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AMOR LIVRE E LIBERTAÇÃO FEMININA NA IMPRENSA ANARQUISTA BRASILEIRA

(1919-1949)1

Nabylla Fiori de Lima2

RESUMO

O movimento anarquista, surgido no final do século XIX dentro do movimento operário, criticava
todas as formas de poder e autoridade e não vislumbrava a prática da liberdade dentro do sistema
capitalista. A imprensa operária apresenta-se como importante instrumento para a organização dos
trabalhadores e divulgação de seus ideais e práticas libertárias. Em seus jornais e periódicos, os
anarquistas discutiam temas como a ação direta, as propostas libertárias para a organização do
trabalho, o amor livre, a educação e o autodidatismo, a emancipação feminina e a liberdade sexual,
bem como outras propostas para modos de viver alternativos ao sistema hegemônico. Neste
trabalho, buscaremos através da imprensa operária de viés anarquista do início do século XX (com
o jornal A Plebe) quais as formas de resistência sugeridas pelos militantes às medidas do Estado
capitalista para o controle das suas vidas e de seus corpos no que se refere aos discursos que
problematizavam a família e o casamento.

Palavras-chave: Anarquismo; Imprensa operária; Libertação feminina.

1. INTRODUÇÃO

O movimento anarquista, surgido no final do século XIX dentro do movimento operário,


criticava todas as formas de poder e autoridade e não via saída para a prática da liberdade (base do
pensamento anarquista) dentro do sistema capitalista.
A imprensa operária no início do século XX foi um instrumento de grande importância para o
avanço da organização dos trabalhadores e tinha como função a articulação de “interesses históricos
de classe, como fator de agitação e propaganda, na tentativa de aglutinar elementos de uma
consciência operária comum” (HARDMAN, 2002, p.311). Através dela, os militantes operários
anarquistas propagavam suas formas de resistência a um sistema que, à medida que se fortalecia,
mais acentuava a opressão e a desigualdade social. Além disso, a imprensa também facilitava a
troca de informações de diferentes grupos e lugares e funcionava como “agente de ligação, e havia
correspondência com outros grupos e jornais de diferentes partes do Brasil e do mundo” (TOLEDO,
2007, p.71).
Para se fortalecer, o Estado capitalista utilizara-se de diversas tecnologias do poder “que
determinam a conduta dos indivíduos, os submetem a certo tipo de fins ou de dominação, e
consistem em uma objetivização do sujeito” (FOUCAULT, 1995, p.48). Era através do discurso
médico-científico vigente no início do século XX que o Estado aplicava sua bio-política a fim de
disciplinar os corpos, as sexualidades e as relações pessoais.
O termo foucaultiano de bio-política tende a designar a maneira que o poder, através da gestão
da saúde, da alimentação, do controle das sexualidades, etc., encontrou para governar não somente

1 Trabalho inscrito para o GT Comunicação e Sociedade, do VIII Encontro de Pesquisa em Comunicação –


ENPECOM.
2 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia (PPGTE) da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR) – nabylla@alunos.utfpr.edu.br – Bolsista CAPES.
os indivíduos através de procedimentos disciplinares, mas toda a população:
O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou
pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no
corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade
biopolítica.
A medicina é uma estratégia bio-politica (FOUCAULT, 1979, p.46).

