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GUARDA NACIONAL REPUBLICANA


COMANDO DA ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS INTERNOS

Nota-Circular n.º 03/2023/DepRH 080.15.08


Lisboa – 15 de março de 2023

ASSUNTO: LICENÇA POR FALECIMENTO DE FAMILIARES

REF:
a) Estatuto dos Militares da Guarda Nacional Republicana - Decreto-Lei n.º 30/2017, de 22 de março;
b) Código Civil - Decreto-Lei n.º 47344/66, de 25 de novembro, com última redação dada pela Lei n.º
3/2023, de 16 de janeiro;
c) Código do Trabalho - Lei n.º 7/2009 de 12 de fevereiro, com última redação dada pela Lei n.º 1/2022,
de 03 de janeiro;
d) Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas - Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, com última redação
dada pelo Decreto-Lei 84-F/2022, de 16 de dezembro.

1. FINALIDADE

O presente documento tem como objetivo divulgar ao dispositivo da Guarda, instruções relativas
à atribuição de licença por falecimento de familiares, nomeadamente de descendente ou afim no
1.º grau na linha reta.

2. SITUAÇÃO

a. Nos termos do Estatuto dos Militares da Guarda Nacional Republicana (EMGNR), a licença
por falecimento de familiares encontra-se prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 175.º e
densificada no artigo 179.º.
b. Refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 179.º que “A licença por falecimento de familiares é
concedida (…) Até cinco dias seguidos, por falecimento de cônjuge não separado de pessoas
e bens ou de parente ou afim no 1.º grau na linha reta”.
c. Por sua vez, com a introdução da Lei n.º 1/2022, de 03 de janeiro, o Código do Trabalho (CT)
sofreu uma alteração, no que às faltas por motivo de falecimento de cônjuge, parente ou afim
diz respeito.
d. Com efeito, refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 251.º do CT que “O trabalhador pode faltar
justificadamente (…) Até 20 dias consecutivos, por falecimento de descendente ou afim no 1.º
grau na linha reta”.

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e. Recentemente, têm surgido dúvidas, por parte do dispositivo, relativamente ao gozo da


licença por falecimento de descendente em 1.º grau, na linha reta, por interpretação do artigo
179.º do EMGNR, em contraponto com o vertido no artigo 251.º do CT, na sua redação mais
atual.

3. ANÁLISE

a. No âmbito do Código Civil (CC) o parentesco e a adoção são fontes de relação jurídica familiar.
b. Nos termos do artigo 1578.º do CC “Parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em
consequência de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um progenitor
comum”.
c. Os elementos e as linhas de parentesco são definidos da seguinte forma:
1) Elementos de parentesco: cada geração forma um grau, e a série dos graus constitui a
linha de parentesco – artigo 1579.º do CC;
2) Linhas de parentesco: diz-se reta quando um dos parentes descende do outro (p. ex.:
filhos, pais) e colateral quando nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos
procedem de um progenitor comum (p. ex.: irmãos, tios), sendo que a linha reta é
descendente (p. ex.: filhos, netos) ou ascendente (p. ex.: pais, avós) – artigo 1580.º do
CC.
d. Por sua vez, a adoção é “(…) o vínculo que, à semelhança da filiação natural, mas
independentemente dos laços do sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas (…)”
– artigo 1586.º do CC.
e. Assim, constitui descendente ou afim no 1.º grau, na linha reta: filho e adotado.
f. Refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 179.º que “A licença por falecimento de familiares é
concedida (…) Até cinco dias seguidos, por falecimento de cônjuge não separado de pessoas
e bens ou de parente ou afim no 1.º grau na linha reta”.
g. Isto significa que, à luz do EMGNR, apenas são concedidos cinco dias de licença por
falecimento de descendente em 1.º grau, na linha reta.
h. Contudo, a alínea a) do n.º 1 do artigo 251.º do CT refere que “O trabalhador pode faltar
justificadamente (…) Até 20 dias consecutivos, por falecimento de descendente ou afim no 1.º
grau na linha reta”.
i. Tendo sido solicitado esclarecimento superior, foi clarificado que:
1) A redação do artigo 179.º do EMGNR, relativa à licença por falecimento de familiares,
corresponde ao disposto no artigo 251.º do CT na versão vigente aquando do processo
legislativo para aprovação de um novo EMGNR (2017);
2) A versão deste artigo do EMGNR, que acompanha o regime geral em 2017, alterou
substancialmente o regime desta licença previsto no artigo 182.º do EMGNR anterior,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 297/2009, de 14 de outubro;

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3) Nestes termos, seguindo o EMGNR o disposto no CT, com ligeiras adaptações, deve
vigorar o princípio da aplicabilidade da Lei inovatória, aplicável por via da parte inicial do
n.º 1 do artigo 175.º do EMGNR, devidamente conjugado com a alínea b) do n.º 2 e alínea
a) do n.º 4, ambas do artigo 134.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LTFP)
e 251.º do CT.
j. Considerando o supramencionado, cumpre harmonizar os procedimentos ao nível do
dispositivo, aquando do falecimento de descendente ou afim no 1.º grau, na linha reta, de
militares desta Guarda.

4. EXECUÇÃO

a. Aquando do falecimento de descendente ou afim no 1.º grau, na linha reta, filho ou adotado,
o militar da Guarda tem direito ao gozo de 20 dias seguidos, de licença por falecimento de
familiares, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 179.º do EMGNR, conjugado com a
alínea b) do n.º 2 e alínea a) do n.º 4, ambas do artigo 134.º da LTFP e 251.º do CT, aplicável
por via da parte inicial do n.º 1 do artigo 175.º do EMGNR.
b. A elaboração dos passaportes para o gozo da licença por falecimento de descendente ou afim
no 1.º grau, na linha reta, são realizados através da plataforma Portal Social, à semelhança
do antecedente.

5. DISPOSIÇÕES FINAIS

a. As dúvidas suscitadas pelo presente documento devem ser colocadas tempestivamente à


RAG/DARH/DepRH.
b. A presente Nota-Circular entra em vigor na data da sua publicação.

Assinado de forma digital em 17-03-2023 23:23

Comandante do CARI

António Manuel Oliveira Bogas


Major-general

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