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Resumo
Esta pesquisa tem por objetivos justificar a necessidade da modernização para a contabilidade
industrial 4.0 para uma indústria-comércio de SC. Foram conceituadas neste a história da
contabilidade e seus ramos e evolução, a contabilidade gerencial e a contabilidade digital
moderna. Demonstra-se através da pesquisa a relevância da informação na contabilidade com
a finalidade de orientar os gestores em suas decisões com maior rapidez e segurança. A
contribuição desta ferramenta ultrapassa às percepções de mera formação de preço, ajudando
a desenvolver o entendimento de todo o processo produtivo da empresa, relacionando às
entradas de recursos, à transformação destes e por fim à sua venda. Vive-se um novo tempo,
de oportunidades imensas para a indústria. A evolução tecnológica das últimas décadas
possibilitou mudanças rápidas em busca de processos cada vez mais eficazes para um
crescimento exponencial dos negócios e de sua capacidade de produção. Por outro lado,
trouxe inúmeros riscos financeiros e de gestão para as organizações que não se adaptam aos
novos tempos.
1 Introdução
2 Referencial Teórico
De acordo com Iudícibus (2019), desde a época colonial, meados de 1.530, onde as
primeiras Alfândegas surgiram, a contabilidade vem modernizando-se e tornando-se algo de
suma importância para controle dos bens e do desenvolvimento das entidades de uma forma
geral. A competição globalizada entre os mercados atuais, faz com que as empresas busquem
maior qualidade e melhorem seu desempenho, aproveitando melhor os recursos adquiridos,
assim gerando melhores produtos e lucros.
Seguindo a mesma linha, a contabilidade não pode ser utilizada somente como
atendente das necessidades fiscais, mas como uma importante ferramenta para a gestão e
tomada de decisão. As companhias buscam respostas no tempo certo, com qualidade. Tais
respostas possibilitarão melhores performances.
Para Iudícibus (2019), este novo conceito de contabilidade moderna 4.0 é apresentada
como uma ferramenta fundamental nos dias de hoje, pois gera as informações de valor
agregado para ajudar nas decisões do gestor com maior rapidez e eficácia.
As empresas e gestores que ainda adotam de um sistema de contabilidade mais antigo,
encontram várias dificuldades de desempenhar com eficiência suas funções durante o
exercício, perdendo assim um tempo importante para conseguir reunir informações com as
quais teriam com maior rapidez e eficácia se tivessem um sistema de contabilidade moderno.
De acordo com um estudo elaborado por Reis e Silva (2008), no ano de 1869 foi
criado a Associação dos Guarda-Livros da Corte, sendo reconhecido oficialmente no ano
seguinte pelo Decreto Imperial nº 4.475, este fato foi importante, pois estava constituído o
guarda-livros, como a primeira profissão liberal do Brasil.
Segundo Reis e Silva (2008), o guarda-livros, como era conhecido antigamente o
profissional de Contabilidade, era um profissional ou empregado incumbido de fazer os
seguintes trabalhos da firma: elaborar contratos e distratos, controlar a entrada e saída de
dinheiro, através de pagamentos e recebimentos, criar correspondências e fazer toda a
escrituração mercantil. Conforme o Classificados do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro,
13/10/1835, exigia-se que estes profissionais tivessem domínio das línguas portuguesa e
francesa, além de uma aperfeiçoada caligrafia, demonstrado através das publicações abaixo:
Fonte: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=364568_02&pagfis=2
Mais (1923), seguidor de Bésta (1923), afirmaram que o objeto da Contabilidade era o
patrimônio, declarando seu pensamento em um artigo, cujo título denominava “La Regioneria
come Scienza Del Patrimonio” (A Contabilidade como ciência do patrimônio) que Sá (1998)
transcreveu em parte:
“Se examinarmos os fenômenos fundamentais de Contabilidade,
não podemos deixar de reconhecer que eles requerem
indagações acuradas; não se pode negar que se torna
necessário observá-los, expô-los e procurar explicá-los; depois,
munidos dos ensinamentos oferecidos pelas pesquisas feitas com
o subsídio de métodos especiais de investigação, próprios das
ciências experimentais, daí retirar normas de prática aplicação
a casos concretos. Ora, os fenômenos dos custos, das receitas,
do crédito, das entradas e saídas financeiras, para lembrar só
alguns dos mais evidentes fenômenos contabilísticos já por nós
referidos, são todos investigados nas suas fases de constituição
e de evolução apresentando problemas que sempre se
apresentaram na Lei 514 de 28 de outubro de 1848.”
