar por ele imediatamente. Encarando sua vizinha
para que não perdesse tempo com explicações, disse enfaticamente.
– Agradeço a hospitalidade e pelo café, mas agora preciso ir embora.
– Tudo bem! – ela disse simplesmente.
A vampira se despediu de todos e, depois de lançar um último olhar ao menino simpatizante de
criaturas como ela, abriu a porta para sair rapidamente; seu noivo precisava saber sobre o incêndio.
De repente, tudo aconteceu em um segundo; como se pensar em Edward tivesse de alguma forma o
atraído, ele praticamente se materializou á sua frente fazendo com que se chocassem no corredor. O
impacto a desnorteou e teria caído caso ele não a segurasse firmemente.
Como sempre seu corpo traidor reagiu ao dele e antes que sua mente repassasse todos os motivos
que a deixavam magoada, cada um de seus pelos já se encontravam eriçados. Por mais que aquele
círculo protetor fosse seu lugar preferido no mundo, ela não poderia se deixar ficar entre ele então,
recuperada da batida, lutou para soltar-se. Edward a reteve por alguns segundos antes de soltá-la e
encará-la duramente para perguntar entre dentes.
– Onde estava com a cabeça para sair sem avisar-me?
O tom, associado á imagem magnífica que era Edward enraivecido á sua frente a desestabilizou.
Estava prestes á explicar-se, quando um movimento chamou sua atenção. Alice os observava de sua
porta com expressão preocupada, lembrando-a mais uma vez, em questão de segundos, todo o
ocorrido entre eles. Afastando-se mais um passo, Bella assumiu uma postura rígida e disse
friamente.
– Não sabia que precisava de sua autorização para circular em meu prédio.
Com o ânimo que o deixava, Isabella precisaria de autorização até mesmo para mudar de cômodo,
quanto mais deixar seu apartamento sem avisá-lo, Edward pensou com o velho coração ainda se
recuperando do golpe de saber que não estava em seu apartamento quando Alice foi procurá-la.
Á saída da amiga, o vampiro passou a andar de um lado ao outro, impaciente por sentia a aflição de
Isabella arrefecer. Em sua culpa, não soube determinar se aquele poderia ser um bom sinal ou não.
Nem ao menos sabia o que preferia ou o que esperar, quando Alice retornou avisando que
conversaria com a amiga depois, pois não a havia encontrado. Sua secretária ainda tentou dizer
alguma coisa quando correu e passou por ela para conferir com seus próprios olhos que sua vampira
havia saído sem avisá-lo.
Rodou por seu apartamento em um átimo onde percebeu a sacola de roupas sobre a cama, uma
vasinha amassada dentro da pia e nenhum sinal de Isabella. Aflito – imaginando que talvez a jovem
tivesse seguido o exemplo de seu sócio e o deixado – Edward se lançou porta afora para seguir-lhe
o rastro. Não deu mais do que três passos no corredor até que a porta se abrisse ele a visse sair
apressada e distraída do apartamento vizinho. Como também seguia acelerado e não poderia evitar a
colisão, apenas abriu os braços para recebê-la quando se chocassem. Sorte Isabella ser tão forte
quanto ele, caso contrário teria se ferido com a batida violenta.
Após segurá-la, sua vontade era mantê-la junto á si indefinidamente, contudo a confusão feminina
durou poucos segundos e logo Isabella se agitava em seus braços para se libertar como se seu toque
a incomodasse de alguma maneira. O vampiro ainda a segurou por um breve instante antes de
deixá-la livre. Não era sua intenção ser grosseiro, mas em seu desespero – que subitamente lhe
travou a garganta - não conseguiu modular a própria voz ou sua violência ao inquiri-la. E agora sua
noiva estava ali, á sua frente, rígida e novamente distante. Encarando-o desafiadoramente depois de
lançar um rápido olhar em direção ao apartamento de Alice.
– Fique tranquilo. – ela prosseguiu em sua resposta mal-criada. – Vou acrescentar esse detalhe á
bendita lista.
– Isabella...
– Escute, por favor... Não temos tempo agora... – ela o interrompeu conciliatória; então, olhando
novamente para o final do corredor, acrescentou já seguindo para seu próprio apartamento. – Vocês
dois precisam ver uma coisa...
Edward nada disse ao perceber o alarme contido em sua voz. Quando Alice se juntou á eles, a
vampira já ligava sua TV e mudava os canais rapidamente até parar em um conhecido; exclusivo de
notícias. A matéria já estava adiantada, mas logo ele e sua amiga entenderam a importância da
informação.
– Um incêndio no edifício de James? – Alice exclamou alarmada.
– Evidente que não é coincidência. – Edward falou sem desviar os olhos das imagens.
– Não é, mas... Por que isso agora? – Alice perguntou preocupada.
– Isso prova que eu estava certo. – Edward disse se dirigindo á ela.
– Não sei... – Alice começou receosa. – Você acha que incendiariam o apartamento de um aliado.
– Para os outros vampiros ele não passa de um peão. – o vampiro a corrigiu. – E não se esqueça que
Zafrina estava com ele dias atrás o que caracteriza traição.
– Então foi vingança? – sua amiga indagou pensativa.
– Para mim é uma boa explicação e a prova que faltava para validar tudo o que conversamos há
pouco.
Ao que tudo indicava agora o jogo começaria. Aro não só adquiria novas peças como já eliminava
as que ele considerava sem valor. Era incomodo para Edward imaginar seu amigo sendo usado por
seu rival. Absolutamente nada o impediria de usá-lo em alguma ação sumária.
– Acha que devemos ir até lá?
A voz de Alice lhe chamou a atenção; ainda mirando a TV, que agora exibia outra matéria não
relacionada com o incêndio, ele disse.
– Não temos o que fazer no meio dessa confusão... Pelo o que vimos não sobrou nada do
apartamento. Se James ou Zafrina ainda estavam lá quando o fogo o consumiu, agora não passam
de cinzas. Nem ao menos poderíamos ir atrás de algum odor novo, pois a fumaça corrompeu todo o
ar.
Ao pronunciar o nome da vampira rival, Edward olhou em volta á procura de Isabella. Ela não
estava na sala. O fato de não ter percebido sua saída lhe causou estranheza apenas por um segundo;
ela era como ele agora, furtiva quanto qualquer predador. Se não desejava chamar a atenção; não
chamaria. Novamente lhe preocupou que não a sentisse como antes. Cada vez mais sentia falta da
aflição causada por seu ciúme; dos rosnados e de seu esbravejar. Aquela calmaria jamais poderia ser
boa para ele.
– Tem razão. – a voz de Alice novamente. – Então o que faremos?
– Acho que o cerco pode começar á se fechar agora. – disse sem desprender os olhos do quarto onde
descobriu Isabella á vagar de um canto á outro. – Então, acredito que o mais importante seja
estarmos preparados para tudo.
– E seguirmos com o teatro? – ela perguntou entristecida.
– E seguirmos com o teatro. – ele repetiu para confirmar. – Mas agora sem sermos inocentes.
Conhecemos quase todos os nossos inimigos e estamos preparados para eles.
– Será bom ocupar minha cabeça.
O vampiro não a ouvia, nem lhe notava o tom. Incomodava-o que Isabella estivesse em outro
cômodo e não ao seu lado, como Alice. “Alice”; aquele era o problema. A forma cúmplice com que
conversavam – conhecida e antes tão natural – agora a incomodava. Edward conhecia as mulheres
ao ponto de saber o que as perturbava e conhecia Isabella ainda mais para estranhar aquele
sorrateiro sair de cena. Sentia sua falta, mas não iria até ela. Ainda não sabia como agir e
decididamente não desejava brigar, então continuaria lhe dando espaço. Mesmo que aquele
“espaço” cortasse seu coração ao meio.
– Estou pronta! – ela anunciou ao regressar á sala trazendo a sacola que Edward havia visto sobre a
cama. – Podemos sair a hora que desejarem...
– Isso é tudo que vai levar? – Edward perguntou franzindo o cenho. – Só isso?
– Será o suficiente por ora. – ela disse sem olhá-lo. – Se for preciso venho buscar mais. De toda
forma ainda voltarei aqui algumas vezes.
Edward disse á si mesmo que não procurasse por frases não ditas. Isabella não estava insinuando
que voltaria outras vezes para ficar e sim por ser necessário até que se desfizesse de suas coisas aos
poucos; sem atropelos. Nada mais do isso, ainda assim não gostou de ouvir.
– Evidente que voltará. – se obrigou á dizer.
– Sim, sempre que for necessário... Bem... Ouvi que não irão até o Sutton, então... – ela disse
colocando as mãos nos bolsos e se dirigindo á Alice. – Já juntou suas coisas?
– Não... – Alice respondeu simplesmente. – Não vou á parte alguma.
Edward apenas a encarou; a declaração não era nenhuma novidade, mas não gostava da ideia de
deixá-la sozinha. Mesmo conhecendo-a o suficiente para saber que, Jasper estando distante ou não,
jamais daria ao marido algum motivo para desconfiança. E que, sabiamente, também não se
colocaria em meio ao fogo cruzado.
– Como não Alice? – a jovem vampira insistiu. – Não é seguro ficar sozinha aqui.
– Pode parecer que não, mas somente Jasper e vocês dois podem entrar no meu apartamento. Estarei
segura.
– Mesmo assim Alice...
– Não Bella. – Alice a cortou. – Se Jasper quis que eu ficasse aqui é o que farei.
– Jasper disse para que ficasse com... Edward... Então...
– Pouco importa o que ele disse, eu não...
– Já chega! – Edward disse sério fazendo com que calassem para encará-lo. – Não quero ouvir mais
uma palavra.
– Escute Edward... – Alice começou, porém foi interrompida.
– Escute você. Pode não se lembrar na maioria das vezes, mas sou seu líder. Ainda não estou cem
por cento convencido de que Jasper partiu pelos motivos que alegou, então, talvez, toda essa estória
de ficar ao meu lado seja somente para que fique em segurança então pode ir até seu apartamento
juntar suas coisas. Você vai conosco.
– Mas...
– Mais nenhuma palavra Alice. – ele ordenou apontando a porta para que ela lhe obedecesse. –
Agora vá.
Após dois segundos de hesitação, onde o encarou enraivecida, a vampira bufou e saiu para atendê-
lo. Ás suas costas Isabella pigarreou, talvez tentando ocultar seu desconforto por ter presenciado sua
repreensão á Alice. Ou por no fundo se sentir incomodada com a presença da vampira na cobertura;
Edward não saberia.
– Eh... – ela começou receosa. – Fez bem em convencê-la. Realmente não é seguro deixá-la
sozinha.
O vampiro se voltou para encará-la com o cenho franzido.
– E tudo bem ela ficar conosco? – inquiriu. – Mesmo depois do que ouviu?
– Como eu disse, não temos tempo para isso agora... – falou indiferente. – É o certo ficarmos juntos.
E depois do que fez não pode simplesmente deixá-la sozinha.
– Não me sinto responsável por ela pelo o que “fiz” e sim por ser seu líder, amigo, irmão... Como
bem sabe e por tantas vezes salientou, sou egoísta. Então não fiz nada que não estivesse de acordo
com minha natureza nada nobre. Devo ser julgado por assediá-la?... Talvez. Contudo, não aceitarei
ser cobrado ou condenado por atos que nem cheguei á cometer.
– Mas você...
– Sem “mas” Isabella... – ele a cortou seriamente. – O que disse para Alice vale para você também.
Nem mais uma palavra, apenas vá juntar suas coisas.
A vampira olhou para a sacola sobre o sofá e então para ele, confusa.
– Já fiz isso... Já juntei o...
– O suficiente, eu ouvi. – interrompeu-a mais uma vez antes de dizer duramente. – Mas não é o
bastante. Quero que pegue tudo. Roupas, sapatos, bolsas, cintos... Enfim, todas as quinquilharias
femininas que venha á precisar. Caso contrário, sigo o exemplo de nosso inimigo incendiário e
acabo de vez com esse lugar. Faço o que for preciso, mas não vou deixar que faça desse
apartamento seu refugio ou closet particular Isabella.
Assim como Alice, sua noiva também o encarou de forma exasperada antes de dar-lhe as costas e
atendê-lo. Com sua atitude talvez a afastasse mais, pensou resignado. Contudo faria exatamente o
que disse caso ela se recusasse á atendê-lo. Separar-se dele não era uma opção, nem que ela fizesse
planos de voltar ao apartamento somente para espairecer como queria crer que Jasper fazia naquele
exato momento. Se desavenças surgissem entre eles, seriam resolvidas em conjunto; imediatamente
ou dias depois, pouco importava. Sempre ficariam sob o mesmo teto, preferencialmente no mesmo
quarto; na mesma cama.
********************************************************************************
*******

Notas finais do capítulo


Bom, espero que tenham gostado... Algum palpite do que aconteceu com o Jasper? Está
somente pensando? Foi induzido?... Me contem...
Agora vamos ao spoiler:
Em um átimo já estava em seu quarto onde encontrou Isabella arrumando suas coisas no
guarda roupas. Ela não se voltou em sua direção ou teceu qualquer comentário quando se
sentou sobre a cama para observá-la durante a execução da tarefa. Ao que parecia o
clima pesado entre eles ainda duraria por tempo indeterminado. O vampiro sentia em
seus ossos que padeceria por ela mesmo que estivessem próximos. Se não estivesse tão
convicto de estar com a razão, cairia de joelhos e lhe pediria perdão; contudo, jamais o
faria.
Precisa mesmo ficar aí me olhando? ela perguntou séria, após alguns minutos.
Não preciso; respondeu lacônico, sem se mover.
Talvez acreditando que depois de sua resposta ele a deixasse, Isabella voltou sua atenção
ás roupas. De onde estava o vampiro podia ouvir o pulsar descompassado do coração
imortal de sua noiva que pouco á pouco aumentou suas batidas. Quando ela o encarou
depois de outro tanto de minutos, suas sobrancelhas estavam unidas.
Sério Edward, se não precisa ficar aqui porque não vai para outro lugar?
Não precisar não significa que queria sair...; ele disse indiferente começando á apreciar
atormentá-la; finalmente alguma reação.
Droga Edward...
A vampira explodiu irritada, contudo ele a interrompeu sinalizando com uma das mãos
para que se calasse. Com a livre sacou seu celular e, depois dedilhar algumas teclas, leu a
mensagem recebida; já não era sem tempo, pensou se colocando de pé e voltando o
celular ao bolso.
Parece que suas preces foram atendidas. Vou deixá-la em paz.; disse indo para a porta.
Aonde vai?; ela perguntou intrigada.; De quem era a mensagem?
Não era de Zafrina e Alice está no quarto ao lado, então não tem com o que se preocupar.
Queria somente provocá-la mais; mesmo que estivesse ansioso para se encontrar com seu
sócio, não perderia a oportunidade. Contudo, sentindo seu crescente alarme, explicou.
Vou apenas até meu escritório. Volto em breve.
Sozinho?!; ela exclamou largando a peça de roupa que segurava para segui-lo.; Não acho
prudente. Vou com você.
Estava á um minuto incomodada com minha presença.; disse parando no primeiro degrau
para encará-la.; Decida-se Isabella.
Uma coisa não tem nada á ver com a outra.; ela retrucou se colocando na defensiva.; Eu
querer acompanhá-lo não muda nada o que aconteceu, só não acho seguro descer
sozinho.
Pois agora, quem não quer sua companhia sou eu., ele disse sério, pois não via motivos
para a preocupação excessiva; Ando sozinho desde antes de você nascer e não vou
começar á temer de fazê-lo agora, principalmente em meu edifício. Fique aqui e faça
companhia á Alice.
Quando chegou á porta o vampiro se voltou e encarou sua noiva que o seguia decidida.
É uma ordem Isabella; sibilou duramente; Também sei de seu problema em acatá-las,
mas já que é conhecedora de todos os limites, deve saber que existe um até para a
desobediência. Não quero que desça.
Bom... Espero que tenham gostado... Semana que vem tem mais... Bom feriadão, bjus

(Cap. 78) Capítulo 15 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia!...
Amores, desculpem a demora em responder, quis fazer com todos ao msm tempo e fiquei
sem tempo... mas agora já estão todos respondidos... =)
Obrigada pelo carinho e atenção e desculpem por deixá-las ansiosas... As coisas estão
caminhando apra o desfecho então é natural que a estória fique mais tensa... Desculpem
tbm meu Edward egoísta, ele ainda se prende em seus problemas pessoais, mas agora vai
começar á olhar em volta!
Bom, deixei uma carta lá no final.. Leiam, por favor!... é importante.
Agora não vou mais prendê-los (as)
BOA LEITURA!...

Enquanto seguia o taxi que levava Alice e sua bagagem, assim como a de Isabella para o NY
Offices, Edward tentava á todo custo manter-se calmo. De repente sentia como se estivesse
perdendo o pouco controle que lhe restava; Jasper havia lhe escapado por entre os dedos e agora sua
noiva parecia seguir pelo mesmo caminho mesmo estando tão perto. Essa sensação incomoda o
afligia. Sem contar com tantos detalhes daquela trama sórdida que ainda lhe eram desconhecidos. O
mais alarmante era constatar que tais assuntos pouco lhe importavam no momento. Tudo que lhe
inquietava era a rebeldia contida de Isabella e a distância cada vez maior entre eles.
A vampira lhe obedeceu quando ordenou que juntasse suas coisas, mas não lhe dirigiu a palavra
desde então. Quando o taxi que solicitaram chegou, ela fez menção de acompanhar a amiga e se
estava agora ás suas costas era tão somente por acatar outra ordem sua. Contudo seguia rígida, sem
abraçá-lo – completamente diferente da ida quando o provocou por todo o percurso. Nesse novo
trajeto seus corpos somente se tocavam graças á ação da velocidade sobre a inércia que a fazia se
chocar contra ele todas as vezes que era preciso frear.
Aquela sua postura o enervava, por isso era preciso foco para manter a calma, pois não se
desculparia novamente, assim como não tentaria se justificar. Como disse em seu apartamento, não
aceitaria ser cobrado ou condenado pelo o que não havia feito; jamais a traiu para ter que implorar
por seu perdão. Quando ela caísse em si que o procurasse; apenas lhe respeitaria o silêncio por ter
sido uma ordem sua. O vampiro sabia que a espera o massacraria, que o afastamento reduziria suas
chances de descobrir o que ela escondia desde a noite anterior, mas não se renderia. Isabella já o
possuía completamente, contudo tinha o direito á alguma dignidade.
Quando chegaram ao edifício, subiram para a cobertura pelo elevador privado de Edward; todos em
silêncio. Alice seguia de cabeça baixa, visivelmente incomodada assim como Isabella. Naquele
momento a eterna vontade de chacoalhar a amiga era extensiva á sua noiva; era um fato, jamais
entenderia as mulheres. Resignado o vampiro aguardou pacientemente que chegassem á cobertura.
Tão logo entrou no apartamento, ainda sem nada dizer, Edward rumou para a escadaria e subiu ao
segundo piso carregando as malas das duas; sem precisar ordenar elas o seguiram. Ao chegarem ao
corredor, o vampiro deixou as coisas de Isabella na sua suíte antes de deixar as de Alice no quarto
de hóspedes.
– Bom... – começou depois de depositar a mala no chão e encará-la. – Não que não seja bem vinda,
pois nem preciso dizer que sempre será... Mas espero sinceramente que fique aqui por pouco tempo.
– Eu também. – ela disse incerta, desviando os olhos para a grande janela.
Novamente Edward teve a impressão que a amiga lhe escondia algo; da mesma forma que sentiu
antes e que o obrigou á induzi-la, contudo não reincidiria no erro. Se Alice tinha algo á dizer, o faria
quando sentisse que devia. Depois de respirar profundamente, ele falou.
– Só o tempo dirá... Por ora, fique á vontade... Com licença.
Edward mal ouviu seu murmúrio o liberando para se retirar. Em um átimo já estava em seu quarto
onde encontrou Isabella arrumando suas coisas no guarda roupas. Ela não se voltou em sua direção
ou teceu qualquer comentário quando se sentou sobre a cama para observá-la durante a execução da
tarefa. Ao que parecia o clima pesado entre eles ainda duraria por tempo indeterminado. O vampiro
sentia em seus ossos que padeceria por ela mesmo que estivessem próximos. Se não estivesse tão
convicto de estar com a razão, cairia de joelhos e lhe pediria perdão; contudo, jamais o faria.
– Precisa mesmo ficar aí me olhando? – ela perguntou séria, após alguns minutos.
– Não preciso. – respondeu lacônico, sem se mover.
Talvez acreditando que depois de sua resposta ele a deixasse, Isabella voltou sua atenção ás roupas.
De onde estava o vampiro podia ouvir o pulsar descompassado do coração imortal de sua noiva que
pouco á pouco aumentou suas batidas. Quando ela o encarou depois de outro tanto de minutos, suas
sobrancelhas estavam unidas.
– Sério Edward, se não precisa ficar aqui porque não vai para outro lugar?
– Não “precisar” não significa que “queria” sair... – ele disse indiferente começando á apreciar
atormentá-la; finalmente alguma reação.
– Droga Edward...
A vampira explodiu irritada, contudo ele a interrompeu sinalizando com uma das mãos para que se
calasse. Com a livre sacou seu celular e, depois dedilhar algumas teclas, leu a mensagem recebida;
já não era sem tempo, pensou se colocando de pé e voltando o celular ao bolso.
– Parece que suas preces foram atendidas. Vou deixá-la em paz. – disse indo para a porta.
– Aonde vai? – ela perguntou intrigada. – De quem era a mensagem?
– Não era de Zafrina e Alice está no quarto ao lado, então não tem com o que se preocupar.
Queria somente provocá-la mais; mesmo que estivesse ansioso para se encontrar com seu sócio, não
perderia a oportunidade. Contudo, sentindo seu crescente alarme, explicou.
– Vou apenas até meu escritório. Volto em breve.
– Sozinho?! – ela exclamou largando a peça de roupa que segurava para segui-lo. – Não acho
prudente. Vou com você.
– Estava á um minuto incomodada com minha presença. – disse parando no primeiro degrau para
encará-la. – Decida-se Isabella.
– Uma coisa não tem nada á ver com a outra. – ela retrucou se colocando na defensiva. – Eu querer
acompanhá-lo não muda nada o que aconteceu, só não acho seguro descer sozinho.
– Pois agora, quem não quer sua companhia sou eu. – ele disse sério, pois não via motivos para a
preocupação excessiva. – Ando sozinho desde antes de você nascer e não vou começar á temer de
fazê-lo agora, principalmente em meu edifício. Fique aqui e faça companhia á Alice.
Quando chegou á porta o vampiro se voltou e encarou sua noiva que o seguia decidida.
– É uma ordem Isabella!... – sibilou duramente. – Também sei de seu problema em acatá-las, mas já
que é conhecedora de todos os limites, deve saber que existe um até para a desobediência. Não
quero que desça.
Após aquelas palavras, Bella estacou onde estava. Permaneceu junto á porta fechada depois da saída
de Edward até que ouviu a voz de Alice ás suas costas.
– Bem vinda ao time!... – disse indo para o grande sofá branco para se sentar. – Depois que Edward
se lembra que é nosso líder, ninguém o detém.
– Percebi. – ela disse tristemente, encarando a amiga, perguntou. – Quem pode tê-lo chamado?
– Espero que seja Jasper. – Alice disse sinceramente. – Assim eles resolvem logo esse assunto de
uma vez por todas.
A vampira analisou a postura da mais velha demoradamente antes de comentar.
– Não quero parecer insensível ou injusta, mas ás vezes parece que você não está sentindo muito
essa súbita saída de Jasper.
– Por que não estou arrancando meus cabelos um á um? – Alice perguntou cruzando as pernas sobre
o sofá, como Bella nada dissesse, prosseguiu. – Estou sentindo Bella, mas na verdade custo a crer
que ele tenha me deixado... Não tem sentido.
– Não tem sentido seu marido á deixar depois de descobrir sobre o que Edward fez?
– Justamente... O erro não é meu. “Eu” não fiz nada.
– Talvez o fato de ter omitido tenha contado. – Bella arriscou encarando a amiga; desconfiada.
Alice se moveu sobre o sofá, disfarçadamente incomodada, contudo logo retrucou.
– Não importa se omiti ou não, nem assim faz sentido. E também não acredito que ele esteja
induzido como Edward sugeriu. Jasper não seria tão fraco ao ponto de Aro o pegar...
– Aro?! – Bella inquiriu interessada, indo se sentar ao lado da amiga. – Por que acha que pode ter
acontecido isso?
– Edward que levantou essa hipótese enquanto conversávamos em meu apartamento. Ele acha que
Aro está de volta desde o feriado e que pode ter induzido Jasper, mas não acredito nisso.
Naquele momento a vampira se arrependeu de não ter acompanhado o noivo. Não queria ficar de
fora dos assuntos, não deveria nem ter deixado que ficassem sozinhos em sua sala; mesmo que na
ocasião tenha ouvido toda a conversa. Novamente ficou á margem, sem participação. Não gostou de
descobrir sobre as suspeitas de Edward pela boca de Alice. Aquela era a confirmação do
entrosamento, da cumplicidade que partilhavam e que talvez ela nunca fizesse parte daquele grupo
coeso. Antes, quando os via somente como irmãos, não se incomodava, mas agora... Sabendo do
interesse real de Edward por ela; Bella mal o tolerava.
– Bom... – disse se colocando de pé sem conseguir controlar o mau humor. – Também espero que
esteja Jasper á esperá-lo no escritório.
Alice a encarou com as sobrancelhas unidas.
– Bella, qual o seu problema afinal?
– E ainda pergunta?! – ela retrucou exasperada.
– Sou obrigada á perguntar, pois não vejo motivos para que fique assim. Pelo menos, não por tanto
tempo... Jasper reagir dessa forma até combina com a situação, mas você?... Quando Edward foi um
idiota conosco vocês nem estavam juntos. Não pode considerar traição.
– Não considero... – resmungou, então, admitindo o que sentia falou. – Ah... Considero!... Sem
contar que a atitude dele foi no mínimo canalha.
– Quanto á isso não posso contestar, Edward foi mesmo um canalha com “Jasper”; seu amigo de
infância e irmão de uma vida inteira. Mas sinceramente, não há por que “você” se sentir ofendida
ou com ciúmes. Não pode estar falando sério. Como eu disse, vocês não tinham qualquer
compromisso... Você ainda era namorada do Paul... Você e Edward mal haviam trocado meia dúzia
de palavras. Como pode achar que foi traída?
– Edward sempre disse que se apaixonou por mim desde que me viu no parque, como pôde cantar
você?! – seu peito doía somente por repetir.
– Tudo bem Bella... Vamos inverter essa situação... Você se apaixonou por Edward exatamente
quando?
Agora tinha certeza que desde que o viu, pensou. Subitamente entendeu o raciocínio de Alice, então
nada falou. Ao perceber sua resposta em no silêncio que se seguiu, Alice exclamou.
– Justamente Bella... Tenho certeza que se apaixonou também no minuto em que o viu, no entanto
continuou com Paul; foi para cama com ele... Talvez pensando em Edward... Qual dos dois você
estava traindo na ocasião?
Reconhecendo sua própria falta, a vampira sentiu sua garganta se fechar e seus olhos arderem.
– Paul, afinal eu não sabia o que sentia... – murmurou em sua defesa.
– Edward também não sabia então não tinha como estar traindo você. Ele estava confuso por não
entender a dependência que já o dominava e lutava de todas as maneiras para não se render.
– Por isso a convidou para sua cama?... – inquiriu novamente sentida. – Para esquecer-me usando a
esposa do amigo.
– Eu era apenas mais uma Bella. – Alice rebateu sem se importar se a magoava ou não ao dizer-lhe
toda a verdade. – A única que lhe disse não, pois saiba que ele tentou esquecê-la nos braços de
outras até que se convencesse definitivamente que não conseguiria; até admitir que já estava
rendido e que era preciso lutar por você. Desse dia, Bella... Desse dia em diante, mesmo você
estando com Paul, Edward já a considerou dele e nunca mais ficou com outra mulher.
A garganta da jovem vampira estava ainda mais fechada. Mesmo estando enciumada por todas as
outras mulheres sem rosto que Alice citou, já não nutria o ressentimento anterior, mas se prendia ao
fato de Alice ter um rosto; ser próxima; íntima.
– Eu entendo o que me diz Alice e reconheço que exagerei em meu ciúme, mas ainda me incomoda
ele ter tentado levar você para a cama dele.
– Por que criatura?!... – a amiga perguntou impaciente. – Não faz diferença... Naquela noite ele
estava tão alterado pela bebida que nem ao menos percebia quem eu era. No dia seguinte
demonstrei estar com raiva somente para ele aprender que não pode fazer ou dizer o que bem
entende, mas intimamente já o havia perdoado, pois nada aconteceu e eu tinha certeza que em sã
consciência ele não agiria daquela forma.
– Mas... – Bella engoliu seu constrangimento e admitiu o que realmente a incomodava. – E se
Edward nutrir algum interesse em você?... Logo que os conheci acreditei que tivessem um caso,
achei que esse era o motivo de sua suposta separação... Não vê?... Vocês são lindos. São parceiros;
cúmplices... Hoje mesmo eu sobrei tão logo você apareceu.
Alice se pôs de pé, visivelmente irritada.
– Como pode alguém dizer tanta bobagem?... Hoje você não “sobrou”; sei o motivo de ter saído do
meu apartamento, mas não voltou porque não quis... Edward não a impediria de participar de nossa
conversa. E no seu apartamento saiu á francesa para seu quarto também por opção sua... Nenhum de
nós pediu que se retirasse para que pudéssemos conversar á sós.
– Alice...
– Quanto á sermos cúmplices e parceiros... – a vampira mais velha a cortou. – Todos nós três o
somos, não exclusivamente eu e Edward, Jasper faz parte do pacote. E desculpe-me se parecer rude,
mas quanto á nossa beleza, que pesou em seu julgamento errôneo na ocasião e que talvez ainda
conte agora, acho que você, mais do que ninguém, deveria saber que se Edward desse tanto valor á
ela, não teria se apaixonado por uma reles mortal.
Mais uma vez a sinceridade nua e crua de Alice a atingia como um raio. A amiga tinha razão.
Poderia falar demais como Edward tantas vezes reclamou – ser rude sim e até maldosa, ás vezes –,
mas sempre tinha razão. Como podia deixar seu ciúme, seu ressentimento e insegurança falar mais
alto do que todas as declarações, ações e provas de amor que seu vampiro já lhe deu?
– Eu estraguei tudo... – murmurou enquanto sentia duas lágrimas rolarem por seu rosto.
– Acho que nem que quisesse Bella... – Alice á consolou. – Edward a ama demais para se
incomodar com uma infantilidade dessas.
– Infantilidade? – Bella perguntou secando as lágrimas.
– E ainda acrescento uma insegurança absurda... Acaso não viu como está?... Sempre foi bonita e
agora é linda como qualquer um de nós.
– Obrigada! – Bella exclamou sinceramente.
– Sim, linda mais ainda infantil... E á sua infantilidade se soma á de Edward, pois lamento informar
que posso ouvi-los e aquela discussão de “sai do quarto” versus “não saio” é típico de duas crianças
birrentas.
– Edward consegue ser bem irritante ás vezes... – Bella declarou á guisa de desculpas, encarando a
amiga sem nenhum rancor.
– Como eu disse antes, bem vinda ao time. E espero que se acostume, pois está fadada á conviver
com ele por muito tempo ainda... – disse se aproximando para secar os resquícios das lágrimas de
seu rosto quanto perguntou ternamente. – Está preparada?
– Não.
A vampira declarou a verdade encarando a amiga, comovida e agradecida pela amizade
incondicional; voltando imediatamente á lhe depositar toda a confiança anterior. Antes que Alice
comentasse sua negativa, acrescentou.
– Mas quem quer estar preparada para esse carrossel de emoções que será a vida ao lado de Edward
Cullen?
– Carrossel?! – a amiga se afastou olhando-a entre incrédula e divertida. – Carrossel é minha vida
ao lado de Jasper... A sua está mais para montanha russa... E à bordo de um carrinho sem freio.
Depois de compartilharem um riso leve, ambas silenciaram como se tivessem dividido o mesmo
pensamento. Coube á Bella consolar a amiga.
– Mesmo antes eu falei a verdade Alice... Espero mesmo que seja Jasper que esteja agora com
Edward no escritório. E que tudo se resolva.
– Também espero.
Tão logo a amiga se calou, Bella foi tomada de uma ansiedade estranha e urgente. Estava livre do
ciúme e até mesmo entendia a segunda investida de seu vampiro depois do quadro descrito por
Alice. Justamente por isso sentia que deveria apoiá-lo, mesmo que ainda não aceitasse sua postura
para com os amigos. Independente disso, talvez se descesse e demonstrasse que estava ao seu lado,
ajudasse sua conversa com Jasper. Imaginando se deveria intervir, afastou-se um passo rumo á porta
anunciou á Alice.
– Eu acho que vou até lá conferir... Quer ir comigo?
– Não sei Bella... – Alice disse incerta. – Ouvi o que Edward disse á você... Sei que estava movido
pela briga recente, mas... Acho que já abusei demais para desobedecê-lo... De toda forma, se Jasper
está com ele acho que devem conversar á sós até que se entendam.
Então algo ocorreu á Bella, alarmando-a.
– E se Jasper estiver mesmo induzido?
Alice não lhe respondeu, apenas lhe acompanhou o olhar em direção á porta.
Edward desceu pela escada de emergência como costumava fazer algumas vezes. Ao chegar ao
andar dos escritórios já pôde sentir o cheiro de seu sócio. Como foi avisado de que era esperado em
sua sala no final do corredor, seguiu diretamente até lá. Encontrou-o de costas para a porta, á olhar a
cidade disposta aos seus pés pela grande parede de vidro. Seus cabelos estavam úmidos, vestia
roupas informais, calça jeans de um azul mais claro que o original e, Edward não poderia ver, mas
acreditava que usasse camiseta por baixo da jaqueta de couro; completamente á vontade e informal.
– Boa tarde Emmett!
Seu sócio recém chegado se voltou para encará-lo com um sorriso incerto no rosto eternamente
jovem.
– Boa tarde Edward! – disse, aproximando-se com a mão estendida.
Depois de retribuir o cumprimento Edward perguntou sem rodeios, encarando-o.
– Por onde andou?
O sócio passou uma das mãos pelos cabelos antes de admitir sustentando-lhe o olhar.
– Fui atrás da mulher que amo.
“Rosalie”, Edward pensou subitamente incomodado. Tentando não deixar transparecer sua
inquietação, perguntou mesmo que soubesse ser impossível.
– E a encontrou?
– Infelizmente não... – disse indicando-lhe uma cadeira. – Sente-se.
O vampiro ainda o avaliou por alguns segundos antes de atendê-lo. Alheio á sua avaliação, Emmett
contornou a própria mesa e se sentou em sua cadeira. Edward se moveu desconfortável antes de
voltar ao assunto.
– Pensei que desejasse esquecê-la depois do que aconteceu.
– Eu disse que não a perdoaria, mas... Mesmo parecendo estranho para alguém independente como
você, espero que entenda que não consigo viver sem aquela que amo... Se ela me deixar por
qualquer motivo que seja; por uma falta minha ou dela, sempre irei procurá-la. Não importando o
tempo que leve para tê-la de volta.
– Uma pena que não a tenha encontrado.
Edward comentou sem pensar; subitamente as palavras de seu sócio lhe soaram conhecidas, como
se já tivesse ouvido algo que se encaixava á elas, mas não atinou o que poderia ser.
– Não a encontrei durante minha procura, mas agora estou bem.
– Mesmo sem encontrá-la? – Edward estranhou o comentário.
– Sim. – Emmett disse rapidamente então prosseguiu. – Mas meu amor desmedido ou minhas
viagens infrutíferas não são importantes e sim me desculpar por ter me ausentado sem avisá-lo ou
por ter demorado tanto á voltar. Principalmente com tudo que vem acontecendo aqui esses dias... Vi
nos jornais o que houve no feriado, por isso eu voltei.
Edward se obrigou á prestar atenção á conversa corrente; depois se lembraria da similaridade da
frase anterior se fosse mesmo algo importante. Encarando o colega, falou.
– Realmente demorou... Ficamos todos preocupados ainda mais por aqueles intrusos estarem cada
vez mais próximos.
– Imagino. – disse com expressão culpada. – Como disse não era minha intenção sair sem uma
explicação, mas você estava fora... Também saiu para uma viagem misteriosa sem se despedir.
Uma breve e curta viagem até sua casa infernal para padecer, incomunicável, pela falta de Isabella;
Edward pensou. Sem que pudesse evitar seu peito protestou pela briga daquela manhã. Jamais se
acostumaria aos desentendimentos com Isabella. Quando ergueu os olhos para seu sócio lhe pareceu
que ele o avaliava atentamente, mas tão logo seus olhares se cruzaram a impressão passou.
– Poderia ter dito á Jasper onde estava indo. – Edward falou. – Ao menos não ficaríamos
preocupados nesses dias de caos.
– Não me ocorreu na ocasião. – Emmett admitiu dando de ombros levemente, como quem se
desculpa por uma falta sem importância. – Agora estou de volta justamente por ter percebido que o
caos estava eminente. Ainda assim era minha intenção vir aqui somente amanhã, mas depois do que
houve tive que procurá-lo. Soube que incendiaram o apartamento de James?
– Vi a pouco na TV... Se soubesse que ajudaria estaria lá á uma hora dessas.
– Seria inútil, eu passei em frente ao edifício antes de vir para cá... A fumaça atrapalha nosso faro
então não o encontrei em parte alguma... Não sei se estava lá ou se fugiu. Você sabe quem pode ter
feito tal coisa?
Antes de responder-lhe Edward o analisou. Ainda não sabia se podia confiar inteiramente nele então
disse á si mesmo para ser cauteloso.
– Não faço á mínima ideia de quem incendiou o apartamento, mas acredito que tenha sido o mesmo
cretino que vem me atormentado desde o final de setembro.
– Que você ainda não sabe quem é eu suponho... – comentou visivelmente interessado.
Enquanto o encarava, Edward acreditou ter visto o mesmo brilho breve e hostil da manhã seguinte
ao desaparecimento de Rosalie. Talvez fosse sua mente sugestionada á desconfiar de todos, ainda
assim sentiu o desejo de testá-lo.
– Para dizer a verdade eu sei... Ainda que não o conheça pessoalmente.
– Ah sabe?! – seu sócio ergueu as sobrancelhas em sinal de genuíno espanto.
– Sim... O nome dele é Aro Volturi.
– Aro Volturi... – Emmett repetiu o nome como se o repassasse mentalmente então maneou a cabeça
em negativa. – Não, nunca ouvi falar.
– Eu também não, até a semana passada. – o vampiro esclareceu instigando-se quando acreditou ter
sentido uma leve mudança no ritmo do coração de seu sócio. – Mas acho que não estávamos
perdendo grande coisa... Ele não passa de um vampiro velho e recalcado, covarde o suficiente para
evitar um confronto direto comigo.
– Então já não o suporto. – Emmett declarou ameaçando um pálido sorriso.
– E eu nem preciso dizer que eu o detesto, não é mesmo?
Emmett se pôs de pé após um suspiro e foi até a janela. Edward permaneceu onde estava. Alerta;
sempre o analisando. Olhando a cidade novamente, o vampiro loiro falou.
– Não, não precisa dizer. – voltando á encará-lo, perguntou. – Como o descobriu?
– Como descobri não importa; depois falamos sobre isso. – Edward disse seriamente. – Ainda
queria entender por que não nos telefonou?... Tudo bem ter ido atrás de Rosalie sem avisar, afinal,
mesmo eu sendo líder desse clã, você não é meu subalterno, é um sócio; igual. Tem todo o direito
de ir e vir, então... Eu sinceramente não entendo seu silêncio.
– Não há nenhum mistério quanto á isso. – falou simplesmente. – Não tentei falar com Jasper, mas
eu telefonei para você, ainda nos primeiros dias... Seu celular sempre estava fora de serviço.
Edward pensou em retrucar, mas se lembrou que havia destruído seu antigo aparelho antes de seguir
para sua casa em Hamilton Heights e que o sócio não possuía o número do BlackBerry comprado
por Alice. Dando-lhe o benefício da dúvida, se calou.
– Entendo que o momento é tenso – Emmett disse seriamente. – Mas não precisa desconfiar logo de
mim... Agora... Já que o citei, onde está Jasper?... Fui ao seu apartamento e não o encontrei. Nem
Alice.
Edward pigarreou. Não precisava contar que Alice estava em sua cobertura ou sobre o ocorrido com
o amigo; ainda custava á crer que Aro o tivesse induzido.
– Não nos encontramos hoje.
– Certo... Então ao menos me diga o que aconteceu no Central Parque na noite do feriado... Sei que
aquilo foi outro ataque.
Avaliando-o uma última vez; Edward decidiu que compartilhar os fatos não faria nenhuma
diferença nem representaria exposição ou confiança demasiada de sua parte então se recostou na
cadeira e disse.
– Sim, foi um ataque.
– Por que isso Edward? – Emmett perguntou passando a andar de um lado ao outro.
– Bom, a estória é longa então vou simplificá-la para você... – Edward falou sempre o seguindo
com o olhar vigilante. – Descobri que esse vampiro covarde de que eu lhe falei, tem uma pendenga
antiga comigo... E ao invés de vir enfrentar-me, ele fica se valendo de joguinhos e usando outros
desafetos.
– Ah sim? – o sócio perguntou demonstrando seu interesse. – Outros desafetos?
– Sim, ele transformou Paul Meraz porque sabia de nossa desavença.
– Ah... Eu me lembro da briga entre vocês dois em seu escritório. – disse encarando-o. – Você
tomou-lhe a noiva não foi isso?
– Foi isso. – Edward confirmou sustentando-lhe o olhar, novamente percebendo um brilho
indecifrável.
Foi a vez de seu sócio pigarrear discretamente.
– Então já imagino o que aconteceu... Vocês se enfrentaram no parque.
– Perfeitamente. – o vampiro confirmou mais uma vez. – E eu o matei.
– Fez bem... Tudo o que não precisamos é de mais um recém criado, principalmente um que não
respeita os mais velhos.
– “Mais um” recém criado? – Edward estranhou.
– Foi uma forma de dizer. – Emmett deu de ombros, desconversando comentou. – E então você nos
livrou dele.
– Sim. – o vampiro disse. – Nos livrei daquele rábula dos infernos.
– E a “noiva”? – Emmett perguntou lhe piscando com ar cúmplice. – Valeu á pena essa quase
exposição e o aborrecimento?
– Perdoe-me Emmett, mas isso não é da sua conta. – retrucou secamente.
Edward ouviu seu sócio prender a respiração por um segundo – como se aproveitasse o meio tempo
para decidir se lhe retrucaria ou não – antes de dizer em um tom intenso que endossava sua postura
subitamente rígida.
– Então me diga algo que talvez seja da minha conta... Diga-me como descobriu todas essas coisas e
o nome do vampiro?
– Emmett?!
Ao ouvir seu nome ser dito por Alice ainda da porta, Edward se pôs de pé e olhou para ela em
tempo de ver Isabella surgir logo depois da amiga. Entre surpreso e aborrecido por sua vampira ter
lhe desobedecido, flagrou-lhe o olhar fixo em seu sócio. Sua noiva nem ao menos olhou em sua
direção; nada bom.
– Por onde andou todo esse tempo? – Alice perguntou intrigada aproximando-se.
Imediatamente Edward sentiu a apreensão de sua noiva, contudo não poderia tentar entendê-la
naquele instante. Obrigando-se á desviar o olhar do rosto lívido de Isabella, o vampiro voltou sua
atenção ao sócio.
– Fui atrás de... Rosalie.
Emmett explicou lacônico á Alice, sem dirigir-se á ela diretamente e sim, sustentando o olhar de
Isabella com curiosidade indisfarçada; e o que parecia ser uma leve estranheza.
– Essa é Isabella, não? – perguntou aproximando-se, sem desviar os olhos um segundo sequer. – O
pomo da discórdia.
– Que você bem sabe como findou. – Edward disse se colocando ao lado de sua noiva.
– Vampiros lutando por amor... – Emmett murmurou profético. – Sempre termina em morte!
Ao terminar a frase já se encontrava diante de Isabella que – em uma atitude claramente defensiva –
se colou á frente de Edward para ficar entre os dois vampiros. Como se não tivesse se importado e,
antes que qualquer um pudesse esboçar alguma reação, o vampiro mais novo tomou a mão de
Isabella na sua e a beijou educadamente antes de cumprimentá-la.
– Bem vinda Isabella!
– Obrigada! – ela exclamou retirando a mão rapidamente.
– Emmett o que você... – Edward sequer concluiu a frase antes de tirar a vampira de sua frente e
afastá-la, tamanha era a exasperação que sentia.
– Calminha Edward. – Emmett pediu jovialmente indicando a outra mão da vampira que agora o
líder mantinha ao seu lado. – Só estou sendo educado com sua noiva e lhe dando as boas vindas á
esse nosso mundo maravilhosamente louco e eterno.
– Que não se repita. – o vampiro retrucou duramente.
– Entendo-o perfeitamente.
O sócio parecia não se importar com seu aparente incômodo. Ainda com expressão despreocupada
lhe sorriu e, depois de colocar as mãos para as costas, cumprimentou-o com um breve e reverente
manear de cabeça.
– E devo parabenizá-lo pelo compromisso e percepção. Demorou a encontrar uma companheira,
mas quando o fez soube reconhecer o potencial e escolheu á melhor.
– Para o líder, somente o melhor! – Edward exclamou empertigando-se.
Enciumado, Edward se perguntava por que o coração de sua noiva batia de forma incerta. E
também, como Emmett se atrevia á beijá-la sem sua permissão ou á fazer tais elogios. Ele não
precisava proferir o óbvio; Isabella era a melhor!... E não houve percepção alguma; ela sempre foi
sua metade. Talvez a prova estivesse em suas peles; em seus dragões similares que os uniam para o
melhor ou para o pior, não importava. Isabella era sua; sua eternamente e não toleraria que outro a
tocasse. Principalmente daquela forma galante e descaradamente interessada.
– Perdoe-me. – Emmett falou respeitosamente, afastando-se um passo antes que Edward dissesse
qualquer outra coisa. – Não quis afrontá-lo, somente ser gentil.
Após um furtivo instante em que ainda avaliou Isabella com o cenho franzido, o vampiro mais novo
desanuviou sua expressão e, caminhando para a porta, afastando-se sem dar-lhes as costas, se
despediu ainda em tom de escusa.
– Perdoe-me de verdade. – o vampiro apontou a saída por sobre o ombro. – Bem... Acho que já vou
nessa... Vou tentar encontrar James. Saber se está bem... Qualquer coisa eu o procuro. Conte sempre
comigo... Boa tarde á todos.
Sem que qualquer um tivesse tempo de responder-lhe Emmett se foi. Edward não entendia o que
havia acabado de acontecer ali. Sua vontade era seguir atrás de seu sócio, mas como não sabia ao
certo o que lhe cobraria, achou por bem deixá-lo ir; bastava saber que estava de volta. Entre ele e
sua noiva sempre desejaria entender o que se passava com ela. Ainda sentia seu coração bater
acelerado e falho. Gostaria de entender o que se passava; o motivo de Isabella não ter desviado os
olhos de Emmett ou ter se interposto entre eles.
– O que foi isso? – Alice perguntou ainda desconfiada, chamando sua atenção. – Qual a justificativa
que Emmett lhe deu?
Edward se obrigou á encará-la antes de dizer.
– A mesma que disse á você. Que estava atrás de Rosalie.
Era Mentira, Bella pensou tentando se recuperar do choque que aquele breve encontro lhe causou;
estava se preparando para encontrá-lo a partir do dia seguinte, não tão cedo. Custava a crer que
Emmett... Aro estava esteve entre eles. Que esteve todo aquele tempo com Edward. Não conseguia
deixar de se recriminar por ter exposto seu noivo daquela maneira. Precisava contar o que sabia,
contudo ainda não via meios de fazê-lo. Era como se as palavras lhe faltassem.
Agora que Aro já havia ido embora, deveria se acalmar, pois sabia que Edward podia senti-la.
Gradativamente seu coração voltava aos batimentos erráticos, porém estáveis, mas ainda estava
irrequieta. Durante aquele contato não pôde refrear seus pensamentos nem seu desejo de proteger
seu vampiro então àquela altura Aro já sabia que ela conhecia sua identidade assim como confirmou
a ignorância de Edward e Alice.
– Procurou por Rosalie todo esse tempo? – Alice indagou ainda desconfiada livrando-a de seus
pensamentos.
– Até que se prove o contrário, sim... – Edward disse voltando a encarar Isabella.
– Não achou estranho? – Alice insistiu.
– Sim e não. – Edward respondeu novamente se obrigando á dar-lhe atenção. – Faz sentido ele ir
atrás de Rosalie, afinal acredita que ela voltou para Rochester. Ao não encontrá-la pode ter ido á
outros lugares onde acreditava que ela pudesse estar e isso lhe tomaria tempo.
– E por que não se comunicou conosco?
– Ele disse que tentou ligar para meu antigo celular, aquele que destruí. Como ele não possui o novo
número não tenho como saber se está mentindo ou não.
Bella podia deduzir que ele mentia. Tinha a reposta, mas simplesmente não conseguia formulá-la.
Olhando em direção á porta, ela pensou que talvez o próprio Edward tenha lhe dado a deixa para a
enganação ao lembrar que possuía outro aparelho. Quando olhou na direção de seu noivo flagrou-
lhe o olhar fixo em seu rosto fazendo com que se sentisse ainda mais culpada. Edward sabia que
estava lhe escondendo algo e ao que tudo indicava – pela intensidade de seu olhar – estava decidido
á fazê-la contar; precisaria ser cautelosa.
– Eu... – ela começou, então pigarreou para limpar a garganta e prosseguiu. – Eu acho que
poderíamos subir, não?... Seu... sócio já foi embora, então...
– Sim... – Edward começou ainda a encarando seriamente. – Talvez devêssemos subir.
– Bom... Se não se importarem eu prefiro ficar por aqui. – Alice falou já rumando para a porta. –
Preciso ocupar minha cabeça e nada melhor que colocar meu trabalho em dia.
– Não. – Bella exclamou alarmada; quando Edward franziu o cenho sem desviar os olhos de seu
rosto ela arrematou. – Acho que devemos ficar juntos... Afinal... Aqui é território livre, não é?
– Sim... – o vampiro respondeu sempre a encarando. – E qualquer um pode entrar quando bem
entender.
– Então... – ela disse para Alice na tentativa inútil de fugir ao olhar especulativo de Edward. – Você
pode juntar o que precisa e trabalhar no escritório da cobertura, não?
– Posso sim... Vou ver pegar as pastas que quero organizar.
Sem esperar por permissão, ela saiu da sala de Emmett. Bella a seguiu com o olhar, cogitando fazê-
lo efetivamente, porém a voz séria de Edward a deteve antes mesmo que se movesse.
– O que houve aqui Isabella?
– Não entendi. – ela falou apenas para ganhar tempo.
– Entendeu muito bem. – ele retrucou avaliando-a. – Qual o seu problema com Emmett? Por que se
colocou entre nós? Por que aquele nervosismo? Ficou impressionada de alguma maneira?
– Ei... Por que o interrogatório? – indagou ao criar coragem de sustentar-lhe o olhar enfezado. – Foi
você mesmo que me disse para não confiar nele, esqueceu?
– Não... Não esqueci.
Aquela era a verdade e o desarmou por um momento. Mesmo que baseada em sua recomendação a
reação de Isabella havia sido exagerada. E não justificava a forma fixa com que encarou seu sócio
durante todo o tempo desde que o viu naquela sala. Enquanto digeria as palavras da vampira
Edward a analisava demoradamente. Agora ela parecia calma; calma demais. Como se estivesse se
policiando para não chamar-lhe a atenção.
Nesse momento algo lhe ocorreu. Antes mesmo que formulasse novas questões que sua mente
traiçoeira e desconfiada lhe soprava ao ouvido, o vampiro se lembrou que Isabella presenciou sua
luta com Rosalie; talvez ela apenas estivesse temerosa que Emmett tivesse descoberto de alguma
maneira e se voltasse contra eles. Sim, era essa a resposta. Se junto ao seu ciúme, não estivesse o
ressentimento por ser condenado em relação ao seu assedio á Alice, pediria para que não temesse.
Não faria; uma vez que havia desvendado sua postura, novamente o que perturbava era a
desobediência.
Quando ordenou que permanecesse na cobertura, era como se adivinhasse toda a cena que acabou
de presenciar. Edward ainda não estava preparado para mostrá-la á outros imortais. Como havia
explicado á ela, os humanos notariam sua beleza, mas sem muito alarde. Com aqueles de sentidos
apurados seria diferente. Além dos atributos físicos, agora ela possuía um poderoso apelo sexual
que não passaria despercebido pelos machos de sua espécie. Confiava em sua retidão de caráter e
fidelidade, ainda assim não queria ser obrigado á assistir a admiração que seria dispensada á ela,
como seu sócio havia acabado de fazer.
– Bom... Se não esqueceu sabe que não fiquei impressionada e que meu nervosismo era apenas
precaução, então... Acho que nada mais nos prende aqui.
Ao replicar após alguns minutos de silêncio; incomodada com o olhar fixo e ainda inquiridor de
Edward, Bella se dirigiu á porta indicando que a breve sabatina estava encerrada.
– Vou ver se Alice já arrumou suas coisas. – ela avisou antes de sair.
Bella seguiu pelo corredor com o coração novamente aos saltos. Os passos de Edward não ecoavam
pelo corredor, mas ela sabia que ele vinha exatamente às suas costas; muito próximo. E talvez fosse
fruto de sua imaginação culpada, mas poderia jurar que sentia a força de seu olhar fixo sobre si.
Como pensou anteriormente, era preciso ter cautela. Estava sob forte observação; caso não se
policiasse, acabaria por se trair. Tudo que não desejava era ser pega em uma mentira, bastava sua
notória omissão.
– Podemos subir Alice? – Bella perguntou ternamente tão logo á viu.
– Podemos. – a amiga respondeu com um sorriso enquanto recolhia as pastas escolhidas para
acomodá-las nos braços.
– Alice pode subir... Você vem comigo. – Edward falou encarando-a seriamente ao se dirigir ao
próprio escritório; seu tom não deixava margem á recusa.
– Vejo-os depois. – disse Alice seguindo para o elevador privativo.
– Posso ao menos acompanhá-la até que esteja em segurança no apartamento? – Bella perguntou
preocupada.
– Alice ficará bem. – foi sua resposta seca.
A vampira olhou incerta para a amiga. Esta apenas lhe sinalizou com a cabeça para que obedecesse
ao seu noivo. Enquanto seguia atrás de Edward, Bella acompanhava Alice com o olhar; estava claro
que não poderia proteger todos ao mesmo tempo. Com um suspiro resignado quebrou o contato
visual e rumou decidida para o escritório do advogado. Tão logo entrou ele fechou a porta atrás de
si. Ao som seco do trinco, imaginou que seria interrogada novamente. Antes que acompanhasse o
movimento, Edward foi se servir de uísque.
– Aceita? – o advogado ofereceu mostrando-lhe o copo com o líquido âmbar.
– Não, obrigado! – ela recusou.
O vampiro tomou seu primeiro gole e lhe indicou o sofá enquanto caminhava para a própria cadeira,
sem nunca deixar de encará-la. Quando ele sentou, Bella se preparou psicologicamente para o
confronto, no entanto foi brindada com o silêncio. Edward apenas bebia lentamente, sua presença
marcante não permitia á Bella ignorá-lo. Á medida que os minutos corriam, ela passou a preferir o
interrogatório. A falta de palavras, de ação e o olhar insistente a enervavam.
Enquanto a observava, Edward sentia a inquietação feminina voltar gradativamente. Sabia que
daquela vez ela não era causada pelo temor de um possível ataque de seu sócio ou pela briga
matutina, mas única e exclusivamente por sua observação. Inicialmente sua intenção não era
intimidá-la e sim apenas “olhá-la”. Desejava analisá-la profundamente. Junto com a beleza, o apelo
e seu senso aguçado de proteção, o vampiro percebia outra nova característica nada tranqüilizadora.
Se antes Isabella era voluntariosa e desafiadora, agora possuía uma determinação ferrenha. Quando
lhe fez a pergunta, já sabia a reposta.
– Não vai mesmo me contar o que vem lhe perturbando nas últimas horas?
– Não. – ela disse simplesmente.
Quando teve a confirmação de que ela não lhe diria, Edward ainda a encarou por um minuto inteiro
antes de sorver todo o conteúdo de seu copo e respirar profundamente, resignado. Se pudesse
voltaria sua palavra atrás, mas jamais o faria. Bastava um erro naquele dia, então como induções
estavam descartadas e já não poderia se valer de sedução para conseguir que ela lhe contasse o que
escondia, somente lhe restava respeitar seu silêncio mesmo que ele o massacrasse.
Ou talvez fosse apenas o caso de esperar que ela ainda conservasse o antigo hábito humano de falar
enquanto dormia. Se conseguisse uma audiência com seu subconsciente – depois de descobrir o que
ela bravamente lhe escondia – tentaria entender também aquela ambiguidade que o confundia.
Antes de seguirem ao apartamento sua noiva dispensava certo rancor á Alice, contudo, agora
parecia que nada havia acontecido; pelo menos entre as duas. No que se referia á ele não saberia
dizer, pois ainda que tenha se colocado á sua frente para defendê-lo, Isabella estava tão ou mais
reservada do que antes.
– Sente-se aqui. – Edward pediu, indicando as cadeiras á frente de sua mesa.
Mesmo arredia e com o coração incerto batendo descompassadamente, sua noiva demonstrava que
não se intimidaria com ele como antes e sem pressa, veio se sentar onde lhe foi indicado. Tão logo
se acomodou ela disse séria.
– Escute. Prometo que... assim que consiga... “explicar” o que sinto eu lhe conto o que deseja saber.
Está bem assim?
– Não. – ele disse sinceramente. – Não está bem assim, mas é o que tenho para o momento e nada
posso fazer para mudar então... Só me resta esperar.
Edward viu pelo brilho dos olhos castanhos que ela se preparava para retrucar-lhe, contudo não
queria engrenar em novas discussões, então falou conciliador.
– Escute... Não a trouxe aqui para brigarmos.
– Para que então? – ela perguntou séria.
Intimidá-la; observá-la ou apenas afastá-la de Alice que aparentemente estava perdoada de uma
falta que considerava inexistente quando ele não havia sido; o vampiro não sabia. E uma vez que
não possuía a resposta era preciso aproveitar sua companhia e ser prático. Como ainda não sairia e
não sabia como obter informações sobre Zafrina e James, começaria com o primordial no momento.
Antes de falar-lhe qualquer coisa, Edward abriu sua gaveta e pegou o envelope que Alice lhe
entregou dias atrás para estendê-lo á ela.
– Queria dar-lhe isso. – quando a vampira o tomou de sua mão, ele explicou. – São os cartões dos
quais lhe falei.
Isabella vasculhou o interior do envelope em silêncio. Edward havia imaginado tantas formas de
presenteá-la, as preferidas eram as que ele lhe entregava os cartões – e se possível as chaves de um
novo carro – depois de ter feito amor com ela, na intimidade de seu quarto ou até mesmo ali, em seu
escritório. Jamais imaginou que fosse como naquele momento, enquanto estavam brigados. O que o
consolava era conhecê-la o suficiente para saber que de uma forma ou de outra a reação seria
basicamente a mesma, pois Isabella já havia dado mostras que não se deixaria deslumbrar
facilmente por tudo que sua fortuna pudesse lhe proporcionar.
Se fosse possível esperaria um melhor momento, mas no dia seguinte todos teriam que encontrar
uma forma segura de seguirem com suas vidas e Edward precisaria deixá-la ir. Depois tentaria
instruí-la sobre algumas precauções que deveria tomar e nesse meio tempo exercitaria seu
desprendimento e tentaria sufocar seu ciúme. Por ora começaria por dar-lhe meios para que nada lhe
faltasse caso necessitasse. Edward acompanhava as reações discretas que atravessavam a face de
Isabella quando a viu unir as sobrancelhas antes de encará-lo depois de verificava o cartão onde
Alice havia anotado suas senhas e o quanto transferiu para suas novas contas bancárias.
– Edward isso é...
– Nada se comparado ao que possuímos. – ele disse tranquilamente.
– Ainda assim é muito. – ela disse incrédula. – E um cartão ilimitado?... Todos os outros já são
demais. Tem um aqui de um banco que nem conheço... É suíço?
– É sim... Mas não vai fazer a desfeita de recusá-los, não é?... – inquiriu entre expectante e sério. –
Não por causa dessa briga sem fundamento. Você já havia concordado.
– Não, mesmo achando que realmente é demais para mim, não vou recusar. – disse abandonando a
incredulidade para se tornar séria mais uma vez antes de pedir. – Mas não venha me dizer que nossa
briga foi sem fundamento.
Estava agradecida pela generosidade de Edward, já havia até mesmo entendido sua conduta, mas
não admitiria que ele continuasse á agir como se estivesse com a razão. Mesmo tendo descartado o
sentimento de traição e um possível interesse por sua secretária – alterado pelo álcool ou não – ele
havia traído a confiança de seu amigo e sido canalha com Alice. Por causa disso, a vampira havia
sido deixada e estava sozinha em sua cobertura. Não aceitaria tal leviandade sobre as conseqüências
geradas por suas ações impensadas.
– Essa será a última vez que me repito Isabella. – o vampiro disse secamente. – Nada aconteceu.
Pelo menos nada que lhe diga respeito, é a isso que me refiro. Não cometi falta alguma contra você
então não aceito que me condene pelo que não fiz. Se por acaso passou a ter ciúmes de Alice nada
posso fazer a não ser respeitar seus sentimentos. Pode afastar-se e até se manter em silêncio se
assim o desejar, mas somente estará sendo injusta, pois não tenho por Alice mais do que amor de
irmão e em tempo algum depois que estamos juntos eu a trai.
Bella se reacomodou sobre a cadeira, afetada pela intensidade das palavras. Por mais que Edward
tentasse parecer livre de sentimentos a vampira o conhecia o suficiente para saber que, assim como
ela, também sofria. Sua vontade era ir até ele e dizer que já o havia perdoado no que se referia á ela;
que agora via o quanto seu ciúme havia sido realmente infundado. Contudo, ainda guiada pelo
senso de amizade e principalmente pela cautela não se moveu. Edward não desejava apenas resolver
aquele impasse; havia também a necessidade de fazê-la falar o que ainda não poderia revelar.
A vampira sabia que no minuto que se rendesse o vampiro tentaria seduzi-la até que contasse;
exatamente como havia feito naquela mesma manhã. Estava sensibilizada; não resistiria á uma nova
investida então o melhor era continuar quieta. Não entendia bem aquela necessidade de manter o
silêncio ainda mais quando a visita de Emmett verdadeiramente a abalou. Bella apenas sentia que
ainda deveria poupá-lo da verdade e se calava. Analisando a situação friamente, Edward nada
poderia fazer contra Aro e vice-versa; não em um edifício cheio de inocentes.
Mesmo que estivessem com a vantagem numérica o vampiro rival leria suas mentes tornando um
ataque rápido, eficaz e sigiloso praticamente impossível. Tudo que Edward não precisava era da
atenção humana sobre si. Ciente daquela verdade imutável e desejando que Edward ainda
demonstrasse o mínimo de respeito por seus amigos, resolveu deixar as coisas como estavam até
que fosse seguro revelar o que sabia. Resignada, juntou os cartões e os colocou de volta no
envelope antes de se erguer e expos parcialmente como se sentia.
– Sei que não me traiu, mas esse não foi o único problema... Talvez minha mágoa até já esteja
passando, eu só... Preciso de mais um tempo para pensar á respeito, pode me entender?
– Sinceramente não. – o vampiro disse sério. – Há muito tempo eu desisti de tentar entender as
mulheres, mas como disse anteriormente, vou respeitar seu comportamento.
Bella deu um passo atrás; fazendo menção de deixar a sala agradeceu a atitude de seu noivo.
– Obrigada! – e indicando o envelope acrescentou sinceramente. – Por tudo!
– Apenas entreguei uma parte do todo que considero seu.
– Certo... – ela falou desconcertada com o olhar fixo de Edward sobre si. – Então, podemos subir
agora?
Estava verdadeiramente agradecida – e até comovida – pela atenção desmedida de Edward, mas não
poderia deixar que ele fosse tão perdulário para com ela. Depois tentaria fazê-lo entender que não
necessitava de tanto, no momento Bella queria mesmo tirá-lo daquele escritório. Com Edward na
cobertura se sentiria mais segura para afastar-se. Sentia que se ficasse mais um pouco em sua
companhia, principalmente sendo encarada daquela maneira, acabaria por se entregar.
– Não vou subir agora. – ele anunciou. – Vou seguir o exemplo de Alice e tentar ocupar minha
cabeça até que seja hora de sair.
– Certo. – ela repetiu indecisa.
A vampira não poderia deixar seu noivo sozinho, mas também não conseguia se manter perto
quando cada vez mais sentia a necessidade de atirar-se em seus braços para acabar de vez com
aquele clima tenso que pairava entre eles. Travava uma luta interna entre sua necessidade de
afastamento e a de protegê-lo quando o próprio Edward resolveu o impasse.
– Fique comigo. – pediu roucamente. – Enquanto revejo alguns processos você pode se ocupar em
meu computador até á hora de sairmos, talvez queira escrever um pouco... Não vou perturbá-la...
Apenas fique.
Hard to say I’m sorry – clique para ouvir*
Ficar seria exatamente o que a vampira faria. Depois da noite de sexta, aquela foi a segunda vez que
viu Edward tão fragilizado ao pedir por sua companhia. Enquanto mirava seus olhos incrivelmente
verdes e o via ocultar a breve exposição involuntária, apenas assentiu com a cabeça, incapaz de
proferir uma única palavra. Já recuperado, seu noivo se levantou e foi até ela. Não para tocá-la
como acreditou – e temeu –, mas para pegar uma das cadeiras e contornar a mesa para acomodá-la
ao lado da sua, em frente ao computador.
Ainda em silêncio, Bella depositou o envelope sobre a mesa e imitou-o, indo se sentar na cadeira
disposta por Edward. Quando ele se sentou na sua própria e abriu uma as gavetas para remexer
algumas pastas, a vampira ligou o aparelho á sua frente lutando com todas as suas forças para
bloquear a presença forte ao seu lado. Ainda preferia tirá-lo dali, mas se ficar era o desejo de seu
noivo... Nem que se rasgasse inteira internamente na tentativa de se controlar para não saltar sobre
ele, não o deixaria sozinho.
********************************************************************************
***

Notas finais do capítulo


Primeiro a defesa da Bella... Sei que muitas devem estar xingando a pobre vampira por
não contar á Edward sobre Emmett... Peço que lhe dêem algum crédito. Ela ainda está
presa em seu sentido de proteção e intuição... Tão logo se liberte dele ela revela tudinho
que tem á dizer... Pronto, feita a defesa eu pergunto; gostaram?... Não?... Me contem!
Bom, agora recadinho sério.
Infelizmente tenho notícias não muito boas. A realidade bateu á minha porta e eu preciso
refrear o ritmo de escrita... Amo escrever, mas preciso fazer outras coisas para ter meu
din din e já protelei a volta ao trabalho por demais... Preciso voltar ao artesanato e me
dedicar á ele. Estendam que não vou parar de escrever, por favor, não surtem!...
Obsession continua firme e forte. Só não sei quando terá post novamente... Vou tentar á
cada 15 dias. Tenho aqui comigo só o capítulo 16 e não gosto disso... Sempre quero ter
no mínimo uns 4 de reserva... Se postá-lo na semana que vem sem ter escrito mais logo
vou contar a estória direito aqui na caixa de postagem do Nyah ou Orkut... E agora que
ela está na reta final eu preciso fazer tudo com calma para fazer o melhor que puder.
Para aquelas que seguem Enigma, por enquanto continua do msm jeito, pois tenho
muitos capítulos de reserva, afinal começo é mais fácil de passar para o PC... Meios e
finais é que são mais complexos, afinal pedem toda nossa atenção... Acredito que até que
se esgote o material que consegui juntar, eu já devo ter feito alguns bonecos e possa fazer
nova pausa deixando tudo de volta ao normal...
Sei que é chato ficar sem capítulos todas as semanas, afinal tbm sou leitora e morro de
saudades de minhas fics favoritas que são postadas praticamente uma vez ao mês, mas a
vida off chama e eu não posso deixar de atender...
Bom, msm que o cap. 16 venha daqui á quinze dias tá valendo ter um pouquinho, então
vou deixar spoiler:
(...) não acredito em nada do que está escrito aí. o vampiro respondeu mirando a boca
rosa, séria e fechada. Nossa vida não estaria na internet.
Acho que você não está nem prestando atenção ao que diz.
Bella estava incapaz de se mover por sentir as pernas bambas com a aproximação
invasiva de Edward. Sabendo que o melhor era manter a mente em atividade com
assuntos relevantes ao momento em que viviam com seus inimigos, comentou.
Desde muito tempo temos estórias de criaturas imortais circulando entre nós. Temos
livros, gibis, vários filmes e até mesmo séries de TV. Tudo isso era para ser somente
estória de terror, certo?... No entanto você está aqui... Eu estou aqui. Ambos imortais.
(...)
É verdade!... Mas muita coisa descrita é fantasiosa demais. Agora até brilhamos quando
somos expostos ao sol!
Bella riu; levemente divertida pela primeira vez depois que voltaram ao NY Offices,
antes de dizer em tom conciliador.
Tudo bem!... A autora pode ter exagerado, mas acertou quanto á alimentação com
animais e o fato de não nos desintegrarmos á luz do sol. Em meio às teorias infundadas
muitos chegam bem perto da verdade. E esse pode ser o caso. concluiu apontando o
monitor. Acho que se você...
O vampiro não a ouvia. Desde que Isabella riu em sua direção não conseguiu prestar
atenção á nem uma palavra dita por aqueles lábios delicados. Edward sentia seu corpo
levemente trêmulo com a expectativa de roubar-lhe um beijo; que mal poderia haver
quando já estavam brigados?
Edward. Bella chamou na tentativa de trazer-lhe á razão depois que ele deu mostras de
não ter lhe escutado. Ouviu o que eu disse?
Não. ele respondeu sinceramente, tentando manter o foco. O que me disse?
Perguntei se prestou atenção á passagem que fala sobre os corpos carregarem a marca de
sua estirpe? O símbolo da família Tepes?... Essa pode ser uma alusão á sua pele marcada.

Ainda que lhe aparecesse fantástico, Edward a encarou seriamente quando outra voz veio
se somar á dela. As palavras exatas de Zafrina foram.
Espantei-me com a coincidência em encontrá-lo e me admirei que alguém que carregava
a marca de um dragão se equiparasse aos vampiros sem estirpe.
************************************************************
É isso... Espero que entendam o momento e não fiquem muito ansiosos (as)...
Até o próximo amores...
(Cap. 79) Capítulo 16 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Como prometido, hoje vim deixar mais um capítulo...
Espero que gostem.
Como não poderia deixar de ser, quero agradecer pelos reviews e pelas indicaçãos...
Achei umas novas esses dias e como sempre fiquei emo com as palavras de vcs...
Obrigada!
Bom, agora vamos ao capítulo...
BOA LEITURA!

A tarde passou arrastada. Contudo, depois dos primeiros minutos silenciosos de apreensão evidente,
Edward pôde apreciar a companhia de Isabella mesmo que ainda sentisse certa ansiedade vinda de
sua noiva. Tentou se esquecer que ela lhe omitia algo e não se importar quando sua vampira –
discretamente – virou o monitor de seu computador de forma que ele não tivesse uma visão
completa da tela. Era irracional de sua parte desejar saber de tudo que fosse relacionado é ela, mas
não poderia simplesmente invadir-lhe a privacidade silenciosamente requerida.
Acalmando seu coração, disse á si mesmo que aquela reserva nada tinha a ver com o que ela se
negava á contar e sim que sua noiva poderia ser daquelas que não gostavam de ter seu trabalho
exposto antes do resultado final. Acreditando em sua dedução, passou a empregar sua atenção ás
pastas com o caso Carlsson. A data para o julgamento seria divulgada nos próximos dias e ele
precisava se aprofundar em sua defesa. Não poderia deixar que Aro e sua corja arruinassem a
reputação da personagem que criou para si.
Edward sabia que não seria fácil manter ás aparências com seus rivais espalhados pela cidade –
ainda mais sem Jasper ao seu lado – mas deveria tentar. Não havia meios de ter certeza, mas o
vampiro acreditava que, com a volta de Aro, Senna não agiria novamente com temeridade como
havia feito na noite do feriado. Era preciso acreditar que a vampira descontrolada pudesse ser
contida por seu líder, afinal, aquele era um segredo de todos e mesmo que seu rival fosse um cretino
covarde, não iria arriscar expor sua real condição para os mortais.
Baseado nesse fato, Edward já se instruía domando sua preocupação e seu ciúme para deixar
Isabella livre na hora que desejasse ir á redação na manhã seguinte. Assim como ele, ela também
precisava assumir sua vida entre os humanos. Sua noiva era forte, pensou olhando-a de esguelha;
ágil e veloz. O vampiro deveria sufocar seu protecionismo excessivo tanto quanto sua saudade e
deixá-la por algum tempo sozinha. Depois de dar-lhe algumas instruções – e pedir veementemente
que as obedecesse – ela ficaria bem. Ele talvez se tornasse um completo inútil nas horas infindáveis
que ficassem separados, mas ela ficaria bem.
De repente Edward se admirou por seus pensamentos. Conhecia-se, mas ainda assim se considerou
extremamente egoísta. Ele se preocupava em demasia com sua tranquilidade durante as poucas
horas de separação quando fosse preciso deixar Isabella se afastar, enquanto sua amiga estava
sozinha em sua cobertura e seu melhor amigo – seu irmão – estava sumido depois de abandoná-la.
Deveria estar se preocupando em ajudá-los de alguma forma. Ou ainda também deveria deixar seu
sofrimento de lado e usar sua concentração para tentar compreender a aparição de Emmett tão
súbita quando sua partida.
Deveria ainda imaginar uma forma de descobrir se Zafrina e James estavam no apartamento
incendiado e quem havia sido seu causador. Havia tanto á pensar; tanto á ser resolvido, no entanto,
o máximo que conseguia era ficar em sua sala inalando o aroma de Isabella; aproveitando sua
proximidade enquanto a tinha somente para si, sem conseguir dar importância á qualquer outro
assunto ou se importar verdadeiramente que Alice talvez precisasse da companhia deles dois. Sabia
ser errado, mas não se envergonhava em manter a exclusividade de Isabella quando ainda se sentia
– e era – excluído.
Bella tentava á muito custo se manter firme em sua postura rígida. Tarefa nada fácil com Edward a
olhando de minuto á minuto. Conseguiu certo descanso para sua tensão quando o sentiu envolvido
na tarefa de estudar os documentos que segurava displicentemente diante de si. Com ele finalmente
focado em sua leitura, a vampira se sentiu mais á vontade para fechar a página do Word vazia que
tinha diante de si para se aventurar pelo navegador padrão que Edward usava. Enquanto tentava
escrever qualquer coisa que lhe viesse á mente somente para se distrair como ele sugeriu, uma ideia
lhe ocorreu e estava ansiosa para colocá-la em prática.
Nesse momento girou o monitor em seu eixo para que Edward não tivesse a visão de sua tela.
Ensaiou algumas frases somente para apagá-las enquanto esperava pelo momento oportuno como
acontecia naquele instante em que a tensão entre eles ainda existia, mas não passava de um véu
tênue. Depois de lançar um olhar furtivo á Edward, Bella digitou na caixa de pesquisa.
Lendas. Maldições. Vampiros.
Imediatamente apareceram várias alternativas em respostas, desanimando-a. Já seria bem
complicado encontrar algo satisfatório na internet e não queria perder tempo olhando cada site para
talvez nem encontrar algo concreto. A ideia era maluca, mas Bella ponderou que, se os vampiros
viviam á sombra de seu próprio mito, porque suas regras e maldições também não poderiam estar
escondidas no óbvio. Se encontrasse algo relacionado ao tema que parecia refrear Aro, talvez
também tivesse a resposta para seu entrave em contar a verdade á Edward; se fosse o caso talvez se
libertasse e pudesse revelar sem receios.
Bella chegou á essa conclusão após remoer a atitude de Emmett. Não conhecia sua história á fundo,
mas sabia que ele estava com Edward há muitos anos. Baseada em sua nova percepção olfativa,
sabia que Aro não tomou o lugar de Emmett no tempo em que ele estava com Edward, pois seria
facilmente descoberto depois da troca então só restava a opção de que ele “sempre” foi seu inimigo
íntimo. Segundo Senna, por sua vontade vingativa seu líder já teria dado cabo de Edward desde o
início. Se não o fez foi refreado por alguma maldição que restringia sua ação.
Agora com o coração mais calmo, sabia que Emmett não representava perigo para Edward enquanto
se mantivesse preso á tal regra que ela desconhecia. O problema real era Senna que já havia dado
mostras que não se prendia á nada; talvez apenas ás ordens diretas de Aro. Justamente por isso,
Bella precisava ajudar Edward á descobrir sobre essas lendas. A droga toda – a vampira pensou
olhando a tela desanimada – era a quantidade de sites com o tema pesquisado. Refreando um
suspiro que seria facilmente captado por seu noivo, ela mudou sua pesquisa.
Vampiros rivais. Restrição. Maldição.
Dessa vez, mesmo que tenham vindo vários sites como anteriormente, os cinco primeiros
enunciados lhe chamaram a atenção. Bella abriu o primeiro para ler a matéria completa
rapidamente. Não se animou com o conteúdo limitado que lhe pareceu superficial demais e sem
nada que se encaixasse no contexto empregado por Senna. O segundo e o terceiro lhe deixaram a
mesma impressão. Começava á duvidar de sua ideia quando algo lhe chamou a atenção durante a
leitura da matéria central do quarto site – que nada mais era do que uma pesquisa em PDF.
“Escolhidos: a nobreza imortal.”
O início da matéria trazia um apanhado de tudo que ela já conhecia sobre vampiros. O que lhe
chamou a atenção foi ler as seguintes palavras.
Vampiros enfrentam-se entre si desde os primórdios dos tempos, como é próprio aos imortais que
sempre serão guiados por seus desejos egoístas e vaidades exacerbadas; seja pela supremacia
absoluta, domínio de territórios ou simplesmente por um sentimento tão humano quanto o amor.
Quando tais disputas se dão entre vampiros de classes inferiores não trazem maiores problemas
para o vencedor que passa á dominar a área requerida, se torna líder supremo de seu território ou
toma a mulher desejada de seu rival morto. Contudo, quando ocorrem contendas entre os
escolhidos o desfecho não é o esperado.
Escolhidos são aqueles que carregam em seus corpos a marca de sua estirpe. O leitor mais atento
pode se perguntar como é possível aos vampiros serem descendentes diretos de Vlad Tepes já que
todos são transformados por outros imortais. A resposta é simples; eles não são gerados em ventres
nobres nem seguiram uma longa viagem de geração em geração através do tempo, mas acredita-se
que os imortais que têm em suas peles o símbolo da família Tepes fazem parte da mesma linhagem.
O parentesco indireto confere aos imortais escolhidos as mesmas características nefandas e cruéis
do príncipe empalador da Romênia, assim como seu espírito de liderança. Dificilmente um desses
seres se curvaria perante outro tornando inviável a convivência pacifica. Ainda assim, vampiros
rivais de uma mesma casta não podem duelar entre si por qualquer razão. Há uma maldição que
cerca os escolhidos. Quando um deles destrói seu semelhante é igualmente destruído.
– Ah!... – Bella exclamou sem conseguir se conter.
– O que houve Isabella? – Edward perguntou imediatamente á sua reação reflexiva.
Rapidamente a vampira passeou o cursor sobre o ícone que fecharia a página enquanto elaborava
uma desculpa qualquer, mas desistiu no último segundo. Bastava uma omissão quando sabia o
quanto não ter informações sobre si mesmo era incômodo para seu noivo. Se havia um fundo de
verdade naquela matéria, Edward precisava tomar conhecimento. Depois de respirar fundo, pois
encará-lo e se manter firme em sua resolução anterior requeria certo grau de concentração, ela disse.
– Acho que descobri sobre o que Senna se referia ao comentar as restrições que impediam Aro de
atacá-lo.
– Como?! – ele perguntou encarando-a com incredulidade depois de depositar os papeis que
segurava sobre a mesa.
– Pesquisei na internet. – ela respondeu incerta, subitamente se sentindo uma idiota diante da
simplicidade de sua fonte de estudo.
Edward não se moveu. Apenas continuou á encará-la enquanto digeria a informação. Assim como
ela, respirou profundamente decidindo se poderia dar algum crédito ao que era postado na rede. O
vampiro era de outro tempo; estava habituado á tecnologia e até utilizava a internet para algumas
pesquisas, mas sabia bem que entre as disponibilidades do mundo virtual havia muito conteúdo
descartável; inutilidades. Não era possível que algo relevante sobre sua disputa com Aro pudesse ser
explicada em um site especulativo.
– Isabella eu não que acho deva acreditar no que leu.
A vampira bufou exasperada, abandonando o breve embaraço.
– Por favor, não seja cético. – pediu voltando o monitor para que ele mesmo pudesse ler a matéria. –
Veja o que diz aqui.
Bella sabia não ser necessário, ainda assim Edward correu sua cadeira pelos poucos centímetros que
o separava da dela para ficar muito próximo antes de começar á ler debruçado em sua direção.
Depois de um tempo que a vampira considerou demasiado, ele disse sem se afastar.
– Ainda acho pouco provável.
– Como pode dizer isso?! – ela perguntou incrédula se arrependendo imediatamente por tê-lo
encarado; afastando o rosto do dele que estava a menos de um palmo distante do seu, inquiriu. –
Leu com atenção? Tem certeza?
O vampiro não tinha certeza de nada naquele momento a não ser o fato de que estar tão próximo á
sua noiva sem poder tocá-la começava á desesperá-lo. Capturar a boca rosada e prendê-la á sua
começava á ser uma necessidade vital; precisava dela inteira de volta em sua vida como naquela
manhã antes de saírem. Edward não entendia a cerne de sua saudade, pois ineditamente não estava
excitado como inevitavelmente estaria em situações como aquela; apenas necessitava “dela”.
– Tenho e não acredito em nada do que está escrito aí. – o vampiro respondeu mirando a boca rosa,
séria e fechada. – Nossa vida não estaria exposta na internet.
– Acho que você não está nem prestando atenção ao que diz.
Bella estava incapaz de se mover por sentir as pernas bambas com a aproximação invasiva de
Edward. Sabendo que o melhor era manter a mente em atividade com assuntos relevantes ao
momento em que viviam com seus inimigos, comentou.
– Desde muito tempo temos estórias de criaturas imortais circulando entre nós. Temos livros, gibis,
vários filmes e até mesmo séries de TV. Tudo isso era para ser somente estória de terror, certo?... No
entanto você está aqui... Eu estou aqui. Ambos imortais.
E separados, Edward pensou contrafeito. De repente sua irritação era voltada á si mesmo que
verdadeiramente se tornava um completo inútil mesmo diante dela somente por não ter sua
aceitação incondicional. Precisava entender que Isabella queria tempo para engolir suas ações e
aproveitar a trégua que ela lhe oferecia. Irritado por ter que se afastar – e sabendo que ela tinha
razão em sua última colocação – retrucou endireitando-se sobre a cadeira, sem distanciá-la da de
sua noiva.
– É verdade!... Mas muita coisa descrita é fantasiosa demais. Agora até brilhamos quando somos
expostos ao sol!
Bella riu; levemente divertida pela primeira vez depois que voltaram ao NY Offices, antes de dizer
em tom conciliador.
– Tudo bem!... A autora pode ter exagerado, mas acertou quanto á alimentação com animais e o fato
de não nos desintegrarmos á luz do sol. Em meio às teorias infundadas muitos chegam bem perto da
verdade. E esse pode ser o caso. – concluiu apontando o monitor. – Acho que se você...
O vampiro não a ouvia. Desde que Isabella riu em sua direção não conseguiu prestar atenção á nem
uma palavra dita por aqueles lábios delicados. Edward sentia seu corpo levemente trêmulo com a
expectativa de roubar-lhe um beijo; que mal poderia haver quando já estavam brigados?
– Edward. – Bella chamou na tentativa de trazer-lhe á razão depois que ele deu mostras de não ter
lhe escutado. – Ouviu o que eu disse?
– Não. – ele respondeu sinceramente, tentando manter o foco. – O que me disse?
– Perguntei se prestou atenção á passagem que fala sobre os corpos carregarem a marca de sua
estirpe? O símbolo da família Tepes?... Essa pode ser uma alusão á sua pele marcada.
Ainda que lhe aparecesse fantástico, Edward a encarou seriamente quando outra voz veio se somar
á dela. As palavras exatas de Zafrina foram.
“Espantei-me com a coincidência em encontrá-lo e me admirei que alguém que carregava a marca
de um dragão se equiparasse aos vampiros sem estirpe.”
Deixando sua má vontade de lado, assim como sua dependência e vontade de beijá-la, Edward
franziu o cenho antes de pedir, sem responder diretamente á pergunta de sua vampira.
– Tente encontrar mais informações sobre esses vampiros de estirpe já que essa matéria termina sem
maiores explicações.
Mais segura por Edward ter abandonado o olhar predador que lhe lançou por alguns instantes, e
animada por poder ajudá-lo de alguma maneira, Bella girou o monitor e o posicionou em um ângulo
que poderia ser visto pelos dois; então digitou.
Vampiros de estirpe.
O resultado se mostrou insatisfatório logo de início, não deixando que encontrassem nada de
relevante.
– Tente algo relacionado á nobreza. – ele pediu junto ao ouvido da vampira.
Nesse momento Bella se deu conta que Edward estava novamente debruçado sobre o braço de suas
cadeiras e forma que ficava praticamente apoiado em seu ombro. Engolindo em seco e relutando
para não se voltar, ela limpou a caixa de pesquisa e arriscou.
Nobreza. Vampiros. Hierarquia.
Além de repetir a matéria que chamou a atenção de Isabella, mais uma vez vieram vários resultados
com textos pouco ou nada interessantes que não se adequavam á situação com seus rivais. Perdendo
o foco, Edward apenas não se moveu por estava adorando a proximidade que o trabalho conjunto
lhe trazia. Logo o vampiro desinteressou-se da tela e dos incontáveis sites que anunciavam um vasto
conhecimento sobre sua espécie, mas que somente demonstravam o lado criativo e imaginativo de
seus criadores.
Em poucos minutos, tudo que lhe interessava eram as pontas de cabelo castanho e macio que agora
segurava disfarçadamente entre seus dedos e esfregava em um movimento mínimo por medo que
sua vampira notasse. Quando ela juntou os fios rapidamente em um rabo de cavalo grosseiro – sem
desprender os olhos do monitor – e o colocou todo para o lado oposto ao seu, Edward maldisse a
imortalidade que os deixava tão perceptíveis. Nunca mais poderia aproximar-se sorrateiramente ou
assaltá-la de surpresa; inferno.
Após alguns minutos em que Isabella prosseguiu com sua incessante procura, Edward passou á
analisar a curva do pescoço que sua noiva deixou exposta. Nada poderia fazer contra a atração que
sentia por ela. Era apenas um vampiro apaixonado padecendo há horas de abstinência sem sua
droga predileta; pensou aproximando-se um pouco mais para cheirá-la.
– Está me distraindo Edward. – ela disse roucamente, contudo sem se mover. – Talvez deva voltar á
leitura de seu processo. Quando eu encontrar algo que valha á pena mostrar, eu lhe aviso.
– Estou bem onde estou. – ele assegurou junto ao seu ouvido.
Estava satisfeito por Isabella não conseguir manter a rigidez por muito mais tempo, presenteando-o
com aquele odor que sempre entorpeceria seu cérebro e atiçaria seus sentidos primários, contudo
disse á si mesmo para não se deixar levar pela breve excitação que lhe causou. Apesar de desejar
beijá-la e senti-la estava ciente que provocá-la não seria inteligente de sua parte; não o fez antes,
não o faria naquele momento. Conformando-se com o pouco que tinha durante á trégua, ele
completou.
– Não vou atrapalhá-la, prometo. Apenas continue... – então acrescentou descrente. – Embora eu
comece á achar que não tem nada aí.
– Vamos encontrar meu amor, eu acredito! – ela encorajou-o enquanto digitava outras palavras na
barra de pesquisa.
O coração do vampiro se aqueceu com aquele ato falho que, aparentemente, sua noiva não havia
sequer notado após cometê-lo. Aquela era a verdade dita por seu subconsciente mesmo com ela
lúcida. O vampiro era e sempre seria “seu amor” e saber-se tão amado – naquele instante – lhe
bastava. Logo Isabella estaria de volta e dessa vez sem nenhum segredo para afastá-los. Baseando-
se nessa certeza, Edward se obrigou á levantar para deixar que ela trabalhasse em paz. Depois de
servir-se novamente de uma dose de uísque, foi até a imensa janela de seu escritório e olhou para o
horizonte. A tarde de domingo chegava ao fim; nublada e triste.
Era interessante como Edward estar distante não a deixava mais confortável do que quando estava
ao seu lado mexendo em seu cabelo ou cheirando-a discretamente. Sua presença poderia ser sentida
mesmo que estivessem em salas separadas tamanha era a falta que sentia dele. Contudo ainda era
preciso ser forte, pois sentia que estava perto. Se encontrasse algo capaz de eliminar as dúvidas de
Edward talvez nem fosse preciso encontrar provas contra Emmett e pudesse finalmente lhe contar o
que sabia.
Bella precisava que seu noivo desse crédito á matéria que leram, pois ela acreditou em cada palavra,
assim como teve a certeza que seu entrave era do que sexto sentido lhe avisando que não deveria
permitir que Edward eliminasse seu rival quando poderia também ser destruído. Agora que sabia
dessa maldição não queria correr o risco de ele se lançar sobre Emmett e provocar a própria morte
com suas ações intempestivas. O problema é que não havia encontrado nada mais que pudesse
endossar sua crença.
– Não há nada, não é? – Edward lhe perguntou de onde estava como se tivesse lido seu pensamento.
– Não. – disse desanimada sem encará-lo.
– Valeu sua tentativa. – ele disse já ás suas costas.
Quando Bella se retesou ao sentir uma de suas mãos em seu ombro Edward perguntou sério.
– Não posso nem ao menos tocá-la?
– Não é isso. – ela disse ainda tensa. – É que... Eu disse que preciso de um tempo, por favor.
– Certo! – Edward retrucou rispidamente.
A vampira percebeu que a trégua havia terminado, mas não se abateu. Era preciso deixá-lo em
segurança e se para tanto tivesse que se manter distante, o faria. Além do mais, Edward também
precisava reconhecer seus erros. Desde a manhã adquiriu ares de senhor da razão o que não
condizia com a verdade. Com um suspiro profundo, Bella decidiu cuidar de um assunto por vez e
no momento era preciso saber mais sobre os tais escolhidos. Deixando de lado a sensação de
queimação no ombro esquerdo e o humor alterado de seu noivo, a vampira voltou á única matéria
que lhe interessou e que se repetiu por três vezes durante sua procura. Depois de lê-la mais uma vez
enquanto Edward zanzava de um lado ao outro cismando consigo mesmo, ela passou á analisar os
detalhes da página.
– Quem escreveu a matéria sobre escolhidos foi Julian Felker. – disse em voz alta.
– E daí? – Edward perguntou azedo depois de tomar um gole uísque.
Sem se importar com o tom sério, Bella disse sugestivamente.
– Aqui tem o endereço e seus contatos. E imagine, só?... Ele mora em Eldorado Place, Nova Jersey.
O vampiro parou no meio de sua sala para encará-la.
– Está pensando em telefonar para ele?
– Não. Acho que deveríamos ir diretamente á sua casa. Poderíamos tentar obter mais informações. –
ela falou recostando-se na cadeira. – Que mal poderia haver?
– Pedir informação sobre nós á um mortal? – Edward perguntou incrédulo.
– Aparentemente esse mortal sabe de coisas que nós não sabemos então acho que é exatamente o
que temos que fazer. – Bella disse se colocando de pé para encará-lo séria. – Nem vou me repetir e
pedir para não ser tão cético, mas “poderíamos” exercitar a humildade e procurar por ajuda...
Qualquer ajuda, até mesmo onde nos pareça improvável.
Apesar de alguns detalhes na matéria terem coincidido com as palavras de Zafrina, Edward custava
á crer que todo o restante fosse verdade. Se soubesse que a vampira ainda vivia ou onde estaria,
Edward preferiria abordá-la á se prestar ao papel de procurar um mortal. Contudo, ao ver a
determinação nos olhos castanhos, o vampiro aquiesceu. Durante todos aqueles dias ele e seus
amigos vagaram praticamente no escuro e sem ação, sem saber onde procurar por seus inimigos.
Isabella, com sua ideia – simplória em sua opinião – havia sido á única á procurar por uma direção á
seguir. Como jamais possuiu uma fonte de informação minimamente satisfatória, achou por bem se
juntar á ela e arriscar; ainda que considerasse perda de tempo.
– Se não conseguirmos nada, vale pela tentativa e pelo passeio. – ele disse enquanto começava á
juntar seus papéis depois de depositar o copo vazio sobre a mesa. – Podemos caçar logo após essa
visita insólita.
Sem nada lhe dizer, Bella desligou o computador depois de anotar o endereço de Julian. Quando
Edward deixou sua mesa em ordem, a vampira pegou o envelope com seus novos cartões e rumou
para a porta e então até as escadas para onde Edward se dirigiu. Como o cavalheiro que era ele lhe
deu passagem para que seguisse na frente. A deferência poderia ter sido dispensada uma vez que
correr com Edward as suas costas era ainda mais perturbador que correr atrás dele. A vampira
agradeceu aos céus por ser capaz de vencer as distâncias em segundos, pois cada vez mais se
tornava difícil ficar próximo á Edward.
– Estão vivos! – Alice exclamou ao sair do escritório tão logo o casal entrou na cobertura.
– Muito engraçada. – o vampiro comentou sem achar graça alguma enquanto rumava para as
escadas. – Vamos sair, apronte-se.
– Sair? – Alice perguntou á Bella visto que Edward já havia desaparecido no alto da escada. – Para
onde vamos?
– Até Nova Jersey. – respondeu também seguindo para os degraus escada.
– O que vamos fazer? – Alice inquiriu seguindo-a.
Nesse momento Bella se deu conta que Alice não sabia das coisas que descobriu enquanto esteve no
apartamento de Aro.
– É uma longa história. – disse – No caminho eu lhe conto o motivo. Precisamos ir á casa de um
mortal e depois iremos caçar.
– Á casa de um mortal?! – a amiga estranhou. – Bella?
Como já se encontravam á porta da suíte, Bella parou e encarou a amiga.
– Como lhe disse é uma longa história, apenas se apronte para sairmos.
Após um suspiro cansado, Alice perguntou incerta.
– É mesmo necessário que eu vá?... Sinceramente hoje eu não tenho cabeça para longas histórias. E
como não necessito caçar eu... preferia ficar aqui.
Comovida com a expressão subitamente cansada e sofrida da amiga, Bella lhe acariciou o rosto
ternamente antes de dizer.
– Por mim acho que não tem problema... Sei bem como se sente. – e então a abraçou; ainda estava
com a amiga entre os braços quando disse. – Precisamos apenas falar com...
– Por mim Alice pode ficar. – Edward falou do quarto.
Quando as duas se separaram viram que ele as encarava com o cenho franzido enquanto vestia uma
de suas jaquetas.
– Obrigada! – a vampira disse aos dois; depois que Bella lhe deu um beijo no rosto ela lhe sorriu e
se foi para o quarto de hóspedes.
Assim que a amiga fechou a porta, Bella entrou em seu novo quarto, intrigada com o olhar irritado
que recebia de Edward.
– Está assim por que ainda acha bobagem irmos até Nova Jersey? – perguntou depois de guardar o
envelope que Edward lhe deu na gaveta destinada á ela.
– Não importa o que acho. – ele retrucou secamente. – Apenas se troque caso queira e então saímos.
O ciúme que sentia era inédito. O vampiro ainda não entendia como de uma hora para outra Isabella
estava toda atenciosa e carinhosa para com Alice enquanto ainda nem o deixava tocá-la. Não fazia
sentido, afinal aquela sua postura era causada justamente por seu suposto interesse em sua
secretária. A vontade premente do vampiro era inquirir sua noiva para saber o que havia mudado
entre as duas e o motivo de ainda ser deixado distante quando ela mesma já havia admitido que seu
ressentimento arrefecia e o tratava carinhosamente quando estava distraída. Contudo não queria
entrar novamente naquele assunto antes de saírem, pois talvez o esforço não os levasse á parte
alguma.
Como se partilhasse a mesma vontade de evitar discussões inúteis, sua noiva recolheu o que vestiria
e rumou para o banheiro. Isabella nem ao menos o deixaria participar de sua intimidade, pensou
contrafeito. Ao que tudo indicava agora se esconderia de suas vistas como se fosse um maldito
estranho. Quando a vampira saiu do cômodo, já vestida, Edward encontrava-se junto á janela
olhando a noite; impaciente.
– Por que a demora?
– Sabe que não demorei. – ela retrucou calmamente enquanto escolhia seus calçados.
Estava linda, Edward observou. E com certeza disposta á torturá-lo, pois escolheu usar um vestido
azul que deixava seu colo e braços á mostra. A bruxa malvada e maldita sabia de sua predileção e
aproveitou o momento que ele não poderia tirar proveito da peça para vesti-la. A má intenção ficou
evidente quando ela associou a roupa escolhida á um par de botas de salto alto. Vestir o mesmo
casaco creme que usava na noite em que a viu pela primeira vez foi o golpe de misericórdia assim
como cobrir os lábios com um batom vermelho.
– Não vamos á uma festa. – Edward sibilou enraivecido.
Foi preciso boa dose de autocontrole para refrear seu desejo de ir até ela para retirar aquela pasta
colorida de sua boca; de preferência com a sua língua como havia feito no domingo anterior.
– Sei que não. – ela disse simplesmente se voltando para encará-lo. – Estou pronta!
A três passadas largas e firmes, Edward chegou até ela e sem parar tomou-lhe a mão
possessivamente, levando-a para fora do quarto. Se Isabella ousasse desprender os dedos dos seus,
não responderia por seus atos futuros. Se queria provocá-lo que arcasse com as consequências. Já
bastava sua evidente omissão, seu comportamento estranho e seu afastamento; não o privaria
também de breves toques sempre que ele os requeresse.
Á esse pensamento, e encorajado por Isabella não ter recusado sua mão, Edward a tomou nos braços
antes de descer as escadas até sua garagem. Fez o percurso utilizando um tempo maior ao usual;
aproveitando cada segundo da proximidade com o corpo delicado e morrendo aos poucos com o
desejo de retirar-lhe o batom. Sentir o bater do coração feminino foi um prazer á parte que lhe
confirmou o quanto Isabella não lhe era indiferente mesmo que persistisse em manter uma postura
rígida. Quando a depositou no chão da garagem ela se afastou um passo incertamente.
– Obrigada, mas não era necessário.
– Era sim. – ele disse sisudo indo abrir a porta de sua SW4 para que Isabella entrasse. – Esses
gravetos que vocês mulheres chamam de saltos não resistiriam á velocidade da corrida. Á propósito,
quando os escolheu se lembrava que vamos caçar, não?
– Lembrei-me perfeitamente bem. – ela disse sustentando-lhe o olhar já acomodada no assento do
carona. – E você?... Também se lembra que não preciso correr atrás de minha “comida”?
– Perfeitamente bem. – ele a parafraseou fechando a porta e contornando o veículo para assumir seu
lugar ao volante.
Bella agradeceu o silêncio que se instalou entre eles enquanto Edward corria pelas ruas e avenidas
até chegar ao túnel Lincoln. A noite estava fria e úmida, confirmando o comentário de Erin quanto a
um inverno rigoroso. O céu ameaçava chuva; cinzento como seu momento com Edward; a vampira
preferia as noites de “sol”. Justamente por isso se manter firme começava á ficar cada vez mais
difícil. Seu corpo traiçoeiro já dava mostras indisfarçáveis de que logo sucumbiria, ainda mais
depois da descida até a garagem onde foi carregada sem que nada pudesse fazer para detê-lo. Não se
atreveria, pois pôde sentir pela nova tensão que pairava entre eles que se opôs não seria sábio de sua
parte.
Completamente ereta sobre o assento, a vampira não ousou olhar na direção de Edward uma única
vez por se sentir fraca e extremamente culpada, afinal sabia ser a culpada por tal ação. Poderia ser
imaturidade de sua parte como Alice salientou, mas não gostou da forma ríspida com que agora era
tratada quando estava com a amiga. Passar o batom de tom vibrante quando sabia que Edward não
tolerava nem mesmo seu usual rosa pálido foi apenas um gesto de rebeldia, afinal Edward não
poderia tirá-lo. Decididamente infantil, recriminou-se. Seria preciso retirá-lo para se alimentar;
tonta.
– O que espera que o humano nos diga? – Edward perguntou quando já atravessavam o túnel.
– Não sei. – ela disse sinceramente. – Qualquer coisa. Para nós que não temos nada cada caco de
estória que pudermos usar será bem vindo.
Edward perguntou apenas para puxar assunto, pois o silêncio começava á impacientá-lo assim como
suas mãos que apertavam o volante controlando sua força, formigavam com a lembrança de ter
tocado sua noiva. Contudo, ao ouvir-lhe a resposta simples voltou á ficar quieto e se obrigou á
esquecer suas cismas á concordar com Isabella. Suas palavras novamente o lembraram da
coincidência entre a matéria e os comentários de Zafrina. Poderia não ser nada demais, como talvez
se mostrar ser uma informação de grande valia. O vampiro esperava que Isabella estivesse certa em
acreditar naquela busca por mais detalhes que lhes pudessem ser úteis. Ainda mais quando talvez
tivesse perdido para sempre a vampira que, direta ou indiretamente, lhe dava maiores detalhes sobre
sua imortalidade.
Naquele instante Edward deixou seu pensamento vagar até James e Zafrina. Ainda não tinha parado
para pensar que eles realmente poderiam estar mortos. Com sua volta Aro poderia ter descoberto a
traição e aliviado seu espírito ferido com a morte; como comentou com Alice mais cedo. Se fosse o
caso, mesmo que não possuísse uma fonte de informação, o vampiro não lamentaria a perda, afinal,
ainda que indiretamente havia se livrado de dois desafetos e de quebra seu inimigo havia sofrido
duas baixas. Ou não, pensou desanimado. Se Jasper estivesse com Aro naquele momento seu rival
teria a vantagem absoluta no caso de um confronto direto.
– Você perdeu a entrada. – Bella alertou, tirando-o de seus pensamentos.
Sem nada dizer, Edward acelerou até chegar á rua mais próxima que pudesse fazer a volta mesmo
que fosse preciso cortar o trânsito para acessá-la.
– Não é seguro dirigir assim. – a vampira comentou repreensiva.
– Nada aconteceu. – ele disse laconicamente enquanto seguia o rumo correto.
– Certo. Apenas se lembre que nem todos são imortais. – ela retrucou.
Edward reprimiu o desejo de responder-lhe, pois sabia que discutir não os levaria á nada e de toda
forma, tinha que reconhecer que ela estava certa. Estava nervoso, irritado, saudoso e sabia que todas
suas reações eram somente para provocá-la, não deveria colocar inocentes em perigo por causa de
seus problemas pessoais. Depois de um suspiro exasperado, o vampiro deixou o silêncio novamente
envolvê-los. Em menos de dez minutos estacionava á porta de um sobrado de três andares ladeado
por construções semelhantes; Isabella foi a primeira á saltar do veículo. Contrariado, Edward saiu
do carro e, sendo obrigado á andar na velocidade normal se juntou á ela somente quando já diante
da porta.
– Também não posso mais ser gentil com você? – ele sibilou ao parar junto á noiva.
A vampira estava sedenta por informações; queria obtê-las o quanto antes, pois tinha como certo
que conseguiria mais então simplesmente não se lembrou daquele cuidado que Edward sempre lhe
dispensava. Arrependida de sua ação impensada diante do olhar – mais ferido que raivoso –
murmurou.
– Desculpe-me eu...
Bella não pode terminar sua frase, pois a porta foi aberta abruptamente para revelar um rapaz
mirrado, de expressão aérea que ao encará-los passou á tremer levemente enquanto seu coração
acelerava suas batidas. Visivelmente tentando se manter estável, ele fixou o olhar em Bella e
perguntou admirado.
– Pois não?
– Boa noite! – ela cumprimentou. – Estamos á procura de Julian Felker, ele está?
O rapaz piscou rapidamente antes responder visivelmente satisfeito com sua boa sorte.
– Sou Julian. O que deseja comigo?
Antes de dizer qualquer coisa, Bella o analisou rapidamente. Os cabelos loiros e descuidados assim
como os óculos de elevado grau lhe conferiam um ar desleixado em conjunto com as roupas
simples. Julian era jovem demais. Nada que o impedisse de ser um competente web designer, mas
dificilmente seria um profundo conhecedor de segredos vampíricos; completamente diferente da
imagem que havia idealizado. Improvável que possuísse qualquer conhecimento para compartilhar,
contudo o site havia sido criado por ele e não iria embora sem nem ao menos perguntar como sabia
de todas aquelas coisas.
– Oi Julian, eu sou Isabella Swan e este...
– Isabella Swan? – ele inquiriu vagamente.
– Isso. – Bella confirmou ainda mais intrigada com suas reações. – Você me conhece?
– Eu esperava por você. – declarou indiferente enquanto abria mais a porta para lhe dar passagem. –
Entre Isabella.
Curiosa ela deu um passo á frente.
– Espere. – Edward disse segurando-a firmemente pelo braço. – Não pode entrar aí.
Bella o encarou; confusa.
– Como não? Não vê que é preciso?
– Pode ser uma armadilha. – ele retrucou sério sem olhar na direção do rapaz. – Como ele a conhece
e sabe que é preciso convidar para que entre?
– Isso é justamente o que quero descobrir... – ela disse calmamente. – Ele pode convidar você
também. – então, se voltando para o rapaz ela perguntou. – Não pode Julian?... Convidar meu noivo
á entrar com a gente?
– Devo falar apenas com você.
Imediatamente Edward fechou a mão que a segurava ainda mais. Bella não poderia culpá-lo pela
apreensão. O desenrolar daquela situação caminhava para o inusitado, afinal chegou á Julian através
de um site e agora descobria que era esperada, mas não acreditava em armadilhas. Ainda poderia ser
seu sexto sentido lhe soprando ao ouvido, mas sentia que devia entrar. Aquele rapaz por si só jamais
lhe representaria algum perigo então a presença de Edward poderia ser dispensada. Seu problema
seria convencê-lo. Antes de tentar, arriscou uma ideia e, sem nada retrucar a Julian, sussurrou a
pergunta para que somente seu noivo a ouvisse; esperançosa.
– Você pode forçá-lo á lhe convidar?... Ou talvez eu possa?
– Não. – Edward disse sério sempre a segurando. – Não podemos forçar nossa entrada, o convite
tem que ser sincero, justamente por isso não entendo...
– Se é dessa forma me deixe entrar... Só assim saberemos. Confie. – ela pediu cobrindo a mão em
seu braço em um pedido mudo para que a liberasse.
– Não. – o vampiro sibilou apertando os dedos instintivamente.
– Está me machucando Edward. – ela avisou; calma.
– Não vou deixá-la ir onde eu não posso entrar. – sua voz era rouca.
Respirando profundamente, Bella olhou na direção de Julian. Segurando a porta aberta, o rapaz
permanecia alheio á conversa que nem mesmo conseguiria ouvir. Como já havia pensado antes,
aquela figura franzina jamais representaria perigo e mesmo que fosse esperada por algum imortal
ela saberia se defender; era mais forte que os inimigos de Edward. Entraria naquela casa de
qualquer maneira, se não fosse naquela noite seria quando pudesse voltar sozinha. Contudo preferia
fazê-lo com o consentimento do vampiro taciturno que prendia seu braço com punho de aço.
– Eu vou ficar bem Edward; confie. Sou forte agora.
– Não é seguro. – ele sibilou segurando-a pelo outro braço para prendê-la diante de si de forma que
o encarasse, sem se importar que estivesse fazendo uma cena ou que pudesse estar sendo observado
por algum vizinho do rapaz. – Se alguma coisa acontecer com você dentro dessa casa não poderei
entrar para ajudá-la... Entende o que me pede?
– Entendo Edward. – ela falou ainda serena na tentativa de tranquilizá-lo. – Assim como entendo
que é um risco necessário. Se não arriscarmos nunca chegaremos á parte alguma. Nossos inimigos
estão á solta por aí e sabem mais do que nós. Ficamos em sempre em desvantagem por não termos
conhecimento algum então... Apenas confie.
Edward ainda a segurou por um minuto inteiro prendendo-a com seu olhar verde e demasiadamente
intenso. A jovem vampira podia ouvir as batidas incertas e aceleradas do coração masculino. Não o
queria daquela maneira, mas nada mais poderia fazer para acalmá-lo. Quando começou a crer que
seria arrastada para longe daquela casa, Edward a soltou.
– Espero que ao menos tenha o bom senso de sair rapidamente caso seja alguma armadilha. –
sussurrou para que somente ela o escutasse; então, aproximando-se mais, acrescentou roucamente. –
Assim como espero que ainda me ame sem medidas e me seja tão leal que nenhum deles possa
induzi-la; eu não suportaria.
Tocada com suas palavras e simultaneamente tendo a memória refrescada por elas, Bella pediu
depois de se afastar um passo.
– Não confunda meu sentimento em relação ao que aconteceu essa manhã com falta de amor ou
lealdade. E saiba que eu jamais ficaria nessa casa sabendo que está aqui fora incapaz de ajudar-me.
Estarei bem.
Depois de aproximar-se rapidamente e depositar um beijo breve e inesperado no rosto de Edward,
ela entrou abruptamente sem causar qualquer espanto em seu morador. Quando estava sob a
proteção da residência, Bella se voltou para murmurar ao noivo.
– Amá-lo é algo imutável Edward, mas as pessoas não podem desculpá-lo sempre assim como eu
também não o farei. Agora nos dê licença.
Sem anda mais acrescentar ela seguiu rumo á sala. Também sem nada dizer, Julian fechou a porta
impedindo que Edward visse para onde foram ou o que faziam. Toda ação praticamente passou
despercebida pelo vampiro que ainda sentia o rosto formigar onde sua noiva o havia beijado. No
rosto, não na boca. Também não podia tocá-la ou ser gentil. Edward não sabia o que o gesto
significava uma vez que ela havia acabado de dizer que a briga não abalava o amor que lhe tinha.
Talvez tentasse demonstrar que enquanto não o desculpasse não baixaria á guarda; sem duvida era
alguma forma de castigo. Se fosse o caso teriam um grave problema, pois já havia esgotado suas
justificativas e nada mudaria o fato de que não havia feito nada que a ferisse.
De repente o bater de uma porta no interior da casa lhe chamou a atenção para a tensão do
momento. De nada adiantaria remoer a rusga entre eles quando Isabella podia estar em perigo.
Apreensivo, Edward abandonou seus pensamentos e apurou os ouvidos na tentativa de ouvir-lhes os
passos e tentar adivinhar a forma que se moviam naquela casa maldita. Se fosse alta madrugada os
acompanharia pelos parapeitos das janelas; infelizmente a hora não lhe permitia tal exposição,
forçando-o á uma passividade angustiante. Agora agradecia que Isabella tenha escolhido usar as
botas de saltos altos e finos; mesmo que levemente eles lhe indicavam a movimentação de sua
noiva. Estavam em outro cômodo, talvez uma sala de jantar, pois Edward pôde ouvir o arrastar de
cadeiras.
Aquilo tudo era muito estranho; pensou contrafeito enquanto permanecia imóvel diante da porta.
Edward se perguntava quem havia falado de sua noiva ao rapaz e com qual propósito. Não saberia
até que Isabella deixasse a casa e voltasse para a segurança de seus braços. Queria-a de volta
naquele instante mesmo que nunca mais o deixasse se aproximar. Impaciente Edward se pôs á andar
de um lado ao outro no espaço mínimo em frente á porta. Não deveria ter deixado que entrasse.
Deveria ter dado um jeito de fazer o rapaz sair e então o obrigado á falar o que sabia. Enquanto se
impacientava ainda mais com o silêncio que se seguiu no interior da casa, o vampiro se dava conta
de que era tarde para pensar no que poderia ter feito; sob todos os aspectos.
******************************************************************************

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... Vou ficar quietinha esperando para saber...
Na correria ainda não consegui adiantar muitos capítulos como desejava, mas acredito
que semana que vem eu trago outro... Acreditem, tbm não gosto de pular semanas, mas
têm horas que é necessário.
Vamos ao spoiler:
Temos uma vista incrível daqui, não? ela comentou num sussurro intimista, porém
Edward soube que ela se dirigia á ele.
O tom leve e despretensioso destoante da conversa recente o confundiu. Isabella parecia
absorta e não provocativa. Intrigado com a mudança de humor e na dúvida se sua noiva
sempre soube que esteve acordado todo o tempo ou se havia descoberto á pouco,
denunciado por seu coração descompassado, ele deixou a cama e foi até ela. Seguiu sem
pressa, medindo seus passos e sentindo o quanto ela deixaria que se aproximasse. Depois
de se colocar exatamente ás suas costas, sem tocá-la, respondeu roucamente depois de
cheirar-lhe o cabelo discretamente.
Tenho a melhor vista daqui.
Depois de um suspiro, ela indagou sem desprender o olhar da cidade iluminada aos seus
pés.
Como será estar lá amanhã?
Não saberia lhe dizer. disse sinceramente. E de verdade ainda não quero pensar sobre
isso, pois somente chego á conclusão de que será o dia de minha provação.
Seria o dela também, Bella tinha certeza. Mesmo que Alice a tivesse tranquilizado.
Será ruim para mim também, mas entenderia se eu dissesse que estou ansiosa para que
chegue?
Sabe que desisti de entendê-la. Edward retrucou ligeiramente ríspido, ressentido por ela
declarar estar ansiosa por deixá-lo na mesma frase que afirmou ser ruim separar-se dele.
Amanhã é o primeiro dia oficial em minha nova vida. Entendo o que está em jogo e não
queria deixá-lo, mas terei que arriscar. Estou ansiosa para voltar ao trabalho, ocupar
minha mente como você e Alice. E tentar esquecer toda essa loucura, mesmo que por
poucos minutos.
Animado com a declaração, Edward aproximou-se mais; precisava mesmo senti-la.
Queria que fosse diferente. ele disse sinceramente antes de perguntar com os lábios
roçando levemente os cabelos de sua noiva. E como está Alice?
Deixei-a dormindo. ela respondeu roucamente; seu corpo a traindo.
Por hoje é só pessoal!... Até mais... =D

(Cap. 80) Capítulo 17 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia!... mais um capítulo para vcs...
Nossa... muito obrigada ás meninas que me deram indicação... Como sempre me
deixaram emo*
E obrigada á todos (as) pelos reviews...
BOA LEITURA!

