Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Projeto
Contracondutas,
realizado em 2016
e 2017, por meio do
Conselho Técnico da
Escola da Cidade, contou
com financiamento
público proveniente de
TAC (Termo de Ajuste
de Conduta) entre o
Ministério Público do
Trabalho e a empresa
flagrada utilizando mão
de obra em condições
análogas à escravidão em
obras do Terminal 3 do
Aeroporto Internacional
de Guarulhos, em 2013.
E N TO
ermo de ajustamento de conduta (TAC) é um acordo que o Ministério Público celebra com
The Counter-conducts
olador de determinado direito coletivo. Este instrumento tem a finalidade de impedir a
continuidade da situação de ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar a
ação judicial.
project, realized in DO
DI
2016 and 2017, through
GRAN
“A escravidão e a l
ZI
DES OB
qualificação do po
VE
RAS E DIREIT
e a tirania, enquan
OS
L
the Escola da Cidade’s
autoridade pública
E poder privado ou s
DO enfraquecia a auto
porque o rei const
CONTRA
E
AFIA
Ministry of Labor and
DA
PA R AL
AUSÊ
NCIA
HO DO
the company found INTERVEN
S
UL O
AR AS
A
GU C
R
B
using a workforce in
O
O
E
DE :
O RO
D
M
RT EI
conditions analogous to
E
S
O
PO NT
IR
RO CA
E
—
T
C
AE O
A
R
LABO
S
– O
PR OJE TO
U
3 ND
E
3 construction
S
I
AL RU
E “O diálogo se mostra essencial […], não somente a discussão de cada trabalho isoladamente, mas pensá-los dentro de
IN ST
ÃO
uma construção coletiva, com um diálogo real com os problemas que envolvem o Aeroporto de Guarulhos, o canteiro
site ofRIGuarulhos
RM ON
A Ç de obras, e a questão do trabalho análogo à escravidão. [...] Se a intenção é um ajuste de contas (ou de conduta),
TE ESC
devemos pensar em condições efetivas de uma comunicação real com a população local”. Thiago Tozawa – em Intervençõe
C apontamentos críticos, Curadoria e Mediação / UNIFESP
International Airport,
D
F AB
É-
PR
in
C RÍ T I C A 2013.
DA
ESCOLA DA CIDADE
TRABALHO E REALIDADE Desenvol
CONTEMPORÂNEA Local do
SCRAVO CONDUTAS
natas
Apresentação
mediação de M
drade
ntação de
uilherme Pereira Leite 9 DE NOVEMBRO 16
ão de
a Armede 2016 Teat
Escola da
Cidade
SOBRE
3º andar A Esco
18h SP e
ao me
da, o
cio-am
Ap dr I
B R
é formado
O A por pessoas com for- e Urbanismo da USP São Carlos. A
S E
Pe U
re o ES
D E Smação em artes visuais e design, abordagem de seus estudos é trans- LIC
AN atuando na promoção de ações em disciplinar, tratando das trans-
se Ar P
R EN
G
nt an
CI
N
espaços públicos. Entre outras formações espaciais, culturais e
aç te
A
ão s
iniciativas, DE CONDUTA artísticas que têm caracterizado
o coletivo organiza
TERMO DE AJUSTAMENTO
a B.I.G., Bienal Internacional de o mundo contemporâneo a partir das
ME
e e
O termo de ajustamento
Guarulhos, de conduta
que apresenta (TAC) é
traba- um acordo que
inter-relações o Ministério
entre Público celebra com
arquitetura,
me Vin
N TO
o violador
lhos de
em determinado direito coletivo.
pequeno formato. Este
arte, instrumento
cidade tem a finalidade de impedir a
e sociedade.
di íc
continuidade da situação de ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar a
aç iu
açãoSperling
judicial.
ão s
David professor dou- Selecionados pela Chamada Aberta
E
de Spr
e Urbanismo da USP de São Projeto Contracondutas DO
JE
DI
Nã
Carlos e pesquisador do Núcleo GRAN
o
ZI
ic
DES OB
de Estudos das Espacialidades
é
VE
RAS E DIREIT
ig
ne
Contemporâneas (NEC-USP). É mem-
OS
L
ce
o
bro da Sociedade Iberoamericana
ss
E
ár
de Gráfica Digital (SIGraDi) e
DO
ia
lida predominantemente com os
TRABALHO
IN
in
seguintes macro-temas: espaço,
sc
Es a
VI
Ru i l a 1 3
co G Bu 58
ri
tecnologia e cultura; arquitetu-
S
V 1
la n r 81
çã
T
ra, interfaces entre arquitetura
o.
E ARQUITETURA
e
da ra ue 8
e a arte contemporâneas, carto-
e q
Ci J
a
2
l
da ar
grafias e mapeamentos, processos
CORPOS
d e di
de projeto e fabricação digital.
NO CANTEIRO
m,
65
—
BELO
SOBRE A ERA DA EMERGÊNCIA MON
TE, O
UMA L
EM QUE VIVEMOS CART
OGR
LE
DA AFIA
A
CONTRACONDUTAS
2017
Pe ra
o
dr
az asa
de
TRABALHO ESCRAVO
Trabalho análogo ao de escravo, de acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro,
é caracterizado por quatro cenários que podem ocorrer simultânea ou isoladamente: condições
degradantes de trabalho incompatíveis com a dignidade humana; jornadas exaustivas em que há esforço
excessivo ou sobrecarga de trabalho com danos à saúde ou risco de vida; trabalho forçado por
isolamento geográfico ou ameaças e violência física; e/ou trabalhadores submetidos à
servidão por dívida.
C
e rque me
FOUCAULT: “O processo da
escravização
s
Ma fil
complexo. [...]
NÃO-FASCISTA
Com
“Então é o seguinte: tá decidido e tá claro e tá visto e tá provado. Nunca acabou a escravidão aqui no Brasil, nunca Manter um depósito
NO BRASIL
nunes
acabou, nunca. Tá assinado. É a maior realidade de todas as histórias”. Trabalhador resgatado na obra do Terminal 3 de gente é como
de Guarulhos – em projeto Centoeonze –Coletivo Metade manter um depósito
:
u z
DAS
de mercadorias”.
C r
ildo ueira
Jônatas Andrade –
de
em Documentário
NGI
oM
Terminal 3,
ESCRAVO
Papel Social
LHO GRANDES
E TRABA
t nt ar
ATI
Chris os sa tos agui
BRAS OBRA
S
ES
S O E L
DE
d
CR
N ICE
a s n
Jônat o dos sa
RA
ES
NC
AV
G IA
um
Th
IS
DAD
“A maneira como o trabalhador da
n a
luCi o Ferreir
a
construção civil é incorporado na
MO
Cruz
,
ME
UNI
construção civil e nem a arquitetura
l o
O termo de ajustamento de conduta (TAC) é um acordo que o Ministério Público celebra com
silVa
ON
e r
evoluam”. Anália Amorim – em De Brasília
N TO
a Guarulhos, reportagem 1, Sabrina Duran o violador de determinado direito coletivo. Este instrumento tem a finalidade de impedir a
ma r C C or
TE
COM
s da
continuidade da situação de ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar a
ia d e
M
io
Vigin
ação judicial.
maDr
E
EM
o
HO
a ld
ira
O
DI n i
regi
JE
ignam ão oliVe
OS
GRAN
“A escravidão e a liberdade são os índices fundamentais para
ZI
B
DES OB
o
qualificação do poder: a escravidão estabelece o poder despótico
JET
VE
rena E DseBasti
RAS E DIREIT
e a tirania, enquanto a liberdade estabelece o poder político e a
OS
L autoridade pública. A soberania nas Américas é incompleta porque o
PRO
o O
poder privado ou senhorial dos colonos sobre os indígenas e africanos
sandr
enfraquecia a autoridade política. Essa contradição se aprofundava
CENTOEONZE porque o rei construiu sua legitimidade pela legalização, regulação
E
TRABALHO
IN
ONT
e controle da escravidão e das formas de trabalho forçado. Esse é um
DES
VI elemento estrutural para a confusão entre o público e o privado na
O M
VE
RAN
E ARQUITETURA
O antigo regime e o Brasil atual, artigo de História e Escravidão
L
CORPOS
BEL
E G
NO CANTEIRO CONTRACARTO
111 GRAF
O D
GRU
DE
IAS
ACT
—
ASO
BELO —
MON
IMP
SOBRE A ERA DA EMERGÊNCIA TE,
O C
UMA O
EM QUE VIVEMOS CART L
OGR
CONTRA-
E
MISE-EN-SCÈNE / DA AFIA
PA R AL
AUSÊ
CA D ERN
NCIA
HO DO
MAQUETE
INTERVENÇÕES
S
UL O
AR AS
guarul
A
GU C
R
B
O
O
hos
E
DE :
O
O RO
D
M
RT EI
E
S
O
DE
PO NT
IR
RO CA
E
— CA
T
MPO
N
C
AE O
A
R
LABO
S
—
– O
PR OJE TO
U
3 ND
E
S
I
AL RU
E “O diálogo se mostra essencial […], não somente a discussão de cada trabalho isoladamente, mas pensá-los dentro de
IN ST
ÃO
uma construção coletiva, com um diálogo real com os problemas que envolvem o Aeroporto de Guarulhos, o canteiro
RM ON
AÇ
de obras, e a questão do trabalho análogo à escravidão. [...] Se a intenção é um ajuste de contas (ou de conduta),
PRECARIZAÇAO
TE ESC
devemos pensar em condições efetivas de uma comunicação real com a população local”. Thiago Tozawa – em Intervenções:
C
RI
apontamentos críticos, Curadoria e Mediação / UNIFESP
E LUCRO
D
A Associação Escola da Cidade – Arquitetura e Urbanismo (AEC) – é uma entidade civil sem fins lucrativos,
de gestão democrática e financeiramente autônoma. Criada em 1996, surgiu da união de arquitetos, intelectuais,
artistas e técnicos comprometidos com a melhoria da realidade brasileira. Esse grupo, embasado na experiência
“O consumo é fundamental ao capitalismo contemporâneo. Os homens
[resgatados] do trabalho análogo à escravidão [no Terminal 3] estavam de ensino, na pesquisa (teórica e aplicada), assim como na prática profissional e acadêmica, tem como desígnio
com celular, participavam do mundo do consumo. O trabalhador escravizado fundamental a criação de um espaço privilegiado para a liberdade de reflexão e proposição.
interessa ao capitalismo nessa ambiguidade: da mais absoluta exploração
do trabalho dele e do status dele como consumidor, que também faz a roda
girar. O trabalhador escravizado [na construção civil] também vai comprar
o Nike que foi feito com trabalho escravo em outro lugar. Estamos em um ARQUITETURA E CIDADE
momento muito violento da exploração capitalista”. Rodrigo Bonciani –
em Escravos de ontem e de hoje: nexos entre trabalhadores no canteiro NA ERA DO CAPITAL
colonial e contemporâneo, reportagem 2, Sabrina Duran
FINANCEIRO – OS ESPAÇOS
AEROPORTUÁRIOS
“O descolamento entre desenho e canteiro que se vê nas relações ARQUITETURA COMO UMA TECNOLOGIA POLITICA
de trabalho da construção civil encontra na academia um poderoso
reforçador. As faculdades de arquitetura pouco ou nada ensinam sobre o
trabalho coletivo no canteiro – muito menos sobre a violência que ali
se instala –, o que seria fundamental para a visualização mínima, pelo
arquiteto, de onde, em quais condições e pelas mãos de quem seu desenho
se materializa”. Sabrina Duran – em Entre o projeto e a execução: o
papel do arquiteto na diminuição (ou aumento) da violência no canteiro
de obras, reportagem 3
Contracondutas
Counter—conducts
Ação político
——— pedagógica
Political
——— Pedagogical Action
Editores/Editors
23 Prefácio
25 Preface
Juliana Felicidade Armede
26 Terminal 3
Papel Social: Thomas Pedro e Marques Casara
POLÍTICA E CONTRACONDUTAS
POLITICS AND COUNTER-CONDUCTS
193 A Forma segue a mediação: BaseMóvel e atividades 351 Microativismos domésticos (re)produtivos
públicas do Projeto Contracondutas em Guarulhos 359 (Re)Productive Domestic Micro-Ativisms
199 Form Follows Mediation: The BaseMóvel and Public Diego Barajas e/and Camilo García
Activities of the Counter-Conducts Project in Guarulhos
Vinicius Spricigo
INFRAESTRUTURA E MIGRAÇÃO
199 BaseMóvel INFRASTRUCTURE AND MIGRATION
Vitor Cesar e colaboradores/and contributors
369 Produção de grandes obras públicas no Brasil: Das cenas dos anos
ARQUITETURA E TRABALHO 1950-1970 para uma reflexão sobre o contemporâneo
ARCHITECTURE AND LABOR 385 Production of Major Public Works in Brazil: Scenes from the 1950s to the
1970s for a Reflection on the Contemporary
Guilherme Petrella e/and Carolina Heldt D'Almeida
209 Projeto Labor
Coletivo 308 397 Belo Monte: Contracartografias
e contranarrativas de uma obra polêmica
215 O arquiteto como trabalhador 417 Belo Monte: Counter-Cartographies
223 The Architect as Worker and Counter-Narratives of a Controversial Construction
Peggy Deamer Marta Maria Lagreca de Sales, Karina Oliveira Leitão
e/and José Guilherme Schutzer.
229 Trabalho e arquitetura no Brasil:
De Brasília aos mutirões 431 Fragmentos de uma arqueologia da Terra
241 Work and Architecture in Brazil: 455 Fragments in Earth Archaeology
From Brasilia to Communal Actions Paulo Tavares
Ícaro Vilaça
471 Iconoclasistas: Cartografia rebelde sobre o território
253 Quem faz o projeto? 477 Iconoclasistas: Rebel Cartography of Territory
259 Who Makes the Project? André Mesquita
Mel Dodd
483 Gru-111: Contracartografias
263 Sobre o ato de projetar e construir Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas (NEC.USP)
283 On Design and Construction
Anália Maria Marinho de Carvalho Amorim 498 Cumbica
Tuca Vieira
297 Arquitetura, imagem e (des)construção
307 Architecture, Image and (De)Construction 499 Espaços lisos e estriados nas bordas do aeroporto de Cumbica
Marianna Boghosian Al Assal 513 Smooth and Striated Spaces on the Outskirsts of Cumbica Airport
Kazuo Nakano
317 Quem constrói sua arquitetura?
323 Who Builds Your Architecture? 520 Projeto Em Paralelo
Laura Diamond Dixit, Kadambari Baxi, Jordan Carver Danielli Costa Wal, Guilherme Akio Nojima Garmatter,
e/and Mabel O. Wilson Mayara Wal, Milene Gil, Semyramys Monastier
21
APRESENTAÇÃO
521 Cimento, lama e poder: Um breve panorama da construção
civil no país da Lava Jato
589 Entrevista Gostaria de começar esta apresentação O objetivo foi nutrir a reflexão sobre temas
591 Interview prestando contas à Sociedade a respeito de pertinentes a vários de nossos exercícios
Por/By Luisa Duarte com/with Raquel Garbelotti uma verba pública que nos foi destinada. profissionais: o projeto arquitetônico, a
Esta publicação foi elaborada no bojo construção civil, o canteiro de obras, as
dos Conselhos Científico, Técnico e de grandes obras de infraestrutura, diante
Ensino da Associação Escola da Cidade deste cenário de realidades regionais num
– Faculdade de Arquitetura e Urbanismo mundoa globalizado.
de São Paulo, como um dos frutos do O Projeto Contracondutas partiu do
594 Post factum Projeto Contracondutas, atividade desen- princípio de que se poderia multiplicar o
596 Post factum volvida com os recursos determinados número de profissionais envolvidos, am-
Gilberto Mariotti e/and Joana Barossi pelo Ministério Público de Guarulhos e pliar o panorama de enfoques sobre o tema
provenientes do Termo de Ajustamento de posto inicialmente – “trabalhos similares
598 Breves considerações sobre o trabalho Conduta. ao trabalho escravo na contemporaneida-
escravo do ponto de vista legal Todavia foi mais que isto. Quem conhe- de” – por meio de exposições, vídeos, blogs,
606 Brief Consideration on Slave Labor ceu a índole da gestão desta verba dentro publicações, estudos, seminários nacionais
from a Legal Standpoint da Associação Escola da Cidade sabe e internacionais, intervenções e atividades
Silvia Rodrigues Pachikoski que se tratou de um notável exercício de públicas, oficinas, aulas abertas, editoriais,
partilha da riqueza recebida, em busca da reportagens... e finaliza com uma presta-
614 Referências bibliográficas
produção do conhecimento. ção de contas transparente e aprovada por
Bibliographic references
A Associação Escola da Cidade, uma auditores. Essa é a prova cristalina que é
620 Contracondutas: Sumário condensado instituição de 21 anos de idade, que não na determinação de princípios e na ges-
Counter-Conducts: Condensed Summary tem mais que 400 estudantes, pouco mais tão clara e consistente das riquezas que a
de 100 professores associados e cerca de Cultura pode se fazer conhecida, assimila-
628 Créditos 40 funcionários, mais uma vez trabalhou na da, desenvolvida e multiplicada.
Credits tessitura de uma ampla rede de pessoas e Estão de parabéns as coordena-
organizações. Foram acolhidos, neste um doras do Projeto Contracondutas, Ana
632 Biografias ano de trabalhos interdisciplinares – desen- Carolina Tonetti e Lígia V. Nobre, e, igual-
Biographies volvidos entre maio de 2016 e maio de 2017 mente, todos os que participaram desta
–, mais de 250 pessoas e de 15 organiza- densa, frenética e frutífera atividade
ções socioculturais e de ensino, seleciona- didático-pedagógica.
das por meio de vários editais nacionais de Nesta apresentação, fiquem também
chamamento. registrados nosso respeito e agradecimento
pelo apoio recebido. Que se multipliquem
iniciativas como estas.
22
INTRODUCTION 23
Prefácio
Anália Maria Marinho Juliana Felicidade Armede
de Carvalho Amorim
I would like to begin this introduction by professional activities: architectural design, Pensei um tantinho, como diriam os mineiros, para escrever este pre-
rendering accounts to society regarding the the construction industry, the building site fácio, porque sei que se trata do relato de um trabalho não só nascido
public funds that were designated for us. and large infrastructure projects, all against das parceiras desenvolvidas pela Escola da Cidade, uma escola de ar-
This publication was developed under the backdrop of regional realities in a global- quitetura em São Paulo, mas também produzido por uma diversidade
the auspices of the Scientific, Technical ized world. de pessoas, iniciativas, pensamentos, humanidades das mais diversas.
and Education Councils of the Escola da Counter-Conducts Project was based Acredito, racional e intuitivamente, que os trabalhos do Projeto
Cidade–College of Architecture and Urban on the principle that it was possible to mul- Contracondutas confluem da história de miscigenação de gentes e,
Planning of São Paulo Association, as one tiply the number of professionals involved, com certeza, influirá e terá um papel importante na construção de
of the fruits of Projeto Contracondutas, expand the panorama of focal points on novas ideias, na reunião de novas gentes e na perpetuidade humana
an activity developed using resources the initial theme–“work similar to slave em todos nós.
determined by the Public Ministry of labor in the contemporary world”–through Mas pensei aquele tantinho mesmo para dimensionar como eu
Guarulhos and originating from the Term of exhibitions, videos, blogs, publications, faria a apresentação textual de algo nem sempre visível, intensamente
Adjustment of Conduct. studies, national and international seminars, humano e pouco aceito, ainda mais em tempos de descrença, revolta
But it was much more than this. interventions and public activities, work- e incredulidade da sociedade diante das instituições brasileiras. Bem,
Anyone familiar with the character of the shops, classes open to the public, editorials, vamos lá: a proposta é que vocês possam, no mínimo, ter curiosidade
management of these funds within the news reports, etc. and conclude with a e buscarem saber mais e mais sobre essa história.
Escola da Cidade Association knows that transparent accounting process presented O Projeto Contracondutas nasceu fora da Escola da Cidade. Na
they embodied a notable exercise in sharing to and approved by auditors. The plain verdade, nasceu como costumam nascer os trabalhos genuínos: veio
received wealth in favor of the production of outcome is that, with determined princi- de uma proposta meio disforme, mas que pretendia mudar realida-
knowledge. ples and clear, consistent management of des e criar algo diferente para nossa sociedade. Em meados de 2014,
The Escola da Cidade Association, an wealth, Culture is able to make itself known, numa audiência junto ao Ministério Público do Trabalho da 2° Região,
institution with a 21-year history which has to assimilate, to develop and to multiply. em São Paulo, visando analisar a destinação de uma parcela da
no more than 400 students, just over 100 Congratulations are in order to Counter- multa da empresa OAS Construções por uso de trabalho escravo nas
associate professors and around 40 em- Conducts Project’s coordinators Ana obras do Terminal 3 – Aeroporto Internacional, em Guarulhos, foram
ployees, once again operated in the tessi- Carolina Tonetti and Lígia V. Nobre, as well destinados dois milhões e meio para a Escola da Cidade atuar como
tura of an ample network of individuals and as all those who participated in this dense, mediadora em ações que pudessem realizar alguma mudança local,
organizations. This year of multidisciplinary frenetic and fruitful didactic-pedagogic algum conhecimento sobre o que viveram alguns homens migrantes
efforts, developed from May, 2016 to May, effort. brasileiros e, por meio dela buscar lembrar que nosso sistema econô-
2017, saw the involvement of 250 people We would also like to register here our mico insiste em reproduzir a lógica da exploração humana.
and 15 socio-cultural and educational or- respect and thanks for the support received. Assim, e como disse acerca da crise de credibilidade institucio-
ganizations, selected through a number of Let’s hope that initiatives such as these nal, relato que este incrível projeto nasceu da decisão do Ministério
national open calls. only multiply. Público do Trabalho, da Magistratura do Trabalho e do Ministério do
The objective was to foster reflec- Trabalho e Emprego. Sim, foram essas instâncias públicas, ligadas ao
tions on themes pertinent to many of our Poder Judiciário, ao Poder Executivo ou, como o Ministério Público,
24 25
Preface
com independência e atuação em prol dos interesses sociais, que pro-
moveram a fiscalização e geraram alguma possibilidade de mudança
na vida daquele grupo de trabalhadores.
Essas instituições, há mais de duas décadas, percorrem o Brasil
buscando justiça social, promovendo a redução de desigualdades e Juliana Felicidade Armede
permitindo – em muitos dos casos, pela primeira vez na vida de uma
pessoa – o reconhecimento de direitos básicos, como o acesso à
identidade civil, remuneração justa pelo trabalho e proteção física e
psíquica. Confesso que são grandes exemplos para mim, pessoalmen-
te, porque são instituições que se importam com os direitos humanos
e sociais. Imperfeitas, sem dúvidas, mas mobilizadas para a transfor-
mação social.
E por falar em transformação, dentro do processo de decisão so-
bre a destinação dos valores de multa, a atuação do Ministério Público
do Trabalho (não somente neste caso, mas em muitos outros casos
de exploração do trabalho) permitiu que uma revolução de conheci- I thought a little bit, like they say in Minas Gerais, about writing this
mento e mobilização fosse criada, na medida em que, originalmente, introduction, because I know that this story is not only about the work
as multas em casos trabalhistas são dirigidas ao Fundo de Amparo ao born from within the Escola da Cidade, an architecture school in São
Trabalhador – FAT, e os valores destinados aos Programa do Seguro- Paulo, but was also brought forth by a range of people, initiatives,
Desemprego, do Abono Salarial e de financiamento de Programas de thoughts, and humanities.
Desenvolvimento Econômico. No caso do último programa, e infeliz- I believe, rationally and intuitively, that the work of Project
mente, os valores integraram boa parte das ações do Banco Nacional Contracondutas converges from the history of miscegenation of people
de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, hoje amplamente and, for certain, will influence and play an important role in the con-
questionadas sobre o envolvimento em atos de corrupção, inclusive struction of new ideas, in the meeting of new people, and in the perpe-
ligados à própria OAS. tuity of the humanity in all of us.
Assim, a transformação promovida pelas ações do Ministério However, I thought about how to scale out that little bit, and how
Público do Trabalho e pela Justiça do Trabalho, como no caso da I would create the textual presentation of something not always visible,
destinação de valores para ações do Projeto Contracondutas, é uma intensely human, and not always accepted, even more so in times
maneira de garantir que a sociedade civil atue para a produção de of disbelief, revolt, and incredulity coming from a society faced with
conhecimento sobre a realidade do trabalho escravo no Brasil e, mais Brazilian institutions. Ok, let’s get on with it: the idea is that you would,
que isso, permita que esse conhecimento fortaleça a sociedade para at the very least, become curious and seek to know more and more
que, um dia, consigamos rever nossos hábitos de consumo, consiga- about this story.
mos desenvolver e ampliar a visão crítica e política sobre a realidade Counter-Conducts Project was born outside of the Escola da
do trabalho escravo e que a erradicação dessa doença econômica e Cidade. To tell the complete truth, the project was born as genuine
social possa, de fato, acontecer. E, para isso, a sua, a minha e a opinião works usually are, coming from a proposal somewhat misshapen,
de toda a sociedade precisa mudar. Que comecemos já! but intending to change realities and create something different for
Desejo, dessa forma, que todos e todas as leitoras fiquem desas- our society. In the middle of 2014, in a hearing at the Labor Ministry
sossegadas com a leitura, com os sentimentos e com a linguagem of the 2nd Region, in São Paulo, a portion of the fines incurred by the
deste trabalho, para que repensem seus próprios hábitos, seja para OAS Construction Company for their use of slave labor to construct
confirmarem que caminham transformando o mundo, seja para inicia- Terminal 3 of the International Airport, in Guarulhos, was analyzed in
rem seus caminhos de transformação. order to allocate them appropriately. It was deemed that 2 and a half
million would be destined for the Escola da Cidade in order to act as
a mediator in actions that could cause some local change, to raise
awareness about what these Brazilian migrant men lived through, and
through this try and remember that our economic system insists on
reproducing the logic of human exploitation.
And in spite of the crisis of institutional credibility as I mentioned
before, I must state that this incredible project was born from the
decision of the Ministry of Public Labor, the Judiciary of Labor, and the
26 Ministry of Labor and Employment. True, it was with acting towards composed a good part of the actions of the National Bank of Economic
the betterment of social interests that these public instances, along and Social Development (Banco Nacional de Desenvolvimento
with Judicial Power, Executive Power, and the Public Ministry promoted Econômico e Social or BNDES) which is today widely questioned for
the inspection and generated some possibility of change in the lives of their involvement in acts of corruption, including deals with, none other
that group of workers. than, OAS.
These institutions, for now more than 2 decades, embarked upon So, the transformation promoted by acts of the Ministry of Public
Brazil in search of social justice, to promote the reduction of inequali- Labor and the Judiciary of Labor, such as the case with the funds
ties and allow the recognition of basic rights, such as access to a civil allocated for actions to be taken by Counter-Conducts Project, is a way
identity, just remuneration had received this kind of treatment. I con- of guaranteeing that civil society stays connected to the production
fess that these are outstanding examples to me, personally, because of knowledge about the reality of slave labor in Brazil, and, more than
these institutions are paying attention to human and social rights. They that, permits that this knowledge strengthens society so that, one day,
are imperfect, without doubt, but mobilized for social transformation. we will succeed in revising our consumer habits, succeed in developing
To speak of transformation, within the decision process for the des- and amplifying a critical and political vision about the reality of slave
tination of the values of the fines, the action of the Ministry of Public labor, and succeed in eradicating this economic and social disease.
Labor, not only in this case, but in many other cases of labor exploita- And so, for this to happen, yours, mine, and the opinion of society as a
tion, permitted that a revolution of knowledge and mobilization were whole needs to change. Let’s get to it!
created, since, originally, the fines in the workers’ cases were directed I hope, from this, that each and every reader grows restless while
towards the Worker Support Fund (Fundo de Amparo ao Trabalhador reading this, from the words, the feelings, and from the language of
or FAT), the Unemployment Insurance Program (Programa do Seguro- this work, so that you will all rethink your own habits, whether it be to
Desemprego), the Salary Allowance (Abono Salarial), and financing for confirm that you keep on making the changes you already make in the
Programs for Economic Development (Programas de Desenvolvimento world, or whether it be to initiate your path towards transformation.
Econômico). In the case of the last program, unfortunately, the money
Stills do Documentário Terminal 3, por Papel Social - Thomas Pedro e Marques Casara, 2017 Stills from the documentary Terminal 3, by Papel Social–Thomas Pedro and Marques Casara,
(24’36). O filme conta a história de trabalhadores encontrados em situação de trabalho es- 2017 (24'36). The film tells a story of workers discovered to be working in slave labor
cravo na construção do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Trazidos conditions during the construction of Terminal 3 of the Guarulhos International Airport.
de vários estados do Nordeste por aliciadores a serviço da empresa OAS, mais de 50 foram Brought from various states in the Northeast by recruiters working for the OAS construc-
encontrados em uma pequena casa de dois cômodos, sem comida, colchões nem dinheiro para tion company, more than 50 were found in a small house with only 2 rooms and without
a viagem de regresso. food, mattresses, or even money for the return trip home.
29
Contracondutas,
uma ação
político-pedagógica
Ana Carolina Tonetti e Ligia V. Nobre
“So here’s how it is: it’s decided and it’s clear and it’s
been seen and it’s been proven. Slavery never ended
here in Brazil. It never ended, never. It’s in writing.
Out of all the stories this is the main reality.”
3 On Athfield see GATLEY ( 2013). 5 Hearts and Minds had received wide visibility at Cannes
4 Athfield’s design report explained, “A sense of place must be in in 1974, before its release was delayed by a legal suit
strongly defined . . . hence the use of a strong physical barrier bought by interviewee Walt Rostow. On the film see: Peter
around the Barangay (...) within which are housed the industrial Biskind,”Hearts and Minds,” Cineaste 7, no. 1 (1975): 31-32; and
and craft workshops (...). This barrier would be a ‘working Bernard Weiner, “Hearts and Minds,” Film Quarterly 28, no. 2
periphery.’” Press release, 2. (Winter 1974-1975): 60-63.
opportunity to help themselves.”Visitors were directed through exhibits On June 7, headlines for the Guardian read, “Filipino Protest Rocks
80 of vernacular architecture and informal settlements before arriving at
81 Habitat.” The protests were an unexpected turn of events for the orga-
Architecture
the competition entries, providing a crafted narrative to naturalize the as a Political nizers, who sought a very different type of publicity. Given the impor-
Technology
self-help paradigm and with it, we might say, the structural underdevel- tance attributed to citizen participation in the UN’s goals for national
opment and inequity inherent to globalization. The exhibition brochure action at Habitat, the lack of consultation with Tondo residents target-
proclaimed, “throughout history human society around the world has ed for resettling emerged as a contentious issue at Habitat Forum the
exhibited the capacity of people to create their own forms of shelter, previous week, but gained little attention. With the impending arrival of
appropriate to the environment, beautiful and serviceable.” Nothing like Imelda Marcos for a presentation to the UN, and with her visit coming
highly photogenic and visually seductive architectural vernaculars up- immediately after a mass arrest of 2000 protesters demonstrating
rooted from their historical context to get this cynical message across: against the Tondo development, the plight of these people was sud-
poor people can help themselves, and it can be aesthetically appealing denly news. “Tondo Squatters Answer Back,” reported: “a police official
too. Yet, even if Tondo residents chose to identify with aspects of their said 14 buses with a capacity of from 100 to 150 persons carried the ar-
traditional rural cultures, such a form of life was no longer open to rested demonstrators to a suburban military camp” (Habitat Forum
them. Upon entering the final section visitors were told that “architects News, 1976, p. 2).
around the world respond to Tondo’s willingness to help itself.”6 The In solidarity with the Manila squatters, protests were held in
galleries presented variegated attempts to regulate and regularize the Vancouver, timed for Marcos’s arrival and speech, with chants of
“spontaneous” aesthetic and organizational logic of shantytowns within “Squatting is not a crime” (Vancouver Sun, 07/06/1976, p. 41).
a process-oriented, self-help approach. From systems-based modules At stake was the forced relocation and the lack of consultation with
of prefabricated panels, kits of parts using precast frames, colonnades residents as well as the government’s acts to prohibit a group of Tondo
and arcades serving as legible spines onto which informal structures residents from appearing in Vancouver for the competition judging
could attach, to Yona Friedman’s more enigmatic proposal for a giant and UN conference. 8 Tondo residents also answered back to acts of
open “self-design” megastructure with “umbrella” roof and “habitacles” dispossession, silencing, and violence through print media, launch-
demarcated by matting, architecture was very much on display. Many ing “Philippine Squatters and Martial Law Remedies.” Outlining the
projects took off from rural Nipa huts or adopted other vernacular effects of government policies and exploits bent on demolition and
tropes, and experimental environmental technologies were pervasive. incarceration, the document was widely cited and gave traction to their
Only one departed from conventional techniques: Brazilian architect concerns. Moreover, it too shifted the terms of debate to the voices of
Mauricio Roberto submitted in comic book format, declaring his de- Tondo residents themselves, exploding other facts and arguments into
parture from other norms as well: “The proposed solution is essentially the public domain. It established a platform through which to articu-
social, economic, urbanistic and universal,” he announced. “The contri- late a distinct kind of political discourse about Tondo, a discourse in
bution of architecture, although ingenious, is relatively small.” 7 which the residents’ plight was not simply a problem to be solved by
What sort of picture of “world architecture,” to return to Gutheim’s innovative or low-cost design. Moreover, the residents did not appear
claim, was on display at Habitat: Towards Shelter? In many regards simply as abstractions of a universal humanity, or a humanitarian cri-
the competition produced a remarkable panorama of architectural sis, that could be substituted for a similar phenomenon in other parts
trajectories familiar from the mid-1970s, each inflected or sometimes of Asia, Latin America or Africa.9 Yet they did affiliate their plight with
redirected through an encounter with Tondo. What most entries
shared is circumscription within the problems set by the competi-
tion and the institutional and economic systems in whose interest it 8 Cf. “Filipino Raps Gov’t: Plea for Place to Live,” Province, June
operated. I mention this not to excuse designers from responsibility, 10, 1976, clipping CVA. There was one spokesperson from the
but to point the apparatus at work. In being recruited for this mission, Philippines who was able to speak at Habitat Forum, Jessica
architects and planners not only responded to the call to offer solu- Fernandez-White. I have not been able to establish why she was
tions to urgent humanitarian problems but submitted their expertise able to travel, but it appears likely that she was pro the Marcos
to justifying a paradigm of developmentalism then appealing to self- regime.
help. They helped win hearts and minds. Nothing like the rhetoric of 9 Natalie Melas in humanitarianism dossier. “Humanisms
emergency, security, and a call to offer solutions to incite architects to endeavor to reassess and engage with culture beyond the nation,
act without reflection. whether in its transnational and subnational or translocal forms,
would seem better directed toward differential, relational, and
comparative articulations of culture than toward the kind of
6 This was recounted by John F. C. Turner at Habitat Forum. unitary and universal humanism that would underscore an ideal
7 This range of projects is covered only in SEELIG. like global human rights, which, whatever its practical benefits,
squatter settlements elsewhere. Squatting, the brochure explained, competition, not just ideas.” Politics and even human rights violations
82 “is the natural outcome of the basic economic development schemes
83 waned in relevance when building was on the table. As reported in the
Architecture
followed by many Third World countries,” which effectively drove rural as a Political Guardian, Athfield just “seemed a little bemused by all the dust being
Technology
to urban migration. stirred up,” announcing, “If I am not accepted I will go home” (SANGER,
If Tondo residents were fighting for a right to housing, it was not a 1976, p. 4). “Filipinos have been ‘in the minority’ in the Vancouver
right to build they were seeking, to return to the ill-conceived working demonstrations,” he argued, reiterating Imelda Marcos’s claim of a
title for the exhibition, let alone to build shelter for themselves, again conspiracy, and insisted that “his project only provides squatters with
and again. Self-help, they understood all too well, should not be con- ‘four poles and a roof’ and the rest is planned by the people themselves.
fused with self-determination or political expression. Both were consid- ‘I don’t think that’s imposing very much on people,’ he said.” Athfield
ered security risks by the Marcos administration. As they recounted, had not paid much attention to protestors’ claims; lack of consultation
was only one aspect of the larger apparatus of oppression they strug-
When the World Bank, which is the projected source of funds… sent a mission gled against. He did not consider what drove a situation in which some
to Manila to discuss the plan with government and community leaders in 1975, Tondo inhabitants would be chosen to get four poles and roof. Despite
one of those leaders, Mrs. Trinidad Herrera, was arrested temporarily and the belief, widespread among architects that a degree of formal or
locked in a military stockade until after the World Bank group had left. Mrs. organizational choice afforded to the residents in completing their
Herrera was also scheduled to attend the UN Human Settlements design dwellings constituted agency, self-help and political self-determination
competition held in Vancouver last February, since the design was meant for are, to stress again, not identical. In response to the protests, “Athfield
housing in Tondo. But again, an order went out for her arrest, and she went quietly went about his business of putting together an on-the-spot
into hiding, thus negating the possibility of attending the Vancouver meeting.10 illustration of his minimal Tondo house, made from old plywood, logs
and disused timber and covered with plastered mesh.” Architecture, he
Herrera, like the other activists in Tondo, had different ideas, question- believed, could remain outside the political fray.
ing on whose behalf the competition spoke. She might have rendered Shortly after the Habitat conference, architectural critic William
visible the structural violence inflicted on the squatters, or raised rights Marlin published “Helping to House Manila’s Urban Poor,” hoping
claims in the context of martial law; she might have shifted the argu- to redeem the project. “Trudging through the ramshackle squalor of
ments during judging. But the plight of Tondo dwellers and, particularly, Manila’s Tondo Foreshore,” he mused of its imminent disappearance,
Trinidad Herrera had begun to circulate, operating beyond the domain “it is hard to imagine that, in a few years, a minor revolution will prob-
of the Marcos’s control. It was within this media environment, and the ably have occurred.” Repeatedly condemning the adverse impact of
talk it provoked, that Habitat: Toward Shelter assumed a new meaning. political activists upon government plans, it was, he proclaimed in a
In response to the protests, Seelig called a press conference: “We distinctly Fulleresque tone, “going to be a revolution by design—design
feel this project is making a terribly important contribution to solving of sites, structures, and services—as some 140,000 people are relo-
the problems of the poor around the world and we feel it’s very un- cated. . . so that the Tondo can be transformed into an industrial-resi-
fortunate that it has been dragged into the political situation of the dential complex.” In dreaming of a gleaming city rising from the slums,
Philippines,” he stated (VANCOUVER SUN, 10/06/1976, p. 81). Pushed Marlin was not lamenting displacement of squatters but reveling in the
by journalists about the fate of Herrera, he “confirmed that one of the capacity of architects to alleviate a potentially insurrectionary situation
two Manila community leaders who had been invited to Vancouver in that would hold back development. Architects are of course supposed
February to advise the panel of judges, went into hiding just before to imagine and contribute to a better and more secure world; the
she was due to leave the Philippines.” Justifying the site, he said the disciplines’ dominant narratives are of social and material progress in
Philippines “was very generous to offer us a site where they guaran- line with Western enlightenment thinking. Yet this was not Marlin’s
teed they would construct the project. We wanted this to be a real concern. No longer would Western-trained architects and planners
march back to developing countries, he speculated, “ready to conquer
poverty with concoctions of metal, concrete, and brass,” offering what
remains profoundly implicated in the economic disparity he called “care packages” of modern architecture. Rather, what was
between North and South and in a thinly veiled imperial cultural appropriate for squatters in his estimation was a degree of architec-
ideology.” [57] tural modesty that would serve as “a complement to their potential
10 Cf. “Philippine Squatters and Martial Law Remedies.” See also, as human beings.” No more grand hygienic housing estates, schools
Aprodicio Laquian, “Habitat: The End of the Beginning,” IDRC or factories to discipline modern citizens but an apparatus to manage
Reports 5, no. 3 (1976): 12-14, wherein he indicates that the IDRC those deemed of modest worth.
sponsored the participation of Tondo residents for judging, not What Marlin recognized and hoped to exploit, was the unholy
noting that the presence of Herrera had been blocked. alliance between the informality of self-help architecture and that of
neocolonial apparatuses of regulation. Informality was not simply a ‘has been the victim of physical torture, specifically electric shock’”
84 manifestation of the benevolent withdrawal of regulations—such as
85 (WIDEMAN, 1977, p. A15).11 When her lawyer finally located her in a
Architecture
architectural or planning codes—in the face of extreme difficulties, or a as a Political military detention center, she could hardly recognize or speak to him.
Technology
way of ceding agency to the user, as had been dreamt of by experimen- Inmates, Wideman wrote, “have smuggled out unconfirmed reports
tal architects. Demonstrating a knowingness regarding the economic that Mrs. Herrera was given electrical shocks on very sensitive areas of
and political logics at work, he continued, “Though political obstacles the body, and that she could not feed or bathe herself for days after the
and community contentiousness persist, swirling around the future torture. The reports said she would merely sit and stare blankly with
of Dagat-Dagatan, the chances are good that at least 500 families tears rolling from her eyes.” (Ibid.) Herrera’s torture became a paradig-
are going to find a stake in something like that kind of freedom. (...) matic case of Marcos regime violence and of the potentials of human
Four poles and a roof can create a revolution.” Here too Marlin proves rights activism.
insightful: for the project was indeed an expression of a free market I have spared you the horrific details, but want to stress that it was
paradigm and neoliberal economic revolution then expanding its reach on account of the story’s dramatic character, its coupling of bodies,
to the Global South. environments, the military and international politics, it was able to
There are further tragic twists to this story, which I will recount “mobilize shame,” albeit very briefly. The case was tabled in the US
briefly before concluding. Two days after Marcos spoke at Habitat, she congress by Representative Yvonne Burke, a Democrat from California.
and Robert McNamara, the figure responsible for the escalation of US During congressional discussions it was revealed that the hand crank
involvement in Vietnam and then President of World Bank, co-signed a telephones used to torture Herrera were part of US aid to the Marcos
loan agreement for Tondo. Four months later Tondo again made head- dictatorship (CLAUDE, 2002, p. 100-125). Given the lack of delineation
lines. “Slum Evictions in Manila Embarrass the World Bank,” the New between military and police, and with extensive evidence of torture, she
York Times announced. The Bank’s policy stated that loans would be argued, this was in violation of the prohibition on providing assistance
refused to governments practicing slum clearance, prompting critics to to foreign police forces and prisons. The US press provoked Marcos to
applaud them “for opposing a particularly inhumane practice of bull- release her and court martial her torturers. They were soon acquitted
dozing slums out of existence.” During the previous month over 400 on the basis that her injuries might have been self-inflicted. Marcos,
families were forcibly evicted from Tondo, their houses demolished as however, learned a lesson: he now simply eliminated the evidence, turn-
part of Marcos’s plan to beautify Manila in time for the arrival of thou- ing to “unexplained ‘disappearances’” of dissidents as common in other
sands of foreigners for a World Bank and International Monetary Fund parts of what Chomsky characterized as the US’s neocolonial empire of
meeting. Some properties had legal titles, a fact simply ignored, ren- brutal client states (CHOMSKY; HERMAN, 1979, p. 237). World Bank
dering the hope placed in land tenure effectively mute. “Most of those did not cancel its loan, or the redevelopment project, which they pur-
displaced were carted, many in garbage trucks and with armed police sued vigorously and profitably in association with the Marcos regime
at hand, to remote sites as far as 20 miles outside the city where they and private developers.
put up shanties no better than what they had left,” the Times report- The exhibition did not ensure that Athfield’s scheme was built,
ed. Five days before the IMF/World Bank meeting, journalist Bernard despite the assurances provided by the Philippines. Reasons alluded
Wideman added, “Manila officials demolished 50 shanties in Tondo to include its lack of economic feasibility by World Bank standards and
to widen a road for the conference delegates’ tour of the city. High “socio-political conflicts in the squatter communities,” along with the
wooden fences were erected around all of the shanty areas visible from fact that it was not to the Marcoses’ taste.12 If architects offered solu-
the road.” The wall was not exactly the perimeter imagined by Athfield. tions scripted by World Bank, the story of Tondo residents’ struggles
But the eruption of the wall resonates poignantly with Marcos’s aims of reminds us that, despite suspension of rights under martial law and
visual beautification and the disappearance of bodies. Like the shanty-
town itself, the wall appeared, we might say following Wendy Brown, as
a manifestation of a post-Westphalian world, a symptom of the waning 11 Only a few months earlier Wideman had been declared an
of sovereignty (BROWN, 2010). President Marcos, the Washington Post ‘undesirable alien” and his visa extension request denied, but he
reported, was “not at all embarrassed by the existence of martial law” successfully fought the decision.
or its effects which “not only makes the streets safe for citizens but the 12 Cf. SEELIG. In his obituary, “Remembering Blake Hughes, A
country safe for foreign investment.” Those streets, however, remained Noble Publisher” of August 4, 2009, Martin Filler indicated that
profoundly unsafe for vocal squatters. the project “was never implemented by the regime of Philippines
The following year Herrera became a flashpoint for human president Ferdinand Marcos, who preferred to build more
rights abuses. On May 11 1977, Wideman reported, “the best-known grandiose monuments to his rule.” Available at: <archrecord.
leader of Manila’s 1 million slum dwellers has been under military construction.com/news/daily/archives/090804blake_hughes.
detention for the past two weeks and her lawyer claims that she asp> (Accessed October 15, 2013 [183]).
their reduction to humanitarian statistics to be housed on the order of and ambivalences, as Foucault makes evident, harbor the potential of
86 “just living,” they were not reduced to bare life but emerged into visibil-
87 being subject to a strategic reversal or power or tactically diverted to
Architecture
ity as political subjects who could interrupt dominant narratives. It was as a Political other ends. Concomitant to this conception of power as unstable and
Technology
the alignment, however, of the competition and World Bank, as I have effectively reversible, is the recognition of the productive or creative
argued, that constituted the “world architecture” on display, with its function of resistance. No longer “conceptualized only in terms of nega-
foreclosure of a space for political dialog in favor of technical demon- tion,” as Foucault put it, resistance can be reconceived as an active
strations and images that might help win hearts and minds. It was on form of participation catalyzing processes of transformation.” Here lies
the basis of the humanitarian crisis—and people were, and are, indeed the potential of counterconducts, and with it the importance of learning
still suffering—and of architecture’s exclusion from it, that architects identify moments wherein architecture might serve as a site of political
were called upon to play into this apparatus. Given the cynical conjunc- struggles or operate in a less normative sense.
tion of architecture, territorial insecurity, and neo-imperial economic
strategies at play it is an apparatus that would be impossible to negoti-
ate “cleanly” or without taking risk. There are, of course, no easy “solu-
tions” to the resulting “problem of squatter settlements.” The question
is not if architecture could escape such an apparatus, but whether it
chose to operate within it to perpetuate the dominant socio-political
order or, as I would hope, to struggle against it.
Architecture has once again taken up the interrelated mantles of
environmentalism and humanitarianism, seeking lessons and pros-
pects in sustainability, informal settlements, emergency situations
and other threats of insecurity. Questions of data management and
computerization remain dominant concerns; its protagonists operate in
a global domain. The question at stake in Outlaw Territories is thusnot
(or not always) whether architecture should simply withdraw from or
refuse biopolitical techniques of power (indeed, I don’t think it could)
but how architecture and its discourses and media strategies might
more effectively and more critically operate within such apparatuses.
Architecture, that is, need not necessarily function in alignment with
a normative apparatus. It can at times be strategically deposed from
such a role, the question being: to what ends?
Like architecture itself, architectural history can provide alterna-
tive evidence, archives, and discourses; it can identify inherent fluid-
ities, ambiguities, and hence opportunities, itself perform a type of
counter-conduct. To acknowledge a debt to Etienne Balibar, the hope is
that within such a discursive space one can forge theoretical tools, even
conceptual weapons through which to enter the space of this contem-
porary battlefield thereby questioning and even unsettling dominant
narratives and rhetorical valences. At stake, then, is how to institute
spaces of reflection, witness, and analytical work, even new narratives
and other histories that render visible and articulable the many forms
of violence at play in order that they might be attended to differently.
Architecture, I argue, might be among the most effective sites through
which to enact political claims: with a long history of interfacing with a
broad matrix of players, discourses, and forces—financial, political, mil-
itary, climatic, technical, artistic, scientific, environmental, geopolitical—
and the many media available to it—buildings, drawings, exhibitions,
magazines, books, photographs, film, television, statistics, the internet,
etc.—its internal disjunctiveness or radical lack of autonomy can be put
to productive ends for critical thinking and practice. Such instabilities
88 89 O caminho do inferno
está pavimentado
de boas intenções
(Relato crítico
da palestra de
Felicity D. Scott)
Vitor Pissaia
A crítica [se caracteriza como] a arte de não ser governado dessa manei-
ra. (...) Como não ser governado desse modo, por isso, em nome desses
princípios, em vista desses objetivos e por meio desses procedimentos, não de sempre, e a mesma coisa de sempre piorada”, o que permitiria
98 desse jeito, não para isso, não por eles (FOUCAULT, 1990, p. 38).
99 “não fazer praticamente nada a seu respeito, refazer o mesmo tipo de
Foucault e
a sociedade crítica dos últimos duzentos, cem, dez anos” (Ibid., p. 179-180). Para
neoliberal:
Não se trata, portanto, de não querer absolutamente nenhuma forma o trabalhador Foucault, contudo, o neoliberalismo apresenta novidades importantes,
como
de governo, mas de questionar determinada forma de condução, e “empresário tanto em sua apresentação teórica quanto no exercício de sua raciona-
de si”
todo governo estará, assim, sujeito à crítica, que não cessa jamais, lidade governamental. E detectar essas novidades implica analisar as
produzindo um movimento permanente de inquietação. Em sua análi- transformações no pensamento liberal ocorridas mais ou menos des-
se do poder disciplinar, Foucault já havia afirmado que “onde há poder, de a década de 1920 e1930, com ênfase no pós-Segunda Guerra, em
há resistência”, querendo dizer com isso que só há realmente exercício direção ao chamado neoliberalismo, que ainda era incipiente nos anos
de poder se existe a liberdade de produzir resistências. Do mesmo 1970, mas que, desde então, ganhou força em escala global, saindo da
modo, em suas pesquisas sobre a emergência da moderna razão de esfera teórica em direção às práticas de governo.
Estado, encontrou diversas formas de oposição, resistência, insub- No curso que ministrou em 1979, Foucault apresenta a teoria
missão às formas da governamentalidade. Não se trata de uma mera neoliberal em sua vertente norte-americana, que acabou se tornan-
reação ao governo político, nem mesmo de uma simples negação do do o modelo padrão de neoliberalismo, a partir da chamada Escola
governo constituído, mas da afirmação criativa de uma outra forma de Chicago de pensamento econômico. Em sua leitura, o liberalismo
de se conduzir e ser conduzido. Para nomear essas práticas, Foucault americano tem uma particularidade histórica importante: ele é intrín-
criou o termo contracondutas, definindo-as como: seco ao próprio funcionamento da sociedade estadunidense, e esteve
presente em todos os debates políticos ao longo da história daquele
movimentos que têm como objetivo outra conduta, isto é: querer ser condu- país. Nas palavras de Foucault:
zido de outro modo, por outros condutores e por outros pastores, para outros
objetivos e para outras formas de salvação, por meio de outros procedimen- O liberalismo, nos Estados Unidos, é toda uma maneira de ser e de pensar. É
tos e de outros métodos. São movimentos que também procuram (...) esca- um tipo de relação entre governantes e governados, muito mais do que uma
par da conduta dos outros, que procuram definir para cada um a forma de se técnica dos governantes em relação aos governados. [...] É por isso que eu
conduzir (FOUCAULT, 2008a, p. 256-57). creio que o liberalismo americano, atualmente, não se apresenta apenas, não
se apresenta tanto como uma alternativa política, mas digamos que é uma
As contracondutas são possibilidades de construir inventivamente no- espécie de reivindicação global, multiforme, ambígua, com ancoragem à
vas formas de se colocar no mundo, novas oportunidades de constitui- direita e à esquerda. É também uma espécie de foco utópico sempre reativa-
ção da subjetividade, novas ideias para relacionar-se consigo e com os do. É também um método de pensamento, uma grade de análise econômica
outros. Nesse sentido, é uma tarefa ao mesmo tempo ética e política, e sociológica (Ibid., p. 301).
individual e coletiva. Por meio do neologismo contraconduta, Foucault
elaborou uma nova ferramenta teórica, bastante fecunda para a A análise de Foucault do neoliberalismo americano terá como foco
análise dos movimentos atuais de resistência às novas modalidades principal uma perspectiva não meramente econômica, mas também
de controle dos sujeitos, que se tornam cada vez mais rígidas com a política e sociológica; ou seja, como forma de decifração de uma nova
emergência e expansão das sociedades neoliberais. espécie de racionalidade social vigente e cada vez mais predominante.
Apesar de ainda pouco conhecida, pois o tema do capitalismo O neoliberalismo seria a “incursão da análise econômica num campo
neoliberal geralmente está associado à literatura marxista, Foucault até então inexplorado” ou ainda a “possibilidade de reinterpretar em
empreendeu uma importante e inovadora interpretação da gover- termos econômicos e em termos estritamente econômicos todo um
namentalidade neoliberal (FOUCAULT, 2008b). Em sua análise do campo que, até então, podia ser considerado, e era de fato conside-
programa neoliberal contemporâneo, procurou demonstrar que há rado, não econômico” (Ibid., p. 302). É o modelo econômico que será
um grande deslocamento em relação ao liberalismo clássico, aquele expandido a toda a grade de inteligibilidade social, desde as análises
inaugurado por Adam Smith. De acordo com ele, quando se fala des- de mercado até a interpretação de todos os fenômenos sociais, como
ses neoliberalismos contemporâneos, em geral obtém-se as seguintes a criminalidade, a constituição da família, o casamento, até a divisão
colocações: a) do ponto de vista econômico, é a reativação de velhas sexual do trabalho. Com isso, instaura uma nova razão, que passa a
teorias já surradas; b) do ponto de vista sociológico, é a instauração, constituir novas formas de subjetividade. A principal inovação teórica
na sociedade, de relações estritamente mercantis; c) de um ponto de introduzida por Foucault nos estudos do neoliberalismo é precisamen-
vista político, é uma cobertura para uma intervenção generalizada e te demonstrar que a sociedade neoliberal é produtora de uma nova
administrativa do Estado. Porém, “esses três tipos de resposta (...) forma de subjetividade, que se poderia denominar empresarial.
fazem o neoliberalismo aparecer como não sendo, afinal de contas, A partir das teorias de Gary Becker, ganhador do Prêmio Nobel
absolutamente nada ou, em todo caso, nada mais que a mesma coisa de Economia em 1992, Foucault apresenta a teoria do capital humano
como principal eixo de interpretação dessa nova subjetividade. Para às variações da demanda do mercado, da busca de excelência, da “falha
100 Becker, a economia política clássica indicou que a produção dos bens
101 zero”. Desse modo, injunge-se o sujeito a conformar-se intimamente, por um
Foucault e
dependia de três fatores: terra, capital e trabalho, deixando, contudo, o a sociedade trabalho interior constante, à seguinte imagem: ele deve cuidar constante-
neoliberal:
trabalho como vertente inexplorada, restringindo-o unicamente ao fa- o trabalhador mente para ser o mais eficaz possível mostrar-se inteiramente envolvido no
como
tor tempo e neutralizando-o. O incremento da produção pelo vetor do “empresário trabalho, aperfeiçoar-se por uma aprendizagem contínua, aceitar a grande
de si”
trabalho se fazia unicamente de maneira quantitativa e temporal, quer flexibilidade exigida pelas mudanças incessantes impostas pelo mercado.
dizer, aumentando o número de trabalhadores no mercado e o número Especialista em si mesmo, empregador de si mesmo, inventor de si mesmo,
de horas de trabalho disponível ao capital. A teoria neoliberal promove empreendedor de si mesmo: a racionalidade neoliberal impele o eu a agir
uma mudança epistemológica, tendo como tarefa a análise do com- sobre si mesmo para fortalecer-se e, assim, sobreviver na competição. Todas
portamento humano e sua racionalidade interna. Nessa perspectiva, as suas atividades devem assemelhar-se a uma produção, a um investimento,
a tarefa de reintroduzir o trabalho no campo da análise econômica a um cálculo de custos (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 330-31).
implica deslocar o ponto de vista de quem compra a força de trabalho
para quem vende. Como quem trabalha se conduz, que cálculos reali- Para além da guinada neoliberal, que a cada ciclo se torna ainda
za? O trabalhador passa a ser visto como um sujeito econômico ativo. mais perversa, com a perda de direitos conquistados há décadas e o
Por que as pessoas trabalham? Para receber um salário, ou me- desmonte de todos os laços de solidariedade, é preciso apontar que a
lhor, um fluxo contínuo de salários, vistos como uma renda, ou seja, o condição de possibilidade dessas mudanças está na formação subjeti-
rendimento de um capital, que é o capital humano, o capital possuído va neoliberal, calcada na concorrência, no capital humano, no empre-
pelo indivíduo que trabalha. O trabalhador deve saber administrar, sariamento de si; em suma, na suposição de que o indivíduo deve ser
promover e incrementar o seu capital humano se quiser melhorar os unicamente responsabilizado por suas perdas e ganhos. Entretanto,
seus rendimentos. Segundo Becker, este capital é composto de dois pensar com Foucault implica reativar e renovar a atitude crítica, des-
tipos de elementos: os inatos e os adquiridos. Os elementos inatos são fazendo os nós que possibilitaram a emergência de um dispositivo
os traços hereditários, que implicam na classificação dos indivíduos que prende o sujeito na narrativa neoliberal e procurando afirmar o
a partir de fatores de risco, e, dessa maneira, podem trazer impactos nascimento de contracondutas possíveis. Desse modo, reconhecer a
às políticas de saúde, de prevenção e de seguridade, por exemplo. Já hegemonia do neoliberalismo na contemporaneidade e dar enfoque à
os elementos adquiridos são aqueles que promovem uma melhoria sua dimensão subjetiva significa imaginar que as contracondutas pas-
do capital humano ao longo de toda a vida, desde a primeira infância sam pela invenção de um novo sujeito ético, que não seja constituído
(como o tempo de afeto dedicado pelos pais ao bebê) até o investi- como empresário de si mesmo nem promova a sociabilidade competi-
mento na qualidade educacional e na formação permanente. Parece tiva como forma única de convivência, deslegitimando a concorrência
claro que, numa sociedade assim constituída, toda a responsabilida- neoliberal e a subjetividade-empresa.
de pelos sucessos ou fracassos do sujeito se torna individualizada; o Diversas iniciativas têm aparecido nos últimos anos, em diferentes
desemprego ou o baixo “valor de mercado” do trabalhador é resultado lugares ao redor do planeta. Iniciativas locais que promovem outras
direto das escolhas realizadas ao longo da sua vida, e do investimento formas de conduta de si e de relação com o outro, contracondutas que
no capital humano. recusam a experiência da empresa como constitutiva de todas as es-
O trabalhador, dessa forma, é um empresário de si mesmo, é um feras do social. Os movimentos occupy, as lutas de resistência indíge-
capitalista que administra o próprio capital e obtém as rendas de nas, os feminismos, os movimentos negros, LGBT, as resistências das
acordo com os investimentos efetuados. Ele se coloca no mercado pessoas trans, dentre tantos outros, são exemplos de novas formas
como uma unidade-empresa, em competição direta com outros indiví- inventivas de contracondutas, que questionam a hegemonia neoliberal
duos-empresas, constituindo uma sociedade puramente empresarial, e afirmam subjetividades éticas não submetidas aos modelos vigentes.
em que todos são vistos como competidores disputando as melhores
colocações no mercado, em concorrência direta uns com os outros:
não há vínculo de solidariedade possível. Pierre Dardot e Christian
Laval, sociólogos franceses que analisam o neoliberalismo contempo-
râneo a partir de uma junção teórica marxista e foucaultiana, definem
da seguinte maneira essa nova forma de subjetividade:
O novo governo dos sujeitos pressupõe que a empresa não seja uma “comu-
nidade” ou um lugar de realização pessoal, mas um instrumento e um espa-
ço de competição. Ela é apresentada idealmente, acima de tudo, como o lu-
gar de todas as inovações, da mudança permanente, da adaptação contínua
102 103 Foucault and neoliberal
society: the worker as
“an entrepreneur
of the self”
Mauricio Pelegrini
Critique [is characterized as] the art of not being governed like that. (…) “how
not to be governed like that, by that, in the name of those principles, with such
and such an objective in mind and by means of such procedures, not like that, at all, repeating the same type of critique for two hundred, one hundred,
104 not for that, not by them” (FOUCAULT, 2007, p. 48).
