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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

MESTRADO PROFISSIONAL DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

MATÉRIA: ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO

UMA PERSPECTIVA DO CONSUMO DE ALIMENTOS ESSENCIAIS


(CESTA BÁSICA) COM INTERVENÇÃO NOS PREÇOS PELO
ESTADO.

Bárbara Prado Alcantara Massoni


Laís Suelen Rosendo da Silva
Vanessa Andrea Fernandes
Professor: Gustavo Fernandes.
São Paulo, 2023.

RESUMO

Este trabalho possui o escopo de ampliar o espaço de discussão a respeito da


viabilidade e dos impactos da intervenção estatal na regulação dos produtos que
compõem a cesta-básica. Sabemos que o Estado brasileiro intervém, por vezes, na
vida social e que essas ingerências servem para coordenar e sustentar a estrutura
do Estado e para cumprir suas funções constitucionalmente atribuídas e
historicamente implementadas. Nesse sentido, verificar uma das formas de
intervenção se mostra perspicaz, para refletirmos como cidadãos se o governo, em
sentido latu sensu, está sendo eficiente e eficaz nessa atuação. Um desses
aspectos, que será tratado brevemente neste trabalho, é analisar os reflexos nos
preços de consumo, utilizando os dados na plataforma do IBGE, destaque para a
pesquisa “POF” (2008-2009 e 2017-2018), traçando panoramas da demanda e da
oferta em elementos essenciais (será verificado os seguintes alimentos: arroz, feijão
e soja, que compõem a base da alimentação e estão na cesta básica do consumidor
brasileiro) para observar as mudanças nas curvas, a mudança de comportamento
gerada antes de após intervenção estatal e, por fim, verificar que há alguma
externalidade negativa gerada, refletindo por exemplo se o Estado intervém
assertivamente tributando estes produtos.

Palavras-chave: Intervenção estatal; Variação no preço; Oferta e demanda de


produtos da cesta-básica.
ABSTRACT

This work has the scope of expanding the space for discussion regarding the
feasibility and impacts of state intervention in the regulation of products that make up
the basic food basket. We know that the Brazilian State sometimes intervenes in
social life and that these interferences serve to coordinate and sustain the structure
of the State and to fulfill its constitutionally assigned and historically implemented
functions. In this sense, verifying one of the forms of intervention is insightful, so that
we can reflect as citizens whether the government, in latu sensu sense, is being
efficient and effective in this action. One of these aspects, which will be dealt with
briefly in this work, is to analyze the effects on consumption prices, using data on the
IBGE platform, especially the “POF” survey (2008-2009 and 2017-2018), outlining
panoramas of demand and supply in essential elements (the following foods will be
verified: rice, beans and soybeans, which make up the basis of food and are in the
basic basket of the Brazilian consumer) to observe the changes in the curves, the
change in behavior generated before or after state intervention and, finally, to verify
that there is some negative externality generated, reflecting, for example, whether
the State intervenes assertively by taxing these products.

Key-words: State intervention; variation in price; Supply and demand for basic food
products.
1. Introdução