A sala era mobiliada com simplicidade e extremamente organizada; nada parecia fora de lugar.
Bella pôde notar rapidamente que Julian morava com os pais, embora não sentisse a presença de
outros humanos na casa. Com o rapaz induzido, a vampira temia que eles tivessem servido de
alimento para quem deixou o rapaz á esperá-la; esperava estar errada. Enquanto seguia para o meio
da sala, ela tentava farejar o ar. Ainda não tinha referências olfativas. Somente reconheceria o cheiro
de Edward, Alice, Jasper e agora o de Emmett. Se qualquer outro estivesse á espreita ela não saberia
quem era até que se revelasse, contudo a casa parecia livre também de imortais.
– E então. – ela começou em tom baixo. – Por que estava á minha espera?... Como sabia que eu
viria?
Sem responder-lhe, Julian juntou o indicador ao lábio pedindo-lhe silêncio antes de chamá-la para
uma sala anexa. Bella o seguiu sem novas perguntas embora estivesse com o espírito curioso
agitado; queria respostas. Mas aquele não era seu jogo e teria que esperar sempre seguindo as
regras. Tão logo entraram na sala de jantar, o rapaz lhe indicou uma das cadeiras antes de fechar a
porta atrás de si. A vampira fez como o indicado e esperou sempre alerta á qualquer ruído ou
movimento que considerasse estranho.
Ainda sem nada dizer, Julian a deixou. A vontade de Bella era segui-lo, porém se deteve. Em menos
de dois minutos ele estava de volta com um envelope nas mãos. A jovem vampira o tomou
rapidamente refreando o impulso de exclamar em voz alta. A despeito do pedido de Julian, algo no
momento realmente inspirava silêncio. Com dedos ágeis, Bella abriu o envelope e dele retirou uma
folha branca manuscrita com letra rebuscada de traços firmes; uma carta. Ao terminar a leitura e ver
a assinatura, seu corpo tremeu violentamente. Não entendia o motivo da armação para chegar á ela
ou se daria crédito ao que narrava; pensaria sobre o assunto depois. Dobrando o papel em três partes
e o recolocando no envelope se voltou á Julian e perguntou.
– Isso era tudo?
– Sim.
Evidente que sim; Bella pensou contrafeita. Imaginando havia sido preciso estar naquela casa para
incumbir o rapaz de cumprir sua tarefa, perguntou preocupada.
– Onde estão seus pais?
– Aproveitaram o feriado para sair em uma pequena viagem. Estarão de volta amanhã.
Fazia algum sentido e aquele era um ponto á favor, a ação havia sido limpa; não havia vítimas.
Após um suspiro profundo ela sondou já prevendo a resposta.
– E o que acontece depois que eu sair?
– Devo deletar o arquivo e esquecê-lo, assim como devo esquecer que esteve aqui.
– Muito bem!... – ela exclamou se pondo de pé e colocando o envelope dobrado no bolso de seu
casaco. – Então me esqueça Julian.
Sem esperar por qualquer reação Bella saiu da sala e seguiu rumo á porta á passos largos. Sabia que
não havia qualquer imortal presente, mas desejava sair daquela casa o quanto antes. Seguia tão
apressada que praticamente se chocou contra Edward mais uma vez após sua saída. Pego de
surpresa e visivelmente satisfeito em vê-la de volta, ele tentou abraçá-la, contudo Bella não
permitiu. Não pelos motivos conhecidos, mas por verdadeiramente desejar sair dali. Antes que
Edward esboçasse qualquer reação, apenas o tomou pela mão e o arrastou de volta ao carro.
– Isabella o que houve? – ele perguntou confuso, com o cenho franzido.
– Quero sair daqui. – disse parando ao lado da porta do carona para que ele pudesse abri-la; não
cometeria o mesmo erro de sua chegada.
Sempre a encarando interrogativamente, Edward colocou a mão sobre a porta demonstrando com
seu gesto que não compartilhava de sua pressa.
– Pois não vamos á parte alguma até que me conte. – disse enfático. – Está fugindo de quê?... Ou de
quem?
Ao seguir o próprio raciocínio – como se não dependesse de respostas para agir – Edward olhou em
direção á casa e empertigou-se dando á entender que voltaria.
– Quem está lá? – inquiriu dando o primeiro passo de volta.
– Apenas Julian... – Bella assegurou prendendo-o pelo braço. – Se eu tivesse me encontrado com
outra pessoa você saberia, não?
Ao fazer a pergunta ela indicou o próprio casaco com a mão livre lembrando-o que ela carregaria o
odor de outro imortal.
– Você me confunde Isabella! – Edward exclamou exasperado socando a porta de seu carro de leve.
– Se não está fugindo por que a pressa?
– Como disse quero apenas sair daqui... O rapaz recebeu ordens para me esquecer e não quero
correr o risco que nos veja em sua porta... Podemos sair agora?... No carro lhe conto o que
aconteceu.
Depois de uma rápida olhada em direção á casa, Edward abriu a porta para que ela se acomodasse e
depois de fechá-la partiu para assumir seu lugar ao volante. Tão logo ligou o motor, antes mesmo de
colocar sua SW4 em movimento ele perguntou mais uma vez.
– O que houve?
Bella apertou a carta em seu bolso. Passado furor inicial ao lê-la, soube que deveria lhe dar credito,
ainda mais quando somava e sob alguns aspectos esclarecia a matéria ditada á Julian. A dúvida
recente era se deveria ou não revelá-la á Edward. Olhando pela janela repassou todos os trechos na
tentativa de decidir-se. Imediatamente se lembrou da raiva que sentiu ao terminar a leitura; Zafrina
como sempre contava sem nada dizer de concreto, mas se existisse um fundo de verdade, todos
deveriam estar preparados. Com um suspiro profundo ela se voltou para Edward, flagrando-lhe o
olhar inquiridor mesmo com o carro em movimento.
– Olhe para frente Edward! – ela pediu alteando a voz.
– Conte-me de uma vez. – ele sibilou.
– Vou contar; apenas não provoque um acidente. – dito isso ela retirou o envelope do bolso e o
revelou. – Zafrina usou o garoto para me atrair até sua casa. Ela o incumbido de me entregar isto.
– Zafrina deixou uma carta com aquele garoto? – exclamou incrédulo; olhou-a mais uma vez
rapidamente então, voltando á prestar atenção no trafego, acrescentou. – Poderei saber o que diz aí
ou vai omitir o conteúdo como vem fazendo ultimamente.
– Você pode lê-la se desejar. – ela disse sem se render á provocação; quanto aquele assunto estava
errada então não havia como retrucar.
Bella não precisou falar uma segunda vez. Tão logo encontrou uma vaga livre, Edward estacionou
rapidamente para em seguida tomar a carta da mão de sua noiva sem cerimônias. Não era novidade
que a vampira se valia de humanos para deixar seus recados, mas Edward não entendia o motivo de
tanto mistério quando ela poderia procurá-lo no NY Offices. Ansioso por ver o que tão importante
havia na missiva, o vampiro retirou o papel do envelope e começou á lê-lo em silêncio.
Cara Isabella, se chegou á esta devo parabenizá-la não só pela nova vida como também por
manter características tão perceptíveis como essa sua curiosidade natural. Sabia que você a
conservaria e que viria atrás de mais informações por isso deixei essa carta para você. Eu poderia
ter permitido que o garoto revelasse mais através da página na internet, mas não quis arriscar. Já
bastam as teorias tão perigosamente próximas da verdade e nossa vida não é de interesse público.
Agora vamos ao que interessa. Sinceramente essa disputa já me cansou. Se fosse antes eu apenas
desejaria que Aro a finalizasse para que pudéssemos ir embora dessa cidade barulhenta e fétida,
mas agora isso não será possível. Expus-me demais ao procurar por Edward, agora corro perigo.
Sendo assim não posso deixar que Aro saia vitorioso, pois partiria á minha caça e não descansaria
até me encontrar.
Por isso, mesmo não me envolvendo diretamente quero que Edward termine vencedor, mas para
isso ele precisa saber da verdade sobre a marca revelada. Permiti que Julian disponibilizasse
alguns fatos, mas permeados com informação equivocada. É verdade que aqueles com um dragão
em suas peles são considerados descendentes da mesma linhagem, mas não do príncipe Tepes; ele
era apenas um escolhido na sua época e o primeiro á romper a discrição, nos colocando em
evidência com sua violência desmedida. Vlad, Aro, Edward e muitos outros ao longo dos anos são
descendentes do imperador Caius Volturi. Esse vampiro é um dos mais antigos que temos
conhecimento e não só acolheu Aro em seu clã como lhe deu seu sobrenome assim como havia feito
com Marcus e sua esposa Didyme. Todos os três possuem um dragão em seus corpos.
Ao contrário do que Julian narrou, vampiros com marcas semelhantes podem sim conviver
pacificamente, tanto que Aro viveu por longos anos na Grécia com seus novos irmãos todos sob a
liderança de Caius. Separou-se deles em meados de 1.144 a.C. depois de tomar a esposa de
Marcus mesmo já sendo casado com Sulpicia. Os três fugiram para Roma, mas Marcus os
encontrou e depois de matar Sulpicia jurou dar o mesmo fim á Aro que mais uma vez fugiu após se
recusar á enfrentá-lo por temor á maldição. Eles nunca mais se encontraram. Bom, até hoje não
temos relatos de vampiros que se enfrentaram e se destruíram ao matar um rival marcado, mas
qual deles gostaria de pagar para ver, não é mesmo?... Acredito que Marcus seja o único disposto á
arriscar confirmar a veracidade da maldição, pois segundo o próprio Aro nos contou, ele era
perdidamente apaixonado pela esposa traidora. Como vê, não é certo que os escolhidos se
destruiriam mutuamente em uma luta, ainda assim acho válido que saibam dos riscos.
Todos vocês têm que tomar cuidado, pois Senna não crê em nada disso. Por ela já os teria matado.
Se não o fez foi por ser contida pelo temor de Aro que em suas duvidas prefere evitar uma disputa,
pois acredita que mesmo indiretamente possa morrer caso algum de nós tire a vida de Edward.
Quando esse temor passar nada o deterá. Ou talvez você possa. Sei que é incomum; pude sentir
quando a segurei na boate. Ainda não imaginei como, mas acredito que Aro não tenha chances
contra você. Bom, isso é tudo. Faça com essa informação o que desejar, mas sugiro que não a
revele diretamente á Edward. Conte sobre a maldição e tente fazê-lo acreditar. E o mais
importante, certifique-se que ele tome todo o cuidado e não seja tão confiante só porque encontrou
sua força. Aro é louco e se Senna finalmente conseguir convencê-lo á arriscar acredito que por
amor a Kachiri, nem nosso segredo o refreará.
P.S. Destrua essa carta, se possível queime-a. Não me delate mais uma vez.
Zafrina.
Depois de relê-la por duas vezes, Edward dobrou a carta e a recolocou no envelope.
– Por que me mostrou? – ele perguntou encarando-a.
– Por que a pergunta? – Bella inquiriu juntando as sobrancelhas.
– Está escrito aqui para não me contar tudo... – ele disse simplesmente. – Poderia tê-la queimado
antes mesmo de sair da casa e editado quando resolvesse revelar sobre o dragão.
– Poderia, mas ainda estava pensando sobre tudo que li. Acho que fiz bem em trazer e lhe mostrar;
você deveria ver... – ela disse o testando. – Agora entende que não deve lutar contra Aro. Achei
importante que soubesse.
– Sabe que essas palavras não dizem nada para mim, não é? – ele perguntou sério, colocando o
carro novamente em movimento.
– Como não dizem nada? – Bella se alarmou. – Está escrito aí que vocês não podem lutar entre si.
– Está escrito também que nunca confirmaram tal bobagem. – ele retrucou cético.
– E arriscaria morrer somente para matar Aro?
– “Somente”, Isabella?! – Edward falou incrédulo. – Esse cretino me persegue há meses; está
próximo há muito mais tempo... Espreitando-me, querendo roubar minha vida e apossar-se de tudo
que possuo. Se ele estiver com Jasper, imagino que agora ele até deseje-a para si, pois já sabe que a
transformei. Não transforme a morte desse rapace dos infernos em algo banal; ela é imprescindível
e se possível antes que cause algum mal irreparável para todos nós.
– Mas não precisa ser você á fazê-lo Edward. – ela falou tocando o braço do vampiro, alarmada.
Quando ele olhou para a mão delicada, ela a recolheu recriminando-se pelo ato impensado quando
não podia provocá-lo. Depois de pigarrear, acrescentou receosa.
– Eu poderia fazê-lo.
– Agora você enlouqueceu de vez! – Edward vociferou. – Pelo o que pude entender acredita nessa
maldição então deseja o quê?... Se oferecer em sacrifício?... Você é nossa “irmã” de marcas,
esqueceu?... E mesmo que não tivesse um maldito dragão em seu corpo e corresse o risco de ser
destruída eu jamais permitiria que lutasse com um homem. Ainda mais lutar contra alguém tão
velho. Aro tem mais de dois mil anos de idade. Com certeza combateu em guerras. Você não teria a
mínima chance mesmo sendo mais forte.
– Muito menos você. – ela retrucou séria. – Zafrina deixou claro que não deve ser tão confiante em
sua força.
– Certo... Nenhum de nós tem a mínima chance contra ele, está satisfeita? – Edward perguntou
azedo, acelerando o carro.
Não, ela não estava satisfeita. Não aguentava mais omitir o que sabia sobre Emmett ainda mais
agora que o vampiro dissimulado dava mostras que se aproximaria como se nada acontecesse,
contudo não havia como revelar. Depois de ler a carta tinha absoluta certeza; seu instinto de
proteção a impediu de revelar sobre o apartamento de Emmett. Caso o tivesse feito Edward teria ido
á sua caça e poderia estar morto àquela hora. Ao pensamento a vampira estremeceu brevemente
olhando seu noivo de soslaio. Se ao menos ele tivesse acreditado nas palavras de Zafrina ela poderia
contar a verdade, assim ele ficaria protegido. Acreditou estar tão perto, contudo não havia como
indicar a direção á seguir quando ela o levaria para a morte quase certa.
– Não. – ela disse em voz alta. – Não estou satisfeita com nada disso Edward. Preferia que nenhum
deles existisse e me desculpe se parecer mordaz, mas queria até mesmo que essa carta fosse uma
mensagem póstuma e que de preferência até James tivesse virado cinzas, mas infelizmente não
conseguimos essa confirmação então todos estão espalhados pela cidade e temos que lidar com isso.
De repente Bella percebeu á velocidade em que Edward dirigia; séria pediu.
– Poderia ir um pouco mais devagar, por favor. As pessoas não têm culpa de nossos problemas.
Depois de reduzir, sem nada dizer sobre seu último comentário, Edward se manteve em silêncio por
alguns minutos. Quando já cruzam o túnel Lincoln para voltar á Manhattan, concordou.
– Sei que não há nada satisfatório em toda essa história e não a considero mordaz por desejar que
Zafrina e James estejam mortos, pois penso da mesma forma. – depois de passar uma das mãos pelo
cabelo, acrescentou. – Desculpe-me pelo destempero é que você... me tira do sério! Já lhe pedi uma
centena de vezes para não se colocar em perigo e mesmo assim ainda insiste em acreditar que possa
lutar.
– Insisto porque sei que posso; tenho mais força que vocês e Zafrina deixou nessa carta que Aro não
tem chances contra mim.
Edward não retrucou; não poderia, sua garganta estava travada de ódio extremo. Se tivesse a chance
de colocar as mãos em Zafrina ele mesmo a transformaria em cinzas por ter escrito tal disparate e o
destinado á Isabella. Sabia que poderia haver vários significados em suas palavras e não única e
exclusivamente que sua noiva tivesse o poder real de eliminar seu desafeto. E entre as
possibilidades a que mais lhe alarmava era o fato de sua vampira ser realmente uma irmã de marcas
como debochadamente comentou. Aro tinha um dragão em seu corpo e Edward sentia o peito
afundar só em imaginar o que isso poderia significar para eles; haveria uma alma dividida em três?
Havia mais, o vampiro sabia. Muito mais á ser dito e esclarecido, mas como sempre Zafrina contava
sem muito dizer ou se comprometer. Era evidente que aquela sua mania de usar humanos era uma
tentativa ineficaz de tentar burlar a vigilância de seu líder. Agora tinha certeza que ela já havia sido
descoberta, pois pediu para Isabella não a delatar uma segunda vez provando que Senna já havia
mantido algum contato com ela, a dúvida era quando havia sido tal encontro. E se o incêndio no
apartamento de James havia sido por aquele motivo.
– Vamos nos alimentar agora? – Bella perguntou tirando-lhe dos pensamentos.
– Vamos. – Edward confirmou. – E depois vamos voltar para a cobertura. Acho que Alice também
tem que saber o que descobriu.
Ainda havia aquele ciúme para administrar. Edward não conseguia entender a reconciliação entre as
duas, mas não poderia manter Isabella para si indefinidamente, pensou novamente acelerando o
carro. E de toda forma queria que a amiga lhe ajudasse á colocar algum juízo na mente voluntariosa
de Isabella. Quando pouco mais de uma hora depois – saciados – Edward cruzou a porta de seu
apartamento puxando sua noiva firmemente pela mão, ele descobriu sua secretária na sala de TV.
– Vocês demoraram. – ela comentou desligando a grande televisão fixada á parede. – Estava
começando á ficar preocupada.
– Desculpe-nos Alice. – disse a vampira livrando sua mão do aperto possessivo de Edward para
aproximar-se.
– Não foi conosco por vontade própria. – ele retrucou ácido por sua noiva se desvencilhar dele tão
prontamente antes de sair da sala e rumar para a principal onde se serviu de uísque.
– O que ele tem? – Alice perguntou á Bella quando as duas o seguiam.
– Complicado explicar... – a jovem vampira murmurou vagamente.
Ao chegar á sala, perguntou á Edward.
– Vai mostrar á Alice?
Sem responder-lhe, o vampiro foi até a amiga e lhe entregou o envelope que havia mantido consigo.
– O que é isso? – ela indagou já abrindo o envelope.
– Uma carta de Zafrina.
Após respondê-la, Bella lhe explicou rapidamente como havia chegado á ela. Curiosa,
imediatamente a amiga correu os olhos experientes ao longo da folha de papel antes de encará-los
com as sobrancelhas unidas.
– Acreditam nisso?
– Sim. – disse Bella.
– Não. – a voz de Edward sobressaiu-se á dela.
– Até nisso discordam?! – Alice inquiriu incrédula. – Não sei por que ainda me surpreendo.
– Edward não acredita que possa ser destruído caso mate Aro. – Bella comentou séria.
– Realmente não acredito e se ele também não fosse supersticioso nada disso estaria acontecendo,
pois já teria vindo me enfrentar de uma vez por todas.
– E talvez á essa altura nenhum dos dois estivesse aqui. – Bella falou rispidamente. – Zafrina
disse...
– Sinceramente eu preferia a fase em que você fervilhava á simples menção do nome dela... –
Edward a cortou. – Não confiava em Zafrina há menos de vinte e quatro horas e agora tudo que leu
nessa carta passou a ser a verdade absoluta.
– Porque faz sentido. – Bella replicou. – Ela não se daria á todo esse trabalho por nada. Eu poderia
nem ter encontrado a pista que ela indiretamente plantou então ela confiou em mim... Acho que
nesse caso devo retribuir a confiança.
– Desculpe-me Edward, mas Bella tem razão. – Alice interveio em favor da amiga. – Acho que
deveria deixar de ser cético.
– Obrigada! Estou dizendo isso praticamente a noite inteira! – Bella exclamou derrotada. – Mas é
difícil convencê-lo.
– Com essa carta Zafrina apenas confirmou o que já sabíamos; que Aro é um ladrão de vidas
alheias... E um covarde, pois poderia ter enfrentado esse Marcus ao invés de fugir... Se foi homem o
suficiente para roubar-lhe a mulher deveria sê-lo também para enfrentar sua sina.
– Acho que ao contar essas coisas Zafrina quis apenas que vocês soubessem um pouco da vida de
Aro, mas o principal é mesmo esse lance das marcas, por isso ainda concordo com a Bella... Todos
nós deveríamos acreditar na possibilidade. – Alice opinou séria.
Edward deu um grande gole em seu uísque antes de dizer cansado.
– Certo!... Já que está do lado de Isabella não vou tentar fazê-las mudar de ideia. Preciso pensar á
respeito... São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Tenho certeza que Aro está de volta,
Jasper se foi... Zafrina e James podem estar mortos e agora Emmett também voltou depois de ir
atrás de alguém que matei...
Poderia acrescentar o ciclo de desavenças no qual estava envolvido com Isabella desde a manhã e
que de longe era sua pior perturbação, mas não tocaria mais naquele assunto enquanto pudesse
evitá-lo. Não desejava afastá-la ainda mais. Bastava a proximidade entre sua noiva e Alice que o
incomodava, tornando-o descrente e leviano quanto ao que descobriram. Como comentou, precisava
pensar; deitar e ordenar os acontecimentos para tentar achar um padrão no comportamento de
Zafrina. Depois de terminar a bebida, como nenhuma das duas nada dissesse, ele se voltou á Alice e
perguntou.
– Jasper não entrou em contato?
– Não. – ela disse encarando-o. – Começo á achar que ele não voltará tão cedo como você acreditou
que aconteceria.
– Também receio ter me enganado. – disse sem entonação especial. – Mas ainda quero crer que ele
está somente esfriando a cabeça antes de voltar para socar-me se assim achar necessário.
– Eu preferia que ele o tivesse socado antes mesmo de partir, talvez assim não tivesse ido. – Alice
retrucou subitamente embargada.
– Não fique assim... – Isabella se acercou da amiga para abraçá-la, quando esta pousou a cabeça em
seu ombro ela passou a acariciar seus cabelos antes de dizer em voz baixa e reconfortante. – Ele vai
voltar Alice, eu acredito!
Edward assistia a cena com uma leve pontada em seu coração; não era justo.
– Eu também preferia Alice. E acredite, sequer reagiria. Agora se me dão licença... – disse sombrio.
Sem esperar resposta correu escada acima. Parou apenas em seu banheiro, em frente ao espelho
sobre a bancada do lavatório. Não gostou da imagem que tinha diante de si; sozinho, sem Isabella.
Instintivamente desceu os olhos para o mármore e então correu os dedos pelas fissuras feitas pelas
unhas da vampira. Mais uma vez seu coração quicou no peito. Não gostava da distância, não
gostava de dividi-la nem mesmo com sua amiga abandonada. Isabella era sua e de mais ninguém.
Era insana sua dependência, mas pouco lhe importava. Queria-a inteira ao seu lado como se fosse
uma extensão de si mesmo.
Exausto e enciumado, Edward retirou suas roupas e as jogou no cesto antes de entrar sob o jato
d’água de seu chuveiro. Deixou que os pingos velozes e potentes batessem em sua cabeça desejando
que eles tivessem o poder de levar suas aflições pelo ralo. Contudo não aconteceria; estava em
processo de acumulo de inquietações, não de dispersá-las com algo tão comum como a água. Longe
de se sentir relaxado, o vampiro finalizou seu banho e seguiu para o quarto enquanto se secava.
Isabella ainda não havia subido. Deixando a toalha aos pés da cama, vestiu uma calça preta de seu
pijama de seda e rumou para a imensa janela.
A noite ainda estava cinzenta, com nuvens cor de chumbo, ameaçando chuva. O vampiro não sabia
se agradecia ou lamentava a mudança do tempo. Talvez não fosse o caso de ter alguma preferência
quando tudo era relativo. Não importava se chovesse, pois não havia rastros á seguir nem estava
tentando se esconder. Cada vez mais Edward desejava que toda aquela história tivesse um fim.
Agora que sabia sobre o dragão sobre a pele de Aro o queria morto tanto quanto desejou a morte do
rábula asqueroso. Ainda preso em seu ciúme, agora com sabor de desconhecido, o vampiro cerrou
os punhos sentindo uma vontade incontrolável de bater em alguém.
Edward obrigou-se a controlar sua fúria quando o vidro á sua frente trepidou ruidosamente.
Estilhaçar a janela a quarenta e cinco andares acima do solo não seria agradável, isso sem contar o
processo que teria que responder por ser o dono da cobertura caso ferisse ou matasse alguém. Aro
simplesmente não valia o transtorno. Nenhum deles valia, Edward pensou enraivecido. Somente
teria paz quando todos estivessem mortos ou bem longe de sua cidade. E também quando Jasper
estivesse de volta na segurança de seu apartamento e na companhia de sua esposa. Talvez quando
todas essas coisas acontecessem conseguisse mais do que apenas dias de tranquilidade junto á
Isabella; Isabella que ainda não havia voltado.
Contrafeito, Edward rumou para sua cama irritantemente espaçosa e fria. Deitou por cima dos
lençóis e depois de cruzar os braços sob a cabeça mirou o teto. Naquele momento se deu conta que
nem ao menos havia acendido a luz. Estava de tal forma habituado à escuridão que não percebia
quando perambulava em meio ás trevas. Com um suspiro profundo, fechou os olhos e tentou
conciliar o sono; que não veio. Assim como Isabella não vinha nunca. Cogitava voltar á sala para
ordenar que as duas fossem dormir – como os pais costumavam fazer com seus filhos – quando
ouviu a porta ser aberta e fechada logo em seguida, cautelosamente.
Assim como ele, sua noiva não precisava de muita luminosidade para se locomover, talvez por esse
motivo não tenha acendido á luz. Edward podia apenas ver-lhe a silhueta a vagar pelo quarto depois
de retirar as botas e escolher a camisola que usaria – e que ele não teria permissão de retirar. Talvez
por acreditar que estivesse dormindo trocou-se onde estava presenteando-o com os contornos de seu
corpo curvilíneo. O vampiro prendeu a respiração e se manteve em seu lugar ás custas de boa dose
de autocontrole. Depois de descer o tecido diáfano e mal ocultar sua pele, ela seguiu até o banheiro.
Edward pode ouvir que ela abriu a torneira da pia; talvez lavasse as mãos e o rosto, a boca. Não
sabia. Tudo que o vampiro conseguia pensar era que em breve ela se deitaria ao seu lado e dessa vez
não o tocaria. Quando Isabella deixou o cômodo e seguiu seus passos indo se colocar junto á parede
de vidro, Edward estava no seu limite. A bruxa o estava provocando, somente isso explicaria que
permanecesse onde a luminosidade da noite pudesse revelar seu corpo através da camisola que
escolheu. Enquanto o desejo o consumia, oscilava entre a falta que sentia dela, o amor e o
ressentimento por Alice receber uma atenção que deveria ser sua.
– Temos uma vista incrível daqui, não? – ela comentou num sussurro intimista, porém Edward
soube que ela se dirigia á ele.
O tom leve e despretensioso – destoante da conversa recente – o confundiu. Isabella parecia absorta
e não provocativa. Intrigado com a mudança de humor e na dúvida se sua noiva sempre soube que
esteve acordado todo o tempo ou se havia descoberto á pouco; denunciado por seu coração
descompassado, ele deixou a cama e foi até ela. Seguiu sem pressa, medindo seus passos e sentindo
o quanto ela deixaria que se aproximasse. Depois de se colocar exatamente ás suas costas, sem tocá-
la, respondeu roucamente cheirando-lhe o cabelo discretamente.
– Tenho a melhor vista daqui.
Depois de um suspiro, ela indagou sem desprender o olhar da cidade iluminada aos seus pés.
– Como será estar lá amanhã?
– Não saberia lhe dizer. – disse sinceramente. – E de verdade ainda não quero pensar sobre isso,
pois somente chego á conclusão de que será o dia de minha provação.
Seria o dela também, Bella tinha certeza. Mesmo que Alice a tivesse tranqüilizado minutos atrás.
– Será ruim para mim também, mas entenderia se eu dissesse que estou ansiosa para que chegue?
– Sabe que desisti de entendê-la. – Edward retrucou ligeiramente ríspido, ressentido por ela declarar
estar ansiosa por deixá-lo na mesma frase que afirmou ser ruim separar-se dele.
– Amanhã é o primeiro dia oficial em minha nova vida. Entendo o que está em jogo e não queria
deixá-lo, mas terei que arriscar. Estou ansiosa para voltar ao trabalho, ocupar minha mente como
você e Alice. E tentar esquecer toda essa loucura, mesmo que por poucos minutos.
Entendendo a colocação e animado com a declaração, Edward aproximou-se mais; precisava
mesmo senti-la.
– Queria que fosse diferente. – ele disse sinceramente antes de perguntar com os lábios roçando
levemente os cabelos de sua noiva. – E como está Alice?
– Deixei-a dormindo. – ela respondeu roucamente; seu corpo a traindo.
– Isso é bom! – Edward exclamou afundando o nariz entre os fios macios, sem se importar com os
riscos; seu perfume lhe indicava que ela também o queria.
– Edward, por favor... – a vampira pediu com voz incerta.
Fazendo-se de desentendido, ele segurou-lhe as pontas do cabelo e as rolou em seus dedos;
precisava senti-la mesmo que minimamente.
– O que estou fazendo?
Torturando-a, Bella pensou fechando os olhos. Cada pequeno gesto de Edward a enfraquecia e
agora, depois de sua descrença e com Alice no quarto ao lado, precisava ser ainda mais forte.
Depois de engolir em seco, pois a proximidade perturbadora que a excitava dolorosamente roubava-
lhe até mesmo a voz, a vampira respondeu num murmúrio.
– Está invadindo meu espaço.
Sem dar-lhe importância, Edward deslizou dois dedos levemente pela curta do pescoço delgado
fazendo com que várias descargas elétricas corressem por seu corpo traidor antes de ordenar
pausadamente junto ao seu ouvido.
– Então... Expulse-me.
– Edward, por favor... – ela pediu com voz trêmula.
– Sinto saudade Isabella. – ele falou eliminando a distância ao se moldar em suas costas depois de
correr as mãos espalmadas por seu ventre. – Estou no inferno por não poder tocá-la.
– Você disse que respeitaria... – ela o lembrou num sussurro.
– Quando concordei com tal absurdo não sabia que seria provocado; toda ação gera uma reação. –
retrucou ainda junto ao seu ouvido desenhando pequenos círculos com os dedos longos e
experientes sobre a camisola de fino cetim.
– Não o provoquei. – ela se defendeu. – Por favor, Edward... Pare com isso...
– Provoca-me por existir Isabella. E como se não bastasse, hoje cobriu seus lábios com aquela cor
pecaminosa quando eu não poderia tirá-la... Trocou-se na minha presença sabendo que eu nada
poderia fazer... E agora desfila pelo quarto com esse pano invisível sobre seu corpo e vem se
colocar aqui, onde posso ver claramente tudo que me nega... Se isso não é provocação, nomeie o
que é senhorita Swan.
Bella sabia que poderia argumentar quanto ás duas últimas acusações, mas as palavras
simplesmente lhe fugiam enquanto seu corpo cada vez mais sugestionado lhe traía. Precisava ser
forte.
– Acreditei que estivesse dormindo.
– Não estava e para piorar minha estada no inferno, agora esse seu cheiro de fêmea me faz precisar
de você mais do que antes. – ao terminar a frase o vampiro a prendeu firmemente contra seu quadril
para que sentisse sua excitação. – Vê?
– Edward não...
– Considere uma trégua. – ele pediu capturando-lhe o lóbulo da orelha para mordê-la levemente. –
Até as grandes guerras as têm... Podemos tentar um acordo de paz o que me diz?
– Edward... – ela chiou entre os dentes, incapaz de ser coerente.
– Considerarei um sim!
Dito isso a virou rapidamente e prendeu-a pelo rosto para aprisionar-lhe os lábios entre os seus. O
beijo do vampiro era urgente e esmagador. Bella pôde prevê-lo, mas não teve como impedi-lo. Na
verdade descobriu que esperou por ele o dia inteiro. Aquela atitude era a mais condizente com seu
noivo do que o respeito ao seu limite imposto. A droga toda é que não poderia ceder, a vampira
pegou-se em seu único fio de raciocínio. Como se não bastasse a altivez do vampiro diante de suas
ações, havia sua segurança que estava em jogo. Morrendo lentamente consumida pelas chamas que
tomavam seu corpo Bella se deixou beijar, inerte, até que tivesse forças para pará-lo. Como se
adivinhasse sua intenção, Edward capturou-lhe a língua e a atou á sua em uma dança invasiva e
languida. Bella retribuiu ao beijo sentindo que deveria agir, pois em breve sua determinação se
deterioraria. Ainda sendo resistente, não se moveu.
– Abrace-me. – Edward pediu em um gemido ainda a beijando.
Se o atendesse seria seu fim. Doce, desejado, mas ainda assim inoportuno fim. Juntando toda a
força que se permitiria usar contra ele, a vampira correu as mãos por seu peito forte e tentou afastá-
lo. Antes que percebesse se tratar de um distanciamento, Edward gemeu ao seu toque e tentou
abraçá-la fortemente obrigando-a á exercer maior firmeza. Imediatamente Edward interrompeu o
beijo para encará-la com os olhos verdes negros de desejo.
– Por quê? – perguntou roucamente.
– Sabe por que Edward. – Bella sussurrou com seu coração fundo no peito. – Alice está no quarto
ao lado.
Sem entender sua intenção, o vampiro aspirou profundamente e a tomou pela mão.
– Venha. Vamos sair daqui... Não haverá problemas se passarmos essa noite no Plaza. Seria
interessante... Consigo a melhor suíte e...
– Não podemos sair... – ela lamentou.
– Então descemos até meu escritório, venha!
Mortificada por ter que acabar com seu súbito entusiasmo, Bella estacou e desprendeu sua mão
rapidamente. Apesar da penumbra no quarto, ela pôde ver claramente a confusão nos olhos
inquiridores. Antes que Edward perguntasse, explicou em voz baixa e pausada.
– O problema não é que ela possa nos ouvir, Edward...
– Então qual é? – ele perguntou duramente; toda confusão e alegria deixando seus olhos,
consumindo-a.
– Não pode mesmo estar pensando em deixá-la sozinha. – disse num murmúrio incrédulo. – Não
depois do que fez... Não pode ser assim tão insensível.
– Acaso é insensibilidade desejar fazer as pazes com você? – ele sibilou.
– Não distorça minhas palavras senhor advogado! – ela pediu gentilmente, não queria brigar. – Sabe
muito bem á que me refiro, não podemos ficar aqui como se nada tivesse acontecido e muito menos
deixá-la sozinha.
Após um expirar e aspirar profundamente demorado, Edward perguntou sério.
– Há dois advogados nesse quarto, não?... E pelo jeito Alice está bem representada. Já que minha
sorte está atada á de sua cliente e não podemos esquecer o que aconteceu o que a nobre colega me
sugere?
Foi a vez de Bella respirar profundamente enquanto sustentava-lhe o olhar enraivecido.
Primeiramente desejava que ele não fosse tão cabeça dura e descrente quanto á própria destruição
caso se batesse contra Aro. Desejava também que ele não fosse tão egoísta e verdadeiramente
indiferente ao drama de uma amiga que ele alegava amar como á uma irmã, mas não entraria no
mérito daquelas questões. Era tarde e a vampira realmente estava cansada de brigas, pois também
sentia sua falta. Além de tudo, Edward estava enganado. Ela não era tão boa advogada assim; afinal
– mesmo não concordando com sua postura – se ele não se mostrasse tão disposto á matar seu rival,
aceitaria a trégua. Infelizmente não poderia então sussurrou.
– Sugiro que volte para a cama e durma. Acho que vou ficar com Alice ao menos essa noite, será
melhor para nós dois.
Bella se arrependeu de sua sugestão no segundo que ouviu o ronco baixo crescendo no fundo da
garganta de Edward.
– Não se atreva. – ele rosnou entre dentes.
Enquanto sua própria irritação aflorava, Bella se perguntou por que Edward tinha que ser tão
controlador. Não desejava discutir com ele, mas o vampiro simplesmente não colaborava.
– Quando vai entender que o mundo não gira ao seu redor? Alice...
– Alice está dormindo! – ele sibilou. – Pode voltar a pastorá-la pela manhã, mas não irá dormir
longe de mim. Nem hoje nem nunca.
– Acho que não é você quem decide... – ela retrucou sem se importar com seu tom enfurecido,
caminhando para a porta. – Boa noite Edward!
O vampiro não fez qualquer movimento para detê-la então, confiante que ele respeitaria sua
decisão, ela girou a maçaneta. Nada aconteceu. Bella despendeu maior força sem que a porta
abrisse. Somente então percebeu que o ar á sua volta estava denso; tenso. Edward.
– Está travando a porta?
– Quem decide afinal? – ele perguntou entre dentes indicando a força que utilizava para bloquear-
lhe a saída.
Sem nada dizer, Bella apenas bufou exasperada e marchou para a cama. Depois de deitar, cobriu-se
inteiramente com a colcha leve e se virou para que Edward ficasse ás suas costas quando viesse
juntar-se á ela. Sabia que deveria ficar furiosa com ele, mas apesar da leve irritação por ser mantida
cativa, não conseguia detestá-lo. Edward, assim como ela, sofria com aquela situação então não
deveria tê-lo levado ao limite. Não era sua intenção aborrecê-lo e se trilhasse por aquele caminho
somente criaria maiores atritos.
Quando o ar normalizou á sua volta, ela soube que Edward estava sob controle. Tão logo o vampiro
se deitou ao seu lado, Bella se retesou e fechou os olhos fortemente. Era uma fraca rendida, pensou
decepcionada consigo mesma quando seu noivo escorregou para baixo da colcha. Sabia que se ele a
tocasse depois daquela demonstração de força e possessividade não seria capaz de resistir-lhe.
Contudo Edward não á tocou. Ela pode apenas sentir seu movimento até que se acomodasse e então
a quietude completa. Após alguns minutos a vampira se permitiu relaxar, mesmo acreditando que
não dormiria; todavia era preciso descansar. Todos precisavam que estivesse pronta.
Enquanto novamente mirava o teto de seu quarto, Edward tentava acalmar seu corpo e seu coração.
Definitivamente Isabella era sua perdição. Nem mesmo em sua raiva momentânea após a rejeição e
a ameaça de trocá-lo por Alice, não deixava de desejá-la. Ter provado sua boca não aplacou a falta
que sentia dela. Agora com sua noiva ao seu lado, á lhe dar as costas, sabia que nem mesmo se
tivesse conseguido domá-la em um momento de trégua seria suficiente. Precisava de sua vampira
inteira como a teve nos últimos dias; amante e cúmplice. Não simplesmente rendida.
E a queria perto, pensou olhando para seus cabelos castanhos espalhados sobre o travesseiro ao seu
lado. Se em seus sonhos mais delirantes tivesse previsto que um convite ébrio e mal ponderado o
levaria àquela situação, jamais teria chamado Alice á partilhar sua cama. Poderia ter estraçalhado
Maureen; bebido todo seu sangue enquanto a tomasse na tentativa de esquecer Isabella, mas não
devia ter assediado sua amiga. E acima de tudo não deteria ter faltado ao respeito com Jasper.
Odiava admitir, mas Isabella tinha razão; não poderiam proclamar seu amor ali ou em qualquer
lugar quando duas pessoas queridas sofriam por sua culpa.
Por que tinha que ser tão difícil pedir perdão, o vampiro pensou contrafeito. Se fosse capaz de
afastar-se de Isabella iria até Alice. Contudo não conseguia se mover, como aconteceu no
apartamento da jovem, Edward sentia que se a deixasse por um único segundo perdê-la-ia. Era
preciso vigiá-la e aproveitar aquela proximidade que sua cama – grande demais – lhe trazia.
Conformado com sua sorte, o vampiro se moveu minimamente e pegou uma mecha de cabelo entre
os dedos. Levava-o ao nariz quando a vampira se moveu. Imediatamente ele liberou os fios e se
preparou para uma nova reprimenda; que não veio.
Sua vampira apenas se virou, ficando de frente para ele, sem abrir os olhos. Isabella havia dormido.
Com o coração aos saltos pelo susto e pelo sopro de expectativa, Edward se moveu mais uma vez
de forma imperceptível em direção á ela. Sua intenção era trazê-la para si, mas subitamente foi
assaltado pelo temor de ser descoberto. Isabella era uma vampira agora e não poderia mais tratá-la
como nos dias que lhe invadia o apartamento em East Side.
Sorrindo tristemente pela ambiguidade de seu comportamento, Edward novamente se manteve
imóvel. Definitivamente seu amor o confundia e limitava; em um minuto era o senhor absoluto para
no segundo seguinte temer a fúria de sua vampira. Poderia ser incrivelmente forte; esbravejar,
soprar e quebrar janelas, no final de suas explosões Isabella era que detinha o comando; apenas não
havia se dado conta do fato. Edward ainda tinha o sorriso triste e agora resignado em seu rosto
quando a vampira se moveu novamente. Dessa vez correu a mão pelo espaço mínimo entre seus
corpos até encontrá-lo e subi-la para seu peito.
Imediatamente Edward se retesou e prendeu a respiração. Não precisava agir como nas primeiras
noites com ela; Isabella se encarregaria em manter o padrão, pensou expectante. Como prova, tão
logo terminou de tatear seus pelos, ela se aproximou até estender todo seu corpo junto ao dele e
pousou a cabeça sobre seu peito. O vampiro refreou toda a paixão que o gesto inconsciente lhe
despertou e a abraçou ternamente, permitindo-se afundar o nariz em seus cabelos para ter sua cota
da droga preferida.
– Eu queria contar...
Bella murmurou junto ao corpo de Edward, em um tom quase inaudível, causando-lhe arrepios com
seu hálito fresco. Isabella ainda falava em seu sono e ao que tudo indicava, a omissão que o
incomodava, tinha o mesmo efeito sobre ela. Finalmente saberia; depois de engolir em seco, o
vampiro arriscou.
– Contar o que meu amor?
– Sobre Emmett, mas Edward não deve saber...
O vampiro sentiu seu corpo enregelar ao ouvir o último nome que poderia imaginar sair pelos lábios
de sua noiva adormecida. Imediatamente a imagem da troca de olhares no escritório de seu sócio
lhe veio á mente liberando o mais puro e corrosivo ciúme. Quando falou sua voz veio em meio ao
ronco contido em seu peito.
– O que Edward não pode saber sobre Emmett?
– Que ele... Que eu... – silêncio.
– Que Emmett e você o que Isabella? – Edward perguntou ansiosamente.
O silêncio foi novamente sua resposta; sua noiva omissa não lhe daria nada mais. Foi preciso boa
dose de autocontrole e certa boa vontade para não acordá-la e obrigá-la á contar o que acontecia
entre ela e Emmett. Alguma coisa se passava entre eles, estava claro, mas o que poderia ser Edward
perguntou-se á beira do desespero. Logo vasculhava em sua memória á procura de possíveis
encontros ou conversas que pudessem ter comum. Não bastava ter se livrado do rábula infernal ou
que descobrisse outro com um dragão igual ao dela; agora teria que lidar com alguma espécie de
interesse por seu sócio recém chegado. O vampiro simplesmente não suportaria.
****************************************************************************
Bom, algumas de vcs já leram, outras não... então vale nova propaganda...
Escrevi uma one-shot para um concurso, mas desisti de concorrer então postei aqui... quem quiser
conferir é só clicar no nome:
Encontro Final

Notas finais do capítulo


Bom... É isso por hoje... Zafrina contou um pouco da vida de Aro e revelou o medo que o
vampiro rival tem da maldição da marca... Agora é ver se o vampirão acredita, senão
complica...
Ahh... e quanto a linha dura da vampira, vale lembrar que eles ainda estão no msm dia...
a greve só dura horas, então vampirão sobrevive... =)
Enfim, espero que tenham gostado... Me contem...
Agora vamos ao spoiler:
Bella riu novamente com a lembrança enquanto analisava seu rosto no espelho; ainda
tentando acalmar o coração. Ato contínuo a vampira ficou séria ao recordar das palavras
seguintes de sua amiga.
Ah... Já ia me esquecendo... Emmett ligou para avisar que não virá amanhã ao escritório.
Disse que ficaria resolvendo algumas coisas em seu apartamento. Só virá na terça.
Ao ouvir o nome todos os pelos de Bella se eriçaram.
O que mais ele disse? perguntou.
Depois de dar o recado perguntou por Jasper e então por Edward e você, mas eu disse
apenas que todos haviam saído para caçar.
Acredita que ele não virá? Bella indagou despretensiosamente.
Se disse que não vem, não vem mesmo. Emmett costuma fazer isso ás vezes, por isso
Edward nunca lhe dá casos importantes... Ele não se dedica á nossa farsa, entende?... É
brincalhão e debochado demais. Se fosse fazer uma comparação aproximada diria que ás
vezes ele se parece com uma criança grande.
Uma criança grande e dissimulada com mais de dois mil anos de idade, pensou
preocupada e culpada por não dividir as informações que ocultava nem mesmo com
Alice.
Entendo.
Ao se calar Bella olhou para a amiga como se tentasse desvendar o que mais ela poderia
ter dito ao inimigo sem saber. Não tinha como adivinhar e deveria confiar que fosse
somente o que comentou com ela. De toda forma, fora o sumiço de Jasper que àquela
altura já era do conhecimento de Aro, a amiga não sabia de nada relevante que pudesse
lhe ser útil. Cansada, considerando suas descobertas um fardo pesado demais para
suportar sozinha e entristecida por ter que se manter longe de Edward, ela se pôs de pé e
estendeu a mão á Alice.
Vamos subir?
bjus, até o próximo...
(Cap. 81) Capítulo 18 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Amores, me desculpem não trazer ontem... A postagem terminou mega tarde e eu
estava já no limite...
Bom, mas aqui está o capítulo, espero que gostem!
Obrigada pelos reviews, demorei, mas respondi á todos... =)
Agora vamos ao vampirão... BOA LEITURA!

Sem conseguir conciliar o sono, Edward atravessou a noite em sua totalidade enervante. Depois de
correr por todas suas lembranças á procura de possíveis encontros entre Isabella e seu sócio, chegou
á conclusão que eles simplesmente não aconteceram. Com exceção á noite do baile de Halloween e
o breve instante em que Emmett invadiu sua sala durante a briga com Paul, eles jamais estiveram
juntos. Se havia algum interesse – e Deus ou o diabo a livrasse de senti-lo – havia começado
recentemente. Com o acréscimo em seu tormento, Edward havia voltado ao zero, pois Isabella não
tentou lhe contar o que lhe escondia e sim, o que a perturbava desde o encontro da tarde anterior.
Precisava saber o que se passava com sua noiva, mas não atinava como obrigá-la á contar sem que
se valesse de indução. Ainda não sabia se estava preparado para quebrar sua promessa e talvez
piorar ainda mais o momento delicado no qual viviam. Justamente por não ter certeza de como agir,
o vampiro se deixou ficar sob sua noiva a noite inteira, prisioneiro de seu ciúme desmedido e desejo
aniquilador. Quando a manhã o encontrou, havia decidido que lhe daria espaço, porém observado.
Qualquer movimento favorável em direção ao seu sócio seria flagrado por ele, então estaria em seu
direito de interrogá-la da forma que mais lhe aprouvesse.
Foi com o peito oprimido que Edward a sentiu se mover sobre si logo na primeira hora da manhã.
Isabella despertou lentamente e pelo acelerar gradativo de seu coração, o vampiro soube que a
proximidade inesperada a perturbava; não pôde evitar que o seu próprio acompanhasse o ritmo
perturbador. Ansioso por não ter como prever a reação feminina, Edward esperou imóvel até que
Isabella se movesse. Após alguns minutos, a vampira abriu os olhos lentamente. Constrangida,
mirou o peito que lhe serviu de apoio durante toda a noite antes de encará-lo.
– Bom dia Isabella! – Edward disse roucamente.
Antes de responder-lhe ela se afastou rapidamente para se ajoelhar aos pés da cama, cruzando os
braços na tentativa inútil de ocultar as formas que o tecido fino da camisola branca revelava.
– Bom dia! – disse receosa, então pediu indicando os dois. – Desculpe-me por isso.
– Está se desculpando por ter dormido abraçada á mim? – indagou franzindo o cenho.
– Acho que sim... – ela murmurou incerta. – Não foi minha intenção.
– Sei que não foi. – Edward retrucou secamente, mirando-a com os olhos em finas fendas. – Afinal
não quer que eu a toque.
Correndo as mãos pelos cabelos ela falou em tom de desculpas.
– Não complique Edward... Sabe o que eu quis dizer.
– Não Isabella, na verdade não sei e no momento tenho receio de distorcer suas palavras. – disse se
movendo lentamente enquanto engatinhar até ela; quando estava diante de sua noiva visivelmente
alarmada, pediu. – Diga-me com clareza o que quis dizer.
Depois de um pigarro, Isabella saltou para longe.
– Apenas não quero que me acuse de provocá-lo... Bom... Não temos tempo para discussões agora
Edward. Se me der licença eu...
Irrequieta e sem terminar a frase, Bella se refugiou no banheiro. Precisava de ar como se ele lhe
fosse estritamente necessário. Alarmada, percebeu que não conseguiria fugir por muito mais tempo.
Estava claro que seu corpo já havia feito sua escolha e decidiu por se render ao vampiro. Tudo
ficava ainda pior quando ele a espreitava, cercando-a rastejante como um felino faminto; ela
também tinha fome. Recostando-se contra a porta, ela colocou as mãos sobre o coração na tentativa
de acalmá-lo.
Mal pôde crer que tivesse acordado sobre Edward quando se lembrava claramente de ter se mantido
de costas até que dormisse. A força imantada que a atraia ao vampiro era poderosa demais, não
conseguiria evitá-lo por muito mais tempo; sabia disso desde a noite anterior. Bastou que ele subisse
a escada para se dar conta de que, mesmo brigados, dividiriam a mesma cama. A vampira ainda
ficou á olhar o ponto exato onde Edward desapareceu com um aperto no peito. Toda aquela situação
estava se tornando insustentável. Desejava que Jasper aparecesse o quanto antes, assim como
desejava poder contar o que a afligia, colocando ponto final naquela medição de força desgastante e
separadora.
– Vá com ele Bella. – Alice incentivou, afastando-se. – Sinto que o clima ainda não é nada bom
entre vocês... Pensei que depois de nossa conversa você o entenderia.
– E entendi. – Bella disse indo se sentar no sofá. – Mas ainda não posso dizer isso á ele. É
complicado explicar.
– Tente. – Alice pediu indo se sentar ao seu lado. – Sei que vocês nunca tiveram um relacionamento
fácil, mas agora está esquisito demais... A tensão é palpável, então me explique. Quem sabe não
possa ajudar.
– Somente Edward ou eu podemos resolver, desculpe-me. – pediu encolhendo os ombros e a
encarando receosamente.
– Você quem sabe. – a amiga retrucou dando de ombros, depois, talvez na tentativa de distraí-la,
comentou. – Na verdade até agradeço que seja assim, caso contrário não sobraria nada desse
apartamento. Hoje recolhi cacos de vidro detrás desse sofá e vi que a borda da piscina está
danificada.
Bella sorriu levemente; triste.
– Acidentes.
– Claro! – Alice exclamou revirando os olhos.
Bella sorriu novamente com a lembrança enquanto analisava seu rosto no espelho; ainda tentando
acalmar o coração. Ato contínuo a vampira ficou séria ao recordar das palavras seguintes de sua
amiga.
– Ah... Já ia me esquecendo... Emmett ligou para avisar que não virá amanhã ao escritório. Disse
que ficaria resolvendo algumas coisas em seu apartamento. Só virá na terça.
Ao ouvir o nome todos os pelos de Bella se eriçaram.
– O que mais ele disse? – perguntou.
– Depois de dar o recado perguntou por Jasper e então por Edward e você, mas eu disse apenas que
todos haviam saído para caçar.
– Acredita que ele não virá? – Bella indagou despretensiosamente.
– Se disse que não vem, não vem mesmo. Emmett costuma fazer isso ás vezes, por isso Edward
nunca lhe dá casos importantes... Ele não se dedica á nossa farsa, entende?... É brincalhão e
debochado demais. Se fosse fazer uma comparação aproximada diria que ás vezes ele se parece com
uma criança grande.
Uma criança grande e dissimulada com mais de dois mil anos de idade, pensou preocupada e
culpada por não dividir as informações que ocultava nem mesmo com Alice.
– Entendo.
Ao se calar Bella olhou para a amiga como se tentasse desvendar o que mais ela poderia ter dito ao
inimigo sem saber. Não tinha como adivinhar e deveria confiar que fosse somente o que comentou
com ela. De toda forma, fora o sumiço de Jasper que àquela altura já era do conhecimento de Aro, a
amiga não sabia de nada relevante que pudesse lhe ser útil. Cansada, considerando suas descobertas
um fardo pesado demais para suportar sozinha e entristecida por ter que se manter longe de Edward,
ela se pôs de pé e estendeu a mão á Alice.
– Vamos subir?
– Acho que vou ficar aqui... Não conseguirei dormir de toda maneira.
– Fico com você até que durma, venha. Cuidou de mim uma vez, agora é minha chance de retribuir.
Sem nada dizer Alice levantou e se deixou ser conduzida até o quarto de hóspedes. Bella esperou
que a amiga se trocasse e então deitou ao seu lado. Ainda sem uma única palavra, Alice se
acomodou em seu ombro e chorou duas lágrimas sentidas. Enquanto a embalava para que Alice
dormisse, Bella se perguntava quando toda aquela confusão terminaria. A situação não era
insustentável apenas para ela; era para todos. Precisavam encontrar uma forma de vencer seus
inimigos, contudo a vampira não via como.
Depois de um suspiro, Bella se obrigou á focar no presente, afastou-se da bancada e se despiu.
Enquanto estava sob o chuveiro, pensou em Emmett. Com certeza o vampiro rival tinha muito ainda
á resolver em seu apartamento. Talvez já tivesse se livrado de Zafrina e agora estivesse lidando com
Senna que o desobedeceu em sua ausência. Ainda não tinha como saber se ele realmente não viria
ao NY Offices, mas agradecida o fato de conseguir ao menos algumas horas de descanso para toda a
tensão. Ainda mais no dia que em que iniciaria sua participação ativa na farsa.
Com Emmett fora do escritório poderia sair sem grandes sustos. Não confiaria cegamente em sua
palavra, mas se permitiria conceder-lhe o benefício da dúvida. Também deveria se pegar ao fato que
mesmo não desempenhando seu papel como o determinado Emmett não atacaria Edward enquanto
o edifício estivesse praticamente ocupado; se não fez até o presente momento, não o faria ainda.
Havia Senna, mas precisava crer que ela estava sob controle. Seria benéfico para sua sanidade e
segurança de Edward que ficassem separados por algumas horas. Talvez nesse meio tempo seu
noivo refletisse e acreditasse na maldição, liberando-a para contar o que sabia. Apegando-se àquele
sopro de esperança, a vampira se ocupou de finalizar seu banho.

Com o coração inquieto e o corpo ainda estimulado por tê-la espreitado sobre a cama, Edward a
assistiu seguir para o banheiro e trancar-se, indicando silenciosamente que desejava ficar sozinha.
Aquela porta jamais seria uma barreira entre eles, mas precisava manter sua palavra e sua maldita
resolução de dar-lhe espaço. Resignado por não ter nada que pudesse fazer quanto á sua noiva, saiu
da cama para finalmente ir até Alice. Aproveitaria a fuga covarde de Isabella para pedir desculpas á
amiga; desculpas sinceras daquela vez. Talvez nunca admitisse á sua noiva, mas reconhecia que
esteve sendo insensível, afinal conhecia a dor de ser deixado por quem se ama. Nunca deveria
minimizar o que Alice sentia.
Ao chegar diante da porta, respirou profundamente. Pedir desculpas era extremamente difícil para
ele. Quando acreditou estar preparado, deu dois leves toques na madeira; obteve silêncio. Sabia que
ela o havia escutado, ainda assim bateu mais duas vezes. Como a vampira não lhe respondesse
tomou a liberdade de entrar mesmo sem ser autorizado. Estranhou ao encontrar o cômodo vazio, a
cama arrumada, os móveis nus de qualquer objeto pessoal. Quando foi até o armário de roupas o fez
somente para confirmar o que já sabia; Alice havia partido. Sem pensar duas vezes, correu escada
abaixo e seguiu para seu escritório. Sua secretária insubordinada atendeu ao segundo toque de seu
celular.
– O que pensa que está fazendo? – Edward perguntou sério. – Volte imediatamente.
– Bom dia Edward. – ela disse calmamente.
– Bom dia uma ova, Alice. Volte!
– Desculpe-me Edward, mas não vejo a necessidade de ficar com vocês. Tenho dois apartamentos
onde posso ficar. Não se preocupe, sei me virar muito bem.
– Não é seguro Alice. – o vampiro retrucou cansado.
As mulheres de sua vida estavam decididas á enlouquecê-lo, aquela era a única explicação lógica,
pensou passando uma das mãos nervosamente pelos cabelos.
– Sinceramente estou cansada de tudo isso... – ela disse ainda em tom calmo – Sei dos riscos e estou
disposta á corrê-los.
Subitamente uma ideia lhe ocorreu, deixando-o apreensivo.
– Não está se arriscando por que Jasper se foi, não é? – também havia desejado a morte ao ser
deixado.
– Não sou suicida, Edward. Não vou me colocar em perigo deliberadamente caso seja isso que
esteja pensando... Só quero ficar no meu canto para lamber minhas feridas em paz e não ouvindo
duas pessoas que amo se desentender por minha causa. Saiba que nunca pedi que ela me
defendesse.
Maldita fosse a boa audição dos imortais, Edward pensou contrafeito. Como pôde acreditar que ela
não os ouviria. Não poderia culpá-la por desejar paz quando ele próprio a queria em sua vida.
– Escute Alice...
– Não Edward, escute você... Não sei o que fez, mas saiba que a bronca de Bella nada tem a ver
com o assunto da manhã passada. Conversei com ela como me pediu e sei que ela já entendeu,
então veja o que mais fez de errado e conserte. Esse não é o momento para brigas.
Aquilo era novidade, Edward pensou intrigado. Contudo fazia algum sentido visto que a própria
Isabella lhe garantiu que sua magoa já arrefecia. Sem contar que explicaria a amizade restabelecida
entre as duas. O problema era que, resolvido seu assedio, não havia motivos para Isabella tratá-lo da
forma que fazia. Mais uma vez o ciúme se instalou em seu peito. Obrigando-se á não ver fantasmas
onde talvez eles não existissem, Edward se conformou com a vontade da amiga por acreditar que
fosse melhor ficar afastada dele e de Isabella.
– Obrigado por me ajudar! – disse sinceramente. – E tudo bem se quer ficar em seu apartamento.
Não vou obrigá-la á voltar, mas prometa-me que realmente não irá se colocar em perigo.
– Prometo Edward. Agora vá cuidar de sua noiva e tente não ser você mesmo por algum tempo para
por fim a esse clima ruim... Como disse esse não é o momento para desavenças.
– Sei disso. – replicou irritando-se, afinal não havia feito nada mais. – Mas não creio que dependa
somente de mim... Ajudaria se Isabella também não fosse ela mesma por um tempo.
– À César o que é de César! – ela falou profética. – Agora preciso desligar. Depois nos falamos...
Vou tentar não me atrasar para chegar ao escritório, chefinho.
– Diga-me ao menos para onde foi. – pediu sério, sem achar graça alguma em nenhuma de suas
colocações bíblicas.
– Voltei para onde Jasper me deixou... Quero acreditar que havia um motivo para isso... Tchau
Edward.
– Tchau Alice.
Ao desligar ainda se encontrava contrafeito, mesmo que a entendesse. Logo se deu conta de que não
conseguiu se desculpar. Melhor assim, pensou. Odiava reconhecer seus erros, mas jamais o faria
sem olhar nos olhos dela; não era covarde. Resignado, Edward passou as duas mãos pelos cabelos
antes de voltar ao seu quarto. Isabella agora estava no banho. Sem que pudesse evitar, deixou o
assunto Alice para depois e foi se colocar á porta. Fechando os olhos recostou sua testa contra a
madeira e ficou á ouvir a água cair sobre o corpo de sua noiva, reavivando a falta que sentia dela e
potencializando o desejo de desvendar-lhe os segredos. Quando o som da água cessou, ele saiu de
junto da porta e foi até a grande janela. Isabella saiu em silêncio, decentemente enrolada na toalha
branca e sem olhá-lo foi até seu grande armário.
– Sairia um instante se eu lhe pedisse privacidade? – ela perguntou sem olhá-lo.
– Não. – respondeu lacônico.
Sem nada dizer, ela continuou a olhar suas roupas. O vampiro podia ouvir-lhe o coração; Isabella
estava tão abalada quanto ele próprio. Inquietava-o não saber se por sua recusa em deixá-la se trocar
em paz, por seu desejo perceptível ou pela expectativa de voltar ao jornal. Não lia mentes então
sabia apenas de sua inquietação; agora que Alice havia lhe dito a verdade, precisava descobrir o que
a mantinha distante antes que o ciúme nascido durante tagarelar incompleto em seu sono se tornasse
avassalador. Enquanto a via escolher as roupas íntimas que usaria, Edward disse á si mesmo que
talvez devesse induzi-la; poderia fazê-la esquecer, Isabella jamais saberia.
Antes que se decidisse, a ação seguinte de sua vampira lhe roubou a linha de raciocínio. Isabella
não fez nada novo. Já havia se refugiado longe de suas vistas para se trocar, mas vê-la juntar suas
roupas e desaparecer no cômodo ao lado – fugindo de sua presença pela segunda vez em menos de
meia hora – pareceu á Edward que a atitude seria o novo padrão. Simplesmente não suportaria ser
sempre deixado daquela maneira. Tão logo a jovem se trancou, ele saiu do quarto ás pressas
fechando a porta ruidosamente atrás de si, antes que cometesse uma loucura irreparável.
Bella encolheu-se com o estrondo que se seguiu. Imediatamente voltou ao quarto e o descobriu
vazio; Edward havia saído. Era admirável que a madeira da porta tivesse resistido ao impacto. O
mesmo não acontecia com seu coração que agora batia incerto e doído com a saída silenciosa e
violenta. Maldito fosse Aro por existir e ter um dragão em seu corpo que o ligava mortalmente á
Edward, obrigando-a á tratar seu noivo daquela maneira na tentativa de salvá-lo. Ainda mirando a
porta, Bella teve que se conter para não ir até Edward imediatamente. Não adiantaria tentar consolá-
lo quando sabia onde tal atitude os levaria. Se fosse seduzida, sucumbiria. O melhor que tinha á
fazer era terminar de se trocar e sair o quanto antes.
Contudo a determinação abandonou seu corpo fazendo com que demorasse mais do que o esperado
para se aprontar. Vestiu-se automaticamente. Escolheu a saia de sarja preta e a blusa de lãzinha azul
sem vê-las, assim como calçou os sapatos de salto sem notar. Estava alheia á si mesma; nem mesmo
se lembrava de Alice. Todos os seus pensamentos voltados para Edward. Quando estava completa e
decentemente vestida – sem maquiagem alguma – Bella saiu do quarto e desceu até a sala á procura
do vampiro. Encontrou-o em seu escritório, junto á janela, olhando a manhã com as mãos unidas ás
suas costas, altivo e rígido; presenteando seus olhos com o dragão avermelhado.
– Obrigada! – disse receosa.
– Não sai por você. – Edward esclareceu duramente após alguns segundos de silêncio, sem se
voltar. – O fiz por mim.
– Ainda assim, obrigada! – ela repetiu. – Mas no final nem precisa ter saído...
– Como disse o fiz por mim então foi preciso. – falou ainda olhando além da janela. – Não quero
aborrecê-la com minha presença.
– Sabe que isso jamais acontecerá. – ela retrucou.
– Eu sei? – inquiriu depois de finalmente se voltar e encará-la. – A verdade é que eu nunca sei de
nada referente á você Isabella, justamente por isso desisti de entendê-la. Perco-me no seu
raciocínio. Confundo-me com seus odores e humores. Seu corpo me chama e sua boca me repele. E
em todo o tempo eu a sinto aflita e esse seu sentimento me consome, pois saber ser o culpado é a
única certeza que possuo.
– Não se sinta assim. – ela pediu em um fio de voz. – Apenas pedi um tempo para pensar, só isso...
– Só isso?!... – ele a repetiu. – Como não posso aproximar-me ou tocá-la por tão pouco? É preciso
que haja mais para que se mantenha nessa postura tão rígida.
– Por favor, Edward, só preciso ordenar meus pensamentos por tudo que descobri nesses últimos
dias... Não devíamos brigar por isso.
– Concordo!... Diga-me então o que há para ser ordenado?... Diga-me o que fiz á você. Todo
homem tem direito á defesa, Isabella. Nomeie as minhas faltas para que eu entenda o castigo.
O que poderia lhe dizer, a vampira se perguntou; comovida.
– Ainda é por solidariedade á Alice? – Edward prosseguiu sério. – Se for, saiba que reconheço meu
erro e verdadeiramente lamento ter sido um canalha insensível, contudo é impossível voltar no
tempo e mudar minhas ações.
The Reason – clique para ouvir
Era o fim. Agora que Edward se mostrava sinceramente arrependido, sua defesa á Alice perdeu todo
o sentido, ainda mais quando a maior interessada já o havia perdoado há muito tempo. Somente a
verdade esclareceria seu comportamento então somente lhe restava o silêncio. Prevendo que ela
nada lhe diria, Edward prosseguiu após um suspiro exasperado.
– Assim como me parece impossível encontrar novas maneiras de demonstrar sua importância ou o
quanto a amo. Espero apenas que ordene já lá o que for o quanto antes, pois não vou forçá-la a
aceitar-me mesmo que cada vez mais você me seja vital.
– Não precisa de nada novo, pois sei como se sente... Esse não é o problema Edward... – ela
começou, contudo se interrompeu; o que diria.
– Então qual é o problema Isabella? – Edward indagou roucamente, encarando-a com os olhos
escurecidos.
Parada no meio da sala ampla, Bella sentiu seu coração sangrar. Tudo o que mais queria era ir até
ele e terminar com o mal-entendido. Mas o que lhe diria quando Edward a inquirisse; pensou aflita.
A jovem o conhecia, o vampiro sofria por desejá-la e igualmente por saber que lhe escondia algo
importante e no minuto que se entregasse, ele faria a pergunta. E ela não lhe mentiria, seria
impossível. Não; não deveria dar o passo apaziguador. Sofrimento teria cura; morte não. Havia
terminado de tomar sua decisão quando Edward implorou.
– Responda-me Isabella. Pelo amor de qualquer coisa que lhe seja sagrada, explique-me por que
diabos temos que ficar assim...
Ao ouvir o tom angustiado enquanto seu vampiro indicava o espaço entre eles com expressão
extremamente sofrida, a determinação de Bella arrefeceu. Ainda tentaria manter segredo sobre
Emmett enquanto Edward não acreditasse na maldição, pois também o conhecia o suficiente para
saber sua reação. Ele se lançaria contra o rival indiferente ás suas súplicas tal qual havia feito ao
descobrir sobre Paul, contudo não o deixaria sofrer um minuto á mais por acreditar ser o único
causador de sua aflição; seria forte por ele. Determinada, com o coração aos saltos, a vampira
anulou a distância e se colocou diante do vampiro. Quando seus olhos se encontraram, murmurou.
– Não temos que ficar assim, meu amor. Eu só...
A vampira não pôde terminar a frase. Com um urro angustiado, Edward a tomou nos braços e
cobriu seus lábios para beijá-la esmagadoramente, reclamando a posse de sua língua, rolando-a de
forma faminta. Naquele instante em que Edward lhe roubava o raciocínio, Bella se deu conta do
quanto sentiu sua falta. Ainda com as bocas unidas, o vampiro liberou novo som lamurioso antes de
erguê-la e separar-lhe as pernas para que se encaixasse em sua cintura, sem se importar em
danificar-lhe a saia. Nesse momento Bella se obrigou á pensar, não era aquilo que imaginava, não
estavam sós. Tentando interromper o beijo, falou com a boca ainda cativa.
– Edward... Alice...
– Alice se foi. – ele grunhiu antes de tomar-lhe a língua mais uma vez.
Sem dúvida aquela era uma notícia ruim, mas naquele instante, Bella não conseguiu alcançar sua
gravidade. Não quando tinha de seu noivo tudo que desejou naquelas horas de separação. Como que
liberada de todo receio, a vampira se rendeu á paixão desenfreada de Edward e se prendeu mais á
ele. Todos os lamentos e gemidos liberados pelo vampiro a inflamando ainda mais, fazendo com
que ela lhe prendesse a cabeça firmemente entre os braços para incentivá-lo a aprofundar o beijo.
A jovem nem percebeu como chegaram á mesa ou quando Edward terminou de tirar-lhe a saia
rasgada, somente soube estar semi despida e próxima ao móvel quando foi depositada sobre seu
tampo e o sentiu diretamente em sua pele. Edward afastou-se somente para abrir-lhe a blusa,
rasgando-a para ter acesso á curva de seu pescoço onde afundou o rosto não para beijar-lhe, mas
para mordê-la enquanto liberava novo lamento. Antes de machucá-la a violência urgente do ataque
inesperado a excitou.
– Edward? – ela chiou entre os dentes.
O vampiro saudoso, com o coração ainda atravessado pelo ciúme e a tristeza de ser afastado, não
tinha medida. Precisou que sua noiva choramingasse para que percebesse sua ação. Lambendo-lhe o
ferimento, o vampiro beijou o local exato antes de voltar a capturar-lhe a boca. Com mãos aflitas
procurou a frente intacta da blusa para rasgá-la completamente e liberar os seios ainda cobertos pelo
sutiã. Sempre a beijando, acariciou-os por cima da renda delicada enquanto sentia o peito inflar e
roncar de alegria genuína por sentir as mãos femininas em suas costas e em seus cabelos da nuca,
assim como as pernas o prendendo pelo quadril, promovendo o encontro de seus sexos,
estimulando-os. Apaixonado, Edward livrou-lhe os lábios e segurou-a pelo rosto fazendo com que o
encarasse.
– Nunca mais faça isso. – pediu em um fio de voz. – Não me afaste Isabella. Sua rejeição é mais do
que posso suportar.
– Perdoe-me meu amor, eu...
Novamente Edward não deixou que terminasse a frase, beijando-a possessivamente. Isabella estava
á sua frente, atada á ele e ainda lhe sentia a falta. Jamais imaginou ser possível, mas precisava dela
mais que ao ter sido deixado ou quando o rábula a levou, mais do que quando acreditou que
estivesse morta. Sentia uma urgência antecipada, pois fatalmente Aro desejaria roubá-la. Para
agravar seu descontrole, o vampiro recordou o fato de Isabella sonhar com Emmett. Sentindo seu
desejo e ciúme mesclarem-se para se transformar em força, Edward interrompeu o beijo e se afastou
um passo; refreando o desejo crescente de mordê-la, agora consciente e profundamente para marcá-
la como sua.
– O que houve? – ela murmurou encarando-o com os olhos castanhos perturbadoramente confusos.
– Dê-me um minuto... – Edward pediu em um gemido rouco. – Acredito que vou machucá-la.
– Duvido que possa...
Sem deixar de encará-lo, Isabella levou as mãos ás costas para desprender o fecho do sutiã,
demonstrando que não dispunha de um minuto que pudesse ceder. Foi com a respiração suspensa
que Edward a viu retirar a peça preta lentamente e baixar o dorso até se apoiar nos cotovelos sobre
sua mesa; oferecendo-se. O vampiro avaliou-a rapidamente, deliciando-se com a visão dos seios
hirtos, sentindo seu corpo vibrar; excitado. Maravilhosa, a vampira sustentou-lhe o olhar com igual
desejo, sem nenhum receio ou temor.
– Venha... Confio em você...
Estimulado, mais pelos gestos anteriores do que por suas palavras, Edward retirou a calça de seu
corpo. Inteiramente nu, aproximou-se lentamente e tocou a lateral dos quadris de sua vampira,
correndo os dedos por sua pele alva até alcançar o elástico da calcinha mínima e começar á baixá-
la; não a rasgaria, o momento de loucura havia passado enquanto a assistia se oferecer
languidamente após horas de afastamento. Somente a necessidade urgente persistia então, tão logo a
livrou da peça íntima e dos sapatos, Edward curvou-se sobre Isabella e beijou-lhe o dragão rosado.
Sentindo o cheiro de fêmea que desprendia dela, rolou a ponta de sua língua pelo desenho antes de
subi-la pelo ventre plano até alcançar-lhe os seios. Sugou os bicos endurecidos um a um até que não
suportasse a dor de sua ereção. Então a passeou pela entrada úmida de sua vampira, antes de
solenemente se deixar escorregar para seu interior.
– Edward! – ela urrou agoniada.
O vampiro acreditou estar sob controle até afundar-se em Isabella. Quando sua vampira ergueu as
pernas cobertas por meias pretas, facilitando que fosse ainda mais fundo, se sentiu novamente o
senhor daquele corpo pequeno e provocador, assim como foi assaltado pelo temor ciumento e
inoportuno de vê-la assediada por seu sócio ou perdê-la para alguém que talvez nunca pudesse
destruir. Ao pensamento Edward urrou.
– Não!...
Faminto, desesperado. Sentindo a necessidade crescente de reclamar o que era seu de direito, o
vampiro a derrubou sobre a mesa, segurando-lhe pelos joelhos antes de passar a estocá-la com
força. Assistindo-se entrar e sair daquele corpo que deveria ser sempre seu; só seu. Enquanto ia cada
vez mais fundo, estimulado pelos rosnados ruidosos e gemidos de Isabella, procurou por seus olhos
antes de pedir em tom gutural.
– Repita que é minha...
– Sou sua Edward... – ela gemeu sem hesitar.
– Eis minha Isabella! – rosnou.
– Só sua...
– Somente minha!
– Para sempre sua...
– Eternamente minha!...
– Sua... – gritou por fim; finalmente presa em orgasmos espasmódicos.
– Minha bruxa... – Edward vociferou, curvando-se sobre ela ainda a estocando mesmo que já a
acompanhasse do gozo, estimulando-a á ir além. – Minha... Minha...
Quando a sentiu novamente estremecer violentamente e urrar em agonia, Edward pediu.
– Se é assim tão minha deixe-me mordê-la onde todos vejam...
– Morda...
Sem esperar novo consentimento, o vampiro a mordeu na base do pescoço, entre as clavículas.
Bebendo de seu sangue minimamente, antes de lamber-lhe a marca. Doeu, mas nada que a vampira
não suportasse. Enquanto Edward se deixou ficar sobre ela, acalmando seu corpo, Bella o abraçou
apertadamente. Seu corpo estava em festa, mesmo que gradativamente sua mente voltasse á razão.
Não havia tempo para se comprazer com a libertação de seu vampiro possessivo; logo viriam as
perguntas e devia estar preparada.
– Machuquei você? – ele perguntou ao erguer o dorso sobre seu corpo para analisar-lhe o pescoço. –
Não minta, por favor.
– Sabe que não pode me machucar. – ela disse correndo um dedo pela testa vincada, fazendo com
que ele ocultasse os olhos verdes e brilhantes por um segundo, ao carinho. – Doeu, afinal escolheu
um local estranho... Mas já passou.
– Perdoe-me...
– Não há motivo.
Edward realmente sentia pela dor causada, mas intimamente estava radiante por ver a marca de seus
dentes em local tão visível. Os humanos não perceberiam as duas meias luas, mas qualquer imortal
as notaria e saberia que Isabella tinha um dono. Seu contentamento só não era maior, pois, passado
o turbilhão apaixonado que os uniu, voltou á sentir Isabella arredia. Precisava saber o por que de
ainda estar reservada. Retirando-se dela, tomou-a nos braços foi até sua cadeira. Depois se sentar a
acomodou em seu colo.
– Isso foi uma trégua? – perguntou encarando-a, preocupado.
– Considere um acordo de paz... – ela respondeu, cheirando-lhe o rosto então a lateral do pescoço;
excitando-o.
– O que está fazendo? – sibilou.
– Matando minha saudade... – ela disse simplesmente.
Edward apreciava aquele farejar insistente e erótico, mas para ele, antes de ser pela falta sentida,
Isabella o fazia para distraí-lo. Evidente que se renderia no segundo que ela lhe sinalizasse com
qualquer forma de aproximação, mas deixar que a amasse não era seu único problema. Ter feito
amor com sua noiva não anulava o fato de ainda existirem segredos entre eles. Tentando não se
deixar levar pelo formigamento que o nariz de Isabella lhe provocava, perguntou.
– Se estava assim tão saudosa, por que me afastou?
– Eu lhe disse... Precisava pensar sobre as coisas que descobri. – ela falou mordendo-lhe a orelha. –
Sei que não foi nada diretamente relacionado á mim, mas me incomodou saber o que fez e o pior...
Vê-lo tão indiferente ao sofrimento de seus amigos...
Ao terminar a frase, a vampira introduziu a língua em seu ouvido, fazendo com ele gemesse baixo;
todavia raciocinava.
– É inacreditável que meu egoísmo ainda a espante.
– E seu ceticismo, seu egocentrismo, sua insensibilidade e acima de tudo sua perversão... – a cada
adjetivo, a vampira lhe mordia um pedaço de pele com leve pressão, apenas o instigando. –
Acredito que me espantarei por muito tempo ainda.
– Está nomeando minhas faltas como lhe pedi? – Edward indagou roucamente; estava curioso, mas
muito mais excitado. – Será preciso que eu formule alguma defesa?
– Não, meu advogado preferido... Estou apenas enumerando o óbvio. – ao falar, ela se moveu em
seu colo, estimulando o início de uma ereção já percebida. – É simples assim... Eu o confundo?...
Você me espanta!
– Eu queria conversar á sério com você Isabella... – Edward murmurou, sentindo que ela
conseguiria seu intento.
Ainda precisava dela; sempre precisaria. E ao que parecia a vampira tinha conhecimento desse fato
e o usava contra ele. Ainda movendo o quadril minimamente sobre seu membro agora
completamente enrijecido, ela lambeu a lateral de seu pescoço. Quando Edward deitou a cabeça
para trás, a jovem passou a língua no mesmo ponto onde ele a havia mordido. Ignorando seu
comentário, perguntou.
– Também vai me deixar marcá-lo para que qualquer biscate saiba é meu?
– Nossos direitos são iguais, meu amor... – sussurrou.
– Gosto de direito iguais...
Ao falar, ela lhe presenteou com um sorriso matreiro, antes de girar as pernas e se ajoelhar sobre a
cadeira, no espaço mínimo ao lado de seu quadril. Ato contínuo, sem dar-lhe chance de reação,
ocultou sua ereção afundando-a em seu corpo.
– Ah, Isabella...
Ouvir seu nome de forma lamuriosa pelo desejo excessivo todo seu corpo se inflamou estimulando-
a á mover o quadril ritmadamente. Quando Edward segurou-a para ajudá-la no movimento enquanto
tomava um dos seios em sua boca, ela pensou que pudesse desfalecer. Como pôde acreditar que
ficaria sem todo amor e prazer que seu vampiro poderia lhe dar, pensou apaixonada imprimindo
maior força e velocidade as suas investidas; provocando grunhidos que escapavam pelos lábios
separados de seu vampiro. Ao percebê-lo completamente entregue, Bella incentivou-o a inclinar a
cabeça e, ainda arremetendo o quadril contra ele, curvou-se e o mordeu.
– Ah!... – o vampiro gritou.
Bella não soube se pela dor ou pela consumação do prazer que o fez estremecer juntamente com ela.
Enquanto efetuava seus últimos movimentos, lambeu o local mordido e ergueu a cabeça para
encará-lo.
– Machuquei você? – perguntou preocupada analisando onde havia mordido; percebendo naquele
instante que seu desejo de marcá-lo era dispensável visto que aquela não era a única marca que
havia deixado no pescoço do vampiro. Todas as vezes que o mordeu depois de transformada
estavam registradas em sua pele como meias luas pálidas. A recente era apenas em local inusitado.
Antes que pudesse lhe questionar sobre a escolha e o motivo que o fazia desejar “marcá-la”,
Edward respondeu encarando-a intensamente.
– Machucou.
– Não! – Bella exclamou incrédula tentando fazê-lo erguer o queixo para analisar melhor a base de
seu pescoço.
– Não agora. – ele explicou placidamente enquanto lhe segurava as mãos. – Machucou-me antes...
Ainda em seu prédio quando por um minuto acreditei que tivesse me deixado... E quando aceitou
Alice e não me aceitou... Quando não me deixou tocá-la e ainda mais quando entrou naquela casa
sem que eu pudesse acompanhá-la.
– Sinto muito. – ela sussurrou embargada.
– Não sinta, pois tenho consciência que provoquei todas as suas ações. Se alguém tem que sentir
alguma coisa esse alguém sou eu. Nem Alice deveria estar pagando por meus erros. Custei á ver,
mas você estava com a razão...
Completamente recuperada do último ato compartilhado, Bella ergueu o corpo para liberá-lo e se
sentou corretamente em seu colo antes de dizer.
– Não sabe como me alegra ouvir isso. – segurando-lhe o rosto para que a encarasse, acrescentou. –
Entenda que não quero torná-lo outra pessoa. Como disse antes, você muitas vezes me espanta, mas
o amo do jeito que é... Só que passar a ver as coisas pela visão dos outros antes de tomar algumas
atitudes não lhe fará mal algum e com certeza o deixará ainda melhor.
– Não tenho como ser melhor Isabella. Sou isso que conhece... Se agora enxergo algo mais do que
minha própria perspectiva dos fatos é por que o faço através de seus olhos. – depois de esboçar um
sorriso, prosseguiu. – Bom... Você tem uma forma bem convincente de me fazer ver e pensar no que
fiz de errado. – novamente sério, disse. – Realmente me arrependo pelo o episódio com Alice e
preferia que Jasper tivesse me socado mil vezes do que partido. Contudo tenho consciência que
sinto “por eles”, se fosse com quaisquer outros não sei se me comoveria. Pode me entender?... Acha
que pode me amar mesmo eu sendo assim?... Digo eternamente, sem limites?
Á pergunta Bella sentiu uma pontada dolorida em seu coração. Sabia que a dúvida havia sido
gerada por ela na manhã passada durante o calor da discussão em seu apartamento. Acariciando-lhe
o queixo, sem desviar seu olhar, rebateu com outra pergunta.
– E acaso não o amo incondicionalmente?
– Até quando? – ele insistiu roucamente. – O que poderei fazer para levá-la ao limite?
Ainda que estivesse comovida, ver aquele vampiro secular – forte ao ponto de estilhaçar vidraças e
travar portas sem nem ao menos tocá-las – tão exposto e temeroso a envaideceu. Todavia, por mais
que seu coração se aquecesse todas as vezes que ele demonstrava sua dependência e amor por ela,
não o desejava daquela maneira. Justamente por não desejar que continuasse a sofrer por coisas que
jamais aconteceriam, sorriu abertamente; confundindo-o.
– O que eu disse de engraçado? – indagou franzindo o cenho.
Antes que Edward se ofendesse, ela esclareceu ainda sorrindo; agora divertida.
– Não achei graça do que disse, mas de sua pouca memória... Acho que deve ser sinal da idade...
– Explique. – ele pediu; meio ordenou ainda sério.
Obrigando-se a apagar o sorriso, ela o atendeu.
– Desculpe ter que lembrá-lo sobre isso “senhor”, mas... Não se lembra que já me tirou de sua vida
por três vezes?... Isso até onde me lembrei, pois podem muito bem ter havido outras... No entanto
onde estou?... Bem aqui, perdida de amores por você e inacreditavelmente amando-o mais á cada
dia. Se isso por si só não é prova cabal de meu amor ilimitado, nada mais poderá ser...
Na verdade não havia como esquecer e de toda forma, Edward não queria entrar naquele assunto
quando ainda estava com seu coração em recuperação. Era evidente que o constante renascimento
era prova irrefutável do amor que sua vampira tinha por ele, mas simplesmente não conseguia
tranquilidade nem segurança. Fosse como fosse, o vampiro sabia que com aquelas palavras,
associadas ao sorriso fácil de Isabella, vieram a tentava de tirá-lo de seus pensamentos torturantes e
diminuir seu temor. Deveria aproveitar-lhe a deixa e acalmar suas angustias. Então, após um
respirar fundo e lento, finalmente sorriu e exclamou.
– Então não há um limite para tudo!
– Eu sabia! – Bella falou refreando um novo sorriso para encenar incredulidade enquanto se deixava
levar pelo desejo mútuo de tornar o clima leve entre eles. – Basta eu me declarar um pouquinho que
você tenta tirar alguma vantagem. Tsc, tsc, tsc...
Ainda sorrindo, Edward escorregou uma de suas mãos pela nuca feminina e a prendeu firmemente.
– Sempre Isabella. Se quiser, acrescente àquela sua lista de comportamentos que lhe espantam, que
sou também um aproveitador...
Sem deixar que ela retrucasse Edward a beijou invasivamente, contudo tomando o devido cuidado
de não deixar que seu amor desmedido se transformasse novamente em excitação evidente. Como
disse anteriormente, precisava tratar de assuntos sérios com ela e nada melhor que fazê-lo quando
novamente – aparentemente – estavam bem um com o outro. Infelizmente seu corpo dependente
parecia agir alheio ás suas decisões e bastou que Isabella gemesse enquanto o enlaçava pelo
pescoço e se movia minimamente em seu colo para ser traído traiçoeiramente. Decidido, ele
interrompeu o beijo e se pôs de pé com ela já em seus braços.
– Deve-me um banho. – anunciou roucamente ao sair de sua sala e correr escada acima. Parou
somente quando a depositou em seu Box ainda molhado por ela, para ligar o chuveiro.
– Ah... Já estive aqui hoje. – ela disse com falso muxoxo quando ele a colocou sob a água.
– Sem minha companhia não conta! – ele exclamou já a erguendo em seu colo para recostá-la contra
a parede azulejada; completamente excitado somente por estar com ela sob o jato d’água. – Assim
como tudo que faço sem você é inexistente para mim...
Mais uma vez não lhe deu chances de resposta ao capturar-lhe os lábios, deixando que sua paixão
ganhasse força. Sem demora, afundou-se todo no corpo feminino para arremeter com força
enquanto a prensava de encontro á parede. Seus urros e grunhidos se misturavam ao dela e juntos
formavam uma mescla inquietante de sons animalescos somente cessados após um grito conjunto
quando seus corpos se renderam á nova onda de prazer extremo.