105 or ten years” (Ibid., p. 130). For Foucault, neoliberalism presented some
Foucault and
Neoliberal important new features, both in its theoretical presentation and the
Society:
Yet this isn’t a case of resisting any form of government whatsoever, the Worker exercise of its governmental rationality. Detecting these new features
as “an
but rather one of questioning a determined form of steering. All gov- Entrepreneur required him to analyze transformations in liberal thought since the
of the Self”
ernments are thus subject to critique, which never ceases, producing 1920s and ‘30s, with an emphasis on the Post World War II era. He
a permanent state of restlessness. In his analysis of disciplinary power, found that during this time, the movement progressed towards so-
Foucault affirmed that “where there is power, there is resistance.” His called neoliberalism, and which was still incipient in the 1970s. Since
intent was to state that power is only truly exerted if there is an existing then, however, the movement has gathered steam on a global scale,
freedom to produce resistance. Similarly, in his studies on the emer- leaving the realm of theory to that of actual governmental practices.
gence of the modern concept of national interest, he found numerous In the course he taught in 1979, Foucault presented his neoliberal
forms of opposition, resistance, and disobedience to the forms of gov- theory in its North American offshoot, which eventually became the
ernmentality. This is not a mere reaction to political governance, nor is standard model for neoliberalism. He based his theory on the so-
it a simple denial of the constituted government, but instead a creative called Chicago School of economic thought. According to his read-
affirmation of another form of conducting oneself and being conducted. ing, American liberalism has a historically important particularity: it
To designate these practices, Foucault created the term counter-con- is intrinsic to the very functioning of American society, and has been
ducts, defining them as: present in all of the political debates throughout the country’s history.
In Foucault’s words:
movements whose objective is a different form of conduct, that is to say:
wanting to be conducted differently, by other leaders (conducteurs) and other Liberalism in America is a whole way of being and thinking. It is a type of re-
shepherds, towards other objectives and forms of salvation, and through lation between the governors and the governed much more than a technique
other procedures and methods. They are movements that also seek (...) to of governors with regard to the governed. [...] I think this is why American
escape direction by others and to define the way for each to conduct himself liberalism currently appears not just or not so much as a political alternative,
(FOUCAULT, 2009, p. 259). but let’s say as a sort of many-sided, ambiguous, global claim with a foothold
in both the right and the left. It is also a sort of utopian focus which is always
Counter-conducts function as ways to inventively construct new forms being revived. It is also a method of thought, a grid of economic and sociologi-
of positioning oneself in the world, new opportunities for the constitu- cal analysis (Ibid., p. 217-218).
tion of subjectivity, and new ideas for relating to oneself and others. In
this sense, these are tasks that are at once ethical and political, individ- The main focus of Foucault’s analysis of American neoliberalism is not
ual and collective. By way of the neologism “counter-conduct,” Foucault merely economic, but also political and sociological. In other words, it
developed a new theoretical tool, one that’s quite useful in analyzing was a way of deciphering a new kind of valid and increasingly more
contemporary movements of resistance towards governmental con- prevalent social rationality. Neoliberalism is the “extension of economic
trol, movements which have become increasingly entrenched with the analysis into a previously unexplored domain,” or even the “possibility
emergence and expansion of neoliberal societies. of attempting a strictly economic interpretation of a domain previously
Although lesser known since the theme of neoliberal capitalism thought to be non-economic” (Ibid., p. 219). It’s the economic model
is generally associated with Marxist literature, Foucault proposed an that would be expanded to encompass the entire gamut of social intel-
important and innovative interpretation of neoliberal governmentality ligibility, from market analysis to the interpretation of all social phe-
(FOUCAULT, 2008). In his analysis of the contemporary neoliberal nomena, including criminality, the constitution of the family, marriage,
program, he sought to demonstrate that there was a large shift away and even the sexual division of work. With it, a new rationale is estab-
from the classical liberalism inaugurated by Adam Smith. According lished, which goes on to constitute new forms of subjectivity. The main
to Foucault, when referring to these contemporary forms of neoliberal- theoretical innovation introduced by Foucault in his studies of neoliber-
ism, the following general characteristics can be ascertained: a) from alism is his demonstration that neoliberal society produces a new form
an economic point of view, they rehash old, worn out theories; b) from of subjectivity, which could be denominated as entrepreneurial.
a sociological point of view, they institute strictly mercantile relations; Working from the theories of Gary Becker, winner of the Nobel
c) from a political point of view, they provide cover for a generalized Prize in Economics in 1992, Foucault presented the theory of human
and administrative intervention of the State. Yet, “these three types capital as the main interpretation of this new subjectivity. For Becker,
of responses ultimately make neoliberalism out to be nothing at all, or classical political economy indicated that the production of goods de-
anyway, nothing but always the same thing, and always the same thing pended on three factors: land, capital, and labor. He, however, left labor
but worse,” which would allow it “to be turned into practically nothing as an unexplored dimension and, by confining it exclusively to a time
factor, neutralized it. The increment of production by the labor vector is act to strengthen itself so as to survive competition. All its activities must be
106 uniquely constituted in a quantitative and temporal manner by increas-
107 compared with a form of production, an investment, and a cost calculation
Foucault and
ing the number of workers in the market and the number of labor hours Neoliberal (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 330-31).
Society:
available to capital. Neoliberal thought bolstered an epistemological the Worker
as “an
change, taking on the task of analyzing human behavior and its internal Entrepreneur Outside of the neoliberal shift, which becomes increasingly perverse
of the Self”
rationality. From this perspective, the task of reintroducing labor into with each cycle, the loss of rights occurred decades earlier and dis-
the domain of economic analysis entails displacing the point of view mantled all the ties of solidarity. It is necessary to point out that the
from those purchasing labor power to those selling it. How does the in- condition of possibility of these changes is in the neoliberal subjective
dividual who works conduct him or herself? What calculations do they development, which is rooted in competition, human capital, and the
make? The worker comes to be seen as an active economic subject. entrepreneurship of the self. In short, it takes form in the supposition
Why do people work? To receive a salary, or more accurately, a that the individual and only the individual should be held responsible for
continual flow of salaries, known as income. In other words, the reve- his or her losses and gains. Nonetheless, Foucault’s thinking suggests
nue of capital, human capital, is the capital possessed by the individual we reactivate and renovate the critical attitude. He calls on us to undo
who works. Workers should know how to administer, promote, and the knots that enabled the emergence of a scheme that attaches the
increment their own human capital if they want to improve their rev- individual to the neoliberal narrative. He also asks us to seek to affirm
enue. According to Becker, this capital is comprised of two kinds of the birth of possible counter-conducts. In this way, recognizing the
elements: the innate and the acquired. Innate elements are hereditary hegemony of neoliberalism in the contemporary world and focusing on
traits implied by the classification of individuals based on risk factors, its subjective dimension means imagining that counter-conducts entail
and, in this way, they may impact policies related to healthcare, preven- the invention of a new ethical subject, one that is not constituted as
tion, and security. Meanwhile, acquired elements are those that pro- an entrepreneur of the self nor promotes competitive sociability as the
mote an improvement in human capital over a person’s entire life, from only form of coexistence. This practice would, according to Foucault,
early childhood (like the affection time parents dedicate to a baby) to delegitimize neoliberal competition and entrepreneurial subjectivity.
the investment in quality education and lifelong learning. It seems clear Several initiatives have appeared in recent years in different places
that, in a society constituted as such, all responsibility for a subject’s around the world, local initiatives that promote other forms of conduct
successes or failures becomes individualized; the unemployment or of the self and in relation to others, counter-conducts that reject the
low “market value” of a worker directly results from the choices made corporate experience as a constituent part of all social domains. The
throughout his or her life and personal investment in human capital. Occupy movements, indigenous resistance, feminism, black rights
As such, workers are entrepreneurs of the self, capitalists who movements, LGBT, and transgender resistances, among so many
administer their own capital and obtain revenues according to invest- others, are examples of new inventive forms of counter-conducts that
ments made. They position themselves in the market as unit-compa- question the neoliberal hegemony and affirm ethical subjectivities not
nies, in direct competition with other individual-businesses. This con- submitted to existing models.
stitutes a purely entrepreneurial society in which everyone is seen as
competitors disputing the best market positions. Because of this direct
competition with one another, there is no possible solidarity with one
another. Pierre Dardot and Christian Laval, French sociologists who an-
alyze contemporary neoliberalism using a combination of Marxist and
Foucauldian theory, define this new form of subjectivity thusly:
The new government of subjects in fact presupposes that the enterprise is not
in the first instance a site of human flourishing, but an instrument and space
of competition. Above all, it is ideally depicted as the site of all innovation,
constant change, continual adaptation to variations in market demand, the
search for excellence, and “zero defects.” The subject is therewith enjoined
to conform internally to this image by constant self-work or self-improve-
ment. He must constantly strive to be as efficient as possible, to appear to
be totally involved in his work, to perfect himself by lifelong learning, and to
accept the greater flexibility required [e.g., austerity measures] by the inces-
sant changes dictated by markets. His or her own expert, own employer, own
inventor, and own entrepreneur: neoliberal rationality encourages the ego to
109 Escravidão, tráfico
de pessoas e trabalho
forçado: costumes e
direitos na história
Rodrigo Bonciani
trafficking and
entre o costume e a norma continuou profundo, a infracidadania
estrutural também e o comprometimento do Estado com os interesses
forced labor:
privados revelou-se sistêmico.
A escravidão se transformou no tempo e no espaço, alguns meca-
in history
mente, que há uma definição da escravidão contemporânea, com uma
doutrina jurídica construída: o crime de hoje não pode mais ser ignorado.
Rodrigo Bonciani
repetir e elaborar:
problem into a police case. In the wake of fascist nationalism and labor
internationalism, the State, at the time of Getúlio Vargas, reorganized
vanguardas,
the relations between capital and labor. Just as in the Estado Novo, the
regime of exception in the Military Dictatorship was the authoritarian
representações e
solution to social conflicts. After the spread of slave-like barbarism by
the state and by the mechanisms of repression, organized civil society,
vivências na luta
reinstated the need to reinvent social struggle and freedom while at
the same time commemorating 100 years after Abolition. In 1995, the
contra o racismo
Brazilian government admitted the historical problem of slavery and
began to develop instruments to combat it. But the abyss between
customs and norms remained deep, the structural infra-citizenship
was profound as well, and the state’s commitment to private interests
proved to be systemic. Marcio Farias
Slavery has transformed itself in time and space; some mecha-
nisms are still in force, and the Brazilian state has not yet repaid part
of the crimes committed when slavery was common practice; but it is
equally important to recognize that there is a definition of contempo-
rary slavery with an established legal doctrine: today’s crime can no
longer be ignored.
Elaborações
Strategies of Working-Through
Adendo a este mesmo processo, o texto desenvolve: 2 A escravização se dava, e ainda se dá, principalmente por
meio de um deslocamento: “para fora”, com a saída da terra
A tentativa de tratar a escravidão como instituição ligada a um passado natal; ou interno, no interior de uma estrutura social específica.
remoto, tanto quanto de acreditar que era preciso empurrar pobre e indigen- Esse movimento pode ser forçado ou aliciado e implicava
te para as margens da cidade como uma demanda irrevogável do progresso, em dessocialização, despersonalização e ressocialização no
era a ordem do dia (Ibid., p. 124). contexto escravista, o que Orlando Patterson (1982) denomina
“morte simbólica”. Na época colonial, esse deslocamento
Também a questão do trabalho como ideologia para contenção de mo- era denominado “descimento”, e servia para caracterizar a
vimentação social que possa causar distúrbio à ordem está evidente e remoção de índios no interior do continente, ou a travessia dos
parece tornar ainda mais apagada esta linha divisória entre a escrava africanos pelo Atlântico”. In: BONCIANI, R. “Escravidão, tráfico
Slave society, image
de recursos naturais e mão de obra; as transladas e desterradas, figu-
164 ras “trecheiras3” postas em circulação para a otimização dos sistemas
165
and letter
de produção. Comungam da condição de estrangeiras, figuras ocupan-
tes de um lugar entre: entre classes, entre mundos. Dessa condição de
não pertencimento que segue sendo estratégica para a exploração das
figuras que orbitam em torno da mesa em que se desenham as dire-
ções e sentidos para todo o território, todo ele um mesmo “não lugar” a Gilberto Mariotti
ser ativado e desativado com alternância programada.
Estranhas em sua própria terra, muitas representações da explo-
ração do trabalho guardam algo em comum com seus referentes: sua
apropriação pelo discurso do progresso e da eficiência, da construção
daquilo que o poder impõe como inevitável, a saber, a defesa e manu-
tenção permanente de seus próprios interesses.
Participar destas narrativas políticas e históricas implica em um
imaginar-se no mundo, em entender-se como parte de dinâmicas e
fluxos materiais e simbólicos, em explicar a si mesmo suas escolhas,
justificar suas condições, tanto de privilégio quanto de precariedade.
Os modos pelos quais elaboramos nossos papéis, em dinâmicas
que quase sempre nos escapam por sua complexidade, continuam
a viabilizar esquemas de exploração, e narrativas autoformuladas se
ligam diretamente à construção coletiva de um imaginário comum,
ideal ou de uma identidade nacional. Imagens nas quais cabe (quase)
todo o Brasil.
The second clue left by Alencastro in his lecture was the short story by While the average reader at Machado’s time could breathe easy, comforted by
Machado de Assis, “Father Against Mother” (MACHADO DE ASSIS, the idea that the situations which he describes in the short story belong to the
2008), which he posits as a narrative emblematic of the social frac- slave-holding past, the more experienced reader of Machado will perceive that
ture that constitutes Brazilian society, instituted by its basis in slavery. the correlation of forces represented in the story perhaps continue to exist,
Complementary to a reading of the short story, which directly referenc- like the elephant in the room (Ibid., p. 101).
es slavery, and in the process of editing the section I developed for the
Counter-Conducts site, I came across the article “Machado de Assis: The interchange between the positions of the narrator and character
pele, roupa e os bancos indispensáveis” [“Machado de Assis: skin, —a narrator who places himself at a certain distance and a character
clothing and the indispensable banks”] by Carlos Pires and “A herança who finds himself forced to take a position regarding the contradictions
da escravidão” [“The legacy of slavery”] a chapter of the book by Selma in which he lives, and in which he participates—enables the manage-
Vital that discusses how the theme of slavery is illustrated in Machado ment of a complex dynamic that encompasses seeing, witnessing and
de Assis’s work, “Quase brancos, quase pretos: representação knowing. The recognition of the self in one’s own social place.
The character who should take a stand in this case is Candinho, portrayed in his watercolors—in the sense that, as I put forth previ-
172 a man without property and without a trade, who becomes a bounty
173 ously, his work depends on the reading of the relationships of identifi-
Slave
hunter of escaped slaves, and who sees his “business” turn increasingly Society, cation between him and his customers—though, evidently, the dis-
Image and
competitive, to the point of, after the birth of his first son, making the Letter tance that separates him from these slaves is decisive, and his color
decision with his wife (and pressured by an aunt who lives with them) and origin safeguard him from experiencing something even close
to abandon the child at the orphanage. But on the way there, Candinho to slavery—, it isn’t clear in what manner his “professional” activity
recognizes Arminda, an escaped slave woman for whom a high boun- connects him to the social workings that he himself portrays. Perhaps
ty has been set and, without hesitation, captures her, even though it is this positioning that is also in discussion when we read Machado
the slave, after being returned to her master, will end up miscarrying de Assis in this excerpt generated by the displacements in perspec-
the child she herself is carrying—she announces her condition in an tive he created. After all, wasn’t Debret also an emblematic figure
attempt to soften up her captor. However, Candinho is incapable of of this hostage status that we see in Candinho, in an order contrary
identifying the slave woman’s situation as similar to his own, and the to the republican values of his origin, given the intimate connection
protagonist closes his brief reflection on what has occurred with the between the power of the monarchy, masters of slaves and, by exten-
justification that, “Not all children make it.” sion, landowners?
Vital rejects a moral resulting from a struggle between equals, as At any rate, the title of the short story, which is deceptive for
the title of the short story might suggest: presenting the facade of a dispute between equals, considering that it
throws socially distant characters into a familiar setting—not a suffi-
I would argue that the title, much like the equality of the conflict, is misleading cient justification to make them equals—, is strategically analogous to
(...). [This is] a dispute that doesn’t presuppose equality between combat- the construction of the title of Debret’s watercolor that Naves cites at
ants. Though the precariousness of Candinho’s situation places him closer to the start of his essay, a procedure repeated in various other titles in this
Arminda than the master who owns her, the father Candinho is able to posi- series. A shared irony, despite the distances. Also strategic in Machado
tion himself above the mother Arminda, because she’s a slave, and as such de Assis is this thematic anachronism, which makes even more evident
someone else’s property (Ibid., p. 108). the pathetic attempt to erase our slavery, although constituting our
contemporaneity.
And yet,
The slavery that Machado explores in both short stories (...), reaches the reader
The line that separates [Candinho] from Arminda’s condition as slave is very not as a dusty relic, which few people remember. Its presence—though the
tenuous. In order to differentiate himself from her, at least in the public imag- narrator makes efforts (...) to effect a character of antiquity, of the remote
ination, he needs to attach himself on an ascending scale to the oppressors past—is something that is at the core of the country’s social problems, espe-
paying the runaway bounty (...). And, “though his misery is comparable to that cially in the city of Rio de Janeiro, and which is felt in the daily discrimination
of the slaves, Candinho has primacy because he is a white man, therefore experienced by ex-slaves and non-whites and exerted in new ways by the
“free” (Ibid., p. 109) white, affluent population (Ibid., p. 114).
This man, free in the eyes of the law, as Bosi reflects, as cited by Vital, Distances and proximities
(...) is one step, but just one step, above a slave. (...) The power of the master Going even further, the narrative thread in Vital’s text points to the
unfolds on two fronts: he is not only the owner of the captive, he also own the connection between this ideological position, rooted in both precar-
free poor man in that he reduces him to policing the slave (Ibid.). iousness and privilege, and the preservation of the workings of soci-
ety through the construction of an image of the city. This, latter, is in
It is precisely the difficulty in recognizing the distances and proximities accordance with an urban remodeling project imposed from the top
between the self and the other that substantiate the characters’ visions down: in order for “progress” to be accepted, it must become unavoid-
of the world and their beliefs in belonging to a defined social position. able. In the name of this image, big changes were executed in the city
In order for Candinho to ratify his position, though his hold on it is ten- of Rio de Janeiro.
uous, it is fundamental for him to see himself as an entrepreneur, the
owner of his own business, and that the chance to capture the runaway The urban transformation (...) expelled the poorest populations from the central
slave be seen as a challenging chance for some quick capitalization area (...). The displaced residents, most of whom were non-whites, ex-slaves
which he justifies by the “merit” of taking advantage of an opportunity. and descendants of slaves, had to take refuge in improvised spaces, renting
If Debret found himself obligated to exert skills which to some rooms (...) or constructing shanties on the neighboring hillsides (Ibid., p. 119).
extent we can approximate to the condition of the earner slaves
As an addendum to this same process, the text goes on: or “lowered”2 hostages, left to construct large devices for the perverse
174 175 exploitation of natural resources and the workforce: the displaced and
Slave
The attempt to treat slavery as an institution linked to a remote past, much Society, exiled, “drifter”3 figures put into circulation to optimize the systems of
Image and
like the belief that it was necessary to push the poor and indigent to the outer Letter production. They commune with the condition of foreigners, figures
margins of the city as an irrevocable demand of progress, was the order of the that occupy an in-between place: between classes, between worlds.
day (Ibid., p. 124). Out of this condition of non-belonging that remains strategic in the
exploitation of the figures that orbit around the table upon which
The question of labor as ideology for contention of the social mobility directions and meanings for the entire territory are drawn, the whole
that is capable of disturbing the order is also evident and seems to thing being the same “non-place” to be activated and deactivated with
further blur the dividing line between the enslaved woman and the planned rotation.
unemployed man: one threat identified by legislators [soon after aboli- Foreign in their own land, many representations of the exploitation
tion] was that the new law could possibly equalize “all the classes from of labor have something in common with their referents: their appro-
one moment to the next.” This line spoken by the holders of privilege priation of the discourse of progress and efficiency, of the construction
reveals their fear of the dilution of their own social status, rather than of that which power imposes as inevitable and the knowledge, defense
any real possibility of the automatic social ascendance of the then and permanent conservation of its own interests.
ex-slaves. Vital denies the idea that Candinho somehow represents ab- Participating in these political and historical narratives implies
stract work in opposition to physical labor. Close as he is to the slaves imagining oneself in the world, understanding oneself as part of mate-
he captures, Candinho must circulate in parts of the city where he is rial and symbolic dynamics and flows, explaining one’s choices, justify-
liable to find them, recognize their features accurately and even get ing one’s conditions, both those of privilege and precariousness.
physical, occasionally subjected to “blows by relatives” etc. But all this The forms in which we develop our roles, in dynamics that almost
proximity only serves to maintain at all costs the maximum distance always escape us due to their complexity, continue to enable schemes
possible that the false “freedom” of his profession confers upon him: of exploitation, and self-formulated narratives directly connect to the
“What is striking is that the choice of his trade, apart from the exoticism collective construction of a shared, ideal imagery, or a national identity.
of the thing, is connected to a clear pragmatism: there was a need to Images in which (almost) all of Brazil fits.
join one of the sides [master or slave] (...) and he knew which side he
should take” (Ibid., p. 121).
What remains constant when certain historical scenes overlap in
our common space of representation? The idea of necessary erasure,
not just of the past, but the part of it that survives in a present that still 2 Enslavement occurred, and continues to occur, mainly through
reeks of the slavocratic system and, even more pertinent, the optimi- a displacement “away from,” an exit from one’s homeland, or
zation of the possibilities of exploiting the workforce in the city. This through an internal displacement, to the inside of some specific
erasure of what remains, though necessary for the discourse propa- social structure. This movement can be forced or induced,
gated by the country’s economic elite, seems to be more symbolically involving desocialization, depersonalization and resocialization
urgent to the social strata that occupy intermediate positions, con- in the context of slavery, which Orlando Patterson characterizes
cerned with dressing themselves up in indicators and comportments as a “social death” (1982). In the colonial era, this displacement
that identify them with the elites. An ideal “I” that breathes better when was termed “lowering,” and served to characterize the clearance
it suffocates the set of historical transformations that lumps us in with of the Indians from the interior of the continent, or the Africans’
everyone, and of which we are authors, to a certain extent. crossing of the Atlantic.” In: BONCIANI, R. “Slavery, Human
Traffic and Forced Labor: Customs and Rights in History” in this
Identity same book (p. 117-124).
3 “Trecheiros” in the original Portuguese. Nomadic people who
The narrative thread that a posteriori ties together the investigations un- circulates the country accepting temporary jobs, and in the case
dertaken in the realm of the Contracondutas Project, given the proper of the study realized by the Contracondutas Project, working
attention also provided to the gaps inevitably involved in it, illustrates on large-scale construction projects. As in the excerpt: “Dogival
a condition common to many figures featured in our theoretical reflec- left Santana do Ipanema, Alagoas at age 19. ‘I got an urge to see
tions. They are those co-opted by schemes of exploitation; captured the world, to be a trecheiro,’ he explained. In his wanderings, he
worked on a number of construction projects until, in the mid-
1980s, he was hired to help build the airport.” In: CHIAVERINI, T.
“Cement, Mud and Power” in this same book (p. 547-572).
177 Como aparece o lá
quando ele se torna
aqui
Gal, antes de responder a essa provocação Gal, before responding to this provocation
durante esse início de conversa, houve uma during this beginning of a conversation,
primeira localização das palavras lá, aqui there was an initial localization of the words
e cá, enquanto dentro do nosso trabalho. there, here and hither, but within our work.
Os possíveis lugares que encontramos The possible places that we found for these
para essas palavras são: o lá significando words are: the there signifying the time in
o tempo em que esse trabalho era ainda which this work was still a project, desire
projeto, vontade e ideia; o cá significado and idea; the hither which means here and
aqui e agora, o tempo em que esse projeto now, the time in which this project is already
já é coisa no mundo. Dito isso, pensamos something in the world. Having said this, we
não importar mais, aqui, dizer eu ou ele, cá think that it no longer matters, here, to say
ou lá. Sinceramente isso foi e é possível e I or he, here or there. Sincerely this was and
nos faz pensar as, nas e das distâncias e is possible and makes us think in, of and
permanências. about distances and permanences.
1 João, Sabrina, Antonia, Francisca, 1 João, Sabrina, Antonia, Francisca,
No preâmbulo ao encontro, durante o cami- In the preamble to the encounter, while on Ceiça, Inês, Thomaz, Marques, Reginaldo, Ceiça, Inês, Thomaz, Marques, Reginaldo,
nho das BRs, o desejo de encontrar pauta- the path of the BR interstates, the desire for Mauro, Célia, Luciano, Isabella, Sandro, Mauro, Célia, Luciano, Isabella, Sandro,
va-se, sim, na consciência de uma distância meeting did indeed factor into an aware- Josenildo, Carol, Daniel, Mariano, Socorro, Josenildo, Carol, Daniel, Mariano, Socorro,
entre territórios, cotidianos, contextos, mas ness of a distance between territories, daily Ligia, Marinilda, Lucia, Ana, Martha, Alef, Ligia, Marinilda, Lucia, Ana, Martha, Alef,
para além disso, se fazia existir por uma routines, contexts, but beyond this, it made Berg, Cícero, Elizabeth, Ronaldo, Nuno, Kaline, Berg, Cícero, Elizabeth, Ronaldo, Nuno, Kaline,
ânsia certa: a aproximação entre corpos. itself exist through a certain anguish: the Verônica, Darlon, Damião, Katia, Vitor, Gilza. Verônica, Darlon, Damião, Katia, Vitor, Gilza.
Ir para voltar Go to return cavalos sem cabeça e magros bois. Durante out their hands begging for change; wan-
o ir encontramos quem e o que liga norte a derers; headless horses and skinny oxen. On
sul. Entre caminhos e lonjuras, a distância the way there we encountered people and
“Aquele que se desoriente no meio de “He who becomes disoriented in the deixa ver de perto o entre das coisas. A thing that connect north to south. Between
um campo, procura um mapa, uma bús- middle of a field, looks for a map, a estrada nos leva de encontro. roads and vast expanses, the distance
sola, ou pergunta a um transeunte, e compass, or asks an transient, and allows us to see up close what is in between.
isto basta para se orientar. A nos- this is enough for him to get his Percorremos uma distância aproximada de The road leads us to encounters.
sa definição pressupõe, pelo contrá- bearings. Our definition presupposes, dois mil e trezentos quilômetros. Quantos
rio, uma desorientação total, radical, on the contrary, total, radical dis- quilômetros será que já rodou aquele ca- We covered a distance of approximately
quer dizer, não que aconteça ao homem orientation. In other words, it is not minhão? Quantos caminhões chegam até 2300 kilometers. How many kilometers
desorientar-se, perder-se na sua vida, what happens to man that disorients o sertão? Quanto sertão precisamos para could that truck have traveled so far? How
mas que a situação do homem, a vida, é, him, makes him get lost in his life, chegar? many trucks make to the backlands? How
desorientação, é estar perdido…” but that man’s situation, life, is dis- much backlands do we need to get there?
(Ortega y Gasset, La Nación, Buenos orientation, is one of being lost…” Então chegamos. Chegamos na certeza So we arrived. We arrived with the cer-
Aires, 1933). da nossa escolha de vir de carro até aqui. tainty of our decision to come here by car.
Porque é pelo reconhecimento da distância Because it is in recognizing the distance
e do esforço de transpô-la – territorialmen- and the effort of transposing it—territorially
te e subjetivamente – que acreditamos and subjectively—that we believe enables
fazer viver o nosso desejo do encontro (de us to experience our desire for encounter (to
ouvir um conto). Aqui é Nova Petrolândia, hear a story). This is Nova Petrolândia, in the
sertão de Pernambuco. Nova porque em backlands of Pernambuco. New because
cima da terra. A Velha Cidade debaixo do it’s above the land. The Old City below the
rio desencontra-se: submersa. Não tem river is not to be found: submerged. There’s
estrada para debaixo do rio São Francisco, no road that leads to the bottom of the São
tem coisas que só vivem porque contadas, Francisco River. Some things are only alive
desafogadas – a invasão da barragem de because they’re told, exposed—the invasion
Itaparica, as causas do alagamento da of the Itaparica Dam, the causes of the
velha cidade, o pescador que volta sem flooding of the old city, the fisherman who
pesca, a transposição sem a revitalização, comes home without any fish, the transpo-
a imposição da construção de uma nova sition without revitalization, the imposition
cidade. Da Nova Petrolândia. of the construction of a new city. Of Nova
Petrolândia.
Viemos até aqueles que foram a Guarulhos
Primeira história First history em busca de um trabalho que nunca exis- We came for those who had gone to
tiu. A partir dessa perspectiva, o que é que Guarulhos in search of a job that didn’t exist.
Sobre o que se deseja falar quando fa- What do you wish to talk about when talking se pensa sobre trabalho? Quando ele se From this perspective, what is it that they
lar já não é o desejo em si? Desejamos is no longer a wish in itself? We wish for torna experiência? Ele é o quê? Para quê? think about work? When does it become an
encontros. encounters. Por quê? Por quem? Dele, o que é que se experience? What is it? What is it for? Why?
deseja contar? E lembrar? Como é que For whom? What about it would they want
Foram três dias de estrada de São Paulo a We drove for three days from São Paulo ele nos transforma e como é que podemos to tell us? Or remember? How does it trans-
Petrolândia, cidade do sertão pernambu- to Petrolândia, a city in the backlands of transformá-lo? form us, and how can we transform it?
cano onde vivem alguns dos cento e onze Pernambuco where a number of the 111
trabalhadores. Na estrada para o encontro, workers live. On the road to the encounter, Vir até aqui é uma tentativa de entrelaçar Coming here is an attempt to intertwine jobs.
encontramos: encontramos o estar preso we have encounters: we encountered the trabalhos. Percebê-los a partir de uma Perceiving them from a common and, at the
à terra e a confusa liberdade de ali perma- confinement to the land and the confused dimensão comum e ao mesmo tempo sin- same time, singular dimension: a space for
necer; encontramos o homem que capina freedom that remains there; we encoun- gular: um espaço de compartilhamento de sharing decisions, reflections and questioning.
à margem do asfalto; o borracheiro que tered the man weeding by the edge of the decisões, reflexões e questionamentos. O Work as a plural and political practice.
devolve ao viajante a chance de continuar; pavement; the tire repairman who gives the trabalho como uma prática plural e política.
os homens que negociam frutas; as mu- traveler the chance to go on; the men who
lheres que acenam por esmola; andarilhos; negotiate over fruit; the women who hold
Roteiros de viagem A janela que enquadra
The window that frames
A viagem de São Paulo (SP) a Petrolândia The journey from São Paulo (SP) to Das tantas janelas que vocês construíram, das frestas que abriram, do vento
(PE) planejada para durar 5 dias, ocorreu Petrolândia (PE), originally planned to last quente que escapou para dentro de vocês. Uma invenção de tantas paisagens com o
em 3, por dois motivos: primeiro, havia 5 days, was completed in 3 for two reasons: pó seco da terra do sertão.
ânimos e forças gigantes que empurravam first, there were gigantic emotions and
nosso ir; segundo, tivemos que antecipar a forces that pushed us to go; second, we had Of the many windows that you built, of the crevices that opened, of the hot
volta por conta de acontecimentos impor- to go back earlier than planned because of wind that escaped from within you. An invention of many, many landscapes with
tantes em São Paulo, referentes ao Projeto important occurrences in São Paulo related the dry dust from the earth in the backlands.
Contracondutas. Achamos melhor encurtar to Counter-Conducts Project. We thought
os dias de estrada, tanto na ida quanto na it best to shorten our days on the road, both
volta, para que pudéssemos permanecer e on the way there and back, so that we'd be
estar em Petrolândia o número de dias já able to stay in Petrolândia the number of
planejado antes de ir. Apenas agora, 7 me- days that we'd planned beforehand. Only
ses depois da viagem, nos ocorre que o ro- now, 7 months after our trip, does it occur
teiro de volta não foi previamente planejado to us that our itinerary on the drive back
e nem registrado. Isso nos leva a pensar em had not been previously planned, nor was
uma volta incompleta dos nossos corpos, it registered. This leads us to think of an in-
semirretornantes. Permanências. A pousa- complete turn for our semi-returning bodies.
da do Bonfim foi o nosso meio do caminho Permanencies. The inn in Bonfim was our
duas vezes. Ficava à margem do asfalto. halfway point on both ways. It stood right at
the edge of the pavement.
percurso de viagem SP-PE
route of the journey
15.01.17 — DIA 1 SP-MG 862 km: São Paulo SÃO PAULO-PERNAMBUCO
a Joaquim Felício – saída 8h – chegada
aproximadamente 18h30 – dormimos em 15.01.17 — DAY 1 SÃO PAULO-MINAS
uma quitinete: quarto, cozinha, banheiro. GERAIS 862 km: São Paulo to Joaquim
Felício – left 8 AM – arrived approximately
16.01.17 — DIA 2 MG-BA 719 km: Joaquim 6:30 PM – we slept in a studio apartment:
Felício a BA Manoel Vitorino – saída 9h17 – bedroom, kitchen, bathroom.
chegada 18h41 ou 19h41 – na Bahia não há
horário de verão. Pneu furado: R$13,00. 16.01.17 — DAY 2 MINAS GERAIS-BAHIA
719 km: Joaquim Felício to BA Manoel
17.01.17 — DIA 3 BA-PE 706 km Manoel Vitorino – left 9:17 AM – arrived 6:41 or 7:41
Vitorino a Petrolândia – saída 7h32 – che- PM – there's no such thing as daylight sav-
gada 18/19h – chegamos. jantar: milho ings in Bahia. Flat tire: R$13.
enlatado. Exaustas.
17.01.17 — DAY 3 BAHIA-PERNAMBUCO
706 km Manoel Vitorino to Petrolândia
left 7:32 AM – arrived 6/7 PM – we arrived.
dinner: canned corn. Exhausted.
Bússolas Compasses A palavra como território conversa como lugar
The word as a territory converses as a place
Ouço o barulho da canoa no rio. Uma I hear the sound of the canoe on the Uma medida de si na fissura que se ergue diante do outro.
praia de rio. No sertão, nunca ouvi river. A riverside beach. In the back- A measure of self in the fissure that arises before the other.
ninguém dizer assim. Cada rio e, à sua lands, I never heard anyone say it
beira, rio, também, tudo é passagem. like this. Each river and, at its edge
is also a river, everything is passage. Conversa cruzada entre sete, oito, dez.
Crossed conversation between seven, eight, ten.
Dia 4 no rio Day 4 on the river O tempo correu sem que parássemos de conversar um minuto.
Time ran on without our conversation stopping one minute.
diário A. diary A. Conversa vem, conversa vai, ele nos ofereceu para levar a gente na canoa.
Conversation comes and goes. He offered to take us in the canoe.
Fui até um canoeiro que estava na margem I went up to a canoeist who was at the edge
do rio e perguntei sobre passeios de barco. of the river and asked him about boat trips. Depois do filme, continuamos conversando sobre trabalho.
Conversa vem, conversa vai. Hem, hem? Conversation comes and goes. Huh, huh? He After the movie, we continued talking about work.
Ele ofereceu para nos levar de canoa. Mas offered to take us by canoe. But it had to be
tinha que ser pertinho. Rio é traidor, corren- close by. The river is treacherous. The current Conversa vai, conversa vem, conhecemos a cidade dentro do carro dela.
teza pega e leva. Era pôr do sol, céu verde, grabs you and takes you away. It was sunset, Conversation comes and goes. We got to know the city inside her car.
azul, rosa, roxo. Incendeio. the sky was green, blue, pink, purple. On fire.
Conversamos mais com Luciano, que disse que perdeu a chance de continuar.
Fomos de canoa até uma árvore submersa, We went by canoe to a submerged tree. We talked more with Luciano, who said he’d lost the chance to continue.
vimos alguns galhos que saiam da água. O We saw some branches sticking out of the
canoeiro estava lá no dia de folga: não era water. The canoeist was there on his day off: Conversamos por mais de três horas, sobre a ideia do trabalho como luta.
trabalho. Jaques trabalhava na rodoviária it wasn't for work. Jaques worked at the bus We talked for over three hours, about the idea of work as struggle.
de Petrolândia. Era cearense e já tinha per- station in Petrolândia. He was a Ceará na-
dido um irmão levado pelo rio. Ele desceu tive and had lost a brother who was carried A conversa durou até as sete da noite. Mais de seis horas.
e não subiu mais. Nos dias de folga, passa away by the river. He went under and never The conversation lasted until 7 PM. Over six hours long.
o dia inteiro ali, remando. Deve ter alguma came back up. On his days off, he spends
coisa a ver. the whole day there, paddling. It must have No nosso cantinho de trabalho, conversamos.
something to do with that. In our little corner of work, we talked.
diário B. Conversamos sobre a possibilidade de invadir Brasília, do povo se unir, de uma luta de
diary B. classes, de uma revolução.
Fim de tarde no rio. Canoeiro nos leva We talked about the possibility of invading Brasília, of the people uniting, of a class struggle,
passear. Jackson da rodoviária. Seu irmão Late afternoon on the river. Canoeist takes of a revolution.
desceu e não voltou mais. Deve ser por isso us on a trip. Jackson from the bus station.
que, nas folgas de trabalho, ele fica no rio, His brother went under and never came Conversa não só entre eles e a gente.
remando, encontro de irmãos. back up. This must be why on his days off A conversation not just between them and us.
he stays on the river, paddling, an encounter
of brothers. Era uma conversa entre todo mundo.
It was conversation that included everyone.
Passei a noite inteira conversando com Ceiça e Antônio, outro hóspede da pousada,
até uma hora da manhã.
I spent the whole night talking with Ceiça and Antônio, another guest at the inn,
until 1 AM.
Noite de conversas sobre família, trabalho, cidade natal. Sentamos nas únicas cadeiras que tinha da casa e ficamos uns 15 minutos conversando.
A night of conversations about family, work, hometowns. We sat on the only chairs in the house and spent some 15 minutes talking.
A conversa durou uma hora, mais ou menos. Não sabemos até que ponto ela Conversas sobre o medo, as
entra no nosso projeto, mas, em nós, já faz parte. amizades, os caminhoneiros,
The conversation lasted an hour, more or less. We didn’t know at what point it would receios regados ao som de Gil,
enter our project, but it was already a part of us. The Birds, e não lembro mais.
Conversations about fear,
Ceiça fica sempre nos esperando para conversar, até ficar com sono. Tomamos um friendships, the truckers,
café com leite e duramos mais um pouco na rede. apprehensions set to the sounds
Ceiça always waits for us to talk until we get sleepy. We had some coffee with milk and of Gilberto Gil, The Byrds and
were able to last a little longer in the hammock. I don’t remember who else.
Conversamos um tempão. Eu e Ana conversamos sobre o trabalho (o que é que estamos fazendo?).
We talked for a long time. Ana and I talked about work (what is it that we’re doing?).
Bé gravou uma conversa entre Ceiça, ela e eu: pediu pra gente responder o que é medo.
Bé recorded a conversation between Ceiça, herself and I: she asked us to tell her what fear is.
n. outsourcing; pyramid of theft; all the n. what is ours: braveries; when the worker
money trickling out along the way; sche- interrupts; conflict; denunciation; an ave-
me where you don't want to pay; mother cat, rage Joe with a big mouth; ordered to leave
small cat; it's the obsession that they then and there; you can't complain; disobe-
have now; you can't complain; it's tearing dience; it's just to not let it go down in
down the construction worker; agent; second silence; not fooled anymore; if we hadn't
company; 200, 300, 400 stays behind; foolish complained about this today we would still
foolery; where is our money? it's for us to be there working; fight.
lose in silence;
ROLLING JOE
DRY WAGES
n. the person gets dirty; a Joe with a black
n. Little money; shallow; pay less than mark; no work found; he who can't hold down
the exact sum that they have to pay; mixed a job; tossed; barred by the system; subjec-
salary; always 400 to less; surplus; exploi- ted; imprisoned; he who is fooled; broken at
ted; taken; when the only thing not raised the seams; go without sure work; a go-getter
is our salary; it's a kind of slavery to the Joe; they promised one thing, getting there
companies, a slave to yourself. they gave another; nothing.
n. traveling worker; wanderer; 4 months in n. it's the not recognizing the subject;
the firm's quarters 3 days at home; to live condition of obedience; engulfed by orders;
in the middle of the world; meanders; helps we only would like a thousand reais to go
to build the country; always a migrant; to home; thrown into the system; bad bad bad;
go without job certainty; searching for the system is tough; if you need the cash
beyond; fear of not coming back; free; that you gotta do it; quietness; disgust.
which builds.
ANTI CONDUCT
FROZEN CEMENT
n. disobedience; scream; disorder; people
n. Cement that dries fast; it's a product are just like ants: the others stepping on
that they lay down; that silences covers him and he comes thrusting, the more you're
hides; when a body that falls disappears; stepped over, the more you climb.
petrifies; concretizes; sand, water, cement
and a body; crashed fell dried. WORK
s.m. é o não reconhecimento do sujeito; condição de obediência; engolido pela ordem; a gente
as •
só queria mil reais para voltar; jogado no sistema; ruim ruim ruim; o sistema é bruto; precisando
daquela diária tem que fazer; quietude; desgostoso. su • jei • to
con • tra
con • du • ta tra • ba • lho
s.f. desobediência; grito; desordem; o povo é s.m. é uma coisa durante; daquilo que faz daquilo que é, daquilo que quer
igual formiga: os outros pisando e ele vindo ser; uma capacidade responsável; se refere desde a nascente, até o final;
em cima, por mais que eles lhe pisem, é você sobrevivência do trabalhador; exercer entender saber ser; é o modo da
subindo. gente construir.
www.centoeonze111.com
COLETIVO METADE [Ana Tranchesi e Isabella Beneduci] Esta publicação foi editada no âmbito do projeto Contracondutas. O projeto Contracondutas, realizado entre Maio de 2016 e Maio de 2017, através do Conselho Técnico da Escola da Cidade, contou com
financiamento público proveniente de TAC entre o Ministério Público do Trabalho e empresa flagrada utilizando mão de obra em condições análogas a escravidão, em obras do terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 2013. Esta obra tem distribuição
gratuita e não pode ser comercializada.
193 A forma segue
a mediação:
BaseMóvel e atividades
públicas do Projeto
Contracondutas
em Guarulhos
Vinicius Spricigo
public activities of
compartilhar saberes, práticas, métodos de trabalho e experiências,
reunidos ao redor de atividades como o desenho, a gravura (sobre
the Counter-Conducts
as próprias tábuas de compensado), a produção textual ou audiovi-
sual, entre outras. A estrutura do contradispositivo abarca ainda uma
Project in Guarulhos
tenda, banquetas e conexões para aparelhos eletrônicos de vídeo e
áudio. Apropria-se de dispositivos modernos (a estação de trabalho)
e pós-modernos (os meios digitais de reprodução de imagem e som),
convocando o público à intervenção no espaço urbano. A sua mobi-
lidade, permite a instalação em praças, escolas, coletivos artísticos,
espaços expositivos e outros âmbitos públicos, gerando um local
de abrigo para a formulação de múltiplas proposições, nas quais os Vinicius Spricigo
participantes elaboram suas próprias estratégias, propostas, mecanis-
mos e regras. Nesse contradispositivo, os corpos e gestos, em vez de
ser capturados, são libertados pelas práticas desgovernadas da ação
coletiva na esfera pública.
Ao contrário das noções usuais de projeto, a ideia de BaseMóvel,
segundo Vitor Cesar, não é compreendida como a solução de um
problema dado; em outras palavras, a forma do dispositivo não cor-
responde a uma finalidade específica: sua concepção subverte o
conhecido motto associado à arquitetura e ao design moderno. A
forma do dispositivo, no caso de Guarulhos, não segue mais a sua
função expositiva, mas se volta à mediação com o público. Antes de
se conformar com uma galeria, display, gabinete ou mostruário itine-
rante, a BaseMóvel no/do Campus Guarulhos fornece estrutura ou
suporte ao convívio coletivo, ao diálogo e ao fazer conjunto. A própria The idea of a BaseMóvel (MobileBase), conceived by Vitor Cesar,
configuração do espaço depende do trabalho de montagem e remon- came from the Base—a workplace shared by artists in Fortaleza—,
tagem da peça, de acordo tanto com as condições físicas disponíveis following up with the proposal of a place for meetings and dialogues
quanto com as demandas das atividades que nele serão realizadas. A at different institutional spaces, such as Centro Cultural São Paulo
realização desse projeto dá seguimento não somente à série iniciada and the Tomie Ohtake Institute, among others. In each of these plac-
por Vitor Cesar, mas também a uma infinidade de outras iniciativas, es, the MobileBase took on different formal con-
idealizadas como instrumentos institucionais alternativos, sejam eles figurations, such as a “loveseat” form, for example,
situados já na história das novas vanguardas artísticas dos anos 1960 created in collaboration with the artist Graziela
e 1970, ou ligados ao fenômeno contemporâneo de artefatos expo- Kunsch for the Centro Cultural Maria Antonia,
sitivos móveis (PERAN, 2015, p. 22-25). Caberá, agora, ao público a and the “portable table” with Enrico Rocha for the
ativação desse contradispositivo. Museum of Modern Art of Rio de Janeiro. The for-
mer contained a library, while the latter housed the
MAM Experimental Education Center. Its specific
context therefore encompasses a physical space,
but most importantly, the discursive field involved in
the social relations of conformity and uses of the place. The inherent
contradiction in the project’s idea indicates the paradoxical situa-
tion of a structure or fundamental support for artistic or educational
action in constant mobility and malleability, that is, a base that moves
and shapes itself. As a result, it can be understood not only as a basic
architectural structure, but chiefly as the constitution—always in
collaboration with the agents involved—of temporary and provisional
201 meeting spaces.
Form Follows
Mediation: In these terms, let us now consider the proposal for the BaseMóvel
The BaseMóvel
and Public on/of the Guarulhos Campus of the Federal University of São Paulo
Activities of
the Counter- (UNIFESP) within the scope of the Counter-Conducts Project. In this
Conducts
Project in case, the specific context is that of the newly inaugurated facilities
Guarulhos
of the School of Philosophy, Language and Literature, and Human
Sciences (EFLCH) in the Pimentas region, and a collaboration es-
tablished between the Escola da Cidade—College of Architecture
and Urban Planning and UNIFESP’s Art History course. The context
involves, in this sense, an interchange between the curatorship of the
Escola da Cidade’s Counter-Conducts Project (coordinated by pro-
fessors Carol Tonetti and Ligia Nobre), Vitor Cesar and the UNIFESP
Laboratory of Research and Practices in History of Art III (under the
direction of professors Vinicius Spricigo and Pedro Arantes, initiated
in June 2016, a few months after EFLCH returned to Pimentas, af-
ter three years of functioning out of a temporary unit in the center of
Guarulhos). Offered in the second half of 2016, the course established
a dialogue between the critical exercise of curatorial practices and the
activities carried out by the Counter-Conducts Project. The laboratory
accompanied and established critical reflections, both individual and
collective, with the proponents of the Counter-Conducts Project’s six
Public Interventions, in addition to participating in and proposing open
mediation exercises, including conversations and debates—a process
that culminated in the Counter-Interventions Seminar, which brought
together participating artists and collectives to discuss the intervention
proposals, mediated by Lab III.
In the first half of 2017, this dialogue led to the proposal of a mobile
exhibition apparatus, which would in some way convey the results of
the Public Interventions and didactic-pedagogical and research activ-
ities carried out under the auspices of the laboratory to the commu-
nity of Guarulhos—especially the residents and workers impacted by
the construction of the airport expansion. One of the objectives of the
Term of Adjustment of Conduct (TAC), which, by decision of the Public
Prosecutor’s Office, allocated funds to the Escola da Cidade Association
and originated the Counter-Conducts Project, is to expand the public
debate on slave labor conditions in the contemporary world, therefore
taking action toward its eradication and the recognition of workers’
rights. With this principle as the starting point, it was possible to identify
several key issues raised by participating students and teachers, name-
ly: the role of the device as an alternative to the institutional apparatus
focused on contemporary art, which was precarious, bordering on
non-existent in the city of Guarulhos; the device’s involvement with
Mobile Base,
Wood engrav- the interventions created by the collectives and artists participating in
ing Workshop, the Counter-Conducts Project; the device’s capacity to amplify, for the
Labor
Project—Vitor
public in Guarulhos, by way of its mobility, the discourses generated up
Cesar and to that point by the agents directly involved in the project, calling on the
Coletivo 308.
Photo: Renata
public to reflect critically on the issues addressed by the artistic inter-
Ursaia ventions through their participation in public activities.
The para-institutional apparatus or dispositif to be created, ac- The classroom furnished with desks, where the students remain seated
202 cording to the UNIFESP curatorial laboratory’s diagnosis, had to
203 while listening to the teacher, is one of the examples of the creation
Form Follows
respond to the needs of local artists and collectives, by means of Mediation: of “docile” bodies of which Foucault speaks. In this environment, the
The BaseMóvel
a locale to accommodate and exhibit their activities. In this sense, and Public freedom of students, and teachers as well, is restricted to circulating
Activities of
functioning as a mobile gallery, it would initially display the Counter- the Counter- and participating in classes, everyone conducting himself in the man-
Conducts
Conducts Interventions, later serving to present the artistic production Project in ner foreseen by the spatial configuration of the building and also by the
Guarulhos
of Guarulhos to the public. This configuration as a portable muse- rules and regulations governing academic life. Moreover, in the teach-
um, or “white cube on wheels,” in the words of one of the students in ing process, there are interpretations considered correct according to
the laboratory, was promptly dismissed. After all, an exhibition to be previously constituted knowledge, and students are questioned by the
organized at Escola da Cidade could then be brought to Guarulhos educator to reaffirm said discourses, often to the detriment of their
and other locations, regardless of the activities carried out in the city. own questions and interpretations regarding the subject addressed,
The apparatus would therefore serve less the function of exhibiting art that is, disregarding the impulse to construct knowledge rather than
objects—difficult to accomplish, considering the diversity of the inter- reproduce it.1 On the other hand, educators have been increasingly sub-
ventions, ranging from Raquel Garbelotti’s video and Vânia Medeiros’ stituted by television programs and online assistance; there is no lack
book to the tactical actions of Coletivo 308, not to mention the “car- of private institutions offering distance education, as well as students
tographic” survey by the group known as Núcleo de Espacialidade who spend classroom time absorbed up in their smartphones.
Contemporânea (NEC) and the interventions at Guarulhos Airport by It is worth remembering that in 2016 a group of students and
the collectives Metade and Em Paralelo—and more in an instructional, activists from the Pimentas region occupied the EFLCH, calling for
educational function, articulating itself as a relational space. the democratization of higher education and access to the Campus for
In this sense, the conception of a BaseMóvel focused exclusively on residents of the region, as well as democratic, libertarian and participa-
the Counter-Conducts Project’s public activities in Guarulhos comes tive forms of education. They took classroom desks to the ground floor,
close to a concept of exhibition very dear to the philosopher Vilém organized open classes and assemblies, established a new routine for
Flusser. Identified by the thinker as a “means,” an exhibition informs the the operation of the Campus, carried out physical and recreational ac-
public of a certain theme, configuring itself as a relational structure. In tivities, such as capoeira classes, and musical and cultural events. They
this way, observers would not be as interested in the result of artistic yearned for a new, more participative way of experiencing the university
production, the artistic object and its exhibition, as they would be in the and organizing academic life, and to this end they created a counter-ap-
construction of meanings that can take place in a dialogical context. The paratus—the occupation. Certainly, meeting these demands would
exhibition as means is, above all, a place where public and artistic prop- require a total reconstruction of the school, both from the viewpoint
ositions meet up, and as such it becomes an instrument of mediation of its physical structures and that of all the legislation which currently
(FLUSSER, 1986). The notion of apparatus employed here corresponds governs public education in Brazil. While such changes require lengthy
to the Foucauldian sense of the term clarified by Giorgio Agamben in debates with broad-based participation from society—not something
the text “What is an apparatus (dispositif)?”: a set of practices, knowl- that happens overnight—, something which incidentally should occur
edge, discourses and institutions with the specific function of governing, in a democracy, some changes in this direction are already under way.
that is, inscribed in the relations of power. The apparatus is the locus Since 2005, the History of Art course has been discussing curriculariz-
of a practice governed by discourses and mechanisms, a network that ing 10% of extension activities, and the Laboratories, especially Lab III,
establishes itself in this praxis and in which the subject acts, that is, it is focused on curatorship and mediation in art, are the axes around which
the locus of processes of subjectivation. However, as the Italian philos- the course will establish its projects and university extension events
opher warns, beyond the power of subjugation of modern apparatus, for the local community. Thus, the partnership between UNIFESP
contemporary apparatus such as the television set and the cell phone and Escola da Cidade, and the creation of a mobile apparatus on the
operate by the de-subjectivation of the subject. According to the author, Guarulhos Campus, are in line with the construction of a greater dia-
this makes it much more difficult to create counter-apparatuses, which logue between academia and the community, and with experimental
to a certain extent might free the subject’s body and gestures captured and participative forms of constructing knowledge.
by the apparatus (AGAMBEN, 2009, pp. 25-51).
Educational institutions can themselves be understood as appara-
tuses, in the broad Foucauldian sense, which encompasses their build- 1 A parallel can be drawn between the academic environment
ings and physical spaces, but also their set of propositions, norms and and exhibition spaces. In the latter, the public should remain
operations that ultimately define a determined outcome for their edu- prostrate before the works and be able to understand, often with
cational strategies. Instructional education should thus be foreseen in the aid of mediation and educational action, the discourse of the
the form and configuration of the apparatus created for this objective. artist, the art critic and the curator.
The main issue is the ability of the BaseMóvel on/of Guarulhos provides a structure or support for collective interaction, dialogue and
204 Campus to act as an alternative to conventional educational spaces,
205 creation. The actual configuration of the space depends on the work
Form Follows
making it possible to create new didactic-pedagogical practices related Mediation: of assembling and reassembling the parts, according to the physical
The BaseMóvel
to the subject of slave labor conditions in the contemporaneity. What and Public conditions available as well as the requirements of the activities to
Activities of
are some possible ways to convey the everyday experience related to the Counter- be performed. The implementation of this project not only continues
Conducts
working and living and moving around in the city? How is it possible to Project in the series initiated by Vitor Cesar but also countless other initiatives,
Guarulhos
intervene in this experience, at the same time individual and collective, idealized as alternative institutional instruments, whether previously
with the objective of producing critical awareness regarding working situated in the history of the new artistic avant-garde of the 1960s and
conditions, housing and mobility? How can forms of communication be ‘70s or linked to the contemporary phenomenon of mobile displays
created to disseminate and expand the reflections generated by these (PERAN, 2015, pp. 22-25). It is now up to the public to activate this
interventions in a relational context? Ultimately, concretely, how to counter-apparatus.
create a counter-apparatus?
