BIOGEOGRAFIA DE Potamorrhaphis guianensis (Jardine, 1843) NA AMAZÔNIA

BRASILEIRA

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RESUMO: Este estudo relata a primeira ocorrência de Potamorrhaphis guianensis (Jardine,

1843) (Beloniformes: Belonidae) no igarapé Praquiquara, localizado na Bacia Atlântica do
Nordeste do Brasil. Como a distribuição desta espécie foi delimitada nas bacias do Amazonas,
Orinoco e Paraná, conclui-se que nos últimos anos houve um aumento na distribuição
geográfica de P. guianensis na Amazônia.

Palavras-chave: Teleostei; Biogeografia; Novo registro.

INTRODUÇÃO

A família Belonidae, comumente conhecida por “peixe-agulha”, “agulhinha” ou

needlefishes, possui 10 gêneros e 48 espécies de peixes que são distribuídos na região costeira
do continente americano (Pacífico Leste e Atlântico Oeste) e nas bacias de água doce da
América Central e do Sul (LOVEJOY, et al., 2001; COLLETTE, 2003).
Na região Neotropical existem três gêneros que vivem exclusivamente em água doce
(Potamorrhaphis, Pseudotylosurus e Belonion) (GOULDING & CARVALHO, 1984;
COLLETTE, 2003). Destes, atualmente o gênero Potamorrhaphis apresenta-se mais
diversificado, incluindo quatro espécies (SANT’ANNA, et al., 2012). As peculiaridades
morfológicas do gênero Potamorrhaphis fazem com que suas espécies se distingam de outros
needlefishes (COLLETTE, 1982). Tais espécies são geralmente encontradas em lagos e
córregos das bacias amazônicas, Orinoco, Paraná e bacias costeiras das Guianas
(COLLETTE, 1982; GOULDING & CARVALHO, 1984).
O presente estudo tem como objetivo relatar a primeira ocorrência de Potamorrhaphis
guianensis (Jardine, 1843) no igarapé Praquiquara, localizado na bacia do Atlântico Nordeste
do Brasil, município de Castanhal, Amazônia Oriental.

MATERIAL E MÉTODOS

O igarapé Praquiquara, onde P. guianensis foi registrado, localiza-se no município de

Castanhal, pertencente à Região Hidrográfica Atlântica do Atlântico Nordeste, que é
constituída pelas bacias hidrográficas que correm no Atlântico, sendo limitada ao oeste pela
região hidrográfica do Tocantins/Araguaia e leste pela região hidrográfica do Parnaíba
(PARÁ, 2012).
Os dois P. guianensis foram registrados em dezembro de 2014, sendo coletados com
uma rede de malha de 10 mm, realizando sequentemente a morfometria e identificação
taxonômica, com base nos atributos morfológicos propostos por Sant’Anna, et al., (2012).
Posteriormente ao processo realizado, os indivíduos coletados foram devolvidos aos corpos
d'água.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
 Os dois indivíduos da espécie P. guianensis encontrados no Igarapé Praquiquara
apresentaram comprimento total bem semelhante com 25,96 cm e 25,70 cm, respectivamente.
Os indivíduos foram encontrados em uma área do córrego onde o movimento da água é quase
imperceptível. Embora P. guianensis seja mais amplamente distribuída na região amazônica,
delimitava-se sua distribuição as bacias Amazônica, Orinoco e Guiana (COLLETTE, 2003;
SANT’ANNA, et al., 2012).
Neste sentido, com esse registro na Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste,
evidencia-se a expansão de sua distribuição geográfica no território brasileiro e,
consequentemente, na região amazônica. Vale ressaltar que, recentemente, no mesmo local,
foi registrada a ocorrência do peixe elétrico Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766), que
também, consequentemente, mostra o aumento em sua distribuição geográfica na região
amazônica (CHAGAS, et al., 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ictiofauna da região amazônica tem sido estudada historicamente, no entanto, a obra

delimita principalmente a bacia amazônica e a bacia do Orinoco. Este fato faz com que muitas
espécies amazônicas apresentem sua distribuição geográfica limitada a essas duas regiões.
Desta forma, este trabalho evidencia a necessidade de mais estudos visando à caracterização
da ictiofauna de outras bacias hidrográficas presentes na região amazônica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAGAS, R. A.; BARROS, M. R. F.; SANTOS, W. C. R.; HERRMANN, M. Primeiro

registro do peixe-elétrico Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766) (Gymnotiformes:
Gymnotidae) no igarapé Praquiquara, Castanhal, Pará. Acta of Fisheries and Aquatic
Resources, v. 5, p. vi-xi, 2017.

COLLETTE, B.B. South American freshwater needlefishes of the genus Potamorrhaphis

(Beloniformes: Belonidae). Proceedings of the Biological Society of Washington, v. 95, p.
714-747, 1982.

COLLETTE, B.B. Family Belonidae Bonaparte 1832. Annotated Checklist of Fishes. v. 16,
p. 1-22, 2003.

GOULDING, M.; CARVALHO, M. L. Ecology of amazonian needlefishes (Belonidae).

Revista brasileira de zoologia, v. 2, p. 99-111, 1984.

LOVEJOY, N.R.; COLLETTE, B.B. BELONIDAE. IN: REIS, R.E.; KULLANDER, S.O. &
FERRARIS JR., C.J. Check List of the Freshwater Fishes of South and Central America.
Porto Alegre, Brazil: Edipucrs, 2003. p. 586–588.

LOVEJOY, N.R.; COLLETTE, B.B.; MCEACHRAN, J.D. Phylogenetic relationships of new

world needlefishes (Teleostei: Belonidae) and the biogeography of transitions between
Marine and Freshwater Habitats. Copeia. v. 2001, p. 324-338, 2001.

PARÁ. Política de Recursos Hídricos do Estado do Pará. Belém: SEMA, 2012.

SANT’ANNA, V.B.; DELAPIEVE, M.L.S.; REIS, R.E. A New Species of Potamorrhaphis
(Beloniformes: Belonidae) from the Amazon Basin. Copeia, p. 663-669, 2012.