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TEXTOS DE LABORATÓRIO

TEORIA DE ERROS

Física I
MANAUS, AM
2016
ÍNDICE

CAPÍTULO I - TEORIA DOS ERROS

Parte 1 - Conceitos básicos


1. Introdução .................................................................................................................. 04
2. Grandezas, dimensões e unidades........................................................................ 04
3. Medidas diretas e indiretas......................................................................................... 05
4. Classificação dos erros ............................................................................................... 05
5. Algarismos significativos .......................................................................................... 06
6. População e amostra .................................................................................................. 07
7. Valor mais representativo duma grandeza........................................................... 07
8. Valor verdadeiro, valor mais provável, erro e desvio.......................................... 08
9. Discrepância e discrepância relativa.................................................................... 09
10. Exatidão e precisão............................................................................................ 09

Parte 2 – Tratamento de Erros Experimentais


11. Freqüência e probabilidade................................................................................ 11
12. Representação de medidas como uma distribuição........................................... 11
13. Função de Gauss................................................................................................ 13
14. Medidas de dispersão......................................................................................... 14
15. Nível de confiança com o desvio padrão........................................................... 16
16. Rejeição de dados.............................................................................................. 16
17. Limite de erro instrumental, desvio avaliado e desvio relativo......................... 17
18. Propagação de erros Independentes................................................................... 18
19. Regras para representação do valor e do desvio de uma medida ............................. 19
Resumo do capítulo I ..................................................................................................... 22
Exercícios do capítulo I............................................................................................

CAPITULOII – ANÁLISE GRÁFICA DE DADOS EXPERIMENTAIS

1. Regras (Guias) para a Representação Gráfica..................................................... 28


2. Interpolação e Extrapolação ....................................................................................... 28
3. Determinação Gráfica dos Parâmetros da Função Linear .......................................... 29
4. Linearização de Curvas........................................................................................ 30
5. Linearização pelo Método da Anamorfose......................................................... 30
6. Linearização pelo Método Logarítmico.............................................................. 30
7. Método dos Mínimos Quadrados....................................................................... 31
Exercícios do capítulo II.......................................................................................... 34
Bibliografia .................................................................................................................... 35
CAPÍTULO I TEORIA DE
ERROS

PARTE 1- CONCEITOS BÁSICOS

Introdução

As determinações experimentais envolvem medidas e como as medidas estão sempre sujeitas a


alguma incerteza, é preciso fazer-se alguma estimativa dessas incertezas antes que os resultados possam
ser interpretados ou usá-los. Assim, quando medimos uma grandeza certo número de vezes, os valores
obtidos provavelmente não serão idênticos devido aos erros experimentais.
Surgem, então, as questões: qual o número que se deve adotar como o valor mais representativo
da grandeza medida? Com que grau de confiança pode-se afirmar que o número adotado representa este
valor?
Assim, para analisar os resultados de uma experiência torna-se necessário, portanto, fixarem-se
critérios para escolher o valor representativo e seu domínio de flutuação, e estabelecer-se o nível de
confiança a tal domínio. Tais questões são objetos de estudos da teoria dos erros.
Tendo-se, pois, uma série de medidas de uma grandeza, com a teoria de erros, procurou responder
às questões:

1. Qual o valor mais representativo da grandeza?


2. Que medida de dispersão usar para definir um intervalo de variação para a medida?
3. Como se associar uma chance de reprodutibilidade (nível de confiança) a um dado intervalo?
4. Como propagar os erros associados às grandezas medidas a outras grandezas calculadas a partir
delas, através de expressões matemáticas?

Grandezas, dimensão e unidades

Uma grandeza física é uma propriedade de um corpo, ou particularidade de um fenômeno,


susceptível de ser medida, ou seja, à qual se pode atribuir um valor numérico. As grandezas podem ser
vetoriais ou escalares, conforme será mostrado na parte teórica do curso.
Cada grandeza está associada a uma única dimensão, e esta dimensão pode ser expressa em
diferentes unidades.
As grandezas estudadas neste curso (geométricas, cinemáticas e dinâmicas), são expressas em
função de três grandezas fundamentais: comprimento , massa e tempo . Convencionalmente, na
escrita das equações dimensionais, as grandezas são postas entre colchetes.
Por exemplo, a equação dimensional da aceleração g devida à gravidade é escrita como
.
Se uma dimensão — dimensão é o expoente de uma grandeza fundamental — é zero ela não precisa ser
escrita. Por exemplo, a constante elástica k duma mola pode ser obtida pela relação entre uma força e um
comprimento. Assim, sua equação dimensional é escrita como:
.
 Ao por os valores das grandezas numa equação, atente para que todos eles estejam num mesmo
sistema de unidades.
 Valor recomendado para g em Manaus, medido no Ano Geofísico Internacional:

Quado 1 - Dimensões e unidades nos sistemas CGS e SI (MKS) das principais grandezas de Mecânica

Sistema CGS Sistema MKS


Grandeza Dimensão L M T
Unidade Nome Unidade Nome

Comprimento cm centímetro m metro

Massa G grama kg quilograma

Tempo s segundo s segundo

Área 2 — 2 —
cm m

Volume 3 — 3 —
cm m

Velocidade cm/s — m/s —

Aceleração 2 — 2 —
cm/s m/s

Força -2 dina (dyn) -2 Newton (N)


g cm s kg m s

Energia 2 -2 erg 2 -2 Joule (J)


g cm s kg m s

Potência 2 -3 erg/s 2 -3 Watt (W)


g cm s kg m s

Pressão -1 -2 2 -1 -2 Pascal (P)


g cm s dyn/cm kg m s

Torque 2 -2 dyn· cm 2 -2 N· m
g cm s kg m s

Medidas diretas e indiretas


As grandezas podem ser medidas direta ou indiretamente, havendo, em cada caso, um modo
diferente de tratar seus valores e os erros a eles associados.
Medidas diretas são as obtidas por simples comparação utilizando-se instrumentos de medida já
calibrados para tal fim. Neste tipo de medida devemos distinguir dois casos: (i) a medida é feita através de
uma única determinação onde o valor numérico ou é lido numa escala (régua, paquímetro, cronômetro,
balança, etc.) ou é fornecido diretamente como no caso de massas aferidas.
(ii) a medida é obtida através de várias determinações onde o valor numérico é dado pelo Valor Mais
provável (definido posteriormente na seção 5).
Medidas indiretas são todas aquelas relacionadas com as medidas diretas por meio de definições,
leis e suas consequências. Neste tipo de medidas o valor numérico assim como a dimensão e a unidade
correspondentes, são encontradas através de expressões matemáticas que as ligam ás medidas diretas
envolvidas. Exemplo é a determinação do volume de um cilindro a partir das medidas de suas dimensões.
Classificação de erros
As medidas experimentais são ordinariamente acompanhadas de alguma incerteza e esta incerteza
limita o objetivo de se conhecer o valor verdadeiro da grandeza. Têm-se, assim, os erros, os quais podem
ser classificados nos seguintes tipos:
Erros grosseiros são aqueles cometidos devido à falta de atenção ou de prática do operador. Deste
tipo são os erros cometidos em operações matemáticas, enganos na leitura ou escrita de dados, ou engano
na leitura duma escala. A possibilidade de ocorrência desses erros pode ser bastante reduzida pela atenção
do operador e pela repetição das medidas e dos cálculos.
Erros sistemáticos são aqueles decorrentes de causas constantes e se caracterizam por
ocorrerem sempre com os mesmos valores e sinal. São deste tipo os erros devidos a aparelhos
descalibrados, a métodos falhos, ao uso de equações incompletas, a condições ambientais inadequadas
aos instrumentos de medida e a hábitos errados do operador. O modo de eliminarem-se esses erros, ou
reduzi-los a um mínimo, é trabalhar com instrumentos calibrados os instrumentos devem estar "zerados" e,
quando for o caso, com a calibração corrigida para as condições ambientais — com métodos corretos e
equações adequadas. No caso de se ter medidas afetadas por um erro sistemático e se conheça seu valor
e sinal, é possível eliminá-lo, já que ele entra com valor e sinal iguais em todas as medidas.
Erros aleatórios são aqueles devidos a causas fortuitas. Também chamados de erros aleatórios ou
estatísticos, eles resultam do somatório de pequenos erros independentes e incontroláveis afetando o
observador, o instrumento de medida, o objeto a ser medido e as condições ambientais. São causas desses
erros, por exemplo, a variação do "milímetro" ao longo de uma reta milimetrada; a flutuação dos
instrumentos de medida ligados na rede elétrica; a estimativa que o observador faz na leitura de dados, as
pequenas variações da grandeza medida quando comparadas à sensibilidade do arranjo experimental (no
caso de a variação da grandeza ser bem maior que a sensibilidade do arranjo experimental, a diferença
entre as medidas deve ser atribuída à própria variação da grandeza). Sendo esses erros originados por um
grande número de causas, todas elas provocando variações, para mais e para menos, de intensidade
dentro da sensibilidade do arranjo experimental, eles obedecem a leis matemáticas bem definidas e podem
ser tratados pela teoria estatística.
Algarismos significativos
Definição: Numa medida, são ditos significativos todos os algarismos contados a partir do primeiro
não nulo (diferente de zero), ou seja, o zero a esquerda não conta como significativo. Pelo menos um
algarismo duvidoso é incluído no resultado de uma medida, mesmo que ele seja zero.
Exemplos: o número 35 tem dois algarismos significativos; o número 3,50 tem três; o número 0,047
tem dois; o número tem dois (somente os algarismos em frente à potência de 10 são
significativos).
Ao medir o comprimento do objeto da figura abaixo, usando uma régua milimetrada, é possível,
neste caso, apresentar esta medida com no máximo três algarismos, ou seja, 29,4mm ou 2,94 cm. Neste
resultado, os dois primeiros algarismos (2 e 9) temos certeza, enquanto que o algarismo 4 já é duvidoso,
sendo estimando visualmente. Associar a esta medida um quarto algarismo, é errado, uma vez que este é
desconhecido para a régua milimetrada.

0 1 2 3 4 5 6

Fig. 1 - Toda medida contém geralmente uma margem de erro e, por isso, o resultado da medida deve ser escrito com
um número de algarismos significativos tal que procure representar a precisão obtida para a medida. O último
algarismo registrado é o duvidoso, porque ele é o algarismo sujeito as incertezas.
Regras de aproximação de algarismos significativos: Às vezes é necessário fazer uma aproximação de
um resultado de acordo com o número de significativos das medidas que lhes deram origem. Deste modo
os dígitos excedentes são arredondados, usando-se os seguintes critérios:
1- Se o primeiro dígito desprezado for um número variando entre 0 e 4, o anterior não será alterado;
2- Se for de 5 a 9, o anterior é acrescido de uma unidade.
Regras de operações com algarismos significativos: Nas operações com algarismos significativos deve-
se preservar a precisão do resultado final. Valem, então, as seguintes regras:
1- Na multiplicação e divisão o resultado final deve ser escrito com um número de significativos igual ao do
fator com menor número de significativos.

Exemplos:
2- Em operações envolvendo inverso de números e multiplicação por fatores constantes, o número de
significativos deve ser preservado no resultado.
Exemplos: .

3- Na soma e subtração o resultado final terá um número de decimais igual ao da parcela com menos
decimais.
Exemplos:
População e Amostra
Os Conceitos de população e amostra são fundamentais para entender vários conceitos da
teoria de erros que serão utilizados no decorrer deste curso. Fórmulas matemáticas iguais possuem
diferentes enfoques com relação a estes conceitos.
População: As medidas e contagens em estatística, para terem sentido, devem ser limitadas a
certo grupo ou conjunto de objetos ou elementos chamados amostragem de população. As populações
podem ser classificadas em finitas e infinitas, conforme seja finito ou infinito o número de objetos ou
elementos que as compõem. Exemplo de uma população finita é o número de eleitores na Bahia (este
número é limitado). Exemplo de uma população infinita é a medida da massa de um objeto (pode-se
fazer um número ilimitado de medidas).
Amostra: É uma parte de uma população estatística que foi tomada ao acaso e usada como
base para fazer-se estimativas e tirar-se conclusões sobre a população. Assim, quando desejamos
medir a massa de um objeto, na impossibilidade de medirmos todos os valores possíveis, o que
fazemos é medir alguns valores e, a partir deles, inferir o valor da massa.
Valor mais representativo de uma grandeza
Consideremos agora a seguinte questão: se são feitas n medidas de uma grandeza,
todas igualmente confiáveis, isto é, observadas nas mesmas condições, mas nem todas
com o mesmo valor devido aos erros acidentais, qual o valor que melhor representa a grandeza?
Podemos resolver esta questão utilizando o método dos mínimos quadrados, proposto por Legendre,
em 1806, como segue. Seja o resíduo da medida , definido como:
, , Equação 1
onde X é um valor qualquer. O método dos mínimos quadrados diz que o valor X mais representativo
das medidas é um valor tal que reduz a soma dos quadrados dos resíduos a um mínimo. Esta
soma é dada por,
Equação 2
onde, por conveniência, fizemos o somatório dos quadrados dos resíduos igual a .
A representação gráfica de versus é uma parábola com a abertura voltada para cima.
As coordenadas e de seu vértice dão, respectivamente, o valor mínimo de e, de acordo com
o método dos mínimos quadrados, o valor mais representativo das medidas .
Desenvolvendo o quadrado de , vem:
Equação 3
O valor que faz um mínimo é obtido pela condição . Então:
Equação 4

O resultado é:

Equação 5

é, assim, a média aritmética dos n valores medidos .

O valor verdadeiro, (letra grega, lê-se mi), dos N elementos de uma população é definido como o
valor mais representativo da população, o qual, de acordo com a Eq. (05), é a média aritmética
desses N elementos, ou seja,

Equação 6

As populações mais comuns na Física (medidas de comprimento, massa, tempo) são infinitas
e, nestes casos, é definido como a média aritmética de uma série infinita de medidas.
O valor verdadeiro assim definido não é uma variável aleatória, mas uma constante, cujo valor
se busca estimar. Ele é um parâmetro estatístico importante na teoria da medida, ainda que sua
determinação exata seja, em geral, hipotética.
O valor mais provável (v.m.p.), , de uma amostra com n elementos, de acordo com a Eq. (05), é
a média aritmética dos n valores, ou seja,

Equação 7

Como veremos adiante, na distribuição de Gauss, o v.m.p. é uma estimativa do valor


verdadeiro e é a melhor estimativa que se pode obter dele sem se fazer medida adicional. A média
aritmética (ou vmp) deverá ser escrita com um significativo a mais que as medidas (isto se justifica já
que a média é mais exata que as medidas individuais e para, nas operações matemáticas, reduzirmos
os erros sistemáticos, dando, assim, maior segurança ao resultado).
O erro, , de uma medida é a diferença entre este valor e o valor verdadeiro da grandeza,
ou seja:
Equação 8
Exceto em alguns casos triviais, o valor verdadeiro é desconhecido e, portanto, o módulo do erro
é hipotético. Contudo, este é um conceito útil na teoria de erros.
O desvio, , de uma medida é a diferença entre este valor e o valor mais provável, ou seja:
Equação 9
O desvio assim definido tem duas propriedades importantes. A primeira se refere à soma dos
quadrados dos desvios é um mínimo. O valor desta soma será usado adiante no cálculo de algumas
grandezas e uma expressão conveniente para calculá-la, pode ser obtida quadrando-se a Eq. (09) e
tomando-se a soma de seus termos. Então,

Equação 10

Pela Eq. (05), tem-se que . Então,


Equação 11

A segunda propriedade, por sua vez, é a soma algébrica dos desvios é zero e isto decorre da
própria definição do valor médio. De fato, tomando-se o somatório dos desvios na Eq. (09) e
considerando a Eq. (05), vem:
Equação 12
Discrepância e Discrepância relativa
A discrepância é a diferença entre dois valores medidos de uma grandeza, tal como a
diferença entre os valores obtidos por dois estudantes ou a diferença entre o valor encontrado por um
estudante e um recomendado ou tabelado. É incorreto usar-se os termos erro ou desvio para
representar tais diferenças.
A discrepância relativa, , (letra grega, lê-se delta) entre duas medidas e de uma
grandeza é definida pela relação (em %):

Equação 13a

Quando uma das quantidades é considerada uma referência (valor tabelado, valor médio,...),
utilizamos a expressão seguinte:

Exatidão e precisão
Exatidão é uma medida de quão próximo o valor experimental está do valor verdadeiro. A exatidão
tem a ver com os erros sistemáticos e uma medida é dita ser tão mais exata quanto menor forem estes
erros. A exatidão de uma medida pode ser avaliada pela discrepância relativa (Eq. 13), onde é o valor
verdadeiro da grandeza (alguns poucos casos em que ele é conhecido) ou um valor recomendado. A
exatidão é tanto maior quanto menor for à discrepância relativa.
Precisão é uma medida de quão concentradas estão às medidas experimentais em torno do valor
mais provável. A precisão tem a ver com os erros aleatórios e uma medida é dita ser tão mais precisa
quanto menor forem estes erros.