Agora no século 21, de acordo com Schwab (2018), vivemos a Quarta Revolução
Industrial, também conhecida por indústria 4.0. Ela tem como grande destaque uma produção
ainda mais inteligente. Ou seja, uma produção capaz de conectar o mundo físico ao mundo
digital, além de transformar definitivamente o modo que produzimos hoje em dia.
Essa era é marcada, portanto, pela inteligência artificial. Pelo estudo levantado por
Schwab (2018) e Almeida (2019), o big data, a hiperconectividade e a gamificação são alguns
exemplos da sua aplicação. Para as empresas e indústrias, essas tecnologias são capazes de
automatizar a produção e direcionar a inteligência humana para áreas menos operacionais e
mais estratégicas.
De acordo com ABDI (2021), do ano imprevisível de 2020, herdamos pelo menos dois
aprendizados: a adoção da transformação digital não como opção, mas como sobrevivência, e
a necessidade da cooperação para o fortalecimento dos ecossistemas de inovação.
No quadro abaixo, conforme elaborado pela ABDI (2021), um resumo da revolução
industrial até os dias atuais, percebe-se que em 90 anos passamos de uma era mecânica para
elétrica, após 100 anos, para automação, e em menos de 40 anos, já estamos na era artificial
robótica, ou seja, já seguimos uma linha de automatização muito mais rápida comparada ao
início:
Figura 3 – A Evolução da Revolução Industrial
De acordo com a ABDI (2021), a indústria 4.0 trata de um conjunto de novas tecnologias
com alto nível de informatização e ampla conectividade. Com ela, máquinas e equipamentos
conectados à internet analisam em tempo real todas as operações industriais, podendo:
prevenir e reduzir erros; diminuir custos; aumentar a produtividade; oferecer
mais qualidade ao processo produtivo.
2.3.2 Grandes Sistemas da Modernidade Atual
De acordo com Machado (2018), o Big Data talvez seja a mudança mais presente nos dias
de hoje. O uso de dados e resultados concretos serve para embasar decisões, estabelecer novas
estratégias e direcionar as pessoas. Marketing, vendas, manufatura. Diversos setores da
indústria podem se beneficiar do uso de dados para embasamento das estratégias e decisões,
devido o grande volume de dados que podem ser analisados para gerar insights. O propósito
dessa análise é otimizar o processo de tomada de decisão e trazer outros benefícios para a
indústria, como: redução de custos; aumento da produtividade; encontrar novas oportunidades
de mercado; identificar possíveis melhorias ou gargalos; encontrar riscos e ameaças, entre
outros; contribuição no cumprimento de normas sanitárias.
Para autores de livros da atualidade como Machado e Schwab juntamente com Miranda
(2018), a indústria 4.0 é uma transformação na sociedade como um todo, inclusive nos modos
de produção empresariais. A inteligência artificial já está presente no dia a dia das pessoas,
nos aplicativos de celular, nos eletrodomésticos das casas, etc. Nas empresas e indústrias essa
tecnologia também deve ser adotada, para acompanhar o ritmo e o nível de exigência em que
a sociedade está vivendo.
Conforme Machado e Schwab juntamente com Miranda (2018) a contabilidade
também é afetada pelas transformações da indústria 4.0. Essa área das empresas, que é
essencial para a sua saúde financeira e a gestão do seu patrimônio, pode ser também bastante
onerosa. Registrar movimentações, preencher relatórios, prestar contas, cuidar da folha de
pagamento, emitir notas fiscais e demais tarefas. Tudo isso toma bastante tempo
do empresário e do funcionário (analistas, controllers) e pode prejudicar a sua produtividade,
o que afeta também as suas entregas ao cliente. Por isso, a contabilidade também precisa
entrar na era da indústria 4.0.
De acordo com Machado e Schwab juntamente com Miranda (2018), a indústria 4.0 é
marcada pela automação. Hoje as máquinas são capazes de realizar diversas ações
anteriormente manuais. Isso traz resultados para a agilidade das equipes, a produtividade das
empresas, a diminuição de falhas, a redução de custos e a escalabilidade da produção.
Com base no que os autores Schwab juntamente com Miranda (2018) definem, a
contabilidade então, deve atuar na indústria 4.0 com base na automação. Para isso,
existem sistemas contábeis que facilitam as atividades da área, como a emissão de notas
fiscais, o registro de pagamentos, a geração de relatórios e o envio de declarações. Portanto,
esses softwares também precisam prever a integração com outros sistemas de informação, não
só internos à empresa, mas também com programas da Receita Federal, que também está se
adaptando à indústria 4.0.
