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Volume 2
Presidente Prudente
Editorial Centelha - CEGeT
2006
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Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
06-8461 CDD-306.360981
Projeto Editorial
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Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
Publicações
Gênero e Classe nos Sindicatos
Terezinha Brumatti Carvalhal
Geografia e Trabalho no Século XXI (Vol. I)
Organização: Antonio Thomaz Júnior ▪ Marcelino Andrade
Gonçalves
Geografia Passo a Passo
(Ensaios Críticos dos anos 90)
Antonio Thomaz Júnior
Geografia e Trabalho no Século XXI (Vol. II)
Organização: Antonio Thomaz Júnior ▪
Marcelo Dornelis Carvalhal ▪ Terezinha Brumatti Carvalhal
Revista Pegada
Versões Impressa e Eletrônica
(www.prudente.unesp.br/ceget/pegada.htm)
Próximos Lançamentos
Relação Capital x Trabalho e Dominação de Classe
na Agroindústria Canavieira Paulista
Ana Maria Soares de Oliveira
O Trabalho no Lixo
Marcelino Andrade Gonçalves
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Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
SUMÁRIO
Apresentação 5
Trabalho e Comunicação Sindical: Determinações Territoriais
da Luta de Classes
Marcelo Dornelis Carvalhal
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A Indústria de Curtimento de Couro em Presidente Prudente: a
Relação Sociedade-Natureza em Questão
Fábio Henrique Campos
44
Os Momentos Sociais da Produção e da Re-Produção: uma
Leitura a Partir da Questão da Moradia
Fernanda Keiko Ikuta
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A Territorialização da Questão de Gênero nos Sindicatos
Terezinha Brumatti Carvalhal
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Se Camponês, se Operário! Limites e Perspectivas para a
Compreensão da Classe Trabalhadora no Brasil
Antonio Thomaz Júnior
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Apresentação
Os textos que compõem essa publicação do Projeto Editorial
Centelha, Volume II do livro Geografia e Trabalho no Século XXI, são
contribuições oriundas de quatro dissertações de mestrado desenvolvidas
no Grupo de Pesquisa Centro de Estudos de Geografia do Trabalho
(CEGeT), além de um ensaio do professor Antonio Thomaz Júnior. Toda a
energia mobilizada para finalizar esse livro, nos reanima a continuarmos
nossa batalha e persistência para a realização de novos estudos no âmbito
da Geografia do trabalho.
Ao longo desse Volume, cada autor oferece elementos que nos
ajuda a pensar sobre o desafio acima posto. Podemos sintetizá-lo na
necessidade de ampliação do debate acerca do mundo do trabalho e nos
estímulos que seguem para reflexão.
Assim, Marcelo Carvalhal contribui com reflexões preciosas
sobre as implicações das transformações no capitalismo, não apenas para o
redimensionamento econômico, mas também para as redefinições políticas
entre as classes, pois atinge diferencialmente a materialidade e a
subjetividade dos sujeitos sociais, cujo significado tem apontado para o
esgotamento do modelo fordista de acumulação e regulação social em que o
novo sindicalismo no Brasil pautava suas perspectivas. Assim, a crise do
capital enseja a crise do trabalho, a prática política dos sindicatos é
colocada em questão pela sua incapacidade de frear a degradação dos
trabalhadores, o que necessariamente levanta a hipótese da falência de
paradigmas teóricos do sindicalismo. Dessa forma, para o autor é
necessário compreender o movimento sindical enquanto agente territorial e
a comunicação sindical como instrumento estratégico dos dirigentes
sindicais para fortalecerem-se na representação dos trabalhadores. Assim,
pode-se considerar a imprensa sindical como expressão das concepções
ideológicas dos sindicalistas, tendo como vislumbrar os embates que se
travam no interior destes sindicatos e a direção que está sendo assumida,
pela própria organização do modelo comunicativo.
Fábio Henrique Campos aborda a questão da separação dos
homens e da natureza, que se repete na relação homem-homem, ou seja, a
separação da propriedade da força-de-trabalho e da natureza, base fundante
da dicotomia que a ideologia burguesa se incumbirá de tornar natural na
consciência dos homens. Dessa forma, o trabalhador percebe que é
importante a atenção para o problema ambiental, no entanto este
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Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
jornada de trabalho, e isso tem mostrado que o acúmulo de funções não tem
impedido-as de participarem ativamente da vida política no âmbito sindical
e de almejarem melhores perspectivas profissionais.