Nesse sentido, também a organização do trabalho fabril deveria contribuir e, portanto, estar
alinhada aos interesses e exigências da expansão do capital, tal como afirma Rago -“na fábrica, a
mobilização de um amplo arsenal de conhecimentos e de técnicas coercitivas visa transformar sua
estrutura psíquica e incutir hábitos regulares de trabalho, desde as origens da industrialização”
(RAGO, 1985, p.18).
O controle do tempo através dos horários de entrada e saída dos operários das fábricas, os
regulamentos internos que limitavam os contatos entre os trabalhadores, a difusão dos “valores
burgueses da honestidade, da laboriosidade, da vida regrada e dessexuada do gosto pela
privacidade, eliminando as práticas populares consideradas ameaçadoras para a estabilidade e a
ordem social” (RAGO, 1985, p.26-27), a instituição de hábitos e costumes para a domesticação do
operariado alinhados ao imaginário da família criado pela sociedade burguesa, o discurso médico-
científico da higiene e da eugenia, constituíam-se enquanto tecnologias do poder do Estado para a
construção de “corpos dóceis” - na expressão de Foucault (1987) - indivíduos passivos
politicamente, mas úteis para a produção do capital e manutenção dos mecanismos de poder.
Em resposta a isso, os operários organizados buscavam formas de resistência aos discursos e
tecnologias disciplinares do Estado e de seus patrões. Um dos jornais de maior relevância para a
organização do movimento operário no início do século XX foi o jornal A Plebe, de viés
anarcossindicalista. Nele eram recorrentes artigos de pensadores anarquistas dos mais relevantes
(tais como Kropotkin, Malatesta, Proudhon e Bakunin) bem como artigos que sugeriam o boicote às
empresas, debatiam e informavam sobre greves, sugeriam a ação direta como forma legítima de luta
do operariado e apostavam na educação como importante elemento para a emancipação humana
(considerando, com isto, o autodidatismo e a formação de escolas operárias). Temas como a
emancipação feminina, o amor livre, a liberdade sexual, o anticlericalismo, entre outros, também
eram recorrentes e visavam criar uma consciência libertária e emancipadora da classe, sempre
aliando a importância da organização dos trabalhadores para derrubar o sistema capitalista.
Em um artigo assinado por Affonso Schimidt, n'A Plebe, intitulado A onda vermelha que se
avoluma e avança, o autor apresenta elementos que constituirão uma sociedade futura, devido à
lutas dos(as) trabalhadores(as). Além da negação da propriedade privada, do Estado, da religião e da
pátria, o autor também negou o casamento para afirmar que numa sociedade emancipada, o amor
livre se fará presente: “Não teremos mais o casamento indissolúvel e a autoridade dos pais sobre os
filhos mas a união livre daqueles que se amam, com garantia de educação, de desenvolvimento e de
vida para os filhos, sobre os quais os genitores terão apenas o direito do amar” (A PLEBE
01/03/1919). Além disso, o autor ainda afirma: “Não havendo a propriedade não teremos o “roubo”:
dando-se as uniões exclusivamente por amor: cessarão os crimes provocados pelo adultério. Como
estes, muitos outros delitos deixarão de existir” (A PLEBE 01/03/1919).
Há ainda outros artigos que questionam os discursos científicos e naturalizados da sociedade
bem como as estruturas vigentes. Exemplo disso é o artigo O espantalho da loucura em que o autor
discorre sobre a luta pela anarquia ser vista como loucura e afirma:
[...] a burguesia, vencedora acidentalmente na batalha social, procedeu como
todos os vencedores das épocas bárbaras e históricas: apossou-se de tudo na
vida. A ciência que a auxiliou na luta, ficou sob seu domínio e continuou aos
seus serviços. […] os sábios, isto é, aqueles que tinham mais conhecimentos
dos fenômenos da natureza, orgulhados com a riqueza do seu saber,
quiseram se criar uma aristocracia intelectual e foram mendigar do vencedor
seus pergaminhos e brasões. O burguês, vendo de rastos a seus pés as elites
da inteligência, impôs como condição ficar a ciência ao serviço da força que
a apoiava. […] Hoje a ciência e os sábios que a manipulam estão a soldo do
burguês, do capitalismo e do estado. Daí essas coisas absurdas e odiosas que
são a química, a economia política, o direito, a psiquiatria, a mecânica e
outras (A PLEBE 19/04/1919).

E, ironicamente, o autor ainda questiona:


E nós, anarquistas, que diabo fazemos com a nossa lógica e o nosso amor à
verdade, quando há estados-maiores, academias, delegacias de polícia e
casas de saúde para resolver imperecivelmente a felicidade de ser homem,
de ser faminto e de ser escravo? (A PLEBE 19/04/1919)

Nota-se que os questionamentos sobre a neutralidade do conhecimento científico já eram


presentes no discurso anarquista dessa época. A educação e a organização de classe para a luta
política eram os caminhos apontados na imprensa operária para a libertação dos grilhões da
sociedade capitalista.
O desenvolvimento deste artigo visa refletir sobre o discurso científico a respeito do gênero e
o papel da mulher e as tecnologias políticas dos indivíduos, como a família, apropriadas e
veiculadas através de técnicas disciplinares e de uma gestão das técnicas de si pelo Estado, a fim de
se fortalecer e se sustentar; nesse sentido, buscaremos através da imprensa operária de viés
anarquista (com o jornal A Plebe) quais as formas de resistência sugeridas pelos militantes às
medidas do Estado capitalista para o controle das suas vidas e de seus corpos no que se refere aos
discursos que problematizavam a família e o casamento. Visando, com isto, refletir sobre a relação
entre tecnologia e sociedade e demonstrar como a ciência e a tecnologia são, portanto, construções
sociais complexas, forças intelectuais e materiais do processo de produção e reprodução social.
Como processo social, participam e condicionam as mediações sociais, porém não determinam por
si só a realidade, não são autônomas, nem neutras e nem somente experimentos, técnicas, artefatos
ou máquinas; constituem-se na interação ação-reflexão-ação de práticas, saberes e conhecimentos:
são, portanto, trabalho, relações sociais objetivadas (LIMA FILHO, 2005, p.4).
Consideramos, portanto, que a tecnologia não apenas modifica o meio sociocultural como
também o reflete, e neste sentido, buscamos analisar e combater as tecnologias do poder que
tiveram e continuam tendo influência na sociedade atual.