A metallic structure in the shape of a parallelepiped, sectioned in
parts enclosed by plywood boards, was the initial form chosen by Vitor
Cesar in conjunction with other artists and architects participating in
the Counter-Conducts Project, along with professors and some of the
Lab III students. The structure, to be dismantled and reassembled in
different configurations, allows the public to use tables and bench-
es for workshops; platforms and stages for presentations, plays and
performances; a “lookout” for observing from a distance; a backrest for
more comfort, and so on. In this way, much like the configuration of a
construction site, it makes it possible to create workspaces, especially
for workshops and debates, the format chosen for some of the project’s
first public activities in Guarulhos. Unlike the traditional workplace
under the administration of a private company or the state, this space
is created collectively: artists, collectives, educators and the public can
share knowledge, practices, work methods and experiences, coming
together around activities such as drawing, engraving (on the plywood
boards themselves), textual or audiovisual production and others. The
structure of the counter-apparatus also includes a tent, stools and
connections for electronic video and audio devices. It adopts modern
apparatuses (the workstation) and postmodern ones (the digital meth-
ods of image and sound reproduction) inviting the public to intervene
in the urban space. Its mobility permits installation in plazas, schools,
art collectives, exhibition spaces and other public settings, generating
a locale for the formulation of multiple propositions where participants
can develop their own strategies, proposals, mechanisms and rules. In
this counter-apparatus, bodies and gestures, instead of being captured,
are liberated by the ungoverned practices of collective action in the
public sphere.
Contrary to conventional notions of design, the idea of the
BaseMóvel, according to Vitor Cesar, should not be understood as the
solution to a given problem; in other words, the format of the apparatus
does not correspond to a specific objective: its conception subverts the
well-known motto associated with architecture and modern design.
The form of the apparatus, in the case of Guarulhos, no longer follows
its exhibitory function, but turns its attention to mediation with the
public. Rather than conforming to the format of a gallery, display, cab-
inet or itinerant showcase, the BaseMóvel on/of Guarulhos Campus
206
Arquitetura
e trabalho
architecture
and labor
t
COLETIVO 308
209
Projeto Labor
210 211
Excerto do vídeo Projeto Labor pelo Excerpt from the film Labor Project by Excerto do vídeo Projeto Labor pelo Excerpt from the film Labor Project by
Coletivo 308 – depoimento de Gabriel Coletivo 308–statement by Gabriel Kelvin. Coletivo 308 – depoimento de Gabriel Coletivo 308–statement by Gabriel Kelvin.
Kelvin. “Em 2012, a GRU chegou para pegar “In 2012, the GRU arrived to take over the Kelvin. “Porque quem mora ao redor vai “Because whoever lives in the surroundings
a administração do aeroporto, e assim, com administration of the airport and with the continuar lidando com esses problemas, de will still have to deal with these problems;
a promessa de melhorar o funcionamento”. promise to improve how it works.” enchente, de falta de saneamento básico, the flooding, lack of basic sanitation, getting
problemas de transitar”. around.”
Excerto do vídeo Projeto Labor pelo Excerpt from the film Labor Project by Excerto do vídeo Projeto Labor pelo Excerpt from the film Labor Project by
Coletivo 308 – depoimento de Gabriel Coletivo 308–statement by Gabriel Kelvin. Coletivo 308 – depoimento de Gabriel Coletivo 308–statement by Gabriel Kelvin.
Kelvin. “Se já é difícil com o Estado, ainda “If it’s already difficult with the State, it will be Kelvin. “Mas eu tenho a certeza de que é “But I am sure that it’s one more construc-
mais dialogar com empresas com emprei- even more so when we have to talk with com- mais uma das obras de uma modernização tion project to modernize the airport and
teiras, construtoras, enfim”. panies, developers, contractors and so on.” do aeroporto que vai servir para quem é make it better for passengers.”
passageiro”.
214 215 O arquiteto
como trabalhador
Peggy Deamer
Excerto do vídeo Projeto Labor pelo Excerpt from the film Labor Project by
Coletivo 308 – depoimento de Franklin Coletivo 308–statement by Franklin Jones.
Jones. “Meu nome é Franklin, e moro no “My name is Franklin and I live off the
Presidente Dutra, e, como dá para perceber, Presidente Dutra highway; and, as you can
eu moro num bairro vizinho ao aeroporto”. see, I live in a neighborhood right next to
the airport.”
The following piece is the majority of the introduction I wrote for the ed-
ited book, The Architect as Worker: Immaterial Labor, the Creative Class,
and the Politics of Design, published in 2015 by Bloomsbury Press. It is
translated and republished here with thanks to Contracondutas for their
interest in this issue and Bloomsbury Press for their permission. Since
this was published in 2015, the conundrums that stimulated its writing
and the editing of the book have not diminished; indeed, as my research
goes farther into the nature of architectural labor, the construction of
“the profession,” and the myths that we architects maintain about our
“noble” discipline, the more I see the rhizomatic tentacles of capitalist
ideology doing its work on our oh-so-sensitive souls and our precarious
enterprise. The work on architectural work needs to continue.
In 1995, I watched a subcontractor plastering the room sofa house
my partner and I had designed. It was clear that he knew every cor-
ner of the house in a way we never would. Whose contribution mat-
tered more, his material labor of construction or our immaterial labor
of thinking, drawing and model-making? I also felt it clear that if the
owners ever gave up the house, they would not be able to sell it to just
anyone; they’d be forced to donate it to my partner and me, the only
ones who loved it as they did. (Yes, they have since sold it, and no, we
weren’t its recipients.) Which of us—designer, builder, owner—could
rightly say this house was “theirs,” I wondered? What value—emotional, entitled Building in the Future: Recasting Architectural Labor that Phil
224 monetary, social—could be placed on our particular role as designers?
225 Bernstein and I organized and edited. A grant from Yale University
The
Writing about detail in an article for Praxis a few years later Architect allowed me to interview engineers, metal and glass fabricators, steel
as
(DEAMER, 2000, p. 108-115), when computer- aided manufacturing Worker and aluminum factory workers, architects, and software developers to
and prefabrication became hot, the relationship between design, pro- determine their role in the current chain—or was it now a network?—
duction and ownership was a gain weighing on me. Who determines of design command. Besides confirmation of the thought that building
the design of the prefabricated house, the fabricators or the architect? work was no longer linearly handed down from architectural auteur,
And without a patron, could the architecture of prefabrication be com- to staff, to contractor, to subcontractor, the interviews indicated the
mission-free? In factory-based production, design not only could not be importance of new software supporting building information modeling
distinguished from construction, but the definition of “detail” expanded (BIM) and new contracts allowing Integrated Project Delivery (IPD),
from the joining of materials in an object to the joining of steps in the frameworks with the potential to change the old design/ construction
production process. Theoretically, I felt it was important to rescue the hierarchies for good.
appreciation of detail from the hands of the phenomenologists who too Beyond these explorations into the material and social na-
easily, it seemed to me, equated good design with the sentimental craft ture of architectural design, seminars I taught at Yale School of
attached to the handiwork of beautiful drawings, the traditional product Architecture—“Architecture and Capitalism” and “Architecture and
of architectural work.1 Not only did their conservative position reject Utopia”—continued the exploration of architectural work and, as a not-
digital production and paperless outputs (which just weren’t going too-subtle aside, responded to architectural theory’s pathetic avoid-
to go away), but it also kept design in the realm of the elite, since the ance of issues raised by 9/11 or the 2008 financial crisis. “Architecture
crafty, one-off buildings they so admired could never find an underpriv- and Capitalism” examined an alternate historiography of architecture
ileged, urban audience. Surely architectural work could move through that looked beyond the standard focus on formal, stylistic progression,
these procedural changes and still keep alive the flame of detail, craft, and attempted to link those changes to transformations in capitalism.
and quality design. Issues of labor are not always paramount in this history, but labor is
My article for Praxis in turn led to two“a-ha” moments. One was certainly an important ingredient. The book that this seminar research
reading, in Edward Ford’s Details of Modern Architecture, this quote: yielded, Architecture and Capitalism: 1845 to the Present (DEAMER,
2013) can be seen as the precursor to this more contemporary book.
Insofar as twentieth-century architects have concerned themselves with the Likewise, “Architecture and Utopia” (a more optimistic alternative to
social consequences of their work, they have focused on the way in which “Architecture and Capitalism”) examined societies with varying atti-
buildings affect the behavior of their occupants. Insofar as19 th century archi- tudes about work: societies like Robert Owen’s New Lanark made
tects concerned themselves with the social consequence of their work, they the work day short so pleasure and leisure could follow. Other so-
focused on the way in which buildings (and particularly their ornaments) cieties such as William Morris’s in News from Nowhere (MORRIS,
affect those who build them. There is perhaps no greater difference between 1890/2003) and Charles Fourier’s Phalanstère promoted work as
the architects of the 19 th century and those of the 20 th than that each group inherently creative and pleasurable. Marx’s utopian society freed the
was so indifferent to the social concerns of the other (FORD, 1990, p. 09). worker from the alienation imposed by capitalism—alienation from
one’s fellow workers via job competition, from one’s products by the
Why did we architects give up on the worker? And didn’t the present division of labor, and from oneself by the false needs of consump-
emphasis on the intricacies of environmental façades and material tion. These latter utopias not only offered a glimmering view of work
performativity invite a reconsideration of the fabricators’ essential role that many of us entering architecture thought we would experience
in design? In addition to this, the outsourcing of drafting, rendering, (designing is fun!), but indicated how work was integral to society in
and model-making to distant countries implied that even the craft of general: how one felt about one’s work and how it was assigned value
representation was not an intimate, office- based activity. Shouldn’t the formed the basis of social relationships.
larger family of building-makers—fabricators, factory workers, engi- While none of these utopian societies addressed architectural
neers, HVAC consultants, energy specialists, drafters—be consulted work per se, it became impossible to feel good about the architecture
about their creative, social, and monetary satisfaction? profession. It had become commonplace to see architecture graduates
The other such moment occurred during research initiated by the with $100,000 in debt begging for internships that paid little more
Praxis article that led to the symposium (2006) and eventual book than minimum wage, honored to be working 15 hour days, seven days a
week as a sign of their beingneeded; principals of firms working almost
exclusively for the rich, trying to prove that their meager fees weren’t
1 Marco Frascari, Alberto Perez-Gomez, David Leatherbarrow, paying for hubristic self-serving experiments; young architects hoping
Peter Carl, and Juhani Pallasmaa, for example. to move beyond bathroom renovations to possible suburban additions.
Things came to a head on two separate occasions during the last society—that it is savvy to limit aspirations to (mere) formal exploration.
226 three years. One was an architectural symposium where a young audi-
227 This has allowed many architects, Peter Eisenman primary among them,
The
ence member asked the panel what to expect from a career in archi- Architect to be pure formalists while claiming to be Tafurian/Marxist readers.
as
tecture, to which one prominent, intelligent speaker fervently answered, Worker Another neo-formalist group has analyzed the proposition that the au-
“Architecture isn’t a career, it is a calling!” What? How had we fallen into tonomy of architecture—its uniquely formal language—allows it to mirror
the same ideology that Christianity used to make the poor feel blessed the ethical void of capitalism. The nuanced work of this latter group,
for their poverty? How could architecture have become so completely exemplified most clearly by Kenneth Michael Hays, has been largely
deaf to the labor discourse that it could so unselfconsciously subscribe historical and focused on the effects and consumption of architecture.
to the honor of labor exploitation? Another group of thinkers, less interested in the formal or autonomous
A few months later I was part of a “Who Builds Your Architecture?” side of Tafuri than his critical stance regarding capitalism, are defenders
panel at the Vera List Center for Art and Politics at the New School in of criticality against those “post-critical theorists” who want to fully in-
New York. Organized by Kadambari Baxi and Mabel Wilson in collabora- dulge the advantages offered by capitalism’s new modes of production.2
tion with Human Rights Watch monitoring the labor abuse of indentured While sharing post-criticality’s rejection of Tafuri’s gloom and doom fa-
workers building projects in the Emirates, South Asia, and China, they talism, the anti-post-criticality group—Keller Easterling, Reinhold Martin,
hoped to initiate pressure on architects designing these buildings to in and Felicity Scott among them—redirect (if not reject) Tafurianism for
turn put pressure on their clients to monitor construction protocols. Not a global, slippery, non-monolithic capitalism whose contradictions and
a single architect working in these geographic areas would concede to mistakes offer opportunities for infiltration. And finally, Ken Frampton’s
participate in talks, sign a petition, or consider interfering in labor issues. work centering on critical regionalism moves the discourse away from
This response was in contrast to the many artists who refused to have Marxism proper toward Hannah Arendt’s humanist, phenomenological
their work shown at the Guggenheim Museum in Abu Dhabi, possibly social analysis. Frampton’s Labor, Work, and Architecture (2002), an
the most infamous of these questionable projects. How could artists, influential collection of polemical essays arguing for an “arrière-garde” re-
withless professional security, more easily identify with indentured work- sistant to technical optimization, is less an examination of labor and work
ers than did architects? How ironic that if architects thought they were per se than the types of spaces “good work” yields, but it still extends a
outside the work/labor discourse because what they did was art or de- critical look at how we architects have come to work.3
sign instead of “work” per se, that artists themselves didn’t abdicate the
social responsibility that accompanies the self-identification as a laborer.
In retrospect, I shouldn’t have been surprised. Critical theory has 2 These include, amongst others, Silvia Lavin, Bob Somol, Michael
embraced the field seemingly most distant from architecture’s eco- Speaks, and Sarah Whiting.
nomic engines—art— to prove the extensive realm of capitalist ideology. 3 Fredric Jameson, Hal Foster, and Richard Sennett are the non-
Art history and theory has examined the tense, historical relationship architectural cultural theorists who have left the most substantial
between art and politics. Having taught courses in Architectural impression on architecture. Fredric Jameson, in Postmodernism, or
Critical Theory, I was very aware of the fact that teaching architects the Cultural Logic of Late Capitalism (1990), and in “Architecture
about these issues mean treading the essays of art theorists and and the Critique of Ideology,” in Architecture, Criticism, and Ideology
hoping students could grasp the implications for architecture. (1996), addresses the possibility that architecture can thwart
A few examples in architecture theory have proved the exception, ideological complicity by pushing its utopian aspirations. Holding
most notably the work circling around the writings of Manfredo Tafuri, a Marxist position that avoids the fatalism of Tafuri, Jameson
the Marxist architecture historian who argued that there could be no expresses an architectural optimism lodged in postmodernism’s
socially beneficial architecture as long as there was no socialism. This fluidity of signification. Hal Foster—in his Dia publications such
intricately considered argument leaves little hope for architecture to be as Vision and Visuality (1998) and his October articles like “What
more than capitalism’s pawn, but it is singular in its reading of archi- is Neo about the Neo-Avant-Garde?” and more recently in his The
tecture as operating in a dialectical fashion with art as both struggle Art-Architecture Complex (2013)—has consistently addressed art
to adjust to the traps of industrial capitalism. The legacy of his writing in Frankfurt School-inspired terms broad enough to encapsulate
resides in one of two types of response, both of which we learn from: architecture, keeping alive the possibility of socially motivated,
architectural thinkers who defend their relevance within capitalism, critical architectural production even as he outlines the complex
either by leaving overt Marxism behind or by rereading architecture’s tentacles of capitalist cooption and socially motivated theory.
opportunities; or non-architecture, neo-Marxist theorists who occa- Richard Sennett has consistently addressed the particularities of
sionally extend their thinking to architecture. craft and work in architecture, especially in The Craftsman (2009).
One portion of the architectural response has capitalized on Tafuri’s Linking subjective works at is faction to larger economic issues, his
belief in architecture’s inability to be socially relevant in capitalist argument for the value of craft is exemplary if nostalgic.
Trabalho
These exceptions aid architecture’s social and cultural consciousness
228 and bring the terms of labor to an architect’s table. Tafuri’s declaration
229
e arquitetura
that architecture would resist relevance until the user/public controls
the means of production set in motion my own interest in digital fabrica-
no Brasil:
tion, the source of much of this book’s inquiry. Frampton’s reference to
Arendt’s distinction between work and labor—one that I here resist be-
de Brasília
cause it’s an unhelpful division when both are ignored by architects (but
which is astutely explored by other authors, especially Paolo Tombesi)—
aos mutirões
directs our attention to the ethos of making, as does Richard Sennett
in his The Craftsman (2008). Easterling, Martin, and Scott remind us
that capitalism’s historical particularityconstructs the boundaries of
production opportunities. Kenneth Michael Hays reminds us that archi-
tecture resides not merely in the base but in the superstructure; or, more Ícaro Vilaça
accurately, in his Althusserian outlook, dispenses with this distinction
altogether. However, all of these exceptions spin around an empty center
that still requires more focused attention, a center that examines archi-
tecture’s peculiar status of material embodiment produced by its imma-
terial work, work that is at once very personal and yet entirely social.
The chapters of The Architect as Worker are meant to fill that void.
While it might be missing both the Robin Evans of digital production
(“Architects don’t make drawings, they make drawings of buildings”)
and the Andrew Ross of architectural labor, 4 and while it might also
lack research on the specifics of contemporary architectural time-
based work (typing in commands; talking on the phone; searching
the internet; sketching on yellow trace; staring at a screen; attending
meetings, etcetera), the totality of the texts here in covert he essentials
embedded in the question of contemporary architectural labor:
creativity, autonomy, value and compensation, the connection to or divi-
sion of design (mental labor) from construction (material labor), labor’s Mais de 50 anos depois da inauguração de Brasília, as contradições
construction of subjectivity and that construction’s resultant effect on inerentes ao projeto desenvolvimentista continuam a se manifestar de
the public realm. maneira dramática, como demonstrado por notícias recentes como a
A clearly Marxist orientation runs through many of the texts (how morte de três trabalhadores no canteiro da Usina de Belo Monte (PA),
could it not, given the origin of the “immaterial labor” discussion in em 2015, e o flagrante de utilização de trabalho escravo na construção
Italian automatism, or given Tafuri’s critique of a profession that doesn’t do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), em 2013.
own its means of production?) while others emphasize architecture’s A permanência destas violentas condições de produção nos obri-
need to simply play capitalism better; others avoid an ideological posi- ga a olhar criticamente para os campos da arquitetura e do urbanis-
tion to describe the internal illogic of our current concept of architec- mo em busca dos nexos nem sempre evidentes entre as iniciativas
tural work. Some texts assume architecture’s essential creative nature de modernização do país e a violência dos canteiros. Com um breve
(that may be its escape from commodification or commodification’s panorama, tentaremos iluminar algumas questões relevantes a partir
particular partner), while others assume architecture’s essential social da crítica – articulada não a partir da teoria, mas de uma práxis trans-
obligation. Some blame and want to transform the profession, others formadora – às formas de produção do espaço hegemônicas por parte
blame a system that vastly transcends the profession. But as a totality, dos canteiros autogeridos pelos trabalhadores.
they form an outline of the issues implicated in architectural work.
O consenso em torno da arquitetura
moderna no Brasil
4 Robin Evans (1944–93) analyzed architectural drawings for both
evidence of social constructions of space and indication of the Enquanto no final dos anos 1950 já se decretava a falência dos
world-view of their authors (EVANS, 1997; 2000). Andrew Ross Congressos Internacionais de Arquitetura Modernas (os CIAMs), o
(1997; 2004) has analyzed, critiqued and historicized the labor Brasil vivia um momento de grande otimismo com as promessas da
practices producing contemporary fashion.
arquitetura e do urbanismo. Brasília estava sendo construída, e a des- Modernização conservadora
230 crença ou resistência de alguns setores do país em relação à constru-
231 e modernismo
Trabalho
ção da nova capital era enfrentada por Juscelino Kubitschek por meio e
arquitetura
de uma vigorosa campanha de divulgação, que incluía a realização de no Tema controverso e cheio de nuances, a relação da arquitetura e do
Brasil:
exposições de maquetes, palestras e conferências sobre os projetos de urbanismo modernos com o regime militar constitui um assunto
Brasília
para a cidade, uma intensa cobertura do andamento dos trabalhos aos complexo e que ainda carece de estudos mais aprofundados. Para o
mutirões
de construção iniciados em 1956 e uma agenda de visitas ilustres panorama que estamos traçando aqui, é suficiente considerar que, em
aos canteiros de obras – que incluiu nomes como Dwight Eisenhower termos gerais, o regime militar brasileiro jamais se opôs à continui-
(então presidente dos Estados Unidos), Fidel Castro, André Malraux e dade do movimento moderno – pelo contrário, ao longo da segunda
Mies van der Rohe. metade dos anos 1960 e durante toda a década de 1970, num con-
Nesse contexto de entusiasmo com o movimento moderno, o texto de grandes investimentos na infraestrutura e na indústria, os
intenso debate ocorrido no âmbito internacional ao longo dos anos arquitetos modernos foram convocados a colaborar ativamente com a
1960 – centrado principalmente na crítica à produção de soluções em modernização do país.
massa, à alienação promovida pelos processos construtivos e à sepa- Houve, entretanto, perseguição contra alguns profissionais
ração radical entre projeto, construção e uso – passou praticamente claramente identificados com a esquerda – mais ou menos velada a
despercebido no Brasil. Houve, no entanto, pelo menos três exceções depender do caso. Niemeyer, por exemplo, optou pelo exílio na França
que merecem ser destacadas: Cajueiro Seco, em Recife (1960-1964), e se poupou de maiores represálias do regime. Trajetória oposta seria
Esplanada dos
possivelmente uma das primeiras “experiências participativas” no âm- Ministérios vivida pelo arquiteto João Vilanova Artigas, que passou por diversas
bito da arquitetura e do urbanismo a ser realizada no país; a pioneira em construção. situações delicadas por conta de suas conhecidas convicções políticas
Fonte:
urbanização da favela de Brás de Pina (1964-1971), no Rio de Janeiro, Arquivo e pela militância no Partido Comunista. Mesmo tendo vivido mui-
realizada pelo antropoteto Carlos Nelson Ferreira dos Santos; e as Público do tos reveses com o regime, Artigas aceitou diversas encomendas do
Distrito
experiências do grupo Arquitetura Nova (realizadas entre o final dos Federal. Estado, tendo projetado dezenas de equipamentos públicos e conjun-
anos 1960 e início dos anos 1980), que buscaram repensar radical- tos habitacionais durante o regime militar.
Esplanada dos
mente o canteiro de obras.1 Ministérios Entre esses projetos, um nos interessa particularmente: o
Embora significativas, nenhuma dessas experiências poderia ir under Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos
construction.
muito longe num contexto tão adverso como o da Ditadura Militar bra- Source:
(SP), encomendado em 1967 pela Caixa Estadual de Casas para o
sileira, absolutamente desfavorável para questionamentos a respeito Public Povo (Cecap), uma autarquia existente no Estado de São Paulo. O
Archives of
das formas de produção ou mesmo em relação ao papel “autoritário” the Federal
projeto, desenvolvido em parceria com os arquitetos Paulo Mendes
dos arquitetos – mote da crítica antimoderna dos anos 1960. A expe- District. da Rocha e Fábio Penteado, foi inicialmente pensado para abrigar
riência de Cajueiro Seco foi encerrada logo depois do golpe, enquanto
os arquitetos do grupo Arquitetura Nova conheceram a pior face do
regime, tendo sido presos e torturados.
in Brazil:
de mulheres que superaram a opressão doméstica (em alguns casos, a
violência doméstica) e acabaram se tornando lideranças de seus muti-
from Brasília to
rões, e mesmo dos movimentos populares de luta por moradia.
Mais de 20 anos depois da gestão Erundina – sucedida por gover-
communal actions
nos conservadores que enterraram a política municipal de habitação
baseada no estímulo e apoio à produção autogestionária –, embora
haja um reconhecimento tácito do esgotamento do projeto de uni-
versalização da provisão habitacional por meio dos mutirões, não são
poucos os arquitetos e intelectuais que saem em defesa da continui- Ícaro Vilaça
dade dessas experiências, seja pela politização dos trabalhadores
(OLIVEIRA, 2006, p. 234) e dos próprios arquitetos (ALMEIDA, 2006,
p. 226-227); seja pelas inovações técnicas experimentadas nos cantei-
ros autogeridos.
A despeito das enormes entraves colocados pela atual conjuntu-
ra, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1, está prestes
a inaugurar uma das mais importantes experiências autogestioná-
rias em curso no país: os Mutirões Florestan Fernandes e José Maria
Amaral (Cidade Tiradentes, São Paulo/SP) que, juntos, somam quase
400 unidades habitacionais.5 A qualidade do projeto – desenvolvido
de forma participativa pela assessoria técnica Ambiente Arquitetura
junto aos futuros moradores – e do canteiro – autogerido com o apoio
de ex-mutirantes que integram os quadros do Movimento Sem Terra
Leste 1 – provam o quanto a organização dos trabalhadores no campo
da produção habitacional pode ser exitosa.
engenheiro
fabricante
como se um plano de negócio e um cliente fossem as únicas preocu-
ativista
relator
pações a serem consideradas. Provavelmente, isso ocorre porque a
local
arquitetura foi profissionalizada em torno de um conjunto de conheci-
mentos equivocados – conjunto de conhecimentos como engenharia
Ajustes posteriores à
O Plano de Trabalho define o cenário para a realização do projeto
conclusão da obra
Resumo do projeto
arquitetônico e da edificação como um processo ordenado, linear e
Ação de Concurso
Projeto técnico
tecnocrático, com um começo e um fim rigorosos, simplificando e
Mobilização
desmerecendo aquilo que, na verdade, é um processo rico, sistêmico,
Avaliação
Conceito
da obra
e socialmente engajado, repleto de impasses, retornos e entroncamen-
tos produtivos. Assim como quando o arquiteto desenha uma mem-
brana à prova de umidade no papel vegetal, somos completamente in-
A
B
C
D
E
F
G
H
J
K
L
capazes de compreender a rigidez, a granulosidade, as dobras difíceis Preparação Projeto Pré-construção Construção Uso
político
artesão
artista
empresário
manufatura dos espaços e lugares.
Criticar o Plano de Trabalho do RIBA nos permite estruturar
questões sobre outras formas de descrever o processo de fatura dos
espaços. Dele surge uma série de subtramas sobre o que realmente
é produzido e criado na chamada transação de serviço, para além, ou
ao contrário da edificação. Esses outros resultados produtivos podem
ser capturados pelo pensamento, ao se nominar uma série de “papéis”
alternativos (Imagem 1). Trata-se de papéis que nos são mais natu-
ralmente apropriados enquanto atores responsáveis pelo ambiente
construído, os quais se referem à diversidade e amplitude de como
nos comportamos como praticantes, usuários e construtores, e os
agenciamentos alternativos que realizamos.
Por meio de todas as narrativas e comportamentos individuais
em nossas práticas de arquitetura, é possível ver esses outros papéis
surgindo pelas fendas do Plano de Trabalho do RIBA. Esses papéis
geralmente descrevem como “agimos” para além do que é produzido
e, portanto, são papéis primordialmente que dizem respeito ao agen-
ciamento da arquitetura.
de projetar
tion—often leads to a re-conceptualizing of the project and a rewriting
of the brief. (Images 3-4) This moves far beyond identifying a client’s
e construir
business case, and involves investing in an ethical engagement in the
community of the project—from who will use it to who will make it.
In this way, spatial production can’t be understood as one linear
process, but as a conglomeration of socio-spatial practices which over
time generate the particular spatial quality of the project, including dif- Anália Maria Marinho
ferent levels of randomness and intentionality. The space is produced de Carvalho Amorim
collectively but not necessarily communally, and includes different
notions of authorship and ownership. As Katrin Bohm states “The
question of who is building what becomes critical when we assess
these practices and their spatial capacities in regards to current forms
of conventional spatial production…” (BOHM, 2009, p. 11).
Re-conceptualizing this territory via diagrams of roles and actors
allows for ways of behaving that open up the terrain to possibilities
beyond the norm. Crossing the boundaries of roles “conceptually” in
projects, are open ended questions about who makes the project, and
where the expertise lies. And finally, as an architectural educator, what
is absolutely critical about education for spatial practitioners it that it
remains open to these fundamentally multiple and disparate practices
which offer slippages between the official, and the unofficial, the reg-
ulatory and the illegal, the planned and the informal, often negotiating
their own form as they go. In the light of contemporary threats to de-
mocracy, these spatial practices are domains where we must encour-
age students to mobilize and ask difficult questions about who actually
makes the project, anyway?
Projetar um edifício consiste em dialogar com a forma, com os dese-
jos de uso e fruição de uma sociedade, com o estado de conhecimen-
to técnico e científico do seu tempo, com o ambiente que envolverá
o edifício nas suas interfaces biológicas, físicas e químicas, com a
disponibilidade de matéria construtiva, com o preço que cada decisão
espacial significará a quem o paga e, por fim, mas não menos impor-
tante, com o perfil de mão de obra que realizará o ato de construir.
Essas operações estão presentes e sintetizam boa parte da função
social do arquiteto.
O projeto também depende, para sua realização, da existência de
vontades políticas, sociais e econômicas, e só se realiza, sem sobres-
saltos financeiros e técnicos, quando é verificado frente aos conheci-
mentos técnico e científico, e responde às compatibilizações de todos
os conhecimentos ali inseridos. Construir um edifício consiste em
defender o seu projeto, idealizado e quantificado, diante dos vários
atores da sociedade.
O projeto é uma peça básica para qualquer ato consciente de
transformação. Embora projetar e construir digam respeito a um
mesmo objeto – o edifício –, este texto se dedicará a revelar algumas
lacunas que surgem quando o processo de construção se antecipa ao
ato de projetar. O ato de projetar edifícios como hospitais, calçadas,
portos, estradas, escolas, conjuntos residenciais, praças..., por mais como a transparência no ato de construir, devem ser uma questão
264 que potencialmente causem transformações sociais e econômicas,
265 a ser observada e cobrada. Tais obras e providências devem fazer
Sobre
que requeiram conhecimentos estabelecidos e a se estabelecer, que o ato parte de um plano apartidário de desenvolvimento, a ser implantado
de
participem da pauta de reivindicações das cidades, não significam projetar independentemente de gestões políticas. O atrelamento dos projetos
e construir
mais do que 1% do valor econômico de cada obra construída. O valor de obras públicas ao tempo dos mandatos de vereadores, prefeitos e
econômico da obra, por sua vez, pode ser previsto, com alguma presidentes tem nos levado a adotar outra lógica de execução de obra,
margem de reajuste, por meio do projeto completo do edifício, o qual baseada na urgência. Passou-se a executar edifícios, antes da finaliza-
inclui o planejamento de sua construção. É no projeto completo do ção do seu projeto completo ou, com frequência, esta urgência política
edifício, a que se tem atualmente nomeado de projeto executivo, em exige que se complete o projeto antes do tempo adequado para sua
que as resoluções arquitetônicas devem estar coerentes com os proje- correta investigação, pesquisa e desenvolvimento.
tos de estrutura, de fundação, paisagístico, luminotécnico, de conforto Além disso, outro fato deve ser destacado: o arquiteto – autor do
térmico e acústico, com o projeto de instalações hidráulicas, elétricas, projeto e potencial conhecedor do todo – foi afastado não apenas do
eletrônicas, de ventilação artificial e natural, de combate a incêndios, canteiro de obra, mas do desenvolvimento do projeto executivo, que
de segurança... E a recíproca também é verdadeira: os diversos proje- foi entregue às construtoras e gerenciadoras a partir da implantação
tos são feitos e verificados a fim de se compatibilizarem com o projeto da Lei nº 8666/93. Adotou-se, desde então, a figura da gerenciadora
arquitetônico, do qual emanam as decisões de conformação e obra de projetos – que faz o papel de compatibilizar e adaptar os projetos
das várias instâncias. às pressões do mercado, do tempo e do cenário político e financeiro
Esta importante peça – o projeto completo do edifício – também –, que vai levando a construção de acordo com o projeto gerado em
responde às exigências dos órgãos oficiais de aprovação do município, obra, diante das pressões dos fornecedores de materiais construtivos,
do Estado e da federação. Ele contém o memorial descritivo da pro- das urgências ditadas pelas inaugurações, lutando, várias vezes, com
posta, a especificação dos materiais construtivos e dos equipamentos, as aprovações dos órgãos competentes. Trata-se de duas instâncias
respondendo-lhes às suas normas de fabricação, uso e obsolescên- por vezes unificadas, as quais não conceberam o projeto e que agem
cia, prevê a atuação das frentes de trabalho e mão de obra, elabora como capatazes, cobrando prazos e delegando tarefas sem participar
planilhas de custo e cronogramas de desembolso. Uma vez pronto, dos trabalhos de criação e verificação da ideia. Assim sendo, quem
o projeto completo do edifício passa a ser o roteiro de execução e a idealiza e cria o projeto, o arquiteto, já não detém a prerrogativa de sua
matriz de controle dos gastos. profissão, que é a de conceber o todo, organizando e compatibilizando
Que se enfatize, mais uma vez, que todo este conhecimento aqui o conhecimento ali envolvido. O projeto, assim, gerado e mal concebi-
produzido e explicitado em forma de um projeto completo do edifício, do, passa a ser uma peça sem autoria e sem roteiro transparente.
não significa mais que 1% do valor econômico de cada obra construí- Esse modus operandi, adotado em muitas das grandes obras na-
da. Há, entretanto, fatores que interferem na estimativa correta do cionais, a que se denominou de Design and Build, chega ao Brasil por
valor da obra: negociatas de interesses alheios ao ato de projetar e meio do modelo estadunidense na década de 1980, quando o Estado
construir; pouco ou nenhum investimento nas sondagens que res- brasileiro perdeu seus quadros técnicos dentro dos seus órgãos
paldam as resoluções técnicas; pouco investimento econômico na públicos de projeto e obra. É nesse momento que surge a figura das
compatibilização de todas as peças que compõem o projeto executivo; gerenciadoras. Essa forma de proceder também é conhecida como
atrelamento do ato de construir a pré-existências de comissões e re- fast-track, um método de trabalho que aumenta o risco de os projetos
servas técnicas oferecidas por fornecedores e fabricantes de materiais passarem a ser compostos por conhecimentos incompatíveis entre si,
e de técnicas construtivas, entre outros. tornando-se peças pouco detalhadas e pouco fiscalizáveis.
Em resumo, se a fase da elaboração dos projetos de concepção Fato é que o Estado, sem o seu corpo técnico, deixa de ser capaz
é incompleta ou deturpada na sua coerência técnica e ética, o valor de entender as especificidades técnicas e econômicas das obras que
econômico da obra passa a ser uma incógnita e, na maioria das vezes, ele próprio contrata, passando a depender totalmente de técnicos
passa a assumir uma proporção significantemente maior do que o privados e externos. Somado a este desmonte do corpo técnico do
valor estimado da obra pelo projeto. Além deste fato, tais condutas Estado, que se acentua na crise brasileira da década de 1980 e per-
nublam a transparência na demonstração dos gastos geram planilhas dura até hoje, segue-se o desmonte das próprias construtoras, após a
imprecisas e comprometem a qualidade técnica e estética do trabalho crise que se instala a partir de 2014, com a Operação Lava Jato, quan-
executado, maximizam o valor econômico, e geralmente comprome- do as construtoras passam a responder processos jurídicos que as
tem a previsão dos custos de manutenção futura do edifício. impedem de ser contratadas por órgãos públicos, fazendo-lhes perder
Quando se trata de construções de interesse público – como sua posição de executoras de obra para as construtoras internacionais,
equipamentos, infraestruturas, habitações em grande quantidade –, que vêm se instalando gradativamente no país e tomando seu lugar.
a previsão de gastos a serem assumidos pelo erário público, assim Um dos agravantes ainda não completamente mensurados desta
situação, vale ressaltar, é a consequência da insipiência dos técnicos realizados em pré-moldados, fabricados integralmente no Centro de
266 estrangeiros – norte-americanos, asiáticos e europeus – no que diz
267 Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), fábrica de pré-fabricados montada
Sobre
respeito à cultura brasileira,aos conhecimentos técnicos de um país o ato sob idealização e execução do mesmo arquiteto. O CTRS respondeu
de
de solos tropicais, de climas continentais e diversos. projetar pela construção, e atualmente responde pela manutenção das obras
e construir
Neste cenário, a chance de estudar e ensinar o tema “Sobre o ato por ele executadas.O diferencial mais significativo no método desen-
de projetar e construir” para estudantes de graduação em Arquitetura volvido por João Filgueiras Lima é que todo o processo construtivo
surge por ocasião de um convênio entre o Ministério Público do está contemplado desde os primeiros esboços:as formas concebidas
Trabalho de Guarulhos e a Associação Escola da Cidade (entidade de obedecem a sistemas modulares que regem a especificação das
ensino, pesquisa e extensão, privada sem finalidades de lucro, e de peças, sua quantificação, a razão de sua produção em série, seu peso
interesse público), o qual propõe que a Associação, por meio de seus e, por consequência, como elas serão armazenadas na fábrica, como
corpos docente e discente, juntamente com a sociedade, pensem serão condicionadas e transportadas para a obra, como (e se) serão
maneiras de empregar parte da verba proveniente dos Termos de armazenadas no canteiro e quais os equipamentos e operações serão
Ajustamento de Conduta (TAC), fazendo deste dispositivo uma medida necessários para sua instalação. O ser humano sempre foi um ele-
que possa vir a conter uma ação educativa.Essa ação se desdobrou em mento primordial no encaminhamento de seus projetos. O tipo de edi-
várias frentes de estudos e expressões, e uma delas foi a seleção de fício, a qualidade e quantidade da mão de obra influenciaram o peso
quatro estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola da das peças e a forma de montagem dos espaços idealizados, tanto nas
Cidade que se interessavam em analisar tópicos ligados à construção várias fábricas de pré-fabricados que Filgueiras Lima implantou ao
civil e à condição do trabalhador braçal em obras públicas, e como longo de sua vida, como em cada canteiro de obra por ele vivido. Se
esses fatos se refletiam na produção do projeto arquitetônico e urbano. os prédios tivessem que ser montados com o auxílio de guindaste ou
O Termo de Ajustamento de Conduta em questão dizia respeito à máquinas similares, o projeto e a lógica construtiva seguiam por um
penalidade que a construtora OAS sofrera em setembro de 2013, por caminho; se tivessem que ser montadas pelo ser humano, o desenho
haver sido flagrada utilizando-se de operários desempenhando tarefas da peça seguia outro, que privilegiava o menor peso, dimensão das
análogas a trabalho escravo em sua obra do Terminal 3 do Aeroporto partes e determinação do módulo espacial e construtivo. Sua equi-
Internacional de São Paulo, em Guarulhos. pe era formada por todos os profissionais envolvidos na concepção,
No presente trabalho, procurou-se analisar projeto e obra do fabricação e montagem dos edifícios, e para que esta organização
Terminal 3 e compará-los com os do Centro Internacional Sarah de se desse, era necessário que todos os funcionários tivessem ciência
Neurorreabilitação e Neurociência do Rio de Janeiro, obra igualmente da maior quantidade possível de operações, e uma formação técnica
pública e construída pelo Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS). e profissional. O CTRS, assim como o canteiro de obra, funcionava
A pesquisa, que teve nove meses de duração (de maio de 2016 a como uma escola de aperfeiçoamento técnico no que diz respeito à
janeiro de 2017), dedicou-se ao estudo comparativo entre os dois pro- arquitetura e à construção civil.
jetos arquitetônicos – no que diz respeito à concepção tecnológica e Ao longo de sua carreira, as obras de João Filgueiras Lima podem
à ligação entre esta e a execução de cada um dos edifícios – e os dois ser vistas como um constante aperfeiçoamento de formas, respostas
canteiros de obra. Trata-se de dois edifícios públicos (um aeroporto e estruturais, térmicas, acústicas, processos construtivos, processos
um hospital), a escolha dos objetos devendo-se, antes, às diferenças produtivos, otimizações logísticas, nas quais o ser humano é parte
percebidas entre ambas. integrante do raciocínio criativo.
No Centro Internacional Sarah de Neurorreabilitação e Vinte e dois estudantes do curso de arquitetura da Escola da
Neurociência do Rio de Janeiro, o autor do projeto completo do edifí- Cidade fizeram seu curso de férias, ao longo dos anos de 2005 a
cio – o arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) – foi o responsável pela 2009, no Centro de Tecnologia da Rede Sarah, em Salvador, redese-
completude de sua execução, sendo seu coordenador técnico. A equi- nhado formas de peças em argamassa armada, estudando os projetos,
pe que participou do projeto acompanhou a obra e respondeu pelas acompanhando obras, conversando com o arquiteto, os engenheiros,
ações técnicas e construtivas.1 O hospital possui 52.000 m2 de obra, os mestres dos vários setores de produção, os desenhistas, os maque-
tistas. E miniciações científicas que tive a chance de orientar entre
fornecedor
concepção
Negotiation
Negotiation
Negociação
Negociação
Conception
montagem aç ão
s t at on
Con ir m ati
Assembly Con
f
Supplier
consultoria
fornecedor
Consultancy
Negociação
Negotiation
Negotiation
Negociação
Negociação
Negotiation
fornecedor
Negociação Re
Negotiation Res soluç
consultoria fornecedor ol u ã o
tio
n
OBRA
Supplier
Negociação
Re
Negotiation Res soluç consultoria
fornecedor ol u ã o
Consultancy Construction tio
n
Negociação
Site Re
Res soluç
Negotiation
concepção fornecedor ol u ã o
consultoria
tio
Conception Negociação
n
Re
Res soluç
Negotiation
ti o
Ve spe
fornecedor consultoria
ec ç ã
on
In
ol u ã o
rifi cti
sp c a
tio
n
c a on
In ri fi
çã
Re
Ve
o
ol u ã o
tio
n
OBRA Re
Res soluç
ol u ã o
consultoria
tio
Construction n
2 Construction: OAS; foundations, structure, drainage, paving, prefabricated structures: Kingstone/T&A/CPI Engineering/
architecture, and installations: ENGECORPS/TYPSA Group; Ibre/Lajeal; metallic structures: CPC/Brafer/Tibre; glasswork:
viaduct: Enescil; parking garage: GTP Projects; waterproofing Glassec; coating: Portinari/Eliane/Portobello; air-conditioning:
consulting: Proassp; acoustics consulting: Akkerman Acoustic Heating Cooling; luggage system: Vanderlande; conveyor belts:
Projects; granite consulting: Lithotec; masonry consulting: ThyssenKrupp; elevators: Otis; skylights: Exuvent; roofing: Bemo;
Consultest; fire prevention consulting and installation: Henre/ drainage chutes: Ulma; waterproofing: ITS/Radcon: automatic
Techsteel; façade project: Crescêncio Petriccu/QMD Consulting; doors: Dorma; aluminum profiles: Alcoa/Olgacolor/CDA;
metallic structure project: Tal Projecto (SP Project)/WRS/ aluminum composite panels: Alucomaxx/Projeto Alumínio; heat
NSG/Kurkdjian & Fruchtengarten Associate Engineers; insulating panels: Isoeste; façade casements: Consórcio Italux.
Ironically, the urgency generated an excessive amount of drawings functionally illiterate, and a significant portion of this large contingent of
292 for the execution of the construction works. According to the architect,
293 laborers drifts throughout national territory in search of work. Lacking
On Design and
nearly 6000 presentation boards were produced. This large number of Construction qualifications, they are assimilated into construction work as grunts,
boards precluded the understanding of relevant information by all the carrying bags of sand, cement and refuse, and acquiring experience in a
individuals responsible for the various work fronts, and many designs context that invests little or nothing at all in their training as a qualified
were not followed. workforce, not even enough to enable them to carry out basic tasks, such
There was also an excessive use of coating. Most coating was as knowing how to build with level, plumb, and square.
made out of aluminum, in smooth or perforated plates, covering the Properly trained, such workers would be able to discern quanti-
walls like panels, pillars like envelopes and slabs like upholstery, not ties and qualifications of building materials, to read the drawings that
adhering to the concept of energetic balance, which proposes the use integrate the complete project, to build an angle that is not necessarily
of aluminum as coating and not as a possible structure (in the case of straight and to build a curve, to sort out drainage both technically and
framing and furniture). The excessive application of coating indicates in execution, to provide surfaces with tightness, to identify thermal
a certain laxity in the finishing of the work, in that the imperfections bridges, to envisage operations before executing them, to reduce
would be covered up by coating. waste and so forth. Such workers would also be capable of grasp-
Except for workers who operated machinery, the construction site ing the conduct of the building materials, of respecting their curing
for Terminal 3 counted on unqualified manpower, a fact that had a time, of mastering know-how, and, furthermore, of understanding the
negative effect on the building project. Almeida stated that, at times, reason for each building operation. The transformation of this poten-
modern and agile building solutions could not be employed due to the tial army of builders into qualified construction craftsmen would fuel
excess of manpower. Care was taken to not to leave workers idle out not only the execution of buildings that employ the most advanced
of fear that this might elicit labor demands and delays in the overall and industrialized techniques, but also of buildings that rely on more
timeline (ALMEIDA, 2016). traditional techniques.
The tight schedule led the developer to outsource to various firms It’s not hard to train this workforce. Though construction has its
specialized in hydraulics, electricity, air-conditioning and case- own specific knowledge, it does not, with rare exceptions, go beyond
ments, as well as different work teams. Fine-tuning all participants, basic arithmetic and Euclidian geometry, experimental chemistry and
who had not worked together previously, was one of the challenges the chemistry spelled out in the instructions that come with building
faced by the supervisor of the construction. Further compromising materials, as well as basic statics and mechanics. And, when it comes
quality control at the building site, the contract signed by ANAC to qualifying this same workforce vis-à-vis the logic of industrialization,
and ENGECORPS was restricted to the production of the project. training is even easier, since the reading of the parts and of the whole is
Although the latter did set up a project unit at the work site—so that more immediate.
parts not wholly projected or those that underwent alteration during Work related to the expansion of Guarulhos International Airport
construction could be duly designed or redesigned, thus avoiding counted on 4,500 laborers. This large number of workers, however, did
an even larger number of errors—, ENGECORPS was unable to not speed up the construction process, as one might expect, due to the
assume the technical oversight of the construction, a responsibility difficulty in coordinating this contingent, one that required constant
which then fell to OAS. As such, several architectural details were supervision, given their reduced technical training. A non-qualified
not performed, and many alterations regarding connections between workforce generates droves of overseers, who increase the personnel
building parts, final touches and material specifications were intro- expenses while not actively taking part in the actual construction. Well-
duced by the developer without the architect’s approval. Some of trained workers are accountable for what they do, so much so that the
these alterations, incidentally, have caused and will cause problems in construction of the Sarah International Center for Neurorehabilitation
performance and maintenance. and Neuroscience of Rio de Janeiro employed only 500 laborers, in-
A lack of overall perspective, both on the part of laborers and of cluding plant and building site teams.
outsourced firms, required extra care on the part of the developer and At Terminal 3, mathematically, each worker would have been re-
the architect, who, in this exceptional case, was able to accompany the sponsible for 43m2 of constructed space. If this same calculation were
construction process. to be applied to the construction of the Sarah International Center for
One of the most important factors in the construction of a build- Neurorehabilitation and Neuroscience of Rio de Janeiro, there would
ing concerns the number of workers needed to execute it, and, here, have been a demand for 2,236 workers at the building site to construct
we should provide some context on what it means to work on con- its 52,000 m2 . Instead, the CTRS used only 500 strong, adequately
struction in Brazil. trained and committed workers. Another issue is that the precasting
Roughly eight million Brazilians, that is, nearly 10% of the country’s system adopted at Terminal 3 did not enable an expedited building logic,
workforce, are construction workers. The majority of these workers are since the 9 x 9 modulation employed made it impossible to use beams
and slabs available in the market. This information in and of itself should all in the same institution. Therefore, except in the advent of external
294 have altered the conception of the architectural project.
295 oversight, errors were unlikely to be eliminated, and the exploitation of
On Design and
The total number of drawings (as many as 6,000 boards, which Construction labor was just as unlikely to be suppressed.
had to be created in Spain and sent to Brazil for printing) is proof that a Uniting a group of students to take a look at the behind-the-scenes
straightforward and easily-assembled construction system was not de- goings-on in construction which might someday become their own
vised. A plan characterized by modular repetition, as was the case with architectural project was the greatest challenge in this journey. The
Terminal 3, contained a number of exceptions in structural connections comparison between a construction project penalized by the Public
between parts that probably would not have been necessary had the Ministry for subjecting workers to slave labor conditions with a con-
construction system been previously developed, verified and refined. struction project in which human beings were the focus throughout the
Part of the work of this research project was to read about 200 entire production chain, from the earliest sketches all the way down
presentation boards, kindly made available by Andrei Almeida with to the maintenance of the end product, having a technical, social, and
OAS’s authorization. It’s interesting to note that quota notations, at economic framework to provide parameters, intends to point to the
times, did not facilitate the execution 0of the work at hand; a simple example as the greatest pedagogical asset.
example might explain some of the problems faced at the building site. In addition to the learning experience inherent in the study of both
The installation of a lining under a slab was quoted from the floor up to construction projects, one outcome of the aforementioned comparison
the lining. Yet, whoever was tasked with installing the lining would have is a conclusion hinted at throughout this article: the factories set up by
been much closer to the slab, and an easier quota would be one that architect João Filgueiras Lima already practiced fast-track construction!
measured the distance between the bottom side of the slab and the Lima would already start working on construction before all the projects
lining. This sort of mistake, among others, demonstrated the extent to had been concluded and made compatible. This was due to the fact that
which project designers lacked insight due to the distance between the the whole construction system had already been devised and verified in
project and the actual construction. direct and reciprocal relation to spatial projects and their variations, be-
To further extend the comparison, the Sarah International Center for cause there was a plant in charge of making prototypes whose propos-
Neurorehabilitation and Neuroscience of Rio de Janeiro was entirely built als were confirmed and refined at the work site, and because the spatial
with 400 boards printed in A1 size paper. Drawings sent over to the work conception was already backed up by the building capacity.
site had assembly diagrams and tables of parts control attached. There is no point in importing systems like fast-tracking that are
In terms of the use of manpower per square meter of construct- meant to speed up the construction process if we don’t have the
ed space, by once again adopting a mathematical hypothesis, it’s necessary competence to carry out conception and execution in a
possible to relate the amount of square meters built to the number of synchronized fashion. The study merely confirms that we can no longer
boards drawn. At Terminal 3, the ratio is 32 m2 per plate. At the Sarah ignore or, worse still, neglect the technical and civilizing experience
International Center for Neurorehabilitation and Neuroscience of Rio de that the Sarah Network Technology Center represents, lest we trivialize
Janeiro, the ratio is 130 m2 per plate (the same proportion at Terminal the recurrence of cases in which human rights are violated, not only in
3 would require 1625 plates for the executive project of the Center, as construction but in many other sectors of society.
opposed to the 400 plates actually generated and used). The research presented here suggests to the Public Ministry that
With a more precise organization of design, production and con- one of the best applications of the funds derived from the Term of
struction, it is feasible to meet shorter deadlines. But without this sort Adjustment of Conduct is the concentration of efforts for technical and
of organization, the construction work will result in human, technical human training in our young people and in the technical and human
and cost-based failures even when utilizing modern materials and improvement of our construction workforce.
building techniques.
Normally, working in the face of urgency is a floodgate for ineffi-
ciency, over-billing and the adoption of a workforce that is unappreci-
ated and subject to conditions analogous to slave work, which leads to
flagrant violations like the 111 OAS workers found in slave labor con-
ditions in September of 2013—something often seen on large-scale
construction projects in Brazil.
Another detail that pertains to OAS is worth mentioning: the
company is part of the conglomerate that manages the airport. In other
words, OAS is also the client. The company was simultaneously com-
missioned by the state to build and to manage, and it went on to com-
mission itself to oversee its own work—client, developer and overseer
296 297 Arquitetura, imagem
e (des)construção
Mariana Boghosian Al Assal
and (de)construction
nhos possíveis e fundamentais para ultrapassarmos a discussão das
conexões entre a arquitetura contemporânea de ponta e os sistemas
de exploração do trabalho em termos menos ideológicos, e que pos-
sam contribuir de maneira mais efetiva para seu enfrentamento.16
Mariana Boghosian Al Assal
Consultor
de mecânica
Agência de Subempreiteiro
Gerente
recrutamento do
de obra
país anfitrião
Consultor
de estrutura
Empreiteiro
geral
Agência de
recrutamento do
país de envio
Intermediários
On the typical construction site for a large-scale architectural project,
Subempreiteiro Subempreiteiro Subempreiteiro
(de produção) (Materiais) (Fabricantes) labor is performed on a divided field and structured by a series of con-
tractual relationships. The roles can include the Design Architect, the
Architect of Record, the Construction Manager, and various subcon-
tractors, including those responsible for specific materials and con-
struction processes (such as curtain wall and glazing subcontractors,
structural steel subcontractors, concrete work subcontractors, and
electrical work subcontractors). Beyond being hired for the ability to do
Trabalhadores specialized work, subcontractors are increasingly responsible for the
Migrantes Trabalhadores Agentes de day-to-day conditions that structure the lives of construction workers
migrantes empréstimos
for much of the time they are away from the construction site.
On some of the most visible architectural projects being built
around the globe today, subcontractors procure and maintain con-
struction workers’ housing, which includes subcontracting for food
preparation and service for workers. They also ensure (or fail to ensure)
that workers’ housing is livable, which includes proper ventilation, fresh
water, and maintenance for cleanliness. In some instances, subcontrac-
tors also make sure that workers have access to medical care.
The structure of work between the afore mentioned actors—archi-
tects, engineers, consultants, contractors and subcontractors—on con-
struction sites and their ancillary spaces is fundamentally hierarchical,
O que são as redes de construção de design? Como os trabalhadores migram para o
Cortesia: WBYA? Team. canteiro de obras? Cortesia: WBYA? Team.
What are Design Construction Networks? How Do Workers Migrate to the Construction
Courtesy of WBYA? Team. Site? Courtesy of WBYA? Team.
with contractors overseeing the work of subcontractors, who are in work, but have also made us aware of the need to initiate wider dia-
324 turn responsible for vendors and suppliers.
325 logue about the role of labor in architecture in schools, in architectural
Who
This organization of labor into strictly defined roles responds to Builds Your offices, and on construction sites.
Architecture?
temporal pressures that demand models of efficiency to realize ev- In what type of space might we imagine a conversation taking
er-faster construction schedules. Such hierarchies are enabled and place between an architect, construction manager, construction
reinforced by the professional training that begins in architecture worker, and historian? Would the conversation take place in an office,
schools and continues in offices. Drawings play a central role in pro- or a school, or an installation, or on a construction site? What sort of
ducing this hierarchy of labor relationships, with architectural studios, questions would be raised? And how could one conversation lead to
technology courses, and professional practice courses as key sites in other conversations that begin to make connections and transform
the process of training architects to make different types of drawings, hierarchies to become part of a collaborative process that recognizes
some of which will act as a set of instructions for building—construc- and protects the dignity of all forms of labor?
tion documents bring to get her structural, mechanical, civil, electrical
with architectural information.
Post-graduation, interns in architectural offices continue to learn
the conventions and standards for the various design phases and
the preparation of construction documents before they can become
licensed architects. The license exam overseen by the National Council
of Architectural Registration Boards tests an intern’s knowledge of
the professional and legal dimensions of construction documents and
other aspects of practice. As sets of construction documents that
contain drawings of plans, sections, and details move between offic-
es (for example, from the architect to a facade consultant) and to the
construction site and contractors, the sets are repeatedly stamped,
read, updated, and interpreted. Through this process, the construc-
tion drawings enter in to the legal system to become legally binding
documents. Construction managers and contractors translate these
documents on-site to workers, which sometimes requires the use of
multiple languages on large transnational building sites.
This diagram of the construction site and its supporting spaces
can be filled in with research about the work conditions on specific job
sites and the practices of particular architects, engineers, construction
management companies, and subcontracting companies. It can also be
understood through more abstract models that do not include specific
names, but rather use defined labor roles to understand the system
that structures today’s construction process. Even so, in architectural
theory and history we have not yet fully researched and understood the
far-reaching impact of globalization on construction.
How, then, might we bridge this perceived split between the
discipline of architecture and the global systems that shape the day-to-
day conditions of the construction site? Over the past few years, Who
Builds Your Architecture? has organized work-shops and public forums,
taken part in panels and lectures, developed visualizations and maps,
and written essays to probe and understand a complex set of relation-
ships of architects and architecture in the global construction industry.
WBYA? has examined links between the labor of architects, contrac-
tors, subcontractors and construction workers in the context of the
processes of building within the global supply chains of the construc-
tion industry. Forums such as biennials and publications have provided
a platform for our research. These spaces have helped to advance the
326 327 Depois do futuro:
escravidão e morte em
canteiros olímpicos
no Rio de Janeiro
Ana Luiza Nobre Este trabalho é um Para Alexandro Ferreira,
desdobramento da Gerson de Souza, Abraão
pesquisa desenvolvida Gonçalves de Almeida,
no Laboratório de Eliveuto Viana de Cristo,
Análises Arquitetônicas Stanley Meireles Lima,
do Departamento de Edmar Ferreira de Souza,
Arquitetura e Urbanismo Antonio Carlos dos Santos,
da PUC-Rio, com o Venilton Santiago da Silva,
objetivo de monitorar Keliton Philipe Magalhães
e mapear o processo de Assis, Thiago Real
de transformações Rubens e Pedro Fernandes
urbanas em curso na Magalhães, in memoriam
cidade do Rio de Janeiro
entre 2009 e 2016, em
função dos megaeventos
internacionais que
culminaram com os Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos
(Cf. rionow.org).
