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DOCUMENTO Nº

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
APOSTILA 0002/2015
PARA O DESENVOLVIMENTO

CURSO:
TRANSFORMADORES – ENSAIOS DE FABRICA –
INSPEÇÃO (PRÁTICO)

ESCOPO:
ENSAIOS DE ROTINA

ENSAIOS DE TIPO

ENSAIOS ESPECIAIS

EQUIPE TÉCNICA: AUTOR:

ROBERTO DE AGUIAR
ROBERTO DE AGUIAR
CREA: 91137/TD (PR)

MARCELO ANTONIO RAVAGLIO

VINICIOS BACIL AUTOR:

CELSO LUIZ MARTINS MARCELO ANTONIO RAVAGLIO


CREA:

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SUMÁRIO

1   NORMAS ......................................................................................................................................... 3  
2   DOCUMENTAÇÃO .......................................................................................................................... 4  
3   CARACTERÍSTICAS NOMINAIS – ELÉTRICAS ............................................................................ 4  
4   CARECTERÍSTICA CONSTRUTIVAS DOS TRANSFORMADORES............................................. 6  
5   ENSAIOS NO PAPEL ISOLANTE ................................................................................................. 10  
6   ÓLEO ISOLANTE .......................................................................................................................... 12  
6.1   Principais características físicas, químicas e elétricas do óleo ............................................... 13  
6.2   Analise dos gases dissolvidos no óleo isolante ...................................................................... 18  
7   CALDERARIA ................................................................................................................................ 20  
8   UMIDADE RELATIVA DA SUPERFÍCIE ISOLANTE (URSI):........................................................ 22  
9   ACESSORIOS ............................................................................................................................... 23  
10   ENSAIOS ELETRICOS................................................................................................................ 29  
11   ENSAIOS DE ROTINA ................................................................................................................ 30  
11.1   Resistência Elétrica dos Enrolamentos ................................................................................. 30  
11.2   Relação de transformação .................................................................................................... 35  
12   MEDIÇÃO DE PERDAS EM TRANSFORMADORES ................................................................. 38  
12.1   Medição de Perdas em Vazio ............................................................................................... 39  
12.2   Medição das Perdas sob Carga ............................................................................................ 42  
12.3   Ensaio de Elevação de Temperatura .................................................................................... 47  
12.4   Resistência do Isolamento .................................................................................................... 52  
12.5   Ensaios Dielétricos de Rotina ............................................................................................... 53  
12.5.1   Tensão suportável à freqüência industrial (tensão aplicada); ........................................ 54  
12.5.2   Tensão induzida – curta e longa duração; ..................................................................... 55  
12.5.3   Tensão induzida com medição de descargas parciais ................................................... 57  
13   ENSAIOS DE IMPULSO .............................................................................................................. 59  
13.1   Ensaio de impulso atmosférico ............................................................................................. 61  
13.2   Ensaio de impulso de manobra ............................................................................................. 74  
14   ENSAIOS DE TIPO ...................................................................................................................... 77  
14.1   Nível de ruído ........................................................................................................................ 77  
15   ENSAIOS ESPECIAIS ................................................................................................................. 80  
15.1   Fator de Potência do Isolamento. ......................................................................................... 80  
15.2   Impedância Sequência Zero em Transformadores Trifásicos............................................... 82  
15.3   Tensão de Radiointerferência (RIV). ..................................................................................... 83  
15.4   Medição de resposta em frequência. .................................................................................... 84  
15.5   Medição de Descargas Parciais ............................................................................................ 87  
16   LITERATURA DE REFERÊNCIA: ............................................................................................... 91  

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1 NORMAS

Normas NBR
• NBR 5356 Transformador de Potência – Especificação.
• NBR 5380 Transformador de Potência - Método de Ensaio.
• NBR 16126- Projeto mecânico para transformadores e reatores de potência.

NBR 5356 Transformador de Potência:


• Generalidades.
• Aquecimento.
• Níveis de isolamento, ensaios dielétricos e espaçamentos externos em ar.
• Guia para ensaio de impulso atmosférico e de manobra para transformadores e reatores.
• Capacidade de resistir a curto-circuito.

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2 DOCUMENTAÇÃO

• Especificação (sobrepõe as normas).


• Projeto (desenhos) aprovados.
• Tratativas entre área de compra / engenharia e o fabricante (documentação técnica).

3 CARACTERÍSTICAS NOMINAIS – ELÉTRICAS

Característica nominal
Conjunto de valores numéricos atribuídos às grandezas que definem o funcionamento de um
transformador, e que servem de base para os valores garantidos pelo fabricante e para os ensaios.

Grandezas nominais
Grandezas ( tensão, corrente, etc.) cujos valores numéricos definem as características nominais.

Tensão nominal de um enrolamento ( Un )


Tensão nominal a ser aplicada, ou desenvolvida, em vazio, entre os terminais de um enrolamento
sem derivações.
Para um enrolamento trifásico, é a tensão entre terminais de linha.

Tensão nominal é o nível de tensão elétrica a qual estão submetidos os equipamentos em regime
normal de operação.

Não deve se confundir tensão nominal com classe de tensão.


• A classe de tensão é a máxima tensão que pode ser aplicada continuamente entre as partes
condutoras do equipamento e o potencial terra sem danificar os isolamentos.
• A classe de tensão é mais utilizada para definir comercialmente os equipamentos da
subestação.

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Nível de isolamento
O nível de isolamento de um equipamento é definido pelo conjunto de tensões suportáveis nominais,
aplicadas ao equipamento durante os ensaios e definidas em normas para esta finalidade, que
caracterizam a suportabilidade dielétrica da isolação.

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Generalidades
• Altitude não superior a 1 000 m.
• A temperatura do ar ambiente não inferior a -25°C e não superior a 40°C e temperatura
média, em qualquer período de 24 h, não superior a 30°C.
• A forma de onda da tensão de alimentação deve ser praticamente senoidal.
• Para transformadores trifásicos, as tensões de alimentação trifásicas devem ser praticamente
simétricas.
• Meio Ambiente
- Poluição
- Abalo sísmico
• Condições especiais:

- Altitude elevada,
- Temperatura muito elevada ou muito baixa,
- Umidade elevada,
- Atividade sísmica,
- Grau de poluição severo,
• Podem, também ser consideradas: condições de transporte, armazenagem e instalação, tais
como limites de massa ou de dimensões.

Informações do fabricante
• Número de série
• Tipo
• Norma
• Ano de Fabricação
• Ordem de compra
• Referencia do manual de instrução.

4 CARECTERÍSTICA CONSTRUTIVAS DOS TRANSFORMADORES

Um transformador é formado basicamente de:

● Enrolamentos - os enrolamentos de um transformador são formados de varias


bobinas, que em geral são feitas de cobre eletrolítrico.
● Núcleo - feito em geral de material ferro- magnético, é o responsável por confinar o
fluxo magnético.
● Núcleo + Enrolamentos = PARTE ATIVA

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TRANSFORMADOR IDEAL

A relação fundamental que rege o funcionamento de um transformador é a seguinte:

V1 N1 I2
----- = ----- = -----
V2 N2 I1

Núcleo

Composto por chapas de aço silício, laminadas a frio. Seus grãos são orientados no sentido da
laminação.
A espessura das lâminas varia de 0,3 a 0,4 mm. Ambas as faces são isoladas com silicato de
magnésio. Em transformadores com tensões e potências elevadasé adicionado verniz sobre o
tratamento. A finalidade é diminuir as perdas do transformador.

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Núcleo de Reator de derivação

Enrolamentos

Fabricados com barras de cobre eletrolítico, de secção retangular, geralmente revestidos com verniz
e/ou papel.

As bobinas são montadas sobre cilindros,de material isolante, de elevada rigidez isolante e
mecânica.

Geralmente as bobinas são montadas no núcleo em disposição concêntrica. O primeiro enrolamento


sempre é o de menor tensão. Dutos adequados permitem a circulação do óleo isolante, entre o
núcleo e enrolamentos, para refrigeração.

Sistema de isolamento
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O material sólido “isola” porque possui a capacidade de suportar tanto os esforços elétricos como
mecânicos decorrentes das tensões utilizadas.

O sistema de isolamento deve conter materiais que executem 4 funções principais:

•  Capacidade de suportar as tensões relativamente altas (rigidez dielétrica).


• Capacidade de suportar os esforços mecânicos e térmicos (calor) que acompanham um
curto-circuito.
• Capacidade de evitar acúmulo excessivo de calor (transferência de calor).
• Capacidade de manter as características desejadas por um período aceitável de vida útil,
submetido a manutenção adequada

Isolamento das espiras

O processo mais utilizado na indústria para a fabricação do papel é o método de Kraft.

O método consiste basicamente do tratamento químico dos cavacos de madeira com NaOH
(hidróxido de sódio, soda cáustica) ou NaS (sulfeto de Sódio) para a liberação da celulose da lignina
através da dissolução do segundo composto. A pasta resultante é secada resultando no papel.

Todo o sistema de isolamento sólido dos transformadores são importantes, mais e o material
utilizado para isolamento das bobinas que determina a vida útil do transformador.

De agora em diante quando nos referirmos a isolamento sólido e/ou papel, estaremos nos referindo
ao papel kraft utilizado no isolamento das bobinas.

5 ENSAIOS NO PAPEL ISOLANTE

A qualidade do papel é estabelecida levando-se em conta:

Grau de polimerização:
Acidez e alcalinidade:
Teste de tração:

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Concentração de compostos furânicos:


Umidade relativa da superfície isolante (URSI):

Grau de polimerização: Determinação do número médio de anéis de glicose que constituem a


molécula polimérica de celulose.

Teste de tração: Estabelece a quantidade de energia que pode ser absorvida por uma amostra de
papel até que a mesma se rompa

Concentração de compostos furânicos: Compostos furânicos são substâncias geradas a partir do


envelhecimento de materiais celulósicos – 2 Fal.

Compostos furânicos são substâncias geradas a partir do envelhecimento de materiais celulósicos. O


aumento da concentração do 2-furaldeído, é utilizado como indicador do envelhecimento do papel
isolante.

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6 ÓLEO ISOLANTE

O uso de óleo mineral em transformadores remonta a 1892, de lá para cá outros materiais foram
testado, porém o óleo mineral tem permanecido como principal material utilizado como
isolante/refrigerante em transformadores.

2. Óleo Isolante

A partir do petróleo bruto ou crú, como é conhecido, chega-se ao óleo mineral isolante através de
destilação fracionada e tratamento físico-químico para acabamento final.

O óleo mineral isolante ou simplesmente óleo isolante, é uma associação de hidrocarbonetos, ou


seja, à menos das impurezas e contaminantes é formado apenas por átamos de carbono e
hidrogênio. Constratando, porém, com essa aparente simplicidade, esta o fato de que cada
hidrocarboneto possui propriedades físico-químicas distintas, sendo a alteração conseguida tanto
com a variação de números de átamos de carbono ou hidrogênio, como ao ligar entre sí, de forma
distinta, igual número de átamos destes elementos.

Os tipos de hidrocarbonetos que constituem o óleo isolante são, principalmente, os saturados


(parafínicos e naftênicos) que são quimicamente poucos ativos. Isto se faz necessário para que o
óleo não ataque os demais materiais dos equipamentos. Como, entretanto, os hidrocarbonetos
saturados apresentam pouca resistência a degradação em presença de oxigênio e calor, uma
parcela de hidrocarbonetos não saturados, da família dos aromáticos, é também constituinte do óleo
isolante, conferindo-lhe maior estabilidade, ou seja maior vida útil e melhor desempenho nos
equipamentos.
Resumindo, o óleo isolante é formado por hidrocarbonetos parafínicos, naftênicos e aromáticos.

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6.1 Principais características físicas, químicas e elétricas do óleo

O petróleo possui também não hidrocarbonetos, que podem ter uma estrutura similar aos
hidrocarbonetos, com os átomos de carbono substituídos por um, dois ou mais átomos de enxofre
(de menos de 1 até 20%), nitrogênio (máximo 0,8%) e oxigênio. Essa mistura é chamada de
heterocomposto. Os não-hidrocarbonetos do óleo do transformador incluem os ácidos naftênicos,
ésteres, álcoolis, compostos asfálticos, bem como compostos orgânicos contendo enxofre e
nitrogênio.

Alguns compostos que contêm aminoácidos e grupos de fenol juntos, agem como antioxidantes nos
óleos dos transformadores e são assim desejáveis, visto que são compostos de enxofre
termicamente estáveis.

A ausência de enxofre e de seus compostos instáveis é necessária para evitar a corrosão do cobre
em contato com o óleo.
Apesar de pequena percentagem de compostos de nitrogênio, eles desempenham um papel
importante no processo de oxidação.

Os ácidos naftênicos também estão presentes, entretanto a maioria deles é removida durante a
purificação. Os óleo de transformadores podem conter quantidades muito pequenas de ácidos das
séries alifáticos e aromáticos e compostos de peróxidos.

Pode-se ver, então que o óleo de transformador como produto final deve ser relativamente isento de
todos os compostos mencionado.

Outros dois fatores químicos são significativos para óleos de transformadores:

Ponto de Anilina:

Este ensaio consiste em misturar uma amostra de óleo isolante com anilina e aquecer sob agitação
até que os dois produtos se misturem de forma homogênea. A temperatura em Celsius onde ocorre a
mistura é chamada de Ponto de Anilina. A anilina é um composto aromático leve e mistura-se bem
aos aromáticos leves presentes no óleo isolante. Assim, quanto maior o teor de aromáticos leves no
óleo, menor será a temperatura de mistura e vice-versa.
Os compostos aromáticos leves são facilmente oxidados nas condições de operação dos
transformadores. O limite inferior procura garantir que o teor destes compostos não seja excessivo
para que não ocorra a rápida oxidação da massa de óleo.
Por outro lado, os compostos aromáticos leves atuam como inibidores naturais, quando presentes
em pequenas quantidades, por isso é também estabelecido um limite superior para garantir que o
produto possua aromáticos leves capazes de inibir o processo de oxidação dos demais
hidrocarbonetos.

Cor:

Este ensaio consiste em comparar a cor de uma amostra do óleo, com uma série de padrões de
cores pré definidas.
Os hidrocarbonetos que constituem o óleo são incolores. Assim, quanto melhor for o processo de
refino, mais clara será a cor do produto final.

Pontos de Fulgor

São ensaios simples que informam sobre os extremos da faixa de peso molecular dos
hidrocarbonetos existentes no óleo avaliado. O ensaio de Ponto de Fulgor (Vaso Cleveland) consiste
em aquecer o óleo isolante e, simultaneamente, expô-lo à ação de uma chama próxima à superfície
do produto. Com o aquecimento, os compostos voláteis presentes no óleo irão vaporizar até que

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inflamarão sob a ação da chama. A temperatura onde ocorre a chama (Flash) é tomada como o
ponto de Fulgor.
Assim, podemos concluir que este ensaio é uma determinação indireta da quantidade de compostos
voláteis presentes na amostra de óleo. Quanto maior for o teor de voláteis, menor será o Ponto de
Fulgor.
É estipulado um valor mínimo como forma de garantir um teor máximo de voláteis.

Ponto de Fluidez

O ensaio de Ponto de Fluidez consiste em resfriar uma amostra do óleo isolante até que cesse seu
escoamento pela ação da gravidade. A temperatura em Celsius onde isto ocorre é tomada como o
Ponto de Fluidez.
Os hidrocarbonetos de alto peso molecular e cadeia reta são os mais sensíveis à diminuição da
temperatura e, portanto, mais elevado será o Ponto de Fluidez quanto maior for o teor destes
compostos na amostra.
Observamos portanto, que os ensaios de ponto de fulgor e ponto de fluidez em conjunto visam
garantir que o produto foi obtido a partir do refino da faixa correta de destilação do petróleo.

Densidade e Viscosidade:

Estes dois ensaios tem o mesmo objetivo dos 2 anteriores. A densidade é a medida da quantidade
de massa por volume dos materiais e a Viscosidade é a medida da força necessária para o
escoamento de um líquido.
Ambas as propriedades são função, nos hidrocarbonetos, do seu peso molecular.
O conjunto de ensaios até aqui descrito destina-se, como podemos ver, exclusivamente a avaliação
da qualidade de fabricação do produto.

Tensão Interfacial:

Este ensaio é feito colocando-se uma camada de óleo isolante sobre uma camadade água e, em
seguida, fazendo-se um anel de platina imerso na água passar para a camada de óleo. A força
necessária para fazer com que o anel rompa a superfície da água é tomada como a Tensão
Interfacial Óleo/Água.
A água é o óxido de hidrogênio, portanto, um material altamente oxigenado e de elevada polaridade
molecular. Os hidrocarbonetos, por outro lado, são substancias de muito baixa polaridade em sua
molécula e não oxigenadas.
Assim, quanto mais puro for o óleo, menor será sua interação com a camada de água e mais alto
será o valor obtido para o ensaio. Um valor mínimo garante baixos teores de substancias oxigenadas
e polares no produto.
Este ensaio é de grande importância na avaliação das condições de operação dos óleos minerais.

Tipo Transformador Período aproximado


Formação de borra

Transformadores com respiro livre do ar 10 anos


Transformadores com os conservadores 15 anos
Transformadores selados (fechado) sem nitrogênio 50 anos
Transformadores com colchão de nitrogênio 67 anos

Rigidez Dielétrica:

Este ensaio é uma medida da capacidade do isolante de resistir ao impacto elétrico.


Consiste em colocar uma amostra de óleo entre 2 eletrodos padrão e submete-la a incrementos
constantes de tensão alternada até que ocorra a ruptura do meio isolante e a conseqüente descarga
entre os eletrodos.

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Os hidrocarbonetos que compõem o óleo isolante, por apresentarem polaridade elétrica muito baixa,
possuem uma Rigidez Dielétrica “intrínseca” extremamente elevada. Esta resistência ao impacto é
sensivelmente diminuída pela presença de impurezas polares, como a água e outros oxigenados, e
sólidas, como partículas microscópicas.
Vemos, portanto, que este ensaio objetiva verificar a pureza do produto e, por conseguinte, a
qualidade dos processos de fabricação, transporte e manuseio.