De acordo com Paulani e Bobik (2020), o contador também assume um novo papel
diante de tantas inovações tecnológicas. Ele não é mais apenas quem faz as contas e preenche
declarações. Afinal, as máquinas já podem fazer algumas das suas atividades técnicas.
O profissional, então, deve se diferenciar como um consultor, focado na solução de
demandas e na atenção constante nas melhores oportunidades para os seus clientes, que estão
em busca da eficiência máxima. Assim, a integração entre a inteligência humana e a
inteligência das máquinas pode trazer muito mais valor para as empresas.
Para Paulani e Bobik (2020), dentro das empresas, é preciso uma nova forma de
pensar e atuar para uma boa adaptação às transformações da indústria 4.0. Essa adaptação na
contabilidade é essencial para manter a competitividade no mercado em uma época de
bastante cobrança por eficiência. É preciso, portanto, trazer a tecnologia para dentro dos seus
processos e operações. Pode-se começar essa transformação a partir da contabilidade online,
uma maneira de agilizar e desburocratizar suas atividades contábeis.
De acordo com Paulani e Bobik (2020), ainda muitas empresas, tem atrelado sistemas
operacionais antigos e ineficientes para o processo, os problemas vivenciados nas empresas
são ocasionados pela falta de utilização das informações que deveriam ser produzidas pela
contabilidade de uma forma rápida e segura.
Grande parte dos gestores, principalmente das pequenas organizações, cuja cultura lhe
apresenta a contabilidade como mero meio de atendimento das “obrigações fiscais”, tem
abdicado da oportunidade de melhorar seu desempenho quando da não utilização dos dados
gerados pela contabilidade para a tomada de decisão.
Há o entendimento que o profissional da área contábil é uma “extensão do fisco”,
porém, a contabilidade, em sua essência, é fundamental para a imposição e manutenção de
uma vida saudável à organização.
Para Paulani e Bobik (2020), a aplicação da contabilidade, com a função gerencial e de
controle, cria transparência, sistematiza os processos, o que melhora a qualidade das ações do
gestor, criando valor e com este a satisfação de todo o meio ambiente que o cerca. Uma
empresa que não tem controle de sua gestão pode acabar ficando sem recursos financeiros, o
que se considera como um dos problemas mais comuns que as microempresas e empresas de
pequeno porte e até algumas maiores encontram.
Para Stratton (2004), a contabilidade gera informações e estas são utilizadas para
diversas questões, pois diversos são seus usuários. Caso uma empresa necessite pedir
empréstimo junto ao banco, esta fará uso dos relatórios contábeis para mostrar ao banco como
está a sua atual situação financeira e econômica. Pode-se citar também o governo e as
entidades públicas a ele relacionadas, os funcionários da organização, os fornecedores, os
clientes. Para Horngren (2004), os usuários da informação contábil enquadram-se em três
categorias:
1. Gestores internos que usam a informação para o
planejamento e controle, a curto prazo, de operações rotineiras.
2. Gestores internos que usam a informação para tomar
decisões não rotineiras (por exemplo, investir em equipamentos,
determinar o preço de produtos e serviços, decidir a que
produtos dar relevo ou não) e formular as políticas gerais e
planos de longo prazo.
3. Usuários externos, tais como investidores e autoridades
governamentais, que usam a informação para tomar decisões a
respeito da empresa.
Já para Barbosa (2006), entende que: “Não se pode imaginar o gerenciamento eficaz de uma
célula social sem a presença da informação contábil”.
De acordo com Jiambalvo (2002), diz que a contabilidade gerencial “enfatiza as
informações que são úteis aos gerentes internos para o planejamento, o controle e a tomada de
decisão.”
Ao utilizar dados da contabilidade para criar informações relevantes para tomada de
decisão, os gestores geram benesses para as suas organizações, resultando em ganhos de
qualidade que melhoram os processos e consequentemente o seu desempenho.
A contabilidade gerencial, portanto, organiza os dados, analisa-os, mensurados, para
que o gestor tenha o devido entendimento do que está passando sobre um todo, para que assim
tome decisões mais concretas e até mesmo nortear o gestor para que saiba aonde investir e
também se houver algum problema, identificando este problema, trazendo assim para a
organização, uma contabilidade como ferramenta gerencial, fazendo a controladoria de fato da
organização.
