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MESTRADO INTEGRADO

ARQUITETURA

Alvar Aalto e a Casa de Muuratsalo


Experimentação e Projeto

João Pedro Tavares Pimentel

M
2022
ALVAR AALTO E A CASA DE MUURATSALO
EXPERIMENTAÇÃO E PROJETO

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto


Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura
Elaborado por João Pedro Tavares Pimentel
Orientado por Nuno Brandão Costa
2021 / 2022
A dissertação encontra-se redigida segundo
o acordo ortográfico em vigor. Todas as
citações estrangeiras que integram o corpo de
texto encontram-se em português de forma a
promover uma leitura contínua. Estão presentes,
em nota de rodapé, todas as citações no seu
idioma original.
Aos meus pais e ao meu irmão por todo o apoio.
Resumo

Um arquiteto, uma casa e um projeto. A terceira e última parte deste estudo, consiste
numa abordagem própria, ancorada às múltiplas
A presente dissertação propõe-se a um estudo componentes dos dois capítulos anteriores.
específico sobre o arquiteto Alvar Aalto e a sua Neste, projeta-se uma casa de férias na zona
Casa de Muuratsalo, tendo como finalidade um florestal de Maceda, no concelho de Ovar, um
projeto autoral capaz de estabelecer, por si só, contexto particular, com características que,
um paralelo entre dois conceitos experimentais. de certo modo, se poderiam assemelhar ao
plano paisagístico da ilha de Muuratsalo. Aqui,
Partindo da interpretação do arquiteto, foram foram apresentados os desenhos e os escritos
selecionados e apresentados momentos de um projeto que procurou reajustar vontades
significativos da sua vida, ilustrando pon- e evocar referências intrínsecas ao seu autor,
tualmente o seu percurso profissional e demonstrando através de representações
pessoal, construindo um contexto teórico bidimensionais e objetos tridimensionais uma
capaz de albergar a dinâmica do restante reflexão projetual própria, onde se tende a
trabalho. explorar questões que favoreçam a flexibilidade
ou a transversalidade da arquitetura através do
Assim, foi possível transpor esta investigação seu carácter experimental.
para um segundo momento, o estudo da Casa
Experimental de Muuratsalo, onde surgiu a
necessidade de compreender e interpretar
os seus conceitos adjacentes, permitindo,
consequentemente, escolher e desenvolver
temáticas capazes de percorrer a obra de um
modo global.
Abstract

An architect, a house and a project. The third and last part of this study is related
to a specific approach supported by the
This dissertation proposes a specific study components of the two previous chapters. A
about the architect Alvar Aalto and his summer house was designed in the forest area
Muuratsalo House, in order to develop an of Maceda, Ovar, in a particular context, with
authorial project that establishes a parallel characteristics that, in a way, are similar to the
between two experimental concepts. landscape plan of the island of Muuratsalo. Here,
the drawings and texts of a project that readjust
Based on the architect’s interpretation, wills and evoke intrinsic references to its
significant moments of his life were selected, author were elaborated, demonstrating through
illustrating his trajectory as a person and as an two-dimensional representations and three-
architect, solidifying a theoretical context that -dimensional objects a specific design
could sustain the dynamics of the rest of the reflection, which seek to explore concepts that
work. favor the transversality of architecture through
its experimental character.
Thus, it was possible to transpose this
investigation to a second stage, the study of
the experimental house of Muuratsalo, which
developed the need to understand and interpret
its concepts, allowing, consequently, to choose
and develop themes capable of covering the
work in a global way.

Sumário

Resumo
Abstract

Nota Introdutória 011

Alvar Aalto | Contextos 015

A Casa de Muuratsalo | Obra 041

A Casa de Maceda | Projeto 089

Elementos Rigorosos 111

Seleção Gráfica 173

Nota Conclusiva 195

Referências Bibliográficas 197


Notas | Créditos de Imagens 199
Nota Introdutória

Pretende-se, com o presente trabalho,


aprofundar um conjunto de temáticas que
possibilitem uma aprendizagem livre mas
consciente. Para isso, de forma a introduzir
o mesmo, subdividiu-se esta breve nota
introdutória em três partes, sendo estas
correspondentes, aos olhos do autor, às três
fases de maior relevância para a investigação
em questão.

Alvar Aalto | Contextos Posteriormente, já depois de se refletir acerca


da sua formação, também se refere a influência
Neste primeiro capítulo pretende-se elucidar que Itália teve no seu desenvolvimento pessoal
o leitor do contexto vivido pelo arquiteto Alvar e profissional. Os padrões de beleza clássicos, a
Aalto até ao período da construção da obra intemporalidade da proporção, a geometria e a
de Muuratsalo (1952-54). Os textos que se comunhão entre as pequenas cidades medievais
seguem foram escritos cronologicamente e e a sua topografia, consciencializaram-no de
estão compreendidos entre a primeira metade novos conceitos, de uma nova forma de fazer
do século XX, tendo como objetivo principal e de interpretar a arquitetura, permitindo, ao
introduzir de forma faseada o enquadramento arquiteto, novas referências e horizontes.
que antecede a casa experimental.
Por último, ainda antes da casa em foque,
Num primeiro momento focam-se as vivências analisam-se as diferentes etapas adjacentes
iniciais do autor, salientando instâncias de maior às suas obras. Aqui, aborda-se o início
importância para a sua educação e formação. do Movimento Moderno e a sua vertente
Referem-se os espaços vividos e as pessoas humanista, enunciando exemplos significativos
que o acompanharam em criança, bem como como o caso do Sanatório de Paimio (1929-33)
algumas das suas apetências que mais tarde e da Villa Mairea (1937-39).
viriam a ser desenvolvias com maior fulgor.
Assim, pretende-se abordar um conjunto
Neste seguimento, trata-se também de um de fases capazes de clarificar um percurso
outro período na sua vida. Este, refere-se a complexo, permitindo, posteriormente, de
um momento de transição resultante da sua um modo mais consciente, a compreensão e
formação em Helsínquia, onde se reflete sobre interpretação das diversas temáticas inerentes
as dificuldades pelas quais a sua família passou à casa experimental de Alvar Aalto.
por conta da instabilidade política, económica
e social do seu país. Toda esta revolução
contribuiu para a definição do seu carácter e
fomentou o surgimento de novos movimentos
escandinavos, que, consequentemente, in-
fluenciaram o outrora jovem arquiteto.

010 | 011
A Casa de Muuratsalo | Obra Já numa vertente mais analista e pessoal, são
escolhidas e desenvolvidas temáticas que tanto
O segundo capítulo remete-nos para a Casa de focam a questão da implantação do conjunto e
Muuratsalo. Aqui, pretende-se compreender a sua distribuição programática, como também
o contexto onde esta se insere para que, se preocupam com a análise da sua estrutura,
posteriormente, nos seja possível analisar, da sua cobertura e do seu pátio.
interpretar e comparar todo o seu conjunto
volumétrico. Por último, são apresentados outros dois
elementos da composição de Muuratsalo, a
Deste modo, através da análise de exemplos Sauna e o Barco. Estes, são mencionados ao
que nos conduzem para a temática da casa longo do presente trabalho como ‘protótipos’,
de férias, tenta-se perceber a questão do uma vez que, tal como o nome sugere,
lugar, onde se problematiza e questiona a sua pretendiam ser exemplares experimentais,
inserção junto das margens rochosas da ilha de permitindo ao arquiteto testar com liberdade e
Muuratsalo. aprender através deles.

Em seguida, procura-se explorar o conceito Assim, faz-se uma aproximação ao autor e à


experimental presente nesta casa e enumeram- sua casa, procedendo ao seu enquadramento e
-se todas as experiências propostas, pelas explicitando através de um estudo consequente
palavras do arquiteto Alvar Aalto, explicando, e metodológico, os ensinamentos adquiridos e
consequentemente, quais tomaram ou não o provenientes de um trabalho experimental.
seu fim.


A Casa de Maceda | Projeto Para além disso, trata-se também de um grupo
de problemáticas que incidem diretamente
Sendo este um capítulo que, por via da sua sobre a escolha do programa, da volumetria e
componente projetual, procura um paralelismo do tipo de cobertura.
direto e deliberado com a obra de Muuratsalo,
a sua abordagem temática acaba, também ela, Por fim, apresenta-se o objeto final ou tal como
por se assemelhar à estruturação presente no a dissertação denomina ‘A composição dos três
capítulo anterior. volumes’. São assim descritos os principais
espaços que constroem a volumetria: o pátio,
Deste modo, através da escolha de um conjunto o volume comum, o volume dos quartos e por
de fatores essenciais, como a aproximação fim o estúdio.
à floresta e ao mar, opta-se pelo lugar que vai
acolher este projeto experimental, Maceda. Um Assim, este projeto marca o momento final de
local que, pela sua biodiversidade, se poderia uma aprendizagem académica, resumindo,
assemelhar à paisagem proporcionada pela ilha. nele mesmo, parte dos ensinamentos retidos
ao longo destes cinco anos de formação
Neste seguimento, por analogia ao que acontece proporcionada pela Faculdade de Arquitectura
no capítulo anterior, explora-se o conceito da Universidade do Porto.
experimental do projeto. Ou seja, tal como Alvar
Aalto enumera as suas experiências, aqui, o
autor estabelece um conjunto de questões a
responder e/ou resolver em projeto.

Definem-se assim, os três momentos essenciais


deste trabalho, Alvar Aalto como arquiteto, a
Casa de Muuratsalo como objeto de análise e
o Projeto de Maceda, também ele experimental,
como elemento final, enquanto exercício de
transição para uma nova realidade.

012 | 013
Alvar Aalto | Contextos

01. Johan Henrik e a mesa branca 017


02. Jyväskylä e a componente do desenho 019
03. Confronto: A chegada a Helsínquia e a guerra civil 021
04. Armas Lindgren e a formação em arquitetura 023
05. Aino Marsio e a viagem a Itália 025
06. A mudança de paradigma, exposição de Paris de 1925 029
07. A transição de conceitos 1 031
08. Obra 1: Sanatório de Paimio 033
09. A transição de conceitos 2 037
10. Obra 2: Villa Mairea 039
01. Johan Henrik e a mesa branca

“A Mesa Branca da minha infância era grande, A mesa estava dividida em dois níveis, sendo
continuou a crescer e sobre ela realizei o estes relativos a duas fases distintas do seu
trabalho da minha vida.”1 crescimento, um primeiro subordinado, entre
o chão e o lado inferior do tampo, diretamente
De modo a compreender o arquiteto Alvar ligado ao mundo lúdico e um outro subordinante,
Aalto e o contexto onde a sua obra se insere, na parte superior, relacionado com o mundo
é de extrema importância refletir acerca das profissional.
motivações e convicções provenientes das suas
primeiras vivências. Numa reflexão descrita “Eu fui habitante do nível inferior desde que
no seu texto ‘A mesa branca’2, Aalto relembra comecei a gatinhar. Parecia uma espaçosa
momentos significativos da sua infância, dando praça dominada, exclusivamente, por mim.
ênfase à memória do seu pai, demonstrando Depois, alcancei a maturidade suficiente para
um carinho próprio e uma profunda admiração me mudar para o andar superior, para o tampo
pela pessoa que o educou. da Mesa Branca.”5

O seu pai, Johan Henrik, desempenhou um Enquanto criança, Aalto habitava o piso inferior
papel fundamental na sua formação, foi com da mesa como um refúgio, um lugar não visível
ele que, o arquiteto, adquiriu as ferramentas para os adultos, estabelecendo a concessão
mais importantes para a produção de toda espacial da sua infância. A transformação
a sua obra, tendo-lhe proporcionado uma deste objeto doméstico foi determinada pela
primeira aproximação ao mundo profissional. evolução do uso de Aalto enquanto utilizador,
Fruto de toda a sua educação, aprendeu que possibilitando a transição de duas etapas
com ambição, educação e trabalho árduo, adjacentes ao seu crescimento.
poderia alcançar futuros promissores, gerando
a segurança necessária para que fosse Deste modo, a mesa branca representaria
convicto do valor das suas capacidades, nunca o início da sua criação, proporcionando-lhe
menosprezando a necessidade de se instruir e momentos de criatividade e possibilidades
de procurar ser melhor. inerentes a um pensamento livre, constituindo-
-se como um instrumento habilitado a expressar
Sendo o seu pai agrimensor3, a mesa branca uma síntese harmoniosa da sua imaginação.
constituía-se como uma das ferramentas
principais do seu ofício, auxiliando-o nos
desenhos que abrangiam as vastas florestas
da região.4 Esta, consequentemente, impactou a
vida de Aalto enquanto criança e, posteriormente,
presenciou a sua carreira enquanto arquiteto.

016 | 017
02. Jyväskylä e a componente do desenho

A sua mudança, aos cinco anos, de Kuortane “Guiado apenas pelo instinto, não faço
para a pequena cidade portuária de Jyväskylä, sínteses de arquitetura, muitas vezes os
proporcionou-lhe novos horizontes. Aqui, meus esboços parecem-me infantis e, deste
expôs o seu trabalho por diversas ocasiões modo, nessa base abstrata, a ideia principal
e contribuiu com inúmeros desenhos para toma forma, uma espécie de substância geral
alguns jornais locais, o que lhe permitiu, desde ajuda a harmonizar os problemas parciais e
cedo, estabelecer uma conexão próxima com o contraditórios.”2
mundo do trabalho.1
Aalto relaciona esta ferramenta com a
A ferramenta do desenho tornou-se essencial componente híbrida inerente ao seu pensamento,
ao longo de todo seu percurso, tanto na sua que por vezes resulta de um gesto linear de
formação como ao longo da sua carreira, esta carácter rigoroso e fiável, outras vezes sinuoso
manifesta-se como uma extensão natural do e consequente do seu processo complexo de
seu pensamento, que, para além de facilitar uma pensamento e de trabalho. O desenho pretendia
comunicação imediata, permitia refletir sobre assim, expressar uma síntese da sua imaginação
ideias um quanto abstratas, sujeitando-as a e não um aglomerado de opostos irreconciliáveis,
processos de maturação com a finalidade de as tendo como objetivo a complementaridade entre
transformar numa materialização concreta. o pensamento e o objeto.