Figura 2b
Figura 2a

Uma distinção entre exatidão e precisão está ilustrada na Fig. 2, onde são mostrados alvos com
marcas de balas de dois rifles fixados rigidamente e mirando o centro de cada alvo. Em ambos os casos, o
centro de fogo (valor mais provável) está sistematicamente deslocado do centro do alvo (valor verdadeiro),
menos em (b) do que em (a). Diz-se, então, que a exatidão em (b) é maior do que em (a). Já a dispersão
dos tiros (valores individuais distribuídos aleatoriamente) é menor em (a) do que em (b). Diz-se, então, que
a precisão é maior em (a) do que em (b).
PARTE 2- TRATAMENTO DE ERROS EXPERIMENTAIS

Frequência e probabilidade
Inicialmente, definamos frequência e probabilidade, dois conceitos importantes na teoria estatística.
A frequência, na estatística, está dividida em:
 A Frequência absoluta de um acontecimento é o número de vezes que o mesmo ocorreu.
Assim, se um dado é lançado 30 vezes e ocorre 8 duques, a frequência absoluta do "duque" é 8.
 Frequência relativa, ou simplesmente frequência, é a relação entre o número de vezes que
o acontecimento ocorreu e o número de vezes que ele poderia ter ocorrido, podendo ser
expressa em %. Assim, no exemplo acima, a frequência do "duque" é 8/30, ou 26,7 %.
A probabilidade é definida, pelo quociente entre o número de casos favoráveis e o número de
resultados possíveis de um determinado evento. Assim, considerando as probabilidades P de sucesso e Q
de falha são dadas, respectivamente, por
e
onde: p é o número que um dado evento pode ocorrer e q o número de modos do evento falhar.
O valor da probabilidade nunca pode exceder à unidade, ou seja, a soma das probabilidades de
todos os eventos possíveis deve ser igual à unidade sendo interpretada como “certeza”. Neste caso,
.
Exemplo: a probabilidade de ocorrer um duque num único lançamento de um dado com 6 faces é 1/ 6 e a
de não ocorrer o duque é 5/6. A soma destas probabilidades é igual à unidade. Embora a probabilidade de
ocorrer um duque seja 1/6, isso não implica que em 30 lançamentos ocorram 5 duques (30 x 1/6). Na
verdade, pode ocorrer qualquer número entre 0 e 30, porque quando o número de lançamentos é pequeno
não há uma relação clara entre frequência e probabilidade. No entanto, quando o número de lançamentos
cresce indefinidamente, o número de "duques" tenderá a aproximar-se do previsto pela probabilidade. Daí a
lei de Jacques Bernouilli: quando o número de experiências tende a infinito, a frequência tende à
probabilidade. Esta lei, chamada de "Lei dos Grandes Números", vale para acontecimentos aleatórios em
que uma dada ocorrência independe inteiramente da anterior.
A frequência está relacionada ao conceito de “amostra” enquanto que a probabilidade está associada ao
conceito de ”população”.
Representação gráfica de medidas como uma distribuição
A representação gráfica de medidas também se relaciona com o conceito de amostra (frequências) e
população (probabilidade) sendo que, o gráfico de distribuição de frequências é o histograma e o de
probabilidade é dado, neste caso, pela distribuição de Gauss.
Histograma
Os histogramas são os gráficos mais adequados para a descrição de dados oriundos de variáveis
quantitativas. Eles mostram as frequências de observações para cada valor ou conjunto de valores da
variável que se deseja descrever. Neste gráfico, no eixo das abscissas (X), são marcados intervalos de
medidas e no eixo das ordenadas (Y) a frequência absoluta (podendo ser expresso também com
frequências relativas) com que as medidas ocorrem em cada intervalo. A sua distribuição depende
diretamente da largura dos intervalos, sendo conveniente escolhê-los de maneira que, os intervalos
próximos do valor mais provável tenham uma frequência absoluta maior que 10.
A sua construção segue os seguintes passos (*Opcional):
1-Ordenar os valores em ordem crescente e determinar a Amplitude Total: R
R = Maior medida – Menor medida Equação 14
2- Como os dados são agrupados em intervalos, faz–se necessário escolher o número de intervalos K. Há
vários critérios para determinar o número de dentre os quais:

2.1-Fórmula de Sturges:
2.2-Raiz quadra do número de medidas, ou seja:
2.3- Regra empírica, dada pela tabela abaixo:
Quadro 1
Número de medidas (n) Número de Intervalos (K)
Menor que 25 5 ou 6
Entre 25 e 50 De 7 a 14
Maior do que 50 De 15 a 20

Onde n é o número de medidas que se deseja representar.


3- Achar o tamanho dos intervalos (iguais):
Equação 15
Com base nos valores dos parâmetros obtidos, pode-se construir um histograma,

Figura 3
À proporção que o número de medidas aumenta, o tamanho do intervalo tenderá a diminuir. Sendo
que, quando o número de medidas tende a infinito o tamanho do intervalo tenderá a ser zero o gráfico de
frequências (histograma) tenderá, para o nosso tipo de amostras, a uma curva continua de probabilidade
Gaussiana descrita pela função de Gauss (Figura 3).
Se fizermos outra série medidas, é muito provável que o histograma construído com elas não
coincida com o anterior. Em outras palavras, as frequências de medidas por intervalo nesta segunda série
poderão diferir daquelas da primeira, significando que a distribuição das frequências da série está sujeita ao
que se denomina de flutuação estatística. Se repetirmos o processo com 5.000 medidas, verificaremos que
as flutuações serão bem menores. Então, podemos concluir que quando o número de medidas crescer
indefinidamente e os intervalos forem permanentemente reduzidos, o histograma tenderá a uma curva
contínua. Essa curva é denominada curva de distribuição normal ou curva de Gauss e se essa curva possuir
uma representação analítica, esta função é denominada função densidade de probabilidade normal ou
função de Gauss.

Figura 4
A Função de Gauss
Na seção anterior, vimos que quando o número de observações é suficientemente grande, pode-se
tomar a frequência de ocorrência das medidas pela probabilidade delas ocorrerem.
Se para um grande número de medidas construirmos um gráfico no qual as abscissas sejam os
desvios x — as diferenças entre os valores medidos e o valor médio das medidas — e as ordenadas sejam
as frequências com que esses desvios ocorrem, obtemos uma curva do tipo mostrado na Fig. 2. Ela é
denominada curva normal ou curva de Gauss. Sua expressão analítica, chamada de função densidade de
probabilidade normal, ou, simplesmente, função de Gauss é
Equação 16

O gráfico de contra x, onde dá a diferença entre o valor do dado e o valor verdadeiro, é


mostrado na Fig. 5. Vemos que a curva é simétrica em relação a um valor central máximo e tende
assintoticamente a zero.

Figura 5
O valor da ordenada na origem é dado por . Vê-se, então, que quanto maior for o número de

medidas iguais ao valor verdadeiro, maior será h. Na Fig. 5, são dadas três curvas de Gauss com diferentes
índices de precisão. As três curvas têm a mesma área, mas diferentes valores de h. A forma mais estreita da
curva indica que o conjunto medidas da população está mais próximo do valor verdadeiro da grandeza
medida, ou seja, os valores estão menos dispersos. Uma menor dispersão indica uma alta precisão e um valor
maior de h. Inversamente, um h pequeno indica medidas de baixa precisão e a curva é achatada. Por isso,
Gauss denominou h de índice de precisão.

Medidas de dispersão

Tendo-se chegado à expressão do v.m.p. de uma série de medidas, a segunda questão proposta na
Seção 1 é encontrar o erro que se está cometendo, ou seja, a dispersão a que está sujeita o v.m.p. É
necessário, pois, definir-se grandezas que possam ser avaliadas numericamente e que representem as
propriedades de interesse visualizadas no gráfico. Em particular, desejamos uma grandeza que tenha
relação com a largura da curva de Gauss, já que ela é uma indicação da precisão das medidas. A seguir,
veremos algumas dessas grandezas.
Desvio quadrático médio: De acordo com a Eq. (02), é a soma dos quadrados dos desvios em
relação à média, ou seja,

Equação 17
Define-se como desvio quadrático médio, dqm, o valor médio de , ou seja
Equação 18
Como já vimos, representa o valor mínimo para a soma dos quadrados dos desvios. Já a raiz do
dqm dá uma indicação de como uma particular série de n valores desvia de seu v.m.p.
Raiz do desvio quadrático médio. Vimos que o desvio quadrático médio, dqm, representa o valor
mínimo para a média aritmética dos quadrados dos desvios. Podemos, então, utilizar a raiz do desvio
quadrático médio, s’, como um desvio para a grandeza. A expressão para s’, é:

Equação 19

Uma expressão alternativa é obtida substituindo-se na Eq. (19), o somatório pela expressão
2
obtida na Eq. (11). Fazendo-se a substituição, vem:

Equação
20Infelizmente, apesar de ter uma grande importância teórica, ele não tem uma maior significância como
desvio, porque ele indica apenas como uma particular série de n valores desviam de seu v.m.p.. Não se
sabe, porém, se ele sistematicamente depende ou não do número de medidas na série. Ademais, uma nova
de série n medidas geralmente não produz nem um v.m.p. idêntico ao primeiro, nem uma mesma série de
desvios, devido às flutuações estatísticas.
Raiz do erro quadrático médio. Uma grandeza mais significativa para a medida da dispersão, devido a sua
conexão direta com a função de Gauss, é a raiz do erro quadrático médio, (letra grega lê-se sigma). A
relação de com os parâmetros da função de Gauss é

Equação 21

ou seja, é inversamente proporcional ao índice de precisão h. Ele é, então, uma indicação da precisão da
medida. Ou seja, quanto maior O erro quadrático médio, eqm, é definido como a média aritmética dos
quadrados dos erros de todos os N elementos da população. Ele representa, portanto, o dqm de uma medida
individual em torno da média da população, ou seja, do valor verdadeiro. O quadrado é também
denominado variância.

Equação 22

Desvio padrão. Vimos que, apesar da valia de como medida de dispersão do v.m.p., sua
determinação é hipotética pela impossibilidade de fazermos todas as medidas da população. O melhor que
podemos fazer é tomar uma série finita de medidas e, usando-a como uma amostra da população, calcular
a melhor estimativa para . Pode-se mostrar que, para uma série de n medidas a melhor estimativa de éo
desvio padrão s, dado pela expressão:

Equação 23

Analogamente à Eq. (20) obtêm-se,

Equação 24

Entre s’ e s, a diferença numérica é geralmente pequena, mas a distinção é importante


conceitualmente. O fato de s for maior do que s’ é esperado, pois se viu que este é obtido com a soma dos
quadrados dos desvios em torno da média da amostra, a qual mostrou terá um valor mínimo. Desde que a
média da população geralmente não coincide com a da amostra, a soma dos quadrados dos desvios de uma
amostra finita em torno da média da população não é um mínimo. Também, é interessante notar que o
aparecimento do fator n – 1 deve-se ao fato de haver apenas n – 1 desvios funcionalmente independentes, já
que existe a relação de condição segundo a qual a soma dos quadrados dos desvios é um mínimo. Ademais,
quando n = 1 o conceito de desvio perde o significado.
Desvio padrão da média. Até este ponto, temos buscado estimar o desvio padrão para uma única
medida. Para isto, desenvolvemos um procedimento para, a partir de uma amostra de n observações,
estimar o desvio que teríamos se fizéssemos uma única observação. Mas nosso principal interesse é
estimar o desvio do v.m.p. em relação ao valor verdadeiro , pois sabemos que, para uma amostra de n
medidas, é a melhor estimativa de .
Poderíamos, naturalmente, fazer várias séries de n medidas, calcular suas respectivas médias e
aplicar a essas médias os procedimentos desenvolvidos até aqui para as medidas , já que as médias
são também variáveis aleatórias. Poderíamos, também, calcular a média dessas médias, que será ainda
mais exata e inquirir sobre seu desvio. Felizmente, pela aplicação da teoria dos erros, podemos estabelecer
um procedimento para calcular o desvio da média de n medidas em relação ao valor verdadeiro, sem ter
que repetir várias séries de medidas. Como mostraremos a posterior, esse desvio, denominado desvio
padrão da média, ou erro padrão e representado por (letra grega, lê- se épsilon), é dado pela expressão:

Equação 25

Então, o desvio padrão da média é igual ao desvio padrão de uma medida individual dividido pela
raiz do número de medidas independentes. Em outras palavras, a precisão melhora na proporção da raiz do
número de medidas. Este é um princípio fundamental da estatística.
Nível de confiança com o desvio padrão
Definida a medida de dispersão (consideramos o desvio padrão), a terceira questão posta na Seção
1 é como se associar uma chance de reprodutibilidade a um intervalo de variação definido para a medida,
mantidas as condições de medição. Em outras palavras, definir um intervalo , onde é uma
constante a ser definida pela lei de distribuição de tal modo que uma nova medida X tenha uma dada
chance de jazer neste intervalo.

Usando a Eq. (16), substituindo X pelo erro “ ” (Eq. 08) o valor de dado pela eq. (21), a

expressão resultante permite calcular a probabilidade de uma medida jazer num dado intervalo. Assim, a
probabilidade P(X1, X2) de uma medida jazer no intervalo [X1, X2] é:

Equação 26

Para o intervalo , a integral da Eq. (26) vale 0,6826. Isso significa que se deve esperar
que 68,26 % das medidas jazam neste intervalo. Temos, assim, para um significado qualitativo (indicação
da precisão da medida), um geométrico ( são os pontos de inflexão da curva de Gauss) e um quantitativo
(68,26 % das medidas jazem no intervalo .
Para os intervalos e as probabilidades são, respectivamente, 0,9545 e 0,9973. Isto
significa que se deve esperar que 95,45 % das medidas jazam no intervalo e 99,73 %, praticamente
todas as medidas, jazam no intervalo . A probabilidade definida pela Eq. (21), expressa em %,
denomina-se nível de confiança, n.c. Assim, diz-se que o n.c. para o intervalo é 68,26 %.

