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A percepção da necessidade de domínio da leitura e escrita como instrumento

de cidadania e o quanto a falta desta precariza a visão de si enquanto sujeito


de uma sociedade fundamentada no conceito de cultura letrada, nos dão uma
imagem da tragédia da exclusão social no Brasil. O conceito de alfabetização
como algo libertário, não é novo, ele já estava presente nos idos da Revolução
Francesa, quando o domínio das letras coadunava com a ideia de liberdade, a
capacidade de ler o mundo tornava o homem moderno livre das amarras da
religião, e dos pensamentos obscurantistas que o Iluminismo já refutava. Hoje
como naquela época não é diferente. Ao contrário, a ideia de alfabetização
como instrumento de cidadania está ainda mais presente. Ser capaz de ler o
mundo numa sociedade pautada pela cultura letrada, dá ao sujeito a liberdade
necessária para agir e estar neste mundo. Ao contrário aqueles que por
infinitos e diversos fatores são impedidos da aquisição da escrita e leitura, são
relegados a marginalização e a falta de perspectivas afetando, inclusive a visão
que se tem de si para além de códigos e escritos, percebemos hoje também a
existência de alfabetizações que vão de encontro à construção do código
escrito e da leitura, que não se concretiza efetivamente sem que ancorada a
ela, estejam práticas que façam o sujeito compreender seu espaço, seu tempo,
os saberes que realmente importam em sua comunidade, numa aprendizagem
que dialoga com seu mundo e sua s especificidades. Neste mundo globalizado,
não mais é possível práticas estanques que não percebem o sujeito como
detentor de sua história. Alfabetizar vai muito além de códigos, escritos e
números. É também o conhecimento de seu papel no mundo, a compreensão
de que seus saberes são também formativos dentro de sua comunidade, sua
cultura é rica de detalhes e historicidade e os conhecimentos que são
perpassados por vivências ancoram o capital cultural de sua localidade, dando
sentido às vivências que experienciadas dentro daquele espaço ao longo dos
anos. O desafio que se apresenta é permitir que essas diversas formas de se
explicitar o conhecimento se encontrem, a sua cultura, seu universo com seus
vários códigos, regras e apontamentos e um novo código específico que é a
escrita alfabética.

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