Relação rigidez dielétrica x umidade no óleo em ppm

Perdas Dielétricas:

Este ensaio consiste na determinação da tangente ou seno do angulo de fase entre tensão e
corrente quando se aplica uma tensão a 60 Hz no óleo a analisar. A amostra é colocada entre os 2
eletrodos de um capacitor e, em seguida é aplicada uma tensão constante a uma temperatura fixa. A
leitura obtida para os parâmetros acima é tomada como o fator de Perdas Dielétricas. Como no caso
anterior, o valor de perdas intrínseco aos hidrocarbonetos é extremamente baixo e é alterado pela
presença de impurezas. Neste caso, por ser um ensaio executado em condições de equilíbrio é
sensível também às impurezas solúveis, que não interferem na Rigidez Dielétrica.

Estabilidade à Oxidação:

Neste ensaio, a amostra de óleo é submetida a aquecimento a 100 Celsius, com borbulhamento de
oxigênio e em presença de catalisador de cobre. Ao final de 164 horas a amostra é retirada do
sistema e determina-se o seu teor de borra e índice de acidez.
A borra, é um produto da oxidação dos hidrocarbonetos. Também os produtos ácidos determinados
pelo índice de acidez são resultantes da sua oxidação.
Este ensaio visa, portanto, avaliar a estabilidade química da amostra em estudo.
É muito importante observar que este ensaio não guarda nenhuma relação com o processo real de
oxidação do isolante no transformador. Trata-se apenas de uma medida da qualidade de fabricação
do produto e indica uma tendência à oxidação mais rápida ou mais lenta.

Enxofre Corrosivo:

É um ensaio simples que consiste em imergir uma pequena tira de cobre polido na amostra de óleo
e, após submeter o conjunto a aquecimento sob atmosfera de Nitrogênio por 16 horas a 140 Celsius,
observar o aparecimento de manchas negras de sulfeto de cobre na superfície da tira.
Seu objetivo é verificar a eficiência da remoção dos compostos de enxofre durante o processo de
refino.

Teor de Aditivo Antioxidante:

O objetivo deste ensaio é apenas o de verificar a presença e teor de aditivo antioxidante na amostra
de óleo, por meios químicos. Sua importância reside no fato de que um óleo isolante contendo este
tipo de aditivo irá apresentar excelentes resultados no ensaio de Estabilidade à Oxidação, impedindo
a verificação da real estabilidade química do produto original.

No caso dos óleos adquiridos com este aditivo, é necessário verificar se o teor é aquele especificado
por ocasião da compra.

Teor de Água:

Este ensaio consiste na determinação, através de reações químicas, da quantidade de água


presente na amostra de óleo sob análise.
A água apresenta solubilidade muito baixa nos hidrocarbonetos, contudo em óleos minerais novos, é
solúvel até a faixa de 60 a 70 ppm/ Acima destes teores iremos encontrar água em suspensão no
óleo isolante.

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No caso dos óleos novos, este ensaio visa verificar a qualidade dos processos de fabricação e
transporte e manuseio do produto.

Índice de Acidez Total:

É uma determinação por via química da quantidade total de todos os compostos capazes de reagir
com solução alcoólica de Hidróxido de Potássio. Todos os compostos ácidos, ou que possam dar
reação ácida nestas condições, irão ser determinados por este método.
Assim, iremos determinar a presença de compostos oxigenados, sulfurados e outros. Para óleos
novos, irá também verificar a qualidade dos processos de refino e fabricação.
Os óleos de origem mineral foram os primeiros produtos desenvolvidos para utilização como fluido
refrigerante em transformadores. Portanto, os projetos básicos da maioria dos transformadores
isolados a óleo são baseados nas suas propriedades e os fluidos desenvolvidos para aplicações
especiais, que estudaremos a seguir, procuram aproximar-se de suas características. Assim, a
compreensão das propriedades dos óleos minerais é essencial para o perfeito entendimento dos
demais.

*Ensaios de referência para indicar necessidade de regenerar ou substituir o óleo.

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4. Função do óleo isolante.

Fornecer rigidez dielétrica suficiente – Isolamento


Fornecer meio eficaz de refrigeração e transferência de calor.
Preservar o núcleo e os enrolamentos (preenchendo os espaços no material isolante)
Proteger o papel. Minimizar o conteúdo de oxigênio na celulose e em outros materiais susceptíveis
de oxidação.

Normalmente todo bom condutor de eletricidade também é um bom condutor de calor e vice-versa,
todo bom isolante em geral é também um isolante térmico. O óleo ideal deveria possuir portanto
virtudes opostas para ser usado como fluido de resfriamento, ou seja, deveria ser um bom isolante e
ao mesmo tempo um bom condutor térmico. Na verdade o óleo utilizado é um bom isolante e um
razoável condutor de calor, sendo esta função muito auxiliada pela existência dos radiadores. Nos
transformadores normalmente a dissipação térmica se da aproximadamente 97% pelos radiadores,
ficando o restante a cargo das paredes do tanque, agindo o óleo como transportador do calor.

Uma função importante do óleo normalmente desprezada é a de proteger o papel, exigindo como
característica uma grande estabilidade térmica.

Contaminação por PCB

A partir de 1976 esses óleos ascaréis passaram a ser abandonados, pois não eram biodegradáveis,
apresentavam características tóxicas bioacumulativas.

Foi então estabelecida legislação, proibindo o uso do mesmo e determinando prazos para que óleos
ascaréis em utilização fossem totalmente eliminados.

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Ataque por Enxofre Corrosivo

A presença de enxofre corrosivo no óleo isolante de transformadores é bastante critica, uma vez que
a extensão dos danos decorrentes da reação com o cobre é severa a ponto de provocar a falha do
equipamento.

O enxofre é encontrado em muitos materiais utilizados na construção de equipamentos, incluindo o


cobre, gaxetas e o próprio óleo isolante.

6.2 Analise dos gases dissolvidos no óleo isolante

- DGA (DISSOLVED GAS ANALYSIS)

Os materiais de isolamento no interior dos transformadores se decompõe e liberam gases dentro da


unidade. A distribuição destes gases pode ser relacionado com o tipo de falha elétrica e da taxa de
geração de gás pode indicar a gravidade da falha. A identificação dos gases sendo gerados por uma
unidade em particular pode ser uma informação muito útil em qualquer programa de manutenção
preventiva. Esta técnica é utilizada com bastante êxito em todo o mundo.
As vantagens que as análises de gases podem oferecer são:

1. Aviso prévio de falhas em desenvolvimento


2. Determinar o uso indevido de unidades
3. Verificação de estado de novas unidades e unidades reparadas
4. Agendamento prático de reparos
5. Monitoramento das unidades em sobrecarga.

Existem várias técnicas para análises dos gases dissolvidos em óleo isolante, porém reconhece-se
que a análise e a interpretação dos significados não é uma ciência, mais uma arte sujeita a
variabilidade.
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Através da análise dos gases dissolvidos no óleo isolante é possível avaliar a condição de operação
do isolamento de um transformador de potência, com a identificação de eventuais processos de falha
que possam estar ocorrendo. Os processos identificáveis têm como origem o sobreaquecimento do
isolamento ou a ocorrência de descargas elétricas em seu interior.

A primeira indicação de mau funcionamento de um transformador de potência é o surgimento de


certos gases dissolvidos no óleo isolante. A análise destes gases pode identificar alguns
mecanismos de falha como descargas de baixa energia, de alta energia e sobreaquecimento do
equipamento. Estes eventos acarretam a decomposição dos materiais isolantes ocasionando a
formação de vários gases combustíveis e não combustíveis.

O processo de falha é relacionado com as temperaturas esperadas no óleo em função de seus


mecanismos. Assim a ocorrência de sobreaquecimento no isolamento deve elevar a temperatura a
valores que variam em função de sua severidade. Da mesma forma, a ocorrência de ruptura da
rigidez dielétrica do óleo, com o surgimento de descargas, pode ser associada com as temperaturas
de formação do arco em função de sua intensidade. Desta forma são estabelecidas faixas de
temperatura para as quais existe uma maior probabilidade da ocorrência de um determinado
processo. Estabelecida a correlação de temperatura, o processo de falha e sua intensidade, é
possível estimar nos equipamentos os processos envolvidos e faixas de temperaturas esperadas
para falhas específicas. Esta é a forma usual de estabelecer uma correlação entre a formação de
gases no óleo e processos ou falhas específicas.

GASES TÍPICOS GERADOS PELAS FALTAS EM TRANSFORMADORES

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7 CALDERARIA

Verificações nas soldas – Liquido penetrante / ultrassom

Verificação da Espessura e Aderência da Pintura


• aspecto da pintura deve estar isento de defeitos tais como: enrugamento, empolamento,
efeito casca de laranja, esfoliação, pontos de oxidação, fissuras, trincas, descaimentos,
porosidade, crateras, impregnação de abrasivos e contaminações.
• Os ensaios na pintura devem ser executados de acordo com a NBR 11388.
• Para transformadores com Um > 242kV a verificação da pintura é considerada ensaio de
rotina, para os demais, ensaio de tipo e são feitos por amostragem.

Os ensaios devem ser feitos conforme a seguir:


• a) a espessura especificada deve ser medida em, pelo menos, três pontos do tanque principal
e em um ponto da tampa do transformador;
• b) a aderência especificada na NBR 11388 e deve ser verificada pelo método do corte em
grade ou pelo método do corte em X, de acordo com a NBR 11003. Para sistemas de pinturas
especiais (pintura sobre gal vanização etc.), deve ser usado o método do c orte em X.

Vedações
A borracha nitrílica é o material mais utilizado na confecção de vedações;
As borrachas nitrílicas com formulação controlada, de modo geral, apresentaram bons resultados;
O problema é garantir a continuidade da qualidade da formulação e do processo fabril das borrachas;
A realização de ensaios físico-químicos nos materiais é necessária para garantir a qualidade do
produto. O ensaio de compatibilidade do material com ó óleo com o qual entrará em contato quando
em uso é fundamental

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Estanqueidade e Resistência à Pressão

Neste ensaio, a pressão é aplicada por meio de ar comprimido ou nitrogênio, secos, agindo sobre a
superfície do óleo, e é lida num manômetro instalado entre a válvula de admissão do ar e o
transformador. Esta pressão deve manter-se constante durante o tempo de aplicação especificado.

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8 UMIDADE RELATIVA DA SUPERFÍCIE ISOLANTE (URSI):

O método tradicionalmente utilizado por Empresas de Energia para a medição do teor de umidade da
isolação sólida é conhecido como URSI (Umidade Relativa da Superfície da Isolação).

A URSI é medida com o preenchimento do transformador com Nitrogênio ou Ar Sintético super-seco


e após um período de equilíbrio de, no mínimo, 24 horas, mede-se ponto de orvalho do gás para,
juntamente com a temperatura da parte ativa, através de um diagrama obter-se a umidade do papel.

As restrições ao método são, além da exigência de retirada do óleo isolante, como o próprio nome já
diz, avalia apenas a umidade da superfície e não de toda a massa do papel.

Ponto de orvalho designa a temperatura à qual o vapor de água presente no ar ambiente passa ao
estado líquido na forma de pequenas gotas por via da condensação, o chamado orvalho.

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9 ACESSORIOS

Ensaios

• Funcionais (F)
• Resistência de isolamento (R)
• Certificado fabricante (C)
• Ajuste conforme ensaio e/ou especificação (A)

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Elevação de temperatura

Os limites de elevação de temperatura dados a seguir são válidos para transformadores de isolação
sólida definida como “Classe A” de acordo com NBR 7034 e imersos em óleo mineral ou um líquido
sintético com ponto de fulgor não superior a 300ºC (primeira letra código :O).

Os limites de elevação de temperatura dos transformadores que possuem um sistema de isolação


mais resistente a temperatura e/ou que são imersos em um líquido menos inflamável (letra do código
K ou L) deve ser objeto de acordo.

Os limites de elevação de temperatura para os transformadores do tipo seco com diversos tipos de
isolação são dados pela norma NBR 10295.

Ensaio de elevaçãoEnsaio pelo método de curto circuito até o regime estável

Durante este ensaio o transformador não é submetido a tensão nominal e a corrente nominal
simultaneamente, mas às perdas totais calculadas, previamente obtidas pelas duas determinações
separadas das perdas, isto é as perdas em carga a temperatura de referência e as perdas em vazio.
• objetivo do ensaio é duplo.
− Estabelecer a elevação de temperatura do topo do óleo em regime estável com dissipação das
perdas totais.
− Estabelecer a elevação de temperatura média dos enrolamentos à corrente nominal com a
elevação de temperatura do topo do óleo determinada acima.

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MEDIÇÃO DE TEMPERATURA. (F, R e A)

Expansão do liquido isolante (F – Durante enchimento e ensaio de aquecimento)

Nível de oleo (F e R)

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Válvula de alívio de pressão (C e R)

RELÉ BUCHHOLZ e RELE DE FLUXO DE ÓLEO (F e R)

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Moto-ventiladores, motobombas, circuito de força

• Resistência de Isolamento
• Funcional.
• Medição das correntes dos motores

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Ensaios de Comutador de Derivações em Carga

Quando houver comutador de derivações em carga, este deve estar completamente montado no
transformador. A sequência de operações seguinte deve ser efetuada sem nenhuma falha:

a) oito ciclos completo de funcionamento, com o transformador desenergizado (um ciclo de


funcionamento vai de um extremo da faixa de derivação ao outro extremo, retornando em
seguida);
b) um ciclo completo de funcionamento, com o transformador desenergizado, com 85% da
tensão nominal de alimentação dos auxiliares;
c) um ciclo completo de funcionamento com o transformador energizado, em vazio, à tensão e
frequência nominais;
d) com um enrolamento em curto-circuito e com corrente mais próxima possível da corrente
nominal no enrolamento com derivações, dez operações de mudança de derivações entre
dois degraus de cada lado da posição onde o seletor de reversão de derivações opera, ou de
outra forma em torno da derivação central.

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10 ENSAIOS ELETRICOS

Ensaio de rotina : Ensaio realizado em todas as unidades de produção.

- Ensaio de tipo : Ensaio realizado em um transformador que representa os outros transformadores,


com o objetivo de demonstrar que estes transformadores atendem as condições especificadas não
cobertas pelos ensaios de rotina.

Nota - Um transformador é considerado como representante de outros transformadores, se é


completamente idêntico em que concerne a valores nominais e a construção. Ensaios de tipo podem
ser considerados igualmente válidos se efetuados em um transformador que apresente ligeiros
desvios de valores nominais ou outras características. Estes desvios devem ser objeto de acordo
entre fabricante e comprador.

- Ensaio especial : Ensaio outro que não ensaio de tipo nem de rotina, realizado mediante acordo
entre fabricante e comprador.

ENSAIOS DE ROTINA

- Resistência Elétrica dos Enrolamentos


- Relação de Transformação
- Polaridade
- Deslocamento angular e seqüência de fases
- Perdas em Carga e Impedância de Curto -Circuito
- Perdas em Vazio e Corrente de Excitação
- Resistência do Isolamento
- Ensaios Dielétricos de Rotina
- Tensão suportável à freqüência industrial.
- Tensão induzida
- Tensão induzida com medição de descargas parciais
- Impulso
- Ensaios de Comutador de Derivações em Carga
- Estanqueidade e Resistência à Pressão
- Verificação do Funcionamento dos Acessórios
- Verificação da Espessura e Aderência da Pintura.

- ENSAIOS DE TIPO

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- Elevação de Temperatura
- Nível de Ruído

- ENSAIOS ESPECIAIS

- Fator de Potência do Isolamento


- Impedância Sequência Zero em Transformadores Trifásicos
- Tensão de Radiointerferência (RIV)
- Medição de Harmônicos na Corrente de Excitação
- Ensaio Suportabilidade a Curto -Circuito
- Medição da Resposta em Frequência e Impedância Terminal
- Umidade Relativa Superficial Interna (URSI)
- Vácuo Interno

11 ENSAIOS DE ROTINA

11.1 Resistência Elétrica dos Enrolamentos

Este ensaio visa verificar a resistência dos contatos, apertos, conexão, contatos do comutador, etc.,
e determinar a resistência elétrica de cada enrolamento que multiplicado pela corrente de fase ao
quadrado (I2) resultará nas perdas ôhmicas utilizadas no cálculo das perdas totais.

Em transformadores com comutador o ensaio e realizados em todas as derivações.

Devem ser registrados:

- A resistência de cada enrolamento,


- Os terminais entre os quais ela for medida
- A temperatura dos enrolamentos.

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Em todas as medições de resistência, cuidados devem ser tomados para se reduzir ao mínimo os
efeitos de auto-indutância.

Cuidados adicionais com a instrumentação

Desligar o voltímetro (ou galvanômetro, no caso de empregar ponte) antes de chavear a fonte de
corrente.

Seleção da corrente de teste

• Tentar saturar o núcleo. Isto acontece tipicamente quando a corrente de teste é de cerca de
1% da corrente nominal corrente.

• Nunca ultrapasse 15% da corrente nominal. Isso pode causar leituras erradas devido ao
aquecimento do enrolamento

• Correntes típicas são entre 0,05-1% da corrente nominal

• Se a corrente de teste for muito baixa, resistência medida não será consistente (dependendo
da condição magnética antes do inicio do ensaio)

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Relação principal entre corrente aplicada, resistência e saturação do núcleo

Resultado esperado

Padrão de fábrica, permite uma diferença máxima de 0,5% a partir da média dos três enrolamentos.

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11.2 Relação de transformação

O ensaio de relação de transformação, também conhecido como TTR, mede a relação entre espiras
de dois enrolamentos, como a relação entre espiras entre dois enrolamentos (N1 e N2) e diretamente
proporcional à relação de tensão desses mesmos enrolamentos (V1 e V2), é correto afirmar que o
ensaio mede a relação de tensão entre dois enrolamentos.

