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MATILDA

PERSONAGENS

Matilda
Senhorita Honey
Diretora Trunchball
Mãe da Matilda
Pai da Matilda
Irmão da Matilda
Bruce
Hortência
Amanda
Aninha
Laurinha
Bibliotecária
Narrador 1
Narrador 2
Narrador 3
Cena 1
Casa da família de Matilda, a família de Matilda já está em cena, cada um se arrumando
para sair, Matilda está parada se divertindo com um livro.

Abre a cortina
Narrador 1: Todo mundo nasce, mas nenhum de nós nasce igual, alguns de nós nascem para
serem açougueiros, padeiros ou até mesmo aventureiros.
Narrador 2: Outros servem só mesmo para fazerem salada, mas seja como for, cada ser
humano é extraordinário.
Narrador 3: Para o melhor, ou para o pior.
Narrador 1: A maioria dos pais, acredita que seus filhos são a coisa mais linda do mundo.
Narrador 2: Outros, são mais realistas. Os pais de Matilda moravam num bairro bom, e numa
casa boa, mas não eram nada gente boa.
Narrador 3: Às vezes, eles nem percebiam que tinham uma filha, se soubessem, saberia que
ela é extraordinária.
Narrador 1: Matilda já sabia o que muitos só aprendiam com 30 anos, como cuidar de si
mesma.
Narrador 2: Todas as manhãs seu irmão Michael ia para a escola. (Michael sai)
Narrador 3: O pai ia trabalhar vendendo carros usados por preços absurdos. (Pai sai)
Narrador 1: E sua mãe saia para o bingo.
Mãe: A sopa está no fogão, esquente se tiver fome. (Mãe sai)
Narrador 2: Matilda ficava sozinha, era o que ela mais gostava. (Toca a música Send Me On
My Way)
Matilda se divertindo. Dando oi pra plateia.
Blackout.
Narrador 3: Matilda já tinha lido todas as revistas da casa.
Narrador 1: Certa noite, ela pediu para o pai uma coisa que ela queria desesperadamente.
Matilda: Pai, eu quero um livro!
Pai: Um livro? Um livro para quê?
Matilda: Para ler.
Pai: Para ler? Para quer você quer ler se tem um aparelho de tv ou celular bem aí na sua
frente.
Mãe: Não há nada que exista num livro que você não possa aprender na TV, mas mais
depressa.
Michael: Sai da frente aí pirralha.
Narrador 2: Matilda já tinha percebido que era um pouco diferente da família dela.
Narrador 3: Ela viu que se quisesse algo nesse mundo teria que conseguir sozinha.
Pai: Até logo. (Despedindo-se da esposa).
Mãe: (Para Matilda). Tem miojo lá no armário, 3 minutos está pronto.
Narrador 1: Depois que os seus pais saíram, Matilda foi a procura de um livro.
Matilda: (Procurando por uma biblioteca pública no mapa). Biblioteca pública.
Cena 2 (Biblioteca)

Matilda: (Para a bibliotecária). Onde ficam os livros infantis, por favor?


Bibliotecária: Ficam naquela seção ali. Quer que eu pegue um com muitas gravuras e
desenhos?
Matilda: Não, obrigada, eu sei me arranjar sozinha.
Narrador 2: Desde então, toda vez que sua mãe saía para o bingo, Matilda andava as dez
quadras até a biblioteca.
Narrador 3: E devorava um livro atrás do outro. Quando terminou os livros infantis começou
a procurar outros.
Narrador 1: A senhora Phelps, que estava observando fascinada Matilda, havia semanas, deu
uma dica valiosa para ela.
Bibliotecária: Sabe, você pode ter seu próprio cartão. E aí vai poder levar livros para casa.
Não vai precisar andar para cá todos os dias. E pode levar quantos livros quiser.
Matilda: (empolgada). Isso seria ótimo.
Matilda andando com um carrinho cheio de livros.
Narrador 2: E assim a mente forte e jovem de Matilda continuava a crescer. Alimentada pelas
vozes de todos aqueles autores que enviaram seus livros através do mundo, como navios por
sobre os mares.
Narrador 3: Esses livros deram a Matilda uma mensagem de conforto e esperança, você não
está sozinha.
Fecha a cortina, Matilda está na frente da cortina com o seu carrinho como se tivesse a
caminho da biblioteca.
Música – Send me On My Way

Cena 3 (Casa da família de Matilda)

