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Convidar a dedicada secretária para uma viagem de negócios ao Havaí foi a maneira
ideal de retribuir Jodie Cameron pelos serviços prestados. Mas o milionário Dean Logan não
esperava que Jodie fosse querer mais que o pôr-do-sol tropical para relaxar. No entanto,
eles tiveram que voltar à realidade e à relação profissional. Mas, com as lembranças do fe-
riado invadindo cada pedaço do escritório, como Dean poderia negar que ele só conseguia
pensar em Jodie?
Digitalização: Simoninha
Revisão: Crysty
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick
Editoração Eletrônica: TopTextos Edições Gráficas Ltda. Tel.: (55 21) 2240-2609
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CAPÍTULO UM
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No entanto, ela não se intimidava facilmente. Havia crescido com três irmãos,
e ela e a irmã tiveram que aprender a se virar com os meninos.
Depois de vários minutos de silêncio, Dean olhou para ela, intrigado.
— O que você está fazendo aqui?
— Trabalho aqui. — Respondeu sem titubear. Ele fechou os olhos.
— Desculpa. Não estou nos meus melhores dias. Jura? O surpreendente foi ele
ter se desculpado!
Precisava marcar aquele dia na agenda.
— Há quanto tempo trabalha para mim?
— Cinco anos.
— Por quê?
— Por que o quê?
— Sou um cara tão desagradável, por que você me agüenta?
— Quem disse que você é desagradável? Acho você uma pessoa ótima,
contanto que as coisas aconteçam do seu jeito.
— Rachel disse que todo mundo aqui da empresa tem medo de mim. Menos
você.
— Não sabia que essa era uma das minhas atribuições. É isso que está
incomodando você hoje?
— Não.
— Você se preocupa com o que as pessoas da empresa pensam de você?
— Não, na verdade, com exceção de você. O que pensa de mim?
Voltou a sentar na cadeira e pensou no que dizer. Finalmente, o olhou nos olhos
e disse:
— Acho que você é um homem brilhante, porém intolerante com as pessoas, um
homem que construiu um império com muito esforço, seguindo seus próprios
instintos, ignorando os pessimistas.
— Hum. — Ele tomou a aspirina e bebeu um gole da água. Então pegou a caneca
de café e bebeu outro gole.
Os dois ficaram sentados por mais um tempo, em silêncio.
Finalmente, Dean disse:
— Rachel terminou comigo ontem.
Ela não conseguiu disfarçar a surpresa. Devia ter sido a primeira a ter feito
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Ela ficou sem saber o que responder. Aquele homem nunca havia lhe
perguntado algo tão pessoal. Agora que pedia sua opinião, não sabia se devia ser
sincera ou não, visto que eleja estava de mau humor. Talvez — falou cautelosa.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Nossa, obrigado.
— Acho que você precisou trabalhar muitas horas extras quando começou seu
negócio e agora se acostumou a passar a maior parte do seu tempo aqui dentro. Hoje
você tem empregados de confiança que podem muito bem cuidar da empresa
enquanto estiver fora. Talvez esta seja a hora de descobrir outros prazeres na vida
além do trabalho.
Ele cocou o queixo.
— Pode ser — balançou a cabeça. — Ainda não consigo esquecer a raiva que
Rachel estava sentindo quando cheguei. Será que o que fiz foi tão ruim assim? Ela
poderia muito bem ter chamado um táxi e ido sem mim.
— Você, por acaso, ligou para ela depois de ouvir as mensagens no celular?
— Para quê? Já estava indo buscá-la. Ela se esforçou para não rir.
— Acho que ela ficou irritada por que talvez não tenha sido a primeira vez que
isso aconteceu. Algumas mulheres não conseguem tolerar muito tempo esse tipo de
comportamento.
— Você não se irrita.
— Você me paga muito bem para não notar. Além disso, sou sua secretária, não
sua namorada.
Ele a estudou, em silêncio, por um momento.
— Mas só por alguns meses. — Ele não parecia muito satisfeito com isso. — Em
junho, você vai ser transferida para o departamento do Frank.
Ela sorriu.
— Graças a você.
— Você me pegou num momento raro de gratidão pelo seu trabalho. Muito
eficiente, por sinal. Você se forma em administração na primavera, é isso?
— É verdade. Nunca teria conseguido assistir às aulas da noite se você não
tivesse ajudado a pagar as mensalidades.
— Não fui eu quem pagou e sim a empresa. Foi um investimento em um de
nossos empregados. Com seu conhecimento sobre a companhia e seu potencial, seria
burrice privá-la de aprimorar conhecimentos.
Ele esfregou a mão na testa, indicando que a dor de cabeça não havia passado.
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— Claro que isso significa que em breve vou perder minha secretária e sofrer
para encontrar alguém que queira trabalhar para mim.
— Não vai, não. Vou fazer uma triagem. Se achar alguém que possa trabalhar
para você sem sair correndo na primeira vez que engrossar a voz, marco logo uma
entrevista.
— Pode funcionar. — Ele não parecia nada contente com a idéia.
A decisão de promovê-la foi quase um sacrifício para ele. Atrás daquela
armadura de ferro, havia um homem justo.
Claro que, como todo homem, ele não conseguia entender as mulheres.
— Você costuma sair com freqüência? — ele perguntou, surpreendendo-a mais
uma vez. Nunca demonstrara nenhum interesse pela vida pessoal de Jodie. Ele
realmente estava estranho naquela manhã.
— Por causa das aulas à noite e dos estudos, quase não me sobra tempo livre.
— Eu faço você trabalhar demais. Ela deu um sorriso.
— São ossos do ofício.
— A única razão pela qual inventei essa viagem foi para agradar a Rachel. Mas
tem uma pessoa com quem queria me encontrar em Honolulu. Steve Furukawa é dono
de vários negócios na ilha e quero oferecer-lhe nossos serviços. — Ficou olhando para
ela. — Se ele estiver interessado, preciso da sua ajuda para preparar uma
apresentação. Acho que devíamos viajar para lá. Passamos dois dias trabalhando e
descansamos o resto da semana.
— Eu? — ela quase engasgou. — Não posso fazer isso!
— Por que não?
Ela ficou olhando para ele, pasma.
— Primeiro, porque estou em aulas e segundo, não fica bem nós dois juntos
numa viagem ao Havaí.
— Vai ser uma viagem de negócios.
— Nunca precisou de mim numa antes.
— Jodie, você é uma secretária exemplar. Quanto às aulas, duvido que faltar
uma semana de aulas vai fazer você repetir o ano. Vai?
— Bem, não...
— Então não vejo problema algum. — Ele começou a mexer nos papéis sobre a
mesa. — Pode checar com a contabilidade os valores da conta Malone? Gostaria de
ver isso antes do almoço.
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CAPÍTULO DOIS
— O que você disse para ele? — Perguntou a irmã de Jodie, Lynette, naquela
noite.
Jodie costumava jantar na casa da irmã e do marido, Chuck, toda a sexta. Mas
nunca havia trazido uma notícia tão explosiva como naquela noite.
Chuck havia ligado mais cedo, avisando que chegaria mais tarde em casa e que
não o esperassem para jantar. Jodie não contara sobre o convite de Dean assim que
chegou. Ajudou a lavar a louça e pôs os sobrinhos, Kent e Kyle, de seis e sete anos,
para dormir.
Só depois, quando estavam sozinhas na sala de estar, enquanto Lynette
amamentava a recém-nascida, Emily, Jodie contou a novidade.
— Murmurei alguma coisa. Não me lembro, estava meio atônita.
— Você vai, não é?
— Ele praticamente me obrigou. — Quando vocês partem?
Domingo de manhã, bem cedo.
Quer dizer que a última namoradinha cansou do romance com seu chefe
temperamental? Até que ela rimou mais que as outras, né?
Acho que o que mais incomodou Dean foi o fato de ela ter terminado com ele.
Geralmente é ele quem dispensa as mulheres. É bom para ele aprender como é ser
rejeitado.
— Não posso acreditar que ela recusou uma viagem para o Havaí. Eu teria ido e
só depois terminava o namoro.
— Ela não sabe da viagem. Era uma surpresa, ela terminou com ele antes de ele
contar.
Lynette balançou a cabeça.
— Será que esse homem não entende nada de mulheres? Se ela soubesse
dessa viagem nunca teria terminado com ele.
— Estamos falando de Dean Logan. Claro que ele não sabe nada sobre nós
mulheres. É um grande empresário, mas um desastre no que diz respeito ao sexo
oposto.
— E daí? O importante é que você vai ganhar férias.
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Trabalho para ele há muitos anos para saber que não me olha como mulher. Sou uma
máquina eficiente para ele, e por mim tudo bem. Não me incomodo.
— Se você está dizendo. Quando vocês viajam?
— Domingo de manhã.
— Já esteve no Havaí?
— Não.
— Então vá e divirta-se bastante. Suponho que ele vá pagar pelo hotel, não?
— Na verdade, ele tem um apartamento lá. Comprou o lugar há uns três anos e
só esteve lá no dia da compra. Têm três quartos e três banheiros. Acho que a
companhia da qual ele comprou o apartamento costumava usá-lo para receber
executivos, clientes.
— Então ele vai ter você exatamente onde quer para exercitar o poder de
sedução dele — respondeu Chuck, enquanto brincava com o bigode.
Jodie riu com vontade.
— Se você conhecesse o cara ia entender que está delirando ao pensar nessa
possibilidade.
— Por quê? Por acaso ele é algum tipo de monstro?
— Digamos que ele só pensa em trabalhar. Depois que conseguir fechar esse
negócio no Havaí, com certeza, vai esquecer que eu existo.
— Não exagera nessa sua teoria platônica, porque não é nem como você está
dizendo nem como meu marido louco está imaginando — disse Lynette.
— Então vocês dois acham que devo ir?
— Achamos — os dois responderam juntos.
— Mas e o que o pessoal do escritório vai falar? Não vão ficar pensando
besteira lá no trabalho?
— O que é que tem? — respondeu Chuck. — Vai dar a eles mais uma desculpa
para fofocar sobre a vida alheia. Quando vocês voltarem vai estar rolando um bolão
de apostas para ver quando vocês vão anunciar o casamento.
— Você está ajudando muito, Chuck. — Lynette disse, balançando a cabeça
para o marido. — A idéia aqui é dar argumentos para ela ir, e não ficar inventando
bobagem.
— Bem, já que tudo indica que vou mesmo, amanhã tenho que sair para comprar
umas roupas de praia.
— Boa idéia. Compre umas roupas bem coloridas. Nada de terno e roupa de
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trabalho. — Lynette ficou olhando a irmã por um instante. — Você nunca tem tempo
para cortar o cabelo. Por que não faz isso amanhã?
Pode ser.
Não esqueça o protetor solar. Você sabe que queima muito rápido, graças aos
nossos ancestrais escandinavos.
Tomara que dê para eu pegar um corzinha. Vou ficar na praia tostando e
depois vejo no que dá.
Lynette se levantou e pôs o bebê em seu ombro.
— Tenho que colocá-la no berço, mas já volto.
— Tenho que ir embora. Essa semana foi puxada — disse Jodie, levantando-se.
— E parece que amanhã vou passar o dia inteiro no shopping.
— Coitadinha — Lynette brincou com a irmã. — Esse é seu hobby favorito, e
nós duas sabemos muito bem disso.
— É verdade, e comprar roupas de verão, nesse inverno de matar, é
exatamente o que preciso para me animar para a viagem.
Mais tarde, naquela noite, quando Jodie se preparava para dormir, ficou
pensando nos comentários do cunhado e da irmã. Escovou os dentes e retirou a ma-
quiagem, antes de se olhar no espelho. "Você vai ser corajosa e não vai perder essa
chance única de ir para o Havaí com tudo pago."
A imagem dela no reflexo do espelho ficou encarando seus olhos brilhantes.
Depois de uma longa pausa, ela suspirou e disse:
— "Será que vai ser possível desfrutar as maravilhas do Havaí com um homem
que só pensa em trabalhar? Conhecendo bem o Dean, ele vai me fazer trabalhar
durante toda a semana que estivermos por lá. Bem, de qualquer forma, vou arranjar
uma hora para curtir o sol e a praia."
Ela sorriu e foi para a cama.
CAPÍTULO TRÊS
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Havaí? Ela era uma ótima funcionária e uma pessoa muito boa, mas não precisava
passar uma semana com ela por causa disso.
Claro que, se fosse encontrar com Furukawa, a presença dela seria bastante
útil para apresentar o orçamento e fazer as negociações. Era muito competente no
que fazia e nunca reclamava do trabalho.
Mas levá-la para o Havaí?
Será que a crise dos 50 havia chegado mais cedo? Por qual outra razão teria
pensado nisso? Não sabia nada sobre a vida dela fora do trabalho. Bem, sabia que ela
era solteira, mas só isso. Será que tinha parentes próximos? Será que eles iriam
aconselhá-la a não n?
Podia acabar se complicando se ela resolvesse processá-lo por assédio sexual.
Bem, aquilo já era exagero. Jodie poderia ter dito uno. Quando ligou para ela
na noite passada, não parecia nem um pouco contrariada. Certamente, ele não ti tinha
obrigado a ir. Não muito.
Ele terminou de se vestir e pegou a mala. Teve dificuldade em escolher as
roupas. A única vez que esteve no Havaí foi para fazer negócios. Passou três dias em
reuniões.
Escolheu para levar algumas camisas, calças caqui e um par de tênis, que nem
se lembrava mais que tinha.
Talvez, estivesse mesmo focado demais no trabalho. O trabalho duro tinha
virado uma rotina em sua vida, mas não tinha certeza se conseguiria quebrar essa
rotina.
Nem se queria quebrá-la.
Os comentários de Rachel o atingiram em cheio, o que era ridículo. Por que se
preocuparia com o que ela pensava ou deixava de pensar dele? Foi pego de surpresa,
era isso.
Ele e Jodie iam se dar bem durante a viagem, tinha certeza disso. A viagem
seria um bônus para ela pelos anos de dedicação à empresa.
Sorriu, satisfeito por ter encontrado uma boa razão para levá-la naquela
viagem.
* * *
Dean não reconheceu Jodie quando a viu entrar no aeroporto. Estava
diferente, mas por quê? Então notou que ela estava com os cabelos soltos. Ele nunca
a tinha visto sem o coque de todos os dias. Ela estava bem diferente, mesmo.
Ele olhou o relógio e franziu a testa.