O problema é que não se conhece nem nem . O que se conhece são suas aproximações e s.
A função densidade de probabilidade é gaussiana para , mas não é para s. Então, não se deve esperar
que probabilidades para intervalos definidos por s sejam as mesmas para os intervalos definidos por .
Quando o número de medidas é suficientemente grande (digamos, maior que 20) podemos tomar
por s sem muito erro e, neste caso, os níveis de confiança são obtidos através da Eq. (25). A Tabela 2 dá os
níveis de confiança para os intervalos para n > 20, ou seja, dá os valores de pelo qual se deve
multiplicar s para se tiver um intervalo com um dado n.c.
Quando n < 20, as probabilidades não podem ser obtidas através da Eq. (25), já que não é mais
possível substituir por s. Os valores para , neste caso, são obtidos através de outra distribuição devida a
Student. A Tabela 3 apresenta esses valores de em função do número de medidas n e para os níveis de
confiança de 60 %, 90 % e 95 %. Por exemplo, para n = 5, o intervalo com um n.c. de 95 % é dado por
. Rejeição de dados
Algumas vezes numa série de medidas ocorrerem valores que diferem bastante do conjunto. A
questão que se coloca é se esses valores aparentemente anômalos devem ser rejeitados.
Em casos onde se sabe ter havido perturbações físicas durante a medição (queda de tensão,
choque na mesa, etc.), as medidas devem ser rejeitadas, ainda que elas pareçam concordar com as outras.
Em outras situações, onde não se tem conhecimento de perturbações, a rejeição duma medida é uma
questão polêmica. Contudo, um critério comumente usado é rejeitarem-se as medidas cujos desvios em
relação ao v.m.p. sejam maiores ou menores que três vezes o desvio padrão. A justificativa para esse
critério pode ser deduzida das Tabelas 2 e 3, onde se constata que, para cinco ou mais medidas, todas elas
praticamente jazem no intervalo , sendo praticamente zero a probabilidade de uma medida jazer
fora deste intervalo.
Uma vez eliminada a medida anômala, novo v.m.p. e novo desvio padrão devem ser calculados
com as medidas restantes.
Tabela 2 Tabela 3
Valores de para n > 20 Valores de para n 20
Nível de confiança
n Nível de confiança, n.c. (%).
n.c. ( % ) 
60% 90% 95%
50,00 0,670 2 1,376 6,314 12,706
60,00 0,842 3 1,061 2,920 4,306
68,26 1,000 4 0,978 2,353 3,182
90,00 1,645 5 0,941 2,132 2,776
95,00 1,960 6 0,920 2,015 2,571
95,45 2,000 7 0,906 1,943 2,447
99,73 3,000 8 0,896 1,895 2,365
9 0,889 1,860 2,306
10 0,883 1,833 2,262
15 0,868 1,761 2,145
20 0,861 1,729 2,093

Limite de erro instrumental (l.e.i), desvio avaliado e desvio relativo


O limite do erro instrumental (l.e.i.) dum instrumento de medição com escala de leitura contínua (réguas,
micrômetro, medidores com ponteiro) é definido como a menor fração da menor divisão da escala que pode
ser estimada visualmente. Um olho humano normal é capaz de distinguir dois pontos distantes de 0,1 mm
numa distância de 25 cm (distância normal de leitura). Então, para instrumentos com a largura das divisões
menores da escala da ordem de 1 mm pode-se tomar com segurança o l.e.i. como 0,2 unidades dessas
divisões. Por exemplo, pode-se tomar o l.e.i. de uma régua milimetrada de boa qualidade como 0,2 mm.
Todavia, a depender da qualidade da escala e da regularidade das divisões, este valor pode chegar a 0,5
mm (réguas de plástico) e mesmo a 1 mm (trenas e escalas de pedreiro); para um micrômetro, cuja
menor divisão da escala é 0,01 mm, o l.e.i. é 0,002 mm; para um amperímetro com menor divisão da
escala de 0,1 mA, o l.e.i. pode ser 0,02 mA a 0,05 mA a depender da qualidade da escala, se esta é
espelhada, se a leitura é feita com lupa, etc. (para essa estimativa admite-se que o amperímetro tenha
capacidade suficiente para responder a variações da ordem de 0,02 mA ou 0,05 mA, o que não decorre da
menor divisão da escala, mas da capacidade de resposta do instrumento, a qual é fornecida pelo fabricante.
Se a sensibilidade do amperímetro for , por exemplo, 0,1 mA , o correto é tomar-se o l.e.i. como 0,1mA).
Para larguras maiores, o operador deve estabelecer um l.e.i. com apenas um algarismo significativo tal que
lhe dê segurança que o valor da medida jaz no intervalo por este definido.
Nos instrumentos com escala de leitura descontínua (escala com vernier, cronômetros mecânicos),
o l.e.i. é estabelecido pelo fabricante e normalmente corresponde à menor medida (que geralmente
corresponde à menor divisão do instrumento) possível de ser feita no instrumento. Assim, em instrumentos
dotados de vernier, como o paquímetro, o l.e.i. é a própria natureza (menor divisão) do instrumento. Para
um cronômetro mecânico que marca em intervalos de 0,1 s toma-se o l.e.i. igual a este valor. Em medidores
digitais o l.e.i. é, geralmente, é uma unidade do último dígito mostrado no visor.
Desvio avaliado: Quando se vai realizar uma medida, a primeira providência do operador é definir o
desvio avaliado (sa) associado à medida a ser feita, para assim conhecer a posição do algarismo duvidoso.

Por exemplo, se o desvio avaliado para medidas feitas com uma régua milimetrada for de 0,5 mm os
valores deverão conter a casa dos décimos de milímetro, sendo, então, dos tipos 30,5 mm, 46,58 cm, 4,00
cm; se para medidas com uma balança o desvio avaliado é 0,1 g, os valores serão do tipo 4,5 g, 23,8 g,
200,0 g.
A definição do desvio avaliado deve levar em conta o l.e.i. do instrumento de medida utilizado, o
objeto a ser medido, o processo de medida e, em alguns casos, as condições ambientais. Seu valor é nunca
menor do que o do l.e.i. do instrumento de medida, podendo ser igual a este se as condições de medida
forem favoráveis. Por exemplo, se a medida a ser feita é a da largura de um objeto que tem arestas bem
definidas e a régua pode encostar-se ao objeto, pode-se tomar o desvio avaliado igual ao l.e.i. da régua.
Entretanto, se o objeto possuir contornos abaulados, o correto é tomar-se o desvio avaliado maior que o
l.e.i. Igualmente, se a corrente elétrica que está sendo medida oscila, deve-se avaliar a amplitude de
oscilação para definir o desvio avaliado, o qual será maior que o l.e.i.
O desvio avaliado deve ser usado como desvio da medida nos casos de se fazer poucas medidas
(até três), quando as medidas repetidas têm o mesmo valor, ou quando o desvio padrão calculado para uma
série de medidas for menor que ele.
O desvio relativo S, da medida de uma grandeza é definido como a relação entre a dispersão s
utilizada para a medida (desvio avaliado, desvio padrão, etc., vistos anteriormente) e o valor X no caso de
apenas uma determinação (ou o v.m.p no caso de uma série de medidas), expresso em %. Sua expressão
é
Equação 27

A precisão de uma medida pode ser avaliada pelo desvio relativo, podendo ser também utilizado
para comparar a precisão entre medidas diferentes. Este desvio tem significado somente quando as
medidas são referidas a um referencial zero que tenha significado físico. Quando o referencial é arbitrário, o
desvio relativo perde o sentido quando os desvios individuais forem apreciáveis em comparação ao valor da
medida.
Propagação de erros independents
Até aqui tratamos com medidas diretas. Trataremos, agora, os erros relativos às medidas indiretas,
ou seja, aquelas calculadas através de expressões matemáticas envolvendo grandezas medidas
diretamente.
Suponhamos que uma grandeza R é calculada a partir das grandezas medidas X e Y, através duma
expressão matemática R = R (X,Y). Pela lógica, R terá um erro que irá depender dos erros das grandezas
medidas X e Y. (Esses erros devem ser compatíveis, ou seja, se, por exemplo, um representa um desvio
padrão, os outros devem ser também desvios-padrão.) A relação entre o erro de R e os de X e Y é
determinado pelo cálculo diferencial. Há duas situações limites. Numa delas — a mais comum — o erro de
X não tem qualquer relação com o de Y e, neste caso, eles são ditos ser independentes. Por exemplo:
suponhamos que a velocidade de um objeto seja determinada medindo o tempo de percurso e a distância
percorrida por ele. Não há razão para supor que se o tempo for muito grande a distância será também muito
grande. Sendo assim, estas variáveis são consideradas independentes uma da outra.
Trataremos, agora, dos erros relacionados às medidas indiretas, ou seja, aquelas calculadas
através de expressões matemáticas envolvendo grandezas medidas diretamente. Suponhamos que uma
grandeza R é calculada a partir das grandezas medidas X e Y através duma expressão matemática R = R
(X,Y ). Nos experimentos realizados aqui no laboratório, as grandezas medidas são independentes, ou seja,
o erro de uma grandeza medida diretamente não varia com a outra.
Valor mais provável de uma medida indireta: Considerando uma função R = R (X,Y) o valor
médio da função é obtido substituindo o valor mais provável das grandezas medidas diretamente na relação
matemática que expressa a grandeza indireta ou seja:

onde e são os valores médios das grandezas medidas diretamente.


Fórmula para propagação de erros independentes: Quando os erros são independentes, os coeficientes
de correlação entre as grandezas X e Y são nulos, assim, para duas grandezas X e Y temos:

Equação 28

onde as derivadas são tomadas nos pontos e . Vamos agora obter expressões especiais para
algumas funções que aparecem com mais frequência em trabalhos de laboratório.
Produto de fatores elevados a diferentes potências.
Seja , onde p e q são valores reais conhecidos e A é uma constante ou número. As
derivadas parciais de R nos pontos e , são

as quais, substituídas na Eq. (27) resulta em

Equação 29
Uma expressão mais conveniente para o cálculo de sR , neste caso, é obtida dividindo-se a Eq.

(28) pelo v.m.p. de R , ou seja, por . O resultado é

Equação 30

Vê-se que quanto maior for o valor absoluto do expoente da grandeza mais potencialmente ela
contribuirá para o desvio de R.
Nos casos particulares de produto ou quociente simples (R =A X Y, ou R =A X Y), onde
p= 1eq= 1, a Eq. (29) reduz-se a:
Equação 31
Soma ou diferença.
Seja , onde b e c são constantes reais. As derivadas parciais de R são

e
Portanto, pela Eq. (27), tem-se

Equação 32

Regras para representação do valor e do desvio de uma medida


1 - O desvio padrão, tanto da medida direta quanto da medida indireta, deverá ser expresso com dois
algarismos significativos;
2 - O desvio avaliado deverá ser escrito com um algarismo significativo;
3 - O valor da medida deverá sempre ter o mesmo número de casas decimais que o desvio (quando
expressadas nas mesmas unidades). Seja ele o desvio padrão ou avaliado;
4 - O desvio tem a mesma unidade que a medida.
5 - Se o desvio padrão obtido for menor que o limite do erro instrumental (l.e.i.), o l.e.i. deverá ser
utilizado no lugar do desvio padrão.

Exercícios resolvidos:
Exemplo 1 – O diâmetro D de uma esfera de aço é medido 6 vezes com um micrômetro, obtendo-se os
seguintes valores:
D (mm) = 6,458; 6,450; 6,463; 6,454; 6,457; 6,451.
Calcule o v.m.p. do diâmetro, o desvio padrão e o desvio padrão relativo .
Solução:
Valor mais provável:

Desvio Padrão:

Desvio Relativo:

Note que os desvios foram escritos com dois significativos, que é a regra a ser usada em n ossos
trabalhos. Coerentemente, o v.m.p. deve ser escrito com dois algarismos duvidosos. O número de
significativos para expressar o v.m.p. é definido pelo desvio padrão. Neste caso, deve ser escrito
como 6,4555 mm e seus dois últimos algarismos (55) são duvidosos. Caso o desvio padrão fosse
0,048 mm, D deveria ser escrito como 6,456 mm e os duvidosos seriam 56.

Exemplo 2 - Para a série de 51 medidas de comprimento, em mm, apresentadas abaixo, calcule o valor
mais provável e o desvio padrão.

4,008 4,025 4,033 4,039 4,044 4,049 4,051 4,057 4,062 4,065 4,068 4,078 4,087
4,018 4,027 4,033 4,039 4,044 4,049 4,053 4,058 4,063 4,066 4,070 4,081 4,090
4,019 4,027 4,038 4,039 4,047 4,050 4,054 4,058 4,064 4,067 4,073 4,081 4,104
4,023 4,031 4,039 4,043 4,048 4,051 4,054 4,059 4,065 4,067 4,076 4,086
Solução:
Utilizando as Eqs. (05) e (16), obtemos para o valor mais provável v.m.p, o desvio padrão s:
v.m.p.= 4,05333... mm; s = 0,0205948... mm. s = ± 0,021 mm,
Coerentemente, o vmp = 4,053 mm.
Exemplo 3 - Expresse a medida do diâmetro do Exemplo 1 com um n.c. de 95 % em termos do desvio
padrão.
Solução:
Em termos do desvio padrão, o intervalo é dado por . Para n = 6 e um n.c. = 95%, a Tabela
3 dá para o fator , . Portanto, o produto é 2,571× 0,004848 = 0,01246 mm. A medida
será, então, expressa como
.
Este intervalo significa que uma nova medida, feita nas mesmas condições que as anteriores, tem uma
chance de 95 % de ter seu valor no intervalo acima, ou seja, entre 6,444 mm e 6,468 mm.
Exemplo 4 - A massa m da esfera do Exemplo 1 foi medida seis vezes, obtendo-se para e os
valores: e . Calcule (a) a densidade da esfera e (b) expresse o resultado com
um n.c. de 95 % em termos do desvio padrão.
Solução:
(a) O v.m.p.: da densidade da esfera é ( será tomado em cm)

o desvio padrão da medida da densidade é calculado através da Eq. (24)

Os resultados para são, portanto, = 7,809 e

( foi escrito com dois significativos observe a coerência nas escritas dele e de ).

Verifique que, pelo valor das duas parcelas dentro da raiz, a medida da massa contribuiu mais para o desvio
de , apesar de D estar elevado ao cubo e, portanto, ter seu desvio multiplicado por três.
(a) Como são seis medidas de D e de m, n = 6; para um n.c. = 95 % a Tabela 3 nos dá = 2,571. Então,
. Portanto, para o n.c. de 95 %, é expresso como:

Observe que ajustamos novamente o valor de para manter a coerência na escrita de e

RESUMO CAPÍTULO I

Grandezas, dimensão e unidades


Cada grandeza está associada a uma única dimensão, e esta dimensão pode ser expressa em diferentes
unidades.
As grandezas estudadas neste curso (geométricas, cinemáticas e dinâmicas), são expressas em função de
três grandezas fundamentais: comprimento , massa e tempo . Convencionalmente, na escrita das
equações dimensionais, as grandezas são postas entre colchetes.
Por exemplo, a equação dimensional da aceleração g devida à gravidade é escrita como
.
 Ao por os valores das grandezas numa equação, atente para que todos eles estejam num mesmo
sistema de unidades.
 Valor recomendado para g em Salvador, medido no Ano Geofísico Internacional:

Tabela com as dimensões e unidades nos sistemas CGS e SI (MKS) das principais grandezas de
Mecânica

Dimensão L Sistema CGS Sistema MKS


Grandeza
MT Unidade Nome Unidade Nome

Comprimento Cm centímetro m Metro

Massa G grama kg quilograma

Tempo S segundo s segundo

Área cm2 — m2 —

Volume cm3 — m3 —

Velocidade cm/s — m/s —

Aceleração cm/s2 — m/s2 —

Força g cm s-2 dina (dyn) kg m s-2 Newton (N)

Energia g cm2 s-2 erg kg m2 s-2 Joule (J)

Potência g cm2 s-3 erg/s kg m2 s-3 Watt (W)

Pressão g cm-1 s-2 dyn/cm2 kg m-1 s-2 Pascal (P)

Torque g cm2 s-2 dyn· cm kg m2 s-2 N· m

Algarismos significativos

Definição: Numa medida, são ditos significativos todos os algarismos contados a partir do primeiro
não nulo (diferente de zero), ou seja, o zero a esquerda não conta como significativo. Pelo menos um
algarismo duvidoso é incluído no resultado de uma medida, mesmo que ele seja zero.
Regras de aproximação de algarismos significativos: Às vezes é necessário fazer uma
aproximação de um resultado de acordo com o número de significativos das medidas que lhes deram
origem. Deste modo os dígitos excedentes são arredondados, usando-se os seguintes critérios:
3- Se o primeiro dígito desprezado for um número variando entre 0 e 4, o anterior não será alterado;
4- Se for de 5 a 9, o anterior é acrescido de uma unidade.
Regras de operações com algarismos significativos

1- Na multiplicação e divisão o resultado final deve ser escrito com um número de significativos igual ao do
fator com menor número de significativos.