“2016, the year that came to stay,” announced the pennants distribut-
ed by City Hall during the Carnival that preceded the Olympics. The
Olympic Games were less than six months away, and the categorical
tone was an indicator of the optimism present in the impetus to restore
the Marvelous City and end a long period of deterioration and eco-
nomic and cultural stagnation. Though the scenario in February 2016
was already quite different from what it had been in 2009, when Rio
de Janeiro won the international competition to host the first Games in
Latin America, based on the positive sum of a combination of factors
such as the international economic crisis, the discovery of a pre-salt
layer in the Campos Basin and an unprecedented political alignment
between the municipal, state and federal governments.
Since then, much had changed in the international, national and lo-
cal scenarios. The price of oil plummeted, China’s growth slowed down,
Trump was elected president of the United States and Brazil entered
an unprecedented political, economic and environmental crisis. After
the Olympics, this crisis was exacerbated by the removal of the pres-
ident and the escalation of accusations and plea bargain allegations,
entangling an endless list of contractors and politicians. And of all the
Brazilian states, Rio de Janeiro—which had declared a state of public
ES Rio de Janeiro/RJ [17/09/2014]. Olimpíadas 2016. Rio 2016. Obras de construção do bairro
Ilha Pura, local onde se hospedaram os atletas durante os Jogos Olímpicos de 2016.
calamity just 49 days before the Olympics—displayed the worst results
Foto: Ivo Gonzalez/Agência O Globo.
ES Rio de Janeiro/RJ [09/17/2014]. 2016 Olympic Games. Rio 2016. Construction work at Ilha
Pura, where athletes stayed during the 2016 Olympic Games.
Photo: Ivo Gonzalez/Agência O Globo.
in public accounts due to an intersection of factors involving slumping connection with what is to come, from which the national imagination
336 revenues from oil royalties and the reduction of income from taxes on
337 cannot escape, received its possibly most idealized version in the well-
After
the oil and gas sector, as impacted by the Lava-Jato Operation. the Future: known essay by the Austrian writer Stefan Zweig, Brazil: land of the
Slavery
Shortly before the Games, however, Rio de Janeiro’s city govern- and future (1941). But the relationship with the future had already been the
Death
ment was still doing everything possible to keep up the optimism it had on Olympic theme of writings by several foreign authors, such as Brazil, a country of
Construction
sustained over the last six or seven years. When the state’s financial Sites the future (1909) by N. R. de Leeuw, Brazil, land of the future by Heinrich
in Rio
crisis threatened to shut down cultural facilities emblematic of Rio’s de Janeiro Schüler (1912), The country of the future (1922) by Francesco Bianco
“renaissance,” such as park libraries, City Hall took over. When the pub- and Brazil, the country of the future for Jewish immigration (1928).
lic healthcare system faced collapse with the lack of transfers to state In one way or another, what underlies this imagery is an idea of the
hospitals, City Hall took over. And amidst so much adversity—culmi- future as a progressive impetus capable of leaving behind a past of
nating in the literal collapse of the newly inaugurated cycleway, which colonialism and slavery—the most brutal and visible trait of Brazilian
resulted in two fatalities—the only saving grace was the news of the history, characterized by the exploitation of millions of Africans. And if
inauguration of public works: the Deodoro Olympic Park, Praça Mauá, this promise has been redrawn from time to time, in accord with differ-
and the Museum of Tomorrow. ent (in)versions of modernization, it would at last come to fruition with
Driven by a massive publicity campaign, which bombarded TV, the Olympics. As if the Olympic Games, by themselves, could put an
newspapers, taxi windows and even property tax bills with glorious end once and for all to the popular joke that says Brazil is, and always
images of the new building, the Museum of Tomorrow at Praça Mauá will be, the country of the future. This is why the announcement of Rio
received over 100,000 visitors in the first month after its opening. And de Janeiro’s selection as host city for the 2016 Games was celebrated
the number would have been much higher if it had counted those who as an achievement: “Brazil has definitively earned its international citi-
gave up waiting in the interminable lines under Rio’s punishing sum- zenship” (JARDIM, 2009), then President Lula declared in Copenhagen
mer sun —being that the new 70-meter cantilever structure provides with tears streaming down his face.
no shelter despite the building’s vaunted technological prowess and From that point on, the overly positive and spectacular idea of the
rhetoric of sustainability that has already earned it some international future as a luminous time, soon to arrive, would sustain a construction
awards. In the renovated and desertified plaza, the aridity of the stone boom in Rio de Janeiro: new museums, corporate buildings, hotels,
pavement and the scarcity of trees do nothing to relieve the heat. And arenas, infrastructure and transportation systems. And the redemptive
if the sea breeze could offer some comfort, the stench was there to character of this promise was enough to justify everything: from the
remind people that the decontamination of Guanabara Bay, proposed chaos in transit to the forced removal of roughly 20,000 families. As
in the city’s dossier when it applied to host the Games, was never if both the present and the past were subordinated, through a causal
anything more than an empty promise. Still, for many, a pause in front nexus, to a well-defined goal in the future—when, at last, the city of Rio
of Santiago Calatrava’s paraphernalia for a selfie posted on social de Janeiro would supposedly enjoy the so-called “Olympic legacy.”
networks contributed to making the city’s reigning self-celebratory This celebratory image of the city was maintained at the expense
discourse of the last few years go viral. Here was proof of the city’s of much obliteration, however. The most shocking case was an inter-
inclusiveness, celebrated by the principal entities responsible for the national ad campaign by Petrobras (2011) in which an aerial image of
achievement: City Hall, the Roberto Marinho Foundation and Banco the city—at a distance equivalent to that of the pre-salt layer—showed
Santander. the hillsides free of any trace of the favelas that mark Rio’s landscape.
The Museum of Tomorrow is, in fact, the most eloquent symbol A similar tactic was adopted by Google which, at the request of the
of the eschatology of the future that enveloped the Rio de Janeiro Municipal Tourism Company, simply suppressed the term “favela” in its
Olympics. In it, architectural and museological design came together to cartography of the city from 2011 to 2013.
present an image of the future with media-ready appeal, in a dazzling Before long, several Olympic construction projects also began to
succession of immersive environments, multimedia installations and demonstrate the perverse logic underlying the recovery of the civil
digital game stations. In its eagerness to ensure the city’s inextricable construction industry fueled by the programs known as PAC [literally
link with the future, the museum left the past out. It forgoes any rela- “Program for Accelerated Growth”] and Minha Casa, Minha Vida [“My
tion to the port area, or any collection. In a museum with no past and House, My Life”], as well as the World Cup and the Olympics. According
no a collection, we proceed toward a tomorrow which is supposedly to data released by the Regional Superintendency of Labor and
within everyone’s reach, and which begins right there, with an overdose Employment of Rio de Janeiro, between January of 2013 and March of
of stimuli that reduces our senses to hyper-excitation. 2016, 11 workers lost their lives on the construction sites for sports facil-
It has been said that if American culture is permeated by a fear ities or Olympic legacy structures, and 3 were victims of serious acci-
of decline, and Portuguese culture by the glorification of the past, dents (COELHO, 2016). These are staggering numbers, even compared
then Brazilian culture coexists with the specter of the future. This to the 2014 World Cup, when 8 workers died on construction sites in
the combined 12 host cities. And even more so when compared with the (GROSS, 2016). But even more disturbing is the fact that the con-
338 2012 Olympics in London, where no deaths were recorded on construc-
339 struction site was installed over the remains of an old sugar mill whose
After
tion sites (MOREIRA SALLES, 2016). But worst of all is the fact that the Future: symbolic-cultural value is deeply linked to the history of slavery in the
Slavery
these statistics take us back to the Museum of Tomorrow—ironically, and region, and which the local community was fighting for years to see
Death
the anchor of the revitalization project of the port area—where a worker on Olympic recognized.
Construction
was killed by electrocution in January of 2015. Sites These facts reveal the other side of the image of the future associ-
in Rio
As if these occurrences were not enough, work conditions akin to de Janeiro ated with the Rio de Janeiro Olympics, an event which no longer makes
slavery were discovered on at least two Olympic construction sites in sense to think of in terms of legacy, but rather of consequences: 11
Rio: Vila dos Atletas and Vila da Mídia—Vila dos Atletas being under- deaths at construction sites, two at recently-inaugurated public works.
stood as the official lodging for athletes during the competitions. In this Another gated condominium in Barra da Tijuca. Evictions. Memory
case, the first portion of a mega condominium (3,604 units) christened erased. Slave-like practices. And signs of slave labor even inside the
“Ilha Pura” [literally “Pure Island”], was constructed and commercialized Olympic venues during the Games (OLIMPÍADA, 2016). As we have
by the developers Carvalho Hosken and Odebrecht in an area of over seen, if the future has indeed arrived, it has brought nothing new.
800,000 m2 [8.6 million ft2] in Barra da Tijuca that had been set aside Instead it remains fatally committed to the most intolerable aspects of
in disuse for decades awaiting an increase in value. Presented in the our past.
publicity pieces as a “neighborhood of the future” for bringing togeth-
er “the most modern urban trends,” “a rational use of resources” and
“concepts of sustainability in all processes” (CARVALHO HOSKEN),
Ilha Pura was, effectively, guided by a notion of the future committed
exclusively to the logic of real estate speculation. A segregationist
proposal resulting in yet another self-sufficient enclave in an already
deeply segmented region, characterized by luxury condominiums and
commercial areas isolated from one another and from the rest of the
city—the ultimate expression of the collapse of modern functionalist
urbanism and, at the same time, of collusion between public authorities
and contractors.
On this island of purity and sustainability, in July of 2015, inspec-
tors from the Public Ministry of Labor and the Ministry of Work and
Employment discovered 11 workers who had come from their home
states (Maranhão, Paraíba, Bahia and Espírito Santo) promised with
housing, food and reimbursement for travel, and who were living in in-
humane, criminally negligent conditions, and working exorbitant hours
in violation of labor laws. Nothing could contrast more with the soft-
ness of the voice of actress Fernanda Montenegro representing Pedra
da Gávea in the publicity film to launch Ilha Pura (LIMA, 2014). Or with
the image of luxury and sophistication staged in the decorated apart-
ments open to visitors at its mega stand (a 5,600 m2 [60 thousand
ft2] facility comprised of a panoramic movie theater, cultural space for
events and exhibitions, belvedere, play area for children, restaurant and
a 260 m2 [2,800 ft2] model).
In Vila da Mídia—also built in the city’s west zone and used to
house foreign journalists during the Games—in addition to the evi-
dence of slave labor there was also the destruction of a slave graveyard
inside an environmental protection area designated for a quilombo—a
community of descendants of runaway slaves. The Media Village was
installed in the Verdant Valley Residence condominium, built by Living
Amparo Empreendimentos Imobiliários, a developer owned by the
Cyrela Group, about 3 km from the Olympic Park. At its construction
site, 11 workers were found in slave labor conditions in November 2015
t
Vânia Medeiros
340 341
caderno de campo
Caderno de campo Field Book
Um possível novo olho A possible new eye
Caderno de campo é o resultado de um con- São Miguel Paulista, na zona leste de São Field book is the result of an invitation I I told him about the project, and he said
vite que fiz a sete trabalhadores da constru- Paulo. Contei-lhe do projeto, e ele me disse made to seven civil construction workers to that some of his students worked in civil
ção civil para desenhar, em cadernos, suas que alguns de seus alunos trabalhavam na draw their work routines at the construction construction, and he invited me to visit
rotinas de trabalho no canteiro de obras construção civil, e me convidou a visitar a site into sketchbooks during one month. the school. Thus, I met Adauto, Fernando,
durante um mês. A ideia me veio a partir da escola. Assim, conheci Adauto, Fernando, The idea came from reading the book I Fresnel, José, Luiz, Marcelo and Márcio –
leitura do livro I swear I saw this [Juro que Fresnel, José, Luiz, Marcelo e Márcio – qua- swear I saw this, by the Australian anthro- almost all of them from the northeast state
vi isso], do antropólogo australiano Michael se todos baianos, como eu, exceto Márcio, pologist Michael Taussig. In it, Taussig of Bahia, like me, except for Márcio, who is
Taussig. Nele, Taussig se pergunta se os que é do Piauí, e Fresnel, que é haitiano wonders if the drawings and scribbles he from the state of Piauí, and Fresnel, who is
desenhos e garatujas que realiza em seus –, autores de todos os desenhos do livro has performed in his own field books have Haitian –, authors of all the drawings in the
próprios cadernos de campo têm valor et- Caderno de campo1. ethnographic value. He refers to a type of Field book.1
nográfico. Ele se refere a um tipo de dese- Propus a eles que desenhassem situa- drawing that has nothing to do with tech- I suggested they drew everyday situa-
nho que não tem nada a ver com técnica ou ções do dia a dia vividas em seu trabalho. nique or virtuosity of any kind, not even tions experienced in their work. In the pro-
virtuosismo de nenhum tipo, nem mesmo Na produção que trouxeram, aparecem stylistic pretensions. A drawing that is a duction they brought up, there are situations
pretensões estilísticas. Um desenho que situações de lazer, descanso, memória e dialogue with the observed, in an acute of leisure, rest, memory and imagination as
é um diálogo com o observado, em estado imaginação também. Nó nos encontramos state of attention, permeated by doubts and well. We met once a week (four encounters)
agudo de atenção, permeado por dúvidas e uma vez por semana (quatro encontros) questions. Taussig refers to this drawing as to share what each one had done, drew a
questiona- mentos. Taussig se refere a este para partilhar o que cada um fez, desenhar the installation of “a new eye”. “Writing,” he little together, and had some coffee. For
desenho como a instauração de “um novo um pouco juntos e tomar café. Por cada says, “produces judgments and syntheses every hour of meeting with me, they re-
olho”. “Escrever”, diz ele, “produz julgamen- hora de encontro comigo, eles receberam that often reduce reality”. However, drawing ceived a payment equivalent to one hour of
tos e sínteses que, muitas vezes reduzem um pagamento equivalente a uma hora de poses questions. Each time we look at a their work on the construction site. As key
a realidade”. O desenho, por sua vez, lança trabalho deles na obra. Como colabora- drawing in the sketchbook and try to explain contributors to this process, I could count
perguntas. A cada vez que observamos o dores fundamentais desse processo, tive it, a new definition emerges. A sketchbook, on Ayelén Gastaldi, who taught a binding
desenho feito no caderno e tentamos expli- Ayelén Gastaldi, que ministrou uma oficina therefore, is a device capable of preserving workshop, and Tiago Lima, a photographer
cá-lo, uma nova definição surge. O caderno de encadernação, e Tiago Lima, fotógrafo, knowledge, not as an inert register, but as who recorded all the encounters.
de desenho, portanto, é um dispositivo apto que registrou todos os encontros. something live. In the words of the anthro- Believing in Taussig’s hypothesis that
a conservar o conhecimento, não como um Acreditando na hipótese de Taussig pologist: “The sketchbook becomes not only drawing may have much more to reveal than
registro inerte, mas como algo vivo. Nas pa- de que o desenho pode ter muito mais a the guardian of experience, but its continu- one can think of with a less attentive gaze,
lavras do antropólogo: “O caderno vira não revelar do que se pode pensar em um olhar ous revision, a peculiar and highly special- and that it brings layers that would escape
apenas o guardião da experiência, mas sua menos atento, e de que ele traz camadas ized organ of consciousness, nothing less a written text, I present here the sketch-
contínua revisão, um órgão peculiar e alta- que fugiriam a um texto escrito, apresento than a soul-trigger. It becomes an extension books made by the seven collaborators in
mente especializado de consciência, nada os cadernos feitos pelos sete colaboradores of the individual”. this work, for every time I go through their
menos que um disparador da alma. Ele se deste trabalho, cujos sentidos, a cada vez Initially, I did not know how to start, pages, their meanings gain new contours.
transforma em uma extensão do indivíduo”. que folheio suas páginas, ganham novos where to end and how to approach people
Inicialmente, não sabia como come- contornos. to participate in this project. I thought of
çar, onde encontrar e como abordar pes- putting up posters as a kind of convocation
soas para que participassem do projeto. in places under construction. But before
Pensei em colar cartazes com uma es- that happened, I casually met Anselmo,
pécie de convocatória em alguns lugares a friend from Guarulhos, a metropolitan
em que houvesse obras. Mas, antes que region in the city of São Paulo, whom I
isso acontecesse, encontrei casualmente had not seen for a long time, in a bakery in
Anselmo, amigo de Guarulhos que não via 1 Medeiros, Vânia. Caderno de the Barra Funda neighbourhood. He told 1 Medeiros, Vânia. Caderno de campo
há muito tempo, em uma padaria na Barra campo. 2017. Publicação – Intervenção me that he was teaching in an education [Field book], 2017. Publication – Public
Funda. Ele me contou que dava aulas em pública realizada no âmbito do Projeto program for youth and adults in a municipal intervention realized for Counter-Conducts
um programa de educação para jovens Contracondutas. Uma seleção dos desenhos school in the São Miguel Paulista neigh- Project. A selection of the drawings is
e adultos em uma escola municipal de é apresentada nas próximas páginas. bourhood, in the east zone of São Paulo. presented in the following pages.
Adauto de Oliveira Santos Fernando Alves Santos
Fresnel Fleuricin José Fernandes
Luiz Alves Nogueira Marcelo Santos Bispo
351 Microativismos
doméstico-
-(re)produtivos
Diego Barajas
e Camilo García
Dissemination
and sharing
of knowledge
to do
with the
environment
and the
gardening
work being
done in the
Host And
Nectar Garden
House-Atelier.
By Husos and
the residents’
micro
community.
Photography
by Diego
Fragmento do mapa de María Rozas, entrevistada para o projeto Cotidianidades Barajas.
Doméstico-Produtivas em Madrid. Pela Husos, 2010-2011. Madrid.
Extract of map by María Rozas, interviewed for the project Everyday Home-based
Working Realities in Madrid. By Husos, 2010-2011. Madrid.
359 (Re)productive
domestic
micro-activisms
Diego Barajas
and Camilo García
Cena 1
Scene 1
Scene 4
– What are the obstacles and what are the loopholes for public policy action
in this process? And what is the role of the dominant classes in the “Brazil Notes for the contemporary
delivery”—classes that are being instituted, originating in a new coalition,
guided by ascendancy over the forms of fictitious accumulation? The assertive restructuring, notably after the coup of 2016 (which
brought to power classes and fractions of the patrimonialist-rentier
class), indicated a reversal that created the conditions for a full hege-
– What is the role of the State in the norms of its relations with companies in mony and the transition from the predominance of the “urban industrial
the formulation of public policies, specifically in urban policies, and, mean- complex” to the predominance of the “financial, real estate complex “.
while, the role of the project and of urban planning in relation to the role of the What is behind this hypothesis? The instrumentalization of the State
land and urban landscape themselves in the contemporary process of finan- is used as a means to make the debt service secure and drains public
cial capital valorization—especially considering that the perspective of law, funds through a pattern of accumulation (based on the financial mar-
and of rights to the city as an agenda for the implementation of urban reform ket’s current interest rates, both local and global). Conversely, the base
(through urbanistic instruments for formal access to social justice, based on of national production is being dilapidated, whether through the sale
the reformist model of the Fordist era) no longer constitutes a modern para- and privatization of infrastructure and major public works or the with-
digm for overcoming the condition of urban “backwardness”? drawal of labor laws that call attention to the exploitation of the labor
force. (In addition, despite the bewilderment caused by the presence
Such questions seem to provoke a need to rethink the theory of depen- of work analogous to slave labor in an urban environment, its existence
dence itself, and even seem to challenge the form, categories, and tools points to the system’s routine rationality, not to an exception or devia-
with which the contemporary urban can be thought about, especially tion from the norm.) This implies that the financial aspect safeguards
in the Brazilian case. Vera Telles acknowledges that at present “the no- itself, securing financial returns, while the production (like labor and
tions of laws, rights, citizenship, and public space have been emptied of nature) is dilapidated.
their critical force” (TELLES, 2007, p. 7), and points out the necessity of In this sense, space shows itself as the basis and foundation of this
revising concepts and criteria apropos the intelligibility of the contem- dilapidation, accompanied by the dilapidation of labor and nature.
porary urban (TELLES, 2006). She observes especially the Brazilian A number of circumstances point to this: the sale of the pre-salt explo-
case, noting that the contradictions of urban reality could no longer ration fields, as well as their technological foundation, to foreign capital;
be inscribed in the “dialectic of contraries”—”something that would the amplification of land conflicts in relation to agriculture (monocul-
effectively accomplish the ‘critique of dualistic reason’”(OLIVEIRA, ture, pesticides and transgenics) and livestock farming, which advance
1972)—foregrounded by the conceptual pairs from the theories of urban on natural reserves and traditional communities; the withdrawal of
formation: archaic-modern, precariousness-modernity, informal-formal, labor laws which signal a reversion to nineteenth century conditions
unemployment-employment, legality-illegality, development-underde- and dilapidation of social services and public facilities, their commer-
velopment, periphery-center (TELLES, 2007). According the author, it cialization, and, accordingly, their non-universalization.
would be necessary to review the terrain in which the “incompleteness” Even though public funds are directed towards the fictitious accu-
of the modernity of Brazilian society, its “underdevelopment,” would be mulation of capital, there is an alleged lack of resources. This is used
problematized, because what is presented as a concrete fact is that the to justify a myriad of public-private partnerships as possible agents
very notion of “overcoming” is undone as a historical horizon and as a for achieving social production and consumption. The consensus is:
critical reference, previously grounded in the debates of the previous an absence of alternatives. In spite of their differences, what makes
decades on the fate and interpretation of Brazilian society (Ibid., p.5). these manifestations similar is the accumulation of capital by means
In this sense, what is important here is to formulate a field of research of predatory processes, not on the basis of the production of value, but
that reflects critically on the production of space, using an essayist’s on the basis of the extraction and appropriation of what has already
perspective to take the three axes of analysis presented as a starting been produced (CHESNAIS, 2005; PIKETTY, 2014). In this way, class
point, and the analysis of the construction of major public works as domination is illuminated as it instrumentalizes the state and the
Belo Monte:
predominance of the equivalence of value of a property, which instru-
396 mentalizes space (PETRELLA, 2017). In this way, property is actual-
397
contracartografias
ized overproduction: debt securities, company shares, contracts, and
tenders are the true economic viability of a new production. In these
e contranarrativas
movements, notions like state, planning, and the conceptions of archi-
tecture and urbanism are diverted to the logic of accumulation in real
Still from
the film “Os
Caminhos da
Riqueza”—1954:
First Urgency
Program.
Directed by:
Jean Manzon.
3 Fazemos aqui um agradecimento especial à antropóloga Ana diversificada em roçado (83%), e a criação de animais (68%).
de Francesco, do ISA, que disponibilizou a tempo ao Projeto Aproximadamente 40% dos pescadores referiam-se à prática
Contracondutas o Relatório SBPC, 2016, que com suas da pesca de peixes ornamentais como uma importante fonte de
pesquisas enriqueceu sensivelmente este artigo. renda, antes da proibição desta atividade pelo IBAMA.
4 De acordo com os trabalhos realizados (SBPC, 2016) mais 5 Palafitas são construções suspensas por estacas e pisos de
recentemente, as principais atividades produtivas praticadas madeira, cobertas principalmente por palha, cavaco, com
pelos ribeirinhos nas diferentes configurações de unidades de parede de madeira ou palha e que apresentam uma altura
paisagem – sejam estas, florestas, rio e áreas agricultáveis em que permite a permanência nas localidades com as variações
ilhas e terra firme – eram a pesca (100% dos entrevistados); sazonais do nível do rio, para que não alaguem no inverno
o extrativismo de produtos florestais (87%); a produção amazônico e, no verão, não fiquem distantes da margem do rio.
A vida ribeirinha não “cabe” na territorializada daquilo que se denunciou naquele documento, sendo
402 solução dada pela Norte Energia
403 este um projeto que se propõe a dar visibilidade a contranarrativas,
Belo Monte:
Contra- por meio inclusive de contramapas.6
cartografias
Em poucas linhas, os reassentamentos executados pela Norte Energia, e contra- A sequência de mapas produzidos nesta pesquisa pretende eluci-
narrativas
no âmbito dos deslocamentos compulsórios das populações expro- de uma dar um argumento sobre os atingidos pela obra.
obra
priadas por conta das obras, não corresponderam nem quantitativa, polêmica Segundo a SBPC (2016), no contexto de construção do Complexo
nem qualitativamente à complexidade da vida ribeirinha em seus Belo Monte, daqueles que viviam no trecho inundado para a formação
aspectos de reprodução social, de adequação e interação com o meio do reservatório principal (isto é, do reservatório da calha do rio Xingu,
natural, de resistência e identidade cultural, ainda que de maneira que se estende desde a Ilha Pimental, onde está edificada a barra-
rústica e simples. Os RUCs (Reassentamentos Urbanos Coletivos) gem de mesmo nome) até as proximidades da localidade denominada
projetados pela Norte Energia para o reassentamento de 4.100 famí- Costa Júnior, observam-se cinco situações diferentes de expropriação
lias, mesmo que provenientes da área urbana de Altamira, com um vivenciadas pelos ribeirinhos no contexto Belo Monte:
padrão de lote urbano seriado de 125m² e moradia isolada no centro
do lote, não cabiam no mundo de reprodução da vida social e cultural 1 Situação dos ribeirinhos na Volta Grande, a jusante da
do beiradeiro/ribeirinho. barragem de Pimental, no trecho de vazão reduzida, cujo
Além disso, de acordo com o mapa 2, os RUCs são desprovidos processo de expropriação tem contornos sociais e ambientais
de serviços públicos essenciais como transporte público, equipamen- sensíveis, e sobre os quais não há estudos específicos. Nesta
tos de saúde e educação, e alguns deles – como os RUC Lagoa Azul, situação, além da problemática redução de vazão do rio, já está
Laranjeiras e Pedral – também tiveram a sua localização para além deflagrada a cumulatividade de efeitos decorrente da pré-
dos dois quilômetros de distância do local originário de moradia – con- -instalação de uma grande indústria de extração mineral, a Belo
forme limite estabelecido no Plano Básico Ambiental (PBA). O mesmo Sun Mineração Ltda.;
ocorreu em relação à dimensão das habitações e ao sistema construti-
vo escolhido, que impede que haja expansão da moradia, descumprin- 2 Situação dos ribeirinhos nas margens dos igarapés Panelas,
do metas estabelecidas que diziam considerar as particularidades de Ambé e Altamira, na cidade de Altamira, que também se
cada família. A única opção apresentada nestes conjuntos intercomunicavam social e geograficamente com a margem
habitacionais foi a produção de casas padronizadas de do rio Xingu. Sabe-se que pouco mais da metade das famílias
60 m², construídas por meio de um sistema pré-moldado atingidas até a cota 100m destes igarapés foram transferidas
em concreto celular autoportante, o que impede a amplia- para os RUCs. No entanto, havia 7.790 famílias e só foram
ção vertical, assim como, a demolição de paredes para produzidas 4.100 unidades residenciais nos RUCs. Não há
ampliação de cômodos etc., além de ser inadequado em informação pública sobre que outras formas de atendimento
relação ao clima de Altamira. foram dadas às demais 3.690 famílias atingidas;
Considere-se, a despeito da precariedade dos RUCS
implantados, que Altamira, antes das obras da Hidrelétrica 3 Situação dos ribeirinhos da Vila Santo Antônio, os primeiros
de Belo Monte, já era um município com importantes défi- compulsoriamente deslocados, cujo processo foi detidamente
cits urbanos, sérios problemas de saneamento básico e por- acompanhado pela Defensoria Pública do Estado e para
tador de deficiências de mobilidade por transporte público. os quais foi proposta a Ação Civil Pública nº 0003595-
Some-se a isso, o fato de que, para além das áreas 11.2012.814.0005, ajuizada em 13 de agosto de 2012. Hoje
desapropriadas propriamente ditas, ao longo dos igara- esses ribeirinhos encontram-se dispersos em várias localidades
pés Panelas, Altamira e Ambé, abaixo das cotas 100 m, os nos municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Medicilândia –
desalojamentos provocaram desarticulações socioterritoriais ainda segundo o relatório, seria necessário um processo de reparação
Relação das
moradias com mais amplas do que as assinaladas nas manchas dos mapas a seguir de danos causados a esses atingidos;
os igarapés. apresentados.
Foto: Marta
Lagreca Como já explicitado, este artigo baseia-se em grande medida nas 4 Situação dos ribeirinhos a jusante da barragem de Belo Monte,
análises proporcionadas pela leitura do relatório da SBPC (2016) acer- sobre os quais não há estudos específicos, que vem sendo
Relationship
of the ca das desapropriações de populações ribeirinhas na região impacta- insistentemente denunciada pelo presidente da Colônia de
housing with da pela instalação da usina de Belo Monte. A pesquisa se ancorou na
the streams.
Photo: Marta discussão e territorialização de cinco situações importantes identifica-
Lagreca. das no relatório no âmbito das expropriações de ribeirinhos, buscando 6 Agradecemos especialmente à contribuição do pesquisador
contribuir para cartografá-las de forma a proporcionar uma visão Gabriel Negri Nilson na elaboração destes contramapas.
Pescadores de Vitória do Xingu, e reiterada na audiência de extensiva7 se dá em territórios mais amplos, impactando comuni-
404 11 de agosto de 2016;
405 dades e populações que vivem, em muitos casos, de maneira tradi-
Belo Monte:
Contra- cional. Assim é que se deu, por meio das políticas da matriz elétrica,
cartografias
5 Situação dos ribeirinhos a montante do reservatório, cuja e contra- com a implantação crescentemente hegemônica de hidrelétricas na
narrativas
situação agora se evidencia vulnerável, pela pressão que ocorre de uma região Amazônica – especialmente no Amazonas, Rondônia e Pará,
obra
sobre o seu território. polêmica cujas principais obras são Balbina (AM); Tucuruí (PA); Complexo
Hidrelétrico do Rio Madeira (RO); Santo Antônio e Jirau; Belo Monte
São, portanto, cinco situações que apresentam em comum a expro- (PA) –, e se abriu acesso à incorporação de grandes porções de terras
priação das condições de produção e reprodução do chamado modo para a fronteira de expansão dessa matriz de ação sobre o território.
de vida ribeirinho, com particularidades entre si. Porém, que deve- Apesar dos instrumentos ambientais possivelmente reguladores
riam ser revisitados como vêm fazendo as instituições responsáveis incorporados fortemente no sistema de planejamento territorial a
pelo relatório da SBPC, no sentido de busca do respeito ao direito de partir da década de 19808, sabe-se que pouco, ou muito pouco se efe-
acesso ao território, à recomposição do modo de vida ribeirinho e, na tiva em relação ao diálogo e a uma preparação eficiente e eficaz dos
medida do possível, de recomposição do patrimônio ambiental perdi- territórios para grandes impactos e sua relação com as populações
do a partir da construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte. tradicionais e preexistentes.
Quando os impactos sociais atingem um grande número de
Multiterritorializações reveladas pela pessoas, como é o caso de Belo Monte, em que inicialmente se previu
contracartografia em Belo Monte que 19.242 habitantes seriam atingidos pelo processo de remoção
e vivenciariam momentos de desterritorialização, um processo de
O caso de Belo Monte parece bastante elucidativo o fato de que gran- homogeneização do diálogo social e das formas de atendimento tende
des obras de infraestrutura impactam grandes porções do território a se estabelecer. Em Belo Monte evidenciou-se uma desproporção
com argumentos, sobretudo de ordem técnico-econômica, com discur- entre os atendimentos às populações urbanas em relação às rurais e
sos pautados no bem coletivo como forma de legitimação. Seus im- ribeirinhas: deste contingente, 85,3% se referia à população urbana
pactos interferem tanto nos recursos naturais quanto nas populações atingida e apenas 14,7% era rural, o que não pode reduzir a complexi-
tradicionais. Por meio desta lógica de (des)apropriação do território, dade de vida em cada meio, principalmente quando eles se justapõem
ocorre o desmantelamento de ecossistemas ambientais, a desagrega- e se entrecruzam cotidianamente.
ção de arranjos sociais anteriormente estabelecidos, e a desconfigura- Somente em relação à sede urbana de Altamira, sabe-se que o
ção das identidades culturais locais (PERROT, 2008). Para Dominique montante de remoções previsto chegaria a 16.420 habitantes nos
Perrot, esta relação paradoxal invoca principalmente o significado
acerca de noções de apropriação ou domínio do território (Ibid.).
Pode-se, então, afirmar, que o território, cada vez mais insulado 7 Esta economia se dá via expansão de fronteiras e tem impactos
pelas lógicas político-econômicas, vem se unifuncionalizando, dando na destruição de formas sociais não capitalistas de apropriação
as costas para aquelas relações de apropriação sociedade-espaço, ou do território, e seus recursos, assim como, na desestabilização
multiculturais-simbólicas como classifica Lefèbvre (1999), desdobran- dos sistemas ecológicos e nos espaços crescentemente
do-se, assim, ao longo de um continuum de caráter mais “concreto” e ocupados pelos grandes empreendimentos. Em nome de uma
“funcional” (HAESBAERT, 2004). concepção industrialista de progresso, desestruturam-se as
Segundo Lefèbvre (1999), dominação e apropriação são duas condições materiais de existência de grupos socioculturais
figuras, que inevitavelmente precisam ser entendidas conjuntamen- territorialmente referenciados e pressiona-se a base de
te, esta última devendo sempre prevalecer sobre a primeira, mas as recursos de populações situadas em terras tradicionalmente
dinâmicas de acumulação e segregação capitalista fizeram com que ocupadas (ACSELRAD, 2014).
a primeira se impusesse quase que completamente sobre a segunda, 8 Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) e seus relatórios
sufocando as possibilidades de uma efetiva “reapropriação” dos espa- sínteses (RIMAS), as Avaliações Ambientais Estratégicas
ços dominados pelo aparato estatal-empresarial. Dar voz e visibilidade (AAE), e todos os planos que se seguiram a estes – como
às populações ribeirinhas, beiradeiras, indígenas, trabalhadoras, aos os Planos de Desenvolvimento e Proteção Ambiental das
“espaços-sociedade” subjetivos e de “apropriação” excluídos da lógica Bacias Hidrográficas (PDPAs), os Zoneamentos Econômicos
unifuncional da produção e reprodução pós-fordista, constitui um Ecológicos (ZEE), que perpassam territórios tão amplos,
chamado à contracartografia. englobando muitas vezes, diversos biomas, com pretensa
Os conflitos territoriais vêm sendo acirrados no Brasil, na medi- racionalidade, definindo-se como “Planos de Ordenamento
da em que o processo de expansão das fronteiras de uma economia Territorial Integrado”, como no caso das grandes obras.
igarapés atingidos (ELETROBRÁS – EIA BELO MONTE, 2008), o aos impactos gerados na região, em todos os meios – físico, biótico e,
406 que significava 21% do total de moradores da cidade se levarmos em
407 principalmente, socioeconômico, que mais interessava à pesquisa.
Belo Monte:
conta os dados do Censo de 2010. Ou seja, 1/5 da população urba- Contra- O mapeamento da área rural realizado no âmbito do EIA do AHE
cartografias
na de Altamira passou pela experiência de negociação e vivenciou e contra- Belo Monte não traz nenhuma informação qualitativa espacializada,
narrativas
mudanças significativas em seu modo de vida, em suas relações de uma exceto uma sumária localização de equipamentos sociais como pos-
obra
socioeconômicas, culturais e vínculos afetivos. Um número bastan- polêmica tos de saúde, escolas, igrejas, cemitérios e pontos de comércio. As
te expressivo, e sabe-se hoje que esse montante de impactados foi poucas informações espacializadas se concentraram na distinção dos
muito maior. imóveis rurais quanto à sua situação jurídica e concentração fundiária,
Também não há qualquer trabalho prévio e boa acomodação para ocultando, portanto, as condições particulares de cada logradouro, as
os trabalhadores que migram para estas localidades e que, por vá- perdas referentes às atividades produtivas (lucros cessantes), à iden-
rios meses, serão impactados e impactarão aquele território, o que tidade com o território e à população que reside e se utiliza da área
se evidencia nos sucessivos conflitos nas regiões de implantação de desapropriada, elementos necessários para um entendimento mais
recentes obras de infraestrutura no Brasil e seus indicadores socioe- complexo dos processos de desterritorialização a que os ribeirinhos
conômicos (ampliação dos déficits de infraestrutura e equipamentos foram submetidos.
públicos, criminalidade, prostituição, gravidez na adolescência, doen- Um outro mapa que complementa a série de caracterização do
ças sexualmente transmissíveis etc.). território apresenta a distinção do uso do solo nas classes floresta
Henri Acselrad (2014) nos conta como as cartografias sempre ombrófila densa, floresta ombrófila aberta, vegetação secundária,
configuraram representações de disputas associadas ao poder ou a pasto sujo e pastagem. Trata-se de uma espacialização do trabalho
estratégias de domínio sobre um território. Sempre uma determina- extremamente pragmática para efeitos de implementação do processo
ção de circunscrição, de regulamentação: seja para a identificação de de remoção.
rotas e conquistas de territórios, seja para a demarcação das riquezas, Uma característica marcante desse pragmatismo do diagnóstico
passando pela delimitação de propriedades e espaços de soberania, da área é a apresentação dos resultados sempre de forma fragmen-
pela criação das jurisdições político-administrativas para o controle tada, seguindo a divisão territorial vinculada aos compartimentos do
sobre os territórios nacionais e seus domínios, até chegar ao âmbito projeto de AHE de Belo Monte.9 No caso da área rural, os comparti-
do planejamento urbano e territorial, aos mapas de regulamentação mentos de interesse para nossa análise referem-se às áreas vizinhas
de uso e ocupação e, a partir da década de 1980, alcançando os ma- ao futuro reservatório: Setor margem direita, Setor margem esquerda
pas que tematizam a questão ambiental. Apesar de cada um ter sua e Setor ilhas. No Setor ilhas, o único mapa existente para além dos
função específica, muitas vezes acabam sobrepondo seus limites e lotes dos beiradeiros refere-se aos equipamentos sociais.
contornos disciplinares confundindo, justapondo e sobrepondo suas Em nenhum momento do EIA verifica-se a consolidação das infor-
questões e objetivos no tempo e no espaço. mações apresentadas em um único mapa ou em mapas temáticos in-
O que se observa é que os resultados de muitos planos “bem tegrados, impossibilitando uma melhor apropriação da dimensão dos
intencionados” refletem lacunas, ausências, falta de aderência, falhas impactos e das possíveis relações ou diferenciações existentes entre
e desatualizações – “um enorme resto feito de sistemas culturais múl- os setores envolvidos. Mesmo nos dados numéricos, apresentados em
tiplos e fluidos, situados entre as maneiras de se utilizar o espaço e o tabelas e gráficos, a informação é retalhada por municípios envolvidos,
planejamento” (DE CERTEAU, 1995, p. 234). dificultando, assim, a percepção da real extensão das interferências
Tais representações ainda são “naturalizadas” mecanicamente nos do projeto no território.
novos instrumentos de planejamento territorial, e nos mesmos e anti- Um dado relevante, garimpado nas páginas do EIA AHE Belo
gos instrumentos de regulação e estudos de impacto socioambiental. Monte e que pode expressar a dimensão social dos impactos na vida
Assim, nesta investigação, buscou-se confrontar, em aproximações dos ribeirinhos, é o que se refere aos moradores das ilhas do Xingu.
sucessivas, elementos gráfico-textuais e cartográficos para flagrar
tais vazios, tais ausências e, em paralelo, descobrir as resistências e
as presenças no território de pesquisa. Os documentos oficiais foram 9 “Um procedimento inicial para o planejamento da pesquisa
confrontados com aqueles das organizações sociais atuantes em favor socioeconômica censitária da ADAfoi a delimitação das áreas a
das comunidades. Outras vozes e “murmúrios” do território foram des- serem pesquisadas, tendo como primeiro elemento de análise
velados, permitindo, dessa forma, construir as cartografias contrárias. duas porções territoriais distintas: a ADA Urbana, circunscrita
Por meio dessas discussões, verificou-se que os mapas do IBGE à cidade de Altamira, e a ADA Rural. Essas duas áreas, por sua
não informavam a riqueza da biodiversidade da região escolhida vez, foram subdivididas, considerando-se os compartimentos
para a implantação da Hidrelétrica de Belo Monte; que os mapas de do AHE Belo Monte e a realidade socioeconômica encontrada”
licenciamento ambiental eram extremamente reducionistas quanto (EIA AHE BELO, 2008).
Mesmo que não expressivos numericamente em termos de pessoas de um princípio de racionalidade, mas pelo surgimento de múltiplas
408 envolvidas, os levantamentos do EIA diagnosticaram que dos 275
409 racionalidades afirmadas, de modo irredutível, pelos respectivos
Belo Monte:
chefes de família ou trabalhadores que ali habitavam, 83% tinham a Contra- protagonistas – racionalidades essas que, frequentemente, não se
cartografias
sua ocupação principal no próprio imóvel em que residiam, denotando e contra- encontram sobre o mesmo terreno e, ao mesmo tempo, que investem
narrativas
uma relação permanente com aquele território e com aquele modo de de uma não só em metas mensuráveis em termos aquisitivos, mas principal-
obra
vida, em que a presença do Rio Xingu e das águas era uma constante polêmica mente em valores consolidados pela tradição ou por novas formas de
necessária no cotidiano das pessoas. Nesse sentido, solidariedade e de afetividade.
pressupõe-se que processo de desterritorialização O tempo contemporâneo é impensável sem essas multidões de
deva ter atingido uma dimensão psicológica e existen- singularidades (NEGRI, 2005) de ribeirinhos, de índios, de afrodescen-
cial bem mais dramática que a descrita nos documen- dentes, de quilombolas, de imigrantes. É impensável sem abrir a porta
tos oficiais. para os outros mundos, das múltiplas racionalidades. De construir as
Outro exemplo refere-se à cartografia de repre- linhas de fuga e produzir suspensões, de produzir descarrilamentos do
sentação da área definida pela Norte Energia como homogeneizador e, a um só tempo, do “fragmentador” processo das
diretamente afetada (ADA) da zona urbana. Nota-se cartografias oficiais, da mídia oficial, do mundo oficial.
na representação cartográfica, a identificação das A potência criativa e crítica dessas ferramentas irá permitir des-
propriedades urbanas afetadas no município de velar os silêncios e as omissões dos mapas, tornar visível o invisível e
Altamira contidas na cota 100 m – cota de inundação da represa. os vazios do Google, do IBGE, dentre tantos outros pretensos instru-
Residentes
deslocando-se Apesar de ser muito importante a informação acerca dos imó- mentos de planejamento territorial e, assim, dar vozes aos povos e até
de bicicleta. veis afetados, a representação não informa o real impacto sofrido à natureza. Pretende-se questionar a pseudoautoridade cartográfica,
Fonte: Leme
Engenharia. pelas edificações na ADA (área diretamente afetada do EIA/RIMA), a honestidade das imagens, não só as desvelando, mas produzindo
Pesquisa neutralizando diferenças e impactos sociais e a ação da remoção outras, abrindo as portas, e construindo outras lutas.
Socioeconômica
Censitária. involuntária,..10. Ousa-se, então, afirmar que o território – ao menos dos ribeiri-
Ago/2007 a Percebe-se que este tipo de cartografia, manipula a desestru- nhos – do Médio Xingu vinculado ao usufruto e à vivência, às práticas
Fev/2008.
turação espacial e da vida sociocultural local, a que uma parcela da e saberes, estava imerso em uma apropriação mais diversa, múltipla,
Residents população será submetida. Isto inclui a supressão de relações de vizi- subjetiva, e “cultural-simbólica” em relação ao território antes da im-
getting around
by bicycle. nhança, de trabalho, de educação, de lazer, este último intimamente plantação “concreta” e “funcional” da UHE de Belo Monte.
Source: Leme ligado ao rio. Sua insuficiência se manifesta por não abordar o enca- De modo mais triste, porém não menos provocador, Haesbaert
Engenharia.
Socioeconomic
deamento dos efeitos espaciais, socioeconômicos e culturais, a que os (2004), nos alerta sobre um novo movimento dos processos que ocor-
Census Study. ribeirinhos serão submetidos. Somente a indicação do perímetro dos reram e ocorrem na região da UHE de Belo Monte. Não mais aqueles
Aug/2007 to
Feb/2008.
impactos não define as dinâmicas e os cortes abruptos que de fato de interação entre os povos tradicionais e o meio ambiente para a
irão ocorrer no espaço, levantando mais dúvidas sobre as omissões e sobrevivência e reprodução social, não mais aqueles relativos aos mo-
ausências nos mapas oficiais. E nos mapas que aprovam e licenciam vimentos das marés e às estações lunares, mas outros e mais coerciti-
as grandes obras no Brasil. vos – os processos de desterritorialização daqueles povos autóctones,
sejam eles beiradeiros ou povos indígenas –, realizados por meio da
— desapropriação compulsória dos modos de morar, de comercializar
a produção, aquele movimento causado pela interferência direta no
Falar de cartografias ou de contracartografias não é falar de ma- modo de vida e no uso social do rio.
pear um mundo, mas de pensar, sugerir, provocar um outro mundo Tudo isso resulta em desdobramentos outros, que ocorrem ao
possível.Talvez as contracartografias estejam à procura disso, das mesmo tempo, em que é rearticulada uma reterritorialização “compul-
diferentes territorialidades edas diversas temporalidades. Como diria sória” do mesmo espaço, utilizado agora pela Usina de produção de
Secchi (2006), o mundo contemporâneo não é marcado pela falta energia elétrica e suas decorrentes infraestruturas e áreas de alaga-
mento. Esses processos, juntos, configuram multiterritorialidades (ou
seja, a sobreposição de usos em perspectivas diferentes sobre um
10 A própria cor cinza, utilizada para realçar a área atingida até a único território) que ocorrem no entorno do Rio Xingu, onde a minoria
cota 100 m acentua os objetivos de não dar um destaque maior hegemônica, tanto de poder econômico quanto político, prevalece e
à área impactada: optou-se por um tom neutro. Essa mesma reduz os povos que anteriormente já habitavam e usufruíam da região
intenção de não realçar a extensão dos impactos aparece na a meros expectadores que têm que se reinventar.
opção em manter a mesma cor – amarela – para todos os
imóveis, atingidos e não atingidos.
Páginas seguintes:
Hoje eles se dizem (SBPC, 2016) “perdidos”,11 pescadores sem rio”,
410 moradores “sem fala”, famílias sem vínculos. Enfim, hoje se descobre
411 Next pages:
Belo Monte: 1.
que “a casa” ou “as casas” representavam para essa população uma contracarto- Localização da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e do município
grafias
ampla experiência com o território, que incluía a floresta, o rio e todos e contranarra- de Altamira no Pará. Elaboração: Gabriel Negri Nilson; edição:
tivas Guilherme Pardini, 2017. Fonte: Dados do OpenStreetMap e IBGE.
os seus recursos.A casa incluía ainda os laços familiares, comunitá- de uma obra
polêmica
rios, a acolhida a todos, a troca, a produção, a sobrevivência. Em suma, Location of the UHBM Power Plant in the municipality of Altamira,
in Pará. Created by: Gabriel Negri Nilson; editing: Guilherme
uma multidão de afetos. Pardini, 2017. Source: Data from OpenStreetMap and the IBGE.
A autoridade da territorialidade estatal e multi-institucional sobre
o território de sua jurisdição, que legitima obras de infraestrutura, 2.
como as da UHE Belo Monte, se sobrepõe a essas territorialidades Localização das áreas Urbanas de Remoção abaixo da cota 100 m –
Igarapés Panelas, Altamira e Ambé. Localização dos Reassentamentos
locais invisíveis, provocando o encadeamento de desterritorializações Urbanos Coletivos –RUCS, e informações gerais. Elaboração: Gabriel
e reterritorializações, decorrentes do processo de desapropriação e Negri Nilson; edição: Guilherme Pardini, 2017. Fonte: Dados do
OpenStreetMap e IBGE.
reassentamento dos beiradeiros diretamente afetados pela usina hi-
drelétrica – e isso significa muito. Significa a perda do território vivido Location of the Urban Removal areas below 100 m Igarapés Panelas,
Altamira and Ambé. Location of the RUCS (Collective Urban
em favor de forças externas hierarquicamente superiores, de privilégio Resettlements) and general information. Created by: Gabriel
político e econômico. Negri Nilson; editing: Guilherme Pardini, 2017. Source: Data from
OpenStreetMap and the IBGE.
3.
Os ribeirinhos atingidos: As cinco situações identificadas pela
SBPC. Elaboração: Gabriel Negri Nilson; edição: Guilherme Pardini,
2017. Fonte: Dados do OpenStreetMap e IBGE.
4.
Situação dos ribeirinhos dos Igarapés Panelas, Altamira e Ambé na
cidade de Altamira e Áreas de Reassentamento para as 4.100 famílias
previstas. Elaboração: Gabriel Negri Nilson; edição: Guilherme
Pardini, 2017. Fonte: Dados do OpenStreetMap e IBGE.
distância do
RUC total de UH Igarapé Ambé
centro (km)
São Joaquim
1
rodovia Transamazônica
0 1,25 2,50 5
Pedral
km
3.
UHE Belo Monte
4
3
limíte área urbana alojamento operários
rodovia Transamazônica
54 km
2
centro de Altamira
275 km²
reservatório
5
5
RIBEIRINHOS INTERFERIDOS
1 Volta Grande do Rio Xingu aldeia Paquiçamba
2 área urbana de Altamira
1 1
3 Vila Santo Antônio
4 Jusante Sítio Belo Monte
5 Montante Reservatório
Elaboração: Gabriel Negri Nilson 2017
Fonte: Dados do Open Street Maps,
IBGE e informações oficiais públicas do consórcio
operante da UHE Belo Monte.
4.
Lagoa Azul
limíte área urbana
Igarapé Ambé
São Joaquim
1
Igarapé Altamira
Centro de Altamira
menor que 10
entre 10 e 15 1
Igarapé Panelas
entre 15 e 20
1 foi acrescido ao Igarapé Panelas
o total de imóveis relativos à orla
Rio Xingu
Elaboração: Gabriel Negri Nilson 2017
Fonte: Dados do Open Street Maps,
IBGE e informações oficiais públicas do consórcio
operante da UHE Belo Monte
0 1,25 2,50 5
Pedral
km
416 417 Belo Monte:
counter-Cartographies
and Counter-narratives
of a Controversial
Construction
Marta Maria Lagreca de Sales, The present article is part atingidos”], which aimed
Karina Oliveira Leitão of the Counter-Conduct at producing cartographic
Project developed by representations that would
and José Guilherme Schutzer Associação Escola da expose deterritorialization
Cidade from April 2016 to processes undergone
May 2017, as a spin off by riverside dwellers
Collaborators: of the research titled along the Xingu River,
José Paulo Gouvêa, “Belo Monte, a ‘Cartography particularly in Altamira
Paulo Bomfim, of Absence’—the Affected (PA), a city that figures
Riparians” [“Belo Monte, among the most affected
Bruna Ribeiro Alves, uma ‘cartografia de by the Belo Monte
Maytê Tosta Coelho ausência’ – os beiradeiros Hydroelectric Power Plant.
Terra nullius
O gesto primário de tomar posse de um lugar não só implicava a
Uma possível narrativa começa em Brasília, a capital modernista ocupação de um território estrangeiro, mas também exigia uma
construída a partir do zero nos planaltos do Brasil central no final da transformação completa da natureza deste, incluindo sua topografia,
década de 1950. A forma urbana da cidade é definida por dois eixos meio ambiente e clima. Contrariamente à percepção usual, Brasília
principais, que se cruzam em um ponto central, imprimindo uma cruz não é formada por uma série de edifícios modernistas dispostos no
no chão. Conforme o urbanista Lúcio Costa escreveu, Brasília “nasceu topo de um terreno plano. A fim de domesticar o sertão e gerar o
do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: tipo de ambiente que permitiria a formação de uma sociedade mo-
dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz” derna, toda a paisagem precisou ser redesenhada e transformada. A
(COSTA, 1995, p. 284). topografia foi massivamente modificada; vastos trechos de florestas
foram destruídos; inúmeras novas árvores foram plantadas; e um lago Ecocídio via design
434 artificial foi construído para umidificar a atmosfera. A cidade pode ser
435
Fragmentos
interpretada como o produto de um tipo de “geodesign”, na medida de uma O primeiro passo nesta operação foi o estabelecimento de uma juris-
arqueologia
em que visa fabricar não apenas uma sociedade moderna, mas tam- da Terra dição territorial chamada “Amazônia Legal”, que abrangeu toda a par-
bém um meio ambiente totalmente novo. te da bacia dentro das fronteiras soberanas brasileiras – 60%da área
total da Amazônia. Ao projetar uma relação quase simétrica entre
Tabula rasa um espaço político e os limites naturais da bacia, a operação poderia
conceituar e implantar estratégias de planejamento que abrangiam
Somente no início dos anos 1970, quando o Brasil estava sob a di- a Amazônia como uma unidade biogeográfica; ou seja, permitiam in-
tadura militar, Brasília tornou-se o centro do poder político nacional tervenções no ponto em que a “escala ecológica” encontrava a “escala
de fato. Naquela época, o projeto colonial incorporado pelo design política/legal” da Amazônia.
modernista da cidade estava se expandindo rapidamente para a À medida que as estradas e os projetos de desenvolvimento
Amazônia. Assim como os seus predecessores coloniais, os estrate- abriram essas áreas para a colonização, seguiu-se um desmatamen-
gistas e planejadores modernos definiram a floresta como um espaço to maciço. O desmatamento tornou-se um dos mais eficazes meios
vazio, caracterizado pela falta crônica: vazio, subdesenvolvimento, utilizados pelos especuladores para tomar posse da terra, engendran-
estagnação, isolamento. Essa perspectiva neocolonial levou a dita- do um mecanismo de “anexação pela destruição” que resultou em um
dura militar a projetar uma estratégia em toda a bacia para “ocupar e ciclo vicioso de violência social e ecológica, que perdura até hoje.
integrar” as fronteiras das florestas. Geralmente interpretado como o produto de um processo não
A “Operação Amazônia”, como foi inicialmente chamada, foi uma regulamentado, alimentado pela falta de controle governamental, os
das expressões mais significativas da doutrina de segurança nacional, padrões de desmatamento na Amazônia são, de fato, o resultado de
tal como foi aplicada na América Latina durante a Guerra Fria global. esquemas de um planejamento centralizado: ecocídio via design.
No solo, esta estratégia de planejamento foi traduzida em uma série Conceituada e implantada sobre a bacia como um todo, essa
de experimentos radicais de planejamento e projeto territorial [terri- estratégia militarizada gerou transformações na “escala ecológica”
torial design]. Isso foi feito como se os ambientes sociais e naturais da Amazônia, que, por sua vez, catalisou as mudanças na escala do
extremamente diversos e complexos da floresta pudessem ser pla- sistema terrestre. Os efeitos que se seguiram podem ser vivenciados
nejados e modificados como um todo, uma terra nullius/tabula rasa nas convulsões climáticas contemporâneas, em transformações que
homogênea a ser ocupada e colonizada racionalmente. são tão naturais quanto sociais e políticas. O Antropoceno, de fato, é
produto de golpes militares de estado.
Dados
Arqueologia botânica
Terra arrasada
Ambiente mortal
Along the southern and eastern edges of the continental Amazon wa- We the Refugee
tershed, vast tracts of tropical forests and savannahs are being rapidly
converted into scorched fields to open space for industrial cattle ranch- Plantations, as anthropologist Anna Tsing writes, are “machines of
es and soya plantations. This frontier territory is known as the “Arc of replication” devoted to ecological purification and the production of
Fire,” because during the dry season the entire region is set ablaze by sameness (TSING, 2015). They engender an entire new ecology by ex-
countless spots of fires used to clear the forest. This name also de- tracting living beings from their life worlds and transforming them into
scribes of the lawless violence that reigns across the deforestation belt, commodities, simplifying biological processes in order to discipline the
one of the Brazil’s most violent regions. unruly diversity of nature into the tailor-made monoculture landscapes
Dominated by extensive farmlands, barren fields and fragmented of global capitalism.
pockets of depleted forests, the origin of this monumental environmen- In this region of Amazonia— the world’s largest hub of soya pro-
tal ruin dates back to the projects of colonization implemented by the duction—plantations are highly controlled environments designed by a
combination of informational technologies, computerized agricultural Geo-Politics
468 machines, drones equipped with infra-red sensors and satellite-based
469
Fragments
surveillance. Nearly fully automated and requiring virtually no work in Earth Tapirs and wild boars occupy a radically different, asymmetrical posi-
Archaeology
force, these empty, sterile ecologies are sustained by the massive tion within the ecology of the plantation and the ecology of the forest.
application of chemical fertilizers and pesticides produced by the In the plantation, they are pests, the enemy that needs to be extermi-
transnational corporations Monsanto and Syngenta that are popularly nated; in the forest they are the source life, the companion species that
known in this region as “poison.” need to be cared for and nurtured. The foundation of such asymmetry
This desert landscape is not only lifeless, harbouring much less is not only ecological and cultural. Above all, it is a political asymme-
biodiversity than neighbouring forestlands: it is also lethal. Apart from try that draws a line of conflict between two distinct forms of life and
being completely contaminated by heavy doses of “poison,” the fabrica- forms of dealing with life, two modes of relating to and producing na-
tion of the plantation ecology disrupts the life worlds of various species, ture—an “ontological” clash between incommensurable cosmologies.
destroying their habitats and therefore leading to extinction. “Politics is not made up of power relationships,” philosopher
Consider the life worlds of some of the traditional inhabitants of Jacques Rancière wrote, “it is made up of relationships between worlds”
these lands, such as, for example, wild boars and tapirs. As forests are (RANCIÈRE. 1999, p. 42). In the colonial frontiers of Amazonia this sen-
cut and burned, lands are fenced, and plantations expand, wild boars tence acquires a very concrete, violent dimension, describing a global
and tapirs—like Indigenous peoples—are displaced by the depletion of battle which, within the context of a planet ravaged by environmental
food and water sources. Removed from their “life worlds,” separated destruction, climate change and extinctions, concerns the very the
from their ecological means of survival, wild boars and tapirs then turn nature of this world, and what the changing nature of this world will be.
into refugees in their own lands, and in their desperate quest for new
sources of food, they begin to feed on soybean plantations.
