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INFERNO
Allan Kardec
CAPÍTULO IV – ESPÍRITOS SOFREDORES
Espírito: Auguste Michel
Era um moço rico, boêmio, gozando larga e exclusivamente a vida material.
Conquanto inteligente, o indiferentismo pelas coisas sérias era-lhe o traço
característico.
Sem maldade, antes bom que mau, fazia-se estimar por seus companheiros de
pândegas, sendo apontado na sociedade por suas qualidades de homem mundano.
Não fez o bem, mas também não fez o mal. Faleceu em consequência de uma queda
da carruagem em que passeava. [...]
1ª Comunicação, 8 de março de 1863: “A queda que me ocasionou a morte do corpo
perturbou profundamente o meu Espírito. Inquieta-me esta incerteza cruel do meu
futuro. O doloroso sofrimento corporal experimentado nada é comparativamente a
esta perturbação.”
631. Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é
bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu a
inteligência para distinguir um do outro.”
“Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase
imediatamente, pois que já se libertou da matéria durante a vida do corpo, enquanto que o homem
carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da
matéria.”
Comentário de Allan Kardec na questão 155-A: [...] “a afinidade que, em certos indivíduos, persiste
entre a alma e o corpo, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da
decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros
de morte. Verifica-se com alguns suicidas.”
(O Livro dos Espíritos)
Sendo um dos elementos constitutivos do
homem, o perispírito desempenha importante
papel em todos os fenômenos psicológicos e,
até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e
patológicos. [...]
Pessoas há cujo perispírito se identifica de tal
maneira com o corpo, que só com extrema
dificuldade se opera o desprendimento da alma,
mesmo por ocasião da morte; são, em geral, as
que viveram mais para a matéria; são também
aquelas para as quais a morte é mais penosa,
mais cheia de angústias, mais longa e dolorosa
a agonia.
(Obras Póstumas - Cap. Manifestações dos
espíritos, itens 12 e 31)
A insistência do Espírito, para que se orasse sobre o seu túmulo, é uma
particularidade notável, mas que tinha sua razão de ser se levarmos em
conta a tenacidade dos laços que ao corpo o prendiam, à dificuldade do
desprendimento, em consequência da materialidade da sua existência.
Compreende-se que, mais próxima, a prece pudesse exercer uma espécie
de ação magnética mais poderosa no sentido de auxiliar o
desprendimento. O costume quase geral de orar junto aos cadáveres não
provirá da intuição inconsciente de um tal efeito? Nesse caso, a eficácia
da prece alcançaria um resultado simultaneamente moral e material.
11 de maio. Quando o médium foi ao local onde estava sepultado o corpo
[...] “Fui no mundo um ser inútil; não fiz uso algum proveitoso das minhas
faculdades; a fortuna serviu apenas à satisfação das minhas paixões, aos meus
caprichos de luxo e à minha vaidade; não pensei senão nos gozos do corpo,
desprezando os da alma e a própria alma.”
8 de junho. — “[...] Compreendi as minhas faltas e espero que Deus me perdoe.
Trilhai sempre na vida de conformidade com a crença que vos alenta, porque ela vos
reserva de futuro um repouso que eu ainda não tenho.[..]”
30 de julho. — “Presentemente sou menos infeliz, visto não mais sentir a pesada
cadeia que me jungia ao corpo. Estou livre, enfim, mas ainda não expiei e preciso é
que repare o tempo perdido se eu não quiser prolongar os sofrimentos.
165. O conhecimento do
Espiritismo exerce alguma
influência sobre a duração,
mais ou menos longa, da
perturbação?