O Estado brasileiro tem como uma de suas funções principais, a regulação da


vida em sociedade, como garantidor de direitos sociais e a manutenção da estrutura
governamental, incluindo aqui com especial destaque a regulação do mercado.
Essa regulação pode ser mais severa e agressiva, em modelos mais
autoritários de governo, ou, mais tímida e liberal, amparadas nas filosofias
neoliberais, porém, essa discussão não será tratada neste trabalho, pois aqui,
pretende-se apenas demonstrar a influência do Estado na vida social enquanto
intervém, tributando ou conferindo subsídios e isenções aos alimentos essenciais de
consumo dos brasileiros.
Falar de tributação, impõe refletirmos na necessária, por natureza, regulação
de mercado para que as empresas, que querem lucro, pratiquem preços
inalcançáveis, ou, que elas parem de fabricar, produzir e disponibilizar ao consumo,
quando haja alguma interferência de fatores externos (por exemplo escassez de
matéria-prima em virtude de crises ambientais), causando um ônus ao consumidor
final.
Destaca-se que nem toda intervenção gerará um ônus ao consumidor final,
porque pode objetivar o reequilíbrio, a manutenção de preços e a continuidade da
produção a níveis que atendam a demanda existente. De toda forma, em todos os
casos, o que se pretende é uma mudança de comportamento, seja nas empresas
ou no consumidor.
Demonstrados esses aspectos, é importante trazer o que vem a ser
considerado um bem de consumo (neste caso o alimento) essencial. São diversos
fatores, como a renda, o preço, os hábitos de consumo e a cultura dos agentes
econômicos que dependerão do nível de consumo dos bens e, assim, delimitam
quais serão tipificados como essenciais. Então, são essenciais aqueles bens que
suprem as necessidades indispensáveis à vida, como a alimentação e à educação.
Portanto, nesta análise, estamos adstritos à alimentação da cultura brasileira,
focando naqueles bens de consumo (que possuem o objetivo de satisfazer as
necessidades de consumo de um indivíduo) que compõem a cesta básica, sendo o
arroz, o feijão e a soja.
Por fim, veremos como a intervenção estatal tem a capacidade de intervir
nessa relação de consumo e, por fim propomos algumas reflexões finais sobre se
essa ação governamental está sendo satisfatória ou se está sendo arbitrada
gerando externalidades negativas, como dando ênfase na desigualdade social.

2. Consumo de alimentos essenciais da cesta básica no Brasil

Como já destacamos, bens de consumo são aqueles que têm o objetivo de


satisfazer as necessidades de consumo de um indivíduo ou de sua família. Por
assim ser, estão sujeitos a vários fatores que os determinaram de região para
região.

No Brasil, eles estão comumente nas cestas básicas e corresponderão a uma


parcela da renda obtida e, no custo de vida.

No site do SEBRAE (MARIA, 2002) vemos que os bens de consumo são:

Bens de consumo são produtos ou serviços que atendem a uma


necessidade do consumidor ou a um desejo humano. O que significa que
estão prontos para serem usados por um cliente para coisas como:
manutenção doméstica, higiene e entretenimento.
Eles são diferentes dos produtos industriais, que estão numa categoria de
operacionalização de um negócio. Como, por exemplo, equipamentos de
combate a incêndio.
Os produtos de consumo estão no estágio final na cadeia de suprimentos e
prontos para a compra do consumidor em varejos ou e-commerces.

Já, tomando uma vertente mais economista e enquadrando os bens de


consumo a qualidade de essenciais, vemos que (CRUZITO, 2021):

Produtos básicos de consumo são uma subcategoria de bens de consumo


considerados produtos essenciais. Exemplos disso incluem alimentos,
bebidas e certos produtos domésticos. Os consumidores consideram esses
bens primários e essenciais para a vida. Esses são os itens básicos que as
pessoas não conseguem (ou não querem) eliminar de seu orçamento. Além
disso, esses produtos são não cíclicos, o que significa que são necessários
e usados durante todo o ano, não apenas sazonalmente.
[...]
Como categoria de bens, os bens essenciais apresentam baixa elasticidade
de demanda. Sempre haverá a necessidade de produtos básicos de
consumo e é improvável que uma mudança no preço cause impacto
na demanda. (grifo nosso)

Conforme destacado, há uma demanda frequente pelo consumo destes bens


de consumo essenciais e, mesmo havendo uma elasticidade, ela tem que ser
acompanhada e fiscalizada pelo estado para que não tenha, em relação aos
alimentos, situações de diminuição da qualidade de vida tão severo, por exemplo
com a fome e problemas de saúde. Esses casos se viessem a existir (como
infelizmente no Brasil há), seriam externalidades negativas.

