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Maiko Hortêncio Chintinguiza

Técnicas de Diversidade e Propagação na Ionosfera


(Licenciatura em Engenharia Electrónica)

Universidade Rovuma
Nampula, Maio de 2023
Maiko Hortêncio Chintinguiza

Técnicas de Diversidade e Propagação na Ionosfera

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de POA (Propagação de Ondas
e Antenas) apresentado como requisito
parcial a aprovação de Engenharia
Electrónica 4º Ano pela Faculdade de
Engenharia e Ciências Tecnológicas, na
Universidade Rovuma.
Docente: Engº Faizal Mulavua

Universidade Rovuma

Nampula, Maio de 2023


Índice

CAPÍTULO I: Introdução .................................................................................................. 3

1.1. Contextualização ................................................................................................. 3

CAPÍTULO II: Fundamentacao teórica ........................................................................... 4

2.1. Técnicas de diversidade .................................................................................... 4

2.1.1. Multipercursos ................................................................................................. 4

2.1.2. Desvanecimento............................................................................................... 4

2.1.3. Tipos de desvanecimento................................................................................. 4

2.1.4. Uso das técnicas de diversidade ...................................................................... 6

2.1.5. Diversidade – Fator de Melhoria ..................................................................... 8

2.2. Propagacao na Ionnosfera ................................................................................ 8

2.2.1. Estrutura da Ionosfera ...................................................................................... 8

2.2.2. Propagação num meio ionizado..................................................................... 10

2.2.3. Propagação na Ionosfera ................................................................................ 12

2.2.4. Propagação na Ionosfera – Máxima Frequência Utilizável (MUF) .............. 13

2.2.5. Propagação na Ionosfera – Variacoes e Perturbacoes Ionosfericas ............... 15

Bibliografia .......................................................................................................................... 16
CAPÍTULO I: Introdução

1.1. Contextualização

O uso de tecnologias sem fio vem apresentando um continuo crescimento no que se refere
ao mercado que abrange equipamentos voltados comunicação de dados. A necessidade que
os consumidores têm em obter informação de maneira rápida e dinâmica em qualquer lugar
e a toda hora tem estimulado muito esse mercado. As perdas de trajecto de rádio, varia
dependendo das condições meteorológicas que podem causar reduções correspondestes na
forca do sinal recebido. Essa redução na força do sinal é temporária e é referido como o
desvanecimento de radio, para a resolução destes problemas aplicam-se as técnicas de
diversidade neste trabalho, onde pretende-se apresentar as técnicas de diversidade
existentes, as técnicas de diversidade mais usadas, as razoes do uso das técnicas de
diversidade bem como exemplos de aplicação. Também será abordado sobre a propagação
na ionosfera, neste trabalho.

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CAPÍTULO II: Fundamentação teórica

2.1. Técnicas de diversidade

2.1.1. Multipercurso do sinal


São caminhos diferentes que o sinal pode seguir antes de chegar ao receptor, devido ao
espalhamento atmosférico ou refração, reflexão em edifícios ou outros objectos;
As múltiplas réplicas do sinal chegam ao receptor com diferentes atenuações e atrasos,
sendo somadas na antena.

2.1.2. Desvanecimento
Flutuações rápidas que o sinal sofre no receptor pelo facto da sua composição ser a soma
de muitas contribuições vindas de diferentes direcções.

2.1.3. Tipos de desvanecimento


O tipo de desvanecimento depende da natureza do sinal transmitido e das características do
canal.
Podemos encontrar os desvanecimentos classificados de acordo com o seu efeito como:
a) Efeitos devido ao espalhamento de atraso RMS:
 Desvanecimento Plano
 Desvanecimento selectivo em frequência
b) Efeito devido ao espalhamento Doppler:
 Desvanecimento Lento
 Desvanecimento Rápido

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2.1.3.1. Desvanecimento Plano e Selectivo
Denomina-se desvanecimento a variabilidade da intensidade do sinal associada aos Efeitos
devido ao espalhamento de atraso RMS (que geram os desvanescimentos plano e selectivo)
e os Efeitos devido ao espalhamento Doppler (que geram os desvanescimentos rápido e
lento).
Os cálculos de probabilidade de ocorrência de desvanecimento plano e seletivo devem ser
realizados considerando o pior mês do ano, de acordo com as recomendações da ITU-R
(International Telecommunication Union Radiocommunication Sector).
Para o desvanecimento plano, existem modelos matemáticos elaborados e aprimorados,
desde a época dos rádios analógicos até as tecnologias mais recentes. Todos os modelos
seguem a expressão geral:
𝑃𝑟 = 𝐾 ∙ 𝑄 ∙ 𝑓 𝐵 ∙ 𝑑 𝐶
K - Parâmetro que depende das condições climáticas