– Não vai se vestir? – Edward perguntou, minutos depois de terem finalmente deixado o banheiro,
quando já havia vestido uma boxer e a calça social de linho cinza chumbo. Agora abotoava a camisa
branca de algodão egípcio sempre sob os olhos atentos de Isabella que enrolada em uma toalha
permanecia sentada sobre a cama sem desviar o olhar especulativo; era inédito, mas sua inspeção
começava á constrangê-lo.
– Em um minuto. – ela assegurou cruzando as pernas para apoiar os cotovelos sobre o joelho e
então o queixo sobre as mãos, indicando que continuaria á assisti-lo. – Vê-lo se arrumar me parece
tão bom quanto vê-lo se despir... Na verdade é até melhor. Quando se despe sabemos bem o que vai
acontecer, mas ao se vestir... Mesmo indicando que nada vai acontecer, dá margem á ideias... Estou
agora mesmo pensando se devo dar às suas roupas o mesmo triste fim que deu ás minhas.
– Triste fim?! – Edward simulou espanto enquanto terminava de se arrumar tentando ignorar o olhar
perturbador. – Elas tiveram uma morte honrosa em meio á um combate nobre. Foram sacrificadas
pelo bem de seus superiores...
– Claro, claro... – a vampira aquiesceu se colocando de pé quando ele passou sua gravata pelo
colarinho. Quando já estava á sua frente, gentilmente substituiu suas mãos pelas dela e passou á
fazer o nó com habilidade, porém sem pressa. – Talvez devêssemos dar-lhes uma plaquinha por
mérito da defesa...
– Totalmente merecidas. – ele retrucou sério.
O vampiro mal podia acreditar que novamente se entendiam, justamente por isso – enquanto ela
trabalhava em sua gravata – tentou não se deixar ser arrastado pelo ciúme ao dispersar do gracejo
com suas roupas. Sabia não ser o certo, mas seu coração era tão voluntarioso quanto seu corpo
quando o assunto era Isabella. Foi praticamente impossível não supor quantas vezes ela empenhou
breves minutos de seu tempo com a mesma gentileza á outro advogado. Sua possessividade era
irracional; o vampiro bem o sabia. Assim como também tinha consciência do motivo de estar
aflorada. A cena o lembrou do rábula, mas o que verdadeiramente lhe incomodava eram os
acontecimentos recentes; a separação futura; Emmett.
– Pronto! – ela exclamou afastando-se um passo para analisar seu trabalho; erguendo os olhos
castanhos brilhantes para ele, murmurou sorrindo. – Agora que está praticamente pronto, a vontade
de vingar minhas peças combatentes é ainda maior.
– Isabella, não...
Edward iria apenas pedir para que ela não o provocasse, mas sabia bem que com tal pedido
fatalmente conseguiria a ação contrária então se interrompeu e, sem que ela pudesse prever a tomou
no colo e foi até a cama. Ao se sentar permitiu que ela ficasse sobre suas pernas, tomando o devido
cuidado de não deixar que o tocasse onde o fizesse perder o raciocínio. Sentindo a evidente
mudança de humor, sua noiva indagou preocupada.
– Edward?... O que houve?
– Preciso lhe fazer uma pergunta. – imediatamente Isabella se retesou em seu colo. Talvez por
desejar ganhar tempo ela rebateu rapidamente.
– Certo, agora é a hora da conversa séria que comentou.
– Sim eu...
– Bom... – ela o cortou. – Já que vamos conversar antes me diga para onde foi Alice.
– Ela voltou para o apartamento ao lado do seu. – ele respondeu taciturno. Sabia que Isabella se
preocupava com a amiga, mas a persistência em fugir de outros assuntos começava á exasperá-lo;
ou pior, afligi-lo. Tentando não parecer grosseiro, afinal também se preocupava, disse. – Se desejar
podemos tentar trazê-la de volta.
– Não gosto de imaginá-la sozinha, mas a entendo... – olhando-o receosa, acrescentou. – E você
também... Sabe que nessas horas tudo o que queremos é ficar afastados... Preferia que estivesse
aqui, mas vou acreditar que ela ficará bem... E tenho certeza que virá ao escritório hoje, então
vamos deixá-la quieta... Respeitar seu tempo...
– Sim, eu entendo o princípio. – assegurou encarando-a fixamente. – Vamos respeitar sua decisão...
Mesmo que não me agrade tenho que deixar que fiquem sós; Alice e... Você. Arrumou-se logo cedo
para ir ao jornal, não?
– Sim... Mas era cedo demais e eu só...
– Queria fugir de mim. – Edward disse sem entonação especial.
– Queria fugir de mim. – ela afirmou sincera. – Pode não parecer, mas é difícil resistir á você
Edward... E eu não podia, ainda...
– Por causa de Alice... – ele arriscou. Sentindo o peito pequeno com a crescente aflição de sua
noiva.
Passando a rolar o anel de noivado nervosamente em seu dedo, para sua surpresa ela negou.
– Não... Alice conversou comigo e me explicou o que houve... E no fundo eu sempre soube que
minha reação se tornou injustificável depois de passado o choque inicial. A droga toda é que não
consigo deixar de sentir ciúme de você mesmo que nunca tenha me dado motivos para me sentir
insegura, então...
A vampira se interrompeu para engolir em seco, como se comentar sua reação ante ao ciúme
causado indiretamente não fosse o primordial e justamente por isso a incomodasse. Após alguns
instantes, ela mudou de assunto ao disparar sem encará-lo.
– Tem algo que preciso lhe contar, mas não quero fazê-lo ainda... Sabe disso; pode sentir minha
aflição.
– Como se não bastassem todos os sinais corporais para indicar seu nervosismo, sim Isabella... Eu
sinto sua aflição e é justamente sobre isso que queria lhe perguntar...
– Por favor, Edward não pergunte. – incapaz de olhá-lo, afundou o rosto na curva de seu pescoço e
o abraçou. Com a voz abafada, prosseguiu. – Acredite, odeio esconder assuntos de você, mas ainda
é preciso... Dê-me só mais um tempo... Eu prometo que logo lhe digo do que se trata... Se me der
sua palavra eu acreditarei e ficarei calma... E então não sofrerá comigo.
– Se eu lhe der minha palavra... – ele começou esforçando-se para não retribuir o abraço que sempre
lhe roubaria a razão. – Somente você conseguirá um pouco de paz, pois eu continuarei morrendo
aos poucos por saber que não confia em mim e que me esconde o que sente.
Padecia naquele exato momento por saber que a angustia de sua noiva era relacionada é Emmett.
Não havia se esquecido que sua inquietação havia começado em frente ao edifício de seu sócio
ineditamente metido á galante. Também não se esqueceria da troca de olhares entre os dois bem
diante de seus olhos ou do sussurrar de Isabella durante o sono. Era claro que tê-la de volta ao seu
lado, entregue e amorosa lhe pacificava o espírito; contudo ainda a queria cúmplice. De toda forma
não havia meios de saber que lhe ocultava assuntos referentes á outro homem sem nada fazer;
muitas coisas poderiam mudar por ela, contudo seu ciúme somente seria agravado. Aquele era o
momento; doía-lhe faltar com sua palavra, mas não lhe restava alternativa á não ser induzi-la.

********************************************************************************
**

Notas finais do capítulo


Ahh... E então?... Gostaram?... =D
Não gostaram... =/
Me contem... ;)
Agora vamos ao spoiler e sempre:
Como poderia fazê-lo entender e esperar; Bella se indagou sentindo a agonia crescente
invadir seu íntimo. Fortemente atada ao pescoço do vampiro fazia uma prece silenciosa
para que ele a atendesse. Realmente não sabia se criaturas como eles eram dignas de
alguma graça, contudo haviam chegado até ali e queria acreditar que foi atendida ao
menos uma das vezes que rogou então não se furtaria de fazê-lo mais uma vez. Edward
precisava confiar, ou antes, acreditar nas palavras de Zafrina, somente assim poderia
dividir a verdade. Sim, seu vampiro precisava crer, mas algo na postura rígida que nem
ao menos o permitiu abraçá-la lhe indicava que não seria atendida; não haveria
intervenção divina para sua causa. Prendendo-se á um fio de esperança, ainda tentou
segurá-lo um segundo á mais quando sentiu as mãos firmes em seus ombros á afastá-la,
contudo cedeu. A resistência apenas acarretaria em uma luta desnecessária.
Olhe para mim Isabella.
Edward falou tão logo conseguiu desfazer o abraço de ferro que lhe dava. Ainda que não
tivesse coragem de encará-lo, pôde sentir em seu tom educado e passivo, toda a força da
ordem velada. Como não poderia deixar de atendê-lo, a vampira ergueu os olhos
lentamente até que estivesse cativa do verde incandescente. E então ela soube; não lia
mentes, mas seu vampiro começava á ser tão límpido quanto um espelho dágua. Viu-o
muitas vezes em ação para saber toda a preparação concentrada que antecedia uma
indução. Edward estava em seu limite e não só lhe negava sua palavra pedida como
quebraria a já empenhada. Como não havia tempo á perder, antes que ele lhe desse a
ordem, pulou para longe de seu colo.
Não!... o vampiro sibilou ao tentar detê-la.
Bom... É isso... até mais lindos!... =)
PS. Como não sei se terei condições de postar na semana que vem e tbm não quero matá-
las de curiosidade... Quem quiser pode deixar o e-mail que eu envio bônus na quarta caso
não poste.
(Cap. 82) Capítulo 1ª metade - capítulo 19 - Parte III

Notas do capítulo
Oie...
Obrigada pelos reviews e pelas indicações...
Bom sei que alguns de vcs preferem o capítulo inteiro, mas como as coisas estão ficando
cada vez mais apertadas aqui, vou liberar ao menos a metade... Espero que gostem...
BOA LEITURA!...

Como poderia fazê-lo entender e esperar; Bella se indagou sentindo a agonia crescente invadir seu
íntimo. Fortemente atada ao pescoço do vampiro fazia uma prece silenciosa para que ele a
atendesse. Realmente não sabia se criaturas como eles eram dignas de alguma graça, contudo
haviam chegado até ali e queria acreditar que foi atendida ao menos uma das vezes que rogou então
não se furtaria de fazê-lo mais uma vez. Edward precisava confiar, ou antes, acreditar nas palavras
de Zafrina, somente assim poderia dividir a verdade. Sim, seu vampiro precisava crer, mas algo na
postura rígida que nem ao menos o permitiu abraçá-la indicava á Bella que não seria atendida; não
haveria intervenção divina para sua causa. Prendendo-se á um fio de esperança, ainda tentou segurá-
lo um segundo á mais quando sentiu as mãos firmes em seus ombros á afastá-la, contudo cedeu. A
resistência apenas acarretaria em uma luta desnecessária.
– Olhe para mim Isabella.
Edward falou tão logo conseguiu desfazer o abraço de ferro que lhe dava. Ainda que não tivesse
coragem de encará-lo, pôde sentir em seu tom educado e passivo, toda a força da ordem velada.
Como não poderia deixar de atendê-lo, a vampira ergueu os olhos lentamente até que estivesse
cativa do verde incandescente. E então ela soube; não lia mentes, mas seu vampiro começava á ser
tão límpido quanto um espelho d’água. Viu-o muitas vezes em ação para saber toda a concentração
preparatória que antecedia uma indução. Edward estava em seu limite e não só lhe negava a palavra
pedida como quebraria a já empenhada. Como não havia tempo á perder, antes que ele lhe desse a
ordem, Bella pulou para longe de seu colo.
– Não!... – o vampiro sibilou ao tentar detê-la.
A intenção de Bella era alcançar a porta, nem ao menos percebia que não havia para onde ir estando
enrolada em uma toalha, queria apenas evitar o pior. Uma vez induzida e revelada a verdade,
Edward poderia muito bem se valer de sua inércia imposta e partir á caça de Emmett sem
impedimentos; não poderia permitir. Infelizmente sua única rota de fuga foi a primeira á ser
barrada. Antes que chegasse á ela, Edward já a esperava pronto para detê-la. Desviou-se á tempo e
correu para o lado oposto, passando por sobre a cama sem nem ao menos tocá-la.
– Acredita mesmo que possa fugir de mim? – Edward perguntou bravio.
– O que não acredito é que vá faltar com sua palavra. – ela retrucou desviando-se novamente ao ver-
se diante do vampiro que simplesmente parecia se multiplicar no espaço subitamente exíguo.
Edward não retrucou, apenas continuou á cercá-la até que finalmente conseguiu prendê-la
fortemente em um abraço apertado. Com a velocidade imprimida e a violência do impacto ambos
desequilibraram-se e, ao atingirem a cama, esta cedeu ao peso excessivo tombando após o som seco
e breve de madeira partida. Sem se dar conta do estrago causado, Bella ainda tentou soltar-se ao que
foi subjugada contra o colchão pelo vampiro que, obviamente se valendo de sua força extra, a
mantinha cativa sob seu corpo enquanto prendia-lhe os pulsos no alto da cabeça.
– Não resista Isabella. – o vampiro pediu em meio á um urro.
– Por favor, Edward não faça. – Bella implorou cerrando as pálpebras, alarmada por sentir seu
corpo reagir é ele em momento tão impróprio.
– Olhe para mim Isabella. – agora não havia subterfúgios, a ordem rosnada foi clara e firme.
– Não faça. – ela repetiu sem abrir os olhos. – Pedi apenas um pouco mais de tempo... Vou contar,
prometo.
– Não disponho de tempo! – foi a resposta rouca e aflita. – Também não tenho como me desculpar
por romper minha palavra, mas vou fazê-lo Isabella. O que me pede vai muito além do que sou
capaz de lhe dar, pois se não souber agora o que pode haver entre você e Emmett enlouquecerei.
Como Edward poderia saber; a pergunta espocou em sua mente. Ante ao choque a vampira não
mais dominou sua vontade e o encarou. Provando verdadeiramente ser o aproveitador que alegou, o
vampiro não esperou que se recuperasse do espanto e, prendendo seus olhos verdes escurecidos nos
castanhos maximizados, ordenou.
– Conte-me o que não devo saber sobre Emmett, Isabella.
Era o fim; a vampira pensou em pavor e esperou para perder sua autonomia tornando-se alheia e
suscetível às vontades de seu captor. Porém nada aconteceu. Ela ainda mirava o rosto expectante á
sua frente e era senhora de seus pensamentos, pois nenhuma palavra saiu de seus lábios. Nem
mesmo sentiu o desejo de exprimi-las. Depois de piscar algumas vezes – dividida entre a confusão e
o alívio –, Bella nem ao menos teve tempo de especular sobre a novidade.
Sua atenção era inteiramente voltada aos orbes verdes de seu vampiro que, ao se dar conta que
havia falhado, deixava passar por eles todos os sentimentos conflitantes que atravessavam sua
mente e coração. Dentre todos reconhecíveis, o constrangimento predominava sendo ainda
suplantado pelo pavor. Antes que pudesse prever, Bella foi solta bruscamente e deixada sozinha
sobre a cama quebrada. Ao se sentar pôde ver o vampiro diante da parede de vidro, na mesma
posição que o encontrou no escritório; ombros eretos, mãos atadas ás costas. De tal forma imóvel
que parecia estar ali há vários minutos.
– Importar-se-ia em deixar-me sozinho? – Edward sussurrou guturalmente tão logo o ranger da
madeira partida denunciou que a vampira se pôs de pé.
– Sim, eu me importo. – Bella falou séria aproximando-se.
– Sei que não tenho o direito de pedir-lhe nada... Nunca mais!... Mas, por favor, deixe-me só.
– Já o deixei sozinho por tempo demais. – ela retrucou ás suas costas. – Não vou repetir agora.
Após um respirar profundo e exasperado, o vampiro indagou roucamente.
– Por que tem sempre que fazer o contrário do que peço ou espero?
– Porque não me importa o que quer e sim o que considero ser o melhor para você.
Depois de um riso sem humor, breve e descrente, Edward retorquiu.
– Então acredita verdadeiramente que me será benéfico ser consumido por minha vergonha bem
diante de seus olhos?
– Acredito que nesse caso em especial, nem ao menos deveria se sentir envergonhado.
Ao responder-lhe placidamente, Bella se colocou diante do vampiro. Imediatamente Edward focou
o chão como se não fosse digno de olhá-la, seus lábios estavam unidos em duas linhas duras, o rosto
taciturno. Sem se deixar abater pelo semblante sombrio – rijo como pedra esculpida – e tentando
refrear o sofrimento que sabia estar corroendo-lhe a alma, a vampira ergueu uma das mãos e tocou-
lhe o rosto ternamente.
– Não tema ou se envergonhe meu amor... Se sente pelo o que fez apenas se desculpe.
Tão logo sentiu o toque delicado em seu rosto, o vampiro fechou os olhos fortemente. Passados
breves segundos ele segurou a mão amada, a trouxe até os lábios e beijou sua palma antes de soltá-
la bruscamente somente para puxar sua dona e prendê-la em um abraço esmagador. Edward sentia
um desejo ambíguo; não queria que Isabella assistisse seu constrangimento, contudo ainda temia
que novamente se retraísse. Então precisava que estivesse atada entre seus braços onde poderia
senti-la inteira mesmo que sua noiva adorada tivesse demonstrado que não o retaliaria. O vampiro
queria poder atendê-la, porém era impossível não temer ou se envergonhar.
Não só quebrou sua palavra, como a perseguiu obstinadamente e subjugou usando seu poder
excessivo; tudo em vão. Ainda abraçado á ela com o os olhos fortemente fechados, Edward sentia o
sabor amargo de seu fracasso. E mesmo este o dividia, pois ainda que estivesse frustrado por ter se
exposto sem obter sucesso algum, ficava satisfeito por saber que se ele não a induzia, talvez
nenhum outro o fizesse. Ao menos Isabella estaria segura, pois sempre seria senhora de suas
vontades. Lastimável ter descoberto daquela forma controversa; traindo e minando a confiança que
sua noiva lhe creditava. Tal ação temerária seria esquecida após simples desculpas? Havia apenas
uma forma de saber.
– Mil vezes perdão! – o vampiro grunhiu junto ao cabelo da vampira, ainda sem coragem de encará-
la. – Acredite... Sempre dei real valor á palavra empenhada, esse foi um dos preceitos herdados de
meu pai... A droga toda é ser possível manter a honra com você. Desde que a conheci me confunde
e desespera. Sinto o que sente, mas não sei o que pensa... A única maneira aproximada de entendê-la
era induzindo-a... E agora recebo o castigo por todas as vezes que a privei de sua vontade.
– Claro que o perdôo. Não quero confundi-lo Edward. – ela assegurou; a voz saindo abafada contra
o peito largo. – Quero apenas que confie em mim como eu sempre vou confiar em você... Não
importa o que faça em seus rompantes, sua palavra sempre terá valor para mim.
Não a merecia, era um fato. Talvez por sabê-lo doía-lhe tanto a possibilidade de perdê-la.
– Eu confio meu amor... Mas me enlouquece saber que me esconde algo importante. – para sua
condenação, novamente sentiu-a tensa; e nada poderia fazer para obrigá-la á falar. Calando um urro
exasperado, sibilou. – Certamente enlouquecerei Isabella, caso não conclua o que começou á me
dizer em sonho.
Então era isso; Bella pensou aliviada. Se Edward ainda estava naquele quarto, ansioso por detalhes,
não havia dito nada revelador em seu eterno tagarelar inconsciente. Havia esquecido completamente
dessa característica. Aquele impasse precisava ser resolvido antes que ela própria colocasse tudo á
perder. Logo exerceu uma leve pressão para obrigar o vampiro á soltá-la.
– Não sei o que disse, mas talvez não devesse dar tanto crédito.
Com a expressão ainda carregada, indicando que mesmo estando constrangido não se deixaria
enganar, Edward retrucou voltando a encará-la com os olhos em chamas esverdeadas.
– Dou o crédito equivalente á sua determinação em omitir seja lá o que for que de tão “irrelevante”
a faz falar dormindo que deseja contar algo que eu não posso saber.
– Tudo bem... – a vampira começou na defensiva. – Então dê o devido crédito e não só acredite em
minhas palavras e determinação, como espere até que eu resolva contar.
– Isabella, por favor... – Edward começou roucamente.
– Eu que lhe peço Edward. Está claro que não tem como me fazer obedecê-lo então apenas espere. –
na tentativa de abrandar-lhe o coração, assegurou. – Garanto que jamais lhe daria motivos para ter
ciúmes de Emmett... Sou cismada com ele; não confio em nada do que lhe contou sobre sua estada
fora da cidade. É isso que me aflige... Eu acho... Desconfio que ele possa ser um traidor, mas
preciso ter certeza antes de fazer acusações levianas, acha que pode entender?
Aquela lhe parecia a verdade, Edward pensou encarando-a. Evidentemente editada, amenizada, mas
de certa forma, a verdade. E a sinceridade nas palavras antes que lhe trouxerem algum alívio, o
consternou.
– E como deseja ter certeza?... Pretende segui-lo?... Sabe que não aceitarei tal coisa!
– Não havia pensado á respeito. – ela respondeu sinceramente. – E esse também é um detalhe que
me aflige.
Mesmo em meio ao caos, era reconfortante entendê-la e a sentir cada vez mais tranquila. Não era o
ideal, contudo aceitável.
– Se é o problema, sabe que eu também não confio em meu sócio, então vamos mantê-lo sob
vigilância. Juntos. – enfatizou encarando-a.
– Juntos! – ela concordou.
Com o coração finalmente pacificado por ter encontrado uma forma de contornar a desconfiança de
Edward e com isso conseguido seu tão almejado tempo para convencê-lo á acreditar em Zafrina,
Bella sorriu na tentativa de dissipar a tensão definitivamente. Haviam acabado de atravessar um
momento ruim e não desejava enveredar por outro em menos de uma hora. Edward ainda
perscrutava-lhe o rosto com olhar endurecido quando ela correu os dedos pela gola da camisa fina e
alargou o sorriso.
– Já que chegamos á um acordo, admita... Gostou que eu o desobedeci e fiquei.
– Não admito coisa alguma. – ciciou entre os lábios severos. – Parece-me convencida o suficiente
para que eu ainda a estrague mais.
– Certo. – ela exclamou dando de ombros, provocando-o. – Não diga. Eu sei que gostou e isso me
basta.
– Criei um monstro. – o vampiro murmurou baixando as defesas.
– Criou. – a vampira falou segurando a gravata de seda e passando a acariciá-la sugestivamente. – E
justamente por isso não o quero constrangido por reagir como pode quando eu o tirar do sério.
Lembro-me bem que impetuosidade faz parte do pacote.
– Bom que se lembra de minhas características.
– De todas elas. – Bella assegurou languidamente. – E sabe que eu até gostei de todo esse...
destempero?
– Isabella... – Edward sibilou quando ela mordeu a ponta da gravata tão logo indagou
sugestivamente.
– Verdade!... – garantiu inocentemente. – Quando me perseguiu e depois me derrubou sobre a
cama... E me prendeu pelos pulsos... Suas demonstrações de força me excitam; como ontem quando
travou a porta.
– Isabella... Eu ainda tenho algo sério á lhe falar... – disse sem convicção.
– E eu peças mortas á vingar.
Dito isso em um único movimento partiu a gravata em duas partes. Antes que uma delas caísse,
também com um movimento, rasgou a frente da camisa de algodão tão delicado para lamber-lhe o
peito largo, sentindo o sabor dos pelos antes de mordiscar um mamilo mínimo. Inflamado por ela, o
vampiro urrou ao livrá-la da toalha e erguê-la no colo para beijá-la. Quando Edward ensaiou um
passo em direção á cama, Bella quebrou o beijo e o deteve.
– Não.
– Não?!... – Edward indagou confuso; os olhos ardentes.
– Faça amor comigo exatamente aqui... – pediu rouca. – Como teria acontecido ontem... Com a
cidade aos nossos pés.
Com um esgar de deleite, Edward não se moveu, apenas prendeu-lhe os lábios e retomou o beijo.
Sabia que ela estava pronta; quando a depositou no chão e virou-a nua, de frente para o vidro,
acariciou-a pela satisfação conjunta, para prolongar a excitação e sensação de perigo. Enquanto
estimulava seus mamilos ainda mais entre os dedos e roçava sua ereção contida nas nádegas cheias,
grunhiu.
– Acha que pode controlar suas garras?
– Posso tentar como fiz com o tanque de sua moto... – ela exalou em um gemido, estimulando-o
com o quadril.
– É bom, pois se partir o vidro a queda é feia. – falou tirando as mãos do corpo desejável para
arrebentar o cinto e abrir as calças.
– Que graça teria a vida sem um pouquinho de emoção? – a vampira indagou empinando-se mais.
– Nenhuma. – Edward retrucou enquanto atendia ao chamado mudo.
Ao afundar-se repetidas vezes no corpo de sua noiva, o vampiro deixou seu pensamento vagar para
os primeiros dias antes de reencontrá-la. Quando por várias vezes parou ao lado da mesma janela e
especulou se novamente a veria sendo aquela cidade tão grande e corrompida por odores variados.
Agora, não só a tinha para si como fazia amor selvagem em sua Isabella – como ela mesma disse –
com Nova York á seus pés.
Uma hora depois – com exatamente quarenta minutos de atraso – Bella entrou na redação pela
primeira vez após sua transformação. Chegou ao andar depois de enfrentar o elevador lotado onde
evitou encarar as pessoas que percebia estarem olhando especulativas para ela – principalmente os
homens. Sabia que seria daquela forma justamente por esse motivo novamente escolheu roupas
neutras tão logo ela e Edward conseguiram se afastar um do outro. Como da primeira vez que se
aprontou naquela manhã, não usou maquiagem, pois acreditava que não precisaria de atrativos
artificiais quando sua nova imagem e o carisma próprio aos imortais já chamariam atenção
suficiente.
Enfrentar os olhares não foi seu real problema e sim bloquear odores que lhe pareciam tão
agradáveis que a levaram á salivar desejosa de um pouco de sangue. Para esse detalhe não havia se
preparado, afinal acreditou que seria como das outras vezes que saiu com Edward e esteve com
humanos. Não imaginou que no cubículo limitado o odor adquirisse tal apelo.
Foi com alívio que viu as portas se abrirem no andar indicado permitindo que ganhasse o corredor e
assim o ar pudesse dispersar o cheiro concentrado. Agora a caminhar rumo á sala de Esme, tentava
novamente evitar os olhares em sua direção e ignorar a cacofonia que sempre apreciou; agora
potencializada á agredir seus ouvidos sensíveis. Cumprimentou brevemente os poucos que se
permitiu falar no curto período em esteve presente ou percebia nos raros momentos de lucidez.
– Bom dia! – cumprimentou a secretária de Esme, sem se lembrar de seu nome. – Poderia avisar á
Sra. Howden que desejo lhe falar?
A moça ergueu os olhos em sua direção e então piscou algumas vezes sem nada dizer até que
perguntou receosa.
– Você é Isabella, não?... A novata?
– Se não contrataram outra depois de mim, sim... Sou essa Isabella. – respondeu indiferente; não
simpatizava com a funcionária especuladora. – E então, poderia me anunciar?
– Sim... – a moça respondeu num sussurro incerto sem desviar os olhos do rosto pálido á sua frente.
– O que houve com você?... Parece mais...
– Disposta. – Bella completou quando algo lhe ocorreu antes que se impacientasse. Não devia
explicações á secretária, mas achou conveniente ter alguém que a ajudasse á explicar sua nova tez
de palidez tão evidente. – Estive doente... Uma virose fortíssima... Ainda estou me recuperando.
– Faz sentido... – a moça novamente sussurrou. – Parecia mesmo doente dos dias em que esteve
aqui.
– Sim... Agora poderia, por favor, anunciar-me?
– Um momento. – sem desviar os olhos até que fosse extremamente necessário, a moça seguiu até a
porta da editora e desferiu dois toques curtos contra o vidro antes de entreabrir a porta e fazer como
a vampira lhe pediu. Dias atrás seria impossível, contudo naquele instante pôde lhe ouvir a resposta
apressada e ao que lhe pareceu, animada. Quando a moça a encarou já sabia que seria bem recebida.
Esperou que esta a indicasse a sala somente por ser necessário cumprir etapas. Logo estava diante
de sua sócia, segundo Edward.
– Nossa Bella, quanto tempo! – Esme exclamou vindo em sua direção para cumprimentá-la. Antes
que pudesse prever a mulher a puxou para um abraço breve, porém afetuoso. Ao afastá-la
perscrutou-lhe o rosto demoradamente. – Está gelada e pálida. É o frio e a chuva ou ainda está em
recuperação?
– Um pouco dos dois. – Bella respondeu entre confusa e agradecida por todos lhe indicarem uma
desculpa plausível. – E realmente parece que tem muito tempo desde que sai daqui.
– Para fazer as pazes com Edward e nunca voltou. – ela disse com leve tom acusatório. – Sei que
tudo terminou bem, mas até ter notícias fiquei preocupada... Você estava transtornada quando saiu
daqui. Sente-se e me conte... Como foi?
A imortal fez como indicado, contudo sem vontade alguma de narrar os assuntos permitidos sobre
sua história de amor. Até porque os motivos reais que a mantiveram afastadas por onze dias eram
inenarráveis. Sabendo qual aspecto dos acontecimentos interessaria sua editora, sorriu e disse.
– Sua ajuda foi muito importante para que, não só reatássemos como... – ao se interromper estendeu
a mão para que a mulher curiosa á sua frente visse o anel em seu dedo e entendesse o significado
das palavras não ditas.
– Ficaram noivos! – Esme completou enlevada. – Meus parabéns Bella!
– Obrigada!... Devo agradecer-lhe por ter me mostrado o quanto sou importante para Edward. Se
não fosse por você talvez ainda estivéssemos separados.
Ou ela estivesse sendo forçada á ficar o resto de seus dias ao lado de Paul; Edward estaria morto.
Seu estremecimento não passou despercebido por Esme que indagou preocupada com seu estado de
saúde.
– Ainda não está bem, não é?... Disse-me segunda passada que o médico havia lhe recomendado
uma semana de repouso, mas que Edward gostaria que descansasse mais. Talvez fosse o caso de
atendê-lo...
– Não foi nada. – Bella tranquilizou-a. – Apenas um calafrio, talvez resquícios da febre.
– Bom... Estou feliz que esteja de volta, mas não colocarei empecilhos caso queira ficar mais alguns
dias em casa. – então baixando o tom para segredar, acrescentou. – Não precisa ocupar sua posição
de jornalista, talvez Edward esteja pensando em dar-lhe outra ocupação...
Então o momento de felicitações e preocupação havia passado e a editora tentava – sem nenhum
tato – saber o que esperar da união antecipada. Aquela não era a primeira vez que Esme citava
veladamente um nepotismo futuro então, exercitando sua paciência e se preparando para mais
especulações como aquela que fatalmente viriam, Bella sorriu e assegurou.
– Não tratamos sobre esses assuntos e de toda forma, me considero uma iniciante que tem muito á
aprender antes de aspirar novas ocupações. Vou dar tempo ao tempo... Não tenho pressa e conto
com sua experiência para me indicar o caminho, como fez com as últimas matérias que escrevi nos
meus dias negros. Então, agradeço o oferecimento, mas prefiro ficar.
Ás suas palavras pôde ver o brilho de alívio que cruzou brevemente os olhos da mulher á sua frente;
como se ela temesse ser descartada ou reposicionada para que seu cargo ficasse á disposição da
noiva do sócio majoritário – como se fosse simples assim. Ocultando um sorriso de contentamento
nas linhas de seus lábios rosados, Esme falou como se ainda se preocupasse.
– Bom... Você é quem sabe... Só não quero que tenha uma recaída ou que Edward se aborreça
comigo. Devo muito á ele...
– Não acontecerá. – Bella afirmou.
– Então pode contar comigo sempre. – a mulher assegurou estendendo-lha a mão por sobre a mesa;
tão logo Bella a segurou, completou. – Bem vinda de volta!... Ou devo dizer apenas bem vinda, pois
agora sinto que “está aqui”. Bom... Junte-se á nossa família e me prepare uma boa matéria. As
pautas já estão dividas, mas pode fazer algo aleatório sobre o tema que desejar. Como fazia antes de
vir definitivamente e então usaremos no Caderno de Variedades.
– Farei isso, mas antes gostaria de saber se não tiveram notícias de Jared. – a vampira perguntou
despretensiosamente. – Não vi nada sobre seu desaparecimento.
– Lembra-se do que eu lhe disse? – antes que a jornalista respondesse a editora se adiantou. – Tudo
perda de tempo; do deles e do nosso. Essas investigações não dão em nada. Esse rapaz é apenas
mais um entre todos que vêm desaparecendo todos os dias.
– Temo que seja realmente dessa forma. – Bella exalou em tom de lamento se colocando de pé. –
Ainda não dei meu depoimento, vou fazê-lo o quanto antes, mas nada tenho á acrescentar.
– Ao menos fará sua parte na tentativa de acabar com essa loucura.
– Certamente. – foi tudo o que murmurou antes de rumar para sua mesa; como se aquela fosse
realmente a primeira vez.
– Assim fica difícil conversar alguma coisa com você Edward. Onde está?
O vampiro apenas moveu os olhos para sua secretária, sentada á sua frente. Antes que pudesse
responder, ela lhe poupou o trabalho.
– Que pergunta á minha!... Tem certas coisas que jamais mudarão e sua dispersão ao ficar afastado
de Bella é uma delas.
– Acredite... Esse déficit de atenção também incomoda á mim. – informou taciturno.
E não mentia; dar-se conta de estar de volta ao NY Offices sem nem ao menos perceber o caminho
o exasperou sobremaneira naquela manhã. Já deveria estar acostumado á dispersão citada, mas a
cada novo desligamento ficava mais alarmado. Não poderia ser saudável tamanha dependência, no
entanto, mesmo irritado e temeroso, ele nem ao menos desejava superá-la. Na verdade sabia que
Alice mais uma vez estava com a razão; os sentimentos despertados por Isabella sempre seriam
imutáveis não importando o quão malignos pudessem ser. Obrigando-se á dar a devida atenção ao
assunto corrente, indagou em tom de escusa.
– Poderia repetir o que disse?
– Disse que tenho dois possíveis casos que talvez lhe interessem. Ao que parece nem mesmo você é
capaz de acabar com sua fama. Eu agendei um deles para essa amanhã. – disse profissional. – Se for
um homem pontual, em uma hora o senhor Jackson estará aqui.
– Pode me adiantar alguma coisa?
– Ele deseja contratá-lo para que defenda a esposa. A senhora Jackson foi denunciada por lesão
corporal dolosa contra uma de suas empregadas.
Para alguém que sempre nutriu respeito por seus funcionários a perspectiva de defender uma mulher
descontrolada e provavelmente detestável – ao contrário do que julgava Alice –, não lhe trouxe
interesse algum. Não por possuir qualquer impedimento moral, mas por saber que nem ao menos
apreciaria matá-la tão logo a deixasse livre de uma possível indenização ou reclusão.
Verdadeiramente – há muitos anos – não lhe agradava matar mulheres e três exceções desde que
Isabella se instalou em sua vida já era considerado um número excessivo. Que graça havia em
brincar com a comida quando não a ingeriria no final?
– Quando o senhor Jackson chegar o encaminhe para a sala de reuniões. – pediu resignado; tinha
que continuar atuando afinal.
– Por que não recebê-lo aqui? – Alice indagou confusa.
Porque essa sala está lotada de Isabellas; pensou angustiado. Uma caminhava em sua direção
bravamente com o rosto tão corado que o fazia perder o fôlego. Outra estava sobre seu colo
estremecendo após um orgasmo provocado por ele. Havia também a versão insubordinada que
ameaçou deixá-lo para seguir o ex-namorado. E ainda havia a mentirosa que assegurou fazer tudo o
que o seu mestre mandasse e, no entanto, sempre fazia exatamente o contrário ao pedido e agora ao
ordenado.
CONTINUA...
******************************************************************************
SPOILER:
– Nenhuma notícia de Jasper? – ao notar-lhe o súbito desconforto, Edward soube que havia algo
novo. Deu-lhe tempo para contar fosse qual fosse a novidade, como Alice nada dissesse, pediu em
tom firme. – Conte o que há Alice.
– Bem... – ela começou receosa. – Não queria preocupá-lo mais, mas...
– Mas...? Fale de uma vez Alice.
– Antes de voltar ao East Village, eu fui ao meu antigo apartamento e descobri que Jasper passou
por ele antes de ir embora.
Apesar do lamento contido em sua voz – demonstrando o quanto tocar em tal assunto a feria, o
advogado indagou ansioso.
– E o que descobriu? Jasper levou todos os seus pertences?
– Não. – Alice respondeu sem tom especial, como se alguma forma tentasse conformar-se. – Pegou
apenas algumas roupas, dinheiro e... seu passaporte.

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... Me contem... Infelizmente só posso responder aos
domingos, mas faço com certeza...
Agora é voltar á realidade... Vida off me cobra atenção... Bjus

(Cap. 83) Capítulo 2ª metade - Capítulo 19 - Parte III

Notas do capítulo
Bom dia!...
Desculpem a demora em postar, ams tive problemas com a net no dia da postagem e só
consegui att agora...
Obrigada pelos reviews, pela nova indicação... S2
Vcs sempre muito atenciosas (os) comigo...
Agora não vou prendê-las... Vamos ao restante do capítulo...
BOA LEITURA!

– Por que não recebê-lo aqui? – Alice indagou confusa.


Porque essa sala está lotada de Isabellas; pensou angustiado. Uma caminhava em sua direção
bravamente com o rosto tão corado que o fazia perder o fôlego. Outra estava sobre seu colo
estremecendo após um orgasmo provocado por ele. Havia também a versão insubordinada que
ameaçou deixá-lo para seguir o ex-namorado. E ainda havia a mentirosa que assegurou fazer tudo
o que o seu mestre mandasse e, no entanto, sempre fazia exatamente o contrário ao pedido e agora
ao ordenado.
Decididamente precisava ficar longe de todas elas, pois mesmo apreciando a companhia incorpórea
e múltipla, tinha plena consciência que não conseguiria ceder mais do que dois minutos de sua
atenção ao novo cliente; ainda mais por um caso tão desinteressante.
– Preciso de novos ares. – explicou laconicamente em voz alta. Na esperança de ter ao menos uma
alegria, indagou. – E quanto ao outro caso?
– Latrocínio... O caso já está em andamento, mas parece que a família está insatisfeita com os
serviços do advogado contratado.
– Nós o conhecemos? – perguntou se recostando em sua cadeira de couro.
– O nome não me foi passado, apenas sei que é um dos advogados de Clearwater.
– Então não é um dos melhores. – exclamou soberbamente e com leve irritação ao se lembrar do
rábula abjeto pela segunda vez naquela manhã. Refreando a raiva crescente inquiriu sério. – Ao
menos terei “um réu” dessa vez?
– Terá. – a secretária confirmou contrafeita. – Já está fazendo planos de matá-lo?
– Tão logo eu tenha minha vitória. – o vampiro assegurou estalando a língua nos dentes,
acalentando certo divertimento ante aos pudores de Alice. Antes que este ganhasse força e
sobrepujasse sua irritação anterior, Edward atinou que faltava uma personagem essencial naquele
teatro. Esteve evitando o assunto durante quase uma hora, mas estava claro que mesmo tratando de
seus afazeres, ambos mal disfarçavam a ansiedade em comentá-lo. Com um suspiro ignorou a
carranca repreensiva da amiga e perguntou finalmente.
– Nenhuma notícia de Jasper? – ao notar-lhe o súbito desconforto, Edward soube que havia algo
novo. Deu-lhe tempo para contar fosse qual fosse a novidade, como Alice nada dissesse, pediu em
tom firme. – Conte o que há Alice.
– Bem... – ela começou receosa. – Não queria preocupá-lo mais, mas...
– Mas...? Fale de uma vez Alice.
– Antes de voltar ao East Village, eu fui ao meu antigo apartamento e descobri que Jasper passou
por ele antes de ir embora.
Apesar do lamento contido em sua voz – demonstrando o quanto tocar em tal assunto a feria, o
advogado indagou ansioso.
– E o que descobriu? Jasper levou todos os seus pertences?
– Não. – Alice respondeu sem tom especial, como se alguma forma tentasse conformar-se. – Pegou
apenas algumas roupas, dinheiro e... seu passaporte.
– Jasper deixou o país?! – não era a intenção imprimir tamanha incredulidade em sua voz, mas
Edward simplesmente não se conteve. – Mas para onde ele iria?
– Não faço a mínima ideia Edward e toda essa falta de notícias está acabando comigo.
Frente ao lamento novo e condizente com a situação, o vampiro foi obrigado a refrear sua
curiosidade especulativa. Necessitava saber para onde Jasper havia partido, mas deveria poupar
Alice uma vez que ambos dividiam a ignorância quanto ao paradeiro ou intenções de seu amigo;
irmão. Ainda encarando-a igualmente chegou á conclusão de que não havia motivos para adiar o
certo á ser feito.
– Sinto muito Alice. – o vampiro disse de chofre.
– Ah, não sinta por isso. – ela falou sem perceber sua real intenção. – Eu deveria saber que se Jasper
resolveu colocar distância entre nós iria para o mais longe possível.
O Edward de um dia atrás deixaria que o mal entendido ganhasse força e intimamente se
consideraria quites com suas desculpas incompletas, todavia, aquela sua faceta egoísta e auto-
embusteira havia sido massacrada pela indiferença de Isabella, deixando em seu lugar o desejo real
de expor escusas sinceras.
– Não me refiro á esse novo golpe. – falou seguro. – Estou declarando meu pedido sincero e formal
de desculpas por todas as vezes que lhe faltei ao respeito. Não importava no que acreditava na
época, eu jamais tive o direito de cortejá-la uma vez que o irmão de uma vida a escolheu e
desposou. E tinha muito menos direito de convidá-la para minha cama estando ébrio ou não, depois
de todos os anos que convivemos juntos e fui testemunha da veracidade do seu amor. Antes de ser
um devasso fui um cretino com quem merece tão somente meu respeito e admiração.
– Você está falando sério! – Alice exclamou mesmo num sussurro emocionado. – Falando sério de
verdade!
– Estou. – confirmou sem se deixar abalar pela incredulidade também demonstrada; merecia tal
reação. – Acha que pode me desculpar?
– Bem sabe que sempre esteve perdoado Edward. Como comentei ontem pela manhã, sempre
estamos preparados para seu pior. Jamais estive preparada para... isso. – ela disse simplesmente,
apontando em sua direção como se fosse possível indicar seu gesto. – Diante dessa novidade
alvissareira nada mais me resta do que apagar suas faltas definitivamente de minha memória e não
somente desculpá-las uma vez mais.
O vampiro não considerava a novidade promissora. Como esclareceu á Isabella, seu arrependimento
era único e exclusivo por ter magoado seus amigos e não que tivesse adquirido uma alma nobre e
benevolente da noite para o dia. Sim, aquela era a verdade, mas não precisava roubar a felicidade
aparente de sua amiga. Se Alice queria crer que ele realmente teria recuperação, amém.
– Obrigada. – agradeceu sinceramente. – Eu, de minha parte não esquecerei. Deixarei como um
lembrete perpétuo para evitar dissabores futuros; sejam de qualquer ordem.
– Faça como achar melhor. – ela retrucou e então, ainda incrédula exclamou. – Nossa!... Se alguém
me disse que eu seria testemunha de tal mudança, meses atrás eu mandaria internar...
– Não tripudie Alice. – ele a advertiu. – Pedi-lhe desculpas sinceras, mas ainda sou o mesmo e
continuo exigindo respeito; mesmo sendo complicado para você entender o conceito.
– É verdade... Continua sendo o mesmo. – ela constatou com um meio sorriso que logo se apagou. –
Pena que Jasper não esteja aqui para ver essa mudança “sutil”.
– Ele saberá. – Edward falou mais para convencer á si mesmo que a esposa largada.
– Assim espero. Bom... Vou cuidar de meus afazeres e me preparar para a chegada e seu cliente.
Assim que ele estiver na sala de reuniões e lhe comunico. – eficiente, Alice se colocou de pé;
encarando-o, disse. – Gostaria que Bella estivesse aqui para parabenizá-la. Ela conseguiu o
impossível!
– Suum cuique. – disse em latim. – “Para cada um o seu”, parafraseando sua citação á Bíblia.
Somente alguém tão obstinada quanto eu para me apontar minhas falhas e me fazer enxergá-las. –
respirando profundamente pediu. – Talvez esteja gastando saliva, mas... Gostaria que não
comentasse esse nossa conversa com Isabella.
– Por que não? – a secretária indagou unindo as sobrancelhas.
– É complicado explicar, mas vou resumir... Já disse á ela que me arrependo e desejo que minha
palavra seja o bastante. Não quero que Isabella tenha confirmações e sim acredite em mim pelo o
que digo.
– Se é o que quer... – ela anuiu dando de ombros. – Juro que desisti de entendê-los. Tudo para vocês
é complicado e acredite... dois loucos presos na mesma bolha particular é mais do que tenho cabeça
para adminstrar no momento... Se me der licença...
– Espere. – Edward a deteve subitamente. Esteve tão absorto em suas divagações com Isabella ou
com a conversa travada com Alice que um de suma importância quase lhe passou despercebido.
Quando sua amiga estacou e o encarou, o vampiro indagou seriamente. – Emmett já está em sua
sala?
– Emmett avisou que não viria hoje.
Edward nem ao menos poderia considerar tal comportamento estranho visto que há muito nenhum
deles agia conforme a normalidade estabelecida. Com um aceno agradeceu mimicamente á Alice e a
liberou. Uma vez sozinho, sem que pudesse evitar, Edward deixou que as muitas versões de Isabella
viessem lhe fazer companhia. Acariciando o nó da gravata escolhida – também tão cuidadosamente
feito por ela – o vampiro foi até suas bebidas e se serviu de uísque.
Já diante da parede de vidro, á dar pequenos goles na bebida ardente, tentou sufocar um crescente
sentimento de inutilidade por estar confinado em seu escritório. Por não saber em quem confiar ou
onde seus inimigos estariam. Ou o que tramavam. A única certeza era que estavam, até que se
provasse algumas baixas, todos espalhados por aquela cidade. Assim como sua Isabella.
Ainda em sua divagação inquietante, perguntou-se como a dona das ilusões ao seu redor estaria.
Queria acreditar que sua vampira lhe colocaria á par de seus passos como havia prometido, pois
somente por essa crença foi capaz de deixá-la sair de seu carro depois do beijo apaixonado que
trocaram. Ainda que estivesse sob controle, necessitava que ela voltasse em segurança. Não havia
lhe mentido; estaria verdadeiramente oco sem sua metade inteira.
Tamborilando os dedos nervosamente sobre o tampo de sua mesa, Bella repensou pela enésima vez
que mal Esme Howden poderia imaginar o quanto ela desejava terminar com a loucura que havia se
instalado em Nova York ou o quanto estava diretamente envolvida. Nem mesmo Edward ter
demovido a editora-chefe de publicar as matérias sensacionalistas sobre sua nova raça lhe acalmava
o coração. A vampira desejava paz, contudo apenas sentia a ansiedade crescente por não conseguir
antever um final para a disputa instaurada quando as duas partes interessadas nada poderiam fazer
contra a outra. Era quase desesperador imaginar que talvez vivessem naquele impasse eternamente
com cada qual esperando alguma falha do inimigo para enfim derrotá-lo.
– Eh... Bom tê-la conosco Swan... – disse um de seus colegas parando ao lado de sua gôndola e
apoiando-se contra o vidro que a separava da mesa de Jared; ainda desocupada esperando em vão
por seu ocupante.
– Também estou feliz por estar de volta. – disse indiferente, não pela interrupção de seus
pensamentos, mas pelo odor masculino, semelhante aos demais, que sentiu tão logo se instalou no
lugar reservado como seu. Edward havia salientado sobre o barulho excessivo, contudo ter
consciência do desejo coletivo era o que mais a exasperava.
– Eh... Vou pegar um pouco de café... Gostaria que eu trouxesse para você também? – perguntou
solícito.
Diante ao receio que demonstrava enquanto se dirigia á ela, Bella se lembrou que aquele homem á
sua frente, havia sido o mesmo que a abordou na manhã seguinte ao seu episódio desagradável com
o jornalista esportivo. Não aceitaria nada de alguém tão malicioso nem mesmo se ainda apreciasse a
bebida quente.
– Não tomo café. – a vampira falou encarando-o intensamente. – Nem converso durante o
expediente, somente o essencial. Entendido?
– Entendido.
Após a resposta débil, o homem se afastou esquecido do café, pois retornou á sua mesa e voltou ao
trabalho. Depois de correr os olhos brevemente por todos na redação, Bella seguiu-lhe o exemplo e
dedicou sua atenção á própria tela. Não deveria divagar e sim se lançar ao tema escolhido; temores
infantis. Chegou á ele ao se lembrar de Zack, o filho de sua vizinha. E decidindo que seria algo de
fácil desenvolvimento, que não exigiria muito de sua mente tumultuada, iniciou sua matéria. O
problema era que nem mesmo a leveza do assunto a mantinha focada. Como se não bastassem todas
as incertezas quanto ao futuro, a saudade de Edward e seus próprios temores, ainda havia o
burburinho incessante da digitação enfurecida de seus colegas, os toques telefônicos e as conversas
paralelas.
A orgia sonora realmente não a irritava, mas lhe roubava toda e qualquer concentração fazendo com
que por muitas vezes desse razão á Edward e a fizesse se arrepender por não ter feito como ele lhe
sugeriu. Se tivesse ficado ao seu lado somente continuaria á ser “a turista”, não a nova contratada.
Graças á sua boa audição, soube que era exatamente assim que cada um que se aventurou á
cochichar pensava de sua presença.
Mal sabiam que na verdade poderia dar-se ao luxo de apenas “passear”, pois – que Esme não lhe
ouvisse os pensamentos – segundo seu noivo era a dona do jornal. Ao se lembrar de Edward, mais
uma vez seu coração foi acometido de uma saudade doída como se não o tivesse deixado á pouco
mais do que duas horas, quando a deixou ás portas do edifício. Como recordou, por ele nem ao
menos estaria ali.
– Fique. – o vampiro pediu abraçado á ela enquanto se recuperavam do ato de amor ante Manhattan.
Afundando o nariz em seus cabelos, sugeriu. – Telefone para Esme, diga que volta amanhã ou
depois.
– Não posso. – ela respondeu com o coração pequeno no peito. – Já estive longe tempo demais para
uma recém contratada.
– Ou participativa demais para uma proprietária. – ele retrucou beijando-lhe o ombro. – Sabe que
aquele jornal é seu, não sabe?
Ao comentário a vampira sorriu brandamente, envaidecida mais uma vez pelo gesto despretensioso.
Era evidente que Edward jamais mediria esforços para agradá-la ou mimá-la. Ainda sorrindo, para
encobrir um leve toque de temor ao se dar conta de todas as mudanças em sua vida, replicou.
– Eu sei... E talvez por isso devesse dar um bom exemplo. Já imaginou como será quando todos
souberem?... Esme está presente todos os dias.
Às suas palavras, Edward endireitou o corpo somente para se sentar no chão levando-a para seu
colo. Depois de prender-lhe o queixo para que o encarasse, falou sério.
– Esme e os funcionários daquele jornal são apenas humanos comuns que simplesmente correm os
mesmos riscos de todos dessa cidade que é o de serem escolhidos como o jantar, não minha vampira
adorada ameaçada por vampiros larápios, loucos e vingativos com o intuito de ferir-me.
– Sei disso, mas temos que arriscar, não? – ela perguntou tocando-lhe o rosto ternamente.
– Eu tenho; não você. – quando ela fez menção de retrucar ele acrescentou rapidamente. – Não
estou tentando interferir na sua profissão, somente dizendo que não precisa se expor... Se não deseja
dar uma desculpa banal, posso ir com você até a redação para um encontro com Esme... Um de nós
a induz para que ela a libere por alguns dias ou lhe dê serviços externos... Então poderia ficar
comigo, em meu escritório... como ontem.
– Tentador. – ela murmurou com uma nota de lamento na voz. – Mas ainda acho que devemos
arriscar, caso contrário passaremos a ideia que estamos amedrontados. Não que eu não esteja, mas
acredito que demonstrar confiança nos ajude.
– Essa é nova! – Edward exclamou encarando-a incrédulo. – Você está amedrontada? E toda aquela
conversa de que poderia destruir á todos por ser mais forte?
– Não zombe de mim, por favor. – ela pediu. – Ainda acho que posso, mas não tenho como ter
certeza... E também, boa parte de meu medo se deve á sua segurança, não á minha.
– Está vendo? – o vampiro indagou subitamente enraivecido. – Como posso deixá-la sair quando
alimenta tais pensamentos?... Se não teme por si própria pode inventar de fazer alguma bobagem
que a coloque em perigo. E acredite... Iria atingir-me mais do que se ferissem diretamente á mim.
– Prometo não fazer nada enquanto estiver sozinha. Vou ao jornal e de lá volto direto para cá.
– Então não se importará se eu levá-la e depois buscá-la. – apesar de seu tom sugerir uma pergunta,
era por si só uma afirmação onde não deixava margem á recusas.
– Não me importarei. – restou assegurar.
Com a satisfação evidente no rosto perfeito, Edward se pôs de pé e a levou consigo.
– Então arrumemo-nos... – falou com um sorriso que mal encobria sua preocupação. Talvez na
tentativa de tornar o assunto um pouco mais leve, pediu. – Sem baixas têxteis dessa vez,
combinado?
– Fale você pelas minhas roupas, pois ainda pensarei á respeito sobre as suas.
A vampira ainda se lembrava do brilho intenso que correu pelos olhos verdes e da excitação que o
precedeu, contudo seu vampiro se conteve e, ainda sorrindo quebrou o novo clima envolvente.
– Então pense com carinho e depois me deixe saber... Por ora vamos mesmo nos aprontar.
Ambos seguiram como determinado e, entre olhares mal disfarçados, desejo contido e sorrisos de
encorajamento, vestiram-se em silêncio apenas ouvindo as gotas da chuva prometida desde a noite
anterior batendo contra o vidro da imensa janela. Tão logo estavam prontos e juntaram tudo que
lhes seria necessário, partiram. Já no interior da SW4, alguns quarteirões além da Wall Street,
Edward apertou levemente a mão que segurava desde a saída do NY Offices e quebrou o clima cada
vez mais tenso.
– Como tudo até agora, você vai estranhar a redação. Ela será extremamente barulhenta.
– Imagino que sim... Se for demais para mim, eu faço como sugeriu e dou á Esme a ideia de me
mandar fazer algo externo.
Novamente apertando-lhe os dedos e desviando os olhos do trafego para olhá-la brevemente o
vampiro pediu.
– Se acontecer me avise que venho buscá-la imediatamente.
– De verdade Edward... – ela começou receosa. – Não acho que seja necessário. Estava pensando
em ver como está o conserto de meu carro e também tem outras coisas que eu preciso resolver...
Serei breve e logo voltarei para o apartamento... Não precisa vir me buscar e...
– O que tem á resolver? – Edward a interrompeu.
– Pequenas coisas, bobagens minhas...
– Mais segredos? – seu noivo inquiriu em um tom estranho; sentido.
Não era segredo algum; apenas bobagens como colocou. Enquanto se vestia e tentava se distrair do
corpo forte e convidativo ao seu lado, cogitou ver seu carro e providenciar um novo celular. Não
poderia haver perigo em algo tão corriqueiro e era sua intenção ser breve nas duas empreitadas;
nada que abalasse ainda mais a falta que também sentiria dele e a levaria de volta o quanto antes.
Apenas queria ter a liberdade de resolver seus problemas por si só, como sempre havia sido.
Edward não deveria sofrer por algo tão banal, mas ciente que havia sido a causadora do sentimento
de exclusão, expôs-lhe suas intenções.
– Alice pode providenciar um celular para você. – ele retrucou secamente ao final de sua
explicação.
– Alice pode ir ás compras, eu não posso?... – ela murmurou interrogativa. – Ou não tem
importância se ela também corre perigo?
– Muitas vezes Alice providencia o que desejo sem nem mesmo sair do escritório. – foi a resposta
ainda seca. – Ela não estaria em perigo ao encomendar um celular.
– Sem desmerecer a eficiência de Alice ou aborrecê-lo, prefiro continuar á cuidar de minhas coisas.
Por favor, Edward... Não estou pedindo nada demais. Prometo que ao sair eu lhe aviso e assim que
vir tudo o que desejo eu volto “correndo” para nosso apartamento.
Após alguns segundos, enquanto diminuía a velocidade para obedecer á um sinal vermelho, Edward
suspirou resignadamente e pediu.
– Poderia ser “voando”? – então, ao parar, desprendeu a atenção do pára-brisa e a encarou. – Não
brinquei ontem á noite. Hoje será verdadeiramente o dia de minha provação. E ao que parece não
está disposta á colaborar.
Ignorando o último comentário ciente de que não deveria enveredar por caminhos que agravassem
ainda mais a dependência que somente o fazia sofrer, Bella apertou as pontas de seus dedos e
assegurou.
– Será ruim para mim também, mas... imagine como será nosso reencontro depois de tanta
saudade... – completou sugestivamente. – Espero que essa sua gravata não seja a sua preferida.
Após ensaiar um sorriso que não passou de um torcer de lábios, Edward assumiu sua sobriedade.
– Tem minha permissão para destruir o que desejar que me pertença. Desde a gravata mais estimada
e cara, minha cobertura inteira e até mesmo meus adorados carros; todos eles... Mas não permito
que se destrua. – colocando o carro novamente em movimento, prosseguiu. – Não consigo confiar
em você Isabella; sua impulsividade e voluntariedade me assustam. Somente os deuses sabem como
me custa deixá-la sozinha então nem mesmo acenar-me com todo o prazer que podemos ter em um
reencontro saudoso vai abrandar o que sinto agora.
– Já prometi me comportar. – ela sussurrou roucamente; embargada. – Posso ser assim como
descreve, mas não sou irresponsável. Não precisa de tantos cuidados ou... de tanto sofrimento.
– Pede-me duplamente o impossível. – ele retrucou enquanto acessava a rua onde a deixaria. Ao
estacionar diante do prédio quebrou o breve instante silencioso, encarando-a. – Mas não vamos nos
perder em conjecturas. Somente saberemos como se comportou depois do dia corrido. Agora o que
me resta é esperar por sua volta, não é isso?
– É isso! – ela confirmou lhe sorrindo de leve, tentando passar alguma confiança. – Quando resolver
sair eu lhe aviso assim saberá que já estou na rua... e tão logo resolva tudo o que quero volto para
você.
Sem nada dizer, Edward estendeu sua mão e a tocou de leve no rosto, gradativamente o toque
tornou-se forte e quando o vampiro correu seus dedos para a nuca feminina, Bella podia sentir toda
a intensidade que emanava dele. Aproximando-se ao mesmo tempo em que a atraia para perto, falou
roucamente.
– Correção. Tão logo resolva seus problemas levará minha essência de volta, pois vagarei
inteiramente oco até que devolva minha alma.
À lembrança das palavras densas e do beijo subsequente, a vampira estremeceu
imperceptivelmente. Voltando seus olhos para a página praticamente em branco na tela á sua frente,
Bella admitiu que não passaria do cabeçalho naquela manhã. Melhor seria se adiantasse suas
necessidades e voltasse o quanto antes para junto de seu vampiro; não o queria “oco”. Fechando
todas as janelas abertas – sem nada salvar, pois nada havia feito – a vampira repassava seus passos
seguintes.
Iria primeiro ao mecânico e então á procura de um celular que substituísse o destruído por Paul. Á
nova recordação, novamente estremeceu, contudo de ódio genuíno por tudo que ela e Edward foram
obrigados á passar naquelas horas infernais. Bufava exasperada ainda movida pela gana despertada,
quando o telefone em sua mesa passou á tocar. Rápida, não esperou pelo segundo toque.
– Alô! – disse duramente.
– Bells?
Ao ouvir a voz querida que exprimia sua preocupação em um único chamado, o coração da vampira
amoleceu; e se encheu de culpa.
– Mãe!
– Bella você está bem querida?
– Estou... – disse num sussurro. – Desculpe-me por não ter ligado ontem.
– Fiquei preocupada, você nem mesmo tem respondido aos meus e-mails.
Era uma filha relapsa; recriminou-se. Agora lhe parecia que teria tão pouco tempo com seus pais e
ainda assim os deixava fora de suas prioridades. Nem mesmo seu pai estava fora da consideração,
pois tinha consciência de que não fosse o fato de Paul tê-lo atraído, não estaria lhe dando maior
atenção.
– Desculpe, mas é que tantas coisas aconteceram nesses últimos dias que me esqueci
completamente de procurá-la.
– Está bem... – foi a resposta um tanto sentida. – Ao menos sei que está bem.
– Estou sim e... – era seu desejo aproveitar a oportunidade e lhe contar sobre seu noivado, porém,
ao olhar em volta e perceber alguns rostos especulativos voltados em sua direção, interrompeu-se e
atalhou. – Posso ligar mais tarde? Tenho algo á lhe contar, mas agora estou ocupada...
– Sempre querida. Desculpe ter ligado para seu emprego, mas...
– A senhora estava preocupada. – Bella completou enternecida. – Sei disso mãe e pode me telefonar
sempre que for preciso onde quer que eu esteja, é que agora realmente não posso conversar.
– Vou esperar seu telefonema então... Beijos Bells.
– Até logo mamãe.
Ao recolocar o fone no gancho seu coração já estava abrandado de todo o ódio anterior; não que
fosse esquecê-lo, apenas havia percebido que deveria focar naqueles que verdadeiramente lhe
importavam. O restante era apenas a escória que tão logo fosse possível, seria eliminada.
Esperançosa de que tudo ocorresse como desejava, Bella novamente sacou o fone e discou o
número de Edward. Esperou ser atendida ao primeiro toque como de costume, contudo isso nem ao
menos aconteceu.
Tentou mais duas vezes antes de se decidir por deixar uma mensagem avisando que já estava
deixando o jornal; como o combinado. Resignada – não deixando que sua mente criasse teorias
preocupantes pela falta de atendimento – vestiu seu trench coat vermelho e recolheu sua bolsa. Sem
se incomodar com a nova onda de comentários acerca de sua breve permanência, tomou o rumo da
sala de sua editora-chefe. Mesmo com o espírito acalmado, não estava com paciência para lidar com
a secretária então apenas “informou” que entraria. Fez como o dito, após dois breves toques contra
o vidro da porta.
– Algum problema Bella? – a mulher atrás da mesa indagou á sua entrada.
– Nenhum... Só vim dizer que vou continuar a fazer a matéria em casa como sugeriu. – então,
encarando-a, afirmou. – É isso que quer... Que eu trabalhe em casa. Dirá é todos que me incumbiu
de trabalhos externos, por isso venho esporadicamente.
– Está bem. – ela concordou alheia. Com um sorriso manso Bella se despediu.
– Obrigada. Até breve Esme...
– Até breve Bella.
Sem olhar para os lados, seguiu até o elevador. Após os novos segundos de tortura no espaço
exíguo, marchou apressada até a rua. Ao chegar á área aberta, livre de odores, agradeceu o pouco
alivio que trazia á sua garganta e também entendeu todas as vezes que Edward explicou sobre como
a chuva os encobria. Com seu olfato limitado, quase se sentia humana novamente. A parte
preocupante era saber que da mesma forma que não sentia o odor dos gases poluentes, dos perfumes
e do sangue, também não sentiria o de algum imortal que eventualmente se aproximasse.
Inconscientemente a vampira recuou um passo, insegura com todas as recomendações dadas e
quadros alarmistas de possíveis ataques que a feririam e consequentemente atingiriam Edward
descrito pelo mesmo. Subitamente amedrontada, cogitou retornar ao jornal e pedir que o noivo
viesse buscá-la. Contudo logo descartou a ideia covarde. Desejou ser imortal não somente para
viver eternamente ao lado se seu vampiro, mas também para ser sua companheira e ajudá-lo. Como
seria se recuasse diante da primeira provação?
Sabia como seria. Edward a cercaria ainda mais de cuidados até ela, como a boa medrosa que se
revelou ser, tornar-se-ia completamente dependente dele. Seria um peso morto desinteressante não a
parceira atuante que desejava ser. Jamais poderia viver á tal situação. Resoluta, arrumou a bolsa
sobre os ombros, encheu os pulmões com o ar inodoro e voltou á calçada. Como disse á Edward o
que tinha á fazer tomaria muito pouco de seu tempo e logo voltaria para seus braços; sã e salva.
********************************************************************************
**
Algumas leitoras e amigas fizeram esse grupo no Face. Quem quiser saber o pq ele foi criado é só
dar uma olhada... E se curtirem, agradeço...
Grupo Obsession – Beaten by Love
********************************************************************************
******************
SPOILER...
Sentado conformavelmente em sua cadeira forrada de couro preto á cabeceira da grande mesa da
sala de reuniões, Edward olhava na direção de Silas Jackson, contudo sua atenção era direcionada
para além do rosto vermelho e flácido de bochechas tão expandidas que mais o assemelhavam á um
cão que a um humano. O homem que gesticulava em demasia havia perdido a atenção do advogado
tão logo passou á expor os motivos frívolos que levaram sua adorável esposa á espancar a
camareira. Enquanto assistia as gotas sobre o vidro da janela se juntarem e formarem filetes que
desciam rápidos como pequenos rios, o vampiro tentava dissociar a informação de que seu sócio
estava livre pelas ruas assim como Isabella. Á muito custo refreava o pensamento que tentava
ganhar força, negava veementemente que um encontro entre os dois fosse possível.
Emmett não seria louco o bastante para procurá-la quando estivesse sozinha. Seu sócio o conhecia
bem e ainda se lembrava que consideraria como afronta pessoal caso se atrevesse á tanto, então
deveria sossegar seu instinto enciumado. Logo sua Isabella – a real – estaria de volta para recolher
as muitas que ele havia criado e ocupar única e completamente sua mente; acalmando assim seu
coração mal acostumado e saudoso.

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... Como sempre, me deixem saber... =)
Como já deixei o spoiler, não vou me estender... Sono se apossa de meu ser... Boa
madrugada amores...
BOM FINAL DE SEMANA!...

(Cap. 84) Capítulo 20 - Parte III (Bônus)

Notas do capítulo
Oie... Nossa, muitas saudades de todos (as). Nem vou "falar" muito agora... No final nos
vemos... =)
Como sempre, BOA LEITURA!

Sentado conformavelmente em sua cadeira forrada de couro preto á cabeceira da grande mesa da
sala de reuniões, Edward olhava na direção de Silas Jackson. Contudo, sua atenção era direcionada
para além do rosto vermelho e flácido de bochechas tão expandidas que mais o assemelhavam á um
cão que a um humano. O homem que gesticulava em demasia havia perdido a atenção do advogado
tão logo passou á expor os motivos frívolos que levaram sua adorável esposa á espancar a criada.
Enquanto assistia as gotas sobre o vidro da janela se juntarem e formarem filetes que desciam
rápidos como pequenos rios, o vampiro tentava dissociar a informação de que seu sócio estava livre
pelas ruas assim como Isabella. Á muito custo refreava o pensamento que tentava ganhar força,
negava veementemente que um encontro entre os dois fosse possível.
Emmett não seria louco o bastante para procurá-la quando estivesse sozinha. Seu nobre colega o
conhecia bem e ainda se lembrava que consideraria afronta pessoal caso se atrevesse á tanto, então
deveria sossegar seu instinto enciumado. Logo sua Isabella – a real – estaria de volta para recolher
as muitas que ele havia criado e ocupar única e completamente sua mente; acalmando assim seu
coração mal acostumado e saudoso. Alheio á Alice e ao seu cliente, conferiu as horas em seu
Armani; onze e dezessete.
Talvez devesse ligar para Isabella e convidá-la para encenarem um almoço. Seria interessante estar
com ela em um restaurante mais uma vez e era fato que não somente deveriam se mostrar
confiantes para seu inimigos, como também manter as aparências para os humanos que os
cercavam. Animando-se pela primeira vez depois que a deixou, Edward se preparou para tatear á
procura de seu celular, porém interrompeu o movimento quando um pigarrear insistente chamou sua
atenção.
– Pois não Alice? – indagou secamente, irritado pela interrupção.
– O senhor Jackson espera sua resposta. – ela esclareceu; para salvá-lo completou. – Quer saber
quais as chances de absovição da senhora Jackson.
Baseando-se no pouco que ouviu, falou seriamente.
– Bem... Não será fácil convencer alguém que sua esposa apenas agiu por instinto ao socar outra
mulher tantas vezes e bater a cabeça da mesma contra a parede com tamanha brutalidade que esta
não só teve a face danificada e os tímpanos perfurados, como também apresentou um trauma
craniano.
– Mas ela está bem... – ele retrucou.
– Após três dias de internação? Ora, faça-me o favor... – Edward exalou enfadado, deixando no ar o
pedido para que calasse a boca, então prosseguiu. – A futilidade que gerou tal comportamento é
outro fator negativo, afinal todos sabem que uma pele, por mais valiosa que seja, não vale a
integridade física de outrem. Ainda mais quando essa outra pessoa é uma angolana naturalizada.
Acredito que a origem africana de sua criada fornecerá um vasto leque de opções desfavoráveis
visto que o representante da promotoria até possa transformar os motivos dessa agressão em
racismo cultural e étnico.
– Então o senhor está me dizendo que é um caso perdido? – o homem indagou alarmado; os olhos
maximizados. – Não há saída para minha esposa?
– Realmente teria sido preferível que a senhora Jackson fosse comedida ao defender seu precioso
Sable e apenas tivesse demitido a criada descuidada ou a fizesse pagar pelo prejuízo, como não foi
assim que as coisas ocorreram reafirmo que não será fácil defendê-la, ainda mais que o caso se
tornou público e a sociedade espera uma justa punição. Contudo o senhor procurou á mim... Não
tenho por hábito assumir causas brandas e não me recordo do tempo em que perdi uma desefa
afanosa. Então senhor Jackson, não se preocupe, todas as chances estão com sua esposa.
– Sabe... – Alice começou depois que foram deixados á sós por um novo cliente endinheirado e
esperançoso. – Sua falta de modéstia sempre me surpreende. Fico me perguntando se esse aspecto
também poderia ser trabalhado por Bella.
– Lamento informá-la que Isabella á beneficiada por várias qualidades minhas para se ocupar com
um defeito tão insignificante.
– É um fato! – ela disse marcando algo em sua agenda antes de fechá-la e concluir. – Você nem ao
menos sabe o que é modéstia.
Edward ensaiava um sorriso complacente ante o olhar reprovador de sua amiga, quando sentiu antes
mesmo de ver a aproximação de um dos seus funcionários. No momento que este desferiu alguns
toques breves sobre a madeira da porta aberta, o vampiro já sabia de sua chegada e mesmo sem
conhecer qual o tema que o levava até ele; sentia-lhe o cheiro de temor.
– Com sua licença senhor Cullen... – disse o homem receoso, colocando as mãos nos bolsos da
calça social.
– Tem toda... – consentiu se recostando; curioso.
Mario Ortega entrou demonstrando uma submissão que Edward rogava não ser exposta também no
tribunal. Ainda incerto, o homem olhou na direção de Alice e então novamente para seu chefe.
– O assunto é particular senhor...
Edward entendeu que a limitação em tocar no tema que o levou á procurá-lo era por se sentir
intimidado, talvez, mais pela beleza de Alice do que por sua superioridade hierárquica. Vendo ali
uma boa oportunidade de instruir seu funcionário á agir sob pressão, assegurou.
– Pode falar o que deseja na presença de minha secretária, Mario.
– Bom... – o advogado mortal começou, bravamente ignorando-a. – É apenas uma pergunta um
tanto delicada senhor... Se não quiser me responder eu entenderei.
– Qual o propósito de talvez constranger seu chefe com uma pergunta delicada se passaria bem sem
a resposta? – Edward replicou interrogativamente, divertindo-se com o embaraço masculino.
– Desculpe-me senhor Cullen. – após um respirar profundo, Mario prosseguiu com maior firmeza. –
O senhor tem razão e acredite, não é minha intenção constrangê-lo. Eu me expressei mal... O que
quis dizer é que preciso saber de algo... na verdade, tirar uma dúvida que paira entre nós e que
entenderei se o senhor quiser se reservar ao direito de guardar sigilo sobre o assunto, mas... – Mario
se adiantou quanto Edward já se preparava para retrucar-lhe mais uma vez. Apreciando a ousadia, o
vampiro refreou-se e o deixou terminar sua explicação. – Eu gostaria de ter uma resposta senhor,
pois todos nós estamos preocupados com nosso futuro.
– Prossiga. – Edward encorajou ainda mais intrigado.
– É que... eu e todos os outros advogados gostaríamos de saber se a Cullen & Associated atravessa
alguma crise. – soltou á um só fôlego, após a breve hesitação.
– De toda forma não foi uma pergunta e sim a tentativa de conseguir confirmação de uma impressão
pré-estabelecida. – Edward salientou sisudo, livre do humor anterior.
– Perdoe-me mais uma vez senhor, mas é que de uns dias para cá o clima tem estado estranho... Se a
movimentação fosse entre os não sócios talvez não nos alarmássemos tanto, mas a estranheza está
com os senhores. Não que fiquemos tomando nota de seus passos, mas... Desde sua súbita viagem,
nada mais pareceu normal. Tivemos a demissão de Paul... O senhor MacCarty também viajou logo
em seguida... Ainda vimos o senhor Whitlock e o senhor White Styling, mas sempre brevemente e
agora... – ao se interromper, Mario olhou na direção de Alice como se decidisse se concluiria ou
não. Após instantes, arrematou. – O senhor Whitlock parece ter saído também.
– Para alguém que não esteve tomando nota está muito bem informado de toda nossa...
movimentação. – Edward retrucou secamente. Contudo, ciente de que o mortal não tinha culpa por
ser observador o bastante e enxergar o óbvio, amenizou o tom. – Asseguro-lhe que não está
acontecendo nada de extraordinário. Sei que o clima tem estado estranho, principalmente depois de
meu desentendimento com o senhor Meraz, mas aquele episódio fez parte de assuntos particulares
que não exerce qualquer influência sobre o futuro de nosso escritório, consequentemente não afeta o
seu emprego nem o de nenhum outro contratado. Quanto aos senhores citados, cada um apenas
cuida de seus afazeres da forma que lhes aprouver. Todas as dúvidas foram esclarecidas?
– S-sim senhor Cullen. – o homem exalou visivelmente constrangido. – Não era minha intenção
questionar sobre como os senhores cumprem suas agendas.
– Eu entendi. – Edward disse sério. – Agora vá e transmita nossa conversa á todos que temem por
seus empregos.
– Farei isso senhor Cullen. Com a sua licença...
O advogado o dispensou com um aceno indiferente, cismando sobre a conversa recém encerrada.
Não era seu feitio dar satisfações de sua vida á quem quer que fosse muito menos á mortais, mas
achou por bem acalmá-los visto que o clima tenso gerado por seus inimigos começava á ficar tão
evidente.
– Já havia ouvido algum comentário mais leve sobre esse temor, mas não lhe dei importância. –
disse Alice segundos depois.
– Bom... – Edward começou subitamente cansado. – Se ouvir algo novamente os tranquilize. Tudo
que não preciso agora é ficar me ocupando de dar explicações á subalternos humanos.
– Acho que não se repetirá. – Alice retrucou. – Mas seria bom se tudo voltasse ao normal...
– Não acontecerá Alice. – o vampiro assegurou convicto. – Nada mais será como antes. Nossa
ruptura é inevitável. Não vamos citar Jasper porque esse eu tenho fé que retorne, mas... Já sabemos
que James não é um dos nossos e talvez esteja morto... Emmett está estranho e não inspira
confiança... Rogo para que sua máscara caia definitivamente assim posso tomar uma atitude efetiva.
– Assim espero. – a secretária murmurou. – Mas ainda assim acho que com o tempo, depois que
essa confusão terminar, vamos “sim” voltar ao normal... Com menos “sócios”, contudo em paz...
– Amém Alice, amém. – o vampiro exalou dividido entre a descrença e a esperança. Tudo o que
queria era paz para que talvez pudesse respirar tranquilamente todas as vezes que sua Isabella
estivesse distante durante a almejada calmaria. Ao novamente entregar sua mente á sua noiva,
perguntou. – Importar-se-ia em me deixar sozinho?
– Absolutamente. – sua amiga respondeu deixando a cadeira e passando a juntar suas anotações. –
Vou cuidar dos carros agora.
– Obrigado! – disse simplesmente, seguindo-lhe o exemplo e indo até a grande janela.
A intensidade da chuva havia aumentado. O vampiro queria acreditar que aquele fosse um fator á
favor de Isabella quando ela estivesse na rua resolvendo suas “pequenas bobagens”. Edward
entendia sua necessidade de independência, mas custaria á se acostumar á mesma. Seria
tranqüilizador se ao menos ela cedesse um pouco. Poderia aceitar companhia para ir ao mecânico e
ela própria encomendar um celular novinho pela internet.
Sim, tudo isso poderia ser feito se não estivesse se referindo á sua noiva voluntariosa. Talvez
demorasse décadas até que Isabella entendesse sua nova condição financeira. Ela não era mais uma
consumidora comum e possuía vantagens que a desobrigaria de ir á muitos lugares. Até mesmo as
melhores estilistas de roupas, bolsas e calçados viriam á ela oferecer suas coleções exclusivas se
assim desejasse. Se o melhor oferecido á massa endinheirada e consumista estaria á sua disposição,
por que se ocupar e se expor apenas pela compra de um maldito celular.
Bufando exasperado com as idiossincrasias de Isabella, Edward levou a mão ao bolso á procura de
seu próprio aparelho celular para colocar em prática sua ideia inicial de convidá-la á encenarem um
almoço. Talvez a convencesse á voltar com ele e juntos pudessem resolver o que quer que fosse
preciso. Toda sua expectativa foi substituída pela ansiedade ao não encontrar o aparelho onde
comumente o deixava. Alarmado, tateou os bolsos de seu paletó já deixando a sala de reuniões e
marchando á passos largos até a sua para procurar por seu BlackBerry que extraordinariamente não
carregava consigo.
Alice já havia ido cuidar de suas solicitações então sua mesa estava vazia quando o vampiro passou
apressado. Não fossem os humanos que encontrou pelo caminho, teria corrido tamanha era sua
urgência. Tão logo fechou a porta atrás de si, partiu até seu sobretudo e o tateou inteiramente indo
encontrar o maldito aparelho em um de seus bolsos frontais. Ao retirá-lo teve a lembrança de tê-lo
realmente o colocado lá distraído com Isabella ao admirá-la enquanto amarrava a tira vermelha de
seu casacão na mesma cor que lhe acentuava a cintura.
Impaciente, apertou qualquer uma das teclas e logo viu os ícones que indicavam três chamadas
perdidas e uma mensagem de texto. Sabia que todas eram de Isabella então moveu a tela até a
mensagem:
Estou deixando a redação agora. Tão logo resolva tudo que lhe falei volto “voando” para vc.
Amor eterno sua Isabella.
Edward conferiu á hora do envio; onze e dez. Isabella havia ficado no jornal pouco mais de duas
horas. Se a intenção era ficar tão pouco por que insistir em ir á redação em primeiro lugar?
Questionou mal-humorado. Nem ao menos havia como respondê-la. Deixando o celular no bolso
certo, Edward caminhou até suas bebidas e se serviu de uísque. Logo estava diante da janela
maldizendo a teimosia de sua noiva que o obrigava á ficar de mãos atadas. Novamente ela estava
solta pela cidade, sozinha há mais de meia hora.
Assim como Emmett, uma voz conspiradora soou em sua cabeça. Edward sorveu sua bebida de um
gole só. Como pensou anteriormente, acreditava que Emmett não se atrevesse á procurá-la.
Contudo... O que impediria Isabella de fazê-lo? Não que acreditasse em uma aproximação, mas a
vampira poderia inventar de segui-lo e assim se colocar em perigo. Impaciente, concluiu que sua
noiva voluntariosa era bem capaz de tal ação irresponsável.
Impaciente, Edward deixou o copo vazio sobre a mesa e, depois de vestir seu sobretudo deixou a
sala. No caminho ligaria á Alice e lhe pediria o endereço do único lugar conhecido que Isabella iria;
a oficina mecânica. Se tivesse sorte, talvez a encontrasse por lá. Se não acontecesse, morreria aos
poucos enquanto á procurasse cegamente por uma cidade inodora, mas não retornaria ao NY
Offices sem ela.
Bella ouviu a confissão com incredulidade. Custava á crer que existissem pessoas tão baixas e
aproveitadoras como o homem á sua frente. Nem mesmo sentir o cheiro exalado pelos poucos
funcionários da oficina mecânica a exasperava mais do que descobrir – depois de uma indução –
como vinha sendo constantemente ludibriada por um deles. Seu velho Accord jamais funcionaria
corretamente com as constantes trocas por peças usadas que lhe eram passadas como novas.
Sua vontade era desferir um poderoso tapa no rosto de expressão débil á sua frente, mas nunca fora
afeita á violência em seu tempo como humana e não começaria justo quando possuía força para no
mínimo afundar a face masculina. Deixaria para experimentar o poder de sua fúria com quem fosse
igual á ela. Engolindo sua raiva juntamente com seu prejuízo, ordenou que o homem revelasse o
mesmo á todos que lesou repassando assim, a responsabilidade de denunciá-lo para os de sua antiga
raça. A vampira já herdara problemas demais dos de sua nova condição, todos de grave importância
para ainda se ocupar de um péssimo profissional.
Após tomar as chaves de seu carro das mãos imóveis, saiu sem entregar ao mecânico um único
centavo de seu dinheiro pelo serviço malfeito. Já misturada ao tráfego, especulava quanto tempo
levaria para o veículo falhar mais uma vez. A consternação, porém, durou por apenas míseros
minutos. Logo Bella se encontrava presa aos problemas urgentes. Ainda era cedo, pensou. Talvez
devesse se livrar de seu depoimento de uma vez por todas antes de comprar seu celular. Acalentou a
ideia para dispensá-la rapidamente ao se lembrar que Edward sabia que estava fora da redação e
provavelmente estivesse contando os minutos para sua chegada. Deveria ser breve e se ater ao que
falou que faria; somente assim ele poderia confiar em sua responsabilidade.
Decidida, acalmando-se gradativamente enquanto dirigia, seguiu até a loja onde adquiriu seu antigo
aparelho móvel; A loja da Apple em Soho. Encontrou vaga para seu carro a uma quadra de seu
destino. Como ainda chovia, caminhou até a loja sob ela, vez ou outra, abrigando-se abaixo de
algumas marquises. Novamente sentiu-se como uma humana, andando como todos os outros, como
se ainda fosse “igual”. Ao chegar á loja, seguiu á sessão desejada e procurou por um aparelho que se
assemelhasse ao antigo. Admirou-se com a variedade em exposição; alguns ela conhecia, outros
eram novidade.
Logo foi abordada por um dos funcionários que, fascinado por ela, apresentou-lhe os mais recentes
aparelhos, provando-lhe o quanto seu celular perdido estava obsoleto. Todos os que lhe foram
mostrados tinham acesso ás redes sociais, possuíam câmeras de maior resolução, capacidade de
vídeo e outras infinidades de dispositivos que a deixaram encantada. Tanto quanto espantada com os
valores. Fazia cálculos mentais de quanto de suas economias seria comprometido se adquirisse um
daqueles quando se deu conta do ridículo da situação. Em sua carteira, bem ao lado de seu velho
cartão de crédito, havia um com valor ilimitado. E mesmo que não o usasse, agora possuía contas
até em países estrangeiros. Era estranho, mas devia se habituar.
Ainda deslocada em sua nova condição, optou por um iPhone 4GS preto. Pagou-o com seu antigo
cartão considerando que aquele seria um bom destino para uma parte de seu pagamento recebido do
“Daily News”. Solicito, o atendente o habilitou e configurou no plano escolhido. O interesse
demonstrado a irritava, contudo dizia á si mesma que aquela era outra característica de sua nova
vida que teria de aceitar e se acostumar, pois como sua nova posição, era imutável.
Foi com alívio que ganhou á rua e encheu os pulmões com ar limpo, livre de desejos masculinos.
Era hora de voltar para a cobertura. Estar com Edward para sentir o “seu” cheiro de macho para
apagar os demais de sua memória. Ao pensamento seu coração diminuiu no peito. Pareceu que o
NY Offices estava muito distante e que demoraria horas para vê-lo. Em sua saudade doída, ela
procurou sua nova aquisição no bolso de seu trench coat e arriscou procurá-lo.
– Isabella é você? – ela ouviu a voz poderosa e inquiridora após o segundo toque. Sorrindo
levemente, comentou.
– Se não fosse teria sido uma forma interessante de se dizer “alô” á outra pessoa.
– Não reconheci o número, mas imaginei que fosse você afinal é a única que me deve uma ligação.
– ele retrucou muito sério.
– Está bravo comigo? – ela perguntou deixando que o sorriso morresse em seu rosto; não entendia.
– Assegurou-me que avisaria quando deixasse a redação. – ele disparou. – Onde está?
– Eu avisei. – ela retrucou ignorando a pergunta. Havia feito como o combinado e não via motivos
para a bronca. Lutando para conter seu mau gênio ao se sentir tratada como criança, prosseguiu. –
Liguei por três vezes e quando você não atendeu deixei uma mensagem. Não a recebeu?
– Onde você está? – Edward repetiu, após alguns segundos em silêncio; igualmente ignorando sua
pergunta. O breve instante sem palavras lhe deu a resposta. Edward estava com raiva porque não
haviam conversado diretamente. Imaginar a intensidade de sua saudade e o quão decepcionante
deve ter sido encontrar apenas uma mensagem inexpressiva, enterneceu-a. Com seu próprio coração
saudoso á reclamar no peito, disse apenas.
– Estou voltando para você.
– Está voltando agora? – ele indagou ainda sério.
– Estou deixando a loja da Apple aqui do Soho e vou direto para nossa cobertura. – assegurou
ansiosa em vê-lo.
– Espere aí que irei buscá-la. – ordenou antes de desligar.
CONTINUA...
********************************************************************************
***
Fanpage Obsession - Beaten by Love*– Facebook
para quem quiser participar e curtir*
Cominidade Fics da Halice FRS*– Orkut

Notas finais do capítulo


Bom... eu sei que foi pouco, mas como postei na comunidade tinha que trazer aqui tbm...
Não deixei spoiler para não agravar a ansiedade... mas depois deixo na comunidade,
quem quiser arriscar é só ir lá...
Entendo a saudade, pois eu tbm a sinto... Só que estou sem tempo de escrever... Como
alguma de vcs sabem, estou adaptando a fic para transformar em livro. Esse é o objetivo
da fanpage que deixei acima... Um carinho e incentivo de algumas amigas leitoras...
Enfim, por isso e pela vida off, estou corrida... Mas vou escrevendo e postando sempre
que puder... é demorado, mas o importante é não parar...
Espero que tenham gostado do Bônus... qlq coisa me deixem saber... e me desculpem não
ter respondidos aos últimos reviews... não o fiz pelos motivos já citados...
Obrigada desde já à todos que compreenderem... Bjus

(Cap. 85) Capítulo 20 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Bom dia amores... Desculpem a demora e a falta de respostas aos reviews. Ainda
continuo na mesma correria e esta só piora...
De toda forma obrigada pelo carinho e compreensão e pelos reviews que sempre me
deixam...
Quero que saibam que nesse momento complicado na vida do casal central de Twilight
nada mudou para mim em relação ás fics. Não vou deixar de escrevê-las ou de postá-las
e muito menos excluí-las. Respeito todas as autoras que se sentiram desestimuladas e
seguiram esse caminho, mas a minha inspiração vem de Edward e Bella independente de
seus interpretes... Torço intimamente que resolvam todo esse incidente infeliz para
seguirem em paz com suas vidas e carreiras e daqui rogo que todas consigam alcançar a
mesma paz e tbm seguirem em frente...
Peço á todas que sejam fortes, pois ser fã para nós desse mundo Twilight não é fácil...
Bom, é isso... Agora: BOA LEITURA!