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Assim que saiu do táxi, Jodie avistou Dean dentro do aeroporto. Entrou
rapidamente e foi até ele.
Estava cada vez mais animada com a idéia de ir ao Havaí. Pelo menos, ficaria
uma semaninha sem ter que agüentar o inverno rigoroso de Chicago. Não via a hora de
sentir o sol queimando sua pele.
Assim que ela chegou perto de Dean, ele pegou a mala dela e disse:
— Você está atrasada. Tem uma fila enorme para passar pela segurança e não
quero perder o vôo.
Na verdade, ela havia chegado 45 minutos antes do recomendado pela
companhia aérea, mas não ia começar aquela viagem retrucando com o chefe. Sorriu e
disse:
— Bem, eu cheguei e bom-dia para você. Já fez o seu check in.
— Já. — Ele olhou para a mala de Jodie. — Você não vai levar isso?
— Mas a gente vai ficar fora só uma semana.
— Achei que as mulheres levassem no mínimo três ou quatro malas para
qualquer viagem.
— Nem todas.
— Bem — disse meio sem graça —, que bom. Ela foi para a fila e ele a seguiu.
— É melhor a gente ficar junto para não corrermos o risco de nos perder.
Jodie percebeu que ele estava nervoso! Achou estranhíssimo, pois ele já
estava cansado de viajar. Será por que ela estava indo com ele?
Não tinha se dado conta antes, porque tinha ficado preocupada com a acusação
de que, por causa dela, eles poderiam perder o vôo. Não havia a menor chance de se
perderem. Alto como ele era, poderia ser avistado de qualquer lugar do aeroporto.
Discretamente, ela olhou para ele para ver o que estava vestindo.
Surpreendentemente, ele vestia um suéter preto de gola, calça e jaqueta pretas. A
jaqueta o deixava com uma aparência perigosa e masculina. Se ele, pelo menos,
sorrisse de vez em quando, seria um homem atraente.
Entraram no avião com tempo de sobra, mas Jodie, sabiamente, não fez
nenhum comentário a respeito. Dean havia comprado um jornal e algumas revistas.
Jodie havia trazido o último livro de seu autor favorito e uma revista de palavras
cruzadas.
Os dois se sentaram e ela começou sua leitura, Pouco antes de o avião decolar,
a aeromoça ofereceu algo para beber e o cardápio do café da manhã. Depois de
escolherem o que iriam comer, Jodie acomodou-se confortavelmente no espaçoso
assento da primeira classe e olhou ao redor. As únicas vezes que tinha estado numa
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primeira classe foram quando passou por elas para chegar até a classe econômica.
Que diferença!
— Tem medo de viajar de avião? — ele perguntou, depois de vários minutos de
silêncio.
— Talvez um pouco, por quê? — disse olhando pela janela.
— Notei que você não larga o braço da cadeira, e o avião ainda nem saiu do
lugar.
Ela retirou as mãos bruscamente e as pôs em cima das pernas. Em seguida,
abriu a bolsa e novamente pegou o livro para ler. Não conseguia se concentrar. Talvez
fosse melhor tentar as palavras cruzadas.
Após mais alguns minutos de silêncio, Jodie perguntou:
— Você sabe qual a duração do vôo?
— Dependendo do tempo, 13 horas. Trocamos de avião, em Los Angeles.
— Ah.
— A gente deve chegar em Maui depois do meio-dia, hora local.
— E o mesmo fuso horário da costa oeste, não é?
— É verdade.
Ela havia esgotado seu repertório de perguntas para puxar conversa. Jodie
pegou a revista de bordo e passou a folheá-la.
Depois do que pareceu horas, o avião finalmente saiu para a pista de
decolagem. O piloto desculpou-se pelo atraso. Havia nove aviões na fila para voar.
Que ótimo. Tempo suficiente para ela se arrepender de ter aceitado fazer aquela
viagem.
— Jodie?
— O quê? — ela se voltou para Dean.
— Estou um pouco sem graça de falar isso depois de tantos anos que você
trabalha para mim, mas não sei quase nada sobre você, além, é claro, do fato de você
ser uma pessoa muito ética, e de que decidiu estudar, o que é admirável. Gostaria de
saber mais da sua vida. Por que não aproveitamos esse tempo para nos conhecermos
melhor?
— Desculpe-me, mas, sinceramente, não estou em condições de conversar,
agora. Preciso de toda a concentração possível até esse avião decolar, quero estar
certa que as asas do avião estão bem presas. — Afinal, todo mundo sabia que a
decolagem e a aterrissagem eram os momentos mais perigosos durante um vôo. A não
ser que tivessem que cruzar alguma montanha. Será?
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— Minha mãe, eu e meus quatro irmãos. Meus pais se casaram cedo demais,
mas estavam apaixonados e não queriam esperar terminar a faculdade para ficarem
juntos. Meu irmão mais velho nasceu pouco depois e o papai teve que largar a
faculdade para arranjar um trabalho. Foi um bom pai e trabalhou muito para nos
sustentar. Aos 45 anos morreu de um ataque cardíaco. Minha mãe teve que se virar
para arranjar um emprego, mas foi difícil, pois era dona-de-casa e nunca tinha
trabalhado antes. Acabou trabalhando como garçonete. Tanto meu pai como minha
mãe sempre acreditaram que a educação era o maior bem de uma pessoa. Todos os
meus irmãos trabalharam para pagar a faculdade.
— Onde mora a sua família?
— Mamãe mora em Phoenix, que é onde morávamos quando o papai morreu. Um
dos meus irmãos é advogado em Oregon, outro é da marinha e mora em Washington.
O terceiro irmão mora perto da capital, e ninguém sabe o que ele faz. Se alguém
pergunta, ele diz que trabalha para o governo e muda de assunto. Minha irmã,
Lynette, mora aqui em Chicago.
— Algum deles tem filhos?
— Lynette e Chuck têm dois meninos e uma bebezinha — disse sorrindo.
— Seus irmãos são casados?
— Nenhum. Estão muito ocupados trabalhando. — Ela esperou que ele fizesse
mais alguma pergunta, mas como não ouviu nada disse: — Agora é sua vez. Conte-me
da sua família.
— Minha mãe vive num asilo, aqui em Chicago. Eu tinha um irmão mais velho,
mas ele e meu pai estavam no lago Michigan na hora errada, há anos atrás. Um
temporal fortíssimo chegou na cidade e eles nunca mais voltaram para casa.
— Que horror! Quantos anos tinha o seu irmão?
— 12. Eu tinha oito e estava gripado. Minha mãe não me deixou ir com eles. —
Ele desviou o olhar e depois de alguns minutos acrescentou: — É a primeira vez que
falo deles depois de anos.
Ela supôs que ele devia carregar muitas cicatrizes por conta daquela tragédia.
Ela o conhecia bem o suficiente para não fazer mais perguntas.
— Por que você não é casada? — ele perguntou, curto e grosso.
Ela arregalou os olhos.
— Não acha que essa é um pergunta pessoal demais?
— Pode ser, mas já que eu falei um pouco da minha vida pessoal, não custa você
falar um pouco da sua.
— Não é a mesma coisa, a não ser que você também fale por que não se casou
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ainda.
— Não quero me casar. Já fui noivo, mas ela achou um cara com mais dinheiro
e terminou o noivado seis semanas antes do casamento. — Ele deu de ombros. — Ela
já está no terceiro casamento. Acabou me fazendo um favor. Depois disso, decidi que
ia me dedicar a construir meu negócio, que era muito mais importante do que me
envolver num relacionamento sério.
— Um dia, Dean, você vai encontrar a mulher da sua vida e aí não vai ter como
fugir do inevitável.
— Duvido muito que isso aconteça. — Ele olhou para ela e voltou ao assunto. —
E você? Já foi casada?
Ela balançou a cabeça, negativamente. Ficou um pouco exasperada com a
pergunta. A persistência era uma das características mais fortes do chefe e o tor-
nava um excelente homem de negócios. Mas não gostava nem um pouco quando ele
direcionava sua curiosidade para ela.
Antes que se decidisse se queria ou não compartilhar com ele sua intimidade, a
voz do piloto a salvou para avisar que o avião estava prestes a decolar. Ela pôs o
cinto, imediatamente.
— Se apertar mais, vai acabar se machucando — disse ele, secamente.
Ela respirou fundo, segurou o fôlego e lentamente foi soltando o ar dos
pulmões. Estava fazendo papel de idiota. Soltou um pouco a correia e relaxou os om-
bros.
— Não, nunca me casei — ela finalmente respondeu a contra gosto.
— Por quê?
— Porque nunca quis, ora.
— Algum motivo particular?
— Por acaso isso é um questionário?
— Vamos passar uma semana juntos, quero saber mais da pessoa que está
viajando comigo.
— Tudo bem. Tive um namoro sério quanto tinha 19 anos. Na época, dividia uma
quitinete com uma colega de trabalho. Trabalhávamos no mesmo escritório de
advocacia e foi lá que conheci meu ex-namorado. Ele estudava direito e era
estagiário da firma. Ficamos juntos mais de um ano e até falávamos de casamento
depois que ele terminasse a faculdade. Todo o tempo livre que a gente tinha era para
ficar junto. Era perfeito... até o dia em que cheguei em casa mais cedo e peguei ele
com a minha colega na cama.
— Nossa!
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— Pois é.
— Ele deu alguma desculpa?
— Inventou uma história que foi para minha casa depois da faculdade e que
minha colega disse para ele esperar por mim. Tenho certeza que ela planejou ludo. Aí
ele falou que ela se engraçou para cima dele e que uma coisa levou à outra, mas que
não tinha significado nada. Pediu desculpas e disse que nunca mais ia acontecer.
— E você?
— Disse que se o visse novamente e se viesse falar comigo ia machucar
gravemente uma parte bem delicada da anatomia dele.
Ele fez um ruído de dor, mas nenhum comentário.
— Ele e minha ex-amiga e colega de quarto acabaram casando, pois ela
engravidou. Não sei o que aconteceu depois, acabei mudando de emprego e de bairro.
— Deve ter sido uma barra.
— Foi. Descobrir que uma pessoa que achava que era sua amiga e o homem com
quem ia se casar traíram você na sua própria casa é bastante traumático.
— Faz muito tempo?
— Uns cinco anos.
— E desde então não namorou mais?
— Nada sério. Não quero mais me machucar. Prefiro não deixar ninguém se
aproximar muito.
Ele olhou para as mãos dos dois, uma colada na outra.
— Então, me sinto honrado. Ela o olhou e disse:
— Não estamos próximos. Trabalho para você. — Afastou a mão assim que o
avião começou a andar.
— Na verdade, você trabalha para a companhia.
— Você é a companhia. — Fingindo estar calma, pegou o livro, determinada a
lê-lo.
CAPÍTULO QUATRO
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era atraente. Na verdade, mais do que atraente. Linda não seria um adjetivo n altura
para descrevê-la, mas era algo próximo. Também gostava da franqueza de Jodie, e
de como ela não se deixava intimidar por ele. Trabalhava duro e merecia cada
centavo que ganhava. Era inteligente, ele valorizava muito a sua opinião.
Estaria perdido sem ela.
Ao menos, continuaria na empresa. De qualquer forma, esperava encontrar
alguém tão eficiente para substituí-la.
Queria que essa viagem fosse especial para ela. Entraria em contato com
Furukawa no dia seguinte e marcaria uma reunião para descobrir se havia condições
de fazer negócio com o havaiano.
Acabou caindo no sono enquanto planejava o dia seguinte.
— Tanto planejamento para nada — murmurou Dean ao descobrir que Jodie
não estava em casa na manhã seguinte. Havia pedido café-da-manhã do restaurante
para os dois, e quando chegou, bateu na porta do quarto dela.
Como não houve resposta, ele abriu um pouco a porta e descobriu que o quarto
estava vazio.
Sentou-se no bar da cozinha, tomou um gole do café e comeu algumas das
deliciosas frutas. Havia pedido que vários jornais fossem entregues todas as manhãs
no apartamento e folheou alguns enquanto comia.
Algum tempo depois, foi até a janela e olhou para a praia. O mar estava uma
piscina e havia inúmeras pessoas na areia e na água.
Viu quando uma jovem saiu da água e apanhou toalha para se secar. Ficou
olhando-a por vários minutos até reconhecer Jodie. O rosto era pura satisfação. Ela
secou-se e voltou a pôr a toalha na areia para se sentar. Passou as mãos nos cabelos
molhados e depois os sacudiu. Fazia isso de uma maneira bastante sensual. Como
nunca a havia notado?
Dean reparou que ele não era o único homem que a olhava naquele momento.
Um deles foi até ela e puxou papo. Dean se virou e se afastou da janela. Não era
problema seu o que ela fazia ou quem conhecia. Então por que o incomodou ver que
outro homem falava com ela? Não existia razão nenhuma para que ele tivesse um
sentimento de posse pela secretária. Ela era livre para aproveitar as férias como
bem entendesse.
Olhou para a praia novamente. O homem disse algo para ela, e Jodie riu e
virou-se de costas.
Ela riu.
Nunca ria quando estava com ele.
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Voltou para a mesa e começou a ler um dos jornais. Olhou para o relógio.
Sentia-se inquieto e hesitante, e era cedo demais para ligar para seu possível cliente.
Pensou em como estariam as coisas na empresa, mas o seu substituto sabia tanto do
negócio tanto ele próprio.
Dean caminhou até a janela e olhou o mar, as montanhas e finalmente a praia.
Estava sozinha novamente, mas os homens continuavam a secá-la com os filhos.
Dean se retirou da janela novamente. Poderia dar um pulinho na praia, dar um
mergulho, apenas... o problema é que não tinha trazido roupa de banho. Bem, poderia
passear pela praia, mas aí os sapatos se encheriam de areia.
As roupas que havia trazido não eram apropriadas para aquele lugar. Mas,
provavelmente, iria passar a maior parte do tempo trabalhando, então não tinha
importância. E se não trabalhasse o tempo todo? O que iria fazer? Sacudiu a cabeça,
frustrado. O que as pessoas faziam nas férias? Pegou o telefone e ligou para a
empresa.
O sol já estava forte demais quando Jodie pegou sua toalha e a bolsa de praia
e foi procurar algo para comer. Tomaria um banho e passearia pela orla em busca de
um restaurante. Com certeza, teriam outros lugares além do restaurante do
condomínio.
Havia se divertido muito naquela manhã e conhecido algumas pessoas
interessantes, que da mesma forma estavam lá para curtir o calor e a natureza, sem
qualquer arrependimento de ter deixado o inverno em casa.
