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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Convite para o paraíso


Annette Broadrick

Convidar a dedicada secretária para uma viagem de negócios ao Havaí foi a maneira
ideal de retribuir Jodie Cameron pelos serviços prestados. Mas o milionário Dean Logan não
esperava que Jodie fosse querer mais que o pôr-do-sol tropical para relaxar. No entanto,
eles tiveram que voltar à realidade e à relação profissional. Mas, com as lembranças do fe-
riado invadindo cada pedaço do escritório, como Dean poderia negar que ele só conseguia
pensar em Jodie?

Digitalização: Simoninha
Revisão: Crysty

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II. V.


Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, o armazenamento ou a transmissão, no
todo ou em parte.
Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou
mortas é mera coincidência.

Copyright © 2006 by Annette Broadrick


Título original: THE MAN MEANS BUSINESS
Tradução Flávia Neves
Originalmente publicado em 2006 por Silhouette Desire.

Editoração Eletrônica: TopTextos Edições Gráficas Ltda. Tel.: (55 21) 2240-2609
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Aos cuidados de Virgínia Rivera


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CAPÍTULO UM

— Prepare-se! Alerta vermelho! Alerta vermelho!


Jodie Cameron sorriu ao ver a maneira criativa que a recepcionista encontrou
para avisar que o homem para quem Jodie trabalhava havia retornado a Chicago,
durante um dos invernos mais melancólicos da cidade.
— Obrigada, Betty. — Jodie ligou o monitor do computador e esperou por ele.
Jodie sabia que algo estava acontecendo com Dean Logan. Nos cinco anos que
havia trabalhado para ele, era a primeira vez que ele chegava tão tarde. Geralmente
já estava lá quando ela chegava.
Mais cedo, ela checou a agenda dele para ver se havia algum compromisso fora
da cidade naquela manhã, mas não havia nada escrito. Talvez tivesse decidido não ir
trabalhar, já que era sexta-feira e ele li ia tirar férias que começavam naquele fim
de semana. No entanto, não era do feitio do chefe. Ele teria ligado e lhe avisado.
E essas seriam as primeiras férias que iria tirar desde que ela começou a
trabalhar para ele como secretária. Então aproveitaria para organizar alguns arqui-
vos e documentos, e adiantar um pouco do trabalho.
Pelo menos, Betty já havia avisado que ele não estava de bom humor. Dean
tinha o humor instável na maior parte do tempo. Mas não importava quão mal
humorado ele estivesse naquela manhã, não seria problema agüentá-lo por mais um
dia.
Dean era um astuto homem de negócios e trabalhara duro para construir seu
negócio em segurança eletrônica. Ela não entendia por que ele nunca parecia estar
satisfeito com o que já havia conquistado nos últimos 15 anos.
O homem se parecia mais com um jogador de futebol americano do que com um
diretor de uma empresa multimilionária. Pena que raramente sorria. Não conseguia se
lembrar de algum dia tê-lo visto sorrir. Ele não fazia o estilo jovial. O rosto dele
parecia que havia sido esculpido em granito, de tão sério que era. As sobrancelhas
grossas e os olhos azuis penetrantes não eram suficientes para que ele fosse
selecionado para a lista dos solteiros mais sexys dos Estados Unidos.
Não que a aparência dele não atraísse um bando de mulheres bonitas. Havia
várias, loucas para se tornar a sra. Logan. Pelo que Jodie havia notado ele nem en-
corajava nem desencorajava as candidatas. Rachel Hunt era a da vez. Estava saindo
com ela há três meses, o que era um recorde para ele.
Jodie sabia quando ele começava a sair com alguma nova mulher, porque ele a
deixava encarregada de mandar flores para a nova paquera, comprar presentes,
entradas para diferentes eventos e, às vezes, a fazia escutar os comentários sobre

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as mulheres que entraram e saíram de sua vida.


Ele sabia que a maioria só estava interessada em seu dinheiro e nos contatos
que ele tinha. Escutava, cinicamente, as juras de amor eterno e os desejos de
compromissos que ele era incapaz de corresponder.
Havia épocas em que Jodie via a solidão nos olhos do chefe. Em algum momento
da vida dele, Dean devia ter decidido fechar o coração e não se deixar envolver por
mais ninguém. Ela achava aquilo muito triste. Nunca deixou que ele soubesse disso.
Sempre ouvia quando ele precisava desabafar, mas não fazia comentários.
A irmã nunca acreditaria nisso, pois Jodie era conhecida na família por
expressar suas opiniões sobre assuntos delicados, não importando a ocasião. Ela
sorriu ao pensar nisso.
— Bom di...
— Não, definitivamente esse não é um bom dia. — Ele parou em frente à mesa
dela, tirou um envelope do paletó e lhe entregou. — Não vou precisar mais disso. — E
foi para sua sala. — Pode pegar um café para mim, por favor? Estou com uma dor de
cabeça insuportável.
— Claro. — Ela abriu o envelope e viu o conteúdo. Nele havia uma passagem de
avião para o Havaí
Ela mesma havia reservado para Dean e Rachel.
Será que Rachel havia mudado de idéia e desistido da viagem?
Foi para a copa, encheu uma enorme caneca de café e foi para a sala do chefe.
Ela pulava com as mãos no bolso olhando para a caneca na mesa dele e sentou-
se na cadeira.
— O que foi, Dean? Ele demorou a responder. Ficou olhando a neve caindo
contra a janela. Ela ficou esperando.
Depois de vários minutos de silêncio, ele se virou, sentou-se à mesa e apanhou
o café.
— Você tem uma aspirina?
— Claro. — Ela foi até o pequeno bar e encheu um copo de água antes de pegar
o comprimido e levar até ele.
Dean realmente estava atacado. Seu cenho franzido era sempre intimidador.
Não era de surpreender que houvesse tantas pessoas que não gostassem dele.
Achava que ele não devia ter a menor idéia de como soava assustador... isso nos
melhores dias.
Quando começou a trabalhar para ele, soube que quatro outras secretárias
haviam passado por lá, mas não agüentaram mais do que algumas semanas.
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No entanto, ela não se intimidava facilmente. Havia crescido com três irmãos,
e ela e a irmã tiveram que aprender a se virar com os meninos.
Depois de vários minutos de silêncio, Dean olhou para ela, intrigado.
— O que você está fazendo aqui?
— Trabalho aqui. — Respondeu sem titubear. Ele fechou os olhos.
— Desculpa. Não estou nos meus melhores dias. Jura? O surpreendente foi ele
ter se desculpado!
Precisava marcar aquele dia na agenda.
— Há quanto tempo trabalha para mim?
— Cinco anos.
— Por quê?
— Por que o quê?
— Sou um cara tão desagradável, por que você me agüenta?
— Quem disse que você é desagradável? Acho você uma pessoa ótima,
contanto que as coisas aconteçam do seu jeito.
— Rachel disse que todo mundo aqui da empresa tem medo de mim. Menos
você.
— Não sabia que essa era uma das minhas atribuições. É isso que está
incomodando você hoje?
— Não.
— Você se preocupa com o que as pessoas da empresa pensam de você?
— Não, na verdade, com exceção de você. O que pensa de mim?
Voltou a sentar na cadeira e pensou no que dizer. Finalmente, o olhou nos olhos
e disse:
— Acho que você é um homem brilhante, porém intolerante com as pessoas, um
homem que construiu um império com muito esforço, seguindo seus próprios
instintos, ignorando os pessimistas.
— Hum. — Ele tomou a aspirina e bebeu um gole da água. Então pegou a caneca
de café e bebeu outro gole.
Os dois ficaram sentados por mais um tempo, em silêncio.
Finalmente, Dean disse:
— Rachel terminou comigo ontem.
Ela não conseguiu disfarçar a surpresa. Devia ter sido a primeira a ter feito

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isso com Dean. Geralmente, era ele quem terminava os relacionamentos.


— Porque você queria que ela fosse ao Havaí com você?
Ele deu um sorriso murcho.
— Na verdade, ela nem me deu a chance de mostrar a passagem. Antes disso,
disse que nunca mais quer me ver.
— Não sabia que você ia fazer uma surpresa para ela?
— Pelo visto quem foi pego de surpresa fui eu.
— Mas o que aconteceu?
— Esqueci que a gente tinha marcado de ir à ópera, ontem à noite. — Quando
escutei a mensagem no celular, já estava uma hora atrasado.
— Nossa!
— Ela estava furiosa quando cheguei lá. Falei que ainda dava tempo de chegar
no intervalo, afinal a gente já conhece a história. Mas pelo visto a ópera era o de
menos para ela. — Esfregou o rosto com as mãos. — Ela me deu uma bolsa com as
coisas que tinha deixado no apartamento dela e me mandou embora.
— Com certeza, Rachel estava perturbada naquela hora — disse Jodie. — Por
que não liga para ela agora e fala da viagem? Não tenho dúvidas que vai perdoá-lo
quando souber da surpresa que preparou para ela.
— Não vou fazer isso. Ela deixou bem claro que não quer mais nada comigo. Por
que vou me preocupar, então? — Ele voltou a sorrir. — Tenho que admitir que meu
ego foi ferido e fui para casa curtir a fossa depois que ela me chutou. Mas ela disse
com todas as letras que não me quer mais. Posso viver com isso.
Ele apontou para o envelope que ela havia deixado sobre a mesa.
— Não vou precisar mais disso — ele disse, levantando os ombros.
Jodie prometera a si mesma não dar sua opinião, a não ser que ele pedisse; e
sempre que ele pedia alguma, era sobre trabalho. Mas sua consciência a incomodava e
assim não podia mais ficar calada.
— Não concordo, acho que você precisa de umas férias, com ou sem Rachel.
Você adora o Havaí e já faz três anos que comprou aquela casa lá sem nunca ter ido.
Acho que você deveria ir e curtir a praia. Esqueça o trabalho por uns dias, coloque o
sono em dia. Quando chegar lá, tenho certeza que vai se divertir.
Ele se inclinou na cadeira e ficou olhando para ela. Jodie ficou esperando que
ele a repreendesse, dizendo que não se metesse na sua vida. Ficou surpresa quando
ele perguntou:
— Você acha que só vivo para o trabalho?

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Ela ficou sem saber o que responder. Aquele homem nunca havia lhe
perguntado algo tão pessoal. Agora que pedia sua opinião, não sabia se devia ser
sincera ou não, visto que eleja estava de mau humor. Talvez — falou cautelosa.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Nossa, obrigado.
— Acho que você precisou trabalhar muitas horas extras quando começou seu
negócio e agora se acostumou a passar a maior parte do seu tempo aqui dentro. Hoje
você tem empregados de confiança que podem muito bem cuidar da empresa
enquanto estiver fora. Talvez esta seja a hora de descobrir outros prazeres na vida
além do trabalho.
Ele cocou o queixo.
— Pode ser — balançou a cabeça. — Ainda não consigo esquecer a raiva que
Rachel estava sentindo quando cheguei. Será que o que fiz foi tão ruim assim? Ela
poderia muito bem ter chamado um táxi e ido sem mim.
— Você, por acaso, ligou para ela depois de ouvir as mensagens no celular?
— Para quê? Já estava indo buscá-la. Ela se esforçou para não rir.
— Acho que ela ficou irritada por que talvez não tenha sido a primeira vez que
isso aconteceu. Algumas mulheres não conseguem tolerar muito tempo esse tipo de
comportamento.
— Você não se irrita.
— Você me paga muito bem para não notar. Além disso, sou sua secretária, não
sua namorada.
Ele a estudou, em silêncio, por um momento.
— Mas só por alguns meses. — Ele não parecia muito satisfeito com isso. — Em
junho, você vai ser transferida para o departamento do Frank.
Ela sorriu.
— Graças a você.
— Você me pegou num momento raro de gratidão pelo seu trabalho. Muito
eficiente, por sinal. Você se forma em administração na primavera, é isso?
— É verdade. Nunca teria conseguido assistir às aulas da noite se você não
tivesse ajudado a pagar as mensalidades.
— Não fui eu quem pagou e sim a empresa. Foi um investimento em um de
nossos empregados. Com seu conhecimento sobre a companhia e seu potencial, seria
burrice privá-la de aprimorar conhecimentos.
Ele esfregou a mão na testa, indicando que a dor de cabeça não havia passado.

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— Claro que isso significa que em breve vou perder minha secretária e sofrer
para encontrar alguém que queira trabalhar para mim.
— Não vai, não. Vou fazer uma triagem. Se achar alguém que possa trabalhar
para você sem sair correndo na primeira vez que engrossar a voz, marco logo uma
entrevista.
— Pode funcionar. — Ele não parecia nada contente com a idéia.
A decisão de promovê-la foi quase um sacrifício para ele. Atrás daquela
armadura de ferro, havia um homem justo.
Claro que, como todo homem, ele não conseguia entender as mulheres.
— Você costuma sair com freqüência? — ele perguntou, surpreendendo-a mais
uma vez. Nunca demonstrara nenhum interesse pela vida pessoal de Jodie. Ele
realmente estava estranho naquela manhã.
— Por causa das aulas à noite e dos estudos, quase não me sobra tempo livre.
— Eu faço você trabalhar demais. Ela deu um sorriso.
— São ossos do ofício.
— A única razão pela qual inventei essa viagem foi para agradar a Rachel. Mas
tem uma pessoa com quem queria me encontrar em Honolulu. Steve Furukawa é dono
de vários negócios na ilha e quero oferecer-lhe nossos serviços. — Ficou olhando para
ela. — Se ele estiver interessado, preciso da sua ajuda para preparar uma
apresentação. Acho que devíamos viajar para lá. Passamos dois dias trabalhando e
descansamos o resto da semana.
— Eu? — ela quase engasgou. — Não posso fazer isso!
— Por que não?
Ela ficou olhando para ele, pasma.
— Primeiro, porque estou em aulas e segundo, não fica bem nós dois juntos
numa viagem ao Havaí.
— Vai ser uma viagem de negócios.
— Nunca precisou de mim numa antes.
— Jodie, você é uma secretária exemplar. Quanto às aulas, duvido que faltar
uma semana de aulas vai fazer você repetir o ano. Vai?
— Bem, não...
— Então não vejo problema algum. — Ele começou a mexer nos papéis sobre a
mesa. — Pode checar com a contabilidade os valores da conta Malone? Gostaria de
ver isso antes do almoço.

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CAPÍTULO DOIS

— O que você disse para ele? — Perguntou a irmã de Jodie, Lynette, naquela
noite.
Jodie costumava jantar na casa da irmã e do marido, Chuck, toda a sexta. Mas
nunca havia trazido uma notícia tão explosiva como naquela noite.
Chuck havia ligado mais cedo, avisando que chegaria mais tarde em casa e que
não o esperassem para jantar. Jodie não contara sobre o convite de Dean assim que
chegou. Ajudou a lavar a louça e pôs os sobrinhos, Kent e Kyle, de seis e sete anos,
para dormir.
Só depois, quando estavam sozinhas na sala de estar, enquanto Lynette
amamentava a recém-nascida, Emily, Jodie contou a novidade.
— Murmurei alguma coisa. Não me lembro, estava meio atônita.
— Você vai, não é?
— Ele praticamente me obrigou. — Quando vocês partem?
Domingo de manhã, bem cedo.
Quer dizer que a última namoradinha cansou do romance com seu chefe
temperamental? Até que ela rimou mais que as outras, né?
Acho que o que mais incomodou Dean foi o fato de ela ter terminado com ele.
Geralmente é ele quem dispensa as mulheres. É bom para ele aprender como é ser
rejeitado.
— Não posso acreditar que ela recusou uma viagem para o Havaí. Eu teria ido e
só depois terminava o namoro.
— Ela não sabe da viagem. Era uma surpresa, ela terminou com ele antes de ele
contar.
Lynette balançou a cabeça.
— Será que esse homem não entende nada de mulheres? Se ela soubesse
dessa viagem nunca teria terminado com ele.
— Estamos falando de Dean Logan. Claro que ele não sabe nada sobre nós
mulheres. É um grande empresário, mas um desastre no que diz respeito ao sexo
oposto.
— E daí? O importante é que você vai ganhar férias.

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— Vou perder três dias de aula.


— O que é que tem? Você se deu bem em todos os testes. Depois você pega o
que perdeu com alguém da sala.
A porta da cozinha se abriu. Chuck havia chegado.
— Boa-noite — disse, enquanto entrava pela sala. Era policial civil e o uniforme
lhe caía muito bem. — Como vão minhas três mulheres favoritas? — Ele deu um beijo
em Lynette que deixou Jodie arrepiada.
Depois beijou a filha, Emily, na testa que o ignorou. O jantar era mais
importante para ela, naquele momento.
— A comida está na geladeira. É só colocar no microondas.
— Como vão as coisas, Jodie? — ele fez uma pergunta retórica, enquanto ia
até a cozinha.
Antes que Jodie tivesse tempo de responder, Lynette disse:
— Ela vai passar uma semana no Havaí com o chefe.
Chuck parou onde estava e se virou.
— Está brincando? Logan convidou você para viajar com ele? Nossa, você é a
garota da vez?
— Não! Essa viagem não tem nada de romântica. A garota que o Dean namorava
terminou com ele. Ele já tinha comprado as passagens para os dois. Eu sugeri que ele
tirasse férias, assim mesmo. Aí, ele decidiu se encontrar com um cliente em Honolulu
e vai precisar da minha ajuda profissional. Será uma viagem de negócios.
Chuck riu maliciosamente.
— E você acreditou nele.
— Claro, por que não deveria?
Chuck esqueceu do jantar e se sentou ao lado de Lynette.
— Jodie. Querida, vamos cair na real? Um homem não convida sua secretária
bonitona para viajar para o Havaí sem segundas intenções. Ele vai fazer de tudo para
levá-la para cama, pode acreditar.
— Chuck! — Lynette não falou alto, mas foi enfática. — Não é todo homem que
só pensa em sexo que nem você.
Ele sorriu para ela com cumplicidade.
— Ah, mas todos somos iguais. Alguns disfarçam melhor que outros, só isso.
Jodie disse:
— Talvez você tenha razão, Chuck, mas o Dean é definitivamente uma exceção.

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Trabalho para ele há muitos anos para saber que não me olha como mulher. Sou uma
máquina eficiente para ele, e por mim tudo bem. Não me incomodo.
— Se você está dizendo. Quando vocês viajam?
— Domingo de manhã.
— Já esteve no Havaí?
— Não.
— Então vá e divirta-se bastante. Suponho que ele vá pagar pelo hotel, não?
— Na verdade, ele tem um apartamento lá. Comprou o lugar há uns três anos e
só esteve lá no dia da compra. Têm três quartos e três banheiros. Acho que a
companhia da qual ele comprou o apartamento costumava usá-lo para receber
executivos, clientes.
— Então ele vai ter você exatamente onde quer para exercitar o poder de
sedução dele — respondeu Chuck, enquanto brincava com o bigode.
Jodie riu com vontade.
— Se você conhecesse o cara ia entender que está delirando ao pensar nessa
possibilidade.
— Por quê? Por acaso ele é algum tipo de monstro?
— Digamos que ele só pensa em trabalhar. Depois que conseguir fechar esse
negócio no Havaí, com certeza, vai esquecer que eu existo.
— Não exagera nessa sua teoria platônica, porque não é nem como você está
dizendo nem como meu marido louco está imaginando — disse Lynette.
— Então vocês dois acham que devo ir?
— Achamos — os dois responderam juntos.
— Mas e o que o pessoal do escritório vai falar? Não vão ficar pensando
besteira lá no trabalho?
— O que é que tem? — respondeu Chuck. — Vai dar a eles mais uma desculpa
para fofocar sobre a vida alheia. Quando vocês voltarem vai estar rolando um bolão
de apostas para ver quando vocês vão anunciar o casamento.
— Você está ajudando muito, Chuck. — Lynette disse, balançando a cabeça
para o marido. — A idéia aqui é dar argumentos para ela ir, e não ficar inventando
bobagem.
— Bem, já que tudo indica que vou mesmo, amanhã tenho que sair para comprar
umas roupas de praia.
— Boa idéia. Compre umas roupas bem coloridas. Nada de terno e roupa de

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trabalho. — Lynette ficou olhando a irmã por um instante. — Você nunca tem tempo
para cortar o cabelo. Por que não faz isso amanhã?
Pode ser.
Não esqueça o protetor solar. Você sabe que queima muito rápido, graças aos
nossos ancestrais escandinavos.
Tomara que dê para eu pegar um corzinha. Vou ficar na praia tostando e
depois vejo no que dá.
Lynette se levantou e pôs o bebê em seu ombro.
— Tenho que colocá-la no berço, mas já volto.
— Tenho que ir embora. Essa semana foi puxada — disse Jodie, levantando-se.
— E parece que amanhã vou passar o dia inteiro no shopping.
— Coitadinha — Lynette brincou com a irmã. — Esse é seu hobby favorito, e
nós duas sabemos muito bem disso.
— É verdade, e comprar roupas de verão, nesse inverno de matar, é
exatamente o que preciso para me animar para a viagem.
Mais tarde, naquela noite, quando Jodie se preparava para dormir, ficou
pensando nos comentários do cunhado e da irmã. Escovou os dentes e retirou a ma-
quiagem, antes de se olhar no espelho. "Você vai ser corajosa e não vai perder essa
chance única de ir para o Havaí com tudo pago."
A imagem dela no reflexo do espelho ficou encarando seus olhos brilhantes.
Depois de uma longa pausa, ela suspirou e disse:
— "Será que vai ser possível desfrutar as maravilhas do Havaí com um homem
que só pensa em trabalhar? Conhecendo bem o Dean, ele vai me fazer trabalhar
durante toda a semana que estivermos por lá. Bem, de qualquer forma, vou arranjar
uma hora para curtir o sol e a praia."
Ela sorriu e foi para a cama.

CAPÍTULO TRÊS

No domingo de manhã, Dean estava em frente ao espelho do banheiro se


barbeando e se perguntou que diabos estava fazendo. Será que estava perdendo a
razão?
O que tinha dado nele para convidar a secretária para viajar com ele para o

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Havaí? Ela era uma ótima funcionária e uma pessoa muito boa, mas não precisava
passar uma semana com ela por causa disso.
Claro que, se fosse encontrar com Furukawa, a presença dela seria bastante
útil para apresentar o orçamento e fazer as negociações. Era muito competente no
que fazia e nunca reclamava do trabalho.
Mas levá-la para o Havaí?
Será que a crise dos 50 havia chegado mais cedo? Por qual outra razão teria
pensado nisso? Não sabia nada sobre a vida dela fora do trabalho. Bem, sabia que ela
era solteira, mas só isso. Será que tinha parentes próximos? Será que eles iriam
aconselhá-la a não n?
Podia acabar se complicando se ela resolvesse processá-lo por assédio sexual.
Bem, aquilo já era exagero. Jodie poderia ter dito uno. Quando ligou para ela
na noite passada, não parecia nem um pouco contrariada. Certamente, ele não ti tinha
obrigado a ir. Não muito.
Ele terminou de se vestir e pegou a mala. Teve dificuldade em escolher as
roupas. A única vez que esteve no Havaí foi para fazer negócios. Passou três dias em
reuniões.
Escolheu para levar algumas camisas, calças caqui e um par de tênis, que nem
se lembrava mais que tinha.
Talvez, estivesse mesmo focado demais no trabalho. O trabalho duro tinha
virado uma rotina em sua vida, mas não tinha certeza se conseguiria quebrar essa
rotina.
Nem se queria quebrá-la.
Os comentários de Rachel o atingiram em cheio, o que era ridículo. Por que se
preocuparia com o que ela pensava ou deixava de pensar dele? Foi pego de surpresa,
era isso.
Ele e Jodie iam se dar bem durante a viagem, tinha certeza disso. A viagem
seria um bônus para ela pelos anos de dedicação à empresa.
Sorriu, satisfeito por ter encontrado uma boa razão para levá-la naquela
viagem.

* * *
Dean não reconheceu Jodie quando a viu entrar no aeroporto. Estava
diferente, mas por quê? Então notou que ela estava com os cabelos soltos. Ele nunca
a tinha visto sem o coque de todos os dias. Ela estava bem diferente, mesmo.
Ele olhou o relógio e franziu a testa.
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Assim que saiu do táxi, Jodie avistou Dean dentro do aeroporto. Entrou
rapidamente e foi até ele.
Estava cada vez mais animada com a idéia de ir ao Havaí. Pelo menos, ficaria
uma semaninha sem ter que agüentar o inverno rigoroso de Chicago. Não via a hora de
sentir o sol queimando sua pele.
Assim que ela chegou perto de Dean, ele pegou a mala dela e disse:
— Você está atrasada. Tem uma fila enorme para passar pela segurança e não
quero perder o vôo.
Na verdade, ela havia chegado 45 minutos antes do recomendado pela
companhia aérea, mas não ia começar aquela viagem retrucando com o chefe. Sorriu e
disse:
— Bem, eu cheguei e bom-dia para você. Já fez o seu check in.
— Já. — Ele olhou para a mala de Jodie. — Você não vai levar isso?
— Mas a gente vai ficar fora só uma semana.
— Achei que as mulheres levassem no mínimo três ou quatro malas para
qualquer viagem.
— Nem todas.
— Bem — disse meio sem graça —, que bom. Ela foi para a fila e ele a seguiu.
— É melhor a gente ficar junto para não corrermos o risco de nos perder.
Jodie percebeu que ele estava nervoso! Achou estranhíssimo, pois ele já
estava cansado de viajar. Será por que ela estava indo com ele?
Não tinha se dado conta antes, porque tinha ficado preocupada com a acusação
de que, por causa dela, eles poderiam perder o vôo. Não havia a menor chance de se
perderem. Alto como ele era, poderia ser avistado de qualquer lugar do aeroporto.
Discretamente, ela olhou para ele para ver o que estava vestindo.
Surpreendentemente, ele vestia um suéter preto de gola, calça e jaqueta pretas. A
jaqueta o deixava com uma aparência perigosa e masculina. Se ele, pelo menos,
sorrisse de vez em quando, seria um homem atraente.
Entraram no avião com tempo de sobra, mas Jodie, sabiamente, não fez
nenhum comentário a respeito. Dean havia comprado um jornal e algumas revistas.
Jodie havia trazido o último livro de seu autor favorito e uma revista de palavras
cruzadas.
Os dois se sentaram e ela começou sua leitura, Pouco antes de o avião decolar,
a aeromoça ofereceu algo para beber e o cardápio do café da manhã. Depois de
escolherem o que iriam comer, Jodie acomodou-se confortavelmente no espaçoso
assento da primeira classe e olhou ao redor. As únicas vezes que tinha estado numa
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primeira classe foram quando passou por elas para chegar até a classe econômica.
Que diferença!
— Tem medo de viajar de avião? — ele perguntou, depois de vários minutos de
silêncio.
— Talvez um pouco, por quê? — disse olhando pela janela.
— Notei que você não larga o braço da cadeira, e o avião ainda nem saiu do
lugar.
Ela retirou as mãos bruscamente e as pôs em cima das pernas. Em seguida,
abriu a bolsa e novamente pegou o livro para ler. Não conseguia se concentrar. Talvez
fosse melhor tentar as palavras cruzadas.
Após mais alguns minutos de silêncio, Jodie perguntou:
— Você sabe qual a duração do vôo?
— Dependendo do tempo, 13 horas. Trocamos de avião, em Los Angeles.
— Ah.
— A gente deve chegar em Maui depois do meio-dia, hora local.
— E o mesmo fuso horário da costa oeste, não é?
— É verdade.
Ela havia esgotado seu repertório de perguntas para puxar conversa. Jodie
pegou a revista de bordo e passou a folheá-la.
Depois do que pareceu horas, o avião finalmente saiu para a pista de
decolagem. O piloto desculpou-se pelo atraso. Havia nove aviões na fila para voar.
Que ótimo. Tempo suficiente para ela se arrepender de ter aceitado fazer aquela
viagem.
— Jodie?
— O quê? — ela se voltou para Dean.
— Estou um pouco sem graça de falar isso depois de tantos anos que você
trabalha para mim, mas não sei quase nada sobre você, além, é claro, do fato de você
ser uma pessoa muito ética, e de que decidiu estudar, o que é admirável. Gostaria de
saber mais da sua vida. Por que não aproveitamos esse tempo para nos conhecermos
melhor?
— Desculpe-me, mas, sinceramente, não estou em condições de conversar,
agora. Preciso de toda a concentração possível até esse avião decolar, quero estar
certa que as asas do avião estão bem presas. — Afinal, todo mundo sabia que a
decolagem e a aterrissagem eram os momentos mais perigosos durante um vôo. A não
ser que tivessem que cruzar alguma montanha. Será?

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E se tivessem que passar por cima do oceano?