A contabilidade gerencial atua dentro das organizações dando auxílio para a tomada de
decisão no âmbito de suas atividades. Conforme Padoveze (2009), as áreas de atuação da
contabilidade gerencial são divididas em três blocos de informações para suprir cada um dos
níveis hierárquicos, como segue:
De acordo com Taulli (2020), a inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que simula
a inteligência humana. Por isso, é a tecnologia capaz de realizar os cálculos de tributos, gestão
dos documentos fiscais, realização de auditorias, entre outros. Nesse novo cenário, junto com
as oportunidades, aparecem novos desafios para o profissional. Afinal, é preciso compreender
as novas demandas do mercado e se atualizar para se destacar.
Com ferramentas tecnológicas realizando o trabalho operacional e burocrático, o papel
do contador se torna muito mais consultivo. Ou seja, o contador deve ser capaz de olhar para
os números de forma analítica e estratégica, e então tomar decisões que beneficiam a empresa.
Dessa forma, conquistar uma visão estratégica é um dos novos desafios do contador, porém, o
profissional capaz de desenvolver essa habilidade certamente se destaca no mercado.
Para Taulli (2020), novos recursos surgem o tempo todo e recursos antigos são
constantemente atualizados. Por isso, é fundamental estar sempre bem informado e utilizar as
melhores e mais modernas ferramentas. Isso vai garantir a otimização do trabalho e
diferenciar o profissional dentro de cada instituição.
Para Taulli (2020), este é um daqueles assuntos que muito se fala por aí e pouco se
explica. A Indústria 4.0 ‑ também conhecida como 4ª Revolução Industrial - dominou sites de
no cias e conversas empresariais, revolucionou o mundo dos negócios e está ressignificando
todos os segmentos de atuação globais. Para entender essa transformação, precisamos
conhecer a história completa dos processos industriais.
De acordo com ABDI (2021), observa-se que, a revolução industrial em todo período
de grandes avanços tecnológico, é um divisor de águas na história da humanidade,
promovendo imensas migrações do campo rumo às cidades. Foi a facilitadora para a produção
em massa, escalonou a capacidade de empregos e promoveu a renda das pessoas. Disrupções
são sua marca clássica e os avanços por ela produzidos são sem precedentes.
A ABDI (2021), demonstra em forma resumida a evolução da era industrial até os dias
de hoje, a estimativa é que a migração para o conceito 4.0 reduza, no mínimo, 73 bilhões/ano
de custos industriais no Brasil.
Fonte: ABDI.
De acordo com dados de pesquisa da ABDI (2021), nos últimos dois anos, foram
gerados mais dados do que em toda a história da humanidade combinada. Além disso, o
período médio entre cada Revolução Industrial foi cortado pela metade – passaram-se apenas
40 anos entre o surgimento das Indústrias 3.0 e 4.0.
Pela pesquisa levantada pela ABDI (2021), a Indústria 4.0 é impulsionada pela
utilização de sistemas digitais integrados e de tecnologias super avançadas, como Inteligência
Artificial (IA ou AI), Internet das Coisas (IoT), Realidade Aumentada (AR), entre inúmeras
outras. Mas, na prática, é uma mudança de mentalidade. Agora, é necessário ter uma alta
capacidade de adaptação às mudanças, expertise digital para atuar estrategicamente e coragem
para correr riscos calculados, nesta nova era, para inovar, é preciso arriscar.
De acordo com um estudo levantado pela ABDI (2021), uma tecnologia habilitadora é
uma tecnologia que pode conduzir a mudança radical na capacidade de um usuário ou cultura,
permitindo a criação de produtos radicalmente novos ou serviços ou processos mais
eficientes. Abaixo uma listagem das principais formas de tecnologias habilitadoras:
De acordo com Almeida (2019), a revolução é pautada pela evolução tecnológica, mas
liderada pelas pessoas. Com indústrias avançadas, que unem humanos, máquinas e uma
abundante quantidade de dados digitais em processos descentralizados, a presença de
Gestores de Produção se prova indispensável. A transformação digital chegou para acabar
com funções repetitivas e operacionais, e nos deixa com tarefas puramente estratégicas. Entre
elas:
Mais Qualidade: A Indústria 4.0 traz uma visão geral de
todos os processos e controle detalhado dos resultados
alcançados. Isso possibilita a identificação de falhas em tempo
real e, consequentemente, a melhora contínua da qualidade dos
produtos. Além disso, a redução do trabalho manual nos coloca
um passo mais próximo de acabar com acidentes de trabalho.