A título de ilustração, abaixo vemos como esses afetam a renda da sociedade


brasileira, observando os dados obtidos no site IBGE, na POF - Pesquisa de
Orçamentos Familiares, tabela 2 “Despesas com alimentação”:

Tabela 2.1 - Despesas monetária e não monetária média mensal familiar com alimentação, por situação
de segurança alimentar existente no domicílio, segundo os tipos de despesa - Brasil - período
2017-2018

Tipos de despesa Despesa monetária e não monetária média mensal familiar com alimentação
(R$)

Total Situação de segurança alimentar existente no


domicílio

Com Com insegurança alimentar


segurança
alimentar Leve Moder Grave
ada

Despesas com alimentação 658,79 730,57 576,68 475,72 420,96

Cereais, leguminosas e oleaginosas 22,24 20,95 24,14 25,43 24,42

Arroz 12,79 11,32 15,24 15,79 15,01

Feijão 5,92 5,33 6,53 7,75 7,65

Legumes e verduras 16,07 18,25 13,42 10,9 8,93


Tendo como base o valor do salário mínimo nacional a partir de 1º de maio de
dois mil e vinte e três é, de acordo com o artigo 2° da Lei n° 14.663, de 28 de agosto
de 2023 é R$ 1.320,00 (um mil, trezentos e vinte reais).
Sendo assim, logo percebe em análise comparada com o resultado obtido na
pesquisa da POF no indicador “Despesas com alimentação”, que a despesa
monetária para uma alimentação com segurança alimentar pode chegar a um custo
em relação ao salário mínimo de quase cinquenta por cento da renda, ou seja, que
as famílias que vivem apenas com um salário mínimo estarão mais próximas de se
alimentarem com “insegurança alimentar” grave. Com isso, estarão mais afetas a
variações de preços dos bens de consumo essenciais e que absorverão com mais
impacto a intervenção estatal nesses produtos.
Para não nos alongarmos, veremos então nos três produtos escolhidos para
estudo, quais são os reflexos da intervenção estatal, observando os indicadores
brasileiros para oferta e demanda do arroz, do feijão e da soja.

2.1. Do arroz

Entre os alimentos mais presentes na rotina alimentar da população


brasileira, está o arroz, item essencial componente da cesta-básica.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, o Brasil


está entre os maiores produtores mundiais, sendo o maior da América Latina. Na
safra de 2021/2022, os dados demonstram que foram produzidos 10,803 toneladas
do grão de arroz. Para o ano de 2023, o levantamento indicou a produção com um
decréscimo de 7% sobre a safra anterior, totalizando cerca de 10033 milhões de
toneladas. Conforme se extrai, a interferência na produtividade se dá em razão de
questões climáticas, a exemplo da escassez das chuvas e altas temperaturas
obtidas no período sensível da cultura do grão.

Sua produção está concentrada na região Sul do país, com prevalência para
o estado do Rio Grande do Sul, como líder no ranking nacional de produção,
alcançando 8 milhões de toneladas do grão por safra, seguido por Santa Catarina,
Tocantins e Mato-Grosso. Do produzido nacionalmente, a sua maior quota-parte
(90%) é destinado ao consumo interno, e o restante destinado à exportação.

Conforme os dados obtidos, é notável uma oscilação no preço do arroz ao


longo de quase duas décadas, representando uma variação de acréscimo
(2005/2023). Importante constar que à época, o preço da saca de 60 kg era de
R$28,63 representando menos de 10% do salário mínimo nacional vigente à época
(R$300,00), ao passo que a cotação para novembro está em R$124,50
representando pouco mais de 10% da renda mínima nacional, conforme se observa:

Fonte: Site AGROLINK, nov. 2023.


Na pesquisa POF 2017-2018 realizada pelo IBGE, é possível aferir que as
despesas gastas mensal com a aquisição de arroz por ano, sendo gasto
mensalmente a quantia de R$12,79 , representando menos de 1% do salário
mínimo nacional vigente, conforme abaixo colacionado:

Fonte: Site IBGE, 2023.

Fato interessante a ser aferido na Tabela é o gasto com o alimento é


proporcional ao contexto da insegurança alimentar das famílias brasileiras, ou seja,
a população em vulnerabilidade alimentar consome maior quantidade de arroz do
que a população fora da zona de insegurança. Não se infere, porém, que o arroz,
como produto nutricional, seja a causa desta problemática.