— Jodie? — ela desviou o olhar da janela e o encarou interrogativamente.
— Você sabe que estamos completamente seguros.
— Claro que sei. — Ela concordou imediatamente e continuou sua inspeção na
asa do avião, pela janela.
Dean fez um barulho que parecia de engasgue ou tosse. Olhou para ele,
preocupada. Ele estava prendendo a boca, os ombros sacudindo levemente e, de
repente, explodiu numa risada.
Rindo, ele? Raramente o via sorrir, rir então, quase nunca. Ela ficou olhando
para ele com cara de boba. Que diferença aquilo fez nele. Parecia muito mais novo
que seus 38 anos.
Imediatamente, ele tentou abafar o som, mas então olhou para ela novamente,
viu que estava assustada, balançou a cabeça e voltou a gargalhar; uma gargalhada
contagiante que fez com que Jodie risse também.
Ele tirou um lenço de pano do bolso da calça e enxugou os olhos e, finalmente,
parou de rir. Porém, continuava sorrindo e ela continuava sem entender aquela
mudança. Dean estava sorrindo e seu rosto não havia rachado em mil pedaços por
causa disso. Quem acreditaria naquilo?
— Posso saber qual a piada? — ela perguntou. Sorriu ao perceber que estava
enganada quando achou que conhecia o chefe muito bem.
Ele tocou no braço de Jodie e deslizou a mão, cruzando com a dela.
— Desculpe-me, não devia ter rido do seu nervosismo. Você vai ficar bem, eu
prometo.
— Promessa é dívida — ela murmurou.
Ele voltou a soltar uns risinhos. Definitivamente, ele estava se divertindo
horrores à custa do medo de Jodie de voar. Mas até que havia sido bom para que ela
visse que o chefe tinha um lado humano. E decididamente um lado bastante sensual.
Quando ele ria, covinhas apareciam no canto da boca. E Jodie poderia apostar
que ele odiava aquilo. Na verdade, agora ele mal se parecia com o chefe que estava
acostumada a ver quase todos os dias. Estava até bonito.
Tudo bem, ela estava indo longe demais. Quando olhou para Dean Logan
novamente e viu na sua frente um homem lindo, viu que estava perdendo a com-
postura. Devia ser o medo, só podia ser, pensou.
— Nasci em Indiana — ele disse, como se respondesse a uma pergunta. — Vim
para Chicago para estudar na universidade de Northwestern e nunca mais fui
embora. E você?

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Nós viemos do Wisconsin.


— Nós, quem?

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— Minha mãe, eu e meus quatro irmãos. Meus pais se casaram cedo demais,
mas estavam apaixonados e não queriam esperar terminar a faculdade para ficarem
juntos. Meu irmão mais velho nasceu pouco depois e o papai teve que largar a
faculdade para arranjar um trabalho. Foi um bom pai e trabalhou muito para nos
sustentar. Aos 45 anos morreu de um ataque cardíaco. Minha mãe teve que se virar
para arranjar um emprego, mas foi difícil, pois era dona-de-casa e nunca tinha
trabalhado antes. Acabou trabalhando como garçonete. Tanto meu pai como minha
mãe sempre acreditaram que a educação era o maior bem de uma pessoa. Todos os
meus irmãos trabalharam para pagar a faculdade.
— Onde mora a sua família?
— Mamãe mora em Phoenix, que é onde morávamos quando o papai morreu. Um
dos meus irmãos é advogado em Oregon, outro é da marinha e mora em Washington.
O terceiro irmão mora perto da capital, e ninguém sabe o que ele faz. Se alguém
pergunta, ele diz que trabalha para o governo e muda de assunto. Minha irmã,
Lynette, mora aqui em Chicago.
— Algum deles tem filhos?
— Lynette e Chuck têm dois meninos e uma bebezinha — disse sorrindo.
— Seus irmãos são casados?
— Nenhum. Estão muito ocupados trabalhando. — Ela esperou que ele fizesse
mais alguma pergunta, mas como não ouviu nada disse: — Agora é sua vez. Conte-me
da sua família.
— Minha mãe vive num asilo, aqui em Chicago. Eu tinha um irmão mais velho,
mas ele e meu pai estavam no lago Michigan na hora errada, há anos atrás. Um
temporal fortíssimo chegou na cidade e eles nunca mais voltaram para casa.
— Que horror! Quantos anos tinha o seu irmão?
— 12. Eu tinha oito e estava gripado. Minha mãe não me deixou ir com eles. —
Ele desviou o olhar e depois de alguns minutos acrescentou: — É a primeira vez que
falo deles depois de anos.
Ela supôs que ele devia carregar muitas cicatrizes por conta daquela tragédia.
Ela o conhecia bem o suficiente para não fazer mais perguntas.
— Por que você não é casada? — ele perguntou, curto e grosso.
Ela arregalou os olhos.
— Não acha que essa é um pergunta pessoal demais?
— Pode ser, mas já que eu falei um pouco da minha vida pessoal, não custa você
falar um pouco da sua.
— Não é a mesma coisa, a não ser que você também fale por que não se casou

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

ainda.
— Não quero me casar. Já fui noivo, mas ela achou um cara com mais dinheiro
e terminou o noivado seis semanas antes do casamento. — Ele deu de ombros. — Ela
já está no terceiro casamento. Acabou me fazendo um favor. Depois disso, decidi que
ia me dedicar a construir meu negócio, que era muito mais importante do que me
envolver num relacionamento sério.
— Um dia, Dean, você vai encontrar a mulher da sua vida e aí não vai ter como
fugir do inevitável.
— Duvido muito que isso aconteça. — Ele olhou para ela e voltou ao assunto. —
E você? Já foi casada?
Ela balançou a cabeça, negativamente. Ficou um pouco exasperada com a
pergunta. A persistência era uma das características mais fortes do chefe e o tor-
nava um excelente homem de negócios. Mas não gostava nem um pouco quando ele
direcionava sua curiosidade para ela.
Antes que se decidisse se queria ou não compartilhar com ele sua intimidade, a
voz do piloto a salvou para avisar que o avião estava prestes a decolar. Ela pôs o
cinto, imediatamente.
— Se apertar mais, vai acabar se machucando — disse ele, secamente.
Ela respirou fundo, segurou o fôlego e lentamente foi soltando o ar dos
pulmões. Estava fazendo papel de idiota. Soltou um pouco a correia e relaxou os om-
bros.
— Não, nunca me casei — ela finalmente respondeu a contra gosto.
— Por quê?
— Porque nunca quis, ora.
— Algum motivo particular?
— Por acaso isso é um questionário?
— Vamos passar uma semana juntos, quero saber mais da pessoa que está
viajando comigo.
— Tudo bem. Tive um namoro sério quanto tinha 19 anos. Na época, dividia uma
quitinete com uma colega de trabalho. Trabalhávamos no mesmo escritório de
advocacia e foi lá que conheci meu ex-namorado. Ele estudava direito e era
estagiário da firma. Ficamos juntos mais de um ano e até falávamos de casamento
depois que ele terminasse a faculdade. Todo o tempo livre que a gente tinha era para
ficar junto. Era perfeito... até o dia em que cheguei em casa mais cedo e peguei ele
com a minha colega na cama.
— Nossa!

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— Pois é.
— Ele deu alguma desculpa?
— Inventou uma história que foi para minha casa depois da faculdade e que
minha colega disse para ele esperar por mim. Tenho certeza que ela planejou ludo. Aí
ele falou que ela se engraçou para cima dele e que uma coisa levou à outra, mas que
não tinha significado nada. Pediu desculpas e disse que nunca mais ia acontecer.
— E você?
— Disse que se o visse novamente e se viesse falar comigo ia machucar
gravemente uma parte bem delicada da anatomia dele.
Ele fez um ruído de dor, mas nenhum comentário.
— Ele e minha ex-amiga e colega de quarto acabaram casando, pois ela
engravidou. Não sei o que aconteceu depois, acabei mudando de emprego e de bairro.
— Deve ter sido uma barra.
— Foi. Descobrir que uma pessoa que achava que era sua amiga e o homem com
quem ia se casar traíram você na sua própria casa é bastante traumático.
— Faz muito tempo?
— Uns cinco anos.
— E desde então não namorou mais?
— Nada sério. Não quero mais me machucar. Prefiro não deixar ninguém se
aproximar muito.
Ele olhou para as mãos dos dois, uma colada na outra.
— Então, me sinto honrado. Ela o olhou e disse:
— Não estamos próximos. Trabalho para você. — Afastou a mão assim que o
avião começou a andar.
— Na verdade, você trabalha para a companhia.
— Você é a companhia. — Fingindo estar calma, pegou o livro, determinada a
lê-lo.

CAPÍTULO QUATRO

Jodie ficou aliviada ao sair do avião em Los Angeles e finalmente colocar os


pés em terra firme. Terminou o livro e foi a uma livraria do aeroporto comprar mais

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

alguma coisa para ler no próximo vôo.


— A gente tem tempo de comer alguma coisa, se você quiser — Dean disse,
enquanto passavam por alguns restaurantes na praça de alimentação.
— Não estou com muita fome. Vai ter comida no próximo vôo, não vai?
— Vai.
— Então prefiro esperar.
Ela olhou por uma das janelas do aeroporto e viu o pôr-do-sol, um céu azul e
palmeiras. Que diferença de Chicago.
— Nunca tinha estado em Los Angeles antes. Mas acho que dessa vez não
conta, pois não vou sair do aeroporto, mesmo.
— Você gosta de viajar? — ele fez um gesto para que ela entrasse num café
com ele.
Viajei muito pouco. Já fui a Phoenix várias vezes para ver minha mãe. Teve um
natal que a família se reuniu no Oregon, na casa do meu irmão: Não me sobrou tempo
para viajar muito.
Eles compraram um café e foram procurar uma cadeira para sentar.
— Então foi ótimo ter trazido você nessa viagem.
— Obrigada.
— Sei que está fora de contexto, mas você fica tão diferente com o cabelo
solto.
— Você pergunta sem nenhuma vergonha por que não sou casada e fica
encabulado para falar do meu cabelo?
— É verdade. É tarde demais para eu me desculpar pelas perguntas que já fiz?
— Demais. Agora você conhece a minha triste novela. Mas você gostou do
corte novo?
— Você cortou o cabelo?
— Ontem. Ainda estou me acostumando com a idéia de ter o cabelo mais curto.
— E, está... bem, gostei.
— Obrigada. Então, vamos procurar o portão de embarque do próximo vôo?
Ele se levantou e esticou-se, deixando um pouco da barriga à mostra, que era
dura e bem definida. Ela pensou em como seria vê-lo de sunga.
Jodie estava um pouco mais relaxada no segundo vôo. Estava até meio
sonolenta, apesar do café que tinha tomado. Talvez conseguisse tirar uma soneca
quando já estivessem no ar.

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Jodie acordou assustada ao ouvir o piloto anunciando que o avião estava


descendo para aterrisar no aeroporto Kahului, em Maui, e que em 40 minutos es-
tariam na ilha.
Não podia acreditar que havia dormido tanto. Olhou para a perna e viu a
revista que estava lendo quando caiu no sono.
Olhou para Dean e o viu com os óculos de leitura e um manual técnico. Nada de
mistérios e romances para ele.
— Vejo que encontrou algo bem leve para se entreter nas suas férias.
Ele abaixou o queixo e a olhou por cima dos óculos.
— Cada um sabe o que serve para relaxar. Dormiu bem?
— Surpreendentemente, sim. — Ela tapou a boca c bocejou. — Acho que posso
me acostumar a viajar na primeira classe. — Esperou um pouco antes de dizer — Se
você me der licença, quero jogar uma água no rosto antes de as luzes acenderem para
colocar o cinto.
Dean se levantou do assento e deixou que ela passasse para o corredor. Por
sorte, o banheiro estava desocupado. Lavou as mãos e pegou uma escova da bolsa
para ajeitar os cabelos.
O novo corte realmente mudava a aparência dela. As ondas caíam no rosto e
chamavam a atenção para ON olhos de Jodie. Ficou surpresa que Dean não apenas
notou como também comentou sobre o novo visual.
Quando saiu do banheiro, deu de cara com um passageiro da primeira classe.
Sorriu para ele cordialmente e ele retornou o sorriso com entusiasmo.
Jodie corou e voltou rapidamente para seu lugar. Dean já estava de pé para
que ela pudesse se sentar.
— Obrigada. — Ela sentou-se apressadamente. Ele se sentou em seguida e
fechou o manual que estava lendo.
Por 15 minutos, ele fez mais perguntas sobre a vida de Jodie — hobby, filmes
preferidos e programas de televisão. Depois, a deixou ler o livro que havia comprado.
Ela ainda se sentia desconfortável em viajar com ele. Mas, com certeza, iria
acabar superando o mal-estar, uma vez que chegasse no apartamento e começasse a
curtir o lugar.
Depois da aterrissagem, os dois pegaram suas malas de mão e saíram.
Qualquer um diria que eram um casal que estava junto há muitos anos. Ela não sabia
por que aquela idéia a deixava tão nervosa.
Já no terminal, Jodie percebeu que muitas das pessoas que estavam partindo
usavam um colar de flores. Ela sorriu e não via a hora de receber um também. Dean

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achou um táxi e, com o motorista, pôs as malas na mala do carro.


Dean se sentou ao lado dela, no carro.
— E então, o que acha?
— Estou impressionada. O ar puro é refrescante.
— Bem melhor que o cheiro do diesel e da gasolina da cidade.
Enquanto fazia perguntas ao taxista, olhou de relance para Dean, que
apreciava a vista pela janela. Parecia estar bem menos tenso. Na verdade, Jodie
nunca o havia visto tão relaxado. Que bom. Tinha esperanças de que um pouco de
descanso iria lhe fazer muito bem.
A paisagem era de tirar o fôlego, com enormes montanhas de um lado e o mar
do outro. Seguiram a costa por alguns quilômetros, até que o motorista diminuiu a
velocidade e virou numa travessa que dava num portão.
Dean deu o seu nome e o portão se abriu.
A vereda no interior do condomínio era cheia de árvores e vasta mata verde.
Quando chegaram no prédio, ela se sentiu no paraíso com a vista panorâmica da praia.
Suspirou de prazer.
Dean a ajudou a sair do táxi e, enquanto tirava as malas do carro, Jodie olhou
o edifício. Varandas libertas, todas de frente para o mar. O extravagante perfume
do desabrochar das flores flutuava no ambiente. Respirou fundo para que o aroma da
primavera a invadisse.
— Pronta? — Dean a esperava na porta de entrada, com as malas nas mãos.
— Desculpe-me, é que estou maravilhada. — Ela abriu a porta e os dois
entraram num amplo saguão e foram até o elevador. — Qual o andar?
— O último. — Ela então apertou o botão que indicava o quarto andar.
Quando as portas se abriram, Jodie descobriu que o andar era todo de Dean,
que pegou uma chave no bolso e abriu a porta dupla que dava para o apartamento.
— Primeiro você, senhorita Cameron. — Ela entrou e parou em seguida.
— Meu Deus, nunca vi nada igual. Parece cenário de um filme de Hollywood
sobre ricos e famosos.
— É bem impressionante, mesmo. Quer fazer um tour?
A área do apartamento era circular, com o elevador no meio, e todas as janelas
tinham uma vista espetacular. A cozinha era bem equipada. A sala de jantar tinha
uma bela mesa de mogno onde caberiam facilmente 12 pessoas. Os três amplos
quartos tinham, cada um, banheiro e varanda.

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— Pode escolher o quarto que preferir. — Disse Dean ao terminar o passeio


pela casa.
— Qual você gosta mais?
— Tanto faz.
— Hum. — Parou à porta de um deles. O quarto parecia ter o tamanho de uma
quadra de basquete. A vista era belíssima. — Acho que vou ficar com esse, então. —
Murmurou enquanto abria uma das janelas.
Pôde ouvir o barulho das ondas batendo na areia da praia. Quando se virou
novamente, Dean já não estava mais lá. Havia deixado a mala dela ao lado da porta.
Jodie entrou no banheiro, que era maior que a sala da casa dela em Chicago.
Como seria fácil acostumar-se a morar num lugar assim. Sorriu. Não conseguia nem
pensar direito de tanto deslumbre.
De repente, sentiu-se cheia de energia, apesar da longa viagem, e desfez as
malas. Trocou a roupa de frio que usava por um jeans e uma blusa sem manga, e foi
até a sala principal. Dean estava no bar fazendo um drinque.
— Quer um? — perguntou ele, quando a viu entrar.
— Aceito um copo de água. Não sou de beber. Estou pensando em dar um pulo
na praia.
— Não está com fome? A gente podia comer antes.
— Não é má idéia. Estou mesmo com fome. E, com certeza, ainda vai ter muito
sol depois que acabarmos de comer.
O restaurante era ao lado do prédio, com mesas ao ar livre e no interior. Jodie
notou que havia poucas pessoas comendo. Olhou o relógio.
— Acho que é meio cedo para comer de acordo com a hora local, não?
— Não tem problema. Eles estão acostumados com hóspedes chegando em
diferentes horários. O restaurante fica aberto 24 horas por dia.
Já sentada, Jodie pegou o cardápio para escolher u comida. Bocejou. Dean
ficou olhando-a por um tempo.
— Você deve querer dormir cedo hoje à noite, mesmo com o cochilo que tirou
no avião. Mas o melhor seria se conseguisse ficar acordada para se acostumar logo
com a mudança do fuso.
— O som das ondas é tão relaxante. Só espero não cair no sono em cima da
salada.
— Um brinde às nossas férias a trabalho. Dean pegou o copo de água e o
levantou.

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Jodie pegou seu copo e brindou com ele.

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— Obrigada pelo convite. — Ela bocejou novamente. — Do jeito que estou,


seria capaz de dormir a semana toda.
Ao acabarem de comer, o sol estava baixo ao oeste. Dean caminhava ao lado
dela em silêncio, com as mãos no bolso, enquanto Jodie ia até a praia.
O céu começou a escurecer e os dois ficaram assistindo às luzes das casas ao
redor da praia se acenderem gradualmente. Depois voltaram para o condomínio. Se
ela andasse na areia da praia todos os dias, iria voltar para casa em ótima forma;
sorriu pensando.
— O que é tão engraçado? — ele perguntou, parando ao lado dela para tirar a
areia dos sapatos.
— Estava pensando no ótimo exercício que é andar na areia. Se não estou em
forma agora, com certeza vou estar no final da semana.
— Provavelmente.
Um homem de poucas palavras. Não que ela se importasse. Amanhã estaria de
pé quando o sol nascesse e planejava aproveitar cada minuto no Havaí.
Depois que Jodie foi para o quarto, Dean tomou um banho e foi se alongar na
cama.
Ficou pensando em Rachel; sobre a raiva que estava pela forma abrupta como o
expulsou. Há anos havia aprendido a controlar suas emoções. Considerava-se um
homem racional, que não se deixava levar por sentimentos e sensações. Mas quando
Rachel jogou na cara dele aquelas acusações: insensível e egoísta foram as palavras
mais suaves que ela disse — ele sentiu uma raiva que há muito tempo não expe-
rimentava.
Não deu nenhuma chance a ele de se explicar e deixou claro que não queria
mais vê-lo nem pintado de ouro.
Estava grato por não ter contado sobre seus planos. Jodie estava certa
quando disse que precisava descansar por uns dias. O entusiasmo e alegria por estar
lá acabaram contagiando Dean. Não se lembrava da última vez que havia estado tão
animado. Talvez a presença dela na viagem fosse ajudá-lo a aproveitar mais a vida.
Lembrou da experiência infeliz pela qual ela passou com o... namorado? Noivo?
Ela não disse. Sorriu pensando na maneira com que Jodie lidou com o incidente. Mas
havia sofrido muito. Era a única explicação para que agora ela estivesse ocupada
demais para ter um relacionamento sério.
Ele se virou na cama e ajeitou o travesseiro, disposto a dormir. No entanto,
seus pensamentos estavam voltados para Jodie. Estava tão diferente ao checar no
aeroporto, vestindo um jeans justo, um suéter, botas e uma parca.
Não conseguia parar de pensar no motivo de não ter notado antes e de como
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era atraente. Na verdade, mais do que atraente. Linda não seria um adjetivo n altura
para descrevê-la, mas era algo próximo. Também gostava da franqueza de Jodie, e
de como ela não se deixava intimidar por ele. Trabalhava duro e merecia cada
centavo que ganhava. Era inteligente, ele valorizava muito a sua opinião.
Estaria perdido sem ela.
Ao menos, continuaria na empresa. De qualquer forma, esperava encontrar
alguém tão eficiente para substituí-la.
Queria que essa viagem fosse especial para ela. Entraria em contato com
Furukawa no dia seguinte e marcaria uma reunião para descobrir se havia condições
de fazer negócio com o havaiano.
Acabou caindo no sono enquanto planejava o dia seguinte.
— Tanto planejamento para nada — murmurou Dean ao descobrir que Jodie
não estava em casa na manhã seguinte. Havia pedido café-da-manhã do restaurante
para os dois, e quando chegou, bateu na porta do quarto dela.
Como não houve resposta, ele abriu um pouco a porta e descobriu que o quarto
estava vazio.
Sentou-se no bar da cozinha, tomou um gole do café e comeu algumas das
deliciosas frutas. Havia pedido que vários jornais fossem entregues todas as manhãs
no apartamento e folheou alguns enquanto comia.
Algum tempo depois, foi até a janela e olhou para a praia. O mar estava uma
piscina e havia inúmeras pessoas na areia e na água.
Viu quando uma jovem saiu da água e apanhou toalha para se secar. Ficou
olhando-a por vários minutos até reconhecer Jodie. O rosto era pura satisfação. Ela
secou-se e voltou a pôr a toalha na areia para se sentar. Passou as mãos nos cabelos
molhados e depois os sacudiu. Fazia isso de uma maneira bastante sensual. Como
nunca a havia notado?
Dean reparou que ele não era o único homem que a olhava naquele momento.
Um deles foi até ela e puxou papo. Dean se virou e se afastou da janela. Não era
problema seu o que ela fazia ou quem conhecia. Então por que o incomodou ver que
outro homem falava com ela? Não existia razão nenhuma para que ele tivesse um
sentimento de posse pela secretária. Ela era livre para aproveitar as férias como
bem entendesse.
Olhou para a praia novamente. O homem disse algo para ela, e Jodie riu e
virou-se de costas.
Ela riu.
Nunca ria quando estava com ele.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Voltou para a mesa e começou a ler um dos jornais. Olhou para o relógio.
Sentia-se inquieto e hesitante, e era cedo demais para ligar para seu possível cliente.
Pensou em como estariam as coisas na empresa, mas o seu substituto sabia tanto do
negócio tanto ele próprio.
Dean caminhou até a janela e olhou o mar, as montanhas e finalmente a praia.
Estava sozinha novamente, mas os homens continuavam a secá-la com os filhos.
Dean se retirou da janela novamente. Poderia dar um pulinho na praia, dar um
mergulho, apenas... o problema é que não tinha trazido roupa de banho. Bem, poderia
passear pela praia, mas aí os sapatos se encheriam de areia.
As roupas que havia trazido não eram apropriadas para aquele lugar. Mas,
provavelmente, iria passar a maior parte do tempo trabalhando, então não tinha
importância. E se não trabalhasse o tempo todo? O que iria fazer? Sacudiu a cabeça,
frustrado. O que as pessoas faziam nas férias? Pegou o telefone e ligou para a
empresa.
O sol já estava forte demais quando Jodie pegou sua toalha e a bolsa de praia
e foi procurar algo para comer. Tomaria um banho e passearia pela orla em busca de
um restaurante. Com certeza, teriam outros lugares além do restaurante do
condomínio.
Havia se divertido muito naquela manhã e conhecido algumas pessoas
interessantes, que da mesma forma estavam lá para curtir o calor e a natureza, sem
qualquer arrependimento de ter deixado o inverno em casa.
Conheceu um casal em lua-de-mel, outro que estava celebrando o aniversário
de 30 anos de casamento e um jovem casal com duas crianças que brincavam no
rasinho da praia.
Dois ou três caras foram até ela e se apresentaram. Um deles disse que ia lá
todas as manhãs e que provavelmente a veria novamente. Outro disse que aquele
seria seu último dia na ilha e que pretendia curtir a água até o último minuto.
Ao entrar no condomínio, Jodie não entendia como Dean conseguia ter uma
energia tão carregada. Quando ele não estava, o lugar ficava bem mais sereno.
Olhou ao redor e viu uma pilha de jornais ao lado de uma cadeira e os restos
do café da manhã. Ele havia pedido comida para ela também, notou. Comeu um
brioche e uma banana. Delicioso. Aquilo forraria o estômago pelo menos até que
tomasse banho, se trocasse e encontrasse algum lugar para almoçar.
Depois do banho, olhou-se no espelho e viu que já estava um pouco bronzeada.
Ou melhor, estava bem bronzeada. Teria que tomar mais cuidado com o sol nos
próximos dias.
Passou bastante protetor solar antes de ir para o quarto se vestir. Jodie havia

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gastado uma nota com as novas roupas de verão. Afinal, não era sempre que alguém
tinha a oportunidade de passar as férias no Havaí, de graça. Escolheu um par de
sandálias, um short e uma camiseta que combinasse com seus olhos azuis.
Saiu do apartamento e chamou o elevador. Quando as portas se abriram, lá
estava Dean.
— Vai descer? — perguntou ele, educadamente. Ela riu. — Sim, por favor —
respondeu e entrou no elevador.
— Subi para ver se estava e chamá-la para comer alguma coisa.
— Você leu meus pensamentos. Estava indo procurar algum lugar para comer à
beira da praia.
— Pelo visto, você aproveitou bem a manhã. — Disse depois de colocar as mãos
no bolso.
— Muito. E você?
— Falei com Furukawa e ele disse que pode me ver depois de amanhã. Então,
vou ficar por aqui por enquanto. — Ele olhou de relance para ela. — Pensei que talvez
você pudesse me dar umas dicas do que fazer. — Jodie sorriu.
— Não vai ser nenhum trabalho para mim. O elevador se abriu e eles saíram.
— Liguei para o escritório duas vezes hoje, com a esperança de que tivesse
acontecido alguma crise por lá que só eu pudesse resolver. — Disse com um sorriso
nos lábios. — Infelizmente, está tudo correndo muito bem.
Ele parecia tão decepcionado que Jodie achou graça.
— Não é tão ruim assim, tenho certeza.
— Tentei descobrir o que as pessoas costumam fazer aqui além de ir à praia e
me disseram que há vários passeios para se fazer, se estiver interessada.
Eles foram até a orla. Ele deu a ela alguns folhetos que ela leu com entusiasmo.
— Tem tanta coisa para ver!
Uma pequena lanchonete chamou a atenção dos dois e ali ficaram para almoçar.
Jodie pediu uma salada grande e Dean um sanduíche. Ela continuou concentrada nos
folhetos com informações dos passeios.
— Estou impressionada. Poderíamos passar um mês aqui e não daria tempo de
ver tudo que tem na ilha. — Apontou para um dos anúncios. — Podíamos participar de
um luau. Você já esteve em um?
— Não. Quando estive aqui não tive tempo para fazer turismo. Topo qualquer
coisa que você escolher.
— Hum. — Ela ficou pensativa tentando escolher qual dos folhetos lhe

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agradava mais. — Poderíamos visitar algumas outras ilhas, pegar um helicóptero e


fazer um passeio aéreo pelas montanhas ou apenas ficar na areia da praia o dia
inteiro sem fazer nada.
Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ela vibrava de entusiasmo, algo que ele
raramente sentia.
— Por mim, tudo bem. — Olhou o relógio e pegou o celular. — Vou fazer as
reservas para o luau e depois pensei em alugar um carro para fazer umas compras.
Ela levantou as sobrancelhas.
— Você querendo ir a um shopping? Dean, você está me surpreendendo.
— Estou meio sem graça de dizer, mas a verdade é que não trouxe roupa de
praia. — Olhou para os pés. — Preciso me vestir mais de acordo com o lugar, usar uns
chinelos, shorts. Além disso, nenhum turista que se preze deve sair daqui sem ter
comprado uma autentica camisa havaiana. — Ela riu.
— Muito bem, um ponto para você. Quer que eu vá com você?
Ele congelou. Claro que queria que ela fosse. Na verdade, não havia nem
cogitado a hipótese dela não Ir. Ele limpou a garganta.
— Só se você quiser.
— Adoro shopping. Confie em mim, você está falando com um profissional do
consumo.
— Obrigado — disse Dean tocando a mão dela.
Ela sorriu.
— Não tenho certeza se vai estar tão grato depois que eu arrastá-lo por um
monte de lojas.
— Vou me arriscar.
Como regra geral, Dean detestava shopping, mas também nunca fora a um com
Jodie Cameron. Foram a um pequeno shopping no centro onde nativos tocavam música
com instrumentos típicos da região e a famosa guitarra ukulele para os clientes.
— Tocava ukulele quando era criança — confidenciou Jodie, enquanto ouvia a
música.
— Tocava bem?
— Não posso dizer isso, mas aprendi uns três ou quatro acordes que serviam
para quase todas as músicas. O que me faltava em talento, me sobrava em en-
tusiasmo. — Ela olhou para ele e riu, quase fechando os olhos.
Ela era encantadora.

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— Vai ter que tocar para mim, um dia — ele disse.