Abre a cortina
Pai: Chegou algum pacote hoje?
Matilda: Não.
Pai: De onde veio tudo isso?
Matilda: Da biblioteca.
Pai: Da biblioteca? Você nunca pisou numa biblioteca. Só tem 4 anos.
Matilda: Tenho 6 e meio.
Pai: Tem 4!
Matilda: Tenho 6 e meio.
Pai: Se tivesse tudo isso já estaria na escola.
Matilda: Mas eu quero ir à escola! Eu já te disse que deveria começar a escola em janeiro e
você nem me ouviu.
Pai: Levanta daí, levanta daí. (Leva Matilda para a mãe). Meu amorzinho, quantos anos a
Matilda tem?
Mãe: 4.
Matilda: Eu tenho 6 e meio mamãe.
Mãe: 5 então.
Matilda: Eu fiz 6 em agosto.
Pai: Mentirosa!
Matilda: Eu quero ir à escola. (Vai indo para o centro do palco)
Pai: Escola? Escola… sem condições, quem vai receber os pacotes valiosos. Vai assistir TV
que nem uma boa menina.
Mãe: Sabe, as vezes eu acho que tem alguma coisa errada com essa garota. (para a plateia,
para o marido, depois sai)
Pai: Nem me fale. (sai)
Matilda está triste no centro do palco.
Narrador 1: Às vezes, Matilda ansiava por uma amiga. Alguém como uma pessoa boa e
corajosa que ela via nos seus livros.
Narrador 2: Ocorreu a ela que dragões que falam, e princesas só existiam nos livros infantis.
Narrador 3: Mas Matilda estava para descobrir quem seria sua melhor amiga. E que tinha
uma espécie de força que ela nem imaginava.
Blackout de luz

Cena 4 (Casa da família de Matilda)

Pai: Eu sou sensacional. Eu sou incrível. Michael pega aí o papel e a caneta.


Mãe: (Toda feliz). A gente vendeu algum carro hoje amorzinho?
Pai: Sim.
Mãe: Então já posso comprar a nova tv?
Pai: (Para Michael). Você tem que aprender a ganhar na vida, está na hora de aprender o
negócio da família. Senta aí e vai anotando. O primeiro carro que seu pai vendeu custou 320
dólares, e eu vendi ele por 1150 dólares. O segundo custou 512 dólares e eu vendi ele por 2
mil, duas centenas e 69 dólares.
Michael: Pera aí pai, está rápido demais.
Pai: Só escreve. O terceiro custou 68 dólares e eu vendi por 998 dólares. E o quarto custou
mil e mais cem dólares e eu vendo ele por 5 mil e 848 belas verdinhas americanas. Quanto
deu isso tudo?
Mãe: AAAAA, vamos ter uma tv nova.
Michael: Pai, dá para repetir o último número?
Matilda: 10.265 dólares. Cheque se não acredita em mim.
Pai: Trapaceira, você viu o papel.
Matilda: Como que eu poderia ver daqui de tão longe?
Pai: Está bancando a esperta comigo? Se está bancando a esperta comigo mocinha, vai ser
castigada.
Matilda: Castigada por ser esperta?
Pai: Espertalhona, quando a pessoa é má ela precisa ser castigada. (Saindo com Matilda de
cena)
Narrador 1: Pela primeira vez o pai de Matilda tinha ensinado um exemplo prático sobre lidar
com as pessoas.
Narrador 2: Quando uma pessoa é má, ela precisa ser castigada, isso deu uma ideia
revolucionária para Matilda, onde as crianças poderiam castigar seus pais.
Narrador 3: Só quando mereciam é claro.
Blackout de luz

Cena 5 (Casa da família de Matilda)