2. OS ESTUDOS EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Os movimentos pacifistas contrários à Guerra do Vietnã e à Guerra Fria, a primeira viagem do


homem ao espaço, bem como os movimentos de contracultura marcaram a década de 60. Na crítica
ao racionalismo e buscando compreender os impactos dos avanços tecnológicos na sociedade, surge
formalmente na academia norteamericana, em meados desta década, os estudos do campo de
Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).
Esses estudos interpretam a ciência e a tecnologia como processos sociais. Cutcliffe (2003)
afirma que “ambas eran concebidas como moldeadas e influidas por los valores sociales, que a su
vez estaban también afectados por el conocimiento científico y los valores tecnológicos”
(CUTCLIFFE, 2003, p.16) e que atualmente, CTS “concibe la ciencia y la tecnología como
proyectos complejos que se dan em contextos históricos y culturales específicos” (CUTCLIFFE,
2003, p.18).
A partir dos avanços e complexidades dos estudos no campo, ao afirmar-se enquanto um
campo interdisciplinar, surge no campo CTS os Estudos Culturais, buscando a relação entre
tecnologia e cultura:
La misión central del campo de CTS hasta la fecha ha sido expresar la interpretación de la
ciencia y la tecnología como un proceso social. Desde este punto de vista, la ciencia y la
tecnología son vistos como proyectos complejos em los que valores culturales, políticos y
económicos, nos ayudan a configurar los procesos tecnocientíficos, los cuales, a su vez,
afectan a los valores mismos y a la sociedad que los sostiene (CUTCLIFFE, 2003, p.18).

Nessa visão crítica da cultura e tecnologia, as questões dos movimentos feministas e


antirracistas adentram também o campo CTS a fim de questionar os discursos científicos acerca do
gênero e raça.
Vessuri afirma que para Latour e Woolgar
el hecho científico es enteramente construido y la referencia a una realidad preexistente no
tiene otra virtud que retórica para reforzar la posición del científico. La ciencia, tal como la
conciben, como las ropas del emperador no debe nada a la solidez del material y descansa
enteramente sobre la fuerza social de los indivíduos y la potencia de las instituciones. Ella
es perfectamente arbitraria (VESSURI, 1991, p. 63).

Sendo assim, faz-se necessário compreender historicamente o surgimento dos discursos


científicos e a quem estes servem, inclusive nas construções mais naturalizadas na nossa sociedade,
como as identidades masculina e feminina e as supostas diferenças entre ambas.
Na década de 80, Joan Scott (1995) sugere a categoria gênero enquanto uma categoria de
análise histórica a fim de contemplar os estudos feministas e um olhar à categoria gênero, visto que
este “fornece um meio de decodificar o significado e compreender as complexas conexões entre as
várias formas de interação humana” (SCOTT, 1995, p. 89). É nesse sentido que Scott afirma ser o
gênero “um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os
sexos” e também “uma forma primária de dar significado às relações de poder” (SCOTT, 1995,
p.86).
É de suma importância transversalizar os estudos de gênero dentro do campo CTS ao
compreender que ciência e tecnologia são construtos histórica e socialmente situados e, portanto,
não neutros, para que possamos desconstruir os discursos científicos e biologizantes que
determinam os lugares de homens e mulheres na sociedade. Desta forma, Lubar afirma:
O gênero é uma construção ideológica e cultural, o complexo de ideais e ideias culturais
ligadas às palavras masculino e feminino. A masculinidade e a feminilidade são construídas
socialmente e são historicamente contingentes. […] Eles refletem (e reforçam) as relações
de poder na sociedade. Mudam ao longo do decurso do tempo. São questões políticas e
econômicas, bem como culturais (LUBAR, 1999, p.1-2).