— De jeito nenhum. Não toco há anos. Nem me lembro o que aconteceu com o
que eu tinha.
— Então vamos ter que adicionar o ukulele na nossa lista de compras. Assim
você vai poder tocar toda noite, lá em casa. Um trabalho de férias. Quem sabe você
não começa uma nova carreira?
— Você não tem idéia do que está me pedindo. — Ela respondeu num tom grave,
mas logo não agüentou e riu.
Dean seguiu Jodie, entrando e saindo de várias lojas, impressionado com o
talento que ela tinha para as compras. Sabia de cara se uma roupa iria ficar bem nele
e não perdia tempo vendo o resto da loja. Enquanto estava no provador
experimentando as roupas que ela escolhia, Jodie procurava presentes para a família.
Comprou um para cada familiar e outros para os amigos.
Já havia pago pelos presentes quando Dean saiu do provador, vestindo um
short e uma camisa com um toque tropical.
— Uau, você está um gato com essa roupa. — Jodie falou sem pensar. Ele ficou
com o rosto vermelho de vergonha. — Ai! Desculpe-me, não devia ter...
— Não precisa se desculpar. Acabei de ganhar o dia. Acho que nunca tinham
usado esse adjetivo comigo.
— Vire-se de costas. — Ela disse, ainda meio sem graça. Viu que a camisa havia
caído perfeitamente e tentou ignorar o short que realçava os músculos bem definidos
da bunda de Dean. — Se fosse você, levava as duas peças — quase engasgou. — E as
outras? Vai querer levar?
— Gostei. Vou levar os três shorts e algumas camisas. — Ele olhou para os pés
descalços. — Achei que as meias pretas e os sapatos pretos não combinavam com a
roupas novas.
Bem pensado. Você está com sorte, porque tem uma loja de calçados bem aqui
ao lado. Vamos ver qual é o seu número e a gente resolve isso rapidinho. Quando
chegaram em casa já era quase noite e ambos tinham os braços carregados de
compras. Logo na porta, largaram tudo no chão.
— Acho que a gente comprou o shopping inteiro — disse Dean olhando,
admirado, a pilha de sacolas no chão.
— Ainda não consigo acreditar que você realmente comprou o ukulele. Você
deve ser muito masoquista, mesmo.
— Como pode estar no Havaí e não querer tocar algumas canções da terra?
— Claro... — respondeu Jodie com um tom nada convicto. Olhou ao redor. —

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Muito bem, vamos separar as compras.


— Onde você se meteu enquanto estava experimentando os sapatos? Comprou
mais o quê? — Dean começou a procurar o que era seu.
— Um vestido para usar hoje no luau. Já que você vai ao estilo nativo, pensei
em acompanhá-lo.
Cada um levou suas compras para os respectivos quartos. Antes de entrar,
Jodie olhou para ele e disse:
— Vou tirar uma soneca para conseguir ficar acordada até mais tarde.
— Estava pensando na mesma coisa. Vou pôr o despertador para tocar daqui a
duas horas.
— Obrigada.
Já no quarto, Jodie se inclinou e deixou as bolsas no chão. O que havia de
errado? Sentiu como se uma venda tivesse sido tirada dos seus olhos. Como nunca
notara o quanto Dean era atraente? Talvez fosse a mudança de ambiente, o fato de
vê-lo fora do escritório. Parecia tão determinado a aproveitar as férias. Pensou o
quão triste seria se fosse a primeira vez que ele fazia isso.
O que mais a incomodou foi a forte atração que sentiu por ele durante toda a
tarde em que estiveram fazendo compras. Quando passou a mão pelos ombros dele,
sentiu o músculo rijo e desejou continuar tocando-o.
Sem dúvida alguma ela estava em maus lençóis. Estavam juntos havia apenas
dois dias e já ficava toda ouriçada só de olhar para ele.
Obviamente que não faria nada a respeito. Seria uma estupidez considerar
qualquer possibilidade. Mas olhar não fazia mal a ninguém, não tirava pedaço,
contanto que ela não fizesse nada comprometedor, como ficar babando.

CAPÍTULO CINCO

O alarme do relógio de pulso acordou Dean e ele ficou surpreso de como havia
dormido bem. Sentou-se na cama e olhou pelas portas de vidro da varanda. O céu
estava ficando azul-escuro com o cair da noite. Checou as horas outra vez, foi até a
porta do quarto de Jodie e bateu. Ninguém respondeu.
Finalmente, ele abriu a porta e ouviu o som da respiração de Jodie, a cabeça
estava coberta pelo lençol.
— Jodie?

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Nada. Ele foi até a cama.


— Jodie, é hora de levantar.
— Hum. — Ela murmurou sem se mover. Dean ligou o rádio que estava na
cabeceira da cama e aumentou o volume. A estratégia funcionou, porque ela pulou da
cama, espantada.
— Desculpe, não quis assustá-la. — Ele disse, prendendo o riso.
— Devia ter avisado que tenho o sono muito pesado — disse Jodie sentando-se
na cama.
— Deu para perceber. Vou me arrumar e a espero na sala de estar.
— Vai vestir suas roupas novas?
— Com certeza — disse Dean antes de sair d quarto.
— Uau — ela disse ao entrar na sala e vê-lo. — Você levou a sério essa história
de se vestir como um nativo.
— Se você está em Roma... — Ele disse, com os ombros encolhidos, tentando
não encará-la.
Ela vestia um vestido florido com um fundo azul da cor do mar. Estava justo e
deixava à mostra os ombros sedutores e marcava seu corpo perfeitamente modelado.
— O que acha? — ela perguntou e lentamente deu uma volta em círculo.
Ele engoliu a seco.
— Cai bem em você. É bonito. Ela riu.
— Na verdade, é uma manta. A vendedora me ensinou como vestir. Estou
usando um autêntico sarongue.
Foi aí que ele descobriu que estava em maus lençóis. Ela se aproximou de Dean.
— Também comprei esse colar de conchas para combinar com o vestido. —
Pegou no braço dele. — Esse luau vai ser tão divertido, já até imagino.
Ele concordou em silencio — torcia apenas que sobrevivesse àquela noite, sem
agarrar nem beijar Jodie.
* * *
Jodie achou o luau parecido com o que ela sempre sonhou e muito mais. A
comida estava divina, tomou o mai tais, um drinque, nunca havia provado algo tão
delicioso. As danças típicas a envolveram completamente. Não entendia como as
mulheres conseguiam mexer a cintura com tanta desenvoltura e rapidez ao som dos
tambores.
Foram os tambores que também ritmaram o coração de Jodie. Olhou de

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relance para Dean que estava ao lado e parecia estar se divertindo. Ele também a
olhou. Jodie se inclinou sobre o ombro de Dean e o cutucou de leve.
— Acha que consegue dançar e tocar os tambores como eles?
— Nem ousaria. Está se divertindo?
— Muito.
— É melhor não abusar dos drinques com rum. Demoram a fazer efeito, mas
quando chegam é como uma bomba.
Ela olhou para o copo quase vazio. Era seu segundo ou terceiro copo?
— Eles têm gosto de suco de fruta — ela olhou para o copo dele. — O que você
está tomando?
— Pina Colada. Quer provar?
— Não, obrigada.
— Você não tem o costume de beber, não é?
— Não — ela sorriu —, mas estou de férias e vou me dar ao luxo de abusar um
pouquinho.
Os tambores cessaram de tocar abruptamente. As dançarinas tinham colares
de flores pendurados nos braços e estavam colocando no pescoço de cada convidado.
Ela gostou de como o colar caíra bem em Dean.
— Vamos voltar para casa? — ele perguntou.
— Pode ser. — Foram ao luau caminhando e voltariam para o condomínio da
mesma forma. Ele a ajudou a andar e ela reparou que estava um pouco tonta. Talvez
Dean estivesse certo ao falar dos drinques.
Ele passou o braço pela cintura dela e ela fez o mesmo, automaticamente.
Estava um gato naquela noite. O short deixava à mostra as pernas musculosas. Ela
passou a mão pela camisa dele, desfrutando a sensação, e sorriu. Aquela,
definitivamente, havia sido uma noite romântica e Dean estava satisfazendo a
fantasia dela naquela caminhada à meia-noite. Lentamente foram andando, pisando na
espuma do mar, a areia. Jodie olhou para o céu e disse:
— Nunca tinha visto tantas estrelas e tão brilhantes.
— As cidades grandes são iluminadas demais e não deixam a gente ver todas
as estrelas no céu.
Descansou a cabeça no ombro dele. O som das ondas contribuía para o ritmo
sensual da noite. Nunca havia estado tão próxima de Dean e sentiu pela primeira vez
o perfume da loção de barbear que ele usava.

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O calor do corpo dele aquecia o dela que estremecia de tempos em tempos.


— Vai ser difícil repetir esse momento. — Ela disse quebrando o silêncio entre
os dois, quando chegaram ao portão do condomínio. Como Dean não respondeu, ela
ergueu a cabeça e o olhou. Parecia contrariado, olhando para frente. Afastou-se dele
e tropeçou em seguida. Ele a pegou pelo braço a tempo.
— Você estava certo quando falou para eu tomar cuidado com a bebida — disse
ela desanimada. — Já estou sentindo os efeitos.
Ele abriu a porta da entrada do prédio e esperou até que estivessem no
elevador para dizer:
— Acho que infelizmente você vai ter uma baita dor de cabeça amanhã.
Ao chegarem no andar do apartamento, ele abriu a porta e os dois entraram.
— Provavelmente, mas vai ter valido à pena.
— Tomara que você continue achando isso amanhã de manhã.
Ambos foram em direção aos respectivos quartos. O quarto de Jodie era o
primeiro do corredor.
— Obrigada pela noite. Espero que você não tenha se entediado.
— De jeito nenhum. Acho que fiquei sem pensar em trabalho, bem, pelo menos
por 30 minutos. — Ele sorriu.
— Não sei o que fazer com você — disse sorrindo.
— Um beijo de boa noite cairia bem.
Aquele comentário a pegou de surpresa. Era a última coisa que esperava ouvir
dele.
— Claro. — Respondeu antes de se inclinar na direção dele. Fechou os olhos,
esperando um leve beijo na bochecha. Em vez disso, ele a envolveu lentamente e a
beijou na boca. O que estava acontecendo com ela? Que rum era aquele que a estava
fazendo se derreter toda nos braços dele e o abraçar no pescoço?
Ao terminar o beijo, os dois estavam ofegantes.
— Estava querendo fazer isso durante toda a noite — disse ele com a voz
rouca.
— Não sabia. — Ela murmurou e acariciou o queixo e as bochechas de Dean. —
Bem, boa noite. — Conseguiu dizer antes de entrar no quarto e fechar a porta.
Dean fechou os olhos e ficou parado em frente à porta dela. O que tinha
feito? Estava maluco? Aproveitou-se do fato de que ela estava lá com ele, o que era
injusto.

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E por que ela não deu um tapa na cara dele!


Agora sabia como era tê-la em seus braços, havia provado o gosto de Jodie
quando os lábios dela se abriram como um desabrochar de uma flor. Não iria
esquecer disso, também não esqueceria que ainda teriam cinco dias juntos antes de
voltar para Chicago.
Ele balançou a cabeça e foi rapidamente para o quarto. Tirou a roupa para
tomar uma ducha fria para apaziguar os ânimos e esfriar a cabeça. Envolver-se com
Jodie Cameron seria o cúmulo da negligência.
Infelizmente, naquela noite havia descoberto que á estava envolvido com Jodie
há anos.
A primeira coisa que Jodie descobriu na manhã seguinte foi que Dean havia
feito uma estimativa branda dos efeitos do mai tais. Não estava apenas com dor de
cabeça; seu corpo estremecia de tanto enjôo.
A segunda coisa que sentiu foi o delicioso cheiro de café que vinha de fora do
quarto. A idéia de tomar um café parecia perfeita e ela saiu da cama em seguida.
Vestiu um roupão enorme e felpudo que estava atrás da porta do banheiro e escovou
os cabelos devagar — até o couro cabeludo doía naquela manhã. Depois saiu para a
cozinha.
Dean estava sentado no bar da cozinha, lendo jornal.
— Como está se sentindo?
Ela quase choramingou e mesmo esse pequeno som fez doer a cabeça.
— Devia ter parado no primeiro drinque — encheu uma caneca com café e em
seguida deu um bom gole.
— Uma aspirina deve melhorar — disse ele, apontando para uma prateleira.
Encheu um copo de água, tomou duas aspirinas e sentou-se num banco ao lado
de Dean.
Estava de short, camisa e chinelos. Parecia descansado e bem-disposto. Jodie
estava morrendo de inveja, pois sua cabeça latejava naquele instante. Ele continuou a
ler o jornal e pela primeira vez apreciou o jeito taciturno dele.
Deu outro gole no café e olhou pela janela. O sol estava a pino, mas naquele
momento ela não se incomodaria se lá fora caísse um temporal.
Dean deixou o jornal na bancada e se levantou. Foi até a janela e fechou as
cortinas.
— Como adivinhou? — perguntou ela aliviada. Ele voltou a se sentar, porém
antes apagou a luz do abajur que estava aceso na cozinha.
— Já abusei da bebida algumas vezes nesses meus 30 anos. Sei como é uma
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ressaca.
— A bebida parecia tão inofensiva, nunca pensei...
Ele levantou a mão para confortá-la, mas desistiu em seguida.
— Sei que a idéia pode parecer pouco atraente, mas se você comer alguma
coisa, vai se sentir melhor.
— Tem razão. A idéia não é nem um pouco atraente.
Ele sorriu e pegou o telefone. Depois de pedir dois cafés da manhã, desligou e
olhou para ela.
— Coma umas torradas e tome um suco...
— Está brincando? — perguntou ela, desgostosa. — Acho que nunca mais vou
beber um copo de suco na vida.
— Não foi o suco que fez você passar mal.
— Você é sempre tão lógico — queixou-se ela.
— Você também, na maioria das vezes. Até o final do dia vai estar bem melhor.
— Obrigada pelo consolo. Agora, parece que só vou melhorar se morrer.
Ele deu uma risadinha, mas não falou nada.
Quando a comida chegou, ela olhou para a bandeja enquanto seu estômago
roncava.
Será que Dean sempre tinha que ter razão?
Milagrosamente, depois do meio da tarde ela passou a ser gente de novo. Não
se sentia bem para sair de casa, mas estava bem melhor.
Dean saiu depois de comer e ainda não havia retornado. Ficou curiosa em saber
aonde poderia ter ido. Talvez tivesse ido se encontrar com uma das mulheres que
conheceram no luau. Não que isso fosse de interesse dela. Jodie franziu a testa.
O que havia de errado com ela? Dean namorou várias mulheres desde que
começou a trabalhar para ele e ela nunca havia sequer pensado no assunto. Até a
noite anterior, não desconfiava que nele havia tanta paixão.
Definitivamente, estivera cega todo esse tempo. Suspirou ao lembrar de como
reagiu ao beijo dele. Se não estivesse se sentindo tão mal, provavelmente, não teria
conseguido encará-lo naquela manhã.
Pelo menos, havia sido um cavalheiro e não tinha mencionado nada sobre a
noite anterior.
Jodie foi tomar um banho e a água teve um efeito, como sempre, renovador em
seu corpo. Depois que se vestiu e retornou à sala, sentia-se novinha em folha. Ouviu a

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chave na porta e viu que Dean tinha acabado de chegar. Quando a viu, sorriu.
— Ignore o pedido de resgate, consegui escapar.

CAPÍTULO SEIS

Jodie se levantou rapidamente e olhou para ele em estado de choque.


— Você foi seqüestrado? — Perguntou atônita.
— Desculpe-me, estava brincando. É que fiquei mais tempo do que gostaria. —
Ela voltou a se sentar, sentindo-se tonta pela reação brusca que teve. — Como você
está? — perguntou ele, acomodando-se no sofá ao lado.
— Bem melhor que hoje de manhã.
— Almoçou?
— Pedi uma sopa. Não estava com ânimo de sair de casa.
— Marquei alguns passeios até o final da semana. Vamos almoçar com o
Furukawa amanhã, em Honolulu. Depois podemos conhecer o que tiver de inte-
ressante por lá. Tem lugares bem legais para visitar, com certeza, amanhã estará
ótima para poder aproveitar tudo.
— Claro, estou super a fim de conhecer tudo o que der.
— Acha que dá para sentar um pouco na praia? O ar fresco vai lhe fazer bem.
— Boa idéia. Vou me trocar.
Ao colocar o biquíni que havia comprado no dia anterior, Jodie lembrou que
ainda não tinha visto Dean de sunga. Seria a primeira vez que o veria com tão pouca
roupa.
Os dois desceram no elevador em silêncio, cada um com uma toalha de baixo do
braço. Dean estava com uma camisa de verão desabotoada. Ela fez de tudo para não
ficar olhando muito. Então viu que ele, sim, a olhava indiscretamente.
— Roupa nova? — ele perguntou ao saírem do edifício.
— Sim. — Ela pôs os óculos escuros.
Já na praia, Jodie estendeu a toalha, e então tirou a camisa e o short.
— Que delícia. — Dean falou, olhando ao redor. Estava de pé, com as mãos na
cintura.
O Dean que tirou a camisa era um Dean que ela nunca imaginara que existisse.

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Como aquele homem arrumava tempo para fazer ginástica? Como podia ter um corpo
tão em forma?
Estendeu a toalha e sentou-se ao lado de Jodie. Ela desejou que pudesse
esquecer do beijo da noite anterior. Aquilo fora um erro. No entanto, toda vez que
olhava para a boca de Dean, lembrava de como eram macios e gostosos aqueles lábios.
O homem tinha um beijo de tirar o fôlego.
— Isso aqui está ótimo — disse ele, minutos depois. — O ar está fazendo você
se sentir melhor?
— Você está me tratando bem demais e isso está me deixando nervosa. —
Finalmente respondeu.
— Por quê? Não é sempre que trato você bem?
— Devo ser educada ou honesta?
— Está falando de lá na companhia, não é?
— Essa é a pessoa que eu conheço. Quer dizer, que achava que conhecia.
— Bem, acho que demos um passo adiante, depois de ontem à noite.
— Estava torcendo para que você tivesse esquecido isso.
— Por quê? Nos divertimos na festa e terminamos a noite da maneira como a
maioria dos casais termina... com um beijo.
Ela fez sombra com as mãos acima dos olhos e olhou para ele.
— Nós não somos um casal, Dean. Estou aqui porque meu chefe me deu uma
semana de folga.
— Tem sido proveitoso, não tem? — ele sorriu maliciosamente. — Você me abiu
os olhos para uma série de coisas na minha vida. Estou esperando que continue
ensinando-me a relaxar e me divertir. Tem feito um bom trabalho até agora.
Jodie se sentou e cruzou as pernas.
— O que está acontecendo? O que pretende conseguir enquanto estivermos
aqui, além de conseguir um novo cliente?
— Quero conhecer você melhor. Já disse.
— Por quê? Você me conhece há anos e nunca me olhou do jeito que está
olhando desde que a gente chegou aqui.
Ele riu e ela achou charmoso o jeito como o fez. Há uma semana atrás juraria
que ele não sabia sorrir.
— É porque nunca tinha visto você de biquíni antes... ou de sarongue. — O tom
dele mudou. — Acho você fascinante. Tem uma personalidade com tantas facetas e

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descobri que gostaria de conhecer todas elas, uma por uma.


— Dean, vamos voltar para o trabalho na semana que vem e tudo isso vai ficar
para trás. Não quero fazer com você nada além do que já estamos fazendo.
— Acho que isso quer dizer que não vamos dormir juntos.
Chuck tinha razão. Todo homem só pensava em levar uma mulher para cama!
Então ela percebeu que ele estava rindo da reação dela.
— Está brincando, não é?
— Na verdade, estou me divertindo com as expressões do seu rosto. Vamos
esclarecer as coisas, não recusaria se você me fizesse essa proposta.
Ela mexeu a cabeça e voltou a deitar na toalha. Seu coração batia tão forte
que parecia dar para vê-lo pulsando no lado esquerdo do peito. Sabia que ele a estava
apenas provocando.
— Vou pensar no assunto. — Disse num tom casual.
Ele deu uma gargalhada.
— Por favor, faça isso — e então foi correndo para a água.
Ficou observando-o nadar por entre as ondas. Claro que não iria dormir com
ele. Seria a decisão mais imbecil que poderia tomar. Então, ele não recusaria se ela
quisesse. Que importância tinha isso? Para ele seria apenas um encontro casual. No
entanto, se ficasse mais íntima dele, sua vida mudaria radicalmente. Tempos depois
da viagem as lembranças iriam persegui-la e seria impossível conseguir trabalhar ao
lado de Dean sem relembrar a todo o momento o que :>s dois compartilharam.
Não, a resposta era não.
Jodie se levantou e foi rumo à água.
Estava deliciosa e refrescou o corpo quente de Jodie. Ela mergulhou e
começou a nadar sentindo os músculos trabalhando a cada movimento.
Quando Dean a avistou, foi na direção dela, nadando rapidamente. Ela sorriu
quando ele se aproximou.
— Resolvi me certificar de que água estava tão boa quanto parecia... e está
ótima, mesmo.
— Como está sua cabeça?
— Continua sobre meu pescoço. A partir de agora, paro depois do primeiro
drinque, mesmo que esteja delicioso.
Os dois continuaram nadando paralelamente rumo à praia. Ao chegar na areia,
ele pegou a toalha e se enxugou. Jodie fez o mesmo e juntou suas coisas para irem
embora.

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— O que quer fazer mais tarde? — A pergunta foi provocativa apenas pelo tom
que ele usou.
— Você não tem que me entreter. As férias também são suas.
— É verdade, mas nós dois temos que comer e prefiro não comer sozinho.
— Acho que faz sentido — ela respondeu. — Tem algum lugar em mente?
— Na verdade, tenho. Comi lá da última vez que estive aqui. Comida da
Polinésia e muito bem-feita. Se nunca provou, é uma boa oportunidade!
Os dois entraram no elevador.
— Tudo bem, eu topo. Obrigada pela idéia.
Jodie olhou ao redor e gostou do ambiente levemente iluminado com velas e
lâmpadas brandas.
— Você tem razão — disse a Dean. — Esse lugar é incrível, com uma atmosfera
singular.
— Que bom que está gostando. Gostou da comida que pedi?
— É diferente, mas muito gostosa. Obrigada por ter me trazido aqui. — Bebeu
um gole de chá gelado. — Como devo me comportar diante de seu cliente amanhã?
Ele a estudou por alguns segundos.
— Nenhum striptease, nem hula-hula nem ukulele.
— Striptease! Nunca fiz isso na minha... — Ela se calou. — Mais uma das suas
gracinhas, não é?
— Não consigo resistir. Você cai como um patinho e as caras que faz são
hilárias.
— Muito engraçado. Só por causa disso, vou levar meu ukulele e cantar para ele
no almoço.
— Você sabe cantar?
— Não.
— Então foi uma ameaça.
— Com certeza foi uma ameaça.
— Você vai se sair bem amanhã. Conhece como ninguém nosso negócio. Falando
nisso, quando voltarmos, vou falar com Frank Godfrey para transferi-la para área
dele o quanto antes, em vez de esperar até você se formar. Então, considere a
reunião de amanhã como uma sessão de treinamento.
— Você já está me promovendo?

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— Não, agora não. Mas quando voltarmos, vou começar a ver isso.
— Essa notícia é maravilhosa! Muito Obrigada.
— Não me agradeça. Frank é um bom supervisor e vai fazer você trabalhar
duro para aprender como fazemos para oferecer os equipamentos de segurança
necessários para nossos clientes.
Depois da sobremesa e do café, Jodie perguntou:
— Por que resolveu me promover agora?
— Como assim?
— Bem, você ainda não tem uma secretária para me substituir.
— Nem me lembre disso. Mas não deve demorar muito até que encontre
alguém.
— Não sei, não.
— Por que você me considera um cara tão difícil de lidar?
— Porque você é um chefe muito exigente e complicado. Ou já esqueceu
quantas secretárias foram embora antes de mim?
Ele levou a mão na orelha e pareceu desconfortável com a pergunta.
— Melhorei muito desde então.
— Se você está dizendo.
— Não melhorei?
— Você melhorou, porque aprendi como fazer tudo do jeito que você quer.
— Isto não me parece algo absurdo.
— É verdade, não parece. — Ela olhou ao redor. — Vamos?
— Espere um minuto, acho que não entendi. Jodie o que quer dizer?
— Você quer que sua empresa funcione com perfeição. Sei exatamente do que
você gosta e do que não gosta e consigo prever o que e como você quer alguma coisa.
— Em outras palavras, pode ler meus pensamentos.
— Não é isso.
— Bom saber disso, principalmente levando em consideração os pensamentos
que venho tendo nessa viagem.
Jodie sentiu um calorão invadir seu corpo e sabia que seu rosto havia corado
imediatamente. Pegou o copo de água e deu um longo gole e não tirou os olhos do
copo.
— Desculpe-me, não quis deixá-la constrangida.

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— Tudo bem. — Ele acariciou a mão de Jodie.


— Não, não está tudo bem. Fiz você se sentir mal ao meu lado e isso é a última
coisa que desejo. Tem razão é hora de ir embora.
Voltaram para o condomínio de carro, ouvindo música. Já no apartamento,
Jodie disse:
— Se me der licença, vou para a cama.
— Claro. Boa-noite.
Dean a olhou indo para o quarto, ainda irritado consigo mesmo. Qual era seu
problema? Como pôde ser tão indiscreto? Ele andava desequilibrado desde quando a
viu no aeroporto.
Olhou pela janela. A paisagem continuava espetacular, mesmo à noite. Parado
ali, pensou na viagem que iam fazer a Oahu, no dia seguinte.
Num avião.
Num pequeno avião.
Claro, que Jodie sabia que teriam que voar até a ilha. Além disso o vôo era
rápido, quando chegassem lá em cima já seria hora de descer. Por ser pequeno, o
avião deveria balançar mais que um convencional.
Talvez a viagem de Chicago ao Havaí a tivesse ajudado a superar o medo de
voar. Era o que ele esperava.
Foi só olhar para ela no dia seguinte para saber que suas esperanças eram em
vão. Ela não disse nada e, apesar do bronzeado, estava pálida. Não era um bom sinal.
Sem dizer uma palavra, ele encheu uma xícara de café para Jodie. Estava
acordado desde o nascer do sol e já havia tomado várias xícaras.
— Obrigada — ela disse antes de pegar a xícara e dar um gole.
Ele esperou que ela terminasse de beber o café e perguntou:
— Como você está hoje?
— Bem — respondeu em voz baixa.
— Nosso vôo sai em 2 horas. Ela não fez nenhum comentário.
— Jodie?
— O quê? — disse olhando espantada para Dean.
— Está com medo de voar de avião?
— Como você adivinhou?
— Você estava com essa mesma cara na nossa viagem para cá.

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— Depois que a gente estiver no ar, vou ficar tranqüila. Eu me preocupo com a
decolagem e o pouso.
— Infelizmente, você vai ter que ser forte, porque inevitavelmente teremos
que decolar e aterrisar.
— Eu sei disso.
— Por que não descemos e tomamos café em frente à praia? Se anima?
— Tudo bem.
Enquanto comiam, ele falava da empresa e de alguns planos que tinha para os
negócios. Tentava manter a mente de Jodie ocupada para que ela não pensasse no
vôo. Ela respondia monossilabicamente.
— Pensei que poderíamos ir à Big Island amanhã. Vamos ter que ir de avião,
também, mas disseram que o vulcão que tem lá é imperdível — disse ele finalmente.
Ela passou da palidez para uma cor verde, bem curiosa.
— Mas se você não quiser ir...
— Não, por mim tudo bem, sério. O que você quiser fazer está bom para mim.
Ele não tinha tanta certeza disso. Olhou o relógio.
— Já está na hora de irmos para o aeroporto. Você precisa voltar para o
condomínio?
Ela fez que não com a cabeça.
Naquele dia ela se parecia com a secretária que ele conhecia há anos. Os
cabelos estavam presos num coque — só naquele momento ele percebeu de como
gostava dos cabelos de Jodie soltos — e vestia um terno claro. Parecia uma mulher
de negócios bem-sucedida, apesar da palidez. Para a infelicidade de sua consciência,
Dean continuava a vê-la de biquíni.
Nunca mais conseguiria ver sua eficiente secretária da mesma maneira, agora
que teve a oportunidade de conhecê-la melhor.
Jodie deve ter ficado muito machucada por causa do idiota com quem pensava
que iria se casar. Do contrário, qual outra razão ele poderia dar para si mesmo por
ter considerado Jodie uma pessoa reprimida naqueles cinco anos de convivência?
Tê-la visto com os cabelos soltos e desfrutando as águas havia sido uma
revelação.
No carro, ele tentou puxar conversa, perguntando de assuntos diversos. Ela
respondia com poucas palavras. Dean acabou desistindo e ligou o rádio.
Quando já estavam acomodados no pequeno aeroplano, ele percebeu que a
situação precisava de uma medida drástica.