Conheceu um casal em lua-de-mel, outro que estava celebrando o aniversário
de 30 anos de casamento e um jovem casal com duas crianças que brincavam no
rasinho da praia.
Dois ou três caras foram até ela e se apresentaram. Um deles disse que ia lá
todas as manhãs e que provavelmente a veria novamente. Outro disse que aquele
seria seu último dia na ilha e que pretendia curtir a água até o último minuto.
Ao entrar no condomínio, Jodie não entendia como Dean conseguia ter uma
energia tão carregada. Quando ele não estava, o lugar ficava bem mais sereno.
Olhou ao redor e viu uma pilha de jornais ao lado de uma cadeira e os restos
do café da manhã. Ele havia pedido comida para ela também, notou. Comeu um
brioche e uma banana. Delicioso. Aquilo forraria o estômago pelo menos até que
tomasse banho, se trocasse e encontrasse algum lugar para almoçar.
Depois do banho, olhou-se no espelho e viu que já estava um pouco bronzeada.
Ou melhor, estava bem bronzeada. Teria que tomar mais cuidado com o sol nos
próximos dias.
Passou bastante protetor solar antes de ir para o quarto se vestir. Jodie havia
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gastado uma nota com as novas roupas de verão. Afinal, não era sempre que alguém
tinha a oportunidade de passar as férias no Havaí, de graça. Escolheu um par de
sandálias, um short e uma camiseta que combinasse com seus olhos azuis.
Saiu do apartamento e chamou o elevador. Quando as portas se abriram, lá
estava Dean.
— Vai descer? — perguntou ele, educadamente. Ela riu. — Sim, por favor —
respondeu e entrou no elevador.
— Subi para ver se estava e chamá-la para comer alguma coisa.
— Você leu meus pensamentos. Estava indo procurar algum lugar para comer à
beira da praia.
— Pelo visto, você aproveitou bem a manhã. — Disse depois de colocar as mãos
no bolso.
— Muito. E você?
— Falei com Furukawa e ele disse que pode me ver depois de amanhã. Então,
vou ficar por aqui por enquanto. — Ele olhou de relance para ela. — Pensei que talvez
você pudesse me dar umas dicas do que fazer. — Jodie sorriu.
— Não vai ser nenhum trabalho para mim. O elevador se abriu e eles saíram.
— Liguei para o escritório duas vezes hoje, com a esperança de que tivesse
acontecido alguma crise por lá que só eu pudesse resolver. — Disse com um sorriso
nos lábios. — Infelizmente, está tudo correndo muito bem.
Ele parecia tão decepcionado que Jodie achou graça.
— Não é tão ruim assim, tenho certeza.
— Tentei descobrir o que as pessoas costumam fazer aqui além de ir à praia e
me disseram que há vários passeios para se fazer, se estiver interessada.
Eles foram até a orla. Ele deu a ela alguns folhetos que ela leu com entusiasmo.
— Tem tanta coisa para ver!
Uma pequena lanchonete chamou a atenção dos dois e ali ficaram para almoçar.
Jodie pediu uma salada grande e Dean um sanduíche. Ela continuou concentrada nos
folhetos com informações dos passeios.
— Estou impressionada. Poderíamos passar um mês aqui e não daria tempo de
ver tudo que tem na ilha. — Apontou para um dos anúncios. — Podíamos participar de
um luau. Você já esteve em um?
— Não. Quando estive aqui não tive tempo para fazer turismo. Topo qualquer
coisa que você escolher.
— Hum. — Ela ficou pensativa tentando escolher qual dos folhetos lhe
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CAPÍTULO CINCO
O alarme do relógio de pulso acordou Dean e ele ficou surpreso de como havia
dormido bem. Sentou-se na cama e olhou pelas portas de vidro da varanda. O céu
estava ficando azul-escuro com o cair da noite. Checou as horas outra vez, foi até a
porta do quarto de Jodie e bateu. Ninguém respondeu.
Finalmente, ele abriu a porta e ouviu o som da respiração de Jodie, a cabeça
estava coberta pelo lençol.
— Jodie?
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relance para Dean que estava ao lado e parecia estar se divertindo. Ele também a
olhou. Jodie se inclinou sobre o ombro de Dean e o cutucou de leve.
— Acha que consegue dançar e tocar os tambores como eles?
— Nem ousaria. Está se divertindo?
— Muito.
— É melhor não abusar dos drinques com rum. Demoram a fazer efeito, mas
quando chegam é como uma bomba.
Ela olhou para o copo quase vazio. Era seu segundo ou terceiro copo?
— Eles têm gosto de suco de fruta — ela olhou para o copo dele. — O que você
está tomando?
— Pina Colada. Quer provar?
— Não, obrigada.
— Você não tem o costume de beber, não é?
— Não — ela sorriu —, mas estou de férias e vou me dar ao luxo de abusar um
pouquinho.
Os tambores cessaram de tocar abruptamente. As dançarinas tinham colares
de flores pendurados nos braços e estavam colocando no pescoço de cada convidado.
Ela gostou de como o colar caíra bem em Dean.
— Vamos voltar para casa? — ele perguntou.
— Pode ser. — Foram ao luau caminhando e voltariam para o condomínio da
mesma forma. Ele a ajudou a andar e ela reparou que estava um pouco tonta. Talvez
Dean estivesse certo ao falar dos drinques.
Ele passou o braço pela cintura dela e ela fez o mesmo, automaticamente.
Estava um gato naquela noite. O short deixava à mostra as pernas musculosas. Ela
passou a mão pela camisa dele, desfrutando a sensação, e sorriu. Aquela,
definitivamente, havia sido uma noite romântica e Dean estava satisfazendo a
fantasia dela naquela caminhada à meia-noite. Lentamente foram andando, pisando na
espuma do mar, a areia. Jodie olhou para o céu e disse:
— Nunca tinha visto tantas estrelas e tão brilhantes.
— As cidades grandes são iluminadas demais e não deixam a gente ver todas
as estrelas no céu.
Descansou a cabeça no ombro dele. O som das ondas contribuía para o ritmo
sensual da noite. Nunca havia estado tão próxima de Dean e sentiu pela primeira vez
o perfume da loção de barbear que ele usava.
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ressaca.
— A bebida parecia tão inofensiva, nunca pensei...
Ele levantou a mão para confortá-la, mas desistiu em seguida.
— Sei que a idéia pode parecer pouco atraente, mas se você comer alguma
coisa, vai se sentir melhor.
— Tem razão. A idéia não é nem um pouco atraente.
Ele sorriu e pegou o telefone. Depois de pedir dois cafés da manhã, desligou e
olhou para ela.
— Coma umas torradas e tome um suco...
— Está brincando? — perguntou ela, desgostosa. — Acho que nunca mais vou
beber um copo de suco na vida.
— Não foi o suco que fez você passar mal.
— Você é sempre tão lógico — queixou-se ela.
— Você também, na maioria das vezes. Até o final do dia vai estar bem melhor.
— Obrigada pelo consolo. Agora, parece que só vou melhorar se morrer.
Ele deu uma risadinha, mas não falou nada.
Quando a comida chegou, ela olhou para a bandeja enquanto seu estômago
roncava.
Será que Dean sempre tinha que ter razão?
Milagrosamente, depois do meio da tarde ela passou a ser gente de novo. Não
se sentia bem para sair de casa, mas estava bem melhor.
Dean saiu depois de comer e ainda não havia retornado. Ficou curiosa em saber
aonde poderia ter ido. Talvez tivesse ido se encontrar com uma das mulheres que
conheceram no luau. Não que isso fosse de interesse dela. Jodie franziu a testa.
O que havia de errado com ela? Dean namorou várias mulheres desde que
começou a trabalhar para ele e ela nunca havia sequer pensado no assunto. Até a
noite anterior, não desconfiava que nele havia tanta paixão.
Definitivamente, estivera cega todo esse tempo. Suspirou ao lembrar de como
reagiu ao beijo dele. Se não estivesse se sentindo tão mal, provavelmente, não teria
conseguido encará-lo naquela manhã.
Pelo menos, havia sido um cavalheiro e não tinha mencionado nada sobre a
noite anterior.
Jodie foi tomar um banho e a água teve um efeito, como sempre, renovador em
seu corpo. Depois que se vestiu e retornou à sala, sentia-se novinha em folha. Ouviu a
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chave na porta e viu que Dean tinha acabado de chegar. Quando a viu, sorriu.
— Ignore o pedido de resgate, consegui escapar.
CAPÍTULO SEIS
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Como aquele homem arrumava tempo para fazer ginástica? Como podia ter um corpo
tão em forma?
Estendeu a toalha e sentou-se ao lado de Jodie. Ela desejou que pudesse
esquecer do beijo da noite anterior. Aquilo fora um erro. No entanto, toda vez que
olhava para a boca de Dean, lembrava de como eram macios e gostosos aqueles lábios.
O homem tinha um beijo de tirar o fôlego.
— Isso aqui está ótimo — disse ele, minutos depois. — O ar está fazendo você
se sentir melhor?
— Você está me tratando bem demais e isso está me deixando nervosa. —
Finalmente respondeu.
— Por quê? Não é sempre que trato você bem?
— Devo ser educada ou honesta?
— Está falando de lá na companhia, não é?
— Essa é a pessoa que eu conheço. Quer dizer, que achava que conhecia.
— Bem, acho que demos um passo adiante, depois de ontem à noite.
— Estava torcendo para que você tivesse esquecido isso.
— Por quê? Nos divertimos na festa e terminamos a noite da maneira como a
maioria dos casais termina... com um beijo.
Ela fez sombra com as mãos acima dos olhos e olhou para ele.
— Nós não somos um casal, Dean. Estou aqui porque meu chefe me deu uma
semana de folga.
— Tem sido proveitoso, não tem? — ele sorriu maliciosamente. — Você me abiu
os olhos para uma série de coisas na minha vida. Estou esperando que continue
ensinando-me a relaxar e me divertir. Tem feito um bom trabalho até agora.
Jodie se sentou e cruzou as pernas.
— O que está acontecendo? O que pretende conseguir enquanto estivermos
aqui, além de conseguir um novo cliente?
— Quero conhecer você melhor. Já disse.
— Por quê? Você me conhece há anos e nunca me olhou do jeito que está
olhando desde que a gente chegou aqui.
Ele riu e ela achou charmoso o jeito como o fez. Há uma semana atrás juraria
que ele não sabia sorrir.
— É porque nunca tinha visto você de biquíni antes... ou de sarongue. — O tom
dele mudou. — Acho você fascinante. Tem uma personalidade com tantas facetas e
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— O que quer fazer mais tarde? — A pergunta foi provocativa apenas pelo tom
que ele usou.
— Você não tem que me entreter. As férias também são suas.
— É verdade, mas nós dois temos que comer e prefiro não comer sozinho.
— Acho que faz sentido — ela respondeu. — Tem algum lugar em mente?
— Na verdade, tenho. Comi lá da última vez que estive aqui. Comida da
Polinésia e muito bem-feita. Se nunca provou, é uma boa oportunidade!
Os dois entraram no elevador.
— Tudo bem, eu topo. Obrigada pela idéia.
Jodie olhou ao redor e gostou do ambiente levemente iluminado com velas e
lâmpadas brandas.
— Você tem razão — disse a Dean. — Esse lugar é incrível, com uma atmosfera
singular.
— Que bom que está gostando. Gostou da comida que pedi?
— É diferente, mas muito gostosa. Obrigada por ter me trazido aqui. — Bebeu
um gole de chá gelado. — Como devo me comportar diante de seu cliente amanhã?
Ele a estudou por alguns segundos.
— Nenhum striptease, nem hula-hula nem ukulele.
— Striptease! Nunca fiz isso na minha... — Ela se calou. — Mais uma das suas
gracinhas, não é?
— Não consigo resistir. Você cai como um patinho e as caras que faz são
hilárias.
— Muito engraçado. Só por causa disso, vou levar meu ukulele e cantar para ele
no almoço.
— Você sabe cantar?
— Não.
— Então foi uma ameaça.
— Com certeza foi uma ameaça.
— Você vai se sair bem amanhã. Conhece como ninguém nosso negócio. Falando
nisso, quando voltarmos, vou falar com Frank Godfrey para transferi-la para área
dele o quanto antes, em vez de esperar até você se formar. Então, considere a
reunião de amanhã como uma sessão de treinamento.
— Você já está me promovendo?
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— Não, agora não. Mas quando voltarmos, vou começar a ver isso.
— Essa notícia é maravilhosa! Muito Obrigada.
— Não me agradeça. Frank é um bom supervisor e vai fazer você trabalhar
duro para aprender como fazemos para oferecer os equipamentos de segurança
necessários para nossos clientes.
Depois da sobremesa e do café, Jodie perguntou:
— Por que resolveu me promover agora?
— Como assim?
— Bem, você ainda não tem uma secretária para me substituir.
— Nem me lembre disso. Mas não deve demorar muito até que encontre
alguém.
— Não sei, não.
— Por que você me considera um cara tão difícil de lidar?
— Porque você é um chefe muito exigente e complicado. Ou já esqueceu
quantas secretárias foram embora antes de mim?
Ele levou a mão na orelha e pareceu desconfortável com a pergunta.
— Melhorei muito desde então.
— Se você está dizendo.
— Não melhorei?
— Você melhorou, porque aprendi como fazer tudo do jeito que você quer.
— Isto não me parece algo absurdo.
— É verdade, não parece. — Ela olhou ao redor. — Vamos?
— Espere um minuto, acho que não entendi. Jodie o que quer dizer?
— Você quer que sua empresa funcione com perfeição. Sei exatamente do que
você gosta e do que não gosta e consigo prever o que e como você quer alguma coisa.
— Em outras palavras, pode ler meus pensamentos.
— Não é isso.
— Bom saber disso, principalmente levando em consideração os pensamentos
que venho tendo nessa viagem.
Jodie sentiu um calorão invadir seu corpo e sabia que seu rosto havia corado
imediatamente. Pegou o copo de água e deu um longo gole e não tirou os olhos do
copo.
— Desculpe-me, não quis deixá-la constrangida.
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— Depois que a gente estiver no ar, vou ficar tranqüila. Eu me preocupo com a
decolagem e o pouso.
— Infelizmente, você vai ter que ser forte, porque inevitavelmente teremos
que decolar e aterrisar.
— Eu sei disso.
— Por que não descemos e tomamos café em frente à praia? Se anima?
— Tudo bem.