Matilda – Loção para cabelo! (Procurando por algo). Hmm, água oxigenada.
Matilda joga a loção de cabelo fora e coloca água oxigenada. Seu pai acorda e vai passar
um pouco de loção de cabelo.
Pai – Michael, vem cá.
Michael – Que é?
Pai – Filhão, hoje é o dia que vou te levar a loja. O que acha?
Michael – Sei lá. O que que você acha?
Pai – Eu acho que a aparência já é meio caminho andado. As pessoas não compram carro,
confiam em mim. É por isso que eu cuido muito bem da minha aparência. (Saindo de cena)
Michael – Oh mãe, estou com fome. Cadê meu biscoito.
Mãe – (Entrando em cena e entregando o biscoito ao filho). Aqui. E já disse para você que é
bolacha. B.O.L.A.X.A. (Soletrando). Bolaxa.
Pai – Cadê meu café da manhã?
Mãe – (Assustada). AAAAA, Nossa Senhora, o que fez com seu cabelo?
Pai – Meu cabelo? (Dá piti)
Matilda – Ficou parecendo a Ana Maria Braga.
Pai – Você é da família? Hora do café é hora da família. Que lixo é esse que você está lendo?
Matilda – Não é lixo papai, é ótimo. É o pequeno príncipe.
Pai – O pequeno o quê? (Rasga o livro)
Matilda – Papai, esse livro não é meu. É da biblioteca.
Pai – Eu estou cansado de tanta leitura. Agora se endireita e vai assistir televisão.
A família toda fica vidrada na TV.
Pai – Olha, olha a TV.
Matilda fica irritada com o seu pai obrigando-a assistir TV. A TV quebra.
Matilda – Eu, eu, eu não fiz isso.
Pai – É claro que não fez.
Mãe – Eu te disse que essa televisão é uma TV barata.
Pai – Não, não é uma TV barata, é uma TV roubada.
Narrador 1 – Foi mágica ou coincidência? Matilda não sabia. Dizem que os seres humanos só
usam uma pequena porcentagem do cérebro. Mas Matilda jamais poderia ter descoberto seu
grande poder mental, se não fosse pelas coisas que aconteceram nos próximos dias.
Telefone toca
Diretora – Peguei seu contato na OLX. Preciso de um carro barato, porém confiável. Resolve
o meu caso?
Pai – Claro que resolve o seu caso. Sou dono da melhor loja de carros que você já viu.
Diretora – Pois já vou avisando, sou diretora de uma escola, quero um carro firme pois
comando uma escola firme.
Pai – Ah é, não é.
Diretora – A minha escola é um modelo de disciplina, não poupe o chicote, espanque a
criança é o meu lema.
Pai – Tremendo lema.
Diretora – Tem algum fedelho?
Pai – Tenho um grandão, o Michael, rapaz inteligente, pensa. E a Matilda.
Diretora – São todas as crianças terríveis, sorte que não fui criança.
Pai – Aham. Já que é uma educadora, te vendo um grande carro.
Diretora – Negócio fechado.
Pai – (Para Matilda). Você vai para a escola a partir de amanhã. Se prepare.
Matilda – Obrigada papai, muito obrigada. Adorei o novo estilo também.
Fecha a cortina

Cena 6 (Escola)

Narrador 2: Matilda sempre quis ir à escola porque adorava aprender. Ela tentou imaginar
como seria a nova escola. Um prédio, cheio de crianças, um jardim com várias flores,
parquinho. Mas na verdade, não era nada disso, sim, tinha um prédio e crianças, mas só. Ela
estava feliz de estar lá, afinal, qualquer escola é melhor do que escola nenhuma.
Abre a cortina
Vai entrando um aluno de cada vez.
Hortência - A minha mãe diz que eu sou legal.
Amanda - Meu pai falou que eu sou especial.
Aninha - Uma princesa.
Laurinha - E eu sou o rei.
Bruce - Nessa escola o lema é obedecer.
Matilda - Por quê?
Hortência -Vocês viram ela perguntando por quê?
Todos - Educação Física coletiva.
Amanda - É especialidade da Trunchbull.
Aninha - A minha mãe diz que eu devo estudar.
Laurinha - O meu pai falou que eu tenho que ser a nota dez.
Bruce - Não quero estar aqui, alguém vem me ajudar.
Amanda - Hoje eu aprendi a soletrar.
Matilda - Soletre OPRESSÃO então.
Aninha - Eu já fui feliz um dia.
Laurinha - Mas escuto o sinal agora e sempre penso no pior.
Bruce - Vocês acham que vamos sobreviver até o final do ensino médio?
Todos: Com a Trunchbull, não temos mesmo o que fazer!
Vão ficando enfileirados, um do lado do outro, marchando, parados em posição de
descanso.
Matilda - Oi, desculpe. (Esbarrando na menina que também está se escondendo no canto).
Laurinha - Tudo bem, é melhor que estar lá fora.
Matilda – Ela é, minha professora?
Laurinha – Não, é a diretora. Dona Trunchbull.
Matilda – Você está brincando, não?
Hortência – Melhor vocês se mandarem, eu não estou brincando. A Trunchbull gosta de
estalar o chicote aí para ver quem está se escondendo.
Matilda – Eu sou a Matilda.
Laurinha – E eu sou a Laurinha.
Hortência – Prazer, eu sou a Hortência.
Matilda – Ela não bate de verdade nas crianças com aquele chicote né?
Hortência – Não, é mais para assustar. O que ela faz é pior. Como ela fez ontem na segunda
série.
Aninha – Oi meninas, ouvi o que vocês falaram, eu estava nessa turma da segunda série, foi
apavorante, aterrorizante.
Laurinha – Ela visita todas as salas semanalmente, para mostrar disciplina.
Hortência – E para mostrar para os professores como lidar com as crianças.
Aninha - Julinho comeu duas balinhas na aula dela.
Matilda – Ela pegou ele?
Hortência – Claro!
Aninha – Não tinha como ele esconder, ela percebe tudo.
Matilda – E ele está bem?
Hortência – Depois de ser atirado pela janela? Ele não ficou bem.
Aninha - Ele está vivo se quer saber.
Laurinha – A Trunchbull já participou das Olimpíadas, lançamento de peso, lança e martelo.
Aninha – Ela tem força para levantar uma criança pelos cabelos e arremessar pela janela.
Matilda – Ela faz isso sempre.
Hortência – É melhor do que ser levada para o sufoco.
Matilda - Sufoco?
Hortência – Sim, um buraco estreito, atrás da porta, você fica em pé e as paredes têm cacos
de vidro e pregos afiados.
Matilda – Ela coloca as crianças lá?
Hortência – Eu já fui duas vezes, ela as vezes te deixa lá o dia inteiro.
Matilda – Mas você contou para os seus pais?
Hortência – Eles não iam acreditar em mim, e os seus iam acreditar em você?
Matilda – Não.
Laurinha – Ela vem aí.
Diretora – Você. Detenção! Você, pequena demais! Cresça mais depressa. Você, cabeça
erguida, ombros para trás, barriga para dentro. Detenção para você também. Escutem aqui
crianças estúpidas, a partir de agora, a disciplina nessa escola será mais rígida, o que vocês
estão pensando? Que aqui é colégio LaSalle. Hmmmmm, carne fresca. O que é isso Amanda?
Amanda – O que senhora Trunchbull?
Diretora – Isso, na sua cabeça.
Amanda – A minha Maria Chiquinha.
Diretora – Você é Chiquinha, Amanda?
Amanda – Não, Dona Trunchbull.
Diretora – Pois eu não quero isso na minha escola.
Amanda – Mas a minha mãe acha bonitinho.
Diretora – A sua mãe acha bonitinho? A sua mãe é uma boba. Pois vai tirar isso antes de vir a
escola.
Amanda – Mas eu?
Diretora – Mas eu? Você está me contrariando? Mas eu, mas eu...
Amanda – Me solta! Me solta!
Diretora pega a Amanda pelo cabelo e leva para coxia, sai de lá girando um boneco
parecido com a Amanda. Gritos de Amanda no fundo.
Diretora – Vai todo mundo para sala, antes que eu coloque no sufoco. (Sai de cena).
Matilda – Como é a minha professora Laurinha?
Hortência – Relaxa, nada se compara com a Dona Trunchbull.