018 | 019
03. Confronto: A chegada a Helsínquia e a guerra civil

Com o intuito de se formar, Alvar Aalto visitou Este enquadramento social incitou um
pela primeira vez a cidade de Helsínquia em sentimento nacionalista inerente à cultura
1916, a grandiosidade da capital pareceu tê- finlandesa, auto valorizando o seu povo, a
-lo deslumbrado face ao carácter imponente sua língua e a integridade do seu território.
e impactante dos seus edifícios, são exemplo O reconhecimento próprio das suas
obras como a Estação Ferroviária de Helsínquia características permitiu uma elevação cultural
(1904-19), do arquiteto Eliel Saarinen ou o única, afirmando um movimento patriota
Museu Nacional da Finlândia (1905-10 / 1916), envaidecido pelas suas próprias raízes, tendo
dos arquitetos Armas Lindgren, Eliel Saarinen e como nome, Romantismo Nacional Finlandês.
Herman Gesellius.1 Em Aalto, facilmente apreendemos as origens
da sua intrínseca relação com o solo finlandês.
Contudo, a Finlândia, juntamente com os O seu país, constituiu-se como a maior
restantes países escandinavos, atravessava referência para o seu carácter, suscitando
um momento de grande turbulência política e e fomentando impulsos primários como a
de escassez económica. A estadia de Aalto, em autoafirmação de um indivíduo pertencente a
Helsínquia, veio a ser fortemente marcada pela uma nação próspera.5
guerra civil finlandesa, acalmando em 1917,
com a declaração de independência por parte Por consequência da guerra, a sua família
da Finlândia, libertando-se do estatuto de Grão- passou por sérias dificuldades económicas,
-Ducado russo.2 tendo sido obrigada a vender a sua propriedade
em Jyväskylä e a mudar-se para a modesta
Para Aalto, a guerra tornou-se numa experiência casa de férias em Alajärvi. Esta, para receber
traumática, o seu irmão Väinö foi gravemente toda a família, precisava de ser reabilitada, o
ferido na batalha de Tampere3, dezenas que, consequentemente, gerou a oportunidade
dos seus amigos foram mortos e sujeitos a para que Aalto realizasse o seu primeiro
terríveis atrocidades cometidas por ambos os projeto.6
lados da guerra. Como resultado, o país ficou
profundamente dividido e empobrecido face à
fragilidade vivida, uma realidade catastrófica
que só viu o seu fim anos mais tarde.4

020 | 021
04. Armas Lindgren e a formação em arquitetura

Após longos períodos de instabilidade, Era uma pessoa culta, estudiosa e


Aalto retoma a sua desejada formação em apaixonada por arquitetura. Recorria ao
arquitetura em 1918.1 Felizmente, face todas desenho para se expressar e procurava soluções
as adversidades, o seu grupo de professores arquitetónicas altamente inovadoras. Por outro
era bastante ambicioso, sendo líder do corpo lado, a relação entre Carolus Lindberg e Aalto
docente Armas Lindgren.2 era bem diferente, a sua presença ajudara-o
a expandir o seu círculo de amigos entre os
“Eu recordo como se fosse hoje a primeira vez conjuntos artísticos e jornalísticos da cidade,
que Armas Lindgren entrou na aula de desenho. fornecendo-lhe o posicionamento necessário
Foi um grande dia para o Departamento de para o início da sua carreira.6
Arquitetura, sendo que vinha a sofrer um longo
período sem um professor. A chegada de Armas Ao longo do seu período enquanto estudante,
Lindgren era aguardada com impaciência, Aalto foi educado por arquitetos que se
sobretudo porque representava para nós a ideia identificavam com o Romantismo Nacional
‘do arquiteto’.”3 Finlandês. No entanto, incitado pela futura
geração, surgia um novo movimento
Lindgren constituía-se como um dos principais arquitetónico com ascensão escandinava, que
arquitetos finlandeses, as suas palestras rejeitava o fascínio pelo romantismo nacional
sobre o Renascimento Italiano despertaram, e preferia adotar as influências europeias
em Aalto, a admiração por grandes nomes relacionadas com a grande tradição clássica.
como Brunelleschi, Alberti e Palladio. Os seus
ensinamentos proporcionaram ao jovem Este movimento foi exclusivo aos países
estudante, refletir, de uma forma abrangente, escandinavos e designou-se de Classicismo
sobre o próprio pensamento cultural do Nórdico, ficando marcado por obras como o
Romantismo Nacional Finlandês.4 Museu de Faaborg (1912-15) do arquiteto Carl
Petersen, na Dinamarca, ou por Gunnar Asplund,
“Os tempos de Lindgren como professor na Suécia. O contraste com o Romantismo
resultaram num período brilhante, com um Nacional era claro, o peso seria substituído
trabalho positivo no departamento (...). O pela delicadeza, onde as pedras dariam lugar
departamento era constituído por uma grande a acabamentos homogéneos e a fachadas
família que embora nunca subjugada, cultivava esbeltas.7
uma disciplina inerente a uma autoridade
paterna.”5 Para um jovem arquiteto recém-formado,
como Aalto, aspirante do Classicismo Nórdico,
Para além deste, Aalto teve outros dois tornava-se imprescindível fazer uma viagem
professores com uma influência significativa pelo mediterrâneo como um novo meio de
sobre si, Usko Nyström e Carolus Lindberg. apreensão cultural, de modo a ver e explorar
Nyström formou-se pela Escola de Belas Artes diferentes soluções arquitetónicas, favoráveis
de Paris, instituição vanguardista face à época. às suas novas necessidades intelectuais.

022 | 023
05. Aino Marsio e a viagem a Itália

“Não pretendo falar de nenhuma viagem em A curiosidade de Aalto no território italiano


particular, pois guardo sempre na minha encontrava-se maioritariamente nas pequenas
mente uma viagem a Itália. Talvez tenha cidades medievais, onde a linha solta, viva
sido uma viagem passada ainda presente na e imprevisível, evidenciava o anonimato dos
minha memória, uma que esteja a decorrer conjuntos urbanos com uma combinação
ou que planeie fazer mais tarde. No entanto, harmoniosa entre o edificado e a sua
esta viagem é provavelmente uma condição topografia.5
necessária para o meu trabalho.”1
Após regressar da sua viagem, motivado pelos
Após concluir os seus estudos em 1921 e fixar- novos ensinamentos, Aalto procurou expor
-se em Jyväskylä com o objetivo de iniciar a ideias que valorizassem o domínio público.
sua própria prática profissional, Aalto, recém Estas incluíram mercados e praças de grandes
casado com a sua colaboradora Aino Marsio, dimensões, capazes de proporcionar um
parte numa viagem com destino a Itália. Ao equilíbrio relativo à ação do homem sobre a
longo desta excursão passou por algumas paisagem.6
cidades como Taline, Viena, Insbruque, Verona,
Florença, Pádua e Veneza.2 “O centro da Finlândia lembra, em certa medida,
a Toscana, terra pátria das cidades erguidas
“O entusiasmo de Aalto pela Renascença sobre as colinas, oferecendo-nos referências
Italiana surgiu por volta dos anos vinte, mas de como a nossa província poderia ser
permaneceu central tanto no seu pensamento construída de acordo com os padrões de beleza
arquitetónico, como na sua idealização de uma clássicos.”7
sociedade idílica e de indivíduos livres.”3
Com a sua convicção na prosperidade do
O seu interesse pelo Classicismo Nórdico Classicismo Nórdico e recheado de novas
propagado nos países escandinavos como inspirações, o autor, visualizava a recriação da
afirmação de uma nova identidade, resultou paisagem italiana na Finlândia, sendo capaz de
num profundo respeito por Itália. Foi neste país converter a humilde cidade de Jyväskylä numa
que Aalto absorveu os conhecimentos inerentes verdadeira ‘Florença do Norte’.8
aos princípios base da cultura mediterrânica,
aplicando na sua arquitetura as conclusões Itália confirmava assim, a crença dos jovens
provenientes do saber clássico. arquitetos nórdicos na intemporalidade da
geometria e da proporção, permitindo através
“Itália representa para mim um certo da arquitetura, compreender e reinterpretar
primitivismo, caracterizado por formas atrativas a história de um povo e do seu país. É neste
pensadas à escala humana.”4 contexto que se torna possível perceber que
durante o seu percurso enquanto arquiteto,
Esta viagem constituiu-se assim, como o Alvar Aalto, transportou consigo princípios
ponto de partida para a compreensão da sua relativos à tradição escandinava, bem como
obra, sendo que Itália com a sua sensibilidade valores oriundos da cultura mediterrânica,
erudita inerente à figura humana, desenvolveu, proporcionando em si um peculiar ato de
em Aalto, uma referência constante para a sua projetar, consequente das suas próprias
vida pessoal e profissional. vivências e aprendizagens.

024 | 025
A influência proveniente desta época é Este período, no qual Aalto se dedicou
especialmente visível em edifícios como a Casa maioritariamente a projetar edifícios religiosos,
dos Trabalhadores em Jyväskylä (1924-25), permitiu-lhe explorar com maior intensidade as
onde Aalto define um volume principal fechado relações adjacentes à volumetria e à envolvente.
sob uma base composta por colunatas, Tanto na obra da Igreja de Muurame como
convocando referências renascentistas que nos projetos anteriormente mencionados, a
denotam uma preocupação construtiva, ou composição volumétrica revela uma leitura clara,
em projetos, como as igrejas de Töölö (1927), ou seja, os elementos são dispostos de modo a
Viinikka (1927) e Taulumäki (1927), nas quais conseguirem ser facilmente identificados. Para
se optou por uma distribuição programática em além da sua organização estes são implantados
volumes separados, preservando a identidade em zonas estratégicas, normalmente nos
do local.9 pontos mais altos, enaltecendo a sua presença
em ambientes vastos.
Contudo, a única igreja que viria a ser
construída localiza-se em Muurame (1926- Assim sendo, as influências das viagens
-29) nos arredores de Jyväskylä. Esta situa- que inicialmente marcaram a sua obra e
-se num ponto alto da vila e está rodeada por consequentemente pautaram o seu percurso,
uma densa arborização, a sua composição constituíram uma fonte de reflexão sobre o seu
assimétrica de simplicidade volumétrica próprio país. É nele que Aalto encontra o seu
expressa pelos planos de cor bege, capta a propósito, descobrindo na natureza e nas suas
vontade de recriar as paisagens clássicas no diversas formas em constante transformação,
Norte, perpetuando, através da arquitetura, o lugar para a sua criação.
desejos inerentes às suas referências.10

026 | 027
06. A mudança de paradigma, exposição de Paris de 1925

A viagem com destino a Itália proporcionou, Também na Alemanha, surgia um dos


a Aalto, contactar com novas culturas, novos mais importantes símbolos da Arquitetura
territórios e ganhar uma nova sensibilidade Moderna, projetada pelo arquiteto Walter
relativa ao edifício e aquilo que o envolve. Até Gropius, a nova Escola da Bahaus (1925-26)
aqui, a sua obra tinha como base o Classicismo em Dessau, tinha como objetivo reunir todas
Nórdico, tendo como principal referência, as artes em prol de um bem comum, sendo
durante este período, o arquiteto sueco Gunnar que numa época fomentada pela tecnologia
Asplund.1 e pela industrialização, esta escola defendia
que grande parte do que não contivesse uma
É então que, na exposição de Paris de 1925, sur- resposta funcional poderia ser prescindível.2
ge a rotura do paradigma clássico. Manifestam-
-se novas abordagens arquitetónicas prove- Contrariamente ao Classicismo Nórdico que
nientes dos E.U.A e de diversos lugares da procurava alicerces na Renascença Italiana,
Europa, servem como exemplos o Pavilhão este movimento surge pela necessidade
Espírito Novo (1924-25) do arquiteto Le de inovação, não continha aparentemente
Corbusier e o Pavilhão Soviético (1925) do qualquer influência proveniente do passado,
arquiteto Konstantin Melnikov. mas sim uma crença convicta na progressão
e no futuro. Para Aalto, que tinha recebido uma
educação clássica, a consciencialização pelo
funcionalismo ascendia lentamente, tornava-
-se difícil de abdicar dos princípios da sua
formação por algo tão recente e dependente
do desenvolvimento tecnológico, como o
Movimento Moderno.

028 | 029
07. A transição de conceitos 1

Os anos seguintes viriam a ser fundamentais O trabalho dos dois arquitetos resultou num
para o seu percurso profissional, é durante este marco significativo para a arquitetura moderna
período que Aalto desenvolve o projeto para o finlandesa, o que lhes permitiu, posteriormente,
edifício de escritórios Turun Sanomat (1927- ganhar alguma visibilidade, proporcionando-
-29) e ganha o concurso nacional para a nova -lhes mais oportunidades como novas
Biblioteca de Viipuri (1927 / 1930-35), o seu presenças em congressos e exposições.3
interesse pelo funcionalismo não se limitava
somente à plasticidade dos edifícios, a forma Foi no desenvolvimento destes projetos que
como os mesmos se projetavam tinha mudado, Aalto manifestou a sua transição de conceitos,
as tendências eram diferentes e os seus modos sendo que a sua , até então, maior referência,
de utilização alteravam-se.1 Gunnar Asplund, daria lugar ao vanguardista Le
Corbusier.4
Em 1929, Aalto e Erik Bryggman deram início ao
projeto para a Exposição do 700º Aniversário
de Turku. O programa exigia vários pavilhões
com programáticas distintas, sendo este
dividido pelos dois arquitetos finlandeses.
Bryggman ficou encarregue dos edifícios de
maior importância, ou seja, os dois pavilhões
principais e o restaurante, já Aalto desenvolveu
o projeto para a entrada da exposição que
dispunha de um volume longitudinal ritmado
por três eixos verticais destinados à fixação
publicitária.2

030 | 031
08. Obra 1: Sanatório de Paimio

Simultaneamente à exposição, anteriormente Este conjunto de soluções e preocupações


mencionada, Aalto dava início a um dos arquitetónicas, já enunciavam o fator humanista
edifícios mais representativos do funcionalismo contido na obra de Aalto, onde o desenho
presente na sua obra, o Sanatório de Paimio adquiria uma capacidade de se adaptar ao
(1929-33). Sendo este um edifício destinado homem.
ao tratamento de pessoas com tuberculose,
o objetivo principal focava-se na criação de “(...) o dever principal de um arquiteto consiste
uma conexão harmoniosa entre os serviços em humanizar a ‘Era Maquinista’, sem pôr em
e as zonas de estar. O programa era vasto causa a forma.”3
e incluía desde quartos de descanso, que
tinham como intenção ser distribuídos ao Muito antes da obra do Sanatório estar
longo de uma grande ala orientada a Sul, longe concluída, Sven Markelius convidou Alvar Aalto
das intensas circulações externas, a salas a participar no seu primeiro CIAM, em Frankfurt,
comuns e espaços técnicos.1 A cor foi usada 1929. O congresso foi relativo ao tema da
pelo autor como um meio capaz de transmitir ‘Habitação Mínima’, e contou com a presença
uma intenção, sendo que as superfícies de nomes predominantes como Walter Gropius,
horizontais dos quartos são escuras remetendo Karl Moser, Mart Stam, Ernst May, Gerrit
o utilizador para uma necessidade de silêncio Rietveld, Hugo Häring e Josep Lluís Sert.4
e repouso. Relativamente à iluminação,
Aalto determinou que não devia partir do Segundo as ideias difundias pelos CIAM, a
teto, uma vez que podia incidir diretamente arquitetura devia libertar-se de protótipos e
no rosto do paciente e, consequentemente, modelos ultrapassados, unindo-se diretamente
pormenorizou-a com candeeiros destinados com a economia e a industrialização.
a cumprir esta especificidade. De igual modo,
o dimensionamento e posicionamento das Este momento marcou definitivamente o
janelas e portas teve em conta a posição do afastamento de Aalto do classicismo dos anos
paciente no quarto, de forma a que este pudesse vinte, sendo que o funcionalismo presente nas
usufruir de enquadramentos visuais, interiores suas obras se vinha a sobrepor gradualmente
e exteriores, resguardado.2 aos valores incutidos durante a sua formação.

Por consequência das suas muitas


deslocações aos congressos, as suas viagens,
que inicialmente se tinham focado somente na
arquitetura, relacionavam-se cada vez mais
com pessoas, desenvolvendo e promovendo
as suas realizações, através do contacto
pessoal.5

032 | 033
No final dos anos trinta, a Finlândia entrou, “O que foi visto até agora no complexo do
novamente, num período de grande recessão Sanatório parece único para um país nórdico, e
económica. Aalto e a sua mulher Aino, não tinham ouso dizer que Aalto deu início a uma nova era
grande trabalho e sendo que a maioria dos seus na arquitetura finlandesa.”7
clientes passava por algumas dificuldades,
deram início ao plano de pormenorização para O Sanatório foi inaugurado como um triunfo
o Sanatório de Paimio.6 A maioria do mobiliário, em 1933, a densa envolvente florestal fora
como camas, cadeiras, mesas, armários, entre crucial para a sua intrínseca relação com a
outros, foi desenhado pelo casal de arquitetos paisagem, a obra agrega princípios modernistas
que entendia a recuperação da tuberculose claros, nunca descartando a importância de
como um processo demorado, onde os seus corresponder às necessidades psicológicas
pacientes, contrariamente a um hospital, eram e sociais dos seus utilizadores, de certo
sujeitos a longos tratamentos e necessitavam modo, valoriza-se pela harmonia funcional
de elementos cuidadosamente projetados, consequente de uma íntima face humanista.
específicos para as suas necessidades.

Ambos privilegiaram o uso de materiais como a


madeira, não como um meio de protesto face ao
carácter frio e impessoal do aço, mas sim com
o objetivo de poder satisfazer as necessidades
do conforto humano.