Enquanto comiam, ele falava da empresa e de alguns planos que tinha para os
negócios. Tentava manter a mente de Jodie ocupada para que ela não pensasse no
vôo. Ela respondia monossilabicamente.
— Pensei que poderíamos ir à Big Island amanhã. Vamos ter que ir de avião,
também, mas disseram que o vulcão que tem lá é imperdível — disse ele finalmente.
Ela passou da palidez para uma cor verde, bem curiosa.
— Mas se você não quiser ir...
— Não, por mim tudo bem, sério. O que você quiser fazer está bom para mim.
Ele não tinha tanta certeza disso. Olhou o relógio.
— Já está na hora de irmos para o aeroporto. Você precisa voltar para o
condomínio?
Ela fez que não com a cabeça.
Naquele dia ela se parecia com a secretária que ele conhecia há anos. Os
cabelos estavam presos num coque — só naquele momento ele percebeu de como
gostava dos cabelos de Jodie soltos — e vestia um terno claro. Parecia uma mulher
de negócios bem-sucedida, apesar da palidez. Para a infelicidade de sua consciência,
Dean continuava a vê-la de biquíni.
Nunca mais conseguiria ver sua eficiente secretária da mesma maneira, agora
que teve a oportunidade de conhecê-la melhor.
Jodie deve ter ficado muito machucada por causa do idiota com quem pensava
que iria se casar. Do contrário, qual outra razão ele poderia dar para si mesmo por
ter considerado Jodie uma pessoa reprimida naqueles cinco anos de convivência?
Tê-la visto com os cabelos soltos e desfrutando as águas havia sido uma
revelação.
No carro, ele tentou puxar conversa, perguntando de assuntos diversos. Ela
respondia com poucas palavras. Dean acabou desistindo e ligou o rádio.
Quando já estavam acomodados no pequeno aeroplano, ele percebeu que a
situação precisava de uma medida drástica.
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Já havia estado em vôos como este. O avião costumava decolar num ângulo
bastante íngreme. Ela já havia dito que nunca tinha voado num pequeno avião e
provavelmente iria ficar em pânico.
— Jodie?
— Hum?
— Sabe o que queria fazer nesse exato momento? — disse pegando a mão dela.
Ela se virou e olhou para ele esperançosa.
— Sair desse avião? Ele riu.
— Não. Na verdade, o que queria era cobri-la de beijos.
Bem, aquilo certamente havia feito ela esquecer do vôo.
— Por quê? — ela perguntou surpresa.
— Primeiro, porque você tem a boca mais gostosa do mundo. Nunca vi nem
senti uma boca assim. — Ele olhou para as mãos tensas de Jodie. Com a outra mão,
passou levemente seus dedos sobre o dorso da mão dela. — E você se encaixa nos
meus braços como se tivesse sido feita sob medida para mim.
Ele sentiu as mãos dela tremendo e ficou charmosamente corada, colorindo a
palidez de antes.
O avião começou a se mover. Ele levantou a mão de Jodie e a levou a boca.
Beijou a palma da mão dela, depois passou de leve a língua. Ela ficou tensa quando o
avião decolou. Ele não estava certo se por causa do avião ou do beijo. Então se
inclinou e a beijou.
Os lábios de Jodie tremiam e ele se demorou acariciando sua boca com a
língua. Lentamente, ela começou a corresponder ao beijo e Dean se esqueceu do
motivo por que havia começado tudo aquilo.
Uma voz feminina falou ao lado de Dean.
— Desculpe-me interromper, mas gostaria de oferecer algo para os senhores
beberem. Só ficaremos no ar por mais vinte minutos.
Jodie se afastou bruscamente e encarou a aeromoça.
— Estamos no ar?
— Sim, senhora. — A aeromoça sorriu. — Entendo perfeitamente sua
distração.
Jodie olhou para Dean.
—Você fez isso de propósito!
Dean pediu à moça que lhe trouxesse dois copos de suco de laranja e só
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disse:
— O garçom de vocês já vem.
Somente quando Jodie teve certeza de que os dois estavam a sós, disse:
— O cheiro do dinheiro está por toda a parte.
— Eu notei.
Ela olhou para boca de Dean. Jodie descobriu que encontrava dificuldade em
respirar sempre que ele sorria para ela. Não conseguia esquecer o toque dos lábios
dele nos dela.
— Desculpe, tê-los feito esperar — um homem atrás de Jodie disse.
Dean se levantou e estendeu a mão. — Não tem por que se desculpar, senhor
Furukawa.
— Por favor, me chame de Steve.
Steve vestia um terno que realçava seu corpo esbelto e o rosto bronzeado. O
cabelo brilhava tanto que parecia que havia posto brilhantina.
— Steve, gostaria que você conhecesse Jodie Cameron, que trabalha conosco
em Chicago.
Steve pegou a mão de Jodie e se inclinou levemente.
— É um prazer.
Eles pediram os pratos e pouco tempo depois a comida chegou. Jodie ouvia
atenta a conversa. Os dois homens discutiam vários assuntos e nenhum tinha relação
com equipamentos de segurança. Ela não conseguia imaginar por que ele a havia
levado para aquele encontro, a não ser que os negócios fossem ser discutidos depois
da refeição.
Dean a introduziu na conversa, e quando Steve perguntou se ela estava
gostando do Havaí, Jodie respondeu prontamente que sim.
Uma vez que os pratos foram retirados e os cafés servidos, Steve disse:
— Tenho estudado você, Dean.
— E?
— Você e sua empresa têm uma excelente reputação na área de segurança.
Que tipo de equipamentos você oferece?
— Nós garantimos aos nossos clientes que ninguém não autorizado consiga
entrar na empresa sem que um alarme silencioso seja ativado, alertando os
funcionários. Também oferecemos câmeras escondidas que gravam quem quer que
saia ou entre. Os códigos de segurança são instalados e modificados regularmente.
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ela teria conhecido, naquela ilha, um homem que lembrava vagamente seu chefe. O
fato de que ela gostava e se divertia com esse estranho a deixava nervosa.
Tudo o que esperava ao voltar ao trabalho era que Dean assumisse a
personalidade irônica e intransigente de sempre.
CAPÍTULO SETE
No sábado à tarde eles saíram do apartamento de Dean pela última vez rumo
ao aeroporto.
Haviam passado a parte da manhã na praia, curtindo o mar e conversando.
Jodie estava realmente triste por ter que ir embora, mas se divertiu muito naquela
manhã. Dean a fez rir quase o tempo todo. Tinha um senso de humor que ela não
conhecia e que a agradava demais.
No carro, ela ficou observando Dean dirigir. Ele voltou a ficar taciturno e
mecânico como era seu jeito original que a relembrou de que o chefe havia voltado e
o homem que ela conhecera nas férias estava indo embora também.
No avião, Jodie pegou uma revista que havia comprado e esperou que o avião
decolasse. Dean tocou em sua mão e ela olhou para ele.
— Obrigado por ter vindo.
— Aproveitei muito. Não estou nem um pouco entusiasmada com a idéia de
voltar para o inverno de Chicago, pode acreditar.
Quando já estavam no ar a aeromoça trouxe a refeição e as bebidas. Depois
de comer, Jodie fechou os olhos e tentou dormir, determinada a pôr as ilhas e as
lembranças lá no fundo da memória.
Chegaram em Chicago no domingo pela manhã. Dean pegou as malas de ambos e
disse:
— Vou levá-la em casa.
— Obrigada.
— Fique aqui que vou buscar o carro. Enquanto o esperava, olhou para o céu
cinzento e as pessoas todas agasalhadas para fugir do frio. Sim, Dorothy, você acaba
de voltar de Oz direto para o Kansas. Nada como o tempo para lembrá-la que o sonho
das férias havia chegado ao fim.
Viu um carro esporte estacionar em frente à entrada do aeroporto e Dean sair
de dentro dele. Pegou sua mala e foi até lá. Os dois colocaram as malas no carro e
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entraram.
— Para aonde?
Ela deu o endereço e se acomodou no confortável assento.
— Pode me deixar aqui, eu... — ela disse ao chegar no complexo de edifícios.
— Quero saber onde você mora — disse ele sem rodeios.
— Por quê? — ela perguntou também sem rodeios.
— Não tem nenhuma razão específica. Por acaso você se incomoda com a minha
curiosidade?
— Claro que não, é só olhar minha ficha no trabalho e você vai saber o número
do meu apartamento.
— Você ficou muito calada hoje de manhã. Algum motivo particular?
— Estou apenas cansada. Não consegui dormir direito no avião.
— Bem, agora que você está em casa pode aproveitar para descansar.
Ela mostrou a entrada para o prédio dela. Chegaram num estacionamento e ele
parou ao lado do carro vermelho de Jodie.
— É seu?
— E.
Ele pegou a mala dela, com o ukulele dentro, trancou o carro e a seguiu até o
elevador. Os dois entraram, ela apertou o botão do seu andar e ele esperou em
silêncio.
Já no andar, ela abriu a porta e o deixou entrar primeiro. Esperou que ele
deixasse as malas no chão e fosse embora, mas não foi o que aconteceu. Deixou tudo
no corredor e continuou na sala de estar.
— Lugar bacana — disse ele, olhando ao redor.
— Também gosto daqui.
Foi até ela e sem dizer uma palavra a tomou nos braços e a beijou sem pressa.
Ela não queria corresponder, não podia, e sentiu raiva de si mesma por querer tanto
àquele beijo.
Quando ele a soltou, falou como se nada tivesse acontecido.
— Vejo você amanhã, no trabalho. — E foi embora.
Jodie ficou ali parada, em frente à porta. Com apenas um beijo, todas as
lembranças da semana de sonhos que havia vivido voltaram à tona. O que iria fazer da
vida?
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Depois que ela desfez as malas e lavou as roupas que sujara na viagem, ligou
para Lynette. Kent atendeu.
— Alô, tia Jodie. Está ligando do Havaí?
— Não querido. Já estou em casa. Sua mãe está aí?
— Hum rum.
— Posso falar com ela?
— Hum rum.
Ela podia escutar a respiração do sobrinho por um tempo até que ouviu Lynette
dizer:
— Será que dá para me dar o telefone, por favor.
— Hum rum. — Kent disse desanimado
— Você acha que devo ajudar meu filho a aumentar sua lista de vocabulário? —
disse Lynette ao pegar o telefone.
— Hum rum. — Jodie respondeu, e as duas riram.
— Como foi a viagem? Maltratou muito seu chefe? Jogou ele no mar?
Empurrou ele de cima de algum vulcão. Me conta tudo!
Seus sentimentos por Dean haviam mudado tanto nos últimos dias, que num
primeiro momento, Jodie não entendeu por que a irmã falou tudo aquilo.
— Curiosamente, ele foi uma companhia bastante agradável.
Depois de longo silêncio, Lynette disse:
— Quem é que está falando? Alô? Por acaso houve uma linha cruzada? Alô?
Cadê minha irmã?
— Deixa de bobagem. Não precisa se preocupar com a minha saúde mental. Ele
estava de férias e eu tive a oportunidade de conhecer outro lado dele.
— Não sei por quê, nunca pensei que pudesse ouvir a palavra agradável e Dean
Logan na mesma frase, vinda de você. O que aconteceu para que o sr. Hyde se
transformasse em dr. Jekyll?
— Não importa, porque o sr. Hyde voltou assim que pousamos em Chicago.
Amanhã já terei esquecido do homem engraçado e divertido que conheci no Havaí.
— Por falar em homem, conheceu algum gato dando sopa na praia.
— Alguns, na verdade — ela respondeu achando graça. — Claro que todos
acompanhados de modelos de biquínis micro. Se não estavam deviam estar.
— Você não deve nada a ninguém no seu biquíni novo, irmãzinha.
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— Eu tinha pelo menos uns quatro quilos a mais que a mais gordinha delas.
— E tudo no lugar certo. Deixou o Dean babando? — Ela ficou com a garganta
seca e por um momento não conseguiu falar. Finalmente, disse:
— Se babou não deu para perceber.
— Você vem jantar com a gente hoje? Espero que tenha tirado muitas fotos,
assim vou morrer de inveja.
— Você fala tanta besteira. — Jodie riu. — Nunca ficaria tanto tempo longe
das crianças.
— É verdade. Mas não custa nada sonhar. Então, vejo você hoje à noite.
Jodie desligou o telefone e disse, "Sonhar não é real". — Não precisava dizer
isso a Lynette, mas sim para si mesma.
Tirou uma soneca antes de ir para a casa da irmã. Vestiu-se com calma e
torceu para que eles não pudessem ver o que havia acontecido estampado em seu
rosto. Talvez achassem que aquela alegria fosse por causa do sol e do bronzeado. Só
restava rezar.
Kent e Kyle a receberam à porta de casa com gritos e pulinhos que deixaram-
na morrendo de rir.
— Meninos! — Lynette disse. — Fiquem quietos ou vão acordar a Emily. —
Imediatamente, eles lhe obedeceram.
— Você trouxe alguma coisa para a gente? — Kyle perguntou ansioso, olhando
para a enorme bolsa de compras na mão de Jodie.
— Kyle! — Lynette o repreendeu. — Não seja mal-educado. — Abraçou a irmã.
— Você está linda! O bronzeado está realçando a cor dos seus olhos.
Chuck se juntou a eles.
— Está ótima, cunhada. As férias lhe fizeram muito bem, mesmo.
Jodie se sentou no sofá e na mesma hora os meninos saíram do frio da rua.
Correu para o carro e ligou o aquecedor, ficaram ao redor dela olhando a bolsa.
Começou a tirar alguns presentes de dentro. Ao terminar olhou para Lynette.
— Dean me comprou um ukulele.
— Ele sabe que você toca?
— Cometi o erro de contar para ele. A verdade é que me lembrei de todos os
acordes assim que peguei no instrumento e não fiz feio quando toquei.
— Trouxe o ukulele com você? — Kent perguntou. — Não sabia que você tocava.
— Deixei em casa. Quando for me visitar toco para você.
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Mais tarde, todos se sentaram para jantar. As perguntas para Jodie não
cessavam e o tempo voou. Apenas quando Jodie se levantou para ir embora foi então
Lynette perguntou:
— Alguma coisa aconteceu por lá, não foi?
— Por que está dizendo isso?
— Porque conheço você. Seus olhos estão de um jeito que nunca tinha visto
antes.
— Estou cansada, é só isso. A viagem me deixou Acabada.
— Se você está dizendo.
— Deve ser a volta para casa e o fato de ter que voltar à rotina de sempre.