Destaca-se, quanto ao arroz, a intervenção estatal derivada da tributação. Os


impostos têm evidenciado sua influência no mercado alimentar no Brasil e no
mundo, sendo que, da mesma forma que contribui para a arrecadação aos cofres
públicos, subsidia o contexto das desigualdades sociais e da, já citada, insegurança
alimentar. O ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é o de
maior incidência sobre os gêneros alimentícios, sendo o seu recolhimento efetuado
pelas unidades federativas, que contam com legislação própria.

2.2. Do feijão

O feijão é um alimento essencial para a cultura brasileira e está na lista dos


produtos que compõem a cesta básica.
De acordo com o site “Agrolink” que acompanha o preço do comércio de
principais itens agrícolas, aponta uma oscilação frequente mas com tendência de
aumento aos longo dos anos, saindo do valor nacional do feijão carioca (embalagem
de sessenta quilos) de R$ 71,72 (setenta e um reais e setenta e dois centavos) em
janeiro de 2005 para R$ 220,11 (duzentos e vinte reais e onze centavos),
representando uma variação percentual aproximada de 209% de acréscimo.
Vejamos:

Fonte: Site Agrolink, nov. 2023.

Apenas para aguçar a comparação, em 2005, de acordo com a Lei n° 11.164,


de 18 de agosto de 2005, o salário mínimo era de R$ 300,00 (trezentos reais),
então, R$ 71,72 (setenta e um reais e setenta e dois centavos) representava
aproximadamente 24% daquele valor. Trazendo essa análise para os valores atuais,
em relação ao salário mínimo e o valor da embalagem de feijão de 2023, vemos que
ele representa aproximadamente 16,67%, ou seja, observasse que o aumento
gradativo dos preços desse alimento ainda segue em redução do impacto na renda
da sociedade.
Na pesquisa POF 2017-2018 realizada pelo IBGE vemos os seguintes dados
para o feijão, em seus diferentes tipos, considerando a aquisição alimentar
domiciliar per capita anual (por quilo):

Tabela 3.1 - Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por situação de segurança alimentar existente no
domicílio, segundo os produtos - Brasil - período 2017-2018

Produtos Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (Kg)

Total Situação de segurança alimentar existente no domicílio

Com Com insegurança alimentar


segurança
alimentar

Leve Moderada Grave

Feijão-fradinho 0,495 0,386 0,541 0,964 0,695

Feijão-jalo 0,080 0,070 0,074 0,115 0,168

Feijão-manteiga 0,047 0,058 0,030 0,012 0,073

Feijão-mulatinho 0,693 0,618 0,689 1,029 0,985

Feijão-preto 1,298 1,419 1,191 0,963 1,061

Feijão-rajado 2,619 2,497 2,703 3,040 2,851

Feijão-roxo 0,020 0,022 0,024 0,000 0,005

Outros feijões 0,663 0,589 0,689 0,951 0,883

Fonte: Site IBGE, 2023.

Percebe-se com tal indicador que o consumo dos feijões é frequente, mas
varia em qualidade e quantidade.
Ainda nessa na análise do POF 2017-2018, destacamos os custo médio
mensal de alguns produtos básicos que estão na cesta dos consumidores, dando
destaque para o arroz e o feijão, conforme vemos:

Fonte: Site IBGE, 2023.

Ou seja, do total de despesas com alimentação per capita, a média de custo


mensal com o alimento “feijão” é de apenas R$ 5,92 (cinco reais e noventa e dois
centavos), não comprometendo, per si, comparando com a renda mínima no Brasil.