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Já havia estado em vôos como este. O avião costumava decolar num ângulo
bastante íngreme. Ela já havia dito que nunca tinha voado num pequeno avião e
provavelmente iria ficar em pânico.
— Jodie?
— Hum?
— Sabe o que queria fazer nesse exato momento? — disse pegando a mão dela.
Ela se virou e olhou para ele esperançosa.
— Sair desse avião? Ele riu.
— Não. Na verdade, o que queria era cobri-la de beijos.
Bem, aquilo certamente havia feito ela esquecer do vôo.
— Por quê? — ela perguntou surpresa.
— Primeiro, porque você tem a boca mais gostosa do mundo. Nunca vi nem
senti uma boca assim. — Ele olhou para as mãos tensas de Jodie. Com a outra mão,
passou levemente seus dedos sobre o dorso da mão dela. — E você se encaixa nos
meus braços como se tivesse sido feita sob medida para mim.
Ele sentiu as mãos dela tremendo e ficou charmosamente corada, colorindo a
palidez de antes.
O avião começou a se mover. Ele levantou a mão de Jodie e a levou a boca.
Beijou a palma da mão dela, depois passou de leve a língua. Ela ficou tensa quando o
avião decolou. Ele não estava certo se por causa do avião ou do beijo. Então se
inclinou e a beijou.
Os lábios de Jodie tremiam e ele se demorou acariciando sua boca com a
língua. Lentamente, ela começou a corresponder ao beijo e Dean se esqueceu do
motivo por que havia começado tudo aquilo.
Uma voz feminina falou ao lado de Dean.
— Desculpe-me interromper, mas gostaria de oferecer algo para os senhores
beberem. Só ficaremos no ar por mais vinte minutos.
Jodie se afastou bruscamente e encarou a aeromoça.
— Estamos no ar?
— Sim, senhora. — A aeromoça sorriu. — Entendo perfeitamente sua
distração.
Jodie olhou para Dean.
—Você fez isso de propósito!
Dean pediu à moça que lhe trouxesse dois copos de suco de laranja e só

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

depois olhou para Jodie.


— Suponho que sim. Nunca beijei ninguém acidentalmente.
Ela se virou na direção da janela e voltou a empalidecer.
— Você planejou tudo para me distrair!
— Funcionou? — disse beijando a mão de Jodie mais uma vez.
— Sei que sou patética quando o assunto é a avião.
— Você só precisa fazer isso mais vezes até se acostumar.
— Essa é sua receita médica, Dr. Logan?
— Exatamente. E aqui, no meio de ilhas, é o lugar perfeito para praticar.
Vamos conhecer cada uma delas.
— Meu Deus — murmurou ela. O suco chegou e ele largou a mão dela. O pouso
foi tão brusco quanto a decolagem. Jodie espremeu a mão dele com tanta força que
chegou a prender-lhe a circulação. Mas Dean não se incomodou. Ela ficava adorável
quando vulnerável.
Já no chão, sentiu-se aliviada apesar do constrangimento, pois mesmo depois
que soltou as mãos de Dean, os dedos dela ficaram marcados por um bom tempo.
Tomaram um táxi até o endereço que Dean tinha de Furukawa. Ao chegarem no
local, Jodie perguntou:
— Esse é o escritório dele?
— Não, esse é um clube privativo para os homens de negócios daqui. Ele disse
para dar o nome dele na entrada.
Jodie esperou enquanto Dean falava com o homem que foi ao encontro deles na
portaria do clube. O empregado verificou uma lista que tinha na mão, encontrou o
nome de Dean e fez um gesto positivo com a cabeça. Ele os guiou por uma enorme
porta de madeira delicadamente entalhada.
Cruzando a porta, havia um amplo bar todo feito de madeira. Um maitre os
esperava no topo de uma escada.
— Estamos aqui para encontrar com o senhor Furukawa.
— Por aqui, senhor — respondeu o homem.
O lugar era meticulosamente planejado e elegantemente decorado. O único
barulho no ambiente era de conversas em voz baixa de pessoas almoçando. O carpete
grosso silenciava os passos de quem chegava. As toalhas, imaculadamente brancas,
cobriam as mesas do salão e pareciam ilhas flutuando no carpete vermelho. O maitre
continuou andando até chegar numa mesa de frente para o mar. Os dois se sentaram
e ele serviu uma taça de água para cada um, com uma jarra que já estava na mesa, e

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disse:
— O garçom de vocês já vem.
Somente quando Jodie teve certeza de que os dois estavam a sós, disse:
— O cheiro do dinheiro está por toda a parte.
— Eu notei.
Ela olhou para boca de Dean. Jodie descobriu que encontrava dificuldade em
respirar sempre que ele sorria para ela. Não conseguia esquecer o toque dos lábios
dele nos dela.
— Desculpe, tê-los feito esperar — um homem atrás de Jodie disse.
Dean se levantou e estendeu a mão. — Não tem por que se desculpar, senhor
Furukawa.
— Por favor, me chame de Steve.
Steve vestia um terno que realçava seu corpo esbelto e o rosto bronzeado. O
cabelo brilhava tanto que parecia que havia posto brilhantina.
— Steve, gostaria que você conhecesse Jodie Cameron, que trabalha conosco
em Chicago.
Steve pegou a mão de Jodie e se inclinou levemente.
— É um prazer.
Eles pediram os pratos e pouco tempo depois a comida chegou. Jodie ouvia
atenta a conversa. Os dois homens discutiam vários assuntos e nenhum tinha relação
com equipamentos de segurança. Ela não conseguia imaginar por que ele a havia
levado para aquele encontro, a não ser que os negócios fossem ser discutidos depois
da refeição.
Dean a introduziu na conversa, e quando Steve perguntou se ela estava
gostando do Havaí, Jodie respondeu prontamente que sim.
Uma vez que os pratos foram retirados e os cafés servidos, Steve disse:
— Tenho estudado você, Dean.
— E?
— Você e sua empresa têm uma excelente reputação na área de segurança.
Que tipo de equipamentos você oferece?
— Nós garantimos aos nossos clientes que ninguém não autorizado consiga
entrar na empresa sem que um alarme silencioso seja ativado, alertando os
funcionários. Também oferecemos câmeras escondidas que gravam quem quer que
saia ou entre. Os códigos de segurança são instalados e modificados regularmente.

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Além disso, instalamos um software em cada computador da empresa que também


avisa quando alguém tenta ter acesso ilegal ao sistema da companhia.
Steve olhou para o relógio.
— Gostaria de mostrar o que tenho para que você me desse uma idéia de
quanto custaria instalar seu sistema na minha empresa.
— Claro.
Steve pagou a conta e os três saíram do clube. No caminho até a saída, várias
pessoas cumprimentaram Steve. Na saída do local o carro dele já estava em frente à
entrada.
Os homens continuaram conversando no carro. No banco de trás, Jodie fazia
anotações dos assuntos relacionados a trabalho e finalmente sentia que poderia ser
útil.
Ao saírem da companhia de Steve Furukawa, à tarde, ele já havia se tornado
mais um cliente de Dean.
No caminho para o aeroporto Dean ligou para o trabalho e deixou uma
mensagem de voz para o departamento jurídico avisando do novo contrato.
— Sua viagem foi um sucesso, não foi? — disse Jodie no avião, tentando
ignorar o barulho no estômago.
— Definitivamente. Obrigado por ter tomado tantas anotações. Vou mandar
tudo por fax para que Lawrence Kendall tenha as informações necessárias para
preparar o contrato. — Ele a olhou por alguns segundo e então disse — Está tudo
bem?
Ela apenas moveu a cabeça afirmativamente.
— Que bom. Então, vamos visitar o vulcão amanhã?
— Gosto da idéia — disse ela, torcendo para que ele não tivesse notado a falta
de entusiasmo em sua voz.
— Também podemos ficar no condomínio e curtir a praia.
— Como você quiser.
— Só propus essa viagem porque queria que conhecesse mais ilhas.
— Por que não esperamos o dia antes de irmos?
— Como quiser.
De volta ao apartamento, Dean disse:
— Temos tempo de dar um pulo na praia antes de escurecer, se quiser.
— Vamos. — Jodie foi até o quarto e fechou a porta. A semana terminaria e

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ela teria conhecido, naquela ilha, um homem que lembrava vagamente seu chefe. O
fato de que ela gostava e se divertia com esse estranho a deixava nervosa.
Tudo o que esperava ao voltar ao trabalho era que Dean assumisse a
personalidade irônica e intransigente de sempre.

CAPÍTULO SETE

No sábado à tarde eles saíram do apartamento de Dean pela última vez rumo
ao aeroporto.
Haviam passado a parte da manhã na praia, curtindo o mar e conversando.
Jodie estava realmente triste por ter que ir embora, mas se divertiu muito naquela
manhã. Dean a fez rir quase o tempo todo. Tinha um senso de humor que ela não
conhecia e que a agradava demais.
No carro, ela ficou observando Dean dirigir. Ele voltou a ficar taciturno e
mecânico como era seu jeito original que a relembrou de que o chefe havia voltado e
o homem que ela conhecera nas férias estava indo embora também.
No avião, Jodie pegou uma revista que havia comprado e esperou que o avião
decolasse. Dean tocou em sua mão e ela olhou para ele.
— Obrigado por ter vindo.
— Aproveitei muito. Não estou nem um pouco entusiasmada com a idéia de
voltar para o inverno de Chicago, pode acreditar.
Quando já estavam no ar a aeromoça trouxe a refeição e as bebidas. Depois
de comer, Jodie fechou os olhos e tentou dormir, determinada a pôr as ilhas e as
lembranças lá no fundo da memória.
Chegaram em Chicago no domingo pela manhã. Dean pegou as malas de ambos e
disse:
— Vou levá-la em casa.
— Obrigada.
— Fique aqui que vou buscar o carro. Enquanto o esperava, olhou para o céu
cinzento e as pessoas todas agasalhadas para fugir do frio. Sim, Dorothy, você acaba
de voltar de Oz direto para o Kansas. Nada como o tempo para lembrá-la que o sonho
das férias havia chegado ao fim.
Viu um carro esporte estacionar em frente à entrada do aeroporto e Dean sair
de dentro dele. Pegou sua mala e foi até lá. Os dois colocaram as malas no carro e

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entraram.
— Para aonde?
Ela deu o endereço e se acomodou no confortável assento.
— Pode me deixar aqui, eu... — ela disse ao chegar no complexo de edifícios.
— Quero saber onde você mora — disse ele sem rodeios.
— Por quê? — ela perguntou também sem rodeios.
— Não tem nenhuma razão específica. Por acaso você se incomoda com a minha
curiosidade?
— Claro que não, é só olhar minha ficha no trabalho e você vai saber o número
do meu apartamento.
— Você ficou muito calada hoje de manhã. Algum motivo particular?
— Estou apenas cansada. Não consegui dormir direito no avião.
— Bem, agora que você está em casa pode aproveitar para descansar.
Ela mostrou a entrada para o prédio dela. Chegaram num estacionamento e ele
parou ao lado do carro vermelho de Jodie.
— É seu?
— E.
Ele pegou a mala dela, com o ukulele dentro, trancou o carro e a seguiu até o
elevador. Os dois entraram, ela apertou o botão do seu andar e ele esperou em
silêncio.
Já no andar, ela abriu a porta e o deixou entrar primeiro. Esperou que ele
deixasse as malas no chão e fosse embora, mas não foi o que aconteceu. Deixou tudo
no corredor e continuou na sala de estar.
— Lugar bacana — disse ele, olhando ao redor.
— Também gosto daqui.
Foi até ela e sem dizer uma palavra a tomou nos braços e a beijou sem pressa.
Ela não queria corresponder, não podia, e sentiu raiva de si mesma por querer tanto
àquele beijo.
Quando ele a soltou, falou como se nada tivesse acontecido.
— Vejo você amanhã, no trabalho. — E foi embora.
Jodie ficou ali parada, em frente à porta. Com apenas um beijo, todas as
lembranças da semana de sonhos que havia vivido voltaram à tona. O que iria fazer da
vida?

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Depois que ela desfez as malas e lavou as roupas que sujara na viagem, ligou
para Lynette. Kent atendeu.
— Alô, tia Jodie. Está ligando do Havaí?
— Não querido. Já estou em casa. Sua mãe está aí?
— Hum rum.
— Posso falar com ela?
— Hum rum.
Ela podia escutar a respiração do sobrinho por um tempo até que ouviu Lynette
dizer:
— Será que dá para me dar o telefone, por favor.
— Hum rum. — Kent disse desanimado
— Você acha que devo ajudar meu filho a aumentar sua lista de vocabulário? —
disse Lynette ao pegar o telefone.
— Hum rum. — Jodie respondeu, e as duas riram.
— Como foi a viagem? Maltratou muito seu chefe? Jogou ele no mar?
Empurrou ele de cima de algum vulcão. Me conta tudo!
Seus sentimentos por Dean haviam mudado tanto nos últimos dias, que num
primeiro momento, Jodie não entendeu por que a irmã falou tudo aquilo.
— Curiosamente, ele foi uma companhia bastante agradável.
Depois de longo silêncio, Lynette disse:
— Quem é que está falando? Alô? Por acaso houve uma linha cruzada? Alô?
Cadê minha irmã?
— Deixa de bobagem. Não precisa se preocupar com a minha saúde mental. Ele
estava de férias e eu tive a oportunidade de conhecer outro lado dele.
— Não sei por quê, nunca pensei que pudesse ouvir a palavra agradável e Dean
Logan na mesma frase, vinda de você. O que aconteceu para que o sr. Hyde se
transformasse em dr. Jekyll?
— Não importa, porque o sr. Hyde voltou assim que pousamos em Chicago.
Amanhã já terei esquecido do homem engraçado e divertido que conheci no Havaí.
— Por falar em homem, conheceu algum gato dando sopa na praia.
— Alguns, na verdade — ela respondeu achando graça. — Claro que todos
acompanhados de modelos de biquínis micro. Se não estavam deviam estar.
— Você não deve nada a ninguém no seu biquíni novo, irmãzinha.

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— Eu tinha pelo menos uns quatro quilos a mais que a mais gordinha delas.
— E tudo no lugar certo. Deixou o Dean babando? — Ela ficou com a garganta
seca e por um momento não conseguiu falar. Finalmente, disse:
— Se babou não deu para perceber.
— Você vem jantar com a gente hoje? Espero que tenha tirado muitas fotos,
assim vou morrer de inveja.
— Você fala tanta besteira. — Jodie riu. — Nunca ficaria tanto tempo longe
das crianças.
— É verdade. Mas não custa nada sonhar. Então, vejo você hoje à noite.
Jodie desligou o telefone e disse, "Sonhar não é real". — Não precisava dizer
isso a Lynette, mas sim para si mesma.
Tirou uma soneca antes de ir para a casa da irmã. Vestiu-se com calma e
torceu para que eles não pudessem ver o que havia acontecido estampado em seu
rosto. Talvez achassem que aquela alegria fosse por causa do sol e do bronzeado. Só
restava rezar.
Kent e Kyle a receberam à porta de casa com gritos e pulinhos que deixaram-
na morrendo de rir.
— Meninos! — Lynette disse. — Fiquem quietos ou vão acordar a Emily. —
Imediatamente, eles lhe obedeceram.
— Você trouxe alguma coisa para a gente? — Kyle perguntou ansioso, olhando
para a enorme bolsa de compras na mão de Jodie.
— Kyle! — Lynette o repreendeu. — Não seja mal-educado. — Abraçou a irmã.
— Você está linda! O bronzeado está realçando a cor dos seus olhos.
Chuck se juntou a eles.
— Está ótima, cunhada. As férias lhe fizeram muito bem, mesmo.
Jodie se sentou no sofá e na mesma hora os meninos saíram do frio da rua.
Correu para o carro e ligou o aquecedor, ficaram ao redor dela olhando a bolsa.
Começou a tirar alguns presentes de dentro. Ao terminar olhou para Lynette.
— Dean me comprou um ukulele.
— Ele sabe que você toca?
— Cometi o erro de contar para ele. A verdade é que me lembrei de todos os
acordes assim que peguei no instrumento e não fiz feio quando toquei.
— Trouxe o ukulele com você? — Kent perguntou. — Não sabia que você tocava.
— Deixei em casa. Quando for me visitar toco para você.

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Mais tarde, todos se sentaram para jantar. As perguntas para Jodie não
cessavam e o tempo voou. Apenas quando Jodie se levantou para ir embora foi então
Lynette perguntou:
— Alguma coisa aconteceu por lá, não foi?
— Por que está dizendo isso?
— Porque conheço você. Seus olhos estão de um jeito que nunca tinha visto
antes.
— Estou cansada, é só isso. A viagem me deixou Acabada.
— Se você está dizendo.
— Deve ser a volta para casa e o fato de ter que voltar à rotina de sempre.
— Tudo bem. — Lynette a abraçou. — Vejo você ia sexta à noite, está bem?
— Combinado.
Jodie saiu da casa quente e aconchegante da irmã. Indo para casa, pensou no
que a irmã dissera. Na verdade, nada havia acontecido além de alguns beijos sem
grandes conseqüências. Ela não tinha nenhuma intenção de comentar com ninguém que
correspondera aos beijos. Afinal de contas, havia sido m impulso... com exceção do
beijo daquela manhã. Não precisava lembrar a si mesma que estava fortemente
atraída por Dean Logan, o que não era nada inteligente de sua parte.
Ligou o rádio do carro e prometeu que ia esquecer aquele assunto
definitivamente.

CAPÍTULO OITO

— Nossa! Olha para você! — Betty disse quando Jodie chegou ao escritório na
manhã seguinte. — Que bronzeado! Do nosso lado você parece uma mulata. E então,
para aonde você foi?
— Havaí.
— Que legal. O chefe soube que você tirou a semana de férias junto com ele?
— Soube. Ele já chegou?
— Ainda não vi, mas isso não quer dizer nada, por que não é raro que ele
chegue antes de mim.
Jodie fez que sim e foi para sua sala.
Lá, quase chorou ao ver sua mesa, com pilhas de papéis espalhadas por todos

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os lados. Olhou de relance para a sala de Dean e o viu sentado à mesa, com ai
sobrancelhas franzidas, enquanto lia algo.
Guardou a bolsa e foi fazer um café. Enquanto e esperava a água ferver,
voltou para a mesa e começou arrumar a bagunça.
— Jodie, é você?
Ela se levantou e foi até a porta do escritório dele
— Bom-dia. Como conseguiu encarar esse monte de papéis e documentos, hoje
de manhã?
— Isso é de ontem. Passei o dia aqui adiantaria coisas. Tem café?
— Tem sim, vou trazer para você.
— Obrigado — respondeu ele, meio distraído, inclinado na cadeira e lendo.
Como havia previsto, eleja tinha esquecido da semana que passaram juntos.
Pelo menos foi o que ela pensou até deixar a caneca de café na mesa de Dean. Ele a
olhou nos olhos e a sentiu um súbito calor subir pelo corpo. Nunca havia olhado para
ela daquele jeito antes, no ambiente de trabalho.
— Sua família ficou feliz de tê-la de volta?
— Meus sobrinhos estavam mais interessados no que tinha trazido para eles.
Lynette e o Chuck disseram que estou com um bronzeado bonito e que estou com uma
aparência relaxada.
— Gostaria de conhecer eles, um dia — disse pensativo.
— Minha família? — ela não poderia ter escutado direito. Não foi isso que ele
quis dizer.
— É.
— Ah.
— Almoça comigo hoje e a gente conversa mais sobre isso.
— Eu... é... geralmente, almoço na minha mesa.
— Hoje, não.
— Vai ser um almoço para falar de trabalho?
— Claro que não — ele franziu a testa.
— Então não diga o que devo ou não fazer com a minha vida pessoal. — Ela se
virou e voltou para a mesa. Começou a guardar os papéis e os formulários em seus
devidos lugares, de costas para a porta Dean.
Vários minutos depois, ela o ouviu limpar a garganta. Jodie se virou e viu Dean
em frente a ela.

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— Quer alguma coisa? — perguntou ela com simpatia.


— Pedir desculpas por querer mandar em você, assuntos que não me dizem
respeito.
— Desculpas aceitas.
— Mas gostaria de convidá-la para almoçar. Por favor?
Ela fechou uma das gavetas do arquivo e foi até ele.
— Não acho que seja uma boa idéia. Adorei a viagem, agradeço por ter me
dado essa oportunidade de sair do frio por alguns dias. Mas agora que estamos de
volta, acho melhor que voltemos à rotina de sempre.
— Não vejo nenhum problema de almoçarmos juntos.
— O pessoal da empresa acha que decidi não vir trabalhar e aproveitar que
você estava viajando. Quando virem a gente juntos e o nosso bronzeado, vão acabar
descobrindo que viajamos juntos.
— Você se importa com isso?
— Claro.
— Por quê?
— Não quero que achem que sou a secretária estereotipada que anda saindo
com o chefe.
— Não estou falando em namoro. É apenas um almoço.
— Você está sendo muito ambíguo.
— Não acho não. Só se for inconscientemente.
— Prefiro não sair hoje — ela respondeu educadamente. — Já tinha planejado
estudar durante o meu horário de almoço. Até trouxe um sanduíche.
Ele mexeu a cabeça afirmativamente, porém sem grande entusiasmo.
— Tudo bem, então.
Ela pegou mais alguns papéis e foi até o armário para guardá-los.
Jodie esperou que ele voltasse para sala dele e só então apoiou a testa na
porta do armário. Ela estava tremendo e apenas torceu para que ele não tivesse no-
tado. A atitude dele a pegou de surpresa.
Se ela continuasse a evitá-lo, logo ele desistiria dela e voltaria à sua vida
normal, o que seria melhor para todo mundo. A última coisa de que precisava ou
queria era se envolver com o chefe.
Bastava repetir isso para si mesma com freqüência e acabaria acreditando

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Dean se sentou na cadeira do escritório e ficou olhando para o monte de


trabalho que tinha pela frente. A maioria dos documentos era para ser assinada, pois
a maior parte já havia sido autorizada durante a sua ausência. Ele se inclinou na
cadeira e voltou-se para as janelas.
Jodie tinha razão. Claro que tinha. Só porque passaram uma semana agradável,
juntos, isso não lhe dava o direito de esperar que dali nascesse algo mais sério e que
a relação pudesse continuar em Chicago.

Ela era sua secretária, apenas isso. A idéia o lembrou de que precisava ligar
para Frank. Decidiu que ia deixá-la em paz. Provavelmente, não tardariam a í voltar
para a rotina de antes. No entanto, para isso precisava se esquecer de como gostara
de beijar Jodie e de vê-la de biquíni. De como adorou ter tido aquelas conversas com
ela. Sacudiu a cabeça e tentou se concentrar. Voltou de novo para a sua mesa e foi
em busca de seu caderninho pessoal de telefone. Agora que não estava mais saindo
com Rachel, conhecia várias mulheres para quem poderia ligar. Bastava escolher qual.
Pegou o telefone e discou os números.
Naquela noite o telefone da casa de Dean tocou as onze da noite. Ele olhou
para o identificador de chamadas e balançou a cabeça incrédulo.
— Oi, Rachel. — Disse ao pegar o fone.
— Ah, finalmente. Estive procurando por você a semana toda. Na empresa, me
disseram que você estava fora da cidade e quando pedi para falar com a Jodie,
responderam que ela tinha tirado uma semana de folga. Então ficou impossível achar
você.
— Bem, agora você me achou. Por acaso encontrou alguma coisa minha que
tenha esquecido na sua casa?
— Ai, querido, me desculpe pelo jeito que tratei você naquela noite. Não o
culpo por não ter retornado minas ligações. Não costumo me comportar dessa
maneira tão impulsiva. É que havia tido um dia péssimo e você ainda atrasou. Perdi a
cabeça.
— Percebi.
— Por favor, me perdoa. Sinto tanto a sua falta. — Ela baixou a voz. — Sinto
falta de fazer amor com você.
Pensou na relação que tivera com Rachel e percebeu que havia esquecido dela
completamente. Aquilo já dizia o suficiente a respeito do que ele deveria fazer. Seja
lá o que tiveram, já havia acabado.
— Esqueceu que no próximo fim de semana nós iríamos para Wisconsin para
visitar Winnie e Fred?
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Rachel, para mim ficou claro que a partir do momento em que você terminou
comigo nós não íamos nos ver mais, muito menos Winnie e Fred.
— Eu fui uma estúpida, sei disso. Mas aquilo não significou nada, só estava com
raiva e descontei em você.
— Eu entendi que o motivo da sua raiva tinha sido eu.
— Bem...mas isso não tem importância agora. Tem que concordar comigo, todo
casal normal tem suas briguinhas. Aquela foi a primeira depois de três meses, desde
que começamos a sair.
Ele não disse nada.
— Dean?
— Desculpe-me, Rachel, mas já fiz outros planos para o fim de semana.
— Que tipo de planos?
— Nada que seja do seu interesse.
— Experimenta.
— Tenho um encontro no sábado com uma pessoa que conheço há algum tempo.
— Você já está saindo com outra! — A voz de Rachel perdeu a maciez de antes.
— Você deixou bem claro que nunca mais queria me ver. Não pode reclamar. Eu
resolvi seguir adiante.
— Já pedi desculpas — ela choramingou. — Por favor, não faz isso comigo.
— Rachel, me escuta. Não há por que continuarmos nos vendo. Tudo o que me
falou naquela noite é certo. Se foi a raiva que fez você desabafar e jogar na minha
cara o que a incomodava, não importa. A verdade é que sou assim e não vou mudar.
Você tinha razão. Sou casado com o meu trabalho, esqueço dos eventos sociais, não
sou muito bom para acompanhá-la a todos os lugares que quer ir. Por que perder seu
tempo saindo com uma pessoa como eu? Têm um monte de homens que ficariam mais
do que entusiasmados de passar o tempo livre deles com você.
Ela demorou a responder. Quando ela o fez, o som da voz denunciou o início de
choro.
— Sei que estraguei tudo. Sei que o trabalho é importante para você. Passei
dos limites naquela noite e sei disso. Quero só poder vê-lo de vez em quando.
— Quando eu puder lhe telefono, mas ando sem tempo porque ganhei um novo
cliente na semana passada. — Ele parou um pouco para pensar na situação em que se
encontrava. — Dou uma ligada para você na semana que vem ou na outra. Divirta-se
com Fred e Winnie.
Ele desligou o telefone e foi até a janela. O apartamento tinha uma vista

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magnífica do lago Michigan.


Achava a vista relaxante, mas naquela noite a paisagem o fez se sentir
solitário, o que era algo raro.
Foi até o quarto, se despiu e foi se esticar na cama.
Ele ia fazer o que devia. No sábado, se encontraria com Susan e relembraria
os velhos tempos. Perderam o contato depois que ele teve que remover a mãe para
um asilo. Susan era enfermeira e cuidou da mãe de Dean por algum tempo. Era uma
mulher muito doce. Ficou surpreso ao saber que ela não tinha voltado a se casar.
Susan era viúva há seis anos.
Quanto à Rachel... ainda teria que pensar melhor se iria querer mesmo passar
mais tempo com ela. Ele descobriu que Rachel não era a resposta para sua solidão.
Recusou-se a considerar quem poderia ser.
O telefone de Jodie estava tocando, quando ela chegou ao escritório na manhã
seguinte. Ela largou a bolsa na mesa e correu para o telefone.
— Alô.
— Oi, Jodie. Sou eu... Rachel.
— Ah, bom-dia. Acho que o Dean ainda não chegou. Quer que peça para ele lhe
ligar?
— Não! Quer dizer, não, liguei para falar com você.
— É mesmo?
— É. Sabe, Jodie, admiro muito você e sei que o Dean não consegue dar um
passo sem sua ajuda.
Quando Rachel fez a pausa, Jodie não soube o que dizer. Por que diabos estava
ligando para ela? Rachel voltou a falar.
— Quer dizer, sei que você é discreta e prefiro que não comente com o Dean
que liguei para você.
— Tudo bem.
— O que aconteceu foi que eu e Dean terminamos há mais ou menos uma
semana e acho que ele ainda está zangado comigo. Não retornou minhas ligações
durante toda a semana e quando falei com ele ontem à noite, ele disse que estava
saindo com outra pessoa.
Bem, claro que devia estar. Dean Logan não perdia tempo. Deve ter arranjado
outra pessoa para almoçar com ele ou para fazer o que mais ele quisesse. Bom para
ele.
— Eu entendo. — Jodie disfarçou a irritação.

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— Ele estava querendo me fazer ciúme e não quis me dizer com quem está se
encontrando. Tem idéia de quem seja?
— Nem imagino.
— Ah! — Rachel pareceu desapontada com a resposta. — Ele disse que a
conhecia há muito tempo, por isso pensei que talvez você soubesse.
Jodie deu uma risada curta.
— Ele conhece tanta gente que nunca poderia adivinhar. Ele mora em Chicago
há séculos.
— Bem, provavelmente ele vai me contar depois que a raiva dele passar. —
Rachel voltou ao tom mais animado do início da conversa. — A gente ia visitar uns
amigos em Wisconsin no fim de semana, mas ele disse que vai se encontrar com ela no
sábado.
— Sinto muito, Rachel, sei que deve ser doloroso para você saber disso.
— A culpa é minha. Devia estar naqueles dias de TPM ou algo parecido e
descontei em cima dele. — Disse Rachel suspirando.
— Espero que vocês dois acabem se entendendo. — Jodie disse sinceramente.
Seria mais fácil para ela esquecê-lo, com ele namorando.
— Obrigada por me ouvir, Jodie. Sou muito grata. Jodie desligou, guardou a
bolsa e foi ver se Dean estava no escritório. O lugar estava vazio. Ainda bem. Ele não
iria gostar nada de saber que ela estava falando sobre ele com Rachel, apesar de
antes as duas se falarem regularmente.
Quando o telefone voltou a tocar, era Dean.
— Oi, desculpe não ter avisado que não ia para aí hoje de manhã. Tive uns
problemas para resolver.
— Tudo bem. Inacreditavelmente, seu telefone quase não tocou. Vai ver que as
pessoas acham que você ainda está de férias.
— Ótimo. Devo estar aí por volta das duas.
— Está bem.
Assim que desligou o telefone, Betty a chamou pela linha interna.
— Seu admirador secreto deixou algo aqui na minha mesa para você.
— Não tenho nenhum admirador secreto.
— Bem, alguém enviou para você um lindo buquê de flores tropicais. O perfume
é delicioso. Ele deve estar apaixonado.
Quando Jodie foi para a recepção, encontrou um vaso realmente belíssimo,

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repleto de flores estonteantes.