“Wild boars and tapirs are a plague,” a plantation owner says, “we
need to get rid of them because they destroy the crops.” These powerful Still image from a documentary
landowners are lobbying the Brazilian National Congress to pass a law on the hunting techniques of
that would authorize the indiscriminate killings of wild boars and tapirs, the Xavante people produced by
which they contend is necessary to “protect” the global soya economy. the Wederã Media Lab, Pimentel
In other regions of Amazonia this legislation is already in place. Barbosa Xavante Land, 2016.
Here the mass-extinction of nonhuman life forms, which according
to science is one of the most telling evidences that planet Earth has
entered into a human-made catastrophic geological era, is not an un-
intended fatality. It is the very product of the plantation ecology, being
intrinsic to the environmentally destructive colonial logics of capitalist
expansion. Extinction is a project authorized by law and perpetrated by
design. The plantation is a biopolitics—a mode of governing life; and
also a necro-politics—a death machinery.
Such necro-politics not only affect the “life worlds” of wild boars
and tapirs, because wild boars and tapirs are not just a collection of Deadly Environment
individuals: they are networks, they are an entire social-ecology. Wild
boars and tapirs play an important function in the diet of Indigenous During the last decade, the colonial frontier’s expansionist move-
communities, being a primary source of protein, and also occupy a fun- ment over Amazonia accelerated exponentially, and this process
damental place in their cosmologies. The Xavante indigenous peoples has been accompanied by escalating violence against indigenous
with whom we met during the trip told us that wild boars and tapirs peoples, and land and nature rights defenders. Data collected by the
are disappearing from this area of Amazonia, either because farmers rights advocacy agency Pastoral Land Commission shows that from
are killing them, or because they are being poisoned by the soybeans. 2002 to 2013 over 50% of the cases of targeted assassinations and
“They are no longer here,” the Xavante say, “their flesh does not taste extrajudicial executions resulting from land and water conflicts in
the same as before.” Fish too are disappearing, and also armadillos, Brazil were located in Amazonia, and that most of the victims were
birds, and trees and the entire forest, and together with the forest the indigenous peoples.
multiple “life worlds” sustained by it. Amazonia, the most biodiverse region on Earth, is also the world’s
deadliest territory for the people who are on the frontlines of the con-
flict to protect the global environment.
Iconoclasistas:
Mapped on the terrain, the geography of political violence over-
470 laps with the Arc of Fire, indicating that, in the frontiers of Amazonia,
471
cartografia rebelde
human rights violations and ecological devastation are intimately, in-
deed structurally, articulated, consisting in entangled dimensions of a
sobre o território
violent colonial order that is enhancing climate change. Deforestation
itself is a means of exercising political violence, in the same way that
the elimination of local resistance by killing environmental activ-
ists helps ”clear” the land for enclosures and the advancement of
deforestation. André Mesquita
Observing this frontier scenario leads to the conclusion, as re-
peatedly voiced by Indigenous peoples worldwide, that the protection
of Indigenous land rights consists in one of the most important and
effective mechanisms for stopping climate change. This was never so
clearly exposed as in the last moments of the COP21 Climate Change
Conference in Paris, when, after the erasure of the clauses that ad-
dressed the protection of indigenous rights from the final agreement, a
global coalition of Indigenous nations declared themselves to be “the
redline” of climate change. Against the litigation and accounting logic
of the summit, the Indigenous movement contended that the threshold
of catastrophic climate change was embodied in them and their modes
of relating with nature—“we have drawn that line with our bodies
against the privatization of nature, to dirty fossil fuels and to climate
change” (DESCHAMPS; MYCHALEJKO, 2015)—suggesting that the
political battle against climate change is above all an anti-capitalist,
de-colonial struggle.
In the frontiers of climate change, these red lines are marked in
the boundaries of ancestral territories and the bodies of Indigenous
peoples and the rural poor. In the conflict set between the frontiers of
climate change and the “red lines” of resistance, a dissident political Um cartógrafo sempre está em busca de algo. Muitas vezes, essa
arena emerges, one that is at the same time local and global, located at busca, aliada ao Estado e suas instituições, visa produzir mapas com
the convergence of anti-colonial struggles and the global battle against o objetivo de dominar territórios, validar o controle privado sobre o
climate change that unites the “Wretched of the Earth.” público, legitimar fronteiras, e explorar recursos naturais e bens co-
muns. Se o Estado usa a cartografia para ocupar, destruir ou dominar,
por que não fazer da cartografia uma atividade capaz de gerar um
espaço comum de experiências, aprendizados e saberes coletivos? A
cartografia crítica pode diminuir as distâncias entre nós e possibilitar
a observação da realidade de um modo totalmente diferente.
Se o mapa é tido como uma fotografia final de um processo de
trabalho que capta um momento particular, cabe pensar que os atos
desse processo e seus desdobramentos são ações políticas. Mas,
Still image from a como essas ações confrontam os problemas, narrativas e poderes
documentary on the hunting estabelecidos? A prática de mapeo colectivo do Iconoclasistas, criado
techniques of the Xavante na Argentina e em funcionamento desde 2006 (ICONOCLASISTAS,
people produced by the 2017), é um desses movimentos que nos ajudam a pensar estraté-
Wederã Media Lab, Pimentel gias para questionar os relatos oficiais e discursos fabricados pelos
Barbosa Xavante Land, 2016. poderes hegemônicos. Aqui, uso o conceito de contracartografia para
referir-me a esse tipo de prática empreendida por eles, em que a arte
e o ativismo dedicam-se a mapear e visualizar sistemas e conflitos vi-
síveis e invisíveis. Contracartografia é menos uma tentativa de chegar
a um objeto visual fechado e finalizado em um mapa acumulando o “depois” da oficina inclui processos subjetivos desconhecidos por nós e, na
472 informações, e mais uma oportunidade de ir além da própria represen-
473 maioria das vezes, excedem o espaço da oficina, porque estão incorporados
Iconoclasistas:
tação para gerar diálogos e descobertas. É um projeto de construção cartografia em dinâmicas próprias dos movimentos. As transformações coletivas estão
rebelde sobre
conjunta de conhecimento autônomo, que extrapola os espaços ins- o território envolvidas em processos amplos. As oficinas são apenas um pequeno mo-
titucionais da arte e da academia para elaborar novos procedimentos mento desses processos. O que sabemos é que, nesses pequenos momentos,
de pesquisa e intervenção. se socializam ferramentas de trabalho, de participação e de conhecimento
Formado em Buenos Aires pela comunicadora Julia Risler e o crítico e estratégico mediante modalidades que podem ser replicadas e
desenhista Pablo Ares, o duo combina investigação e artes gráficas reinventadas em outros espaços. O que ocorre depois são processos abertos
em oficinas de mapeamento, as quais ocorrem a partir da discussão e particulares (Ibid.).
de problemáticas locais e internacionais, e relatos em grupo. O mapa
torna-se, então, um suporte para visibilizar e identificar os problemas Na produção de mapeamentos com comunidades e movimentos
de um território, bem como as resistências e organizações agindo sociais, o artista/coletivo sabe que a escuta e a sistematização das
sobre ele. Conforme a dupla de artistas-ativistas: informações, dados e escolhas que poderão ir ou não nos mapas são,
em grande medida, decididas consensualmente entre os colaborado-
Usamos os mapas como ferramentas de trabalho, como dispositivos lúdicos res dessa comunidade temporária formada em torno de uma prática.
e criativos, mas muito potentes para impulsionar espaços de socialização No núcleo da cooperação entre artistas e movimentos sociais, a ofi-
de conhecimentos e saberes cotidianos, embora não trabalhemos apenas cina colaborativa é um dispositivo fundamental para efetuar a produ-
com a cartografia geográfica, mas também geramos suportes gráficos que ção de imagens distribuídas em uma ação política. Marcelo Expósito
assumem outras formas (corpos, diagramas, sinopses etc.). Isso é gerado a observa que uma oficina colaborativa é um espaço de intercâmbio de
partir dos vários espaços/pessoas/inquietudes com os quais trabalhamos
(ICONOCLASISTAS, 2011).
Mapa
colaborativo
O Iconoclasistas define o mapeo colectivo como “um processo de “Mapa de
Conflitos”,
criação que subverte o lugar de enunciação para desafiar os relatos produzido na
dominantes sobre os territórios, a partir dos saberes e experiências oficina de
mapeamento
cotidianas dos participantes” (ICONOCLASISTAS, 2013, p. 12). As não
oficinas de mapeamento do coletivo articulam produção visual e convencional,
com Pablo
pedagogias alternativas; reapropriam-se dos recursos da cartografia Ares.
para construir outras metodologias, dinâmicas de trabalho e socia-
Collaborative
lização de conhecimentos em conjunto com grupos universitários, map: “Map of
organizações de bairro, movimentos sociais, estudantes e artistas, Conflicts”,
produced in
gerando recursos gráficos colocados em livre circulação. As oficinas the uncon-
voltam-se para a elaboração de relatos coletivos, e todas as contri- ventional
mapping
buições são imprescindíveis. Frases, datas, fragmentos de conversas workshop,
e relatos pessoais são registrados. Algumas pessoas podem experi- with Pablo
Ares.
mentar contar suas histórias desenhando mapas à mão, sinalizando
os espaços cartografados por meio de ícones e colagens para apon-
tar os problemas que afetam as regiões e cidades em que vivem.
Atos de mapeamento devem considerar as dinâmicas sociais de um
território como um processo contínuo de transformação. Se o mapa
convencional não consegue captar integralmente uma realidade
territorial complexa, sua elaboração coletiva amplia sensivelmente
a capacidade de compreensão de suas mudanças, em que corpos e
subjetividades alteram e cruzam fronteiras e encontram “um terri-
tório de cumplicidade e confiança”, dizem Julia e Pablo (Ibid., p. 8).
Certamente, as oficinas de mapeamento revelam novas oportunida-
des de ver e de estar em um território, ressoando em ações posterio-
res. Para o Iconoclasistas,
conhecimentos, habilidades e ferramentas diversas, no qual todos têm da potência das lutas políticas interpelando relatos hegemônicos é
474 um “saber menor” ou um conhecimento especializado para contribuir
475 um cartaz do coletivo sobre uma “história incômoda”, e que circulou
Iconoclasistas:
– um lugar onde se exerce solidariedade e apoio mútuo (ESPÓSITO, cartografia durante as celebrações dos Bicentenários da América Latina, em 2010.
rebelde sobre
2009). Mapeamentos coletivos compartilham o uso livre, expandido o território O desenho da trança de uma jovem negra com pinturas, roupas e orna-
e não convencional da linguagem e das técnicas cartográficas, até mentos indígenas foi convertido em um quipu – instrumento utilizado
então restritas aos especialistas, socializadas e reinventadas poste- pelos incas para comunicação e registro mnemotécnico, que funcionou
riormente em novos espaços e situações. antes da descoberta europeia como transmis-
Narrativas do cotidiano distribuídas e cartografadas nesses sor de informação cultural.
encontros desafiam a conformidade dos discursos hegemônicos para A Trenza Insurrecta [“Trança Insurgente”]
impulsionar ações transformadoras. Os momentos em que acontecem reconstrói uma cronologia tomada por con-
as oficinas com conversas e a organização de ideias são estágios tão quistas e genocídios, sobre a pilhagem colo-
importantes quanto a necessidade de se ter um mapa obrigatoria- nial, sobre revoltas, movimentos de libertação,
mente concluído no final. Todos os processos de trabalho e as formas ditaduras, regimes neoliberais e movimentos
de circulação pública desses mapas são pensados e definidos pelos populares. Essa cronologia de quinhentos
colaboradores, para que suas ações consigam sair de um lugar espe- anos da América Latina não é o seu enredo to-
cífico e atingir outras pessoas. O mapa que será redesenhado, editado, talizante, mas é a efetivação de uma operação
impresso ou distribuído como arquivo eletrônico, é a edição conceitual historiográfica, que seleciona fatos fragmen-
de um método de trabalho. tados e os reorganiza não de maneira neutra,
mas como um discurso que amplia horizontes
Uma ética das imagens críticos e revolucionários. O relato dissidente
que se visibiliza em cada data e informação
O trabalho do Iconoclasistas tem uma importância substancial de registrada sobre os nós do quipu é o de uma
interrogação dos protocolos de acesso e transmissão de informação América Latina ao mesmo tempo massacra-
conciliada com um pensamento crítico. Seus integrantes têm um da e fortalecida por levantes que recusaram
entendimento claro de que as imagens são dispositivos que modelam a os falsos protagonismos, que denunciaram
realidade social. Na década de 1930, Walter Benjamin já havia alerta- histórias eclipsadas, segregações, a cumplici-
do sobre como o fascismo permitiu à multidão ver o seu próprio rosto dade de governos e ditaduras na expulsão de
registrado pelos aparelhos de filmagem em uma perspectiva de voo campesinos, no genocídio cometido contra os
de pássaro durante os desfiles, comícios e espetáculos, mas sem dar povos indígenas e na exploração capitalista de
a ela a possibilidade de expressar os seus direitos (BENJAMIN, 2008, recursos. Esse entremeio entre opressões e resistências é um mani-
Cronologia de
p. 194-95). Hoje, as respostas frente à desinformação, aos protocolos Levantamentos festo contra o silêncio consensual estabelecido e uma oportunidade
prescritos da história oficial e à mídia dominada pelos interesses priva- Anticoloniais, de repensar uma história vista de baixo.
Iconoclasistas.
dos, levam o Iconoclasistas a recuperar “uma ética da imagem”, ideia Impressões em papel desses cartazes circularam em intervenções
que permite gerar “atitudes de compromisso renovado diante de uma Timeline of anticomemorativas dos bicentenários, e são usadas como ferramen-
Anti-colonial
realidade que consideramos injusta” (ARTISTAS Y EXPERIENCIAS, Surveys, tas pedagógicas por educadores.1 Seu significado político é o seu uso
2011). As oficinas de mapeo colectivo permitem não apenas a expres- Iconoclasistas compartilhado – “o original é o múltiplo”, diria o coletivo francês Ne
são dos direitos coletivos, a socialização das técnicas de cartografia e Pas Plier sobre a filosofia de distribuição de imagens artísticas aos
de saberes, como ainda a reivindicação de territórios e a consolidação movimentos sociais. 2 O poder desses cartazes está na sua autonomia
de lutas contra a exploração capitalista. O website do Iconoclasistas é
também uma máquina disparadora de expressões contra-hegemônicas.
O coletivo estimula a apropriação, a reprodução, a reformulação e a livre 1 O cartaz da Trenza Insurrecta se completa com outros
circulação de todos os mapas e demais recursos imagéticos disponíveis dois: um com uma cronologia das revoltas argentinas
em sua página virtual, publicados com licenças livres e fortalecendo (Arbolazo) e outro intitulado Nuestra Señora de la Rebeldia
os protocolos de uma rede dinâmica e colaborativa. Usuários podem (Cf. <http://www.iconoclasistas.net/triptico-del-bicentenario>).
baixar imagens agit-prop e pictogramas para aplicá-los em mapas e 2 O Ne Pas Plier foi uma associação formada nos anos 1990 por
cartazes, reproduzi-los em ações artísticas e compartilhá-los nas redes artistas, fotógrafos, sociólogos e pesquisadores que colaboraram
sociais como meios táticos e reflexivos de uma tomada pública de com a produção massiva de imagens e intervenções simbólicas
consciência, ou como contribuição para a expressão de direitos coleti- em protestos realizados por imigrantes, associações de desem-
vos e as demandas de movimentos sociais. Para mim, a melhor imagem pregados e trabalhadores franceses (Cf. http://www.nepasplier.fr).
Iconoclasistas:
de percorrer os espaços e afetar os corpos – o afeto como uma ener-
476 gia que não pode ser nomeada ou compreendida inicialmente, mas
477
rebel cartography
que é gerada nas interações com essas imagens e o mundo, movendo
as nossas ações subsequentes (GOULD, 2009, p. 20).
of territory
Um novo sentido à cartografia é conferido por intermédio des-
sas imagens e oficinas coletivas realizadas pelo Iconoclasistas.
Contracartografias podem não apenas revelar sistemas de poder,
como também modificar o enunciado de que o “mapa produz territó-
rio”. Seja esse território o lugar onde os mapas são construídos – com André Mesquita
suas histórias, relatos e vestígios –, até a situação em que eles podem
ser acessados e distribuídos. Elas refletem a potência de coopera-
ção entre coletivos, ativistas, comunidades, movimentos e coalizões,
gerando um trabalho conjunto de pesquisa e metodologias de criação,
exposição e construção de novas narrativas.
482 this territory be the place where the maps are constructed—with their 483 Núcleo de Estudos das
GRU-III
Contracartografias
stories, reports and remnants—, or situations in which they can be ac- Espacialidades Contemporâneas
cessed and distributed. They reflect the power of cooperation between (NEC) Instituto de Arquitetura
collectives, activists, communities, movements and coalitions, generat- e Urbanismo USP – São Carlos
ing a shared work of research and methodologies of creation, exhibition
and construction of new narratives.
t
A potência do Projeto Contracondutas e de GRU-111: contracartogra- daquilo que usualmente se apresenta ou é oferecido de modo dis-
484 fias, em meio ao desenrolar cotidiano de graves fatos na conjuntura
485 perso à percepção, podem desvelar aspectos da realidade contem-
política brasileira atual, está justamente na afirmação de uma posição porânea, ativando a compreensão e a tomada de posições críticas.
na disputa sobre a visão do estatuto do trabalho contemporâneo. Contracartografias1 guarda semelhança de sentido com outros ter-
Tendo início em paralelo ao processo de impeachment de uma mos como “mapeamento crítico/cartografia crítica” (CRAMPTON;
presidenta democraticamente eleita, encerraram-se em meio a uma KRYGIER, 2006), “contramapa” (MORRYS; VOYCE, 2016) e “car-
série de reformas que retiram conquistas sociais históricas da so- tografia de controvérsias” (LATOUR, 2012). Em suma, à luz do que
ciedade brasileira – dentre as quais, as reformas da previdência e propõe o geógrafo Jeremy Crampton, a ação política de “fazer ver” das
trabalhista, as quais, de uma só vez, articulam terceirização plena das contracartografias se realiza por meio de deslocamentos, de poderes e
atividades meio e fim nas empresas, extensão do tempo de trabalho e decisões, os quais incorporam reivindicações:
da contribuição social para aposentadoria. Neste período, assistiu-se
igualmente a um embaralhamento na esfera pública, entre dimensões Mapeamentos estão imersos em relações de poder específicas. Ou seja, um
políticas e jurídicas, e o acirramento da conjunção entre dimensões mapeamento tem implicação com o que escolhemos para representar, como
políticas e econômicas no país. escolhemos representar os objetos como pessoas ou coisas, e que decisões
“GRU-111: contracartografias” assumiu, portanto, a hipótese de que são tomadas com estas representações. Em outras palavras, mapear é em si
o cenário no qual se insere exemplarmente o caso OAS-GRU é, antes mesmo um processo político. E é um processo político no qual um número
e mais do que tudo, o desenho de um sistema econômico-político-ju- crescente de pessoas está participando. Se o mapa é um conjunto específico
rídico. Neste sentido, a pesquisa partiu do caso específico em direção de reivindicações de poder/conhecimento, então não somente o Estado e as
a um contexto mais amplo, estrutural e globalizado, que diz respeito elites, mas o resto de nós pode igualmente fazer reivindicações igualmente
às próprias formas avançadas de reprodução do capital por meio da poderosas e em disputa (CRAMPTON, 2010, p. 41). 2
precarização das formas de trabalho.
Frente aos desdobramentos deste complexo sistema, adotamos
a estratégia de realização de “mapeamentos cognitivos”. Fredric
Jameson (1991) já havia defendido, em meio à crise das representa-
ções e à lógica cultural – e espacial – do capitalismo tardio, a premên-
cia do papel pedagógico da arte política e da cultura, por meio do que
definiu como “uma estética do mapeamento cognitivo”, propondo a
pesquisa por conexões entre a experiência do aqui e agora e o dese-
nho indutivo de totalidades provisórias. Ou seja, sugere ser fundamen-
tal a articulação de aspectos fenomenológicos da existência com o
delineamento de conexões entre agentes e poderes que permitam a
compreensão, mesmo que parcial, das superestruturas que organizam
o sistema econômico em que se insere a própria existência.
Procurou-se, desse modo, com “GRU-111: contracartografias”, con-
ceder visibilidade a processos e inter-relações de natureza abstrata,
quando não tornados deliberadamente invisíveis. Foram empregadas
como estratégias, a apropriação da forma dos diagramas pelos quais 1 Termo já utilizado pelo coletivo Counter-Cartographies [http://
as próprias empresas se representam, e montagens verbo-visuais, que www.countercartographies.org/].
mimetizam formas procedentes dos meios de comunicação; além da 2 “Mapping is involved in what we choose to represent, how we
criação de mapas georreferenciados, conformando um conjunto de choose to represent objects such as people and things, and
contracartografias. what decisions are made with those representations. In other
Ao utilizarmos o termo contracartografias queremos enfatizar words, mapping is in and of itself a political process. And it is
que na produção de qualquer representação são feitas escolhas que a political process in which increasing numbers of people are
modulam discursos, destacam aspectos e endereçam públicos, em participating. If the map is a specific set of power/knowledge
um campo aberto de disputas de narrativas. Entendemos, portanto, claims, then not only the state and the elites but the rest of
contracartografias como modos de correlação e espacialização da us too could make competing and equally powerful claims.”
informação que, por meio de re-elaborações estéticas e aproximações (Tradução nossa).
t
The power of the Counter-Conducts Project and GRU-111: counter- scattered manner, are able to reveal aspects of contemporary reality,
486 cartographies, alongside the daily revelations of grim facts regarding
487 activating comprehension and critical decision-making. Counter-
Brazil’s current political scenario, lies precisely in the affirmation of a po- cartographies1 contain similarities in meaning to other terms such
sition in the dispute over the vision of the statute of contemporary labor. as “critical mapping/critical cartography (CRAMPTON; KRYGIER,
They were initiated in parallel to the process that impeached a 2006),” “counter-maps” (MORRYS; VOYCE, 2016) and “the cartography
democratically-elected president, and concluded in the midst of a of controversies” (LATOUR, 2012). In short, in light of the proposals of
series of reforms that rolled back historic social gains in Brazilian geographer Jeremy Crampton, the political action of “making visible”
society—including the reforms of social security and labor laws, which, the counter-cartographies consists in displacements, of powers and
all at once, enabled the complete outsourcing of companies’ main and decisions, which incorporate claims:
support activities, an extension of required work duration and con-
tributions to retirement pensions. This period also saw a shuffling of Critical cartography and GIS however conceives of mapping as embedded
the public sector, of political and legal dimensions, and an intensifica- in specific relations of power. That is, mapping is involved in what we choose
tion of the conjunction between the country’s political and economic to represent, how we choose to represent objects such as people and things,
dimensions. and what decisions are made with those representations. In other words,
Accordingly, “GRU-111: counter-cartographies” assumed the mapping is in and of itself a political process. And it is a political process in
hypothesis that the scenario which gave rise to the exemplary case of which increasing numbers of people are participating. If the map is a spe-
OAS-GRU is, first and foremost, the design of economic-political-legal cific set of power/knowledge claims, then not only the state and the elites
system. In this sense, the study moved from the specific case toward but the rest of us too could make competing and equally powerful claims
a broader, more structural and globalized context, which concerns the (CRAMPTON, 2010, p. 41).
actual advanced forms by which capital is reproduced through increas-
ingly precarious forms of labor.
Faced with the ramifications of this complex system, we adopted
the strategy of creating “cognitive mappings.” Amidst the crisis of rep-
resentation and cultural—and spatial—logic of late capitalism, Fredric
Jameson (1991) previously defended, the urgency of the pedagogic role
of political art and culture through what he defined as “an aesthetic of
cognitive mapping,” proposing research through connections between
experiences of the here and now and the inductive design of provi-
sional totalities. In other words, he suggests the fundamental nature of
articulating phenomenological aspects of existence by outlining of con-
nections between agents and powers that allow for a comprehension,
albeit partial, of the superstructures that organize the economic system
in which existence itself is inserted.
In this way, “GRU-111: counter-cartographies” looked to provide vis-
ibility to processes and interrelations of an abstract nature, when they
aren’t deliberately made invisible. The strategies employed consisted in
the appropriation of the forms of diagrams which the actual companies
use to represent themselves, and verbal-visual montages that mimic
forms originating from media outlets; in addition to the creation of
geo-referenced maps, forming a set of counter-cartographies.
By using the term counter-cartographies, we want to emphasize
the fact that, in the production of any representation, choices are
made that modulate discourses, highlight aspects and address pub-
lics in an open field of narrative disputes. As such, we understand
counter-cartographies as methods for correlating and spatializing
information which, through aesthetic redevelopment and approxima- 1 Term previously used by the collective Counter-Cartographies,
tions to that which is usually presented or offered to perception in a [http://www.countercartographies.org/]
488 489 fonte: sites oas/invepar
organograma:
sistema oas-gru
UNIÃO infraero 51% participação acionária/
AIRPORTS COMPANY logística de
FUNDOS dE PENSÃO estatais south africa 20% aeroporto de guarulhos
participações s.a. 49% aliciamento de
PREVI 25,56% 80% trabalho análogo ao
escravo
FUNCEF 25,00%
PETROS 25,00%
24,44%
Aliciamento de transporte de controle de certificações e alimentação “alojamento” trabalhadores trabalhadores
mão de obra mão de obra demanda da cursos falsos “fiado” casas alugadas em guarulhos aliciados resgatados
• sr. “carlenildo” • transcione mão de obra • engenheiros shalon • RUA MARIA ESPINOLA 1-A • 2366 111 migrantes
• Sr. “professor” viagens e turismo • “carlão” • técnicos de restaurante e • RUA JOSÉ DE MELO, 176 – FUNDOS migrantes de de fora do
CONSTRUTURAS • cld agência de • “kelly” segurança do lanchonete • RUA AIRTON FERREIRA MENDES, 86
• sr. “Gleidson” fora do estado estado de são
TERCEIRIZADAS • sr. ”márcio” empregos, • “luciano” trabalho • RUA SÃO SEBASTIÃO D´OESTE, 109 - FUNDOS de são paulo paulo, com
serviços e • técnicos de • RUA MARCIAL LOURENÇO, 631
• vIXSTELL • RUA ITUPEVA, 265 - JARDIM MARILENA
• 168 migrantes origem em:
empreendimentos enfermagem do do estado de • maranhão
• OUTRAS • RUA NOSSA SENHORA APARECIDA, 70 - JARDIM MALVINAS
turísticos trabalho • VIELA 8, N. 23 - TRAVESSA RUA DOS EUCALIPTOS - BAIRRO MALVINAS são paulo • pernambuco
• RUA LEILA DINIZ, 33 - BAIRRO HAROLDO VELOSO • sergipe
• RUA RIBEIRÃO PRETO, 258 - BAIRRO CIDADE SOBERANA • bahia
• RUA PALMEIRA N. 260 - ANTIGO 999 - CASA 3 - CIDADE SOBERANA
fonte: RELATÓRIO DE INSPEÇÃO – CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO E ALICIAMENTO DE TRABALHADORES – CONSTRUTORA OAS S.A. – CONSTRUÇÃO DO TERMINAL 3 DO AEROPORTO DE GUARULHOS (MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO / SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO EM SÃO PAULO / SEÇÃO DE FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO / SEÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO / PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO)
ORGANOGRAM:
OAS-GRU SYSTEM OF SHAREHOLDING INTERESTS/
LOGISTICS OF RECRUITMENT OF SLAVE LABOR
490 491 Fontes: Site Invepar | Relatórios de demonstrações financeiras das empresas citadas
24,9%
ccne s/a 21,4%
FUNDOS DE PENSÃO Estatais 24,9%
ROAD Ltda 16,7%
11,9% 24,9%
PREVI CRT Fundos de investimentos 11,0%
24,9%
ERG Participações 2,5%
24,9%
FUNCEF 33,3% 0,25% 90%
50% 50% 33,3% credicom 2,5%
50% 50% 33,3% M&G 0,82% 0,25%
AIRPORTS COMPANY
10%
PETROS South Africa
oas
carioca
Complexo viário de Suape-PE Rodovia BA 093 Transolímpica Participações rio
CRT
SHAREHOLDINGS
• invepar 24.9%
• CCNE S/A 21.4%
• ROAD LTDA 16.7% VLT CARIOCA
STATE PENSION FUNDS • queiroz galvão 11.9% VLT RIO
CRA VIARIO • CRT INVESTMENT • invepar 24.9%
PREVI SUPAE HIGHWAY BAHIA BRTBRASIL FUNDS 11.0% • CCR 24.9%
FUNCEF COMPLEX NORTE TRANSOLÍMPICA • ERG SHAREHOLDINGS • ODEBRECHT 24.9% GRU AIRPORT
PETROS – PERNAMBUCO INTERSTATE BA 093 • invepar 33.3% 2.5% • riopar 24.9% • invepar 90%
• invepar 50% • invepar 50% • CCR 33.3 % • CREDICOM 2.5% • BRTBRASIL 0.25% • AIRPORTS COMPANY
OAS • ODEBRECHT 50% • ODEBRECHT 50% • ODEBRECHT 33.3% • M&G 0.82% • RATP 0.25% SOUTH AFRICA 10%
INVEPAR
agentes
"A estrutura de classes também foi truncada
implicados: ou modi�icada: as capas mais altas do antigo
processo judicial/ denúncia autuação ajustamento de conduta proletariado converteram-se, em parte, no
sindicato dos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO / SUPERINTENDÊNCIA oas que Robert Reich chamou de 'analistas
participação trabalhadores na REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO EM SÃO PAULO / SEÇÃO DE simbólicos': são administradores de fundos
acionária construção civil - FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO / SEÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO de previdência complementar, oriundos das
guarulhos TRABALHO / PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO. antigas empresas estatais , dos quais o mais
poderoso é o Previ, dos funcionários do
Banco do Brasil, ainda estatal; fazem parte
Entidades de defesa de de conselhos de administração, como o do
interesses comuns e
gerenciamento de
conflito processo judicial BNDES, a título de representantes dos
trabalhadores. (...) a Constituição de 1988
contribuições de categorias
profissionais parceria participação acionária
PREVI
instituiu o FAT – Fundo de Amparo ao
Trabalhador que é o maior �inanciador de
capital de longo prazo no país, justamente
estado operando no BNDES. (...)trabalhadores que
FUNCEF ascendem a essas funções estão
iniciativa privada preocupados com a rentabilidade de tais
PETROS fundos, que ao mesmo tempo �inanciam a
aeroporto de guarulhos AIRPORTS COMPANY reestruturação produtiva que produz
participações s.a. south africa oas desemprego."
Francisco de Oliveira
infraero (O Ornitorrinco, 2003)
UNIÃO
fontes: sites oas/invepar/ RELATÓRIO DE INSPEÇÃO – CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO E ALICIAMENTO DE TRABALHADORES – CONSTRUTORA OAS S.A. – CONSTRUÇÃO DO TERMINAL 3 DO AEROPORTO DE GUARULHOS (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO /
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO EM SÃO PAULO / SEÇÃO DE FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO / SEÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO / PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO)
Francisco de Oliveira
(The Platypus, 2003)
invepar PREVI
FUNCEF
AIRPORTS COMPANY PETROS
GUARULHOS AIRPORT SOUTH AFRICA OAS
GRU AIRPORT
SOURCES: OAS WEBSITE / INVEPAR WEBSITE / INSPECTION REPORT – CONDITIONS ANALOGOUS TO SLAVERY AND
RECRUITMENT OF WORKERS – CONSTRUTORA OAS S.A. - CONSTRUCTION OF TERMINAL 3 OF GUARULHOS AIRPORT (MINISTRY
OF LABOR AND EMPLOYMENT / REGIONAL SUPERINTENDENCY OF LABOR AND EMPLOYMENT IN SÃO PAULO / SECTION OF
LABOR MONITORING / SECTION OF LABOR SAFETY AND HEALTH / PROGRAM FOR THE ERADICATION OF SLAVE LABOR)
494 495
Article 149 of the Brazilian Penal Law no. 10,803, of December 11, Senate Project for Law (PLS) no. 432, Threat of punishment Lack of consent “Forced labor should be punishable
Code, Decree-Law no. 2848 of 2003, which altered Article 149 of of October 19, 2013, which intends to (means of maintaining people within a (involuntary nature of labor) as a crime. [...] The vast majority of
December 7, 1940: Decree-Law no. 2848, December alter Article 149 of Decree-Law no. regime of forced labor) (“itinerary” of forced labor) member states of the International
7, 1940 • Penal Code, to establish 2848 and (re)define slave labor: Labor Organization have ratified
1940 penalties for the crime typified by • Enslavement by birth or by lineage one of its two conventions on forced
it and indicate hypotheses which 2013 • Physical violence against workers, from slaves / servitude by debt labor and, in general, both of them.
“Reducing anyone to conditions configure conditions analogous to their families or those close to them The tendency is the pure and simple
analogous to that of a slave, whether slavery: “Inspectors discover 111 construction • Abduction or kidnapping elimination of forced labor, of slavery
by submitting them to forced labor workers at Cumbica International • Sexual violence and of practices analogous to slavery
or exhausting work hours, subjecting 2003 Airport (GRU) in Guarulhos in slave (Threat of) supernatural reprisal • Sale of one person to another in national constitutions, in penal
them to degrading work conditions, labor conditions” codes and, at times, in labor codes.
or restricting, by any means, their “Reducing anyone to conditions • Imprisonment or confinement • Confinement to the work locale [...] However, two problems appear to
circulation as the result of debts analogous to that of a slave, whether “Subjecting anyone to conditions – in forced imprisonment or be present in nearly the entire world.
incurred with employers or agents.” by submitting them to forced labor analogous to slavery, whether • Financial retribution incarceration
or exhausting work hours, subjecting submitting them to forced labor or Firstly, barring a few exceptions,
them to degrading work conditions, exhausting work hours, subjecting • Reports to authorities (police, • Psychological coercion, in other there is no precise definition of
or restricting, by any means, their them to degrading work conditions, immigration authorities, etc.) and words, orders to work supported forced labor, which hinders its
circulation as the result of debts or restricting, by any means, their deportation by the real threat of punishment for identification and punishment. [...]
incurred with employers or agents, circulation as the result of debts disobedience
curtailing the use of any means incurred with employers or agents, • Dismissal from current job A vicious circle is thus established:
of transportation by workers with curtailing the use of any means • Debts induced (through the unclear legislation, little or no
the objective of detaining them at of transportation by workers with • Exclusion from future jobs falsification of accounts, inflated resources allotted for criminal
the work locale, maintaining overt the objective of detaining them at prices, reduction in the value actions and limited awareness
vigilance over the work locale or the work locale, maintaining overt • Exclusion from the community and of goods of services produced, or publicity, resulting in a lack of
taking possession of workers’ vigilance over the work locale or social life exorbitant interest rates, etc.) pressure in favor of more precise
personal documents or belongings taking possession of workers’ legislation, and so forth.”
with the objective of detaining them personal documents or belongings •Suppression of rights or privileges • Trickery or false promises of types of
at the work locale.” with the objective of detaining them work and work conditions Source: International Labor Organization
at the work locale.” [ILO] Program of Special Action to Combat
• Retention or non-payment of salaries Forced Labor [SAP-FL]
Spaces on the
por trabalhadores que deixam de ser trabalhadores explorados, escra-
vizados, dominados, submetidos para se tornarem bandos autônomos
Outskirts of Cumbica
emancipados, desatados de amarras exploratórias e espoliativas.
Contudo, os poderosos também realizam ações livres. Quando
Airport
realizadas por agentes opressores que detém o domínio sobre os
corpos dos trabalhadores, as ações livres podem ser destrutivas e
escravizadoras. É por isso que precisamos lembrar sempre o aviso de
Deluze e Guattari (1997, p. 214) para “jamais acreditar que um espaço Kazuo Nakano
liso basta para nos salvar”.
1. Os peões
As obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas contribuíram um boca- José Aldemario Pinheiro Filho, mais conhecido como Leo Pinheiro,
do para que os mecanismos de licitação fossem afrouxados no país. é um homem parcialmente calvo, de barba grisalha e, no vídeo em
Eram obras demais, grandes demais e havia pressa. Não existia mar- questão, vestiacamisa azul-claro, colete de lã cinza, e paletó preto.
gem para atrasos, Obama tinha dado uns tapinhas nas costas de Lula: No momento em que o juiz federal Sergio Moro, da força tarefa da
“Esse é o cara”, tinha dito. Agora, o país que elegera “o cara” como Lava Jato em Curitiba, começou o interrogatório sobre supostos pre-
presidente não podia fazer feio em rede pla- sentes dados pela OAS ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a
netária de televisão. Era preciso simplificar, boca de Leo Pinheiro faz um arco para baixo, qual um emoticom triste
flexibilizar, deixar tudo menos engessado. em uma mensagem instantânea.
Então, criou-se o Regime Diferenciado de Quando chegou a hora de responder, o executivo mostrou certa
Contratações Públicas (RDC), que abranda- humildade, postura diversa da que se esperaria de homens poderosos
va os requisitos para as licitações nas obras como ele que, de 1997 a 2014, foi presidente da empreiteira OAS e
da Copa, Olimpíadas, e Paraolimpíadas de duas holdings do grupo. Durante as quase três horas que durou o
(NEITSCH, 2013). Mas diante de tantas depoimento, não foram poucas as ocasiões em que ele pareceu querer
obras com urgência, alguém deve ter se per- oferecer respostas que de fato não possuía.
guntado: não seria possível facilitar também Leo Pinheiro cumpriu três dos 26 anos de prisão a que foi conde-
em outras áreas? Que mal isso traria? Assim, nado, em segunda instância, por ter atuado de maneira ilícita em uma
a coisa foi se tornando mais ampla, e o RDC série de contratos da empreiteira que comandava com a Petrobrás.
logo passou a ser permitido em obras do Desde que foi preso, o empresário vem negociando uma delação
PAC, do Sistema Único de Saúde, de presí- premiada – mecanismo pelo qual condenados têm a pena reduzida ou
dios e outras mais (BRASIL, Lei 12.462, 2011). extinta por colaborar com a Justiça –, mas o processo sofreu diversos
Por esse sistema, o governo pode lançar mão da “contratação in- avanços e retrocessos ao longo do tempo e, no momento do depoi-
tegrada”, o que lhe permite licitar obras que possuam apenas um an- mento, não havia nada acertado em definitivo. O empresário, portanto,
Tomás
teprojeto. É mais ou menos o que aconteceu com a Transamazônica, estaria ali apenas por sua vontade de esclarecer as coisas, de passar a
Chiaverini, com a diferença de que agora resolveram colocar a falta de planeja- panos limpos a história recente da empresa, que se agigantou sob sua
o pedreiro
mento no papel. gestão. Estava ali, em suma, para fazer o bem.
Dogival
dos Santos Em entrevista por e-mail, o presidente do Conselho de Arquitetura O vídeo, a exemplo dos demais depoimentos da Lava Jato, é enfado-
teve de se e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), Haroldo Pinheiro afirmou que o nho e avança a conta-gotas, o tempo inteiro interrompido por questões
aposentar
depois de RDC é uma “explícita e absurda permissão legal” (PINHEIRO, 2017). burocráticas. A maioria das perguntas feitas pelo Juiz Sergio Moro tinha
lesionar Segundo ele, o anteprojeto é uma “peça técnica insuficiente para defi- a ver com um apartamento triplex no Guarujá que a OAS supostamente
o braço
segurando nir o empreendimento, pois só o projeto completo reuniria os elemen- teria dado a Lula, mas a importância do imóvel parecia se apequenar
uma tábua que tos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para quando o empreiteiro falava do nosso assunto em questão: licitações.
cairia sobre
um colega de caracterizar a obra ou o serviço” (Ibid.). Segundo Pinheiro, com o RDC A história que Pinheiro contou a Moro remontava aos meados da
construção. o poder público deixa o empreiteiro com “a faca e o queijo na mão, década passada, entre 2003 e 2006. À época, ele estava inquieto e
Tomás pois, orientado apenas pelo lucro, ele define orçamento, a qualidade procurava políticos de sua confiança que o ajudassem a transpor um
Chiaverini, dos materiais e os prazos de execução” (Ibid.). muro invisível, erguido diante da estrada rumo a um futuro faraônico
Dogival dos
Santos is a A despeito das críticas, contudo, os mecanismos trazidos pelo que a OAS imaginara para si, pois, apesar do tamanho, da experiên-
bricklayer RDC tendem a se tornar ainda mais frequentes, caso seja aprovado cia, do histórico de atuação em grandes obras, e da proximidade com
who had to
retire after o projeto de lei 6.814, que altera a lei de licitações (BRASIL, Lei nº o poder político nacional desde o berço, a empresa não conseguia
injuring his 8.666/1993).Se aprovado, o PL permitirá, por exemplo, que a contra- amealhar grandes contratos com a Petrobras.
arm, holding
onto a plank
tação diferenciada seja utilizada em qualquer obra acima de R$ 20 mi- O executivo sabia muito bem por que isso acontecia, pois dificil-
that would lhões – o que, em se tratando de obras públicas, não é muito dinheiro mente teria chegado à posição de destaque se ignorasse as regras
have fall-
en onto a
(BRASIL, Projeto de lei nº 6.814, 2017). Atualmente o texto agora está do jogo em que se dispunha a competir na liga dos profissionais. E o
colleague. na Câmara dos Deputados e pode virar lei a qualquer momento. Claro motivo era simples: a OAS não fazia parte do “clube”.
A existência desse “clube” tornou-se fato conhecido dos brasilei- dos cofres públicos para o bolso de políticos e contas não declaradas
540 ros em novembro de 2014, quando o presidente da empreiteira Toyo
541 de campanhas eleitorais (INFOGRÁFICO ESTADÃO, s./d.). É bem
Cimento,
Setal, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, selou sua delação premia- lama e poder: possível, contudo, que esse número venha a crescer diante de novas
um breve
da com o Ministério Público Federal. Nela, Mendonça Neto narrou o panorama revelações. A entrada de novos atores, como a gigante de proteína ani-
da construção
esquema pelo qual um grupo de 16 empreiteiras dividia entre si as civil no mal J&F, também deve mostrar que as empreiteiras eram apenas uma
país da
obras mais suculentas da Petrobras. Lava Jato parte de um esquema muito maior e pulverizado pelos mais diversos
A coisa era bastante organizada, segundo depoimentos diversos setores do capitalismo nacional.
colhidos pela operação Lava Jato. Havia reuniões periódicas, nas quais Ainda é cedo, historicamente, para entender a amplitude do mar de
as obras e as empreiteiras participantes eram discriminadas numa propinas que inundava o meio político-empresarial do país. Mas, na ava-
planilha. A partir daí, o butim era amigavelmente dividido, levando-se lanche de informações que a operação Lava Jato produziu em mais de
em conta a familiaridade de cada empresa com a área, as peculia- três anos de existência, existe um documento que detalha saborosamen-
ridades de cada empreendimento, se ela operava na região, se seus te a relação entre empreiteiros e políticos. Trata-se da delação de Claudio
executivos tinham afinidade com os responsáveis pela obra na estatal Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht. O texto,
e outras especificidades sazonais. Com tudo acertado, as empresas de 82 páginas, já começa bem, com o autor descrevendo suas funções
se inscreviam nas licitações, mas suas propostas eram elaboradas de na empresa: “Resumindo, minha atuação, por ser da área de relações ins-
tal forma que, no final, os contratos acabavam distribuídos de acordo titucionais, é no sentido de manter perene e diretamente, com apoio das
com o esquema combinado. Os certames para as principais obras da entidades de classe que representam os setores afetos às empresas do
maior estatal do país, portanto, não passavam de uma fachada para grupo, relações institucionais com parlamentares, que preferencialmente
os brasileiros lerem nos jornais ou assistirem na TV Globo enquanto exercem forte liderança em seu partido e em seus pares”, escreveu, com
esperavam a novela começar. “Essas investigações se inserem den- algum prejuízo à norma culta. “Minha empresa tem interesse na perma-
tro de um imenso esquema de corrupção”, afirmou o procurador da nência desses parlamentares no Congresso e na preservação da relação,
Lava Jato Deltan Dallagnol (AFFONSO; BRANDT; MACEDO, 2014) uma vez que, historicamente, eles apoiam projetos de nosso interes-
sobre o clube. “Dentro dele, empreiteiras se organizaram em cartel se, e possuem capacidade de influenciar os demais agentes políticos.
e em um clube para corromper funcionários públicos de alto escalão O propósito da empresa, assim, era manter uma relação frequente de
da Petrobras. Eram pagos valores que correspondiam de 1% a 5% do concessões financeiras e pedidos de apoio com esses políticos, em uma
valor total de contratos bilionários”. típica situação de privatização indevida dos agentes políticos em favor de
Quem comandava esse esquema, que teve de nove a mais de vinte interesses empresariais, nem sempre republicanos”.
empresas ao longo do tempo, era Ricardo Pessoa, presidente da cons- Após esse detalhamento, Melo Filho elenca dezenas de políticos
trutora UTC. Entre outras atribuições, ele era o responsável por efe- com os quais manteve contato frequente, dando destaque para o que
tuar pagamentos de propina a Renato Duque, apadrinhado do ex-líder chamou de “núcleo dominante do PMDB”: Romero Jucá (atual líder
petista José Dirceu e diretor de serviços da Petrobras (FAVERO, 2014). do governo no Senado), Eunício de Oliveira (presidente do Senado)
A disposição em pagar propina, contudo, não garantia participação no e Renan Calheiros (líder do partido no Senado). Ainda segundo a
conluio e a OAS, ao menos até 2006, ficava de fora das negociatas. delação – que, não custa lembrar, ainda precisa de provas materiais –
Leo Pinheiro, então, resolveu cobrar sua parte no festim dos contratos alguns desses agentes políticos pediam “patrocínio financeiro”, vanta-
públicos. “Pessoalmente, procurei o governo para demonstrar nossa gens indevidas que foram prontamente entregues, mas, em contrapar-
insatisfação, pelo porte que nós já tínhamos na época, de não poder tida, tinham suas ações acompanhadas com lupa pela empresa.
estarmos participando da licitação desses contratos”, disse o emprei- O melhor exemplo da relação entre empresário/lobista e políticos/
teiro. “Tivemos deter uma atitude muito dura com o mercado. Ou nós padrinhos está no trecho dedicado ao senador Romero Jucá, codino-
vamos participar disso, ou vamos dar um preço muito menor, e isso me Caju, que Melo Filho apontou como seu principal interlocutor no
vai acabar”, contou. Congresso. “O relevo de sua figura”, escreveu o ex-executivo, “pode ser
Diante das ameaças, “o clube” abriu espaço para a OAS, e, em medido por dois fatos objetivos: (i) a intensidade de sua devoção aos
pouco tempo, os contratos com a petroleira passaram a representar pleitos que eram de nosso interesse e (ii) o elevado valor dos paga-
de 20% a 25% dos ganhos da empreiteira (ÍNTEGRA, 2017). mentos financeiros que foram feitos ao Senador ao longo dos anos”.
O “elevado valor”, no caso, foi especificado mais adiante pelo delator:
O esquema R$ 22 milhões. E também as contrapartidas oferecidas por Jucá. Ele
fez a balança pender para o lado da empresa em matérias que vão da
Os 442 contratos da Petrobras com as empreiteiras do “clube” so- tributação da NAFTA ao parcelamento de débitos tributários, passan-
mam R$ 76,4 bilhões, segundo cálculos do site Contas Abertas, e do pela contribuição previdenciária sobre salários dos trabalhadores.
há estimativas de que cerca de R$ 10 bilhões tenham sido desviados “No extenso período de sua posição de líder no governo, os temas
afetos à Odebrecht foram tratados por ele nas diversas discussões O executivo vestia terno preto sem gravata, usava óculos de arma-
542 técnicas com a empresa e, sobretudo, na defesa de nossos pleitos
543 ção leve, e, apesar da barba curta, tinha algo de um menino que brinca
Cimento,
perante o Poder Executivo. O senador sempre esteve à frente de todas lama e poder: no escritório do pai. A impressão talvez se devesse à compleição
um breve
as decisões importantes do Congresso, em especial em temas de panorama franzina e à baixa estatura. E soava como o oposto do que ele dizia, e
da construção
referência tributária, em que ele tem grande domínio técnico”. civil no do que se poderia esperar de alguém em sua função, nada corriqueira.
país da
A delação de Melo Filho é uma entre várias, e se destaca por Lava Jato Em termos simplificados, Tourinho tem a missão de fazer com que a
esmiuçar, de forma bastante meticulosa, o sistema elaborado e empresa siga as regras e aja de maneira ética.
sedimentado de compra de interesses que, ao longo dos anos, foi Quando perguntei sobre a liberdade que de fato possuía dentro
desenvolvido por sua empresa. Mas a Odebrecht não foi a única a da empresa, ele começou a responder pelas beiradas: “A gente sabe
institucionalizar e normatizar a propina. No início de maio, foi a vez de que ocorreu alguma coisa que não estava correta no passado. A gente
o ex-diretor-presidente da área internacional da OAS Agenor Medeiro quer entender aquilo que aconteceu para que não aconteça nunca
falar a Sérgio Moro. No depoimento (DANTAS; DANTAS; SCHMITT, mais. Por isso, hoje a área de compliance é fortíssima. A alta admi-
2017), sem causar grande surpresa, ele informou que sua empresa nistração deposita, em mim e na minha equipe, uma confiança muito
também mantinha um departamento que operacionalizava “vanta- grande, porque a gente quer realmente conseguir virar a página e
gens indevidas” – era chamado de “controladoria”, e os valores que seguir em frente”.
passavam por lá não eram nada modestos: apenas em uma obra da O setor que Tourinho comanda há um ano e meio tem oito funcio-
Petrobras, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, teriam sido des- nários, que se dedicam em regime exclusivo, e outros que se juntam a
viados R$ 16 milhões. “Existe uma área na empresa que é justamente eles esporadicamente. Segundo o executivo, é completamente autô-
a área que trabalha nessa parte de vantagens indevidas, uma área que nomo, subordinado a um comitê de compliance que não é subordinado
chamamos de controladoria, em que são feitas doações a partidos até a mais ninguém. Surgiu em 2013, por conta da lei anticorrupção, mas
de forma oficial. Essa área cuidava de pagamentos de fornecedores de ganhou musculatura com o advento da Lava Jato. Ainda que não tenha
campanha, gráficas e outras coisas mais”, disse o delator. propriamente crescido, não foi reduzido como quase todas as áreas da
companhia, o que, na prática, representa um aumento de importância.
Purificação Atualmente, o trabalho do setor de compliance da OAS tem ba-
sicamente duas frentes. A primeira é receber e investigar denúncias
A OAS ocupa hoje quatro andares de um edifício novo em folha, na ave- contra a empresa. Desde 2014 até a manhã de maio em que conversa-
nida Marquês de São Vicente, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. mos, Tourinho disse ter recebido cerca de quinhentas queixas, metade
O prédio, um caixote bege de concreto e vidro, imponente e comum, é a delas de forma anônima. Das que tiveram seus autores conhecidos,
tradução material dos impactos da Lava Jato sobre a empresa. a maioria veio dos próprios funcionários da empresa. O fenômeno é
Em recuperação judicial desde 2015, ela teve seu corpo de funcio- visto com bons olhos pelo setor, e há campanhas para incentivar a
nários e colaboradores reduzido de cerca de 100 mil, antes da opera- delação de companheiros que estejam agindo de maneira antiética,
ção, para aproximadamente 30 mil atualmente. Em janeiro de 2016, as ilegal ou displicente. “Faça o certo, denuncie o errado”, é o mote de
instalações passaram de sete andares no bairro de Higienópolis, um um vídeo interno que deverá circular em breve. Quanto aos resultados
dos mais nobres da capital paulista, a quatro na Barra Funda, uma re- práticos dessas denúncias, Tourinho prefere não dar números exatos,
gião mais modesta da cidade. Nas dependências da empresa impera mas fala em algumas dezenas de funcionários demitidos desde 2013.
uma aura de funcionalidade impessoal. A sala de reuniões onde fui A segunda linha de trabalho do setor de compliance é o acompa-
recebido pelo compliance officer Andre Tourinho, por exemplo, tinha nhamento e a fiscalização de todos os processos internos da empresa.
uma mesa escura imponente cercada por confortáveis cadeiras de Análises prévias de contratos, monitoramento de aproximadamente
couro preto, e mais nada. Ficava no 20o andar, e dava vista para uma 10 mil fornecedores ativos em cerca de 12 países, fiscalização do ba-
série de galpões industriais que avançavam pela região da marginal lanço de quase cem empresas do grupo.
Tietê, escalando rumo à Serra da Cantareira. Naquela manhã cinzenta Diante desses números, parece razoável questionar a real eficácia
de maio, eles se perdiam em meio à nevoa seca da poluição, trazen- do departamento. Oito pessoas são realmente capazes de fiscalizar
do à paisagem elementos de uma distopia futurista, uma metáfora esse universo de informações? Tourinho explica que não é possível ave-
bastante adequada ao futuro da empreiteira: cimento, aço e nevoa riguar todos os processos, mas a coisa é feita por amostragem: “Temos
seca de incerteza. “Quero ser bem sincero, como eu sempre fui aqui”, um know-how para saber onde olhar especificamente, cirurgicamente,
disse André Tourinho (2017), assim que se sentou ao meu lado, numa para ver o que é que tem de desvio o que não tem”, disse. Certo, mas
das confortáveis cadeiras de couro. “E é de interesse da empresa ser há de se convir que os processos de corrupção são feitos para não
sincera, ser aberta para que todo mundo entenda o que aconteceu. A serem notados. Ainda que em algum momento se tenha chegado a
intenção da empresa é virar a página e seguir em frente”. absurdos como o “setor de operações estruturadas” da Odebrecht, ou
a “controladoria” da OAS, normalmente as operações de desvio são Compliance?
544 discretas, difíceis de serem identificadas. Prova disso é que, no caso da
545
Cimento,
Odebrecht, o famigerado departamento de propinas continuou funcio- lama e poder: O pedreiro aposentado Chico Cordeiro mora bem na entrada da Vila
um breve
nando mesmo com a Lava Jato a todo vapor (BRÍGIDO, 2017). panorama das Malvinas e não faz a menor ideia do que seja compliance. Chico
da construção
“Não saberia te dizer o que acontecia lá”, disse Tourinho sobre o civil no é de outro tempo, em que ninguém sonhava com algo como a Lava
país da
fato de a Odebrecht ter mantido os desvios enquanto era devassada Lava Jato Jato, com suas delações e recuperações judiciais; muito menos com
em rede nacional. “O que eu posso dizer é que alteramos a diretoria e a aplicação de leis contra trabalho escravo. Saiu do Canidé, no Ceará,
quem está aqui hoje, está focado em realmente mudar essa percep- na década de 1960, para trabalhar na finalização das obras da recém
ção das pessoas, de como funciona uma empresa de construção civil -inaugurada Brasília, onde ficou por seis anos.
no Brasil”. Quando os empregos na construção minguaram na Capital, rodou
Além disso, ainda segundo o compliance officer, cumprir as regras o país carregando tijolo, virando massa, dobrando ferro, chapiscan-
é uma questão de sobrevivência, o que simplifica a atuação do setor: do parede, batendo laje. Disse que se aposentou como “cachimbo”,
“Vou ser bastante sincero e o que eu vou falar vai parecer até brinca- tocador de obra, e que no final da carreira não trabalhava mais, “só
deira. Mas é fácil fazer isso [zelar pelo cumprimento das leis]. É muito mandava”. Antes, viu de um tudo pelos canteiros do Brasil. Contou,
fácil fazer isso. Por um simples motivo: a Lava Jato. Como falei, a por exemplo, de alojamentos com percevejos capazes de levantar um
maioria dos diretores foram alterados. Quem é o diretor que está as- homem. “Sabe por que levanta um cabra?”, perguntou por trás de um
sumindo hoje que vai pensar em fazer alguma coisa errada?”, questio- bigodão preto que contrastava com a calva quase completa. “Porque
nou para trazer a resposta em seguida: “Nesse cenário de Lava Jato, e ele pica, a mordida é tão doída que o cabra levanta”, disse, e soltou
mais do que Lava Jato, de recuperação judicial, a gente não pode errar. uma gargalhada.
Se a gente errar, a empresa acabou”. Segundo ele, a hospedagem nunca foi o forte da construção.