2.3.1. Dos gráficos de curvas de demanda e oferta do feijão:


2.3.1.1. Da demanda:

De tudo o que já foi analisado, vemos que a curva da demanda é


relativamente estável, pois no Brasil há um mercado interno que é o terceiro maior
produtor de feijão, não havendo grandes excedentes exportáveis, como ocorre em
outros grãos, e o Nordeste do país lidera a produção entre regiões.
Dessa forma, percebe-se que a produção desse bem de consumo está
principalmente vinculada a responder a demanda interna, o que pode ser
confirmado através dos dados obtidos de produtores, no levantamento do Escritório
Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE , no Caderno Setorial, ano
5, n° 143 de dezembro de 2020:

Assim como na curva de demanda, no eixo horizontal (x), temos a quantidade


de feijão e no eixo vertical (y), temos o preço.

A curva é ligeiramente inclinada, indicando a relação entre preço e


quantidade oferecida. Como a quantidade demandada é pouco flexível, a curva se
apresenta acentuada.
A quantidade de bens de consumo, do tipo “alimentos” de forma geral pode
ser mantida nos estoques por pouco tempo, por serem perecíveis e, caso haja esse
acúmulo de mercadorias, pode ensejar diretamente na oferta disponível no
mercado.

2.2.1.2. Da oferta

Como a produção está vinculado ao atendimento de demandas internas,


possuem uma faixa estável de produção e, por isso, dependerão por vezes de
políticas de isenções fiscais e subsídios estatais, por exemplo, podem influenciar a
capacidade dos agricultores no plantio do feijão e pode ser uma das medidas para
que, com a intervenção governamental, amenize alguns reflexos negativos de
catástrofes ambientais ou crises econômicas mundiais. Também pode haver
medidas regulatórias atreladas aos bens de consumo essenciais.

2.3. Da soja

A intervenção estatal no mercado de soja no Brasil pode ter uma série de


reflexos e impactos nos indicadores de oferta e demanda. Vou discutir alguns
desses reflexos a seguir:

Preços da soja: A intervenção estatal, por meio de políticas como subsídios,


controle de preços ou estoques reguladores, pode afetar diretamente os preços da
soja. Por exemplo, subsídios podem incentivar a produção e reduzir os preços para
os agricultores, enquanto o controle de preços pode limitar os ganhos dos
produtores, beneficiando os consumidores. Isso, por sua vez, afeta a dinâmica da
oferta e demanda, uma vez que preços mais baixos podem estimular a demanda e
aumentar as exportações, por exemplo.

Produção e exportação: A intervenção estatal pode influenciar a produção e a


exportação de soja. Subsídios à produção podem aumentar a produção de soja,
enquanto políticas de exportação podem restringir ou incentivar as exportações.
Isso pode levar a um aumento na oferta no mercado doméstico e afetar os
indicadores de demanda, tanto interna quanto externamente.
Estoques: A intervenção estatal pode resultar na formação de estoques
reguladores de soja. Isso pode ser feito para estabilizar os preços e garantir o
abastecimento interno. A quantidade de soja mantida nos estoques estatais afeta
diretamente a oferta disponível no mercado e, portanto, a demanda.

Políticas de crédito e subsídios: políticas de crédito e subsídios


governamentais podem influenciar a capacidade dos agricultores de plantar e colher
soja. A disponibilidade de crédito a taxas de juros acessíveis e os subsídios à
aquisição de insumos agrícolas podem impactar a produção e, consequentemente,
a oferta.

Regulamentação ambiental: A intervenção estatal também pode se


manifestar na regulamentação ambiental, que pode afetar a produção de soja
devido a restrições sobre desmatamento, uso de agrotóxicos, e práticas agrícolas
sustentáveis. Isso tem implicações na oferta de soja e pode influenciar a demanda,
especialmente em mercados que valorizam produtos sustentáveis.

Acordos comerciais: A política comercial do governo pode influenciar as


exportações e importações de soja, afetando diretamente a demanda,
especialmente se o Brasil assinar acordos comerciais com outros países que
facilitem ou restrinjam o comércio de soja.

Portanto, os reflexos da intervenção estatal nos indicadores de oferta e


demanda da soja no Brasil são complexos e podem variar dependendo das políticas
específicas adotadas pelo governo. A intervenção pode afetar os preços, a
produção, a exportação, os estoques e outros fatores que, por sua vez, moldam a
dinâmica da oferta e demanda no mercado de soja. É importante analisar as
políticas específicas em vigor para compreender completamente esses reflexos.