Q - Parâmetro que depende das condições Topográficas

f - Frequencia em GHz

d - Distância em km

Tomando como referência o modelo P 530-9 da ITU-R, o mais adequado, a probabilidade


de desvanecimento plano será dada por:

𝑃𝑜 = 𝐾 ∙ 𝑓 0,89 ∙ 𝑑 3,6 ∙ (1 + |𝜀𝑝 |)−1.4 %

K - Parâmetro que depende das condições climáticas

𝜀𝑝 - Inclinação do Enlace (mrad)

f - Frequencia em GHz

d - Distância em km

h1, h2 - Altitude das antenas em metros com relação ao nível do mar

𝐾 = 5 × 10−7 × 10−0.1(𝐶0 −𝐶𝐿𝑎𝑡−𝐶𝐿𝑜𝑛 ) 𝑝𝐿

𝐶0 - Parâmetro que depende das altitudes das antenas e tipo de terreno(0 a 10.5dB)

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𝐶𝐿𝑎𝑡 - Depende da Latitude (0 a 7dB)

𝐶𝐿𝑜𝑛 - Longitude (-3dB a 3dB)

pL – Percentual do tempo em que o gradiente do índice de refração é inferior a 100N/km


no pior mês do ano

A exemplo do que foi visto a probabilidade de ocorrência de desvanecimento plano,


também existem diversos modelos matemáticos.

A diferença é que os estudos de probabilidade de desvanecimento seletivo são mais


recentes, sendo iniciados a partir da implantação dos primeiros rádios digitais.

De acordo com a recomendação P530-9 do ITU-R, a probabilidade de desvanecimento


(fading) seletivo é calculada a partir da probabilidade de ocorrência de desvanecimento
plano:
0,75
𝜂 = 1 − 𝑒 −0,2(𝑃0 )

2.1.4. Uso das técnicas de diversidade

Técnicas de diversidade são utilizadas visando diminuir os efeitos dos desvanecimentos,


propiciando a melhor recepção possível. Sinais de percursos diferentes têm baixa
probabilidade de serem atingidos por desvanecimentos profundos simultaneamente.

Temos as seguintes técnicas:


 Diversidade espacial

 Diversidade direccional

 Diversidade em frequência

 Diversidade em tempo

 Diversidade por multicaminhos

Destas técnicas, as mais comumente utilizadas são:

 Diversidade de Espaço;

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 Diversidade de Frequência.

 Diversidade em tempo

2.1.4.1. Diversidade Espacial

Múltiplas antenas são usadas na comunicação de modo a que:

a) Na transmissão:

Várias cópias do sinal sejam enviadas, sendo que cada uma delas será afetada por um
desvanecimento diferente.

Tais cópias serão somadas na recepção.

b) Na recepção:

Combinação das réplicas de mesmo sinal recebidas por antenas diferentes.

2.1.4.2. Diversidade de Frequência

Diversidade de Frequência - O mesmo sinal é enviado por dois canais de RF com


frequências diferentes (portadoras diferentes), de forma a que o receptor possa optar qual
frequência está sendo melhor recebida em um dado instante de tempo.

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Em um rádio digital, o desvanecimento dificilmente atinge dois canais ao mesmo tempo
com a mesma profundidade. Na diversidade em frequência os dois sinais correspondem a
duas portadoras diferentes, pelo menos um dos sinais terá grandes probabilidades de num
dado instante apresentar boa relação sinal ruído (S/N). Nenhum dos sinais deve constituir a
harmónica do outro.