Dentro disso, para a nossa pesquisa, é necessário compreender a configuração da família


burguesa e todos os discursos acerca desta, enquanto um espaço que justifica a diferenciação entre
homens e mulheres bem como seus papeis dentro e fora da organização familiar. Para o filósofo
francês Michel Foucault (1979), a família é um instrumento privilegiado para o governo da
população, funcionando como uma tecnologia política:
[…] quando se quiser obter alguma coisa da população − quanto aos comportamentos
sexuais, à demografia, ao consumo, etc. − é pela família que se deverá passar. De modelo, a
família vai tornar−se instrumento, e instrumento privilegiado, para o governo da população
e não modelo quimérico para o bom governo (FOUCAULT, 1979, p.170).

Berquó, parafraseando Ryder, afirma:


o significado da passagem do tempo para um indivíduo é, em parte, o problema da
sobrevivência, isto é, do modo como atravessar as distintas etapas do ciclo vital até o
envelhecimento. Para uma população, esse significado é o problema da reposição. Se uma
população deve persistir, a despeito da mortalidade de seus membros, novos seres humanos
precisam continuamente ser criados e preparados para repor os que morrem. A família é,
acima de tudo, a instituição a que é atribuída a responsabilidade por tentar superar os
problemas da passagem do tempo tanto para o indivíduo como para a população
(BERQUÓ, 1998, p.414).

É a partir da família também que se reforça a divisão sexual entre espaço público e privado,
atribuindo às mulheres o espaço privado e aos homens o espaço público, que teve seu ápice no
século XIX na Europa Ocidental (PERROT, 2005). Essa divisão resulta na construção de discursos
acerca de quais funções e papeis que as mulheres devem cumprir na sociedade, o controle sobre sua
sexualidade, seus corpos e suas condutas.
Dentro da família, sobre a mulher caía a responsabilidade da educação dos filhos. O discurso
médico-científico atuava no sentido de moralizar o papel da mulher:
A “nova mãe” passa a desempenhar um papel fundamental no nascimento da família
nuclear moderna. Vigilante, atenta, soberana no seu espaço de atuação, ela se torna a
responsável pela saúde das crianças e do marido, pela felicidade da família e pela higiene
do lar, num momento em que cresce a obsessão contra os micróbios, a poeira, o lixo e tudo
o que facilita a propagação das doenças contagiosas. A casa é considerada como o lugar
privilegiado onde se forma o caráter das crianças, onde se adquirem os traços que definirão
a conduta da nova força de trabalho do país. Daí, a enorme responsabilidade moral
atribuída à mulher para o engrandecimento da nação (RAGO, 1985, p.80).

Contrários aos discursos moralizantes e conservadores e negando ao Estado “o poder de


definir os padrões de normalidade ou intervir de maneira não consentida sobre os corpos dos
indivíduos” (QUELUZ, 2013), chega ao Brasil, junto aos imigrantes europeus, o movimento
anarquista que encontra bastante espaço ao movimento operário brasileiro. Edilene Toledo atribui a
grande adesão ao movimento anarquista pelo operariado brasileiro às opressões feitas pelo Estado
no período:
No contexto brasileiro de fins do século XIX e primeiras décadas do XX, em que o Estado
era sentido pelos trabalhadores quase exclusivamente como fonte de opressão, a ideia de
que ele era nocivo e desnecessário e de que existiam alternativas viáveis de organização
social voluntária, em que prevaleceria a livre experimentação, com o máximo de liberdade,
solidariedade e fraternidade, eram fatores de atração considerável (TOLEDO, 2007, p.65).

O movimento anarquista buscava fortalecer o movimento e propagar suas ideias através da


imprensa. No jornal A Plebe, aqui analisado, um dos mais importantes jornais de viés anarquista do
período, encontramos para além das notícias do movimento operário internacional e nacional, textos
de pensadores anarquistas, críticas ao momento político do Brasil e do mundo, e também artigos
voltados às mulheres e às críticas ao casamento indissolúvel, à família, à prostituição, etc, bem
como a propagação de ideais libertários como o amor livre, a libertação sexual da mulher e a
educação sexual.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa baseia-se na perspectiva que considera a tecnologia não apenas enquanto
objetos e máquinas com determinadas funções, mas também na sua capacidade de atuar na
construção social da realidade. Assumimos uma análise sócio-histórica dos discursos científicos e
tecnológicos, compreendendo que as verdades científicas também são construtos sociais, como
afirma Vessuri:
Al suponer que las reglas de arumento y los criterios de verdad son internos al sistema
social o quizás a un conjunto de sistemas sociales, el análisis social e histórico adquiere el
potencial de proporcionar una crítica válida inclusive de nuestros próprios presupuestos,
acercándose a la tradición de la hermenéutica, la cual no supone un solo lenguaje ni la
inconmensurable relatividad de los lenguajes sino que la comprensión intercultural y la
crítica autorreflexiva son posibles e iluminadoras (VESSURI, 1991, p.60-61).