— Tem algum cartão? — ela perguntou.
— Não reparei — Betty respondeu.
Jodie olhou por entre os caules e viu um pequeno envelope branco. Ela abriu o
envelope e leu a mensagem.
Achei que gostaria de sentir o perfume das flores na sua sala.
— E? — Betty perguntou curiosa.
— Ah! Um amigo da faculdade.
— E você tem saído com ele faz tempo?
Ela olhou para as flores antes de responder a Betty
— Conheço ele há anos.
Jodie carregou o enorme vaso para sua sala e o colocou em cima do armário. As
flores exalavam um perfume maravilhoso. Ela gostaria de entender o que Dean Logan
estava aprontando.

CAPÍTULO NOVE

Quando Jodie chegou à casa de Lynette naquela sexta, descobriu que eles
tinham visita. Ela parou no corredor e retirou o pesado casaco de inverno. Assim que
entrou na sala, Chuck disse:
— Olha quem está na cidade. — Apontou para Carl Grantham, que estava
sentado em frente a ele.
— Carl! Que surpresa! O que o traz a Chicago nessa época do ano?
Carl se levantou e a abraçou. Ele tinha sido padrinho de casamento de Chuck e
Lynette e como ela fora madrinha os dois acabaram se conhecendo um pouco. Ele era
um cara e tanto. Também era gay, o que Jodie considerava um desperdício e uma
desgraça para a comunidade feminina.
— Vim a trabalho. Tentei convencer o pessoal da companhia que a Flórida seria
uma melhor opção, mas eles não quiseram me ouvir.
Carl poderia ser modelo se quisesse, mas preferiu ser engenheiro.
— Vai ficar aqui por quanto tempo?
— Até terça. Chuck e Lynette insistiram para eu ficar aqui com eles. Disse que

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

a empresa paga o hotel, mas eles... — Carl deu de ombros.


— Eu entendo, também nunca consegui ganhar um argumento com o Chuck e
você conhece ele há mais tempo que eu.
Chuck se meteu na conversa.
— A gente tem muito papo para por em dia. O quarto de hóspedes é longe do
quarto das crianças e o barulho não vai incomodá-lo.
Lynette veio da cozinha.
— Oi, querida — disse a Jodie, dando-lhe um abraço. — Chegou bem na hora
para me ajudar a servir a mesa.
— Onde estão os meninos?
— Estão passando a noite na casa dos pais do Chuck e a Emily está dormindo.
Não sei por quanto tempo. Então é melhor a gente comer de uma vez.
No jantar, Carl contou como andava a cidade de Nova York e das peças de
teatro que havia visto por lá. O namorado era ator e participava de um dos musicais
mais famosos da Broadway.
— Adoraria vê-lo no palco, um dia — disse Jodie. — Só conheço a voz dele, mas
mesmo assim já dá para sentir o poder do rapaz.
— Porque você conhece a voz dele? — perguntou Lynette, sorrindo.
— Quando vocês estavam em lua-de-mel, liguei para o Carl para avisar que ele
tinha esquecido a jaqueta dele no meu carro e o Chris atendeu. Como o Carl não
estava ficamos batendo papo.
— Ficaram falando de mim, isso, sim. — Carl disse com uma careta zombeteira.
— Lembro que ele estava numa turnê e não pôde ir ao nosso casamento — disse
Chuck.
— Ele tinha acabado de voltar quando a Jodie ligou.
— Há dias que não vejo aquela jaqueta, deve ter caído no chão.
— Queria saber se vocês três gostariam de ver um musical no centro de
eventos McCormick. Vi na Broadway e é muito bom.
— Adoraria, mas não posso pedir para os pais do Chuck ficarem com as
crianças mais um dia — disse Lynette.
— O que é uma desculpa esfarrapada — disse Chuck. — Não confia em ninguém
para ficar com a Emily.
— Bem, é verdade.
Carl perguntou para Jodie.

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— E você?
— Vou com certeza. Não vou ao teatro há séculos.
— Ótimo, vou comprar os ingressos para amanhã à noite. Se já estiver tudo
vendido compro para domingo à tarde... se você estiver livre.
— Quase com certeza estarei livre, minha agenda está quase sempre vazia,
principalmente nos finais de semana.
— Por acaso, os homens dessa cidade são cegos? Você está sensacional. Onde
conseguiu esse bronzeado? O contraste que faz com seu cabelo louro e os olhos azuis
está fascinante.
— Estive no Havaí, na semana passada.
Ele perguntou com os olhos arregalados.
— Sozinha?
Ela olhou rapidamente para Lynette e Chuck.
— Não exatamente.
— Ah!
— Não, não é nada disso. Fui com meu chefe que tinha uma reunião a trabalho
lá.
— Ele deve ter uns oitenta anos para não ter notado você.
Jodie riu e se deu conta de que estava toda corada.
— Ele é um homem de negócios, completamente obcecado pela empresa dele. —
Ela evitou olhar para Lynette.
Depois do jantar, os homens foram para sala enquanto Jodie e Lynette
ficaram na cozinha lavando a louça. Jodie estava acomodando os pratos na máquina de
lavar louça, quando Lynette disse:
— Tenho uma pergunta. Você não precisa responder, mas o Dean deu em cima
de você lá no Havaí?
Jodie demorou um pouco para encarar a irmã.
— Em cima? — repetiu, tentando ganhar tempo.
— Você sabe, tentou beijar você ou sugeriu que podia ser mais do que uma
secretária para ele? Não pude deixar de perceber que você fica toda vermelha
quando o nome dele é mencionado. — Ela observou Jodie. — Tem razão, não é
problema meu. Você já está bem grandinha e não preciso ficar de babá. — Apertou a
bochecha de Jodie. — Só não quero que você se machuque.
— Não existe nada entre nós. Ele só pensa em trabalhar. Nada mudou. Já está

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até namorando outra pessoa.


— Ele não perde tempo, hein?
— Deve ter uma fila de mulheres esperando para que ele repare nelas.
Elas foram para a sala e Jodie se virou para Carl.
— Tenho que ir embora, mas me liga quando você conseguir os ingressos.
— Mesmo que não consiga as entradas para amanhã à noite, queria levá-la para
jantar.
— Já aceitei o convite.
— Combinado, então.
— Vou fazer um mapa para você chegar na casa dela — Chuck disse. — A Jodie
se mudou desde a última vez em que você esteve aqui.
— Bem, vou ficar esperando você, então. — Jodie disse a Carl.
Voltou para casa pensando na noite na casa da irmã. Adorava Carl. Era lindo de
morrer, com um senso de humor sem igual, formado numa das melhores universidades
dos Estados Unidos, e o mais importante, era uma pessoa atenciosa e encantadora.
Nada parecido com Dean, que havia voltado a ser um cachorro, rosnando para
quem estivesse mais próximo, que quase sempre era ela.
O mais estranho, no entanto, foram as rosas que ele havia mandado para ela.
Quando ela agradeceu, ele apenas fez um gesto com a cabeça e disse, "Percebi que
as outras estavam murchando e achei que flores novas iam deixar a sala mais bonita".
Então as flores não eram para ela, mas para a sala.
Em casa, Jodie foi direto para cama. Antes de cair no sono, perguntou-se o
que Dean estaria fazendo naquela noite.
Dean se sentou à mesa do escritório de sua casa e começou a ler alguns
contratos que haviam sido feitos para os novos clientes. O negócio estava cada vez
mais próspero. Então por que não estava entusiasmado?
Seria possível que ele estivesse entediado?
Claro que não, isso nunca acontecera com ele.
Era quase meia-noite quando foi dormir. Apesar da hora, teve dificuldades de
pegar no sono.
Carl havia conseguido comprar ingressos para a performance de sábado à
noite. Ele foi buscar Jodie mais cedo para jantarem antes do musical.
Assim que ela abriu a porta ele disse:
— Você está fabulosa, sita. Cameron.

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— Entra, Carl. E você está estonteante.


— Estonteante? — ele elevou as sobrancelhas.
— Parece um top model. Esse terno foi feito sob medida?
Ele respondeu que sim, com a cabeça.
— Então, está pronta?
— Prontíssima. — Ela pôs o sobretudo, a bolsa e saiu com ele.
Ao chegarem no teatro, Jodie já havia rido tanto que lágrimas haviam saído
dos seus olhos e manchado um pouco a maquiagem. Ela nem ligou. Não se lembrava da
última vez que se divertira tanto.
Com Dean, talvez?
Melhor nem pensar nisso.
Quando se sentaram, ela disse:
— Nossa, não acredito que você conseguiu um lugar tão bom.
— Tivemos sorte. Foi desistência de última hora. Quando as luzes começaram
a se apagar, Jodie teve tempo de ver um casal sentado a poucas fileiras dela e de
Carl — eram Dean e a nova namorada.
Não podia acreditar que eles tivessem escolhido a mesma noite para assistir
ao musical. Ela deu uma sacudida rápida na cabeça.
— Alguma coisa errada? — Carl se inclinou e perguntou.
— Nada demais. É que acabei de ver o meu chefe. Ele não é do tipo que gosta
de musicais. Fiquei surpresa de vê-lo aqui. — Ela apontou com a cabeça para o casal.
— Há quanto tempo trabalha para ele?
— Quase cinco anos. É uma empresa muito boa de se trabalhar. Eles pagam
minha graduação à noite. Na verdade, termino na primavera.
— Um benefício e tanto.
Ela viu quando Dean se inclinou e disse algo no ouvido da mulher que estava
com ele. Ela parecia ter a idade dele, e pelo que Jodie pôde ver era uma mulher bem
atraente.
As luzes se apagaram completamente e as cortina» se abriram. A partir dali,
Jodie se esqueceu de tudo mergulhou na magia do musical.
Dean e Susan foram para o saguão, durante o intervalo. Ele pediu que ela
esperasse ali enquanto pegaria algo para os dois beberem. Enquanto tentava passar
pelas pessoas, literalmente deu de cara com Jodie
— Opa, oi — disse ele. — Que curioso encontrar você aqui.

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— Oi, Dean — disse ela. — Quero apresentá-lo Carl Grantham.


Dean não tinha percebido que ela estava acompanhada. Ele estendeu a mão
para Carl.
— Dean Logan. — O homem era tudo o que ele não era. Bonito — tudo bem,
muito bonito — jovial e charmoso.
— Dean é meu chefe — Jodie disse a Carl.
— Prazer. Jodie falou muito bem de você mais cedo.
Dean olhou para ela e ficou vermelho de raiva. Voltou a olhar para Carl.
— É sempre bom ouvir isso. Se me derem licença estava indo até o bar pegar
uma bebida para mim e Susan. Prazer em conhecê-lo, Carl. Vejo você no trabalho,
Jodie.
Dean se virou e afastou-se antes que acabasse dizendo algum impropério. Ele
queria dar uma surra em Carl e levar Jodie consigo, proclamando que ela era dele e
apenas dele. Nunca tinha experimentado uma onda de ciúme e de sentimento de
posse tão forte.
O que havia de errado com ele? Nunca namorou Jodie. Então por que tanto
ciúme? Só porque tinham trocado alguns beijos na semana anterior? Ele nunca tina
sentido ciúme nem das namoradas.
Dean olhou ao redor e viu que as pessoas estavam desfrutando a companhia
umas das outras. Franziu a esta. Droga, não queria que ela estivesse saindo com
outros homens. Ao se juntar a Susan, ela agradeceu e disse:
— Que casal lindo que você cumprimentou ali na frente. Parece que foram
feitos um para o outro. São casados?
— Não. Ela é minha secretária.
— Ah, é a Jodie, não é?
— Nossa, você tem uma memória fabulosa. É ela sim, Jodie Cameron.
— Lembro de quando você a contratou. Depois de alguns meses, você era só
elogios sobre ela.
— Bem, ela esta sendo promovida daqui a uma semana ou mais e vou precisar
arranjar outra secretária. Você não estaria interessada?
— Sinto muito. Estou muito bem como enfermeira — disse, rindo.
— Está gostando do emprego novo?
— Bastante. O filho do senhor de quem estou cuidando, parece que tem uma
queda por mim.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Isso não é nenhuma surpresa. A pergunta é, você está encorajando ele?


— Acho que sim — ela admitiu, sorrindo. — Ele é divorciado e tem duas filhas.
Não faço idéia de onde esteja a mãe delas. Ele nunca me falou sobre ela. As meninas
se dão muito bem comigo. Elas estavam desapontadas porque ia sair hoje à noite com
um homem que não era o pai delas.
— Uma família já montada. É isso que você quer? Os olhos dela se encheram de
lágrimas.
— É a única forma de eu ter filhos. Acho que pode vir a ser algo sério — ela
piscou os olhos para afugentar as lágrimas. — Acho que ele também não gostou nada
da idéia de encontrar-me com você hoje.
— Bem feito para ele. Não vamos contar que você é a irmã que nunca tive.
— E que você é o irmão que nunca tive. Ele tocou a bochecha de Susan.
— Você sabe que pode sempre contar comigo. Será que devo ir lá intimidar
esse cara para que ele trate você bem ou então vai se ver comigo?
Susan deu uma gargalhada e o abraçou.
— Realmente, não acho que vai ser necessário, mas vou pensar no assunto.
Jodie ficou observando a atraente mulher abraçar Dean e então se virou de
costas. As luzes piscaram, avisando que a segunda metade do musical iria começar.
Quando já estava sentada, fez de tudo para não olhar para Dean.
Também decidiu que não precisava mais vê-lo com outra mulher. Da próxima
vez nem sairia de casa se suspeitasse que poderia encontrá-lo casualmente.

CAPÍTULO DEZ

Havia um outro buquê de flores na sua mesa quando Jodie chegou para
trabalhar naquela segunda-feira, pela manhã. Desta vez nem se preocupou em
agradecer a Dean, já que as flores, na verdade, eram para a sala do escritório. No
entanto, não deixou de comentar como eram bonitas.
Ele a olhou da sua mesa.
— Gostou do musical?
— Muito. Não via uma produção assim há muito tempo? E você?
— Foi legal, acho. Se você gosta desse tipo de coisa. Não entendi por que
sempre que eles tornavam-se românticos faziam gestos em vez de se beijarem.

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— Por que você foi? — perguntou sorrindo.


— Susan comentou que queria ver o espetáculo.
— Ela parece ser bem simpática.
— Falei com o Frank mais cedo. Disse que pode começar a trabalhar com você
em três semanas, se estiver tudo bem para você.
— Por mim, tudo bem. Vou começar a procurar alguém para me substituir.
Ele limpou a garganta.
— Jodie, você é insubstituível. Por mim você ficaria aqui, mas seria egoísmo da
minha parte. Você merece uma chance de pôr em prática o que aprende não quero
prejudicá-la.
Ela começou a piscar rapidamente. As lágrimas ameaçaram cair.
— Obrigada por essa oportunidade. Prometo vou arranjar alguém com todas as
qualidades necessárias para o cargo e que vai ser tão boa quanto Em uma semana
você nem vai sentir diferença.
— Isso nunca vai acontecer. — Pegou uma folha de papel em cima da mesa e
começou a ler, indicando que a conversa havia acabado. Era melhor assim.
Jodie voltou para a mesa. Sentiria falta de vê-lo: dos os dias, mas era o melhor
para todos. O afeto q. nutriu por ele enquanto estavam em Maui desapareceria
naturalmente, logo que deixassem de se ver com freqüência.
Os dias se passaram e Jodie entrou na rotina de trabalhar e entrevistar os
candidatos para trabalhar para Dean.
Rachel parecia ter voltado com Dean. Ligava quase todos os dias e, por acaso,
Jodie acabou escutando Dean marcar de viajar com Rachel num fim de semana no
mês seguinte.
Jodie passava as noites estudando para a faculdade. Não via a hora de ser
promovida. Ter que ficar ao redor do Dean, que nunca ria e raramente sorria, fazia
mal. Ele havia voltado a se fechar numa concha e parecia que o homem que ela
conheceu no Havaí não existia mais.
Esperava que, para o bem dele, olhasse ao redor começasse a aproveitar mais a
vida. Claro que a escolha dele viver para o trabalho. Então por que a deveria se
preocupar? Não queria pensar na resposta.
Domingo acabou sendo um dia lindo, quase primaveril, o que não era nada
curioso, pois a primavera segaria em poucas semanas. Jodie resolveu sair para
espairecer. Quase não saía mais por causa das provas da faculdade. Foi de carro ao
parque Linconl e lá estacionou e fez seu alongamento antes de começar a correr.
Ela reconheceu algumas pessoas que corriam ali há anos. Os raios do sol e o
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azul do céu haviam encorajado muitos a sair de casa.


Depois passou numa padaria, comprou um sanduíche e voltou para casa.
Decidiu tomar um banho antes de comer. Quando estava no chuveiro, a campainha
tocou. Como Lynette costumava ligar antes de visitá-la, não tinha a menor idéia de
quem poderia ser. Jodie saiu apressada da ducha, pegou uma toalha e correu para a
porta.
— Quem é?
— Dean.
— Dean? — ela entrou em pânico. — Espera um segundo. — Foi correndo para o
quarto e pegou um roupão antes de voltar para a porta. — Desculpe fazer você
esperar. Estava no chuveiro quando ouvi a campainha. Por favor, entra.
Espero que não se incomode de vir aqui sem ter ligado antes.
— Perdôo você. Mas só dessa vez — ela respondeu sorrindo. — Você deu sorte,
porque acabei de chegar, se tivesse vindo antes não ia ter ninguém em casa. Quer um
café enquanto me visto?
— Não, obrigado. Já tomei muito hoje.
— Senta. Vou me vestir e já volto — falou apontando para o sofá.
Foi para o quarto e fechou a porta. O que ele estava fazendo ali? O que tinha a
dizer? E por que estava tão perturbada com a presença dele? Não tinha respostas
para nenhuma das perguntas. Pegou do armário uma calça jeans velha e um casaco de
moletom. Pôs uns chinelos e voltou para a sala.
Ele se levantou assim que a viu chegar.
Jodie ficou ali um momento esperando que ele dissesse algo, mas como não o
fez, disse:
— Vamos sentar. Tenho certeza que tem algo sério para me dizer, se não podia
esperar até amanhã, no trabalho.
Ele se sentou no sofá e ela, em uma das poltronas ao lado.
— Andei pensando.
— Sobre o quê?
— Sobre nós.
— Não existe nós — disse franzindo as sobrancelhas.
— Existe, sim. Mesmo que não levemos isso adiante, nós criamos algo forte
durante aquela semana no Havaí. Queria tentar investir nessa relação e ver no que
dá.

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Ai, Deus. O motivo da visita de Dean havia sido por do que ela tinha imaginado.
Ela ficou um instante calada.
— Não acho que seja boa idéia.
— Por quê?
Ela revirou os olhos.
— Vou listar para você as razões pelas quais não é «na boa idéia. Primeiro,
trabalho para você, já discutimos isso antes. Segundo, não gosto de namoros efê-
meros. Além disso, você ainda está envolvido com a Rachel e não quero, me meter no
meio da história de vocês.
Ele a olhou, desconfortável.
— A gente concordou que nosso caso não está dando certo. Não estou mais
vendo a Rachel.
— Não consigo imaginar a Rachel terminando com você. A não ser que ela tenha
descoberto que você está saindo com outra mulher e acredito que não seja esse o
caso. Sempre sei quando você está saindo com uma nova mulher. Manda flores,
compra entradas para shows... — ela ficou sem voz e olhou para ele assombrada. —
Você me mandou flores.
— Mandei.
Ela ficou olhando para ele, confusa.
— Bem... mas... mas não foi com essa intenção.
— Foi exatamente com essa intenção.
— Ai, meu Deus.
— Você não desconfiou?
— Está brincando? Claro que não pensei que você estivesse com segundas
intenções.
Ele se inclinou para frente e apoiou os cotovelos nos joelhos.
— Jodie, quero começar a ver você fora do trabalho. Descobri que gosto da
sua companhia. Quando estou com você vejo a vida com seus olhos e gosto dessa sua
perspectiva. Me ensina a relaxar e a ter mais prazer, como você fez no Havaí.
— Quer que eu seja sua professora? — perguntou, sem entender nada.
— Se quer usar esse termo, tudo bem.
— Por quanto tempo?
— Não entendi a pergunta.
— Quanto tempo você costuma namorar uma mulher antes de partir para

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outra?
— Que tipo de pergunta é essa? Não faço idéia.
— Mas eu faço. Geralmente, não dura mais do que dois meses. Quanto tempo
pensa em ficar comigo?
Ele levantou os braços.
— Essa não é a conversa que pensei que fôssemos ter.
— É mesmo? Achou que ia me jogar nos seus braços só porque resolveu que
quer passar suas horas livres comigo?
— Se achava, estava errado.
— Dean?
— O quê?
— O que está acontecendo aqui?
Ele recostou no sofá, descansou a cabeça e suspirou.
— Sinto sua falta de um jeito, eu nunca pensei que pudesse sentir isso por uma
mulher. Você me faz falta. Me sinto melhor do seu lado. Qual o problema de querer
me sentir bem com você?
— A gente podia tentar, acho — respondeu, pensativa.
— Seu entusiasmo é contagiante.
— Posso ser um passatempo útil antes de você encontrar outra.
Ele fechou os olhos.
— Passatempo.
— Talvez possamos fazer isso. Mas nada sério.
— Então você topa?
— Mas ando muito ocupada por causa da faculdade, como você sabe. Quem
sabe, uma vez por semana. a gente possa sair e fazer algo interessante. Tomar um
café, depois das minhas aulas e jantar nos fins de semana. O que acha?
— Não importa o que eu acho. Aceito o que você quiser.
— Está bem, então — ela se levantou. — comprei um sanduíche. Se quiser
posso dividir com você.
— Para falar a verdade, estou ficando com fome — ele se levantou. — Podemos
selar nosso acordo com um beijo?
— A gente estava falando de comida.
— Claro, por que não saímos para almoçar fora? O dia está lindo, o que é raro

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nesta época do ano. Depois podemos fazer um passeio de carro — levantou o queixo
de Jodie com os dedos. — Agora, tenho que confessar que estou com fome de outra
coisa — ele disse antes de beijá-la.
Não era justo. Ele sabia como os beijos dele a deixavam desconcertada. E esse
beijo não foi uma exceção. Ela ficou tensa no início, evitando ceder, mas a suavidade
do beijo arruinou suas intenções. O Dean do Havaí havia voltado com tudo.
Agora, todas as emoções que ele estava sentindo foram exteriorizadas e ela
sabia que eram mais poderosas que sua resolução de não sucumbir a ele.
O problema era que as razões eram muito contundentes.
O problema era que ela não conseguia resistir ao* encantos de Dean.
O problema era que acabaria se machucando seriamente quando a história dos
dois acabasse. Só lhe restava esperar que esse momento chegasse para depois lidar
com a dor.

CAPÍTULO ONZE

Na quarta-feira, Jodie pegou a bolsa e estava saindo do trabalho, quando Dean


a chamou. Ela foi até a sala dele. Sem tirar os olhos do papel que tinha sobre a mesa,
ele perguntou.
— Que horas termina sua aula hoje?
Aquela havia sido a primeira pergunta pessoal que ele lhe fazia desde domingo
passado. Jodie estava começando a desconfiar que havia sonhado que o chefe tinha
aparecido em sua casa para propor um namoro pouco convencional.
— Nove.
— Me diz onde posso encontrar você — disse, escrevendo algo no papel.
— Bem, tem um café a algumas quadras do...
— Não, eu busco você na faculdade. Onde fica? — como ela não respondeu, ele
ergueu a cabeça e olhou para ela. Ele continuava mandão, dando ordens.
Ela deu o endereço, virou-se e saiu.
Dean a viu sair com a testa franzida. Não sabia o que tinha feito de errado,
mas pela tensão nos ombros de Jodie quando ela saiu da sala pôde perceber que ela
não estava nada contente.
Ele mexeu a cabeça tentando relaxar o pescoço. As mulheres eram um

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mistério que ele nunca conseguiria desvendar. Até então, ele nunca tinha se preocu-
pado com isso.
Desde que voltaram do Havaí sempre encontrava dificuldade em se concentrar
quando Jodie estava por perto. Estava decepcionado consigo mesmo por não
conseguir domar suas emoções. Era só ela entrar na sala que ele tinha vontade de
fazer amor com ela. Era obrigado a ficar atrás da mesa para que ela não visse a
reação física imediata que tinha por causa dela.
Por isso, só olhava para ela quando era indispensável. Não adiantava muito,
porque a voz dela também lhe causava reações inesperadas.
Ela o estava deixando maluco.
O problema era que ele não sabia mais o que fazer. Quando a convidou para
almoçar, ela não quis. Depois, tentou esquecê-la, mas estava apenas se enganando.
Agora que finalmente convencera Jodie a sair com ele, tinha conseguido ofendê-la de
alguma maneira.
Quando Jodie saiu da aula naquela noite, viu Dean encostado na parede do
edifico, com os braços cruzados. Ele se parecia muito com o homem que tinha co-
nhecido no Havaí, não com o chefe. Ela foi até ele.
— Oi.
— Olá. Pronta para tomar um café? — disse sorrindo.
— Podemos ir.
— O tempo está horroroso. Quer ir lá para casa?
— Para tomar café? — disse com os olhos arregalados.
— É. — Ele fez cara de inocente.
— Tudo bem.
Quando saíram de dentro da faculdade, a chuva havia se tornando temporal.
Dean abriu um guarda-chuva que tinha na mão e a levou correndo para o carro.
— Onde está o seu carro? — ele perguntou.
— Em casa, vim de ônibus.
— Fez muito bem.
Ela sabia onde ele morava, mas nunca estivera na casa de Dean. Era um dos
edifícios mais altos de Chicago, em frente ao lago Michigan. Eles entraram pela
garagem e ele estacionou numa vaga, onde estava escrito seu nome e a palavra
"Reservado".
O elevador os levou rapidamente para o andar de Dean e quando ele abriu a
porta do apartamento, a única coisa que Jodie pensou foi que aquele lugar era

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sofisticado demais para ela.