Finalmente o texto do Antonio Thomaz Júnior, nos prestigia
com suas reflexões acerca dos rearranjos da ordem metabólica do capital
que adota as formas e procedimentos derivados/combinados do taylorismo-
fordismo para o toyotismo, bem como outras formas de organização do
processo de trabalho que impactam diretamente na diminuição do
operariado industrial tradicional, na expropriação de milhões de
camponeses, no aumento crescente da legião de desempregados, na
profunda redefinição do mercado de trabalho e, portanto, com expressivos
significados de esgarçamento da classe trabalhadora. O autor aponta que o
redimensionamento das configurações sociais dão sustentação a diferentes
expressões e significados do trabalho, seja nos campos, seja nas cidades, e
acrescenta novos valores e sentidos para os sindicatos, as centrais sindicais,
as associações, os partidos políticos, para os trabalhadores em particular e
para os movimentos sociais populares em geral. No mesmo eixo analítico, o
autor sinaliza a asfixia das compreensões amparadas na ortodoxia da teoria
marxista, que ao seu julgamento estão blindando a oxigenação desse corpo
teórico, quando não conseguem estabelecer vias de comunicação renovadas
com a realidade social do trabalho crescentemente refeita, isolando
formulação original e com isso negando a própria (re)construção da
dialética materialista (marxista). O autor sustenta ainda que as expressões
vivas da luta de classes mostram as fronteiras e as fragmentações da teoria
e das ideologias, o que enrijece o fosso no âmbito do trabalho e da classe
trabalhadora; então são os limites sediados no âmbito teórico-conceitual-
ideológico do marxismo e a especialização científica e da militância
política que fazem com que permaneçam os filtros e as blindagens que
mantêm os trabalhadores distanciados da totalidade social. A construção
teórica do conceito de classe trabalhadora comparece como um dos seus
objetivos, produto das contribuições que está colhendo das pesquisas e dos
aprendizados coletivos em curso, encimados na dinâmica geográfica da
totalidade viva do trabalho.
Com esses textos esperamos oferecer mais algumas contribuições
para fortalecermos posicionamentos e trocas de aprendizados em busca da
consolidação da opção da crítica radical à sociedade do capital, por meio da
nossa leitura geográfica da dinâmica do trabalho.
Os Editores
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Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
1-Introdução
*
Este artigo faz parte de nossas reflexões no âmbito da Dissertação de Mestrado intitulada:
A Comunicação Sindical em Presidente Prudente: Elementos para uma “Leitura”
Geográfica, desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade
de Ciências e Tecnologia UNESP/Presidente Prudente, financiada pelo CNPq e defendida
em 2000.
**
Professor de Geografia da UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
campus de Marechal Cândido Rondon, membro do Grupo de Pesquisa “Centro de Estudos
de Geografia do Trabalho-” (CEGeT) e do “Centro de Memória, Documentação e
Hemeroteca Sindical “Florestan Fernandes”- (CEMOSi).
E-mail: mdcarvalhal@hotmail.com.
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1
Este avanço significa sobretudo, ao movimento sindical compreender-se como sujeito
coletivo por dentro e por fora da órbita produtiva e a capacidade de incorporar lutas como a
do meio ambiente, da moradia, reforma agrária, igualdade étnica e de gênero, além de
outras, o que redefiniria e requalificaria também os movimentos sociais específicos destas
lutas. Para mais detalhes ver: BIHR (1998).
2
Para mais detalhes ver GENNARI (1997) e ALVES (1998).
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3
Entre outros autores podemos citar HARVEY (1989) para uma análise mais detalhada
sobre as mudanças no processo produtivo e a nova segmentação do trabalho, ver KATZ e
COGGIOLA (1995). Para uma análise das estratégias dos capitalistas para a superação da
crise do Capital, sob uma perspectiva classista e BIHR (1998) que além de uma análise das
transformações atuais, procura compreender alguns desafios e as possíveis alternativas para
o movimento operário.
4
Cabe lembrar que o corporativismo não se resume somente na clivagem entre
trabalhadores estáveis/trabalhadores precarizados, já que mesmo entre os trabalhadores do
setor formal ocorre uma fragmentação de dupla dimensão: territorial e categorial, para mais
detalhes sobre as implicações desta dupla dimensão verificar THOMAZ Jr. (2002) e BOITO
Jr. (1996), e sobre o sentido histórico da “aristocracia operária”, ver: HOBSBAWN (1988).
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5
Em seu esforço de análise do modelo social-democrata do movimento operário, Alain Bihr
atenta para o fetichismo do Estado como princípio paradigmático da organização e
concepção do movimento operário, que em sua constituição reelaborou temas da ideologia
burguesa: - o mito da objetivação histórica; - o mito do progresso; - o mito da classe; -o mito
do partido; - o mito da revolução, para mais detalhes ver BIHR op.cit.
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Os sindicatos pesquisados foram os seguintes: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
de Artefatos e de Curtimento de Couros e Peles do Oeste e Sudoeste do Estado de São Paulo
(Coureiros); sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
(APEOESP); Sindicado dos Empregados no Comércio de Presidente Prudente e região
(SEC); sindicato dos Bancários e Financiários de Presidente Prudente e região (SEEB);
sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e Pesada, Terraplenagem,
Instalação Elétrica e Hidráulica, do Mobiliário e Material Cerâmico de Presidente Prudente
e região (Construção Civil); sindicato dos Servidores Municipais de Presidente Prudente;
sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Química, Farmacêutica e de Fabricação do
Álcool de Presidente Prudente e região (SINDIÁLCOOL).