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09. A transição de conceitos 2

Alvar Aalto estabelece a sua linguagem num A organicidade e o humanismo tornam-


encontro de influências, demonstrando uma -se premissas da sua arquitetura, onde a
arquitetura rica em associações, divergências atenção pelo material e o tratamento da luz
e significados. Inerente à tradição nórdica no espaço surgem como prioridades no seu
e aos novos temas da arquitetura moderna, desenho.
acrescenta um novo sentido de conforto e de
intimidade, uma nova preocupação pelo lugar Contrariamente ao passado, onde teriam
e um respeito permanente relativo à natureza sido referências incontestáveis para o
envolvente. desenvolvimento da sua obra arquitetos como
Gunnar Asplund e Le Corbusier, surge agora,
“A sua obra doseia a indústria com o artesanato, como uma nova inspiração para a sua própria
o domínio da natureza com a sua consideração, interpretação da Arquitetura Moderna, o
o homem indivíduo com o homem ser social, o arquiteto americano Frank Lloyd Wright.2
arrojo com o senso comum, organizando desse
modo o espaço com extraordinário equilíbrio
em regime de calma e coerente evolução. Como
homem, Aalto não tem a pretensão de ser
‘génio’ apenas um arquiteto mais apto...”1

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10. Obra 2: Villa Mairea

Foi neste seguimento temporal que Aalto se A sua forma em ‘L’ desenvolve-se em torno de
deparou com o projeto para a Villa Mairea (1937- um amplo pátio ajardinado que engloba uma
-39), localizada nos arredores de uma pequena piscina e uma sauna na sua extremidade. De
povoação em Noormarkku, esta constituía-se certo modo, podemos comparar a disposição
na oportunidade ideal para, o arquiteto, poder irregular da piscina às típicas formas dos
explorar novos estímulos arquitetónicos. Por lagos finlandeses, ou relacionar o uso dos
se circundar por uma densa mata florestal, perfis circulares em madeira na escada
os seus clientes, Maire e Harry Gullichsen, principal com uma interpretação própria da
desejavam que a sua casa lhes proporcionasse linguagem organicista. É também notável que,
uma ambiência interessante entre a natureza e face à época, a influência da Casa da Cascata
o quotidiano. (1936-39) do arquiteto Frank Lloyd Wright, se
apresentasse como uma referência, fosse pela
Numa primeira fase, a intenção focou-se, sua relação com a água num meio florestal,
através de uma conexão estratégica, em projetar fosse pela sua configuração arquitetónica
um volume residencial e uma galeria capaz relativa ao conjunto de planos fragmentados.1
de albergar a coleção de arte dos clientes. No A fluidez compositiva do espaço é organizada
entanto, posteriormente, Aalto funde as duas segundo contradições, uma vez que toda
partes num todo, desenhando um conjunto a sua dinâmica dá lugar a um momento de
híbrido que permitia unificar numa grande sala serenidade. Ou seja, contrariamente aos
diferentes partições das suas vidas. O objetivo restantes espaços, a sala desenha-se de forma
foi tornar a casa socialmente sustentável, onde contida, assumindo um carácter protagonista
mundos divergentes pudessem coexistir, de de estabilidade que contrabalança o
modo a que o habitante se sentisse confortável movimento fomentado nas restantes divisões.
numa harmoniosa partilha de ambiências
caracteristicamente pessoais. Aalto demonstra assim, uma preocupação
inerente ao lugar, procurando através da
própria natureza da paisagem uma fusão
entre a arquitetura e toda a envolvente que a
compõem. Na sua obra denota-se uma procura
pelo equilíbrio, onde o respeito pelo local, pela
obra e pelo utilizador, se revelam essenciais.

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A Casa de Muuratsalo | Obra

11. A ilha de Muuratsalo 043


12. O conceito da casa Koetalo 047
13. A implantação na margem do lago Päijänne 057
14. A distribuição programática, duas alas 059
15. Uma estrutura multifuncional 065
16. A questão da cobertura invertida 067
17. O pátio, expoente da experimentação 069
18. Os protótipos, a sauna e o barco 077
19. Protótipo 1: Sauna 079
20. Protótipo 2: Barco 083
11. A ilha de Muuratsalo

A construção da Casa de Muuratsalo (1952-54) Como podemos observar pelos casos


deu início a uma das fases mais importantes anteriormente mencionados, parecia existir
da obra de Alvar Aalto, representou para o uma certa necessidade, inerente ao povo
arquiteto um ponto de mudança, um recomeço finlandês, em encontrar um refúgio que lhes
pessoal e profissional que deixou para trás permitisse usufruir de um certo distanciamento
inúmeros momentos de incerteza derivados do social, posto isto, estes encontram-se
seu passado. maioritariamente dispersos, junto de florestas
ou de vias navegáveis, sendo capazes de
Assim sendo, esta obra procurou ser um retiro proporcionar momentos de maior introspeção.
sazonal, um local onde a densa urbanização
dá lugar ao silêncio florestal proporcionado Esta necessidade, como é natural, estava
pela ilha inabitada, refletindo uma necessidade também presente na cultura de Aalto, contudo
primitiva de aproximação para com a natureza a casa em questão não foi a única obra deste
e rejeitando deliberadamente o conforto e tipo que o autor projetou, sendo que já em 1926,
todas as ilusórias facilidades impregnadas na juntamente com a sua mulher Aino Marsio,
sociedade dita urbana. tinha projetado e construído a Villa Flora, uma
casa de férias localizada em Alajärvi. Existem
É de salientar que a construção deste tipo de outros exemplos que reforçam esta observação,
casas de férias seria uma prática comum entre dado que durante o período de construção da
a população local, sendo que já no final do Biblioteca de Viipuri, o arquiteto também tinha
século XIX, teria sido uma tendência entre os alugado uma casa de férias junto da baía de
principais artistas finlandeses, são exemplos Viipurinlahti.2
casos como o estúdio selvagem do escultor Emil
Wickström em Visavuori (1893-94), a casa do Contudo, posteriormente a todos estes
pintor Akseli Gallen-Kallela em Ruovesi (1889- acontecimentos, surgiram momentos de
-95), a do pintor Pekka Halonen em Tuusula angústia, a sua mulher Aino morre em 1949
(1899-1902) e a do compositor Jean Sibelius e por consequência, Aalto passou por sérios
em Järvenpää (1903-04). Para além destes e longos períodos de depressão. Porventura,
casos, entre 1901 e 1903, também três dos ainda neste ano, o arquiteto venceu a
principais arquitetos do Romantismo Nacional competição para a Câmara Municipal de
Finlandês, Herman Gesellius, Armas Lindgren Säynätsalo (1949-52), uma obra marcante no
e Eliel Saarinen, construíram o seu estúdio no seu percurso que, de acordo com Colin St. John
município de Kirkkonummi, uma região isolada, Wilson, cita a história “segundo a tradição da
localizada nos arredores de Helsínquia.1 arquitetura moderna.”3

Foi na sequência destes sobressaltos que


Aalto conheceu a sua segunda mulher, Elissa.
Nessa altura, a obra de Säynätsalo ainda se
encontrava em construção, pelo que o casal
aproveitava para navegar e conhecer novos
lugares em redor da ilha.

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No decorrer de uma destas viagens, Aalto e Segundo Juhani Pallasmaa, “Alto comprou
Elissa, depararam-se com as margens rochosas dois lotes de terreno com aproximadamente
da ilha de Muuratsalo. Ali, encontraram as 5000 metros quadrados e começou de
condições perfeitas para a construção de um imediato a desenhar a sua casa de verão.”5
refúgio, o que lhes permitiu, posteriormente, A compra de uma extensão de terreno desta
usufruir de momentos de tranquilidade, dimensão teria em conta o facto de Aalto
impraticáveis nas grandes metrópoles, onde querer construir volumes experimentais em
exerciam as suas práticas profissionais. torno da casa.

Esta obra, motivada pelas teorias da criatividade Tendo como base a análise do material
do seu amigo filósofo Yrjö Hirn4, possibilitou ao desenhado pelo autor, a casa terá sido projetada
arquiteto uma abordagem totalmente pessoal rapidamente, sendo que todo o processo até à
e experimental, permitindo-lhe integrar no sua materialização final não demorou mais que
ambiente da ilha uma solução multifacetada dois anos, demonstrando assim, uma vontade
capaz confrontar diversas problemáticas que conjunta em marcar através da arquitetura e
usualmente, graças à inflexibilidade do cliente, da experimentação um recomeço pessoal e
não poderiam ser postas em prática. profissional.

044 | 045
12. O conceito da casa Koetalo

Poderemos dizer, primeiramente, que a Casa Contudo, esta vontade experimental antecede
de Muuratsalo consiste num conjunto híbrido a construção da casa em questão, sendo que
capaz de conjugar o mundo do ofício com o logo após o bombardeamento da Finlândia,
do lazer, traduzindo-se não só numa casa de decorrido durante a segunda guerra mundial,
férias, mas também num edifício onde a prática Aalto aproveitou o facto de lecionar nos Estados
profissional se poderia exercer. Ou seja, embora Unidos da América para propor a construção de
esta fosse destinada a desempenhar o papel uma nova cidade experimental no seu país de
de uma casa de férias, o arquiteto procurou origem, com o objetivo de acolher os refugiados
projetar uma solução versátil, permitindo-lhe da região da Carélia.3 Para o autor, esta cidade,
conjugar duas atmosferas distintas, o lazer e para além de poder incentivar o seu país a
o trabalho. De certo modo, a casa funcionou reerguer-se, também podia servir o propósito
como uma espécie de laboratório arquitetónico, da experimentação, resultando na oportunidade
ao qual Aalto chamou ‘Koetalo’1, sendo que lhe ideal para testar e inventar múltiplos conceitos.
permitia, de uma forma prática, testar soluções
que lhe suscitassem curiosidade. Nesta mesma altura, Aalto, também
desenvolveu e construiu a residência de
“O conjunto de edifícios de Muuratsalo foi estudantes para o Instituto de Tecnologia de
pensado como uma espécie de combinação Massachusetts, em Boston (1947-48), um
entre um estúdio de arquitetura e um centro edifício de seis pisos, bastante peculiar pela
de experimentação, onde mesmo aqueles sua forma ondulada em ‘W’. Esta solução
testes que ainda não estão prontos para serem possibilitou a criação de uma métrica onde
implementados em condições normais, podem não existiam quartos iguais, deste modo,
ser realizados.”2 cada estudante usufruía de um ponto de vista
único para o rio, salientando, uma vez mais, a
O conceito experimental foi amplo, não se audácia do arquiteto.
confinou a uma materialidade e/ou forma
específica, o objetivo principal era testar, de Embora já estivessem presentes alguns casos
modo que, ao longo do tempo, estas mesmas de experimentação ao longo do seu percurso,
experiências revelassem a sua condição. foi por volta dos anos cinquenta que esta
Estas, no caso de apresentarem aspetos vontade mais se exaltou.
positivos, poderiam ser implementadas em
obras posteriores sem grandes preocupações A obra de Muuratsalo surge assim, como
adjacentes, ou seja, permitiam ao autor usufruir marco do início de um período, em concreto,
de um maior leque de soluções testadas, relativo à experimentação, que possibilitou, ao
prontas a solucionar múltiplos problemas em arquiteto, projetar e testar novas temáticas,
obras futuras. fossem elas materiais, formais ou estruturais.
De certo modo, resume-se à prática de uma
grande vontade própria, conferindo a viabilidade
necessária para materializar elementos capazes
de o auxiliar ao longo da sua vida enquanto
arquiteto, o que, por sua vez, motivou gerações
futuras a experimentar até aos dias de hoje.

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De um modo mais analítico, durante a cons- As experiências relativas ao tijolo padrão
trução da casa em questão, Aalto enumerou os não foram realizadas, no entanto, o anexos
principais objetivos experimentais, sendo eles: adjacentes ao corpo principal, serviram de
teste para a construção de volumes sem
“1) Experimentar construir um edifício sem fundações e para a disposição não linear do
fundações. (...) 2) Experimentar uma disposição sistema estrutural. Segundo desenhos do
não linear do sistema estrutural, situando-o autor, houve a intenção de dar continuidade a
nos pontos mais favoráveis do terreno. 3) esta ala complementar com outras construções
Construir de forma livre com tijolos, de modo experimentais de maior escala, mas que
a obter um tijolo padrão (...) 4) (...) aproveitar o acabaram por não ser construídas.
calor solar que se acumula nas superfícies das
paredes e da cobertura, que contrariamente Para além das experiências mencionadas,
às outras experiências puramente técnicas, é surgem outras temáticas ao longo do estudo
livre e independente das restantes partes do desta obra, sendo que todas as condicionantes
edifício.”4 envolventes foram pensadas segundo uma
lógica propositadamente inovadora. A ilha, o
barco, a sauna, a implantação, o isolamento
premeditado ou até o acesso condicionado,
fazem parte de um todo experimental, que
procura integrar num mesmo espaço diferentes
soluções arquitetónicas.

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13. A implantação na margem do lago Päijänne

Embora o local escolhido não fosse exatamente Estes dois percursos parecem corresponder
o de uma típica cidade montanhosa italiana, a a duas entradas distintas, sendo que quem
paisagem proporcionada pela ilha terá sido o vem do lago é facilmente conduzido à entrada
principal fator para a escolha do lugar. Por um principal pela grande abertura na parede do
lado, a Oeste, podemos ver o pôr do sol refletido pátio, já quem percorre o caminho pedonal
no lago e por outro, a Noroeste, é possível acaba por chegar do lado oposto.
avistar parte da Igreja de Muurame, edifício que
Aalto projetou durante os anos vinte.1 Esta proximidade para com a água parece, de
certo modo, assemelhar-se à casa de Gunnar
A casa situa-se numa zona privilegiada, uma Asplund, em Stennäs (1936-37).2 Esta casa
vez que se encontra no cimo de um pequeno implanta-se seguindo a pendente do terreno
morro debruçado sob o lago Päijänne. A sua que desce até à baía, fixando-se junto de um
implantação é bastante controlada e subtil, o afloramento rochoso que a protege dos ventos
volume parece ser encaixado delicadamente a Norte.
no terreno e as suas paredes envolventes
permitem estabelecer no seu interior, um pátio Tal como em Muuratsalo, esta distribui-
que relativamente ao nível da água está elevado -se programaticamente segundo duas alas,
cerca de cinco metros. conformando um pátio no seu interior, onde se
destaca a presença de uma lareira. Também
Para além da questão da implantação, é são visíveis alguns anexos entre os quais um
possível aceder ao volume da casa de duas destinado ao armazenamento de lenha e uma
maneiras distintas, ou pela rua mais próxima, sauna. É possível que Aalto se tenha inspirado
a Este, ou pelo lago, a Oeste. O acesso feito nesta obra para a construção da casa em
a partir da rua parece ser encarado como um questão, uma vez que, para além de ter sido
percurso alternativo, sendo percorrido por meio executada previamente, Asplund teria sido
de um caminho sinuoso acompanhado pela uma das suas maiores referências enquanto
densa vegetação florestal. Por outro lado, a arquiteto.
partir do lago, é possível vermos com clareza as
grandes paredes brancas que envolvem a casa. A forma como ambas estão inseridas na
O que parece querer denotar uma preocupação paisagem que as envolve é muito idêntica, isto
pela leitura do volume a partir da água, sendo deve-se maioritariamente ao modo como os
que, o arquiteto, para além de usar a cor como seus arquitetos abordam o local, visto que em
meio de destaque, também procurou que estas nenhum dos casos existe a pretensão de as
mesmas paredes se projetassem na direção fazer surgir como protagonistas de territórios
oposta à pendente do terreno. deslumbrantes por si sós. Ambas preferem
fazer parte de um todo coeso, integrando da
melhor forma o lugar que as acolhe.

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Cozinha

Sala de
estar e jantar

Espaço de
trabalho

Quartos

Instalações
sanitárias

Distribuição

Vãos
exteriores

Vãos
interiores

Anexo
visitas
14. A distribuição programática, duas alas

Relativamente à sua compartimentação, a obra Na ala comum as aberturas são mais


aparenta uma organização clara. O edifício pronunciadas, das quais se destaca a da
principal é definido por um quadrado perfeito, de entrada principal. Já na ala dos quartos reflete-
catorze por catorze metros, recuado face à linha -se uma ambiência mais introvertida, sendo que
da água. O conjunto volumétrico é composto tanto a quantidade como a proporção dos vãos
por dois corpos ortogonais que tomam a forma é menor, isto deve-se ao facto de o arquiteto,
de um ‘L’, um primeiro, a Norte, destinado às possivelmente, querer menos luz junto das
zonas comuns, uma vez que alberga a cozinha, áreas destinadas ao repouso, o que facilitaria
a sala de estar e de jantar e um pequeno espaço o descanso em países como a Finlândia, cujas
de trabalho em balanço construído sob uma horas de luz solar variam abruptamente ao
ligeira estrutura de madeira. E um outro, a Este, longo do ano.
relativo às zonas privadas, que, por sua vez, só
contém os quartos e uma instalação sanitária. Posteriormente, o esquema quadrado da casa
Surpreendentemente, todos os quartos têm foi ampliado, somando construções destinadas
dimensões diferentes, sendo que o mais a Sul, à experimentação. Os anexos adjacentes foram
destinado ao casal, constitui-se como o quarto construídos em 1953, sendo um, interiormente
maior, podendo ser diretamente acedido ou pelo ligado à casa, com o propósito de acolher
pátio ou pelo corredor, já os restantes, acedidos as visitas, e outro, um pouco mais afastado,
somente pelo interior, são significativamente destinado ao armazenamento de lenha.1 Tanto
mais pequenos, visto que o quarto mais a a sauna de madeira como o abrigo para o barco,
Norte, apenas servia uma pessoa e o do meio estão localizados a Norte da casa, procurando
destinava-se a duas que, eventualmente, uma maior afinidade para com o lago.
dormiriam em camas separadas.
Assim sendo, é possível perceber, que a Casa
De certo modo, através da análise da planta da de Muuratsalo não se define somente pelo
casa, é possível perceber que todas as paredes volume principal, esta é também composta por
perimetrais, tanto as voltadas para o pátio várias fases, consequentes de vários volumes,
interior como as voltadas diretamente para o sendo que o anexo para as visitas e para o
exterior, contêm aberturas. armazenamento de lenha, a sauna e o barco
representam, por eles mesmos, a diversidade
temática e construtiva aqui presente.