Cena 7 (Escola, sala de aula de Matilda)


Cada aluno entra com a sua cadeira e coloca na posição de sala de aula. Senhorita Honey
entra com o quadro e uma mesa.

Amanda: Olá, Senhorita Honey, trouxe essa maça para você.


Honey – Quanta gentileza. Obrigada.
Bruce – E eu esse sanduíche, era para ser inteiro, mas eu comi para aliviar o medo da Dona
Trunchbull.
Honey – Não tem problema Bruce, o que vale é a intenção. Atenção alunos, nós temos uma
nova aluna com a gente. Seja bem-vinda, Matilda. Podem sentar, agora todos lembram como
o primeiro dia é assustador, então sejam legais com ela.
Narrador 3 – A senhorita Honey era uma ótima professora e amiga de todo mundo. Mas sua
vida não era tão simples e bonita como parecia. Senhorita Honey tinha um segredo muito
sombrio, embora sofresse tanto com isso, não deixava que interferisse em seu trabalho.
Honey – Bom Matilda, vimos a tabuada do dois, aula passada. Como você é nova, depois vai
pegando o ritmo. Vamos revisar tudo hoje. Alguém quer demonstrar? (Todos querem falar).
Então, vamos lá. Duas vezes quatro?
Alunos – Oito!
Honey – Duas vezes seis?
Alunos – Doze.
Honey – Duas vezes nove?
Alunos – Dezoito.
Honey – Excelente, ficaram praticando. Logo estarão fazendo grandes multiplicações, como
duas vezes sete?
Alunos – Catorze.
Honey – Muito bem! Ou como treze vezes setenta e nove?
Matilda – Mil e vinte e sete.
Honey – O que foi que disse?
Matilda – Acho que é a resposta, treze vezes setenta e nove.
Honey – É isso. Matilda, você sabe multiplicar números grandes?
Matilda – É que ano passado eu li um livro sobre matemática na biblioteca.
Honey – Você gosta de ler?
Matilda – Eu amo ler, adoro.
Honey – Gosta de ler o quê?
Matilda – Eu leio de tudo, por mim eu fico horas lendo.
Honey – Eu também. Queridos, abram na página 20 e façam o exercício, volto já, já.
Blackout de luz, tirando as coisas calmamente da sala de aula, fica apenas uma cadeira
onde a Diretora Trunchball vai estar.