Mais Produtividade: Como vimos, os processos
puramente operacionais estão sendo automatizados por
máquinas inteligentes. Isso garante uma produção em grande
escala com taxa de riscos praticamente nula.
Mais Economia: É só fazer as contas: produzir mais
rápido, com menos falhas e com menos desperdícios resulta em
aumento significativo na rentabilidade da indústria.
Essas e outras tecnologias da indústria 4.0 devem impactar de forma positiva o setor
no país. De acordo com um levantamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI 2021) a estimativa é de que a redução de custos industriais no Brasil seja
de, no mínimo, R$ 73 bilhões ao ano quando a indústria brasileira migrar para o conceito 4.0
― R$ 34 bilhões em ganhos de eficiência, R$ 31 bilhões com a redução de custos com
manutenção de máquinas e R$ 7 bilhões com economia de energia.
Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 48%
das grandes empresas brasileiras pretendiam investir nas novas tecnologias da indústria 4.0
ainda em 2018.
Entre essas empresas, 96% já haviam implementado alguma ferramenta digital em
suas operações, como no desenvolvimento de novos produtos, no processo de produção ou na
própria gestão do negócio.
A expectativa da ABDI é de que pelo menos 15% das indústrias brasileiras estejam
totalmente inseridas no conceito 4.0 nos próximos 10 anos.
No entanto, é claro que, além dos benefícios, a quarta revolução industrial também
traz desafios. O primeiro deles costuma ser a própria resistência de alguns gestores em
implementar essas novas tecnologias que representam uma mudança total na rotina industrial.
Portanto, é preciso ter cuidado para que esse aspecto não prejudique a competitividade da sua
empresa. Além disso, o alto custo de implementação das novas soluções e a falta de mão de
obra qualificada também são desafios. Estima-se, porém, que com a popularização desse
conceito, o valor dessas tecnologias deve diminuir.
De qualquer forma, buscar parcerias e incentivos é uma alternativa para começar a
digitalização, assim como investir na capacitação dos funcionários.
Conforme um estudo levantado pela ABDI (2021), o caminho até que a indústria 4.0
tenha sucesso no Brasil ainda é bastante longo. Um bom exemplo disso está em um estudo
publicado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp 2020) que identificou
que o país não apresentou desenvolvimento em nenhuma das áreas consideradas importantes
da indústria 4.0, como Inteligência Artificial e Big Data.
Outra revelação levantada pela pesquisa é de que apenas 5% das empresas nacionais se
consideram muito preparadas na hora de lidar com os desafios estimados pelo surgimento da
Quarta Revolução Industrial. O atraso, nesse caso, é apontado, segundo a própria pesquisa,
por diversas falhas na estrutura interna do setor no Brasil.
A falta de profissionais qualificados também conta muitos pontos no resultado, pois as
empresas enfrentam esse receio de trazer procedimentos sem mão de obra qualificada para
operá-los e simplesmente perder esse tipo de investimento. Conforme informações publicadas
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil possui cerca de 70O mil indústrias.
Porém, somente 1.6 % já possui Indústria 4.0. O Governo Federal com o intuito de
impulsionar essas mudanças, criou em 2017 o Grupo de Trabalho para a Indústria 4.0 (GTI
4.0).
3 Aspectos Metodológicos
Acordando com o objetivo geral deste artigo, foi utilizado uma metodologia
qualitativa exploratória, utilizando dados da contabilidade de uma empresa de médio/grande
porte na cidade de Jaraguá do Sul em Santa Catarina.
O processo de coleta de dados, foi feito através de um questionário pela plataforma
Google Formulários, enviado de forma online diretamente por e-mail aos convidados e
também pelo WhatsApp.A pesquisa foi realizada com um grupo de pessoas que fazem parte
desta empresa e também pessoas externas, direcionada ao público da área contábil e
administrativa. Foram enviados para 35 pessoas o questionário e respondido por 27
participantes.
O intuito desta coleta de dados, foi abordar o tema em questão também para algumas
pessoas que não atuam na área contábil, a ideia foi analisar o nível de entendimentos de uma
forma geral sobre o assunto, embora alguns participantes da pesquisa não são contadores, a
intenção foi de medir o nível de conhecimentos das pessoas sobre o assunto. Nas maioria das
questões, quem não atua na área contábil diretamente, considerou as respostas incorretas,
portanto, mostra-se que os profissionais que não atuam na área, embora sejam formados em
contabilidade, não estão preparados para as novas tendências de mercado, caso hoje fossem
trabalhar no ramo.