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A esse respeito ver:LESSA (1996) e MÉSZÁROS (1999).
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8
Trata-se da revista INTERAÇÃO, publicada pelo TIE, sigla em inglês para Transnationals
Information Exchange (Centro de Troca de Informações Transnacionais).
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Faço referência aqui à Lênin, para quem o objetivo dos sindicatos é justamente
funcionarem como escolas de socialismo. (LÊNIN: 1978).
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Ver textos bases e emendas apresentadas a 9a PLENCUT, realizada em Novembro de
1999.
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Termo utilizado por MOREIRA (1985).
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Mais recentemente a informática tem sido utilizada pelos sindicatos, principalmente com
a utilização da rede mundial de computadores, tanto para a construção de home pages como
através do correio eletrônico, elaborando listas sindicais, como a lista formulada pela
Central Única dos Trabalhadores.
13
Para mais detalhes sobre a função da diversidade na comunicação sindical ver sobretudo
SANTIAGO e GIANNOTTI (1997).
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14
Para mais detalhes ver FERREIRA (1978).
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SINDIÁLCOOL
APEOESP
SINTCON
Assuntos
SEEB
SSM
SEC
Problemas nos locais de trabalho 25,6 19,2 - - 12,3 42,8
Ação sindical 23,1 10,5 8,3 13,9 22,4 -
Orientação jurídica 18,3 - 16,6 - - -
Organização sindical 11,0 - - 11,4 42,8 -
Negociação/acordos coletivos - 30,0 - 45,5 6,2 35,7
Atividades esportivas e culturais 9,7 5,5 16,6 11,4 16,3 7,1
Saúde e segurança no trabalho - - 25,0 - - 14,3
Informação sobre as empresas - 25,6 - - - -
Assistencialismo 20,8 - - 5,0 - -
Total (5 assuntos mais freqüentes) 87,8 91,1 87,5 87,3 100 100
Número de matérias publicadas 72 269 21 69 49 14
(5 assuntos mais freqüentes)
Fonte: CARVALHAL, 2000.
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Os agrupamentos incluem os seguintes assuntos: Atividades sindicais – Problemas nos
locais de trabalho; Informações sobre as empresas; Ação sindical; Organização sindical.
Assistencialismo – Atividades esportivas e culturais; Saúde e segurança; Orientação
jurídica; Assistencialismo. Econômico – Negociação/acordos coletivos
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6-Bibliografia
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1 - Introdução
O dia não veio, / o bonde não veio, / o riso não veio,
não veio a utopia,
e agora, José?
Carlos Drumond de Andrade
*
Este artigo faz parte de nossas reflexões no âmbito da Dissertação de Mestrado intitulada:
A indústria de Curtimento de Couro em Presidente Prudente: a Relação Sociedade-Natureza
em Questão, desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade
de Ciências e Tecnologia UNESP/Presidente Prudente, financiada pelo CNPq e defendida
em 2003.
**
Professor da rede pública de ensino e membro do Grupo de Pesquisa “Centro de Estudos
de Geografia do Trabalho” (CEGeT). Email: fabiohcampos@hotmail.com
1
Isso nos remete, necessariamente, às clássicas: Geografia Física e Geografia Humana. Para
um aprofundamento sobre este assunto ver: GONÇALVES (1984), MOREIRA (1988e
1993), SMITH (1988), LACOSTE (1988), PEREIRA (1995).
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2
Segundo CARVALHO (1991), a concepção de natureza é um discurso que foi construído a
fim de justificar as ideologias que regeram (e ainda regem) os paradigmas dos modos de
produção das sociedades.
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3
CARVALHO (1991) op.cit.
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4
Idem, (1991)
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A esse respeito, ver SMITH (1988).
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3 - A Organização do Trabalho
O trabalho quando conjuga corpo e consciência
ensina a interrogar o mundo.
J. Moura
6
Cf. ANTUNES (1995), op. cit.
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Sindicalizados Não-sindicalizados
Trabalhadores envolvidos Trabalhadores envolvidos
Período1 com a atividade de com outras atividades2
curtimento
1997/1998 5.000 2.220
2000/2001 1.800 800
Fonte: Sindicato dos Coureiros de Presidente Prudente, 2001.
7
Segundo uma entrevista com o Diretor de Serviços do Curtume Touro, em Presidente
Prudente, até a década de 1980, trabalhava-se, em média por seção na empresa, de seis a sete
operários e hoje, em torno de três a quatro operários por seção.
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8
ANTUNES, R. Op. Cit., p. 41.
9
THOMAZ JR (1999, p. 5).
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10
Ver THOMAZ Jr. (1994).
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11
Cf. SMITH (1988), op.cit.
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4-Considerações Finais
Em cada mira/Em cada muro/Em cada fresta/Em cada furo
O sol que nasce/A cada dia/A cada aniversário
Contra o que for hereditário
Nando Reis
13
BIHR (1998 p.136).
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14
Cf. LUKÁCS (1978).
