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 Diante do quadro da doença, Ernesto pergunta para Evelina: a senhora já leu algo de

espiritualismo?

O livro dos espíritos: Introdução Ao estudo da doutrina espírita, item I


...o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si
alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista.

Os estudos que ele fez compreende a criatura humana como um ternário (ele
compara com charrete, os cavalos e o condutor) – O carro (charrete) equivale ao
corpo físico, o animal pode ser comparado ao corpo espiritual, modelador e
sustentador dos fenômenos que nos garantem a existência física, e o cocheiro
simboliza, em suma, o nosso próprio espírito, isto é, nós mesmos, no governo mental
da vida que nos é própria.

Explicação para a morte ou desencarnação


O carro avariado, qual o que vimos aqui, recorda um corpo doente e, quando um
veículo assim se faz de todo imprestável, o condutor abandona-o à sucata da natureza
e prossegue em serviço, montando consequentemente o animal para continuarem
ambos, no curso de sua viagem para diante... O corpo de carne, tornado inútil, é
restituído à terra, enquanto que nosso espírito, envergando o envoltório de matéria
sutil, que, aliás, lhe condiciona a existência terrestre, passa a viver em outro plano, no
qual a roupa de matéria mais densa para nada mais lhe serve...

Evelina diz: Teoria engenhosa!... O senhor me fala da morte, e que me diz desse trio
durante o sono?

O Livro dos espíritos


401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o
prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo
Espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?


“Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do
que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro.
Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais
Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. Dizes frequentemente: Tive um sonho
extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É
amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra
existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de
quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro. [...]

no sono físico, há descanso para os três elementos, descanso esse que varia de
condutor para condutor, ou melhor, de espírito para espírito. Se o boleeiro se
caracteriza por hábitos de estudo e serviço, quando o veículo se detém na oficina para
reajuste ou reabastecimento, ei-lo que utiliza o animal para excursões educativas ou
tarefas nobilitantes. De outras vezes, se o condutor é ainda profundamente inábil ou
inexperiente, patenteando receio da viagem, sempre que o veículo exija restauração,
ei-lo que se oculta nas imediações do posto socorrista, esperando que o carro se
refaça, a fim de retomá-lo, à feição de armadura para a própria defesa

 Travam um diálogo muito importante. Que já travamos alguma vez.


Evelina estampou um gesto de incredulidade. Sou católica, sem fanatismo, mas
francamente determinada a viver segundo os preceitos de minha fé.

Evangelho segundo o espiritismo capítulo 19 A fé humana e a divina


A fé transporta montanhas item 12
12. No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que
ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em
estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua
vontade. Até o presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o
Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o tem considerado apenas como
chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou,
por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade
de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os
apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo?
Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem
persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa
força, seriam capazes de realizar o que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no
entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. – Um Espírito
protetor. (Paris, 1863.)

 Não é religioso, o senhor?


– Quisera ser. Sou um procurador da verdade, livre atirador no campo das ideias.
E lê espiritualismo por desfastio?
Leio por necessidade. Dona Evelina, a senhora esqueceu? Estamos na bica de uma
cirurgia que nos pode ser fatal... Nossas malas talvez estejam prontas para uma longa
excursão!...
Estuda espiritualismo, à maneira do viajante que aspira a conhecer o dinheiro, a
língua, os costumes e as modas do país estrangeiro que tenciona visitar. Informações
resumidas, cursos rápidos...
Tenho tido mais tempo ao meu dispor... invisto nos domínios de tudo o que se
relacione com as ciências da alma, principalmente com aquilo que se refira à
sobrevivência e à comunicação com os Espíritos.

O senhor já encontrou a prova de semelhante intercâmbio? conseguiu mensagens


diretas com algum de seus mortos queridos?

Podemos consultar o trabalho de Cesar Lombroso com a médium Eusapia Paladino


por volta de 1888.

– Ainda não.
– Isso, acaso, não lhe desencoraja a busca?
– De modo algum.
– Prefiro as minhas crenças tranquilas. A confiança sem dúvida, a oração sem tortura
mental...
No entanto, se houver uma outra vida à nossa espera e se a indagação aparecer em
sua alma?
O senhor estará com os seus pesquisadores, eu ficarei com os meus santos.
 Antes da moléstia, reconhecia-me seguro da vida. Comandava os acontecimentos,
nem sabia, ao menos, da existência desse ou daquele órgão no meu corpo.
Entretanto, um tumor na suprarrenal não é uma pedra no sapato. Tem qualquer coisa
de um fantasma, anunciando contratempos e obrigando-me a pensar, raciocinar,
discernir...