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Terreno

Fundações

Sistema
transversal
de vigas

Pavimento
15. Uma estrutura multifuncional

Segundo Aalto, com base no texto ‘Koetalo, Os anexos serviram o objetivo experimental
Muuratsalo’ escrito em 1953, a casa em da segunda temática, visto que a disposição
questão tinha como principal propósito dos seus elementos de suporte tem por base a
experimental, integrar novos conceitos questão anteriormente mencionada. Ou seja, o
construtivos, possibilitando ao arquiteto testar sistema de vigas, disposto em função do pré-
e aprimorar novas técnicas. Estas poderiam -existente, serve de suporte para a estrutura
resultar como experiências individuais ou como vertical, que, por sua vez, sustenta as paredes
testes conjuntos, sendo que também podiam envolventes e a respetiva cobertura. Deste
conjugar diferentes tipos de elementos e/ou modo, a modelação estrutural do volume é
revestimentos. irregular, uma vez que tem por base elementos
naturais.
Ao analisarmos a obra estruturalmente
é-nos possível perceber que dentro do leque Por último, é de referir a questão do calor
de objetivos experimentais enunciados retido nas superfícies da casa, sendo que um
anteriormente, existem três temáticas que, de dos propósitos construtivos também seria a
certo modo, estão mais relacionadas com a integração de sistemas solares passivos. O
estrutura, sendo estas, a construção de um facto da sua construção ser maioritariamente
edifício sem fundações, a disposição não linear feita em tijolo e madeira permite essencialmente
dos elementos de suporte e o aproveitamento dois aspetos, o primeiro é que a casa aqueça
do calor retido nas superfícies da casa. naturalmente e com facilidade e o segundo é
que mantenha essa mesma temperatura por
Relativamente à primeira, é de notar que, o maiores períodos de tempo. Para além disso,
arquiteto opta por um sistema misto, sendo que esta casa seria somente habitada durante o
no edifício principal, é possível vermos, através período de verão, o que justifica o uso de um
dos seus desenhos, pequenas fundações nas sistema construtivo desta natureza, uma vez
extremidades, contudo estas evitam que a que ambos os materiais absorvem o calor com
casa esteja em contacto direto com o terreno, facilidade, o que no inverno seria praticamente
uma vez que suportam um sistema transversal impossível.
de vigas onde, consequentemente, assenta
o pavimento. Porém, os anexos adjacentes Poderá haver vários motivos para que o autor
são pousados diretamente sobre o solo, tenha optado por este tipo de soluções, entre
procurando partes de apoio mais estáveis. Isto os quais o experimental e o económico, no
é, são suportados por um sistema de vigas em entanto, aqui, denota-se uma preocupação
madeira, que, consequentemente, é apoiado pela preservação do existente, de certo modo,
sob rochas pré-existentes. Como resultado, esta obra integra o terreno sem intenção de o
à medida que certas partes do terreno cedem, modificar, adaptando-se constantemente às
a parte respetiva ao piso dos anexos é sujeita diferentes problemáticas que a compõem.
a deformações, o que resulta numa constante
deterioração dos respetivos volumes.

064 | 065
16. A questão da cobertura invertida

Analisando agora a casa numa outra vertente, É possível constatar que este tipo de cobertura
podemos perceber que a sua secção transversal vinha já a ser utilizado antes da construção de
se resume a uma cobertura invertida, contudo Muuratsalo, podendo ser visível em edifícios
não é simétrica, dado que o lado da cobertura como a sua própria casa em Helsínquia (1935-
que sobe para Poente é mais íngreme do que -36), ou na Câmara Municipal de Säynätsalo.
aquele que sobe para Nascente, sendo feita a
drenagem no ponto de menor cota, localizado a Contudo, surpreendentemente, a maioria das
eixo da ala dos quartos. obras posteriores à Casa de Muuratsalo deixa
de utilizar este tipo de cobertura, estando
É interessante reparar que, de acordo com os muito mais presente a opção com uma única
primeiros esboços, foi desenhada, pelo menos, inclinação. Para que a comparação seja
mais uma versão para a casa em questão. Esta percetível servem como exemplos a Casa Louis
não difere muito do projeto construído, contudo, Carré, em França (1956-59 / 1961-63), a Villa
é possível verificar a presença de uma única Aho, em Rovaniemi (1964-65) ou a Villa Skeppet,
inclinação na cobertura. em Tammisaari (1969-70), mais conhecida por
‘Villa Schildt’.
Para além disso, Aalto aproveitou o facto das
paredes serem em tijolo e da cobertura ser Assim sendo, podemos perceber que a obra
inclinada para encaixar as vigas transversais. em questão também pode ter servido para
Isto é, no caso da ala virada a Norte, podemos comprovar aspetos menos positivos, sendo
perceber que a cobertura se apoia sobre as que alguns deles, como é o caso da cobertura
duas paredes paralelas de maior dimensão, invertida, deixam de ser utilizados em obras
estas, por sua vez, contêm pequenas frestas na posteriores, refletindo uma aprendizagem
parte superior ao longo de toda a sua extensão, arquitetónica consequente de uma prática
facilitando o encaixe direto das vigas em ambos experimental.
os lados.

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17. O pátio, expoente da experimentação

A casa em questão parece delimitar um O conceito do pátio também convocou


perímetro que, por via das suas grandes paredes temáticas inerentes à vivência do interior e
exteriores, conforma um pátio. Este, para além do exterior. Na casa em questão, é possível
de ser polivalente, sendo que poderia receber verificar que este elemento marca uma primeira
diversas atividades, também correlaciona os entrada no edifício, de certo modo, antecede
diferentes espaços da casa. Para Alvar Aalto, o acesso principal onde se localiza a porta.
o pátio representa o elemento agregador de Poderemos afirmar que estabelece a conexão
toda obra, capaz de fazer viver o edifício pela entre o espaço exterior da floresta e o espaço
ambiência que transporta e pelas pessoas que, interior da casa, conjugando a ambiência do
consequentemente, aglomera. ar livre com as paredes que o limitam. Para o
autor, a convivência destas duas componentes
No entanto, podemo-nos perguntar sobre o é crucial, estando presente num dos seus
porquê de uma casa como a de Muuratsalo textos, escrito em 1926.
se cercar sobre si mesma, contendo esta, as
condições ideais para poder interagir com “Uma casa finlandesa deve ter dois propósitos:
o meio que a envolve. A resposta poderá o primeiro é estabelecer uma relação direta
passar pelo interesse, do autor, na questão com exterior, e o segundo é conseguir enfrentar
do pátio íntimo, questão essa, muito presente o inverno, aqui, destaca-se o desenho dos
em edifícios da época, sendo anteriormente interiores, sendo que tendem a manter o calor
visível na obra, já referida, de Säynätsalo e (...) A zona ajardinada e a casa constituem, na
posteriormente no Instituto Nacional da Pensão minha opinião, um organismo entrelaçado e
(1953-56). coerente.”3

Contudo, a temática do pátio já se encontrava Em Muuratsalo, o pátio tem a geometria de


presente nos seus projetos dos anos vinte, um quadrado perfeito, contudo, este elemento,
como podemos constatar através dos desenhos nem sempre se conforma segundo um desenho
para a casa do seu irmão Väinö (1925). rigoroso e definido. Em alguns casos, a sua
Nestes, é possível verificar que se idealizou um existência tem como principal função organizar
pequeno átrio interno de duplo pé direito que, aquilo que o envolve, de certo modo, resume-
posteriormente, acabou por não ser construído.1 -se ao desenho do espaço vazio. Serve como
exemplo desse mesmo o espaço exterior
O mesmo aconteceu em 1928, num concurso delimitado pela casa e pela piscina na obra da
onde seriam analisadas propostas para casas Villa Mairea, em Noormarkku.
de verão, no qual, Aalto, desenvolveu um edifício
de um único piso em torno de um pátio circular, “O motivo principal pelo qual usei o pátio
distribuindo os diferentes tipos de serviços na fechado foi porque, de alguma forma misteriosa,
periferia e a circulação no seu interior, voltada ele enfatiza o instinto social.”4
para uma zona ajardinada.2

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Pátio
Oeste

Pátio
Este

Abertura
Sul

Abertura
Oeste
Para além disto, na obra em questão, é possível Para além de todas as componentes que tornam
verificar a presença de dois pátios distintos, esta casa numa lição experimental, foi no seu
posto que, a Este, definido pela ala dos quartos revestimento exterior que este conceito mais
e pelo volume anexo, destinado às visitas, se destacou. Em todas as superfícies do pátio
encontramos um espaço vagamente percetível, foram aplicadas peças de tijolo e de cerâmica,
maioritariamente delineado pelos volumes e com diferentes tamanhos e tonalidades, tendo
pela topografia irregular. Já a Oeste, junto da sido usados cerca de cinquenta tipos de
entrada da casa, podemos ver o pátio principal, padrões distintos para o seu preenchimento
que, de certo modo, revela uma ligeira influência total, uma prática que, de certo modo, se
mediterrânica por se fechar sobre si mesmo.5 assemelha à técnica do ‘patchwork’.6

Este pátio parece querer estender a imagem Sabe-se que, grande parte destes materiais
da casa para a paisagem através de duas foram reaproveitados de obras anteriores, como
grandes aberturas, uma a Sul, que serve a é exemplo, pela sua proximidade, a Câmara
entrada principal e emoldura a vista da casa Municipal de Säynätsalo, porém os restantes
sobre o lago e outra, a Oeste, não atravessável foram encomendados a uma fábrica, localizada
e dividida em dois níveis. Podemos comparar nos arredores de Riihimäki.7
esta última, aos vãos dispostos pela casa, visto
que está subdividida verticalmente por ripas Podemos verificar que, já existiam estudos
de madeira, o que nos remete para a ideia das anteriores que exploravam esta vertente
janelas com caixilhos, esta particularidade plástica, como é o caso do projeto não
desenvolveu-se em obras posteriores como são executado para a sauna de madeira da Villa
exemplos o seu próprio estúdio, em Helsínquia Mairea, onde o arquiteto conjugava múltiplos
(1954-63) e a, já mencionada, Casa Louis Carré. planos horizontais e verticais nas diferentes
Além do mais, estas ripas verticais, também fachadas.
possibilitam a fragmentação do enquadramento
paisagístico, uma vez que a amplitude visual é Assim, os cinco planos adjacentes ao pátio,
sucessivamente comprimida caso o observador sendo destes, quatro relativos aos alçados,
se desloque obliquamente. onde dois se fragmentam por duas grandes
aberturas comunicantes com o exterior, e um
Assim, verificamos que existem diferenças último, relativo ao pavimento, que une todas as
significativas entre estas duas aberturas, dado superfícies a céu aberto, convocam o expoente
que uma, para além do cariz prático e quotidiano máximo da atmosfera experimental da casa,
concedido pelo seu atravessamento, tende a reunindo assim, todas as componentes
enfatizar a comunicação direta para com o necessárias para uma vivência única do
exterior, já a outra, pelas suas semelhanças aos espaço.
restantes vãos, parece querer destacar a leitura
do espaço interior.

070 | 071
Ao analisarmos as suas obras desta época, Posteriormente, dois dos trabalhadores
podemos afirmar que o seu gosto pela de Säynätsalo foram encaminhados para
materialidade do tijolo era inegável. Este pode Muuratsalo, isto estará certamente relacionado
ter sido fomentado pela construção do seu com questões geográficas, dado que estas
projeto para a residência de estudantes do obras são relativamente próximas, no entanto,
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, esta questão, não deixa de salientar o facto de,
mais conhecido por ‘Baker House’, no qual, o o arquiteto, ter ficado bem impressionado com a
arquiteto, utiliza predominantemente o tijolo qualidade do trabalho executado anteriormente.
vermelho. Contudo, ao verificarmos os anos
seguintes, já em território finlandês, quase todas Numa outra vertente, sendo esta uma casa
as fachadas dos seus edifícios desta época experimental, o tratamento das suas superfícies
são em tijolo vermelho, são exemplos, uma não se assemelha, diretamente, a nenhuma
vez mais, o edifício de Säynätsalo e o Instituto obra anterior. Será facilmente percetível que
Nacional da Pensão, no entanto, esta temática, a tonalidade das paredes interiores do pátio
também se consta noutras obras, como é o caso difere das exteriores, isto deve-se ao facto do
da Universidade de Jyväskylä (1950 / 1953- exterior ter sido, posteriormente, caiado de
-59), do Edifício de Escritórios Rautatalo (1951 branco, enquanto que o interior manteve a cor
/ 1952-57) ou da Casa da Cultura de Helsínquia original do tijolo. A escolha pelo branco parece
(1952-58), sendo esta fase, posteriormente querer diferenciar aquilo que é construído
referida, por alguns arquitetos, como o ‘Período daquilo que não o é, contudo, este destaque
Vermelho de Aalto’, dado que o uso constante propositado é filtrado pelos múltiplos planos
deste material durou cerca de uma década.8 florestais, combinando num só alçado a fusão
da floresta e da arquitetura.
Para além da questão material, o autor salienta,
num texto dedicado aos trabalhadores da obra Consequente desta alternância de tons, é
de Säynätsalo, a importância de colaborar com percetível uma certa reversão da prática
as pessoas certas para se obter um resultado comum, característica essa, muito presente
arquitetónico coeso. no carácter experimental da arquitetura de
Alvar Aalto, sendo que a cor branca, no exterior,
“O trabalho da Câmara Municipal de Säynätsalo, está associada a uma ideia de delicadeza e
o qual considero ter sido um trabalho de vulnerabilidade, por oposição a um ambiente
alvenaria extremamente importante do ponto interior mais tosco e escuro.
de vista arquitetónico, foi executado por Toivo
Nykänen, Paavo Asplund, Yrjö Marjamäki, Aimo
Renlund, Väinö Puolanen e Sakari Sundvall. É
muito importante para mim, enquanto arquiteto,
promover a arte da alvenaria do nosso país. É
por isso que a fachada e grande parte dos
interiores da Câmara Municipal de Säynätsalo,
foram construídos puramente em tijolo. Devo
dizer que estou muito satisfeito com a nossa
colaboração e que o resultado é um exemplo da
alvenaria finlandesa.”9

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Também podemos notar que a lareira, localizada Por fim, este pátio contém dois elementos que
no centro do pátio, enfatiza a geometria regular merecem o respetivo destaque, sendo que é
do espaço, já o fogo, resultante da mesma, possível vermos em dois dos seus alçados, dois
revela, através da sua luz, a multiplicidade retângulos compostos por azulejos brancos
experimental que o envolve. e azuis. De certo modo, sendo a pintura um
dos passatempos do autor, estes parecem
“Uma lareira ao centro domina todo o grupo de querer convocar, pelas suas semelhanças, um
edifícios. Pela sua utilidade e pelo seu carácter quadro, dado que se destacam pela sua cor e
acolhedor, assemelha-se a uma fogueira em pelo seu enquadramento dos respetivos planos
que o fogo e o seu reflexo na neve proporcionam, envolventes.
ao homem, uma sensação de calor agradável,
quase mística.”10 O pátio torna-se assim, por todas as
componentes que engloba e sensações que
despoleta, na síntese do seu propósito em
humanizar a arquitetura.