— Tudo bem. — Lynette a abraçou. — Vejo você ia sexta à noite, está bem?
— Combinado.
Jodie saiu da casa quente e aconchegante da irmã. Indo para casa, pensou no
que a irmã dissera. Na verdade, nada havia acontecido além de alguns beijos sem
grandes conseqüências. Ela não tinha nenhuma intenção de comentar com ninguém que
correspondera aos beijos. Afinal de contas, havia sido m impulso... com exceção do
beijo daquela manhã. Não precisava lembrar a si mesma que estava fortemente
atraída por Dean Logan, o que não era nada inteligente de sua parte.
Ligou o rádio do carro e prometeu que ia esquecer aquele assunto
definitivamente.
CAPÍTULO OITO
— Nossa! Olha para você! — Betty disse quando Jodie chegou ao escritório na
manhã seguinte. — Que bronzeado! Do nosso lado você parece uma mulata. E então,
para aonde você foi?
— Havaí.
— Que legal. O chefe soube que você tirou a semana de férias junto com ele?
— Soube. Ele já chegou?
— Ainda não vi, mas isso não quer dizer nada, por que não é raro que ele
chegue antes de mim.
Jodie fez que sim e foi para sua sala.
Lá, quase chorou ao ver sua mesa, com pilhas de papéis espalhadas por todos
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os lados. Olhou de relance para a sala de Dean e o viu sentado à mesa, com ai
sobrancelhas franzidas, enquanto lia algo.
Guardou a bolsa e foi fazer um café. Enquanto e esperava a água ferver,
voltou para a mesa e começou arrumar a bagunça.
— Jodie, é você?
Ela se levantou e foi até a porta do escritório dele
— Bom-dia. Como conseguiu encarar esse monte de papéis e documentos, hoje
de manhã?
— Isso é de ontem. Passei o dia aqui adiantaria coisas. Tem café?
— Tem sim, vou trazer para você.
— Obrigado — respondeu ele, meio distraído, inclinado na cadeira e lendo.
Como havia previsto, eleja tinha esquecido da semana que passaram juntos.
Pelo menos foi o que ela pensou até deixar a caneca de café na mesa de Dean. Ele a
olhou nos olhos e a sentiu um súbito calor subir pelo corpo. Nunca havia olhado para
ela daquele jeito antes, no ambiente de trabalho.
— Sua família ficou feliz de tê-la de volta?
— Meus sobrinhos estavam mais interessados no que tinha trazido para eles.
Lynette e o Chuck disseram que estou com um bronzeado bonito e que estou com uma
aparência relaxada.
— Gostaria de conhecer eles, um dia — disse pensativo.
— Minha família? — ela não poderia ter escutado direito. Não foi isso que ele
quis dizer.
— É.
— Ah.
— Almoça comigo hoje e a gente conversa mais sobre isso.
— Eu... é... geralmente, almoço na minha mesa.
— Hoje, não.
— Vai ser um almoço para falar de trabalho?
— Claro que não — ele franziu a testa.
— Então não diga o que devo ou não fazer com a minha vida pessoal. — Ela se
virou e voltou para a mesa. Começou a guardar os papéis e os formulários em seus
devidos lugares, de costas para a porta Dean.
Vários minutos depois, ela o ouviu limpar a garganta. Jodie se virou e viu Dean
em frente a ela.
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Ela era sua secretária, apenas isso. A idéia o lembrou de que precisava ligar
para Frank. Decidiu que ia deixá-la em paz. Provavelmente, não tardariam a í voltar
para a rotina de antes. No entanto, para isso precisava se esquecer de como gostara
de beijar Jodie e de vê-la de biquíni. De como adorou ter tido aquelas conversas com
ela. Sacudiu a cabeça e tentou se concentrar. Voltou de novo para a sua mesa e foi
em busca de seu caderninho pessoal de telefone. Agora que não estava mais saindo
com Rachel, conhecia várias mulheres para quem poderia ligar. Bastava escolher qual.
Pegou o telefone e discou os números.
Naquela noite o telefone da casa de Dean tocou as onze da noite. Ele olhou
para o identificador de chamadas e balançou a cabeça incrédulo.
— Oi, Rachel. — Disse ao pegar o fone.
— Ah, finalmente. Estive procurando por você a semana toda. Na empresa, me
disseram que você estava fora da cidade e quando pedi para falar com a Jodie,
responderam que ela tinha tirado uma semana de folga. Então ficou impossível achar
você.
— Bem, agora você me achou. Por acaso encontrou alguma coisa minha que
tenha esquecido na sua casa?
— Ai, querido, me desculpe pelo jeito que tratei você naquela noite. Não o
culpo por não ter retornado minas ligações. Não costumo me comportar dessa
maneira tão impulsiva. É que havia tido um dia péssimo e você ainda atrasou. Perdi a
cabeça.
— Percebi.
— Por favor, me perdoa. Sinto tanto a sua falta. — Ela baixou a voz. — Sinto
falta de fazer amor com você.
Pensou na relação que tivera com Rachel e percebeu que havia esquecido dela
completamente. Aquilo já dizia o suficiente a respeito do que ele deveria fazer. Seja
lá o que tiveram, já havia acabado.
— Esqueceu que no próximo fim de semana nós iríamos para Wisconsin para
visitar Winnie e Fred?
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— Rachel, para mim ficou claro que a partir do momento em que você terminou
comigo nós não íamos nos ver mais, muito menos Winnie e Fred.
— Eu fui uma estúpida, sei disso. Mas aquilo não significou nada, só estava com
raiva e descontei em você.
— Eu entendi que o motivo da sua raiva tinha sido eu.
— Bem...mas isso não tem importância agora. Tem que concordar comigo, todo
casal normal tem suas briguinhas. Aquela foi a primeira depois de três meses, desde
que começamos a sair.
Ele não disse nada.
— Dean?
— Desculpe-me, Rachel, mas já fiz outros planos para o fim de semana.
— Que tipo de planos?
— Nada que seja do seu interesse.
— Experimenta.
— Tenho um encontro no sábado com uma pessoa que conheço há algum tempo.
— Você já está saindo com outra! — A voz de Rachel perdeu a maciez de antes.
— Você deixou bem claro que nunca mais queria me ver. Não pode reclamar. Eu
resolvi seguir adiante.
— Já pedi desculpas — ela choramingou. — Por favor, não faz isso comigo.
— Rachel, me escuta. Não há por que continuarmos nos vendo. Tudo o que me
falou naquela noite é certo. Se foi a raiva que fez você desabafar e jogar na minha
cara o que a incomodava, não importa. A verdade é que sou assim e não vou mudar.
Você tinha razão. Sou casado com o meu trabalho, esqueço dos eventos sociais, não
sou muito bom para acompanhá-la a todos os lugares que quer ir. Por que perder seu
tempo saindo com uma pessoa como eu? Têm um monte de homens que ficariam mais
do que entusiasmados de passar o tempo livre deles com você.
Ela demorou a responder. Quando ela o fez, o som da voz denunciou o início de
choro.
— Sei que estraguei tudo. Sei que o trabalho é importante para você. Passei
dos limites naquela noite e sei disso. Quero só poder vê-lo de vez em quando.
— Quando eu puder lhe telefono, mas ando sem tempo porque ganhei um novo
cliente na semana passada. — Ele parou um pouco para pensar na situação em que se
encontrava. — Dou uma ligada para você na semana que vem ou na outra. Divirta-se
com Fred e Winnie.
Ele desligou o telefone e foi até a janela. O apartamento tinha uma vista
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— Ele estava querendo me fazer ciúme e não quis me dizer com quem está se
encontrando. Tem idéia de quem seja?
— Nem imagino.
— Ah! — Rachel pareceu desapontada com a resposta. — Ele disse que a
conhecia há muito tempo, por isso pensei que talvez você soubesse.
Jodie deu uma risada curta.
— Ele conhece tanta gente que nunca poderia adivinhar. Ele mora em Chicago
há séculos.
— Bem, provavelmente ele vai me contar depois que a raiva dele passar. —
Rachel voltou ao tom mais animado do início da conversa. — A gente ia visitar uns
amigos em Wisconsin no fim de semana, mas ele disse que vai se encontrar com ela no
sábado.
— Sinto muito, Rachel, sei que deve ser doloroso para você saber disso.
— A culpa é minha. Devia estar naqueles dias de TPM ou algo parecido e
descontei em cima dele. — Disse Rachel suspirando.
— Espero que vocês dois acabem se entendendo. — Jodie disse sinceramente.
Seria mais fácil para ela esquecê-lo, com ele namorando.
— Obrigada por me ouvir, Jodie. Sou muito grata. Jodie desligou, guardou a
bolsa e foi ver se Dean estava no escritório. O lugar estava vazio. Ainda bem. Ele não
iria gostar nada de saber que ela estava falando sobre ele com Rachel, apesar de
antes as duas se falarem regularmente.
Quando o telefone voltou a tocar, era Dean.
— Oi, desculpe não ter avisado que não ia para aí hoje de manhã. Tive uns
problemas para resolver.
— Tudo bem. Inacreditavelmente, seu telefone quase não tocou. Vai ver que as
pessoas acham que você ainda está de férias.
— Ótimo. Devo estar aí por volta das duas.
— Está bem.
Assim que desligou o telefone, Betty a chamou pela linha interna.
— Seu admirador secreto deixou algo aqui na minha mesa para você.
— Não tenho nenhum admirador secreto.
— Bem, alguém enviou para você um lindo buquê de flores tropicais. O perfume
é delicioso. Ele deve estar apaixonado.
Quando Jodie foi para a recepção, encontrou um vaso realmente belíssimo,
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CAPÍTULO NOVE
Quando Jodie chegou à casa de Lynette naquela sexta, descobriu que eles
tinham visita. Ela parou no corredor e retirou o pesado casaco de inverno. Assim que
entrou na sala, Chuck disse:
— Olha quem está na cidade. — Apontou para Carl Grantham, que estava
sentado em frente a ele.
— Carl! Que surpresa! O que o traz a Chicago nessa época do ano?
Carl se levantou e a abraçou. Ele tinha sido padrinho de casamento de Chuck e
Lynette e como ela fora madrinha os dois acabaram se conhecendo um pouco. Ele era
um cara e tanto. Também era gay, o que Jodie considerava um desperdício e uma
desgraça para a comunidade feminina.
— Vim a trabalho. Tentei convencer o pessoal da companhia que a Flórida seria
uma melhor opção, mas eles não quiseram me ouvir.
Carl poderia ser modelo se quisesse, mas preferiu ser engenheiro.
— Vai ficar aqui por quanto tempo?
— Até terça. Chuck e Lynette insistiram para eu ficar aqui com eles. Disse que
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— E você?
— Vou com certeza. Não vou ao teatro há séculos.
— Ótimo, vou comprar os ingressos para amanhã à noite. Se já estiver tudo
vendido compro para domingo à tarde... se você estiver livre.
— Quase com certeza estarei livre, minha agenda está quase sempre vazia,
principalmente nos finais de semana.
— Por acaso, os homens dessa cidade são cegos? Você está sensacional. Onde
conseguiu esse bronzeado? O contraste que faz com seu cabelo louro e os olhos azuis
está fascinante.
— Estive no Havaí, na semana passada.
Ele perguntou com os olhos arregalados.
— Sozinha?
Ela olhou rapidamente para Lynette e Chuck.
— Não exatamente.
— Ah!
— Não, não é nada disso. Fui com meu chefe que tinha uma reunião a trabalho
lá.
— Ele deve ter uns oitenta anos para não ter notado você.
Jodie riu e se deu conta de que estava toda corada.
— Ele é um homem de negócios, completamente obcecado pela empresa dele. —
Ela evitou olhar para Lynette.
Depois do jantar, os homens foram para sala enquanto Jodie e Lynette
ficaram na cozinha lavando a louça. Jodie estava acomodando os pratos na máquina de
lavar louça, quando Lynette disse:
— Tenho uma pergunta. Você não precisa responder, mas o Dean deu em cima
de você lá no Havaí?
Jodie demorou um pouco para encarar a irmã.
— Em cima? — repetiu, tentando ganhar tempo.
— Você sabe, tentou beijar você ou sugeriu que podia ser mais do que uma
secretária para ele? Não pude deixar de perceber que você fica toda vermelha
quando o nome dele é mencionado. — Ela observou Jodie. — Tem razão, não é
problema meu. Você já está bem grandinha e não preciso ficar de babá. — Apertou a
bochecha de Jodie. — Só não quero que você se machuque.
— Não existe nada entre nós. Ele só pensa em trabalhar. Nada mudou. Já está
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CAPÍTULO DEZ
Havia um outro buquê de flores na sua mesa quando Jodie chegou para
trabalhar naquela segunda-feira, pela manhã. Desta vez nem se preocupou em
agradecer a Dean, já que as flores, na verdade, eram para a sala do escritório. No
entanto, não deixou de comentar como eram bonitas.
Ele a olhou da sua mesa.
— Gostou do musical?
— Muito. Não via uma produção assim há muito tempo? E você?
— Foi legal, acho. Se você gosta desse tipo de coisa. Não entendi por que
sempre que eles tornavam-se românticos faziam gestos em vez de se beijarem.
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Ai, Deus. O motivo da visita de Dean havia sido por do que ela tinha imaginado.
Ela ficou um instante calada.
— Não acho que seja boa idéia.
— Por quê?
Ela revirou os olhos.
— Vou listar para você as razões pelas quais não é «na boa idéia. Primeiro,
trabalho para você, já discutimos isso antes. Segundo, não gosto de namoros efê-
meros. Além disso, você ainda está envolvido com a Rachel e não quero, me meter no
meio da história de vocês.
Ele a olhou, desconfortável.
— A gente concordou que nosso caso não está dando certo. Não estou mais
vendo a Rachel.
— Não consigo imaginar a Rachel terminando com você. A não ser que ela tenha
descoberto que você está saindo com outra mulher e acredito que não seja esse o
caso. Sempre sei quando você está saindo com uma nova mulher. Manda flores,
compra entradas para shows... — ela ficou sem voz e olhou para ele assombrada. —
Você me mandou flores.
— Mandei.
Ela ficou olhando para ele, confusa.
— Bem... mas... mas não foi com essa intenção.
— Foi exatamente com essa intenção.
— Ai, meu Deus.
— Você não desconfiou?
— Está brincando? Claro que não pensei que você estivesse com segundas
intenções.
Ele se inclinou para frente e apoiou os cotovelos nos joelhos.