– Onde você está? – Edward repetiu, após alguns segundos em silêncio; igualmente ignorando sua
pergunta. O breve instante sem palavras lhe deu a resposta. Edward estava com raiva porque não
haviam conversado diretamente. Imaginar a intensidade de sua saudade e o quão decepcionante
deve ter sido encontrar apenas uma mensagem inexpressiva, enterneceu-a. Com seu próprio
coração saudoso á reclamar no peito, disse apenas.
– Estou voltando para você.
– Está voltando agora? – ele indagou ainda sério.
– Estou deixando a loja da Apple aqui do Soho e vou direto para nossa cobertura. – assegurou
ansiosa em vê-lo.
– Espere aí que irei buscá-la. – ordenou antes de desligar.
Bella permaneceu á olhar o aparelho, incrédula. Entendia a saudade que explicava a seriedade
imprimida á voz, mas não justificaria a grosseria. Edward nem ao menos lhe deu a chance de avisar
que estava com seu carro. Novamente refreando o mau gênio tentou contatá-lo; Edward
simplesmente a ignorou. “Certo” pensou voltando o celular ao bolso. Irritada considerou
desobedecê-lo, contudo descartou a infantilidade.
Deveria se habituar ao seu espírito metódico e imaginado que Edward não se contentaria em ler o
que esperava ouvir. Suspirando resignada, olhou ao seu redor. A chuva havia cedido tornando-se
apenas um leve chuviscar. Impaciente por ficar parada á porta da loja, vagou distraidamente pela
calçada. Quando fazia o caminho de volta, olhando algumas vitrines, uma em especial lhe chamou á
atenção. Era uma Boutique especializada em vestidos para noivas. Jamais havia pensado em
casamento – não efetivamente –, mas imediatamente se viu em um dos modelos expostos.
Rolando seu anel de noivado no dedo, aproximou-se da vitrine para admirá-lo melhor. Em meio á
confusão e os acontecimentos acelerados em que viviam, não teve tempo de pensar como se daria
sua união ao vampiro sistemático e no momento mal-humorado. Criaturas como eles casavam-se
em igrejas? Bella acreditava que não. Mesmo que a entrada não fosse restrita, seria uma afronta á
Deus pedir sua benção á união de dois assassinos. Fosse como fosse, gostaria de se vestir naquele
pedaço de nuvem em organza e cetim delicadamente bordada.
– Ficaria esplendida em qualquer um deles. – ela ouviu á voz mansa próximo ao seu ouvido.
Apesar do susto não se sobressaltou, apenas mudou o foco de seu olhar sobre o vidro para mirar o
reflexo do homem parado ás suas costas. Imediatamente se lembrou de seu sonho, quando através
de um espelho antigo, também ficou cativa dos mesmos olhos azuis. Para completar o quadro,
faltou apenas Senna e Zafrina, pois Aro já estava presente. Respirando profundamente,
amaldiçoando sua distração e a chuva que não lhe permitiram notar a aproximação, a vampira se
voltou lentamente.
O vampiro á encarava com ar levemente divertido, nada hostil. Sem conseguir decifrar-lhe, e
tentando conter a inquietação por saber que seu noivo viria buscá-la, ela apenas retrucou.
– Não sei se esplendida seria bom o bastante para Edward.
Emmett abriu-se num sorriso farto.
– Realmente Edward é exigente, mas arrisco dizer que em se tratando de você, mesmo que se
apresentasse em trapos seria o bastante para ele.
Incomodada com a conversa e a presença daquele que poderia ler tudo que se passava em sua
mente, ignorou o comentário e indagou séria.
– O que faz aqui? Acaso esteve me seguindo?
– Direta. – observou ainda sorrindo. – Gosto dessa qualidade nas mulheres.
“Sou mais forte que ele”; Bella pensou. E apesar da chuva a rua se encontrava movimentada.
Emmett não tentaria nada contra ela. Confiante, retorquiu.
– E eu abomino o defeito masculino em protelar as coisas.
– Tudo bem! – ele exclamou erguendo as mãos em sinal de rendição. – Começamos da forma
errada. Lembra-se de mim, não?
– Perfeitamente. – ela murmurou, controlando-se ante ao tom pacificador e a pergunta ofensiva. Ela
não era mentalmente limitada para tê-lo esquecido em poucas horas. – E ainda não me respondeu.
– Certo! – ele aquiesceu. – Não fique brava comigo, mas eu estive a seguindo desde que saiu com
Edward essa manhã.
Surpresa com a confissão, por fim lhe restou agradecer o mal tempo. Nem se atrevia á imaginar o
que teria acontecido caso Edward percebesse aquela proximidade. Controlando seu coração que
ameaçava acelerar algumas de suas parcas batidas, olhou para os dois lados da rua. Não podia ficar
ali á conversar com Emmett, mas não se furtou em encará-lo e perguntar.
– Por quê?... O que deseja de mim?
– Gostaria de conversar com você. Em particular, por isso esperei pelo melhor momento.
“Melhor momento?”, ela pensou olhando os extremos da rua mais uma vez. O que ele poderia
querer? Pedir-lhe que não revelasse sua identidade? Sequestrá-la? Essa última hipótese a preocupou.
Sabia que não deveria expôs-se, mas se ele tentasse levá-la resistira como pudesse sem se importar
em assombrar os transeuntes. Saindo de sua inércia, voltou á andar na direção da loja sem saber ao
certo como afastá-lo.
– Espere! – ele a seguiu. – Não precisa fugir de mim... Só quero conversar com você, por favor...
Bella sabia que não deveria dar-lhe ouvidos; estava sozinha e talvez corresse perigo real ao atendê-
lo. Porém subitamente sua curiosidade a deteve. Por mais que fosse arriscado queria saber o que
“Aro” desejava lhe falar quando tinha o conhecimento de que seu noivo estava á caminho. Logo ele
estava de pé ao seu lado. Sem segurá-la, falou.
– Vamos sair da chuva. Conheço um pequeno Café aqui perto.
Sem nada dizer, Bella analisou-o por um instante. Era estranho imaginar que uma pessoa – mesmo
alguém imortal – pudesse ler-lhe o pensamento. Ele sabia tudo o que se passava por sua mente.
Àquela altura tinha certeza que ela conhecia sua verdadeira identidade, que seu sócio logo estaria
presente, no entanto, convidava-a gentilmente para conversarem. Talvez fosse exatamente aquilo.
Talvez Emmett desejasse afrontá-lo. Ou talvez...
– Podemos sair daqui? – ela se ouviu perguntar, sem coragem de alimentar o pensamento insano
que lhe ocorreu.
– Sim... – confirmou. Sorrindo levemente, indicou-lhe o caminho dobrando-se num floreio que ela
considerou exagerado. Com um suspiro resignado; cada vez mais convencida que talvez sua ideia
não fosse infundada, ela seguiu na direção indicada apressadamente pedindo aos céus que Edward
ainda tardasse á chegar. Emmett tentou segurá-la, contudo Bella se esquivou prontamente. Ele nada
comentou ao seu afastamento brusco, somente a acompanhou no passo largo em silêncio até o final
da rua.
Ao parar diante de um Café a apenas duas quadras da loja, Bella maneou negativamente com a
cabeça e dobrou a esquina; precisava de uma distância maior. Com o cenho franzido sobre os olhos
inquiridores, Emmett a seguiu até que ela resolvesse parar e encará-lo.
– Está bem. – ela disse. – Sabemos que não temos nada á fazer em um Café então apenas me diga o
que quer.
– Queria tirá-la da chuva. – ele falou cavalheiresco.
– É só um chuvisco, não me importo com ele. – retrucou. – Por favor... Diga-me o que deseja, pois
não vejo o que podemos ter para conversar.
– Você não tem – ele disse por fim, colocando as mãos nos bolsos de seu sobretudo cinza,
escurecido nos ombros pela chuva leve. –, afinal mal me conhece.
“Conhecia mais do que deveria”, pensou. Acaso ele não sabia? Sentindo o coração acelerar incerto
por acreditar estar certa na dedução, falou.
– Encontramo-nos poucas vezes.
– Mas suficientes para que eu me interessasse por você.
Bella se concentrou em manter a expressão impassível. Aquela era a confirmação de seu sonho? Aro
a queria com ele e suas duas amantes na vaga citada por Senna dias atrás? Era muita desfaçatez de
sua parte procurá-la e expressar tal intento em palavras quando mal se conheciam. Sem contar na
afronta em se declarar á noiva de seu rival. O que ele esperava? Que se envaidecesse?
– Como espera que eu lhe responda? – indagou contendo a raiva crescente.
– Não diga nada, apenas me escute. – pediu manso. – Desculpe-me a ousadia, mas acho que não
conhece bem esse mundo ao qual foi trazida. E arrisco dizer que não conhece os motivos que
levaram Edward a transformá-la.
– E você os conhece? – ela indagou séria.
– Capricho... Desculpe dizer isso assim, mas você era como todas as outras... Ele as via, as usava e
descartava... Só que no seu caso acabou se transformando em uma queda de braços com seu
namorado. No fim Paul foi destruído e Edward levou o prêmio. É disso que se trata; um “homem”
levando vantagem sobre o outro.
Bella se conteve para não perguntar como “Emmett”, que esteve fora da cidade, poderia saber que
Paul fora “destruído”. Optou por permanecer calada; domando o coração ao considerar estar certa
na dedução.
– E foi daí que meu interesse surgiu. Todas as vezes que Paul me falou de você eu sentia seu amor e
senso de proteção... Infelizmente ele nada pôde contra Edward, mas eu posso fazer o que ele não
fez. – antes que Bella se alarmasse interpretando suas palavras como uma ameaça de morte, ele
prosseguiu. – Posso protegê-la dele...
– Agradeço a preocupação, mas não preciso ser protegida. – disse por fim.
– Como não?... Ele a maltrata desnecessariamente. – Emmett apontou a base de seu pescoço.
Imediatamente Bella se lembrou de como a marca havia sido feita. Não se excitou, mas não pôde
refrear um estremecimento de satisfação. Sua reação não passou despercebida ao vampiro milenar.
– Entendo que ele a mordesse antes, mas agora... Sangue imortal nada nos acrescenta. Não nos
alimenta nem acelera nossa cura. Ele apenas a machuca. Se deixar que eu cuide de você isso nunca
mais se repetirá.
E então ela teve sua confirmação. Emmett não podia ver em sua cabeça. Antes que soubesse como
agir após a descoberta, o novo celular tocou em seu bolso; Edward. Afastando-se alguns passos,
ergueu uma das mãos pedindo silenciosamente para que Emmett não a acompanhasse e atendeu.
– Onde você está? Não a vejo em parte alguma. – ouviu a voz séria de seu noivo; ele estava tão
perto...
– Eu tentei avisá-lo que peguei meu carro e...
– Deixe-o onde está e venha. – ordenou.
Bella não poderia discutir ou mentir para seu noivo diante de seu inimigo, então disse apenas.
– Está bem. – ao voltar o celular ao bolso, falou á Emmett de onde estava. – Escute... Sinceramente
pouco me importa se essas disputas machistas existem. Também não sei de onde tirou essas idéias
sobre Edward ou se são verdadeiras, mas acredite, não preciso de seus cuidados... – antes que ele
retrucasse, ela prosseguiu. – E mesmo que precisasse; o que propõe?... Que eu deixe meu noivo e vá
ficar com você?... Vamos supor que eu não levasse em consideração o fato de que é um completo
estranho para mim e o seguisse, acha que Edward aceitaria? É essa sua intenção? Ser o “homem” da
vez à levar vantagem? Provocá-lo? Asseguro-lhe que não usando á mim!... Se Edward foi movido
pelo capricho eu sempre correspondi por amor, justamente por isso jamais o deixarei... Por você ou
qualquer outro.
– Vejo que errei ao dar-lhe o direito de escolha. – Emmett falou muito sério. E franzindo o cenho,
fixando seus olhos azuis aos dela, estendeu a mão direita e ordenou. – Venha e se junte á mim
Isabella.
Sentindo-se segura pelo silêncio de seus pensamentos, Bella revisou os olhos impaciente e retrucou.
– Se isso foi uma tentativa de me induzir, devo alertá-lo que esse truque não funciona comigo. Se
deseja tanto assim que eu vá com você, tente me levar á força, mas saiba que não vou sem lutar...
– Sem lutas! – ele assegurou indecifrável. – Mas não retiro o que disse; sou paciente... E já que não
tenho como impedir que se vá, posso ao menos pedir para manter essa nossa conversa em sigilo?
– Não se dê ao trabalho. – ela respondeu um sussurro e antes que percebesse, ele não estava mais á
sua frente.
Algumas pessoas que passavam próximas também notaram o “desaparecimento” e olharam-na
espantados. Sem dar-lhes atenção, ela fez o caminho de volta. Praticamente corria, rogando aos céus
que Emmett realmente tivesse ido embora e não mais a seguisse. Se caso estivesse depois veria o
que faria, mas acreditava que ele não arriscaria um confronto com Edward em uma rua
movimentada. Não depois de todo o tempo que teve para lutas e quando ainda estava preso á
maldição. Não quando sabia de sua disposição em lutar e havia lhe pediu sigilo.
Ao contornar a esquina, avistou Edward a vagar impacientemente em frente á loja. Odiou-se por tê-
lo feito esperar e por novamente ocultar o motivo de sua ausência, mas pelo menos no momento era
preciso. A rua não era o melhor lugar para a conversa que agora sabia ser primordial. Mesmo com
seu porte marcante, de onde estava ele lhe pareceu tão frágil; o único que precisava de real
proteção. Sua vontade foi de poder abraçá-lo e simplesmente desaparecer dali como Emmett havia
feito, mas não poderia alarmá-lo com seu arroubo. Moderando seus passos para não parecer
apressada, caminhou até ele. Aproximava-se por suas costas, preparando-se para enlaçá-lo quando
Edward se voltou bruscamente e a prendeu pelos ombros, detendo seu avanço.
– Onde esteve? – inquiriu perscrutando-lhe o rosto. – Eu disse para que me esperasse aqui.
– Você sabe. Fui ver meu carro... – disse ainda surpresa com a recepção súbita; infelizmente era
preciso mentir. – Eu tentei pedir para que não viesse, mas você não me atendeu. Poderíamos estar
na cobertura á uma hora dessas.
Ignorando seu comentário, Edward continuou á analisá-la minuciosamente. Seu olhar vagou por
seus cabelos e rosto molhados antes de se fixarem em seus olhos.
– Não conhecia essa sua predisposição em passear pela chuva. – observou sério.
– Apenas quando necessário. – ela retrucou.
Por que não acreditava nela? Sua boca dizia uma coisa e seus olhos ditavam outra. Isabella, ainda
que não deixasse transparecer de forma que pudesse sentir, estava nervosa. Sua impressão fora
confirmada até mesmo nas passadas medidas, porém duras que denunciaram sua aproximação.
Edward estava feliz por finalmente tê-la de volta em suas mãos, mas ainda inquieto com aquela
sensação de que era excluído. E nem ousava cogitar o que poderia ser. Se a chuva não o limitasse ou
não estivessem na rua, farejá-la-ia descaradamente á procura de algum odor que denunciasse o
encontro que tanto temeu ocorrer. Ou estaria paranoico?
– Sei que não mereço – ela prosseguiu receosa –, afinal o desobedeci duas vezes, mas está tão bravo
que nem vai me deixar abraçá-lo?
Somente então Edward percebeu que ainda a mantinha afastada pelos ombros. E teve sua
confirmação; não exagerava em suas observações. A Isabella que conhecia não reagiria tão
brandamente ás suas cobranças. Seu mau gênio já teria se oposto. O inferno é que não sabia como
fazê-la falar; não estando na rua. Suspirando exasperado, liberou-a. Imediatamente ela o enlaçou
pela cintura e disse contra seu peito.
– Senti tanta saudade!
Sem se importar com quem entrava e saia da loja, Edward retribuiu ao abraço fortemente. Não
duvidava da falta sentida e ainda sofria com a sua própria. Pena que suas questões sem respostas
não o deixassem aproveitar o reencontro ao máximo. Se sentir aquecido por aquele abraço não o
livrava do ciúme e da desconfiança. E sem saber o que deduzir daquele comportamento
contraditório, ele a afastou e falou duramente.
– Vamos embora. Já nos expomos por tempo demais. – sem dar margem á réplicas, que
antecipadamente soube que não viriam, segurou-a firme pela mão e a levou até seu carro.
– Talvez eu devesse ir com... – ela começou á dizer á certa altura, porém Edward a cortou.
– Não, não deveria.
Nenhum dos dois falou. Nem mesmo quando já estavam acomodados na SW4 á caminho do NY
Offices. Vez ou outra Bella arriscava um olhar furtivo na direção de Edward. Senti-lo distante a
massacrava. Era como se de alguma forma ele soubesse de seu encontro e fizesse um esforço além
de suas forças para não interrogá-la. A opressão no interior do veículo se tornava cada vez mais
sólida, fazendo com que a vampira percebesse seu erro. Caso não estivesse decidida a contar sobre
seu encontro o decidiria naquele exato momento. Fora ingênua em crer que conseguiria ocultar tal
descoberta por tempo indeterminado.
Na verdade, deveria ter aproveitado a trégua daquela manhã para contar-lhe. Agora que se sentia
culpada e o pior, transparecia sua culpa, contar o ocorrido á Edward agravaria todo o quadro que
inutilmente tentou manter estável. Se não sabia como revelar e atenuar sua fúria antes, no momento
lhe parecia impossível. Sua única esperança era que, uma vez na cobertura, conseguisse retê-lo. Na
tentativa de amenizar o clima estranho, perguntou.
– Não quer saber como foram as coisas no jornal?
– Talvez outra hora. – foi a resposta seca.
– Certo... – não se dando por vencida, indagou. – E como foi no escritório? Muitos clientes? Por
isso não pôde me atender?
– Sempre posso atendê-la, Isabella. Basta procurar-me corretamente.
Ainda considerava exagerada a forma metódica com que o vampiro pensava, mas determinou que
merecia ouvir o comentário azedo. Poderia ter telefonado diretamente para o escritório e não
somente para seu celular. Se o tivesse feito talvez não estivesse naquela situação difícil sem
visualizar uma saída. Como não havia defesa para sua causa, calou-se deixando que a tensão os
envolvesse de vez. Com a direção nada cautelosa de Edward, logo entravam na garagem
subterrânea. Ele mal havia estacionado quando Bella destravou a porta e saltou anunciando.
– Preciso tirar essa roupa molhada, nos vemos lá em cima. – então correu rumo ás escadas. Seu
desejo de conseguir mais algum tempo durou por apenas dez andares, quando sem prévio aviso foi
interceptada e derrubada por um Edward furioso.
– Não me telefona como disse que faria... – começou mal contendo a rouquidão, mantendo-a presa
entre seu corpo e a escada, com o rosto muito próximo – Não me espera onde ordeno que fique... E
agora foge de mim?
– Não estou fugindo! – ela retrucou bravamente, com o coração espremido no peito, contudo com
uma leve excitação correndo ligeira por suas veias ao se sentir “abatida”. – Eu disse que iria me
livrar dessas roupas... Afinal o que há com você?
– A pergunta é... O que há com você? Sabe muito bem que não adoecerá nem nada do tipo, então
por que a pressa?
Isabella tornava dura a tarefa de não dar asas á sua fértil imaginação. Controlar suas cismas já se
fazia insuportável, com ela demonstrando seu desconforto em sua presença somente agravava sua
agonia. Se não fosse quem era, obrigá-la-ia á falar mesmo que a ferisse; contudo contra sua vampira
não havia muito que pudesse fazer. Ainda a encarava duramente, maldizendo-se por sua limitação
que o obrigava á ficar no escuro, quando a viu baixar os olhos. E então erguê-los para encará-lo
suplicante, com aquelas duas contas douradas, enquanto acariciava a gola de seu sobretudo com
uma das mãos.
– O contato do tecido úmido em minha pele é ruim... Acho que é impressão do meu tempo de
humana... Desculpe-me se dei a entender que estava fugindo. – após um suspiro profundo,
acrescentou languidamente. – Se bem que... ser caçada por você não foi de todo ruim...
Inacreditável como ela o distraia. Ainda queria respostas, mas ouvi-la e vê-la morder o lábio inferior
enquanto mirava sua boca o fez esquecer suas dúvidas por um instante. Sentir-lhe o cheiro
característico reacendeu a saudade que o acompanhou por todo o tempo que eles ficaram separados.
Quão fácil e prazeroso seria aplacar o próprio desejo que fora despertado por ela, imóvel sob seu
corpo, presa junto á escada. Porém o vampiro relutou e voltou á razão; não poderia se deixar
envolver pelo charme de sua bruxa. Com a voz sumida, disse muito rouco.
– Tem três minutos para se livrar delas e me encontrar devidamente vestida na sala. – então a
libertou. Bella ainda o encarou, aturdida. Então anunciou soturno. – Já estou contando.
O vampiro deu-lhe um minuto de vantagem, antes de seguir pelo mesmo caminho. Em seu limite,
considerou que não poderia afirmar que ela havia se encontrado com alguém, apenas algo sério
havia acontecido. E uma vez que não poderia torturá-la, nem induzi-la decidiu que seria menos
desgastante se valer de suas antigas armas – tão bem utilizadas por sua competente aprendiz – e
tentaria seduzi-la. Muito satisfeito com sua ideia e preparando-se para o que pudesse vir de pior,
Edward entrou no seu apartamento. Sem ouvir um único som vindo da suíte, retirou seu sobretudo,
o paletó e foi se servir de uísque. Os minutos de Isabella expiravam.
A vampira já havia se livrado da roupa – nem tão molhada como fez parecer – e se encontrava na
frente ao armário de portas abertas. Tinha apenas um minuto para se vestir e descer caso não
desejasse irritá-lo mais. A hora da verdade havia chegado e não deveria enfurecê-lo. Um Edward
mais irracional que o de costume seria impossível de controlar. Impaciente, sabendo que realmente
não havia saída para ela, escolheu um vestido que nunca ousou usar por considerá-lo chamativo
demais. Se não queria seu vampiro arisco, conhecia apenas um meio de contar o que sabia.
Descendo o tecido por seu corpo nu, deixou o quarto.
Edward cogitava ir até ela para lembrar-lhe de sua recomendação, quando a viu descer as escadas
lentamente. Vinha descalça; os cabelos quase negros pela umidade caindo por seus ombros mal
cobertos pelo vestido vinho que se emoldurava ao seu corpo. Ao que tudo indicava não havia sido o
único á ter a brilhante ideia de seduzir. Se os detalhes ocultos daquela estória não o levassem ás
portas da loucura, estaria satisfeito em confirmar que sua vampira era verdadeiramente uma versão
dele próprio.
Entre orgulhoso e enraivecido, constatou que naquele momento não passavam de dois
aproveitadores. O desejo sempre seria real, mas daquela vez o usariam em causa própria, simulando
ter esquecido a tensão palpável que pairava entre eles. Sem desprender os olhos daquela
aproximação lenta de sua parceira de cena, sorveu o restante de seu uísque e depositou o copo sobre
a mesa. Logo ela estava diante de si. “E que se destacasse o melhor”!
– Três minutos. Fui obediente agora?
Teatralmente Edward conferiu as horas.
– Está atrasada, mas seria complicado reclamar os segundos. – e, tentando manter o foco, mas
incapaz de ignorar as coxas pálidas que contrastavam com a barra do vestido, as tocou. Ao ouvir o
gemido baixo e vê-la fechar os olhos, correu a palma por sua pele até alcançar uma das nádegas. Ao
descobrir que não usava nada além do vestido, acusou. – Não foi de todo obediente. Eu disse;
devidamente vestida.
– Não quis me atrasar... – ela murmurou erguendo lentamente o tecido de cor tão inebriante quanto
a própria bebida e parando á milímetros de lhe revelar o que já sabia. Antevendo sua intenção,
Edward se recostou sobre o sofá e deixou que ela viesse ao seu colo. Quando já estava devidamente
acomodada sobre sua parte mais saudosa, ela segurou-lhe a gravata e perguntou. – Estou perdoada?
– Ainda não. – disse a verdade, movendo-se sob ela, deleitando-se com aquele contato. – Sabe
muito bem o quanto eu ficaria preocupado.
– Perdoe-me. – ela pediu sinceramente. – Estava tão entediada, com saudades de você que quis
resolver logo as coisas que lhe falei e... – ela se interrompeu, realmente não havia justificativas. –
Na verdade eu não tenho desculpas. Eu devia ter falado diretamente com você, então. Perdoe-me
por essa falha. Não se repetirá.
– Devo perdoá-la somente “por isso”? – ele exalou subindo as mãos pelas coxas dispostas ao lado
de seu corpo até acomodá-las nas nádegas cheias. – E as outras faltas?
– Sobre as outras faltas, discutiremos depois. – ela replicou roucamente passando á desatar o nó da
gravata. Relutando em não sucumbir ao massagear ritmado que recebia em sua carne nua,
lamentava não haver nada forte o bastante para amarrá-lo. Se Edward fosse um homem comum,
seria muito fácil para a mais fraca das mulheres, contê-lo em um ataque de fúria com algumas
voltas daquela simples tira de pano italiano.
Paciência, ela própria teria que bastar. Ao livrá-lo da gravata inútil, passou a desabotoar-lhe a
camisa. Sua intenção era despi-la, na verdade ele todo, pois teria que vestir de volta caso quisesse
sair. Contudo ele a deteve. Segurou-lhe uma das mãos para beijar sua palma antes de rolar a língua
em toda sua extensão enquanto ainda a acariciava com a mão livre.
– E se eu perguntar agora qual o real motivo de não estar na porta da loja? – indagou roçando os
dentes na pele sensível do pulso dela. O toque delicado e instigante a confundia, mas depois da
pergunta teve certeza que ele desconfiava. Toda cautela seria pouca e talvez a vida dele dependesse
de sua lucidez.
– Eu diria que temos algo mais interessante á fazer... – dito isso, curvou-se e afundou o rosto no
pescoço masculino para beijá-lo.
Imediatamente Edward abandonou a mão feminina e tombou a cabeça para trás. Ter a boca macia
dela sobre sua jugular enquanto deslizava em seu colo era o verdadeiro golpe baixo; muito pouco
poderia contra aquele carinho altamente lascivo. Agravando os tremores que corriam seu corpo, sua
vampira roçou os dentes em sua carne. Após um gemido audível, avisou.
– Por favor, Isabella, não é prudente que me morda... – caso o fizesse ela o enfraqueceria.
Acreditou que faria exatamente o contrário ao sentir a pressão em sua pele, porém ela apenas o
chupou fortemente antes de tomar sua boca de assalto. Á ele restou corresponder após um urro
gutural. O ciúme anterior e sua tarefa de conseguir respostas que haviam arrefecido sua saudade
foram varridos quando esta voltou com toda sua força. Segurando-a fortemente pelos cabelos,
aprofundou o beijo. Tomou a língua feminina na sua provando-a com fúria. Os gemidos e rosnados
se misturavam e antes que pudesse perceber Isabella havia rasgado sua camisa.
Enquanto a beijava, novamente vagou com ambas as mãos pela carne macia de seus quadris
estimulando-a a comprimi-lo mais. Esquecido de seu intento apenas ansiava acomodar-se dentro
dela. Foi com enorme prazer que sentiu as mãos pequenas tatearem á procura de seu cinto e parti-lo,
antes que ela se afastasse e simplesmente fizesse o botão de sua calça saltar. E então sua vampira
parou. Manteve a boca imóvel na sua e as mãos á pouquíssimos centímetros de sua ereção.
Ela não podia. Como sempre estava completamente excitada; desejava Edward mais do que tudo,
mas não podia ludibriá-lo daquela maneira. Da mesma forma que não teve coragem de enfraquecê-
lo bebendo de seu sangue, não teria de encará-lo depois de terem feito amor e confessar que esteve
com Emmett quando havia prometido não fazê-lo. Uma coisa era usar sua fraqueza por ela para
livrá-lo de um ciúme infundado, outra bem diferente seria se valer de sexo para apaziguar o que
Edward talvez considerasse traição. Como as bocas ainda estavam unidas, ele tentou retomar o
beijo, porém Bella ergueu a cabeça para encará-lo.
Ao ter o beijo definitivamente interrompido, Edward cogitou questioná-la; precisava dela. Porém
viu nos olhos em brasa que o momento havia passado. E soube também que Isabella levaria a
melhor naquele embate, pois seu desejo era evidente e ainda assim ela encontrou forças para parar
quando ele já se encontrava completamente rendido.
Sem quebrar o contato de seus olhos, Edward acariciou-lhe os cabelos e então, prendendo-a pela
nuca, fez com que se aproximasse para beijá-la. Sua noiva imprimiu leve resistência, mas logo
cedeu não se negando á ele. O vampiro a beijou livre de qualquer paixão, apenas para acalmar seu
corpo, agradecendo intimamente – sem nem entender o porquê – que Isabella tivesse parado. Coube
á ela, mais uma vez interrompê-lo. Como ele comumente fazia, deu-lhe um, dois, três beijos leves
antes de afastar-se. Com a testa próxima á dela, de olhos ainda fechados, ele indagou.
– Vai me dizer agora o que tem me escondido esses dias... Ou será sobre sua saída da Apple?
– É tudo uma coisa só. – ela falou também de olhos fechados, mas então se afastou mais. Deixando
o colo dele para se recompor. Edward a encarava muito sério. Bella queria crer que a aparente
calma fosse um fator positivo, contudo não o subestimaria. – Não fui ver meu carro como disse.
– Nunca acreditei que tivesse. – ele retrucou sem se mover; tentando não tirar conclusões
precipitadas.
– Tudo bem! – ela exclamou novamente se sentando sobre suas pernas; ereta a uma distância
segura. – Antes de tudo quero que me prometa que vai me ouvir e que não vai tomar nenhuma
atitude impensada.
– Sabe que não vou prometer porcaria nenhuma, não sabe? – impossível não concluir o óbvio após
tal pedido. Sem domar o ciúme que voltava em toda sua magnitude, derrubou-a sobre o sofá e se
pôs á andar de um lado á outro diante dela, sem nunca deixar de encará-la com o cenho franzido e
domando os rosnados que se formavam em seu peito. – Não acredito que mentiu para mim Isabella!
Nem ao menos estava na loja, não é? Apenas chegou atrasada ao endereço escolhido á revelia para
enganar-me... Esteve seguindo Emmett como me prometeu que “não” faria?
– Não é nada disso. – ela disse sem se mover. Sempre soube que não seria fácil, mas Edward
tornava tudo ainda mais difícil. Se Emmett não a tivesse procurado, preferiria manter sua identidade
em segredo por mais alguns dias; até que Edward finalmente acreditasse em Zafrina. Mas com
aquela aproximação ousada e sua proposta descabida, ele deixou claro que mesmo não enfrentando
Edward em combates mortais, estava disposto á tornar sua vida num inferno; e de preferência
usando-a para atingi-lo.
Simplesmente não havia como deixá-lo no escuro, contudo o medo que partisse para o ataque se
mostrava cada vez mais real. Sentir sua fúria indisfarçada e vê-lo circular á sua frente como um
animal enjaulado era prova que irromperia porta afora tão logo tomasse conhecimento da verdade.
Precisava ao menos de sua palavra. Talvez; apenas talvez, cumprindo as próprias promessas ele
pudesse ser contido. A vampira sabia estar brincando com fogo, mas no momento não havia muito
que pudesse fazer. Sustentando-lhe o olhar, ergueu o queixo e assegurou.
– Não lhe direi uma única palavra se não prometer como pedi.
– Não jogue comigo Isabella! – ele alertou entre dentes, avançando sobre ela e erguendo-a pelos
ombros seminus. Com o rosto muito próximo, ordenou. – Fale logo de uma vez.
– Não pode me forçar á falar. – ela disse calmamente. – E eu já dei minhas condições.
O vampiro perscrutou-lhe o rosto, ouvindo os roncos em seu peito. Sua vontade era sacudi-la
fortemente para que apenas confessasse o que ele já sabia. A trapaceira havia seguido Emmett. Ou
teria sido seu sócio quem a procurou? Pior, o nervosismo e atitude suspeita poderiam ser os indícios
de um encontro. E diante da cena onde Emmett e Isabella estiveram sozinhos não saberia por
quanto tempo, não lhe importou de quem foi a iniciativa. Com o ciúme á cegá-lo e a espremer-lhe a
garganta, vociferou.
– Estiveram juntos, não foi? – quando a máscara de passividade caiu por um segundo e Edward
pôde ver o lampejo de pavor cruzar os olhos castanhos, teve sua resposta. Como desejou naquela
manhã, considerava que Emmett havia sido igualmente desmascarado liberando-o para sua ação.
Com um urro próprio ás feras feridas que fez trepidar todos os vidros de sua sala, ele a lançou de
volta ao sofá. – Pois considere seu novo amigo morto!
E sem se importar com o dorso nu ou a calça social danificada, mal equilibrada em seu quadril,
rumou decidido até seu sobretudo. Antes que o pegasse, sua noiva enganadora se colocou á sua
frente, segurando-o com as mãos espalmadas em seu peito.
– Pare com isso Edward e me escute.
– Não tenho que escutá-la. – rosnou enraivecido, empurrando-a para o lado. – Agora saia da minha
frente!
– Não! – ela disse aproveitando para segurá-lo e girá-lo de volta ao centro da sala, pela mão que a
afastou. – Não vou deixá-lo sair.
Encararam-se por um minuto inteiro. Ela tentando prever qual seu movimento seguinte e se
preparando para contê-lo, mortificada com a ideia de falhar e consequentemente perdê-lo. Ele a
resfolegar enfurecido, enxergando tudo vermelho diante de si ao ser atacado pelas palavras ditadas
por seu ciúme e ver todo o esforço empenhado para defender seu sócio; como ela podia?
– Saia. Da. Frente. – ele sibilou rouca e pausadamente, friccionando os punhos na tentativa inútil de
acalmar-se.
– Não. – ela novamente negou, tentando não se intimidar com o tom ameaçador.
Vê-la tão empenhada em zelar pela vida de Emmett o enfureceu mais, precisava sair ou não
responderia pelo que fizesse. Soube naquele instante que suas ameaças anteriores não foram simples
palavras de um vampiro apaixonado e temeroso por perdê-la. Enquanto a via enfrentá-lo na defesa
de outro – magnífica pela imortalidade recém adquirida –, teve a certeza que preferia sentir-lhe o
coração em sua mão que deixá-la um dia partir.
Antes que fizesse algo que se arrependesse pelo breve instante que demorasse a segui-la na morte, o
vampiro saltou para a escada na tentativa de despistá-la e então tentou alcançar a porta da rua. Para
sua condenação e ódio extremo, sua oponente o segurou pelas costas ao que ele a prendeu pelas
mãos para esquivar-se. Não havia meios de sair sem machucá-la, mas ele simplesmente não
conseguia parar. A cada nova investida de Isabella, o desejo de arrancar a cabeça de Emmett era
potencializado. E seu ressentimento por ela crescia em igual proporção.
– Essa será a última vez que peço. – ele ciciou para ela que havia se colocado diante da porta. – Saia
da frente Isabella ou...
– Ou o quê? Ou você me mata? – ela indagou muito séria; indo se recostar de braços apertos contra
a porta – Então faça, pois somente assim sairá.
Tal atitude foi o golpe fatal no coração do vampiro. Sua Isabella estava disposta á morrer por
Emmett. Edward sufocou enquanto sentia seus olhos arderem. Contudo não choraria por ela; não
novamente. Não quando era traído no sentimento que acreditou ser inabalável. Aquele era o fim dos
três. E se era o fim, não prolongaria tamanha dor. Sentindo gosto de sangue e fel em sua língua, o
vampiro encarou-a com os olhos em fendas e deu um passo á frente.
Isabella sustentou seu olhar. Notava-se sua preocupação, mas corajosamente estufou o peito e
ergueu o queixo. Então Edward estacou; refreando toda aquela força que trepidava as vidraças e o
fazia tremer em seu eixo enquanto se encaravam. O destemor resignado que via nos orbes castanhos
o desarmou, fazendo o ar agitado á sua volta, gradativamente se acalmar assim como ele próprio. E
á quem queria enganar? Cria indubitavelmente que não toleraria traições, mas jamais seria capaz de
afundar a mão no peito que ela oferecia para capturar seu instável coração.
Não, não o seria. Até mesmo em seu chuveiro após descobrir sua marca. Se ela nada dissesse
arrumaria uma forma de parar. Também não a machucaria caso tivesse se deitado com o rábula de
bom grado; nem no início do namoro nem depois quando foi ao seu encontro. Ao ser deixado, não
fora ele a criatura incapaz de acabar com a própria vida por acreditar que a feriria caso cravasse
uma estaca no coração no qual ela habitava? O tempo da ilusão findava naquele instante. Poderia
esbravejar ou quebrar tudo á sua volta e até mesmo repeli-la; e só. Isabella era maior do que cabia
nele; era sua senhora. Ceifar-lhe a vida como das outras vezes, a muito deixou de ser opção.
Tomar ciência da verdade o atordoou e enquanto oscilava – domando o desejo quase irrefreável de
recuar evidenciando assim sua sujeição perante ela – a vampira abaixou os olhos e se atirou contra
suas pernas e as manteve unidas fortemente entre os braços. Com ela daquela maneira, ajoelhada
aos seus pés, com a cabeça baixa comprimida contra uma de suas coxas, demonstrando uma
submissão que se confirmou não existir durante o embate visual, Edward perdeu a ação.
– Mate-me se acredita que deve, mas... Por favor, Edward, não faça nada contra Emmett...
– Morreria mesmo por ele. – não foi uma pergunta, ele apenas deu voz ao pensamento. Esta saiu
embargada e muito rouca. Ele não entendia.
– Não por ele. – ouviu a voz abafada corrigir, então, subitamente ela o encarou com expressão
sofrida e prosseguiu – Morreria apenas por você.
Toda a luta se deu “por ele”? Depois do turbilhão violento que o consumiu, Edward se sentia vazio
de emoções, incapaz de qualquer raciocínio lógico. Precisava compreender o que havia acabado de
acontecer naquela sala e somente Isabella poderia ajudá-lo uma vez que suas palavras e suas ações
não faziam sentido. Por que se mostrar inferior quando estava clara sua superioridade? E por que
temer por “sua” vida quando era mais velho e mais forte que seu sócio?
Livre de toda fúria anterior, sedado por um remorso crescente pelo o que inutilmente cogitou fazer,
Edward abaixou-se para ajudar Isabella á se erguer. Ao notar seu movimento, ela novamente
afundou o rosto em sua coxa.
– Solte-me Isabella. – pediu gentilmente.
– Não! – então o segurou ainda mais firme. Forte como ela era tornou o novo aperto dolorido.
– Está me machucando. – alertou-a. Imediatamente ela afrouxou o abraço de ferro, mas não o
soltou. – Eu... Tem toda minha atenção Isabella, mas não podemos conversar assim.
Não poderiam, mas simplesmente não confiava nele. O vampiro esteve muito perto de feri-la.
Abandonou a ideia inexplicavelmente; assumiu uma postura inferior ao encolher os ombros de
forma quase imperceptível, mas ainda assim, Edward poderia apenas se valer de outras táticas, uma
vez que conhecia sua predisposição em detê-lo. Então não se animava á soltá-lo.
Também não queria rever o espanto mal encoberto; como o brilho da súbita submissão. Não estava
familiarizada ao conceito de liderança entre vampiros, mas conhecia um pouco da alma masculina
para saber que machos não recuavam diante de fêmeas; não sem saírem mortalmente feridos em seu
ego. E seu vampiro possuía um maior que ele mesmo. Já estava sendo complicado domar sua
intempestividade possessiva, não queria também lidar com sua vaidade. Não sabia se aquilo
também estaria em jogo, mas esperava demonstrar com sua atitude, que não haveria competição.
– Eu prometo Isabella. – Edward disse ainda rouco – Prometo ouvir seja lá o que tem á me contar.
Prometo não tomar nenhuma atitude impensada.
Após suas palavras, ela o liberou, mas não se moveu. Talvez como ele, estivesse exaurida de
sentimentos. De súbito seu cansaço se agravou então, ao invés de levantá-la, ajoelhou-se á sua
frente. Lentamente, Isabella o encarou com seus olhos dourados; muito brilhantes. Antes que
dissesse qualquer palavra, tomou sua mão direita delicadamente e a manteve entre as dela.
– Tenho sua palavra?
– Tem. – ele disse prontamente. E rogava para que ela acreditasse, pois não era sua intenção quebrá-
la. no momento precisava apenas entender.
– Certo... – ela começou incerta. – Não tenho como mentir e nem era minha intenção, então... Sim,
hoje conversei com Emmett.
Ainda que soubesse, ouvir sobre tal encontro pelos lábios de Isabella fez com que os roncos de seu
peito – adormecidos pelo susto diante da grandeza dela – voltassem com força total. Instintivamente
tentou recolher a mão, mas a vampira a fechou fortemente, retendo-o.
– Apenas conversamos. Nada mais do que isso e não aceito que duvide. – ela prosseguiu com voz
mais firme. – Entendo que sinta ciúmes, mas me ofende se acredita que pudesse acontecer mais do
que isso.
– Não quero ofendê-la – Edward falou pausadamente, procurando palavras que não a melindrasse;
não queria, nem tinha forças para uma nova briga. –, mas o que poderia ter ocorrido nessa
“conversa”, para que ficasse arredia e chegasse depois de mim á porta da Apple?
– Eu estava lá. – ela exclamou veemente. – Comprei meu celular e se quiser mostro-lhe a nota... –
Edward maneou a cabeça negativamente, liberando-a de provar suas palavras, então ela prosseguiu.
– Estava na calçada, esperando-o como me ordenou, quando ele se aproximou.
– Por que não permaneceu onde estava? – ele indagou, novamente tentando recolher a mão.
Sentimentos ambíguos o atacavam; acreditava nela, mas ao mesmo tempo sabia existir algo errado.
– Para onde foram?... E por quê?
– Nos afastamos algumas quadras porque... eu não queria que nos visse juntos.
– Não! – Edward rosnou enraivecido. Tentou puxar a mão com violência, contudo ela não somente
a prendeu como o segurou pelo cotovelo.
– Pare Edward! – ela ordenou firmemente. – Prometeu que ouviria.
Isabella nem precisaria lembrá-lo. Ao receber a voz de comando, toda a força que fazia por sua
libertação se extinguiu, deixando-o inerte; e mais uma vez chocado. A vampira tinha real poder
sobre ele. Se tivesse ordenado e não somente pedido que parasse durante sua luta, esta nem ao
menos teria acontecido. Obedecê-la-ia livre de sua própria vontade. O vampiro não soube precisar
se a novidade seria boa ou ruim, não conseguia dar-lhe muita importância no momento. Tudo que
queria saber era sobre seu sócio com sua noiva. Ao vê-lo imóvel, ela esclareceu.
– Não era como se eu quisesse me encontrar com Emmett ás escondidas. Eu nem ao menos queria
encontrá-lo, sabe disso. Eu simplesmente quis evitar uma briga entre vocês dois.
– Perdoe-me por ter lhe apresentado meu pior lado, mas acredite... Ainda que não pareça, sou
civilizado Isabella. Por que supôs que brigaríamos?
Colocado daquela maneira seu cuidado lhe pareceu infundado. Coincidências aconteciam todos os
dias e essa seria uma boa desculpa caso Edward os visse á conversar em local público. Movida pelo
temor do que somente ela sabia, havia piorado toda uma situação simples de contornar ao dar-lhe
ares secretos.
– Foi estupidez de minha parte, agora vejo... – disse realmente arrependida. – Desculpe-me pela
preocupação que lhe causei. Mas o que disse antes ainda vale. Geralmente seu ciúme me envaidece,
mas nesse caso é ofensivo. Como pôde pensar que eu estivesse em um encontro amoroso?
– Esse é o problema Isabella. – ele falou sustentando-lhe o olhar. – Eu não penso. Apenas sinto e
ajo. Por isso não se sinta ofendida, ainda mais quando sua atitude depois desse “encontro” passou á
ser muito suspeita. E reafirmo que se afastou á toa. Uma briga entre nós dois não aconteceria. – o
vampiro assegurou sério. – Provavelmente ele inventaria uma desculpa qualquer para estar com
você. Eu não acreditaria afinal está claro que ele a seguiu até o Soho, mas fingiria não ver
problema. E quando tivesse a oportunidade acabaria com ele; simples assim.
– Não seria “simples assim”. – ela falou novamente cautelosa. Iria contar tudo o que sabia, mas
ainda temia. Jamais poderia lhe tirar a razão sobre seu comportamento anormal o que confirmava
ser imprescindível tirá-lo do escuro. Após um suspiro profundo, tomado apenas para ganhar um
tempo ínfimo, ela disse. – Você nada pode contra Emmett.
– E lá vamos nós... – Edward debochou odiando o fato de não poder se mover. Agora sabia como
era incômodo ser o lado subjugado da estória. – Por que nada posso contra meu digníssimo colega?
Talvez por não saber que o tinha sob seu domínio, ela tenha se aproximado mais e – não confiando
cegamente em sua palavra – tenha segurado sua outra mão para logo em seguida, prendê-lo pelos
dois pulsos. Sem desprender os olhos dos dele, disse.
– Ele saberia de sua intenção e daria um jeito de evitá-lo. – ás suas palavras o vampiro riu sem
humor, apenas com zombaria própria aos que se consideravam superiores. – Estou falando sério e
seria bom se acreditasse. – ela pediu.
– Ora, por favor, Isabella! – ele retorquiu impaciente. – Emmett é um vampiro subitamente metido á
galã e sem muito amor á vida, não um adivinha. Se o fosse não se atreveria sequer á olhá-la, quanto
mais abordá-la na rua. Pode dizer o que quiser, mas lhe asseguro que sua tentativa de evitar uma
briga foi inútil e desgastante para nós dois. Você apenas adiou o inevitável. Se tivesse me dito desde
o começo já teria ido atrás dele e não me voltado contra você...
Queria dizer que sentia, mas não sentia. Ela o conduziu ao erro de julgamento, eclipsando até seu
conhecimento. Deveria ter levado em conta que Isabella não seria leviana, nem se renderia á outro
quando ele mesmo teve certa dificuldade em conquistá-la. Mas o que mais poderia deduzir do
silêncio, da distância e da tentativa de fuga? Apenas sentia pelo o que esteve prestes á fazer antes
que sua limitação em atacá-la o freasse. Contudo seguiria suas próprias palavras ditas naquela
manhã, não se culparia ou desculparia pelo o que “ela” lhe levava á fazer.
– Sim, ele adivinha.
– O que disse? – sua vampira falou num sussurro que o confundiu; não havia ouvido direito.
– Na verdade ele não adivinha... – já havia começado; deveria ir até o fim, ela pensou enquanto
segurava os pulsos de um Edward inacreditavelmente imóvel á despeito de toda raiva que
demonstrava represar. Revestindo-se de coragem, revelou. – Emmett simplesmente sabe o que se
passa em sua cabeça...
– Ah! – Edward exclamou cortando-a. – Também temos um leitor de mentes entre nós e... – ele se
interrompeu bruscamente. Talvez algo na expressão pesarosa dela, talvez por dar asas á um
pensamento sufocado e completamente insano. O vampiro não sabia. Assim como não acreditava
que Isabella poderia mesmo se iludir com tal disparate. Antes que analisasse a possibilidade uma
segunda vez, falou inabalável. – O que está prestes á dizer é impossível. Emmett não é Aro.
– Como pode ter certeza? – Bella indagou mal acreditando na passividade do olhar e da voz.
– Emmett está comigo há seis anos. Tempo mais do que suficiente para ter “tentado” algo contra
mim... É fraco, desregrado. Nada que se assemelhe á um vampiro com mais de dois mil anos de
idade. E o mais importante minha querida... Ele não tem dragão nenhum em seu corpo. Logo, se por
esse receio tentou me deter e até se ofereceu á morte, fique tranquila... Aro continuará á nos
perturbar, mas Emmett será um vampiro desleal decapitado, tão logo eu o encontre.
********************************************************************************
*******
SPOILER:
Não repetiria o que lhe disse pela manhã. A palavra dele sempre lhe valeria mesmo que agora viesse
atrelada á certo temor. Como não era seu desejo ofendê-lo – mesmo que em seu íntimo estivesse
morrendo aos poucos por deixá-lo – Bella aquiesceu.
– Ficarei em nosso quarto então. – antes de partir foi decidida até ele e depositou um leve beijo nos
lábios cerrados. – Eu amo você. – então se foi.
Ao ver-se sozinho, Edward se livrou da calça que desde o início da luta o incomodava e correu para
a área coberta. Atirou-se em sua piscina e imediatamente passou á nadar de um lado ao outro,
rogando que a água e o movimento incessante o ajudassem á retomar algum equilíbrio. Isabella não
lhe deu detalhes para que não se torturasse; como se fosse possível. Naquele instante travava uma
luta interna entre o desejo de ter a cabeça de Emmett entre suas mãos e o de cumprir o que lhe
prometeu.
Tentando colocar seu desejo sanguinário de lado, Edward focou na revelação extraordinária da
tarde. Sem muito esforço vasculhou sua memória e reviu seu sócio, naquela mesma piscina anos
antes quando atendendo a uma das ideias estapafúrdias de Alice, a abriu para o casal mais novo de
seu clã. Depois de mais de três anos de convivência ligeiramente distante, seria uma forma de
fortalecer os laços dissera ela. Ele precisava deixar de ser separatista e dar espaço para novas
amizades. A tarde fora extremamente enfadonha e improdutiva visto que depois do encontro nada
mudou entre ele e o casal. Sempre manteve a distância cordata e a boa convivência necessária para
o relacionamento que mantinham.
Justamente pela inutilidade da ideia, na ocasião da chegada de James, alertou Alice que nem
adiantava pedir-lhe o mesmo. Em sua cobertura apenas seriam bem vindos ela e Jasper. No
momento, odiou a lembrança, pois caso tivesse se recusado desde o início, Rosalie não teria acesso
á sua cama e talvez toda sua história com Isabella durante a revelação de sua real condição tivesse
sido diferente. Fosse como fosse, por essa única visita onde viu seus seguidores e trajes mínimos,
sabia que Emmett não possuía marca alguma. E estava claro que Aro carregava um dragão em seu
corpo. Como poderia crer que eles fossem a mesma e odiosa pessoa?
**********************************************************************
Para curtir:
Fanpage Obsession*
Fanpage Enigma*

Notas finais do capítulo


Bom... Espero que tenham gostado... =)
Fico aqui, sempre de olho para ver se alguma de vcs me diz o que achou... Bjus linda...
Bom final de semana e até o próximo...

(Cap. 86) Capítulo 21 - Parte III

Notas do capítulo
Amores, desculpe o alarme falso, mas foi a única maneira que encontrei de mostrar que a
fic NÂO está abandonada. Eu só ando sem tempo para escrever, mas logo eu trago
capítulo novo. Quero que todas entendam que sinto falta do vampirão tanto quanto vcs,
porém preciso cuidar de minha coisas da vida off... Logo tudo se ajeita... Novamente
desculpem. Agora segue o repeteco do capítulo...
***********************************************************
Oieeeeeeeeee... Mega saudades de vcs!...
Trouxe capítulo novo, importante para o rumo final da fic... Leiam com atenção...
Boas vindas ás novas leitoras... Sinto não poder responder como antes fazia...
Obrigada á todas, novas ou antigas leitoras pelos reviews do último capítulo e pelas
indicações... =)
Não vou me estender muito agora, "falo" mais no final...
BOA LEITURA!

Inacreditável que um vampiro fosse de tal forma descrente. Ele não era a prova viva de que o
extraordinário poderia ser real? Encarando Edward, incrédula, Bella externou seu espanto.
– Acho incrível que não acredite!
– O que há de concreto que me faça crer? – ele rebateu realmente incomodado que tivessem
chegado tão longe em seu embate por tão pouco. – Percebe o que esteve prestes á acontecer aqui
por seu “excesso” de credulidade?
– Acredite Edward – ela falou liberando os pulsos que ainda mantinha fortemente presos entre suas
mãos – se eu tivesse como prever que não acreditaria teria contado minha descoberta muito antes.
Desculpe se parece o contrário, mas brigar com você nunca é meu objetivo. E agradeceria se, assim
como eu, esquecesse o que esteve prestes á acontecer aqui.
– Apenas não comentarei, esquecer é impossível. – ele retrucou aborrecido. – Por essa sua ideia
absurda me fez miserável por todo o final de semana e hoje...
– E hoje nada de grave aconteceu. – ela o cortou.
– Talvez não para você, mas para mim o dia de hoje foi um verdadeiro inferno. E ficou ainda pior
com esse seu encontro e todo o restante.
– Como disse não planejei me encontrar com Emmett. – ela disse olhando-o atentamente. Era
estranha sua imobilidade depois de tamanha ação.
– Não muda muita coisa para mim. – Edward retorquiu sério. Por mais que o assunto o exasperasse
ou não acreditasse na dupla personalidade, precisava saber de todo o ocorrido para que não
restassem dúvidas quando fosse se entender com seu sócio. – O que Emmett queria afinal?... E de
onde tirou que ele é Aro?
– Acredite Edward, ele é! – ela assegurou ainda o analisando. – Paul me manteve presa no
apartamento dele. Eu reconheci o prédio.
– Por isso esteve estranha todo esse tempo? – ele indagou roucamente, incomodado em recordar
também a última manobra do rábula para roubá-la. – Você estava nervosa na ocasião. Pode ter se
confundido.
– Não me confundi! – ela exclamou pondo-se de pé. – Estive no apartamento. Já contei á você tudo
o que descobri. Vi os quartos e se restava alguma dúvida, vi o vestido que Rosalie usou no baile de
Halloween. Emmett é Aro. Por que é tão difícil aceitar?
– Porque como também já disse, ele está comigo há tempo demais. Se fosse quem você acredita, já
teria tentando algo contra mim... E não se esqueça da maldita marca. – Edward respondeu sem
desviar os olhos dela que, á seu exemplo, agora vagava á sua frente de um lado ao outro. – Poderia
parar, por favor... Ou... – era estranho pedir por aquilo – poderia me deixar levantar?
Bella parou imediatamente. Sem se mover ou falar, novamente o mediu atentamente. Edward fizera
um pedido real. Ainda nem havia assimilado seu recuo antes de atacá-la e descobria que o induziu á
ficar quieto. Em um átimo estava ajoelhada diante dele mais uma vez.
– Como aconteceu? – indagou admirada.
– Ordenou que eu parasse quando tentei me libertar. – respondeu á contragosto. Ao perceber o leve
curvar dos lábios rosados dela, exclamou irritado. – Não é engraçado!
– Não acho que seja. – ela disse deixando o sorriso crescer, finalmente conseguindo certo alento
depois e toda a tensão vivenciada. –, mas tem que admitir ser diferente.
– Sim. Deve ser uma daquelas piadas do destino... Justiça poética... Ou qualquer outra bobagem que
sirva para descrever um castigo merecido.
– Considera mesmo um castigo? – Bella indagou novamente séria.
– Por todas as vezes que apaguei sua memória ou a induzi de alguma forma. Agora, não somente
não posso fazê-lo, como estou subordinado á você. – disse mal contendo seu desagrado. – Talvez
nem devesse se dar ao trabalho de me fazer crer no que quer que seja... Apenas manipule minha
mente e apague toda a aflição que compartilhou comigo esses dias enquanto não revelava essas
descobertas absurdas.
– É uma boa ideia. – ela disse segurando o rosto rígido como pedra entre as mãos, obrigando-o á
encará-la. Edward suspendeu a respiração. Quem ditou as palavras foi seu despeito; não queria
esquecer. Antes que pudesse protestar, sua noiva prosseguiu. – Talvez, se não fosse extremamente
necessário que você aceite a verdade, eu o deixasse iludido, pois ainda tentarei impedir que ataque
Emmett, mas não é o caso... Prefiro detê-lo pela razão, não o privando de sua vontade. Então...
Apenas levante Edward.
Antes que ela soltasse seu rosto, livre da ordem que o manteve imóvel, o vampiro a segurou pelos
pulsos e a derrubou sobre o chão, prendendo-a sob seu corpo.
– Por que me provoca Isabella? – indagou perscrutando-lhe a face. Sentindo toda a raiva arrefecida,
voltar. Não por sua vampira como antes, mas contra toda aquela novidade de estar sujeito á ela. – Já
está bem ruim não entender o que se passa, então, como já lhe pedi, não jogue comigo.
– Não o fiz em momento algum. – ela falou sem se importar com sua demonstração de força. – Sei
que está confuso... No momento também estou. E lhe garanto que mesmo considerando diferente,
não acho que seja um castigo... Teve haver uma explicação como tantas outras coisas que não
conhecemos... Também não sei se gosto desse poder. Lembre-se que o fiz prometer não me induzir,
como acha que farei com você?
– Minutos atrás estava decidida á morrer por mim. – disse rouco. – Fazer-me esquecer seria muito
mais fácil.
– Apesar do que imagina, não era minha intenção esconder então não há razão para que esqueça. Eu
lhe disse pela manhã que precisava de um tempo... Queria que você acreditasse no que Zafrina
revelou... Estava com medo que irrompesse porta afora quando soubesse sobre Emmett e foi
exatamente o que aconteceu. Ou pior, eu nem disse nada, você apenas deduziu e já quis partir para o
ataque. Consegue ver que eu tinha razão em esconder o que sabia?
– Se sou assim tão previsível e irracional, também tem que admitir não ter sido muito sábio agravar
meu péssimo gênio.
– Há muito que reconheci meu erro, mas não havia como falar o que sabia. Tenho medo do que
possa lhe acontecer... Entende que não pode lutar com Emmett? – ela perguntou expectante.
– Ainda não sei se acredito no que me disse. – Edward revelou soltando-lhe os pulsos, porém a
mantendo sob seu corpo. Era inútil, mas no momento precisava se sentir superior. Odiava admitir
que temia a superioridade dela até para si mesmo; contudo temia. Se antes a ideia de perdê-la era
insuportável, agora estava ainda pior uma vez que não mais havia o consolo da morte conjunta.
Caso um dia a perdesse, lhe restava apenas vagar miserável pelo mundo ou partir sozinho. Então,
como poderia aceitar que Aro, aquele rapace de vidas e esposas alheias, poderia ser aquele que já se
acercava dela sem que nada pudesse fazer?
– Por favor, meu amor, acredite. – ela pediu apoiando-se nos cotovelos para ficar mais próxima de
seu rosto. – Não sei como lhe responder sobre a falta da marca, mas é verdade... E mesmo que não
acredite na maldição, apenas dê-lhe o benefício da dúvida e não faça nada contra ele.
– O que Emmett queria com você? – Edward indagou prevendo a resposta ao senti-la se encolher
minimamente. Respirando fundo, lembrou-a. – Já dei minha palavra que ouviria sem nada fazer.
Bella analisou o rosto muito rígido. Não havia nada mais que pudesse fazer á não ser confiar. E
como não havia forma branda de dizer a verdade, falou de uma vez.
– Queria que eu fosse com ele.
– Desgraçado! – vociferou, libertando-a ao saltar para longe. Alarmada, Bella imitou-o, preparando-
se para se colocar á porta, porém Edward havia partido para a área aberta próxima á piscina.
Temerosa por não saber se ele cumpriria sua palavra foi até ele que segurava fortemente as grades
do parapeito e mantinha a cabeça baixa. Aproximando-se, Bella tocou seu ombro e antes que disse
qualquer coisa, ele indagou. – O que exatamente ele disse?
Na verdade não faria a mínima diferença saber, mas precisava conhecer a real intenção de seu atual
rival. Também queria ganhar tempo para decidir como agir sem provocar uma nova briga. Estava
claro que não conseguiria sair pela força, porém sairia. Não poderia deixar a ousadia sem resposta.
Preparando-se para o que viria, ouviu-a dizer.
– Acho que não importa o que ele disse e sim que não me interessou... E que não fui com ele. Eu...
Antes que pudesse concluir era novamente contida pelos ombros e tinha o rosto raivoso de Edward
á milímetros do seu.
– Importa para mim! – ele disse entre dentes. – Quero cada palavra Isabella.
– Edward, eu já disse... Emmett queria que eu fosse com ele. Como recusei tentou me induzir, mas
você bem sabe que comigo esse expediente não funciona mais. – ela falou sustentando-lhe o olhar. –
Isso é tudo que tem para saber... Não vou ficar entrando em detalhes que apenas o farão se torturar
mais quando precisamos conversar sobre o que verdadeiramente interessa. O que é preciso para
você acreditar de uma vez por todas que ele é Aro?
– E quando vai entender que o que “verdadeiramente” interessa é somente você? – o vampiro
inquiriu, refreando mais uma vez o desejo de sacudi-la por minimizar sua importância. – Pare de
quer poupar-me, proteger-me ou seja lá o que pretende quando se expõe colocando-se á frente de
tudo. Como pode acreditar que exista algo mais importante do que essa tentativa de levá-la de mim?
Inferno Isabella!... Se quiser que eu fique bem, mantenha-se em segurança em primeiro lugar.
Dito isso ele a liberou dando-lhe as costas, trêmulo por conter sua força. Ao sentir a mão delicada
em seu ombro, pediu.
– Deixe-me só, por favor.
– Edward eu não...
– Eu já dei minha palavra. – ele falou sem olhá-la. – Disse que ouviria sem fazer nada impensado.
Bella o olhou por alguns segundos. Não queria deixá-lo; não sem antes saber que ele acreditava.
Não sem fazê-lo entender suas ações. E definitivamente, não quando ele poderia sair depois de
“pensar” detalhadamente no que faria com Emmett.
– Fico na sala então. – ela disse na tentativa de respeitar o espaço pedido sem deixá-lo na verdade.
– Prefiro que suba. – ele retrucou se voltando para olhá-la. – Da mesma forma que se sentiu
ofendida com minha desconfiança, ofender-me-ei se duvidar de minha palavra. Mesmo que ela nada
lhe valha, asseguro que não sairei sem antes conversarmos... Apenas preciso pensar e você me
distrai.
Não repetiria o que lhe disse pela manhã. A palavra dele sempre lhe valeria mesmo que agora viesse
atrelada á certo temor. Como não era seu desejo ofendê-lo – mesmo que em seu íntimo estivesse
morrendo aos poucos por deixá-lo – Bella aquiesceu.
– Ficarei em nosso quarto então. – antes de partir foi decidida até ele e depositou um leve beijo nos
lábios cerrados. – Eu amo você. – então se foi.
Ao ver-se sozinho, Edward se livrou da calça que desde o início da luta o incomodava e correu para
a área coberta. Atirou-se em sua piscina e imediatamente passou á nadar de um lado ao outro,
rogando que a água e o movimento incessante o ajudassem á retomar algum equilíbrio. Isabella não
lhe deu detalhes para que não se torturasse; como se fosse possível. Naquele instante travava uma
luta interna entre o desejo de ter a cabeça de Emmett entre suas mãos e o de cumprir o que lhe
prometeu.
Tentando colocar seu desejo sanguinário de lado, Edward focou na revelação extraordinária da
tarde. Sem muito esforço vasculhou sua memória e reviu seu sócio, naquela mesma piscina anos
antes quando atendendo a uma das ideias estapafúrdias de Alice, a abriu para o casal mais novo de
seu clã. Depois de mais de três anos de convivência ligeiramente distante, seria uma forma de
fortalecer os laços dissera ela. Ele precisava deixar de ser separatista e dar espaço para novas
amizades. A tarde fora extremamente enfadonha e improdutiva visto que depois do encontro nada
mudou entre ele e o casal. Sempre manteve a distância cordata e a boa convivência necessária para
o relacionamento que mantinham.
Justamente pela inutilidade da ideia, na ocasião da chegada de James, alertou Alice que nem
adiantava pedir-lhe o mesmo. Em sua cobertura apenas seriam bem vindos ela e Jasper. No
momento, odiou a lembrança, pois caso tivesse se recusado desde o início, Rosalie não teria acesso
á sua cama e talvez toda sua história com Isabella durante a revelação de sua real condição tivesse
sido diferente. Fosse como fosse, por essa única visita onde viu seus seguidores e trajes mínimos,
sabia que Emmett não possuía marca alguma. E estava claro que Aro carregava um dragão em seu
corpo. Como poderia crer que eles fossem a mesma e odiosa pessoa?
Passando a rodar pelo fundo da piscina, Edward se obrigou á considerar a possibilidade.
Esquecendo-se da maldita marca, especulou sobre os motivos que levariam Emmett á uma mudança
drástica em seu comportamento. Como disse á sua noiva, o vampiro sempre fora desregrado e fraco;
na maioria das vezes um bonachão que o distanciava de um imortal milenar. Então Edward se
lembrou de suas últimas conversas. Do brilho raivoso que flagrou no olhar azul na ocasião do
desaparecimento de Rosalie. Na postura estranha após seu sumiço e no tratamento galante tão
destoante do que sempre fora. E agora tinha a confirmação que Emmett queria sua Isabella.
Edward ainda não sabia em que acreditar, mas teve a certeza que havia somente uma forma de obtê-
la. Talvez a tarefa não fosse fácil, mas precisaria convencer Isabella á deixá-lo sair. Deixando a
piscina, caminhou á passos humanos até sua suíte para encontrá-la. Isabella estava sentada sobre a
cama quebrada, abraçada aos joelhos. Tão logo entrou se voltou em sua direção. Sem se importar
com sua nudez, Edward foi á caça de uma toalha no banheiro anexo e já se secando voltou ao
quarto.
A vampira nunca acreditou ser possível, mas pela primeira vez o corpo despido de seu noivo não a
acendeu. Esteve ansiosa, esperando pelo momento que ouviria a porta principal sendo fechada e
agora ele estava á sua frente, secando-se enquanto a encarava de forma estranha. Logo ele enrolou a
toalha em volta da cintura e se sentou á sua frente. Assim como ela havia feito antes, tomou uma de
suas mãos nas suas e falou.
– Preciso encontrar com Emmett.
– Não Edward... – ela pediu sem se mover. Sentindo o coração saltar em desespero implorou. – Por
favor, não faça isso. Não pode fazer nada contra ele. Acredite em mim...
– Talvez eu acredite. – ele admitiu, chamando-lhe a atenção. Bella procurou pela verdade das
palavras nos olhos verdes e antes que chegasse á alguma conclusão, ele falou. – Não é minha
intenção lutar, mas preciso vê-lo. Assim poderei ter a certeza. Se ele é quem diz, não planeja atacar-
me tampouco, então não tem com o que se preocupar.
– Edward... – ela começou, mas foi interrompida.
– Entenda que não estou pedindo permissão. – Edward falou sério. – Apenas quero evitar brigas
entre nós, pois de um jeito ou de outro vou encontrá-lo. Se eu não for até ele, ele virá até mim...
Não se esqueça que ele é meu sócio; trabalha aqui.
– Sei disso. – ela retrucou á contragosto. Não poderia tentar dissuadi-lo quando se mostrava
ponderado e cumpria sua promessa. E não poderia esquecer que era de suma importância que ele
não carregasse qualquer dúvida para jamais baixar a guarda diante de seu rival. – No que depender
de mim não brigaremos nunca mais. Não gosto da ideia, mas se somente assim vai crer... Vamos até
ele.
– Você fica! – ele exclamou com o cenho franzido. – Não os quero perto.
– Entenda que também não estou pedindo permissão. – ela o imitou, liberando a mão para deixar a
cama. Calçou-se e já vestia seu casaco sobre o vestido quando Edward finalmente se moveu, indo
vestir-se. Realmente não a queria junto de Emmett, mas pelo visto nada poderia fazer.
– Não se esqueceu de nada? – indagou mal-humorado ao passar ao lado de sua noiva.
–De nadinha. – ela disse indo se sentar sobre o colchão. – Desde que subi que estou decentemente
vestida.
Edward não replicou. Apenas escolheu as roupas de usaria e as vestiu em silêncio, ignorando o
olhar feminino sobre si. Tantas coisas se passaram naquelas poucas horas que nem parecia terem
vivenciado a mesma cena naquela manhã. Vestido e calçado, passou as mãos pelos cabelos
molhados e foi até ela para estender-lhe a mão. Bella a aceitou e com o coração fundo no peito o
seguiu escada abaixo. Ao cruzar a porta principal sufocava o desejo de se valer do poder recém-
descoberto para mantê-lo na cobertura. Como ele mesmo a lembrou, não poderia ficar longe de
Emmett indefinidamente.
– Poderíamos ligar para Alice? – ela arriscou. – Seria bom que ela estivesse do nosso lado. Não
precisamos entrar em detalhes...
– Alice está cuidando de alguns assuntos para mim e não quero envolvê-la ainda... Não sem ter
certeza do que diremos á ela. – na verdade Edward não queria correr o risco de colocá-la diante de
Jasper caso o encontrasse com Emmett. A falta do passaporte não era indício que tivesse realmente
deixado o país. Não sabia em que acreditar, mas começava á se preparar para todas as
possibilidades e uma possível nova baixa caso a amiga resolvesse se juntar ao marido sumido não
estava em seus planos. – Fez bem em não contar suas desconfianças nem mesmo á ela.
– Também quis protegê-la, pois Emmett saberia que ela conhece sua verdadeira identidade.
– É essa sua mania de tomar todas as dores para si que me exaspera. – Edward exclamou
acomodando-a no banco de sua SW4. – Tudo bem ele descobrir que “você” sabe, não é?
– Eu não tive escolha. – ela se defendeu quando ele já havia se acomodado ao volante. – Paul em
sua loucura o expôs... E de toda forma... Ele não sabe.
– Quem não sabe o quê? – Edward indagou enquanto retirava o carro da garagem.
– Emmett. – esclareceu. – Para mim hoje foi o dia das descobertas estranhas. Ele não pode ler
minha mente.
Edward freou o carro imediatamente para encará-la, sem se importar com as buzinadas que recebia
por parar o trânsito em frente ao seu edifício.
– Está me dizendo que não tocaram nesse assunto quando estiveram juntos?!
– Não tocamos. – ela admitiu. – Ele saberá por você.
– Isso minha adorada, “se” ele for quem você imagina... – retrucou colocando o carro em
movimento considerando a nova informação.
– Não deixe esse detalhe influenciá-lo. Espere até estar diante dele para confirmar ou refutar de vez
a ideia. – ela pediu. Então, recordando um ponto vital, acrescentou. – E mesmo que não acredite,
por mim, já que para você estar bem eu preciso estar bem, não faça nada contra ele para desforrar
nosso encontro. Eu simplesmente não suportaria vê-lo correr o risco de morrer, mesmo que a
possibilidade não exista.
Edward a encarou diretamente e ao ver o olhar suplicante – livre de quaisquer ciúmes por saber que
seu pedido não carregava nenhum cuidado pela vida do outro – ele estendeu a mão para tocá-la no
rosto. Satisfeito a viu fechar os olhos e movê-lo para tornar o toque em um carinho.
– Por você meu amor, apenas por você. – concordou recolhendo a mão para voltar a atenção ao
trânsito. – De toda forma não sofra ainda. Nem sabemos se o encontraremos em seu apartamento.
Como ele mesmo costumava dizer, pedia-lhe o impossível. A mínima possibilidade de vê-lo em
perigo a fazia sofrer e diante do comentário, passou a desejar fervorosamente que o encontro fosse
frustrado. Ao sentir-se com as mãos atadas, se arrependeu de ter poupado Alice. Sentir-se-ia mais
segura com a amiga ao lado. Contudo era tarde para lamentar.
– Obrigada! – disse apenas e afundou no assento.
Mantiveram-se em silêncio até estarem diante do prédio branco onde Emmett morava.
– Lembra-se qual o apartamento?
– Perfeitamente. – como esqueceria? Nele passou algumas das piores horas desde que ingressou
naquele mundo mítico. – Sétimo andar, apartamento setecentos e cinco.
– Ótimo, não nos faremos anunciar, apenas subiremos e vamos ver o que acontece.
Incapaz de pronunciar qualquer palavra, Bella se deixou conduzir. Passaram pelo porteiro sem
maiores problemas e seguiram ao elevador. Particularmente, mesmo que não desejasse aquele
encontro, ela odiou ter que prolongar sua aflição ao subir tão lentamente no cubículo que antes
ocupou com Paul. Ao seu lado Edward parecia impassível; sua postura descrente se tornava mais e
mais preocupante. Sentindo a inquietação de sua noiva, Edward a trouxe para perto de si e a
abraçou.
– Não se aflija. Está tudo sob controle. – disse contra os cabelos dela, antes de beijá-los.
Sem nada dizer, ela o enlaçou pela cintura. Nas últimas horas descobrira que ninguém naquela
história tinha o controle de coisa alguma. Nenhum deles poderia prever a reação do outro. Até
mesmo ele em sua previsibilidade havia surtado por motivos errôneos.
Quando as portas se abriram no andar indicado, Bella o segurou pela mão e o conduziu até a porta
conhecida. Antes que tomassem qualquer atitude, esta foi aberta abruptamente pelo dono do
apartamento. Muito á vontade, apresentando-se vestido em uma calça jeans e o dorso nu, Emmett
exclamou.
– Ora, ora!... Ao que devo a honra?
– Eu não colocaria dessa forma. – Edward retrucou, prendendo a mão de sua noiva fortemente para
impedi-la de se colocar entre ele e seu “Aro Volturi” como pressentiu que faria ao dar um passo á
frente. Imediatamente ao seu pensamento zombeteiro o ar debochado do sócio se desfez sem motivo
aparente. Ato contínuo, os olhos azuis inquiridores vagaram para Isabella visivelmente inquieta e
então novamente para o rosto de Edward que o encarava sem emoção. Como crer que aquele á sua
frente – o mesmo que dividiu o escritório por anos á fio – fosse quem sua noiva afirmava ser?
Emmett era uma criatura risível, tão incapaz de adivinhar pensamentos quanto ser um imortal
milenar.
– Poderia se surpreender com aparências que enganam. – este comentou como em resposta; o rosto
endurecido livre de emoção.
– Aro. – Edward exalou num murmúrio feroz.
http://www.youtube.com/watch?v=scczFUxZsQg
Sympathy for the devil – clique para ouvir*

– Eu, caro colega. – confirmou abrindo os braços, indicando á si mesmo. No exato instante da
constatação aterradora, o vento mudou seu curso, trazendo os odores do apartamento até eles. Ainda
que não os identificasse, Isabella se retesou e antes que Edward pudesse esboçar qualquer reação,
Emmett falou para alguém além de seu campo de visão. – Não precisa se esconder querida. Eles já
sabem que está aí. Também sabem sobre mim e a pergunta é; como?
– Senna! – Edward sibilou trêmulo, desconhecendo o que mais o chocava. Não teve tempo hábil de
considerar ao ser preciso conter sua noiva que reagiu ao ouvi-lo nomeá-la. – Não Isabella! –
ordenou instintivamente; seus anos de liderança abstraindo o fato de que não mais possuía poderes
sobre a nova vampira. Ainda assim foi obedecido, mesmo que ela permanecesse á rosnar baixo um
passo á sua frente.
– Isso! – Emmett exclamou baixinho, diretamente para a vampira raivosa. – É melhor que pare, pois
mesmo lhe tendo respeito não vou admitir que ataque minha mulher.
– E eu gostaria de vê-lo “tentar” impedi-la. – Edward sibilou entre dentes, antes de tocar o ombro de
sua noiva e garantir, um tom mais brando. – Contudo não haverá ataques aqui Emmett. Ou devo
chamá-lo de Aro?
– Emmett, por favor. – pediu dando um passo atrás ao pressentir a aproximação de Senna que
finalmente se revelou aos seus visitantes. Parcamente vestida em roupas íntimas, abraçando-o pelas
costas. Erguendo uma das mãos para acariciar o braço que o prendia, Emmett acrescentou. – Há
muito não uso meu nome. É ultrapassado... Somente minhas mulheres resistem ás mudanças e me
chamam assim.
Em um primeiro momento Edward o ouvia alheio, os olhos fixos em Senna e em Isabella que a seu
ver irromperia porta adentro para caçá-la. Não tirava sua razão ante ao sorriso acintoso que a
inimiga lhe dirigia enquanto corria os dedos pelo peito nu de seu companheiro.
– Se não fizesse a pose de chatinha romântica fiel também poderia chamá-lo da mesma forma. –
falou piscando para Isabella. A provocação igualmente inflamou a Edward, contudo era preciso
controlar sua noiva antes mesmo de domar á si próprio. Segurando-a pelo braço, falou.
– Deixe-a Isabella. Aqui não é o lugar.
Bella queria atendê-lo, mas as lembranças de tudo o que passou naquele apartamento e no parque, a
consciência de que aquela vampira desafiadora alimentava o desejo de vingança contra ele e ainda
tripudiava seu sentimento á cegavam. Sua garganta estava travada permitindo que somente os
rosnados fossem ouvidos; suas mãos coçavam por pegá-la. Emmett mesmo que não demonstrasse
abertamente, parecia se divertir.
– Veja como ela está uma coisinha gostosa toda brava! – Senna falou estalando a língua. – Pena não
ter se juntado á nós. Seria divertido.
– Cale a boca! – Edward vociferou fazendo mover o ar, esquecendo-se que ainda estavam no
corredor de um prédio residencial. Encarando o sócio com o cenho franzido, falou. – É melhor fazê-
la se calar ou eu mesmo o faço. Quando vier “me” impedir veremos se essa maldição dos infernos
na qual acredita é verdadeira.
Imediatamente tudo mudou á sua volta. Isabella silenciou recuando um passo e Emmett – muito
sério – se desvencilhou de uma Senna mais animada com a possibilidade de luta.
– Deixe que venham! – esta exortou, afastando-se para o meio da sala como se o apartamento
pudesse se tornar um campo de batalha.
– Vá para seu quarto. – seu senhor ordenou á meio tom. – E não volte sem ser chamada.
– Mas... – ela exalou incrédula.
– Agora! – o líder imperou, cortando-a sem alterar a voz.
Antes de obedecê-lo a vampira encarou a outra altivamente. Sustentando-lhe o olhar, Bella
agradeceu que Senna se fosse ainda que não mais intencionasse atacá-la; não por ela, mas por temer
que Edward fizesse como prometido. Emmett parecia compartilhar seu receio, pois, pausadamente
se dirigiu á ele.
– Sabe até mesmo da maldição. – fora uma afirmação, dita enquanto recuava. Edward nada
retrucou, apenas o viu vestir uma camiseta largada sobre o sofá e sentar sobre o mesmo com os
braços abertos, sempre os encarando. Como um convite mudo, indicou o estofado vazio para
juntarem-se á ele. Edward franziu o cenho, resistindo á Isabella que o puxava em direção ao
elevador.
– Vamos embora. – pediu num sussurro quando ele não se moveu um milímetro, a garganta ainda
obstruída. – Já tem sua resposta.
– Isso foi antes Isabella. – Emmett alteou a voz sem se mover. – Agora ele está curioso.
Realmente estava. A despeito do ódio visceral pela tentativa de tomar-lhe Isabella e pela encenação
por anos á fio, considerava surreal que seu sócio fosse um vampiro com mais de dois mil anos,
ligado á ele e á ela por laços que transcendiam parentescos sanguíneos e que atrelavam suas vidas
umas as outras. Com a revelação extraordinária, tantas questões se tornaram importantes; outras
ainda mais preocupantes. Igualmente perturbador era ter sua mente invadida e ouvir comentários
sobre questões silentes.
– Sou educado e geralmente evito irritar as pessoas. – o sócio garantiu. – Se preferir não mais o
farei.
– Pois então não faça? – retrucou aborrecido pela constante invasão de privacidade.
– Se lhe serve de consolo, não gosto de invadir a “privacidade mental” de outros imortais.
– Então não funciona com qualquer um? – Edward indagou franzindo o cenho.
– Somente com imortais... Mas não todos. – falou fixando os olhos azuis em Isabella. – Melhor se
sentar. – sugeriu indicando o sofá vago uma vez mais. – Afinal veio para conversarmos, não?
– Entre outras coisas. – retrucou sugestivo, causando agitação na vampira ao seu lado. Sem olhá-la,
Edward ciciou contrafeito por não ter acesso onde Isabella poderia ingressar caso desejasse. – Sabe
que eu não posso entrar.
– Como Isabella, você também pode. – Emmett avisou, quebrando sua palavra de não mais
comentar seus pensamentos.
– Não fui convidado. – lembrou-o fria e desnecessariamente.
– Se assim fosse nem sua adorada noiva poderia entrar, afinal agora também é imortal. – o sócio
retorquiu impassível. – Não há um único humano aqui, Edward. Vampiros têm livre acesso, mas se
o faz sentir melhor... Entre! Seja meu convidado.
– Ainda prefiro ir embora. – Bella sussurrou quando Edward deu um passo adiante, fazendo com
que ele a encarasse. – Não é seguro.
– Se o que ele disse for verdade, nenhum lugar o é. – replicou; aflito com a possibilidade. Precisava
saber mais e infelizmente aquele vampiro que não perdia um detalhe da cena era quem tinha as
respostas.
– E essa conversa é inevitável. – ouviu Emmett salientar, novamente invadindo sua mente.
– Nada acontecerá. – Edward garantiu á ela, ignorando-o. – Venha.
Bella ainda o encarou por segundos infinitos. Doía-lhe na alma permitir que Edward entrasse em
espaço inimigo, mas não poderia simplesmente ir contra sua palavra ou diminuí-lo perante seu rival
ordenando-lhe que partisse. Respirando profundamente, optou por confiar. Tentou esboçar um
sorriso confiante para indicar-lhe sem palavras que acreditaria nele e tomou á sua frente, entrando
pela segunda vez em território hostil.
Sem nada dizer, agradecido por ser compreendido, Edward assumiu a dianteira já no interior do
apartamento e se sentou, sem desviar os olhos de seu rival. Bella fez o mesmo, lamentando não
poder ficar entre eles; agora era contar com as palavras empenhadas e com o bom senso comum.
Permaneceram á se encarar por alguns instantes, até que Emmett falou.
– Pergunte Edward.
O vampiro tinha muitas perguntas, todas relevantes, mas naquele momento uma o inquietava mais.
– O que disse sobre imortais terem livre acesso á casa de seus iguais é... – tão chocante crer que foi
incapaz de terminar a frase.
– É a mais pura verdade. – Emmett assegurou. – Como salientou somos todos iguais. Não há vida á
ser preservada.
– Então qualquer imortal tem passe livre em minha cobertura? – indagou ainda incrédulo.
– Sim... A menos que arrume um humano de estimação e lhe confie seu apartamento de alguma
forma; direta ou indireta.
Edward não mais o ouvia. Sua mente girando alucinadamente ao se lembrar do quão perto o rábula
esteve de sua Isabella quando ainda era frágil e humana. Acreditou que ela estivesse segura na casa
e depois no apartamento, no entanto, talvez apenas a falta daquela informação o tenha impedido de
pegá-la mais cedo, sem ser preciso tirar a vida do caseiro, do gato ou ameaçar-lhe o pai.
– Sua cria não sabia, não é mesmo? – procurou pela confirmação.
– Não tenho como negar que Paul foi obra minha. – falou dando de ombros. – Entenda que nesse
jogo não tem muitas regras e eu precisava de mais peças. Acreditei que pudesse doutriná-lo e usar o
ódio que ele nutria por você, mas me enganei. Paul se mostrou ser fraco e desregrado. Somente não
o culpo por ser movido pelas paixões, afinal todos nós o somos, não é mesmo? – sem esperar que
lhe respondesse, prosseguiu. – E sanando sua dúvida, sou um criador generoso e experiente. Paul
sabia que tinha livre acesso á território imortal. Se em sua rebeldia não conseguiu tomar-lhe a
humana dos locais onde a deixou, foi porque você inconscientemente os bloqueou ao confiá-los á
ela. – explicou indicando Isabella.
Impossível não desviar os olhos de seu sócio para encará-la. A explicação tinha fundamento, afinal,
desde que lhe confiou o coração, Isabella era senhora absoluta de todo o resto.
– Não poderia ter uma beneficiária melhor. – Emmett exclamou, chamando sua atenção de volta. –
Você realmente fez um achado!
– Não se atreva á falar dela. – Edward demandou pondo-se de pé, abalado mesmo que o perigo já
tivesse passado. E alterado ao ser lembrado do motivo primo que o levou até o rival; que o
imitando, levantou em alerta.
– Por favor! – Bella pediu já entre eles, separando-os com os braços estendidos. Falando
diretamente á Edward pediu. – Lembre-se que não pode atacá-lo.
– E como será nossa vida? – indagou raivoso, tentando controlar sua força. – Não estamos seguros
em parte alguma com ele e sua corja pela cidade.
– Não são muitas, mas ainda temos regras Edward. – Emmett falou sem se alterar. – No geral somos
criaturas honradas e não invadimos território inimigo para atacar á traição. Isso seria o máximo da
covardia e ninguém aqui quer ser considerado como tal.
– Perdoe-me – Bella falou voltando-se para encará-lo. –, mas não me parece que dispor da vida de
humana para atingir seus objetivos seja um ato de bravura.
– É realmente um tormento não poder entendê-la sem barreiras. – ele lamentou, inicialmente
ignorando seu comentário até acrescentar. – Então, apenas suponho que esteja se referindo á Paul...
Como já disse estamos em um jogo onde humanos pouco ou nada valem para mim; e eu precisava
de reforço. No rolar dos dados seu noivo recebeu força extra e eu não estava disposto á recuar uma
casa por conta da novidade.
– Então trapaceia nesse jogo que só interessa á você mesmo. – Edward exclamou; ineditamente
livre de ciúmes pela defesa tardia que Isabella dispensou ao ex-namorado morto. Havia questões
maiores com que se ocupar. – Realmente muito nobre.
– Não admito que me julguem! – Emmett se exaltou pela primeira vez. – Principalmente você! –
apontou para Edward. – Para mim não passa de um moleque mimado brincando de ser líder com
criaturas ignorantes que, assim como você, não sabem nada á respeito de sua própria raça.
– Não tivemos quem nos instruísse. – o vampiro falou gélido, sem se importar com a verdade
exposta acintosamente; mais preocupado em saber como resolveriam aquele impasse.
– “Você” teve e a matou. – o rival vociferou, deixando cair de vez a máscara da polidez. – Kachiri o
agraciou com a dádiva de ser um deus entre todos os homens e ao invés de ser grato, se voltou
contra sua criadora.
– Não pedi nada á ela. Se sempre passeou por minha mente sabe o que sinto em relação á tudo isso.
– Edward deu de ombros. – Jamais quis me tornar o que sou.
– Ah, sim!... – Emmett exclamou, deixando-os para circular em sua sala espaçosa, obrigando Bella
á acompanhar seus passos. – Esqueci que além de mimado é hipócrita Edward Cullen. Você “adora”
ser imortal. Adora o poder que possui mesmo não entendendo sua grandiosidade. E não entende
porque é preguiço e frívolo. Ao se livrar de quem o criou nem teve a curiosidade de procurar por
ajuda. Vagou pelo mundo acompanhado de sua cria, apenas aproveitando os prazeres que o sexo e o
dinheiro podem proporcionar. Não posso julgá-los quanto á isso, mas sim a total inépcia e
incapacidade de nunca aprimorarem-se, perdidos em distrações. Você e Jasper são criaturas
patéticas, tão medíocres quanto os seres inferiores que nos servem de alimento.
– Se sou assim insignificante, por que veio até mim? – Edward inquiriu sem desviar os olhos dos
movimentos lentos de Emmett, tenso ao sentir a ansiedade de Isabella. – Por que quis minha vida?
– Como sabe dessas coisas? – Emmett parou subitamente, sustentando seu olhar. – Sabe meu nome,
meu dom, da maldição e até mesmo meus hábitos... Quem lhe contou? – indagou como que para si
mesmo. Não era a intenção de Edward denunciar sua informante, contudo foi impossível não
nomeá-la.
– Zafrina?! – seu sócio exalou incrédulo. – Ela não me trairia.
– Por que o espanto? – Edward não cairia em seus truques. – Não a fez em cinzas quando incendiou
o apartamento de seu peão ao descobrir a traição por contar-me ou se juntar á ele?
– O que está dizendo? – completamente transtornado, Emmett veio até Edward. Resistindo ás mãos
em seus ombros que tentavam lhe tirar do caminho, Bella se manteve sempre á frente de seu noivo,
barrando o avanço do rival. – James e Zafrina...? Juntos? O que aconteceu na minha ausência,
afinal?
– Não espera que lhe responda á isso, não é mesmo? – Edward retrucou irritado com a postura
defensiva de sua noiva e o teatro encenado por Emmett. – Pouco me importa a rebelião de seus bem
instruídos seguidores na falta de seu nobilíssimo líder. Quero é saber o que deseja. Se eu sou essa
criatura leviana e patética, qual o interesse? Por que não se voltou contra mim antes? Desde que
chegou?
– Não tenho pressa. – explicou subitamente centrado. – Possuo todo o tempo do mundo á minha
inteira disposição. Um ano nada mais é do que um dia para mim. Passei apenas seis em sua
companhia. E se quer mesmo saber a verdade, Sr. Centro do Mundo, meu foco era Jasper. Quando
os conheci dividia meus dias com a aborrecida Rosalie e me pareceu agradável a ideia de ter Alice.
Então deixei que me levassem até você... Faria parte do grupo de imortais que brincam de serem
humanos até o momento propício para a troca.
– Eu jamais permitiria que fizesse qualquer mal á Jasper. Ou á Alice. – Edward garantiu secamente,
tomando as dores do amigo ausente. – E já que o citou, onde ele está? Pretende usá-lo no seu jogo?
– Não sei á que se refere. Se seu amigo se retirou nada tenho á ver com isso. E quanto á me impedir
de tomar-lhe o corpo caso desejasse, não haveria muito que você pudesse fazer para me impedir. –
Emmett replicou arrogante. – De toda forma descobri que seria trabalhoso assumir a identidade de
alguém estimado. Antes de presenciar como se relacionavam achei ser exagerada a amizade descrita
por Jasper, porém me enganei. De fato havia afeto fraterno. Considerei novo e fiquei. E então, logo
nos primeiros dias você denunciou sua marca em pensamento e eu soube ter encontrado alguém
igual á mim. Acredite... Eu lhe tive certa simpatia por um tempo. Divertia-me vê-lo brincar de dono
do universo. Contudo com o tempo essa convivência se tornou aborrecida. – exalou enfadado e
prosseguiu.
– Você nunca se mostrou disposto á saber mais, sempre satisfeito com essa vidinha mediana e
subserviente á seres inferiores. Também perdi meu interesse em Alice, não tolerava mais servir á
humanos ou encenar que obedecia alguém inferior á mim, enfim... O que interessa é que eu estava
decidido á ir embora afinal estava mais do que claro que mesmo sendo um irmão de estirpe, você
jamais iria crescer para acompanhar-me.
– Então não iria tomar meu lugar e sim partir. O que mudou? – indagou interessado.
– Eu descobri que você era o responsável pela morte de minha Kachiri. – respondeu num sussurro
feroz. – Minhas esposas rebeldes o reconheceram tão logo o apontei no parque. Não imagina o ódio
que senti... Que ainda sinto Cullen. Mas estou de mãos atadas por essa maldita ligação das marcas.
– Não sou supersticioso. – o vampiro informou, fazendo com que sua noiva quieta até então, se
voltasse alarmada considerando seriamente a possibilidade de obrigá-lo á partir. Sem procurar os
olhos castanhos suplicantes, Edward acrescentou. – Porém não sei ainda se quero pagar para ver se
não é puro blefe.
– Somente por isso ainda está vivo. – o rival falou. – Se eu tivesse a mínima certeza do que me
acontecerá caso você deixe de existir, já teria permitido que uma de minhas garotas desse cabo de
sua vida.
– Você permitiu. – Bella se pôs na conversa mais uma vez, nervosa com o rumo que tomava. Com
base no que sabia, afirmou. – Mandou Rosalie atacá-lo.
Antes que pudessem prever, Emmett irrompeu numa sonora gargalhada. O casal de vampiros
esperou que se recuperasse sem mover um milímetro. Edward temeroso com o que viria e Bella,
sempre alerta ás variações de humor do sócio de seu noivo. Já livre da piada particular, este
comentou em tom zombeteiro.
– Imagino que Rosalie tenha sido minha pior jogada. Acredita que a idiota era mesmo
apaixonadinha por você? – perguntou falsamente cúmplice á um Edward cada vez mais
incomodado. – Não era como se eu a amasse e que isso me ferisse, mas eu a fiz minha mulher, oras.
Como assim ela era apaixonada por outro? Aturei seus pensamentos românticos por anos e quando
precisei, tentei usar isso á meu favor.
– Então a induziu á me matar? – Edward tentou desviar o foco da parte amorosa daquela ação
suicida.
– Não está acompanhando Edward... – Emmett ralhou reprovador, estalando os dedos. – Se pudesse
eliminá-lo eu mandaria alguém que considerasse mais competente. A missão de Rosalie era separá-
lo da humana que “milagrosamente” conseguiu chamar sua atenção. Posso ser supersticioso e
crédulo, mas sempre fui meio cético quanto aos seus romances. Não pode me culpar, afinal a
rotatividade feminina foi intensa no tempo que estivemos juntos. – zombou com ar admirado.
Apontando Bella prosseguiu. – Ainda assim apostei minhas fichas na verdade de sua obsessão por
ela e em seus pensamentos suicidas caso a perdesse. Se você se destruísse não seria problema meu,
não é mesmo? – concluiu com uma piscadela.
A aposta fora bem feita, Edward pensou contrafeito mirando o alto da cabeça de Isabella que
mesmo tensa não desviava os olhos de Emmett. Por duas vezes a loira induzida esteve bem perto de
conseguir realizar o intento de seu mandante.
– Quem sabe não consiga uma terceira mesmo que póstuma? – o rival inquiriu de súbito, dirigindo-
se á ele, contudo encarando Isabella fixamente. – Você contou á sua adorada noivinha que a traiu
com minha nada amada esposa?
– Não há o que contar. – Edward sibilou, odiando o fato de não poder resolver suas diferenças de
uma vez por todas, antes que o rapace intrigante dos infernos o denuncie mais.
– Então um marido traído é intrigante? Isso que chamo de inversão de valores. – falou dando de
ombros. – Engane-se Cullen. Ou tente enganá-la o quanto quiser. Não retiro nada do que disse,
afinal... Estar em uma cama com duas mulheres quando se é comprometido com outra, soa como
alta traição para mim.
– Cale-se! – Edward vociferou entre dentes. Bella o ouviu meio distante tentando bloquear as
imagens que sua mente inconveniente projetava fazendo-a tremer violentamente. Procurava manter
seu equilíbrio quando ouviu Emmett, desafiador, acrescentar ao seu último comentário.
– Saiba que ainda não acredito no que “pensa” sentir, Cullen. O mundo está repleto de belas
mulheres e você é volúvel... Cedo ou tarde vai descartá-la... e eu estarei esperando.
Com a visão obstruída pela fúria ante tal ousadia, Edward tentou afastar Isabella para se precipitar
em direção á Emmett. Este não se moveu um milímetro, confiante de que vampira o detivesse.
– Pare, por favor! – Bella pediu. Mesmo abalada com a descoberta de mais uma sórdida omissão,
segurou-o pelo rosto e o obrigou encará-la. Aquele não era o momento para explosões
intempestivas. Emmett o provocava deliberadamente por saber que nada lhe aconteceria. Aquela era
a típica situação que quis evitar ao pedir que partissem. Cedo ou tarde o rival tentaria voltá-los um
contra o outro. Lutando ferozmente contra seu ciúme, tentou desviar-lhe a atenção. – Prometeu por
mim que não o machucaria.
A promessa perdera a validade ao constatar o quão baixo seu rival poderia descer. Estava claro que
naquele jogo criado e jogado única e exclusivamente por Emmett, todos não passavam de peões
com os quais ele se divertia até que o considerasse terminado e viesse requerer seus prêmios. E de
antemão deixava claro que a taça da vez era ela; não poderia permitir. E se para manter as mãos
odiosas de Emmett longe de sua mulher fosse preciso arrancá-las, amém.
Antes que Bella pudesse prever, Edward a afastou, avançando diretamente contra um Emmett
visivelmente surpreso. Igualmente alarmada, a vampira tentou detê-lo, sem sucesso. Os dois eram
ágeis, cogitava ordenar a ambos que parassem quando Senna assomou no corredor desviando-lhe a
atenção da cena. Ao precipitar-se contra ela ouviu Emmett demandar.
– Parem!
O vampiro milenar foi atendido prontamente. Todos pareceram congelar em seus lugares, apenas
Isabella recuou alguns passos demonstrando não ser influenciada. Esquecida de Senna, ela mantinha
os olhos fixos em Edward que, contrariado, mau continha os rosnados em seu peito por ter seus
movimentos restringidos.
– Volte para o quarto. Eu avisei que não a queria aqui sem ser chamada. – Emmett lembrou á Senna,
sem olhá-la. Ao ser atendido indagou á Edward, admirado. – Se pudesse me mataria não é mesmo?
– Liberte-me e terá sua resposta. – sibilou.
– Por favor, Edward... – Bella pediu num lamento.
– Não se preocupe Isabella. – Emmett disse afável, encarando-a ternamente sem se importar com os
rosnados cada vez mais audíveis de seu rival. – Ninguém perderá a vida... Nem agora nem nunca.
Não cheguei até aqui para ser morto por um vampiro “verdadeiramente” suicida. – completou
voltando a atenção para Edward. – E não é que você parece mesmo bem disposto á perder a vida
por ela!
– Você também não está acompanhando e não gosto de me repetir – o vampiro contido retrucou
feroz –, mas basta soltar-me que verá toda minha disposição. Não dou a mínima para suas crenças.
– Pois deveria dar afinal minhas crenças valem para ambos, independente do que crê ou não. – falou
assumindo um ar severo, como um instrutor á reprender um aluno pouco atencioso. – Acha mesmo
que algum dia eu permitirei que se aproxime o suficiente para tirar minha vida? Até mesmo alguém
disperso como você tem que ser mais inteligente do que isso.
– Então como será? – Edward inquiriu irritado. – Serei obrigado á encará-lo e aturar sua ousadia
sem nada fazer? Saiba que não possuo tal passividade.
– Eu bem o sei meu colega. Você é instintivo e inconsequente, por isso estamos aqui em primeiro
lugar... Se não fosse pelo o que fez a Kachiri eu já o teria deixado.
– Mas eu a matei. – falou seco, tentando ferir na mesma proporção de que se sentia diminuído
perante Isabella ao ser mantido refém de uma força externa humilhante. – Arranquei-lhe a cabeça
com prazer. Livrei o mundo de uma parasita asquerosa. – satisfeito ouviu o grito odioso vindo do
quarto simultaneamente á um mover da veia no maxilar de um Emmett até então altivo e
inexpressivo. Como já havia sido denunciado á sua noiva e poderia prever ao limbo no qual seria
novamente lançado, prosseguiu mesmo que se alto destruísse.
– Quer tanto vingar a morte de Kachiri... Ao menos sabe que ela havia escolhido á mim?... Sua
preciosa vampira não me agraciou com a imortalidade somente para me fazer um deus. Ela me
queria para companheiro. Se não a tivesse matado hoje estaríamos juntos. E você? O que acharia
disso?
– Kachiri era uma mulher romântica – Emmett falou impassível, o corpo muito rígido. – tão ou mais
supersticiosa do que eu. Ela também o deixaria afinal não carrega uma serpente e sim um dragão.
– Ela o deixou por isso? – Bella indagou num sussurro. A voz represada com o ciúme
potencializado pelas palavras de Edward e pelo espanto da descoberta.
– O que aconteceu não interessa á nenhum dos dois. Estou cansado. Quero que saiam. – Emmett
retorquiu exausto, encarando Edward. – Está livre, mas, por favor, nada de ataques. Não vou brigar
com você.
– E eu não estou disposto á sair sem chegarmos á uma decisão para nosso impasse. Nova York se
tornou pequena para nós dois.
– Eu vou partir. – o rival anunciou.
– Não! – ouviram o grito tétrico de Senna mais uma vez. – Não pode deixá-los ir assim...
Ignorando-a, Emmett prosseguiu.
– Não posso matá-lo sem me destruir. Todos os dias desses últimos meses eu tentei encontrar uma
forma de burlar a maldição, sem encontrar nenhuma...
– Quem garante a legitimidade dessa maldição entre nós dois? – Edward inquiriu. – Você não tem
nenhuma marca em seu corpo que comprove nossa ligação.
– O vampiro que perdeu a vida para eu assumisse sua forma que não a possuía. – esclareceu – Mas
meu corpo verdadeiro a tem. Eu o revelaria á você caso fosse de meu interesse, como não é...
Apenas considere-se informado quanto a veracidade de nosso elo. Nada podemos um contra o
outro, meu caro. E agora você está fortalecido; mesmo sem saber o que possui nas mãos, tem á ela
que também carrega um dragão. Estou duplamente ameaçado ficando aqui. O sensato, já que não
estou disposto á morrer por amor, é sufocar meu desejo de vingança e partir como era de minha
vontade.
– Simples assim? – Edward perguntou mirando-o incrédulo.
– Considera simples engolir meu orgulho, me rebaixar perante minhas esposas relevando a vingança
que redimiria a morte de uma irmã para elas e de minha mais amada mulher? – Emmett rebateu
sustentando-lhe o olhar. – Coloque-se em meu lugar valoroso Edward Cullen e me diga o que vê de
simples em minha retirada.

Minutos depois, enquanto guiava seu carro de volta a Wall Street ruminando seu temor,
constrangimento e a trégua insatisfatória, Edward ainda considerava as palavras do rival. De sua
parte, morreria mil vezes se preciso fosse para vingar a morte de Isabella; então chegava á
conclusão de que não havia simplicidade na partida prometida. Talvez por esse motivo não lhe
creditasse confiança, contudo no momento somente lhe restava aceitar sem se ocupar com ela. Sua
mente fervilhava com tudo o que vivenciou no território inimigo e não conseguia ordenar uma única
linha de raciocínio por suas inquietações.

Assim como ele, sua noiva seguia muda e rígida. Durante a descida no elevador, quis abraçá-la, mas
não se atreveu temendo desencadear suas questões á cerca de seu breve envolvimento com Rosalie;
não que considerasse ter havido um, mas as palavras de Emmett não deixaram margens á duvidas.
Havia se passado pouco mais de vinte e quatro horas desde que fora resgatado da escuridão á que
fora lançado por sua péssima conduta á Alice e novamente se via ameaçado pelas sombras do
afastamento; não suportaria. Não naquele dia de descobertas perturbadoras. Bufando exasperado,
impaciente passou uma das mãos pelo cabelo e falou.

– O que ouviu sobre Rosalie...


– Acho que não quero saber. – ela o cortou. Seguia agradecendo o silêncio que a deixava remoer as
pontadas agudas em seu coração sem detalhes que as agravassem, então verdadeiramente
considerava não questionar sobre o ocorrido. Idealizar seu vampiro com outra mulher sempre fora
extremamente dolorido e ter a confirmação de que “duas” estiveram com ele quando já estavam
juntos a massacrava. A descrição de Emmett deixava á borda tantas possibilidades.
Ele não nomeou a segunda mulher, mas tinha certeza não se tratar de Senna ou Zafrina; Edward não
lhe esconderia; esconderia? Precisava desesperadamente acreditar que não. E agora sabia que
vampiros podiam entrar quando assim o desejassem então a vampira induzida pode ter estado na
cama de Edward com alguma humana pelo tempo de ele despertar e expulsá-las como o de terem
feito amor á três. Fosse como fosse, o tom empregado por Edward para introduzir o assunto
indicava que havia algo á explicar e não estava preparada para ouvir, por mais justificável que
pudesse ser. Considerando todos os graus de gravidade, preferia ficar com a definição apaziguadora
de que ele as tivesse realmente expulsado.
– Assegurou certa vez de que nada havia entre vocês dois. – falou num sussurro, sua garganta
incomodava tanto quanto seu coração.
– Jamais houve. – Edward confirmou seguro. – Com ela ou qualquer outra.
– Então deixemos os mortos descansarem em paz. Fico com sua palavra inicial e nunca mais quero
voltar á esse assunto. – como olhava diretamente para frente, apenas sentiu sua mão ser tocada e em
seguida apertada fortemente por dedos de ferro.
– Obrigado! – exalou aliviado, discordando intimamente ao desejar que mesmo inocente Rosalie
estivesse se contorcendo em chamar eternas no inferno próprio ás vampiras pervertidas. Aquele
seria o justo castigo pelos breves, porém angustiantes minutos que padeceu da incerteza do que lhe
aconteceria.
No momento lhe restava apenas lidar com a humilhação de ter sido contido por seu rival perante
aquela que tinha o mesmo poder. Todavia esse detalhe era algo íntimo que somente seria resolvido
quando restaurasse sua supremacia sem ter que vislumbrar um novo olhar complacente e
piedosamente apaziguador de sua vampira; tinha que haver uma maneira. Como Emmett
constantemente salientou, não havia se esforçado em conhecer mais sobre si. Era um fato que sua
força o incomodava e talvez estivessem ali suas respostas. De tudo o que ouviu percebeu haver
exceções para cada ação.
Precisava descobri-las todas sem se esquecer das conhecidas; “Aro” lia mentes de imortais, mas não
de todos. Conservar um humano limitava a entrada de seus iguais onde teriam livre ingresso. E o
mais importante, deveria haver uma maneira de burlar a maldição uma vez que o próprio Emmett
tentou encontrá-la. Como considerou antes, todos os detalhes daquela estória se tornaram
relevantes. Porém naquele instante necessitava de paz para seu corpo e coração em recuperação
após toda a tensão vivida.
– O que me diz de caçarmos agora? – perguntou se voltando para olhá-la; ainda rígida ao seu lado.
Não era um bom sinal, mas não a forçaria.
– Ainda está cedo, não? – comentou roucamente, com o coração diminuído. Seria possível que
nunca parasse de doer? – O sol mal se pôs.
– Mas já está escuro o suficiente. – retrucou olhando á frente, assim como ela, sentindo sua
inquietação. – Já que é cedo e temos uma trégua, vou levá-la ao Central Park.
– Encontrará o que tanto aprecia á essa hora? – ela indagou livre de reprimenda; apenas ponderação.
– Não preciso tirar a vida de ninguém. – falou apertando os dedos que não liberou um segundo
sequer depois de haver prendido. – Estou considerando adotar uma nova dieta... Comer sem
esvaziar ou quebrar o prato.
– Me parece um bom estilo de vida. – murmurou apenas, sem olhá-lo.
Praguejando silenciosamente todas as blasfêmias conhecidas contra Emmett, Edward finalmente
soltou a mão de Isabella e assumiu completamente o domínio do volante; acelerando o máximo que
o fluxo do trânsito permitia até está próximo o suficiente do parque. Tomou-lhe a mão mais uma
vez já na calçada e praticamente a arrastou até as vias internas do Central Park, vazias àquela hora –
pelo frio do inverno próximo e o temor pelos desaparecimentos recentes. Sem nada dizer, Bella se
deixava levar pelos caminhos desertos, por um Edward taciturno, ciente de ser a “co -
colaboradora” do súbito mau humor, mas sem ânimo para revertê-lo.
Ambos encontraram o sangue vital ás suas vidas em um trio de corredores noturnos; homens fortes
e bem dispostos. Distraídos pela beleza de Isabella, Edward os encantou e depois de levá-los á uma
área mais reservada, entre as árvores, além das cercas do caminho, compartilhou-os bebendo em
seus pescoços enquanto ela tinha acesso aos pulsos. Como anunciado fora cauteloso, não os
prejudicando ao ponto de debilitá-los. Apenas não teriam forças para continuar seus exercícios
naquela noite. Terminada á refeição, o vampiro ordenou que se fossem.
Bella em momento algum interferiu, identificando no tom e na postura altaneira do vampiro, a
necessidade de asserção á sua liderança. Queria estar com o coração livre para consolá-lo das
aflições que vieram com o encontro, contudo as declarações de Emmett igualmente a
desestruturaram. Não estava interia para servir de suporte. Melhor seria partirem e tentarem
encontrar seu equilíbrio – ao menos naquela noite –, cada um por si.
– Podemos ir embora agora? – perguntou se encaminhando para a calçada sem esperar por resposta.
Antes que saltasse a grade foi detida pela cintura por mãos férreas e levada rapidamente para mais
ao fundo das árvores centenárias. Demonstrando não se importar com a umidade das folhas caídas,
Edward a derrubou ao chão sem muito cuidado e se estendeu sobre ela.
– “Eu” determino quando podemos ir embora. – ciciou raivoso junto ao seu rosto, provando-a estar
certa todo tempo; ser freado por seu rival e sua mulher numa mesma tarde fora um forte golpe em
seu orgulho.
– Não determinei coisa alguma. – disse calma. Inteira ou não, era a parte ponderadora e deveria
exercer seu papel. – Perguntei-lhe antes.
– E não esperou minha resposta, simplesmente se afastou. – Edward retrucou num rosnado baixo. –
Só porque agora é senhora de si acha que pode me deixar.
– Está exagerando... Não sou senhora de mim mais do que sempre fui desde que entrou em minha
vida. – Bella tentou trazê-lo a razão. – Não pedi por nada que descobrimos essa tarde então não me
culpe pelas coisas serem como são. Se houvesse uma forma de reestabelecer seu domínio sobre
mim, eu o faria já que parece ser tão importante.
– É importante Isabella! – admitiu sem reservas, desnudando-se para ela como estava habituado á
fazer. – Prometi não influenciá-la, mas antes havia a certeza reconfortante de que eu poderia caso
fosse preciso; agora não só é impossível como também me descobri inútil caso “ele” resolva levá-la
um dia. Posso aprender á aceitar você no comando Isabella, mas nunca Emmett. Jamais aquele
larápio dos infernos. Não importa o que ele diga, “eu” sou o líder, não o contrário.
– Não houve questionamentos quanto á isso Edward. – lembrou-o brandamente.
– Você não entende. – ele retorquiu ainda com o peito á reclamar. – Ele me parou.
– Somente porque o atacou. – acusou. – Exatamente como disse que não faria. Foi legitima defesa,
não demonstração de força. Emmett foi correto.
– Não o defenda! – rugiu atingido em seu orgulho; ciumento. – Não o admire por uma nobreza que
não tem; não o nomeie.
– Então voltamos ao problema com os nomes? – ela troçou, começando a achar certa graça da birra
possessiva quando era ela quem deveria começar á cortar alguns nomes femininos da vasta lista
dele. Se verdadeiramente riu após o comentário não se lembrava, somente pôde crer que sim ao ter
o queixo seguro pela mão indelicada de seu vampiro furioso.
– Não é engraçado. – sibilou junto ao seu rosto. – Não se engane com ele. Os motivos que o movem
são fortes demais para serem deixados de lado num passe de mágica. Eu o privei de quem mais
amava e agora tenho você; tão ou mais importante para mim do que Kachiri deva ter sido para ele.
Tirá-la de mim seria vingança maior do que matar-me.
– E onde eu estou Edward? – Bella indagou firme, aquecendo-se com sua demonstração de força. –
Para onde voltei tão logo me livrei dele? Para ficar ao lado de quem eu seria capaz de lutar até que
se esgotassem todas as minhas forças? Quem eu amo incondicionalmente, talvez mais do que á mim
mesma, ainda que seja a pessoa mais mal-humorada, possessiva, autoritária, mimada e cabeça-dura
que possa existir?
– Quem é essa pessoa Isabella? – perguntou ansioso; incapaz de calar os sons em seu peito revolto.
– Como pode amar alguém com tantos defeitos, que a cada minuto a magoa com detalhes torpes de
seu passado obscuro e não obstante, agora perdeu a identidade? – não esperando a resposta,
acrescentou. – Talvez eu devesse lhe pedir que me fizesse esquecer. Havia certo conforto na
ignorância.
– Se é o que quer vou fazê-lo esquecer. – Bella assegurou. – Porém não da forma que imagina. –
num movimento súbito, girou os corpos se colocando acima dele, montada em seu dorso para beijá-
lo com paixão. Reafirmando á si mesma que ele era dela, não importando as Rosalies, Kachiris ou
qualquer outra que tenha existido; nem ninguém a levaria tampouco. Completamente segura de sua
posição, restou restaurar a dele. Provocando-o, moveu o quadril sobre aquele volume tão desejado,
estimulando-o á enrijecer enquanto as línguas se torturavam mutuamente. Ao tê-lo rijo e entregue,
quebrou o beijo e disse contra seus lábios.
– Cace-me e mostre quem manda. – então não estava mais sobre ele. Corria por entre as árvores
apenas desejando que ele entrasse em sua brincadeira.
Edward hesitou por alguns segundos, confuso com as ações de sua vampira. Acreditou que ela fosse
mesmo apagar-lhe a memória e temeu, pois estava confuso, sem saber de verdade o que queria. E
então ela o provocava; o excitava para distraí-lo. E não poderia ter escolhido maneira melhor, afinal
o desejo de caçá-la no Central Park era primitivo, nascido desde a primeira vez que a viu, perdendo-
a para um humano ordinário. Este não mais existia, assim como a possibilidade de novas perdas,
pois ela ficaria. Entendia suas palavras; ela era forte e imune à influências. Sem imposições, sem
reservas por traições inconscientes, ela ficaria onde desejasse estar; ao seu lado, mesmo com todos
os defeitos citados.

Bad Things – clique para ouvir*

Com um torcer de lábios que exprimia sua satisfação e o corpo inflamado por ela, colocou-se de pé
de um salto e fez como sugerido. Em sua demora em agir, deu-lhe certa vantagem, mas logo a
encontrou. No geral Isabella vagava por entre as árvores. Quando optou por caminhar apressada
pelas calçadas, escolhia as que o obrigava á manter distância por ter algum humano próximo.
Nesses momentos sua excitação era elevada consideravelmente ao recriar a noite em que a
conheceu; seguindo-a sendo atingido por seu olor de fêmea no cio trazido com o vento.

O vampiro sabia que a brincadeira de presa e predador a excitava tanto quanto á ele. Por vezes,
entre as árvores, sua noiva se deixou pegar quando então a beijava profundamente, esmagando-lhe
os seios com mãos afoitas, ansioso por aplacar a saudade dolorosa pela breve separação; por apagar
a tensão da luta. Contudo antes que a subjugasse, Isabella escapulia de seus braços e imprimia nova
fuga. Ao capturá-la pela derradeira vez, Edward a prendeu fortemente contra o tronco de um velho
olmo, segurando-a pelos pulsos ao lado do corpo.