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18. Os protótipos, a sauna e o barco

Para que nos fosse possível analisar e interpretar Embora a sauna e a cabana fossem obras
todo o conjunto referente à Casa de Muuratsalo, de arquitetos diferentes, os seus propósitos
não poderíamos deixar de mencionar outras parecem convergir de modo semelhante
duas experimentações adjacentes, a sauna e o para a prática da experimentação, dado que
barco. a cabana teria a pretensão de resumir o
pensamento arquitetónico de Le Corbusier, isto
Localizadas igualmente na ilha de Muuratsalo, a é, esta foi projetada segundo as dimensões do
cerca de oitenta metros, a Norte, da casa, estas ‘modulor’1, constituindo-se num espaço único e
experiências serviram propósitos distintos, sintetizando a ideia do habitar.
contudo é possível perceber que existe, em
ambas, uma certa extensão imaginária do Para além do volume da sauna, também será
volume principal, uma vez que se pretendeu, de importante referenciar o projeto e a construção
uma forma específica, experimentar conceitos do meio de transporte, o barco. Este permitiu
que revelassem a sua condição ao longo do ao autor e aos seus convidados deslocarem-
tempo. -se sem quaisquer impedimentos para a ilha
de Muuratsalo, uma vez que, face à época,
Para a localização da sauna, o arquiteto, não haveria nenhuma alternativa rodoviária de
procurou um ambiente isolado, totalmente acesso, tendo sido somente viabilizada uma
longe da presença humana, sendo somente década depois.
desejável a comunhão entre o utilizador e
o espaço envolvente. Embora a sua função Assim, tendo como base a identificação e
justificasse este tipo de inserção, este volume a análise das diferentes componentes do
pode ter sido influenciado por uma outra obra conjunto experimental de Muuratsalo, nunca
da mesma época, a cabana de Roquebrune- desassociadas da época em que outrora foram
-Cap-Martin, em França (1951-52) do arquiteto pensadas, ser-nos-á possível compreender
Le Corbusier. Esta, tal como o conjunto em a obra no seu todo, desde a questão do
questão, foi construída segundo o propósito isolamento premeditado até aos problemas de
de ser uma casa de férias, o que poderá locomoção.
justificar a sua proximidade com a água, fosse
esta do lago Päijänne ou do mar Mediterrâ-
neo.

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19. Protótipo 1: Sauna

Tal como a casa, a implantação da sauna é A sua aparência rudimentar está relacionada
feita junto à costa, contudo contrariamente com o facto do volume ser construído
à margem rochosa do volume principal, esta unicamente com madeira, o que, de certo
situa-se próxima de uma baía rasa, permitindo modo, acaba por revelar uma preocupação pela
ao autor e aos seus convidados refrescarem-se tradição, sendo que seria costume a utilização
sem grandes condicionantes. deste material em edifícios com esta função.

Podemos perceber, pela análise de outras obras, O encaixe das toras presentes nas paredes
que o elemento da sauna não seria exclusivo à foi feito de um modo subtil, uma vez que as
composição de Muuratsalo, estando este tam- extremidades das peças foram devastadas
bém presente em edifícios como a Villa Mairea, a para que as seguintes pousassem, de certa
Casa Louis Carré ou a Villa Kokkonen (1967-69). forma, encadeiam-se de modo alternado
viabilizando uma maior coesão estrutural.
A solução adotada na Villa Mairea e na Villa Para além disso, Aalto também estipulou
Kokkonen é bastante semelhante, uma vez que, que estas teriam pequenas variações de
em ambas, o volume se localiza no lado tardoz diâmetro, isto permitia que ganhassem uma
da casa junto de uma piscina, delimitando o certa ideia de horizontalidade, dissimulando o
perímetro do pátio. As duas saunas estão ligadas desnivelamento imposto pelo terreno.
às respetivas casas por uma ligeira cobertura, no
entanto, é notória a presença de um afastamento A sua cobertura, ligeiramente inclinada, é
intencional. Já o exemplo da sauna da Casa revestida por uma camada de substrato de
Louis Carré apresenta um carácter mais híbrido, turfa, delimitada por uma pequena platibanda,
visto que embora fosse colocada na extremidade sendo este um material muito fértil, permite ao
do edifício, esta continua a fazer parte do seu edifício, nos meses mais luminosos, usufruir de
conjunto volumétrico. uma pequena vegetação na sua parte superior,
assemelhando-se ao que designamos,
Para além disso, na obra em questão, o facto atualmente, por cobertura ajardinada.
da sauna estar no meio da floresta, também
permitia, ao arquiteto, usufruir do percurso É importante mencionar também, um dos
pedonal, o que conjugava uma certa ambiência símbolos mais icónicos desta sauna, o seu
mística entre a intimidade do utilizador e a puxador. O modo como este surgiu parece ser
essência do lugar. controverso, contudo segundo Pallasma, uma
vez que os desenhos para a sua pormenorização
Analisando agora a sauna de Muuratsalo de um estavam atrasados, os trabalhadores, por conta
modo mais sistemático, é possível compreender do trabalho, improvisaram-no com parte de
que o seu corpo assenta sob quatro pedras uma madeira torcida de zimbro, peça que Aalto
pré-existentes, isto é, estas servem de base acolheu com grande entusiasmo e rapidamente
para a fixação de um conjunto de toras de integrou no projeto final.1
madeira cruzadas, que, por sua vez, sustentam
o volume, sistema este também presente nos Por fim, é de focar a maneira hábil e intuitiva
anexos adjacentes à casa. Como resultado como Alvar Aalto manuseou a sua prática
desta apropriação natural, a sua planta é experimental com o respeito pela tradição,
assimétrica, subdividindo-se interiormente em inovando em aspetos que lhe suscitassem
dois compartimentos, um mais pequeno que essa vontade e adotando convenções que
corresponde à antecâmara e um maior onde se respondessem às suas necessidades, fossem
localiza a sauna propriamente dita. elas fruto do costume ou do acaso.

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20. Protótipo 2: Barco

Ao longo da sua longa carreira enquanto De um modo mais pormenorizado, a sua


arquiteto, Aalto projetou inúmeros objetos de construção foi faseada em duas partes, sendo
uso quotidiano, fundindo a sua necessidade que a carcaça, ou seja, a parte exterior, foi
funcional com uma dose de experimentação. A iniciada em setembro de 1954 pelo mestre Lauri
construção do barco de Muuratsalo (1954-55), Kosola e o interior, realizado durante a primavera
vinha a confirmar, uma vez mais, a versatilidade de 1955, pelo trabalhador Väinö Jokinen.3
arquitetónica do autor, sendo que nunca teria
projetado nada semelhante. No seu arquivo há Contudo, apesar do autor ter realizado
registo de mais de trezentos esboços para a vários testes e abdicado de muito tempo na
execução desta peça, mais do que os realizados concretização desta peça, a sua inerente
para a sauna e para a casa em conjunto, qualidade de navegação estava longe de ser
evidenciando assim, um dos seus projetos mais perfeita.
acarinhados.
“A sua forma foi projetada com uma curvatura tal,
Este surgiu face aos constrangimentos de que as ondas consequentes da sua navegação
acesso ao território, dado que, face à época, tornavam-se cada vez mais pronunciadas à
ainda não haveria nenhum acesso rodoviário medida que a sua velocidade aumentava.”4
que permitisse uma deslocação por meio
automóvel, tendo sido somente viabilizado Para além da frustração e dos constrangimentos
ao longo da década de sessenta permitindo, causados pelo seu mau desempenho, podemos
posteriormente, uma locomoção cómoda analisar o barco numa outra vertente, uma
e direta entre a ilha de Säynätsalo e de vez que este não teria somente o propósito
Muuratsalo.1 da deslocação, seria também uma extensão
flutuável e experimental da casa, quase como
A sua forma inicial teve como base um um ‘terraço de verão móvel’, permitindo ao autor
desenho proposto pelo Conselho Finlandês e aos seus convidados usufruir de momentos
da Navegação, contudo Aalto foi alterando o de tranquilidade ao longo do lago Päijänne.
projeto ao longo do tempo, o que pode justificar
a densidade do seu processo. Ainda antes de De 1976 em diante, a sua família transportou
se ter procedido à sua construção final, foram o barco para perto do arquipélago de Turku,
realizados alguns protótipos em madeira, à no entanto, este, uma vez mais, não aguentou
escala 1:1, do mesmo para que pudessem navegar tais águas adequadamente pelo
ser realizados testes nos laboratórios que ficou submerso durante algum tempo.
de construção naval da Universidade de Posteriormente, já depois do falecimento do seu
Tecnologia de Helsínquia, estes garantiriam autor, foi resgatado pela sua mulher Elissa Aalto,
a aprovação do modelo, validando, tendo sido exposto no cais de Juurikkasaari, no
consequentemente, a sua montagem.2 final dos anos oitenta.5

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Alguns anos depois, em 1996, foi organizado Apesar do fracasso funcional do barco em
um concurso internacional voltado para os questão, Aalto, face à época, dificilmente
estudantes de arquitetura, cujo desafio consistia se dececionaria com a sua posição no
na projeção de um abrigo para a colocação do seu país. Ele teria percorrido um percurso
barco, a competição suscitou muito interesse profissional admirável, sido nomeado membro
entre as camadas mais jovens e consta que da Academia da Finlândia e concluído obras
foram apresentadas mais de duas centenas internacionalmente admiradas. Tal como refere
de propostas. O projeto vencedor, atualmente o seu amigo e colaborador suíço, Alfred Roth,
construído, foi o das duas estudantes “Nenhum outro arquiteto é tão famoso no seu
dinamarquesas Claudia Shultz e Anne-Mette próprio país.”8
Koolmark, resumindo-se num simples volume
retangular de estrutura em madeira, envolvido Por fim, é de importância refletir sobre as três
por finas laminas horizontais, também elas do peças analisadas até então, sendo estas, a
mesmo material.6 casa, a sauna e o barco. Todo este conjunto
assenta sob fatores que procuram a inovação,
Segundo Pallasma, o nome deste barco surgiu fomentando naqueles que o vivenciam hoje em
de uma forma caricata, sendo que durante dia, um sentimento estimulante e inspirador,
uma visita à Câmara Municipal de Säynätsalo, próprio de uma arquitetura multifacetada de
juntamente com o seu amigo e arquiteto carácter experimental.
italiano Ernesto Rogers, Aalto teria começado
a atirar pedras a uma placa que tinha sido
afixada sob a fachada principal sem o seu
consentimento, momento ao qual o seu amigo
reagiu dizendo “Nenhum profeta está na sua
pátria”7, este comentário, posteriormente,
resultou no nome dado ao barco por Aalto,
revelando uma expressão com um certo grau
de humor inerente.

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A Casa de Maceda | Projeto

21. Uma aproximação ao lugar, Maceda 091


22. O conceito experimental 093
23. A escolha do programa 095
24. Indecisões entre volumetrias 097
25. A inversão das coberturas 099
26. A composição dos três volumes 101
27. A leitura do espaço 1: Pátio 103
28. A leitura do espaço 2: Volume (zonas comuns) 105
29. A leitura do espaço 3: Volume (zonas privadas) 107
30. A leitura do espaço 4: Volume (estúdio) 109
21. Uma aproximação ao lugar, Maceda

Para dar início a este projeto, a escolha do A sua localização foi delimitada pelo encontro de
lugar não foi uma tarefa fácil, contudo havia dois trilhos pedonais, um orientado a Este-Oeste
um objetivo, encontrar um lugar, relativamente e outro a Norte-Sul, balizando previamente os
próximo, que se pudesse assemelhar às limites daqueles que viriam a ser os alçados
margens da ilha de Muuratsalo. Para isso, o do lado Sul e Oeste, já nos lados opostos,
local tinha que relacionar, num mesmo espaço, Norte e Este, o limite foi pré-estabelecido pela
duas componentes essenciais, a proximidade proximidade à vegetação mais densa.
com a água e com a floresta.
A sua relação para com o mar apresenta
Entre as inúmeras hipóteses, a zona costeira características singulares, dado que o terreno
de Maceda emergiu naturalmente, tanto pela se encontra elevado cerca de três metros
sua familiaridade para com o autor, como relativamente à cota da praia. Isto deve-se ao
pela sua densa mata florestal, combinando no facto de haver uma quebra de nível repentina
mesmo lugar uma atmosfera altamente mística entre a cota da floresta e a do areal o que, de
provocada pela sua biodiversidade e pelos certo modo, se revela ser um aspeto positivo,
infinitos planos ritmados de luz e sombra. uma vez que para além do local se encontrar
protegido de eventuais cheias, também usufrui
A primeira visita ao local foi de facto uma de uma vista panorâmica sobre a praia.
surpresa, posto que o seu acesso principal
estava agora tomado pela densa vegetação Posto isto, todas as condições para a receção
estando quase irreconhecível. Contudo, deste projeto se apresentavam viáveis, o lago
agradavelmente, aqueles caminhos sinuosos e Päijänne daria lugar a uma costa definida
enigmáticos, levemente presentes por linhas de pelas águas do oceano Atlântico, o íngreme
terra batida, tomaram como destino um espaço terreno rochoso seria substituído por um lote
amplo e luminoso, espaço este que recebeu ligeiramente areado e a forte presença de
o projeto, uma vez que reunia todas aquelas espécies como bétulas tomaria agora o seu
componentes outrora idealizadas. lugar por elegantes pinheiros bravos.

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22. O conceito experimental

Pretendeu-se com o projeto em questão, integrar Também relacionado com a vertente


um conjunto de temáticas que, de certo modo, económica, procurou-se implementar
conseguissem estabelecer um diálogo próprio um sistema construtivo, onde somente o
com a casa de referência, a Casa de Muuratsalo. tijolo e a madeira fossem estruturais, para
Embora estas não tenham a pretensão de ser isso estabeleceu-se que os tijolos seriam
as mesmas, até porque as problemáticas atuais sobrepostos paralelamente e ortogonalmente
não se enquadram, certamente, no mesmo à fachada concedendo à parede uma maior
panorama das do século passado, houve a solidez. Já relativamente à madeira, projetou-
atenção de as integrar no mesmo campo -se um sistema cruzado de vigas assente nas
conceptual, procurando um paralelismo entre a paredes perimetrais de cada volume que, por
abordagem do autor e a de Alvar Aalto. sua vez, suportaria a cobertura.

Para que estas surgissem, estabeleceu- Ainda dentro deste mesmo campo, o facto
-se um primeiro objetivo, projetar uma casa das coberturas serem inclinadas viabilizou
relativamente sustentável e de custo reduzido. uma solução não muito usual, a inexistência
Deste modo, entendeu-se que o edifício apenas de caleiras. Deste modo, as águas da chuva
usaria betão nas suas fundações e que o seriam encaminhadas pela força da gravidade,
restante edificado seria maioritariamente feito caindo diretamente no pátio exterior.
com materiais como o tijolo e a madeira. A
escolha destes teve em conta dois fatores: O Por último, é importante realçar um outro
facto de ambos os materiais usufruírem de aspeto, a cor. Tal como em Muuratsalo, aqui,
uma boa componente térmica, o que facilitaria optamos por conjugar duas tonalidades
manter a casa quente por maiores períodos de distintas num mesmo material, ou seja, o tijolo
tempo e a questão de esta se localizar junto que delimita a composição é pintado de branco,
ao mar, ou seja, inviabilizaria o uso de outros formando um primeiro plano, já no interior do
materiais pelo seu efeito corrosivo. pátio o tijolo não é pigmentado, apresentando
a sua cor original. Deste modo, foi possível
Para além da componente material, pretendeu- estabelecer uma diferenciação espacial e uma
-se criar uma métrica regular, de modo a que certa reversão da prática comum onde a cor
todos os alçados tivessem uma composição assume uma presença equilibrada no vasto
comum, isto é, embora o número de vãos plano florestal.
pudesse variar consoante a extensão de cada
volume, as suas dimensões seriam sempre
as mesmas, fossem eles destinados a janelas
ou a portas, o que facilitaria a sua aplicação e
eventualmente diminuiria o custo de produção
de cada elemento.