 Arthur Ashe, o lendário jogador de Wimbledon, estava morrendo de AIDS, pois foi
contaminado com sangue infectado durante uma cirurgia cardíaca em 1983.
Ele recebeu cartas de seus fãs, uma das quais perguntou para ele assim:
“Por que Deus teve que escolher você para passar por uma doença tão terrível?”
Arthur Ashe respondeu: Muitos anos atrás, cerca de 50 milhões de crianças
começaram a jogar tênis, e uma delas era eu. Cinco milhões realmente aprenderam a
jogar tênis, 500.000 se tornaram Tenistas profissionais, 50 mil chegaram ao circuito, 5
Mil alcançaram o Grandslam, 50 delas chegaram a Wimbledon, Apenas 04 delas
chegaram à semifinal, 02 delas chegaram à grande final e uma delas era EU.
Quando eu estava comemorando a vitória com a taça na mão, nunca me ocorreu
perguntar a Deus: “Porque eu?”. Ashe morreu das complicações resultante de AIDS
em 6 de fevereiro de 1993.

Sabe, às vezes você não está satisfeito com sua vida, enquanto muitas pessoas neste
mundo sonham em poder ter a sua vida ou pelo menos a sua saúde. Uma criança em
uma fazenda vê um avião que voa lá no alto e sonha em voar. Mas, o piloto desse avião,
voando sobre a fazenda, olha para baixo e sonha em voltar o quanto antes para casa.
Assim é a vida!!

 Tem medo da morte? – chasqueou a moça, com fina verve.


– Não tanto, e a senhora?
– Bem, eu não desejo morrer. Tenho meus pais, meu esposo, meus amigos. Adoro a
vida, mas...
– Mas?...
– Se Deus determinar a extinção dos meus dias, estarei conformada.
– Porventura, não tem problemas? Nunca sofreu a influência dos males que nos
atormentam o dia-a-dia?
Admito os males que outros nos façam como parcelas do resgate de nossos
pecados perante Deus; no entanto, os males que fazemos são golpes que
desferimos contra nós mesmos. Supondo assim, procuro preservar-me, isto é,
reconheço que não devo ferir a ninguém. Em razão disso, busco na confissão um
contraveneno que, de tempos a tempos, me imunize, evitando a explosão de minhas
próprias tendências inferiores.

O Evangelho segundo o Espiritismo » Capítulo XVII – item 4 Sede perfeitos » os


bons espíritas
Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços
que faz para domar suas más inclinações.

Não quero comprar o Céu com atitudes calculadas e sim agir em oposição aos
defeitos que carrego e, por isso, não seria correto abrir o coração diante de quem
não me possa entender e nem ajudar.

Gálatas 6:7-10
Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso
também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas
quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos
de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto,
enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos

Livro Momentos de Ouro, capítulo nº 12 (Francisco Cândido Xavier)


A reunião alcançava a parte final, e, na organização mediúnica, Bezerra de Menezes
retinha a palavra.
O Benfeitor distribuía consolações, quando um companheiro o alvejou com azedume:
– Bezerra, não concordo com tanta máscara no ambiente espírita. Estou cansado de
ser hipócrita. Falo contra mim mesmo. Posso, acaso, dizer que sou espírita-cristão?
Vejo-me fustigado por egoísmo e intolerância, avareza e ciúme; cometo desatenções e
disparates; reconheço-me frequentemente caído em maledicência e cobiça; ainda não
venci a desconfiança, nem a propensão para ressentir-me; quando menos espero,
chafurdo-me nos erros da vaidade e do orgulho; involuntariamente, articulo ofensas
contra o próximo; a ambição mora comigo e, por isso, agrido os meus semelhantes
com toda a força de minha brutalidade; a crítica, o despeito, a maldade e a imperfeição
me seguem constantemente.
Posso declarar-me espírita-cristão com tantos defeitos?
O venerável Bezerra de Menezes respondeu sereno:
– Eu também, meu amigo, ainda estou em meio de todas essas mazelas e sou
espírita-cristão...
– Como assim? – revidou o consulente agitado.
– Perfeitamente – concluiu Bezerra de Menezes, sem alterar-se. – Todas essas
qualidades negativas ainda me acompanham... Só existe, porém, um ponto, meu caro,
que não posso esquecer. É que, antes de ser espírita-cristão, eu fazia força para
correr atrás de todas elas e agora, que sou cristão e espírita, faço força para fugir
delas todas...
E Bezerra de Menezes, sorrindo:
– Como vê meu amigo, há muita diferença.

 – Acredite que também eu, ante a enfermidade, tenho vivido mais cuidadosa. Até
mesmo na véspera de minha vinda para cá, harmonizei-me com os deveres religiosos.
Confessei-me.

Tiago 5:16-20 o poder de um coração amparando outro coração


Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para
serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como
nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra
durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os
seus frutos. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o
trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu
caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam
perdoados.

Evelina e Ernesto se encontraram na dor. E eu pergunto, o que acontece com


você quando você encontra um coração amigo, e partilha com esse coração sua
dor, seu desespero, sua agonia, suas preocupações?

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