Exemplos:
2 . Em operações envolvendo inverso de números e multiplicação por fatores constantes, o número de
significativos deve ser preservado no resultado.
Exemplos: .

3- Na soma e subtração o resultado final terá um número de decimais igual ao da parcela com menos
decimais.
Exemplos:

Medidas diretas e indiretas


Medidas diretas
São as obtidas por simples comparação utilizando-se instrumentos de medida já calibrados para tal fim.
O valor mais provável (v.m.p.) de uma medida direta, , de uma amostra com n elementos, é a média
aritmética dos n valores, ou seja,

O Desvio padrão da medida direta s é dado por:

O Desvio padrão da média é dado por:

Medidas indiretas
São todas aquelas relacionam as medidas diretas por meio de fórmulas matemáticas.
-Propagação de erros (Medidas Indiretas)
Suponhamos que uma grandeza R é calculada a partir das variáveis medidas diretamente X e Y
através duma expressão matemática R = R (X,Y). Então, R tem um erro como resultado dos erros de X e Y.
O Valor mais provável de uma medida indireta, considerando uma função R = R (X, Y), é obtido
substituindo o valor mais provável das variáveis medidas diretamente na relação matemática que expressa
à medida indireta, ou seja:

onde e são os valores médios das variáveis medidas diretamente.


O desvio padrão de uma medida indireta para um R(X, Y), quando as medidas diretas são
independentes, é definido por:

onde as derivadas são tomadas nos pontos X = eY= e sx e sy são os desvios padrões das variáveis
medidas diretamente. A fórmula de propagação de erros independentes terá o número de termos, na soma
dentro da raiz, igual ao número de variáveis medidas diretamente.
Expressões simplificadas:
1-Produto de fatores elevados a diferentes potências (utilizada em fórmulas quem tem multiplicação e/ou
divisão).

Seja , onde p e q são valores reais conhecidos e A é uma constante ou número. O


resultado é

2 - Soma ou diferença.
Seja , onde b e c são constantes reais. Usando a definição:

Nível de confiança com o desvio padrão


Ao o desvio padrão é possível, definir um intervalo de confiança, ou , no qual
uma medida X, tem uma determinada probabilidade de estar contida. A constante é definida pela lei de
distribuição, e seu valor depende da probabilidade atribuída.
Quando o número de medidas é suficientemente grande (digamos, maior que 20) podemos tomar
por s sem muito erro e, neste caso, os níveis de confiança são obtidos através da distribuição de Gauss.
Quando n < 20, não é mais possível substituir por s. Os valores para , neste caso, são obtidos
através da distribuição de Student.
Rejeição de dados
O critério comumente usado é rejeitarem-se as medidas cujos desvios em relação ao v.m.p. sejam
maiores que três vezes o desvio padrão. A justificativa para esse critério é que, para cinco ou mais medidas,
todas elas praticamente jazem no intervalo , sendo praticamente zero a probabilidade de uma
medida jazer fora deste intervalo. Uma vez eliminada a medida anômala, novo v.m.p. e novo desvio padrão
devem ser calculados com as medidas restantes.
Limite de erro instrumental, desvio avaliado, desvio relativo e discrepância relativa

O limite do erro instrumental (l.e.i.) dum instrumento de medição com escala de leitura contínua
(réguas, micrômetro, medidores com ponteiro) é definido como a menor fração da menor divisão da escala
que pode ser estimada visualmente.
O Desvio avaliado deve ser usado como desvio da medida, nos casos de se fazer poucas medidas
(até três), quando as medidas repetidas têm o mesmo valor, ou quando o desvio padrão calculado para uma
série de medidas for menor que ele. O valor do desvio avaliado é nunca menor do que o do l.e.i. do
instrumento de medida, podendo ser igual a este se as condições de medida forem favoráveis.
O Desvio relativo S, da medida de uma grandeza é definido como a relação entre a dispersão s
utilizada para a medida (desvio avaliado, desvio padrão, etc., vistos anteriormente) e o valor X no caso de
apenas uma determinação (ou o v.m.p. no caso de uma série de medidas), expresso em %. Sua expressão
é

A precisão de uma medida pode ser avaliada pelo desvio relativo, podendo ser também utilizado
para comparar a precisão entre medidas diferentes. Este desvio tem significado somente quando as
medidas são referidas a um referencial zero que tenha significado físico. Quando o referencial é arbitrário, o
desvio relativo perde o sentido quando os desvios individuais forem apreciáveis em comparação ao valor da
medida.
A discrepância relativa, , (letra grega, lê-se delta) entre duas medidas X ' e X “de uma grandeza é
definida pela relação (em %):
Quando uma das quantidades é considerada uma referência (valor tabelado, valor médio, ...),
utilizamos a expressão seguinte:

Regras para representação do valor e do desvio de uma medida

1-O desvio padrão, tanto da medida direta quanto da medida indireta, deverá ser expresso com dois
algarismos significativos;
2- O desvio avaliado deverá ser escrito com um algarismo significativo;
3-O valor da medida deverá sempre ter o mesmo número de casas decimais que o desvio. Seja ele o desvio
padrão ou avaliado;
4-O desvio tem a mesma unidade que a medida.

Exercícios Capítulo I
1. Faça a análise dimensional de:

(A) Uma dada força F amortece com o tempo t na forma . Escreva as equações dimensionais
de Fo e do fator de amortecimento

2 - Numa aula prática cinco equipes realizaram medidas de pressão e expressaram seus resultados,
usando o sistema MKS, nas seguintes unidades:
.
Do ponto de vista dimensional, diga quais resultados podem ser considerados corretos. Justifique.

3 Escreva os resultados das operações abaixo com o número correto de algarismos significativos.

4 Mediu-se um objeto com uma régua milimetrada utilizando-se um desvio avaliado de . Diga
quais medidas estão corretas, do ponto de vista do número de algarismos significativos.

a) 3,54 mm; b) 4,30 cm; c) 8,9 mm; d) 0,873 m;


e) 4 mm; f) 0,3452 m; g) 0,456 dm.
5 Abaixo são dadas 33 medidas da massa m dum objeto, em g.
1,236 1,254 1,261 1,270 1,276 1,282 1,287 1,292 1,301 1,310 1,327
1,247 1,258 1,266 1,275 1,281 1,284 1,291 1,295 1,302 1,318 1,338
1,253 1.261 1,269 1,275 1,282 1,284 1,292 1,297 1,304 1,321 1,345
a. Calcule o v.m.p. e o desvio padrão da série de medidas acima.

b. Determine os intervalos para os níveis de confiança de (i) 50,00%, (ii)


68,26%, (iii) 95,45% e (iv) 99,73%. Conte o número das medidas acima jazendo em cada um
destes intervalos e compare esses números com os previstos pela distribuição de Gauss.

6 Dadas as séries de
A (cm) = 8,40 ; 8,36 ; 8,45 ; 8,38 ; 8,49 B (g) = 7,69 ; 7,51 ; 7,47 ; 7,65 ; 7,70.
a. Calcule o valor mais provável e o desvio padrão de cada série.
b. Escreva as medidas A e B com um n.c. de (i) 90% e (ii) 95%. Calcule, então, o desvio relativo de cada
medida nos dois intervalos e diga o que acontece com a precisão quando o n.c cresce.

7 Dados X = 0,57 m, Y = 0,2 kg e Z = 17,2 cm, calcule R nas seguintes expressões e escreva o resultado
com o número de algarismos significativos corretos (utilize as regras de operações com algarismos
significativos).

i) R= X + Z ii) R= X – Z iii) R= X/Z iv) R= (X + Z) /Y v)R= ZY / X

8 Dadas as séries de

X (cm) = 8,40 ; 8,36 ; 8,45 ; 8,38 ; 8,49 Y (g) = 7,69 ; 7,51 ; 7,47 ; 7,65 ; 7,70.
a. Calcule o valor mais provável e o desvio padrão de cada série.
b. Se cm, calcule e nas seguintes expressões, utilizando os dados do item (a)

1/2 2
i) R= X + Z; ii) R= X – Z; iii) R= X/Z; iv) R= (X + Z)/Y; v)R= Z Y
9 Um disco de momento de inércia — em relação ao baricentro do disco —
é feito girar pela ação duma massa g presa na ponta dum cordão que se desenrola sem
escorregar de um tambor de raio solidário ao disco. Solta, a massa desce de
uma altura num tempo . Nessas condições, a energia rotacional

do disco é dada pela expressão . Calcule e seu desvio padrão.

10 Num experimento sobre conservação de energia mecânica, obteve-se para a energia inicial do sistema,
e para as energias finais, ,
e . Os desvios dados representam um desvio padrão. A lei de conservação é
dada por
a. Mostre que, com os dados acima, o desvio padrão de reduz-se ao de .
b. Verifiquem se, dentro de dois desvios, esses dados satisfazem à lei de conservação.
11 Para determinar-se o período de oscilação de um pêndulo oscilando em pequena amplitude, dispõe-se
de um cronômetro cujas medidas têm um desvio avaliado é .
a. Mostre que, se medirmos o tempo t de n oscilações, o período T e seu desvio sT são dados

por e .

b. Mostre qual a forma mais precisa de determinar-se o período T: medir-se n vezes o tempo T
— o período é o tempo de uma oscilação — e daí calcular-se T e sT ; ou medir-se uma vez o
tempo t de n oscilações e daí calcular-se T e sT .

12 Num experimento sobre conservação de energia, obteve-se para as energias inicial e final do sistema,
e . Verifiquem se, dentro de dois desvios
padrões, esses dados satisfazem à lei de conservação .

CAPITULO II
ANÁLISE GRÁFICA DE DADOS EXPERIMENTAIS

Com a análise gráfica busca-se um modo rápido e conveniente de visualizar e interpretar relações
existentes entre dados experimentais de grandezas relacionadas. De um gráfico, portanto, espera-se que
ele possa ser fácil e rapidamente interpretado e que forneça o maior número possível de informações.
1 - Regras (guias) para a representação gráfica
Ponha a variável independente no eixo das abscissas (eixo-x) e a variável dependente no eixo
das ordenadas (eixo-y).
 O título do gráfico deve ser conciso, auto-explicativo e escrito no espaço branco superior do papel com a
referência da grandeza dependente escrita em primeiro lugar. Exemplos: Relação entre o período e a órbita
do satélite; Queda livre: tempo versus altura.
 Os símbolos (ou nomes) das grandezas devem ser escritos no meio dos espaços brancos, inferior e
lateral esquerdo, com suas unidades entre parênteses. Exemplos: h (m), Tempo (s).
 As escalas escolhidas devem ser tais que facilitem a leitura das coordenadas dos pontos nas
subdivisões do papel de gráfico e apresentem alguma relação com a precisão dos dados. Os valores 1, 2, 5
e 10 são os melhores; 4 já apresenta alguma dificuldade; 3, 7 e 9 devem ser evitados. As escalas não
precisam ser iguais nos dois eixos e não é necessário que a interseção dos eixos represente o valor zero
para uma, ou as duas variáveis.
 Use no máximo três dígitos para indicar os valores nas divisões principais. Se os valores são
excessivamente grandes ou pequenos escolha uma unidade adequada, ou use fatores multiplicativos, os
quais devem ser indicados no fim do eixo.
 Use um lápis bem apontado para locar o ponto e, em torno deste, desenhe um círculo de 2 a 3 mm de
diâmetro (veja Fig. 6). Se várias curvas vão ser traçadas no mesmo gráfico use símbolos diferentes, como
quadrados, triângulos, etc. Não escreva os valores das coordenadas dos pontos no papel de gráfico.

Figura 6
 Trace a melhor linha contínua através da média dos pontos. A curva não precisa passar
necessariamente sobre os pontos. Se a linha for uma reta, trace-a usando pontos médios dum grupo de
pontos. Locados (na Fig. 6 os x indicam os pontos médios). Use linha interrompida para traçar os trechos
extrapolados, isto é, aqueles fora da região medida.
 Leia as coordenadas dos pontos a serem usados no cálculo dos parâmetros com a melhor precisão
possível. Esses pontos devem ser escolhidos não muito próximos entre si e, preferencialmente, em
interseções da reta com cruzamentos das linhas do papel de gráfico de modo a reduzir erros de avaliação.
2 - Interpolação e extrapolação
A interpolação consiste em obterem-se informações sobre pontos intermediários às medidas
realizadas. Trata-se de um processo relativamente seguro e as precisões das medidas interpoladas são
equivalentes as daquelas obtidas nas medidas.
Com a extrapolação procura-se obter informações sobre pontos fora do trecho das medidas
realizadas. Este processo envolve algum risco, já que ele implica assumir-se como as grandezas se
comportam fora do trecho medido. A precisão da medida extrapolada pode, também, ser mais precária,
devido à incerteza na extensão da curva sem haver pontos de referência do lado a ser extrapolado.
3 - Determinação gráfica dos parâmetros da função linear
O gráfico de uma função linear é uma reta. Logo, quando os dados experimentais de duas
grandezas x e y são locados num papel com escalas lineares e o gráfico resultante é uma reta, o fenômeno
estudado é regido por uma lei cuja expressão analítica é:
Equação 33
Onde o parâmetro A representa o coeficiente angular da reta e o parâmetro B o coeficiente linear,
definido como o ponto de interseção da reta com o eixo da ordenada em x = 0.
Resolvendo a Eq. (32) para os pontos (x1, y1) e (x2, y2), obtém-se para o coeficiente angular A,

Equação 34

onde os pares ( x1 , y1 ) e ( x2 , y2 ) são pontos tomados no gráfico.