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23. A escolha do programa

Uma vez que este projeto não dispunha de Numa primeira instância, pensou-se que
um cliente, com vontades e orçamentos esta pudesse ser reduzida ao mínimo, isto é,
reais, foi necessário que o autor interpretasse funcionar literalmente como um abrigo, onde
este exercício como um objeto onde seriam apenas estaria presente uma laje apoiada por
cruzadas as suas vontades com as suas um conjunto de suportes verticais. No entanto
eventuais imposições e/ou limitações, dado procurando estabelecer uma relação entre
que a arquitetura surgiria desse mesmo as duas casas experimentais, foi definido um
conflito, fosse este real ou somente fruto da sua programa que de acordo com a vontade do
imaginação. autor, conciliaria numa mesma composição
diferentes modos de ocupação, podendo
Assim, depois de se definir o lugar e o propósito também estes ser relativos ao trabalho e ao
deste projeto, foi necessário estabelecer um lazer.
programa capaz de organizar todas as vertentes
em questão. Para isso, uma vez mais, a escolha Contudo, inicialmente, este tornou-
do mesmo teve como referência o caso de -se demasiado ambicioso, visto que se
estudo, sendo que se estipulou que a casa seria colocou nele um acumular de expectativas
apenas de uso sazonal, ou seja, seria projetada insustentáveis. Posteriormente, com o esforço
para funcionar como um retiro, um lugar onde a e o distanciamento necessário, esta ambição
vida pudesse acontecer naturalmente longe da desmedida foi redimensionada de modo a
grande confusão vivida na cidade. atingir uma solução mais ponderada e credível,
esta dividiu-se segundo três zonas principais,
uma zona comum, uma zona privada e uma
zona de trabalho, entendendo-se que através
de um processo de simplificação o projeto se
tenderia a valorizar.

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24. Indecisões entre volumetrias

Sendo o autor o próprio cliente e esta casa um Contudo, posteriormente, esta ideia
exercício abstrato e experimental de arquitetura, volumétrica foi-se desvirtuando e começou-
cada decisão ou indecisão tornava-se mais -se a pensar numa composição fragmentada,
complexa, isto porque não havia ninguém a ou seja, aproveitou-se o prévio facto de
clarificar o ‘certo’ do ‘errado’, como acontecia se ter tripartido o programa e dividiu-
em anos anteriores de formação, agora, no -se, de igual forma, o projeto por três volumes.
limite, este projeto podia-se resumir a uma Cada volume encarregou-se de responder às
qualquer solução, fosse esta uma boa ou má necessidades impostas pelo seu programa,
composição de elementos consequentes ou ou seja, de certo modo, contribuiriam para o
desconexos. desenho do conjunto, mas desempenhariam
papeis autónomos.
Depois de se formular um programa base,
dividido em três zonas, voltou-se a olhar para o Por último, o facto destes volumes coexistirem
existente, de modo a perceber de que forma era separadamente permitiu que fossem dispostos
possível implantar um conjunto de volumetrias de forma a organizar um pátio no seu interior,
que não desvirtuassem o local. elemento este muito presente em várias obras do
arquiteto em estudo. Este, consequentemente,
Assim, levantou-se cuidadosamente a posição organizou toda a composição em torno de si
de cada árvore inserida no lote em questão e mesmo, permitindo uma maior e mais eficiente
começou-se a estudar algumas composições. disposição e distribuição espacial.
Talvez por influência de uma viagem à Finlândia,
onde se visitou uma das obras mais divulgadas
de Alvar Aalto, a Villa Mairea, em Noormarkku,
os primeiros estudos tenderam sempre por
revelar alguma forma mais ou menos orgânica.

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25. A inversão das coberturas

Muito inspirado pelo arquiteto em questão, a Deste modo, partiu-se em busca de outras
temática das coberturas ganhou uma especial abordagens de coberturas de duas águas.
importância. Contudo, tal como as restantes Outros dois exemplos, um pouco mais
fases do trabalho, também esta passou por contemporâneos, que influenciaram o processo
uma natural evolução até à sua forma final. deste projeto foram, a Casa em Padrões (2012-
-15) dos arquitetos Manuel e Francisco Aires
Primeiramente, estudaram-se algumas Mateus e a Casa Fonte Boa (2015) do arquiteto
soluções em telha cerâmica de duas águas, João Mendes Ribeiro. A primeira por sintetizar
estas tiveram como referência obras do início a ideia da casa em volumes modestos e claros,
do percurso profissional do arquiteto Álvaro fazendo salientar a cor branca na paisagem
Siza Vieira, uma vez que essa fase assumiu uma de Grândola e a segunda por reunir num único
linguagem mais próxima da de Alvar Aalto. São volume, também ele formalmente simples,
exemplo, as Quatro Casas (1954-57), a Casa todas as programáticas adjacentes.
de Chá da Boa Nova (1956-63 / 1991 / 2012), a
Casa Carneiro de Melo (1957-59) e a Casa Luís Por fim, depois de uma revisita ao Mercado
Rocha Ribeiro (1960-62 / 1969). Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59)
do arquiteto Fernando Távora, chegou-se
Contudo, posteriormente, percebeu-se que à conclusão que a inversão das coberturas
a relevância destas obras, para o autor, seria a melhor resposta, porém, também se
não estava diretamente relacionada com a pretendia que o custo desta solução não fosse
materialidade ou forma das coberturas, mas excessivo, para isso, optou-se por definir que
sim, com a ambiência que estas transportavam cada volume da composição teria apenas
consigo enquanto conjunto. uma única inclinação e que se desenharia, em
alçado, utilizando a simetria, um conjunto que
fosse capaz de transmitir ao observador a ideia
da cobertura invertida.

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26. A composição dos três volumes

Tal como foi mencionado anteriormente, seria Este conjunto conforma no seu interior um
difícil alcançar uma solução ‘perfeita’, até grande pátio, sendo que este se encontra
porque para além da dubiedade desse termo, dividido em duas zonas. Uma primeira, de
tendo sido este um projeto que procurou ser carácter acolhedor, junto da zona funcional da
experimental, o principal objetivo focou-se na casa, onde se desenhou um espaço de estar
criação de uma composição que fosse capaz com uma parede, um banco e uma lareira ao
de estabelecer uma relação tangível com a obra centro e uma segunda, mais despojada, onde
de Muuratsalo. se pretendeu criar um local que estabelecesse
uma relação para com o estúdio.
Este projeto desenvolveu-se segundo
uma lógica processual metódica, onde se Por fim, pretende-se dizer que a composição
ultrapassaram erros com sucessivas tentativas, em questão procurou responder de forma
lapidando uma solução que se poderá resumir a sucinta e pragmática a uma questão funcional
um pátio delimitado por três volumes. e programática, ou seja, três volumes para
três modos de ocupação, contudo, embora
A implantação e a proporção de cada um teve estes possam funcionar de forma autónoma,
em conta o seu modo de ocupação, ou seja, partilham um mesmo conjunto, uma mesma
estabeleceu-se uma hierarquia compositiva de vontade e uma mesma materialidade.
acordo com o programa de cada volume. Do
lado Poente, encontramos o maior elemento
do projeto, isto porque alberga as zonas
comuns, ou seja, hall de receção, sala de estar,
cozinha, instalação sanitária e arrumos. Do
lado Nascente, um outro, de menor dimensão,
que se destina às zonas privadas, contendo
dois quartos individuais com uma instalação
sanitária partilhável e uma suite. Por último, do
lado Norte, estabelecendo o limite longitudinal
da composição, projetou-se um volume menor,
um estúdio, um espaço amplo e polivalente que
também dispõem de uma instalação sanitária e
de uma zona para arrumos.

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27. A leitura do espaço 1: Pátio

O pátio, desta composição, pretende ser o Estas, são separadas por uma grande parede
elemento agregador de todo o conjunto de de tijolo, contudo esta divisão foi somente
Maceda, assemelhando-se, conceptualmente, projetada com o intuito de quebrar visualmente
a exemplos como a Villa Mairea, a Câmara o ritmo longitudinal do espaço, uma vez que
Municipal de Säynätsalo, a Casa Experimental de pode ser facilmente contornada.
Muuratsalo ou o Instituto Nacional da Pensão.
No centro desta composição, projetou-se
Este resume-se ao espaço ‘entre’ volumes, um uma das componentes mais importantes do
espaço longitudinal amplo, organizado pelas conjunto, a lareira. Esta, para além de evocar
três construções que o definem, estabelecendo referências relativas ao arquiteto em estudo,
a comunicação dos diferentes elementos, procurou contribuir para o âmbito social da
pelo exterior, através de um caminho regular, casa, refletindo-se como um elemento de
em tijolo, desenhado segundo uma métrica comunhão familiar.
ortogonal.
“O espaço doméstico que chega aos nossos
O estudo para a organização deste grande dias como um organismo complexo, com
pátio teve como principal referência uma obra elevadas exigências técnicas, funcionais e de
do, já mencionado, arquiteto Fernando Távora, comodidade, apoiadas por uma infinidade de
a Casa de Ofir (1956-58). Tanto pelos pátios, tecnologias disponíveis, teve a sua origem na
como pela lareira, a leitura desta obra permitiu, casa elementar, albergue de um só espaço
ao autor, uma reflexão sobre a vivência do centrado no fogo. Este sentido fundacional
espaço exterior, assim, decidiu-se que o grande do espaço térmico, polarizado como coração
e amplo pátio, outrora projetado como um todo, da casa, traduz as origens miticó-simbólicas
seria divido em duas zonas, uma entre os dois reminiscentes nas palavras lar, lareira e fogo,
volumes principais da casa, invocando uma intimamente associadas, por metonímia, à casa
ambiência íntima e doméstica e outra, junto do e ao sentido energético utilitário que percorre
estúdio, que procura uma ligação mais próxima grande parte da história da habitação.”1
ao trabalho.

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28. A leitura do espaço 2: Volume (zonas comuns)

O volume correspondente às zonas comuns foi A sala de estar dispõe de uma mesa/banco
desenhado na zona Poente desta composição, em pedra, de uma lareira e de um conjunto de
a sua forma retangular, composta por quatro prateleiras em madeira dispostas na horizontal,
paredes, em tijolo, ortogonais entre si, já a cozinha contém uma grande banca com
diferencia-se pelo modo de articulação das as respetivas zonas do fogo/água e de um
suas diferentes alturas, isto é, a parede Oeste espaço, a Norte, que poderá, eventualmente,
é maior do que a do lado oposto, criando, servir como zona de refeições. Para além
deliberadamente, uma cobertura inclinada. destes, o volume, também engloba uma divisão
de arrumos onde se insere uma estante e uma
Os seus alçados, desenhados segundo uma instalação sanitária que apenas tem uma sanita
métrica regular, abrem-se para Nascente e e um lavatório.
Poente, ou seja, para o pátio e para o mar
respetivamente. Estes dispõem de seis vãos por Por fim, é de salientar a importância deste
lado, contudo, cinco são correspondentes às volume na composição, uma vez que reúne
janelas e um à porta de entrada. todas as áreas comuns do conjunto, resumindo-
-se a um espaço central e unitário, onde
A sua organização programática segue diferentes âmbitos espaciais possibilitam
um conceito base, estipulou-se que as diferentes modos de uso.
componentes funcionais se localizariam ao
centro e a sua circulação adjacente na periferia,
sendo possível usufruir de uma leitura contínua
do espaço interior.

As suas duas entradas, tanto a do pátio como


a do lado Oeste, foram projetadas a eixo do
volume, isto facilitou a sua divisão funcional,
posto que a Sul temos a sala de estar e a Norte
temos a cozinha, os arrumos e uma instalação
sanitária.

104 | 105
29. A leitura do espaço 3: Volume (zonas privadas)

O volume relativo às zonas privadas localiza-se Programaticamente, definiu-se que este volume
na zona Este da composição. Tal como foi visto albergaria três quartos e duas instalações
anteriormente, a sua forma retangular, também sanitárias, uma vez que a Sul temos dois
ela composta por quatro paredes, em tijolo, quartos individuais com uma instalação
ortogonais entre si, articula diferentes alturas, sanitária partilhável e a Norte temos uma suite.
contudo, contrariamente ao volume das zonas
comuns, a parede Este é maior do que a do lado Ambos os quartos individuais dispõem de uma
oposto, criando também uma cobertura inclinada. porta para o pátio e de uma janela para a zona
florestal, o seu mobiliário é composto por uma
Os seus alçados, desenhados segundo uma secretária e um armário subdividido em quatros
métrica regular, abrem-se, igualmente, para portas, sendo três destinadas à arrumação e
Nascente e Poente, ou seja, para a zona florestal uma de acesso à instalação sanitária que, por
e para o pátio respetivamente. Estabeleceu-se sua vez, contém um lavatório, um bidé, uma
que ambos os lados teriam seis vãos, sendo sanita e uma base de duche. Já a suite tem
estes correspondentes a três janelas e a três uma longa secretária para duas pessoas, um
portas no alçado frontal e a seis janelas no armário e uma instalação sanitária que, embora
alçado tardoz. de maior dimensão, segue a mesma disposição
que a anterior.
Após várias tentativas relativas à sua
organização funcional, definiu-se que cada Enquanto que no desenho do volume das zonas
quarto teria uma entrada única, ou seja, aos comuns se procurou uma ideia de comunhão e
olhos do autor, sendo esta uma casa de férias, de união familiar, aqui procura-se um espaço
procurou-se que os seus utilizadores pudessem capaz de proporcionar aos seus utilizadores
usufruir do espaço de um modo distinto. uma ambiência mais íntima.

Contrariamente ao comum numa habitação


familiar, onde o corredor serve a distribuição
espacial, nesta casa, o pátio substitui esse mes-
mo elemento, sendo que toda a movimentação
entre volumes é feita a partir dele.

106 | 107
30. A leitura do espaço 4: Volume (estúdio)

Por último, o volume do estúdio, também ele Entendeu-se que este volume deveria ser
com uma cobertura inclinada para o pátio, organizado de forma simples, sendo somente
procura estabelecer, a Norte, o limite físico da definido por uma grande sala, uma zona de
composição. Este, pela sua função, foi projetado arrumos e uma instalação sanitária.
com um pouco de distanciamento dos dois
anteriores, uma vez que se procurou não mis- A grande sala dispõe de três mesas fixas,
turar a ambiência da casa com a do trabalho. alinhadas segundo os vãos, a divisão dos
arrumos contém uma estante e a instalação
Os seus alçados foram também desenhados sanitária tem uma sanita e um lavatório.
segundo uma métrica regular, contudo abrem-
-se, somente, para Sul, ou seja, para o pátio. Assim, concluímos a leitura do espaço deste
Sendo este o elemento de menor dimensão conjunto, tendo tido como objetivo elucidar o
de todo o conjunto, estabeleceu-se que teria leitor através de pequenos fragmentos e/ou
quatro vãos, mais concretamente, três janelas memórias, das diferentes fases que levaram o
e uma porta. desenrolar experimental deste projeto.