2.3.1. Dos gráficos de curvas de oferta e demanda da soja:

2.3.1.1. A curva de demanda da Soja:

A curva de demanda representa a quantidade de soja que os consumidores


estão dispostos a comprar a diferentes preços.
A relação entre o preço e a quantidade demandada é inversamente
proporcional, o que significa que, em geral, quando o preço da soja cai, a
quantidade demandada aumenta.

No eixo horizontal (x), temos a quantidade de soja e no eixo vertical (y),


temos o preço da soja.

A curva de demanda geralmente é inclinada para baixo da esquerda para a


direita, indicando a relação inversa entre preço e quantidade demandada.

Aplicando a demanda e os custos no Brasil, analisando o produto óleo de


soja, vemos que (POF 2017-2018):

Fonte: IBGE, 2023

2.3.1.2. A curva de oferta da Soja:

A curva de oferta representa a quantidade de soja que os produtores estão


dispostos a vender a diferentes preços. A relação entre o preço e a quantidade
oferecida é geralmente direta, o que significa que, em geral, quando o preço da soja
aumenta, a quantidade oferecida também aumenta.

Assim como na curva de demanda, no eixo horizontal (x), temos a quantidade


de soja e no eixo vertical (y), temos o preço da soja.

A curva de oferta é geralmente inclinada para cima da esquerda para a


direita, indicando a relação direta entre preço e quantidade oferecida.
Não podemos nos esquecer que, a forma das curvas de oferta e demanda
pode variar dependendo de diversos fatores, como sazonalidade, mudanças nos
custos de produção, demanda do mercado global, entre outros. Portanto, os gráficos
podem ser ajustados para refletir a realidade do mercado de soja em um momento
específico.
CONCLUSÃO

De tudo o que foi exposto através de dados e de análises sobre os bens de


consumo essenciais que estão na cesta básica dos consumidores vemos que,por
natureza, quando mais indispensáveis, menos variações da curva de demanda e
mais precisarão da atuação responsável do Estado, regulando, dando isenções,
subsídios, impostos e taxas.
Também se observou que hábitos alimentares saudáveis refletem no
consumo e quanto mais grave o padrão alimentar, mais barato se torna (o que
verificamos no arroz por exemplo).

Portanto, os bens de consumo analisados estão sujeitos a diversos fatores,


como o aspecto cultural de alimentação e o que os reflexos da intervenção estatal
nos indicadores de oferta e demanda do arroz, do feijão e da soja no Brasil são
complexos e podem variar dependendo das políticas específicas adotadas pelo
governo.

A intervenção pode afetar os preços, a produção, a importação, os estoques


e outros fatores que, por sua vez, moldam a dinâmica da oferta e demanda no
mercado de soja. É importante analisar as políticas específicas em vigor para
compreender completamente esses reflexos, para que a intervenção estatal nesses
bens de consumo não gerem externalidades negativas, trazendo problemas sociais
como a subnutrição, a fome e, que acentue as desigualdades sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROLINK. Cotações de commodities agrícolas, com preços atualizados diariamente


em todos os estados brasileiros. Preço de soja, trigo, milho, arroz, hortifruti.
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BRASIL. Lei nº 11.164, de 18 de agosto de 2005. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11164.htm#:~:text=Disp%C3
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<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14663.htm>. Acesso em:
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CANAL RURAL. Feijão: em 16 anos, consumo no Brasil despenca mais de 50%.


Disponível em:
<https://www.canalrural.com.br/agricultura/agropocket/feijao-em-16-anos-consumo-no-brasil
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ETENE, Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste. Caderno Setorial ETENE.


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MARIA, Kathleen. O que são bens de consumo? Disponível em:


<https://respostas.sebrae.com.br/o-que-sao-bens-de-consumo/>. Acesso em: 03 nov. 2023.

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