O coeficiente angular não deve ser confundido com a tangente trigonométrica do ângulo formado no
gráfico pela reta com o eixo das abscissas. A tangente trigonométrica é um número puro por ser uma
relação entre dois comprimentos e não possui sentido físico, desde que o ângulo muda quando se
modificam as escalas. Já o coeficiente angular, como definido pela Eq. (33), independe das escalas
adotadas e pode representar uma grandeza dimensional se as variáveis x e y representarem grandezas
diferentes. Por exemplo, num gráfico de espaço contra o tempo, o coeficiente angular tem a dimensão de
velocidade.

y
y = Ax+B y y = kxn y y = kxn
2
1
n>1
n<0
0 A<0 A>0 x x x

a) Linear b) Potência c) Potência

y y
y = kxn
c>0 y = kecx

0<n<1

c<0

d) Potência e) Exponencial
Figura 7

O parâmetro B é a ordenada do ponto de interseção da reta com o eixo x = 0 e pode ser lido
diretamente no gráfico. No caso de a reta não interceptar o eixo x = 0 nos limites do gráfico, B pode ser
calculado através da Eq. (32) usando-se um par de pontos tirado do gráfico e o valor de A obtido pela Eq.
(33). Na Fig. 7 (a) a reta 1 tem A negativo e o valor de B pode ser lido diretamente; a reta 2 tem A positivo e o
valor de B tem que ser calculado, pois a interseção cai fora dos limites do gráfico. Tendo-se as coordenadas
xi, yi de uma reta, os parâmetros A e B podem ser calculados de modo mais preciso, inclusive com seus
desvios padrões, utilizando-se o método de ajuste pelos mínimos quadrados. Esse método exige uma
calculadora e deve ser usado sempre que possível, inclusive para fornecer os dados para se traçar a melhor
reta ajustada aos pontos experimentais.
4 - Linearização de curvas
Um modo conveniente de obterem-se os parâmetros de funções não lineares é através da
linearização de curvas. A razão de procurar-se transformar gráficos não lineares em lineares é que a reta
permite maior facilidade em seu traçado e maior precisão na determinação de seus parâmetros. Os tipos
das funções que mais comumente expressam as leis físicas são os de potência e os exponenciais. Os
gráficos de algumas dessas funções estão ilustrados na Figura 7.
Para esses tipos de função, dois métodos são comumente usados para linearização: o da anamorfose e o
logarítmico. Há, ainda, o método das diferenças tabulares que se aplica a funções mais complexas.
(Sobre este método veja Meiners, Harry F., et alli . Laboratory Physics. John Wiley, 1972.)
5 - Linearização pelo método da anamorfose
O método de linearização por anamorfose é utilizado quando se conhece a priori o tipo da função
que relaciona as grandezas envolvidas, ou quando se pode especular sobre esse tipo. Ele consiste em se
fazer uma mudança de variável de modo a transformar uma função não linear numa função linear. Por
exemplo, se duas grandezas z e t são relacionadas por uma função do tipo , pode-se dizer que z
n n
varia diretamente com t . Se n é conhecido e se se faz t , o gráfico de z contra u resultará numa linha
reta de equação , cujo coeficiente angular (o parâmetro da função ) é dado por
Equação 35

Numa outra situação, admita que haja razões para supor-se que duas grandezas T e m obedeçam a
uma relação funcional do tipo . A partir desta hipótese, tenta-se a linearização fazendo-se o gráfico
de T contra . Se o resultado é uma reta, isto significa que a hipótese é correta e, então, a constante k
pode ser determinada através da Eq. (35).
6 - Linearização pelo método logarítmico
Este método aplica-se a funções de potência e exponenciais e consiste em tomar-se o logaritmo de
ambos os membros da função que se deseja linearizar e construir-se o gráfico da expressão resultante.
Função potência
Sejam duas grandezas x e y que se relacionam por uma função de potência do tipo
Equação 36
Se se aplica o logaritmo decimal a ambos os membros desta equação, o resultado é a expressão:
Equação 37
Portanto, o gráfico de log y contra log x resultará numa reta, de equação idêntica à Eq. (33) (se se
muda y por log y e x por log x), cujo coeficiente angular n é dado por

Equação 38

onde as coordenadas dos pontos (log x1 , log y1) e (log x2 ,log y2 ) são lidas diretamente no gráfico. O
coeficiente linear da reta é log k e o valor de k, pela própria definição de logaritmo, são dados por

.
Cabe, aqui, uma consideração sobre o valor de n obtido pela Eq. (36). Na maioria das equações
que expressam fenômenos físicos os expoentes são, ou frações simples, ou números inteiros, tais como 2,
1/2, -2, -3/4, 1, etc. Então, o valor calculado de n deve ser aproximado, dentro do erro experimental, para
inteiro ou relação entre inteiros. Por exemplo, 0,493 1/ 2; - 0,991 - 1; 1,49 3/ 2; - 2,01 -2; 0,334 1/
3 ; - 1,486 - 3/2.
Gráfico logarítmo em papel de gráfico log-log: O gráfico de uma função logarítmica do tipo da
Eq. (37) é comumente construído em papel log-log. No papel log-log as escalas são logarítmicas decimais
ao invés de linear e o papel pode conter uma ou mais décadas em cada eixo. Como cada década
corresponde a uma ordem de grandeza, a escolha do papel é feita em função das faixas de variação das
variáveis. Um tipo comum desse papel é o log-log (2x3 décadas); ele permite variações de duas ordens de
grandeza no eixo das ordenadas e três no eixo das abscissas.
O gráfico logarítmico da Eq. (36) neste tipo de papel é feito locando-se y contra x. Para se calcular o
coeficiente angular n, lê-se no gráfico as coordenadas (x1, y1) e (x2, y2) de um par de pontos, em seguida
obtém-se os logaritmos dessas coordenadas (log x1, log y1, log x2 e log y2) para serem utilizados na Eq.
(38). O valor de k é a ordenada da interseção da reta com o eixo x = 1 e pode ser lido diretamente no
gráfico. No caso de a interseção não se dar nos limites do papel de gráfico, pode-se obter k pela Eq. (36)
usando-se um par de valores tirado do gráfico e o valor calculado de n sem arredondamento.
7 – Método dos mínimos quadrados (*Opcional)
Melhor ajuste de uma reta
Frequentemente, duas grandezas X e Y, ambas as medidas diretamente, são relacionadas por uma
expressão teórica Y =Y (X) envolvendo parâmetros para serem avaliados a partir dos dados observados. O
caso mais comum e mais simples é quando as grandezas podem ser relacionadas pela equação da linha
reta
Equação 39

onde A é o coeficiente angular da reta e B sua interseção com o eixo-Y. O problema posto é ajustar a
melhor linha reta aos pontos experimentais.
Se os pares medidos (X, Y) fossem valores "verdadeiros", cada par seria representado graficamente
por um ponto e a reta passaria sobre todos eles. Mas como X e Y estão sujeitos a erros, a posição de cada
ponto não é determinada exatamente. Então, ao invés do ponto ideal, tem- se uma elipse, de eixos sX e sY ,
cujos centros não são esperados jazerem sobre uma linha reta, mas são esperados se distribuírem de cada
lado dela.
O método dos mínimos quadrados sugere que a melhor reta é aquela para a qual a soma dos
quadrados das distâncias dos centros das elipses à reta, medidas ao longo de alguma direção apropriada, é
um mínimo. A direção apropriada depende dos desvios relativos de X e Y e de se essas grandezas têm ou
não a mesma dimensão física uma situação bem mais simples resulta se admitirmos que uma das
grandezas, digamos a variável X, é medida exatamente, enquanto todos os erros estão concentrados na
grandeza Y. Esta situação é representada graficamente por linhas verticais centradas nos pontos (X i , Yi). O
desvio de Yi ( Yi ), é definido pela relação

Equação 40
Graficamente, o desvio é a distância vertical do ponto (Xi, Yi) à reta procurada e as constantes A

e B devem ser escolhidas de modo a fazer com que a soma dos quadrados de todos os desvios seja um
mínimo. Assumindo, então, que todo o erro está concentrado em Y, o quadrado do desvio dado pela Eq.
(40) é
Equação 41

Se n é o número total de pares de valores, a soma dos quadrados dos desvios é dada por:

Equação 42

e os valores de A e B que fazem a soma dos desvios um mínimo são obtidos fazendo-se as derivadas
parciais com respeito a estas grandezas iguais a zero. Essas derivadas são (por simplicidade os índices do
sinal de somatório estão omitidos)

Equação 43

Equação 44

Resolvendo as Eqs. (43) e (44) simultaneamente, obtemos para A e B

Equação 45

Equação 46

Os desvios padrões sB e sA são dados pelas expressões:

Equação 47

Equação 48

Nas somas indicadas nas expressões acima é necessário reter-se todos os algarismos significativos,
o que torna as operações tediosas e praticamente, exige o uso de uma calculadora.

Exemplo 5 - Os dados abaixo são as medidas da distensão x duma mola espiral, para diferentes valores da
força F nela aplicada, na região de elasticidade da mola onde vale a expressão . Determine k
graficamente usando o método do ajuste dos mínimos quadrados.
F (gf) 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
x (cm) 0,86 1,75 2,60 3,49 4,35 5,22 6,10 7,00 7,78

Solução:
Como a variável independente é a força F o gráfico a ser feito é de x contra F e, portanto, a equação a ser
ajustada é . Assim, conhecendo-se A e B pode-se traçar a reta ajustada. Os valores da A e B e
de seus desvios são dados pelas Eqs. (40), (41), (42) e (43) e os valores dos termos destas equações são:

n=9

Os valores de A e B e seus desvios sA e sB calculados pelas equações acima são

, , e .

B é evidentemente zero e k é o inverso de A, ou seja, e . Sendo assim,

k = 11,503 gf /cm e .
Exemplo 6 - Os dados abaixo são os tempos de queda livre t dum objeto para diferentes alturas h de queda
(h é a variável independente). Determine graficamente a equação empírica relacionando t e h.

t(s) 0,32 0,45 0,55 0,64 0,71 0,78

h (m) 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00


Solução:
Mostra-se teoricamente que a função relacionando t e h é do tipo . Ela pode, então, ser
linearizada de acordo com a expressão , locando-se versus . Os termos a
serem obtidos para calcularmos , , m e sm através das Eqs. (40), (41),
(42) e (43), são:

n=6

Com os valores acima, obtemos:

m = 0,4977 e sm = 0,0024 ; log = – 0,3458 e = 0,0015 .

Vemos que, praticamente, m = 1/2; e são obtidos pelas expressões (veja Eq. (38))
e ,
resultando, em:
e
A equação empírica procurada é, portanto (t dado em s e h em m).

Exercícios do Capítulo II
1. Numa representação gráfica de dados, em que eixo deve ser colocado, a variável dependente e a
independente? Como deve ser escritos o título do gráfico e o nome das grandezas?
2. Como devem ser: escolhidas as escalas, indicados os valores, marcados os pontos e traçada a
linha; em um gráfico?
3. O que é interpolação e extrapolação?
4. Como é feita a determinação dos parâmetros de uma função linear?
5. Qual é o objetivo da linearização de curvas?
6. Explique a linearização pelo método da anamorfose.
7. Explique a linearização de uma função do tipo potência pelo método logarítimico.
8. Um viajante espacial pousa num planeta A, cuja gravidade não é conhecida. De posse de um
cronômetro (lei = 0,2 s) e uma régua (lei = 0,1 cm) e vários pêndulos simples, com diferentes
diâmetros médios (D), ele mediu o tempo de 25 oscilações (pequenas oscilações) para estes
pêndulos (mostrados na tabela abaixo):
t(s) 25,6 36,0 44,8 52,0 57,6
D (cm) 10,2 20,3 31,4 42,3 51,8
T(s) 1,02 1,44 1,79 2,08 2,30
1/2 3,19 4,51 5,60 6,50 7,20
(cm )
a ) Demonstra-se que o período T de oscilação está relacionado com o diâmetro (D) de
pêndulo pela seguinte equação: Verifique graficamente, com os dados acima, usando o método

da anamorfose, a validade desta equação para o Planeta A.


(b) Determine o valor da aceleração da gravidade deste Planeta.

9. O gráfico de uma certa força F(em newtons), que atua sobre uma partícula em função da
distância X de acordo com a tabela abaixo:
F (N) 25,2 17,1 10,0 7,6 6,0
X (m) 0,54 0,70 1,00 1,20 1,40
Utilize o método logarítimico para determinar os parâmetros da função.

10. *Ache a equação da reta nas questões 8 e 9, utilizando o método dos mínimos quadrados
(*opcional).
EXPERIMENTO 1 INSTRUMENTOS DE MEDIDA E MEDIDAS FÍSICAS
i. OBJETIVO
Operar com algarismos significativos, definir o limite do erro instrumental para instrumentos de
medição, definir o desvio avaliado para medidas feitas com vários instrumentos e realizar medidas
físicas.
ii. PARTE EXPERIMENTAL EXPERIMENTO 1.1 - RÉGUA MILIMETRADA
A régua milimetrada de aço, plástico ou madeira, é geralmente utilizada para medir
comprimentos não muito pequenos e quando a precisão desejada para a medida não é muito alta. Neste
tipo de régua o
l.e.i. fica entre 0,2 mm para réguas de boa qualidade e 0,5 mm para réguas mais ordinárias. É
conveniente usar-se diferentes trechos da régua na repetição das medidas de modo a reduzir os efeitos
de diferenças na marcação da escala e tornar, assim, as medidas mais independentes.
No caso de escalas de pedreiro e trenas de pano, o l.e.i. pode chegar a 1 mm ou mais.
1.1.1 – Procedimento experimental – Medidas com réguas
1. Dispõe-se de réguas com três tipos de sensibilidade: decimetrada (D), centimetrada (C) e
milimetrada (M). Defina o l.e.i. para cada uma delas.
2. Será fornecido um objeto para serem medidas com as três réguas. Para cada régua, na ordem D,
C e M, defina o desvio avaliado para as medidas, faça duas medidas do objeto utilizando
diferentes trechos da régua, calcule seu valor médio e o desvio relativo.
3. Verifique qual a régua que apresentou a medida do objeto com melhor precisão e explique os
critérios utilizados em sua avaliação.
4. Discuta a relação entre a sensibilidade das réguas e o número de algarismos significativos das
medidas. O que você sugere para melhorar a precisão da medida do objeto? Justifique suas
respostas.

EXPERIMENTO 1.2 – PAQUÍMETRO


O paquímetro é um instrumento de leitura descontínua para medidas de pequenos
comprimentos. É caracterizado por possuir uma escala especial, conhecida como nônio ou vernier, que
se move ao longo da escala principal e que permite a leitura precisa de frações da menor divisão desta
escala.
O paquímetro mostrado na Fig.1.1 é um tipo familiar de escala milimetrada. Ele possui duas
bases, sendo uma fixa e solidária com a escala principal e outra móvel onde se encontra o vernier.
Quando o paquímetro está fechado, o zero do vernier coincide com o zero da escala. Quando se desloca
o cursor, a distância entre as bases — o comprimento a ser medido — é a indicada pelo zero do vernier
na escala principal. As bases possuem encostos onde se apoia o objeto a ser medido (medidas externas).
Comumente os paquímetros — como o mostrado na figura — possuem também duas orelhas, uma fixa e
outra móvel, para medir diâmetros internos e uma haste para medir profundidade de cavidades.

Medida interna

Parafuso de
fixação Medida de profundidade
0 1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 19
13 20
2 Haste
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Impulso Escala
Vernier r principal

Medida externa
Figura 1.1
O Nônio ou Vernier (pronuncia-se verniê) é um dispositivo tecnológico que aumenta a
sensibilidade de uma escala, por subdividir a menor divisão dela. Ele consiste de uma escala móvel que
desliza paralelamente à escala do instrumento (escala principal). Por exemplo, se o nônio tem vinte
espaços entre as linhas verticais, e a menor divisão da escala principal do instrumento é o milímetro, então
ele dividirá por vinte o milímetros, obtendo um vinte avos de milímetro, que é a menor divisão da escala
principal. Na metrologia da área metal mecânica, ele é usado em vários instrumentos de medição, dentre
eles: paquímetro, micrômetro e goniômetro. Define-se por natureza do nônio (N), a diferença entre a k-
ésima divisão da escala principal imediatamente posterior a primeira divisão do nônio e esta, isto são:

,
onde a é a amplitude da menor divisão da escala principal e b é a amplitude da menor divisão da escala
do nônio. Neste caso a.n = b.m, onde n é o tamanho do vernier, com base na menor divisão da escala
principal, e m é o número de divisões do vernier. Assim:

A Fig. 1.2.a mostra um nônio (escala inferior) onde k = 1, a = 1mm, n = 9 e m = 10, neste caso
sua natureza é N = 0,1mm. N = a (km – n)/m. A Fig. 1.2b mostra um nônio onde k = 2, a = 1mm, n = 39 e
m = 20, neste caso sua natureza é N = 0,05mm.
Na Fig.1.3 o vernier da figura 1.2a foi movido para a direita e seu "0" caiu entre as marcas de 67 e 68 mm
da escala principal. Note que a divisão 7 do vernier foi a que melhor coincidiu com uma marca da escala
principal (a marca 74mm).