2.1.5. Diversidade – Fator de Melhoria

Fator de Melhoria(FM) - É uma medida que correlaciona o desempenho do sistema quando


utilizada uma contramedida:

𝑃
𝐼=
𝑃𝑐

Contramedida – medida que se destina a anular ou atenuar o efeito de outra

I - Fator de melhoria da contramedida

P – Probabilidade de ocorrência do fenómeno sem contra,edida

Pc – Probabilidade de ocorrência do fenómeno com a contramedida

2.2. Propagacao na Ionnosfera

2.2.1. Estrutura da Ionosfera

Na Ionosfera existem 3 regiões principais de ionização, que se costumam designar por


camadas D, E e F por ordem de altitude crescente. Cada região ou cada camada consiste
numa ou mais camadas, uma camada Ionosférica é quase esférica e concêntrica com a
terra. A ionização aumenta com a altitude até o valor máximo e depois diminui ou
mantém-se constante até ao aparecimento da camada seguinte, com altitude crescente a
densidade electrónica aumenta, o número de moléculas e portanto de colisões diminui com
a altitude.

A densidade de ionização e a altitude a que se encontram as camadas depende das


variações diurnas e da posição do sol.

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Camadas existirão durante a noite visto não haver radiação solar embora mais fraca, a
ionização mantém-se nas camadas D e E devido a velocidade de recombinação ser limitada
e a capacidade ionizante dos meteoritos.

A estrutura Ionosférica analisada na vertical a partir de um dado ponto na superfície


terrestre é muito dependente da posição deste ponto, isso porque a radiação solar varia com
a latitude geográfica.

2.2.1.1. Camada D

Zona de baixa densidade de ionização, ocorre apenas durante o dia e estende-se de cerca de
50Km até cerca de 100Km de altitude (também observada dos 60Km aos 120Km de
acordo com alguns pesquisadores). Nesta região a densidade de eletrões não é suficiente
para causar uma curvatura apreciável do raio de rádio. No entanto a atenuação das ondas
que atravessam a camada pode ser apreciável.

2.2.1.2. Camada E

É praticamente importante durante o dia e tem o seu máximo da densidade eletrónica entre
os 100Km a 150Km (também dita variando dos 120Km aos 180Km) mantendo contudo
uma ionização muito fraca durante a noite.

A altura da camada durante o dia é praticamente constante, e as variações de dia para noite
são pequenas.

A densidade eletrónica é menor no Inverno do que no verão.

Alem da camada E normal existe por vezes uma região muito mais ionizada e costuma
denominar-se camada E esporádica…

Esta camada não é continua mas sim constituída por zonas esporádicas tipo nuvens que
frequência a 80MHz, mas o espaço entre elas é menos ionizado e logo muito mais
transparente…

Contudo, esta camada é usualmente contínua na vizinhança dos polos magnéticos, atua
frequentemente como blindagem para as camadas superiores devido a forte absorção.

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2.2.1.3. Camada F, F!, F2

A região da Ionosfera compreendida entre os 150Km/180Km e 500Km constitui a camada


F.

Durante a noite esta camada é única, mas durante o dia subdivide-se em 2. F1 a mais baixa
e F2 a mais elevada, F1 possui altitude até cerca de 200Km não apresenta grandes
variações no espaço e sua densidade eletrónica é mais baixa no Inverno que no verão, a
camada F2 é mais elevada e mais fortemente ionizada. Apresenta variação marcada na
densidade electrónica que qualquer outra camada.

A sua altura diurna é muito dependente do aquecimento solar e varia entre 150Km e
300Km no inverno e 300Km a 500Km no verão.

2.2.2. Propagação num meio ionizado

Suponhamos uma onda plana que se desloca na direção ZZ numa região onde existem
eletrões livres. Admitamos ainda que o campo elétrico tem a direção do eixo dos XX (Ex)
e este campo tem a influência de eletrões e representa-se a força do eletrão:

𝐸𝑥 = 𝐸 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡

𝐹𝑥 = −𝑒𝐸 e é a carga do electrão

A força pode ser dada por:

A velocidade do electrão pode ser determinada pela fórmula

Se a densidade eletrónica for N eletrões por m3, a densidade de corrente provocada pelo
movimento dos electrões será:

Das equações de Maxwell tem-se:

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𝜀𝑒 − 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑛𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜

A constante dielétrica relativa poderá ser obtida a partir da expressão:

O índice de refração de um dado meio é:

Velocidade de fase:

Velocidade de grupo:

Os electrões são portanto acelerados pelo campo eléctrico e do seu movimento resultam
choques com moléculas do gás vizinho e dissipação de energia, esse efeito pode ser
considerado como força de atrito proporcional a velocidade e a frequência de colisão.

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Condutividade da cama:

A frequência de colisão depende da pressão do gás e é portanto função da altitude.