Cena 8 (Sala da diretora)

Diretora – Ahh, mas que bom ver você. Está na hora da nossa conversa?
Honey – Na verdade, é sobre a minha nova aluna, Dona Trunchbull, é a Matilda.
Diretora – Bem que o pai disse que ela é difícil de cuidar.
Honey – Como é que é?
Diretora – Uma espinha, uma ferida inflamada e maligna.
Honey – Mas a Matilda é uma menina muito boa. E é muito inteligente.
Diretora - Inteligente?
Honey – Isso, pode multiplicar números grandes.
Diretora – Usando a calculadora, claro.
Honey – Sem calculadora, só de cabeça.
Diretora – Com calculadora.
Honey – Eu acho que seria melhor ela ficar numa sala com os maiores e mais adiantados.
Diretora – Ahá, não aguenta a pirralha e está mandando ela para outra pessoa.
Honey – Não é isso Dona Trunchbull.
Diretora – Covardia, típico da senhorita. Se não aguenta ela, eu prendo ela no sufoco.
(Rindo). Um dia você vai ver que o que eu faço é para o seu bem e, para o bem dessas
pestinhas.
Fecha a cortina: Montagem da casa de Matilda.

Cena 9 (Casa de Matilda)

Abre a cortina
Mãe – (Falando no telefone). Pois é menina, nem te conto, sim um babado, não ficou
sabendo? Ela mesmo! Aham..
Matilda – Mamãe, cheguei.
Mãe – E como foi a escola?
Matilda – Foi ótimo. Olha, eu já faço trabalho de sétimo ano, álgebra e geografia.
Mãe – Você não está vendo que eu estou no meio de um telefonema importante?
Matilda – Mas você me perguntou como foi na escola.
Mãe – Quieta.
Matilda – Bem, foi bem legal. A diretora é completamente pirada, ela segurou uma menina
pelos cabelos e jogou por cima da grade. Já a minha professora, é maravilhosa.
Mãe – Sim, eu sei como são as crianças, parece que seis horas na escola não é suficiente.
Matilda – Pode crer.
Campainha toca
Honey – Olá.
Pai – Não damos dinheiro, não gostamos de caridade e não, não quero comprar a sua rifa.
Honey – Não Senhor, eu sou a professora de Matilda.
Pai – O que essa pestinha aprontou dessa vez. Vá para o quarto agora pirralha. Seja o que for,
ela é seu problema agora.
Honey – Não existe problema algum.
Pai – Então some você, roda a roda Jequiti já vai começar e eu não quero perder.
Honey – Você acha que assistir um programa de TV é mais importante que a sua filha, então
o senhor não devia ter sido pai. (Pegando o controle). Agora desliga isso e me dá atenção.
Michael – Pô meu.
Pai – Está bom, pode ir indo, mas a minha esposa não vai gostar nada disso.
Mãe – Quem é?
Honey – Sou a professora da Matilda, Senhorita Honey.
Mãe – Seja breve meu amor.
Honey – Serei breve.
Mãe – Então desembucha logo.
Honey – Bem, como vocês devem saber. Matilda, está nos anos iniciais do ensino
fundamental, junto com seus colegas, que consequentemente não sabem ler ainda.
Mãe – Olha querida, eu não sou muito a favor de mulheres que pensam demais, intelectuais
demais. Mulheres devem pensar na beleza. Um cabelo hidratado, um belo aplique, dieta em
dia, Mary Kay na cara meu amor. Tudo isso é muito mais importante que livros. Olhe para
você, e olhe para mim. Você escolheu os livros. E eu escolhi ser M.A.R.A!!!!
Honey – Mas Matilda sabe fazer equações complicadas de cabeça. Ela tem uma mente
incrível, e eu acredito que com o nosso apoio ela...
Mãe – Mente, incrível? Você não sabe de nada mesmo né queridinha.
A família vai saindo de cena.
Honey – Deixe de besteira Honey. Não consegue Honey. Acha mesmo que vai entrar lá e
mudar esse lugar? Deixa para lá, de tanto tentar. Não é da sua conta! (Matilda entra). Mas que
nem ela não tem igual, ela tem que saber que é especial. Tenho que proteger ela, não posso
deixar ela sem ajuda. Eu já vi, Matilda quer ter alguém ali. Para poder lutar. Mas quem veio
fui eu, tão fraca. Por que eu?
Fecha a cortina

Cena 10 (Escola, auditório)