Há, então, uma diferença de 0,1 mm entre a divisão 6 do vernier e a marca 73 mm; de 0,2 mm
entre a divisão 5 e a marca 72 mm e assim sucessivamente, até a diferença de 0,7 mm entre o zero do
vernier e a marca 67 mm. A posição do zero indica, portanto, 67,7 mm.
No vernier da Fig. 1.4 o zero do vernier da figura 1.2b está entre as marcas de 143 e 144 mm da
escala principal e a marca 5,5 do vernier é a que melhor coincide com uma marca da escala principal (a
154). A posição do zero indica, portanto, 143,55 mm (se fosse a divisão 6 a coincidir, a leitura seria
143,60 mm ).

Fig. 1.4

Existem diferentes tipos de vernier adaptados a diferentes instrumentos. Há o vernier linear,


como os das Figs. 1.2a e 1.2b, adaptado a escalas lineares para leitura de comprimentos como nos
paquímetros e há o vernier circular, adaptado a escalas circulares para leitura de ângulos como nos
goniômetros.
O paquímetro é um instrumento de leitura descontínua e o intervalo de medida é dado pela
natureza do vernier. Assim, para um paquímetro de natureza de 0,05 mm as leituras são do tipo 13,00
mm, 13,05 mm, 13,10 mm, etc. O l.e.i. para o paquímetro é igual à natureza do vernier. Por exemplo,
para um paquímetro de natureza de 0,05 mm o l.e.i. é 0,05 mm.

1.2.1- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL - MEDIDAS COM PAQUÍMETRO


1. Inicialmente, examine seu paquímetro, identifique sua natureza e defina seu l.e.i.
2. Na leitura da medida note que a marca da escala principal anterior ao zero do vernier indica o número
inteiro de milímetros da medida e a marca do vernier que melhor coincidir com uma marca da escala
indica a fração dos milímetros.
3. Antes de efetuar medições, limpe as superfícies dos encostos e as faces da peça. O contato dos
encostos com a peça deve ser suave. Exageros na pressão no impulsor pode danificar a peça e resultar
medidas falsas.
4. Concluídas as medidas, feche o paquímetro e guarde-o na capa plástica.

EXPERIMENTO 1.3 – MICRÔMETRO

Fig. 1.5

O micrômetro, Fig. 1.5, é um instrumento de alta sensibilidade constituído basicamente de um


parafuso micrométrico capaz de mover-se num corpo cilíndrico ao longo do próprio eixo. O passo do
parafuso é 0,5 mm, o que significa que, em cada volta completo, o parafuso avança ou recua de 0,5 mm
em extensão.
Para medir as voltas completas do parafuso há uma escala fixa no corpo cilíndrico e paralela ao
eixo do parafuso e dividida a cada 0,5 mm com os traços da divisão alternando-se acima e abaixo da
linha central. Solidário ao parafuso há um tambor circular dividido em 50 partes e, como a cada volta o
parafuso avança 0,5 mm, a cada divisão do tambor o parafuso avança 0,01 mm.
O micrômetro permite estimar milésimos de milímetro (micros) e o algarismo duvidoso é lido
entre as divisões do tambor. Leituras com micrômetro são, portanto, do tipo 4,352 mm; 12,400 mm;
5,4328 cm. O l.e.i. para o micrômetro é 0,002 mm.
O micrômetro deve ser manuseado com delicadeza. O objeto a ser medido deve ser fixado entre
suas mandíbulas usando-se apenas o parafuso de fricção ou catraca existente na extremidade do
tambor. Quando o micrômetro está fechado o zero do tambor num instrumento calibrado deve coincidir
com o zero da escala fixa.
1.3.1- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL - MEDIDAS COM MICRÔMETRO
1. Limpe as superfícies das mandíbulas e da peça a ser medida. Feche, então, o micrômetro
girando suavemente o tambor — para girar o tambor utilize apenas a catraca, pois ela está
devidamente regulada para dar a pressão devida — e verifique se ele está calibrado. Caso não esteja,
cada medida deverá ser subtraída algebricamente do valor lido.
2. Dê uma rotação completa no tambor e identifique o passo do parafuso micrométrico e a sensibilidade
do micrômetro. Então, verifique a sensibilidade do instrumento e defina o l.e.i.
3. Coloque a peça entre as mandíbulas e gire o tambor utilizando apenas a catraca até que as
mandíbulas encostem-se à peça.
4. Os inteiros de milímetros da medida são indicados pela última marca superior que aparece na escala
do corpo cilíndrico. Caso a última marca a aparecer seja a inferior, o valor indicado pela última marca
superior deve ser somado de 0,500 mm (veja Fig.1.6, no centro).
5. A leitura da fração de milímetros é feita no tambor estimando-se o algarismo correspondente a
milésimos de milímetro (micro). Observe os exemplos mostrados na Fig. 1.6.
6. Concluídas as medidas, feche o micrômetro suavemente e guarde-o no estojo.

Fig 1.6: Exemplos de leitura com o micrômetro


Experimento 1 – Instrumentos de medidas e medidas físicas Parte 1.
Material por mesa:

 1 régua milimetrada,

 1 paquímetro,

 1 micrômetro,

 1escala de 2m,
 1 chapa de madeira e
 1 cilindro pequeno de madeira.
Experimento 2 – Instrumentos de medidas e medidas físicas Parte 2.
Material por mesa:

 1 paquímetro,

 1 micrômetro,

 1 fita milimetrada de papel,


 1 cilindro de madeira grande,

 1 esfera (gude).

Questionário dos Experimentos 1 e 2


1-O que é limite de erro instrumental? E desvio avaliado?
2- Como devemos escrever uma medida com aproximação do valor médio com base no desvio padrão?
Dê um exemplo. Esta aproximação também é válida quando usamos o nível de confiança?
3- Qual o desvio é utilizado para avaliar a precisão de uma medida? Como ele é
interpretado?
4- Como são feitas as medidas no paquímetro?
5-Como são feitas as medidas no
micrômetro?
6-Interprete as leituras baixo:

Questionário do Experimento 2
1-Defina Medidas diretas e indiretas.
2-Como é determinado o desvio de uma medida indireta?

3- Para se determinar o volume maciço de um cilindro metálico foram medidos o diâmetro D e altura H.
Mediu-se 5 vezes o diâmetro D com um micrômetro e a altura H com um paquímetro, obtendo-
se: cm com um desvio relativo de 6,5%.
H (cm) 8,280 8,275 8,275 8,255 8,260
a) Determine o desvio padrão da medida de L e H e ajuste os valores médios se necessário;
b) Escreva estas medidas na forma e com um nível de confiança de 90%
(α = 2,132). Qual destas medidas foi obtida com maior precisão? Justifique sua resposta.
c) Ache o volume do cilindro metálico e seu desvio.
d) Supondo que a massa do cilindro metálico seja m = 113,7±1,1 g ache a densidade cilindro e seu
desvio.

EXPERIMENTO 3 MÁQUINAS
SIMPLES

I - OBJETIVO
Determinar parâmetros que avaliem vantagens mecânicas e eficiência de máquinas simples.
II - PARTE TEÓRICA
Uma máquina simples é qualquer dispositivo mecânico simples pelo qual o módulo, direção ou
método de aplicação de uma força é mudado de modo a obter-se alguma vantagem prática. Elas são
encontradas em muitas atividades em escritórios, oficinas e fábricas, sempre para ajudar as pessoas a
realizarem determinadas tarefas. Exemplos de máquinas simples são a alavanca, o plano inclinado e a
roldana.
Na medida em que as máquinas movem objetos através de alguma distância pela aplicação de
uma força, elas podem também ser definidas como dispositivos que ajudam as pessoas a produzir
trabalho. Uma máquina, todavia, não multiplica trabalho. O trabalho realizado por uma máquina é nunca
maior do que o trabalho fornecido a ela. Pelo princípio da conservação da energia, o trabalho fornecido a
uma máquina é igual ao trabalho realizado por ela mais o trabalho despendido com o atrito.
Desde que máquinas são usadas para exercer uma grande força pela aplicação de uma força
menor, uma máquina pode ser vista como tendo uma vantagem de força ou vantagem mecânica. Para
uma dada força resistente, a quantidade de força aplicada dependerá do tipo da máquina e da
quantidade de atrito presente.
Se uma máquina simples eleva um peso W através de uma altura h pela aplicação de uma força
F a qual é movida através de uma distância d, na ausência de perdas por atrito o trabalho realizado

é igual ao trabalho fornecido . Havendo atrito, tem-se e, portanto, .

Os parâmetros que se seguem são alguns dos utilizados na avaliação mecânica de uma
máquina simples.
Vantagem Mecânica Ideal, VMI, é a relação entre o deslocamento d realizado pela força e o
consequente deslocamento vertical h produzido na carga W. Então;

(3.1)

Vantagem Mecânica Real, VMR, é a relação entre o módulo W da carga e o módulo F, da força
necessária para elevar a carga numa velocidade constante. Então,
(3,2)
Como a relação d / h não é influenciada pelo atrito, VMI representa a vantagem mecânica sob condições
ideais, ou seja, onde o atrito estaria ausente. Como o atrito está sempre presente tem- se .
Eficiência ou rendimento, (letra grega, pronuncia-se eta), duma máquina é a relação entre o trabalho
realizado pela carga W e o trabalho fornecido pela força F, ou seja;

(3.3)

Relação Entre Velocidades, Rv, é a relação entre a velocidade vF do ponto de aplicação da força Fs e a
velocidade vw da carga. Assumindo-se que essas velocidades são pequenas de modo a poder-se
considerá-las como uniforme e como os tempos de deslocamento de Fs e W são iguais, tem-se;

(3.4)

Vê-se que, numa máquina, multiplica-se força em detrimento de velocidade e vice-versa.


III - PARTE EXPERIMENTAL EXPERIMENTO - ROLDANA
As roldanas podem ser utilizadas como fixas (têm apenas movimento de rotação em torno de
seu eixo) e como móveis (têm movimento de rotação em torno de seu eixo e de translação). A Fig. 3.1a
e 3.1b mostra alguns sistemas constituídos de uma ou mais roldanas.

F F

sistema 1 sistema 2
Fig. 3.1a

sistema 3 sistema 4

F
F

Fig. 3.1b
Nos sistemas 2, 3 e 4, o peso P que se deseja levantar é pendurado numa roldana móvel, a qual
tem um peso próprio Q, e este peso pode ou não ser considerado como carga útil. Na Eq. (3.3), se a
carga W é apenas o peso P o rendimento assim calculado é denominado rendimento verdadeiro ( );
se a carga W inclui o peso da roldana, isto é, W = P + Q, o rendimento é dito rendimento falso ( ).
Perdas devido ao peso da parte móvel, pp. O rendimento falso seria válido se a roldana fosse carga
útil, o que não é correto. Definem-se, então, as perdas devido ao peso próprio da parte móvel como,
(3.5)

Perdas devido ao atrito, pa. Existe atrito principalmente no eixo da polia e isto é causa de perdas. Como
o rendimento duma máquina simples é sempre menor que 100%, o que faltar para este valor é devido a
perdas por atrito. Temos, então, , donde se conclui que

(3.6)
3.1.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTRAL
1. Monte o sistema de roldana desejado e ponha um porta-pesos na ponta do fio indicada por F.
Pendure um peso P na outra ponta do fio e ponha pesos no porta-pesos para que o sistema permaneça
estático.
2. Para determinar a VMI, produza um deslocamento d no porta-pesos e meça o deslocamento vertical
h produzido no peso P. Para isso, ponha o sistema porta-pesos e peso P numa dada posição e meça as
alturas d1 e h1 dos pesos e do peso P, respectivamente, em relação a um referencial qualquer. Em
seguida, com o sistema deslocado para outra posição, meça as alturas d2 e h2 relativas ao mesmo
referencial. Têm-se, então, os deslocamentos e . Calcule VMI usando a Eq. (3.1).
3. Para determinar a VMR, estando o sistema estático, anote o peso P e o peso da roldana móvel, caso
ela exista. A carga W será o peso P caso não haja roldana móvel e P mais o peso da roldana de
sustentação, caso esta seja móvel. Agora, adicione pesos no porta-pesos e, dando nele leves toques,
determine a força FS (incluindo o peso do porta-pesos) para a qual a carga sobe com velocidade
constante. Calcule VMR usando a Eq. (3.2).
4. Calcule as eficiências , e as perdas pp e pa.

Material por mesa:

 2 roldanas simples,

 2 roldanas múltiplas (no mínimo dupla),


 2 cordões: um de 2,0m e um de 3,5m,
 1 Porta peso,

 1 massa com gancho de 200g (interrogação),


 Massas tipo “pastilha”: 1 de 100g , 1 de 50g, 10 de 10g e 5 de 5g..

Questionário do Experimento 3
1- O que é VMI? Mostre sua formula e identifique as variáveis envolvidas.
2- O que é VMR? Mostre sua formula e identifique as variáveis envolvidas.
3- Qual é a diferença entre VMI e VMR?
4- O que é o rendimento ou rendimento falso (η)? Mostre sua formula e identifique as variáveis
envolvidas.
5- O que é o Rendimento verdadeiro (ηv)? Mostre sua formula e identifique as variáveis envolvidas.
6- Qual é a diferença entre o rendimento falso e o rendimento verdadeiro?
7- Explique como são determinadas as perdas por atrito e as perdas devido à parte móvel.
8- Descreva o procedimento experimental para determinação do VMI e do VMR.

EXPERIMENTO 4
ELASTICIDADE E TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA NUMA MOLA
I - OBJETIVO
Determinar a constante elástica duma mola, investigar as transformações de energia numa mola
vibrante e estudar o comportamento inelástico duma mola sob pequenas forças.
II - PARTE TEÓRICA
Quando uma carga é gradualmente aplicada na extremidade livre de uma mola suspensa num suporte
fixo, a mola distende-se até a tensão na mola justamente para contrabalançar o peso da carga. Se a
mola é do tipo elástica, ou seja, se ela retorna a suas dimensões originais logo que a carga aplicada é
removida, verifica-se experimentalmente que, dentro de limites da carga, a distensão x produzida na
mola é proporcional à força F nela aplicada. Essa é a lei de Hook para uma mola elástica, cuja expressão
matemática é:

, (4.1)

onde k é denominada a constante elástica da mola e é numericamente igual à força requerida para
produzir uma unidade de distensão.
A lei de Hook para a mola vale somente dentro dos limites de elasticidade da mola. Quando esta
força ultrapassa o limite de elasticidade ou de tensão da mola, esta é distendida além de seu limite
elástico e não mais retornará as suas dimensões originais. Esta deformação é denominada plástica.
Quando a força aplicada é muito pequena, em algumas molas a distensão varia com a força de um modo
não linear. Este é o caso de algumas molas espirais, onde, na ausência de qualquer força aplicada, as
espiras estão pressionadas umas contra as outras devido a tensões iniciais da própria mola. Quando
uma força pequena é aplicada, a mola distende-se um pouco e a orientação de cada espira varia
bastante, produzindo na mola uma distensão anisotrópica.
III - PARTE EXPERIMENTAL
EXPERIMENTO 4.1 - DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE ELÁSTICA DA MOLA
A Fig. 4.1 mostra uma mola espiral suspensa verticalmente por uma

Fig. 4.1

de suas extremidades num suporte movível e tendo na outra extremidade um porta- pesos com um
ponteiro. A força F é aplicada na mola através de pesos aferidos colocados no porta-pesos e a distensão
x é medida pela indicação do ponteiro na escala milimetrada.
4.1.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Usando a montagem da Fig. 4.1, ponha uma massa inicial (m0) no porta - pesos para relaxar alguma
tensão inicial da mola. Então, mova o suporte verticalmente para ajustar o ponteiro numa marca
conveniente da escala. Essa marca servirá como origem para se medir as distensões da mola para os
pesos que forem sendo postos no porta-pesos.
2. A partir daí, adicione sucessivamente pesos aferidos F no porta-peso, meça as distensões
correspondentes x na escala e construa uma tabela com os valores medidos de F e x.
3. Com os valores F e x, construa o gráfico de x contra F — a variável independente é locada no eixo
das abscissas — e calcule a constante elástica k da mola: ela é o inverso do coeficiente angular da reta
obtida.