15
Para um aprofundamento maior sobre o trabalho como forma de controle social necessária
na sociedade de classes, sugerimos: MÉSZÁROS (1993).
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16
Para um melhor aprofundamento, ver LUKÁCS (1978).
17
Apesar de tratar especificamente sobre o corte e queima da cana, uma análise interessante
sobre a questão ambiental e as relações de trabalho pode ser vista em OLIVEIRA (1999).
66
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18
Sobre metabolismo social, ver MÉSZÁROS (2002).
19
Estamos nos referindo ao fato de que o capital concentra os ganhos com a produção e
socializa os problemas acarretados por esta.
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5-Bibliografia
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1- Introdução
*
Este artigo faz parte de nossas reflexões no âmbito da dissertação de Mestrado intitulada
“A questão da moradia para além de quatro paredes: uma reflexão sobre a fragmentação
dos momentos sociais da produção e da re-produção em Presidente Prudente/SP”,
desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e
Tecnologia UNESP/Presidente Prudente, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo – FAPESP e defendida em 2003.
**
Doutoranda em Geografia pela FCT/UNESP/Presidente Prudente, membro Grupo de
Pesquisa “Centro de Estudos de Geografia do Trabalho” (CEGeT)”, Bolsista FAPESP. E-
mail: ferikuta@hotmail.com.
21
Cf. KOSIK, 1976.
71
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22
Sobre estes conceitos em Marx, ver: RANIERI, 1991.
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Entendemos assim, que o ser social é uno, mas sua submissão aos
processos de alienação e estranhamento fragmenta-o, divide-o. Todavia,
uma outra faceta do real (ou a nossa interpretação dele) nos demonstra o
quanto o viver e o trabalhar estão imbricados. É o que apreendemos da
análise do panorama das condições do morar e do trabalhar em Presidente
Prudente. Percebemos que há uma superposição das precariedades no
espaço e que todo o conjunto das condições de vida, tanto os aspectos
diretamente ligados à esfera da produção (condições e relações de
trabalho), como os ligados à esfera da re-produção (condições de moradia e
urbanidade), são engendrados e afetados pelo metabolismo social do capital
e de sua lógica fragmentadora.
Ao levantar o quadro prudentino das condições de moradia e
urbanidade (ocupação de áreas públicas; processo de luta por moradia
popular; periferização da população; concentração dos imóveis precários;
intervenções públicas nas áreas de favela e loteamentos; demanda por
moradia, monopolização e especulação fundiária e imobiliária; loteamentos
fechados; evasão escolar; saúde, transporte coletivo urbano, problemas
sanitários e ambientais das ruas) e das condições e relações de trabalho
(distribuição da demanda por trabalho e emprego no espaço urbano;
atividades ocupacionais: empregos, sub-empregos, desemprego e outros;
faixas salariais) 23, percebemos que há uma superposição das precariedades
que não se concretizam isoladamente. Todo o conjunto de sub-condições de
existência está “confinado” nas áreas mais precárias da cidade. Os piores
índices se concentram todos nas mesmas áreas, o que significa que é a
mesma população que está precarizada no conjunto das condições sociais
de existência, ou ainda, que as situações de exclusão24 “são decorrentes da
superposição de carências de diferentes naturezas”.
Ou seja, a sociabilidade, no âmbito do capital, precariza
profundamente as relações do ser social, tanto fora como dentro do
trabalho. “Fora” do trabalho o ser social vive mal, não tem casa ou mora
em condições sub-humanas, não tem acesso à educação, saúde, transporte,
lazer, alimentação, saneamento básico de boa qualidade. E “dentro” do
23
Para maiores detalhes cf.: Ikuta, 2003, em que esses dados são apresentados em quadros e
mapas (capítulo 1 da nossa dissertação de mestrado).
24
Não acreditamos ser a simples inclusão dos trabalhadores (versus a atual exclusão), no
sistema, no mercado capitalista, a solução para a subsunção, numa postura de crença no
Estado. Se adotamos aqui o uso das noções inclusão/exclusão social, é porque fazemos
referência às noções e sistematizações do SIMESPP, na elaboração do mapeamento em
questão.
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25
Nesse sentido, se de um lado, hoje, não há, em Presidente Prudente, movimentos sociais
de luta pela moradia para enunciar suas reivindicações, do outro, existem as associações de
moradores – conhecidas também como associações de bairro (e há uma ausência muito
significativa de estudos sobre elas).
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26
No texto original da dissertação de mestrado (Ikuta, 2003), apresentamos um mapa que
cruza a localização das associações de moradores com os setores de exclusão/inclusão social
de Presidente Prudente (o mapa da exclusão/inclusão social tem como referência o trabalho
do SIMESPP/FCT-UNESP/PMPP, 2000).