Sinal toca.
Diretora - Eu quero todos no auditório agora. Sentados!
Matilda – (Sussurrando). O que foi agora?
Laurinha – Eu nem imagino.
Aninha – Será que ela vai fazer alguma coisa com todo mundo?
Diretora – Bruce, venha cá. (Todos olham para o Bruce). Venha pequeno Bruce. (Sussurros).
Este menino, não é nada mais que um ladrãozinho safado, um criminoso desclassificado.
Bruce – Não sei do que você está falando.
Diretora – Estou falando de um bolo. Um bolo de chocolate. Você foi agachando até a
cozinha que nem uma serpente e roubou o meu bolo. Vai negar isso? Confesse!
Bruce – Bem, não dá para eu lembrar de um bolo especial.
Diretora – Aquele bolo era meu, e era um bolo tão doce e delicioso, o melhor que existe no
mundo.
Bruce – O da minha mãe era melhor. (Todos ficam chocados).
Diretora – Ah é. Como saberia sem provar outro pedaço? (Abre a cortina) Olha só, a sua
surpresa. Vamos, cheira o chocolatinho.
Bruce – Não, obrigado.
Diretora – Agora engole.
Hortência – (Sussurrando). Eu acho que tem veneno nesse bolo.
Bruce – (Comendo o bolo). Hmm, muito bom!
Diretora – Parece que você gostou disso, Bruce.
Bruce – Sim, Dona Trunchbull.
Diretora – Deveria comer mais!
Bruce – Não, obrigado.
Diretora – Mas vai magoar a cozinheira. (Entra cozinheira). Ela fez esse bolo inteirinho só
para você! Pôs sangue e suor nele. E você não vai sair daqui até que coma ele inteirinho.
Bruce tenta comer o bolo.
Bruce – Eu não aguento mais!
Matilda – Vai Bruce, você consegue!
Todos – Isso Bruce, você consegue.
Diretora – Silêncio!
Todos – Bruce! Bruce! Bruce!
Bruce levanta o último pedaço de bolo e devora ele.
Bruce – (Arrota). Desculpa!
Diretora – Vocês todos vão ficar cinco horas depois da aula, copiando o dicionário. E quem
não gostar, vai direto com ele para o sufoco.
Todos começam a sussurrar reclamando da educação arcaica.
Honey – As coisas podem parecer difíceis e sem saída. Mas, acreditem em mim crianças.
Nunca, absolutamente nunca, desistam dos seus sonhos. Nunca percam a essência de vocês.
Cada um aqui é especial do jeito que é. E um bolo não vai mudar isso, quando vocês
crescerem, as coisas vão mudar, mas é preciso ter fé e, é claro, lutar por dias melhores.

Música (Quando eu crescer)


Bruce –
Quando eu crescer
vou ser tão alto quanto uma colina
Vou poder subir em cada galho
Só depois que eu crescer.

Aninha e Amanda -
E quando eu crescer
Vou ser inteligente e corajoso,
Ter cada resposta no meu coração,
Depois que eu crescer.

Laurinha, Hortência e Bibliotecária -


E quando eu crescer
Vou comer doce demais,
Pra ir trabalhar,
E vou dormir
Na hora que quiser.
Bruce e Amanda -
E vou acordar
Quando o sol raiar,
Vou assistir desenhos todo dia assim.

Todos –
Sem nem lembrar o que devo fazer,
Quando eu crescer.
Quando eu crescer, quando crescer, quando eu crescer
Vou ser tão forte pra poder levar
Todas as coisas que precisa ter, com você.
Quando eu crescer!
E quando eu crescer, quando eu crescer, quando eu crescer
Vou enfrentar todos os monstros que se escondem pelos cantos, por aí
Tem que lutar pra crescer.
E quando eu crescer, quando eu crescer
Vou correr pra cá e pra lá, e brincar,
Com tudo que eu quiser, e nunca consegui.
Vou acordar, vou acordar, quando o sol raiar.
E vou passar, o dia todo nesse sol,
Mas sem queimar, porque eu já cresci,
Quando eu crescer...
Algumas pessoas -
E quando eu crescer…
Se você não gosta da realidade
Escreva uma história boa de verdade
Solta pra ficar só assinando os fatos
Tem que mudar
Quanto você mede agora não importa
Tem que endireitar que a vida se contorna
Se ficar parado não ajuda em nada
Se acha que está bem
Você já entregou
É só mudar
E se quer mudar
Precisa levantar
Eu sei que ninguém vai mudar o meu passado
Paro pra fazer o que me foi mandado
Mas também da pra ser revolucionário.
Matilda - Mesmo se você é pequeno você pode fazer muita coisa. Você não deve deixar uma
coisa pequena como 'ser pequeno' parar você, se você se sentar sem fazer nada e deixá-los
chegar ao topo, você não vai mudar nada. Só porque você descobriu que a vida não é justa,
não significa que você tem que sorrir e aguentar. Se você sempre leva no queixo e aceitar,
você pode muito bem-estar dizendo que você pensa que está tudo bem, e isso não é certo,
ninguém além de mim vai mudar a minha história, ás vezes, você tem que lutar.
Narrador 1 – Matilda havia descoberto algo de especial em sua mente. Para soltar esse seu
poder, ela só precisava de prática.
Matilda prática o uso de seus poderes.
Música – Thurston Harris, Little Bitty Pretty One

Cena 11(No jardim da escola)