EXPERIMENTO 4.2 - TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA NUMA MOLA ESPIRAL


Quando uma massa é suspensa numa mola na vertical e solta, a mola distende-se como
consequência da transformação da energia potencial gravitacional da massa que cai em energia

P
P
P
potencial elástica da mola. Na Fig.5.2, na posição x0 a mola está em equilíbrio com uma
Fig. 4.2
Massa m0 de relaxamento no porta-pesos. Uma massa m é, então, adicionada ao porta-pesos e se
permite a mola distender até uma posição x1, Se, agora, solta-se o porta- pesos, a mola distender-se-á
até uma posição máxima x2 — e continuará a oscilar entre as posições extremas x1 e x2. Nessas
condições, o trabalho W k realizado sobre a mola para distendê-la de x1 a x2 e a perda da energia
potencial gravitacional W g da massa (m0 + m) são dadas pelas equações:

(4.2)

(4.3)

A massa m0 corresponde à massa posta inicialmente, mais a massa do porta-pesos, mais a


contribuição da massa da própria mola. Pela Eq. (4.1), e, então, as últimas parcelas das Eqs.
(4.2) e (4.3) são iguais. Assim, para efeito de verificação de conservação de energia, podemos tomar
apenas as primeiras parcelas dessas equações, ou seja,

(4.4)

4.2.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


1. Usando a montagem da Fig. 4.1, ponha uma massa inicial (m 0) no porta-peso para relaxar alguma
tensão inicial da mola e registre a posição xo a que desce o porta-pesos (Fig. 4.2).
2. Agora, adicione uma massa m conhecida no porta-pesos sustentado na mão, permita-o descer um
pouco até uma marca x1 (anterior à distensão completa da mola, solte-o deste ponto e, após algumas
tentativas, determine o valor x2 como o ponto mais baixo atingido pelo porta-pesos. Anote os valores de
m, x1 e x2.

3. Com os valores medidos e o valor obtido para k, calcule W k e W g usando as Eqs. (4.4). Utilize o
sistema MKS ou CGS e o valor de g local.
4. Compare os valores de W k e W g e, dentro do erro experimental, discuta a conservação de energia no
experimento. Dê sua conclusão sobre os resultados do experimento.

Material por mesa:

 1 suporte de mola, com régua e uma pequena haste para pendurar a mola.

 1 mola,
 1 porta-peso,
 Massas tipo “pastilha”: 1 de 100g , 1 de 200g e 18 de 10g.

 Folha de papel milimetrado.

Questionário do Experimento 4
1- Enuncie a lei de Hook, e escreva sua forma matemática.
2- Qual é a validade desta equação?
3- O que é deformação plástica?
4- O que pode acontecer com uma mola espiral quando a força nela aplicada é pequena?
5- Descreva o procedimento experimental para se obtiver a constante elástica da mola. Escreva a
dimensão da constate elástica da mola.
6- Descreva o procedimento experimental para se obtiver as energias envolvidas no sistema.

EXPERIMENTO 5
ANÁLISE GRÁFICA DE DADOS EXPERIMENTAIS

I - OBJETIVO
Construir gráficos lineares, logarítmicos e semilogarítmicos; obter equações empíricas utilizando
métodos gráficos; comprovar leis físicas utilizando métodos gráficos.
II - ANÁLISE GRÁFICA DE UMA EXPERIÊNCIA
Para investigar uma nova lei física dois métodos são comumente utilizados: o método teórico e o
método empírico. No método teórico, o pesquisador parte de leis e equações bem estabelecidas, ou de
certas hipóteses razoáveis e, num procedimento passo a passo, combina essas leis e obtém novas
relações. Noutras palavras, novas leis são derivadas de leis estabelecidas por um processo de razão
lógica.
No método empírico, as conclusões são baseadas inteiramente em resultados experimentais.
Nesse método, todos os fatores exceto dois são mantidos constantes; destes, um deles é variado
arbitrariamente e a variação resultante no outro é medida. A análise gráfica desses resultados permite
obter-se uma relação matemática precisa mostrando como um desses fatores depende do outro. Essa
relação matemática é denominada de equação empírica.
A investigação experimental algumas vezes precede ao desenvolvimento teórico. E para que
uma nova lei seja aceita como parte da ciência ela precisa ser testada experimentalmente e suas
conclusões têm que ser mostradas consistentes com os resultados experimentais.
Na investigação duma lei física temos, portanto, dois casos a considerar. No primeiro, deseja-se
comprovar a validade duma lei física estabelecida teoricamente. No segundo, deseja-se estabelecer uma
equação empírica relacionando duas grandezas.
III - PARTE EXPERIMENTAL
1. EXPERIMENTO 5.1 - OBTENÇÃO DUMA EQUAÇÃO EMPÍRICA

Quando a lei física não é conhecida e deseja-se estabelecer uma equação empírica
relacionando as grandezas investigadas, o método logarítmico é o mais indicado. Seja, por exemplo,
estabelecer a equação empírica relacionando os dados experimentais do tempo t de queda livre dum
objeto medido para diferentes valores da altura h de queda. Com os pares de valores (h, t), faz-se o
gráfico linear de t versus h e compara-se a curva obtida com as ilustradas na Fig.7 do capítulo II da
apostila de teoria de erros para identificar o tipo da relação funcional. A comparação, neste caso,
mostrará que a curva assemelha-se a do tipo (d), o que sugere a hipótese de a relação funcional ser do
tipo , com . Sendo a função do tipo potência, pode-se usar o método logarítmico
discutido no capítulo II da apostila de teoria de erros, construindo-se o gráfico log-log de t versus h. Se o
gráfico der uma reta, isto significa que a hipótese de a função ser do tipo é correta. O coeficiente
angular n da reta obtida é o expoente n da função e a interseção da reta com o eixo h = 1 é o parâmetro
da função.
5.1.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1. Meça as grandezas entre as quais se deseja obter uma equação empírica*. Para isso dê um
mínimo de cinco valores diferentes para a variável independente e meça os valores
correspondentes da variável dependente. Construa uma tabela com os valores obtidos.
2. Com os dados da tabela, construa um gráfico da variável dependente contra a variável
independente no papel milimetrado e compare a curva obtida com as ilustradas na Fig.7 do
Capítulo II da apostila de teoria de erros para identificar o tipo da função relacionando as duas
grandezas.

3. Se o gráfico é uma reta (tipo a) a função é do tipo linear e os parâmetros A e B


podem ser obtidos facilmente.
4. Se o gráfico é do tipo (b), (c), ou (d), a função é do tipo de potência . Um modo de
obterem-se os parâmetros k e n é através da linearização da curva usando o método logarítmico.
5. Com os dados da tabela, construa um gráfico da variável dependente contra a variável
independente no papel logarítmico. Este gráfico será linear e o seu coeficiente angular
corresponderá ao expoente n da variável independente.
6. De posse do valor do expoente n, ache o valor da constante k.
7. Dê sua conclusão sobre os resultados do experimento.

Material por mesa:

 Um suporte de mola, uma mola e um cronômetro,


 Três massas com gancho: 1 de 50g , 1 de 100g e 1 de 200g,

 Uma folha de papel com gráfico milimetrado e log-log.

Questionário do Experimento 5
1- Descreva o processo de linearização do pelo método logarítmico.

2- O período de uma oscilação é dado por: ; onde n é o número de oscilações e t é o tempo

que estas oscilações ocorreram. O desvio do período é dado por: ; onde st é o desvio

avaliado do cronômetro e n também é o número de oscilações. Com base nestas definições é


posta a seguinte questão: Num experimento de oscilação foram contadas 50 oscilações em um
tempo de 60,0 segundos. Sabendo-se que o cronômetro que realizou a medida tem um desvio
avaliado de 0,5 segundos, qual seria o desvio do período? Escreva o valor do período de uma
oscilação com o número correto de significativos.

EXPERIMENTO 6 PÊNDULOS

I - OBJETIVO
Estudar as propriedades de um pêndulo físico e calcular a aceleração g devida à gravidade.
II – PARTE TEÓRICA
Qualquer corpo rígido que é posto a oscilar em torno de um eixo horizontal e sob a ação de seu
próprio peso é denominado pêndulo composto ou pêndulo físico.

S
 h L

G
h’
0
mg

Fig. 6.1

A Fig. 6.1 representa um pêndulo físico de massa m que pode oscilar livremente em torno de um
eixo fixo passando pelo ponto S e perpendicular ao plano da figura, o qual contêm o baricentro G. Na
posição de equilíbrio o baricentro está verticalmente abaixo do eixo de suspensão. Quando o corpo é
girado de um ângulo e solto, o peso do sistema, mg, considerado estar concentrado no baricentro,
exerce um torque restaurador N fora da posição de equilíbrio, o peso e a reação vincular formam um
binário que tende a levar o sistema à posição de equilíbrio em torno de S dado
Por , onde h é a distância do eixo de suspensão S ao baricentro G.
A aplicação da segunda lei de Newton ao movimento de um corpo rígido em torno de um eixo
fixo permite escrever
(6.1)

onde é o momento de inércia do corpo em relação ao eixo de suspensão e significa a


derivada segunda de em relação ao tempo; o sinal negativo indica que o torque é restaurador, ou seja, ele
atua sempre no sentido de anular o ângulo .
Para movimentos de pequenas amplitudes podemos fazer e a Eqs. (6.1) reduz-se, a
(6.2)
que a equação de um movimento harmônico simples, cuja solução para o período de oscilação T é

(6.3)

O pêndulo físico inclui o pêndulo simples como caso especial. No pêndulo simples uma esfera é suspensa
por um fio cuja massa é desprezível quando comparada à massa m da esfera e cujo comprimento L é
grande comparado ao diâmetro da esfera. Neste caso, , e a Eq. (6.3) resulta em:

que é a conhecida lei do pêndulo simples.

DETERMINAÇÃO DO PERÍODO DO PÊNDULO


Um modo de determinar-se o período T de um pêndulo é medindo-se o tempo t de n oscilações e
calculando-se T e seu desvio sT usando as equações

(6.2) (6.3)

onde st é o desvio avaliado para as medidas com o cronômetro. A vantagem desse processo é que, além
de simples, ele dilui por um tempo maior do que o período os erros de percepção no disparo e parada do
cronômetro e reduz o desvio de T, já que este decresce quando n cresce.
Da expressão de sT pode-se concluir que o desvio relativo da medida de T é tanto menor quanto
maior for n. Então, o número n deve ser escolhido em função da precisão que se deseje para a medida
de T.
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1. Inicialmente, defina o desvio avaliado st para as medidas com o cronômetro e anote-o.

2. Ponha o pêndulo para oscilar com pequena amplitude (não maior que 5°) e meça com o
cronômetro pelo menos duas vezes o tempo t de n oscilações completas. Os valores medidos de t não
devem diferir por mais que uma fração de segundos. Anote seus resultados.
3. Calcule , a média de t e, com as Eqs. (6.2) e (6.3), o período T e seu desvio sT.
EXPERIMENTO 6.1 – PÊNDULO SIMPLES
O pêndulo simples é o exemplo mais conveniente de um sistema que executa m.h.s. Idealmente, o
pêndulo simples é definido como uma partícula suspensa por um fio inextensível e sem peso. Na prática,
ele consiste de uma esfera de massa m suspensa por um fio cuja massa é desprezível em relação à da
esfera e cujo comprimento L é muito maior do que o raio da esfera.
A Fig. 6.1 mostra um pêndulo simples afastado de uma elongação da vertical (posição de
equilíbrio). As forças que atuam sobre a esfera são seu peso mg e a tensão na corda F. Decompondo o
peso ao longo do fio e da perpendicular a ele, vemos na Fig. 6.1 que o componente tangencial éa
força restauradora do movimento o oscilatório.

Fig. 6.1
Ela não é proporcional à elongação . Logo o movimento não é harmônico simples.
Contudo, se o ângulo θ é pequeno o valor de é aproximadamente igual a θ (em radiano). Nestas
condições, demonstra-se que o período de oscilação do pêndulo simples é dado por,

(6.4)

onde T é o período de oscilação e L o comprimento do pêndulo.


Estritamente falando, a Eq.(6.4) é válida para um pêndulo que tem toda sua massa concentrada na
extremidade de sua suspensão e que oscile com pequenas amplitudes. Na prática procura-se satisfazer
essas condições usando-se uma esfera pesada (aço, chumbo), de pequeno raio, suspensa por um fio o
mais leve possível e trabalhando com amplitudes não maiores que 5º.

6.1.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


1. Monte o pêndulo com um comprimento L não menor que 40 cm, medido com precisão do ponto de
suspensão ao centro da esfera. Ponha o pêndulo para oscilar com pequena amplitude e determine o
período de oscilação pelo método descrito no Experimento 6.1.
2. Repita este procedimento para, pelo menos, seis valores de L, com intervalos não menores que 15
cm e construa uma tabela com os pares de valores medidos (L,T).
3. Com os pares de valores (L,T) use o método da anamorfose (Seção 4.4.1) e, tomando para g o valor
local, verifique a validade da Eq. (6.1). Dê sua conclusão sobre a validade da lei.
4. Compare o valor de g com o recomendado e discuta seu resultado.
Material por mesa:

 1 pêndulo,
 1 cronômetro,
 1 paquímetro,

 1 esquadro e

 1 indicador de ângulo,
 1 folha de papel milimetrado,

EXPERIMENTO 6.2 – PÊNDULO FÍSICO TIPO ANEL

Cutelo

Anel

Placa
Fig. 6.4
O pêndulo físico que iremos estudar é um anel homogêneo, portanto com o baricentro coincidindo
com seu centro geométrico e delgado, ou seja, sua espessura é muito pequena quando comparada com o
diâmetro. O anel será posto a oscilar em torno de um cutelo que intercepta um dos pontos de seu arco (Fig.
6.4). O momento de inércia do anel em torno de tal eixo de suspensão é, de acordo com a Eq. (6.5)

, (6.14)

onde é o momento de inércia de um anel delgado em relação a um eixo passando por seu

baricentro. A substituição desta expressão de I na Eq. (6.3) resulta para o período

(6.15)

onde D é o diâmetro médio do anel.

6.2.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


1. Nivele a placa contendo o cutelo de modo que ela fique perfeitamente na vertical. Ponha cada um
dos anéis a oscilar em torno do cutelo com amplitude não maior que 5º, atentando para que seu movimento
seja paralelo à placa, faça duas medidas do tempo t de um mínimo de 20 oscilações completas, calcule o
valor médio desses tempos e calcule T e seu desvio. Anote seus resultados.
2. Meça e anote o diâmetro médio D de cada anel. Com os pares de valores (D; T) obtidos, use o método
gráfico da anamorfose (Capítulo II – Teoria de Erros) e calcule a aceleração g devida à gravidade. Compare
o valor de g com o recomendado e discuta seu resultado.
Pese um dos anéis e calcule seu momento de inércia em relação ao ponto de suspensão através da Eq.
(6.3) e compare seu valor com o obtido pela Eq. (6.14). Qual é o centro de oscilação e o comprimento do
pêndulo simples equivalente para este anel?
Material por mesa:

 5 anéis metálicos de diferentes diâmetros,


 1 suporte com marcação de ângulo e haste para os anéis,

 1 paquímetro,

 1 régua milimetrada,
 1 folha de papel milimetrado.

Questionário do Experimento 6
1- Descreva o processo de linearização do pelo método da anamorfose.
2- Se um cronometro tem um desvio avaliado de 0,2 segundos e o número de oscilações é 40, qual
seria o desvio do período? Com quantas casas decimais deve ser escrito o período?