A velocidade v varia de 6x1018 colisões/s a uma altura de 50Km até 100 colisões/s a uma
altura de 400Km. Vê-se portanto que nas regiões mais altas da Ionosfera ω>>v e portanto v
se torna desprezível na equação da condutividade.

A giro frequência corresponde a frequência angular do movimento helicoidal imposta pelo


campo magnético imposto a um eletrão que se move debaixo da sua influência.

Próximo do giro frequência a atenuação da onda Ionosférica é extremamente aumentada.


Assim na banda de radiodifusão até cerca de 2MHz a atenuação é bastante elevada para
que se receba ondas Ionosféricas durante o dia. Para frequências superiores a 2MHz o
efeito do campo magnético terrestre na atenuação é desprezível.

2.2.3. Propagação na Ionosfera

O comportamento da onda incidente numa camada ionosférica depende da frequência.


Quando a frequência é baixa a dimensão das ondas ionosféricas é pequena em relação a λ
(comprimento de onda). Numa distância correspondente a este comprimento a onda
encontra variações enormes na densidade de ionização passando bruscamente de um
espaço quase dieléctrico para outro praticamente condutor.

A onda pode propagar-se atenuando-se devido a absorção troposférica e as características


imperfeitas tanto da superfície terrestre como da ionosfera para frequências elevadas e

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densidade de ionização fraca, mantendo praticamente um percurso correspondente ao
comprimento da onda, neste caso as camadas ionosféricas devem considerar-se como
zonas dieléctricas com índice de refracção.

Propagação das Ondas electromagnéticas através de reflexão ionosférica para faixa de


2MHz a 50MHz.

2.2.4. Propagação na Ionosfera – Máxima Frequência Utilizável (MUF)

MUF operacional, ou simplesmente MUF, é a maior frequência que permitiria operação


aceitável de um serviço rádio entre dois terminais em determinado tempo sob condições
específicas de trabalho (tais como antenas utilizadas, potência de transmissão, taxa de
informação, e relação sinal/ruído requerida).

MUF básica é a maior frequência na qual uma onda pode se propagar entre determinados
terminais, em um caso específico, por refracção ionosférica.

Medida mensal da MUF, que é a maior frequência recebida em 50% dos dias em
determinada hora. Isto é, frequências mais altas são recebidas mais raramente e frequências
mais baixas são recebidas de forma mais frequente.

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Existe ainda a frequência óptima de trabalho (FOT, do francês Fréquence Optimum de
Travail ou OWF, do inglês Optimum Working Frequency), que é geralmente expressa por:

FOT= 0,85MUF

Para as telecomunicações a incidência obliqua tem muito mais importância que a vertical.

A frequência máxima utilizada alem de ser naturalmente uma função da camada


ionosférica que se considera, depende também da distância entre os pontos.

Quanto mais distantes estiverem o emissor e o receptor, maior será o ângulo, e portanto
maior será a frequência máxima utilizada. O valor da frequência máxima corresponde a um
raio tangente a superfície terrestre na estação emissora.

Quando o raio de incidência é muito pequeno, MUF também diminui e aumenta a


probabilidade da onda penetrar na camada ionosférica.

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2.2.5. Propagação na Ionosfera – Variações e Perturbações Ionosféricas

A ionização das camadas ionosféricas depende fortemente das radiações ultravioletas do


sol e que portanto depende das posições relativas do sol e da terra. Haverá portanto
variações ao longo do dia, ao longo ano, das características da ionosfera.

Alem das variações diurnas e anuais, a ionosfera apresenta também variações cíclicas que
oscilam num período de aproximadamente onze anos que acompanha o ciclo da actividade
do sol. O ciclo é descrito por diversas características entre as quais o número de manchas
que se distinguem no círculo solar e quanto maior for o número de manchas mais intensas
são as radiações que atingem a terra.

Nas figuras as variações da frequência crítica são apresentadas para as épocas do ciclo em
que o número de manchas é mínimo e máximo para verão e inverno.

Nas figuras as variações da frequência critica são apresentadas para as épocas do ciclo em
que o número de manchas é mínimo e máximo para verão e inverno.

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Bibliografia

MEDEIROS, Diego da Silva. (2011). Tecnicas de diversidade. Santa Catarina: Instituto


Federal de Santa Catarina.

TEMBE, Adelino Francisco. (s.d.). Tecnicas de Diversidade e Propagação na Ionosfera.


Maputo: Faculdade de Engenharia - DEEL.

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