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ESCOLA SÃO VICENTE DE PAULA queixa ou reprove, porque respeitava nele o seu marido

TRABALHO AVALIATIVO DE LÍNGUA PORTUGUESA e senhor, mas padecia calada, e definhava a olhos vistos.
Um dia, ao jantar, como lhe perguntasse o marido o que
PROF. TIAGO
é que tinha, respondeu tristemente que nada; depois
ALUNO(A): ________________ TURMA: _______ atreveu-se um pouco, e foi ao ponto de dizer que se
considerava tão viúva como dantes. E acrescentou:
– Quem diria nunca que meia dúzia de lunáticos...
1. Leia o texto a seguir. Não acabou a frase; ou antes, acabou-a levantando
os olhos ao teto – os olhos, que eram a sua feição mais
Nunca é tarde, sempre é tarde insinuante – negros, grandes, lavados de uma luz úmida,
Conseguiu aprontar-se, mas não teve tempo de como os da aurora. Quanto ao gesto, era o mesmo que
guardar o material de maquiagem espalhado sobre a empregara no dia em que Simão Bacamarte a pediu em
penteadeira. Olhou-se no espelho. Nem bonita, nem feia. casamento. [...]
Secretária. – Consinto que vás dar um passeio ao Rio de
Sou uma secretária, pensou, procurando Janeiro.
conscientizar-se. Não devo ser, no trabalho, nem bonita, D. Evarista sentiu faltar-lhe o chão debaixo dos
nem feia. Devo me pintar, vestir-me bem, mas sem pés. [...] Ver o Rio de Janeiro, para ela, equivalia ao sonho
exagero. Beleza mesmo é pra fim de semana. Nem do hebreu cativo. [...]
bonita, nem feia, disse consigo mesma. Concluiu que não – Oh! mas o dinheiro que será preciso gastar!
havia tempo nem para o café. Cruzou a sala e o hall em Suspirou D. Evarista sem convicção.
disparada, na direção da porta da saída, ao mesmo – Que importa? Temos ganho muito, disse o
tempo em que gritava para a mãe envolvida pelos marido. Ainda ontem o escriturário prestou-me contas.
vapores da cozinha, eu como alguma coisa lá mesmo. Queres ver?
Sempre tem alguma bolachinha disponível. Café E levou-a aos livros. D. Evarista ficou deslumbrada.
nunca falta. A mãe reclamou mais uma vez. Você acaba Era um via-láctea de algarismos.
doente, Su. Assim não pode. Assim não. Su, enlouquecida E depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro.
pela pressa, nada ouviu. Poucas vezes ouvia o que a mãe Deus! eram montes de ouro, eram mil cruzados sobre mil
lhe dizia. Louca de pressa, ia sair, avançou a mão para a cruzados, dobrões sobre dobrões; era a opulência.
maçaneta da porta e assustou-se. A campainha tocou Enquanto ela comia o ouro com os seus olhos negros, o
naquele exato momento. Quem haveria de ser àquela alienista* fitava-a, e dizia-lhe ao ouvido com a mais
hora? A campainha era insistente. pérfida das alusões:
Algum dedo nervoso apertava-a sem tréguas. – Quem diria que meia dúzia de lunáticos...
A campainha. Su acordou finalmente com o tilintar * médico especialista em doenças mentais.
vibrante do despertador Westclox e se deu conta de que
sequer havia levantado. O termo destacado em “Era uma via-láctea de
Raios. Tudo por fazer. Mesmo que acordasse em algarismos.” assume, no texto, o sentido de
tempo, tinha sempre que correr, correr. [...] (A) beleza.
FIORANI, Silvio. In: LADEIRA, Julieta de Godoy (Org). Contos brasileiros
contemporâneos. São Paulo: Moderna, 1994, p. 79. Fragmento. (B) disposição.
(C) quantidade.
(D) luminosidade.
A personagem se assustou devido (E) organização.
(A) à percepção de que sequer havia levantado.
(B) à possibilidade de ficar muito doente. 3. Leia o texto a seguir.
(C) à reclamação da mãe.
Anedotinha
(D) ao atraso para o trabalho.
(E) ao toque da campainha. Juquinha foi visitar o Museu Histórico. Aí, cansou
de andar, sentou-se numa cadeira belíssima que estava
no centro da sala.
2. Leia o texto a seguir. Veio o guarda:
– Meu filho, não pode sentar nesta cadeira, não.
Deus sabe o que faz!
Esta cadeira é de Pedro I.
A ilustre dama, ao fim de dois meses, achou-se a
E o Juquinha:
mais desgraçada das mulheres; caiu em profunda
– Não tem problema. Quando ele chegar eu me
melancolia, ficou amarela, magra, comia pouco e
levanto!
suspirava a cada canto. Não ousava fazer-lhe nenhuma
1