O ensaio mede com um alto grau de precisão, a relação de tensão (razão V1/V2) entre o primário e o
secundário do transformador. Este ensaio também verifica a polaridade, confirma o deslocamento
angular e os degraus de tensão do comutador de tapes. Também pode ser usado como uma
ferramenta de investigação para verificar se os enrolamentos apresentam curto entre espiras ou se
os enrolamentos estão abertos.

O instrumento tradicional (TTR) utilizava a comparação entre um transformador padrão (interno ao


instrumento) com o transformador sob ensaios, a excitação é feita manualmente através de uma
manivela (gerador) e o equilíbrio entre a relação do transformador padrão com o transformador sob
ensaios é determinada pelo equilíbrio nulo (zero) indicado em um galvanômetro.

A maioria dos instrumentos atuais são automáticos e apresentam digitalmente o valor da relação,
valor da corrente de excitação e outras informações.

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POLARIDADE – CONCEITO / MÉTODOS

H1 H2 H1 H2

Polaridade
É a marcação existente nos terminais (dos enrolamentos) dos transformadores indicando o sentido
da circulação da corrente em um determinado instante. X1 X2 X2 X1

POLARIDADE SUBTRATIVA POLARIDADE ADITIVA

H1 H2 H1 H2

v v

X2 X1
X1 X2

V MENOR QUE A TENSÃO DA FONTE V MAIOR QUE A TENSÃO DA FONTE

H2 H1-X1 X2 H2 H1-X2 X1

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Deslocamento angular

O deslocamento angular em transformadores trifásicos traduz o ângulo entre os fasores das tensões
(e, consequentemente, das correntes) de fase do enrolamento de menor tensão em relação ao
enrolamento de maior tensão.

Assim, para que se possa determinar o defasamento angular se faz necessário elaborar primeiro o
diagrama fasorial correspondente, lembrando que o defasamento angular é medido do enrolamento
de tensão inferior (X) para o enrolamento de tensão superior (H) no sentido anti-horário.

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12 MEDIÇÃO DE PERDAS EM TRANSFORMADORES

1. Medição de Resistência de Enrolamento

A medição da resistência elétrica dos enrolamentos do transformador, conhecida a


temperatura dos enrolamentos, é de fundamental importância uma vez que o valor dessa
resistência é básico para:
a) Avaliar a qualidade das conexões e continuidade dos enrolamentos dentro do
transformador.
b) Calcular as perdas ôhmicas (perdas em carga) I2R dos enrolamentos na temperatura
de referência.
c) Calcular a temperatura dos enrolamentos no final do ensaio de elevação de
temperatura.
d) Estabelecer um valor de referência para futuras comparações (referência para avaliar
as condições dos enrolamentos: conexões soltas, tentos rompidos, resistência de
contato dos comutadores de derivações).
A medição é efetuada com corrente contínua por um método de ponte ou pelo método de
queda de tensão. A norma recomenda a utilização de correntes de ensaio não superiores a
15 % da corrente nominal do enrolamento sob ensaio.
No caso de enrolamento em delta, a resistência por fase é 1,5 vezes a resistência medida,
pois temos uma fase em paralelo com outros dois em série, como pode ser observado na
Figura 1.

Figura 1 – Resistência para Enrolamento Ligado em Delta

As resistências ôhmicas variam com a temperatura e por isso devem ser medidas sempre
com uma referência à temperatura na qual estão sendo medidas. Usualmente, faz-se a
leitura da resistência numa dada temperatura e depois a converte para uma temperatura de
referência, que para o caso de transformadores de distribuição é 75ºC. A fórmula para a
conversão, e que vale apenas para condutores de cobre, é:

234,5 + T '
R' = R ⋅
234,5 + T
onde,
R’ – resistência na temperatura de referência (75ºC);
T’ – Temperatura de referência;
T – Temperatura em que foi realizado o ensaio;
R – Resistência medida.

Para o caso de enrolamentos de alumínio, a parcela 234,5 é substituída por 225.

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A Tabela 1 mostra um exemplo de uma medição de resistência ôhmica de um transformador


trifásico de 13200-220/127V, 45 kVA, com conexão Dyn1.

Tabela 1 – Medição de Resistência Ôhmica de um Transformador Trifásico


RESISTÊNCIA DOS ENROLAMENTOS ( Ω )
D E R IVA Ç Ã O H 1-­‐H 2 H 2-­‐H 3 H 3-­‐H 1 X 1-­‐X 0 X 2-­‐X 0 X 3-­‐X 0 T E M P .  (°C )
13200  -­‐  2 20  /  127 63,070 62,940 62,870 0,006807 0,006842 0,006919 24,4
             
             

O ensaio deve ser conduzido de maneira a se ter uma rápida estabilização da corrente.
Demora na estabilização da corrente ocasiona elevação da temperatura do enrolamento.
Como a temperatura do enrolamento, quando da medição da resistência a frio, é tomada
igual à temperatura média do óleo, a consideração de uma temperatura para enrolamento
menor do que sua temperatura real faz com que a temperatura do enrolamento calculada a
partir da medição de sua resistência seja menor.
O enrolamento apresenta resistência e indutância. A energização de um circuito com
resistência e indutância através de uma fonte de corrente contínua conduz a circulação de
uma corrente que cresce exponencialmente com uma constante de tempo dada pela relação
entre a indutância do circuito e sua resistência. A indutância se comporta inicialmente como
um circuito aberto e, depois de certo tempo, se comporta como um curto circuito.
Para a medição da temperatura do topo do óleo, visando estimar a temperatura média dos
enrolamentos, o transformador deverá permanecer desenergizado, em ambiente fechado,
livre de correntes de ar, por tempo suficiente até o equilíbrio térmico do conjunto.
Em ambientes com circulação de ar, a dispersão das medidas da resistência dos
enrolamentos aumenta, tornando imprecisa a estimativa da temperatura média dos
enrolamentos pela temperatura ambiente. Assim, a estimativa da temperatura média dos
enrolamentos através da temperatura ambiente pode provocar erros significativos no
cálculo das perdas em carga referidas à 75ºC e, em particular, no ensaio de elevação de
temperatura do transformador.

12.1 Medição de Perdas em Vazio

A alimentação do transformador pode ser feita tanto através do enrolamento de alta-tensão,


como no de baixa tensão, sendo mais conveniente este último, para maior facilidade na
medição da corrente (valor da corrente de excitação mais elevado) e menor tensão da fonte
de alimentação.
O diagrama da Figura 2 mostra as ligações para as medições das perdas em vazio de um
transformador trifásico.

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Figura 2 – Medição de Perdas em Vazio em Transformadores Trifásicos

As perdas em vazio e a corrente de excitação devem ser referidas a tensão senoidal pura,
com fator de forma 1,11. As perdas em vazio devem ser medidas com tensão nominal na
derivação principal, ou, quando medidas numa outra derivação, com a respectiva tensão de
derivação, na frequência nominal.
É importante observar que a correção das perdas medidas em vazio para uma base
senoidal, através do método do voltímetro de valor médio, exige que os voltímetros sejam
conectados de maneira a medir a tensão aplicada entre os terminais de cada fase do
enrolamento. Assim, se o enrolamento energizado estiver ligado em triângulo, os voltímetros
devem ser conectados entre os terminais de linha. Se o enrolamento energizado estiver
ligado em estrela, os voltímetros deverão ser conectados entre os terminais de linha e o
neutro. Essa precaução se deve ao fato de que as formas de onda das tensões entre fases
não são, necessariamente, iguais às das tensões fase-neutro.
Mesmo com uma tensão de alimentação senoidal, esta pode ser distorcida pelos
harmônicos que existem na corrente de excitação, dos quais o terceiro, o quinto, o sétimo e
o nono são predominantes. Para a medição das perdas em vazio com uma tensão com
forma de onda distorcida, deve-se introduzir uma correção no valor medido das perdas, para
referi-las à tensão senoidal pura. Isto é válido para transformadores monofásicos e também
para transformadores trifásicos, quando o enrolamento em triângulo é energizado. Se todos
os enrolamentos são ligados em estrela, a correção não é possível. Neste caso, a soma do
quinto e do sétimo harmônicos não deve exceder 5% da tensão de linha, e para verificação
deve ser obtido um oscilograma de tensão.
Anotam-se, simultaneamente, os valores de frequência, tensão eficaz, potência, tensão
média e corrente. Após desligar o transformador sob ensaio, faz-se nova leitura do
wattímetro, a qual é subtraída da anterior, e corresponde às perdas no circuito de medição.
As perdas em vazio consistem, principalmente, das perdas por histerese e por correntes de
Foucault (parasitas), e são função do valor, frequência e de forma de onda da tensão de
alimentação.
As perdas por histerese são função do valor máximo da densidade de fluxo, a qual é função
do valor médio da tensão de alimentação (Vmed), enquanto as perdas por corrente de
Foucault (parasitas) são função do valor eficaz da tensão de alimentação (Vef).
Em consequência, a correção acima mencionada só é possível se os valores médio e eficaz
da tensão de alimentação forem medidos. A tensão nominal deve ser ajustada pelo
voltímetro de valor médio. A correção a ser feita nas perdas em vazio medidas é:

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100
W0 = Wm ×
Wh % + kW f %
2
⎛ Vef ⎞
k = ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ Vmed ⎠
sendo:
W0 = perdas em vazio corrigidas para a tensão senoidal pura, em W;
Wm = perdas em vazio medidas, em W;
W h = perdas por histerese, em %, relativas a Wm ;
W f = perdas por correntes de Foucault, em %, relativas a Wm ;
V ef = valor eficaz da tensão de alimentação, em V;
Vmed = valor médio da tensão de alimentação, em V.

Os valores de W h e W f devem ser medidos; contudo, na falta destes, os seguintes valores


típicos podem ser usados para chapas laminadas a frio de grão orientado (ver Tabela 2).

Tabela 2 – Correções Utilizadas para as Perdas em Vazio

W h (%) W f (%)
50 50

A distorção na forma de onda da tensão da fonte de alimentação é causada pela forma de


onda da corrente de excitação do transformador, particularmente quando a fonte de tensão
tem potência reduzida e alta impedância. A Figura 3 exemplifica a forma de onda da
corrente de excitação, considerando o ciclo de histerese do núcleo do transformador, para
uma fonte de tensão puramente senoidal.

Figura 3 – Forma de onda da Corrente de Excitação para Tensão Puramente Senoidal

As perdas em vazio podem ser relacionadas à tensão aplicada ao transformador,


independente da relação existente entre perdas por histerese (Ph) e perdas por correntes
parasitas (Pp), conforme medições realizadas no intervalo compreendido da tensão
nominal do enrolamento alimentado ± 5 %. A análise dos resultados mostra que a relação
entre as perdas medidas e a tensão aplicada pode ser expressa adequadamente pela
função:

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b
Po = Ph + Pp = a.Vmed

Os valores da corrente de excitação, medidos para o mesmo intervalo de tensão aplicado na

medição de perdas em vazio, mostram que a corrente de excitação também pode ser

adequadamente expressa, em função dos valores médio e eficaz da tensão de ensaio, por

uma função do tipo:

( B'
I exc = 12 ⋅ A'⋅Vmed + A' '⋅VefB '' )
Os parâmetros a e b da expressão definida para as perdas em vazio e A’, B’, A’’ e B’’ da
expressão da corrente de excitação são mostrados na Tabela 3 para o transformador de
45 kVA, tomado como exemplo.

TABELA 3 – EXEMPLO DOS DADOS OBTIDOS DURANTE A MEDIÇÃO DAS PERDAS A VAZIO

12.2 Medição das Perdas sob Carga

As perdas em carga são as perdas que o transformador apresenta devido à circulação da


corrente nominal pelos seus enrolamentos. São constituídas pelas perdas ôhmicas nos
enrolamentos devido à corrente de carga que neles circula e perdas adicionais. As perdas
adicionais são perdas ôhmicas nos condutores e partes metálicas devidas à circulação de
correntes parasitas induzidas pelo fluxo magnético produzido pela corrente de carga.
As perdas em carga mais as perdas em vazio se constituem nas perdas totais do
transformador. Esse valor de perdas totais juntamente com o valor das perdas em vazio
faz parte da especificação do transformador, sendo item importante no julgamento de
propostas de fornecimento. As perdas totais também são aplicadas no transformador no
ensaio de elevação de temperatura do transformador.
Devido a sua natureza, as perdas em carga variam com a temperatura dos enrolamentos.
As normas fixam as temperaturas de referência para expressar as perdas em carga. A
NBR 5356-1:2007 – Tabela 3 especifica a temperatura de 75 ºC para expressar as perdas
em carga para transformadores com elevação de temperatura dos enrolamentos de 55 ºC
e, de 85 ºC para expressar as perdas em carga para transformadores com elevação de
temperatura dos enrolamentos de 65 ºC.
As perdas em carga dependem das resistências ôhmicas dos enrolamentos (que
dependem da temperatura dos enrolamentos) e das correntes parasitas induzidas pelos

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fluxos dispersos estabelecidos pela corrente de carga (que dependem da temperatura das
partes metálicas onde são induzidas as correntes parasitas).
O arranjo utilizado para a realização do ensaio de medição de perdas em carga é
mostrado na Figura 4. As medições devem ser executadas rapidamente para a elevação
de temperatura dos enrolamentos não causar erros significativos.
A TC

W V TP
A H 1 x1
N
B TC B
H 2 x2

W V TP H 3 x3

A
N
C TC C

W V TP
A
N
A

FIGURA 4 – ARRANJO PARA A MEDIÇÃO DAS PERDAS EM CARGA


Na medição das perdas em carga curto circuita-se os terminais de um dos enrolamentos e
aplica-se tensão de frequência fundamental no outro enrolamento até circular por esse
enrolamento sua corrente nominal. Por conveniência curto circuita-se o enrolamento de
menor tensão, uma vez que a conexão que curto circuita os terminais do enrolamento é
mais curta e a corrente no circuito de medição (lado da fonte) é menor.
Tomam-se leituras simultâneas da corrente, da tensão aplicada ao enrolamento e da
potência absorvida pelo transformador ligado com um dos enrolamentos em curto-circuito.
A temperatura dos enrolamentos deve ser determinada antes e depois do ensaio. A média
aritmética das duas leituras deve ser considerada a temperatura do ensaio (q).
O condutor utilizado para curto circuitar um dos enrolamentos do transformador deve ter
seção igual ou superior a dos seus respectivos terminais, e deve ser tão curto quanto
possível. Isto é, deve ser de resistência bem menor que a do enrolamento curto circuitado
para não introduzir erro no valor das perdas medidas, mas de seção tal a não se
apresentar como um dissipador do calor gerado pelo enrolamento.
O ensaio de medição de perdas em carga deve ser realizado após o transformador ter
estado desenergizado por tempo suficiente para que a temperatura dos seus
enrolamentos possa ser considerada igual à temperatura média do óleo do transformador.
O ensaio deve ser feito em ambiente livre de correntezas de ar.
O tempo entre a energização do transformador e o registro das grandezas medidas deve
ser o mais rápido possível para não alterar a temperatura dos enrolamentos e, como
consequência, suas resistências ôhmicas. Das perdas em carga medidas subtrai-se as
perdas ôhmicas nos enrolamentos. As perdas ôhmicas são calculadas considerando-se os
enrolamentos na temperatura do óleo. Como no ensaio a corrente circulante é a nominal,
qualquer demora no ajuste da corrente de ensaio e medição das perdas pode elevar a
temperatura do enrolamento, fazendo com que as perdas ôhmicas calculadas sejam
menores que as que realmente acontecem dentro do transformador.
Para se determinar as perdas em carga na temperatura de referência (q’), a partir das
perdas em carga na temperatura de ensaio (q), deve-se levar em conta que as perdas em
carga de um transformador (WE) compõe-se das perdas ôhmicas (WR) e das perdas
adicionais (WA). As perdas ôhmicas aumentam com a elevação de temperatura, e são
determinadas pela soma das perdas I2R dos enrolamentos, onde I representa a corrente
na qual foi feito o ensaio de perdas em carga, e R representa a resistência medida dos
respectivos enrolamentos, corrigidas para a temperatura (q). As perdas adicionais

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diminuem com a elevação de temperatura e são equivalentes à diferença entre as perdas


em carga medidas e as perdas ôhmicas calculadas.
Assim, quando se deseja converter as perdas em carga de uma temperatura (q) para outra
temperatura de referência (q’), as duas parcelas das perdas em carga são corrigidas
separadamente, como segue:
k +θ' k +θ
WR' = WR WA' = WA
k +θ k +θ'
onde:
WR' = perdas ôhmicas referidas à temperatura θ ' , em W;
W A' = perdas adicionais referidas à temperatura θ ' , em W;
k = 234,5 ºC para o cobre e 225,0 ºC para o alumínio;
θ = temperatura do ensaio, em °C;
θ ' = temperatura de referência, em °C (usualmente 75 ºC).

As perdas em carga, na temperatura desejada (q’), são então calculadas pela equação:

WE' = WA' + WR'

A impedância de curto-circuito ( z ), referida ao enrolamento energizado é constituída pela


componente resistiva ( r ) e pela componente reativa ( x ). São obtidas através das
equações:
ez WE
z= r= x = z2 − r2
In I n2

sendo:
z = Impedância de curto-circuito, referida ao enrolamento sob tensão, Ω;
ez = Tensão de curto-circuito, referida ao enrolamento sob tensão, V;
In = Corrente nominal do enrolamento, A;
r = Componente resistiva, Ω;
x = Componente reativa, Ω.

A impedância de curto-circuito é, geralmente, expressa em percentagem. Neste caso, seu


valor é idêntico ao da tensão de curto-circuito em percentagem, sendo determinado pelas
equações:
e W 2 2
Z % = z × 100 r % = E × 100 x% = (Z %) − (r %)
Vn Pn
onde:
Vn – Tensão nominal do enrolamento, V;
Pn – Potência nominal do enrolamento, VA.

A componente resistiva varia com a temperatura, enquanto que a componente reativa não
varia. Assim, quando se deseja converter a impedância de curto-circuito de uma
temperatura θ para outra temperatura de referência θ ' , calcula-se o novo valor da
componente resistiva através das equações:
W E' WE'
r' = r '% = × 100
I n2 I n2

A impedância de curto-circuito, na temperatura θ ' é, então, calculada pelas equações:


Z ' = r'2 + x 2 Z '% = (r '%)2 + (x%)2
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A Tabela 4 mostra um exemplo dos dados obtidos durante a medição de perdas em carga
realizada no transformador de 45 kVA, tomado como exemplo.