A forma de análise utilizada, foi feita através de uma tabulação de dados em planilha
eletrônica com posterior elaboração de gráficos de análise.
4 Estudo de Caso
A organização onde foi realizado o estudo, fica localizada na cidade de Jaraguá do Sul
– Santa Catarina. Esta empresa, conta hoje com mais de 700 funcionários ao todo, somando as
filiais espalhadas pelo Brasil, sendo elas: Matriz em Jaraguá do Sul – SC, Fábrica de Chapas e
unidade logística também em Jaraguá do Sul – SC, Diadema – SP, São José do Rio Preto –
SP, Curitiba – PR, Belo Horizonte – MG, unidade nova aberta este ano em Chapecó – SC, e
uma nova a ser aberta em breve em Porto Alegre – RS e também em Guarulhos - SP. Tem
também as unidades fora do Brasil, em Bogotá e Medelín Colômbia e na Ásia aberta em
2020.
Em 2004, a empresa se transfere para um espaço comercial, ampliando o negócio em
apenas 3 anos de seu oficial abertura, isso tudo graças a mentalidade sempre a frente e
moderna de seus administradores.
Em 2011, o negócio familiar se expande, é alterado o nome da antiga empresa para o
atual, e eles ingressam no mercado de venda de chapas e matérias primas, pela primeira vez a
empresa contrata um sistema mais tecnológico para atender a demanda. Em 2013, é
inaugurada a primeira filial da empresa fora de SC, unidade em Diadema – SP.
Em 2014, a empresa finaliza a construção do novo e atual parque fabril, com mais de
12.000m² em Jaraguá do Sul – SC e também inaugura a nova filial em Belo Horizonte- MG,
neste ano também, houve a mudança de sistema para um sistema um pouco mais eficiente.
Em 2015, a empresa expande o negócio para o mercado internacional, dando início a
exportação dos produtos. Em 2016, abre a nova filial em Curitiba – PR, em 2018 inaugura a
fábrica de Chapas em SC, e em 2019 ocorre a oficial fusão da antiga marca para a atual, e
também a abertura da primeira filial internacional na Colômbia em Bogotá.
Em 2020, abre a nova filial em São José do Rio Preto – SP e a loja II também em
Bogotá. Em 2021, inaugura um centro de negócios em Hong Kong e abertura da nova filial
em Chapecó – SC.
Pode-se perceber, nitidamente, o quanto esta empresa vem crescendo com o passar dos
anos, é ainda uma empresa jovem, com muitos desafios pela frente, mas a mentalidade dos
proprietários da mesma, fizeram com que seu crescimento elevasse. Desde então, os
problemas surgem da mesma proporção de seu crescimento.
Falando da indústria 4.0, assunto deste artigo, assim como já descrito nos assuntos e
pesquisas acima feitas por livros e artigos da atualidade, o conceito indústria 4.0 está longe
ainda de estar presente na realidade das indústrias. Embora esta empresa em questão, seja
moderna e nova, ainda existem grandes dificuldades de implantar novos sistemas e mais
eficientes para a gestão do negócio.
4.2 Desafios da Atualidade
Existem os pontos ruins de grandes indústrias ainda serem controladas pelos seus
fundadores, visto que alguns ainda pensam que são uma empresa “pequena familiar”,
dificultado assim a introdução de novas tecnologias.
Nesta empresa em questão, o sistema utilizado não é um sistema moderno com
integrações como precisaria ser. É usado um sistema de uma empresa local de tecnologia,
onde ainda não existe um sistema integrado com as filiais nacionais e internacionais, desta
forma, o atual sistema não está mais comportando a demanda do negócio.
Para as demonstrações contábeis mensais, ainda é utilizado um excel gigante e pesado
com inúmeras páginas (com mais de 400 linhas de informações) onde ainda é inserido
manualmente alguns valores, pois o sistema não leva a informação completa integrada para
uma DRE, foi feito um levantamento de horas trabalhadas e quantidade de funcionários
envolvidos para o fechamento final, chegou-se então no resultado que é necessário quase 5
dias úteis e com mão de obra de 2 pessoas (somente para isso) para poder finalizar a DRE e
Balanço mensal, (sem contar todos outros fechamentos de outras rotinas, como conciliações
de todas as contas do balanço por exemplo, não está neste cálculo, embora precisam ser feitas
antes da DRE e Balanço final).