Além da fiscalização e do recebimento de denúncias, o setor de Os alojamentos, quando existiam, eram sujos, lotados e perigosos.
compliance também atua na educação e conscientização dos empre- “Era toda noite um que morria na faca”, contou o pedreiro aposenta-
gados, em ações que vão além do estimulo à delação de colegas. O do, que sempre arrumava um canto para pagar por conta própria. Foi
foco da próxima campanha interna será os pequenos delitos. Colocar assim que acabou na Vila das Malvinas, ao lado do Aeroporto. Ele
o almoço com a família na conta da empresa, superfaturar o boleto acompanhou a obra toda, de longe, mas nunca chegou a trabalhar por
do táxi, imprimir documentos pessoais no escritório. “Não adianta lá.“Nem fodendo”, gritou exagerando a indignação.“O que? Você sabe
reclamar que o diretor da empresa está errado, que os políticos estão a lama que era aquilo? Nem fodendo que eu ia entrar ali. Me chama-
errados, se você não fizer o seu papel”, disse Tourinho. ram, mas eu não fui, porque não sou otário”. Disse que aconteceu a
No final da conversa, mencionei o caso dos 111 de Petrolândia. mesma coisa no Vale do Anhangabaú. “Eu passei lá, dei uma espiada
Tourinho não sabia os detalhes e pareceu não acreditar totalmente dentro do buraco, me chamaram pra trabalhar. Mas eu, hein? Você é
na narrativa breve que fiz a ele: “Não sei se foi exatamente assim louco? Eu vou trabalhar dentro da lama? No buraco?”.
que aconteceu, mas se eventualmente vier a acontecer alguma coisa Diante de tamanha resistência, perguntei o que o incomodava
semelhante no futuro, vamos conseguir identificar e estancar ime- tanto na ideia de trabalhar num buraco. “O quê? E se aquilo ali cai,
diatamente”, disse. Para ele, uma forma de impedir que outros casos caralho? Eu vou morrer e vou acabar enterrado ali? Você tá é louco?”,
de trabalho análogo a de escravo aconteçam no futuro é por meio de disse, e contou que cansou de ver operários morrerem nos canteiros
treinamentos, que são feitos nas mais diversas áreas – incluindo aí os de antigamente. “O cara vai lá, dentro da lama, fazer uma instalação
operários e recrutadores de mão de obra. Com as devidas diferencia- elétrica. Leva um choque, morre e aí vão fazer o quê? Vão parar a obra
ções, claro. “Há treinamentos e treinamentos”, ponderou. “Para diretor, e tirar o corpo do cabra lá de dentro? Nem fodendo! Joga cimento em
gerente, e para alguns cargos específicos, é presencial. A gente faz cima manda ver. Essa cidade aí é um baita cemitério de trabalhador,
uma palestra de mais ou menos uma hora. Para o pessoal de obra, não cara. Onde você pisa tem gente enterrada. E a família do cabra tá lá,
dá para fazer presencial para todo mundo, porque atrasaria muito”. no Nordeste, até hoje. Até hoje esperando ele dar uma notícia, até hoje
Além disso, segundo o executivo, o canteiro apresenta outros proble- esperando ele voltar”.
mas: “Já visitei várias obras, falando ‘ó estou aqui; precisando de mim,
sou do compliance’. Mas o que é compliance? A gente se preocupou
em dizer o que é, porque se falar em compliance para o pessoal de
obra, eles não sabem nem pronunciar”, explicou. Nos quatro primeiros
meses de 2017, ele disse ter visitado apenas uma obra da OAS.
546 547 Cement, mud,
and power:
a brief panorama
of civil construction
in the country
of Lava Jato
Tomás Chiaverini
he ended up in Vila das Malvinas, next to the airport. He had followed Raquel Garbelotti
572 573
Mise-en-scène: Maquete
the whole project from afar, but had never worked there. “No fucking
way,” he shouted, exaggerating his indignation. “What? Do you know
what mud there was in that place? No fucking way I was going in there.
They called me, but I didn’t go, because I’m not a sucker.” He said the
same thing happened in the Anhangabaú Valley. “I went there, I took
a little look at the hole, they called me to work. But me, huh? Are you
crazy? I’m going to work in that mud? In that hole?”
Seeing such forceful resistance, I asked what bothered him so
much about the idea of working in a hole. “What? And if the fucking
thing caves in? I’m going to die and I’m going to end up buried there?
Are you crazy?” he said, and told how tired he had gotten of seeing
workers die on construction sites in the past. “The guy goes there,
down in the mud, to execute an electrical installation. He gets a shock,
dies, and what will they do then? Are they going to stop work and get
the guy’s body out? No fucking way! Just throw cement on top and
get on with the job. This city over there is a huge workers’ cemetery,
man. Wherever you walk there are people buried. And the guy’s family
is there in the Northeast to this day. To this day, they’re hoping to hear
from him; to this day, they’re waiting for him to come back.”
t
t
t
t
582 583 Efeitos e afetos nos
instrumentos jurídicos
que prometem a
correção de condutas
Cristiana Losekann Trecho extraído
de LOSEKAN, C.;
GARBELOTTI, R.
“Efeitos e afetos nos
instrumentos jurídicos que
prometem a correção de
condutas” [26/04/2017].
Disponível em: <www.
ct-escoladacidade.
org/contracondutas/
intervencoes/mise-
en-scene-maquete/
efeitos-e-afetos-nos-
instrumentos-juridicos-
que-prometem-a-
correcao-de-condutas/>
(Acesso: 21 jun. 2017).
in legal instruments
A maquete e a luz planejada em estúdio não garantem um contro-
le documental total do que houve naquele lugar, naquele tempo, mas
correction of conducts
hipotética de emoções que podem construir essas baterias morais.
Além disso, o trabalho provoca o espectador para uma experiência
com esses elementos, abrindo espaço para que cada um reflita sobre
a constituição, ou não, dessas baterias e suas consequências para a
produção de outros sentimentos, tais como indignação, medo, culpa, Cristiana Losekann Extracted from LOSEKAN,
raiva, encantamento e esperança. C.; GARBELOTTI, R.
“Efeitos e afetos nos
A luz traz o sol, a noite, o tempo passando e as tempestades que instrumentos jurídicos que
podem arrebatar o momento e mudar os desfechos. Assim, essas nuan- prometem a correção de
condutas” [26/04/2017].
ces percebidas modestamente pelo trabalhador podem ser os polos Available at: <www.
positivos de uma bateria moral1 necessária para a manutenção de uma ct-escoladacidade.
resiliência que garanta internamente alguma esperança de dignidade”. org/contracondutas/
intervencoes/mise-
en-scene-maquete/
efeitos-e-afetos-nos-
instrumentos-juridicos-
que-prometem-a-correcao-
de-condutas/> (Access: 21
jun. 2017).
“[...] As we think about the proposal by artist Raquel Garbelotti for the
Contracondutas Project, we experience the elements that might have
constituted this internal battery residing within the workers, and, per-
haps, within ourselves, as spectators of her film.
The artist made a film about the passage of light inside the housing
complexes, during the 40 days in which the workers lived there. The
slave labor conditions consisted of, among others, the scarce light
inside the housing complexes, where, according to the infraction notice,
the illumination was lower than 100 lux. There is a concreteness in ex-
pressions of hope related to light that we have coined in language, such
as ‘the light at the end of the tunnel.’ The light that entered through
these enclosures, even if scarce, maintained the subjects’ connection
with the imponderability of the environment and with what was outside
their confinement.
Two scale models of two separate housing complexes were built
for the film: one of them is in the photo displayed on page 583 (image
taken from the report produced by the Public Ministry of Labor). In
the scale models, there was an effort to reconstitute the light in the
1 A bateria moral, segundo James Jasper, é um par de emoções location of the occurrences, which was produced according to a study
que interagem em contraste, gerando, como em uma bateria carried out by a planetary specialist. In addition, Garbelotti conducted
mesmo, uma força que impulsiona a ação. an intense investigation of the light conditions and the changes they
caused in the interaction between the external and the internal spaces
586 of the confinement. This research revealed the occurrence of an equi-
587
nox during these 40 days.
Efeitos e
The scale model and the light that was planned from inside of a afetos nos
instrumentos
studio do not guarantee a total documentary control of what took place jurídicos que
prometem a
in that location, in that time. Rather, they open up possibilities for us to correção de
condutas
think about these workers’ space and time during their days in these
housing complexes, as well as the hypothetical assembling of emotions
that can construct these moral batteries. In addition, the work provokes
in the spectator an experience with these elements, opening up space
that allows reflection on the constitution, or lack thereof, of these bat-
teries and their consequences in the production of other feelings, such
as indignation, fear, guilt, anger, enchantment, and hope.
Light signals the sun, the night, the passing of time and the storms
that can rapture the moment and change outcomes. As such, these
nuances, barely registered by the worker, can be the positive poles of
a moral battery1 that is necessary for the maintenance of resilience,
which guarantees, internally, some hope for dignity.”
“[...] Luisa Duarte: Desde o início, fiquei interessada pela forma que você
escolheu para abordar uma questão a princípio tão repleta de narrativa, cujo
ponto de partida é uma situação real e de dimensões terríveis. Você busca
um modo sutil de entrar nesse território, fazendo uso de maquetes, luz, câ-
meras. Mas o resultado final, longe de ser frio, como se poderia suspeitar, é,
pelo contrário, atravessado por certa “emoção”. Algo vibra naqueles quartos
mínimos, naquele corredor estreitíssimo, ao longo do seu filme. Ao menos é
o que já pude constatar vendo o making of.
LD: Naquele período de quarenta dias em que eles viveram ali. By Luisa Duarte Excerpt from an interview
with Raquel Garbelotti conducted by Luisa Duarte
with Raquel Garbelotti
RG: Naquele período. Aquela luz, digamos assim, documental, sempre for the Counter-Conducts
é uma ficção, mas aquela luz, que tenta documentar aquele espaço/ Project.
tempo vivido pelos trabalhadores, nos coloca numa perspectiva de
estar na ordem do tempo em que eles estavam vivendo ali, em que eles
estavam confinados ali. A narrativa do filme é sobre a passagem desse
tempo. Os filmes especulam como aquela luz projetada sobre o espaço
poderia, de alguma maneira, contribuir para uma espécie de emoção,
digamos assim. Como se existisse uma coisa que não está ligada
necessariamente à ordem da lei, para que houvesse alguma dignida-
de. Isso a Cristiana Losekann, cientista política que escreveu um texto
sobre o meu projeto para o Contracondutas, chama de “bateria moral”.
LD: During that forty-day period in which they lived in there for.
RG: In that period. That, let’s say, documentary light, is always a fiction,
but that light, which tries to document the space/time that was expe-
rienced by the workers, puts us in their shoes over the time they were
living there, when they were confined in there. The film’s narrative is
about the passage of this time. The films speculate on how this light
that was projected onto the space could, somehow, contribute to a sort
of emotion, let’s say. As if there was something that is not necessarily
connected to legal requirements, so that there could be some dignity.
This is what Cristiana Losekann, a political scientist who wrote a text
about my project for Contracondutas, calls the “moral battery.”
sobre o trabalho
praticar tal conduta, sob pena de multa e ainda mediante o pagamen-
to de uma determinada indenização por conta do descumprimento
escravo do ponto de
objeto da discussão.
Essas indenizações são revertidas para o Fundo de Direitos
vista legal
Difusos (FDD) e para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e
outras tantas são direcionadas para entidades civis com um objetivo
específico de realização de um trabalho compensatório ou educativo,
para auxiliar na erradicação do trabalho análogo ao escravo.
Silvia Rodrigues Pachikoski Nesse sentido, com intuito de auxiliar o combate ao trabalho
escravo, o MPT do Estado de São Paulo decidiu investir parte da
multa recebida em acordo judicial, celebrado com uma das grandes
construtoras brasileiras, que estabeleceu uma multa para compen-
sação dos danos no valor de R$ 15 milhões, tendo em vista a obra no
Trabalho escravo é crime e deve ser combatido de todas as maneiras Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos,
possíveis. Para contextualizar, segundo dados do “índice de escravidão São Paulo, em que trabalhadores foram mantidos em condições aná-
global de 2016” (REIS, 2016; WALK FREE FOUNDATION, 2016) o nú- logas às de escravos.
mero de pessoas sujeitas à “escravidão moderna” ultrapassa 45 milhões. Do montante pago pela construtora como compensação de danos,
E há mais um dado, ainda mais assustador: segundo o mesmo relatório, parte desta verba (R$ 7 milhões) foi revertida para iniciativas que
58% desses 45 milhões estão distribuídos em apenas 5 países. tivessem objetivos filantrópicos, culturais, educacionais, científicos
Esses dados demonstram que ainda que o mundo tenha evoluído ou que ajudassem a melhorar as condições de trabalho. A Escola da
em diversas áreas, alguns costumes do passado assombram o nosso Cidade recebeu parte do valor arrecadado.
presente e, consequentemente, o nosso futuro. Cumpre observar que, na grande maioria das vezes, as empresas e
Em 2006 o site Repórter Brasil publicou um artigo para apresen- o MPT negociam este acordo ainda em fase administrativa. Esta com-
tar um levantamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra, em posição recebe a denominação Termo de Ajuste de Conduta (TAC) e
que se identificou cerca de 25.000 pessoas trabalhando em regime constitui um compromisso firmado pela empresa com o MPT, em que
escravo, dentre as quais a maioria são homens semianalfabetos, com o empregador se compromete a cumprir alguma obrigação inadimpli-
25 a 40 anos de idade (REPÓRTER BRASIL, 2006). da ou a deixar de fazer alguma conduta ilícita ou considerada preju-
Em outro artigo, publicado pelo Repórter Brasil, foram apresen- dicial à coletividade dos trabalhadores. Esses acordos normalmente
tados dados que mostram todas as fiscalizações realizadas no país definem uma multa pelo descumprimento e determinam o pagamento
entre os anos de 1995 a 2015. Foram realizadas 151 operações, sendo de uma compensação dos danos sofridos pelos trabalhadores.
que no mesmo período (ano de 2015), além dessas operações, 273 Os TACs têm sido instrumento de grande valia para o combate à im-
estabelecimentos foram inspecionados. O número de trabalhadores punidade. Isso porque quando o ato ilícito já ocorreu, é necessário aco-
resgatados em 2015 foi de 1.111. Segundo dados apresentados em um lher as vítimas, requalificá-las e reverter os fatores de vulnerabilidade,
artigo publicado pelo site Agência Brasil, o Brasil tem mais de 160 mil para que elas não voltem a ser novamente vítimas de trabalho escravo.
pessoas submetidas ao trabalho escravo. Nesse ponto, o Brasil ainda tem muito que melhorar. Não há órgãos
O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho públicos de acolhimento a esses trabalhadores, e as instituições pú-
e do Emprego (TEM) são os responsáveis pela fiscalização e comba- blicas envolvidas no enfrentamento do trabalho escravo não possuem
te à exploração de mão de obra em condição análoga à escravidão. ferramentas nem pessoas para viabilizar essa etapa de acolhimento.
Ambos os Ministérios dependem de denúncias para que seja efetuada Por conta dessa situação, o MPT tem destinado parte das multas
investigação para se identificar trabalhadores em condições de escra- cobradas a entidades, como a Escola da Cidade, com o compromis-
vidão, realizada normalmente por intermédio de um grupo móvel com so de realizarem um trabalho educativo, ou outras entidades que
ajuda da Comissão Pastoral da Terra e da Polícia Militar. O número de possuem condições de requalificar o trabalhador e auxiliar na sua
pessoas envolvidas no combate é insuficiente. Parece impressionante recolocação.
que, nos dias de hoje, tenhamos que lidar com este tipo de comporta- Assim é que a verba recebida pela Escola da Cidade foi utiliza-
mento, em pleno século XXI. da no desenvolvimento do Projeto Contracondutas, para subsidiar a
Em decorrência dos ilícitos identificados e praticados, não só em política pública por meio de estudos para repressão e prevenção do
relação a submeter o trabalhador à condição análoga de escravo, mas trabalho escravo e tráfico de pessoas.
600 É importante salientar que a Associação Escola da Cidade foi 601 Vale ainda citar a Resolução 212, de 15/12/2015, do Conselho
declarada, em 2015, como Utilidade Pública Federal (UPF), título Nacional de Justiça (CNJ), que estabeleceu o FONTET – Fórum
concedido pelo Ministério da Justiça, que confirma o reconhecimento Nacional para Monitoramento e Solução das Demandas Atinentes à
de serviços prestados pela entidade e possibilita que a Escola receba Exploração e do Tráfico, que tem por objetivo promover o levantamen-
doações da União, de suas autarquias e, com isso, desenvolver traba- to de dados estatísticos relativos ao número, à tramitação, às sanções
lhos sempre em prol da sociedade, como o Projeto Contracondutas: impostas e outros dados relevantes sobre inquéritos e ações judiciais
um projeto amplo e público para mostrar a realidade do problema e que tratem da exploração de pessoas em condições análogas à de
formas de enfrentá-lo. trabalho escravo e do tráfico de pessoas, além de debater e buscar
Vale ressaltar que as condutas criminosas praticadas contra os soluções que garantam mais efetividade às decisões da Justiça.
trabalhadores estão amplamente definidas na legislação brasileira. Segundo o CNJ, nos últimos 20 anos, cerca de 50 mil pessoas
Aliás, há uma extensa gama de leis que estabelecem sua proibição. foram libertadas de condições análogas à de escravo em quase
Aparentemente, porém, ainda hoje as empresas não se amedrontam 1,8 mil ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, da Secretaria
em agir contrariamente à lei. O pequeno aparato de fiscalização não é de Direitos Humanos da Presidência da República. Os valores de
suficiente para conter os maus empresários. indenizações cobradas dos empregadores e não pagas ultrapassam
Nesse sentido, conforme a Convenção 29 da Organização R$ 86 milhões.
Internacional do Trabalho – OIT (1932), considera-se “‘trabalho for- Não se pode olvidar que o Direito do Trabalho visa à fiscalização do
çado ou obrigatório’ todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo trabalho; à aplicação dos direitos dos trabalhadores; à proteção aos inte-
sob ameaça de qualquer penalidade e para o qual ele não se ofereceu resses dos empregados; à melhoria das condições sociais; e, à obrigato-
de espontânea vontade” (Ibid.). riedade da contraprestação ao trabalho, na forma de salário e benefícios.
O Brasil é signatário de aliança com a OIT, comprometendo-se Diante disso, tem-se na Justiça o referencial, pela aplicação e in-
a abolir toda forma de trabalho forçado no país e penalizar o em- terpretação de suas normas, ao respeito das relações de trabalho e ao
pregador de forma efetiva. Há uma extensa previsão legal contra o combate ao trabalho em condições análogas às de escravidão.
trabalho escravo. Há quem diga que as modificações realizadas no Código Penal
Cumpre ressaltar que o relatório de 2005 da OIT concluiu afrouxaram o conceito de trabalho escravo, transformando em crime
que “o trabalho forçado não pode simplesmente ser equiparado a situações que não se coadunam com o conceito mundial de escravi-
baixos salários ou a más condições de trabalho”, (OIT, 2005, p. 5). dão, tais como as jornadas exaustivas de trabalho, condições degra-
“Tampouco cobre situações de mera necessidade econômica, por dantes, baixos salários, restrições para deixar o local de labuta, e até
exemplo, quando um trabalhador não tem condições de deixar um mesmo o uso de mão de obra infantil.
posto de trabalho devido à escassez, real ou suposta, de alternativas Entendo que as alterações na Lei Penal ampliaram o conceito de
de emprego” (Ibid.). trabalho escravo, criando algumas situações demasiadamente subjeti-
Mas não é disso que estamos tratando aqui. De fato, há no Brasil, vas e que podem levar a interpretação divergente. De qualquer modo,
como neste caso específico, muitos empregadores que não se preocu- as situações encontradas, tais como a do Aeroporto de Guarulhos, de-
pam com o fato de estarem submetendo seus trabalhadores a condi- vem ser combatidas e evitadas, dado que não correspondem ao mun-
ções efetivamente degradantes. do contemporâneo, e às quais não se pode mais “fazer vista grossa”.
O Código Penal, em seu artigo 149,1 define como conduta crimi- Para que se possa entender melhor o absurdo praticado, a con-
nosa o ato de reduzir alguém à condição análoga à de escravo, e o seu duta da construtora, em pleno Aeroporto Internacional em São Paulo,
artigo 2072 estabelece a conduta criminosa de aliciamento de traba- demonstra o pouco caso e a certeza de impunidade que paira sobre
lhadores com o fim de levá-los a outra localidade do território nacional. o mercado brasileiro. A conduta reprimida envolveu o aliciamento
Por sua vez, a Portaria Interministerial 2/2011 do MPT3 mantém de trabalhadores no Nordeste, com utilização de carros de som para
uma “lista negra”, atualizada semestralmente, dos empregadores divulgar a possibilidade de emprego. Os trabalhadores foram obriga-
que contratam trabalhadores em condições análogas à escravidão ou dos a pagar por sua viagem e, ao chegar a São Paulo, foram coloca-
aliciam em prática de tráfico de pessoas. dos em imóveis, barracos ou locais sem qualquer estrutura, de água,
A Constituição Federal, além do artigo 243, 4 que prevê a expro- banheiro, camas, móveis ou colchões. Permaneceram incomunicáveis
priação de propriedades onde houver trabalho escravo, destinando- e em situação desumana, sem trabalho, sem salários ou alimentação.
-as à reforma agrária e à habitação popular, que é o que institui o 111 trabalhadores foram salvos pela atuação do sindicato local, que
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, como direito fundamental, conseguiu enviar ao canteiro de obras panfletos em que informavam
previsto no inciso III do artigo 1º.5 telefone para denúncias. Com isso, receberam ligações e conseguiram
A Constituição, ainda, estipula os direitos trabalhistas, no salvar os trabalhadores. Mas, segundo consta, foram muito mais em-
artigo 7º,6 como direitos irrenunciáveis e indisponíveis. pregados aliciados e submetidos a esta situação vexatória e ilegal.
602 O trabalho desenvolvido pela Escola da Cidade é de extrema 603 Muitos contratos já trazem em seu conteúdo cláusulas proibindo
relevância, pois tem um caráter educativo e transformador, com um e considerando causa de rescisão, e de aplicação de multas severas, a
espaço de produção e edição de conteúdos que possam desdobrar e submissão de trabalhadores à condição análoga a escravo.
alimentar novos estudos sobre o tema do trabalho análogo ao escravo, Pouco a pouco, as empresas brasileiras estão abandonando a
por meio do diálogo entre áreas do conhecimento e articulação entre mentalidade, típica de alguns países subdesenvolvidos, de infringir a
suas diferentes produções. legislação trabalhista com a finalidade de angariar lucro.
Além do trabalho sancionador advindo dos TACs, educativo como Felizmente, as companhias atingiram um grau de maturidade, no
este elaborado pela Escola da Cidade, outro fator importante nesse sentido de investir na política preventiva. Prevenir é muito mais barato
combate tem sido a obrigação das empresas e de seus dirigentes em e menos desastroso do que remediar. Recentemente, diversas empre-
agir de acordo com as leis e regras vigentes. sas anunciaram a implantação de compliance trabalhista voltado para
São as regras de compliance, ou seja, um conjunto de disciplinas a segurança do trabalho, com o objetivo de garantir a adequação de
para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas todas as suas unidades às normas de segurança de trabalho vigentes
e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da no país. Do mesmo modo em relação ao trabalho escravo.
instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer A privacidade no meio corporativo tende a diminuir, tanto para
desvio ou inconformidade que possa ocorrer. empresas quanto para executivos. Por temor de desvios, as compa-
A palavra compliance é oriunda do verbo to comply que, em nhias passam a contratar serviços de due diligence7 contínuo e mais
inglês, significa “agir em sintonia com as regras”, o que já explica detalhista que os atuais, incluindo clientes, fornecedores, parceiros e
o termo. Compliance, em termos didáticos, significa estar absolu- até funcionários próprios e de terceiros.
tamente em linha com normas, controles internos e externos, além Conclui-se, portanto, que toda essa cadeia de providências deve
de todas as políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio. É a auxiliar no combate ao trabalho degradante e reduzir o alto índice bra-
atividade de assegurar que a empresa esteja cumprindo à risca todas sileiro de trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo.
as imposições dos órgãos de regulamentação, dentro de todos os Nesse diapasão, a atuação conjunta do MTE, do MPT, do Poder
padrões exigidos de seu segmento. E isso vale para as esferas tra- Judiciário e das entidades da sociedade civil, bem como a conscien-
balhista, fiscal, contábil, financeira, regulatórias, ambiental, jurídica, tização das empresas por força das regras de compliance e, ainda, a
previdenciária, ética etc. consequente conscientização da população em geral são primordiais
Essas regras visam evitar que a empresa seja onerada com res- para a necessária mudança.
trições legais, multas, punições judiciais, além, é claro, da mácula em Há muito a ser feito, incessantemente, como em uma colmeia
sua reputação. em que todas as abelhas trabalham em prol de um benefício comum
As condenações por responsabilidades solidárias e subsidiárias são e juntas combatem os ataques sofridos. A sociedade, em conjunto,
cada vez mais frequentes, e evitar uma desagradável surpresa ao des- deve estar atenta e repelir essas mal fadadas práticas, apresentando
cobrir um parceiro envolvido em casos de escândalos, ou mesmo inter- denúncias, orientando os menos favorecidos. Trata-se, enfim, de um
ferindo desastrosamente em sua operação, é dever do bom empresário. incessante trabalho, pois, como disse Thomas Jefferson, “o preço da
Dessa forma, as grandes corporações e, mais recentemente, as liberdade é a eterna vigilância!”.
empresas de porte médio, já em consequência da atitude das pri-
meiras, resolveram adequar seus procedimentos e controles internos
de forma a garantir a obediência estrita à Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), adequação dos processos internos às normas técnicas
recomendadas para certificação ISO, conformidade contábil segundo 1 “Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de § 20 A pena é aumentada de metade, se o crime é
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou cometido:
padrões internacionais, sintonia com obrigações fiscais, procedimen- a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições I – contra criança ou adolescente;
tos em sinergia com marcos de responsabilidade ambiental, dentre degradantes de trabalho, quer restringindo, por II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
outras obrigações. qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida religião ou origem”.
contraída com o empregador ou preposto:
Com isso, inicia-se uma cadeia virtuosa no sentido de que as em-
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além 2 “Art. 207 – Aliciar trabalhadores, com o fim de
presas que agem corretamente, respeitando as regras vigentes, não da pena correspondente à violência. levá-los de uma para outra localidade do território
contratam ou mantêm vínculo comercial com outras que são descum- § 10 Nas mesmas penas incorre quem: nacional:
pridoras da lei. I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por Pena – detenção de um a três anos, e multa.
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local (Redação dada pela Lei nº 9.777, de 1998).
É bastante frequente verificar que as grandes corporações têm de trabalho; § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar traba-
auditado seus fornecedores e terceiros com quem se relacionam, de II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho lhadores fora da localidade de execução do trabalho,
forma a garantir que não exista trabalhador sendo submetido a condi- ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do dentro do território nacional, mediante fraude ou
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou,
ção degradante ou trabalho infantil.
ainda, não assegurar condições do seu retorno ao VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite
local de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998). convenção ou acordo coletivo; de dois anos após a extinção do contrato;
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, b) até dois anos após a extinção do contrato, para o
a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, in- para os que percebem remuneração variável; trabalhador rural;
dígena ou portadora de deficiência física ou mental”. VIII – décimo terceiro salário com base na remune- XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das re-
ração integral ou no valor da aposentadoria; lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
3 “Art. 1º Manter, no âmbito do Ministério do IX – remuneração do trabalho noturno superior à do anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
Trabalho e Emprego – MTE, o Cadastro de diurno; limite de dois anos após a extinção do contrato de
Empregadores que tenham submetido trabalhado- X – proteção do salário na forma da lei, constituindo trabalho (Redação dada pela Emenda Constitucional
res a condições análogas à de escravo, originalmen- crime sua retenção dolosa; nº 28, de 25/05/2000);
te instituído pelas Portarias nºs 1.234/2003/MTE e XI – participação nos lucros, ou resultados, desvin- XXX – proibição de diferença de salários, de exercí-
540/2004/MTE. culada da remuneração, e, excepcionalmente, par- cio de funções e de critério de admissão por motivo
Art. 2º A inclusão do nome do infrator no Cadastro ticipação na gestão da empresa, conforme definido de sexo, idade, cor ou estado civil;
ocorrerá após decisão administrativa final relativa em lei; XXXI – proibição de qualquer discriminação no to-
ao auto de infração, lavrado em decorrência de XII – salário-família para os seus dependentes; cante a salário e critérios de admissão do trabalha-
ação fiscal, em que tenha havido a identificação de XII – salário-família pago em razão do dependente dor portador de deficiência;
trabalhadores submetidos a condições análogas à do trabalhador de baixa renda nos termos da lei XXXII – proibição de distinção entre trabalho ma-
de escravo”. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
de 1998); respectivos;
4 “Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de XIII – duração do trabalho normal não superior a XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso
qualquer região do País onde forem localizadas oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a facultada a compensação de horários e a redução trabalho a menores de quatorze anos, salvo na con-
exploração de trabalho escravo na forma da lei da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva dição de aprendiz;
serão expropriadas e destinadas à reforma agrária de trabalho (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943); XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
e a programas de habitação popular, sem qualquer XIV – jornada de seis horas para o trabalho realiza- insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
sanções previstas em lei, observado, no que couber, negociação coletiva; de aprendiz, a partir de quatorze anos (Redação
o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda XV – repouso semanal remunerado, preferencial- dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998);
Constitucional nº 81, de 2014). mente aos domingos; XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor eco- XVI – remuneração do serviço extraordinário supe- com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
nômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito rior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal dor avulso
de entorpecentes e drogas afins e da exploração de (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º); Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
especial com destinação específica, na forma da lei menos, um terço a mais do que o salário normal; incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego bem como a sua integração à previdência social.
de 2014)”. e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
5 “Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada lei; incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado mediante incentivos específicos, nos termos da lei; e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
Democrático de Direito e tem como fundamentos: XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, observada a simplificação do cumprimento das
(...) sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; obrigações tributárias, principais e acessórias,
III – a dignidade da pessoa humana;” XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por decorrentes da relação de trabalho e suas peculia-
meio de normas de saúde, higiene e segurança; ridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
6 “Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e XXIII – adicional de remuneração para as atividades e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; social (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
condição social: XXIV – aposentadoria; 72, de 2013)”.
I – relação de emprego protegida contra despedida XXV – assistência gratuita aos filhos e dependen-
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei tes desde o nascimento até seis anos de idade em 7 A due diligence é um processo de investigação e
complementar, que preverá indenização compensa- creches e pré-escolas; auditoria nas informações de empresas, fundamen-
tória, dentre outros direitos; XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes tal para confirmar os dados disponibilizados aos po-
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em tenciais compradores, investidores ou contratantes.
involuntário; creches e pré-escolas (Redação dada pela Emenda
III – fundo de garantia do tempo de serviço; Constitucional nº 53, de 2006);
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente XXVI – reconhecimento das convenções e acordos
unificado, capaz de atender a suas necessidades coletivos de trabalho;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- XXVII – proteção em face da automação, na forma
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, da lei;
transporte e previdência social, com reajustes perió- XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo do empregador, sem excluir a indenização a que este
vedada sua vinculação para qualquer fim; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
V – piso salarial proporcional à extensão e à comple- XXIX – ação, quanto a créditos resultantes das rela-
xidade do trabalho; ções de trabalho, com prazo prescricional de:
606
Brief Considerations 607 to slavery but also to misapplication of workers’ laws, the MPT has
entered into agreements with the companies that they will make a
on Slave Labor
commitment to no longer engage in such conduct, under penalty of
fine and further through a payment of a determined indemnity due to
from a Legal
the non-compliance aspect of the discussion.
These indemnities are reverted to the Diffused Rights Fund (Fundo
Standpoint
de Direitos Difusos or FDD) and the Workers’ Assistance Fund (Fundo
de Amparo ao Trabalhador or FAT). Many others are directed to civil en-
tities with a specific objective of carrying out compensatory or educa-
tional work with the intention of helping to eradicate slave labor.
Silvia Rodrigues Pachikoski With the intent to assist in combating slave labor, the MPT of
the State of São Paulo decided to invest part of the fine received in
accordance with the judiciary verdict that had been handed down
to and agreed upon by one of the largest Brazilian contractors. The
verdict established a fine for compensation of damages totalling
$15 million Reais, taking into account the work done on Terminal 3 at
Slave labor is a crime and should be fought in all possible forms. To the International Airport of Cumbica in Guarulhos, São Paulo, in which
contextualize, according to data from the “global slavery index of 2016” workers were maintained in conditions analogous to slavery.
(REIS, 2016; WALK FREE FOUNDATION, 2016) the number of people From the amount paid by the construction company as compensa-
subjected to “modern slavery” exceeds 45 million. Yet there is data tion for damages, part ($7 million Reais) was reverted to philanthropic,
even more frightening: according to the same report, 58% of these 45 cultural, educational, and scientific initiatives, or to those that try to
million are distributed among only 5 countries. improve working conditions. The Escola da Cidade received part of
This data demonstrates that although the world has evolved in amount collected.
many areas, some customs from the past haunt our present and, con- It should be noted that, in most cases, the companies and the MPT
sequently, our future. negotiate this agreement at an administrative stage. This structure is
In 2006, the website Repórter Brasil published an article present- called the Conduct Adjustment Term (Termo de Ajuste de Conduta or
ing a survey conducted by the Pastoral Land Commission (Comissão TAC) and constitutes a commitment signed by the company with the
Pastoral da Terra), which identified around 25,000 people working in a MPT, in which the employer takes on the obligation to fulfill a default or
slave regime, where a large part are semi-illiterate men ranging in age cease any conduct that is unlawful or considered harmful to the work-
from 25 to 40 years old (REPÓRTER BRASIL, 2006). ers’ unions. These agreements usually set a fine for non-compliance
In another article, published by Repórter Brasil, data was presented and determine the compensation for damages suffered by workers.
that showed all the inspections performed in the country between 1995 The TACs have been instrumental in combating impunity. This is
and 2015. 151 operations were carried out. During that same period because when the unlawful act has already occurred, it’s necessary to
(2015) and besides these operations, 273 establishments were inspect- support the victims, retrain them, and reverse their vulnerability factors
ed. The number of rescued workers in 2015 was 1,111. According to the so that they don’t become a victim of slavery again.
data presented in an article published on the site Agência Brasil, Brazil In this aspect, Brazil still needs to grow a lot. There are no public
has more than 160,000 people subjected to slave labor. systems of support for such workers and the public institutions that
The Ministry of Public Labor (Ministério Público do Trabalho deal with slave labor do not have the tools or people to enable this level
or MPT) and the Ministry of Labor and Employment (Ministério do of accommodation.
Trabalho e do Emprego or TEM) are responsible for the inspection Mainly due to this, the MPT determined part of the paid fines go to
and combat of exploitation of the workforce in conditions analogous entities, such as the Escola da Cidade, with the agreement of con-
to slavery. Both Ministries rely on complaints that identify workers in ducting educational work and other entities that are able to retrain the
slavery conditions in order to conduct investigations. The investigations worker and aid in their relocation.
are normally carried out by a mobile group with help from the Pastoral Thus, the money received by the Escola da Cidade was used for the
Land Commission and the Military Police. The number of people development of Counter-Conducts Project that would subsidize public
involved in combating is insufficient. It seems impressive that, these policy through studies on repression and how to prevent slave trafficking.
days, we have to deal with this kind of behavior in the 21st century. It is important to point out that the Escola da Cidade Association
As a consequence of the illicit acts identified and practiced, not was declared a Federal Public Utility (Utilidade Pública Federal or UPF)
only in relation to submitting the worker to the conditions analogous in 2015, a title granted by the Ministry of Justice that recognizes services
608 provided by the entity and allows the school to receive donations from 609 other relevant data on inquiries and legal actions dealing with the ex-
the union and its municipalities, and, with that, develop works in favor of ploitation of persons in conditions analogous to slave labor and human
society, such as Counter-Conducts Project: a broad and public project trafficking and in addition to debate and seek solutions that guarantee
aimed at showing the reality of the problem and ways to face it. more effective decisions from the Justice.
It is important to point out that the criminal conducts carried out According to the CNJ, in the last 20 years, about 50 thousand
against the workers are widely defined in Brazilian legislation. On a people have been released from slave-like conditions in almost 1.8
side note, there is an extensive range of laws that establish their unlaw- thousand actions by the Special Mobile Inspection Group of the
fulness. However, it would appear that, still today, the companies are Presidential Secretariat of Human Rights. The amounts of indemnities
not afraid to act contrary to the law. The tiny survey team is not enough collected from employers and not paid exceed $86 million Reais.
to contain the bad businessmen. It should not be forgotten that the Right to Work is aimed at super-
To this effect, according to the International Labor Organization’s— vising work; the application of workers’ rights; protection of employees’
ILO (1932) Convention 29, “forced or compulsory labor shall mean all interests; the improvement of social conditions; and, the obligatoriness
work or service which is exacted from any person under the menace of the consideration to the work, in the form of salary and benefits.
of any penalty and for which the said person has not offered himself Faced with this, we have in court the referential for the application
voluntarily ” (Ibid.). and interpretation of its norms, respect for labor relations, and the fight
Brazil signed this alliance with the ILO and committed itself to against slave-labor conditions.
abolish every form of forced labor in the country and to penalize the Some say that the modifications made in the Penal Code have
employer effectively. There are extensive provisions against slave labor. loosened the concept of slave labor, transforming into a crime situ-
It should be noted that the ILO report from 2005 concluded ations that do not conform to the world concept of slavery, such as
that “forced labor cannot simply be equated with low wages or poor exhaustive working hours, degrading conditions, low wages, restriction
working conditions,” says the report. “Nor does it cover situations of from escaping the worksite, and even the use of child labor.
pure economic necessity, as when a worker feels unable to leave a job I understand that the changes in Criminal Law have broadened the
because of the real or perceived absence of employment alternatives” concept of slave labor, creating some situations that are too subjective
(ILO, 2005, p. 5). and can lead to divergent interpretation. In any case, the situations en-
However this is not what we are dealing with here. In fact, there are countered, such as that at Guarulhos Airport, are situations that must
in Brazil, like in this specific case, many employers who do not care that be tackled and avoided, which do not reflect the contemporary world
they are subjecting their workers to degrading conditions. and for which one can no longer “turn a blind eye.”
In Article 149 of the Penal Code1 , criminal conduct is defined as the In order to better understand the absurdity practiced, the con-
act of reducing someone to conditions analogous to slavery, and Article duct of the construction company, at the International Airport in São
2072 establishes as criminal conduct the enticement of workers with the Paulo, shows the disdain and certainty of impunity that hovers over the
purpose of taking them to another location within the national territory. Brazilian market. The suppressed conduct involved the enticement of
In turn, MPT Inter-ministerial Ordinance 2/20113 maintains a workers in the Northeast, using megaphone equipped cars to publicize
“blacklist,” updated every six months, of those employers that contract the possibility of employment. The workers were forced to pay for their
workers into slave-like conditions or entice in practice human trafficking. trip, and when they arrived in São Paulo, they were placed in houses,
The Federal Constitution, as well as Article 243 4 , provides for the shacks, or places lacking any basic facilities such as water, bathroom,
expropriation of properties where there is slave labor and allocates beds, furniture, or mattresses. They remained in isolation and inhumane
them to agrarian reform and public housing. The same article also conditions, without work, without wages, without food. 111 workers were
instituted the Principle of the Dignity of the Human Person (Princípio saved by the operations of the local union. They were able to send pam-
da Dignidade da Pessoa Humana) as a fundamental right, set in item III phlets to the construction site which gave a telephone number the work-
of the first Article 5 . ers could call to complain. Because of this action, they received calls
The Constitution also stipulates labor rights in Article 76 , as inalien- and managed to save the workers. But, it is said, there were many more
able and unavailable rights. employees lured and subjected to this humiliating and illegal situation.
It is still worth citing Resolution 212 of December 15, 2015, from The work developed by the Escola da Cidade is of extreme impor-
the National Justice Council (Conselho Nacional de Justiça or CNJ) tance, since it has an educational and transformative character and
that established the FONTENT or National Forum for Monitoring and opens a space for the production and edition of content that can unfold
Settlement of Demand Concerning Exploitation and Trafficking (Fórum and feed new studies on the subject of slave labor, through dialogue
Nacional para Monitoramento e Solução das Demandas Atinentes between areas of knowledge and articulation among it various outputs.
à Exploração e do Tráfico), which aims to promote the collection of Beyond the sanctioning work coming from the TACs such as edu-
statistical data on the number, procedure, and penalties imposed and cational ones like this one elaborated by the Escola da Cidade, another
610 important factor in this fight has been the obligation of the companies 611 to the labor safety standards enforced in the country. Likewise in rela-
and their leaders to act in accordance with the current laws and rules. tion to slave labor.
Compliance rules are regulations that enforce the legal and regula- Privacy in the corporate environment tends to shrink, both for busi-
tory norms, the policies and guidelines established for a business and ness and for executives. For fear of deviations, companies are engaging
their activities within the institution or company, and they avoid, detect, in ongoing and more thorough due diligence7 services than current
and treat any deviation or nonconformity that may occur. policies, including with customers, suppliers, partners, and even their
The word "compliance" originated in the verb "to comply," which own and third-party employees.
means “to act in harmony with the rules”, which already explains the It is concluded, therefore, that this chain of provisions should help
term. Compliance, in didactic terms, means being absolutely in line in the fight against degrading work and reduce the high number of
with norms, internal and external controls, in addition to all policies and Brazilian workers subjected to conditions analogous to slave labor.
guidelines established for that business. It is the activity of ensuring To this standard, the joint action of the MTE, the MPT, the Judiciary,
that the company is complying strictly with all the impositions of regu- and civil society entities, as well as the awareness of companies by
latory bodies, within all required standards of its sector. This applies to virtue of the rules of compliance and the consequent awareness of the
the realms of labor, fiscal, accounting, financial, regulatory, environmen- population in general are essential to make necessary changes.
tal, legal, social security, ethics, etc. There is much to be done, incessantly, like in a beehive where all
These rules aim to prevent the company from being burdened with the bees work for a common benefit, and together they fight the at-
legal restrictions, fines, judicial punishments, and, of course, tainted tacks they suffer. Society as a whole must be attentive and repel these
reputations. rotten practices, bringing forth denunciations, guiding the least favored.
Convictions for joint and subsidiary liability are increasingly fre- This is an endless work, for as Thomas Jefferson said, “The price of
quent, and avoiding an unpleasant surprise when discovering a partner liberty is eternal vigilance!”
involved in scandal cases, or even interfering disastrously in their oper-
ation, is the duty of the good businessman.
Thus, large corporations and, more recently, medium-sized compa-
nies, as a consequence of the attitude of the former, have resolved to
adjust their internal procedures and controls in order to ensure strict
compliance with the Consolidation of Labor Laws (Consolidação das
Leis do Trabalho or CLT). They have had to adapt internal processes to
the recommended technical standards for ISO certification, account-
1 “Art. 149. To reduce someone to conditions analo- the worker or, moreover, do not guarantee conditions
ing compliance according to international standards, alignment with of their return to their place of origin. (Included by
gous with slavery, either by subjected them to forced
tax obligations, and procedures in synergy with environmental liability labor or an exhaustive working day, either by sub- Law nº 9.777, from 1998)
frameworks, among other obligations. jecting them to degrading working conditions or by § 2nd The penalty is increased from a sixth to a third
if the victim is a minor under 18 years old, an elderly
With this, a virtuous chain begins in the sense that companies that restricting, by any means, his movement by reason of
debt contracted with the employer or agent: person, a pregnant person, indigenous, or a carrier of
act correctly, respecting the current rules, do not contract or maintain a physical or mental deficiency.”
Penalty—incarceration, from 2 to 8 years, and a fine,
commercial link with others that are not in compliance with the law. beyond the corresponding penalty for violence
Frequent checks are carried out to confirm that the large corpo- § 1st The same penalties are incurred by those who: 3 “Art. 1. To maintain, within the Ministry of Labor
rations have audited their suppliers and third parties with whom they I—prohibit the use of any means of transport by the and Employment (MTE), the Register of Employers
worker in order to keep him in the workplace; who have submitted workers to conditions analo-
relate, in order to guarantee that there is no worker being subjected to II—maintain ostensive surveillance in the workplace gous to slavery, originally established by Decrees
degrading condition or child labor. or seizes documents or personal belongings of the nºs 1.234/2003/MTE e 540/2004/MTE.
Many contracts already contain in their clauses content prohibiting worker in order to keep him or her in the workplace; Art. 2. The inclusion of the name of the infractor on
§ 2nd The penalty is increased by half if the act is the Register will occur after a final administrative
and considering termination, and application of severe fines, if found committed: decision regarding the notice of the infraction, drawn
submitting workers to conditions analogous to slavery. I—against a child or adolescent; up as a result of a tax action, in which there has been
Little by little, Brazilian companies are abandoning that mentality, II—by motive of prejudice against race, color, ethnici- the identification of workers subject to conditions
typical of some underdeveloped countries, of violating labor legislation ty, religion, or origin.” analogous to slavery.”
in order to raise profit. 2 “Art. 207. Entice workers in order to take them 4 “Art. 243. The rural and urban properties of any re-
Fortunately, the companies have reached a degree of maturity, in from one place in the national territory to another: gion of the country where there was illegal cultivation
order to invest in preventive policy. Prevention is much cheaper and Penalty—imprisonment from 1 to 3 years and a fine. of psychotropic plants or the exploitation of slave work
(As worded by Law nº 9.777, from 1998) as set forth in the law will be expropriated and des-
less disastrous than remedial action. Recently, several companies § 1st The same penalty applies to those who recruit tined to agrarian reform and public housing programs,
announced the implementation of worker compliance aimed at work workers outside the place of work, within the nation- without any indemnification to the owner and without
safety, with the objective of guaranteeing the adaptation of all its units al territory, by fraud or collection of any amount from prejudice to other penalties provided by law, where
applicable, by provision of the 5th Article (As worded XVIII—leave for pregnant women, without prejudice their integration into social security, are guaranteed
by the Constitutional Amendment nº 81, of 2014) to employment and salary, for a duration of one hun- to the category of domestic workers.
Single paragraph. Any property of economic value dred and twenty days; Single paragraph. The rights provided for in items
seized as a result of illicit trafficking in narcotics and XIX—paternity leave, in the terms fixed by law; IV, VI, VII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
related drugs and the exploitation of slave labor shall XX—protection of the labor market of women, XXIV, XXVI, XXX, XXXI and XXXIII shall be guar-
be confiscated and reverted to a special fund with through specific incentives, according to the law; anteed to the category of domestic workers and,
specific destination, as provided by law. (As worded XXI—prior notice proportional to the length of conditions established by law and observing the
by Constitutional Amendment nº 81, of 2014).” service, being at least thirty days, in accordance with simplification of the fulfillment of the main and ac-
the law; cessory tax obligations arising from the employment
XXII—reduction of risks inherent to work, through relationship and its peculiarities, those provided for
5 “Art. 1st The Federative Republic of Brazil,
health, hygiene, and safety standards; in items I, II, III, IX, XII, XXV and XXVIII, as well as
formed by the indissoluble union of States and
XXIII—additional remuneration for painful, unhealthy, their integration with social security. (Redaction giv-
Municipalities and the Federal District, is a
or dangerous activities, according to the law; en by Constitutional Amendment No. 72, of 2013).”
Democratic State of Law and has as its foundation:
XXIV—retirement;
(...)
XXV—free assistance to children and dependents 7 Due diligence is a process of investigation and au-
III—the dignity of the human person;”
from birth to six years of age in kindergartens and diting of company information, where it is fundamen-
pre-schools; tal to confirm the available data to potential buyers,
6 “Art. 7th These are the rights of urban and rural
XXV—free assistance to children and dependents investors, or contractors.
workers, as well as others that aim at improving their
from birth to five (5) years of age in kindergarten
social conditions:
and pre-schools (As worded by Constitutional
I—employment relationship protected against arbi-
Amendment No. 53, of 2006);
trary dismissal or without just cause, under the terms
XXVI—recognition of collective bargaining agree-
of a complementary law, which will provide sufficient
ments and conventions;
compensation, among other rights;
XXVII—protection in the face of automation, in the
II—unemployment insurance in the event of involun-
form of the law;
tary unemployment;
XXVIII—insurance against accidents at work, at
III—time service guarantee fund;
the expense of the employer, without excluding the
IV—minimum wage, fixed by law, nationally unified,
indemnity to which he is obliged, when incurring
able to meet basic necessities of life and those of his
deceit or guilt;
family with housing, food, education, health, leisure,
XXIX—action, in relation to credits resulting from
clothing, hygiene, transportation, and social security,
employment relationships, with a statutory period of:
with periodic readjustments preserving the pur-
a) five years for the urban worker, up to the limit of
chasing power, being forbidden its binding for any
two years after the termination of the contract;
purpose;
b) up to two years after the termination of the con-
V—salary floor proportional to the extent and com-
tract, for the rural worker;
plexity of the work;
XXIX—action, with regard to credits resulting from
VI—irreducibility of salary, except as provided in a
labour relations, with a five-year prescriptive term
collective agreement or convention;
for urban and rural workers, up to a limit of two
VII—guarantee of salary, never inferior to the mini-
years after termination of employment contract (As
mum, for those who perceive variable remuneration;
worded by Constitutional Amendment nº 28, of May
VIII—thirteenth salary based on full compensation or
25, 2000);
retirement value;
XXX—prohibition of difference in salaries, perfor-
IX—remuneration of night work higher than that of
mance of duties and admission criteria by reason of
daytime work;
gender, age, color or marital status;
X—protection of the salary in the form of the law,
XXXI—prohibition of any discrimination regarding
constituting as a crime its willful retention;
salary and admission criteria of the worker with a
XI—profit sharing, or results, unrelated to remunera-
disability;
tion, and, exceptionally, participation in the manage-
XXXII—prohibition of distinction between manu-
ment of the company, as defined by law;
al, technical and intellectual work or between the
XII—family salary for their dependents;
respective professionals;
XII—family wage paid on the basis of the dependent
XXXIII—prohibition of night work, dangerous or
of the low-income worker under the law; (As worded
unhealthy for minors of eighteen and any work under
by Constitutional Amendment nº 20, of 1998)
the age of fourteen, except as an apprentice;
XIII—normal working hours not exceeding eight
XXXIII—prohibition of night work, dangerous or
hours per day and forty-four per week, with the pos-
unhealthy to minors under eighteen and of any
sibility of compensation for working hours and the
work under the age of sixteen, except as an appren-
reduction of work hours, by agreement or collective
tice, from the age of fourteen (Redaction given by
bargaining agreement; (See Decree-Law No. 5,452,
Constitutional Amendment nº 20, of 1998);
dated 1943)
XXXIV—equality of rights between the worker with
XIV—six-hour work day for work performed in unin-
permanent employment relationship and the single
terrupted shifts, except collective bargaining;
worker.
XV—paid weekly rest, preferably on Sundays;
Single paragraph. The rights provided for in items IV,
XVII—paid annual leave of at least one third more
VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI and XXIV, as well as
than the standard salary;
614
referências
escravo: além da interposição de conceitos”. Revista do Ministério Cultural, 2017. Disponível em: <enciclopedia.itaucultural.org.br/
Público do Trabalho, nº 46, 217-243, setembro 2013. termo359/modernismo-no-brasil> (Acesso: 01 jun. 2017).
BRASIL. Lei de 16 de dezembro de 1830. Código Criminal do . “Abapuru” (Verbete). São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
bibliográficas
Império do Brazil. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Disponível em: <enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1628/
leis/lim/LIM-16-12-1830.htm>(Acesso: 08 jun.2017). abaporu> (Acesso: 10 jun. 2017).
BRASIL. Lei de 7 de novembro de 1831. Disponível em: <www2. EVARISTO, C. apud REINA, A. “Ocupação ecoa as ‘vozes-mulheres’
camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37659-7-novembro- de Conceição Evaristo” [30/05/2016] In: Revista Bravo Disponível
1831-564776-publicacaooriginal-88704-pl.html>(Acesso: 09 em: <medium.com/revista-bravo/ocupa%C3%A7%C3%A3o-ecoa-
Bibliographic
jun.2017). as-vozes-mulheres-de-concei%C3%A7%C3%A3o-evaristo-92b68
BRASIL. Lei nº 4, de 10 de junho de 1835. Disponível em: <www. 4c881ce?platform=hootsuite> (Acesso: 10 jun. 2017).
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM4.htm>(Acesso: 08 jun.2017). ERBER, L. “Para repensar narrativas de uma certa arte” In:
BRASIL. Lei nº 10.803, de 11 de dezembro de 2003. Disponível em: Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco.
References
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.803.htm>(Acesso: Recife, fev. 2017. Disponível em: <www.suplementopernambuco.
08 jun.2017). com.br/artigos/1784-para-repensar-as-narrativas-de-uma-certa-
CARNEIRO DA CUNHA, M. (Org.). História dos índios no Brasil. São arte.html> (Acesso: 10 jun. 2017).
Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura/ FREUD, S. (1913). “Totem e Tabu e Outros Trabalhos” In: Edição
Fapesp, 1992. standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
CONVENÇÃO entre o Senhor D. Pedro I Imperador do Brasil, Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
e Jorge IV Rei da Grã-Bretanha, com o fim de pôr termo ao . (1914a). “Recordar, repetir e elaborar” In: Edição standard
commercio de escravatura da Costa d’África. 23 de novembro de brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. XII.
1826. Disponível em: <dai-mre.serpro.gov.br/atos-internacionais/ Rio de Janeiro: Imago, 1990.
bilaterais/1826/convencao-para-a-abolicao-do-trafico-de- FREYRE, G. (1933). Casa-grande e Senzala. São Paulo: Global
escravos/>(Acesso: 09 jun.2017). Editora, 2005.
DAVIS, A. A democracia da abolição. Para além do império, das . (1936). Sobrados e mocambos: decadência do patriarcado e o
prisões e da tortura. Rio de Janeiro: Difel, 2009. desenvolvimento do urbano. São Paulo: Global, 2004.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Constituição dos Estados GIL, G. Novidade In. Acústico MTV, 1994.
Contracondutas, uma ação político-pedagógica Vancouver Sun, May 31, 1976. Unidos da América. Disponível em: <www.braziliantranslated.com/ HOBSBAWM, E.; RANGER, T. A invenção das tradições. Rio de
Counter-Conducts, a Political-Pedagogical Action MOUNTIER, M. “Self-Help Housing” In: Designscape. September, 1976. euacon01.html>(Acesso: 08 jun.2017). Janeiro: Paz e Terra, 1984.
PAYER, C. The World Bank: A Critical Analysis. Monthly Review GUARINELLO, N.L. “Escravos sem senhores: escravidão, trabalho IANNI, O. A ideia de Brasil moderno. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BONCIANI, R. “Escravidão, tráfico de pessoas e trabalho escravo: Press, 1982. e poder no mundo romano”. Revista Brasileira de História, vol. 26, nº JESUS, C. Cangoma me chamou (LP). Clementina de Jesus (1966).
costumes e direitos na história” In: Contracondutas – Ação político- SANGER, C. “Filipino protest rocks Habitat” In: The Guardian [May- 52, p. 227-246, dezembro 2006. LOPES, N. Enciclopédia brasileira da Diáspora. São Paulo: Selo
pedagógica. São Paulo: Editora Escola da Cidade, 2017. June 1976], p. 4 LOVEJOY, P.E. A escravidão na África: uma história de suas Negro, 2004.
. “Slavery, human trafficking and slave labor: customs and SCOTT, F. E. D. Outlaw Territories: Environments of Insecurity/ transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. MACHADO DE ASSIS, J. M. “A cartomante” In: Obras completas de
rights in history” In: Contracondutas – Ação político-pedagógica. Architectures of Counterinsurgency. Massachusets: MIT Press, 2016. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Protocolo Adicional Machado de Assis, v. XIV. São Paulo: Mérito, 1962.
São Paulo: Editora Escola da Cidade, 2017. SEELIG, M. The Architecture of Self-Help Communities: The First à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado MANACEIA, J. A. “Quantas lágrimas” In: VIOLA, P. (org.).Portela,
PELEGRINI, M. “Foucault e sociedade neoliberal: o trabalhador International Competition for the Urban Environment of Developing Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do passado de glória. Rio de Janeiro: RGE, 1970.
como “empresário de si” In: Contracondutas – Ação político- Countries. NovaYork: Architectural Record Books, 1978. Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças [Protocolo MOURA, C. Negro, de bom escravo a mau cidadão. Rio de Janeiro:
pedagógica. São Paulo: Editora Escola da Cidade, 2017. VANCOUVER SUN. “Mrs. Marcos Defends Gov’t Slum Action” de Palermo]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Conquista 1977.
. “Foucault and Neoliberal Society: the worker as ‘entrepreneur [June 07 1976], p. 41. ato2004-2006/2004/decreto/d5017.htm>(Acesso: 08 jun.2017). . Brasil: raízes do protesto negro. São Paulo: Global, 1983.
of self’” In: Contracondutas – Ação político-pedagógica. São Paulo: . “Prize-Winning Architect Reacts to Slum Protest” [June 10 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção MOFFATT, A. Psicoterapia do oprimido: ideologia e técnica da
Editora Escola da Cidade, 2017. 1976], p. 81 relativa à abolição do trabalho forçado (105). 5 de junho psiquiatria popular. São Paulo: Cortez, 1981.