Tabela 4 – Dados de Ensaio de Perdas em Curto-Circuito


PERDAS EM CURTO-CIRCUITO
D E R IVA Ç Ã O T E N S Ã O  C .C . C O R R E N T E  N O  E N R O L A M E N T O  A T  (A ) P ER DAS TEMP .
(V) H1 H2 H3 M ÉD IA (W) (°C )
13200  -­‐  2 20  /  127 455,4 1,935 1,982 1,983 1,967 673,2 24,2
               
               
D E R IVA Ç Ã O P E R D A S  O H M IC A S  A T  (W) P E R D A S  O H M IC A S  B T  (W) P ER DAS P ER DAS TEMP .
H 1-­‐H 0 H 2-­‐H 0 H 3-­‐H 0 X 1-­‐X 0 X 2-­‐X 0 X 3-­‐X 0 O H M IC A S A D IC IO N A IS (°C )
13200  -­‐  2 20  /  127 117,9 123,9 123,3 91,3 96,3 97,5 650,0 23,2 24,2
                 
                 

Para a comparação com os limites prescritos na norma NBR 5440/1999, os resultados


obtidos no ensaio de rotina devem ser referidos a 75ºC. Os resultados obtidos para o
transformador exemplificado de 45 kVA estão mostrados na Tabela 5.

TABELA 5 – PERDAS REFERIDAS À TEMPERATURA DE REFERÊNCIA


PERDAS TOTAIS E IMPEDÂNCIA A 75°C
D E R IVA Ç Ã O C O R R E N T E  D E P E R D A S  (W) IM P E D Â N C IA  C UR T O -­‐C IR C UIT O  (%)
E X C IT A Ç Ã O  (%) VA Z IO C UR T O -­‐C IR C UIT O T O T A IS R X Z
13200  -­‐  2 20  /  127 3,96 226,4 797,0 1023,4 1,77 3,11 3,58
             
             

Para transformadores de distribuição, a ABNT NBR 5440 padroniza os limites de perdas em


vazio, perdas totais, corrente de excitação e tensão (impedância) de curto-circuito. As
tabelas 6 a 9 mostram os valores máximos prescritos pela ABNT para transformadores de
distribuição monofásicos e trifásicos, de classes de tensão 15 kV, 25 kV e 36,2 kV.

Tabela 6 - ABNT 5440/1999 para Transformadores Trifásicos Classe 15 kV


Potência Corrente Excitação Perdas em Vazio Perdas Totais Tensão de Curto-
(kVA) Máxima (%) Máxima (W) Máximas (W) Circuito 75ºC (%)
15 4,8 100 440
30 4,1 170 740
45 3,7 220 1000
3,5
75 3,1 330 1470
112,5 2,8 440 1990
150 2,6 540 2450
225 2,3 765 3465
4,5
300 2,2 950 4310

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Tabela 7 - ABNT 5440/1999 para Transformadores Trifásicos Classe 25 e 36,2 kV

Potência Corrente Excitação Perdas em Vazio Perdas Totais Tensão de Curto-


(kVA) Máxima (%) Máxima (W) Máximas (W) Circuito 75ºC (%)
15 5,7 110 500
30 4,8 180 825
45 4,3 250 1120
4,0
75 3,6 360 1635
112,5 3,2 490 2215
150 3,0 610 2755
225 2,7 820 3730
5,0
300 2,5 1020 4620

Tabela 8 - ABNT 5440/1999 para Transformadores Monofásicos Classe 15 kV

Potência Corrente Excitação Perdas em Vazio Perdas Totais Tensão de Curto-


(kVA) Máxima (%) Máxima (W) Máximas (W) Circuito 75ºC (%)
3 4,9 40 115
5 4,0 50 160
10 3,3 60 260
15 3,0 85 355
25 2,7 120 520 2,5
37,5 2,4 160 700
50 2,2 190 830
75 2,0 230 1180
100 1,9 260 1500

Tabela 9 - ABNT 5440/1999 para Transformadores Monofásicos Classe 25 e 36,2 kV

Potência Corrente Excitação Perdas em Vazio Perdas Totais Tensão de Curto-


(kVA) Máxima (%) Máxima (W) Máximas (W) Circuito 75ºC (%)
3 5,7 40 115
5 4,8 50 170
10 4,0 70 285
15 3,6 90 395
3,0 (Classe 36,2 kV)
25 3,1 130 580 2,5 (Classe 25 kV)
37,5 2,9 170 775
50 2,7 220 975
75 2,1 250 1260
100 1,5 300 1550

A perda em carga para transformadores de três enrolamentos é, aproximadamente, a


soma das perdas de cada enrolamento, determinadas para as condições de carga em
cada enrolamento. Medem-se as perdas de cada par de enrolamentos, deixando o terceiro
enrolamento em aberto. A corrente de ensaio deve ser a nominal do enrolamento de
menor potência do par sob ensaio.
Sejam W1, W2 e W3, respectivamente, as perdas em carga nos enrolamentos 1, 2 e 3
referidas, respectivamente às potências nominais P1, P2 e P3, na temperatura de referência
q, em W. Além disso, sejam:
W12 = perda nos enrolamentos 1 e 2, referida à potência P2, na temperatura q, em
W;

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W13 = perda nos enrolamentos 1 e 3, referida à potência P3, na temperatura q, em


W;
W23 = perda nos enrolamentos 2 e 3, referida à potência P3, na temperatura q, em
W.
As perdas em cada enrolamento são dadas por:

12.3 Ensaio de Elevação de Temperatura

No ensaio de elevação de temperatura o transformador é alimentado de maneira a fazer


circular nos seus enrolamentos uma corrente suficiente para gerar perdas internas iguais
às perdas totais referidas à temperatura de referência. Através deste ensaio, determina-se
a elevação da temperatura dos enrolamentos e do óleo isolante sobre a temperatura
ambiente, para verificar se o aquecimento do transformador está dentro dos limites
especificados e, de certa forma, para validar a potência nominal do protótipo em avaliação.
Além disso, a temperatura de operação dos enrolamentos é fator determinante para o
envelhecimento da isolação de papel, sendo utilizada para estimar a perda de vida do
transformador em regimes de sobrecarga.
Para a realização do ensaio de elevação de temperatura, o transformador deve estar
completamente montado, com todos os acessórios em funcionamento normal e com óleo
isolante até o nível indicado pelo fabricante. O local do ensaio deve ser em ambiente
isento de correntes de ar.
A temperatura ambiente deve ser medida através de, no mínimo, três sensores dispostos
ao redor do tanque, afastados entre 1 m e 2 m do tanque ou radiadores, colocados à meia
altura da superfície de resfriamento. O sistema de medição da temperatura ambiente deve
ter, aproximadamente, a mesma constante de tempo do transformador (2 h). Os sensores
são colocados dentro de recipientes com óleo isolante, de modo a se ter a mesma
constante de tempo que a do transformador sob ensaio.
Para a determinação da elevação de temperatura dos enrolamentos sobre o ambiente é
necessário primeiro medir a elevação de temperatura do óleo isolante, seja pelo método
da temperatura média do óleo ou pelo método da temperatura no topo do óleo. Para a
medição da temperatura no topo do óleo o sensor deve ser posicionado a
aproximadamente 5 cm abaixo da superfície do líquido isolante. Já para a medição da
temperatura média do óleo, calcula-se a diferença entre a temperatura do topo do óleo e a
metade da diferença entre as temperaturas medidas próxima ao topo e no fundo do
tanque do transformador, caso não possua radiadores externos, ou nas partes superior e
inferior de seus radiadores.
A elevação de temperatura do óleo é determinada subtraindo-se a temperatura do meio
refrigerante (ambiente) da temperatura do óleo isolante, quando o transformador é
alimentado e mantido com perdas totais. Neste caso, o transformador é usualmente
alimentado pelo seu enrolamento de alta tensão, de modo a fazer circular nos terminais
curto-circuitados do enrolamento de baixa tensão corrente suficiente para que as perdas
consumidas pelo transformador sejam equivalentes às perdas totais, referidas a 75ºC. As
perdas totais são então mantidas constantes até que a elevação de temperatura do óleo
não varie em mais que 1ºC durante três horas consecutivas. Se o transformador tiver
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várias derivações, deve-se realizar o ensaio naquela com maiores perdas totais, em geral
a derivação de menor tensão.
Nesse arranjo de ensaios, através do qual se introduz no transformador suas perdas
totais, o transformador também absorve uma quantidade significativa de energia reativa
que é bem maior que a energia ativa decorrente das perdas. Assim sendo, para realizar o
ensaio deve-se dispor de fonte de tensão regulada com capacidade suficiente para suprir
tanto as perdas ativas como as perdas reativas. Os laboratórios que fazem ensaios de
transformadores de maior potência, a potência reativa é obtida ou complementada através
de banco de capacitores instalados entre a fonte e o transformador sob ensaio.
A Tabela 10 mostra a evolução da elevação de temperatura do óleo isolante de um
transformador de distribuição 13.800-220/127 V, 45 kVA, com perdas ativas totais de
1023,4 W, conforme exemplo da Tabela 5. Verifica-se que a elevação de temperatura
determinada para o óleo isolante corresponde a 45,2 ºC, medido às 7:54 horas, porém
seriam necessárias apenas 8 horas de ensaio para satisfazer o critério de estabilização de
temperatura (a partir das 22:54 horas), prescrito pela norma da ABNT (ver Figura 5). A
constante de tempo de aquecimento do óleo no transformador foi calculada em 2,4 horas.

TABELA 10 – ENSAIO DE ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA – DETERMINAÇÃO DA ELEVAÇÃO DE


TEMPERATURA DO ÓLEO ISOLANTE EM RELAÇÃO AO AMBIENTE
HOR A T E N S Ã O C OR R E N T E P E R D A S P OT Ê N C IA T E M P .  Ó LE O  ( °C ) T E M P E R A T U R A  A M B IE N T E    ( °C ) E LE V .  Ó LE O OB S E R V A ÇÕE S
(V ) (A ) (W ) (V A ) M E D ID A C OR R IG . T E R M .1 T E R M .2 T E R M .3 M É D .C OR R . (°C )
15:54 54 9 ,1 2 ,3 71 982 2 2 55 2 4 ,4 2 4 ,2 2 2 ,0 2 1,7 2 1,7 2 1,6 2 ,6  -­‐  
16 :2 4 54 8 ,5 2 ,3 3 0 10 2 3 2 2 13 3 5,9 3 5,7 2 1,9 2 1,8 2 1,7 2 1,6 14 ,1 A lfa  =  2 ,4 0    -­‐  Ó leo  =  70 ,9  
16 :54 54 5,1 2 ,3 0 3 10 2 3 2 174 4 4 ,3 4 4 ,0 2 2 ,2 2 2 ,0 2 2 ,0 2 1,8 2 2 ,2 A lfa  =  2 ,0 7    -­‐  Ó leo  =  59 ,8  
17:2 4 54 2 ,7 2 ,2 8 5 10 2 3 2 14 7 50 ,7 50 ,4 2 2 ,5 2 2 ,4 2 2 ,3 2 2 ,2 2 8 ,2 A lfa  =  2 ,0 9    -­‐  Ó leo  =  56 ,1  
17:54 54 1,1 2 ,2 72 10 2 4 2 12 9 55,3 54 ,9 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,4 3 2 ,5 A lfa  =  2 ,0 3    -­‐  Ó leo  =  52 ,0  
18 :2 4 53 9 ,9 2 ,2 6 2 10 2 4 2 115 58 ,4 58 ,0 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,5 2 2 ,4 3 5,7 A lfa  =  1,78    -­‐  Ó leo  =  4 7,3  
18 :54 53 8 ,7 2 ,2 54 10 2 3 2 10 3 6 0 ,8 6 0 ,4 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,4 3 8 ,0 A lfa  =  1,71    -­‐  Ó leo  =  4 5,7  
19 :2 4 53 8 ,0 2 ,2 4 8 10 2 3 2095 6 2 ,7 6 2 ,3 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,6 3 9 ,7 A lfa  =  1,6 7    -­‐  Ó leo  =  4 5,1  
19 :54 53 7,5 2 ,2 4 4 10 2 3 2089 6 4 ,1 6 3 ,6 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,8 2 2 ,6 4 1,1 A lfa  =  1,6 5    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,8  
2 0 :2 4 53 7,1 2 ,2 4 1 10 2 3 2085 6 5,1 6 4 ,6 2 2 ,9 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,6 4 2 ,0 A lfa  =  1,6 4    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,8  
2 0 :54 53 6 ,8 2 ,2 3 8 10 2 3 2081 6 6 ,0 6 5,5 2 2 ,9 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,7 4 2 ,8 A lfa  =  1,6 4    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,8  
2 1:2 4 53 6 ,6 2 ,2 3 7 10 2 3 2 0 79 6 6 ,5 6 6 ,0 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,7 4 3 ,4 A lfa  =  1,6 5    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,8  
2 1:54 53 6 ,6 2 ,2 3 6 10 2 4 2 0 78 6 6 ,9 6 6 ,4 2 2 ,9 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,6 4 3 ,8 A lfa  =  1,6 5    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,9  
2 2 :2 4 53 6 ,4 2 ,2 3 5 10 2 3 2 0 76 6 7,2 6 6 ,7 2 2 ,9 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,6 4 4 ,1 A lfa  =  1,6 6    -­‐  Ó leo  =  4 4 ,9  
2 2 :54 53 6 ,4 2 ,2 3 5 10 2 4 2 0 76 6 7,5 6 7,0 2 2 ,8 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,6 4 4 ,4 A lfa  =  1,6 6    -­‐  Ó leo  =  4 5,0  
2 3 :2 4 53 6 ,2 2 ,2 3 4 10 2 3 2 0 74 6 7,6 6 7,1 2 2 ,8 2 2 ,9 2 2 ,7 2 2 ,6 4 4 ,5 A lfa  =  1,6 7    -­‐  Ó leo  =  4 5,0  
2 3 :54 53 6 ,2 2 ,2 3 3 10 2 3 2 0 74 6 7,8 6 7,3 2 2 ,8 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,5 4 4 ,8  -­‐  
0 0 :2 4 53 6 ,2 2 ,2 3 3 10 2 3 2 0 74 6 7,9 6 7,4 2 2 ,8 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,5 4 4 ,9  -­‐  
0 0 :54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 73 6 7,9 6 7,4 2 2 ,7 2 2 ,8 2 2 ,6 2 2 ,5 4 4 ,9  -­‐  
0 1:2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 73 6 7,9 6 7,4 2 2 ,7 2 2 ,8 2 2 ,6 2 2 ,5 4 4 ,9 A lfa  =  1,70    -­‐  Ó leo  =  4 5,1  
0 1:54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 73 6 8 ,0 6 7,5 2 2 ,7 2 2 ,8 2 2 ,6 2 2 ,5 4 5,0 A lfa  =  1,71    -­‐  Ó leo  =  4 5,1  
0 2 :2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 73 6 8 ,0 6 7,5 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,4 4 5,1 A lfa  =  1,78    -­‐  Ó leo  =  4 5,2  
0 2 :54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,0 6 7,5 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,1 A lfa  =  1,8 2    -­‐  Ó leo  =  4 5,2  
0 3 :2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,0 6 7,5 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,1  -­‐  
0 3 :54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2  -­‐  
0 4 :2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  1,9 4    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 4 :54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  1,9 8    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 5:2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,0 6 7,5 2 2 ,6 2 2 ,6 2 2 ,4 2 2 ,3 4 5,2 A lfa  =  2 ,0 2    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 5:54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  2 ,18    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 6 :2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  2 ,2 5    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 6 :54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  2 ,3 4    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 7:2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,2 6 7,7 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,5 4 5,2 A lfa  =  2 ,4 2    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 7:54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  2 ,4 3    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  

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50

45

40
Elevação  de  Temperatura  (ºC)

35

30

25

20

15

10

0
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

Tempo  (h)

FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DA ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA ÓLEO X AMBIENTE


Uma vez determinada a elevação de temperatura do óleo isolante sobre o ambiente, a
tensão da fonte de alimentação é reduzida de modo a fazer circular corrente nominal nos
terminais curto-circuitados do enrolamento de baixa tensão. Esta nova condição de ensaio
é mantida constante por pelo menos uma hora, após o que se passa a determinar a
elevação de temperatura média de cada par de terminais dos enrolamentos de alta e de
baixa tensão em relação à temperatura do óleo, empregando-se o método da medição da
resistência a quente.
A medição da resistência a quente dos enrolamentos deve ser realizada nos primeiros 4
minutos (até seis minutos), após o desligamento da fonte de alimentação, determinando a
variação de resistência elétrica nesse período, através de um conjunto de medidas
tomadas a cada 15 segundos. O valor da resistência elétrica dos enrolamentos no
momento do desligamento é calculado por meio de regressão exponencial aplicada ao
conjunto de medidas obtido.
A Tabela 11 exemplifica a medição da resistência a quente entre os terminais H1-H2 do
enrolamento de alta tensão do transformador de classe 15 kV, 45 kVA, considerando-se
que a resistência a frio destes terminais foi medida com valor de 63,070 W, a 24,4ºC (ver
Tabela 1).
A Figura 6 mostra a curva de decaimento da resistência medida entre esses terminais,
permitindo inclusive estimar graficamente o valor da resistência no instante do
desligamento da fonte de alimentação.