Neste sentido, faz-se necessário compreendermos as representações do período estudado e


quais as tecnologias e discursos científicos e tecnológicos eram, e ainda são, desenvolvidos e
veiculados pelo Estado com a intenção de regular, disciplinar e controlar corpos, mentes e a vida da
população. As formas de resistência dos trabalhadores e militantes anarquistas surge como uma
alternativa para romper com este sistema excludente e regulador.
Na busca das formas de resistência veiculadas pelos operários anarquistas no período
estudado, analisaremos o jornal A Plebe, fundado em junho de 1917, em São Paulo, por Edgar
Leuenroth (importante jornalista e militante anarquista do início do século XX).
Escolhemos este jornal por ser um dos jornais brasileiros de maior relevância no período,
assumindo um viés anarco-sindicalista, visto que o sindicato, para os operários de tendência
anarquista, era o instrumento que devia servir para “conquistas imediatas e para a transformação da
sociedade, que no futuro, seria gerida pelos trabalhadores através dos sindicatos” (TOLEDO, 2007,
p. 64) “sendo mais um lugar – para alguns, um lugar privilegiado – para difundir a ideia anarquista”
(TOLEDO, 2007, p. 75). Sendo assim, é bastante presente neste período a organização dos
trabalhadores através de sindicatos e organizações operárias.
É nesse sentido que neste artigo temos o intuito de aprofundar os estudos das relações entre
ciência, tecnologia e sociedade, principalmente no que se refere aos discursos científicos e às
representações de tecnologia que visam corroborar determinados posicionamentos e interesses,
capazes de transformar o imaginário social através dos discursos a fim de fortalecer a ideologia
dominante.
Adentraremos os estudos de gênero a fim de analisar a negação dos(as) militantes anarquistas
aos discursos que veiculavam no período quanto às mulheres e seus papeis na sociedade; aos
discursos de fortalecimento do modelo de família burguesa, com a afirmação do casamento,
enquanto único modelo possível de família e de constituir relações sociais.
Através da pesquisa documental, utilizando como fonte primária alguns números do jornal A
Plebe, analisaremos os discursos de resistência anarquistas sobre o amor livre e contrários ao
modelo da família burguesa. Buscaremos as formas de resistência e dos questionamentos e
reflexões propostos pelos(as) libertários(as), que utilizavam a imprensa como instrumento
privilegiado para difusão de seus ideais. Assim, visamos contribuir para as reflexões de
possibilidades de transformação da ciência, da tecnologia e da sociedade capitalista.