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27
Desde a década de 60, iniciou-se em Presidente Prudente um processo de ocupação de
áreas públicas. Em 1988, eram 66 áreas de favelas, com 736 unidades habitacionais,
correspondentes a um total de 3.353 habitantes. Entre 1989 1992, vivenciou-se o auge de um
processo conflituoso entre o poder público municipal e o então Movimento de luta pela
Moradia. A intervenção pública, mediada pela confrontação com o Movimento, significou a
intensificação ou, no máximo, a manutenção das precariedades nas condições de existência dessas
famílias.
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28
Para uma abordagem teórica sobre a fragmentação territorial dos sindicatos cf. Thomaz
Júnior (1998).
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29
ARAUJO, A. (2002) organiza toda uma obra a respeito do corporativismo.
30
Para uma leitura aprofundada sobre a necessidade do controle social, ver: MÉSZÁROS
(1987).
79
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31
Para mais detalhes sobre as implicações objetivas e subjetivas para os trabalhadores da resposta do
capital à sua crise e a recuperação de sua hegemonia, ver Ikuta, 2003 (principalmente sub-item 1.2.2 do
capítulo 1 e as reflexões do capítulo 2).
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Tentativa de superação da crise estrutural do capital por meio do aumento da composição
orgânica do capital, e conseqüente aumento da taxa de mais-valia.
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33
Essa metáfora foi inspirada em Marx, A Ideologia Alemã. A despossessão do trabalhador
assalariado das condições de vida, a separação e alienação dos meios de produção, ou ainda,
a separação entre o caracol e sua concha (a dicotomia entre o viver e o trabalhar, a
separação entre o local de trabalho/produção e o local de vida/re-produção) vigem desde os
primórdios da produção capitalista.
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34
Denominamos análises tradicionais às que sempre trataram a questão da moradia,
consagrando a fragmentação dos momentos sociais da produção e da re-produção, e que,
portanto, não colocam em pauta a dominação do trabalho pelo capital como aspecto
fundamental para entender a dialética do processo social, ou seja, a sua totalidade.
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35
Sobre o papel do Estado, ver AMMANN (1991).
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36
Todavia, para BLAY (1985), as vilas operárias são um importante elemento mediador
entre a venda da força de trabalho e o preço pago por essa força e como tal, um caminho
para entender a complexidade do papel da casa nas relações de produção.
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37
Os meios de produção, representados pelas forças produtivas, são os próprios
trabalhadores e os seus instrumentos de trabalho (LEFEBVRE, 1973, p. 49).
38
Segundo BOTTOMORE (1988, p. 157), “As relações de produção são constituídas pela
propriedade econômica das forças produtivas. No capitalismo, a mais fundamental dessas
relações é a propriedade que a burguesia tem dos meios de produção, ao passo que o
proletariado possui apenas a sua força de trabalho. A propriedade econômica é diferente da
propriedade jurídica, pois está referida ao controle das forças produtivas.”
91
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39
Medida regulamentada no Brasil em dezembro de 1994, pela edição da Medida Provisória
794/94, a partir da qual a organização sindical e as relações trabalhistas sofreram mudanças
em suas características. A maioria dos acordos está vinculada ao cumprimento de metas.
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40
Para mais detalhes sobre o assentamento Anita Garibaldi, ver: Crítica marxista. São
Paulo: Boitempo, n. 14. p. 134 – 149. Entrevista; ou <www.mtst.org>
41
O assentamento rururbano é uma proposta de organização do território com o objetivo de
formar uma comunidade de resistência e de luta com uma nova forma de convivência social
no urbano. Tem como características: 1) assentamentos localizados entre o perímetro urbano
e o rural, de maneira que não se fixem tão distantes dos centros urbanos para não perder
acesso à infra-estrutura da cidade; 2) organização em núcleos dos trabalhadores, distribuídos
por setores de trabalho (educação, saúde, cultura, etc.); 3) espaço para produção agrícola de
subsistência e de hortas medicinais com o propósito de gerar trabalho; 4) área livre para uso
social com barracões coletivos (farmácia, escola, secretaria, galpão para atividades culturais,
etc.). (Cf. <www.mtst.org>)
94
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42
Mais detalhes ver: O desafio de transformar o inabitável. Revista Sebrae. Disponível em:
<http://200.252.248.103/sites/revistassebrae/07/temadecapa_05.htm>Acesso em: 20/06/2003; Socioeconomia
solidária: transformando as relações de produção e consumo. La insignia.Disponível em:
<www.lainsignia.org/2002/mayo/econ_060.htm> Acesso em: 20/06/2003; MELO, J. O banco de palmas.
Disponível em: <www.flem.org.br/cadernosflem/Artigos/Cadernos5/Cadernos5-BancoPalmas.pdf> Acesso
em: 20/06/2003.
95
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
43
Cf. <www.chasque.net/fucvam/fucvam1.htm> e Chávez (1990).
96
96
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44
Comentamos sobre essa experiência no final do capítulo dois. Cf. CECEÑA apud
GONÇALVES (2002).