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TABELA 11 – ENSAIO DE ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA – DETERMINAÇÃO DA ELEVAÇÃO DE


TEMPERATURA DOS TERMINAIS H1-H2 EM RELAÇÃO AO ÓLEO ISOLANTE
INSTANTE DE MEDIÇÃO RESISTÊNCIA A QUENTE INSTANTE DE MEDIÇÃO RESISTÊNCIA A QUENTE
(min : seg) (Ω ) (min : seg) (Ω )

00:45 73,5 03:45 72,54

01:00 73,41 04:00 72,48

01:15 73,32

01:30 73,23

01:45 73,15

02:00 73,06

02:15 72,98

02:30 72,9

02:45 72,83

03:00 72,75

03:15 72,68

03:30 72,61
R E S IS T Ê N C IA  D O  E N R OLA M E N T O  N O  IN S T A N T E  Z E R O T E M P E R A T U R A  D O  E N R OLA M E N T O  N O  IN S T A N T E  Z E R O

73,711 Ω 68,1 °C
E LE V .  T E M P E R A T U R A  E N R OLA M E N T O  /  Ó LE O E LE V .  T E M P E R A T U R A  Ó LE O  /  A M B IE N T E E LE V .  T E M P E R A T U R A  E N R OLA M E N T O  /  A M B IE N T E

7,1 °C 45,1 °C 52,2 °C

FIGURA 6 – RESISTÊNCIA A QUENTE MEDIDA NOS TERMINAIS H1-H2


(EIXO VERT: 0,20 OHM/DIV; EIXO HORIZ: 1 MIN/DIV)

A temperatura média de cada enrolamento, no instante do desligamento, é determinada


pela expressão a seguir, válida para enrolamentos em cobre, onde Rq é a resistência a
quente, calculada por regressão exponencial, e R0 o seu valor correspondente medido a
frio, na temperatura q0.

θ= (234,5 + θ 0 ) − 234,5
R0
A elevação de temperatura média do enrolamento em relação ao óleo é determinada
subtraindo-se do valor da temperatura média do enrolamento (q = 68,1ºC), calculada pela
expressão anterior, a temperatura corrigida do óleo (qÓLEO = 61,0ºC), medida pouco antes
do desligamento do transformador (ver Tabela 12).
A elevação de temperatura média dos enrolamentos sobre o ambiente é finalmente
calculada adicionando-se a elevação de temperatura do óleo em relação ao ambiente,
obtida com o transformador consumindo suas perdas totais a 75ºC, e a elevação de
temperatura dos enrolamentos em relação ao óleo, determinada com o transformador
submetido a carregamento nominal, ou seja, equivale a 52,2ºC para os terminais H1-H2
do enrolamento de alta tensão do transformador de 45 kVA, tomado como exemplo.

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TABELA 12 – ENSAIO DE ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA – DETERMINAÇÃO DA ELEVAÇÃO DE


TEMPERATURA DOS TERMINAIS H1-H2 EM RELAÇÃO AO ÓLEO ISOLANTE
HOR A T E N S Ã O C OR R E N T E P E R D A S P OT Ê N C IA T E M P .  Ó LE O  ( °C ) T E M P E R A T U R A  A M B IE N T E    ( °C ) E LE V .  Ó LE O OB S E R V A ÇÕE S
(V ) (A ) (W ) (V A ) M E D ID A C OR R IG . T E R M .1 T E R M .2 T E R M .3 M É D .C OR R . (°C )
0 7:2 4 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,2 6 7,7 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,5 4 5,2 A lfa  =  2 ,4 2    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 7:54 53 6 ,1 2 ,2 3 2 10 2 3 2 0 72 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2 A lfa  =  2 ,4 3    -­‐  Ó leo  =  4 5,3  
0 7:58 4 72 ,5 1,9 6 8 79 5 16 11 6 8 ,1 6 7,6 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,5 2 2 ,4 4 5,2  -­‐  
0 8 :2 8 4 6 9 ,4 1,9 6 7 774 159 9 6 2 ,6 6 2 ,2 2 3 ,1 2 3 ,3 2 3 ,1 2 2 ,9 3 9 ,2 A lfa  =  1,3 1    -­‐  Ó leo  =  2 3 ,2  
0 8 :58 4 6 9 ,7 1,9 6 8 776 16 0 1 6 1,8 6 1,4 2 3 ,1 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,8 3 8 ,6 A lfa  =  0 ,2 6    -­‐  Ó leo  =  3 8 ,5  
0 9 :2 6 4 6 9 ,7 1,9 6 9 775 16 0 1 6 1,4 6 1,0 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,9 2 2 ,7 3 8 ,3 M edição  R es is t.  H1-­‐H2
0 9 :3 3 4 6 6 ,3 1,9 6 4 756 158 6 6 0 ,7 6 0 ,3 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,6 3 7,7  -­‐  
10 :0 4 4 6 8 ,7 1,9 6 7 770 159 7 58 ,9 58 ,5 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,4 3 6 ,1 A lfa  =  0 ,18    -­‐  Ó leo  =  3 6 ,0  
10 :2 6 4 6 8 ,7 1,9 6 7 770 159 7 59 ,0 58 ,6 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,6 2 2 ,4 3 6 ,2 M edição  R es is t.  H2 -­‐H3
10 :3 3 4 6 6 ,1 1,9 6 5 754 158 6 59 ,0 58 ,6 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,7 3 5,9  -­‐  
11:0 3 4 6 8 ,2 1,9 6 7 76 7 159 5 57,7 57,3 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,6 3 4 ,8 A lfa  =  0 ,2 3    -­‐  Ó leo  =  3 4 ,5  
11:2 7 4 6 8 ,5 1,9 6 8 76 8 159 7 57,9 57,5 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,8 2 2 ,6 3 4 ,9 A lfa  =  1,54    -­‐  Ó leo  =  3 4 ,5  
11:4 5 4 6 8 ,5 1,9 6 8 76 8 159 7 58 ,0 57,6 2 3 ,0 2 2 ,8 2 2 ,9 2 2 ,7 3 5,0 M edição  R es is t.  H3 -­‐H1
11:52 4 6 5,7 1,9 6 6 751 158 6 58 ,0 57,6 2 3 ,1 2 3 ,1 2 3 ,0 2 2 ,8 3 4 ,8  -­‐  
12 :2 2 4 6 8 ,2 1,9 6 8 76 5 159 6 56 ,6 56 ,2 2 2 ,8 2 2 ,6 2 2 ,6 2 2 ,4 3 3 ,8 A lfa  =  0 ,18    -­‐  Ó leo  =  3 3 ,5  
12 :4 5 4 6 8 ,0 1,9 6 7 76 6 159 5 57,0 56 ,6 2 2 ,8 2 2 ,7 2 2 ,7 2 2 ,5 3 4 ,1 A lfa  =  0 ,2 0    -­‐  Ó leo  =  3 3 ,5  
13 :11 4 6 8 ,5 1,9 6 8 76 7 159 7 57,5 57,1 2 2 ,9 2 2 ,8 2 2 ,8 2 2 ,6 3 4 ,5 M edição  R es is t.  X 1-­‐X 0
13 :18 4 6 4 ,9 1,9 6 3 74 8 158 1 57,5 57,1 2 3 ,1 2 3 ,0 2 2 ,9 2 2 ,8 3 4 ,4  -­‐  
13 :4 8 4 6 8 ,2 1,9 6 8 76 5 159 5 56 ,5 56 ,1 2 3 ,1 2 2 ,9 2 2 ,9 2 2 ,7 3 3 ,4 A lfa  =  0 ,2 7    -­‐  Ó leo  =  3 3 ,1  
14 :12 4 6 8 ,2 1,9 6 7 76 6 159 5 57,2 56 ,8 2 3 ,3 2 3 ,2 2 3 ,2 2 3 ,0 3 3 ,8 A lfa  =  0 ,52    -­‐  Ó leo  =  3 3 ,1  
14 :17 4 6 8 ,2 1,9 6 7 76 6 159 5 57,2 56 ,8 2 3 ,3 2 3 ,2 2 3 ,1 2 3 ,0 3 3 ,9 M edição  R es is t.  X 2 -­‐X 0
14 :2 4 4 6 5,4 1,9 6 5 74 9 158 3 57,3 56 ,9 2 3 ,5 2 3 ,3 2 3 ,3 2 3 ,1 3 3 ,8  -­‐  
14 :54 4 6 8 ,0 1,9 6 8 76 5 159 5 56 ,4 56 ,0 2 3 ,5 2 3 ,3 2 3 ,3 2 3 ,1 3 2 ,9 A lfa  =  0 ,4 1    -­‐  Ó leo  =  3 2 ,6  
15:18 4 6 8 ,3 1,9 6 8 76 9 159 6 57,1 56 ,7 2 3 ,5 2 3 ,3 2 3 ,3 2 3 ,1 3 3 ,6 A lfa  =  0 ,4 4    -­‐  Ó leo  =  3 2 ,6  
15:2 3 4 6 8 ,5 1,9 6 8 76 7 159 7 57,2 56 ,8 2 3 ,6 2 3 ,3 2 3 ,4 2 3 ,2 3 3 ,6 M edição  R es is t.  X 3 -­‐X 0

Para os demais terminais dos enrolamentos de alta e de baixa tensão, repete-se o


procedimento de medição da resistência a quente, após manter constante a corrente
nominal dos enrolamentos por pelo menos 1 hora.
Ensaios de elevação de temperatura realizados em um mesmo transformador de
distribuição, por laboratórios independentes e por laboratórios de fabricantes indicaram
incertezas significativas na medição da elevação de temperatura do óleo e dos
enrolamentos. Em todos os casos avaliados afirmava-se que os procedimentos de ensaio
adotados correspondiam aos padronizados pelas normas ABNT NBR 5356/93 e NBR
5380/93. Para um transformador de distribuição, classe 15 kV, 30 kVA, foram obtidos os
resultados apresentados na Tabela 13. Apesar das perdas apresentarem valores similares
em todos os ensaios realizados sobre o mesmo transformador de distribuição, no ensaio
de elevação de temperatura as diferenças entre resultados obtidos foram significativas.

TABELA 13 – INTERCOMPARAÇÃO NA MEDIÇÃO DE PERDAS E ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA


Medida LACTEC (*) FAB (**) FAB (*) LAB
Perdas em Vazio 168,6 172,0 172,0 173,0
Corrente de Excitação 4,3 4,2 4,2 4,5
Perdas em Carga a 75ºC 610,2 616,8 616,8 599,8
Perdas Totais a 75ºC 778,8 788,8 788,8 772,8
Impedância a 75ºC 3,5 3,6 3,6 3,5
Elev. Óleo / Ambiente 44,4 40,4 44,0 39,6
Elev. Enrol. / Ambiente (AT) 57,4 47,5 49,5 48,2
Elev. Enrol. / Ambiente (BT) 59,7 51,8 56,4 45,8
(*) Ambiente Fechado (**) Ambiente Aberto

Segundo a norma ABNT NBR 5356/93, os limites de elevação de temperatura para


transformadores de distribuição (sem conservador e com circulação natural do óleo) são
de 50ºC para o óleo e de 55ºC para os enrolamentos (isolação de papel não
termoestabilizado). No caso apresentado na Tabela 13, o mesmo transformador poderia
ter sido aprovado em dois ensaios realizados, porém reprovado em outros dois. Uma
observação mais detalhada, entretanto, indica que as elevações de temperatura
determinadas em ambientes fechados são superiores àquelas determinadas quando o
transformador é ensaiado em ambiente aberto.

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Assim sendo, para reduzir as incertezas na medição das elevações de temperatura do


óleo e dos enrolamentos, o ensaio de elevação de temperatura deve ser realizado em
ambiente fechado e isento de correntes de ar, de acordo com as normas técnicas
vigentes. A temperatura ambiente deve ser medida por meio de vários termômetros ou
termopares, protegidos de correntes de ar e de irradiação anormal de calor, inclusive de
irradiação do próprio transformador. No caso dos transformadores de distribuição, devem
ser colocados pelo menos três termômetros ou pares termoelétricos em torno do
transformador, a uma distância de 1m do tanque e a meia altura dele.

12.4 Resistência do Isolamento

A resistência do isolamento, embora sujeita às grandes variações da temperatura, umidade e a


qualidade do óleo isolante empregado, é um valor que dá idéia do estado do isolamento antes de
submeter o transformador aos ensaios dielétricos.

Este ensaio não constitui critério para aprovação ou rejeição do transformador, conforme NBR 5356.

Por ser uma simples medição sem valor de referência, geralmente verificamos a existência de falhas
grosseiras (curto entre enrolamentos ou entre enrolamento e massa) no isolamento.

O ensaio é realizado em corrente contínua. Pelos critérios da NBR 5356, mede-se a resistência do
isolamento com um megaohmímetro de 1.000V, no mínimo, para enrolamentos de tensão máxima do
equipamento igual ou inferior a 72,5kV e de 2.000V para tensões superiores. Porém os instrumentos
atuais possibilitam a aplicação de potencias na ordem de ate 10.000V

Curto-circuita-se os terminais de cada enrolamento do transformador sob ensaio. A Resistência do


isolamento deve ser medida antes dos ensaios dielétricos (tensão suportável nominal a freqüência
industrial e tensão induzida).
Os critérios e a interpretação dos valores encontrados variam de acordo com a prática e a
experiência do fabricante e do usuário.

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Resistência do isolamento do núcleo

Tensão : 1 kV durante 1 minuto

Resultado esperado: > 30 MΩ

12.5 Ensaios Dielétricos de Rotina

Os ensaios dielétricos se subdividem em:

a) Tensão suportável à freqüência industrial (tensão aplicada);

b) Tensão induzida – curta e longa duração;

c) Impulso – atmosférico e de manobra.

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Podem ser classificados como rotina, tipo ou especial conforme tabela abaixo:

12.5.1 Tensão suportável à freqüência industrial (tensão aplicada);

Este ensaio visa verificar a isolação e distâncias elétricas de alta e baixa tensão contra a massa
(tanque, viga, tirantes, etc.).

O transformador deve suportar os ensaios de tensão suportável nominal á freqüência industrial


(tensão aplicada) durante 1 minuto.

Deve ser aplicada a tensão de ensaio correspondente ao nível de isolamento especificado de acordo
com as tabelas 2 da NBR 5356 entre os terminais do enrolamento e a terra sem que se produzam
descargas disruptivas e sem que haja evidência de falha.

Se o enrolamento possuir bucha de neutro, o valor da tensão a ser aplicada ficará limitada ao
isolamento do neutro.

O ensaio de ser executado com tensão monofásica senoidal de frequência nominal.

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Níveis de isolamento para tensões máximas do equipamento iguais ou inferiores a 242kV.

12.5.2 Tensão induzida – curta e longa duração;

O ensaio de tensão induzida tem por finalidade a verificação do isolamento entre os enrolamentos de
AT e BT, e entre ambos e a massa. Entretanto, o fato conhecido é que pode ocorrer defeito de
isolamentos entre as próprias espiras de um mesmo enrolamento.

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Aplica-se uma tensão igual ao dobro da tensão de derivação utilizada no ensaio com o circuito em
vazio, porém, este valor não pode ultrapassar ao valor correspondente ao nível de isolamento
especificado na tabela 2 da NBR 5356.

Transformadores de tensão máxima do equipamento igual ou inferior à 170kV devem ser capazes de
suportar o ensaio de tensão induzida de curta duração sem que produzam descargas disruptivas e
sem que haja evidência de falha. A duração do ensaio deve ser de 7.200 ciclos com frequência de
ensaio não inferior à 120Hz e não superior à 480Hz.

A frequência do ensaio deve ser aumentada para não saturar o núcleo já que será aplica do um valor
em torno do dobro da tensão nominal.

Transformadores trifásicos devem ser preferencialmente excitados por um sistema trifásico de


tensões.

O terminal de neutro deve ser ligado ao terra

Não deve haver durante o ensaio nenhuma ocorrência de curto circuito ou evidência de falha no
transformador.

CIRCUTO DE ENSAIO

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12.5.3 Tensão induzida com medição de descargas parciais

Para tensões Um > 72,5kV, o ensaio de tensão induzida é normalmente feito com medição de
descargas parciais. A medição de descargas parciais durante toda a duração do ensaio é uma
ferramenta valiosa. O aparecimento de descargas parciais durante o ensaio pode indicar uma
deficiência no isolamento antes que ocorra a ruptura. Este ensaio verifica uma operação livre de
descargas parciais durante as condições operacionais.

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Procedimento para aplicação de tensão:

• Aplicar tensão até o valor de 1, 1 Vm / √3


• Elevar até V2 e manter por 5 min, anotando durante esse período, os níveis de descargas
parciais.
• Elevar até V1 durante 5 min.
• Reduzir até V2 e manter por 1 hora, anotando-se os valores de VP a cada 5 min.
• Reduzir a tensão até 1, 1 Vm / √3 e desenergizar na seqüência.

Sendo V1=Vm e V2=1,5Vm/√3

• Vm = Tensão máxima do equipamento dada por norma.

Os níveis de DP medidos devem ser inferiores a 300 pC e não podem apresentar tendência de
aumentos expressivos durante a medição.

Não deve haver indícios de falhas ou descargas disruptivas nos enrolamentos ensaiados.

Devem ser evitadas medições de DP em mV conforme descrito na norma.

Ocorrendo descargas parciais elevadas, deve ser verificado se estas são realmente provenientes do
interior do transformador.

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13 ENSAIOS DE IMPULSO

Os equipamentos elétricos, de acordo com estudos de coordenação de isolamento, caracterizam-se


por possuir níveis de isolamento padronizados, ditados pela sua tensão nominal de operação e
denominados: NBI (Nível Básico de Isolamento) para determinar a suportabilidade do equipamento
em relação às sobretensões de origem externa e NIM (Nível de Impulso de Manobra) para as
sobretensões de origem interna.

Os geradores de impulso são equipamentos de laboratório, necessários para verificar as condições


de suportabilidade dos equipamentos elétricos de alta tensão, quando submetidos a esforços
dielétricos normalizados. Também são necessários na pesquisa e desenvolvimento de novos
equipamentos elétricos e materiais isolantes, bem como no estudo dos fenômenos associados às
altas tensões.

Vários ensaios de alta tensão são usualmente realizados com o gerador de impulso destacando-se
os ensaios de impulso atmosférico e impulso de manobra, pelos quais se simula, em laboratório,
sobretensões de elevada ordem, originadas, respectivamente, por descargas atmosféricas e surtos
provenientes de chaveamentos no sistema de potência. O ensaio aplicado, por exemplo, a um
transformador de força, cuja tensão nominal do enrolamento de tensão superior é de 550 kV, exige a
aplicação de tensões da ordem de 1550 kV para o ensaio de impulso atmosférico e, de 1250 kV para
o ensaio de impulso de manobra.