ZIRALDO. Mais anedotinhas do bichinho da maçã. 1988. São Paulo: Melhoramentos. p.
7-8.
5. Leia o texto a seguir.
O humor do texto está na
(A) resposta de Juquinha. As formigas
(B) atitude de Juquinha. Foi a coisa mais bacana a primeira vez que as
(C) descrição da cadeira. formigas conversaram com ele. Foi a que escapuliu de
(D) desobediência de Juquinha. procissão que conversou: ele estava olhando para ver
(E) fala do guarda. aonde que ela ia, e aí ela falou para ele não contar para o
padre que ela tinha escapulido – o padre ele já tinha visto
4. Leia o texto a seguir. que era o formigão da frente, o maior de todos, andando
posudo.
Sinal fechado
Isso aconteceu numa manhã de muita chuva em
Olá como vai? que ele ficara no quentinho das cobertas com preguiça
Eu vou indo e você, tudo bem? de se levantar, virado para o outro canto, observando as
Pegar meu lugar no futuro, e você? formigas descendo em fila na parede. Tinha um rachado
Tudo bem, eu vou indo em busca ali perto por causa da chuva, era de lá que elas saíam, a
De um sono tranquilo, quem sabe? casa delas.
Quanto tempo... Toda manhã aquela chuva sem parar, pingando na
Pois é, quanto tempo... lata velha lá fora no jardim, barulhinho gostoso que ele
ficava ouvindo, enrolado no cobertor, olhando as
Me perdoe a pressa formigas e conversando com elas, o quarto meio escuro,
É a alma dos nossos negócios... tudo escuro de chuva.
Qual, não tem de quê A conversa ficava interessante quando ele
Eu também só ando a cem lembrava de perguntar uma porção de coisas e elas
Quando é que você telefona? também perguntavam pra ele. (Conversavam baixinho
Precisamos nos ver por aí para os outros não escutarem.)
Pra semana, prometo, talvez [...]
Nos vejamos, quem sabe? Uma tarde entrou no quarto e viu a mancha de
Quanto tempo... cimento novo na parede, brutal, incompreensível.
Pois é, quanto tempo... – Pra que que o senhor fez isso? Pra que o senhor
fez assim com minhas formigas?
Tanta coisa que eu tinha a dizer O pai não entendia, e o menino chorando,
Mas eu sumi na poeira das ruas chorando.
Eu também tenho algo a dizer VILELA, Luiz. Contos da infância e da adolescência. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
Fragmento.
Mas me foge à lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber No texto, a repetição “[...] chorando, chorando.”, sugere
Alguma coisa rapidamante (A) atitude fingida.
Pra semana... (B) anúncio de rebeldia.
O sinal... (C) sensação de culpa.
Eu procuro você... (D) progressão da tristeza.
Vai abrir!!! Vai abrir!!! (E) sinal de fraqueza.
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça 6.Leia o texto a seguir.
Não esqueço, não esqueço
Adeus... Adeus... Um pé de quê?
Antes de existir a cidade de Belém, vivia lá uma
VIOLA, Paulinho da. Sinal fechado. In: ______. Foi um rio que passou em minha vida.
Londres: EMI. CD 852404. 1970. (Adaptado: Reforma Ortográfica).
tribo que sofria de falta de alimentos. Por isso, o cacique
mandava sacrificar todas as crianças que nasciam. Por
No verso “Vai abrir!!! Vai abrir!!!”, a repetição do ponto ironia do destino, sua filha, Iaçá, ficou grávida. Quando a
de exclamação enfatiza a ideia de criança nasceu, foi sacrificada. Durante dias, Iaçá rogou a
(A) admiração. tupã uma solução para acabar com o sacrifício das
(B) indignação. crianças. Foi quando ouviu um choro de um bebê do lado
(C) pressa. de fora de sua tenda. Era sua filha sorridente ao pé de
(D) surpresa. uma palmeira. Iaçá correu para abraçá-la, mas acabou
(E) susto. dando de cara com a palmeira. Iaçá ficou ali chorando até
2
morrer. No dia seguinte, o cacique encontrou Iaçá morta,
agarrada à palmeira, olhando fixamente para as frutinhas
pretas. Ele as apanhou, amassou e fez delas um vinho
vermelho encarnado. Para os índios, aquilo eram as
lágrimas de sangue de Iaçá. Por isso, açaí, em tupi, quer
dizer “fruto que chora”.
O açaí virou o prato principal dos índios da região.
Depois, foram chegando os portugueses, os nordestinos,
os japoneses. E o que se diz é que eles só ficaram porque
experimentaram açaí.
ALMANAQUE BRASIL SOCIOAMBIENTAL 2008. São Paulo, outubro de 2007. p.
88. (Fragmento).