— Jodie, quero começar a ver você fora do trabalho. Descobri que gosto da
sua companhia. Quando estou com você vejo a vida com seus olhos e gosto dessa sua
perspectiva. Me ensina a relaxar e a ter mais prazer, como você fez no Havaí.
— Quer que eu seja sua professora? — perguntou, sem entender nada.
— Se quer usar esse termo, tudo bem.
— Por quanto tempo?
— Não entendi a pergunta.
— Quanto tempo você costuma namorar uma mulher antes de partir para
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outra?
— Que tipo de pergunta é essa? Não faço idéia.
— Mas eu faço. Geralmente, não dura mais do que dois meses. Quanto tempo
pensa em ficar comigo?
Ele levantou os braços.
— Essa não é a conversa que pensei que fôssemos ter.
— É mesmo? Achou que ia me jogar nos seus braços só porque resolveu que
quer passar suas horas livres comigo?
— Se achava, estava errado.
— Dean?
— O quê?
— O que está acontecendo aqui?
Ele recostou no sofá, descansou a cabeça e suspirou.
— Sinto sua falta de um jeito, eu nunca pensei que pudesse sentir isso por uma
mulher. Você me faz falta. Me sinto melhor do seu lado. Qual o problema de querer
me sentir bem com você?
— A gente podia tentar, acho — respondeu, pensativa.
— Seu entusiasmo é contagiante.
— Posso ser um passatempo útil antes de você encontrar outra.
Ele fechou os olhos.
— Passatempo.
— Talvez possamos fazer isso. Mas nada sério.
— Então você topa?
— Mas ando muito ocupada por causa da faculdade, como você sabe. Quem
sabe, uma vez por semana. a gente possa sair e fazer algo interessante. Tomar um
café, depois das minhas aulas e jantar nos fins de semana. O que acha?
— Não importa o que eu acho. Aceito o que você quiser.
— Está bem, então — ela se levantou. — comprei um sanduíche. Se quiser
posso dividir com você.
— Para falar a verdade, estou ficando com fome — ele se levantou. — Podemos
selar nosso acordo com um beijo?
— A gente estava falando de comida.
— Claro, por que não saímos para almoçar fora? O dia está lindo, o que é raro
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nesta época do ano. Depois podemos fazer um passeio de carro — levantou o queixo
de Jodie com os dedos. — Agora, tenho que confessar que estou com fome de outra
coisa — ele disse antes de beijá-la.
Não era justo. Ele sabia como os beijos dele a deixavam desconcertada. E esse
beijo não foi uma exceção. Ela ficou tensa no início, evitando ceder, mas a suavidade
do beijo arruinou suas intenções. O Dean do Havaí havia voltado com tudo.
Agora, todas as emoções que ele estava sentindo foram exteriorizadas e ela
sabia que eram mais poderosas que sua resolução de não sucumbir a ele.
O problema era que as razões eram muito contundentes.
O problema era que ela não conseguia resistir ao* encantos de Dean.
O problema era que acabaria se machucando seriamente quando a história dos
dois acabasse. Só lhe restava esperar que esse momento chegasse para depois lidar
com a dor.
CAPÍTULO ONZE
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mistério que ele nunca conseguiria desvendar. Até então, ele nunca tinha se preocu-
pado com isso.
Desde que voltaram do Havaí sempre encontrava dificuldade em se concentrar
quando Jodie estava por perto. Estava decepcionado consigo mesmo por não
conseguir domar suas emoções. Era só ela entrar na sala que ele tinha vontade de
fazer amor com ela. Era obrigado a ficar atrás da mesa para que ela não visse a
reação física imediata que tinha por causa dela.
Por isso, só olhava para ela quando era indispensável. Não adiantava muito,
porque a voz dela também lhe causava reações inesperadas.
Ela o estava deixando maluco.
O problema era que ele não sabia mais o que fazer. Quando a convidou para
almoçar, ela não quis. Depois, tentou esquecê-la, mas estava apenas se enganando.
Agora que finalmente convencera Jodie a sair com ele, tinha conseguido ofendê-la de
alguma maneira.
Quando Jodie saiu da aula naquela noite, viu Dean encostado na parede do
edifico, com os braços cruzados. Ele se parecia muito com o homem que tinha co-
nhecido no Havaí, não com o chefe. Ela foi até ele.
— Oi.
— Olá. Pronta para tomar um café? — disse sorrindo.
— Podemos ir.
— O tempo está horroroso. Quer ir lá para casa?
— Para tomar café? — disse com os olhos arregalados.
— É. — Ele fez cara de inocente.
— Tudo bem.
Quando saíram de dentro da faculdade, a chuva havia se tornando temporal.
Dean abriu um guarda-chuva que tinha na mão e a levou correndo para o carro.
— Onde está o seu carro? — ele perguntou.
— Em casa, vim de ônibus.
— Fez muito bem.
Ela sabia onde ele morava, mas nunca estivera na casa de Dean. Era um dos
edifícios mais altos de Chicago, em frente ao lago Michigan. Eles entraram pela
garagem e ele estacionou numa vaga, onde estava escrito seu nome e a palavra
"Reservado".
O elevador os levou rapidamente para o andar de Dean e quando ele abriu a
porta do apartamento, a única coisa que Jodie pensou foi que aquele lugar era
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preocupada?
— Acabei de cair na real. Não posso fazer isso. Desculpe — ela se levantou. —
Preciso ir para casa. Vou chamar um táxi.
— De jeito nenhum. Você não vai fugir dessa conversa.
— Por favor desiste de mim e arranje outra para namorar. A mulher que você
levou para o musical, por exemplo. Ou... sei lá. Apenas outra pessoa.
— Você está deixando transparecer seus preconceitos.
— Do que você está falando?
— Você não pode sair comigo porque vou a vários eventos na cidade ou porque
trabalha para mim?
— Na verdade, detesto quando você me dá ordens sem que seja em algum
assunto relacionado a trabalho.
— Pode me dar um exemplo?
— Hoje à tarde. Foi só eu aceitar sair com você hoje que já começou a
determinar o que a gente ia fazer e onde se encontrar.
— Você poderia ter dito não.
— Poderia, sim. Deveria ter dito não.
— Estou com a impressão de que estamos falando em círculos sem ir direto ao
assunto e isso me incomoda.
— Tudo bem. Lá vai. No Havaí foi maravilhoso. Não podia ter imaginado férias
tão perfeitas. Mas as férias acabaram. Sim, claro que a gente tem atração um pelo
outro. Você quer estimular isso. Eu quero ignorar e é por isso que estou aliviada de
estar me mudando para outro departamento na semana que vem Vamos esquecer do
Havaí e seguir com as nossas vidas.
— Acho que já tentamos fazer isso. Mas eu pele menos vi que era impossível
depois de ter conhecido você melhor.
— Não posso fazer isso — disse em voz baixa. O silêncio na sala estava
carregado de emoção. Ele ficou calado, olhando o café. Quando voltou a
olhar para Jodie, disse:
— Eu levo você em casa. — A voz era desalentadora.
Jodie esperou até chegar no apartamento e desabou em lágrimas.
Na semana seguinte, Jodie já estava no novo departamento. Dean havia
contratado uma das mulheres que ela havia recomendado. Seu nome era Candace
Rudin e parecia ser bastante competente. Jodie tinha planejado passar vários dias
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com ela, mas Candace aprendeu rapidamente a rotina, como mexer no sistema e a
forma como Dean gostava de trabalhar.
Na área de engenharia, Jodie estava determinada a aprender tudo o mais
rápido possível. Várias semanas se passaram e Frank foi muito prestativo, respon-
dendo pacientemente a todas as perguntas de Jodie sobre a nova função.
Já estava lá há dois meses, quando Frank deixou um envelope na mesa de
Jodie. Ela olhou sem entender.
— Hoje não é dia de pagamento, é? Ele balançou a cabeça.
— Não. É hora de você aprender na fonte original sobre as instalações dos
nossos equipamentos. Essa é uma passagem de avião.
Uma passagem de avião. Que ótimo.
— Será que existe alguma possibilidade de eu ir de ônibus ou carro?
— Infelizmente, não. Além disso, não vou poder ir. Logan disse que vocês já
estiveram nessa empresa, faz sentido que você veja o próximo passo. Ele vai com
você para mostrar o que deve ser feito.
Só havia uma empresa que eles haviam visitado e tinha sido em Honolulu. Ela
pegou o envelope e olhou o destino da passagem que confirmou suas suspeitas. Olhou
para Frank.
— Ainda não terminei o meu projeto — ela lembrou a ele.
— Não tem problema, não estamos com pressa desse projeto. Também vão ser
poucos dias no Havaí, no máximo quatro.
— Ah — ela tentou sorrir. — Que bom, então. Quero dizer, vou gostar de
fazer parte do processo de instalação. Só estou surpresa que seja o Dean quem vá
fazer isso.
Frank deu de ombros.
— Tenho que admitir que ele não instala nada há algum tempo. Provavelmente,
quer praticar para não enferrujar. Mas você já sabe como ele é e não vai ser pega de
surpresa quando ele começar a resmungar porque você não está trabalhando rápido o
suficiente. É só ignorar o mau humor dele.
— Vou fazer o possível.
CAPÍTULO DOZE
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para os escritórios do Furukawa. — Ele fez uma pausa. — Também acho que vai
gostar de visitar as ilhas outra vez.
— A gente vai ficar no condomínio?
— Não, Candace fez reservas num hotel em Honolulu.
— Ah.
— Vamos para o portão de embarque?
Ela fez que sim.
No corredor que dava no portão, ele continuou a caminhar num ritmo acelerado
e Jodie acabou falando.
— Dean, não dá para acompanhar você com esses sapatos altos. Será que dá
para andar um pouco mais devagar?
Ele parou imediatamente e esperou que ela o alcançasse.
— Desculpe-me, estou com a cabeça ocupada com outras coisas.
Eles encontraram um lugar para se sentar, apesar de o local de espera estar
lotado. Dean deu uma olhada no avião pelo vidro.
— Parece que eles estão terminando de carregar as malas e a comida — olhou
para o relógio. — Devemos embarcar daqui há pouco. Você trouxe alguma coisa para
ler no avião?
— Está na minha bolsa.
Dean não era do tipo que gostava de puxar conversa afiada.
— Dean?
— Sim.
— Olha, sei que essa situação é meio esquisita para nós dois e agradeço por
ter me trazido para essa tarefa. Sei que você não precisava ter vindo.
— Na verdade, achei que Furukawa precisa saber que o negócio dele é
importante para mim. Estivemos em contato durante as últimas semanas discutindo o
contrato e decidindo o que deveria ser instalado na companhia dele. Instalar o
sistema para mim tem ama importância pessoal.
— Vamos começar hoje à tarde?
— Não com o trabalho em si. Vamos à empresa dele, para cumprimentá-lo e
convidá-lo para jantar. As instalações, mesmo, só começam amanhã. Não deve levar
mais de dois dias se tudo correr bem.
A aeromoça avisou que era hora de embarcar e eles se levantaram.
Assim que descobriu que ia viajar novamente de avião, Jodie procurou seu
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médico e pediu um remédio que a ajudasse a lidar com o medo de avião. Ele
prescreveu um remédio para ansiedade e pediu que ela tomasse meia hora antes do
avião decolar. Ela havia tomado no café da manhã e já se sentia bem relaxada.
— Você prefere sentar na janela ou no corredor? — Dean perguntou ao chegar
na fileira onde iam ficar.
— No corredor, por favor — Jodie respondeu. Ela pegou uma revista que
estava dentro de sua bolsa e começou a ler.
— Você está bem?
— Acho que sim. Estou.
Jodie notou que ele não acreditou nela. Mas a verdade era que estava
começando a se acostumar com os vôos, agora que era uma das representantes da
companhia.
Quando o avião decolou, estava quase dormindo. Havia dormido muito mal,
pensando no reencontro com Dean. Sono mal dormido combinado com o remédio
ansiolítico fez com que ela dormisse a viagem toda.
Dean aproveitou para ficar olhando para ela — a forma dos lábios, os cílios
longos, a curvinha do nariz. Tinha sentido saudade de Jodie todos os dias. Quando
percebia que estava indo para o departamento de engenharia só para vê-la, dava
meia-volta e se xingava por isso.
Até nos sonhos Jodie aparecia. Neles, faziam amor, conversavam, passeavam.
Ele nunca estava sem ela nos sonhos, o que fazia com que o despertar fosse um
martírio, ao descobrir que estava sozinho e que nada daquilo era real.
Dean não conseguia entender por que isso acontecia. Será porque não saíra
com nenhuma mulher desde a última viagem ao Havaí? Não estava tão interessado em
Rachel para satisfazer as necessidades sexuais dela. O que foi a razão principal para
que os dois terminassem.
Passaram um fim de semana juntos, uma espécie de última chance para a
relação. Os sonhos com Jodie eram mais satisfatórios do que a presença de Rachel.
Essa viagem seria uma prova para Dean; uma prova de que as fantasias com
Jodie eram absurdas e que nunca iriam se concretizar. Candace tinha feito uma
reserva de uma suíte com dois quartos. De qualquer forma, não iriam passar muito
tempo no hotel.
Aquela era uma viagem apenas profissional.
O que ele tinha que fazer urgentemente era encontrar alguém legal para
namorar; uma mulher loura, de olhos azuis, bonita e atraente, divertida e com um
bom papo, alguém que o fizesse rir. Alguém como Jodie.
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* * *
Dean acordara Jodie quando estavam quase pousando em Los Angeles. Depois,
tiveram pouco tempo para fazer a conexão. Durante todo este tempo mal se falaram.
No outro avião, Jodie lera um pouco mais da revista que tinha comprado, mas
adormeceu na primeira hora. Ao chegar em Honolulu, sentia-se descansada e pronta
para trabalhar.
Ao chegarem no hotel, descobriram que tinham uma vista do quarto que era
magnífica. Os quartos estavam localizados em lados opostos no corredor da suíte.
Encontraram-se com Steve Furukawa em seu escritório e lá mostraram as
plantas das instalações e os procedimentos. Dean respondeu todas as perguntas
prontamente e Steve ficou muito satisfeito. O trabalho começaria no dia seguinte.
Steve concordou em jantar com eles, mas Jodie não quis. Depois que Dean saiu
do hotel para o almoço, ela trocou de roupa e foi caminhar na praia.
Tinha um fato difícil para encarar: estava apaixonada por Dean Logan. Não
tinha certeza de quando exatamente aconteceu, mas não havia dúvidas quanto a isso.