– Peguei você. – disse contra sua boca. – Agora mostro quem manda.
– Tente. – ela provocou uma última vez, testando a liberação dos braços.
– Chega Isabella. – rugiu a ordem antes de esmagar-lhe os lábios num beijo violento e ruidoso.
E como não obedecê-lo? Livre de qualquer força sobrenatural, ele era seu dono; sempre seria e não
era sua intenção que fosse o contrário. Gemendo languidamente, tentou soltar-se para abraçá-lo.
Queria despi-lo, sentir o contato das peles, contudo não era sua vontade que seria atendida. Edward
parecia ter pressa; sem retirar seu casaco, apenas o afastou para apalpar um seio por sobre o tecido.
Logo corria a mão firme por seu ventre plano e invadia a barra do vestido para tocá-la intimamente
com seus dedos ágeis.
– Edward. – exalou um gemido profundo enquanto era estimulada. Ele atordoava seus sentidos;
quando deu por si estava livre da peça íntima e era invadida á um só golpe. Com a respiração
suspensa, enlaçou-o pela cintura e deixou-se ser estocada fortemente. Enquanto o fazia, Edward a
segurava pela raiz dos cabelos acima da nuca e afundava os dentes na base de seu pescoço; a
brutalidade imprimida naquela forma selvagem de fazer amor não a feria. Ao contrário, excitava-a
mais e a fazia desfalecer aos poucos á cada investida mais profunda ou gemido rosnado liberado
única e exclusivamente por ela.
A estranheza prazerosa que era sentir as diferentes texturas dos tecidos que os cobriam contribuía
para estimulá-la; tinham descoberta apenas a conexão entre eles que friccionada num coito frenético
onde o vampiro depositou toda sua necessidade dela; paixão e loucura os transportou aonde não
havia liderança á ser disputada, levando-os a urrassem em uníssono ao alcançarem a satisfação
plena.
Não era como se pudessem perder as forças após a intensidade com que foram arrebatados, porém
logo desabaram ao chão e se estenderam mais uma vez sobre as folhas úmidas; lado a lado.
– Nossa! – Bella exclamou sem pensar.
– Tomarei tamanha eloquência como elogio. – troçou mirando a trama complicada da copa das
árvores contra o pouco de céu que podia ver.
– É mínimo, mas abrangente. – retrucou sorrindo. Então, séria, tateou até encontrar a mão próxima
á sua para apertá-la. – Lembrou quem me tem para sempre?
– Depois de mais uma ou duas temporadas de caça talvez eu descubra.
– Pelo menos o humor está melhor. – comentou sorrindo; nada de cada um por si afinal.
– Ficará melhor quando toda essa estória se resolver. – assegurou sério.
– E quando Jasper voltar. – ela lembrou subitamente. – Se ele não está com Emmett, onde estará?
– Essa é a pergunta milionária Isabella! – Edward compartilhava de sua dúvida, estava preocupado
e sentia a falta do amigo, contudo naquele momento tudo o que queria era saborear as sensações que
ainda corriam por seu corpo depois de finalmente ter provado Isabella naquele parque onde a
encontro e acreditou ter perdido. Infelizmente não podia, então falou. – Preferia que ele estivesse
aqui, mas como não é possível, só posso dar tempo ao tempo. Saber que não ele é mais uma peça
utilizada no jogo insano de Emmett me tranquiliza então só me resta esperar que um dia volte.
Assim como tenho que esperar para confirmar que a tal trégua é verdadeira.
– Eu espero que seja. – no fundo sentia por não ter a chance de se entender pessoalmente com
Senna, mas não o preocuparia. Se para tê-lo em segurança fosse preciso “engolir” a biscate no
mundo, que assim fosse. E se lembrando de vampiras ordinárias...
– O que será que foi feito de Zafrina?
– Sinceramente? – Edward indagou apoiando-se sobre o cotovelo para divisá-la na escuridão. – Não
me interessa saber. Pelo menos não hoje, não agora... Acredite ou não estou cansado.
De verdade estava; cansado em seu âmago. Ainda um pouco abalado por quase matá-la, ferido em
seu orgulho e ansioso por um pouco de paz. Queria sua vida de volta sem maldições, jogos dos
quais desconhecia as regras, vampiros rivais ou superiores á ele. Naquele quesito abria exceção
somente á sua vampira, que lhe deu mostras definitivas de que não se colocaria diante dele, quando
muito ao lado. Onde de toda forma, sempre foi seu lugar.
– Tão cansado que recusaria uma nova caçada? – a ouviu perguntar. Reconheceu de imediato a clara
intenção de distraí-lo.
– Não recuso se dificultar dessa vez. – sorrindo de genuíno contentamento com a pronta
cumplicidade e precocemente excitado pela expectativa, prosseguiu na provocação. – Quero muito
lembrar quem é o sortudo tão cheio de defeitos que tanto ama, então ajudaria se você fosse páreo
duro para mim.
Bella riu com gosto enquanto se punha de pé para descalçar os sapatos e retirar o trench coat. Ao
deixá-lo cair exclamou sonhadora.
– Ah!... Qual a graça do mundo sem os homens arrogantes? – e rosnando de leve, rebateu. – Quem
disse que “eu” seria a presa? Dou-lhe cinco segundos de vantagem Edward Cullen.
*****************************************
Fanpage Obsession - Beaten by Love*

Notas finais do capítulo


Bom, o capitulo foi grande e complicado de escrever, mas coonsegui deixá-lo muito
perto do que sempre imaginei... Emmett/Aro falou o que tinha para dizer e vampirão
ouviu o que precisava ouvir... Agora é ver o que faz com o que aprendeu... Infelizmente
não tenho nada mais escrito então nem posso deixar spoiler...
E tbm, não posso dizer com certeza quando o próximo virá... Estou cada vez mais sem
tempo, Enigma ainda está sendo postada porque tem muitos capítulos senão tbm nada de
atualizações... Obsession como está na reta finalissima requer toda minha atenção em
cada paragrafo, então não tem como fazer ás presas... vou continuar contando com a
compreensão de todas... Obrigada sempre... Bom final de semana!

(Cap. 87) Capítulo 22 - Parte III

Notas do capítulo
Bom dia!... Quantas saudades daqui. Espero que todas estejam bem...
Já chego agradecendo as indicaçoes que me deram msm nesses tempos de fic parada;
obrigada!
Bom, retomei a escrita, mas ainda em modo lento. Como fiquei meses dedicada ao
término de Enigma para que pudesse ser publicada, perdi um pouco do fio da meada do
vampirão. Sei da trama e o que tenho a fazer, mas detalhes mínimos e por isso os mais
importantes não me recordo todos. Preciso de tempo para reler ao menos a terceira
temporada para ver os diálogos e final de ano é complicado... Terei mais tempo em
janeiro.
E então vcs me perguntam: mas como vai escrever a série? e eu respondo: a série não
tem compromisso com sequência alguma, vou simplesmente narrar o que imagino para
os primeiros dias do vampirão, por isso posso fazer rápido sem afetar minhas obrigações
da vida off. Espero que entendam... o importante é saberem que msm demorada a fic
vem e segue até o final... Não vai acontecer de eu desistir pq a saga terminou.
Bom, vamos ao capítulo... BOA LEITURA!

A imortal encheu seus pulmões com o ar não mais vital para sua existência e o exalou
demoradamente. Depois de todas as revelações, exaltações e dos ânimos abalados, parecia-lhe
surreal que pudesse estar em meio às árvores do Central Park, estendida sobre as folhas úmidas do
chão, nua e abraçada ao seu vampiro; como se nada houvesse acontecido. Contudo acontecera.
Ainda assim, sendo forte por ele e tendo o coração dolorido, não conseguia desligar-se da
lembrança da breve caçada. Com um sorriso brando nos lábios, reconheceu que Edward fora uma
presa desleal ao fugir de sua proposta. O vampiro correu pouco mais do que o tempo que lhe deu de
vantagem antes de se voltar e prendê-la ferreamente para encerrar a “brincadeira” da forma que
sabia fazer tão bem; não poupando nem mesmo seu vestido nunca antes usado.
– O que é engraçado? – Edward lhe perguntou passando a correr os dedos ao longo de suas costas
lentamente, impedindo que seu corpo se acalmasse dos tremores que ainda o percorriam.
– Sua trapaça. – ela disse apoiando melhor a cabeça sobre o peito amplo, sem explicar que rira por
resignação, não divertimento. – Foi injusto não me deixar persegui-lo.
– Fui criado para caçar, não ser caçado. – ele retrucou sério, não interrompendo o carinho. – Nem
mesmo por você.
– Isso é tão... tão...
– Machista? – ele pareceu se divertir, mas ela não poderia ter certeza. E não era aquela a palavra.
– Eu iria dizer que essa declaração é tão “Edward Cullen”. – ela disse se apoiando sobre ele para
encará-lo, tentando ignorar o eletrizar que o mínimo roçar de suas peles lhe causava. – Sabe que não
pode ter o controle sempre, não sabe?
– Era bom acreditar que sim. – o vampiro retrucou novamente taciturno. E voltando os olhos
escurecidos para ela, acariciou-lhe a curva do rosto. – Queria poder controlar tudo. Assim evitaria o
que vem acontecendo, então me deixe imaginar que ao menos em alguma coisa ainda tenho o total
domínio.
– Se esse “sobre alguma coisa” está se referindo a mim, sabe que o tem sem sombra de dúvidas. –
falou aproximando-se mais para beijá-lo levemente. Não queria que ele voltasse à mesma seriedade
depreciativa que os levaria de volta aos assuntos que preferia encerrar.
– Tenho não é mesmo? – ele sibilou, correndo a mão que a acarinhava até sua nuca para se fechar
em seus cabelos firmemente. – Nunca haverá ninguém diante de mim.
– Como jamais houve. – ela assegurou. Inevitavelmente estimulada pela proximidade e a força
imprimida. Quis beijá-lo para novamente sentir toda a supremacia dele que os distrairia dos
acontecimentos recentes, porém Edward a deteve.
– Temos que ir embora. – avisou de súbito, erguendo-se de um salto, levando-a atada a ele.
– Eu disse alguma coisa errada? – a vampira indagou preocupada em vê-lo se recompor
rapidamente.
– Não. – garantiu em tom que não deixava margem a dúvida. Então, depois de recolher sua camisa,
retirada antes que a tomasse furiosamente como da primeira vez, estendeu-a a ela. – Vista isso.
Isabella o atendeu em silêncio, mas Edward podia sentir que ela questionava sua mudança.
Reconhecia seu esforço em animá-lo ou em indicar que ele sempre seria superior, porém naquele
momento não conseguia alento. As palavras de Emmett o afetaram mais do que poderia suportar e
tê-la tão prestativa à sua dor quando também estava ferida, agravava sua inquietação. Seu egoísmo
não conhecia limites, considerou enquanto a via abotoar sua camisa sem questioná-lo. Ao término
da tarefa, quando sua vampira o encarou na penumbra e lhe sorriu levemente, Edward soube que
não teria como fugir ao seu dever.
– Podemos ir. – ela anunciou sem se mover. Por certo esperando que ele lhe permitisse para não
afrontá-lo, como anteriormente reclamou. Decididamente ele era uma criatura ruim.
– Não ainda. – Edward falou também sem se mover. Por mais que lhe custasse, não se acovardaria.
– Edward...? – ela começou confusa. – Pareceu que estava com pressa em partir.
– Estava. – disse colocando as mãos nos bolsos. – Mas percebi que minha pressa se baseia na
necessidade de resolver nossos problemas e ao deixarmos esse parque eles não ficarão aqui.
– Não. – Bella concordou ao notar que sua entrega fora vã. Resignada, acrescentou. – Eles nos
seguirão para onde formos, mas não vejo motivos para tratarmos deles agora. Por favor, Edward...
Não se martirize com o que Emmett lhe disse. Para todos nós você sempre será o líder e...
– Cedo ou tarde vou digerir tudo o que ouvi. – ele a cortou delicadamente. – O que me aflige agora
é você.
– Por favor, Edward... – ela repetiu um tanto cansada. Não sabia mais o que fazer ou dizer para
demonstrar que ele mantinha o domínio absoluto de seu coração e vontade. – Quantas vezes terei
que repetir que não haverá competição entre nós. Ou a mínima possibilidade de eu ir para o lado
dele?
– Eu sei de tudo isso. – assegurou. Quando Isabella uniu as sobrancelhas e ameaçou questioná-lo,
ele se adiantou. – Como lhe disse, logo assimilarei tudo o que foi dito. O que me preocupa é o que
você ouviu e tão bravamente se propôs a relevar.
– E espero que aceite minha “bravura” sem mais acréscimos. – Bella pediu secamente após entender
o rumo que a conversa tomaria; não queria saber.
– Lamento, mas preciso lhe dizer que eu... – antes que prosseguisse, sua vampira o deixou. Após
uma fração de segundo Edward a seguiu. Alcançou-a quando Isabella já capturava seu casaco
vermelho e começava a vesti-lo pronta para partir. Antes que ela desse mais um passo, segurou-a
firmemente pelo braço e indagou sério. – Que espécie de fuga foi essa?
– Não estou fugindo, apenas não quero ouvir o que tem a dizer. Não quero! – teimou, tentando se
desvencilhar.
– Pois ouvirá! – Edward a segurou pelos dois braços fortemente, obrigando-a encará-lo. – Não vê
que ignorar esse assunto somente o deixará eternamente entre nós? Eu o odeio tanto quanto você
Isabella, mas é imprescindível discuti-lo. Somente assim poderemos esquecê-lo de vez.
– Não! – Bella sibilou. Magoada, Bella se questionou por que Edward tinha que torturá-la quando
fazia tudo para confortá-lo.
– Só há uma maneira de fazer-me parar. – o vampiro a lembrou. – Cale-me.
– Diz isso porque sabe que não o farei. – Bella retrucou sentida. Então, sabendo que não haveria
escapatória, anuiu. – Fale logo de uma vez... Conte-me como foi com Rosalie e a outra mulher.
Coloque-me a par de sua traição.
– Você ouviu o que acabou de dizer? – Edward perguntou muito sério. – Como poderia deixar o
assunto passar se já determinou ter havido uma traição?
– É matemático. Estávamos juntos, você ficou com elas, logo a traição existiu. – Bella sustentou-lhe
o olhar. – E eu já tinha dado por encerrado, pois depois do episódio com Alice entendi o quanto
seria desgastante para nós se brigássemos todas as vezes que eu descobrisse mais detalhes dessa sua
face depravada. Você somente me fere ao tentar justificar o que não tem explicação.
Como contestá-la? A humana não entrava na equação, mas... Mesmo que inconscientemente, esteve
por alguns minutos com Rosalie e satisfez-se com ela. Contudo não traíra Isabella no real sentido da
palavra. Muito bem – determinou ao conformar-se – até mesmo para um bom advogado como ele
aquela era uma causa perdida, pois se invertesse os papeis, consideraria traição imperdoável caso o
mesmo se desse com sua noiva. Então somente poderia se valer dos atenuantes, apenas justificar-se
como ela salientou para então mandarem aquele assunto ao inferno juntamente com seus mortos.
– Não é minha intenção feri-la. – assegurou. – Apenas não posso deixar fantasmas entre nós. Agora,
mais do que nunca precisamos confiar um no outro.
– Por favor, não... – ela não tinha mais forças. Ainda não queria saber, mas ante a insistência sua
curiosidade começou a tomá-la; pura morbidez.
– Não posso negar que elas estiveram em minha cama – ele prosseguiu como se ela nada tivesse
dito –, mas foi contra minha vontade. Depois que aceitei o que sentia por você nunca mais houve
qualquer outra, pois só vejo você Isabella. Eles usaram isso contra mim. Não entendia como Rosalie
entrou na cobertura sem que a notasse, contudo agora tenho a certeza de que estava induzido a
dormir. E naquela noite eu sonhava com você... Era com você que eu estava.
– Sinto-me bem melhor agora! – era seu coração ferido que ironizava. – Como me sai?
– Pare Isabella. Não houve traição, droga! – ele ciciou sacudindo-a levemente como que para
despertá-la. – Não mantivemos relações. Eu despertei antes e as expulsei, mas isso o leitor de
mentes não lhe diria, não é mesmo?
– Não, ele não diria. – ela concordou cansada. – E não faria diferença se dissesse, pois somente por
imaginar você com outra mulher na mesma cena já me corrói, então imagine em sua cama. Na
mesma que agora dividimos. Por isso não queria saber, por isso imploro para encerrarmos esse
assunto. Não dê importância ao que disse há pouco. Estou sentida, enciumada, com raiva... Apenas
me deixe esquecer, está bem?
Isabella tinha razão. Estava confuso e temeroso. Sempre poderia contar com Alice e esperava que
com Jasper ainda, mas sua vampira era toda sua vida. Sem ela inteira ao seu lado nada faria sentido;
toda luta seria vã.
– Perdoe-me – pediu sem soltá-la. –, mas eu precisava lhe dizer como as coisas aconteceram... E
também me desculpar por não ter contado antes. Sempre cobro suas omissões, no entanto, possuo as
minhas próprias.
– Desculpo se me garantir que elas acabaram. – Bella falou um tanto mais tranquila ao notar que ele
não insistiria. – Não há nada mais que eu descubra por outra pessoa, não é?
– Nada mais. – garantiu. Então, na tentativa de amenizar o clima ruim, pilheriou com um sorriso
torto. – Pelo menos nada de minha face depravada.
– Então está tudo bem entre nós. – ela lhe sorriu de volta. – Sem fantasmas ou desconfianças.
Ninguém pode...
Edward não deixou que ela terminasse ao cobrir sua boca e beijá-la ferozmente. Não havia mais
nada a ser dito. Isabella se deixou beijar, correspondendo com paixão enquanto corria as mãos por
seu peito forte e nu. Queria fundir-se a ele, contudo, antes que se excedessem, o vampiro quebrou o
beijo.
– Edward... – ela exalou. Ele a confundia tanto quanto alimentava sua eterna fome “dele”. Tentou
trazê-lo para si, contudo seu noivo a tomou pela mão e seguiu para a parte do parque onde havia
deixado seu casaco.
– Vamos sair daqui. – avisou já o vestindo. Antes que Bella questionasse falou. – Esse dia foi
massacrante para nós. Quero encerrá-lo em nosso apartamento. Sem Aro, Senna ou qualquer
fantasma como você diz.
A vampira não contestou. Queria o mesmo que ele. Ao estarem decentemente vestidos, deixaram a
penumbra das árvores e logo seguiam pelas calçadas do Central Park; desertas àquela hora. O
silêncio era bom e talvez necessário para que ambos ordenassem seus próprios pensamentos. Este
persistiu por todo o trajeto de volta ao NY Offices, contudo algo na falta de palavras sofreu certa
transformação. O casal imortal não saberia determinar, mas em algum momento o calar intimista se
tornou carregado de tensão lasciva.
Edward alinhou a SW4 na vaga costumeira e mal teve tempo de se satisfazer em ver seu BMW
recuperado, pois sua noiva o circulou com uma das pernas, sentando-se em suas coxas. Então, o
beijo interrompido no parque foi retomado com nova urgência enquanto ele abria seu sobretudo e
ela se livrasse do casaco vermelho e da camisa que lhe emprestou. Logo ele amparava as nádegas
cheias de sua vampira completamente nua em seu colo, trazendo-a para si, acomodando-a no monte
enrijecido. Aro jamais lhe usurparia aquela ligação, pensou satisfeito ao ouvi-la urrar antes de
aprofundar o beijo.
Ansiosa pela posse, Bella desceu as mãos pelo peito amplo e peludo de Edward até o cós de sua
calça. Ao livrar sua hombridade acomodou-a entre as pernas sem calar um rosnado audível e
agoniado.
– Isabella... – ele gemeu em seu rosnado, esmagando-lhe os seios e deixando que sua vampira se
movesse livremente sobre ele. Indo e vindo como deveria ter sido desde a primeira vez que a viu.
Abraçando-se a ele, Bella afundou o rosto na curva do pescoço masculino e correu a língua por sua
extensão antes de mordê-lo, fazendo-o urrar. Podia prová-lo sem reservas e afundar-se mais e mais
fortemente até fazê-lo sucumbir. Satisfeita por tê-lo trêmulo e teso sob seu corpo, o seguiu no gozo.
Acalentada por todos os gemidos e rosnados do vampiro; silenciando os seus somente para ouvi-lo.
Queria ser melhor que qualquer versão sonhada. Ainda atada a Edward, segurou-o pela lateral do
rosto marcado e o fez encará-la, perdendo-se naquele mar esverdeado e ainda revolto.
– Não importa o que aconteça, sempre vou amá-lo Edward.
– E eu existir por você – disse muito rouco – pois amá-la se tornou pouco.
– Boa definição. – ela murmurou sobre seus lábios. – Também existo por você Edward.
Eternamente.
– Também parece pouco, mas vou me contentar por ora. – ele sussurrou antes de capturar a boca
que flanava sobre a sua.
A intenção ao deixar o parque era se recolher com Isabella em seu quarto e descansar, contudo
descobrira que sua saudade não teria fim e que ainda seria preciso aplacá-la com todas as versões de
sua noiva que lhe fizeram companhia durante aquele dia infernal. Logo sua SW4 se tornou pequena,
assim como os muitos lances de degraus de seu edifício pareceram multiplicar ao nunca
conseguirem vencê-los. Fora extremamente estimulante e contraditoriamente apaziguador derrubá-
la entre um andar e outro para subjugá-la. Naqueles momentos de submissões e entregas mútuas,
onde se perdiam em beijos ininterruptos que não necessariamente culminavam em posse, o vampiro
quase se esquecia das perturbações que lhe foram impostas.
– Nunca vou conseguir eliminar essa ruga? – Isabella indagou após um beijo apaixonado enquanto
corria seu dedo indicador ao longo da testa vincada de Edward.
– Não se preocupe com ela. – o vampiro a tranquilizou, segurando-lhe a mão para beijá-la
ternamente, sem se mover para liberar Isabella do peso de seu corpo que a mantinha comprimida
contra a escada. – Não tem que resolver tudo, meu amor. No momento oportuno, caso “ele” não
cumpra sua palavra, eu mesmo darei fim ao que me aborrece.
– Edward, você não pode... – Bella começou preocupada, porém ele a cortou subitamente
exasperado.
– Está bem!... Eu não ao posso dar fim a nada, não é mesmo? – sem esperar por resposta,
acrescentou finalmente se pondo de pé. – Contudo deve haver algo que eu possa fazer sem me
expor às consequências de nenhuma maldição. Não tenho sido o melhor dos homens, mas não
acredito que mereça tal castigo.
– Não merece. – Bella imitou-o para logo em seguida abraçá-lo. – E não imagina como me alegra
ouvir que finalmente aceitou a verdade e vai se precaver.
– Eu entendi. – Edward a afastou para segurar-lhe o rosto obrigando-a a encará-lo. – E vou fazer o
possível para respeitar o que reza essa maldita profecia, contudo aceitar... Jamais acontecerá
Isabella.
Bella somente sorriu. Não importava nomear os sentimentos que o refreavam; bastava saber que
fossem quais fossem estavam sendo o bastante para que Edward não se colocasse em perigo. Ao
que tudo indicava as ações suicidas do encontro recente estavam esquecidas. Fiando-se nas próprias
palavras do advogado, se Aro fizesse como dito e deixasse a cidade, seria uma questão de tempo
para Edward finalmente aceitar sua limitação e quem sabe um dia, esquecer.
– Está bem. – ela anuiu ainda lhe sorrindo. – Mas podemos, ao menos por hoje, não tocarmos mais
nesse assunto e subirmos de uma vez?... Não é como se eu estivesse cansada ou reclamando de toda
essa nossa... intermitente escalada, mas queria mesmo era poder tomar um banho e então dormir
para encerrarmos esse dia. – ela possuía sua própria cota de assuntos indigestos para esquecer.
O desejo de sua noiva ia de encontro ao seu então, ainda que estivesse novamente irritado por não
ter o poder de ação, Edward imprimiu certo ar ofendido às palavras trocistas enquanto num gesto
súbito a tomava nos braços.
– Já que me tornei enfadonho com meus beijos, deixe-me abreviar tal tortura.
Bella riu verdadeiramente divertida e se deixou ser levada como se ainda fosse uma humana fraca e
não a vampira resistente e tão veloz quanto seu noivo imortal. Apesar de o comentário ter sido
claramente provocador, não cabia resposta. O clima tenso que bravamente tentavam amenizar
estava pacificado, mas ainda pesava indicando a ela que não brincaria com a mesma naturalidade de
Edward. E se fosse responder a sério, dizendo que ele em nada era enfadonho, não chegariam à
cobertura.
Em segundos finalmente irromperam porta adentro, porém Edward não a depositou ao chão.
Decidido, marchou escada acima sem nem ao menos olhar em volta. Analisando seu rosto marcado,
Bella acreditou entendê-lo; ela mesma sentiu uma leve estranheza ao cruzar o amplo cômodo que
horas antes lhes serviu de cenário para a contenda. Daquela batalha poderia se considerar
vencedora, contudo não conseguiria colher os louros da glória. Edward havia se rendido à verdade,
estava em segurança, contudo se sentia diminuído. Enquanto ele não recuperasse sua confiança, ela
apenas acalentaria calada a alegria em tê-lo vivo depois de um encontro com Aro. Num gesto
reflexivo, Bella o tocou no rosto com ternura. Quando Edward a olhou, novamente lhe sorriu; sim,
apesar de tudo que acontecera, ela estava feliz.
– Disse-me a menos de um minuto que queria dormir. – Edward falou roucamente ao entrar no
quarto, sem depositá-la ao chão.
– Ainda quero. – ela retrucou ao comentário já livre do tom jocoso anterior.
– Então não me toque nem sorria assim. – falou subitamente sério, rumando para o banheiro.
Somente no cômodo a desceu de seu colo, com ar circunspecto.
– Está bem... – ela murmurou, acreditando novamente entendê-lo. Poderiam tentar agir
naturalmente, mas ainda seria complicado voltarem à normalidade. Sem nada mais dizer, Edward a
livrou de sua camisa e a descalçou. Então se despiu de suas próprias roupas e se livrou de seus
sapatos. Ainda sem palavras, gentilmente a conduziu ao Box. Com o chuveiro aberto não em sua
totalidade, fazendo com que a água descesse suave, ele passou a lavá-la. Ensaboou-lhe os cabelos
tão delicadamente que se ela não estivesse vendo sua ação seria como se uma leve brisa tocasse sua
cabeça. Então Bella soube; não o entendia. – Edward, o que está fazendo?
– Parece-me óbvio. – ele falou sem pedantismo, apenas com exagerada atenção a algo que tirava de
seus cabelos. – Estou dando banho em você. Livrando-a das folhas do parque. Não iria querer
dormir assim.
– Também me parece óbvio que tenha entendido minha pergunta. – ela falou no mesmo tom. – O
que há?
– Disse-me também que por hoje queria ter o assunto encerrado. – Edward retorquiu encarando-a. –
Apenas deixe-me fazer o que tenho a fazer.
Isabella nada disse, fazendo-o agradecer seu silêncio. Não gostaria de explicar a sua noiva que ao
entrar no apartamento a culpa por toda ação temerária anterior a sua saída veio se somar às
contrariedades vividas naquele final de dia. Por tentar elevá-lo em sua fraqueza, por aceitá-lo e
desculpá-lo em suas piores características devia aquele cuidado a ela. Queria tão somente banhá-la,
secá-la e levá-la para dormir. Seria o mínimo uma vez que nem ao menos poderia considerá-la
protegida sob seu teto como acreditou anteriormente. Maldito fosse Emmett. Ou bendito fosse por
finalmente fazer-lhe ver a bolha frágil na qual habitava.
Domando o desejo que sempre o acometeria ao tocá-la, o vampiro seguiu seu roteiro até que ambos
estivessem limpos e secos. Ainda apreciando o silêncio de Isabella e ignorando seu olhar inquiridor,
Edward a cobriu com uma das camisolas trazidas do apartamento e depois de também ocultar sua
nudez com uma de suas calças de pijama a levou para a cama danificada. Imediatamente se lembrou
do comentário feito ainda no parque e considerou impróprio deitá-la sobre ela. Não queria
novamente feri-la, ainda assim indagou.
– Importa-se de dormir aqui? Caso prefira, podemos ocupar o quarto de hóspedes até trocarmos essa
cama.
– Se antes ela foi mal frequentada ou agora está quebrada seja por qual motivo for não me importa.
Desde que me trouxe esse é nosso quarto e essa a nossa cama. – ela falou, sem nunca deixar de
encará-lo.
Não o surpreendia, pensou orgulhoso. Satisfeito, Edward não voltou ao tema e a fez deitar. Após
segui-la a aninhou em seus braços.
– Durma em paz meu amor. – falou junto aos seus cabelos úmidos. – Prometo-lhe não deixar que
nada perturbe seu sono.
– Não ganho nem um beijo de boa noite. – ela falou indecisa. Ainda enlevado o vampiro apreciou o
som que o transportava a um passado recente. Humana ou vampira sua Isabella sempre seria
perfeita. Com um sorriso de franca diversão, respondeu.
– Acredito que beijos de boa noite devam ser considerados lendas para nós; assim como os de
agradecimento...
– Soube dias atrás que as lendas podem ser verdadeiras, quem sabe se essa também não seja?... – ao
retrucar, a jovem se colocou sobre ele e sem mais demora cobriu os lábios ainda curvados num
sorriso. Edward tentou retribuir ao beijo sem entregar-se, pois verdadeiramente não queria se valer
de sexo para estar em comunhão com ela como fizeram durante toda a noite até ali. Contudo seu
corpo nunca entenderia suas razões. Quando deu por si havia rolado sua noiva para baixo de seu
corpo e aprofundava o beijo, abafando grunhidos lamuriosos no fundo de sua garganta.
Definitivamente beijos castos dados sobre uma cama ou qualquer local privado sempre seriam lenda
entre as criaturas míticas.

Com Isabella finalmente adormecida entre o vão de seus braços, Edward agradeceu por se render ao
lúdico que por instantes o livrava do excesso de realidade ao qual fora duramente apresentado.
Gostaria de imitar sua noiva e dormir, mas o sono não vencia sua preocupação. Particularmente não
acreditava que seu sócio fosse simplesmente deixar a cidade, assim como não confiava na
obediência de Senna. Antes acreditava que ela não poderia entrar em sua cobertura, no momento
sabia que nada a impediria de tentar atacá-los. Como poderia dormir em paz novamente com seus
inimigos livres para ir e vir sem que nada pudesse fazer?
Como em confirmação de seus questionamentos, o vampiro ouviu o mover de sua porta.
Imediatamente se lembrou que não a trancou ao passar por estar demasiado influenciado com as
recordações que a sala lhe trazia. Não que uma porta trancada fosse impedir imortais de entrarem,
mas uma aberta era praticamente um convite. Ansioso, sem desejar que Isabella despertasse,
deslizou para fora da cama lentamente. Vestiu-se mesmo com sua calça de pijama e com cautela –
após um furtivo olhar na direção de sua vampira – deixou o quarto. Já em seu corredor exalou um
suspiro de alivio, então subitamente o conteve ao recordar que até mesmo Alice carregava sua carga
de tensão e uma visita fora de hora não seria um bom sinal.
– Quer me matar de preocupação? – ela começou tão logo o viu no alto da escada, surpreendendo-o
com o tom alarmado.
– Sou eu quem deveria estar preocupado. – retrucou indo se juntar a ela para que não alterasse sua
voz. – O que faz aqui uma hora dessas?
– Como o que faço aqui? – ela indagou com as mãos na cintura. – Vocês sumiram... Venho deixar
seu carro e não os encontro. Depois tentei lhe telefonar a noite inteira e não me atendeu. O que
aconteceu com seu celular? Aonde foram?
Nem se deu conta de que saíra sem seu celular, contudo o esquecimento era perfeitamente
justificado. Como não havia razões para esconder-lhe o que se deu, após passar as mãos pelos
cabelos, Edward falou.
– Fomos ao apartamento de Emmett.
– Fazer o quê? – Alice estranhou. – Aconteceu alguma coisa na minha ausência?
Na verdade haviam acontecido várias, como se o mundo velho conhecido tivesse sido invertido
mudando todas as coisas de lugar, Edward pensou enraivecido.
– Acho melhor se sentar. – ele indicou o sofá. – E se possível não se altere ao ouvir o que tenho a
lhe contar. Quero que Isabella descanse.
– Descansar de quê? – sua secretária o atendeu e ao se sentar, acrescentou alarmada. – Está me
deixando mais preocupada, Edward. O que tem a dizer está relacionado com o sumiço estranho de
Emmett? O quê...?
– Acalme-se. – o vampiro murmurou. – E não duvide do que vou dizer, pois eu mesmo já confirmei.
– Está bem, mas conte de uma vez... – ela demandou.
– Lembra-se que comentei sobre uma peça solta em toda aquela estranha história sobre Aro que
Zafrina me contou? – Edward perguntou, ao se sentar ao seu lado.
– Como se tivesse sido ontem. – ela falou nostálgica. – Jasper estava conosco...
– Sim, ele estava. – o advogado não se aborreceria com a divagação, mas preferia que ela
mantivesse o foco. – E não só se propôs como também seguiu James para descobrir algo relevante.
– Exatamente. – ela emendou, retomando o raciocínio. – E o que isso tem a ver com Emmett? Vocês
finalmente o colocaram a par do que está acontecendo?
– Ele é nossa peça solta. – Edward ciciou subitamente enraivecido por ter que colocar em palavras a
verdade que custou a crer. – Havia uma razão para nosso inimigo parecer onisciente e conhecer
tanto sobre todos nós, Alice. Isabella descobriu que Emmett é Aro.
– O quê?! – Alice exclamou se pondo de pé.
– Por favor, fale baixo. – apesar das palavras educadas, o tom era de ordem inquestionável. – Pedi
para que não se exaltasse.
– Como espera que me contenha ao me dizer uma... uma... uma maluquice dessas?
Com a mesma entonação altiva, lembrou-a.
– Também avisei para não duvidar, pois eu mesmo já confirmei. Tenho muito a lhe dizer e se me
interromper a cada detalhe absurdo não encerraremos essa conversa.
– Desculpe-me. – a secretária voltou a se sentar, ainda com os olhos maximizados. – Mas tem que
concordar que é demais para se digerir de uma só vez.
– Acredite querida Alice. Se eu pude engolir várias verdades a seco, você sem dúvida conseguirá. –
sibilou ainda raivoso. Então tentou lhe contar em detalhes inquietantes, tudo o que se passou depois
que se separaram naquela tarde, porém ao narrar o ocorrido naquela sala Alice o interrompeu
sentida.
– Você tentou matar Bella... Depois de tudo que passaram.
– O importante é que não o fiz. Jamais seria capaz. Apenas estava fora de mim.
Alice o analisou por um instante.
– Engraçado como sua intempestividade sempre justifica suas péssimas ações. Sorte sua que Bella o
ame, pois você não a merece.
Não precisava ouvir mais aquela verdade. Antes esbravejaria por provocá-lo, contudo não o faria.
– Você tem razão... Realmente não mereço e como castigo por minha falta máxima, perdi minha
supremacia sobre ela. Isso a deixa feliz?
– Não entendi com o que devo me alegrar. – Alice o encarava com as sobrancelhas unidas,
formando uma delicada carranca.
– Quanto aos imortais induzirem uns aos outros... Isabella me comanda. – e sentindo um gosto
amargo em sua boca, acrescentou. – Até mesmo Emmett tem esse poder. Agora sei que foi ele quem
me induziu a dormir para que Rosalie viesse e...
– Edward. – Alice o interrompeu mais uma vez. – Considero-me uma pessoa inteligente, mas tem
que concordar que o que me conta é demais para aceitar... Bella tem mais poder que você e
“Emmett” deliberadamente enviou a esposa para assediá-lo?
– Não Emmett; Aro Volturi. – ele a corrigiu, levando o assunto para longe da superioridade de
Isabella. – Rosalie era somente a esposa que ele tomou do marido original ao matá-lo e assumir
definitivamente a sua forma.
– E todo esse teatro... Ano após ano, foi somente para fazer o mesmo com você?... Por isso ele
tentou levar Bella com ele essa tarde?... – então, seguindo a lógica de seu pensamento, corrigiu. –
Não pode ser, pois ela chegou a sua vida agora... Têm mais coisas nessa história.
– Evidente que tem e vou contar-lhe se me deixar... – Edward falou exasperado, porém se conteve e
segurou-lhe as mãos, fazendo-a encará-lo. – Mas saiba que quem o trouxe até mim foi você...
– Agora vai culpa a Jasper e a mim por incluí-lo no clã? – Alice indagou incrédula.
– Cale a boca Alice e preste atenção. – sua pouca paciência chegou ao limite. – Não há culpados
aqui. Todos nós fomos vítimas de uma terrível coincidência, mas é importante que saiba que Aro se
juntou a mim não para tomar minha vida, mas a de Jasper, pois queria você. – quando sua secretária
fez menção de soltar-se, Edward segurou suas mãos com maior firmeza sem se importar em
machucá-la; não queria que Isabella despertasse. – Acalme-se, isso foi antes. Deixe-me contar tudo
o que conversamos e então entenderá.
Alice pareceu relaxar antes mesmo de acenar-lhe afirmativamente com a cabeça. Acreditando que
ela finalmente o escutaria, Edward retomou a narrativa afrouxando o aperto em suas mãos. Contou-
lhe em detalhes sobre a visita feita ao apartamento que serviu de cativeiro para sua noiva. A
confirmação pelos lábios de Emmett sobre a verdadeira identidade; sobre seu passado
desinteressado e irresponsável que o privou de saber mais dos de sua própria espécie. Explicou-lhe
com calma estudada sobre como se deu e quais os motivos que trouxeram o novo sócio até eles.
Contou-lhe ainda da sua limitação em resolver o problema sumariamente por estar atado a uma
maldição mortal. A cada palavra proferida – já livre da autocomiseração que o abateu no parque –
Edward sentia que a verdade tomava corpo, fazendo-o intimamente agradecer a intervenção de
Isabella. Devia-lhe a vida. Antes que enveredasse por uma culpa que não desejava alimentar, Alice
o salvou.
– Então Jasper não está com ele como acreditou?
– Felizmente não. – apesar de ser uma boa notícia ambos não tinham motivos para comemorar. –
Jasper se foi mesmo por conta própria.
Com um suspiro de exaustão, Alice novamente levantou. Dessa vez sem alardes, apenas
demonstrando sua intenção em encerrar o assunto.
– Acho que não quero saber de mais nada por ora. Vou deixá-lo descansar.
– Já que está aqui, fique. – Edward sugeriu, respeitando sua vontade. – Ainda não considero seguro
que fique sozinha.
– E eu ainda acho importante ficar onde Jasper me deixou.
– Você entendeu que não há lugares seguros para nós?... Aquele apartamento é tão acessível quanto
qualquer outro que Emmett já tenha estado.
– Vou arriscar. – após um novo suspiro ela avisou em tom profissional. – As chaves do seu carro
estão em seu escritório E seu outro pedido estará disponível amanhã à tarde.
– Já?!... – ele se admirou, esquecendo-se por um instante toda a tensão. Aquela era uma boa notícia.
– Sabe que consigo o que quero. – sua eficiente secretária retrucou, lembrando-o da futilidade de
seu entusiasmo. Quando falou novamente estava verdadeiramente preocupado.
– Não tem como fazê-la mudar de ideia?
– Não, mas obrigada mesmo assim.
– Então só me resta agradecer pela rapidez em atender meus pedidos. Obrigado!
– Fiz somente meu trabalho. É o que me resta. Boa noite Edward.
– Até breve Alice. – Edward ainda queria alertá-la para os possíveis perigos, mas não se sentiu
inclinado ao ver-lhe o sofrimento impresso nos olhos. Antes de sentir pena, encheu-se de admiração
pela amiga abandonada. Sem Isabella definharia; sabia por experiência. Ao pensamento o vampiro
olhou para o alto da escada. Queria voltar para junto de sua noiva, mas sua garganta clamava por
alguma ardência.
Rendendo-se ao desejo, seguiu para suas garrafas e se serviu de uísque. Novamente acomodado em
seu sofá, bebeu um grande gole e fechou os olhos enquanto o calor conhecido o envolvia. Quisera
que todas as coisas continuassem conhecidas como o sabor e a ação daquele liquido âmbar. Porém
tudo havia mudado e ele nunca se sentira tão velho e defasado quanto naquele momento. Precisava
saber de si, atualizar-se, mas não atinava como.
Quantos anos perdidos que no presente somente lhe traziam aborrecimentos e contrariedades.
Contudo, pensou friamente enquanto sorvia toda a bebida num último grande gole, retirando os
detalhes mais sórdidos que despertavam os ciúmes de Isabella, se pudesse voltar no tempo não faria
muita coisa diferente. Apenas tentaria ser mais atencioso ao que concernia à sua raça. Fora um
boêmio desregrado e obtuso? Sim o fora, porém sempre imensamente satisfeito em ser estroina. Aro
que fosse ao inferno com sua analise hipócrita. Um usurpador de vidas alheias, fugitivo covarde,
não tinha muita moral para julgá-lo.
Com um pigarro, Edward depositou o copo vazio aos pés do sofá e se levantou. A despeito da
contrariedade sentida, não o quebrou como comumente faria. Definitivamente o mundo estava fora
do eixo, o advogado sentenciou ao rumar escada acima. Logo cruzava a porta de seu quarto e ao
descer os olhos sobre sua noiva adormecida, seu coração se aqueceu. Saudoso dela deitou ao seu
lado, contudo refreou o desejo de trazê-la para si. Sentiu-se um tolo somente pelo tempo que
esperou até que Isabella tateasse pela cama e fosse a ele para se acomodar em seu peito.
– Você não me deixou. – ela resmungou em seu sono.
– Eu morreria mil vezes antes que acontecesse, meu amor. – ele murmurou beijando-lhe o alto da
cabeça. Com um sorriso satisfeito, o vampiro apreciou saber que nem tudo estava fora do lugar.

********************************************************************************
*****************
Antes mesmo de abrir os olhos Edward pôde sentir os de Isabella em si. Não acreditou que pudesse
dormir, então agradeceu que tivesse acontecido. Ao menos fisicamente se sentia recuperado de toda
ação do dia e madrugada anteriores. Negando-se a dar alguma importância ao ocorrido logo nos
primeiro instantes de seu dia, deixou-se envolver pelo olhar que sabia estar insistente em seu rosto e
pelo odor que sua mulher exalava tão fortemente.
– Se não me falha a memória eu já disse que não é educado ficar encarando. – ele falou ainda sem
olhá-la.
– Está acordado seu trapaceiro! – Isabella o acusou enquanto puxava-lhe os pelos do peito. –
Também não é educado fingir que dorme.
– Então combinamos na pouca educação. – ele retrucou finalmente abrindo os olhos para deparar-se
com a face delicada de sua noiva. Percebeu naquele instante que jamais estaria preparado para sua
beleza, nem para a força que o atraia incutindo nele o desejo primitivo de fundir-se a ela. Com um
lamento gutural, lançou-se sobre sua vampira, deitando-a sobre o colchão e prendendo-lhe os
pulsos. – Também seria pouco educado prová-la sem nem desejar-lhe bom dia?
– Faça-o que depois decido. – ela respondeu mirando-lhe a boca já muito sedenta por tomar a dela.
O beijo foi terno a principio, porém logo foi tomado pela grandeza de sua paixão. Edward não se
importou com a claridade em que quarto que indicava o adiantado da hora. Quanto mais tivesse de
sua noiva longe das contrariedades que o esperavam fora daquele quarto, melhor. Isabella
demonstrou também não possuir nenhuma pressa, entregando-se a ele sem reservas, exigindo dele o
que ansiava lhe dar. Minutos depois, com seus corpos ainda trêmulos pelo gozo conjunto, Edward a
puxou para si, abraçando-a fortemente.
– Bom dia Isabella!
– Muito educado de sua parte dizer isso agora. – ela troçou, apreciando o bom humor matinal. Não
perturbou seu sono justamente por temer que o vampiro despertasse ainda taciturno. Preferiu
admirar-lhe a beleza pacificada, pedindo intimamente para que tudo se resolvesse da melhor
maneira, mesmo sabendo que não seria fácil e que não deveriam jamais baixar a guarda. Com um
suspiro satisfeito, acrescentou. – Bom dia para você também, meu amor.
– Já começou muito bem! – exclamou com um meio sorriso. Então, subitamente sério, indagou
arrumando-lhe uma mecha de cabelo atrás da orelha. – E sabe o que o deixaria perfeito?
– Tenho uma vaga ideia, mas não podemos ficar nessa cama o dia inteiro. – Bella lhe sorriu; a
possibilidade era tentadora.
– Não podemos? – Edward uniu as sobrancelhas. – Somos donos absolutos de nossa vida Isabella.
Podemos tudo!... Porém não me referi a isso que essa sua mente depravada imaginou.
– Ah, não?! – ela se admirou cada vez mais rendida ao bom clima.
– Não. – ele confirmou, beijando-lhe levemente. – É tentador, poderíamos sim ficar aqui o dia
inteiro, mas quero realmente retomar meus compromissos... Então, o que deixaria esse dia perfeito
seria se você me fizesse companhia. Entendo que também queira voltar aos seus afazeres, mas
ontem foi ruim ficar longe. – Edward não lhe diria que não confiava em deixá-la sozinha. – Você se
importaria em não ir ao jornal?
– Não me importaria. – Bella lhe sorriu. – Também achei ruim deixá-lo. Eu “pedi” a Esme que me
deixasse trabalhar aqui. Ainda não estou preparada para todo aquele barulho.
– Seria uma declaração egoísta desejar que nunca se habitue?
– Não. Seria apenas você sendo Edward Cullen mais uma vez. – a vampira falou, desejando que ele
verdadeiramente se esquecesse das palavras de Emmett e jamais duvidasse de quem era.
O vampiro apenas lhe sorriu. Envoltos no clima pacificado deixaram a cama e se vestiram para
iniciar seu dia. Cada qual imerso em seu silêncio avaliativo, mirando o outro no processo
meticuloso de cobrirem-se sabendo que a vontade era de fazer o inverso; poderiam, mas não
deveriam. Seu futuro ainda era incerto, Alice provavelmente já se encontrava no escritório e ambos
tinham que zelar pelas obrigações que escolheram para si. Aos se encontrarem finalmente prontos,
deixaram o quarto. O advogado impecável num terno completo cinza chumbo sobre uma camisa
azul e a jornalista muito confortável em um vestido de lãzinha preta que cobria suas pernas até
acima dos joelhos.
– Eu já lhe disse o quanto a aprecio em vestidos? – Edward indagou pousando a mão nas costas de
sua noiva, na curva do quadril enquanto desciam os degraus.
– Sim. E também sei o quanto me aprecia fora deles. – Bella retrucou, rogando aos céus que nada
quebrasse o encanto daquela manhã.
– Não me dê ideias mulher! – o vampiro exclamou freando-a ao pé da escada para abraçá-la,
contudo antes que a beijasse sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Com um suspiro resignado o
atendeu, sem desprender Isabela de seu abraço. – Bom dia Alice, o que...?
– Desça imediatamente. – ela o cortou com um sussurro alarmado. – Emmett está aqui.
Ao ouvir o nome todos os pelos de Edward se eriçaram. Controlando-se para não partir o aparelho
celular, meteu-o no bolso, olhando incerto para sua noiva. Não a queria perto do rival, mas sabia
que de nada adiantaria pedir que ficasse. Ponderava sobre a possibilidade de implorar-lhe para
permanecer na cobertura quando ela deu um passo atrás para encará-lo.
– O que aconteceu? Parecia a voz da Alice, mas não ouvi o que disse.
– Problemas urgentes. – sua voz saiu rouca.
– Nada referente ao escritório, suponho... – ela falou séria. – Você está rosnando.
O vampiro nem ao menos percebera o protestar de seu peito e conhecendo bem Isabella, sabia que
nada poderia fazer para deixá-la longe de Emmett uma vez que já denunciara a gravidade do que lhe
esperava.
– Droga! – vociferou tomando-a pela mão para arrastá-la em direção a porta. – Por que inferno você
tinha que ser tão teimosa Isabella?
– Mas eu não...
Edward não a ouvia agora muito consciente de seus rosnados involuntários e sabendo que deveria
domá-los, pois estariam na presença de mortais. Em algum momento acreditou que seria fácil se
livrar de seu sócio? Evidente que não. Então como pôde imaginar que poderia ao menos por um dia
ter um pouco de paz? Fora leviano; um estúpido!
Bella se deixava levar escada abaixo depois de ter sido colocada para fora da cobertura com sua
mão fortemente presa a do vampiro furioso. Queria saber o que estava acontecendo para que
Edward estivesse com raiva dela, mas não se atrevia a perguntar. Lamentava que seu desejo para
que as coisas se mantivessem amenas não tenha durado o tempo de um beijo e temia pela dimensão
dos “problemas” que os aguardava.
Quando Edward abriu a porta que os levaria aos escritórios – já com seu peito silenciado – Bella
entendeu o que o descontrolou, levando-o a reclamar por sua teimosia. Era evidente que depois de
todo o ocorrido na noite anterior seu noivo não a queria perto de Aro. Seu ódio era desmedido,
contudo anos de convivência entre humanos o controlava. A ela restava imitá-lo e se obrigar a
refrear o protesto de seu próprio peito, assim como se conter para não acelerar o passo de forma
anormal enquanto seguiam até o escritório de Emmett. Não estava ansiosa em revê-lo, mas Alice
estava em sua companhia e mesmo que ainda não soubesse da verdade, não gostava da ideia de vê-
los juntos. Sem que percebesse, tentou emparelhar-se com Edward, porém fora firmemente mantida
às suas costas.
– Não se atreva a se colocar entre nós dois. – ele ciciou antes de irromper porta adentro. Sem se
importar com a secretária humana presente na sala, Edward indagou ao rival. – O que faz aqui?
– Bom dia Edward! – Emmett cumprimentou com estudada educação. Vestira-se formalmente como
se estivesse em um dia normal de trabalho. Depois de colocar as mãos nos bolsos de sua calça,
mediu a jovem sempre mantida atrás do vampiro antes de acrescentar demoradamente. – Um bom
dia para você também linda Isabella!

O vampiro pode sentir seu sangue ferver, assim como se concentrar em seus olhos que ardiam.
Tentou soltar a mão de sua noiva por medo de machucá-la, contudo foi a vez de ela o prender,
apertando-a firmemente quase ao ponto de doer. Edward não lia mentes, mas entendeu seu recado;
não deveria aceitar provocações sendo que nada poderia fazer. Ainda, pensou.
– Infelizmente para nós dois acredito que nunca, meu caro colega. – Emmett comentou, sem se
importar em demonstrar que sabia o que se passava em sua cabeça.
– Sendo assim seria interessante acabar de vez com os rapapés e dizer de uma vez o que quer aqui.
– Edward ciciou, sem desviar os olhos do rival. – Pensei que estaria longe uma hora dessas.
– Eu avisei que ele não era bem vindo. – Alice falou, também o encarando.
Bella estranhou a animosidade no tom da amiga. Como resposta, ouviu Emmett dizer para seu
noivo.
– Já soube que a notícia sobre mim correu...
– Eh, desculpem-me... – a humana iniciou após um pigarro. – Mas o que está acontecendo? Qual
notícia? O senhor vai embora definitivamente?
– Lamento dizer que sim, minha querida. – Emmett confirmou entendendo-lhe a mão. Quando sua
secretária a tocou, o advogado a puxou para si.
– Mas eu pensei que o senhor estivesse de volta para ficar. – ela choramingou olhando de seu patrão
a Edward. – O Sr. Styling ao que parece também se foi... Vou perder meu emprego?
– Não haverá demissões. – Edward afirmou, incomodado com a presença dela naquela sala e com a
forma que era contida.
– Ou você pode vir comigo. – Emmett sugeriu galante, medindo seu rosto tão próximo que parecia
cheirá-la. – Gostaria disso? – perguntou umedecendo os lábios.
“Pare com os jogos”, Edward pensou. “Essa humana não está relacionada aos nossos problemas,
deixe-a ir”. Então, procurando por toda sua boa vontade, acrescentou. “Por favor”. Emmett olhou-o
demoradamente antes de soltá-la.
– Volte para sua mesa Barbra. Depois veremos o que fazer com você. – após pestanejar enlevada, a
secretária se foi. – Muito bem “sócio”. – disse diretamente para Edward, contornando sua mesa para
sentar-se. Ao cruzar os pés preguiçosamente sobre ela, prosseguiu. – Vamos ao que me trouxe. Irei
embora com prazer, mas não vivo somente de sangue e brisa. Quero a parte que me cabe na Cullen
& Associated.
*********************************************************
FANPAGE OBSESSION*
GRUPO DA SÉRIE*

Notas finais do capítulo


Amores, infelizmente não tenho spoiler, pois isso foi tudo o que escrevi. Agora somente
nos encontraremos no ano que vem, ou na postagem do primeiro episódio da série na
semana que vem. A partir desse ponto preciso escrever já tendo relido o que fiz
anteriormente para não deixar furos...
Espero que tenham gostado desse capítulo de retomada...
Desejo que tenham todas um lindo Natal e um Ano Novo de paz e realizações!... Que
2013 traga-lhes o melhor!... Bjus.

(Cap. 88) Capítulo 23 - Parte III

Notas do capítulo
Oie!... Bom dia a todas!... Vou deixar um recado meio carta em resposta ao que colhi nos
últimos reviews, por favor, leiam...
Antes quero desejar as boas vindas a quem chegou agora e agradecer às antigas pelos
comentários que sempre deixam e tbm as duas novas indicações. Obrigada pela atenção e
me perdoem por não responder, vou tentar dessa vez, aos poucos antes que se acumulem
que é justamente quando se torna complicado responder a todos...
Acho que nem preciso confessar o quanto estava com saudades daqui, na dúvida, admito
que era muita!... Mas não tive como vir antes. Como algumas de vcs sabem, agora tenho
ligação com uma editora e tive que parar a fic para terminar a que será publicada;
ENIGMA. Consegui e agora é aguardar, mas assumi outros compromissos que
novamente me tomam o tempo. Por essa razão que vou deixar o recado-carta que
comentei acima.
Entendo que fiquem ansiosas com a falta de atualização, que algumas leitoras estejam
cansadas pela espera e até mesmo cansadas da própria fic; para esse último caso,
aconselho esperar o término da estória para ler de uma vez. Para as outras, peço que
continuem compreendendo minha limitação de tempo. E para todas as leitoras; as
pacientes, as ansiosas e as cansadas eu esclareço; OBSESSION têm acontecimentos que
determinei desde seu começo. Ao longo da fic venho plantando pistas e comentários que
não teriam razão de ser se eu simplesmente os eliminasse e atropelasse o enredo para
terminá-la.
Felizmente (ou infelizmente) não tenho como dar um encerramento breve para
OBSESSION. Não estaria sendo justa comigo que venho me dedicando a escrevê-la
desde 2011, nem com quem deseja ler tudo que está reservado para o vampirão. Também
saibam que da mesma forma que não corto acontecimentos, não invento outros para
esticar a estória. Tudo que está sendo escrito agora era o que se esperava; cenas finais
que começam a desvendar os mistérios, justamente por isso que os diálogos se tornam
longos.
Se no tanto que os personagens falam ainda reste confusão, apenas posso pedir desculpas
por não estar conseguindo me fazer entender deixando de indicar que a fic caminha
sempre para frente e não fica parada na mesmice. Entendo que a estória é longa, cheia de
detalhes que são complicados de lembrar quando as atualizações acontecem praticamente
de 45 em 45 dias, senão mais. Então se for o caso, saibam que podem perguntar o que
quiserem que eu esclareço... Afinal agora é mesmo a fase das descobertas, não de
inventar mais segredos. Na dúvida, releiam a sinopse da terceira temporada que está no
comentário inicial do capítulo 1.
Espero sinceramente que todas tenham me entendido e tenham também a certeza de que
quando peço para me contarem o que acharam do capítulo, peço consciente de que posso
receber tanto elogios quanto críticas e as leio com igual atenção desde que a crítica me
seja útil e não uma somente reclamação.
Também espero que entendam que esse recado é de fato como resposta conjunta de tudo
que li nos últimos reviews; muitos elogios, felicitações, pedidos de posta mais ( que
acreditem, é o melhor de todos os elogios que uma autora pode receber), críticas
construtivas e uma reclamação. Simplesmente isso. Leiam, reconheçam o seu caso e
descartem o que não lhes interessa e não sintam a necessidade de comentar minhas
palavras caso forem deixar algum novo comentário... Como na fic vamos apenas seguir
em frente com nossa troca. Eu doando meu prazer em escrever e vcs me agraciando com
a sede de ler mais...
Vamos ao capítulo... Espero que gostem... BOA LEITURA!

Edward daria de bom grado a quantia que fosse àquele cretino, caso soubesse qual parte lhe cabia
visto que em tempo algum o “sócio” fez qualquer investimento numa firma que encontrou pronta;
sendo seu título apenas simbólico pelo laço da imortalidade que os unia. Irritadiço, o vampiro
silenciou futuros rosnados e piscou algumas vezes, cerrando os punhos na tentativa de se acalmar.
Insultar aquela criatura demente seria algo comparável a infantilidade patética quando sua vontade
era lançar mão de seu poder e aniquilá-lo sumariamente. Quando falou sua voz não passava de um
murmúrio muito rouco.
– Não entendo qual o teor da piada, mas o que ouvi só pode ser brincadeira.
Impassível, Emmett balançou sua cadeira para frente e para trás antes de se sentar corretamente e
irromper numa gargalhada acintosa.
– Evidente que estou brincando! Jamais precisei de esmola, Cullen. – então gargalhou mais. –
Deveria ver a sua cara!
Edward respirou profundamente ainda a procura de calma, mas não o suficiente para impedir a
parede de vidro atrás de Emmett que trepidasse.
– Calma! – o bufão pediu, recuperando-se do riso. – Posso ser demente, mas ainda não quero
acidentes.
– Se não está lembrado, foi justamente por esse motivo que anunciou sua partida. Não vejo o que
ainda possa querer aqui.
– Quero muitas coisas Edward. – ele falou didático. – Tantas que sua limitada visão não entenderia.
Porém de você queria apenas duas... Sua completa destruição e sua mulher... Não necessariamente
nessa ordem.
– Desapareça de uma vez Emmett... – Edward sibilou. – Ou Aro. Ou qualquer outro nome que
tenha. Apenas suma de minha frente e nunca mais volte!
– Não gosto desse tom. Lembre-se de que estou partindo por conta própria, não porque me
escorraçou. Apesar do que pensa essa cidade não é sua.
– Tanto faz, apenas vá.
– Não tão rápido “sócio”. – Emmett falou se pondo de pé. – Antes quero saber onde está minha
mulher.
– Procurou pelos buracos? – o vampiro sugeriu cinicamente. – Talvez pelos esgotos. Cobras
peçonhentas costumam se esconder nesses lugares. Senna deve...
– Zafrina! – Emmett o cortou. – Quero saber de Zafrina. Afinal na minha ausência ficaram bem
próximos, não é mesmo?
– Não tanto quanto James. – replicou. Foi com satisfação que notou o rival travar o maxilar antes
que prosseguisse. – Está perguntando ao vampiro errado. Não tenho por hábito aproximar-me de
qualquer um.
– Foi ela quem lhe falou a meu respeito. – Emmett soou seco, ignorando o comentário. Ocultando
qualquer contrariedade quanto a uma possível traição. Erguendo o queixo, acrescentou. – Exijo
saber tudo o que ela lhe disse. Conte-me.
– Exige saber?! – sinceramente surpreso Edward indagou. – Não é o senhor supremo da
onisciência?
Emmett não lhe respondeu de pronto. Apenas o encarou fixamente; como se a esperar que algo
acontecesse. Edward lhe sustentou o olhar, analisando-o com curiosidade. Não bastaria que o rival
vasculhasse sua mente para saber? Ou talvez induzi-lo? Por que não fazia uma coisa nem outra. Por
alguns instantes nenhum dos dois se moveu, até que Emmett finalmente bufasse exasperado.
– Pelo o que vejo não está disposto a colaborar...
– Com você?! – pela primeira vez em dias Edward sentiu o desejo real de rir. Não o fez, contudo
não impediu que um sorriso mordaz curvasse seus lábios ao debochar. – Também não entendi a
nova piada, mas esta de fato foi engraçada.
– Escute aqui... – começou altivo, porém o advogado o cortou muito sério; não o temia.
– Escute você. Não há nada para conversarmos. E uma vez que não podemos resolver nossas
diferenças como desejamos, nem mesmo há razão para ocuparmos o mesmo espaço. Se o que quer é
encontrar Zafrina, repito o conselho. Caso ela não tenha virado cinzas juntamente com seu amante
lacaio, deve estar rastejando por algum buraco imundo. Colaborei?
A animosidade furiosa surgida entre eles fazia os olhos verdes e azuis faiscarem um no outro.
Edward não seria capaz de saber o que se passava na cabeça do rival, mas esperava que Emmett
visse nele a determinação em arriscar o que quer que fosse – independente do que tenha dito a
Isabella – para livrar o mundo de sua existência nefasta.
– Eu não vou medir forças com você Edward. – Emmett garantiu. Desarmando-se, passou a recolher
papéis dispostos sobre a mesa. O advogado reconheceu alguns como sendo passagens aéreas. – Vou
cumprir minha palavra, somente desejava deixar a cidade com minhas esposas, não apenas uma.
Fique claro que não sou responsável por Zafrina a partir do momento em que sair de Nova York.
– Zafrina sempre foi um mal menor. Era só isso? Queria se certificar de que deixaria a casa limpa e
arrumada antes de apagar a luz e sair? – ironizou.
– Como sempre faço antes de longas ausências.
Edward nada retrucou. Permaneceu com as mãos nos bolsos, porém alerta, quando Emmett
contornou a mesa para sair da sala. Teria que passar ao seu lado, mas o advogado sequer se moveu.
Sem desviar sua atenção o acompanhou com o olhar até que chegasse a porta. Antes de abri-la,
Emmett falou com velado rancor sem olhar na direção de Edward.
– Admiro a lealdade dos seus. Quisera notar a mesma deferência nos meus.
Sem mais abriu a porta. Edward soube quanto ao que ele se referia ao ver Isabella e Alice prostradas
do lado de fora, tão próximas a porta que foi preciso que se afastassem um passo para deixá-lo
passar. Edward foi até elas em passadas rápidas e, querendo confirmar a saída de Emmett, seguiu-o
até o elevador, para onde o rival caminhou de cabeça erguida, sem nem mesmo atender ao chamado
preocupado de sua secretária.
Como se pressentissem o clima tenso, nenhum outro funcionário que aguardavam o elevador o
acompanhou na descida. Permaneceram do lado de fora da cabine olhando ora para Edward, ora
para Emmett, até que as portas prateadas cerrassem. O advogado podia sentir as duas vampiras as
suas costas, e notar a indagação em cada rosto dos humanos presentes, mas se voltou sem dirigir-
lhes a palavra e seguiu para sua sala. Somente ao se sentar em sua cadeira, pediu a Alice.
– Por favor, vá acalmar Barbra. Depois vejo como poderemos reaproveitá-la.
– O que digo aos outros caso perguntem sobre essa saída esquisita de Emmett? – perguntou já a
porta.
– Que a Cullen & Associated tem um sócio a menos. – respondeu de olhos fechados.
Apenas ouviu a porta ser fechada. A força de sua ira estremecia seu corpo. Parecia que havia sido o
fim, mas simplesmente não sentia que fosse. Estava muito fácil. Quando sentiu os dedos de Isabella
em seus cabelos e então a massagear-lhe as têmporas, exalou um gemido baixo.
– Isso é bom! – de fato era, mesmo que não surtisse efeito.
– Acabou Edward. – ela disse para animá-lo.
– Acredita que sim? – indagou sem olhá-la; bastava sentir seus dedos delicados em seu rosto. – Se
acredita diga com segurança para que eu também possa acreditar.
Bella desejou demonstrar a firmeza que ele necessitava, mas a verdade era que não confiava em
Emmett. Apenas queria crer que estavam livres da presença dele em suas vidas. Em sua hesitação,
Edward teve a resposta. Qualquer afirmativa depois daquele silêncio seria vaga; inconsistente.
– Foi o que pensei. – ele finalmente a olhou. Vendo o rosto amado invertido, perguntou. – Ouviu o
que ele disse?
– Apenas coisas sem importância. – tentou desconversar.
– Se você não fosse minha e eu a quisesse... – Edward falou roucamente – não desistiria facilmente.
Na verdade eu já fiz isso... Já lutei por você.
– E ganhou! – Bella exclamou dando a volta na cadeira para se sentar no colo de seu noivo
taciturno. Enlaçando-o pelo pescoço, sorriu. – E sempre ganhará!
Edward sabia que sim, quanto àquilo não tinha mais dúvidas, mas entre saber e sentir havia uma
larga e perturbadora distância. Nem mesmo a breve satisfação em afrontar Emmett o acalmava. De
fato aquela partida estava muito fácil, mas não desejava remoer sua duvidosa veracidade naquele
momento. Precisava de uma pausa então, convertendo sua aflição em desejo, segurou sua mulher
pela nuca e a beijou com a fúria que ameaçava parti-lo ao meio.
Bella correspondeu ao ataque afoito com a mesma paixão, segurando seu vampiro fortemente pelos
cabelos enquanto as línguas se exploravam mutuamente; os primeiros rosnados sufocados no peito.
– Arrumem um quarto, afinal aqui ainda é local de trabalho.
Apesar do gracejo comum a voz não continha qualquer entonação de pilheria; era dura e
repreensiva. O casal se separou em alerta e para consternação de Edward, Isabella saltou muito
pronta para se colocar entre a mesa dele e o recém-chegado que permanecia a porta. O susto durou
o milésimo de segundo que demorou em focalizarem o recém-chegado que os encarava seriamente.
– Jasper! – exclamaram quase em uníssono.
Edward ensaiou um sorriso e imediatamente se pôs de pé, enquanto Bella – mesmo sem ter tamanha
intimidade – se adiantou para abraçá-lo.
– Estou feliz que tenha voltado! – quando foi envolvida pelos braços dele, acrescentou. – Sentimos
tanto a sua falta!
– Folgo em saber. – Jasper lhe sorriu afetuoso ao afastá-la. Por um segundo perscrutou-lhe o rosto. –
Você está muito bem! Tornou-se uma bela vampira Isabella. Bem vinda ao nosso mundo!
– Obrigada! – após agradecer, agitou-se. – Alice já o viu? Ela vai enlouquecer... Ela esteve muito
triste esses dias...
– Não a encontrei onde a deixei. – disse sério, voltando o olhar para Edward. – Sabia que vocês e
encontrariam e cuidariam dela durante minha ausência.
– E para onde você foi? – Edward perguntou sem sair do lugar; sentia um distanciamento incômodo
mesclado ao alívio em ter o amigo de volta. Isso somado ao resquício de tensão o deixava ligado.
Ignorando-o, Jasper tocou o ombro de Bella.
– Sei que minha Alice está aqui. Poderia ir buscá-la?
– Está tão sério. – ela observou. – Não vão brigar, não é?
– Não! - Jasper garantiu.
Indecisa Bella olhou na direção do noivo. Edward apenas lhe acenou afirmativamente com a
cabeça, deixando sua mesa para se aproximar. A vampira ainda olhou de um ao outro e então se foi.
– Agora vai dizer onde esteve esses dias? – Edward perguntou colocando as mãos nos bolsos.
– Acredito que não lhe deva nenhuma satisfação. – Jasper falou indiferente. – O importante é que
todos nós estamos bem e que estou de volta pronto para assumir minhas funções. Agora que Isabella
é imortal muitos dos problemas deixarão de existir. E tenho certeza de que esses dias de
afastamento em nada alteraram meu trabalho.
Edward cerrou o cenho e o analisou. Jasper estava estranho e arredio; tentando encobrir certo
nervosismo sob frieza. O vampiro apenas poderia crer que a postura era resultado do rancor que
pudesse estar sentindo então, na tentativa de evitar que o clima persistisse, falou.
– Devo lembrá-lo de que deve sim, satisfações a mim. Contudo vou relevar se não quiser dizer
aonde foi. Alice me contou o que o fez “ir embora”, então vou me contentar que tenha voltado.
Espero que um dia possa me perdoar. Até lá, apenas saiba que lamento.
Jasper o mediu sem nada dizer. Após alguns segundos, Edward soube o que viria e não se moveu
um milímetro. O soco que atingiu seu maxilar veio carregado de tamanha raiva que cambaleou. O
vampiro bem o merecia, por essa razão dignamente endireitou os ombros sem se defender.
– Se é assim, então também saiba que esse foi por ter tentado seduzir Alice quando nos casamos. –
Jasper o atingiu novamente, quebrando-lhe o osso. – E esse por se atrever a repetir convites
indecentes mesmo nos dias de hoje.
– Sente-se melhor agora? – Edward perguntou sem rancor após novamente vacilar e endireitar os
ombros, tentando ignorar a dor latejante.
– Bem melhor! – Jasper afirmou muito sério.
– Jazz!
Ouviram a voz de Alice que irrompeu sala adentro. Num único salto ela se atirou nos braços do
marido que havia se preparado para recebê-la. Bella fechou a porta sorrindo enlevada com o
reencontro, porém seu enternecimento se esvaiu ao ver o rosto ferido de seu vampiro. Praticamente
se materializou ao seu lado e tocou face marcada.
– Mas o quê...? – começou e se calou. O entendimento a atingiu como um raio e antes que qualquer
discernimento a fizesse ponderar, seu peito protestou enquanto vociferou acusadora na direção do
casal. – Você me disse que não iam brigar e “bateu” nele?!
– Foi menos do que Edward merecia. – Jasper disse inabalável, abraçando Alice pela cintura.
– Não tinha esse direito! – ela insistiu, dando um passo a frente, rosnando enraivecida.
– Não Isabella. – Edward a fez parar, segurando-a pelo ombro.
– Ele bateu em você! – ela o olhou; incrédula. – Machucou você!
– Como Jasper disse, eu mereci. – lembrou-a com uma calma que estava longe de sentir.
– Mas... – ela se sentia confusa.
Entendia e até mesmo concordava, pois a falta de Edward era grave. Uma das razões em se manter
distante não fora justamente por estar magoada e desejar que ele enxergasse seu erro e se
desculpasse? Sim, mas vê-lo de fato machucado era demais. Cegava-a.
– Agradeço que me defenda Isabella. – Edward lhe acariciou o rosto; estava até mesmo orgulhoso,
ainda que preocupado. – Mas a intempestividade sobre o que se refere a mim pode se tornar um
problema, meu amor. Seja ponderada em todos os sentidos. Sabe que não quer brigar com Jasper.
Edward tinha razão. Calando seus rosnados, tocou seu ferimento delicadamente, sentindo seu
coração doer pelo fato de seu sangue não ser mais útil para recuperá-lo. Sabia que ele logo se
regeneraria, contudo a certeza não atenuava. Com sua preocupação estava também um leve
constrangimento por ter se rebelado contra Jasper tão facilmente quando se mostrou tão controlada
desde sua transformação. Após um suspiro resignado, encarou-o.
– Perdoe-me.
– Não há a necessidade. – ele disse calmamente. – Qualquer um de nós agiria da mesma forma caso
visse quem ama ferido.
– Mas foi só isso, não é? – ela indagou séria. – Não vão mais se bater, espero.
– Estamos bem agora. – Edward garantiu seguro; conhecia o amigo.
– Fale por você. - Jasper retrucou ainda sério.
O líder o encarou confuso. Não havia mais motivos para continuar arisco. Sentindo a agitação de
Isabella, o vampiro a enlaçou pela cintura, na tentativa de acalmá-la.
– Ainda tem algo a me dizer Jasper? – perguntou na defensiva. Não o reconhecia.
– Quero apenas ir para minha sala e retomar meus afazeres. – disse seco.
– Pois eu acho que devemos conversar. – Edward insistiu. – Não sabemos nada do que aconteceu
com você e...
– Ainda não vi os outros. – Jasper o cortou. – James ou Emmett.
– Emmett nos deixou. – Alice anunciou rapidamente.
– Como assim “nos deixou” – perguntou surpreso, diretamente para Edward.
– Ele foi embora. Saiu da sociedade e deixará a cidade.
– Justamente agora?! – o amigo não ocultou sua admiração.
– Sim, agora... – Edward afirmou, olhando-o avaliativo. – Sério Jasper, qual é o seu problema?
– Deixe que eu converse com ele Edward. – Alice pediu tentando levar o marido em direção a porta.
– Eu prefiro é saber se ainda tem algo contra Edward. – Bella falou encarando o vampiro que os
olhava agora incerto, sem se mover do lugar. – Não vou me voltar contra você, mas também não
vou deixar que encoste um dedo nele novamente. Contente-se com o que fez até aqui.
– Não vai acontecer... – Jasper confirmou e perguntou cauteloso para a vampira. – Sabe por que o
agredi?
– Sim, ela sabe. – Edward respondeu por sua noiva. – Assim como eu, descobriu quando
encontramos Alice.
– Então entende que isso era algo que eu precisava fazer. – Jasper disse para Bella visivelmente
livre da postura anterior. Após um suspiro resignado, acrescentou. – Estive guardando esse soco há
anos.
– Anos?! – Edward quase engasgou e, atônito, encarou Alice.
– Eu sempre lhe disse que Alice não mente Edward. – Jasper respondeu por sua esposa ao
complemento mudo contido na breve indagação. – Estava inferido que também não omite. Eu
sempre soube de sua insinuação.
Com a revelação a dor física se tornou nula e seu embate com Aro pareceu nada se comparados à
vergonha que o acometeu. Ante ao olhar seguro do amigo, o vampiro se sentiu como alguém pego
em falta recente, indigno até mesmo de tocar sua noiva, então se afastou.
– Não tenho palavras para descrever o quanto lamentei. O quanto lamento... – Edward se corrigiu –
por tamanha canalhice para com vocês que nunca foram menos do que minha família. Jasper, eu...
– Pare Edward! – o amigo o deteve quando tentou se aproximar. – Deixe-lhe esses socos, pois o
homem e marido que há em mim os guardaram por muito tempo, mas não há a necessidade de se
desculpar quando o “amigo” jamais se surpreendeu com sua investida. Como o primeiro membro
desta família, conheço-o mais do que a qualquer outro. Esperei que nunca acontecesse, mas estava
preparado para o dia que fosse assediar Alice.
Edward sentiu sua cara cair ao chão. Ouvir o relato sobre seu comportamento baixo e previsível o
reduziu a um molestador compulsivo. Como era possível que tivesse desperdiçado seu tempo sendo
tão inconsequente?
– Essa é mais uma razão para me desculpar. – disse com o resto de dignidade que ainda possuía. –
Por ser um amigo inadequado do qual se espera atitudes menores.
– Apenas amigo Edward. – Jasper lhe estendeu a mão. – Apenas amigo.
– O mais sortudo por ter um como você ao lado. – Edward apertou a mão estendida e, mesmo ainda
receoso com a postura anterior, puxou-o para um abraço. – Estou feliz que esteja de volta!
Bella se sentou sobre a mesa satisfeita com a cena; ao que parecia, estavam bem. Alice se manteve
calada até que Edward afastasse o amigo e a provocasse.
– Você é uma criaturinha má! Deixou-me acreditar que Jasper não sabia por todos esses anos.
– Encare o temor de ser descoberto como castigo. – retrucou altiva, enquanto Jasper ria pela
primeira vez após seu retorno e novamente a abraçava pela cintura. – Se lembrasse que não minto
não teria sofrido tanto.
– Corta essa Alice! – Bella se intrometeu. – Mentiu para mim dizendo que me deixaria quando
descobri sobre vocês e na verdade ficou no apartamento ao lado todo o tempo.
– E fez o mesmo comigo ao dar a entender que Isabella havia morrido no Central Park. – Edward
acrescentou erguendo uma sobrancelha, desafiador.
– Isso não foi mentir. – Alice deu de ombros. – Em ambos os casos considerei como um blefe
necessário.
– Por falar naquela noite... – Bella encarou Jasper que ainda sorria do gracejo da esposa. – Já que
tudo parece estar bem entre nós, poderia deixar para voltar ao trabalho depois e nos dizer o que
aconteceu? Até onde sabemos você saiu à caça de Senna e o quê?
– Eu não sei se devemos falar sobre isso agora. – Jasper pareceu subitamente tenso.
– Não há hora melhor que agora. – Edward cruzou os braços e se recostou contra a mesa, ao lado de
Bella. – Quero entender o que aconteceu. Para onde foi e por quê?
– Não basta eu estar de volta? – indagou visivelmente incomodado. E olhando na direção da porta,
acrescentou. – Ainda não acredito nessa viagem de Emmett... E tem James também.
– Emmett nos deixou de verdade. – Alice reafirmou.
– Estou achando isso muito estranho... – ele uniu as sobrancelhas.
– Tem algo sobre ele que você ainda não sabe. – ela disse, afastando-se.
– O quê? – Jasper olhou consternado para cada rosto.
– Eu acho que você sabe a resposta. – Bella opinou segura. Poderia ser um tiro no escuro, mas a
agitação do advogado reacendia a desconfiança de quando partiu, antes de ser “informada” sobre os
motivos que alegou para ir embora. Se Jasper sempre soube do assedio de Edward, havia deixado
Alice por outra razão. Quando todos a olharam indagadores, ela perguntou ao advogado. – Você
descobriu o mesmo que nós não?
– Prefiro que digam primeiro.
As palavras eram a confirmação de que Isabella estava certa. Edward descruzou os braços para
correr as mãos pelos cabelos, exasperado.
– Descobrimos que Emmett é Aro. – disse por fim.
– Acho que não é seguro conversarmos sobre isso aqui. – Jasper novamente olhou para a porta. –
Talvez devêssemos subir para onde “outros” não possam entrar.
– Está desatualizado meu amigo. – Edward falou com debochado pesar. – Não há lugar seguro para
nós, mas essa é outra história... Estamos bem aqui, então apenas confirme.
– Eu tenho o direito de saber. – Alice se afastou ao ver o marido ainda hesitar. – Fiquei todos esses
dias sem notícias. Morrendo aos poucos sem entender por que havia ido embora com uma desculpa
tão esfarrapada. Se um dia voltaria ou...
– Shhh... – ele a calou, puxando-a para um abraço. – Perdoe-me por fazê-la sofrer, mas não
consegui pensar em nada melhor. – e para Edward falou. – Já que é do conhecimento de vocês,
sim... Isabella está certa. Descobri sobre Emmett na noite do feriado.
– Foi Senna quem lhe contou? – Edward perguntou irritado por seu amigo também tê-lo deixado de
fora.
– Não. Foi o próprio... Eu estava prestes a capturar a vampira quando Emmett apareceu. Inocente,
fiquei feliz em ter ajuda, porém o que ele a defendeu. Quando me paralisou pensei que seria
eliminado. Ao invés disso Emmett se apresentou como sendo Aro Volturi. Imediatamente viu em
minha mente o que eu sabia sobre ele e confirmou confessando que se aproximou para tomar sua
vida, mas que havia mudado de ideia e desejava vingança. Contou de onde veio... Vangloriou-se do
quanto era antigo e forte. Disse que nunca teríamos força para derrotá-lo, mas que eu seria poupado
se me tornasse seu aliado.
– Desgraçado! – Edward vociferou.
– Evidente que me neguei. Preferia a morte!
– Jasper... – Alice murmurou. O marido acariciou seu rosto e prosseguiu, falando diretamente para
Edward.
– Foi então que ele questionou nossa amizade e sua fidelidade. Quando repliquei que você jamais
me trairia Emmett me colocou a par das suas canalhices para com Alice. Esse assunto sempre me
aborreceu então ele confundiu meu pensamento irritado com rancor contra você. Quando percebi
sua confusão, usei isso em meu favor e prometi pensar, dizendo que você não merecia minha
lealdade.
– Nada mais do que a verdade, por isso ele acreditou. – o vampiro comentou intimista, mais uma
vez envergonhado. Emmett tinha bons motivos para invejá-lo.
– Acredito que sim... De toda forma, minha promessa o deixou bem confiante. Emmett me deu
alguns dias para tomar minha decisão e me libertou. Eu não soube o que fazer somente tive a
certeza de que ainda não poderia revelar o que descobri.
– E por que não? – ele não entendia.
– Estávamos em maior número, Edward, mas ele tem mesmo a vantagem... Para que não soubessem
do nosso encontro mergulhei na lagoa antes de voltar para encontrá-los. Imaginei que Emmett não
se importaria se eu limpasse o parque, afinal o segredo é de todos nós.
– Então foi você que...? – Edward deixou a pergunta em aberto; já havia sido entendido.
– Não. – respondeu. – Quando voltei havia policiais por todo o lado, então só me restou ir embora.
Não tinha tempo a perder. Perambulei um pouco pelas ruas até decidir sair da cidade com Alice.
– Por isso chegou molhado e estranho, apressando-me para viajarmos. – disse Alice.
– Em Sterling Forest eu decidi o que faria, então usei o tempo longe para exercitar minha “raiva”
contra você Edward. Caso tivesse que cruzar com Emmett novamente, queria que ele acreditasse em
minha possível adesão.
– Até aí tudo bem. – o vampiro mais velho novamente cruzou os braços. – Mas vocês não se
encontraram mais, não é?... Você deixou Alice e partiu. Por que e para onde foi?
Antes que respondesse, ouviram batidas incertas na porta fechada. Falavam baixo e não havia a
possibilidade de serem ouvidos por humanos, ainda assim Edward se aborreceu. Não queria ser
interrompido, mas estavam no escritório então não havia muito a fazer.
– Entre. – liberou irritado.
– Perdoe-me por interrompê-los senhor Cullen. – começou Mario, que sorriu timidamente para
Jasper.
– Se for breve eu perdoo. – ciciou.
– É o mesmo problema de antes senhor... Todos viram a saída do senhor McCarty e alguns estão
novamente preocupados... A senhora Whitlock disse a Barbra que ele está fora, então...
– Então eu tenho a mesma resposta de antes. – ele o cortou duramente. – Não há com o que se
preocupar. McCarty está fora, mas nós estamos aqui. Diga isso a todos e, por favor, não nos
interrompa novamente. Se for tudo pode ir.
O homem estava prestes a fechar a porta quando Bella o parou, descendo da mesa.
– Espere.
Mario a encarou e então baixou o olhar. Edward não gostou de suas reações, nem entedia o que sua
noiva poderia desejar com o mortal. Antes que a interrogasse, Isabella murmurou para que somente
os vampiros ouvissem.
– Se beber um pouco de sangue seu queixo se curará mais rápido.
Edward nem ao menos se lembrava do osso partido. Esteve tão concentrado nos modos estranhos e
depois no relato do amigo que a dor se tornou menor. Contudo ao ser lembrado seu queixo ainda em
lenta recuperação novamente latejou. Sabia das restrições de Jasper então o procurou com o olhar.
– Vá em frente. – o amigo disse dando de ombros. – Entendo a necessidade e sei que não vai matá-
lo.
– Mario, entre e feche a porta. – Edward ordenou.
Quando seu funcionário o atendeu, o vampiro já se encontrava ao seu lado. Este não teve tempo de
qualquer reação. Em choque viu seu patrão se curvar e mordê-lo logo acima do colarinho. Edward
bebeu pouco, o suficiente até que sentisse seu queixo recuperado, então lambeu a pele daquele que
o serviu. Ao descobrir os olhos vidrados, novamente ordenou.
– Esqueça o que fiz e volte ao trabalho. – acrescentou ainda. – Demonstre confiança e ajude seus
colegas a sentirem o mesmo. Não quero que venha interpelar-me novamente.
– Sim, senhor.
– Agora vá.
Ao fechar da porta, Edward voltou para junto de sua noiva que o recebeu sorridente, com certeza
por vê-lo recuperado. Havia também desejo nos fundo de seus olhos. Agradecido, beijou-a
brevemente.
– Obrigado! – murmurou sobre seus lábios. Depositando mais um beijo fugaz em seus lábios, ela
correu o dedo pela pele já incólume e sorriu.
– Assim está bem melhor... – para Jasper pediu. – Desculpe-me por interrompê-lo.
– Tudo bem!
– Então já que estamos todos bem. – Alice interveio. – Conte de uma vez para onde foi.
– Bom... Eu estava disposto a guardar algumas coisas para mim. Tentaria enganar Emmett não
pensando em nada importante, até que fosse seguro. Diria que fui pesquisar somente para confirmar
sua história e o deixaria acreditar em minha ligação com ele... .
– Estava mesmo disposto a me deixar acreditar nessa traição? – Edward questionou estupefato.
– Estava disposto a qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. – o amigo assegurou inabalável. – Nunca
passamos por nada parecido.
Edward olhou o amigo e sua noiva; os dois tiveram o mesmo pensamento protecionista. Talvez
devesse ser-lhes grato pelo pronto sacrifício, mas apenas pôde se sentir irritado e diminuído. Como
Emmett poderia reconhecer sua liderança se até mesmo os seus não confiavam em sua supremacia?
Sufocando os ecos das palavras que ouviu do rival, calou qualquer resposta e disse.
– Até que se prove o contrário, Emmett está de partida, então pode nos contar tudo o que fez. Diga
para onde foi.
– Para a Grécia.
– Grécia? – Edward estranhou, porém logo se lembrou da carta de Zafrina. – Era lá que “Aro” vivia
antes de fugir para Roma.
– Ele não me disse nada sobre ter fugido. – Jasper falou. – Mas contou que foi onde passou grande
parte de sua existência, então me ocorreu procurar por informações sobre ele onde considerei ser
seu lugar de origem.
– Mas onde na Grécia? – Bella perguntou para ele, porém com os olhos fixos em Edward. Estava
mesmo interessada em saber dos passos de Jasper, mas naquele momento a súbita rigidez de sua
postura a preocupava mais.
– Ele disse um nome. – o marido da amiga esclareceu, chamando sua atenção. – Celetrum.
– Nunca ouvi falar. – Edward comentou sucinto.
– Também não. – Jasper prosseguiu. – Mas quis arriscar. Depois que deixei Alice, pesquisei e
descobri que hoje a cidade se chama Kastoria. Para minha sorte é pequena. Foi exaustivo, mas
depois de vagar pelas ruas por quase duas noites inteiras, cruzei com um vampiro.
– Quem? – diante daquilo, Edward deixou sua consternação, alerta.
– O nome dele é Caius Volturi.
– Conheceu o vampiro que acolheu Emmett? – Bella desceu da mesa, excitada com a informação.
– Como sabem disso? – foi a vez de Jasper estranhar.
– Como lhe disse você está desatualizado nos acontecimentos dos últimos dias. Depois lhe
contamos. – Edward retrucou impaciente. – Apenas prossiga.
– Tudo bem!... – se voltando para Bella, Jasper fez como pedido. – Sim, ele me disse exatamente
isso. Que acolheu Aro e deu-lhe um nome. Falou que o fez porque ele era parte de uma mesma
linhagem, pois tinha um dragão que o marcava, assim como ele... Assim como você Edward.
– Pois é. Ligados por uma porcaria de símbolo. – vampiro desdenhou e ansioso indagou. –
Conheceu apenas Caius? E Marcus?
Segundo a carta de Zafrina esse seria o vampiro disposto a comprovar a veracidade da maldição.
Seria útil ter alguém tão temerário quanto ele próprio como aliado. Esperou pela resposta
expectante, contudo antes que Jasper dissesse alguma coisa todos ouviram os passos e vozes na
antessala.
– Inferno! – o advogado exclamou irritado. – O que querem agora?
– Acho que é um de seus clientes. – Alice falou, encolhendo os ombros levemente. – Esqueci de
avisar que viriam...
– Despache-os. – Edward ordenou. – Remarque para amanhã, mas faça alguma coisa.
Assumindo a postura da secretária, Alice se foi sem qualquer palavra.
– Pode continuar. – disse para o amigo. Se Jasper pensou em esperar pela volta da esposa, nada
falou. Após um instante de hesitação, finalmente respondeu.
– Não conheci esse. Fui convidado a ficar com Caius em seu castelo nos arredores de Katoria e lá
fui apresentado apenas a outro vampiro chamado Laryn. Esse que você perguntou nem mesmo foi
mencionado. – talvez por ver a consternação explícita que cruzou a face do vampiro, Jasper
indagou. – Qual o problema? Quem é esse Marcus?
Edward não respondeu. Intrigado contornou a mesa para ocupar sua cadeira. Coube a Bella
esclarecer. A vampira contou o que soube através da carta de Zafrina. O acolhimento por parte dos
Volturi, os nãos de convivência, a traição e a fuga. Então concluiu.
– Marcus os caçou. Ao encontrá-los matou a esposa traidora e teria feito o mesmo com Aro caso
não tivesse fugido.
– Justamente por isso que não faz sentido ele nem ter sido mencionado. – Edward finalmente falou
para nenhum dos dois em especial.
– Pronto. – Alice voltou à sala. – Eles voltarão amanhã.
Seu patrão apenas lhe acenou com a cabeça. Toda sua atenção voltada à resolução daquele mistério.
– Tudo bem! Vamos esquecer Marcus por um instante e focar em Caius. – Bella sugeriu. – Então
Caius não mencionou Marcus, mas ao menos falou alguma coisa relevante que possa nos ajudar?
– A meu ver sim. Ele já sabia sobre os desaparecimentos. Não demonstrou nenhum antigo rancor,
mas se mostrou muito irritado ao descobrir que eram obra de Aro e suas esposas. Ele acreditava ser
coisa de um vampiro novo, estava acompanhando sua movimentação pelos noticiários
internacionais e já planejava uma viagem aos Estados Unidos para averiguar e talvez instruir o
novato. Tentei encorajá-lo a vir, mas ao saber do que se tratava ele desistiu. Para Caius somos
capazes de resolver o problema, pois com a transformação de Isabella estamos em igualdade
numérica.
– Igualdade?!... Você falou para ele que eu também tenho a marca? E o poder de Aro? – Bella
dividiu a aflição de Edward. – Ele é um vampiro milenar, experiente... E apesar de nossa força nada
podemos contra ele. Descobrimos que por sermos marcados não podemos destruí-lo senão também
morremos. Caius não disse nada a esse respeito?
– Sim. E o que falou foi o que considerei mais importante ocultar de Edward e Emmett até que
fosse seguro.
Ligados pela tensão, Bella e Edward prenderam a respiração.
– Tenha misericórdia Jasper e conte de uma vez. – o vampiro murmurou rouco, novamente sentindo
seu corpo tremer.
– Caius não espera que matemos Aro e sim restauremos a ordem, pois não lhe agradava irmãos de
estirpe tirando a vida uns dos outros. Foi quando citou a “beleza” da maldição que os resguardava...
Para ele é como um código de paz obrigatória, afinal a união é o melhor caminho. Mas disse
também que manter nosso segredo é o primordial e que se realmente fosse preciso você seria o
indicado para eliminar Aro.
– Como assim? – Bella igualmente tremia. – Edward pode morrer!
– Segundo Caius essa possibilidade é nula.
– Ele disse isso? – a vampira insistiu; ainda não podia crer. – Disse com todas as letras que Edward,
mesmo sendo marcado, poderia destruir Emmett? O que o diferencia?
– Com todas as letras Isabella. – repetiu. – Caius deixou claro que estão sujeitos à maldição
somente vampiros com símbolos semelhantes de igual procedência. O de Aro veio em seu
nascimento o de Edward em sua morte.
– Mas então...? – ela sentia o corpo dormente. Ainda incrédula procurou Edward com o olhar e
sussurrou quando ele o sustentou com o cenho franzido. – Sou eu... Eu não posso...
– Vampira desgraçada! – Edward vociferou, cortando-a já se pondo de pé. Sentindo-se sufocar
afrouxou o nó de sua gravata. – Por que aquela cretina não deixou essa informação na maldita
carta?
– Acalme-se Edward. – Bella pediu, preocupada que alguém pudesse ouvi-lo.
– Acalmar-me?! – ele retorquiu irritado. – Por conta desse pequeno “detalhe” eu o deixei ir
embora... Eu podia... A essa altura ele estaria...
Edward se calou exasperado e foi até suas bebidas. Depois de despejar uísque num dos copos o
entornou de uma só vez. Nenhum dos vampiros presentes se atreveu a dizer qualquer palavra.
Deixaram que ele se colocasse diante da parede de vidro e bufasse enraivecido até que silenciasse.
Ainda com Edward a dar-lhes as costas, Bella se aproximou lentamente.
– Edward. – começou sem tocá-lo. – Ela não sabia.
– Não acredito que vai defender Zafrina. – o vampiro retrucou sem deixar de olhar a cidade aos seus
pés. Aro ainda estava nela.
– Não estou defendendo e sim deduzindo o óbvio. Nem mesmo Emmett sabe desse “detalhe” como
chamou. Se ele soubesse dessa diferença já teria tentado lhe matar. Essa informação nem mesmo
nos coloca em vantagem.
– Acho que isso é algo que nunca teremos; vantagem. – ele escarneceu finalmente a encarando. –
Mas não me importo. Vamos ver se o imperador pacifista está certo bem agora.
Edward não poderia enfrentar Aro, seria possível que não percebesse? Bella pensou alarmada.
Quando ela se agitou, ele acrescentou.
– E não se atreva a me deter, Isabella. Por assimilar seus medos e as crendices de Emmett deixei
que ele saísse vivo daqui. Não quero mais ninguém tomando as decisões por mim ou me dizendo
como agir. Agradeço o sacrifício que se propõem a fazer, mas tanto você, quanto Jasper... E até
mesmo você Alice, precisam se lembrar que eu sou o líder aqui. Toda e qualquer descoberta tem que
ser dita a mim sem hesitação. Juntos nós decidiremos o que fazer, mas eu dito a ação. Não quero ser
poupado, excluído nem mesmo castigado como se fosse um moleque. Quem quiser vir comigo que
venha, mas hoje essa estória tem um fim.
– Edward, eu não acho boa ideia tomar qualquer atitude assim, nervoso como está. – Jasper tentou
dissuadi-lo. – Vocês me disseram que Emmett foi embora, então por que...
O advogado se calou quando Bella sinalizou uma negativa com a mão erguida e então para que
esperasse. Voltando a olhar para seu noivo, sentindo o rancor em cada palavra e vendo a decisão em
seu olhar duro, falou com uma tranquilamente que não sentia.
– Não vou impedi-lo de sair se for o que determinar e o ajudarei se assim quiser.
– Prefiro que você e Alice fiquem aqui. Jasper pode ir comigo.
– Não vejo a necessidade de luta já que foram embora, mas se é o que quer... – disse o amigo
resoluto.
– Eu não vou ficar longe de você novamente. – Alice segurou a mão do marido, decidida.
– Também não ficarei para trás, Edward. – sua noiva falou firme.
Edward sabia que nada poderia para obrigá-la a não se colocar em perigo. Nem seria correto visto
que Jasper e Alice o seguiriam. Então, sufocando sua preocupação, beijou-a na testa e tomou-lhe a
mão. Talvez se corressem alcançassem Emmett ainda em seu apartamento. Mesmo antecipando os
movimentos e com a ajuda de Senna, ele nada poderia contra os quatro. Tentou fazer Isabella se
mover, porém ela não cedeu um milímetro. Quando a encarou, irritado por ela descumprir sua
palavra, ela falou.
– Vou para onde determinar, basta você me dizer que ir à caça de Aro é mesmo o que deseja. – antes
que Edward confirmasse sua decisão, a vampira se colocou nas pontas dos pés e, como se fosse
beijar-lhe a face oculta aos seus amigos, sussurrou muito baixo em seu ouvido. – Apenas se lembre
de “tudo” o que aconteceu ontem.
Então ela o encarou e esperou. Edward sabia que Jasper ou Alice não ouviram seu conselho. Por um
instante ele cogitou reafirmar seu discurso e sair, porém fez o que Isabella discretamente sugeriu.
Ao entender seu recado, endireitou os ombros e falou sem desviar os olhos verdes dos dela.
– Pensando bem, acho que Jasper tem razão. – disse seguro. Mesmo contrariado, entendia que saber
recuar era também atribuições de um bom líder. – Emmett foi embora, então o melhor que temos a
fazer é cuidar de nossa vida.
– Tenho razão? – Jasper perguntou enquanto Bella suspirava aliviada.
– Por que o espanto? – Edward retrucou, voltando a se sentar, mesmo que sua vontade fosse sair
correndo até que toda a força que corria nele se esvaísse. – Invariavelmente você a tem.
– Não sei o que o fez mudar de ideia. – disse olhando para Isabella de esguelha. – Mas acho que
tomou a decisão correta.
– Obrigado. – Edward ruminou o agradecimento. Quando sua noiva o cercou, Edward deixou sua
cadeira para servir-se de mais uísque. – Já que não vamos a lugar algum e estamos livres de
Emmett, acho que poderíamos mesmo retomar nossas vidas.
– O que quer que façamos? – foi Alice quem perguntou.
Edward não respondeu de pronto. Olhou para todos e então disse a Jasper.
– Agradeço pelo o que fez. Pena que o sofrimento de Alice e seu esforço tenha sido em vão.
– Edward...
– Acho que você e sua esposa têm muito a conversarem, Jasper. – ele o cortou dando um gole em
sua bebida. – Cancele o que mais tiver agendado para hoje e vá com ele para casa Alice. Conte-o
tudo o que aconteceu aqui nos seus dias de ausência.
– Mais tarde conversamos. – o amigo insistiu. – Tenho muito a lhe falar...
– Amanhã então. – Edward retrucou. – Por hoje estou farto desse assunto.
Antes que saíssem o vampiro novamente lhes deu as costas e voltou a olha a cidade. Quando ouviu
a porta ser aberta e fechada, sem mais nenhuma palavra ser dita, tomou um novo gole e falou para
sua noiva.
– Gostaria de ficar sozinho.
– Edward me desculpe, mas eu tinha que lembrá-lo. – Bella pediu aflita. – Sei como se sente.
Também não confio nessa mudança de planos repentina de Emmett. Queria que tudo fosse
diferente, mas a verdade é que não temos opção. Depois do que aconteceu ontem, saber que pode
matá-lo não muda muita coisa.
– Claro que não muda. Aro saberia tão logo me viesse e ficaria livre para me paralisar e se valer da
informação.
– Justamente. – ela estremeceu e se colocou as costas dele. Queria tocá-lo, mas não desejava indicar
que lamentava por sua limitação. – Eu ficaria sozinha para defender a todos e ainda teria que lidar
com Senna. Sabe o quanto adoraria medir forças com ela, sinto que seria capaz de matá-la, mas não
poderia dar conta de tudo sozinha. Aro os mataria antes que eu fizesse alguma coisa. – descrever a
cena lhe deu coragem para abraçá-lo e antes que Edward pudesse se mover o enlaçou pela cintura.
Mesmo que não a sentisse trêmula, Edward sabia que estava apavorada e se recriminou por sua
intempestividade. Deveria ter pensado em todos aqueles detalhes sem que fosse preciso que ela lhe
soprasse ao ouvido. E era esse ponto que mais o exasperava. Queria manter sua posição,
esbravejava, mas ainda era falho. Sem tocá-la, virou o restante do uísque em sua boca e pediu.
– Deixe-me só Isabella.
– Vamos conversar. – ela pediu afundando o rosto nas costas largas.
– Por favor.
O tom decidido a fez recuar. Em momento algum Edward retribuiu seu abraço, nem mesmo tocando
suas mãos como normalmente faria. Ele estava estranho e ela sabia que motivos para tanto ele
possuía aos montes, então achou por bem atendê-lo. Parando ao seu lado, tocou-lhe o rosto taciturno
e o voltou em sua direção. Ao ter os olhos verdes, duros e frios, nos seus, avisou num murmúrio.
– Estarei na cobertura.
Após um beijo leve, onde somente atuaram os lábios dela, Bella o deixou. Fechou a porta atrás de si
com o coração pequeno, contudo tentou não se deixar abalar. Edward ficaria seguro e no momento
essa certeza era o que importava; todos estavam. Ainda havia impedimentos, mas ao menos –
intimamente – ela deveria se sentir satisfeita por descobrir que Edward não estava preso a nenhuma
maldição.
Sim, havia ainda a desconfiança quanto à súbita partida de Aro, mas talvez ele em sua loucura e
próprio temor os surpreendesse e de fato partisse, afinal era óbvio que “ele” não sabia do detalhe
que também o liberava para a ação. Se o improvável acontecesse, poderiam seguir com suas vidas
em paz.
Enquanto subia pelo elevador particular ruma à cobertura, Bella rogou para que Edward seguisse a
mesma linha de raciocínio e se libertasse definitivamente da tensão que os envolveu nas últimas
semanas. A vampira pedia ainda, que ele a perdoasse juntamente com os amigos por tentar protegê-
lo. Caso comparasse a ação de Jasper com a sua, Bella teria certeza que ele também não pensou que
estaria colocando a liderança de Edward em segundo plano. Seu noivo tinha que ver a diferença e
desarmar-se.
Ainda com esse último pensamento Bella sentiu o elevador perder força, parar e abrir as portas no
hall da cobertura. Já daquele ponto sentiu o cheiro e ouviu a movimentação no apartamento, porém
eriçou-se somente para relaxar no segundo seguinte. Foi com certo receio que entrou e procurou por
quem perambulava pelo andar superior. Sabia que iria encontrá-la, contudo o susto causado na
empregada igualmente a fez sobressaltar-se.
– Credo senhorita Swan! – Irina exclamou lívida, abraçada às toalhas que ela e Edward haviam
deixado no banheiro. – Não a ouvi chegar!
– Perdoe-me. Não queria assustá-la. – Bella falou perscrutando-lhe o rosto. – O que faz aqui?
– Sei que agora tenho que tratar os dias de vir com a senhorita, mas achei que poderíamos fazer isso
hoje.
– Não... – a vampira apressou-se em dizer. – Fique a vontade para vir nos mesmo dias de antes.
Apenas queria saber se está bom disposta para o trabalho, pois parece abatida. .
Bella sentia um leve remorso por se saber ser a causadora da palidez e também alguma culpa por
salivar ao se lembrar do quanto o sabor do sangue de Irina é agradável. Engolindo em seco recuou
um passo, evitando olhar a veia pulsante visível acima da gola do casaco.
– Obrigada por reparar e pela preocupação. – a mulher encolheu os ombros, agradecida. – Estive
mesmo doente durante o final de semana, mas desde ontem me sinto melhor.
– Se é assim, fique a vontade para voltar ao seu trabalho. – disse dando meia volta para descer até o
escritório particular de Edward.
– Senhorita. – Irina a fez parar. – Seria indiscrição de minha parte perguntar o que aconteceu com a
piscina e a cama?
– Não seria. – Bella assegurou contendo um sorriso, ainda assim acrescentou valendo-se de seu
poder de indução. – Contudo não dê importância às coisas estranhas que venha a vir ou ouvir aqui.
Apenas cumpra sua função. - então, lembrando-se da experiência com Carmem, recomendou. - E o
mais importante. Não abra a porta para ninguém, nem mesmo para quem conheça.
– Sim senhorita. – sem mais palavras, passou ao largo de Bella e desceu abraçada às toalhas.
A vampira a seguiu, admirada por ainda desejar provar um pouco do seu sangue. Talvez tenha
ficado sugestionada por ela ser sua primeira vítima. Fosse o que fosse não importava. Não deveria
nem iria beber da funcionária nunca mais. Alimentar-se daqueles que não conhecia seria
fundamental para evitar problemas futuros.
De toda forma não estava com sede e tinha problemas maiores do que saciar suas vontades.
Andando de um lado ao outro deixou sua mente vagar para o escritório alguns andares abaixo. Quis
acreditar que sim, mas apenas saber que Edward estava bem não era o suficiente. Tentaria seguir
com a recomendação de darem sequência em suas vidas, mas tinha plena consciência de que
enquanto ele não estivesse completamente em paz, ela própria não teria alento.
Com um bufar exasperado, Bella se sentou à mesa e vasculhou as gavetas a procura de um bloco de
anotações ou caderno. Encontrou os dois, então escolheu o segundo e munindo-se de uma canela
esferográfica, passou a rascunhar um texto. Precisava se concentrar em algo que não fosse Edward e
simplesmente digitar não prenderia toda sua atenção. Não queria imaginar as coisas que ele estaria
pensando, nem queria atribuir o distanciamento ou a falta de um beijo a elas. Eles não poderiam
voltar à tensão anterior; não agora. Nunca mais.
Demorou, porém a técnica surtiu efeito. Após algumas divagações iniciais, a jornalista se viu
envolvida em uma nova matéria. Nem mesmo se importava que tivesse de digitar toda ela depois,
seria outra etapa para mantê-la distraída. Seu peito ainda reclamava pela demora em ter alguma
movimentação no apartamento, além da de Irina a limpar os cômodos, mas a escrita a mantinha
quieta, dando o espaço que Edward precisava para se acalmar.
Esteve tão absorta na construção do texto, que se esqueceu da presença humana na cobertura e
sobressaltou-se ao ouvir-lhe a voz.
– Desculpe-me incomodá-la, mas ligaram da portaria. Parece que têm dois homens a procurando.
– Disseram os nomes? - Bella pôs o caderno de lado, acreditando conhecer a resposta.
– Um deles é Joseph Holt. Conhece?
– Sim. Deixe que subam. - ordenou já levantando e deixando a mesa.
Sabia que estava sendo procurada por eles, mas considerou estranho que viessem ao NY Offices e
soubessem onde encontrá-la, contudo não os temia. Caso fosse alguma armadilha estaria preparada.
Por um instante cogitou usar a visita como desculpa para procurar por Edward, porém considerou
que aquele era um problema seu e que deveria ainda respeitar o espaço de seu noivo.
Impaciente, Bella perambulou pela sala enquanto ouvia o maquinário do elevador seguir seu
processo lento de descer a cabine e então tornar a erguê-la. Estava no limite da ansiedade quando
ouviu as portas se abrirem e os passos no hall. Já atrás da porta, esperou que tocassem a campainha
e contou até dez antes de abri-la.
Os homens que encontrou não condiziam com a imagem de investigadores que criou em sua mente.
Ambos não se pareciam nada com os policiais bem apessoados dos seriados de TV. Um era
corpulento e calvo, vestia um blazer xadrez de gosto duvidoso que cheirava a tacos e pimenta
mexicana. O outro era magro e bem cuidado, talvez o que se encaixasse no perfil por carregar uma
vaga altivez, mas em tempo algum lembraria um investigador. E ambos pareciam igualmente
surpresos com ela, contudo Bella sabia que sua nova condição. Ignorando o acelerar dos corações,
falou em tom de escusa.
– Lamento que tivessem que vir até aqui.
– Então sabe quem somos? - o alto altivo indagou.
– Reconheci pelo nome. - ela esclareceu sem convidá-los a entrar. - Qual de vocês é o senhor Holt?
– Apenas Joseph. - disse o mesmo estendendo-lhe a mão. Bella a analisou por um instante e
considerando seguro a apertou. Com a respiração suspensa, ele retribuiu o aperto, então expirou e
disse enlevado. - Prazer em conhecê-la Isabella Swan.
– O prazer é todo meu. - disse por reflexo, mas notou o leve estremecimento do homem que ainda
segurava sua mão. Acharia graça, caso não estivesse com problemas maiores. Eles claramente não
eram imortais nem pareciam estar sob alguma indução, mas ela não se deu ao trabalho de pedir que
entrassem. Ainda estava desconfiada com a presença deles no edifício, então sem rodeios
perguntou.
– Posso saber como chegaram até mim?
– Quem faz as perguntas aqui sou eu. – ele a lembrou num gracejo, então após uma piscadela, falou.
– Mas vou lhe dizer como a encontramos. Fomos procurá-la novamente em seu apartamento e uma
de suas vizinhas nos disse que agora estava... namorando com Edward Cullen. Ele é um advogado
famoso e sabíamos que morava aqui então apenas arriscamos o palpite já que também não estava na
redação.
Era uma boa explicação, então finalmente lhes deu passagem.
– Que bom que me encontraram. Entrem.
Não esperaram por um segundo chamado, seguindo-a de bom grado até que Bella se sentasse em
um dos sofás e indicasse o disposto à sua frente. Por um instante ela cogitou oferecer água ou café,
porém determinou que a visita deveria ser breve.
– Bom, digam o que desejam comigo.
– Estamos tentando encontrá-la há dias senhorita Swan por...
– Isabella. - o corrigiu com um sorriso.
– Isabella. – Joseph testou o nome depois de engolir em seco. Com a voz levemente rouca retomou
sua explicação. – Precisamos que nos diga como foi seu último encontro com Jared Zimmer. Fomos
informados de que foi a última a estar com ele.
– Ninguém tem como afirmar tal coisa. – ela retrucou segura. Sua imortalidade lhe dava confiança
para enfrentar o que viesse. Ainda mais quando percebia que os homens a sua frente quem estavam
intimidados. – Jared de fato me deu uma carona até meu apartamento. Essa foi a última vez que eu
o vi, mas não temos como saber se ele não se encontrou com mais alguém, os senhores não
concordam?
– Sim. – disseram em sintonia; e então somente Joseph. – Mas talvez possa nos ajudar com algum
detalhe. Alguns de seus colegas nos disseram que no dia seguinte você parecia dispersa, por vezes
irritada... Vocês brigaram?
– Não me recordo se tive alguma contrariedade, mas se a tive com certeza não foi nada referente a
Jared. Não tínhamos intimidade nem mesmo para indisposições. Eu estava na redação há apenas
quatro dias. Ele somente foi prestativo em se oferecer para me levar até onde morava ao ver meu
carro quebrado.
E foi um canalha ao atacá-la, pensou enraivecida. Passado Isabella, disse a si mesma, um passado
tão insignificante depois de tudo o que vivenciou que toda aquela conversa parecia tão inadequada
quanto era infrutífera. Ela sabia qual havia sido o destino do colunista esportivo. Contudo não o
revelaria e muito menos se deixaria ser uma das suspeitas do seu desaparecimento.
– Entendo... – o investigador prosseguiu alheio às suas considerações. – Não eram íntimos. Poderia
então nos falar sobre você? Por que não nos procurou quando sua vizinha lhe entregou meu cartão?
Ou até antes, pois sabemos que foi informada que precisávamos de seu depoimento.
Bella não se deu ao trabalho de responder, tomando nota mental de que não deveria subestimar o
lado profissional de um homem, mesmo que ele estivesse interessado. Olhando de um ao outro,
reafirmou para si que apenas perdia seu tempo, pois não era obrigada a responder a nada. Não havia
razão para que aquela conversa ocorresse, nem que ficasse ali a ser admirada e desejada enquanto
um investigador permanecia mudo e outro fazia perguntas inconsistentes baseadas em fofocas de
redação.
– Acredito que já tenha dito tudo. – falou já se levantando.
– Não Isabella! – Joseph imitou-a alarmado. – Ainda não me respondeu. Estava fugindo desse
encontro? Eu gostaria de...
– Por favor. – a vampira o cortou com um sorriso amável. – Olhem bem para mim. – ao ser
atendida, ordenou mansamente. – Os senhores já ouviram tudo o que eu tinha a dizer. Tomaram meu
depoimento, concluíram que nada tenho a acrescentar e estão satisfeitos com seu dever cumprido.
Foi um prazer recebê-los. Desculpem pelo transtorno de fazê-los vir até aqui...
– De forma alguma Isabella. – Joseph novamente se adiantou, apertando com firmeza a mão
estendida. - Agradecemos por sua colaboração.
Bella apenas lhe sorriu e apertou também a mão do investigador que parecia apenas servir de
sombra para Joseph. Após as despedidas os acompanhou até a porta. Recostada a madeira a vampira
reprimia um sorriso. Livrou-se do depoimento incômodo rapidamente, fazendo com que sua
preocupação enquanto humana parecesse patética.
Com a imortalidade herdou muitos dos problemas que cercavam a vida de Edward, mas adquiriu a
capacidade de lidar não somente com elas, como confiança para resolver o que quer que fosse.
Desde se livrar de inúteis investigações a combater criaturas imortais. Ao pensamento o sorriso
satisfeito se desfez e seu corpo estremeceu levando-a a abraçar-se; aquela última parte ela poderia
apenas supor mesmo que se sentisse muito capaz.
Olhando em volta, sentindo-se subitamente sozinha, Bella considerou o apartamento muito grande e
vazio. Não importava mais suas habilidades em se livrar de assuntos indesejados, nem o arrastar dos
pés de Irina a zanzar pela cozinha. Queria que Edward voltasse, pois a verdade era que sua força e
determinação estavam diretamente ligadas a ele; sem seu vampiro nada faria.