A Figura 1 apresenta o arranjo típico utilizado por laboratórios de alta tensão para a realização de
ensaios de impulso. Ao fundo, no centro da fotografia, aparece um gerador de impulso de 3,2 MV -
160 kJ, à esquerda um divisor de tensão misto de 3,2 MV, ao fundo, no lado direito do gerador de
impulso, um centelhador de corte com esferas de 1000 mm de diâmetro e, em primeiro plano na
fotografia, o objeto sob ensaio, um centelhador de 138 kV.

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Fig. 1 - PLANTA DE ENSAIOS DE IMPULSO


DO LABORATÓRIO DE ALTA TENSÃO DO LACTEC

Quando o ar constitui a isolação principal do equipamento em verificação, como chaves


seccionadoras, por exemplo, o ensaio é não destrutivo e o fenômeno físico associado à aplicação
dos impulsos tem natureza probabilística, sendo comum a adoção de procedimentos de ensaio que
utilizam métodos estatísticos, com amostragens constituídas de um número significativo de
aplicações, para permitir a determinação da suportabilidade do equipamento em função de uma dada
probabilidade de descarga.

Em aplicações práticas de laboratórios de alta tensão, os ensaios de impulso atmosférico são


realizados com maior freqüência que os ensaios de impulso de manobra, em virtude da maioria dos
equipamentos utilizados no sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica
estarem mais sujeitos às sobretensões de origem atmosférica, provocadas pela incidência direta ou
indireta de raios. Segundo a norma brasileira, é recomendada a realização de ensaios de impulso de
manobra somente em equipamentos com tensão nominal não inferior a 230 kV.

1. MEDIÇÃO DA FORMA DE ONDA DE IMPULSO

Os impulsos atmosféricos caracterizam-se por possuir forma de onda padronizada como 1,2/50,
sendo o tempo virtual de frente igual a 1,2 µs ± 30 % e o tempo virtual de cauda equivalente a 50 µs
± 20 %. A sua caracterização é feita com base na amplitude da onda de tensão, nos tempos virtuais
de frente e de cauda e, eventualmente, no tempo virtual até a disrupção, se o objeto sob ensaio não
suportar a aplicação do impulso de tensão. A determinação dos tempos virtuais, conforme mostrado
na Figura 2, é realizada em função do zero virtual O’, definido pela reta que passa pelos pontos
correspondentes a 30 % e 90 % do valor de crista, na frente da onda de impulso.

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100%
90%

50%

30%

t
O
TEM PO V R
I TU A L D E FR EN TE (1 2
, us )

TEM PO V R
I TU A L D E C AUD A (50 u s )
O '

Fig. 2 - FORMA DE ONDA PARA IMPULSOS ATMOSFÉRICOS

O tempo virtual de frente é determinado pelo produto da constante 1,67 e do intervalo de tempo
definido pelos instantes de 30% e 90% do valor de crista da onda de impulso atmosférico. De modo
similar, o tempo virtual de cauda é definido pelo intervalo de tempo compreendido entre o zero virtual
O’ e o instante em que a tensão tenha sido reduzida para 50% do valor de crista.

Se houverem oscilações sobrepostas na crista ou na frente da onda de impulso, cujo período seja
inferior a 1 µs (freqüência superior a 0,5 MHz), a determinação dos instantes correspondentes a 30%
e 90% do valor de crista de impulso, para fins de caracterização da forma de onda, deverá ser
realizada tomando-se como base a linha média traçada por entre os pontos extremos das oscilações,
suavizando deste modo a forma de onda de impulso medida. De qualquer modo, oscilações
presentes no sinal de impulso, próximas da crista, não devem exceder ao limite de 5% do valor de
crista determinado.

Para impulsos atmosféricos, é padronizada a técnica de medição de tempos virtuais em vez dos
valores reais, em face à dificuldade de determinação exata do momento da aplicação do impulso, já
que o mesmo pode ser influenciado pelo transitório de disparo dos vários estágios do gerador de
impulso, principalmente quando a caracterização da forma de onda é realizada com antigos sistemas
de medição. Para impulsos de manobra, com forma de onda padronizada de 250/2.500, a frente de
onda é muito mais lenta que no caso dos impulsos atmosféricos, os tempos virtuais e reais
praticamente coincidem, sendo, por isso, adotada apenas a medição dos tempos reais.

13.1 Ensaio de impulso atmosférico

A isolação é reconhecida como um dos mais importantes elementos que constituem os


transformadores. Possui a função de confinar a circulação de correntes por caminhos pré-
estabelecidos, evitando o desenvolvimento de correntes que possam colocar em risco a integridade
do transformador. Ainda que os ensaios de Tensão Aplicada e Tensão Induzida tenham sido
originalmente padronizados para avaliar a eficiência da isolação interna dos transformadores, com o
conhecimento das sobretensões de origem atmosférica e devidas a surtos de manobra, tornou-se
evidente que os esforços dielétricos verificados ao longo dos enrolamentos são bem diferentes
daqueles impostos pelos ensaios de baixa freqüência.

Nos ensaios de Tensão Induzida, a tensão se desenvolve uniformemente ao longo do enrolamento,


enquanto que nos ensaios de impulso ela se distribui inicialmente em função das capacitâncias dos
enrolamentos do transformador. Se a distribuição de tensão inicial difere daquela determinada pelo
acoplamento indutivo em baixa freqüência, a energia associada ao impulso aplicado oscilará entre
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essas duas distribuições até que seja completamente dissipada no enrolamento do transformador.
Em certas circunstâncias, tais oscilações internas podem provocar o aparecimento de tensões em
relação à terra de até duas vezes a amplitude do impulso aplicado.

O ensaio de Impulso Atmosférico tem o objetivo de avaliar a isolação interna de transformadores de


potência, distribuição e de instrumentos, quando submetidos a esforços dielétricos decorrentes de
sobretensões de origem atmosférica.

As formas de onda aplicadas aos ensaios de impulso foram inicialmente padronizadas em 1937, pela
AIEE-EEI-NEMA, tomando-se como base os registros de distúrbios no sistema elétrico, provenientes
de quedas de raios. Definiu-se, então, que estes distúrbios poderiam ser representados por três tipos
de impulso: ondas plenas, ondas cortadas e frentes de onda. Ainda que os distúrbios provocados por
raios não possuam sempre essas formas de onda, o emprego de formas de onda padronizadas torna
possível estabelecer limites mínimos de suportabilidade que os transformadores devem atender.
V

C u rva T e n são x T em po

F re n e
t
de O n da C o r a
t da O n da P e
l na
O n da

Fig. 3 - FORMAS DE ONDA PADRONIZADAS PARA IMPULSOS ATMOSFÉRICOS

Impulsos plenos simulam distúrbios do tipo atmosférico, que se propagam por um certo comprimento
da linha de transmissão antes de atingir o transformador. Neste instante, o surto de tensão cresce do
zero até a crista em torno de 2 µs e decai até o tempo de meio valor em 50 µs, com
aproximadamente a forma de onda 1,2/50 padronizada.

Impulsos cortados na cauda simulam a condição do distúrbio provocar descarga disruptiva em um


isolador próximo da linha de transmissão, logo após a crista do surto de tensão ter penetrado no
transformador. Frentes de onda, por sua vez, simulam a condição de uma descarga atmosférica
atingir diretamente ou muito próxima de um dos terminais do transformador. Neste caso, a elevada
taxa de crescimento da tensão provoca descarga disruptiva na bucha do transformador e o súbito
colapso da sobretensão desenvolvida.

De acordo com a Figura 3, as três formas de onda padronizadas possuem diferenças nas durações e
nas taxas de crescimento e de decaimento da sobretensão, solicitando de modo diferenciado a
isolação dos enrolamentos do transformador. A onda plena, por sua maior duração, causa o
desenvolvimento de oscilações mais intensas ao longo do enrolamento e, em conseqüência, provoca
maiores solicitações tanto nas isolações entre espiras como entre seções do enrolamento, além de
desenvolver elevadas tensões entre partes do enrolamento e entre enrolamento e massa (tanque,
núcleo e enrolamentos adjacentes). As ondas cortadas não provocam oscilações tão intensas como
as ondas plenas, porém, pela sua amplitude superior, geram tensões mais elevadas especialmente
nas porções iniciais do enrolamento e, em decorrência da queda abrupta da tensão aplicada no
momento do corte, produzem maiores solicitações nas isolações entre espiras e entre seções do
enrolamento. Nos impulsos de frente de onda a duração é ainda menor, entretanto, devido sua
amplitude e taxa de crescimento bastante elevadas, causam respectivamente severas solicitações na

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isolação entre enrolamento e massa e entre espiras do enrolamento, particularmente em sua região
inicial.

2.1 TOLERÂNCIAS PADRONIZADAS

A forma de onda padronizada para a realização do ensaio de Impulso Atmosférico é denominada


1,2/50 e pode ser determinada conforme procedimento descrito no Item 1 deste trabalho. As
tolerâncias admitidas pelas normas técnicas vigentes são:

§ Valor de crista ............................................................ ± 3 % do valor especificado


§ Tempo virtual de frente .............................................. ±30 % (1,2 µs)
§ Tempo virtual de meio valor ....................................... ±20 % (50 µs)
§ Tempo de corte .......................................................... 2 a 6 µs
§ Oscilações na vizinhança da crista ............................ ≤ 5 % do valor de crista
§ Oscilações na frente até 50 % da crista ..................... ≤25 % do valor de crista
§ Oscilações de polaridade oposta na Onda Plena ...... ≤50 % do valor de crista
§ Oscilações de polaridade oposta na Onda Cortada .. ≤30 % do valor de crista

Nos ensaios de impulso atmosférico aplicados a enrolamentos de transformadores com elevada


capacitância em relação à terra ou de baixa indutância, maiores tolerâncias são admitidas por acordo
entre fabricante e comprador. No ensaio do terminal de neutro de enrolamentos de baixa indutância,
com os terminais de linha aterrados diretamente ou por meio de impedâncias, o tempo virtual de
frente pode ser de até 13 µs.

2.2 AMPLITUDE E POLARIDADE DOS IMPULSOS

O nível de isolamento dos enrolamentos deve corresponder ao valor especificado pelo comprador do
transformador, de acordo com as prescrições da norma NBR 5356/93. A tabela a seguir indica alguns
valores usuais de níveis de isolamento recomendados para a realização de ensaios de impulso
atmosférico e impulso de manobra.

Tensão Máxima Freqüência Impulso Atmosférico (kV) Impulso de


Operação (kV) Industrial (kV) Onda Plena Onda Cortada Manobra (kV)
15 34 95 105 -
36,2 70 150 165 -
72,5 140 350 385 -
145 230 550 605 -
242 460 950 1045 -
550 620 1550 1705 1175
765 830 1800 1980 1550

Para transformadores imersos em líquido isolante, a tensão de ensaio é usualmente de polaridade


negativa, de modo a reduzir o risco de descargas disruptivas externas ao transformador.
Transformadores secos ou em massa isolante devem ser ensaiados com polaridade positiva,
segundo a norma NBR 5356/93.

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2.3 SEQÜÊNCIA DE APLICAÇÕES

Cada um dos terminais de linha dos enrolamentos do transformador deve ser submetido a seguinte
seqüência de impulsos atmosféricos:

§ um impulso pleno com valor reduzido .............................. 50–75 %


§ um impulso pleno com valor especificado ....................... 100 %
§ um impulso cortado com valor reduzido .......................... 50–75 %
§ dois impulsos cortados com valor especificado ............... 100 %
§ dois impulsos plenos com valor especificado .................. 100 %

Quando aplicados ao terminal de neutro, a seguinte seqüência de impulsos deve ser aplicada, com o
valor especificado para o impulso pleno correspondente ao nível de isolamento do terminal de neutro,
conforme norma ABNT NBR 5356/93:

§ um impulso pleno com valor reduzido .............................. 50–75 %


§ dois impulsos plenos com valor especificado .................. 100 %
§ um impulso pleno com valor reduzido .............................. 50–75 %

Salvo especificação para a realização do ensaio com o transformador ligado em uma derivação em
particular, é recomendado usar as derivações extremas e a principal, utilizando uma derivação
diferente para cada um dos terminais de linha de um transformador trifásico ou em cada um dos
transformadores monofásicos que compõem um banco trifásico. A ligação dos enrolamentos não
ensaiados, entretanto, deve corresponder à maior tensão.

Se durante qualquer aplicação padronizada ocorrer descarga disruptiva externa ao transformador ou


se houver falha no registro do impulso aplicado, uma aplicação adicional do mesmo tipo deve ser
realizada.

2.4 CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO DO TRANSFORMADOR

Se o enrolamento de um transformador for constituído de diversas camadas em forma de disco, onde


cada seção numerada na Figura 4-a representa uma espira da bobina, o diagrama equivalente de
uma seção do enrolamento, entre os pontos A e E, pode ser representado por uma série de
elementos indutivos associados com capacitâncias série e capacitâncias paralelas, arranjadas
conforme mostrado na Figura 4-b.

Ainda que os circuitos equivalentes simplificados não sejam adequados para estudar a distribuição
dos transitórios de tensão ao longo do enrolamento, servem para explicar o comportamento do
enrolamento quando submetido a surtos de tensão.

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A
A

5 4 3 2 1
5 4 3 2 1
B B

6 7 8 9 10
6 7 8 9 10
C C

15 14 13 12 11
15 14 13 12 11
D D

16 17 18 19 20
16 17 18 19 20

E E

(a ) (b )

Fig. 4 – DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE UMA SEÇÃO DE ENROLAMENTO EM DISCO

Após simplificações sucessivas, o diagrama equivalente de uma seção do enrolamento pode ser
representado de acordo com a Figura 5.

B C D E
A

Fig. 5 – DIAGRAMA EQUIVALENTE DE UMA SEÇÃO DE ENROLAMENTO

A aplicação de um degrau de tensão ao terminal A com o outro terminal aterrado provoca


imediatamente a distribuição dessa tensão ao longo do enrolamento, determinada nos primeiros
instantes apenas pelas capacitâncias e denominada de distribuição inicial da tensão. A partir desse
valor inicial a tensão tenderá alcançar a distribuição final estabelecida pelas indutâncias (e pelas
resistências que não estão consideradas no modelo simplificado). Devido as características do
circuito, a transição do estado inicial ao estado final é um processo oscilatório. Na realidade a
oscilação da tensão desenvolvida é amortecida pelas resistências do enrolamento e pelas perdas por
correntes parasitas no núcleo.

Se α expressar a relação entre a capacitância equivalente do enrolamento para a terra e a


capacitância equivalente entre terminais do enrolamento, a distribuição inicial da tensão decorrente
da aplicação de um degrau unitário de tensão em um terminal do enrolamento com o outro aterrado,
é mostrada na Figura 6, para diferentes valores do fator α .

Cg
α=
Ct

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1.0

V (p.u.)
0.8

0.6

α=0
0.4
α=1

α=5
0.2
α=10

0.0
1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0
x/l

Fig. 6 – DISTRIBUIÇÃO INICIAL DE TENSÕES NO ENROLAMENTO (NEUTRO ATERRADO)

Pode-se observar que quanto maior for o fator α , menos uniforme será a distribuição da tensão ao
longo do enrolamento. Para α=10, verifica-se que aproximadamente 60 % da tensão aplicada entre
terminal de entrada e neutro fica distribuída nos primeiros 10 % do enrolamento, ou seja, a isolação
entre espiras da porção inicial do enrolamento fica sujeita a elevadas solicitações dielétricas, o que
explica a sistemática ocorrência de avarias na entrada do enrolamento quando o transformador é
atingido por um surto de tensão.

2.5 LIGAÇÃO DOS TERMINAIS DO TRANSFORMADOR

A seqüência de impulsos padronizada deve ser aplicada sucessivamente a cada terminal de linha do
enrolamento sob ensaio. No caso de transformadores trifásicos, os demais terminais de linha do
enrolamento sob ensaio devem ser aterrados diretamente ou por meio de impedâncias de baixo
valor, como um derivador (shunt) para a medição da corrente desenvolvida no enrolamento, de forma
a limitar a tensão neles a 75 % de sua tensão suportável nominal sob impulso atmosférico. Se o
enrolamento possuir terminal de neutro, este deve ser aterrado diretamente ou por meio de uma
impedância de baixo valor.

O tanque do transformador e seu núcleo devem ser aterrados diretamente, exceto quando se deseja
medir a corrente de impulso através do tanque.

Em transformadores com mais de um enrolamento, os terminais dos enrolamentos não ensaiados


devem igualmente ser aterrados diretamente ou por meio de impedâncias, desde que, sob qualquer
circunstância, a tensão que se desenvolve nesses terminais não ultrapasse 75 % do seu nível de
isolamento nominal.

No ensaio de terminais de linha de alta tensão de auto-transformadores, os terminais de linha da


mesma fase, não ensaiados, podem ser aterrados diretamente quando houver especificação do
comprador. Caso contrário, o aterramento é feito por meio de resistores, com valores não superiores
a 500 Ω, desde que não produzam tensões superiores a 75 % da tensão suportável nominal desses
terminais.

Quando o enrolamento de baixa tensão não estiver sujeito, em operação normal, a surtos
atmosféricos provenientes do sistema de baixa tensão, este enrolamento pode ser ensaiado pelo
método do impulso transferido a partir do enrolamento de alta tensão. Neste caso, os terminais do
enrolamento de baixa tensão são aterrados por meio de resistores com valores inferiores a 500 Ω, de
modo que a amplitude do impulso transferido entre o terminal de linha e terra ou entre terminais de
linha seja tão elevada quanto possível, sem ultrapassar a tensão suportável nominal desses
terminais.
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Quando o ensaio é aplicado ao terminal de neutro, a seqüência de impulsos padronizada para este
terminal pode ser aplicada diretamente a ele, com os terminais de linha aterrados diretamente, ou
nos terminais de linha interligados, com o neutro aterrado por meio de um resistor de valor
adequado, a fim de desenvolver a tensão suportável nominal de impulso atmosférico no terminal de
neutro. Quando empregada a segunda alternativa para o ensaio do terminal de neutro, este deve
preceder o ensaio dos terminais de linha e, além disso, a amplitude do impulso aplicado nos
terminais de linha não deve exceder a 75 % do seu nível de isolamento nominal.