EXPERIMENTO 7
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO E MOMENTO DE INÉRCIA

I - OBJETIVO
Estudar as conservações de energia e de torque para sistemas em rotação e determinar
experimentalmente o momento de inércia de um disco em torno de seu eixo.
II - PARTE TEÓRICA
O aparelho mostrado na Fig. 7.1 provê um método experimental de determinar-se o momento de
inércia do disco girante, como também de fazer-se a análise energética do sistema em rotação e avaliar-se
os torques que atuam neste sistema, quando o momento de inércia é conhecido. Ele consiste de um disco
de aço D e de um tambor de plástico T montados rigidamente num eixo horizontal em torno do qual o
conjunto pode girar. Um peso , suspenso na extremidade de um fio que está enrolado no tambor, produz
a força motora que supre o torque necessário para girar o disco e, assim, fazer descer a massa m.
III - PARTE EXPERIMENTAL
EXPERIMENTO 7.1 - ANÁLISE ENERGÉTICA DO SISTEMA
No aparelho mostrado na Fig. 7.1, quando a massa m desce de uma altura h, a energia potencial
que ela perde é transformada em energia cinética associada a sua translação, em energia cinética
associada à rotação do disco e em energia dissipada por atrito no eixo do tambor. Inicialmente, a massa m
está em repouso numa altura h e o disco D está parado. Solta, a massa m cairá da altura h num tempo t
com aceleração constante a. Se no instante t em que a massa m chega ao solo (h = 0) sua velocidade é v e
a velocidade angular do disco é , a lei de conservação de energia requer que as energias inicial e final,

e , sejam iguais, ou seja:

(7.1)

Fig. 7.1
Nesta expressão, é a energia potencial da massa m na altura h; é a energia cinética

de translação da massa m ao tocar no solo; é a energia cinética de rotação do disco quando m

toca o solo, onde I é o momento de inércia do disco em relação ao eixo de rotação; e Q é a energia
dissipada por atrito no eixo de rotação do tambor durante a queda de m. Se o momento de inércia I é
conhecido, o experimento possibilita determinar os quatro termos da Eq. (7.1) e, assim, verificar a
conservação da energia.
As velocidades v e podem ser determinadas a partir das medidas da altura h e do tempo de queda
t da massa m, através das relações
, e (7.2)

onde a é a aceleração da massa m e r é o raio do tambor (o fio é enrolado em apenas uma camada). A
determinação da energia dissipada Q baseia-se na medida experimental da energia dissipada durante o
giro livre do disco, ou seja, entre o instante em que a massa m toca o solo até o instante em que o disco
pára totalmente de girar. No instante inicial do giro livre, a energia rotacional do disco é E R e toda ela é
dissipada por atrito no eixo do tambor durante o giro livre do disco. Assim, chamando de p a potência média
dissipada durante o tempo do giro livre, é igual à energia rotacional do disco quando a massa m toca o
solo, ou seja,
(7.3)

Supondo, agora, que a potência média dissipada durante o tempo t de descida de m seja também igual a p,
a energia dissipada nesta descida é Q = pt. Então, medindo-se t´, p pode ser calculado e Q
determinado.
7.1.1 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1. Monte o aparelho conforme a Fig. 7.1 e enrole o fio no tambor em forma bobinada e em apenas uma
camada. Suspenda, então, uma massa m conhecida na extremidade livre do fio e solte-a de uma altura h.
Anote os valores de m, h e r (raio do tambor). Meça o tempo t gasto pela massa m para chegar ao solo e o
tempo t´ de giro livre do disco. Repita este procedimento um mínimo de cinco vezes, e com os valores de t e
t' obtidos determine seus v.m.p. e os respectivos desvios padrões.
Escreva as expressões dos termos de energia E P, EC, ER e Q em função das grandezas medidas m,

h, r, t e t ' e das conhecidas I e g (g = 9,7833 m/s2), usando as Eqs. (7.2) e (7.3). Feito isso, calcule cada
uma dessas energias e seus respectivos desvios padrões. (No cálculo desses desvios, examine os desvios
relativos das grandezas envolvidas e em seus cálculos considere apenas a grandeza, ou grandezas, cujo
desvio relativo tenha maior ordem de grandeza.) Calcule a energia inicial do sistema E i(t = 0), a energia final
Ef (t = t) e verifique a conservação da energia expressa pela Eq. (7.1) à luz dos erros experimentais.
Discuta seus resultados.
Material por mesa :
 1 disco metálico preso na haste de madeira,

 cronômetro,

 1 escala de pedreiro,
 1 esquadro,

 1 peso de 50g,
 1 cordão de 2m.
Questionário do Experimento 7
1 - Identifique as energias que fazem parte da energia inicial e da final do experimento.
2- Descreva o procedimento experimental do experimento em questão.
3- Escreva as expressões dos termos de energia EP , EC , ER e Q em função das grandezas medidas m ,
2
h , r, t e t ' e das conhecidas I e g (g = 9,7833 m/s ), usando as Eqs. (7.2) e (7.3).

EXPERIMENTO 8
EQUILÍBRIO ESTÁTICO DUMA BARRA RÍGIDA

I - OBJETIVO
Estudar as condições de equilíbrio de uma barra rígida sujeita a forças verticais.

II - PARTE TEÓRICA
Se se aplica uma força num ponto de uma barra rígida apoiada, a barra poderá ter a tendência a girar
e a essa tendência de giro em torno dum eixo denomina-se torque.
Define-se o torque produzido por uma força F em relação a uma origem O, pelo produto vetorial
(8.1)

Fig. 8.1
onde é o vetor posição do ponto de aplicação da força , ambos contidos no plano xy (Fig. 8.1). Definido
desta forma, o vetor torque , de acordo com as regras do produto vetorial, é perpendicular ao plano que
contém O e . Assim, a linha de ação de representa o eixo em torno do qual o corpo tende a girar
quando fixo em O e sujeito à força . Este eixo é denominado eixo de torque. Na Fig. 8.1, coincide com
o eixo -z e tem o sentido de +z.
O módulo do torque é dado por

, (8.2)
onde é o ângulo entre os vetores e e é a distância perpendicular de O à linha de ação de ,
denominada braço de alavanca de em relação a O.

1. AS CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO


Uma barra rígida é dita estar em equilíbrio estático se ela não se move em nenhuma forma — nem
em translação, nem em rotação — no sistema de referência em que observamos o corpo. Translação num
corpo é causada por uma força não balanceada, enquanto rotação é produzida por um torque não
balanceado. Daí as duas condições necessárias e suficientes para que um corpo esteja em equilíbrio são:

 a soma vetorial de todas as forças externas que agem sobre o corpo deve ser nula;
 a soma vetorial de todos os torques externos — em relação a qualquer eixo de torque no espaço — que
atuam sobre o corpo deve ser nula.
Essas condições são expressas pelas relações:
(8.3 )
e

(8.4)

1. CENTRO DE GRAVIDADE

O centro de gravidade ou baricentro de um corpo é definido como o ponto no qual uma única força
aplicada para cima pode contrabalançar a atração gravitacional sobre todas as partes do corpo, qualquer que
seja a posição deste. O centro de gravidade seria, então, o ponto de aplicação da resultante de todas as
forças gravitacionais sobre o corpo. Ele pode também ser definido como o ponto em torno do qual a soma
algébrica de todos os torques gravitacionais é igual a zero para qualquer orientação do corpo. Num campo
gravitacional uniforme, o baricentro coincide com o centro de massa do corpo e independe da posição deste.

2. EQUILÍBRIO DUMA BARRA SUSPENSA


Numa barra rígida suspensa, onde todas as forças externas aplicadas sobre ela são verticais,
portanto coplanares, as condições de equilíbrio significam que a resultante das forças num sentido deve ser
igual à resultante das forças no sentido contrário; e que a soma dos torques no sentido horário (negativo, por
convenção), em relação a qualquer eixo de torques perpendicular ao plano das forças, deve ser igual à soma
dos torques no sentido anti-horário (positivo, por convenção), em relação ao mesmo eixo. Se a barra for
equilibrada na horizontal o braço de alavanca de cada força será simplesmente a distância do ponto de
aplicação desta força ao eixo de torque escolhido. Esse eixo deve ser escolhido por conveniência de cálculo:
normalmente o baricentro ou o ponto de suspensão da barra é pontos convenientes.

III - PARTE EXPERIMENTAL

BARRA SUSPENSA POR UM PONTO FORA DE SEU BARICENTRO


Quando uma barra é suspensa, a condição para seu equilíbrio é que a linha de ação da força que a
mantém suspensa passe por seu baricentro. Se, portanto, uma barra é suspensa por um ponto fora de seu
baricentro ela não ficará em equilíbrio na horizontal, a menos que outras forças externas sejam nela
aplicadas.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1. Suspenda a barra por um orifício não central com o dinamômetro e equilibre-a na horizontal pendurando
um ou mais pesos, conforme indicado pelo professor. Então, identifique as forças externas que agem sobre
a barra, seus pontos de aplicação e faça um diagrama delas. Meça e anote as intensidades dessas forças,
e, à luz dos desvios obtidos, verifique se a condição de equilíbrio expressa pela Eq. (8.3) foi satisfeita.
Agora, meça e anote os braços de alavanca das forças externas em relação a um eixo de torques de sua
escolha, calcule os torques dessas forças e verifique, à luz dos desvios calculados, se a condição expressa
pela Eq. (8.4) foi satisfeita. Discuta seus resultados.
Material por mesa:

 1 barra de 1 metro com furos e escala,

 1 dinamômetro preso num suporte metálico,


 Uma coleção massas com gancho contendo: 2 de 20g , 1 de 50g , 1 de 100g, 1200g, 1g(2) e 0,5g.

Questionário do Experimento 8

1- Quais são as condições para que haja equilíbrio?


2- Defina Baricentro.
3- Descreva o procedimento experimental do experimento barra suspensa por um ponto fora de seu
baricentro.
Informações úteis sobre o kit de estudo de queda livre para o experimento 3 – 2013.2
(versão 1.0 – 21/11/2013)

Eletroímã com esfera


metálica

Sensor de passagem
Chave para ligar / desligar da esfera: LED infra
o eletroímã e liberara o vermelho e fotosensor
esfera de metal

Suporte (barra)
Modulo de
vertical com fita
controle do
graduada em
equipamento com
mm
cronômetro

Tripés com
parafusos

Figura 1: Vista geral do equipamento

Resumo do principio de funcionamento do equipamento, aproveitado no experimento 3 - 2013.2: uma


esfera metálica é suspensa por um eletroímã, fixado sobre uma barra vertical dotada de uma fita graduada.
A esfera é liberada pelo eletroímã acionando a chave “ligar/desligar” para posição “desligar”. Quando a
esfera passa na frente do primeiro sensor fixado ao suporte (barra), a contagem de tempo é iniciada,
parando quando a esfera passa na frente do segundo sensor. O display fornece assim o tempo de queda da
esfera do sensor 1 até o sensor 2. As posições dos sensores podem ser ajustadas para permitir registrar
“posição = função(tempo)”. É importante que o suporte (a barra) principal do equipamento seja mantido
vertical. Para este ajuste, o tripés possui 3 parafusos.
Informações sobre a regulagem do equipamento
Modo de funcionamento do equipamento: o equipamento possui na parte de frente do modulo de
controle, na direta, uma chave que permite de selecionar o modo de funcionamento. São 5 modos, e
utilizamos no Experimento 3 (semestre 2013.2), o modo F1: (modo padrão acionado quando o display é
colocado em funcionamento). Neste modo, o primeiro sensor é utilizado para detectar a passagem da esfera
e iniciar a contagem de tempo. O segundo sensor determina o final da contagem. A chave do lado esquerda
permite fazer o reset do tempo (o modo de funcionamento não é alterado).

Seleção modo
funcionamento

reset

Figura 3: Seleção do modo de funcionamento do equipamento


Posicionamento da esfera: para medir a altura de queda da esfera, precisamos definir a posição inicial da
esfera, que corresponde à posição da região inferior da esfera. Para isso, após fixar a esfera ao eletroímã
(ligado), empregamos uma esquadra e lemos a posição na fita. É conveniente escolher uma posição que
corresponde a um número redondo, conforme a figura 4 (nesta, a posição é o 0 da fita).

Observação: O potenciômetro (da parte traseira, figura 2) deve ser ajustado a aproximadamente 1/4 até 1/3
da escala máxima de intensidade da corrente elétrica aplicada ao eletroímã, de modo que a esfera seja
mentida sempre na mesma posição durante todo o experimento. Foi observado que alterar a intensidade do
campo magnético pode induzir variações de tempo relativamente grandes.
Figura 4: Ajuste da posição inicial da esfera
Posicionamentos dos sensores: Para medir a altura de queda livre da esfera (que é igual à diferença
da posição do sensor 2 com a posição do sensor 1), precisamos definir as posições dos sensores. Para
isso, basta deslocar verticalmente os sensores ao longo da barra vertical até as posições desejadas.
Um parafuso encontra-se na parte traseira do suporte de cada sensor para fixá-lo. O modo mais simples
de definir a posição do sensor é realizar a leitura da posição da parte superior do seu suporte (ver figura
1) e acrescentar 11 mm (o suporte tem 22 mm de espessura e o feixe de luz infravermelha passa a
11mm da parte superior) ao valor lido.
Medida: uma vez o equipamento configurado, desligar a chave para iniciar a queda da esfera. O tempo de
queda (do primeiro sensor até o segundo), dado em segundo (1º digito) com a precisão do mili-segundo (3
outros dígitos), será apresentado no display do equipamento, conforme figura 5. Observamos que com um
equipamento bem configurado (ajustado), duas medidas nas mesmas condições permitem a obtenção de
tempos que não diferem mais do que 2 ms para quaisquer valores de h (altura de queda da esfera até o
primeiro sensor) e de (deslocamento da esfera do sensor 1 até o segundo). Para finalizar,
lembramos que neste experimento, e nas condições explicitadas neste documento, estamos trabalhando
com um movimento uniformemente acelerado, com velocidade inicial não nula (determinada com h):

com:
Para realizar o experimento em “boas condições”, é indicado realizar as medidas para h e variando
numa ampla faixa de valores: [5cm, 65cm].

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Figura 5: Disparo da queda e display do tempo de queda


BIBLIOGRAFIA

As referências seguintes foram usadas na preparação desta apostila e servirão ao leitor que desejar
informações mais extensivas.

1. Apostila de Teoria de Erros e Mecânica, 1998. Argollo, R. M; Ferreira, C. e Sakai, T. – Dep. de Geofísica
Nuclear – IF/UFBa.

2. Furtado, Nelson F., 1957. Sistemas de Unidades: Teoria dos Erros. Livro Técnico Ltda.

3. Helene, Otaviano A. M. e Vitor R. Vanin, 1981. Tratamento Estatístico de Dados em Física


Experimental. Editora Edgard Blücher Ltda.

4. Beers, Yardley, 1962. Theory of Error. Addison-Wesley. USA.

5. Wall, Cliford N., Raphael B. Levine e Fritjaf E. Christensen, 1972. Physics Laboratory Manual. Prentice-
Hall.

6. Meiners, Harry F., Walter Eppenstein e Kenneth H. Moore, 1969. Laboratory Physics. John Wiley.

7. Helene, O., S .P. Tsai e R. R .P. Teixeira, 1991. O que é uma medida? Revista de Ensino de
Física,13,12- 29.

8. Dionísio, P. H., 1991. Sensibilidade do Equipamento e Precisão da Medida. (Comentário sobre o artigo
“O que é uma medida?”.) Revista de Ensino de Física, 13, 30-33.

9. Bacon, R.H., 1953. Am. J. Phys., 21, 428.

10. Vuolo, José H., 1992. Fundamentos da Teoria de Erros. Editora Edgard Blücher Ltda.

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