Na quarta questão, foi questionado o seguinte: Das opções abaixo, qual você acha
ser a correta sobre a Contabilidade 4.0? Aqui, os 27 participantes acertaram o conceito
sobre a contabilidade 4.0, contraditório visto que na questão anterior nem todos sabiam sobre
o assunto, mas em tese, a maioria sabe do que se trata, sobre uma tendência que surgiu com a
transformação digital, com um parâmetro de serviço mais modero e automatizado.
Na quinta questão, foi questionado o seguinte: Das opções abaixo, qual você acha
ser a correta sobre como funciona a Contabilidade 4.0? Da mesma forma da questão
anterior, os 27 participantes também foram assertivos nesta questão. A finalidade da
contabilidade 4.0 é proporcionar mais eficiência na prestação dos serviços contábeis,
integrando máquina e a inteligência humana.
Na oitava questão, foi questionado o seguinte: Na sua opinião, quais os desafios que
podem impactar na tecnologia da Contabilidade 4.0: Nesta questão, 66,7% dos
participantes acertaram, o maior desafio é o profissional manter-se em constante atualização
sobre o tema, além do mais, as empresas devem se atualizar na forma de comunicação com o
cliente também. 25,9% dos participantes, consideram ser o custo mais elevado na empresa em
virtude de investimentos em novos sistemas, e 7,4% acreditam que a contratação de muito
mais mão de obra nas áreas de TI do que em outras áreas. Também de fato, respalde a
realidade um pouco em cada opção, mas a maioria entende ser o maior desafio a constante
atualização e mudança de pensamento dos futuros e novos profissionais.
Fonte: Pesquisa desenvolvida pelo autor
Na nona questão, foi questionado o seguinte: Dentre as opções abaixo, qual você
entende ser a correta sobre a função da contabilidade em um negócio? Nesta questão,
76,9% dos participantes foram assertivos sobre a função da contabilidade em um negócio, no
qual se trata em controlar o patrimônio, apurar o lucro ou prejuízo, analisando relatórios para
demostrar a real situação da empresa aos interessados, orientado as futuras tomadas de
decisões para o melhor desempenho da empresa. 15,4%, entendem em ter um maior controle
financeiro sobre os gastos de uma empresa e poder gerar relatórios onde demonstram todos os
lançamentos para o gestor saber onde o dinheiro foi investido. De fato, ainda pensamos que a
contabilidade no fim, é para demonstrar “aonde o dinheiro está ou o motivo de estar lá”, mas
com a evolução tecnológica os empresários estão vendo o quão importante é o trabalho de
uma contabilidade mais eficaz, o quanto isso pode trazer de benefícios para seu negócios, com
planos estratégicos e tomadas de decisões mais assertivas para o futuro do negócio.
Na décima questão, foi questionado o seguinte: Das opções abaixo, o que você acha
que é o "Big Data"? Nesta questão, 77,8% dos participantes acertaram o conceito do Big
Data, que é um sistema onde permite que um grande volume de dados possa ser analisado
para gerar insights. O propósito dessa análise é otimizar o processo de tomada de decisão e
trazer outros benefícios para a indústria, como por exemplo redução de custos, aumento da
produtividade. E outros 11,1% acreditam ser um sistema onde todos os tipos de empresas
podem ter acesso ou um sistema único usado de forma global onde toda as empresas possam
se comunicar.
5 Análises e Considerações
Para uma análise mais completa do negócio da empresa, foi elaborado junto com os
gestores uma linha do tempo onde demonstra em porcentagem do crescimento da empresa, até
2020, levantamos junto com outras questões o quanto impacta de forma negativa a
organização não possuir ainda um sistema eficiente.
Percebe-se um aumento contínuo desde sua fundação. A empresa tem uma forte
equipe no setor comercial, justificando o significativo aumento em seu faturamento no
decorrer dos anos. Porém, ainda deixa a desejar pela estrutura tecnológica de suas atividades
operacionais.
Foi demonstrado para a entidade mediante esta pesquisa, o fator tempo e
probabilidades de erros nas demonstrações contábeis devido à grande demanda, porém com
um sistema ineficaz. Foram levantados dados contábeis mediante conciliações que ainda não
eram feitas de determinadas contas, por não ter ainda um controle de fato interno rigoroso
sobre lançamentos incorretos, e por falha do sistema, permite-se o lançamento, causando
assim distorções no resultado que até então, não era perceptível pois não havia ainda mão
humana e nem um sistema qualificado para desvendar tais problemas, como por exemplo,
emissão de NFs de remessas diversas, sem contabilização ou contabilizado de forma incorreta
pela pessoa do faturamento, devido o sistema ser ineficaz, ao emitir a NF, o campo da conta
contábil é editável, podendo qualquer pessoa alterar a conta na hora da emissão da NF, ou até
mesmo deixar em branco, no sistema atual, não permite gravar de forma fixa uma
determinada conta contábil para uma determinada CFOP, causado assim um retrabalho
gigante no fechamento, pois impacta na conciliação de fornecedores e principalmente estoque.