Narrador 2 – Com a Trunchbull aterrorizando a escola toda, sempre que tinha a oportunidade
de brincar com os amigos, era um momento raro e feliz.
Laurinha – Um sapo, um sapo.
Hortência – Você achou o quê?
Laurinha – Um sapo.
Bruce – Acho que não é um sapo.
Aninha - É uma salamandra.
Matilda – É um tritão! Eu já vi isso em algum livro. Espera, está lá na sala, já vou pegar.
Aqui, deixa eu achar a página.... Está dizendo aqui, que os tritões são salamandras
semiaquáticas, da família dos Tritos.
Bruce – Tem cores brilhantes e expelem substâncias irritantes. (Todos reagem com nojo).
Honey – Muito bem crianças, é explorando que se aprende, continuem se dedicando aos
livros, eles não falham e nunca nos abandonam. (Para Matilda). Então, você gostou mesmo
desse livro de animais exóticos?
Matilda – Gostei sim, senhorita Honey. É bom saber que ser diferente pode ser especial.
Honey – Afinal, que graça teria se o mundo fosse todo igual.
Matilda – Senhorita Honey, eu acho que faço algumas coisas anormais.
Honey – Não tem nada de anormal gostar de ler tantos livros. Ou fazer multiplicações
complicadas.
Matilda – Isso se chama inteligência. Quando eu digo coisas anormais, me refiro a poderes.
Eu sinto que posso mover qualquer coisa do mundo.
Honey – Que imaginação.
Matilda – Você acredita em mim, né?
Honey – Eu acho que deve acreditar em todo poder que tem em você, acredite com todo o
coração. Você gosta de brincar né?
Matilda – Sim, eu adoro brincar, tenho uma boneca que eu amo.
Honey – Uma garota que eu conheci, que já morou na casa da Trunchbull, a vida dela era boa
e feliz, com dois anos de idade sua mãe morreu, seu pai era médico e precisava de alguém
que cuidasse das coisas da casa, por isso, chamou a meia irmã da mãe dela para ir morar com
eles, acontece que a tia era uma pessoa muito malvada e que judiava da menina.
Matilda – Era a Trunchbull?
Honey – Sim, e o pior, aos cinco anos de idade seu pai morreu.
Matilda – Morreu do quê?
Honey – A polícia não concluiu a investigação.
Matilda – Mas por que, será que deu algo errado?
Honey – Ninguém sabe. Mas o final é que ela achou uma casa, com um jardim cheio de
flores, se mudou da casa da tia e teve sua liberdade.
Matilda – Ah, que bom.
Honey – Sabe por que eu te contei isso?
Matilda – Não.
Honey - Você nasceu em uma família que nem sempre te dá valor. Mas um dia as coisas
serão diferentes.
Matilda – Quem é essa menina, senhorita Honey?
Honey – Sou eu Matilda. Sim, tia Trunchbull, e eu deixei alguns tesouros pessoais com ela,
foto da família, e uma linda boneca com rosto de porcelana que mamãe me deu.
Matilda – Mas por que você não foge?
Honey – Eu já pensei nisso, mas não posso abandonar minhas crianças, não sei o que é viver
sem dar aula.
Matilda – Você tem muita coragem, senhorita Honey.
Honey – Não tanto quanto você, Matilda.
Matilda – Mas eu achei que os adultos não tivessem medo.
Honey – Muito pelo contrário, eles têm medo igual as crianças.
Matilda – Do que será que a diretora Trunchbull têm medo?
Honey – De fantasmas, talvez.
Matilda – Como seu pai te chamava?
Honey – De abelhinha.
Matilda – E a Trunchbull?
Honey – Pelo primeiro nome, Ágata.
Matilda – E como seu pai se chamava?
Honey – Dr. Magnus.
Sinal toca.
Honey – Vamos crianças, antes que a Trunchbull nos mande para o sufoco.
Blackout de luz

Cena 12 (Sala de aula de Matilda)

Matilda – Não se preocupe Senhorita Honey, eu vou cuidar disso.