RIZEK, C. S. “Trabalho, desigualdade, dominação, escravidão” In: WEINER, B. “Hearts and Minds” In: Film Quarterly 28, nº 2 (Winter de 1957. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/ NASCIMENTO, A. O Brasil na mira do pan-africanismo. Salvador:
SANTOS, F. L. S.; SPERLING, D. (org.). GRU-111: Contracartografias 1974-1975). decreto/1950-1969/d58822.htm>(Acesso: 09 jun 2017). Edufba, 2002.
– projeto de pesquisa e intervenção pública Contracondutas. WIDEMAN, B. “Manila Slum Leader Detained and Tortured, Lawyer PATTERSON, O. Slavery and social death: a comparative study. . (1978). O genocídio do negro brasileiro: processo de um
São Carlos: IAU/USP, 2017. Disponível em: < http://www. Claims” In: Washington Post [May 11 1977], p. A15. Cambridge: Harvard University Press, 1982. racismo mascado. São Paulo: Perspectiva, 2016.
ct-escoladacidade.org/contracondutas/intervencoes/gru111/ ROUSSEAU, J.-J. Contrat social ou principes du droit politique. . O negro revoltado. Rio de Janeiro: GRD, 1968.
lancamento-livro-gru-111/> (Acesso em: 25 out. 2017). Foucault e a sociedade neoliberal: Genève: Marc-Michel Bousquet, 1766. PAIXÃO, M. A lenda da modernidade encantada: por uma crítica
. “Labor, inequality, domination, slavery” In: GRU-111: o trabalhador como “empresário de si” SOCIEDADE DAS NAÇÕES. Slavery Convention. Disponível em: ao pensamento social brasileiro sobre relações raciais e projeto de
Contracartografias – Contracondutas research project and public Foucault and Neoliberal Society: <www.un.org/en/genocideprevention/documents/atrocity-crimes/ Estado-Nação. Curitiba: CRV, 2014.
intervention” In: SANTOS, F. L. S.; SPERLING, D. (org.). GRU-111: “The Worker as ‘an Entrepreneur of the Self’” Doc.13_slavery%20conv.pdf>(Acesso: 08 jun. 2017). PRADO JR., C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Cia
Contracartografias – projeto de pesquisa e intervenção pública VIEIRA, Antônio. Sermão XIV (1633). Disponível em: <www. das Letras, 2011.
Contracondutas. São Carlos: IAU/USP, 2017. Available at: < http:// DARDOT, P.; LAVAL, C. The New Way of the World: On Neoliberal dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000032pdf.pdf>Acesso RUFINO, J. “Amigos de papel: minha geração” In: Revista Caros
www.ct-escoladacidade.org/contracondutas/intervencoes/gru111/ Society. Translated by Gregory Eliot. London: Verso, 2013. em: 08 de junho de 2017. Amigos, n. 162. São Paulo: set. 2010.
lancamento-livro-gru-111/> (Access: Oct, 25 2017). DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre SILVA, A. C. A escravidão na história e na África. Youtube
a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016. Recordar, repetir e elaborar: vanguardas, representações [07/12/2016]. Disponível em: <www.youtube.com/
POLÍTICA E CONTRACONDUTAS FOUCAULT, M. Qu’est-ce que la Critique? [Critique et Aufklärung] e vivências na luta contra o racismo watch?v=Dn_2RIo4QJc> (Acesso: 01. jul. 2017).
POLITICS AND COUNTER-CONDUCTS Séance du 27 mai 1978. Bulletin de la Société Française de Remembering, Repeating, and Working-Through: SKIDMORE, T. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento
Philosophie, Paris, v. 84, n. 2, avril-juin 1990. Vanguards, Representations, and Experiences in the brasileiro (1870-1930). São Paulo: Cia das Letras, 2012.
Arquitetura como uma tecnologia política FOUCAULT, M. “What is Critique?” Translated by Lysa Hochroth, Struggle against Racism
Architecture as a Political Technology in The Politics of Truth, edited by Sylvère Lotringer. Los Angeles: Escravismo, imagem e letra
Semiotext(e), 2007. ANDERSEN, H. C. A roupa nova do rei. (Versão livre de Alfredo Slave Society, Image and Letter
BISKIND, P. “Hearts and Minds” In: Cineaste 7, nº 1, 1975. . Segurança, Território, População: curso dado no Collège de Braga). Disponível em: <alfredo-braga.pro.br/contos/oreiestanu.
BROWN, W. Walled States, Waning Sovereignty. New York: Zone France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008a. html> (Acesso: 12 jun. 2017). MACHADO DEASSIS, J. M.(1906). “Pai contra mãe” (Relíquias da
Books, 2010. . Security, Territory, Population: Lectures at the Collège de ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: Reflexões sobre a origem Casa Velha) In: Obra completade Machado de Assis, vol. II. Rio de
CLAUDE, R.-P. “Information Technology and Statistics” In: Science France (1977-1978). Translated by Graham Burchell. New York: e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2008. Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
in the Service of Human Rights. Filadélfia: University of Pennsylvania Picador, 2009. ARAÚJO, E. (org). A mão afro-brasileira: significado da contribuição MACHADO DE ASSIS, J. M. “Father Against Mother,” In A Chapter
Press, 2002. . The Birth of Biopolitics: Lectures at the Collège de France, 1978- artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988. of Hats and Other Short Stories. Translated and edited by John
CHOMSKY, N.; HERMAN, E. S. The Washington Connection and 1979). Translated by Graham Burchell. New York: Picador, 2008. AZEVEDO, C. M. M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário Gledson. London: Bloomsbury, 2008.
Third World Fascism. Montreal: Black Rose Books, 1979. . Nascimento da Biopolítica: curso dado no Collège de France das elites do século XIX. São Paulo: Annablume, 2004. BARTHES, R. (1980)A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
FOUCAULT, M. Society Must Be Defended: Lectures at the Collège De (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008b. LIMA BARRETO, A. H. (1915). O triste fim de Policarpo Quaresma. BARTHES, R. Camera Lucida. Translated by Richard Howard. New
France, 1975-76 [Translated by David Macey]. New York: Picador, 2003. São Paulo: Ática, 1995. York: Hill and Wang, 1980.
GATLEY, J. “Counterculture Themes in the Growth and Escravidão, tráfico de pessoas e trabalho forçado: . (1917). Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: PIRES, C. Machado de Assis: pele, roupa e os bancos indispensáveis
Development of Athfield Architects”, artigo apresentado na Society costumes e direitos na história Cia das Letras, 2010. [19/06/2017]. Disponível em: <www.ct-escoladacidade.org/
of Architectural Historians of Australia and New Zealand (30, Gold Slavery, Human Trafficking and . (1922). Clara dos anjos. São Paulo: Cia das Letras, 2011. contracondutas/editorias/escravismo-imagem-e-letra/machado-
Coast, Queensland, Austrália), July 2-5 2013. Forced Labor: Customs and Rights in History CHASIN, J. A miséria brasileira, 1964-1984. São Paulo: Ad Hominen, 2004. de-assis-pele-roupa-e-os-bancos-indispensaveis/ > (Acesso: 10
GOLDBERGER, P. “Radical Planners Now Mainstream”. New York CHAUÍ, M. Cultura e democracia: O discurso competente e outras jul. 2017)
Times, 13 de junho de 1976, p. 21. ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, falas. São Paulo: Cortez, 2014. ALENCASTRO,L.F. (et al.), Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento
GUTHEIM, F. “Habitat: Toward Shelter” In: Vanguard: The Edusp, 1982. COUTINHO, C. N. Cultura e sociedade no Brasil – ensaios sobre da imagem de uma nação. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.
Vancouver Art Gallery 5, nº 5, Jun./Jul., 1976, p.3-7 ALENCASTRO, L. F.de. O trato dos viventes: formação do Brasil no ideias e formas. São Paulo: Expressão Popular, 2011. NAVES, R. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo:
HABITAT FORUM NEWS. “ Tondo Squatters Answer Back” [June 11 Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000. CUTI. Lima Barreto. São Paulo: Selo Negro, 2011. Cia das Letras, 2011.
1976], p. 2. . “O pecado original da sociedade e da ordem jurídica DUNN, C. Brutalidade jardim: a tropicália e o surgimento da VITAL, S. Quase brancos, quase preto: Representação étnico-racial
LAQUIAN, A. “Habitat: The End of the Beginning” In: IDRC Reports brasileira”. Novos Estudos CEBRAP, 87, p. 5-11, julho 2010. contracultura brasileira. São Paulo: Unesp, 2008. no conto machadiano. São Paulo: Intermeios, 2012.
5, nº 3, 1976. ARISTOTE. Politique. Paris: Libraire Philosophique de Ladrange, 1874. ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA
LOWNDES, J. New Zealander Exhibits Winning Settlement Design. BIGNAMI, R.; NOGUEIRA, C. et alii. “Tráfico de pessoas e trabalho BRASILEIRAS. “Modernismo no Brasil” (Verbete). São Paulo: Itaú
A forma segue a mediação: BaseMóvel e atividades públicas utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. THE GUARDIAN. About modern day slavery in focus. The Guardian, ASCHER, F. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano
do Projeto Contracondutas em Guarulhos LOPES, J. M. A. “O anão caolho” In: Novos Estudos. São Paulo, n. 76, 21 nov. 2014. Disponível em: <www.theguardian.com/global- Guerra, 2010.
Form Follows Mediation: The BaseMóvel and Public Activities p. 219-227, nov. 2006. development/2014/nov/21/about-modern-day-slavery-in-focus>. BOTELHO, A. O urbano em fragmentos: A produção do espaço e da
of the Counter-Conducts Project in Guarulhos . Sobre arquitetos e sem-tetos: Técnica e arquitetura como prática (Acesso em: jul.2017). moradia pelas práticas do setor imobiliário. São Paulo: Annablume/
política. Tese de livre-docência. Instituto de Arquitetura e Urbanismo WAITE, R. BBC apologises to Hadid over Qatar allegations. Fapesp, 2007.
AGAMBEN, Giorgio. “O que é um dispositivo?” In: O que é o de São Carlos – Universidade de São Paulo. São Carlos, 2011. The architect’s journal, 25 set. 2015. Disponível em: <www. CAMARGOS, R. C. M. Estado e empreiteiros no Brasil: Uma análise
contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009. OLIVEIRA, Francisco de. “O vício da virtude” In: Novos Estudos, architectsjournal.co.uk/news/bbc-apologises-to-hadid-over-qatar- setorial. Dissertação de Mestrado. UNICAMP, Campinas, 1993.
FLUSSER, Vilém. A 18ª Bienal de São Paulo, exemplo de espaço n. 76. São Paulo: Cebrap, nov. 2006, p. 229-234. allegations/8689465.article>. (Acesso em: jul.2017). CHESNAIS, François (org.). A finança mundializada. São Paulo:
tempo novo, (1985) In: Vilém Flusser Archiv (Die 18. S.Paulo- SOUZA, N. B.Construtores de Brasília. Petrópolis: Vozes, 1983. WBYA? – Who builds your Architecture? Who builds your architecture?, Boitempo, 2005.
Kunstbiennale, Spuren, Nr. 14, 1986). TURNER, J. (1976). Housing by People: Towards Autonomy in 2011. Disponível em: <whobuilds.org>. (Acesso em: jun.2017). CORIAT, B. “O processo de trabalho de tipo ‘canteiro’ e sua
PERAN, Martín. “Isto não é um museu. Artefatos portáteis e Building Environments. London: Marion BoyarsPublishers, 2009. . Global networks of architectural labor, 18 out. 2016. Disponível racionalização: observações sobre algumas tendências da pesquisa
espaço social” In: Este não é um museu. Barcelona: Acción Cultural VILANOVA ARTIGAS, J. “Uma falsa crise” In: XAVIER, A. em: <whobuilds.org/who-builds-your-architecture-a-critical-field- atual” In: Trabalho em canteiro. Plano, construção e habitat. Atas de
Española/ACVic Centre d’Arts Contemprànies, 2015. Depoimentos de uma geração. São Paulo: Cosac Naify, 2003. guide/>. (Acesso em: jun.2017). colóquio, nov. 1983.
. A critical field guide, 25 fev. 2017. Disponível em: <whobuilds. CORREIA, T. B. “De vila operária à cidade companhia: as
ARQUITETURA E TRABALHO Quem faz o projeto? org/who-builds-your-architecture-a-critical-field-guide/>. (Acesso aglomerações criadas por empresas no vocabulário especializado e
ARCHITECTURE AND LABOR Who Makes the Project? em: jun.2017). vernacular” In: Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais,
WINSTON, A. Zaha Hadid cuts off live BBC interview over Qatar nº 4, São Paulo, 2001, p. 83-98.
O arquiteto como trabalhador TILL; J.; AWAN, N.; SCHNEIDER, T. Spatial Agency; Other Ways of and Tokyo stadium questions. Dezeen, 24 set. 2015. Disponível D’ALMEIDA, C. Produção empresarial da cidade: um laboratório
The Architect as Worker Doing Architecture. London: Routledge, 2011. em: <www.dezeen.com/2015/09/24/zaha-hadid-cuts-off-live- (1965-1974). Dissertação de Mestrado, IAU/USP, São Carlos, 2012.
RIBA PLAN OF WORK. Disponível em: <www.ribaplanofwork.com/ bbc-interview-qatar-world-cup-tokyo-2020-olympics-stadium/>. . “Concessa venia: a concessão urbana da produção do espaço
BERNSTEIN, P. DEAMER, P. Building in the Future: Recasting PlanOfWork.aspx> (Acesso: 19 set. 2017). (Acesso em: jul.2017). em grandesobras públicas” In: XIV Encontro da Associação Nacional
Architectural Labor. Princeton: Princeton Architectural Press, 2010. BOHM, K. Who Is Building What? New York: Wolverhampton de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional,
BIERNACKI, R. The Fabrication of Labor: Germany and Britain, 1640- University/Cadre Press, 2009. Depois do futuro: escravidão e morte em canteiros olímpicos 2013. Recife. Anais do XV ENANPUR. Recife, XV ENANPUR, 2013.
1914. Berkeley: University of California Press, 1995. no Rio de Janeiro . “Concessa venia: Estado, empresas e a concessão da
. “Contradictory Schemas of Action: Manufacturing Sobre o ato de projetar e construir After the Future: Slavery and Death on Olympic Construction produção do espaço urbano. Qualificação de Doutorado (IAU-USP),
Intellectual Property” (conference). Havens Center at the University On Design and Construction Sites in Rio de Janeiro São Carlos, 2016.
of Wisconsin-Madison, Spring 2004, 82:04’ (23.48 MB), Mono 44 FERRO, S. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac & Naify. 2006.
kHz 40 Kbps (CBR). Available at: < www.havenscenter.org/audio/ ALMEIDA, Andrei 2016. Entrevista concedida aos estudantes da CARVALHO HOSKEN. “Ilha Pura, o novo Bairro Planejado da Carvalho FIX, M. Financeirização e transformações recentes no circuito
richard_biernacki_contradictory_schemas_action_manufacturing_ Escola da Cidade, 2016. Hosken vai receber os atletas olímpicos em 2016”. Disponível em: <www. imobiliário no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de Campinas
intellectual_property>. (Access: July, 15 2017). carvalhohosken.com.br/ilha-pura> (Acesso: 09 fev. 2017). (UNICAMP), 2011.
DEAMER, P. “Detail: The Subject of the Object” In: Praxis: Detail 1.1. Arquitetura, imagem e (des)construção COELHO, H. “Onze operários morreram em obras olímpicas no Rio, GITAHY, M.; PEREIRA, P. O complexo industrial da construção e a
München: Detail, 2000, p. 108-15. Architecture, Image and (De)Construction aponta relatório” [25/04/2016]. Disponível em: <g1.globo.com/rio- habitação econômica moderna 1930-1964. São Carlos: Rima, 2002.
. The Architect as Worker: Immaterial Labor, the Creative Class de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/04/onze-operarios- GUNN, P. O. M.; CORREA,T . “A localização de assentamentos
and the Politics of Design. London: Bloomsbury Press, 2015. AMNESTY INTERNATIONAL. The ugly side of the beautiful game. morreram-em-obras-olimpicas-no-rio-diz-relatorio.html. (Acesso: fabris com moradias construídos por empresas produtivas no
. Architecture and Capitalism: 1845 to the Present. New York: Exploitation of migrant workers on a Qatar 2022 world cup site. 09 fev. 2017). nordeste do Brasil” In: I Encontro em Patrimônio Industrial, Centro
Routledge, 2013. Londres: Amnesty International, 2016. Disponível em:<www. GROSS, D. “Vila da Mídia para as Olimpíadas Construída com de Convenções da UNICAMP 17 e 20 de nov, 2004, Campinas/SP.
EVANS, R. Translations from Drawing to Building and Other Essays. amnesty.org/download/Documents/MDE2235482016ENGLISH. Trabalho Escravo Sobre Cemitério de Escravos” [19/07/2016]. CD Rom e Relatório Científica. Campinas: UNICAMP IFCH, 2004.
London: AA Publications, 1997. PDF> (Acesso em: jul.2017. Disponível em: <rioonwatch.org.br/?p=20899> (Acesso: HALL, P. Cidades do amanhã: Uma história intelectual do
. The Projective Cast: Architecture and its Three Geometries. ARANTES, O. CHAI-NA. São Paulo: EDUSP, 2011. 09 fev. 2017) planejamento e do projeto urbanos no século XX. São Paulo:
Cambridge: The MIT Press, 2000. ARANTES, P. F. Arquitetura na era digital-financeira: desenho, canteiro JARDIM, L. “Conquista da Olimpíada é também da cidadania Perspectiva, 2002.
FORD, E. R. The Details of Modern Architecture, v. 1. Cambridge, e renda da forma. Tese de Doutorado defendida junto à Faculdade de internacional, diz Lula” [02/10/2009]. Disponível em: <esportes. HARVEY, D. “Do administrativismo ao empreendedorismo: A
MA: MIT Press, 1990. Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2010. r7.com/esportes-olimpicos/noticias/conquista-da-olimpiada-e- transformação da governança urbana no capitalismo tardio” In:
FOSTER, H. “What is Neo about the Neo-Avant-Garde?” In: October, . “Forma Valor e renda na arquitetura contemporânea”. ARS, tambem-da-cidadania-internacional-diz-lula-20091002.html>. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
n. 70. Cambridge: Massachusetts, 1994. vol.8, n.16, p.84-108, 2010. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ars/ (Acesso: 07 abr. 2017). JOSEJOSÉ, B. K. Políticas culturais e negócios urbanos: A
. Vision and Visuality. New York: The New Press, 1998. v8n16/07.pdf>. (Acesso em: mai.2017). LIMA, R. “Ilha Pura na voz de Fernanda Montenegro” [18/09/2014]. instrumentalização da cultura na revalorização do centro de São
. Art-Architecture Complex. London: Verso, 2013. BOURDIEU, P. “Campo do poder, campo intelectual e habitus de Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=smlSkgQ8KXQ> Paulo (1975-2000). São Paulo: Annablume, 2007.
. Complexo arte-arquitetura. São Paulo: CosacNaify, 2015. classe” In: Economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, (Acesso: 13 abr. 2017) LEFEBVRE, H. A produção do espaço. Trad. Grupo As
FRAMPTON, K. Labour, Work, and Architecture. New York: 2007, p.183-202. MOREIRA SALLES, J. “Don’t Forget The Construction Workers Who (im)possibilidades do urbano na metrópole contemporânea. 4ª ed.
Phaidon Press, 2002. CHESNAIS, F. (org.). A finança mundializada. São Paulo: Died Making The Rio Olympics Happen” [05/08/2016]. Disponível Paris: Éditions Anthropos, 2000. Mimio, 2006.
JAMESON, F. Postmodernism, or the Cultural Logic of Late Boitempo, 2005. em: <thinkprogress.org/dont-forget-the-construction-workers- MARICATO, E. A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil.
Capitalism. NC: Duke University Press, 1990. FILLER, M. The insolence of architecture. The New York Review who-died-making-the-rio-olympics-happen-bac6bd3ee43#. São Paulo: Alfa Omega, 1982.
. Pós-modernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio. of Books, 5 jun. 2014. Disponível em: <www.nybooks.com/ mhaqukn3b> (Acesso: 09 fev. 2017). MARX, K. O capital: crítica da economia política. Vol. I e II. São
São Paulo: Ática, 1997. articles/2014/06/05/insolence-architecture>. (Acesso em: jul.2017). OLIMPÍADA tem 6,5 mil trabalhadores em situação irregular, diz Paulo: Nova Cultural, 1985.
. “Architecture and the Critique of Ideology” In: Architecture, GIBSON, O. More than 500 Indian workers died in Qatar since 2012, ministério [11/08/2016]. Disponível em: <g1.globo.com/rio-de- OLIVEIRA, F. de. Crítica à razão dualista – O ornitorrinco. São Paulo:
Criticism, and Ideology. Princeton, NJ: Princeton Architectural figures show. The Guardian, 18 fev. 2014. Disponível em: <www. janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/08/olimpiada-tem- Boitempo, 2003.
Press, 1996. theguardian.com/world/2014/feb/18/qatar-world-cup-india- 65-mil-trabalhadores-em-situacao-irregular-diz-ministerio.html> OLIVEIRA, F.; BRAGA, R.; RIZEK, C. (orgs). Hegemonia às avessas:
MORRIS, W. News from Nowhere. New York: Oxford University migrant-worker-deaths>. (Acesso em: jun.2017). (Acesso: 09 fev. 2017) Economia, política e cultura na era da servidão financeira. São Paulo:
Press Inc., 2003. HARVEY, D. O enigma do capital – e as crises do capitalismo. São Boitempo, 2010.
ROSS, A. No Sweat: Fashion, Free Trade, and the Rights of Garment. Paulo: Boitempo, 2011. Microativismos doméstico-(re)produtivos OSEKI; PEREIRA; MARICATO; MAUTNER. “Bibliografia sobre
London: Verso, 1997 . O direito à cidade. Revista Piauí, n.82, jul. 2013. Disponível (Re)Productive Domestic Micro-Activisms indústria da construção: Reflexão crítica” In: Sinopses. São Paulo,
. Low Pay, High Profile: The Global Push for Fair Labor. New em: <piaui.folha.uol.com.br/materia/o-direito-a-cidade/>. n° 16, p. 36-45, dez. 1991.
York: The New Press, 2004. Acessoem: jun.2017. BARAJAS, D.; GARCíA, C. “Dispersed Urban Geographies and the OSEKI, J. H. Algumas tendências da construção civil no Brasil.
SENNETT, R. The Craftsman. New Haven: Yale University Press, 2008. ITUC –International Trade Union Confederation.The case against Qatar, Quest for Common Atmospheres” In: Revista Volume # 2. New York/ Dissertação de Mestrado. FAU/USP, São Paulo, 1982.
. Pós-modernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio. host of the FIFA 2022 World Cup – ITUC Special Report.Bruxelas: Amsterdam, 2012. PAULANI, L. Brasil delivery: servidão financeira e estado de
São Paulo: Ática, 1997. ITUC, 2014.Disponível em: <www.ituc-csi.org/IMG/pdf/the_case_ Federici, S. Revolución en punto cero, trabajo doméstico, emergência. São Paulo: Boitempo, 2008.
against_qatar_en_web170314.pdf>. (Acesso em: jul.2017). reproducción y luchas feministas. Madrid: Traficantes de Sonhos, PETRELLA, G. M. A fronteira infernal da renovação urbana em São
Trabalho e arquitetura no Brasil: de Brasília aos mutirões MARTINS, J. S. A reprodução do capital na frente pioneira e o 2012. Paulo: região da Luz no século XXI. Tese de Doutorado. FAU/USP,
Work and Architecture in Brazil: from Brasília to renascimento da escravidão no Brasil. Tempo social, n.6, p.1-25, jun. FRASER, N. Fortunes of Feminism: From State-Managed Capitalism São Paulo, 2017.
Communal Actions 1995. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ts/v6n1-2/0103-2070- to Neoliberal Crisis and Beyond. Londres: Verso, 2013. PIKETTY, T. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.
ts-06-02-0001.pdf>. (Acesso em: mai.2017). TRONTO, J. A Political Argument for an Ethic of Care. New York: RIBEIRO, G. L. “Cuánto más grande mejor/Proyectos de gran escala:
ARANTES, P. F. “Reinventando o canteiro de obras” In: ANDREOLI, PICON. A arquitetura e o virtual: rumo a uma nova materialidade. In: Routledge, 1993 una forma de producción vinculada a la expansión de sistemas
E.; FORTY, A. (orgs). Arquitetura moderna brasileira. Hong Kong: SYKES, A. Krista (org). O campo ampliado da arquitetura: antologia económicos” In: Desarrollo económico, Buenos Aires, v. 27, 1987.
Phaidon, 2004. teórica (1993-2009). São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 205-209. INFRAESTRUTURA E MIGRAÇÃO ROYER, L. de O. Financeirização da política habitacional: Limites
ARANTES, P. E.; ARANTES, O. B. F. Um ponto cego no projeto RIACH, J. Zaha Hadid defends Qatar World Cup role following INFRASTRUCTURE AND MIGRATION e perspectivas. Tese de Doutorado. FAU/USP, São Paulo, 2009.
moderno de Jürgen Habermas: Arquitetura e dimensão estética migrant worker deaths. The Guardian, 25 fev. 2014. Disponível em: SHIMBO, L. Habitação social, habitação de mercado: A confluência
depois das vanguardas. São Paulo: Brasiliense, 1992. <www.theguardian.com/world/2014/feb/25/zaha-hadid-qatar- Produção de grandes obras públicas no Brasil: das cenas dos entre estado, empresas construtoras e capital financeiro. Tese de
CONSTANTE, P.; VILAÇA, I. (orgs.). Usina: Entre o projeto e o world-cup-migrant-worker-deaths>. (Acesso em: mai.2017). anos 1950-1970 para uma reflexão sobre o contemporâneo Doutorado, USP São Carlos, São Paulo, 2010.
canteiro. São Paulo: Edições Aurora, 2016. ROLNIK, R. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia Production of Major Public Works in Brazil: Scenes from the SOUZA, A. “Processo de trabalho e coletivo operário nos canteiros
FATHY, H. (1973). Construindo com o povo: Arquitetura para os na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015. 1950s to the 1970s for a Reflection on the Contemporary de obras públicas” In: Ciências Sociais Hoje. São Paulo: Cortez e
pobres. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. SASSEN, S. Escala e amplitude num mundo digital global. In: Anpocs, 1986.
FERRO, S. O canteiro e o desenho. São Paulo: Projeto, 1979. SYKES, A. Krista (org). O campo ampliado da arquitetura: antologia AGAMBEN, G. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: TELLES, V. A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte:
. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac &Naify, 2006. teórica (1993-2009). São Paulo: Cosac Naify, 2013, p.135-142. Argos, 2009. Argvmentvm, 2010.
HABERMAS, J. (1981). “Arquitetura moderna e pós-moderna” In: TAFURI, M. Problemas à guisa de conclusão. In: NESBITT, Kate ARANTES, O. Urbanismo em fim de linha. São Paulo: Edusp, 2001. TONE, B. Notas sobre a valorização imobiliária em São Paulo na era do
Revista Novos Estudos CEBRAP, n. 18, 1987. (org). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica (1965- ARANTES, O.; MARICATO, E.; VAINER, C. A cidade do pensamento capital fictício. Dissertação de Mestrado. FAU/USP, São Paulo, 2010.
HOLSTON, J.A cidade modernista: Uma crítica a Brasília e sua 1995). São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.388-397. único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.
ULTRAMARI, C; REZENDE, D. A. Grandes projetos urbanos: Fragmentos de uma arqueologia da Terra Cimento, lama e poder: um breve panorama da construção Breves considerações sobre o trabalho escravo do ponto
Conceitos e referências. Large urban projects: concepts and Fragments in Earth Archaeology civil no país da Lava Jato de vista legal
references. Ambiente Construído, Porto Alegre, v.7, n.2, p. 7-14, abr/ Cement, Mud, and Power: a Brief Panorama of civil Brief Considerations on Slave Labor from a Legal Standpoint
jun.2007. BALÉE, W. L. Cultural Forests of Amazonia. Tuscaloosa: University Construction in the Country of Lava Jato
VAINER, C. “Cidade de exceção: Reflexões a partir do Rio de Janeiro” of Alabama Press, 2013. CÓDIGO PENAL – Art. 149, Decreto Lei 2848/40 [1940].
In: XIV Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e COSTA, L. “Memorial do Plano Piloto de Brasília (1957) In: Lucio AFFONSO, J.; BRANDT, R.; MACEDO, F. “Procuradoria aponta 16 Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/topicos/10621211/artigo-
Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. Rio de Janeiro. Anais Costa: registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. empreiteiras alvos de ‘clube’ do cartel” [12/12/2014]. Disponível em: 149-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940> (Acesso:
do XIV ENANPUR. Rio de Janeiro: [s.n.], 2011. CRUTZEN, P. J.; MCNEILL, J. R.; STEFFEN, W. The Anthropocene: <politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/procuradoria-aponta- 12 out. 2017).
VARGAS, N. “Racionalidade e não racionalização: O caso da Are Humans Now Overwhelming the Great Forces of Nature? In: 16-empreiteiras-alvo-de-clube-do-cartel/> (Acesso: 16 jun. 2017). ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT.
construção habitacional” In: FLEURY, A. C. C.; VARGAS, N. Ambio, v. 36, nº 8, dec. 2007. AMORA, D. “Plano de saneamento do Brasil vai sofrer atraso de Uma aliança global contra o trabalho forçado – Relatório global
(orgs). Organização do trabalho: uma abordagem interdisciplinar. DESCHAMPS, M.; MYCHALEJKO, C. “World Leaders Signed a pelo menos 20 anos” [11/01/2016]. Disponível em: <www1.folha. do seguimento da Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos
Sete estudos sobre a realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 1983, ‘Death Warrant for the Planet’ at COP21” [13/12/2015]. Disponível uol.com.br/mercado/2016/01/1727996-plano-de-saneamento-do- Fundamentais no trabalho. Genebra: Secretaria Internacional do
p.195-220. em: < www.telesurtv.net/english/opinion/World-Leaders-Signed- brasil-vai-sofrer-atraso-de-pelo-menos-20-anos.shtml > (Acesso: Trabalho, 2005.
VICENTINI, Y. Cidade e história na Amazônia. Tese de Doutorado. a-Death-Warrant-for-the-Planet-at-COP21-20151213-0010.html > 15 jun. 2017). INTERNATIONAL LABOR OFFICE—ILO. A global alliance against
FAU/USP, São Paulo, 1994. (Acesso: 23 jun. 2017). AVIAÇÃO BRASIL. “Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos” forced labour—Global Report under the Follow-up to the ILO
RANCIÈRE, J. Disagreement. Minneapolis: University of Minnesota [06/05/2017]. Disponível em: <www.aviacaobrasil.com.br/ Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work. Geneva:
Belo Monte: contracartografias e contranarrativas de Press, 1999. aeroporto-internacional-de-sao-pauloguarulhos/> International Labour Office, 2005.
uma obra polêmica TSING, A. A Feminist Approach to the Anthropocene: Earth Stalked (Acesso: 15 jun. 2017). ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT.
Belo Monte: Counter-Cartographies and Counter-Narratives by Man. 1’09” [11/2015]. Disponível em: < vimeo.com/149475243 > BBC. “Obama diz que Lula é o político mais popular da Terra’” “Trabalho Forçado ou Obrigatório” [01/05/1932]. Disponível em: <
of a Controversial Construction (Acesso: 23 jun. 2017). [02/04/2009]. Disponível em: <www.bbc.com/portuguese/ www.oitbrasil.org.br/node/449 > (Acesso em: 11 out. 2017).
multimedia/2009/04/090402_lulaobamavideo.shtml > (Acesso: INTERNATIONAL LABOR OFFICE—ILO. “Convention concerning
ALVES, B. R.; COELHO MOLEDO, M. T. “Belo Monte: Uma Iconoclasistas: cartografia rebelde sobre o território 14 jun. 2017). Forced or Compulsory Labour” [May, 1st 1932]. Available at: <www.
cartografia da ausência – os beiradeiros atingidos” In: Revista Iconoclasistas: Rebel Cartography of Territory BRANDÃO, M. “TCU contabiliza R$ 25,5 bilhões de gastos com a ilo.org/dyn/normlex/en/f?p=NORMLEXPUB:12100:0::NO::P12100_
Cadernos de Pesquisa Escola da Cidade, n. 3. São Paulo: Escola da Copa do Mundo” [03/12/2014]. Disponível em: <agenciabrasil.ebc. ILO_CODE:C029 > (Access: October 12, 2017).
Cidade, 2017. ARTISTAS Y EXPERIÊNCIAS. “Iconoclasistas – Laboratorio de com.br/geral/noticia/2014-12/tcu-contabiliza-r-255-bilhoes-de- REIS, T. “Quase 46 milhões vivem regime de escravidão no mundo,
ACSELRAD, H. Sobre os usos sociais da cartografia In: CESTA Comunicación y Recursos Contrahegemónicos de libre circulación”. gastos-com-copa-do-mundo >. (Acesso: 14 jun. 2017). diz relatório” [30/05/2016]. Disponível em: <g1.globo.com/mundo/
UFMG – Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais. Belo Disponível em: < artesyprocedimientos-imagenes.blogspot.com. BRASIL. Art. 149 Do Código Penal. Decreto Lei nº 2848/40, de noticia/2016/05/quase-46-milhoes-vivem-regime-de-escravidao-
Horizonte, 2014. Disponível em: <conflitosambientaismg.lcc. br/2011/08/iconoclasistas.html> (Acesso: 01 jun. 2017). 07 de dezembro de 1940. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/ no-mundo-diz-relatorio.html> (Acesso em: 11 out. 2017)
ufmg.br/producao-academica/categoria/textos-analiticos-do- BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: Ensaios sobre topicos/10621211/artigo-149-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de- RÉPORTER BRASIL. Disponível em: <reporterbrasil.org.br>
mapa-de-conflitos-ambientais/?pesquisa-titulo=&pesquisa- literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2008. dezembro-de-1940> (Acesso: 15 jun. 2017). (Acesso em: 07/11/2017).
autor=ACSELRAD&pesquisa-ano= > (Acesso: 28 jun. 2017). GOULD, D. B. Moving Politics: Emotion and ACT UP’s Fight against BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, WALK FREE FOUNDATION. “Understand”. Disponível em: <www.
DE CERTAU, M. A cultura no plural. São Paulo: Papirus, 1995. AIDS. Illinois: The University of Chicago Press, 2009. inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações walkfreefoundation.org/understand/> (Acesso em: 11 out. 2017).
ELETROBRÁS – ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL DO EXPÓSITO, M. “Lecciones de historia. Walter Benjamin, e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO BELO MONTE. Norte productivista (2009)”. Disponível em: <marceloexposito.net/pdf/ Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.
Energia/Leme Engenharia, 2008. Disponível em: <norteenergiasa. exposito_benjaminproductivista.pdf>. (Acesso: 01 jun. 2017). htm> (Acesso: 15 jun. 2017).
com.br> (Acesso: 28 jun. 2017). ICONOCLASISTAS. Entrevista realizada por André Mesquita com BRASIL. Lei nº 12.462, de 04 de agosto de 2011. Institui o Regime
ELETROBRÁS – RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DO Iconoclasistas por e-mail em agosto de 2011. Diferenciado de Contratações Públicas - RDC; altera a Lei no
APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO BELO MONTE – RIMA. Norte . Manual de mapeo colectivo. Recursos cartográficos críticos 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização
Energia/Leme Engenharia, 2009. Disponível em: <norteenergiasa. para procesos territoriales de creación colaborativa. Buenos Aires: da Presidência da República e dos Ministérios, a legislação
com.br/site/wp-content/uploads/2011/04/NE.Rima_. Tinta Limón, 2013. da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a legislação da
pdf.>.(Acesso: 08 out. 2016). MESQUITA, André. “Saberes insurgentes – entrevista com Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria
GOUVÊA, J. P. N. A cidade do mapa: A produção do espaço de Iconoclasistas”, 2017. Disponível em: <www.ct-escoladacidade. a Secretaria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos
São Paulo através de sua produção cartográfica. Dissertação de org/contracondutas/editorias/mapas-imagens-e-intervencoes- em comissão e cargos de Controlador de Tráfego Aéreo; autoriza a
Mestrado. FAU-USP. São Paulo, 2010. praticas-de-oposicao/saberes-insurgentes-entrevista-com- contratação de controladores de tráfego aéreo temporários; altera
HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão. Guerra e Democracia na Era do Império. iconoclasistas> (Acesso: 30 jul.2017). as Leis nos 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de
Rio de Janeiro: Editora Record, 2005. dezembro de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de
HAESBAERT, R. “Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade” GRU-III: Contracartografias outubro de 2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20
In: GEOgraphia n. 17. Rio de Janeiro: Universidade Federal GRU-III: Counter-Cartographies de dezembro de 2010, e a Medida Provisória no 2.185-35, de 24 de
Fluminense, ano IX, 2004. agosto de 2001; e revoga dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de maio
ISA – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. PROGRAMA XINGU. CRAMPTON, J. W. Mapping: A Critical Introduction to Cartography de 1998. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
Dossiê Belo Monte. Não há condições para a Licença de Operação. and GIS. West Sussex, Wiley-Blackwell Publication, 2010. 2014/2011/lei/l12462.htm> (Acesso: 15 jun. 2017).
São Paulo, Junho 2015. CRAMPTON, J. W.; KRYGIER, J. “An Introduction to Critical BRASIL. Projeto de lei nº 6.814. Institui normas para licitações e
LEFÈBVRE, H. A Revolução Urbana. Belo Horizonte: Cartography” In: ACME: An International E-Journal for Critical contratos da Administração Pública e revoga a Lei nº 8.666, de
Editora UFMG, 1999. Geographies, v. 4, n. 1, 2006. 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e
. La Presencia y La Ausencia. Contribuición a La Teoria de Las JAMESON, F. Postmodernism, or, The Cultural Logic of Late dispositivos da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de2011. Disponível em:
Representaciones. México, DF: Fondo de Cultura Economica, 2006. Capitalism. Durham: Duke University Press, 1991. <www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_
LEITÃO, K. A dimensão territorial do Programa de Aceleração do LATOUR, B. Reagregando o Social. Uma introdução à teoria do ator-
Crescimento: um estudo sobre o PAC no Estado do Pará e o lugar que ele rede. Salvador/Bauru: EDUFBA/EDUSC, 2012. Efeitos e afetos nos instrumentos jurídicos que prometem
reserva à Amazônia no desenvolvimento do país. São Paulo, FAU-USP, MORRIS, D.; VOYCE, S. Counter Map Collection. Disponível em: a correção de condutas
tese de Doutorado, 2009. <jacket2.org/commentary/dee-morris-stephen-voyce: (Acesso: 02 Effects and Affections in Legal Instruments that Promise the
. “O impacto de grandes projetos em comunidades atingidas: mar. 2016). Correction of Conducts
o caso de Belo Monte” [04/2016]. Em palestra gravada para o
Projeto Contracondutas. Disponível em: <www.ct-escoladacidade. Espaços lisos e estriados nas bordas do Aeroporto JASPER, J. Emotions and Social Movements: Twenty Years of Theory
org/contracondutas/estudos/seminarios/karina-leitao-impacto- de Cumbica and Research. Annual Review of Sociology, v. 37, p. 285-303, 2011
de-grandes-projetos-em-comunidades-atingidas-o-caso-de-belo- Smooth and Striated Spaces on the Outskirts of
monte> (Acesso: 01 abr. 2017). Cumbica Airport
MIRANDA NETO, J. Q. “Reassentamento da população urbana
diretamente afetada pelo empreendimento hidrelétrico de DELEUZE, G; GUATTARI, F. “14.440 – O Liso e o Estriado” In: Mil
Belo Monte em Altamira (PA)” In: GC – Revista Nacional de Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1997.
Gerenciamento de Cidades, v. 02, n. 13, 2014. DEL RIO, V. “Projeto de Arquitetura: Entre Criatividade e Método”.
PERROT, D. Quem impede o desenvolvimento “circular”? In: In: DEL RIO, V. (org.). Arquitetura – Pesquia & Projeto. São Paulo:
Cadernos de Campo, NAU, n.17. São Paulo: Ciências Sociais-USP, ProEditores, 1998, p. 201-214.
2008, p. 219-232. GALIANO-FERNÁNDEZ, L. “Arquitectura y Vida”. In: Arquitectura
PINTO, L. F. “Belo Monte vai parar de novo?” [06/04/2017]. Viva, 189.11/2016, Madrid, 2016, p. 17-47.
Disponível em: <lucioflaviopinto.wordpress.com/2017/04/06/belo- VIEIRA, T. Conversa realizada no dia 27 de abril de 2017. São Paulo.
monte-vai-parar-de-novo/ > (Acesso: 06/04/2017). Entrevista concedida a Kazuo Nakano.
SBPC – SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA
CIÊNCIA. Estudo sobre o deslocamento compulsório de ribeirinhos
do Rio Xingu provocado pela construção de Belo Monte: Avaliação
e Propostas. Coord. CUNHA, Manuela Carneiro da; MAGALHÃES,
Sônia Barbosa. Altamira, 2016.
SECCHI, B. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006.
620
CONTRACONDUTAS:
O grande canteiro: Um estudo EDITORIAS
antropológico./The large construction EDITORIAL SECTIONS
Sumário Condensado
site: an anthropological study. Docentes/
Teachers: Pedro Lopes, José Eduardo As Editorias são espaços de produção e
Baravelli (FIAM–FAAM), acompanhamento edição de conteúdos que desdobram e
COUNTER-CONDUCTS:
de/with the collaboration of Amália alimentam novos estudos sobre o tema
Cristóvão dos Santos. Discente/Student: do trabalho análogo ao escravo, por meio
A Condensed Summary
Juliana Barbosa Souza do diálogo entre áreas do conhecimento
e articulação entre suas diferentes
produções. Disponíveis na plataforma
digital./The Editorial Sections are spaces of
AULAS ABERTAS production and content editing that open up
OPEN LECTURES and nourish new studies on the subject of
slave labor conditions, through the dialogue
07 abr 2016/April 7, 2016: Marques between areas of knowledge and articulation
ESTUDOS Desconstruindo o canteiro: O caso do Cassara: Relatório Trabalho escravo e of their different productions. Available on
STUDIES Terminal 3 – Aeroporto de Guarulhos. / violação de direitos nas grandes obras/ the digital platform.
Deconstructing the construction site: the Report on slave labor and the violation of
Parte fundamental das atividades case of Terminal 3 — Guarulhos Airport. rights in major public works Mapas, imagens e intervenções: prática de
desenvolvidas no Projeto Contracondutas, Docentes/Teachers: Anália Amorim, oposição/Maps, images and interventions:
a pesquisa acadêmica procura trazer Valdemir Lucio Rosa. Discentes/Students: 20 abr 2016/April 20, 2016: Juliana the practice of opposition, por/by
aspectos relevantes para uma reflexão Stela Mori Neri Silva, Rafaella Luppino Armede Felicidade: Trabalho escravo e o André Mesquita
crítica dos repetidos episódios de trabalho direito/Slave labor and law
análogo ao de escravo denunciados Análise crítica da Pré–Fabricação e Habitação, precariedade e grandes obras/
pela justiça junto à construção civil./ seus canteiros de obra – Os casos do 25 ago 2016/Aug. 25, 2016: José Paulo Housing, precariousness and major public
As a fundamental part of the activities Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos Gouvêa: Cartografia/Cartography works, por/by Grupo de Habitação e
developed in the Counter–Conducts Project, e do Centro Internacional SARAH de Cidade – pós–graduação, [Housing and City
academic research seeks to contribute Neurorreabilitação e Neurociências 24 nov 16/Nov. 24, 2016: Hervé Théry: Group]—Graduate course, Escola da Cidade
aspects relevant to a critical reflection on (RJ)./Critical analysis of Prefabrication Atlas do trabalho escravo no Brasil/Atlas of
the repeated episodes of labor analogous to and their construction sites—the cases slave labor in Brazil História e escravidão/History and Slavery,
slavery in civil construction as reported by of Guarulhos Airport Terminal 3 and por/by Rodrigo Bonciani
the Department of Justice. the SARAH International Center for 27 out 16/Oct. 27, 2016: Karina Leitão: Belo
Neurorehabilitation and Neurosciences Monte: Beiradeiros, ribeirinhos e atingidos/ Trabalho e arquitetura/Labor and
Belo Monte, “uma cartografia da (RJ). Docentes/Teachers: Valdemir Lucio Belo Monte: Populations on the Margins, architecture, por/by Ícaro Vilaça
ausência”: Os beiradeiros atingidos. / Rosa, Anália Amorim. Discentes/Students: Riverines and Those Affected
Belo Monte, “A Cartography of Absence”: Carolina Bozio Quinzani, Mably Rocha Do dizível e do invisível: Um olhar curatorial
The Affected Riverine Populations. da escravidão/From the Speakable and the
Docentes/Teachers: Marta Lagreca, José Arquitetura e cidade na era do capital Invisible: A Curatorial Look at Slavery, por/
Paulo Gouveia, José Guilherme Schutzer, financeiro – Os espaços aeroportuários./ by Vinícius Spricigo
Paulo Roberto de Albuquerque Bomfim Architecture and the city in the era of
(Instituto Federal de Educação – Ciências financial capital – airport terminal spaces. Escravismo, imagem e letra/Slavery, Image
e Tecnologia de São Paulo/Federal Institute Docentes/Teachers: Guilherme Petrella, and Letter, por/by Gilberto Mariotti
of Education – Science and Technology Marianna Boghosian Al Assal. Discentes/
of São Paulo), e colaboração de/with the Students: Bianca Feliz Okamoto, Gabriel Trabalho, terra e globalização: Desafios
collaboration of Karina Leitão (FAU–USP). de Paula Biselli nas fronteiras energéticas/Labor, Land and
Discentes/Students: Mayte Tosta Moledo Globalization: Challenges at the Frontiers of
Coelho, Bruna Ribeiro Alves Energy, por/by Brian Garvey
SEMINÁRIO DE CULTURA 23 nov 16/Nov. 23, 2016 NEC/ IAU– Peggy Deamer [Yale University of André Mesquita [Rede Conceitualismos
E REALIDADE CONTEMPORÂNEA USP São Carlos + Vânia Medeiros + Architecture] – O trabalho-trabalhador da do Sul]: Cartografia crítica: das imagens do
SEMINAR ON Culture and Coletivo Metade + Equipe Em Paralelo arquitetura/The Work(er) of Architecture poder às lutas sociais/Critical Cartography:
Contemporary Reality + Alunos UNIFESP + Pedro Arantes + From the Images of Power to Social Struggles
Vinícius Spricigo: Contraintervenções/ Mediação/Moderators: Ana Carolina
O Seminário de Cultura e Realidade Counter-Interventions Tonetti, Ligia Nobre [Escola da Cidade] David Sperling [NEC IAU-USP]:
Contemporânea da Escola da Cidade, em O que está em (e fora do) jogo?
parceria com o Contracondutas, organizou 30 nov 16/Nov. 30, 2016 Fabiana Severo e/ Contracartografias como ações estéticas e
dois ciclos de palestras e debates abertos and Ronaldo Vasconcelos: Grandes obras 04 abr 17/April 4, 2017 Arquitetura como redesenhos políticos/What is (and is not) at
ao público./The Escola da Cidade Seminar e direitos/Major Public Works and Rights uma Tecnologia Política | conferência/ Stake? Counter-Cartographies as Aesthetic
on Culture and Contemporary Reality, Architecture as a Political Technology | Actions and Political Redesign
in partnership with Counter–Conducts, conference
organized two cycles of lectures and Pablo Ares [Iconoclasistas]: Mapeamentos
debates open to the public. CONTRA – SEMINÁRIO Felicity Scott [Columbia University] – coletivos: espaços de articulação
INTERNACIONAL – CONDUTAS Arquitetura como uma Tecnologia Política/ entre pedagogias críticas, processos
18 mai 16/May 18, 2016 Margareth Rago, Políticas da arquitetura e trabalho Architecture as a Political Technology colaborativos e táticas libertadoras/
com/with Maurício Pelegrini: Foucault, escravo na contemporaneidade Collective Mapping: Spaces for Articulating
para uma vida não fascista/Foucault, for a COUNTER – INTERNATIONAL Critical Pedagogies, Collaborative Processes
Non–Fascist Life SEMINAR – CONDUCTS 05 abr 17/April 5, 2017 and Liberating Tactics
Politics of Architecture and Slave Desenho de Estratégias | painel/
25 mai 16/May 25, 2016 Luiz Felipe de Labor in Contemporaneity Designing Strategies | panel Mediação/Moderator: Marta Lagreca
Alencastro: Escravismo ontem e hoje/ [Escola da Cidade]
Slavery Yesterday and Today O Seminário Internacional é um evento Manuel Ulloa [EAHR] – A cultura e seu
anual da Escola da Cidade. Em 2017, a papel orientador em nossa sociedade:
01 jun 16/June 1, 2016 José de Souza XII edição contou com a correalização do O caso da Fundación Arquitectura, 07 abr 17/Apr 7, 2017 O Comum e o
Martins: A terceira escravidão/ Sesc São Paulo, com enfoque no Projeto Emergencia y Derechos Humanos/Culture Direito: Habilidades de resposta | painel/
The Third Slavery Contracondutas./The International Seminar and its Role in our Society: The Case of The Common and Rights: Abilities to
is an annual event of Escola da Cidade. Fundación Arquitectura, Emergencia y Respond | panel
08 jun 16/June 8, 2016 Karina Leitão: In 2017, its twelfth edition was a joint Derechos Humanos
Impacto de grandes projetos em undertaking with Sesc São Paulo, focused Rodrigo Bonciani (Unila): Escravidão,
comunidades atingidas: O caso de Belo on the Counter-Conducts Project. Diego Barajas e/and Camilo García tráfico de pessoas e trabalho forçado:
Monte/The Impact of Major Public Works on [Husos] – Casas (re)produtivas em costumes e direitos na história/Slavery,
Affected Communities: The Belo Monte Case Dispersão/(Re)productive houses in Human Trafficking and Forced Labor:
04 abr 17/April 4, 2017 Trabalho Dispersion Customs and Rights Across History
15 jun 16/June 15, 2016 Paulo Arantes: e Arquitetura | painel/Labor and
Sobre a era da emergência em que vivemos/ Architecture | panel Mel Dodd [MUF/Central Saint Martins] – Paulo Tavares (UnB): Arqueologia da
On the era of emergency in which we live Quem faz o projeto?/Who Makes the violência/The Archaeology of Violence
Beatriz Tone e/and Cristiane Gomes Project?
09 nov 16/Nov. 9, 2016 Jônatas Andrade: [Usina] – Mutirão Paulo Freire: movimento Karina Oliveira Leitão (Fau-usp):
Grandes obras e trabalho análogo a popular, arquitetura e pedagogia da práxis/ Mediação/Moderator: Marina Grinover Grandes obras e seus atingidos no Brasil
escravo/Major Public Works and Labor Paulo Freire Task Force: Popular Movement, [Escola da Cidade] de ontem e hoje/Major Infrastructure
Analogous to Slavery Architecture and Pedagogy of Praxis Projects and the People Affected in Brazil,
Past and Present
16 nov 16/Nov. 16, 2016 Flavia Scabin RioNow – Joana Martins e/and Juliana 06 abr 17/April 6, 2017 Contracartografias
+ Daniela Gomes (GVCES): Grandes Biancardine [PUC-Rio] – Depois do futuro: | painel/Counter-Cartographies | panel Mediação/Moderator: Amália dos Santos
obras e licenciamento/Major Public Works escravidão e morte em canteiros olímpicos [Escola da Cidade]
and Licensing no Rio de Janeiro/After the Future: Slavery Daniel Lima [Frente 3 de Fevereiro]
and Death at the Rio Olympics Investigação-ação/Action-Research
Construction Projects
REPORTAGENS além de convites a artistas, arquitetos e EXPOSIÇÃO DIAGRAMA workshop with the artist Vitor Cesar,
JOURNALISTIC REPORTS coletivos, para a realização de projetos CONTRACONDUTAS teachers and students of UNIFESP, the
que articulassem pesquisa, formação e EXHIBITION COUNTER- Counter-Conducts Team and artists from
O Contracondutas convidou Sabrina Duran intervenção. Foi construída uma parceria CONDUCTS DIAGRAM the public interventions. It was activated
e Tomás Chiaverini, para elaborar artigos, com o Programa de Mediação e Curadoria as a space for dialogue and mediation that
debates e recolher testemunhos sobre da UNIFESP – Campus de Guarulhos, para A exposição Diagrama Contracondutas presents and augments the project’s results:
temas relativos ao trabalho, ao canteiro o processo de curadoria e mediação com apresenta uma síntese das múltiplas in Guarulhos at the UNIFESP -Pimentas
de obras, à ingerência das construtoras, os artistas e arquitetos das intervenções frentes do projeto e o resultado das Campus (June 2017) and in public squares
às artimanhas do legislativo, às pressões públicas e diversos públicos./Counter- intervenções públicas promovidas no (Sept. – Oct. 2017), and in São Paulo at
sobre o judiciário, a violações de direitos Conducts proposed public interventions âmbito do Contracondutas./The exhibition Casa do Povo (Nov. 2017), within the context
trabalhistas e seus desdobramentos. that aimed to challenge, investigate Counter-Conducts Diagram presents a of the 11th São Paulo Architecture Biennial.
Simultaneamente, a organização Papel and communicate contemporary labor synthesis of the project’s multiple facets The program in Guarulhos is run by the Art
Social se encarregou de elaborar o relatório relations, including work analogous to and the results of the public interventions History Course—Unifesp, with the teachers
Trabalho escravo e violação de direitos slave labor. In response to an Open Call, promoted within the scope of the Counter- Pedro Fiori Arantes and Vinícius Spricigo,
humanos nas grandes obras, bem como the project selected three proposals, in conducts project. undergraduate students and collectives
o documentário Terminal 3, que conta addition to invitations for artists, architects from Guarulhos.
a história de alguns dos trabalhadores and collectives to realize projects that Lugares/Locations: Escola da Cidade (08
encontrados em condição análoga a would articulate research, education and abr - 13 mai 2017/April 8 – May 13, 2017) e/
escravo nessa grande obra./Counter- intervention. A partnership was established and Centro Cultural Universidade de São
Conducts invited Sabrina Duran and with the Mediation and Curator Program Paulo - São Carlos (21 set - 20 out 2017/ OFICINAS
Tomás Chiaverini to develop articles and of UNIFESP – Guarulhos Campus, for the Sept. 21 – Oct. 20, 2017). WORKSHOPS
debates and to gather testimony on themes process of curation and mediation with
related to labor, construction sites, the artists and architects of public interventions 04-07 abril 2016/April 4-7, 2016 Vitor
interference of construction companies, and various publics. Cesar: Linguagem Visual do Projeto
legislative subterfuges, pressures on the BASEMÓVEL Contracondutas/The Visual Language of
judiciary, violations of labor rights and Coletivo 308 Projeto Labor ATIVIDADES PÚBLICAS the Counter-Conducts Project
their consequences. Simultaneously, the MOBILEBASE
organization Papel Social took charge of Raquel Garbelotti Mise-en-scène: PUBLIC ACTIVITIES 03 abril 2017/April 3, 2017 Iconoclasistas,
elaborating the report Trabalho escravo e Maquete Pablo Ares: Ferramentas de mapeamento
violação de direitos humanos nas grandes A BaseMóvel é um dispositivo expositivo não convencional/Tools for Unconventional
obras [Slave labor and human rights Núcleo de Estudos das Espacialidades itinerante, elaborado em oficina com o Mapping
violations in major public works], as well Contemporâneas (NEC) Instituto de artista Vitor César, professores e alunos
as the documentary Terminal 3, that tells Arquitetura e Urbanismo USP – São da UNIFESP, equipe Contracondutas e 13, 20, 27 abril e 4 maio 2017/April 13, 20
the story of some of the workers found Carlos/Nucleus of Contemporary Spatial artistas das intervenções públicas. Foi and 27 and May 4, 2017 Renata Ursaia:
in slave labor conditions in this major Studies (NEC) Institute of Architecture ativada como um espaço de diálogo e Oficina de fotografia/Photography
construction site. and Urbanism USP – São Carlos GRU-III: mediação que apresenta e amplia os Workshop
Contracartografias resultados do projeto: em Guarulhos
no Campus dos Pimentas da UNIFESP Abril e maio 2017/April and May, 2017
Vânia Medeiros Caderno de campo (Junho de 2017) e em praças públicas com Raul Araujo: Práticas críticas em direitos
INTERVENÇÕES PÚBLICAS coletivos articuladores (setembro e outubro humanos/Critical Practices in human rights
PUBLIC INTERVENTIONS Coletivo Metade – Ana Tranchesi e/and de 2017), e em São Paulo na Casa do Povo
Isabella Beneduci Assad centoeonze (novembro de 2017) no âmbito da 11a Bienal
Contracondutas propôs intervenções de Arquitetura de São Paulo. Programa em
públicas que visassem problematizar, Danielli Costa Wal, Guilherme Akio Guarulhos por curso de História da Arte –
investigar e comunicar as relações Nojima Garmatter, Mayara Wal, Milene Unifesp, com os professores Pedro Fiori
contemporâneas de trabalho, inclusive de Gil, Semyramys Monastier Em Paralelo Arantes e Vinícius Spricigo, estudantes
trabalho análogo a de escravo. O projeto de graduação e coletivos de Guarulhos./
realizou, por meio de uma Chamada BaseMóvel (MobileBase) is an itinerant
Aberta, a seleção de três propostas, exhibition apparatus, developed in a
ADENSAMENTO CRÍTICO 31 mai 2017/May 31, 2017 Richard DEBATE, DOCUMENTÁRIO
CRITICAL ASSESSMENT Benjamin e/and Marcio Farias: Escravidão E EXPOSIÇÕES
Transatlântica e Contemporânea – A DEBATE, DOCUMENTARY
O Centro de Pesquisa e Formação – SESC cultura como forma de enfrentamento AND EXHIBITIONS
CPF, em parceria com o Contracondutas, do trabalho/Transatlantic Slavery and
promoveu um momento de adensamento Contemporary Slavery–Culture as a form of Em parceria com a 11a Bienal de Arquitetura
crítico dos enunciados relativos ao Contra confronting labor de São Paulo, as atividades de condensação
– Seminário Internacional – Condutas e do Contracondutas compreendem: 1)
potenciais desdobramentos do projeto./ Debatedor/Panelist: Raul Araújo Debate de Lançamento desta publicação
The Centro de Pesquisa e Formação Contracondutas – Ação politico-pedagógica,
(Research and Training Center) — SESC e apresentação do Documentário Terminal
CPF, in partnership with the Counter- 3, realizado na Biblioteca Mário de Andrade
Conducts Project, promoted a critical PUBLICAÇÕES (7 dez 2017); exposição de fotografias
assessment of statements related to the PUBLICATIONS do entorno do Aeroporto Internacional
Counter/International Seminar/Conducts de Guarulhos pelo fotógrafo Tuca Vieira
and potential developments of the project. Revista Cadernos de Pesquisa da Escola na Casa do Povo (dez 2017), e Ativações
da Cidade #3 – Contracondutas, Mariana da BASEmóvel pelo artista Vitor Cesar,
10 Mai 2017/May 10, 2017 Douglas Boghosian Al Assal, Gilberto Mariotti, com coletivos e em colaboração com a
Belchior e/and Lorena Telles : Ana Carolina Tonetti, Ligia Velloso Nobre, Casa do Povo, em São Paulo (nov-dez
Trabalho físico e Trabalho intelectual: O eds., São Paulo, Editora Escola da Cidade, 2017)./In partnership with the 11th São
acesso à Universidade como forma de 2017. A revista dedicou esse número às Paulo Architecture Biennial, the closing
enfrentamento à escravidão e seu legado./ pesquisas acadêmicas e experimentais activities of the Counter-Conducts include: 1)
Manual Labor and Intellectual Labor: Access desenvolvidas no âmbito do Projeto Debate at the Release of the book Counter-
to Higher Learning as a Form of Confronting Contracondutas./The periodical dedicated Conducts – Political-Pedagogical Action, and
Slavery and its Legacy. this issue to the academic and experimental screening of the Documentary Terminal 3,
studies developed within the scope of the held at the Mário de Andrade Library (Dec.