No trecho, “Iaçá correu para abraçá-la [...]”, o pronome


em destaque refere-se à(a)
(A) criança.
(B) tenda.
(C) filha.
(D) palmeira. No último quadrinho, a expressão do gato sugere
(E) Iaçá. (A) cansaço.
(B) desprezo.
7. Leia o texto a seguir. (C) esperteza.
(D) preguiça.
Vintage – Paulinho da Viola (E) reflexão.
Ontem, 1981
Eu aspirava a muitas coisas.
9. Leia o texto a seguir.
Eu temia viver à deriva.
Eu desfilava meu amor pela Portela. É difícil superar a tecnologia do livro
Eu cantava carinhoso.
O fundador da Wikipédia diz que ela não causará
Eu escutava e não ligava.
o fim do saber no papel.
Eu usava roupas da moda
Um grande sonho da Antiguidade era reunir
Me alegrava uma roda de choro.
Eu pegava um violão e saía noite adentro.
todo o conhecimento do mundo na Biblioteca de
Meu cavaquinho chorava quando Alexandria, no Egito.
eu não tinha mais lágrimas. Depois de 2.300 anos, a empreitada parece ser
Hoje, 2010 possível com a Wikipédia, enciclopédia online criada
Eu aspiro ao essencial: uma boa saúde em 2001 pelo norte-americano Jimmy Wales, junto
Eu temo não poder navegar. com Larry Sanger. Com mais de 10 milhões de artigos
Eu desfilo meus sonhos possíveis. em 263 línguas e dialetos, ela pode receber a
Eu canto e males espanto. colaboração de qualquer internauta. Wales lança
Eu escuto e... “pode repetir, por favor?” nesta semana, em São Paulo, o Instituto Wikimedia
Eu uso, mas não abuso. Brasil, capítulo local da Fundação Wikimedia. O
Me alegra um bom papo. instituto vai incentivar a disseminação de
Eu pego o violão e procuro um cantinho. conhecimento gratuito no país. Mesmo com a imensa
Meu cavaquinho chora quando massa de informação virtual de hoje, Wales diz não
surge uma melodia nova. acreditar que o livro em papel será um dia substituído
No trecho, “Eu temia viver à deriva”, a expressão como fonte de conhecimento. “Não é tão caro, não
destacada tem o sentido de viver sem precisa de bateria e pode ser levado à praia ou
(A) amor. carregado na chuva.”
(B) conforto. No texto, quanto ao ponto de vista, conclui-se que
(C) ideal. (A) a enciclopédia online Wikipédia possui limites
(D) rumo. quanto à quantidade de informações
(E) valores. processadas.

8. Leia o texto a seguir.


3
(B) há no texto evidências de que as informações da
Internet superarão o conhecimento contido no
livro.
(C) Jimmy Wales, criador da Wikipédia, afirmou que
o livro não será superado como fonte do
conhecimento.
(D) o livro será substituído pela enciclopédia virtual.
(E) um grande sonho da Antiguidade era reunir todo
o conhecimento do mundo na Biblioteca de
Alexandria.

10. Leia o texto a seguir.

Por Jason Webb


MADRI (Reuters) – Cientistas espanhóis
anunciaram na quarta-feira a descoberta do menor
planeta já encontrado fora do Sistema Solar.
“Acho que estamos muito perto, talvez a alguns
anos de distância, de encontrarmos um planeta como a
Terra”, afirmou o chefe da equipe de pesquisadores,
Ignasi Ribas, em uma entrevista coletiva.
O planeta rochoso, com um raio cerca de 50 por
cento maior que o da Terra, circula ao redor de uma
pequena estrela-anã localizada 30 anos-luz de distância,
na constelação Leo, afirmaram os cientistas do Conselho
Superior de Investigações Científicas (CSIC), um órgão da
Espanha.
O planeta, chamado de GJ 436c, foi descoberto por
meio da análise de distorções na órbita de um outro
planeta, esse maior, que gira ao redor da estrela GJ 436,
uma técnica similar à usada mais de cem anos atrás para
descobrir Netuno.
Com uma massa cerca de cinco vezes maior que a
da Terra, esse é o menor planeta já descoberto fora do
sistema solar. E os avanços tecnológicos abrem caminho
para a descoberta de mundos ainda mais semelhantes ao
nosso.
[...]
A rotação dele dá-se de forma que a pequena
estrela-anã vermelha ergue-se em seu horizonte a cada
22 dias terrestres – ou seja, seus dias são quatro vezes
maiores do que seus anos.
Disponível em: https://tinyurl.com/yxtpuqqt/GPMDGO-LPI71. Acesso em: 24 set. 2019.

Qual é a informação principal do texto?


(A) A descoberta de um planeta fora do Sistema Solar.
(B) A distorção na órbita de um outro planeta maior.
(C) A duração da rotatividade do planeta Terra.
(D) A eficiência da técnica usada para descobrir Netuno.
(E) A entrevista coletiva dada pelo chefe dos
pesquisadores.

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