*********************************************************************
SPOILER...

Edward escolheu o JFK a revelia; poderia bem ter dirigido até o La Guardia, não faria diferença.
Tudo o que precisava quando seu escritório se tornou pequeno demais era sair e correr. Àquela hora
do dia não poderia, então desceu à garagem para se reencontrar com sua BMW. Deixou o NY
Offices e dirigiu sem rumo; ou foi o que acreditou até que se viu a cruzar a Brookling Bridge e
seguir na direção do aeroporto.
Emmett poderia partir de qualquer lugar – isso se partisse, o vampiro pensou descrente –, mas
gostava de imaginar que seria dali e que assistia sua decolagem enquanto os aviões ganhavam
altura. De pé, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, próximo à mureta de concreto que cercava
uma das vias de acesso ao aeroporto, Edward nem mesmo se importava com os carros que
passavam às suas costas e buzinavam em repreensão por manter o seu estacionado em local
proibido com o pisca-alerta ligado.
Na verdade nem os ouvia. Todo o som que chegava aos seus ouvidos era os das turbinas das grandes
aeronaves. Precisava daquela despedida simbólica; imaginar que seu desafeto colocaria milhas e
milhas de distância entre eles, para então trabalhar sua mente e coração à procura de um sentimento
raro nos últimos tempos; paz. Antes disso, queria ainda saber como lidar com a mágoa incômoda
que passou a nutrir por Isabella e Jasper.
Amava-os, contudo não conseguia relevar que o tivessem mantido de fora de suas descobertas,
chegando até mesmo a feri-lo – ou cogitar ferir – sob o pretexto de protegê-lo. Por essa razão quis
que o amigo fosse embora e fora incapaz de retribuir aos abraços e beijos de sua noiva.
– Inferno! – resmungou ao vento enquanto via mais um avião deixar o JFK. Foi nesse momento que
uma figura feminina se materializou ao seu lado. Ela estava contra o vento, não lhe sentia o odor,
ainda assim retesou-se em alerta. Quando falou sua voz não passou de um sibilar muito baixo –
Então está viva. Nem o diabo a quis?
– Também estou feliz em vê-lo Edward. – Zafrina replicou indiferente a visível hostilidade.
– Então escapou do incêndio… – o vampiro falou ainda sem olhá-la – E onde está James?
– Está seguro. – garantiu como que para si mesma. Algo em seu tom o fez voltar o rosto para ela. A
vampira mantinha seu olhar em frente, observando os aviões como ele esteve fazendo até ali. –
James se feriu, mas não tão grave que um pouco de sangue não resolvesse.
– Não direi que sinto muito. (...)
CONTINUA... (tentarei postar mais em 15 dias)

Fanpage OBSESSION*
Grupo Obsession - Series*
Obsession - Series no Nyah*
P.S. Recado rápido para Àquelas que liam ENIGMA. Voltei a postar mais um pouco no Facebook.
Caso queiram matar as saudades do padreco, entrem no grupo Sacristia*

Notas finais do capítulo


É isso... Com a saída de Aro/Emmett os gatos (ou ratos) saíram das tocas... Agora é ver o
que a vampira biscate quer de Edward...
Caso desejem comentem, caso tenham ficado com alguma dúvida como as leitoras do
orkut, perguntem... Como prometi farei o posssível para responder...
Bjus e bom Carnaval... Façam o que mais amam durante a festa do Rei Momo...
Eu vou ler e escrever... ;)

(Cap. 89) Capítulo 24 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... boa noite a todas!
Obrigada àquelas que comentaram no último capítulo e tbm as duas novas
recomendações; foram lindas!... :)
Trouxe mais um capítulo... Este tem mais alguns esclarecimenbtos dos acontecimentos
passados e indicações para o futuro... Leiam com atenção, principalmente a parte da
lenda e a entendam como algo separado da maldição... Cada situação é diferente...
É isso... dica dada, segue o capítulo. Espero que gostem...
BOA LEITURA!

Edward escolheu o JFK a revelia; poderia bem ter dirigido até o La Guardia, não faria diferença.
Tudo o que precisava quando seu escritório se tornou pequeno demais era sair e correr. Àquela hora
do dia não poderia, então desceu à garagem para se reencontrar com sua BMW. Deixou o NY
Offices e dirigiu sem rumo; ou foi o que acreditou até que se viu a cruzar a Brookling Bridge e
seguir na direção do aeroporto.
Emmett poderia partir de qualquer lugar – isso se partisse, o vampiro pensou descrente –, mas
gostava de imaginar que seria dali e que assistia sua decolagem enquanto os aviões ganhavam
altura. De pé, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, próximo à mureta de concreto que cercava
uma das vias de acesso ao aeroporto, Edward nem mesmo se importava com os carros que
passavam às suas costas e buzinavam em repreensão por manter o seu estacionado em local
proibido com o pisca alerta ligado.
Na verdade nem os ouvia. Todo o som que chegava aos seus ouvidos era os das turbinas das grandes
aeronaves. Precisava daquela despedida simbólica; imaginar que seu desafeto colocaria milhas de
distância entre eles, para então trabalhar sua mente e coração à procura de um sentimento raro nos
últimos tempos; paz. Antes disso, queria ainda saber como lidar com a mágoa incômoda que passou
a nutrir por Isabella e Jasper.
Amava-os, contudo não conseguia relevar que o tivessem mantido de fora de suas descobertas,
chegando até mesmo a feri-lo – ou cogitar ferir – sob o pretexto de protegê-lo. Por essa razão quis
que o amigo se fosse e fora incapaz de retribuir aos abraços e beijos de sua noiva.
– Inferno! – resmungou ao vento enquanto via mais um avião deixar o JFK. Foi nesse momento que
uma figura feminina se materializou ao seu lado. Ela estava contra o vento, não lhe sentia o odor,
ainda assim retesou-se em alerta. Quando falou sua voz não passou de um sibilar muito baixo –
Então está viva. Nem o diabo a quis.
– Também estou feliz em vê-lo Edward. – Zafrina replicou indiferente a visível hostilidade.
– Então escapou do incêndio… – o vampiro falou ainda sem olhá-la – E onde está James?
– Está seguro. – garantiu como que para si mesma. Algo em seu tom fez com que ele voltasse o
rosto para ela. A vampira mantinha seu olhar em frente, observando os aviões como ele esteve
fazendo até ali. – James se feriu, mas nada tão grave que um pouco de sangue não resolvesse.
– Não direi que sinto muito. – Edward anunciou friamente analisando o rosto bonito da mulher ao
seu lado, sem se admirar em saber que seu amante bebeu de humanos; nunca acreditou cegamente
que fosse vegetariano.
– Não precisa. – ela replicou – Sua sinceridade, mesmo que grosseira, é uma das coisas que aprecio
em você.
– Já que aprecia devo dizer que em você não há nada que me agrade. – emendou olhando para o
aeroporto. – Nem sua companhia, então seria melhor se disse logo o que faz aqui. Não estava
'passando' e resolveu dar uma paradinha para colocar o 'papo' em dia. Esteve me seguindo Zafrina?
– Estive. – confirmou sem rodeios – Desde ontem...
A interrupção chamou mais a atenção do vampiro do que a revelação. Voltando a olhá-la, indagou.
– Desde ontem o quê? O que está escondendo?
Zafrina pareceu ponderar, então dando de ombros como se não se importasse com o que viesse,
concluiu.
– Desde ontem depois que deixou o edifício de Aro. – e com um leve e súbito receio, acrescentou –
Todos os passos.
Edward demorou ainda alguns segundos para compreender a mudança de atitude. Tão logo
aconteceu sentiu toda a raiva que esteve lutando para conter, voltar com força para agitar seu peito.
– Seguiu-nos até o parque? – vociferou num rosnar.
– Foi o que disse. – falou novamente sem se abalar – Eu estava à espreita alguns metros do prédio.
Queria monitorar a saída e entrada de Aro e Senna a uma distância segura. Então vocês apareceram.
Percebi que foi contra minha recomendação e transformou sua humana em vampira. Não sabia o
que estavam fazendo ali e quando saíram apressados, visivelmente consternados eu quis entender o
que tinha acontecido. Segui-os imaginando uma forma de abordá-los... No parque pensei que
fossem apenas se alimentar...
Então completamente segura de si ela reprimiu um sorriso sugestivo e falou sem convicção alguma.
– Caso imaginasse o que veria a seguir teria esperado próximo ao seu carro.
– Cretina! – ao rosnar Edward retirou as mãos dos bolsos e tentou segurá-la pelo pescoço. Não
importava que sua raiva no momento fosse mais contra si mesmo que por ela; por não ter notado a
presença da imortal entre as árvores.
– Pare com isso Edward – ela pediu saltando para trás – Estamos na beira da autoestrada. Acha que
não darão importância a um homem estrangulando uma mulher? – quando ele se conteve, ela sorriu
mais uma vez e lhe piscou depois de correr os olhos famintos por seu corpo. – Não fique
preocupado, está em ótima forma. Sua vampira tem sorte!
– Diga de uma vez o que quer. – o vampiro ordenou apagando de sua mente tudo o que ele e
Isabella fizeram diante dos olhos da desconhecida plateia. Cauteloso deu um passo atrás, pois seria
bem capaz de apertar o pescoço da maldita voyer sem se importar com o que os humanos pudessem
pensar ou inocentemente tentar fazer para socorrê-la. – Não me seguiu até aqui para novamente
enaltecer a boa estrela de Isabella.
– A palavra seria “invejar”... Bem, não quero aborrecê-lo. – atalhou rapidamente ao ouvir mais um
rosnado. Recompondo-se, prosseguiu séria – Quero me juntar a você Edward.
– Você não se cansa? – o vampiro perguntou incrédulo – Já deixei claro que mal a suporto! Não há a
mínima possibilidade de ficar com...
– Não seja presunçoso. – Zafrina o cortou – Não tenho como negar o que insinuei há pouco,
realmente invejo sua mulher, mas não é disso que estou falando. Com tudo o que vem acontecendo
não me daria ao trabalho de segui-lo a procura de sexo selvagem. O que quero é entrar para o seu
clã; James e eu. Precisamos nos unir.
– Não vejo motivos... – Edward retrucou secamente. – Você e seu amante não têm o que temer. Seu
adorado marido vai deixar a cidade.
– Eu não acredito! – retorquiu convicta. – Ele pode até sair de cena agora, mas tenho certeza de que
voltará e temos que estar preparados.
Edward afastou-se mais um passo até se sentar sobre o capô de seu carro sem desviar os olhos da
vampira a sua frente, muito segura e imponente com seus cabelos escuros esvoaçando ao vento
contrário. Ela era tão bela quanto absurda. Tal declaração o exasperou mais do que se ela de fato
desejasse somente se entregar a ele. Mesmo que as desconfianças declaradas fossem de encontro às
suas, não confiava nela ao ponto de colocá-la junto aos seus. E não lhe devia favores.
– Está enganado... – a vampira falou calmamente, chocando-o. – Deve-me no mínimo dois.
– O que disse? – Edward se pôs de pé.
– Que me deve dois favores. – ela repetiu segura. Os olhos femininos os encaravam brilhantes,
expressando a satisfação de sua dona por surpreendê-lo.
– Você “ouviu” o que pensei? – sabia a resposta, contudo custava a crer – Como pode? Você é como
Aro?
– Não como Aro. – explicou – Não sou forte o bastante então não “ouço” claramente, como parece
ser o caso dele. Mas pensamentos mais fortes, de pessoas muito próximas chegam a mim com
nitidez. Como esse seu...
– Então... – a mente do vampiro vagou para muito longe – Quando despertei você soube... – ao ver
o novo brilho no olhar de Zafrina, concluiu. – Sabia o que eu faria e não me impediu.
– Sua raiva não era direcionada a mim então quis acreditar que não me faria mal como pensou antes
de atacar. – deu de ombros – Como lhe disse no Café, nunca desejei vingança. Essa é a razão, não
havia motivo.
– Pensei que amasse suas “irmãs”. – Edward comentou ainda alheio; admirado com a revelação.
– Eu as amava! – assegurou ofendida – Jamais questione meu amor.
– Muito estranha sua forma de demonstrar seu afeto. – ele debochou parcialmente recuperado. A
incredulidade dando lugar à revolta por ter sido ludibriado todo aquele tempo. – Permitindo que
tirem a vida de quem se ama...
– Não alimente rancores por mim nem me julgue! – Zafrina replicou às suas palavras e ao seu
pensamento – Não o enganei, apenas omiti algo que você deveria saber. Quanto a Kachiri e Senna
eu de fato as amava. Eram minhas amigas, irmãs, companheiras...
– Amantes... – Edward corrigiu seguro. Em outros tempos teria se excitado com a compreensão e a
ideia de tão belo triangulo amoroso; naquele momento somente a desprezava mais.
– Sim, nós nos amávamos dessa forma, mas elas se tornavam um problema maior a cada dia. – ela
pareceu não se importar com o que ele pensou. – Sempre insubordinadas. Atacavam os humanos
quando sabiam que não deveriam se expor. Senna ainda os matava, mas Kachiri com sua fixação
romântica de que encontraria sua metade marcada os poupava e com isso me irritava...
Exasperada ela se interrompeu e lhe deu as costas passando as mãos nervosamente pelos cabelos,
após um suspiro profundo retomou a narrativa com voz embargada.
– Ainda assim era minha preferida. A de todos nós. – divagou ainda de costas – Caso não tivesse se
voltado contra ela, fatalmente seria a sua também...
– Pouco provável. – Edward retrucou insensível; não conseguia imaginar outra preferida além de
Isabella.
– Pensa assim porque não a conheceu. – Zafrina se voltou e o encarou com os olhos úmidos;
verdadeiramente comovida. – Kachiri era sonhadora e doce. Carinhosa, atenciosa... Generosa até.
Desde sua transformação não apresentou o instinto ruim dos imortais. Era cerimoniosa quanto a
matar humanos, diferentemente de Senna que tem prazer até mesmo em torturá-los. Seu pai teve
sorte por ela tê-lo matado enquanto copulavam... Vários não tiveram a mesma.
– Acho difícil me fazer mudar de ideia quanto a aceitá-la em meu clã. – Edward ciciou – Mas se
acredita que tenha alguma chance, nunca mais cite meu pai. Ele teria sorte se não tivesse sido
descoberto por sua amante asquerosa. Assim como eu não tive ao conhecer sua adorável vampira de
nobre coração.
– Deixe de lamentações Edward! – Zafrina colheu duas lágrimas errantes, se recompondo –
Estamos somente nós dois aqui e você nunca me enganou. Gosta de ser como é... Talvez esteja
confuso com tantas mudanças e disputas, porém não desejaria outra vida caso tivesse a chance de
mudar. Pode iludir-se o quanto quiser, mas se Kachiri tivesse lhe dado a opção, se ela tivesse lhe
contado sobre todo o poder e prazer que poderia ter com a imortalidade você a seguiria de bom
grado. E a amaria assim como nós... Seu único problema caso acontecesse seria que cedo ou tarde
ela o descartaria por não ser sua metade. Quando passasse a novidade ela se conformaria de que seu
desenho era diferente do dela e partiria a caça de outro prometido.
Domando sua irritação por não poder contestá-la em suas primeiras afirmativas, Edward focou sua
atenção ao que lhe interessava; Zafrina falava das marcas. Não tinha mais receio quanto à de
Isabella, mas ainda alimentava a curiosidade de saber todos os detalhes que a cercava. Novamente
Edward teve uma revelação sobre a vampira a sua frente; desde o primeiro encontro ela conhecia
seu desejo em saber mais, antes mesmo de colocá-lo em palavras.
– Acho que agora deve me dizer... – falou como complemento ao pensamento; ela o acompanhava.
– Por que Kachiri queria tanto um “prometido” com uma marca igual à dela se ele apenas a
subjugaria; seria sua perdição?
– Diferentemente dela que morreu sem encontrar, você achou a sua. Diga-me então o que tem de tão
especial em uma prometida. Isabella é sua perdição?
Edward sustentou seu olhar especulativo por alguns instantes. Agora que conhecia sua habilidade
não havia como esconder o que seus sentimentos ditavam à sua mente. Quando falou não teve
receio em se expor, pois assim como não havia segurança em sua morada, não havia privacidade em
sua cabeça.
– Ela é! – reconheceu estranhamente livre de rancor. – Como praguejou na madrugada de meu
despertar, Isabella me subjugou. E como me alertou antes que a transformasse hoje ela me domina
completamente. Minha existência ou destruição estão nas mãos dela.
– E isso o incomoda? – ela indagou sem demonstrar altivez por ter suas palavras confirmadas. –
Você se livraria dela para ter o domínio de sua vida em suas próprias mãos?
– Se dissesse que não me importo com essa dependência estaria mentido e você saberia, então sim,
incomoda-me. – respondeu contrafeito, então, após um suspiro resignado assegurou. – Contudo se
retomasse o controle de mim mesmo, não saberia o que fazer. – sem notar divagou – Isabella é meu
dia e minha noite. Dona de minha vida e senhora de minha morte. É minha tristeza e minha alegria.
Aquela que me atormenta e a única que me dá paz.
Ao se calar entendeu o que Kachiri procurava. Não alguém com o poder de destruí-la, mas sim que
a manteria viva e vibrante; que traria luz para uma monótona e talvez infeliz imortalidade. Sua
criadora procurava apenas os sabores e dissabores de um amor genuíno. Naquele momento lhe teve
alguma simpatia e acreditou que, mesmo que não a amasse, talvez tivesse se afeiçoado a ela.
O riso manso de Zafrina o recordou de que não estava sozinho com suas elucidações. Quando a
encarou com o cenho franzido, ela lhe sorriu e disse satisfeita.
– Vê?... Kachiri conseguiu cativá-lo até mesmo depois de morta. Ninguém resistia a ela! E você está
certo. Minha preferida procurava um tipo amor que nenhum de nós foi capaz de lhe dar e sua
procura me ofendia; enciumava. Não me importava em dividi-la com alguém de igual estima, mas
tinha certeza de que não suportaria caso um dia ela encontrasse sua metade. Kachiri nos rejeitaria. A
prova está em você com sua cega fidelidade a Bella.
Novamente o vampiro não teve como contestá-la. Depois de Isabella nenhuma outra serviria.
– Também me irritava sua falta de consideração. – a vampira prosseguiu – Estávamos naquela
floresta justamente para protegê-la. Senna e eu resolvemos fugir de Aro quando a violência dele
passou de todos os limites ao ser desprezado por ela.
– Por isso ele não estava presente quando as conheci... – Edward murmurou, satisfeito em ter mais
algumas respostas às suas dúvidas. – Como ele poderia ser violento? Todos são imortais.
– Somos, mas ele sempre foi o mais forte, cruel e intolerante. Não morremos facilmente, mas
sentimos dor, sufocamos e agonizamos. Então não é agradável ter nossos membros quebrados, ser
sepultada por meses ou trancadas por algumas horas em esquifes de vidro cheio de água somente
por desobedecê-lo ou por defender umas as outras.
– Ele fez essas coisas com vocês? – Edward estremeceu. Sempre desprezou as mulheres, mas nunca
se imaginou verdadeiramente capaz de qualquer tipo de agressão física contra elas; ainda mais
contra uma que “amasse”. Tirou algumas vidas em seus primeiros anos por descuido ou para se
alimentar, não por crueldade. Sua única exceção era Rosalie, mas agiu em legítima defesa.
– Aro é de outra época; um sádico. – ela respondeu ao seu pensamento – Não tinha pudores quanto
a castigos físicos, ele até mesmo os apreciava. Sempre o desculpávamos, pois ele era nosso líder e
de certa forma o amávamos, mas como agora bem sabe, Kachiri queria mais e não era como Senna
ou eu. Ela era completamente transparente; dizia o que sentia sem tentar dissimular seu pensamento
para que ele não o ouvisse. Nosso arranjo ia bem até que ele sentisse o distanciamento por parte
dela.
Edward não a interrompia; interessado.
– Para não perdê-la, Aro quis se valer do romantismo de Kachiri e das marcas que ambos possuíam.
Numa noite, depois que ela esteve relativamente dispersa enquanto nos relacionávamos, ele nos
contou sobre uma lenda muito antiga... – ela se calou como se visse a cena e a apreciasse;
nostálgica.
– Prossiga – Edward pediu com a respiração suspensa. – Conte-me a lenda. O quanto era antiga?
– Tão antiga que ele nos contou da mesma forma que ouviu em Maalula, em aramaico.
– Emmett fala aramaico? – impossível não se surpreender – E vocês podem compreendê-lo?
– Sim. – Zafrina confirmou sem orgulho algum – Aro nos ensinou aramaico, hebraico, latim,
alemão, inglês, japonês, português e tantas outras línguas que nunca tivemos oportunidade de
utilizar.
– Muito bem. Em aramaico... – murmurou ruminando um fio de despeito por conhecer somente
quatro línguas – Então a lenda é mesmo muito antiga.
– Sim. – ela repetiu – Ele a conheceu quando esteve nessa cidade ao noroeste de Damasco. Essa
estória é do tempo em que o mundo que conhecemos surgiu; foi o que Aro disse a todas nós. Deus
criou a Terra e todas as coisas que havia nela, inclusive um ser que era sua imagem e semelhança.
Ele precisou dar uma alma para Adão e escolheu um de seus anjos para a tarefa. Acabou por fazer o
mesmo quando criou Eva. E continuou quando eles foram expulsos do Éden e procriaram. Muitos
outros anjos foram convocados para descer à Terra e dar vida aos novos homens e mulheres que
nasciam.
– Fale sobre a marca. – o vampiro pediu, sem se importar com um carro que passou muito próximo
ao seu, lembrando-o de onde estavam.
– Nem todos os anjos estavam satisfeitos com a nova atribuição; gostavam de sua existência no
paraíso e muitos nutriam sentimentos de afeto uns pelos outros e não desejavam ser separados;
amavam-se.
– Pumft!... – Edward bufou entre os lábios, revirando os olhos.
– Certo! Sei que anjos não têm sexo. – ela atalhou repreensiva. – Mas nem toda forma de amor tem
que envolver fornicação.
– Perdoe-me... – disse sincero, contudo lamentava por tê-la feito parar, não por sua ideia de anjos
assexuados que amavam uns aos outros – Prossiga, vou ficar quieto.
– Bem, a lenda conta que Deus escolheu um desses “casais” para enviar a Terra. Com medo de se
perderem marcaram sua corpo volátil com fogo sagrado; fizeram desenhos semelhantes na
esperança de que seus corpos humanos levassem a mesma marca. Dessa forma eles se
reconheceriam quando se encontrassem. Animados com a possibilidade de estarem juntos
novamente, outros anjos fizeram o mesmo. Essa lenda correu de geração em geração, muitos
fizeram suas adaptações. Logo nomearam esses anjos marcados como sendo almas gêmeas.
Edward jamais ouviu nada parecido, somente tinha a certeza de que Isabella era seu anjo marcado,
ainda que ele nada tivesse de angelical mesmo em seu tempo como humano. Ao pensamento algo
lhe ocorreu; não uma lembrança do passado, mas sobre o que ouviu há poucas horas. Sem nem
perceber falou automaticamente.
– Minha marca não é de nascença...
– Acha que se esse detalhe fosse relevante Kachiri pediria para que eu queimasse a pele de
incontáveis homens? – ela retrucou aborrecida. – Nem todos nascem marcados, mas se fazem parte
dos anjos apaixonados sentem a necessidade de marcarem seus corpos; há quantos anos acha que as
tatuagens existem?
– Nunca me interessei por tatuagens, eu... – ele ainda não processava a informação.
– Por tudo o que você considere sagrado Edward, entenda que é só uma lenda! – ela exclamou
exasperada antes de medi-lo incrédula. – Quem poderia imaginar que fosse se mostrar tão
obtusamente romântico quanto Kachiri!... Seria bem capaz de não reconhecer o amor verdadeiro por
estar preso a detalhes.
Ele já incidira nesse erro; três vezes. E por muito pouco não repetiu o feito, preso a uma
interpretação errônea das primeiras palavras de Zafrina. À sua praga!
– Não lhe roguei praga alguma, apenas disse a verdade. Nunca acreditei muito nisso de almas
marcadas, mas considero que o verdadeiro amor nos enfraqueça. Somente sua metade seria capaz de
freá-lo. E foi o que aconteceu... Minutos atrás confirmou o que sei desde prendi sua humana no
banheiro daquela casa noturna... Ela o tem por completo. Você seria capaz de fazer como Kachiri?
Renegaria o que sente só porque o dragão de um e de outro veio em momentos diferentes? Agora
que conhece a lenda ama menos sua vampira?
– Algum dia a lua deixará de orbitar em torno da Terra? – retrucou novamente enraivecido consigo
mesmo ao aceitar que por quase duzentos anos foi refém de sua descrença; não acreditava no amor
logo lhe restava esperar a destruição em meio à guerra.
– Respondeu a você mesmo. – ela disse impassível. – Agora tem todas as respostas.
De fato as tinha. Mesmo com aquela diferença que já considerava insignificante, determinou que a
lenda era uma bela estória que justificava a atração desmedida e o amor incondicional. A partir
daquela tarde veria com novos olhos os desenhos que por vezes odiava. Repassando o que ouviu
outro detalhe lhe ocorreu, contudo não referente a si.
– Você disse desenhos iguais, mas pelo o que me lembro Kachiri tinha uma serpente.
– Exatamente. – ela confirmou sem emoção – Esse foi o erro de Aro. Contar algo tão belo e puro a
alguém como Kachiri. Quando ela fez essa mesma observação ele quis consertar o malfeito, mas já
era tarde. O coração sonhador que ela possuía passou a desejar encontrar sua metade perdida. Ela
não o abandonou, gostava dele a sua maneira, mas não o amava e o que era pior; demonstrava.
Como lhe disse, nós desculpávamos a insanidade possessiva de Aro... Porém quando ele quebrou os
ossos dos pés de Kachiri e a sepultou para que não saísse atrás de outros homens com
recomendações a mim e a Senna que de ela não deveria ser libertada nem alimentada até que
voltasse a amá-lo, toda forma de perdão se tornou nula.
– Foi quando fugiram... – ele murmurou novamente chocado com as práticas de Aro. Não conseguia
associar tais ações ao vampiro que conviveu ao seu lado por seis anos da mesma forma que não
conseguia imaginá-lo tão culto e plurilíngue.
Sem reservas, demonstrando lhe depositar confiança – ou apenas estivesse muito envolvida pelas
próprias declarações para dosar o que revelava –, Zafrina continuou com sua história.
– Após os primeiros anos de convivência aprendi a encobrir meus pensamentos da mesma forma
que ele fazia comigo. Ensinei a Senna a despistá-lo. Juntas nós fingimos acatar suas ordens e até
nos mostramos solidárias a dor que alardeava. Quando ele nos deixou para se alimentar e se divertir
com algumas humanas, nós a libertamos e fugimos. Não levamos nada de valor, somente uma a
outra.
Zafrina se interrompeu para logo em seguida retomar a narrativa.
– Quando encontraram você, estávamos no Brasil há pouco mais de cinco anos. A floresta nos dava
uma boa cobertura. Os selvagens às vezes nos incomodavam, mas invariavelmente terminávamos
por nos divertir com seus temores. Havia sangue animal a vontade para nos manter vivas.
Poderíamos ainda nos valer de alguns fazendeiros ricos para enchermos nossas bolsas com jóias,
ouro e prata. Eu gostava daquela vida meio aborígene, mas Senna e Kachiri sempre foram
resistentes à adaptação.
– Por isso deixou que eu me voltasse contra elas – foi uma constatação, não pergunta.
– Eu estava cansada! – Zafrina exclamou quase a gritar, deixando que seus ombros tombassem
novamente comovida – Eu morria de medo que Aro de alguma forma nos encontrasse caso um dia
elas fizessem algo estúpido que chamasse a atenção para a existência de demônios bebedores de
sangue nas florestas brasileiras.
– Algo estúpido como matar exploradores estrangeiros. – ele disse sem emoção.
– Isso! – confirmou derrotada – Eu nem precisava saber da importância que pudessem ter. Somente
por serem de outro país chamariam a atenção por suas mortes. E como se não bastasse ela trouxe
você para que eu novamente procurasse pela maldita marca. Mais uma vez eu era obrigada a
procurar por aquele que a tiraria de mim. E daquela vez ela estava diferente. Eu via nela o real
interesse. Acho que se encantou de verdade por você; tanto que não desgrudou do pano onde ficou a
padecer de dores até a completa transformação. Kachiri tentou acalmá-lo todo o tempo. Limpou seu
suor e acarinhou seus cabelos acreditando que assim lhe traria algum alívio.
Não precisava ser leitor de mentes para saber o sentimento que aquele cuidado despertou na amante
ferida. Caso Isabella vivesse a procurar por outro não deixaria que ele vivesse até a completa
transformação. Ao ver um brilho fugas correr os olhos marejados ele concluiu.
– Você matou a todos eles.
– Matei e não me arrependo. – a vampira sibilou demonstrando o quanto a lembrança a magoava –
Ao menor descuido, a mais breve separação eu os matava. – e sem mascarar a verdade, acrescentou
– Teria matado você também caso Kachiri tivesse me dado a chance.
– Mas ela não deu. – Edward sentiu a simpatia por sua criadora crescer e não alimentou qualquer
desejo de represália contra Zafrina; compreendia-a. Tanto que falou com propriedade – E como
tanto salientou, Kachiri era transparente. Ainda mais para você que podia ler a mente dela. Algo me
diz que ela, e até mesmo Senna não sabiam dessa sua “habilidade”. E Kachiri provavelmente não
saiu do meu lado por estar desconfiada de suas ações. Você poderia conviver com vampiros
marcados que logo fossem desprezados, mas teve a certeza de que com a vigilância dela, um dia
uma serpente surgiria. Você preferiu vê-la morta a assisti-la com outro ou arredia.
Zafrina novamente lhe deu as costas quando mais duas lágrimas rolaram por sua face.
– Como eu poderia saber o que preferia? Fui arrogante!... Quanto eu perdi alguém importante para
comparar a dor? Se eu pudesse voltar no tempo; se pudesse prever o que aconteceria eu teria dado
um jeito de afastá-la e o teria matado antes que fosse forte o suficiente para lidar com todas nós.
Porém não havia como prever... Você despertou, entendeu o que acontecia e seu ódio somou ao meu
despeito. Vi então a oportunidade de ser livre daquele amor incerto. A merda toda é que eu não
poderia saber o quanto perdê-la me custaria. – ela lamentou antes de prosseguir.
– No momento fui forte. Deixei Senna a própria sorte e parti. Mas não se passaram meia hora para
que a realidade aterradora se descortinasse diante meus olhos. Minha preferida estava morta...
Aquela que dividia o mesmo amor também... Não pensei duas vezes e fiz o caminho de volta.
Estava disposta a provocá-lo para que também tirasse minha vida, mas não o encontrei... Chorei
sobre o corpo de Kachiri até perceber que Senna ainda estava viva.
– Você a salvou. – foi a nova constatação; seca.
– Eu a deixei somente para caçar um índio da aldeia mais próxima. O sangue dele a refez. Senna
ainda tentou se voltar contra mim, mas logo estava também massacrada pela perda de Kachiri.
Alimentando o ódio crescente por você, ela me convenceu a voltar para Aro. Foi o que fizemos...
Nós o encontramos dois anos após deixarmos o Brasil. Eu estava disposta a acatar qualquer castigo
que ele nos aplicasse. Eu sabia que o meu seria pior pela desobediência que lhe roubou as três
mulheres, pelos sete anos de separação, pela perda irreparável...
Zafrina caminhou a sua frente, mirando o chão.
– Os sentimentos de Senna eram fortes demais para pedir que ela os encobrisse, então ele logo
soube. Para minha surpresa Aro me perdoou, acolheu-me em seus braços e me fez ver que a culpa
não era minha. Disse saber como eu me sentia e que em meu lugar talvez tivesse feito o mesmo. –
encarando-o acrescentou. – Porém você não teria perdão. Aro considerou alta traição de sua parte se
voltar contra quem o criou sem nem mesmo tentar compreender o que acontecia; sem uma única
chance de defesa.
– Exatamente como aconteceu comigo e meu pai. – Edward replicou taciturno – E você não
comentou o que eu disse. Elas não sabiam desse seu dom, não é mesmo?
– Não sabiam. Apenas desconfiavam, pois é algo natural entre imortais. É comum nos depararmos
com vampiros que “escutam” os pensamentos de outros vampiros.
– Como?! – ele se agitou – Como assim “comum”?
– Como lhe disse você não conhece nada sobre os de sua espécie. – ela falou já recuperada da
emoção de suas lembranças –, mas estou disposta a ajudá-lo. Comigo ao seu lado saberá como lidar
com Aro quando ele resolver voltar. Posso ensiná-lo a canalizar essa nova força que descobriu. Você
é um dos fortes, Edward, apenas está perdido.
Era tentador. Acreditava em tudo o que ela lhe propunha o único problema era que não confiava
nela. Nesse momento, para confundi-lo, sentiu a aflição de Isabella. Ele sabia que aconteceria
quando ela desse por sua falta. Conferindo as horas viu quanto tempo esteve longe. Ato contínuo
seu celular vibrou em seu bolso. Ainda não desejava falar com sua noiva então o ignorou; precisava
decidir o que fazer com o pedido/oferta de Zafrina.
Quando a encarou encontrou-a com um sorriso satisfeito nos lábios. Antes que a questionasse, ela o
parabenizou.
– Esse desprendimento é auspicioso. Você tem conserto Edward Cullen, basta querer. Quanto a
confiar em mim, não há nada que eu possa fazer a respeito, mas posso lembrá-lo dos dois favores
que me deve.
– E quais seriam? – indagou incomodado com a insistência de sua noiva que fazia o celular
novamente vibrar; logo se renderia.
– Vou lhe dar um conselho mesmo não sendo sua aliada; não faça! – Edward a entendeu somente
quando a vampira prosseguiu – Não se renda sempre. O amor que sente por Bella ou ela por você
não diminuirá caso fique afastado alguns pares de hora. Estar tão focado nela o desconcentra e
enfraquece.
Antes que lhe respondesse, ela assumiu a postura de vampira fatal e lhe piscou em claro flerte.
– Também ajudaria se ficasse com outras mulheres para dividir sua atenção. Veja Aro, por
exemplo... Sempre com três esposas. Apesar dos castigos de antes, ele sempre nos amou. E arrisco
dizer que amava Kachiri como você ama sua “Isabella”, mesmo não sendo sua alma gêmea. Ainda
assim nunca perdeu seu comando. E sua força e habilidades só fizeram crescer.
– Obrigado pelo conselho. – retorquiu secamente; ela não dissera nada que ele mesmo já não tivesse
percebido – E diga de uma vez o que lhe devo.
– Não sei se a encontraram, mas deixei uma carta para Bella contando com sua previsibilidade em
transformá-la e na dela de continuar bisbilhoteira como todos os repórteres depois de transformada.
– Ela a encontrou. – o vampiro informou recusando-se a pensar a respeito; Zafrina tinha lhe dado
muitos “conselhos” durante aquela conversa – Devo agradecer por poupar minha vida?
– Não se não for sincero. – ela rebateu unindo as sobrancelhas – Apenas por estar aqui e Aro
distante já é prova de que valeu alguma coisa...
– E o segundo favor? – não acreditava em outra “boa ação” que tivesse feito.
– James e eu encobrimos os corpos do Central Park.
A primeira reação de Edward foi desmenti-la então se lembrou que não havia mais ninguém que
pudesse ter feito a limpeza antes que os policiais chegassem à cena horrenda deixada por Senna.
Alice estava com Isabella, Jasper com Emmett e ele próprio tentando se manter vivo enquanto
seguia a recomendação da amiga e voltava para a cobertura.
– Por que fez isso? Disse que não ajudaria quando fui procurá-la.
– Mudei de ideia! – ela deu de ombros – Gosto de provocá-lo... Quem sabe um dia se renda aos
meus convites e eu possa saber o que de tão especial Kachiri viu em você... Sim, saber, pois ver eu
já vi...
– Não vou responder a isso. – Edward ciciou – Prefiro entender por que me ajudou.
– Apesar do que fez eu não tenho motivos para odiá-lo Edward. Independente do que Aro tenha me
dito, reconheço minha culpa. Você fatalmente mataria a todas, mas eu poderia ao menos ter tentado
impedi-lo, não somente as alertado já sabendo que seria inútil. E novamente estou cansada de tudo
isso. Com o passar dos anos minha relação com Aro e Senna desgastou. Ele não nos aplica castigos
físicos; civilizou-se com o tempo. Mas a falta de Kachiri pesa sobre nós... Senna de tempos em
tempos me culpa e cobra por tê-la abandonado, por ter chorado somente por outra.
– Nossa forma de manter uma boa convivência – continuou – é nos separarmos por alguns períodos,
mas sem perdermos o contato. Não é nada determinado. Às vezes passamos vários anos sem nos
encontrarmos, pois não percebemos o tempo quando o temos em sua totalidade. Foi o que
aconteceu agora. Fazia quase oito anos quando eu e Senna resolvemos nos juntar a Aro novamente.
Já sabíamos sobre a nova esposa, então apenas fomos “apresentadas” a você. Já sabe que o vimos
no parque e o reconhecemos... Não preciso repetir a história.
– Não precisa. – confirmou atento a tudo o que ela lhe dizia.
– O que não sabe é que dias depois fui apresentada a James... Não sei explicar, mas ele me atraiu.
Talvez eu tenha me compadecido por vê-lo usado sem cerimônias por Aro. Não acho que alguém
deva ser privado de sua vontade, mesmo sendo inferior. E então veio Paul... – Edward se sentiu
eriçar com a lembrança da imortalidade dada ao rábula – Como lhe disse estou cansada de jogos, de
cobranças e de amores doentios. Quero a calmaria que James me proporciona... Foi por isso que o
levei ao parque naquela noite. Eu...
Edward entendeu que se calasse ao também ouvir o som da sirene que aproximava. Poderia dizer
que até demorou muito para que alguém o denunciasse a polícia por arriscar provocar algum
acidente na via expressa.
– Entre no carro! – ordenou já se dirigindo ao lado do motorista. Tão logo a vampira se acomodou,
partiu fazendo os pneus cantarem no asfalto.
– Não seria melhor esperá-los e induzi-los?
– Está com medo de morrer? – ele debochou. – Não temos tempo para teatro. Prefiro que continue o
que dizia. Por que devo acreditar em você? Esteve todo esse tempo falando sobre sua relação com
Aro e Senna. Como posso acreditar que os quer destruídos? Pois saiba que é o que quero, ambos
mortos.
– Não pode matar Aro, esqueceu? Quanto a Senna... Deixei que matasse quem me era mais
preciosa; alguém que me amava. Acha mesmo que faria objeção quando a alguém que deseja minha
destruição? Ela tentou me matar Edward.
Mesmo que dirigisse em alta velocidade, desviando dos carros enquanto deixava a viatura para trás,
Edward a ouvia com clareza. Depois de tudo o que lhe disse a revelação não o surpreendeu.
– Então foi Senna... Tem certeza? Caso aceite essa sua proposta não quero que se arrependa
depois...
– Foi ela... E olhando em meus olhos enquanto ateava fogo na mobília de James. – antes que
Edward perguntasse como ela conseguiu tal façanha, Zafrina explicou – Assim como ela não sabia
que poderia ouvir seus pensamentos quando estivesse perto, eu sempre a deixei acreditar que
conseguia me paralisar e foi o que fiz... James verdadeiramente a obedeceu e quando ela acreditou
que estávamos imobilizados destilou sua raiva contra mim. Acho que no fundo sempre esperei por
isso. Tudo o que fazemos um dia se volta contra nós... Se estou aqui devo agradecer a índole tão
cruel quanto ao de Aro que não a deixou catar fogo diretamente em mim por desejar que eu visse as
chamas acabarem com James e depois me envolver aos poucos.
– Por isso James se queimou... – ele murmurou para si.
Odiava admitir, mas sentiu certo pesar pelo vampiro ter sido quase queimado vivo. Baseado no que
ouviu Edward até mesmo entendeu porque Emmett não sabia quem era o responsável pelo incêndio.
Estava claro que Senna ocultava sua ação do líder não tão onisciente e também ludibriada por
Zafrina, nenhum dos dois sabiam que a amante continuava viva. Que belo trio! Pensou com
sarcasmo. Unidos pelo amor e pelo ódio.
Se fosse verdade tudo o que Zafrina lhe dizia; se estivesse mesmo “interessada” no imortal e em
viver um amor sem sobressaltos, entendia seu pedido. De toda forma precisava mesmo de ajuda e
não estava em posição de recusar aliados. Queria estar preparado para quando Emmett voltasse e já
estava claro que sozinho não conseguiria. Com um suspiro resignado determinou; a partir daquela
tarde, seu clã possuía dois novos integrantes.
– Obrigada Edward! – Zafrina falou tocando em seu braço. – Não vai se arrepender...
– Assim espero. – falou roucamente. A aflição de sua noiva se tornava mais forte; preocupando-o.
Quando seu celular novamente vibrou, o vampiro o atendeu.
– Edward! – Isabella exclamou alarmada – Onde está?
– Precisei sair um instante... Ordenar os pensamentos.
– Mas você está bem?
– Melhor do que antes. – quis acalmá-la, porém descobriu nas próprias palavras que
verdadeiramente estava. Sua cabeça no momento processava outras informações. Agora via que
havia de fato muito mais a conhecer e coisas mais graves para se preocupar do que ficar remoendo
suas mazelas egocentristas – Sim meu amor, eu estou bem!
– Fico feliz em ouvir isso. – ela murmurou – Mas volte logo, sinto sua falta.
– Logo estarei com você. – assegurou. Após breves despedidas, ele desligou e voltou o aparelho ao
bolso, então provocou a vampira ao seu lado. – Vai me recriminar por “me render”?
– De forma alguma. Deve aprender que há várias formas de rendição. Agora você somente quis
acalmá-la; foi atencioso com sua mulher. Antes, mesmo contra sua vontade, queria apenas se
justificar e se desculpar por estar longe; como um subalterno que deve satisfações a uma patroa.
De fato havia a diferença, então o vampiro nada retrucou naquele sentido. Ignorando o comentário
perguntou apenas.
– Onde devo deixá-la?
– Hamilton Heights, 145. – disse naturalmente.
– Mas essa é...
– A rua onde fica sua casa queimada. Devo dizer que foi um pecado que ela tenha se perdido.
– Como você...? – encarou-a incrédulo.
– Tomei conhecimento da casa através de Paul. Consegue imaginar outro lugar onde Aro ou Senna
não nos procurasse?
Não imaginava nem tentou atinar se havia alguma outra casa segura quando um pensamento lhe
ocorreu, antes de deixá-lo cruzar sua mente, afirmou enraivecido, lançando seu carro contra os
demais veículos rumo ao acostamento, conseguindo um coro de buzinas enfurecidas enquanto
freava bruscamente para atirá-la longe.
– Você sabia que ele tinha planos de sequestrar Isabella e não o impediu.
– Eu não sabia! – ela gritou alarmada tentando se segurar onde pudesse para manter o equilíbrio
após a mudança súbita de direção e velocidade. – Juro Edward! Se soubesse teria lhe avisado...
– Não teria. – ele acusou. – Você estava com raiva por que não a ajudei. Saia do carro.
– Negar ajuda por rancor é uma coisa, mas deixar que ele executasse algum plano contra você e sua
mulher era outra bem diferente. Eu soube da casa quando ele voltou de lá, vocês tinham lutado, ele
estava com raiva, confuso, querendo vingança, mas em momento algum pensou em sequestro.
– Saia do carro antes que eu adote as práticas medievais de seu senhor e lhe quebre algum
membro... Isso se não lhe arrancar a cabeça. Fora! – rosnou.
– Eu o ajudei droga! – ela gritou irritada – Confiei segredos meus que até mesmo Senna ou Aro
desconhecem. Como pode ser tão mal agradecido?
– O que me parece Zafrina, é que você ajuda a si mesma. – Edward a encarou raivoso. – Talvez
tenha mesmo ajudado Kachiri a fugir de Aro, mas foi só. A impressão que tenho é que pende de um
lado ao outro. Para quem mais lhe favoreça.
– Desculpe-me derrubá-lo de seu pedestal, mas não vejo que vantagem possa ter contra Aro sendo
disperso e irascível como é. Fora o fato de não poderem se destruir mutuamente, você não...
– Eu posso e você sabe, não insista nem tente negar. – ele novamente acusou seguro. – Senão, qual
a razão de querer me preparar para enfrentá-lo caso volte?
– Como descobriu isso? – ela indagou sem se importar que com isso denunciasse a verdade.
– Não vem ao caso... – ele ciciou – O que interessa é saber que eu estava certo. Alega estar cansada
de jogos, mas possui os seus... Qual é o de agora Zafrina? Por que não colocou esse pequeno
detalhe na carta que deixou para Isabella?
– Não estou jogando com você. Se não citei isso na carta foi porque eu não confio que seja verdade.
Tenho uma teoria, mas não me atrevo a pensar sobre ela ou arriscar anunciá-la.
– Então por que quer me ajudar se não acredita que posso derrotá-lo? – ele insistiu.
– Não ofereci ajuda para que o mate, mas para estar preparado. No momento Aro é superior a você.
Lê sua mente assim como eu... Você está tão vulnerável que ele pode até mesmo contê-lo com seu
poder caso deseje, mas não precisa ser assim... Eu já disse. Você é um dos fortes, pode fazer
exatamente tudo o que Aro faz ou ainda mais, pois ele não tem sua força.
– Pois eu ainda... – tentou retorquir, não conseguia confiar.
– Droga Edward não consegue perceber que Aro tem medo de você?
A pergunta que o interrompeu também o desarmou por completo. Emmett ter receio por sua
intempestividade talvez, mas “medo”? Não se vangloriaria nem acreditaria em tanto.
– Pois acredite! – Zafrina falou tomando a liberdade de apertar-lhe o ombro ao notá-lo mais calmo;
encorajadora – E lhe digo mais. Algo me diz que essa retirada de Aro é somente estratégia,
justamente para tentar descobrir porque você tem um poder que ele desconhecia. Acredite em
mim... Não nego que muitas vezes quis o seu mal, quis até que sofresse quando me procurou para
dizer que Paul havia levado sua humana, mas não desejo que morra... Proteja a mim e a James. E
me deixe ajudá-lo... Não seja estúpido de tentar comprovar a veracidade dessa nova informação.
Apenas mostre para Aro que é como ele e o mantenha afastado para sempre. Ele respeita seus
iguais. Não se lembra do que escrevi sobre Caius e Marcus?
Novamente Edward se negou a pensar a respeito. Estava confuso com tantas descobertas num único
dia. Apenas se deixou acalentar pela possibilidade de ser uma fortaleza contra Emmett, e talvez...
– Saia, por favor... – pediu calmamente antes que concluísse o pensamento.
– Edward...
– Por favor, Zafrina... Apenas saia. Pode voltar para minha casa. Sinta-se a vontade no que sobrou
dela. Assim que puder irei encontrá-la, mas no momento preciso digerir tudo o que me disse.
A vampira fez como pedido, porém antes de fechar a porta, perguntou.
- Devo ter esperanças de que continuarei no clã?
– Não se dê ao trabalho. – ele falou sério – Talvez eu esteja fazendo uma grande besteira ao seguir
meus impulsos momentâneos, mas não seria a primeira não é mesmo?... Ainda pode considerar que
você e seu amante estão ao meu lado.
Ainda a encarando fechou ruidosamente a porta que ela segurava e partiu. O cheiro dela estava em
seu carro e impregnava suas roupas; teria problemas com Isabella, mas tudo que o abalava eram as
palavras de Zafrina. De fato não confiava nela. Assim como Emmett tinha um motivo desconhecido
para partir, ela também poderia estar se unindo a ele por alguma razão oculta. Porém a possibilidade
de se equiparar ou até mesmo ser superior ao rival o encorajava a arriscar. Assim como talvez,
nunca mais estar subordinado fisicamente a Isabella, concluiu o pensamento que escondeu de
Zafrina.
Sim, ele era machista e não se envergonhava em sê-lo. Queria sua vampira ao seu lado, mas de fato
como iguais, não como alguém a quem a voz de comando era concedida em respeito ou por amor.
Agradando-se da ideia de ter sua soberania restaurada o vampiro sorriu. A conversa inesperada lhe
ampliou os horizontes tornando suas lamentações em questões menores. Seria ainda mais forte;
Isabella estava ao seu lado, Jasper havia voltado e o perdoado e mesmo que duvidoso, teria o
reforço de mais dois membros em seu clã.
Enfim alguma vantagem, Edward pensou satisfeito ao acelerar seu BMW. Finalmente poderia
seguir com sua vida e satisfazer suas vontades para com sua noiva – não livre de cuidados, mas –
acalentando a esperança de sair vitorioso do embate que ainda estava por vir.

*****************************************************************************
FANPAGE OBSESSION*

Notas finais do capítulo


Bom... É isso... Espero que tenham gostado... :)qlq coisa me deixem saber...
Zafrina se ofereceu para ajudar, será?... Uma coisa não se pode negar. Ela falou a
verdade que o vampirão precisa aprender... Mas não se desesperem que não vai começar
um longo treinamento Jedy... Edward já está acordando para a vida!... ;)
BOM FINAL DE SEMANA!...
(Cap. 90) Capítulo 25 - Parte III

Notas do capítulo
Oie... Boa tarde amores!
Mais um capítulo para vcs... Espero que gostem!
Meninas, obrigada pelos reviews... Estou tentando responder a todos, ainda devo alguns,
mas vou já olhar...
Obrigada tbm pelas novas indicações, quando a fic chegar ao fim citerei todas vcs... :)
Bom, vamos ao capítulo... BOA LEITURA!...

Esfregando os próprios braços para espantar o frio que enregelava seus ossos, Bella vagava de um
lado ao outro no escritório da cobertura. Edward ter atendido ao celular a acalmou somente
enquanto conversavam brevemente. Tão logo se despediram e desligaram sua preocupação se fez
novamente presente. Conhecia-o suficientemente para acreditar que apenas um passeio o tivesse
refeito, ainda mais depois de não a atender em seu primeiro chamado.
Seu vampiro estava magoado, ela sabia. Não deveria tê-lo deixado sozinho. Poderia ter trabalhado
na antessala, utilizando a mesa de Alice e não subido deixando o caminho livre para que ele
simplesmente desaparecesse e ela somente descobrisse ao determinar ter lhe dado tempo demais e
resolvido procurá-lo. Onde ele estaria?
Já haviam se passado quatro horas desde que o deixou e não sabia há quanto tempo ele estava longe
do NY Offices. Bella tentava se convencer de que ele não havia tentado perseguir Emmett sozinho;
seria irresponsável e suicida; ambas características bem marcantes de seu noivo cabeça-dura. Ao
pensamento ela mordeu os lábios para não liberar um urro aflito, pois sentiu que Irina se
aproximava às suas costas.
– Terminei senhorita. – a mulher anunciou.
– Obrigada! – Bella agradeceu se voltando para a criada, forçando um sorriso – Devo lhe dar
alguma coisa? Não sei como Edward costuma efetuar seus pagamentos...
– Não – Irina negou apressadamente – O senhor Cullen deposita o valor de meus serviços e meu
transporte numa conta bancária. A senhora Whitlock disse que ele prefere assim.
– E o arranjo está bom para a senhora?
– Sim, está...
. – Então se não há mais nada a fazer, acho que pode ir agora – Bella desejava de fato ficar sozinha
quando nem mesmo notou a presença da humana durante a limpeza da cobertura. Lamentou
tardiamente não tê-la ajudado. Teria sido eficaz para distrair-se.
– Antes de ir embora gostaria de saber se deseja que eu venha mais vezes... Talvez para cozinhar. O
senhor Cullen não queria que eu...
– Não será necessário – a vampira a cortou gentilmente – Seguirei o mesmo esquema de
alimentação de Edward, obrigada pela preocupação.
– Então até quinta-feira, senhorita. – dito isso se foi.
Ao finalmente estar sozinha a vampira bufou exasperada. Não por Edward ter saído sem avisá-la,
mas por ficar ali inerte a remoer sua preocupação. Minutos depois de perambular por todo o
primeiro piso do apartamento – agora organizado e limpo –, resolveu novamente procurá-lo. Após
discar os números esperou o tempo do primeiro toque.
– Isabella? Aconteceu alguma coisa?
Edward soou tranquilo; como se de fato estivesse bem, levando Bella a recriminar-se pela
insistência. Apenas não condenou sua atitude protecionista por saber que em seu lugar ele faria o
mesmo. Embasada na verdade, falou sinceramente.
– Estou preocupada!... Disse que logo voltaria, no entanto ainda não chegou... – falou num
murmúrio.
– Não se preocupe. Estamos livres de Aro até que se prove o contrário. Ainda não voltei porque me
lembrei de algo que precisava resolver. – a animação que notou na voz a confundiu, pois destoava
completamente de quando o deixou.
– Está sozinho? – não soube o que a levou a perguntar, apenas se ouviu a fazê-lo.
– Estou. – Edward disse prontamente. A resposta a tranquilizou; acreditava nele. Antes que dissesse
qualquer coisa, ele pediu persuasivo. – Tente distrair-se, meu amor. O que tenho a fazer talvez me
tome algum tempo, mas antes que perceba estarei com você.
– E não pode me contar o que é? – ela indagou considerando tudo muito estranho.
– Conto quando estivermos juntos. – ele parecia sorrir, mas ela não tinha como ter certeza.
– Está bem! Apenas não... Não faça nada impensado.
– Não farei. – assegurou e despediu-se. – Até breve meu amor.
– Até breve meu amor...
Ao desligar, Bella ficou a olhar o aparelho. Sempre iria preferi-lo em seu melhor humor, mas
naquele momento este parecia destoante. Teria que esperar até tê-lo diante de si para entender a
súbita mudança. A espera lhe parecia que seria longa.
“Tente distrair-se” ele dissera. Com as palavras em sua mente e o celular em sua mão, Bella soube o
que fazer para atendê-lo. De forma atenuada Edward deixou claro que demoraria então decidida a
vampira subiu ao quarto somente para se trocar. Depois de vestir calça jeans e um casaco de lã
preta, pegou sua bolsa e deixou a cobertura.
Seria breve, espaireceria também sua cabeça enquanto resgatasse seu Accord estacionado em Soho
desde a tarde anterior. Ao chegar à rua seu primeiro pensamento foi se dirigir a estação do metrô
mais próxima, porém logo desistiu. Ficar confinada num vagão lotado de possibilidades não seria
uma boa ideia então se adiantou até a guia e estendeu o braço para um dos táxis que passavam;
pararam dois.
A improbabilidade quebrada por sua condição não lhe trouxe divertimento, então, após responder
educadamente ao cumprimento do motorista enlevado por ser o escolhido e indicar a rua desejada,
Bella “sugeriu” que ele dirigisse em silêncio.
A vampira tentou distrair-se vendo a paisagem que passava por sua janela, refreando o desejo de
mais uma vez ligar para seu noivo. O tráfego intenso retardou sua chegada ao bairro indicado não
ajudando a acalmá-la. Iria mandá-lo parar e seguir a pé quando lhe ocorreu algo agradável que com
certeza a distrairia, então pediu ao taxista que seguisse adiante, até a entrada da Apple.
Teve a confirmação de seu pensamento ao estar diante da vitrine que exibia os vestidos de noiva.
Apenas por uma vez focou seus olhos nos reflexos do vidro, com receio de encontrar dois olhos
azuis a encará-la. Não aconteceu. Talvez Aro ainda estivesse na cidade, mas queria crer que fosse o
contrário e já fosse livre para planejar o dia que seria um dos mais felizes de sua vida.
Perdeu-se na analise dos vestidos, novamente presa às dúvidas da tarde passada quanto a sua
entrada em igrejas e também quanto e como sua união com Edward se daria. Não saberia dizer por
quanto tempo ficou a admirar os modelos quando uma das atendentes a avistou e foi até ela.
– Não prefere entrar para ver outros modelos?
Tentador, visto que a visão de si mesma num dos modelos ajudava com a distração, mas um súbito
incômodo a fez preferir voltar para a cobertura; parecia estar sendo observada. Paranoia pela tensão
dos últimos dias talvez, mas aprendera que era melhor seguir seus instintos.
– Hoje não, obrigada! – disse a moça vestida num tailleur rosa chá.
– Tem certeza? Temos modelos para todos os tipos de cerimônias. Para quando é seu casamento?
Seria pela manhã, tarde ou noite? Na igreja ou...
– Eu ainda não sei – Bella a cortou rindo da sequência acelerada de perguntas –, mas prometo voltar
tão logo saiba de todos esses detalhes.
– Ah... Não vá! Veja... – disse indicando o vestido que a encantou na tarde anterior – Experimente
ao menos este.
Bella verdadeiramente desejava ir embora, mas acalentou a ideia de ter aquele pedaço de nuvem
sobre seu corpo. Seria também uma forma de distração sugerida por Edward que a livraria da
sensação ruim.
– Está bem! – anuiu acompanhando-a para o interior da loja. Havia outras três atendentes, mas
apenas uma se ocupada de uma futura noiva e sua acompanhante.
– Deseja algo? Água, café, champanhe? É cortesia da loja... – a moça ofereceu prestativa.
– Apenas experimentar o vestido, obrigada. – negou já um tanto arrependida por ter aceitado entrar.
Algo lhe aprecia estranho; mas o que poderia haver de errado na calmaria? Deixe de bobagens
Isabella! A vampira recomendou a si mesma. Quando a vendedora se aproximou com o vestido
branco suas cismas se esvaíram. Correndo os dedos pelo tecido delicado, perguntou.
– Onde posso prová-lo?
– Venha comigo. – ela chamou seguindo para um corredor anexo a loja.
Era curto e possuía duas portas. Uma delas estava aberta, exatamente para onde foi levada. Logo
estavam em um cômodo espaçoso repartido em cinco ambientes menores por divisórias forradas
com um delicado papel de parede; uma espécie de sala de espera onde pararam e quatro provadores.
Abrindo a primeira porta a atendente indicou que entrasse.
– Fique a vontade. Estarei aqui para ajudá-la a fechá-lo, basta me chamar.
Bella apenas lhe sorriu, tomou o cabide com o vestido em suas mãos e entrou. Despiu-se na
velocidade humana, e fez o mesmo ao deslizar o vestido de cetim sobre sua pele. A frieza e maciez
do tecido lembraram-na de certa carícia arrepiando sua pele. Antes mesmo de fechá-lo se admirou
no grande espelho fixo numa das paredes. Aquele talvez não fosse seu escolhido, pois uma união
com Edward merecia que encomendasse algo feito especialmente para si, ainda assim ele lhe servia
a perfeição, pensou alisando a cintura marcada.
– Poderia me ajudar agora? – perguntou à moça; que sabia ter saído e voltado ao seu posto.
Viu a porta ser aberta e o rosto sorridente da atendente que se posicionou às suas costas para fechar
o zíper. Bella lhe retribuiu o sorriso e voltou sua atenção ao vestido, alisando a saia forrada com
organza enquanto se admirava muito satisfeita. Não soube o que chamou sua atenção, pois a moça
agiu calmamente sem um acelerar de coração ou respiração mais profunda. Ainda assim Bella
procurou por seu reflexo no espelho em tempo de vê-la com o braço erguido; muito determinada a
acertá-la com algo que trazia em sua mão.
Num átimo a vampira se voltou e segurou-lhe o braço. Somente então reconheceu o objeto como
sendo um grande pedaço pontiagudo de madeira; uma estaca improvisada com a perna de uma
cadeira. Segurando facilmente sua agressora pelo pescoço e pelo braço ainda erguido contra a
parede, Bella analisou a situação. Pela parca força imprimida, o calor e o cheiro, a vampira sabia se
tratar de uma humana. Ela tinha os olhos agora vidrados indicando a clara indução, contudo a
vampira não sentia o odor qualquer imortal presente. Ainda assim, sabia de quem se tratava.
– Durma – ordenou à vendedora.
Quando esta tombou pesadamente ao chão, Bella deixou o provador sentindo seu coração bater um
pouco mais forte; tendo a consciência de que nunca brigara com alguém. Aquela seria a hora da
verdade. Sentia-se capaz, mas não livre de temor, mesmo assim perguntou provocativa em voz alta
e firme.
– Ainda está aqui Senna? Ou apenas mandou que executassem o que é incapaz de fazer?
O silêncio foi sua resposta por apenas cinco segundos. Finalmente sentiu o cheiro de sua rival,
porém um instante antes de ser atingida por ela que entrou quase a voar pela única porta,
empurrando-a de volta ao provador. Com o impacto Bella se desequilibrou no corpo caído e arriou-
se sobre ele tendo Senna a tentar lhe prender o pescoço, envergada sobre si.
– Sempre fui capaz de desprender sua cabeça, porcelana. – vociferou.
Mal apoiada, Bella somente conseguia segurar-lhe os pulsos para que as mãos não se fechassem em
seu alvo. Como estava não teria espaço para a ação então se deixou cair de vez sobre a humana
ficando com o corpo quase que completamente invertido; cabeça para baixo, pés para cima e Senna
sobre ela. Daquela forma conseguiu apoiar seus pés no peito da oponente e empurrá-la com toda
força que possuía para longe de si.
Senna voou de encontro ao provador da frente e caiu espatifando a porta, a divisória e o espelho do
cômodo improvisado. Enquanto ela se recuperava, Bella se pôs de pé e sem cuidados rasgou a saia
do vestido, bem acima das coxas para ter sua mobilidade de volta. Não demorou um segundo e
Senna partia para o contra ataque, novamente tentando segurar-lhe a cabeça. Bella aproveitou-lhe os
braços estendidos e os segurou fortemente para girar sua rival e cruzá-los em suas costas.
– Não acho que possa comigo. – vangloriou-se da fácil contenção ao derrubá-la e se sentar sobre
seu quadril. – Não iam embora? O que ainda faz aqui? Emmett sabe que...
– Não fale dele! – Senna vociferou entre rosnados enfurecidos enquanto tentava se libertar – Aro
está confuso, mas vou ajudá-lo. Posso aceitar que ele sinta receio quanto a Edward e queria sair de
cena, mas não vou permitir que seu amante assassino saia completamente vencedor dessa batalha.
Ele não a terá de volta... E nem Aro a fará uma esposa... Não vou permitir que coloque você no
lugar de Kachiri não importa o quanto tenha cismado que se parece com ela. Você é só uma vaca em
pele de ovelha. Nunca chegará aos pés dela... Não sei onde eu estava com a cabeça para não matá-la
tão logo a tive em minhas mãos.
A lembrança do primeiro encontro encheu Bella de um asco visceral. Contudo, antes que pudesse
retrucar ou tentar calá-la definitivamente, Senna notou seu fraquejar e rolou o corpo sob o de sua
captora. A jovem vampira caiu de lado no espaço exíguo, mas não soltou sua presa completamente.
Entre urros e rosnados de ambas, Bella prendeu com mais força o braço que ainda segurava.
– Não vai à parte alguma sua nojenta! – anunciou.
Girando o corpo, Bella a envolveu entre com suas pernas. Tentaria mantê-la imóvel num travar de
coxas para enfim girar-lhe a cabeça. Porém com a mão livre, Senna capturou a estaca caída ao lado
da vendedora e cravou em uma das coxas que a prendia. A dor intensa fez Bella gritar e por reflexo
soltar sua rival.
Quando viu Senna de pé diante de si, ela mordeu o lábio inferior com força odiando-se por
demonstrar sua fraqueza e temeu não ser capaz de matá-la ao estar em desvantagem. Pior, temeu ser
morta e nunca mais voltar para Edward. Não poderia deixar acontecer, mas não havia espaço para
se mover, não havia como se por de pé sem que a vampira se aproveitasse de seu movimento para
lhe prender o pescoço.
– Está com medo porcelana? Agora não há Aro nem Edward... Muito menos o idiota do Paul para
salvá-la.
– Nunca tive medo de você! – Bella vociferou num bufar enraivecido – E não terei agora que posso
me defender sozinha.
Senna gargalhou, porém sem baixar sua guarda.
– Eu quase acredito em tamanha coragem porcelana, pena que nem esse surto feminista me faça
considerá-la digna de viver.
No breve discurso Bella viu o brilho assassino cruzar o olhar azul e tudo que lhe restou foi esperar
pelo ataque. Este veio em menos de um segundo com Senna a rosnar enfurecida; as pupilas
chispando de ódio genuíno e as mãos de determinados dedos longos em direção ao seu alvo
preferido. Quando Senna estava prestes a alcançar seu intento, Bella prendeu a respiração e
arrancou a estaca improvisada de sua coxa e, ato contínuo, fincou-a entre as costelas de sua
agressora.
Senna soltou um grito agudo e tombou inerte sobre Bella. Repugnada com o contato e com o sangue
pegajoso que corria sobre seu peito, a vampira a empurrou para o lado e se levantou. Nesse
momento sentiu a fisgada lancinante em sua coxa esquerda juntamente com o sangue escuro a
escorrer da grande ferida aberta. Sabia o que deveria fazer, então, com o pé cutucou a vampira
caída. Esta não se moveu, mas Bella não quis arriscar que pudesse deixá-la viva.
– Acho que é hora de aprender a arrancar cabeças...
Falou para si, porém sua decisão fez Senna revelar seu embuste. Levantou, mas não retomou a luta.
Debilitada e ferida, valeu-se da surpresa causada e empurrou Bella para longe de si. Após arrancar a
madeira de seu corpo, partiu por onde entrou; toda a ação se deu tão rápida que seria inútil segui-la,
mesmo que Bella pudesse.
Com o coração acelerado e a perna a latejar, a vampira soube que era hora de se conformar e
também partir. Porém não poderia caminhar ou deixar a loja machucada como estava então,
utilizando sua experiência com Edward, agachou-se junto à vendedora e a mordeu. A dor e a ferida
diminuíram com o sangue fresco que irrigou suas veias, contudo não desapareceram. A vampira
sabia que seria preciso mais, mas não desejava matar a moça. Cogitou beber de qualquer outra,
porém não considerou seguro. Logo ouviu a aproximação cautelosa de corações humanos,
murmúrios e respirações entrecortadas.
Era óbvio que somente uma estava induzida e que a breve luta no provador chamou a atenção das
demais. Talvez não tenham tentado intervir por estarem apavoradas com tantos estragos, rosnados
animais e urros enfurecidos; definitivamente tinha que sair dali. Num movimento rápido, terminou
de rasgar o trapo sujo com o sangue de Senna que antes fora um belo vestido. Com ele retirou o
filete de seu próprio sangue em sua perna então recolocou as próprias roupas, calando lamentos de
dor.
Pronta, tentou escovar os cabelos desgrenhados com os dedos, alcançou sua bolsa e seguiu para a
porta levando as cinco mulheres receosas que lhe bloqueavam a saída a saltarem assustadas.
– Quem é você e que droga aconteceu aqui? – uma delas arriscou perguntar.
Contudo a vampira não lhe responderia. Depois de induzir a todas para que a esquecessem, saiu
manquejando da loja, rumo ao seu carro. Na rua o movimento continuava o mesmo; a contenda não
fora notada. As marcas ficariam naquela parte reservada da loja e em sua coxa dolorida.
– Biscate desgraçada! – ciciou enquanto a dor lhe causava calafrios. Antes que chegasse ao seu
carro avistou um táxi. Reconhecendo que não conseguiria dirigir de volta ao edifício o fez parar. Ao
estar acomodada, pediu num gemido. – Leve-me para a Wall Street, por favor... E sem conversa.
Sabia não ser possível, mas até mesmo sua cabeça parecia doer. Que ideia infeliz tivera ao deixar a
cobertura. Edward iria querer sair à caça de Senna e Emmett ao encontrá-la ferida. Quando ordenou
que o taxista mudasse de direção, seguindo para a rua mais deserta que conhecesse, tinha apenas a
intenção de beber-lhe o sangue para sua completa recuperação, acreditando que se apresentar inteira
talvez atenuasse a ira do vampiro.
Fora prontamente atendida, porém beber do braço estendido pela janelinha que os separava não lhe
trouxe qualquer recuperação. Caso insistisse somente debilitaria sua vítima e isso ela não faria.
– Como se sente? – perguntou ao motorista induzido.
– Muito bem senhora. – ele disse apático.
– Ótimo! – exclamou recostando-se no assento – Leve-me para o primeiro endereço que lhe dei,
depois esqueça que me serviu.
Ao desembarcar na calçada em frente ao NY Offices, Bella não temeu ser atacada. Senna era louca,
mas já estava claro que a luz do dia preferia agir na surdina. Por essa razão a vampira caminhou
lentamente para não mancar até o elevador; não precisava chamar a atenção sobre si mais do que já
fazia. Uma vez na cabine não resistiu ao desejo de sentar no piso depois de apertar o botão da
cobertura; parecia que a ferida doía ainda mais. Por sorte não sangrava.
– Biscate desgraçada! – xingou mais uma vez.
Nesse momento sentiu seu celular vibrar antes mesmo que tocasse. Vasculhando sua bolsa o
resgatou para atendê-lo. Antes que o fizesse viu constar cinco chamadas perdidas, todas de Edward
num curto espaço de tempo entre elas. Simplesmente não as ouviu entretida com a luta.
– Alô... – falou modulando sua voz.
– Isabella! – sua exclamação foi quase um grito. – Onde está? O que aconteceu?
Por sua aflição ela soube que tentar omitir qualquer coisa de Edward – ainda mais acontecimentos
que a deixassem nervosa – seria impossível.
– Estou bem Edward, eu...
– Bem porcaria nenhuma! – ele sibilou – Conheço sua voz. Onde está?
– Indo para a cobertura, já estou no elevador privado. Edward...
Bella se calou incrédula ao ouvir a ligação ser interrompida; ele não perderia aquela mania nunca?
Acreditava que não. Aquela era outra característica de Edward. Guardava o celular em sua bolsa,
preparando-se para o que viria quando sentiu o elevador perder força. Voltando os olhos para o
painel viu que faltavam ainda sete andares para acessar a cobertura.
Enquanto tentava se colocar de pé, não lhe ocorria quem teria sido a pessoa desavisada que o fez
parar. Soube quando as postas se abriram e um vampiro recém tomado banho – calçado e lindo
vestido em calça jeans e camiseta preta – a encarava com o cenho franzido num rosto sombrio.
– O que aconteceu? – perguntou dando um passo atrás, claramente indicando que ela deveria deixar
o elevador. Sua postura rígida se desfez quando a vampira tentou caminhar firmemente e falhou um
passo, cedendo à dor. – Isabella?!... Está machucada?
Então ela se viu erguida nos braços dele que agora apresentava nos olhos verdes escurecidos notas
de preocupação, interrogação e indignação. Bella temeu todas elas. Antes que dissesse qualquer
coisa ele sibilou.
– Você fede àquela víbora! Onde a encontrou? Voltou ao apartamento de Aro sem mim?
– Prefiro falar quando estivermos na cobertura. – disse perscrutando o andar.
Descobriu que era somente um espaço de escritórios vazios. Soube que por essa razão Edward o
escolheu para interceptá-la; não teria testemunhas para sua impaciência. Se ele quis contestá-la ela
jamais saberia. Edward não lhe retrucou, apenas a carregou para fora do elevador e seguiu até a
escadaria. Correu com ela nos braços, taciturno, como no tempo em que não podia acompanhá-lo.
Entrou no apartamento a passos largos e a depositou mesmo no sofá para então se afastar.
Imediatamente arrancou os sapatos, as meias e lhe deu as costas correndo as mãos pelos cabelos
úmidos.
– Vai me contar de uma vez ou esse será mais um segredo que tentará ocultar de mim?
– Isso não vai mais acontecer. – falou receosa sem imaginar o quanto sua cautela o exasperava mais
–, mas me prometa que vai ficar calmo...
– Nunca vem nada de bom quando faz esse pedido Isabella. – Edward se voltou para encará-la. –
Apenas me conte de uma vez, sem me fazer prometer o que invariavelmente termino por não
cumprir. Onde encontrou Senna? O que ela lhe fez para deixá-la aflita e dolorida? Sabe que senti...
Foi mesmo ao apartamento deles enfrentá-los? Foi forçada a ir? Emmett tentou...?
Edward calou suas suspeitas, cerrando os punhos. Sabia que o rival tentaria novamente, mas não
haviam se passado oito horas desde sua suposta partida.
– Não me encontrei com Aro... – ela garantiu e contou de uma vez. – Nem fui até eles. Foi Senna
que me atacou enquanto experimentava roupas numa loja do Soho.
– Você saiu para experimentar roupas?... Agora?! – Edward indagou num rugido aflito; um tanto
reprovador. – Onde estava com a cabeça? Poderia ter sido morta por... Por uma bobagem! Futilidade
feminina!
– Não saí para comprar roupas novas. – ela afirmou dignamente, tentando não se abater com o tom
ofensivo – Sabe que não sou assim... Tenho plena consciência de que estamos em guerra e não me
tornaria “justamente agora” numa deslumbrada só porque tenho cartões ilimitados.
Edward bufou enfurecido; com ela e consigo mesmo. Recriminava-se por ter primeiramente
agradecido o fato de não encontrá-la na cobertura evitando assim a argumentação que fatalmente
aconteceria tão logo Isabella sentisse o cheiro de Zafrina em suas roupas.
Poderia tê-la procurado, mas quis acreditar que ela não tivesse saído e estivesse tentando se distrair
como recomendou; talvez em seu escritório. Considerou o arranjo perfeito. Quando ela voltasse
indicaria que estava bem, entregaria o que lhe trouxe e somente então contaria sobre o encontro.
Sim, enquanto aprimorava seu plano perfeito tentou exercitar o desapego que o deixaria mais forte,
mas este durou até que em seu banho para se livrar do odor de outra vampira sentisse a primeira
fisgada de aflição em seu coração.
Ainda molhado procurou confirmação para sua primeira desconfiança e descobriu que ela não
estava na Cullen & Associated. Então tentou encontrá-la pelo maldito celular somente para ser
ignorado. Inconformado voltou ao banho, o finalizou e se trocou ficando pronto para sair caso fosse
preciso, demandando que mantivesse a calma até que mais uma vez tentasse contato e a descobrisse
no prédio. Estava nervoso, tanto que não pôde esperar.
Descobri-la alquebrada e sentir o cheiro de Senna o cegou e o fez criar as mais mirabolantes ações
em que ela pudesse estar envolvida e então ela lhe dizia que estava a experimentar roupas? O que
mais poderia pensar?
Que a conhecia bem e Isabella de fato não era aquele tipo de mulher, disse para si.
– Perdoe-me... – pediu passando a andar de um lado ao outro a sua frente – Não foi isso que eu quis
dizer, mas tem que concordar que essa não era a hora de ir a lojas de roupas... Ainda é cedo e
sabíamos que Aro não partiria de uma hora para outra, aí está a prova.
– Tenho certeza de que essa ação foi isolada e particular. – Bella replicou um tanto sentida –
Emmett não deseja que eu morra Senna sim...
Mesmo enciumado com o que soou como defesa, Edward lhe seguiu o raciocínio; o rapace a queria
para si. E Senna nunca escondeu que desejava matá-la. O vampiro não sabia o que fazer, mas teve
certeza do que não faria. Não irromperia porta afora para caçar quem quer que fosse sem estar
completamente fortalecido. Doía-lhe na alma ver a expressão de dor no rosto também magoado de
sua noiva, sentia o desejo real de arrancar algumas cabeças, mas tinha uma consciência nova e
apaziguadora de que ação sem razão em nada os ajudaria.
– Edward, diga alguma coisa... – Bella pediu com cautela ao considerar o silêncio um tanto estranho
e perturbador.
– Acalme-se. – ele falou calando rosnados que nem ao menos notou se iniciarem sem seu peito. –
Não vou fazer nada contra Senna no momento.
– Não vai...?! Ai! – ela mordeu o lábio para abafar seu grito de dor ao se mover sobre o sofá,
espantada com a inédita declaração.
– O que ela fez com você? – Edward se ajoelhou aos pés dela, esquecido de seus desafetos; apenas
preocupado com ela. Sem saber em quais parte de seu corpo poderia tocá-la – Onde dói Isabella?
– Minha perna... – pareceu que falar fez doer mais.
Antes que indicasse qual delas, Edward já rasgava a calça sobre sua coxa direita, como quem parte
um pedaço de papel. Foi impossível a Bella não sorrir em meio a dor ao se lembrar da Lei de
Murphy. Todavia todo o início de humor se foi ao ter a outra perna da calça também rasgada e ver o
escurecimento da pele estufada que cobria onde antes havia a ferida pouco maior do que a
circunferência de um limão; também as marcas ressecadas do sangue derramado. O peito de seu
vampiro novamente rugiu antes que perguntasse.
– O que causou isso?
– Uma estaca feita com a perna de uma cadeira.
– Desgraçada! Maldita!
Edward se pôs de pé cerrando as pálpebras com força como se daquela forma a imagem de tal
objeto cavado na perna dela sumisse de sua mente; como se assim o cegasse ao entendimento do
estrago que faria caso fosse fincado no coração de sua noiva. Tremendo violentamente, revia sua
decisão em ser ponderado.
Respirando fundo algumas vezes, procurou por uma calma que jamais possuiu e disse a si mesmo
que o primordial era cuidar de Isabella, não procurar reparação para o ataque sofrido; razão antes da
ação. Ouvindo o trepidar dos vidros à sua volta, soube que atingir a “iluminação” não seria algo
fácil. Todavia, olhando aquele ferimento horrendo e, ciente do que deveria fazer para curá-lo, fez
um juramento mudo de que por Isabella conseguiria se conter.
Para protegê-la, vingá-la e nunca mais dirigir-lhe qualquer sentimento menor que maculasse o amor
que lhe tinha ao se sentir igualmente diminuído, domaria o animal irracional que havia em si. A
vampira viperina e o ladrão de vida alheia não perderiam nada por esperar...
– Você bebeu sangue humano depois disso. – falou seguro, focado nela. No momento apenas a
recuperação dela importava.
– Bebi. – Bella confirmou analisando-lhe o rosto indecifrável, estremecendo ante a gravidade de sua
rouquidão. – Duas vezes. O ferimento fechou, mas ainda dói muito e está assim...
– Ainda tem madeira em sua carne. – Edward informou num murmúrio pesaroso.
– Tem madeira aqui?! – a vampira exclamou olhando o machucado – E agora?
Edward gostaria de ser frio com Isabella, mas não conseguiu explicar-lhe o óbvio. Optou por
reservar sua frieza para o momento da ação, deixando que ela aceitasse o que já sabia e tirasse suas
próprias conclusões. Quando ela o encarou com o entendimento a lhe nublar os olhos castanhos, ele
apenas confirmou com um leve manear de cabeça.
– Então faça! – foi tudo o que ela disse.
Diante da resignação de sua noiva, não lhe restava nada além do que seguir até o escritório para
pegar seu abridor de cartas; novamente ele serviria para trazer dor a Isabella. De volta à sala
Edward encontrou sua vampira mirando o vazio com o queixo erguido. Sem nada dizer tomou-a
novamente nos braços e seguiu escada acima rumo ao banheiro do quarto.
Ao ser depositada sobre a tampa do vaso sanitário e ver o que Edward trazia em suas mãos, Bella
sentiu seus olhos arderem; de raiva e medo. O resgate daquele pedaço de madeira a machucaria
mais.
– Aquela desgraçada! – murmurou enraivecida.
– Sim amor, ela é uma biscate da pior espécie... – Edward falou se ajoelhando diante da perna
ferida. Procurando os olhos dela, pediu. – Desculpe-me por não ter um meio de fazer com que não
doa.
– Tudo bem! – Bella acariciou-lhe o rosto. E para acalmar a ambos, troçou. – Viver para sempre não
poderia ser somente um mar de rosas. De vez em quando há de aparecer alguns espinhos.
– O problema é que esse espinho parece ser dos grandes, assim como estar bem fundo – ele rebateu
sem se deixar levar pelo tom ameno da vampira. Estava tenso. – Seria muito egoísta de minha parte
pedir que não gritasse?
Não estava nos planos de Bella fazer um escândalo diante dele, mas não via como poderia dar sua
palavra quanto àquilo, nem entendia a atribuição de egoísmo ao pedido. A única coisa que lhe
ocorria era que não poderia chamar a atenção, por isso o lembrou.
– Edward, ninguém pode me ouvir...
– Eu posso – ele disse simplesmente. – E não suportaria.
Diante da declaração ela se perdeu nos olhos verdes tão raivosos quanto consternados e somente foi
capaz de como ele minutos antes, assentir com a cabeça.
Sem mais palavras Edward voltou sua atenção ao ferimento e o abriu a um só corte. Até ali Bella
poderia dizer que tudo bem; não doeu mais do que já estava, porém quando o abridor de cartas
passou a aprofundar a abertura, rasgando sua carne rumo ao osso, a vampira prendeu a respiração e
precisou travar os lábios para não descumprir a palavra não verbalizada.
O sangue escuro vertia lento e viscoso tingindo os dedos precisos de Edward e maculando o piso
branco do banheiro recentemente limpo por Irina com grossas gotas que caiam pesadas. Vez ou
outra seu “enfermeiro” a olhava furtivamente com uma leve ruga a vincar a testa antes de voltar à
ação. Logo o abridor tocou em algo que a fez sobressaltar-se após uma fisgada mais intensa da dor
que já era demasiada.
– Encontrei. – Edward disse muito baixo, como que para si mesmo. Então a encarando, anunciou
em tom de desculpas. – Terei que abrir mais o corte, pois quero me certificar de que não deixarei a
mínima lasca.
Bella novamente moveu a cabeça; caso fosse preciso falar não calaria sua agonia até então somente
exposta em grunhidos abafados.
– Está sendo mais difícil do que previ. – ele completou – O sangue humano que tomou luta para
recuperá-la então preciso feri-la mais, perdoe-me.
– Hum-hum... – concordou com os lábios travados.
Estava rígida sobre a privada, apertando a lateral de seus quadris com força para não se agarrar a
nada a sua volta que com certeza ao mais leve aperto danificaria.
– Continue sendo forte meu amor... – Edward pediu encorajador.
Teria acrescentado “por mim”, mas já se sentia muito culpado ao vê-la resistir bravamente por seu
pedido anterior. Agradecia aos céus pelo brio orgulhoso de Isabella que a levava a cumprir um
assentimento dado por amor a ele. Ser ponderado talvez fosse mais fácil do que deixar de ser
egoísta. Precisava preservar sua sanidade que com certeza seria perdida caso ouvisse mais do que os
gemidos que Isabella engolia.
Doendo em sua alma, Edward girou o abridor no interior do corte até desprender a fina tira de
madeira que estava próxima ao fêmur, tão profunda que por muito pouco não havia atravessado a
coxa feminina. Após retirá-la, pinçando-a com seus dedos, o vampiro a colocou sobre a pia e voltou
ao trabalho. Dispensando o instrumento, vasculhou a ferida com seu dedo indicador, confiando mais
em seu tato. Encontrou mais duas lascas menores.
– Acabou. – anunciou.
Ato contínuo se levantou e lavou as mãos. Sem secá-las pegou a pequena toalha disposta ao lado da
pia e se abaixou para retirar o sangue que corria pela perna de Isabella. Imediatamente lambeu o que
ainda estava ao redor do machucado e continuou a rolar a língua sobre ele até que tivesse o tocado
em sua totalidade.
– O que está fazendo? – Bella indagou surpresa, sua voz muito rouca mesmo que a dor tivesse
cedido quase que imediatamente após a retirada da última farpa.
– Estou cuidando para que cicatrize logo. – Edward explicou antes de repetir a ação. Daquela vez
suas lambidas lentas fizeram-na arrepiar.
– Pare Edward... Isso não vai ajudar.
– Sim ajuda. Esqueceu-se que nossa saliva também tem o poder de fechar ferimentos? – ele replicou
subitamente ríspido.
Uma vez que a livrara do que a mantinha machucada, tinha que fazer o que estivesse ao seu alcance
para recuperá-la. Não queria passar pela mesma angustia do seu tempo como humana. Bastava a
sofrida quando a debilitou, quando quase a matou de hipotermia ou a perdeu pela loucura de Paul.
Bastava ter assistido seu sofrimento durante a transformação e saber que seu sangue, velho e inútil,
de nada mais lhe valia.
Bella não cogitou contestar. A repentina mudança de humor indicava que Edward estava num
daqueles momentos em que remoia suas cismas depois que algo ruim acontecia com ela. Como
prova seguiu-se o mesmo ritual. Calado, o vampiro se despiu ficando somente com sua boxer antes
de fazer com que Bella se levantasse. Sem encará-la a ajudou a retirar o casaco. Ao ver os
resquícios de sangue em seu colo torceu o nariz e abafou um rosnado; ele sabia ser o sangue de
Senna.
– Vou querer saber exatamente o que aconteceu. – falou sucinto e novamente se calou.
A vampira nem se deu ao trabalho de responder, pois acreditava que não seria ouvida. Edward
estava fechado em si mesmo cuidando dela como das outras vezes. Logo Bella se viu livre da calça
completamente danificada e de sua calcinha, então foi colocada sob o chuveiro que vertia a água
ainda fria. Antes de dar atenção a sua perna, Edward lhe ensaboou e enxaguou delicadamente o
colo. Repetiu o processo duas vezes como que para se certificar de que nenhum rastro de Senna
ficaria nela.
Somente então limpou sua coxa com cuidado. De fato o machucado estava fechado e retrocedendo a
olhos vistos. Edward tinha razão, sua saliva, em conjunto com o sangue fresco, ajudou em sua
pronta recuperação. Justamente por estar praticamente refeita, passava a sofrer com aquele banho
que para ela perdera completamente a conotação terapêutica.
– Edward... – gemeu quando a mão masculina alisou o meio de sua coxa esquerda e subiu até sua
marca. Tentou abraçá-lo, porém o vampiro se esquivou.
– Agora não! – disse rouco; estava afetado como ela, mas ainda muito sério.
– Estou bem. – assegurou. – Já passou... Você me salvou.
– Apenas a livrei das dores, pois não morreria. – falou ainda esfregando a mão ensaboada sobre seu
desenho, torturando-a.
– Então me salvou das dores!... – ela teimou. O ódio por Senna tornando-se uma sombra esmaecida,
assim como a lembrança da dor do ferimento causado por ela se tornava nada ante outro latejar
lancinante. Correndo a mão pelo peito de seu vampiro, disse rouca. – Mas me causa outras...
– Pare Isabella! – Edward a colocou sob a água para retirar a espuma de seu corpo. Estava tão
estimulado quanto sua noiva, mas a dor que ela parecia ter esquecido ainda lhe feria e havia muito a
conversar. Não queria distrair-se, nem dispersá-la com sexo.
– Ainda está com raiva de mim? – Bella perguntou enquanto ele fechava o chuveiro e fazia deixar o
Box – Disse que estava bem ao telefone. Sugeriu que eu me distraísse... Ficou com raiva porque
saí?
– Não estou com raiva Isabella.
Dito isso alcançou a grande toalha e passou a secá-la, excitando-os mais. Talvez devesse deixá-la se
ocupar daquela tarefa, mas era mais forte do que ele; precisava cuidar dela até o fim.
– Se não está com raiva me beije. – a vampira o desafiou.
Edward franziu o cenho olhando duro para ela; Isabella não ajudava. Exasperado desceu os olhos ao
chão. Ver as gotas de sangue em contraste com o piso branco fez o seu próprio fervilhar. Poderia tê-
la perdido definitivamente antes mesmo de viverem a primeira semana de sua eternidade. E isso
depois de lhe recusar o abraço, não corresponder a um beijo, não atendê-la...
Isabella o teria deixado sozinho sabendo que estava magoado com ela; sem que o ouvisse dizer uma
última vez que o quanto a amava; igualmente. Determinado, o vampiro voltou a encará-la. Que se
danassem suas manias protecionistas.
Após um minuto de silêncio depois de provocado, Edward a segurou fortemente e a beijou quase
com violência, explorando-lhe a boca com a língua exigente enquanto suas mãos tateavam-lhe os
seios sem cuidados. Bella jamais saberia o que desencadeou tamanha paixão no vampiro, contudo
apreciou que esta a engolfasse. Não precisava de estímulos então não se importou em ser erguida e
prensada contra a parede para receber uma única estocada de um membro muito rígido liberado
sobre o cós da boxer molhada.
Com grunhidos guturais Edward comprimiu o rosto na curva do pescoço de sua noiva enquanto a
abraçava fortemente e arremetia o quadril contra ela com vigor. O gozo veio da mesma forma com
que foi agravado; violento e intenso, levando-os a gritarem seus nomes misturados aos próprios
rosnados que mais pareceram lamentos de agonia.
– Eu a amo tanto, tanto que esses são os únicos gritos que desejo ouvir Isabella... – Edward falou
num fio de voz, encarando-a com os olhos verdes ainda em chamas. – Somente esses...
– Cuidarei disso... – prometeu rouca. – Também o amo tanto, tanto que se o machucassem eu não
suportaria...
Ele não respondeu imediatamente. Apenas a beijou com devoção antes de retirar-se dela, despir-se
completamente e a carregar para a cama quebrada mesmo que estivessem ainda molhados. Havia
muito a ser dito, provavelmente brigassem, então Edward começou com o primordial a esclarecer.
– Quero que saiba que não estava com raiva de você essa manhã e sim novamente aborrecido por
ter me deixado de fora de sua descoberta. – quando ela tentou falar ele pousou o indicador sobre
seus lábios e prosseguiu. – Sei que já havia perdoado, mas Jasper ter feito o mesmo reabriu a ferida.
Perdoe-me por ter sido frio.
– Como soube o que eu diria? – Bella uniu as sobrancelhas, curiosa.
– Eu apenas sabia. – ele respondeu dando de ombros, imaginou o retrucar nitidamente. Não dando
importância à coincidência, indagou.
– Estou perdoado?
– Só se me perdoar por ter sido estúpida saindo quando não deveria. – Bella pediu, escorregando
seu corpo para baixo da coberta, aceitando a resposta.
Edward deixou que ela se acomodasse. Sabedor de que aquele tema carregava sua devida
importância e seria menos bélico do que aquilo que tinha a dizer se apegou a ele.
– Estamos quites então... Agora me conte, por que deixou a cobertura Isabella? – perguntou
sentando-se ao lado dela.
– Fiquei nervosa quando descobri que tinha saído sem avisar. Imaginei que quisesse um tempo para
pensar sobre o que o perturbava e tentei esperá-lo quieta, mas me agoniou não saber onde estava;
por não saber o que fazer para ajudá-lo... – mordendo o lábio contou o que a levou a sair depois que
ele pediu que se distraísse. .
Evidente que a culpa era dele, Edward pensou recriminando-se. E na mesma medida de seu péssimo
conselho Isabella piorou a situação.
– Por que não pegou seu carro e voltou? – indagou evitando inquirir sobre as malditas roupas.
Isabella baixou os olhos e alisou a coberta; embaraçada?
– Achei que olhar uns vestidos de noivas me acalmaria.
A revelação o surpreendeu. E amoleceu seu coração fazendo-o esquecer por alguns instantes de Aro
e tudo de ruim que os envolvia.
– Mesmo com tudo que vem acontecendo, pensou em nosso casamento?
– Pensei. – ela o olhou com olhos brilhantes. – Ontem descobri uma loja bem ao lado da Apple.
Havia gostado de um vestido. Eu o admirava quando...
– Eu entendi. – ele resmungou interrompendo-a quando a imagem de Emmett a cercando diante da
loja lhe veio à mente. Contudo o que ouvia era estimulante demais para perder-se em ciúme por
imagens de uma cena que nem ao menos viu. – Fale-me do vestido... Você o experimentou?
– Sim... E ele era lindo! – Bella sorriu com a lembrança até que a continuação da mesma fez
evaporar a imagem perfeita. – Mas fui obrigada a rasgá-lo.
– Senna! – Edward ciciou acompanhando-a na imagem; o vestido, a luta.
– Não sei como ainda pude cair no truque da humana induzida, justamente hoje que recomendei a
Irina que não atendesse a ninguém pelo mesmo motivo. – recriminou-se exasperada. – Acho que
estava muito distraída imaginando como seria nosso casamento agora que temos ao menos uma
trégua. O fato é que eu entrei na loja, provei o vestido...
Edward não mais a interrompeu. Deixou o contentamento de sabê-la ocupada com a futura união
bem guardada em seu peito e prestou atenção ao que ela narrava. Ouvir quieto os detalhes da
primeira luta dela, travada em espaço tão diminuto e público, demandou do vampiro boa dose de
autocontrole.
O orgulho que crescia nele pela desenvoltura e coragem dela ajudou a mantê-lo no lugar; pois sua
vontade era mandar tudo o que ouviu de Zafrina ao inferno e sair à caça de Aro e sua amante
traiçoeira.
– Edward, eu estou bem. – a vampira assegurou tocando-lhe a coxa.
Sentir a mão delicada o tirou do ciclo de pensamentos do que faria caso os pegasse, então percebeu
que novamente rosnava.
– Mas poderia estar morta! – ele retrucou rouco. – Tem ideia do que teria acontecido se aquela
estaca fosse cravada em seu coração?
– Não. – ela disse sincera. – Você tem? Eu teria morrido como nos livros e filmes?
– Não sei lhe dizer com certeza, mas acredito que sim. Você acaba de sentir na carne o estrago que a
madeira nos causa. – ele falou seriamente.
Então segurou a mão pousada em sua perna ao se lembrar o quão perto esteve de testar a tese
quando levou uma estaca para sua casa quando ela o deixou. Não o fez por acreditar que
simbolicamente iria feri-la e imaginar que poderia ter acontecido de fato o angustiava.
– E não quero saber justamente através de você. – falou ainda rouco. – Acredito que com essa luta
tenha visto que guerrear não é tão fácil como imagina somente por estar forte.
– Confesso que por um instante temi morrer... – ela admitiu num fio de voz. – Senna é rápida.
– Sei disso. – Edward murmurou; sentindo também a aflição dela, indagou. – Será que agora
entende que não pode resolver tudo nem me defender de todos? Acredita que eu viveria em paz
sabendo que morreu por minha causa?
– Você morreria por mim. – Bella disse a verdade.
– É diferente! – Edward retorquiu.
– Não é diferente e sabe disso. – ela rebateu gentilmente, não queria gerar uma discussão, então
imediatamente acrescentou. – Mas tem razão. Agora sei como é e irei me conter.
Edward sorriu satisfeito com o que ouviu e levou a mão que segurava aos lábios para beijar os
dedos e o anel de noivado.
– Vou confiar em você!
– Pode confiar. – ela assegurou, amolecida com o carinho. Contudo não ao ponto de esquecer que
Edward também lhe devia uma narrativa. Com um suspiro profundo, concentrou-se e pediu. –
Agora que já sabe por tudo o que passei, conte-me para onde foi.
A hora havia chegado, Edward pensou ainda a comprimir os lábios contra o símbolo de sua união; a
calmaria chegara ao fim. Restava-lhe esperar que logo voltasse.
– Como lhe disse precisei sair para ordenar as ideias.
– E pelo o que me disse conseguiu se acalmar, não foi? – ela o incentivou.
O vampiro sabia que não haveria formas brandas de contar sobre o encontro, então naquele instante
entendeu todas as vezes que Isabella lhe pediu paciência antes de tratar de assuntos indigestos; era
quase impossível abordá-los.
– Isabella... Preciso lhe dizer uma coisa, mas gostaria que ouvisse sem se alterar.
– Essa fala é minha. – ela estranhou e se sentou. – O que aconteceu Edward?
– Quero lhe contar uma estória. – ele falou, puxando lentamente o lençol que a cobria, precisava de
tempo. – Sobre isso...
Bella seguiu com o olhar o movimento do dedo indicador sobre sua marca de nascença.
Imediatamente se pôs em alerta, pois o desenho que por vezes lhe proporcionou tórridos momentos,
também fora o pomo de alguma discórdia. Ciente de que era importante ouvi-lo, murmurou.
– Conte então...
– Bom... – o vampiro começou, correndo o dedo sobre o desenho. – Ouvi sobre uma lenda que
explica o significado de sermos marcados.
– Ouviu onde?
– Reza a lenda que durante a formação do mundo – ele prosseguiu sem respondê-la – Deus precisou
de almas para dar aos humanos que criava e com isso passou a designar seus anjos. Parece que
alguns desses anjos se amavam ao ponto de não suportarem a separação então marcaram seus
corpos com desenhos iguais para reconhecerem-se na Terra.
– Nossa! – ela exalou sem saber se de encantamento pela breve e bonita estória ou pelo eletrizar que
o dedo a correr seu desenho lhe causava.
– Nós nos reconhecemos... – Edward murmurou apreciando as reações dela.
– Você me reconheceu nessa vida... – Bella disse num fio de voz muito tentada a se mover para que
a mão de Edward se aventurasse por lugares próximos a marca; muito excitava e justamente por
isso sem qualquer nota de acusação na voz ao dizer. – Mas sabe que sou sua metade desde sempre...
Desde que...
– Eu a matei. – ele a cortou igualmente afetado pelo carinho que fazia e pelo mover mínimo do
quadril despido bem abaixo de sua mão. – Não preciso ser lembrado disso Isabella... Fui cego!
Descrente!... Mas se quer saber a verdade, não me arrependo. – dito isso retirou os olhos e a mão
daquele ponto que o instigava a prová-la para acariciar-lhe a lateral do corpo, passando por um seio
até segurar-lhe a nuca e fazê-la encará-lo. – Não sei como seria com as outras. Sei como é com você
então não considero que errei e sim que acertei.
Sem dar-lhe tempo de retrucar, Edward a beijou profundamente. Dali em diante não haveria mais
desculpas, nem rodeios então queria provar a Isabella que ela era a única que lhe importava. Estava
farto de desentender-se com ela e não queria que acontecesse justamente quando acreditava estar
fazendo a coisa certa. Seria sábio se valer do clima que os unia para apaziguar a tormenta. Com isso
rolou sua língua na dela, provando-lhe a boca que adorava; excitando-a mais, excitando-se. Ao
ouvir seu próprio gemido percebeu que perderia o foco, então refreando sua paixão, perguntou entre
o beijo que deixava sua mulher amolecida.
– Você confia em mim Isabella?
– Confio... – a resposta saiu sufocada por entre a dança das línguas.
Era o que Edward queria ouvir. Ainda assim a conhecia bem então, como uma carícia correu as
mãos ao longo dos braços dela, erguendo-os para prendê-los pelos pulsos antes de dizer.
– Então confiará que as decisões que tomo serão para nosso bem, não?
– Sei que jamais faria nada que fosse o contrário. – Bella murmurou languida ao sentir a força
imprimida em seus pulsos enquanto a boca vagava para sua orelha e lhe chupava o lóbulo. – Está
me distraindo não está? Diga de uma vez Edward...
– Eu permiti que James e Zafrina viessem para nosso clã. – sussurrou-lhe ao ouvido.
Imediatamente Bella reagiu tentando se soltar, porém mesmo afetado Edward estava preparado para
ela e a conteve.
– Solte-me Edward. – ela pediu seriamente.
– Não se formos discutir. – ele retrucou igualmente sério. – Não quero ser questionado, Isabella. Fiz
o que achei que deveria ser feito, como você e Jasper.
– Está dizendo que por nossa causa foi procurar por eles? – Bella indagou incrédula.
– Não os procurei, foi ela quem me seguiu e me abordou.
– Zafrina o seguiu?! – ela novamente se debateu; toda excitação extinta. – Edward me solta! Não
pode me prender para sempre.
– Vou soltá-la, mas, por favor, nada de discussões.
– Já entendi! – ela retrucou ao ser solta. – Questiona, mas não quer ser questionado... Com isso terei
que engolir Zafrina aqui sem nem uma explicação?
– Zafrina não ficará “aqui” Isabella... Ela e James, apenas estão do nosso lado agora. Foi Senna que
os tentou matar; estão rompidas.
– Disso eu não duvido, mas com qual intuito ela quer se juntar a você? E nem venha citar James
novamente, pois bem sabemos que ele não tem a mínima importância nessa estória. O interesse é
único e exclusivo dela.
– É meu também. – Edward declarou.
– O quê?... – Bella uniu os olhos em finas tiras; o peito a protestar. – Diz que não quer ser
questionado e me diz que tem interesse nela?
– Não há razão para ter ciúmes Isabella. Sabe muito bem que não é esse tipo de interesse. – Edward
explicou calmamente; sufocando o envaidecer que sempre o acometia quando a vampira
demonstrava sua possessão. – Quando aceitei o pedido não me importei com os motivos dela e
quero que saiba desde já que confio em nenhum dos dois... Mas ela é antiga... Pelo o que pude
perceber em tudo o que me disse ela é tão antiga quanto o Aro e se está disposta a ajudar, temos que
aproveitar a chance.
Bella o entendia, mas ainda assim imaginar aquela vampira perto dele a nauseava.
– Pelo o que eu percebo, conversaram bastante então... – observou sentida. – Estava com ela quando
eu liguei?
– Das primeiras vezes sim... – e novamente muito ciente de onde ela queria chegar, acrescentou. –
Quando me perguntou se eu estava sozinho de fato estava. Não lhe menti Isabella.
– Está certo! – ela murmurou puxando o lençol para se cobrir. De fato o entendia, mas se sentia
desamparada. – Acredito que não mentiu, mas gostaria de saber por que não me atendeu.
– Pelo mesmo motivo que não retribui seu abraço; estava aborrecido. Quanto a minha decisão,
acredite também que fiz o certo. – ele pediu aproximando-se para erguer-lhe o rosto e procurar
pelos olhos castanhos livres do brilho que geralmente os iluminava. – Zafrina é como Aro, pode ler
mentes e disse que outros também podem... Ela disse que sou mais forte do que ele; que o rapace
tem medo de mim!
– Ou seja, fora a novidade de ler mentes, ela fala o que você já deveria ter percebido sozinho. Se
Aro não o temesse não agiria furtivamente. Já teria encontrado um meio de eliminá-lo. Arrisco dizer
que ele até mesmo o inveje e por despeito o diminua. Aro é vivido e esperto. Ele o conhece bem e
sabe exatamente o que dizer para desestabilizá-lo. Assim como alguém tão antigo deva saber dizer
para agradá-lo, mesmo não tendo muita intimidade.
– Isabella...
– Escute – ela o cortou. – não vou questionar sua decisão, afinal é o nosso líder. Para mim, basta eu
saber que não confia em Zafrina de todo. Devo reconhecer que ela nos ajudou com a carta, então
vamos ver o que ela quer, mas... Por favor, Edward, não se deixe iludir por aquilo que “quer ouvir”.
Isso de Zafrina revelar somente agora que pode ler mentes é mais uma prova do que ela é capaz
para ter o que deseja.
– Sei disso e acredite... – Edward pediu, agradecendo o fato de Isabella não ter reagido tão
violentamente quanto imaginou. – Eu os aceitei mais por todas as coisas que Zafrina ainda não
disse. Não me deixarei iludir por ela, então quanto a isso, não se preocupe. – correndo a mão que
lhe segurava o queixo pela lateral do rosto sisudo, ele pediu. – Agora... Diga que me entende... Não
somente que aceita minha decisão por que sou o líder.
– Você deixou claro essa amanhã que é o líder e é quem decide a ação; apenas pôs sua palavra em
prática; resta-nos acatar. – Bella disse sustentando-lhe o olhar. – Não o julgo por isso e confio que
saiba o que está fazendo. Mas quero que saiba que eu entendo que precisamos saber mais. Entendo
que precisamos de informações do lado inimigo, entendo sua atitude, contudo jamais vou me
conformar que para isso tenha que conviver com Zafrina. Jamais vou suportar a ideia dela perto de
você...
– Fico contente que entenda Isabella. – Edward lhe sorriu e acrescentou. – E feliz por não termos
brigado... Precisamos também de paz, meu amor. Parece que essa nunca fica ao nosso lado mais do
que breves instantes.
– Estamos em paz agora. – Bella assegurou. – Ainda estou digerindo a novidade, mas estamos
bem...
A vampira tentou sorrir, contudo não conseguiu mais do que um mover de lábios. De fato estava
bem com ele, mas o ciúme de saber que esteve novamente com a vampira biscate doía em seu peito.
– Se estamos bem então acho que agora posso lhe dizer onde estive quando me ligou pela terceira
vez. – ele abriu mais o sorriso; estava mesmo contente. Tudo se encaixava aos poucos.
– Não é outra surpresa como essa que acabou de contar, não é? – sim, ela temia o que ainda poderia
vir.
– É uma surpresa... – Edward anunciou deixando a cama para voltar com uma caixinha preta que
logo estendeu para sua noiva que o olhava desconfiada. – Muito boa, espero.
– Estou ganhando uma jóia? – ela uniu as sobrancelhas. – Não é tipo por bom comportamento, não
é?
– Amor acredite se fosse lhe presentear por bom comportamento eu não precisaria me ocupar por
décadas... – Edward riu de bom humor, como há muito tempo não fazia.
– Agradecida por tamanha confiança. – ela retrucou também sorrindo; vê-lo alegre a contagiava,
fazendo-a esquecer de Zafrina.
– Sério Isabella, caso eu pudesse envelhecer já estaria com alguns cabelos brancos por sua causa.
Hoje quando saltou diante de Jasper juro que meu coração parou.
– Já sei que tenho que ser mais comedida. – ela admitiu a rolar a caixa entre os dedos. – O problema
é que quero defendê-lo...
– Sei disso, mas tente mesmo se conter e se precaver. – Edward falou livre do humor, tocando-lhe o
rosto. – Podemos induzir os humanos, mas é melhor evitar nos expor... Ao invés de Jasper poderia
ter sido outro advogado...
– Sei disso...
– E hoje também eu poderia ter perdido você...
– E eu nunca mais poderia voltar, poderia? – ela deu voz ao temor que sentiu ao estar encurralada
por Senna. – Agora temos somente essa vida para ficarmos juntos.
– Não vamos falar sobre isso. – Edward pediu afetado ao seguir-lhe o pensamento. Tentando
recuperar o humor anterior para apagar a súbita dor em seu peito, falou lhe sorrindo. – Estamos
vivos e está nos nossos planos vivermos para sempre, então é isso o que importa!... E também você
abrir seu presente. Não vai recusar, não é?
– Claro que não!
Bella lhe seguiu no sorriso, sabendo que ambos dividiam o sentimento; temiam a perda definitiva e
justamente por essa razão se negavam a citar a mesma. Ainda a lhe sorrir a vampira abriu a
caixinha. Para sua surpresa não encontrou qualquer jóia, mas a chave de um carro.
– Edward?! – ela o encarou, incrédula.
– Espero que goste! Vamos ver? – ele exclamou já deixando a cama. Antes que ela se movesse,
Edward já vestia uma calça e se considerava pronto. – Vamos!
Com o novo incentivo Bella o imitou ainda descrente. Porém, enquanto se cobria com o primeiro
vestido que encontrou, perguntou-se qual o espanto. Para alguém que pagou suas dívidas e lhe
presenteou com contas bancárias e cartões, um carro seria pouco mais de um mimo. Para ele, pois
para ela já soava como grandioso levando-a a temer o tipo de carro que a esperava na garagem ao
lado de uma BMW, um porsche e uma SW4.
– Edward, você não comprou um carro muito caro, não é?
– Você está muito devagar Isabella, deixe-me ajudá-la. – reclamou sem responder.
Sem aviso Edward e tomou nos braços e deixou o quarto sem nem se calçar. Deixou a cobertura e
desceu os lances de escada evitando se lembrar de quando a levou para cima, ferida. Como pensou
antes, ela estava viva, tudo se encaixava aos poucos e era isso que interessava no momento. Assim
como presenteá-la para livrá-la das coisas do seu passado. Sim, ele lhe presentearia também com
algo que a faria se lembrar do seu tempo de humana, mas daquela vez seria ligado a ele e a mais
ninguém.
– Feche os olhos! – o advogado pediu antes de acessar a garagem.
Bella o obedeceu desejando mantê-lo naquele clima bom, mesmo que frágil então de olhos bem
fechados se deixou ser levada até um ponto determinado por ele e ser depositada no chão.
Imediatamente ele lhe cobriu os olhos com uma das mãos e sussurrou movendo os lábios em sua
orelha dispersando-a, fazendo com que ela perdesse outro som ritmado e fraco que chegava aos seus
ouvidos.
– Antes que o veja quero que saiba que escolhi esse carro tentando imaginar seu gosto com o tanto
que lhe conheço. E a cor significa o que você é para mim... Pode me enlouquecer na maioria das
vezes com atitudes que não entendo, mas sempre é sincera com suas crenças e segue seu coração o
que para mim a torna pura como o amor que tenho por você...
Quando Bella se encontrava trêmula com as palavras sussurradas diretamente em seu ouvido
enquanto os lábios massageavam sua orelha, Edward finalmente ergueu e mão revelando-lhe o carro
mais bonito que ela se lembrava de ter visto em sua vida. Depois de tudo o que ele disse não se
importaria se fosse um ostensivo Bugatti Veynon que a mataria de constrangimento ao invés do
Mégane CC – que também lhe tomaria meses para se habituar – desde que este viesse na mesma
cor; branca e pura como o amor que Edward tinha por ela.
– Edward ele é... Lindo! – ela exclamou.
Logo se voltou para beijá-lo enquanto o apertava em seus braços; estava de fato agradecida e cada
vez mais ciente de que precisava aprender a viver naquele mundo. O vampiro igualmente
estimulado pelas próprias palavras e a proximidade recente a abraçou e correspondeu ao beijo até
que acreditasse ser preciso parar antes que não finalizasse a entrega de seus presentes. Gentilmente
Edward a afastou e a segurou pelo rosto para distribuir breves beijos em seus lábios até afastá-la a
uma distância segura e indagar.
– Gostou de verdade? Acertei o “seu” gosto?
A vampira se deixou ser afastada e se voltou para seu presente.
– Bem... Devo dizer que sim... Não sei se escolheria um modelo conversível por considerar
extravagante, mas adorei que ele seja assim. Gostei muito daquele da Alice. – ao se calar ela tentou
dar um passo a frente, porém seu noivo a deteve. – Edward o que foi?
– Escute. – ele pediu, segurando-a no lugar.
Bella o obedeceu e então, com ambos silenciados ela novamente ouviu o som fraco e ritmado que
Edward a fez esquecer com sua declaração. Ela não se alarmou, pois sabia não se tratar de nada que
lhes oferecesse perigo, contudo sua curiosidade estava aflorada.
– É um coração, mas não de humano... – disse mirando os olhos verdes que brilhavam intensamente
para ela. – O que é?
– Meu segundo presente. – Edward anunciou. – Vá procurá-lo.
Edward falou como se fosse preciso. Àquela altura Bella sabia exatamente de onde vinha o som e
tão logo o vampiro soltou-lhe a mão, correu para seu primeiro presente que por estar com a capota
recolhida, logo a deixou ver a caixa de papelão perfurado sobre o banco traseiro. Com o coração
incerto, por se lembrar de outra caixa de tamanho similar, Bella se recostou contra a porta novinha e
estacou. Nem por um segundo ela compararia as ações, mas titubeou. Seu receio se baseava na
lembrança horrenda.
– Não queria fazê-la se lembrar... – Edward já estava ao seu lado e novamente falava como se
soubesse o que sentia. – Pode abrir sem medo.
– Não estou com medo. – falou sincera. – Foi apenas uma lembrança ruim.
Antes que Edward dissesse qualquer outra palavra Bella estendeu a mão para apenas retirar a tampa
da caixa, então ao ver o que tinha em seu interior recuou um passo, comovida.
– Edward...?
– Minha bruxa adorada precisa ter um gato preto. – ele falou mirando o pequeno animal que dormia
enrolado em si mesmo sobre o tecido que forrava o fundo da caixa. – Gostou?
– Eu... – ela não tinha palavras. Com mãos subitamente ansiosas ela pegou o gatinho que sem
despertar foi acomodado sobre seu colo. Segurando uma pata diminuta, ela indagou. – O que há de
errado com ele?
Antes de responder Edward riu manso e passou uma das mãos pelo cabelo da nuca.
– Digamos que o bichano não estava muito animado em deixar a loja com um vampiro.
– Ele se agitou? – Bella o encarou, curiosa.
– Digamos que todos os animais da loja não gostaram muito da minha presença. – ele comentou
sorrindo, voltando a se lembrar da cena que o divertiu até que se dirigisse para a cobertura e se
lembrasse do que teriam para conversar. A aflição de uma Isabella ausente somente a fez
desaparecer de sua mente até o presente momento. – Como era um segredo entre predador e
possíveis presas apavoradas a vendedora não mediu esforços para se desculpar e ministrou um
calmante no pobrezinho.
– E como será quando ele acordar? – ela indagou preocupada, levantando o frágil gatinho para
analisá-lo; já o amava tanto. Era como o Black quando foi dado a ela.
– Estive pensando em deixá-lo conosco essa noite, assim quando despertar estará acostumado com
nosso cheiro.
– Acho que deve funcionar... – ela concordou animada e, refreando o impulso de batizá-lo de Black
Dois, perguntou. – Como devo chamá-lo.
– Acredito que Black ainda seja um bom nome... Talvez com alguma alusão à sua posição, como...
Segundo ou dois...
Imediatamente a vampira o encarou, novamente acomodando o gatinho ao colo.
– Hoje está afiado para saber o que penso, não?...
– Acho que lhe conheço bem. – Edward deu de ombros. Apenas soube que era o desejo dela e não
se enciumava. Aquele Black não era em homenagem ao ex-namorado humano e sim ao antigo gato.
Arriscando fazer um afago na cabeça com o dedo indicador, perguntou. – Então, como o
chamaremos?
– Black Dois. – disse sorrindo. Parcialmente recuperada da emoção que aquele gesto sensível lhe
causou, finalmente respondeu. – E não gostei... Eu adorei meu segundo presente.
– Só o segundo? – Edward franziu o cenho.
– Você sabe que gostei dos dois, porém um carro... sem desmerecê-lo, é o tipo de presente que você
me daria, mas ele... – indicou o gato ao acariciá-lo com o queixo. – Eu jamais poderia esperar. Foi
surpreendente, delicado de sua parte pensar em algo que nem me ocorria. Foi lindo! Perfeito como
você.
E lá estava a luz que Edward viu se apagar ao citar Zafrina. Os olhos castanhos novamente se
iluminaram e brilhavam para ele com uma felicidade quase palpável que refletia em seu próprio
coração; estava feliz com ela e nunca se sentiu tão realizado por fazer algo muito simples. Tentou
adivinhar o gosto de Isabella ao comprar um carro infinitamente aquém do qual ele gostaria, no
entanto a contentou com um animal que não lhe custou cinquenta dólares. Sua noiva era que lhe
mostrava o que era perfeição, levando-o a amá-la mais, como se ainda fosse possível.
– Já que é assim... – começou já capturando o gato que repousava num espaço que era seu;
pressentiu naquele instante que teria um forte rival, como o outro. Teria que marcar seu território e
sua ideia de como o faria ia de encontro ao que desejava. Depois de colocar Black Dois de volta na
caixa, se voltou para a vampira que olhava enlevada para o animalzinho e a fez encará-lo e avisou
num gracejo que cobrisse seu ciúme. – Se dispensar mais atenção a ele eu o jogo pela janela.
– Você não seria perfeito sem seu ciúme... – ela revirou os olhos.
– Exatamente, sempre se lembre. – falou puxando-a para si. – Agora quero saber o quanto gostou
dos meus presentes.
– Hummm... – ela gemeu ao ser prensada contra a porta do Mégane. Correndo os dedos por entre os
pelos do peito largo, perguntou. – E como deseja saber... Com palavras ou com ações?
– Em ações variadas enquanto amaciamos o estofado de seu carro.
Dito isso Edward abriu a porta do carona e se sentou, puxando-a para seu colo. Ao procurar pela
boca de sua noiva, determinou que aquela noite seria somente deles; sem Aro que com sorte estaria
muito longe; sem Senna que ele lamentava não ter morrido. Sem Zafrina e seu amante. Até mesmo
sem Jasper e Alice que provavelmente estavam esquecidos do mundo. Aquela seria a primeira noite
da trégua entre seus inimigos e a de paz genuína com sua Isabella. Se o que sentia não fosse de fato
felicidade, o vampiro nada mais sabia.