Debatedor/Panelist: Raul Araújo Counter-Conducts Project. 7, 2017). Exhibition of photos taken in the
surroundings of Guarulhos International
17 mai 2017/May 17, 2017 Brian Garvey e/ Por trás do tapume, Sabrina Duran, com Airport by photographer Tuca Vieira at
and Odir Furtado: Trabalho, Globalização ensaios fotográficos de/with the photo Casa do Povo (Dec. 2017) and activations
e Exploração – As possibilidades de essays by Renata Ursaia./Joana Barossi of the BASEmóvel by artist Vitor Cesar in
organização e resistência diante das e/and Gilberto Mariotti eds. São Paulo, collaboration with the collectives from/at
cadeias produtivas transnacionais/Labor, Editora Escola da Cidade, 2017. Casa do Povo, São Paulo (Nov.-Dec. 2017).
Globalization and Exploitation – The
Possibilities of Organizing and Resistance to GRU-111 : contracartografias, David Sperling,
Transnational Production Chains Fábio Lopes de Souza Santos, orgs. São
Carlos: IAU/USP, 2017.
Debatedor/Panelist: Raul Araújo
Caderno de campo [Field Book], Vânia
24 mai 2017/May 24, 2017 Carolina Heldt Medeiros, São Paulo, 2017.
d’Almeida e/and Guilherme Moreira
Petrella: Produção das grandes obras Plataforma Digital/Digital platform:
públicas no cenário brasileiro de 1950- www.ct-escoladacidade.org/
1970: Estado-Empresa, Espaço-Natureza contracondutas/
e Trabalho-Canteiro/Production of Large-
Scale Infrastructure Projects in Brazil
from 1950-1970: State-Private Companies,
Space-Nature and Labor-Worksite
2016-2017
COUNTER — CONDUCTS Arquitetura do site/Web Lúcio Kodato, Felipe Teachers — Open Lectures
PROJECT Architecture Camarneiro, Renata Ursaia, Marques Casara, José
Cláudio Bueno Tuca Vieira Paulo Gouvêa, Karina
Coordenação Geral Programação/Coding Editores Convidados/ Leitão, Hervè Théry
e Curadoria/General Cláudio Bueno e/and Guest Editors André
counter-conducts Credits
Coordination and Andrei Thomaz Mesquita, Grupo de Seminário de
Curatorship: Linguagem Visual da Habitação e Cidade (Luis Cultura e Realidade
Ana Carolina Tonetti e/and Plataforma/Visual Octavio de Faria e Silva, Contemporânea
2016-2017
Ligia Velloso Nobre Language: Julia Masagão Ruben Otero, Maria Teresa Seminar on Culture and
Coordenação conselho e/and Vitor Cesar Fedeli, Karina Gabriel and Contemporary Reality
Técnico/Technical Board Victor Minghini), Rodrigo
Coordination: Felipe Noto COLABORADORES E Bonciani, Ícaro Vilaça, Coordenador do
Assistente de Curadoria e ASSOCIADOS Vinicius Spricigo, Brian Seminário/Seminar
de Produção/Assistant to CONTRIBUTORS AND Garvin, Gilberto Mariotti Coordinator José
Curators and Production ASSOCIATES Ilustradoras Convidadas/ Guilherme Pereira Leite
(2016) Guest Illustrators Debora Convidados/Guests
Julia de Francesco Colaboradora Voluntária/ Salles, Bruna Canepa Daniela Gomes, Fabiana
Produção/Production Volunteer Collaborator Assessoria Severo, Flávia Scabin,
(2017) Gabriel Pires Juliana Felicidade Armede Acessiblidade/ Jônatas Andrade, José de
de Camargo Curti Assessoria Jurídica/Legal Accessibility Advisor Davi Souza Martins, Karina
ASSOCIAÇÃO ESCOLA DA CIDADE Coordenadores Estúdio CONSELHO TÉCNICO
Assistente de Arquitetura Adviser Cunha Leitão, Luiz Felipe de
ESCOLA DA CIDADE Vertical/Estúdio Vertical TECHNICAL BOARD
e Design/Architecture Gustavo Rollemberg Tradução Libras/Sign Alencastro, Margareth
ESCOLA DA CIDADE Coordenador do Coordinators 2015–2018
and Design Assistant: Auditoria/Auditing Language Translation Rago, Paulo Arantes,
ASSOCIATION Conselho Pedagógico/ Francisco Fanucci
Guilherme Pardini PP&C Ana Gabriela Maia Davi Cunha, Sheila Gallo Ronaldo Vasconcelos,
Coordinator of the e/and Cesar Shundi Coordenação do Conselho
Estagiária de Edição Alves e/and Marcelo David Sperling, Fábio
Presidente/President Pedagogical Board Assessoria Executiva/ Técnico/Technical Board
e Produção/Editorial Manes Zini A PARTIR DA/FROM Lopes de Souza Santos
Anália Maria Marinho Alvaro Puntoni Executive Advisor Coordinators Marta Moreira
and Production Intern: Relatório jornalístico/ ESCOLA DA CIDADE (NEC-IAU-USP), Tássia
de Carvalho Amorim Diretor da Escola da Fernanda Barbara e/and Felipe Noto
Mariana Caldas Journalistic Reports Papel Vasconcelos, Paula Ramos
Vice-Presidentes/ Cidade/Director of Escola Assessoria de Conselheiros/Board
Social: Coordenação/ Pesquisa Acadêmica/ Pacheco, Vânia Medeiros,
Vice-Presidents Helene da Cidade Comunicação/ members Guilherme
Comissão Editorial Coordination Marques Academic Research Ana Tranchesi, Isabella
Afanasieff e/and Marta Ciro Pirondi Communications Paoliello e/and Felipe Noto
Contracondutas/ Casara. Autores/Authors: Coordenadora do Beneduci Assad, Danielli
Inês da Silva Moreira Coordenador Urbanismo/ Anderson Freitas Colaboradora/
Counter—Conducts Alessandra Pereira, Conselho Científico/ Costa Wal, Guilherme
Diretores Executivos/ Urbanism Coordinator Assessora de Imprensa/ Contributor
Editorial Commission Caroline Mazzonetto, Scientific Board Akio Nojima Garmatter,
Executive Directors Daniel Montandon Press Agent Camila Regis Carolina Klocker
Coordenação de Edição/ Daniele Martins, Fernando Coordinator Marianna Mayara Wal, Milene Gil,
Alvaro Luis Puntoni, Coordenadores História/ Impressão/Printing Flávio
Editorial Coordinator Santoni, Lucio Lambranho, Boghosian Al Assal Semyramys Monastier.
Anderson Fabiano Freitas, History Coordinators Motta
Gilberto Mariotti Marques Casara, Raquel Programa de Estágio Mediação/Moderators
Ciro Felice Pirondi, Amália dos Santos Gráfica Demetre André
Editora Adjunta/Assistant Sabrina, Tulio Kruse. em Iniciação Científica/ Juliana Felicidade Armede,
Fernando Felippe Viégas, e/and Pedro Lopes Lymberopoulos, William
Editor Documentário/ Young Scientist Program Marta Lagreca, Vinicius
Luis Octávio Pereira Lopes Coordenadora Meios de Catelli Pinto
Joana Barossi Documentary Terminal Professores Spricigo, Pedro Arantes
Faria e Silva, Newton Expressão/Media and Publishing: Editora
Linguagem /Visual e 3 Papel Social: Direção/ Orientadores/ Curso Meios de
Massafumi Yamato, Paulo Design Coordinator Da Cidade Diretores/
Direção de Arte/Visual Direction: Thomaz Pedro Supervising Teachers Expressão (Estudantes de
Brazil Esteves Sant’Anna, Ana Carolina Tonetti Directors Anderson
Language and Art e/and Marques Casara. Anália Amorim, Amália 4 o ano de 2016)/Media and
Rafic Jorge Farah, Ricardo Coordenadora Freitas, José Paulo Gouvêa,
Vitor Cesar Fotografia /Photography: Cristovão do Santos, Design Course
Alberto Caruana, Leile Tecnologia/Technology Fábio Valentim, Editores/
Estagiário de Linguagem Thomaz Pedro. Entrevistas Guilherme Petrella, José (4th year students 2016)
Fortunata Cacacci Coordinator Anália Maria Editors Marina Rago
Visual/Visual Language e Pesquisa/Interviews Guilherme Schutzer, José Professores 1o
Marinho de Carvalho Moreira e/and Mateus
Intern and Research: Tulio Kruse. Paulo Gouvêa, Marta semestre/1st Semester
Amorim Tenuta, Estagiários/
Alexandre Drobac Montagem/Editing: Lagreca, Marianna Teachers
Coordenadora Projeto/ Interns Camilla Abdallah,
Estagiários de Edição e Marcelo Vogelaar. Trilha Boghosian Al Assal, Pedro Ana Carolina Tonetti,
Project Coordinator Gabriella Gonçalles,
Publicação/Publishing Sonora/Soundtrack: Daniel Lopes e/and Valdemir Gilberto Mariotti
Cristiane Muniz Luisa Moreno Verenguer,
and Editorial Interns Grajew. Lúcio Rosa (Escola da Professora Assistente/
Coordenador Seminário/ Marina Saboya, Mateus
Alexandre Makhoul, Práticas Críticas em Cidade); Paulo Roberto Assistant Teacher
Seminar Coordinator José Atalla, Mateus Loschi,
Mateus Loschi, Gabriella Direitos Humanos/ de Albuquerque Bonfim Joana Barossi
Guilherme Pereira Leite Marina Coccaro Auxiliar
Gonçalles Critical Practices in (Instituto Federal de Professores 2o
Coordenador Escola administrativa/
Publicações Human Rights Educação – Ciências e Semestre/2nd Semester
Itinerante/Touring School Administrative assistant
Contracondutas/ Raul Araújo Tecnologia de São Paulo), Teachers Ligia Velloso
Coordinator Eduardo Thais Albuquerque.
Counter—Conducts Reportagens José Eduardo Baravelli Nobre, Vitor Cesar
Ferroni Baú/Baú Archives
Publications: Jornalísticas/Journalistic (FIAM-FAAM, FAU-USP, Assistant Teacher
Coordenador Vivência Clarissa Mohany, Giovana
Produção/Production Reporting Sabrina Duran Escola da Cidade), José Marina Canhadas
Externa/Outside Campiotto, Daniel Colaviti,
Editora da Cidade – José e/and Guilherme Magnani Convidados/Guest
Experiences Coordinator Gabriela Duarte, João
Paulo Gouvêa e/and Tomás Chiaverini (FFLCH-USP). Lecturers David Sperling,
Pablo Hereñú Pedro Vieira e/and
Mateus Tenuta Assessor de Conteúdo/ Estudantes Juliana Felicidade Armede,
Coordenador Thiago Simbol
Estagiário de Produção Content Advisor José Pesquisadores/Student Jaime Lauriano, Paulo
Aperfeiçoamento/ Contabilidade/
Gráfica/Graphic Design Guilherme Pereira Leite Researchers Bianca Feliz Tavares, Diego Mattos
Professional Accounting Dayse
Intern Assessor de Okamoto, Bruna Ribeiro Escola Itinerante/Touring
Enhancement Course Lymberopoulos, Gabriele
Breno Felisbino da Silveira, Comunicação/ Alves, Carolina Bozio School (2016)
Coordinator Liandra, Augusto de Souza,
Gabriella Gonçalles Communications Advisor Quinzani, Gabriel de Paula Professor Coordenador/
Guilherme Paoliello Luana Rodrigues de Torres,
Décio Hernandez Di Giorgi Biselli, Mably Rocha, Mayte Coordinating Professor
Tamara Pereira
Tosta Moledo Coelho, Eduardo Ferroni
Rafaella Luppino, Stela
Mori Neri Silva
Professores Itinerantes/ Mediação/Moderators Guilherme Cuogui, Marília Caderno de campo Vânia Adensamento Crítico Maira Aparecida Rodrigues Ativação/Activation Casa Agradecimentos/
Touring Project Teachers Ana Carolina Tonetti, Ligia Solfa, Paula Ramos Medeiros. Participantes- Contracondutas/ Pinto, Monica Regina do Povo (São Paulo) com/ Acknowledgements Ana
(Manaus 2016) José Paulo Velloso Nobre, Amália dos Pacheco, Rafael Goffinet, Criadores/Participants- Counter-Conducts Arteaga Rodrigues, Monica with Coletivos da Casa do de Francesco, Ana Godoy,
Gouvêa, José Guilherme Santos, Marina Grinover, Rafael Sampaio, Tássia Creators Adauto de Critical Assessment Regina Caramella Pereira, Povo e/and Equipe/Team: Ana Gonçalves Magalhães,
Pereira Leite, Felipe Noto Marta Lagreca Vasconcelos. Estudantes Oliveira Santos, Fernando Correalização/Joint Phatrick Rocha Correia, Benjamin Seroussi, Marilia Ana Luiza Nobre, André
de Graduação/ Alves dos Santos, Fresnel Undertaking Sesc São Rodrigo Pacheco de Loureiro, Ana Druwe, Favilla, Andréa de Araújo
Estúdio Vertical — Filmagem/Filming Undergraduate Students Fleuricin, José Fernandes, Paulo – Centro de Pesquisa Oliveira, Roseana Carolina Lucas Rodrigues, Alita Nogueira, Antônio Hermes,
(1o Semestre 2017/ Direção Geral/General IAU-USP Alessandra Luiz Alves Nogueira, e Formação – CPF Ayres Lourenço, Sarah Mariah, Amanda Caiuby, Benjamin Seroussi,
1st Semester 2017) Director José Guilherme Vitti, Aline Sgotti, Ana Marcelo Santos Bispo Felisberto Pereira, Solange Lourival Fialho. Carol Clocker, Claudia
Professores Pereira Leite Carolina Dias Felizardo, e/and Márcio Siqueira Exposição Diagrama Teixeira de Lima, Thayna Hermógenes, Claudio
coordenadores/ Direção Fotográfica/ Ana Paula Guaratini, de Almeida. Fotógrafo/ Contracondutas/ Domingues Casasola, Rede de Relações Bueno, Ciro Ghellere,
Coordination Photographic Direction Arthur Bignelli, Beatriz Photographer Tiago Lima. Exhibition Counter- Thiago Tozawa Matias, Institucionais/Network Danilo Santos de Miranda,
Shundi Iwamizu e/and Lúcio Kodato Costa, Bruno Henrique Oficina de Encadernação/ conducts Diagram Thierry Fernandes Fonseca of Institutional Relations David Sperling, Deborah
Francisco Fanucci Consultoria Técnica/ Rossler, Caio Jacintho, Binding Workshop Ayelén Concepção/Conception de Freitas Programa de Mediação Cook, Diego Mattos, Dino
Professores/Teachers Technical Consulting Daniel Nardini Marques, Gastadi. Agradecimentos/ Ana Carolina Tonetti, Ligia Estágio em Curadoria e e Curadoria UNIFESP/ Moura, Eliane Brum, Fábio
André Vainer, Ana Felipe Camarneiro Eduardo Costa Cordeiro, Thanks Prof. Anselmo Nobre, Vitor Cesar Mediação (1o semestre UNIFESP Program of Lopes de Souza Santos,
Carolina Tonetti, Camila Assistência fotográfica/ Giovanni Bussaglia, Barros Silva, EMEF Produção/Production 2017)/Practice in Mediation and Curatorship, Fabrizio Gallanti, Flávia
Toledo, Camille Bianchi, Photography Assistant Jeanne Vilela, João Arquiteto Luis Saia Gabriel Pires de Camargo Curatorship and Núcleo de Estudos Scabin, Graziella Ó Rocha,
Cris Xavier, Daniel Corsi, Clarissa Mohany Gonçalves, Kaio Stragliotto, Curti Mediation (1st semester das Espacialidades Jaime Lauriano, Jorge
Eduardo Colonelli, Eduardo Operação de Câmera/ Laura Adami Nogueira, centoeonze Coletivo Assistente de Arquitetura 2017) Ana Helena Grizotto Contemporâneas — Pavanelli, José Guilherme
Gurian, Fernanda Barbara, Camera Operators Miranda Zamberlan Metade: Ana Sayeg e Design/Architecture Custódio, Thiago Tozawa Instituto de Arquitetura e Magnani, Kabila Aruanda,
Guillaume Sibaud, Ligia Alexandre Makhoul, Nedel, Paul Newman dos Tranchesi e/and Isabella and Design Assistant Matias Urbanismo — Universidade Lívia Salomoni, Luiz Carlos
Miranda, Luciano Margotto, Clarissa Mohany, Isabel Santos, Renan Gomez, Beneduci Assad. Projeto Guilherme Pardini de São Paulo São Carlos/ Michele Fabre, Maurício
Marcos Boldarini, Martin Saad, Manuela Raitelli, Renato Tamaoki, Tiago Gráfico (intervenção Cenotecnia/Scenography Basemóvel/MobileBase Nucleus of Contemporary Trindade, Marta Moreira,
Corullon, Marina Grinover, Pedro Norberto and Stella Hindi. Colaborações/ carrinhos do aeroporto Elástica sp cenografia – Spatial Studies — Institute Marcos Rosa, Marília
Mauro Munhoz, Mário Bloise Contributors Cibele Rizek, e site)/Graphic Design William Zarella com/with Concepção/Conception of Architecture and Urban Loureiro, Marina Rosenfeld
Figueroa, Marta Moreira, Operação de Som/Sound Marcel Fantin (intervention in airport Alexandre Ferreira, Gabriel Vitor Cesar com equipe Planning — University Sznelwar, Marussia
Ruben Otero, Silvio Operators Rafael Alves terminal carts and on Mayumã Contracondutas/with of São Paulo São Carlos, Whately, Mel Dodd, Otávio
Oksman, Rafic Farah Ribeiro Mise-en-scène: Maquete site intervention): Bianca Counter-Conducts Team USINA, Universidade Sasseron, Pano Social,
Professores Assistentes/ Edição/Editing José Raquel Garbelotti. Beneduci. Programação Exposição Cumbica/ (Ana Carolina Tonetti, Federal Espírito Santo/ Pedro Fiori Arantes, Rafael
Assistant Teachers Guilherme Pereira Leite Direção/Direction (site)/Programming Exhibition Cumbica Ligia Nobre, Guilherme Federal University of Peixoto, Raphael Escobar,
Alexandre Gervásio, Raquel Garbelotti. (site): Fernando Pacífico Fotografias de/ Pardini), artistas das Espírito Santo, ASBRAD, Renato Stockler, Renato
Eduardo Borges Barcellos, PROGRAMA PÚBLICO Produção/Production Vidigal. Colaboradores/ Photographies by intervenções públicas/ FGV IdLocal GVCES, Velloso Nobre, Rosana
Guilherme Bravin, Helena PUBLIC PROGRAM Pique-Bandeira Films. Contributors: Alef da Tuca Vieira the public interventions SESC São Paulo — Sesc Elisa Catelli, Ruy Sardinha,
Morgado Lapa Trancoso, Assistente/Assistant Silva Souza, Cicero de Expografia e Produção / artists (Vânia Medeiros, Belenzinho, Sesc Bom Silvia Rodrigues Pachikoski,
Julia Zemella, Manuela Intervenções Públicas/ Camila Silva. Imagem/ Souza Silva, Elizabeth, Exhibition Design Ana Sayeg Tranchesi, Retiro, Sesc Campo Limpo Sérgio Batistelli, Thiago
Lourenço, Thiago Benucci, Public Interventions Images Igor Pontini. Inez Trindade de Souza, and Production Isabella Beneduci Assad, and Centro de Formação Benucci, Vinicius Spricigo.
Matheus de Paula Produção Executiva/ Josenildo Cruz Nunes, Helena Cavalheiro César Rielo dos Santos, e Pesquisa SESC-CPF/
D’Almeida Projeto Labor Coletivo Executive Production Vitor Lindemberg João da Silva, Exposição da Rede Alexandre Gomes Vilas SESC-CPF Center of
308 (Alexandre Gomes Graize. Edição de Imagem Lucia, Maria do Carmo, Parceira /Exhibition Part Boas, Sergio Augusto Instruction and Research,
Seminário Vilas Boas, André e Desenho de Som/Image Maria do Socorro Cruz, of the Network de Oliveira, Raquel Ministério Público do
Internacional/ Okuma, César Rielo Editing and Sound Design Mariano Querino Nunes, 11° Bienal de Arquitetura Garbelotti), e grupo do Trabalho de Guarulhos/
International dos Santos, Eduardo da Hugo Reis. Marceneiro/ Marinilda Cruz Nunes, de São Paulo laboratório de Curadoria Public Ministry of Labor
Seminar Silva Garofalo, Letícia Carpentry Ernani Borges. Mauro, Nuno, Sandro. Parceria/In Partnership: e Mediação UNIFESP/and of Guarulhos, UNILA,
Políticas da Oliveira, Marcelo Rocha, Estudos de Luz/Light Agradecimentos/Thanks Casa do Povo (São Paulo) the UNIFESP Laboratory of Faculdade de Arquitetura e
arquitetura e Patrícia Fujita, Rodrigo Studies Patrick Lurentt. Alef, Berg, Candeeiro, Dezembro 2017 / Curatorship and Mediation Urbanismo—Universidade
trabalho escravo na Kenichi, Sergio Augusto de Arquitetos Urbanistas/ Ceiça, Corrinha, Daniel December 2017 group (Vinicius Spricigo, de São Paulo/University
contemporaneidade Oliveira) Colaboradores/ Urbanist Architects Pedro Jabra, Dona Antonia, Dona Pedro Arantes, Ana Helena of São Paulo College of
Politics of Contributors Armed Moreira, Karlos Rupf. Francisca, Elizabeth, João ATIVIDADES PÚBLICAS Grizotto Custódio, Laila Architecture and Urban
architecture and Pereira de Miranda, Assistente de Câmera/ Mori, Nilda, Nildo, Lucia, EM GUARULHOS Pereira de Siqueira, Thiago Planning, Faculdade de
slave labor Eduardo do Nascimento, Camera Assistant Willian Mauro, Martha, Nuno, PUBLIC ACTIVITIES IN Tozawa Matias) Filosofia, Letras e Ciências
in contemporaneity Fabio Amadeo, Fernanda Rubim. Iluminação e Pampinha, Sabrina Duran, GUARULHOS Desenvolvimento/ Humanas — Universidade
de Melo, Isadora Prado Maquinária/Lighting and Sandro, Riano, Ronaldo, Development Vitor Cesar de São Paulo/University
Correalização/Joint Lopes de Souza, João Equipment Sefas Baptista. Thomaz Pedro, Tia Beza, Programa de Mediação e/and Ana Carolina Tonetti of São Paulo College of
Undertaking Canobre, Juliana Seabra, Making of/Making of Vitor Cesar, equipe/team e Curadoria UNIFESP/ Assistente de Arquitetura Philosophy, Literature
Sesc São Paulo Karina da Silva Santos, Shay Peled. Equipe/Staff Contracondutas e toda UNIFESP Mediation and e Design/Architecture and Humanities, Instituto
Convidados/Invited Larissa Lucindo Fernandes, Pique-Bandeira Filmes a família/and the entire Curatorship Program and Design Assistant Federal de Educação -
Participants Ana Luiza Thays Borazanian. Maria Grijó Simonetti family Silva e Souza. Laboratório de Curadoria Guilherme Pardini Ciências e Tecnologia de
Nobre e/and Grupo de e Mediação/Laboratory Ativação em Praças São Paulo/Federal Institute
Pesquisa RioNow – Juliana GRU-111: Intervenções Públicas Em Paralelo: Danielli of Curatorship and Públicas em Guarulhos/ of Education - Science and
Biancardine e/and Joana Contracartografias Chamada Aberta/ Costa Wal, Guilherme Mediation Profs. Activation at Public Technology of São Paulo,
Martins, André Mesquita, Núcleo de Estudos Open Call for Public Akio Nojima Garmatter, / Teachers Pedro Arantes Squares in Guarulhos FIAM-FAAM, Associação
Beatriz Tone, Camilo de Espacialidades Interventions Mayara Wal, Milene Gil, e/and Vinícius Spricigo Coletivo Guetto Fort Casa Azul, International
Garcia, Cristiane Gomes, Contemporânea/Nucleus Juri/Jury Carla Caffé, Semyramys Monastier Alunos 2° semestre/ (Praça Central, bairro/ Slavery Museum in
Daniel Lima, David of Contemporary Spatial Fabio Mariano, Kazuo 2nd semester students Ana neighborhood Fortaleza), Liverpool, Biblioteca
Sperling, Diego Barajas, Studies -NEC-IAU-USP: Nakano, Ligia Nobre e /and Pós-FLIP Palestras/Talks Helena Grizotto Custódio, Coletivo A Invasão (Praça Mário de Andrade/Mário
Felicity Scott, Karina David Sperling, Fábio Luiza Proença por/by Francesco Carelli e/ Camila Ferreira de Bzola, bairro/neighborhood de Andrade Library, Casa
Oliveira Leitão, Manuel Lopes de Souza Santos, and Benjamin Moser Nobrega, Davi Jose Rosa, Inocoop), Cursinho do Povo (São Paulo), 11a
Ulloa, Melanie Dodd, Pablo Luciano Bernardino da Correalização/Joint Fernanda Estevão Cortez, Comunitário Cora Coralina, Bienal de Arquitetura de
Ares, Paulo Tavares, Peggy Costa, Ruy Sardinha Undertaking Sesc São Giovanna Lanfranchi Praça Portuguesinha, São Paulo/11th São Paulo
Deamer, Rodrigo Bonciani Lopes. Estudantes Paulo – Centro de Pesquisa Almeida Santos, Julia bairro/neighborhood Architecture Biennial/IAB
de Pós-Graduação/ e Formação – CPF e/and Porto Santos D’Arienzo, Flórida). SP, Central Saint Martins
Graduate Students IAU- Associação Casa Azul Laila Pereira de Siqueira, (UK), Instituto Nova União
USP Cristina Kiminami, Lorena Romão Macedo, da Arte (N.U.A.).
632
Biografias COLETIVO 308
BIOGRAPHIES
Internacional de Guarulhos, que apresenta trabalhos em o coletivo Em Paralelo é formado por Danielli Costa Wal,
pequeno formato. É formado por Alexandre Gomes Vilas Guilherme Akio Nojima Garmatter, Mayara Wal, Milene Gil
Boas, César Riello, Cíntia Nagatomo, Eduardo Garofalo, e Semyramys Monastier.
Leticia Carvalho, Marcelo Garcia da Rocha, Rodrigo
Kenichi e Sérgio Augusto. Selected through the Counter-Conducts Project’s Open
Call to realize a public intervention, the collective Em
Active in the city of Guarulhos, this collective works to Paralelo is comprised of members Danielli Costa Wal,
promote actions in public spaces. Comprised of members Guilherme Akio Nojima Garmatter, Mayara Wal, Milene Gil
Alexandre Gomes Vilas Boas, César Riello, Cíntia and Semyramys Monastier.
Nagatomo, Eduardo Garofalo, Leticia Carvalho, Marcelo
Garcia da Rocha, Rodrigo Kenichi and Sérgio Augusto, FELICITY D. SCOTT
Coletivo 308 organizes the International Biennial of
Guarulhos (aka B.I.G.), which presents small-format works. Professora associada de Arquitetura e Diretora do
Programa de pós-graduação em Arquitetura (História
COLETIVO METADE e Teoria) e codiretora do programa de Práticas Críticas,
Curatoriais e Conceituais em Arquitetura (CCCP) no
Selecionado pela Chamada Aberta do Projeto Columbia GSAPP. Seu trabalho como historiadora
Contracondutas para a realização de intervenção Pública, e teórica da arquitetura centra-se na articulação de
ANA CAROLINA TONETTI ANDRÉ MESQUITA
o coletivo metade é formado por Ana Tranchesi (estudante genealogias de envolvimento político e teórico com
de Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade) e questões de transformação tecnológica e geopolítica.
Arquiteta, mestre e doutoranda em Projeto, Espaço Pesquisador das relações entre arte, política e ativismo, é
Isabella Beneducci Assad (estudante de Artes Plásticas
e Cultura pela FAU-USP. É professora na Escola da doutor em História Social pela USP, autor de Insurgências
na FAAP). An associate professor of Architecture, Director of the
Cidade, onde coordena a sequência de disciplinas poéticas: arte ativista e ação coletiva (2011), Esperar não é
Postgraduate Architecture Program (History and Theory)
voltadas aos meios de expressão e desenho. Articula saber: arte entre o silêncio e a evidência (2015).
Selected through the Counter-Conducts Project’s Open and co-director of the Critical, Curatorial and Conceptual
diferentes estratégias de ação, aproximando arte e
Call to realize a public intervention, Coletivo Metade is Practices in Architecture (CCCP) at Columbia GSAPP. Her
arquitetura. Integra O Grupo Inteiro. A researcher focused on the relationships between art,
comprised of Ana Tranchesi, a student of Architecture and work as a architecture historian and theorist is centered
politics and activism, he holds a PhD in Social History
Urbanism at Escola da Cidade, and Isabella Beneducci on the communication of genealogies of political and
An architect, master and PhD candidate in Design, Space from the University of São Paulo and is the author of
Assad, a Visual Arts student at FAAP. theoretical involvement with issues of technological and
and Culture at FAU-USP. Tonetti teaches at Escola da Insurgências poéticas: Arte ativista e ação coletiva [“Poetic
geopolitical transformation.
Cidade, where she coordinates the series of courses Insurgencies: Activist Art and Collective Action”] (2011),
CRISTIANA LOSEKANN
devoted to means of expression and drawing. She Esperar não é saber: Arte entre o silêncio e a evidência
GALCIANI NEVES
organizes different strategies of action combining art and [“Waiting is Not Knowing: Art Between Silence and
Graduada, mestra e doutora em Ciência Política pela
architecture. She is a member of O Grupo Inteiro. Evidence”] (2015).
UFRGS, é professora adjunta em Ciência Política da Curadora, professora e pesquisadora, é mestra e doutora
UFES. Tem produzido pesquisas sobre os efeitos do uso em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Atualmente, é
ANA LUIZA NOBRE CAMILO GARCÍA
de recursos judiciais para mobilizações sociais e para a professora do curso de Artes Visuais, de Produção Cultural
produção de mudanças institucionais. e da Pós-Graduação em Fotografia na FAAP, no Programa
Doutora em História pela PUC-Rio, graduada em Arquiteto, doutorando na ETSAM, mestre em Arquitetura
de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do
arquitetura pela UFRJ, mestra em História pela PUC-Rio e e Urbanismo no instituto Berlage, Rotterdam. É professor
Holding undergraduate, master’s and doctorate degrees in Ceará e na Escola Entrópica (Instituto Tomie Ohtake – SP).
especialista em Tecnologia, Arquitetura e Urbanismo pelo de projeto de urbanismo na IE University School of
Political Science from UFRGS, Losekann is an associate
Politecnico di Torino (Itália). Atualmente é coordenadora da Architecture, e de projetos arquitetônicos e pós-graduação
professor of Political Science at UFES. She has produced A curator, professor and researcher, she holds a master’s
pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio. em Arquitetura e Energia na UCJC. Desde 2003, dirige
studies on the effects of the use of legal resources on social degree in Communications and Semiotics from PUC-SP.
Husos junto com Diego Barajas, como prática de
movements and the production of institutional changes. She currently teaches courses in the Visual Arts, Cultural
Holding a PhD in History from PUC-Rio, an undergrad arquitetura e urbanismo.
Production and postgraduate courses in Photography at
degree in Architecture from UFRJ, a master’s in History
DIEGO BARAJAS FAAP, postgraduate Arts courses at the Federal University
from PUC-Rio and a specialized degree in Technology, An architect and doctoral candidate at ETSAM, he holds
of Ceará and at the Escola Entrópica (Tomie Ohtake
Architecture and Urbanism from Politecnico in Turin, Italy, a master’s degree in Architecture and Urbanism from
Doutor em Arquitetura pela ETSAM, foi professor no Institute—SP).
Nobre is the current coordinator of the graduate course in the Berlage Institute in Rotterdam. García is a professor
Istituto Europeo di Design de Madrid y la Universidad
Architecture and Urbanism at PUC-Rio. of urban planning design at the IE University School
Europea de Madrid. Atualmente é profesor de projetos GILBERTO MARIOTTI
of Architecture and architectural design and graduate
de Urbanismo no IE Instituto de Empresa (School of
ANÁLIA MARIA MARINHO DE CARVALHO AMORIM courses in Architecture and Energy at UCJC. Since 2003,
Architecture) e desde 2003 dirige Husos junto com Camilo Doutor e mestre em Poéticas Visuais pela ECA-USP,
he has directed Husos together with Diego Barajas, as an
García, como prática de arquitetura e urbanismo. graduado em Artes Plásticas pela FAAP. Na Associação
Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, é architecture and urban planning practice.
Cultural Fórum Permanente, é curador associado e
professora da FAU-USP, professora e presidente da
Holding a PhD in Architecture from ETSAM, he taught at editor da Publicação Digital do Periódico Permanente. É
Associação Escola da Cidade. Tem experiência na área de CAROLINA HELDT D’ALMEIDA
Istituto Europeo di Design in Madrid and the European professor na Escola da Cidade de Arquitetura e Urbanismo,
Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Planejamento e
University of Madrid. Barajas is currently a professor of nas disciplinas de Desenho e História da Arte.
Projetos da Edificação. Arquiteta e urbanista graduada pela FAU-USP, mestre
Urban Planning projects at the IE Instituto de Empresa
e doutoranda pelo IAU-USP. É professora do curso de
(School of Architecture) and, since 2003, he has directed He holds a PhD and a master’s degree in Visual Poetics from
Holding a PhD in Architecture and Urbanism from FAU- arquitetura e urbanismo da Universidade São Judas
Husos together with Camilo García, as an architecture and ECA-USP, as well as a degree in Visual Arts from FAAP. He
USP, she is a professor at FAU-USP, a professor and Tadeu e consultora do Cities Alliance para a política
urban planning practice. is an associate curator at the Fórum Permanente Cultural
president of the Escola da Cidade Association. She has metropolitana.
Association and an editor for Periódico Permanente Digital
experience in the area of Architecture and Urbanism, with
Publication. Mariotti teaches Drawing and Art History at the
an emphasis on Planning and Building Projects. An architect and urban planner with an undergraduate
Escola da Cidade of Architecture and Urbanism.
degree from FAU-USP and master’s from IAU-USP, where
is a PhD candidate. D’Almeida is a professor of architecture
and urbanism at São Judas Tadeu University and a
consultant in metropolitan policy for the Cities Alliance.
GUILHERME PETRELLA JOSÉ GUILHERME SCHUTZER KAZUO NAKANO MARCIO FARIAS
Arquiteto e urbanista graduado, mestre e doutor pela FAU- Graduado em Geografia, mestre em Arquitetura e Arquiteto urbanista, professor dos Centros Universitários Doutorando em Psicologia Social PUC-SP, membro do
USP, é professor de projeto de arquitetura na Escola da Urbanismo e doutor em Geografia Física/Geomorfologia Belas Artes de São Paulo e FIAM FAAM. NUTAS (Núcleo de Estudos e Pesquisas Trabalho e Ação
Cidade e na Universidade São Judas Tadeu, e desenvolve pela FFLCH-USP, é professor da Escola da Cidade – Social), coordenador do Nepafro (Núcleo de Estudos e
projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Arquitetura e Urbanismo, além de pesquisador e orientador An urbanist architect, he teaches at the São Paulo Pesquisas Afro-americanos) e membro da coordenação do
de iniciação científica. Trabalha como consultor fixo na University Center of Fine Arts and FIAM FAAM. núcleo de educação do Museu Afro Brasil.
Holding an undergraduate degree, master’s and PhD empresa de consultoria Diagonal Empreendimentos e
in architecture and urban planning from FAU-USP, he Gestão de Negócios. É sócio-diretor na ACS Consultoria, LAURA DIAMOND DIXIT A PhD candidate in Social Psychology at PUC-SP, a
teaches architectural design at Escola da Cidade and São onde atua em projetos e estudos em meio ambiente e member of NUTAS (Nucleus of Labor Studies and
Judas Tadeu University, and develops architectural, urban ordenamento territorial. Doutoranda em História e Teoria da Arquitetura na Research and Social Action), coordinator of Nepafro
planning and landscaping projects. Columbia University, é co-organizadora de Who Builds (Nucleus of African American Studies and Research)
Holding a degree in Geography, a master’s in Architecture Your Architecture? e cofundadora do projeto de arquitetura and a member of the coordination staff at the nucleus of
ÍCARO VILAÇA and Urbanism and a PhD in Physical Geography/ colaborativa Kamara Projects. education at the Afro Brasil Museum.
Geomorphology from FFLCH-USP, Schutzer teaches at
Arquiteto e urbanista pela FAU-UFBA, mestre em Escola da Cidade, and is also a researcher and undergrad A PhD Candidate in Architecture History and Theory at MARIANNA BOGHOSIAN AL ASSAL
História e Fundamentos Sociais da Arquitetura e do research advisor. He works as a permanent consultant at Columbia University, Dixit is a co-organizer of Who Builds
Urbanismo pela FAU-USP e associado da Usina CTAH. the consulting firm Diagonal Enterprises and Business Your Architecture? and a co-founder of the architectural Graduada em Arquitetura e Urbanismo, mestra e doutora
Organizador, junto com Paula Constante, o livro Usina: Management. He is partner-director of ACS Consulting collaborative Kamara Projects. em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo
Entre o projeto e o canteiro (Edições Aurora, 2016) e where he works on projects and studies of the environment pela FAU-USP, atua principalmente nos seguintes
autor de Forma, processo e prática política (Edições and land-use planning. LIGIA V. NOBRE temas: História da Arquitetura no século XX, gestão do
Aurora, no prelo). Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial.
JULIANA FELICIDADE ARMEDE Pesquisadora, arquiteta e curadora, opera nos
Holding a degree in architecture and urbanism from FAU- cruzamentos entre arte e arquitetura. Mestre em Histories Holding a degree in Architecture and Urbanism, a master’s
UFBA, a master’s in History and the Social Foundations Advogada, mestre e doutora em Direito das Relações and Theories pela Architectural Association School and a PhD in History and the Foundations of Architecture
of Architecture and Urbanism from FAU-USP, he is a Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São of Architecture (Londres) e doutoranda em Estética e and Urbanism from FAU-USP, she works mainly with the
member of Usina CTAH. Vilaça coedited the book Usina: Paulo, trabalha como assessora parlamentar na Câmara História da Arte no PGEHA-USP. Atuou na curadoria de following themes: the History of Architecture in the 20th
Entre o projeto e o canteiro [“Usina: between the project Municipal de São Paulo, tendo coordenado a política diversos projetos, bem como a X Bienal de Arquitetura de century, management of Cultural Heritage and Education
and the worksite”] (Edições Aurora, 2016) along with pública de enfrentamento ao tráfico de pessoas e trabalho São Paulo. Atualmente é professora da Escola da Cidade in Heritage.
Paula Constante, and authored Forma, processo e prática escravo no Estado de São Paulo entre 2011 e 2015. na Sequência de Desenho, e Integra o Grupo Inteiro.
política [“Form, process and political practice”] (Edições MARTA MARIA LAGRECA DE SALES
Aurora, in press). A lawyer, master and PhD in social relations law from the A researcher, architect and curator, she operates in the
Pontifical Catholic University of São Paulo, she works intersections between art and architecture. Nobre holds Doutora em História e Fundamentos da Arquitetura e do
JOANA BAROSSI as parliamentary advisor for the São Paulo City Council, a master’s degree in Histories and Theories from the Urbanismo pela USP, mestre em Estruturas Ambientais
having coordinated the public policy to confront human Architectural Association School of Architecture in London Urbanas pela USP e graduada em Arquitetura pela
Arquiteta e escritora, estudou Jornalismo e Arquitetura. trafficking and slave labor in the state of São Paulo from and is a PhD candidate in Aesthetics and Art History Universidade Federal de Pernambuco. É professora da
Desenvolve pesquisa sobre as relações entre arquitetura, 2011 to 2015. at PGEHA-USP. She has worked as curator on a variety Escola da Cidade, e atualmente atua junto a Diagonal em
literatura e ensino. Leciona Meio de Expressão e of projects, including the 10th São Paulo Architecture São Paulo-SP.
Representação na faculdade de arquitetura Escola da KADAMBARI BAXI Biennial. Currently she teaches drawing at Escola da
Cidade, é editora da Bienal da Arquitetura de São Paulo. Cidade and is a member of Grupo Inteiro. Holding a PhD in History and the Foundations of
Professor de Prática Profissional na Barnard + Columbia Architecture and Urbanism from USP, a master’s degree
An architect and writer, she studied Journalism Architecture, no Barnard College e na Columbia University, LUISA DUARTE in Urban Environmental Structures from USP and an
and Architecture. Barossi develops research on the membro fundador da Who Builds Your Architecture?, e undergraduate degree in Architecture from the Federal
relationships between architecture, literature and proprietária do escritório de arquitetura, Kadambari Baxi. Crítica de arte e curadora independente. Mestre em University of Pernambuco, she teaches at Escola da Cidade.
education. She teaches Means of Expression and filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São She is currently involved with Diagonal in São Paulo.
Representation at the Escola da Cidade – College A professor of Professional Practice for Barnard + Paulo (PUC-SP). Crítica de arte do jornal O Globo desde
of architecture, and is editor for the São Paulo Columbia Architecture at Barnard College and Columbia 2010. Foi, por cinco anos, membro do conselho Consultivo MAURICIO PELEGRINI
Architecture Biennial. University and a founding member of Who Builds Your do MAM-SP. Coordenadora do ciclo de conferências
Architecture?, she also has an architecture practice, “A Bienal de São Paulo e o Meio Artístico Brasileiro – Bacharel em Ciências Sociais pela USP e mestre em
JORDAN CARVER Kadambari Baxi. Memória e Projeção”, plataforma de debates da 28ª Bienal História Cultural pela Unicamp, com a dissertação “Michel
Internacional de São Paulo. Foucault e a revolução iraniana”. Atualmente é aluno de
Doutorando em American Studies na New York KARINA OLIVEIRA LEITÃO doutorado em História na Unicamp, e especialista em
University, co-organizador de Who Builds Your An art critic and independent curator, she holds a master’s Políticas Públicas no Governo do Estado de São Paulo.
Architecture? e um dos editores da The Avery Review. Professora da FAU-USP, graduada em Arquitetura degree in philosophy from Pontifical Catholic University
e Urbanismo pela UFPA, mestra pelo Programa de of São Paulo (PUC-SP). Duarte has been art critic for the He earned a BA in Social Sciences from USP and a master’s
A PhD Candidate in American Studies at New Integração da América Latina da Universidade de São newspaper O Globo since 2010, and was a member of the in Cultural History from Unicamp, with the dissertation
York University, a co-organizer of Who Builds Your Paulo – PROLAM-USP (2004), e doutora em Planejamento advisory board at MAM-SP for five years. She coordinated “Michel Foucault and the Iranian revolution.” He is currently
Architecture? and an editor at The Avery Review. Urbano e Regional pela FAU-USP (2009). É coordenadora the series of conferences “The São Paulo Biennial and the a PhD candidate in history at Unicamp, and a specialist in
de Pesquisas e Extensão, e do Grupo de Formação Brazilian Art Scene—Memory and Projection,” a platform of Public Policies of the São Paulo State Government.
em Estudos Urbanos do Laboratório de Habitação e debates at the 28th São Paulo International Art Biennial.
Assentamentos Humanos da FAU-USP.
MABEL O. WILSON
A professor at FAU-USP, she holds a degree in Architecture
and Urban Planning from UFPA, a master’s from the Professora da Graduate School of Architecture, Planning
University of São Paulo Latin America Program of and Preservation da Columbia University, membro-
Integration—PROLAM-USP (2004) and a PhD in Urban fundador da Who Builds Your Architecture?, é proprietária
and Regional Planning from FAU-USP (2009). She is de uma escritório transdisciplinar, o Studio &.
coordinator of Research and Continuing Studies, and the
Instruction Group in Urban Studies at the Laboratory of Professor at the Graduate School of Architecture, Planning
Habitation and Human Settlement at FAU-USP. and Preservation at Columbia University and a founding
member of Who Builds Your Architecture?, she also has a
transdisciplinary practice, Studio &.
MEL DODD PEGGY DEAMER TOMÁS CHIAVERINI VINICIUS SPRICIGO
Arquiteta e acadêmica, diretora do Programa de Práticas Professora de arquitetura na Universidade Yale, Escritor e jornalista, autor dos livros-reportagem Cama de Doutor pela ECA-USP, foi curador associado ao Fórum
de Espaço na Central Saint Martins e coordenadora proprietária do escritório Deamer arquitetos. Graduada cimento – uma reportagem sobre o povo das ruas (Ediouro, Permanente e da Associação Cultural Videobrasil. Realizou
do Curso da Arquitetura MA: Cidades e Inovação. PhD pela Cooper Union e doutora pela universidade de 2007); e Festa infinita – o entorpecente mundo das pesquisa de pós-doutorado junto ao Centro Interdisciplinar
(RMIT); BA (Hons) Architecture (Cambridge); Dip Arch MA Princeton. É o membro-fundador da Architecture Lobby, raves (Ediouro 2008). Como repórter, tem colaborado para de Semiótica da Cultura e da Mídia (CISC) da PUC-SP, no
(Cambridge) ARB RIBA grupo que advoga pelo valor do design arquitetônico e do diversos meios de comunicação, entre eles Folha de São Interdisziplinäres Institut für Historische Anthropologie
trabalho. Sua pesquisa em curso explora a relação entre Paulo, Revista Piauí, The Intercept Brasil e Agência Pública. da Freie Universität Berlin e no programa Art dans la
An architect and academic, director of the Spatial Practices subjetividade, design e trabalho na economia atual. Mondialisation do Institut National d’Histoire de l’Art.
Program at Central Saint Martins and coordinator of A writer and journalist, he authored the non-fiction books
the MA Architecture Course: Cities and Innovation. PhD A professor of architecture at Yale University and a partner Cama de cimento – Uma reportagem sobre o povo das ruas Holding a PhD from ECA-USP, he was Associate Curator
(RMIT); BA (Hons) Architecture (Cambridge); Dip Arch MA in Deamer Architects, she holds a degree from Cooper [“Bed of Cement—A Report on the People of the Streets”] at Fórum Permanente and the Videobrasil Cultural
(Cambridge) ARB RIBA Union and a PhD from Princeton University. Deamer is a (Ediouro, 2007); and Festa infinita – o entorpecente mundo Association. Spricigo conducted post-doctoral research
founding member of the Architecture Lobby, a group that das raves [“Infinite Party—The Intoxicating World of Raves”] at the Semiotics Interdisciplinary Center of Culture and
NEC.USP advocates for the value of architectural design and labor. (Ediouro 2008). As a reporter, he has contributed to a Media (CISC) at PUC/SP, the Interdisciplinary Institute for
Her ongoing research explores the relationship between number of media outlets, including Folha de São Paulo Paulo, Anthropological History at the Free University of Berlin and
Grupo de pesquisa vinculado ao Instituto de Arquitetura subjectivity, design and labor in the current economy. Revista Piauí, The Intercept Brasil and Agência Pública. the Art in Globalization Program at the National Institute
e Urbanismo da USP em São Carlos, investiga for Art History in Paris.
as transformações espaciais e culturais que têm RAQUEL GARBELOTTI TUCA VIEIRA
caracterizado o mundo contemporâneo a partir das VITOR CESAR
inter-relações entre arquitetura, arte, cidade e sociedade. Doutora pela ECA-USP e docente na Universidade Bacharel em Letras pela FFLCH-USP, é mestrando em
Professores/pesquisadores: David M. Sperling, Fábio Federal do Espírito Santo (UFES) desde 2004, é artista e História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo, é Artista, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela
Lopes de Souza Santos, Luciano B. da Costa, Ruy pesquisadora. fotógrafo independente e desenvolve projetos envolvendo Universidade Federal do Ceará, é mestre em Artes Visuais
Sardinha Lopes cidade, paisagem urbana, arquitetura e urbanismo. pela USP. Atualmente é professor da Escola da Cidade na
An artist and researcher, she holds a PhD from ECA-USP disciplina de Desenho, e integra o Grupo Inteiro.
A research group linked to the University of São Paulo and has been a professor at the Federal University of Holding a BA in Letters from FFLCH-USP and a current
Institute of Architecture and Urbanism in São Carlos, NEC- Espírito Santo (UFES) since 2004. PhD candidate in History and the Foundations of Artist, he earned an undergraduate degree in Architecture
USP investigates the spatial and cultural transformations Architecture and Urbanism, Vieira works as an independent and Urbanism from the Federal University of Ceará and a
that have characterized the contemporary world starting RODRIGO BONCIANI photographer and develops projects involving the city, the master’s in Visual Arts from the University of São Paulo.
with the relationships between architecture, art, the city urban landscape, architecture and urbanism. Currently he teaches drawing at Escola da Cidade and is a
and society. Professors/researchers: David M. Sperling, Professor adjunto III do curso de História da Universidade member of Grupo Inteiro.
Fábio Lopes de Souza Santos, Luciano B. da Costa and Ruy Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Foi VÂNIA MEDEIROS
Sardinha Lopes coordenador do curso de História da UNILA e membro VITOR HUGO PISSAIA
da comissão de elaboração do Plano de Desenvolvimento Formada em Comunicação pela UFBA e mestre pela
PAPEL SOCIAL Institucional. Doutor pelo Programa de pós-graduação em FAU-USP, tem pesquisa artística ligada à cartografia, às Designer Gráfico formado pela PUC-PR, é estudante de
História Social da USP. representações da arquitetura e do espaço urbano na arte e arquitetura na Escola da Cidade.
Organização que desenvolve, no campo da pesquisa e da a processos de criação em colaboração com o público. Seu
comunicação, projetos comprometidos com os direitos An associate professor in the history department at the trabalho se materializa em diversos formatos, especialmente A graphic designer with a degree from PUCPR, he currently
humanos. Federal University of Latin American Integration (UNILA), em livros, instalações e intervenções urbanas. studies architecture at Escola da Cidade.
he was once coordinator of the UNILA history department
An organization that develops projects committed to and a member of the preparatory commission for the Holding an undergraduate degree in Communications
human rights in the field of research and communications. Institutional Development Plan. Bonciani holds a PhD from from UFBA and a master’s from FAU-USP, she conducts
the Social History graduate program at USP. artistic studies related to cartography, the representations
PAULO TAVARES of architecture and the urban space in art and the
SILVIA RODRIGUES PACHIKOSKI processes of creation in collaboration with the public. Her
Arquiteto e urbanista. Atualmente, é professor da work materializes in a variety of formats, mainly books,
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília Advogada formada pela Faculdade de Direito da USP e installations and urban interventions.
(UnB), tendo lecionado no Centro de Pesquisa em com extensão universitária pela PUC-SP e FGV-SP, é
Arquitetura Goldsmiths (Universidade de Cornell) e na sócia de Rodrigues Pachikoski e Staffa Neto Sociedade
Pontifícia Universidade Católica do Equador. Criador da de Advogados, e Conselheira eleita da Associação dos
agência Autonoma, plataforma dedicada a explorar novas Advogados de São Paulo – AASP. Vice-presidente do
formas de pensar e produzir a cidade. Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio
Brasil-Canadá (CAM-CCBC) e coordenadora da Comissão
An architect and urban planner, he currently teaches at the de Assuntos Legislativos do CBAR.
University of Brasília (UnB) School of Architecture, and has
lectured at the Goldsmiths Architecture Center of Research A lawyer with a degree from the University of São Paulo Law
(Cornell University) and the Pontifical Catholic University School and extended studies at PUC/SP and FGV/SP, she is
of Ecuador. Tavares is the creator of the agency Autonoma, a partner at the Rodrigues Pachikoski and Staffa Neto Law
a platform dedicated to exploring new forms of imagining Firm and Counselor elected by the São Paulo Association of
and producing cities. Attorneys – AASP. Pachikoski is Vice President of the Center
of Arbitration and Mediation at the Brazil-Canada Chamber
of Commerce (CAM-CCBC) and coordinator of the CBAR
Commission on Legislative Matters.
Dados Internacionais de Catalogação Concepção, Edição e Organização Editora da Cidade
na Publicação – CIP Concept, Edited and Organized by
Ana Carolina Tonetti, Ligia V. Nobre, Anderson Freitas, José Paulo Gouvêa,
Contracondutas: ação político-pedagógica. / Gilberto Mariotti, Joana Barossi Fábio Valentim, Marina Rago e Mateus
Editado por Ana Carolina Tonetti... [et al.]. – Tenuta. Rua General Jardim, 65 – Vila
São Paulo: ECidade, 2017. 640 p.; 24 cm. Projeto Gráfico Buarque, São Paulo – SP, 01223–011
Graphic Design
Textos em português e inglês. Vitor Cesar São Paulo, 2017
ISBN: 978-85-64558-32-8 com/with
Frederico Floeter Copyright © dos Textos e Imagens/
1. Trabalho escravo. 2. Arquitetura. Assistente/Assistant Texts and Images respectivos autores
3. Aeroporto de Guarulhos. Alexandre Drobac Copyright © da Edição/Edition
4. Contra-condutas. I. Título. Ana Carolina Tonetti, Ligia Velloso Nobre,
Revisão em Português Gilberto Mariotti, Joana Barossi.
CDD 326 Portuguese Copyediting and Proofreading Copyright © do Livro/Book
Cícero Oliveira Editora da Cidade
Produção Gráfica
Graphic Production
Aline Valli
Mapas e Gráficos
Maps and Graphics
Guilherme Pardini
Impressão
Printing
Ipsis
Papel/Paper
Munken Print Cream 80grs
e/and Masterblank Linho 270grs
Tipografia/Typeface
Atlas Grotesk e/and Atlas Typewriter
Tiragem/Print Run
1550
Esta publicação foi editada no âmbito This publication was edited within the
do Projeto Contracondutas. O Projeto framework of the Counter–Conducts
Contracondutas, realizado em 2016 e 2017, Project. The Counter–Conducts Project,
através do Conselho Técnico da Escola da realized in 2016 and 2017, through the
Cidade, contou com financiamento público Escola da Cidade Technical Council, relied
proveniente de TAC entre o Ministério on public funds originating from the Term
Público do Trabalho e empresa flagrada of Adjustment of Conduct established
utilizando mão de obra em condições between the Public Ministry of Labor and
análogas à escravidão, em obras do the company caught utilizing a workforce in
Terminal 3 do Aeroporto Internacional slave labor conditions on the construction
de Guarulhos, em 2013. Esta obra tem of Terminal 3 of Guarulhos International
distribuição gratuita e não pode ser Airport in 2013. This work is distributed free
comercializada. of charge and is not to be sold.
Escola da Cidade
Rua General Jardim, 65
Vila Buarque [metrô Repúbica]
CEP 01223-011 São Paulo SP
Tel +55 11 3258 8108
escoladacidade.org www.ct-escoladacidade.org/contracondutas
Contracondutas
Ação político———pedagógica
Counter—Conducts
Political———Pedagogical Action
Gilberto Mariotti
Joana Barossi
(Ed.)