108 | 109
Elementos Rigorosos

01. Planta: Contexto 113


02. Planta: Coberturas do conjunto 115
03. Planta: Piso 0 do conjunto 117
04. Alçados: Conjunto 119
05. Cortes 1: Conjunto 121
06. Cortes 2: Conjunto 123
07. Planta: Cobertura do volume (zonas comuns) 125
08. Planta: Piso 0 do volume (zonas comuns) 127
09. Alçados 1: Volume (zonas comuns) 129
10. Alçados 2: Volume (zonas comuns) 131
11. Alçados 3: Volume (zonas comuns) 133
12. Cortes 1: Volume (zonas comuns) 135
13. Cortes 2: Volume (zonas comuns) 137
14. Planta: Cobertura do volume (zonas privadas) 139
15. Planta: Piso 0 do volume (zonas privadas) 141
16. Alçados 1: Volume (zonas privadas) 143
17. Alçados 2: Volume (zonas privadas) 145
18. Alçados 3: Volume (zonas privadas) 147
19. Cortes 1: Volume (zonas privadas) 149
20. Cortes 2: Volume (zonas privadas) 151
21. Planta: Cobertura do volume (estúdio) 153
22. Planta: Piso 0 do volume (estúdio) 155
23. Alçados 1: Volume (estúdio) 157
24. Alçados 2: Volume (estúdio) 159
25. Alçados 3: Volume (estúdio) 161
26. Cortes 1: Volume (estúdio) 163
27. Cortes 2: Volume (estúdio) 165
28. Maqueta: Contexto 1:1000 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo) 167
29. Maqueta: Implantação 1:500 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo) 169
30. Maqueta: Conjunto 1:100 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo) 171
01. Planta: Contexto
0 2 10 m
112 | 113

GSEducationalVersion
02. Planta: Coberturas do conjunto
CC4

CC8

CC7

CC3
AC4

AC3
AC2 AC2

CC2 CC2

CC5 CC5

CC6 CC6

CC1 CC1

AC1 AC1
AC4

CC4

CC8

CC7

CC3

AC3
0 1 3m
114 | 115

GSEducationalVersion
03. Planta: Piso 0 do conjunto
CC4

CC8

CC7

CC3
AC4

AC3
AC2 AC2

CC2 CC2

CC5 CC5

CC6 CC6

CC1 CC1

AC1 AC1
AC4

CC4

CC8

CC7

CC3

AC3
0 1 3m
116 | 117

GSEducationalVersion
04. Alçados: Conjunto
AC1

AC2

AC3 AC4
0 1 3m
118 | 119

GSEducationalVersion
05. Cortes 1: Conjunto
CC1

CC2

CC3 CC4
0 1 3m
120 | 121

GSEducationalVersion
06. Cortes 2: Conjunto
CC5

CC6

CC7 CC8
0 1 3m
122 | 123

GSEducationalVersion
07. Planta: Cobertura do volume (zonas comuns)
AV4

CV3

CV2

AV3
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV4

CV3

CV2

AV3
0 1 2m
124 | 125

GSEducationalVersion
08. Planta: Piso 0 do volume (zonas comuns)
AV4

CV3

CV2

AV3
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV4

CV3

CV2

AV3
0 1 2m
126 | 127

GSEducationalVersion
09. Alçados 1: Volume (zonas comuns)
AV1
0 1 2m
128 | 129

GSEducationalVersion
10. Alçados 2: Volume (zonas comuns)
AV2
0 1 2m
130 | 131

GSEducationalVersion
11. Alçados 3: Volume (zonas comuns)
AV3 AV4
0 1 2m
132 | 133

GSEducationalVersion
12. Cortes 1: Volume (zonas comuns)
CV1
0 1 2m
134 | 135

GSEducationalVersion
13. Cortes 2: Volume (zonas comuns)
CV2 CV3
0 1 2m
136 | 137

GSEducationalVersion
14. Planta: Cobertura do volume (zonas privadas)
AV3

CV2

CV3

AV4
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV3

CV2

CV3

AV4
0 1 2m
138 | 139

GSEducationalVersion
15. Planta: Piso 0 do volume (zonas privadas)
AV3

CV2

CV3

AV4
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV3

CV2

CV3

AV4
0 1 2m
140 | 141

GSEducationalVersion
16. Alçados 1: Volume (zonas privadas)
AV1
0 1 2m
142 | 143

GSEducationalVersion
17. Alçados 2: Volume (zonas privadas)
AV2
0 1 2m
144 | 145

GSEducationalVersion
18. Alçados 3: Volume (zonas privadas)
AV3 AV4
0 1 2m
146 | 147

GSEducationalVersion
19. Cortes 1: Volume (zonas privadas)
CV1
0 1 2m
148 | 149

GSEducationalVersion
20. Cortes 2: Volume (zonas privadas)
CV2 CV3
0 1 2m
150 | 151

GSEducationalVersion
21. Planta: Cobertura do volume (estúdio)
AV3

CV2
CV3

AV4
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV3

CV2
CV3

AV4
0 1 2m
152 | 153

GSEducationalVersion
22. Planta: Piso 0 do volume (estúdio)
AV3

CV2
CV3

AV4
AV2 AV2

CV1 CV1

AV1 AV1
AV3

CV2
CV3

AV4
0 1 2m
154 | 155

GSEducationalVersion
23. Alçados 1: Volume (estúdio)
AV1
0 1 2m
156 | 157

GSEducationalVersion
24. Alçados 2: Volume (estúdio)
AV2
0 1 2m
158 | 159

GSEducationalVersion
25. Alçados 3: Volume (estúdio)
AV3 AV4
0 1 2m
160 | 161

GSEducationalVersion
26. Cortes 1: Volume (estúdio)
CV1
0 1 2m
162 | 163

GSEducationalVersion
27. Cortes 2: Volume (estúdio)
CV2 CV3
0 1 2m
164 | 165

GSEducationalVersion
28. Maqueta: Contexto 1:1000 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo)
166 | 167
29. Maqueta: Implantação 1:500 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo)
168 | 169
30. Maqueta: Conjunto 1:100 (A Casa de Maceda | A Casa de Muuratsalo)
170 | 171
Seleção Gráfica

PV. Plano de viagem, Finlândia 175


C1. Caderno 1, Casa de Muuratsalo 177
M1. Maquetas da Casa de Muuratsalo 179
C2. Caderno 2, Casa de Maceda 181
FS. Folhas soltas, Casa de Maceda 189
M2. Maquetas da Casa de Maceda 191
PV. Plano de viagem, Finlândia

174 | 175
C1. Caderno 1, Casa de Muuratsalo

176 | 177
M1. Maquetas da Casa de Muuratsalo

178 | 179
C2. Caderno 2, Casa de Maceda

180 | 181
182 | 183
184 | 185
186 | 187
FS. Folhas soltas, Casa de Maceda

188 | 189
M2. Maquetas da Casa de Maceda

190 | 191
Nota Conclusiva

Esta dissertação, tal como todas as Para que este fosse inteiramente compreendido,
componentes que a intregam, é também ela um foi apresentado, ao longo do respetivo capítulo,
fragmento experimental ou até mesmo, uma um conjunto de momentos e/ou fases que
extensão conceptual do seu autor. ajudam a identificar sequencialmente a sua
progressão, possibilitando o reconhecimento
Optou-se por estruturar este documento de momentos de maior ou menor dificuldade
num formato que fosse capaz de evocar até à obtenção da forma final.
gradualmente uma narrativa temática coerente,
ou seja, partiu-se do geral para o particular, da Por fim, todo este processo permitiu, ao próprio,
interpretação de um contexto teórico para a uma redescoberta metodológica, uma capa-
execução de um exercício prático, deste modo, cidade de produção autónoma, de certo modo,
pretendeu-se que ao revelar as imagens finais poderíamos resumir tudo isto a um processo de
do projeto, fosse possível, ao leitor, estabelecer desconstrução mental, ou seja, um trabalho que
uma série imediata de relações e associações procurou conhecer-se, confrontando-se com
com os elementos previamente tratados. as suas próprias referências.


Este projeto é assim, pela sua condição
experimental, a eventual conclusão de todo este
trabalho.

194 | 195
Referências Bibliográficas

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196 | 197
Notas | Créditos de Imagens

01. Johan Henrik e a mesa branca 02. Jyväskylä e a componente do desenho

Imagens: Imagens:

- Aalto, com cinco anos de idade, com os seus - Pequena comunidade portuária. Jyväskylä,
dois irmãos Väinö e Einar. Kuortane, 1903. 1910.
STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Merrell STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Merrell
Publishers Ltd, 2017 Publishers Ltd, 2017

Notas: Notas:

1. AALTO, Alvar, “La Mesa Blanca”. Título ori- 1. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
ginal “Det vita bordet”, in Archivo Aalto, Cit. In. rell Publishers Ltd, 2017, p. 25
SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El 2. AALTO, Alvar, “La trucha y el torrente de la
Croquis Editorial, 2000, p. 17 montaña”. Título original “Taimen ja tunturipu-
“La Mesa Blanca de mi niñez era grande; ha con- ro”, in Arkkitehti nº 7/10, 1948, Cit. In. SCHILDT,
tinuado creciendo y sobre ella he realizado el tra- Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El Croquis
bajo de mi vida.” Editorial, 2000, p. 149
2. O texto “A mesa branca”, teria sido escrito “Guiado sólo por el instinto, desprendiéndome
no início dos anos setenta como introdução do de las síntesis arquitectónicas, dibujo composi-
livro ‘Testamento Espiritual’. O livro nunca che- ciones, a veces francamente infantiles, y de esa
gou a ser completo. manera surge, poco a poco, desde una base abs-
3. Profissão que se destina à marcação e/ou tracta, la idea principal, una especie de sustancia
demarcação de terrenos. general que ayuda a armonizar entre sí numero-
4. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto - His Life”. Alvar sos problemas parciales y contradictorios.”
Aalto Museum, 2007, p. 36
5. AALTO, Alvar, “La Mesa Blanca”. Título ori-
ginal “Det vita bordet”, in Archivo Aalto, Cit. In.
SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El
Croquis Editorial, 2000, p. 16
“Yo fui el habitante del nivel inferior desde que
comencé a gatear a cuatro patas. Parecía una
espaciosa plaza, dominada tan sólo por mí. Des-
pués alcancé la madurez suficiente para mudar-
me al nivel superior, al mismo tablero de la Mesa
Blanca.”

198 | 199
03. Confronto: A chegada a Helsínquia e a guerra 04. Armas Lindgren e a formação em arquitetura
civil
Imagens:
Imagens:
- Vistas de Aalto na Escola de Arquitetura
- Cidade de Helsínquia no ano de chegada de do Instituto de Tecnologia de Helsínquia.
Aalto. Helsínquia, 1916. Helsínquia, 1919.
- Cidade de Tampere após guerra civil V.V.A.A. , “Alvar Aalto - What & When”. Alvar
finlandesa. Tampere, 1918. Aalto Foundation, 2014
STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Merrell
Publishers Ltd, 2017 Notas:

1. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-


Notas:
rell Publishers Ltd, 2017, p. 34
1. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer- 2. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto - His Life”. Alvar
rell Publishers Ltd, 2017, p. 27 Aalto Museum, 2007, p. 121
2. Op. Cit., p. 27 3. Op. Cit., p. 122
3. Op. Cit., p. 32 “I remember the drawing class when Armas Lin-
4. Op. Cit., p. 32 dgren entered for the first time as if it had happe-
5. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto”, Cit. In. AAL- ned today. It was a great day for the Department
TO, Elissa; FLEIG, Karl, “Alvar Aalto - Volume I”. of Architecture, which had been suffering from a
Birkhäuser, 1995, p. 15 long interregnum without a professor. The arrival
6. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer- of Armas Lindgren was impatiently awaited, es-
rell Publishers Ltd, 2017, p. 34 pecially because he represented for us the idea
of ‘the architect’.”
4. Op. Cit., p. 123
5. Op. Cit., p. 122
“The Lindgren period was a time of bright, posi-
tive work in the department (…) The department
was one great family, never subjugated, but given
a cultivated inner discipline by a paternal autho-
rity.”
6. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
rell Publishers Ltd, 2017, p. 35
7. Op. Cit., p. 36
05. Aino Marsio e a viagem à Itália 2. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto - His Life”. Alvar
Aalto Museum, 2007, p. 204
Imagens: 3. WESTON, Richard, “Alvar Aalto”. Phaidon
Press Limited, 2007, p. 20
- Desenho/s de Alvar Aalto, paisagem de
“Aalto’s enthusiasm for the Italian Renaissance
Insbruque. Viagem a Itália, 1924.
blossomed in the 1920s, but remained central
- Desenho/s de Alvar Aalto, Torres de San
both to his architectural thinking and to his con-
Gimignano. Viagem a Itália, 1924.
ception of an ideal society of free individuals.”
- Desenho/s de Alvar Aalto, Cappella degli
4. AALTO, Alvar, “Viaje a Italia”. Título original
Scrovegni. Viagem a Itália, 1924.
“Journey to Italy”, in Casabella nº 200, 1954, Cit.
- Desenho/s de Alvar Aalto, Basílica de San
In. SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”.
Marco. Viagem a Itália, 1924.
El Croquis Editorial, 2000, p. 58
SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El
“Italia representa para mí cierto primitivismo,
Croquis Editorial, 2000
caracterizado hasta un grado sorprendente por
- Casa dos Trabalhadores. Jyväskylä, 1924-25.
formas atractivas pensadas a escala humana.”
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
5. WESTON, Richard, “Alvar Aalto”. Phaidon
Jyväskylä, Finlândia
Press Limited, 2007, p. 25
- Igreja de Muurame. Muurame, 1926-29.
6. Op. Cit., p. 26
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
7. AALTO, Alvar, “La arquitectura en el paisaje de
Muurame, Finlândia
Finlandia Central”. Título original “Keskisuoma-
lainen maiseman rakennustaide”, in Sisã-Suomi,
Notas:
1925, Cit. In. SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por
1. AALTO, Alvar, “Viaje a Italia”. Título original Escrito”. El Croquis Editorial, 2000, p. 35
“Journey to Italy”, in Casabella nº 200, 1954, Cit. “El centro de Finlandia recuerda en cierta medida
In. SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”. a la Toscana, tierra patria de las ciudades erigi-
El Croquis Editorial, 2000, p. 57 das sobre colinas, que nos ofrece referencias de
“No deseo hablar de ningún viaje en especial, pues cómo nuestra provincia podría ser construida
siempre guardo en mi mente un viaje a Italia. Qui- atendiendo a las normas de belleza clásicas.”
zá se trate del viaje que hice alguna vez, y que si- 8. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
gue vivo en mi memoria; o tal vez de una estancia rell Publishers Ltd, 2017, p. 44
en curso, o de un viaje que piense hacer más ade- 9. WESTON, Richard, “Alvar Aalto”. Phaidon
lante. Un viaje así probablemente sea necesario, Press Limited, 2007, p. 31
una ‘conditio sine qua non’ de mi trabajo.” 10. Op. Cit., p. 32

200 | 201
06. A mudança de paradigma, exposição de Paris 07. A transição de conceitos 1
de 1925
Imagens:
Imagens:
- Turun Sanomat. Turku, 1927-29.
- Pavilhão Espírito Novo. Paris, 1924-25. Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Disponível em: http://www.fondationlecorbu- Turku, Finlândia
sier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId=13&I- - Exposição do 700º Aniversário de Turku.
risObjectId=5061&sysLanguage=en-en Turku, 1929.
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- Escola da Bahaus. Dessau, 1925-26. Notas:
Disponível em: https://www.bauhaus-dessau.
1. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
de/en/architecture/bauhaus-building.html
rell Publishers Ltd, 2017, p. 55
2. Op. Cit., p. 61
Notas:
3. Op. Cit., p. 66
1. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer- 4. Op. Cit., p. 57
rell Publishers Ltd, 2017, p. 53
2. Op. Cit., p. 53
08. Obra 1: Sanatório de Paimio 09. A transição de conceitos 2

Imagens: Imagens:

- Sanatório de Paimio. Paimio, 1929-33. - Zona de refeições do Sanatório de Paimio.


Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021. Paimio, 1929-33.
Paimio, Finlândia Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
- Desenho/s de Alvar Aalto, estudos relativos ao Paimio, Finlândia
funcionamento do lavatório. 1929-33.
Disponível em: https://www.alvaraalto.fi/en/ Notas:
architecture/paimio-sanatorium/
1. TÁVORA, Fernando, “Da Organização do Es-
- Desenho/s de Alvar Aalto, cadeira de Paimio.
paço”. FAUP publicações, 2015, p. 42
1929-33.
2. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
Disponível em: https://www.damnmagazine.
rell Publishers Ltd, 2017, p. 102
net/calendar/alvar-aalto-paimio-sanatorium/
- Fotomontagem de Aino Marsio na cadeira de
Paimio. 1929-33.
STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Merrell
Publishers Ltd, 2017

Notas:

1. AALTO, Elissa; FLEIG, Karl, “Alvar Aalto - Vo-


lume I”. Birkhäuser, 1995, p. 31
2. Op. Cit., p. 39
3. ALTO, Alvar, “Entre Humanismo y Materia-
lismo”. Título original “Zwischen Humanismus
und Materialismus”, in Der Bau nº 7/8, 1955, Cit.
In. SCHILDT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”.
El Croquis Editorial, 2000, p. 251
“(...) el deber principal de un arquitecto consiste
en humanizar la Era Maquinista, sin por ello des-
preciar la forma.”
4. STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Mer-
rell Publishers Ltd, 2017, p. 66
5. Op. Cit., p. 70
6. Op. Cit., p. 74
7. LUNDMARK, Efraim, “Bryggmästaren”, Cit. In.
STEWART, John, “Alvar Aalto Architect”. Merrell
Publishers Ltd, 2017, p. 76
“What has been seen so far of Aalto’s sanatorium
complex seems unique for a Nordic country, and
I dare say that with Aalto a new era has begun in
Finnish architecture.”