45
Ver: <www.madres.org>
46
Sobre a Farmácia Viva, experiência de produção de remédios fitoterápicos das mulheres
assentadas em Itapeva/SP Cf. LERRER In: <www.pt.org.br/san/farmaciavivamst.doc> e
sobre os transgênicos, ver: PINHEIRO (1999) e GORGEN (2000).
47
Ver, por exemplo: MANCE (1998 e 2000).
48
Ver: <www.altediciones.com/b.htm>.
49
Para experiências como esta na Espanha, ver
<www.geocities.com/CapitolHill/2838/contacto.html>.
50
Ver:<www.erqi.hpg.ig.com.br/jornal/17/controlobrero.htm>;
<www.erqi.hpg.ig.com.br/jornal/17/petras.htm>
97
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98
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6- Bibliografia
51
Sobre o significado de para além do capital cf.: MÉSZÁROS, 2002, p. 1064 – 1066.
99
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100
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101
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102
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A Territorialização da Questão de
Gênero nos Sindicatos*
Terezinha Brumatti Carvalhal**
1 - Introdução
*
Este artigo faz parte de nossas reflexões no âmbito da Dissertação de Mestrado
desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências
e Tecnologia UNESP/Presidente Prudente, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo-FAPESP, defendida em 2003 e revisada para publicação: Gênero e
Classe nos Sindicatos. Presidente Prudente: Edições Centelha, 2004, 142p.
**
Doutoranda em Geografia pela FCT/UNESP/Presidente Prudente/SP, membro do Grupo
de Pesquisa “Centro de Estudos de Geografia do Trabalho” (CEGeT), e do “Centro de
Memória, Documentação e Hemeroteca Sindical “Florestan Fernandes” (CEMOSi), Bolsista
CAPES. E-mail: tbrumatti@hotmail.com
103
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
1
Para a realização dessa pesquisa, realizamos entrevistas com 9 mulheres e 5 homens
sindicalistas de 8 sindicatos escolhidos dos 37 existentes na cidade, além de 10 entrevistas
com algumas trabalhadoras que fazem parte das categorias trabalhadas, bem como fizemos a
aplicação de 135 questionários às mulheres dessas mesmas categorias. Também
entrevistamos duas militantes que tem atuado nos movimentos sindicais da cidade, uma
atualmente como assessora da CUT.
104
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105
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2
Pois a temática do trabalho tem sido pouco versada no âmbito da Geografia, sendo que
participamos de um Grupo de Pesquisa o CEGeT (Centro de Estudos de Geografia do
Trabalho) que se dedica diretamente a essa temática.
106
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107
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108
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3
Os sindicatos pesquisados foram: Sindicato dos Servidores Municipais de Presidente
Prudente (SSM), Sindicato dos Bancários e Financiários de Presidente Prudente e Região
(SEEB); Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil e Pesada, Terraplanagem,
Instalação Elétrica e Hidráulica, do Mobiliário e Material Cerâmico de Presidente Prudente
e Região (SINTCON); Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêutica e
de Fabricação de Álcool de Presidente Prudente e Região (SINDIÁLCOOL); Sindicato dos
Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Presidente Prudente e Região
(SIEMACO); Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos e de Curtimentos de
Couros e Peles do Oeste e Sudoeste do Estado de São Paulo (STIAC); Sindicatos dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP); Sindicatos dos
Empregados no Comércio de Presidente Prudente e Região (SEC).
4
Para mais detalhes ver: CASTELLS, 1999.
5
Estimativa expressa no Almanaque Abril 2002 - Brasil
109
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110
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analfabeto
1% ensino
fundamental
pós-graduação
incompleto
4%
16%
ensino
ensino
superior
fundamental
completo
completo
27%
8%
ensino médio
incompleto
ensino 4%
superior ensino médio
incompleto completo
10% 30%
Fonte: Pesquisa de Campo, 2002.
6
Quinzena, publicação do Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro, que apresenta um
conjunto de artigos provenientes dos veículos da grande imprensa.
111
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112
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113
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solteiras
23%
casadas
59%
30%
20%
10%
s
0%
s
ho
s
ho
s
ho
s
ho
fil
s
ho
fil
s
ho
fil
ho
ho
fil
8
ho
fil
7
fil
6
fil
fil
5
fil
4
3
1
2
0
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7
Mais detalhes ver DEL PRIORE (2000a e 2000b.)
116
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6,26
700%
600% 5,22
4,33
500% 3,91
400% 1996
300% 1,44
1,33 2000
200%
100%
0%
masculino feminino masc/fem
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SINDIALCOOL 11 0 0 4 0
APEOESP 31 19 61,2% 0 0
SEEB 58 12 20,6% 12 3
SEC 22 2 9% 9 2
SINTCON 24 0 0 7 0
STIAC 27 2 7,4% 1 0
SSM 38 24 63,1% 0 5
SIEMACO 20 16 80% 1 1
Fonte: Pesquisa de campo, 2001.
8
Para mais detalhes consultar as Teses e Resoluções da CUT.
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3 - Bibliografia
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Se Camponês, se Operário!