4. A RESISTÊNCIA ANARQUISTA NO JORNAL A PLEBE

Conforme afirma Michel Foucault, governam-se coisas e “estas coisas, de que o governo deve
se encarregar, são os homens, mas em relação com coisas que são as riquezas, os recursos, os meios
de subsistência, o território em suas fronteiras, com suas qualidades, clima, seca, fertilidade, etc.”, e
também “os homens em suas relações com outras coisas que são os costumes, os hábitos, as formas
de agir ou de pensar, etc.” (FOUCAULT, 1979, p. 166). Sendo assim, entender as práticas de
controle e evidenciá-las faz-se necessário para que possamos partir para a resistência e a superação
deste sistema opressor.
Muito antes das análises foucaultianas dos mecanismos de controle e poder, os(as)
libertários(as) já questionavam as formas como o poder se dava e difundiam “uma outra concepção
de poder, que recusa percebê-lo apenas no campo da política institucional” (RAGO, 1985, p. 14).
Em resposta a isso, propunham “múltiplas formas de resistência política, que investem contra as
relações de poder onde quer que se constituam: na fábrica, na escola, na família, no bairro, na rua”,
desvendando, portanto, “os inúmeros e sofisticados mecanismos tecnológicos do exercício da
dominação burguesa” (RAGO, 1985, p. 14).
Alguns artigos n'A Plebe indicam diretamente o ideal máximo do anarquismo, como este de
Henrique Malatesta sobre o Programa anarquista:
Em resumo, queremos:
1º) Abolição da propriedade capitalista ou estatista, da terra, das matérias-primas e dos
intrumentos de trabalho, para que ninguém tenha meios de viver explorando o trabalho dos
outros, e que todos, assegurados dos meios de produzir e de viver, sejam verdadeiramente
independentes e possam associar-se livremente com as simpatias pessoas.
2º) Abolição do governo e de qualquer poder que faça leis para impô-las aos outros;
portanto, abolição das monarquias, das repúblicas, dos parlamentos, dos exércitos, das
polícias, das magistraturas e de toda e qualquer instituição dotada dos meios de constranger
e de punir.
3º) Organização da vida social por iniciativa das associações livres e das livres federações
de produtores e consumidores, criadas e modificadas conforme a vontade de seus
componentes, guiados pela ciência e pela experiência, e liberta de toda a obrigação que não
se originar da necessidade natural (…).
4º) A todos garantidos os meios de vida, de desenvolvimento, de bem estar, particularmente
às crianças e a todos os que são incapazes de prover à sua subsistência.
5º) Guerra a todas as religiões e a todas as mentiras, mesmo que se ocultem sob o manto da
ciência. Instrução completa para todos, até nos graus mais elevados.
6º) Guerra às rivalidades e aos prejuízos patrióticos. Abolição das fronteiras,
confraternização de todos os povos.
7º) Reconstrução da família, de tal modo que ela resulte da prática do amor, fora de toda
pressão legal, de toda a opressão econômica ou física, de todo prejuízo religioso (A PLEBE
01/05/1949).

Dentre os discursos de dominação da classe dominante, em meados do século XIX, de acordo


com Rago (1997, p.5), o discurso do determinismo biológico atua no sentido de convencer as
mulheres em relação às suas vocações para a procriação e guardiã do lar, num modelo ideal de
família – o da família burguesa. O papel materno que a mulher deveria cumprir era colocado pelo
discurso médico-científico da época como “sentimento inato, puro e sagrado” e que exercendo a
maternidade e cumprindo com os deveres da educação da criança, as mulheres realizariam sua
“vocação natural” (RAGO, 1997, p.79).
Os temas do casamento e da prostituição eram bastante caros aos anarquistas. Afirmavam que
ambos serviam para a opressão das mulheres e numa sociedade emancipada, portanto, os dois
deveriam deixar de existir, de forma que se prezassem relações baseadas no amor livre e na
libertação sexual da mulher.
Criticando o discurso científico acerca da prostituição, pudemos encontrar n'A Plebe um
artigo assinado por “Walter”, e intitulado O fenômeno da prostituição, em que o autor atribui a
existência da prostituição ao sistema econômico vigente e à desigualdade social resultante deste:
É para manter sua subsistência que uma mulher, hoje, se faz prostituta. Para justificar essa
nossa observação, basta que se note que a imensa maioria das moradoras dos prostíbulos
teve origem humilde, e sofreu, antes da queda, a miséria mais atroz. […] Acontece, porém,
que nem todos os homens de ciência se manifestam da mesma maneira acerca das causas
que levam a mulher moderna a se prostituir. São os lacaios conscientes ou inconscientes do
capitalismo, que procuram interpretar à sua maneira o fenômeno da prostituição, desejando
achar para esse fenômeno outros motivos que não sejam os de caráter econômicos. […]
Esses médicos e sociólogos, que sempre viveram confortavelmente, vão descobrir em todas
as prostitutas supostas taras hereditárias no sistema nervoso, ou, então, pronunciada
preguiça e incapacidade para a luta, o que leva a mulher, desejosa de uma vida cheia de
luxo a adquiri-la pelo meio mais fácil (A PLEBE 19/01/1935).

Outro artigo, intitulado Pelo que luta o anarquismo, afirma que os anarquistas devem lutar
pela emancipação de todos os seres humanos, independente de raça, cor ou sexo, e complementa
criticando a inferioridade econômica que leva tantas mulheres à prostituição:
O anarquismo pretende a valorização do ser humano. Se, por consequência, nega DEUSES,
CHEFES e PROTETORES, nega todos os preceitos raciais, religiosos e sexuais. A raça, a
cor ou o sexo não podem excluir, diminuir ou elevar os indivíduos. Todos são iguais nos
deveres e nos direitos, relativos entre si. Do mesmo modo, combate a discriminação sexual.
O homem e a mulher são iguais.
O socialismo libertário reconhecendo à mulher os mesmos direitos como ser humano, e
como produtora e consumidora, amplia o horizonte da sua existência moral tornando-a
igualmente um indivíduo social.
Companheira da vida do homem, só pelo amor e a cooperação livre entre ambos pode a
família tomar a feição humana que não possui. Atualmente o homem é o proprietário da
mulher e dos filhos […].
A inferioridade econômica e moral da mulher é a causa da prostituição, a chaga da
sociedade cristã burguesa que a tem como um “mal necessário” (A PLEBE 01/05/1948).