Ele a ajudou a tirar o sobretudo e disse:
— Senta, vou fazer o café.
Jodie olhou pelas janelas as luzes trêmulas do lado de fora, turvas pela forte
chuva. Olhou ao redor. O lugar conseguia ser mais divino e luxuoso que o apartamento
do Havaí. Fechou os olhos. Tinha que ser uma idiota para acreditar que ele quisesse
algo mais que um romance corriqueiro com ela.
— Aqui está — ele disse, atrás dela. Estava com duas xícaras de café na mão.
— O que estou fazendo aqui? — perguntou enquanto ia até ele.
— Tomando café?
— Não foi isso que perguntei. — ela se sentou no braço do sofá. — Isso não vai
funcionar.
Ele se sentou ao lado dela.
— Percebi que você saiu contrariada da minha sala hoje, no escritório.
— Aquilo foi outra coisa. — Jodie tomou um gole do café. Percebeu que estava
trêmula. De frio e de nervoso. Envolveu as mãos na xícara para esquentá-las.
— Então o que fez você mudar de idéia?
Ela não respondeu; ficou bebendo o café lentamente.
— Por acaso, tenho que adivinhar? — Agora, ele soou igual ao homem para quem
trabalhava.
Jodie pôs a xícara na mesa de centro e se virou para ele. Não se parecia com o
chefe naquele momento. Com o cabelo meio despenteado e um suéter de tricô, ele se
parecia com aquele cara que havia convivido com ela durante uma semana na ilha de
Maui.
— Sei que concordei em sair com você, mas a verdade é que nós viemos de dois
mundos muito diferentes e nada vai mudar isso. Tenho uma vida simples e gostos
simples. Não sou seu tipo.
— Qual é o meu tipo?
— Mulheres que vão a óperas e orquestras sinfônicas e que são fotografadas
sempre que chegam em algum evento. Nada a ver comigo.
— Não me lembro de algum dia ter convidado você para uma ópera ou algo
parecido.
— Você entendeu.
— Gostaria muito de ter entendido. O que está se passando nessa cabeça tão

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preocupada?
— Acabei de cair na real. Não posso fazer isso. Desculpe — ela se levantou. —
Preciso ir para casa. Vou chamar um táxi.
— De jeito nenhum. Você não vai fugir dessa conversa.
— Por favor desiste de mim e arranje outra para namorar. A mulher que você
levou para o musical, por exemplo. Ou... sei lá. Apenas outra pessoa.
— Você está deixando transparecer seus preconceitos.
— Do que você está falando?
— Você não pode sair comigo porque vou a vários eventos na cidade ou porque
trabalha para mim?
— Na verdade, detesto quando você me dá ordens sem que seja em algum
assunto relacionado a trabalho.
— Pode me dar um exemplo?
— Hoje à tarde. Foi só eu aceitar sair com você hoje que já começou a
determinar o que a gente ia fazer e onde se encontrar.
— Você poderia ter dito não.
— Poderia, sim. Deveria ter dito não.
— Estou com a impressão de que estamos falando em círculos sem ir direto ao
assunto e isso me incomoda.
— Tudo bem. Lá vai. No Havaí foi maravilhoso. Não podia ter imaginado férias
tão perfeitas. Mas as férias acabaram. Sim, claro que a gente tem atração um pelo
outro. Você quer estimular isso. Eu quero ignorar e é por isso que estou aliviada de
estar me mudando para outro departamento na semana que vem Vamos esquecer do
Havaí e seguir com as nossas vidas.
— Acho que já tentamos fazer isso. Mas eu pele menos vi que era impossível
depois de ter conhecido você melhor.
— Não posso fazer isso — disse em voz baixa. O silêncio na sala estava
carregado de emoção. Ele ficou calado, olhando o café. Quando voltou a
olhar para Jodie, disse:
— Eu levo você em casa. — A voz era desalentadora.
Jodie esperou até chegar no apartamento e desabou em lágrimas.
Na semana seguinte, Jodie já estava no novo departamento. Dean havia
contratado uma das mulheres que ela havia recomendado. Seu nome era Candace
Rudin e parecia ser bastante competente. Jodie tinha planejado passar vários dias

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com ela, mas Candace aprendeu rapidamente a rotina, como mexer no sistema e a
forma como Dean gostava de trabalhar.
Na área de engenharia, Jodie estava determinada a aprender tudo o mais
rápido possível. Várias semanas se passaram e Frank foi muito prestativo, respon-
dendo pacientemente a todas as perguntas de Jodie sobre a nova função.
Já estava lá há dois meses, quando Frank deixou um envelope na mesa de
Jodie. Ela olhou sem entender.
— Hoje não é dia de pagamento, é? Ele balançou a cabeça.
— Não. É hora de você aprender na fonte original sobre as instalações dos
nossos equipamentos. Essa é uma passagem de avião.
Uma passagem de avião. Que ótimo.
— Será que existe alguma possibilidade de eu ir de ônibus ou carro?
— Infelizmente, não. Além disso, não vou poder ir. Logan disse que vocês já
estiveram nessa empresa, faz sentido que você veja o próximo passo. Ele vai com
você para mostrar o que deve ser feito.
Só havia uma empresa que eles haviam visitado e tinha sido em Honolulu. Ela
pegou o envelope e olhou o destino da passagem que confirmou suas suspeitas. Olhou
para Frank.
— Ainda não terminei o meu projeto — ela lembrou a ele.
— Não tem problema, não estamos com pressa desse projeto. Também vão ser
poucos dias no Havaí, no máximo quatro.
— Ah — ela tentou sorrir. — Que bom, então. Quero dizer, vou gostar de
fazer parte do processo de instalação. Só estou surpresa que seja o Dean quem vá
fazer isso.
Frank deu de ombros.
— Tenho que admitir que ele não instala nada há algum tempo. Provavelmente,
quer praticar para não enferrujar. Mas você já sabe como ele é e não vai ser pega de
surpresa quando ele começar a resmungar porque você não está trabalhando rápido o
suficiente. É só ignorar o mau humor dele.
— Vou fazer o possível.

CAPÍTULO DOZE

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Dean a cumprimentou friamente, quando Jodie chegou ao aeroporto na manhã


seguinte. Ela teve um déjà vu ao vê-lo. A única diferença foi que dessa vez ele estava
vestindo um terno.
Ela também estava vestida a caráter, de terno claro e sapatos altos.
— Bom-dia — ela disse ao se aproximar dele.
— Bom te ver novamente — ele respondeu educadamente. — Já fez o check
in?
— Já.
— Já tomou café? Se não, a gente pode passar numa lanchonete que tem no
caminho do portão de embarque e comer alguma coisa.
— Tudo bem.
Ele foi andando rapidamente pelo corredor e Jodie teve que apertar o passo
para conseguir alcançá-lo. Ao encontrar a lanchonete, sentaram-se e pediram a
comida. Jodie estava sem ar. A falta de fôlego não tinha nenhuma relação com o fato
de estar reencontrando Dean. Ele estava parecendo um pirata moderno com aquele
terno preto. Só faltava uma faca entre os dentes e um tapa olho.
— Está gostando do trabalho da Candace? — ela perguntou durante a refeição.
— Ela é boa.
Jodie não conseguiu pensar em nada mais para fazer. Queria perguntar por
que ele havia resolvido fazer a instalação do sistema por conta própria, na empresa
de Furukawa em vez de mandar outra pessoa.
Mas não perguntou nada.
Queria perguntar por que havia decidido levá-la com ele, dada a situação dos
dois.
Mas não perguntou.
Será que era para provar para ela que ele estava bem, em outra, depois do
fora que levou dela? Talvez. Não havia dúvidas de que àquela altura já devia estar
envolvido com outra pessoa.
O que era ótimo. Ela gostaria de também poder estar envolvida com alguém.
Alguém que a ajudasse a esquecer a forte atração que continuava sentindo por Dean.
Essa viagem seria muito mais tranqüila para ela se esse fosse o caso.
— Está gostando de trabalhar para o Frank? — ele perguntou vários minutos
depois.
— Ele é ótimo. Estou fascinada com tudo que estamos fazendo.
— Você vai ver como se implementa o trabalho que o seu departamento faz

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

para os escritórios do Furukawa. — Ele fez uma pausa. — Também acho que vai
gostar de visitar as ilhas outra vez.
— A gente vai ficar no condomínio?
— Não, Candace fez reservas num hotel em Honolulu.
— Ah.
— Vamos para o portão de embarque?
Ela fez que sim.
No corredor que dava no portão, ele continuou a caminhar num ritmo acelerado
e Jodie acabou falando.
— Dean, não dá para acompanhar você com esses sapatos altos. Será que dá
para andar um pouco mais devagar?
Ele parou imediatamente e esperou que ela o alcançasse.
— Desculpe-me, estou com a cabeça ocupada com outras coisas.
Eles encontraram um lugar para se sentar, apesar de o local de espera estar
lotado. Dean deu uma olhada no avião pelo vidro.
— Parece que eles estão terminando de carregar as malas e a comida — olhou
para o relógio. — Devemos embarcar daqui há pouco. Você trouxe alguma coisa para
ler no avião?
— Está na minha bolsa.
Dean não era do tipo que gostava de puxar conversa afiada.
— Dean?
— Sim.
— Olha, sei que essa situação é meio esquisita para nós dois e agradeço por
ter me trazido para essa tarefa. Sei que você não precisava ter vindo.
— Na verdade, achei que Furukawa precisa saber que o negócio dele é
importante para mim. Estivemos em contato durante as últimas semanas discutindo o
contrato e decidindo o que deveria ser instalado na companhia dele. Instalar o
sistema para mim tem ama importância pessoal.
— Vamos começar hoje à tarde?
— Não com o trabalho em si. Vamos à empresa dele, para cumprimentá-lo e
convidá-lo para jantar. As instalações, mesmo, só começam amanhã. Não deve levar
mais de dois dias se tudo correr bem.
A aeromoça avisou que era hora de embarcar e eles se levantaram.
Assim que descobriu que ia viajar novamente de avião, Jodie procurou seu

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

médico e pediu um remédio que a ajudasse a lidar com o medo de avião. Ele
prescreveu um remédio para ansiedade e pediu que ela tomasse meia hora antes do
avião decolar. Ela havia tomado no café da manhã e já se sentia bem relaxada.
— Você prefere sentar na janela ou no corredor? — Dean perguntou ao chegar
na fileira onde iam ficar.
— No corredor, por favor — Jodie respondeu. Ela pegou uma revista que
estava dentro de sua bolsa e começou a ler.
— Você está bem?
— Acho que sim. Estou.
Jodie notou que ele não acreditou nela. Mas a verdade era que estava
começando a se acostumar com os vôos, agora que era uma das representantes da
companhia.
Quando o avião decolou, estava quase dormindo. Havia dormido muito mal,
pensando no reencontro com Dean. Sono mal dormido combinado com o remédio
ansiolítico fez com que ela dormisse a viagem toda.
Dean aproveitou para ficar olhando para ela — a forma dos lábios, os cílios
longos, a curvinha do nariz. Tinha sentido saudade de Jodie todos os dias. Quando
percebia que estava indo para o departamento de engenharia só para vê-la, dava
meia-volta e se xingava por isso.
Até nos sonhos Jodie aparecia. Neles, faziam amor, conversavam, passeavam.
Ele nunca estava sem ela nos sonhos, o que fazia com que o despertar fosse um
martírio, ao descobrir que estava sozinho e que nada daquilo era real.
Dean não conseguia entender por que isso acontecia. Será porque não saíra
com nenhuma mulher desde a última viagem ao Havaí? Não estava tão interessado em
Rachel para satisfazer as necessidades sexuais dela. O que foi a razão principal para
que os dois terminassem.
Passaram um fim de semana juntos, uma espécie de última chance para a
relação. Os sonhos com Jodie eram mais satisfatórios do que a presença de Rachel.
Essa viagem seria uma prova para Dean; uma prova de que as fantasias com
Jodie eram absurdas e que nunca iriam se concretizar. Candace tinha feito uma
reserva de uma suíte com dois quartos. De qualquer forma, não iriam passar muito
tempo no hotel.
Aquela era uma viagem apenas profissional.
O que ele tinha que fazer urgentemente era encontrar alguém legal para
namorar; uma mulher loura, de olhos azuis, bonita e atraente, divertida e com um
bom papo, alguém que o fizesse rir. Alguém como Jodie.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

* * *
Dean acordara Jodie quando estavam quase pousando em Los Angeles. Depois,
tiveram pouco tempo para fazer a conexão. Durante todo este tempo mal se falaram.
No outro avião, Jodie lera um pouco mais da revista que tinha comprado, mas
adormeceu na primeira hora. Ao chegar em Honolulu, sentia-se descansada e pronta
para trabalhar.
Ao chegarem no hotel, descobriram que tinham uma vista do quarto que era
magnífica. Os quartos estavam localizados em lados opostos no corredor da suíte.
Encontraram-se com Steve Furukawa em seu escritório e lá mostraram as
plantas das instalações e os procedimentos. Dean respondeu todas as perguntas
prontamente e Steve ficou muito satisfeito. O trabalho começaria no dia seguinte.
Steve concordou em jantar com eles, mas Jodie não quis. Depois que Dean saiu
do hotel para o almoço, ela trocou de roupa e foi caminhar na praia.
Tinha um fato difícil para encarar: estava apaixonada por Dean Logan. Não
tinha certeza de quando exatamente aconteceu, mas não havia dúvidas quanto a isso.
Aquele reencontro havia provado a Jodie que durante todo este tempo ela estava se
enganando, tentando se convencer de que tudo não passava de fogo de palha. Claro,
que não tinha nenhuma intenção de revelar seu sentimento a ele. Não era tão burra
assim.
Ficou pensando se não teria alguma macumba ou simpatia que pudesse ajudar a
esquecer Dean. Não perderia tempo em tentar.
Ao chegar no hotel, depois do passeio, o exercício havia feito muito bem a ela.
Estava cansada e contente. Com sorte, não teria dificuldades para dormir, pois o dia
seguinte seria um longo dia.
Quando Jodie abriu a porta da suíte, ficou surpresa ao ver Dean lá. Estava
sentado na varanda com os pés em cima da mesa, tomando um drinque.
— Como foi o jantar? — ela perguntou, indo na direção da varanda.
— O jantar estava bom e gostei de ter conhecido Steve um pouco mais. Me
falou um pouco da família e de como eles vieram do Japão até aqui. Steve é um cara
interessante.
Jodie sentou-se ao lado dele.
— Tem algo neste lugar que o faz ser tão mágico. A essência das flores, a
brisa morna. Fica difícil acreditar que tem um outro mundo lá fora.
— Vi você andando na beira do mar e fiquei aliviado. Fiquei preocupado quando
não vi você no hotel.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Não sabia que ia voltar tão cedo do jantar.


— Steve queria voltar cedo por causa dos filhos. Aliás, falou muito sobre eles.
Um pai coruja, mesmo.
— Você está constantemente me surpreendendo.
— Como assim?
— É que não consigo imaginar você escutando histórias sobre família e
crianças.
— Por que não?
— Não consigo ver você como um homem de família, não querendo ofendê-lo —
disse Jodie, dando de ombros.
— Não me ofendi. Nunca me imaginei um homem de família também. Você deve
ter razão.
Os dois ficaram um tempo na varanda aproveitando o ar fresco que vinha da
praia.
— Vou dormir. Até amanhã — ele se levantou e esticou-se e Jodie se levantou
da cadeira também.
Na sala, Dean apagou a luz deixando que apenas a lua iluminasse o ambiente.
— Obrigada por ter me dado essa oportunidade, Dean.
— De nada. Acho que tenho um prazer masoquista sempre que estou ao seu
lado.
— Como assim?
— Não finja que não sabe, Jodie. Tenho uma vontade louca de fazer amor com
você. Chega a ser doloroso. E isso, quando não estou do seu lado.
— Não sabia.
— Ficou feliz porque estava escuro, assim ele não podia ver que ela estava
toda corada e com o corpo tremendo.
— Quer uma demonstração? — ele foi até ela e a envolveu nos braços. O beijo
foi gentil no início. Ela poderia ter facilmente se esquivado, mas não o fez.
O beijo esquentou rapidamente e Jodie o abraços também, sentindo
fisicamente a excitação de Dean Ela o beijou com paixão, deixando a culpa e o
arrependimento de lado.
Foi Dean que se arrependeu e se afastou.
— Desculpe. Isso foi imperdoável — ele se virou e foi andando na direção do
quarto. — Boa-noite.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Boa-noite?
Ele a deixou completamente louca de desejo e tudo o que fez foi dar boa-
noite?
Ela ficou irritadíssima. Respirou fundo para se acalmar. Como se atreveu a
começar algo que não poderia terminar?
Ela deveria agradecer.
Deveria estar grata por não ter rolado nada.
Ela foi para o quarto, mas, em seguida, foi na direção do quarto dele possessa.
Sem bater, entrou escancarando a porta. Não viu Dean, mas sabia que ele estava lá.
— Você jogou baixo, Dean Logan! Como se atreve a começar algo e depois ir
embora como se nada tivesse acontecido!
Bateu a porta com força e voltou para o quarto, batendo novamente a porta.
Os homens eram todos iguais. Só porque ela não quis namorar, só porque ela
sabia que fazer amor com ele seria o pior a fazer, não significava que ele poderia
deixá-la daquele jeito, depois de um beijo tão quente.
Tirou a roupa e foi para o chuveiro. Somente um bom banho frio iria conseguir
esfriar seus nervos. Ligou a ducha com toda a força e se meteu de baixo da água
fria. Por isso, não ouviu quando Dean entrou no quarto. Só soube da presença dele,
quando Dean entrou no boxe, totalmente nu com um sorriso nos lábios.

CAPÍTULO TREZE

Que pena não ter levado uma câmera para fotografar a expressão no rosto de
Jodie quando o viu.
— Você está sempre certa — ele disse suavemente. — Um cavalheiro nunca
deve começar algo que não pretenda terminar. — Tirou a bucha da mão trêmula de
Jodie e disse — Vire-se que vou esfregar suas costas.
Ela olhou de cima a baixo e piscou incessantemente. Se achava que não tinha
sentira nada com aquele beijo — e foi o que ele havia achado — a situação havia
mudado completamente agora.
— Dean? — ela falou com a voz falhada, enquanto ele a virava gentilmente. Ele
desceu com a bucha do pescoço até o bumbum delicioso de Jodie.
— Sim.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— O que está fazendo?


— Não é óbvio? Esfregando suas costas — ele se demorou ali, subindo e
descendo nas costas dela, parando na cintura e agarrando cada lado com as mãos.
— Isto não é o que eu...
— Não gosto de deixar uma mulher zangada comigo por não terminar o que
comecei.
Ela se virou lentamente e olhou para ele, que sorriu.
— Vamos mesmo fazer isso, não vamos? — ela sussurrou.
Ele largou a bucha e envolveu o rosto de Jodie com as mãos. Ela era realmente
encantadora.
— Com certeza. — respondeu... e tocou os lábios dela com a língua. A boca era
macia e quente. Ele encaixou sua boca na dela, lutando para controlar seu desejo até
que ela estivesse tão preparada quanto ele.
Esperava apenas conseguir ganhar essa briga.
Ela tocou as mãos, provocativamente, no peito dele. Os lábios estavam vorazes
loucos pelo beijo de Dean, que se afastou um pouco, com dificuldade de respirar.
— Acho que nosso banho terminou, não acha? Ela olhou para ele e concordou
com a cabeça.
Dean fechou o chuveiro e a tirou do boxe. Pegou uma toalha e a secou de leve.
Depois, a pegou no colo e a levou para o quarto.
Jodie apoiou a cabeça no ombro dele, fechou os olhos e suspirou.
Ele tirou a colcha, a pôs na cama e se deitou ao lado dela.
— Trouxe proteção — disse. Ela arregalou os olhos ao ver a quantidade de
preservativos que estava sobre a cabeceira. Ele sorriu. — É melhor prevenir do que
remediar.
Voltou a beijá-la enquanto, com as mãos, explorava as curvas do corpo de
Jodie. Queria aprender de cor cada centímetro dela. Ela também começou a ex-
pedição pelo corpo de Dean.
Ele agarrou as mãos dela, rapidamente.
— Não é justo. Isso tudo aqui é para você, só para você. — Deu vários beijos
no rosto de Jodie, então, desceu até o pescoço e finalmente tocou os seios dela com
a língua.
Ela gemeu. Seus olhos estavam fechados e o rosto vermelho em brasa, mas foi
o sorriso de prazer que encorajou ainda mais Dean. Gentilmente, envolveu um dos
mamilos com a boca, enquanto acariciava o outro com os dedos. Depois trocou. As

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mãos de Dean, que estava estavam na barriga de Jodie, foram descendo até o ninho
louro e úmido dos pêlos dela.
Jodie pegou na mão dele, fazendo um convite para que fosse mais além e ele
sentiu que estava molhada e quente por ele. Ele se moveu, encaixando-se entre as
pernas de Jodie, desceu a cabeça até lá dando beijos.
Ela deu um pulo como se tivesse sido eletrocutada e murmurou palavras
ininteligíveis enquanto ele estava concentrado em dar e ter prazer. Rapidamente, ela
chegou ao clímax e gemia loucamente. Dean aproveitou o momento para penetrá-la.
Jodie o abraçou, quase fora de si, e ele murmurou palavras sensuais no ouvido
dela. Ofegantes, os dois entraram num movimento ritmado e lento, o que custou
muito a Dean, que já estava a ponto de explodir.
Finalmente, Dean desistiu de manter o controle e gozou dentro de Jodie,
enquanto ela chegava ao orgasmo segundos depois.
Ele desabou, em seguida. Tomou cuidado para que o peso de seu corpo não
machucasse Jodie. Depois se virou e deitou ao lado dela.
Ficaram na cama em silêncio por longos minutos, sentando ganhar fôlego.
— Uau. — Jodie murmurou.
— Uau é pouco.
Ela se virou de lado e ficou olhando para ele, o que o deixou um pouco nervoso.
— O que você está pensando? — ele perguntou ao ver que ela permanecia em
silêncio.
— Não consigo pensar em nada, no momento — ela respondeu.
Ele se levantou e foi ao banheiro, pensando se ela já teria se arrependido do
momento de intimidade dos dois.
Jodie ficou olhando a porta do banheiro fechar, procurando encarar o que
acabara de fazer com Dean. Não podia negar que ele era um arraso na cama. Per-
cebeu que tudo que estava querendo era sexo, mas o que acabou experimentando foi
amor.
Pouco depois, ele abriu a porta e pôs a cabeça para fora.
— Quer tomar outro banho comigo?
— Quero — ela sorriu.
Apesar de saber que ele já tinha visto tudo que queria, ficou inibida ao entrar
no chuveiro com ele.
Ele não perdeu tempo e envolveu ambos os seios de Jodie com as mãos,
beijando cada um deles. Olhou para ela, em seguida, com uma expressão de interro-

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

gação no rosto.
— Não era isso que eu esperava.
— O quê?
— Desejo você mais do que antes.
Ela olhou para o membro dele.
— Dá para perceber.
— Mas não quero que pense que sou um tarado — ele a pegou pelo braço e a
puxou para debaixo d'água.
Pegou o sabonete e passou nele, divertindo-se com a cara que ele fez ao passar
pelo seu membro ereto. Depois, passou sabão nas costas dele e achou que aquela
visão era tão sexy e gostosa quanto a da frente.
Ele retirou a espuma e ensaboou Jodie, depois a enxaguou antes de levantá-la
ajeitando as pernas dela ao redor da cintura.
Ela se abriu toda para ele e Dean a imprensou contra a parede deslizou para
dentro dela. Jodie fechou os olhos, abraçou-o pelo pescoço e deixou que o prazer a
invadisse.
— Jodie?
— Hum?
— Precisamos levantar. Já são quase seis da tarde. Ela abriu os olhos.
— Já? Como isso aconteceu? Parece que acabei de pegar no sono.
— Porque foi o que aconteceu. Sinto dizer que fiz você ficar acordada a noite
toda. Se a gente correr, ainda dá tempo de comer alguma coisa antes de ir para o
trabalho.
Assim que ele saiu do quarto, Jodie não perdeu tempo e saiu da cama. Vestiu-
se rapidamente, penteou os cabelos e os prendeu num rabo de cavalo.
Dean estava esperando no hall, quando ela saiu do carro. Vestia uma jaqueta
esportiva, calça e a camisa social semi-aberta.
Resolveram comer no restaurante do hotel. Jodie deu um gole no café e olhou
pela janela. Quando re-lanceou para Dean, ele estava olhando para ela intensamente.
— O que você está pensando? — ela perguntou.
— Tenho medo que você já tenha se arrependido do que aconteceu ontem à
noite.
— E tarde demais para arrependimentos.
— Mas você preferiria que não tivesse acontecido?

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— Acho que vai complicar as coisas.


— Como assim? — ele ergueu as sobrancelhas.
— Você sabe melhor do que eu que essa relação não tem futuro.
— Não sei nada disso — ele deu um gole no café. — O que quer dizer com
futuro?
Ela queria dizer que futuro para ela era casar-se, ter filhos, constituir uma
família, ter uma casa e um marido que a amasse muito, e a vida que tinha. Dean Logan
não iria querer ser esse homem.
Como ela não respondeu, ele perguntou:
— Nunca faria nada que a magoasse, você sabe. O que há de errado em
curtirmos o momento juntos? Somos dois adultos livres e desimpedidos.
O café da manhã chegou e a conversa foi interrompida para a sorte de Jodie.
Enquanto comiam, ela perguntou sobre o trabalho e os passos do primeiro dia de
instalação do sistema de segurança.
Após a refeição, tomaram um táxi e foram para o escritório de Steve. Ambos
estavam concentrados era terminar o trabalho o quanto antes.
Jodie não pôde deixar de perceber que os dois trabalhavam muito bem juntos.
No final do dia Dean estava muito satisfeito com o progresso que haviam feito.
— Se amanhã for tão produtivo quanto hoje, vamos poder voltar para casa
mais cedo.
— Que bom — ela estava exausta, primeiro porque quase não havia dormido e
depois, por causa do dia inteiro de trabalho. Pegaram outro táxi de volta para o
hotel.
— Acho que vou pedir comida no quarto e dormir em seguida. Estou morta de
cansaço.
— Fiz você trabalhar muito hoje. Aliás, belo trabalho, parabéns.
— Obrigada. Vou indo para o quarto. Quero tomar um banho antes de comer.
— Claro. Explorei muito você, hoje? — disse franzindo a testa
— Não. É que acho que gastei muita energia tentando aprender tanta coisa em
tão pouco tempo.
— Por que não me disse?
— Estou dizendo agora — ela disse sorrindo.
— Por que não disse antes?
— Estou bem, Dean. Só estou cansada.

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— Também não quero comer fora. Diga-me o que quer comer que vou pedir
enquanto você toma banho.
Não lhe importava. Não estava com fome. Só queria ficar sozinha um pouco.
— Uma salada grega.
Enquanto ele foi ao telefone, Jodie foi para o quar- D e fechou a porta,
apoiando-se e olhando para a ama com vontade de se deitar naquele instante. Ela K
desgastou muito a tarde toda tentando se concentrar no que Dean a ensinava em vez
de pensar na noite de amor que tiveram.
Estava perdidamente apaixonada por ele. O problema era que ele não parecia
disposto a levá-la a sério. Se continuasse saindo com ele depois de voltarem para
Chicago, quanto tempo mais levaria até que de desse um chute na bunda dela?
Na banheira, ela relaxou com a água quente, apoiou a cabeça e fechou os olhos.
Dean olhou no relógio quando a comida chegou. Não havia escutado Jodie fazia
mais de meia hora. Bateu na porta dela.
— Jodie, sua salada chegou? Está pronta para comer?
Ela não respondeu.
Ele abriu a porta e olhou para dentro do quarto. Só havia luz no banheiro.
— Jodie? — ele sentiu um frio na barriga de nervoso.
Dean entrou e foi até o banheiro. Encontrou Jodie adormecida na banheira.
Ficou emocionado, mas não sabia bem por quê.
— Jodie — disse um pouco mais alto.
Ela abriu os olhos assustada e deixou espirrar água no chão ao tentar se
sentar.
— Desculpe entrar assim, mas chamei você para comer e como não respondeu
fiquei preocupada — ele se virou e saiu.
Parecia irritado, pensou Jodie. Riu. Ele sempre parecia irritado, não era
nenhuma novidade. Jodie pegou um roupão que estava atrás da porta e foi para a
sala. Encontrou Dean olhando pela janela, com as mãos no bolso. Pôde ver o rosto
dele pelo reflexo do vidro e reparou que estava chateado.
— Desculpe ter demorado tanto. Mas como você viu, acabei caindo no sono na
banheira.
Ele se virou e foi para mesa onde estava a comida.
— Devo a você um pedido de desculpas por tê-la feito trabalhar tanto hoje.
Estou acostumado a me cobrar ao máximo para terminar um trabalho.

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— Não tem problema — ela se sentou à mesa. — Por que você não comeu logo?
Sua comida já deve estar fria.
— Eu não ligo.
Os dois comeram num silêncio constrangedor. Ao terminarem, Dean se
levantou e foi para o sofá.
— Queria conversar com você, se não se incomoda.
— Claro — disse e se sentou ao lado dele.
— Quero me desculpar por ontem à noite. Não tinha o direito de ir ao seu
quarto e entrar no chuveiro com você. Posso alegar insanidade temporária?
Então era por isso que ele estava tão chateado? Ela sorriu.
— Depois do que lhe disse qual homem de sangue quente como você não teria
feito o mesmo?
Os ombros tensos de Dean relaxaram e ele sorriu.
— Mesmo assim, estou com a consciência pesada preciso fazer uma confissão.
Trouxe você nessa agem com a esperança de que algo fosse acontecer entre nós dois.
— Eu suspeitei. Você é um homem muito determinado quando resolve que quer
conseguir algo. E, pelo visto, eu era uma das metas da sua lista. Mas não se esqueça
de que quando um não quer dois não brigam.
— Mas você não gosta de sexo casual.
— É verdade. E acho que a gente não deve continuar ficando depois que
voltarmos para casa. Seria esquisito demais para nós dois. Eu admiro e respeito você
— e o amo muito — mas não posso dar o que você quer.
— O que quero exatamente? — ele se levantou e ficou andando pela sala.
— Um caso para preencher suas horas vagas, que aceite qualquer coisa sem se
deixar envolver. Alguém como Rachel.
— Achei que tivesse deixado claro que não estou mais vendo a Rachel. Na
verdade, ninguém — disse, parecendo frustrado. — Você falando assim, parece que
sou um cara superficial e insensível.
— Não foi minha intenção. É que a sua dedicação à companhia é total e não
sobra espaço para mais nada além de uma companhia casual.
— E você não é do tipo que seria uma companhia casual, já entendi.
— Infelizmente, não. Mas você nunca teve problemas em encontrar mulheres
que aceitem essa situação.
Dean parou de andar e olhou bem para ela.