Limites e Desafios para a Compreensão
da Classe Trabalhadora no Brasil*
1- Introdução
*
Este texto representa parte das reflexões proporcionadas pelo projeto de pesquisa
"Reestruturação Produtiva do Capital no Campo e os Desafios para o Trabalho",
em nível de pós-doutorado, realizado junto à Universidade de Santiago de
Compostela (Espanha), com o apoio do CNPq, durante o período de outubro de
2004 a setembro de 2005. Também registra parte dos resultados alcançados através
do Projeto de Pesquisa "Território Minado: Metabolismo Societário do Capital e os
Desafios para a Organização do Trabalho", financiado pelo CNPq na alínea
Produtividade em Pesquisa (PQ), já concluído em 2004.
**
Professor dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação em
Geografia/FCT/UNESP/Presidente Prudente; coordenador do Grupo de Pesquisa “Centro de
Estudos de Geografia do Trabalho” (CEGeT); pesquisador do CNPq; autor dos livros “Por
trás dos canaviais os nós da cana”. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2002; e “Geografia
Passo-a-Passo”. Santiago de Compostela: Editorial Centelha, 2005. C.P.: 467. CEP 19060-
900. Presidente Prudente (SP). Tel. (18) 3229-5375 Fax: (18) 3221-8212.
E-mail: thomazjrgeo@fct.unesp.br
1
Cf. SANTOS, D., 2002.
130
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131
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132
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2-(Des)realização do Trabalho
2
Aqui não nos dedicaremos à temática das ações específicas dos trabalhadores Sem-Teto,
ou da luta pela terra nas cidades.
134
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
3
Apenas destacamos aqui os projetos que são referências para o conjunto dos demais
Projetos de Pesquisas em curso no âmbito do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho
(CEGeT), ambos sob nossa responsabilidade: 1) “Território Mutante e Fragmentação da
Práxis Social do Trabalho”. (Projeto PQ/CNPq), em vigência; 2) “Agronegócio e Conflito
pela Posse da Terra em São Paulo: A Dinâmica Territorial da Luta de Classes no Campo e
os Desafios para os Trabalhadores”. (Auxílio à Pesquisa/Fapesp), em julgamento.
4
Essa proposição de Mészáros (2002), indica-nos haver um complexo de relações, e
redefinições de grande magnitude não somente na esfera econômica, mas também política,
social, e no interior da classe trabalhadora. Ainda que para o autor essas redefinições não
tenham as mesmas preocupações que para nós, são essenciais para nossos estudos.
135
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
5
Informativos divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 2004 e 2005;
e pelo encarte do Le Monde Diplomatique, na Espanha, 2004.
136
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
6
É importante assegurar que a população pobre e desnutrida do planeta não é simplesmente
herdeira do passado, senão expressão do destrutivismo da lógica do capital e,
conseqüentemente, do processo permanente e crescente de empobrecimento extremo.
(MAZOYER, 2004).
137
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
7
Cf. ONU, 2004. Essas informações também foram confirmadas por pesquisadores.
8
Segundo informações oficiais e amplamente divulgadas pela imprensa, em 2003, 54
milhões de brasileiros eram pobres, e viviam com renda familiar per capita de até ½ salário
mínimo (R$120,00); 22 milhões de indigentes, com renda domiciliar per capita de até ¼ do
salário mínimo (R$60,00); 1% dos brasileiros mais ricos (1,78 milhão de pessoas), apropria-
se de 13% de toda a renda gerada, sendo que os 50% mais pobres (89 milhões) detêm
somente 13% da renda.
138
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9
Esse assunto foi aprofundado por Oliveira, 2003.
139
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
10
Cf. Metodologia adotada pela equipe coordenada pelo professor Plínio de Arruda
Sampaio, que preparou o II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), em 2003.
11
Dados obtidos junto ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) indicam: Público
Emergencial, já desalojados, 36.317 famílias; Público Potencial, obras já projetadas ou em
fase de construção, 18.600 famílias.
140
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
141
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
manifestam por terra, como nos têm revelado as pesquisas sobre o tema,
tanto nas ocupações, quanto nos assentamentos rurais, como ainda por
emprego e moradia, no caso específico das ações do Movimento dos Sem
Teto, assalariados rurais.
Aceitar esse desafio intelectual e político é participar
sobremaneira da possibilidade de contribuir para a construção de
instrumental teórico-metodológico capaz de subsidiar com capacidade
explicativa e analítica, o entendimento da realidade que se apresenta nessa
viragem do século XXI para a classe trabalhadora.
12
A esse respeito, Antunes (1999) apresenta reflexões de longo alcance teórico e explicativo
do processo recente de transformações que recaem sobre o mundo do trabalho e que lhe
permite indagar seus sentidos , nessa viragem do século XXI.
13
Aqui demarcamos uma discordância com Kurz, em “Manifesto Contra o Trabalho”
(1998), tendo em vista limitar sua compreensão do trabalho somente enquanto
desrealização.
