Aula 2

MEDIDAS DE DISPERSÃO OU DE VARIAÇÃO OU DE VARIABILIDADE

Introdução
Muitos bancos costumavam exigir que os clientes formassem filas separadas para os diversos guichés, mas
recentemente adoptaram fila única. Qual o motivo dessa modificação? O tempo médio de espera não se modifica
porque a fila de espera não afecta a eficiência dos caixas!
Tempos de Espera (em minutos):
Banco A (Fila Única): 6,5 6,6 6,7 6,8 7,1 7,3 7,4 7,7 7,7 7,7
Banco B (Fila Múltipla): 4,2 5,4 5,8 6,2 6,7 7,7 7,7 8,5 9,3 10,0
Banco A:

Banco B:

Para responder à questão acima, introduzimos a noção de amplitude (ou intervalo de variação).
Amplitude de um conjunto de dados é a diferença entre o maior e o menor valor.
Banco A: 7,7 min – 6,5 min = 1,2 min Banco B: 10,0 min - 4,2 min =5,8 min, o que sugere maior variação.
A adopção de fila única se deveu ao facto de os clientes preferirem tempos de espera mais consistentes com menor
variação!

Como os próprios termos dispersão e variação o indicam, este tipo de medidas de estatística descritiva identificam o
modo como os valores observados se afastam das medidas de tendência central.
Existem duas razoes importantes que justificam o calculo de uma medida de dispersão:
1ª: Necessidade de se obter um instrumento que nos permite avaliar a representatividade do valor médio num conjunto
de dados. Se existir uma grande variação dos valores observados, uma medida de tendência central, por si só, pouca
informação nos dá.
2ª: Necessidade de conhecer a dispersão dos valores com objectivo de serem tomadas medidas concretas para a
controlar.
Exemplo:
Um produtor de pneus tenta que os seus produtos tenham uma duração elevada. Para satisfazer as necessidades dos
clientes, tenta manter uma qualidade elevada e uniforme, sem grandes variações na quilometragem percorrida de pneu
para pneu. Medindo a variação na duração de vida (em km) de uma amostra dos pneus produzidos, este industrial
pode concluir sobre a necessidade de recorrer a métodos de verificação e controle de qualidade no sentido de
melhorar a qualidade dos pneus e aumentar a sua uniformidade.
1. Desvio absoluto médio

1
Dados valores de uma variável estatística e , a sua media aritmética. Chama-se desvio de
relativamente a , à diferença ).
Chama-se desvio absoluto médio de uma distribuição de frequências e representa-se por ou à media
aritmética dos valores absolutos dos desvios em relação à media aritmética.
ou

Exemplo:
Considere os seguintes preços de limpeza a seco de um par de calças, retirados de uma amostra de cinco lavandarias
da área de Lisboa:
Lavandaria Preço ( )
Alfa 235 -10 10 A média aritmética é:
Pluma 245 0 0
O desvio absoluto médio é: ou seja,
Limpex 265 +20 20
Lavanda 240 -5 5 em média, o preço de cada lavandaria tem um desvio de $8 em
Limpeza 240 -5 5 relação à média aritmética dos preços.

$1225 0 $40

Se as frequências dos valores forem , respectivamente, o desvio absoluto médio será dado

por: ou

Se a variável for contínua e os dados estiverem agrupados em classes, toma-se para valores de a marca da
classe, que é o ponto médio dessa classe.
Exemplo:
Calcule o desvio absoluto médio para a seguinte distribuição de frequências:
Classes Frequências
[2 ; 6[ 1 4 4 -11,6 11,6
[6 ; 10[ 3 8 24 -7,6 22,8
[10 ; 14[ 6 12 72 -3,6 21,6
[14 ; 18[ 8 16 128 0,4 3,2
[18 ; 22[ 12 20 240 4,4 52,8
30 - 468 - 112

2. Variância

2
É a média aritmética dos quadrados dos desvios em relação à média aritmética.

ou (amostra) e (população)

Exemplo:
Calculemos a variância para os dados da tabela de preços das lavandarias.
Lavandaria Preço ( )
Alfa 235 -10 100
Pluma 245 0 0
Limpex 265 +20 400
Lavanda 240 -5 25
Limpeza 240 -5 25
$1225 0 $550

Se os valores da variável apresentam frequências , a expressão da variância toma a forma:

ou (amostra) e (população)

A variância tem a desvantagem de se traduzir no quadrado das unidades em que está definida a variável . Por
essa razão é mais utilizado, como medida de dispersão, o desvio-padrão.
3. Desvio-padrão
Chama-se desvio-padrão de um conjunto de valores à raiz quadrada positiva da variância. .

(amostra) e (população)

Exemplo 1:
Determine o desvio-padrão dos tempos de espera em guichés dos clientes do Banco A.

6,5 -0,65 0,4225

6,6 -0,55 0,3025
6,7 -0,45 0,2025
6,8 -0,35 0,1225
7,1 -0,05 0,0025
7,3 0,15 0,0225
7,4 0,25 0,0625
7,7 0,55 0,3025
7,7 0,55 0,3025
7,7 0,55 0,3025
3
 715 0 2,0450

Exemplo 2: Suponha que a Para os clientes do Banco B teríamos o seguinte desvio:

quantidade de sangue disponível
(Confirmar!)
durante a semana, num
Comparando, verificamos que o desvio-padrão dos tempos de espera
determinado Centro de Saúde
(CS), se distribua de acordo com a no Banco A (fila única) é muito menor do que o do Banco B.
tabela abaixo. Calcule o desvio-
padrão.
CS 46 48 54 50 49 48 55
Semana 2f 3f 4f 5f 6f Sab Dom
Resolução:
Passo 1: Construir a tabela auxiliar para o cálculo da variância, lembrando que a fórmula para o cálculo da

variancia é: , onde f i =n, sendo este “n” o tamanho da amostra.

xi fi (xi- x ) ( xi − x) 2 ( xi − x) 2 fi

46 1 46-50 = -4 42 = 16 16*1 = 16
48 2 48-50 = -2 22 = 4 4*2 = 8
49 1 49-50 = -1 1 1*1 = 1
50 1 50-50 = 0 0 0
54 1 54-50 = 4 16 16*1 = 16
55 1 55-50 = 5 25 25*1 = 25
n 7  (x i − x) 2 f i = 66

Calculando a média, obtemos: x=

x i fi
=
350
= 50
n 7
66
Passo 2: Calculando a variância, temos: = = 9,43  S2 = 9.43. Logo, o dp é: S =
7

s 2 = 9.43 = 3,07  S = 3,07.

I. Exercícios de Consolidação
Ex1: Determine o desvio-padrão dos tempos de espera dos clientes do Banco B.

4
Ex2: Para facilitar um projeto de ampliação da rede de esgoto de uma certa região de uma cidade, as
autoridades tomaram uma amostra de tamanho 50 dos 270 quarteirões que compõem a região e foram
encontrados os seguintes números de casas por quarteirão:

Casas

2 14 18 22 26 32 45 59 66 80

2 15 18 23 27 36 46 61 66 89

3 15 20 24 29 42 48 61 68 90

10 16 21 25 29 44 52 61 75 92

13 16 22 25 30 45 58 65 78 97
Considerando dados agrupados:
a) Construa uma tabela de frequências;
b) Determine as medidas de posição (media, mediana e moda) e as medidas de dispersão (variância e desvio
padrão).