Porém, existe grandes possibilidades para ano que vem, finalmente a empresa migrar
para um SAP muito mais qualificado e moderno, já está sendo implantado nas filiais
internacionais, a ideia é fazer com que a matriz seja completamente interligada com as filiais,
tanto nacional como internacional, integrando desde a emissão de um CTE contra a empresa
até uma NF de compra, antes mesmo de sair do fornecedor, a empresa já ter ciência da
transição e poder assim acompanhar com mais segurança todo o processo até a chegada do
material e consequentemente agilizar todos os processos internos.
Não se pode deixar de lado a questão do alto custo da implantação de um sistema
complexo deste tamanho, isso leva tempo, e dinheiro, sabe-se que a transição para um modelo
novo de SAP é questão de no mínimo dois anos até tudo ser alinhado, e muitos milhões de
reais investidos, está orçado em torno de 20 a 30 milhões até 2023 para ser investido com
tecnologia.
Este estudo de caso, trouxe à tona para os envolvidos, o tamanho da importância de
um sistema modernizado e integrado para uma indústria que quer se tornar moderna.
Demonstrando através de rotinas diárias, o grande tempo que hoje ainda é perdido por não
termos uma gestão eficiente (tanto de sistemas como pessoas mal preparadas) para olhar onde
está o real problema e poder assim executar ações para a solução dos mesmos.
6. Conclusões
Conclui-se que a contabilidade industrial 4.0, ainda está longe da realidade das
empresas no Brasil. Sabe-se que é necessário absorver o melhor que a tecnologia tem a
oferecer para aprimorar o que pode ser oferecido. Estar em constate atualização, com um
passo a frente das inovações, é de fato hoje o princípio básico para o crescimento de uma
entidade.
Buscava-se demonstrar o quão importante é a implantação de um sistema moderno e
integrado para todas as áreas, o quanto isso impacta numa demonstração de resultado muito
mais rápida e correta, e o objetivo deste estudo foi alcançado.
A questão de pesquisa, da mesma forma foi atendida. Pois questionava-se até que
ponto é importante uma indústria de atualizar e ter profissionais qualificados para atender a
demanda, comprovando que não somente o setor contábil necessariamente precisa se manter
atualizado na tecnologia, mas sim, todos os setores da organização, visto que é um conjunto
de fatores que integram um todo, e que se o processo lá no início já vem de forma incorreta,
consequentemente irá afetar todas as demais áreas, gerando assim sempre um retrabalho para
os envolvidos e uma grande perca de tempo onde o funcionário poderia estar usando para dar
tratativas de outras questões no auxílio da direção para tomadas de decisões futuras.
Ressalto, a importância do contador manter-se com a mentalidade aberta para as
inovações e tecnologias, e principalmente estar ao lado dos diretores das empresas,
demonstrando o tamanho da importância de uma contabilidade integrada para a elaborações
de demonstrações confiáveis e também para provar que não basta apenas ter uma boa
aparência externa com um olhar para o futuro, é necessário agir e de fato concretizar ações,
colocando em prática o que tanto se sabe em teoria, quebrando assim antigos paradigmas onde
o contador é “apenas um contador”, evoluindo juntamente com a revolução tecnológica do
novo século, onde contadores e administradores, possam falar a mesma língua, a língua da
tecnologia, mas sem esquecer suas origens.
Referências
GONÇALVES, N. J. Guia prático SAP Planejamento da Produção (PP), eBook, 1º ed. São
Paulo: Espresso GmbH, 2019.
IUDICIBUS, S., MARTINS, E. Contabilidade Introdutória, 12º ed. São Paulo: Atlas, 2019.
IUDICIBUS, S. Teoria da Contabilidade, 10º ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SCHWAB, K., MIRANDA D. A Quarta Revolução Industrial, 1º ed. São Paulo: Edipro,
2018.
VIGNOLI, H. F., BOCCHI I. J, BORGES, M.A. Formação econômica do Brasil, 1º ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.