Para muitos anarquistas já havia o entendimento de que para emancipar a humanidade, é


necessário emancipar também a mulher das opressões específicas que estas sofrem. Sendo assim,
num artigo sobre A Emancipação da Mulher, Pedro A. Motta afirma que não basta desejarmos, mas
sim agirmos nesse sentido:
[…] entendo que para transformarmos em realidade esta aspiração de justiça, esta
necessidade ao complemento e efetivação da estabilidade dos nossos ideais – a
emancipação da mulher – não basta desejarmos a sua realização, mas, pelo esforço nosso,
pela nossa persistência e permanente propaganda […], queremos que a mulher se emancipe,
se iguale e se apresente em todas as manifestações da vida humana, possuída e merecida a
todos os direitos desfrutados pelo homem (A PLEBE 09/07/1927).

Para tanto, é preciso desconstruir os discursos em torno do modelo da família burguesa que
oprime as mulheres, e construir uma sociedade baseada na liberdade e no amor livre, como afirma
Erna Gonçalves em um artigo sobre o amor livre:
O amor, como todos os sentimentos naturais, foi amesquinhado pela tola pretensão do
direito de posse e tornou-se, como os indivíduos, escravo das conveniências. Os homens,
que temem o amor livre, não se envergonham, entretanto, de explorar a prostituta
desventurada […]; temem o amor livre, e não concebem que a prostituição e produto da
falta de liberdade no amor ou da miséria consequente de um regime em que não há
garantias para o ser humano, escravizado aos preconceitos de uma moral essencialmente
religiosa, mística e convencional baseada na mentira, no dogma, na autoridade e na força
(A PLEBE 02/02/1935).

Em resposta a esse artigo, n'A Plebe de 02/03/1935, encontramos um artigo assinado por
“Amilcar” sobre a liberdade no amor em que o autor escreve:
O ser humano precisa ser livre. Livre para trabalhar, livre para estudar, livre para brincar,
livre para amar.
Há um ideal humano. Todos sentem esse ideal sem distinção de raças, sexos, idades, todos
querem atingi-lo. Este ideal é a felicidade. É verdade que cada indivíduo tem um modo
particular de encarar a felicidade. Justamente por isto só se pode ser feliz sendo livre (A
PLEBE 02/03/1935).

Já afirmava Bakunin - importante pensador anarquista do século XIX, que também teve textos
publicados no jornal A Plebe – em sua obra O Conceito de liberdade que “o homem conquista a sua
humanidade ao afirmar e ao realizar a sua liberdade no mundo” (BAKUNIN, p.1975, p.7),
demonstrando a centralidade do discurso pela liberdade no ideário anarquista - liberdade no
trabalho, liberdade para amar, para desenvolver plenamente a humanidade garantindo a igualdade
de todos. Para os anarquistas, essa igualdade, no entanto, não se fará presente dentro de um sistema
de classes, em que a classe dominante utiliza-se do discurso científico e produz tecnologias que
justifiquem e reforcem sua hegemonia.
Encontramos no discurso anarquistas dos jornais aqui analisados o rechaço ao discurso
científico do período bem como propostas de resistência a fim de romper com os padrões do sistema
capitalista que, para avançar, busca sempre novas formas de opressões.
Os discursos sobre a família, presentes ainda na nossa sociedade, surgem em determinado
momento histórico e servem para determinados fins políticos e econômicos, ainda que nos sejam
apresentados como estruturas fixas e naturais. Os anarquistas desde o fim do século XIX já
questionavam os discursos científicos vigentes que buscavam afirmar a hegemonia da classe
dominante e justificar as opressões da classe operária e, dentro e fora desta classe, ainda que de
maneira diferente, a opressão que sofrem as mulheres.
Numa sociedade emancipada, portanto, outras configurações sociais se farão presentes,
baseadas na liberdade. Em um artigo em que se questiona o lema Deus, Pátria e Família, dos
setores conservadores do período, “M. Garcia” após refletir sobre Deus e Pátria, faz críticas ao
modelo de família propagado pelo conservadorismo burguês:
Delimitar o arcabouço da família nas quatro paredes do lar privado, onde a situação
econômica é base fundamental dessa instituição, não corresponde aos princípios de uma
ética social perfeita, porquanto sua concepção é muito elástica e brilha pela ausência de
auxílio mútuo, não somente de família para família, como também os seus membros
consanguíneos. Com efeito, a família de um opulento burguês distancia-se e evita a
convivência com pessoas ligadas a ela pelo sangue, mas que vivam pobremente.
[…] A instituição da família privada, apresentada como sendo a célula mater da
organização burguesa, não é, dentro dessa organização social, e não confuso
convencionalismo e um amontoado de preconceitos morais e políticos, e até raciais, que só
podem medrar num ambiente social corrupto e decadente; mas nunca poderão servir de
modelo para a organização de uma sociedade livre onde o princípio de solidariedade seja a
pedra angular dos valores humanos (A PLEBE 20/02/1949).