********************************************************************
Meninas, sandice nova... Aquelas que quiserem embarcar é só clicar no nome... Borboleta Negra*

Notas finais do capítulo


Bom, espero que tenham gostado e percebido que os dois estão se ajustando. Edward
está tentando ser mais controlado e com isso está um pouco mais sensível. Ela sentiu na
carne que não adianta querer tomar conta de tudo por ser forte, precisa ser ponderada e
respeitar o oponente... ;)
Agora, é entre nós... Vcs já notaram que gosto de contar o que faço, acho que é melhor
dessa maneira.
Borboleta Negra veio como veio Enigma, forte e nítida então tive que começar a
escrevê-la... Tentei não trazer aqui, mas curto o nyah e dividir minhas estórias com vcs...
Quero que sibam que ela não me atrapalha para escrever Obsession. Agora demoro mais
para completar um capítulo pq ela está na reta final e não quero deixar furos... Essa fic é
a menina de meus olhos e quero que ela termine como sempre imaginei. Então é isso...
Não sei quando terei capítulo novo, mas como sempre... tão logo ele esteja como desejo,
trago aqui para vcs...
Bjus... E bom final de semana!

(Cap. 91) Capítulo 26 - Parte III

Notas do capítulo
Oieeee.... o/
Saudades monstro de vcs e muito, mas muitoooooooooooo feliz com as 100 indicações:
OBRIGADA A TODAS!

Mil desculpas pela demora, mas hoje trouxe capítulo novo... :D

Espero que gostem.... Vou deixar que leiam, no final comento mais...

BOA LEITURA!

– Isso não vai se tornar um hábito, não é? – a voz do vampiro soou contrariada.
– Evidente que não! – Bella sorriu da carranca aborrecida de seu noivo enquanto acariciava a
cabeça do gatinho preto. – E lembre-se de que foi sua a ideia de mantê-lo perto de nós para que
Black Dois se acostume conosco. Deixe-o onde está para que nos veja ao acordar.
– Sei que a sugestão foi minha, mas acredito que ele nos veria da mesma forma se ficasse sobre a
cama – argumentou, tentando não se enciumar com as atenções dadas a um misero filhote.
– Não seja chato – ela pediu conciliadora, passando a acariciar o queixo rígido da mesma forma que
fazia com seu presente. Aconchegando-se mais ao corpo de Edward, falou. – Não conheço melhor
lugar no mundo para despertar do que seu peito. Deixe o pobrezinho aí por alguns instantes.
– Disse isso horas atrás e ele ainda não acordou.
De fato, caso não fosse o calor emanado e a respiração regular do animal o vampiro pensaria que
Black Dois havia morrido, pois não abriu os pequenos olhos em tempo algum. Decidiu comprá-lo
quando já voltava ao NY Offices depois de retirar o Mégane da concessionária tão somente com o
intuito de alegrar sua noiva depois de tê-la tratado friamente. Nunca fora sua intenção criar qualquer
vinculo com o novo gato então não via a razão de acolhê-lo ao peito.
– Realmente ele está demorando a acordar – sua vampira comentou ligeiramente preocupada. – O
que será que deram a ele?
Não era o caso, mas ante a lembrança do alvoroço que causou na loja de animais, o ciúme abrandou
levando Edward a abrir um sorriso divertido.
– Caso tenha sido algo de acordo com sua agitação ao me vir, foi bem forte.
– Eu gostaria de ter visto isso – Bella o acompanhou no riso, tranquilizando-se após a resposta; seu
bichinho apenas dormia em seu sono induzido.
O comentário leve roubou um pouco do divertimento do vampiro. Também gostaria que ela
estivesse com ele ao invés de zanzando sozinha, tornando-se um alvo fácil para uma vampira
psicopata. Ainda custava a crer no próprio controle que não o deixou partir porta afora mesmo sem
um rumo a seguir.
– O que há Edward? – Bella não entendeu o que o levou a rosnar baixo e apertá-la fortemente de
encontro ao corpo.
– Também queria que estivesse comigo. – Edward externou seu pensamento com voz rouca; a
lembrança da perna ferida o afetava. – Dessa forma aquela desgraçada não a teria ferido.
– Não pense mais nisso – ela pediu tocando-lhe o peito para acalmá-lo, movendo os dedos no
espaço ao lado do gatinho num carinho. – Estou bem, sabe disso.
– Mas poderia estar morta – insistiu taciturno. – Não tente diminuir a importância do que aconteceu
somente porque está viva.
– Não estou diminuindo Edward – ela forçou sua liberdade para fora do abraço e sentou para
encará-lo. – Sei que foi grave e prometo tomar mais cuidado, mas não quero que fique todo super
protetor agora. Sabe que não tem como ficar ao meu lado o dia inteiro, nem me escoltar como fez
ao buscarmos meu carro.
O vampiro sabia que Isabella tinha razão, mas gostaria de ter total liberdade para fazê-lo, pois nem
mesmo a acompanhar até o Soho para que recuperasse aquela lata-velha que ela intitulava de carro
o acalmou. Sentiu-se observado todo o tempo ainda que não visse – ou sentisse – nada suspeito na
rua praticamente deserta. Somente sossegou ao retornarem para seu edifício e depois à cobertura,
levando Black Dois com eles.
– Não é minha intenção ciceroneá-la em todos os lugares – retrucou aborrecido, por fim. – Então
agradeceria se de fato fosse mais cuidadosa. Para começar deveria de fato trabalhar aqui ou em
minha sala até que tenhamos a certeza que Emmett e Senna foram embora.
– Você sabe tão bem quanto eu que nunca teremos essa certeza – Bella rebateu. Não queria
contrariá-lo, mas não havia como ser diferente. Não com a novidade que ainda era obrigada a
digerir. – E não pode querer que eu volte a ficar presa aqui quando todos os outros andam
livremente. Quando agora você tem novos membros em seu clã.
– Nosso clã Isabella – ele a corrigiu firmemente; por mais que o envaidecesse, aquela não era hora
para ciúmes; não da parte dela. – E um assunto não tem nada a ver com outro. James e Zafrina
estarem conosco não significa que vamos nos encontrar a todo instante. E acredito que já tenha
percebido que novamente você é o alvo principal, não nenhum de nós.
– Como novamente? – Bella indagou confusa.
– Antes você era objeto de disputa entre mim e aquele... Paul – lembrou-a contrafeito, reprimindo
um xingamento. – Agora tudo se repete.
– Como?! – a vampira exclamou aborrecida. – Não acredito no que acabo de ouvir. Em primeiro
lugar não sou um objeto pelo qual se disputa e segundo, sabe muito bem que não tem porque
considerar Aro seu rival. Não nesse sentido.
– Não é o caso de se sentir ofendida – Edward rebateu entre enraivecido com a visão obtusa dela e
incrédulo com ele mesmo por não ter se movido para não perturbar o gato. – Entendeu muito bem o
que eu disse. Todos os dois de alguma forma tentaram tirá-la de mim e até que Emmett não esteja
morto como o rábula você não deve se arriscar.
– Pois eu não vejo dessa forma – ela teimou mesmo domando seu gênio ruim. – Paul estava louco e
nós tivemos uma história. Com Emmett é apenas capricho. Todos nós corremos os mesmos riscos
então quero ter o direito de agir da mesma forma todos os dias. Já trabalharia aqui por um tempo,
mas o farei no máximo uma semana. Depois vou tentar me adaptar ao barulho da redação e volto a
frequentar o jornal todos os dias.
– Considero louvável que honre sua profissão Isabella, mas não que se faça de desentendida. –
Edward replicou acidamente, finalmente retirando o gato de seu peito com cuidado para poder se
sentar. – Não importa o nome que dê ao que Emmett possa querer com você. A verdade é que não
acabou. Tanto que Senna tentou matá-la, assim como tentou eliminar Zafrina. Com certeza ela as vê
como rivais.
– Senna é tão louca quanto Paul, então...
– Então – ele a cortou incisivo –, baseando-nos nas loucuras de seu ex, não devemos subestimá-la,
não acha? Qual o problema em se precaver?
– Eu já disse! – Bella exclamou deixando a cama, aflita como se Edward fosse prendê-la no lugar. –
Não quero ser obrigada a ficar trancafiada, justamente agora que aquela... Biscate mor está no
nosso clã.
Ante a exasperação inflamada, Edward sentiu sua consternação arrefecer e sorriu. Não exatamente
dela, mas da situação em si ao se lembrar que ele mesmo nunca foi muito racional nas vezes em que
esteve preso ao seu próprio ciúme. Recebendo de sua vampira um olhar que por pouco não seria
letal, estendeu a mão e a chamou:
– Volte aqui Isabella.
– Você está rindo de mim? – Bella indagou, cruzando os braços, sem sair do lugar.
– Não me obrigue a ir buscá-la – ele falou completamente livre do espírito argumentador,
admirando-a na camisola fina e preta, assim como orgulhoso de sua pose altiva. Na tentativa de
abrandá-la, acrescentou. – Não quero acordar Black Dois.
Não havia graça no comentário, mas a vampira simplesmente se desarmou. Seu péssimo gênio
aflorado demandava que insistisse por sua liberdade de ir e vir, mas simplesmente não conseguia
resistir ao chamado estando presa pelos olhos verdes. Era estranho; não estava induzida, mas se
sentia daquela forma. Tanto que mesmo contra a vontade, caminhou até Edward e lhe segurou a
mão.
Imediatamente Edward a puxou para o colo, prendendo-a no cerco de seus braços. Com os rostos
muito próximos, falou:
– Jamais riria de você. Quando muito das bobagens que diz às vezes, como agora... Não vê que seu
ciúme é infundado? Quantas vezes será preciso que eu repita que nenhuma outra significará nada
para mim?
– Responda-me você – ela rebateu desestabilizada com aquela proximidade junto ao corpo forte e
nu. – Quantas vezes eu precisarei dizer que Emmett, Aro, ou seja, lá qualquer outro nome que ele
possa ter, não me interessa?
– Touché! – Edward exclamou, apertando-a mais, pousando sua testa à dela para dizer. – Entendo
seu ponto de vista, então quero que entenda o meu. É fato que sempre padeceremos com nosso
ciúme, mesmo sabendo que ninguém é uma ameaça real ao que sentimos um pelo outro. Mas isso
não anula o que eles querem ou possam fazer para nos separar, então... Por favor... Pelo bem de
minha sanidade... Não se exponha.
Levava em consideração o que ele havia dito e até mesmo concordava, mas o que lhe chamava a
atenção era o torpor que o pedido manso lhe causou, reforçando a sensação de indução quando
sabia que ele não podia fazê-lo. Ao se sentir completamente rendida, perguntou:
– Como está fazendo isso?
– Isso o quê, Isabella? – indagou contra seus lábios e moveu uma das mãos pelas costas eretas até
pousá-la na nuca e nela fazer um carinho manso.
– Você está me... Encantando... – ela acusou, fechando os olhos, amolecendo-se com o carinho;
excitando-se.
Aquilo era novo, pois, por mais que desejasse, não poderia. Com estranheza Edward afastou o rosto
e a encarou, sem nunca deixar de acariciá-la. Isabella tinha a cabeça ligeiramente tombada para trás,
os olhos fechados e os lábios entreabertos. Parecia mesmo estar encantada quando ele nada havia
feito naquele sentido; não tinha poderes sobre ela.
Estava ali outro detalhe a reparar. Na noite anterior estava muito sensível ao que ela sentia, tanto
que por varias vezes lhe adiantou um comentário e naquele momento, sem nada fazer, parecia
induzi-la. Não que desejasse se impor à ela, mas a novidade o agradou, restaurando mais um pouco
de uma confiança fortemente abalada nos últimos dias.
– Não estou... – disse rouco, aproveitando-se do pescoço exposto para beijá-lo. – Sabe que não
posso.
– Exatamente... – ela murmurou, excitando-se mais com o mover compassado nos dedos em sua
nuca e os lábios em seu pescoço.
– Como prova, perceba que está lúcida, conversando comigo...
– Mas também dispersa e fraca, quando deveria lutar por minha liberdade... – ela retrucou languida.
– Está, sim, fazendo alguma coisa...
– Se é o caso, é algo que desconheço, mas devo dizer que estou gostando. – Edward lhe beijou o
colo, mais confiante arriscou. – Será que eu poderia obrigá-la a prometer que se comporte?
– Sabe que não pode mais me obrigar a nada... – Bella teimou, queimando sobre as coxas do
vampiro que no momento lhe baixava a alça da camisola.
– Será que não? – Edward provocou, gostando de senti-la novamente rendida. Depositando um
beijo sobre o bico de um seio, ordenou. – Prometa. Prometa que ficará aqui ou em meu escritório e
que não sairá sem me comunicar.
Edward não lhe demandava nada do que já não estivesse disposta a fazer, mas por seu espírito
combativo queria fazê-lo sem estar presa a alguma obrigatoriedade. Sabia que Edward, nem
ninguém, possuíam algum poder sobre ela, contudo, bastou ele separar os lábios e cobrir o bico de
seu seio e chupá-lo, para se ouvir dizer:
– Eu prometo – era como se fosse novamente humana e ele a seduzisse com sua lascívia. Seu corpo
ardia ao repetir. – Droga, eu prometo, agora acabe com a tortura.
Satisfeito, mesmo que no fundo soubesse que provavelmente a promessa não seria acatada, Edward
provou-a com fome redobrada, baixando mais a camisola para deixá-la com o dorso completamente
exposto. A tortura não era exclusividade para ela; sentia-se muito pronto para possuí-la quando um
chiado estranho lhe chegou aos ouvidos. E então o encantamento se perdeu.
– Black Dois acordou! – Bella disse ao despertar do estranho torpor. Ainda ardia, mas,
completamente lúcida, não poderia deixar de dar atenção ao seu presente.
– Ele deve estar sonhando... – o vampiro comentou sem soltá-la, tentando livrá-la da camisola. O
miado fraco veio lhe indicar que o filhote havia de fato acordado, mas não era problema seu. –
Deixe-o.
– Não posso Edward... – ela segurou-lhe o rosto, fazendo com que a encarasse. – Ele deve estar com
fome.
– Eu estou com fome Isabella! – Edward salientou exasperado. – Não me obrigue a jogá-lo pela
janela.
– Você não teria coragem. – Bella girou-lhe o rosto para que visse o gatinho. – Veja como é
indefeso.
O vampiro teria coragem de muitas coisas caso fosse preciso, inclusive tomar um amontoado de
pelos em sua mão e espremer como se fosse uma esponja velha, mas não faria nada com aquele,
admitiu, aborrecido com a interrupção. O filhote sonolento cujos miados assemelhavam-se a
chiados roucos era seu presente para Isabella; muito pequeno e de fato indefeso. Reter seu desejo
seria massacrante, contudo não a privaria de cuidar de seu filhote quando havia perdido seu gato de
estimação de forma tão cruel.
– Indefeso? – Edward perguntou com jovialidade questionável. – Eu diria, no mínimo, audacioso
por se interpor entre um vampiro excitado e seu objeto de desejo.
A menção a um objeto de desejo remeteu a vampira ao início de sua conversa, quando protestou por
ter sido comparada a um. Lembrando-a também de como inexplicavelmente se entregou sem
garantir sua autonomia. Completamente livre da estranha influência do vampiro, cogitou novamente
argumentar, porém ele não lhe deu a chance.
– Sei que não é um objeto Isabella. É apenas uma forma de me expressar – ele disse apaziguador,
depositando um beijo leve sobre os lábios da vampira incrédula. – Se quiser depois falaremos a
respeito. Agora, já que seu presente finalmente despertou e está faminto, vá cuidá-lo.
– Edward... – não tinha palavras; como ele fazia aquilo?
– Parece que minha percepção quanto ao que diz respeito a você está mais aguçada depois que
desisti de lutar contra minhas contrariedades.
Edward comentou como se pudesse saber o que ela pensava. Coincidentemente ou não, havia sido
uma resposta. Tanto que, como na noite passada, levou-a a admiração. Naquele momento deixava-a
um tanto intrigada pela semelhança com as atitudes de Aro. No caso dela, era pior, pois o vampiro
milenar não possuía qualquer percepção daquilo que ela pensava.
– Isso é interessante... – ela murmurou.
Gostaria de discorrer a respeito, mas Edward depositou sua atenção em Black Dois que tentava
levantar, cambaleava e caia de volta ao colchão. Bella seguiu seu olhar e, para sua surpresa, apesar
da resistência inicial, viu-o estender o dedo e deixar que o gato cheirasse. O filhote ameaçou um
rosnado que saiu fraco e inofensivo; levando o vampiro a sorrir manso.
– A ingenuidade infantil é graciosa até mesmo nos serem irracionais – disse antes de voltar sua
atenção para a vampira ainda em seu colo. Mais uma vez depositou um beijo leve nos lábios
rosados antes de dizer lamurioso. – Como minha fome não será sanada nesse momento, sugiro que
dê atenção ao nosso crédulo amigo. Vou me vestir e descer para o escritório. Acredito que Jasper e
Alice já estejam me esperando. Ontem mal conversamos.
A vampira gostaria de descer com ele, mas não deixaria o gatinho sem os primeiros cuidados, então
aquiesceu:
– Prometo não demorar – falou prendendo o rosto anguloso para beijá-lo corretamente. Não fariam
amor, mas ao menos mereciam uma despedida satisfatória.
Por um instante, Edward se esqueceu de Black Dois, Jasper, Alice, todo o resto e segurou sua
Isabella pelas costas, unindo o dorso ainda nu contra o seu. Cogitou arrastá-la para o chão e nele
possuí-la sem correr o risco de esmagarem o filhote, porém tal atitude continha uma impulsividade
que desde o dia anterior tentava domar. Uma vez que fora forte o bastante para não deixar a
cobertura e sair numa cega caçada por Senna, o seria ainda mais no que dizia respeito aos seus
outros instintos.
Com a decisão tomada, apenas retribuiu o beijo, excitando-se, sim, mas ciente de que não seguiria a
diante. Quando o contato dos corpos passou a minar sua determinação, Edward quebrou o beijo.
Segurando o rosto amado, depositou breves beijos na boca entreaberta até liberá-la completamente.
Encarando os olhos castanhos, avisou:
– Estou contando que não demore.
Dito isso deixou a cama tombada e rumou para o banheiro. Ao entrar no cômodo, agradeceu que
Isabella tivesse limpado o sangue que havia derramado de seu ferimento. Estava decidido a ser
paciente, mas preferia não arriscar uma mudança de pensamento caso visse a prova da agressão
sofrida bem ali no seu piso branco.
Como sua imortalidade não lhe deixava muito que fazer num banheiro pela manhã, banhou-se
rapidamente por puro hábito, lamentando a falta de sua vampira no box; estava mal acostumado, era
um fato. Ao deixar o banheiro, tanto Isabella quanto Black Dois não estava no quarto.
Imediatamente lhe sentiu a falta e enquanto se vestia rapidamente, considerou que desapegar-se
como Zafrina recomendou, não seria tarefa das mais fáceis.
– Essa discrepância, sim, é interessante. – Edward falou a si mesmo enquanto dava o nó em sua
gravata. – Apegar-me a ela fora tão fácil... O mesmo deveria ocorrer quando se necessita o oposto.
Talvez ele não precisasse se desapegar e, sim, apenas aprender a lidar com a distância e seu
protecionismo exagerado, pensou vestindo o colete do terno escolhido. Não lhe agradava dar razão
à Zafrina, mas a vampira a detinha quando lhe disse que o sentimento entre eles em nada mudaria se
ficassem algum tempo afastados um do outro.
Enquanto acomodava o paletó sobre seus ombros, reconheceu que não deveria considerar grande
coisa que ela não estivesse sentada sobre a cama lhe dirigindo seu olhar de adoração ao vê-lo se
vestir, nem voltar a se enciumar de um amontoado de ossos e pelos pretos que naquele instante
recebia as atenções que queria para si. Todavia se enciumava e considerava grande coisa a falta de
companhia.
– Lidar com esse desapego será pior do que eu supunha! – Edward exclamou exasperado consigo
mesmo, antes de deixar o quarto.
Ao descer a escada ouviu sua vampira envolvida em uma conversa unilateral como tantas que teve
com o falecido Black Um.
– Você precisa se alimentar B2 – ela dizia com voz mansa enquanto o gatinho insistia com os
rosnados, cada vez mais fracos. – Essa rebeldia não o levará a lugar algum...
– Posso me livrar dele agora? – Edward perguntou ao entrar na cozinha e avistá-la debruçada sobre
o balcão, tendo o gato e um pires com leite diante de si. – Nesse clã já bastam você e Alice para
serem insubordinadas.
Bella nada disse em resposta ao gracejo. Apenas endireitou o corpo e o admirou, considerando-o
muito bonito no terno cinza que lhe acentuava o porte altivo de advogado bem sucedido,
imaginando como seria caso pudesse tirá-lo.
– Depois meu amor... – ele falou tomando-a nos braços para roubar-lhe um beijo.
Pela expressão de sua noiva estava claro que havia se adiantado a ela mais uma vez, mas naquele
momento nem era preciso possuir uma grande percepção; bastava decifrar o brilho em seu olhar e
reconhecer-lhe o cheiro. O mesmo que o torturaria até que pudesse eliminá-lo. Parcialmente
satisfeito com o beijo, soltou-a e pediu:
– De fato não demore... Já sinto sua falta!
– Não vou demorar... – ela assegurou rouca e ainda um tanto confusa. Apontando para o gatinho
ainda grogue e arredio, acrescentou. – Basta ele se alimentar um pouquinho.
– Então, até breve!
Sem mais palavras Edward se foi, deixando-a com o filhote que Bella carinhosamente decidiu
chamar de B2. Ela ainda permaneceu a olhar a porta por onde o vampiro desapareceu por alguns
instantes, ainda assombrada com aquele súbito ataque de “percepção”. Havia algo mais ali, ela
sentia. Contudo aquele assunto ficaria para depois. No momento tinha que fazer seu novo bichinho
beber um pouco do leite que viera com ele na noite anterior.
Ele era mesmo muito pequeno, como Black Um ao lhe ser dado, mas não se lembrava do outro gato
ter lhe dado trabalho para sorver o leite que lhe dava. Ignorando o rosnado débil, a vampira tentou
afagar a pequena cabeça com as pontas dos dedos, considerando que talvez ele estivesse confuso e
temeroso. Como resposta conseguiu um ataque ao seu dedo e um rosnado mais forte.
– Certo! – Bella disse decidida ao gato. – Hora de domá-lo.
Sem que o indefeso gatinho pudesse prever, ela o capturou e acomodou junto ao peito, segurando-o
firmemente, porém sem imprimir sua força. Com a mão livre começou uma sessão de carinhos
forçados na barriga arredondada que inicialmente foram recusados, mas que pela insistência logo
eram aceitos até que o bichano parasse com o contorcionismo e se rendesse ao afago cada vez mais
brando.
Ao ser recolocado sobre a bancada, B2 se afastou, porém não mais rosnou. Apenas a olhou
fixamente como se ponderasse se deveria confiar nela ou não. Com a paz estabelecida entre eles,
Bella molhou a ponta de seu dedo no leite e o ofereceu ao gato. Este farejou e o lambeu receoso até
que colhesse todo o líquido branco. Com a aceitação, a vampira empurrou o pires em sua direção e
deixou que dali ele se virasse sozinho.
Em poucos minutos B2 havia bebido todo o leite e miava indicando querer mais. Bella o atendeu,
porém somente depois de montar sua morada na intocada área de serviço. Acomodou todos os itens
que Edward trouxe da loja, que ela sabia terem sido sugeridos por uma atendente prestativa, a um
canto espaçoso. Dispôs caixa de areia de um lado, cama do outro e deixou as duas bolinhas
coloridas sobre esta. Encheu o pires com mais leite, em outros dois potinhos colocou a razão para
filhotes e água. Somente então levou B2 para seus novos domínios.
– Agora fique aqui e comporte-se – pediu como se o gato a entendesse. – Antes de sair venho vê-lo.
Ansiosa por descer ao escritório, a vampira correu escada acima. Banhou-se e se vestiu o mais
rápido que a delicadeza dos tecidos lhe permitiu. Como ficaria no escritório, escolheu uma calça
jeans de lavagem escura e um cardigã vermelho, estava se afeiçoando à cor. Usou-o abotoado sobre
o sutiã e nada mais; não sentia frio e de fato tinha pressa. Depois de calçada, apenas escovou os
cabelos, levou seu celular ao bolso e saiu. Como prometeu, antes de deixar a cobertura passou pela
área de serviço para se despedir de B2.
Ao vê-la o bichano inicialmente se retraiu, porém veio até ela cautelosamente, emitindo seu miado
fino e estridente.
– Certo, meus ouvidos gostavam mais de seus rosnados mal sucedidos – disse agachando-se para
afagá-lo. – Terei que deixá-lo, então se comporte. Conto que siga seus instintos e faça suas
necessidades na areia, pois imagino que o cheiro de suas sujeiras deve incomodar mais do que seus
miados e nós não queremos que Edward o atire pela janela, não é mesmo?
Como resposta teve outro miado estridente; considerou uma confirmação. Novamente o afagou e se
foi.
Sentado à sua mesa, o advogado olhava para cada um dos membros de seu clã; quatro deles. Para
sua consternação, ao descer encontrou a mesa de Alice vazia, dois clientes, calados e sentados com
as costas rigidamente eretas indicando a indução e o odor nada animador de James e Zafrina no ar.
Naquele momento o casal se encontrava sentado a sua frente, enquanto sua secretária,
excepcionalmente muda, sentava-se no pequeno sofá e seu amigo permanecia de pé, pouco além de
suas costas, próximo à janela.
Sem nem encará-los, Edward podia sentir o questionamento mudo do casal amigo, assim como a
condenação pela inesperada aceitação do outro casal. Gostaria de ter tido tempo de explicar-lhes sua
decisão, contudo seus novos aliados se adiantaram a ele. Gostaria de ter dito aos dois sobre o dom
de Zafrina que naquele momento provavelmente lhe lia a mente, sem que soubessem. Sabia que ao
responder a pergunta feita por James, Zafrina logo partiria, evitando até mesmo um encontro com
Isabella, mas simplesmente não sabia qual decisão tomar.
– E então Edward? – James insistiu, incomodado com seu silêncio; Edward podia sentir. – Posso
voltar ao trabalho na Cullen & Associated?
Ele podia? Edward se perguntou pela décima vez. Uma coisa era sua permanência no clã, mas
distante, em sua casa condenada. Outra bem diferente era voltar a tê-lo por perto como se nada
tivesse acontecido e ainda com a novidade de finalmente tratá-lo pelo primeiro nome. Zafrina que
lesse sua mente, mas não confiava neles de todo.
– Pode confiar Edward – ela disse em resposta. – Acho que disse tudo o que podia ontem. Estamos
no mesmo barco agora.
– Sendo assim, eu preferiria que estivessem num bote salva vidas, navegando a estibordo, não em
nosso barco. – Alice falou de seu lugar.
– Temos interesses em comum. – Zafrina retrucou, voltando-se na cadeira para encará-la. – Não
represento perigo.
– Jamais poderíamos desconfiar de Emmett ou do próprio James, no entanto... – foi Jasper quem
retorquiu sugestivo em defesa de sua esposa. – A verdade é que não sabemos em quem confiar e
sendo sincero, como o segundo membro mais antigo desse clã, gostaria de ter sido ouvido quanto a
essa adesão.
O amigo não expôs uma contrariedade que desconhecesse então Edward não se aborreceu com a
reprimenda nada velada. Dificilmente lhe pediria permissão para aceitar quem quer que fosse, mas
reconhecia que deveria, no mínimo, ter exposto sua intenção antes de aceitá-los de fato.
– Concordo com Jasper – ele disse por fim, recostando-se no espaldar de sua cadeira, encarando
Zafrina e James respectivamente; era inútil negar o que sabiam. – Aceitei-os conosco, mas não sei
se posso confiar em você.
– Edward... – James tentou falar, o vampiro o cortou.
– Um momento; ainda tenho a palavra. Não vou fazer o jogo do contente fingindo que está tudo
bem entre nós quando não está. Mas vou lhes conceder o beneficio da dúvida. Pode retomar seu
serviço.
Zafrina se manteve calada todo o tempo, porém Edward lhe notava a satisfação. Quando seu amante
falou, ela lhe deu atenção.
– Nossa, obrigado Edward. Farei o possível para ver que sou de confiança. Nunca gostei de ficar
sob o domínio de Emmett, mas nada podia fazer... Não sei se lembra, mas logo que cheguei sempre
lhe tratei como aos outros; como trato agora. Então, estando sob o julgo de Emmett, me forçava a
tratá-lo com cerimônia na esperança de que notasse algo errado. Porém nunca aconteceu...
– Falha minha – falou levemente aborrecido.
Sem que pudesse evitar, relembrou as palavras de Emmett quanto à sua dispersão inconsequente.
Caso conhecesse mais das artimanhas de seus iguais, reconheceria tais truques.
– Não se recrimine Edward – Zafrina aconselhou solícita, inclinando-se em direção à mesa. – Foi
uma tentativa pueril de toda forma.
– Não me recriminaria por isso – o advogado retrucou seguro; era passado. – Apenas reconheci
minha falha ante ao esforço de James – voltando-se para o vampiro, falou sincero. – Obrigado por
ao menos tentar.
– Esperem um pouco. – Jasper pediu ao amigo. – Por que ela fica respondendo a palavras não ditas?
Acaso Zafrina também pode ler nossa mente?
– Exatamente – Edward confirmou.
– Que maravilha! – Alice exclamou exasperada. – Esse é o tipo de informação que se dá logo de
início. Com Emmett foi a mesma coisa. Como é que iríamos imaginar que entre nós havia um
vampiro psicopata que comandava a mente de outro? Acho que antes não foi falha de nenhum de
nós. A partir de agora, sim... – ela acrescentou olhando diretamente para Edward. – O que fizerem
para nós será uma tremenda falha, pois não deveríamos confiar em quem não se expõe.
– Estaremos vigilantes – ele disse a ela e, se voltando para Jasper às suas costas, indagou. – Não é
mesmo?
– Por certo que sim – o amigo concordou sem esconder seu desagrado.
– Já que todos concordam – James retomou a palavra com voz decidida, sem a subserviência
conhecida. – Tenho outro pedido a fazer.
– O que seria? – Edward estava curioso com aquela nova versão de seu associado.
– Gostaria que Zafrina pudesse ficar aqui comigo.
– Zafrina!
Os olhos de Edward correram para a porta no milésimo de segundo que Isabella a abriu, assim
ouviu sua exclamação olhando diretamente para ela. Por ele aquele encontro não se daria daquela
forma, mas pouco poderia fazer para evitar, então já se conformava quando sua noiva repetiu
incrédula:
– Zafrina... Aqui?
James e a amante citada já haviam levantado ao vê-la, com isso o vampiro apenas estendeu a mão
para Isabella que seguia para a mesa, passando ao largo.
– Isabella... Deixe-me cumprimentá-la – James pediu.
Antes de atendê-lo a vampira lançou um breve olhar para Edward que imperceptivelmente assentiu.
Somente então, sem desviar os olhos do vampiro loiro, ela estendeu a mão. Com sua visão periferia,
mantinha uma precária, porém constante vigília sobre Zafrina, que a olhava com curiosidade
idêntica a de seu parceiro. Este segurou a mão estendida de Bella entre as suas antes de externar
seus votos:
– Isabella... Seja bem vinda ao nosso meio! É uma alegria que agora seja uma de nós!
– Obrigada!
Ao liberar sua mão, Bella agradeceu intimamente por ele não ter tido a péssima ideia de beijá-la,
como Aro o fizera. Considerava aquela amabilidade estranha.
– Exatamente – foi a vez de Zafrina lhe chamar a atenção, estendendo a mão em sua direção. – É
uma alegria que agora seja imortal.
Bella relanceou o olhar para Edward mais uma vez, então o pousou nos olhos da vampira a sua
frente, dispensando a palma estendida.
– Por quê?
Queria tão somente entender qual era o jogo, pois não via por qual razão sua imortalidade poderia
trazer alguma alegria para Zafrina. A tensão a volta delas podia ser sentida; o silêncio sendo cortado
pelo burburinho distante, audível apenas aos ouvidos imortais. Antes de responder-lhe, a vampira
arqueou uma das sobrancelhas e a mediu brevemente, recolhendo a mão.
– Porque era o desfecho esperado; προορισμός*
– Desfecho esperado – repetiu ignorando a palavra final sem desviar os olhos de Zafrina. –
Sinceramente não confio em tanta alegria de sua parte, uma vez que não pode mais me usar para
nada.
– Isabella – a vampira sorria manso ao contemporizar –, você guarda uma péssima impressão de
nosso único encontro, mas lhe asseguro que nunca quis seu mal. Aquela noite eu apenas precisava
que Edward me ouvisse sem represálias.
– A transformação não afetou minha memória. – Bella avisou enfática. – Eu me lembro de cada
detalhe daquela noite... Tudo o que foi dito antes e depois da chegada de Edward, então não tenho
como ter uma boa impressão, concorda?
– Isabella, por favor... – James tentou intervir, porém sua amante o impediu:
– Tudo Bem! Ela tem toda razão! – Zafrina falou com um meio sorriso, dirigindo-se à vampira. –
Mas antes a situação era outra, agora estamos juntas com um mesmo propósito. Com a convivência,
logo verá que pode se desarmar...
– Sinceramente eu preferia aprender a... “confiar” em você a distância – ela retrucou, deixando de
olhá-la para ir até Edward.
Parando ao lado de seu noivo, apertou-o no ombro levemente que aos outros pareceria um
cumprimento mudo, mas que desejava ter incutido sua contrariedade quanto àquele pedido absurdo
e que este fosse notado por ele. Não sabia se era uma resposta, contudo Edward imediatamente lhe
cobriu a mão, fazendo com que a mantivesse no lugar.
– Eu estou com a Bella. – Alice falou do sofá, distraindo-lhe a atenção. – Tudo bem que está
conosco, mas não vejo a necessidade de ficar aqui o tempo todo. O que faria além de estar
possivelmente nos espionando?
– Desculpe-me lembrá-la, minha cara – Zafrina começou com indisfarçado enfado, demonstrando
não ter por Alice a mesma deferência que dispensava à Isabella –, mas não há nada sobre vocês que
Aro já não conheça. Todos aqui conviveram com ele durante seis anos, confiantes e felizes, sem que
eu nem estivesse na cidade.
– Agora tudo é diferente – Jasper respondeu por sua esposa, colocando as mãos nos bolsos de sua
calça. – Podemos ter sido ingênuos uma vez, mas reincidir no erro seria estupidez. Até poucos dias
você estava ao lado dele... Acho estranha essa mudança repentina. Então... Também estou com
Isabella. Você tem todo o direito de mudar de lado e pedir asilo, mas também preferia que alguma
distância fosse mantida até que tivéssemos a certeza de que podemos confiar.
– Eu estou sendo julgada aqui? – Zafrina olhou para cada um antes de pousar os olhos incrédulos
em Edward e insistir. – É isso? Se for, em minha defesa eu alego que nunca fiz mal a nenhum de
vocês.
– Ninguém está sendo julgado – Edward assegurou impassível, sem soltar a mão em seu ombro. –
Se fosse o caso sua alegação não seria atenuante de coisa alguma, pois considero conivência tão ou
mais grave do que o delito em si. Comparsas têm o poder de mudar toda a ação caso assim desejem.
– Não cabia a mim... Eu não poderia mudar coisa alguma! – Zafrina exclamou. – E mesmo assim eu
tentei. Eu fiz sua humana refém? Sim, mas já expliquei minha intenção que era justamente pedir
que me ajudasse a eliminar Paul, indo contra Aro. Isso deveria contar... E também fui eu quem lhe
alertou sobre o dom dele e deixou a carta contando mais sobre ele. Posso não ter feito nada para
impedir que coisas ruins acontecessem, mas ao menos eu tentei ajudar.
– Mas se negou a participar diretamente quando lhe pedi ajuda para resgatar Isabella. – Edward
contra-argumentou.
– Essa foi uma falha tremenda da minha parte – ela retorquiu exaltada –, mas tudo ainda estava
indefinido. Não ajudei quando pediu, mas depois James e eu fomos até o parque e o limpamos para
vocês.
– Foram vocês?! – Jasper indagou incrédulo.
– Sim – James respondeu. Depois de tomar a mão de sua amante e a beijar devotado, soltou-a e
contou a todos. – Foi naquela noite que Zafrina tomou coragem e eliminou a indução de Aro. A
partir dali não havia volta, então depois de conversarmos, juntos decidimos que seria melhor
ajudar... Só que já era tarde.
– Providencialmente tarde. – Bella acrescentou, sem se admirar com a iniciativa. – Até para mim,
uma recém-transformada, está claro que manter nossa condição em segredo é o primordial, então o
que fez pode muito bem não ter sido com o intuito de ajudar, mas sim, manter nossa
clandestinidade. Por Aro, ou até por ela mesma.
– Pelos deuses! – a vampira clamou, sem desviar os olhos dos de Bella. – O que preciso fazer para
que acredite que minhas intenções sempre foram às melhores?
– Disso eu nunca duvidei – ela retrucou. – Resta saber em beneficio de quem você agiu.
– Edward – Zafrina recorreu ao advogado, visivelmente derrotada. – Não sei mais o que dizer... Se
quiser rever sua decisão, fique a vontade. James e eu podemos...
– Não tenho que rever coisa alguma! – Edward a cortou; não precisava presenciar o teatro mais do
que já havia visto. – Minha palavra é uma só... Mas se não suporta a desconfiança que você mesma
gerou, fique a vontade deixar-nos.
James apenas trocou o peso do corpo sobre seus pés, imitando Jasper ao colocar as mãos nos bolsos.
Coube a Zafrina sustentar o olhar de Edward por alguns instantes, correr os olhos pelos vampiros
presentes até pousá-los sobre a noiva de seu novo líder. Havia um brilho indecifrável em seu olhar
insistente quando falou:
– Na verdade não posso reclamar. Sei que confiança não se ganha, se conquista e estou disposta a
ter a de vocês. Então eu fico.
– Pois bem! – Edward se reacomodou na cadeira, finalmente soltando a mão de sua noiva que o
apertava imperceptível e insistentemente naquele instante. – Sendo assim vamos acabar com esse
assunto. Já nos estendemos demais.
Ainda com os olhos presos aos de Zafrina, Bella lamentou que Edward não a atendesse, contudo
não deixou transparecer. Não daria à vampira dissimulada o gosto de vê-la contrariada. E lamentava
por todos, que em seu entendimento, não estariam seguros com ela por perto. Todo o cuidado, seria
pouco. Ainda digeria a novidade quando Edward encerrou a questão definitivamente dizendo ao
sócio mais novo.
– Zafrina pode ficar com você. Já que agora ela atuará no nosso teatro, para todos os efeitos, será
sua secretária.
– E Barbra? – Alice perguntou contrariada.
– Dê-lhe férias, ou faça dela sua assistente entregando a agenda de Jasper para que cuide. – Edward
opinou não muito interessado.
O futuro da secretária não lhe interessava; bastava se ocupar dos imortais ao seu redor.
Principalmente de Zafrina que a ele não enganava em tempo algum. Ela poderia se mostrar ofendida
e injustiçada, mas conhecia sua capacidade de dissimulação e o declarado pendor pela traição
àqueles aos quais alegava amar. Justamente por aquela razão, mesmo não confiando, considerava
mais seguro tê-la sob suas vistas.
– Prefiro dar-lhe férias – a secretária decidiu, mirando a vampira novata. – Em um mês muita coisa
pode mudar...
– Tem toda a liberdade para fazer o que achar melhor – Edward retrucou friamente. Encarando
James, indagou. – Agora que está de volta, retome seus casos. Desculpe-se como achar melhor com
seus clientes e volte ao trabalho.
– Obrigado por deixar que tudo voltasse ao que era antes – o vampiro agradeceu estendendo a mão
ao seu líder.
Edward a apertou firmemente e antes de soltá-la, salientou:
– Não como antes, espero.
– Agora serei eu mesmo. – James esboçou um sorriso quando Edward finalmente o deixou se
afastar. Esfregando as mãos, subitamente animado, pediu. – Posso começar?
– Por favor – Edward indicou a porta, liberando-o. E olhando para Zafrina que ainda sustentava o
olhar de sua noiva, recomendou. – Leve sua nova secretária.
A contrariedade pôde ser sentida em Zafrina, demonstrando claramente que ela não estava satisfeita
em participar efetivamente da farsa encenada naquele escritório, mas a vampira não teria
alternativa.
– Como lhe disse Zafrina – ele falou seguro em sua interpretação. – Minha palavra é uma só. Se
agora está no mesmo barco, terá que remar como todos.
– Não estou habituada, mas vou me acostumar – ela assegurou, encarando-o com a testa vincada,
como se o analisasse.
– Venha meu amor! – James a tomou pelas mãos, ainda animado. – Verá que pode ser divertido.
Mais uma vez, obrigado Edward.
O vampiro apenas inclinou a cabeça antes que seu sócio se fosse, levando uma amante arreliada
pela mão.
– Edward! – Jasper se pôs a frente da mesa e se inclinou sobre ela para segredar sua exasperação. –
Você enlouqueceu? James eu até entendo, mas aceitar Zafrina?!
– Ela é um mal menor – ele comentou inabalável.
– Ela é uma das esposas... – Jasper insistiu.
– Somos a maioria. – Edward o lembrou. – Não foi o que Caius Volturi lhe disse? Ela não se voltará
contra nós... Não com Emmett fora da cidade.
– Sim, foi o que ele disse, mas ainda não me sinto tão confiante e acho tudo isso muito estranho.
Num dia eu a vejo nos enfrentando, no outro eu a sigo e então ela é boazinha e está conosco?!
– E eu que nem a conhecia? – Alice se aproximou da mesa para igualmente falar num murmúrio. –
Tomei um baita susto quando James chegou com ela e nos apresentou dizendo que ela faria parte do
clã... E com seu consentimento. Fiquei tão atordoada que nem soube o que fazer... Jasper iria
chamá-lo quando chegou. Obrigada por nos proporcionar tamanha surpresa, custava ter avisado?
– Foi inesperado. – Edward disse aos dois, para Jasper acrescentou sugestivo. – E não sou o único
aqui a fazer o que considera o melhor sem avisar ninguém. A situação é a mesma.
– O que pode vir de bom com ela aqui? – Jasper se mostrava inconformado.
– Eu preciso dela.
– O que disse? – Bella indagou afastando-se um passo. – Você precisa dela?
Edward se voltou para olhá-la. Isabella se mantinha rígida, os olhos chispando, mas ele não se
abateu. Sabendo que aquela era a questão de todos, esclareceu.
– Ela é tão antiga quanto Emmett. Conviveu com ele por séculos, então não conheço ninguém
melhor para me ensinar como enfrentá-lo.
– Foi isso o que ela lhe disse ontem? – Bella fechou as mãos, ansiosa por bater em alguma coisa. –
Que poderia lhe ensinar como fazê-lo?
– Edward... Você deveria ter conversado conosco antes... – Jasper murmurou como um lamento
repreensivo.
– Eu já disse que não houve tempo, muitas coisas aconteceram depois que deixei o escritório... Eu
iria colocá-los a par quando chegasse esta manhã. – não era uma justificativa, somente a narração
dos fatos. – Zafrina esteve me seguindo e ontem me abordou para pedir a adesão ao clã. Ela me
contou sobre sua capacidade de ler mentes e disse que muitos de nós podemos fazer o mesmo. Não
percebem? Para mim está claro que não é um dom, mas uma técnica que todos podemos dominar.
Eu preciso entender como funciona e ela está disposta a ajudar.
Ao se calar, Alice então liberou um riso escarninho e comentou com deboche exasperado:
– Essa Zafrina será o quê?... A versão feminina do mestre Yoda?
– Já basta! – Edward sibilou sem se alterar. – Eu lhes disse ontem, mas parece que não me fiz
entender, então repito. Eu sou o líder aqui. Vocês têm todo o direito de não aprovarem o que faço,
opinar e até questionar minhas decisões, não ridicularizá-las.
– Edward... – Alice se afastou surpresa. – Eu estava só...
– Debochando. – Edward corrigiu antecipadamente a palavra que ela usaria. Sem ser grosseiro,
apenas firme, prosseguiu. – Conheço-a o suficiente para saber quando está brincando e agora não
era o caso. Sei que a culpa por me tratarem assim é totalmente minha, mas agora chega. E da
mesma forma que não aceitarei gracinhas fora de hora, não admitirei reprimendas como se eu fosse
um maldito moleque.
– Edward? – Jasper o encarava incrédulo. – O que deu em você?
– Se quer mesmo saber... – o vampiro começou; indiferente ao aborrecimento que recordar sempre
lhe causaria. – A verdade sobre minha insignificância me foi cuspida na face. Com muito prazer,
Emmett pontuou cada falha de minha existência e eu tive que aceitá-las a cru.
– Alice me contou de seu encontro. – Jasper contou; o espanto substituído pelo pesar. – Mas isso
não justifica se voltar contra nós.
– Não é o que faço. – Edward o corrigiu. – Quero apenas respeito de todos vocês e uma obediência
sincera, não aceitação condescendente. Se hoje estamos nessa situação foi justamente por nenhum
de nós levarmos a sério nossa condição. Até ontem estive de fato brincando de ser líder, e vocês
compactuavam, mas a farra acabou. Para mim e para todos.
Ao final de seu discurso, Edward podia perceber o olhar admirado de Jasper e até mesmo o de
Alice. Esta não se furtou a um novo gracejo.
– Não está querendo dizer que a partir de hoje irá se tornar um cruel ditador, não é?
– Talvez um pouco – ele lhe piscou, indicando seu sempre estariam bem.
Naquele momento em que Jasper apenas o encarava com crescente e evidente orgulho, Alice de fato
brincou:
–Eu sempre soube que um dia o poder lhe subiria à cabeça!
– Gosto disso! – Jasper falou por fim. – Pensei que nunca viveria para ver uma mudança na qual
acreditasse. E já que aconteceu, e está mesmo disposto, acho que deveríamos ir todos à Kastoria
para vocês conhecessem Caius pessoalmente. Tenho certeza de que ele poderia nos contar muitas
coisas sobre nossa espécie. O tempo de minha hospedagem foi breve, conversamos basicamente
sobre Aro.
– Essa é uma viagem a se pensar, mas não agora. – Edward comentou olhando rapidamente para sua
noiva; sentia sua aflição, mas poderia lhe dar a devida atenção ainda. Com isso voltou a encarar o
amigo e prosseguiu. – Temos que ficar aqui e consertar toda essa confusão criada por Emmett. Eu
preciso retomar meus casos e enquanto isso me fortalecer mais... Ver o que Zafrina me acrescenta.
Depois, com tudo estabelecido, iremos até Kastoria.
– Que assim seja! – Jasper concordou de pronto. – Então... Agora é voltar ao trabalho?
– Sim, mas sempre vigilantes e confiando somente em quem está aqui agora... Não considero James
perigoso, mas vamos deixá-lo em observação. Já quanto à Zafrina, não confiem jamais, pois ela é
legal a si mesma.
– Assim faremos – Alice assegurou por ela por seu marido, segurando-lhe a mão. – Vamos?
– Vamos! – Jasper a abraçou, contudo antes de se mover disse ao sócio. – Ainda quero conversar
com você a respeito de algumas impressões que tive durante minhas conversas com Caius... Mas
não é nada urgente.
– Também tenho algo a contar, mas agora. Marcaremos um encontro na cobertura – o advogado
sugeriu, tendo então uma confirmação muda de seu amigo.
– Já que voltamos ao trabalho, posso mandar que entrem? – Alice perguntou para Edward, porém
seus olhos alternavam sua atenção também com Isabella.
O vampiro lhe seguiu o olhar e respondeu sem desviá-lo de sua noiva:
– Dê-me cinco minutos e os envie.
Antes de seguir a esposa, seu amigo novamente lhe lançou um olhar admirado ao qual Edward nem
mesmo se envaideceu; apenas, finalmente, assumia a postura esperada desde que, contrariando sua
vontade, o trouxe para junto de si se intitulando seu líder. Deveria zelar por todos eles desde
sempre, tendo se fortalecido ao longo dos anos, preparando-se para o que viesse.
Não havia auto-recriminação, apenas resignação. A mesma que o impulsionou a afastar a cadeira e
desabotoar os dois últimos botões de seu paletó antes de estender a mão para Isabella ao ficarem a
sós; sentia sua contrariedade então aceitaria o que ela lhe dissesse. Relutante sua noiva segurou a
mão estendida, contudo se deixou ser levada voltando a resistir ao se negar em sentar no colo
claramente oferecido.
– Sei como se sente – ele falou tão logo Isabella se recostou contra a mesa.
– Acho que não. – Bella retrucou cruzando os braços; defensiva, calando o protesto de seu peito. –
Se soubesse teria evitado a surpresa me contado ‘antes’ o que pretendia ao trazer essa... Biscate para
junto de nós. Muito menos teria aceitado essa ideia absurda de James... Ontem você afirmou que
Zafrina não ficaria perto e agora ela não somente passará a vir todos os dias como você diz
‘precisar’ dela?
– Por favor, Isabella... – ele pediu puxando-a até pará-la a sua frente. – Não transforme o que eu
disse em algo que não é.
– Se não queria interpretações, por que não me disse sua intenção?
– Não queria que brigássemos – falou movendo as mãos pelo quadril da vampira enfezada. – Algo
que invariavelmente acontece quando falamos dela.
– Não tente me distrair Edward. – Bella demandou, relutando contra a comichão que o esfregar em
suas ancas fazia percorrer seu corpo. – Você não precisa dela para nada! Veja como está seguro
depois que reconheceu sua supremacia. Se tudo é como Zafrina lhe disse, com o tempo qualquer um
de nós será como ela ou Aro.
– Não creio que seja tão simples assim, meu amor. – Edward comentou ainda acarinhando-a sobre o
jeans, satisfeito que não estivessem se desentendendo por Zafrina.
– Tenho certeza de que foi ela quem fez parecer complicado – ela teimou; seu aborrecimento se
voltando para si mesma por ser fraca e se deixar envolver pelo magnetismo de seu noivo quando
deveria ferrenhamente protestar. – Aquela lá joga com as palavras... E é tão cara-de-pau que teve a
coragem de me parabenizar! Vadia!
A vampira estremeceu em repulsa ao recordar a forma languida com que a rival cheirou seus
cabelos e comentou sugestivamente sua excitação após a dança com Edward. Havia também a
revolta pela tentativa de menosprezá-la mesmo a elogiando, assim como o asco pelo carinho em seu
pulso antes de libertá-la. E o que pensar da avaliação descarada de minutos antes? Vadia não a
designava.
– Também me causou estranheza, mas não é nada que fosse comentar. – Edward se valeu da
distração para puxá-la até seu colo. Prendendo-a fortemente, salientou. – Você ouviu tudo o que eu
disse meu amor... Sabe que não confio nela e nem quero que você o faça, mas entenda que é melhor
mantê-la aqui. Onde por algumas horas poderemos controlar seus passos.
– Eu entendo – ela o enlaçou pelo pescoço, rendendo-se de vez. – E acredite, não fico incomodada
apenas por ciúmes, mas também por medo. Não sei o que ela pode tentar contra você.
– Somos a maioria. – Edward repetiu num murmúrio contente por estarem se entendendo sem
argumentações acaloradas; seria enfim o equilíbrio?
– E ela mais velha, falsa e ardilosa – a vampira qualificou contrafeita.
– E você uma vampira forte, determinada e super protetora... – ele retrucou e lhe beijou levemente.
– Estaremos bem.
– Fala como se me deixasse lutar com ela livremente.
– Touché! – Edward exclamou com um sorriso orgulhoso. – Hoje você está impossível!
– Hoje eu estou é uma rendida, isso sim... – Bella exalou antes de beijá-lo.
Segurando-o pela nuca, logo acima da gola do paletó, ela determinou que pensasse em Zafrina
depois, sem deixar que a vampira dissimulada se interpusesse entre eles, nem os desestabilizassem.
Edward por sua vez, já havia relegado a velha vampira a um segundo plano, e dedicava sua atenção
à falta de uma blusa sob o casaquinho vermelho de Isabella, descoberta tão logo insinuou a mão
além de sua barra rendada para acariciar-lhe as costas.
– Quando colocou esse casaco estava pensando em facilitar meu trabalho, não estava Isabella? –
Edward indagou rouco, mordendo-lhe o lábio levemente.
– Sabe como são essas ocupações sem horário rígido... – ela tombou a cabeça para receber um beijo
na lateral de seu pescoço. – Sempre pode aparecer um tempo ocioso entre um cliente seu, ou uma
matéria minha...
O vampiro sorriu enlevado; estavam bem apesar de Zafrina ter se antecipado a ele, impondo sua
presença antes que preparasse o espírito de sua noiva. Enquanto corria a língua pela pele macia,
saboreando também a cumplicidade cada vez mais fortalecida, Edward ouviu os toques de Alice
anunciando sua entrada.
Imediatamente o casal se separou. Quando a secretária descerrou a porta, Bella já se encontrava
afastada alguns passos. E Edward estava de volta em seu lugar.
– Você disse cinco minutos. – Alice lembrou receosa.
Edward apenas confirmou com a cabeça e se pôs de pé para contornar a mesa, assumindo seu papel
de advogado. Alice então deu passagem aos dois humanos livres da indução e com eles avançou
pela sala, apresentando-os mesmo à distância. – Sr. Cullen, este é Daniel Brown, o processo dele se
encontra sobre sua mesa.
Edward apertou a mão que o homem bem vestido lhe estendia, não muito satisfeito em ver que o ato
fora reflexivo, pois tanto seu cliente quanto o acompanhante dispensavam sua atenção à Isabella.
Após a troca de olhares entre o casal, o vampiro não precisou pedir para que ela saísse.
– Vou aguardar na antessala. – Isabella anunciou. – Quando se desocupar nós retomamos nossa
conversa.
– Obrigado!
Edward agradeceu por já ter liberado a mão do humano incauto que não calou um suspiro lamurioso
pela saída de sua desejável vampira. Seu cliente, assim como o homem que o acompanhava, seguiu
a saída de Isabella e Alice até que a porta fosse fechada.
– Nossa! – Daniel exclamou abanando-se cenicamente, finalmente olhando para Edward com
verdadeira atenção. – Confesso que já estava de queixo caído pela beleza de sua secretária e agora
essa! Quem é ela?
– Minha mulher – ele respondeu secamente.
– Ah! – Daniel exalou com falso embaraço. Dando uma palmada amistosa no ombro do advogado,
falou a guisa de desculpas. – Foi mal aí!... Mas não pode culpar os pobres mortais por olhá-la mais
de uma vez.
– Acredite... Não os culpo. – Edward retrucou encarando-o com uma sobrancelha erguida,
transformando seu breve ciúme em diversão.
Comprazendo-se com o que viria, Edward apertou a mão do homem que fora apresentado como
sendo amigo de Daniel e, sem nem registrar o nome, convidou a ambos a se sentarem. Então,
reassumiu sua cadeira e antes de qualquer outra palavra, abriu o processo para descobrir que diante
de si estava o cliente vindo do escritório de Harry, indiciado por latrocínio.
– Então, Sr. Brown... – Edward começou, recostando-se em sua cadeira, com o olhar fixo em
Daniel. – Gostaria que me contasse em detalhes como se deu o roubo do qual é acusado e como este
resultou em assassinato.
– Eu sou inocente! – Daniel bradou ofendido; ele e seu amigo se reacomodaram em suas respectivas
cadeiras. – Eu nem estava no estacionamento na noite citada. O Bruno aqui é minha testemunha.
Estávamos tomando um...
– Escute... – a voz era mansa, porém incisiva ao encerrar a farsa. – Há algo que precisa saber sobre
mim. Eu não gosto de contos fantasiosos tanto que tenho um faro apurado para péssimas histórias,
então seria mais proveitoso, para nós dois, se facilitasse meu trabalho contando como tudo
aconteceu. Guarde seus esforços para parecer inocente quando estiver no banco dos réus,
combinado assim?
Com um pigarro que expressava todo o incômodo sentido, Daniel encarou o amigo, antes de olhar
diretamente para Edward e anuir:
– Combinado.
Com a aceitação, sem que fosse preciso induzi-lo, Daniel Brown narrou com riqueza de detalhes,
como ele, dono de uma bem sucedida seguradora, apropriou-se do notebook de seu sócio e ao ser
flagrado terminou por acidentalmente matá-lo. A alegação era de legítima defesa, pois queria apenas
destruir provas da algumas fraudes cometidas contra seus segurados.
Edward saboreava cada palavra e sentimento que seu cliente não mais tentava encobrir como o puro
néctar dos deuses. Desde o lamento inicial por ter sido descoberto à orgulhosa soberba por no fim
das contas, a gravação de toda ação não ser suficiente para incriminá-lo.
Depois de tudo pelo o quê passou nos últimos dias, poder vivenciar aquele momento dava um
prazer indescritível ao vampiro. Emmett o desestabilizou por um tempo, mas não foi capaz de
derrubá-lo completamente. Finalmente, ainda que de forma precária, tudo recaia na normalidade
conhecida, com o maravilhoso acréscimo de ter Isabella ao seu lado como desejou desde que
aceitou amá-la. Tornando seu jogo muito mais interessante ao despertar o interesse de homens como
Daniel Brown ao qual livrar da condenação teria um prazer indescritível, que somente seria
suplantado por aquele que viria ao reencontrá-lo livre...

****************************************************************
Fanpage: OBSESSION*
https://www.facebook.com/ObsessionBeatenByLove
Leia tbm:
Borboleta Negra*

Notas finais do capítulo


Bom, espero que tenham gostado... Assim como que tenham entendido que o vampirão
não está caindo na lábia da Zafrina... já deu para perceber que ele não acredita em tanta
boa vontade...

Ah, tbm espero que não pensem que a história se estenderá por conta disso... ela está
msm no final e só não terminou ainda pq a autora aqui está meio enrolada em outros
projetos... Sim, é ruim, tbm sou leitora, mas tem coisas que simplesmente não tenho
como adiar... Só quero reafirmar que a fic não será abandonada nunca... Demoro, mas
posto... E assim que puder, eu a encerro... Até lá, obrigada pela paciência, pelos
reviews... e pelas indicações!...

Vcs são especiais... Bom domingo a todas...

(Cap. 92) Capítulo 27 - Parte III

Notas do capítulo
Bom dia meninas.... Saudades de vcs!

Antes de deixar o capítulo novo quero agradecer os reviews... estou devendo algumas
respostas, mas nesse final de semana eu organizo... Quero tbm agradecer as
indicações... :D

Espero que gostem do que virá... Nesse capítulo tem muitas coisas relevantes... ;)

BOA LEITURA!