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— O que você quer de mim? Tenho que jurar que as minhas intenções são
nobres? Que quero me casar e ir morar numa casa no subúrbio, ter uma família e uma
rotina doméstica?
Ela olhou bem nos olhos dele antes de dizer.
— Nunca pediria isso a você.
— Que bom, porque não sou esse tipo de homem.
— Eu sei — ela murmurou.
— Então ontem à noite o que aconteceu foi um equívoco e não vai se repetir.
— Exatamente.
— Tudo bem, vou sobreviver. Pelo menos, posso perguntar se foi tão bom para
você quanto foi para mim?
— Foi sensacional — ela sorriu.
— É, foi sensacional — disse com uma voz carregada de emoção.
Ficaram em silêncio por vários minutos.
— É melhor irmos dormir. Amanhã vai ser outro longo dia.
Jodie se levantou.
— Boa-noite, Dean. — Jodie se levantou e foi para o quarto.
Ele ficou ali sentado por um bom tempo, olhando para o nada. Num movimento
impulsivo, se levantou saiu da suíte e foi para a praia.
Ficou andando pela beira da água até amanhecer.

CAPÍTULO QUATORZE

— Senhor Logan, o senhor Greenfeld está aqui para falar com você.
Candace Rudin aprendera suas funções com muita facilidade. Era pontual,
eficiente e discreta. Uma secretária exemplar.
Mas, sentia falta de Jodie e a saudade piorava a cada dia... como secretária,
claro.
Candace era uma mulher muito boa. Um pouco formal demais. Disse que não se
sentia bem chamando-o pelo primeiro nome. Vivia sozinha, com dois gatos, desde que
o marido morreu. Os três filhos já estavam crescidos. Ela não se incomodava de ficar
até mais tarde e aturar o mau humor de Dean.

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O que mais poderia querer?


Enquanto esperava por Greenfeld, foi até a janela e ficou olhando a paisagem
do lago Michigan.
Não vira Jodie desde que voltaram do Havaí. Ela havia deixado bem claro que
não queria mais vê-lo e ele decidiu respeitar a decisão dela.
Havia saído com algumas mulheres para shows e peças de teatro. No entanto
não dormira com nenhuma.
Não se sentia excitado com ninguém, mesmo que fosse inteligente, bonita e
atraente. Só de pensar em convidar alguém para sair, ficava entediado.
Ouviu Greenfeld bater na porta e entrar.
— Bom ver você, Jacob — disse Dean ao estender a mão para o visitante.
— Você também, Dean — Jacob respondeu com um sorriso e estendeu as mãos.
— Obrigado por na receber.
— Não imagina como estou feliz em vê-lo depois de tanto tempo. Você
desapareceu depois que a gente terminou a faculdade. O que tem feito?
Mais uma vez, Dean colocou de lado os pensamentos em Jodie e se entregou
aos negócios. Porém na cama, em seus sonhos, ela estava lá com ele.
O que será que estava acontecendo, afinal? Perguntou a si mesmo ao olhar a
paisagem do lago na manhã seguinte. Desde quando aceitava não come resposta
quando realmente queria uma coisa?
A verdade era que o fato de Jodie ter assumido outro cargo na empresa havia
deixado um grande vazio na vida de Dean.
Sentia falta de vê-la, do som da sua voz, do perfume delicado que ela usava.
Mesmo que nunca mais fizessem amor, ele nunca mais esqueceria do prazer que
sentiu ao fazer Jodie chegar ao orgasmo, e de a ter tido nos braços quando ele
também chegou ao clímax.
Ela já havia se formado e nem mandou uma carta avisando. Mesmo assim,
mandou um presente e recebeu um educado cartão de agradecimento que poderia ter
sido escrito para o avô dela. Se é que ela ainda tinha avô.
Ficou esperando que ela mudasse de idéia e resolvesse voltar a sair com ele,
mas acabou percebendo e iria esperar sentado; ela nunca mudaria.
Era hora de tomar uma medida drástica. Começou a planejar algo e mexeu a
cabeça positivamente. Era um homem de ações, afinal. Ela não tinha mencionado que
ele era um homem determinado quando queria
Bem, ele estava certo que queria apenas ela e nada mais. Não perderia mais
tempo para ter Jodie de volta na sua vida, não importava os termos que ela fosse
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

ditar.
— Que dia lindo — disse Lynette, deitada sobre um cobertor na grama de um
dos parques de Chicago. — Estou tão feliz de termos feito esse piquenique. Jodie
concordou com a cabeça. Tinha Emily no seu colo e brincava com ela enquanto Chuck
jogava bola com os meninos.
— Eu também.
— Como é que você se sente de ter finalmente se formado?
— Um pouco perdida, na verdade. Não sei o que fazer com minhas horas vagas.
— Você sabe que eu e Chuck adoraríamos que você fosse lá em casa mais
vezes. Mais ainda se quisesse ficar com as crianças para sairmos. — Lynette deu uma
risada maliciosa e, de repente, gritou — muito bem, Kyle! — voltou a olhar para a
irmã. — Você quase não fala mais do trabalho. Por quê?
— Não tem muito o que falar. Estou aprendendo tanta coisa ao mesmo tempo,
que às vezes o meu cérebro pifa. Mas estou gostando muito.
— E você ainda não quer falar do Dean, não é?
— Não tenho nada para falar sobre ele. Não o vejo... — ela perdeu a voz.
— O que foi?
— Se não estou enganada, quem está vindo ali é o próprio Dean Logan.
Lynette se sentou.
— Jura? Onde?
Jodie apontou com a cabeça.
— Está brincando. Ele é um gato. E você sempre me disse que ele parecia um
homem feito de pedra. Esse sorriso que ele tem é de arrasar. E acho que é para você.
— Oi — ele disse ao se aproximar. — Achei que fosse você. — olhou para
Lynette e voltou a olhar para Jodie. — Posso me sentar com vocês?
Antes que jodie conseguisse encontrar uma palavra para dizer, Lynette deixou
um espaço no cobertor.
— Será um prazer, não é Jodie? — Lynette perguntou com um olhar
zombeteiro.
Ele se sentou sem esperar pela resposta de Jodie.
— O que você está fazendo... — Jodie ia perguntando, mas foi interrompida
pelos meninos.
— Oi! — disse Kyle. — Você conhece a tia Jodie? A gente tem pijama na casa
dela e...

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Vocês deixem o moço em paz e vão brincar. — Lynette disse, fazendo um


grande favor a Jodie.
— Dean, deixe-me apresentá-lo a minha irmã, Lynette, e os filhos dela. Esse é
Kyle e aquele o Kent — então olhou para a bebezinha no colo. — Essa é a Emily.
Chuck foi até eles.
— Oi. Chuck Patterson — disse com a mão estendida.
— Dean Logan — os dois apertaram as mãos.
— Ah — foi tudo que Chuck disse.
— Por favor não levem em consideração o que Jodie fala de mim. Não como
criancinhas no café da manhã.
— Que nojo — disse Kent, com um sorriso maroto. Chuck se sentou ao lado de
Lynette e disse aos filhos:
— Por que vocês não vão jogar bola sozinhos? O papai precisa descansar um
pouco.
Quando os meninos saíram, ele se virou para a esposa e disse:
— Viu isso? Eles me obedeceram. Sem dizer um ai — olhou para Jodie. — Se
você algum dia quiser trabalhar de babá é só me dizer que serei o primeiro a lhe dar
bons conselhos.
— Chuck é meu cunhado, se você ainda não tinha adivinhado.
— Quer alguma coisa para beber? — Chuck perguntou a Dean. — Temos
refrigerante, limonada e água.
— Vou aceitar um copo de água. — Dean respondeu.
Chuck tirou duas pequenas garrafas de água do isopor. Deu uma a Dean e ficou
com a outra, passando-a na testa.
— Estou ficando velho demais para isso.
— Que coincidência encontrar você aqui. — Jodie falou para Dean, que sorriu.
— Não é, mesmo? — ele se virou e perguntou a Chuck sobre a profissão de
policial, sem dar nenhuma chance a Jodie de continuar a sua investigação.
Quando estavam arrumando as coisas para ir embora, Lynette disse, de
repente:
— Dean, por que você não vem jantar com a gente hoje à noite? Assim você e
Chuck continuam a conversa depois.
— Ah, acho que ele...
— Gostaria muito, Lynette, obrigado.

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— ...vai estar ocupado. — Jodie terminou a frase em voz baixa.


— Não espere nada sofisticado. Provavelmente, vou aproveitar muita coisa do
almoço.
— Meu prato favorito. Chuck e Lynette riram.
Jodie olhou para a imensidão do parque.
— Gente, por que vocês não vão indo. Preciso passar em casa, tenho mil coisas
para fazer e...
Lynette olhou para Jodie com aquela cara inconfundível de irmã mais velha.
— Besteira. A gente se encontra lá em casa. Jodie ficou olhando a irmã, o
marido e as crianças indo para o carro em silêncio.

— Se você não quiser que eu vá, posso inventar uma desculpa — Dean disse
calmamente.
Ela balançou a cabeça, incapaz de dizer algo.
— Qual o problema deu querer conhecer sua família?
— Nenhum, mas por que você quer conhecer minha família?
— Porque, morri de saudades de você. Achei que fôssemos amigos.
Trabalhamos juntos durante anos como colegas e agora me sinto sem chão sem você.
— Estou me preservando, Dean. Achei que a gente já tivesse se entendido.
Não quero me machucar.
— Nunca faria isso com você.
— Não de propósito, tenho certeza.
— Vamos fazer um trato. Vamos sair juntos por três meses como amigos.
Somente amigos. Só quero ficar um pouco com você, nada mais.
— Amigos? Você acha que a gente consegue fazer isso?
— Se você conseguir, eu consigo — disse sorrindo.
— Muito bem, amigo, é melhor irmos logo para casa da minha irmã, antes que
ela mande o Chuck procurar pela gente.

CAPÍTULO QUINZE

— Anima-se, mana, nunca vi você tão calada!

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Jodie pegou uma travessa com salada e outra com espaguete e foi andando
para a sala de jantar.
— Achei que fosse gostar do fato de eu não estar falando feito uma matraca,
como você gosta de dizer.
Lynette seguiu Jodie, com uma tigela cheia de molho de tomate para o
macarrão. Na outra mão levava uma cesta de pães torrados com alho.
Jodie podia escutar Dean e Chuck conversando como velhos amigos, na sala de
estar.
As irmãs pararam em frente à mesa para se certificarem de que não estava
faltando nada para o jantar. Lynette olhou de relance para Jodie.
— Você está me escondendo alguma coisa, não é, maninha?
O coração de Jodie disparou.
— O que você quer dizer?
— O cara é mais do que apenas chefe para você. O jeito como ele a olha diz
tudo.
— Por favor. A gente se conhece há anos. Sempre tivemos muita intimidade
desde a época que trabalhava como secretária dele.
— Não está mais aqui quem falou, querida — Lynette respondeu. Foi até a sala
de estar e anunciou: — Desculpe interromper a conversa animada, rapazes, mas o
jantar está na mesa.
Em cinco minutos, Dean já havia conquistado toda a família Patterson. Seu
comportamento contradizia tudo o que Jodie dissera sobre ele à irmã e ao cunhado.
Dean interrompeu os pensamentos pessimistas dela.
— Jodie, por que a gente não pega um cinema amanhã e, quem sabe, jantamos
depois?
Antes que ela pudesse responder, Kent perguntou de repente.
— Ela é sua namorada, não é, senhor Logan? Pronto, só faltava essa. Jodie
queria se esconder debaixo da mesa.
— Bem, Kent — Dean respondeu, ganhando mais pontos da família por ter
lembrado o nome dele. — Somos amigos. Muito bons amigos.
Kyle entrou em ação.
— Você vai se casar com ela?
O rosto de Jodie parecia um pimentão quando Chuck interviu para que o
menino não fosse longe demais.

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— Não é educado fazer esse tipo de pergunta, meninos. Agora, comam.


Jodie olhou rapidamente para Dean e ele piscou para ela. Ela ficou ainda mais
nervosa.
Por sorte, Chuck começou um assunto inofensivo que durou até o final da
refeição.
Quando todos já haviam acabado de comer, Jodie ajudou Lynette a tirar a
mesa e a pôr a louça na maquina de lavar. Estava secando a pia quando Emily começou
a chorar.
Lynette olhou o relógio.
— Bem na hora, é melhor ir alimentar minha pequenininha.
Lynette subiu para o andar de cima e Jodie foi para a sala de estar.
— Vou para casa. Obrigada pelo jantar — disse Jodie para Chuck.
Dean se levantou de imediato.
— Também preciso ir. Muito legal ter conhecido você, Chuck. Vamos combinar
de assistir a um jogo de basquete um dia desses.
— Acho uma ótima idéia, Dean — ele abraçou Jodie. — Se cuida, querida.
Jodie e Dean saíram da casa e foram na direção do local onde haviam
estacionado os carros. Ela se virou para falar com ele e os dois quase se chocaram.
— Você nunca responde às minhas perguntas — ele disse, e suas mãos
massageavam o pescoço dela.
Ela deu um longo suspiro antes de responder.
— Obrigada pelo convite e sim, aceito ir ao cinema com você — lá estava ela
novamente, metendo-se num abismo sem fim.
— Viu como não doeu nada? — ele se inclinou e a beijou, suas mãos continuavam
a acariciar o pescoço de Jodie. Como sempre, o beijo delicado foi esquentando e
quando os dois se separaram, o coração de Jodie batia tão rápido que ela achou que
pudesse estar tendo um ataque cardíaco.
— Isso foi um pouco mais que um beijo de amigos — disse ela, sem fôlego.
— O que posso dizer? Tudo vale, no amor e na guerra.
— Qual dos dois é o caso, aqui? Ele a abraçou e saiu.
— Vai ter que descobrir isso sozinha — disse, já de costas para ela, e entrou
no carro.
Quando Jodie chegou em casa naquela noite, teve que encarar seus medos.
Claro que ele não quis dizer que a amava. Ele fora bastante óbvio quanto ao que

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queria dela. A única forma de acabar machucada seria se esperasse algum tipo de
compromisso sério por parte de Dean, pois sabia que isso nunca teria dele. Uma das
razões por que os namoros de Dean terminavam era porque as mulheres acabavam
querendo casar com ele.
Lynette tinha toda a razão. Ela precisava se animar. Não seria o fim do mundo
quando ele acabasse partindo para outra. Ela sobreviveria.
Passou uma hora tentando decidir o que vestir para o programa do dia
seguinte.
Ao chegar em casa, Dean se perguntou porque havia dito amor ou guerra. Sair
com Jodie não era nem amor nem guerra. Apenas sentia falta dela. Sempre gostou da
sua companhia, que mal havia nisso?
Ela tinha deixado claro que não iria para a cama com ele. Não gostava da idéia,
mas aceitara em troca de poder ter Jodie de volta em sua vida.
Dean olhou para a pilha de papéis que havia trazido do trabalho. Será que teria
tempo de estudar os documentos? Não hoje à noite. Daria uma olhada na manhã
seguinte antes de sair para buscar Jodie. Nunca deixara que a vida social
interferisse no trabalho. No entanto, o que não conseguisse rever no fim de semana,
deixaria para segunda-feira.
Havia gostado muito ver Jodie e conhecer sua família. Ele e Chuck haviam se
dado muito bem. Chuck fora gentil sem ser exagerado e o nome de Jodie sequer foi
mencionado na conversa entre os dois.
Já na cama ficou pensando em Jodie até cair no sono.
— Não me lembro da última vez em que ri tanto. — Jodie disse a Dean ao
saírem do cinema, de mãos dadas como um casal de adolescentes. — Minha bochecha
está doendo. Que filme engraçado.
— Que bom que você gostou — ele respondeu sorrindo.
Ela também gostou das carícias que ele fez na mão dela durante o filme. Dean
caiu na gargalhada algumas vezes e contagiou Jodie. Talvez, ela realmente tivesse
uma boa influência sobre ele.
Escolheram um restaurante grego para jantar. Quando estavam comendo a
salada, Jodie perguntou:
— Continua tudo bem com a senhora Rudin?
— Ela é muito eficiente. O que percebi foi que eu e você sempre discutíamos
sobre negócios e que muitas vezes você foi minha conselheira em muitos assuntos. Só
percebi isso depois que você foi embora.
— Se precisar de alguma ajuda, sabe que pode contar comigo.

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— Obrigado. Também queria ele pedir um favor... na verdade, implorar — ele


sorriu — tem um jantar e um baile que devo ir no sábado à noite. Como já fiz minha
doação, poderia muito bem faltar, mas eles me convidaram para fazer um discurso. É
um evento para arrecadar fundos para a cura do Alzheimer — ele fez uma pausa. —
Minha mãe foi diagnosticada com essa doença há algum tempo, então me sinto na
obrigação de comparecer. É que não suporto ir a esses eventos sozinho e queria que
fosse comigo.
— Claro que vou, Dean, quero ver você falando em público.
— Você não vai gostar, pode acreditar. O convidado oficial não pode
comparecer, então vou ser o duble.
Os dois conversaram bastante durante o jantar. Jodie se sentiu confortável
ao lado de Dean pela primeira vez, desde a viagem ao Havaí. Mas isso mudou quando
eles chegaram na porta da casa dela.
— Obrigada pelo programa. Ele levantou as sobrancelhas.
— Não vai me convidar para entrar?
— Não.
— Nem se pedir de joelhos?
Ela riu. — Dean, se convidar você para entrar, nós dois sabemos que vamos
acabar na minha cama — disse rindo.
— E qual o problema se isso acontecer?
— Amigável demais para o meu gosto.
— Tudo bem.
Ela o olhou interrogativamente.
— Tudo bem?
— É verdade, você tem razão. Nossa relação é platônica, prometo. — Ele
levantou a mão direita.
— Posso, pelo menos, lhe dar um beijo de boa noite.
— Tudo bem.
Ele a puxou contra si. Primeiro deu um beijo de leve na orelha de Jodie, depois
deu vários beijinhos no queixo dela. Jodie passou a mão no peito de Dean. e quando
ele encontrou a boca de Jodie, ela estava mais do que pronta para ele.
O beijo se prolongou até que o barulho do elevador chegando os interrompeu.
Ela se soltou dele, tentando recuperar a respiração normal.
Um casal saiu do elevador pelo outro lado sem vê-los.

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— Boa-noite — Dean disse gentilmente. — Durma com os anjos — ele se virou,


foi até o elevador e abriu a porta para ela. Jodie entrou e apertou o botão. Viu Dean
até que a porta se fechou.
Jodie entrou no apartamento e foi direto para a cama.
Estava tentando enganar a quem? Saindo ou não com Dean, seus sentimentos
por ele eram fortes demais.
Claro que queria reviver a noite de amor que tiveram em Honolulu, mas não
podia ceder. De jeito nenhum.

CAPÍTULO DEZESSEIS

Jodie abriu a porta no sábado à noite e ficou extasiada ao ver Dean Logan num
smoking impecável. Estava lindíssimo. Os ombros largos a lembrar como nunca
fizeram como eram por debaixo da roupa.
— Entre — falou com a voz fraca.
— Cheguei cedo demais, desculpe.
— Não precisa se desculpar — pegou a bolsa e fingiu não perceber que ele não
tirava os olhos dela. Em uma de suas andanças no shopping, encontrou o pretinho
básico perfeito. Apesar de simples, o caimento do vestido era divino.
Dean deixou claro que havia aprovado e que a desejava naquele instante.
Que amizade aquela! Quem ela achava que estava enganando?
Apanhou o xale e colocou ao redor dos ombros. Desceram no elevador em
silêncio. No carro, Dean disse:
— Será que vou estar ultrapassando as fronteiras da nossa amizade se disser
que você está de matar, nesse vestido?
— Obrigada — ela sorriu — Já decidiu o que vai falar no discurso, hoje?
— Acho que sim. Nunca digo o que escrevo, mesmo. Só sei que vai ser curto.
Estacionaram no local do evento e ao saírem do carro viram outras pessoas em
trajes de gala indo rumo à entrada do hotel. Dean guiou Jodie na mesma direção.
Várias pessoas o cumprimentaram enquanto a olhavam com curiosidade. Dean a
apresentou àqueles que vieram falar com ele.
Estavam chegando no salão de dança quando uma voz atrás deles disse:
— Dean! Achei que fosse você. Nunca pensei que fosse encontrar você num

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evento como esse.


— Olá Rachel — ele reconheceu o homem que estava com ela. — Bom te ver,
Bailey — disse apertando a sua mão.
Rachel disse numa voz meio eufórica:
— Então não vai nos apresentar... Jodie se virou relutante para eles.
— Jodie? É você mesmo? Está tão... quer dizer, bom te ver outra vez. — O
olhar que ela deu a ambos dispensou comentários. — Então — disse a Dean —. estou
surpresa em ver você com sua secretária.
— Na verdade — ele respondeu com um sorriso divertido — ela não é mais
minha secretária. Está na área de engenharia.
Jodie olhou para baixo. Ficou imaginando as suspeitas de Rachel por ter
ganhado a promoção. Levantou o rosto e olhou para Rachel.
— É verdade, finalmente me formei. Dean dissera há alguns anos que depois
que me formasse me mandaria para outro departamento.
— Aposto que você está perdido sem ela...como secretária. — Rachel disse
olhando para Dean.
— Consegui sobreviver.
Eles se despediram. Dean e Jodie entraram no salão. Rachel se virou para
Bailey e perguntou:
— Você se lembra do número da nossa mesa?
— A Rachel está ótima, não acha? — Jodie perguntou para Dean.
— Não reparei — ele olhou para as mesas e disse: — Nossa mesa é a de número
um.
Na mesa, só havia dois homens sentados que ela conhecia das revistas e
jornais.
As personalidades e celebridades de Chicago estavam todas lá. Dean não havia
comentado com ela que o vento seria tão bem freqüentado. Ficou preocupada se a
multidão não iria acabar intimidando Dean na hora do discurso.
A mesa ficou completa e Dean apresentou Jodie a todos. Ela começou a
relaxar, quando uma das esposas perguntou:
— De que linhagem dos Cameron você vem?
— De Wisconsin.
— Ah — a mulher pareceu desapontada. — Você não tem nenhuma relação com
os Cameron daqui de Chicago?

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Jodie sorriu educadamente, torcendo para que aquela noite acabasse logo.
— Que eu saiba, não.
— Que pena. Suponho que você já tenha rastreado sua árvore genealógica da
Escócia.
— Ainda não.
— Genealogia é uma coisa fascinante. Vai gostar. Jodie ficou aliviada quando o
garçom chegou com
a entrada e, então, a conversa tornou-se mais geral.
Odiava se sentir deslocada. Pensou em dizer à mulher que sua mãe era
garçonete em Phoenix só para ver qual seria sua reação.
Ao fim do jantar, Dean foi chamado para discursar.
Por que estava tão nervosa por ele? Não tinha a menor idéia e a verdade era
que ele parecia mais calmo e tranqüilo que ela.
Em poucos minutos de discurso, Dean havia deixado a platéia fascinada. Ele
começou por sua experiência pessoal e falou de sua dor ao ver uma pessoa amada se
deteriorando pelo Mal de Alzheimer. Nunca sentira tanto orgulho dele.
Após o discurso as pessoas o aplaudiram e ele pediu que todos aproveitassem o
resto da noite e fossem dançar. O salão de dança encheu rapidamente e as mesas
estavam quase todas vazias quando Dean retornou.
— Vamos dançar?
Jodie se levantou e foi com ele para o salão.
— Fiquei impressionada com seu discurso. Seu relato tão pessoal e sincero
deixou todo mundo emocionado.
— Como lhe disse, acabei não falando nada do que escrevi.
— Você é um homem de muitos talentos, sr. Logan.
Ele a trouxe para mais perto e Jodie apoiou a cabeça no seu ombro. Ela ficou
surpresa ao sentir o coração de Dean batendo rápido e olhou para ele.
— Desculpe, mas é assim que eu fico quando estou perto de você.
Só então ela também percebeu que ele estava excitado. Não conseguiu não
corar.
— Quer parar de dançar? — ele perguntou.
— Dean, você está complicando as coisas para mim.
— Não é sua culpa, nem minha, se fico assim por sua causa. — Continuaram
dançando, mas se afastou um pouco de Jodie. — Essa história de amizade não está

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funcionando.
Ela balançou a cabeça e não conseguia falar. Foi então que tomou uma decisão.
— Está bem.
— Está bem o quê?
— Vou dormir com você hoje à noite. Ele parou de dançar.
— Não entendi? — passou os braços pela cintura de Jodie. — Diz que você não
está brincando?
— Estou falando sério — disse fazendo que sim com a cabeça.
— Temos que ir embora agora. — Ele a pegou pelas mãos e foram na direção
da saída antes de a música terminar.
Jodie ficou calada enquanto os dois esperavam que o guardador trouxesse o
carro. Não disseram uma palavra no trajeto todo. Jodie percebeu que estava louca
de desejo, uma necessidade que tentou ignorar por semanas. Ela o queria, o queria
agora.
A porta do apartamento de Jodie mal se fechou e ele já estava com ela no
colo, as pernas dela envolta na cintura e as costas de Jodie contra a parede. Abriu o
zíper da calça com dificuldade e praticamente rasgou a calcinha de Jodie, ao
arrancá-la.
Apaixonados e selvagens os dois chegaram ao clímax em questão de minutos.
Dean a agarrou com força e foi andando com ela no colo — com dificuldade, já que
tinha as calças amadas na altura dos tornozelos — até o quarto e lá a acomodou com
cuidado na cama.
Ela ficou observando-o tirar o smoking e o deixou tirar seu vestido e o sutiã.
Ainda sem falar, ele se deitou na cama com ela e não demorou muito para que os dois
voltassem a fazer amor. Mas dessa vez, suave e demoradamente. Jodie sabia que
nunca esqueceria daquela noite
Ele partiu de madrugada.
Na manhã de segunda-feira, Jodie pediu demissão a Frank. Na parte da tarde,
já estava na estrada indo rumo ao sul.

CAPÍTULO DEZESSETE

No domingo, Dean ligou para a casa de Jodie diversas vezes, mas ninguém
atendeu. Pensou que talvez tivesse ido à casa da irmã e ficou tentando ligar para lá

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só para escutar a voz de Jodie.


Devia a ela uma desculpa pelo comportamento primitivo de sábado à noite. O
problema era que não poderia prometer que não ia se comportar da mesma forma
quando a encontrasse novamente, a sós.
Sob que tipo de feitiço estava ele? Não conseguia parar de pensar nela. Numa
reunião com um cliente, sua cabeça estava voando. Não era assim que gostava de
conduzir sua vida e não estava nada satisfeito com isso, mas não sabia o que fazer a
respeito.
Na segunda-feira, passou o dia inteiro em reuniões fora do trabalho.
Ao voltar, foi até o departamento de Jodie convidá-la para jantar. Como não a
viu foi até a sala de Frank.
Frank o viu e perguntou:
— Como foi a reunião com Flyn?
— Ele gostou da apresentação que você fez na semana passada e está disposto
a assinar o contrato.
— Que bom ouvir isso.
— É, eu estou procurando a Jodie. Ela foi embora mais cedo, hoje?
Frank franziu a testa.
— Ela não falou com você?
— Falou sobre o quê?
— Pediu demissão hoje de manhã. Pegou as férias acumuladas que tinha e
partiu.
Dean desabou na cadeira mais próxima. Sentiu como se tivesse levado um
murro na boca do estomago.
— Achei que você estivesse sabendo disso.
— Não, não sabia. Ela disse por quê? Achei que estivesse feliz aqui? Foi por
causa de um outro emprego?
— Na verdade, ela não falou muito. Limpou a mesa dela e se foi. Tenho que
admitir que não gostei de ela ter ido embora. Ela é boa no que faz, e criativa. Ela foi
uma das responsáveis pela apresentação que fiz.
Dean fez que sim com a cabeça mas não prestou atenção no que ele disse. A
cabeça estava lotada de perguntas. Por que ela se demitiu tão de repente? E por que
não falou nada para ele?
O que estava acontecendo?

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— Você está bem? — Frank perguntou depois de alguns minutos de silêncio.


— Estou bem, apenas surpreso. Fui pego de surpresa, é só isso. — Levantou-se
e disse: — A gente se fala depois.
Dean não foi para o escritório checar mensagens ou e-mail. Foi até a garagem,
pegou o carro e saiu rumo à casa de Jodie. A Depois de tocar a campainha durante
um bom tempo e ninguém atender, decidiu ir à casa dos Patterson. Assim que tocou a
campainha, Kent abriu a porta.
— Oi — ele disse com um enorme sorriso. Dean devolveu o sorriso.
— Olá, Kent. Sua mãe está?
— Hum rum — ele se virou e gritou. — Mãe, é o namorado da tia Jodie.
— Pede para ele entrar e se sentar. Já estou indo. Parecia que um furacão
havia passado pela sala de estar, com brinquedos espalhados por toda a parte,
sapatos e casacos.
— Quer beber alguma coisa? — Kent perguntou educadamente.
— Não, obrigado.
O menino se sentou em frente a ele e o ficou encarando com um olhar curioso.
— Não precisa se preocupar comigo. Se quiser pode voltar a fazer o que
estava fazendo antes de eu chegar.
— Está bem — respondeu prontamente e foi para o chão brincar com carros de
corrida em miniatura.
Poucos minutos depois, Lynette veio correndo.
— Desculpe-me pela bagunça, mas é assim que a casa está na maior parte do
tempo.
— Desculpe por ter vindo assim, sem avisar. É que queria saber se você tem
falado com Jodie nos últimos dois dias.
Lynette olhou para ele com uma cara confusa e se sentou.
— Ela esteve aqui na sexta-feira, com você.
— Você não falou com ela hoje?
— Não, por quê? O que há de errado? — perguntou, tentando disfarçar a
preocupação.
— Ela pediu demissão hoje, usou as férias acumuladas a que tinha direito e
sumiu.
— Meu Deus! Não sabia que ela estava pensando em abandonar o trabalho.
— Nem eu. Saímos juntos no sábado e ela não comentou nada, parecia bem.