Honey – Mas como você vai fazer isso Matilda?
Matilda – Com os meus poderes. (Levanta a jarra com o poder)
Honey – Admiro você Matilda por acreditar que seja tão poderosa e corajosa... (Percebe que
Matilda levantou o jarro), Meu Deus Matilda, então... é verdade
Matilda – Sim senhorita Honey.
Honey - Laurinha, coloque o tritão aqui nessa água.
Trunchbull – Que carro, não sei como essa lata velha ainda funciona.
Honey – Atenção, da última vez alguns de vocês se descuidaram, não respondam a não ser
que falem com vocês. Não riam, não sorriam e nem mesmo respirem.
Trunchbull – Eu vou pegar esse vendedor de carro pilantra. Você aí, filha desse picareta, vai
para o sufoco.
Matilda – O que eu fiz?
Trunchbull – Vou ensinar uma lição para você e seu pai. Você acha mesmo que pode me
fazer de boba?
Matilda – Meu pai?
Trunchbull – Aquele cara com o cabelo esquisito.
Matilda – Eu não sou igual ao meu pai!
Trunchbull – Filha de peixe, peixinho é. E vocês aí, sentem-se. Eu não sei como crianças
pequenas são tão irritantes. Meu ideal de escola perfeita é sem criança nenhuma. Saudades
semana pedagógica. Concorda senhorita Honey?
Honey – Claro.
Trunchbull – Você! Levante-se. Sabe soletrar?
Amanda – A senhorita Honey nos ensinou uma palavra grande, DIFICULDADE.
Trunchbull – Não saberia soletrar dificuldade nem se sua vida dependesse disso.
Amanda – Ela nos ensinou com um poema.
Trunchbull – Um poema? Que lindo. E como seria esse poema?
Amanda – Senhora D, senhora I, Senhora F. (Pede ajuda aos outros)
Todos – Senhora I, senhora C, senhora U, senhora L, senhora DA senhora DE.
Trunchbull – Por que todas essas mulheres são casadas? Você deveria estar ensinando
soletrar e não poesia. Me estressei tanto que preciso de uma água.
Honey – Laurinha, vou atrás da Matilda.
As crianças começam a rir da diretora Trunchbull.
Trunchbull – Por que vocês estão rindo? Eu gosto de saber as piadas também. Ahhhhh, uma
cobra, quem foi que colocou uma cobra aqui? Você que fez isso não foi?
Bruce – (Levanta a mão). Só acho que gostaria de saber que não é uma cobra, é um tritão.
Trunchbull – Foi você né, não gostou do sufoco e está se vingando. Pois você me paga.
Vocês todos, vão para o sufoco.
Honey – O que está acontecendo Trunchbull?
Trunchbull – Se não está de acordo, dê o fora.
Honey – Você não manda mais em mim tia Trunchbull (todos ficam chocados em descobrir
que Trunchbull é tia da senhorita Honey).
Trunchbull – Calados!!! Você (para Matilda), você e sua família são todos iguais... você me
paga...
Todos começam reagir com as coisas se mexendo, luz piscando, leem o recado no quadro
para a Trunchbull. Corre! Corre! Corre!

Música (Revolução)

Woah
Ela não vai mais me dizer o que fazer
Não vai mais me calar, nem me prender
Nem vai esquecer, de quando foi.

Todos –
Pelo direito de ser malcriado
Nunca mais tirará nossa voz
Nunca mais terá poder sobre nós
Nunca mais duvidar de quem eu sou
Sou muito mais do que um mágico
Nunca mais servir para vencer porque

Chegou a nossa luta


É a revolução
Mudar a nossa história com força e união
Vencer a nossa revolta
Por nossa educação
Não tem como alguém para a nossa luta (BIS)
Grito
Nunca mais seremos ignorados
Vamos descobrir onde o giz é armazenado
E desenhar imagens rudes na lousa
Não é um insulto, estamos revoltadas
Nós somos crianças revoltadas
Vivendo em tempos revoltantes
Cantamos músicas revoltantes
Usando rimas revoltantes
Seremos crianças revoltadas
Juntos vamos lutar
É nossa vez de lutar por vocês

REVOLTA
LUTA
NÃO DÁ PRA VOLTAR
VENCER
APRENDER
SEM FUGIR
SEM CHORAR
NÃO TEM COMO ALGUÉM PARAR
A NOSSA LUTA!

Chegou a nossa luta


É a revolução (Não tem o que fazer)
Mudar a nossa história com força e união (Woah)
Vencer a nossa revolta
Por nossa educação (Isso aí)
Não tem como alguém parar a nossa luta (BIS)

Cena 13 (Finalização)

Amanda – A Trunchbull foi embora, nunca mais foi vista e nem ficamos sabendo se ela ameaçou
alguém em outro lugar.
Hortência – E os pais de Matilda? Bom, eles foram pegos por todos os crimes que cometeram.
Aninha – A senhorita Honey voltou a morar na casa do pai, e com isso ela adotou Matilda, as duas se
adoravam.
Laurinha – A senhorita Honey virou diretora da escola, adicionando o ensino médio, afinal,
as crianças não queriam sair da escola.
Bruce – E Matilda descobriu que a vida pode ser divertida. E decidiu tirar o máximo proveito
disso.
Senhorita Honey – Afinal, Matilda, era uma garota muito inteligente.
Matilda – Mas a melhor parte da história é que Matilda e senhorita Honey conseguiram o que
sempre quiseram, uma família adorável.
Todos se apresentam para o público.

FIM

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