2.5.1 ENSAIO DE ENROLAMENTOS DE BAIXA IMPEDÂNCIA

Uma alta capacitância do objeto sob ensaio pode provocar oscilações na frente da onda de impulso
atmosférico, enquanto que um valor baixo de indutância no equipamento de ensaio reduz
significativamente o tempo virtual até o meio valor. Transformadores com indutância superior a 100
mH, comportam-se como se fossem puramente capacitivos e a redução provocada no tempo virtual
até o meio valor não é significativa. Para enrolamentos com indutância na faixa de 20 mH a 100 mH,
o ajuste da forma de onda é obtido aumentando-se a resistência de cauda do gerador de impulso,
com valor entre duas e dez vezes superior ao usual.

Em equipamentos com indutância inferior a 20 mH, a dependência do tempo virtual até o meio valor
e a resistência de cauda praticamente inexiste e, neste caso, a constante de tempo do circuito passa
a ser função da indutância do objeto sob ensaio, da capacitância do gerador de impulso e do valor da
resistência de frente. Quatro métodos alternativos podem ser empregados:

§ Método 1: Todos os terminais de mesmo nível de isolamento interligados;


§ Método 2: Aterramento dos terminais não ensaiados por meio de resistores;
§ Método 3: Realização do ensaio com tempo virtual de meio valor reduzido;
§ Método 4: Emprego de indutor ligado em paralelo ao resistor de frente;

2.5.2 TERMINAIS DE MESMO NÍVEL DE ISOLAMENTO INTERLIGADOS

A interligação dos terminais de mesmo nível de isolamento produz elevada solicitação na isolação
entre enrolamento e massa, mas de baixa intensidade na isolação entre espiras e entre partes do
enrolamento ensaiado. A Figura 7 mostra o circuito equivalente simplificado do gerador de impulso e
do enrolamento ensaiado do transformador, constituído apenas de duas seções iguais do
enrolamento, onde Lt representa a indutância de cada seção do enrolamento, Ct a capacitância entre
terminais de cada seção e Cg a capacitância da seção para a terra.

SF Rs
Lt Lt

A B

Cs Rp C f C t C t

Cg Cg Cg

Fig. 7 – ENSAIO DE IMPULSO COM OS TERMINAIS INTERLIGADOS

Quanto menor os valores das capacitâncias Ct em relação a Cg maior a amplitude das oscilações e
menos uniforme será a distribuição das tensões ao longo do enrolamento. Para exemplificar,
considere-se a aplicação do ensaio de impulso atmosférico em um dos terminais do enrolamento de
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tensão inferior de um transformador 230/69/13,8 kV, 41 MVA, cuja indutância equivalente do


enrolamento é 1,75 µH e sua capacitância efetiva de 6 nF.

Assumindo-se que a raiz quadrada da relação entre as capacitâncias Cg e Ct seja 6,2 (fator α), a
distribuição das tensões ao longo de 10 seções iguais do enrolamento ensaiado está apresentada na
Figura 8, obtida por simulação digital com o gerador de impulso adequadamente ajustado para
aplicação da forma de onda padronizada.

0.0
Tensão (p.u.)

-0.5

-1.0

-1.5

A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B

-2.0
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 8 – ENSAIO DE IMPULSO COM OS TERMINAIS INTERLIGADOS

Pode-se observar na Figura 8 que a aplicação do impulso nos terminais A e B do enrolamento


produz solicitações elevadas nas isolações entre espiras, entre seções e entre enrolamento e terra.
Apesar disso, oscilações com amplitude máxima da ordem de 185 % são verificadas
aproximadamente no centro do enrolamento. O ensaio realizado deste modo não é recomendado,
pois em condições normais de operação um surto de tensão dificilmente se desenvolveria
simultaneamente em ambos os terminais do enrolamento do transformador. Adicionalmente, este
método de ensaio somente permite a medição da corrente capacitiva que se desenvolve entre o
enrolamento ensaiado e a massa (tanque e enrolamentos adjacentes).

2.5.3 ATERRAMENTO DOS TERMINAIS NÃO ENSAIADOS POR RESISTORES

A fim de aumentar a impedância efetiva do enrolamento é permitida a inserção de resistores de


aterramento entre a conexão dos terminais não ensaiados e a terra. O valor dos resistores (Rg) não
deve exceder a 500 W e devem ser escolhidos de forma a limitar a sobretensão nesses terminais a
75 % de sua tensão suportável nominal sob impulso atmosférico.
SF Rs
Lt Lt

A B

Cs Rp C f C t C t Rg

Cg Cg Cg

Fig. 9 – ENSAIO DE IMPULSO COM RESISTORES DE ATERRAMENTO

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A simulação digital da distribuição de tensões ao longo do enrolamento, constituído de 10 seções


iguais, com o gerador de impulso ajustado para um tempo virtual de meio valor pouco superior a 40 µs
e com os terminais não ensaiados do enrolamento de tensão inferior de um transformador 230 / 138 /
13,8 kV, 41 MVA, aterrados por meio de resistores de 200 Ω, está apresentada no oscilograma da
Figura 10.

0.00
Tensão (p.u.)

-0.25

-0.50

-0.75

A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B

-1.00
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 10 – ENSAIO DE IMPULSO COM RESISTORES DE ATERRAMENTO

Neste caso, observa-se que o impulso aplicado solicita tanto as isolações entre espiras e entre seções
do enrolamento quanto a isolação entre enrolamento e massa. Valores elevados do resistor de
aterramento, entretanto, podem solicitar em excesso a isolação entre algumas seções do enrolamento
e a massa.

Este método de ligação possibilita a medição da corrente que se desenvolve no enrolamento


ensaiado, apesar de que a resistência de aterramento reduz a sensibilidade para a detecção de
defeitos no transformador. Além disso, como os impulsos são aplicados ao enrolamento e resistor de
aterramento ligados em série, a solicitação dielétrica ao longo do enrolamento ensaiado pode ser
significativamente reduzida.

2.5.4 ENSAIO COM TEMPO VIRTUAL DE MEIO VALOR REDUZIDO

Em ensaios de transformadores de grande porte, é usual o compromisso entre empregar resistores


para o aterramento dos terminais não ensaiados do enrolamento ou aceitar a realização do ensaio de
impulso atmosférico com um tempo virtual até o meio valor inferior ao normalizado. Segundo
recomendações das normas técnicas vigentes, é preferível a execução do ensaio com tempo virtual de
meio valor reduzido.

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0.50

Tensão (p.u.)
0.25

0.00

-0.25

-0.50

-0.75

A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B

-1.00
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 11 – ENSAIO DE IMPULSO COM TEMPO DE MEIO VALOR REDUZIDO

Na simulação digital da Figura 11, empregando-se o mesmo transformador analisado nos métodos
de ligação anteriores, porém com seu terminais não ensaiados diretamente aterrados, o melhor
ajuste do gerador de impulso possibilita a realização do ensaio apenas com tempo virtual de meio
valor de aproximadamente 17 µs.

Neste caso, a aplicação do impulso solicita com maior grau as isolações entre espiras e entre seções
do enrolamento, porém, não sustenta a solicitação na isolação entre enrolamento e massa. A
realização de ensaios de baixa freqüência, após o ensaio de impulso atmosférico, entretanto, produz
solicitações adequadas para avaliação da isolação entre enrolamento e massa. Além disso, o
método possibilita a medição da corrente que se desenvolve no enrolamento ensaiado e a detecção
de eventuais defeitos com boa sensibilidade.

2.5.5 ENSAIO COM GERADOR DE IMPULSO MODIFICADO

Alternativamente, o ajuste do tempo de meio valor pode ser facilitado inserindo-se no circuito de
ensaio um indutor de aproximadamente 100µH a 400µH, em paralelo ao resistor de frente RS do
gerador de impulso, conforme circuito equivalente da Figura 12.
Ld

SF Rs
Lt Lt

A B

Cs Rp C f C t C t

Cg Cg Cg

Fig. 12 – ENSAIO DE IMPULSO COM GERADOR DE IMPULSO MODIFICADO

A inserção de uma rede indutiva/resistiva entre o gerador de impulso e o enrolamento sob ensaio
pode facilitar o ajuste da forma de onda padronizada. Neste arranjo, a energia transferida do gerador
de impulso é armazenada pelo indutor durante a frente do impulso aplicado, sendo transferida para o
enrolamento durante a formação da cauda da onda. Este método de ensaio é especialmente útil para
a realização de ensaios de impulso atmosférico em enrolamentos de baixa tensão de
transformadores elevadores de grande porte.

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Exemplo da aplicação desse método na realização do ensaio de impulso atmosférico em um


transformador de 230 / 69 / 13,8 kV, 41 MVA, pode ser observado na Figura 13, resultando um tempo
virtual de cauda de 48 µs. Neste caso, a aplicação do impulso produz elevadas solicitações tanto nas
isolações entre espiras e entre seções do enrolamento ensaiado, quanto entre o enrolamento e a
massa (tanque, núcleo e demais enrolamentos).

0.75
Tensão (p.u.)

0.50

0.25

0.00

-0.25

-0.50

-0.75

-1.00
A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B

-1.25
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 13 – ENSAIO DE IMPULSO COM GERADOR DE IMPULSO MODIFICADO

A escolha do método mais indicado para o ensaio de impulso atmosférico em um transformador,


entretanto, deve ser alvo de acordo prévio entre fabricante e comprador, a fim de melhor simular em
laboratório as solicitações dielétricas previstas durante sua operação no sistema elétrico.

2.6 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

O transformador deve suportar a aplicação do ensaio de impulso atmosférico sem que se produzam
descargas disruptivas internas ou que hajam evidências de defeito. Apesar de não existir nenhum
método disponível para o adequado diagnóstico de falhas, a experiência acumulada na realização de
ensaios de impulso em diversas unidades, aliada ao emprego de métodos alternativos, permite
identificar eventuais defeitos no ensaio de transformadores.

Para a detecção de falhas devem ser registrados simultaneamente os oscilogramas da tensão


aplicada e da corrente que se desenvolve pelo enrolamento ensaiado. Alternativamente, pode-se
medir a tensão induzida em um terminal não diretamente aterrado, pertencente a um enrolamento
não ensaiado. Na maioria dos casos, a medição da corrente no neutro do enrolamento ensaiado para
a terra apresenta a maior sensibilidade para indicação de falhas. A amplitude da corrente
desenvolvida pode ser estimada por:

CS
I =V
Lt

onde V é a tensão suportável nominal de impulso atmosférico, CS a capacitância do gerador de


impulso e Lt a indutância do enrolamento ensaiado do transformador.

O tempo de varredura de impulsos plenos com valor reduzido deve ser igual ao de valor
especificado, sendo em geral suficientes varreduras de 50 µs a 100 µs para o registro da tensão
aplicada e de 50 µs a 500 µs para o registro da respectiva corrente.

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Na aplicação de impulsos cortados, os tempos até o corte de impulsos reduzidos e de valor


especificado devem ser aproximadamente iguais (diferença inferior a 0,1 µs). O tempo de varredura
recomendado para o registro simultâneo da tensão aplicada e da corrente desenvolvida no
enrolamento deve ser de 5 µs a 15 µs.

A ausência de diferenças significativas na comparação entre os registros de impulsos plenos e


cortados normalizados e das respectivas correntes, obtidos com a aplicação da tensão de ensaio
com valor reduzido e com o valor especificado, constitui evidência da isolação ter suportado a
aplicação do ensaio. Discrepâncias nas ondas plenas podem indicar:

§ Falha na isolação do enrolamento para a terra, quando qualquer dos impulsos plenos se
apresentar com a forma de onda cortada. Se o colapso da tensão ocorre dentro de
aproximadamente 1 µs, o defeito deve estar localizado no início do enrolamento ou em sua
bucha de alta tensão. Se a taxa de decaimento da tensão, durante o corte, é mais lenta
parte do enrolamento também está incluído no defeito.
§ Distorções na forma de onda da tensão podem indicar falha em parte da isolação do
enrolamento ou na bucha do terminal ensaiado. O tempo de ocorrência da discrepância
pode servir como guia para a localização aproximada do defeito.
§ Discrepâncias momentâneas próximas da crista do impulso são freqüentemente causadas
por descarga parcial na bucha do terminal ensaiado.
§ Curto-circuito de parte do enrolamento usualmente, mas não sempre, reduz o tempo de
meio valor do impulso aplicado.
§ Discrepâncias na corrente, durante os primeiros 2 µs, devem ser desprezados pela grande
probabilidade de terem sido provocadas no transitório de disparo do gerador de impulso.
Além desse tempo, falhas na isolação entre espiras e entre seções do enrolamento tendem
a aumentar a amplitude da corrente.
§ Mudanças aleatórias na corrente, indicadas no oscilograma por pequenos picos ou
oscilações rápidas podem ser geradas por problemas de aterramento ou imperfeição nas
conexões do circuito de ensaio.
§ Oscilações de alta freqüência superpostas no traço da corrente, sem modificação de sua
forma, podem indicar falha no aterramento do núcleo do transformador, ou a ocorrência de
descargas parciais na bucha do transformador.
Discrepâncias nos impulsos cortados podem indicar:
§ Oscilações intensas na região próxima da crista do impulso em apenas um dos registros do
impulso cortado com valor especificado é usualmente indicativo de falha na isolação interna
do transformador.
§ Mudança na taxa de colapso da tensão, no instante do corte, ou a ocorrência de corte não
provocada pela operação do centelhador de corte são evidências de falha.
§ Para evitar descargas disruptivas na isolação externa da bucha do transformador, a tensão
de descarga da bucha dever ser aumentada por meios apropriados.
§ O intervalo de tempo entre a aplicação do último impulso cortado com valor especificado e
os impulsos plenos finais deve ser minimizado para evitar a recuperação da isolação,
eventualmente danificada na aplicação das ondas cortadas.
§ Alterações significativas no tempo de corte dificultam a identificação de eventuais defeitos
após o corte. Os registros dos dois últimos impulsos plenos com valor especificado,
constituem critério suplementar de detecção de falha, porém, não são suficientes para
avaliação do ensaio de impulso cortado.

Se houver dúvidas na interpretação de discrepâncias nos registros, devem ser feitas, no máximo,
três aplicações com o tipo de impulso em dúvida, ou repetida a seqüência completa de impulsos

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padronizada para o terminal em questão. Se tais discrepâncias persistirem, elas devem ser
investigadas.

O desprendimento de bolhas de fumaça através do óleo isolante do transformador é sinal evidente


de falha interna. O aparecimento de bolhas claras, entretanto, pode indicar apenas o desprendimento
de ar aprisionado na parte ativa do transformador. Neste caso, a procedência de tais bolhas deve ser
investigada e o ensaio de impulso deve ser repetido no transformador. Adicionalmente, ruídos
anormais provenientes do transformador, durante a aplicação dos impulsos, são indicativos de falha
interna.

Guias para ensaios de impulso, publicados por entidades normativas nacionais e internacionais,
apresentam oscilogramas com defeitos típicos registrados durante a aplicação do ensaio de impulso
atmosférico e impulso de manobra em transformadores. Para exemplificar a metodologia
recomendada para a identificação de defeitos, as Figuras 14 e 15 apresentam os oscilogramas de
tensão e corrente oriundos da aplicação de impulsos plenos e cortados, respectivamente, no
enrolamento de baixa tensão de um transformador de 40 MVA, 230 / 69 / 13,8 kV. Os oscilogramas
foram obtidos a partir de simulação digital, sobrepondo os registros determinados para as condições
com e sem defeito introduzido, no instante 10 µs.
Neste caso, simulou-se a ocorrência de curto-circuito entre os terminas da sétima seção de um
enrolamento constituído de dez 10 seções idênticas. O arranjo de ensaio empregado está de acordo
com o circuito equivalente apresentado na Fig. 12.

0.6
Tensão (p.u.)

0.4

0.2

0.0

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8 Corrente (com defeito)

Tensão (com defeito)

-1.0 Corrente (sem defeito)

Tensão (sem defeito)

-1.2
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 14 – COMPARAÇÃO DE IMPULSOS PLENOS


(CURTO-CIRCUITO EM SEÇÃO DO ENROLAMENTO)

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0.6

Tensão (p.u.)
0.4

0.2

0.0

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8 Corrente (com defeito)

Tensão (com defeito)

-1.0 Corrente (sem defeito)

Tensão (sem defeito)

-1.2
0 30 60 90 120 150
Tempo (us)

Fig. 15 – COMPARAÇÃO DE IMPULSOS CORTADOS


(CURTO-CIRCUITO EM SEÇÃO DO ENROLAMENTO)

13.2 Ensaio de impulso de manobra

Quando linhas de transmissão com tensão de operação de 500 kV e superiores foram introduzidas
no sistema elétrico de potência, tornou-se aparente que os surtos de chaveamento possuíam grande
importância para o adequado dimensionamento do sistema. Sobretensões de elevado valor e de alta
freqüência podem resultar durante a manobra de linhas de transmissão nessas tensões de operação.
De modo geral, quanto maiores a tensão de operação do sistema e o comprimento da linha de
transmissão, mais elevada a amplitude dos surtos de manobra. A forma de onda observada depende
das características do sistema elétrico, porém, os tempos até a crista e a duração total dos surtos de
manobra são bem superiores àqueles verificados para os surtos atmosféricos.

Uma vez que os tempos até a crista e a duração total dos surtos de manobra são superiores às
durações típicas apresentadas pelos surtos atmosféricos, a distribuição de tensões ao longo do
enrolamento do transformador será mais uniforme. A distribuição de tensões é determinada pelo
acoplamento magnético dos enrolamentos do transformador, aproximando-se da distribuição
uniforme de tensões determinada quando os enrolamentos são alimentados em baixa freqüência.