A resistência anarquista proposta ao modelo de família burguês se constitui em relações


baseadas no amor livre. O discurso do amor livre adentra o pensamento anarquista como importante
elemento para a libertação sexual das mulheres e também para a desestruturação do sistema social
vigente. Sendo a família uma tecnologia política para o fortalecimento do Estado e para a gestão da
população na construção de corpos dóceis, aptos ao trabalho que serve ao capital, Foucault afirma
que “aquilo que permite à população desbloquear a arte de governar é o fato dela eliminar o modelo
da família” (FOUCAULT, 1979, p.170).
Diferente das novas interpretações do discurso do amor livre presentes na nossa sociedade
atual, Rago afirma que
nos textos dos velhos militantes e nas páginas amareladas da imprensa anarquista dos
inícios do século, está sendo colocada menos a proposta de variação de parceiros, do que a
crítica à institucionalização dos sentimentos em formas rígidas e envelhecidas. Um
questionamento da disciplinarização do amor e do sexo que vivia, então, a sociedade
vitoriana, no Brasil e em outras partes do mundo, com a ascensão do poder médico (RAGO,
1998, p.1).

5. CONCLUSÃO

A pesquisa sobre os discursos anarquistas de resistência às tecnologias políticas do Estado


capitalista não se esgota nesse artigo, sendo necessário muito mais a ser analisado no grande
acervodo jornal A Plebe que conta com edições que vão de 1919 a 1951. No entanto, pudemos
demonstrar aqui parte dos discursos de resistência veiculados em parte da imprensa operária
anarquista do início do século XX. Vale ressaltar que o jornal aqui analisado é apenas um dentre
vários outros jornais operários que circulavam no período. Cada jornal atingia a determinados
públicos e servia para determinados fins, reafirmando que a visão sobre este jornal não esgota as
possibilidades de análise dos discursos de resistência do pensamento anarquista da época.
Fica claro que os anarquistas abriram horizontes para pensarmos uma nova sociedade,
questionando há um século modelos impostos que até hoje ainda vemos presentes na sociedade,
ainda que metamorfoseados, mas ainda servindo ao fortalecimento do sistema vigente.
Questionaram os discursos acerca dos corpos e das sexualidades que, naquele momento, eram
transferidos da Igreja para a ciência e a medicina, ainda reforçando a hegemonia de determinada
classe e modelo de sociedade.
É importante, portanto, analisar historicamente os discursos da ciência e da tecnologia,
entendendo-as como processos sociais e sempre buscando sua articulação com a sociedade e
desconstruindo determinismos, visto que ambas (ciência e tecnologia) não são neutras. É nesse
sentido que Cutcliffe afirma que ciência e tecnologia estão carregadas de valores e quase sempre
são problemáticas em termos de impacto social (CUTCLIFFE, 2003, p.14). Dentro disto, a
imprensa operária oferece-nos amplas possibilidades de vislumbrarmos e compreendermos as
construções de práticas alternativas às hegemônicas.

6. REFERÊNCIAS

Fontes

A Plebe, São Paulo, 01/03/1919


A Plebe, São Paulo, 19/04/1919
A Plebe, São Paulo, 09/07/1927
A Plebe, São Paulo, 19/01/1935
A Plebe, São Paulo, 02/02/1935
A Plebe, São Paulo, 02/03/1935
A Plebe, São Paulo, 20/02/1949
A Plebe, São Paulo, 01/05/1949

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