143
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144
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14
Em sua crítica, o autor inclui Ricardo Antunes, Demerval Saviani, Antonio Negri,
Maurício Lazzarato, autores com filiações distintas ao marxismo, mas que em algum
momento atentaram para a necessidade de uma revisão crítica em relação ao tratamento da
realidade social contemporânea, diante das limitações analíticas presentes no corpo teórico
original das teses marxistas, particularmente considerando os rearranjos no universo do
trabalho, nos últimos 20 anos.
146
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147
Geografia e Trabalho no Século XXI - Vol.2
15
Para alguns, seria um forte sinal de deformação do marxismo ortodoxo, colocar no mesmo
plano camponeses e operários, em oposição radical à vertente estalinista, que entendia que a
revolução comunista seria a obra de um bloco de classes colocadas no mesmo plano.
16
Haveríamos de lembrar necessariamente de outras obras que ainda ocupam importância no
debate em torno da luta de classes, no âmbito marxista, dentre elas: “O Manifesto do Partido
Comunista”, de Marx e Engels, de 1848; “A luta de classes na França”, de 1850, de Marx;
“A guerra Civil na França”, de 1871, onde Marx apresenta suas reflexões sobre a Comuna
de Paris; “A guerra dos camponeses”, de 1850, de Engels; e do mesmo autor, em 1852,
“Revolução e contra-revolução na Alemanha, etc.
148
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149
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17
Estava presente nas reflexões de Sodré era o fato de que se fazia necessário transpor a
etapa latifundista e anti-imperialista da revolução brasileira, o que o vinculava às
formulações da II Internacional, mais propriamente às teses defendidas por Kautsky (1986)
e Lênin (1985).
150
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151
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152
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19
Amin e Vergopoulos (1986) argumentam que o que mais pesa ao camponês não é o
latifundiário, mas o capital bancário, o capital mercantil.
20
Cf. OLIVEIRA, 1981.
21
Carvalho (2005, p.5 e 7), nos indica que essas experiências de resistência fazem emergir
elementos renovados das comunidades camponesas, ou reavivados de outros tempos, em
contraposição às imposições da racionalidade capitalista.
22
É o que observamos através das pesquisas que realizamos na Espanha, nas entrevistas,
visitações, participações em eventos camponeses e operários, e o contato com a literatura
específica, bem como a participação em eventos em outros países, e de âmbito internacional.
153
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23
Cf. ALENTEJANO, 1999; SCHNEIDER, 2003; GRAZIANO DA SILVA, 1999.
24
A esse respeito ver: OLIVEIRA, 2003; MARTINS, 1981; FERNANDES, 2004.
25
Cf. ABRAMOVAY, 1992.
154
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26
Esse assunto está apresentado por Fernandes (2004), oportunidade em que aborda as
polêmicas entre os paradigmas da Questão Agrária, e do Capitalismo Agrário. Nesse texto,
encontra-se os apontamentos que defendem a extinção do campesinato, por meios
diferentes: da diferenciação interna, como proposta por Lênin e Kautsky; e por meio de sua
integração ao mercado, mas já na condição de agricultor familiar, como proposto por
Abramovay (1992), numa clara alusão à metamorfose para outro ator social, agora
incorporado ao desenvolvimento do capitalismo.
27
É por esse referencial que pretendemos guiar nossas pesquisas e reflexões, ou seja,
considerando a complexidade das relações sociais que expressam nada mais do que o
conteúdo plural das formas de externalização do trabalho, suas territorialidades e dinâmicas
espaciais, e significados específicos nos lugares.
28
No Brasil esse posicionamento é mais dissimulado e comparece de forma sutil nas
avaliações dos camponeses, fato que não ocorre com tanta freqüência no âmbito dos
assentamentos oriundos da luta pela terra, o que de certa forma pode indicar uma certa
sintonia com o que estamos encontrando também junto aos dirigentes sindicais e os próprios
camponeses na Espanha, Portugal, e para a França com base nos depoimentos e entrevistas
junto a dirigentes sindicais, e Inglaterra e Alemanha em informações secundárias e
documentais.
155
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29
Cf. LAMARCHE, 1993, p.16.
156
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30
Para ilustrar esse cenário, poderíamos nos remeter à fala polarização entre PSDB e PT no
Brasil, nesse início do século XXI, pois sob nenhuma suspeita, sob a batuta de qualquer uma
dessas legendas o capital e a burguesia continuariam expressando sua hegemonia sobre todo
o tecido social, o mesmo se passando, num paralelismo histórico, com a coexistência no
poder, nos EUA, dos partidos Democrata e Republicano.
157
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6-Considerações Finais
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31
É o caso da erupção camponesa e do operariado mineiro/industrial na Bolívia, em
resistência à política econômica do governo e às reivindicações do Movimento Ao
Socialismo (MAS), que põem em relevo a estrutura de dominação de classe nesse país do
altiplano andino, e mais recentemente a eleição de Evo Morales para presidente da
República; as mobilizações em Chiapas, no Equador, na Colômbia, na Venezuela, e outros
casos.
162
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7-Bibliografia
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