Aquele reencontro havia provado a Jodie que durante todo este tempo ela estava se
enganando, tentando se convencer de que tudo não passava de fogo de palha. Claro,
que não tinha nenhuma intenção de revelar seu sentimento a ele. Não era tão burra
assim.
Ficou pensando se não teria alguma macumba ou simpatia que pudesse ajudar a
esquecer Dean. Não perderia tempo em tentar.
Ao chegar no hotel, depois do passeio, o exercício havia feito muito bem a ela.
Estava cansada e contente. Com sorte, não teria dificuldades para dormir, pois o dia
seguinte seria um longo dia.
Quando Jodie abriu a porta da suíte, ficou surpresa ao ver Dean lá. Estava
sentado na varanda com os pés em cima da mesa, tomando um drinque.
— Como foi o jantar? — ela perguntou, indo na direção da varanda.
— O jantar estava bom e gostei de ter conhecido Steve um pouco mais. Me
falou um pouco da família e de como eles vieram do Japão até aqui. Steve é um cara
interessante.
Jodie sentou-se ao lado dele.
— Tem algo neste lugar que o faz ser tão mágico. A essência das flores, a
brisa morna. Fica difícil acreditar que tem um outro mundo lá fora.
— Vi você andando na beira do mar e fiquei aliviado. Fiquei preocupado quando
não vi você no hotel.
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Boa-noite?
Ele a deixou completamente louca de desejo e tudo o que fez foi dar boa-
noite?
Ela ficou irritadíssima. Respirou fundo para se acalmar. Como se atreveu a
começar algo que não poderia terminar?
Ela deveria agradecer.
Deveria estar grata por não ter rolado nada.
Ela foi para o quarto, mas, em seguida, foi na direção do quarto dele possessa.
Sem bater, entrou escancarando a porta. Não viu Dean, mas sabia que ele estava lá.
— Você jogou baixo, Dean Logan! Como se atreve a começar algo e depois ir
embora como se nada tivesse acontecido!
Bateu a porta com força e voltou para o quarto, batendo novamente a porta.
Os homens eram todos iguais. Só porque ela não quis namorar, só porque ela
sabia que fazer amor com ele seria o pior a fazer, não significava que ele poderia
deixá-la daquele jeito, depois de um beijo tão quente.
Tirou a roupa e foi para o chuveiro. Somente um bom banho frio iria conseguir
esfriar seus nervos. Ligou a ducha com toda a força e se meteu de baixo da água
fria. Por isso, não ouviu quando Dean entrou no quarto. Só soube da presença dele,
quando Dean entrou no boxe, totalmente nu com um sorriso nos lábios.
CAPÍTULO TREZE
Que pena não ter levado uma câmera para fotografar a expressão no rosto de
Jodie quando o viu.
— Você está sempre certa — ele disse suavemente. — Um cavalheiro nunca
deve começar algo que não pretenda terminar. — Tirou a bucha da mão trêmula de
Jodie e disse — Vire-se que vou esfregar suas costas.
Ela olhou de cima a baixo e piscou incessantemente. Se achava que não tinha
sentira nada com aquele beijo — e foi o que ele havia achado — a situação havia
mudado completamente agora.
— Dean? — ela falou com a voz falhada, enquanto ele a virava gentilmente. Ele
desceu com a bucha do pescoço até o bumbum delicioso de Jodie.
— Sim.
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mãos de Dean, que estava estavam na barriga de Jodie, foram descendo até o ninho
louro e úmido dos pêlos dela.
Jodie pegou na mão dele, fazendo um convite para que fosse mais além e ele
sentiu que estava molhada e quente por ele. Ele se moveu, encaixando-se entre as
pernas de Jodie, desceu a cabeça até lá dando beijos.
Ela deu um pulo como se tivesse sido eletrocutada e murmurou palavras
ininteligíveis enquanto ele estava concentrado em dar e ter prazer. Rapidamente, ela
chegou ao clímax e gemia loucamente. Dean aproveitou o momento para penetrá-la.
Jodie o abraçou, quase fora de si, e ele murmurou palavras sensuais no ouvido
dela. Ofegantes, os dois entraram num movimento ritmado e lento, o que custou
muito a Dean, que já estava a ponto de explodir.
Finalmente, Dean desistiu de manter o controle e gozou dentro de Jodie,
enquanto ela chegava ao orgasmo segundos depois.
Ele desabou, em seguida. Tomou cuidado para que o peso de seu corpo não
machucasse Jodie. Depois se virou e deitou ao lado dela.
Ficaram na cama em silêncio por longos minutos, sentando ganhar fôlego.
— Uau. — Jodie murmurou.
— Uau é pouco.
Ela se virou de lado e ficou olhando para ele, o que o deixou um pouco nervoso.
— O que você está pensando? — ele perguntou ao ver que ela permanecia em
silêncio.
— Não consigo pensar em nada, no momento — ela respondeu.
Ele se levantou e foi ao banheiro, pensando se ela já teria se arrependido do
momento de intimidade dos dois.
Jodie ficou olhando a porta do banheiro fechar, procurando encarar o que
acabara de fazer com Dean. Não podia negar que ele era um arraso na cama. Per-
cebeu que tudo que estava querendo era sexo, mas o que acabou experimentando foi
amor.
Pouco depois, ele abriu a porta e pôs a cabeça para fora.
— Quer tomar outro banho comigo?
— Quero — ela sorriu.
Apesar de saber que ele já tinha visto tudo que queria, ficou inibida ao entrar
no chuveiro com ele.
Ele não perdeu tempo e envolveu ambos os seios de Jodie com as mãos,
beijando cada um deles. Olhou para ela, em seguida, com uma expressão de interro-
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gação no rosto.
— Não era isso que eu esperava.
— O quê?
— Desejo você mais do que antes.
Ela olhou para o membro dele.
— Dá para perceber.
— Mas não quero que pense que sou um tarado — ele a pegou pelo braço e a
puxou para debaixo d'água.
Pegou o sabonete e passou nele, divertindo-se com a cara que ele fez ao passar
pelo seu membro ereto. Depois, passou sabão nas costas dele e achou que aquela
visão era tão sexy e gostosa quanto a da frente.
Ele retirou a espuma e ensaboou Jodie, depois a enxaguou antes de levantá-la
ajeitando as pernas dela ao redor da cintura.
Ela se abriu toda para ele e Dean a imprensou contra a parede deslizou para
dentro dela. Jodie fechou os olhos, abraçou-o pelo pescoço e deixou que o prazer a
invadisse.
— Jodie?
— Hum?
— Precisamos levantar. Já são quase seis da tarde. Ela abriu os olhos.
— Já? Como isso aconteceu? Parece que acabei de pegar no sono.
— Porque foi o que aconteceu. Sinto dizer que fiz você ficar acordada a noite
toda. Se a gente correr, ainda dá tempo de comer alguma coisa antes de ir para o
trabalho.
Assim que ele saiu do quarto, Jodie não perdeu tempo e saiu da cama. Vestiu-
se rapidamente, penteou os cabelos e os prendeu num rabo de cavalo.
Dean estava esperando no hall, quando ela saiu do carro. Vestia uma jaqueta
esportiva, calça e a camisa social semi-aberta.
Resolveram comer no restaurante do hotel. Jodie deu um gole no café e olhou
pela janela. Quando re-lanceou para Dean, ele estava olhando para ela intensamente.
— O que você está pensando? — ela perguntou.
— Tenho medo que você já tenha se arrependido do que aconteceu ontem à
noite.
— E tarde demais para arrependimentos.
— Mas você preferiria que não tivesse acontecido?
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— Também não quero comer fora. Diga-me o que quer comer que vou pedir
enquanto você toma banho.
Não lhe importava. Não estava com fome. Só queria ficar sozinha um pouco.
— Uma salada grega.
Enquanto ele foi ao telefone, Jodie foi para o quar- D e fechou a porta,
apoiando-se e olhando para a ama com vontade de se deitar naquele instante. Ela K
desgastou muito a tarde toda tentando se concentrar no que Dean a ensinava em vez
de pensar na noite de amor que tiveram.
Estava perdidamente apaixonada por ele. O problema era que ele não parecia
disposto a levá-la a sério. Se continuasse saindo com ele depois de voltarem para
Chicago, quanto tempo mais levaria até que de desse um chute na bunda dela?
Na banheira, ela relaxou com a água quente, apoiou a cabeça e fechou os olhos.
Dean olhou no relógio quando a comida chegou. Não havia escutado Jodie fazia
mais de meia hora. Bateu na porta dela.
— Jodie, sua salada chegou? Está pronta para comer?
Ela não respondeu.
Ele abriu a porta e olhou para dentro do quarto. Só havia luz no banheiro.
— Jodie? — ele sentiu um frio na barriga de nervoso.
Dean entrou e foi até o banheiro. Encontrou Jodie adormecida na banheira.
Ficou emocionado, mas não sabia bem por quê.
— Jodie — disse um pouco mais alto.
Ela abriu os olhos assustada e deixou espirrar água no chão ao tentar se
sentar.
— Desculpe entrar assim, mas chamei você para comer e como não respondeu
fiquei preocupada — ele se virou e saiu.
Parecia irritado, pensou Jodie. Riu. Ele sempre parecia irritado, não era
nenhuma novidade. Jodie pegou um roupão que estava atrás da porta e foi para a
sala. Encontrou Dean olhando pela janela, com as mãos no bolso. Pôde ver o rosto
dele pelo reflexo do vidro e reparou que estava chateado.
— Desculpe ter demorado tanto. Mas como você viu, acabei caindo no sono na
banheira.
Ele se virou e foi para mesa onde estava a comida.
— Devo a você um pedido de desculpas por tê-la feito trabalhar tanto hoje.
Estou acostumado a me cobrar ao máximo para terminar um trabalho.
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— Não tem problema — ela se sentou à mesa. — Por que você não comeu logo?
Sua comida já deve estar fria.
— Eu não ligo.
Os dois comeram num silêncio constrangedor. Ao terminarem, Dean se
levantou e foi para o sofá.
— Queria conversar com você, se não se incomoda.
— Claro — disse e se sentou ao lado dele.
— Quero me desculpar por ontem à noite. Não tinha o direito de ir ao seu
quarto e entrar no chuveiro com você. Posso alegar insanidade temporária?
Então era por isso que ele estava tão chateado? Ela sorriu.
— Depois do que lhe disse qual homem de sangue quente como você não teria
feito o mesmo?
Os ombros tensos de Dean relaxaram e ele sorriu.
— Mesmo assim, estou com a consciência pesada preciso fazer uma confissão.
Trouxe você nessa agem com a esperança de que algo fosse acontecer entre nós dois.
— Eu suspeitei. Você é um homem muito determinado quando resolve que quer
conseguir algo. E, pelo visto, eu era uma das metas da sua lista. Mas não se esqueça
de que quando um não quer dois não brigam.
— Mas você não gosta de sexo casual.
— É verdade. E acho que a gente não deve continuar ficando depois que
voltarmos para casa. Seria esquisito demais para nós dois. Eu admiro e respeito você
— e o amo muito — mas não posso dar o que você quer.
— O que quero exatamente? — ele se levantou e ficou andando pela sala.
— Um caso para preencher suas horas vagas, que aceite qualquer coisa sem se
deixar envolver. Alguém como Rachel.
— Achei que tivesse deixado claro que não estou mais vendo a Rachel. Na
verdade, ninguém — disse, parecendo frustrado. — Você falando assim, parece que
sou um cara superficial e insensível.
— Não foi minha intenção. É que a sua dedicação à companhia é total e não
sobra espaço para mais nada além de uma companhia casual.
— E você não é do tipo que seria uma companhia casual, já entendi.
— Infelizmente, não. Mas você nunca teve problemas em encontrar mulheres
que aceitem essa situação.
Dean parou de andar e olhou bem para ela.
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— O que você quer de mim? Tenho que jurar que as minhas intenções são
nobres? Que quero me casar e ir morar numa casa no subúrbio, ter uma família e uma
rotina doméstica?
Ela olhou bem nos olhos dele antes de dizer.
— Nunca pediria isso a você.
— Que bom, porque não sou esse tipo de homem.
— Eu sei — ela murmurou.
— Então ontem à noite o que aconteceu foi um equívoco e não vai se repetir.
— Exatamente.
— Tudo bem, vou sobreviver. Pelo menos, posso perguntar se foi tão bom para
você quanto foi para mim?
— Foi sensacional — ela sorriu.
— É, foi sensacional — disse com uma voz carregada de emoção.
Ficaram em silêncio por vários minutos.
— É melhor irmos dormir. Amanhã vai ser outro longo dia.
Jodie se levantou.
— Boa-noite, Dean. — Jodie se levantou e foi para o quarto.
Ele ficou ali sentado por um bom tempo, olhando para o nada. Num movimento
impulsivo, se levantou saiu da suíte e foi para a praia.
Ficou andando pela beira da água até amanhecer.
CAPÍTULO QUATORZE
— Senhor Logan, o senhor Greenfeld está aqui para falar com você.
Candace Rudin aprendera suas funções com muita facilidade. Era pontual,
eficiente e discreta. Uma secretária exemplar.
Mas, sentia falta de Jodie e a saudade piorava a cada dia... como secretária,
claro.
Candace era uma mulher muito boa. Um pouco formal demais. Disse que não se
sentia bem chamando-o pelo primeiro nome. Vivia sozinha, com dois gatos, desde que
o marido morreu. Os três filhos já estavam crescidos. Ela não se incomodava de ficar
até mais tarde e aturar o mau humor de Dean.
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ditar.
— Que dia lindo — disse Lynette, deitada sobre um cobertor na grama de um
dos parques de Chicago. — Estou tão feliz de termos feito esse piquenique. Jodie
concordou com a cabeça. Tinha Emily no seu colo e brincava com ela enquanto Chuck
jogava bola com os meninos.
— Eu também.
— Como é que você se sente de ter finalmente se formado?
— Um pouco perdida, na verdade. Não sei o que fazer com minhas horas vagas.
— Você sabe que eu e Chuck adoraríamos que você fosse lá em casa mais
vezes. Mais ainda se quisesse ficar com as crianças para sairmos. — Lynette deu uma
risada maliciosa e, de repente, gritou — muito bem, Kyle! — voltou a olhar para a
irmã. — Você quase não fala mais do trabalho. Por quê?
— Não tem muito o que falar. Estou aprendendo tanta coisa ao mesmo tempo,
que às vezes o meu cérebro pifa. Mas estou gostando muito.