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— Desculpe-me, mas não sei. Já tentou o apartamento dela?


Ele fez que sim.
— E deixei várias mensagens na secretária eletrônica.
— Vou ligar para o Chuck e pedir para ele passar na casa dela. Espero que nada
de ruim tenha acontecido.
Ela pegou o telefone e ligou para o marido. Quando Chuck atendeu o celular ela
contou a história e fez o pedido.
— Ele vai lá checar. Quer esperar aqui até ele ligar?
— Não é necessário. Agradeço muito se você me ligar quando tiver alguma
notícia — ele se levantou.
O celular de Logan tocou assim que ele estacionou na garagem de casa.
— Oi, Dean, é a Lynette. Está tudo muito misterioso. O Chuck esteve lá e o
apartamento está vazio. A maioria das roupas dela e as coisas pessoais não estão lá.
— Obrigado por ligar, Lynette — ele estava confuso e triste.
— Imagina! Tenho certeza que logo vai dar notícias. Ela não é irresponsável,
não é do tipo que gosta de deixar as pessoas preocupadas. É por isso também que
estou surpresa. Ela não é dessas coisas. Mesmo assim, vou pedir que ela ligue para
você se eu falar com ela.
— Obrigado.
Ele desligou e foi para o elevador. Será que foi algo que disse no sábado? Ou
que eu fiz? Ou o sumiço dela não tinha nada a ver com ele? Sexta à noite, o telefone
de Lynette tocou.
— Oi, mana. Queria avisar que não vou poder jantar com você hoje à noite.
— Joanna Louise Cameron, onde você está? Estou histérica desde segunda-
feira quando o Dean esteve aqui dizendo que você se demitiu.
— O Dean esteve aí?
— Ele não achou você em casa e veio até aqui. Chuck teve no seu apartamento
para ver se estava tudo bem, se você não estava inconsciente ou machucada. Por que
não avisou a ninguém para aonde estava indo?
— Porque não sabia para onde eu ia quando saí de Chicago.
— Onde você está?
— Cheguei aqui na casa da mamãe, ontem à noite. Estou pensando em ficar aqui
por um tempo e procurar um emprego.
— Você ficou louca? O que tem de errado com o trabalho daqui? Você adorava.

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Estava animada com a nova função.


— É uma longa história. — Jodie suspirou.
— Tenho todo o tempo do mundo. Os meninos estão na escola e Emily acabou
de dormir. Me conta.
Jodie não estava pronta para falar sobre Dean para ninguém, mas devia uma
explicação à irmã.
— Tive que me afastar do Dean.
— O que foi que ele fez? Deve ter sido algo muito sério para você ter fugido
desse jeito. Você foi à polícia?
— Não é nada disso, Lynette. Fiz algo realmente estúpido e estou até com
vergonha de admitir. Me apaixonei pelo chefe.
— Qual o problema? Ele parece estar bem apaixonado também.
— Não é bem assim. Ele quis ficar saindo comigo e eu aceitei. Achava que ia
conseguir lidar com a situação, mas não consegui. Sempre que ele está perto, é só me
olhar que parece que vou pegar fogo.
— Querida, não tem absolutamente nada de mal nisso. Foi isso que assustou
você e a fez fugir?
— O Dean já deixou claro que não quer um relacionamento sério. E esse é o
único tipo de relacionamento que quero ter. Não contei nada para ele dos meus
sentimentos, mas agora ele vai desconfiar que sou louca por ele. Quando uma mulher
conta para ele que está apaixonada, ele termina com ela em seguida. Então, achei
melhor ir embora para não ter que passar por isso. Já tinha tentado terminar, mas
acabei saindo com ele outra vez. Não tenho nenhuma força de vontade quando o
assunto é Dean. Então achei que a única saída era ficar bem longe dele e pedi
demissão.
— Talvez você seja especial para ele. Talvez o Dean esteja disposto a...
— Não. Só quem está apaixonado é que acha que alguém vai mudar. É uma
ilusão, mas a realidade é que Dean é o que é e sabe exatamente o que quer.
— Pode ser — Lynette respondeu. — Mas ele estava muito preocupado com
você. Disse que se falasse com você ia pedir para ligar para ele. Pelo visto, isso não
vai acontecer.
Jodie começou a sentir uma forte dor de cabeça.
— Tenho que admitir que não esperava que ele fosse procurar você. Se falar
com ele outra vez, o que duvido muito, diga o que quiser, mas não conte que estou
apaixonada por ele. Quero que seja nosso segredo, está bem?
— Não tenho segredos com Chuck.
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Tudo bem, pode contar para o Chuck, mas só para ele.


— Bem, mana, você tem que fazer o que acha que é melhor para você. Mas não
gosto dessa idéia de você morar tão longe de mim. O que a mamãe falou disso tudo?
— Não contei nada para ela. Ela teve que sair para trabalhar no restaurante e
deve estar chegando depois das duas.
— Quem sabe não consegue convencê-la de que não precisa trabalhar. Todos
nós a estamos ajudando. Ela não precisa desse dinheiro.
— Ela sabe disso, mas diz que ficar sem trabalhar seria um pesadelo e que ia
sentir muita falta dos clientes. Sabe como é a mamãe.
— Tenta descansar. A viagem até aí é muito longa.
— Estou exausta. Vou voltar para cama. Falo com você depois.
Lynette desligou o telefone e ligou imediatamente para o marido.
— Então ela fugiu — Chuck repetiu as palavras da esposa.
— É.
— Que pena.
— Prometi que só ia contar para você sobre os sentimentos dela pelo Dean.
— Tudo bem,
— No entanto... você não prometeu nada. Então se você quiser contar para o
Dean...
— Nem morto vou me meter nessa história de casal. Não quero ter os dois me
xingando depois. O que é isso, querida? Deixe ela viver a vida dela do jeito que achar
melhor.
— Mesmo que ela esteja infeliz?
— É.
— Ai, Chuck, por que tem que ser sempre tão durão?
— Qual o problema em ser durão?
— Você não entende o coração das mulheres.
— Provavelmente. Principalmente agora. Não tenho idéia de por que você está
chateada.
— Estou chateada porque você vai desperdiçar uma chance de unir duas
pessoas que se amam. Eles estão muito envolvidos. Isso é óbvio. Pelo menos, só deixa
o Dean saber disso, por favor? Depois, o que ele resolver fazer é problema dele.
Após um instante de silêncio, Chuck resmungou:

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Vou pensar no caso.


— Se você fizer isso vou ser eternamente grata — e vou expressar minha
gratidão das formas mais criativas.
Pelo visto, sim.

CAPÍTULO DEZOITO

Candace foi até a sala de Dean alguns dias depois e disse:


— Tem um sr. Chuck Patterson na linha dois. Quer que eu pegue o número dele
e o senhor liga depois?
Sem responder à pergunta, Dean atendeu ao telefone.
— Chuck! Bom ouvir você. Um minuto — ele se virou para a secretária e disse
— Candace, por favor, feche a porta e anote os recados se me ligarem.
— Ela deu notícias?
Ele ouviu uma risada do outro lado da linha.
— Você está mesmo desesperado, meu amigo. Liguei para saber se queria ir ao
jogo do Cubs amanhã. Eu convido.
— Áh, deixe-me ver na agenda. — Tinha duas reuniões na parte da manhã
apenas. — Estou livre. Onde quer que a gente se encontre?
— Eu busco você no seu trabalho — Chuck respondeu e marcou a hora do
encontro.
— Está bem então. Ela está bem?
— Ela está bem, Dean. Está visitando a mãe. Amanhã a gente conversa melhor.
— Até amanhã.
Ela estava em Phoenix? Então era assim? Pedira demissão sem dizer uma
palavra e fora ver a mãe?
Dean e Chuck chegaram no jogo mais cedo. Falaram de vários assuntos, menos
sobre Jodie.
Se fosse em qualquer outra ocasião, Dean teria adorado a companhia de Chuck,
mas porque sabia que naquele instante ele estava segurando informações sobre
Jodie, Dean sentia vontade de esganá-lo.
Finalmente, após algum tempo Chuck perguntou:

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Afinal, o que está rolando entre você e a Jodie?


— Bem, nós nos conhecemos há muito tempo. Ela foi minha secretária por
vários anos.
— Isso eu já sei. Não foi isso que perguntei. A maioria dos homens não reage
como você reagiu ao saber que a ex-secretária foi embora.
Chuck não ia aceitar nenhuma desculpa esfarrapada. Se quisesse saber o que
estava acontecendo com Jodie, Dean teria que contar a verdade para Chuck. Como
era um homem muito reservado achou a idéia bastante dolorosa... quase tão dolorosa
quanto a falta que sentia de Jodie.
— Finalmente admiti para mim mesmo que estou apaixonado por ela.
Provavelmente estava apaixonado há anos, mas era burro demais para reconhecer. Já
fiz muita besteira na vida, mas ter deixado ela escapar, com certeza, foi a maior
burrada da minha vida.
Pronto tinha dito tudo. Era uma lástima que só tivesse descoberto que a amava
depois que ela havia partido.
— É isso? — Chuck perguntou com um sorriso nos lábios.
— É.
— Então a partida dela deve ter sido dura para você.
— Claro. — Que tipo de conclusão era aquela?
— O que ela disse quando você contou para ela?
— O quê? Que eu a amo?
— É.
— Nunca contei para ela. — Dean respondeu, desanimado.
— Como? Não entendi. Dean limpou a garganta.
— Nunca contei para ela, porque só percebi depois que ela foi embora.
— Sei.
— E como ela está? Você falou com ela? Sabe quando ela pensa em voltar?
— Não falei com ela, mas Lynette já, e me contou que Jodie está bem e que ela
está procurando um emprego em Phoenix.
— O quê! Você está brincando.
— Não, foi o que a Lynette me falou.
A multidão gritou por alguma razão. Chuck e Dean não estavam prestando
atenção no jogo quando começou.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Parece que foi uma cesta de três pontos.


— É.
— Não sei se você quer ouvir minha opinião sobre essa história toda — Chuck
disse — Mas vou dar mesmo assim. Vá para o Arizona e conta para ela o que sente.
Tenho certeza de que pessoalmente o impacto vai ser bem maior e pode funcionar.
— Posso mesmo fazer isso.
— Que bom. Agora vamos ver o jogo.
Jodie estava na casa da mãe havia duas semanas e estava começando a ficar
aflita. Sentia falta do trabalho. Ficou tentada a ligar para o Frank para saber como
estavam as coisas, mas lembrou que não trabalhava mais lá.
Tinha ido a duas entrevistas de trabalho, e não tinha muito que fazer. A casa
estava sempre limpa e a grama do jardim já havia sido cortada.
Naquela manhã resolveu aproveitar a frescura do dia antes que o sol
esquentasse demais.
Adorava o jardim dos fundos da casa da mãe. Era todo florido e fazia Jodie
recordar do Havaí.
Vestiu o biquíni e foi se espreguiçar em uma das cadeiras. Tirou a parte de
cima sem se preocupar com os vizinhos, pois os muros que circundavam a casa eram
bem altos. Depois pegou o livro que havia começado a ler no dia anterior.
Pouco depois, a campainha tocou e a acordou. Havia pego no sono de repente.
Ficou com preguiça de ir ver quem era. Todas as amigas da mãe sabiam que ela
trabalhava. Devia ser algum vendedor de porta.
Voltou a fechar os olhos, relaxando com o calor agradável do sol. Estava
dormindo muito pouco desde que chegara e pelo espelho podia ver as olheiras de
cansaço.
— Ah, você está aí.
A voz familiar fez com que Jodie saltasse da cadeira, quase caindo no chão. A
segunda reação foi tampar os seios com a toalha que estava ao lado da cadeira.
— Desculpe. Não quis assustar você — disse Dean. — como ninguém respondeu,
resolvi checar aqui nos fundos — ele olhou ao redor. — O jardim é lindo.
— O que você está fazendo aqui!
— Posso sentar?
Ela olhava para ele como se estivesse vendo um fantasma.
Ele se sentou e depois de um instante olhando para ela, disse:

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Você está linda.


— Preciso beber alguma coisa — ela saiu correndo casa adentro e a primeira
coisa que fez foi ir até o quarto pôr uma roupa.
Dean Logan estava lá? Em Phoenix? Aquilo não podia estar acontecendo. Será
que ia ter que encontrar alguma ilha deserta para se esconder?
Ela foi até a cozinha, pegou uma jarra de limonada na geladeira e a colocou
numa bandeja com dois copos com gelo. Voltou para o jardim.
Dean ficou olhando-a vir em sua direção. Ela serviu a limonada para ele, depois
para si e se sentou.
Tomou alguns goles da limonada para molhar a boca seca e falou:
— Você não respondeu minha pergunta. O que está fazendo aqui?
Ele se deitou na espreguiçadeira.
— O mesmo que você, curtindo o sol.
— Como descobriu que estava aqui?
— Era segredo? — perguntou erguendo as sobrancelhas.
Lynette devia ter contado. Não pedira a irmã que não disse onde estava pela
simples razão de nunca esperar que ele fosse até lá.
— Cheguei a conclusão que trabalho demais. Sou o chefe, mas pareço um
escravo — ele deu um gole na limonada. — Resolvi seguir o seu exemplo; pedi
demissão e vim para o Arizona.
— Como assim se demitiu? Isso é impossível.
— Não é não, porque foi exatamente o que fiz. Treinei muito bem outras
pessoas para me substituírem.
— Você mal conseguiu ficar uma semana longe da empresa quando fomos ao
Havaí. Ligava várias vezes por dia para o seu escritório.
— Quando finalmente descobri que era um viciado em trabalho, resolvi que
queria mudar meu estilo de vida.
— E então resolveu vir para Phoenix? Essa não é a melhor época do ano para
visitar a cidade, a não ser que esteja querendo ficar com uma desidratação. Nunca
fico no sol depois das dez da manhã por causa disso.
O que havia de errado com ela? Estava dizendo abobrinhas. Ainda estava meio
abobalhada por estar frente a frente com Dean Logan.
Ele continuou desfrutando da limonada e parecia muito à vontade e relaxado.
— Na verdade, eu e Chuck fomos a um jogo de basquete juntas e ele acabou

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

comentando que você estava visitando sua mãe — fez uma cara feia para ela. — Você
foi embora sem me dizer uma palavra e quis descobrir o que tinha feito para ofendê-
la.
Essa era exatamente a razão por que havia fugido de Chicago; para evitar ter
que dar explicações.
— Você não fez nada de errado, Dean — disse finalmente.
— Andei pensando sobre nossa última noite juntos. Você não deu nenhuma
pista ou indireta de que estava planejando ir embora. Posso perguntar o que fez você
tomar essa decisão tão precipitada de abandonar o trabalho e a cidade?
— Foi uma decisão muito pessoal. Não contei para ninguém.
— Fiquei chocado quando soube que tinha pedido demissão. Você gostava tanto
do que fazia.
— Dean, não quero discutir esse assunto.
— O problema é que me sinto um idiota. Fiquei fingindo que não me incomodava
se nunca mais a visse, quando na verdade, e só depois me dei conta disso, o que queria
e quero era ficar com você o tempo todo — ele fez uma pausa e esfregou as mãos no
rosto. — Não estou sabendo me expressar direito. O que quero dizer é que o que a
gente tem é precioso demais para deixar se perder. Quero compartilhar o meu
futuro com você. Achei que se viesse aqui hoje e lhe dissesse que finalmente percebi
que estou completamente apaixonado por você, e sabe-se lá há quanto tempo, que
talvez você se casasse comigo.
Sim, agora ela tinha certeza que estava tendo alucinações. Dean Logan a
pedindo em casamento? Dava vontade de rir... mas a última coisa que sentia vontade
de fazer naquele momento era rir.
— Faz menos de dois meses que você me disse que não era o tipo do cara para
casar e ter uma família e filhos, lembra? Nada de casa no subúrbio para você. Nem
crianças para reclamar e choramingar.
Ficou orgulhosa do seu curto discurso. Pena que estava tremendo do início ao
fim.
— Aquele era um homem que não existe mais, que não sabia que era tarde
demais para ficar falando tanta besteira.
— Besteira?
Ele se inclinou na direção dela e a pegou pela mão.
— Já deve estar fazendo uns quarenta graus e você está gelada — ele se
levantou e foi para dentro de casa. — Vou procurar alguma coisa para te esquentar.
Ela se levantou bruscamente e o seguiu. Ele na parou e foi olhando de quarto

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em quarto. Achou um pequeno cobertor de tricô sobre a cama da mãe de Jodie, o


apanhou e a envolveu. Então a abraçou com força.
— Sei que lhe dei todos os motivos para que acreditasse que sou um solteiro
convicto. A única desculpa é que eu também acreditava nisso. Meus sentimentos por
você sempre foram fortes, mas apenas no Havaí eles vieram à tona. Só que na época
não consegui reconhecer o que sentia.
Ela se afastou e foi até a sala de estar, sentando-se na poltrona da mãe.
— Desculpe-me, mas está difícil de acreditar nisso — estava meio tonta.
Deveria ter sido muito sol na cabeça.
Dean se ajoelhou em frente a ela.
— Quero o que Chuck e Lynette têm. — Uma casa adorável, três filhos e, sim,
um lugar no subúrbio onde a gente possa criar as crianças com tranqüilidade.
Ela cobriu as bochechas com as mãos.
— Isso não pode estar acontecendo.
— Pelo menos, vai pensar na idéia de se casar comigo? Não quero fazer
chantagem emocional, mas não consigo viver sem você. Sei que merece coisa melhor,
sei que sou impaciente e temperamental, que trabalho de mais, que não sei relaxar.
Mas você me mostrou um outro mundo e quero aprender mais... com você, como minha
professora.
Dean a olhou bem de perto, se perguntando se não havia cometido um grave
erro em ter ido até Phoenix para vê-la. Tinha deixado tudo para trás ao sair de
Chicago. Teria sido por causa dele?
— Por que você fugiu?
— Porque a gente não consegue ficar junto um do outro sem acabar ido para
cama.
— Tenho que concordar que isso é verdade. Não consigo me controlar quando
estou como você — ele voltou a pegar na mão dela. — Como é a primeira vez que peço
alguém em casamento, não sou muito bom nisso. A pergunta é, você me ama?
Os olhos dela se encheram de lágrimas. Ele era mesmo um idiota. A última
coisa que queria era vê-la chorar.
Ela cruzou os dedos com os dele.
— Sim, Dean, eu o amo, apesar de ter tentado de í tudo para não amá-lo.
— Me amar é tão ruim assim?
— E, quando você deixou claro que não estava interessado no amor.
— Estava errado. Não posso pensar num presente

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mais especial do que ter seu amor.


As lágrimas rolaram pelo rosto de Jodie.
— Vou aproveitar que já estou de joelhos e pedir formalmente. Jodie Cameron,
você me daria a grande honra de se casar comigo, de me amar, de me salvar da minha
terrível solterisse?
Ela ria e chorava ao mesmo tempo. — Ai, Dean — ela tocou o rosto dele com as
duas mãos. — Se estou sonhando, por favor não me acorde.
— Você não está sonhando, porque meus joelhos, nesse chão duro, estão me
matando — ele se levantou e ergueu a mão de Jodie. — E então?
Ela respondeu com vários beijos ao redor do rosto de Dean, boca, nariz, olhos.
Abraçou-o com força.
— Isso, por acaso, foi um sim?
— Sim, sr. Dean Logan, adoraria me casar com você.
— E ter alguns filhos?
— Se é isso que você quer.
— É exatamente isso que eu quero. Por falar nisso... — Olhou ao redor da sala.
— Onde está sua mãe?
— No trabalho. Só chega à tarde.
— Tenho uma ótima idéia do que podíamos fazer enquanto esperamos ela
voltar.
Sim, havia paixão nos olhos de Dean, mas Jodie pôde ver algo mais, algo que
nunca esperara encontrar: os olhos dele brilhando de amor e carinho. Ele tinha
conseguido convencê-la muito bem de que a amava. O que mais poderia querer da
vida?
— Talvez você pudesse me explicar sobre essa sua brilhante idéia.
Com uma risada, ele a pegou nos braços e foi pelo corredor até o quarto de
Jodie.
Estava certo, os dois arranjaram a melhor maneira de aproveitar o resto da
manhã.

EPÍLOGO

Seis meses depois.

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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

— Você parece uma princesa de um conto de fadas


— a mãe disse para Jodie. Ela colocou, com cuidado, a tiara e o véu sobre a
cabeça de Jodie, enquanto olhavam num grande espelho oval num quarto especial-
mente reservado para a noiva.
— E quem ia acreditar que Dean Logan ia acabar virando o príncipe encantado,
no final das contas? Se você tivesse me dito há um ano atrás que iria se casar com
Dean, estaria convencida de que você estava se casando com um ogro — acrescentou
Lynette.
— Lynette! Que vergonha! — a mãe a repreendeu.
— Dean é um rapaz excepcional...educado, prestativo e uma companhia muito
agradável.
Jodie e Lynette se entreolharam pelo reflexo do espelho e sorriram
disfarçadamente uma para a outra. Dean tinha feito um belo trabalho ao vender sua
imagem de bom moço para a sogra. Depois que Dean e Jodie retornaram a Chicago,
Jodie e Lynette riram um bocado juntas, quando Jodie contou sobre a ida de Dean a
Phoenix.
— Nunca estive num casamento com tanta gente — comentou a mãe. — Tanto o
meu casamento quanto o de Lynette e Chuck foram cerimônias bem simples.
— O Dean falou que já que esse seria seu primeiro e único casamento ele
queria chamar todo mundo que conhecia e fazer uma grande festa — disse Lynette.
— Ele não se importou com os gastos. Todas as celebridades do mundo dos negócios
parecem estar aqui hoje.
Jodie fechou os olhos. Não precisava que lhe lembrasse disso. Já podia se
imaginar tropeçando bem na hora de cruzar a igreja e caindo ao pé de Dean.
Alguém deu um toque na porta.
— Pode entrar.
Os três irmãos entraram.
— Nossa, mana. Você está uma gata.
— Obrigada, Randy. Que bom que você aprovou. Rick, que era o mais
impaciente, olhou o relógio e disse:
— Vamos lá, vamos começar logo o show.
As três mulheres seguiram os homens para fora do quarto. Ken e Kyle eram os
pajens e cada um levava uma aliança. Claro que os dois brigaram para ver quem
carregaria o anel da tia Jodie. Lynette acabou tendo que ameaçá-los de não serem
mais pajens se continuassem brigando.
A música começou a tocar e os meninos começaram a andar pelo corredor da
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

igreja que dava no altar. Jodie piscou e os olhos estavam úmidos.


Ela havia convidado duas colegas do trabalho para serem as madrinhas.
Lynette era a madrinha de honra e a mãe era quem a levaria pelo braço até Dean.
Assim que Jodie chegou na entrada da igreja, a música mudou para anunciar
sua chegada e os convidados se levantaram. Jodie ficou com um nó na garganta. Não
ia começar a chorar agora, não podia chorar, não podia...
Então avistou Dean que a esperava no altar e foi a gota d'água. A primeira de
muitas. As lágrimas começaram a cair quando ela foi se aproximando mais dele. Não
conseguia tirar o sorriso do rosto.
A partir dali, Jodie não se lembrava muito mais do que acontecera na
cerimônia. Ouviu a voz de Dean e respondeu quando chegou sua vez de falar. Só
conseguia pensar que realmente estava se casando com Dean depois de tantos meses
de espera.
— Pode beijar a noiva.
Ela se virou para Dean e viu que ele tinha um sorriso maroto nos lábios.
O quê? O que ele estava achando tão engraçado? Quando ele se inclinou até
ela, sussurrou:
— Por um minuto, pensei que você ia cair no sono, — e a beijou.
Ele a beijou de verdade. Não foi um estalinho ou um beijo típico de casamento,
mas sim um beijo "caliente". Quando ele finalmente ergueu a cabeça, o rosto de
Jodie estava vermelho como pimenta malagueta e os convidados estavam rindo e
aplaudindo.
A música invadiu o santuário quando os dois começaram a andar pelo corredor.
Antes de chegarem ao fim, ele disse a ela:
— Olá, senhora Logan, espero que você esteja tendo um bom dia.
— Eu não estava com sono! Estava apenas um pouco distraída.
— Estava bem distraída, porque o padre teve que repetir algumas perguntas
para você.
— Jura? — ela cobriu o rosto com as mãos. — E eu que não queria fazer nada
que pudesse envergonhar você. Pelo menos não tropecei e nem me estatelei no meio
da igreja.
— Você nunca me envergonha, Jodie. Além de ser o amor da minha vida, acho
você divertidíssima.
Logo várias pessoas se agruparam ao redor dos dois para dar os parabéns.
Depois de cumprimentarem várias pessoas, Dean e Jodie foram para fora, entraram
numa limusine e foram para a recepção.
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick

Já sentados dentro do carro, Dean tirou algo do bolso.


— Quero lhe dar meu primeiro presente de casamento antes que cheguemos à
recepção.
Era um colar. Ele tinha comprado um colar para ela.
— Ai, Dean, que lindo presente.
— Não vai abrir?
— Tenho certeza que vou amar — ela disse e abriu a caixa.
Não era um colar. Apenas um envelope e uma chave.
Maravilhada, Jodie olhou para Dean e sorriu. Ao abrir o envelope descobriu
que tinham duas passagens para o Havaí.
— Nós vamos para o Havaí!
— E por que não? Foi lá que realmente comecei a conhecer você melhor. Só que
dessa vez a gente vai ficar o tempo que quiser.
Ela abriu um bilhete que também estava dentro do envelope e leu.
— Não, essa não é a chave do meu coração, porque já conseguiu escancará-lo
para você. Essa é a chave da nossa casa nova.
— Nossa casa? O que você fez?
— Conspirei pelas suas costas. Fui com Lynette procurar uma casa que ela
achasse que seria a casa dos seus sonhos. Claro, se você não gostar, a gente pode...
Ela se jogou nos braços de Dean e o beijou por todo o rosto.
— Você é o homem mais maravilhoso que já conheci em toda minha vida — riu.
— Você comprou uma casa para mim, sem me consultar? — fingiu uma cara de brava,
enquanto envolvia o rosto dele com as duas mãos.
— Na verdade, ainda não comprei. Estava esperando você ver antes para poder
assinar o contrato. O corretor me deu a chave e achei que a gente podia ir lá dar uma
olhada depois da recepção. Se você quiser assino os papéis amanhã mesmo.
— Não posso esperar para ver o que você escolheu para nós.
Sabia que gostaria da casa, porque Lynette conhecia muito bem seus gostos.
Gostaria ainda mais porque Dean havia decidido fazer uma surpresa comprando a
casa.
De uma coisa ela tinha certeza: sua vida nunca seria tediosa estando casada
com um homem como Dean Logan.

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NOITES QUENTES EM SAVANNAH


Sheri Whitefeather

Junto com os membros de sua equipe de segurança, selecionados a dedo,


Michael atuava há meses como guarda-costa pessoal de Danforth, depois que uma
mulher sorrateira, uma agressora que Michael ainda perseguia, tinha ameaçado o
homem mais velho.
Observando a atividade no salão de baile do Twin Oaks Hotel, ele estava bem
perto de Danforth. Um pequeno grupo de convidados confraternizava com o seu
cliente, enquanto outros se misturavam, conversando amigavelmente no lugar luxuoso.
A atenção de Michael foi atraída pela pequena morena perto do bar. Ela tinha
chegado tarde, ficando sozinha. Pelo que ele podia dizer, não tinha falado com
ninguém.
Por quê? O que ela pretendia? Sua expressão era ilegível e aquilo irritava
Michael. Geralmente, ele conseguia entender as pessoas, possuía um sexto sentido,
uma espécie de instinto que o deixava ver além do óbvio, ultrapassar a superfície.
Mas tudo a respeito dela parecia um mistério: a tonalidade cremosa de sua
pele, os cabelos escuros presos num coque feminino à nuca, os olhos de formato
exótico.
Até mesmo sua roupa, um vestido azul de seda que fluía até os tornozelos, o
atraía. A cor era escura, uma cor de cobalto vibrante, como o céu. Além disso, ela se
movimentava com elegante desenvoltura, suave e reservada.
Virando, ela viu o olhar dele e, por um breve momento de tirar o fôlego, eles se
olharam através do salão.
Foi quando ele viu a emoção que ela tentava ocultar, um lampejo de dor. Os
olhos dela se afastaram rapidamente, mas, o dano estava feito. Subitamente,
Michael queria protegê-la, abraçá-la...

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