Poucos passos. Pouquíssimos passos a separavam de Zafrina e nada podia fazer além de ficar
sentada diante de Alice que trocava algumas palavras com Jasper; algo referente aos processos.
Voltavam ao trabalho, como seu noivo recomendou. Deveria tentar fazer o mesmo. Escrever algo
relevante, de preferência à mão, mas nem tentaria. Não estava aflita, somente impaciente, tanto que
nada criaria. Então, olhando a porta fechada do escritório, Bella tentou focar sua atenção na voz
máscula e compassada de Edward, que exprimia seu sarcasmo, notoriamente não entendido pelo
cliente humano, todas as vezes que repreendia uma contradição. Evidente que Daniel Brown seria
mais um a virar história tão logo seu competente advogado levasse o júri a acreditar em sua
inocência.
“Ele é um hipócrita sacana que aceita dinheiro que considera sujo para livrar bandidos da prisão
somente pelo prazer de caçá-los”, aquelas foram palavras de Paul. Na ocasião, ouvir sobre a prática
justamente por seu ex a consternou. Ainda não concordava completamente com ela, porém, diante
do que ouvia, passava a entender a lógica de Edward. Não era hipocrisia e, sim, um senso
desvirtuado de justiça. Eram predadores e naturalmente já agiam como deuses decidindo sobre a
vida ou a morte, então, tomar conhecimento de alguém tão dissoluto como aquele empresário e
nada fazer, seria impossível. Tão inacreditável quanto ela ter que ficar ali parada com um ser ainda
mais ardiloso do que Daniel a alguns metros de si.
– Mas essa agora...
Bella ouviu Alice murmurar. Deixando de olhar a porta percebeu que Jasper já havia partido para
sua sala e ela própria aparentemente participava de uma conversa da qual não havia ouvido uma
única palavra. Sentindo-se culpada, indagou:
– O que há Alice?
– Não ouviu o que eu disse? Tudo está muito estranho, é isso o que há! – Alice falou baixo para que
somente a vampira a ouvisse. – Não gosto de saber que essa mulher está aqui.
– Não está mais incomodada do que eu, acredite! – Bella assegurou roucamente; manter-se sentada
demandava dela muito controle sobre si; e sabia não possuir tanto.
– Você... – Alice começou cautelosa – Sabia disso? Dessa... Adesão?
– Sabia! Edward me contou ontem à noite – poderia acrescentar que soube após o ataque de Senna,
mas ali não era o local para tratarem daquele assunto.
– O que ele lhe disse?
– Não muita coisa – Bella reconheceu, aborrecendo-se mais por ter sido fraca. – Desconhecia, por
exemplo, essa súbita necessidade em saber o que ela tem a ensinar. Sinto que Zafrina é uma cobra,
Alice... Fico tranquila que Edward não confie nela, mas não consigo acreditar que essa decisão em
mantê-la perto seja a mais acertada.
– É exatamente o que penso... – Alice concordou num murmúrio. – Acho que Jasper tem razão,
deveríamos era ir até Kastoria. Lá encontraríamos respostas concretas e confiáveis.
– Concordo com vocês, mas nesse ponto estou com Edward. Agora não é o momento para viagens.
Conversar com Alice a distraiu da voz de Edward, deixando-a livre para olhar o corredor principal.
Havia no ar odores variados, convidativos e perturbadores. Assim como muitos sons, mas nada
comparáveis com os da redação, ainda assim a irritavam em demasia por saber que além da muitas
portas, estava a vampira que odiava desde o primeiro contato. Não queria ir contra as determinações
de Edward, mas previa o quanto seria indigesto ter que conviver com Zafrina; especialmente depois
de seu noivo ter assegurado que tal proximidade não seria necessária.
A dualidade da vampira, da mesma forma que a exasperava, confundia-a. Bella podia sentir o olhar
que esteve fixo ao seu pouco antes, tanto quanto o toque antigo em seu pulso. Intrigava-a também
não saber se Zafrina poderia ou não ler sua mente. Sendo sincera duvidava até mesmo que ela
tivesse tal poder. Talvez o hábito em mentir estivesse tão enraizado que a vampira nem ao menos
notasse quando o fazia. Na verdade, parecia ser tão louca quanto Senna ou Paul.
– Bella, você ouviu o que eu disse? – Alice novamente lhe chamou a atenção. – O que há com você,
afinal... Está tão dispersa!
– Vou resolver isso agora – disse já deixando a cadeira. – Não me siga!
– Bella! – Alice a chamou, pondo-se de pé; ao ter sua atenção, pediu. – Se vai fazer o que imagino
me deixe ir com você... Não é seguro.
– Ela não faria nada contra mim aqui, sossegue Alice... Quero somente conversar.
– Bella... – Alice tentou insistir num murmúrio.
– Eu já volto, vou ficar bem – a amiga assegurou ainda mais baixo e indicando a porta fechada do
escritório, pediu. – Não me entregue.
Ao concluir a vampira caminhou cautelosamente rumo ao corredor. Ignorando o olhar de dois
advogados, seguiu o odor de Zafrina que a cada passo se tornava mais forte. Logo Bella entrava na
antessala do escritório de James, o mesmo que antes fora dividido com Paul. Tão pouco tempo
havia se passado desde a última vez que esteve ali, no entanto, parecia uma vida inteira. A ocasião
passada perdera qualquer importância; seu objetivo era outro. Como a porta da sala se mantinha
aberta, Bella se aproximou e espiou. Encontrou James a analisar alguns papéis, sem dar atenção a
sua chegada, e Zafrina de pé, alguns passos distante da porta. Evidente que sua aproximação fora
sentida.
– Eu esperava que viesse – Zafrina falou, dando-lhe passagem. – Até que demorou!
– É verdade! Ela disse mesmo que você viria Isabella, mas não acreditei – James comentou
olhando-a rapidamente antes de voltar à atenção aos papéis, ainda falando. – Zafrina acha que você
não confia em nós... Eu disse a ela que você tem toda a razão, afinal não fomos legais...
– Não foram. – Bella concordou finalmente entrando. Não usaria uma palavra tão branda para
descrevê-los, mas aquela serviria. Revezando a atenção entre um e outro; já incomodada com o
olhar insistente de Zafrina, tranquilizou-o. – Particularmente não tenho nada contra você, afinal até
onde sei não era dono de sua vontade.
– Não era – ele assegurou novamente encarando-a. – Odiava estar preso. Mesmo com a deferência
não tem porque acreditar em mim, mas garanto que não se repetirá.
– Faço votos de que não se repita – ela desejou, creditando a ele alguma confiança.
– O mesmo não se dá comigo, não é mesmo? – Zafrina indagou, cruzando as mãos as costas,
assumindo uma postura altiva. Pareceu que ela viu sua mente, mas Bella não tinha certeza; seria
estranho uma vez que Aro não conseguira.
– Exatamente! – confirmou, encarando-a. – Gostaria de conversar com você a sós.
– Eu preciso pegar alguns papéis e... – James anunciou prestativo.
– Não – a vampira o deteve quando ele fez menção em sair. – A sala que era de Aro está vazia. Nós
iremos para lá.
Sem esperar por aceitação a sua proposta, saiu rumo ao local indicado. Como esperado, Zafrina a
seguiu prontamente. Bella dava as costas para alguém que não confiava, mas se manteve vigilante,
contando os passos furtivos atrás de si. Zafrina em tempo algum tentou se aproximar, indicando que
não estava errada ao tranquilizar Alice; ela nada tentaria. Não na Cullen & Associated. Ao abrir a
porta do cômodo desocupado, Bella deu passagem a Zafrina. Esta passou muito perto, eriçando os
pelos da jovem vampira em desagrado.
– Eu não mordo Isabella!
Era um gracejo, mas o tom não o confirmava; Zafrina poderia tentar encobrir, mas estava
apreensiva. Bella não se atribuiria tal sentimento, seu leve tremor vinha com a proximidade
incômoda. Como a vampira salientou, não guardava uma boa impressão e tinha plena consciência
que esta nunca mudaria. E uma vez que amabilidade não seria dispensada justamente àquela
mulher, Bella retrucou inabalável:
– Temo um bote, não uma mordida.
– Devo ter merecido! – Zafrina deu de ombros indo até a parede de vidro; olhando os prédios à
frente e, demonstrando confiar que Bella também nada faria. Após um instante, perguntou sem
rodeios. – O que quer?
– Pensei que soubesse – Bella falou impassível. – Se tirarmos o fato de que pode ler mentes, ainda
resta a sua certeza de que eu viria.
– Não é preciso ser um gênio para saber o que faria... – falou, novamente dando de ombros, sem
deixar de olhar a vista ou comentar seu dom. – Você é vampira agora, somos curiosos... Como
jornalista você naturalmente o era e a transformação com certeza potencializou essa característica,
então...
– Somou dois mais dois – a vampira arriscou a comparação simples.
– Exatamente! – Zafrina exclamou sem orgulho pelo acerto. – Quase todas as pessoas são
previsíveis e agem com precisão matemática, basta saber elaborar as equações.
– Visto dessa forma – Bella começou sem se importar com o que seria um demérito. – Tenho
certeza de que você sabe utilizá-las muito bem... As equações.
– Você está aqui agora, não está?
Talvez fosse a pré-disposição em não confiar que dava à Bella a impressão de haver mais na
indagação além do fato de estar ali; presente naquela sala. Antes que se pronunciasse, a vampira
acrescentou rapidamente:
– E chegou até Julian Felker.
– Sim, pelo visto sou mesmo previsível. – Bella colocou as mãos nos bolsos. – Espera que eu lhe
agradeça pela ajuda trucada?
– Com o que vem acontecendo, toda ajuda é válida – ela novamente se absteve de aceitar a
provocação. – Se sabem mais sobre Aro, devem a mim.
– Perdoe-me, mas não me sinto em débito com você.
– Nem eu quero que se sinta! – Zafrina a encarou bruscamente ao retrucar e sem desviar o olhar,
reiterou. – Você não me deve coisa alguma.
– Evidente que não! – Bella exclamou com um riso incrédulo. – Acredito que nem mesmo Edward
lhe deva algum favor... Para mim, tudo o que faz é por interesse pessoal, não por ele e muito menos
por mim.
– Se é nisso que quer acreditar... – a vampira retorquiu sugestiva antes de voltar a olhar Nova York
aos seus pés.
O comentário teve o poder de inflamar o ânimo até então controlado da vampira mais jovem;
retirando as mãos dos bolsos, Bella diminuiu a distância entre elas até ficar a um passo de Zafrina
para sibilar:
– Que porcaria quis dizer com isso? Posso ter chegado agora, mas sei que é assim que age... Fala
um pouco e engole o resto... Acena com possibilidades sem revelar tudo... Se quer saber, não a
considero útil e duvido muito que vá acrescentar algo a nós ou brincar de secretária. Deveria dizer
de uma vez o que quer e nos deixar em paz.
– Ou o quê? – Zafrina se voltou para encará-la; se havia desafio este estava inferido na pergunta;
não na voz, não no olhar.
Bella não queria se alterar, pois fatalmente Edward sentiria e viria para levá-la embora, porém
tamanha falsidade agitava o sangue em suas veias. Bastaria estender o braço para prender-lhe o
pescoço, mas não o fez.
– Sabe que não faria nada contra você aqui – ela salientou; cerrando os punhos para se conter ainda
mais.
– Não faria nada contra mim em lugar algum – a vampira pontuou correndo os olhos castanhos pelo
rosto tão próximo ao seu. – Sei que mal me tolera, mas não tem uma razão lógica para tanto ódio...
Você é nova, forte, impulsiva, mas posso afirmar, sem medo de errar, que não é injusta e eu nunca
lhe dei motivos para que me fizesse algum mal.
Bella odiava reconhecer que não os tinha; fora o ciúme violento, nascido quando ainda humana e a
antipatia pela clara dissimulação, não possuía razões concretas que justificasse atacá-la. Ainda
assim não queria deixar Zafrina com a última palavra, então se apegou ao que seria o melhor dos
motivos para confrontá-la.
– Você é uma ameaça para Edward e eu preferiria acabar com você antes que o machucasse
novamente.
Sem que esperasse, Zafrina sorriu escarninho. Então o sorriso se tornou riso e este ganhou força
atingindo níveis quase histéricos.
– Pare com isso! – Bella ordenou dando um passo atrás; Edward viria. – Pare já!
– Perdoe-me... – a vampira pediu ainda a rir, lutando para se recompor. Segundos depois, apenas
sorrindo, passou as mãos pelos fartos cabelos e ainda os segurando, repetiu de olhos fechados. –
Perdoe-me... Foi mais forte do que eu.
– Você é maluca! – Bella a olhava; incrédula. – Não é seguro tê-la por perto.
– Eu já pedi desculpas! – Zafrina salientou totalmente livre do humor; aborrecida. Encarando Bella
com olhos escurecidos, observou. – Você tinha que ser sensível não é? Se antes eu não queria crer
nas impressões de Aro, agora sou obrigada a admiti-las... Como isso é possível?!
– O quê? – Bella indagou incisiva, novamente aproximando-se.
– Isabella!
A voz de Edward chegou à sala antes que ele aparecesse sob o batente. Alice surgiu logo atrás e em
seu olhar havia um claro pedido de desculpas. Eram desnecessárias, pois Bella sabia que ele estava
ali por sua culpa. Abalava-a mais ver a consternação nos olhos verdes mesmo que estes estivessem
reduzidos em fendas enquanto entrava a passos largos para se colocar entre as duas sem calar seu
peito que rosnava baixo em advertência.
– O que pensam que estão fazendo? – indagou rouco, afastando sua noiva a distância de seu braço,
mantendo-a longe de Zafrina.
– Não estávamos brigando se é o que imagina – esta esclareceu com estudada neutralidade; mirando
o casal à frente atentamente.
– Estávamos apenas conversando. – Bella assegurou por fim; encarando a vampira, ficaria sem sua
resposta.
– Não era o que parecia! – Edward ciciou para Zafrina. – Se vai ficar afrontando Isabella serei
obrigado a...
– Ela disse a verdade.
Nem mesmo Bella acreditou que defendia Zafrina então não estranhou que os olhos verdes
chispassem para ela e Edward a encarasse com o cenho franzido. Ele não precisou verbalizar o que
lhe ia à mente para que acrescentasse:
– Eu sei que não deveria ter vindo, mas quis saber o que ela deseja de nós.
– Proteção – foi James quem falou da porta, levando os quatro vampiros a encará-lo. – Se era
somente isso poderia ter perguntado para mim. Sei que é cedo para confiar em nós, mas precisamos
de vocês. Senti na pele o que Senna é capaz de fazer e posso muito bem imaginar o que me espera
caso Emmett resolva me eliminar.
– Não diga isso! – Zafrina o repreendeu com veemência. – Não vou deixar que ele faça nada contra
você.
– Sei disso meu amor... – James lhe sorriu manso antes de novamente olhar para a noiva de seu
líder. – Seriam dois contra dois, mas apenas ela é experiente... Eu nunca precisei lutar contra outro
imortal. E como se isso não bastasse, eu poderia ser induzido novamente, então... – ele não concluiu
o óbvio antes de finalizar. – Mas se ficarmos aqui, teremos mais chances.
– Eles também não têm experiência. – Zafrina comentou, contudo encarando o casal. – Podem ser a
maioria, ter coragem e alguma força extra, mas são tão inexperientes em enfrentamentos quanto
você, meu amor.
Bella sustentava o olhar ainda lamentando a interrupção. Não importava o que dissesse, ou o quanto
tentasse parecer amorosa com James; as palavras eram vazias. A verdadeira Zafrina era a
exasperada que ciciava questões incompreensíveis. E era “aquela” que Bella gostaria de ver
novamente. Era aquela que lhe daria as repostas, não a vampira novamente mascarada diante de
todos.
– E qual é a sua experiência Zafrina? – Edward indagou incisivo. – Alguma vez já lutou contra
outro vampiro?
– Algumas vezes – ela falou, olhando-os. – Nem todos os vampiros são amigáveis e é preciso saber
como se defender.
Aquela era uma informação relevante, pois Edward jamais poderia imaginar que imortais,
frequentemente, se voltassem uns contra os outros em combates mortais. Conhecia melindres,
disputas pela supremacia em determinada cidade, mas todas resolvidas com um cedendo ao vampiro
mais antigo na região. Ele mesmo havia se inflamado e inicialmente desejado expulsar o intruso de
Nova York, cogitando sua morte somente caso resistisse e ameaçasse seu segredo ou Isabella. Ao
conhecer a verdade, considerou o que acontecia ali um fato isolado, estritamente movido pela
vingança. Aro contra ele, Senna contra Isabella para atingi-lo. Segundo as palavras da velha
vampira esteve errado, enfrentamentos eram comuns. Contudo, não considerava que a experiência
pessoal de Zafrina tivesse grande valia; não naquele sentido, afinal, sua noiva estava viva após sua
primeira luta, assim como ele mesmo.
– Desculpe-me, mas ter sido bem sucedida em lutas passadas não a torna melhor do que nenhum de
nós nessa sala. – Bella comentou, rogando para que seu noivo pensasse como ela e não se deixasse
enredar. Não queria comentar justamente com Zafrina, mas ainda estava afetada pela conversa
anterior, então revelou. – Nunca precisei brigar com alguém quando humana, no entanto, ontem
enfrentei Senna e aqui estou.
– Bella, não... – Alice murmurou alarmada, porém se calou quando a amiga sinalizou para que se
contivesse.
– Senna atacou você? – Zafrina maximizou os olhos castanhos e deu um passo a frente.
– Afaste-se – Edward a deteve com a mão estendida, sem tocá-la, franzindo o cenho em estranheza.
– Ela atacou você e James, por que não o faria com Isabella uma vez que teve a chance?
– Ela está desesperada, agora tenho a certeza. – Zafrina falou recuperada, afastando-se um passo.
Olhando para Bella como se tentasse adivinhar como estava ilesa, indagou. – Ela a feriu?
– Isso não vem ao caso – Bella retrucou, não perdendo o foco, insistiu. – O que importa é que estou
viva.
– Teve sorte – foi James quem opinou indo se colocar ao lado de sua amante. – Não deve
subestimá-la Isabella.
– Não subestimo – ela assegurou ao vampiro –, mas quero que entenda que nessa disputa não conta
quem é forte ou mais experiente. Senna me feriu, eu a feri e ela fugiu... Então, nunca saberemos
como teria terminado; quem teria morrido.
Ao se calar Bella pode sentir a repreensão vinda de Edward quando o olhar de esmeralda
novamente chispou em sua direção.
– Desculpe-me – ela soprou para ele, mesmo sabendo ser a verdade.
Os olhos de seu vampiro brilharam, assim como os de Zafrina que Bella encarou imediatamente ao
notar que trocava o peso de seu corpo sobre os pés.
– Caso não a tivesse ferido, teria sido você – a vampira murmurou roucamente, levando Edward a
também encará-la. – Senna é rápida, não tem escrúpulos nem joga limpo. Entendo sua colocação
Isabella e não estou dizendo que tenho como ensiná-los a lutar... O que posso é dizer como se
fortalecerem ou... Como calar a mente para Aro, então, por favor... Deixe-nos ficar. Precisamos
estar unidos sem nos voltarmos uns contra os outros.
E lá estava a vampira dissimulada, Bella pensou com sarcasmo. Decididamente precisa tirá-la do
sério novamente para ver sua verdadeira face, contudo, não aconteceria naquele momento, com um
público tão grande para que ela exercitasse sua boa atuação. Resignada em ter que esperar, correu
os olhos para seu noivo que ainda mantinha Zafrina sob suas vistas e retorquiu:
– Não está ao meu alcance decidir, nem vim aqui para expulsá-la... Como eu disse, só queria
entender.
– Acredite Isabella, queremos somente ficar com vocês para juntos sermos mais fortes – James
reiterou, abraçando Zafrina pelos ombros.
– Exatamente! – Zafrina exclamou, saindo do abraço. – Mas por ora eu gostaria de voltar para casa,
digo... para a sua casa Edward.
– Como? – Bella e Alice indagaram quase que simultaneamente.
– Eles estão escondidos em minha casa Isabella. Em Hamilton Heights. – Edward esclareceu ainda
sem desviar o olhar de Zafrina; havia algo errado, sentia. – Vá, fique a vontade.
– Obrigada! – disse olhando Bella e então para Edward antes de se voltar e beijar James
brevemente. Para Alice acenou a contra gosto e saiu.
– Desculpe-nos pelo transtorno Isabella – James rogou e seguiu os passos de sua companheira,
deixando os três amigos a sós.
– Alice, poderia nos dar licença? – Edward perguntou sem olhá-la. – Irei em seguida para terminar a
reunião com Daniel.
– Depois vamos saber mais desse ataque? – ela indagou não deixando seu lugar.
– Desculpe-me por ter dito assim Alice – Bella pediu sincera. – Eu sabia que Edward lhes contaria a
noite, mas eu simplesmente...
– Eu entendo – a amiga a tranquilizou. – Ela também me exaspera, mas como disse... Está além do
nosso alcance. Com licença.
Edward imaginou uma ou duas palavras para repreender Alice, mas se calou. Anos de
insubordinação não seriam esquecidos em poucos minutos. De toda forma, não queria se indispor
com ela por sua decisão quanto à Zafrina. A vampira dissoluta não deveria se interpor entre eles. O
mesmo se dava com Isabella, pensou encarando-a. Fora precoce acreditar na facilidade com que sua
noiva aceitou a presença da outra.
– O que faço com você Isabella? – Edward indagou num exalar antes de cruzar os braços sobre o
peito.
– Eu só queria conversar – ela se defendeu. – Não tinha como ela estar tão perto e ficar parada.
– O que você pode ter para conversar com ela? Encontraram-se uma única vez!
– E foi suficiente para detestá-la – Bella murmurou, não queria que James ouvisse; gostava dele.
Condoia-se por acreditar que estivesse sendo novamente usado. – Ela é falsa, Edward, diz uma
coisa e no segundo seguinte fala algo completamente diferente. Em nosso primeiro encontro ela... –
calou-se exasperada ao se lembrar.
– Ela o quê? – Edward questionou preocupado, pondo-se ereto; a mente criando várias
possibilidades. – O que ela fez Isabella? Sei que ela não a feriu, então...
– Acalme-se – ela pediu, aproximando-se para tocá-lo no peito. – Ela não fez nada contra mim... Ao
menos não fisicamente, mas ficou me sondando... Curiosa quanto ao que você poderia ter visto em
mim para estarmos juntos, como se...
– Como se...? Por favor, Isabella – estava aflito, temendo não ter optado pelo melhor.
– Como se ela fosse melhor para você do que eu! – Bella completou agastada; estava ali outra razão
para um confronto, pois Edward era seu.
Com a explicação o peito do vampiro abrandou um pouco; sua Isabella era somente atacada pelo
ciúme. Ainda considerava haver mais na proximidade de Zafrina e encontrá-las próximas lhe incutiu
uma cisma estranha, possessiva, mas ainda preferia que ela estivesse perto. Quanto ao sentimento
de sua noiva não havia muito a ser feito, somente tentar tranquilizá-la. Capturando-a num
movimento preciso, Edward a prendeu junto ao corpo e imediatamente correu uma das mãos pelas
costas dela, sentindo-a na tentativa de acalmar-se mais. Apreciando a falta de reação, falou junto ao
seu rosto:
– Não há mulher melhor para mim Isabella! Sou seu!
– Como está fazendo isso? – Bella perguntou, colocando sua curiosidade acima da vaidade que a
enternecia.
– Fazendo o quê? – Edward quis saber, sugestivo; caso estivesse novamente encantando-a seria,
como antes, sem a intenção.
– Desde ontem... – ela se calou brevemente ao estremecer com um carinho mais forte em sua anca.
– Que diz coisas como se respondesse ao meu pensamento.
– Você faz o mesmo – ele disse, voltando a acariciar-lhe as costas, descendo os olhos para o decote,
distraindo-se da dor que crescia em seu peito pela lembrança. – Aqui mesmo, quando não pude
repreendê-la... Não quero ouvi-la dizer que poderia ter morrido ontem. Já me basta saber...
– Desculpe-me – Bella repetiu e, interessada naquele novo detalhe, tentando não se deixar arrastar
pelos carinhos de Edward, questionou. – Será que isso significa alguma coisa?
– Significa que estamos ligados – o vampiro considerou, beijando-lhe a bochecha, seu peito ainda
doía pela possibilidade de perda, pelo leve ciúme. – Infelizmente não ao ponto de saber o que
pretende fazer... Não tinha que ter vindo aqui confrontar Zafrina... Não a quero perto dela.
– Lamento lembrá-lo de que ela é membro de nosso clã agora... E com esse pedido de James, ela
estará aqui mais no que deveria. Nossos encontros serão inevitáveis.
– Não faça com que eu me arrependa Isabella – Edward pediu afastando o rosto para encará-la. –
Ajude-me. Tente me entender e me apóie...
– Como posso apoiá-lo se não me conta tudo? – Bella sustentou-lhe o olhar, revivendo o sabor da
desagradável surpresa. – Quando sei com todos os outros que a deixou vir porque precisa dela?
– Já lhe expliquei isso Isabella. Quero conhecer o que ela sabe, é só. Por favor, não deixe seu ciúme
colocar uma barreira entre nós... Preciso confiar que estará comigo todo o tempo para que tudo dê
certo.
– Nesse caso em especial, quando muito posso dar-lhe meu silêncio – ela segurou-lhe o pescoço
com ambas as mãos para prosseguir. – Você terá meu apoio incondicional, meu amor. Não sabe
como me orgulha ou... o quanto é excitante vê-lo no lugar que é seu, liderando-nos. Acredito que
Jasper e Alice também notam que mudou e aprovam, mas não é nada agradável praticamente termos
que engolir essa cobra junto a nós então, esse caso será uma das exceções, pois não o apoiarei
quando sentir que está indo na direção errada.
Não era o que queria ouvir, contudo Edward aceitou a posição de Isabella. Reconhecia seu erro e
sabia que não havia sido agradável saber de suas intenções junto aos outros; ela era sua mulher,
afinal.
– Seu silêncio será bem vindo – aquiesceu por fim, amolecido pelas palmas que tocavam seu
pescoço acima da gola da camisa. – Juro que minha intenção era contar, mas tantas coisas
aconteceram... Não queria uma briga... Temos que ficar unidos Isabella... Mesmo que não concorde
sempre.
– Ter a intenção e não colocá-la em prática não ajuda muito, concorda? – Bella sorriu, subindo as
mãos para tocar-lhe os cabelos da nuca, optando por manter a conversa leve, apesar da seriedade.
– Essa estocada doeu... – o advogado reclamou, contorcendo o rosto teatralmente. – Está afiada nas
observações.
– Tenho que estar ou você fará de mim massinha de modelar – ela sabia que sim, pois bastava ele
correr as mãos por seu corpo como fazia para dificultar seu raciocínio.
– Massinha de modelar?
Isabella riu manso com a indagação, decididamente era muito melhor que se mantivessem no bom
clima, então gracejou, abraçando-o pelo pescoço:
– Pobre vampiro com sua infância tão longínqua... Sem pasta de amendoim, sem massinha de
modelar... O que faremos para sanar esse “déficit” em nossa comunicação?
– Fale apenas o que eu entenda. – Edward demandou, apertando-a contra si, satisfeito com a ligação
entre eles. Também estimulado com a lembrança, juntou as testas e acrescentou; rouco. – Ou me
apresente essa tal massinha como fez com a pasta de amendoim... Vou poder chupar seus dedos
novamente?
– Massinha não é de comer, seu pervertido! – Bella exclamou divertida, esquecida de Zafrina e todo
o resto. – Ela é como... “argila”. É colorida e...
Sua primária explicação foi calada por um beijo voraz, tão intenso que a assustou a princípio.
Edward praticamente a espremia entre os braços, seu peito protestava baixinho enquanto sua língua
torturava a dela; ora rolando, ora sugando. Em instante Bella novamente queimava, ansiando que
ele invadisse seu casaco e acariciasse sua pele. Esquecida também de onde estavam, ela tentou tirar-
lhe o paletó para incentivá-lo, porém suas mãos foram capturadas prontamente e o beijo quebrado.
– Não podemos... – ele exalou junto aos lábios de sua noiva. – Não aqui!
– Eu tranco a porta – ela sugeriu, faminta. – Seremos breve.
– Não aqui – ele insistiu, erguendo a cabeça para encará-la. Por mais que a desejasse
dolorosamente, não poderia se deixar levar por suas fomes. Era preciso manter o foco. Ainda mais
“ali”. – Por mim eliminaria essa sala, atearia fogo aos móveis... Imagine se a teria onde aquele
cretino ousou tocar em você!
Então o leve protesto se tornou um rosnar acentuando, os olhos se tornaram mais escurecidos.
Tocando-lhe o peito para acalmá-lo, Bella pediu:
– Não pense essas coisas. Aro foi embora... Esta sala é apenas uma sala.
– Em se tratando dessa corja, nada é apenas o que parece ser. – Edward retrucou, recordando a cena
que flagrou ao entrar. Acalmando seu corpo, sem soltá-la, perguntou. – O que conversava com
Zafrina quando cheguei?
– Não tivemos tempo de conversar muito – ela falou, conformando-se que não o teria. Apenas
aproveitando a proximidade boa, voltou ao tema indigesto. – Ela fez comigo o mesmo que com
você, falou em códigos sem acrescentar nada de concreto.
– Essa é nossa Zafrina! – Edward exclamou em sarcástica admiração, então com um suspiro
cansado, insistiu. – O que quero saber é o que ela disse para exasperá-la. Quando cheguei parecia
que iria atacá-la. Não poderia ser apenas por ciúmes.
– Apenas por ciúmes você matou um homem, dias atrás... Por que eu não posso querer o couro
daquela cobra? – Bella indagou, acariciando a lapela do paletó, olhando o movimento de seus
dedos. Não o julgava, precisava apenas distraí-los, pois não o queria medido naquele assunto. Não o
queria próximo a Zafrina, simples assim.
– Não tente me distrair Isabella – ele ordenou, segurando-a pelos cabelos da nuca para que erguesse
a cabeça e o olhasse. – Não pense que vai me deixar de fora; não novamente. – ela mordeu o lábio
rapidamente, apenas um reflexo que para Edward valeu como uma confirmação, levando-o a
acrescentar, incrédulo. – Era o que pretendia fazer, não era?
– Não quero deixar você de fora, Edward – falou levemente culpada, pois ele não estava de todo
errado. Mais uma vez se questionando como ele estava “lendo” seus pensamentos, ela admitiu. –
Mas confesso que preferia tratar desse assunto com ela, sem sua interferência.
– Pelos deuses Isabella! Qual assunto? – Edward indagou insistente.
– Esse é o problema! – Bella falou, desprendendo-se do abraço para vagar impaciente diante dele. –
Eu não sei. Você chegou antes que eu descobrisse. É algo sobre o que ela “não” disse, apenas
insinuou.
– Sobre o quê? – ele não desistiria, sabia que havia mais, via nos olhos castanhos, então usou as
palavras dela. – Ter a intenção não basta Isabella. Se não quer omitir, não faça.
– Você tem razão, desculpe – ela parou diante do noivo e pousou a mão em seu peito para encará-lo.
Não se intimidando com o olhar duro que recebia, falou. – Mas não estou mentindo. Eu não sei
como explicar...
– Tente – ele disse apenas.
– Primeiro ela falou sobre a previsibilidade das pessoas – ela então bufou e revirou os olhos.
Novamente irritada com o comentário, acrescentou –, especificamente da minha e...
– Ela a considera previsível?! – Edward a interrompeu. Para ele era algo extraordinário, visto que
desde o princípio Isabella agira contrariamente ao que esperava. Começou a “entendê-la” dias atrás,
com a convivência diária e ainda assim ela o surpreendia. Então, como Zafrina, que teve com ela o
segundo contato naquela manhã, poderia considerar conhecê-la tanto?
– Bem... – Bella deu de ombros, ainda que aborrecida. – Devo admitir que ela tenha razão...
– Que ela tenha...? – Edward se calou, pois e recusou a repetir o disparate. “Isabella não somente
defendeu Zafrina, como lhe dava razão”! Decididamente também não gostava do que ouvia, mas a
encorajou a dizer mais. – Tudo bem... Prossiga.
Bella entendia a estranheza, mas, uma vez que nada omitiria tinha que ser sincera no todo. Por mais
que odiasse o que dizia, a vampira dissimulada estava certa nas observações que fez a seu respeito.
Como não repetiria e Edward a havia liberado de confirmar ao se interromper, continuou:
– Enfim... Depois de comentar que todas as pessoas têm uma forma exata de agir, nas palavras dela,
insinuou que bastava observar e encontrar um padrão para saber o que fariam. Então ela comentou o
fato de eu estar “aqui” e isso me incomodou. Foi quando ela me irritou mais.
– “Aqui”?! – Edward não entendeu. Acreditava não ser o caso, mas depois de olhar em volta
rapidamente, acrescentou. – Nesta sala?
– Não creio – a vampira recuou um passo, impaciente com o pensamento que ganhava força. –
Havia mais. Acho que ela quis dizer...
– Que você está aqui... Como uma de nós?! – Edward externou o pensamento num ciciar incrédulo
sem nem filtrá-lo, sem ponderá-lo. As palavras simplesmente verteram por seus lábios.
– Por favor, Edward... Não se exalte. – Bella pediu dando um passo a frente para novamente tocar
no peito que ameaçava rugir.
– Quer que eu me acalme?
As palavras saíram ruminadas. A raiva crescente levando-o a tremer, passando a agitar o ar a sua
volta, sua força indo além dele. Edward tinha plena consciência de que não poderia enfurecer-se
daquela maneira justamente na Cullen & Associated, mas a ideia de que Zafrina tentou usá-lo
ameaçava cegá-lo. Cerrando os punhos, acreditando que também ensurdeceria, o vampiro ouviu a
voz de sua noiva:
– Sim, Edward. Eu quero!
Ele precisava parar. Ela não temia a força que distendia dele, apenas sabia que vidros estilhaçados e
moveis destruídos seria algo complicado de explicar. E havia James na sala à frente. Caso
estivessem no rumo certo, não deveriam demonstrar. Com Zafrina usando-o ou não, era preciso
cautela redobrada. Assim como agirem contrariamente ao esperado. Seu noivo ainda tremia,
contudo a atendeu, o ar voltava a sua normalidade. Como ele a encarasse como se não a visse, Bella
segurou-lhe as laterais do rosto e disse ainda mais firme:
– Temos que ser racionais, meu amor. Então, se controle.
Como resposta foi abraçada fortemente uma segunda vez. Era como se Edward tivesse medo de
perdê-la. Queria retribuir o abraço, mas seus braços ficaram presos junto ao corpo, seu rosto
comprimido contra o peito largo. Até mesmo para os padrões do noivo a reação parecia exagerada.
– Edward, o que há? O que também está escondendo e que lhe aflige tanto?
Aquela era a palavra. Estava aflito, por imaginar que Zafrina quis sua humana transformada desde o
início e tratou de instigá-lo a fazê-lo usando a maldita psicologia reversa; a mesma que Alice usou
para atrair Isabella ainda mais. Afligia-o ainda mais imaginar a razão de tal desejo. Esta explicava a
consternação que ela não conseguiu disfarçar ao descobrir o ataque de Senna. Zafrina pareceu tão
abalada quanto ele, abandonando – mesmo que brevemente – o teatro junto a James.
Edward sabia que não deveria se enciumar, uma vez que Isabella jamais corresponderia a ela ou a
qualquer outra pessoa, mas não conseguia evitar. Agora eram dois a desejá-la. Talvez Zafrina e Aro
estivessem juntos, querendo dar a ela o espaço que fora de Kachiri e Senna, por alguma razão,
deixou de aprovar. Isso explicaria o ataque. Ou talvez não fosse nada daquilo, ele pensou
exasperado. Não sabia mais o que pensar, então apenas apertou mais sua Isabella, para extrair dela a
calma que necessitava.
– Edward, você está me machucando... – ela protestou num murmúrio.
– Perdoe-me. – Edward pediu; finalmente a soltando. Contudo não a deixou se afastar, segurando-a
pelos ombros, procurou pelos olhos preocupados e disse. – Preciso ordenar os pensamentos, mas
não pode ser agora. Deixei Brown e o amigo induzidos em minha sala. Tenho que liberá-los. Serei
breve, prometo. Você pode me esperar na cobertura que tão logo me livre deles irei até lá para
conversarmos, está bem?
– Está... – ela anuiu incerta. Entendia a necessidade em voltar ao escritório, mas tinha medo que
aquele não fosse o caso. Unindo as sobrancelhas, perguntou. – É isso mesmo o que vai fazer, não é?
Não está pensando em ir atrás de Zafrina ou algo assim?
Sim, ele pensava, mas não era o que faria. Descontrolou-se instintivamente, porém já havia
recuperado a razão e com ela seu discernimento. Tanto que também terminou por dar razão à
víbora. Até mesmo ele sempre se valeu da previsibilidade das pessoas. A única que não se encaixava
era Isabella. E foi também por ela que terminou por ficar perdido. Uma vez que ela estava “ali”,
transformada, sim, porém com “ele”, deveria encontrar o equilíbrio, “pacificar-se”. Já estava claro
que ela viera para somar e não poderia haver segredos entre eles, então, admitiu:
– Confesso que por um segundo cogitei a possibilidade, mas não o farei. Pode subir tranquila que
logo irei até você. Prefiro conversar onde não precisamos ficar aos sussurros. Não somos nós os
devedores...
Bella refreou o desejo que fazê-lo prometer. Tinha que confiar, ou ainda, indicar que confiava em
sua palavra.
– Está bem – disse. Dando-lhe um beijo breve nos lábios unidos, pegou-o pela mão para tirá-lo da
sala. – Vamos então...
Edward se deixou levar. Ao passarem pela sala de James viram a porta fechada, mas souberam que
o advogado estava só. Puderam ouvir-lhe ao telefone com um cliente e o odor de Zafrina rumo à
saída. Ambos fungaram aborrecidos. Nesse momento se olharam e sorriram, achando graça na
coincidência, mesmo que a situação ainda os consternasse.
– Acho que agora eu entendo sua cisma com a sala – ela observou.
– Periga se espalhar por todo o andar – ele acrescentou aborrecido.
– Não vou comentar o que disse – Bella o olhou de soslaio, sabia o que ele pensava.
– Obrigado! – Edward agradeceu novamente taciturno; não precisava ouvir que a culpa era sua.
Ao entrarem na antessala encontraram Alice em sua mesa com os olhos postos na porta. A secretária
olhou de um ao outro antes de exclamar acusadora:
– Vocês demoraram!
– Perdoe-nos. – Edward pediu, por educação, não considerava terem demorado tanto. – A conversa
se estendeu, mas já vou voltar à reunião. Quem mais virá hoje?
– Quer mesmo saber sua agenda? – Alice o encarou, incrédula.
– Sei que quer mais detalhes Alice, mas como disse, prefiro que conversemos todos juntos, à noite.
Não fique preocupada, está vendo que Isabella está bem.
– É... – ela olhou para a amiga, sentida. – Estou.
– Desculpe contar daquela forma Alice... – Bella pediu verdadeiramente arrependida pelo
destempero que levou a amiga a se sentir excluída. Ainda assim, na tentativa de atenuar a carranca,
lembrou-a. – Você disse que entendia.
– Ah, tudo bem... Não liguem para mim. Estamos todos exaltados nos últimos dias e tantos
desencontros não ajudam. Jasper teve que atender seus clientes na rua, então uma reunião à noite
será perfeito. – voltando-se para Edward, perguntou profissional. – Quer mesmo saber quem vem?
Edward não gostava de saber que o amigo estava na rua, mas tentou não dar muita importância à
saída, afinal fazia parte do teatro. Eles não poderiam viver numa redoma, cercados de medo. Tinha
que confiar na calmaria; ao menos por aqueles dias. Com isso, finalmente respondeu:
– Não precisa me dizer, apenas encaixe quem teria que vir essa manhã, na parte da tarde ou
desmarque. Tenho algo a discutir com Isabella na cobertura.
– Isabella e você? – Alice novamente mediu um e outro. – Discutindo algo na cobertura? Sei!... –
dando de ombros acrescentou. – Prefiro vocês se engalfinhando nessa lua-de-mel que guardando
segredinhos... Pode ir sossegado, pois não havia mais ninguém para essa manhã, mas tem um
cliente às três da tarde.
– Perfeito! – Edward então se voltou para sua noiva e a beijou brevemente, imitando-a. – Pode subir
que logo estarei lá...
Bella assentiu com um manear de cabeça e o assistiu voltar a sua sala. Ao olhar para Alice flagrou-
lhe a mesma expressão ressentida.
– Não vai me desculpar, não é mesmo?
– Você tem ideia do quê senti quando ouvi aquilo? – Alice rebateu com outra pergunta. – Logo eu
que todo esse tempo estive protegendo você... Se alguma coisa tivesse lhe acontecido...
– Não! – Bella se aproximou da mesa e se apoiou sobre seu tampo. – Alice, a culpa não seria sua,
está maluca? Sou responsável por mim agora...
– Isso ainda é estranho para mim – ela admitiu. – Tudo está acontecendo ao mesmo tempo, tantas
mudanças...
A vampira mais jovem mais uma vez se sentiu culpada. Não ouvia o que a amiga lhe dizia, não
esteve presente como deveria durante os dias de afastamento de Jasper, não perguntou como havia
sido o reencontro, nem a incluía nos acontecimentos antes de dizê-los aos outros sem nenhuma
importância para ela. Intimamente tinha que admitir que gostava de ter Edward pendido para o seu
lado, mas eles não deveriam deixar àqueles que sempre lhes serviram de suporte fora de sua bolha.
– Alice, me desculpe – pediu tocando as mãos da amiga. – Tudo está mesmo estranho... As coisas
acontecem rapidamente e não nos encontramos como antes agora que estou aqui com Edward, mas
vamos achar uma forma de nos comunicar melhor... Eu nem perguntei como foi ter Jasper de volta...
– Foi perfeito! – Alice liberou uma das mãos e cobriu as que ainda estavam entrelaçadas. Com os
olhos brilhando satisfeitos, prosseguiu. – Eu estava morrendo a cada dia, pois nunca nos separamos
antes. E não saber o que tinha acontecido tornava tudo pior, mas eu sentia que ele voltaria. Antes de
confiar nele, confio em nosso amor.
Bella então se comoveu e desejou ter aquela tranquilidade em seu amor por Edward. Aquela
confiança e cumplicidade inabalável que mesmo estando completamente no escuro, acreditasse que
ele agiria por uma razão e jamais a deixaria, indo contra o que havia dito; como aconteceu com
Jasper ao partir. Aquela era a explicação para a resignação, mesmo que Alice estivesse sofrendo
pela falta.
– E você esteve certa todo o tempo – observou por fim. – Jasper voltou!
– Sim, voltou, mas não desconverse. – Alice deu uma leve tapa na mão sobre a sua. – Quero saber
de Senna. Onde ela a atacou?
– Não fique brava comigo... – ela pediu. – É uma longa história e a contarei em detalhes, mas...
Foi interrompida pela porta sendo aberta por Edward a se despedir de seu cliente, apertando-lhe a
mão estendida.
– Vemo-nos na semana que vem para... – ele dizia, mas não tinha mais a atenção de Daniel que se
perdia na visão das duas mulheres, já separadas, a olhar a cena. Ao seguir o olhar e sentir o leve
tremor, Edward apertou a mão com maior força, maldosamente, para ter os olhos do homem
novamente em si, para prosseguir. – Para que eu possa instruí-lo a relatar os fatos. Minha secretária
marcará uma hora.
– Combinado – ele murmurou, tentando mascarar o incômodo sentido e livrar a mão. – Até semana
que vem, Sr. Cullen.
Edward então o liberou, satisfeito por substituir o desejo pela dor. Após um aceno de cabeça
estendeu a mão para o amigo que não lembrava o nome. Este se absteve de segurá-la, dando um
leve tapa em seu ombro e se afastando. A reserva era válida, pois teria o imenso prazer de prestar-
lhe o mesmo favor, visto que era outro a ser afetado por sua noiva e secretária. Sinalizando para que
Isabella viesse até ele, disse para Alice:
– Veja o melhor dia e horário e reserve-o para o Sr. Brown, sim?
Alice nada disse, apenas moveu a cabeça em afirmativa, antes que ele conduzisse sua noiva para a
sala e fechasse a porta.
– Pensei ter dito para que subisse – disse, seguindo até sua mesa para recolher alguns papéis.
– Estava conversando com Alice – ela explicou, colocando as mãos no bolso. Com um sorriso
condescendente, indagou. – Você se diverte com seus clientes, não?
– Com os assassinos sociopatas admiradores de mulheres alheias? – Edward perguntou
inocentemente, parando sua tarefa para olhá-la. Dando de ombros, assentiu. – Sim, eu me divirto.
– O que farei com você Edward? – Bella o imitou com falso pesar, encobrindo um sorriso.
– Quanto a mim não faço ideia – ele voltou a se dedicar a finalizar a organização dos documentos e
anotações, enquanto dizia –, mas facilitaria muito a vida desses pobres infelizes se não os tentasse.
– Não tenho culpa se agora sou irresistível – ela se defendeu, agradecendo que ele se mostrasse
mais calmo, gracejando apesar das contrariedades.
– Péssima lembrança Isabella – Edward advertiu. – Agora serei obrigado a ser um pouco mais
rígido quando for caçá-lo só porque não resistiu a você.
– Eu poderia ver isso? – Bella perguntou repentinamente. A ideia de acompanhá-lo na caçada
movida pelo senso torto de justiça lhe pareceu agradável; Daniel nada valia, afinal.
– Está falando sério? – o advogado fechou o processo e a encarou seriamente; o velho coração
falhando uma batida em expectativa.
– Deve ser interessante – ela se aproximou da mesa, sem deixar de encará-lo, perdida nas nuances
dos olhos verdes que gradativamente escureciam enquanto dizia – ver como os persegue... Já
caçamos juntos, mas por necessidade. Imagino que por diversão deva ser ainda melhor... Como fez
com Mike Newton, só que dessa vez verei e não sairei correndo apavorada.
A lembrança daquela noite, dita justamente por ela, fez o sangue do vampiro correr mais rápido,
excitando-o. Finalmente alguém para entendê-lo, para o bem de seus pecados, era ela, sua Isabella.
Queria que ela visse; daquela vez não haveria fugas, nem sumiços que durariam nove dias inteiros.
– E depois que terminasse o real “julgamento”, você poderia caçar a mim... – ela sugeriu; os rostos
quase se tocando com eles inclinados sobre a mesa.
– Pervertida. – Edward acusou, chegando ao seu limite.
Com um movimento preciso capturou-a e a puxou mesmo sobre o tampo da mesa, sem se importar
em derrubar o que estivesse no caminho. Seu corpo não completamente recuperado pela fúria
sentida ou o desejo por ela, e ainda pelo ciúme, vibrava. Não teria como, nem queria, se controlar
mais. Beijou-a furiosamente enquanto retirava seu paletó e ela desfazia o nó de sua gravata. Dela
retirou o casaco para ver os seios nus. Queria prová-los, mas não havia tempo. Sua própria camisa
foi apenas aberta, assim como ambas as calças, para que, depois de abaixadas, ele girasse sua bruxa
provocadora e a arriasse de bruços sobre a mesa para afundar-se em seu centro, estocando-a por
trás.
– Edward... – ela rosnou baixo, mantendo as palmas abertas, concentrando-se como podia para não
arranhar, ou pior, despedaçar a mesa.
Ele nada disse, pois se descerrasse os lábios não se responsabilizaria pelos rosnados que visse a
liberar. Não quando para ele, aquele era o desfecho da imagem que ela projetou em sua cabeça.
Deitando-se sobre ela, ainda a mover seu quadril, afastou o cabelo farto e mordeu-lhe o ombro.
– Ah... – ela gemeu, oferecendo-se mais até que tudo explodisse em sua mente e seu corpo vibrasse
com o orgasmo libertador.
– Minha bruxa – ele se atreveu a dizer junto ao ouvido dela, enquanto a acompanhava. – Como não
amá-la mais?
– Não sei... – Bella respondeu, largada sobre a mesa, sentindo o peso de Edward em suas costas. –
Quer mesmo saber?
– Não – disse sincero, beijando o ponto onde apenas a mordeu.
Nunca iria querer saber como amá-la menos. Precisava apenas encontrar o “equilíbrio” para que
momentos de loucura como aquele não se repetissem com frequência. Não temia tanto por seus
inimigos, mas o perigo havia. E também não estavam sós. Alice provavelmente sabia o que se
passou ali e não entraria, mas sua secretária poderia deixar seu posto e um humano tê-los flagrado.
Poderia induzir qualquer um, contudo preferia evitar. Foi esse pensamento que lhe deu forças para
deixá-la. Não sem antes novamente beijar-lhe as costas e assegurar sério:
– Sempre vou amá-la mais Isabella. Agora é melhor nos vestirmos...
– Fiz alguma coisa errada? – Bella indagou confusa com a mudança repentina; recompondo-se,
assim como Edward que já abotoava a camisa, sem deixar de olhá-la.
– Não, meu amor... O erro foi meu. Não deveria tê-la atacado. Não quando aqui não é tão seguro, ou
com a porta destrancada.
– Ah... – ela exalou apenas, recuperando o casaco para vesti-lo pela cabeça, como Edward o retirou.
Desejava-o tanto, provocou-o desde cedo, sem pensar no perigo que correriam caso ele cedesse. – A
culpa também é minha, então... Prometo me comportar. Era melhor que tivéssemos subido de uma
vez.
– Melhor ainda se aprendermos a nos controlar – o advogado salientou, estendendo-lhe a gravata
para que a recolocasse. Sua noiva o atendeu e enquanto se ocupava em refazer o nó ele prosseguiu a
contragosto. – Somos mesmo previsíveis, Isabella. Você pode ser mais ponderada, mas sob certos
aspectos é tão intempestiva quanto eu. Não resistimos um ao outro, nos dispersamos... Há menos de
vinte minutos estive a ponto de explodir uma sala, temos tanto a conversar, no entanto...
– Bastou eu distraí-lo para que perdesse o foco – ela completou por ele.
– Exatamente! – Edward concordou admirado. – O bom de tudo isso é que estamos cada vez mais
ligados. Essas eram basicamente as minhas palavras. Apenas não lhe creditava toda a culpa. Nós
nos distraímos mutuamente, meu amor – após dar-lhe um beijo sobre os lábios, falou. – Obrigada
pela gravata... Agora me ajude a recolher esses papéis. Não se preocupe com a ordem. Alice...
– Alice vai sair para sua hora de almoço – anunciou a mesma, ao entrar sem bater. – Já que tudo está
tão calmo ao ponto dos pombinhos arrulharem sua devassidão para ouvidos sensíveis e inocentes,
não vejo problemas sem sair... Estarei de volta em breve. Volto com Jasper, tudo bem?
– Sim. – Edward a liberou; estavam em trégua, repetiu para si. – Sabe que não vamos nos desculpar,
não?
– Por favor! – Alice pediu erguendo as mãos. – Chega de mudanças esquisitas por aqui. Você pedir
desculpas sinceras duas vezes no mesmo mês será como um prenúncio do apocalipse. Cuidem-se
e... Arrumem um quarto a prova de som.
Antes que qualquer um dos dois pudesse retrucar, ela se foi. O casal nada disse, sabiam que Alice
tinha razão. Ainda sem proferir palavra, recolheram papeis e pastas. Por sorte não haviam se
espalhado tanto, tornando até mesmo a organização algo rápido e simples. Com tudo acomodado
sobre a mesa, Edward estendeu seu paletó no espaldar da cadeira, sentou-se e trouxe Isabella para
seu colo. Tinham que exercitar o controle, não ficar afastados.
– Mudança de planos – ele anunciou quando ela o olhou interrogativamente. – já estive longe do
escritório por tempo demais e uma vez que Alice saiu, vamos ficar por aqui.
– E o James? – Bella perguntou por precaução; ficaria onde ele determinasse.
– Nós podemos ouvir caso chegue muito perto e a vontade de “gritar” já passou – troçou com uma
piscadela.
– Então vai me dizer aqui o motivo de tanta raiva? – Bella o abraçou, para conversarem em tom
mais intimista.
– Você tinha razão... Zafrina fala o que quero ouvir – aceitou em palavras. Talvez, pela liberação das
emoções juntamente com sua noiva, seu peito não protestou ruidosamente. Falava incomodado pela
verdade, e só. – E acho que posso afirmar que ela tentou me usar para transformá-la.
– Como assim? – Bella se afastou um pouco para encará-lo.
– Ela me mandou um recado no dia em que você foi até... Paul, dizendo que eu não deveria
transformá-la, Isabella.
– Edward...?
O vampiro prendeu sua noiva ao sentir sua agitação. Unindo o cenho por ela sequer cogitar tamanho
disparate, disse duramente:
– Eu assumi o risco por minha conta e a transformei porque “você” me fez ver que estava errado em
mantê-la humana. Muito antes daquele rábula dos infernos a arrastar para a morte, então nunca se
atreva a questionar se eu o fiz somente para contrariar Zafrina. Posso ser previsível e ter cedido a
alguma manipulação, mas quanto a isso ela não teve qualquer peso em minha decisão final.
– Edward me desculpe – ela pediu segurando-lhe o rosto, unindo o seu ao dele para repetir – me
desculpe, me desculpe... Eu sei disso, mas ela me tira do sério, não sei o que pensar.
– Ela também me confunde, mas jamais duvide de mim. Se você está “aqui” é por minha
determinação, não dela... E se Zafrina acha que tem algum mérito está muito enganada.
– Deixe que ela acredite Edward – a vampira pediu, novamente se afastando para olhá-lo. – Agora
que me disse isso, entendo sua posição e o apoio. Zafrina não só tem que ficar perto de nós, como
devemos fazer o jogo dela, deixando que acredite que nos engana. Só assim descobriremos o que
ela deseja.
– Esqueceu que ela é como Emmett? Zafrina saberá.
– Escute... Posso estar enganada, mas cada vez mais acredito que há mais, ou menos, detalhes sobre
essa leitura de mentes do que podemos supor.
– O que quer dizer com isso? – Edward uniu ainda mais o cenho.
– Eu acho que eles não podem ler nossa mente porcaria nenhuma! – Bella falou segura.
– Vamos com calma Isabella. – Edward pediu, segurando-lhe as mãos. Doía-lhe lembrar, mas não
poderia deixar sua noiva confiar num erro. – Emmett leu minha mente quando estivemos no
apartamento dele.
A jornalista considerou as palavras do advogado por um instante, então retrucou:
– Pode ser que sim. Não tenho como saber, pois não sei o que pensou exatamente, apenas ouvia os
comentários dele, mas... E se por acaso não for bem assim? – insistiu; cada vez mais sua teoria
ganhava força. – E se ele apenas sabe... “intuir” o que você pensa?
– Não pode ser tão simples – o vampiro negou também com um manear de cabeça. – Como
comentou, não sabe o que pensei, mas eu posso lhe afirmar que as respostas eram exatas. Batiam
com cada pensamento.
– Como fazemos um com o outro desde que passamos a nos observar sem reservas. Ontem e hoje
você respondeu a vários pensamentos meus.
– E você aos meus... – Edward divagou, recordando todas às vezes, ainda que se recusasse a
acreditar na simplicidade do que acreditava ser um dom; como a sua força que era algo real. Seria
temerário confiar quando precisavam ter cautela.
– Então Edward... – Bella se reacomodou sobre as coxas dele, animando-se. – Pense bem... Gosto
disso de estarmos mais ligados, mas e se não for o caso... E se for tão somente por estarmos em paz,
sem grandes desavenças ou contrariedades. Quantas vezes nos desentendemos depois de minha
transformação?
– Mais do que eu gostaria – ele assegurou, sem numerar, afagando-lhe a nuca.
– Exatamente – ela exultou, arrepiando-se com o carinho, porém sem distrair-se. – Eles são frios e
calculistas, meu amor. Centenas de anos mais velhos do que nós... Tiveram muito tempo para
observar as pessoas. Com certeza conhecem cada expressão facial, o mínimo tique nervoso que
denuncie um pensamento fortuito e então... Bingo! Eles lançam uma frase de efeito e o leva a crer
que leram sua mente.
– Bingo?! – Edward não se furtou de provocá-la. Tinha que pará-la ou enlouqueceria. Precisava
pensar, pois estava muito tentado a acreditar no que ouvia, porém ainda considerava precoce.
– Ah, não! – ela se deixou levar. – Não é possível que não saiba o que...
– Sei o que significa – ele a cortou divertido, intensificando o carinho. – Já tive o desprazer de
participar de bingos beneficentes. Sei que não é nada que vá desejar comer.
– Você está me distraindo... – ela o acusou, novamente sentindo-se eriçar com o carinho mais forte
em sua nuca. – Temos que conversar Edward. O que aconteceu com o que disse ainda há pouco?
– Ainda vale – o vampiro assegurou, beijando-lhe o canto da boca. – Mas o que me diz é sério
demais... Temos que analisar sua teoria com calma. Não pode haver erros quanto a isso Isabella.
– E sua forma de analisar minha teoria é me seduzindo? – Bella indagou, amolecida, pendendo o
pescoço para receber um beijo enquanto Edward abria um botão de seu casaco.
– A senhorita tem alguma objeção? – Edward perguntou roçando os lábios na curva do pescoço,
apertando-lhe um mamilo.
– Nenhuma! Mantenha essa intenção enquanto tranco a porta.

**********************************************************
Fanpage no face, só curtir: Obsession - Beaten by Love*
https://www.facebook.com/ObsessionBeatenByLove
(copie e cole na barra de navegação)

Notas finais do capítulo


Bom, espero que tenham gostado e se ligado nos detalhes... Bella fez muitas
considerações importantes, Edward tbm... Eles dois juntos estão cada vez mais
conectados, basta saberem usar o que descobrem.... :)

Qlq coisa, me contem... Bjus em todas...

Logo nos vemos novamente... Bom final de semana!...


(Cap. 93) Capítulo 28 - Parte III

Notas do capítulo
Boa noite meus amores!

Mais um capítulo para vcs. Espero que gostem...


Desculpem a demora, mas agora o tempo está mais limitado. Além da vida off, tenho que
me dedicar ao lançamento de Enigma e cuidar de alguns projetos paralelos. Sei que é
ruim esperar tanto, mas o máximo que posso fazer no momento é não deixar a fic parada
por tantos meses como da outra vez... E abandoná-la está fora de questão.

Obrigada pelos reviews do último capítulo... E pelas indicações. Agora...

BOA LEITURA

Era eticamente incorreto um advogado permanecer a portas fechadas com uma mulher seminua
agarrada a si, sobre o sofá de seu escritório. Em tese, deveria ser ele a dar bons exemplos, porém
Edward não se sentia inclinado ao bom comportamento. Sim, sabia que ali ao lado havia seus
funcionários, amigos, inimigos, perigo, blá-blá-blá... Entretanto, naquele instante de paz,
considerava enfadonho permanecer em constante tensão. De toda forma, nunca se encaixou nos
padrões, então não destrancava a porta, nem pedia a Isabella que se vestisse. Era bom poder
acariciar as coxas expostas, pousadas sobre as suas enquanto se mantinha calmo a despeito do que
haviam conversado até ali.
Sendo sincero consigo mesmo, Edward reconhecia estar mais incomodado com os interesses de
Emmett e Zafrina em relação a sua noiva do que em saber como decifravam as mentes. Poderia
entender caso desejassem atingi-lo através Isabella, não que estivessem envolvidos
sentimentalmente por ela. Mal a conheciam e Edward duvidava que todos os imortais caíssem de
amores por ela num piscar de olhos. Por incrível que pudesse parecer, a única que agia de acordo
era Senna. E qualquer um dos casos, exasperava-o.
– Edward? – Isabella o chamou.
– Oi – ele respondeu com os lábios junto aos cabelos castanhos.
– Sabe que eu adoro seus abraços, mas não precisa me apertar tanto – gracejou.
– Perdoe-me – pediu afrouxando o abraço.
– Também ajudaria se parasse de rosnar – falou mansamente, massageando-lhe o peito, como se
daquela forma pudesse silenciá-lo. – Divida comigo... No que está pensando?
– Não consegue “adivinhar”? – Edward igualmente gracejou, reprimindo os roncos que também não
reparara, deixando-se levar pelo carinho tranquilizador.
– Não... E isso só reforça minha teoria. Não estou olhando para você, estamos “calmos” – ele riu,
pois entendeu a referência à sua falsa mansidão; ela prosseguiu: – Não tenho como intuir o que se
passa por sua cabeça. Tenho apenas uma vaga ideia de que seja algo sobre o que conversamos, mas
não tenho como saber “o quê”.
– Estou pensando nos interesses de Zafrina – admitiu.
– Então entendo os rosnados – ela comentou, apertando-se contra ele. – Ela pode fazer toda aquela
encenação com James, mas para mim Zafrina o usa tanto quanto Aro o usava. Sei que ela quer algo
com você, a vadia!
– Eu penso o contrário. – Edward começou cauteloso.
– Como assim? – Bella se desprendeu dele e endireitou o dorso para olhá-lo.
– Eu... Acho que ela quer você.
– O quê?! – a pergunta saiu um tom acima do normal
– Por favor, Isabella, fale baixo – ele pediu, segurando-a para que não se afastasse mais.
– Não pode estar falando sério! – Bella exclamou incrédula, tentando manter a voz estável.
– Infelizmente estou... Percebi o quanto ela ficou abalada quando contou sobre o ataque.
Bella também lhe flagrou o olhar consternado, mas não acreditava que seu noivo estivesse certo; ele
não poderia estar!
– Pare com isso Edward. Aquela cretina dissimulada sempre quis você.
Foi inevitável não lembrar as vezes que a vampira se insinuou, nem desviar os olhos para um ponto
além de sua noiva. O gesto não passou despercebido a Bella que indagou:
– Ela já tentou algo, não?
– Não vem ao caso... – ele a prendeu mais fortemente, pois sabia que se afastaria. – Ela pode tentar
quantas vezes quiser. O importante é que não me interessa.
– Confio que não, mas... – era difícil não alterar a voz, ainda assim prosseguiu num ciciar rouco: –
Tem ideia do quanto me atinge ter a confirmação?
– Eu preciso responder a isso Isabella? – Edward perguntou rouco.
– Não – ela bufou enraivecida com toda aquela situação. – Você, mais no que ninguém, sabe como
me sinto.
– Obrigado – agradeceu e tocou-lhe o peito, sobre o casaco vermelho, para acalmá-la. Sabia o que
viria então se adiantou: – Zafrina se insinua desde nosso primeiro encontro, mas hoje percebo que
faz parte do teatro.
– Por favor... – Bella pediu num exalar incrédulo. – Mulher alguma se insinuaria para você “de
mentirinha”. Aquela vampira é uma vadia, isso sim!
– Acho que você nunca saberá o quanto seu ciúme me envaidece. Na maioria das vezes –
acrescentou.
– Sim, eu sei. Basta ver esse seu sorriso convencido. – Bella, beliscou a mão pousada em sua perna.
– Trate de apagá-lo, antes que eu volte atrás e retire meu apoio. Não sei se terei estômago para...
– Não! – Edward segurou-lhe o rosto. – Está bem, me desculpe... De... “mentirinha” ou não, não
vem ao caso... O que importa são as ações e as reações. Não é nisso que se baseia sua teoria?
– É – ela confirmou sucinta, ainda aborrecida.
– Pois bem... Havia mais verdade na preocupação quanto ao ataque de Senna do que num possível
interesse em mim. Você é o alvo Isabella e agora com mais uma a desejá-la.
– Pare de repetir isso, por favor...
– Estou seguindo sua linha de raciocínio, meu amor... Temos que ser frios se quisermos descobrir
alguma coisa.
– Você tem razão. – Bella desarmou-se. – Não acredito nessa versão, mas não vou descartar a
hipótese... Se bem que...
– O quê? – Edward suspendeu a respiração, sua mente trabalhando rápido, tentando captar o que
estava oculto na interrupção abrupta. Isabella havia desviado o olhar e se encontrava absorta.
Lembrando-se da proximidade ao encontrá-las, demandou imperativo: – Fale de uma vez Isabella.
– É que... Eu tive a impressão que ela, por um instante, se mostrou para mim. Eu digo... A
verdadeira Zafrina. Sem a máscara da vampira temerosa a procura de proteção.
– Não estou entendendo Isabella – ele a fez encará-lo. – Como pode saber quem é a verdadeira
Zafrina? Vocês duas se encontraram duas vezes e por um tempo mínimo.
– Eu já lhe disse... – Bella falou aflita, pois nem ela entendia. – Não sei explicar. É como uma...
Impressão. Chame de instinto se quiser, mas é algo que para mim, é concreto e certo, mesmo sem
precedentes.
– Meu amor – o vampiro começo mansamente, segurando-lhe o rosto com ambas as mãos. Com
cautela, prosseguiu: – Não está confundindo o que sente? Isso pode ser apenas sua cisma falando
por si só.
– Não – ela negou segura, cobrindo-lhe as mãos com as suas para no mesmo tom, exemplificar: – É
o mesmo que a princípio, senti por você...
– O quê?! – Edward sentiu o baque seco no peito; ela equiparava os sentimentos? Antes que
exigisse uma explicação, ela falou:
– Eu o temi desde que o conheci. Conscientemente sabia que, como humano, não me faria nenhum
mal. Tanto que eu costumava atribuir a sensação ao meu senso de preservação ante a sua péssima
fama. Tempos depois... Na noite em que descobri a verdade, soube que estava certa, mas pelos
motivos errados.
– Seu senso de preservação não a alertava sobre minhas conquistas e, sim, sobre algo que você
sequer poderia imaginar – ele acrescentou a contra gosto.
– Exatamente. – Bella confirmou apenas.
– Certo! Tudo bem! – Edward exclamou contrariado. – Você tinha todos os motivos do mundo para
temer-me, mas o que isso tem a ver com Zafrina? Está querendo me dizer que a conhece de
“antes”?!
– Não Edward! – Bella respondeu no mesmo tom. – Apenas quero que entenda como me sinto. A
sensação é a mesma. Eu não sei explicar, não sei o que significa, mas é forte, palpável... Eu tenho
certeza que aquela Zafrina que vi por poucos segundos é a verdadeira. E se sua impressão estiver
certa, podemos dizer que ela se mostrou apenas... para mim.
O vampiro nunca fora afeito a superstições, mas se impressionou com um calafrio agourento que
lhe subiu a coluna ao ouvir tais palavras. Reflexivo, puxou Isabella para si e, sentando-a sobre suas
coxas, novamente a prendeu num abraço esmagador. Ao externar sua conclusão a voz saiu
estrangulada; furiosa.
– É uma troca! Eu os privei de Kachiri, agora eles querem me privar de você.
– Não sabemos Edward – ela tentou tranquilizá-lo. Com o queixo comprimido contra o ombro
largo, ela retribuiu o abraço e, acariciando os cabelos de seu vampiro, prosseguiu mansamente: –
Pouco importa o que eles querem... Podemos estar errados em nossas conclusões... Vamos ficar
unidos e traçar nossos próprios planos. Tudo terminará bem!
– É tudo o que quero! – Edward finalmente a liberou para se aprumasse sobre seu colo. Olhando-a
intensamente, acrescentou: – Que termine bem e de preferência logo. Contudo, não creio que
estejamos errados... Sua impressão inicial esteve certa sobre mim todo o tempo, então...
– Então vamos parar com as especulações.
– E agir, mantendo Zafrina perto – ele salientou.
– Como se acreditássemos naquilo que ela nos diz. – Bella lhe sorriu encorajadora.
– Até o dia que eu possa arrancar a cabeça dela como deveria ter feito desde o início. – Edward
completou raivoso quanto a algo que não poderia mudar, mas que teria feito toda a diferença. Agora
via que ter poupado Zafrina no dia de sua criação fora seu erro máximo.
– Não se eu fizer antes, caso ela se insinue para você – Bella imprimiu um tom jocoso à voz, mesmo
incomodada. – Ou para mim...
O corpo do vampiro tremia com o mau presságio, tão inexplicável quanto às sensações de Isabella,
porém não pôde evitar rir da ironia que a vida lhe impingia algumas vezes. Quando sua noiva uniu
as sobrancelhas, indecisa entre acompanhá-lo no riso ou não, ele esclareceu:
– É engraçado imaginar que, pouco tempo atrás, a simples ideia me excitaria.
– Não, não é engraçado – ela retrucou enciumada, beliscando-o no peito, entre o vão da camisa
completamente aberta.
– Ei! – Edward protestou, derrubando-a sobre o espaço mínimo do sofá para prendê-la sob seu peso.
– Pode não acreditar, mas isso dói.
– Não mais do que imaginar você com duas mulheres – ela retorquiu novamente beliscando-o,
porém com menos força; o passado devasso já havia sido aceito.
– Certo, eu mereci – ele reconheceu; vencido. Após um beijo breve e suspiro resignado, falou: –
Isabella, nós ainda temos muito que pensar antes de fazermos qualquer coisa, mas não tem como ser
agora... Se eu quero retomar minha vida, tenho que voltar a ser o que era antes, assim como dar
algum exemplo. Já excedemos o tempo aceitável dessa nossa... “reunião”.
– Eu sei... Logo Alice estará de volta e mais tarde seu cliente virá...
– Não quero que vá embora. – Edward esclareceu, levantando-se antes que fosse contra o que dizia:
– Apenas se arrume e destranque a porta. Pode ficar até as três horas.
Bella procurou por sua calça no canto onde Edward a jogou. Depois de resgatá-la, evitando olhar na
direção de seu noivo que já havia vestido a própria calça, pediu:
– Eu posso conversar com James?
– Com James? – Edward interrompeu o abotoar dos botões de sua camisa para encarar sua noiva. –
Por quê?
– Você não o sente isolado? – Bella indagou ao fechar o zíper.
– Sim, mas no momento ele é agraciado com minha benevolência por ter sido praticamente
queimado vivo e só.
– Queimado vivo! Havia me esquecido. Foi por isso que ele comentou saber do que Senna é capaz.
– Foi sim... – Edward já havia arrumado sua camisa sob o cós da calça e fechava a peça para
afivelar o cinto. – Mas ele está vivo e muito bem, não precisa sentir pena.
– Não sinto – ela assegurou arrumando os cabelos como podia.
– Melhor para todos que seja assim – o advogado comentou em advertência velada. – Sei que ele é
importante, “talvez” esteja sendo sincero, contudo ainda não queria me ocupar dele. Quero analisá-
lo esses dias.
– Analisá-lo é acertado, mas não seria o caso de já abordá-lo? Ele me parece uma peça solta...
Talvez pudesse vir para o nosso lado.
– Ele já está do nosso lado Isabella – o vampiro retrucou duramente; incomodado. Depois de indicar
a porta, contornou a mesa para assumir sua cadeira.
Entendendo seu gesto, Bella foi destrancar a porta. Depois de olhar rapidamente a antessala e
conferir a normalidade na movimentação além dela, novamente a fechou, sem trancar e foi se sentar
muito comportada diante de Edward para retomar o assunto.
– Por enquanto, teoricamente, e você sabe muito bem...
Sim, ele sabia, mas não a queria com nenhum deles; já havia dito que depois veria como lidaria com
James.
– Por favor, meu amor... – ela pediu languidamente, estendendo as mãos sobre a mesa para que
Edward as segurasse. Quando ele a atendeu, prosseguiu: – Sei que é mais forte do que nós, mas
vamos tentar domar nosso ciúme? Se você quer meu apoio deve querer também a minha ajuda.
– Em que quê me ajudaria “você” ir conversar com James? – indagou enciumado; simplesmente
não conseguia evitar.
– Eu não sei – ela disse sincera, era um palpite. – Mas acho que ele se sentiria mais a vontade
comigo... Dá para perceber que você o intimida.
– Essa é justamente a parte que me incomoda – ele retorquiu taciturno. – Não quero ninguém,
vampiro ou humano, “a vontade” com você.
– Você não tem ideia do quanto fica lindo quando está bravo! – Bella lhe sorriu, entendendo
perfeitamente a origem do convencimento que o acometia quando era ela a demonstrar sua
possessividade. Edward fechou ainda mais sua expressão, aumentando a pressão em seus dedos.
Antes que ele lhe respondesse, ela apagou o sorriso e falou séria: – Escute... O que dizemos um ao
outro tem que valer para nós mesmos. Precisamos confiar... Como Alice confiou que Jasper voltaria
mesmo ele tendo ido embora.
– Ela confiou porque sabia que a explicação dada era mentirosa. – Edward salientou.
Bella não havia pensado por aquele ponto, apenas se levou pelo romantismo; ainda considerava o
gesto bonito, mas o encarava objetivamente quando o vampiro acrescentou:
– Jasper já sabia de minhas canalhices, então dificilmente iria abandoná-la, anos e anos depois... E
em nosso caso, não é como se eu não confiasse em você é que...
– Não suporta a ideia de um homem próximo a mim, como eu não suporto imaginar uma mulher
junto a você.
– Exatamente! – Edward exclamou.
– E isso nunca vai passar, tenho certeza... – ela também lhe apertou os dedos como se assim
reforçasse suas palavras. – Mas para o que pretendemos fazer nem sempre poderemos estar juntos e
homens e mulheres fazem parte de nossa vida. Dói em mim também, mas teremos que nos separar
às vezes, então precisamos aprender a “desligarmos” quando for preciso.
Desligar. Desapegar. Inferno! Edward blasfemou incrédulo. Agora Isabella falava como Zafrina!
Pior era saber que as duas tinham razão. Na verdade sempre soube de tudo aquilo, complicado era
colocar em prática. A velha vampira não estava sendo sincera, mas ouvir o conselho vindo também
por ela havia valido. Uma vez decidido pelo “desprendimento”, contraditoriamente ele e sua noiva
estavam mais próximos; tudo parecia mais claro. Contudo era fácil “desligar” e não caçar alguém
que a machucasse, agora, deixá-la próxima a outro homem? Seria demais para ele.
E justamente por essa razão tão importante que aceitasse o sacrifício, disse a si mesmo.
– Tem que ser aqui, agora – ele anuiu rouco, com o coração fundo no peito. Segurando-a pelo pulso
recomendou: – E não demore, pois esse “desligamento” está em teste.
– Dará certo! – Bella lhe sorriu encorajadora. Com uma piscadela tentou desanuviar o semblante
carregado. – É isso ou nos mudamos para o pólo Norte.
– Onde você ainda tentaria os pobres esquimós e eu caçaria a todos. – Edward retrucou sério.
A jornalista alargou mais o sorriso; sabia que havia conseguido seu intento, afinal ele apenas a
provocava. Deixando a cadeira, contornou a mesa para beijá-lo. Seria breve, próprio para o tempo
que ficaria longe, porém Edward a fechou num abraço férreo, prendendo seus lábios
possessivamente. E da mesma forma que a prendeu a soltou, afastando-a a distância de um braço.
Bella o encarava, aturdida, quando ele pediu:
– Vá de uma vez!
Ela ainda o encarou por um segundo, considerando não forçá-lo, porém ao receber um olhar
esmeraldino, duro como granito, deixou a sala sem mais palavras. Com sua saída, Edward agitou os
cabelos, impaciente. Com um bufar exasperado, foi até suas bebidas e se serviu de uísque. Nem se
lembrava da última vez que recorreu à bebida para acalmá-lo, mas no momento precisava do ardor
em sua garganta para livrá-lo do sufocamento. Reconhecia o exagero, no entanto, não conseguia
evitar. A dor em seu peito era forte indicando que, na prática, jamais desligaria.
Depois de se servir de mais bebida, Edward foi até a parede de vidro e olhou para além dos prédios.
Tentando não pensar em sua Isabella junto a James, procurou analisar tudo o que conversaram até
ali. Sim, ele tentou, porém ao pensar em Zafrina e em suas intenções, sua garganta novamente
travou e a sala se tornou pequena demais. Necessitando de movimento e ocupação, resolveu fazer
uma breve inspeção pelo andar.
Bella encontrou James a meio caminho de sua sala, no corredor, conversando com um dos colegas,
parecia que tirava uma dúvida. Ao vê-la, olhou além dela como se esperasse que Edward surgisse às
suas costas. O outro advogado, igualmente olhou em sua direção, porém o interesse era
exclusivamente para ela. Depois de medi-la de alto a baixo discretamente – ou ele assim pensou –
perguntou:
– Você é a namorada do chefe, não é?
– Noiva, na verdade – Bella esclareceu.
– Ela é Isabella Swan, Christian – James se apressou em fazer as apresentações. – Isabella, este é
Christian Hill.
– Prazer em conhecer – disseram quase que simultaneamente durante um breve aperto de mãos.
Ignorando o cheiro conhecido de sangue e interesse, Bella falou a James. – Eu queria conversar com
você um instante. Interrompo alguma coisa ou...
– Não. – James respondeu prontamente, entregando a pasta ao colega que havia abandonado a
duvidosa discrição para olhá-la atentamente. O vampiro loiro acompanhou a avaliação, então,
compartilhando um sorriso condescendente com Bella, tomou a liberdade de lhe segurar o cotovelo
e fazê-la passar por eles. – Minha sala está aberta... Irei em instantes.
Bella fez como o recomendado. Ouviu-o se despedir do advogado, após uma breve advertência para
que mantivesse a discrição, então a seguiu. Entraram praticamente juntos na sala onde ela esteve
pouco mais de uma hora antes. James parecia desconcertado e olhou para a porta como se ainda
esperasse pela aparição de mais alguém.
– Obrigada por advertir o humano – ela agradeceu e encolhendo os ombros comentou. – Essa
atração é interessante, mas bem inconveniente às vezes.
– Sei como é – ele concordou, desconcertado, colocando as mãos no bolso.
– Posso me sentar? – Bella perguntou, após um instante de absoluto silêncio.
– Nossa! – James exclamou, movendo-se apressadamente para indicar a cadeira. – Que falta de
educação a minha, fique a vontade.
– Eu não queria atrapalhá-lo – ela esclareceu ao se sentar, seguindo-o com o olhar enquanto
contornava a mesa para assumir a própria cadeira –, mas tive que vir.
– Por quê? – James se recostou contra o espaldar da cadeira. Poderia ser por comodidade, mas a
Bella pareceu que ele apenas queria manter maior distância; num ato reflexo de proteção.
– Acalme-se, vim em missão de paz – disse apaziguadora.
O advogado uniu as sobrancelhas e lhe perscrutou o rosto, deixando transparecer sua dúvida. Bella
reparou o quanto ele era bonito; o tom loiro de seus cabelos combinava perfeitamente com o azul
dos olhos. Era tão alto e forte quanto Edward, Jasper ou Aro, então ela se compadeceu por sua
pouca valorização; havia algo errado e estava decidida a descobrir. Como não tinha um plano e ele
ainda a analisasse sem nada dizer, acrescentou:
– Na verdade vim lhe pedir desculpas.
– Desculpas?! – James estranhou e novamente olhou a porta.
– Edward não virá – ela o tranquilizou. – Pedi que me deixasse concertar minha indelicadeza.
O vampiro então a encarou.
– Por interpelar Zafrina? – indagou. Ao ter a confirmação num assentimento mudo, falou: – Sabe
que não considerei indelicadeza. Todos vocês têm o direito de desconfiar de nós.
– Sei disso – ela falou um tanto confusa com as palavras iniciais –, ainda assim não deveria ter
feito, desculpe...
– Bem... – ele começou cautelosamente. – Sendo assim, acho que seria o caso de pedir desculpas à
Zafrina.
– Pedirei – não mentiu; também queria muito encontrá-la a sós e um pedido de desculpas viria a
calhar. Porém, no momento, seu alvo era James. Abrindo seu melhor sorriso, perguntou: – Então...
Estou desculpada?
– Sim... – ele igualmente sorriu. Desarmando-se acrescentou. – Sabe que não há motivos, mas se
isso a faz feliz... Sinta-se desculpada.
– Obrigada!
Bella novamente estranhou a certeza que ele atribuía a ela, porém não comentou. Preocupava-a
mais saber que aquele seria o fim da visita, sem que estivesse satisfeita. Teria que agir, então
considerou válido comentar o ataque de Senna, uma vez que haviam se aliado.
– Edward me contou que... Você sofreu um atentado.
– Sim – daquela vez a afirmativa não veio com um sorriso. Antes disso, James novamente se
recostou e cruzou os braços, incomodado. Mirando o tampo de sua mesa, falou: – Você sabe que
Senna ateou fogo ao meu apartamento.
– Eu sei. Vi no noticiário, então Edward me contou que era seu apartamento. Sinto muito.
– Obrigado! Estou bem agora, mas se Zafrina não me salvasse não estaria aqui.
– Então você deve sua vida a ela – a vampira concluiu, desanimada. Gratidão era um elo eterno;
James era, de fato, uma peça perdida. Para sua surpresa o advogado desviou os olhos e, antes que
pensasse, ela indagou: – O que foi? Eu disse algo errado?
– Não é isso... – James disse incerto. – Não me interprete mal, por favor... Você sabe, gosto de
Zafrina, ela salvou minha vida, mas...
– Mas...? – Bella o encorajou, com renovada esperança.
James novamente lhe analisou o rosto. Quando falou a surpreendeu com a pergunta direta:
– Por que me pergunta se pode ver o que se passa na minha cabeça?
– Como? – Bella indagou; incrédula.
– Não precisa ser educada – James pediu um tanto ressentido. – Já deixou escapar que é como eles.
– Desculpe-me, mas não sei do que está falando... Eu sou como quem?
– Emmett, Zafrina... Antes eu achava que Edward era igual, mas com o tempo vi que não... – ele
explicou de forma truncada, calou-se por um instante, novamente analisou o rosto de Bella, então
perguntou surpreso: – Você não sabe o que penso?
– Parece que eu sei? – Bella não queria demonstrar seu espanto, mas foi inevitável. – Por que achou
isso?
– Você disse que Edward não viria quando me questionei. Depois me disse que veio em paz,
novamente respondendo a uma pergunta muda...
– Juro que foi coincidência – ela assegurou, encobrindo seu contentamento; como dissera a Edward,
bastava comentar ao analisar as expressões.
– Então não pode mesmo ver o que se passa em minha cabeça? – James indagou ainda desconfiado.
– Não, nem tenho como provar – ela deu de ombros.
– Mas eu acredito em você – ele aquiesceu por fim, novamente relaxando. – Eles ficam tão
orgulhosos desse dom, então não vejo o porquê de você negá-lo.
– Asseguro-lhe que não posso... – ela lhe sorriu. – Meu único super poder é ser forte e mesmo assim
acho que por pouco tempo.
– Sim, essa força tem pouca duração... A minha valeu por, mais ou menos, um mês.
– Um mês?! – Bella se moveu na cadeira, aproximando-se da mesa. – Só isso?
– Edward não lhe disse? – James se mostrou desconfortável.
– Está tudo bem... – ela tentou tranquilizá-lo. – Não conversamos sobre isso.
– Eu imagino que não – o advogado comentou, esboçando um sorriso sugestivo.
Quando seus olhares se cruzaram, Bella pode ver o brilho malicioso; não maldoso. Era como se
James apenas insinuasse saber sobre a “fome” que sentiam um pelo outro. E então a expressão do
vampiro fechou. O sorriso morreu enquanto ele abaixava os olhos e pedia apressadamente:
– Perdoe-me, fui indiscreto.
– Tudo bem... – acreditando que a insinuação tenha vindo por uma experiência vivida, ela gracejou
para elevar o clima. – Vi que falou em causa própria. – Bella esperou por algum comentário, porém
ele sequer se moveu. – Eu... Disse algo errado?
– Você se importaria de me deixar sozinho? – James pediu, passando a mexer em alguns papéis
dispostos sobre sua mesa, dando-lhes uma repentina e exagerada atenção.
– Não... – ela disse incerta.
Não queria ir, pois sua curiosidade estava no limite. James agora era um mistério que ela queria
desvendar. Bella agiu instintivamente, aproximando-se da mesa para segurar as mãos ocupadas.
Assustado, James as recolheu, quase com violência. A vampira por sua vez, afastou-se, novamente
reflexiva.
– Eu não queria assustá-lo, só...
Ela se sentia culpada e nem mesmo sabia a razão.
– Eu que peço desculpas... – James afastou a cadeira e, sem levantar, passou as mãos pelos cabelos.
– Você foi tão atenciosa vindo aqui e eu... Perdoe-me.
– Tudo bem... – Bella repetiu e colocou as mãos nos bolsos da calça, verdadeiramente
envergonhada. – Eu acho que ultrapassei um limite.
– Eu não queria falar a respeito – ele a olhava com súplica.
– Entendo... – disse apenas, mas, seguindo um impulso, em seguida perguntou: – Quantos anos
você tem?
James uniu as sobrancelhas em estranheza, encarou-a por um instante, como se estudasse a pergunta
e qual sua relevância no contexto. Pareceu desistir ao bufar cansado e responder:
– Morri aos vinte e cinco. Isso há seis anos, então, pode-se dizer que tenho trinta e um.
– Vinte e cinco – ela repetiu. – Como eu tenho agora, então... Teoricamente temos a mesma idade.
– Acho que sim – ele novamente estranhou, porém não silenciou. – Por que a pergunta?
– É que me ocorreu que somos os mais novos aqui. Acho que poderíamos ser amigos.
James novamente a encarou como se ela possuísse muitas cabeças, então, após nova deliberação
consigo mesmo, perguntou:
– O que Edward pensaria disso?
– Não sei – ela tentou transparecer tranquilidade; rogando que Edward a entendesse, pois sua boa
impressão somente aumentava. – Veremos com o tempo. Você tem razão quando diz que é cedo
para confiar, mas sinto que posso lhe dar algum crédito, então... Saiba que pode contar comigo.
Caso queira conversar.
– Se Edward não se opor... – James deixou no ar, incerto.
– Fechado! – Bella lhe sorriu.
O vampiro ainda demorou um segundo para corresponder, dizendo:
– Obrigado por ter vindo, mesmo sem precisão. Paul sempre falava de você e pelo o que vejo, ele
não exagerava em nada. Você é mesmo única.
– Paul falava sobre mim para você? – questionou, incomodada; não havia como se sentir única
quando se sabia traída.
– Dividimos essa sala, você sabe... – ela assentiu e ele continuou: – Paul falava muito sobre você,
especialmente para Emmett. Lamento que ele tenha enlouquecido depois de transformado e feito o
que fez.
– Eu também lamento – disse sincera; caso não tivesse surtado, Paul não precisaria morrer. Mas
aquele assunto era passado. – Mas me diga... O que Paul falava para vocês?
– Ah... – James deu de ombros. – Basicamente o quanto gostava de você. Dizia que era especial,
competente, independente... Dizia que você era companheira, atenciosa... Acho que ele estava certo.
Você está sendo atenciosa comigo.
– É isso que os amigos fazem – ela brincou, antes de apontar para a mesa. – Assim como também
deixam quem os outros trabalhem. Não vou mais tomar seu tempo.
– Preciso mesmo cumprir com minhas obrigações. – James se levantou e, colocando as mãos nos
bolsos se despediu: – Até breve Isabella...
– Até breve... – ela lhe acenou e enfim deixou a sala.
Bella não sabia ao certo a razão, mas considerava a conversa proveitosa. Na verdade gostou mais do
que não ouviu; James não se sentia em dívida com Zafrina, nem a considerava ao ponto de se
preocupar com sua opinião quanto a uma possível – ou talvez improvável – amizade entre eles. Sim,
havia esperanças, a vampira exultou enquanto seguia pelo corredor. Tentava conter um sorriso
quando ergueu o rosto e descobriu Edward em seu elevador, de braços cruzados, rosto sério. Havia
algo errado, ela sabia. Assim como tinha certeza que era esperada, então, livre do contentamento
anterior, não desviou os olhos dos orbes verdes e seguiu para o elevador.
– Oi – ela cumprimentou ao entrar. Seu noivo nada disse; apenas se aproximou para apertar o botão,
rumo à garagem. Quando as portas se fecharam Bella indagou: – Para onde vamos?
– Conversar – a voz saiu completamente rouca; levando Bella a não insistir quanto “aonde?”
– Não seria melhor ficarmos aqui, na cobertura?
– Não quero distrações – Edward comentou duramente.
Com a preocupação a tomar o espaço do contentamento anterior, a vampira correu as mãos pelos
cabelos e alisou a roupa que a cobria, muito consciente de que Edward não perdia um movimento.
Confusa com aquele comportamento, Bella o encarou.
– Vai me dizer o que aconteceu depois que o deixei? Ou para onde vamos? Não tem que atender a
um cliente?
– Você sabe que mesmo com a necessidade de encenação, receber clientes é minha última
preocupação, não?
– Sim, eu sei... Então posso também saber o que há de errado? Está bravo comigo?
Não parecia possível, Bella pensou, afinal não havia feito nada além do que disse que faria com o
consentimento dele. Então, ainda a encará-lo, viu o brilho fortuito correr os olhos verdes e
entendeu.
– Você ouviu nossa conversa! – exclamou segura; sem acusação.
– Está ficando boa demais para alguém que não sabe o que os outros pensam. – Edward comentou
com voz não tão dura, então reconheceu: – Não pude evitar.
Ou assim queria acreditar, afinal escolher um escritório próximo ao de James para sua visita, não
fora coincidência.
– Mas posso imaginar o quanto tentou – retrucou Bella, relutando em não recriminá-lo. – Pensei que
confiasse em mim.
– Sabe que não se trata de confiança. – Edward rebateu rouco. – E, sim, eu tentei evitar e me afastar,
mas ainda é algo que não consigo dominar.
– Ah, tudo bem! – Bella desarmou-se, não deveriam brigar e de toda forma... – Eu ia mesmo contar
o que conversamos. Já que ouviu, o que achou?
– Ainda estou decidindo sobre serem amigos – Edward cruzou os braços, empertigando-se –, mas
considero que você fez bem em ir até ele.
– Não sei você, mas eu acho que James pode, sim, vir de verdade para o nosso lado. Ele é novo,
assim como eu... Talvez por isso tenha sido uma presa fácil para a dominação de Aro.
– Sim, sim... – o vampiro falou visivelmente aborrecido. – Os dois são novos e se deram bem!
Contudo James ser fraco nada tem a ver com pouca idade. Fui transformado com apenas quatro
anos a mais e nunca fui subserviente. Homem algum é tão submisso. Tem que haver algo mais.
– Eu senti que tem. – Bella assegurou abrindo um sorriso.
– Não duvido – ele replicou secamente, olhando o marcador de andares ao sentir o elevador perder
força; domando seu ciúme e confirmando sua decisão antes que desistisse. Quando olhou
novamente para sua noiva, aborreceu-se mais por vê-la ainda a sorrir. – O que é engraçado?
– Ver um vampiro bicentenário com ciúmes de um que é praticamente um menininho se for
comparar.
– Um menininho sexualmente ativo, com evidente carência afetiva que se mostrou interessado nessa
“amizade” que sugeriu. – Edward rosnou entre dentes conduzindo-a para fora do elevador quando
este abriu as portas na garagem. Já próximo aos carros, segurando-a pelos ombros, prosseguiu: –
Não é hora de se divertir com meu ciúme Isabella. Não preciso de mais problemas com James do
que os que eu já tenho. Eu imaginava que ele fosse novo, mas não pensei que fosse tanto. Como
você observou, são os mais jovens desse clã e não foi agradável perceber que possam ter muito mais
coisas em comum. Ele fala a sua língua.
– Certo Edward! – Bella falou livre de humor, arrependida por provocá-lo – A culpa é minha por
lembrá-lo o quanto é antigo, mas “você” fala a única língua que me interessa. Tudo que eu possa ter
em comum com James somente servirá para nos defender do que ainda virá. E, sinceramente, em
momento algum houve qualquer indício de interesse... Você sabe, afinal ouviu.
– Ouvi, não vi – ele retrucou ainda raivoso. Respirando fundo, como se o ar fosse acalmá-lo, o
vampiro expirou e falou seriamente: – E não quero pensar nisso agora. Como eu disse, viemos aqui
para conversar, sem distrações.
– Eu pensei que fosse para falar sobre o que ouviu – ela murmurou confusa.
– Em parte, mas não quero me ocupar disso e, sim, dizer que você tem razão.
– Exatamente em quê? – Bella ainda não entendia.
– A confusão de James, ao imaginar que você pudesse ler a mente dele, com o comentário sobre ter
imaginado que eu pudesse fazer o mesmo, fez-me analisar certos acontecimentos.
– Como assim? – indagou ansiosa. – Quais?
– Eu me lembrei de todas às vezes nas quais “intui” um pensamento apenas por flagrar alguma
expressão. Como você sugeriu ser o caso de Emmett e Zafrina.
– De verdade? – Bella sorriu expectante.
– De verdade – ele afirmou, não a acompanhando no sorriso. – E não somente com imortais, mas
com humanos também, desde que fui transformado. Nunca dei maior atenção ao fato, pois era tão
corriqueiro. Nunca imaginei que bastaria fazer algum teatro e responder a uma expressão como se
tivesse lido o motivo dela na mente de alguém.
– Bem, agora sei que não foi intencional, mas me lembro que você fez isso comigo – ela sorriu
ainda mais, animando-se. Quando o olhar indagador encontrou o dela, Bella respondeu à pergunta
que tinha certeza ter sido feita em silêncio. – No meu apartamento, não se lembra? Na madrugada
em que me deu carona de moto.
Edward possuía apenas duas lembranças daquela noite e nenhuma delas envolviam uma possível
encenação de leitura de mentes. Apenas recordava as boas sensações de ter tido Isabella, ainda
humana, atada às suas costas depois de um momento da conhecida covardia e, minutos depois, ter
descoberto o parentesco que a ligava à Maria, tornando-a, por horas angustiantes, uma incógnita em
seu futuro.
– Lembro-me de muitas coisas – disse rouco por recordar, fisicamente, a dor e a saudade sentida –,
mas não sei do que se refere.
– Como não se lembra? – Ela indagou incrédula, alheia ao breve sofrimento de seu vampiro. –
Quando me perguntou sobre o nome de Black e perguntou se era uma homenagem. Quando eu
insisti que Jacob era apenas um amigo, você... “adivinhou” que não era somente isso e deixou claro
que eu mentia. Na ocasião eu fiquei furiosa com isso, pois não sabia como você poderia saber. E por
ter certeza de que não era da sua conta.
Agora ele lembrava. A descoberta do parentesco com Maria varreu todo o resto, contudo, antes, ao
notar a evidente mentira, padeceu de um ciúme amargo por não ter sido o primeiro homem da vida
da humana.
– Sempre foi e sempre será da minha conta Isabella! – Edward exclamou seguro, rouco, segurando-
a pelos cabelos da nuca fortemente para que não deixasse de encará-lo. – Estava escrito no brilho de
seus olhos o quanto Jacob Black havia sido especial. Se acaso eu pudesse ouvir o que se passava em
sua mente enquanto pensava nele, teria ouvido cada palavra como brados.
– Não Edward, por favor! – pediu segurando os punhos próximos ao seu rosto. – Não é isso que
quero que lembre. Jacob é passado e é seu ciúme que lhe dá essa importância. Eu quis apenas
exemplificar que você fez parecer que “leu” meu pensamento.
– Não tente banalizar alguém que homenageia – ele rebateu o pedido.
– Edward...
– Tudo bem Isabella. Não vou atirar aquele pulguento pela janela, afinal, eu aceitei que desse o
mesmo nome. Não tenho problemas com esse Jacob, não mais do que qualquer outro homem, então,
acalme-se. E, por favor, pare de me distrair, pois foi bem difícil tomar essa decisão.
– Qual decisão? Edward, você confunde.
– Eu sei, pois igualmente não me entendo – ele uniu as testas e fechou os olhos, sem soltá-la. – E
está bem ruim sentir essa inquietação, mas devo seguir sua intuição, afinal tudo o que tem dito tem
sido válido até aqui.
– Seguir minha intuição? – Bella entendeu menos ainda.
– Esteve certa ao seguir a pista de Zafrina, sobre Emmett ser Aro e agora ao desmascarar a farsa
sobre seus dons, então... Quero que você vá encontrá-la.
– Com Zafrina?! – A vampira acreditou não ter ouvido direito.
– Sim. Agora, antes que eu me arrependa.
– Edward...
– Está com seu celular? – perguntou, sem nunca soltá-la, os olhos apertados.
– Estou, mas...
A frase não pôde ser concluída ao ser beijada fortemente; possessivamente. As mãos de ferro
deixaram seus cabelos para que os braços de Edward a esmagassem num abraço restritivo. Bella
apenas correspondeu, aquecendo-se com aquela paixão repentina, ainda confusa. Não sabia o que
pensar ou como Edward havia chegado àquela decisão, nem teve tempo de descobrir. Muito menos
seguir com tudo o que aquele beijo lhe inspirava, pois Edward, da mesma forma que a prendeu,
soltou.
– Aqui está! – estendeu as chaves do Mégane, encarando-a com os olhos verdes escurecidos,
falando rouco. – Vou confiar também em meu instinto e acreditar que Zafrina não tentará nada
contra você. Eu queria segui-la e esperar por perto, mas enquanto pensava vi que, para o bem dessa
ação, é melhor que James me veja aqui e que Jasper e Alice hajam naturalmente, então somente nós
dois saberemos aonde você vai.
– Tem certeza?
Bella queria aquilo. Era repentino, mas se sentia pronta para estar novamente com Zafrina. A
conversa interrompida ainda martelava em sua mente e, de verdade, acreditava que, ao ficar a sós, a
vampira de desarmaria. Contudo não lhe agradava ver a força extrema que Edward fazia em aceitar
a própria decisão.
– Talvez fosse o caso...
– Não há hora melhor. – Edward a interrompeu. – Alice e Jasper logo estarão de volta e eu tenho
meu cliente para ocupar minha mente. Quando James souber que vocês duas conversaram irá
acreditar ainda mais em você, então, por favor, evite brigas. Apenas se defenda caso ela...
– Zafrina não vai me atacar – Bella completou o que Edward não foi capaz.
– Acredito que não, mas nesses últimos dias aprendi que não se pode confiar em vampiro algum.
– Essa foi uma das primeiras lições que tive ainda humana – ela tentou tranquilizá-lo. – Vou ficar
bem. Obrigada por me deixar fazer isso.
– Desligar. Não foi o que disse? – Edward a lembrou. – Estou tentando, então não me agradeça.
Apenas faça o que tem que fazer e volte. Você tem uma hora. Se não estiver aqui ou ligar, vou
entender que algo está errado. E que os deuses me defendam Isabella, pois acabo com seu novo
amigo e saio à caça de Zafrina.
– Por favor, Edward – ela pediu alarmada. – Não vá fazer nada impensado, afinal posso não cumprir
essa determinação por algum impedimento bobo, como... ficar sem sinal.
– Pois verifique as barras de conexão, assim como as condições do trânsito e dê sinal de vida em
uma hora. Agora vá!
Com sua ordem definitiva, Edward depositou a chave na palma da mão de sua noiva e, refreando o
impulso de novamente beijá-la, partiu decidido até a escadaria. Ao correr de volta ao seu escritório,
não se esforçou em ser rápido, acalentando um desejo trapaceiro de que ela o seguisse, dizendo que
não iria sozinha a parte alguma. Evidente que não aconteceu e deveria considerar melhor daquela
maneira, pois conscientemente, sabia que Isabella estava certa. Afastarem-se de vez em quando não
seria somente saudável, como necessário.
O vampiro ainda tentava domar os tremores de seu corpo quando chegou ao andar dos escritórios,
após subir os últimos lances de escada, como um homem normal. Alice ainda não estava de volta,
mas logo chegaria. Com essa certeza, Edward seguiu até sua sala. Precisava de fato se acalmar,
então tornou a recorrer ao seu velho paliativo. Terminava de completar o copo com uísque, quando
bateram à porta. Antes de responder, bebeu todo o líquido a um só gole e assumiu sua cadeira.
– Entre! – percebeu que sua voz soou impaciente, mas não se importou; era como se sentia.
– Com sua licença... – James pediu ao abrir a porta.
– Tem toda – liberou a entrada, recostando-se melhor.
Era lamentável não poder, de fato, ler mentes, pois caso pudesse, Edward iria querer adiantar a
razão daquela visita, em vez de ser obrigado a esperar o jovem vampiro avançar receoso por sua
sala até se posicionar diante de sua mesa e encará-lo como se ainda escolhesse as palavras que
usaria. A inquietação de Edward alcançava picos desconhecidos quando indagou:
– Tenciona me dizer alguma coisa ou veio apenas olhar para mim James?
– Desculpe-me Edward – o loiro correu uma das mãos pelos cabelos. – Vim pedir uma coisa a você,
mas aqui, não sei como soará o que vou dizer.
– Só saberemos quando disser – Edward retrucou, lamentando não ter bebido mais um pouco; talvez
sua garganta ardesse menos.
– Bem... Sua noiva foi conversar comigo... – começou incerto, antes de pedir: – Posso me sentar?
Edward apenas maneou a cabeça e indicou a cadeira, sabendo que sua voz não sairia das mais
amigáveis. Deveria estar satisfeito que uma parte de seu plano estivesse funcionando. James estava
ali, vendo que não espreitava sua amante enquanto Isabella a interpelasse, contudo, não apreciava
aquele tema.
– Pois bem... – James prosseguiu. – Não sei se ela contou o que falamos, afinal vi que desceram e
você já está de volta.
– Ela não disse – ele se forçou a dizer.
– Mas você sabe que ela queria me pedir desculpas, não sabe? – O advogado se moveu sobre a
cadeira.
– Sim...
– Então veja... – James novamente se moveu, irritando Edward ainda mais. – Não conversamos
nada de muito importante, mas... Ela me propôs uma coisa que me levou a pensar, mas antes...
O vampiro então calou um rosnado e fechou seus punhos fortemente; James estava ali para pedir
sua permissão?
– Fale de uma vez. – ordenou enrouquecido.
– Bom... Isabella me ofereceu amizade – disse obediente, antes de acrescentar –, mas depois que ela
saiu, pensei que não poderia aceitar uma vez que nem você, nunca quis me conhecer a esse ponto.
– De fato eu nunca quis. – Edward reconheceu sem remorsos, sem ser grosseiro, acalmando-se ao
notar que James apenas reconhecia a importância das convenções; eles deveriam ser amigos antes.
Quando prosseguiu não se recriminava, apenas dizia a verdade. – Hoje vejo que errei. Tão logo se
juntou a nós, eu deveria ter feito com que sentisse fazer parte do grupo, ter perguntado de onde
veio, sua história pessoal...
– Teria sido interessante, pois quando soube que cinco vampiros conviviam pacificamente entre si e
também com os humanos, acreditei ter encontrado meu lugar no mundo. Infelizmente a realidade
não foi bem como eu imaginei. Rosalie, assim como você, sempre foi indiferente. Os Whitlock são
educados, mas parece ser por obrigação, sendo que o único que demonstrou algum interesse
genuíno foi Emmett. E hoje sabemos o motivo.
– Comparada à manipulação, minha indiferença não parece tão ruim afinal – Edward retrucou.
Realmente sua irritação se esvaia, porém não pôde evitar. Para sua surpresa, James sorriu a exalar
um riso descrente, maneando a cabeça ante uma contrariedade particular, antes de se levantar e
encará-lo.
– Quer saber? Sua indiferença foi e sempre será muito ruim. Principalmente agora. Não sei onde eu
estava com a cabeça quando pensei que alguma coisa pudesse ter mudado. Não vou mais tomar seu
tempo...
– Sente-se, James. – Edward lhe indicou a cadeira, sem se alterar.
– Isso é uma ordem senhor? – O vampiro sustentava seu olhar, resignado.
– Não, é um pedido. – disse o advogado, após um segundo. – Por favor, sente-se. E me desculpe se
fui cruel. Minha frieza sem dúvida se equipara ao oportunismo de Emmett e é igualmente
inaceitável.
James ainda permaneceu de pé, claramente indeciso.
– Como disse foi um pedido. – Edward acrescentou. – Tem toda a liberdade para sair caso queira,
mas, por favor, não volte a me chamar de senhor e isso, sim, é uma ordem.
A indecisão do vampiro mais jovem durou ainda alguns segundos, então ele escovou os cabelos
com os dedos, ajeitou o paletó impecável, e voltou a se sentar.
– Prefiro ficar, pois não disse tudo.
Edward consultou seu relógio rapidamente; 2h28. Não teria muito tempo, porém não queria
apressar o “rapaz”, com isso avisou:
– Fique a vontade, mas saiba que às três horas, tenho um compromisso.
– Não vou demorar tanto – assegurou. Aproximando-se para pousar as mãos sobre a mesa, falou: –
Eu gostaria de dizer que, antes de temê-lo, eu o admiro. Sempre considerei incrível essa ideia de
viver integrado às pessoas normais, como iguais. Tudo bem que você mata os humanos, mas já me
acostumei a isso, pois sei que nossos clientes não são anjos em sua maioria e você sempre acaba
ficando com os piores. Talvez não seja certo, mas nunca o julguei, afinal segue nossa natureza sem
ser irracional e é isso que admiro. Não conheci muitos vampiros. Antes de ser transformado nem
acreditava que criaturas como nós pudessem ser reais e, a que conheci era bem diferente de todos
vocês. Então foi como falei... Ver que havia vampiros “civilizados”, vivendo como humanos,
pareceu ser a solução que eu imaginei nunca existir. Quando humano nunca fui irritadiço, nunca me
saí bem em brigas, reconheço que era um nerd.
Edward já havia lido em algum lugar, mas não estava familiarizado com aquela palavra e
brevemente se irritou ao imaginar que sua noiva facilmente a reconheceria; sim, falavam a mesma
língua. Contudo o vampiro não se deixou levar pelo ciúme, estava mais interessado no que ouvia
dividido entre considerar bajulação ou desabafo.
– Certo! Você admira meu estilo de vida não convencional a um vampiro e era um nerd – seja lá o
que aquilo fosse, repetiu apenas para fazê-lo prosseguir.
– Sim, eu era, e acho que por isso hoje sou tão fraco. Passei minha infância e adolescência sendo
intimidado por caras como você ou Emmett. Na faculdade ficava no meu canto e não tive maiores
problemas, mas o estrago já estava feito. Eu não curto desavenças e caso possa, faço tudo para
evitá-las. Talvez você me considere um covarde, eu prefiro acreditar que sou pacifista. De qualquer
forma, não tenho o perfil de um vampiro. Nem sei por que ela me escolheu afinal.
Edward não precisa de mais palavras ou ler mentes para saber que James se referia a quem o
transformou, tanto que indagou seguro:
– Sua criadora não lhe disse?
– Disse algo sobre eu ser o preferido dela. – James respondeu, incomodado. – Mas não é sobre isso
que quero falar. Quero que entenda o que vocês representam para mim.
– Eu creio que já entendi – o vampiro se reacomodou sobre a cadeira, tendo a nítida sensação de
que, naquele momento, caso James ainda acreditasse, poderia soltar algumas “frases de efeito” para
impressioná-lo fazendo parecer que lia sua mente. A certeza era tamanha, que novamente falou sem
medo de errar: – Essa vampira de quem não se sente a vontade para falar não é como nós. É
violenta, sanguinária, e você não se identificou com o modo de vida dela, estou errado?
– Não está. – James perscrutava-lhe o rosto muito atento.
A desconfiança que Edward via no rosto do jovem vampiro, fazia com que sentisse vontade de
esbofetear-se por ter caído no teatro de Emmett, Aro, ou fosse lá o nome que aquele rapace infernal
pudesse ter. E até mesmo no de Zafrina. Leitura de mentes, pois sim! Aborrecido consigo mesmo,
sem tirar Isabella um segundo de seu pensamento, prosseguiu:
– Quando conheceu Jasper e Alice, os considerou quase como pessoas normais.
– Isso! – James exclamou ainda a analisar seu líder. – Eu também não queria matar pessoas. Não
sou um assassino, não queria ser obrigado a ser um. Prefiro viver de ratos e pombos, gatos ou
cachorros. Provei sangue humano pela primeira vez depois que Senna quase me matou e só porque
Zafrina insistiu que não havia outra forma de recuperação. Eu pedi a ela que me deixasse morrer,
mas não fui ouvido.
– E por que iria querer morrer? – Edward se interessou verdadeiramente.
– E por que alguém iria querer viver para sempre? – James rebateu. – Ainda mais alguém como eu.
Era um arremedo de homem, agora sou um arremedo de vampiro.
– Escute... – Edward pediu; desconfortável com aquela demonstração de fraqueza. – Nunca fui bom
em animar as pessoas, então, pare. Agora... Será possível que em todo esse tempo, não se deu conta
de que é como qualquer um de nós? Eu não pedi para ser transformado, Jasper repudiava a ideia, e
cá estamos!... Aprendemos a ser o que somos hoje. O que o torna fraco James e acreditar que seja.
Emmett percebeu essa falha e como o bom oportunista que sempre foi, tirou o máximo proveito
enquanto eu estava centrado demais em mim mesmo para lhe dar alguma atenção. Fomos dois
imbecis a nossa maneira, mas tem que reconhecer que você facilitou para que fosse assim.
– Eu não sei se foi apenas isso... – James negou também com a cabeça. – Não me sinto como vocês.
– Pois deveria. Se não acredita apenas tente. Sinta que é forte e será... Essa dominação de Emmett
tem mais a ver com a mente do que qualquer coisa. Não sei o quanto Zafrina lhe falou, mas ela me
disse certa vez que Jasper e Alice não serviriam para serem induzidos porque são leais a mim.
Lealdade não é uma força física. É algo que está na sua cabeça e no seu coração.
– Pois aí está! – teimou incrédulo. – Eu sempre senti que era leal a você e fui usado.
– Mas não completamente. Mesmo sob a influência de Emmett, por todos esses anos, tentou me
alertar. Se acaso eu tivesse lhe acolhido como deveria, teria notado.
James abriu a boca para retrucar, porém calou o que iria dizer. Sem deixar de olhar para Edward,
pensou por alguns segundos.
– Acredita nisso? – indagou por fim. – Acha que, seu eu estiver firme no propósito de não ser
induzido, não serei?
– Acredito que sim. – Edward confirmou num murmúrio intimista, sentindo a raiva de si mesmo
aumentar. Tudo o que disse para James, deveria ter sido percebido por ele dias antes, talvez assim
Emmett não tivesse tido poder para contê-lo; para humilhá-lo.
– Sim, James. Acredito que sim – repetiu.
– Você me induziu certa vez. No tribunal... – ele lembrou. Não parecia ressentido, apenas a
comentar a realidade. – E Zafrina também... Você acha que, se eu me recusar a ser induzido, não
voltaria a acontecer?
– Como disse, tem a ver com fraqueza, mas também com lealdade. Você pode ser forte, mas se for
leal a mim, eu o influenciaria. Assim como Zafrina caso você... a ame...
A frase terminou novamente num murmúrio. Como não tinha percebido nada daquilo antes?!
Edward bradou a si mesmo em pensamento. Não era um fraco perante Isabella, apenas sempre lhe
seria fiel, leal e acima de tudo, sempre a amaria. Então o vampiro lembrou que não conseguiu
obrigá-la a revelar o que escondia. Sem que pudesse evitar, sentiu seu coração reduzir no peito,
imaginando que, talvez, ela não correspondesse seus sentimentos na mesma medida.
– Edward? Você me ouviu? – James o livrou do pensamento; não do choque.
– Perdoe-me... O que disse?
– Disse que talvez você tenha razão.
– Sei que tenho – disse duramente e, novamente consultando o relógio, falou: – E se acaso já tenha
dito tudo, logo meu cliente chegará.
Nesse instante, providencialmente a porta foi aberta para dar passagem a Jasper e Alice. O casal
olhou de um ao outro com indisfarçada curiosidade.
– Atrapalhamos? – indagou Jasper.
– Não. Já estava de saída – James se apressou em responder. Para Edward falou: – Obrigado por
tudo o que me disse. Vou pensar a respeito e tentar ser como sugeriu. E... Posso contar que a fase da
indiferença acabou?
– Certamente. – Edward assegurou sincero, mas sua voz exprimia a aridez de sua alma ao
acrescentar: – Contudo amizade se cria com o tempo. Ainda não o considero um amigo, mas se foi
sincero em tudo o que disse, acredito que um dia venha a sê-lo.
– Ser um colega respeitado já será um honra – disse James a estender a mão.
Edward se pôs de pé para segurar a palma oferecida e apertar fortemente.
– Acredite, hoje tem meu respeito.
– Obrigado Edward... Agora vou deixá-los e voltar aos meus afazeres, com licença.
Com um aceno de cabeça e um cumprimento breve, James se foi. Edward voltava a se sentar
quando o casal amigo se aproximou.
– O que foi isso? – perguntou Alice.
– James veio falar um pouco sobre ele – Edward disse vagamente, ainda pensando em Isabella.
– Hoje o dia está sendo bem agitado, não? – indagou Jasper, pousando sua pasta sobre a mesa. –
Alice me contou sobre a conversa entre Isabella e Zafrina. E agora, James vem aqui... Os ânimos
estão acirrados.
– Estão sim, mas logo tudo se ajeita – o vampiro retrucou sem olhá-los.
– Edward. – Jasper chamou. – Você está bem?
– Como disse, o dia está agitado – disse encarando-o. – E ainda tenho um cliente que já deve estar
chegando...
– Onde está Isabella? – Alice indagou. – Está na cobertura?
– Não... Ela saiu.
– Saiu?! É seguro depois do ataque que sofreu? – A vampira não ocultava seu pavor.
– Ela vai ficar bem e...
– Boa tarde! – Ouviram o cumprimento vindo da antessala.
– O Sr. Waltham chegou – disse Alice desnecessariamente. – Devo retê-lo?
– Não. – Edward negou, se pondo de pé. – Deixe que entre. Assim que eu me livrar dele poderei
subir... Vocês podem ir assim que terminarem também seus afazeres. Conversamos na cobertura,
como combinamos.
– Mas Edward? E Isabella? – ela insistiu.
– Ela está bem – assegurou.
– “Você” está bem? – Jasper insistiu, analisando-o. – Por que se está, não parece.
– Vou ficar – disse a verdade num murmúrio cansado. – Assim que ela voltar. Agora, se puderem me
dar licença...
Ambos anuíram com um manear de cabeças. Edward podia captar a estranheza e a curiosidade
ganhando força ao deixá-lo, no entanto, nada comentou. Precisava que saíssem, precisava se ocupar
de seu cliente para não sucumbir aos pensamentos turbulentos. Enquanto esperava, seu celular
vibrou no bolso. Como sempre o capturou no segundo seguinte, trêmulo. Muito pronto a cumprir
sua palavra não importando o quanto tivesse acreditado nas palavras de James.
– O que aconteceu Isabella!
– Acalme-se – ela pediu, percebendo a preocupação na rouquidão de sua voz. – Achei melhor ligar
quando chegasse para que não fique assim como está. Vai dar tudo certo meu amor. Prometo tomar
cuidado e não fazer nada impensado.
Ouvir-lhe a voz, tenso como estava, levou o vampiro a rever seu plano. Não deveria ter exposto sua
noiva ao perigo; não com todos a querer tomá-la. Não com ela, talvez, não tão segura em seus
sentimentos.
– Isabella... Talvez fosse o caso de desistir...
– Edward, eu estou diante de sua casa, basta entrar. Vai dar certo!
– Eu não sei... – disse indeciso; sua mente e coração guerreando quanto à qual decisão tomar.
Simplesmente não poderia perdê-la.
Antes que prosseguisse, Alice despontou à porta, seguida por um senhor.
– Edward – Isabella o chamou. – Eu acho que devo entrar, mas se não vai ficar bem com isso posso
voltar.
Erguendo a mão, sinalizando a Alice que esperasse um instante, Edward deliberou silenciosamente.
Mesmo com sua noiva disposta a atendê-lo, poderia não somente pedir, como ordenar que ela
voltasse; tentando induzi-la para confirmar sua teoria sobre fraqueza, fidelidade, lealdade e amor.
– Já que chegou, vá em frente – Edward se ouviu dizer, desistindo da ideia estapafúrdia; de um jeito
ou de outro, ela voltaria e ele continuaria sem sua resposta.
– Obrigada meu amor. Serei breve, prometo. Zafrina não me fará mal.
– Vamos confiar – retrucou para si.
– Vamos! E Edward... Eu te amo para sempre!
ASSIM QUE PUDER, TRAGO MAIS... OBRIGADA!
***************************************************************
Curtam a page: (copie e cole)
https://www.facebook.com/ObsessionBeatenByLove
Caso queiram ver como ficou o livro Enigma ou o Book-trailer, visitem o blog: (copie e cole)
http://enigmasegredosementiras.blogspot.com.br/

Notas finais do capítulo


Espero que tenham gostado. Hoje se conhece um pouco mais de James, façam suas
apostas, bom ou ruim?
Bella como sempre ajudando Edward a voltar ao que sempre foi, juntos estão fazendo a
diferença...
Bem, como estou escrevendo e postando em seguida, não tive spoiler, mas sempre deixo
na page quando consigo escrever... fiquem ligadas (os)

Bjus em todos... Bom fim de semana!... E obrigada mais uma vez...

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores. Não nos


responsabilizamos pelo material postado.
História arquivada em http://fanfiction.com.br/historia/123312/Obsession_-
_Beaten_By_Love/

Você também pode gostar