A forma de onda dos impulsos de manobra está compreendida entre as formas de onda definidas
para os impulsos atmosféricos e para os ensaios de baixa freqüência. Assim sendo, transformadores
que suportam a aplicação dos ensaios de baixa freqüência e de impulso atmosférico, deveriam
suportar também a aplicação do ensaio de impulso de manobra, se a amplitude destes impulsos
correspondesse entre 80% e 85% da tensão suportável nominal sob impulso atmosférico.
Experiência da indústria, entretanto, demonstra que a consideração anterior não é verdadeira em
todos os casos, sendo então recomendada a realização do ensaio de impulso de manobra para a
avaliar adequadamente a suportabilidade de transformadores, especialmente quando operam em
sistemas com tensão máxima de operação de 362 kV e superiores. A tensão suportável de impulso
de manobra geralmente adotado é de 83 % do valor correspondente para impulsos atmosféricos.

3.1 FORMA DE ONDA PADRONIZADA

A forma de onda usualmente padronizada para os impulsos de manobra é denominada 250/2500.


Quando aplicada a transformadores ou equipamentos suscetíveis de saturação do seu circuito
magnético, entretanto, a forma de onda padronizada está apresentada na Figura 16.

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100%
90%

t
a
t tf b
t tc

Fig. 16 - FORMA DE ONDA PADRONIZADA PARA IMPULSOS DE MANOBRA


Os parâmetros mínimos que devem ser atendidos para o ajuste da forma de onda padronizada são:

§ Tempo de frente (tf) ....................................................... > 100 µs


§ Tempo acima de 90 % do valor especificado (tb - ta) .... ≥ 200 µs
§ Tempo até a primeira passagem pelo zero (tc) ............. ≥ 1000 µs

Para a obtenção de formas de onda com tempo até a primeira passagem pelo zero de 1000 µs, o
núcleo do transformador deve ser previamente magnetizado com a polaridade oposta dos impulsos
de manobra aplicados. A magnetização prévia do núcleo pode ser obtida pela aplicação de corrente
contínua de baixa intensidade através do enrolamento, ou pela aplicação de impulsos de manobra de
valor reduzido com polaridade oposta. Se estas providências não forem suficientes, um tempo até a
primeira passagem pelo zero inferior a 1000 µs pode ser aceito.

3.2 AMPLITUDE E POLARIDADE DOS IMPULSOS

O nível de isolamento dos enrolamentos deve corresponder ao valor especificado pelo comprador do
transformador, de acordo com as prescrições da norma NBR 5356/93. Como as tensões induzidas
nos diferentes enrolamentos do transformador são aproximadamente proporcionais às relações entre
espiras, a tensão de ensaio deve ser determinada pelo enrolamento com tensão de operação mais
elevada. A tabela apresentada no item 2.2 indica alguns valores usuais para o ensaio de impulso de
manobra.

Para transformadores imersos em líquido isolante, a tensão de ensaio é usualmente de polaridade


negativa, de modo a reduzir o risco de descargas disruptivas externas ao transformador.

3.3 SEQÜÊNCIA DE APLICAÇÕES

Cada um dos terminais de linha dos enrolamentos do transformador deve ser submetido a seguinte
seqüência de impulsos de manobra:

§ um impulso pleno com valor reduzido .............................. 50–75 %


§ três impulsos plenos com valor especificado ................... 100 %

Para se obter oscilogramas de tensão e corrente idênticos, é recomendado que o núcleo do


transformador seja previamente magnetizado com polaridade oposta, com nível próximo ao ponto de
saturação. Este ponto é alcançado quando o tempo até a primeira passagem pelo zero se mantiver
constante, após a aplicação sucessiva de uma série de impulsos com valor reduzido.

Se durante qualquer aplicação padronizada ocorrer descarga disruptiva externa ao transformador ou


se houver falha no registro do impulso aplicado, uma aplicação adicional do mesmo tipo deve ser
realizada.
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3.4 LIGAÇÃO DOS TERMINAIS DO TRANSFORMADOR

Os impulsos de manobra devem ser aplicados diretamente pelo gerador de impulso aos terminais de
linha do enrolamento sob ensaio, ou, então a um enrolamento de tensão inferior, de modo que a
tensão de ensaio seja transferida indutivamente ao enrolamento de maior tensão nominal de
operação. De qualquer modo, a tensão suportável sob impulso de manobra deve ser determinada
pelo terminal ensaiado do enrolamento com tensão de operação mais elevada.

Enrolamentos trifásicos devem ser ensaiados fase por fase. O neutro deve ser aterrado e o
transformador ligado de tal forma que nos demais terminais de linha do enrolamento ensaiado seja
desenvolvida tensão de polaridade oposta e com a metade da amplitude do impulso de manobra
aplicado, ou seja, com tensão entre fases equivalente a 1,5 vezes a tensão aplicada entre fase e
neutro. Neste caso, para evitar oscilações que provoquem o aparecimento de tensões superiores é
possível aplicar cargas resistivas nos terminais não ensaiados do enrolamento sob ensaio. Os
demais enrolamentos não diretamente ensaiados devem ser adequadamente aterrados em um
terminal, mas não curto-circuitados.

No ensaio de transformadores monofásicos, o neutro do enrolamento ensaiado deve ser aterrado.

Quando os transformadores são providos de comutador de derivações, a escolha da derivação a ser


utilizada no ensaio deve ficar à cargo do fabricante, uma vez que a escolha da derivação pode influir
significativamente nas tensões desenvolvidas nos enrolamentos e entre enrolamentos e terra.

3.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

O transformador deve suportar a aplicação do ensaio de impulso atmosférico sem que se produzam
descargas disruptivas internas ou que hajam evidências de defeito.

Eventuais falhas nas isolações do transformador podem ser primariamente avaliadas pela análise
dos oscilogramas de tensão dos impulsos aplicados. Defeitos nas isolações entre espiras e entre
seções do enrolamento, mesmo nos enrolamentos não diretamente ensaiados, causam
discrepâncias significativas nos oscilogramas de tensão. Oscilogramas de corrente não são
geralmente necessários para a detecção de defeitos, porém, podem fornecer informações úteis no
diagnóstico do defeito.

Ainda que a superposição dos impulsos plenos com valor reduzido e com valor especificado não seja
prática usual, as formas de onda de todos os impulsos aplicados devem coincidir até o ponto de
saturação do núcleo do transformador. O transformador é considerado aprovado no ensaio de
impulso de manobra, se não ocorrer variação brusca da tensão aplicada. A saturação do núcleo do
transformador não se constitui em falha e ocorre em tempos relativamente longos, com forma de
onda similar a apresentada na Figura 16.

O emprego de detectores acústicos durante o ensaio de impulso de manobra auxilia a localização de


eventuais defeitos internos. Apesar disso, uma indicação de defeito somente observada pelos
sensores acústicos não se constitui em evidência da falha da isolação ensaiada do transformador.

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14 ENSAIOS DE TIPO

Os ensaios de tipo são os seguintes:

a) ensaio de elevação de temperatura;


b) nível de ruído;

14.1 Nível de ruído

O ruído acústico gerado por um transformador tem por origem as suas vibrações eletromecânicas, o
sistema de ventilação, o chaveamento e o efeito Corona, entre outros. Destes, as vibrações
eletromecânicas e o sistema de ventilação são os que mais contribuem para o ruído. O ruído do
sistema de ventilação geralmente é encoberto pelo ruído gerado pela vibração eletromecânica do
transformador.

O objetivo deste ensaio é verificar a intensidade sonora gerada pelo transformador e seus
acessórios.

O ensaio de nível de ruído é realizado através do mesmo circuito elétrico de perdas em vazio.

Durante a aplicação de tensão nominal em um dos enrolamentos são feitas, no mínimo, 8 medições
ao redor do transformador. A faixa de freqüência de medição deve ser a mesma da sensibilidade do
ouvido humano.

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15 ENSAIOS ESPECIAIS

• Fator de Potência do Isolamento.


• Impedância Sequência Zero em Transformadores Trifásicos.
• Tensão de Radiointerferência (RIV).
• Medição da Resposta em Frequência.
• Umidade Relativa Superficial Interna (URSI)

15.1 Fator de Potência do Isolamento.

O fator de potência do isolamento é semelhante ao fator de potência do sistema de energia, na


medida em que o que se mede é uma relação entre os componentes reativos e o componente
resistivo (potência aparente e ativa) do potencial aplicado. No entanto, no sistema de energia é
desejável ter um fator de potência tão perto quanto possível do puramente resistivo, já o fator de
potência do isolamento deve ser puramente capacitivo. O isolamento dos equipamentos devem
funcionar como um capacitor.

• Toda vez que dois condutores estão em diferentes potenciais, há uma capacitância entre
eles. Excelentes materiais dielétricos irão consumir pouca energia na carga e descarga
capacitiva, que ocorre em um sistema de corrente alternada. A corrente de carga é expressa
em volts amperes, e sob condições ideais, é completamente devolvido ao sistema em cada
ciclo completo. Figura abaixo ilustra essa condição.

• A natureza capacitiva muda se o isolamento solido e/ou liquido estiverem contaminados.


Contaminantes consomem energia no ciclo de carga / descarga, e esta energia é perdida
como calor. Como esta energia é consumida e dissipada na forma de calor, ela aparece como
uma componente resistiva, e pode ser expressa em watts. O esquema da figura anterior é
modificado na figura abaixo, para mostrar esta componente resistiva

O ensaio de fator de potência é realizado através da medição do total volt-amperes aplicado pelo
sistema. Uma ponte de capacitância ou resistiva, ou ainda uma combinação das duas é usado para
separar os componentes resistivos e reativos. O fator de potência é então expresso como uma
proporção da energia resistiva que é consumido na forma de calor (Watts).

O fator de potência também pode ser expresso como uma função (co-seno) de ângulo de fase entre
a tensão aplicada e a corrente resultante. Se o isolamento foi puramente resistivo, a corrente terá o
mesmo ângulo de fase que a tensão que foi aplicada (deslocamento entre a corrente e a tensão seria
zero). O cosseno de 0o é 1, o que representa um fator de potência de 100 por cento.

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Se o isolamento for puramente capacitivo (condição ideal), teremos uma defasagem entre corrente e
tensão 90 graus. O cosseno de 90 graus é zero, o que representa um fator de potência zero por
cento. A situação ideal é um isolante puramente capacitivo, a existência de um componente resistivo
vai produzir um ligeiro deslocamento angular (um fator de potência aceitável, em torno de 1 por cento
corresponde a um ângulo de fase de 89,43 graus, ou um deslocamento da condição ideal de 0,57
graus).

Qualquer meio isolante terá um fator de potência mensurável. Ensaios de fator de potência são
realizados em transformadores, buchas, disjuntores, e até no óleo isolante (um recipiente especial é
usado para fornecer um ambiente controlado). Medições de fator de potência em buchas são
especialmente úteis, as buchas maiores têm um tap especial que fornece um ponto de referência
padrão entre o condutor e a massa (flange, ponto aterrado).

Considerando-se um ângulo trigonometricamente pequeno, pode-se dizer que o fator de potência do


isolamento é aproximadamente igual ao fator de perdas, dissipação ou tangente δ (delta).

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15.2 Impedância Sequência Zero em Transformadores Trifásicos.

O conceito de tensões ou correntes de seqüência se baseia no defasamento temporal das mesmas.


Tomemos como exemplo três bornes de alimentação, adotando por convenção que a seqüência
positiva é A, B e C como na figura abaixo.

A medição de sequência positiva é feita durante o ensaio de perdas em carga. Em transformadores,


a impedância de sequência negativa é igual a impedância de sequência positiva.

A impedância de sequência zero é medida somente em enrolamentos ligados em estrela com neutro
acessível. Nas demais ligações, a impedância de sequencia zero é infinita.

Por definição, a impedância de zero "Z0"; é três vezes a impedância medida quando circula uma
corrente na frequência nominal entre os terminais das três fases ligadas em paralelo e o terminal de
neutro.

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15.3 Tensão de Radiointerferência (RIV).

Os sistemas de alta tensão geram campos eletromagnéticos de baixa frequência, 60Hz, como
também campos eletromagnéticos de alta frequência, a níveis de MHz, devido à existência,
principalmente, do efeito corona em equipamentos de alta tensão.

Todos estes fatores provocam problemas de interferência entre equipamentos: telefones que
sintonizam rádios, celulares que alteram balanças eletrônicas, banco de dados alterados por pulsos
de radar, etc, ocasionando uma quantidade enorme de interferências eletromagnéticas.

Por este motivo, a medição de tensão de radiointerferência se faz necessária em transformadores


onde as ondas geradas por ele não poderão interceptar outro sinal de rádio.
O aparelho localizador de radiointerferência é basicamente um receptor convenientemente projetado
para detectar e localizar fontes mais freqüentes de emissão de radiofreqüência.

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A frequência de medição de referência deve ser 500kHz. A medição é apresentada em µV e é


realizada através da bucha capacitiva do transformador.

O ensaio é realizado com o transformador no tap de maior tensão, aplicando-se 10% acima deste
valor com frequência nominal. O transformador deve estar totalmente montado e com seus
respectivos acessórios (conectores, pára -raios, etc.).

O valor limite máximo é estabelecido por acordo entre fabricante e comprador.

15.4 Medição de resposta em frequência.

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O ensaio de FRA é a relação entre duas grandezas características do objeto de teste, sejam estas
grandezas, tensões, correntes, tensão e corrente, etc. em uma faixa de freqüências especificadas.
Na figura 1 a seguir temos um circuito básico do ensaio de SFRA, onde o objeto de teste está
representado como um transformador de potência.

H1 H2

G.S. OSC U1 U2 OSC


Zin=50 Ω Zin=50Ω Zin=50Ω

X1 X2

Figura 1. Circuito 1 representando um transformador de potência monofásico para ensaio da função


de transferência H e Impedância Terminal Zt do enrolamento H1-H2.

No arranjo de ensaio, aplicamos uma tensão senoidal entre a fase H1 e terra via o gerador de sinais
G.S. A medida da tensão aplicada U1 é feita pelo canal CH1 do osciloscópio, cuja impedância interna
é 50Ω. O sinal transferido U2 entre a fase H2 e terra é medido pelo canal CH2 do osciloscópio,
também em 50Ω.

No circuito da figura 1 e seu equivalente da figura 2, observamos que a medida de H é também uma
medida indireta da impedância terminal Zt, ou seja, entre os terminais H1 e H2 do enrolamento de
AT.

Figura 2. Equivalente do Circuito 1.

É fácil relacionar H e Zt pela expressão a seguir:

⎛ 50 ⎞
H = 20 * log⎜ ⎟
⎝ 50 + Zt ⎠

Da mesma forma que H, Zt é uma grandeza complexa com módulo e ângulo. Ela é facilmente
medida pelo mesmo equipamento que mede a função de transferência H. Uma vez obtendo-se a Zt,
o cálculo da admitância Yt é imediato. Ambas funções também podem ser empregadas como curvas
características do equipamento.

Um outro arranjo de ensaio também pode ser executado, como podemos ver na figura 3 a seguir:

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H1
X1

G.S. OSC U1 U2 OSC


Zin=50 Ω Zin=1MΩ Zin=1MΩ

H2 X2

Figura 3. Circuito 2 representando um transformador de potência monofásico para ensaio de


resposta em freqüência ou relação de transformação com variação de freqüência.

Este ensaio é conhecido como resposta em freqüência ou ensaio de relação de transformação com
variação de freqüência. Podemos ver agora que o sinal aplicado pelo G.S. é no enrolamento H1-H2,
induzindo ou transferindo uma tensão U2 no enrolamento X1-X2 simulando o funcionamento normal
do transformador. Note que as impedâncias de entrada dos canais do osciloscópio estão agora na
posição de 1 MΩ. A relação é dada pela equação a seguir e ela pode ser normalizada pela relação
nominal do transformador.
U1
k=
U2

A curva de variação do valor de k com a freqüência é característica do transformador e pode ser


utilizada também como uma informação de como as tensões transitórias são transferidas de um
enrolamento para outro.

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Conexões de ensaio

15.5 Medição de Descargas Parciais

O ensaio de descargas parciais é um ensaio não destrutivo cuja finalidade é medir o nível de
descargas parciais em um determinado equipamento numa dada tensão, onde existem diversos tipos
de isolamentos envolvidos (sólido, líquido e gasoso). De maneira geral, o nível de descarga parcial
medido deve estar abaixo de um valor prefixado por norma ou especificação do equipamento
ensaiado.

Uma Descarga Parcial (DP) é caracterizada como uma descarga elétrica de pequena intensidade
que ocorre em uma região de imperfeição de um meio dielétrico sujeita a um campo elétrico, onde o
caminho formado pela descarga não une as duas extremidades dessa região de forma completa. A
ocorrência de descarga parcial depende da intensidade do campo aplicado nas extremidades desse
espaço, além do tipo de tensão de teste aplicada (tensão alternada, tensão contínua, sinal transitório
ou impulso).

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NOMENCLATURA
O termo descarga parcial é um termo genérico dentro do grupo de descargas em gases,
como podemos ver no diagrama a seguir:

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16 LITERATURA DE REFERÊNCIA:

NBR 5416 - APLICAÇÃO DE CARGAS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA -


PROCEDIMENTO

NBR 5356/1993 - TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA - ESPECIFICAÇÃO

CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICAÇÕES DE TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO E


FORÇA - INFORMAÇÕES TÉCNICAS DT-11- WEG

ENSAIO DE DESCARGAS PARCIAIS - JOSÉ ARINOS TEIXEIRA JR. (LACTEC)

HTTP://PT.WIKIPEDIA.ORG – WIKIPEDIA LIVRE

FOTOS E FIGURAS DIVERSAS RETIRADAS DA WEB – DIVERSOS AUTORES

NBR 5389 – TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA – MÉTODO DE ENSAIO

NBR 5356 – TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

TRANSFORMER TEST – WWW.BESTTRAFO.COM.TR

TRANSFORMADORES TEORIA E ENSAIO – JOSEE CARLOS DE OLIVEIRA, JOÃO ROBERTO


COGO E JOSÉ POLICARP G. DE ABREU.

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