— E você ainda não quer falar do Dean, não é?
— Não tenho nada para falar sobre ele. Não o vejo... — ela perdeu a voz.
— O que foi?
— Se não estou enganada, quem está vindo ali é o próprio Dean Logan.
Lynette se sentou.
— Jura? Onde?
Jodie apontou com a cabeça.
— Está brincando. Ele é um gato. E você sempre me disse que ele parecia um
homem feito de pedra. Esse sorriso que ele tem é de arrasar. E acho que é para você.
— Oi — ele disse ao se aproximar. — Achei que fosse você. — olhou para
Lynette e voltou a olhar para Jodie. — Posso me sentar com vocês?
Antes que jodie conseguisse encontrar uma palavra para dizer, Lynette deixou
um espaço no cobertor.
— Será um prazer, não é Jodie? — Lynette perguntou com um olhar
zombeteiro.
Ele se sentou sem esperar pela resposta de Jodie.
— O que você está fazendo... — Jodie ia perguntando, mas foi interrompida
pelos meninos.
— Oi! — disse Kyle. — Você conhece a tia Jodie? A gente tem pijama na casa
dela e...
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— Se você não quiser que eu vá, posso inventar uma desculpa — Dean disse
calmamente.
Ela balançou a cabeça, incapaz de dizer algo.
— Qual o problema deu querer conhecer sua família?
— Nenhum, mas por que você quer conhecer minha família?
— Porque, morri de saudades de você. Achei que fôssemos amigos.
Trabalhamos juntos durante anos como colegas e agora me sinto sem chão sem você.
— Estou me preservando, Dean. Achei que a gente já tivesse se entendido.
Não quero me machucar.
— Nunca faria isso com você.
— Não de propósito, tenho certeza.
— Vamos fazer um trato. Vamos sair juntos por três meses como amigos.
Somente amigos. Só quero ficar um pouco com você, nada mais.
— Amigos? Você acha que a gente consegue fazer isso?
— Se você conseguir, eu consigo — disse sorrindo.
— Muito bem, amigo, é melhor irmos logo para casa da minha irmã, antes que
ela mande o Chuck procurar pela gente.
CAPÍTULO QUINZE
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Jodie pegou uma travessa com salada e outra com espaguete e foi andando
para a sala de jantar.
— Achei que fosse gostar do fato de eu não estar falando feito uma matraca,
como você gosta de dizer.
Lynette seguiu Jodie, com uma tigela cheia de molho de tomate para o
macarrão. Na outra mão levava uma cesta de pães torrados com alho.
Jodie podia escutar Dean e Chuck conversando como velhos amigos, na sala de
estar.
As irmãs pararam em frente à mesa para se certificarem de que não estava
faltando nada para o jantar. Lynette olhou de relance para Jodie.
— Você está me escondendo alguma coisa, não é, maninha?
O coração de Jodie disparou.
— O que você quer dizer?
— O cara é mais do que apenas chefe para você. O jeito como ele a olha diz
tudo.
— Por favor. A gente se conhece há anos. Sempre tivemos muita intimidade
desde a época que trabalhava como secretária dele.
— Não está mais aqui quem falou, querida — Lynette respondeu. Foi até a sala
de estar e anunciou: — Desculpe interromper a conversa animada, rapazes, mas o
jantar está na mesa.
Em cinco minutos, Dean já havia conquistado toda a família Patterson. Seu
comportamento contradizia tudo o que Jodie dissera sobre ele à irmã e ao cunhado.
Dean interrompeu os pensamentos pessimistas dela.
— Jodie, por que a gente não pega um cinema amanhã e, quem sabe, jantamos
depois?
Antes que ela pudesse responder, Kent perguntou de repente.
— Ela é sua namorada, não é, senhor Logan? Pronto, só faltava essa. Jodie
queria se esconder debaixo da mesa.
— Bem, Kent — Dean respondeu, ganhando mais pontos da família por ter
lembrado o nome dele. — Somos amigos. Muito bons amigos.
Kyle entrou em ação.
— Você vai se casar com ela?
O rosto de Jodie parecia um pimentão quando Chuck interviu para que o
menino não fosse longe demais.
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queria dela. A única forma de acabar machucada seria se esperasse algum tipo de
compromisso sério por parte de Dean, pois sabia que isso nunca teria dele. Uma das
razões por que os namoros de Dean terminavam era porque as mulheres acabavam
querendo casar com ele.
Lynette tinha toda a razão. Ela precisava se animar. Não seria o fim do mundo
quando ele acabasse partindo para outra. Ela sobreviveria.
Passou uma hora tentando decidir o que vestir para o programa do dia
seguinte.
Ao chegar em casa, Dean se perguntou porque havia dito amor ou guerra. Sair
com Jodie não era nem amor nem guerra. Apenas sentia falta dela. Sempre gostou da
sua companhia, que mal havia nisso?
Ela tinha deixado claro que não iria para a cama com ele. Não gostava da idéia,
mas aceitara em troca de poder ter Jodie de volta em sua vida.
Dean olhou para a pilha de papéis que havia trazido do trabalho. Será que teria
tempo de estudar os documentos? Não hoje à noite. Daria uma olhada na manhã
seguinte antes de sair para buscar Jodie. Nunca deixara que a vida social
interferisse no trabalho. No entanto, o que não conseguisse rever no fim de semana,
deixaria para segunda-feira.
Havia gostado muito ver Jodie e conhecer sua família. Ele e Chuck haviam se
dado muito bem. Chuck fora gentil sem ser exagerado e o nome de Jodie sequer foi
mencionado na conversa entre os dois.
Já na cama ficou pensando em Jodie até cair no sono.
— Não me lembro da última vez em que ri tanto. — Jodie disse a Dean ao
saírem do cinema, de mãos dadas como um casal de adolescentes. — Minha bochecha
está doendo. Que filme engraçado.
— Que bom que você gostou — ele respondeu sorrindo.
Ela também gostou das carícias que ele fez na mão dela durante o filme. Dean
caiu na gargalhada algumas vezes e contagiou Jodie. Talvez, ela realmente tivesse
uma boa influência sobre ele.
Escolheram um restaurante grego para jantar. Quando estavam comendo a
salada, Jodie perguntou:
— Continua tudo bem com a senhora Rudin?
— Ela é muito eficiente. O que percebi foi que eu e você sempre discutíamos
sobre negócios e que muitas vezes você foi minha conselheira em muitos assuntos. Só
percebi isso depois que você foi embora.
— Se precisar de alguma ajuda, sabe que pode contar comigo.
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CAPÍTULO DEZESSEIS
Jodie abriu a porta no sábado à noite e ficou extasiada ao ver Dean Logan num
smoking impecável. Estava lindíssimo. Os ombros largos a lembrar como nunca
fizeram como eram por debaixo da roupa.
— Entre — falou com a voz fraca.
— Cheguei cedo demais, desculpe.
— Não precisa se desculpar — pegou a bolsa e fingiu não perceber que ele não
tirava os olhos dela. Em uma de suas andanças no shopping, encontrou o pretinho
básico perfeito. Apesar de simples, o caimento do vestido era divino.
Dean deixou claro que havia aprovado e que a desejava naquele instante.
Que amizade aquela! Quem ela achava que estava enganando?
Apanhou o xale e colocou ao redor dos ombros. Desceram no elevador em
silêncio. No carro, Dean disse:
— Será que vou estar ultrapassando as fronteiras da nossa amizade se disser
que você está de matar, nesse vestido?
— Obrigada — ela sorriu — Já decidiu o que vai falar no discurso, hoje?
— Acho que sim. Nunca digo o que escrevo, mesmo. Só sei que vai ser curto.
Estacionaram no local do evento e ao saírem do carro viram outras pessoas em
trajes de gala indo rumo à entrada do hotel. Dean guiou Jodie na mesma direção.
Várias pessoas o cumprimentaram enquanto a olhavam com curiosidade. Dean a
apresentou àqueles que vieram falar com ele.
Estavam chegando no salão de dança quando uma voz atrás deles disse:
— Dean! Achei que fosse você. Nunca pensei que fosse encontrar você num
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Jodie sorriu educadamente, torcendo para que aquela noite acabasse logo.
— Que eu saiba, não.
— Que pena. Suponho que você já tenha rastreado sua árvore genealógica da
Escócia.
— Ainda não.
— Genealogia é uma coisa fascinante. Vai gostar. Jodie ficou aliviada quando o
garçom chegou com
a entrada e, então, a conversa tornou-se mais geral.
Odiava se sentir deslocada. Pensou em dizer à mulher que sua mãe era
garçonete em Phoenix só para ver qual seria sua reação.
Ao fim do jantar, Dean foi chamado para discursar.
Por que estava tão nervosa por ele? Não tinha a menor idéia e a verdade era
que ele parecia mais calmo e tranqüilo que ela.
Em poucos minutos de discurso, Dean havia deixado a platéia fascinada. Ele
começou por sua experiência pessoal e falou de sua dor ao ver uma pessoa amada se
deteriorando pelo Mal de Alzheimer. Nunca sentira tanto orgulho dele.
Após o discurso as pessoas o aplaudiram e ele pediu que todos aproveitassem o
resto da noite e fossem dançar. O salão de dança encheu rapidamente e as mesas
estavam quase todas vazias quando Dean retornou.
— Vamos dançar?
Jodie se levantou e foi com ele para o salão.
— Fiquei impressionada com seu discurso. Seu relato tão pessoal e sincero
deixou todo mundo emocionado.
— Como lhe disse, acabei não falando nada do que escrevi.
— Você é um homem de muitos talentos, sr. Logan.
Ele a trouxe para mais perto e Jodie apoiou a cabeça no seu ombro. Ela ficou
surpresa ao sentir o coração de Dean batendo rápido e olhou para ele.
— Desculpe, mas é assim que eu fico quando estou perto de você.
Só então ela também percebeu que ele estava excitado. Não conseguiu não
corar.
— Quer parar de dançar? — ele perguntou.
— Dean, você está complicando as coisas para mim.
— Não é sua culpa, nem minha, se fico assim por sua causa. — Continuaram
dançando, mas se afastou um pouco de Jodie. — Essa história de amizade não está
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funcionando.
Ela balançou a cabeça e não conseguia falar. Foi então que tomou uma decisão.
— Está bem.
— Está bem o quê?
— Vou dormir com você hoje à noite. Ele parou de dançar.
— Não entendi? — passou os braços pela cintura de Jodie. — Diz que você não
está brincando?
— Estou falando sério — disse fazendo que sim com a cabeça.
— Temos que ir embora agora. — Ele a pegou pelas mãos e foram na direção
da saída antes de a música terminar.
Jodie ficou calada enquanto os dois esperavam que o guardador trouxesse o
carro. Não disseram uma palavra no trajeto todo. Jodie percebeu que estava louca
de desejo, uma necessidade que tentou ignorar por semanas. Ela o queria, o queria
agora.
A porta do apartamento de Jodie mal se fechou e ele já estava com ela no
colo, as pernas dela envolta na cintura e as costas de Jodie contra a parede. Abriu o
zíper da calça com dificuldade e praticamente rasgou a calcinha de Jodie, ao
arrancá-la.
Apaixonados e selvagens os dois chegaram ao clímax em questão de minutos.
Dean a agarrou com força e foi andando com ela no colo — com dificuldade, já que
tinha as calças amadas na altura dos tornozelos — até o quarto e lá a acomodou com
cuidado na cama.
Ela ficou observando-o tirar o smoking e o deixou tirar seu vestido e o sutiã.
Ainda sem falar, ele se deitou na cama com ela e não demorou muito para que os dois
voltassem a fazer amor. Mas dessa vez, suave e demoradamente. Jodie sabia que
nunca esqueceria daquela noite
Ele partiu de madrugada.
Na manhã de segunda-feira, Jodie pediu demissão a Frank. Na parte da tarde,
já estava na estrada indo rumo ao sul.
CAPÍTULO DEZESSETE
No domingo, Dean ligou para a casa de Jodie diversas vezes, mas ninguém
atendeu. Pensou que talvez tivesse ido à casa da irmã e ficou tentando ligar para lá
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CAPÍTULO DEZOITO
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comentando que você estava visitando sua mãe — fez uma cara feia para ela. — Você
foi embora sem me dizer uma palavra e quis descobrir o que tinha feito para ofendê-
la.
Essa era exatamente a razão por que havia fugido de Chicago; para evitar ter
que dar explicações.
— Você não fez nada de errado, Dean — disse finalmente.
— Andei pensando sobre nossa última noite juntos. Você não deu nenhuma
pista ou indireta de que estava planejando ir embora. Posso perguntar o que fez você
tomar essa decisão tão precipitada de abandonar o trabalho e a cidade?
— Foi uma decisão muito pessoal. Não contei para ninguém.
— Fiquei chocado quando soube que tinha pedido demissão. Você gostava tanto
do que fazia.
— Dean, não quero discutir esse assunto.
— O problema é que me sinto um idiota. Fiquei fingindo que não me incomodava
se nunca mais a visse, quando na verdade, e só depois me dei conta disso, o que queria
e quero era ficar com você o tempo todo — ele fez uma pausa e esfregou as mãos no
rosto. — Não estou sabendo me expressar direito. O que quero dizer é que o que a
gente tem é precioso demais para deixar se perder. Quero compartilhar o meu
futuro com você. Achei que se viesse aqui hoje e lhe dissesse que finalmente percebi
que estou completamente apaixonado por você, e sabe-se lá há quanto tempo, que
talvez você se casasse comigo.
Sim, agora ela tinha certeza que estava tendo alucinações. Dean Logan a
pedindo em casamento? Dava vontade de rir... mas a última coisa que sentia vontade
de fazer naquele momento era rir.
— Faz menos de dois meses que você me disse que não era o tipo do cara para
casar e ter uma família e filhos, lembra? Nada de casa no subúrbio para você. Nem
crianças para reclamar e choramingar.
Ficou orgulhosa do seu curto discurso. Pena que estava tremendo do início ao
fim.
— Aquele era um homem que não existe mais, que não sabia que era tarde
demais para ficar falando tanta besteira.
— Besteira?
Ele se inclinou na direção dela e a pegou pela mão.
— Já deve estar fazendo uns quarenta graus e você está gelada — ele se
levantou e foi para dentro de casa. — Vou procurar alguma coisa para te esquentar.
Ela se levantou bruscamente e o seguiu. Ele na parou e foi olhando de quarto
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Desejo 34 – Convite para o paraíso – Annette Broadrick
EPÍLOGO
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