202 | 203
10. Obra 2: Villa Mairea 11. A ilha de Muuratsalo

Imagens: Imagens:

- Villa Mairea. Noormarkku, 1937-39. - Estúdio do escultor Emil Wickström. Visavuori,


Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021. 1893-94.
Noormarkku, Finlândia Disponível em: https://www.tuulanmatkat.fi/
matkat/hameenlinna-iittala-ja-visavuori/
Notas: - Casa do pintor Akseli Gallen-Kallela. Ruovesi,
1889-95.
1. WESTON, Richard, “Alvar Aalto”. Phaidon
Disponível em: https://www.gallen-kallela.fi/
Press Limited, 2007, p. 81
en/akseli-gallen-kallela-and-tarvaspaa/
- Casa do pintor Pekka Halonen. Tuusula, 1899-
-1902.
Disponível em: https://museot.fi/museohaku/
?museo_id=21875
- Casa do compositor Jean Sibelius. Järvenpää,
1903-04.
Disponível em: https://www.ainola.fi/aino-ja-
-jean-sibeliuksen-ainola/
- Estúdio dos arquitetos Gesellius, Lindgren e
Saarinen. Kirkkonummi, 1901-03.
Disponível em: https://www.senaatti.fi/arvokii-
nteisto/hvittrask/
- Vista sob a costa da ilha de Muuratsalo.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Muuratsalo, Finlândia

Notas:

1. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental


House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018, p. 15
2. Op. Cit., p. 15
3. Op. Cit., p. 15
“second tradition of modern architecture”
4. WESTON, Richard, “Alvar Aalto”. Phaidon
Press Limited, 2007, p. 114
5. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental
House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018, p. 17
“Aalto purchased the two-part plot of approxi-
mately 5000 square metres and immediately be-
gan to work on the design of the summer house.”
12. O conceito da casa Koetalo Notas:

1. Alvar Aalto chamou à sua casa de ‘Koeta-


Imagens:
lo’. Este nome, escrito em finlandês, traduz-se
- Acesso principal da Casa de Muuratsalo. como ‘Casa experimental’.
Muuratsalo, 1952-54. 2. AALTO, Alvar, “Casa experimental en Muu-
- Vista sob o anexo da Casa de Muuratsalo. ratsalo”. Título original “Koetalo, Muuratsalo”,
Muuratsalo, 1952-54. in Arkkitehti nº 9/10, 1953, Cit. In. SCHILDT,
- Vistas do percurso até à casa de Muuratsalo. Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El Croquis
Muuratsalo, 1952-54. Editorial, 2000, p. 323
- Vista do exterior da Casa de Muuratsalo. “El grupo de edificios de Muuratsalo está pensa-
Muuratsalo, 1952-54. do para ser una especie de combinación entre
- Vista sob os anexos da Casa de Muuratsalo. estudio de arquitectura y centro de experimen-
Muuratsalo, 1952-54. tación, donde incluso aquellas pruebas que no
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021. estén aún maduras para ser experimentadas en
Muuratsalo, Finlândia condiciones normales puedan llevarse a cabo.”
- Desenho/s de Alvar Aalto, implantação da fase 3. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto - His Life”. Alvar
final do conjunto da Casa de Muuratsalo. 1952-54. Aalto Museum, 2007, p. 485
- Desenho/s de Alvar Aalto, secção longitudinal 1 4. AALTO, Alvar, “Casa experimental en Muu-
da fase final da Casa de Muuratsalo. 1952-54. ratsalo”. Título original “Koetalo, Muuratsalo”,
- Desenho/s de Alvar Aalto, secção longitudinal 2 in Arkkitehti nº 9/10, 1953, Cit. In. SCHILDT,
da fase final da Casa de Muuratsalo. 1952-54. Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El Croquis
- Desenho/s de Alvar Aalto, alçado tardoz da Editorial, 2000, p. 323
fase final da Casa de Muuratsalo. 1952-54. “1) Experimentación de un edificio sin cimientos.
V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18 (...) 2) Experimento con una sucesión no lineal
- Muuratsalo Experimental House 1952–54, de pilares portantes que se van apoyando en los
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation, puntos más favorables del terreno. 3) Construc-
2018 ción de forma libre con ladrillos. (...) 4) (...) Este
pabellón separado servirá para experimentos
con el calor solar, pues el calor se acumula en
las superficies de la pared y de la cubierta, las
cuales, y a diferencia de los otros experimentos
puramente técnicos, son libres e independientes
de las otras partes del edificio.”

204 | 205
13. A implantação na margem do lago Päijänne 14. A distribuição programática, duas alas

Imagens: Imagens:

- Vista da Casa de Muuratsalo a partir do lago - Desenho/s de Alvar Aalto, planta piso
Päijänne. Muuratsalo, 1952-54. 0, distribuição programática da Casa de
Disponível em: https://finnisharchitecture.fi/ Muuratsalo. 1952-54.
muuratsalo-experimental-house/ Autor, esquema/s representativo/s
- Casa de verão do arquiteto Gunnar Asplund. - Vistas sob o vão de entrada da Casa de
Stennäs, 1936-37. Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
WREDE, Stuart, “The Architecture of Erik Gun- - Vistas sob os vãos da sala de estar e jantar
nar Asplund”. The MIT Press, 1983 da Casa de Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
- Vistas sob os vãos dos quartos da Casa de
Notas: Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
- Vista sob os vãos do alçado tardoz da ala Este
1. SAITO, Yutaka, “Aalto 10 Selected Houses”.
da Casa de Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
TOTO, 2008, p. 181
Autor, fotografia/s tirada em setembro de
2. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental
2021. Muuratsalo, Finlândia
House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume
Notas:
18 - Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation, 1. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto Obra Comple-
2018, p. 17 ta: Arquitectura, Arte y Diseño”. Editorial Gusta-
vo Gili, 1996, p. 198
15. Uma estrutura multifuncional 16. A questão da cobertura invertida

Imagens: Imagens:

- Desenho/s de Alvar Aalto, secção longitudinal, - Desenho/s de Alvar Aalto, secção longitudinal,
análise estrutural da Casa de Muuratsalo. cobertura com uma inclinação da Casa de
1952-54. Muuratsalo. 1952-54.
Autor, esquema/s representativo/s - Desenho/s de Alvar Aalto, secção longitudinal,
- Desenho/s de Alvar Aalto, estrutura dos anexos cobertura invertida da Casa de Muuratsalo.
adjacentes à Casa de Muuratsalo. 1952-54. 1952-54.
V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18 V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54, - Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation, Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018 2018
- Casa Aalto. Helsínquia, 1935-36.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Helsínquia, Finlândia
- Câmara Municipal de Säynätsalo. Säynätsalo,
1949-52.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Säynätsalo, Finlândia

206 | 207
17. O pátio, expoente da experimentação - Vista sob a abertura Sul da Casa de Muuratsalo.
Muuratsalo, 1952-54.
Imagens: - Vista sob a abertura Oeste da Casa de
Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
- Vista sob o pátio da Casa de Muuratsalo.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Muuratsalo, 1952-54.
Muuratsalo, Finlândia
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
- Câmara Municipal de Säynätsalo. Säynätsalo,
Muuratsalo, Finlândia
1949-52.
- Vista sob o pátio da Câmara Municipal de
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Säynätsalo. Säynätsalo, 1949-52.
Säynätsalo, Finlândia
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
- Instituto Nacional da Pensão. Helsínquia,
Säynätsalo, Finlândia
1953-56.
- Vista sob o pátio do Instituto Nacional da Pen-
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
são. Helsínquia, 1953-56.
Helsínquia, Finlândia
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
- Universidade de Jyväskylä. Jyväskylä, 1950 /
Helsínquia, Finlândia
1953-59.
- Desenho/s de Alvar Aalto, perspetiva da casa
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
do seu irmão Väinö. 1925.
Jyväskylä, Finlândia
- Desenho/s de Alvar Aalto, pproposta para o
- Edifício de Escritórios Rautatalo. Helsínquia,
concurso de casas de verão. 1928.
1951 / 1952-57.
V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Casa da Cultura de Helsínquia. Helsínquia,
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
1952-58.
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
2018
Helsínquia, Finlândia
- Vista sob o pátio da Villa Mairea. Noormarkku,
- Vistas sob os dois retângulos do pátio da
1937-39.
Casa de Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
Noormarkku, Finlândia
Muuratsalo, Finlândia
- Desenho/s de Alvar Aalto, identificação dos
pátios e aberturas principais da Casa de Muu-
ratsalo. 1952-54.
Autor, esquema/s representativo/s
Notas: 7. SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto Obra Completa:
Arquitectura, Arte y Diseño”. Editorial Gustavo
1. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental
Gili, 1996, p. 198
House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
8. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
2018, p. 21
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2. Op. Cit., p. 21
2018, p. 25
3. AALTO, Alvar, “De los escalones de entrada
9. AALTO, Alvar, Cit. In. SCHILDT, Göran, “Alvar
al cuarto de estar”. Título original “Porraskiveltä
Aalto - His Life”. Alvar Aalto Museum, 2007, p.
arkihuoneeseen”, in Aitta, 1926, Cit. In. SCHIL-
621
DT, Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El Croquis
“The bricks for Säynätsalo Town Hall, which
Editorial, 2000, p. 71
I consider to be an extremely important bri-
“Una casa finlandesa tiene que tener dos aras:
cklaying job from the architectural point of view,
una es la que está en relación directa con el en-
were laid by Toivo Nykänen, Paavo Asplund, Yrjö
torno exterior, y la otra, la faz le invierno, que se
Marjamäki, Aimo Renlund, Väinö Puolanen, and
evidencia en el diseño del interior tendente a en-
Sakari Sundvall. It is very important to me as an
fatizar el calor (...) La zona ajardinada y la casa
architect to promote the art of masonry in our
forman, en mi opinión, un organismo entrelazado
country. This is why the masonry of Säynätsalo
y coherente.”
Town Hall, both its facade and most of its inte-
4. AALTO, Alvar, “Säynätsalo Town Hall project
riors, consists purely of brick. I must say that I am
description”, in SCHILDT, Göran, “Alvar Aalto. A
very satisfied with our collaboration, and that the
Life’s Work”, 1994, Cit. In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto
result is a model example of Finnish brickwork.”
Architect: volume 18 - Muuratsalo Experimen-
10. AALTO, Alvar, “Casa experimental en Muu-
tal House 1952-54, Studio Aalto 1954.63”. Alvar
ratsalo”. Título original “Koetalo, Muuratsalo”,
Aalto Foundation, 2018, p. 21
in Arkkitehti nº 9/10, 1953, Cit. In. SCHILDT,
“I used the enclosed courtyard as the principle
Göran, “De Palabra Y por Escrito”. El Croquis
motif because in some mysterious way it em-
Editorial, 2000, p. 323
phasizes the social instinct.”
“Una fogata situada en el centro domina todo el
5. Op. Cit., p. 21
grupo de edificios. En cuanto a su utilidad y ca-
6. A ‘patchwork’ é uma técnica do mundo do
rácter acogedor, se asemeja a una hoguera de
artesanato, que envolve a união de diferentes
campamento en la que el fuego y su reflejo so-
tipos, tamanhos ou cores de tecido numa peça
bre la nieve transmiten al hombre una sensación
única.
agradable de calor, casi mística.”

208 | 209
18. Os protótipos, a sauna e o barco 19. Protótipo 1: Sauna

Imagens: Imagens:

- Vista sob o barco “Nemo propheta in patria” - Vista sob o alçado tardoz da sauna de
atracado na baía da ilha de Muuratsalo. Muu- Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
ratsalo, 1952-54. Autor, fotografia/s tirada em setembro de 2021.
- Vista sob a sauna de Muuratsalo. Muuratsalo, Muuratsalo, Finlândia
1952-54. - Desenho/s de Alvar Aalto, planta da sauna de
V.V.A.A. , “Koetalo - Experimenthus - The Ex- Muuratsalo. 1952-54.
perimental House: Muuratsalo”. Alvar Aalto Mu- V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
seum, 2013 - Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
Notas: 2018
- Desenho/s de Alvar Aalto, alçados da sauna
1. O ‘modulor’ foi um sistema dimensional, ela-
de Muuratsalo. 1952-54.
borado e utilizado pelo arquiteto franco-suíço
- Desenho/s de Alvar Aalto, alçado Sul da sauna
Le Corbusier. Este sistema modular tinha como
de Muuratsalo. 1952-54.
base a proporção do indivíduo (inicialmente
Disponível em: https://finnisharchitecture.fi/
com 1,75 m e mais tarde com 1,83 m de altura)
muuratsalo-experimental-house/
e pretendia não converter ao sistema métrico
decimal as unidades como pés e polegadas.
Notas:

1. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental


House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018, p. 29
20. Protótipo 2: Barco 21. Uma aproximação ao lugar, Maceda

Imagens: Imagens:

- Vista sob o barco “Nemo propheta in patria” - Vistas do percurso até ao lote de Maceda.
de Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54. Maceda, 2021.
V.V.A.A. , “Koetalo - Experimenthus - The Ex- Autor, fotografia/s tirada em outubro e novem-
perimental House: Muuratsalo”. Alvar Aalto Mu- bro de 2021. Maceda, Portugal
seum, 2013
- Aalto na cabine do barco “Nemo propheta in
patria” de Muuratsalo. Muuratsalo, 1952-54.
V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018
- Desenho/s de Alvar Aalto, estudos relativos ao
barco “Nemo propheta in patria” de Muuratsalo.
Muuratsalo, 1952-54.
Disponível em: http://www.oris.hr/en/oris-ma-
gazine/overview-of-articles/[85]aaltos-bo-
at,1235.html

Notas:

1. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental


House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018, p. 32
2. Op. Cit., p. 32
3. Op. Cit., p. 32
4. AALTO, Elissa; FLEIG, Karl, “Alvar Aalto - Vo-
lume Ill”. Birkhäuser, 1995, p. 14
“The bow was designed in such a way that spe-
cially structured bow waves would be formed as
the boat passed through the water, this shape
becoming all the more pronounced as speed was
increased.”
5. PALLASMAA, Juhani, “The Experimental
House, Sauna and Boat: The Art of Play”, Cit.
In. V.V.A.A. , “Alvar Aalto Architect: volume 18
- Muuratsalo Experimental House 1952–54,
Studio Aalto 1954-63”. Alvar Aalto Foundation,
2018, p. 32
6. Op. Cit., p. 32
7. Op. Cit., p. 34
“Nemo propheta in patria”
8. Op. Cit., p. 34
“No other architect is quite so famous in his own
country.” 210 | 211
22. O conceito experimental 25. A inversão das coberturas

Imagens: Imagens:

- Desenho/s do autor, as duas tonalidades do - Mercado Municipal de Santa Maria da Feira.


tijolo da Casa de Maceda. 2021. Santa Maria da Feira, 1953-59.
Autor, esquema/s representativo/s Autor, fotografia/s tirada em agosto de 2021.
Santa Maria da Feira, Portugal
23. A escolha do programa
26. A composição dos três volumes
Imagens:
Imagens:
- Desenho/s do autor, estudos relativos ao
programa da Casa de Maceda. 2021. - Desenho/s do autor, a composição dos três
Autor, esquema/s representativo/s volumes da Casa de Maceda. 2021.
Autor, esquema/s representativo/s
24. Indecisões entre volumetrias

Imagens:

- Desenho/s do autor, estudos relativos à


volumetria da Casa de Maceda. 2021.
Autor, esquema/s representativo/s
27. A leitura do espaço 1: Pátio 29. A leitura do espaço 3: Volume (zonas
privadas)
Imagens:
Imagens:
- Casa de Ofir. Ofir, 1956-58.
Autor, fotografia/s tirada em dezembro de - Desenho/s do autor, o volume das zonas
2021. Ofir, Portugal privadas da Casa de Maceda. 2021.
Autor, esquema/s representativo/s
Notas:
30. A leitura do espaço 4: Volume (estúdio)
1. PINTO, Jorge Cruz, “A Caixa: Metáfora e Ar-
quitectura”, Cit. In. FARIAS, Hugo L. , “A Casa:
Imagens:
Experimento e Matriz”. Caleidoscópio, 2018, p.
125 - Desenho/s do autor, o volume do estúdio da
Casa de Maceda. 2021.
28. A leitura do espaço 2: Volume (zonas co- Autor, esquema/s representativo/s
muns)

Imagens:

- Desenho/s do autor, o volume das zonas


comuns da Casa de Maceda. 2021.
Autor, esquema/s representativo/s

212 | 213
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Porto, 2021 / 2022
Alvar Aalto e a Casa de Muuratsalo
Experimentação e Projeto
João Pedro Tavares Pimentel
FACULDADE DE ARQUITECTURA

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